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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

EXMO. SR. JUIZ DA(O) 01ª VARA

Execução Fiscal (SIDA) nº 0000072-34.2005.8.06.0045


Exequente: União (Fazenda Nacional)
Executado: JDR COMERCIO DE ESTIVAS E CEREAIS LTDA
Executado: JOAQUIM DINIZ ROCHA

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora ao final assinada, vem,


respeitosamente, perante Vossa Excelência, em atenção ao despacho retro, apresentar
RESPOSTA à Exceção de Pré-executividade oposta pela parte adversa, de acordo com os
fatos e fundamentos jurídicos a seguir delineados.

DOS FATOS

O executado alega, em síntese: a nulidade do redirecionamento, por falta de instauração do


incidente de desconsideração da personalidade jurídica; a necessidade de extinção do feito
sem resolução do mérito, haja vista que o sócio faleceu antes do redirecionamento; a
decadência; a nulidade das CDA’s; a impenhorabilidade dos bens do cônjuge em razão do
direito de meação.

DO DIREITO

DO NÃO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE – AUSÊNCIA DE


PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA – INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA – PRESUNÇÃO DE
CERTEZA E LIQUIDEZ– NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA

Inicialmente, é importante elucidar que a hipótese dos autos não possibilita a oposição de
Objeção de Executividade, em razão de o assunto discutido, nulidade da CDA, ter
necessidade de dilação probatória, bem como não ser cabível a sua discussão nesta
sede estreita, além de não ter o Excipiente se desincumbido de seu ônus de
demonstrar a veracidade de suas alegações, devendo, pois, ser rejeitada, haja vista que
não consta dos autos a prova pré-constituída.
*00000723420058060045*
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De fato, a Exceção de Pré-Executividade apresentada pelo excipiente afigura-se, tão-


somente, numa tentativa de procrastinar o andamento do processo executivo fiscal. É
clarividente seu intuito protelatório, bem como a tentativa de discutir matéria afeta aos
embargos do devedor.

Em verdade, o instituto da Exceção de Pré-Executividade (ou objeção como prefiram os


puristas) é uma espécie excepcional de defesa específica do processo de execução,
independentemente da formulação de embargos do devedor.

Entretanto, predomina na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que sua utilização


será restrita a determinadas hipóteses e situações, a dizer:

1. matérias de ordem pública, reconhecíveis, inclusive, de ofício pelo magistrado a


qualquer tempo ou grau de jurisdição (condições de ação e pressupostos
processuais de constituição e desenvolvimento válido e regular do processo);

2. causas modificativas, extintivas ou impeditivas do direito do exequente


(pagamento, remissão e anistia) desde que desnecessária qualquer dilação
probatória, ou seja, desde que seja de plano, por prova documental inequívoca,
comprovada a inviabilidade da execução.

Logo, a Objeção de Executividade não poderá ser utilizada pelos devedores/executados


como um substitutivo dos Embargos do Devedor.

Acerca do não cabimento da objeção em razão de necessidade de dilação probatória,


sobreleva-se o seguinte julgado:

PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RESPONSABILIDADE
DOS SÓCIOS. REVISÃO DE FATOS E PROVAS. SÚMULA Nº
7/STJ.

1. A discussão sobre provável inclusão do nome do sócio-


gerente porque consta da CDA, não é possível na via
especial, tendo em vista que a matéria não foi objeto de
análise na origem, portanto, óbice instituído pela Súmula
7/STJ. É impossível alterar as premissas fáticas consignadas
no aresto atacado, sob pena de revolverem-se fatos e provas
dos autos.

2. Adotou-se, nesta Corte, como critério definidor das


matérias que podem ser alegadas em objeção de pré-
executividade o fato de ser desnecessária a dilação
probatória, afastando-se, pois, o critério fincado,
exclusivamente, na possibilidade de conhecimento de
ofício pelo Juiz. Passou-se a admitir essa forma
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excepcional de defesa para acolher exceções materiais,


extintivas ou modificativas do direito do exeqüente, desde
que comprovadas de plano e desnecessária a produção
de outras provas além daquelas constantes dos autos ou
trazidas com a própria exceção.

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no Ag 1051891/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,


SEGUNDA TURMA, julgado em 23/09/2008, DJe 23/10/2008)
(Grifo nosso)

No mesmo sentido, vejamos a Súmula 393 do STJ:

Súmula 393/STJ: "A exceção de


pré-executividade é admissível na execução fiscal
relativamente às
matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação
probatória."

Além disso, o Excipiente não trouxe aos autos documentos necessários para afastar a
presunção de certeza e liquidez que detém a CDA, nos termos do art. 3º da LEF e art. 204
do CTN, notadamente o processo administrativo originário do débito.

Por conseguinte, a presente exceção não merece conhecimento, haja vista que o
excipiente não colacionou aos autos provas robustas que demonstrem a alegação de
nulidade.

DA LIQUIDEZ, CERTEZA E EXIGIBILIDADE DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA

A presunção de liquidez e certeza do crédito inscrito em dívida ativa decorre de lei e só pode
ser ilidida por prova inequívoca em contrário, conforme estabelece o art. 3º e seu parágrafo
único, da Lei nº 6.830/80, in verbis:

Art. 3º- A Dívida regularmente inscrita goza da presunção de


certeza e liquidez

Parágrafo Único- A presunção a que se refere este artigo é


relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do
executado ou de terceiro, a quem aproveite.
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Apesar da clareza legislativa, é bom esclarecer que o Superior Tribunal de Justiça também
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reconhece essa presunção em favor da CDA, mesmo em relação aos contribuintes,
conforme se observa na transcrição a seguir:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-


EXECUTIVIDADE. ICMS. DÍVIDA ATIVA. DECADÊNCIA. NÃO
CONFIGURADA. INATIVIDADE EMPRESA. CADASTRO DA
RECEITA FEDERAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E LEGALIDADE.

1. Trata-se, na origem, de Exceção de Pré-Executividade


proposta pela parte recorrida para reconhecer a inexigibilidade
de Certidões de Dívida Ativa que integram Ação de Execução
Fiscal proposta pela parte recorrente.

2. A sentença reconheceu a decadência do direito à


constituição do crédito tributário, o que foi mantido pelo
Tribunal de origem.

3. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp


973.733/SC, submetido ao rito do art. 543-C do CPC, firmou o
entendimento de que a decadência para a constituição de
tributo sujeito a lançamento por homologação deve ser
contada na forma do art. 173, I, do CTN (do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado), para os casos em que a lei não prevê o
pagamento antecipado ou quando, existindo tal previsão legal,
o recolhimento não é realizado. A propósito: REsp
973.733/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado
em 12/8/2009, DJe 18/9/2009; AgRg nos EDcl no REsp
1.264.479/SP, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma,
DJe 10/8/2016; AgRg no REsp 1.501.873/SC, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 6/4/2015.

