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A Lei de Improbidade Administrativa (LIA) foi substancialmente alterada pela Lei n° 14.230/21.
Desta forma, diante da Reforma de 2021 da LIA, em matéria de sanções pela prática de ato de
improbidade administrativa, é correto afirmar que
a) as sentenças civis e penais produzirão efeitos em relação à ação de improbidade, exceto quando
concluírem pela inexistência da conduta ou pela negativa da autoria.
b) as sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser compensadas com as
sanções aplicadas nos termos da LIA
c) os atos do órgão de controle interno ou externo não poderão ser considerados pelo juiz quando
tiverem servido de fundamento para a conduta do agente público.
d) a aplicação das sanções previstas na LIA dependerá da aprovação ou rejeição das contas pelo
órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
e) a aplicação das sanções previstas na LIA independerá da efetiva ocorrência de dano ao
patrimônio público, no que tange às condutas previstas nos artigos 9°, 10° e 11º da citada Lei.
Art. 21 [...] § 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deverão ser
compensadas com as sanções aplicadas nos termos desta Lei.
No início do ano de 2023, João, Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, dolosamente, exerceu
atividade de consultoria e assessoramento, recebendo remuneração de dez mil reais, para o
contribuinte José, cuja declaração do imposto de renda de pessoa física estava retida em malha
fiscal, pois ocorrem diferenças de informações entre aquilo que foi informado pelo contribuinte e
as demais informações constantes na base de dados da RFB. É evidente que José tinha interesse
suscetível de ser atingido por ação ou omissão decorrente das atribuições do citado agente público,
durante sua atividade funcional, haja vista que o próprio João faria a posterior análise das
informações e documentos a serem apresentados pelo contribuinte, e ambos tinham
conhecimento de tal fato.
No caso em tela, consoante dispõe a Lei nº 8.429/92, com as alterações introduzidas pela Lei nº
14.230/21, em tese
a) João e José não podem ser responsabilizados por ato de improbidade administrativa, diante da
expressa revogação do tipo que capitulava a conduta narrada como ato improbo.
b) João e José podem ser responsabilizados por ato de improbidade administrativa que importou
enriquecimento ilícito, entre cujas sanções está o pagamento de multa civil equivalente ao valor do
acréscimo patrimonial
c) João e José podem ser responsabilizados por ato de improbidade administrativa que atentou
contra os princípios da Administração Pública, entre cujas sanções está o pagamento de multa civil
de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente
d) apenas José, na qualidade de contribuinte, praticou ato de improbidade, e João pode ser
responsabilizado por falta funcional.
e) apenas João, na qualidade de agente público, praticou ato de improbidade, e José pode ser
responsabilizado por dano moral coletivo.
Art. 9º [...] VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria
ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível
de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
agente público, durante a atividade;
Em outubro de 2022, José, presidente da autarquia estadual Delta, no exercício da função, de forma
dolosa, percebeu vantagem econômica direta, consistente em propina no valor de vinte mil reais, para
facilitar a locação de bem imóvel de seu primo João, que concorreu dolosamente para o ato ilícito, pela
autarquia em que ocupa cargo de gestão, por preço superior ao valor de mercado.
No caso em tela, foi cometido ato de improbidade administrativa por:
a) José e João, que estão sujeitos, entre outras, à sanção de suspensão dos direitos políticos até catorze
anos
b) José, que está sujeito, entre outras, à sanção de suspensão dos direitos políticos até oito anos;
c) José, na qualidade de agente público, mas não por João, que é particular e deve responder no âmbito
da responsabilidade civil;
d) João, pois concorreu e se beneficiou do ato ímprobo, e está sujeito, entre outras, à sanção de
pagamento de multa civil equivalente ao triplo do valor do acréscimo patrimonial;
e) José e João, que estão sujeitos, entre outras, à proibição de contratar com o poder público ou de
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
de pessoa jurídica da qual sejam sócios majoritários, pelo prazo não superior a oito anos.
Perda dos Perda da Suspensão dos Multa Proibição de
bens função d. políticos contratar / receber
benef.
EI

LE

AP

Obs.: ressarcimento será aplicável sempre que houver “dano efetivo”


