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AO JUÍZO DA VARA CIVEL DE ...

xxxxxxxx, brasileira, casada, Autônoma, portadora da cédula de identidade RG


n° 0.000.000 SSP/xx, regularmente inscrita no CPF/MF sob n° 000.000.000-00, filha de
xxxxxxxx e xxxxxx, e-mail xxxxxxx, telefone celular 00- 0000 0000, domiciliada na qua-
dra n° 0, conjunto “0”, casa 00, na cidade de xxxxxx/xx, neste ato representa por seu
advogado, in fine, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor:

AÇÃO DE DESPEJO COM PEDIDO DE LIMINAR C/C COBRANÇA

Em face de xxxxxxxxx e demais ocupantes, brasileiro, casado, por-


tador da C.I sob n. 000000 SSP/SP, e CPF sob n. 000.000.000-00, demais dados des-
conhecidos, residente e domiciliado na, CEP: 00000-000, com fundamento nos artigos
5º; 9º, inciso III da Lei 8.245/91 e artigo 62, inciso I da redação dada pela Lei
12.112/2009, pelos fundamentos de fato e de direitos a seguir aduzidos:

DOS FATOS
A Autora é proprietária e locadora do imóvel residencial situado na...
O referido imóvel foi locado ao Réu em xx/00/202x, pelo prazo de 06
(seis) meses, através de contrato escrito, regido pela Lei n.º 8.245/91, com o término
em xx/00/202x.
O valor mensal da locação foi fixado na quantia de R$ 600,00 (seiscen-
tos reais), o qual deve ser pago até o dia 24 de cada mês, diretamente a proprietária.
Ocorre que, o Réu deixou de adimplir com os aluguéis, contas água, luz
e acabou se aproveitando do consentimento da Autora em não exigir o que lhe era
devido para permanecer no imóvel até a presente data.
Ocorre que a Autora há algum tempo vem sofrendo de diversos pro-
blemas financeiros, inclusive tendo que arcar com o pagamento de água, luz e IPTU do
imóvel.
Diante das graves faltas cometidas pelo Réu, a Autora não mais inte-
resse na manutenção do respectivo contrato de locação, Ressalta-se, que em razão da
pandemia do covid-19, a autora enviou por whatzap, pedido de desocupação do imóvel
locado após o termino do período estipulado no contrato.
Desta forma, os Réus devem arcar com todos os aluguéis e demais
despesas contratuais, decorrentes do uso e gozo do referido imóvel, até a data da efe-
tiva entrega do mesmo, estando, até a presente data, considerando o comando do ar-
tigo 206, §3º, inciso I do Código Civil, e os reajustes conforme contrato.
Ressalta-se, que o débito atual é R$, referente a 03 (três) meses de
aluguel, água e luz, no período compreendido entre o dia xx/xx/202x até os dias de hoje.

Mesmo após várias e constantes tentativas de recebimento amigável


dos aluguéis atrasados e demais encargos contratuais, os Réus não demonstraram
qualquer interesse em quitá-los, violando, dessa forma, obrigação legal (art. 569, inciso
II do Código Civil) e contratual, não restando outra alternativa a Autora, senão a propo-
situra da presente ação.

DO DIREITO
DO PEDIDO LIMINAR
Na situação fática, necessário se faz o deferimento de liminar, no que
se refere ao pedido de despejo por descumprimento contratual, já que prejuízos econô-
micos estão sistematicamente provados e vivenciados pelo locador, sendo inviável que
a atual situação permaneça inalterada por mais um dia sequer, cabendo pois tutela
antecipada na lei.
Cabe dizer que não existe valor caucionado, pela Ré, portanto, aplica-
se, o disposto no artigo 59, δ 1º, inciso IX da Lei 12.112/2009, que autoriza a concessão
de liminar para desocupação do imóvel no prazo de 15 (quinze) dias, no caso da falta
de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento, estando o contrato
desprovido de qualquer das garantias previstas no artigo 37, seja por não ter sido con-
tratada ou por ter sido extinta.
Assim sendo, o contrato de locação em questão encontra-se despro-
vido da garantia prevista no artigo 37 da mencionada lei.
Diante de tal situação, temos que o pedido de concessão liminar en-
contra-se devidamente fundamentado, e a sua concessão faz-se de extrema urgência
para evitar que o Autor (locador), venha a sofrer prejuízos ainda maiores dos já supor-
tados

Esse entendimento vem sendo ratificado pela doutrina e jurisprudência.