4. Considerando que a decadência é matéria de ordem pública


que pode ser apreciada em qualquer grau de jurisdição,
entendemos por afastá-la considerando que a Ação de
Execução Fiscal foi ajuizada em 21/10/2010 e o crédito
tributário constituído definitivamente em 24/01/2008, como
bem descrito no Acórdão recorrido.

5. Há de se prestigiar o princípio da presunção de


legalidade e legitimidade dos atos administrativos em
matéria tributária, cuja inscrição do crédito tributário em
dívida ativa goza da presunção de certeza e liquidez (art.
3º da Lei 6.830/1980). A propósito: REsp 1.110.925/SP, Rel.
Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em
22/4/2009, DJe 4/5/2009; AgInt no AREsp 987.568/RJ, Rel.
Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, julgado em
7/11/2017, DJe 10/11/2017; AgInt no REsp 1.577.637/RS, Rel.
Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em
15/12/2016, DJe 19/12/2016; REsp 1.144.607/MG, Rel.
Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 20/4/2010,
DJe 29/4/2010.

6. Ademais, a jurisprudência do STJ firmou, no julgamento do


REsp 1.104.900/ES, sob o rito dos recursos repetitivos, o
entendimento segundo o qual a Exceção de Pré-Executividade
constitui meio legítimo para discutir questões que possam ser
conhecidas de ofício pelo Magistrado, como as condições da
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ação, os pressupostos processuais, a decadência, a


prescrição, entre outras, desde que desnecessária a dilação
probatória.

7. Quanto à declaração da nulidade da CDA, não é cabível


tal instrumento processual quando, para a verificação da
liquidez e certeza da Certidão de Dívida Ativa - CDA é
preciso revolver o acervo fático-jurídico dos autos. Nesses
termos: REsp 1.104.900/ES, Rel. Ministra Denise Arruda,
Primeira Seção, julgado em 25/3/2009, DJe 1/4/2009; AgRg
no AREsp 449.834/SP, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia
Filho, Primeira Turma, julgado em 1/9/2015, DJe 14/9/2015;
AgRg no Ag 1.199.147/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira
Turma, julgado em 15/6/2010, DJe 30/6/2010.

8. Deve o sujeito passivo da obrigação tributária, a fim de


elidir a presunção de legitimidade da CDA, demonstrar
com provas idôneas e inequívocas a não ocorrência do
fato gerador do tributo, mostrando-se insuficiente a mera
declaração realizada perante a Administração Fazendária de
outro ente federativo.

9. Ou seja, a simples alegação do contribuinte de que a


empresa não mais se encontrava em atividade, com base em
informações repassadas pelo contribuinte à Receita Federal,
não é prova suficiente para afastar a atuação do fisco estadual
em relação à apuração da ocorrência de fatos geradores que
repercutam na sua competência tributária.

10. Recurso Especial provido.

(REsp 1734072/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,


SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2018, DJe 23/11/2018)

Observe, Ex.a, que o ônus de provar a iliquidez é toda do devedor, conforme visto no tópico
precedente, não bastando, somente, argumentar, pois tal conduta decorre da regra
estabelecida no art. 373, I, do CPC/2015:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I- ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo


ou extintivo do direito do autor.

Em caso semelhante analisado pelo Superior Tribunal de Justiça, aquele tribunal decidiu que
a consequência pelo não atendimento ao art. 333, do CPC/73 (lei vigente à época dos fatos
analisados no precedente) é o julgamento da improcedência do pedido:
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TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. TAXA DE
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EXPEDIENTE DA CACEX. COMPENSAÇÃO PRETENSÃO
CONDENATÓRIA. ÔNUS DA PROVA.

Em ação de conhecimento de conteúdo condenatório em que


se busca a compensação de tributos, a ausência de
comprovação da existência do pagamento indevido acarreta a
improcedência do pedido. Inteligência do disposto no artigo
333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Recurso especial improvido.

(REsp. 807.692/ES, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,


SEGUNDA TURMA, julgado em 15.03.2007, DJ 12.04.2007 p.
260)(grifamos)

Para que seja extinta a execução fiscal, o juízo precisa se deparar com a existência de prova
inequívoca que infirme a presunção de certeza e liquidez do crédito executado, o que não é
o caso presente.

DA REGULARIDADE DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO

Infundada qualquer alegação de nulidade da execução, ante a inobservância dos requisitos


previstos no art. 2º da LEF e arts. 202 e 203 do CTN, quando da elaboração da Certidão da
Dívida Ativa.

O art. 202 do CTN e o art. 6º da Lei 6.830/80 determinam os requisitos obrigatórios para
constituição do título executivo (CDA) e petição inicial nos feitos executivos de natureza
fiscal, devidamente observados no presente caso.

Compulsando a Certidão de Dívida Ativa que embasa a execução, é fácil verificar a clara
indicação: a) do nome do devedor; b) da origem, natureza e fundamento legal ou contratual
da dívida; c) dos valores originários; d) data e número de inscrição no Registro da Dívida
Ativa; e) do número do processo administrativo; f) da maneira de calcular os juros, correção
monetária, multa e demais encargos legais, mediante indicação de sua base legal, o que,
através de mera operação aritmética, em trabalho de subsunção dos valores originários
indicados aos preceitos descritos na norma, possibilitará a conferência do valor devido.

A certidão que aparelha a execução fiscal em nada inviabiliza o amplo exercício do direito de
defesa e o estabelecimento do contraditório, plenamente configurados na hipótese presente.

O título executivo encontra-se formalmente de acordo com os preceitos legais, não


padecendo de quaisquer vícios que possam comprometer a sua validade jurídica, fato que
torna manifesto o propósito protelatório do Excipiente.

Em se tratando de exceção de pré-executividade, é do Executado o ônus de provar seu


direito (artigo 373, I, do CPC/2015), não podendo tal incumbência ser transferida à Fazenda
Pública se em momento algum houve impedimento ao direito da parte de ter acesso ao
processo administrativo relativo às dívidas em execução.

No sentido ora defendido, vejamos o entendimento perfilhado pelo STJ:

..EMEN: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.


