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Ao Douto Juízo da Mmª Vara Única da Comarca de Anajatuba/MA

CLAUDIA CRISTINA MACHADO GOMES, brasileira, casada, professora, portadora do RG nº


044584712012-8 e inscrito no CPF sob o nº 483.789.683-91 residente e domiciliada sito a Rua
Antônio José da Guia, nº39, Centro, Anajatuba/MA, CEP 65.490-000 vem muito respeitosamente
perante vossa excelência, por intermédio de seus procuradores que esta subscrevem, para propor a
presente.

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS E MATERIAIS

Em desfavor do BANCO BRADESCO S.A, pessoa jurídica de direito privado, regularmente inscrito
no CNPJ sob o nº 60.746.948/4013-70, com agência filial localizada sito a Rua Regino Rodrigues de
Paula, nº58, Centro, Anajatuba/MA, 65.490-000, na pessoa de seu representante legal, pelas razões
de fato e de direito que passa a expor.

BREVE SINTESE DA DEMANDA

Por conta da falta de segurança de instituição bancária, a cliente teve todos os


seus dados violados por criminosos. O desconto indevido na conta da parte
requerente consubstanciou-se no valor de R$2095,00 (dois mil e noventa e
cinco reais), oriundos do saque do limite do crédito especial, o que lhe trouxe
prejuízos, sendo necessário o ajuizamento da presente ação, face a inércia por
parte da instituição bancária quanto à responsabilização do dano causado
quando procurada para resolver a lide de forma amigável.

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA_______________________________________________________

A parte autora é hipossuficiente nos termos da lei, conforme comprovasse com a declaração
de hipossuficiência em anexo, e não pode arcar com as custas e despesas sem o prejuízo de seu
sustento próprio e o de sua família.

Diante do exposto, requer-se a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita.


DOS
FATOS______________________________________________________________________
____________________

A autora é titular da Conta Corrente pessoa física nº 0515687-4, Agência 5219, junto ao
Banco Bradesco. No dia 01/06/2023 a mesma recebeu uma mensagem de determinado número, como
se do Bradesco fosse informando que uma compra nas lojas RENNER no valor de R$4777,00 havia
sido aprovada e que para efetuar o cancelamento do suposto investimento seria necessário entrar em
contato com o número 0800 111 0021.

Ao entrar em contato com a falsa central de atendimento, lhe informaram que o seu aparelho
celular estava com vírus, ao passo que foi feito o pedido para a retirada do referido vírus. Tendo
concedido a respectiva permissão, a cliente verificou que tinha sido hackeada e que o aplicativo do
Banco Bradesco fora invadido ao constatar um saque realizado no valor de R$2.095,00 (dois mil e
noventa e cinco reais) correspondente ao cheque especial. Adicionado a isso foi feita imediatamente a
cobrança da taxa de serviços ENC LIM CRÉDITO no valor de R$120,05 (cento e vinte reais e cinco
centavos).

O valor correspondente ao cheque especial foi logo após transferido via pix para a conta Nubank de
titularidade da cliente, muito provavelmente para que a transação não fosse para a análise antes do
fim do golpe. Em seguida o valor recebido na conta Nubank foi novamente transferido, desta vez
para a chave pix: cancelamento1345@gmail.com a qual não consta titular e tendo como única
informação de destino o Banco CORA SDC S.A detentor do CNPJ 45.353.918/0001-52.

A cliente dirigiu-se à agência do Banco Bradesco do seu município para entender o que possa ter
ocorrido para que a segurança do banco e consequentemente a segurança dos seus respectivos dados
tenha sido violada, principalmente porque a mesma não detinha chave pix cadastrada no Banco
Bradesco e nem mesmo fazia uso do aplicativo pois não possui biometria cadastrada, requisito
indispensável para uso do referido instrumento. No entanto, como resposta da instituição requerida a
cliente obteve a alegação de que nada poderia ser feito para a resolução do problema e que esta
deveria entrar em contato com a Nubank para a responsabilização do ocorrido.

Por esta razão, a requerente recorre ao juízo desta comarca a fim de assegurar o seu direito enquanto
consumidora conforme fundamentação a seguir exposta.

DO
DIREITO____________________________________________________________________
____________________

1. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Entende-se que a requerente tem o direito à inversão do ônus da prova, pelo que reza o inciso
VIII do art.6º do Código de Defesa do Consumidor, de forma que a narrativa dos fatos
encontra respaldo nos documentos anexados, comprovando a verossimilhança da alegação
conforme disposição legal:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

[...]
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência.

Da mesma forma, o direito à inversão é motivado no que tange à requerente se encontrar em


estado de hipossuficiência técnica e vulnerabilidade se comparada ao réu, o qual detém
maiores condições de produção de provas necessárias ao conhecimento do excelentíssimo
magistrado.

O pedido ainda encontra respaldo em diversos estatutos de nosso ordenamento jurídico, a


exemplo o art. 927 do Código Civil e parágrafo único que evidenciam a pertinência do pedido de
reparação de danos. Como é apresentado a seguir:

Art. 927. Aquele que por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.

Portanto, caberá ao requerido a apresentação de provas que venham de encontro ao exposto pela
requerente.

2. DO DANO MATERIAL

Conforme já exposto, a requerente sofreu um prejuízo no valor de R$2.095,00 (dois mil e noventa e
cinco reais) correspondente ao saque do cheque especial, este somado à quantia de R$120,05 (cento e
vinte reais e cinco centavos), referente à cobrança da taxa de serviços ENC LIM CRÉDITO,
totalizando um déficit significativo de R$ 2.215,05 (dois mil duzentos e quinze reais e cinco
centavos).

