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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE ITU - ESTADO DE SÃO PAULO

NOME AUTOR, brasileiro, viúvo, aposentado, portador do


documento de identidade de nº 48.265.504-5 SSP/SP, inscrito no CPF sob nº
406.216.798-01, residente e domiciliado na Rua Marli Ernani Ribeiro da Silva, nº 304,
casa 02, Bairro São Luiz, Itu/SP, CEP: 13304-282, por seu advogado que esta
subscreve, com endereço profissional na Rua 21 de abril, 41-B, Centro, Itu/SP CEP
13.300-210, Telefone 011-995627144 e endereço eletrônico:
claudiovitorino.jr@uol.com.br, onde requer sejam enviadas todas as notificações e/ou
publicações referente ao processo em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência ajuizar a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA
DE RELAÇÃO JURÍDICA c.c. REPETIÇÃO DE INDÉBITO e INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS em face de UNIÃO BRASILEIRA DE APOSENTADOS
DA PREVIDÊNCIA - UNIBAP, pessoa jurídica de direito privado, na pessoa de seu
representante legal, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 13.416.634/0001-71, com sede na
SRTV QUADRA 701 conjunto D bloco A s/nº, Asa Sul, Brasília/DF, CEP 70340-907,
pelos razões de fato e de direito a seguir expostas:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA

O Autor requer, preliminarmente, com fulcro no art. 5º, inc. XXXV e


LXXIV da CF, combinados com os art. 1º e 2º, parágrafo único da Lei 1.060/50 e o art.
98 do NCPC, que Vossa Excelência se digne apreciar e acolher o presente pedido do
direito constitucional à justiça gratuita, isentando-o do pagamento de custas processuais
e dos honorários advocatícios e/ou periciais, por não ter condições financeiras de arcar
com as despesas processuais (docs. anexos).
II - DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

O Autor declara também que tem idade igual ou superior 60 (sessenta)


anos, razão pela qual pretende tramitação prioritária do processo, bem como os demais
dispositivos especiais de proteção assegurados pela Lei nº 10.741/2003, Estatuto do
Idoso.

III – DA COMPETÊNCIA

Com a finalidade de promover a proteção do vulnerável consumidor


(art. 4º, I do CDC) foi estabelecido como direito básico estampado na primeira parte do
art. 6º, VIII do CDC a facilitação da defesa de seus direitos, a qual permite ao
legislador, bem como ao julgador, a adequação de normas processuais para a proteção
do consumidor para equilibrar a relação processual.

Assim, como consequência deste direito básico, o dispositivo do art.


101, I do CDC possibilita que as ações de responsabilidade civil do fornecedor de
produtos e serviços, sejam promovidas pelo consumidor no foro do seu domicílio.

Importa destacar que o texto exato do aludido artigo, ao estabelecer


que a ação possa ser proposta no domicílio do autor, trouxe regra especial de
competência relativa em razão do território, na medida em que excepciona a regra geral
do Código de Processo Civil, que determina a propositura da ação no foro do domicílio
do réu (art. 94, CPC), justamente para que a proteção ao direito do consumidor seja
garantida.

IV - DOS FATOS

De plano, necessário esclarecer que a parte Autora possui benefício


previdenciário, com inscrição no INSS – Instituto Nacional de Seguro Social, sob o
Número do Benefício XXX.XXX.XXX-X conforme (doc. anexo).
Recentemente notou nesse mesmo extrato fornecido pelo INSS,
referente à aposentadoria, que estava sendo descontada mensalmente a quantia de R$
00,00 (valor extenso) conforme documentos anexos:

Os descontos totalizam a importância de R$ 62,70 (sessenta e dois


reais e setenta centavos).

Ocorre que a parte Autora desconhece o motivo de tal valor estar


sendo debitado em seu benefício. Sendo certo que nunca autorizou, fez contrato de
adesão, se filiou, ou sequer ouviu falar no nome deste Sindicato.

Porquanto, a parte Autora não assinou contratos que pudessem


ensejar os descontos em seu benefício previdenciário, caso seja acostado algum
contrato aos autos, o que trazemos a baila com o intuito de argumentar, é
pertinente requerer desde logo, a realização de exame grafotécnico, para
comprovar a veracidade da assinatura.

É importante frisar que a parte Autora nunca contratou/filiou-se com o


Requerido.

