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Legislação Básica da Saúde

SUMÁRIO

- Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII - capítulo II - Seção

II)............................................................................................................................ 1
- Lei Federal nº 8142/90 e suas alterações. ............................................................ 10

- Lei Federal nº 8080/90 e suas alterações. ............................................................ 12

- Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde - NOB-SUS/1996. ...... 32

- Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS - SUS/2001...................... 59

- Lei Federal nº. 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e suas alterações.


.............................................................................................................................. 98
- Lei Federal nº. 10.741/2003 (Estatuto da Pessoa Idosa) e alterações. .............. 162

- Lei Federal nº. 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa

com Transtorno do Espectro Autista) e alterações. ........................................... 182


- Lei Federal nº. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência) e alterações.185

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Legislação Básica da Saúde

III sobre a receita de concursos de


Legislação da Saúde: Constituição prognósticos;
Federal de 1988 (Título VIII - capítulo II IV do importador de bens ou serviços
- Seção II) do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.

Para que as contribuições sociais sejam


Ordem Social exigidas, deverá ter decorrido noventa dias
da data da publicação da lei, que tenha as
A Constituição Federal prima pela tenha instituído ou alterado, não sendo
convivência harmoniosa entre os
permitido aplicar o princípio da
indivíduos que fazem parte da sociedade, anterioridade tributária.
tentando integrá-los à comunidade.
Nesta convivência harmônica, temos: as
Dispositivos da Constituição Federal
relações educacionais, culturais,
desportivas, científicas, de comunicação Nós, representantes do povo brasileiro,
social e com o meio ambiente. Algumas reunidos em Assembleia Nacional
instituições ou situações especiais também Constituinte para instituir um Estado
são objeto de atenção e proteção, como a
Democrático, destinado a assegurar o
família, a criança, o adolescente, o idoso e exercício dos direitos sociais e individuais,
os índios. a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça
Previdência Social
como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos,
A Previdência Social inaugura os
fundada na harmonia social e
assuntos relacionados a Ordem Social e
comprometida, na ordem interna e
possuem previsão entre os artigos 194 204 internacional, com a solução pacífica das
da Constituição Federal. controvérsias, promulgamos, sob a
Trata-se de um conjunto integrado de proteção de Deus, a seguinte
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
da sociedade. FEDERATIVA DO BRASIL.

CAPÍTULO II
DA SEGURIDADE SOCIAL
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
O financiamento da seguridade social
receberá recursos de toda a sociedade, seja Art. 194. A seguridade social
direta ou indiretamente, através dos compreende um conjunto integrado de
recursos geridos pela União, dos Estados, ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
do Distrito Federal e Municípios. Além da sociedade, destinadas a assegurar os
disso, encontramos as seguintes direitos relativos à saúde, à previdência e à
contribuições: assistência social.
I do empregador, da empresa e da Parágrafo único. Compete ao Poder
entidade a ela equiparada na forma da lei Público, nos termos da lei, organizar a
II do trabalhador e dos demais seguridade social, com base nos seguintes
segurados da previdência social, não objetivos:
incidindo contribuição sobre aposentadoria I - universalidade da cobertura e do
e pensão concedidas pelo regime geral de atendimento;
previdência social de que trata o art. 201 da II - uniformidade e equivalência dos
Constituição; benefícios e serviços às populações

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urbanas e rurais; § 1º - As receitas dos Estados, do


III - seletividade e distributividade na Distrito Federal e dos Municípios
prestação dos benefícios e serviços; destinadas à seguridade social constarão
IV - irredutibilidade do valor dos dos respectivos orçamentos, não
benefícios; integrando o orçamento da União.
V - eqüidade na forma de participação § 2º A proposta de orçamento da
no custeio; seguridade social será elaborada de forma
VI - diversidade da base de integrada pelos órgãos responsáveis pela
financiamento, identificando-se, em saúde, previdência social e assistência
rubricas contábeis específicas para cada social, tendo em vista as metas e
área, as receitas e as despesas vinculadas a prioridades estabelecidas na lei de
ações de saúde, previdência e assistência diretrizes orçamentárias, assegurada a
social, preservado o caráter contributivo cada área a gestão de seus recursos.
da previdência social; § 3º A pessoa jurídica em débito com o
VII - caráter democrático e sistema da seguridade social, como
descentralizado da administração, estabelecido em lei, não poderá contratar
mediante gestão quadripartite, com com o Poder Público nem dele receber
participação dos trabalhadores, dos benefícios ou incentivos fiscais ou
empregadores, dos aposentados e do creditícios.
Governo nos órgãos colegiados. § 4º A lei poderá instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção ou
Art. 195. A seguridade social será expansão da seguridade social, obedecido
financiada por toda a sociedade, de forma o disposto no art. 154, I.
direta e indireta, nos termos da lei, § 5º Nenhum benefício ou serviço da
mediante recursos provenientes dos seguridade social poderá ser criado,
orçamentos da União, dos Estados, do majorado ou estendido sem a
Distrito Federal e dos Municípios, e das correspondente fonte de custeio total.
seguintes contribuições sociais: § 6º As contribuições sociais de que
I - do empregador, da empresa e da trata este artigo só poderão ser exigidas
entidade a ela equiparada na forma da lei, após decorridos noventa dias da data da
incidentes sobre: publicação da lei que as houver instituído
a) a folha de salários e demais ou modificado, não se lhes aplicando o
rendimentos do trabalho pagos ou disposto no art. 150, III, "b".
creditados, a qualquer título, à pessoa § 7º São isentas de contribuição para a
física que lhe preste serviço, mesmo sem seguridade social as entidades beneficentes
vínculo empregatício; de assistência social que atendam às
b) a receita ou o faturamento; exigências estabelecidas em lei.
c) o lucro; § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e
II - do trabalhador e dos demais o arrendatário rurais e o pescador
segurados da previdência social, podendo artesanal, bem como os respectivos
ser adotadas alíquotas progressivas de cônjuges, que exerçam suas atividades em
acordo com o valor do salário de regime de economia familiar, sem
contribuição, não incidindo contribuição empregados permanentes, contribuirão
sobre aposentadoria e pensão concedidas para a seguridade social mediante a
pelo Regime Geral de Previdência Social; aplicação de uma alíquota sobre o
III - sobre a receita de concursos de resultado da comercialização da produção
prognósticos. e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
IV - do importador de bens ou serviços § 9º As contribuições sociais previstas
do exterior, ou de quem a lei a ele no inciso I do caput deste artigo poderão
equiparar. ter alíquotas diferenciadas em razão da

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atividade econômica, da utilização políticas sociais e econômicas que visem à


intensiva de mão de obra, do porte da redução do risco de doença e de outros
empresa ou da condição estrutural do agravos e ao acesso universal e igualitário
mercado de trabalho, sendo também às ações e serviços para sua promoção,
autorizada a adoção de bases de cálculo proteção e recuperação.
diferenciadas apenas no caso das alíneas
"b" e "c" do inciso I do caput. Art. 197. São de relevância pública as
§ 10. A lei definirá os critérios de ações e serviços de saúde, cabendo ao
transferência de recursos para o sistema Poder Público dispor, nos termos da lei,
único de saúde e ações de assistência social sobre sua regulamentação, fiscalização e
da União para os Estados, o Distrito controle, devendo sua execução ser feita
Federal e os Municípios, e dos Estados diretamente ou através de terceiros e,
para os Municípios, observada a respectiva também, por pessoa física ou jurídica de
contrapartida de recursos. direito privado.
§ 11. São vedados a moratória e o
parcelamento em prazo superior a 60 Art. 198. As ações e serviços públicos de
(sessenta) meses e, na forma de lei saúde integram uma rede regionalizada e
complementar, a remissão e a anistia das hierarquizada e constituem um sistema
contribuições sociais de que tratam a único, organizado de acordo com as
alínea "a" do inciso I e o inciso II do seguintes diretrizes:
caput. I - descentralização, com direção única
§ 12. A lei definirá os setores de em cada esfera de governo;
atividade econômica para os quais as II - atendimento integral, com
contribuições incidentes na forma dos prioridade para as atividades preventivas,
incisos I, b; e IV do caput, serão não- sem prejuízo dos serviços assistenciais;
cumulativas. III - participação da comunidade.
§ 13. (Revogado). § 1º O sistema único de saúde será
§ 14. O segurado somente terá financiado, nos termos do art. 195, com
reconhecida como tempo de contribuição recursos do orçamento da seguridade
ao Regime Geral de Previdência Social a social, da União, dos Estados, do Distrito
competência cuja contribuição seja igual Federal e dos Municípios, além de outras
ou superior à contribuição mínima mensal fontes.
exigida para sua categoria, assegurado o § 2º A União, os Estados, o Distrito
agrupamento de contribuições. Federal e os Municípios aplicarão,
anualmente, em ações e serviços públicos
Saúde (artigos 196 200, CF) de saúde recursos mínimos derivados da
aplicação de percentuais calculados sobre:
Em âmbito de competência, sabemos I - no caso da União, a receita corrente
que a saúde é de competência comum entre líquida do respectivo exercício financeiro,
União, Estados, Distrito Federal e não podendo ser inferior a 15% (quinze por
Municípios. cento);
Como direito de todos e dever do Estado, II no caso dos Estados e do Distrito
as políticas sociais e econômicas Federal, o produto da arrecadação dos
implementadas visam à redução do risco de impostos a que se refere o art. 155 e dos
doenças e outros agravos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as
DA SAÚDE parcelas que forem transferidas aos
respectivos Municípios;
Art. 196. A saúde é direito de todos e III no caso dos Municípios e do
dever do Estado, garantido mediante Distrito Federal, o produto da arrecadação

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dos impostos a que se refere o art. 156 e dos responsabilidade da União, e cabe aos
recursos de que tratam os arts. 158 e 159, Estados, ao Distrito Federal e aos
inciso I, alínea b e § 3º. Municípios estabelecer, além de outros
§ 3º Lei complementar, que será consectários e vantagens, incentivos,
reavaliada pelo menos a cada cinco anos, auxílios, gratificações e indenizações, a fim
estabelecerá: Regulamento de valorizar o trabalho desses
I - os percentuais de que tratam os profissionais. (Incluído pela Emenda
incisos II e III do § 2º; Constitucional nº 120, de 2022)
II os critérios de rateio dos recursos § 8º Os recursos destinados ao
da União vinculados à saúde destinados pagamento do vencimento dos agentes
aos Estados, ao Distrito Federal e aos comunitários de saúde e dos agentes de
Municípios, e dos Estados destinados a combate às endemias serão consignados no
seus respectivos Municípios, objetivando a orçamento geral da União com dotação
progressiva redução das disparidades própria e exclusiva. (Incluído pela Emenda
regionais; Constitucional nº 120, de 2022)
III as normas de fiscalização, § 9º O vencimento dos agentes
avaliação e controle das despesas com comunitários de saúde e dos agentes de
saúde nas esferas federal, estadual, combate às endemias não será inferior a 2
distrital e municipal; (dois) salários mínimos, repassados pela
IV - (revogado). União aos Municípios, aos Estados e ao
§ 4º Os gestores locais do sistema único Distrito Federal. (Incluído pela Emenda
de saúde poderão admitir agentes Constitucional nº 120, de 2022)
comunitários de saúde e agentes de § 10. Os agentes comunitários de saúde
combate às endemias por meio de processo e os agentes de combate às endemias terão
seletivo público, de acordo com a natureza também, em razão dos riscos inerentes às
e complexidade de suas atribuições e funções desempenhadas, aposentadoria
requisitos específicos para sua atuação. especial e, somado aos seus vencimentos,
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime adicional de insalubridade. (Incluído
jurídico, o piso salarial profissional pela Emenda Constitucional nº 120, de
nacional, as diretrizes para os Planos de 2022)
Carreira e a regulamentação das § 11. Os recursos financeiros
atividades de agente comunitário de saúde repassados pela União aos Estados, ao
e agente de combate às endemias, Distrito Federal e aos Municípios para
competindo à União, nos termos da lei, pagamento do vencimento ou de qualquer
prestar assistência financeira outra vantagem dos agentes comunitários
complementar aos Estados, ao Distrito de saúde e dos agentes de combate às
Federal e aos Municípios, para o endemias não serão objeto de inclusão no
cumprimento do referido piso salarial. cálculo para fins do limite de despesa com
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º pessoal. (Incluído pela Emenda
do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constitucional nº 120, de 2022)
Constituição Federal, o servidor que § 12. Lei federal instituirá pisos
exerça funções equivalentes às de agente salariais profissionais nacionais para o
comunitário de saúde ou de agente de enfermeiro, o técnico de enfermagem, o
combate às endemias poderá perder o auxiliar de enfermagem e a parteira, a
cargo em caso de descumprimento dos serem observados por pessoas jurídicas de
requisitos específicos, fixados em lei, para direito público e de direito
o seu exercício. privado. (Incluído pela Emenda
§ 7º O vencimento dos agentes Constitucional nº 124, de 2022)
comunitários de saúde e dos agentes de § 13. A União, os Estados, o Distrito
combate às endemias fica sob Federal e os Municípios, até o final do

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exercício financeiro em que for publicada a básico;


lei de que trata o § 12 deste artigo, V - incrementar, em sua área de
adequarão a remuneração dos cargos ou atuação, o desenvolvimento científico e
dos respectivos planos de carreiras, tecnológico e a inovação;
quando houver, de modo a atender aos VI - fiscalizar e inspecionar alimentos,
pisos estabelecidos para cada categoria compreendido o controle de seu teor
profissional. (Incluído pela Emenda nutricional, bem como bebidas e águas
Constitucional nº 124, de 2022) para consumo humano;
VII - participar do controle e
Art. 199. A assistência à saúde é livre à fiscalização da produção, transporte,
iniciativa privada. guarda e utilização de substâncias e
§ 1º As instituições privadas poderão produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
participar de forma complementar do VIII - colaborar na proteção do meio
sistema único de saúde, segundo diretrizes ambiente, nele compreendido o do
deste, mediante contrato de direito público trabalho.
ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins Questões
lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos 01. (Prefeitura de Porto Alegre/RS -
públicos para auxílios ou subvenções às Técnico em Enfermagem -
instituições privadas com fins lucrativos. FUNDATEC/2022) De acordo com a
§ 3º - É vedada a participação direta ou Constituição Federal, Art. 200, ao Sistema
indireta de empresas ou capitais Único de Saúde compete, além de outras
estrangeiros na assistência à saúde no atribuições, nos termos da lei, EXCETO:
País, salvo nos casos previstos em lei. A - Ordenar a formação de recursos
§ 4º A lei disporá sobre as condições e humanos na área de saúde.
os requisitos que facilitem a remoção de B - Incrementar em sua área de atuação
órgãos, tecidos e substâncias humanas o desenvolvimento científico e tecnológico.
para fins de transplante, pesquisa e C - Participar do controle e fiscalização
tratamento, bem como a coleta, da produção, transporte, guarda e utilização
processamento e transfusão de sangue e de substâncias e produtos psicoativos,
seus derivados, sendo vedado todo tipo de tóxicos e radioativos.
comercialização. D - Controlar e fiscalizar procedimentos,
produtos e substâncias de interesse para a
Art. 200. Ao sistema único de saúde saúde e participar da produção de
compete, além de outras atribuições, nos medicamentos, equipamentos,
termos da lei: imunobiológicos, hemoderivados e outros
I - controlar e fiscalizar procedimentos, insumos.
produtos e substâncias de interesse para a E - Fiscalizar as ações de vigilância
saúde e participar da produção de sanitária e epidemiológica, bem como as de
medicamentos, equipamentos, saúde do trabalhador.
imunobiológicos, hemoderivados e outros
insumos; 02. (Prefeitura de Varginha/MG -
II - executar as ações de vigilância Procurador Municipal -
sanitária e epidemiológica, bem como as de OBJETIVA/2022) De acordo com a
saúde do trabalhador; Constituição Federal, ao Sistema Único de
III - ordenar a formação de recursos Saúde compete, além de outras atribuições,
humanos na área de saúde; nos termos da lei:
IV - participar da formulação da política I. Participar do controle e da fiscalização
e da execução das ações de saneamento de produção, transporte, guarda e utilização

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de substâncias e produtos psicoativos, contribuição necessários para concessão de


tóxicos e radioativos. aposentadoria, o art. 201, § 7.º, estabelece:
II. Executar as ações de vigilância a) trinta e cinco anos de contribuição, se
sanitária e epidemiológica, exceto as de homem, e trinta anos de contribuição, se
saúde do trabalhador. mulher. Estas idades deverão ser reduzidas
III. Controlar e fiscalizar procedimentos, em cinco anos, para o professor que
produtos e substâncias de interesse para a comprove exclusivamente tempo de efetivo
saúde e participar da produção de exercício das funções de magistério na
medicamentos, equipamentos, educação infantil e no ensino fundamental
imunobiológicos, hemoderivados e outros e médio;
insumos. b) sessenta e cinco anos de idade, se
homem, e sessenta anos de idade, se
Está(ão) CORRETO(S): mulher, reduzido em cinco anos o limite
A - Somente o item I. para os trabalhadores rurais
B - Somente o item II.
C - Somente os itens I e III. PREVIDÊNCIA SOCIAL
D - Todos os itens.
Art. 201. A previdência social será
Alternativas organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social, de caráter contributivo
01.E 02.C e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio
Previdência Social (arts. 201 202, financeiro e atuarial, e atenderá, na forma
CF) da lei, a:
I - cobertura dos eventos de
A previdência pode ser social aberta, que incapacidade temporária ou permanente
permite a participação de todos que que para o trabalho e idade avançada;
queiram fazer parte e social fechada, mais II - proteção à maternidade,
específica para alguns grupos ou ainda especialmente à gestante;
categorias de empresas. III - proteção ao trabalhador em situação
de desemprego involuntário;
Os regimes previdenciários podem ser IV - salário-família e auxílio-reclusão
normal, geral ou complementar. para os dependentes dos segurados de baixa
O regime próprio de previdência social renda;
(RPPS) é aquele aplicado aos servidores V - pensão por morte do segurado,
públicos estatutários; o regime geral de homem ou mulher, ao cônjuge ou
previdência social (RGPS) é aquele companheiro e dependentes, observado o
aplicado aos servidores celetistas, os disposto no § 2º.
trabalhadores da iniciativa privada, além § 1º É vedada a adoção de requisitos ou
dos que quiserem contribuir, com a critérios diferenciados para concessão de
condição de não ser beneficiados pelo benefícios, ressalvada, nos termos de lei
regime próprio de previdência social. Já o complementar, a possibilidade de previsão
regime de previdência complementar é uma de idade e tempo de contribuição distintos
espécie de complemento nos proventos da regra geral para concessão de
recebidos, tendo em vista que o salário aposentadoria exclusivamente em favor dos
mínimo da pessoa enquanto trabalhava era segurados:
maior que o da aposentadoria atual. I - com deficiência, previamente
submetidos a avaliação biopsicossocial
Contribuição realizada por equipe multiprofissional e
No tocante à idade e tempo de interdisciplinar;

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II - cujas atividades sejam exercidas com de contribuição entre o Regime Geral de


efetiva exposição a agentes químicos, Previdência Social e os regimes próprios de
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou previdência social, e destes entre si,
associação desses agentes, vedada a observada a compensação financeira, de
caracterização por categoria profissional ou acordo com os critérios estabelecidos em
ocupação. lei.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o § 9º-A. O tempo de serviço militar
salário de contribuição ou o rendimento do exercido nas atividades de que tratam os
trabalho do segurado terá valor mensal arts. 42, 142 e 143 e o tempo de
inferior ao salário mínimo. contribuição ao Regime Geral de
§ 3º Todos os salários de contribuição Previdência Social ou a regime próprio de
considerados para o cálculo de benefício previdência social terão contagem
serão devidamente atualizados, na forma da recíproca para fins de inativação militar ou
lei. aposentadoria, e a compensação financeira
§ 4º É assegurado o reajustamento dos será devida entre as receitas de contribuição
benefícios para preservar-lhes, em caráter referentes aos militares e as receitas de
permanente, o valor real, conforme critérios contribuição aos demais regimes.
definidos em lei. § 10. Lei complementar poderá
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral disciplinar a cobertura de benefícios não
de previdência social, na qualidade de programados, inclusive os decorrentes de
segurado facultativo, de pessoa participante acidente do trabalho, a ser atendida
de regime próprio de previdência. concorrentemente pelo Regime Geral de
§ 6º A gratificação natalina dos Previdência Social e pelo setor privado.
aposentados e pensionistas terá por base o § 11. Os ganhos habituais do empregado,
valor dos proventos do mês de dezembro de a qualquer título, serão incorporados ao
cada ano. salário para efeito de contribuição
§ 7º É assegurada aposentadoria no previdenciária e conseqüente repercussão
regime geral de previdência social, nos em benefícios, nos casos e na forma da lei.
termos da lei, obedecidas as seguintes § 12. Lei instituirá sistema especial de
condições: inclusão previdenciária, com alíquotas
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se diferenciadas, para atender aos
homem, e 62 (sessenta e dois) anos de trabalhadores de baixa renda, inclusive os
idade, se mulher, observado tempo mínimo que se encontram em situação de
de contribuição; informalidade, e àqueles sem renda própria
II - 60 (sessenta) anos de idade, se que se dediquem exclusivamente ao
homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de trabalho doméstico no âmbito de sua
idade, se mulher, para os trabalhadores residência, desde que pertencentes a
rurais e para os que exerçam suas atividades famílias de baixa renda.
em regime de economia familiar, nestes § 13. A aposentadoria concedida ao
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o segurado de que trata o § 12 terá valor de 1
pescador artesanal. (um) salário-mínimo.
§ 8º O requisito de idade a que se refere § 14. É vedada a contagem de tempo de
o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) contribuição fictício para efeito de
anos, para o professor que comprove tempo concessão dos benefícios previdenciários e
de efetivo exercício das funções de de contagem recíproca.
magistério na educação infantil e no ensino § 15. Lei complementar estabelecerá
fundamental e médio fixado em lei vedações, regras e condições para a
complementar. acumulação de benefícios previdenciários.
§ 9º Para fins de aposentadoria, será § 16. Os empregados dos consórcios
assegurada a contagem recíproca do tempo públicos, das empresas públicas, das

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sociedades de economia mista e das suas 4º aplicar-se-á, no que couber, às empresas


subsidiárias serão aposentados privadas permissionárias ou
compulsoriamente, observado o concessionárias de prestação de serviços
cumprimento do tempo mínimo de públicos, quando patrocinadoras de planos
contribuição, ao atingir a idade máxima de de benefícios em entidades de previdência
que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na complementar.
forma estabelecida em lei. § 6º Lei complementar estabelecerá os
requisitos para a designação dos membros
Art. 202. O regime de previdência das diretorias das entidades fechadas de
privada, de caráter complementar e previdência complementar instituídas pelos
organizado de forma autônoma em relação patrocinadores de que trata o § 4º e
ao regime geral de previdência social, será disciplinará a inserção dos participantes nos
facultativo, baseado na constituição de colegiados e instâncias de decisão em que
reservas que garantam o benefício seus interesses sejam objeto de discussão e
contratado, e regulado por lei deliberação. (Redação dada pela
complementar. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 1° A lei complementar de que trata este
artigo assegurará ao participante de planos Assistência Social (arts. 203- 204, CF)
de benefícios de entidades de previdência
privada o pleno acesso às informações A assistência social é prestada por
relativas à gestão de seus respectivos aqueles que dele necessitar, independente
planos. da contribuição que foi dada à seguridade
§ 2° As contribuições do empregador, os social e tem como finalidade proteger as
benefícios e as condições contratuais famílias, à maternidade, infância, amparar
previstas nos estatutos, regulamentos e as crianças e adolescentes necessitados.
planos de benefícios das entidades de Tem ainda a atenção as pessoas
previdência privada não integram o portadoras de deficiência, promovendo a
contrato de trabalho dos participantes, integridade da vida comunitária, buscando
assim como, à exceção dos benefícios garantir um salário mínimo de benefício
concedidos, não integram a remuneração mensal à pessoa que possui deficiência e ao
dos participantes, nos termos da lei. idoso que comprovem não possuir pelos
§ 3º É vedado o aporte de recursos a para se manter e manter a própria família.
entidade de previdência privada pela União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas Recursos
autarquias, fundações, empresas públicas, Para que as ações governamentais
sociedades de economia mista e outras aconteça temos os recursos do orçamento
entidades públicas, salvo na qualidade de da seguridade social e outras fontes
patrocinador, situação na qual, em hipótese organizadas.
alguma, sua contribuição normal poderá
exceder a do segurado. Seção IV
§ 4º Lei complementar disciplinará a DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
relação entre a União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios, inclusive suas Art. 203. A assistência social será
autarquias, fundações, sociedades de prestada a quem dela necessitar,
economia mista e empresas controladas independentemente de contribuição à
direta ou indiretamente, enquanto seguridade social, e tem por objetivos:
patrocinadores de planos de benefícios I - a proteção à família, à maternidade, à
previdenciários, e as entidades de infância, à adolescência e à velhice;
previdência complementar. II - o amparo às crianças e adolescentes
§ 5º A lei complementar de que trata o § carentes;

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Legislação Básica da Saúde

III - a promoção da integração ao Questões


mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das 01. (DPE/PI - Defensor Público -
pessoas portadoras de deficiência e a CESPE-CEBRASPE/2022) Acerca do
promoção de sua integração à vida sistema de custeio da seguridade social,
comunitária; julgue os itens seguintes.
V - a garantia de um salário mínimo de I É permitida a criação mediante lei
benefício mensal à pessoa portadora de ordinária de fontes de custeio destinadas a
deficiência e ao idoso que comprovem não garantir a manutenção ou a expansão da
possuir meios de prover à própria seguridade social, além das previstas na
manutenção ou de tê-la provida por sua Constituição Federal.
família, conforme dispuser a lei. II A Constituição Federal não permite a
VI - a redução da vulnerabilidade cobrança de contribuições destinadas à
socioeconômica de famílias em situação de seguridade social no mesmo exercício
pobreza ou de extrema pobreza. (Incluído financeiro em que seja publicada a lei que
pela Emenda Constitucional nº 114, de as instituir ou majorar.
2021) III São isentas de contribuição para a
seguridade social as entidades beneficentes
Art. 204. As ações governamentais na de assistência social que atendam às
área da assistência social serão realizadas exigências estabelecidas em lei.
com recursos do orçamento da seguridade IV A Constituição Federal permite a
social, previstos no art. 195, além de outras incidência de contribuição sobre
fontes, e organizadas com base nas aposentadoria e pensão concedidas pelo
seguintes diretrizes: Regime Geral de Previdência Social.
I - descentralização político- V A pessoa jurídica em débito com o
administrativa, cabendo a coordenação e as sistema da seguridade social, como
normas gerais à esfera federal e a estabelecido em lei, não poderá contratar
coordenação e a execução dos respectivos com o poder público nem dele receber
programas às esferas estadual e municipal, benefícios ou incentivos fiscais ou
bem como a entidades beneficentes e de creditícios.
assistência social;
II - participação da população, por meio Estão certos apenas os itens
de organizações representativas, na A - I e II.
formulação das políticas e no controle das B - I e III.
ações em todos os níveis. C - II e IV.
Parágrafo único. É facultado aos Estados D - III e V.
e ao Distrito Federal vincular a programa de E - IV e V.
apoio à inclusão e promoção social até
cinco décimos por cento de sua receita 02. (PGE/RO - Procurador do Estado
tributária líquida, vedada a aplicação desses CESPE-CEBRASPE/2022) Assinale a
recursos no pagamento de: opção correta, com base nos dispositivos
I - despesas com pessoal e encargos constitucionais relativos à seguridade
sociais; social.
II - serviço da dívida; A - A pessoa jurídica em débito com o
III - qualquer outra despesa corrente não sistema de seguridade social não poderá
vinculada diretamente aos investimentos ou contratar com o poder público, mas poderá,
ações apoiados. nos casos especificados em lei, receber
incentivos fiscais ou creditícios.
B - A seguridade social tem caráter
democrático e administração

9
Legislação Básica da Saúde

descentralizada mediante gestão tripartite, funções do Poder Legislativo, com as


com a participação de trabalhadores, de seguintes instâncias colegiadas:
aposentados e do governo nos órgãos I - a Conferência de Saúde; e
colegiados. II - o Conselho de Saúde.
C - Entre os objetivos da seguridade § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á
social, inclui-se a diversidade da base de a cada quatro anos com a representação
financiamento, identificando-se, em dos vários segmentos sociais, para avaliar
rubricas contábeis específicas para cada a situação de saúde e propor as diretrizes
área, as receitas e as despesas vinculadas a para a formulação da política de saúde nos
ações de saúde, previdência e assistência níveis correspondentes, convocada pelo
social, preservado o caráter contributivo da Poder Executivo ou, extraordinariamente,
previdência social. por esta ou pelo Conselho de Saúde.
D - A seguridade social é financiada, de § 2° O Conselho de Saúde, em caráter
forma direta e indireta, pelos recursos permanente e deliberativo, órgão
exclusivamente provenientes dos colegiado composto por representantes do
orçamentos da União e dos estados e pelas governo, prestadores de serviço,
contribuições especiais. profissionais de saúde e usuários, atua na
E - As receitas dos estados e do Distrito formulação de estratégias e no controle da
Federal destinadas à seguridade social execução da política de saúde na instância
devem constar dos respectivos orçamentos, correspondente, inclusive nos aspectos
integrando o orçamento da União. econômicos e financeiros, cujas decisões
serão homologadas pelo chefe do poder
Alternativas legalmente constituído em cada esfera do
01.D 02.C governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários
de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional
de Secretários Municipais de Saúde
Lei Federal nº 8142/90 e suas alterações (Conasems) terão representação no
Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos
Conselhos de Saúde e Conferências será
Lei nº 8.142, de 28 de Dezembro de paritária em relação ao conjunto dos
19901. demais segmentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os
Dispõe sobre a participação da Conselhos de Saúde terão sua organização
comunidade na gestão do Sistema Único e normas de funcionamento definidas em
de Saúde (SUS) e sobre as transferências regimento próprio, aprovadas pelo
intergovernamentais de recursos respectivo conselho.
financeiros na área da saúde e dá outras
providências. Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional
de Saúde (FNS) serão alocados como:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, I - despesas de custeio e de capital do
faço saber que o Congresso Nacional Ministério da Saúde, seus órgãos e
decreta e eu sanciono a seguinte lei: entidades, da administração direta e
indireta;
Art. 1° O Sistema Único de Saúde II - investimentos previstos em lei
(SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 orçamentária, de iniciativa do Poder
de setembro de 1990, contará, em cada Legislativo e aprovados pelo Congresso
esfera de governo, sem prejuízo das
1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm, visitado em 29.12.2022.

10
Legislação Básica da Saúde

Nacional; VI - Comissão de elaboração do Plano de


III - investimentos previstos no Plano Carreira, Cargos e Salários (PCCS),
Qüinqüenal do Ministério da Saúde; previsto o prazo de dois anos para sua
IV - cobertura das ações e serviços de implantação.
saúde a serem implementados pelos Parágrafo único. O não atendimento
Municípios, Estados e Distrito Federal. pelos Municípios, ou pelos Estados, ou
Parágrafo único. Os recursos referidos pelo Distrito Federal, dos requisitos
no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a estabelecidos neste artigo, implicará em
investimentos na rede de serviços, à que os recursos concernentes sejam
cobertura assistencial ambulatorial e administrados, respectivamente, pelos
hospitalar e às demais ações de saúde. Estados ou pela União.

Art. 3° Os recursos referidos no inciso Art. 5° É o Ministério da Saúde,


IV do art. 2° desta lei serão repassados de mediante portaria do Ministro de Estado,
forma regular e automática para os autorizado a estabelecer condições para
Municípios, Estados e Distrito Federal, de aplicação desta lei.
acordo com os critérios previstos no art. 35
da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de
1990. sua publicação.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a
aplicação dos critérios previstos no art. 35 Art. 7° Revogam-se as disposições em
da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de contrário.
1990, será utilizado, para o repasse de
recursos, exclusivamente o critério Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169°
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. da Independência e 102° da República.
(Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo FERNANDO COLLOR
serão destinados, pelo menos setenta por Alceni Guerra
cento, aos Municípios, afetando-se o
restante aos Estados. Questões
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer
consórcio para execução de ações e 01. (Prefeitura de Goiânia/GO
serviços de saúde, remanejando, entre si, Agente Comunitário de Saúde CS-
parcelas de recursos previstos no inciso IV UFG/2022) De acordo com a Lei n.
do art. 2° desta lei. 8.142/90, os Conselhos de Saúde presentes
em todas as instâncias do governo devem
Art. 4° Para receberem os recursos, de participar da gestão do SUS. Trata-se de
que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, um órgão colegiado, de caráter
os Estados e o Distrito Federal deverão permanente e deliberativo, composto por
contar com: representantes do
I - Fundo de Saúde; A - município, unidades de atendimento,
II - Conselho de Saúde, com composição serviços suplementares do SUS e
paritária de acordo com o Decreto n° população.
99.438, de 7 de agosto de 1990; B - governo, profissionais de saúde,
III - plano de saúde; unidades de atendimento e serviços
IV - relatórios de gestão que permitam o suplementares.
controle de que trata o § 4° do art. 33 da C - município, prestadores de serviço,
Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990; serviços suplementares e usuários.
V - contrapartida de recursos para a D - governo, prestadores de serviço,
saúde no respectivo orçamento; profissionais de saúde e usuários.

11
Legislação Básica da Saúde

Conselhos de Saúde terão sua organização


02. (Prefeitura de Oeiras/PI Agente e normas de funcionamento em regime
Municipal de Saúde/Combate às único, homologado pelo Poder executivo.
Endemias COPESE - UFPI/2022)
Segundo a Lei nº 8.142, de 1990, para 04. (Prefeitura de Porto Alegre/RS
receberem os recursos, os Municípios, os Técnico em Enfermagem
Estados e o Distrito Federal deverão contar FUNDATEC/2022) A Lei Federal nº
com algumas obrigações e instrumentos 8.142/1990, que tem relação direta com a
essenciais de planejamento. Dentre estes Lei Orgânica da Saúde, trata, dentre outros
requisitos, a opção que se refere ao temas, da participação da comunidade na
instrumento que norteia a elaboração do gestão do Sistema Único de Saúde, esta que
planejamento das ações e do orçamento do é uma das diretrizes do SUS
governo no tocante à saúde é: constitucionalmente previstas. Essa
A - Fundo de Saúde. participação será feita por meio de
B - Conselho de Saúde. instâncias colegiadas, a Conferência de
C - Plano de saúde. Saúde e o Conselho de Saúde. Sobre essas
D - Contrapartida de recursos para a instâncias, de acordo com a referida Lei
saúde no respectivo orçamento. Federal, assinale a alternativa
E - Comissão de elaboração do Plano de INCORRETA em relação a uma das
Carreira, Cargos e Salários (PCCS). características da Conferência de Saúde ou
do Conselho de Saúde.
03. (SES/RS Técnico de A - A Conferência de Saúde reunir-se-á
Enfermagem FAURGS/2022) Assinale a cada quatro anos.
a alternativa correta em relação à B - O Conselho de Saúde é órgão
participação da comunidade na gestão do colegiado de caráter permanente e
Sistema Único de Saúde (SUS), conforme deliberativo.
previsto na Lei Federal nº 8.142/1990. C - A Conferência de Saúde tem o intuito
A - O Conselho de Saúde se reúne a cada de avaliar a situação de saúde e propor as
quatro anos com a representação dos vários diretrizes para a formulação da política de
segmentos sociais para avaliar a situação de saúde nos níveis correspondentes.
saúde e propor as diretrizes para a D - A convocação da Conferência de
formulação da política de saúde nos níveis Saúde é feita, ordinariamente, pelo
correspondentes. Conselho de Saúde.
B - A Conferência de Saúde, em caráter E - O Conselho de Saúde é composto por
permanente e deliberativo, é órgão representantes do governo, prestadores de
colegiado composto por representantes do serviço, profissionais de saúde e usuários.
governo, prestadores de serviço,
profissionais de saúde e usuários. Alternativas
C - O Conselho Nacional de Secretários 01.D 02.C 03.C 04.D
de Saúde (CONASS) e o Conselho
Nacional de Secretários Municipais de
Saúde (CONASEMS) têm representação no Lei Federal nº 8080/90 e suas alterações
Conselho Nacional de Saúde.
D - A representação dos usuários nos
Conselhos de Saúde e nas Conferências é Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de
majoritária em relação ao conjunto dos 19902.
demais segmentos.
E - As Conferências de Saúde e os Dispõe sobre as condições para a

2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm, visitado em 29.12.2022.

12
Legislação Básica da Saúde

promoção, proteção e recuperação da garantir às pessoas e à coletividade


saúde, a organização e o funcionamento condições de bem-estar físico, mental e
dos serviços correspondentes e dá outras social.
providências.
TÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
faço saber que o Congresso Nacional DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
decreta e eu sanciono a seguinte lei:
Art. 4º O conjunto de ações e serviços
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR de saúde, prestados por órgãos e
instituições públicas federais, estaduais e
Art. 1º Esta lei regula, em todo o municipais, da Administração direta e
território nacional, as ações e serviços de indireta e das fundações mantidas pelo
saúde, executados isolada ou Poder Público, constitui o Sistema Único
conjuntamente, em caráter permanente ou de Saúde (SUS).
eventual, por pessoas naturais ou jurídicas § 1º Estão incluídas no disposto neste
de direito Público ou privado. artigo as instituições públicas federais,
estaduais e municipais de controle de
TÍTULO I qualidade, pesquisa e produção de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS insumos, medicamentos, inclusive de
sangue e hemoderivados, e de
Art. 2º A saúde é um direito equipamentos para saúde.
fundamental do ser humano, devendo o § 2º A iniciativa privada poderá
Estado prover as condições indispensáveis participar do Sistema Único de Saúde
ao seu pleno exercício. (SUS), em caráter complementar.
§ 1º O dever do Estado de garantir a
saúde consiste na formulação e execução CAPÍTULO I
de políticas econômicas e sociais que Dos Objetivos e Atribuições
visem à redução de riscos de doenças e de
outros agravos e no estabelecimento de Art. 5º São objetivos do Sistema Único
condições que assegurem acesso universal de Saúde SUS:
e igualitário às ações e aos serviços para a I - a identificação e divulgação dos
sua promoção, proteção e recuperação. fatores condicionantes e determinantes da
§ 2º O dever do Estado não exclui o das saúde;
pessoas, da família, das empresas e da II - a formulação de política de saúde
sociedade. destinada a promover, nos campos
econômico e social, a observância do
Art. 3° Os níveis de saúde expressam a disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
organização social e econômica do País, III - a assistência às pessoas por
tendo a saúde como determinantes e intermédio de ações de promoção,
condicionantes, entre outros, a proteção e recuperação da saúde, com a
alimentação, a moradia, o saneamento realização integrada das ações
básico, o meio ambiente, o trabalho, a assistenciais e das atividades preventivas.
renda, a educação, a atividade física, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e Art. 6º Estão incluídas ainda no campo
serviços essenciais. (Redação dada de atuação do Sistema Único de Saúde
pela Lei nº 12.864, de 2013) (SUS):
Parágrafo único. Dizem respeito I - a execução de ações:
também à saúde as ações que, por força do a) de vigilância sanitária;
disposto no artigo anterior, se destinam a b) de vigilância epidemiológica;

13
Legislação Básica da Saúde

c) de saúde do trabalhador; e § 2º Entende-se por vigilância


d) de assistência terapêutica integral, epidemiológica um conjunto de ações que
inclusive farmacêutica; proporcionam o conhecimento, a detecção
II - a participação na formulação da ou prevenção de qualquer mudança nos
política e na execução de ações de fatores determinantes e condicionantes de
saneamento básico; saúde individual ou coletiva, com a
III - a ordenação da formação de finalidade de recomendar e adotar as
recursos humanos na área de saúde; medidas de prevenção e controle das
IV - a vigilância nutricional e a doenças ou agravos.
orientação alimentar; § 3º Entende-se por saúde do
V - a colaboração na proteção do meio trabalhador, para fins desta lei, um
ambiente, nele compreendido o do conjunto de atividades que se destina,
trabalho; através das ações de vigilância
VI - a formulação da política de epidemiológica e vigilância sanitária, à
medicamentos, equipamentos, promoção e proteção da saúde dos
imunobiológicos e outros insumos de trabalhadores, assim como visa à
interesse para a saúde e a participação na recuperação e reabilitação da saúde dos
sua produção; trabalhadores submetidos aos riscos e
VII - o controle e a fiscalização de agravos advindos das condições de
serviços, produtos e substâncias de trabalho, abrangendo:
interesse para a saúde; I - assistência ao trabalhador vítima de
VIII - a fiscalização e a inspeção de acidentes de trabalho ou portador de
alimentos, água e bebidas para consumo doença profissional e do trabalho;
humano; II - participação, no âmbito de
IX - a participação no controle e na competência do Sistema Único de Saúde
fiscalização da produção, transporte, (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e
guarda e utilização de substâncias e controle dos riscos e agravos potenciais à
produtos psicoativos, tóxicos e saúde existentes no processo de trabalho;
radioativos; III - participação, no âmbito de
X - o incremento, em sua área de competência do Sistema Único de Saúde
atuação, do desenvolvimento científico e (SUS), da normatização, fiscalização e
tecnológico; controle das condições de produção,
XI - a formulação e execução da extração, armazenamento, transporte,
política de sangue e seus derivados. distribuição e manuseio de substâncias, de
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária produtos, de máquinas e de equipamentos
um conjunto de ações capaz de eliminar, que apresentam riscos à saúde do
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de trabalhador;
intervir nos problemas sanitários IV - avaliação do impacto que as
decorrentes do meio ambiente, da tecnologias provocam à saúde;
produção e circulação de bens e da V - informação ao trabalhador e à sua
prestação de serviços de interesse da respectiva entidade sindical e às empresas
saúde, abrangendo: sobre os riscos de acidentes de trabalho,
I - o controle de bens de consumo que, doença profissional e do trabalho, bem
direta ou indiretamente, se relacionem como os resultados de fiscalizações,
com a saúde, compreendidas todas as avaliações ambientais e exames de saúde,
etapas e processos, da produção ao de admissão, periódicos e de demissão,
consumo; e respeitados os preceitos da ética
II - o controle da prestação de serviços profissional;
que se relacionam direta ou indiretamente VI - participação na normatização,
com a saúde. fiscalização e controle dos serviços de

14
Legislação Básica da Saúde

saúde do trabalhador nas instituições e administrativa, com direção única em cada


empresas públicas e privadas; esfera de governo:
VII - revisão periódica da listagem a) ênfase na descentralização dos
oficial de doenças originadas no processo serviços para os municípios;
de trabalho, tendo na sua elaboração a b) regionalização e hierarquização da
colaboração das entidades sindicais; e rede de serviços de saúde;
VIII - a garantia ao sindicato dos X - integração em nível executivo das
trabalhadores de requerer ao órgão ações de saúde, meio ambiente e
competente a interdição de máquina, de saneamento básico;
setor de serviço ou de todo ambiente de XI - conjugação dos recursos
trabalho, quando houver exposição a risco financeiros, tecnológicos, materiais e
iminente para a vida ou saúde dos humanos da União, dos Estados, do
trabalhadores. Distrito Federal e dos Municípios na
prestação de serviços de assistência à
CAPÍTULO II saúde da população;
Dos Princípios e Diretrizes XII - capacidade de resolução dos
serviços em todos os níveis de assistência;
Art. 7º As ações e serviços públicos de e
saúde e os serviços privados contratados XIII - organização dos serviços
ou conveniados que integram o Sistema públicos de modo a evitar duplicidade de
Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos meios para fins idênticos.
de acordo com as diretrizes previstas no XIV organização de atendimento
art. 198 da Constituição Federal, público específico e especializado para
obedecendo ainda aos seguintes mulheres e vítimas de violência doméstica
princípios: em geral, que garanta, entre outros,
I - universalidade de acesso aos atendimento, acompanhamento
serviços de saúde em todos os níveis de psicológico e cirurgias plásticas
assistência; reparadoras, em conformidade com a Lei
II - integralidade de assistência, nº 12.845, de 1º de agosto de 2013.
entendida como conjunto articulado e (Redação dada pela Lei nº 13.427, de
contínuo das ações e serviços preventivos 2017)
e curativos, individuais e coletivos,
exigidos para cada caso em todos os níveis CAPÍTULO III
de complexidade do sistema; Da Organização, da Direção e da
III - preservação da autonomia das Gestão
pessoas na defesa de sua integridade física
e moral; Art. 8º As ações e serviços de saúde,
IV - igualdade da assistência à saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde
sem preconceitos ou privilégios de (SUS), seja diretamente ou mediante
qualquer espécie; participação complementar da iniciativa
V - direito à informação, às pessoas privada, serão organizados de forma
assistidas, sobre sua saúde; regionalizada e hierarquizada em níveis de
VI - divulgação de informações quanto complexidade crescente.
ao potencial dos serviços de saúde e a sua
utilização pelo usuário; Art. 9º A direção do Sistema Único de
VII - utilização da epidemiologia para o Saúde (SUS) é única, de acordo com o
estabelecimento de prioridades, a alocação inciso I do art. 198 da Constituição
de recursos e a orientação programática; Federal, sendo exercida em cada esfera de
VIII - participação da comunidade; governo pelos seguintes órgãos:
IX - descentralização político- I - no âmbito da União, pelo Ministério

15
Legislação Básica da Saúde

da Saúde;
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Art. 14. Deverão ser criadas Comissões
Federal, pela respectiva Secretaria de Permanentes de integração entre os
Saúde ou órgão equivalente; e serviços de saúde e as instituições de
III - no âmbito dos Municípios, pela ensino profissional e superior.
respectiva Secretaria de Saúde ou órgão Parágrafo único. Cada uma dessas
equivalente. comissões terá por finalidade propor
prioridades, métodos e estratégias para a
Art. 10. Os municípios poderão formação e educação continuada dos
constituir consórcios para desenvolver em recursos humanos do Sistema Único de
conjunto as ações e os serviços de saúde Saúde (SUS), na esfera correspondente,
que lhes correspondam. assim como em relação à pesquisa e à
§ 1º Aplica-se aos consórcios cooperação técnica entre essas
administrativos intermunicipais o instituições.
princípio da direção única, e os respectivos
atos constitutivos disporão sobre sua Art. 14-A. As Comissões Intergestores
observância. Bipartite e Tripartite são reconhecidas
§ 2º No nível municipal, o Sistema como foros de negociação e pactuação
Único de Saúde (SUS), poderá organizar- entre gestores, quanto aos aspectos
se em distritos de forma a integrar e operacionais do Sistema Único de Saúde
articular recursos, técnicas e práticas (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466,
voltadas para a cobertura total das ações de de 2011).
saúde. Parágrafo único. A atuação das
Comissões Intergestores Bipartite e
Art. 11. (Vetado). Tripartite terá por objetivo: (Incluído
pela Lei nº 12.466, de 2011).
Art. 12. Serão criadas comissões I - decidir sobre os aspectos
intersetoriais de âmbito nacional, operacionais, financeiros e
subordinadas ao Conselho Nacional de administrativos da gestão compartilhada
Saúde, integradas pelos Ministérios e do SUS, em conformidade com a definição
órgãos competentes e por entidades da política consubstanciada em planos de
representativas da sociedade civil. saúde, aprovados pelos conselhos de
Parágrafo único. As comissões saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466,
intersetoriais terão a finalidade de articular de 2011).
políticas e programas de interesse para a II - definir diretrizes, de âmbito
saúde, cuja execução envolva áreas não nacional, regional e intermunicipal, a
compreendidas no âmbito do Sistema respeito da organização das redes de ações
Único de Saúde (SUS). e serviços de saúde, principalmente no
tocante à sua governança institucional e à
Art. 13. A articulação das políticas e integração das ações e serviços dos entes
programas, a cargo das comissões federados; (Incluído pela Lei nº 12.466,
intersetoriais, abrangerá, em especial, as de 2011).
seguintes atividades: III - fixar diretrizes sobre as regiões de
I - alimentação e nutrição; saúde, distrito sanitário, integração de
II - saneamento e meio ambiente; territórios, referência e contrarreferência e
III - vigilância sanitária e demais aspectos vinculados à integração
farmacoepidemiologia; das ações e serviços de saúde entre os
IV - recursos humanos; entes federados. (Incluído pela Lei nº
V - ciência e tecnologia; e 12.466, de 2011).
VI - saúde do trabalhador.

16
Legislação Básica da Saúde

Art. 14-B. O Conselho Nacional de parâmetros de custos que caracterizam a


Secretários de Saúde (Conass) e o assistência à saúde;
Conselho Nacional de Secretarias VI - elaboração de normas técnicas e
Municipais de Saúde (Conasems) são estabelecimento de padrões de qualidade
reconhecidos como entidades para promoção da saúde do trabalhador;
representativas dos entes estaduais e VII - participação de formulação da
municipais para tratar de matérias política e da execução das ações de
referentes à saúde e declarados de saneamento básico e colaboração na
utilidade pública e de relevante função proteção e recuperação do meio ambiente;
social, na forma do regulamento. VIII - elaboração e atualização
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). periódica do plano de saúde;
§ 1° O Conass e o Conasems receberão IX - participação na formulação e na
recursos do orçamento geral da União por execução da política de formação e
meio do Fundo Nacional de Saúde, para desenvolvimento de recursos humanos
auxiliar no custeio de suas despesas para a saúde;
institucionais, podendo ainda celebrar X - elaboração da proposta
convênios com a União. (Incluído orçamentária do Sistema Único de Saúde
pela Lei nº 12.466, de 2011). (SUS), de conformidade com o plano de
§ °2 Os Conselhos de Secretarias saúde;
Municipais de Saúde (Cosems) são XI - elaboração de normas para regular
reconhecidos como entidades que as atividades de serviços privados de
representam os entes municipais, no saúde, tendo em vista a sua relevância
âmbito estadual, para tratar de matérias pública;
referentes à saúde, desde que vinculados XII - realização de operações externas
institucionalmente ao Conasems, na forma de natureza financeira de interesse da
que dispuserem seus estatutos. saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). XIII - para atendimento de
necessidades coletivas, urgentes e
CAPÍTULO IV transitórias, decorrentes de situações de
Da Competência e das Atribuições perigo iminente, de calamidade pública ou
Seção I de irrupção de epidemias, a autoridade
Das Atribuições Comuns competente da esfera administrativa
correspondente poderá requisitar bens e
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito serviços, tanto de pessoas naturais como
Federal e os Municípios exercerão, em seu de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa
âmbito administrativo, as seguintes indenização; (Vide ADIN 3454)
atribuições: XIV - implementar o Sistema Nacional
I - definição das instâncias e de Sangue, Componentes e Derivados;
mecanismos de controle, avaliação e de XV - propor a celebração de convênios,
fiscalização das ações e serviços de saúde; acordos e protocolos internacionais
II - administração dos recursos relativos à saúde, saneamento e meio
orçamentários e financeiros destinados, ambiente;
em cada ano, à saúde; XVI - elaborar normas técnico-
III - acompanhamento, avaliação e científicas de promoção, proteção e
divulgação do nível de saúde da população recuperação da saúde;
e das condições ambientais; XVII - promover articulação com os
IV - organização e coordenação do órgãos de fiscalização do exercício
sistema de informação de saúde; profissional e outras entidades
V - elaboração de normas técnicas e representativas da sociedade civil para a
estabelecimento de padrões de qualidade e definição e controle dos padrões éticos

17
Legislação Básica da Saúde

para pesquisa, ações e serviços de saúde; VIII - estabelecer critérios, parâmetros


XVIII - promover a articulação da e métodos para o controle da qualidade
política e dos planos de saúde; sanitária de produtos, substâncias e
XIX - realizar pesquisas e estudos na serviços de consumo e uso humano;
área de saúde; IX - promover articulação com os
XX - definir as instâncias e órgãos educacionais e de fiscalização do
mecanismos de controle e fiscalização exercício profissional, bem como com
inerentes ao poder de polícia sanitária; entidades representativas de formação de
XXI - fomentar, coordenar e executar recursos humanos na área de saúde;
programas e projetos estratégicos e de X - formular, avaliar, elaborar normas e
atendimento emergencial. participar na execução da política nacional
e produção de insumos e equipamentos
Seção II para a saúde, em articulação com os
Da Competência demais órgãos governamentais;
XI - identificar os serviços estaduais e
Art. 16. A direção nacional do Sistema municipais de referência nacional para o
Único da Saúde (SUS) compete: estabelecimento de padrões técnicos de
I - formular, avaliar e apoiar políticas de assistência à saúde;
alimentação e nutrição; XII - controlar e fiscalizar
II - participar na formulação e na procedimentos, produtos e substâncias de
implementação das políticas: interesse para a saúde;
a) de controle das agressões ao meio XIII - prestar cooperação técnica e
ambiente; financeira aos Estados, ao Distrito Federal
b) de saneamento básico; e e aos Municípios para o aperfeiçoamento
c) relativas às condições e aos da sua atuação institucional;
ambientes de trabalho; XIV - elaborar normas para regular as
III - definir e coordenar os sistemas: relações entre o Sistema Único de Saúde
a) de redes integradas de assistência de (SUS) e os serviços privados contratados
alta complexidade; de assistência à saúde;
b) de rede de laboratórios de saúde XV - promover a descentralização para
pública; as Unidades Federadas e para os
c) de vigilância epidemiológica; e Municípios, dos serviços e ações de saúde,
d) vigilância sanitária; respectivamente, de abrangência estadual
IV - participar da definição de normas e e municipal;
mecanismos de controle, com órgão afins, XVI - normatizar e coordenar
de agravo sobre o meio ambiente ou dele nacionalmente o Sistema Nacional de
decorrentes, que tenham repercussão na Sangue, Componentes e Derivados;
saúde humana; XVII - acompanhar, controlar e avaliar
V - participar da definição de normas, as ações e os serviços de saúde, respeitadas
critérios e padrões para o controle das as competências estaduais e municipais;
condições e dos ambientes de trabalho e XVIII - elaborar o Planejamento
coordenar a política de saúde do Estratégico Nacional no âmbito do SUS,
trabalhador; em cooperação técnica com os Estados,
VI - coordenar e participar na execução Municípios e Distrito Federal;
das ações de vigilância epidemiológica; XIX - estabelecer o Sistema Nacional
VII - estabelecer normas e executar a de Auditoria e coordenar a avaliação
vigilância sanitária de portos, aeroportos e técnica e financeira do SUS em todo o
fronteiras, podendo a execução ser Território Nacional em cooperação técnica
complementada pelos Estados, Distrito com os Estados, Municípios e Distrito
Federal e Municípios; Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de

18
Legislação Básica da Saúde

1995) d) de saúde do trabalhador;


Parágrafo único. A União poderá V - participar, junto com os órgãos
executar ações de vigilância afins, do controle dos agravos do meio
epidemiológica e sanitária em ambiente que tenham repercussão na
circunstâncias especiais, como na saúde humana;
ocorrência de agravos inusitados à saúde, VI - participar da formulação da
que possam escapar do controle da direção política e da execução de ações de
estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) saneamento básico;
ou que representem risco de disseminação VII - participar das ações de controle e
nacional. avaliação das condições e dos ambientes
§ 1º A União poderá executar ações de de trabalho;
vigilância epidemiológica e sanitária em VIII - em caráter suplementar,
circunstâncias especiais, como na formular, executar, acompanhar e avaliar a
ocorrência de agravos inusitados à saúde, política de insumos e equipamentos para a
que possam escapar do controle da direção saúde;
estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) IX - identificar estabelecimentos
ou que representem risco de disseminação hospitalares de referência e gerir sistemas
nacional. (Renumerado do parágrafo públicos de alta complexidade, de
único pela Lei nº 14.141, de 2021) referência estadual e regional;
§ 2º Em situações epidemiológicas que X - coordenar a rede estadual de
caracterizem emergência em saúde laboratórios de saúde pública e
pública, poderá ser adotado procedimento hemocentros, e gerir as unidades que
simplificado para a remessa de patrimônio permaneçam em sua organização
genético ao exterior, na forma do administrativa;
regulamento. (Incluído pela Lei nº XI - estabelecer normas, em caráter
14.141, de 2021) suplementar, para o controle e avaliação
§ 3º Os benefícios resultantes da das ações e serviços de saúde;
exploração econômica de produto acabado XII - formular normas e estabelecer
ou material reprodutivo oriundo de acesso padrões, em caráter suplementar, de
ao patrimônio genético de que trata o § 2º procedimentos de controle de qualidade
deste artigo serão repartidos nos termos da para produtos e substâncias de consumo
Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. humano;
(Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021) XIII - colaborar com a União na
execução da vigilância sanitária de portos,
Art. 17. À direção estadual do Sistema aeroportos e fronteiras;
Único de Saúde (SUS) compete: XIV - o acompanhamento, a avaliação
I - promover a descentralização para os e divulgação dos indicadores de
Municípios dos serviços e das ações de morbidade e mortalidade no âmbito da
saúde;. unidade federada.
II - acompanhar, controlar e avaliar as
redes hierarquizadas do Sistema Único de Art. 18. À direção municipal do
Saúde (SUS); Sistema de Saúde (SUS) compete:
III - prestar apoio técnico e financeiro I - planejar, organizar, controlar e
aos Municípios e executar supletivamente avaliar as ações e os serviços de saúde e
ações e serviços de saúde; gerir e executar os serviços públicos de
IV - coordenar e, em caráter saúde;
complementar, executar ações e serviços: II - participar do planejamento,
a) de vigilância epidemiológica; programação e organização da rede
b) de vigilância sanitária; regionalizada e hierarquizada do Sistema
c) de alimentação e nutrição; e Único de Saúde (SUS), em articulação

19
Legislação Básica da Saúde

com sua direção estadual; obedecerão ao disposto nesta Lei.


