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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DA CÂMARA DE

DIREITO CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE


JANEIRO

A PARTE ORA AGRAVADA, já devidamente qualificada


nos autos em epígrafe, por seu advogado e procurador infra-firmado, vem,
respeitosamente, na presença de Vossa Excelência, apresentar suas
CONTRARRAZÕES AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, conforme exposição
que segue anexa.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro/RJ, 10 de setembro de 2021.


EGRÉGIA TURMA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

E. DESEMBARGADORES

Não procede a irresingnação da agravante.

DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre ressaltar a tempestividade do presente


recurso, sendo que o prazo é de 15 (quinze cinco) dias.
Portanto, é tempestivo o presente Recurso apresentado
nesta data.

DA SINTECE PROCESSUAL

A parte Agravante interpôs o presente Agravo de


Instrumento irresignada com a respeitável decisão proferida às fls., não
reconheceu a ilegitimidade ativa da parte agravada, não suspendeu o
cumprimento de sentença em razão da pendência de julgamento de
recursos repetitivos, não reconheceu a alegação de que a agravada não
está abrangida pelos efeitos da decisão da ação civil pública; não
reconheceu excesso de execução; e a não incidência dos juros, tendo
homologado o cálculo do perito.
Ademais, é cediço que, para o juízo de admissibilidade de
qualquer modalidade recursal, faz-se necessário o preenchimento de
determinados requisitos, dentre os quais o da regularidade formal. Esta
constitui ônus implicado à parte de atacar os fundamentos da decisão
atacada e de expor as razões de fato e de direito que fundamentam o
pedido de nova decisão, observando-se a forma legal segundo a qual o
recurso deve se revestir.
Ocorre que, não existe na decisão atacada elementos
ensejadores para a propositura do presente Agravo de Instrumento, quais
sejam, o haja receio de dano irreparável ou de difícil reparação.
Data vênia, as razões aduzidas pela parte Agravante não
merecem ser acolhidas, posto que sua irresignação encontra-se desprovida
de qualquer fundamento legal e amparo jurídico, sendo que a respeitável
decisão não merece a reforma nos pontos guerreados em Agravo de
Instrumento.
Diante disso, conforme ficará evidenciado nas contrarrazões
que se passa a expor deve permanecer a respeitável decisão proferida,
sendo desde já o mesmo julgado improcedente.
DO NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ROL
TAXATIVO DO ART. 1.015, NCPC

Preambularmente, com base no Enunciado Administrativo n.


3 do Superior Tribunal de Justiça, considerando que a decisão agravada foi
publicado a partir do dia 18 de março de 2016, processar-se-á a
admissibilidade do presente recurso conforme o regramento contido no
novo Código de Processo Civil.
Segundo art. 1.015, do NCPC, in verbis:
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as
decisões interlocutórias que versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da personalidade
jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou
acolhimento do pedido de sua revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de
terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação do efeito
suspensivo aos embargos à execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art.
373, § 1o;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias proferidas
na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento
de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário.
O rol do artigo 1.015, CPC é taxativo e não contempla a
hipótese de decisão que declara a incompetência absoluta do juízo para
apreciar o feito.
Segundo art. 1.009, § 1º, CPC, “as questões resolvidas na
fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou
nas contrarrazões.”
Assim sendo, requer-se o não conhecimento do agravo de
instrumento.
DO MÉRITO

Ultrapassada a preliminar de não conhecimento, no mérito a


decisão não pode ser revista.
O novo CPC, em seu art. 926, caput, estabelece de forma
expressa que “Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-
la estável, íntegra e coerente”.
A matéria em debate foi objeto de acórdão proferido pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos,
processado nos moldes do art. 543-C do CPC.
Há que haver prova documental farta e robusta que
demonstre tais fatos, conforme definido pelo STJ.

DO TÍTULO LÍQUIDO. CERTO E EXEQUÍVEL. DESNECESSIDADE DE


LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

Conforme previsão do artigo 475-B do Código de Processo Civil


de 1973, atual artigo 509, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015, o
credor pode promover desde logo o cumprimento da sentença, quando a
apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, sendo
desnecessária a realização de liquidação de sentença. É o caso dos autos.
Os doutrinadores Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero,
Código de Processo Civil Comentado artigo por artigo, 2ª edição, Editora
Revista dos Tribunais, p. 456, dispõem que: “Dependendo a liquidação tão-
somente de cálculo aritmético, o demandante apresentará diretamente o
pedido de cumprimento da sentença por execução forçada (art. 475-J,
CPC), apontando no requerimento o valor que entende devido.”
No mesmo sentido, doutrina Antônio Carlos Marcato:
(...) No que tange à liquidez, é preciso abandonar
posições extremadas e formalistas: se o título não
estampar o valor exato do crédito, mas permitir,
por meros cálculo aritméticos, que se chegue ao
valor devido, estará por certo implementada a
condição legal para a propositura da demanda
executiva. (...)" (in Código de Processo Civil
Interpretado, 2004, pg. 1736).
Nesse sentido, a jurisprudência:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CADERNETA DE POUPANÇA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO COLETIVA. INSTITUTO BRASILEIRO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR (IDEC). 1. Ilegitimidade
ativa não caracterizada: A abrangência nacional do
julgado e a extensão dos efeitos da sentença a todos os
poupadores que mantinham caderneta de poupança
junto ao Banco do Brasil S/A, nos períodos abrangidos
pela condenação, dispensam ao poupador demonstrar
sua vinculação à associação proponente da ação
coletiva [...] Liquidação de sentença. Prescinde de
prévia liquidação de sentença a execução de título
executivo que fixou o percentual dos rendimentos
expurgados da remuneração das cadernetas de
poupança, além da inicial executiva anexar os extratos
bancários necessários para aferição do débito.
Apuração da dívida é de fácil confecção, eis que o
Tribunal de Justiça institui o simulador de cálculo que é
de extrema confiabilidade e praticidade. Mera operação
aritmética que afasta a iliquidez do título. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO EM PARTE E, NESTA,
NEGADO SEGUIMENTO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA.
(Agravo de Instrumento Nº 70057929614, Vigésima
Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Clademir José Ceolin Missaggia, Julgado em
20/12/2013).
No caso, ainda que se trate de Ação Civil Pública, nos termos
do artigo 475-B do Código de Processo Civil de 1973, que tem
correspondência no artigo 524, §§ 3º e 4º, do Código de Processo Civil de
2015, o credor pode requerer o cumprimento de sentença nos moldes do
artigo 475-J (Código de Processo Civil de 1973), atual artigo 523 do
Código de Processo Civil em vigor.
Basta atender aos requisitos e apresentar o cálculo do
valor devido. E O FEZ.
Em caso de não concordância, cabe ao devedor promover na
forma legal, demonstrando aritmeticamente a sua irresignação. E a
necessidade de cálculo aritmético não condiz com fase do procedimento
para liquidação, no conceito legal. E sim fase de apuração do valor, sem o
procedimento prévio da liquidação de sentença, que se reduz ao
arbitramento ou na forma de artigos.
Sendo assim, desnecessária se mostra a liquidação de
sentença, porquanto possível que a ação prossiga a partir da análise dos
extratos que são suficientes para embasar o pleito acompanhado da
respectiva planilha de cálculos. Dispõe ainda a jurisprudência:
Cumprimento de sentença. Expurgos inflacionários.
Liquidação de sentença. Se o valor da condenação
(diferenças de correção monetária relativas a
expurgos inflacionários) pode ser calculado
mediante simples cálculos aritméticos, não é
necessária liquidação de sentença para apurá-lo.
Agravo provido. (Acórdão n.848563,
20140020313615AGI, Relator: JAIR SOARES, 6ª Turma
Cível, Data de Julgamento: 11/02/2015, Publicado no
DJE: 24/02/2015. Pág.: 234)
O presente cumprimento de sentença tem fincas em sentença
transitado em julgado, tendo a ora parte Agravada trazido a baila prova que
tinha crédito em sua conta de poupança, junto ao Banco Agravante, com
apresentação dos valores devidos nos precisos termos da decisão proferida
nos autos da ação civil pública, mediante planilha de cálculos.
(...) SENTENÇA QUE EXTINGUIU A AÇÃO SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO COM ARRIMO NOS INCISOS
IV E VI DO CPC. NÃO POSSIBILITADA A EMENDA DA
EXORDIAL, ENTRETANTO, EMBORA RECEBIDA PELO
JUÍZO. Ainda que violados os incisos IV e VI do
art. 267 do CPC, não tendo o juízo oportunizado
prazo para emendar a ação, não há falar em
extinção do processo sem apreciação do mérito.
PRINCÍPIOS DA ECONOMIA, EFETIVIDADE E
INSTRUMENTALIDADE. Em atendimento aos
princípios da economia, da efetividade e da
instrumentalidade do processo, admite-se a emenda da
petição inicial considerada inepta, ainda que contestada
a ação. SENTENÇA CAÇADA. RECURSO PROVIDO. (TJ-
SC - AC: 20120252651 SC 2012.025265-1 (Acórdão),
Relator: Gilberto Gomes de Oliveira, Data de
Julgamento: 05/03/2014, Segunda Câmara de Direito
Civil Julgado).
Desta forma, não há que se falar em liquidação de sentença,
devendo o argumento do Agravante ser afastado.

