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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA__ VARA

CÍVEL DA COMARCA DE JOAÇABA – SANTA CATARINA

PAULO LOPES, brasileiro, solteiro, comerciante, portador do RG n.532.231,


inscrito no CPF sob o n.033.259.269-11, endereço eletrônico
paulo_l@hotmail.com, residente e domiciliado na Rua Coronel Lucidoro, n. 159,
Bairro Pôr do sol, no município de Joaçaba – SC, por intermédio de seus
advogados, com escritório profissional no endereço acima epigrafado, onde
recebem intimações, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com
esteio no artigo 1.210 e seguintes do Código Civil combinados com o artigo 560
e seguintes do Código de Processo Civil, propor:

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

em face de JUSTINO MOURA, brasileiro, casado, agricultor, portador


do RG n. 323.456 e inscrito no CPF n. 006.256.333-00, residente e domiciliado
na Rua da Paz, Bairro Três Barras, no município de Herval do Oeste/SC, pelos
motivos de fato e de direito a seguir:

I – DOS FATOS
O requerente é proprietário do imóvel objeto do presente litígio, desde
13 de maio de 2011, tendo aproximadamente 5,3 hectares (escritura pública
anexa).
O requerente, em 20 de janeiro de 2012 celebrou contrato de
arrendamento com o requerido, pelo prazo de 04 (quatro) anos, a começar em
janeiro de 2013 e terminar em abril de 2016. O valor do arrendamento é
R$12.000,00 anuais, o qual acordaram sejam os pagamentos realizados até o
dia 15 de março de cada ano (contrato de arrendamento rural anexo).
Sucede que, o último pagamento, com vencimento em 15 de março de
2016, não fora realizado, destarte que em 18 de março de 2016 fora enviada
notificação via correio, sendo esta entregue ao requerido em 21 de março de
2016 (cópia da notificação e aviso de recebimento anexos), constituindo-o,
assim, em mora.
Ocorre também, que o arrendatário subarrendou o imóvel a Antônio
Brasil em maio de 2015.

II – DO DIREITO

O Código de Processo Civil, em seu artigo 561 dispõe que:

Art. 561. Incumbe ao autor provar:


I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de
manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.

É isso o que faz o requerente nos itens que seguem.

II. 1 – DA POSSE

Conforme narrado acima, o requerente é proprietário do imóvel, sendo


possuidor indireto, e segundo o disposto no artigo 1.197 do Código Civil, o
possuidor indireto pode reaver sua posse:
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu
poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real,
não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

II. 2 – DO ESBULHO

Como já consabido, o artigo 560 do Código de Processo Civil dispõe


que:

Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em


caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de
violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

De acordo com os fatos acima, percebe-se que o requerente está


sendo esbulhado em sua posse, já que o requerido agiu de forma incoerente
com o acordado, infringindo a norma contratual, tendo, desde maio de 2015,
subarrendado o imóvel a um terceiro. Sendo que, este está praticando ato de
posse precária, como lecionam Cristiano Chaves de Farias e Nelson
Rosenvald:

“b.3. Posse precária: resulta do abuso de confiança do


possuidor que indevidamente retém a coisa além do prazo
avençado para o término da relação jurídica de direito real ou
obrigacional que originou a posse. Inicialmente, o precarista
era qualificado com o proprietário ou possuidor, conduzindo-se
licitamente perante a coisa. Todavia, unilateralmente delibera
manter o bem em seu poder, além do prazo normal de
devolução, praticando verdadeira apropriação indébita.
“(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nélson. Direitos
Reais. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Pág. 85)

Desta maneira, com tendo a posse precária, constata-se a figura


jurídica do esbulho, cabendo a ação de Reintegração de Posse, conforme os já
mencionados doutrinadores explicitam:

É o remédio processual adequado à restituição da posse


àquele que a tenha perdido em razão de um esbulho, sendo
privado do poder físico sobre a coisa. A pretensão contida na
ação de reintegração de posse é a reposição do possuidor à
situação pregressa ao ato de exclusão da posse, recuperando
o poder fático de ingerência socioeconômica sobre a coisa.
Não é suficiente o incômodo ou perturbação; essencial é que a
agressão provoque a perda da possibilidade de controle e
atuação material no bem antes possuído.

O artigo 31 do Decreto n. 59.566/66 estabelece que:

Art 31. É vedado ao arrendatário ceder o contrato de


arrendamento, subarrendar ou emprestar total ou parcialmente
o imóvel rural, sem prévio e expresso consentimento do
arrendador.

Provando assim, a ilicitude do subarrendamento realizado.


A jurisprudência majoritária também demonstra isto, in verbis:

DIREITO CIVIL – Arrendamento de imóvel rural –


Subarrendamento sem consentimento prévio e expresso dos
arrendadores – Ausência de demonstração, por parte dos réus,
dos fatos alegados pelos autores - Violação dos artigos 31 e 32
do Decreto nº 59.566/1966 que constitui justa causa a ensejar
o ajuizamento da ação de despejo cumulada com rescisão
contratual – Nulidades afastadas - Sentença de procedência
mantida – Recurso a que se nega provimento. (TJ-SP - APL:
00003559320128260097 SP 0000355-93.2012.8.26.0097,
Relator: Sergio Alfieri, Data de Julgamento: 05/05/2015, 27ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 06/05/2015)

II. 3 – PEDIDO CUMULADO DE LIMINAR

O autor faz jus à medida liminar de reintegração de posse inaudita


altera pars, conforme dispõe o artigo 562, caput c/c artigo 563 do Código de
Processo Civil.
Provados o esbulho e sua data (força nova) há de ser concedida a
liminar, independentemente da oitiva preliminar da parte promovida.

II. 4 – PEDIDO CUMULADO DE INDENIZAÇÃO

O diploma processual, pela norma do artigo 555, I do Código de


Processo Civil, admite que nas ações possessórias, o autor cumule pedido de
condenação por perdas e danos.
Tendo isto em vista, deve o requerido ser condenado ao pagamento do
último arrendamento, cujo qual vencera em 15 de março de 2016.
III – DO PEDIDO E DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:


a) A concessão da medida liminar inaudita altera pars, com a
consequente expedição do mandado, a fim de que a requerente
seja imediatamente reintegrada na posse do bem.
b) A citação do demandado, na forma do artigo 212, §2º, do Código
de Processo Civil, para querendo contestar a presente ação, no
prazo legal, sob pena de revelia e confissão (artigo 344 do Código
de Processo Civil);
c) Seja julgado procedente o pedido inicial;
d) A condenação do requerido a pagar as verbas de sucumbência,
inclusive honorários advocatícios.
e) A intimação pessoal do membro do Ministério Público.
f) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, especialmente pelos documentos colacionados,
depoimento pessoal das partes, oitivas de testemunhas, sem
prejuízo de quaisquer outros que se fizerem necessários no curso
da instrução processual.
Dá-se à causa o valor de R$ 15.878,18 (quinze mil e oitocentos e
setenta e oito reais e dezoito centavos).

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Joaçaba, 11 de abril de 2016.

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