Em junho de 2020, João, ex-Secretário Estadual de Fazenda, foi condenado, com trânsito
em julgado, pela prática de ato de improbidade administrativa que causou prejuízo ao
erário, por ter, culposamente, concedido benefício administrativo ao particular Antônio,
sem a observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie. Em
janeiro de 2023, no bojo de processo de cumprimento de sentença, João alegou que as
alterações promovidas pela Lei nº 14.230/21 na Lei de Improbidade Administrativa
devem retroagir, pois não existe mais ato de improbidade culposo. No caso em tela, de
acordo com a atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a tese de João
a) não merece prosperar, pois exclusivamente os atos previstos na Lei de Improbidade
que causam prejuízo ao erário ainda são puníveis na modalidade culposa.
b) não merece prosperar, pois a norma benéfica que revogou a modalidade culposa do
ato de improbidade administrativa é irretroativa para os processos de execução das
penas, pela eficácia da coisa julgada
c) merece prosperar, pela aplicação do princípio da retroatividade da lei mais benéfica
em matéria de direito sancionador, diante da indisponibilidade dos bens jurídicos
tutelados pela lei de improbidade administrativa.
d) não merece prosperar, pelo princípio tempus regit actum, aplicando-se a regra da
irretroatividade da lei e a preservação dos atos jurídicos perfeitos, seja para os processos
de conhecimento em andamento, seja para os casos em que já houve trânsito em
julgado.
e) merece prosperar, pelo princípio do in dubio pro reo que orienta a aplicação de
normas relativas ao direito administrativo sancionador, haja vista que a nova lei dispõe
que se aplicam ao sistema da improbidade os princípios constitucionais do direito
administrativo sancionador.
ARE 843.989 (Tema 1199)
1) É necessária a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação
dos atos de improbidade administrativa, exigindo-se nos artigos 9º, 10 e 11 da
LIA a presença do elemento subjetivo dolo;
2) A norma benéfica da Lei 14.230/2021 revogação da modalidade culposa do ato
de improbidade administrativa, é irretroativa, em virtude do artigo 5º, inciso
XXXVI, da Constituição Federal, não tendo incidência em relação à eficácia da
coisa julgada; nem tampouco durante o processo de execução das penas e seus
incidentes;
ARE 843.989 (Tema 1199)
3) A nova Lei 14.230/2021 aplica-se aos atos de improbidade administrativa
culposos praticados na vigência do texto anterior, porém sem condenação
transitada em julgado, em virtude da revogação expressa do tipo culposo,
devendo o juízo competente analisar eventual dolo por parte do agente.
4) O novo regime prescricional previsto na Lei 14.230/2021 é irretroativo,
aplicando-se os novos marcos temporais a partir da publicação da lei.
[ARE 843.989 (Tema 1.199). Rel. Min. Alexandre de Moraes. Julg. em 18/8/2022].
Aplicação da reforma da LIA
A Lei nº 14.230/2021 altera a Lei nº 8.429/1992 e dispõe sobre as sanções aplicáveis em
casos de improbidade administrativa. Acerca das sanções nela previstas, assinale a
afirmativa correta.
a) Em caso de ressarcimento integral do dano patrimonial e de sanções penais não
cabem outras sanções nas hipóteses dos artigos 9º e 10 da Lei de Improbidade
Administrativa.
b) Independente do ressarcimento integral do dano patrimonial nas hipóteses dos
artigos 9º e 10 da Lei de Improbidade Administrativa cabem a perda dos direitos políticos
por até 14 anos e a proibição de contratar com o poder público por até 12 anos,
respectivamente
c) Em caso de ressarcimento integral do dano patrimonial ou de sanções penais não
cabem outras sanções nas hipóteses dos artigos 9º e 10 da Lei de Improbidade
Administrativa.
d) Independente do ressarcimento integral do dano patrimonial nas hipóteses dos
artigos 10 e 11 da Lei de Improbidade Administrativa cabem a perda dos direitos
políticos por até 14 anos e a proibição de contratar com o poder público por até 24 anos,
respectivamente.
e) Independente do ressarcimento integral do dano patrimonial nas hipóteses dos
artigos 9º e 11 da Lei de Improbidade Administrativa cabem a perda dos direitos políticos
por até 12 anos e a proibição de contratar com o poder público por até 24 anos,
respectivamente.
Em tema de sujeitos ativos do ato de improbidade administrativa, de acordo com a atual
redação da Lei nº 8.429/92, assinale a afirmativa correta.
a) As disposições da Lei de Improbidade Administrativa são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra culposa ou
dolosamente para a prática do ato de improbidade.
b) Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito
privado não respondem, em qualquer hipótese, pelo ato de improbidade que venha a
ser imputado à pessoa jurídica.
c) Os agentes públicos que podem cometer ato de improbidade são o agente político, o
servidor público e todo aquele que exerce, necessariamente de forma permanente e
com remuneração, mandato, cargo, emprego ou função pública.
d) As sanções da Lei de Improbidade Administrativa não se aplicarão à pessoa jurídica,
caso o ato de improbidade administrativa seja também sancionado como ato lesivo à
Administração Pública de que trata a Lei nº 12.846/2013 – Lei Anticorrupção
e) O particular, pessoa física ou jurídica, que celebra com a Administração Pública
convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria, termo de
cooperação ou ajuste administrativo equivalente, no que se refere a recursos de origem
pública, não se sujeita às sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
A Lei de Improbidade Administrativa sofreu substanciais alterações pela Lei nº
14.230/2021, de maneira a, por um lado, normatizar entendimentos já consolidados e,
por outro, modificar o regime jurídico em relação à tipificação dos atos de improbidade,
procedimentos, sanções etc.
Nesse contexto, em matéria de aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade, a
atual redação legal é no sentido de que
a) as sanções previstas na lei deverão ser executadas após a sentença condenatória,
exceto a perda da função pública, pois os recursos não possuem efeito suspensivo.
b) a sanção de proibição de contratação com o poder público não poderá constar do
Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas previsto na Lei Anticorrupção.
c) a sanção de suspensão dos direitos políticos deve ter seu prazo contado, computando-
se, retroativamente, o intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em
julgado da sentença condenatória
d) as sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base na Lei de Improbidade e na Lei
Anticorrupção não deverão observar o princípio do non bis in idem, pela independência
das instâncias.
e) a sanção de proibição de contratação com o poder público deve, em regra, extrapolar
o ente público lesado pelo ato de improbidade, observada a responsabilidade pelos
impactos econômicos e sociais das sanções.
1. (FGV – Senado/2022) A Lei nº 8.429/1992, recentemente alterada pela Lei nº
14.230/2021, dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de
improbidade administrativa. A lei também tipifica as condutas dolosas que configuram
atos de improbidade administrativa. De acordo com a Lei nº 8.429/1992, relacione o tipo
de ato administrativo à sua descrição.
1. Atos de Improbidade Administrativa que importam enriquecimento ilícito.
2. Atos de Improbidade Administrativa que causam prejuízo ao erário.
3. Atos de Improbidade Administrativa que atentam contra os princípios da
Administração Pública.
( ) Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação
oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
serviço.
( ) Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão
decorrente das atribuições do agente público.
( ) Ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento.
( ) Frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de
chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou
indireto, ou de terceiros.
( ) Frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimonial
efetiva.
Assinale a opção que indica a relação correta, na ordem apresentada.
a) 1, 1, 2, 3 e 3.
b) 3, 1, 2, 3 e 2
c) 3, 1, 1, 3 e 2.
d) 2, 2, 1, 3 e 3.
e) 2, 3, 3, 2 e 1.
O Ministério Público Federal ajuizou ação de improbidade administrativa em face de João,
ocupante do cargo efetivo de Consultor Legislativo do Senado Federal, imputando-lhe a prática de
conduta ímproba comissiva dolosa que atentou contra os princípios da administração pública, por
violação dos deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade. De acordo com a
acusação, o servidor João, de forma livre e consciente, no mês de agosto de 2022, revelou fato de
que tinha ciência em razão das atribuições e que devia permanecer em segredo, propiciando
beneficiamento por informação privilegiada.
No caso narrado, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa (com redação dada pela Lei
nº 14.230/21),
a) o servidor João praticou ato de improbidade administrativa e ainda teria praticado o ato
ímprobo, mesmo que sua conduta tivesse sido omissiva ou culposa, diante da inequívoca violação a
princípios da administração pública.
b) o juízo competente deve proferir sentença na ação de improbidade administrativa aplicando a
João sanções como a perda da função pública e o pagamento de multa civil de até 24 (vinte e
quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente.
c) o servidor João não praticou ato de improbidade administrativa, exceto se for comprovada a
efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público e, na ausência de prejuízo ao erário, deve ser
responsabilizado apenas nas esferas criminal e administrativa.
d) o juízo competente, ao proferir sentença na ação de improbidade administrativa, não pode
condenar João a perda da função pública, por ausência de previsão legal dessa sanção para o tipo
de ato ímprobo praticado
e) o juízo competente deve proferir sentença na ação de improbidade administrativa aplicando a
João sanções, como a suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos e a proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, pelo
prazo não superior a 12 (doze) anos.
De acordo com a nova redação da Lei de Improbidade Administrativa, em tese, a
conduta de nomear dolosamente com finalidade ilícita cônjuge, companheiro ou parente
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou,
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
ajuste mediante designações recíprocas
a) constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública
b) não constitui ato de improbidade administrativa, mas constitui crime de
responsabilidade.
c) não mais constitui ato de improbidade administrativa, por revogação do correlato
dispositivo legal que tratava do tema.
d) constitui ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário.
e) constitui ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito.
André, técnico legislativo ‐ policial legislativo do Senado Federal, em setembro de 2022,
valendo-se de sua função de supervisor de departamento, de forma dolosa, com vontade
livre e consciente, utilizou, em obra de reforma de sua casa de campo, o trabalho de
estagiários da Casa Legislativa, durante o expediente, em serviços de jardinagem.
Assim agindo, em tese, André praticou ato de improbidade administrativa que
a) importou enriquecimento ilícito, entre cujas sanções está a suspensão dos direitos
políticos até 14 (catorze) anos
b) atentou contra os princípios da administração pública, entre cujas sanções está o
pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente.
