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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO XXX JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL - RJ

JOANA (nome completo), estado civil, existência de união estável, profissão …..., portadora
da carteira de Identidade nº …..., expedida pelo ……., inscrito no CPF nº …….., no endereço
eletrônico …..., moradora da Comunidade da Mangueira, no Rio de Janeiro, no endereço …..,
vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, com
endereço profissional em … . . , cidade … . . , CEP … . . . , endereço eletrônico … . . , com
fulcro nos artigos 318 e 319 do CPC, propor a presente:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS

Em face da empresa VENDE MUITO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob
o CNPJ nº …..., a ser citada na pessoa de seu representante legal, situada no endereço …..,
CEP ……., pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

1) DA TRAMITAÇÃO PREFERENCIAL DO PLEITO:

Salienta-se que a autora é portadora de necessidades especiais, tendo muita


dificuldade de locomoção e sendo cadeirante, requer-se a V. Exa. a prioridade de tramitação
do processo, como previsto no artigo 9º, inciso VII da Lei 13.146/15 - Estatuto da Pessoa
com Deficiência:

Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento


prioritário, sobretudo com a finalidade de:

VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e


administrativos em que for parte ou interessada, em todos os atos e
diligências.
2) DOS FATOS:
No caso em tela, informo a V.Exa. que a parte autora, portadora de necessidades
especiais e cadeirante, realizou, no site da empresa Vende Muito Ltda., a compra de uma
cama de casal box no valor de 2000 reais, pagando o frete ofertado pela empresa de 150 reais
para a entrega do produto em sua residência.
Tendo em vista que o prazo informado para a autora, que seria de 7 dias úteis, foi
prorrogado sem que houvesse nenhum contato da empresa ré para informar e dar uma
explicação do motivo do atraso. Porém, a própria parte autora teve de entrar em contato com
a ré para que tivesse notícias de sua compra. Na ocasião lhe foi informado que o produto não
fora entregue, pois o endereço indicado foi considerado como área de risco, mas que a cama
estaria disponível para retirada no depósito da empresa.

Vale destacar que a parte autora, ao realizar a compra informou o seu endereço
completo para que o frete fosse calculado, sendo a ré ciente da localidade desde o momento
da conclusão da compra. Além disso, reforça-se que, sendo o produto comprado uma cama
box, não é razoável que se espere que uma pessoa sozinha consiga fazer o transporte do
mesmo em um carro de passeio ordinário. Salienta-se ainda que a parte autora é portadora de
necessidades especiais e cadeirante, não sendo viável que a mesma fosse responsável pela
retirada do produto no depósito da ré.

Assim, não restou à parte autora alternativa a não ser recorrer a este Douto Juízo a fim
de obter a devida tutela jurisdicional.

3) DO MÉRITO:
3.1) DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E A OBRIGAÇÃO DE FAZER
CUMPRIR A ENTREGA C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS:

Pelos fatos acima expostos, entende-se que a ré não cumpriu com a sua parte da venda
que consistia na entrega do produto no endereço da autora, conforme informado no momento
da compra pelo site da empresa ao ser pago e aceito o frete. Assim, percebe-se que a empresa
Vende Muito Ltda. cometeu uma falha na prestação de seu serviço, causando um transtorno
para a parte autora.
Conforme o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor (CDC):

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

Ademais, o artigo 6º do CDC ainda garante como direito básico do consumidor:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;

Nesse sentido, vale salientar que a empresa faltou com a sua parte no negócio, não
garantindo a efetiva entrega do produto ao consumidor, mesmo este último tendo pago o frete
na hora do fechamento da compra. Reforça-se ainda que caso o endereço apontado fosse área
de risco, esta informação deveria ser fornecida à autora no ato da compra, para esta poder
decidir se seguiria ou não com a compra do produto. Assim, salienta-se a necessidade da
empresa em reparar o consumidor e fazer cumprir a efetiva entrega do produto no endereço
disposto no ato da compra.

