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AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DE BOM JESUS DE GOIÁS-GO,

Autos nº xxxx.xxx-xx

MARIA MADALENA DE MENEZES, brasileira, casada, trabalhadora rural, CPF xxx,


residente e domiciliada no Projeto de Assentamento, Município de Bom Jesus de Goiás-GO,
telefone xxx, neste ato representada por seu procurador que subscreve, vem propor o
presente:

EMBARGOS DE TERCEIRO COM ANTECIPAÇÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Em face de LEÔNIDAS CAYADO, brasileiro, casado, fazendeiro, CPF, residente e


domiciliado no Município de Bom Jesus de Goiás-GO, telefone, diante das razões de fato de
direito a seguir expostas.

1- DAS PRELIMINARES

1.1 DA TEMPESTIVIDADE

Segundo o que pressupõe o CPC:

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no


processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado
a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta. (grifo nosso)

De acordo com o dispositivo acima, o presente recurso é tempestivo, já que foi


prolatada a sentença de reintegração de posse, e, posteriormente, foi interposta apelação,
com manutenção da decisão, sendo a sentença não transitada em julgado.

1.2. DA LEGITIMIDADE PARA PROPOSITURA DA AÇÃO


A embargante é casada com José Antônio de Meneses, réu na ação de despejo.
Dessa forma, ela é terceira interessada no processo, já que vem sofrendo ameaça de
constrição do seu bem, e, mesmo assim, não foi citada no processo.

Neste sentido, preceitua o Código de Processo Civil:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:

I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens


próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 . (grifo
nosso)

2. DOS FATOS

A embargante e mais 10 famílias ocuparam um imóvel no município de Bom Jesus


de Goiás. Este imóvel, de acordo com o INCRA, não estava cumprindo sua função social.
O imóvel foi ocupado no dia 02 de de setembro de 2000 e, desde então, as famílias
produzem alimentos neste terreno.

Houve a propositura de ação possessória, ajuizada nesta comarca, em março de


2001, com a consequente determinação de reintegração de posse. Posteriormente, o
embargado requereu o cumprimento de sentença para que haja o despejo das famílias.

No entanto, apesar de ser terceira interessada no processo, por exercer a posse no


local objeto da ação possessória, não foi devidamente citada, conforme previsto legalmente,
mesmo sendo identificada pelo oficial de justiça.

Além disso, não pode a parte embargante sofrer multa por resistência à
determinação judicial de despejo se não houve sua citação, já que, segundo os arts. 239 e
242 do CPC, para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado,
bem como esta deverá ser pessoal.

Por estas razões, não resta à embargante outra opção senão propor o presente
embargos de terceiro, para que seja resguardado seu direito de posse e de compor o polo
passivo da ação possessória.

3. DO DIREITO

O Código de Processo Civil prevê que:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição


ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário,


ou possuidor;

§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:


I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 . (grifo
nosso)

A situação da embargante é completamente semelhante ao que ilustra a supracitada


previsão legal, sendo necessária a interposição do presente recurso.

Nesta mesma linha, tem-se o entendido jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO. INTERESSE DE


AGIR. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DO CÔNJUGE EM AÇÃO
POSSESSÓRIA. I. Os embargos de terceiro são o instrumento
processual que a lei põe à disposição de quem, não sendo
parte no processo, sofre turbação ou esbulho na posse de
seus bens, por ato de apreensão judicial (art. 674, CPC/15). II. Nas
ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
III. Desta feita, para o êxito dos embargos de terceiro, bem como, para
declarar a nulidade da ação possessória em que deveria ter sido citada,
deve a parte, além de comprovar a sua qualidade de terceira,
demonstrar, de forma sumária, ser legítima possuidora dos
bens objetos que sofrem constrição ou ameaça de constrição que
possuem ou sobre os quais tenham direito, em decorrência de ordem
judicial, o que não se verifica no presente caso. RECURSO DE
APELAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. (grifo nosso)
Autos nº 0440998-07.2015.8.09.0029, 1ª Câmara Cível, TJGO, DJ
de 15/04/2019, Des. Rel. Mauricio Porfirio Rosa.

De acordo com ele, cabe à embargante comprovar a qualidade de terceira


possuidora do objeto que sofre constrição.
Isso foi demonstrado nos presentes autos pelos documentos juntados e será
confirmado pelo depoimento das testemunhas.

5. DA TUTELA DE URGÊNCIA

De acordo com o Código de Processo Civil:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
(grifo nosso)

No caso concreto, existe iminência de grave risco ao resultado útil do processo,


pois a embargante não foi nele citada, mesmo sendo parte legítima a ocupar o polo passivo
da ação.

Assim, está na iminência de perder a posse do bem onde reside com sua família,
mesmo sem ter tido a oportunidade de se manifestar nos autos em tempo hábil.

4. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer que:

a) sejam concedidos os benefícios da justiça gratuita, em razão da


hipossuficiência da parte embargante;
b) seja deferida a antecipação da tutela de urgência, concedendo efeito
suspensivo da constrição sobre a posse;
c) seja recebida e conhecida a presente ação, determinando o cancelamento
definitivo da constrição sobre o bem da embargante;
d) seja intimado o Ministério Público do Estado de Goiás, nos termos do art.
178, III do CPC;
e) seja a parte embargada devidamente intimada para apresentar contestação,
no prazo legal, e condenada ao pagamento das custas processuais e
honorários de sucumbência.
f) seja designada audiência preliminar para provar a posse sobre o bem;
Protesta provar o alegado por meio de todas as provas em direito admitidas.

Dá-se a causa o valor de R$ XXXX,XX

Nestes termos, pede deferimento.

Samuel
Ahmad Sarah
de Souza

OAB XXXXX

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