ART. 543-C, DO CPC. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA
- CDA. REQUISITOS DE CERTEZA E LIQUIDEZ. APRESENTAÇÃO DE
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DEMONSTRATIVOS DO DÉBITO. DESNECESSIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO


CPC. INOCORRÊNCIA. 1. A petição inicial da execução fiscal apresenta seus requisitos
essenciais próprios e especiais que não podem ser exacerbados a pretexto da aplicação do
Código de Processo Civil, o qual, por conviver com a lex specialis, somente se aplica
subsidiariamente. 2. Os referidos requisitos encontram-se enumerados no art. 6º, da Lei
6.830/80, in verbis: “Art. 6º A petição inicial indicará apenas: I – o juiz a quem é dirigida; II – o
pedido; e III – o requerimento para a citação. § 1º A petição inicial será instruída com a
Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita. § 2º A
petição inicial e a Certidão da Dívida Ativa poderão constituir um único documento,
preparado inclusive por processo eletrônico." 3. Consequentemente, é desnecessária a
apresentação do demonstrativo de cálculo, em execução fiscal, uma vez que a Lei n.º
6.830/80 dispõe, expressamente, sobre os requisitos essenciais para a instrução da petição
inicial e não elenca o demonstrativo de débito entre eles. Inaplicável à espécie o art. 614, II,
do CPC. (Precedentes: AgRg no REsp 1049622/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 31/08/2009; REsp 1065622/SC, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009, DJe 23/04/2009;
REsp 781.487/SC, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
04/09/2008, DJe 11/09/2008; REsp 762748 / SC, PRIMEIRA TURMA, Relator Min. LUIZ
FUX, DJ 12.04.2007; REsp n.º 384.324/RS, SEGUNDA TURMA, Rel. Min JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, DJU de 29/03/2006; REsp n.º 693.649/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Castro
Meira, DJU de 21/11/2005) 4. A própria Certidão da Dívida Ativa, que embasa a execução, já
discrimina a composição do débito, porquanto todos os elementos que compõem a dívida
estão arrolados no título executivo - que goza de presunção de liquidez e certeza -,
consoante dessume-se das normas emanadas dos §§ 5º e 6º, do art. 2º, da Lei nº 6830/80,
litteris: “Art. 2º (...) (...) § 5º - O Termo da Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I – o nome
do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um
e de outros; II – o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular
os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; III – a origem, a natureza e
o fundamento legal ou contratual da dívida; IV – a indicação, se for o caso, de estar a dívida
sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo momento legal e o termo inicial para
o cálculo; V – a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e VI – o número
do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da
dívida. § 6º - A Certidão da Dívida Ativa conterá os mesmos elementos do Termo de
Inscrição e será autenticada pela autoridade competente.” 5. In casu, conquanto o voto da
Relatora tenha consagrado a tese perfilhada por esta Corte Superior, o voto vencedor, ora
recorrido, exigiu a juntada aos autos de planilha discriminativa de cálculos, razão pela qual
merece ser reformado. 6. O art. 535 do CPC resta incólume se o Tribunal de origem, embora
sucintamente, pronuncia-se de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos.
Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela
parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.
7. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da
Resolução STJ 08/2008. ..EMEN:
(RESP 200900847139, LUIZ FUX, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:01/02/2010
..DTPB:.)

Por conseguinte, o pedido deve ser indeferido.

(DES)NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE DESCONSTITUIÇÃO DA


PERSONALIDADE JURÍDICA – FALECIMENTO DO CORRESPONSÁVEL APÓS O
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REDIRECIONAMENTO E A CITAÇÃO

Conforme se infere do art. 1º, da Lei nº 6.830/1980, a execução judicial para cobrança da
Dívida Ativa da União será regida pelo microssistema especial da execução fiscal e,
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil. Trata-se de previsão normativa que buscou
conferir à receita pública os melhores meios de execução judicial, mantendo-se a tradição
jurídica de se conferir condições especiais para a defesa do interesse público (item 22 da
Exposição de Motivos 223, da Lei nº 6.830/1980).

Com efeito, a lei processual geral somente terá aplicação quando ocorrer omissão
indesejável pelo microssistema de recuperação do crédito fiscal, bem como não ser
incompatível com a ratio que fundamentou a criação do procedimento específico de
execução por quantia certa de título extrajudicial pertencente à Fazenda Pública, que possui
regras e princípios próprios (REsp n. 1.431.155/PB).

Não é o caso do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ), instituto


previsto nos artigos 134 a 137 do CPC/2015, nas hipóteses de responsabilidade pessoal de
terceiros corroboradas pelo art. 135 do CTN. Isso porque se constata genuína
incompatibilidade entre a Lei de Execução Fiscal e o regime geral do Código de
Processo Civil, em especial pela previsão, nesta última, de defesa sem prévia garantia
do juízo e pela suspensão do processo enquanto durar o incidente.

Outrossim, a responsabilização, com base no artigo 135, do CTN, não se trata,


verdadeiramente, de desconsideração da personalidade jurídica, mas sim de
responsabilização pessoal de terceiros que agem ilicitamente, praticando atos com excesso
de poderes, infração de lei, contrato social ou estatutos. Conforme já assentado pelo
Superior Tribunal de Justiça, no REsp nº 1.455/490/PR, a pessoalidade referida pelo
dispositivo indica que, por forca da sua conduta legalmente reprovada, o terceiro deve ser
guindado para o polo passivo da relação jurídico-tributaria, respondendo conjuntamente com
o devedor originário pelo pagamento do credito tributário em aberto.

Com efeito, merecem destaque os diversos precedentes do Superior Tribunal de Justiça que
encampam a tese da incompatibilidade entre incidente previsto no arts. 134 e 137 do
CPC/2015 e a responsabilidade de terceiros previsto no art. 135 do CTN:

EMENTA: REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL.


SUCESSÃO DE EMPRESAS. GRUPO ECONÔMICO DE
FATO. CONFUSÃO PATRIMONIAL. INSTAURAÇÃO DE
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. DESNECESSIDADE.
VIOLAÇÃO DO ART. 1.022, DO CPC/2015. INEXISTÊNCIA.

I - Impõe-se o afastamento de alegada violação do art. 1.022


do CPC/2015, quando a questão apontada como omitida pelo
recorrente foi examinada no acórdão recorrido, caracterizando
o intuito revisional dos embargos de declaração.

II - Na origem, foi interposto agravo de instrumento contra


decisão que, em via de execução fiscal, deferiu a inclusão da
ora recorrente no polo passivo do feito executivo, em razão da
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configuração de sucessão empresarial por aquisição do fundo


de comércio da empresa sucedida.

III - Verificado, com base no conteúdo probatório dos autos, a


existência de grupo econômico e confusão patrimonial,
apresenta-se inviável o reexame de tais elementos no âmbito
do recurso especial, atraindo o óbice da Súmula n. 7/STJ.

