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EXMO. SR.

JUIZ DE DIREITO DA ______ SECRETARIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE BETIM/MG

DANIELE RAMOS DA SILVA, brasileira, solteira, do lar, inscrita no CPF sob o nº.
128.255.236-82 e no RG sob o nº MG-19.166.629, residente na Rua Nivaldo Gomes
da Silva, nº 66, Bairro Guanabara, Betim/MG, CEP 32.667-010, neste ato, por seus
procuradores que subscreve, instrumento do mandato incluso, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, inciso
XXXV, da Constituiçã o Federal de 1988, na Lei nº 9.099/1995 e nos artigos 6º,
inciso VIII, 81 e 83, caput, da Lei nº 8.078/1990 (Có digo de Defesa do
Consumidor), propor a presente

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C/C REPARAÇÃO DE


DANOS MATERIAIS E MORAIS

em face do SKY BRASIL SERVIÇOS LTDA, Pessoa Jurídica de Direito Privado,


inscrita no CNPJ sob o nº 72.820.822/0017-97, estabelecida na Av. Luis Dumont
Vilares, nº 1681 – A, Sã o Paulo/SP, CEP 02239-000, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir se expõ em:

Rua Ouro Preto, nº 340, sala 203, Belo Horizonte/MG – CEP: 30.170-040
Fone/Fax: (31) 2520-4420 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
I. DOS FATOS

A Autora, de reputaçã o ilibada, contratou serviço de internet junto a


Requerida e efetuou pagamento da taxa de instalaçã o no valor de R$60,00 (anexo),
no dia 09/03/2017.

Somente apó s efetuar o pagamento e aguardar o técnico para proceder


com a instalaçã o, a Autora tomou ciência que na sua regiã o onde reside nã o há
sinal, pois a torre encontra-se bloqueada.

A Autora, desejando ser ressarcida do valor pago, entrou em contato com a


Requerida via telefone por diversas vezes, e se passaram dias, meses e nada foi
feito.

Entã o, compareceu ao PROCOM no dia 19/06/2017 que determinou que a


Requerida entrasse em contato com a Autora para colher os dados bancá rios e
efetivar a devoluçã o da quantia paga.

Até o presente momento a Requerida quedou-se inerte.

Assim, é a presente para a empresa Requerida que flagrantemente violou


todos os direitos de consumidora da Autora, agindo com má -fé, e ocasionando
prejuízos tanto materiais como morais.

Que a sentença proferida puna os excessos cometidos, torne indene a


Autora e, sobretudo, cumpra a sua inerente funçã o preventiva, de exemplo à
sociedade, para que fatos como este nã o se repitam, da maneira que melhor
arbitrar este douto juízo.

II. DO DIREITO

Assiste direito a Autora, tanto preliminarmente como na aná lise do mérito,


devendo ser indenizada pela empresa Requerida nos termos do requerido nesta
inicial, conforme a seguir se demonstrará .

II.1. DA JUSTIÇA GRATUITA

Afirma a Autora, sob as penas da lei e na forma dos artigos 98 e 99 CPC,


que é economicamente e juridicamente hipossuficiente, e requer que lhe seja
deferida a gratuidade da justiça, uma vez sendo titular do direito pú blico subjetivo
à assistência integral a gratuita, nos precisos termos do artigo 5º, LXXIV da
Constituiçã o da Repú blica, auferindo direito à gratuidade de justiça.

II.2. DO MÉRITO

Cabe ressaltar que a presente trate-se de relaçã o de consumo, o que passa


incidir o Có digo de Defesa do Consumidor, sendo a Autora consumidora e a
Requerida a prestadora de serviços, nos termos dos arts. 2º e 3º do CDC.

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No mérito também assiste razã o à Autora em suas alegaçõ es, cabendo, à
empresa Requerida, a obrigaçã o, tanto subjetiva como objetiva, de reparar o dano
causado, bem como devolver/restituir o valor da taxa pago pela Autora de R$60,00
em dobro conforme a seguir se demonstrará .

Como descrito, a Autora foi desrespeitada e submetida a sérios


constrangimentos, em mú ltiplas oportunidades, de forma atentató ria ao princípio
da dignidade, conforme disposiçã o do legislador constituinte:

"Constituição Federal de 1988 – Art. 1º. A República Federativa


do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:
(...) II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana" – (seleção e grifos da
Autora).