DA AUSÊNCIA DE LIMITAÇÃO SUBJETIVA DA SENTENÇA COLETIVA.


DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSAO AO IDEC

Como matéria de mérito, questiona o Agravante acerca da


limitação subjetiva da sentença coletiva somente a seus associados. Aduz
também acerca da legitimidade do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor – IDEC em propor a citação Ação Civil Pública. 38.
A sentença coletiva de consumo em questão não teve seus
efeitos adstritos a somente aos seus associados, mas todos os
consumidores que possuíam caderneta de poupança junto ao
Agravante, no período de janeiro e fevereiro de 1989.
Dessa forma, descabe qualquer limitação a abrangência da
eficácia da sentença, sob pena de afronta a coisa julgada. Tal situação já
restou apreciada em sede de Recursos Repetitivos, mediante o julgamento
do REsp 1.243.887/PR, já colacionado alhures, e também, no REsp
1.247.150/PR, cuja ementa ora colaciona-se:
DIREITO PROCESSUAL. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA (ART. 543-C, CPC). DIREITOS
METAINDIVIDUAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APADECO X
BANESTADO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. ALCANCE
SUBJETIVO DA ENTENÇA COLETIVA. LIMITAÇÃO AOS
ASSOCIADOS. INVIABILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
(...) 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. A sentença
genérica proferida na ação civil coletiva ajuizada pela
Apadeco, que condenou o Banestado ao pagamento
dos chamados expurgos inflacionários sobre
cadernetas de poupança, dispôs que seus efeitos
alcançariam todos os poupadores da instituição
financeira do Estado do Paraná. Por isso descabe a
alteração do seu alcance em sede de
liquidação/execução individual, sob pena de
vulneração da coisa julgada. Assim, não se aplica ao
caso a limitação contida no art. 2º-A, caput, da Lei n.
9.494/97.(...) (REsp n. 1247150/PR, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Julgado em 19/10/2011) – destaquei.
Portando, a irresignação do Agravante sobre a aplicação do
art. 2º-A, caput da Lei n. 9.494/97 cai por terra, pois os efeitos concedidos
a sentença transcendem os limites do órgão prolator em razão do alcance
fixado na decisão, já transitada em julgado.
De outro lado, também, não há limitação subjetiva sobre a
legitimidade do Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor – IDEC na
propositura da Ação Civil Pública 16.798-98/DF, visto que a sentença
transitada em julgado não ofereceu qualquer obstáculo a concessão do
efeito a todos poupadores lesados pelo Agravante.
Assim, em qualquer entendimento que se consolide no
julgamento dos RE 612.043 ou 573.232, essa não trará nenhum prejuízo
ao Agravado e aos demais consumidores poupadores do país, visto que a
decisão ora executada está sob o manto da coisa julgada, ou seja, não se
cabe mais discussão sobre a legitimidade da associação em propor a ação
civil pública, ou mesmo, quanto aos efeitos que essa irradiou.
Tal situação restou brilhantemente exposta no voto do
Desembargador Cláudio Valdyr Helfenstein, relator do Agravo de
Instrumento n. 2013.045848-3, Julgado em 12.12.2013 perante o TJSC:
Prima facie, cumpre registrar que, diversamente do
exposto pela casa bancária agravante, a repercussão
geral reconhecida no Recurso Extraordinário n.
612.043 diz respeito ao "momento oportuno de
exigir-se a comprovação de filiação do substituído
processual, para fins de execução de sentença
proferida em ação coletiva" e, a repercussão geral
reconhecida no RE de n. 573.232, refere-se à
"legitimidade de entidade associativa para
promover execuções, na qualidade de substituta
processual, independentemente da autorização de
cada um de seus filiados", o que se extrai as
informações obtidas junto ao sítio que o Supremo
Tribunal Federal possui junto à rede mundial de
computadores. In casu, porém, a ação civil pública,
cuja sentença teve seu cumprimento requerido pelo
próprio agravado, foi proposta com a finalidade de
obter-se condenação erga omnes. Em sendo assim,
porque as matérias versadas nos Recursos
Especiais não têm o condão de influir no caso em
apreço, mostra-se inviável acolher a pretensão
deduzida. - destaquei.
Da validade, liquidez e exigibilidade do título
executivo do efeito erga omnes da sentença coletiva
Alega o Agravante a inexigibilidade do título executivo.
Portando, inexiste motivo plausível ao acolhimento da tese ventilada pelo
Agravante, pois não apresente suporte fático e jurídico capaz de convalidar
suas imputações.
Logo, as alegações de ilegitimidade ativa da parte Agravada,
bem como a ilegitimidade da associação em propor a referida ação civil
pública não comportam nova discussão, em face da coisa julgada e ao efeito
erga omnes reconhecido.
Assim, a validade do título é latente, à medida que lhe foi
concedida abrangência nacional, ou seja, foi estendida a todos os
consumidores do país que mantinham conta poupança junto ao Banco nos
meses de janeiro e fevereiro de 1989.
Tal entendimento é uníssono em todo o território nacional,
não sendo contrário na presente situação, pois restaram demonstradas pela
Agravada a sua legitimidade na reivindicação dos direitos reconhecidos,
através dos documentos anexos à inicial.
Nesse sentido, importante transcrever trecho do acórdão
prolatado em 15.12.2010, nos autos do Agravo de Instrumento de n.
70039148176, da Segunda Câmara Especial Cível do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, de lavra do Desembargador Relator Marcelo Cezar
Muller:
“O âmbito nacional restou estabelecido de maneira
expresso na sentença (p. 7). Logo, a questão é de
respeitar a disposição constante de provimento judicial
imutável. No âmbito da ação coletiva não houve
alteração do comando, sendo inviável aceitar o
argumento trazido no presente recurso. A questão foi
xaminada e decidida de maneira expressa na fase do
conhecimento. Não poderia no atual momento existir
nova apreciação sobre as matérias já solucionadas, nos
termos dos art. 467 e 468 do CPC. Como referido por
Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, em
Manual do Processo de Conhecimento, 4ª edição,
Editora Revista dos Tribunais:
“Com isso, se em ulterior processo alguém pretender
voltar a discutir a declaração transitada em julgado,
essa rediscussão não poderá ser admitida. A isso é que
se denomina efeito negativo da coisa julgada,
impedindo-se que o tema já decidido (que tenha
produzido coisa julgada) venha a ser novamente objeto
de decisão judicial. Por outro lado, a coisa julgada
também operará o chamado efeito positivo, vinculando
os juízes de causas subseqüentes à declaração
proferida (e transitada em julgado) no processo
anterior.” (p. 618) Logo, no âmbito da ação coletiva
e de seucumprimento, inviável conceber outra
solução. Não importam, assim, os julgamentos
proferidos em recursos diversos, devendo
preponderar a força vinculante da sentença
imutável. Importante ressaltar que a sentença
transitou em julgado em 27-10-2009 e restou
confirmada no Resp 327.200-DF e RE 375.709-1-DF.” -
destaquei.
O Agravante, ao pretender a declaração de incompetência
territorial e ilegalidade do título judicial, simultaneamente, pretende,
também, rediscutir matéria já afetada pela coisa julgada, o que não se
admite em nosso ordenamento jurídico.
Consoante o art. 467 do Código de Processo Civil,
“denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário”.
A coisa julgada produz, entre outros, o efeito de
impossibilitar a rediscussão da lide. Neste caso, o juiz deve valer a
imutabilidade e a intangibilidade da coisa julgada, impedindo a sua
rediscussão.
Outrossim, conforme lê-se do art. 502 do Código de
Processo Civil/2015, “passada em julgado a sentença de mérito,
reputarse-ão deduzidas e repelidas as alegações e defesas, que a
parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do
pedido”.
Não obstante, o entendimento jurisprudencial segue o
mesmo sentido:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS
JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
CADERNETA DE POUPANÇA. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR - IDEC. COMPETÊNCIA TERRITORIAL.
EFICÁCIA ERGA OMNES E ABRANGÊNCIA NACIONAL. O
pedido de cumprimento de sentença pode ser
interposto no domicílio do consumidor, ainda que
distinto do foro da ação coletiva, considerando a
eficácia erga omnes e abrangência no âmbito nacional
atribuída pela sentença. REPERCUSSÃO GERAL.
SOBRESTAMENTO. O reconhecimento da repercussão
geral da matéria que discute os rendimentos das
cadernetas de poupança em face dos Planos
Econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II e a
determinação de incidência do art. 328 do RISTF aos
processos que versam sobre os expurgos inflacionários
não sobrestam o feito na fase executiva. NEGADO
SEGUIMENTO AO RECURSO. (Agravo de Instrumento
Nº 70047328059, Primeira Câmara Especial Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Moreno Pomar,
Julgado em 03/02/2012)
Assim sendo, não merecem acolhimento as alegações
arguidas pelo AGRAVANTE, pois manifestamente contrárias à jurisprudência
pátria dominante, tornando a exceção apresentada meramente
protelatória.