c) causou prejuízo ao erário, entre cujas sanções está a perda da função pública e o
pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente.
d) importou enriquecimento ilícito, entre cujas sanções está a perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio e a cassação dos direitos políticos.
e) causou prejuízo ao erário, entre cujas sanções está a proibição de contratar com o
poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos.
Em agosto de 2022, Cássio, servidor público ocupante do cargo de Analista Legislativo do
Senado Federal, no exercício da função, de forma dolosa, facilitou a aquisição de
determinados bens por preço superior ao de mercado, causando lesão ao erário.
Consoante dispõe a atual redação da Lei nº 8.429/92, após o devido processo legal no
bojo de ação de improbidade administrativa, Cássio está sujeito, entre outras, à sanção
de
a) perda da função pública, que atinge apenas o cargo de Analista Legislativo do Senado
Federal
b) pagamento de multa civil equivalente a até cem vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente.
c) suspensão dos direitos políticos até 8 (oito) anos, que somente poderá ser executada
após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
d) pagamento de multa civil equivalente ao dobro do valor do dano ao erário, podendo o
magistrado aumentá-la até o quádruplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, o valor inicial é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de
improbidade.
e) perda da função pública, que atinge, em regra, o cargo de Analista Legislativo do
Senado Federal, podendo o magistrado, contudo, e em caráter excepcional, estendê-la
aos demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da infração.
O órgão competente do Estado Beta recebeu notícia, embasada em fartos elementos
probatórios, indicando que João, servidor público ocupante de cargo de provimento
efetivo, praticara atos de tortura, no exercício da função, em detrimento de diversas
crianças alcançadas por sua atuação funcional. De acordo com o noticiante, tais condutas
configuravam atos de improbidade administrativa tipificados na Lei nº 8.429/1992,
devendo ser adotadas as providências cabíveis nessa seara, sem prejuízo da
responsabilização administrativa e criminal de João.
Instada a se manifestar, a assessoria jurídica observou, corretamente, que João:
a) não pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa, já que sua
conduta não se enquadra na tipologia da Lei nº 8.429/1992
b) somente pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa tipificado
na Lei nº 8.429/1992 caso seja previamente condenado na instância penal;
c) somente pode ser alcançado por uma instância de responsabilização, o que decorre do
princípio que veda a responsabilização em duplicidade pelo mesmo fato;
d) somente pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa tipificado
na Lei nº 8.429/1992 caso o regime jurídico dos servidores tenha previsto a aplicação
dessa lei;
e) pode ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa tipificado na Lei nº
8.429/1992, já que sua conduta afrontou os princípios regentes da atividade estatal.
José, prefeito do Município Delta, de forma dolosa, praticou ação que ensejou, efetiva e
comprovadamente, perda patrimonial do Município, na medida em que, consciente e
voluntariamente, realizou operação financeira sem observância das normas legais,
causando dano ao erário.
Consoante dispõe a Lei de Improbidade Administrativa, com redação atual dada pela Lei
nº 14.230/2021, em tese, José:
(A) não praticou ato de improbidade administrativa, por falta de adequação típica, mas é
passível de responsabilização pelo Tribunal de Contas estadual;
(B) não praticou ato de improbidade administrativa, por revogação do tipo anterior que
considerava a conduta praticada como ato ímprobo, mas pode lhe ser imputado crime
de responsabilidade;
(C) praticou ato de improbidade administrativa e é inviável qualquer tipo de transação,
diante da indisponibilidade do direito sancionador, de maneira que José está sujeito,
entre outras sanções, à perda da função pública e suspensão dos direitos políticos;
(D) praticou ato de improbidade administrativa e, caso preenchidos os requisitos legais,
é possível a celebração de termo de ajustamento de conduta com o Tribunal de Contas,
ouvido o Ministério Público que se manifestará acerca do valor do dano ao erário, com
indicação dos parâmetros utilizados, no prazo de trinta dias;
(E) praticou ato de improbidade administrativa e, caso preenchidos os requisitos legais, é
possível a celebração de acordo de não persecução cível com o Ministério Público,
circunstância em que, para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido, deve ser
realizada a oitiva do Tribunal de Contas, que se manifestará, com indicação dos
parâmetros utilizados, no prazo de noventa dias
Antônio, agente público, foi acusado, por seu superior hierárquico, de ter causado dano
ao Erário, o que foi reduzido a termo em representação na qual lhe atribuiu ato de
improbidade tipificado na Lei nº 8.429/1992.
À luz da sistemática legal, é correto afirmar que a tipologia da Lei nº 8.429/1992, na qual
pode ser enquadrada a mencionada conduta de Antônio, é
(A) taxativa, admitindo apenas o dolo.
(B) taxativa, admitindo o dolo e a culpa.
(C) exemplificativa, admitindo apenas o dolo
(D) exemplificativa, admitindo o dolo e a culpa.
(E) exemplificativa, sendo estruturada com base na responsabilidade objetiva.
Em agosto de 2022, João, servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho da Zª
Região, de forma dolosa, frustrou, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial
de concurso público, com vistas à obtenção de benefício de sua namorada Joana.
De acordo com a atual redação da Lei nº 8.429/92, em tese, José praticou ato de
improbidade administrativa que
(A) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, entre outras, à sanção de suspensão
dos direitos políticos até 12 (doze) anos.
(B) causou prejuízo ao erário e está sujeito, entre outras, à sanção de suspensão dos
direitos políticos até 14 (catorze) anos.
(C) atentou contra os princípios da administração pública e está sujeito, entre outras, à
sanção de perda da função de qualquer vínculo ou natureza.
(D) atentou contra os princípios da administração pública e está sujeito, entre outras, à
sanção de pagamento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente
(E) importou enriquecimento ilícito e está sujeito, entre outras, à sanção de proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 8 (oito) anos.
Em março de 2022, José, analista judiciário do Tribunal de Justiçado Distrito Federal e
dos Territórios, de forma dolosa, no exercício da função, revelou fato de que tinha
ciência em razão das atribuições e que devia permanecer em segredo, propiciando
beneficiamento por informação privilegiada e, ainda, colocando em risco a segurança da
sociedade e do Estado.
De acordo com a atual redação da Lei n° 8.429/1992, José praticou ato de improbidade
administrativa e, após o devido processo legal, está sujeito às seguintes cominações, que
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
a) pagamento de multa civil de até 24 vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a quatro anos
b) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos,
pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
c) perda da função pública, pagamento de multa civil de até 24 vezes o valor da
remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público ou de
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior
a quatro anos;
d) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até doze anos,
pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de contratar com o
poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo não superior a doze anos;
e) perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até catorze anos,
pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual
seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a catorze anos.
Art. 12. [...] III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até 24
(vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro) anos;
Em matéria de aplicação das sanções previstas na Lei de Improbidade Administrativa, de
acordo com a atual redação da Lei nº 8.429/1992, é correto afirmar que
a) a sanção de perda da função pública, em relação a qualquer ato de improbidade,
atinge qualquer vínculo que o agente tiver com o poder público no momento do trânsito
em julgado da sentença condenatória.
b) na responsabilização da pessoa jurídica, não poderão ser considerados os efeitos
econômicos e sociais das sanções, pois o interesse público está acima do privado de a
viabilizar a manutenção de suas atividades.
c) se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere a Lei de
Improbidade não deverá deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias criminal, civil e
administrativa, ainda que tenha por objeto os mesmos fatos, diante do caráter
sancionador da improbidade.
d) a multa civil pode ser aumentada até cinco vezes o valor máximo previsto para cada
espécie de ato de improbidade, se o juiz considerar que, em virtude da situação
econômica do réu, o valor inicialmente previsto é ineficaz para reprovação e prevenção
do ato de improbidade.
e) em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a sanção
de proibição de contratação com o poder público pode extrapolar o ente público lesado
pelo ato de improbidade, observados os impactos econômicos e sociais das sanções, de
forma a preservar a função social da pessoa jurídica
Art. 12 § 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, a sanção de proibição de contratação com o poder público pode
extrapolar o ente público lesado pelo ato de improbidade, observados os impactos
econômicos e sociais das sanções, de forma a preservar a função social da pessoa
jurídica, conforme disposto no § 3º deste artigo.
Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva com atribuição ajuizou ação civil pública por ato
de improbidade administrativa imputando ao ex-Prefeito do Município Alfa o ato
ímprobo consistente em ter permitido a aquisição de veículos para a frota da Prefeitura
por preço superior ao de mercado. Terminada a fase de instrução processual, o réu
manifestou interesse em tentar a resolução do conflito de forma consensual com o
Ministério Público.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa
(com as alterações introduzidas pela Lei nº 14.230/21), a solução negocial proposta é
a) impossível, porque o ordenamento jurídico veda expressamente a transação, o acordo
ou a conciliação nas ações de improbidade, pelo princípio da indisponibilidade.
b) impossível, porque na atual fase do processo já houve preclusão para tentativa de
transação, acordo ou conciliação na ação de improbidade.
c) possível, mediante a celebração de termo de ajustamento de conduta, que deverá ser
submetido à homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público.
d) possível, mediante a celebração de transação penal, que deverá ser submetido à
homologação judicial.
e) possível, mediante a celebração de acordo de não persecução civil, que deverá ser
submetido à homologação judicial
Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circunstâncias do caso concreto,
celebrar acordo de não persecução civil, desde que dele advenham, ao menos, os
seguintes resultados:
I - o integral ressarcimento do dano;
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida obtida, ainda que
oriunda de agentes privados.

