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Gestão Fiscal e Tributária /

Gestão das Contribuições


Especiais (GCE)

Aula 2
Fundamento: contribuições
corporativas
Contribuições Seguridade Social Art. 195
Sociais

Art. 149 Contribuições


Art. 195,
Art. 177, §4º Residuais
Art. 149 e 149-A §4º

Contribuições de Art. 212,


Intervenção no Contribuições §5º
Domínio Econômico Sociais Gerais
– CIDE Art. 240
Contribuições
Especiais
Contribuições Art. 149
Corporativas

Contribuição para o
Custeio de Serviço
de Iluminação Art. 149-A
Pública - COSIP
Financiamento da Ordem
Social
• O que é a Ordem Social?

• São as disposições contidas no Título VIII da


Constituição Federal

• Exemplo: saúde (art. 196), previdência (art. 201),


assistência social (art. 203) (seguridade social)

• Também educação (art. 205), cultura (art. 215), desporto


(art. 217), meio ambiente (art. 225), ciência, tecnologia e
inovação (art. 218), comunicação social (art. 220), meio
ambiente (art. 225), família (art. 226) e índios (art. 231)
Financiamento da Ordem
Social
• O que financia a Ordem Social?

Seguridade Social
Contribuições
(saúde,
Sociais para a
previdência e
Seguridade
assistência)

Demais temas da
Ordem Social Contribuições
(educação, por Sociais Gerais
exemplo)
Princípio da Solidariedade
• Léxico: “compromisso pelo qual as pessoas se obrigam
umas às outras e cada uma delas a todas”

• Construir “uma sociedade livre, justa e solidária” é o


primeiro dos objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil, estampado no art. 3º, I, da
Constituição brasileira.

• A Constituição dispõe, expressamente, em seu art. 195,


caput, que “A seguridade social será financiada por toda
a sociedade”.
Princípio da Solidariedade

• Conforme Autora Silvania Conceição Tognetti

• Reconhece-se na sociedade a existência de situações


especiais que demandam prestações públicas, exigindo
recursos de toda a sociedade para manter tal sistema de
proteção. É a solidariedade que justifica a
universalidade das prestações de seguridade social.
Princípio da Solidariedade

• Conforme Autora Silvania Conceição Tognetti

• Reconhece-se na sociedade a existência de situações


especiais que demandam prestações públicas, exigindo
recursos de toda a sociedade para manter tal sistema de
proteção. É a solidariedade que justifica a
universalidade das prestações de seguridade social.
Princípio da Solidariedade

Não demanda
Saúde (196) e
contrapartida
Benefícios
específica do
Assistenciais (203)
usuário

Previdência Social
Há a necessidade
(201) (filiação
de contrapartida
obrigatória)
Referibilidade das Contribuições
Sociais para a Seguridade

• Referibilidade ampla: não se exige do legislador que


indique os contribuintes dentre os pertencentes a
qualquer grupo específico. Nessas contribuições, o
grupo é a sociedade como um todo.

• a referibilidade (nota de validade das contribuições) diz


com a pertinência das contribuições a um grupo
específico de contribuintes, o qual será chamado a
suportar o gravame adicional que elas representam.
Referibilidade das Contribuições
Sociais para a Seguridade

• Reflexo constitucional: a indicação de uma ampla gama


de obrigados ao recolhimento no art. 195:

• Empregador

• Trabalhador

• Receita de concursos de prognósticos (loterias)

• Importador
Implicações Práticas do Princípio da
Solidariedade e do critério de validade
da referibilidade ampla
• RE 566.259, 12/08/2010

• Buscou-se aplicar à CPMF (contribuição social


provisória sobre movimentações financeiras) a
imunidade das receitas de exportação para CIDE,
prevista no art. 149, §2º, CF.