O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) assegura que a responsabilidade pelos danos
morais e materiais advindos do serviço defeituoso será do fornecedor e que este deverá reparar os
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços.

A autora entende que a atitude do requerido incorre nas assertivas dispostas no caput do artigo 14,
bem como no inciso II do parágrafo 1º do mesmo dispositivo do CDC. Sobre o qual versa:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
[...]
É possível assimilar que o dispositivo em destaque se manifesta no que tange à
responsabilidade objetiva do prestador de serviços (neste caso o banco), trazendo à luz o
entendimento da teoria do risco inerente a qualquer atividade econômica.

Dessa forma, ao disponibilizar um serviço, no caso o Internet Banking, o requerido tem


ciência da possibilidade de invasão às contas vinculadas ao seu sistema, no entanto, mesmo assim
oferece a falsa garantia de que neste ambiente o cliente terá seus dados protegidos sob qualquer
ameaça.

O liame do ocorrido só deixa em evidência que o motivo de determinado hacker invadir a


conta bancária da autora, subtrair alto valor monetário e a deixá-la em situação de
hipervulnerabilidade técnica deve-se ao fato da existência de avultada falha na prestação do serviço
on-line.

Além disso, o prestador de serviço deve responder pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo, conforme estabelece o art. 20 do CDC:

Art. 20. O fornecedor responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios
para consumo ou lhes diminuam o valor; [...].

§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que


razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
adequadas de prestabilidade.

Sobra essa responsabilidade objetiva apontada, a Súmula n. 479 do Superior Tribunal de


Justiça pacificou a matéria relacionada aos danos gerados por fortuito interno referentes a fraudes e
delitos praticados por terceiros:

As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por


fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias. (SÚMULA 479, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012,
DJe 01/08/2012)

Portanto, à luz do Código de Defesa do Consumidor e da jurisprudência pátria, a autora da


presente ação requer a condenação do requerido ao pagamento de indenização pelo dano material no
importe de R$ 2.215,05 (dois mil duzentos e quinze reais e cinco centavos) com juros e correção
monetária desde a data do evento.

Pelos motivos acima destacados, a autora desta ação requer que seja efetuada a responsabilização
civil nos moldes do Código de Defesa do Consumidor do requerido e de forma solidária a
responsabilização do banco Nubank S.A, confirmando o litisconsórcio passivo.

3. DOS DANOS MORAIS

O simples fato de a parte ter sofrido descontos injustificáveis em seu salário, culminando na
necessidade de ajuizamento de ação, a fim de obter tutela jurisdicional, causa inegável prejuízo,
sendo o suficiente para dar azo à condenação do réu ao pagamento de danos morais, como forma de
coibir condutas semelhantes.
Anteriormente descrito, o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor ratifica a
responsabilidade do fornecedor do serviço pelos danos causados pela má prestação do mesmo no que
tange à falta de segurança. Por isso podemos inferir que os danos morais provenientes dessa má
prestação também são dignos de reparação.

O Código de Defesa do Consumidor ampara o consumidor que foi vitimado em sua relação de
consumo, com a justa reparação dos danos morais e patrimoniais causados pela má prestação de
serviço, como se pode constatar em seu artigo 6º, inciso VI:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,


coletivos e difusos;

Não restam dúvidas quanto à necessária responsabilização da requerida. Por isso, para que
seja atendido o direito à devida reparação dos danos morais que lhe foram causados, buscando como
efeito principal a prevenção e o desestímulo de forma que não aconteça com os demais clientes o que
ocorreu com a autora, busca-se indenização justa e razoável sob o valor de R$4.000,00 (quatro mil
reais).

DOS PEDIDOS-
____________________________________________________________________________
__________

Por todo o exposto, Requer-se:

O deferimento do benefício da assistência judiciária gratuita;

A citação da requerida para que tome ciência da presente ação e assim se manifeste nos autos, sob
pena de revelia;

A citação do requerido para que na pessoa do seu representante compareça a audiência de conciliação
a ser marcada, podendo esta ser convolada em audiência de instrução e julgamento nos termos da Lei
9.099/95, sob pena de revelia e confissão;

A inversão do ônus da prova;

Seja julgada totalmente a presente ação, determinando-se o pagamento pelo requerido, da obrigação
de fazer no que tange à reparação pelos DANOS MORAIS sofridos pela requerente no valor justo e
razoável de 4.000,00 (quatro mil reais) em face da falta de segurança bancária.

A condenação do réu ao pagamento a título de DANOS MATERIAIS no valor de 2.095,00 (Dois mil
e noventa e cinco reais) referente ao montante correspondente ao valor usurpado do cheque especial
somado à cobrança da taxa de serviços ENC LIM CRÉDITO no valor de R$120,05 (cento e vinte
reais e cinco centavos).

A condenação do banco requerido ao pagamento das custas processuais e dos honorários


advocatícios;
VALOR DA CAUSA

Dar-se á o valor de R$6.215,05 (seis mil, duzentos e quinze reais e cinco centavos)

Diante do exposto,
Pede e aguarda deferimento.

Anajatuba/MA, data e hora do sistema.

TAYRONY SANTANA
Advogado – OAB/MA nº 23.717-A

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