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Tribunal de Justiça
Comarca da Capital 2041
Cartório da 13ª Vara Cível
Av. Erasmo Braga, 115 Salas236/240/242CEP: 20020-903 - Centro - Rio de Janeiro - RJ Tel.: 3133-2207 e-mail:
cap13vciv@tjrj.jus.br
Fls.
Processo: 0106809-41.2002.8.19.0001 (2002.001.106464-2)
Processo Eletrônico
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Em 21/09/2022
Decisão
1- Fls. 2022 e seguintes: Trata-se de embargos de declaração em face da decisão de fls. 2002,
assim proferida:
"Considerando que a penhora do referido bem imóvel ocorreu em 05/11/2012, fls.492, e que a
alegação de bem de família já foi rejeitada pela decisão de fls.739/742, que rejeitou a exceção de
pre-executividade, tendo a mesma restado preclusa. Assim, rejeito as alegações do executado,
uma vez que não cabe ao mesmo rediscutir as matérias já decididas. Quanto ao pedido do
exequente de imissão não posse, a arrematação de fls.914 foi anulada pela decisão de fls.1445
que determinou que ocorresse novo leilão, tendo a referida decisão sido reformada pelo acórdão
de fls.1510/1520 que reconheceu a inexistência de preço vil e homologou a arrematção realizada.
Entretanto, conforme informado pelo próprio exequente, às fls.1800, a referida decisão não
transitou em julgado, pois pendente do julgamento do agravo interno. Assim, antes, diga se já
ocorreu o julgamento do recurso."
A embargante pretende rediscutir a alegação de que o imóvel objeto da penhora constitui bem de
família.
É O RELATÓRIO. DECIDO.
Trata-se de ação ajuizada nos idos de 2002, sendo certo que o imóvel objeto da discussão foi
avaliado em R$ 12.900.000,00 (fls. 598), isto em 2013.
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Comarca da Capital 2042
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Saliento que após inúmeras tentativas não foram localizados outros bens imóveis, móveis (nem
dinheiro) para satisfação sequer de parte da dívida que já alcança mais de cinco milhões de reais.
Sobre o alegado fato novo (cancelamento da procuração utilizada para tentativa fraudulenta de
alienação do imóvel penhorado), a sentença exarada pelo cartório de Registros Públicos verificou
as seguintes irregularidades no documento (procuração):
"(...) foram identificadas as seguintes irregularidades nas atividades dos 8º e 24º ofício de
notas da Capital: Quanto às Escrituras Públicas de Promessa de Compra e Venda1avradawpelo-
24° Oficio de notas da Capital às fls.150/ 151.:Ato n° 091, Livro n° 7044, e às fls. 152/153, Ato n°
92, Livro n° 7044, em 31/ 10/ 2013, não foi observado-o-artigo 241,-§ 1°, da CNGI, uma vez que
(i) não foram apresentados os documentos de identidade autenticados de Ana Helena Oliveira de
Andrade Lassance, Luiz Carlos Moses Lassance, Paulo Roberto Arêas Pereira e Isabel Cristina
Pereira Rangel. No que diz respeito à Escritura Pública de Promessa de Compra e Venda lavrada
pelo 24° Oficio e Notas da Capital à s fls. 152/153, Ato n° 92, Livro n° 7044, em 31/ 10/ 2013, não
consta a assinatura do procurador Cláudio Andrade Barbosa no campo designado
Outorgado Luiz Carlos Moses Lassance. Em relação à procuração lavrada pelo 8°
Oficio de Notas da Capital, apontou
divergência, visível a "olho nú", das assinaturas da testemunha Carlos Henrique Gomes apostas
na Procuração lavrada pelo 80 Oficio de Notas e no documento de identificação."
Ocorre que o mero reconhecimento da irregularidade da referida procuração não desconstitui por
si só a configuração de fraude à execução (que foi reconhecida quando da decisão que rejeitou a
exceção de pré-executividade, datada de 14/08/2014 - fls. 739).
O cenário relatado pelo Oficial de Justiça, transcrito abaixo, endossa o reconhecimento da fraude
á execução perpetrada no caso concreto:
"Às fls. 56/57, manifestação do Sr. Oficial informando que recebeu escritura pública de rescisão
lavrada perante o 24º Ofício de Node Notas, em 16.04.2014, pela qual a denunciante, Ana Helena
Oliveira de Andrade Lassance rescinde a promessa de compra e venda do imóvel por ela
adquirido mediante a procuração por ela própria impugnada, aduzindo ao final o Sr. Oficial que
somente pode rescindir ato jurídico aquele que reconhece a sua existência e validade, causando
estranheza a atitude dos denunciantes, informando ainda que cópia da presente será
encaminhada à 16ª Delegacia de Polícia para instrução da investigação criminal instaurada".