DA LIMITAÇÃO TERRITORIAL. COISA JULGADA. ABRANGÊNCIA


NACIONAL DA DECISÃO. LEGITIMIDADE ATIVA

Insurge-se a parte agravante, contra a possibilidade de


cumprimento da presente sentença coletiva, fora dos limites da
competência territorial do órgão prolator da sentença, conforme a regra
disposta no art. 16 da Lei 7.347/85. No entanto, não procede a
inconformidade.
Isto porque, a decisão coletiva ora executada já transitou em
julgado, sendo que restou reconhecida a abrangência nacional do dano e
dos efeitos da sentença.
Cumpre salientar, aliás, que referida questão atinente à
abrangência nacional atribuída ao julgado, foi objeto do REsp nº 327.200-
DF interposto perante o STJ. Ocorre que o egrégio Superior Tribunal de
Justiça, ao julgar o referido recurso especial, não restringiu os efeitos da
sentença coletiva aos limites da competência territorial do órgão prolator,
como dispõe o art. 16 da Lei da Ação Civil Pública.
Assim, tendo tal questão sido objeto de análise expressa na
fase de conhecimento, não pode no atual momento (fase executiva)
sobrevir nova apreciação sobre matérias já solucionadas, forte nos artigos
502 e 503 do CPC/2015.
No âmbito da ação coletiva não houve alteração do comando
referente à abrangência nacional do julgado. Logo, a questão é de
respeitar a disposição constante de provimento judicial imutável.
Como referido por Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz
Arenhart, em Manual do Processo de Conhecimento, 4ª edição, Editora
Revista dos Tribunais:

“Com isso, se em ulterior processo alguém


pretender voltar a discutir a declaração
transitada em julgado, essa rediscussão não
poderá ser admitida. A isso é que se denomina
efeito negativo da coisa julgada, impedindo-se
que o tema já decidido (que tenha produzido coisa
julgada) venha a ser novamente objeto de decisão
judicial. Por outro lado, a coisa julgada também
operará o chamado efeito positivo, vinculando os
juízes de causas subseqüentes à declaração
proferida (e transitada em julgado) no processo
anterior.” (p. 618)
A coisa julgada produz, entre outros, o efeito de impossibilitar
a rediscussão da lide. Aliás, é tarefa do juiz “fazer valer a imutabilidade da
sentença e a intangibilidade da coisa julgada, impedindo que a lide por ela
acobertada seja rediscutida (função judicial negativa)” (Nelson Nery Júnior,
Revista da AJURIS, vol. 96, pag. 240).
Outrossim, “passada em julgado a sentença de mérito,
reputar-se-ão deduzidas e repelidas as alegações e defesas, que a parte
poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido” (art. 508 do
CPC/2015).
Nesses termos, não é possível, em sede de
cumprimento, restringir os efeitos da sentença coletiva transitada
em julgado que teve sua abrangência nacional expressamente
reconhecida na fase de conhecimento.
Como bem ressaltado na Ação de Cumprimento de
Sentença, a sentença coletiva de consumo em questão não teve seus
efeitos adstritos a somente aos seus associados, mas todos os
consumidores que possuíam caderneta de poupança junto ao Banco
ora Agravante, no período de janeiro e fevereiro de 1989.
Dessa forma, descabe qualquer limitação a abrangência da
eficácia da sentença, sob pena de afronta a coisa julgada. Portando, os
efeitos concedidos a sentença transcendem os limites do órgão prolator em
razão do alcance fixado na decisão, já transitada em julgado.
Em que pese os esforços para não querer pagar os expurgos
inflacionários, a sentença, que por se tratar de processo coletivo,
indubitavelmente terá efeito erga omnes, como já bem consolidado pela
doutrina e jurisprudência, não trazendo a nós, operadores do Direito,
maiores apuros.
Nesse contexto, cabe referir que o cumprimento de sentença
oriunda de Ação Coletiva faz-se passível de ajuizamento no foro do
domicílio do consumidor, mesmo que seja este distinto do foro do órgão
prolator da sentença, em atenção ao disposto no art. 101, inciso I, do CDC:
Art.101. Na ação de responsabilidade civil do
fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
disposto nos Capítulo I e II deste título, serão
observadas as seguintes normas :
I - ação pode ser proposta no domicílio do autor,
[...] - Grifou-se.
A extensão da coisa julgada, por expressa previsão do
Código de Defesa do Consumidor, como mencionado acima, será erga
omnes, portanto, terá eficácia para todo o Brasil. O Código Consumerista é
expresso em tal mandamento, não havendo razões para que os efeitos da
decisão se propaguem apenas a Subsecção Judiciária de São Paulo. Esta
sim, sem qualquer previsão legal.
Ademais, em recente decisão, o Superior Tribunal de Justiça
consignou que a sentença genérica exarada em ação civil pública coletiva
produz efeitos para além dos limites territoriais do órgão julgador:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EFICÁCIA DA
SENTENÇA. LIMITES. IMPROVIMENTO. 1.- A Corte
Especial, no julgamento do REsp nº 1.243.887-PR, Rel.
Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, analisando a questão da
competência territorial para julgar a execução
individual do título judicial em ação civil pública
ajuizada pela APADECO, decidiu que a liquidação e a
execução individual de sentença genérica
proferida em ação civil coletiva produz efeitos
"erga omnes" para além dos limites da
competência territorial do órgão julgador . 2.- O
agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de
modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por
seus próprios fundamentos. 3.- Agravo Regimental
improvido (STJ - AgRg no AREsp: 192687 DF
2012/0128710-7, Relator: Ministro SIDNEI BENETI,
Data de Julgamento: 11/04/2013, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 02/05/2013).
“A Lei da Ação Civil Pública, originariamente, foi criada
para regular a defesa em juízo de direitos difusos e
coletivos. A figura dos direitos individuais homogêneos
surgiu a partir do Código de Defesa do Consumidor,
como uma terceira categoria equiparada aos primeiros,
porém ontologicamente diversa. - Distinguem-se os
conceitos de eficácia e de coisa julgada. A coisa julgada
é meramente a imutabilidade dos efeitos da sentença.
O art. 16 da LAP, ao impor limitação territorial à coisa
julgada, não alcança os efeitos que propriamente
emanam da sentença. - Os efeitos da sentença
produzem-se "erga omnes", para além dos limites da
competência territorial do órgão julgador” (STJ -
2001/0196900-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI,
Data de Julgamento: 17/03/2009, T3 -TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 20/04/2009).
Dessa maneira, considerando a abrangência nacional
novamente declarada pelo julgamento do recurso julgado em sede
de recurso repetitivo, não cabe mais discussão sobre a abrangência
especial da sentença coletiva em que se requer o cumprimento, sob
pena de afronta a coisa julgada.
Os Tribunais com jurisdição em todo território nacional,
comportam decisões que abrangem todo o nosso território brasileiro. Desta
feita, os argumentos utilizados não são críveis a modificar o CDC. Ademais,
Ada Pelegrini Grinover nos ensina que:
A limitação operada por certos julgados afronta o art.
103, CDC, e despreza a orientação fornecida pelo art.
91, II, por onde se vê que a causa que verse sobre
reparação de dano nacional ou regional deve ser
proposta no foro da capital do Estado ou no Distrito
Federal, servindo, evidentemente, a decisão para todo
território nacional. Este dispositivo aplica-se aos demais