O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, em decisão re-
cente, entendeu pela concessão de tutela em ação de despejo por falta de
pagamento, tendo o Tribunal sustentado que, naquele caso prático, a falta
de pagamento dos locatícios desde 2008 era motivo suficiente para deferir
a medida ante a demonstração do risco do dano irreparável, não sendo o
óbice da irreversibilidade suficiente para o não deferimento da pretensão
antecipatória, em face do disposto na parte final do artigo 64, §2º, da lei
8.245/1991. (15ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande
do Sul. Agravo de Instrumento em Ação de Despejo por Falta de Paga-
mento nº. 45159- 39.2012.8.21.7000. Relator Vicente Barroco de Vascon-
cellos. Decisão em 7.2.2012)

Da mesma forma é o entendimento do Tribunal de Justiça de São


Paulo:
“[...] Agravo de instrumento contra a decisão que nos autos da ação de
despejo cumulada com cobrança, deferiu a antecipação da tutela e deter-
minou a desocupação voluntária do imóvel em 15 dias, a contar da ciência
do locatário. Falta de pagamento dos aluguéis. Possibilidade da antecipa-
ção da tutela em ação de despejo. Lei nova de natureza processual al-
cança o processo em curso. Presentes os requisitos para a concessão de
antecipação de tutela. Falta de pagamento dos aluguéis e desinteresse
pela purgação da mora. Irregularidade do imóvel constatada pela Prefei-
tura que não prejudicou a posse do locatário. Decisão mantida. Recurso
não provido. [...] (TJ/SP. 26ª Câmara de Direito Privado. Agravo de Instru-
mento nº. 0504050-66.2010.8.26.0000. Rel. Des. Carlos Alberto Garbi. Pu-
blicação 26.1.2011)”

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, já se manifestou, em


sua obra, acerca da possibilidade de concessão de tutela nas ações de despejo quando
o direito estiver em estado de periclitação, asseverando que “Observada a ressalva
anterior de que fora desses casos a evidência, em princípio, não autoriza a tutela ante-
cipada, mister assentar que há casos de direito em estado de periclitação que reclamam
a tutela antecipada de segurança e que escapam à letra do artigo 59 da Lei”. (“in Tutela
Antecipada e Locações”, 2ª Edição, pág. 134, Ed. Destaque, Rio de Janeiro, RJ, 1996)”.
Para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não é diferente:
“A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, em consonância com
abalizada doutrina, tem se posicionado no sentido de que, presentes os
pressupostos legais do art. 311 do NCPC, é possível a concessão de tutela
antecipada mesmo nas ações de despejo cuja causa de pedir não estejam
elencadas no art. 59, § 1º, da lei 8.245/91”. (STJ. Quinta Turma. REsp nº.
702205/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Publicação 9.10.2006)”

No mesmo sentido o TJDFT:


“Circunscrição :16 - AGUAS CLARAS
Processo :2016.16.1.000129-5
Vara : 202 - 2ª VARA CÍVEL DE AGUAS CLARAS
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA
Cuida-se de AÇÃO DE DESPEJO por falta de pagamento e cobrança de
aluguéis, em que a parte autora fez pedido de liminar visando a desocu-
pação da parte ré em 15 dias. Para tanto, fundamentou seu pedido no ar-
tigo 59, § 1º, inciso IX, da Lei nº 8.245/91.
A situação fática trazida pela parte autora se insere na previsão legal con-
tida no § 1º, inciso IX do artigo 59 da Lei de Locações, pois o contrato de
locação se encontra desprovido das garantias previstas no artigo 37 da
referida lei. Quer-se dizer, o contrato não contém nenhum tipo de garantia,
conforme discriminado no artigo 37, incisos I a IV, razão pela qual deve
ser deferida a liminar pleiteada, para desocupação em 15 dias, sob pena
de despejo.
Destarte, defiro o pedido de liminar, devendo a parte autora ser intimada
para efetuar o depósito da caução, correspondente a 03 (três) meses de
aluguel.
Após o depósito, expeça-se mandado de intimação para desocupação do
imóvel no prazo de 15 dias.
Cite-se, pelo mesmo mandado, para contestar em 15 (quinze) dias, a con-
tar da juntada aos autos do(s) mandado de citação, sob pena de revelia
(perda do prazo para apresentar defesa) e de serem considerados verda-
deiros os fatos descritos no pedido inicial.
Advirta(m)-se o(a)(s) Réu(é)(s) de que a contestação deverá ser apresen-
tada por advogado.
Dr(a). EDMAR FERNANDO GELINSKI
AGUAS CLARAS - DF, terça-feira, 19/04/2016 às 13h34.
Processo Incluído em pauta : 19/04/2016(G.N)”

Vê-se que os Tribunais na ausência de dispositivo de lei mais severo


que admita a retomada da posse de forma mais rápida nos casos de inadimplência dos
contratos de locação, o que os tornaria mais equilibrados resgatando a confiança dos
investidores, têm-se posicionado, no sentido de acolher pedido de tutela antecipada de
caráter subjetivo.
Portanto, resta demonstrado ser cabível pedido de tutela antecipada
em ação de despejo por falta de pagamento.
Neste sentido, resta ao Autor, somente as vias judiciais para obter a
desocupação liminar do imóvel, nos termos do artigo 59, §1º, da Lei de Locação, in
verbis:
"Art. 59 (...)
§1º Conceder-se-á liminar para desocupação em quinze dias, independente-
mente da audiência da parte contrária e desde que prestada caução no valor
equivalente a três meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento
exclusivo:
(...)
IX – a falta de pagamento de aluguel e acessórios da locação no vencimento,
estando o contrato desprovido de qualquer das garantias previstas no artigo 37,
por não ter sido contratada ou em caso de extinção ou pedido de exoneração
dela, independentemente do motivo.”

Considerando o todo exposto, requer seja deferido o pedido de anteci-


pação da tutela, para o fim de que o imóvel seja desocupado no prazo de 15 (quinze)
dias, restando condicionado ao deferimento da liminar o depósito por parte da
Autora de caução idônea, devendo ser intimada para tanto.
Por sua vez, prestada a caução, requer seja expedido o respectivo
mandado de despejo para desocupação voluntária no prazo de 15 (quinze) dias, com a
advertência de que findo o prazo assinado, contado da data da notificação, será efetu-
ado o despejo, se necessário com o emprego de força, inclusive arrombamento (art. 65
da Lei n. 8.245/91).

DO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DO LOCATÁRIO


Apesar de a ação de despejo por falta de pagamento pôder ser ajuizada
no dia seguinte ao da data-limite fixada para pagamento, considerando-se que o loca-
tário encontra-se inadimplente desde sempre, a locadora por várias vezes buscou ami-
gavelmente uma solução pacifica o que não foi possível.
Contudo, não estando o locatário cumprindo com o pagamento seja dos
aluguéis como dos demais acessórios do contrato, e não tendo a locadora mais inte-
resse em manter referida locação, com fulcro no artigo 46, parágrafo segundo da Lei de
Locações, requer que seja rescindido o contrato e decretado o despejo dos Réus.
O artigo 9º, inciso III e artigo 62 da Lei 8.245/91, com as alterações da
lei 12.112/2009, legitimam o direito da Autora em ingressar em juízo a fim de promover
a presente Ação de Despejo, para ver cumpridos os termos estabelecidos nas cláusulas
do Contrato de Locação, firmado entre ela e os Réu.