Art. 17. § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes


requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a
90 (noventa) dias.
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste artigo dependerá,
cumulativamente:
I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior ou posterior à
propositura da ação;
II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo órgão do Ministério
Público competente para apreciar as promoções de arquivamento de inquéritos
civis, se anterior ao ajuizamento da ação;
III - de homologação judicial, independentemente de o acordo ocorrer antes ou
depois do ajuizamento da ação de improbidade administrativa.
Os policiais militares Antônio e João, do Estado Beta, no exercício da função e de forma
dolosa, receberam vantagem econômica direta, consistente em propina no valor de
trinta mil reais, para tolerar a prática de narcotráfico por determinada organização
criminosa.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 8.429/92 (com alterações da Lei nº 14.230/21),
Antônio e João
a) não praticaram ato de improbidade administrativa, pois não houve efetivo prejuízo ao
erário estadual, mas respondem nas esferas disciplinar e criminal.
b) não praticaram ato de improbidade administrativa, até que sobrevenha decisão
judicial transitada em julgado em processo criminal reconhecendo a prática do delito.
c) praticaram ato de improbidade administrativa que viola princípios da administração
pública e estão sujeitos, entre outras, à sanção de cassação dos direitos políticos.
d) praticaram ato de improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito e
estão sujeitos, entre outras, à sanção de suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze)
anos
e) praticaram ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário e estão
sujeitos, entre outras, à sanção de pagamento de multa civil de até o dobro do valor da
remuneração percebida pelos agentes.
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a
exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
O Ministério Público do Estado da Bahia ajuizou em face de João, ex-prefeito do
Município Alfa, ação civil pública de improbidade administrativa, imputando-lhe a prática
de ato ilícito que causou prejuízo ao erário, na medida em que frustrou a licitude de
processo licitatório para beneficiar determinada sociedade empresária, acarretando
perda patrimonial efetiva ao Município. No caso em tela, no bojo da citada ação civil
pública por ato de improbidade administrativa, além do ressarcimento ao erário, João
está sujeito a algumas sanções como, por exemplo:
a) pena privativa de liberdade de reclusão, suspensão dos direitos políticos por
determinado prazo e indisponibilidade de bens;
b) cassação dos direitos políticos, proibição de contratar com o poder público ou de
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios por prazo determinado e prisão;
c) pena privativa de liberdade de detenção, multa penal e proibição de contratar com o
poder público por prazo determinado;
d) perda da função pública, suspensão dos direitos políticos por determinado prazo e
pagamento de multa civil
e) indisponibilidade de bens, perda da função pública e proibição para sempre de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios.
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos
políticos até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição de
contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo não superior a 12 (doze) anos;

Perda dos bens Perda da função Suspensão dos d. Multa Proibição de contratar /
políticos receber benef.
EI X X Até 14 anos Equiv. acréscimo Até 14 anos

LE Se concorrer X Até 12 anos Equiv. ao dano Até 12 anos

AP - - - Até 24x remun. Até 4 anos

Obs.: ressarcimento será aplicável sempre que houver “dano efetivo”


Em janeiro de 2022, o policial civil João, do Estado Alfa, de forma dolosa, a fim de obter
proveito ou benefício indevido para outra pessoa, revelou fato de que tinha ciência em
razão das suas atribuições e que devia permanecer em segredo, propiciando
beneficiamento a terceiro por informação privilegiada.
Consoante dispõe a Lei de Improbidade Administrativa (com as alterações introduzidas
pela Lei nº 14.230/21), João praticou ato de improbidade administrativa que atentou
contra os princípios da Administração Pública (Art. 11 da Lei nº 8.429/92) e, no bojo de
ação civil pública por ato de improbidade administrativa, o policial
a) não está sujeito a perda da função pública, por ausência de previsão legal
b) está sujeito a perda da função pública, que atinge qualquer vínculo existente entre o
agente público e o poder público no momento do trânsito em julgado da sentença.
c) está sujeito a perda da função pública, que atinge qualquer vínculo existente entre o
agente público e o poder público no momento em que for prolatada a sentença.
d) está sujeito a perda da função pública, que atinge apenas o vínculo de mesma
qualidade e natureza que o agente público detinha com o poder público na época do
cometimento da infração.
e) está sujeito à perda da função pública, que atinge apenas o vínculo de mesma
qualidade e natureza que o agente público detinha com o poder público na época do
cometimento da infração, podendo o magistrado, em caráter excepcional, estendê-la
aos demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da infração.
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo, propiciando beneficiamento por informação
privilegiada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;

Perda dos bens Perda da função Suspensão dos d. Multa Proibição de contratar /
políticos receber benef.
EI X X Até 14 anos Equiv. acréscimo Até 14 anos

LE Se concorrer X Até 12 anos Equiv. ao dano Até 12 anos

AP - - - Até 24x remun. Até 4 anos

Obs.: ressarcimento será aplicável sempre que houver “dano efetivo”


