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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL

DA COMARCA DE .

EMPRÉSTIMO PESSOAL – REVISÃO DO CONTRATO

REQUERENTE (qualificação), por seu advogado que esta subscreve, instrumento de


mandato anexo, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a
presente AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em
desfavor de REQUERIDO (qualificação), , pelos motivos de fato e de Direito a seguir,
articuladamente deduzidos:

I. PRELIMINARMENTE
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Ocorre, que o Autor, é detentor de escasso recurso financeiro,


não podendo arcar com as custas, eventual sucumbência e demais despesas processuais,
sem prejuízo do seu sustento ou de sua família, conforme declaração anexo a presente
demanda.

Diante das circunstâncias, têm-se em anexo a declaração do


Requerente, sob as penas da Lei, quanto “a inaptidão, provisória e economicamente, de
arcar com as despesas necessárias ao desenvolvimento do processo judicial sem
prejuízo das suas mantenças ou de sua família”.

Desta forma, o Requerente faz jus aos benefícios da justiça


gratuita, nos termos do artigo 98 e seguintes do CPC, devendo ser isentado das custas
processuais e demais despesas inerentes a presente ação de revisão.

DOS FATOS

Em , o autor firmou contrato de financiamento de


veículo automotor na modalidade CDC (Crédito Direto ao Consumidor), com o banco
réu, onde foi solicitado empréstimo no valor de R$ ,
pactuando-se, para tanto, contraprestações mensais no valor de R$ , com início
em e término previsto para .
No entanto, em que pese a continuação do contrato, pretende o
Autor corrigir algumas ilegalidades que vem sendo exigidas pela ré, que se aproveita da
diferença própria das relações de consumo e dos poderes conferidos pelos instrumentos
de adesão, para com isso se enriquecer ilicitamente, causando prejuízo de montante
considerável ao Autor.

Aqui, não é necessário ser um “expert” em cálculos ou em


perícias para perceber que tal financiamento está recheado de absurdos e ilegalidades,
pois, nada justifica um financiamento R$
, ser transformado no final do pagamento na estratosférica quantia de R$
, ou seja, o dobro do valor financiado.

Faz-se mister colacionar que não é a intenção do consignante


fraudar o cumprimento da obrigação, haja vista, o interesse em saldar o contrato até o
seu término, sendo que já efetuou o pagamento de prestações, alcançando assim R$

Através de um estudo mais detalhado, o qual somente pode ser


percebido através de avaliação técnica, conhecimento este que o Autor não tem, nota-se
a existência de condições leoninas, abusivas e ilegais, praticando usura e anatocismo,
ferindo preceitos de ordem pública e onerando excessiva e unilateralmente o contrato.

Assim, por não restar alternativa suficientemente capaz de seus


resguardar seu direito, o Autor propõe a presente Ação de Revisão de Contrato c/c
Repetição de Indébito.

DO DIREITO
DO INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO

Para melhor entendimento acerca do caso ora em lide, se faz


imperioso salientar que a Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
observando o rito dos recursos repetitivos (artigo 543-C do CPC, inserido pela Lei n.
11.672/08), julgou o Recurso Especial n. 1061530/RS, interposto pela União Brasileira
de Bancos S/A (Unibanco) contra uma consumidora, que havia ajuizado Ação
Revisional de contrato.

Isto posto, tendo em vista a multiplicidade de recursos com


fundamento em idêntica questão de direito, o julgamento do referido Recurso Especial
foi afetado à Segunda Seção do STJ, a fim de que todos os processos, que versem sobre
o mesmo tema, sejam julgados conforme as orientações estabelecidas pelo STJ no
julgamento desse Recurso.
Dessa feita, o STJ teceu 5 orientações, as quais serão analisadas
separadamente, discutindo sua aplicabilidade no caso em tela.

Orientação n° 1: JUROS REMUNERATÓRIOS, É possível a


estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, sem que isso implique
cláusula abusiva, o que significa dizer que as instituições financeiras não se sujeitam à
limitação dos juros remuneratórios estipulada na Lei de Usura (Decreto 22.626/33).
Somente será admitida a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações
excepcionais, desde que comprovada cabalmente a abusividade, que será verificada
caso a caso.