Senão vejamos:

“Artigo 9º - "A locação também pode ser desfeita:


(...)
III – em decorrência da falta de pagamento do aluguel e demais encargos;
(...)
Art. 62. Nas ações de despejo fundadas na falta de pagamento de aluguel e
acessórios da locação, de aluguel provisório, de diferenças de aluguéis, ou so-
mente de quaisquer dos acessórios da locação, observar-se-á o seguinte:
I – o pedido de rescisão da locação poderá ser cumulado com o pedido de
cobrança dos aluguéis e acessórios da locação; nesta hipótese, citar-se-á o
locatário para responder ao pedido de rescisão e o locatário e os fiadores para
responderem ao pedido de cobrança, devendo ser apresentado, com a inicial,
cálculo discriminado do valor do débito;

Ao deixar de cumprir sua obrigação, os Réus estão ferindo as obriga-


ções do locatário, conforme o inciso II, do art. 569, do Código Civil, consoante segue:

“Art. 569. O locatário é obrigado (...)


II – a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste,
segundo o costume do lugar;”

Clara, se mostra pelo texto legal acima transcrito, a legitimidade do di-


reito da Autora em efetuar o pedido de desocupação do imóvel, objeto da locação, a
esse MM. Juízo, haja vista que, em não pagando os aluguéis e seus encargos, deixou
o locatário, ora Réu, de cumprir com suas obrigações locatícias.
Portanto, indiscutivelmente, encontra-se legitimado o direito da Autora
na propositura da presente ação, posto que deixou os Réus de cumprir com sua maior
obrigação contratual, devendo desocupar imediatamente o imóvel da Autora.

DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da pre-
sente ação de despejo por falta de pagamento cumulada com cobrança de aluguéis e
pedido de liminar para:

a) A concessão initio litis e inaudita altera pars da LIMINAR, nos termos pleiteados, para
o fim de que o imóvel seja desocupado no prazo de 15 (quinze) dias, restando condici-
onado ao deferimento da liminar o depósito por parte da Autora de caução idônea sobre
o valor a ser estipulado, devendo a Autora ser intimada para tanto;

B) Seja expedido o respectivo mandado de despejo para desocupação voluntária dos


Réus, no endereço fornecido no preâmbulo, no prazo de 15 (quinze) dias, com a adver-
tência de que findo o prazo assinado, contado da data da notificação, será efetuado o
despejo, se necessário com o emprego de força, inclusive arrombamento (art. 65 da Lei
n. 8.245/91);

c) A citação dos Réus para, querendo e podendo, responder aos termos da presente
ação no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de revelia;

d) Determinar que os Réus procedam com o depósito dos valores dos aluguéis, taxas
e demais encargos, que forem vencendo até a prolação da sentença e respectivo trân-
sito em julgado ou a desocupação do imóvel, o que vier a ocorrer primeiro, nos moldes
do artigo 62, V da Lei de Locação;

e) Ao final, seja a presente ação julgada totalmente procedente para o


fim de declarar rescindido o presente contrato de locação, existente entre a Autora e os
Réus, nos termos do artigo 62, I da Lei de Locação consolidando a tutela antecipada
para desocupação do imóvel, além de condenar os réus ao pagamento da quantia R$ ,
além dos aluguéis e taxas condominiais e demais encargos que se vencerem no curso
do processo, até a data da efetiva desocupação do imóvel, acrescidos de correção mo-
netária, juros, multa contratual, custas, despesas processuais e honorários advocatícios
a serem fixados por Vossa Excelência sobre o valor da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especial-
mente por prova testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$, para todos os efeitos legais.

Termos em que, Pede deferimento.

Local e data.

_________________________
Nome do advogado
OAB/ nº

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