No mês de novembro de 2021, Joaquim, servidor público federal, de forma dolosa, em razão de
suas funções, utilizou, em obra particular, consistente na reforma de sua cobertura, o trabalho de
empregados de sociedade empresária contratada pela União para prestar serviços gerais de faxina
no setor em que Joaquim está lotado e exerce a função de supervisor. O fato foi noticiado ao
Ministério Público Federal (MPF), que ajuizou ação civil pública por ato de improbidade
administrativa em face de Joaquim. Em paralelo e sem prejuízo à atuação do MPF, a Administração
Pública Federal instaurou processo administrativo disciplinar (PAD) e, após sua regular tramitação,
aplicou a Joaquim a pena disciplinar de demissão, quando a ação de improbidade ainda estava em
fase de réplica, sendo certo que o feito judicial até hoje ainda não foi sentenciado.
Inconformado com a pena de demissão recebida, Joaquim ajuizou ação judicial pleiteando a
anulação de todo o PAD, alegando três motivos: (i) o fato que lhe foi atribuído não é punível com
sanção de demissão, pois não houve dano ao erário; (ii) os funcionários terceirizados não são
servidores públicos, razão por que não há que se falar em improbidade administrativa; (iii) o PAD
deve ser suspenso, por questão prejudicial, no aguardo do trânsito em julgado da ação civil pública
ajuizada em seu desfavor.
Consoante jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o Poder Judiciário deve julgar o pedido:
a) improcedente, pois Joaquim praticou ato de improbidade administrativa que enseja a aplicação
da sanção disciplinar de demissão pela autoridade administrativa, independentemente de prévia
condenação, por autoridade judicial, à perda da função pública
b) improcedente, pois, em matéria de sanções funcionais, não cabe ao Poder Judiciário analisar a
legalidade do PAD, sob pena de se imiscuir no mérito administrativo e violar o princípio da
separação dos poderes;
c) parcialmente procedente, pois, não obstante os fatos apurados não constituírem ato de
improbidade administrativa, é necessário se aguardar o trânsito em julgado da ação de
improbidade em curso, e o prazo para instauração do novo PAD está interrompido;
d) parcialmente procedente, a fim de anular somente o último ato administrativo praticado no
PAD, qual seja, a aplicação da sanção de demissão, que deve ser substituída pela sanção disciplinar
de suspensão por sessenta dias;
e) parcialmente procedente, a fim de anular somente o último ato administrativo praticado no
PAD, qual seja, a aplicação da sanção de demissão, devendo o PAD ser suspenso até o trânsito em
julgado da ação de improbidade em curso, para se evitar decisões contraditórias do poder público.
Súmula 651 – Compete à autoridade administrativa aplicar a servidor público a pena
de demissão em razão da prática de improbidade administrativa,
independentemente de prévia condenação, por autoridade judiciária, à perda da
função pública.

