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AO DOUTO JUIZO DE DIREITO DA (...

) VARA CÍVEL DA COMARCA DE


LAVRAS/MG.

DAYANA PERCILIANA CUSTÓDIO GARCIA portadora do

CPF: 130.991.846-59, brasileira, solteira, desempregada, residente e domiciliada à

rua Antônio Evangelista de Souza, número 319ª, bairro Belizandra, no município de

Lavras (MG), CEP 37200-000, por suas advogadas infra-assinadas, comparece

respeitosamente à presença de Vossa Excelência, para propor a presente:

AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, COM PEDIDO

LIMINAR nos termos dos artigos 319 c/c 560; 562 do Código de Processo Civil

e 1.210 do Código Civil.

Em face de JOSÉ MARIA DE SOUZA, regularmente inscrito no

CPF: (...), residente na (endereço completo ...), MATHEUS HENRIQUE DA SILVA e

sua mulher ELAINE, regularmente inscritos no CPF: (...), residentes e domiciliados na

Rua Daniella Souza, nº 100, residencial Fonte Verde.

Pelos fatos e fundamentos de direito expostos:


I – DOS FATOS

Dayana procurou auxílio jurídico alegando que possuía

uma casa no bairro Fonte Verde adquirida pelo Programa Minha Casa Minha Vida

no ano de 2014.

Na data (...) o seu irmão Jhonatan Renato Custodio

Garcia havia sido perseguido por criminosos, resultando em uma tentativa de

homicídio com 8 (oito) tiros.

Temendo sofrer algum tipo de represália pelo fato ocorrido

com o seu irmão, Dayana deixou o imóvel onde residia e a cidade.

Acontece que na data de 01/03/2018, Dayana celebrou

uma procuração com o Sr. José Maria de Souza, cujo teor seria a administração do

imóvel com amplos poderes conferidos ao próprio e como contraprestação, foi

imputado ao Sr. José Maria o pagamento da quantia de R$15.000,00 (quinze mil

reais), assumindo, ainda, as prestações e tributos da casa.

O Sr. José Maria passou a residir no imóvel de Dayana e

após decorrido um certo tempo, celebrou um possível contrato de locação com o Sr.

Matheus Henrique da Silva e sua mulher Elaine.

Insta salientar que Dayana não soube precisar ao certo

quando o Sr. José Maria parou de pagar as prestações da casa.

Na data de 28/10/2021, Dayana revogou a procuração

outorgada ao Sr. José Maria e ele fez a devolução do imóvel a Dayana.


Impende ressaltar ainda que Dayana não realizou nenhum

pagamento ao Sr. José Maria, alegando que este não aceitou.

A problemática gira então no fato de que os inquilinos

residentes atualmente no imóvel, Matheus e Elaine, argumentam serem donos da

casa, afirmando ainda que arcam com todas as prestações, bem como o IPTU. Isto

posto, se recusam a sair de forma voluntária do imóvel.

Outro ponto que merece destaque é o fato de que Dayana

realizou o pagamento do IPTU referente aos anos de 2019 e de 2020, sendo que o

IPTU do ano de 2021 ainda está em aberto.

Posta assim a questão, Excelência, Dayana procurou os

causídicos, com o intuito de ajuizar uma ação de Reintegração de Posse.

Eis os fatos.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.I – DA JUSTIÇA GRATUITA – art. 5º inciso LXXIV da

CF/88 e art. 98 e seguintes do CPC.

A Requerente pleiteia os benefícios da Justiça Gratuita

assegurada pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e o art. 98 e seguintes do

Código de Processo Civil, a saber:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;
Em conformidade com o supramencionado artigo, importa

salientar que a Requerente não possui condições de arcar com os custos do

processo, posto que não possui nenhum registro de trabalho em sua carteira.

A sua renda familiar advém da pensão alimentícia que é

direcionada aos seus filhos, nos valores de R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) e R$

400,00 (quatrocentos reais) subsistindo, desde então, com esse valor e doações, o

que é insuficiente para arcar com as custas e despesas judiciais sem prejuízo de seu

próprio sustento.

Sendo assim, na oportunidade, junta declaração de

hipossuficiência econômica para fins judiciais e pleiteia os benefícios da assistência

judiciária.

É preciso insistir também no fato de que o art. 98 e

seguintes do CPC aduz que:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Como se observa, a requerente encaixa-se em todas os

preceitos da referida norma, sendo, assim como inicialmente demonstrado, pessoa

natural, brasileira e com insuficiência de recursos para pagar todas as custas do

processo, bem como os honorários advocatícios, podendo, então, usufruir do

benefício da gratuidade da justiça.

Pelo exposto, requer o deferimento dos benefícios da

justiça gratuita, sob pena de restar prejudicado o acesso da parte ao Poder Judiciário,

ferindo as disposições constitucionais contidas no art. 5º, LXXIV, da CF/88.


