1) Um trabalhador teve seu imóvel penhorado para pagamento de dívidas trabalhistas, porém o imóvel é sua residência e portanto impenhorável.
2) O trabalhador recorreu da penhora mas teve seu recurso negado, e o imóvel será leiloado.
3) Ele pede um mandado de segurança para suspender o leilão, alegando nulidade da penhora por se tratar de seu único imóvel residencial.
1) Um trabalhador teve seu imóvel penhorado para pagamento de dívidas trabalhistas, porém o imóvel é sua residência e portanto impenhorável.
2) O trabalhador recorreu da penhora mas teve seu recurso negado, e o imóvel será leiloado.
3) Ele pede um mandado de segurança para suspender o leilão, alegando nulidade da penhora por se tratar de seu único imóvel residencial.
1) Um trabalhador teve seu imóvel penhorado para pagamento de dívidas trabalhistas, porém o imóvel é sua residência e portanto impenhorável.
2) O trabalhador recorreu da penhora mas teve seu recurso negado, e o imóvel será leiloado.
3) Ele pede um mandado de segurança para suspender o leilão, alegando nulidade da penhora por se tratar de seu único imóvel residencial.
Excelentíssimo Senhor Juiz Presidente do Tribunal Regional do
Trabalho da Terceira Região.
LAPIDAÇÃO AMSTERDAM S/A, empresa
estabelecida à Rua México, nº 41, 11º andar, Rio de Janeiro/RJ, CEP: 20.008-900, inscrita no CNPJ............, por seus procuradores ao final assinados, consoante instrumento de mandato em anexo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no estabelecido pela Lei nº 1.533, de 31 de dezembro de 1.951, no artigo 5º, inciso LXIX, da Carta Constitucional da República e ainda no artigo 678, inciso I, alínea “b”, item “3”, impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido de LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS,
contra ato da Excelentíssimo Juiz Titular da 2ª Vara do
Trabalho de Governador Valadares/MG, Dr. Hudson Teixeira Pinto, pelos fatos e fundamentos seguintes:
I. DOS FATOS
Ajuizada, perante a Junta de Conciliação
e Julgamento de Governador Valadares, ação trabalhista movida por JUVENAL DOS SANTOS CARVALHO, foi a mesma julgada procedente, conforme se infere dos documentos inclusos, e, após o trânsito em julgado da sentença condenatória, iniciou- se a execução de título judicial, donde se apurou o valor de liquidação equivalente a R$47.458,22 (quarenta e sete mil, quatrocentos e cinqüenta e oito reais e vinte e dois centavos).
De se dizer que à época, instalou-se nova
Junta na cidade de Guanhães que passaria ser a competente para dirimir os conflitos oriundos de Sabinópolis/MG, como no caso em questão.
Expedido o mandado executivo, após
diligência de citação, procedeu o sr. Oficial de Justiça na penhora de bens do executado, ora impetrante, impondo o ônus e constrição sobre um imóvel situado à Praça Monsenhor Amantino, nº 85, Centro, Sabinópolis, registrado no competente cartório sob o nº 04, matrícula nº 09, livro nº 02, às fls. 768.
Curiosamente, este imóvel é o mesmo que
reside o impetrante, e tal fato fora alegado ao sr. Meirinho, a fim de se impedir a realização de ato processual nulo de pleno direito, à luz da lei nº 8.009/90.
Qual não foi o seu espanto, o sr. Oficial
lavrou o auto de penhora, certificando todavia que o impetrante recusou-se a firmar o termo de depósito (documento incluso), devolvendo o mandado à secretaria para que se tomassem as diligências de direito.
Apesar da nulidade gritante, que aquele
momento se evidenciava, o processo teve seu trâmite regular, restando ao impetrante argüir judicialmente a nulidade do ato, que não repousava à época somente à impenhorabilidade do bem, mas também à ausência de depositário fiel, e a não realização de intimação para fins de embargos.
Com efeito, a súplica do mesmo foi
recebida e processada como se Embargos à Execução fosse, mesmo não tendo este sido intimado para tal.
Muito embora as fortes alegações do
impetrante, houve por bem, o ilustre juiz, de julgar os “Embargos” improcedentes sob o fundamento de que não existiu provas suficientes sobre o alegado (impenhorabilidade dos bens penhorados), dando prosseguimento ao andamento do feito, determinando a realização de praça, para alienação pública do imóvel já discriminado que se realizará em primeiro pregão no dia de hoje (18.06.97). Irresignado com a determinação daquele julgador, requereu o impetrante a retratação do despacho, noticiando mais uma vez o incidente causado pela nulidade que se impunha cristalina, anexando, sobretudo, certidão do cartório de registro de imóveis competente.