IV - A previsão constante no art. 134, caput, do CPC/2015,


sobre o cabimento do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, na execução fundada em título
executivo extrajudicial, não implica a incidência do
incidente na execução fiscal regida pela Lei n. 6.830/1980,
verificando-se verdadeira incompatibilidade entre o
regime geral do Código de Processo Civil e a Lei de
Execuções, que diversamente da Lei geral, não comporta
a apresentação de defesa sem prévia garantia do juízo,
nem a automática suspensão do processo, conforme a
previsão do art. 134, § 3º, do CPC/2015. Na execução fiscal
"a aplicação do CPC é subsidiária, ou seja, fica reservada
para as situações em que as referidas leis são silentes e
no que com elas compatível" (REsp n. 1.431.155/PB, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 27/5/2014).

V - Evidenciadas as situações previstas nos arts. 124, 133


e 135, todos do CTN, não se apresenta impositiva a
instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, podendo o julgador determinar
diretamente o redirecionamento da execução fiscal para
responsabilizar a sociedade na sucessão empresarial.
Seria contraditório afastar a instauração do incidente para
atingir os sócios-administradores (art. 135, III, do CTN),
mas exigi-la para mirar pessoas jurídicas que constituem
grupos econômicos para blindar o patrimônio em comum,
sendo que nas duas hipóteses há responsabilidade por
atuação irregular, em descumprimento das obrigações
tributárias, não havendo que se falar em desconsideração
da personalidade jurídica, mas sim de imputação de
responsabilidade tributária pessoal e direta pelo ilícito.

VI - Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte,


improvido. (REsp 1786311/PR, Rel. Ministro FRANCISCO
FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/05/2019, DJe
14/05/2019)

***

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ALEGAÇÃO


DE AOS ARTS. 133 E SEGUINTES DO CPC/2015.
ACÓRDÃO RECORRIDO ESTÁ EM CONSONÂNCIA COM A
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JURISPRUDÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 151, VI, DO
CTN. DEFICIÊNCIA RECURSAL. INCIDÊNCIA DOS
ENUNCIADOS N. 283 E 284 DA SÚMULA DO STF.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART. 1º DO DECRETO-LEI N.
1.025/1969. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO.

I - Na origem, trata-se de embargos à execução fiscal opostos


em decorrência de redirecionamento determinado com
fundamento nos arts. 124, I, 128 e 135, III, do CTN c/c arts. 50
e 187 do CC. Na sentença, os embargos foram julgados
improcedentes. No Tribunal a quo, a sentença foi mantida.

II - Sobre a apontada ofensa aos arts. 133 e seguintes do


CPC/2015, o recurso não comporta provimento.

III - O acórdão recorrido está em consonância com a


jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, que
tem pacificado o entendimento no sentido de que há
verdadeira incompatibilidade entre a instauração do
incidente de desconsideração da personalidade jurídica e
o regime jurídico da execução fiscal, considerando que
deve ser afastada a aplicação da lei geral, - Código de
Processo Civil -, considerando que o regime jurídico da lei
especial, - Lei de Execução Fiscal -, não comporta a
apresentação de defesa sem prévia garantia do juízo, nem
a automática suspensão do processo, conforme a
previsão do art. 134, § 3º, do CPC/2015. A propósito,
confira-se: REsp n. 1.786.311/PR, Rel. Ministro Francisco
Falcão, Segunda Turma, julgado em 9/5/2019, DJe
14/5/2019.

IV - Sobre a alegada violação do art. 151, VI, do CTN, o


recurso não comporta seguimento. O Tribunal de origem
adotou como fundamento o fato de que (i) o caso gira em
torno da configuração de grupo econômico de fato e há
diversas execuções visando à satisfação de outros créditos;
(ii) o parcelamento, assim, não abrange todos os créditos
tributários do grupo econômico de fato; bem como que (iii) a
propositura da medida cautelar fiscal (e a própria decretação
da indisponibilidade de bens) ocorreu em momento anterior ao
parcelamento dos débitos do devedor originário, não cabendo
o desfazimento das medidas acauteladoras.

V - O reexame do acórdão recorrido, em confronto com as


razões do recurso especial, revela que esse fundamento
decisório, acima mencionado, é suficiente para manter o
acórdão proferido pelo Tribunal a quo, mas não foi rebatido no
recurso especial, o que atrai os óbices dos Enunciados n. 283
e 284, ambos da Súmula do STF.

VI - Sobre a alegada ofensa ao art. 1º do Decreto-Lei n.


1.025/1969, o recurso não comporta provimento. O Superior
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado no sentido


da legalidade de aplicação do encargo legal de 20%, previsto
no Decreto-Lei n. 1.025/1969, em substituição à condenação
em honorários advocatícios, nos embargos à execução, assim
como da aplicação da taxa SELIC, a partir de 1º de janeiro de
1995, como índice adequado para a cobrança de tributos
federais. Nesse panorama, destacam-se: AgRg no REsp
1.574.610/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 8/3/2016, DJe 14/3/2016;
REsp 1.650.073/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 6/4/2017, DJe 25/4/2017;
REsp 1.574.582/PB, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2016, DJe 27/10/2016.
VII - No tocante à parcela recursal referente ao art. 105, III, c,
da Constituição Federal, verifica-se que o recorrente não
efetivou o necessário cotejo analítico da divergência entre os
acórdãos em confronto, o que impede o conhecimento do
recurso com base nessa alínea do permissivo constitucional.

VIII - Conforme a previsão do art. 255 do RISTJ, é de rigor a


caracterização das circunstâncias que identifiquem os casos
confrontados, cabendo a quem recorre demonstrar tais
circunstâncias, com indicação da similitude fática e jurídica
entre os julgados, apontando o dispositivo legal interpretado
nos arestos em cotejo, com a transcrição dos trechos
necessários para tal demonstração. Em face de tal deficiência
recursal, aplica-se o constante da Súmula n. 284 do STF.

IX - Agravo interno improvido. (AgInt no REsp 1759512/RS,


Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA,
julgado em 15/10/2019, DJe 18/10/2019)

***

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO


RECURSO ESPECIAL. SUBMISSÃO À REGRA PREVISTA
NO ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 3/STJ. EXECUÇÃO
FISCAL. REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO FISCAL.
SUCESSÃO DE EMPRESAS. GRUPO ECONÔMICO DE
FATO. CONFUSÃO PATRIMONIAL. INSTAURAÇÃO DE
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. DESNECESSIDADE.
ALEGADA INEXISTÊNCIA DE PROVAS PARA
REDIRECIONAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL. QUESTÃO
ATRELADA AO REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. ÓBICE DA
SÚMULA 7/STJ.

