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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA II [Turma 08D12] - 2021/2

Prof. Marcelo Marineli

Grupo 1

Nomes - TIA:

· Ana Carolina da Silva Costa - 41741854

· Bruna Berto Garcia - 331766668

· Juliana Alves Rodrigues - 31827985

· Wagner Diniz dos Santos Junior - 31852130


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL
DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP.

Distribuição por dependência ao Processo nº 1012458-85.2017.8.26.0100

EDUARDO (“Embargante”), brasileiro, estado civil, profissão, portador da Cédula de


Identidade RG n. (número) e inscrito no Cadastro das Pessoas Físicas sob o n. (número),
usuário do endereço eletrônico (e-mail), domicílio, bairro, cidade, vem, respeitosamente
perante Vossa Excelência, por seu advogado que esta subscreve (mandato incluso -
procuração anexa), com escritório em (endereço - CPC, art. 106, I), opor, em face de BANCO
DAS AMÉRICAS S/A (“Embargado”), devidamente qualificado nos autos de execução sob
nº 1012458-85.2017.8.26.0100,

EMBARGOS DE TERCEIRO COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

pelo procedimento especial, com base no art. 674 e seguintes do Código de Processo Civil,
nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
I. DOS FATOS

Em 03 de agosto de 2015, Joaquim celebrou com Eduardo (Embargante),


compromisso de venda e compra de imóvel de sua propriedade (doc. 1), localizado na
Avenida Vital Brasil, no Butantã, São Paulo, SP, registrado sob a matrícula 20.000 do 18º
Cartório de Registro de Imóveis da Capital de São Paulo e avaliado em R$ 200.000,00
(duzentos mil reais).

Ocorre que, por dificuldades financeiras, Eduardo não efetivou o registro no Cartório
de Registro de Imóveis, não lavrando ou registrando a necessária escritura. Apesar disso,
Eduardo tomou posse do imóvel e está utilizando-o para sua residência.

Em 6 de agosto de 2018, o Banco das Américas S.A. (Embargado) promoveu


execução por quantia certa contra devedor solvente em face de Joaquim, consistente no
valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), processo esse que se arrastou tendo em vista que o
credor tentava penhorar numerário em conta bancária do devedor, sem sucesso.

Em outubro de 2020, o Banco localizou o registro do imóvel acima referido em nome


de Joaquim e solicitou sua penhora no processo de execução nº
1012458-85.2017.8.26.0100, que tramita nesta vara do juízo. O imóvel foi penhorado,
conforme auto de penhora lavrado em 25 de janeiro de 2021.

Ou seja, o imóvel descrito acima, constrito em razão de débito de Joaquim, pertence à


Eduardo (Embargante), terceiro que não responde pela dívida. Nesse caminhar, a
consequência jurídica que se impõe aos fatos é a efetiva liberação do bem penhorado pelo
Banco, para que o Embargante possa voltar a usufruí-lo como sua residência.

II. DO DIREITO

II.I. DO CABIMENTO DE EMBARGOS DE TERCEIRO EM FACE DO


COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

Em sede inicial, faz-se necessário relembrar que o ora embargante adquiriu imóvel
mediante compromisso de compra e venda acordado com Joaquim, o qual outrora era, de fato,
o dono legítimo da propriedade. Por conseguinte, há que se destacar ainda que o embargante
não lavrou a escritura necessária para efetivar o registro no Cartório de Registro de Imóveis,
visto que os recursos eram limitados, todavia jamais agiu com má-fé no sentido de ludibriar a
parte com a qual firmou o compromisso de compra e venda e tampouco com o ideal de
transgredir a lei. Não obstante, o embargante tomou posse do imóvel adquirido a fim de
utilizá-lo como sua residência, contudo, em 6 de agosto de 2018 Joaquim foi executado e,
como o imóvel ainda constava em seu nome, este foi penhorado para satisfazer a dívida de
Joaquim em face do Banco das Américas S.A.
Tendo em vista o excerto supracitado, é importante frisar que os arts. 674 e seguintes
do CPC destacam que os embargos de terceiro são oponíveis a quem sofre constrição ou
ameaça de constrição em face dos bens que possua ou tenha direito incompatível com o ato
constritivo, mesmo que não seja parte no processo. Desse modo, como o ora embargante já
havia tomado posse do imóvel e valia-se do mesmo como residência, verifica-se, portanto, a
legitimidade dos presentes embargos, de modo que o embargante demonstre sua boa-fé e
consequentemente seu intento de permanecer de forma justa e idônea no imóvel que adquiriu.

