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A DOUTA DESEMBARGADORA RELATORA SANDRA INES MORAES

RUSCIOLELLI AZEVEDO – DA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DA BAHIA

Agravo de Instrumento nº 8051199-41.2022.8.05.0000

MARIA LUCIA SILVEIRA MENDONÇA E OUTROS, já qualificados nos autos da ação


em epígrafe, que litiga em face de MARCUS ESTEVÃO VEIGA URANUS, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES DE AGRAVO
DE INSTRUMENTO, pelas razões a seguir aduzidas.

Pede deferimento.
Salvador, BA, em 06 de fevereiro de 2023

Eladio Lasserre
OAB/BA – 15.906

Ianna Duques
OAB/BA – 62.351

RESPOSTA AO AGRAVO DE INSTRUMENTO

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Agravante: MARIA LUCIA SILVEIRA MENDONÇA E OUTROS
Agravados: MARCUS ESTEVÃO VEIGA UANUS
Origem: Processo nº 0007775-48.2007.8.05.0150, em trâmite na 1ª Vara de Relações de
Consumo e Cíveis da Comarca de Lauro de Freitas - Bahia

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,


COLENDA CÂMARA,
ÍNCLITOS JULGADORES

I. DA TEMPESTIVIDADE DA PRESENTE CONTRAMINUTA

Em relação à tempestividade, observa-se devidamente tempestiva a contraminuta protocolada


na presente data.

II. DA PETIÇÃO DE DESISTÊNCIA PELO AGRAVANTE

Douto Juízo, em que pese a intimação para que os Agravados apresentem as contrarrazões do
recurso, insta relembrar que o Agravante peticionou Pedido de Desistência, em 14 de
dezembro de 2022, conforme Id nº 38714052; ou seja, antes mesmo de houvesse qualquer
despacho ou intimação para os Agravados.

Desta maneira, tendo em vista que pelo lapso temporal – do recesso judiciário –, a Secretaria
não observou o pedido de desistência. Nesse sentido, houve petição chamando o feito à ordem

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(id nº 39742920), visando a análise do referido pedido e o consequente arquivamento do
recurso nesta instância.

Assim, em razão da celeridade processual, requer que V.Ex.ª aprecie o pedido de desistência
do Agravante, arquivando assim definitivamente o Agravo de Instrumento. Contudo, em
respeito à instrumentalidade das formas e cooperação entre as partes, a seguir, serão
apresentadas as razões da contraminuta.

III. BREVE INTRODUÇÃO DOS FATOS

Tratam-se os autos na origem de Ação de Consignação em Pagamento ajuizada pelo


Agravante (autos nº 0007775-48.2007.8.05.0150), em razão de descumprimento do próprio
Agravante de contrato de promessa de compra e venda de imóvel residencial em 2005. Nesse
sentido, resolveu o embargante propor a referida ação para quitar parte do débito por meio do
Poder Judiciário.

Desta forma, foi oferecida a reconvenção na referida ação por parte dos Agravados, havendo
deferimento de tutela provisória de urgência para determinar a desocupação do Agravante do
imóvel oriundo de contrato de promessa de compra e venda. Irresignado, interpôs agravo
de instrumento sob o nº 8039636-50.2022.8.05.00001, sendo acertadamente, negado o efeito
suspensivo por esta Nobre Relatora.

Nesse cenário, nos autos de origem, houve homologação de acordo em 21 de maio de 2021,
visando cessar a lide. Todavia, o Agravante não cumpriu o quanto acordado, resultando
assim em cumprimento de sentença, e não satisfeito, descumpriu ordem de desocupação
voluntária proferida pelo juízo aquo – devendo ter desocupado o imóvel até 14/10/2022 –.

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Assim, em razão da evidente má-fé do Agravante, que está ocupando o imóvel de maneira
ilegal há mais de 15 anos, o Juízo aquo, observando a referida situação, proferiu a decisão
agravada, em 12/12/2022 – com intimação para todas as partes –, ocorrendo a publicação em
13/12/2022, sob o seguintes termos:

Expeça-se mandado de imissão de posse, em favor de  MARIA LÚCIA SILVEIRA MENDONÇA


e OUTROS, no imóvel, objeto desta.
Havendo resistência por parte do autor, MARCUS ESTÉVÃO VEIGA UANUS, ou de eventuais
ocupantes, fica de logo autorizada desocupação forçada com auxílio de força policial, servindo o
presente como ofício junto ao Comando da Polícia Militar.
P.I.C.
Confiro à presente, força de mandado judicial, com fulcro no art. 188, combinado com o art.
277, ambos do CPC. (Grifa-se).