A ofensa pode ser identificada em diversos pontos da narrativa expendida,


a começar pelo descaso e tratamento esquivo da empresa Requerida nã o
devolvendo o valor pago, e, furtando-se a dar mais informaçõ es a consumidora,
nã o respondendo aos diversos e reiterados pedidos de soluçã o da Autora,
assumindo postura e comportamento nã o condizente com a lisura que se espera de
todas as empresas perante seus consumidores.

Outro ponto a ser salientado é a criaçã o de falsas expectativas à autora,


prometendo-lhe a entrega do produto, no qual a Requerida nã o pode prestar, e
ainda assim, fez com que a Autora efetuasse o pagamento da taxa.

Tal afronta merece ser reparada de forma exemplar, pois atentou à


dignidade humana em níveis que a Autora nã o esperava encontrar.

II.2.a. Da responsabilidade civil subjetiva da empresa ré decorrente


do cometimento de ato ilícito civil, e do descumprimento de obrigação
contratual

Mesmo diante da posiçã o jurídica mais conservadora, defensora da


aplicaçã o subjetiva da responsabilidade, será obrigada a empresa Requerida a
indenizar a Autora, raciocínio decorrente da leitura do caput do artigo 927 do
diploma civil:

"Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) – Art. 927. Aquele que, por


ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".

A empresa Requerida é responsá vel na medida em que assumiu as


conseqü ências de seus atos e omissõ es, já descritos, contratuais ou
extracontratuais, indiferentemente. O pró prio có digo fornece a definiçã o de ato
ilícito:

"Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) – Art. 186. Aquele que, por


ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e

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causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excedemanifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes".

O mero dever genérico de nã o-prejudicar nã o foi respeitado pela empresa


Requeridaque, como observado, foi omissa, negligente e excedeu em muito os
limites impostos tanto pelo seu fim econô mico-social como pelos bons costumes.

Sua culpa vai além, afrontando a dignidade e o patrimô nio da Autora,


incorrendo, assim, em crime de Apropriaçã o Indébita e Enriquecimento sem causa,
que, conforme disposiçã o do Có digo Penal.

Esclarece aAautora, ainda, que a questã o discutida nesta açã o nã o se


encerra no cumprimento do objeto do contrato principal, isto é, a relaçã o
consumeirista de prestaçã o de serviço de obrigaçõ es-fins e obrigaçõ es acessó rias
dele decorrentes, cujo conjunto pode ser considerado como o todo da relaçã o
consumeirista.

"Na primeira modalidade, obrigações de resultado, o que importa


é a aferição se o resultado colimado foi alcançado. Só assim a obrigação
será tida como cumprida. No segundo caso, obrigações de meio, deve
ser aferido se o devedor empregou boa diligência no cumprimento da
obrigação.

A idéia fundamental reside na noção de saber e de examinar o


que o devedor prometeu e o que o credor pode razoavelmente esperar" –
(seleção e grifos da autora).

O Có digo Consumeirista protege o consumidor de propaganda enganosas,


conforme depreende-se:

Art. 6º São direitos básicos do


consumidor:

...

IV - a proteção contra a publicidade


enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas
e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento
de produtos e serviços;

Ainda, quanto á veiculaçã o do produto ou serviço e sua vinculaçã o


contratual:

CAPÍTULO V
Das Práticas Comerciais

SEÇÃO II
Da Oferta

Rua Ouro Preto, nº 340, sala 203, Belo Horizonte/MG – CEP: 30.170-040
Fone/Fax: (31) 2520-4420 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
        Art. 30. Toda informação ou
publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que
vier a ser celebrado

Quanto à publicidade:

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

        § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade,
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços

Investida da obrigaçã o, a empresa Requerida contratou com a Autora, ao


fixar, o valor a ser pago e o produto a ser entregue, fixando prazos, condiçõ es e
prazos esses descumpridos pela Requerida, conforme demonstrado, a Requerida
vendeu o que nã o fornece.

Desnecessá rio dizer que seu descumprimento deve gerar indenizaçã o à


parte prejudicada em sua universalidade de direito.