A retratação não foi concedida, ao
entendimento do juiz, de que a questão encontrava-se superada com o trânsito em julgado da decisão dos “Embargos do Devedor”.
Desta decisão, interpôs-se o recurso de
Agravo de Petição, o qual, recebido, foi intimada à parte contrária para apresentação de contra-razões, porém sem que se suspendesse os efeitos da execução que se prosseguia, e sem que se determinasse a não realização da praça que, salvo por acolhimento deste writt, procederá no dia de hoje.
Em apertada síntese, estes são os fatos
originários, que desencadearam, venia permissa, a prática de ato ilegal por parte da MM. JCJ.
II. PRELIMINARMENTE - DO CABIMENTO DO MANDAMUS
Tendo em vista que os recursos obreiros
em sua maioria possuem efeito apenas devolutivo, plenamente possível a impetração deste remédio heróico, para a concessão do efeito suspensivo, mormente pelo fato de que a suspensão da praça, não implicará, de imediato, qualquer prejuízo para o exequente.
Contudo, se realizada a praça antes de
que possam ser saneadas as irregularidades apontadas, o que espera ocorrer quando do conhecimento do Agravo de Petição, os prejuízos que podem vir a ser acarretados ao impetrante tornar-se-ão irreparáveis, posto que está prestes a ver tomado imóvel onde coabita com sua família, passando a integrar as filas dos inúmeros Movimentos dos Sem Tetos.
Tal fato, entretanto, poderá ser evitado
por V.Exa. se deferida a liminar deste mandamus concedendo o efeito suspensivo ao recurso, suspendendo-se por conseqüência a realização da hasta pública.
Por estas simples linhas, concessa venia,
sobressai a possibilidade jurídica de utilização do mandado de segurança, na hipótese, aliado ao fato de que presentes os requisitos processuais do seu cabimento, quais sejam, fumus boni iuris e periculum in mora.
III. DO FUMUS BONI IURIS
Ilustre Julgador, o ato praticado pela
Autoridade Judicial, in casu, o Juiz Presidente da Junta de Conciliação e Julgamento de Guanhães, data maxima venia, está revestido de ilegalidade.
É que, confirmando-se a decisão de 1º
grau, estará o impetrante sendo privado de imóvel de sua titularidade, tido como impenhorável, sem que seja obedecido o devido processo legal (art. 5º, inc. LIV da CF/88):
LIV - “ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal”;
Não obstante, tem-se que a matéria em
questão está pendente de recurso, ou seja, todavia não transitou em julgado, e o efeito suspensivo deve ser concedido para que ao impetrante seja deferido o legítimo exercício do direito de defesa (art. 5º, inc. LV da CF/88):
LV - “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”
Não obstante a isto, a interposição de
recursos é exercício regular de direito da parte - artigo 897, da CLT - e a decisão não poderá ser definitiva enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
O fumus boni iuris no entanto, não se
esgota do acima alegado.
Com efeito, do que se depreende da
documentação acostada à presente, verifica-se da certidão expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Sabinópolis que o imóvel penhorado é residencial em sua essência, além de ser o único imóvel registrado em propriedade do impetrante.
Verdadeiramente, aquele imóvel é
constituído de 02 (dois) pavimentos, onde, além de residir o impetrante, também opera um pequeno comércio, não desmembrado, no entanto, para fins de unidade residencial, sendo que tal fato não o descaracteriza como residencial e impenhorável, à luz do art. 1º da lei nº 8.009/90:
art. 1º - “O imóvel residencial próprio do casal ou
da entidade familiar é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nela residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único: A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.”
As nulidades que albergam o pretendido
pelo impetrante são tantas que maculam todo o processo havido até o presente momento, a partir da efetivação da penhora.
O auto de penhora não contém depositário
fiel, e por si só anularia o ato ou o tornaria ineficaz para fins de direito, pois, reportando-se ao art. 664 do Cód. Proc. Civil, somente “considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e depósito dos bens, lavrando-se um só auto...” que conterá, sob pena de nulidade, à luz do art. 665 do mesmo diploma legal, “a nomeação do depositário...”.
Inexiste no auto em cotejo nomeação
válida e depósito efetuado, pois, houve recusa do impetrante em firmar tal compromisso. Recusa esta não injustificada, pois, é corrente em todos os níveis da população que o direito brasileiro congratulou a residência familiar.
