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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA

DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE ________ – ESTADO DE


_________.

____________, brasileira, aposentada, maior,


portadora da Cédula de identidade RG nº ________ SSP-SP e inscrita
no CPF(MF) sob o nº _______, residente e domiciliada na Rua
________________ nº 3234, Bairro _________, CEP: ________
nesta cidade de __________, por seu procurador, vem à presença de
Vossa Excelência, apresentar a competente:

AÇÃO DE RESTITUIÇÃO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS

em face de BANCO BRADESCO S.A, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ n. 60.746.948/0001-12, com sede NUC
CIDADE DE DEUS, S/N, VILA YARA, OSASCO/SP - CEP 06.029-900,
pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Vem requerer os benefícios da gratuidade da justiça,


por ser a parte autora pobre na acepção legal do termo, não tendo
condições de arcar com despesas processuais. Ab initio, conforme
denota-se da análise minuciosa dos documentos ora acostados,
vislumbra-se a imperiosa necessidade de concessão dos benefícios da
assistência jurídica gratuita e integral a Peticionante, tendo em vista
a situação financeira que ele se encontra neste momento, trata-se
de senhor de avançada idade, aposentado e que não mais
possui aptidão para o mercado de trabalho, frente ainda a
grave instabilidade comercial e fazendária que assola nosso
país atualmente.

Nesse diapasão, importante considerar que o novo


Código de Processo Civil ao revogar parte da Lei nº 1.060/50,
instituiu, no art. 99, § 3º, a presunção de veracidade da declaração
de pobreza de modo que não se exige do postulante à assistência
judiciária gratuita que faça prova de sua miserabilidade, mas
meramente que a declare. Salvo circunstâncias especiais, nas quais
há evidente demonstração da improcedência da alegada pobreza, em
razão de sinais exteriores de riqueza, a mera petição do requerente
basta para suprir a exigência legal no deferimento do benefício.

DOS FATOS

A parte autora é cliente do Bradesco há alguns anos,


tendo realizado a abertura de sua conta corrente com o escopo de
receber o seu benefício previdenciário.

Ocorre que, sem qualquer anuência do requerente, a


parte requerida vem debitando, mensalmente, em sua conta
corrente, valores referentes a uma tarifa denominada de cesta de
serviços (DÉBITO CESTA), procedimento este que é realizado pelo
Banco desde data incerta.

Os extratos da conta corrente da parte autora, os quais


seguem anexos, comprovam o referido desconto, sendo que, em
decorrência disso, o consumidor sofre, mensalmente prejuízo que
prejudica sua renda, e ainda que seja de valor pequeno, a longo
prazo é quantia que lhe fará enorme falta.

Inconformado com os descontos abusivos,


principalmente pelo fato de o requerente utilizar a sua conta
corrente para receber o seu benefício previdenciário, busco contato
com a requerida via telefone a fim de evitar mais transtornos,
restando-se infrutífero.

Porém, desde a abertura da conta, até a presente data,


foram realizados diversos descontos indevidos, sem a sua anuência.

Assim, a parte autora dirigiu-se até o estabelecimento da


parte ré, a fim de pegar os extratos referentes aos últimos 05
(cinco) anos, bem como buscar esclarecimentos a respeito dos
descontos, porém, nada foi resolvido.

Portanto, Excelência, todas essas condutas irregulares


praticadas pela parte ré ultrapassaram, e muito, os limites do mero
dissabor e foram aptas a causar danos de ordem moral da parte
autora, os quais devem ser compensados, principalmente por se
tratar de desconto em relação à verba alimentar.

Dessa forma, e a presente ação para requerer a


restituição dos valores descontados indevidamente da conta
corrente da parte autora referente aos últimos 05 (cinco) anos, bem
como a condenação da parte ré ao pagamento de indenização por
danos morais, em razão da falha na prestação de serviços.
DO DIREITO

1) DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Precipuamente, cumpre observar que esta lide versa


sobre questão consumerista, devendo, portanto, ser esclarecida pelas
normas do Código de Defesa do Consumidor.