• Em seu voto, o Ministro-Relator destacou que “o financiamento da


Seguridade Social encontra arrimo no princípio da solidariedade”; que,
quando se analisa imunidade relativa a contribuições sociais, é preciso
sopesar valores, “sendo escusado (aceitável) dizer que o valor
solidariedade prepondera sobre qualquer outro de cunho econômico, visto
estar ele diretamente referenciado ao postulado da dignidade humana, pilar
sobre o qual se assenta o próprio arcabouço republicano”
Implicações Práticas do Princípio da
Solidariedade e do critério de validade
da referibilidade ampla
• ADIs 3.105 e 3.128, 18 de agosto de 2004

• STF reconheceu a possibilidade de se obrigar também


os servidores públicos aposentados, bem como os
pensionistas, ao pagamento de contribuições
previdenciárias

• Em seu voto, o Min. Peluso refere que a previsão de


custeio da previdência pública por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, “bem poderia chamar-se princípio
estrutural da solidariedade”.
Implicações Práticas do Princípio da
Solidariedade e do critério de validade
da referibilidade ampla
• RE 490576 AgR, 01/03/2011

• Buscou-se a declaração de inconstitucionalidade (por


violação do princípio da isonomia tributária) da
imposição de alíquotas diferenciadas (maiores) de CSLL
para instituições financeiras, em relação às empresas
em geral.

• STF afastou alegação de violação à isonomia e justificou


a “possibilidade de as instituições financeiras sofrerem
sacrifícios marginais proporcionalmente maiores, nos
termos do princípio da solidariedade no custeio da
seguridade social”.
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (contribuintes)

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na


forma da lei, incidentes sobre:
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (contribuintes)

• Conceito de empresa: art. 15, Lei nº 8.212/91

Art. 15. Considera-se:

I – empresa – a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou
rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta,
indireta e fundacional;

II – empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa,
empregado doméstico.

Parágrafo único. Equiparam-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual e a
pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado
que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou
finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela
Lei n. 13.202/2015)
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (bases tributáveis)

Art. 195 [...]

I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,


incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a


qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;

b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20,


de 1998) (PIS/COFINS, próximas aulas)

c) o lucro; (CSLL, próximas aulas)


Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (bases tributáveis)

A expressão “folha de salários” pressupõe “salário” entendido de forma ampla,


ou seja, remuneração paga a empregado, como contraprestação pelo trabalho
que desenvolve em caráter não eventual e sob a dependência do empregador

Salário deve ser entendido de forma ampla, conforme o §11 do art. 201, CF:

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados


ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente
repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (bases tributáveis)

Por isto, ensejam a contribuição social para a seguridade:

as remunerações a sócios-diretores (pró-labore), autônomos, avulsos e,


inclusive, a remuneração prestada por Municípios aos agentes políticos
(prefeitos e vereadores)

Entretanto, são excluídas verbas que não consistem em rendimento do


trabalho:

auxílio-creche, de auxílio-transporte e as ajudas de custo em geral, desde que


compensem despesa real
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (relação jurídica)

A base econômica abrange a folha de salários e demais rendimentos do


trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à “pessoa física” que preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

Ou seja, a relação contratual deve dar-se com a pessoa física diretamente


Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (relação jurídica)

• RE n. 595.838, 04/2014

• Pretendeu-se declarar a inconstitucionalidade de dispositivo da Lei n.


9.876/99, que instituiu contribuição, a cargo das empresas tomadoras de
serviços de cooperativas de trabalho, de 15% sobre o valor da Nota Fiscal
de Prestação de Serviços

Art. 22, Lei nº 8212/01, A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade


Social, além do disposto no art. 23, é de:

IV - quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de
serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio
de cooperativas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999)
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (relação jurídica)

• STF:

“Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face


de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores
efetivamente pagos ou creditados aos cooperados [...]. O art. 22, IV, da Lei n.
8.212/91, com a redação da Lei n. 9.876/99, ao instituir contribuição
previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou
a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a
contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos
cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in
idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser
instituída por lei complementar (contribuição residual), com base no art. 195, §
4º – com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição”.

A Resolução do Senado Federal n. 10/2016 suspendeu a execução do inciso


IV do art. 22 da Lei n. 8.212/91 em atenção ao quanto decidido pelo STF no
RE n. 595.838.
Contribuições do empregador doméstico e
das empresas (relação jurídica)

Relembrando...