Todavia, com extrema má-fé e visando o tempo inteiro descumprir as ordens e decisões
judiciais, o Agravante interpôs o recurso em comento, suscitando a existência de decisões
fraudulentas, por supostamente não conseguir visualizar as decisões proferidas na tela dos
autos do processo.

Nobre Relatora, como será verificado , o presente recurso deve ser desprovido, em razão
da evidente ausência de fundamentação e da existência de má-fé do Agravante que,
insatisfeito com o fato de que o poder Judiciário estar ordenando a sua retirada do imóvel que
ele ocupa de maneira ilegal e arbitrária há mais de 15 anos; interpôs inúmeros recursos em
face de decisões interlocutórias, e inclusive protocolou Reclamação ao CNJ – que foi
arquivada – , SUSCITANDO FALACIOSAMENTE, que não consegue visualizar as
decisões na movimentação dos autos do processo de origem, e que por tal razão, a magistrada
deve ser afastada do processo, e que as decisões são fraudulentas.

Diante disso, infelizmente o cenário é de uma manobra de extra má-fé do Agravante, que
ocupa arbitrariamente o imóvel oriundo de contrato de promessa de compra, há mais de 15
anos. Nesse ínterim, como será vislumbrado, inexiste fundamentação no recurso de agravo,
mas sim, uma irresignação de uma pessoa que está se utilizando da máquina do Poder

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Judiciário para continuar descumprindo o acordo e ordens do Juízo aquo, e ocupando o
imóvel de maneira arbitrária e ilegal.

IV. DA INEXISTÊNCIA DE DECISÕES FRAUDULENTA. MÁ-FÉ DO AGRAVANTE

V.Ex.ª, o Agravante interpôs o recurso no puro intuito de postergar a sua retirada do


imóvel, frisa-se: que ele ocupa há mais de 15 anos de maneira ilegal e arbitrária, e a referida
situação já foi reconhecida pelo Poder Judiciário, ao qual ordenou a retirada do Agravante do
imóvel.

Desta maneira, o Agravante criou a falácia de que a magistrada de 1º grau é suspeita nos autos
do processo, em razão do Agravante supostamente não conseguir visualizar as decisões na
parte de movimentação dos autos do processo no PJE.

Ora, Colenda Turma, o patrono do Agravante tem plena ciência que após a leitura automática
das decisões, que elas ficarão expostas nos autos do processo; ou seja, ele como PATRONO
do agravante, sabe que precisa clicar na “expedientes” nos autos, visando que a decisão
fique exposta no processo.

Logo, a decisão está perfeitamente acessível ao Agravante e a todas as partes processuais,


bem como, todas as decisões foram publicadas e os patronos intimados. Inclusive, na
própria parte de “expedientes”, mostra quando o patrono tomo ciência da decisão e o prazo
que ele tem para se manifestar. Vejamos:

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Resta claro que o patrono do Agravante foi intimado da decisão, bem como tomou ciência
dois dias após à publicação, e não clicou na para cumprir o prazo referente àquela decisão,
visando que ela não ficasse exposta nos autos do processo e pudesse inventar que o Juízo
Aquo estava proferindo decisões fraudulentas . Porém TODAS AS DECISÕES FORAM
PUBLICADAS, O PATRONO INTIMADO, E VISUALIZADO AS DECISÕES.

Custa salientar, que as alegações do Agravante em ação ordinária, foram julgadas


improcedentes e inacolhidas (apelação, agravo e embargos de declaração) perante esta
mesma Câmara Cível, conforme Id nº 99128868, Id nº 99128857, Id nº99128853, Id nº
99128849 da ação originária de nº 0007775-48.2007.8.05.0150. Logo, vejamos trecho da
decisão:

A princípio, observa-se dos documentos de página 244/251, extrato de processo judicial


informando depósitos judiciais, assinado e carimbado pelo Gerente Geral do Banco do Brasil, o Sr.
José Henrique Lima Silva, que o último depósito judicial efetuado pelo autor da presente ação de
consignação em pagamento foi realizado no ano de 2008, ou seja, há quase 10 anos. Neste ínterim,
a parte Marcus Estevão Veiga Uanus vem utilizando o imóvel sema devida contraprestação
com efetivo depósito judicial do valor total acordado no contrato de promessa de compra e
venda (página 13/18).

