EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 13ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DA CAPITAL DO RIO DE JANEIRO
Proc. nº 0106809-41.2002.8.19.0001
TJRJ CAP CV13 202206726287 19/09/22 12:51:53141367 PROGER-VIRTUAL
ESPÓLIO DE HELOISA HELENA RASO, nos autos da Ação de Execução em epígrafe, que move contra ANA HELENA ANDRADE SILVA e CARLOS ALBERTO BARBOSA SILVA, vem a Vossa Excelência informar, quanto ao Agravo em Recurso Especial n° 1.726.614, oriundo do Agravo de Instrumento 0025798-94.2019.8.19.0000, que ainda pende o julgamento de um agravo interno (andamento em anexo), mas é certo que o referido recurso não possui efeito suspensivo, e que sequer houve pedido da devedora nesse sentido, o que evidencia a plena vigência do acórdão que referendou a arrematação do imóvel, que anteriormente era de propriedade da devedora, descrito como Casa 15 do Condomínio Jardim Nova Barra, à Avenida das Américas n° 230, Barra da Tijuca/RJ.
01. Cumpre anotar que a arrematação do referido imóvel proporcionará
a satisfação integral do crédito aqui executado e o arquivamento definitivo do feito, de modo que, não tendo a devedora requerido o pagamento da dívida ou informado outros meios para o prosseguimento do feito, não há mais tempo a perder, sendo uníssono o entendimento de nosso Tribunal de Justiça em hipóteses idênticas, no sentido de autorizar a imissão na posse do bem, em não havendo efeito suspensivo deferido em Cortes Superiores. Verbis:
Agravo de Instrumento. Ação Indenizatória em fase de
cumprimento de sentença. Decisão agravada que determinou o trânsito em julgado do Acórdão proferido no Agravo de
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Instrumento nº 0053907-55.2018.8.19.0000, desta Relatoria,
alvejado por recurso excepcional, para apreciar o pedido de expedição de carta de arrematação e mandado de imissão na posse do imóvel. Decisão proferida no Agravo de Instrumento referido em que foi declarada a validade da avaliação e da arrematação pelo exequente, bem como foi imposta a penalidade à executada por ato atentatório à dignidade da justiça (artigo 774, inciso II do Código de Processo Civil), por se opor maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos ao impugnar, intempestivamente, a avaliação, bem como opor Embargos à Arrematação sem previsão legal, além de emendá-los, nos quais suscita diversas nulidades com intuito exclusivo de impedir o normal andamento da execução, que tramita há anos, além de a ação de conhecimento ter sido distribuída em 2001. Ausência de efeito suspensivo automático ao Recurso Especial. Andamento do feito no site da Corte Superior (AREsp nº 1873697) em que consta decisão do Ministro Relator Marco Aurélio Bellizze, em 29/06/2021, negando provimento ao Recurso Especial, e interposição de Recurso Extraordinário em 16/07/2021. Artigo 903 do Diploma Processual, aplicável na hipótese. Eventual prejuízo que se resolve em perdas e danos. Inexistência de impedimento legal para a expedição da carta de arrematação e mandado de imissão na posse. Extenso período de tramitação do processo, vinte anos, e falta de boa-fé processual no atuar da executada. Violação dos princípios da cooperação e da razoável duração do processo, em afronta aos artigos 4º, 5º e 6º do Diploma Processual. Ausência de qualquer razão para se aguardar o trânsito em julgado mencionado pelo Juízo a quo. Provimento do Agravo de Instrumento. (0085940-30.2020.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Des(a). CAMILO RIBEIRO RULIERE - Julgamento: 30/09/2021 - PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL) (grifos nossos)
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Agravo de Instrumento. Cumprimento provisório de sentença
proferida na ação reivindicatória de n.º 0014753- 58.2013.8.19.0209, que concedeu a tutela para a imissão da Autora na posse do imóvel em questão. Decisão interlocutória que determinou o depósito em caução como condição para imissão na posse. Inconformismo autoral. Entendimento desta Relatora quanto à admissibilidade do presente recurso na forma regimental, bem como à necessidade de reforma da decisão agravada. Preliminarmente, impende salientar que nos termos do artigo 520, §5.º, do CPC, aplica-se ao cumprimento provisório da sentença que reconheça a obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa o disposto no capítulo relativo ao cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. Outrossim, como asseverado pela Agravante, embora ainda não tenha havido o trânsito em julgado da sentença cujo cumprimento provisório se busca, tal pendência não obsta a pretensão recursal, haja vista a ausência de efeito suspensivo concedido, não suspendendo, assim, a eficácia da sentença proferida, nos termos do artigo 995, caput, do CPC. Quanto ao argumento contido no decisum objurgado, de "que se torna necessária a caução, para que a medida pleiteada possa ser efetivada, já que o que se requer é a imediata imissão na posse de unidade imobiliária, o que torna a reversibilidade do requerido muito pouco provável", não assiste razão ao Juízo a quo, pois bastará a recondução da Agravada na posse do bem, inexistindo fundamento para a impossibilidade reconhecida. Por fim, saliente-se que o artigo 521, inciso III, do CPC, autoriza a dispensa da caução quando pendente agravo contra decisão que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial (artigo 1.042 do CPC). Ademais, necessário ressaltar que a interposição de Recurso Especial não tem o condão de suspender a execução, uma vez que o referido recurso não é dotado de efeito suspensivo, permitindo a execução provisória, como dito anteriormente. Além disso, a contrário sensu, a dispensa da caução não importará em risco de grave
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dano, de difícil ou incerta reparação, nos termos do artigo 521, §
único, do CPC. Precedentes do TJERJ. CONHECIMENTO E PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO para que se cumpra a sentença proferida na ação reivindicatória, permitindo que a Agravante seja imitida na posse do imóvel, objeto da lide, sem a necessidade de caução. (0015109-20.2021.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Des(a). CONCEIÇÃO APARECIDA MOUSNIER TEIXEIRA DE GUIMARÃES PENA - Julgamento: 13/05/2021 - VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL) (grifos nossos)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA.