Isso porque, a parte ré encaixa-se perfeitamente no


conceito de fornecedora de serviço disposto no artigo 3º, parágrafo
2º do Código de Defesa do Consumidor eis que presta serviço de
natureza bancária, financeira, de crédito.

Nesse sentido, consoante dispõe o conteúdo do Enunciado


da Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça, “O Código de Defesa
do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”.

De igual forma, não restam dúvidas de que a parte autora


é tido como consumidor na relação jurídica contraída com a ré, nos
termos do artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor, uma vez
que na condição de pessoa física, adquiriu, onerosamente, e como
destinatário final, serviço colocado no mercado pela parte ré.

Sobre o conceito de consumidor, vale colacionar o


entendimento de Cláudia Lima Marques:

O consumidor é uma definição também ampla em seu


alcance material. No CDC, o consumidor não é uma
definição meramente contratual (o adquirente), mas visa
também proteger vítimas dos atos ilícitos pré-contratuais,
como a publicidade enganosa, e das práticas comerciais
abusivas, sejam ou não compradoras, sejam ou não
destinatárias finais. Visa também defender toda uma
coletividade vítima de uma publicidade ilícita, como a
publicidade abusiva ou violadora da igualdade de raças,
de credo e de idades no mercado de consumo, assim
como todas as vítimas do fato do produto ou do serviço,
isto é, dos acidentes de consumo, tenham ou não usado
os produtos e serviços como destinatários finais. É uma
definição para relações de consumo contratuais e
extracontratuais, individuais ou coletivas. (MARQUES,
Cláudia Lima. Manual de Direito do Consumidor. 3. ed.
São Paulo: RT, 2010. p. 83)

Assim, reconhecida a relação de consumo e a


consequente aplicação do Código de Defesa do Consumidor, frisa-se
que a responsabilidade civil do fornecedor de bens e serviços é
objetiva, nos termos do artigo 14 do referido diploma, implicando tão
somente na identificação do nexo causal entre o fato lesivo e o dano
provocado.
Nesse sentido, escreve Paulo de Tarso Vieira Sanseverino:

No Brasil, formou-se um consenso no momento em que


se passou a regulamentar a responsabilidade pelo fato do
produto ou pelo fato do serviço, em torno da necessidade
de também se dispensar a presença da culpa no suporte
fático do fato ilícito de consumo, tornando objetiva a
responsabilidade do fornecedor. O CDC, em seus arts. 12
e 14, deixou expresso que os fornecedores de produtos e
serviços respondem pelos danos causados ao consumidor
“independentemente da existência de culpa”. Portanto,
optou-se, claramente, no direito brasileiro, por um regime
de responsabilidade objetiva não culposa do fornecedor
de produtos e serviços. (SANSEVERINO, Paulo de Tarso
Vieira. Responsabilidade Civil no Código de Defesa do
Consumidor e a defesa do fornecedor. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010. p. 55)

Ademais, estabelecidas tais premissas, não se pode


olvidar que é plenamente possível a incidência, in casu, do art. 6º,
inciso VIII do CDC, o qual garante ao autor todos os direitos básicos
do consumidor, dentre eles a proteção da vida, saúde e segurança,
informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
bem como a facilitação da defesa de seus direitos, com a inversão do
ônus da prova.

Nesse sentido, imperioso trazer à baila a seguinte


orientação jurisprudencial sobre o tema, citada por Rui Stoco:

Em matéria de responsabilidade civil, o princípio actori


incumbir probatio, sem ser derrogado, sofre atenuação progressiva
em atenção à norma reus excipiendo fit actor. Assim, todas as vezes
que as peculiaridades do fato, por sua normalidade, probabilidade e
verossimilhança, façam presumir a culpa do réu, invertem-se os
papéis e a este compete provar a inocorrência de culpa de sua parte,
para ilidir a presunção em favor da vítima. (STOCO, Rui. Tratado de
Responsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 1384)
De qualquer sorte, face ao disposto no artigo 373, inciso
I, do Código de Processo Civil, com sua regra sobre a obrigação de a
parte autora comprovar os fatos constitutivos do seu direito, ela faz
prova do alegado nesta petição inicial, juntando documentos que
corroboram a sua versão.