III - participar da execução, controle e (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
avaliação das ações referentes às
condições e aos ambientes de trabalho; Art. 19-B. É instituído um Subsistema
IV - executar serviços: de Atenção à Saúde Indígena, componente
a) de vigilância epidemiológica; do Sistema Único de Saúde SUS, criado
b) vigilância sanitária; e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142,
c) de alimentação e nutrição; de 28 de dezembro de 1990, com o qual
d) de saneamento básico; e funcionará em perfeita integração.
e) de saúde do trabalhador; (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
V - dar execução, no âmbito municipal,
à política de insumos e equipamentos para Art. 19-C. Caberá à União, com seus
a saúde; recursos próprios, financiar o Subsistema
VI - colaborar na fiscalização das de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído
agressões ao meio ambiente que tenham pela Lei nº 9.836, de 1999)
repercussão sobre a saúde humana e atuar,
junto aos órgãos municipais, estaduais e Art. 19-D. O SUS promoverá a
federais competentes, para controlá-las; articulação do Subsistema instituído por
VII - formar consórcios administrativos esta Lei com os órgãos responsáveis pela
intermunicipais; Política Indígena do País. (Incluído pela
VIII - gerir laboratórios públicos de Lei nº 9.836, de 1999)
saúde e hemocentros;
IX - colaborar com a União e os Estados Art. 19-E. Os Estados, Municípios,
na execução da vigilância sanitária de outras instituições governamentais e não-
portos, aeroportos e fronteiras; governamentais poderão atuar
X - observado o disposto no art. 26 complementarmente no custeio e execução
desta Lei, celebrar contratos e convênios das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836,
com entidades prestadoras de serviços de 1999)
privados de saúde, bem como controlar e § 1º A União instituirá mecanismo de
avaliar sua execução; financiamento específico para os Estados,
XI - controlar e fiscalizar os o Distrito Federal e os Municípios, sempre
procedimentos dos serviços privados de que houver necessidade de atenção
saúde; secundária e terciária fora dos territórios
XII - normatizar complementarmente indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021,
as ações e serviços públicos de saúde no de 2020)
seu âmbito de atuação. § 2º Em situações emergenciais e de
calamidade pública: (Incluído pela Lei
Art. 19. Ao Distrito Federal competem nº 14.021, de 2020)
as atribuições reservadas aos Estados e aos I - a União deverá assegurar aporte
Municípios. adicional de recursos não previstos nos
planos de saúde dos Distritos Sanitários
CAPÍTULO V Especiais Indígenas (Dseis) ao Subsistema
Do Subsistema de Atenção à Saúde de Atenção à Saúde Indígena; (Incluído
Indígena pela Lei nº 14.021, de 2020)
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) II - deverá ser garantida a inclusão dos
povos indígenas nos planos emergenciais
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde para atendimento dos pacientes graves das
voltados para o atendimento das Secretarias Municipais e Estaduais de
populações indígenas, em todo o território Saúde, explicitados os fluxos e as
nacional, coletiva ou individualmente, referências para o atendimento em tempo

20
Legislação Básica da Saúde

oportuno. (Incluído pela Lei nº 14.021, acordo com suas necessidades,


de 2020) compreendendo a atenção primária,
secundária e terciária à saúde. (Incluído
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente pela Lei nº 9.836, de 1999)
levar em consideração a realidade local e
as especificidades da cultura dos povos Art. 19-H. As populações indígenas
indígenas e o modelo a ser adotado para a terão direito a participar dos organismos
atenção à saúde indígena, que se deve colegiados de formulação,
pautar por uma abordagem diferenciada e acompanhamento e avaliação das políticas
global, contemplando os aspectos de de saúde, tais como o Conselho Nacional
assistência à saúde, saneamento básico, de Saúde e os Conselhos Estaduais e
nutrição, habitação, meio ambiente, Municipais de Saúde, quando for o caso.
demarcação de terras, educação sanitária e (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
integração institucional. (Incluído pela
Lei nº 9.836, de 1999) CAPÍTULO VI
DO SUBSISTEMA DE
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO
Saúde Indígena deverá ser, como o SUS, DOMICILIAR
descentralizado, hierarquizado e (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
regionalizado. (Incluído pela Lei nº
9.836, de 1999) Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito
§ 1° O Subsistema de que trata o caput do Sistema Único de Saúde, o atendimento
deste artigo terá como base os Distritos domiciliar e a internação domiciliar.
Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) § 1° Na modalidade de assistência de
§ 1º-A. A rede do SUS deverá atendimento e internação domiciliares
obrigatoriamente fazer o registro e a incluem-se, principalmente, os
notificação da declaração de raça ou cor, procedimentos médicos, de enfermagem,
garantindo a identificação de todos os fisioterapêuticos, psicológicos e de
indígenas atendidos nos sistemas públicos assistência social, entre outros necessários
de saúde. (Incluído pela Lei nº 14.021, ao cuidado integral dos pacientes em seu
de 2020) domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424,
§ 1º-B. A União deverá integrar os de 2002)
sistemas de informação da rede do SUS § 2º O atendimento e a internação
com os dados do Subsistema de Atenção à domiciliares serão realizados por equipes
Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº multidisciplinares que atuarão nos níveis
14.021, de 2020) da medicina preventiva, terapêutica e
§ 2° O SUS servirá de retaguarda e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº
referência ao Subsistema de Atenção à 10.424, de 2002)
Saúde Indígena, devendo, para isso, § 3° O atendimento e a internação
ocorrer adaptações na estrutura e domiciliares só poderão ser realizados por
organização do SUS nas regiões onde indicação médica, com expressa
residem as populações indígenas, para concordância do paciente e de sua família.
propiciar essa integração e o atendimento (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
necessário em todos os níveis, sem
discriminações. (Incluído pela Lei nº
9.836, de 1999)
§ 3° As populações indígenas devem ter
acesso garantido ao SUS, em âmbito local,
regional e de centros especializados, de

21
Legislação Básica da Saúde

CAPÍTULO VII agravo à saúde a ser tratado ou, na falta do


DO SUBSISTEMA DE protocolo, em conformidade com o
ACOMPANHAMENTO DURANTE O disposto no art. 19-P; (Incluído pela
TRABALHO DE PARTO, PARTO E Lei nº 12.401, de 2011)
PÓS-PARTO IMEDIATO II - oferta de procedimentos
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) terapêuticos, em regime domiciliar,
ambulatorial e hospitalar, constantes de
Art. 19-J. Os serviços de saúde do tabelas elaboradas pelo gestor federal do
Sistema Único de Saúde - SUS, da rede Sistema Único de Saúde - SUS, realizados
própria ou conveniada, ficam obrigados a no território nacional por serviço próprio,
permitir a presença, junto à parturiente, de conveniado ou contratado.
1 (um) acompanhante durante todo o
período de trabalho de parto, parto e pós- Art. 19-N. Para os efeitos do disposto
parto imediato. (Incluído pela Lei nº no art. 19-M, são adotadas as seguintes
11.108, de 2005) definições: (Incluído pela Lei nº
§ 1° O acompanhante de que trata o 12.401, de 2011)
caput deste artigo será indicado pela I - produtos de interesse para a saúde:
parturiente. (Incluído pela Lei nº órteses, próteses, bolsas coletoras e
11.108, de 2005) equipamentos médicos; (Incluído pela
§ 2° As ações destinadas a viabilizar o Lei nº 12.401, de 2011)
pleno exercício dos direitos de que trata II - protocolo clínico e diretriz
este artigo constarão do regulamento da terapêutica: documento que estabelece
lei, a ser elaborado pelo órgão competente critérios para o diagnóstico da doença ou
do Poder Executivo. (Incluído pela Lei do agravo à saúde; o tratamento
nº 11.108, de 2005) preconizado, com os medicamentos e
§ 3° Ficam os hospitais de todo o País demais produtos apropriados, quando
obrigados a manter, em local visível de couber; as posologias recomendadas; os
suas dependências, aviso informando mecanismos de controle clínico; e o
sobre o direito estabelecido no caput deste acompanhamento e a verificação dos
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de resultados terapêuticos, a serem seguidos
2013) pelos gestores do SUS. (Incluído pela
Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído
pela Lei nº 11.108, de 2005) Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as
diretrizes terapêuticas deverão estabelecer
CAPÍTULO VIII os medicamentos ou produtos necessários
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nas diferentes fases evolutivas da doença
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA ou do agravo à saúde de que tratam, bem
E DA INCORPORAÇÃO DE como aqueles indicados em casos de perda
de eficácia e de surgimento de intolerância
ou reação adversa relevante, provocadas
Art. 19-M. A assistência terapêutica pelo medicamento, produto ou
integral a que se refere a alínea d do inciso procedimento de primeira escolha.
I do art. 6o consiste em: (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Lei nº 12.401, de 2011) Parágrafo único. Em qualquer caso, os
I - dispensação de medicamentos e medicamentos ou produtos de que trata o
produtos de interesse para a saúde, cuja caput deste artigo serão aqueles avaliados
prescrição esteja em conformidade com as quanto à sua eficácia, segurança,
diretrizes terapêuticas definidas em efetividade e custo-efetividade para as
protocolo clínico para a doença ou o diferentes fases evolutivas da doença ou

22
Legislação Básica da Saúde

do agravo à saúde de que trata o protocolo. Medicina. (Incluído pela Lei nº 12.401,
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) de 2011)
§ 2° O relatório da Comissão Nacional
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico de Incorporação de Tecnologias no SUS
ou de diretriz terapêutica, a dispensação levará em consideração, necessariamente:
será realizada: (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
12.401, de 2011) I - as evidências científicas sobre a
I - com base nas relações de eficácia, a acurácia, a efetividade e a
medicamentos instituídas pelo gestor segurança do medicamento, produto ou
federal do SUS, observadas as procedimento objeto do processo, acatadas
competências estabelecidas nesta Lei, e a pelo órgão competente para o registro ou a
responsabilidade pelo fornecimento será autorização de uso; (Incluído pela Lei nº
pactuada na Comissão Intergestores 12.401, de 2011)
Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, II - a avaliação econômica comparativa
de 2011) dos benefícios e dos custos em relação às
II - no âmbito de cada Estado e do tecnologias já incorporadas, inclusive no
Distrito Federal, de forma suplementar, que se refere aos atendimentos domiciliar,
com base nas relações de medicamentos ambulatorial ou hospitalar, quando
instituídas pelos gestores estaduais do cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401,
SUS, e a responsabilidade pelo de 2011)
fornecimento será pactuada na Comissão § 3º As metodologias empregadas na
Intergestores Bipartite; (Incluído pela avaliação econômica a que se refere o
Lei nº 12.401, de 2011) inciso II do § 2º deste artigo serão
III - no âmbito de cada Município, de dispostas em regulamento e amplamente
forma suplementar, com base nas relações divulgadas, inclusive em relação aos
de medicamentos instituídas pelos indicadores e parâmetros de custo-
gestores municipais do SUS, e a efetividade utilizados em combinação com
responsabilidade pelo fornecimento será outros critérios. (Incluído pela Lei nº
pactuada no Conselho Municipal de 14.312, de 2022)
Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
de 2011) Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e
a alteração a que se refere o art. 19-Q serão
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão efetuadas mediante a instauração de
ou a alteração pelo SUS de novos processo administrativo, a ser concluído
medicamentos, produtos e procedimentos, em prazo não superior a 180 (cento e
bem como a constituição ou a alteração de oitenta) dias, contado da data em que foi
protocolo clínico ou de diretriz protocolado o pedido, admitida a sua
terapêutica, são atribuições do Ministério prorrogação por 90 (noventa) dias
da Saúde, assessorado pela Comissão corridos, quando as circunstâncias
Nacional de Incorporação de Tecnologias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401,
no SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
de 2011) § 1° O processo de que trata o caput
§ 1° A Comissão Nacional de deste artigo observará, no que couber, o
Incorporação de Tecnologias no SUS, cuja disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro
composição e regimento são definidos em de 1999, e as seguintes determinações
regulamento, contará com a participação especiais: (Incluído pela Lei nº
de 1 (um) representante indicado pelo 12.401, de 2011)
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) I - apresentação pelo interessado dos
representante, especialista na área, documentos e, se cabível, das amostras de
indicado pelo Conselho Federal de produtos, na forma do regulamento, com

23
Legislação Básica da Saúde

informações necessárias para o Tecnologias no Sistema Único de Saúde


atendimento do disposto no § 2o do art. (Conitec), demonstradas as evidências
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de científicas sobre a eficácia, a acurácia, a
2011) efetividade e a segurança, e esteja
II - (VETADO); (Incluído pela Lei padronizado em protocolo estabelecido
nº 12.401, de 2011) pelo Ministério da Saúde; (Incluído
III - realização de consulta pública que pela Lei nº 14.312, de 2022)
inclua a divulgação do parecer emitido II - medicamento e produto
pela Comissão Nacional de Incorporação recomendados pela Conitec e adquiridos
de Tecnologias no SUS; (Incluído pela por intermédio de organismos
Lei nº 12.401, de 2011) multilaterais internacionais, para uso em
IV - realização de audiência pública, programas de saúde pública do Ministério
antes da tomada de decisão, se a relevância da Saúde e suas entidades vinculadas, nos
da matéria justificar o evento. (Incluído termos do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782,
pela Lei nº 12.401, de 2011) de 26 de janeiro de 1999. (Incluído
V - distribuição aleatória, respeitadas a pela Lei nº 14.312, de 2022)
especialização e a competência técnica
requeridas para a análise da matéria; Art. 19-U. A responsabilidade
(Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022) financeira pelo fornecimento de
VI - publicidade dos atos processuais. medicamentos, produtos de interesse para
(Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022) a saúde ou procedimentos de que trata este
§ 2° (VETADO). (Incluído pela Lei Capítulo será pactuada na Comissão
nº 12.401, de 2011) Intergestores Tripartite. (Incluído pela
Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído
pela Lei nº 12.401, de 2011) TÍTULO III
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE
Art. 19-T. São vedados, em todas as ASSISTÊNCIA À SAÙDE
esferas de gestão do SUS: (Incluído CAPÍTULO I
pela Lei nº 12.401, de 2011) Do Funcionamento
I - o pagamento, o ressarcimento ou o
reembolso de medicamento, produto e Art. 20. Os serviços privados de
procedimento clínico ou cirúrgico assistência à saúde caracterizam-se pela
experimental, ou de uso não autorizado atuação, por iniciativa própria, de
pela Agência Nacional de Vigilância profissionais liberais, legalmente
Sanitária - ANVISA; (Incluído pela habilitados, e de pessoas jurídicas de
Lei nº 12.401, de 2011) direito privado na promoção, proteção e
II - a dispensação, o pagamento, o recuperação da saúde.
ressarcimento ou o reembolso de
medicamento e produto, nacional ou Art. 21. A assistência à saúde é livre à
importado, sem registro na Anvisa. iniciativa privada.
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Parágrafo único. Excetuam-se do Art. 22. Na prestação de serviços
disposto neste artigo: (Incluído pela privados de assistência à saúde, serão
Lei nº 14.312, de 2022) observados os princípios éticos e as
I - medicamento e produto em que a normas expedidas pelo órgão de direção
indicação de uso seja distinta daquela do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto
aprovada no registro na Anvisa, desde que às condições para seu funcionamento.
seu uso tenha sido recomendado pela
Comissão Nacional de Incorporação de Art. 23. É permitida a participação

24
Legislação Básica da Saúde

direta ou indireta, inclusive controle, de do Sistema Único de Saúde (SUS).


empresas ou de capital estrangeiro na
assistência à saúde nos seguintes casos: Art. 26. Os critérios e valores para a
(Redação dada pela Lei nº 13.097, de remuneração de serviços e os parâmetros
2015) de cobertura assistencial serão
I - doações de organismos estabelecidos pela direção nacional do
internacionais vinculados à Organização Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados
das Nações Unidas, de entidades de no Conselho Nacional de Saúde.
cooperação técnica e de financiamento e § 1° Na fixação dos critérios, valores,
empréstimos; (Incluído pela Lei nº formas de reajuste e de pagamento da
13.097, de 2015) remuneração aludida neste artigo, a
II - pessoas jurídicas destinadas a direção nacional do Sistema Único de
instalar, operacionalizar ou explorar: Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) em demonstrativo econômico-financeiro
a) hospital geral, inclusive filantrópico, que garanta a efetiva qualidade de
hospital especializado, policlínica, clínica execução dos serviços contratados.
geral e clínica especializada; e § 2° Os serviços contratados submeter-
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) se-ão às normas técnicas e administrativas
b) ações e pesquisas de planejamento e aos princípios e diretrizes do Sistema
familiar; (Incluído pela Lei nº 13.097, Único de Saúde (SUS), mantido o
de 2015) equilíbrio econômico e financeiro do
III - serviços de saúde mantidos, sem contrato.
finalidade lucrativa, por empresas, para § 3° (Vetado).
atendimento de seus empregados e § 4° Aos proprietários, administradores
dependentes, sem qualquer ônus para a e dirigentes de entidades ou serviços
seguridade social; e (Incluído pela Lei contratados é vedado exercer cargo de
nº 13.097, de 2015) chefia ou função de confiança no Sistema
IV - demais casos previstos em Único de Saúde (SUS).
legislação específica. (Incluído pela
Lei nº 13.097, de 2015) TÍTULO III-A
(Incluído pela Lei nº 14.510, de
CAPÍTULO II 2022)
Da Participação Complementar DA TELESSAÚDE

Art. 24. Quando as suas Art. 26-A. A telessaúde abrange a


disponibilidades forem insuficientes para prestação remota de serviços relacionados
garantir a cobertura assistencial à a todas as profissões da área da saúde
população de uma determinada área, o regulamentadas pelos órgãos competentes
Sistema Único de Saúde (SUS) poderá do Poder Executivo federal e obedecerá
recorrer aos serviços ofertados pela aos seguintes princípios: (Incluído pela
iniciativa privada. Lei nº 14.510, de 2022)
Parágrafo único. A participação I - autonomia do profissional de saúde;
complementar dos serviços privados será (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
formalizada mediante contrato ou II - consentimento livre e informado do
convênio, observadas, a respeito, as paciente;
normas de direito público. III - direito de recusa ao atendimento na
modalidade telessaúde, com a garantia do
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, atendimento presencial sempre que
as entidades filantrópicas e as sem fins solicitado; (Incluído pela Lei nº 14.510,
lucrativos terão preferência para participar de 2022)

25
Legislação Básica da Saúde

IV - dignidade e valorização do normativos adotados para as modalidades


profissional de saúde; (Incluído pela Lei de atendimento presencial, no que não
nº 14.510, de 2022) colidirem com os preceitos desta Lei.
V - assistência segura e com qualidade (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
ao paciente; (Incluído pela Lei nº 14.510,
de 2022) Art. 26-E. Na prestação de serviços por
VI - confidencialidade dos dados; telessaúde, serão observadas as normas
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) expedidas pelo órgão de direção do
VII - promoção da universalização do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
acesso dos brasileiros às ações e aos condições para seu funcionamento,
serviços de saúde; (Incluído pela Lei nº observada a competência dos demais
14.510, de 2022) órgãos reguladores. (Incluído pela Lei nº
VIII - estrita observância das 14.510, de 2022)
atribuições legais de cada profissão;
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) Art. 26-F. O ato normativo que
IX - responsabilidade digital. pretenda restringir a prestação de serviço
(Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022) de telessaúde deverá demonstrar a
imprescindibilidade da medida para que
Art. 26-B. Para fins desta Lei, sejam evitados danos à saúde dos
considera-se telessaúde a modalidade de pacientes. (Incluído pela Lei nº 14.510,
prestação de serviços de saúde a distância, de 2022)
por meio da utilização das tecnologias da
informação e da comunicação, que Art. 26-G. A prática da telessaúde deve
envolve, entre outros, a transmissão segura seguir as seguintes determinações:
de dados e informações de saúde, por meio (Incluído pela Lei nº 14.510, de 2022)
de textos, de sons, de imagens ou outras I - ser realizada por consentimento livre
formas adequadas. (Incluído pela Lei nº e esclarecido do paciente, ou de seu
14.510, de 2022) representante legal, e sob responsabilidade
Parágrafo único. Os atos do do profissional de saúde; (Incluído pela
profissional de saúde, quando praticados Lei nº 14.510, de 2022)
na modalidade telessaúde, terão validade II - prestar obediência aos ditames das
em todo o território nacional. (Incluído Leis nºs 12.965, de 23 de abril de 2014
pela Lei nº 14.510, de 2022) (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de
julho de 2013 (Lei do Ato Médico),
Art. 26-C. Ao profissional de saúde são 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral
asseguradas a liberdade e a completa de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de
independência de decidir sobre a setembro de 1990 (Código de Defesa do
utilização ou não da telessaúde, inclusive Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos
com relação à primeira consulta, ditames da Lei nº 13.787, de 27 de
atendimento ou procedimento, e poderá dezembro de 2018 (Lei do Prontuário
indicar a utilização de atendimento Eletrônico). (Incluído pela Lei nº 14.510,
presencial ou optar por ele, sempre que de 2022)
entender necessário. (Incluído pela Lei
nº 14.510, de 2022) Art. 26-H. É dispensada a inscrição
secundária ou complementar do
Art. 26-D. Compete aos conselhos profissional de saúde que exercer a
federais de fiscalização do exercício profissão em outra jurisdição
profissional a normatização ética relativa à exclusivamente por meio da modalidade
prestação dos serviços previstos neste telessaúde. (Incluído pela Lei nº 14.510,
Título, aplicando-se os padrões de 2022)

26
Legislação Básica da Saúde

entidades profissionais correspondentes.


TÍTULO IV
DOS RECURSOS HUMANOS TÍTULO V
DO FINANCIAMENTO
Art. 27. A política de recursos humanos CAPÍTULO I
na área da saúde será formalizada e Dos Recursos
executada, articuladamente, pelas
diferentes esferas de governo, em Art. 31. O orçamento da seguridade
cumprimento dos seguintes objetivos: social destinará ao Sistema Único de
I - organização de um sistema de Saúde (SUS) de acordo com a receita
formação de recursos humanos em todos estimada, os recursos necessários à
os níveis de ensino, inclusive de pós- realização de suas finalidades, previstos
graduação, além da elaboração de em proposta elaborada pela sua direção
programas de permanente nacional, com a participação dos órgãos da
aperfeiçoamento de pessoal; Previdência Social e da Assistência Social,
II - (Vetado) tendo em vista as metas e prioridades
III - (Vetado) estabelecidas na Lei de Diretrizes
IV - valorização da dedicação exclusiva Orçamentárias.
aos serviços do Sistema Único de Saúde
(SUS). Art. 32. São considerados de outras
Parágrafo único. Os serviços públicos fontes os recursos provenientes de:
que integram o Sistema Único de Saúde I - (Vetado)
(SUS) constituem campo de prática para II - Serviços que possam ser prestados
ensino e pesquisa, mediante normas sem prejuízo da assistência à saúde;
específicas, elaboradas conjuntamente III - ajuda, contribuições, doações e
com o sistema educacional. donativos;
IV - alienações patrimoniais e
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, rendimentos de capital;
direção e assessoramento, no âmbito do V - taxas, multas, emolumentos e
Sistema Único de Saúde (SUS), só preços públicos arrecadados no âmbito do
poderão ser exercidas em regime de tempo Sistema Único de Saúde (SUS); e
integral. VI - rendas eventuais, inclusive
§ 1° Os servidores que legalmente comerciais e industriais.
acumulam dois cargos ou empregos § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS)
poderão exercer suas atividades em mais caberá metade da receita de que trata o
de um estabelecimento do Sistema Único inciso I deste artigo, apurada
de Saúde (SUS). mensalmente, a qual será destinada à
§ 2° O disposto no parágrafo anterior recuperação de viciados.
aplica-se também aos servidores em § 2° As receitas geradas no âmbito do
regime de tempo integral, com exceção Sistema Único de Saúde (SUS) serão
dos ocupantes de cargos ou função de creditadas diretamente em contas
chefia, direção ou assessoramento. especiais, movimentadas pela sua direção,
na esfera de poder onde forem
Art. 29. (Vetado). arrecadadas.
§ 3º As ações de saneamento que
Art. 30. As especializações na forma de venham a ser executadas supletivamente
treinamento em serviço sob supervisão pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão
serão regulamentadas por Comissão financiadas por recursos tarifários
Nacional, instituída de acordo com o art. específicos e outros da União, Estados,
12 desta Lei, garantida a participação das Distrito Federal, Municípios e, em

27
Legislação Básica da Saúde

particular, do Sistema Financeiro da no âmbito do Sistema Único de Saúde


Habitação (SFH). (SUS).
§ 4º (Vetado). Parágrafo único. Na distribuição dos
§ 5º As atividades de pesquisa e recursos financeiros da Seguridade Social
desenvolvimento científico e tecnológico será observada a mesma proporção da
em saúde serão co-financiadas pelo despesa prevista de cada área, no
Sistema Único de Saúde (SUS), pelas Orçamento da Seguridade Social.
universidades e pelo orçamento fiscal,
além de recursos de instituições de Art. 35. Para o estabelecimento de
fomento e financiamento ou de origem valores a serem transferidos a Estados,
externa e receita própria das instituições Distrito Federal e Municípios, será
executoras. utilizada a combinação dos seguintes
§ 6º (Vetado). critérios, segundo análise técnica de
programas e projetos:
CAPÍTULO II I - perfil demográfico da região;
Da Gestão Financeira II - perfil epidemiológico da população
a ser coberta;
Art. 33. Os recursos financeiros do III - características quantitativas e
Sistema Único de Saúde (SUS) serão qualitativas da rede de saúde na área;
depositados em conta especial, em cada IV - desempenho técnico, econômico e
esfera de sua atuação, e movimentados sob financeiro no período anterior;
fiscalização dos respectivos Conselhos de V - níveis de participação do setor
Saúde. saúde nos orçamentos estaduais e
§ 1º Na esfera federal, os recursos municipais;
financeiros, originários do Orçamento da VI - previsão do plano qüinqüenal de
Seguridade Social, de outros Orçamentos investimentos da rede;
da União, além de outras fontes, serão VII - ressarcimento do atendimento a
administrados pelo Ministério da Saúde, serviços prestados para outras esferas de
através do Fundo Nacional de Saúde. governo.
§ 2º (Vetado). § 1º Metade dos recursos destinados a
§ 3º (Vetado). Estados e Municípios será distribuída
§ 4º O Ministério da Saúde segundo o quociente de sua divisão pelo
acompanhará, através de seu sistema de número de habitantes, independentemente
auditoria, a conformidade à programação de qualquer procedimento prévio.
aprovada da aplicação dos recursos (Revogado pela Lei Complementar nº 141,
repassados a Estados e Municípios. de 2012) (Vide Lei nº 8.142, de 1990)
Constatada a malversação, desvio ou não § 2º Nos casos de Estados e Municípios
aplicação dos recursos, caberá ao sujeitos a notório processo de migração, os
Ministério da Saúde aplicar as medidas critérios demográficos mencionados nesta
previstas em lei. lei serão ponderados por outros
indicadores de crescimento populacional,
Art. 34. As autoridades responsáveis em especial o número de eleitores
pela distribuição da receita efetivamente registrados.
arrecadada transferirão automaticamente § 3º (Vetado).
ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), § 4º (Vetado).
observado o critério do parágrafo único § 5º (Vetado).
deste artigo, os recursos financeiros § 6º O disposto no parágrafo anterior
correspondentes às dotações consignadas não prejudica a atuação dos órgãos de
no Orçamento da Seguridade Social, a controle interno e externo e nem a
projetos e atividades a serem executados aplicação de penalidades previstas em lei,

28
Legislação Básica da Saúde

em caso de irregularidades verificadas na (SUS) será feita de modo a preservá-los


gestão dos recursos transferidos. como patrimônio da Seguridade Social.
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo
CAPÍTULO III anterior serão inventariados com todos os
Do Planejamento e do Orçamento seus acessórios, equipamentos e outros
bens móveis e ficarão disponíveis para
Art. 36. O processo de planejamento e utilização pelo órgão de direção municipal
orçamento do Sistema Único de Saúde do Sistema Único de Saúde - SUS ou,
(SUS) será ascendente, do nível local até o eventualmente, pelo estadual, em cuja
federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, circunscrição administrativa se
compatibilizando-se as necessidades da encontrem, mediante simples termo de
política de saúde com a disponibilidade de recebimento.
recursos em planos de saúde dos § 7º (Vetado).
Municípios, dos Estados, do Distrito § 8º O acesso aos serviços de
Federal e da União. informática e bases de dados, mantidos
§ 1º Os planos de saúde serão a base das pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério
atividades e programações de cada nível do Trabalho e da Previdência Social, será
de direção do Sistema Único de Saúde assegurado às Secretarias Estaduais e
(SUS), e seu financiamento será previsto Municipais de Saúde ou órgãos
na respectiva proposta orçamentária. congêneres, como suporte ao processo de
§ 2º É vedada a transferência de gestão, de forma a permitir a gerencia
recursos para o financiamento de ações informatizada das contas e a disseminação
não previstas nos planos de saúde, exceto de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
em situações emergenciais ou de médico-hospitalares.
calamidade pública, na área de saúde.
Art. 40. (Vetado)
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde
estabelecerá as diretrizes a serem Art. 41. As ações desenvolvidas pela
observadas na elaboração dos planos de Fundação das Pioneiras Sociais e pelo
saúde, em função das características Instituto Nacional do Câncer,
epidemiológicas e da organização dos supervisionadas pela direção nacional do
serviços em cada jurisdição Sistema Único de Saúde (SUS),
administrativa. permanecerão como referencial de
prestação de serviços, formação de
Art. 38. Não será permitida a recursos humanos e para transferência de
destinação de subvenções e auxílios a tecnologia.
instituições prestadoras de serviços de
saúde com finalidade lucrativa. Art. 42. (Vetado).

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E Art. 43. A gratuidade das ações e


TRANSITÓRIAS serviços de saúde fica preservada nos
serviços públicos contratados,
Art. 39. (Vetado). ressalvando-se as cláusulas dos contratos
§ 1º (Vetado). ou convênios estabelecidos com as
§ 2º (Vetado). entidades privadas.
§ 3º (Vetado).
§ 4º (Vetado). Art. 44. (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de
propriedade do Inamps para órgãos Art. 45. Os serviços de saúde dos
integrantes do Sistema Único de Saúde hospitais universitários e de ensino

29
Legislação Básica da Saúde

integram-se ao Sistema Único de Saúde sendo absorvido pelo Sistema Único de


(SUS), mediante convênio, preservada a Saúde (SUS).
sua autonomia administrativa, em relação
ao patrimônio, aos recursos humanos e Art. 51. (Vetado).
financeiros, ensino, pesquisa e extensão
nos limites conferidos pelas instituições a Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções
que estejam vinculados. cabíveis, constitui crime de emprego
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas irregular de verbas ou rendas públicas
estaduais e municipais de previdência (Código Penal, art. 315) a utilização de
social deverão integrar-se à direção recursos financeiros do Sistema Único de
correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades diversas das
Saúde (SUS), conforme seu âmbito de previstas nesta lei.
atuação, bem como quaisquer outros
órgãos e serviços de saúde. Art. 53. (Vetado).
§ 2º Em tempo de paz e havendo
interesse recíproco, os serviços de saúde Art. 53-A. Na qualidade de ações e
das Forças Armadas poderão integrar-se serviços de saúde, as atividades de apoio à
ao Sistema Único de Saúde (SUS), assistência à saúde são aquelas
conforme se dispuser em convênio que, desenvolvidas pelos laboratórios de
para esse fim, for firmado. genética humana, produção e
fornecimento de medicamentos e produtos
Art. 46. o Sistema Único de Saúde para saúde, laboratórios de analises
(SUS), estabelecerá mecanismos de clínicas, anatomia patológica e de
incentivos à participação do setor privado diagnóstico por imagem e são livres à
no investimento em ciência e tecnologia e participação direta ou indireta de empresas
estimulará a transferência de tecnologia ou de capitais estrangeiros. (Incluído
das universidades e institutos de pesquisa pela Lei nº 13.097, de 2015)
aos serviços de saúde nos Estados, Distrito
Federal e Municípios, e às empresas Art. 54. Esta lei entra em vigor na data
nacionais. de sua publicação.

Art. 47. O Ministério da Saúde, em Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312,
articulação com os níveis estaduais e de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229,
municipais do Sistema Único de Saúde de 17 de julho de 1975, e demais
(SUS), organizará, no prazo de dois anos, disposições em contrário.
um sistema nacional de informações em
saúde, integrado em todo o território Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º
nacional, abrangendo questões da Independência e 102º da República.
epidemiológicas e de prestação de
serviços. FERNANDO COLLOR
Alceni Guerra
Art. 48. (Vetado).
Questões
Art. 49. (Vetado).
01. (Prefeitura de Esteio/RS Agente
Art. 50. Os convênios entre a União, os de Combate às Endemias
Estados e os Municípios, celebrados para FUNDATEC/2022) A Lei nº 8.080/1990
implantação dos Sistemas Unificados e regula, em todo território nacional, as
Descentralizados de Saúde, ficarão ações e serviços de saúde no âmbito
rescindidos à proporção que seu objeto for público e/ou privado, operacionalizando o

30
Legislação Básica da Saúde

Sistema Único de Saúde (SUS). Dispõe D - Contrato.


em seu Art. 198 da Constituição Federal de E - Consórcio.
princípios e diretrizes que devem ser
respeitados em qualquer esfera de 03. (SES/RS- Biomédico
assistência. Relacione a Coluna 1 à Coluna FAURGS/2022) Assinale a alternativa
2, referentes aos princípios do SUS e seus correta em relação ao Subsistema de
conceitos. Atenção à Saúde Indígena estatuído na Lei
Federal nº 8.080/1990.
Coluna 1 A - Cabe aos Estados, com seus
1. Universalidade. recursos próprios, financiar o Subsistema
2. Integralidade. de Atenção à Saúde Indígena.
3. Igualdade. B - Os Estados, os Municípios e outras
4. Descentralização. instituições governamentais e não-
5. Participação Popular. governamentais poderão atuar
preponderantemente no custeio e execução
Coluna 2 das ações.
( ) Conjunto de ações e serviços C - As populações indígenas devem ter
preventivos e curativos articulado e acesso garantido ao SUS, em âmbito local,
contínuo, em todos os níveis de regional e de centros especializados, de
complexidade. acordo com suas necessidades,
( ) Acesso à assistência em saúde sem compreendendo a atenção primária,
preconceitos ou privilégios de qualquer secundária e terciária à saúde.
espécie. D - A critério discricionário da
( ) Acesso aos serviços de saúde em autoridade competente, poderá ser levada
todos os níveis de assistência. em consideração a realidade local e as
( ) Redistribuição das responsabilidades especificidades da cultura dos povos
quanto às ações e aos serviços de saúde indígenas para a configuração do respectivo
entre os vários níveis de governo. modelo de atenção à saúde.
( ) Acesso por meio de Conselhos e E - O Subsistema de Atenção à Saúde
Conferências de Saúde. Indígena deverá ser, como o SUS,
centralizado, horizontalizado e
A ordem correta de preenchimento dos nacionalizado.
parênteses, de cima para baixo, é:
A - 2 4 1 5 3. 04. (SES/RS Físico FAURGS/2022)
B - 3 4 5 1 2. Assinale a alternativa correta em relação às
C - 2 3 1 4 5. normas previstas na Lei Federal nº
D - 1 4 2 3 5. 8.080/90.
E - 3 2 1 4 5. A - Os recursos financeiros do Sistema
Único de Saúde (SUS) serão depositados
02. (Prefeitura de Porto Alegre/RS- em conta geral, em cada esfera de sua
Técnico em Enfermagem atuação, e movimentados sob deliberação
FUNDATEC/2022) De acordo com a Lei dos respectivos Conselhos de Saúde.
Federal nº 8.080/1990, são integrados ao B - Na esfera federal, os recursos
SUS os serviços de saúde dos hospitais financeiros originários do Orçamento da
universitários e de ensino através de um Seguridade Social são administrados pelo
instrumento legal específico, que está Ministério da Economia, através do
corretamente descrito na alternativa: orçamento geral da União.
A - Convênio. C - O processo de planejamento e
B - Termo de parceria. orçamento do Sistema Único de Saúde
C - Termo de cooperação. (SUS) é descendente do nível federal até o

31
Legislação Básica da Saúde

local. universal (para todos) e equânime (com


D - O processo de planejamento e justa igualdade) a serviços e ações de
orçamento do Sistema Único de Saúde promoção, proteção e recuperação da
(SUS) é ascendente, do nível local até o saúde (atendimento integral).
federal. A partir da nova Constituição da
E - As receitas geradas no âmbito do República, várias iniciativas
Sistema Único de Saúde (SUS) são institucionais, legais e comunitárias foram
creditadas diretamente no caixa único da criando as condições de viabilização plena
esfera de poder onde forem arrecadadas. do direito à saúde. Destacam-se, neste
sentido, no âmbito jurídico institucional,
05. (Prefeitura Bela Vista/MG as chamadas Leis Orgânicas da Saúde (Nº.
Agente de Combate a Endemias 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto
FCM/2021) É correto afirmar que a Nº.99.438/90 e as Normas Operacionais
assistência à saúde, sem preconceitos ou Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993.
privilégios de qualquer espécie e prevista Com a Lei Nº 8.080/90, fica
na Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, regulamentado o Sistema Único de Saúde
obedece ao princípio da - SUS, estabelecido pela Constituição
A - igualdade. Federal de 1988, que agrega todos os
B - integralidade. serviços estatais - das esferas federal,
C - universalidade. estadual e municipal - e os serviços
D - participação da comunidade. privados (desde que contratados ou
conveniados) e que é responsabilizado,
Alternativas ainda que sem exclusividade, pela
01.C 02.A 03.C 04.D - 05.A concretização dos princípios
constitucionais.
As Normas Operacionais Básicas, por
Norma Operacional Básica do Sistema
sua vez, a partir da avaliação do estágio de
Único de Saúde - NOB-SUS/1996 implantação e desempenho do SUS, se
voltam, mais direta e imediatamente, para
a definição de estratégias e movimentos
táticos, que orientam a operacionalidade
1. INTRODUÇÃO3 deste Sistema.
Os ideais históricos de civilidade, no
âmbito da saúde, consolidados na 2. FINALIDADE
Constituição de 1988, concretizam-se, na A presente Norma Operacional Básica
vivência cotidiana do povo brasileiro, por tem por finalidade primordial promover e
intermédio de um crescente entendimento consolidar o pleno exercício, por parte do
e incorporação de seus princípios poder público municipal e do Distrito
ideológicos e doutrinários, como, também, Federal, da função de gestor da atenção à
pelo exercício de seus princípios saúde dos seus munícipes (Artigo 30,
organizacionais. incisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º,
Esses ideais foram transformados, na da Constituição Federal), com a
Carta Magna, em direito à saúde, o que conseqüente redefinição das
significa que cada um e todos os responsabilidades dos Estados, do Distrito
brasileiros devem construir e usufruir de Federal e da União, avançando na
políticas públicas - econômicas e sociais - consolidação dos princípios do SUS.
que reduzam riscos e agravos à saúde. Esse Esse exercício, viabilizado com a
direito significa, igualmente, o acesso imprescindível cooperação técnica e

3
https://conselho.saude.gov.br/legislacao/nobsus96.htm

32
Legislação Básica da Saúde

financeira dos poderes públicos estadual e - a prática do acompanhamento,


federal, compreende, portanto, não só a controle e avaliação no SUS, superando os
responsabilidade por algum tipo de mecanismos tradicionais, centrados no
prestação de serviços de saúde (Artigo 30, faturamento de serviços produzidos, e
inciso VII), como, da mesma forma, a valorizando os resultados advindos de
responsabilidade pela gestão de um programações com critérios
sistema que atenda, com integralidade, à epidemiológicos e desempenho com
demanda das pessoas pela assistência à qualidade;
saúde e às exigências sanitárias ambientais - os vínculos dos serviços com os seus
(Artigo 30, inciso V). usuários, privilegiando os núcleos
Busca-se, dessa forma, a plena familiares e comunitários, criando, assim,
responsabilidade do poder público condições para uma efetiva participação e
municipal. Assim, esse poder se controle social.
responsabiliza como também pode ser
responsabilizado, ainda que não 3. CAMPOS DA ATENÇÃO À
isoladamente. Os poderes públicos SAÚDE
estadual e federal são sempre co- A atenção à saúde, que encerra todo o
responsáveis, na respectiva competência conjunto de ações levadas a efeito pelo
ou na ausência da função municipal (inciso SUS, em todos os níveis de governo, para
II do Artigo 23, da Constituição Federal). o atendimento das demandas pessoais e
Essa responsabilidade, no entanto, não das exigências ambientais, compreende
exclui o papel da família, da comunidade e três grandes campos, a saber:
dos próprios indivíduos, na promoção, - o da assistência, em que as atividades
proteção e recuperação da saúde. são dirigidas às pessoas, individual ou
Isso implica aperfeiçoar a gestão dos coletivamente, e que é prestada no âmbito
serviços de saúde no país e a própria ambulatorial e hospitalar, bem como em
organização do Sistema, visto que o outros espaços, especialmente no
município passa a ser, de fato, o domiciliar;
responsável imediato pelo atendimento - o das intervenções ambientais, no seu
das necessidades e demandas de saúde do sentido mais amplo, incluindo as relações
seu povo e das exigências de intervenções e as condições sanitárias nos ambientes de
saneadoras em seu território. vida e de trabalho, o controle de vetores e
Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão hospedeiros e a operação de sistemas de
do SUS, esta NOB aponta para uma saneamento ambiental (mediante o pacto
reordenação do modelo de atenção à de interesses, as normalizações, as
saúde, na medida em que redefine: fiscalizações e outros); e
- os papéis de cada esfera de governo e, - o das políticas externas ao setor saúde,
em especial, no tocante à direção única; que interferem nos determinantes sociais
- os instrumentos gerenciais para que do processo saúde-doença das
municípios e estados superem o papel coletividades, de que são partes
exclusivo de prestadores de serviços e importantes questões relativas às políticas
assumam seus respectivos papéis de macroeconômicas, ao emprego, à
gestores do SUS; habitação, à educação, ao lazer e à
- os mecanismos e fluxos de disponibilidade e qualidade dos alimentos.
financiamento, reduzindo progressiva e
continuamente a remuneração por Convém ressaltar que as ações de
produção de serviços e ampliando as política setorial em saúde, bem como as
transferências de caráter global, fundo a administrativas - planejamento, comando
fundo, com base em programações e controle - são inerentes e integrantes do
ascendentes, pactuadas e integradas; contexto daquelas envolvidas na

33
Legislação Básica da Saúde

assistência e nas intervenções ambientais. integral.