Conforme se extrai da 1° Orientação proferida pelo STJ, é


perfeitamente possível a aplicação de taxa de juros em patamares superiores a 12% ao
ano. Entretanto, conclui-se ainda que será admitida a revisão dos juros, caso
comprovada a abusividade.

Entretanto, o caso em tela trata-se de situação excepcional, vez


que houve abuso por parte da ré, uma vez que pactuou determinada taxa de juros, e na
verdade aplicou taxa em patamar superior ao avençado.

Assim, constata-se que a taxa pactuada foi de 2,77% ao mês, não


havendo clausula de capitalização de juros, conforme se percebe no instrumento
contratual, conquanto, foi aplicada a taxa de 3,1546%, e, aplicada sobre o valor
financiado de forma capitalizada, conforme se extrai do laudo contábil em anexo.

Assim, tendo o Autor financiado o importe de R$


e, aplicando as taxas e juros previstos no contrato sem capitalização, temos
que a parcela correta para pagamento pelo mesmo, importaria em R$
, e não na parcela de R$ pagos pelo Autor, pois, cobrado indevidamente pelo
Requerido, pelo que paga a maior o importe de R$ ao
mês, que somado as 60 prestações, se tem o importe de R$ .

Assim sendo, nota-se que é perfeitamente possível a revisão da


taxa de juros devido ao fato de que foi aplicada taxa diversa da pactuada, o que desde já
se requer.

Orientação n° 2: CONFIGURAÇÃO DA MORA, Havendo


encargos abusivos exigidos no período da normalidade contratual (juros
remuneratórios e capitalização), a mora não estará caracterizada. Contudo, a mora
não poderá ser afastada com a mera constatação de que foram exigidos encargos
abusivos ou o simples ajuizamento de Ação Revisional.(grifo nosso).
Importante salientar que de acordo com a 2° orientação do STJ
destaca-se como abusivos os juros remuneratórios (se excessivos) e a capitalização,
conforme se vê do próprio trecho onde grifou-se.

Constata-se na presente relação jurídica a aplicação de juros


capitalizados, assim como a aplicação de juros ilegais.

Orientação n° 3: JUROS MORATÓRIOS, Nos contratos


bancários, não-regidos por legislação específica, os juros moratórios poderão ser
convencionados até o limite de 1% ao mês.

Bem se sabe que quando o cliente atrasa os pagamentos da


parcela pactuada, os juros são aplicados em patamares astronômicos, além de virem
ainda cumulados com a chamada comissão de permanência.

Assim, consolidou-se entendimento no Superior Tribunal de


Justiça de que os juros moratórios não poderão extrapolar o limite de 1% ao mês, e
também não poderão, em hipótese alguma serem cumulados com correção monetária ou
a comissão de permanência

Orientação n° 4: INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES, Somente será vedada a inscrição/manutenção do
nome do devedor em cadastro de inadimplentes, se houver, cumulativamente: (a)
interposição de Ação Revisional; (b) demonstração de que a alegação de cobrança
indevida se funda na aparência do bom direito e jurisprudência do STF ou STJ; e
(c) depósito da parcela incontroversa ou prestação de caução fixada pelo Juiz da
causa. Correta a inscrição/manutenção do nome do devedor em cadastro de
inadimplentes decidida na sentença ou no acórdão, quando constatada a mora, no
mérito do processo.(grifo nosso).

Em breve análise da situação, percebe-se que os requisitos ora


solicitados pelo Superior Tribunal de justiça mostram-se praticados/praticáveis dentro
do processo, visto que o presente feito trata-se de ação revisional do contrato (1°
requisito), em consonância com a jurisprudência do STJ/STF (2° requisito), e que ainda
o Autor se propõe ao depósito do valor incontroverso (3° requisito).

Isto posto, não pode prosperar a possibilidade de vilipendiar o


direito Autoral, permitindo que a ré insira seu bom nome em órgãos de proteção ao
crédito, tais qual SPC, SERASA, cartórios de protesto, etc., tendo-se em vista que estará
sendo efetuado o depósito em juízo.
Orientação n° 5: DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO, É vedado aos
Juízes de 1º e 2º graus de jurisdição conhecer de ofício, isto é, sem pedido expresso do
consumidor, a abusividade de cláusulas nos contratos bancários.