Por fim, vale destacar, ainda, que o prazo prescricional


que rege as relações de consumo é quinquenal, conforme estabelece
o artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor.

Nesse sentido, o julgado abaixo colacionado:

“APELAÇÃO. PROCESSO CIVIL. CONSUMIDOR.


EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO.
INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. RELAÇÃO DE CONSUMO.
APLICAÇÃO DO ART. 27 DO CDC. PRESCRIÇÃO
QUINQUENAL. EX OFFICIO. ART. 219, § 5º DO CPC.
APELAÇÃO CONHECIDA E NÃO PROVIDA. SENTENÇA
MANTIDA POR OUTRO FUNDAMENTO. 1. As instituições
bancárias, como prestadoras de serviços, estão
submetidas ao Código de Defesa do Consumidor (Súmula
nº 297, do STJ). 2. Tratando-se de pretensão deduzida
por consumidor em face de instituição financeira, com
pedidos relativos à declaração de nulidade de contrato em
decorrência da prestação de um serviço não contratado,
repetição de indébito e indenização por danos morais, não
se aplicam os prazos prescricionais previstos no Código
Civil, haja vista a configuração da relação de consumo,
nem mesmo os prazos decadenciais estabelecidos para os
casos de vício do serviço (art. 26, do CDC). Em casos tais,
a questão deve ser analisada à luz do prazo prescricional
estipulado no art. 27, do CDC. 3. Prescrição quinquenal
pronunciada de ofício, nos termos do que dispõe o art.
219, § 5º do CPC. 3. Apelação conhecida e não provida.
Sentença mantida por outro fundamento”. (TJ-PI,
Apelação Cível nº 00005028420128180116, Relator
Desembargador Oton Mário José Lustosa Torres, 4ª
Câmara Especializada Cível, julgado em 22/04/2014,
publicado em 28/04/2014).

Ante o exposto, passa-se à minuciosa análise da


responsabilidade civil da parte ré na casuística, bem como ao direito
do autor à reparação pelos danos materiais e a consequente
compensação pelos danos morais sofridos.

2) DA RESPONSABILIDADE CIVIL

O autor possui conta corrente junto ao Banco Caixa, a


qual foi criada a fim de que ele recebesse a sua aposentadoria junto
ao INSS, não sendo utilizados quaisquer outros serviços.

Destarte, tratando-se de conta corrente criada,


precipuamente, para o recebimento exclusivo de benefício
previdenciário, é vedado à instituição financeira cobrar taxas
para a manutenção da conta, conforme dispõem os artigos 1º
e 2º da Resolução nº 3402, de 06/09/2006, do Banco Central
do Brasil:

Art. 1º A partir de 2 de abril de 2007, as instituições


financeiras, na prestação de serviços de pagamento de
salários, proventos, soldos, vencimentos,
aposentadorias, pensões e similares, ficam obrigadas a
proceder aos respectivos créditos em nome dos
beneficiários mediante utilização de contas não
movimentáveis por cheques destinadas ao registro e
controle do fluxo de recursos, às quais não se aplicam as
disposições da Resolução 2.025, de 24 de novembro de
1993, com as a lterações introduzidas pelas Resoluções
2.747, de 28 de junho de 2000, e 2.953, de 25 de abril
de 2002, nem da Resolução 3.211, de 30 de junho de
2004. (Prazo prorrogado pela Resolução 3.424, de
21/12/2006)

Art. 2º Na prestação de serviços nos termos do art. 1º:

I - é vedado à instituição financeira contratada cobrar


dos beneficiários, a qualquer título, tarifas destinadas ao
ressarcimento pela realização dos serviços, devendo ser
observadas, além das condições previstas nesta
resolução, a legislação específica referente a cada
espécie de pagamento e as demais normas aplicáveis;
(...).

Portanto, considerando que a parte autora está


respaldada pela Resolução do Banco Central do Brasil supratranscrita,
faz jus a restituição, uma vez que sua conta corrente foi criada
primordialmente para recebimento de seu benefício previdenciário, as
cobranças de tarifas de cesta de serviços são totalmente abusivas,
uma vez que ele possui direito à isenção.