Súmula 650 – A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade para


aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as hipóteses
previstas no art. 132 da Lei n. 8.112/1990.
Súmula 635 – Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990
iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do
procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o
primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo
disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a
interrupção.
Em matéria de enriquecimento ilícito, a Convenção Interamericana contra a Corrupção
(promulgada por meio do Decreto nº 4.410/2002) estabelece que, sem prejuízo de sua Constituição
e dos princípios fundamentais de seu ordenamento jurídico, os Estados Partes que ainda não o
tenham feito adotarão as medidas necessárias para tipificar como delito em sua legislação o
aumento do patrimônio de um funcionário público que exceda de modo significativo sua renda
legítima durante o exercício de suas funções e que não possa justificar razoavelmente.
Nesse contexto, não obstante não tenha natureza criminal, a Lei de Improbidade Administrativa
(Lei nº 8.429/1992, com as alterações introduzidas pela Lei nº 14.230/2021) dispõe que adquirir,
para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e em
razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput do Art. 9º, da Lei
de Improbidade, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente
público, constitui ato de improbidade administrativa que:
a) importa enriquecimento ilícito, desde que previamente comprovada a origem espúria dos
valores utilizados;
b) causa prejuízo ao erário, e é assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa
evolução;
c) importa enriquecimento ilícito, e é assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem
dessa evolução
d) causa prejuízo ao erário, e é desnecessário assegurar a demonstração pelo agente da licitude da
origem dessa evolução;
e) atenta contra os princípios da administração pública, desde que previamente comprovada a
origem espúria dos valores utilizados.
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função
pública, e em razão deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput
deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente
público, assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução;
Em janeiro de 2022, João, agente público federal, no exercício da função pública, concedeu
benefício administrativo à sociedade empresária Alfa, sem a observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie. O Ministério Público Federal instaurou inquérito civil para
apurar eventual prática de ato de improbidade administrativa e João se manifestou no bojo desse
procedimento investigatório alegando e provando que a concessão do benefício administrativo
decorreu de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência.
De acordo com o texto atual da Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992, com as
alterações introduzidas pela Lei nº 14.230/2021), é correto afirmar que:
a) foi praticado ato de improbidade administrativa ao menos culposo, mesmo diante da alegação e
provação de que a concessão do benefício administrativo decorreu de divergência interpretativa da
lei, baseada em jurisprudência;
b) foi praticado ato de improbidade administrativa pela sociedade empresária Alfa, que se
beneficiou do ato ilícito e, na sua responsabilização, deverão ser desconsiderados os efeitos
econômicos e sociais das sanções;
c) os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores da sociedade empresária Alfa respondem
por ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, mesmo se não tiver havido
participação e benefícios diretos;
d) as sanções da Lei de Improbidade se aplicariam à sociedade empresária Alfa, mesmo se o ato de
improbidade administrativa também fosse sancionado como ato lesivo à administração pública de
que trata a Lei nº 12.846/2013;
e) não configura improbidade o ato praticado por João, porque decorrente de divergência
interpretativa da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a
ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder
Judiciário
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da lei,
baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente
prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.
Em janeiro de 2022, José, servidor público federal, no exercício de sua competência e de forma
comprovadamente culposa, praticou ato que causou prejuízo ao erário, na medida em que realizou
operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares.
Consoante dispõe a Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992, com as alterações
introduzidas pela Lei nº 14.230/2021), José:
a) praticou ato de improbidade administrativa, por expressa previsão legal, visto que ocorreu
efetivo dano ao erário, que deve ser objeto de ressarcimento, assim como devem ser aplicadas as
demais sanções previstas no Art. 12 daquela lei;
b) não praticou ato de improbidade administrativa, pois, apesar de ter causado prejuízo ao erário,
não restou provado, de forma cumulativa, enriquecimento ilícito ou violação dos princípios da
administração pública por parte de José, ainda que de forma culposa;
c) não praticou ato de improbidade administrativa, por falta de tipicidade prevista nos Arts. 9º, 10 e
11 da citada lei, sendo irrelevante o fato de sua conduta ter sido culposa ou dolosa, visto que
ocorreu dano ao erário;
d) não praticou ato de improbidade administrativa, pois para tal é imprescindível que a conduta
seja dolosa, assim entendida como aquela praticada com vontade livre e consciente de alcançar o
resultado ilícito tipificado nos Arts. 9º, 10 e 11 da citada lei, não bastando a voluntariedade do
agente
e) praticou ato de improbidade administrativa, pois o mero exercício da função ou desempenho de
competências públicas que causar dano ao erário, independentemente de comprovação de ato
doloso com fim ilícito, constitui ato de improbidade, pelo princípio da indisponibilidade do erário.
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de
ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.
Antônia, estudiosa da improbidade administrativa, recebeu a incumbência, em um grupo
de estudos, de realizar a análise da estrutura tipológica adotada pela Lei n° 8.429/1992 e
do elemento subjetivo exigido para o enquadramento de uma conduta em seus termos.
Ao final, Antônia concluiu, corretamente, que a referida estrutura é:
a) aberta, sendo as condutas ilícitas mencionadas de maneira exemplificativa, enquanto
o elemento subjetivo está lastreado apenas no dolo;
b) fechada, sendo as condutas ilícitas mencionadas de maneira taxativa, isto apesar do
emprego de conceitos jurídicos indeterminados, enquanto o elemento subjetivo está
lastreado apenas no dolo;
c) aberta, sendo as condutas ilícitas mencionadas de maneira exemplificativa, enquanto
o elemento subjetivo está lastreado no dolo ou na culpa, sendo esta última aplicável
exclusivamente aos atos que causam prejuízo ao erário;
d) aberta, em relação aos atos que gerem enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário,
mas taxativa quanto aos atos que atentem contra os princípios administrativos, sendo o
elemento subjetivo o dolo, exigindo-se ainda um especial fim de agir
e) aberta, quanto aos atos que atentem contra os princípios administrativos, mas
taxativa em relação aos atos que gerem enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário,
sendo o elemento subjetivo o dolo, exigindo-se ainda um especial fim de agir.
O entendimento do STJ mencionado na questão é o seguinte:
Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento da
demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as
demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92. (STJ - REsp 1.899.455-AC - Recurso
Repetitivo – Tema 1089 - Info 710).
O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública por ato de improbidade administrativa
imputando ao ex-prefeito do Município Alfa a prática de atos dolosos de improbidade,
consubstanciados em ilegalidades na execução de determinado convênio firmado com repasse
voluntário de verba da União e fraude em procedimento licitatório para aquisição de unidade
móvel de saúde. Após processado o feito e realizada sua instrução, em setembro de 2021,
sobreveio sentença que reconheceu a prescrição e julgou extinto o processo, com resolução do
mérito, concluindo que o ressarcimento ao erário, um dos pedidos feitos na inicial, deveria ser
postulado em ação autônoma.
Levando em conta que, de fato, a pretensão da aplicação das sanções pessoais previstas no Art. 12
da Lei de Improbidade Administrativa estava prescrita, de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, a sentença está:
a) errada, porque o ressarcimento ao erário também prescreveu junto com as demais sanções
previstas na lei de improbidade, pelo princípio da segurança jurídica, não sendo viável a renovação
da demanda;
b) correta, porque o ressarcimento do dano ao erário não é uma sanção típica prevista
no Art. 12, da Lei nº 8.429/1992, e não pode haver cumulação de pedidos próprios de
direito sancionador com reparação de danos materiais ao ente;
c) correta, porque o procedimento especial previsto na Lei nº 8.429/1992 é incompatível
com demanda, cujo único objeto remanescente seja o pedido de ressarcimento ao
erário, que é imprescritível;
d) errada, porque é possível o prosseguimento da demanda para pleitear o
ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as demais
sanções previstas no Art. 12 da Lei nº 8.429/1992
e) correta, porque, apesar de o ressarcimento por dano patrimonial oriundo de ato de
improbidade, culposa ou dolosa, nos termos do Art. 37, § 5º, da Constituição da
República de 1988, ser imprescritível, tal pretensão deve ser buscada por meio de ação
autônoma.
O entendimento do STJ mencionado na questão é o seguinte:
Na ação civil pública por ato de improbidade administrativa é possível o prosseguimento da
demanda para pleitear o ressarcimento do dano ao erário, ainda que sejam declaradas prescritas as
demais sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92. (STJ - REsp 1.899.455-AC - Recurso
Repetitivo – Tema 1089 - Info 710).
Determinada organização não governamental (ONG), por ato de seu presidente, praticou
dolosamente ato tipificado como de improbidade administrativa (mas não previsto na
Lei Anticorrupção), quando da execução de convênio com recursos obtidos (subvenção)
da União.
As ilegalidades foram constatadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), que as
noticiou ao Ministério Público Federal (MPF). As apurações, tanto da CGU como do MPF,
não conseguiram evidenciar a participação de qualquer agente público responsável pelo
repasse ou fiscalização da verba pública, mas tornaram inequívoco o dolo de João,
presidente da ONG, que praticou e se beneficiou do ato ilícito.
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
a) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em
face da ONG e de João, pois é imprescindível a concomitante presença de agente público
no polo passivo da demanda;
b) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da
ONG e de João, pois não houve prejuízo direto ao erário da União, e sim ao patrimônio da entidade
privada;
c) não poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da
ONG e de João, pois o ato ilícito praticado não está tipificado pela Lei Anticorrupção como ato
lesivo à Administração Pública;
d) poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e
de João, pois a Lei de Improbidade se aplica às entidades privadas que recebem subvenção da
União, equiparando seus dirigentes à condição de agentes públicos
e) poderá ser ajuizada ação civil pública por ato de improbidade administrativa em face da ONG e
de João, pois, independentemente de haver subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício
de entes públicos ou governamentais, as ONGs se submetem à Lei de Improbidade, por integrarem
o chamado terceiro setor.
No REsp 1.845.674, o STJ firmou posicionamento de que os dirigentes de entidades privadas sem
fins lucrativos que recebam recursos públicos são equiparados aos agentes públicos para os fins da
Lei de Improbidade, vejamos:
Hipótese em que os autos evidenciam supostas irregularidades perpetradas pela organização não
governamental denominada Instituto Projeto Viver, quando da execução de convênio com recursos
obtidos do Governo Federal, circunstância que equipara o dirigente da referida ONG a agente
público para os fins de improbidade administrativa, nos termos do dispositivo acima mencionado.
O Ministério Público do Estado de Goiás ajuizou ação civil pública por ato de improbidade