Nestes termos, a Autora deve ter seu pedido integralmente provido, pois
demonstrou cabalmente a responsabilidade civil da empresa Requerida,
decorrente da prá tica de ilícitos civis e descumprimentos de obrigaçõ es.

(i) Inversão do onus probandi: aplicação do artigo 6º da Lei nº


8.078/1990

A Autora, apesar de acostar aos autos provas que acredite serem


suficientes para a demonstraçã o da verdade dos fatos ora narrados, para a
conduçã o deste exímio juízo à formaçã o de seu livre convencimento, protesta pela
inversã o do ô nus da prova, pois considera ser a medida da boa administraçã o da
Justiça e do exercício de seus direitos, conforme disposiçã o do Có digo de Defesa do
Consumidor:

"Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) – Art.


6º São direitos básicos do consumidor: (...) VIII – a facilitação da defesa de
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias experiências"
– (seleção e grifos da Autora).

No presente caso, conforme os documentos carreados, tanto é verossímil a


alegaçã o da Autora, bem como resta demonstrada a sua hipossuficiência.

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A inversã o do ô nus de provar tem, como objeto, equilibrar a relaçã o de
consumo mediante tutela do Estado ao consumidor, reconhecendo-lhe a condiçã o
de parte prejudicada e hipossuficiente.

Desta maneira, por serem verossímeis as alegaçõ es da Autora, conforme as


provas conduzidas aos autos, e pela sua condiçã o de hipossuficiência em relaçã o à
empresa Requerida, é a presente para que se inverta o ô nus da prova, em benefício
da Autora.

(ii) Da aplicação da teoria da responsabilidade objetiva e da teoria do


risco

Uma vez caracterizada a relaçã o fornecedor-consumidor entre a empresa


Requerida e a Autora, cabe a aplicaçã o da teoria da responsabilidade objetiva, na
qual nã o se discute a existência ou nã o da culpa do agente, pois nem sempre
poderá o consumidor demonstrá -la com efetividade e êxito.

A responsabilizaçã o objetiva independe de culpa, assumindo o fornecedor,


mediante presunçã o “iure et iure”, o ô nus de reparar os danos, morais ou materiais,
e o pró prio risco inerente ao negó cio que desenvolve.

"Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor)


– Art. 12..O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
(...) Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua fruição e riscos" – (seleção e grifos da
autora).

E, na compreensã o do Professor Silvio de Salvo Venosa:

"Na responsabilidade objetiva, como regra geral,


leva-se em conta o dano, em detrimento do dolo ou da culpa.
Desse modo, para o dever de indenizar, bastam o dano e o
nexo causal, prescindindo-se da prova da culpa. (...) é
crescente, como examinamos, o número de fenômenos que são
regulados sob a responsabilidade objetiva" – (seleção e grifos da
Autora).

O nexo etioló gico é facilmente demonstrá vel, na medida em que foram as


açõ es ou omissõ es da empresa Requerida que custaram, à Autora, dias seguidos de
estresse, preocupaçõ es, constrangimentos e ofensas aos seus direitos e garantias
fundamentais, tanto de consumidor como de cidadã , conforme se depreende da
leitura dos fatos, nã o havendo sequer um elemento externo que justifique estas
perturbaçõ es em sua rotina regrada, planejada e equilibrada.

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Portanto, é a presente para que se aplique a obrigaçã o objetiva de
reparaçã o do dano, decorrente, por força de lei federal, da assunçã o do risco por
parte da empresa Requerida da atividade que explora.

(iii) Das múltiplas infrações ao Código de Defesa do Consumidor


cometidas pela empresa ré ensejadoras de reparação de dano

Houve má prestaçã o de serviço inerente à venda de produto e um longo


seriado de abusos e infraçõ es ao Có digo de Defesa do Consumidor, gerando, à
empresa Requerida, obrigaçã o de reparar os danos, morais e materiais, causados à
Autora, com base em seus já referidos artigos 12 e 14, caput, e em conformidade
com seus direitos bá sicos:

"Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor)


– Art. 6º..São direitos básicos do consumidor:

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos


patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos" – (seleção
da Autora).