casos de interesses que alcancem grupos e categorias
de indivíduos, mais ou menos determináveis,
espalhados pelo território nacional. (Código Brasileiro
de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do
anteprojeto. 7ª Ed. RJ: Forense Universitária 2001. p
844/845).
A abrangência nacional do julgado estendeu os efeitos da
sentença a todos os poupadores que mantinham caderneta de poupança
junto a Instituição Financeira, nos períodos abrangidos pela condenação,
torna desnecessária a demonstração, pelo poupador, de sua vinculação à
associação proponente da ação coletiva.
Essa inovadora decisão passou, então, a ser usada como
parâmetro não apenas no âmbito do Sodalício, mas igualmente pelos
Tribunais locais:
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 535
DO CPC. VIOLAÇÃO. AUSÊNCIA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
EFICÁCIA SUBJETIVA. INCIDÊNCIA DO CDC. EFEITOS
‘ERGA OMNES’. (...) 3. No que se prende à
abrangência da sentença prolatada em ação civil
pública relativa a direitos individuais
homogêneos, a Corte Especial decidiu, em sede de
recurso repetitivo, que ‘os efeitos e a eficácia da
sentença não estão circunscritos a lindes
geográficos, mas aos limites objetivos e
subjetivos do que foi decidido, levando-se em
conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a
qualidade dos interesses metaindividuais postos
em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC)’
(REsp 1243887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão,
Corte Especial, julgado sob a sistemática prevista no
art. 543-C do CPC, DJ 12/12/2011).
(...) 4. Com efeito, quanto à eficácia subjetiva da coisa
julgada na ação civil pública, incide o Código de Defesa
do Consumidor por previsão expressa do art. 21 da
própria Lei da Ação Civil Pública. 5. Desse modo, os
efeitos do acórdão em discussão nos presentes
autos são ‘erga omnes’, abrangendo todas as
pessoas enquadráveis na situação do substituído,
independentemente da competência do órgão
prolator da decisão. Não fosse assim, haveria graves
limitações à extensão e às potencialidades da ação civil
pública, o que não se pode admitir. (...)” (STJ - REsp
1344700/SC – Rel. Min. Og Fernandes – 2ª Turma –
DJe 20/05/14)
Nessa senda, o pedido de cumprimento de sentença pode
ser interposto no domicílio do consumidor, ainda que distinto do foro da
ação coletiva, considerando a eficácia ‘erga omnes’ e abrangência no âmbito
nacional atribuída pela sentença. 
Vale registrar que conforme entendimento jurisprudencial
reiterado e pacificado que vem sendo aplicado nos Tribunais pátrios acerca
da interpretação do Código de Defesa do Consumidor, é possível ao
consumidor ajuizar a ação executiva individual no seu domicílio.
Entendimento em sentido contrário significaria inviabilizar a tutela dos
direitos coletivos.
Neste sentido, o entendimento do Egrégio Superior Tribunal
de Justiça é no sentido de admitir o foro de domicílio do consumidor, como
indicam os precedentes a seguir colacionados, inclusive conforme
posicionamento adotado recentemente pelo Tribunal de Justiça do estado de
Santa Catarina:
APELAÇÃO CÍVEL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA COM
AMPARO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS EM CADERNETA
DE POUPANÇA. PLANO VERÃO. MAGISTRADO QUE
EXTINGUE O FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, COM
FULCRO NO ART. 267, INCISO IV, DO CÓDIGO
BUZAID. IRRESIGNAÇÃO DO EXEQUENTE.Aventada
possibilidade de manejo de execução INDIVIDUAL de
sentença proveniente de ação coletiva no juízo do
domicílio do credor. Acolhimento. ARESTO DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA PACIFICANDO O
ENTENDIMENTO EM DECISÃO PROFERIDA NO
JULGAMENTO DE RECURSO DAS QUESTÕES IDÊNTICAS
QUE CARACTERIZAM MULTIPLICIDADE. DECISÃO
PROFERIDA PELO MINISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO NO RECURSO ESPECIAL N.
1.243.887/PR, JULGADO EM 19-10-11, NO
SENTIDO DE CONSIDERAR AFRONTA À COISA
JULGADA A LIMITAÇÃO DO ALCANCE DOS
EFEITOS DA SENTENÇA COLETIVA AO
TERRITÓRIO DO JUÍZO PROLATOR.
POSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO INDIVIDUAL
DA DECISÃO NO JUÍZO DO DOMICÍLIO DO
CREDOR. EXEGESE DOS ARTS. 468, 472 E 474,
TODOS DO CÓDIGO BUZAID E ARTS. 93E 103,
AMBOS DO CÓDIGO CONSUMERISTA.
INAPLICABILIDADE DO ART. 2º-A, CAPUT, DA LEI
9.494/97. SENTENÇA CASSADA, COM
DETERMINAÇÃO DE PROSSEGUIMENTO REGULAR
DO FEITO. RECURSO PROVIDO.
(Processo: 2011.098771-3 (Acórdão), Relator: José
Carlos Carstens Köhler, Origem: Curitibanos, Órgão
Julgador: Quarta Câmara de Direito Comercial,
Data: 14/05/2012).
Consoante intelecção formada pelo Superior Tribunal de
Justiça, por ocasião do julgamento do recurso representativo da
controvérsia, “a liquidação e a execução individual de sentença
genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro
do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da
sentença não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos
limites objetivos e subjetivos do que foi decidido, levando-se em
conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade dos
interesses metaindividuais postos em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC
e 93 e 103, CDC) “(Resp. n. 1.243.887/PR, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j.
19-10-2011).
Antes de tudo, urge noticiar que o Superior Tribunal de
Justiça, em sessão realizada em 19-10-2011, julgou o Resp. n.
1.243.887/PR, sob a relatoria do Exmo. Sr. Min. Luís Felipe Salomão,
afetado como repetitivo nos termos do art. 543-C do CPC, oportunidade em
sobejou definido que:
DIREITO PROCESSUAL. RECURSO REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA (ART. 543-C, CPC). DIREITOS
METAINDIVIDUAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. APADECO X
BANESTADO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
EXECUÇÃO/LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL. FORO
COMPETENTE. ALCANCE OBJETIVO E SUBJETIVO DOS
EFEITOS DA SENTENÇA COLETIVA. LIMITAÇÃO
TERRITORIAL. IMPROPRIEDADE. REVISÃO
JURISPRUDENCIAL. LIMITAÇÃO AOS ASSOCIADOS.
INVIABILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC:
1.1. A liquidação e a execução individual de
sentença genérica proferida
em  ação civil  coletivapode ser ajuizada no foro
do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos
e a eficácia da sentença não estão circunscritos a
lindes geográficos, mas aos limites objetivos e
subjetivos do que foi decidido, levando-se em
conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a
qualidade dos interesses metaindividuais postos
em juízo (arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103,
CDC).
1.2. A sentença genérica proferida na ação civil coletiva
ajuizada pela Apadeco, que condenou o Banestado ao
pagamento dos chamados expurgos inflacionários sobre
cadernetas de poupança, dispôs que seus efeitos
alcançariam todos os poupadores da instituição
financeira do Estado do Paraná. Por isso descabe a
alteração do seu alcance em sede de
liquidação/execução individual, sob pena de vulneração
da coisa julgada. Assim, não se aplica ao caso a
limitação contida no art. 2º-A, caput, da Lei n.
9.494/97.
Com efeito, resta indubitável que o presente pedido de
cumprimento de sentença de abrangência nacional pode ser
interposto no domicílio do consumidor, ainda que distinto do foro da
Ação Coletiva, considerando a eficácia erga omnes  e abrangência no
âmbito nacional atribuída pela referida sentença. 