É inquestionável que o imóvel foi adquirido mediante promessa de venda e compra, obrigando-se,
em contrapartida, a pagar prestações mensais e consecutivas. Ocorre que, mesmo tendo seu pleito
de consignação em pagamento autorizado por este Juízo, desde o ano de 2008 o Sr. Marcus
Estevão Veiga Uanus quedou-se inerte, tornando-se inadimplente, não pagando as parcelas
devidas, locupletando-se indevidamente da posse do imóvel pelo período de 10 (dez) anos.

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A parte requerente, por outro lado, arca com o prejuízo causado, posto que necessita do
imóvel para, ao menos, minimizar os prejuízos gerados pelo inquestionável descumprimento
da avença.

Verifica-se que o Sr. Marcus, desdenhosamente, contando com a pletora de feitos que
assoberba o Poder Judiciário, o que certamente independe da vontade deste magistrado,
mantém a posse do imóvel em completo locupletamento ilícito visto que não efetua depósito
judicial desde o ano de 2008, conforme consta no documento acostado. Alie-se a tal situação o
fato de que o Sr. Marcus, além de deixar de efetuar os depósitos judiciais para quitar sua dívida,
está promovendo aluguel do imóvel o qual não detém a propriedade, visando auferir lucros com o
mesmo (documento anexado).

Ad cautelam, é prudente conceder o pedido, diante da verossimilhança das alegações constantes


dos documentos acostados. (Grifo nosso).

Dessa forma, Douto Julgadores, inexiste fundamento para as alegações falaciosas do


Agravante, que inclusive, agora está tentando suscitar que não consegue visualizar as
decisões do Juízo Aquo, e que só visualiza por meio de intimação do DJE. E pior, ajuízo
reclamação contra a magistrada de piso, e protocolou uma exceção de suspeição ( nº 8021874-
56.2022.8.05.0150), suscitando a mesma falácia de decisões escondidas, que em verdade
sempre foram vistas pelo patrono do Agravante.

Assim, conforme tudo relatado e prints anexos do próprio sistema do PJE/TJBA (aba –
expedientes), inexiste decisão fraudulenta ou qualquer ilegalidade na decisão agravada, posto
que, em verdade, o Patrono do Agravante que voluntariamente e visando postergar a
todo custo a saída do Agravante do imóvel, mesmo devidamente intimado e tomando
ciência da decisão, que não clica para ver a intimação sobre as decisões, e elas só são
expostas nos autos, depois da “visualização automática” do próprio sistema, o que é normal.

Nobre Julgadores, a tecnologia do sistema PJE e de demais outros tantos sistemas surgiram
para tornar a vida dos operadores do direito mais acessível, prática, econômica a ágil. Não
sendo compatível com a boa-fé, que a utilização dessa tecnologia para inventar que as

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decisões ou atos do Poder Judiciário são fraudulentos ou escondidos, como alega o
Agravante.

Logo, inexiste qualquer vício ou ocultação de decisões, mas sim, mais uma vez o ato de má-fé
do Agravante. Desta forma, deve ser aplicada multa por litigância de má-fé ao Agravante,
que comprovadamente está se utilizando da máquina do Poder Judiciário a todo custo, e de
maneira desleal – protocolando diversos recursos e até ação no CNJ contra a magistrada –,
apenas para não cumprir a decisão de saída do imóvel que ele ocupa há mais de 15 anos
ilegalmente.

V. DO REQUERIMENTO

Assim, requer o arquivamento definitivo do recurso, em razão do pedido de desistência do


Agravante. Todavia, não havendo acolhimento do referido pedido, requer o total
desprovimento do Agravo interposto, mantendo-se a decisão agravada inalterada pelos seus
próprios e jurídicos fundamentos, bem como, requer a aplicação multa por litigância de má-fé
ao Agravante, que está usando a máquina do Poder Judiciário para não cumprir ordem judicial
e se retirar do imóvel que ele ocupa há mais de 15 anos ilegalmente.

Termos em que
Pede deferimento.

Salvador, BA, em 06 de fevereiro de 2023.

Eladio Lasserre Ianna Duques


OAB/BA – 15.906 OAB/BA – 62.351

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