IMISSÃO NA POSSE. RECURSO ESPECIAL PENDENTE DE JULGAMENTO. RISCO DE GRAVE DANO. INEXISTÊNCIA. CAUÇÃO. DESNECESSIDADE. 1. Preliminarmente, impende salientar que nos termos do artigo 520, §5º, do Código de Processo Civil, aplica-se ao cumprimento provisório da sentença que reconheça a obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa o disposto no capítulo relativo ao cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa. 2. Outrossim, como asseverado pelo agravante, embora ainda não tenha havido o trânsito em julgado da sentença cujo cumprimento provisório se busca, tal pendência não obsta a pretensão recursal, haja vista a ausência de efeito suspensivo concedido, não suspendendo, assim, a eficácia da sentença proferida, nos termos do artigo 995, caput, do Código de Processo Civil. Precedentes do TJRJ. 3. Quanto ao argumento contido no decisum objurgado, consistente na "impossibilidade de retorno ao status quo ante" em caso de procedência de eventual recurso interposto contra a inadmissão do Recurso Especial apresentado, não assiste razão ao Juízo a quo, pois bastará a recondução do agravado na posse do bem, inexistindo fundamento para a impossibilidade reconhecida.
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4. Por fim, saliente-se que o artigo 521, inciso III, do Código de
Processo Civil autoriza a dispensa da caução quando pendente agravo contra decisão que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial (CPC, artigo 1042). 5. Ademais, necessário ressaltar que a interposição de Recurso Especial não tem o condão de suspender a execução, uma vez que o referido recurso não é dotado de efeito suspensivo, permitindo a execução provisória, como dito alhures. Doutrina. 6. Além disso, o agravado não logrou comprovar que a dispensa da caução importará em risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação, nos termos do artigo 521, parágrafo único, do CPC. Precedente do TJRJ. 7. Agravo provido. (0056161-69.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Des(a). JOSÉ CARLOS PAES - Julgamento: 07/12/2016 - DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL) (grifos nossos)
AGRAVO. ANULAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE VAGA DE
GARAGEM COM PEDIDO INDENIZATÓRIO. PENDÊNCIA DE JULGAMENTO DE AGRAVOS CONTRA A DECISÃO QUE INADMITIU OS RECURSOS ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. POSSIBILIDADE. AVALIAÇÃO DO VALOR MÉDIO DE ALUGUEL DE VAGA DE GARAGEM. NOMEAÇÃO DE PERITO. DESNECESSIDADE. INCUMBÊNCIA DO OFICIAL DE JUSTIÇA (ART. 143, V DO CPC). PRECEDENTES DO STJ. Nos termos do art. 497 do CPC, a inexistência de trânsito em julgado, diante da interposição de agravos contra a decisão que inadmitiu os recursos especial e extraordinário, ante a ausência de efeito suspensivo destes, não se antagoniza com pedido de execução provisória. No caso específico, a liquidação de sentença depende da imissão na posse ora requerida, porquanto fixada pelo Tribunal como termo ad quem para o pagamento do aluguel. Em se tratando de avaliação do valor médio de aluguel de uma vaga de garagem, competência
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que depende apenas do conhecimento do mercado imobiliário
local e das características do bem, não se exige a nomeação de perito em razão da desnecessidade de conhecimentos especializados. O Oficial de Justiça é profissional de confiança do Juízo e, em casos tais, supre a função de perito, estando habilitado a exercer tal mister, conforme art. 143, V CPC. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO (0056829-11.2014.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. Des(a). FERDINALDO DO NASCIMENTO - Julgamento: 31/03/2015 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL) (grifos nossos)
02. A similitude da presente quaestio com os julgados ora transcritos é
indefensável, Excelência, sendo imperioso o deferimento da imissão na posse do imóvel quando ausente efeito suspensivo nas Cortes superiores, mormente se, aqui, a excussão do bem representará a satisfação do crédito executado e a entrega do bem da vida perseguido pela parte credora desde o ano de 2002, ou seja, há duas décadas.
03. Nessa ordem de ideias, ausente qualquer circunstância impediente
ao regular cumprimento do v. Acórdão referenciado, requer o prosseguimento do feito, com a expedição da carta de arrematação e o deferimento da imissão na posse do imóvel, com a expedição do competente mandado de imissão na posse, referente ao imóvel descrito como “Casa 15 do Condomínio Jardim Nova Barra, à Avenida das Américas n° 230, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ”.
Rio de Janeiro, 19 de setembro de 2022.
JULIO MATUCH DE CARVALHO MURILO MATUCH DE CARVALHO
OAB/RJ 98.885 OAB/RJ 137.860
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