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AO JUÍZO DA 2° VARA DE FAMILIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE SÃO JOSÉ DOS

CAMPOS - SP

Por dependência ao Cumprimento de Sentença: 1002965-27.2015.8.26.0577

CLAUDIO GILBERTO NEVES, brasileiro, solteiro, autônomo, inscrito no CPF sob nº


046.639.448-92, residente e domiciliado na Rua Riachuelo, n° 213, Jardim Paulista, São José dos
Campos – SP CEP 12.216.040, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu
Advogado, infra assinado, ajuizar

EMBARGOS DE TERCEIRO

em face RENATA APARECIDA CARDOSO, já devidamente qualificado nos autos,


pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos, pelos motivos e fatos que passa a expor.

DO CABIMENTO E LEGITIMIDADE DO EMBARGANTE

Conforme passará a demonstrar e provas que junta em anexo, o Embargante é


possuidor direto do bem alvo de penhora, sendo estranho à lide.

O embargante adquiriu o imóvel na data de 06 de maio de 2018, mediante


Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda (cf. documento anexo).

Demonstrado, portanto, a legitimidade do Autor para defender a posse do bem em


espécie, nos termos do Art. 674 do CPC, o que não sofre nenhuma resistência nos Tribunais.

Assim, considerando que o objeto da ação atingirá diretamente o patrimônio do


embargante, pois encontra-se penhorado nos autos n° 1002965-27.2015.8.26.0577, faz-se
necessária a inclusão do mesmo no polo passivo, eis que a decisão judicial originária deste
processo atingirá diretamente seus bens.

Evidenciado, portanto, a legitimidade do Embargante nos presentes Embargos de


Terceiro devendo ser manejado, em face das partes que estão em litígio no processo principal,
para processamento e total provimento.

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2. DO DIREITO

Trata-se de lesão grave em seu direito de posse, haja vista que este adquiriu o
imóvel através de contrato de compra e venda em época anterior à penhora, estando, portanto,
amparado pela legislação a opor o presente embargo.

Apesar de desprovido de registro, o contrato de compra e venda é documento hábil


a defender a posse do bem, conforme assinalado pela Súmula 84 do STJ:

Súmula n. 84 STJ: É admissível a oposição de embargos de terceiro


fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e
venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.

Assim, considerando suficientemente provada a posse, deve ser concedida


liminarmente a manutenção da posse em favor do embargante, nos termos do Art. 678 do CPC.
Corroboram com este entendimento:

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO FISCAL. ART.


185 DO CTN. PENHORA DE IMÓVEL. CONTRATOS DE COMPRA E
VENDA E CESSÃO DE DIREITOS NÃO REGISTRADOS. PRIMEIRA
ALIENAÇÃO PELO DEVEDOR FISCAL, ANTERIOR À CITAÇÃO NA
DEMANDA EXECUTIVA. EMBARGANTE, TERCEIRA ADQUIRENTE DE
BOA-FÉ. CONTRATOS PARTICULARES DESPROVIDO DE REGISTRO.
COMPROVAÇÃO DA POSSE. ADMISSIBILIDADE. SÚMULA 84 DO STJ.
SUCUMBÊNCIA. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE.(...) 12. Dessa forma,
mesmo que a transferência da propriedade dos bens imóveis ocorra
somente pelo registro no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1245 do
Código Civil), nada impede a propositura de embargos de terceiro, pela
ora autora, para defesa de sua posse proveniente do próprio contrato,
conforme estipulado na cláusula terceira do Instrumento Particular de
Cessão de Direitos juntado aos autos. Precedentes.13. Resta, portanto,
descaracterizada a fraude à execução, visto que o negócio jurídico entre a
executada, Santos Henrique & Cia Ltda. e Wellison Moreira Vieira, antecedeu
à citação válida daquela no executivo fiscal. Precedentes.14. Mantida a
condenação da embargante nos ônus da sucumbência, pelo princípio da
causalidade.15. Apelação a que se dá parcial provimento. (TRF 3ª Região,
SEGUNDA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 1923713 - 0003526-
51.2012.4.03.6105, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA RIBEIRO,
julgado em 20/02/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:01/03/2018 , #83987199)
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ADMINISTRATIVO. TRIBUTÁRIO. ARROLAMENTO DE BENS. LEI Nº


9.532/97. IMÓVEIS OBJETOS DE CONTRATO DE VENDA E COMPRA.
COMPROMISSÁRIO COMPRADOR. LEGITIMIDADE ATIVA.
ARROLAMENTO. LEVANTAMENTO. HONORÁRIOS. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE.1. A questão vertida na presente ação diz respeito ao
levantamento de arrolamento, pela Receita Federal, de bens de propriedade
dos demandantes. E, apreciando a matéria, o Juízo a quo houve por bem

