Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DA __ VARA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E DE


DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE ITABUNA - BAHIA

FULANO DE TAL, brasileiro, em união estável, autônomo, inscrito no CPF sob o nº


123.456.789-00, RG nº 0000000000 SSP/BA, residente e domiciliado à Avenida Boa Morada,
nº 160, bairro Seguro, Itabuna – Bahia, CEP: 45602-000, por intermédio de seus advogados,
que esta subscrevem (mandato incluso), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS POR


FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Em face da TIM CELULAR S.A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ
sob nº 04.206.050/0044-10, com sede na Av. Tancredo Neves, nº 148, Caminho das Árvores,
Salvador – BA, CEP: 41.820-130, pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor.

1. PRELIMINARMENTE

1.1 DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Inicialmente, requer sejam concedidos os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita,


nos termos do artigo 98, do Código de Processo Civil (CPC), por ser o Autor pessoa pobre na
acepção legal do termo, com isenções de custas despesas processuais e ônus sucumbenciais
porventura existentes.

Página 1 de 6
1.2 DA CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Consoante dispõem os artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor (CDC),


verifica-se, no caso em análise, que há relação de consumo entre a parte Ré e o Autor, vez que
a primeira é fornecedora de serviços e o segundo destinatário final desse serviço, vejamos:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

1.3 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

No contexto da presente demanda, o Autor é hipossuficiente e vulnerável frente a


capacidade técnica da Acionada, havendo, portanto, claras possibilidades da aplicação da
inversão do ônus da prova, ante a verossimilhança das alegações, como bem prevê o disposto
no Art. 6º, VIII do CDC que assim dispõe:

Art. 6º (...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Deste modo, cabe à Acionada demonstrar provas em contrário do exposto pelo Autor.

2. DOS FATOS

O Autor possui contrato de linha telefônica junto à empresa Requerida, referente ao


número (73) 99123-4567, vinculado ao plano “TIM Controle Ligações Ilimitadas” e sempre
cumpriu ordinariamente com a obrigação pactuada, com todas as faturas adimplidas.
Ocorre que no dia 24/08/2020 o Requerente recebeu e-mail da Requerida, como sempre
ocorreu em meses anteriores, mas dessa vez, excepcionalmente, com 02 (dois) códigos de barras
e a mensagem de que estes se referiam ao pagamento de sua fatura TIM, conforme cópia anexa.
Como de costume, o Requerente procedeu com o pagamento, via aplicativo bancário,
conforme comprovante anexo, utilizando o primeiro código de barras constante do e-mail

Página 2 de 6
recebido e, só após a confirmação do pagamento, constatou que o valor pago era de R$ 418,54
(quatrocentos e dezoito reais e cinquenta e quatro centavos) e que este divergia imensamente
do valor do plano contratado junto à Requerida.
Ao entrar em contato com o serviço de atendimento ao cliente (SAC) da empresa por
telefone, na mesma data, foi informado de que deveria proceder com o pagamento do 2º código
de barras recebido no e-mail, no valor correto do plano contratado de R$ 30,65 (trinta reais e
sessenta e cinco centavos), o que foi prontamente cumprido pelo Requerente, conforme se vê
no comprovante anexo, e que o valor do pagamento efetuado, referente ao 1º código de barras,
enviado erroneamente pela Requerida por e-mail, seria restituído em até 05 (cinco) dias úteis.
Mera ilusão!!!
Após aguardar por mais de 60 (sessenta) dias pelo ressarcimento do valor pago, o
Requerente entrou em contato novamente com o SAC da Requerida no dia 22.10.2020
(protocolo 2020111868816) e, ao falar com a atendente “Elisabeth”, esta informou um novo
prazo de 05 (cinco) dias úteis para o retorno com a resposta sobre como a Requerida iria
proceder na solução do problema. Um completo absurdo!!!
O Autor, já consciente de que a via administrativa só gerou perda de tempo e desgaste
emocional, uma vez que o lapso temporal para o ressarcimento do valor pago, gerado por
cobrança indevida da Requerida, gera um sentimento de impotência, indignação, humilhação e
estresse.
Dessa forma, requer, através de via judicial que a Acionada seja compelida ao
ressarcimento do valor pago pelo Acionante, em dobro, além do pagamento de
indenização no montante de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelos danos morais, a fim de
que o Acionante não venha a sofrer mais prejuízos, materiais e emocionais.

3. DO DIREITO

Inúmeras decisões vêm sendo proferidas, no sentido de proteger o consumidor quanto a


falhas de serviços contratados, como abaixo transcrito da obra Código Do Consumidor
Comentado – Paulo Brasil Dill Soares - Ed. Destaque – 3ª. Edição - 1997, págs. 254 e 257.