Necessidade da Resolução do Senado Federal em julgamentos de controle


difuso de constitucionalidade (Recurso Extraordinário)
Empregador Doméstico

Lei n. 8.212/91 trata, de um lado, da contribuição do empregador doméstico e,


de outro, da contribuição das empresas e equiparados

art. 15, II, da Lei n. 8.212/91 (conceito de empregador doméstico)

CAPÍTULO I
DOS CONTRIBUINTES SEÇÃO II
DA EMPRESA E DO EMPREGADOR DOMÉSTICO

Art. 15. Considera-se: [...]


II – empregador doméstico – a pessoa ou família que admite a seu serviço,
sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.
Empregador Doméstico

A contribuição do empregador doméstico é instituída pelo art. 24 da Lei n.


8.212/91:

CAPÍTULO V
DA CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR DOMÉSTICO

Art. 24. A contribuição do empregador doméstico incidente sobre o salário de contribuição do


empregado doméstico a seu serviço é de: (Redação dada pela Lei n. 13.202, de 2015)

I – 8% (oito por cento); e (Incluído pela Lei n. 13.202, de 2015)

II – 0,8% (oito décimos por cento) para o financiamento do seguro contra acidentes de trabalho.
(Incluído pela Lei n. 13.202, de 2015)

Parágrafo único. Presentes os elementos da relação de emprego doméstico, o empregador doméstico


não poderá contratar microempreendedor individual de que trata o art. 18-A da Lei Complementar n.
123, de 14 de dezembro de 2006, sob pena de ficar sujeito a todas as obrigações dela decorrentes,
inclusive trabalhistas, tributárias e previdenciárias. (Incluído pela Lei n. 12.470/2011)
Empregador Doméstico

Os empregadores domésticos (pessoa ou família que admite a seu serviço,


sem finalidade lucrativa, empregado doméstico) são, portanto, contribuintes da
previdência social, devendo recolher contribuição e adicional que somam 8,8%
do salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço.
Empregador Doméstico

Vejamos como a Lei n. 8.212/91 define o salário de contribuição do empregado


doméstico:

Art. 28. Entende-se por salário de contribuição: [...]

II – para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de


Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas
em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da
remuneração;
Empregador Doméstico

Recolhimento:

O prazo para pagamento é até o dia 15 do mês subsequente ao mês de


competência, ou seja, ao mês relativamente a cujo salário foi calculada a
contribuição, conforme a determinação constante do inciso V do art. 30 da Lei
n. 8.212/91, com a redação da Lei n. 8.444/92.

Simples Doméstico: regime unificado de pagamento de tributos e demais


encargos do empregador.

art. 34, LC 150/2015: recolhimento mensal, em documento único de


arrecadação DAE (Documento de Arrecadação do esocial):

• FGTS
• multa do FGTS
• contribuição previdenciária do empregado, de 8% a 11% sobre o seu salário
de contribuição
Empregador Doméstico

• contribuição previdenciária patronal de 8% sobre a remuneração do


empregado
• contribuição de 0,8% para o financiamento do seguro contra acidentes do
trabalho (SAT)
• imposto sobre a renda retido na fonte.

A operacionalização do Simples Doméstico dá-se através do sistema eSocial.


Os empregadores domésticos, através do endereço eletrônico
<http://www.esocial.gov.br/>, cadastram seus empregados e emitem,
mensalmente, o Documento de Arrecadação do eSocial,
Empregador (para empregados e avulsos)

Visão Geral dos encargos com folha do empregador (Leandro Paulsen):

Aproximadamente 28% sobre a remuneração dos empregados devem ser


recolhidos pela empresa como contribuinte

Até 11% como substituta tributária, mediante retenção

Totalizando quantia equivalente a quase 40% da folha (ou mais)

Pode ser 65% da folha se considerar encargos de natureza trabalhista, como


as provisões para o décimo terceiro salário e para o pagamento das férias e
seu adicional, a contribuição ao FGTS etc.

