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MERITÍSSIMO JUÍZO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE TERESÓPOLIS

– RIO DE JANEIRO

JORGE, nacionalidade, estado civil, professor, portador do RG nº


XXX, inscrito no CPF/MF nº XXX, endereço, e-mail, por suas advogadas
(procuração anexa), com escritório profissional localizado na rua, nº X, bairro,
cidade, vem, à presença desse Juízo, com fundamento no artigo 319, do Código
de Processo Civil e no artigo 59 da Lei 8.245/91, propor a presente:

AÇÃO DE DESPEJO COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de MIRANDA, nacionalidade, estado civil, profissão,


portadora do RG nº XXX, inscrita no CPF/MF nº XXX, endereço, e-mail, pelos
fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:
I - DA SÍNTESE FÁTICA

O Autor, professor de ensino fundamental, arrecadou pelo período


de 20 (vinte) anos valor suficiente para comprar um pequeno imóvel à vista. Para
tal propósito, entrou em contato com Max, com o objetivo de adquirir o imóvel que
este colocará à venda na cidade de Teresópolis - RJ.

Após o Autor visitar o imóvel, tendo ficado satisfeito com o que lhe
foi apresentado, soube que este se encontrava ocupado por Miranda, ora Ré, que
reside no imóvel na qualidade de locatária há 02 (dois) anos, sendo que o
contrato de locação celebrado com tal pessoa não possui cláusula de
manutenção da locação em caso de venda e foi oportunizado à locatária o
exercício do direito de preferência, mediante notificação extrajudicial.

O Autor firmou contrato de compra e venda por meio de


documento devidamente registrado no Registro de Imóveis, tendo adquirido sua
propriedade e notificou a Ré a respeito de sua saída. Contudo, ao tentar ingressar
no imóvel, o Autor foi surpreendido com a presença da Ré, a qual permanecia
instalada no local.

Ao ser questionada pelo Autor, a Ré informou que não havia


recebido qualquer notificação do proprietário e, por ter celebrado contrato com a
referida pessoa, devia satisfação somente a ele, bem como só deixaria o imóvel a
seu pedido.

Inconformado, o Autor relatou o ocorrido para Max, o qual


informou lamentar a situação, acrescentando que a Ré sempre foi uma locatária
de trato difícil. Disse, por fim, que como o Autor é o atual proprietário cabe a ele
lidar com o problema, não tendo mais qualquer responsabilidade sobre essa
relação.
Não restando outra opção ao Autor, diante da negativa de trato
consensual, ajuizou a presente ação a fim de valer os seus direitos como novo
proprietário, retirando a Ré do imóvel de forma imediata.

II - DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Desde a compra do imóvel pelo Autor, a Ré vem dificultando sua


retirada do local, desobedecendo a norma legal que possibilita a denunciação do
contrato.

Conforme exposto, o contrato de locação celebrado entre a Ré e


a pessoa de Max, não possui cláusula de manutenção em caso de venda do
imóvel. Diante disso, deverá a locatária no prazo de 90 (noventa) dias promover a
sua desocupação, observando-se o disposto no artigo 8º da Lei 8.245/91:

Art. 8º Se o imóvel for alienado durante a locação, o


adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de
noventa dias para a desocupação, salvo se a locação for por
tempo determinado e o contrato contiver cláusula de vigência em
caso de alienação e estiver averbado junto à matrícula do imóvel.

Veja-se, nesse norte, o seguinte julgado:

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATO DE LOCAÇÃO. NÃO


OBSERVÂNCIA AO ARTIGO 8º DA LEI 8.245 DE 1991.
IMPOSSIBILIDADE DE EXIGIR DO NOVO ADQUIRENTE O
RESPEITO À LOCAÇÃO. "Somente quando o inquilino estiver
amparado por contrato locativo devidamente inscrito no registro
imobiliário é que poderá, na hipótese de venda sem obediência ao
seu direito de preferência, perseguir o imóvel, retomando-o do
novo adquirente. Não inscrito o contrato em tempo hábil, restará
ele destituído de sequela adjudicatória" (AC n. 2005.039313-7,
Rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, DJ 17-10-06). AÇÃO
REIVINDICATÓRIA DE IMÓVEL. ADQUIRENTE-ARREMATANTE
QUE SE SURPREENDE COM INQUILINO OCUPANDO O
IMÓVEL. POSSIBILIDADE DE O ADQUIRENTE AJUIZAR
DEMANDA REIVINDICATÓRIA. FULCRO NO ARTIGO 1.228 DO
CÓDIGO CIVIL. RECURSO NÃO PROVIDO. A alienação judicial
é uma modalidade de expropriação do imóvel cujo ato final é a
arrematação. Assim, de acordo com o artigo 8º da Lei de
Locações, se o imóvel for alienado durante a locação, o
adquirente poderá denunciar o contrato, com o prazo de
noventa dias para a desocupação. "E ao proprietário [leia-se
adquirente com Registro no Cartório de Imóveis] é
assegurado o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e
ainda de reavê-los do poder de quem injustamente os possua.
Assim, demonstrado pelo autor a titularidade de seu domínio
sobre a coisa reivindicada a qual, adequadamente
identificada, esteja injustamente em poder do réu, a
procedência da ação reivindicatória é medida que se impõe"
(AC n. 2003.022785-7, rel. Des. Carlos Prudêncio, DJ de 25-9-
2007). (TJSC, Apelação Cível n. 2005.016971-8, de Joinville, rel.
Carlos Prudêncio, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 23-06-2009).

Faz-se mister ressaltar, que embora notificada extrajudicialmente,


a Ré deixou de exercer o direito de preferência. Dessa forma, cabe a Ré deixar o
imóvel, a fim de efetivar a posse do Autor.

Assim, o Autor se vale da presente ação para que a tutela de seu


direito seja deferida com a consequente retirada da Ré do imóvel comprado.

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Código de Processo Civil leciona, que a tutela de


urgência é medida adotada quando há elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
No caso em apreço, a probabilidade do direito é evidenciada
quando analisado o artigo 8º da Lei 8.245/91, que possibilita o Autor a
denunciação do contrato de aluguel para a retirada da locatária, ora Ré, do
imóvel.

O perigo de dano, por sua vez, está no próprio fato do Autor se


ver impossibilitado de exercer com plenitude seus direitos de propriedade, obtidos
mediante negócio jurídico licitamente celebrado.

Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais


decidiu:

AÇÃO DE DESPEJO - TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA -


COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO
59, §1º, INCISO IX, DA LEI Nº 8.245/1991 - LEI N. 14.216/2021 E
ADPF 828 - INAPLICABILIDADE. - O deferimento da tutela
provisória de urgência pressupõe a demonstração da
probabilidade do direito bem como da comprovação do perigo
de dano ou de ilícito, ou ainda, do comprometimento da
utilidade do resultado final que a demora do processo pode
causar. - Comprovados os requisitos previstos no artigo 59,
§1º, inciso IX, da Lei de Locação, impõe-se a confirmação da
medida liminar que deferiu o despejo. - Inaplicáveis as
disposições da Lei n. 14.216/2021 e ADPF 828, porquanto
ausentes o preenchimento dos requisitos legais. (TJMG - Agravo
de Instrumento-Cv 1.0000.22.203107-2/001, Relator(a): Des.(a)
Juliana Campos Horta, 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em
28/10/2022, publicação da súmula em 28/10/2022).

Desta forma, requer a concessão da tutela de urgência para que


se determine o imediato despejo do imóvel.

IV - DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, o Autor requer:

a) a concessão da tutela de urgência para o imediato despejo da


locatária situada no imóvel;

b) no mérito, a confirmação da tutela de urgência com a imissão


definitiva do Autor na posse do imóvel;

c) a condenação da ré ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios;

d) a juntada do recolhimento de custas iniciais;

Protesta alegar o aprovado por todos os meios de prova em


direito admitidos, mormente, prova documental.

Valor da causa R$ XXX.

Teresópolis - RJ, 14 de novembro de 2022.

Isaac Frigotto / OAB

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