Você está na página 1de 9

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE

MG.

PROCESSO Nº

____________________, já qualificada nos Autos em epígrafe, a quem se


contende com __________________, também já qualificada nos autos, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência por intermédio do seu advogado
adiante assinado apresentar a presente, CONTESTAÇÃO RECLAMATÓRIA
TRABALHISTA, pelas razões de fatos e de direito a seguir expostas:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente vale ressaltar que a Reclamada não tem condições de arcar


com as custas processuais e honorários advocatícios conforme atestam
os documentos anexos.

Trata-se de Micro Empresa, optante pelo simples, com capital sócia


equivalente a R$ 6.000,00 (seis mil reais), cuja declaração de rendimentos
(Declaração anual o SIMEI), demonstra que a arrecadação durante todo o
ano de 2020, foi suficiente apenas para sua manutenção e subsistência,
não tendo condições de arcar com custas e honorários advocatícios sem
prejuízo do próprio sustento e manutenção.

Destarte, requer a justiça gratuita nos termos da súmula 481 do STJ c/c
art. 98 do CPC.

II. SÍNTESE DA INICIAL


Em apertada síntese, a Reclamante alega ter sido admitida sem registro na
CTPS, no dia 10/07/2020 e demitida injustamente em 01/07/2021. Ainda alega
que prestava serviços gerais na loja, pois suas funções consistiam em ser
vendedora, caixa, organizava vitrine, fazia limpeza da loja, recebia mercadoria,
atendia fornecedor, etc.

Aduz que trabalhava de segunda-feira a sábado, cumprindo a jornada de 09:00


às 18:00 horas, sem o intervalo legal para refeição e descanso, pois não podia
abandonar o posto de trabalho, ou seja, não podia sair da loja, alimentando-se
em um tempo médio, entre 10/15 minutos, e ainda com interrupções para
atendimento a clientes.

No período da admissão em 10/07/2020, até 30/09/2020, a Reclamante aduz


que percebia R$ 800,00 (oitocentos reais) por mês, abaixo do salário mínimo e
no período de 01/10/2020, até a demissão em 01/07/2021, percebia R$ 420,00
(quatrocentos e vinte reais) por mês, abaixo do salário mínimo.

No dia 21//07/2021, a Reclamante alega que recebeu R$ 1.228,00, que deverá


ser compensado, consoante TRCT.

Razão não lhe assiste, pois as alegações afirmadas pela Reclamante são
desprovidas da veracidade dos fatos, o que será provado no deslinde do
processo.

III. DA REALIDADE DOS FATOS

Objetivando assegurar o PRINCÍPIO DA VERDADE REAL derivado do direito


material do trabalho, e BUSCAR A PRIMAZIA DA REALIDADE, como pode ser
verificado no artigo 765 da CLT, cabe a Reclamada esclarecer a distorção dos
fatos narrados na exordial.

Vale esclarecer que foram feitos 02 (dois) acertos com a Reclamante. Um


referente ao período de 10/07/2020 até 30/09/2020 no valor de R$ 490,00.
Já o segundo acerto se deu no período de 01/10/2020 a 01/07/2021 no valor de
R$ 738,00.

Insta ressaltar que a Reclamante funcionária não fazia hora extra, uma vez que
não havia movimento suficiente para que fosse necessário fazê-la, além disto a
funcionária chegava quase todos os dias atrasada. Ficando com horas
negativas, e, quando precisava ficava até mais tarde para abater as horas
negativas.
Aduz que trabalhava de segunda-feira a sábado, cumprindo a jornada de
09h00min às 18h00min, sem o intervalo legal para refeição e descanso, pois
não podia abandonar o posto de trabalho, ou seja, não podia sair da loja,
alimentando-se em um tempo médio, entre 10/15 minutos, e ainda com
interrupções para atendimento a clientes.

UMA FALÁCIA!

Nobre julgador, as alegações da Reclamante não passam de meras manobras


no processo com o intuito de ganhar vantagem própria, uma vez que são
descabíeis da veracidade dos fatos.

A Reclamante fazia sim, horário de almoço, bem como intervalo para lanche,
conforme registro das Câmeras internas do estabelecimento e documentos em
anexo.