Isto porque, em primeiro lugar, a Autora teve desrespeitados os seus


direitos à informaçã o e a ser atendida: ao se comportar a empresa Requerida de
modo esquivo e obscuro; ao nã o retornar as reclamaçõ es contínuas; ao prometer
soluçã o para a Autora vendendo um serviço que nã o realiza; e por fim, por lesar a
Autora, retendo indevidamente o valor pago, nã o realizando o serviço contratado e
agindo, a empresa Requerida, com descaso para com a autora/consumidora,
frustrando-a; e, finalmente, ao simplesmente ignorá -la em suas diversas tentativas
de contato para a soluçã o da relaçã o contratual.

"Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor)


– Art. 6º..São direitos básicos do consumidor:

(...) III - a informação adequada e clara sobre os


diferentes produtos e serviços, com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e


abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem
como contra práticas e cláusulas abusivasou impostas no
fornecimento de produtos e serviços" – (seleção da autora).

Doutrinalmente incontroverso ser a informaçã o um direito inerente ao


consumidor:

"São direitos fundamentais e universais do


consumidor, reconhecidos pela ONU, por meio da Resolução n.
32/248, de 10 de abril de 1985, e também pela IOCU:

(...) c) direito à informação – o consumidor deve


conhecer os dados indispensáveis sobre produtos ou serviços para
atuar no mercado de consumo e decidir com consciência;

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d) direito a ser ouvido – o consumidor deve ser
participante da política de defesa respectiva, sendo ouvido e tendo
assento nos organismos de planejamento e execução das políticas
econômicas e nos órgãos colegiados de defesa;

e) direito à indenização – é indispensável buscar a


reparação financeira por danos causados por produtos ou serviços.

(...) Conquanto seja um direito básico do consumidor, e


uma decorrência do princípio da transparência, a informação
ao consumidor assume posição relevante para instrumentalizar
sua defesa. É obrigação do fornecedor informar ao
consumidor todos os dados acerca dos produtos e serviços.

(...) Quanto aos serviços, o fornecedor está obrigado à


reparação de danos causados aos consumidores, por defeitos
relativos à respectiva prestação, sob qualquer modalidade (...) bem
como por insuficiência ou inadequação de informação" –
(seleção e grifos da autora).

A recusa na prestaçã o de informaçõ es, a falta de transparência da empresa


Requerida e, particularmente, a induçã o da Autora a erro ao gerar na mesma
expectativas, bem como a elaboraçã o de promessa posteriormente nã o cumprida,
enquanto o Có digo de Defesa do Consumidor estabelece a necessidade de
informaçõ es claras e precisas, constitui publicidade enganosa e abusiva.

Isto porque é defeso à empresa Requerida fazer afirmaçã o falsa ou


enganosa, fornecer ou veicular informaçõ es do sumo interesse da Autora sem, no
entanto, cumpri-las, bem como juntar dados mínimos para embasamento da
informaçã o fornecida, pois é notó rio que a promessa vincula o promitente à sua
efetiva consubstanciaçã o: independentemente se o prazo foi estipulado em
contrato escrito, ou verbalmente.

O que se observou foi a prá tica reiterada de abuso de prazos e um


injustificado descumprimento de promessa, conduzindo a Autora ao erro e ao
dano, tanto moral como material, prescindindo a empresa Requerida da boa-fé,
que deve necessariamente lastrear as relaçõ es de consumo.

"Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) – Art. 4º..A


Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como
a transparência e harmonia das relações de consumo" – (seleção da
Autora).

A conduta da Requerida configurou abuso na relaçã o de consumo quando


nã o foi transparente em informar antes da Autora pagar a taxa e nã o devolver o
valor.

Nã o houve preocupaçã o quanto ao respeito à dignidade da Autora, bem


como à responsabilidade da empresa Requerida em cumprir com sua obrigaçã o.

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Como visto, a Autora foi lesada. Nã o houve transparência ou harmonia na relaçã o
de consumo.

Neste sentido mesmo sentido, o aproveitamento da empresa Requerida


sobre a hipossuficiência do autor merece reprovaçã o por parte do Poder Judiciá rio.

