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Núcleo de Primeiro Atendimento

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA


CAPITAL -RJ

NERCEDINA DOS SANTOS GOMES, brasileira, solteira, doméstica, portadora


da carteira de identidade nº 09945876-2, inscrita no CPF/MF sob o n° 029.090.637-71,
residente na Rua Augusto Felipe, Morro da Mineira, Catumbi CEP:20251-000, vem em causa
própria propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C INDENIZATÓRIA

pelo rito especial da lei 9.099/95, em face de C&C CASA & CONSTRUÇÃO, pessoa jurídica
de direito privado, com endereço comercial na Av. Guarulhos 2525 Edifício 1- Ponte Grande–
Guarulhos - São Paulo- SP, CEP: 07031-000, pelas razões de fato e de direito que passa a
expor

DOS FATOS

A autora adquiriu junto com a empresa ré o produto PORTA VIENA 210X86 E OURO
CAN 506037 EBEL, na data de 10 de março de 2012.

Ocorre que, ao chegar em casa, a autora constatou que o referido produto estava
abrindo para o lado esquerdo, sendo que o pedido foi feito para que a porta abrisse para o
lado direito, atendendo ao anseio da autora, pois a sua atual porta encontra-se desgastada,
possibilitando a qualquer um o ingresso em sua residência.

A autora quando procurou a loja onde efetuou a compra no dia 23 de março de 2012,
tentando solucionar o problema de forma amigável, foi informada que o produto seria trocado
no prazo máximo de 05 dias com código de troca de número 135798.

Transcorrido o prazo imposto pela própria empresa, sendo que nada tinha acontecido,
a autora entrou em contato, via telefone, sob o protocolo 09028575, onde foi feita
reclamação, e mais uma vez, foi dada a informação que entraria em contato novamente para
marcar dia e hora para efetuar a troca do produto, fato este que não ocorreu até a presente
data.

No dia 18 de abril de 2012, a autora tentou resolver de forma amigável o problema,


buscando junto ao Procon uma solução. A audiência foi marcada para o dia 10 de maio de
2012 e a empresa ré, novamente mostrando total falta de respeito e negligência com a
consumidora, não compareceu a referida audiência, como mostra documento em anexo.
Vale ressaltar que, o produto referido encontra-se embalado na residência da autora,
esperando a troca.
Em face do exposto, nada mais resta a Autora do que buscar sua tutela junto ao
Estado Juiz, para ter seu prejuízo e constrangimento reparados.

DOS FUNDAMENTOS

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) define, em seu arts. 2º e 3º, o


que se entende por consumidor e por fornecedor, a saber:

Logo, fica clara a proteção do CDC no caso supra exposto, com todas as
garantias conferidas por ele ao consumidor.

Na forma do art.6º, VI, vê-se que a pretensão de reparação do dano é


pertinente, face à má prestação dos serviços por parte da empresa ré, que não consegue
sequer reparar o dano causado à parte autora.

Os princípios da boa-fé, da confiança, da lealdade, e da equivalência das


prestações, que devem pautar toda relação de consumo são suficientes para derrubar a
conduta abusiva e arbitrária da empresa Ré. Sobretudo, neste caso, aferiu-se, o princípio da
boa-fé objetiva, haja vista a manifesta intenção da parte Ré a prejudicar a Autora. Conforme
salienta a eminente professora CLÁUDIA LIMA MARQUES, em sua obra "Contratos no Código
de Defesa do Consumidor";4a.edição,editora RT;páginas 181 e 182.:

"Boa-fé objetiva significa, portanto, uma atuação ‘refletida’, uma


atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual,
respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas
expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem
abuso, sem obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva,
cooperando para atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do
objetivo contratual e a realização dos interesses das partes".

Segundo Leonardo Medeiros de Garcia, exigir do consumidor para realizar o conserto


que leve o produto a assistência técnica, configura um abuso de direito, conforme se observa
abaixo:

“ E muito comum o consumidor o produto em determinada loja e


quando se dirige à mesma para realizar o conserto, é informado que
deverá procurar assistência técnica do produto situada em outro
endereço . Essa prática é considerada abusiva e não pode ser
tolerada ...” (Direito do consumidor, 4. ed. Niterói, Impetus 2008, pg
128)

Por fim, cabe ressaltar que a situação está causando a autora um enorme sofrimento,
conquanto o VÍCIO DO PRODUTO está lhe impedindo de fazer o uso que esperava da porta
de sua residência, ressaltando que a empresa deverá efetuar a troca de maneira imediata.

Não se pode olvidar que o exposto se subsumi ao preceito contido no art. 18, § 1º, II
do CDC, e que a tutela jurisdicional se faz urgente.
Acerca da PROVA DO DANO MORAL, trazemos à colação mais uma lição do mestre
Sérgio Cavalieri Filho que aborda claramente o entendimento dominante da doutrina, na obra
citada , p. 91:

“ Nesse ponto a razão se coloca ao lado daqueles que entendem que o dano
moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se
a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma
satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral
existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo
que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de
uma presunção natural, uma presunção hominis ou facti, que decorre das
regras de experiência comum.”

Na fixação do valor da indenização pelos danos morais, deve-se levar em


consideração a necessidade que o ofensor não reincida na falta, e para a qual, segundo
precisa lição do saudoso Desembargador Walter Moraes, “recomendável uma estimação
prudencial, que não dispensa sensibilidade para as coisas da dor e da alegria, para os
estados da alma humana”.

DO PEDIDO

Diante dos fatos expostos, o autor requer a V. Exa.:

1.A citação da ré para comparecer à audiência de conciliação, que poderá ser imediatamente
convolada em AIJ, caso não cheguem a um acordo ou não compareça, sob pena de revelia
ou comparecendo se recuse a depor;

2- Seja concedida a inversão do ônus da prova, com fulcro no art.6º, inc. VIII do CDC;

3. Seja julgado procedente o pedido para condenar a empresa ré a efetuar a troca imediata
da porta, no prazo de 48 horas, sob pena de multa diária no valor de R$ 50,00 (cinquenta
reais)

4. Seja julgado procedente o pedido para condenar a ré a compensar o autor pelos


danos morais sofridos no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

DAS PROVAS

Requer a produção de provas na amplitude do art. 32 da Lei 9.099/95, em especial


a documental e depoimento pessoal do réu, sob pena de confissão.
DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais)

P. Deferimento

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2012

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NERCEDINA DOS SANTOS GOMES

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