Ações de comunicação e de educação Isso significa dizer que,
também compõem, obrigatória e independentemente da gerência dos
permanentemente, a atenção à saúde. estabelecimentos prestadores de serviços
Nos três campos referidos, enquadra- ser estatal ou privada, a gestão de todo o
se, então, todo o espectro de ações sistema municipal é, necessariamente, da
compreendidas nos chamados níveis de competência do poder público e exclusiva
atenção à saúde, representados pela desta esfera de governo, respeitadas as
promoção, pela proteção e pela atribuições do respectivo Conselho e de
recuperação, nos quais deve ser sempre outras diferentes instâncias de poder.
priorizado o caráter preventivo. Assim, nesta NOB gerência é conceituada
É importante assinalar que existem, da como sendo a administração de uma
mesma forma, conjuntos de ações que unidade ou órgão de saúde (ambulatório,
configuram campos clássicos de hospital, instituto, fundação etc.), que se
atividades na área da saúde pública, caracteriza como prestador de serviços ao
constituídos por uma agregação Sistema. Por sua vez, gestão é a atividade
simultânea de ações próprias do campo da e a responsabilidade de dirigir um sistema
assistência e de algumas próprias do de saúde (municipal, estadual ou
campo das intervenções ambientais, de nacional), mediante o exercício de funções
que são partes importantes as atividades de de coordenação, articulação, negociação,
vigilância epidemiológica e de vigilância planejamento, acompanhamento, controle,
sanitária. avaliação e auditoria. São, portanto,
gestores do SUS os Secretários Municipais
4. SISTEMA DE SAÚDE e Estaduais de Saúde e o Ministro da
MUNICIPAL Saúde, que representam, respectivamente,
A totalidade das ações e de serviços de os governos municipais, estaduais e
atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve federal.
ser desenvolvida em um conjunto de A criação e o funcionamento desse
estabelecimentos, organizados em rede sistema municipal possibilitam uma
regionalizada e hierarquizada, e grande responsabilização dos municípios,
disciplinados segundo subsistemas, um no que se refere à saúde de todos os
para cada município Ä o SUS-Municipal residentes em seu território. No entanto,
Ä voltado ao atendimento integral de sua possibilitam, também, um elevado risco de
própria população e inserido de forma atomização desordenada dessas partes do
indissociável no SUS, em suas SUS, permitindo que um sistema
abrangências estadual e nacional. municipal se desenvolva em detrimento de
Os estabelecimentos desse subsistema outro, ameaçando, até mesmo, a unicidade
municipal, do SUS-Municipal, não do SUS. Há que se integrar, harmonizar e
precisam ser, obrigatoriamente, de modernizar, com eqüidade, os sistemas
propriedade da prefeitura, nem precisam municipais.
ter sede no território do município. Suas A realidade objetiva do poder público,
ações, desenvolvidas pelas unidades nos municípios brasileiros, é muito
estatais (próprias, estaduais ou federais) ou diferenciada, caracterizando diferentes
privadas (contratadas ou conveniadas, modelos de organização, de diversificação
com prioridade para as entidades de atividades, de disponibilidade de
filantrópicas), têm que estar organizadas e recursos e de capacitação gerencial, o que,
coordenadas, de modo que o gestor necessariamente, configura modelos
municipal possa garantir à população o distintos de gestão.
acesso aos serviços e a disponibilidade das O caráter diferenciado do modelo de
ações e dos meios para o atendimento gestão é transitório, vez que todo e

34
Legislação Básica da Saúde

qualquer município pode ter uma gestão recursos das três esferas de governo,
plenamente desenvolvida, levando em capazes de viabilizar a atenção às
conta que o poder constituído, neste nível, necessidades assistenciais e às exigências
tem uma capacidade de gestão ambientais. O pacto e a integração das
intrinsecamente igual e os seus segmentos programações constituem,
populacionais dispõem dos mesmos fundamentalmente, a conseqüência prática
direitos. da relação entre os gestores do SUS.
A operacionalização das condições de A composição dos sistemas municipais
gestão, propostas por esta NOB, considera e a ratificação dessas programações, nos
e valoriza os vários estágios já alcançados Conselhos de Saúde respectivos, permitem
pelos estados e pelos municípios, na a construção de redes regionais que,
construção de uma gestão plena. certamente, ampliam o acesso, com
Já a redefinição dos papéis dos gestores qualidade e menor custo. Essa dinâmica
estadual e federal, consoante a finalidade contribui para que seja evitado um
desta Norma Operacional, é, portanto, processo acumulativo injusto, por parte de
fundamental para que possam exercer as alguns municípios (quer por maior
suas competências específicas de gestão e disponibilidade tecnológica, quer por mais
prestar a devida cooperação técnica e recursos financeiros ou de informação),
financeira aos municípios. com a conseqüente espoliação crescente
O poder público estadual tem, então, de outros.
como uma de suas responsabilidades As tarefas de harmonização, de
nucleares, mediar a relação entre os integração e de modernização dos sistemas
sistemas municipais; o federal de mediar municipais, realizadas com a devida
entre os sistemas estaduais. Entretanto, eqüidade (admitido o princípio da
quando ou enquanto um município não discriminação positiva, no sentido da
assumir a gestão do sistema municipal, é o busca da justiça, quando do exercício do
Estado que responde, provisoriamente, papel redistributivo), competem, portanto,
pela gestão de um conjunto de serviços por especial, ao poder público estadual. Ao
capaz de dar atenção integral àquela federal, incumbe promovê-las entre as
população que necessita de um sistema Unidades da Federação.
que lhe é próprio. O desempenho de todos esses papéis é
As instâncias básicas para a condição para a consolidação da direção
viabilização desses propósitos única do SUS, em cada esfera de governo,
integradores e harmonizadores são os para a efetivação e a permanente revisão
fóruns de negociação, integrados pelos do processo de descentralização e para a
gestores municipal, estadual e federal - a organização de redes regionais de serviços
Comissão Intergestores Tripartite (CIT) - hierarquizados.
e pelos gestores estadual e municipal - a
Comissão Intergestores Bipartite (CIB). 5. RELAÇÕES ENTRE OS
Por meio dessas instâncias e dos SISTEMAS MUNICIPAIS
Conselhos de Saúde, são viabilizados os Os sistemas municipais de saúde
princípios de unicidade e de eqüidade. apresentam níveis diferentes de
Nas CIB e CIT são apreciadas as complexidade, sendo comum
composições dos sistemas municipais de estabelecimentos ou órgãos de saúde de
saúde, bem assim pactuadas as um município atenderem usuários
programações entre gestores e integradas encaminhados por outro. Em vista disso,
entre as esferas de governo. Da mesma quando o serviço requerido para o
forma, são pactuados os tetos financeiros atendimento da população estiver
possíveis - dentro das disponibilidades localizado em outro município, as
orçamentárias conjunturais - oriundos dos negociações para tanto devem ser

35
Legislação Básica da Saúde

efetivadas exclusivamente entre os recursos ao seu teto financeiro. A


gestores municipais. orçamentação é feita com base na
Essa relação, mediada pelo estado, tem programação pactuada e integrada entre
como instrumento de garantia a gestores, que, conforme já referido, é
programação pactuada e integrada na CIB mediada pelo estado e aprovada na CIB
regional ou estadual e submetida ao regional e estadual e no respectivo
Conselho de Saúde correspondente. A Conselho de Saúde.
discussão de eventuais impasses, relativos Quando um município, que demanda
à sua operacionalização, deve ser realizada serviços a outro, ampliar a sua própria
também no âmbito dessa Comissão, capacidade resolutiva, pode requerer, ao
cabendo, ao gestor estadual, a decisão gestor estadual, que a parte de recursos
sobre problemas surgidos na execução das alocados no município vizinho seja
políticas aprovadas. No caso de recurso, realocada para o seu município.
este deve ser apresentado ao Conselho Esses mecanismos conferem um caráter
Estadual de Saúde (CES). dinâmico e permanente ao processo de
Outro aspecto importante a ser negociação da programação integrada, em
ressaltado é que a gerência (comando) dos particular quanto à referência
estabelecimentos ou órgãos de saúde de intermunicipal.
um município é da pessoa jurídica que
opera o serviço, sejam estes estatais 6. PAPEL DO GESTOR
(federal, estadual ou municipal) ou ESTADUAL
privados. Assim, a relação desse gerente São identificados quatro papéis básicos
deve ocorrer somente com o gestor do para o estado, os quais não são,
município onde o seu estabelecimento está necessariamente, exclusivos e seqüenciais.
sediado, seja para atender a população A explicitação a seguir apresentada tem
local, seja para atender a referenciada de por finalidade permitir o entendimento da
outros municípios. função estratégica perseguida para a
O gestor do sistema municipal é gestão neste nível de Governo.
responsável pelo controle, pela avaliação e O primeiro desses papéis é exercer a
pela auditoria dos prestadores de serviços gestão do SUS, no âmbito estadual.
de saúde (estatais ou privados) situados em O segundo papel é promover as
seu município. No entanto, quando um condições e incentivar o poder municipal
gestor municipal julgar necessário uma para que assuma a gestão da atenção a
avaliação específica ou auditagem de uma saúde de seus munícipes, sempre na
entidade que lhe presta serviços, perspectiva da atenção integral.
localizada em outro município, recorre ao O terceiro é assumir, em caráter
gestor estadual. transitório (o que não significa caráter
Em função dessas peculiaridades, o complementar ou concorrente), a gestão da
pagamento final a um estabelecimento atenção à saúde daquelas populações
pela prestação de serviços requeridos na pertencentes a municípios que ainda não
localidade ou encaminhados de outro tomaram para si esta responsabilidade.
município é sempre feito pelo poder As necessidades reais não atendidas são
público do município sede do sempre a força motriz para exercer esse
estabelecimento. papel, no entanto, é necessário um esforço
Os recursos destinados ao pagamento do gestor estadual para superar tendências
das diversas ações de atenção à saúde históricas de complementar a
prestadas entre municípios são alocados, responsabilidade do município ou
previamente, pelo gestor que demanda concorrer com esta função, o que exige o
esses serviços, ao município sede do pleno exercício do segundo papel.
prestador. Este município incorpora os Finalmente, o quarto, o mais importante

36
Legislação Básica da Saúde

e permanente papel do estado é ser o sistemas de recursos humanos e de ciência


promotor da harmonização, da integração e tecnologia;
e da modernização dos sistemas - elaboração do componente estadual de
municipais, compondo, assim, o SUS- programações de abrangência nacional,
Estadual. relativas a agravos que constituam riscos
de disseminação para além do seu limite
O exercício desse papel pelo gestor territorial;
requer a configuração de sistemas de apoio - elaboração do componente estadual da
logístico e de atuação estratégica que rede de laboratórios de saúde pública;
envolvem responsabilidades nas três - estruturação e operacionalização do
esferas de governo e são sumariamente componente estadual de assistência
caracterizados como de: farmacêutica;
- informação informatizada; - responsabilidade estadual no tocante à
- financiamento; prestação de serviços ambulatoriais e
- programação, acompanhamento, hospitalares de alto custo, ao tratamento
controle e avaliação; fora do domicílio e à disponibilidade de
- apropriação de custos e avaliação medicamentos e insumos especiais, sem
econômica; prejuízo das competências dos sistemas
- desenvolvimento de recursos municipais;
humanos; - definição e operação das políticas de
- desenvolvimento e apropriação de sangue e hemoderivados; e
ciência e tecnologias; e - manutenção de quadros técnicos
- comunicação social e educação em permanentes e compatíveis com o
saúde. exercício do papel de gestor estadual;
- implementação de mecanismos
O desenvolvimento desses sistemas, no visando a integração das políticas e das
âmbito estadual, depende do pleno ações de relevância para a saúde da
funcionamento do CES e da CIB, nos população, de que são exemplos aquelas
quais se viabilizam a negociação e o pacto relativas a saneamento, recursos hídricos,
com os diversos atores envolvidos. habitação e meio ambiente.
Depende, igualmente, da ratificação das
programações e decisões relativas aos 7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL
tópicos a seguir especificados: No que respeita ao gestor federal, são
- plano estadual de saúde, contendo as identificados quatro papéis básicos, quais
estratégias, as prioridades e as respectivas sejam:
metas de ações e serviços resultantes, - exercer a gestão do SUS, no âmbito
sobretudo, da integração das nacional;
programações dos sistemas municipais; - promover as condições e incentivar o
- estruturação e operacionalização do gestor estadual com vistas ao
componente estadual do Sistema Nacional desenvolvimento dos sistemas municipais,
de Auditoria; de modo a conformar o SUS-Estadual;
- estruturação e operacionalização dos - fomentar a harmonização, a
sistemas de processamento de dados, de integração e a modernização dos sistemas
informação epidemiológica, de produção estaduais compondo, assim, o SUS-
de serviços e de insumos críticos; Nacional; e
- estruturação e operacionalização dos - exercer as funções de normalização e
sistemas de vigilância epidemiológica, de de coordenação no que se refere à gestão
vigilância sanitária e de vigilância nacional do SUS.
alimentar e nutricional;
- estruturação e operacionalização dos Da mesma forma que no âmbito

37
Legislação Básica da Saúde

estadual, o exercício dos papéis do gestor doença das coletividades;


federal requer a configuração de sistemas - o aperfeiçoamento das normas
de apoio logístico e de atuação estratégica, consubstanciadas em diferentes
que consolidam os sistemas estaduais e instrumentos legais, que regulamentam,
propiciam, ao SUS, maior eficiência com atualmente, as transferências automáticas
qualidade, quais sejam: de recursos financeiros, bem como as
- informação informatizada; modalidades de prestação de contas;
- financiamento; - a definição e a explicitação dos fluxos
- programação, acompanhamento, financeiros próprios do SUS, frente aos
controle e avaliação; órgãos governamentais de controle interno
- apropriação de custos e avaliação e externo e aos Conselhos de Saúde, com
econômica; ênfase na diferenciação entre as
- desenvolvimento de recursos transferências automáticas a estados e
humanos; municípios com função gestora;
- desenvolvimento e apropriação de - a criação e a consolidação de critérios
ciência e tecnologias; e e mecanismos de alocação de recursos
- comunicação social e educação em federais e estaduais para investimento,
saúde. fundados em prioridades definidas pelas
programações e pelas estratégias das
O desenvolvimento desses sistemas políticas de reorientação do Sistema;
depende, igualmente, da viabilização de - a transformação nos mecanismos de
negociações com os diversos atores financiamento federal das ações, com o
envolvidos e da ratificação das respectivo desenvolvimento de novas
programações e decisões, o que ocorre formas de informatização, compatíveis à
mediante o pleno funcionamento do natureza dos grupos de ações,
Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da especialmente as básicas, de serviços
CIT. complementares e de procedimentos de
alta e média complexidade, estimulando o
Depende, além disso, do uso dos mesmos pelos gestores estaduais e
redimensionamento da direção nacional do municipais;
Sistema, tanto em termos da estrutura, - o desenvolvimento de sistemáticas de
quanto de agilidade e de integração, como transferência de recursos vinculada ao
no que se refere às estratégias, aos fornecimento regular, oportuno e
mecanismos e aos instrumentos de suficiente de informações específicas, e
articulação com os demais níveis de que agreguem o conjunto de ações e
gestão, destacando-se: serviços de atenção à saúde, relativo a
- a elaboração do Plano Nacional de grupos prioritários de eventos vitais ou
Saúde, contendo as estratégias, as nosológicos;
prioridades nacionais e as metas da - a adoção, como referência mínima,
programação integrada nacional, das tabelas nacionais de valores do SUS,
resultante, sobretudo, das programações bem assim a flexibilização do seu uso
estaduais e dos demais órgãos diferenciado pelos gestores estaduais e
governamentais, que atuam na prestação municipais, segundo prioridades locais e
de serviços, no setor saúde; ou regionais;
- a viabilização de processo permanente - o incentivo aos gestores estadual e
de articulação das políticas externas ao municipal ao pleno exercício das funções
setor, em especial com os órgãos que de controle, avaliação e auditoria,
detém, no seu conjunto de atribuições, a mediante o desenvolvimento e a
responsabilidade por ações atinentes aos implementação de instrumentos
determinantes sociais do processo saúde- operacionais, para o uso das esferas

38
Legislação Básica da Saúde

gestoras e para a construção efetiva do e municipais de referência nacional, com


Sistema Nacional de Auditoria; vistas ao estabelecimento dos padrões
- o desenvolvimento de atividades de técnicos da assistência à saúde;
educação e de comunicação social; - a estimulação, a indução e a
- o incremento da capacidade coordenação do desenvolvimento
reguladora da direção nacional do SUS, científico e tecnológico no campo da
em relação aos sistemas complementares saúde, mediante interlocução crítica das
de prestação de serviços ambulatoriais e inovações científicas e tecnológicas, por
hospitalares de alto custo, de tratamento meio da articulação intra e intersetorial;
fora do domicílio, bem assim de - a participação na formulação da
disponibilidade de medicamentos e política e na execução das ações de
insumos especiais; saneamento básico.
- a reorientação e a implementação dos
sistemas de vigilância epidemiológica, de 8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO
vigilância sanitária, de vigilância A direção do Sistema Único de Saúde
alimentar e nutricional, bem como o (SUS), em cada esfera de governo, é
redimensionamento das atividades composta pelo órgão setorial do poder
relativas à saúde do trabalhador e às de executivo e pelo respectivo Conselho de
execução da vigilância sanitária de portos, Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e
aeroportos e fronteiras; Nº 8.142/1990.
- a reorientação e a implementação dos O processo de articulação entre os
diversos sistemas de informações gestores, nos diferentes níveis do Sistema,
epidemiológicas, bem assim de produção ocorre, preferencialmente, em dois
de serviços e de insumos críticos; colegiados de negociação: a Comissão
- a reorientação e a implementação do Intergestores Tripartite (CIT) e a
sistema de redes de laboratórios de Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
referência para o controle da qualidade, A CIT é composta, paritariamente, por
para a vigilância sanitária e para a representação do Ministério da Saúde
vigilância epidemiológica; (MS), do Conselho Nacional de
- a reorientação e a implementação da Secretários Estaduais de Saúde
política nacional de assistência (CONASS) e do Conselho Nacional de
farmacêutica; Secretários Municipais de Saúde
- o apoio e a cooperação a estados e (CONASEMS).
municípios para a implementação de ações A CIB, composta igualmente de forma
voltadas ao controle de agravos, que paritária, é integrada por representação da
constituam risco de disseminação Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do
nacional; Conselho Estadual de Secretários
- a promoção da atenção à saúde das Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão
populações indígenas, realizando, para equivalente. Um dos representantes dos
tanto, as articulações necessárias, intra e municípios é o Secretário de Saúde da
intersetorial; Capital. A Bipartite pode operar com
- a elaboração de programação subcomissões regionais.
nacional, pactuada com os estados, As conclusões das negociações
relativa à execução de ações específicas pactuadas na CIT e na CIB são
voltadas ao controle de vetores formalizadas em ato próprio do gestor
responsáveis pela transmissão de doenças, respectivo. Aquelas referentes a matérias
que constituem risco de disseminação de competência dos Conselhos de Saúde,
regional ou nacional, e que exijam a definidas por força da Lei Orgânica, desta
eventual intervenção do poder federal; NOB ou de resolução específica dos
- a identificação dos serviços estaduais respectivos Conselhos são submetidas

39
Legislação Básica da Saúde

previamente a estes para aprovação. As atendimento.


demais resoluções devem ser Cada sistema municipal deve
encaminhadas, no prazo máximo de 15 materializar, de forma efetiva, a
dias decorridos de sua publicação, para vinculação aqui explicitada. Um dos
conhecimento, avaliação e eventual meios, certamente, é a instituição do cartão
recurso da parte que se julgar prejudicada, SUS-MUNICIPAL, com numeração
inclusive no que se refere à habilitação dos nacional, de modo a identificar o cidadão
estados e municípios às condições de com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
gestão desta Norma. nacional. Essa numeração possibilita uma
melhor referência intermunicipal e garante
9. BASES PARA UM NOVO o atendimento de urgência por qualquer
MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE serviço de saúde, estatal ou privado, em
A composição harmônica, integrada e todo o País. A regulamentação desse
modernizada do SUS visa, mecanismo de vinculação será objeto de
fundamentalmente, atingir a dois discussão e aprovação pelas instâncias
propósitos essenciais à concretização dos colegiadas competentes, com conseqüente
ideais constitucionais e, portanto, do formalização por ato do MS.
direito à saúde, que são:
- a consolidação de vínculos entre O segundo propósito é factível, na
diferentes segmentos sociais e o SUS; e medida em que estão perfeitamente
- a criação de condições elementares e identificados os elementos críticos
fundamentais para a eficiência e a eficácia essenciais a uma gestão eficiente e a uma
gerenciais, com qualidade. produção eficaz, a saber:
- a clientela que, direta e
O primeiro propósito é possível porque, imediatamente, usufrui dos serviços;
com a nova formulação dos sistemas - o conjunto organizado dos
municipais, tanto os segmentos sociais, estabelecimentos produtores desses
minimamente agregados entre si com serviços; e
sentimento comunitário - os munícipes - , - a programação pactuada, com a
quanto a instância de poder político- correspondente orçamentação
administrativo, historicamente participativa.
reconhecida e legitimada - o poder
municipal - apropriam-se de um conjunto Os elementos, acima apresentados,
de serviços bem definido, capaz de contribuem para um gerenciamento que
desenvolver uma programação de conduz à obtenção de resultados efetivos,
atividades publicamente pactuada. Com a despeito da indisponibilidade de
isso, fica bem caracterizado o gestor estímulos de um mercado consumidor
responsável; as atividades são gerenciadas espontâneo. Conta, no entanto, com
por pessoas perfeitamente identificáveis; e estímulos agregados, decorrentes de um
os resultados mais facilmente usufruídos processo de gerenciamento participativo e,
pela população. sobretudo, da concreta possibilidade de
O conjunto desses elementos propicia comparação com realidades muito
uma nova condição de participação com próximas, representadas pelos resultados
vínculo, mais criativa e realizadora para as obtidos nos sistemas vizinhos.
pessoas, e que acontece não-somente nas A ameaça da ocorrência de gastos
instâncias colegiadas formais - exagerados, em decorrência de um
conferências e conselhos - mas em outros processo de incorporação tecnológica
espaços constituídos por atividades acrítico e desregulado, é um risco que pode
sistemáticas e permanentes, inclusive ser minimizado pela radicalização na
dentro dos próprios serviços de reorganização do SUS: um Sistema regido

40
Legislação Básica da Saúde

pelo interesse público e balizado, por um ao incorporar, como objeto das ações, a
lado, pela exigência da universalização e pessoa, o meio ambiente e os
integralidade com eqüidade e, por outro, comportamentos interpessoais. Nessa
pela própria limitação de recursos, que circunstância, o método para
deve ser programaticamente respeitada. conhecimento da realidade complexa e
Esses dois balizamentos são objeto da para a realização da intervenção necessária
programação elaborada no âmbito fundamenta-se mais na síntese do que nas
municipal, e sujeita à ratificação que, análises, agregando, mais do que isolando,
negociada e pactuada nas instâncias diferentes fatores e variáveis.
estadual e federal, adquire a devida Os conhecimentos - resultantes de
racionalidade na alocação de recursos em identificações e compreensões - que se
face às necessidades. faziam cada vez mais particularizados e
Assim, tendo como referência os isolados (com grande sofisticação e
propósitos anteriormente explicitados, a detalhamento analítico) devem
presente Norma Operacional Básica possibilitar, igualmente, um grande
constitui um importante mecanismo esforço de visibilidade e entendimento
indutor da conformação de um novo integrador e globalizante, com o
modelo de atenção à saúde, na medida em aprimoramento dos processos de síntese,
que disciplina o processo de organização sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos.
da gestão desta atenção, com ênfase na Além da ampliação do objeto e da
consolidação da direção única em cada mudança no método, o modelo adota
esfera de governo e na construção da rede novas tecnologias, em que os processos de
regionalizada e hierarquizada de serviços. educação e de comunicação social
Essencialmente, o novo modelo de constituem parte essencial em qualquer
atenção deve resultar na ampliação do nível ou ação, na medida em que permitem
enfoque do modelo atual, alcançando-se, a compreensão globalizadora a ser
assim, a efetiva integralidade das ações. perseguida, e fundamentam a negociação
Essa ampliação é representada pela necessária à mudança e à associação de
incorporação, ao modelo clínico interesses conscientes. É importante, nesse
dominante (centrado na doença), do âmbito, a valorização da informação
modelo epidemiológico, o qual requer o informatizada.
estabelecimento de vínculos e processos Além da ampliação do objeto, da
mais abrangentes. mudança do método e da tecnologia
O modelo vigente, que concentra sua predominantes, enfoque central deve ser
atenção no caso clínico, na relação dado à questão da ética. O modelo vigente
individualizada entre o profissional e o assentado na lógica da clínica baseia-
paciente, na intervenção terapêutica se, principalmente, na ética do médico, na
armada (cirúrgica ou medicamentosa) qual a pessoa (o seu objeto) constitui o
específica, deve ser associado, foco nuclear da atenção.
enriquecido, transformado em um modelo O novo modelo de atenção deve
de atenção centrado na qualidade de vida perseguir a construção da ética do coletivo
das pessoas e do seu meio ambiente, bem que incorpora e transcende a ética do
como na relação da equipe de saúde com a individual. Dessa forma é incentivada a
comunidade, especialmente, com os seus associação dos enfoques clínico e
núcleos sociais primários as famílias. epidemiológico. Isso exige, seguramente,
Essa prática, inclusive, favorece e de um lado, a transformação na relação
impulsiona as mudanças globais, entre o usuário e os agentes do sistema de
intersetoriais. saúde (restabelecendo o vínculo entre
O enfoque epidemiológico atende ao quem presta o serviço e quem o recebe) e,
compromisso da integralidade da atenção, de outro, a intervenção ambiental, para que

41
Legislação Básica da Saúde

sejam modificados fatores determinantes Salários (Fonte 154, arrecadada pelo


da situação de saúde. Instituto Nacional de Seguridade Social -
Nessa nova relação, a pessoa é INSS).
estimulada a ser agente da sua própria Atualmente, as fontes que asseguram o
saúde e da saúde da comunidade que maior aporte de recursos ao MS são a
integra. Na intervenção ambiental, o SUS Contribuição sobre o Faturamento (Fonte
assume algumas ações específicas e busca 153 - COFINS) e a Contribuição sobre o
a articulação necessária com outros Lucro Líquido (Fonte 151), sendo que os
setores, visando a criação das condições aportes provenientes de Fontes Fiscais são
indispensáveis à promoção, à proteção e à destinados praticamente à cobertura de
recuperação da saúde. despesas com Pessoal e Encargos Sociais.
Dentro da previsibilidade de
10.FINANCIAMENTO DAS Contribuições Sociais na esfera federal, no
AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE âmbito da Seguridade Social, uma fonte
10.1.Responsabilidades específica para financiamento do SUS - a
O financiamento do SUS é de Contribuição Provisória sobre
responsabilidade das três esferas de Movimentações Financeiras - está criada,
governo e cada uma deve assegurar o ainda que em caráter provisório. A solução
aporte regular de recursos, ao respectivo definitiva depende de uma reforma
fundo de saúde. tributária que reveja esta e todas as demais
Conforme determina o Artigo 194 da bases tributárias e financeiras do Governo,
Constituição Federal, a Saúde integra a da Seguridade e, portanto, da Saúde.
Seguridade Social, juntamente com a Nas esferas estadual e municipal, além
Previdência e a Assistência Social. No dos recursos oriundos do respectivo
inciso VI do parágrafo único desse mesmo Tesouro, o financiamento do SUS conta
Artigo, está determinado que a Seguridade com recursos transferidos pela União aos
Social será organizada pelo poder público, Estados e pela União e Estados aos
observada a "diversidade da base de Municípios. Esses recursos devem ser
financiamento". previstos no orçamento e identificados nos
Já o Artigo 195 determina que a fundos de saúde estadual e municipal
Seguridade Social será financiada com como receita operacional proveniente da
recursos provenientes dos orçamentos da esfera federal e ou estadual e utilizados na
União, dos Estados, do Distrito Federal e execução de ações previstas nos
dos Municípios, e de Contribuições respectivos planos de saúde e na PPI.
Sociais.
10.3.Transferências
10.2. Fontes Intergovernamentais e Contrapartidas
As principais fontes específicas da As transferências, regulares ou
Seguridade Social incidem sobre a Folha eventuais, da União para estados,
de Salários (Fonte 154), o Faturamento municípios e Distrito Federal estão
(Fonte 153 - COFINS) e o Lucro (Fonte condicionadas à contrapartida destes
151 - Lucro Líquido). níveis de governo, em conformidade com
Até 1992, todas essas fontes as normas legais vigentes (Lei de
integravam o orçamento do Ministério da Diretrizes Orçamentárias e outras).
Saúde e ainda havia aporte significativo de O reembolso das despesas, realizadas
fontes fiscais (Fonte 100 - Recursos em função de atendimentos prestados por
Ordinários, provenientes principalmente unidades públicas a beneficiários de
da receita de impostos e taxas). A partir de planos privados de saúde, constitui fonte
1993, deixou de ser repassada ao MS a adicional de recursos. Por isso, e
parcela da Contribuição sobre a Folha de consoante à legislação federal específica,

42
Legislação Básica da Saúde

estados e municípios devem viabilizar negociados nas Comissões Intergestores


estrutura e mecanismos operacionais para (CIB e CIT), formalizados em atos dos
a arrecadação desses recursos e a sua gestores estadual e federal e aprovados
destinação exclusiva aos respectivos previamente nos respectivos Conselhos
fundos de saúde. (CES e CNS).
Os recursos de investimento são As obrigações que vierem a ser
alocados pelo MS, mediante a assumidas pelo Ministério da Saúde,
apresentação pela SES da programação de decorrentes da implantação desta NOB e
prioridades de investimentos, que gerem aumento de despesa, serão
devidamente negociada na CIB e aprovada previamente discutidas com o Ministério
pelo CES, até o valor estabelecido no do Planejamento e Orçamento e o
orçamento do Ministério, e executados de Ministério da Fazenda.
acordo com a legislação pertinente.
11. PROGRAMAÇÃO,
10.4.Tetos financeiros dos Recursos CONTROLE, AVALIAÇÃO E
Federais AUDITORIA
Os recursos de custeio da esfera federal, 11.1. Programação Pactuada e
destinados às ações e serviços de saúde, Integrada - PPI
configuram o Teto Financeiro Global 11.1.1. A PPI envolve as atividades de
(TFG), cujo valor, para cada estado e cada assistência ambulatorial e hospitalar, de
município, é definido com base na PPI. O vigilância sanitária e de epidemiologia e
teto financeiro do estado contém os tetos controle de doenças, constituindo um
de todos os municípios, habilitados ou não instrumento essencial de reorganização do
a qualquer uma das condições de gestão. modelo de atenção e da gestão do SUS, de
O Teto Financeiro Global do Estado alocação dos recursos e de explicitação do
(TFGE) é constituído, para efeito desta pacto estabelecido entre as três esferas de
NOB, pela soma dos Tetos Financeiros da governo. Essa Programação traduz as
Assistência (TFA), da Vigilância Sanitária responsabilidades de cada município com
(TFVS) e da Epidemiologia e Controle de a garantia de acesso da população aos
Doenças (TFECD). serviços de saúde, quer pela oferta
O TFGE, definido com base na PPI, é existente no próprio município, quer pelo
submetido pela SES ao MS, após encaminhamento a outros municípios,
negociação na CIB e aprovação pelo CES. sempre por intermédio de relações entre
O valor final do teto e suas revisões são gestores municipais, mediadas pelo gestor
fixados com base nas negociações estadual.
realizadas no âmbito da CIT - observadas 11.1.2. O processo de elaboração da
as reais disponibilidades financeiras do Programação Pactuada entre gestores e
MS - e formalizado em ato do Ministério. Integrada entre esferas de governo deve
O Teto Financeiro Global do Município respeitar a autonomia de cada gestor: o
(TFGM), também definido consoante à município elabora sua própria
programação integrada, é submetido pela programação, aprovando-a no CMS; o
SMS à SES, após aprovação pelo CMS. O estado harmoniza e compatibiliza as
valor final desse Teto e suas revisões são programações municipais, incorporando
fixados com base nas negociações as ações sob sua responsabilidade direta,
realizadas no âmbito da CIB - observados mediante negociação na CIB, cujo
os limites do TFGE - e formalizado em ato resultado é deliberado pelo CES.
próprio do Secretário Estadual de Saúde. 11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar
Todos os valores referentes a pisos, num processo ascendente, de base
tetos, frações, índices, bem como suas municipal, configurando, também, as
revisões, são definidos com base na PPI, responsabilidades do estado na busca

43
Legislação Básica da Saúde

crescente da eqüidade, da qualidade da própria, contratada ou conveniada, a


atenção e na conformação da rede garantia da atualização permanente dos
regionalizada e hierarquizada de serviços. dados cadastrais, no banco de dados
11.1.4. A Programação observa os nacional.
princípios da integralidade das ações de
saúde e da direção única em cada nível de 11.2.2. Os bancos de dados nacionais,
governo, traduzindo todo o conjunto de cujas normas são definidas pelos órgãos do
atividades relacionadas a uma população MS, constituem instrumentos essenciais
específica e desenvolvidas num território ao exercício das funções de controle,
determinado, independente da vinculação avaliação e auditoria. Por conseguinte, os
institucional do órgão responsável pela gestores municipais e estaduais do SUS
execução destas atividades. Os órgãos devem garantir a alimentação permanente
federais, estaduais e municipais, bem e regular desses bancos, de acordo com a
como os prestadores conveniados e relação de dados, informações e
contratados têm suas ações expressas na cronogramas previamente estabelecidos
programação do município em que estão pelo MS e pelo CNS.
localizados, na medida em que estão
subordinados ao gestor municipal. 11.2.3. As ações de auditoria analítica e
11.1.5. A União define normas, operacional constituem responsabilidades
critérios, instrumentos e prazos, aprova a das três esferas gestoras do SUS, o que
programação de ações sob seu controle - exige a estruturação do respectivo órgão
inscritas na programação pelo estado e de controle, avaliação e auditoria,
seus municípios - incorpora as ações sob incluindo a definição dos recursos e da
sua responsabilidade direta e aloca os metodologia adequada de trabalho. É
recursos disponíveis, segundo os valores função desse órgão definir, também,
apurados na programação e negociados na instrumentos para a realização das
CIT, cujo resultado é deliberado pelo atividades, consolidar as informações
CNS. necessárias, analisar os resultados obtidos
11.1.6.A elaboração da programação em decorrência de suas ações, propor
observa critérios e parâmetros definidos medidas corretivas e interagir com outras
pelas Comissões Intergestores e aprovados áreas da administração, visando o pleno
pelos respectivos Conselhos. No tocante exercício, pelo gestor, de suas atribuições,
aos recursos de origem federal, os de acordo com a legislação que
critérios, prazos e fluxos de elaboração da regulamenta o Sistema Nacional de
programação integrada e de suas Auditoria no âmbito do SUS.
reprogramações periódicas ou
extraordinárias são fixados em ato 11.2.4. As ações de controle devem
normativo do MS e traduzem as priorizar os procedimentos técnicos e
negociações efetuadas na CIT e as administrativos prévios à realização de
deliberações do CNS. serviços e à ordenação dos respectivos
pagamentos, com ênfase na garantia da
11.2. Controle, Avaliação e Auditoria autorização de internações e
11.2.1. O cadastro de unidades procedimentos ambulatoriais - tendo como
prestadoras de serviços de saúde (UPS), critério fundamental a necessidade dos
completo e atualizado, é requisito básico usuários - e o rigoroso monitoramento da
para programar a contratação de serviços regularidade e da fidedignidade dos
assistenciais e para realizar o controle da registros de produção e faturamento de
regularidade dos faturamentos. Compete serviços.
ao órgão gestor do SUS responsável pelo
relacionamento com cada UPS, seja 11.2.5. O exercício da função gestora

44
Legislação Básica da Saúde

no SUS, em todos os níveis de governo, diretamente do Fundo Nacional de Saúde


exige a articulação permanente das ações aos fundos estaduais e municipais,
de programação, controle, avaliação e independente de convênio ou instrumento
auditoria; a integração operacional das congênere, segundo as condições de
unidades organizacionais, que gestão estabelecidas nesta NOB. Esses
desempenham estas atividades, no âmbito recursos podem corresponder a uma ou
de cada órgão gestor do Sistema; e a mais de uma das situações descritas a
apropriação dos seus resultados e a seguir.
identificação de prioridades, no processo
de decisão política da alocação dos 12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB)
recursos. O PAB consiste em um montante de
recursos financeiros destinado ao custeio
11.2.6. O processo de reorientação do de procedimentos e ações de assistência
modelo de atenção e de consolidação do básica, de responsabilidade tipicamente
SUS requer o aperfeiçoamento e a municipal. Esse Piso é definido pela
disseminação dos instrumentos e técnicas multiplicação de um valor per capita
de avaliação de resultados e do impacto nacional pela população de cada
das ações do Sistema sobre as condições município (fornecida pelo IBGE), e
de saúde da população, priorizando o transferido regular e automaticamente ao
enfoque epidemiológico e propiciando a fundo de saúde ou conta especial dos
permanente seleção de prioridade de municípios e, transitoriamente, ao fundo
intervenção e a reprogramação contínua da estadual, conforme condições estipuladas
alocação de recursos. O acompanhamento nesta NOB. As transferências do PAB aos
da execução das ações programadas é feito estados correspondem, exclusivamente, ao
permanentemente pelos gestores e valor para cobertura da população
periodicamente pelos respectivos residente em municípios ainda não
Conselhos de Saúde, com base em habilitados na forma desta Norma
informações sistematizadas, que devem Operacional.
possibilitar a avaliação qualitativa e O elenco de procedimentos custeados
quantitativa destas ações. A avaliação do pelo PAB, assim como o valor per capita
cumprimento das ações programadas em nacional único - base de cálculo deste Piso
cada nível de governo deve ser feita em - são propostos pela CIT e votados no
Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de CNS. Nessas definições deve ser
elaboração será apresentado pelo MS e observado o perfil de serviços disponíveis
apreciado pela CIT e pelo CNS. na maioria dos municípios, objetivando o
progressivo incremento desses serviços,
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA até que a atenção integral à saúde esteja
HOSPITALAR E AMBULATORIAL plenamente organizada, em todo o País. O
Os recursos de custeio da esfera federal valor per capita nacional único é
destinados à assistência hospitalar e reajustado com a mesma periodicidade,
ambulatorial, conforme mencionado tendo por base, no mínimo, o incremento
anteriormente, configuram o TFA, e os médio da tabela de procedimentos do
seus valores podem ser executados Sistema de Informações Ambulatoriais do
segundo duas modalidades: Transferência SUS (SIA/SUS).
Regular e Automática (Fundo a Fundo) e A transferência total do PAB será
Remuneração por Serviços Produzidos. suspensa no caso da não-alimentação, pela
SMS junto à SES, dos bancos de dados de
12.1. Transferência Regular e interesse nacional, por mais de dois meses
Automática Fundo a Fundo consecutivos.
Consiste na transferência de valores

45
Legislação Básica da Saúde

12.1.2. Incentivo aos Programas de a mesma.


Saúde da Família (PSF) e de Agentes Os percentuais acima referidos são
Comunitários de Saúde (PACS) revistos quando do incremento do valor
Fica estabelecido um acréscimo per capita nacional único, utilizado para o
percentual ao montante do PAB, de acordo cálculo do PAB e do elenco de
com os critérios a seguir relacionados, procedimentos relacionados a este Piso.
sempre que estiverem atuando Essa revisão é proposta na CIT e votada no
integradamente à rede municipal, equipes CNS. Por ocasião da incorporação desses
de saúde da família, agentes comunitários acréscimos, o teto financeiro da assistência
de saúde, ou estratégias similares de do estado é renegociado na CIT e
garantia da integralidade da assistência, apreciado pelo CNS.
avaliadas pelo órgão do MS (SAS/MS) A ausência de informações que
com base em normas da direção nacional comprovem a produção mensal das
do SUS. equipes, durante dois meses consecutivos
a) Programa de Saúde da Família ou quatro alternados em um ano, acarreta
(PSF): a suspensão da transferência deste
- acréscimo de 3% sobre o valor do acréscimo.
PAB para cada 5% da população coberta,
até atingir 60% da população total do 12.1.3. Fração Assistencial
município; Especializada (FAE)
- acréscimo de 5% para cada 5% da É um montante que corresponde a
população coberta entre 60% e 90% da procedimentos ambulatoriais de média
população total do município; e complexidade, medicamentos e insumos
-acréscimo de 7% para cada 5% da excepcionais, órteses e próteses
população coberta entre 90% e 100% da ambulatoriais e Tratamento Fora do
população total do município. Domicílio (TFD), sob gestão do estado.
O órgão competente do MS formaliza,
Esses acréscimos têm, como limite, por portaria, esse elenco a partir de
80% do valor do PAB original do negociação na CIT e que deve ser objeto
município. da programação integrada quanto a sua
oferta global no estado.
Programa de Agentes Comunitários de A CIB explicita os quantitativos e
Saúde (PACS): respectivos valores desses procedimentos,
- acréscimo de 1% sobre o valor do que integram os tetos financeiros da
PAB para cada 5% da população coberta assistência dos municípios em gestão
até atingir 60% da população total do plena do sistema de saúde e os que
município; permanecem sob gestão estadual. Neste
- acréscimo de 2% para cada 5% da último, o valor programado da FAE é
população coberta entre 60% e 90% da transferido, regular e automaticamente, do
população total do município; e Fundo Nacional ao Fundo Estadual de
- acréscimo de 3% para cada 5% da Saúde, conforme as condições de gestão
população coberta entre 90% e 100% da das SES definidas nesta NOB. Não
população total do município. integram o elenco de procedimentos
cobertos pela FAE aqueles relativos ao
Esses acréscimos têm, como limite, PAB e os definidos como de alto
30% do valor do PAB original do custo/complexidade por portaria do órgão
município. competente do Ministério (SAS/MS).
c) Os percentuais não são cumulativos
quando a população coberta pelo PSF e 12.1.4. Teto Financeiro da Assistência
pelo PACS ou por estratégias similares for do Município (TFAM)

46
Legislação Básica da Saúde

É um montante que corresponde ao contratados e conveniados, contra


financiamento do conjunto das ações apresentação de faturas, referente a
assistenciais assumidas pela SMS. O serviços realizados conforme
TFAM é transferido, regular e programação e mediante prévia
automaticamente, do Fundo Nacional ao autorização do gestor, segundo valores
Fundo Municipal de Saúde, de acordo com fixados em tabelas editadas pelo órgão
as condições de gestão estabelecidas por competente do Ministério (SAS/MS).
esta NOB e destina-se ao custeio dos Esses valores estão incluídos no TFA
serviços localizados no território do do estado e do município e são executados
município (exceção feita àqueles mediante ordenação de pagamento por
eventualmente excluídos da gestão parte do gestor. Para municípios e estados
municipal por negociação na CIB). que recebem transferências de tetos da
assistência (TFAM e TFAE,
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência respectivamente), conforme as condições
do Estado (TFAE) de gestão estabelecidas nesta NOB, os
É um montante que corresponde ao valores relativos à remuneração por
financiamento do conjunto das ações serviços produzidos estão incluídos nos
assistenciais sob a responsabilidade da tetos da assistência, definidos na CIB.
SES. O TFAE corresponde ao TFA fixado A modalidade de pagamento direto,
na CIT e formalizado em portaria do órgão pelo gestor federal, a prestadores de
competente do Ministério (SAS/MS). serviços ocorre apenas nas situações em
Esses valores são transferidos, regular e que não fazem parte das transferências
automaticamente, do Fundo Nacional ao regulares e automáticas fundo a fundo,
Fundo Estadual de Saúde, de acordo com conforme itens a seguir especificados.
as condições de gestão estabelecidas por
esta NOB, deduzidos os valores 12.2.1. Remuneração de Internações
comprometidos com as transferências Hospitalares
regulares e automáticas ao conjunto de Consiste no pagamento dos valores
municípios do estado (PAB e TFAM). apurados por intermédio do Sistema de
Informações Hospitalares do SUS
12.1.6. Índice de Valorização de (SIH/SUS), englobando o conjunto de
Resultados (IVR) procedimentos realizados em regime de
Consiste na atribuição de valores internação, com base na Autorização de
adicionais equivalentes a até 2% do teto Internação Hospitalar (AIH), documento
financeiro da assistência do estado, este de autorização e fatura de serviços.
transferidos, regular e automaticamente,
do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de 12.2.2. Remuneração de Procedimentos
Saúde, como incentivo à obtenção de Ambulatoriais de Alto Custo/
resultados de impacto positivo sobre as Complexidade
condições de saúde da população, segundo Consiste no pagamento dos valores
critérios definidos pela CIT e fixados em apurados por intermédio do SIA/SUS, com
portaria do órgão competente do base na Autorização de Procedimentos de
Ministério (SAS/MS). Os recursos do IVR Alto Custo (APAC), documento este que
podem ser transferidos pela SES às SMS, identifica cada paciente e assegura a prévia
conforme definição da CIB. autorização e o registro adequado dos
serviços que lhe foram prestados.
12.2. Remuneração por Serviços Compreende procedimentos ambulatoriais
Produzidos integrantes do SIA/SUS definidos na CIT
Consiste no pagamento direto aos e formalizados por portaria do órgão
prestadores estatais ou privados competente do Ministério (SAS/MS).

47
Legislação Básica da Saúde

12.2.3. Remuneração Transitória por 13.1.1. Piso Básico de Vigilância


Serviços Produzidos Sanitária (PBVS)
O MS é responsável pela remuneração Consiste em um montante de recursos
direta, por serviços produzidos, dos financeiros destinado ao custeio de
procedimentos relacionados ao PAB e à procedimentos e ações básicas da
FAE, enquanto houver municípios que não vigilância sanitária, de responsabilidade
estejam na condição de gestão semiplena tipicamente municipal. Esse Piso é
da NOB 01/93 ou nas condições de gestão definido pela multiplicação de um valor
municipal definidas nesta NOB naqueles per capita nacional pela população de cada
estados em condição de gestão município (fornecida pelo IBGE),
convencional. transferido, regular e automaticamente, ao
fundo de saúde ou conta especial dos
12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices municípios e, transitoriamente, dos
de Valorização estados, conforme condições estipuladas
O Fator de Incentivo ao nesta NOB. O PBVS somente será
Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa transferido a estados para cobertura da
em Saúde (FIDEPS) e o Índice de população residente em municípios ainda
Valorização Hospitalar de Emergência não habilitados na forma desta Norma
(IVH-E), bem como outros fatores e ou Operacional.
índices que incidam sobre a remuneração O elenco de procedimentos custeados
por produção de serviços, eventualmente pelo PBVS, assim como o valor per capita
estabelecidos, estão condicionados aos nacional único - base de cálculo deste Piso
critérios definidos em nível federal e à - , são definidos em negociação na CIT e
avaliação da CIB em cada Estado. Esses formalizados por portaria do órgão
fatores e índices integram o teto financeiro competente do Ministério (Secretaria de
da assistência do município e do Vigilância Sanitária - SVS/MS),
respectivo estado. previamente aprovados no CNS. Nessa
definição deve ser observado o perfil de
13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE serviços disponíveis na maioria dos
VIGILÂNCIA SANITÁRIA municípios, objetivando o progressivo
Os recursos da esfera federal destinados incremento das ações básicas de vigilância
à vigilância sanitária configuram o Teto sanitária em todo o País. Esses
Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS) procedimentos integram o Sistema de
e os seus valores podem ser executados Informação de Vigilância Sanitária do
segundo duas modalidades: Transferência SUS (SIVS/SUS).
Regular e Automática Fundo a Fundo e
Remuneração de Serviços Produzidos. 13.1.2. Índice de Valorização do
Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA)
13.1. Transferência Regular e Consiste na atribuição de valores
Automática Fundo a Fundo adicionais equivalentes a até 2% do teto
Consiste na transferência de valores financeiro da vigilância sanitária do
diretamente do Fundo Nacional de Saúde estado, a serem transferidos, regular e
aos fundos estaduais e municipais, automaticamente, do Fundo Nacional ao
independente de convênio ou instrumento Fundo Estadual de Saúde, como incentivo
congênere, segundo as condições de à obtenção de resultados de impacto
gestão estabelecidas nesta NOB. Esses significativo sobre as condições de vida da
recursos podem corresponder a uma ou população, segundo critérios definidos na
mais de uma das situações descritas a CIT, e fixados em portaria do órgão
seguir. competente do Ministério (SVS/MS),

48
Legislação Básica da Saúde

previamente aprovados no CNS. Os específico do MS (Fundação Nacional de


recursos do IVISA podem ser transferidos Saúde - FNS/MS). As informações
pela SES às SMS, conforme definição da referentes ao desenvolvimento dessas
CIB. ações integram sistemas próprios de
informação definidos pelo Ministério da
13.2. Remuneração Transitória por Saúde.
Serviços Produzidos O valor desse Teto para cada estado é
13.2.1. Programa Desconcentrado de definido em negociação na CIT, com base
Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS) na PPI, a partir das informações fornecidas
Consiste no pagamento direto às SES e pelo Comitê Interinstitucional de
SMS, pela prestação de serviços Epidemiologia e formalizado em ato
relacionados às ações de competência próprio do órgão específico do MS
exclusiva da SVS/MS, contra a (FNS/MS).
apresentação de demonstrativo de Esse Comitê, vinculado ao Secretário
atividades realizadas pela SES ao Estadual de Saúde, articulando os órgãos
Ministério. Após negociação e aprovação de epidemiologia da SES, do MS no estado
na CIT e prévia aprovação no CNS, e e de outras entidades que atuam no campo
observadas as condições estabelecidas da epidemiologia e controle de doenças, é
nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de uma instância permanente de estudos,
procedimentos do PDAVS e o valor de sua pesquisas, análises de informações e de
remuneração. integração de instituições afins.
Os valores do TFECD podem ser
13.2.2. Ações de Média e Alta executados por ordenação do órgão
Complexidade em Vigilância Sanitária específico do MS, conforme as
Consiste no pagamento direto às SES e modalidades apresentadas a seguir.
às SMS, pela execução de ações de média
e alta complexidade de competência 14.1. Transferência Regular e
estadual e municipal contra a apresentação Automática Fundo a Fundo
de demonstrativo de atividades realizadas Consiste na transferência de valores
ao MS. Essas ações e o valor de sua diretamente do Fundo Nacional de Saúde
remuneração são definidos em negociação aos Fundos Estaduais e Municipais,
na CIT e formalizados em portaria do independentemente de convênio ou
órgão competente do Ministério instrumento congênere, segundo as
(SVS/MS), previamente aprovadas no condições de gestão estabelecidas nesta
CNS. NOB e na PPI, aprovada na CIT e no CNS.

14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE 14.2. Remuneração por Serviços


EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE Produzidos
DE DOENÇAS Consiste no pagamento direto às SES e
Os recursos da esfera federal destinados SMS, pelas ações de epidemiologia e
às ações de epidemiologia e controle de controle de doenças, conforme tabela de
doenças não contidas no elenco de procedimentos discutida na CIT e
procedimentos do SIA/SUS e SIH/SUS aprovada no CNS, editada pelo MS,
configuram o Teto Financeiro de observadas as condições de gestão
Epidemiologia e Controle de Doenças estabelecidas nesta NOB, contra
(TFECD). apresentação de demonstrativo de
O elenco de procedimentos a serem atividades realizadas, encaminhado pela
custeados com o TFECD é definido em SES ou SMS ao MS.
negociação na CIT, aprovado pelo CNS e
formalizado em ato próprio do órgão 14.3. Transferência por Convênio

49
Legislação Básica da Saúde

Consiste na transferência de recursos dos serviços básicos, inclusive


oriundos do órgão específico do MS domiciliares e comunitários, e da proposta
(FNS/MS), por intermédio do Fundo de referência ambulatorial especializada e
Nacional de Saúde, mediante programação hospitalar para seus munícipes, com
e critérios discutidos na CIT e aprovados incorporação negociada à programação
pelo CNS, para: estadual.
- estímulo às atividades de Gerência de unidades ambulatoriais
epidemiologia e controle de doenças; próprias.
- custeio de operações especiais em Gerência de unidades ambulatoriais do
epidemiologia e controle de doenças; estado ou da União, salvo se a CIB ou a
- financiamento de projetos de CIT definir outra divisão de
cooperação técnico-científica na área de responsabilidades.
epidemiologia e controle de doenças, Reorganização das unidades sob gestão
quando encaminhados pela CIB. pública (estatais, conveniadas e
contratadas), introduzindo a prática do
15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO cadastramento nacional dos usuários do
MUNICÍPIO SUS, com vistas à vinculação de clientela
As condições de gestão, estabelecidas e à sistematização da oferta dos serviços.
nesta NOB, explicitam as Prestação dos serviços relacionados aos
responsabilidades do gestor municipal, os procedimentos cobertos pelo PAB e
requisitos relativos às modalidades de acompanhamento, no caso de referência
gestão e as prerrogativas que favorecem o interna ou externa ao município, dos
seu desempenho. demais serviços prestados aos seus
A habilitação dos municípios às munícipes, conforme a PPI, mediado pela
diferentes condições de gestão significa a relação gestor-gestor com a SES e as
declaração dos compromissos assumidos demais SMS.
por parte do gestor perante os outros Contratação, controle, auditoria e
gestores e perante a população sob sua pagamento aos prestadores dos serviços
responsabilidade. contidos no PAB.
Operação do SIA/SUS quanto a
A partir desta NOB, os municípios serviços cobertos pelo PAB, conforme
podem habilitar-se em duas condições: normas do MS, e alimentação, junto à
SES, dos bancos de dados de interesse
GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO nacional.
BÁSICA; e Autorização, desde que não haja
GESTÃO PLENA DO SISTEMA definição em contrário da CIB, das
MUNICIPAL. internações hospitalares e dos
Os municípios que não aderirem ao procedimentos ambulatoriais
processo de habilitação permanecem, para especializados, realizados no município,
efeito desta Norma Operacional, na que continuam sendo pagos por produção
condição de prestadores de serviços ao de serviços.
Sistema, cabendo ao estado a gestão do Manutenção do cadastro atualizado das
SUS naquele território municipal, unidades assistenciais sob sua gestão,
enquanto for mantida a situação de não- segundo normas do MS.
habilitado. Avaliação permanente do impacto das
ações do Sistema sobre as condições de
15.1. GESTÃO PLENA DA saúde dos seus munícipes e sobre o seu
ATENÇÃO BÁSICA meio ambiente.
15.1.1. Responsabilidades Execução das ações básicas de
Elaboração de programação municipal vigilância sanitária, incluídas no PBVS.