Assim, a conduta praticada pela parte ré é


manifestamente ilícita, de modo que o consumidor deve ser
ressarcido pelo dano material sofrido, consistente na devolução dos
valores descontados sob a rubrica de “DEBITO CESTA”, bem como à
compensação pelos danos morais suportados em razão da falha na
prestação dos serviços da instituição financeira.

3) DO DANO MATERIAL

O dano material, no caso em análise, corresponde ao


montante descontado da conta corrente do autor a título de cesta de
serviços.

Entretanto, conforme narrado, o autor não conseguiu


acesso aos extratos de sua conta referentes aos últimos 05 (cinco)
anos. O consumidor, portanto, comprova os descontos a título da
mencionada tarifa (DEBITO CESTA), conforme extratos que seguem
anexos.

Dessa forma, considerando a negativa da parte ré em


fornecer à parte autora os extratos dos últimos 05 (cinco anos), ou
seja, de março de 2015 a março de 2020 com o montante dos
valores a serem restituídos (dano material) deverão ser apurados em
fase de liquidação de sentença.

4) DO DANO MORAL

Na seara da responsabilização da parte ré pela conduta


praticada, o Código Civil dispõe em seus artigos 186 a 188 o conceito
de ato ilícito, incluindo nesse aspecto a possibilidade de ocorrência
dos danos morais.

O artigo 927 do mesmo diploma legal impõe, por sua vez, a


obrigatoriedade de indenizar-se o dano ocorrido por ato ilícito.
Nesse sentido, acrescentando ao artigo 11 do Código Civil,
temos os artigos 186 e 927, também do Código Civil, que assim
disciplinam a matéria, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Do desdobramento do referido texto legal, verifica-se que são


pressupostos da responsabilidade civil, a saber: ação ou omissão do
agente; culpa do agente; relação de causalidade e, finalmente, dano
experimentado pela vítima.

Não obstante, de forma clara, o parágrafo único do artigo


927 impõe que, em casos especificados em lei, a responsabilidade de
indenizar tem caráter objetivo, ou seja, independe de aspectos
subjetivos, tais como culpa e o dolo.

Nesse diapasão, o Código de Defesa do Consumidor, que rege


o caso em tela, como já apreciado, em seus artigos 12 e 14, descreve
que a responsabilidade referente às relações de consumo será de
caráter objetivo, complementando o disposto no parágrafo único do
artigo 927 do Código de Processo Civil.

Nota-se, assim, que para surgir a obrigação de indenizar é


necessário apenas que haja uma conduta ilícita, que gere (nexo de
causalidade) um dano, independendo se na conduta houve dolo ou,
muito menos, negligência, imperícia, imprudência, ou seja, culpa.

Pois bem, o dano moral, no caso dos autos, decorre da


evidente falha na prestação dos serviços da parte ré, consubstanciada
na cobrança de tarifas abusivas na conta corrente do autor, a qual foi
criada para que o requerente recebesse o seu benefício
previdenciário.

Vale ressaltar, Excelência, que o valor recebido pelo autor a


título de aposentadoria é extremamente baixo, de modo que os
valores descontados pela parte ré indevidamente em sua conta fazem
muita diferença ao consumidor ao final de cada mês, o que
demonstra a lesão extrapatrimonial sofrida.

Cumpre destacar, ainda, que os descontos estavam recaindo


sobre verba de natureza alimentar e, não podendo suportar mais
esses descontos, o autor se viu obrigado a transferir a sua
aposentadoria para outra instituição financeira, a fim de evitar novos
constrangimentos.

Portanto, a situação vivenciada pelo autor ultrapassa os limites


do mero dissabor, configurando danos de ordem moral.

Ademais, no caso dos autos, o dano sofrido pela parte autora


é in re ipsa, ou seja, o dever de indenizar prescinde da demonstração
objetiva do abalo moral sofrido, exigindo-se, como prova, tão
somente o fato ensejador do dano, o que ficou evidentemente
comprovado.
E, ainda, os danos morais sofridos pela parte autora devem
ser compensados em razão de seu caráter punitivo-pedagógico, como
forma de compelir a instituição financeira a cumprir os termos dos
contratos celebrados, abandonando práticas abusivas expressamente
vedadas pelo ordenamento jurídico.