DA ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE EXECUÇÃO

A parte Agravante, instruiu o presente cumprimento de


sentença com planilha de cálculos elaborada em obediência aos parâmetros
contidos na sentença de mérito (transitada em julgado), a qual que
“deverá o Banco complementar os depósitos com o índice de
42,72%”, o que significa exatamente que referido índice deve ser adotado
para suplementação do depósito feito a menor pela instituição financeira,
que adotou na época o percentual de 22,36%, quando deveria ter adotado
o de 42,72%, restando claro que incumbe aos poupadores apresentar
cálculo com base na diferença entre esses dois índices, qual seja, de
20,36%.
Quanto à inclusão dos juros contratuais, de um atento
compulsar dos autos, verifica-se que a respeitável sentença prevê a
aplicação de 0,5% “sobre o saldo das cadernetas de poupança
atualizado pelo índice de 48,16%”, capitalizados mensalmente, tendo
tal disposição transitada em julgado.
É sabido que os juros remuneratórios integram a obrigação
principal do contrato de depósito (poupança), daí porque incidem mês a
mês sobre a diferença entre os índices de atualização devidos e aplicados,
contados a partir de quando deveriam ter incidido, até o momento de seu
efetivo pagamento.
Nesse sentido, já se decidiu pelo Egrégio Superior Tribunal
de Justiça que:
"CADERNETA DE POUPANÇA. Correção monetária.
Juros remuneratórios e moratórios. - Os
poupadores têm o direito de receber juros
remuneratórios pela diferença de correção que
não lhes foi paga, desde o vencimento, e juros
moratórios, desde a citação. - Aplicação da lei
vigente ao tempo da celebração. - Recurso dos
autores conhecido e provido em parte. Recurso do
Banco não conhecido." (STJ, Quarta Turma, REsp
466732/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j.
24/06/2006).
Relativamente aos juros moratórios, devem incidir desde a
citação do banco-réu na ação coletiva, no percentual de 06% ao ano
durante a vigência do CC/1916 (art. 1.062) e no percentual de 1% ao mês
a partir da vigência do atual código (art. 405 do CCB/2002 e art. 219 do
CPC), (art. 406 do CCB/2002 c/c o art. 161, § 1º, do CTN). In verbis:
Art. 406 - Quando os juros moratórios não forem
convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou
quando provierem de determinação da lei, serão
fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a
mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.
Finalmente, quanto ao termo inicial orientam precedentes
deste Tribunal, inclusive desta Câmara:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADERNETA DE
POUPANÇA. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IDEC. SUSPENSÃO.
As decisões prolatadas nos autos dos RE n. 591.797 e
626.307 e Agravo de Instrumento n. 754.745-SP
excepcionaram a determinação de sobrestamento aos
recursos que estiverem em sede de execução ou na
fase de instrução. EXCESSO DE EXECUÇÃO.
INOCORRÊNCIA CÁLCULOS EFETUADOS ATRAVÉS DA
FERRAMENTA DO SIMULADOR DE CÁLCULO.
Instrumento apto e confiável desenvolvido por técnicos
do Poder Judiciário. Conformidade com a sentença da
ação coletiva. JUROS MORATÓRIOS. Hipótese em
que os juros de mora são devidos à taxa de 1%
ao mês desde a citação da ação coletiva, nos
termos do art. 406 do Código Civil, c/c art. 161, §
1º do Código Tributário Nacional. AGRAVO DE
INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento
Nº 70045945227, Segunda Câmara Especial Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Fátima
Cerveira, Julgado em 14/12/2011)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CADERNETA DE
POUPANÇA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA COLETIVA.
IDEC. ONUS PROBATÓRIO QUANTO A EXISTÊNCIA DE
LITISPENDÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR
DA CONDENAÇÃO. A correção monetária deverá ser
efetuada com base nos índices próprios da caderneta
de poupança. Os juros remuneratórios, no percentual
de 0,5% ao mês, compõem a remuneração das
cadernetas de poupança e incidem sobre o capital
previamente corrigido mensalmente. Os juros de
mora são devidos à taxa de 1% ao mês desde a
citação. 3. FERRAMENTA DO SIMULADOR DE
CÁLCULO. Instrumento apto e confiável desenvolvido
por técnicos do Poder Judiciário. AGRAVO DE
INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº
70042269837, Segunda Câmara Especial Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Altair de Lemos
Junior, Julgado em 27/07/2011)
Ou seja, a aplicação de Juros Moratórios sobre o quantum
devido é cediço que a respectiva contagem incidente sobre créditos
advindos de título executivo judicial deve ser a partir da data da citação
válida do réu (08/06/1993) no processo de conhecimento que reconheceu
a existência da obrigação, porquanto esse marco simboliza a constituição
em mora do devedor, o qual, cientificado da existência de uma demanda
condenatória contra si, toma conhecimento do direito reclamado pela parte
Agravada e tem a oportunidade de satisfazê-lo de plano.
Essa é a regra insculpida no art. 435, parágrafo único, do
Código Civil/2015: "O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no
seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único.
Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou
extrajudicial".
No tocante à correção monetária aplicável ao caso, é
imperiosa a restituição dos valores que reflitam o montante correspondente
como se não tivessem sido indevidamente retidos, de modo a compensar a
perda de valor da moeda e manter o seu real valor de compra, porque, do
contrário, os poupadores receberão quantia inferior à que têm direito, ante
os efeitos inflacionários presentes na economia nacional.
O Superior Tribunal de Justiça já firmou, em definitivo, o
entendimento de que no cálculo da correção monetária para efeito de
atualização de cadernetas de poupança iniciadas e renovadas até 15 de
janeiro de 1989, aplica-se o IPC relativo àquele mês em 42,72%
(Precedente: REsp n. 43.055-0/SP, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo
Teixeira, DJU de 20.02.95).
Desta forma, respeitando-se o título judicial formado na fase
de conhecimento, a correção monetária há de ser calculada com base na Lei
nº 7730/89, com a ressalva de que a inclusão dos índices dos demais
Planos Econômicos, decorrência lógica da mera atualização do poder
aquisitivo da moeda, não representa acréscimo ao quantum devido.
Por fim, os cálculos apresentados pelo agravado estão
corretos e de acordo com o acórdão anteriormente proferido,
especificamente quanto à incidência de juros moratórios, a contar da
citação na ação principal e não neste incidente, bem como a incidência de
juros remuneratórios, a restituição dos importes há de ser integral.
Na hipótese de acolher-se a tese do agravante acarretaria a
modificação da coisa julgada. Descabe perquirir-se se houve ou não
fechamento da conta poupança posteriormente à incidência do Plano
Econômico, pois a agravada faz jus à restituição integral dos valores,
conseqüentemente, incidentes os juros moratórios e compensatórios,
devendo aplicar a correção monetária utilizando-se a Tabela Prática de
Atualização de Débitos Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo.
No tocante aos juros, vale apontar o decidido na apelação
nº. 990.09.371.667-4, Relator Desembargador Roberto Mac Cracken,
que a propósito esclarece a matéria:
“Os juros contratuais (compensatórios) e a
correção monetária (Tabela Prática), são devidos
desde a data em que a obrigação pactuada deixou
de ser paga, ou seja, fevereiro de 1989 (Plano
Verão) e abril de 1990 (Plano Collor I), já os
juros moratórios são devidos somente a partir da
citação. Após, a citação, todos os juros, os
contratuais (ou compensatórios) e os moratórios,
juntamente com a correção monetária (Tabela
Prática) são devido cumulativamente uns com os
outros, até o efetivo pagamento.”
O Agravante equivoca-se e tenta pretensiosamente
confundir o pedido da ação civil pública (aplicação do IPC de janeiro de
1989 na correção das cadernetas de poupanças da época) com a forma de
correção nas diferenças encontradas entre o que fora creditado e o
determinado na Ação Civil pública.
O Agravante alega, em síntese, que os juros remuneratórios
somente incidem no mês de fevereiro de 1989, que a sentença proferida na
ação civil pública é silente à sua aplicação nos meses subseqüentes, ou
seja, até o pagamento do débito.
Razão alguma assiste a esse argumento, uma vez que a
natureza dos juros da poupança remuneratórios são inerentes a esta cujo
patamar é o percentual de 0,5% ao mês, incidentes ainda de forma
capitalizada. É ilógica a não incidência de juros contratuais compensatórios,
esta é a única parcela que remunera e atualiza o capital depositado pelo
poupador.
A tese levantada pelo Impugnante não merece prosperar,
vez que a sentença na ação civil pública deixou bem claro que os juros e
a correção monetária serão computados desde as datas que
deveriam ser computados os créditos, pagando-se a cada um dos
titulares, como se apurar em liquidação, logo os juros remuneratórios
incidem como de fato na espécie, desde a data que deveriam ser
computados (data em que não se creditou a correção e os juros devidos –
aniversário da poupança) até o pronto pagamento pelo executado.
Mesmo porque os juros remuneratórios fazem parte do
valor principal uma vez que é inerente ao contrato de poupança e
capitalização dos juros, assim, dessa forma os juros moratórios mês a
mês, incorporam-se ao capital principal e, deste fazem parte, então os
remuneratórios (0,5%) aplicados na poupança jamais podem se destacados
do principal.
Atente que o agravante mantém em sua posse dados e
extratos das contas-poupanças do Exequente (nomes dos titulares,
saldo, data do aniversário), de forma que já poderiam ter processado o
levantamento das informações para já efetivar o depósito em juízo.
Diante disso, o agravante já havia tomado ciência de seu
dever de pagar com a citação na Ação Civil Pública, a qual originou o
presente título executivo judicial. Todavia, preferiu silenciar-se.
A liquidação/execução da sentença da ACP não constitui uma
nova ação, mas, simplesmente a continuidade daquela que já transitou em
julgado, ou seja, a mora se dá a partir do momento em tomou ciência
na ação de conhecimento, neste caso a Ação Civil Pública do IDEC, sendo
que se aplicaria o patamar em percentual de 0,5% de juros ao mês até a
entrada em vigor do novo código civil, e, após o percentual de 1,0%
ao mês até o efetivo pagamento.
Assim, requer-se pela rejeição dos argumentos despendidos
pelo Agravante.
DA APLICAÇÃO DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