"Prevalecimento abusivo: não poderá o fornecedor ‘prevalecer-se


da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade’ (...)
Busca a lei impedir que o fornecedor inescrupuloso tire proveito do
consumidor idoso (...), com isso objetivando preservar os direitos à higidez
física e patrimonial e de livre escolha" – (seleção e grifos da autora).

Conforme anotaçã o da boa doutrina sobre o tema, é garantido ao


consumidor ser indenizado quando afrontada a sua dignidade, quando exposto ao
constrangimento, quando submetido a estresse indevido, quando sobre ele se
praticam condutas reprová veis pela sociedade, como foi o caso da Autora,
denotando total ausência de cidadania e de respeito.

II.2.b. Da quantificação da indenização (determinação do quantum


debeatur)

A quantificaçã o da indenizaçã o deve atender a um


binô mio: (i) capacidade/possibilidade daquele que indeniza, que nã o poderá ser
conduzido à ruína com o valor condenado, e (ii) suficiência à quele que é
indenizado, que deve considerar satisfató rio o valor recebido, como forma de
compensaçã o pelos danos sofridos, mas que nã o poderá enriquecer ilicitamente ou
explorar o Poder Judiciá rio como fonte de proventos.

O posicionamento do Superior Tribunal de Justiça prevê a possibilidade de


se cumularem as indenizaçõ es por dano moral e material, devendo incidir a
correçã o monetá ria desde a data do prejuízo, conforme Sú mulas nº 37 e 43.

III. DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS

Fartamente ficou demonstrado e provado o dano material sofrido pela


Autora, vez que além de pagar quantia contratual e nã o ter o serviço entregue, o
dano agravou-se durante todo o período que amigavelmente tentou a soluçã o da
presente lide, despendendo tempo e dinheiro na soluçã o do seu problema.

Com efeito, a Autora foi vítima do descaso e desorganizaçã o, bem como do


descumprimento contratual pela Requerida, que agindo em descompasso aos
princípios contratuais consumeristas, além de receber o pagamento pelo serviço
contratado e nã o prestado, agindo descompromissadamente e negligentemente,
nã o atenderam à s inú meras tentativas da Autora em ver seu direito respeitado.

A reparaçã o por dano moral constitui garantia constitucional, prevista no


artigo 5° - X, da Constituiçã o Federal, onde lemos:

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“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.”

Nã o pode o juiz ignorar, na apreciaçã o do caso concreto que lhe seja


submetido, os aspectos relacionados aos mecanismos bá sicos do comportamento
humano, das leis de motivaçã o humana, bem como a necessidade de
interrelacionar essas dimensõ es aos aspectos morais, tutelados pelas leis
ordiná rias.

O dano moral, na esfera do Direito, é todo sofrimento humano resultante


de lesõ es de direitos estranhos ao patrimô nio, encarado como complexo de
relaçõ es jurídicas com valor econô mico.

Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovaçã o da


extensã o dos danos, sendo estes evidenciados pelas circunstâ ncias do fato.

Trata-se de dano moral presumido.

Em regra, para a configuraçã o do dano moral é necessá rio provar a


conduta, o dano e o nexo causal.

Excepcionalmente o dano moral é presumido, ou seja, independe da


comprovaçã o do grande abalo psicoló gico sofrido pela vítima.

Um exemplo de dano moral in re ipsa é o decorrente da inscriçã o indevida


em cadastro de inadimplentes, pois esta presumidamente afeta a dignidade da
pessoa humana, tanto em sua honra subjetiva, como perante a sociedade.

De acordo com o magistério do clá ssico Wilson Melo da Silva, cuja


definiçã o de dano moral dispensa quaisquer acréscimos ou comentá rios, temos:

Danos morais são lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa natural
de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se por patrimônio
ideal, em contraposição a patrimônio material, o conjunto de tudo
aquilo que não seja suscetível de valor econômico. Jamais afetam o
patrimônio material, como o salienta DEMOGUE. E para que
facilmente os reconheçamos, basta que se atente, não para o bem
sobre que incidiram, mas, sobretudo, para a natureza do prejuízo
final. Seu elemento característico é a dor, tomado o termo em seu
sentido amplo, abrangendo tanto os sofrimentos meramente físicos,
como os morais propriamente ditos.