Por várias vezes a Reclamante chegou atrasada, saiu mais cedo do trabalho,
e em horário de expediente, como por exemplo no mês de setembro de 2020,
chegou atrasada e pediu pra sair mais cedo quase todos os dias, deixou de
laborar para cuidar de assuntos pessoais, como ir à Caixa Econômica Federal
para efetuar saque, voltar à sua residência em horário de trabalho para guardar
o dinheiro sacado, sair mais cedo para cuidar de assuntos pessoais, como
relata as gravações de vídeos no link: ________________ os documentos em
anexo.
Resta esclarecer que a Reclamante usava do horário de serviço, no qual
deveria prestar dedicação total à loja, ora contratante, para fazer revendas
particulares por meio de produtos consignados de ambulantes, ou seja,
deixando de dedicar-se aos serviços da empresa contratante para cuidar do
seu próprio negócio.

II. INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

Primeiramente, é necessário impugnar a petição inicial quanto ao valor da


causa, eis que a Reclamante chega ao montante absurdo de R$ 22.029,08
(vinte e dois mil vinte e nove reais e oito centavos). O qual atribui ao
somatório dos pedidos.

Ocorre que os valores pleiteados pela Reclamante são totalmente


exorbitantes, haja vista que foge da realidade dos fatos.

A Reclamante alega ter sido admitida sem registro na CTPS, no dia 10/07/2020
e demitida injustamente em 01/07/2021.

RAZÃO NÃO LHE ASSISTE!

O certo é que a Reclamante acordou em ser contratada para receber o importe


de R$ 35,00 (trinta e cinco reais) por dia. Além dos documentos em anexo, as
imagens de conversas entre Requerente e Requerida bem comprovam esse
acordo.

Nobre julgador, o empreendimento da Reclamada, cujo capital social aufere o


valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), possuído dessa forma a condição de MEI.
Esclarece que a contratação se deu apenas no intuito de ajudá-la, pois a
Reclamada sequer tinha condição de admiti-la com carteira assinada. O que foi
acordado entre as partes, como demonstram os documentos em anexo.

Ademais, a demissão se deu pelo momento caótico em que o empreendimento


estava passando. Durante um bom tempo na pandemia a loja ficou fechada, e,
nesse período, teve um saldo negativo. Como demonstrado no sistema da loja
em anexo.

Alega a Reclamante que, da sua admissão até a demissão, percebia o importe


de R$ 800,00 (oitocentos reais) por mês, abaixo do salário mínimo e no período
de 01/10/2020, até a demissão em 01/07/2021, percebia R$ 420,00
(quatrocentos e vinte reais) por mês, abaixo do salário mínimo.

MENTIRA!!!

Excelência, como relatado alhures, a funcionária foi contratada para trabalhar


por dia e não ao mês, foi acordado entre as partes, o valor de 35,00 ao dia.
Entretanto, a dentro do período referido não cumpriu com a jornada de 40
horas semanais, por este motivo recebeu o valor menor que o salário mínimo,
como demonstra o sistema de ponto da loja:

Importa destacar, que a partir desse período, a funcionária passou a trabalhar


somente 3 dias na semana, isto porque não estava conseguindo vir trabalhar
todos ao dias. O que deixou a empregadora “na mão”, tendo por muitas vezes
ter que deixar o estabelecimento fechado. A obreira alegava que tinha
compromisso e não podia ir trabalhar. Veja que isso sempre era avisado sem
atendecedência alguma.

Ainda, alega que “prestava serviços gerais na loja, pois suas funções
consistiam em ser vendedora, caixa, organizava vitrine, fazia limpeza da loja,
recebia mercadoria, atendia fornecedor, etc.”

NÃO MERECE PROSPERAR!!

Nobre julgador é importante esclarecer que o ambiente trata-se de uma


loja de roupas, frequentadas por clientes que com certeza almeja
encontrar um lugar limpo e organizado para efetuar as suas compras,
ademais, por ser um ponto comercial, necessita estar limpo e organizado
em todo tempo, sendo benéfico para a própria Reclamante.

Também, vale ressaltar que a limpeza do estabelecimento era feita não


apenas pela Reclamante, como também pela Reclamada que sempre
limpava o local, conforme documentos em anexo (vídeos).

Desta forma não há se falar em acúmulo de função, uma vez a


higienização do local de trabalho é dever não só da empregadora como
também da empregada.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ

A Reclamante usa da presente ação para tentar alcançar objetivos ilícitos, eis
que esconde a verdade dos fatos e tenta ludibriar o Juízo. Esse tipo de conduta
não honra a dignidade do Poder Judiciário e expõe a Justiça sobre larga
margem de erro.

