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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA

7ª VARA CÍVEL DO JUIZADO ESPECIAL CENTRAL


DA COMARCA DE CAMPO GRANDE/MS

Autos: 0802712-87.2018.8.12.0001
ART IMPORT COMERCIO E SERVIÇOS
LTDA,qualificada nos autos em epígrafe, vem à presença de
Vossa excelência, por intermédio de seu advogado,
apresentar CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e direito.

I - SÍNTESE DA INICIAL.
A autora aduziu em sua inicial que adquiriu algumas
peças de mármore, pagou integramente o valor de R$
4.400,00, contudo até o presente momento os produtos não
foram entregues (fls. 01/02);

Em seus pedidos, em razão do inadimplemento do réu,


postulou para a declaração da rescisão do
contrato,indenização por perdas e danos e restituição do
valor adimplido (fl. 03);

É a síntese.
II - PRELIMINAR - DA INÉPCIA DA PETIÇÃO
INICIAL - A NARRAÇÃO DOS FATOS NÃO
DECORREU LOGICAMENTE A UMA
CONCLUSÃO:
Prescreve o CPC:

CPC, Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir,
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a
conclusão;

Observa-se em simples análise da inicial que o autor não


descreveu corretamente os fundamentos de fato (art. 319, II,
CPC), como: quais peças foram adquiridas; em qual data
foram adquiridas; e, qual data que foi pactuada a entrega;

Sem muito esforço cognitivo, com obviedade o julgador


necessita saber os seguintes dados: quais foram os
produtos adquiridos? Assim, possuirá condição de identificar
se houve ou não o pagamento integral; qual a data de
entrega das peças de mármore, deste modo, saberá se
houve inadimplemento absoluto ou simples mora do réu;

Destaca-se do Código Civil que:

CC, Art. 397.


Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se
constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Observa-se que a obrigação não possui data para entrega
dos produtos, portanto, tem-se no presente caso à situação
contratual de mora ex persona. Isso significa que caberia ao
autor, primeiro, notificar o réu para constituí-lo em mora e,
posterior, buscar a rescisão do contrato;

Isso nunca ocorreu, logo não existe inadimplemento no


presente contrato citado pelo autor.

Ademais, deveria o autor saber como regra básica de direito


contratual que somente permite a resolução do contrato
quando existe inadimplemento absoluto da obrigação em
análise objetiva da perda da utilidade da prestação para o
credor. Isso nunca foi mencionado pelo autor, sendo,
portanto omissa a inicial sobre a questão;

CC, Art. 395.


Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tomar
inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação
das perdas e danos.

Feito esses esclarecimentos, percebe-se facilmente que a


narração dos fatos não decorre logicamente a uma
conclusão, bem como não houve a narração da causa de
pedir pela a ausência da descrição do inadimplemento
contratual mencionado na inicial;

Portanto tem-se um nítido exemplo de inépcia da inicial.


III — PRELIMINAR — DA INÉPCIA DA
PETIÇÃO INICIAL -
PEDIDO INDETERMINADO:

Observa-se do CPC:
CC, Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
§ 1° Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses
legais em que se permite o pedido genérico;

O autor formulou pedido indeterminado sem comportar as


exceções legais, visto que pediu a reparação de danos sem
referência do valor pretendido e a restituição de quantia paga
sem menção de valor;

Vejamos (fls. 02/03);

“ Assim, o Requerido é objetivamente responsável pela


entrega do produto e pela reparação dos danos causados, o
que desde já se requerer.”
(...)
“ 3 - Seja o Requerido condenado a restituir ao Requerente o
valor pago, corrigido desde o desembolso”

Tem-se a inépcia da petição inicial, visto que o juiz


decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes,
sendo, portanto, vedado condenar a parte em quantidade
superior do que lhe foi demandado;
CPC, Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites
propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de
questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa
da parte.

CPC, Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de


natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte
em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado.

O autor deverá observar as regras processuais mínimas


para viabilizar a prestação jurisdicional e desenvolvimento
válido do processo;

Sendo assim, diante a impossibilidade de realizar pedido


indeterminado, configura, portanto, a inépcia da inicial.

Impõe-se no caso a extinção do processo sem


resolução de mérito.

IV — DO MÉRITO - DO ADIMPLEMENTO:

O réu entregou todas as peças de mármores adquiridas


pelo autor conforme está provado pelo recibo de entrega
(doc anexo);

Sendo assim, foram entregues todas as peças descritas


no orçamento em anexo, totalizando o valor de R$ 4.462,20,
inclusive, com o devido aceite do funcionário do réu que
estava na obra e recebeu o produto.
Deste modo, a presente ação toma-se temerária, visto que
existe uma demanda que foi devidamente cumprida pelo réu.

V — DOS PEDIDOS:
Ante ao exposto, requer:

a) Acolher às preliminares de mérito arguidas,especialmente


a inépcia da petição inicial (vide, item II e II), extinguindo-se o
processo sem julgamento de mérito;

b) Eventualmente, caso não seja acolhida as preliminares


retro mencionadas, subsidiariamente, requer a improcedência
dos pedidos iniciais;

c) Provar o alegado por todos os meios de prova admitidos


em direito, em especial, os juntados com a contestação;

P. deferimento

Campo Grande/MS, 18 de outubro de 2021.

Renan Cordeiro de Queiroz

OAB/MS 11.111

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