50
Legislação Básica da Saúde

Execução das ações básicas de Transferência, regular e automática,


epidemiologia, de controle de doenças e de dos recursos correspondentes ao Piso da
ocorrências mórbidas, decorrentes de Atenção Básica (PAB).
causas externas, como acidentes, Transferência, regular e automática,
violências e outras, incluídas no TFECD. dos recursos correspondentes ao Piso
Elaboração do relatório anual de gestão Básico de Vigilância Sanitária (PBVS).
e aprovação pelo CMS. Transferência, regular e automática,
dos recursos correspondentes às ações de
15.1.2. Requisitos epidemiologia e de controle de doenças.
Comprovar o funcionamento do CMS. Subordinação, à gestão municipal, de
Comprovar a operação do Fundo todas as unidades básicas de saúde,
Municipal de Saúde. estatais ou privadas (lucrativas e
Apresentar o Plano Municipal de Saúde filantrópicas), estabelecidas no território
e comprometer-se a participar da municipal.
elaboração e da implementação da PPI do
estado, bem assim da alocação de recursos 15.2.1. Responsabilidades
expressa na programação. Elaboração de toda a programação
Comprovar capacidade técnica e municipal, contendo, inclusive, a
administrativa e condições materiais para referência ambulatorial especializada e
o exercício de suas responsabilidades e hospitalar, com incorporação negociada à
prerrogativas quanto à contratação, ao programação estadual.
pagamento, ao controle e à auditoria dos Gerência de unidades próprias,
serviços sob sua gestão. ambulatoriais e hospitalares, inclusive as
Comprovar a dotação orçamentária do de referência.
ano e o dispêndio realizado no ano Gerência de unidades ambulatoriais e
anterior, correspondente à contrapartida de hospitalares do estado e da União, salvo se
recursos financeiros próprios do Tesouro a CIB ou a CIT definir outra divisão de
Municipal, de acordo com a legislação em responsabilidades.
vigor. Reorganização das unidades sob gestão
Formalizar junto ao gestor estadual, pública (estatais, conveniadas e
com vistas à CIB, após aprovação pelo contratadas), introduzindo a prática do
CMS, o pleito de habilitação, atestando o cadastramento nacional dos usuários do
cumprimento dos requisitos relativos à SUS, com vistas à vinculação da clientela
condição de gestão pleiteada. e sistematização da oferta dos serviços.
Dispor de médico formalmente Garantia da prestação de serviços em
designado como responsável pela seu território, inclusive os serviços de
autorização prévia, controle e auditoria referência aos não-residentes, no caso de
dos procedimentos e serviços realizados. referência interna ou externa ao município,
Comprovar a capacidade para o dos demais serviços prestados aos seus
desenvolvimento de ações de vigilância munícipes, conforme a PPI, mediado pela
sanitária. relação gestor-gestor com a SES e as
Comprovar a capacidade para o demais SMS.
desenvolvimento de ações de vigilância Normalização e operação de centrais de
epidemiológica. controle de procedimentos ambulatoriais e
Comprovar a disponibilidade de hospitalares relativos à assistência aos
estrutura de recursos humanos para seus munícipes e à referência
supervisão e auditoria da rede de unidades, intermunicipal.
dos profissionais e dos serviços realizados. Contratação, controle, auditoria e
pagamento aos prestadores de serviços
15.1.3. Prerrogativas ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo

51
Legislação Básica da Saúde

TFGM. com vistas à CIB, após aprovação pelo


Administração da oferta de CMS, o pleito de habilitação, atestando o
procedimentos ambulatoriais de alto custo cumprimento dos requisitos específicos
e procedimentos hospitalares de alta relativos à condição de gestão pleiteada.
complexidade conforme a PPI e segundo Dispor de médico formalmente
normas federais e estaduais. designado pelo gestor como responsável
Operação do SIH e do SIA/SUS, pela autorização prévia, controle e
conforme normas do MS, e alimentação, auditoria dos procedimentos e serviços
junto às SES, dos bancos de dados de realizados.
interesse nacional. Apresentar o Plano Municipal de
Manutenção do cadastro atualizado de Saúde, aprovado pelo CMS, que deve
unidades assistenciais sob sua gestão, conter as metas estabelecidas, a integração
segundo normas do MS. e articulação do município na rede
Avaliação permanente do impacto das estadual e respectivas responsabilidades
ações do Sistema sobre as condições de na programação integrada do estado,
saúde dos seus munícipes e sobre o meio incluindo detalhamento da programação
ambiente. de ações e serviços que compõem o
Execução das ações básicas, de média e sistema municipal, bem como os
alta complexidade em vigilância sanitária, indicadores mediante dos quais será
bem como, opcionalmente, as ações do efetuado o acompanhamento.
PDAVS. Comprovar o funcionamento de serviço
Execução de ações de epidemiologia, estruturado de vigilância sanitária e
de controle de doenças e de ocorrências capacidade para o desenvolvimento de
mórbidas, decorrentes de causas externas, ações de vigilância sanitária.
como acidentes, violências e outras Comprovar a estruturação de serviços e
incluídas no TFECD. atividades de vigilância epidemiológica e
de controle de zoonoses.
15.2.2. Requisitos Apresentar o Relatório de Gestão do
Comprovar o funcionamento do CMS. ano anterior à solicitação do pleito,
Comprovar a operação do Fundo devidamente aprovado pelo CMS.
Municipal de Saúde. Assegurar a oferta, em seu território, de
Participar da elaboração e da todo o elenco de procedimentos cobertos
implementação da PPI do estado, bem pelo PAB e, adicionalmente, de serviços
assim da alocação de recursos expressa na de apoio diagnóstico em patologia clínica
programação. e radiologia básicas.
Comprovar capacidade técnica e Comprovar a estruturação do
administrativa e condições materiais para componente municipal do Sistema
o exercício de suas responsabilidades e Nacional de Auditoria (SNA).
prerrogativas quanto à contratação, ao Comprovar a disponibilidade de
pagamento, ao controle e à auditoria dos estrutura de recursos humanos para
serviços sob sua gestão, bem como avaliar supervisão e auditoria da rede de unidades,
o impacto das ações do Sistema sobre a dos profissionais e dos serviços realizados.
saúde dos seus munícipes.
Comprovar a dotação orçamentária do 15.2.3. Prerrogativas
ano e o dispêndio no ano anterior Transferência, regular e automática,
correspondente à contrapartida de recursos dos recursos referentes ao Teto Financeiro
financeiros próprios do Tesouro da Assistência (TFA).
Municipal, de acordo com a legislação em Normalização complementar relativa
vigor. ao pagamento de prestadores de serviços
Formalizar, junto ao gestor estadual assistenciais em seu território, inclusive

52
Legislação Básica da Saúde

quanto a alteração de valores de introduzidas por esta NOB, exceto ao


procedimentos, tendo a tabela nacional PDAVS nos termos definidos pela
como referência mínima, desde que SVS/MS. Essa condição corresponde ao
aprovada pelo CMS e pela CIB. exercício de funções mínimas de gestão do
Transferência regular e automática Sistema, que foram progressivamente
fundo a fundo dos recursos incorporadas pelas SES, não estando sujeita
correspondentes ao Piso Básico de a procedimento específico de habilitação
Vigilância Sanitária (PBVS). nesta NOB.
Remuneração por serviços de
vigilância sanitária de média e alta 16.1. Responsabilidades comuns às
complexidade e, remuneração pela duas condições de gestão estadual
execução do Programa Desconcentrado de Elaboração da PPI do estado, contendo
Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), a referência intermunicipal e coordenação
quando assumido pelo município. da negociação na CIB para alocação dos
Subordinação, à gestão municipal, do recursos, conforme expresso na
conjunto de todas as unidades programação.
ambulatoriais especializadas e Elaboração e execução do Plano
hospitalares, estatais ou privadas Estadual de Prioridades de Investimentos,
(lucrativas e filantrópicas), estabelecidas negociado na CIB e aprovado pelo CES.
no território municipal. Gerência de unidades estatais da
Transferência de recursos referentes às hemorrede e de laboratórios de referência
ações de epidemiologia e controle de para controle de qualidade, para vigilância
doenças, conforme definição da CIT. sanitária e para a vigilância
epidemiológica.
16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO Formulação e execução da política de
ESTADO sangue e hemoterapia.
As condições de gestão, estabelecidas Organização de sistemas de referência,
nesta NOB, explicitam as bem como a normalização e operação de
responsabilidades do gestor estadual, os câmara de compensação de AIH,
requisitos relativos às modalidades de procedimentos especializados e de alto
gestão e as prerrogativas que favorecem o custo e ou alta complexidade.
seu desempenho. Formulação e execução da política
A habilitação dos estados às diferentes estadual de assistência farmacêutica, em
condições de gestão significa a declaração articulação com o MS.
dos compromissos assumidos por parte do Normalização complementar de
gestor perante os outros gestores e perante mecanismos e instrumentos de
a população sob sua responsabilidade. administração da oferta e controle da
A partir desta NOB, os estados poderão prestação de serviços ambulatoriais,
habilitar-se em duas condições de gestão: hospitalares, de alto custo, do tratamento
fora do domicílio e dos medicamentos e
GESTÃO AVANÇADA DO insumos especiais.
SISTEMA ESTADUAL; e Manutenção do cadastro atualizado de
GESTÃO PLENA DO SISTEMA unidades assistenciais sob sua gestão,
ESTADUAL. segundo normas do MS.
Os estados que não aderirem ao processo Cooperação técnica e financeira com o
de habilitação, permanecem na condição de conjunto de municípios, objetivando a
gestão convencional, desempenhando as consolidação do processo de
funções anteriormente assumidas ao longo descentralização, a organização da rede
do processo de implantação do SUS, não regionalizada e hierarquizada de serviços,
fazendo jus às novas prerrogativas a realização de ações de epidemiologia, de

53
Legislação Básica da Saúde

controle de doenças, de vigilância educação e de comunicação em saúde,


sanitária, bem assim o pleno exercício das bem como as relativas às ocorrências
funções gestoras de planejamento, mórbidas decorrentes de causas externas;
controle, avaliação e auditoria. - as estratégias de descentralização das
Implementação de políticas de ações de saúde para municípios;
integração das ações de saneamento às de - as estratégias de reorganização do
saúde. modelo de atenção; e
Coordenação das atividades de - os critérios utilizados e os indicadores
vigilância epidemiológica e de controle de por meio dos quais é efetuado o
doenças e execução complementar acompanhamento das ações.
conforme previsto na Lei nº 8.080/90. Apresentar relatório de gestão
Execução de operações complexas aprovado pelo CES, relativo ao ano
voltadas ao controle de doenças que anterior à solicitação do pleito.
possam se beneficiar da economia de Comprovar a transferência da gestão da
escala. atenção hospitalar e ambulatorial aos
Coordenação das atividades de municípios habilitados, conforme a
vigilância sanitária e execução respectiva condição de gestão.
complementar conforme previsto na Lei nº Comprovar a estruturação do
8.080/90. componente estadual do SNA.
Execução das ações básicas de Comprovar capacidade técnica e
vigilância sanitária referente aos administrativa e condições materiais para
municípios não habilitados nesta NOB. o exercício de suas responsabilidades e
Execução das ações de média e alta prerrogativas, quanto a contratação,
complexidade de vigilância sanitária, pagamento, controle e auditoria dos
exceto as realizadas pelos municípios serviços sob sua gestão e quanto à
habilitados na condição de gestão plena de avaliação do impacto das ações do Sistema
sistema municipal. sobre as condições de saúde da população
Execução do PDAVS nos termos do estado.
definidos pela SVS/MS. Comprovar a dotação orçamentária do
Apoio logístico e estratégico às ano e o dispêndio no ano anterior,
atividades à atenção à saúde das correspondente à contrapartida de recursos
populações indígenas, na conformidade de financeiros próprios do Tesouro Estadual,
critérios estabelecidos pela CIT. de acordo com a legislação em vigor.
Apresentar à CIT a formalização do
16.2. Requisitos comuns às duas pleito, devidamente aprovado pelo CES e
condições de gestão estadual pela CIB, atestando o cumprimento dos
Comprovar o funcionamento do CES. requisitos gerais e específicos relativos à
Comprovar o funcionamento da CIB. condição de gestão pleiteada.
Comprovar a operação do Fundo Comprovar a criação do Comitê
Estadual de Saúde. Interinstitucional de Epidemiologia,
Apresentar o Plano Estadual de Saúde, vinculado ao Secretário Estadual de
aprovado pelo CES, que deve conter: Saúde.
- as metas pactuadas; Comprovar o funcionamento de serviço
- a programação integrada das ações de vigilância sanitária no estado,
ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, organizado segundo a legislação e
de epidemiologia e de controle de doenças capacidade de desenvolvimento de ações
incluindo, entre outras, as atividades de de vigilância sanitária.
vacinação, de controle de vetores e de Comprovar o funcionamento de serviço
reservatórios de saneamento, de pesquisa de vigilância epidemiológica no estado.
e desenvolvimento tecnológico, de

54
Legislação Básica da Saúde

16.3. GESTÃO AVANÇADA DO doenças.


SISTEMA ESTADUAL
16.3.1. Responsabilidades Específicas 16.4. GESTÃO PLENA DO
Contratação, controle, auditoria e SISTEMA ESTADUAL
pagamento do conjunto dos serviços, sob 16.4.1. Responsabilidades Específicas
gestão estadual, contidos na FAE; Contratação, controle, auditoria e
Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestadores do conjunto
pagamento dos prestadores de serviços dos serviços sob gestão estadual, conforme
incluídos no PAB dos municípios não definição da CIB.
habilitados; Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS,
Ordenação do pagamento dos demais conforme normas do MS, e alimentação
serviços hospitalares e ambulatoriais, sob dos bancos de dados de interesse nacional.
gestão estadual;
Operação do SIA/SUS, conforme 16.4.2. Requisitos Específicos
normas do MS, e alimentação dos bancos Comprovar a implementação da
de dados de interesse nacional. programação integrada das ações
ambulatoriais, hospitalares e de alto custo,
16.3.2. Requisitos Específicos contendo a referência intermunicipal e os
Apresentar a programação pactuada e critérios para a sua elaboração.
integrada ambulatorial, hospitalar e de alto Comprovar a operacionalização de
custo, contendo a referência mecanismos de controle da prestação de
intermunicipal e os critérios para a sua serviços ambulatoriais e hospitalares, tais
elaboração. como: centrais de controle de leitos e
Dispor de 60% dos municípios do internações, de procedimentos
estado habilitados nas condições de gestão ambulatoriais e hospitalares de alto/custo
estabelecidas nesta NOB, independente do e ou complexidade e de marcação de
seu contingente populacional; ou 40% dos consultas especializadas.
municípios habilitados, desde que, nestes, Dispor de 80% dos municípios
residam 60% da população. habilitados nas condições de gestão
Dispor de 30% do valor do TFA estabelecidas nesta NOB, independente do
comprometido com transferências seu contingente populacional; ou 50% dos
regulares e automáticas aos municípios. municípios, desde que, nestes, residam
80% da população.
16.3.3. Prerrogativas Dispor de 50% do valor do TFA do
Transferência regular e automática dos estado comprometido com transferências
recursos correspondentes à Fração regulares e automáticas aos municípios.
Assistencial Especializada (FAE) e ao
Piso Assistencial Básico (PAB) relativos 16.4.3. Prerrogativas
aos municípios não-habilitados. Transferência regular e automática dos
Transferência regular e automática do recursos correspondentes ao valor do Teto
Piso Básico de Vigilância Sanitária Financeiro da Assistência (TFA),
(PBVS) referente aos municípios não deduzidas as transferências fundo a fundo
habilitados nesta NOB. realizadas a municípios habilitados.
Transferência regular e automática do Transferência regular e automática dos
Índice de Valorização do Impacto em recursos correspondentes ao Índice de
Vigilância Sanitária (IVISA). Valorização de Resultados (IVR).
Remuneração por serviços produzidos Transferência regular e automática do
na área da vigilância sanitária. Piso Básico de Vigilância Sanitária
Transferência de recursos referentes às (PBVS) referente aos municípios não
ações de epidemiologia e controle de habilitados nesta NOB.

55
Legislação Básica da Saúde

Transferência regular e automática do 17.2.1.2. ata do CMS aprovando o


Índice de valorização do Impacto em pleito de mudança de habilitação;
Vigilância Sanitária (IVISA).
Remuneração por serviços produzidos 17.2.1.3. ata das três últimas reuniões
na área da vigilância sanitária. do CMS;
Normalização complementar, pactuada
na CIB e aprovada pelo CES, relativa ao 17.2.1.4. extrato de movimentação
pagamento de prestadores de serviços bancária do Fundo Municipal de Saúde
assistenciais sob sua contratação, inclusive relativo ao trimestre anterior à
alteração de valores de procedimentos, apresentação do pleito;
tendo a tabela nacional como referência
mínima. 17.2.1.5. comprovação, pelo gestor
Transferência de recursos referentes às municipal, de condições técnicas para
ações de epidemiologia e de controle de processar o SIA/SUS;
doenças.
17.2.1.6. declaração do gestor
17. DISPOSIÇÕES GERAIS E municipal comprometendo-se a alimentar,
TRANSITÓRIAS junto à SES, o banco de dados nacional do
17. 1. As responsabilidades que SIA/SUS;
caracterizam cada uma das condições de
gestão definidas nesta NOB constituem 17.2.1.7. proposta aprazada de
um elenco mínimo e não impedem a estruturação do serviço de controle e
incorporação de outras pactuadas na CIB e avaliação municipal;
aprovadas pelo CES, em especial aquelas
já assumidas em decorrência da NOB-SUS 17.2.1.8. comprovação da garantia de
Nº 01/93. oferta do conjunto de procedimentos
coberto pelo PAB; e
17.2. No processo de habilitação às
condições de gestão estabelecidas nesta 17.2.1.9. ata de aprovação do relatório
NOB, são considerados os requisitos já de gestão no CMS;
cumpridos para habilitação nos termos da
NOB-SUS Nº 01/93, cabendo ao 17.2.2. para que os municípios
município ou ao estado pleiteante a habilitados atualmente na condição de
comprovação exclusiva do cumprimento gestão semiplena possam assumir a
dos requisitos introduzidos ou alterados condição de gestão plena do sistema
pela presente Norma Operacional, municipal definida nesta NOB, devem
observando os seguintes procedimentos: comprovar à CIB:

17.2.1.para que os municípios 17.2.2.1. a aprovação do relatório de


habilitados atualmente nas condições de gestão pelo CMS, mediante apresentação
gestão incipiente e parcial possam assumir da ata correspondente;
a condição plena da atenção básica
definida nesta NOB, devem apresentar à 17.2.2.2. a existência de serviços que
CIB os seguintes documentos, que executem os procedimentos cobertos pelo
completam os requisitos para habilitação: PAB no seu território, e de serviços de
apoio diagnóstico em patologia clínica e
17.2.1.1. ofício do gestor municipal radiologia básica simples, oferecidos no
pleiteando a alteração na condição de próprio município ou contratados de outro
gestão; gestor municipal;

56
Legislação Básica da Saúde

17.2.2.3.a estruturação do componente requisitos para habilitação ao conjunto das


municipal do SNA; e condições de gestão de estados e
municípios, previsto nesta NOB, estão
17.2.2.4.a integração e articulação do sistematizados no ANEXO I.
município na rede estadual e respectivas
responsabilidades na PPI. Caso o 17.6. Os municípios e estados
município não atenda a esse requisito, habilitados na forma da NOB-SUS Nº
pode ser enquadrado na condição de 01/93 permanecem nas respectivas
gestão plena da atenção básica até que condições de gestão até sua habilitação em
disponha de tais condições, submetendo- uma das condições estabelecidas por esta
se, neste caso, aos mesmos procedimentos NOB, ou até a data limite a ser fixada pela
referidos no item 17.2.1; CIT.

17.2.3. os estados habilitados 17.7. A partir da data da publicação


atualmente nas condições de gestão parcial desta NOB, não serão procedidas novas
e semiplena devem apresentar a habilitações ou alterações de condição de
comprovação dos requisitos adicionais gestão na forma da NOB-SUS Nº 01/93.
relativos à nova condição pleiteada na Ficam excetuados os casos já aprovados
presente NOB. nas CIB, que devem ser protocolados na
CIT, no prazo máximo de 30 dias.
17.3. A habilitação de municípios à
condição de gestão plena da atenção básica 17.8. A partir da publicação desta NOB,
é decidida na CIB dos estados habilitados ficam extintos o Fator de Apoio ao Estado,
às condições de gestão avançada e plena o Fator de Apoio ao Município e as
do sistema estadual, cabendo recurso ao transferências dos saldos de teto financeiro
CES. A SES respectiva deve informar ao relativos às condições de gestão municipal
MS a habilitação procedida, para fins de e estadual parciais, previstos,
formalização por portaria, observando as respectivamente, nos itens 3.1.4; 3.2; 4.1.2
disponibilidades financeiras para a e 4.2.1 da NOB-SUS Nº 01/93.
efetivação das transferências regulares e
automáticas pertinentes. No que se refere 17.9. A permanência do município na
à gestão plena do sistema municipal, a condição de gestão a que for habilitado, na
habilitação dos municípios é decidida na forma desta NOB, está sujeita a processo
CIT, com base em relatório da CIB e permanente de acompanhamento e
formalizada em ato da SAS/MS. No caso avaliação, realizado pela SES e submetido
dos estados categorizados na condição de à apreciação da CIB, tendo por base
gestão convencional, a habilitação dos critérios estabelecidos pela CIB e pela
municípios a qualquer das condições de CIT, aprovados pelos respectivos
gestão será decidida na CIT, com base no Conselhos de Saúde.
processo de avaliação elaborado e
encaminhado pela CIB, e formalizada em 17.10. De maneira idêntica, a
ato do MS. permanência do estado na condição de
gestão a que for habilitado, na forma desta
17.4. A habilitação de estados a NOB, está sujeita a processo permanente
qualquer das condições de gestão é de acompanhamento e avaliação, realizado
decidida na CIT e formalizada em ato do pelo MS e submetido à apreciação da CIT,
MS, cabendo recurso ao CNS. tendo por base critérios estabelecidos por
esta Comissão e aprovados pelo CNS.
17.5. Os instrumentos para a
comprovação do cumprimento dos 17.11. O gestor do município habilitado

57
Legislação Básica da Saúde

na condição de Gestão Plena da Atenção


Básica que ainda não dispõe de serviços 17.16. Também em relação aos
suficientes para garantir, à sua população, procedimentos cobertos pela FAE, o MS
a totalidade de procedimentos cobertos continua efetuando o pagamento por
pelo PAB, pode negociar, diretamente, produção de serviços diretamente a
com outro gestor municipal, a compra dos prestadores, somente no caso daqueles
serviços não disponíveis, até que essa municípios habilitados em gestão plena da
oferta seja garantida no próprio município. atenção básica e os não habilitados, na
forma desta NOB, situados em estados em
17.12. Para implantação do PAB, ficam gestão convencional.
as CIB autorizadas a estabelecer fatores
diferenciados de ajuste até um valor 17.17. As regulamentações
máximo fixado pela CIT e formalizado por complementares necessárias à
portaria do Ministério (SAS/MS). Esses operacionalização desta NOB são objeto
fatores são destinados aos municípios de discussão e negociação na CIT,
habilitados, que apresentam gastos per observadas as diretrizes estabelecidas pelo
capita em ações de atenção básica CNS, com posterior formalização,
superiores ao valor per capita nacional mediante portaria do MS.
único (base de cálculo do PAB), em
decorrência de avanços na organização do SIGLAS UTILIZADAS
sistema. O valor adicional atribuído a cada
município é formalizado em ato próprio da AIH - Autorização de Internação
SES. Hospitalar
CES - Conselho Estadual de Saúde
17.13. O valor per capita nacional CIB - Comissão Intergestores Bipartite
único, base de cálculo do PAB, é aplicado CIT - Comissão Intergestores Tripartite
a todos os municípios, habilitados ou não CMS - Conselho Municipal de Saúde
nos termos desta NOB. Aos municípios CNS - Conselho Nacional de Saúde
não habilitados, o valor do PAB é limitado COFINS - Contribuição Social para o
ao montante do valor per capita nacional Financiamento da Seguridade Social
multiplicado pela população e pago por CONASEMS - Conselho Nacional de
produção de serviço. Secretários Municipais de Saúde
CONASS - Conselho Nacional de
17.14. Num primeiro momento, em Secretários Estaduais de Saúde
face da inadequação dos sistemas de FAE - Fração Assistencial
informação de abrangência nacional para Especializada
aferição de resultados, o IVR é atribuído FIDEPS - Fator de Incentivo ao
aos estados a título de valorização de Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa
desempenho na gestão do Sistema, FNS - Fundação Nacional de Saúde
conforme critérios estabelecidos pela CIT INSS - Instituto Nacional de
e formalizados por portaria do Ministério Seguridade Social
(SAS/MS). IVH-E - Índice de Valorização
Hospitalar de Emergência
17.15. O MS continua efetuando IVISA - Índice de Valorização do
pagamento por produção de serviços Impacto em Vigilânica Sanitária
(relativos aos procedimentos cobertos pelo IVR - Índice de Valorização de
PAB) diretamente aos prestadores, Resultados
somente no caso daqueles municípios não- MS - Ministério da Saúde
habilitados na forma desta NOB, situados NOB - Norma Operacional Básica
em estados em gestão convencional. PAB - Piso Assistencial Básico.

58
Legislação Básica da Saúde

PACS - Programa de Agentes reunião ordinária realizada nos dias 10, 11,
Comunitários de Saúde 12 e 13 de dezembro de 2012, no uso da
PBVS - Piso Básico de Vigilância competência que lhe conferem os incisos I,
Sanitária II, V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n.º
PDAVS - Programa Desconcentrado de 8.742, de 7 de dezembro de 1993 - Lei
Ações de Vigilância Sanitária Orgânica da Assistência Social - LOAS,
PPI - Programação Pactuada e
Integrada RESOLVE:
PSF - Programa de Saúde da Família
SAS - Secretaria de Assistência à Saúde Art. 1º Aprovar a Norma Operacional
SES - Secretaria Estadual de Saúde Básica da Assistência Social - NOB/SUAS,
SIA/SUS - Sistema de Informações anexa, apresentada pela Comissão
Ambulatoriais do SUS Intergestores Tripartite - CIT, apreciada e
SIH/SUS - Sistema de Informações deliberada pelo Conselho Nacional de
Hospitalares do SUS Assistência Social - CNAS.
SMS - Secretaria Municipal de Saúde
SNA - Sistema Nacional de Auditoria Art. 2º O CNAS divulgará a NOB/SUAS
SUS - Sistema Único de Saúde amplamente nos diversos meios de
SVS - Secretaria de Vigilância comunicação e a enviará à Presidência da
Sanitária República, ao Congresso Nacional e demais
TFA - Teto Financeiro da Assistência entes federados para conhecimento,
TFAE - Teto Financeiro da Assistência observância e providências cabíveis.
do Estado
TFAM - Teto Financeiro da Assistência Art. 3º O CNAS recomenda as seguintes
do Município ações referentes à NOB/SUAS.
TFECD - Teto Financeiro da I - ao Ministério do Desenvolvimento
Epidemiologia e Controle de Doenças Social e Combate à Fome:
TFG - Teto Financeiro Global a) divulgá-la amplamente nos diversos
TFGE - Teto Financeiro Global do meios de comunicação;
Estado b) incluí-la como conteúdo do Plano
TFGM - Teto Financeiro Global do Nacional de Capacitação;
Município c) publicá-la em meio impresso e
TFVS - Teto Financeiro da Vigilância distribuí-la, inclusive em braile e em meio
Sanitária digital acessível;
d) regulamentar os blocos de
financiamento em tempo hábil para que os
Norma Operacional da Assistência à municípios possam elaborar os seus Planos
Saúde - NOAS - SUS/2001 Plurianuais - PPA.
e) regulamentar os processos e
procedimentos de acompanhamento
RESOLUÇÃO Nº 33, DE 12 DE
disposto no art. 36 e da aplicação das
DEZEMBRO DE 20124
medidas administrativas definidas no art.
42.
Aprova a Norma Operacional Básica do
II - aos órgãos gestores da Política de
Sistema Único de Assistência Social -
Assistência Social e aos conselhos de
NOB/SUAS.
assistência social: a) divulgá-la e publicizá-
la amplamente nos diversos meios de
O CONSELHO NACIONAL DE
comunicação;
ASSISTÊNCIA SOCIAL - CNAS, em

4
https://www.mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf. Acessado em: 11.11.2022

59
Legislação Básica da Saúde

b) incluí-la como conteúdo dos Planos nacional, a hierarquia, os vínculos e as


de Capacitação. responsabilidades quanto à oferta dos
serviços, benefícios, programas e projetos
Art. 4º Revoga-se a Resolução CNAS nº de assistência social;
130, de 15 de julho de 2005, publicada no V - respeitar as diversidades culturais,
Diário Oficial da União de 25 de julho de étnicas, religiosas, socioeconômicas,
2005, que aprova a NOB/SUAS 2005. políticas e territoriais;
VI - reconhecer as especificidades,
Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na iniquidades e desigualdades regionais e
data de sua publicação. municipais no planejamento e execução das
ações;
ANEXO VII - assegurar a oferta dos serviços,
programas, projetos e benefícios da
CAPÍTULO I assistência social;
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA VIII - integrar a rede pública e privada,
SOCIAL com vínculo ao SUAS, de serviços,
programas, projetos e benefícios de
Art. 1º A política de assistência social, assistência social;
que tem por funções a proteção social, a IX - implementar a gestão do trabalho e
vigilância socioassistencial e a defesa de a educação permanente na assistência
direitos, organiza-se sob a forma de sistema social;
público não contributivo, descentralizado e X - estabelecer a gestão integrada de
participativo, denominado Sistema Único serviços e benefícios;
de Assistência Social - SUAS. XI - afiançar a vigilância
Parágrafo único. A assistência social socioassistencial e a garantia de direitos
ocupa-se de prover proteção à vida, reduzir como funções da política de assistência
danos, prevenir a incidência de riscos social.
sociais, independente de contribuição
prévia, e deve ser financiada com recursos Art. 3º São princípios organizativos do
previstos no orçamento da Seguridade SUAS:
Social. I - universalidade: todos têm direito à
proteção socioassistencial, prestada a quem
Art. 2º São objetivos do SUAS: dela necessitar, com respeito à dignidade e
I - consolidar a gestão compartilhada, o à autonomia do cidadão, sem discriminação
cofinanciamento e a cooperação técnica de qualquer espécie ou comprovação
entre a União, os Estados, o Distrito Federal vexatória da sua condição;
e os Municípios que, de modo articulado, II - gratuidade: a assistência social deve
operam a proteção social não contributiva e ser prestada sem exigência de contribuição
garantem os direitos dos usuários; ou contrapartida, observado o que dispõe o
II - estabelecer as responsabilidades da art. 35, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro
União, dos Estados, do Distrito Federal e de 2003 - Estatuto do Idoso;
dos Municípios na organização, regulação, III - integralidade da proteção social:
manutenção e expansão das ações de oferta das provisões em sua completude,
assistência social; por meio de conjunto articulado de
III - definir os níveis de gestão, de serviços, programas, projetos e benefícios
acordo com estágios de organização da socioassistenciais;
gestão e ofertas de serviços pactuados IV - intersetorialidade: integração e
nacionalmente; articulação da rede socioassistencial com as
IV - orientar-se pelo princípio da demais políticas e órgãos setoriais;
unidade e regular, em todo o território V - equidade: respeito às diversidades

60
Legislação Básica da Saúde

regionais, culturais, socioeconômicas, protagonismo, da cidadania;


políticas e territoriais, priorizando aqueles b) a conquista de melhores graus de
que estiverem em situação de liberdade, respeito à dignidade humana,
vulnerabilidade e risco pessoal e social. protagonismo e certeza de proteção social
para o cidadão e a cidadã, a família e a
Art. 4º São seguranças afiançadas pelo sociedade;
SUAS: c) conquista de maior grau de
I - acolhida: provida por meio da oferta independência pessoal e qualidade, nos
pública de espaços e serviços para a laços sociais, para os cidadãos e as cidadãs
realização da proteção social básica e sob contingências e vicissitudes.
especial, devendo as instalações físicas e a V - apoio e auxílio: quando sob riscos
ação profissional conter: circunstanciais, exige a oferta de auxílios
a) condições de recepção; em bens materiais e em pecúnia, em caráter
b) escuta profissional qualificada; transitório, denominados de benefícios
c) informação; eventuais para as famílias, seus membros e
d) referência; indivíduos.
e) concessão de benefícios;
f) aquisições materiais e sociais; Art. 5º São diretrizes estruturantes da
g) abordagem em territórios de gestão do SUAS:
incidência de situações de risco; I - primazia da responsabilidade do
h) oferta de uma rede de serviços e de Estado na condução da política de
locais de permanência de indivíduos e assistência social;
famílias sob curta, média e longa II - descentralização político-
permanência. administrativa e comando único das ações
II - renda: operada por meio da em cada esfera de governo;
concessão de auxílios financeiros e da III - financiamento partilhado entre a
concessão de benefícios continuados, nos União, os Estados, o Distrito Federal e os
termos da lei, para cidadãos não incluídos Municípios;
no sistema contributivo de proteção social, IV - matricialidade sociofamiliar;
que apresentem vulnerabilidades V - territorialização;
decorrentes do ciclo de vida e/ou VI - fortalecimento da relação
incapacidade para a vida independente e democrática entre Estado e sociedade civil;
para o trabalho; VII controle social e participação
III - convívio ou vivência familiar, popular.
comunitária e social: exige a oferta pública
de rede continuada de serviços que Art. 6º São princípios éticos para a oferta
garantam oportunidades e ação profissional da proteção socioassistencial no SUAS:
para: I - defesa incondicional da liberdade, da
a) a construção, restauração e o dignidade da pessoa humana, da
fortalecimento de laços de pertencimento, privacidade, da cidadania, da integridade
de natureza geracional, intergeracional, física, moral e psicológica e dos direitos
familiar, de vizinhança e interesses comuns socioassistenciais;
e societários; II - defesa do protagonismo e da
b) o exercício capacitador e qualificador autonomia dos usuários e a recusa de
de vínculos sociais e de projetos pessoais e práticas de caráter clientelista, vexatório ou
sociais de vida em sociedade. com intuito de benesse ou ajuda;
IV - desenvolvimento de autonomia: III - oferta de serviços, programas,
exige ações profissionais e sociais para: projetos e benefícios públicos gratuitos com
a) o desenvolvimento de capacidades e qualidade e continuidade, que garantam a
habilidades para o exercício do oportunidade de convívio para o

61
Legislação Básica da Saúde

fortalecimento de laços familiares e sociais; compromisso ético e profissional


IV - garantia da laicidade na relação estabelecidos na Norma Operacional
entre o cidadão e o Estado na prestação e Básica de Recurso Humanos do SUAS -
divulgação das ações do SUAS; NOB-RH/SUAS;
V - respeito à pluralidade e diversidade XIV- disseminação do conhecimento
cultural, socioeconômica, política e produzido no âmbito do SUAS, por meio da
religiosa; publicização e divulgação das informações
VI - combate às discriminações etárias, colhidas nos estudos e pesquisas aos
étnicas, de classe social, de gênero, por usuários e trabalhadores, no sentido de que
orientação sexual ou por deficiência, dentre estes possam usá-las na defesa da
outras; assistência social, de seus direitos e na
VII - garantia do direito a receber dos melhoria das qualidade dos serviços,
órgãos públicos e prestadores de serviços o programas, projetos e benefícios;
acesso às informações e documentos da XV - simplificação dos processos e
assistência social, de interesse particular, ou procedimentos na relação com os usuários
coletivo, ou geral - que serão prestadas no acesso aos serviços, programas, projetos
dentro do prazo da Lei nº 12.527, de 18 de e benefícios, agilizando e melhorando sua
novembro de 2011 - Lei de Acesso à oferta;
Informação - LAI, e a identificação XVI - garantia de acolhida digna,
daqueles que o atender; atenciosa, equitativa, com qualidade,
VIII - proteção à privacidade dos agilidade e continuidade;
usuários, observando o sigilo profissional, XVII - prevalência, no âmbito do
preservando sua intimidade e opção e SUAS, de ações articuladas e integradas,
resgatando sua história de vida; para garantir a integralidade da proteção
IX - garantia de atenção profissional socioassistencial aos usuários dos serviços,
direcionada para a construção de projetos programas, projetos e benefícios;
pessoais e sociais para autonomia e XVIII - garantia aos usuários do direito
sustentabilidade do usuário; às informações do respectivo histórico de
X - reconhecimento do direito dos atendimentos, devidamente registrados nos
usuários de ter acesso a benefícios e à prontuários do SUAS.
renda;
XI - garantia incondicional do exercício Art. 7º A garantia de proteção
do direito à participação democrática dos socioassistencial compreende:
usuários, com incentivo e apoio à I - precedência da proteção social básica,
organização de fóruns, conselhos, com o objetivo de prevenir situações de
movimentos sociais e cooperativas risco social e pessoal;
populares, potencializando práticas II - não submissão do usuário a situações
participativas; de subalternização;
XII - acesso à assistência social a quem III - desenvolvimento de ofertas de
dela necessitar, sem discriminação social de serviços e benefícios que favoreçam aos
qualquer natureza, resguardando os usuários do SUAS a autonomia, resiliência,
critérios de elegibilidade dos diferentes sustentabilidade, protagonismo, acesso a
benefícios e as especificidades dos oportunidades, condições de convívio e
serviços, programas e projetos; socialização, de acordo com sua
XIII - garantia aos profissionais das capacidade, dignidade e projeto pessoal e
condições necessárias para a oferta de social;
serviços em local adequado e acessível aos IV - dimensão proativa que compreende
usuários, com a preservação do sigilo sobre a intervenção planejada e sistemática para o
as informações prestadas no atendimento alcance dos objetivos do SUAS com
socioassistencial, de forma a assegurar o absoluta primazia da responsabilidade

62
Legislação Básica da Saúde

estatal na condução da política de rede socioassistencial.


assistência social em cada esfera de Parágrafo único. Considera-se rede
governo; socioassistencial o conjunto integrado da
V - reafirmação da assistência social oferta de serviços, programas, projetos e
como política de seguridade social e a benefícios de assistência social mediante
importância da intersetorialidade com as articulação entre todas as unidades de
demais políticas públicas para a efetivação provisão do SUAS.
da proteção social.
Art. 10. Os Municípios que não aderiram
CAPÍTULO II ao SUAS na forma da NOB SUAS,
GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE aprovada pela Resolução nº 130, de 15 de
ASSISTÊNCIA SOCIAL julho de 2005, do Conselho Nacional de
Assistência Social CNAS, farão a adesão
Art. 8º O SUAS se fundamenta na por meio da apresentação à Comissão
cooperação entre a União, os Estados, o Intergestores Bipartite - CIB de seu Estado
Distrito Federal e os Municípios e dos documentos comprobatórios da
estabelece as respectivas competências e instituição e funcionamento do conselho,
responsabilidades comuns e específicas. plano e fundo de assistência social, bem
§1º As responsabilidades se pautam pela como da alocação de recursos próprios no
ampliação da proteção socioassistencial em fundo.
todos os seus níveis, contribuindo para a §1º A criação e o funcionamento do
erradicação do trabalho infantil, o conselho de assistência social deverão ser
enfrentamento da pobreza, da extrema demonstrados por:
pobreza e das desigualdades sociais, e para I - cópia da lei de sua criação;
a garantia dos direitos, conforme disposto II - cópia das atas das suas 3 (três)
na Constituição Federal e na legislação últimas reuniões ordinárias;
relativa à assistência social. III - cópia da publicação da sua atual
§2º O SUAS comporta quatro tipos de composição; e
Gestão: IV - cópia da ata que aprova o envio
I - da União destes documentos à CIB.
II - dos Estados; §2º A criação e existência do fundo de
III - do Distrito Federal; assistência social, assim como a alocação
IV - dos Municípios. de recursos próprios, deverão ser
§3º O SUAS é integrado pelos entes demonstradas por:
federativos, pelos respectivos conselhos de I - cópia da lei de criação do fundo e de
assistência social e pelas entidades e sua regulamentação;
organizações de assistência social II - cópia da Lei Orçamentária Anual -
abrangidas pela Lei nº 8.742, de 7 de LOA;
Dezembro de 1993, Lei Orgânica da III - balancete do último trimestre do
Assistência Social LOAS. fundo; e
IV - cópia da resolução do conselho de
Art. 9º A União, os Estados, o Distrito assistência social de aprovação da prestação
Federal e os Municípios, conforme suas de contas do ano anterior.
competências, previstas na Constituição
Federal e na LOAS, assumem Art. 11. Serão pactuados pela Comissão
responsabilidades na gestão do sistema e na Intergestores Tripartite - CIT parâmetros
garantia de sua organização, qualidade e para a consolidação da rede de serviços, de
resultados na prestação dos serviços, equipamentos, da gestão do SUAS e do
programas, projetos e benefícios funcionamento adequado dos conselhos de
socioassistenciais que serão ofertados pela assistência social.

63
Legislação Básica da Saúde

diárias de conselheiros representantes do


SEÇÃO I governo ou da sociedade civil, no exercício
RESPONSABILIDADES DOS ENTES de suas atribuições; VIII - realizar, em
conjunto com os conselhos de assistência
Art. 12. Constituem responsabilidades social, as conferências de assistência social;
comuns à União, Estados, Distrito Federal IX - estimular a mobilização e organização
e Municípios: dos usuários e trabalhadores do SUAS para
I - organizar e coordenar o SUAS em seu a participação nas instâncias de controle
âmbito, observando as deliberações e social da política de assistência social;
pactuações de suas respectivas instâncias; X - promover a participação da
II - estabelecer prioridades e metas sociedade, especialmente dos usuários, na
visando à prevenção e ao enfrentamento da elaboração da política de assistência social;
pobreza, da desigualdade, das XI - instituir o planejamento contínuo e
vulnerabilidades e dos riscos sociais; participativo no âmbito da política de
III - normatizar e regular a política de assistência social;
assistência social em cada esfera de XII - assegurar recursos orçamentários e
governo, em consonância com as normas financeiros próprios para o financiamento
gerais da União; dos serviços tipificados e benefícios
IV - elaborar o Pacto de Aprimoramento assistenciais de sua competência, alocando-
do SUAS, contendo: os no fundo de assistência social;
a) ações de estruturação e XIII- garantir que a elaboração da peça
aperfeiçoamento do SUAS em seu âmbito; orçamentária esteja de acordo com os
b) planejamento e acompanhamento da Planos de Assistência Social e
gestão, organização e execução dos compromissos assumidos no Pacto de
serviços, programas, projetos e benefícios Aprimoramento do SUAS;
socioassistenciais; XIV- dar publicidade ao dispêndio dos
V - garantir o comando único das ações recursos públicos destinados à assistência
do SUAS pelo órgão gestor da política de social;
assistência social, conforme preconiza a XV - formular diretrizes e participar das
LOAS; definições sobre o financiamento e o
VI - atender aos requisitos previstos no orçamento da assistência social;
art. 30 e seu parágrafo único, da LOAS, XVI- garantir a integralidade da
com a efetiva instituição e funcionamento proteção socioassistencial à população,
do: primando pela qualificação dos serviços do
a) conselho de assistência social, de SUAS, exercendo essa responsabilidade de
composição paritária entre governo e forma compartilhada entre a União,
sociedade civil; Estados, Distrito Federal e Municípios;
b) fundo de assistência social constituído XVII - garantir e organizar a
como unidade orçamentária e gestora, oferta dos serviços socioassistenciais
vinculado ao órgão gestor da assistência conforme Tipificação Nacional de Serviços
social, que também deverá ser o Socioassistenciais;
responsável pela sua ordenação de XVIII - definir os serviços
despesas, e com alocação de recursos socioassistenciais de alto custo e as
financeiros próprios; responsabilidades dos entes de
c) Plano de Assistência Social; financiamento e execução;
VII - prover a infraestrutura necessária XIX - estruturar, implantar e
ao funcionamento do conselho de implementar a Vigilância
assistência social, garantindo recursos Socioassistencial;
materiais, humanos e financeiros, inclusive XX - definir os fluxos de referência e
para as despesas referentes a passagens e contrarreferência do atendimento nos

64
Legislação Básica da Saúde

serviços socioassistenciais, com respeito às entidades e organizações, usuários e


diversidades em todas as suas formas de conselheiros de assistência social;
modo a garantir a atenção igualitária. XXXIII - criar ouvidoria do SUAS,
XXI- aprimorar a gestão do Programa preferencialmente com profissionais do
Bolsa Família e do Cadastro Único para quadro efetivo;
Programas Sociais do Governo Federal - XXXIV - atender às ações
Cadastro Único; socioassistenciais de caráter de emergência;
XXII - gerir, de forma integrada, XXXV - assessorar e apoiar as entidades
os serviços, benefícios e programas de e organizações visando à adequação dos
transferência de renda de sua competência; seus serviços, programas, projetos e
XXIII - regulamentar os benefícios benefícios de assistência social às normas
eventuais em consonância com as do SUAS.
deliberações do CNAS;
XXIV - implementar os protocolos Art. 13. São responsabilidades da União:
pactuados na CIT; I - responder pela concessão e
XXV - promover a articulação manutenção do Benefício de Prestação
intersetorial do SUAS com as demais Continuada - BPC definido no art. 203 da
políticas públicas e o sistema de garantia de Constituição Federal;
direitos; II - coordenar a gestão do BPC,
XXVI - desenvolver, participar e apoiar promovendo estratégias de articulação com
a realização de estudos, pesquisas e os serviços, programas e projetos
diagnósticos relacionados à política de socioassistenciais e demais políticas
assistência social, em especial para setoriais;
fundamentar a análise de situações de III - regulamentar e cofinanciar, em
vulnerabilidade e risco dos territórios e o âmbito nacional, por meio de transferência
equacionamento da oferta de serviços em regular e automática, na modalidade fundo
conformidade com a tipificação nacional; a fundo, o aprimoramento da gestão, dos
XXVII - implantar sistema de serviços, programas e projetos de proteção
informação, acompanhamento, social básica e especial, para prevenir e
monitoramento e avaliação para promover reverter situações de vulnerabilidade social
o aprimoramento, qualificação e integração e riscos;
contínuos dos serviços da rede IV - realizar o monitoramento e a
socioassistencial, conforme Pacto de avaliação da política de assistência social e
Aprimoramento do SUAS e Plano de assessorar os Estados, o Distrito Federal e
Assistência Social; os Municípios para seu desenvolvimento;
XXVIII - manter atualizado o conjunto V - garantir condições financeiras,
de aplicativos do Sistema de Informação do materiais e estruturais para o efetivo
Sistema Único de Assistência Social Rede funcionamento da CIT e do CNAS;
SUAS; VI - regular o acesso às seguranças de
XXIX - definir, em seu nível de proteção social, conforme estabelecem a
competência, os indicadores necessários ao Política Nacional de Assistência Social
processo de acompanhamento, PNAS e esta NOB SUAS;
monitoramento e avaliação; VII - definir as condições e o modo de
XXX - elaborar, implantar e executar a acesso aos direitos socioassistenciais,
política de recursos humanos, de acordo visando à sua universalização;
com a NOB/RH - SUAS; VIII- propor diretrizes para a prestação
XXXI - implementar a gestão do dos serviços socioassistenciais, pactuá-las
trabalho e a educação permanente; com os Estados, o Distrito Federal e os
XXXII - instituir e garantir capacitação Municípios e submetê-las à aprovação do
para gestores, trabalhadores, dirigentes de CNAS;

65
Legislação Básica da Saúde

IX - orientar, acompanhar e monitorar a Gestão Descentralizada do Programa Bolsa


implementação dos serviços Família IGD PBF e do Índice de Gestão
socioassistenciais tipificados Descentralizada do Sistema Único de
nacionalmente, objetivando a sua Assistência Social - IGDSUAS, para a
qualidade; utilização no âmbito dos Estados, do
X - apoiar técnica e financeiramente os Distrito Federal e dos Municípios,
Estados, o Distrito Federal e os Municípios conforme definido no §2º, art. 8º da Lei
na implementação dos serviços, programas, 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e no art.
projetos e benefícios de proteção social 12-A da Lei nº 8.742, de 1993.
básica e especial, dos projetos de
enfrentamento da pobreza e das ações Art. 15. São responsabilidades dos
socioassistenciais de caráter emergencial; Estados:
XI - coordenar e gerir a Rede SUAS; I - destinar recursos financeiros aos
XII - coordenar em nível nacional o Municípios, a título de participação no
Cadastro Único e o Programa Bolsa custeio do pagamento dos benefícios
Família; eventuais de que trata o art. 22, da LOAS,
XIII - apoiar técnica e financeiramente mediante critérios estabelecidos pelo
os Estados, e o Distrito Federal e Conselho Estadual de Assistência Social
Municípios na implantação da vigilância CEAS;
socioassistencial; II - cofinanciar, por meio de
XIV- elaborar plano de apoio aos transferência regular e automática, na
Estados e Distrito Federal com pendências modalidade fundo a fundo os serviços,
e irregularidades junto ao SUAS, para programas, projetos e benefícios eventuais
cumprimento do plano de providências; e o aprimoramento da gestão, em âmbito
XV - coordenar e manter atualizado regional e local;
cadastro de entidades de assistência social, III - estimular e apoiar técnica e
de que trata o inciso XI, do art. 19, da financeiramente as associações e
LOAS, em articulação com os Estados, o consórcios municipais na prestação de
Distrito Federal e os Municípios; serviços de assistência social;
XVI - decidir sobre a concessão e IV - organizar, coordenar e prestar
renovação da certificação de entidade serviços regionalizados da proteção social
beneficente de assistência social no âmbito especial de média e alta complexidade, de
da assistência social; acordo com o diagnóstico socioterritorial e
XVII - reconhecer as entidades e os critérios pactuados na CIB e deliberados
organizações integrantes da rede pelo CEAS;
socioassistencial, por meio do vínculo V - realizar o monitoramento e a
SUAS; avaliação da política de assistência social
XVIII - apoiar técnica e financeiramente em sua esfera de abrangência e assessorar
as entidades de representação nacional dos os Municípios para seu desenvolvimento;
secretários estaduais e municipais de VI - garantir condições financeiras,
assistência social; materiais e estruturais para o
XIX - normatizar o §3º do art. 6º- B da funcionamento efetivo da CIB e do CEAS;
LOAS. VII - apoiar técnica e financeiramente os
Municípios na implantação e na
Art. 14. A União apoiará organização dos serviços, programas,
financeiramente o aprimoramento à gestão projetos e benefícios socioassistenciais;
descentralizada do Programa Bolsa Família VIII- apoiar técnica e financeiramente
e dos serviços, programas, projetos e os Municípios para a implantação e gestão
benefícios de assistência social, do SUAS, Cadastro Único e Programa
respectivamente, por meio do Índice de Bolsa Família;

66
Legislação Básica da Saúde

IX - apoiar técnica e financeiramente os de contas;


Municípios na implantação da vigilância XIX- aprimorar os equipamentos e
socioassistencial; serviços socioassistenciais, observando os
X - municipalizar os serviços de indicadores de monitoramento e avaliação
proteção social básica executados pactuados;
diretamente pelos Estados, assegurando seu XX - alimentar o Censo do Sistema
cofinanciamento, com exceção dos serviços Único de Assistência Social Censo
socioassistenciais prestados no distrito SUAS;
estadual de Pernambuco, Fernando de XXI- instituir plano estadual de
Noronha, até que este seja emancipado; capacitação e educação permanente;
XI - coordenar o processo de definição XXII - acompanhar o sistema de
dos fluxos de referência e contrarreferência cadastro de entidades e organizações de
dos serviços regionalizados, acordado com assistência social, de que trata o inciso XI,
os Municípios e pactuado na CIB; do art. 19, da LOAS, em articulação com os
XII - organizar, coordenar, articular, Municípios de sua área de abrangência;
acompanhar e monitorar a rede XXIII - apoiar técnica e financeiramente
socioassistencial nos âmbitos estadual e entidade de representação estadual dos
regional; secretários municipais de assistência social.
XIII- instituir ações preventivas e XXIV - normatizar, em seu âmbito, o
proativas de acompanhamento aos financiamento integral dos serviços,
Municípios no cumprimento das programas, projetos e benefícios de
normativas do SUAS, para o assistência social ofertados pelas entidades
aprimoramento da gestão, dos serviços, vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art.
programas, projetos e benefícios 6º- B da LOAS e sua regulamentação em
socioassistenciais pactuados âmbito federal.
nacionalmente;
XIV- participar dos mecanismos formais Art. 16. São responsabilidades do
de cooperação intergovernamental que Distrito Federal:
viabilizem técnica e financeiramente os I - destinar recursos financeiros para
serviços de referência regional, definindo custeio dos benefícios eventuais de que
as competências na gestão e no trata o art. 22, da LOAS, mediante critérios
cofinanciamento, a serem pactuadas na e prazos estabelecidos pelo Conselho de
CIB; Assistência Social do Distrito Federal -
XV - elaborar plano de apoio aos CASDF;
Municípios com pendências e II - efetuar o pagamento do auxílio-
irregularidades junto ao SUAS, para natalidade e o auxílio-funeral;
cumprimento do plano de providências III - executar os projetos de
acordado nas respectivas instâncias de enfrentamento da pobreza, incluindo a
pactuação e deliberação; XVI - elaborar e parceria com organizações da sociedade
cumprir o plano de providências, no caso de civil;
pendências e irregularidades do Estado IV - atender às ações socioassistenciais
junto ao SUAS, aprovado no CEAS e de caráter de emergência;
pactuado na CIT; V - prestar os serviços socioassistenciais
XVII - prestar as informações de que trata o art. 23, da LOAS;
necessárias para a União no VI - cofinanciar o aprimoramento da
acompanhamento da gestão estadual; gestão, dos serviços, programas e projetos
XVIII - zelar pela boa e regular execução de assistência social em âmbito local;
dos recursos da União transferidos aos VII - realizar o monitoramento e a
Estados, executados direta ou indiretamente avaliação da política de assistência social
por este, inclusive no que tange à prestação em seu âmbito;

67
Legislação Básica da Saúde

VIII - aprimorar os equipamentos e de organização, reconhecendo o


serviços socioassistenciais, observando os pertencimento das entidades de assistência
indicadores de monitoramento e avaliação social como integrantes da rede
pactuados; socioassistencial em âmbito local.
IX - organizar a oferta de serviços de XXI normatizar, em seu âmbito, o
forma territorializada, em áreas de maior financiamento integral dos serviços,
vulnerabilidade e risco, de acordo com o programas, projetos e benefícios de
diagnóstico socioterritorial, construindo assistência social ofertados pelas entidades
arranjo institucional que permita envolver vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art.
os Municípios da Região Integrada de 6-B da LOAS e sua regulamentação em
Desenvolvimento do Distrito Federal e âmbito federal.
Entorno - RIDE;
X - organizar, coordenar, articular, Art. 17. São responsabilidades dos
acompanhar e monitorar a rede de serviços Municípios:
da proteção social básica e especial; I - destinar recursos financeiros para
XI - participar dos mecanismos formais custeio dos benefícios eventuais de que
de cooperação intergovernamental que trata o art. 22, da LOAS, mediante critérios
viabilizem técnica e financeiramente os estabelecidos pelos Conselhos Municipais
serviços de referência regional, definindo de Assistência Social - CMAS;
as competências na gestão e no II - efetuar o pagamento do auxílio-
cofinanciamento, a serem pactuadas na natalidade e o auxílio-funeral;
CIT; III - executar os projetos de
XII - realizar a gestão local do BPC, enfrentamento da pobreza, incluindo a
garantindo aos seus beneficiários e famílias parceria com organizações da sociedade
o acesso aos serviços, programas e projetos civil;
da rede socioassistencial; IV - atender às ações socioassistenciais
XIII - alimentar o Censo SUAS; de caráter de emergência;
XIV - gerir, no âmbito do Distrito V - prestar os serviços socioassistenciais
Federal, o Cadastro Único e o Programa de que trata o art. 23, da LOAS;
Bolsa Família, nos termos do §1º do art. 8° VI - cofinanciar o aprimoramento da
da Lei nº 10.836, de 2004; gestão e dos serviços, programas e projetos
XV - elaborar e cumprir o plano de de assistência social, em âmbito local;
providências, no caso de pendências e VII - realizar o monitoramento e a
irregularidades junto ao SUAS, aprovado avaliação da política de assistência social
pelo CASDF e pactuado na CIT; em seu âmbito;
XVI - prestar as informações necessárias VIII - aprimorar os equipamentos e
para a União no acompanhamento da gestão serviços socioassistenciais, observando os
do Distrito Federal; indicadores de monitoramento e avaliação
XVII - instituir plano de capacitação e pactuados;
educação permanente do Distrito Federal; IX - organizar a oferta de serviços de
XVIII - zelar pela boa e regular forma territorializada, em áreas de maior
execução, direta ou indireta, dos recursos vulnerabilidade e risco, de acordo com o
da União transferidos ao Distrito Federal, diagnóstico socioterritorial;
inclusive no que tange à prestação de X - organizar, coordenar, articular,
contas; acompanhar e monitorar a rede de serviços
XIX - proceder o preenchimento do da proteção social básica e especial;
sistema de cadastro de entidades e XI - alimentar o Censo SUAS;
organizações de assistência social de que XII - assumir as atribuições, no que lhe
trata o inciso XI do art. 19 da LOAS; couber, no processo de municipalização dos
XX - viabilizar estratégias e mecanismos serviços de proteção social básica;