Além disso, solicitou ao INSS a exclusão dos referidos descontos.

Por fim, é cabal afirmar que a intenção da parte Autora, com esta
demanda, não é forma alguma de se locupletar à custa do Réu, muito pelo contrário.

Trata-se de inaceitável insegurança jurídica e de prática abusiva por


parte da Requerida, infringindo inúmeros dispositivos da Legislação Consumerista,
onde se viu, diante de um negócio jurídico realizado sem o seu consentimento, não
restando alternativa, senão ingressar com a presente demanda, com a finalidade de
reaver os valores descontados indevidamente, obter a cessação dos referidos descontos e
receber a devida indenização pelos danos morais sofridos.
V- DO DIREITO
V.I. – DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR

Dispõem os art. 2° e 3° da Lei n° 8.078/90, que a relação havida entre


as partes deve ser regulamentada pela legislação consumerista.

Assim, é conclusivo que a parte Autora, valendo-se do seu status de


consumidora, é parte hipossuficiente da relação de consumo havida com a Requerida,
desta forma, no presente caso é de rigor a aplicação das normas e princípios previstos no
Código de Defesa do Consumidor, razão pela qual merece proteção quanto às práticas
abusivas e violadoras do princípio da boa-fé objetiva que deve nortear todas as
relações de consumo.

Como ensina Rizzato Nunes, “a boa-fé objetiva, que é a que está


presente no CDC, pode ser definida, grosso modo, como sendo uma regra de conduta,
isto é, o dever das partes de agir conforme certos parâmetros de honestidade e
lealdade, a fim de se estabelecer o equilíbrio nas relações de consumo”.

Referido princípio abarca os deveres de informação, que visa a


assegurar a transparência da relação, para que se obtenha um consentimento livre
e consciente, a adequação no que tange os meios corretos de veiculação dessas
informações, bem como a suficiência e veracidade do que é comunicado ao consumidor.

Resta-se claro que tal princípio não fora respeitado, visto que a parte
Autora possui total desconhecimento de adesão a qualquer entidade sindical, e muito
menos que tais parcelas seriam descontadas mensalmente de seu benefício.
A Requerida incorreu também em práticas abusivas, vedadas pelo art.
39 do Código de Defesa do Consumidor, vejamos:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas: (Redação dada pela lei 8.884/94)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer
produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista
sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus
produtos ou serviços;

Antônio Carlos Efing aduz que "são comportamentos, tanto na esfera


contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de inferioridade
econômica ou técnica do consumidor", ou seja, são práticas comerciais abusivas aquelas
que tendem a ampliar a vulnerabilidade do consumidor.

Desse modo, a parte Autora viu-se demasiadamente violada em seus


direitos básicos, visto que a Requerida se utilizou da vulnerabilidade fática do
consumidor, para efetuar descontos não contratados em seu benefício previdenciário.

V. II. - DA INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA

De forma muito clara, resta evidenciado nos autos, pelos documentos


juntados à inicial, que a parte Autora não contratou qualquer mensalidade associativa
que justifique os descontos realizados em sua folha de pagamento.

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DESCONTOS
EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. MENSALIDADE DE ENTIDADE
SINDICAL. FRAUDE NA CONTRATAÇÃO. 1. Caso em que a parte
demandada, entidade sindical, não comprovou ter o autor firmado a ficha de
inscrição acostada aos autos, ônus que lhe incumbia, a teor do art. 373, II, do
Código de Processo Civil. Perícia judicial grafoscópica atesta que a
assinatura aposta no documento não é do demandante. Ante a ausência de
prova da contratação, impõe se a manutenção da sentença com relação ao
reconhecimento da ilegalidade dos descontos efetuados no benefício
previdenciário do autor, à determinação de suspensão dos mesmos, bem
como de repetição simples dos valores cobrados indevidamente. 2. Danos
morais presumidos (in re ipsa), prescindindo de prova de prejuízo, tendo
em vista os transtornos oriundos da privação de verba alimentar,
causando-lhe lesão à honra e reputação. APELAÇÃO PROVIDA.
(Apelação Cível Nº 70081253726, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Thais Coutinho de Oliveira, Julgado em 09/05/2019).

Isto posto, deve ser declarada a inexistência de relação jurídica da


parte Autora em relação à parte Requerida, ante o fato de não ter ocorrido qualquer
associação de forma lícita com a entidade sindical.