II.II – DO PEDIDO LIMINAR

O artigo 562 do Código de Processo Civil, ao tratar da

manutenção e da reintegração de posse, dispõe que:

Art. 562. “Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá,


sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente
o alegado, citando se o réu para comparecer à audiência que for
designada”.

Ante o expendido, cumpre observar, por derradeiro, que

uma vez que a petição inicial foi devidamente instruída e devidamente comprovados

todos os requisitos para o deferimento da ação, é imprescindível o deferimento da

medida liminar, inaudita altera pars, em favor da requerente, o que se requer, desde

já.

II.III – DO DIREITO

A visto do até aqui exposto, mister se faz ressaltar que,

em primeiro momento, a propriedade privada está inserida no âmbito dos direitos e

garantias fundamentais do indivíduo, disposta no art. 5º, XXII, da CF/88:

Art. 5. – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros, e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a
propriedade, nos termos seguintes: (…)

XXII – é garantido o direito de propriedade;

O raciocínio - que se afigura irretocável - tem plena

aplicação ao caso presente, posto que a requerente possui direito a propriedade, visto
que todos os documentos ora anexados comprovam que Dayana é a detentora da

posse do imóvel.

Registre-se, ainda, que nos moldes do art. 560 do Código

de Processo Civil, a Requerente foi esbulhada de sua propriedade, posto que

Matheus e Elaine estão atualmente residindo no imóvel e se recusam a deixá-lo.

Assim, vide o artigo 560 do CPC:

Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação e reintegrado em caso de esbulho.

À guisa de arremate, o artigo 1.210 do Código Civil dispõe

que:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de

turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver

justo receio de ser molestado.

§ 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por


sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição
da posse.

§ 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de


propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Por derradeiro e como de início frisado, a Requerente

possui o pleno direito na posse do imóvel, posto que, com base no artigo

supramencionado, no caso em que haja a turbação ou o esbulho, incumbe a

possuidora a restituição do imóvel por sua própria força. Acrescente-se, ainda, que no

Estado de Direito, cabe ao Estado prestar tutela jurisdicional, sendo certo que
nenhuma lesão ou ameaça a direito será excluída da apreciação do Poder Judiciário

(C. F., art. 5º, XXXV).

Nesse sentido, o entendimento consubstanciado no julgado

que ora transcrevemos expressa que:

EMENTA: APELAÇÃO - AÇÃO DE DESPEJO - CONEXÃO - AÇÃO DE


CONSIGNAÇÃO DE CHAVES C/C CONSIGNAÇÃO DE PAGAMENTO
(ALUGUÉIS E ACESSÓRIOS) C/C RESCISÃO CONTRATUAL - RISCO DE
DECISÕES CONFLITANTES - NULIDADE DA SENTENÇA.

- Constatada a conexão entre as ações de despejo e ação de consignação de


pagamento c/c rescisão contatual, há deve ser determinada a reunião dos
processos, observando-se o artigo 55, §1º e 3º, e 58 do CPC, que
estabelecem a necessidade de julgamento simultâneo, o que, uma vez não
efetuado, gera nulidade, dado o risco de prejuízo superveniente a ser
causado às partes em caso de decisões conflitantes. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.21.047521-6/001, Relator(a): Des.(a) Juliana Campos Horta , 12ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 16/12/2021, publicação da súmula em
13/01/2022).

Com base na jurisprudência aclarada, é inegável o direito

da Requerente, sendo imprescindível, para a manutenção da devida justiça e o

atendimento à legislação brasileira em vigor, que seja deferida a presente ação, o que

desde já requer.

DOS PEDIDOS:

Diante ao exposto requer de vossa excelência o que segue:

I. Seja deferida a medida liminar, determinado a reintegração da Requerente na

posse do bem, nos termos do art. 562 do CPC;


II. O benefício da gratuidade processual, nos termos dos artigos 5º, inciso LXXIV

da Constituição Federal de 1988 e o art. 98 e seguintes do Código de Processo

Civil;

III. O julgamento pela procedência do pedido principal, de forma a determinar a

cessação do esbulho e a reintegração da Requerente na posse do bem

esbulhado, por todos os termos e fundamentos já expostos;

IV. A condenação do Requerido ao pagamento das custas processuais, bem como

dos honorários advocatícios a título sucumbencial;

V. Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito e cabíveis a

espécie, em especial documental, pela oitiva de testemunhas e prova pericial e

também pelo depoimento do Requerido, sob pena de confissão;

VI. Requer-se que todas as notificações/intimações alusivas ao feito sejam dadas

às advogadas infra-assinadas, cujo dados contam na procuração;

VII. Seja o Requerido condenado a pagar multa por cada dia em que deixe de

cumprir com a determinação de fazer cessar o esbulho, nos termos da lei

Dá-se à causa o valor de R$ 1.212,20 (um mil, duzentos e

doze e vinte centavos).

Termos em que, pede deferimento

Lavras (MG), 09 de março de 2022.

Iasmim Cristina Rodrigues Brilhante


OAB/MG: XX.XX

Maria Eduardda de Figueiredo Siqueira Campos


OAB/MG: XX.XX

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