68
Legislação Básica da Saúde

XIII - participar dos mecanismos Art. 18. O Plano de Assistência Social,


formais de cooperação intergovernamental de que trata o art. 30 da LOAS, é um
que viabilizem técnica e financeiramente os instrumento de planejamento estratégico
serviços de referência regional, definindo que organiza, regula e norteia a execução da
as competências na gestão e no PNAS na perspectiva do SUAS.
cofinanciamento, a serem pactuadas na §1º A elaboração do Plano de
CIB; Assistência Social é de responsabilidade do
XIV - realizar a gestão local do BPC, órgão gestor da política que o submete à
garantindo aos seus beneficiários e famílias aprovação do conselho de assistência
o acesso aos serviços, programas e projetos social.
da rede socioassistencial; §2º A estrutura do plano é composta por,
XV - gerir, no âmbito municipal, o dentre outros:
Cadastro Único e o Programa Bolsa I - diagnóstico socioterritorial;
Família, nos termos do §1º do art. 8° da Lei II - objetivos gerais e específicos;
nº 10.836 de 2004; III - diretrizes e prioridades deliberadas;
XVI - elaborar e cumprir o plano de IV - ações e estratégias correspondentes
providências, no caso de pendências e para sua implementação;
irregularidades do Município junto ao V - metas estabelecidas;
SUAS, aprovado pelo CMAS e pactuado na VI - resultados e impactos esperados;
CIB; VII - recursos materiais, humanos e
XVII - prestar informações que financeiros disponíveis e necessários;
subsidiem o acompanhamento estadual e VIII - mecanismos e fontes de
federal da gestão municipal; financiamento;
XVIII - zelar pela execução direta ou IX - cobertura da rede prestadora de
indireta dos recursos transferidos pela serviços;
União e pelos Estados aos Municípios, X - indicadores de monitoramento e
inclusive no que tange a prestação de avaliação;
contas; XI - espaço temporal de execução;
XIX - proceder o preenchimento do
sistema de cadastro de entidades e Art. 19. A União, os Estados, o Distrito
organizações de assistência social de que Federal e os Municípios deverão elaborar
trata o inciso XI do art. 19 da LOAS; os respectivos Planos de Assistência Social
XX - viabilizar estratégias e mecanismos a cada 4 (quatro) anos, de acordo com os
de organização para aferir o pertencimento períodos de elaboração do Plano Plurianual
à rede socioassistencial, em âmbito local, - PPA.
de serviços, programas, projetos e
benefícios socioassistenciais ofertados Art. 20. A realização de diagnóstico
pelas entidades e organizações de acordo socioterritorial, a cada quadriênio, compõe
com as normativas federais. a elaboração dos Planos de Assistência
XXI - normatizar, em âmbito local, o Social em cada esfera de governo.
financiamento integral dos serviços, Parágrafo único. O diagnóstico tem por
programas, projetos e benefícios de base o conhecimento da realidade a partir
assistência social ofertados pelas entidades da leitura dos territórios, microterritórios ou
vinculadas ao SUAS, conforme §3º do art. outros recortes socioterritoriais que
6º B da LOAS e sua regulamentação em possibilitem identificar as dinâmicas
âmbito federal. sociais, econômicas, políticas e culturais
que os caracterizam, reconhecendo as suas
CAPÍTULO III demandas e potencialidades.
PLANOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 21. A realização de diagnóstico

69
Legislação Básica da Saúde

socioterritorial requer: instrumentos;


I - processo contínuo de investigação das III - publicação de materiais
situações de risco e vulnerabilidade social informativos e de orientações técnicas;
presentes nos territórios, acompanhado da IV - assessoramento e acompanhamento;
interpretação e análise da realidade V - incentivos financeiros.
socioterritorial e das demandas sociais que
estão em constante mutação, estabelecendo CAPÍTULO IV
relações e avaliações de resultados e de PACTO DE APRIMORAMENTO DO
impacto das ações planejadas; SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
II - identificação da rede SOCIAL
socioassistencial disponível no território,
bem como de outras políticas públicas, com Art. 23. O Pacto de Aprimoramento do
a finalidade de planejar a articulação das SUAS firmado entre a União, os Estados, o
ações em resposta às demandas Distrito Federal e os Municípios é o
identificadas e a implantação de serviços e instrumento pelo qual se materializam as
equipamentos necessários; metas e as prioridades nacionais no âmbito
III - reconhecimento da oferta e da do SUAS, e se constitui em mecanismo de
demanda por serviços socioassistenciais e indução do aprimoramento da gestão, dos
definição de territórios prioritários para a serviços, programas, projetos e benefícios
atuação da política de assistência social. socioassistenciais.
IV - utilização de dados territorializados §1º A periodicidade de elaboração do
disponíveis nos sistemas oficiais de Pacto será quadrienal, com o
informações. acompanhamento e a revisão anual das
Parágrafo único. Consideram-se prioridades e metas estabelecidas.
sistemas oficiais de informações aqueles §2º A pactuação das prioridades e metas
utilizados no âmbito do SUAS, ainda que se dará no último ano de vigência do PPA
oriundos de outros órgãos da administração de cada ente federativo.
pública. §3º A União deverá pactuar na CIT, no
último ano de vigência do PPA de cada ente
Art. 22. Os Planos de Assistência Social, federativo, a cada 4 (quatro anos), as
além do que estabelece o §2º do art. 18 prioridades e metas nacionais para Estados,
desta Norma, devem observar: Distrito Federal e Municípios.
I - deliberações das conferências de §4º Os Estados deverão pactuar nas
assistência social para a União, os Estados, CIBs, no último ano de vigência do PPA
o Distrito Federal e os Municípios; dos Municípios, a cada 4 (quatro) anos, as
II - metas nacionais pactuadas, que prioridades e metas regionais e estaduais
expressam o compromisso para o para os municípios, que devem guardar
aprimoramento do SUAS para a União, os consonância com as prioridades e metas
Estados, o Distrito Federal e os Municípios; nacionais.
III - metas estaduais pactuadas que §5º A revisão das prioridades e metas
expressam o compromisso para o ocorrerá anualmente, sob proposição do
aprimoramento do SUAS para Estados e Ministério do Desenvolvimento Social e
Municípios; Combate à Fome - MDS, pactuadas na CIT,
IV - ações articuladas e intersetoriais; a partir de alterações de indicadores
V - ações de apoio técnico e financeiro à identificados nos sistemas nacionais de
gestão descentralizada do SUAS. estatística, Censo SUAS, Rede SUAS e
Parágrafo único. O apoio técnico e outros sistemas do MDS.
financeiro compreende, entre outras ações: §6º O Pacto e o Plano de Assistência
I - capacitação; Social devem guardar correlação entre si.
II - elaboração de normas e §7º A União e os Estados acompanharão

70
Legislação Básica da Saúde

a realização das prioridades e das metas estatística.


contidas no Pacto. §1º Os indicadores nacionais serão
§8º A primeira pactuação das instituídos pelo MDS.
prioridades e metas se dará para: §2º Serão incorporados
I Os Estados e o Distrito Federal no progressivamente novos indicadores e
exercício de 2015, com vigência para o dimensões, na medida em que ocorrerem
quadriênio de 2016/2019. II - Os novas pactuações.
Municípios no exercício de 2013, com
vigência para o quadriênio de 2014/2017. SEÇÃO II
NÍVEIS DE GESTÃO
Art. 24. O Pacto de Aprimoramento do
SUAS compreende: Art. 28. Os Estados, o Distrito Federal e
I - definição de indicadores; os Municípios serão agrupados em níveis
II - definição de níveis de gestão; de gestão, a partir da apuração do Índice de
III - fixação de prioridades e metas de Desenvolvimento do SUAS - ID SUAS,
aprimoramento da gestão, dos serviços, consoante ao estágio de organização do
programas, projetos e benefícios SUAS em âmbito local, estadual e distrital.
socioassistenciais do SUAS; Parágrafo único. O ID SUAS será
IV - planejamento para o alcance de composto por um conjunto de indicadores
metas de aprimoramento da gestão, dos de gestão, serviços, programas, projetos e
serviços, programas, projetos e benefícios benefícios socioassistenciais apurados a
socioassistenciais do SUAS; partir do Censo SUAS, sistemas da Rede
V - apoio entre a União, os Estados, o SUAS e outros sistemas do MDS.
Distrito Federal e os Municípios, para o
alcance das metas pactuadas; e Art. 29. Os níveis de gestão
VI - adoção de mecanismos de correspondem à escala de aprimoramento,
acompanhamento e avaliação. na qual a base representa os níveis iniciais
de implantação do SUAS e o ápice
Art. 25. A realização do Pacto de corresponde aos seus níveis mais
Aprimoramento do SUAS se dará a partir avançados, de acordo com as normativas
da definição das prioridades e metas em vigor.
nacionais para cada quadriênio e do
preenchimento do instrumento que Art. 30. Os níveis de gestão são
materializa o planejamento para o alcance dinâmicos e as mudanças ocorrerão
das metas. automaticamente na medida em que o ente
federativo, quando da apuração anual do ID
Art. 26. As prioridades e metas nacionais SUAS, demonstrar o alcance de estágio
referentes a públicos, vulnerabilidade e mais avançado ou o retrocesso a estágio
riscos específicos poderão ser objeto de anterior de organização do SUAS.
pactuação própria.
SEÇÃO III
SEÇÃO I PRIORIDADES E METAS DE
INDICADORES APRIMORAMENTO DO SUAS

Art. 27. Os indicadores que orientam o Art. 31. As prioridades e metas nacionais
processo de planejamento para o alcance de serão pactuadas a cada 4 (quatro) anos na
metas de aprimoramento do SUAS serão CIT, conforme prevê o §1º do art.23, com
apurados anualmente, a partir das base nos indicadores apurados anualmente,
informações prestadas nos sistemas oficiais a partir das informações prestadas nos
de informações e sistemas nacionais de sistemas de informações oficiais do MDS e

71
Legislação Básica da Saúde

sistemas nacionais de estatística, que Estados, pelo Distrito Federal e pelos


nortearão a elaboração dos Pactos de Municípios, para aferição da execução do
Aprimoramento do SUAS. planejamento que visa o alcance das
respectivas metas.
SEÇÃO IV Parágrafo único. O acompanhamento
ALCANCE DAS METAS DE dos Pactos de Aprimoramento do SUAS,
APRIMORAMENTO DO SUAS que estará a cargo da União e dos Estados,
deverá orientar o apoio técnico e financeiro
Art. 32. O planejamento para alcance das à gestão descentralizada para o alcance das
metas de aprimoramento do SUAS será metas de aprimoramento da gestão, dos
realizado por meio de ferramenta serviços, programas, projetos e benefícios
informatizada, a ser disponibilizada pela socioassistenciais do SUAS.
União.
§1º Os conselhos de assistência social CAPÍTULO V
deliberarão acerca do planejamento para o PROCESSO DE
alcance das metas. ACOMPANHAMENTO NO SUAS
§2º A resolução do respectivo conselho
de assistência social referente à aprovação Art. 36. O processo de acompanhamento
ou revisão do planejamento para alcance de da gestão, dos serviços, programas, projetos
metas deverá ser publicada em diário oficial e benefícios socioassistenciais do SUAS,
ou jornal de grande circulação. realizado pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal e pelos Municípios objetiva
SEÇÃO V a verificação:
ACOMPANHAMENTO E I - do alcance das metas de pactuação
AVALIAÇÃO DO ALCANCE DAS nacional e estadual e dos indicadores do
METAS DE APRIMORAMENTO DO SUAS, visando ao reordenamento e à
SUAS qualificação da gestão, dos serviços,
programas, projetos e benefícios
Art. 33. O acompanhamento e a socioassistenciais;
avaliação do Pacto de Aprimoramento do II - da observância das normativas do
SUAS tem por objetivo observar o SUAS.
cumprimento do seu conteúdo e a §1º O processo de acompanhamento se
efetivação dos compromissos assumidos dará pela União aos Estados e Distrito
entre a União, os Estados, o Distrito Federal Federal e pelos Estados aos respectivos
e os Municípios para a melhoria contínua da Municípios.
gestão, dos serviços, programas, projetos e §2º O processo de acompanhamento de
benefícios socioassistenciais, visando à sua que trata o caput se dará por meio do:
adequação gradativa aos padrões I - monitoramento do SUAS;
estabelecidos pelo SUAS. II - visitas técnicas;
III - análise de dados do Censo SUAS,
Art. 34. O acompanhamento e a da Rede SUAS e de outros sistemas do
avaliação possibilitam o acesso às MDS ou dos Estados;
informações sobre a execução das ações IV - apuração de denúncias;
planejadas, as dificuldades encontradas e os V - fiscalizações e auditorias;
resultados alcançados, favorecendo a VI - outros que vierem a ser instituídos.
revisão e a tomada de decisões pelo gestor. §3º A União realizará o monitoramento
e a avaliação da política de assistência
Art. 35. As informações referentes ao social e assessorará os Estados, o Distrito
acompanhamento e à avaliação serão Federal e os Municípios para seu
atualizadas anualmente pela União, pelos desenvolvimento.

72
Legislação Básica da Saúde

Federal e dos Municípios na execução do


Art. 37. Os processos de previsto nas normativas vigentes, no
acompanhamento desencadearão ações que alcance das metas de pactuação nacional e
objetivam a resolução de dificuldades na melhoria dos indicadores do SUAS
encontradas, o aprimoramento e a objetivam solucionar as falhas identificadas
qualificação da gestão, dos serviços, e completar o ciclo do processo de
programas, projetos e benefícios acompanhamento.
socioassistenciais do SUAS, quais sejam:
I - proativas e preventivas; §1º O processo de acompanhamento
II - de superação das dificuldades adotará como instrumentos de
encontradas; assessoramento os planos de providências e
III - de avaliação da execução do plano de apoio.
de providências e medidas adotadas. §2º As ações para a superação de
Parágrafo único. As ações de que trata o dificuldades dos entes federativos
caput destinam-se à União, aos Estados, ao consistem no planejamento que envolva o
Distrito Federal, aos Municípios e à rede gestor local, o Estado e a União na
socioassistencial. resolução definitiva dos problemas.

Art. 38. As ações de acompanhamento Art. 40. O Plano de Providências


proativas e preventivas consistem em constitui-se em instrumento de
procedimentos adotados na prestação de planejamento das ações para a superação de
apoio técnico para o aprimoramento da dificuldades dos entes federados na gestão
gestão, dos serviços, programas, projetos e e execução dos serviços, programas,
benefícios socioassistenciais, conforme projetos e benefícios socioassistenciais, a
previsto nas normativas do SUAS e nas ser elaborado pelos Estados, Distrito
pactuações nacionais e estaduais, Federal e Municípios, com atribuições,
prevenindo a ocorrência de situações dentre outras, de:
inadequadas. I - identificar as dificuldades apontadas
§1º Os procedimentos adotados no nos relatórios de auditorias, nas denúncias,
acompanhamento proativo e preventivo no Censo SUAS, entre outros;
poderão desencadear: I - o contato II - definir ações para superação das
periódico, presencial ou não, da União com dificuldades encontradas;
o Distrito Federal e os Estados e destes com III - indicar os responsáveis por cada
os respectivos Municípios; ação e estabelecer prazos para seu
II - o monitoramento presencial cumprimento.
sistemático da rede socioassistencial dos §1º Os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios e do Distrito Federal; III - a Municípios elaborarão seus Planos de
verificação anual do alcance de metas e de Providências, que serão:
indicadores do SUAS e da observância das I - aprovados pelos CMAS e pactuados
normativas vigentes; nas CIBs no âmbito dos Municípios;
IV outros procedimentos. II - aprovados pelos CEAS e pactuados
§2º Os órgãos gestores da política de na CIT no âmbito dos Estados;
assistência social deverão, como parte do III - aprovado pelo CASDF e pactuado
processo proativo e preventivo, elaborar na CIT no âmbito do Distrito Federal.
instrumentos informativos e publicizá-los §2º A execução dos Planos de
amplamente, para subsidiar o Providências será acompanhada:
aprimoramento do SUAS. I - pelos respectivos conselhos de
assistência social e pelo Estado quanto aos
Art. 39. As ações para a superação das seus Municípios;
dificuldades dos Estados, do Distrito II - pelos respectivos conselhos de

73
Legislação Básica da Saúde

assistência social e pela União quanto aos do cofinanciamento;


Estados e Distrito Federal; IV - descredenciamento do equipamento
§3º O prazo de vigência do Plano de da rede socioassistencial.
Providências será estabelecido de acordo §2º O gestor federal comunicará ao
com cada caso, sendo considerado gestor estadual, do Distrito Federal ou
concluído após a realização de todas as municipal as medidas administrativas
ações previstas. adotadas pelo não cumprimento das metas
§4º A União acompanhará a execução do e ações do Plano de Providências.
Plano de Providências dos Estados, do §3º O Fundo Nacional de Assistência
Distrito Federal e dos Municípios por meio Social - FNAS comunicará as Câmaras de
de aplicativos informatizados. Vereadores e às Assembleias Legislativas
os casos de suspensão de recursos
Art. 41. O Plano de Apoio decorre do financeiros.
Plano de Providências dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios e consiste Art. 43. A CIT pactuará as normas
no instrumento de planejamento do complementares necessárias para a
assessoramento técnico e, quando for o execução do processo de acompanhamento
caso, financeiro, para a superação das pela União, pelos Estados, pelo Distrito
dificuldades dos entes federados na gestão Federal e pelos Municípios.
e execução dos serviços, programas,
projetos e benefícios socioassistenciais. CAPÍTULO VI
§1º O Plano de Apoio contém as ações GESTÃO FINANCEIRA E
de acompanhamento, assessoramento ORÇAMENTÁRIA DO SISTEMA
técnico e financeiro prestadas de acordo ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
com as metas estabelecidas no Plano de
Providências e deve ser: Art. 44. São instrumentos da gestão
I - elaborado: financeira e orçamentária do SUAS o
a) pelo Estado quanto aos seus orçamento da assistência social e os fundos
Municípios; de assistência social.
b) pela União quanto aos Estados e ao
Distrito Federal. Art. 45. A gestão financeira e
II - encaminhado para pactuação na CIB orçamentária da assistência social implica
ou CIT, de acordo com o envolvimento e a na observância dos princípios da
responsabilidade de cada ente federativo. administração pública, em especial: a
legalidade, a impessoalidade, a moralidade,
Art. 42. O descumprimento do Plano de a publicidade e a eficiência.
Providências e de Apoio pelos Estados,
Distrito Federal e Municípios será SEÇÃO I
comunicado aos respectivos conselhos de ORÇAMENTO DA ASSISTÊNCIA
assistência social e acarretará a aplicação de SOCIAL
medidas administrativas pela União na
forma a ser definida em norma específica. Art. 46. O orçamento é instrumento da
§1º Constituem medidas administração pública indispensável para a
administrativas: gestão da política de assistência social e
I - comunicação ao Ministério Público expressa o planejamento financeiro das
para tomada de providências cabíveis; funções de gestão e da prestação de
II - exclusão das expansões de serviços, programas, projetos e benefícios
cofinanciamento dos serviços socioassistenciais à população usuária.
socioassistenciais e equipamentos públicos; Parágrafo único. A elaboração da peça
III bloqueio ou suspensão dos recursos orçamentária requer:

74
Legislação Básica da Saúde

I - a definição de diretrizes, objetivos e ajuste na execução do orçamento público às


metas; contingências operacionais e à
II - a previsão da organização das ações; disponibilidade efetiva de recursos;
III - a provisão de recursos; XII - programação: o orçamento público
IV - a definição da forma de deve expressar o programa de trabalho
acompanhamento das ações; e detalhado concernente à atuação do setor
V - a revisão crítica das propostas, dos público durante a execução orçamentária;
processos e dos resultados. XIII- regionalização: o orçamento
público deve ser elaborado sobre a base
Art. 47. Constituem princípios do territorial com o maior nível de
orçamento público: especificação possível, de forma a reduzir
I - anualidade: o orçamento público deve as desigualdades inter-regionais, segundo
ser elaborado pelo período de um ano, critério populacional.
coincidente com o ano civil;
II - clareza: o orçamento público deve SEÇÃO II
ser apresentado em linguagem clara e FUNDOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
compreensível a todos; III - especialidade:
as receitas e as despesas devem constar de Art. 48. Os fundos de assistência social
maneira discriminada, pormenorizando a são instrumentos de gestão orçamentária e
origem dos recursos e a sua aplicação; financeira da União, dos Estados, do
IV - exclusividade: o orçamento público Distrito Federal e dos Municípios, nos quais
não deve conter matéria estranha à previsão devem ser alocadas as receitas e executadas
da receita e à fixação da despesa, as despesas relativas ao conjunto de ações,
ressalvadas as exceções legais; serviços, programas, projetos e benefícios
V - legalidade: a arrecadação de receitas de assistência social.
e a execução de despesas pelo setor público §1º Cabe ao órgão da administração
devem ser precedidas de expressa pública responsável pela coordenação da
autorização legislativa; Política de Assistência Social na União, nos
VI - publicidade: deve ser permitido o Estados, no Distrito Federal e nos
amplo acesso da sociedade a todas as Municípios gerir o Fundo de Assistência
informações relativas ao orçamento Social, sob orientação e controle dos
público; respectivos Conselhos de Assistência
VII - unidade: o orçamento público deve Social.
ser elaborado com base numa mesma §2º Caracterizam-se como fundos
política orçamentária, estruturado de modo especiais e se constituem em unidades
uniforme, sendo vedada toda forma de orçamentárias e gestoras, na forma da Lei
orçamentos paralelos; nº 4.320, de 17 de março de 1964, cabendo
VIII - universalidade: todas as receitas e o seu gerenciamento aos órgãos
despesas devem ser incluídas na lei responsáveis pela coordenação da política
orçamentária; de assistência social.
IX - equilíbrio: o orçamento público §3º Devem ser inscritos no Cadastro
deve possuir equilíbrio financeiro entre Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ, na
receita e despesa; condição de Matriz, na forma das
X - exatidão: as estimativas Instruções Normativas da Receita Federal
orçamentárias devem ser tão exatas quanto do Brasil em vigor, com o intuito de
possível, a fim de se dotar o orçamento da assegurar maior transparência na
consistência necessária, para que possa ser identificação e no controle das contas a eles
empregado como instrumento de gerência, vinculadas, sem, com isso, caracterizar
programação e controle; autonomia administrativa e de gestão.
XI - flexibilidade: possibilidade de §4º Os recursos previstos no orçamento

75
Legislação Básica da Saúde

para a política de assistência social devem II - a participação orçamentária e


ser alocados e executados nos respectivos financeira de todos os entes federativos;
fundos. III - a implantação e a implementação
§5º Todo o recurso repassado aos das transferências de recursos por meio de
Fundos seja pela União ou pelos Estados e repasses na modalidade fundo a fundo, de
os recursos provenientes dos tesouros forma regular e automática;
estaduais, municipais ou do Distrito Federal IV - o financiamento contínuo de
deverão ter a sua execução orçamentária e benefícios e de serviços socioassistenciais
financeira realizada pelos respectivos tipificados nacionalmente;
fundos. V - o estabelecimento de pisos para os
serviços socioassistenciais e de incentivos
Art. 49. As despesas realizadas com para a gestão;
recursos financeiros recebidos na VI - a adoção de critérios transparentes
modalidade fundo a fundo devem atender de partilha de recursos, pactuados nas
às exigências legais concernentes ao Comissões Intergestores e deliberados
processamento, empenho, liquidação e pelos respectivos Conselhos de Assistência
efetivação do pagamento, mantendo-se a Social;
respectiva documentação administrativa e VII - o financiamento de programas e
fiscal pelo período legalmente exigido. projetos.
Parágrafo único. Os documentos
comprobatórios das despesas de que trata o Art. 52. São requisitos mínimos para que
caput, tais como notas fiscais, recibos, os Estados, o Distrito Federal e os
faturas, dentre outros legalmente aceitos, Municípios recebam os recursos referentes
deverão ser arquivados preferencialmente ao cofinanciamento federal, de acordo com
na sede da unidade pagadora do Estado, o art. 30, da LOAS:
Distrito Federal ou Município, em boa I - conselho de assistência social
conservação, identificados e à disposição instituído e em funcionamento;
do órgão repassador e dos órgãos de II - plano de assistência social elaborado
controle interno e externo. e aprovado pelo conselho de assistência
social; III - fundo de assistência social
SEÇÃO III criado em lei e implantado; e IV - alocação
COFINANCIAMENTO NO SISTEMA de recursos próprios no fundo de assistência
ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL social.

Art. 50. O modelo de gestão preconizado Art. 53. Os Municípios e o Distrito


pelo SUAS prevê o financiamento Federal devem destinar recursos próprios
compartilhado entre a União, os Estados, o para o cumprimento de suas
Distrito Federal e os Municípios e é responsabilidades, em especial:
viabilizado por meio de transferências I - custeio dos benefícios eventuais;
regulares e automáticas entre os fundos de II - cofinanciamento dos serviços,
assistência social, observando-se a programas e projetos socioassistenciais sob
obrigatoriedade da destinação e alocação de sua gestão;
recursos próprios pelos respectivos entes. III - atendimento às situações
emergenciais;
Art. 51. O cofinanciamento na gestão IV - execução dos projetos de
compartilhada do SUAS tem por enfrentamento da pobreza;
pressupostos: V - provimento de infraestrutura
I - a definição e o cumprimento das necessária ao funcionamento do Conselho
competências e responsabilidades dos entes de Assistência Social Municipal ou do
federativos; Distrito Federal.

76
Legislação Básica da Saúde

Parágrafo único. Os Municípios e o do SUAS, poderá ser realizado por meio de


Distrito Federal, quando instituírem Blocos de Financiamento.
programas de transferência de renda, Parágrafo único. Consideram-se Blocos
poderão fazê-lo, preferencialmente, de Financiamento o conjunto de recursos
integrados ao Programa Bolsa Família. destinados aos serviços, programas e
projetos, devidamente tipificados e
Art. 54. Os Estados devem destinar agrupados, e à sua gestão, na forma definida
recursos próprios para o cumprimento de em ato do Ministro de Estado do
suas responsabilidades, em especial para: Desenvolvimento Social e Combate à
I - a participação no custeio do Fome.
pagamento de benefícios eventuais
referentes aos respectivos municípios; Art. 57. Os Blocos de Financiamento se
II - o apoio técnico e financeiro para a destinam a cofinanciar:
prestação de serviços, programas e projetos I - as Proteções Sociais Básica e
em âmbito local e regional; Especial, em seu conjunto de serviços
III - o atendimento às situações socioassistenciais tipificados
emergenciais; nacionalmente;
IV - a prestação de serviços II - a gestão do SUAS;
regionalizados de proteção social especial III - a gestão do Programa Bolsa Família
de média e alta complexidade, quando os e do Cadastro Único; e
custos e a demanda local não justificarem a IV - outros, conforme regulamentação
implantação de serviços municipais; específica.
V - o provimento da infraestrutura §1º Os recursos referentes a cada Bloco
necessária ao funcionamento do Conselho de Financiamento somente devem ser
Estadual de Assistência Social; aplicados nas ações e nos serviços a eles
Parágrafo único. Os Estados, quando relacionados, incluindo as despesas de
instituírem programas de transferência de custeio e de investimento em equipamentos
renda, poderão fazê-lo, preferencialmente, públicos, observados os planos de
integrados ao Programa Bolsa Família. assistência social e a normatização vigente.
§2º Os repasses fundo a fundo serão
Art. 55. A União tem por efetuados para cada Bloco de
responsabilidade: Financiamento, considerando a
I - o financiamento do Benefício de especificidade de seus componentes, com
Prestação Continuada BPC; exceção dos recursos destinados a acordos
II - o financiamento do Programa Bolsa específicos de cooperação interfederativa e
Família PBF; a programas específicos que contenham
III - o apoio técnico para os Estados, o regulação própria.
Distrito Federal e os Municípios; §3º Os Blocos de Financiamento
IV - o cofinanciamento dos serviços, poderão ser desdobrados para facilitar a
programas e projetos socioassistenciais, identificação dos serviços
inclusive em casos emergenciais e de socioassistenciais para os quais se
calamidade pública. destinavam originariamente.
Parágrafo único. O cofinanciamento Art. 58. O detalhamento da forma de
federal poderá se dar sem a realização de aplicação dos repasses do cofinanciamento,
convênios, ajustes ou congêneres, desde dos critérios de partilha, da prestação de
que seja cumprido o art.30, da LOAS. contas do cofinanciamento dos serviços
socioassistenciais regionalizados de média
Art. 56. O cofinanciamento federal de e alta complexidade e de outras questões
serviços, programas e projetos de afetas à operacionalização do
assistência social e de sua gestão, no âmbito cofinanciamento será objeto de ato

77
Legislação Básica da Saúde

normativo específico. §3º Não compõem a forma de repasse


por Blocos de Financiamento de que trata o
Art. 59. Os recursos dos Blocos de caput os recursos destinados ao
Financiamento dos serviços cofinanciamento por acordos de
socioassistenciais tipificados cooperação interfederativa ou equivalente,
nacionalmente devem ser aplicados no para os quais serão aplicadas regras
mesmo nível de proteção social, básica ou específicas de transferência, a serem
especial, desde que componham a rede pactuadas e deliberadas nas instâncias
socioassistencial e que a matéria seja competentes.
deliberada pelo respectivo conselho de
assistência social. Art. 62. O cofinanciamento dos serviços
§1º A prestação dos serviços que der socioassistenciais de proteção social básica
origem à transferência dos recursos deve e especial deverá considerar fatores que
estar assegurada dentro dos padrões e elevam o custo dos serviços na Região
condições normatizados e aferida por meio Amazônica, além de outras situações e
dos indicadores definidos pelo SUAS. especificidades regionais e locais pactuadas
§2º Os recursos que formam cada Bloco na CIT e deliberados pelo CNAS.
e seus respectivos componentes,
respeitadas as especificidades, devem ser Art. 63. O cofinanciamento da Proteção
expressos em forma de memória de cálculo Social Básica tem por componentes o Piso
para registro histórico e monitoramento. Básico Fixo e o Piso Básico Variável.

Art. 60. O controle e o acompanhamento Art. 64. O Piso Básico Fixo destina-se ao
das ações e serviços subsidiados pelos acompanhamento e atendimento à família e
Blocos de Financiamento devem ser seus membros, no desenvolvimento do
efetuados por meio dos instrumentos Serviço de Proteção e Atendimento Integral
específicos adotados pelo MDS no âmbito à Família - PAIF, necessariamente ofertado
do SUAS, cabendo aos Estados, ao Distrito pelo Centro de Referência da Assistência
Federal e aos Municípios a prestação das Social CRAS.
informações de forma regular e sistemática. §1º O repasse do Piso de que trata o
caput deve se basear no número de famílias
SUBSEÇÃO I referenciadas ao CRAS.
COFINANCIAMENTO DOS §2º A capacidade de referenciamento de
SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS um CRAS está relacionada:
I - ao número de famílias do território;
Art. 61. O cofinanciamento dos serviços II - à estrutura física da unidade; e
socioassistenciais se dará por meio do III - à quantidade de profissionais que
Bloco de Financiamento da Proteção Social atuam na unidade, conforme referência da
Básica e do Bloco de Financiamento da NOB RH.
Proteção Social Especial. §3º Os CRAS serão organizados
§1º Os Blocos de Financiamento de que conforme o número de famílias a ele
trata o caput serão compostos pelo conjunto referenciadas, observando-se a seguinte
de pisos relativos a cada proteção, de divisão: I - até 2.500 famílias;
acordo com a Tipificação Nacional dos I - até 2.500 famílias;
Serviços Socioassistenciais. II - de 2.501 a 3.500 famílias;
§2º Os recursos transferidos pelos III - de 3.501 até 5.000 famílias;
Blocos de Financiamento de que trata o §4º Outras classificações poderão ser
caput, permitem a organização da rede de estabelecidos, pactuadas na CIT e
serviços local e regional, com base no deliberadas pelo CNAS.
planejamento realizado.

78
Legislação Básica da Saúde

Art. 65. O Piso Básico Variável destina- e das equipes que prestam serviços
se: volantes, serão objeto de normatização pela
I - ao cofinanciamento dos serviços União.
complementares e inerentes ao PAIF;
II - ao atendimento de demandas Art. 66. O cofinanciamento da Proteção
específicas do território; Social Especial tem por componentes:
III - ao cofinanciamento de outros I - Média Complexidade:
serviços complementares que se tornem a) o Piso Fixo de Média Complexidade;
mais onerosos em razão da extensão b) o Piso Variável de Média
territorial e das condições de acesso da Complexidade; e
população; c) o Piso de Transição de Média
IV - ao cofinanciamento de serviços Complexidade;
executados por equipes volantes,
vinculadas ao CRAS; V - a outras II - Alta Complexidade:
prioridades ou metas pactuadas a) o Piso Fixo de Alta Complexidade; e
nacionalmente. b) o Piso Variável de Alta
§1º O Piso Básico Variável poderá ser Complexidade.
desdobrado para permitir o atendimento de Parágrafo único. Os recursos que
situações ou particularidades, a partir da compõem o cofinanciamento de que trata o
análise de necessidade, prioridade ou ainda caput devem ser aplicados segundo a
em razão de dispositivos legais específicos. perspectiva socioterritorial, assegurando-se
§2º Os valores para repasse do Piso de a provisão de deslocamentos quando
que trata o caput serão definidos com base necessário.
em informações constantes no Cadastro
Único, utilizando-se como referência o Art. 67. O Piso Fixo de Média
número de famílias com presença de idosos, Complexidade destina-se ao
crianças, adolescentes, jovens, incluindo as cofinanciamento dos serviços tipificados
pessoas com deficiência, para atenção aos nacionalmente que são prestados
ciclos de vida em serviços que exclusivamente no Centro de Referência
complementam a proteção à família no Especializado para População em Situação
território. de Rua - CENTRO POP e no Centro de
§3º Durante o período de migração dos Referência Especializado de Assistência
beneficiários do BPC para o Cadastro Social CREAS, como o Serviço de
Único, os dados dos sistemas de informação Proteção e Atendimento Especializado a
próprios do BPC também serão Famílias e Indivíduos PAEFI.
considerados.
§4º Outras fontes de informação e Art. 68. O Piso Variável de Média
parâmetros de cálculo poderão ser Complexidade destina-se ao
utilizados, inclusive para novos serviços cofinanciamento dos serviços tipificados
tipificados nacionalmente, desde que nacionalmente, tais como:
previamente pactuados e deliberados. I - Serviço Especializado em
§5º Cabe à União e aos Estados, em Abordagem Social;
atenção aos princípios da II - Serviço de Proteção Social Especial
corresponsabilidade e cooperação que para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas
regem o SUAS, a regulação, o Famílias;
monitoramento e o apoio técnico e III - Serviço de Proteção Social a
financeiro para a execução desses serviços. Adolescentes em Cumprimento de Medidas
§6º Os valores do Piso de que trata o Socioeducativas de Liberdade Assistida e
caput, destinados à manutenção de de Prestação de Serviços à Comunidade; e
embarcações, de outros meios de transporte IV - outros que venham a ser instituídos,

79
Legislação Básica da Saúde

conforme as prioridades ou metas serviços de acolhimento e de gestão de


pactuadas nacionalmente e deliberadas pelo vagas, de acordo com critérios
CNAS. nacionalmente definidos, com base em
§1º O Piso de que trata o caput poderá legislação própria ou em necessidades
incluir outras ações ou ser desdobrado para peculiares.
permitir o atendimento de situações ou II - cofinanciamento de serviços de
particularidades, a partir da análise de atendimento a situações emergenciais,
necessidade, prioridade ou dispositivos desastres ou calamidades, observadas as
legais específicos. provisões e os objetivos nacionalmente
§2º Os critérios para definição de valores tipificados, podendo ser especificadas as
diferenciados de cofinanciamento de condições de repasse, dos valores e do
serviços que atendam às especificidades período de vigência em instrumento legal
regionais deverão ser objeto de pactuação próprio.
na CIT e deliberação no CNAS.
§3º Os valores de referência a serem SUBSEÇÃO II
adotados para o cofinanciamento dos INCENTIVOS FINANCEIROS À
diferentes tipos de agravos de média GESTÃO
complexidade e das situações que
envolvam a prestação de serviços para Art. 72. O apoio à gestão descentralizada
públicos determinados serão submetidos à do SUAS e do Programa Bolsa Família se
pactuação na CIT e deliberação no CNAS. dará por meio do Bloco de Financiamento
da Gestão do SUAS, do Programa Bolsa
Art. 69. O Piso de Transição de Média Família e do Cadastro Único.
Complexidade será objeto de regulação
específica. Art. 73. O incentivo à gestão do SUAS
tem como componentes o Índice de Gestão
Art. 70. O Piso Fixo de Alta Descentralizada Estadual do Sistema Único
Complexidade destina-se ao de Assistência Social IGDSUAS-E e o
cofinanciamento dos serviços tipificados Índice de Gestão Descentralizada
nacionalmente, voltados ao atendimento Municipal do Sistema Único de Assistência
especializado a indivíduos e famílias que, Social IGDSUAS-M;
por diversas situações, necessitem de
acolhimento fora de seu núcleo familiar ou Art. 74. O incentivo à gestão do
comunitário de origem. Programa Bolsa Família tem como
componente o Índice de Gestão
Art. 71. O Piso Variável de Alta Descentralizada Estadual do Programa
Complexidade destina-se ao Bolsa Família IGD PBF-E e o Índice de
cofinanciamento dos serviços tipificados Gestão Descentralizada Municipal do
nacionalmente a usuários que, devido ao Programa Bolsa Família IGD PBF-M,
nível de agravamento ou complexidade das instituído pelo art. 8º da Lei nº 10.836 de
situações vivenciadas, necessitem de 2004.
atenção diferenciada e atendimentos
complementares. Art. 75. Os incentivos à gestão
Parágrafo único. O Piso de trata o caput descentralizada visam oferecer o aporte
poderá ser utilizado para o: financeiro necessário ao incremento dos
I - atendimento a especificidades processos de:
regionais, prioridades nacionais, incentivos I - gestão e prestação de serviços,
à implementação de novas modalidades de programas, projetos e benefícios
serviços de acolhimento e equipes socioassistenciais em âmbito local e
responsáveis pelo acompanhamento dos regional, tendo por fundamento os

80
Legislação Básica da Saúde

resultados alcançados e os investimentos regionais, considerando os parâmetros do


realizados pelos entes federativos, no caso teto máximo estabelecido para
do IGDSUAS; e cofinanciamento da rede de serviços e do
II - gestão do Programa Bolsa Família e patamar existente;
do Cadastro Único, em âmbito municipal, III - atendimento das prioridades
estadual e distrital, tendo por fundamento nacionais e estaduais pactuadas;
os resultados alcançados pelos respectivos IV - equalização e universalização da
entes federativos no caso do IGD PBF, cobertura dos serviços socioassistenciais.
conforme previsto na Lei nº 10.836 de §1º Para a aferição do disposto no inciso
2004, e sua regulamentação. I serão utilizadas as informações constantes
no Censo SUAS e nos demais sistemas
Art. 76. Os incentivos financeiros com informatizados do MDS.
base nos resultados serão calculados por §2º Para implantação de que trata o
meio dos Índices de Gestão Descentralizada inciso II serão considerados os dados do
do SUAS IGDSUAS e do Programa Bolsa diagnóstico socioterritorial e da Vigilância
Família - IGDPBF instituídos, Socioassistencial, por meio do cruzamento
respectivamente, na Lei nº 8.742, de 7 de de indicadores, com o objetivo de
dezembro de 1993, e na Lei nº 10.836, de 9 estabelecer prioridades progressivas até o
de janeiro de 2004. alcance do teto a ser destinado a cada ente
federativo, por nível de proteção.
SUBSEÇÃO III §3º O atendimento das prioridades de
COFINANCIAMENTO DE que trata o inciso III levará em consideração
PROGRAMAS E PROJETOS informações e cruzamento de indicadores, a
SOCIOASSISTENCIAIS partir da análise global das situações que
demandem esforço concentrado de
Art. 77. Os critérios para repasses do financiamento, sendo que as prioridades
cofinanciamento de programas e projetos estaduais e regionais devem ser objeto de
socioassistenciais constituem objeto de pactuação na CIB e deliberação nos
normatização específica. Conselhos Estaduais de Assistência Social,
Parágrafo único. As metas dos à luz da normatização nacional, e no caso
programas e projetos serão pactuadas na das prioridades de âmbito municipal e do
CIT e deliberadas no CNAS. Distrito Federal, debatidas e deliberadas em
seus respectivos Conselhos de Assistência
SUBSEÇÃO IV Social.
CRITÉRIOS DE PARTILHA PARA O §4º Para a equalização e universalização
COFINANCIAMENTO da cobertura de que trata o inciso IV, levar-
se-ão em conta os diagnósticos e os
Art. 78. O cofinanciamento dos serviços planejamentos intraurbanos e regionais,
socioassistenciais, observada a devendo ser objeto de pactuação nas
disponibilidade orçamentária e financeira respectivas Comissões Intergestores
de cada ente federativo, efetivar-se-á a quando se tratar de definições em âmbito
partir da adoção dos seguintes objetivos e nacional e estadual e de deliberação nos
pressupostos: Conselhos de Assistência Social de cada
I - implantação e oferta qualificada de esfera de governo.
serviços socioassistenciais nacionalmente
tipificados; Art. 79. Na Proteção Social Básica, os
II - implantação e oferta qualificada de critérios de partilha de cofinanciamento de
serviços em territórios de vulnerabilidade e serviços socioassistenciais basear-se-ão:
risco social, de acordo com o diagnóstico I - no número de famílias existentes no
das necessidades e especificidades locais e Município ou Distrito Federal, de acordo

81
Legislação Básica da Saúde

com os dados de população levantados pelo indutor da estruturação da rede de serviços,


IBGE; o critério de partilha priorizará, sempre que
II - no número de famílias constantes do possível, os Estados, o Distrito Federal e os
Cadastro Único, tomando como referência Municípios que estiverem com a execução
os cadastros válidos de cada Município e do de serviços em conformidade com as
Distrito Federal; normativas e orientações do SUAS.
III - na extensão territorial;
IV - nas especificidades locais ou SEÇÃO V
regionais; PENALIDADES
V - na cobertura de vulnerabilidades por
ciclo de vida; e Art. 83. Serão aplicadas medidas
VI - em outros indicadores que vierem a administrativas e o processo de
ser pactuados na CIT. acompanhamento de que trata o Capítulo V
desta Norma quando:
Art. 80. Na proteção social especial, os I - não forem alcançadas as metas de
critérios de partilha para o cofinanciamento pactuação nacional e os indicadores de
de serviços socioassistenciais terão como gestão, serviços, programas, projetos e
base as situações de risco pessoal e social, benefícios socioassistenciais;
por violação de direitos, que subsidiam a II - não forem observadas as normativas
elaboração de parâmetros e o do SUAS.
estabelecimento de teto para o repasse de §1º Cabem as seguintes medidas
recursos do cofinanciamento federal, administrativas para as transferências
considerando a estruturação de unidades ou relativas ao cofinanciamento federal dos
equipes de referência para operacionalizar serviços, incentivos, programas e projetos
os serviços necessários em determinada socioassistenciais:
realidade e território. I - bloqueio temporário, que permitirá o
Parágrafo único. As unidades de oferta pagamento retroativo após regularização
de serviços de proteção social especial dos motivos que deram causa; ou
poderão ter distintas capacidades de II suspensão.
atendimento e de composição, em função §2º A aplicação das medidas
das dinâmicas territoriais e da relação entre administrativas e do processo de
estas unidades e as situações de risco acompanhamento se dará na forma definida
pessoal e social, as quais deverão estar em norma específica.
previstas nos planos de assistência social.
SEÇÃO VI
Art. 81. O cofinanciamento da gestão FISCALIZAÇÃO DOS FUNDOS DE
adotará como referência os resultados ASSISTÊNCIA SOCIAL PELOS
apurados a partir da mensuração de CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA
indicadores, das pactuações nas Comissões SOCIAL
Intergestores e das deliberação nos
Conselhos de Assistência Social. Art. 84. Os Conselhos de Assistência
Social, em seu caráter deliberativo, têm
Art.82. Os critérios de partilha para papel estratégico no SUAS de agentes
cofinanciamento federal destinado a participantes da formulação, avaliação,
construção de equipamentos públicos controle e fiscalização da política, desde o
utilizará como referência os dados do seu planejamento até o efetivo
Censo SUAS e as orientações sobre os monitoramento das ofertas e dos recursos
espaços de cada equipamento para a oferta destinados às ações a serem desenvolvidas.
do serviço. Parágrafo único. É responsabilidade dos
Parágrafo único: Tendo em vista o efeito Conselhos de Assistência Social a

82
Legislação Básica da Saúde

discussão de metas e prioridades IX - a apreciação dos instrumentos,


orçamentárias, no âmbito do Plano documentos e sistemas de informações para
Plurianual, da Lei de Diretrizes a prestação de contas relativas aos recursos
Orçamentárias e da Lei Orçamentária destinados à assistência social;
Anual, podendo para isso realizar X - a aplicação dos recursos transferidos
audiências públicas. como incentivos de gestão do SUAS e do
Programa Bolsa Família e a sua integração
Art. 85. Incumbe aos Conselhos de aos serviços;
Assistência Social exercer o controle e a XI - a avaliação da qualidade dos
fiscalização dos Fundos de Assistência serviços e das necessidades de investimento
Social, mediante: I - aprovação da proposta nessa área;
orçamentária; XII - a aprovação do plano de aplicação
II - acompanhamento da execução dos recursos destinados às ações finalísticas
orçamentária e financeira, de acordo com a da assistência social e o resultado dessa
periodicidade prevista na Lei de instituição aplicação;
do Fundo ou em seu Decreto de XIII - o acompanhamento da execução
regulamentação, observando o calendário dos recursos pela rede prestadora de
elaborado pelos respectivos conselhos; serviços socioassistenciais, no âmbito
III - análise e deliberação acerca da governamental e não governamental, com
respectiva prestação de contas. vistas ao alcance dos padrões de qualidade
estabelecidos em diretrizes, pactos e
Art. 86. No controle do financiamento, deliberações das Conferências e demais
os Conselhos de Assistência Social devem instâncias do SUAS.
observar: I - o montante e as fontes de
financiamento dos recursos destinados à CAPÍTULO VII
assistência social e sua correspondência às VIGIL NCIA SOCIOASSISTENCIAL
demandas;
II - os valores de cofinanciamento da Art. 87. A Vigilância Socioassistencial é
política de assistência social em nível local; caracterizada como uma das funções da
III - a compatibilidade entre a aplicação política de assistência social e deve ser
dos recursos e o Plano de Assistência realizada por intermédio da produção,
Social; sistematização, análise e disseminação de
IV - os critérios de partilha e de informações territorializadas, e trata:
transferência dos recursos; I - das situações de vulnerabilidade e
V - a estrutura e a organização do risco que incidem sobre famílias e
orçamento da assistência social e do fundo indivíduos e dos eventos de violação de
de assistência social, sendo este na forma de direitos em determinados territórios;
unidade orçamentária, e a ordenação de II - do tipo, volume e padrões de
despesas deste fundo em âmbito local; qualidade dos serviços ofertados pela rede
VI - a definição e aferição de padrões e socioassistencial.
indicadores de qualidade na prestação dos
serviços, programas, projetos e benefícios SEÇÃO I
socioassistenciais e os investimentos em OPERACIONALIZAÇÃO DA VIGIL
gestão que favoreçam seu incremento; NCIA SOCIOASSISTENCIAL
VII - a correspondência entre as funções
de gestão de cada ente federativo e a Art. 88. A Vigilância Socioassistencial
destinação orçamentária; deve manter estreita relação com as áreas
VIII- a avaliação de saldos financeiros e diretamente responsáveis pela oferta de
sua implicação na oferta dos serviços e em serviços socioassistenciais à população nas
sua qualidade; Proteções Sociais Básica e Especial.