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extinguir o feito, sem apreciação do mérito, ao argumento de ilegitimidade
ativa dos demandantes, na medida em que não teria registrado a aquisição
dos imóveis nas respectivas matrículas, de modo que a transmissão da
propriedade não teria se operado, nos termos do artigo 1.245 do Código Civil.
(...) 2. Os demandantes comprovaram que adquiriram os imóveis em
discussão mediante contratos de venda e compra firmados no ano de
1995 e, embora não tenham registrado os aludidos instrumentos nas
respectivas matrículas dos imóveis, fato é que podem, com base nos
aludidos instrumentos, defender a posse do bem. Aplicação, por analogia,
das disposições da Súmula 84 do C. STJ, verbis: "É ADMISSIVEL A
OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO FUNDADOS EM ALEGAÇÃO
DE POSSE ADVINDA DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE
IMOVEL, AINDA QUE DESPROVIDO DO REGISTRO" (...) 11. Apelação
provida. (TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL -
1866284 - 0020378-12.2011.4.03.6130, Rel. DESEMBARGADORA
FEDERAL MARLI FERREIRA, julgado em 04/07/2018, e-DJF3 Judicial 1
DATA:26/07/2018 )

Na jurisprudência acima, percebe-se que, mesmo não tendo sido registrada a


escritura de compra e venda, afasta-se qualquer restrição quando se trata de adquirente de boa-
fé.

DO EFEITO SUSPENSIVO CABÍVEL AO EMBARGO

Dispõe o Código de Processo Civil, em seu art. 678 que "a decisão que reconhecer
suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas
sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração
provisória da posse."

No mesmo sentido, o art. 919, prevê §1º que cabe efeito suspensivo "quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes."

Assim, considerando presentes, os seguintes requisitos:

PROVA DA POSSE: CONTRATO DE COMPRA E VENDA

PROBABILIDADE DO DIREITO: Como ficou perfeitamente demonstrado, o


direto do Embargante é caracterizado pela i) prova inequívoca que a posse
em estudo é de boa-fé e anterior à promoção da penhora; ii) que o
Embargante é legítimo possuidor do bem; iii) e verificado ainda que a
Embargante é terceiro em relação à ação de busca e apreensão.

RISCO DA DEMORA: Por tratar-se de execução que afeta os bens do


Embargante, a continuidade da execução coloca em risco o patrimônio do
Embargante. Ou seja, existe a ameaça de indevida constrição de bem

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(turbação da posse).

Cabível, portanto, a concessão do efeito suspensivo ao presente Embargo,


conforme precedentes sobre o tema:

EMBARGOS DE TERCEIRO. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO. Havendo


plausibilidade jurídica nos embargos de terceiro opostos com a
finalidade de demonstrar que o imóvel penhorado e arrematado
pertence a pessoa estranha à lide, devem ser processados com a
devida cautela, inclusive com a suspensão da execução, quando
versarem sobre todos os bens ou direitos, sob pena de agressão
ao que dispõe o CPC, art. 678. Mandamus admitido e segurança
concedida .(TRT-11 00002674820175110000, Relator: JORGE
ALVARO MARQUES GUEDES, Gabinete da Vice Presidencia)

Dessa forma, considerando o atendimento aos requisitos à concessão do efeito


suspensivo, deve ser acolhido o pedido para fins de suspender os autos principais, até a solução
deste Embargos.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da Gratuidade Judiciária, nos termos do art. 98 do Código de Processo


Civil;

2. O recebimento do presente embargo em seu efeito suspensivo, para fins de


suspender os autos principais;

3. A citação dos Embargados para responder, querendo, nos termos do art. 677, §3º
do CPC;

4. A total procedência da ação para julgar procedentes os pedidos formulados nesta


ação, revogando a penhora do bem imóvel em debate e, por conseguinte,
desfazendo-se a ordem de constrição (NCPC, art. 674, caput), confirmando a liminar
requerida e concedida,

5. Protesta o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial,


depoimento pessoal, prova documental, prova pericial e oitiva de testemunhas;

6. A condenação do embargado ao pagamento de honorários advocatícios e


sucumbência nos parâmetros previstos no art. 82, § 2º c/c art. 85, §2º do CPC;

Atribui-se a causa o valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).

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Nestes termos, pede deferimento.

São José dos Campos – SP, 27 de março de 2023.

ADVOGADO
OAB

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