administrativa em face de João, servidor público estadual titular de cargo efetivo. Na peça
vestibular, o Parquet imputou a João a conduta de coordenar vasto esquema de desvio de recursos
públicos no âmbito de contratações emergenciais na área da saúde. No curso do processo e antes
da prolação da sentença, João comunicou a sua aposentadoria, regularmente concedida pela
administração após o preenchimento dos requisitos legais.
Em conformidade com a jurisprudência atual dos Tribunais Superiores, e considerando que os fatos
narrados na inicial foram sobejamente comprovados ao longo da instrução probatória, a
autoridade judicial:
a) poderá aplicar a João a cassação de sua aposentadoria, uma vez que a ausência de previsão
expressa de tal sanção na Lei nº 8.429/1992 não impede a sua imposição como consequência lógica
da condenação à perda da função pública;
b) poderá infligir a sanção de cassação de aposentadoria ao servidor aposentado no curso do
processo, haja vista a cominação expressa de tal penalidade no Art. 12 da Lei de Improbidade
Administrativa;
c) não poderá impor a João a cassação de sua aposentadoria, porque tal penalidade não está
expressamente cominada na Lei nº 8.429/1992 e vigora o princípio da legalidade estrita em matéria
de direito sancionador
d) não poderá aplicar a João a cassação de sua aposentadoria, porque tal sanção é incompatível
com o caráter contributivo e solidário do regime próprio de previdência dos servidores públicos;
e) poderá impor a João a cassação de sua aposentadoria, porque a previsão expressa de tal sanção
no estatuto dos servidores estaduais atende ao princípio da legalidade e permite o diálogo de
fontes em matéria de direito sancionador.
DIREITO SANCIONADOR. AGRAVO INTERNO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AJUIZADA PELO MPF EM DESFAVOR DE AUDITOR FISCAL DO
TRABALHO. ACÓRDÃO DO TRF3 QUE MANTEVE A SENTENÇA NO PONTO EM QUE AFASTOU A
APLICAÇÃO DA SANÇÃO DE CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO DESSA
ESPÉCIE SANCIONADORA NA LEI 8.429/1992. ILUSTRATIVOS DA TESE: AGINT NO RESP
1.496.347/ES, REL. MIN. SÉRGIO KUKINA, DJE 9.8.2018; RESP 1.564.682/RO, REL. MIN. OLINDO
MENEZES, DJE 14.12.2015. AGRAVO INTERNO DO ÓRGÃO ACUSADOR DESPROVIDO.
1. Cinge-se a controvérsia em saber se é cabível a imposição da pena de cassação de aposentadoria
nas lides que tramitaram sob o rito da Lei 8.429/1992.
2. Esta Corte Superior tem a diretriz de que o art. 12 da Lei 8.429/92, quando cuida das sanções
aplicáveis aos agentes públicos que cometem atos de improbidade administrativa, não contempla a
cassação de aposentadoria, mas tão só a perda da função pública. As normas que descrevem
infrações administrativas e cominam penalidades constituem matéria de legalidade estrita, não
podendo sofrer interpretação extensiva (REsp. 1.564.682/RO, Rel. Min. OLINDO MENEZES, DJe
14.12.2015). Outro exemplar: AgInt no REsp. 1.496.347/ES, Rel. Min. SÉRGIO KUKINA, DJe 9.8.2018
3. Na espécie, o Tribunal de origem, ao apreciar o tema, assinalou que, em consonância com os
precedentes desta E. Turma, verifica-se a impossibilidade de aplicação da pena de cassação da
aposentadoria, ante a inexistência de previsão legal desta modalidade de pena no rol do art. 12 da
LIA (fls. 4.739). Referida compreensão, bem por isso, não se aparta de ilustrativos desta Corte
Superior no tema. 4. Agravo Interno do Órgão Acusador desprovido." (AIRESP 1761937, rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:19/12/2019)
Em razão de intensas chuvas ocorridas em Cavalcante, no nordeste de Goiás, a cheia do rio Prata
causou enorme destruição e deixou desabrigadas centenas de famílias carentes que vivem na
região. Com a aquiescência do poder público municipal, vários particulares se voluntariaram para
auxiliar as vítimas daquele desastre natural, sobretudo mediante a organização e distribuição dos
alimentos, roupas e outros itens doados a partir de diversas regiões do Estado e do país. Instado
por notícia de desvio desses mantimentos, o Ministério Público instaurou inquérito civil e angariou
elementos informativos robustos no sentido de que José, um dos voluntários, efetivamente se
apropriou de parte dos bens doados às vítimas.
Na situação hipotética descrita, consoante o magistério da doutrina especializada e a legislação
vigente, é correto afirmar que José:
a) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, tampouco sofrer as
sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992, porquanto não figura como agente público nem como
terceiro partícipe de uma conduta ímproba imputável a agente público;
b) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por ato ímprobo
que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato putativo, que desempenha
uma atividade pública com a presunção de legitimidade;
c) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e sofrer as sanções cominadas
na Lei nº 8.429/1992, diploma legal que admite a responsabilização de particulares de forma
desvinculada da existência de um ato ímprobo imputável a agente público;
d) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, porquanto não mantém
vínculo formal com o poder público, tampouco sofrer as sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992,
diploma legal que não se destina à tutela do patrimônio privado;
e) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por ato ímprobo
que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato necessário, que exerce a
função pública em situação de calamidade ou de emergência
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público
e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei.
Após investigações em sede extrajudicial, o Ministério Público amealhou provas de que a pessoa
jurídica Med Hospital Ltda., administrada pelo sócio majoritário Tales, teria sido selecionada em
contratações emergenciais milionárias para prestar serviços a uma autarquia estadual cujo
presidente, Jamal, seria amigo e aliado político do deputado estadual Tomás, cuja campanha
eleitoral teria recebido generosas doações daquele empresário. Os documentos indicam que as
contratações diretas não foram precedidas de justificativa de preço, de orçamento com custos
unitários ou de projeto básico, bem como que a emergência teria sido dolosamente fabricada.
Nessa situação, à luz da Lei nº 8.429/1992, com as alterações promovidas pela Lei nº 14.230/2021,
o Parquet pode ajuizar ação de improbidade em face das pessoas naturais mencionadas e da
sociedade limitada para:
a) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência dos atos ímprobos e o perigo de dano
irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, requerer liminarmente a indisponibilidade dos
bens de todos os demandados, no limite da participação de cada um e dos seus benefícios diretos,
vedada qualquer solidariedade, recaindo a constrição preferencialmente em dinheiro ou ativos
financeiros, em montante suficiente para assegurar o ressarcimento ao Erário e o pagamento de
eventual multa civil a ser aplicada em sentença;
b) demonstrada de plano a probabilidade de ocorrência dos atos ímprobos, requerer liminarmente
a indisponibilidade dos bens de todos os demandados, solidariamente, não podendo a constrição
recair sobre contas bancárias caso existam outros bens móveis ou imóveis capazes de garantir o
juízo, em montante suficiente para assegurar o ressarcimento ao Erário e o pagamento de eventual
multa civil a ser aplicada em sentença;
c) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência dos atos ímprobos e o perigo de dano
irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, requerer liminarmente a indisponibilidade dos
bens de todos os demandados, no limite da participação de cada um e dos seus benefícios diretos,
vedada qualquer solidariedade, não podendo a constrição recair sobre contas bancárias caso
existam outros bens móveis ou imóveis capazes de garantir o juízo, em montante suficiente para
assegurar o ressarcimento ao Erário e o pagamento de eventual multa civil a ser aplicada em
sentença;
d) demonstrados de plano a probabilidade de ocorrência dos atos ímprobos e o perigo de dano
irreparável ou de risco ao resultado útil do processo, requerer liminarmente a indisponibilidade dos
bens de todos os demandados, solidariamente, não podendo a constrição recair sobre contas
bancárias caso existam outros bens móveis ou imóveis capazes de garantir o juízo, em montante
suficiente para assegurar o ressarcimento ao Erário, sem incidir sobre os valores a serem
eventualmente aplicados a título de multa civil
e) demonstrada de plano a probabilidade de ocorrência dos atos ímprobos, requerer liminarmente
a indisponibilidade dos bens de todos os demandados, no limite da participação de cada um e dos
seus benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade, recaindo a constrição preferencialmente
em dinheiro ou ativos financeiros, em montante suficiente para assegurar o ressarcimento ao
Erário, sem incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título de multa civil.
O STJ entende que “é solidária a responsabilidade pelo ressarcimento ao erário até a instrução final
do feito, em que se irá delimitar a porção obrigacional de cada réu" (REsp 1814284). Na
condenação, todavia, a LIA prevê que “na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ocorrerá
no limite da participação e dos benefícios diretos, vedada qualquer solidariedade” (art. 17-C, § 2º).
Em razão de intensas chuvas ocorridas em Cavalcante, no nordeste de Goiás, a cheia do rio Prata
causou enorme destruição e deixou desabrigadas centenas de famílias carentes que vivem na
região. Com a aquiescência do poder público municipal, vários particulares se voluntariaram para
auxiliar as vítimas daquele desastre natural, sobretudo mediante a organização e distribuição dos
alimentos, roupas e outros itens doados a partir de diversas regiões do Estado e do país. Instado
por notícia de desvio desses mantimentos, o Ministério Público instaurou inquérito civil e angariou
elementos informativos robustos no sentido de que José, um dos voluntários, efetivamente se
apropriou de parte dos bens doados às vítimas.
Na situação hipotética descrita, consoante o magistério da doutrina especializada e a legislação
vigente, é correto afirmar que José:
a) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, tampouco sofrer as
sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992, porquanto não figura como agente público nem como
terceiro partícipe de uma conduta ímproba imputável a agente público;
b) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por ato ímprobo
que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato putativo, que desempenha
uma atividade pública com a presunção de legitimidade;
c) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e sofrer as sanções cominadas
na Lei nº 8.429/1992, diploma legal que admite a responsabilização de particulares de forma
desvinculada da existência de um ato ímprobo imputável a agente público;
d) não pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa, porquanto não mantém
vínculo formal com o poder público, tampouco sofrer as sanções cominadas na Lei nº 8.429/1992,
diploma legal que não se destina à tutela do patrimônio privado;
e) pode ser considerado sujeito ativo da improbidade administrativa e responder por ato ímprobo
que importa em enriquecimento ilícito, pois figura como agente de fato necessário, que exerce a
função pública em situação de calamidade ou de emergência
De acordo com a Lei nº 8.429/1992, a posse e o exercício de agente público ficam condicionados à
apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de
ser arquivada no serviço de pessoal competente.
O agente público que se recusar a prestar declaração dos bens dentro do prazo determinado será
punido com
a) demissão
b) transferência.
c) multa.
d) prisão.
e) suspensão.
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração
de imposto de renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
De acordo com a Lei nº 8.429/1992, assinale a opção que representa ato de improbidade
administrativa importando enriquecimento ilícito.
a) Ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento.
b) Conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie.
c) Exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha
interesse a ser atingido por ação decorrente das atribuições do agente público
d) Liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular.
e) Celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária,
ou sem observar as formalidades previstas na lei.
Art. 10. IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação
orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