83
Legislação Básica da Saúde

§1º As unidades que prestam serviços de informação, comprometida com:


Proteção Social Básica ou Especial e I - o apoio efetivo às atividades de
Benefícios socioassistenciais são planejamento, gestão, monitoramento,
provedoras de dados e utilizam as avaliação e execução dos serviços
informações produzidas e processadas pela socioassistenciais, imprimindo caráter
Vigilância Socioassistencial sempre que técnico à tomada de decisão; e
estas são registradas e armazenadas de II - a produção e disseminação de
forma adequada e subsidiam o processo de informações, possibilitando conhecimentos
planejamento das ações. que contribuam para a efetivação do caráter
§2º A Vigilância Socioassistencial preventivo e proativo da política de
deverá cumprir seus objetivos, fornecendo assistência social, assim como para a
informações estruturadas que: redução dos agravos, fortalecendo a função
I - contribuam para que as equipes dos de proteção social do SUAS.
serviços socioassistenciais avaliem sua
própria atuação; Art. 91. Constituem responsabilidades
II - ampliem o conhecimento das equipes comuns à União, aos Estados, ao Distrito
dos serviços socioassistenciais sobre as Federal e aos Municípios acerca da área de
características da população e do território Vigilância Socioassistencial:
de forma a melhor atender às necessidades I - elaborar e atualizar periodicamente
e demandas existentes; diagnósticos socioterritoriais que devem ser
III - proporcionem o planejamento e a compatíveis com os limites territoriais dos
execução das ações de busca ativa que respectivos entes federados e devem conter
assegurem a oferta de serviços e benefícios as informações espaciais referentes:
às famílias e indivíduos mais vulneráveis, a) às vulnerabilidades e aos riscos dos
superando a atuação pautada territórios e da consequente demanda por
exclusivamente pela demanda espontânea. serviços socioassistenciais de Proteção
Social Básica e Proteção Social Especial e
Art. 89. A Vigilância Socioassistencial de benefícios;
deve analisar as informações relativas às b) ao tipo, ao volume e à qualidade das
demandas quanto às: ofertas disponíveis e efetivas à população.
I - incidências de riscos e II - contribuir com as áreas de gestão e
vulnerabilidades e às necessidades de de proteção social básica e especial na
proteção da população, no que concerne à elaboração de diagnósticos, planos e outros.
assistência social; e III - utilizar a base de dados do Cadastro
II - características e distribuição da Único como ferramenta para construção de
oferta da rede socioassistencial instalada mapas de vulnerabilidade social dos
vistas na perspectiva do território, territórios, para traçar o perfil de
considerando a integração entre a demanda populações vulneráveis e estimar a
e a oferta. demanda potencial dos serviços de Proteção
Social Básica e Especial e sua distribuição
Art. 90. A União, os Estados, o Distrito no território;
Federal e os Municípios devem instituir a IV - utilizar a base de dados do Cadastro
área da Vigilância Socioassistencial Único como instrumento permanente de
diretamente vinculada aos órgãos gestores identificação das famílias que apresentam
da política de assistência social, dispondo características de potenciais demandantes
de recursos de incentivo à gestão para sua dos distintos serviços socioassistenciais e,
estruturação e manutenção. com base em tais informações, planejar,
Parágrafo único. A Vigilância orientar e coordenar ações de busca ativa a
Socioassistencial constitui como uma área serem executas pelas equipes dos CRAS e
essencialmente dedicada à gestão da CREAS;

84
Legislação Básica da Saúde

V - implementar o sistema de notificação socioassistencial e monitorá-los por meio


compulsória contemplando o registro e a de indicadores;
notificação ao Sistema de Garantia de XIV coordenar, de forma articulada
Direitos sobre as situações de violência com as áreas de Proteção Social Básica e de
intrafamiliar, abuso ou exploração sexual Proteção Social Especial, as atividades de
de crianças e adolescentes e trabalho monitoramento da rede socioassistencial,
infantil, além de outras que venham a ser de forma a avaliar periodicamente a
pactuadas e deliberadas; observância dos padrões de referência
VI - utilizar os dados provenientes do relativos à qualidade dos serviços
Sistema de Notificação das Violações de ofertados;
Direitos para monitorar a incidência e o XV - estabelecer articulações
atendimento das situações de risco pessoal intersetoriais de forma a ampliar o
e social pertinentes à assistência social; conhecimento sobre os riscos e as
VII - orientar quanto aos procedimentos vulnerabilidades que afetam as famílias e os
de registro das informações referentes aos indivíduos em um dado território,
atendimentos realizados pelas unidades da colaborando para o aprimoramento das
rede socioassistencial, zelando pela intervenções realizadas.
padronização e qualidade dos mesmos;
VIII - coordenar e acompanhar a Art. 92. Constituem responsabilidades
alimentação dos sistemas de informação específicas da União acerca da área da
que provêm dados sobre a rede Vigilância Socioassistencial:
socioassistencial e sobre os atendimentos I - apoiar tecnicamente a estruturação da
por ela realizados, mantendo diálogo Vigilância Socioassistencial nos estados,
permanente com as áreas de Proteção DF e municípios;
Social Básica e de Proteção Social Especial, II - organizar, normatizar e gerir
que são diretamente responsáveis pela nacionalmente, no âmbito da Política de
provisão dos dados necessários à Assistência Social, o sistema de
alimentação dos sistemas específicos ao seu notificações para eventos de violência e
âmbito de atuação; IX - realizar a gestão do violação de direitos, estabelecendo
cadastro de unidades da rede instrumentos e fluxos necessários à sua
socioassistencial pública no CadSUAS; implementação e ao seu funcionamento;
X - responsabilizar-se pela gestão e III - planejar e coordenar, em âmbito
alimentação de outros sistemas de nacional, o processo de realização anual do
informação que provêm dados sobre a rede Censo SUAS, zelando pela qualidade das
socioassistencial e sobre os atendimentos informações coletadas;
por ela realizados, quando estes não forem IV - propor parâmetros nacionais para os
específicos de um programa, serviço ou registros de informações no âmbito do
benefício; SUAS; V - propor indicadores nacionais
XI - analisar periodicamente os dados para o monitoramento no âmbito do SUAS.
dos sistemas de informação do SUAS,
utilizando-os como base para a produção de Art. 93. Constituem responsabilidades
estudos e indicadores; específicas dos Estados acerca da área da
XII - coordenar o processo de realização Vigilância Socioassistencial:
anual do Censo SUAS, zelando pela I - desenvolver estudos para subsidiar a
qualidade das informações coletadas; regionalização dos serviços de proteção
XIII - estabelecer, com base nas social especial no âmbito do estado;
normativas existentes e no diálogo com as II - apoiar tecnicamente a estruturação
demais áreas técnicas, padrões de da Vigilância Socioassistencial nos
referência para avaliação da qualidade dos municípios do estado;
serviços ofertados pela rede III - coordenar, em âmbito estadual, o

85
Legislação Básica da Saúde

processo de realização anual do Censo privada;


SUAS, apoiando tecnicamente os VII - coordenar, em âmbito municipal ou
municípios para o preenchimento dos do Distrito Federal, o processo de
questionários e zelando pela qualidade das preenchimento dos questionários do Censo
informações coletadas. SUAS, zelando pela qualidade das
informações coletadas.
Art. 94. Constituem responsabilidades
específicas dos Municípios e do Distrito SEÇÃO II
Federal acerca da área da Vigilância INFORMAÇÃO
Socioassistencial:
I - elaborar e atualizar, em conjunto com Art. 95. A gestão da informação, por
as áreas de proteção social básica e especial, meio da integração entre ferramentas
os diagnósticos circunscritos aos territórios tecnológicas, torna-se um componente
de abrangência dos CRAS e CREAS; estratégico para:
II - colaborar com o planejamento das I - a definição do conteúdo da política e
atividades pertinentes ao cadastramento e à seu planejamento;
atualização cadastral do Cadastro Único em II - o monitoramento e a avaliação da
âmbito municipal; oferta e da demanda de serviços
III - fornecer sistematicamente às socioassistenciais.
unidades da rede socioassistencial, Parágrafo único. Na União, nos Estados,
especialmente aos CRAS e CREAS, no Distrito Federal e nos Municípios, a
informações e indicadores territorializados, gestão da informação e a organização de
extraídos do Cadastro Único, que possam sistemas de informação devem ser
auxiliar as ações de busca ativa e subsidiar priorizadas no âmbito da gestão, com
as atividades de planejamento e avaliação destinação de recursos financeiros e
dos próprios serviços; técnicos para a sua consolidação.
IV - fornecer sistematicamente aos
CRAS e CREAS listagens territorializadas Art. 96. Constituem-se diretrizes para a
das famílias em descumprimento de concepção dos sistemas de informação no
condicionalidades do Programa Bolsa SUAS:
Família, com bloqueio ou suspensão do I - compartilhamento da informação na
benefício, e monitorar a realização da busca esfera federal, estadual, do Distrito Federal
ativa destas famílias pelas referidas e municipal e entre todos os atores do
unidades e o registro do acompanhamento SUAS - trabalhadores, conselheiros,
que possibilita a interrupção dos efeitos do usuários e entidades;
descumprimento sobre o benefício das II - compreensão de que a informação no
famílias; SUAS não se resume à informatização ou
V - fornecer sistematicamente aos instalação de aplicativos e ferramentas, mas
CRAS e CREAS listagens territorializadas afirma-se também como uma cultura a ser
das famílias beneficiárias do BPC e dos disseminada na gestão e no controle social;
benefícios eventuais e monitorar a III - disponibilização da informação de
realização da busca ativa destas famílias maneira compreensível à população;
pelas referidas unidades para inserção nos IV - transparência e acessibilidade;
respectivos serviços; V - construção de aplicativos e
VI - realizar a gestão do cadastro de subsistemas flexíveis que respeitem as
unidades da rede socioassistencial privada diversidades e particularidades regionais;
no CadSUAS, quando não houver na VI - interconectividade entre os
estrutura do órgão gestor área sistemas.
administrativa específica responsável pela
relação com a rede socioassistencial Art. 97. A Rede SUAS operacionaliza a

86
Legislação Básica da Saúde

gestão da informação do SUAS por meio de órgão gestor federal do SUAS para os
um conjunto de aplicativos de suporte à Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
gestão, ao monitoramento, à avaliação e ao IX - criar e manter canais nacionais de
controle social de serviços, programas, comunicação entre gestores, trabalhadores,
projetos e benefícios da assistência social e conselheiros e usuários da assistência
ao seu respectivo funcionamento. social.
Parágrafo único. São consideradas §2º Constituem responsabilidades
ferramentas de gestão, que orientam o relativas à gestão da informação do SUAS
processo de organização do SUAS, além no âmbito dos Estados:
dos aplicativos da Rede SUAS: I - coletar, armazenar, processar, analisar
I - o Cadastro Único para Programas e divulgar dados e informações estaduais
Sociais do Governo Federal; relativas ao SUAS;
II - os sistemas e base de dados II - organizar e manter o sistema estadual
relacionados à operacionalização do de informações do SUAS;
Programa Bolsa Família e do Benefício de III - compatibilizar, em parceria com a
Prestação Continuada, observadas as União, os sistemas estaduais de informação
normas sobre sigilo de dados dos com a Rede SUAS;
respectivos Cadastros; III - os sistemas de IV - propor a padronização e os
monitoramento; protocolos estaduais de registro e trânsito
IV - o Censo SUAS; da informação no âmbito do SUAS;
V - outras que vierem a ser instituídas. V - alimentar e responsabilizar-se pela
fidedignidade das informações inseridas no
Art. 98. A União, os Estados, o Distrito sistema nacional de informação;
Federal e os Municípios possuem VI - produzir informações, estudos e
responsabilidades específicas na gestão da pesquisas que subsidiem o monitoramento
informação do SUAS. e avaliação da rede socioassistencial e da
§1º Constituem responsabilidades qualidade dos serviços e benefícios
relativas à gestão da informação do SUAS prestados aos usuários;
no âmbito da União: VII - disseminar o conhecimento
I - coletar, armazenar, processar, analisar produzido pelo órgão gestor estadual para
e divulgar dados e informações nacionais os Municípios, usuários, trabalhadores,
relativas ao SUAS; conselheiros e entidades de assistência
II - organizar e manter a Rede SUAS; social;
III - desenvolver, manter e aperfeiçoar VIII- criar e manter canais estaduais de
ferramentas e aplicativos nacionais para a comunicação entre gestores, técnicos,
gestão do SUAS e para os serviços conselheiros, usuários e entidades de
socioassistenciais; assistência social;
IV - propor a padronização e os IX - prestar apoio técnico e financeiro
protocolos nacionais de registro e trânsito aos Municípios na estruturação dos
das informações no âmbito do SUAS; sistemas de informações locais;
V - produzir informações, estudos e X - disponibilizar os bancos de dados ao
pesquisas que subsidiem o monitoramento órgão gestor dos Municípios.
e avaliação da rede socioassistencial e da §3º Constituem responsabilidades
qualidade dos serviços e benefícios relativas à gestão da informação do SUAS
prestados aos usuários; no âmbito dos Municípios e do Distrito
VI - disseminar o conhecimento Federal:
produzido pelo órgão gestor federal para os I - coletar, armazenar, processar, analisar
demais entes da federação; VII - elaborar o e divulgar dados e informações municipais
plano nacional de capacitação para a área; ou do Distrito Federal relativas ao SUAS;
VIII - disponibilizar bancos de dados do II - desenvolver, implantar e manter

87
Legislação Básica da Saúde

sistemas locais de informação; Art. 101. O modelo de monitoramento


III - compatibilizar, em parceria com do SUAS deve conter um conjunto mínimo
Estados e/ou União, os sistemas locais de de indicadores pactuados entre os gestores
informação com a Rede SUAS; federal, estaduais, do Distrito Federal e
IV - alimentar e responsabilizar-se pela municipais, que permitam acompanhar:
fidedignidade das informações inseridas I - a qualidade e o volume de oferta dos
nos sistemas estaduais e nacional de serviços, programas, projetos e benefícios
informações; de proteção social básica e proteção social
V - propor a padronização e os especial;
protocolos locais de registro e trânsito da II - o cumprimento do Protocolo de
informação no âmbito do SUAS; Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e
VI - disseminar o conhecimento Transferência de Renda;
produzido pelo órgão gestor municipal e do III - o desempenho da gestão de cada
Distrito Federal para os usuários, ente federativo;
trabalhadores, conselheiros e entidades de IV - o monitoramento do funcionamento
assistência social; dos Conselhos de Assistência Social e das
VII - produzir informações que Comissões Intergestores.
subsidiem o monitoramento e a avaliação
da rede socioassistencial e da qualidade dos Art. 102. Para o monitoramento do
serviços e benefícios prestados aos SUAS em âmbito nacional, as principais
usuários. fontes de informação são:
I - censo SUAS;
SEÇÃO III II - sistemas de registro de atendimentos;
MONITORAMENTO III - cadastros e sistemas gerenciais que
integram o SUAS;
Art. 99. O monitoramento do SUAS IV - outros que vierem a ser instituídos e
constitui função inerente à gestão e ao pactuados nacionalmente.
controle social, e consiste no
acompanhamento contínuo e sistemático do Art. 103. Em âmbito estadual, o
desenvolvimento dos serviços, programas, monitoramento do SUAS deve conjugar a
projetos e benefícios socioassistenciais em captura e verificação de informações in
relação ao cumprimento de seus objetivos e loco junto aos Municípios e a utilização de
metas. dados secundários, fornecidos pelos
Parágrafo único. Realiza-se por meio da indicadores do sistema nacional de
produção regular de indicadores e captura monitoramento do SUAS ou provenientes
de informações: dos próprios sistemas de informação
I - in loco; estaduais.
II - em dados provenientes dos sistemas
de informação; Art. 104. Em âmbito municipal e do
III - em sistemas que coletam Distrito Federal, o monitoramento do
informações específicas para os objetivos SUAS deve capturar e verificar
do monitoramento. informações in loco, junto aos serviços
prestados pela rede socioassistencial, sem
Art. 100. Os indicadores de prejuízo da utilização de fontes de dados
monitoramento visam mensurar as secundárias utilizadas pelo monitoramento
seguintes dimensões: em nível nacional e estadual.
I - estrutura ou insumos;
II - processos ou atividades;
III - produtos ou resultados.

88
Legislação Básica da Saúde

SEÇÃO IV compreende o planejamento, a organização


AVALIAÇÃO e a execução das ações relativas à
valorização do trabalhador e à estruturação
Art. 105. Caberá à União as seguintes do processo de trabalho institucional, no
ações de avaliação da política, sem prejuízo âmbito da União, dos Estados, do Distrito
de outras que venham a ser desenvolvidas: Federal e dos Municípios.
I - promover continuamente avaliações §1º Compreende-se por ações relativas à
externas de âmbito nacional, abordando a valorização do trabalhador, na perspectiva
gestão, os serviços, os programas, os da desprecarização da relação e das
projetos e os benefícios socioassistenciais; condições de trabalho, dentre outras:
II - estabelecer parcerias com órgãos e I - a realização de concurso público;
instituições federais de pesquisa visando à II - a instituição de avaliação de
produção de conhecimentos sobre a política desempenho;
e o Sistema Único de Assistência Social; III - a instituição e implementação de
III - realizar, em intervalos bianuais, Plano de Capacitação e Educação
pesquisa amostral de abrangência nacional Permanente com certificação;
com usuários do SUAS para avaliar IV - a adequação dos perfis profissionais
aspectos objetivos e subjetivos referentes à às necessidades do SUAS;
qualidade dos serviços prestados. V - a instituição das Mesas de
Negociação;
Art. 106. Os Estados poderão realizar VI - a instituição de planos de cargos,
avaliações periódicas da gestão, dos carreira e salários (PCCS);
serviços e dos benefícios socioassistenciais VII - a garantia de ambiente de trabalho
em seu território, visando subsidiar a saudável e seguro, em consonância às
elaboração e o acompanhamento dos planos normativas de segurança e saúde dos
estaduais de assistência social. trabalhadores;
VIII - a instituição de observatórios de
Art. 107. O Distrito Federal e os práticas profissionais.
Municípios poderão, sem prejuízo de outras §2º Compreende-se por ações relativas à
ações de avaliação que venham a ser estruturação do processo de trabalho
desenvolvidas, instituir práticas institucional a instituição de, dentre outras:
participativas de avaliação da gestão e dos I - desenhos organizacionais;
serviços da rede socioassistencial, II - processos de negociação do trabalho;
envolvendo trabalhadores, usuários e III - sistemas de informação;
instâncias de controle social. IV - supervisão técnica.

Art. 108. Para a realização das Art. 110. As ações de gestão do trabalho
avaliações a União, os Estados, o Distrito na União, nos Estados, no Distrito Federal
Federal e os Municípios poderão utilizar a e nos Municípios devem observar os eixos
contratação de serviços de órgãos e previstos na Norma Operacional Básica de
instituições de pesquisa, visando à Recursos Humanos do SUAS - NOB-
produção de conhecimentos sobre a política RH/SUAS, nas resoluções do CNAS e nas
e o sistema de assistência social. regulamentações específicas.

CAPÍTULO VIII Art. 111. Cabe a cada ente federativo


GESTÃO DO TRABALHO NO instituir ou designar, em sua estrutura
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA administrativa, setor ou equipe responsável
SOCIAL pela gestão do trabalho no âmbito do
SUAS.
Art. 109. A gestão do trabalho no SUAS

89
Legislação Básica da Saúde

Art. 112. As despesas que envolvem a V - ampliação da participação popular;


gestão do trabalho devem estar expressas VI - valorização da participação dos
no orçamento e no financiamento da trabalhadores do SUAS;
política de assistência social. VII - valorização da participação das
Parágrafo único. Os entes federativos entidades e organizações de assistência
deverão assegurar recursos financeiros social.
específicos para o cumprimento das
responsabilidades compartilhadas. SEÇÃO I
CONFERÊNCIAS DE ASSISTÊNCIA
CAPÍTULO IX SOCIAL
CONTROLE SOCIAL DO SISTEMA
ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 116. As conferências de assistência
social são instâncias que têm por
Art. 113. São instâncias de deliberação atribuições a avaliação da política de
do SUAS: assistência social e a definição de diretrizes
I - o Conselho Nacional de Assistência para o aprimoramento do SUAS, ocorrendo
Social; no âmbito da União, dos Estados, do
II - os Conselhos Estaduais de Distrito Federal e dos Municípios.
Assistência Social;
III - o Conselho de Assistência Social do Art. 117. A convocação das conferências
Distrito Federal; de assistência social pelos conselhos de
IV - os Conselhos Municipais de assistência social se dará ordinariamente a
Assistência Social. cada 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. As Conferências de §1º Poderão ser convocadas
Assistência Social deliberam as diretrizes Conferências de Assistência Social
para o aperfeiçoamento da Política de extraordinárias a cada 02 (dois) anos,
Assistência Social. conforme deliberação da maioria dos
membros dos respectivos conselhos.
Art. 114. A participação social deve §2º Ao convocar a conferência, caberá
constituir-se em estratégia presente na ao conselho de assistência social:
gestão do SUAS, por meio da adoção de I - elaborar as normas de seu
práticas e mecanismos que favoreçam o funcionamento;
processo de planejamento e a execução da II - constituir comissão organizadora;
política de assistência social de modo III - encaminhar as deliberações da
democrático e participativo. conferência aos órgãos competentes após
sua realização;
Art. 115. São estratégias para o IV - desenvolver metodologia de
fortalecimento dos conselhos e das acompanhamento e monitoramento das
conferências de assistência social e a deliberações das conferências de
promoção da participação dos usuários: assistência social;
I - fixação das responsabilidades da V - adotar estratégias e mecanismos que
União, dos Estados, do Distrito Federal e favoreçam a mais ampla inserção dos
dos municípios para com o controle social; usuários, por meio de linguagem acessível
II - planejamento das ações do conselho e do uso de metodologias e dinâmicas que
de assistência social; permitam a sua participação e
III - participação dos conselhos e dos manifestação.
usuários no planejamento local, municipal,
estadual, distrital, regional e nacional; Art. 118. Para a realização das
IV - convocação periódica das conferências, os órgãos gestores de
conferências de assistência social; assistência social da União, dos Estados, do

90
Legislação Básica da Saúde

Distrito Federal e dos Municípios deverão SUBSEÇÃO I


prever dotação orçamentária e realizar a PLANEJAMENTO DAS
execução financeira, garantindo os recursos RESPONSABILIDADES DOS
e a infraestrutura necessários. CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA
§1º A participação dos delegados SOCIAL
governamentais e não governamentais nas
conferências estaduais e nacional deve ser Art. 120. Os conselhos devem planejar
assegurada de forma equânime, incluindo o suas ações de forma a garantir a consecução
deslocamento, a estadia e a alimentação. das suas atribuições e o exercício do
§2º Podem ser realizadas etapas controle social, primando pela efetividade e
preparatórias às conferências, mediante a transparência das suas atividades.
convocação de pré-conferências, reuniões §1º O planejamento das ações do
ampliadas do conselho ou audiências conselho deve orientar a construção do
públicas, entre outras estratégias de orçamento da gestão da assistência social
ampliação da participação popular. para o apoio financeiro e técnico às funções
do Conselho.
SEÇÃO II §2º O gestor federal deverá
CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA disponibilizar ferramenta informatizada
SOCIAL para o planejamento das atividades dos
conselhos, contendo as atividades, metas,
Art. 119. Os conselhos de assistência cronograma de execução e prazos.
social são instâncias deliberativas
colegiadas do SUAS, vinculadas à estrutura Art. 121. No planejamento das ações dos
do órgão gestor de assistência social da conselhos de assistência social devem ser
União, dos Estados, do Distrito Federal e observadas as seguintes atribuições
dos Municípios, com caráter permanente e precípuas:
composição paritária entre governo e I - aprovar a política de assistência
sociedade civil. social, elaborada em consonância com as
§1º A União, os Estados, o Distrito diretrizes estabelecidas pelas conferências;
Federal e os Municípios deverão instituir os II - convocar as conferências de
conselhos por meio de edição de lei assistência social em sua esfera de governo
específica, conforme a LOAS. e acompanhar a execução de suas
§2º A lei de criação dos conselhos deve deliberações;
garantir a escolha democrática da III - aprovar o plano de assistência social
representação da sociedade civil, elaborado pelo órgão gestor da política de
permitindo uma única recondução por igual assistência social;
período. IV - aprovar o plano de capacitação,
§3º No exercício de suas atribuições, os elaborado pelo órgão gestor;
conselhos normatizam, disciplinam, V - acompanhar, avaliar e fiscalizar a
acompanham, avaliam e fiscalizam a gestão gestão do Programa Bolsa Família (PBF);
e a execução dos serviços, programas, VI - fiscalizar a gestão e execução dos
projetos e benefícios de assistência social recursos do Índice de Gestão
prestados pela rede socioassistencial. Descentralizada do Programa Bolsa
Família IGD PBF e do Índice de Gestão
Descentralizada do Sistema Único de
Assistência Social IGDSUAS; VII -
planejar e deliberar sobre os gastos de no
mínimo 3% (três por cento) dos recursos do
IGD PBF e do IGDSUAS destinados ao
desenvolvimento das atividades do

91
Legislação Básica da Saúde

conselho; conteúdo mínimo:


VIII - participar da elaboração e aprovar a) competências do Conselho;
as propostas de Lei de Diretrizes b) atribuições da Secretaria Executiva,
Orçamentárias, Plano Plurianual e da Lei Presidência, Vice-Presidência e Mesa
Orçamentária Anual no que se refere à Diretora;
assistência social, bem como o c) criação, composição e funcionamento
planejamento e a aplicação dos recursos de comissões temáticas e de grupos de
destinados às ações de assistência social, trabalho permanentes ou temporários;
nas suas respectivas esferas de governo, d) processo eletivo para escolha do
tanto os recursos próprios quanto os conselheiro-presidente e vice-presidente;
oriundos de outros entes federativos, e) processo de eleição dos conselheiros
alocados nos respectivos fundos de representantes da sociedade civil, conforme
assistência social; prevista na legislação;
IX - acompanhar, avaliar e fiscalizar a f) definição de quórum para deliberações
gestão dos recursos, bem como os ganhos e sua aplicabilidade;
sociais e o desempenho dos serviços, g) direitos e deveres dos conselheiros;
programas, projetos e benefícios h) trâmites e hipóteses para substituição
socioassistenciais do SUAS; de conselheiros e perda de mandatos;
X - aprovar critérios de partilha de i) periodicidade das reuniões ordinárias
recursos em seu âmbito de competência, do plenário e das comissões e os casos de
respeitados os parâmetros adotados na admissão de convocação extraordinária;
LOAS; j) casos de substituição por impedimento
XI - aprovar o aceite da expansão dos ou vacância do conselheiro titular;
serviços, programas e projetos k) procedimento adotado para
socioassistenciais, objetos de acompanhar, registrar e publicar as
cofinanciamento; decisões das plenárias.
XII - deliberar sobre as prioridades e
metas de desenvolvimento do SUAS em Art. 122. O Conselho Nacional de
seu âmbito de competência; Assistência Social deve zelar pela aplicação
XIII- deliberar sobre planos de de suas normas e resoluções junto aos
providência e planos de apoio à gestão Conselhos Estaduais do Distrito Federal e
descentralizada; dos Municipais.
XIV- normatizar as ações e regular a §1º O Conselho Nacional de Assistência
prestação de serviços públicos estatais e Social deve prestar assessoramento aos
não estatais no campo da assistência social, Conselhos de Assistência Social dos
em consonância com as normas nacionais; Estados e do Distrito Federal.
XV - inscrever e fiscalizar as entidades e §2º O Conselho Nacional de Assistência
organizações de assistência social, bem Social, em conformidade com o princípio
como os serviços, programas, projetos e da descentralização, deverá, sempre que
benefícios socioassistenciais, conforme solicitado, prestar assessoramento aos
parâmetros e procedimentos nacionalmente conselhos municipais, em parceria com os
estabelecidos. conselhos estaduais de Assistência Social.
XVI- estabelecer mecanismos de §3º Os Conselhos Estaduais deverão
articulação permanente com os demais prestar assessoramento aos conselhos
conselhos de políticas públicas e de defesa municipais.
e garantia de direitos;
XVII - estimular e acompanhar a
criação de espaços de participação popular
no SUAS; XVIII - elaborar, aprovar e
divulgar seu regimento interno, tendo como

92
Legislação Básica da Saúde

SUBSEÇÃO II social:
RESPONSABILIDADES DOS ENTES I - plano de assistência social;
FEDERATIVOS COM O CONTROLE II - propostas da Lei de Diretrizes
SOCIAL Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual e
do Plano Plurianual, referentes à assistência
Art. 123. Cabe aos órgãos gestores da social;
política de assistência social, em cada III - relatórios trimestrais e anuais de
esfera de governo, fornecer apoio técnico e atividades e de realização financeira dos
financeiro aos conselhos e às conferências recursos;
de assistência social e à participação social IV - balancetes, balanços e prestação de
dos usuários no SUAS. contas ao final de cada exercício;
§1º Os órgãos gestores da assistência V - relatório anual de gestão;
social devem: VI - plano de capacitação;
I - prover aos conselhos infraestrutura, VII - plano de providências e plano de
recursos materiais, humanos e financeiros, apoio à gestão descentralizada; VIII -
arcando com as despesas inerentes ao seu pactuações das comissões intergestores.
funcionamento, bem como arcar com
despesas de passagens, traslados, SEÇÃO III
alimentação e hospedagem dos PARTICIPAÇÃO DOS USUÁRIOS NO
conselheiros governamentais e não SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA
governamentais, de forma equânime, no SOCIAL
exercício de suas atribuições, tanto nas
atividades realizadas no seu âmbito de Art. 125. O estímulo à participação e ao
atuação geográfica ou fora dele; protagonismo dos usuários nas instâncias
II - destinar aos conselhos de assistência de deliberação da política de assistência
social percentual dos recursos oriundos do social, como as conferências e os
Índice de Gestão Descentralizada do SUAS conselhos, é condição fundamental para
IGDSUAS e do Índice de Gestão viabilizar o exercício do controle social e
Descentralizada do Programa Bolsa garantir os direitos socioassistenciais.
Família IGD PBF, na forma da Lei.
III - subsidiar os conselhos com Art. 126. Para ampliar o processo
informações para o cumprimento de suas participativo dos usuários, além do reforço
atribuições e para a deliberação sobre o na articulação com movimentos sociais e
cofinanciamento dos serviços, programas, populares, diversos espaços podem ser
projetos e benefícios socioassistenciais; organizados, tais como:
§2º Os conselhos serão dotados de I - coletivo de usuários junto aos
secretaria executiva, com profissional serviços, programas e projetos
responsável de nível superior, e apoio socioassistenciais;
técnico e administrativo para exercer as II - comissão de bairro;
funções pertinentes ao seu funcionamento. III - fórum;
§3º Os órgãos gestores devem promover IV - entre outros.
e incentivar a capacitação continuada dos Parágrafo único. Os espaços de que trata
conselheiros, conforme planos de o caput devem desencadear o debate
capacitação do SUAS. permanente sobre os problemas
enfrentados, o acompanhamento das ações
Art. 124. Aos conselheiros devem ser desenvolvidas e a discussão das estratégias
encaminhados, com a antecedência mais adequadas para o atendimento das
necessária para a devida apreciação, os demandas sociais, com vistas a assegurar o
seguintes documentos e informações do constante aprimoramento das ofertas e
órgão gestor da política de assistência prestações do SUAS.

93
Legislação Básica da Saúde

Art. 127. Constituem-se estratégias para técnico e administrativo do órgão gestor


o estímulo à participação dos usuários no correspondente.
SUAS:
I - a previsão no planejamento do Art. 129. A CIT é integrada pelos
conselho ou do órgão gestor da política de seguintes entes federativos:
assistência social; I - União, representada pelo Órgão
II - a ampla divulgação do cronograma e Gestor Federal da política de assistência
pautas de reuniões dos conselhos, das social;
audiências públicas, das conferências e II - Estados e Distrito Federal,
demais atividades, nas unidades prestadoras representados pelo Fórum Nacional de
de serviços e nos meios de comunicação Secretários(as) de Estado de Assistência
local; Social FONSEAS;
III - a garantia de maior III - Municípios, representados pelo
representatividade dos usuários no processo Colegiado Nacional de Gestores
de eleição dos conselheiros não Municipais de Assistência Social
governamentais, de escolha da delegação CONGEMAS.
para as conferências, e de realização das
capacitações; Art. 130. A CIB é integrada pelos
IV - a constituição de espaços de seguintes entes federativos:
diálogos entre gestores, trabalhadores e I - Estado, representado pelo Órgão
usuários, garantindo o seu empoderamento. Gestor Estadual da política de assistência
social;
CAPÍTULO X II - Municípios, representados pelo
INST NCIAS DE NEGOCIAÇÃO E Colegiado Estadual de Gestores Municipais
PACTUAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO de Assistência Social COEGEMAS.
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Art. 131. O FONSEAS e o
Art. 128. As instâncias de negociação e CONGEMAS são reconhecidos como
pactuação entre gestores quanto aos entidades sem fins lucrativos que
aspectos operacionais do SUAS são: representam, respectivamente, os
I Comissão Intergestores Tripartite secretários estaduais e do Distrito Federal,
CIT, no âmbito nacional; e os secretários municipais de assistência
II Comissão Intergestores Bipartite social, responsáveis pela indicação dos seus
CIB, no âmbito estadual; representantes na CIT.
§1º Os órgãos gestores federal e
estaduais devem prover às respectivas Art. 132. Os COEGEMAS são
comissões intergestores: infraestrutura e reconhecidos como as entidades sem fins
recursos materiais, humanos e financeiros lucrativos que representam os secretários
para viabilizar o seu efetivo funcionamento, municipais de assistência social no âmbito
inclusive arcando com as despesas de do Estado, responsáveis pela indicação das
passagens, traslados, alimentação e suas representações nas CIBs.
hospedagem de seus membros quando da Parágrafo único. Os COEGEMAS
realização de reuniões, câmaras técnicas ou devem estar vinculados institucionalmente
comissões e de sua representação em ao CONGEMAS, na forma que dispuser
eventos. seus estatutos.
§2º As comissões intergestores devem
ser dotadas de secretaria executiva, com a Art. 133. Entende-se por pactuações na
atribuição de exercer as funções gestão da política de assistência social as
administrativas pertinentes ao seu negociações e acordos estabelecidos entre
funcionamento, contando com quadro os entes federativos envolvidos por meio de

94
Legislação Básica da Saúde

consensos para a operacionalização e o §2º Quando da substituição das


aprimoramento do SUAS. representações dos entes federativos na
§1º As pactuações de que trata o caput CIT, deverá ser observada a rotatividade:
devem ser formalizadas por meio da I entre os Estados da respectiva região
publicação do respectivo ato do país;
administrativo, cabendo aos gestores ampla II entre os Municípios da respectiva
divulgação das mesmas, em especial na região do país e dos portes de município.
rede articulada de informações para a §3º A representação dos Estados,
gestão da assistência social. Distrito Federal e Municípios na CIT
§2º As cópias das publicações de que poderá ser excepcionalizada quando não for
trata o §1º devem ser encaminhadas às possível contemplar na composição a
secretarias executivas da CIT e CIB e por integralidade das regiões e dos portes de
estas arquivadas, incondicional e municípios.
regularmente. §4º Os membros titulares e suplentes da
§3º As pactuações da CIT e das CIBs CIT serão nomeados por ato normativo do
devem ser encaminhadas aos respectivos Ministro de Estado responsável pela gestão
Conselhos de Assistência Social para da Política de Assistência em âmbito
conhecimento e deliberação dos assuntos de nacional.
sua competência.
Art. 135. Compete à CIT:
SEÇÃO I I - pactuar estratégias para a
COMISSÃO INTERGESTORES implantação, a operacionalização e o
TRIPARTITE CIT aprimoramento do SUAS;
II - estabelecer acordos acerca de
Art. 134. A CIT é um espaço de questões operacionais relativas à
articulação e interlocução entre os gestores implantação e qualificação dos serviços,
federal, estaduais, do Distrito Federal e programas, projetos e benefícios
municipais, para viabilizar a política de socioassistenciais que compõem o SUAS;
assistência social, caracterizando-se como III - pactuar instrumentos, parâmetros e
instância de negociação e pactuação quanto mecanismos de implementação e
aos aspectos operacionais da gestão do regulamentação do SUAS;
SUAS, com a seguinte composição: IV - pactuar critérios de partilha e
I - 5 (cinco) membros titulares e seus procedimentos de transferência de recursos
respectivos suplentes, representando a para o cofinanciamento de serviços,
União, indicados pelo Órgão Gestor programas, projetos e benefícios da
Federal da política de assistência social; assistência social para os Estados, o Distrito
II - 5 (cinco) membros titulares e seus Federal e os Municípios;
respectivos suplentes, representando os V - pactuar planos de providência e
Estados e o Distrito Federal, indicados pelo planos de apoio aos Estados e ao Distrito
FONSEAS; Federal;
III - 5 (cinco) membros titulares e seus VI - pactuar prioridades e metas
respectivos suplentes, representando os nacionais de aprimoramento do SUAS, de
Municípios, indicados pelo CONGEMAS. prevenção e enfrentamento da pobreza, da
§1º Os membros titulares e suplentes desigualdade, das vulnerabilidades sociais e
representantes dos: dos riscos sociais;
I Estados e Distrito Federal deverão VII - pactuar estratégias e
contemplar as cinco regiões do país; procedimentos de contato permanente e
II Municípios deverão contemplar as assessoramento técnico às CIBs e gestores
cinco regiões do país e os portes dos de assistência social;
municípios. VIII- pactuar seu regimento interno e as

95
Legislação Básica da Saúde

estratégias para sua divulgação; e) 01 (um) representante da capital do


IX - publicar e publicizar suas Estado.
pactuações; §2º Os representantes titulares e
X - informar ao CNAS sobre suas suplentes deverão ser de regiões diferentes,
pactuações; de forma a contemplar as diversas regiões
XI - encaminhar ao CNAS os assuntos do Estado, e observar a rotatividade,
que forem de sua competência para quando da substituição das representações
deliberação; dos municípios.
XII - pactuar as orientações para §3º A composição da CIB poderá ser
estruturação e funcionamento das CIBs; alterada de acordo com as especificidades
XIII - pactuar os serviços estaduais, podendo ser ampliada,
socioassistenciais de alto custo e as contemplando uma maior representação
responsabilidades de financiamento e estadual e municipal, e modificada, nos
execução. casos em que não seja possível contemplar
a proporção de porte de municípios descrita
SEÇÃO II no inciso II do §1º.
COMISSÃO INTERGESTORES §4º É vedada a redução do número de
BIPARTITE - CIB representantes de cada ente federativo
definido nos incisos I e II do §1º.
Art. 136. A CIB constitui-se como §5º Os membros titulares e suplentes da
espaço de articulação e interlocução dos CIB serão nomeados por ato normativo do
gestores municipais e estaduais da política Secretário de Estado responsável pela
de assistência social, caracterizando-se gestão da Política de Assistência Social.
como instância de negociação e pactuação §6º Cada CIB definirá em regimento
quanto aos aspectos operacionais da gestão interno o quórum mínimo qualificado que
do SUAS, assegure a paridade entre os entes
§1º É requisito para sua constituição a federativos para a realização de suas
representatividade do Estado e dos reuniões.
municípios, levando em conta o porte dos
municípios e sua distribuição regional, com Art. 137. Compete à CIB:
a seguinte composição: I - pactuar a organização do Sistema
I - 06 (seis) representantes do Estado e Estadual de Assistência Social proposto
seus respectivos suplentes, indicados pelo pelo órgão gestor estadual, definindo
gestor estadual da política de assistência estratégias para implementar e
social; operacionalizar a oferta da proteção social
II - 06 (seis) representantes dos básica e especial no âmbito do SUAS na sua
Municípios e seus respectivos suplentes, esfera de governo;
indicados pelo COEGEMAS, observando a II - estabelecer acordos acerca de
representação regional e o porte dos questões operacionais relativas à
municípios, de acordo com o estabelecido implantação e ao aprimoramento dos
na Política Nacional de Assistência Social serviços, programas, projetos e benefícios
PNAS, sendo: que compõem o SUAS;
a) 02 (dois) representantes de III - pactuar instrumentos, parâmetros e
municípios de pequeno porte I; mecanismos de implementação e
b) 01 (um) representante de municípios regulamentação complementar à legislação
de pequeno porte II; vigente, nos aspectos comuns às duas
c) 01 (um) representante de municípios esferas de governo;
de médio porte; IV - pactuar medidas para o
d) 01 (um) representante de municípios aperfeiçoamento da organização e do
de grande porte; e funcionamento do SUAS no âmbito

96
Legislação Básica da Saúde

regional; Blocos de Financiamento.


V - pactuar a estruturação e a Parágrafo único. Os repasses de recursos
organização da oferta de serviços de caráter continuarão a ser efetuados com base na
regional; sistemática implementada pela NOB SUAS
VI - pactuar critérios, estratégias e de 2005 e portarias posteriores até a
procedimentos de repasse de recursos regulamentação dos blocos de
estaduais para o cofinanciamento de financiamento.
serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais aos municípios; Art. 139. A aplicação do Capítulo IV se
VII - pactuar o plano estadual de dará a partir da implantação efetiva do
capacitação; sistema de informação que permita o
VIII- estabelecer acordos relacionados planejamento dos entes federativos para o
aos serviços, programas, projetos e alcance das prioridades e metas do Pacto
benefícios a serem implantados pelo Estado Aprimoramento do SUAS e o respectivo
e pelos Municípios enquanto rede de acompanhamento.
proteção social integrante do SUAS no §1º No período de implantação efetiva
Estado; do sistema de que trata o caput, aplicar-se-
IX - pactuar planos de providência e á:
planos de apoio aos municípios; I - aos municípios: o capítulo II da NOB
X - pactuar prioridades e metas estaduais SUAS/2005, aprovada pela Resolução nº
de aprimoramento do SUAS; 130 de 2005 do CNAS, que trata dos Tipos
XI - pactuar estratégias e procedimentos e Níveis de Gestão do Sistema Único de
de interlocução permanente com a CIT e as Assistência Social SUAS, que instituiu o
demais CIBs para aperfeiçoamento do modelo de habilitação ao SUAS e os níveis
processo de descentralização, implantação de gestão inicial, básica e plena;
e implementação do SUAS; II - aos Estados e ao Distrito Federal: o
XII - observar em suas pactuações as Pacto de Aprimoramento da Gestão dos
orientações emanadas pela CIT; Estados e do Distrito Federal, de que trata a
XIII - pactuar seu regimento interno e as resolução n.º 17 de 2010 da CIT, com as
estratégias para sua divulgação; prioridades instituídas para o quadriênio
XIV - publicar as pactuações no Diário 2011 2014;
Oficial estadual; §2º O Pacto a que se refere o inciso II do
XV - enviar cópia das publicações das §1º será revisto em 2013, conforme
pactuações à Secretaria Técnica da CIT; pactuação na CIT de prioridades e metas
XVI - publicar e publicizar as suas nacionais para os Estados e o Distrito
pactuações; Federal, permanecendo em vigor até o
XVII - informar ao Conselho exercício de 2015.
Estadual de Assistência Social - CEAS §3º Quando da disponibilização do
sobre suas pactuações; sistema de informação de que trata o caput,
XVIII - encaminhar ao Conselho os Estados e o Distrito Federal deverão
Estadual de Assistência Social os assuntos inserir o planejamento para alcance das
de sua competência para deliberação. prioridades e metas de que trata o inciso II
do §1º. §4º No interstício entre a publicação
CAPÍTULO XI desta Norma e a primeira pactuação dos
REGRAS DE TRANSIÇÃO municípios na forma do inciso II do §5º do
art. 18, poderão ser pactuadas as
Art. 138. A aplicação das Subseções I e prioridades e metas específicas.
II da Seção III do Capítulo VI desta NOB
SUAS fica condicionada à edição de ato Art. 140. Os Estados, o Distrito Federal
normativo complementar referente aos e os Municípios que aderiram ao SUAS na

97
Legislação Básica da Saúde

forma da NOB SUAS/2005, aprovada pela respectivos Planos de Assistência Social a


Resolução nº 130 de 2005, passarão cada dez anos, em desacordo com os
automaticamente a respeitar as regras períodos de elaboração do Plano Plurianual
estabelecidas nesta Norma. (PPA).
II. A realização de diagnóstico
Art. 141. O Plano Nacional de socioterritorial, a cada década, compõe a
Assistência Social referente ao período que elaboração dos Planos de Assistência Social
compreende a publicação desta Norma até em apenas uma esfera de governo.
o ano 2015 consistirá na revisão do Plano (A) Os itens I e II estão corretos.
Decenal, em consonância com o PPA e as (B) Somente o item I está correto.
prioridades e metas nacionais do Pacto de (C) Somente o item II está correto.
Aprimoramento do SUAS. (D) Os itens I e II estão incorretos.

Questões Alternativas
01.C (A-Art.26, §6º; B-Art. 26; C-Art. 32,
01. (Prefeitura de São João del Rei - §1; D-Art. 36, §1º)
Assistente Social - IBGP/2021) A Norma 02.D (Art. 19; Art. 20)
Operacional Básica do SUAS (2012) prevê
o pacto de aprimoramento das ações desse
sistema. Esse pacto é firmado entre as três
Lei Federal nº. 8.069/1990 (Estatuto da
esferas governamentais: União, Estados,
Criança e do Adolescente) e suas
Distrito Federal e Municípios. Tem por alterações
finalidade aprimorar a gestão dos serviços,
programas, projetos e benefícios
socioassistenciais.
Tendo como referência o pacto de ESTATUTO DA CRIANÇA E
aprimoramento das ações do SUAS, ADOLESCENTE
assinale a alternativa CORRETA:
(A) O pacto e o plano são dois Quem é criança de acordo com o
instrumentos que não necessariamente tem Estatuto da Criança e Adolescente
correspondências entre si. (ECA)?
(B) O município tem ampla autonomia Considera-se criança, para os efeitos
na definição de metas e prioridade a serem desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
alcançadas a cada quadriênio. incompletos, e adolescente aquela entre
(C) Os conselhos de assistência social doze e dezoito anos de idade.
nos três níveis de governo deliberarão
acerca do planejamento para o alcance das Direitos:
metas colocadas neste pacto. - Direito à vida e a saúde;
(D) As ações para superação de - Do Direito à Liberdade, ao Respeito e
dificuldades nos municípios consistem em à Dignidade;
intervenções envolvendo o controle social, - Direito à Convivência Familiar e
Estado e a União. Comunitária.

02. (Prefeitura de Pato Bragado - Família Natural x Família Extensa e


Assistente Social - OBJETIVA/2021) De Ampliada
acordo com a NOB/SUAS 2012, sobre os Entende-se por família natural a
planos de assistência social, analisar os comunidade formada pelos pais ou
itens abaixo: qualquer deles e seus descendentes.
I. A União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios deverão elaborar os Entende-se por família extensa ou

98
Legislação Básica da Saúde

ampliada aquela que se estende para além local, composto de 5 (cinco) membros,
da unidade pais e filhos ou da unidade do escolhidos pela população local para
casal, formada por parentes próximos com mandato de 4 (quatro) anos, permitida
os quais a criança ou adolescente convive e recondução por novos processos de
mantém vínculos de afinidade e escolha.
afetividade.
Perda ou Suspensão do Pátrio Poder
Tutela Familiar
A tutela será deferida, nos termos da lei O procedimento para a perda ou a
civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos suspensão do pátrio poder poder familiar
incompletos, terá início por provocação do Ministério
Público ou de quem tenha legítimo
Ato Infracional interesse.
Considera-se ato infracional a conduta
descrita como crime ou contravenção penal. Crimes
Os crimes apresentados entre os artigos
Medidas Socioeducativas 225 - 244 são de ação penal pública
Aplicam-se as medidas socieducativas incondicionada.
ao adolescente e são elas:
I - advertência; Infrações
II - obrigação de reparar o dano; Estão disciplinadas entre os artigos 245
III - prestação de serviços à comunidade; - 258.
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semi- Abaixo segue a lei:
liberdade;
VI - internação em estabelecimento LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE
educacional. 1990.5

Internação Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


É medida que não comporta prazo Adolescente e dá outras providências.
determinado, devendo sua manutenção ser
reavaliada, mediante decisão O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
fundamentada, no máximo a cada seis Faço saber que o Congresso Nacional
meses. decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

OBS: Em nenhuma hipótese o período Título I


máximo de internação excederá a três anos. Das Disposições Preliminares

Conselho Tutelar Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção


O Conselho Tutelar é órgão permanente integral à criança e ao adolescente.
e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento Art. 2º Considera-se criança, para os
dos direitos da criança e do adolescente, efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de
definidos nesta Lei. idade incompletos, e adolescente aquela
Em cada Município e em cada Região entre doze e dezoito anos de idade.
Administrativa do Distrito Federal haverá, Parágrafo único. Nos casos expressos
no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como em lei, aplica-se excepcionalmente este
órgão integrante da administração pública Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e

5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm - visitado em: 29.12.2022

99
Legislação Básica da Saúde

um anos de idade. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-


se-ão em conta os fins sociais a que ela se
Art. 3º A criança e o adolescente gozam dirige, as exigências do bem comum, os
de todos os direitos fundamentais inerentes direitos e deveres individuais e coletivos, e
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção a condição peculiar da criança e do
integral de que trata esta Lei, assegurando- adolescente como pessoas em
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas desenvolvimento.
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes
facultar o desenvolvimento físico, mental, Título II
moral, espiritual e social, em condições de Dos Direitos Fundamentais
liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados Capítulo I
nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e Do Direito à Vida e à Saúde
adolescentes, sem discriminação de
nascimento, situação familiar, idade, sexo, Art. 7º A criança e o adolescente têm
raça, etnia ou cor, religião ou crença, direito a proteção à vida e à saúde, mediante
deficiência, condição pessoal de a efetivação de políticas sociais públicas
desenvolvimento e aprendizagem, condição que permitam o nascimento e o
econômica, ambiente social, região e local desenvolvimento sadio e harmonioso, em
de moradia ou outra condição que condições dignas de existência.
diferencie as pessoas, as famílias ou a
comunidade em que vivem. Art. 8º É assegurado a todas as mulheres
o acesso aos programas e às políticas de
Art. 4º É dever da família, da saúde da mulher e de planejamento
comunidade, da sociedade em geral e do reprodutivo e, às gestantes, nutrição
poder público assegurar, com absoluta adequada, atenção humanizada à gravidez,
prioridade, a efetivação dos direitos ao parto e ao puerpério e atendimento pré-
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à natal, perinatal e pós-natal integral no
educação, ao esporte, ao lazer, à âmbito do Sistema Único de Saúde.
profissionalização, à cultura, à dignidade, §1º O atendimento pré-natal será
ao respeito, à liberdade e à convivência realizado por profissionais da atenção
familiar e comunitária. primária.
Parágrafo único. A garantia de §2º Os profissionais de saúde de
prioridade compreende: referência da gestante garantirão sua
a) primazia de receber proteção e vinculação, no último trimestre da gestação,
socorro em quaisquer circunstâncias; ao estabelecimento em que será realizado o
b) precedência de atendimento nos parto, garantido o direito de opção da
serviços públicos ou de relevância pública; mulher.
c) preferência na formulação e na §3º Os serviços de saúde onde o parto for
execução das políticas sociais públicas; realizado assegurarão às mulheres e aos
d) destinação privilegiada de recursos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar
públicos nas áreas relacionadas com a responsável e contrarreferência na atenção
proteção à infância e à juventude. primária, bem como o acesso a outros
serviços e a grupos de apoio à
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente amamentação.
será objeto de qualquer forma de §4º Incumbe ao poder público
negligência, discriminação, exploração, proporcionar assistência psicológica à
violência, crueldade e opressão, punido na gestante e à mãe, no período pré e pós-natal,
forma da lei qualquer atentado, por ação ou inclusive como forma de prevenir ou
omissão, aos seus direitos fundamentais. minorar as consequências do estado

100
Legislação Básica da Saúde

puerperal. ficarão a cargo do poder público, em


§5º A assistência referida no §4º deste conjunto com organizações da sociedade
artigo deverá ser prestada também a civil, e serão dirigidas prioritariamente ao
gestantes e mães que manifestem interesse público adolescente.
em entregar seus filhos para adoção, bem
como a gestantes e mães que se encontrem Art. 9º O poder público, as instituições e
em situação de privação de liberdade. os empregadores propiciarão condições
§6º A gestante e a parturiente têm direito adequadas ao aleitamento materno,
a 1 (um) acompanhante de sua preferência inclusive aos filhos de mães submetidas a
durante o período do pré-natal, do trabalho medida privativa de liberdade.
de parto e do pós-parto imediato. §1º Os profissionais das unidades
§7º A gestante deverá receber orientação primárias de saúde desenvolverão ações
sobre aleitamento materno, alimentação sistemáticas, individuais ou coletivas,
complementar saudável e crescimento e visando ao planejamento, à implementação
desenvolvimento infantil, bem como sobre e à avaliação de ações de promoção,
formas de favorecer a criação de vínculos proteção e apoio ao aleitamento materno e
afetivos e de estimular o desenvolvimento à alimentação complementar saudável, de
integral da criança. forma contínua.
§8º A gestante tem direito a §2º Os serviços de unidades de terapia
acompanhamento saudável durante toda a intensiva neonatal deverão dispor de banco
gestação e a parto natural cuidadoso, de leite humano ou unidade de coleta de
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e leite humano.
outras intervenções cirúrgicas por motivos
médicos. Art. 10. Os hospitais e demais
§9º A atenção primária à saúde fará a estabelecimentos de atenção à saúde de
busca ativa da gestante que não iniciar ou gestantes, públicos e particulares, são
que abandonar as consultas de pré-natal, obrigados a:
bem como da puérpera que não comparecer I - manter registro das atividades
às consultas pós-parto. desenvolvidas, através de prontuários
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, individuais, pelo prazo de dezoito anos;
à gestante e à mulher com filho na primeira II - identificar o recém-nascido mediante
infância que se encontrem sob custódia em o registro de sua impressão plantar e digital
unidade de privação de liberdade, e da impressão digital da mãe, sem prejuízo
ambiência que atenda às normas sanitárias de outras formas normatizadas pela
e assistenciais do Sistema Único de Saúde autoridade administrativa competente;
para o acolhimento do filho, em articulação III - proceder a exames visando ao
com o sistema de ensino competente, diagnóstico e terapêutica de anormalidades
visando ao desenvolvimento integral da no metabolismo do recém-nascido, bem
criança. como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana onde constem necessariamente as
Nacional de Prevenção da Gravidez na intercorrências do parto e do
Adolescência, a ser realizada anualmente desenvolvimento do neonato;
na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, V - manter alojamento conjunto,
com o objetivo de disseminar informações possibilitando ao neonato a permanência
sobre medidas preventivas e educativas que junto à mãe.
contribuam para a redução da incidência da VI - acompanhar a prática do processo
gravidez na adolescência. de amamentação, prestando orientações
Parágrafo único. As ações destinadas a quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
efetivar o disposto no caput deste artigo permanecer na unidade hospitalar,

101
Legislação Básica da Saúde

utilizando o corpo técnico já existente. do PNTN, será revisada periodicamente,


§ 1º Os testes para o rastreamento de com base em evidências científicas,
doenças no recém-nascido serão considerados os benefícios do
disponibilizados pelo Sistema Único de rastreamento, do diagnóstico e do
Saúde, no âmbito do Programa Nacional de tratamento precoce, priorizando as doenças
Triagem Neonatal (PNTN), na forma da com maior prevalência no País, com
regulamentação elaborada pelo Ministério protocolo de tratamento aprovado e com
da Saúde, com implementação de forma tratamento incorporado no Sistema Único
escalonada, de acordo com a seguinte de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de
ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 2021)
14.154, de 2021) § 3º O rol de doenças constante do § 1º
I - etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, deste artigo poderá ser expandido pelo
de 2021) poder público com base nos critérios
a) fenilcetonúria e outras estabelecidos no § 2º deste artigo. (Incluído
hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº pela Lei nº 14.154, de 2021)
14.154, de 2021) § 4º Durante os atendimentos de pré-
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída natal e de puerpério imediato, os
pela Lei nº 14.154, de 2021) profissionais de saúde devem informar a
c) doença falciforme e outras gestante e os acompanhantes sobre a
hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº importância do teste do pezinho e sobre as
14.154, de 2021) eventuais diferenças existentes entre as
d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº modalidades oferecidas no Sistema Único
14.154, de 2021) de Saúde e na rede privada de saúde.
e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
(Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)
f) deficiência de biotinidase; (Incluída Art. 11. É assegurado acesso integral às
pela Lei nº 14.154, de 2021) linhas de cuidado voltadas à saúde da
g) toxoplasmose congênita; (Incluída criança e do adolescente, por intermédio do
pela Lei nº 14.154, de 2021) Sistema Único de Saúde, observado o
II - etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, princípio da equidade no acesso a ações e
de 2021) serviços para promoção, proteção e
a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº recuperação da saúde.
14.154, de 2021) §1º A criança e o adolescente com
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei deficiência serão atendidos, sem
nº 14.154, de 2021) discriminação ou segregação, em suas
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída necessidades gerais de saúde e específicas
pela Lei nº 14.154, de 2021) de habilitação e reabilitação.
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos §2º Incumbe ao poder público fornecer
graxos; (Incluída pela Lei nº 14.154, de gratuitamente, àqueles que necessitarem,
2021) medicamentos, órteses, próteses e outras
III - etapa 3: doenças lisossômicas; tecnologias assistivas relativas ao
(Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) tratamento, habilitação ou reabilitação para
IV - etapa 4: imunodeficiências crianças e adolescentes, de acordo com as
primárias; (Incluído pela Lei nº 14.154, de linhas de cuidado voltadas às suas
2021) necessidades específicas.
V - etapa 5: atrofia muscular espinhal. §3º Os profissionais que atuam no
(Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) cuidado diário ou frequente de crianças na
primeira infância receberão formação
§ 2º A delimitação de doenças a serem específica e permanente para a detecção de
rastreadas pelo teste do pezinho, no âmbito sinais de risco para o desenvolvimento

102
Legislação Básica da Saúde

psíquico, bem como para o promoverá a atenção à saúde bucal das


acompanhamento que se fizer necessário. crianças e das gestantes, de forma
transversal, integral e intersetorial com as
Art. 12. Os estabelecimentos de demais linhas de cuidado direcionadas à
atendimento à saúde, inclusive as unidades mulher e à criança.
neonatais, de terapia intensiva e de §3º A atenção odontológica à criança
cuidados intermediários, deverão terá função educativa protetiva e será
proporcionar condições para a permanência prestada, inicialmente, antes de o bebê
em tempo integral de um dos pais ou nascer, por meio de aconselhamento pré-
responsável, nos casos de internação de natal, e, posteriormente, no sexto e no
criança ou adolescente. décimo segundo anos de vida, com
orientações sobre saúde bucal.
Art. 13. Os casos de suspeita ou §4º A criança com necessidade de
confirmação de castigo físico, de cuidados odontológicos especiais será
tratamento cruel ou degradante e de maus- atendida pelo Sistema Único de Saúde.
tratos contra criança ou adolescente serão § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as
obrigatoriamente comunicados ao crianças, nos seus primeiros dezoito meses
Conselho Tutelar da respectiva localidade, de vida, de protocolo ou outro instrumento
sem prejuízo de outras providências legais. construído com a finalidade de facilitar a
§1º As gestantes ou mães que detecção, em consulta pediátrica de
manifestem interesse em entregar seus acompanhamento da criança, de risco para
filhos para adoção serão obrigatoriamente o seu desenvolvimento psíquico.
encaminhadas, sem constrangimento, à
Justiça da Infância e da Juventude. Capítulo II
§2º Os serviços de saúde em suas Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à
diferentes portas de entrada, os serviços de Dignidade
assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Art. 15. A criança e o adolescente têm
Especializado de Assistência Social (Creas) direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
e os demais órgãos do Sistema de Garantia como pessoas humanas em processo de
de Direitos da Criança e do Adolescente desenvolvimento e como sujeitos de
deverão conferir máxima prioridade ao direitos civis, humanos e sociais garantidos
atendimento das crianças na faixa etária da na Constituição e nas leis.
primeira infância com suspeita ou
confirmação de violência de qualquer Art. 16. O direito à liberdade
natureza, formulando projeto terapêutico compreende os seguintes aspectos:
singular que inclua intervenção em rede e, I - ir, vir e estar nos logradouros públicos
se necessário, acompanhamento domiciliar. e espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
Art. 14. O Sistema Único de Saúde II - opinião e expressão;
promoverá programas de assistência III - crença e culto religioso;
médica e odontológica para a prevenção das IV - brincar, praticar esportes e divertir-
enfermidades que ordinariamente afetam a se;
população infantil, e campanhas de V - participar da vida familiar e
educação sanitária para pais, educadores e comunitária, sem discriminação;
alunos. VI - participar da vida política, na forma
§1º É obrigatória a vacinação das da lei;
crianças nos casos recomendados pelas VII - buscar refúgio, auxílio e
autoridades sanitárias. orientação.
§2º O Sistema Único de Saúde