As nulidades não param por aí; não há no
auto de penhora intimação para oposição de Embargos do Devedor. E nem poderia haver, pois o oficial de justiça devolveu o mandado à secretaria para que se tomassem as medidas judiciais cabíveis.
Ou seja, não havendo depósito, a penhora
não se perfez, evidentemente, e portanto, não se completou com a intimação do devedor para oposição de defesa (Embargos).
Portanto, como considerar que a questão
em discussão encontra-se superada com o trânsito em julgado da decisão de fls. 296 (sentença de embargos)?
Tal mácula prejudica todo o processo de
Embargos que se formou, após a primeira manifestação do impetrante. Isto porque, de acordo com alegação do mesmo, e amparado pelo princípio de que para se declarar a nulidade de penhora basta simples petição dirigida ao juízo da execução, havendo desnecessidade de oposição de Embargos.
Até porque, não poderia opor Embargos sem
que fosse intimado para tal.
Diante de todas as alegações acima, nasce
o fumus boni iuris suficientemente apto a ensejar o deferimento liminar deste mandado de segurança, para que seja recebido o Agravo de Petição em seu efeito suspensivo, evitando-se por fim a realização de ato revestido de ilegalidade desde o seu nascedouro.
Acresça-se a isto o fato de que o
impetrante não é na verdade mal pagador de suas obrigações, pois do valor executado, já quitou metade das parcelas, restando inadimplidos aproximados R$23.992,45 (vinte e três mil, novecentos e noventa e dois reais e quarenta e cinco reais) por absoluta falta de condições financeiras, e cujo acordo para minorar as prestações devidas tornou-se frustrado por objeção do próprio exequente que só admite a quitação integral do débito, mesmo em dias de crise como o que vivemos atualmente.
Fato este corrobora e atesta uma boa
vontade do impetrante em honrar toda sua dívida, ciente que se encontra de suas obrigações; não se tratando de pessoa inadimplente contumaz, mas de cidadão que busca sobreviver à duras penas, às custas do pequeno comércio familiar que procura manter intacto ao arrocho e pressão do quadro econômico pintado pela política de estabilização financeira do país.
IV. DO PERICULUM IN MORA
O risco iminente, que autoriza a
concessão da liminar, já ficou claramente evidenciado, pois a realização da praça se dará no dia de hoje, 18.06.97 às 14:05hs.
Tal fato somente é merecedor de
acautelamento por V.Exa., na análise imediata da quaestio, esperando o impetrante, seja concedida a liminar em tempo hábil, todavia, para suspender a realização de hasta pública que pode se realizar, eivada de vícios que poderão inclusive desmitificar a seriedade desta justiça especializada.
V. DOS PEDIDOS
Face a todo o exposto e em razão da
ofensa literal a diversos dispositivos de lei, requer a impetrante se digne Vossa Excelência de LIMINARMENTE
conceder efeito suspensivo ao Agravo de Petição manejado,
suspendendo-se por lógica conseqüência, até final decisão, , a realização da praça que realizar-se-á neste dia (18.06.97) às 14:05hs; expedindo-se para tanto informe da liminar (no caso de deferimento), à Junta de Conciliação e Julgamento de Guanhães/MG, via fac-símile, telefone, telex, telegrama, ou qualquer outro meio urgente de comunicação não vislumbrado nesta ocasião.
Requer outrossim, que V.Exa. expeça-se
ofício à ilustre Autoridade Coatora para que preste as informações que entenda devidas, e por fim a citação do Sr. JUVENAL DOS SANTOS CARVALHO para vir aos autos, na condição de litisconsorte necessário, em seu endereço, sito à Fazenda Gameleira, Sabinópolis, Minas Gerais.
Por derradeiro, requer o prosseguimento
do feito até final decisão, quando se espera venha a ser definitivamente concedida a SEGURANÇA, eximindo o impetrante e sua família, da constrangedora situação de se tornar alijada de sua residência, largada às ruas da cidade, engrossando as filas dos diversos movimentos do sem teto, antes de regular trâmite processual trabalhista.
Dá-se à causa o valor de R$1.000,00 (hum
mil reais).
Termos em que pede o seu deferimento.
Belo Horizonte, 18 de junho de 1.997.
Peter de Moraes Rossi
OAB/MG 42.337
Gustavo Oliveira de Siqueira
OAB/MG 56.963 Roger Sejas Guzman Junior OAB/MG 63.386
Ação Anulatória de Execução de Imóvel Extrajudicial - Anulação de Procedimento Cartorial para Retomada de Imóvel de Acordo Com A Lei de Alienação Fiduciária