Não se pode dar ensanchas para atitudes assim reprováveis, deturpando o


regular exercício do direito de ação e opondo-lhes a trapaça, o oportunismo de
obstruir a verdade fática de maneira tão sorrateira e maliciosa, que só lembra a
má-fé.

O princípio da lealdade processual e boa-fé deve vigorar plenamente em


qualquer atuação processual, exigindo dos litigantes o respeito aos deveres
impostos pelo artigo 8º do Código de Processo Civil. Ao sedimentar tais
princípios, o novo CPC dispõe em seus artigos 5 º e 79º o princípio da boa-fé
deve ser obedecido por todos que fazem partes do processo:

“Art 5º. – Aquele que de qualquer forma participa do


processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.”

“Art. 79º. – Responde por perdas e danos aquele que


litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente.”

Ademais, os dispositivos supracitados, recepcionados pela Reforma


Trabalhista no art. 793-A da CLT, estabelecem que “Responde por perdas e
danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente”. E, em
seu art. 793-B da CLT, esclarece as situações em que se considera o litigante
de má-fé:
793-B. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de


lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do
processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou
ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente
protelatório.

Desta feita, a Reclamada pugna pela condenação da Reclamante ao


pagamento de multa por litigância de má-fé, em valor a ser fixado por este MM.
Juízo.

Outrossim, destaca-se pelo princípio da primazia da realidade no qual, os fatos


reais se sobressaem à forma, pois, o que importa é o que ocorreu na prática e
não o que está inserido nos contratos solenes ou expresso.

Este princípio está disposto no art. 9º da CLT, in verbis: “Art. 9º – Serão nulos
de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou
fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.

No dia 21//07/2021, a Reclamante alega que recebeu R$ 1.228,00, que deverá


ser compensado, consoante TRCT.

É importante ressaltar que, a Reclamante devia à Reclamada a importância de


R$ 1.771,08 (um mil setecentos e setenta e um reais e oito centavos), dívida
essa proveniente de mercadorias que comprava da loja para ser descontado
em seu salário. Ocorre que na rescisão contratual, ou seja, nas verbas
resilitórias foi abatido o valor de R$ R$ 1.228,00 (um mil duzentos e vinte oito
reais), restando ainda uma dívida no importe de R$ 543,08 (quinhentos e
quarenta e três reais e oito centavos), como comprova os documentos
anexados.
Assim, requer, por medida de justiça, o pagamento da referida dívida no valor
de R$ 543,08 (quinhentos e quarenta e três reais e oito centavos). Caso não
seja este o entendimento do douto juízo, caso haja condenação, que seja
deduzido referido valor.

Diante do acima exposto, requer-se que a Reclamante seja declarada com


incurso nos artigos 793-A e 793- C da CLT e condenada ao pagamento das
verbas devidas em face da litigância de má fé, em alterar a verdade dos fatos;
usar do processo para conseguir objetivo ilegal, desvirtuando a realidade dos
fatos preceituado nos supra artigos, com juros e correção monetária legal, bem
como demais despesas efetuadas.

Argui a compensação do que pago, especialmente os valores correspondentes


aos benefícios usufruídos, a incidência dos descontos legais e a prescrição.

Ficam impugnados, desde já, todos os valores e números constantes do


pedido, estimados de forma subjetiva e arbitrária, mormente o valor postulado
de indenização, sem qualquer correlação de causa e efeito e desamparada.

Por fim, uma vez demonstrada a improcedência total do feito, requer a


condenação da Reclamante ao pagamento de honorários de sucumbência, nos
termos do artigo 791-A, da Nova CLT - Lei 13.467/17.

Também requer a condenação da Reclamada ao pagamento de multa por


litigância de má-fé, visto que usa de afirmações falaciosas com o intuito de
levar vantagem no processo. Tal valor deverá ser fixado por este MM. Juízo.

Ante o exposto, e contestando integralmente a reclamação trabalhista, requer


que os pedidos sejam julgados improcedentes, protestando provar os alegados
por documentos, testemunhas, oitiva das partes, prova pericial, além do
depoimento pessoal, desde já requeridos.

Nestes Termos, pede Deferimento.

Sarzedo 23 de agosto de 2021.


Advogado
OAB/MG

Você também pode gostar