103
Legislação Básica da Saúde

Art. 17. O direito ao respeito consiste na sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
inviolabilidade da integridade física, seguintes medidas, que serão aplicadas de
psíquica e moral da criança e do acordo com a gravidade do caso:
adolescente, abrangendo a preservação da I - encaminhamento a programa oficial
imagem, da identidade, da autonomia, dos ou comunitário de proteção à família;
valores, idéias e crenças, dos espaços e II - encaminhamento a tratamento
objetos pessoais. psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou
Art. 18. É dever de todos velar pela programas de orientação;
dignidade da criança e do adolescente, IV - obrigação de encaminhar a criança
pondo-os a salvo de qualquer tratamento a tratamento especializado;
desumano, violento, aterrorizante, V - advertência.
vexatório ou constrangedor. VI - garantia de tratamento de saúde
especializado à vítima. (Incluído pela Lei nº
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm 14.344, de 2022)
o direito de ser educados e cuidados sem o Parágrafo único. As medidas previstas
uso de castigo físico ou de tratamento cruel neste artigo serão aplicadas pelo Conselho
ou degradante, como formas de correção, Tutelar, sem prejuízo de outras
disciplina, educação ou qualquer outro providências legais.
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
família ampliada, pelos responsáveis, pelos Capítulo III
agentes públicos executores de medidas Do Direito à Convivência Familiar e
socioeducativas ou por qualquer pessoa Comunitária
encarregada de cuidar deles, tratá-los,
educá-los ou protegê-los. Seção I
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, Disposições Gerais
considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza Art. 19. É direito da criança e do
disciplinar ou punitiva aplicada com o uso adolescente ser criado e educado no seio de
da força física sobre a criança ou o sua família e, excepcionalmente, em família
adolescente que resulte em: substituta, assegurada a convivência
a) sofrimento físico; ou familiar e comunitária, em ambiente que
b) lesão; garanta seu desenvolvimento integral.
II - tratamento cruel ou degradante: §1º Toda criança ou adolescente que
conduta ou forma cruel de tratamento em estiver inserido em programa de
relação à criança ou ao adolescente que: acolhimento familiar ou institucional terá
a) humilhe; ou sua situação reavaliada, no máximo, a cada
b) ameace gravemente; ou 3 (três) meses, devendo a autoridade
c) ridicularize. judiciária competente, com base em
relatório elaborado por equipe
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da interprofissional ou multidisciplinar,
família ampliada, os responsáveis, os decidir de forma fundamentada pela
agentes públicos executores de medidas possibilidade de reintegração familiar ou
socioeducativas ou qualquer pessoa pela colocação em família substituta, em
encarregada de cuidar de crianças e de quaisquer das modalidades previstas no art.
adolescentes, tratá-los, educá-los ou 28 desta Lei.
protegê-los que utilizarem castigo físico ou §2º A permanência da criança e do
tratamento cruel ou degradante como adolescente em programa de acolhimento
formas de correção, disciplina, educação ou institucional não se prolongará por mais de
qualquer outro pretexto estarão sujeitos, 18 (dezoito meses), salvo comprovada

104
Legislação Básica da Saúde

necessidade que atenda ao seu superior competente deverá decretar a extinção do


interesse, devidamente fundamentada pela poder familiar e determinar a colocação da
autoridade judiciária. criança sob a guarda provisória de quem
§3º A manutenção ou a reintegração de estiver habilitado a adotá-la ou de entidade
criança ou adolescente à sua família terá que desenvolva programa de acolhimento
preferência em relação a qualquer outra familiar ou institucional.
providência, caso em que será esta incluída §5º Após o nascimento da criança, a
em serviços e programas de proteção, apoio vontade da mãe ou de ambos os genitores,
e promoção, nos termos do §1º do art. 23, se houver pai registral ou pai indicado, deve
dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos ser manifestada na audiência a que se refere
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. o §1º do art. 166 desta Lei, garantido o
§4º Será garantida a convivência da sigilo sobre a entrega.
criança e do adolescente com a mãe ou o pai § 6º Na hipótese de não comparecerem à
privado de liberdade, por meio de visitas audiência nem o genitor nem representante
periódicas promovidas pelo responsável ou, da família extensa para confirmar a
nas hipóteses de acolhimento institucional, intenção de exercer o poder familiar ou a
pela entidade responsável, guarda, a autoridade judiciária suspenderá o
independentemente de autorização judicial. poder familiar da mãe, e a criança será
§5º Será garantida a convivência integral colocada sob a guarda provisória de quem
da criança com a mãe adolescente que esteja habilitado a adotá-la.
estiver em acolhimento institucional. §7º Os detentores da guarda possuem o
§6º A mãe adolescente será assistida por prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação
equipe especializada multidisciplinar. de adoção, contado do dia seguinte à data
do término do estágio de convivência.
Art. 19-A. A gestante ou mãe que §8º Na hipótese de desistência pelos
manifeste interesse em entregar seu filho genitores - manifestada em audiência ou
para adoção, antes ou logo após o perante a equipe interprofissional - da
nascimento, será encaminhada à Justiça da entrega da criança após o nascimento, a
Infância e da Juventude. criança será mantida com os genitores, e
§1º A gestante ou mãe será ouvida pela será determinado pela Justiça da Infância e
equipe interprofissional da Justiça da da Juventude o acompanhamento familiar
Infância e da Juventude, que apresentará pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
relatório à autoridade judiciária, §9º É garantido à mãe o direito ao sigilo
considerando inclusive os eventuais efeitos sobre o nascimento, respeitado o disposto
do estado gestacional e puerperal. no art. 48 desta Lei.
§2º De posse do relatório, a autoridade § 10. Serão cadastrados para adoção
judiciária poderá determinar o recém-nascidos e crianças acolhidas não
encaminhamento da gestante ou mãe, procuradas por suas famílias no prazo de 30
mediante sua expressa concordância, à rede (trinta) dias, contado a partir do dia do
pública de saúde e assistência social para acolhimento.
atendimento especializado.
§3º A busca à família extensa, conforme Art. 19-B. A criança e o adolescente em
definida nos termos do parágrafo único do programa de acolhimento institucional ou
art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo familiar poderão participar de programa de
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual apadrinhamento.
período. §1º O apadrinhamento consiste em
§4º Na hipótese de não haver a indicação estabelecer e proporcionar à criança e ao
do genitor e de não existir outro adolescente vínculos externos à instituição
representante da família extensa apto a para fins de convivência familiar e
receber a guarda, a autoridade judiciária comunitária e colaboração com o seu

105
Legislação Básica da Saúde

desenvolvimento nos aspectos social, responsáveis, têm direitos iguais e deveres


moral, físico, cognitivo, educacional e e responsabilidades compartilhados no
financeiro. cuidado e na educação da criança, devendo
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas ser resguardado o direito de transmissão
pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não familiar de suas crenças e culturas,
inscritas nos cadastros de adoção, desde que assegurados os direitos da criança
cumpram os requisitos exigidos pelo estabelecidos nesta Lei.
programa de apadrinhamento de que fazem
parte. Art. 23. A falta ou a carência de recursos
§3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar materiais não constitui motivo suficiente
criança ou adolescente a fim de colaborar para a perda ou a suspensão do pátrio poder
para o seu desenvolvimento. poder familiar.
§4º O perfil da criança ou do adolescente §1º Não existindo outro motivo que por
a ser apadrinhado será definido no âmbito si só autorize a decretação da medida, a
de cada programa de apadrinhamento, com criança ou o adolescente será mantido em
prioridade para crianças ou adolescentes sua família de origem, a qual deverá
com remota possibilidade de reinserção obrigatoriamente ser incluída em serviços e
familiar ou colocação em família adotiva. programas oficiais de proteção, apoio e
§5º Os programas ou serviços de promoção.
apadrinhamento apoiados pela Justiça da § 2º A condenação criminal do pai ou da
Infância e da Juventude poderão ser mãe não implicará a destituição do poder
executados por órgãos públicos ou por familiar, exceto na hipótese de condenação
organizações da sociedade civil. por crime doloso sujeito à pena de reclusão
§6º Se ocorrer violação das regras de contra outrem igualmente titular do mesmo
apadrinhamento, os responsáveis pelo poder familiar ou contra filho, filha ou
programa e pelos serviços de acolhimento outro descendente.
deverão imediatamente notificar a
autoridade judiciária competente. Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio
poder poder familiar serão decretadas
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da judicialmente, em procedimento
relação do casamento, ou por adoção, terão contraditório, nos casos previstos na
os mesmos direitos e qualificações, legislação civil, bem como na hipótese de
proibidas quaisquer designações descumprimento injustificado dos deveres e
discriminatórias relativas à filiação. obrigações a que alude o art. 22.

Art. 21. O pátrio poder poder familiar Seção II


será exercido, em igualdade de condições, Da Família Natural
pelo pai e pela mãe, na forma do que
dispuser a legislação civil, assegurado a Art. 25. Entende-se por família natural a
qualquer deles o direito de, em caso de comunidade formada pelos pais ou
discordância, recorrer à autoridade qualquer deles e seus descendentes.
judiciária competente para a solução da Parágrafo único. Entende-se por família
divergência. extensa ou ampliada aquela que se estende
para além da unidade pais e filhos ou da
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de unidade do casal, formada por parentes
sustento, guarda e educação dos filhos próximos com os quais a criança ou
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse adolescente convive e mantém vínculos de
destes, a obrigação de cumprir e fazer afinidade e afetividade.
cumprir as determinações judiciais.
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os Art. 26. Os filhos havidos fora do

106
Legislação Básica da Saúde

casamento poderão ser reconhecidos pelos rompimento definitivo dos vínculos


pais, conjunta ou separadamente, no fraternais.
próprio termo de nascimento, por §5º A colocação da criança ou
testamento, mediante escritura ou outro adolescente em família substituta será
documento público, qualquer que seja a precedida de sua preparação gradativa e
origem da filiação. acompanhamento posterior, realizados pela
Parágrafo único. O reconhecimento equipe interprofissional a serviço da Justiça
pode preceder o nascimento do filho ou da Infância e da Juventude,
suceder-lhe ao falecimento, se deixar preferencialmente com o apoio dos técnicos
descendentes. responsáveis pela execução da política
municipal de garantia do direito à
Art. 27. O reconhecimento do estado de convivência familiar.
filiação é direito personalíssimo, §6º Em se tratando de criança ou
indisponível e imprescritível, podendo ser adolescente indígena ou proveniente de
exercitado contra os pais ou seus herdeiros, comunidade remanescente de quilombo, é
sem qualquer restrição, observado o ainda obrigatório:
segredo de Justiça. I - que sejam consideradas e respeitadas
sua identidade social e cultural, os seus
Seção III costumes e tradições, bem como suas
Da Família Substituta instituições, desde que não sejam
Subseção I incompatíveis com os direitos
Disposições Gerais fundamentais reconhecidos por esta Lei e
pela Constituição Federal;
Art. 28. A colocação em família II - que a colocação familiar ocorra
substituta far-se-á mediante guarda, tutela prioritariamente no seio de sua comunidade
ou adoção, independentemente da situação ou junto a membros da mesma etnia;
jurídica da criança ou adolescente, nos III - a intervenção e oitiva de
termos desta Lei. representantes do órgão federal responsável
§1º Sempre que possível, a criança ou o pela política indigenista, no caso de
adolescente será previamente ouvido por crianças e adolescentes indígenas, e de
equipe interprofissional, respeitado seu antropólogos, perante a equipe
estágio de desenvolvimento e grau de interprofissional ou multidisciplinar que irá
compreensão sobre as implicações da acompanhar o caso.
medida, e terá sua opinião devidamente
considerada. Art. 29. Não se deferirá colocação em
§2º Tratando-se de maior de 12 (doze) família substituta a pessoa que revele, por
anos de idade, será necessário seu qualquer modo, incompatibilidade com a
consentimento, colhido em audiência. natureza da medida ou não ofereça
§3º Na apreciação do pedido levar-se-á ambiente familiar adequado.
em conta o grau de parentesco e a relação
de afinidade ou de afetividade, a fim de Art. 30. A colocação em família
evitar ou minorar as consequências substituta não admitirá transferência da
decorrentes da medida. criança ou adolescente a terceiros ou a
§4º Os grupos de irmãos serão colocados entidades governamentais ou não-
sob adoção, tutela ou guarda da mesma governamentais, sem autorização judicial.
família substituta, ressalvada a comprovada
existência de risco de abuso ou outra Art. 31. A colocação em família
situação que justifique plenamente a substituta estrangeira constitui medida
excepcionalidade de solução diversa, excepcional, somente admissível na
procurando-se, em qualquer caso, evitar o modalidade de adoção.

107
Legislação Básica da Saúde

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, temporário e excepcional da medida, nos


o responsável prestará compromisso de termos desta Lei.
bem e fielmente desempenhar o encargo, §2º Na hipótese do §1º deste artigo a
mediante termo nos autos. pessoa ou casal cadastrado no programa de
acolhimento familiar poderá receber a
Subseção II criança ou adolescente mediante guarda,
Da Guarda observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta
Lei.
Art. 33. A guarda obriga a prestação de §3º A União apoiará a implementação de
assistência material, moral e educacional à serviços de acolhimento em família
criança ou adolescente, conferindo a seu acolhedora como política pública, os quais
detentor o direito de opor-se a terceiros, deverão dispor de equipe que organize o
inclusive aos pais. acolhimento temporário de crianças e de
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a adolescentes em residências de famílias
posse de fato, podendo ser deferida, liminar selecionadas, capacitadas e acompanhadas
ou incidentalmente, nos procedimentos de que não estejam no cadastro de adoção.
tutela e adoção, exceto no de adoção por §4º Poderão ser utilizados recursos
estrangeiros. federais, estaduais, distritais e municipais
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a para a manutenção dos serviços de
guarda, fora dos casos de tutela e adoção, acolhimento em família acolhedora,
para atender a situações peculiares ou suprir facultando-se o repasse de recursos para a
a falta eventual dos pais ou responsável, própria família acolhedora.
podendo ser deferido o direito de
representação para a prática de atos Art. 35. A guarda poderá ser revogada a
determinados. qualquer tempo, mediante ato judicial
§ 3º A guarda confere à criança ou fundamentado, ouvido o Ministério
adolescente a condição de dependente, para Público.
todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários. Subseção III
§4º Salvo expressa e fundamentada Da Tutela
determinação em contrário, da autoridade
judiciária competente, ou quando a medida Art. 36. A tutela será deferida, nos
for aplicada em preparação para adoção, o termos da lei civil, a pessoa de até 18
deferimento da guarda de criança ou (dezoito) anos incompletos.
adolescente a terceiros não impede o Parágrafo único. O deferimento da tutela
exercício do direito de visitas pelos pais, pressupõe a prévia decretação da perda ou
assim como o dever de prestar alimentos, suspensão do pátrio poder poder familiar e
que serão objeto de regulamentação implica necessariamente o dever de guarda.
específica, a pedido do interessado ou do
Ministério Público. Art. 37. O tutor nomeado por testamento
ou qualquer documento autêntico,
Art. 34. O poder público estimulará, por conforme previsto no parágrafo único do
meio de assistência jurídica, incentivos art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de
fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a janeiro de 2002 - Código Civil , deverá, no
forma de guarda, de criança ou adolescente prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
afastado do convívio familiar. sucessão, ingressar com pedido destinado
§1º A inclusão da criança ou adolescente ao controle judicial do ato, observando o
em programas de acolhimento familiar terá procedimento previsto nos arts. 165 a 170
preferência a seu acolhimento institucional, desta Lei.
observado, em qualquer caso, o caráter Parágrafo único. Na apreciação do

108
Legislação Básica da Saúde

pedido, serão observados os requisitos de vocação hereditária.


previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
somente sendo deferida a tutela à pessoa Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
indicada na disposição de última vontade, (dezoito) anos, independentemente do
se restar comprovado que a medida é estado civil.
vantajosa ao tutelando e que não existe § 1º Não podem adotar os ascendentes e
outra pessoa em melhores condições de os irmãos do adotando.
assumi-la. §2º Para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela casados civilmente ou mantenham união
o disposto no art. 24. estável, comprovada a estabilidade da
família.
Subseção IV § 3º O adotante há de ser, pelo menos,
Da Adoção dezesseis anos mais velho do que o
adotando.
Art. 39. A adoção de criança e de §4º Os divorciados, os judicialmente
adolescente reger-se-á segundo o disposto separados e os ex-companheiros podem
nesta Lei. adotar conjuntamente, contanto que
§1º A adoção é medida excepcional e acordem sobre a guarda e o regime de
irrevogável, à qual se deve recorrer apenas visitas e desde que o estágio de convivência
quando esgotados os recursos de tenha sido iniciado na constância do
manutenção da criança ou adolescente na período de convivência e que seja
família natural ou extensa, na forma do comprovada a existência de vínculos de
parágrafo único do art. 25 desta Lei. afinidade e afetividade com aquele não
§2º É vedada a adoção por procuração. detentor da guarda, que justifiquem a
§3º Em caso de conflito entre direitos e excepcionalidade da concessão.
interesses do adotando e de outras pessoas, §5º Nos casos do §4º deste artigo, desde
inclusive seus pais biológicos, devem que demonstrado efetivo benefício ao
prevalecer os direitos e os interesses do adotando, será assegurada a guarda
adotando. compartilhada, conforme previsto no art.
1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de
Art. 40. O adotando deve contar com, no 2002 - Código Civil .
máximo, dezoito anos à data do pedido, §6º A adoção poderá ser deferida ao
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotante que, após inequívoca manifestação
adotantes. de vontade, vier a falecer no curso do
procedimento, antes de prolatada a
Art. 41. A adoção atribui a condição de sentença.
filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando- Art. 43. A adoção será deferida quando
o de qualquer vínculo com pais e parentes, apresentar reais vantagens para o adotando
salvo os impedimentos matrimoniais. e fundar-se em motivos legítimos.
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos
adota o filho do outro, mantêm-se os Art. 44. Enquanto não der conta de sua
vínculos de filiação entre o adotado e o administração e saldar o seu alcance, não
cônjuge ou concubino do adotante e os pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou
respectivos parentes. o curatelado.
§ 2º É recíproco o direito sucessório
entre o adotado, seus descendentes, o Art. 45. A adoção depende do
adotante, seus ascendentes, descendentes e consentimento dos pais ou do representante
colaterais até o 4º grau, observada a ordem legal do adotando.

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Legislação Básica da Saúde

§ 1º. O consentimento será dispensado §5º O estágio de convivência será


em relação à criança ou adolescente cujos cumprido no território nacional,
pais sejam desconhecidos ou tenham sido preferencialmente na comarca de residência
destituídos do poder familiar . da criança ou adolescente, ou, a critério do
§ 2º. Em se tratando de adotando maior juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em
de doze anos de idade, será também qualquer hipótese, a competência do juízo
necessário o seu consentimento. da comarca de residência da criança.

Art. 46. A adoção será precedida de Art. 47. O vínculo da adoção constitui-
estágio de convivência com a criança ou se por sentença judicial, que será inscrita no
adolescente, pelo prazo máximo de 90 registro civil mediante mandado do qual
(noventa) dias, observadas a idade da não se fornecerá certidão.
criança ou adolescente e as peculiaridades § 1º A inscrição consignará o nome dos
do caso. adotantes como pais, bem como o nome de
§1º O estágio de convivência poderá ser seus ascendentes.
dispensado se o adotando já estiver sob a § 2º O mandado judicial, que será
tutela ou guarda legal do adotante durante arquivado, cancelará o registro original do
tempo suficiente para que seja possível adotado.
avaliar a conveniência da constituição do §3º A pedido do adotante, o novo
vínculo. registro poderá ser lavrado no Cartório do
§2º A simples guarda de fato não Registro Civil do Município de sua
autoriza, por si só, a dispensa da realização residência.
do estágio de convivência. §4º Nenhuma observação sobre a origem
§2º -A. O prazo máximo estabelecido no do ato poderá constar nas certidões do
caput deste artigo pode ser prorrogado por registro.
até igual período, mediante decisão §5º A sentença conferirá ao adotado o
fundamentada da autoridade judiciária. nome do adotante e, a pedido de qualquer
§3º Em caso de adoção por pessoa ou deles, poderá determinar a modificação do
casal residente ou domiciliado fora do País, prenome.
o estágio de convivência será de, no §6º Caso a modificação de prenome seja
mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 requerida pelo adotante, é obrigatória a
(quarenta e cinco) dias, prorrogável por até oitiva do adotando, observado o disposto
igual período, uma única vez, mediante nos §§1º e 2º do art. 28 desta Lei.
decisão fundamentada da autoridade §7º A adoção produz seus efeitos a partir
judiciária. do trânsito em julgado da sentença
§3º -A. Ao final do prazo previsto no §3º constitutiva, exceto na hipótese prevista no
deste artigo, deverá ser apresentado laudo §6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá
fundamentado pela equipe mencionada no força retroativa à data do óbito.
§4º deste artigo, que recomendará ou não o §8º O processo relativo à adoção assim
deferimento da adoção à autoridade como outros a ele relacionados serão
judiciária. mantidos em arquivo, admitindo-se seu
§4º O estágio de convivência será armazenamento em microfilme ou por
acompanhado pela equipe interprofissional outros meios, garantida a sua conservação
a serviço da Justiça da Infância e da para consulta a qualquer tempo.
Juventude, preferencialmente com apoio § 9º Terão prioridade de tramitação os
dos técnicos responsáveis pela execução da processos de adoção em que o adotando for
política de garantia do direito à convivência criança ou adolescente com deficiência ou
familiar, que apresentarão relatório com doença crônica.
minucioso acerca da conveniência do § 10. O prazo máximo para conclusão da
deferimento da medida. ação de adoção será de 120 (cento e vinte)

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Legislação Básica da Saúde

dias, prorrogável uma única vez por igual da política municipal de garantia do direito
período, mediante decisão fundamentada da à convivência familiar.
autoridade judiciária. §5º Serão criados e implementados
cadastros estaduais e nacional de crianças e
Art. 48. O adotado tem direito de adolescentes em condições de serem
conhecer sua origem biológica, bem como adotados e de pessoas ou casais habilitados
de obter acesso irrestrito ao processo no à adoção.
qual a medida foi aplicada e seus eventuais §6º Haverá cadastros distintos para
incidentes, após completar 18 (dezoito) pessoas ou casais residentes fora do País,
anos. que somente serão consultados na
Parágrafo único. O acesso ao processo inexistência de postulantes nacionais
de adoção poderá ser também deferido ao habilitados nos cadastros mencionados no
adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu §5º deste artigo.
pedido, assegurada orientação e assistência §7º As autoridades estaduais e federais
jurídica e psicológica. em matéria de adoção terão acesso integral
aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
Art. 49. A morte dos adotantes não informações e a cooperação mútua, para
restabelece o pátrio poder poder familiar melhoria do sistema.
dos pais naturais. §8º A autoridade judiciária
providenciará, no prazo de 48 (quarenta e
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, oito) horas, a inscrição das crianças e
em cada comarca ou foro regional, um adolescentes em condições de serem
registro de crianças e adolescentes em adotados que não tiveram colocação
condições de serem adotados e outro de familiar na comarca de origem, e das
pessoas interessadas na adoção. pessoas ou casais que tiveram deferida sua
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á habilitação à adoção nos cadastros estadual
após prévia consulta aos órgãos técnicos do e nacional referidos no §5º deste artigo, sob
juizado, ouvido o Ministério Público. pena de responsabilidade.
§ 2º Não será deferida a inscrição se o §9º Compete à Autoridade Central
interessado não satisfizer os requisitos Estadual zelar pela manutenção e correta
legais, ou verificada qualquer das hipóteses alimentação dos cadastros, com posterior
previstas no art. 29. comunicação à Autoridade Central Federal
§3º A inscrição de postulantes à adoção Brasileira.
será precedida de um período de preparação § 10. Consultados os cadastros e
psicossocial e jurídica, orientado pela verificada a ausência de pretendentes
equipe técnica da Justiça da Infância e da habilitados residentes no País com perfil
Juventude, preferencialmente com apoio compatível e interesse manifesto pela
dos técnicos responsáveis pela execução da adoção de criança ou adolescente inscrito
política municipal de garantia do direito à nos cadastros existentes, será realizado o
convivência familiar. encaminhamento da criança ou adolescente
§4º Sempre que possível e à adoção internacional.
recomendável, a preparação referida no §3º § 11. Enquanto não localizada pessoa ou
deste artigo incluirá o contato com crianças casal interessado em sua adoção, a criança
e adolescentes em acolhimento familiar ou ou o adolescente, sempre que possível e
institucional em condições de serem recomendável, será colocado sob guarda de
adotados, a ser realizado sob a orientação, família cadastrada em programa de
supervisão e avaliação da equipe técnica da acolhimento familiar.
Justiça da Infância e da Juventude, com § 12. A alimentação do cadastro e a
apoio dos técnicos responsáveis pelo convocação criteriosa dos postulantes à
programa de acolhimento e pela execução adoção serão fiscalizadas pelo Ministério

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Legislação Básica da Saúde

Público. residentes no Brasil com perfil compatível


§ 13. Somente poderá ser deferida com a criança ou adolescente, após consulta
adoção em favor de candidato domiciliado aos cadastros mencionados nesta Lei;
no Brasil não cadastrado previamente nos III - que, em se tratando de adoção de
termos desta Lei quando: adolescente, este foi consultado, por meios
I - se tratar de pedido de adoção adequados ao seu estágio de
unilateral; desenvolvimento, e que se encontra
II - for formulada por parente com o qual preparado para a medida, mediante parecer
a criança ou adolescente mantenha vínculos elaborado por equipe interprofissional,
de afinidade e afetividade; observado o disposto nos §§1º e 2 o do art.
III - oriundo o pedido de quem detém a 28 desta Lei.
tutela ou guarda legal de criança maior de 3 §2º Os brasileiros residentes no exterior
(três) anos ou adolescente, desde que o terão preferência aos estrangeiros, nos
lapso de tempo de convivência comprove a casos de adoção internacional de criança ou
fixação de laços de afinidade e afetividade, adolescente brasileiro.
e não seja constatada a ocorrência de má-fé §3º A adoção internacional pressupõe a
ou qualquer das situações previstas nos arts. intervenção das Autoridades Centrais
237 ou 238 desta Lei. Estaduais e Federal em matéria de adoção
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 internacional.
deste artigo, o candidato deverá comprovar, § 4º (Revogado)
no curso do procedimento, que preenche os
requisitos necessários à adoção, conforme Art. 52. A adoção internacional
previsto nesta Lei. observará o procedimento previsto nos arts.
§ 15. Será assegurada prioridade no 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
cadastro a pessoas interessadas em adotar adaptações:
criança ou adolescente com deficiência, I - a pessoa ou casal estrangeiro,
com doença crônica ou com necessidades interessado em adotar criança ou
específicas de saúde, além de grupo de adolescente brasileiro, deverá formular
irmãos. pedido de habilitação à adoção perante a
Autoridade Central em matéria de adoção
Art. 51. Considera-se adoção internacional no país de acolhida, assim
internacional aquela na qual o pretendente entendido aquele onde está situada sua
possui residência habitual em país-parte da residência habitual;
Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, II - se a Autoridade Central do país de
Relativa à Proteção das Crianças e à acolhida considerar que os solicitantes
Cooperação em Matéria de Adoção estão habilitados e aptos para adotar,
Internacional, promulgada pelo Decreto n o emitirá um relatório que contenha
3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar informações sobre a identidade, a
criança em outro país-parte da Convenção. capacidade jurídica e adequação dos
§1º A adoção internacional de criança ou solicitantes para adotar, sua situação
adolescente brasileiro ou domiciliado no pessoal, familiar e médica, seu meio social,
Brasil somente terá lugar quando restar os motivos que os animam e sua aptidão
comprovado: para assumir uma adoção internacional;
I - que a colocação em família adotiva é III - a Autoridade Central do país de
a solução adequada ao caso concreto; acolhida enviará o relatório à Autoridade
II - que foram esgotadas todas as Central Estadual, com cópia para a
possibilidades de colocação da criança ou Autoridade Central Federal Brasileira;
adolescente em família adotiva brasileira, IV - o relatório será instruído com toda a
com a comprovação, certificada nos autos, documentação necessária, incluindo estudo
da inexistência de adotantes habilitados psicossocial elaborado por equipe

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Legislação Básica da Saúde

interprofissional habilitada e cópia ratificaram a Convenção de Haia e estejam


autenticada da legislação pertinente, devidamente credenciados pela Autoridade
acompanhada da respectiva prova de Central do país onde estiverem sediados e
vigência; no país de acolhida do adotando para atuar
V - os documentos em língua estrangeira em adoção internacional no Brasil;
serão devidamente autenticados pela II - satisfizerem as condições de
autoridade consular, observados os tratados integridade moral, competência
e convenções internacionais, e profissional, experiência e responsabilidade
acompanhados da respectiva tradução, por exigidas pelos países respectivos e pela
tradutor público juramentado; Autoridade Central Federal Brasileira;
VI - a Autoridade Central Estadual III - forem qualificados por seus padrões
poderá fazer exigências e solicitar éticos e sua formação e experiência para
complementação sobre o estudo atuar na área de adoção internacional;
psicossocial do postulante estrangeiro à IV - cumprirem os requisitos exigidos
adoção, já realizado no país de acolhida; pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas
VII - verificada, após estudo realizado normas estabelecidas pela Autoridade
pela Autoridade Central Estadual, a Central Federal Brasileira.
compatibilidade da legislação estrangeira §4º Os organismos credenciados
com a nacional, além do preenchimento por deverão ainda:
parte dos postulantes à medida dos I - perseguir unicamente fins não
requisitos objetivos e subjetivos lucrativos, nas condições e dentro dos
necessários ao seu deferimento, tanto à luz limites fixados pelas autoridades
do que dispõe esta Lei como da legislação competentes do país onde estiverem
do país de acolhida, será expedido laudo de sediados, do país de acolhida e pela
habilitação à adoção internacional, que terá Autoridade Central Federal Brasileira;
validade por, no máximo, 1 (um) ano; II - ser dirigidos e administrados por
VIII - de posse do laudo de habilitação, pessoas qualificadas e de reconhecida
o interessado será autorizado a formalizar idoneidade moral, com comprovada
pedido de adoção perante o Juízo da formação ou experiência para atuar na área
Infância e da Juventude do local em que se de adoção internacional, cadastradas pelo
encontra a criança ou adolescente, Departamento de Polícia Federal e
conforme indicação efetuada pela aprovadas pela Autoridade Central Federal
Autoridade Central Estadual. Brasileira, mediante publicação de portaria
§1º Se a legislação do país de acolhida do órgão federal competente;
assim o autorizar, admite-se que os pedidos III - estar submetidos à supervisão das
de habilitação à adoção internacional sejam autoridades competentes do país onde
intermediados por organismos estiverem sediados e no país de acolhida,
credenciados. inclusive quanto à sua composição,
§2º Incumbe à Autoridade Central funcionamento e situação financeira;
Federal Brasileira o credenciamento de IV - apresentar à Autoridade Central
organismos nacionais e estrangeiros Federal Brasileira, a cada ano, relatório
encarregados de intermediar pedidos de geral das atividades desenvolvidas, bem
habilitação à adoção internacional, com como relatório de acompanhamento das
posterior comunicação às Autoridades adoções internacionais efetuadas no
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos período, cuja cópia será encaminhada ao
oficiais de imprensa e em sítio próprio da Departamento de Polícia Federal;
internet. V - enviar relatório pós-adotivo
§3º Somente será admissível o semestral para a Autoridade Central
credenciamento de organismos que: Estadual, com cópia para a Autoridade
I - sejam oriundos de países que Central Federal Brasileira, pelo período

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Legislação Básica da Saúde

mínimo de 2 (dois) anos. O envio do estejam devidamente comprovados, é causa


relatório será mantido até a juntada de cópia de seu descredenciamento.
autenticada do registro civil, estabelecendo § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
a cidadania do país de acolhida para o não podem ser representados por mais de
adotado; uma entidade credenciada para atuar na
VI - tomar as medidas necessárias para cooperação em adoção internacional.
garantir que os adotantes encaminhem à § 13. A habilitação de postulante
Autoridade Central Federal Brasileira cópia estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil
da certidão de registro de nascimento terá validade máxima de 1 (um) ano,
estrangeira e do certificado de podendo ser renovada.
nacionalidade tão logo lhes sejam § 14. É vedado o contato direto de
concedidos. representantes de organismos de adoção,
§5º A não apresentação dos relatórios nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
referidos no §4º deste artigo pelo organismo de programas de acolhimento institucional
credenciado poderá acarretar a suspensão ou familiar, assim como com crianças e
de seu credenciamento. adolescentes em condições de serem
§6º O credenciamento de organismo adotados, sem a devida autorização judicial.
nacional ou estrangeiro encarregado de § 15. A Autoridade Central Federal
intermediar pedidos de adoção Brasileira poderá limitar ou suspender a
internacional terá validade de 2 (dois) anos. concessão de novos credenciamentos
§7º A renovação do credenciamento sempre que julgar necessário, mediante ato
poderá ser concedida mediante administrativo fundamentado.
requerimento protocolado na Autoridade
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) Art. 52-A. É vedado, sob pena de
dias anteriores ao término do respectivo responsabilidade e descredenciamento, o
prazo de validade. repasse de recursos provenientes de
§8º Antes de transitada em julgado a organismos estrangeiros encarregados de
decisão que concedeu a adoção intermediar pedidos de adoção
internacional, não será permitida a saída do internacional a organismos nacionais ou a
adotando do território nacional. pessoas físicas.
§9º Transitada em julgado a decisão, a Parágrafo único. Eventuais repasses
autoridade judiciária determinará a somente poderão ser efetuados via Fundo
expedição de alvará com autorização de dos Direitos da Criança e do Adolescente e
viagem, bem como para obtenção de estarão sujeitos às deliberações do
passaporte, constando, obrigatoriamente, as respectivo Conselho de Direitos da Criança
características da criança ou adolescente e do Adolescente
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
sinais ou traços peculiares, assim como foto Art. 52-B. A adoção por brasileiro
recente e a aposição da impressão digital do residente no exterior em país ratificante da
seu polegar direito, instruindo o documento Convenção de Haia, cujo processo de
com cópia autenticada da decisão e certidão adoção tenha sido processado em
de trânsito em julgado. conformidade com a legislação vigente no
§ 10. A Autoridade Central Federal país de residência e atendido o disposto na
Brasileira poderá, a qualquer momento, da referida
solicitar informações sobre a situação das Convenção, será automaticamente
crianças e adolescentes adotados recepcionada com o reingresso no Brasil.
§ 11. A cobrança de valores por parte dos §1º Caso não tenha sido atendido o
organismos credenciados, que sejam
considerados abusivos pela Autoridade Convenção de Haia, deverá a sentença ser
Central Federal Brasileira e que não homologada pelo Superior Tribunal de

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Legislação Básica da Saúde

Justiça. Esporte e ao Lazer


§2º O pretendente brasileiro residente no
exterior em país não ratificante da Art. 53. A criança e o adolescente têm
Convenção de Haia, uma vez reingressado direito à educação, visando ao pleno
no Brasil, deverá requerer a homologação desenvolvimento de sua pessoa, preparo
da sentença estrangeira pelo Superior para o exercício da cidadania e qualificação
Tribunal de Justiça. para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, e permanência na escola;
quando o Brasil for o país de acolhida, a II - direito de ser respeitado por seus
decisão da autoridade competente do país educadores;
de origem da criança ou do adolescente será III - direito de contestar critérios
conhecida pela Autoridade Central avaliativos, podendo recorrer às instâncias
Estadual que tiver processado o pedido de escolares superiores;
habilitação dos pais adotivos, que IV - direito de organização e
comunicará o fato à Autoridade Central participação em entidades estudantis;
Federal e determinará as providências V - acesso à escola pública e gratuita,
necessárias à expedição do Certificado de próxima de sua residência, garantindo-se
Naturalização Provisório. vagas no mesmo estabelecimento a irmãos
§1º A Autoridade Central Estadual, que frequentem a mesma etapa ou ciclo de
ouvido o Ministério Público, somente ensino da educação básica. (Redação dada
deixará de reconhecer os efeitos daquela pela Lei nº 13.845, de 2019)
decisão se restar demonstrado que a adoção Parágrafo único. É direito dos pais ou
é manifestamente contrária à ordem pública responsáveis ter ciência do processo
ou não atende ao interesse superior da pedagógico, bem como participar da
criança ou do adolescente. definição das propostas educacionais.
§2º Na hipótese de não reconhecimento
da adoção, prevista no §1º deste artigo, o Art. 53-A. É dever da instituição de
Ministério Público deverá imediatamente ensino, clubes e agremiações recreativas e
requerer o que for de direito para resguardar de estabelecimentos congêneres assegurar
os interesses da criança ou do adolescente, medidas de conscientização, prevenção e
comunicando-se as providências à enfrentamento ao uso ou dependência de
Autoridade Central Estadual, que fará a drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840,
comunicação à Autoridade Central Federal de 2019)
Brasileira e à Autoridade Central do país de
origem. Art. 54. É dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente:
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, I - ensino fundamental, obrigatório e
quando o Brasil for o país de acolhida e a gratuito, inclusive para os que a ele não
adoção não tenha sido deferida no país de tiveram acesso na idade própria;
origem porque a sua legislação a delega ao II - progressiva extensão da
país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, obrigatoriedade e gratuidade ao ensino
mesmo com decisão, a criança ou o médio;
adolescente ser oriundo de país que não III - atendimento educacional
tenha aderido à Convenção referida, o especializado aos portadores de deficiência,
processo de adoção seguirá as regras da preferencialmente na rede regular de
adoção nacional. ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola
Capítulo IV às crianças de zero a cinco anos de idade;
Do Direito à Educação, à Cultura, ao V - acesso aos níveis mais elevados do

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Legislação Básica da Saúde

ensino, da pesquisa e da criação artística, Art. 59. Os municípios, com apoio dos
segundo a capacidade de cada um; estados e da União, estimularão e facilitarão
VI - oferta de ensino noturno regular, a destinação de recursos e espaços para
adequado às condições do adolescente programações culturais, esportivas e de
trabalhador; lazer voltadas para a infância e a juventude.
VII - atendimento no ensino
fundamental, através de programas Capítulo V
suplementares de material didático-escolar, Do Direito à Profissionalização e à
transporte, alimentação e assistência à Proteção no Trabalho
saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e Art. 60. É proibido qualquer trabalho a
gratuito é direito público subjetivo. menores de quatorze anos de idade, salvo
§ 2º O não oferecimento do ensino na condição de aprendiz. (Vide
obrigatório pelo poder público ou sua oferta Constituição Federal)
irregular importa responsabilidade da
autoridade competente. Art. 61. A proteção ao trabalho dos
§ 3º Compete ao poder público recensear adolescentes é regulada por legislação
os educandos no ensino fundamental, fazer- especial, sem prejuízo do disposto nesta
lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou Lei.
responsável, pela frequência à escola.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a
Art. 55. Os pais ou responsável têm a formação técnico-profissional ministrada
obrigação de matricular seus filhos ou segundo as diretrizes e bases da legislação
pupilos na rede regular de ensino. de educação em vigor.

Art. 56. Os dirigentes de Art. 63. A formação técnico-profissional


estabelecimentos de ensino fundamental obedecerá aos seguintes princípios:
comunicarão ao Conselho Tutelar os casos I - garantia de acesso e frequência
de: obrigatória ao ensino regular;
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; II - atividade compatível com o
II - reiteração de faltas injustificadas e de desenvolvimento do adolescente;
evasão escolar, esgotados os recursos III - horário especial para o exercício das
escolares; atividades.
III - elevados níveis de repetência.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze
Art. 57. O poder público estimulará anos de idade é assegurada bolsa de
pesquisas, experiências e novas propostas aprendizagem.
relativas a calendário, seriação, currículo,
metodologia, didática e avaliação, com Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior
vistas à inserção de crianças e adolescentes de quatorze anos, são assegurados os
excluídos do ensino fundamental direitos trabalhistas e previdenciários.
obrigatório.
Art. 66. Ao adolescente portador de
Art. 58. No processo educacional deficiência é assegurado trabalho
respeitar-se-ão os valores culturais, protegido.
artísticos e históricos próprios do contexto
social da criança e do adolescente, Art. 67. Ao adolescente empregado,
garantindo-se a estes a liberdade da criação aprendiz, em regime familiar de trabalho,
e o acesso às fontes de cultura. aluno de escola técnica, assistido em
entidade governamental ou não-

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Legislação Básica da Saúde

governamental, é vedado trabalho: atuar de forma articulada na elaboração de


I - noturno, realizado entre as vinte e políticas públicas e na execução de ações
duas horas de um dia e as cinco horas do dia destinadas a coibir o uso de castigo físico
seguinte; ou de tratamento cruel ou degradante e
II - perigoso, insalubre ou penoso; difundir formas não violentas de educação
III - realizado em locais prejudiciais à de crianças e de adolescentes, tendo como
sua formação e ao seu desenvolvimento principais ações:
físico, psíquico, moral e social; I - a promoção de campanhas educativas
IV - realizado em horários e locais que permanentes para a divulgação do direito da
não permitam a frequência à escola. criança e do adolescente de serem educados
e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
Art. 68. O programa social que tenha por tratamento cruel ou degradante e dos
base o trabalho educativo, sob instrumentos de proteção aos direitos
responsabilidade de entidade humanos;
governamental ou não-governamental sem II - a integração com os órgãos do Poder
fins lucrativos, deverá assegurar ao Judiciário, do Ministério Público e da
adolescente que dele participe condições de Defensoria Pública, com o Conselho
capacitação para o exercício de atividade Tutelar, com os Conselhos de Direitos da
regular remunerada. Criança e do Adolescente e com as
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a entidades não governamentais que atuam na
atividade laboral em que as exigências promoção, proteção e defesa dos direitos da
pedagógicas relativas ao desenvolvimento criança e do adolescente;
pessoal e social do educando prevalecem III - a formação continuada e a
sobre o aspecto produtivo. capacitação dos profissionais de saúde,
§ 2º A remuneração que o adolescente educação e assistência social e dos demais
recebe pelo trabalho efetuado ou a agentes que atuam na promoção, proteção e
participação na venda dos produtos de seu defesa dos direitos da criança e do
trabalho não desfigura o caráter educativo. adolescente para o desenvolvimento das
competências necessárias à prevenção, à
Art. 69. O adolescente tem direito à identificação de evidências, ao diagnóstico
profissionalização e à proteção no trabalho, e ao enfrentamento de todas as formas de
observados os seguintes aspectos, entre violência contra a criança e o adolescente;
outros: IV - o apoio e o incentivo às práticas de
I - respeito à condição peculiar de pessoa resolução pacífica de conflitos que
em desenvolvimento; envolvam violência contra a criança e o
II - capacitação profissional adequada ao adolescente;
mercado de trabalho. V - a inclusão, nas políticas públicas, de
ações que visem a garantir os direitos da
Título III criança e do adolescente, desde a atenção
Da Prevenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
responsáveis com o objetivo de promover a
Capítulo I informação, a reflexão, o debate e a
Disposições Gerais orientação sobre alternativas ao uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou
Art. 70. É dever de todos prevenir a degradante no processo educativo;
ocorrência de ameaça ou violação dos VI - a promoção de espaços
direitos da criança e do adolescente. intersetoriais locais para a articulação de
ações e a elaboração de planos de atuação
Art. 70-A. A União, os Estados, o conjunta focados nas famílias em situação
Distrito Federal e os Municípios deverão de violência, com participação de

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Legislação Básica da Saúde

profissionais de saúde, de assistência social éticos de irrestrito respeito à dignidade da


e de educação e de órgãos de promoção, pessoa humana, bem como de programas de
proteção e defesa dos direitos da criança e fortalecimento da parentalidade positiva, da
do adolescente. educação sem castigos físicos e de ações de
VII - a promoção de estudos e pesquisas, prevenção e enfrentamento da violência
de estatísticas e de outras informações doméstica e familiar contra a criança e o
relevantes às consequências e à frequência adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344,
das formas de violência contra a criança e o de 2022)
adolescente para a sistematização de dados XIII - o destaque, nos currículos
nacionalmente unificados e a avaliação escolares de todos os níveis de ensino, dos
periódica dos resultados das medidas conteúdos relativos à prevenção, à
adotadas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de identificação e à resposta à violência
2022) doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº
VIII - o respeito aos valores da dignidade 14.344, de 2022)
da pessoa humana, de forma a coibir a Parágrafo único. As famílias com
violência, o tratamento cruel ou degradante crianças e adolescentes com deficiência
e as formas violentas de educação, correção terão prioridade de atendimento nas ações e
ou disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344, políticas públicas de prevenção e proteção.
de 2022)
IX - a promoção e a realização de Art. 70-B. As entidades, públicas e
campanhas educativas direcionadas ao privadas, que atuem nas áreas da saúde e da
público escolar e à sociedade em geral e a educação, além daquelas às quais se refere
difusão desta Lei e dos instrumentos de o art. 71 desta Lei, entre outras, devem
proteção aos direitos humanos das crianças contar, em seus quadros, com pessoas
e dos adolescentes, incluídos os canais de capacitadas a reconhecer e a comunicar ao
denúncia existentes; (Incluído pela Lei nº Conselho Tutelar suspeitas ou casos de
14.344, de 2022) crimes praticados contra a criança e o
X - a celebração de convênios, de adolescente. (Redação dada pela Lei nº
protocolos, de ajustes, de termos e de outros 14.344, de 2022)
instrumentos de promoção de parceria entre Parágrafo único. São igualmente
órgãos governamentais ou entre estes e responsáveis pela comunicação de que trata
entidades não governamentais, com o este artigo, as pessoas encarregadas, por
objetivo de implementar programas de razão de cargo, função, ofício, ministério,
erradicação da violência, de tratamento profissão ou ocupação, do cuidado,
cruel ou degradante e de formas violentas assistência ou guarda de crianças e
de educação, correção ou disciplina; adolescentes, punível, na forma deste
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Estatuto, o injustificado retardamento ou
XI - a capacitação permanente das omissão, culposos ou dolosos.
Polícias Civil e Militar, da Guarda
Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos Art. 71. A criança e o adolescente têm
profissionais nas escolas, dos Conselhos direito a informação, cultura, lazer,
Tutelares e dos profissionais pertencentes esportes, diversões, espetáculos e produtos
aos órgãos e às áreas referidos no inciso II e serviços que respeitem sua condição
deste caput, para que identifiquem peculiar de pessoa em desenvolvimento.
situações em que crianças e adolescentes
vivenciam violência e agressões no âmbito Art. 72. As obrigações previstas nesta
familiar ou institucional; (Incluído pela Lei Lei não excluem da prevenção especial
nº 14.344, de 2022) outras decorrentes dos princípios por ela
XII - a promoção de programas adotados.
educacionais que disseminem valores

118
Legislação Básica da Saúde

Art. 73. A inobservância das normas de não haja venda ou locação em desacordo
prevenção importará em responsabilidade com a classificação atribuída pelo órgão
da pessoa física ou jurídica, nos termos competente.
desta Lei. Parágrafo único. As fitas a que alude este
artigo deverão exibir, no invólucro,
Capítulo II informação sobre a natureza da obra e a
Da Prevenção Especial faixa etária a que se destinam.
Seção I
Da informação, Cultura, Lazer, Art. 78. As revistas e publicações
Esportes, Diversões e Espetáculos contendo material impróprio ou inadequado
a crianças e adolescentes deverão ser
Art. 74. O poder público, através do comercializadas em embalagem lacrada,
órgão competente, regulará as diversões e com a advertência de seu conteúdo.
espetáculos públicos, informando sobre a Parágrafo único. As editoras cuidarão
natureza deles, as faixas etárias a que não se para que as capas que contenham
recomendem, locais e horários em que sua mensagens pornográficas ou obscenas
apresentação se mostre inadequada. sejam protegidas com embalagem opaca.
Parágrafo único. Os responsáveis pelas
diversões e espetáculos públicos deverão Art. 79. As revistas e publicações
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à destinadas ao público infanto-juvenil não
entrada do local de exibição, informação poderão conter ilustrações, fotografias,
destacada sobre a natureza do espetáculo e legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
a faixa etária especificada no certificado de alcoólicas, tabaco, armas e munições, e
classificação. deverão respeitar os valores éticos e sociais
da pessoa e da família.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá
acesso às diversões e espetáculos públicos Art. 80. Os responsáveis por
classificados como adequados à sua faixa estabelecimentos que explorem
etária. comercialmente bilhar, sinuca ou
Parágrafo único. As crianças menores de congênere ou por casas de jogos, assim
dez anos somente poderão ingressar e entendidas as que realizem apostas, ainda
permanecer nos locais de apresentação ou que eventualmente, cuidarão para que não
exibição quando acompanhadas dos pais ou seja permitida a entrada e a permanência de
responsável. crianças e adolescentes no local, afixando
aviso para orientação do público.
Art. 76. As emissoras de rádio e
televisão somente exibirão, no horário Seção II
recomendado para o público infanto Dos Produtos e Serviços
juvenil, programas com finalidades
educativas, artísticas, culturais e Art. 81. É proibida a venda à criança ou
informativas. ao adolescente de:
Parágrafo único. Nenhum espetáculo I - armas, munições e explosivos;
será apresentado ou anunciado sem aviso de II - bebidas alcoólicas;
sua classificação, antes de sua transmissão, III - produtos cujos componentes
apresentação ou exibição. possam causar dependência física ou
psíquica ainda que por utilização indevida;
Art. 77. Os proprietários, diretores, IV - fogos de estampido e de artifício,
gerentes e funcionários de empresas que exceto aqueles que pelo seu reduzido
explorem a venda ou aluguel de fitas de potencial sejam incapazes de provocar
programação em vídeo cuidarão para que qualquer dano físico em caso de utilização

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Legislação Básica da Saúde

indevida; adolescente nascido em território nacional


V - revistas e publicações a que alude o poderá sair do País em companhia de
art. 78; estrangeiro residente ou domiciliado no
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. exterior.

Art. 82. É proibida a hospedagem de Parte Especial


criança ou adolescente em hotel, motel, Título I
pensão ou estabelecimento congênere, Da Política de Atendimento
salvo se autorizado ou acompanhado pelos Capítulo I
pais ou responsável. Disposições Gerais

Seção III Art. 86. A política de atendimento dos


Da Autorização para Viajar direitos da criança e do adolescente far-se-
á através de um conjunto articulado de
Art. 83. Nenhuma criança ou ações governamentais e não-
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos governamentais, da União, dos estados, do
poderá viajar para fora da comarca onde Distrito Federal e dos municípios.
reside desacompanhado dos pais ou dos
responsáveis sem expressa autorização Art. 87. São linhas de ação da política de
judicial. atendimento:
§ 1º A autorização não será exigida I - políticas sociais básicas;
quando: II - serviços, programas, projetos e
a) tratar-se de comarca contígua à da benefícios de assistência social de garantia
residência da criança ou do adolescente de proteção social e de prevenção e redução
menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma de violações de direitos, seus agravamentos
unidade da Federação, ou incluída na ou reincidências;
mesma região metropolitana; III - serviços especiais de prevenção e
b) a criança ou o adolescente menor de atendimento médico e psicossocial às
16 (dezesseis) anos estiver acompanhado: vítimas de negligência, maus-tratos,
1) de ascendente ou colateral maior, até exploração, abuso, crueldade e opressão;
o terceiro grau, comprovado IV - serviço de identificação e
documentalmente o parentesco; localização de pais, responsável, crianças e
2) de pessoa maior, expressamente adolescentes desaparecidos;
autorizada pelo pai, mãe ou responsável. V - proteção jurídico-social por
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a entidades de defesa dos direitos da criança
pedido dos pais ou responsável, conceder e do adolescente.
autorização válida por dois anos. VI - políticas e programas destinados a
prevenir ou abreviar o período de
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao afastamento do convívio familiar e a
exterior, a autorização é dispensável, se a garantir o efetivo exercício do direito à
criança ou adolescente: convivência familiar de crianças e
I - estiver acompanhado de ambos os adolescentes;
pais ou responsável; VII - campanhas de estímulo ao
II - viajar na companhia de um dos pais, acolhimento sob forma de guarda de
autorizado expressamente pelo outro crianças e adolescentes afastados do
através de documento com firma convívio familiar e à adoção,
reconhecida. especificamente inter-racial, de crianças
maiores ou de adolescentes, com
Art. 85. Sem prévia e expressa necessidades específicas de saúde ou com
autorização judicial, nenhuma criança ou deficiências e de grupos de irmãos.