De igual forma, aduz a parte Agravante ser indevida a


pretensão de juros remuneratórios sobre os saldos existentes nas contas
poupanças no período em discussão.
Excelência, segue novamente rejeitada a pretensão da parte
Impugnante, uma vez que tal situação não tem respaldo sobre a sentença
coletiva de consumo, ora executada, pois, conforme amplamente
debatido, há o abrigo da coisa julgada.
Assim, pela sentença coletiva, ora executada, restou
reconhecido a incidência da correção monetária e juros remuneratórios
contratuais, porquanto visam remunerar a poupança, integrando o principal
e não se confundindo com os juros ou prestação acessória. Ademais, há de
considerar que durante todo o tempo os valores estiveram à disposição da
Instituição Financeira Ré, logo, são devidos.
Desse modo, uma vez afastada a prescrição e declarado o
direito à correção monetária e juros remuneratórios na Ação Civil Pública,
tal argumentação não deve ser renovada no presente processo, pois este
somente requer o “cumpra-se” da decisão, sendo incabível a
rediscussão da matéria.
Destaca-se o entendimento do Tribunal do Distrito Federal:
(...) DOS JUROS REMUNERATORIOS Outro deve
ser o raciocinio quanto aos juros remuneratorios,
em que pese nao haver condenacao expressa
nesse sentido. Tendo em vista a natureza dos
valores depositados em caderneta de poupanca, e
consequencia logica sua incidencia mensalmente
sobre o montante depositado. Vale lembrar a
distinta finalidade dos juros remuneratorios e da
correcao monetaria. Enquanto a correcao
preserva o valor do capital, os juros
remuneratorios sao os frutos obtidos pelo
poupador, mediante manutencao de valores em
conta poupanca. Dessa forma, sao devidos juros
remuneratorios de 0,5%, incidentes mes a mes
sobre as diferencas devidas. Nesse sentido, os
precedentes: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXPURGOS
INFLACIONARIOS. JUROS
REMUNERATORIOS/CONTRATUAIS. ACAO CIVIL
PUBLICA. A PADECO. COISA JULGADA. INEXISTENCIA.
PROVIMENTO. 1. E possivel, em acao ordinaria, a
cobranca de juros remuneratorios, mensais e
capitalizados, por todo o periodo, sobre os indices
creditados a menor nas cadernetas de poupanca
nos meses de junho/87 e janeiro/89, pois, quanto
aquela verba, inexiste coisa julgada em razao de acao
civil publica movida pela Apadeco. (EDcl no REsp
1135181/PR, Rel. Ministro JOAO OTAVIO DE NORONHA,
QUARTA TURMA, julgado em 09/08/2011, DJe
19/08/2011) 2. Agravo regimental provido. (AgRg no
Ag 1098926/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 18/04/2013, DJe
09/05/2013) AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CUMPRIMENTO DE SENTENCA. CARDENETA DE
POUPANCA. EXPURGOS INFLACIONARIOS. PLANOS
ECONOMICOS. JUROS REMUNERATORIOS.
CABIMENTO. PRECEDENTES DO E. STJ E TJDFT. ART.
475-J. IMPUGNACAO. AUTONOMIA. NOVA DEMANDA.
FIXACAO DE HONORARIOS PELO JUIZ. DECISAO
REFORMADA. 1. Consoante entendimento desta C.
Corte, os juros remuneratorios de conta
poupanca, incidentes mensalmente e
capitalizados, agregam-se ao capital, assim como
a correcao monetaria, perdendo, pois, a natureza
de acessorios (...). (AgRg no Ag 1013431/RS, MIN.
RAUL ARAUJO FILHO, QUARTA TURMA, DJe
18/06/2010). 2. Os juros remuneratorios,
porquanto fazem parte da essencia do contrato de
caderneta de poupanca sao devidos, uma vez que
o consumidor deixa seu capital ali depositado na
expectativa de receber em troca exatamente os
juros remuneratorios devidos pelo deposito. 3.
Nao tendo a sentenca exeqUenda, em sua parte
dispositiva, estabelecido a forma da atualizacao
monetaria do debito, a melhor exegese e que as
diferencas de correcao suprimidas devem ser
atualizadas pelos juros remuneratorios legalmente
fixados, ou seja, no percentual de 0,5% (meio por
cento) ao mes ou 6% (seis por cento) ao ano, de forma
capitalizada, a partir de quando se tornaram devidas,
acrescidas de juros moratorios desde a citacao.
Entendimento esse, inclusive, ja firmado pelo c. STJ e
por este Tribunal de Justica. 4. Sempre que nao houver
o pagamento espontaneo pelo devedor do montante
fixado na condenacao, a teor do previsto no art. 475 -J,
do CPC, e, independentemente de apresentacao de
impugnacao, e cabivel o arbitramento de honorarios
advocaticios (Resp nº 1.028.855/SC, Relatora Ministra
Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em
27/11/2008, DJe 5/03/2009). 4. Recurso conhecido e
provido. (Acordao n.680777, 20130020037079AGI,
Relator: ALFEU MACHADO, 1ª Turma Civel, Data de
Julgamento: 29/05/2013, Publicado no DJE:
04/06/2013. Pag.: 62) DOS JUROS MORATORIOS De
outra parte, correta a incidencia dos juros
moratorios desde a citacao na acao civil publica
coletiva, pois de acordo com o art. 397 do Codigo
Civil "o inadimplemento da obrigacao, positiva e
liquida, no seu termo, constitui de pleno direito
em mora o devedor", sendo certo que os juros
moratorios contam-se a partir da citacao inicial,
segundo o teor do art. 405 do mesmo diploma
legal. Ante o exposto, REJEITO a presente
impugnacao. Mantenho os honorarios fixados por
ocasiao do inicio do cumprimento de sentenca (fl. 119).
Operada a preclusao recursal, expeca-se alvara de
levantamento em favor da parte autora da quantia
depositada a fl. 125, intimando-a para retira-lo em
cartorio e requerer o que entender de direito, no prazo
de 10 (dez) dias, sob pena de extincao. Intimem-se.
(TJDF - 2014.01.1.167726-3 /02/2015 as 15h39.
Wagner Pessoa Vieira, Juiz de Direito)
Com isso, requer seja apreciada a exposição do Des. Jorge
Maraschin dos Santos no julgamento do Agravo de Instrumento n.
70054762174 da Vigésima Quarta Câmara Cível do TJRS, julgado em
31 de julho de 2013:
CADERNETAS DE POUPANÇA. CORREÇÃO
MONETÁRIA E JUROS REMUNERATÓRIOS.
PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. AFASTAMENTO. Resta
pacificado na jurisprudência deste Tribunal que se
aplica o prazo de vinte anos para a prescrição
das ações que discutem os critérios de remuneração
das cadernetas de poupança, inclusive no que se
refere aos juros remuneratórios e correção monetária
incidentes, conforme previsto nos artigos 177 do
Código Civil de 1916 e 2.028 do Código Civil de
2002. Dessa forma, afasta-se a aplicação do
disposto no artigo 206, §3º, do Código Civil, que
estabelece prazo trienal ante a regra de transição
prevista no artigo 2.028 do Código Civil de 2002.
Também, resta prejudicada a incidência do artigo
178, § 10º, III, do CC/16, eis que a parte autora
está postulando o próprio crédito, porquanto a
remuneração da poupança (correção monetária e
juros remuneratórios contratuais) integra o principal
e não se confunde com os juros ou prestação
acessória.Com relação aos prazos dos arts. 26 e
27 do Código de Defesa do Consumidor, manifesta
sua inaplicabilidade, uma vez que não se está, no
caso, a reclamar vício de fácil constatação,
tampouco a pleitear a reparação pelos danos
causados por fato do serviço (o qual, como cediço, se
verifica quando o serviço não oferece a segurança que
dele se pode esperar). Ademais, na sentença coletiva
transitada em julgado, que embasa o pedido de
cumprimento de sentença formulado pela parte
autora, não houve reconhecimento da prescrição do
direito de postular juros e correção monetária. Logo,
descabe rediscutir a matéria nestes autos, já que se
trata de pedido de cumprimento individual e julgado
coletivo já transitado em julgado.
Salienta-se que, o reconhecimento das diferenças de correção
dos valores depositados implica a incidência de juros sobre elas,
capitalizados mensalmente, no percentual de 0,5% ao mês, desde a data
em que surgiu a diferença remuneratória da poupança do autor até a data
do efetivo pagamento.
Portanto, são devidos a título de compensação pelo capital
depositado, que esteve à disposição da instituição financeira e que deve ser
remunerado.
Nessa senda:
CADERNETA DE POUPANÇA. Correção monetária. Juros
remuneratórios e moratórios. - Os poupadores têm o
direito de receber juros remuneratórios pela diferença
de correção que não lhes foi paga, desde o vencimento,
e juros moratórios, desde a citação. - Aplicação da lei
vigente ao tempo da celebração. - Recurso dos autores
conhecido e provido em parte. Recurso do Banco não
conhecido. (REsp 466732/SP, Rel. Ministro RUY
ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em
24.06.2003, DJ 08.09.2003 p. 337)
Nesse mesmo sentido a jurisprudência do TJRS já decidiu:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA.
DIFERENÇAS DE CADERNETA DE POUPANÇA.
CORREÇÃO MONETÁRIA. (...) JUROS
REMUNERATÓRIOS. Os juros remuneratórios, no
percentual de 0,5% ao mês, compõem a remuneração
das cadernetas de poupança e incidem sobre o capital
previamente corrigido, mensalmente, pelo indexador a
que estiverem atrelados. Esses juros são os frutos civis
do capital depositado, ou seja, a renda efetiva auferida
pelo poupador, visto que a correção monetária apenas
preserva o valor real do capital. (...) CONHECERAM
PARCIALMENTE DA APELAÇÃO INTERPOSTA PELO
BANCO RÉU E LHE DERAM PARCIAL PROVIMENTO PARA
REDEFINIR OS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. DERAM
PROVIMENTO AO APELO DO AUTOR, EXPLICITANDO,
AINDA, O DISPOSITIVO SENTENCIAL, NOS TERMOS DO
VOTO DO RELATOR. (Apelação Cível Nº 70018204883,
Primeira Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado em
10/04/2007).
Portanto, quando estes juros remuneratórios vêm a ser
considerados para fins de liquidação/cumprimento de sentença, nada mais
se está a fazer do que empregar para definição do quantum debeatur as
prévias e claras instruções do título judicial , título este composto não só
pelos termos da sentença, mas por aqueles que a esta foram integrados no
julgamento dos recursos interpostos.
Logo, a incidência dos juros remuneratórios deve persistir
computada no cálculo do débito, mês a mês, decorrente da condenação
externada na sentença em questão.