Conforme se pode verificar na jurisprudência a seguir:

DECLARATÓRIA DE INEXISTÊCIA DE DÉBITO. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. Desconto realizado pela ré no benefício
previdenciário do autor. Autor que alega não ter contratado os serviços
da ré ou autorizado qualquer desconto em sua aposentadoria. Cópia do
contrato apresentada pela ré em contestação. Autor que nega ter assinado os
documentos e alega falsidade das assinaturas. Perícia grafotécnica essencial
para o deslinde da demanda, sendo que sua ausência acarretou evidente
prejuízo ao autor. Precedentes desta Corte. Configurado cerceamento de
defesa. Sentença anulada para que seja determinada a juntada do documento
original pela ré e, posteriormente, realizada perícia grafotécnica. Recurso
provido para anular a sentença. (TJ-SP - APL: 10034746020188260024 SP
1003474-60.2018.8.26.0024, Relator: Fernanda Gomes Camacho. Data de
Julgamento: 14/12/2018, 5ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
14/12/2018).

Ademais, conforme amplamente divulgado pela mídia, em


reportagens exibidas no Fantástico e Portal G1, os seguros e contribuições sindicais para
aposentados, no caso específico, trata-se de ramificações do empréstimo consignado,
aquele em que as parcelas de pagamento são retidas no contracheque.

As financeiras detêm grandes volumes de arquivos com


documentos de clientes, acumulados ao longo de anos de atuação na concessão de
empréstimos, acrescidas de outros bancos de dados, que são vendidos em grupos
de Whatsapp de corretores.

As carteiras incluem informações e cópias de documentos pessoais.


Tendo este conjunto, representantes que aderiram às práticas fazem a digitação dos
dados dos aposentados em softwares bancários no chamado piloto automático (uso de
documentos de arquivos para inclusão da cobranças na conta sem que a pessoa saiba).

Depois, a etapa mais importante: a chamada "formalização",


momento em que a assinatura é falsificada e os sistemas das instituições são
conveniados com o INSS, o que lhes permite transmitir eletronicamente a adesão
fraudada ao seguro. Por fim, depois de receber a documentação, o INSS chancela
digitalmente o desconto mensal no contracheque do aposentado.
(https://gauchazh.clicrbs.com.br/grupo-de-investigacao/noticia/2019/06/golpe-do-seguro-lesa-aposentados-do-inss-no-pais-
cjwzcm790002c01mv0emg3jrd.html)

Desse modo, o judiciário não pode tolerar que o referido golpe


prospere, e que a parte Requerida seja responsabilizada pela fragilidade dos sistemas
digitais, que permitem o acesso a seus dados e a ampla divulgação de seus documentos
pessoais.
Pelo exposto, requer a declaração de inexistência de relação jurídica
entre a parte Autora e a parte Requerida, visto que não existem quaisquer documentos
que comprovem a referida contratação.

VI - DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

É evidente, que a parte Autora sofreu enormes danos materiais, pois


pagou por uma contribuição da qual não realizou sua contratação.

Portanto os danos materiais estão totalmente expostos, conforme


apresentado em nosso ordenamento jurídico, o ato ilícito é o praticado em desacordo
com a ordem jurídica, violando direito subjetivo individual, conforme prevê o art. 186
do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Ressalta-se ainda que, no caso, a Requerida está cobrando por serviços


sem qualquer autorização da parte Autora.

Dessa maneira, além da tarifação pelo serviço passar a ser indevida,


assim, conforme preconiza o art. 42, § único, do CDC, o consumidor tem direito a
restituição do valor pago em dobro monetariamente atualizado.

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto


a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à


repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.

Pelo supramencionado, REQUER a condenação da instituição


Requerida a devolver em dobro os valores descontados indevidamente direto do
benefício previdenciário da parte Autora, inclusive os que vierem a ser descontados
no curso da presente ação.
No que diz respeito à cobrança indevida de seguro/contribuição em
benefício previdenciário a jurisprudência já decidiu do seguinte modo, no tocante à
repetição em dobro dos valores descontados:

Apelação Cível. Pretensão de rescisão do contrato de seguro, de suspensão


dos descontos no benefício previdenciário do autor, de devolução em dobro
dos valores indevidamente retidos e indenização por dano moral, sob o
argumento, em suma, de que não possui relação jurídica com a ré. Sentença
de procedência parcial do pedido. Inconformismo da demandada. Relação de
Consumo. Não restou demonstrada, na espécie, a efetiva celebração do
contrato de seguro pelo consumidor, ônus esse que competia à fornecedora.
Falha na prestação dos serviços que se afigura inequívoca. Restituição dos
valores incorretamente descontados que deve se dar na forma do parágrafo
único do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, ante a ausência de
engano justificável. Dano moral configurado. Descontos indevidos sobre
verba de natureza alimentar que evidentemente geraram transtorno e angústia
no autor, idoso de 76 (setenta e seis) anos. Verba indenizatória, arbitrada em
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), que atende aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, em virtude do que deve ser mantida. Inteligência da
Súmula 343 desta Corte de Justiça. Manutenção do decisum que se impõe.
Recurso a que se nega provimento, majorando-se os honorários advocatícios
em 5% (cinco por cento) sobre o quantum fixado pelo Juízo a quo, na forma
do artigo 85, § 11, do estatuto processual civil vigente, perfazendo o total de
15% (quinze por cento) sobre o valor da condenação. (TJ-RJ - APL:
00262635020178190202 RIO DE JANEIRO MADUREIRA REGIONAL 3.
VARA CIVEL, Relator: Des(a). GEÓRGIA DE CARVALHO LIMA, Data
de Julgamento: 27/11/2018, DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL).

Os julgados do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo também


estão em consonância com a devolução em dobro dos valores indevidamente
descontados, ante a inexistência de contratação de tais serviços, conforme se verifica a
seguir:

CONTRATO BANCÁRIO. Ação declaratória de inexistência de relação


jurídica e de inexigibilidade de débito, cumulada com pedido de indenização
por danos morais. Lançamentos indevidos na conta corrente da autora.
Contratação de seguro de vida e autorização para débito automático não
comprovado. Repetição em dobro dos valores indevidamente
descontados. Cabimento. Presunção de boa-fé na cobrança elidida pela
reincidência dos réus e pela não apresentação do contrato firmado pelas
partes. Danos morais. Ocorrência em face da angústia gerada com a
subtração dos recursos. Indenização fixada em patamares razoáveis e
proporcionais às circunstâncias do caso. Recurso dos réus não provido,
parcialmente provido o da autora. (TJSP - APL: 00006367220148260584 SP
0000636-72.2014.8.26.0584, Relator: Gilberto dos Santos. Data de
Julgamento: 16/02/2017, 11ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
17/02/2017).

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DESCONTO AUTOMÁTICO
DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE RESTITUIR
O VALOR EM DOBRO. ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC.
OCORRÊNCIA DE FRAUDE. DESCONTOS REALIZADOS PELO
PERÍODO APROXIMADO DE UM ANO. DANO MORAL
CONFIGURADO DIANTE DAS PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. QUANTUM FIXADO EM R$ 3.000,00. RECURSO
PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71007500259, Quarta Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Luís Antônio Behrensdorf Gomes da Silva,
Julgado em 23/03/2018).

Importante mencionar que os descontos demonstrados não se deram


por engano justificável, mas sim, por cobrança abusiva e de manifesta má-fé da
Requerida, razão pela qual, atendendo o que dispõe o art. 42 e § único do CDC, a
instituição Requerida tem a obrigação de restituir a importância de R$ 00,00 (valor
extenso).

VII – DO DANO MORAL

Está evidente que a parte Autora sofreu danos morais a sua honra
subjetiva, sendo pacífica a Jurisprudência quanto a sua indenização, que deverá ser feita
pela Requerida, por ter no mínimo a enganado, lhe impondo mês a mês descontos
referentes a contribuição não autorizada.