Nesse sentido, aduz o art. 674 e a lição do jurista Marcus Vinicius Rios Gonçalves
sobre a temática dos embargos de terceiros, respectivamente:

Art. 674, caput, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

“É a ação que mais se aproxima das possessórias. Sua função é permitir ao


terceiro, que não é parte do processo, recuperar a coisa objeto de constrição
judicial. Não é possessória porque pode ser ajuizada não apenas pelo
possuidor, mas também pelo proprietário, e visa proteger o terceiro, não
propriamente de esbulho, turbação ou ameaça, mas de apreensão judicial
indevida. (Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual civil
esquematizado / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 10. ed. - São Paulo :
Saraiva Educação, 2019. p. 651 (Coleção esquematizado / coordenador
Pedro Lenza)

Posto isso, vale destacar que a penhora deverá refletir efeitos somente nos bens do
executado, isto é, o devedor propriamente dito da celeuma estabelecida, não havendo que se
falar na execução descabida de imóveis de terceiros, como a penhora que atinge o imóvel do
embargante de maneira totalmente descabida. Ante o exposto, mostra-se, mais uma vez, que
as alegações expostas pelo embargante encontram amparo e fundamentos jurídicos, mesmo
que não tenha havido o registro do imóvel, como se depreende da Súmula 84 do STJ, a qual
ressalta que:

“É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de


posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que
desprovido do registro.”1

Conforme o entendimento sumulado supramencionado, a juntada do compromisso de


compra e venda (doc. 1), faz prova sumária da posse do bem penhorado, atendendo o quanto
requisitado no art. 677, “caput”, do CPC:

1
Súmula 84, STJ.
“Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de
seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de
testemunhas”.

Além de que, tendo em vista que a penhora do bem foi decretada em processo de
execução, é patente a tempestividade da oposição dos presentes embargos de terceiros em
dependência ao referido processo, conforme autoriza os arts. 675 e 676 do Código de
Processo Civil.

Verifica-se, ainda sobre o tema em tela, a decisão do Superior Tribunal de Justiça


sobre a temática de embargos de terceiros e a legitimidade para sua oposição:

“Processual civil – embargos de terceiro – contrato de promessa de compra


e venda não inscrito no registro de imóvel – posse – penhora – execução –
(...) I – Inexistente fraude, encontrando-se os recorridos na posse mansa e
pacífica do imóvel, estão legitimados na qualidade de possuidores a opor
embargos de terceiro, com base em contrato de compra e venda não inscrito
no registro de imóvel, para pleitear a exclusão do bem objeto da penhora no
processo de execução, onde não eram parte, (...)– precedentes do Superior
Tribunal de Justiça. II – Recurso conhecido pela letra “c”, do permissivo
constitucional, a qual se nega provimento” (Processo nº 00019319-6/004 –
Recurso Especial – Origem: Taubaté – 3ª Turma – julgamento: 19.05.1992 –
relator: Min. Waldemar Zveiter – decisão: unânime).

Por fim, é evidente que figura no polo passivo apenas o Banco das Américas S/A, vez
que o art. 677, § 4º, do CPC estabelece que o credor do processo principal que ensejou a
constrição do bem é a parte legítima contra a qual deve-se opor embargos de terceiro.
Outrossim, foi o referido Banco que localizou o imóvel, sem qualquer indicação de Joaquim.
O supracitado artigo:

“Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita,


assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a
indicação do bem para a constrição judicial”.

II. II. DA MEDIDA LIMINAR

A condição de proprietário, possuidor e terceiro foram suficientemente provadas. Em


consonância ao art. 678, CPC, a decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio
ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto
dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o
embargante a houver requerido.
Nesse sentido:

“Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou


a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração
provisória da posse, se o embargante a houver requerido.”

Requer-se, portanto, a expedição liminar do mandado de manutenção da posse.

III. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

(I) já que comprovadas a propriedade e a posse do Embargante, seja


concedida medida liminar para suspender a constrição do imóvel, com
mandado de manutenção, nos termos do art. 678, “caput”, do CPC.

(II) a procedência da demanda para, confirmando a liminar concedida,


desfazer ou inibir definitivamente o ato de constrição, com o
reconhecimento da posse em nome do Embargante.

(III) a procedência da demanda para condenar o Embargado a pagar


custas e honorários advocatícios.

(IV) a intimação do Embargado para apresentar defesa no prazo legal.

(V) provar o alegado por todos os meios de provas previstos em lei,


especialmente pelos documentos já acostados e pela prova testemunhal,
cujo rol segue ao final.

(VI) a possibilidade de manifestar a pretensão em audiência de


conciliação, visto que o Autor não se opõe à realização de tal audiência.

(VII) informar que as intimações deverão ser encaminhadas ao patrono


do Autor, no endereço ___.

(VIII) comprovar o recolhimento das custas iniciais do processo,


conforme guia anexa (doc. __).

Atribui-se à causa o valor de 200.000,00 (duzentos mil reais).

ROL DE TESTEMUNHAS (art. 677, CPC):

1. Testemunha ____
2. Testemunha ____
3. Testemunha ____

Termos em que,

pede deferimento.

São Paulo/SP, _ de _ de 2021.

Advogado/Advogada

OAB __

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