DA ALEGAÇÃO DE SAQUE

A ora parte Autora acima qualificada foi investidora do Banco


Hsbc S.A. como poupadora, ocorre que no período de 01 a 15 de janeiro de
1989 foi instituído Plano verão, que posteriormente foi questionado na Ação
Civil Pública que este processo é dependente. A sentença de mérito
determinou que fossem repassados os expurgos inflacionários do referido
período a todos os poupadores do Brasil que detinham saldo em conta
poupança que a data base coincidisse de 01 a 15 de janeiro de 1989.
Como pode ser observado no extrato que segue em anexo, a
Aparte Apelante manteve saldo em sua conta entre o período de
05/01/1989 até 05/12/1991 e, portanto tem direito a reaver a diferença em
questão, independentemente de haver saque posterior a essa data.
Necessário observar que, o extrato trazido aos autos,
comprova a existência de saldo nos meses de janeiro e fevereiro de 1989,
portanto há prova real quanto ao índice aplicado nos meses de janeiro e
fevereiro na conta em questão.
Desta forma, a condenação pode ser confirmada, uma vez
que na data do aniversario da aplicação em fevereiro, o valor ainda estava
depositado e demonstrava o quanto havia sido remunerado.
Nesse sentido, dispõe o site da Justiça Federal do Rio Grande
do Sul:
O Plano Verão foi implementado em janeiro/1989 e
teve reflexo nos rendimentos da poupança creditados
no período de 01 a 15 de fevereiro/1989. Quando o
referido Plano foi lançado, houve mudança do
indexador da poupança, tendo sido definido
posteriomente que as poupanças que tiveram
rendimentos creditados no período de 01 a
15/02/1989 tinham direito a uma diferença de
correção monetária e de juros em torno de 20%.
(http://www2.jfrs.jus.br/?page_id=3269)
Como se vê, no extrato juntado há prova de que a parte
Apelante é a titular da conta bancária, bem como faz prova ainda que
existia saldo na época.
A propósito: "Direito adquirido ao pagamento das diferenças
e não mera expectativa dos poupadores ao índice contratado. Índice
aplicável de 42,72% conforme entendimento pacífico". (Rel. Juiz Marco
Antonio Antoniassi. Apelação n. 708.370-3, julgado em 27.10.2010).
Data de aniversário: faz jus ao recebimento dos valores dos
expurgos inflacionários decorrentes do Plano Verão os poupadores que
possuíam conta poupança na primeira quinzena do mês, isto é, entre 01 a
15 de janeiro de 1989, com saldo positivo, em qualquer valor.
Necessário observar que, o extrato trazido aos autos,
comprova a existência de saldo nos meses de janeiro e fevereiro de 1989,
portanto há prova real quanto ao índice aplicado nos meses de janeiro e
fevereiro na conta em questão.
Desta forma, a condenação pode ser confirmada, uma vez
que na data do aniversario da aplicação em fevereiro, o valor ainda estava
depositado e demonstrava o quanto havia sido remunerado.
Desta forma, deve ser rechaçada a manifestação retro da
Instituição Ré, tendo em vista que a parte Autora manteve saldo em sua
conta entre o período de 05/01/1989 até 05/12/1991, e, portanto tem
direito a reaver a diferença em questão.

DO TERMO INICIAL DA CONTAGEM DOS JUROS MORATÓRIOS

A ora parte Agravante alega a ocorrência de excesso de


execução, aduzindo que os cálculos realizados não obedecem aos critérios
definidos na Ação Civil Pública, e, portanto, não devem ser convalidados
pelo juízo por flagrante abuso.
Alega em sua defesa, ainda, que os juros de mora devem
incidir a partir da intimação do Impugnante/Agravado para o pagamento do
débito, pois o título executivo advém de uma Ação Civil Pública, e, por
esta razão, não se saberia precisar os detentores do direito protegido, azo
pela qual demonstrar-se-ia incorreto o cômputo de juros moratórios a partir
da citação na Ação Coletiva.
Ao final, exibe um cálculo do valor que entende devido, o
qual se apresenta muito aquém do valor executado, que fora devidamente
impugnado.
Denota-se que não há existe nenhuma irregularidade nas
planilhas acostada à inicial, que foram elaboradas com absoluta sujeição à
r. sentença da Ação Civil Pública, por meros cálculos aritméticos, mediante
as peculiaridades ensejadoras contida no título judicial. 
Excelências, razão não assiste a parte Agravante quanto às
alegações expostas, pois os cálculos do processo foram realizados de
forma clara e precisa de acordo com os ditames da Ação Coletiva,
utilizando-se cálculo idôneo, demonstrando que o crédito vindicado é o
correto, uma vez que obedece aos parâmetros de correções e de
expurgos inflacionários também já tidos como incontroversos nas
Cortes Superiores.
Nesse sentido, merece destaque a decisão do Superior
Tribunal de Justiça, senão vejamos:
RECURSO ESPECIAL Nº 1.387.331 - SP
(2013/0167883-9) RELATOR: MINISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADA : ENEIDA DE VARGAS E BERNARDES E
OUTRO (S) RECORRIDO : AGNALDO OTAVIO CURIONI
E OUTROS ADVOGADO : CARLOS ADROALDO RAMOS
COVIZZI E OUTRO (S) CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
RECURSO ESPECIAL. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
EXECUÇÃO DE SENTENÇA COLETIVA. TERMO INICIAL
DOS JUROS DE MORA. CITAÇÃO NA AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. MATÉRIA JULGADA SOB O REGIME DO ART.
543-C DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. "Os juros
de mora incidem a partir da citação do devedor na
fase de conhecimento da Ação Civil Pública,
quando esta se fundar em responsabilidade
contratual, se que haja configuração da mora em
momento anterior" (REsp 1370899/SP, Rel.
Ministro SIDNEI BENETI, CORTE ESPECIAL,
julgado em 21/05/2014, REPDJe 16/10/2014,
DJe 14/10/2014). 2. Recurso especial a que se nega
seguimento. DECISÃO 1. Cuida-se de recurso especial
interposto por BANCO DO BRASIL S/A, com
fundamento no art. 105, III, a e c, da Constituição
Federal de 1988, contra acórdão proferido pelo Tribunal
de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado: *
INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS - IMPUGNAÇÃO AO
CUMPRIMENTO DO DECISUM - Os juros de mora, nas
ações em que são pleiteadas diferenças dos
rendimentos das contas-poupanças, são devidos a
partir da citação na demanda coletiva -
Sucumbência recíproca - Inocorrência - a instituição
financeira arcará com a verba honorária advocatícia em
20% do valor da condenação - Recurso provido * Em
suas razões recursais (fls. 266-273), aponta a parte
recorrente ofensa ao disposto no art. 219 do Código de
Processo Civil. Sustenta que é descabida a incidência
dos juros de mora a partir da citação na ação civil
pública. Contrarrazões ao recurso especial às fls. 279-
281. Crivo positivo de admissibilidade na origem (fl.
283). É o relatório. DECIDO. 2. Não merece prosperar a
irresignação. 3. A Corte Especial do Superior
Tribunal de Justiça, em sessão realizada no dia
21/05/2014, em julgamento de recursos
representativos de controvérsia repetitiva (REsp
1.370.899/SP e REsp 1.361.800/SP), consolidou
o entendimento "Os juros de mora incidem a
partir da citação do devedor na fase de
conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta
se fundar em responsabilidade contratual, se que
haja configuração da mora em momento
anterior(...) (DF), 04 de dezembro de 2014.
MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO Relator. (STJ - REsp:
1387331 SP 2013/0167883-9, Relator: Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, Data de Publicação: DJ 10/12/2014)
(destaquei)
Outrossim, em que pese a legislação federal por si só
demonstrar a licitude nos parâmetros adotados no cálculo elaborado, são
uníssonas as decisões dos Tribunais de Justiça do nosso país quanto ao
ponto. Veja-se os seguintes exemplos:
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO INDIVIDUAL
DE SENTENÇA COLETIVA GENÉRICA. CADERNETA DE
POUPANÇA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. PLANOS
ECONÔMICOS. IDEC. JULGAMENTO DOS RECURSOS
REPETITIVOS. TERMO INICIAL DOS JUROS DE
MORA A PARTIR DA CITAÇÃO NA AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. INCLUSÃO
MEDIANTE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. COISA
JULGADA. ÓBICE. 1. Em se tratando de
cumprimento da sentença coletiva proferida na
Ação Civil Pública n. 1998.01.1.016798-9, pelo
Juízo da 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial
Judiciária de Brasília/DF, “os juros de mora
incidem a partir da citação do devedor na fase de
conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta
se fundar em responsabilidade contratual, sem
que haja configuração da mora em momento
anterior”, conforme pronunciamento final do
colendo Superior Tribunal de Justiça no bojo do
Resp nº 1.370.899/SP. 2. Tendo sido assegurada a
inclusão dos expurgos inflacionários posteriores a
janeiro de 1989 em sede de acórdão transitado em
julgado, a insurgência recursal relativa ao decote desse
percentual dos cálculos dos valores devidos encontra
óbice na coisa julgada. 3. Agravo regimental conhecido
e não provido. (TJ-DF - AGR1: 20140020252922 DF
0025749-62.2014.8.07.0000, Relator: SIMONE
LUCINDO, Data de Julgamento: 26/11/2014, 1ª Turma
Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
05/12/2014 . Pág.: 121)
Com efeito, perceba-se Excelência que a parte Agravante
não apresenta nos autos qualquer fundamentação ou impugnação específica
ao ponto capaz de compadecer do entendimento desse Nobre Julgador,
já que essa matéria encontra-se pacificada no sentido de que os juros
moratórios são devidos a partir da citação da Ação Coletiva, pois esta visou
resguardar direitos violados dos consumidores que mantinham conta
poupança junto a Instituição Financeira naquele determinado período.
Nesse diapasão, importante reportar-se ao entendimento
consolidado no Agravo de Instrumento n. 2013.064686-8, julgado pela
Câmara Especial Regional de Chapecó/SC, em 29.11.2013, tendo como
relator o Desembargador Artur Jenichen Filho:
Reconhecido o direito dos poupadores abrangidos pela
decisão em execução, o pedido de cumprimento de
sentença o materializa, de forma que a
demonstração de interesse da parte na obtenção
do resultado alcançado com o julgamento da ação
coletiva apenas se concretiza com o efetivo
ingresso do pedido de cumprimento de sentença em
juízo.
Nesse viés, a partir da citação na ação civil pública é
que passa a incidir os juros de mora referentes ao
inadimplemento da obrigação, em virtude de ser o
momento em que a própria parte devedora passou a
saber da pretensão reparatória pretendida pelo
poupador. .
Por conseguinte, desde o momento do recebimento da
citação da Ação Coletiva, em 15.06.1993, o Impugnante passou a
ser conhecedor da obrigação de pagar o reajuste vindicado a todos
os consumidores que mantinham conta poupança no período sub judice.
Dessa forma, reconhecer que a obrigação de ressarcir os
poupadores somente se fez exigível a partir do momento da citação
da ação de cumprimento ou liquidação do julgado, seria beneficiar o
Impugnante de sua própria torpeza.
Assim, os juros de mora aplicados no cálculo e
considerados a partir da citação da Ação Coletiva demonstram-se
lícitos e exigíveis, não merecendo qualquer reparo;.
Assim sendo, os cálculos apresentados pelo Agravante como
os corretos seguem impugnados, pois não representam a integralidade
do período de cômputo dos juros moratórios, ou seja, desde a citação
da Ação Coletiva.