O Autor encontra respaldo de sua pretensão no Código de Defesa do


Consumidor, em seu art. 6º, incisos VI e VII:

Art. 6º do CDC - São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica
aos necessitados;

Nesse sentido, tem entendido a jurisprudência:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. DESCONTOS INDEVIDOS


EM PROVENTOS DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS. (...). DANOS
MORAIS MANTIDOS. 1. Diante da conduta desidiosa da instituição
financeira será devida a restituição dos valores indevidamente descontados
no benefício previdenciário do autor bem como o pagamento a título de
danos morais. (...) O valor de R$ 14.055,00 se afigura razoável para o caso
concreto, tendo em vista não caracterizar enriquecimento sem causa por parte
do segurado, bem como assegurar o caráter pedagógico na medida. (TRF-4 -
AC: 50141287220124047112 RS 5014128-72.2012.4.04.7112, Relator:
MARGA INGE BARTH TESSLER, Data de Julgamento: 20/03/2018,
TERCEIRA TURMA).
RESPONSABILIDADE CIVIL – Dano moral – Desconto indevido de
valores referentes a contribuição associativa de benefício previdenciário da
autora – Ausência de demonstração da adesão – Dano moral verificado –
Ameaça injusta ao patrimônio da autora verificada –Indenização devida –
Recurso provido. (TJSP 10000146820188260411 SP 1000014-
68.2018.8.26.0411, Relator: Luiz Antônio de Godoy, Data de Julgamento:
20/06/2018, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/06/2018).

AÇÃO INDENIZATÓRIA - DESCONTO DE CONTRIBUIÇÃO


ASSOCIATIVA A SINDICATO - AUSÊNCIA DE FILIAÇÃO –
PRÁTICA ABUSIVA - ART. 39, III, Da lei 8.078/90 - dano moral -
CONFIGURAÇÃO - ATO - OFENSA A DIREITO DA
PERSONALIDADE - desconto - incidência em benefício de caráter
ALIMENTAR - VALOR - FIXAÇÃO - OBSERVÂNCIA AOS
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE -
ART. 8º DO CPC - PEDIDO - PROCEDÊNCIA - SENTENÇA -
REFORMA. APELO DA AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-SP
- APL: 10009759720188260414 SP 1000975-97.2018.8.26.0414, Relator:
Tavares de Almeida, Data de Julgamento: 21/11/2018, 14ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 21/11/2018).

Consumidor – Descontos indevidos em benefício de aposentadoria –


Entidade Ré que é prestadora de serviço – Responsabilidade objetiva –
Teoria do risco – Demonstração do nexo de causalidade – Dano moral
existente independentemente de prova – (...) - Recurso provido. (TJSP
10023152220178260411 SP 1002315-22.2017.8.26.0411, Relator: Luiz
Antônio Costa. Data de Julgamento: 19/06/2018, 7ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 19/06/2018).

Assim é inegável o enorme dano moral sofrido pela parte Autora,


tendo sua imagem abalada e sofrido prejuízos na sua honra subjetiva, sofrendo esse
desconforto por culpa objetiva da parte Requerida.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


Aposentada passou a sofrer descontos mensais em seu benefício, sem razão
que os justificasse, não obtendo êxito na tentativa de solução administrativa
da questão, a motivar a propositura da ação. Realizada perícia grafotécnica.
Sentença de procedência, para condenar a ré a restituir, em dobro, a
quantia indevidamente descontada do benefício da autora, devidamente
corrigida, além de fixar indenização por danos morais em R$ 10.000,00.
Apela a ré, alegando que comprovou a contratação da contribuição social
acostando contrato assinado pela autora; inexistência de má-fé nas cobranças;
inexistência do dever de indenizar; o valor indenizatório fixado pelos danos
morais é elevado e desproporcional. Cabimento em parte. Descontos. Perícia
grafotécnica conclusiva no sentido de que as assinaturas atribuídas à
autora não são de sua autoria, embora haja semelhança. Contratação
celebrada mediante fraude. Descontos indevidos. Repetição de indébito.
Descabimento da incidência na devolução de valores. Ausência de prova da
existência de má-fé da ré, que carece de comprovação efetiva. Pertinência da
devolução simples dos valores, devidamente corrigidos. Inteligência da
Súmula 159 do STF. Danos morais. Quantum indenizatório. Redução
para R$ 5.000,00, levando em consideração as circunstâncias do caso em
exame, montante apto a atender ao escopo satisfatório, punitivo e
educativo da reparação. Recurso parcialmente provido. (TJSP - AC:
10030308120188260297 SP 1003030-81.2018.8.26.0297, Relator: James
Siano. Data de Julgamento: 22/05/2019, 5ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 22/05/2019).