Em análise desta peça inicial, é possível constatar que toda a


matéria necessária para que se obtenha a mais pura e lídima justiça se encontra
devidamente transcorrido nos pedidos Autorais, sendo que a 5° orientação se faz
desnecessária para o caso em tela.

APLICABILIDADE DO CDC AOS CONTRATOS BANCÁRIOS

Atualmente é pacífico o entendimento de que as relações de


consumo de natureza bancária ou financeira devem ser protegidas pelo Código de
Defesa do Consumidor (CDC).

STJ Súmula nº 297: O Código de Defesa do Consumidor é


aplicável às instituições financeiras.

Neste diapasão, o contrato ora em comento, deve ser norteado


pelas regras e princípios contidos no Código de Defesa Consumerista, de forma a tutelar
o consumidor que é a parte hipossuficiente da relação contratual, extirpando assim, toda
e qualquer cláusula abusiva constante no contrato.

IV. – DOS ENCARGOS ABUSIVOS COBRADOS PELOS BANCOS.

Em um financiamento, várias taxas são cobradas indevidamente


dos consumidores, entre as quais podemos citar a Taxa de Abertura de Crédito (TAC),
que pode variar, dependendo do lojista ou da instituição financeira.

Além disso, há ainda o valor cobrado pelos bancos, por cada


folha de boleto bancário emitido e ainda a taxa de retorno, ou serviços de terceiros, que
nada mais é que uma espécie de presente que as financeiras dão aos lojistas, às custas do
consumidor, incluídas nas parcelas. Todas estas cobranças são ilegais e estão diluídas
nas prestações, além de outros, tais qual registro do contrato, serviços de
correspondentes não bancários, etc.

DA ILEGALIDADE DA TAC – TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO

Dentre os encargos cobrados pelas instituições financeiras, o


mais comumente encontrado nos contratos bancários é a chamada TAC, ou Taxa de
Abertura de Conta, a qual na maioria das vezes vem expressa no contrato.
Contudo, embora ainda seja realizada tal cobrança, tal encargo
não pode ser cobrado desde o dia 30 de abril de 2008, data em que entraram em vigor as
normas da resolução 3.518 do Banco Central do Brasil (Bacen), resolução esta que
também padroniza a nomenclatura das tarifas bancárias.

O entendimento do Banco Central do Brasil, órgão


regulamentador das operações financeiras, com a edição de tal resolução é que não é
mais admitida a cobrança de qualquer outra tarifa relacionada à movimentação de
contas de depósitos, transferência de recursos, confecção de cadastro e operações de
crédito. Dessa forma, não mais poderão ser cobradas tarifas, por exemplo, por cheque
compensado ou por depósitos e nem por abertura de crédito (TAC).

Neste diapasão, inclui-se a TAC dentre os denominados serviços


essenciais ao consumidor, sendo vedada a cobrança de tal encargo uma vez que onera
ainda mais a operação financeira. Não obstante a cobrança de tal encargo, a ré o embute
na operação aplicando-lhe ao capital solicitado incidindo sobre tal juros na forma
capitalizada.

TAXA DE RETORNO OU SERVIÇOS DE TERCEIRO

A taxa de retorno surgiu há vários anos, por sugestão das


instituições financeiras. Elas lançaram aos revendedores pelo menos dez tabelas de
financiamentos diferentes, que vão de R1 a R10. “R” significa retorno, e quando maior
o “R”, maior é a comissão que os revendedores de automóveis recebem das financeiras.
É uma espécie de presente, pelo lojista ter sugerido aquela instituição financeira ao
consumidor para o fechamento do negócio.

Tal pratica habitual da ré, além de ser ilegal chega a ser imoral,
uma vez que não deve o consumidor arcar com as comissões que as instituições
financeiras repassam às concessionárias de veículos, uma vez que o risco e os gastos do
negócio devem ser do prestador de serviços e não do consumidor.