Pode ser 100% da folha se considerar outros encargos trabalhistas e


contribuições tanto ao FGTS como as previdenciárias patronais) em contraste
com o rendimento líquido do empregado (descontado o imposto de renda e a
contribuição previdenciária)
Empregador (para empregados e avulsos)

Visão Geral dos encargos com folha do empregador (Leandro Paulsen):

Aproximadamente 28% sobre a remuneração dos empregados devem ser


recolhidos pela empresa como contribuinte

Até 11% como substituta tributária, mediante retenção

Totalizando quantia equivalente a quase 40% da folha (ou mais)

Pode ser 65% da folha se considerar encargos de natureza trabalhista, como


as provisões para o décimo terceiro salário e para o pagamento das férias e
seu adicional, a contribuição ao FGTS etc.

Pode ser 100% da folha se considerar outros encargos trabalhistas e


contribuições tanto ao FGTS como as previdenciárias patronais) em contraste
com o rendimento líquido do empregado (descontado o imposto de renda e a
contribuição previdenciária)
Empregador (para empregados e avulsos)

1. Contribuição de 20%: principal contribuição previdenciária

art. 22, I, da Lei n. 8.212/91, com a redação da Lei n. 9.876/99:

CAPÍTULO IV
DA CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do


disposto no art. 23, é de:

I – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a
qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que
lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma,
inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos
decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.
Empregador (para empregados e avulsos)

• verbas que não constituam, propriamente, rendimentos do trabalhador


destinados a retribuir o trabalho não podem compor a base de cálculo da
contribuição.

• Orientação sobre incidências da Receita Federal:

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/orientacao-
tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e-pagamento-de-darf-das-
gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-
de-incidencia-de-contribuicao

RE 593.068, 10/2018, tese fixada: “Não incide contribuição previdenciária


sobre verba não incorporável aos proventos de aposentadoria do servidor
público, tais como ‘terço de férias’, ‘serviços extraordinários’, ‘adicional noturno’
e ‘adicional de insalubridade.”
Empregador (para empregados e avulsos)

• verbas que não constituam, propriamente, rendimentos do trabalhador


destinados a retribuir o trabalho não podem compor a base de cálculo da
contribuição.

• Orientação sobre incidências da Receita Federal:

https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/orientacao-
tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/emissao-e-pagamento-de-darf-das-
gps-e-dae/calculo-de-contribuicoes-previdenciarias-e-emissao-de-gps/tabela-
de-incidencia-de-contribuicao

Regra: seguir a orientação da Receita Federal e buscar consultoria jurídica


para pleitear judicialmente quando houver fundamento legal
Empregador (para empregados e avulsos)

• RE 1.072.485, tese fixada, “É legítima a incidência de contribuição social


sobre o valor satisfeito a título de terço constitucional de férias”.

Este RE gerou controvérsias, pois representou mudança no entendimento


jurisprudencial. Está sendo pleiteada a modulação dos efeitos, para preservar
os contribuintes que não pagaram no passado

• O STJ firmou posição no sentido de que não incide contribuição


previdenciária sobre o montante pago pela empresa ao empregado nos
primeiros dias de afastamento por motivo de doença, antes da percepção
do benefício do auxílio-doença.

• A alimentação fornecida in natura no estabelecimento da empresa também


não integra a base de cálculo, ainda que não haja vinculação ao Programa
de Alimentação do Trabalhador.
Empregador (para empregados e avulsos)
Alimentação de acordo com o PAT.

Definição: É o programa de benefício-alimentação, oriundo de incentivo criado


pelo governo, para fins de propiciar melhor condições à alimentação do
trabalhador. (benefício fiscal de até 4% do IRPJ em cima do valor pago para os
colaboradores que recebem até cinco salários mínimos)

Adesão da empresa: Consiste no encaminhamento, pela empresa, da Carta de


Adesão, formulário próprio, instruído com os seguintes elementos:

identificação da empresa beneficiária;


número de trabalhadores beneficiados no ano anterior;
número de refeições maiores (almoço, jantar e ceia) e menores (desjejum e
merenda) no ano anterior;
tipo de serviço de alimentação e percentuais correspondentes (próprio,
fornecedor, convênio e cesta básica);
número de trabalhadores beneficiados por faixas salariais no ano anterior;
termo de responsabilidade e assinatura do responsável pela empresa.
Empregador (para empregados e avulsos)
Execução do programa: A empresa beneficiária pode manter serviço próprio de
refeições, distribuir alimentos e firmar convênio com entidades fornecedoras de
alimentação coletiva, sociedades civis, sociedades comerciais e sociedades
corporativas.

