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Abstract
This work is the result of research and studies in Post-
Graduation in Social Assistance with funding from CAPES/
CNPq/UFPB. The theoretical-methodological course is oriented
by the critical theory and is a systematic study on the
bibliography referring to the themes of work, State and Social
Policies in the contemporary world. It begins with the analysis of
these elements of the present capitalist context of lack of state
responsibility and the fragile ways of approaching the social
question. In this context, it can be concluded that social policies
are in the process of exacerbating fragmentation, focus and
selectivity, and workers find themselves increasingly under the
judgment of the commodification of their rights.
1
Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
clivialira@hotmail.com
2
Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
jessicajbs89@gmail.com
3
Mestranda em Serviço Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E-mail:
patigrimaldi@hotmail.com
I. INTRODUÇÃO
No capitalismo tudo se opera para que esse sistema tenha legitimidade perante
a sociedade e para que seus impactos não sejam colocados para os trabalhadores como um
problema do sistema, mas deles próprios. É o caso, por exemplo, da questão do
desemprego, que se apresenta como uma problemática do trabalhador, ou por não buscar
de maneira incessante por um emprego, ou então por não dispor das experiências e
formações exigidas pelo mercado de trabalho.
O fenômeno do desemprego estrutural aparece como sendo de responsabilidade
dos sujeitos que se encontram nessa situação, mas jamais como uma característica inerente
ao desenvolvimento capitalista. Nesse sentido, é essencial para a ordem manter um
contingente de trabalhadores desempregados, como requisito fundamental para redução do
preço do trabalho.
Porém, estes trabalhadores não podem ser deixados à mingua, e por isso
surgem as iniciativas de combate à pobreza - pauta dos organismos multilaterais no século
XXI. No rol das estratégias de redução do papel do Estado no provimento dos direitos
sociais maximizam-se as iniciativas de atuação sobre a pobreza, principalmente via
programas de transferência de renda (do qual é exemplo o Programa Bolsa Família, no
Brasil).
A política social na contemporaneidade apresenta como tendência a proteção
aos “mais pobres dentre os mais pobres”, principalmente aqueles que estão sob o julgo do
desemprego, se desatrelando da sua vinculação com o trabalho. Este tendencial
afastamento da política social dos direitos do trabalho operam como mecanismos
ideopolíticos do grande capital, no sentido de manutenção da atuação sobre a pobreza
objetivando a reprodução do exército de reservas.
Porém, é evidente que não só aqueles trabalhadores que se encontram fora do
mercado de trabalho necessitam das políticas sociais. Hoje, cada vez mais, mesmo os
trabalhadores empregados recorrem às políticas sociais, visto que o salário por si só não
permite a produção e reprodução da vida dos trabalhadores.
Diante deste contexto de necessidade universal pela cobertura das políticas
sociais, é contraditória a orientação de minimizar o papel do Estado. Não somente há uma
orientação de diminuição do papel social do Estado, mas há uma tendência crescente à
privatização dos serviços sociais. É o que observamos quando da privatização da saúde, via
planos de saúde; da educação, com o incentivo desenfreado ao setor privado e
desqualificação do público; da previdência social, expressa nos fundos de aposentadoria
privados; dentre tantas outras.
A síntese das tendências das políticas sociais na contemporaneidade pode ser
resumida na crescente mercantilização dos direitos sociais e da vida dos seres humanos,
via privatização; a focalização no combate à pobreza, objetivando reproduzir um amplo
exército de reservas e tirar da pauta dos movimentos os direitos do trabalho; e a
seletividade destas políticas, pois hoje, só tem direito de acesso os mais pobres dentre os
mais pobres.
Para que se atribua à Política Social um caráter de cidadania e universalidade, é
necessário pensá-la enquanto um espaço de lutas e disputas, repensando as relações entre
as classes que se estabeleceram ao longo do processo de sua constituição. Ainda que
respondam às demandas dos trabalhadores por melhoras em suas condições de vida e de
trabalho; e também que, os avanços do ponto de vista do trabalho signifiquem retrocessos
do ponto de vista do capital, não podemos deixar de evidenciar que as políticas sociais
cumprem com o papel de acomodação dos trabalhadores, bem como de mistificação em
torno da luta de classes.
Na contemporaneidade as multideterminações das políticas sociais nos parecem
evidentes e, pensando a história sob o motor da luta de classes, é evidente que a balança
vem pendendo para o lado do capital. São evidentes os ataques operados contra os
trabalhadores, dos quais podemos observar o crescente sucateamento do SUS e o evidente
incentivo à saúde privada através dos planos de saúde.
Do ponto de vista do trabalho não só a previdência social vem sendo atacada
(vide projeto de reforma da previdência – PEC 287/2016), mas a desregulamentação da
legislação como um todo é um evidente ataque, com destaque para a terceirização (PL
4.330/2004). Os processos de precarização do trabalho estão postos na ordem do dia, basta
observar o incentivo governamental as iniciativas de empreendedorismo.
A política educacional aponta para uma privatização total, são exemplos o
sucateamento das universidades públicas e o amplo financiamento ao setor privado, com
destaque para o ensino à distância. A política habitacional se reduz aos incentivos de
financiamento, objetivando, em última instância, aquecer o ramo da construção civil,
resultando em um incremento significativo nos preços dos imóveis, que não condizem com a
realidade brasileira.
E por fim, a assistência social, acabou por ser reduzida à sua atuação sobre a
pobreza, com recurso ao primeiro-damismo e iniciativas clientelísticas e de favoritismo,
perdendo seu caráter de direito.
Esse apanhado histórico do desenvolvimento das políticas sociais no Brasil nos
permite compreender os interesses em questão e nos remete às atuais ofensivas de
desmonte de direitos sociais e do trabalho, bem como o enfraquecimento da organização
coletiva dos trabalhadores. As perspectivas são tenebrosas para os trabalhadores, porém,
quando refletidas sob à ótica da luta de classes, nos coloca na ordem do dia a urgente
necessidade de retomada de organização e enfrentamento, para que as conquistas do
trabalho prevaleçam sobre o capital como mecanismos na construção de uma sociedade
para além do capital.
REFERÊNCIAS