Ainda, segundo manifestação da própria executada, seu filho estava envolvido nas tratativas
fraudulentas:
"Às fls. 65/69, petição da sra. Ana Helena Oliveira de Andrade Lassance e do sr. Luiz Carlos
Moses Lassance relatando que tomaram conhecimento da fraude contra eles perpretada em razão
de informação de fraude à execução lançada nos autos do processo tombado sob
o nº 2002.001.106464-2, em trâmite perante a 13ª Vara Cível da comarca da Capital, e que esta
fraude origina-se de uma escritura de compra e venda lavrada no 24º Ofício de Notas desta
cidade, na qual a peticionante, assistida por seu esposa, sendo ambos representados por seu
filho, Claudio Andrade Barbosa Silva, teria prometido vender a Luiz Otávio Arêas Baptista, Paulo
Roberto Arêas Pereira e Isabel Cristina Pereira Rangel o imóvel em questão, acrescendo que a
procuração utilizada por seu filho fora lavrada no 8º Ofício de Notas e que a falsidade fora objeto
do registro de ocorrência nº 046-05277/2014 perante a 16ª Delegacia de Polícia."
Some-se a isto o fato de que a presente ação foi ajuizada pela ora exequente porque a executada
(ora embargante), após o recebimento do preço, se recusou a firmar a escritura definitiva do
imóvel comprado pela autora e a desocupar o bem, no caso, outro imóvel, situado na Rua General
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Ivan Raposo n° 145101, Barra da Tijuca, tendo sido reconhecidos os pedidos de reintegração de
posse e de adjudicação compulsória. A presente ação segue para satisfação da dívida referente à
multa e aos impostos referentes ao período no qual os executados ocuparam o imóvel vendido à
autora.
Nesse cenário, o comportamento da executada condiz com o que fora reconhecido quando da
rejeição da exceção de pré-executividade, qual seja, o de fraude à execução.
Não há nestes autos, nem nos do recurso, deferimento de efeito suspensivo, de modo que não há
impedimento para o prosseguimento da presente ação.
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CÂMARA CÍVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA DE COMPRA E VENDA, EM FASE DE
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DECISÃO DO JUÍZO SINGULAR QUE DETERMINOU QUE SE
AGUARDE O TRÂNSITO EM JULGADO DE JULGAMENTO PROFERIDO EM OUTRO
RECURSO, PARA ASSINATURA DO AUTO DE ARREMATAÇÃO. INCONFORMISMO DO
ARREMATANTE. - A meu ver, assiste razão à Agravante. - Inicialmente, registre-se que o imóvel
penhorado foi arrematado pelo Agravante, no dia 25.02.2019. - Passados mais de um ano da
arrematação, e em cumprimento ao que foi determinado no julgamento do agravo de instrumento
nº 0030482-62.2019.8.19.0000, a Agravante formulou requerimento ao Juízo para que o Auto de
Arrematação fosse assinado. - Ato contínuo a Magistrada singular proferiu decisão insistindo para
que fosse aguardado o trânsito em julgado da decisão proferida no agravo de instrumento nº
0022043-62.2019.8.19.0000, que manteve a decisão que rejeitou a impugnação à arrematação. -
Em consulta ao sistema informatizado deste Tribunal, verifico que no dia 17 de fevereiro próximo
passado, a Terceira Vice-Presidência inadmitiu o Recurso Especial interposto contra o acórdão
proferido no referido agravo. - Resulta disso, que considero uma cautela excessiva aguardar-se a
preclusão máxima para, somente após essa fase processual, aperfeiçoar-se a arrematação.
Destaque-se que, a norma do artigo 903 do CPC não prevê a necessidade de se esperar o trânsito
em julgado de qualquer incidente para a lavratura e aperfeiçoamento do Auto de Arrematação. -
Ademais, o § 4º do artigo 903, prevê a possibilidade de invalidar a arrematação por ação
autônoma, após a expedição da carta de arrematação, o que possibilita aos Agravados e ao
Interessado questionarem eventuais vícios. - Portanto, considero que a decisão agravada merece
reforma, diante da demora excessiva e injustificada do Juízo singular em concluir e aperfeiçoar a
arrematação, bem como para afastar-se o risco do Recorrente ficar aguardando, por anos a fio, o
alcance da imutabilidade do agravo de instrumento nº 0022043-62.2019.8.19.0000. - RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO.
P.I.
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