Natureza salarial / Não-incidência: A parcela in natura paga pela empresa não


tem natureza salarial, não se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos,
não constitui base de incidência de contribuição previdenciária e nem se
configura como rendimento tributável do trabalhador, desde que constituída e
formalizada de acordo com o Programa de Alimentação ao Trabalhador, caso
contrário deve ser considerado salário.
Empregador (para empregados e avulsos)

• RE n. 478.410/SP, STF entendeu que o pagamento de vale-transporte em


dinheiro não descaracteriza seu caráter indenizatório, não sujeito à
contribuição

• Participação nos lucros ou resultados da empresa: não incide contribuição,


desde respeitado art. 3º, § 2º, da Lei n. 10.101/2000:

§ 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de


valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais
de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um)
trimestre civil.

Súmula 310 do STJ: “O auxílio-creche não integra o salário de contribuição.”

Súmula 688 do STF o entendimento de que “É legítima a incidência da


contribuição previdenciária sobre o 13º salário”.
Empregador (para empregados e avulsos)

• Recolhimento: Cabe às empresas apurar e recolher a contribuição, a seu


cargo, sobre as remunerações dos empregados e avulsos até o dia 20 do
mês seguinte ao de competência. (art. 30, I, Lei 8.212/91)

• As contribuições sobre o salário de dezembro e sobre o décimo terceiro


salário devem ser pagas, antecipadamente, até o dia 20 de dezembro,
conforme o art. 7º da Lei n. 8.620/93 e o art. 216, § 1º, do Regulamento.

• Substituição tributária:

– Empregados: as empresas são obrigadas, enquanto responsáveis tributárias


por substituição, a reter de seus empregados e a recolher as contribuições
por eles devidas

– Cessão de Mão de Obra: art. 31 da Lei n. 8.212/91280, cabe à empresa


tomadora dos serviços reter 11% do valor bruto da Nota Fiscal por conta das
contribuições previdenciárias devida pela empresa prestadora dos serviços.
• Neste caso, a empresa prestadora apurará a contribuição devida no mês, conforme a base de cálculo que lhe
é própria (total da remuneração dos empregados e avulsos) e deduzirá a retenção sofrida, recolhendo o saldo
devedor ou solicitando a restituição daquilo pago a maior. (legalidade RE 603.191)
Empregador (para empregados e avulsos)

2. Contribuição de 1% a 3% a título de SAT/RAT – art. 22, II, da Lei n. 8.212/91

• Empresas têm a obrigação de pagar, também, um adicional para


financiamento da aposentadoria especial e de benefícios decorrentes de
incapacidade decorrente de riscos ambientais do trabalho
– SAT (seguro de acidente do trabalho) ou RAT (risco ambiental do trabalho).

• Há quem entenda o SAT/RAT como contribuição autônoma, há quem


entenda como adicional à contribuição de 20% e há quem entenda como
parte variável da contribuição de 20%

• Lei n. 8.212/91285, no art. 22, II, com a redação da Lei n. 9.732/98,


estabelece as alíquotas de 1%, 2% ou 3% conforme o grau risco da
atividade preponderante da empresa seja considerado leve, médio ou
grave.
Empregador (para empregados e avulsos)

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do


disposto no art. 23, é de:
[...]

II – para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei n. 8.213, de 24


de julho de 1991286, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das
remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e
trabalhadores avulsos:

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de


acidentes do trabalho seja considerado leve;
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco
seja considerado médio;
c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco
seja considerado grave. [...]
§ 3º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas
estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de
empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de
estimular investimentos em prevenção de acidentes.
Empregador (para empregados e avulsos)

Acréscimo de 12, 9 ou 6% ao SAT:

Os §§ 6º e 7º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.732/98, ao


cuidar da aposentadoria especial, impõem, ainda, um acréscimo, na alíquota do SAT, de
12, 9 ou 6 pontos percentuais especificamente sobre a remuneração do segurado que
exerça atividade que permita a concessão de aposentadoria especial.
Empregador (para empregados e avulsos)

Fator Acidentário de Prevenção (FAP): A Lei n. 10.666/2003, por sua vez, prevê que
poderá haver redução de até 50% ou aumento de até 100% em razão do desempenho
da empresa relativamente aos níveis de frequência, gravidade e custo dos acidentes de
trabalho verificados.

Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao
financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão
do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do
trabalho, poderá ser reduzida, em até cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem
por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em
relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados
obtidos a partir dos índices de frequência, gravidade e custo, calculados segundo
metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.
Empregador (para empregados e avulsos)

O FAP é questionado atualmente no RE nº 677.725, com repercussão geral reconhecida.

SAT: parte variável da contribuição da empresa sobre a remuneração de empregados e


avulsos, sendo de 1%, 2% ou 3% conforme o grau de risco da atividade preponderante
na empresa,

Acréscimo ao SAT: de 6, 9 ou 12 pontos percentuais relativamente à remuneração dos


empregados e avulsos sujeitos à aposentadoria especial

Redução/Aumento do SAT: redução de até 50% ou aumento de até 100% em razão do


desempenho da empresa relativamente aos níveis de frequência, gravidade e custo dos
acidentes de trabalho verificados, aferido pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP.
Empregador (instituições financeiras)

A par da contribuição de 20% sobre a remuneração dos empregados e dos avulsos, o §


1º do art. 22 da Lei n. 8.212/91, com a redação da Lei n. 9.876/99, instituiu, ainda, uma
contribuição adicional de 2,5% a ser suportada pelas instituições financeiras e
assemelhados que arrola:

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do


disposto no art. 23, é de:
[...]
§ 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de
títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de
crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de
seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas,
além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição
adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e
III deste artigo. (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 26-11-1999)
Empregador (instituições financeiras)

Cuida-se de uma contribuição adicional sobre as bases de cálculo relativas à


remuneração dos empregados e avulsos (art. 22, I) e dos segurados individuais como
autônomos e diretores não empregados (art. 22, II).

STF: suporte no princípio da capacidade contributiva e também no § 9º do art. 195 da


CF, acrescentado pela Emenda Constitucional n. 47/2005, que autoriza que as
contribuições tenham alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho
Empregador (contribuição susbtitutiva)

As preocupações com a carga tributária sobre a folha de salários são constantes.

Nossa Constituição elege a busca do pleno emprego como princípio da ordem


econômica (art. 170, VIII, da CF), mas a elevada carga tributária, ao onerar
demasiadamente a contratação de empregados, somada aos também elevados
encargos trabalhistas.

Até 12/11/2019, vigorava a possibilidade de substituição total ou parcial da base de


incidência, para desonerar a folha de pagamentos:

Art. 195. (...)

(...)

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na
forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da


contribuição incidente na forma do inciso I, a, (folha de salários) pela incidente sobre a receita ou o
faturamento. (Incluído pela EC nº 42/2003)
Empregador (contribuição susbtitutiva)

Após a EC nº 109/2019, entretanto, foi excluída a previsão constitucional da substituição


da incidência das contribuições sobre a folha de salários:

Art. 195 (...)

(...)

§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter


alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão
de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo
também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das
alíneas "b" e "c" do inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
de 2019)

§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)


Empregador (contribuição susbtitutiva)

Entretanto, a EC nº 109/2019 preservou as substituição vigentes até sua edição:

(i) associações desportivas (art. 22, §6º da Lei nº 8.212/91),

(ii) empregador pessoa jurídica que se dedique à produção rural (art. 25 da Lei nº 8.870/94, com
redação dada pelas Leis nsº 10.256/01 e 13.606/2018),

(iii) agroindústria (art. 22 A da lei nº 8.212/91),

(iv) empregador rural pessoa física (art. 25 da lei nº 8.212/91),

(v) consórcio simplificado de produtores rurais (art. 22B da Lei nº 8.212/91),

(vi) até 31 de dezembro de 2020, segmentos remanescentes da desoneração da folha de


pagamento, arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011.
Empregador (contribuintes individuais)

Quem são? art. 12, V, da Lei n. 8.212/91,

CAPÍTULO I
DOS CONTRIBUINTES SEÇÃO I
DOS SEGURADOS

Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
V – como contribuinte individual: (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em
caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área
igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, pesqueira, com auxílio de
empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo;
(Redação dada pela Lei n. 11.718, de 2008).