1. "Há verdadeira incompatibilidade entre a instauração do


incidente de desconsideração da personalidade jurídica e
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

o regime jurídico da execução fiscal, considerando que


deve ser afastada a aplicação da lei geral, - Código de
Processo Civil -, considerando que o regime jurídico da lei
especial, - Lei de Execução Fiscal -, não comporta a
apresentação de defesa sem prévia garantia do juízo, nem
a automática suspensão do processo, conforme a
previsão do art. 134, § 3º, do CPC/2015" (AgInt no REsp
1.759.512/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, Segunda Turma,
DJe 18/10/2019).

2. O reexame de matéria de prova é inviável em sede de


recurso especial (Súmula 7/STJ).

3. Agravo interno não provido.

(AgInt no REsp 1866901/SC, Rel. Ministro MAURO


CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
24/08/2020, DJe 27/08/2020)

Este também é o entendimento do Tribunal Regional Federal da 5ª Região em diversos


precedentes bem recentes, mesmo que em relação a dívidas não tributárias, quando o
fundamento para o redirecionamento é extraído do CTN:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. RECONHECIMENTO
DE GRUPO ECONÔMICO. ART. 124 DO CTN. INCLUSÃO
NO POLO PASSIVO. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DE PERSONALIDADE JURÍDICA. DESNECESSIDADE.
COMPETÊNCIA DO JUÍZO EXECUTÓRIO PARA O
REDIRECIONAMENTO. IMPROVIMENTO.

1. Agravo de instrumento interposto por empresa privada com


pedido de efeito suspensivo, em face de decisão que, nos
autos da execução fiscal nº 0004763-38.2016.4.05.8300,
reconheceu a existência de grupo econômico entre a
executada Usivale Indústria e Comércio Ltda. e a ora
agravante.

2. Trata o presente recurso da existência de responsabilidade


solidária entre a executada e a agravante pelos créditos
devidos, tendo em vista o reconhecimento de grupo
econômico nos autos da execução fiscal.

3. Compulsando os autos, verifica-se que a decisão agravada


deferiu o pedido de reconhecimento do grupo econômico,
adotando como razões de decidir as do processo nº 0000380-
96.2016.4.05.8306, em trâmite na mesma vara e no qual já
havia sido deferido idêntico pleito. Nesse sentido, o juízo a
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

quo valeu-se da declaração da própria agravante aduzida na


inicial da recuperação judicial, no sentido de que, juntamente
com a Usivale Indústria e Comércio Ltda., integra negócio
agroindustrial denominado Grupo Usivale, com única
administração, comungando de processos administrativos,
comerciais e operacionais, bem como assumindo obrigações
de forma solidária junto a fornecedores e instituições
financeiras.

4. Não obstante o reconhecimento de grupo econômico, nos


termos do art. 124 do CTN, não gere automaticamente a
responsabilidade solidária entre as pessoas jurídicas
integrantes do grupo, no presente caso, a própria agravante
reconhece a comunhão de interesses econômicos com a
executada no pedido de recuperação judicial. Registre-se,
ainda, que, conforme asseverado na decisão agravada e não
infirmado pela agravante, 90% do capital social da recorrente
é composto pela própria Usivale Industria e Comércio Ltda.

5. A recorrente alega, ainda, a necessidade de instauração


do incidente de desconsideração da personalidade
jurídica, disciplinado no art. 133 e seguintes do CPC.
Todavia, não merece acolhimento o argumento aduzido,
porquanto o redirecionamento do feito executório deu-se
em virtude do reconhecimento de grupo econômico nos
termos do art. 124 do CTN. Desse modo, a fim de infirmar a
existência de responsabilidade solidária no presente caso, a
parte agravante deve valer-se dos embargos à execução.

6. Descabido, ainda, o argumento da parte recorrente quanto


à incompetência do juízo executório para o redirecionamento
do feito, sob o fundamento de que a execução teria sido
suspensa por determinação do STJ no Conflito de
Competência nº 152.392-PE. Ocorre que, o STJ apenas
manifestou-se no sentido de sua já pacífica jurisprudência,
pela qual o deferimento do processamento da recuperação
judicial não suspende a execução fiscal, mas obsta os atos
judiciais que reduzam o patrimônio da empresa, em atenção à
própria finalidade da recuperação. Com efeito, o
redirecionamento da execução em face da ora agravante, por
si só, não configura ato constritivo, capaz de impedir a
consecução do plano de recuperação. De mais a mais, a
decisão recorrida determinou a oitiva prévia da executada, a
fim de verificar se os bens sobre os quais recai o pedido de
indisponibilidade cautelar encontram-se inseridos no plano.

7. Agravo de instrumento improvido.

(PROCESSO: 08029816020184050000, DESEMBARGADOR


FEDERAL FERNANDO BRAGA, 3ª Turma, JULGAMENTO:
08/10/2018, PUBLICAÇÃO:)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
EXECUÇÃO
Procuradoria-Geral FISCAL.
da Fazenda Nacional REDIRECIONAMENTO
CONDICIONADO
Procuradoria-Regional da Fazenda ÀNacional
INTERPOSIÇÃO
- 5ª Região DO INCIDENTE DE
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DAS DISPOSIÇÕES DO
ART. 135, DO CTN. PARCIAL PROVIMENTO.

1. Agravo de instrumento interposto pela FAZENDA


NACIONAL contra decisão que, em sede de executivo fiscal,
condicionou o pedido formulado pela exequente à interposição
do incidente de desconsideração da personalidade jurídica da
empresa executada com o escopo de assegurar a inclusão
dos sócios-administradores no polo passivo da demanda, nos
termos do art. 133 do CPC.

2. Recorrente postula que se declare a desnecessidade de


interposição do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica, haja vista sua incompatibilidade com o
procedimento executório, redirecionando a execução para dois
sócios da empresa devedora.

3. Situação fática consubstanciada na existência de dois


cadastros perante o CNPJ, com datas de abertura (03/08/1998
e 24/09/2009) e objetos sociais similares. Cobrança de débitos
relativos ao período de 2001/2003.

4. O encerramento irregular da pessoa jurídica é causa


suficiente para a responsabilização pessoal do sócio, a teor do
art. 134, VII, do Código Tributário Nacional, sendo
desnecessário que esteja presente, simultaneamente,
qualquer das situações descritas no art. 135, III, do mesmo
Código. Nesta hipótese, o ato ilícito ensejador da
responsabilização pessoal do sócio-gerente é unicamente a
extinção irregular da pessoa jurídica, independentemente de
qualquer outro praticado no momento do fato gerador da
obrigação tributária. Precedente do STJ (AgRg no REsp
1545342/GO, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe
28/09/2015).Não há que se falar, portanto, em
desconsideração da personalidade jurídica, tampouco na
instauração do respectivo incidente.