Além disso, reforça-se que a empresa em nenhum momento prestou esclarecimentos à


autora a respeito do atraso na entrega, fazendo com que a própria autora buscasse seus meios
para descobrir o motivo do não cumprimento do prazo. Ademais, foi dito à autora que ela que
deveria realizar a retirada do produto por conta própria, mesmo esta tendo pago um alto valor
de frete para que fosse entregue em sua residência, visto que o produto não é de fácil
manuseio e também que a autora possui debilidades físicas, tendo dificuldade para se
locomover.

Dessa maneira, percebe-se que a empresa ao não cumprir o acordado no ato da


compra, acabou por cometer um ato ilícito perante o ordenamento jurídico, conforme dispõe
os artigos 186 e 927 do Código Civil:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Assim, compreende-se a necessidade de que se faça cumprir uma indenização moral


no valor de R$ XX pela falha da empresa, que causou transtornos à parte autora não só pela
não entrega do produto, como também por não ter dado a devida satisfação ao consumidor e
por não estar sendo transparente na divulgação de seus serviços em seu site.

Por fim, para corroborar com os pedidos acima realizados, destacam-se duas
importantes decisões a respeito da configuração do dano moral e a obrigação de fazer cumprir
o serviço prometido.

1ª Ementa
Des(a). SÉRGIO NOGUEIRA DE AZEREDO - Julgamento:
07/10/2021 - DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL
Apelações Cíveis. Ação de Obrigação de Fazer c/c Reparatória por
Danos Morais. Relação de consumo. Narrativa autoral de falta de entrega de
fogão e geladeira adquiridos em loja da Demandada, a consubstanciar falha
do serviço contratado. Sentença de procedência parcial. Irresignações de
ambas as partes. Preliminar. Impossibilidade de veiculação de pedido em
sede de contrarrazões. Descabimento. Mérito. Demandante que logra instruir
os autos com documentos comprobatórios da compra e venda, bem como da
pactuação da entrega em seu endereço domiciliar. Requerida que, ao tempo
do negócio, já possuía todos os dados relativos ao local, não podendo, assim,
escusar-se de sua obrigação ao argumento de que constitui área de risco.
Retirada e transporte dos produtos providenciados pelo próprio consumidor,
um mês após a data-limite de entrega apontada pela vendedora. Art. 373, I e
II, do CPC. Verbete Sumular nº 330 deste TJRJ. Falha do serviço
configurada. Danos morais também verificados. Caso concreto que versa
sobre consumidor que, no mesmo dia em que firmou contrato de locação
residencial, buscou equipar sua nova casa com aparelhos básicos e essenciais.
Utilidade doméstica proporcionada pelos bens da qual só pôde usufruir um
mês e meio depois da compra. Lesão ao tempo. Critério bifásico para fins de
quantificação. Montante arbitrado que se adequa à jurisprudência desta
Colenda Corte em casos semelhantes, considerando o decurso de pouco
tempo para resolução da controvérsia. Aplicação do art. 85,§ 11, do CPC em
relação à Ré, em favor do patrono do Requerente. Manutenção integral do
decisum que se impõe. Conhecimento e desprovimento de ambos os recursos.

INTEIRO TEOR
Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 07/10/2021 - Data de
Publicação: 15/10/2021

4 ) DOS PEDIDOS:
Diante do exposto acima, pede-se:

3.1) Citação do réu para integrar a relação processual


3.2) Designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação do réu
para seu comparecimento
3.3) Julgue procedente o pedido da parte autora para que seja efetuada a
tradição do produto em sua casa pela parte ré
3.4) Julgue procedente o pedido de pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$
3.5) Condenação do réu aos ônus de sucumbências.

4) DAS PROVAS:
Protesta por todos os meios de prova admitidas em direitos, documental, testemunhal, depoimento
pessoal da requerida, sob pena de confesso.

5) DO VALOR DA
CAUSA: Dá-se a causa o valor
de R$

Nestes termos,
Pede deferimento

LOCAL/ DATA
ADVOGADO/ OAB

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