RESPONSABILIDADE CIVIL. Ação declaratória de inexigibilidade de


débito c.c repetição de indébito e indenização por danos morais em virtude de
desconto indevido realizado no benefício previdenciário recebido pela autora.
Parcial procedência dos pedidos exordiais. Majoração da indenização por
danos morais arbitrada em favor da autora. Parcial acolhimento. Sofrimento
causado à autora a idosa, conduta imputada à ré que recomendam a
majoração do quantum indenizatório para R$ 4.000,00. Precedentes.
Correção monetária a partir da publicação do acórdão (Súmula nº 362
do C. STJ). Juros de mora a partir do evento danoso (Súmula nº 54 do C.
STJ), por tratar-se de indenização calcada em responsabilidade
extracontratual. Sentença parcialmente reformada. Recurso
parcialmente provido. (TJ-SP - AC: 10022223820188260439 SP 1002222-
38.2018.8.26.0439, Relator: Nilton Santos Oliveira. Data de Julgamento:
14/08/2014, 3ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 02/04/2019).

A conduta ilícita da Requerida está demonstrada, visto que passou a


descontar no benefício da parte Autora, valores não autorizados, sem que houvesse
qualquer relação contratual entre as partes.

O dano moral resta-se demonstrado, visto que com os descontos


indevidos, a parte Autora teve seu patrimônio afetado, as verbas que recebia em caráter
alimentar foram suprimidas sem justificativa alguma, assim, sofreu diversos transtornos
de ordem psíquica, nas repartições da autarquia federal, sem que seu problema fosse
solucionado ou esclarecido.

O nexo causal também está claro, pois se a parte Requerida não


tivesse praticado a conduta ilícita, a parte Autora não teria passado por transtorno moral
algum.

Desta feita, levando em consideração a extensão do dano e, atendendo


à proporcionalidade e ao entendimento jurisprudencial do TJSP, tem se que a quantia
mínima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) é a mais acertada para reparar o dano, sem
enriquecer uma parte em detrimento da outra, mas dando sentido pedagógico, no sentido
de fazer a Requerida adotar condutas lícitas, principalmente em casos deste gênero.

VIII – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Embora a farta documentação anexada corrobore os fatos aqui


alegados, a parte Autora REQUER se proceda a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA,
nos termos do art. 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, pois há a presença
concomitante dos requisitos da (a) verossimilhança das alegações, (b) da condição de
hipossuficiência a parte Autora, como aposentado e detentor de poucos recursos
decorrentes de seu beneficio previdenciário, além do que (c) a prova a ser apresentada é
possível, existe ou deve existir e é comum às partes;

IX - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER-SE à Vossa Excelência:

1) A concessão do pedido de benefício da justiça gratuita pleiteado


pela parte Autora nos do art. 98 e ss. do CPC, posto que o Autor não possua recursos
suficientes para pagar à custa e despesas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo de seu sustento próprio e familiar (declaração anexa);

2) Seja recebida a presente ação, determinando a citação da


Requerida, no endereço indicado preambularmente, para contestar querendo a presente
ação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;

3) Seja julgada totalmente procedente a presente ação, para que seja


declarada a inexistência de relação jurídica entre a parte Autora e a Requerida;

4) Condenar a Requerida ao pagamento de indenização por DANOS


MORAIS, no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);

5) Condenar a Requerida a REPETIÇÃO DE INDÉBITO no valor


de R$ 00,00 (valor extenso) dos valores ilegalmente cobrados até então e dos valores
que forem cobrados após a propositura desta;

6) Seja determinado a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6,


VIII do CDC;

7) Embora todas as alegações do Autor sejam advindas de provas


juntadas, acrescenta que NÃO EXISTE INTERESSE na audiência de conciliação;
8) A condenação em honorários de sucumbência na base de 20%
sobre o valor da condenação, bem como ao pagamento de custas e despesas processuais;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, sem


exceção de quaisquer deles, especialmente pela prova documental que segue anexa e
pelos documentos (contratos) que poderão vir aos autos, para, através deles,
comprovar que não agiu a Requerida com a lisura necessária na oferta de seus
serviços, bem como perícia grafotécnica de eventuais documentos juntados, em que
haja suspeita de falsificação de assinatura.

Requer desde já que todos os atos processuais sejam publicados em


nome de Claudio Augusto Vitorino Junior, OAB/SP n. 377.608, sob pena de nulidade.

Atribui-se a presente ação o valor de R$ 00,00 (valor extenso).

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Itu, 10 de setembro de 2022.

Claudio Augusto Vitorino Junior


OAB/SP n 377.608

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