Comprovado o vínculo obrigacional e não demonstrada a participação do


consumidor na falha do serviço, fica o fornecedor obrigado a cumprir sua
obrigação de fazer, sob pena de pagamento de multa. Procedência do Pedido.
Sentença reformada. (Acórdão da 2ª Turma do Conselho Recursal - Proc. nº 09/92 -
Rel. Juiz José Veillard Reis, RJ. 1994). (Grifos nossos)

Página 3 de 6
Também deve ser observado o que determina o art. 14 do CDC que, além de estabelecer
a responsabilidade objetiva dos prestadores de serviço, distribuiu de maneira própria o ônus da
prova:

O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa,


pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes e inadequadas sobre
sua fruição e riscos. (Grifo nosso)

Vale ressaltar que o Requerente juntou aos autos os documentos e provas que lhes
são possíveis produzir, pelo que pugna a este juízo que seja observado a regra trazida pelo art.
6º do CDC, a seguir:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências. (Grifo nosso).

Quanto ao DANO MORAL, o ordenamento jurídico pátrio estabelece que violar


direitos e causar dano a outrem cometem ilícitos sendo responsabilizado pelo dano causado. É
o que se vê no art. 186 do Código Civil, que aduz: “Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Ademais, a insigne Dra. Maria Helena Diniz, em sua obra intitulada
RESPONSABILIDADE CIVIL, preceitua que:

(...) Os lesados indiretos e a vítima, poderão reclamar a reparação pecuniária em razão


de danos morais, embora não peçam um preço para a dor que sentem ou sentirem,
mas, tão-somente, que se lhes outorgue um meio de atenuar, em parte, as
consequências da lesão jurídica por eles sofrida.

Nesse contexto, é importante ressaltar que além dos dispositivos legais acima expostos,
pode–se ainda fundamentar o caso em tela no art. 927 do CC em que trata no seu texto legal o
que se segue: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência,
violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”.
A indenização dos danos puramente morais representa punição FORTE e
EFETIVA, bem como ao desestímulo à prática de atos ilícitos, determinando, não só o Réu,
mas, principalmente, a outras pessoas, físicas ou jurídicas, a refletirem, se policiarem, vigiar os

Página 4 de 6
atos comerciais para não causar prejuízo a alguém. E, segundo o art. 5º, X, da CRFB/88 – “São
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
E, neste sentido, acerca da aplicação do DANO MORAL, vem decidindo os Tribunais:

O valor da indenização para garantir compensação ao lesionado e penalidade ao


lesionador, por certo, não pode se descurar da capacidade econômica de cada
envolvido no litígio. É válido mencionar, desta feita, que tanto na Doutrina quanto na
Jurisprudência, o valor deve ser fixado com: "Caráter dúplice, tanto punitivo do
agente, quanto compensatório em relação a vítima." (TJSP – 7ª Câm. – Ap. – Rel.:
Campos Mello – RJTJESP 137/186187). (Grifo nosso)

Dessa forma, tendo em vista que a Ré violou princípios basilares do Código de Defesa
do Consumidor, sendo eles o princípio da boa-fé, confiança e informação, causando um
transtorno para o Autor, requer indenização MORAL no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)
em respeito aos princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade, por ser
medida legal e reparadora, paralelo ao que vem sendo forçadamente submetido o Autor.

4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, REQUER:

a) A Concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do artigo 98, do
Código de Processo Civil (CPC), por ser o Autor pessoa pobre na acepção legal do termo, com
isenções de custas despesas processuais e ônus sucumbenciais porventura existentes;
b) A Inversão do ônus da prova, haja vista a hipossuficiência técnica e econômica do
Requerente;
c) A Citação da Requerida no endereço supramencionado para que possa exercer o seu direito
de resposta, sob pena de revelia;
c) A Condenação da Requerida ao pagamento referente à:
c.1) RESTITUIÇÃO DO VALOR, EM DOBRO, referente à COBRANÇA
INDEVIDA, perfazendo o montante de R$ 837,08 (oitocentos e trinta e sete reais e
oito centavos);
c.2) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, no valor de 20.000,00 (vinte mil
reais), em respeito aos princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade,
nos termos da causa de pedir, pelo que vem sendo submetido o Autor;
d) A Juntada dos documentos anexos.

Página 5 de 6
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito,
notadamente depoimento pessoal dos representantes das requeridas, documental, sem
prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis para o deslinde do feito.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.837,08 (vinte mil, oitocentos e trinta e sete reais e oito
centavos) para fins de alçada e de direito.

Termos que,
Pede e espera deferimento.

Itabuna, 03 de novembro de 2020.

VÍVIAN SENA DO NASCIMENTO SILVÉRIO SOUZA DOS SANTOS


OAB/BA OAB/BA

CAMILA PINA BRITO


OAB/BA

Página 6 de 6

Você também pode gostar