DA ILEGALIDADE DE CAPITALIZAÇÃO
MENSAL DOS JUROS DO CONTRATO

Sabemos que as taxas de juros praticadas pelas instituições


financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional são capitalizadas mensalmente
(juros sobre juros), o que eleva as taxas a padrões muito mais altos do que aquele
pactuados.
Nesse sentido, pede-se vênia para transcorrer a Jurisprudência
do STJ, no RESP nº 402.200-RS COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO
REVISIONAL DE CONTRATO ABERTURA DE CRÉDITO. ACÓRDÃO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EFEITO INFRIGENTE. NULIDADE NÃO
VERIFICADA. APLICAÇÃO DAS NORMAS DO CDC. APLICAÇÃO DA LEI N.º
4595/64. SÚMULA N.º 596 STF. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
VEDAÇÃO. LEI DE USURA (DECRETO N.º 22626/33) APLICAÇÃO DA SÚMULA
N.º 121 STF. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA INACUMULAÇÃO. INSCRIÇÃO
NO SERASA. PREVISÃO LEGAL. VEDAÇÃO DO REGISTRO PELO TRIBUNAL
ESTADUAL CABIMENTO. LEI Nº 8.038/90, ART. 43, PARÁGRAFO 4º, CC, ART.
160, I III – Nos contratos de abertura de crédito firmado com instituições financeiras,
ainda que expressamente acordada, é vedada a capitalização mensal de juros, somente
admitida nos casos previstos em lei, hipótese diversa dos autos. Incidência do artigo 4º
do Decreto n.º 22.626/33 e da Súmula n.º 121 STF.

DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE COMISSÃO DE


PERMANÊNCIA CUMULADA COM MULTA DE
MORA

O requerente a vem buscar aqui a reparação de seu direito para


trazer à ilegalidade a relação contratual quando já se acha em inadimplência pela
impossibilidade de prosseguir pagando. As cláusulas contratuais que estabelecem os
encargos financeiros desafiam os dispositivos legais que regem a matéria, especialmente
o Decreto Lei 413/69 e a Carta Magna.

É pacífico na doutrina e na jurisprudência que todas as cláusulas


contra legem, devem ser reputadas não escritas até mesmo de oficio (artigo 146,
parágrafo único, Código Civil). O Dec. Lei 413 não autoriza a elevação dos encargos de
inadimplência a patamares superiores a 1% ao ano, não podendo o BACEN invadir a
seara do Poder Legislativo nem alterar substancialmente as leis em vigor.

Consolidado também o entendimento do STJ:

DIREITO CIVIL. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.


MULTA. INACUMULABILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO IMPROVIDO.
Multa é
comissão de permanência não podem ser exigidas conjuntamente em razão do veto
contido na resolução 1.129 do Banco Central, que editou a decisão do Conselho
Monetário Nacional, proferida nos termos do artigo 4º, VI e IX da Lei 4.595, de
31.12.64. (4ª T, REsp nº 174.181/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira,
unânime, DJU de 15/03/99).

A distinção entre contratos bilaterais e unilaterais apresenta


capital importância, por isso que da reciprocidade de prestações, que é da essência do
contrato bilateral, resulta a equivalência entre elas, de forma a justificar o preceito,
segundo o qual,
nenhum dos contraentes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento
da do outro. Querem alguns tratadistas que se trata de uma medida de equidade, que se
impõe, por isso mesmo, sem necessidade de maiores explicações: “frusta sibi fidem
servait ab e o quis postulai cui fidem a se praestitam servare recusam” Dúvidas não há,
do procedimento temerário perpetrado pelo réu, coagindo o Autor a adimplir o contrato
em sua totalidade, negando devida quitação das parcelas vencidas e adimplidas, (entrega
de quitação regular dos contratos).

DOS ENCARGOS MORATÓRIOS

Consoante entendimento pacificado da Segunda Seção do


egrégio Superior Tribunal de Justiça (REsp 163.884/RS), a cobrança de encargos
indevidos, no período da normalidade, importa na descaracterização da mora e, por
consequência, não haverá incidência de quaisquer encargos moratórios em função do
atraso nas prestações.