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral – garimpo, em
caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio
de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela
Lei n. 9.876, de 1999).

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou


de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei n. 10.403, de 2002).
Empregador (contribuintes individuais)

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social; (Redação dada pela Lei n. 9.876, de 1999).

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de
administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio
cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o
associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza
ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção
condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não; (Incluído pela Lei n. 9.876, de 1999).
Empregador (contribuintes individuais)

Alíquota: 20%

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art.
23, é de:
[...]
III – vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer
do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (Inciso incluído pela Lei n.
9.876, de 26-11-1999)
Empregador (tomador de serviços de
cooperativa)
A Lei n. 9.876/99, ao incluir o inciso IV no art. 22 da Lei n. 8.212/91, instituiu contribuição
a ser paga pela empresa tomadora de serviços, na posição de contribuinte, sobre o valor
da nota fiscal relativa a serviços prestados por cooperativas de trabalho.

Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do


disposto no art. 23, é de:

[...]

IV – quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de
serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio
de cooperativas de trabalho. (Inciso incluído pela Lei n. 9.876, de 26-11-1999)

A inconstitucionalidade do inciso IV no art. 22 da Lei n. 8.212/91 foi reconhecida pelo


Pleno do STF no RE n. 595.838, em abril de 2014, sob a relatoria do Ministro Dias Toffoli

A Resolução do Senado Federal n. 10/2016 suspendeu a execução do inciso IV do art.


22 da Lei n. 8.212/91 em atenção ao quanto decidido pelo STF no RE n. 595.838.
Trabalhador e Segurados

Art. 195. A seguridade social será financiada [...] mediante recursos provenientes [...] das
seguintes contribuições sociais:
[...]
II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência
social de que trata o art. 201;

A contribuição do trabalhador e dos demais segurados assume, assim, o caráter de


contribuição estritamente previdenciária.

No art. 195, II, não há referência a contribuição dos usuários dos serviços de saúde e
dos destinatários das políticas de assistência social porque a saúde é direito de todos,
assegurado o acesso universal, e a assistência é prestada aos necessitados, que sequer
capacidade contributiva teriam.

A saúde e a assistência, portanto, diferentemente da previdência, não têm caráter


contributivo.
Trabalhador e Segurados

Trabalhador: todo aquele que trabalha, que desenvolve atividade econômica,


independentemente de ser empregado, autônomo, empresário ou servidor público.

Não abrangidos por regimes próprios: as contribuições dos autônomos e do servidor


público não abrangido por regime próprio de previdência sempre foram admitidas
enquanto segurados do regime geral, com suporte na referência constitucional à
contribuição do trabalhador.

Segurados: são as pessoas filiadas ao regime geral de previdência social, titulares


potenciais dos benefícios garantidos pelo sistema.

O trabalhador empregado e todas as demais pessoas físicas que exercem atividade


econômica (avulsos, autônomos, empresários, produtores rurais, agentes políticos etc.)
são segurados obrigatórios do regime geral de previdência social, que admite, ainda,
segurados facultativos (dona de casa ou estudante).
Trabalhador e Segurados

É importante ter em conta, ainda, que o próprio inciso II do art. 195 estabelece
imunidade à contribuição previdenciária do Regime Geral de Previdência Social das
aposentadorias e pensões ao dispor:

“não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral
de previdência”.

Tal não significa que aposentados e pensionistas, subjetivamente considerados, sejam


imunes, isso porque, no caso de permanecerem em atividade ou voltarem a exercer
atividade vinculada ao RGPS, contribuirão relativamente às mesmas.

Os benefícios de aposentadoria e pensão são imunes, mas não salários e remunerações


que o aposentado ou pensionista perceba.

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