Art. 9º [...] VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
Carlos, empregado da empresa pública federal Alfa, no exercício da função, percebeu vantagem
econômica direta, consistente no pagamento de sessenta mil reais, para facilitar a locação de bem
móvel, pela empresa pública Alfa, por preço superior ao valor de mercado. Agindo em conluio com
o particular André, proprietário do imóvel alugado, Carlos usou de seu emprego público para
viabilizar a contratação superfaturada e, em troca, recebeu a mencionada propina. Os fatos foram
noticiados ao Ministério Público Federal que instaurou inquérito civil e, finda a investigação,
conseguiu obter provas de todo o esquema ilícito.
No caso em tela, de acordo com a Lei nº 8.429/92 e a jurisprudência, assinale a afirmativa correta.
a) Carlos deve ser responsabilizado pela prática de ato de improbidade administrativa, diante do
dano ao erário, mas André não se sujeita às sanções previstas na lei de improbidade, eis que não é
agente público.
b) Carlos deve ser responsabilizado pela prática de ato de improbidade administrativa,
independentemente do dano ao erário, e está sujeito a sanções como perda da função pública e
cassação dos direitos políticos.
c) André apenas deve ser responsabilizado por ato de improbidade administrativa, caso seja
comprovado o dano efetivo ao erário, e, Carlos, deve ser responsabilizado por improbidade,
independentemente do dano ao erário.
d) Carlos e André devem ser responsabilizados pela prática de ato de improbidade administrativa, o
primeiro na qualidade de agente público e, o segundo, como particular que concorreu e se
beneficiou do ato ilícito
e) Carlos e André não podem ser responsabilizados pela prática de ato de improbidade
administrativa porque não são considerados servidores públicos, pois o primeiro é empregado da
administração indireta e, o segundo, é particular.
João, servidor público municipal ocupante de cargo de provimento efetivo, no exercício da função
de vigia de uma repartição pública, permitiu que Pedro, seu amigo de infância, ali ingressasse e
subtraísse diversos bens de elevado valor. Os bens foram vendidos e Pedro ficou com a
integralidade do montante arrecadado.
Considerando a tipologia da Lei nº 8.429/1992, é correto afirmar que:
a) Pedro responderá por dano ao patrimônio público, e João, por violação aos princípios regentes
da atividade estatal;
b) Pedro responderá por dano ao patrimônio público, e João, por enriquecimento ilícito;
c) João responderá por dano ao patrimônio público, e Pedro, por enriquecimento ilícito;
d) João e Pedro responderão por dano ao patrimônio público
e) João e Pedro responderão por enriquecimento ilícito.
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
notadamente:
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao patrimônio
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei;
O Oficial do Ministério Público Fernando recebeu vantagem econômica direta, consistente em vinte
mil reais em espécie, para omitir ato de ofício e providência a que estava obrigado a fazer no
exercício da função. Ao cumprir diligência intimatória, Fernando aceitou receber a citada propina
de Fernanda, pessoa que deveria ser intimada e, em troca, lançou certidão informando que não a
intimou por não tê-la localizado.
No caso em tela, conforme estabelecido na Lei nº 8.429/92:
a) Fernando cometeu ato de improbidade administrativa, na qualidade de agente público, mas
Fernanda não, por se tratar de particular que responde com base no direito privado;
b) Fernando e Fernanda não cometeram ato de improbidade administrativa, eis que não houve
prejuízo ou dano ao erário, mas o primeiro deve ser responsabilizado por falta funcional;
c) Fernando deve responder por crime de responsabilidade, na qualidade de agente público que
auferiu vantagem indevida, e Fernanda deve ser responsabilizada na esfera cível;
d) Fernando e Fernanda cometeram ato de improbidade administrativa, o primeiro na qualidade de
agente público, e a segunda como particular que concorreu e se beneficiou do ato
e) Fernando e Fernanda não cometeram ato de improbidade administrativa por falta de adequação
típica, mas ambos deverão responder com a reparação pelo dano moral sofrido pelo poder público
de forma difusa.
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade.

Art. 9º X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir
ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
Pedro, servidor público do Município Beta, foi acusado, pelo referido Município, de ter violado o
seu dever legal de sigilo. O polo passivo da relação processual foi igualmente ocupado por José,
particular que o teria concorrido e se beneficiado da quebra de sigilo. O Juiz de Direito, ao proferir
a sua sentença, decidiu inexistir qualquer prova de que Pedro praticara o ato ilícito. Por outro lado,
as provas em relação a José eram irrefutáveis, pois ele efetivamente teve acesso à informação
sigilosa.
Considerando que a sentença foi proferida no âmbito de uma ação civil por ato de improbidade
administrativa, o Juiz de Direito deve:
a) absolver Pedro e condenar José;
b) condenar Pedro e absolver José;
c) absolver Pedro e José
d) condenar Pedro e José;
e) encaminhar os autos ao Ministério Público.
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo
agente público, induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade.

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