Por seguinte, como sabido, não há critérios objetivos para a


fixação da indenização por violação aos direitos da personalidade,
subordinando-se a mesma ao arbítrio judicial, que deve se pautar
pelos ditames da coerência e proporcionalidade.

Nesse diapasão, cumpre destacar que o valor arbitrado não


deve ser inexpressivo, de modo a ser considerado inócuo, nem
proporcionar o enriquecimento sem causa do ofendido, devendo ser
considerados, na fixação, a extensão do dano, a reprovabilidade da
conduta do agente, a natureza punitivo-pedagógica do ressarcimento
e a situação econômica do ofendido e do autor do fato.

Assim, considerando a estatura patrimonial e financeira da


parte ré e da parte autora, bem como a extensão dos danos causados
à demandante e o valor dos descontos indevidos em sua conta, o
valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mostra-se condizente ao caso
concreto.

5) DA TUTELA DE URGÊNCIA

Conforme se verifica do artigo 300 do Código de Processo


Civil, a tutela jurisdicional invocada poderá ser antecipada se houver
cumulativamente a presença de dois requisitos específicos, quais
sejam: probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
Por sua vez, de acordo com o artigo 301 do mesmo diploma
processual, a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser
efetivada por qualquer meio idôneo para asseguração do direito.

No caso dos autos, faz-se necessário a concessão de tutela de


urgência de natureza cautelar, para que seja determinada a exibição,
pela parte ré, dos extratos bancários da conta corrente da parte
autora, referente aos últimos 05 (cinco) anos.

Isto porque a parte autora, embora tenha se dirigido ao


Banco, não conseguiu acesso, gratuitamente, aos extratos, não
podendo averiguar, assim, se houve desconto indevido em sua conta
anteriormente.

Dessa forma, deve ser concedida tutela de urgência, de


natureza cautelar, para determinar que a parte requerida apresente o
extrato mensal da conta corrente do autor, referentes ao período de
março de 2015 a março de 2020 no prazo determinado por este
Juízo, sob pena de imposição de multa diária.

III – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

1. Ex positis, é a presente para requerer de Vossa


Excelência:

a) Liminarmente, que seja concedida tutela de urgência,


de natureza cautelar, para determinar que a parte ré apresente o
extrato mensal da conta corrente da parte autora, referentes ao
prazo de março de 2015 a março de 2020 determinado por este
Juízo, sob pena de imposição de multa diária;
b) Seja deferido o pedido de inversão do ônus da prova,
nos termos do artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do
Consumidor;

c) Seja julgado procedente o pedido, para condenar a


parte ré a restituir os valores descontados indevidamente da conta
corrente da parte autora, referentes à denominada cesta de serviços
(DÉBITO CESTA), montante este que deverá ser apurado em fase de
liquidação de sentença;

d) Seja julgado procedente o pedido, para condenar a


parte ré ao pagamento de indenização por danos morais ao autor, em
razão da falha na prestação dos serviços, no valor de R$ 10.000,00
(dez mil reais), com atualização monetária a contar da data da
sentença, de acordo com a Súmula 362 do STJ, com exceção dos
juros moratórios, que deverão incidir desde o evento danoso (data do
primeiro débito registrado nos extratos), na forma da súmula 54 do
STJ.

e) Deferir a produção de todos os meios de provas em


direito admitidas, notadamente a documental inclusa, testemunhal
cujo rol apresentará oportunamente, depoimento pessoal do
representante legal da Ré, sob pena de confesso, além de outras que
se fizerem necessárias, com a Inversão do Ônus da Prova, com base
no ordenamento consumerista;

Em respeito ao artigo 319, inciso VII, do Código de


Processo Civil, bem como pelas peculiaridades do caso, a parte
autora manifesta, excepcionalmente, desinteresse na designação de
audiência de tentativa de conciliação, não afastando a grande
relevância deste instituto.
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nesses termos, pede e espera deferimento.

__________, 17 de março de 2020.

_____________________________
ADVOGADO
OAB/SP nº ___________

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