Assim sendo, este é o posicionamento esposado pela


jurisprudência do STJ, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO


BANCÁRIO. AÇÃO REVISIONAL. CLÁUSULAS ABUSIVAS. MORA. AFASTAMENTO.
CADASTROS NEGATIVOS. INSCRIÇÃO. VEDAÇÃO. 1.
Consoante entendimento pacificado da Segunda Seção (REsp 163.884/RS), a cobrança
de encargos indevidos, no período da normalidade, importa na descaracterização da
mora e, por conseqüência, na vedação da inscrição em cadastros de proteção ao
crédito. 3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. AgRg no REsp 932467 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2007/0048273-0 - Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO.

Ora excelência, se houve inadimplência do Autor quanto ao


pagamento de algumas parcelas, tal fato se deu por única e exclusiva culpa da própria
ré, que inseriu clausulas abusivas e leoninas no contrato, onerando-o sobremaneira que
se tornou impossível o Autor cumprir com as parcelas contratadas.

DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

A propositura desta ação revisional de contrato bancário, tem


como propósito final reaver tudo que foi pago a maior durante o período de vigência do
contrato.

Por esta razão, imprescindível postular pedido de repetição do


indébito, vez que tal instituto está intimamente ligado com
a vedação ao enriquecimento sem causa, tem previsão no art. 876 do Código Civil, bem
como, no art. 42, parágrafo único, do CDC, que determina que o consumidor cobrado
em quantia indevida, tem direito à repetição do indébito em dobro do que pagou em
excesso.

Ora, nítida a intenção punitiva do legislador, que, na tentativa de


coibir abusos em desfavor dos consumidores, determinou que tudo que fora pago a
maior deve ser restituído, devidamente corrigido e em dobro.

Assim o instituto apresenta-se com caráter punitivo, como meio


de reprimenda àquele que cobra o que não lhe foi devido.

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO


BANCÁRIO – APLICAÇÃO DAS NORMAS CONTIDAS NO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR – CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA MENSAL E SEMESTRAL DE
JUROS – VEDADA – COMISSÃO DE PERMANÊNCIA – COBRANÇA OBSTADA –
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS
– REPETIÇÃO DO INDÉBITO – POSSIBILIDADE – SENTENÇA MANTIDA –
RECURSO IMPROVIDO– Por se adequar a atividade desenvolvida pelas instituições
bancárias ao conceito de serviço esculpido no § 2º do artigo 3º do CDC, estas se
submetem às normas estipuladas pelo Código de Defesa do Consumidor. Fora das
exceções previstas em lei, é vedada a capitalização mensal ou diária de juros.
Impossibilitada resta a cobrança de comissão de permanência nos casos em que ficar
visualizada a cumulação desta com correção monetária, juros moratórios, multa
contratual ou juros remuneratórios, calculada à taxa média de mercado
. Se em decorrência da revisão das cláusulas contratuais ficar demonstrado que o
devedor principal pagou mais do que devia, a restituição deve ser assegurada a ele, sob
pena de o banco incorrer em enriquecimento ilícito. (TJMS – AC 2010.002647-6/0000-
00 – 4ª T.Cív. – Rel. Des. Rêmolo Letteriello – DJe 23.03.2010 – p. 26)

Assim, verificando-se saldo credor em virtude da aplicação de


cláusulas contratuais abusivas, a repetição do indébito é medida que se impõe.

DA INCLUSÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

Cumpre ainda salientar que o Autor sempre gozou de excelente


reputação e seu bom nome comercial é ilibado, e por tal razão, caso seja inserido em
cadastros de proteção ao crédito (SPC, Serasa, etc), tais prejuízos podem vir a ser
irreversíveis, vez que seu nome, é seu maior patrimônio, e por assim ser, jamais poderá
sofrer qualquer abalo.
Entretanto, quanto à inscrição/manutenção do nome em
cadastros de proteção ao crédito, necessário se faz a re- análise da 4° orientação
proferida pelo STJ no já mencionado incidente de processo repetitivo, onde aquela corte
superior primou pelo entendimento de que havendo três requisitos cumulativos, quais
sejam, a interposição de ação revisional, demonstração de que a ação se funda na
jurisprudência já firmada pelo STJ e o depósito judicial do valor incontroverso, ou
prestação de caução fixada pelo juiz da causa, deverá haver o impedimento de inserção
do nome Autorl nos cadastros de proteção ao crédito, ou retirada do mesmo, se já
inserido em cadastros de inadimplentes.