5. Hipótese em que a dissolução irregular da pessoa jurídica


está associada à constituição de uma nova empresa com
nome e objeto social similar. Embora a dissolução irregular da
sociedade só tenha sido constatada em 2013, tal circunstância
está relacionada com a fundação da nova empresa sucessora
que se deu em 24.09.2009, momento em que um dos
recorridos ainda detinha a condição de sócia da executada,
vez que apenas foi excluída da entidade societária em
26.08.2009. A saída da sócia-agravada um mês antes da
fundação da empresa sucessora entremostra que houve
continuidade da empresa, com indícios de que houve
dissolução irregular da sociedade devedora.
Redirecionamento da execução para a sócia-agravada.

6. Impossibilidade de se autorizar a inclusão do outro sócio-


agravado, já que este deixou de integrar a empresa devedora
desde 25.11.2004. Parcial plausibilidade das alegações.

7. Agravo de instrumento parcialmente provido.


Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

(PROCESSO: 08114668320174050000, DESEMBARGADOR


FEDERAL RUBENS DE MENDONÇA CANUTO, 4ª Turma,
JULGAMENTO: 25/05/2018, PUBLICAÇÃO: )

Pelo exposto, não há nenhuma nulidade a ser sanada, de modo que fora plenamente regular
o redirecionamento do feito, sem o condicionamento de abertura de IDPJ, quando se
embasa no art. 135 do CTN.

Trata-se de posição que encontra guarita na Lei e na inteligência do STJ e do TRF5.

Lado outro, melhor sorte não socorre à alegação do Excipiente de que o corresponsável, Sr.
JOAQUIM DINIZ ROCHA, teria falecido antes do redirecionamento.

Com efeito, analisando-se os autos, constata-se que o coexecutado foi citado em


29/04/2009, conforme se infere da certidão de fl. 205. Além disso, tomou ciência da penhora
dos imóveis em 07/05/2015 (fl. 268).

No entanto, a morte do coexecutado ocorreu apenas em 09/07/2020 (fl. 458).

Após isso, já houve a determinação judicial para regularização do polo passivo, com a
inclusão do espólio de JOAQUIM DINIZ ROCHA, representado pelo seu inventariante, Sr.
FRANCISO PABLO DE SOUSA ROCHA, não havendo qualquer nulidade.

Nesse sentido, vejamos o entendimento perfilhado pela jurisprudência:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


EXECUÇÃO FISCAL.

IPTU. IMÓVEL TRIBUTADO. VIÚVA MEEIRA. CO-


PROPRIETÁRIA.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INCLUSÃO NO POLO


PASSIVO DA EXECUÇÃO FISCAL POR DECISÃO JUDICIAL.
SUBSTITUIÇÃO DA CDA.

1. O cônjuge meeiro deve ser incluído no lançamento do


crédito tributário e, a fortiori, na CDA, para viabilizar sua
letigimatio ad causam passiva para a execução fiscal.

2. O falecimento do cônjuge virago, por si só, no curso da


execução fiscal, com fulcro em lançamento efetivado apenas
em nome do de cujus, não autoriza a execução direta contra o
cônjuge supérstite.

3. É que, resulta cediço na Corte que: a. Iniciada a execução,


é vedada a substituição da CDA para a inclusão do cônjuge
sobrevivente na condição de contribuinte do IPTU (CTN, art.
34) e não como sucessor (CTN, art. 131, II).
b. É que a presunção de legitimidade da CDA alcança as
pessoas
Procuradoria-Geral nela referidas.
da Fazenda Nacional Por isso que este e. STJ firmou
entendimento
Procuradoria-Regional no sentido
da Fazenda de- 5ª
Nacional queRegião
"A Fazenda Pública pode
substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da
execução" (Súmula 392/STJ). Precedente: REsp 1045472/BA,
Rel. Ministro LUIZ FUX, DJe 18/12/2009 c. In casu, o cônjuge
supérstite não é sucessor do cônjuge falecido, senão titular da
metade do imóvel.

4. O falecimento do contribuinte não impede o Fisco de


prosseguir na execução dos seus créditos, sendo certo
que, na abertura da sucessão, o espólio é o responsável
pelos tributos devidos pelo "de cujus", nos termos do art.
131, III, do CTN.

5. A doutrina nos revela que "se a dívida é inscrita em nome


de uma pessoa, não pode a Fazenda ir cobrá-la de outra nem
tampouco pode a cobrança abranger outras pessoas não
constantes do termo e da certidão, salvo, é claro, os
sucessores, para quem a transmissão do débito é automática
e objetiva, sem reclamar qualquer acertamento judicial ou
administrativo. Em suma, co-responsabilidade tributária não
pode, em regra, decorrer de simples afirmação unilateral da
Fazenda no curso da execução fiscal". (Humberto Theodoro
Júnior. Lei de Execução Fiscal. 11ª ed., p. 40).

6. No mesmo sentido: "Quando haja equívocos no próprio


lançamento ou na inscrição em dívida, fazendo-se necessária
alteração de fundamento legal ou do sujeito passivo, nova
apuração do tributo com aferição de base de cálculo por
outros critérios, imputação de pagamento anterior à inscrição
etc.., será indispensável que o próprio lançamento seja
revisado, se ainda viável em face do prazo decadencial,
oportunizando-se ao contribuinte o direito à impugnação, e
que seja revisada a inscrição, de modo que não se viabilizará
a correção do vício apenas na certidão de dívida. A certidão é
um espelho da inscrição que, por sua vez, reproduz os termos
do lançamento. Não é possível corrigir, na certidão, vícios do
lançamento e/ou da inscrição. Nestes casos, será inviável
simplesmente substituir-se a CDA." (Leandro Paulsen, René
Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka, in "Direito
Processual Tributário: Processo Administrativo Fiscal e
Execução Fiscal à luz da Doutrina e da Jurisprudência",
Livraria do Advogado, 5ª ed., Porto Alegre, 2009, pág.. 205).

7. In casu, incontroverso que a ora recorrente é co-proprietária


do imóvel tributado, do mesmo modo, irrefragável que os
lançamentos de ofício do IPTU e da TLCVLP foram realizados
exclusivamente em nome do "de cujus", por opção do fisco
municipal, que poderia tê-los realizado em nome dos co-
proprietários.

8. Os embargos de declaração que enfrentam explicitamente a


questão embargada não ensejam recurso especial pela
violação do artigo 535, II, do CPC.

9. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a


um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os
fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar
a decisão.
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

10. Recurso especial provido.

(REsp 1124685/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA


TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 03/11/2010)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
EXECUÇÃO FISCAL. CDA EXPEDIDA CONTRA PESSOA
FALECIDA ANTERIORMENTE À CONSTITUIÇÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

NULIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM A


JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

SÚMULA 83/STJ.

1. O redirecionamento contra o espólio só é admitido


quando o falecimento do contribuinte ocorrer depois de
ele ter sido devidamente citado nos autos da execução
fiscal, o que não é o caso dos autos, já que o devedor
apontado pela Fazenda Pública falecera (6/4/1983) antes
mesmo da constituição do crédito tributário (IPTU e TSU do
ano de 2001). Precedentes: REsp 1.222.561/RS, Rel. Ministro
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 25/05/2011;
AgRg no REsp 1.218.068/RS, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, DJe 08/04/2011; REsp
1.073.494/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
29/09/2010.

2. Agravo regimental não provido.

(AgRg no AREsp 178.713/MG, Rel. Ministro BENEDITO


GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/08/2012,
DJe 27/08/2012)

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL PROPOSTA


CONTRA DEVEDOR JÁ FALECIDO. CARÊNCIA DE AÇÃO.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. ALTERAÇÃO DO PÓLO PASSIVO
DA EXECUÇÃO PARA CONSTAR O ESPÓLIO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 392/STJ.

1. O exercício do direito de ação pressupõe o preenchimento


de determinadas condições, quais sejam: a) a possibilidade
jurídica do pedido; b) o interesse de agir; e c) a legitimidade
das partes. No caso em análise, não foi preenchido o requisito
da legitimidade passiva, uma vez que a ação executiva foi
ajuizada contra o devedor, quando deveria ter sido ajuizada
em face do espólio. Dessa forma, não há que se falar em
substituição da Certidão de Dívida Ativa, haja vista a carência
de ação que implica a extinção do feito sem resolução do
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo


Civil. O redirecionamento pressupõe que o ajuizamento tenha
sido feito corretamente.

2. Mesmo quando já estabilizada a relação processual pela


citação válida do devedor, o que não é o caso dos autos, a
jurisprudência desta Corte entende que a alteração do título
executivo para modificar o sujeito passivo da execução não
encontrando amparo na Lei 6.830/80. Sobre o tema, foi
editado recentemente o Enunciado n.

392/STJ, o qual dispõe que "A Fazenda Pública pode


substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da
sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da
execução".

3. Naturalmente, sendo o espólio responsável tributário na


forma do art. 131, III, do CTN, a demanda originalmente
ajuizada contra o devedor com citação válida pode a ele
ser redirecionada quando a morte ocorre no curso do
processo de execução, o que não é o caso dos autos onde a
morte precedeu a execução.

4. Recurso especial não provido.

(REsp 1222561/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL


MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe
25/05/2011)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO


FISCAL. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA PESSOA
JURÍDICA. PEDIDO DE REDIRECIONAMENTO
FORMULADO CONTRA OS HERDEIROS DO SÓCIO-
GERENTE.

1. Conforme orientação desta Corte, é viável o


redirecionamento da execução fiscal na hipótese de
dissolução irregular da sociedade, pois tal circunstância
acarreta, em tese, a responsabilidade subsidiária dos sócios,
que poderá eventualmente ser afastada em sede de embargos
à execução.

2. Contudo, no caso dos autos, a Fazenda Nacional requer o


redirecionamento do processo executivo fiscal para os
herdeiros do representante legal da empresa executada.

3. Nos termos do art. 4º, III, da Lei 6.830/80, "a execução


fiscal poderá ser promovida contra o espólio". "O termo
espólio pode ser usado como sinônimo de herança. Na
prática, porém, utiliza-se no sentido de herança
inventariada, ou seja, herança em processo de inventário"
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

(FIUZA, Cesar. "Direito civil: curso completo", 10ª ed.,


Belo Horizonte: Del Rey, 2007, pág. 1.003). Na hipótese, a
própria recorrente admite que inexiste inventário.
Ressalte-se que, nos termos do art. 985 do CPC, "até que
o inventariante preste o compromisso (art. 990, parágrafo
único), continuará o espólio na posse do administrador
provisório", de modo que este "representa ativa e
passivamente o espólio" (art. 986).

4. Por tais razões, é imperioso concluir que: 1) antes de se


efetuar a partilha, é viável o pedido de redirecionamento
do processo executivo fiscal para o espólio, que será
representado pelo administrador provisório, caso não
iniciado o inventário, ou pelo inventariante, caso
contrário; 2) efetuada a partilha, por força do disposto no
art. 4º, VI, da Lei 6.830/80 ("a execução fiscal poderá ser
promovida contra sucessores a qualquer título"), é
possível redirecionar a execução para o herdeiro, que
responde nos limites da herança (art. 1.792 do CC/2002),
"cada qual em proporção da parte que na herança lhe
coube" (art. 1.997 do CC/2002).

5. Assim, como bem ressaltou o Tribunal a quo, inexistindo


inventário, mostra-se inviável, desde logo, incluir os herdeiros
no pólo passivo do processo executivo fiscal. Ressalva-se,
entretanto, a possibilidade de novo pedido de
redirecionamento, dentro das circunstâncias
supramencionadas.

6. Recurso especial desprovido.

(REsp 877.359/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA,


PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/03/2008, DJe 12/05/2008)

Por conseguinte, o pedido deve ser indeferido.

DA INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA

O Embargante alega a ocorrência de decadência do direito de a União lançar os débitos


inscritos nas CDA’s nºs 30.7.05.001297-19, 30.2.05.002441-39, 30.6.05.007173-12.

Porém, em que pese tal alegação, o Embargante não colacionou aos autos qualquer prova
de suas alegações, notadamente os processos administrativos originários dos débitos, de
modo que pudesse demonstrar a data dos fatos geradores e as datas das constituições dos
créditos, razão pela qual o seu pedido deve ser julgado improcedente, principalmente diante
da presunção de certeza e liquidez dos créditos inscritos em DAU.
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

No entanto, não sendo este o entendimento de Vossa Excelência e, considerando-se o


princípio da eventualidade, passaremos a tecer considerações sobre a decadência.

Para os créditos tributários sujeitos ao lançamento por homologação (art. 150 do CTN), em
que houve adiantamento de pagamento, utiliza-se o art. 150, § 4º do CTN, e para os casos
em que não houver pagamento, aplica-se a regra disposta no art. 173, I do CTN no que se
refere à decadência. Vejamos suas transcrições:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto


aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.

§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco


anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo,
fraude ou simulação.