DA CORREÇÃO MONETÁRIA

No que diz respeito à atualização das diferenças creditadas a


menor, esta deve dar-se pelos índices oficiais de correção monetária das
cadernetas de poupança.
Assim, a correção monetária do valor da condenação deverá
ser efetuada com base nos mesmos índices incidentes a partir do primeiro
período reclamado, sucessivamente adotados como indexadores dos saldos
depositados em caderneta de poupança.
Sobre essa matéria o STJ assim se posiciona:
Civil e Processo Civil. Correção monetária. Plano
econômico. Janeiro de 1989. IPC. Adoção dos mesmos
índices de atualização de caderneta de poupança.
Inovação de causa de pedir não explicitada na petição
inicial. Falta de interesse recursal reconhecido pelo
Tribunal de origem. Pedido já deferido de aplicação do
índice de 42,72% ilegalmente expurgado. Ausência de
similitude fático-jurídica. - Não há similitude fático-
jurídica entre o acórdão recorrido que não reconhece
interesse recursal e acórdão paradigma que discute o
mérito. - A causa de pedir deve ser explicitada na
petição inicial e não inovada em sede de recurso
adesivo na apelação. - O pedido de atualização de
caderneta de poupança, pela recomposição de valores,
tendo como causa de pedir a edição de sucessivos
planos econômicos, se satisfaz com a aplicação dos
índices ilegalmente expurgados” (AgRg no REsp
393395/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21.02.2002, DJ 01.04.2002 p. 186)
Dessa forma, considerando que a decisão recorrida reconheceu
os índices das cadernetas de poupança como sendo os corretos para
atualizar o valor do débito, não há falar em reforma da sentença neste
ponto.
DA INEXISTÊNCIA DE MOTIVO A JUSTIFICAR A SUSPENSÃO DO
PROCESSO

Inexiste motivo plausível a ensejar a suspensão do


feito em razão do julgamento dos recursos invocados pelo Réu,
mormente porque já decidiu o STF e o STJ que a determinação de
sobrestamento não atinge as ações que estão na fase cumprimento
de sentença, cujas decisões já transitaram em julgado.
Importante enfatizar, questão relevante para o
deslinde do feito refere-se à inexistência de dano grave de incerta
ou difícil reparação argumentada pelo Impugnante, pois o título
executivo judicial é legalmente válido, assim como os cálculos
apresentados, consoante exposto alhures, não havendo qualquer
forma de excesso.
Assim, o efeito suspensivo concedido ao Agravante
demonstra-se inadmissível, pois a regra contida no art. 525,§5º, do
CPC/2015 é expressa quanto ao recebimento da impugnação sem a
atribuição de efeito suspensivo. Entretanto, caso seja demonstrada a
possibilidade de grave dano de difícil ou incerta reparação, justificar-se-ia a
concessão de tal efeito, situação inocorrente no presente caso.
Nesse sentido, é necessário que esteja presente relevante
motivo e demonstração de que o executado possa sofrer grave dano de
difícil ou incerta reparação.
Todavia, no caso dos autos, não estão presentes as causas
para que se atribua efeito excepcional à impugnação ao cumprimento de
sentença, pois os fundamentos tecidos pelo Impugnante versam quanto à
ilegalidade do título fora da sua competência territorial, inexistindo, assim,
motivo relevante, restando somente o intuito manifesto de rediscutir a
matéria já transitada em julgado.
Importante citar alguns precedentes que contrariam a
decisão atacada:
(...) O reconhecimento da repercussão geral da
matéria que discute os rendimentos das
cadernetas de poupança em face dos Planos
Econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II e a
determinação de incidência do art. 328 do RISTF
aos processos que versam sobre os expurgos
inflacionários não sobrestam o cumprimento de
sentença requerido com base na ação civil pública
cuja decisão transitou em julgado. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo de Instrumento
Nº 70054500624, Vigésima Terceira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Moreno Pomar,
Julgado em 19/06/2013) (TJ-RS - AI: 70054500624 RS
, Relator: João Moreno Pomar, Data de Julgamento:
19/06/2013, Vigésima Terceira Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 26/06/2013)
(destaquei)
Nesse sentido, o motivo de existir recurso pendente de
julgamento em instância superior não é motivo para suspender as ações de
cumprimento de sentença. Desse modo, impugna-se o pedido de efeito
suspensivo formulado na Impugnação, pois ausente dano grave de difícil ou
incerta reparação, bem como requer pela improcedência da demanda nos
termos da defesa ora apresentada, com o prosseguimento da Ação de
Cumprimento de Sentença, conforme disposto na petição inicial.

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

a) que sejam recebidas as presentes contrarrazões do recurso de


Agravo de Instrumento, por tempestivas;
b) que seja acatada a preliminar de não conhecimento do recurso;
c) no mérito deve esta Colenda Câmara negar provimento ao
presente recurso de Agravo de Instrumento por questão de Direito e de
Justiça, mantendo-se a decisão agravada e revogando eventual tutela
recursal deferida;
d) a majoração dos honorários advocatícios, na forma do art. 85, §
11, da CPC/2015, em favor da parte Agravada acaso tenham sido fixados
em pelo juiz a quo, ou a sua fixação por este Tribunal pelo não
conhecimento do recurso.

Nesses termos,
Pede deferimento.

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