Danos morais, pois, seriam, exemplificadamente, os decorrentes das


ofensas à honra, ao decoro, à paz interior de cada qual, à s crenças intimas, aos
sentimentos afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à integridade
corporal.

Hodiernamente, é pacífico o entendimento de que o dano moral é


indenizá vel, posto que qualquer dano causado a alguém ou a seu patrimô nio deve
ser reparado. O dinheiro possui valor permutativo, podendo-se, de alguma forma,

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lenir a dor pela indenizaçã o, que representa também puniçã o e desestímulo do ato
ilícito.

Já a responsabilidade civil é a obrigaçã o que pode incumbir a uma pessoa


de reparar o dano causado a outrém, por fato a ela imputá vel, ou por fato imputado
a pessoas ou coisas que dela dependem ou a ela estejam sujeitas. Elemento
fundamental para a sua caracterizaçã o é a culpa do agente, qual, segundo o
magistério de René Savatier, em obra que se tornou clá ssica no tema, "... é a
inexecução de um dever que o agente podia conhecer e observar. Se ele o conhecia
efetivamente e, o violou deliberadamente, existe um delito civil, ou, em matéria
contratual, dolo contratual".

IV. DOS PEDIDOS

Ex positis, requer a autora se digne Vossa Excelência:

I – O deferimento da justiça gratuita por ser a Autora pessoa


hipossuficiente no sentido legal;

II – o conhecimento e integral provimento da presente açã o, nos termos


ora requeridos,

III – determinar a citaçã o Requerida, mediante carta, na pessoa de seu


representante legal, bem como a sua intimaçã o para que, querendo, compareça à
Sessã o Conciliató ria no dia e hora designados, apresentando contestaçã o, oral ou
escrita, sob pena do exercício da confissã o e dos efeitos da revelia, sendo reputadas
verdadeiras as alegaçõ es de fato ora descritas;

IV - nã o sendo possível a citaçã o postal, requer a Autora, subsidiariamente,


que seja feita as citaçõ es mediante oficial de justiça;

V - que se determine, a Requerida, expressamente, a inversã o do ô nus da


prova, em benefício da autora, nos moldes do Art. 6º, VIII, do CDC;

VI – a condenaçã o da Requerida ao pagamento em dobro da taxa paga pela


Autora ;

VII – a condenaçã o da Requerida em 05 (cinco) salários mínimos, ou em


valor maior a ser estipulado por este douto juízo, como medida de melhor
administraçã o da mais lídima Justiça, isso porque sobredito valor condiz
perfeitamente com as peculiaridades do presente caso, tais como as condiçõ es
econô micas da vítima e do ofensor, a extensã o/repercussã o do dano, o grau de
censurabilidade da conduta ofensiva e a finalidade da indenizaçã o,
compensató ria/reparató ria para a vítima e admoestativa/punitiva para o ofensor;

VIII - a atualizaçã o do valor condenado, a partir da data da prolaçã o da


brilhante sentença a ser proferida por este douto juízo, acrescida de juros legais de
1% (um por cento) ao mês desde a data da citaçã o da Requerida;

Rua Ouro Preto, nº 340, sala 203, Belo Horizonte/MG – CEP: 30.170-040
Fone/Fax: (31) 2520-4420 – email: fernandocortezzi@yahoo.com.br
IX – a estipulaçã o da data limite para o adimplemento do valor fixado pela
sentença condenató ria, apó s a qual deverá correr multa diária, a ser estipulada
por este douto juízo;

X – que, havendo, todas as intimaçõ es e publicaçõ es de qualquer natureza


ocorridas no curso deste processo sejam enviadas diretamente ao endereço de
rodapé;

XI – a produçã o de todas as provas em direito admitidas, nos termos da Lei


nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis), particularmente quanto aos
seus artigos 5º, caput, 28 e 29;

XII – a condenaçã o da Requerida no pagamento de custas, despesas e


honorá rios sucumbências.

Dá -se a presente causa o valor de R$ 4.890,00 (quatro mil, oitocentos e


noventa reais).

Termos em que;
Pede e A. Deferimento.

Betim, 12 de julho de 2018.

Fernando de Paula Cortezzi Filho


OAB/MG 146.829

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