Isto posto, impõe-se, no caso vertente, antecipação da tutela que


deve compreender o objeto da relação contratual em apreço, até que fique definidamente
fixado o quantum debeatur, determinando que a Ré se abstenha de efetuar e/ou
providencie o cancelamento de imediato qualquer tipo de lançamento ou restrição junto
ao SPC, SERASA e Cartório de Protesto em seu nome e do seu avalista.

Ante ao exposto requer em sede liminar:

1. A teor da segunda orientação proferida pelo STJ, na qual


prevê a inibição da mora, caso constatada a existência de encargos abusivos, caso
superados os pedidos de depósito das parcelas acima elencados, requer seja inibida a
mora, de forma que possa o Autor continuar a efetuar o pagamento das parcelas
normalmente à instituição financeira, de forma que a mesma não possa inserir seu nome
em cadastros de inadimplentes, assim como se abstenha de ingressar com ação de busca
e apreensão.

2. Requer a citação postal da ré na pessoa de seu representante


legal, de forma que se abstenha de inserir o nome do Autor nos cadastros de proteção ao
crédito, ou se já inserido, proceda de imediato a retirada, sob pena de multa diária a ser
aplicada por este douto juízo.

3. Requer ainda seja deferida a posse do bem em favor do


Autor, sendo expedida certidão de posse a seu favor, para que surta seus efeitos legais.

4. Nestes termos requer, seja a ré citada no sentido impeditivo


de ajuizamento de ação acautelatória de busca e apreensão, ou se já intentada, a
suspensão desta até deslinde final deste feito.
Requer ainda:
Tendo em vista a aplicação de juros compostos através do
método PRICE, requer seja excluída da relação contratual a capitalização mensal de
juros aplicada sobre o contrato, vez que a mesma é ilegal, condenando a ré a restituição
de todos os valores pagos indevidamente, com a devida repetição do indébito (art. 42 §
único do CDC).

Requer seja expurgada da relação contratual a metodologia


utilizada para cômputo dos juros, aplicando-se o método Gauss que utiliza sistema de
amortização linear de juros, pedido este que perquire o valor de R$ , conforme
apurado em laudo que segue em anexo.

Ante a cobrança de taxas ilegais no presente contrato, requer


sejam restituídos os valores cobrados à título de taxa de TARIFA DE CADASTRO no
valor de R$ .

Ante à declaração da ilegalidade da cobrança das taxas acima


referidas, requer seja igualmente declarada a ilegalidade da incidência de juros
remuneratórios sobre as mesmas.

Requer a limitação da taxa de juros à taxa contratada ( ), uma


vez que a taxa realmente aplicada foi de % a.m, conforme se faz prova através do
aplicativo CALCULADORA DO CIDADÃO, extraido do Sitio Eletrônico do BBC
(anexo aos autos), condenando a ré a restituir a quantia de R$ .

INFORMA O AUTOR QUE NÃO TEM INTERESSE NA


DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

A citação postal da ré, na pessoa de seu representante legal para,


querendo, contestar a presente, dentro do prazo processual permitido, sob pena de
confesso quanto à matéria de fato e de direito.

Protesta pela prova documental que acompanha e em especial os


cálculos em anexo, além de todas as demais que se fizerem necessárias no decorrer da
instrução processual, todas em direito admitidas, sem a exclusão de nenhuma, caso
houver necessidade, devendo ser arcada pela ré.

Reitera-se pela concessão do benefício da justiça gratuita, por


tratar-se de pessoa sem condições de arcar com as custas processuais, sem prejuízo de
seu sustento e de sua família, e que em caso de negativa de tal pedido, então que se
conceda do período de 6 (seis)
meses para que se possa fazer o pagamento das custas processuais sem prejuízo do
julgamento.
Seja a presente demanda julgada PROCEDENTE condenado a
ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios na base legal de 20%
(vinte por cento) do valor da causa, bem como os honorários de sucumbência após o
trânsito em julgado.

Dá-se a causa o valor de R$ .

Termos em que,
LOCAL/DATA

ADVOGADO/OAB

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