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I – do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Corroborando este entendimento, vejamos a inteligência jurisprudencial:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA.


PESSOA FÍSICA. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO.
PRETENSÃO DE REJULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.

NÃO-OCORRÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS


AUTORIZADORES À OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. REJEIÇÃO.

1. A Fazenda Nacional, descontente com o acórdão que


acolheu a prescrição de crédito tributário, insiste, em sede de
embargos de declaração, pela reapreciação da matéria sob o
argumento da existência de omissão e erro material em
acórdão desta relatoria, assim sumariado (fls. 213/215):
"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE
RENDA. PESSOA FÍSICA.
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional - 5ª Região

EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. ALEGAÇÃO DE


AFRONTA AOS ARTIGOS 156 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO
NACIONAL, 14 DO DECRETO-LEI 70.235/72, 79 DO
DECRETO 1041/94, E 82, § 2º, DO RIR/94. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. ARTIGO 161, § 1º, DO CTN. TAXA
SELIC.

NÃO-IMPUGNAÇÃO DO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL


DO ACÓRDÃO. SÚMULA 126/STJ. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO POR VIOLAÇÃO AOS
ARTIGOS 173 E 174 DO CTN E NESTA PARTE PROVIDO.

1. Cuida-se de recurso especial (fls. 241/275) interposto por


VICTOR HUGO MARCASSA com fulcro no art. 105, III,
alíneas "a" e "c", da Constituição Federal de 1988, em face de
acórdãos proferidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, assim ementados: "EMBARGOS À EXECUÇÃO
FISCAL. IRPJ. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. NULIDADE
CDA. NULIDADE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO.
CERCEAMENTO DE DEFESA. DEDUÇÕES INCORRETAS.
SELIC.

1. Para efeitos de decadência, o prazo de 5 anos apenas é


contado da data do fato gerador se efetuado pagamento
antecipado do débito, o que não ocorreu no presente caso.

2. Não tendo sido efetuado o pagamento antecipado do


tributo, forte § 1º do artigo 173 do CTN, o prazo decadencial
iniciará no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado pelo contribuinte, que
não o fez.

3. Constituído o crédito tributário com a notificação do


lançamento, passa a fluir o prazo prescricional constante no
artigo 174 do CTN. Inteligência da Súmula 153 do TFR.

4. A partir da notificação do contribuinte o crédito tributário já


existe., mas ainda está sujeito à sua desconstituição na via
administrativa se for impugnado. Nos termos do artigo 151, III,
do Código Tributário Nacional, a interposição de recurso
administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário
enquanto pendente de decisão.

5. Em que pese o artigo 8º, § 2º da LEF disponha que é o


despacho do juízo que interrompe o prazo prescricional, não é
o melhor entendimento, haja que o CTN é lei complementar,
devendo prevalecer sobre lei ordinária.

6. A CDA possui presunção de liquidez e certeza, a qual


somente pode ser elidida por meio de prova robusta e não por
meras alegações.

7. Não é nula a CDA que contém os requisitos legais,


precipuamente quando foi possível à devedora promover sua
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defesa.

8. Não há exigência de notificação prévia do ato de inscrição


em dívida ativa, mas sim do início do procedimento de
lançamento, pois a defesa se dá antes da finalização do ato
administrativo do lançamento.

(...)

(EDcl no REsp 789.362/PR, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO,


PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/09/2006, DJ 16/10/2006, p.
305)

CDA 30.7.05.001297-19:

No caso em análise, verifica-se que o período de apuração / exercício (PA / EX) mais remoto
foi em 11/1997, e o lançamento poderia ter sido efetuado em 1997. Assim, de acordo com o
inciso I do art. 173, o termo ad quem do prazo decadencial seria 01/01/1998, e o termo final
em 31/12/2002, pois em 01/01/2003 o prazo já teria decaído. Como a notificação de
lançamento ocorreu em 27/12/2002, não há que se falar em decadência.

CDA 30.2.05.002441-39:

No caso em análise, verifica-se que o período de apuração / exercício (PA / EX) mais remoto
foi em 12/1997, e o lançamento poderia ter sido efetuado em 1998. Assim, de acordo com o
inciso I do art. 173, o termo ad quem do prazo decadencial seria 01/01/1999, e o termo final
em 31/12/2003, pois em 01/01/2004 o prazo já teria decaído. Como a notificação de
lançamento ocorreu em 27/12/2002, não há que se falar em decadência.

CDA 30.6.05.005175-12:

No caso em análise, verifica-se que o período de apuração / exercício (PA / EX) mais remoto
foi em 12/1997, e o lançamento poderia ter sido efetuado em 1998. Assim, de acordo com o
inciso I do art. 173, o termo ad quem do prazo decadencial seria 01/01/1999, e o termo final
em 31/12/2003, pois em 01/01/2004 o prazo já teria decaído. Como a notificação de
lançamento ocorreu em 27/12/2002, não há que se falar em decadência.

DO DIREITO DE MEAÇÃO
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O art. 30 da LEF estabelece que todos os bens do devedor devem responder pela dívida:

Art. 30 - Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre


determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo
pagamento da Divida Ativa da Fazenda Pública a totalidade
dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do
sujeito passivo, seu espólio ou sua massa, inclusive os
gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou
impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do
ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e
rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis.

De outra banda, a existência de copropriedade entre o executado e o seu cônjuge não é


empecilho à penhora de bem, haja vista que o direito à meação recairá sobre o produto da
alienação, não havendo qualquer impenhorabilidade, senão vejamos a transcrição do art.
843 do CPC:

Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o


equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge
alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do
bem.

§ 1º É reservada ao coproprietário ou ao cônjuge não


executado a preferência na arrematação do bem em igualdade
de condições.

§ 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior


ao da avaliação na qual o valor auferido seja incapaz de
garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o
correspondente à sua quota-parte calculado sobre o valor da
avaliação.

Por conseguinte, a Exequente deixa claro que não há qualquer oposição ao direito de
meação, mas este só pode ser exercido sobre o produto da alienação do bem.

Destarte, o pedido deve ser julgado improcedente.

PEDIDO
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Assim sendo, pugna a União pelo não conhecimento do incidente ou, caso assim não
entenda Vossa Excelência, pelo indeferimento dos pedidos.

No que toca ao direito de meação, a Exequente deixa claro que não há qualquer oposição,
mas ele só pode ser exercido sobre o produto da alienação do bem.

Por fim, a Exequente informa que não há nada a opor em relação à avaliação dos bens
penhorados.

Recife, 18 de outubro de 2022.

JANIFFER CELANI RODRIGUES DE ATAIDE


Procurador(a) da Fazenda Nacional

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