120
Legislação Básica da Saúde

e do adolescente que favoreça a


Art. 88. São diretrizes da política de intersetorialidade no atendimento da
atendimento: criança e do adolescente e seu
I - municipalização do atendimento; desenvolvimento integral;
II - criação de conselhos municipais, X - realização e divulgação de pesquisas
estaduais e nacional dos direitos da criança sobre desenvolvimento infantil e sobre
e do adolescente, órgãos deliberativos e prevenção da violência.
controladores das ações em todos os níveis,
assegurada a participação popular paritária Art. 89. A função de membro do
por meio de organizações representativas, conselho nacional e dos conselhos estaduais
segundo leis federal, estaduais e e municipais dos direitos da criança e do
municipais; adolescente é considerada de interesse
III - criação e manutenção de programas público relevante e não será remunerada.
específicos, observada a descentralização
político-administrativa; Capítulo II
IV - manutenção de fundos nacional, Das Entidades de Atendimento
estaduais e municipais vinculados aos Seção I
respectivos conselhos dos direitos da Disposições Gerais
criança e do adolescente;
V - integração operacional de órgãos do Art. 90. As entidades de atendimento são
Judiciário, Ministério Público, Defensoria, responsáveis pela manutenção das próprias
Segurança Pública e Assistência Social, unidades, assim como pelo planejamento e
preferencialmente em um mesmo local, execução de programas de proteção e sócio-
para efeito de agilização do atendimento educativos destinados a crianças e
inicial a adolescente a quem se atribua adolescentes, em regime de: (Vide)
autoria de ato infracional; I - orientação e apoio sócio-familiar;
VI - integração operacional de órgãos do II - apoio sócio-educativo em meio
Judiciário, Ministério Público, Defensoria, aberto;
Conselho Tutelar e encarregados da III - colocação familiar;
execução das políticas sociais básicas e de IV - acolhimento institucional;
assistência social, para efeito de agilização V - prestação de serviços à comunidade;
do atendimento de crianças e de VI - liberdade assistida;
adolescentes inseridos em programas de VII - semiliberdade; e
acolhimento familiar ou institucional, com VIII - internação.
vista na sua rápida reintegração à família de §1º As entidades governamentais e não
origem ou, se tal solução se mostrar governamentais deverão proceder à
comprovadamente inviável, sua colocação inscrição de seus programas, especificando
em família substituta, em quaisquer das os regimes de atendimento, na forma
modalidades previstas no art. 28 desta Lei; definida neste artigo, no Conselho
VII - mobilização da opinião pública Municipal dos Direitos da Criança e do
para a indispensável participação dos Adolescente, o qual manterá registro das
diversos segmentos da sociedade. inscrições e de suas alterações, do que fará
VIII - especialização e formação comunicação ao Conselho Tutelar e à
continuada dos profissionais que trabalham autoridade judiciária.
nas diferentes áreas da atenção à primeira §2º Os recursos destinados à
infância, incluindo os conhecimentos sobre implementação e manutenção dos
direitos da criança e sobre desenvolvimento programas relacionados neste artigo serão
infantil; previstos nas dotações orçamentárias dos
IX - formação profissional com órgãos públicos encarregados das áreas de
abrangência dos diversos direitos da criança Educação, Saúde e Assistência Social,

121
Legislação Básica da Saúde

dentre outros, observando-se o princípio da §2º O registro terá validade máxima de 4


prioridade absoluta à criança e ao (quatro) anos, cabendo ao Conselho
adolescente preconizado pelo caput do art. Municipal dos Direitos da Criança e do
227 da Constituição Federal e pelo caput e Adolescente, periodicamente, reavaliar o
parágrafo único do art. 4º desta Lei. cabimento de sua renovação, observado o
§3º Os programas em execução serão disposto no §1º deste artigo.
reavaliados pelo Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, no Art. 92. As entidades que desenvolvam
máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo- programas de acolhimento familiar ou
se critérios para renovação da autorização institucional deverão adotar os seguintes
de funcionamento: princípios:
I - o efetivo respeito às regras e I - preservação dos vínculos familiares e
princípios desta Lei, bem como às promoção da reintegração familiar;
resoluções relativas à modalidade de II - integração em família substituta,
atendimento prestado expedidas pelos quando esgotados os recursos de
Conselhos de Direitos da Criança e do manutenção na família natural ou extensa;
Adolescente, em todos os níveis; III - atendimento personalizado e em
II - a qualidade e eficiência do trabalho pequenos grupos;
desenvolvido, atestadas pelo Conselho IV - desenvolvimento de atividades em
Tutelar, pelo Ministério Público e pela regime de co-educação;
Justiça da Infância e da Juventude; V - não desmembramento de grupos de
III - em se tratando de programas de irmãos;
acolhimento institucional ou familiar, serão VI - evitar, sempre que possível, a
considerados os índices de sucesso na transferência para outras entidades de
reintegração familiar ou de adaptação à crianças e adolescentes abrigados;
família substituta, conforme o caso. VII - participação na vida da
comunidade local;
Art. 91. As entidades não- VIII - preparação gradativa para o
governamentais somente poderão funcionar desligamento;
depois de registradas no Conselho IX - participação de pessoas da
Municipal dos Direitos da Criança e do comunidade no processo educativo.
Adolescente, o qual comunicará o registro §1º O dirigente de entidade que
ao Conselho Tutelar e à autoridade desenvolve programa de acolhimento
judiciária da respectiva localidade. institucional é equiparado ao guardião, para
§1º Será negado o registro à entidade todos os efeitos de direito.
que: §2º Os dirigentes de entidades que
a) não ofereça instalações físicas em desenvolvem programas de acolhimento
condições adequadas de habitabilidade, familiar ou institucional remeterão à
higiene, salubridade e segurança; autoridade judiciária, no máximo a cada 6
b) não apresente plano de trabalho (seis) meses, relatório circunstanciado
compatível com os princípios desta Lei; acerca da situação de cada criança ou
c) esteja irregularmente constituída; adolescente acolhido e sua família, para fins
d) tenha em seus quadros pessoas da reavaliação prevista no §1º do art. 19
inidôneas. desta Lei.
e) não se adequar ou deixar de cumprir §3º Os entes federados, por intermédio
as resoluções e deliberações relativas à dos Poderes Executivo e Judiciário,
modalidade de atendimento prestado promoverão conjuntamente a permanente
expedidas pelos Conselhos de Direitos da qualificação dos profissionais que atuam
Criança e do Adolescente, em todos os direta ou indiretamente em programas de
níveis. acolhimento institucional e destinados à

122
Legislação Básica da Saúde

colocação familiar de crianças e promover a imediata reintegração familiar


adolescentes, incluindo membros do Poder da criança ou do adolescente ou, se por
Judiciário, Ministério Público e Conselho qualquer razão não for isso possível ou
Tutelar. recomendável, para seu encaminhamento a
§4º Salvo determinação em contrário da programa de acolhimento familiar,
autoridade judiciária competente, as institucional ou a família substituta,
entidades que desenvolvem programas de observado o disposto no §2º do art. 101
acolhimento familiar ou institucional, se desta Lei.
necessário com o auxílio do Conselho
Tutelar e dos órgãos de assistência social, Art. 94. As entidades que desenvolvem
estimularão o contato da criança ou programas de internação têm as seguintes
adolescente com seus pais e parentes, em obrigações, entre outras:
cumprimento ao disposto nos incisos I e I - observar os direitos e garantias de que
VIII do caput deste artigo. são titulares os adolescentes;
§5º As entidades que desenvolvem II - não restringir nenhum direito que não
programas de acolhimento familiar ou tenha sido objeto de restrição na decisão de
institucional somente poderão receber internação;
recursos públicos se comprovado o III - oferecer atendimento personalizado,
atendimento dos princípios, exigências e em pequenas unidades e grupos reduzidos;
finalidades desta Lei.
§6º O descumprimento das disposições IV - preservar a identidade e oferecer
desta Lei pelo dirigente de entidade que ambiente de respeito e dignidade ao
desenvolva programas de acolhimento adolescente;
familiar ou institucional é causa de sua V - diligenciar no sentido do
destituição, sem prejuízo da apuração de restabelecimento e da preservação dos
sua responsabilidade administrativa, civil e vínculos familiares;
criminal. VI - comunicar à autoridade judiciária,
§7º Quando se tratar de criança de 0 periodicamente, os casos em que se mostre
(zero) a 3 (três) anos em acolhimento inviável ou impossível o reatamento dos
institucional, dar-se-á especial atenção à vínculos familiares;
atuação de educadores de referência VII - oferecer instalações físicas em
estáveis e qualitativamente significativos, condições adequadas de habitabilidade,
às rotinas específicas e ao atendimento das higiene, salubridade e segurança e os
necessidades básicas, incluindo as de afeto objetos necessários à higiene pessoal;
como prioritárias. VIII - oferecer vestuário e alimentação
suficientes e adequados à faixa etária dos
Art. 93. As entidades que mantenham adolescentes atendidos;
programa de acolhimento institucional IX - oferecer cuidados médicos,
poderão, em caráter excepcional e de psicológicos, odontológicos e
urgência, acolher crianças e adolescentes farmacêuticos;
sem prévia determinação da autoridade X - propiciar escolarização e
competente, fazendo comunicação do fato profissionalização;
em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da XI - propiciar atividades culturais,
Infância e da Juventude, sob pena de esportivas e de lazer;
responsabilidade. XII - propiciar assistência religiosa
Parágrafo único. Recebida a àqueles que desejarem, de acordo com suas
comunicação, a autoridade judiciária, crenças;
ouvido o Ministério Público e se necessário XIII - proceder a estudo social e pessoal
com o apoio do Conselho Tutelar local, de cada caso;
tomará as medidas necessárias para XIV - reavaliar periodicamente cada

123
Legislação Básica da Saúde

caso, com intervalo máximo de seis meses, Tutelares.


dando ciência dos resultados à autoridade
competente; Art. 96. Os planos de aplicação e as
XV - informar, periodicamente, o prestações de contas serão apresentados ao
adolescente internado sobre sua situação estado ou ao município, conforme a origem
processual; das dotações orçamentárias.
XVI - comunicar às autoridades
competentes todos os casos de adolescentes Art. 97. São medidas aplicáveis às
portadores de moléstias infecto- entidades de atendimento que
contagiosas; descumprirem obrigação constante do art.
XVII - fornecer comprovante de 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e
depósito dos pertences dos adolescentes; criminal de seus dirigentes ou prepostos:
XVIII - manter programas destinados ao I - às entidades governamentais:
apoio e acompanhamento de egressos; a) advertência;
XIX - providenciar os documentos b) afastamento provisório de seus
necessários ao exercício da cidadania dirigentes;
àqueles que não os tiverem; c) afastamento definitivo de seus
XX - manter arquivo de anotações onde dirigentes;
constem data e circunstâncias do d) fechamento de unidade ou interdição
atendimento, nome do adolescente, seus de programa.
pais ou responsável, parentes, endereços, II - às entidades não-governamentais:
sexo, idade, acompanhamento da sua a) advertência;
formação, relação de seus pertences e b) suspensão total ou parcial do repasse
demais dados que possibilitem sua de verbas públicas;
identificação e a individualização do c) interdição de unidades ou suspensão
atendimento. de programa;
§1º Aplicam-se, no que couber, as d) cassação do registro.
obrigações constantes deste artigo às §1º Em caso de reiteradas infrações
entidades que mantêm programas de cometidas por entidades de atendimento,
acolhimento institucional e familiar. que coloquem em risco os direitos
§ 2º No cumprimento das obrigações a assegurados nesta Lei, deverá ser o fato
que alude este artigo as entidades utilizarão comunicado ao Ministério Público ou
preferencialmente os recursos da representado perante autoridade judiciária
comunidade. competente para as providências cabíveis,
inclusive suspensão das atividades ou
Art. 94-A. As entidades, públicas ou dissolução da entidade.
privadas, que abriguem ou recepcionem §2º As pessoas jurídicas de direito
crianças e adolescentes, ainda que em público e as organizações não
caráter temporário, devem ter, em seus governamentais responderão pelos danos
quadros, profissionais capacitados a que seus agentes causarem às crianças e aos
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar adolescentes, caracterizado o
suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. descumprimento dos princípios norteadores
das atividades de proteção específica.
Seção II
Da Fiscalização das Entidades Título II
Das Medidas de Proteção
Art. 95. As entidades governamentais e Capítulo I
não-governamentais referidas no art. 90 Disposições Gerais
serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo
Ministério Público e pelos Conselhos Art. 98. As medidas de proteção à

124
Legislação Básica da Saúde

criança e ao adolescente são aplicáveis interesses legítimos no âmbito da


sempre que os direitos reconhecidos nesta pluralidade dos interesses presentes no caso
Lei forem ameaçados ou violados: concreto;
I - por ação ou omissão da sociedade ou V - privacidade: a promoção dos direitos
do Estado; e proteção da criança e do adolescente deve
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ser efetuada no respeito pela intimidade,
ou responsável; direito à imagem e reserva da sua vida
III - em razão de sua conduta. privada;
VI - intervenção precoce: a intervenção
Capítulo II das autoridades competentes deve ser
Das Medidas Específicas de Proteção efetuada logo que a situação de perigo seja
conhecida;
Art. 99. As medidas previstas neste VII - intervenção mínima: a intervenção
Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou deve ser exercida exclusivamente pelas
cumulativamente, bem como substituídas a autoridades e instituições cuja ação seja
qualquer tempo. indispensável à efetiva promoção dos
direitos e à proteção da criança e do
Art. 100. Na aplicação das medidas adolescente;
levar-se-ão em conta as necessidades VIII - proporcionalidade e atualidade: a
pedagógicas, preferindo-se aquelas que intervenção deve ser a necessária e
visem ao fortalecimento dos vínculos adequada à situação de perigo em que a
familiares e comunitários. criança ou o adolescente se encontram no
Parágrafo único. São também princípios momento em que a decisão é tomada;
que regem a aplicação das medidas: IX - responsabilidade parental: a
I - condição da criança e do adolescente intervenção deve ser efetuada de modo que
como sujeitos de direitos: crianças e os pais assumam os seus deveres para com
adolescentes são os titulares dos direitos a criança e o adolescente;
previstos nesta e em outras Leis, bem como X - prevalência da família: na promoção
na Constituição Federal; de direitos e na proteção da criança e do
II - proteção integral e prioritária: a adolescente deve ser dada prevalência às
interpretação e aplicação de toda e qualquer medidas que os mantenham ou reintegrem
norma contida nesta Lei deve ser voltada à na sua família natural ou extensa ou, se isso
proteção integral e prioritária dos direitos não for possível, que promovam a sua
de que crianças e adolescentes são titulares; integração em família adotiva;
III - responsabilidade primária e XI - obrigatoriedade da informação: a
solidária do poder público: a plena criança e o adolescente, respeitado seu
efetivação dos direitos assegurados a estágio de desenvolvimento e capacidade
crianças e a adolescentes por esta Lei e pela de compreensão, seus pais ou responsável
Constituição Federal, salvo nos casos por devem ser informados dos seus direitos, dos
esta expressamente ressalvados, é de motivos que determinaram a intervenção e
responsabilidade primária e solidária das 3 da forma como esta se processa;
(três) esferas de governo, sem prejuízo da XII - oitiva obrigatória e participação: a
municipalização do atendimento e da criança e o adolescente, em separado ou na
possibilidade da execução de programas companhia dos pais, de responsável ou de
por entidades não governamentais; pessoa por si indicada, bem como os seus
IV - interesse superior da criança e do pais ou responsável, têm direito a ser
adolescente: a intervenção deve atender ouvidos e a participar nos atos e na
prioritariamente aos interesses e direitos da definição da medida de promoção dos
criança e do adolescente, sem prejuízo da direitos e de proteção, sendo sua opinião
consideração que for devida a outros devidamente considerada pela autoridade

125
Legislação Básica da Saúde

judiciária competente, observado o disposto poderão ser encaminhados às instituições


nos §§1º e 2 o do art. 28 desta Lei. que executam programas de acolhimento
institucional, governamentais ou não, por
Art. 101. Verificada qualquer das meio de uma Guia de Acolhimento,
hipóteses previstas no art. 98, a autoridade expedida pela autoridade judiciária, na qual
competente poderá determinar, dentre obrigatoriamente constará, dentre outros:
outras, as seguintes medidas: I - sua identificação e a qualificação
I - encaminhamento aos pais ou completa de seus pais ou de seu
responsável, mediante termo de responsável, se conhecidos;
responsabilidade; II - o endereço de residência dos pais ou
II - orientação, apoio e acompanhamento do responsável, com pontos de referência;
temporários; III - os nomes de parentes ou de terceiros
III - matrícula e frequência obrigatórias interessados em tê-los sob sua guarda;
em estabelecimento oficial de ensino IV - os motivos da retirada ou da não
fundamental; reintegração ao convívio familiar.
IV - inclusão em serviços e programas §4º Imediatamente após o acolhimento
oficiais ou comunitários de proteção, apoio da criança ou do adolescente, a entidade
e promoção da família, da criança e do responsável pelo programa de acolhimento
adolescente; institucional ou familiar elaborará um plano
V - requisição de tratamento médico, individual de atendimento, visando à
psicológico ou psiquiátrico, em regime reintegração familiar, ressalvada a
hospitalar ou ambulatorial; existência de ordem escrita e fundamentada
VI - inclusão em programa oficial ou em contrário de autoridade judiciária
comunitário de auxílio, orientação e competente, caso em que também deverá
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; contemplar sua colocação em família
VII - acolhimento institucional; substituta, observadas as regras e princípios
VIII - inclusão em programa de desta Lei.
acolhimento familiar; §5º O plano individual será elaborado
IX - colocação em família substituta. sob a responsabilidade da equipe técnica do
§1º O acolhimento institucional e o respectivo programa de atendimento e
acolhimento familiar são medidas levará em consideração a opinião da criança
provisórias e excepcionais, utilizáveis ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do
como forma de transição para reintegração responsável.
familiar ou, não sendo esta possível, para §6º Constarão do plano individual,
colocação em família substituta, não dentre outros:
implicando privação de liberdade. I - os resultados da avaliação
§2º Sem prejuízo da tomada de medidas interdisciplinar;
emergenciais para proteção de vítimas de II - os compromissos assumidos pelos
violência ou abuso sexual e das pais ou responsável; e
providências a que alude o art. 130 desta III - a previsão das atividades a serem
Lei, o afastamento da criança ou desenvolvidas com a criança ou com o
adolescente do convívio familiar é de adolescente acolhido e seus pais ou
competência exclusiva da autoridade responsável, com vista na reintegração
judiciária e importará na deflagração, a familiar ou, caso seja esta vedada por
pedido do Ministério Público ou de quem expressa e fundamentada determinação
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial, as providências a serem tomadas
judicial contencioso, no qual se garanta aos para sua colocação em família substituta,
pais ou ao responsável legal o exercício do sob direta supervisão da autoridade
contraditório e da ampla defesa. judiciária.
§3º Crianças e adolescentes somente §7º O acolhimento familiar ou

126
Legislação Básica da Saúde

institucional ocorrerá no local mais 28 desta Lei.


próximo à residência dos pais ou do § 12. Terão acesso ao cadastro o
responsável e, como parte do processo de Ministério Público, o Conselho Tutelar, o
reintegração familiar, sempre que órgão gestor da Assistência Social e os
identificada a necessidade, a família de Conselhos Municipais dos Direitos da
origem será incluída em programas oficiais Criança e do Adolescente e da Assistência
de orientação, de apoio e de promoção Social, aos quais incumbe deliberar sobre a
social, sendo facilitado e estimulado o implementação de políticas públicas que
contato com a criança ou com o adolescente permitam reduzir o número de crianças e
acolhido. adolescentes afastados do convívio familiar
§8º Verificada a possibilidade de e abreviar o período de permanência em
reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento.
programa de acolhimento familiar ou
institucional fará imediata comunicação à Art. 102. As medidas de proteção de que
autoridade judiciária, que dará vista ao trata este Capítulo serão acompanhadas da
Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) regularização do registro civil.
dias, decidindo em igual prazo. § 1º Verificada a inexistência de registro
§9º Em sendo constatada a anterior, o assento de nascimento da criança
impossibilidade de reintegração da criança ou adolescente será feito à vista dos
ou do adolescente à família de origem, após elementos disponíveis, mediante requisição
seu encaminhamento a programas oficiais da autoridade judiciária.
ou comunitários de orientação, apoio e § 2º Os registros e certidões necessários
promoção social, será enviado relatório à regularização de que trata este artigo são
fundamentado ao Ministério Público, no isentos de multas, custas e emolumentos,
qual conste a descrição pormenorizada das gozando de absoluta prioridade.
providências tomadas e a expressa §3º Caso ainda não definida a
recomendação, subscrita pelos técnicos da paternidade, será deflagrado procedimento
entidade ou responsáveis pela execução da específico destinado à sua averiguação,
política municipal de garantia do direito à conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29
convivência familiar, para a destituição do de dezembro de 1992.
poder familiar, ou destituição de tutela ou §4º Nas hipóteses previstas no §3º deste
guarda. artigo, é dispensável o ajuizamento de ação
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério de investigação de paternidade pelo
Público terá o prazo de 15 (quinze) dias Ministério Público se, após o não
para o ingresso com a ação de destituição comparecimento ou a recusa do suposto pai
do poder familiar, salvo se entender em assumir a paternidade a ele atribuída, a
necessária a realização de estudos criança for encaminhada para adoção.
complementares ou de outras providências §5º Os registros e certidões necessários
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. à inclusão, a qualquer tempo, do nome do
§ 11. A autoridade judiciária manterá, pai no assento de nascimento são isentos de
em cada comarca ou foro regional, um multas, custas e emolumentos, gozando de
cadastro contendo informações atualizadas absoluta prioridade.
sobre as crianças e adolescentes em regime §6º São gratuitas, a qualquer tempo, a
de acolhimento familiar e institucional sob averbação requerida do reconhecimento de
sua responsabilidade, com informações paternidade no assento de nascimento e a
pormenorizadas sobre a situação jurídica de certidão correspondente.
cada um, bem como as providências
tomadas para sua reintegração familiar ou Título III
colocação em família substituta, em Da Prática de Ato Infracional
qualquer das modalidades previstas no art. Capítulo I

127
Legislação Básica da Saúde

Disposições Gerais identificação compulsória pelos órgãos


policiais, de proteção e judiciais, salvo para
Art. 103. Considera-se ato infracional a efeito de confrontação, havendo dúvida
conduta descrita como crime ou fundada.
contravenção penal.
Capítulo III
Art. 104. São penalmente inimputáveis Das Garantias Processuais
os menores de dezoito anos, sujeitos às
medidas previstas nesta Lei. Art. 110. Nenhum adolescente será
Parágrafo único. Para os efeitos desta privado de sua liberdade sem o devido
Lei, deve ser considerada a idade do processo legal.
adolescente à data do fato.
Art. 111. São asseguradas ao
Art. 105. Ao ato infracional praticado adolescente, entre outras, as seguintes
por criança corresponderão as medidas garantias:
previstas no art. 101. I - pleno e formal conhecimento da
atribuição de ato infracional, mediante
Capítulo II citação ou meio equivalente;
Dos Direitos Individuais II - igualdade na relação processual,
podendo confrontar-se com vítimas e
Art. 106. Nenhum adolescente será testemunhas e produzir todas as provas
privado de sua liberdade senão em flagrante necessárias à sua defesa;
de ato infracional ou por ordem escrita e III - defesa técnica por advogado;
fundamentada da autoridade judiciária IV - assistência judiciária gratuita e
competente. integral aos necessitados, na forma da lei;
Parágrafo único. O adolescente tem V - direito de ser ouvido pessoalmente
direito à identificação dos responsáveis pela pela autoridade competente;
sua apreensão, devendo ser informado VI - direito de solicitar a presença de
acerca de seus direitos. seus pais ou responsável em qualquer fase
do procedimento.
Art. 107. A apreensão de qualquer
adolescente e o local onde se encontra Capítulo IV
recolhido serão incontinenti comunicados à Das Medidas Sócio-Educativas
autoridade judiciária competente e à família Seção I
do apreendido ou à pessoa por ele indicada. Disposições Gerais
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde
logo e sob pena de responsabilidade, a Art. 112. Verificada a prática de ato
possibilidade de liberação imediata. infracional, a autoridade competente poderá
aplicar ao adolescente as seguintes
Art. 108. A internação, antes da medidas:
sentença, pode ser determinada pelo prazo I - advertência;
máximo de quarenta e cinco dias. II - obrigação de reparar o dano;
Parágrafo único. A decisão deverá ser III - prestação de serviços à comunidade;
fundamentada e basear-se em indícios IV - liberdade assistida;
suficientes de autoria e materialidade, V - inserção em regime de semi-
demonstrada a necessidade imperiosa da liberdade;
medida. VI - internação em estabelecimento
educacional;
Art. 109. O adolescente civilmente VII - qualquer uma das previstas no art.
identificado não será submetido a 101, I a VI.

128
Legislação Básica da Saúde

§ 1º A medida aplicada ao adolescente comunitários consiste na realização de


levará em conta a sua capacidade de tarefas gratuitas de interesse geral, por
cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade período não excedente a seis meses, junto a
da infração. entidades assistenciais, hospitais, escolas e
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto outros estabelecimentos congêneres, bem
algum, será admitida a prestação de como em programas comunitários ou
trabalho forçado. governamentais.
§ 3º Os adolescentes portadores de Parágrafo único. As tarefas serão
doença ou deficiência mental receberão atribuídas conforme as aptidões do
tratamento individual e especializado, em adolescente, devendo ser cumpridas
local adequado às suas condições. durante jornada máxima de oito horas
semanais, aos sábados, domingos e feriados
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o ou em dias úteis, de modo a não prejudicar
disposto nos arts. 99 e 100. a frequência à escola ou à jornada normal
de trabalho.
Art. 114. A imposição das medidas
previstas nos incisos II a VI do art. 112 Seção V
pressupõe a existência de provas suficientes Da Liberdade Assistida
da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão, nos Art. 118. A liberdade assistida será
termos do art. 127. adotada sempre que se afigurar a medida
Parágrafo único. A advertência poderá mais adequada para o fim de acompanhar,
ser aplicada sempre que houver prova da auxiliar e orientar o adolescente.
materialidade e indícios suficientes da § 1º A autoridade designará pessoa
autoria. capacitada para acompanhar o caso, a qual
poderá ser recomendada por entidade ou
Seção II programa de atendimento.
Da Advertência § 2º A liberdade assistida será fixada
pelo prazo mínimo de seis meses, podendo
Art. 115. A advertência consistirá em a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
admoestação verbal, que será reduzida a ou substituída por outra medida, ouvido o
termo e assinada. orientador, o Ministério Público e o
defensor.
Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano Art. 119. Incumbe ao orientador, com o
apoio e a supervisão da autoridade
Art. 116. Em se tratando de ato competente, a realização dos seguintes
infracional com reflexos patrimoniais, a encargos, entre outros:
autoridade poderá determinar, se for o caso, I - promover socialmente o adolescente
que o adolescente restitua a coisa, promova e sua família, fornecendo-lhes orientação e
o ressarcimento do dano, ou, por outra inserindo-os, se necessário, em programa
forma, compense o prejuízo da vítima. oficial ou comunitário de auxílio e
Parágrafo único. Havendo manifesta assistência social;
impossibilidade, a medida poderá ser II - supervisionar a frequência e o
substituída por outra adequada. aproveitamento escolar do adolescente,
promovendo, inclusive, sua matrícula;
Seção IV III - diligenciar no sentido da
Da Prestação de Serviços à Comunidade profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
Art. 117. A prestação de serviços IV - apresentar relatório do caso.

129
Legislação Básica da Saúde

Art. 122. A medida de internação só


Seção VI poderá ser aplicada quando:
Do Regime de Semi-liberdade I - tratar-se de ato infracional cometido
mediante grave ameaça ou violência a
Art. 120. O regime de semi-liberdade pessoa;
pode ser determinado desde o início, ou II - por reiteração no cometimento de
como forma de transição para o meio outras infrações graves;
aberto, possibilitada a realização de III - por descumprimento reiterado e
atividades externas, independentemente de injustificável da medida anteriormente
autorização judicial. imposta.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a §1º O prazo de internação na hipótese do
profissionalização, devendo, sempre que inciso III deste artigo não poderá ser
possível, ser utilizados os recursos superior a 3 (três) meses, devendo ser
existentes na comunidade. decretada judicialmente após o devido
§ 2º A medida não comporta prazo processo legal.
determinado aplicando-se, no que couber, § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada
as disposições relativas à internação. a internação, havendo outra medida
adequada.
Seção VII
Da Internação Art. 123. A internação deverá ser
cumprida em entidade exclusiva para
Art. 121. A internação constitui medida adolescentes, em local distinto daquele
privativa da liberdade, sujeita aos destinado ao abrigo, obedecida rigorosa
princípios de brevidade, excepcionalidade e separação por critérios de idade,
respeito à condição peculiar de pessoa em compleição física e gravidade da infração.
desenvolvimento. Parágrafo único. Durante o período de
§ 1º Será permitida a realização de internação, inclusive provisória, serão
atividades externas, a critério da equipe obrigatórias atividades pedagógicas.
técnica da entidade, salvo expressa
determinação judicial em contrário. Art. 124. São direitos do adolescente
§ 2º A medida não comporta prazo privado de liberdade, entre outros, os
determinado, devendo sua manutenção ser seguintes:
reavaliada, mediante decisão I - entrevistar-se pessoalmente com o
fundamentada, no máximo a cada seis representante do Ministério Público;
meses. II - peticionar diretamente a qualquer
§ 3º Em nenhuma hipótese o período autoridade;
máximo de internação excederá a três anos. III - avistar-se reservadamente com seu
§ 4º Atingido o limite estabelecido no defensor;
parágrafo anterior, o adolescente deverá ser IV - ser informado de sua situação
liberado, colocado em regime de semi- processual, sempre que solicitada;
liberdade ou de liberdade assistida. V - ser tratado com respeito e dignidade;
§ 5º A liberação será compulsória aos VI - permanecer internado na mesma
vinte e um anos de idade. localidade ou naquela mais próxima ao
§ 6º Em qualquer hipótese a domicílio de seus pais ou responsável;
desinternação será precedida de autorização VII - receber visitas, ao menos,
judicial, ouvido o Ministério Público. semanalmente;
§7º A determinação judicial mencionada VIII - corresponder-se com seus
no §1º poderá ser revista a qualquer tempo familiares e amigos;
pela autoridade judiciária. IX - ter acesso aos objetos necessários à
higiene e asseio pessoal;

130
Legislação Básica da Saúde

X - habitar alojamento em condições Art. 127. A remissão não implica


adequadas de higiene e salubridade; necessariamente o reconhecimento ou
XI - receber escolarização e comprovação da responsabilidade, nem
profissionalização; prevalece para efeito de antecedentes,
XII - realizar atividades culturais, podendo incluir eventualmente a aplicação
esportivas e de lazer: de qualquer das medidas previstas em lei,
XIII - ter acesso aos meios de exceto a colocação em regime de semi-
comunicação social; liberdade e a internação.
XIV - receber assistência religiosa,
segundo a sua crença, e desde que assim o Art. 128. A medida aplicada por força da
deseje; remissão poderá ser revista judicialmente, a
XV - manter a posse de seus objetos qualquer tempo, mediante pedido expresso
pessoais e dispor de local seguro para do adolescente ou de seu representante
guardá-los, recebendo comprovante legal, ou do Ministério Público.
daqueles porventura depositados em poder
da entidade; Título IV
XVI - receber, quando de sua Das Medidas Pertinentes aos Pais ou
desinternação, os documentos pessoais Responsável
indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá Art. 129. São medidas aplicáveis aos
incomunicabilidade. pais ou responsável:
§ 2º A autoridade judiciária poderá I - encaminhamento a serviços e
suspender temporariamente a visita, programas oficiais ou comunitários de
inclusive de pais ou responsável, se proteção, apoio e promoção da família;
existirem motivos sérios e fundados de sua (Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de
prejudicialidade aos interesses do 2016)
adolescente. II - inclusão em programa oficial ou
comunitário de auxílio, orientação e
Art. 125. É dever do Estado zelar pela tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
integridade física e mental dos internos, III - encaminhamento a tratamento
cabendo-lhe adotar as medidas adequadas psicológico ou psiquiátrico;
de contenção e segurança. IV - encaminhamento a cursos ou
programas de orientação;
Capítulo V V - obrigação de matricular o filho ou
Da Remissão pupilo e acompanhar sua frequência e
aproveitamento escolar;
Art. 126. Antes de iniciado o VI - obrigação de encaminhar a criança
procedimento judicial para apuração de ato ou adolescente a tratamento especializado;
infracional, o representante do Ministério VII - advertência;
Público poderá conceder a remissão, como VIII - perda da guarda;
forma de exclusão do processo, atendendo IX - destituição da tutela;
às circunstâncias e consequências do fato, X - suspensão ou destituição do pátrio
ao contexto social, bem como à poder poder familiar .
personalidade do adolescente e sua maior Parágrafo único. Na aplicação das
ou menor participação no ato infracional. medidas previstas nos incisos IX e X deste
Parágrafo único. Iniciado o artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
procedimento, a concessão da remissão e 24.
pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo. Art. 130. Verificada a hipótese de maus-
tratos, opressão ou abuso sexual impostos

131
Legislação Básica da Saúde

pelos pais ou responsável, a autoridade IV - licença-paternidade;


judiciária poderá determinar, como medida V - gratificação natalina.
cautelar, o afastamento do agressor da Parágrafo único. Constará da lei
moradia comum. orçamentária municipal e da do Distrito
Parágrafo único. Da medida cautelar Federal previsão dos recursos necessários
constará, ainda, a fixação provisória dos ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
alimentos de que necessitem a criança ou o remuneração e formação continuada dos
adolescente dependentes do agressor. conselheiros tutelares.
(Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)
Art. 135. O exercício efetivo da função
Título V de conselheiro constituirá serviço público
Do Conselho Tutelar relevante e estabelecerá presunção de
Capítulo I idoneidade moral.
Disposições Gerais
Capítulo II
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão Das Atribuições do Conselho
permanente e autônomo, não jurisdicional,
encarregado pela sociedade de zelar pelo Art. 136. São atribuições do Conselho
cumprimento dos direitos da criança e do Tutelar:
adolescente, definidos nesta Lei. I - atender as crianças e adolescentes nas
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105,
Art. 132. Em cada Município e em cada aplicando as medidas previstas no art. 101,
Região Administrativa do Distrito Federal I a VII;
haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho II - atender e aconselhar os pais ou
Tutelar como órgão integrante da responsável, aplicando as medidas previstas
administração pública local, composto de 5 no art. 129, I a VII;
(cinco) membros, escolhidos pela III - promover a execução de suas
população local para mandato de 4 (quatro) decisões, podendo para tanto:
anos, permitida recondução por novos a) requisitar serviços públicos nas áreas
processos de escolha. (Redação dada pela de saúde, educação, serviço social,
Lei nº 13.824, de 2019) previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade
Art. 133. Para a candidatura a membro judiciária nos casos de descumprimento
do Conselho Tutelar, serão exigidos os injustificado de suas deliberações.
seguintes requisitos: IV - encaminhar ao Ministério Público
I - reconhecida idoneidade moral; notícia de fato que constitua infração
II - idade superior a vinte e um anos; administrativa ou penal contra os direitos
III - residir no município. da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária
Art. 134. Lei municipal ou distrital os casos de sua competência;
disporá sobre o local, dia e horário de VI - providenciar a medida estabelecida
funcionamento do Conselho Tutelar, pela autoridade judiciária, dentre as
inclusive quanto à remuneração dos previstas no art. 101, de I a VI, para o
respectivos membros, aos quais é adolescente autor de ato infracional;
assegurado o direito a: VII - expedir notificações;
I - cobertura previdenciária; VIII - requisitar certidões de nascimento
II - gozo de férias anuais remuneradas, e de óbito de criança ou adolescente quando
acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da necessário;
remuneração mensal; IX - assessorar o Poder Executivo local
III - licença-maternidade; na elaboração da proposta orçamentária

132
Legislação Básica da Saúde

para planos e programas de atendimento causas que envolvam violência contra a


dos direitos da criança e do adolescente; criança e o adolescente; (Incluído pela Lei
X - representar, em nome da pessoa e da nº 14.344, de 2022)
família, contra a violação dos direitos XVIII - tomar as providências cabíveis,
previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da na esfera de sua competência, ao receber
Constituição Federal ; comunicação da ocorrência de ação ou
XI - representar ao Ministério Público omissão, praticada em local público ou
para efeito das ações de perda ou suspensão privado, que constitua violência doméstica
do poder familiar, após esgotadas as e familiar contra a criança e o adolescente;
possibilidades de manutenção da criança ou (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
do adolescente junto à família natural. XIX - receber e encaminhar, quando for
XII - promover e incentivar, na o caso, as informações reveladas por
comunidade e nos grupos profissionais, noticiantes ou denunciantes relativas à
ações de divulgação e treinamento para o prática de violência, ao uso de tratamento
reconhecimento de sintomas de maus-tratos cruel ou degradante ou de formas violentas
em crianças e adolescentes. de educação, correção ou disciplina contra
XIII - adotar, na esfera de sua a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei
competência, ações articuladas e efetivas nº 14.344, de 2022)
direcionadas à identificação da agressão, à XX - representar à autoridade judicial ou
agilidade no atendimento da criança e do ao Ministério Público para requerer a
adolescente vítima de violência doméstica e concessão de medidas cautelares direta ou
familiar e à responsabilização do agressor; indiretamente relacionada à eficácia da
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) proteção de noticiante ou denunciante de
XIV - atender à criança e ao adolescente informações de crimes que envolvam
vítima ou testemunha de violência violência doméstica e familiar contra a
doméstica e familiar, ou submetido a criança e o adolescente. (Incluído pela Lei
tratamento cruel ou degradante ou a formas nº 14.344, de 2022)
violentas de educação, correção ou Parágrafo único. Se, no exercício de suas
disciplina, a seus familiares e a atribuições, o Conselho Tutelar entender
testemunhas, de forma a prover orientação necessário o afastamento do convívio
e aconselhamento acerca de seus direitos e familiar, comunicará incontinenti o fato ao
dos encaminhamentos necessários; Ministério Público, prestando-lhe
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) informações sobre os motivos de tal
XV - representar à autoridade judicial ou entendimento e as providências tomadas
policial para requerer o afastamento do para a orientação, o apoio e a promoção
agressor do lar, do domicílio ou do local de social da família.
convivência com a vítima nos casos de
violência doméstica e familiar contra a Art. 137. As decisões do Conselho
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei Tutelar somente poderão ser revistas pela
nº 14.344, de 2022) autoridade judiciária a pedido de quem
XVI - representar à autoridade judicial tenha legítimo interesse.
para requerer a concessão de medida
protetiva de urgência à criança ou ao Capítulo III
adolescente vítima ou testemunha de Da Competência
violência doméstica e familiar, bem como a
revisão daquelas já concedidas; (Incluído Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar
pela Lei nº 14.344, de 2022) a regra de competência constante do art.
XVII - representar ao Ministério Público 147.
para requerer a propositura de ação cautelar
de antecipação de produção de prova nas

133
Legislação Básica da Saúde

Capítulo IV Pública, ao Ministério Público e ao Poder


Da Escolha dos Conselheiros Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será
Art. 139. O processo para a escolha dos prestada aos que dela necessitarem, através
membros do Conselho Tutelar será de defensor público ou advogado nomeado.
estabelecido em lei municipal e realizado § 2º As ações judiciais da competência
sob a responsabilidade do Conselho da Justiça da Infância e da Juventude são
Municipal dos Direitos da Criança e do isentas de custas e emolumentos, ressalvada
Adolescente, e a fiscalização do Ministério a hipótese de litigância de má-fé.
Público.
§1º O processo de escolha dos membros Art. 142. Os menores de dezesseis anos
do Conselho Tutelar ocorrerá em data serão representados e os maiores de
unificada em todo o território nacional a dezesseis e menores de vinte e um anos
cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo assistidos por seus pais, tutores ou
do mês de outubro do ano subsequente ao curadores, na forma da legislação civil ou
da eleição presidencial. processual.
§2º A posse dos conselheiros tutelares Parágrafo único. A autoridade judiciária
ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano dará curador especial à criança ou
subsequente ao processo de escolha. adolescente, sempre que os interesses
§3º No processo de escolha dos destes colidirem com os de seus pais ou
membros do Conselho Tutelar, é vedado ao responsável, ou quando carecer de
candidato doar, oferecer, prometer ou representação ou assistência legal ainda que
entregar ao eleitor bem ou vantagem eventual.
pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. Art. 143. E vedada a divulgação de atos
judiciais, policiais e administrativos que
Capítulo V digam respeito a crianças e adolescentes a
Dos Impedimentos que se atribua autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a
Art. 140. São impedidos de servir no respeito do fato não poderá identificar a
mesmo Conselho marido e mulher, criança ou adolescente, vedando-se
ascendentes e descendentes, sogro e genro fotografia, referência a nome, apelido,
ou nora, irmãos, cunhados, durante o filiação, parentesco, residência e, inclusive,
cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou iniciais do nome e sobrenome.
madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o Art. 144. A expedição de cópia ou
impedimento do conselheiro, na forma certidão de atos a que se refere o artigo
deste artigo, em relação à autoridade anterior somente será deferida pela
judiciária e ao representante do Ministério autoridade judiciária competente, se
Público com atuação na Justiça da Infância demonstrado o interesse e justificada a
e da Juventude, em exercício na comarca, finalidade.
foro regional ou distrital.
Capítulo II
Título VI Da Justiça da Infância e da Juventude
Do Acesso à Justiça Seção I
Capítulo I Disposições Gerais
Disposições Gerais
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal
Art. 141. É garantido o acesso de toda poderão criar varas especializadas e
criança ou adolescente à Defensoria exclusivas da infância e da juventude,

134
Legislação Básica da Saúde

cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua IV - conhecer de ações civis fundadas


proporcionalidade por número de em interesses individuais, difusos ou
habitantes, dotá-las de infraestrutura e coletivos afetos à criança e ao adolescente,
dispor sobre o atendimento, inclusive em observado o disposto no art. 209;
plantões. V - conhecer de ações decorrentes de
irregularidades em entidades de
Seção II atendimento, aplicando as medidas
Do Juiz cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas
Art. 146. A autoridade a que se refere nos casos de infrações contra norma de
esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude, proteção à criança ou adolescente;
ou o juiz que exerce essa função, na forma VII - conhecer de casos encaminhados
da lei de organização judiciária local. pelo Conselho Tutelar, aplicando as
medidas cabíveis.
Art. 147. A competência será Parágrafo único. Quando se tratar de
determinada: criança ou adolescente nas hipóteses do art.
I - pelo domicílio dos pais ou 98, é também competente a Justiça da
responsável; Infância e da Juventude para o fim de:
II - pelo lugar onde se encontre a criança a) conhecer de pedidos de guarda e
ou adolescente, à falta dos pais ou tutela;
responsável. b) conhecer de ações de destituição do
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será pátrio poder poder familiar , perda ou
competente a autoridade do lugar da ação modificação da tutela ou guarda;
ou omissão, observadas as regras de c) suprir a capacidade ou o
conexão, continência e prevenção. consentimento para o casamento;
§ 2º A execução das medidas poderá ser d) conhecer de pedidos baseados em
delegada à autoridade competente da discordância paterna ou materna, em
residência dos pais ou responsável, ou do relação ao exercício do pátrio poder poder
local onde sediar-se a entidade que abrigar familiar ;
a criança ou adolescente. e) conceder a emancipação, nos termos
§ 3º Em caso de infração cometida da lei civil, quando faltarem os pais;
através de transmissão simultânea de rádio f) designar curador especial em casos de
ou televisão, que atinja mais de uma apresentação de queixa ou representação,
comarca, será competente, para aplicação ou de outros procedimentos judiciais ou
da penalidade, a autoridade judiciária do extrajudiciais em que haja interesses de
local da sede estadual da emissora ou rede, criança ou adolescente;
tendo a sentença eficácia para todas as g) conhecer de ações de alimentos;
transmissoras ou retransmissoras do h) determinar o cancelamento, a
respectivo estado. retificação e o suprimento dos registros de
nascimento e óbito.
Art. 148. A Justiça da Infância e da
Juventude é competente para: Art. 149. Compete à autoridade
I - conhecer de representações judiciária disciplinar, através de portaria, ou
promovidas pelo Ministério Público, para autorizar, mediante alvará:
apuração de ato infracional atribuído a I - a entrada e permanência de criança ou
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; adolescente, desacompanhado dos pais ou
II - conceder a remissão, como forma de responsável, em:
suspensão ou extinção do processo; a) estádio, ginásio e campo desportivo;
III - conhecer de pedidos de adoção e b) bailes ou promoções dançantes;
seus incidentes; c) boate ou congêneres;

135
Legislação Básica da Saúde

d) casa que explore comercialmente esta Lei ou por determinação judicial, a


diversões eletrônicas; autoridade judiciária poderá proceder à
e) estúdios cinematográficos, de teatro, nomeação de perito, nos termos do art. 156
rádio e televisão. da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
II - a participação de criança e (Código de Processo Civil) .
adolescente em:
a) espetáculos públicos e seus ensaios; Capítulo III
b) certames de beleza. Dos Procedimentos
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, Seção I
a autoridade judiciária levará em conta, Disposições Gerais
dentre outros fatores:
a) os princípios desta Lei; Art. 152. Aos procedimentos regulados
b) as peculiaridades locais; nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as
c) a existência de instalações adequadas; normas gerais previstas na legislação
d) o tipo de frequência habitual ao local; processual pertinente.
e) a adequação do ambiente a eventual § 1º É assegurada, sob pena de
participação ou frequência de crianças e responsabilidade, prioridade absoluta na
adolescentes; tramitação dos processos e procedimentos
f) a natureza do espetáculo. previstos nesta Lei, assim como na
§ 2º As medidas adotadas na execução dos atos e diligências judiciais a
conformidade deste artigo deverão ser eles referentes.
fundamentadas, caso a caso, vedadas as § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e
determinações de caráter geral. aplicáveis aos seus procedimentos são
contados em dias corridos, excluído o dia
Seção III do começo e incluído o dia do vencimento,
Dos Serviços Auxiliares vedado o prazo em dobro para a Fazenda
Pública e o Ministério Público.
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na
elaboração de sua proposta orçamentária, Art. 153. Se a medida judicial a ser
prever recursos para manutenção de equipe adotada não corresponder a procedimento
interprofissional, destinada a assessorar a previsto nesta ou em outra lei, a autoridade
Justiça da Infância e da Juventude. judiciária poderá investigar os fatos e
ordenar de ofício as providências
Art. 151. Compete à equipe necessárias, ouvido o Ministério Público.
interprofissional dentre outras atribuições Parágrafo único. O disposto neste artigo
que lhe forem reservadas pela legislação não se aplica para o fim de afastamento da
local, fornecer subsídios por escrito, criança ou do adolescente de sua família de
mediante laudos, ou verbalmente, na origem e em outros procedimentos
audiência, e bem assim desenvolver necessariamente contenciosos.
trabalhos de aconselhamento, orientação,
encaminhamento, prevenção e outros, tudo Art. 154. Aplica-se às multas o disposto
sob a imediata subordinação à autoridade no art. 214.
judiciária, assegurada a livre manifestação
do ponto de vista técnico. Seção II
Parágrafo único. Na ausência ou Da Perda e da Suspensão do Pátrio
insuficiência de servidores públicos poder Poder Familiar
integrantes do Poder Judiciário
responsáveis pela realização dos estudos Art. 155. O procedimento para a perda
psicossociais ou de quaisquer outras ou a suspensão do pátrio poder poder
espécies de avaliações técnicas exigidas por familiar terá início por provocação do

136
Legislação Básica da Saúde

Ministério Público ou de quem tenha de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de


legítimo interesse. 2022)
§ 4º Se houver indícios de ato de
Art. 156. A petição inicial indicará: violação de direitos de criança ou de
I - a autoridade judiciária a que for adolescente, o juiz comunicará o fato ao
dirigida; Ministério Público e encaminhará os
II - o nome, o estado civil, a profissão e documentos pertinentes. (Incluído pela Lei
a residência do requerente e do requerido, nº 14.340, de 2022)
dispensada a qualificação em se tratando de
pedido formulado por representante do Art. 158. O requerido será citado para,
Ministério Público; no prazo de dez dias, oferecer resposta
III - a exposição sumária do fato e o escrita, indicando as provas a serem
pedido; produzidas e oferecendo desde logo o rol de
IV - as provas que serão produzidas, testemunhas e documentos.
oferecendo, desde logo, o rol de §1º A citação será pessoal, salvo se
testemunhas e documentos. esgotados todos os meios para sua
realização.
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá §2º O requerido privado de liberdade
a autoridade judiciária, ouvido o Ministério deverá ser citado pessoalmente.
Público, decretar a suspensão do pátrio §3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial
poder poder familiar , liminar ou de justiça houver procurado o citando em
incidentalmente, até o julgamento seu domicílio ou residência sem o
definitivo da causa, ficando a criança ou encontrar, deverá, havendo suspeita de
adolescente confiado a pessoa idônea, ocultação, informar qualquer pessoa da
mediante termo de responsabilidade. família ou, em sua falta, qualquer vizinho
§1º Recebida a petição inicial, a do dia útil em que voltará a fim de efetuar a
autoridade judiciária determinará, citação, na hora que designar, nos termos do
concomitantemente ao despacho de citação art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16
e independentemente de requerimento do de março de 2015 (Código de Processo
interessado, a realização de estudo social ou Civil) .
perícia por equipe interprofissional ou §4º Na hipótese de os genitores
multidisciplinar para comprovar a presença encontrarem-se em local incerto ou não
de uma das causas de suspensão ou sabido, serão citados por edital no prazo de
destituição do poder familiar, ressalvado o 10 (dez) dias, em publicação única,
disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e dispensado o envio de ofícios para a
observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de localização.
2017
§2º Em sendo os pais oriundos de Art. 159. Se o requerido não tiver
comunidades indígenas, é ainda obrigatória possibilidade de constituir advogado, sem
a intervenção, junto à equipe prejuízo do próprio sustento e de sua
interprofissional ou multidisciplinar família, poderá requerer, em cartório, que
referida no §1º deste artigo, de lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá
representantes do órgão federal responsável a apresentação de resposta, contando-se o
pela política indigenista, observado o prazo a partir da intimação do despacho de
disposto no §6º do art. 28 desta Lei. nomeação.
§ 3º A concessão da liminar será, Parágrafo único. Na hipótese de
preferencialmente, precedida de entrevista requerido privado de liberdade, o oficial de
da criança ou do adolescente perante equipe justiça deverá perguntar, no momento da
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, citação pessoal, se deseja que lhe seja
nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril nomeado defensor.

137
Legislação Básica da Saúde

Ministério Público, serão ouvidas as


Art. 160. Sendo necessário, a autoridade testemunhas, colhendo-se oralmente o
judiciária requisitará de qualquer repartição parecer técnico, salvo quando apresentado
ou órgão público a apresentação de por escrito, manifestando-se
documento que interesse à causa, de ofício sucessivamente o requerente, o requerido e
ou a requerimento das partes ou do o Ministério Público, pelo tempo de 20
Ministério Público. (vinte) minutos cada um, prorrogável por
mais 10 (dez) minutos.
Art. 161. Se não for contestado o pedido §3º A decisão será proferida na
e tiver sido concluído o estudo social ou a audiência, podendo a autoridade judiciária,
perícia realizada por equipe excepcionalmente, designar data para sua
interprofissional ou multidisciplinar, a leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
autoridade judiciária dará vista dos autos ao §4º Quando o procedimento de
Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo destituição de poder familiar for iniciado
quando este for o requerente, e decidirá em pelo Ministério Público, não haverá
igual prazo. necessidade de nomeação de curador
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou especial em favor da criança ou
a requerimento das partes ou do Ministério adolescente.
Público, determinará a oitiva de
testemunhas que comprovem a presença de Art. 163. O prazo máximo para
uma das causas de suspensão ou destituição conclusão do procedimento será de 120
do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no
1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de caso de notória inviabilidade de
2002 (Código Civil) , ou no art. 24 desta manutenção do poder familiar, dirigir
Lei. esforços para preparar a criança ou o
§2º (Revogado) . adolescente com vistas à colocação em
§3º Se o pedido importar em família substituta.
modificação de guarda, será obrigatória, Parágrafo único. A sentença que decretar
desde que possível e razoável, a oitiva da a perda ou a suspensão do poder familiar
criança ou adolescente, respeitado seu será averbada à margem do registro de
estágio de desenvolvimento e grau de nascimento da criança ou do adolescente.
compreensão sobre as implicações da
medida. Seção III
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais Da Destituição da Tutela
sempre que eles forem identificados e
estiverem em local conhecido, ressalvados Art. 164. Na destituição da tutela,
os casos de não comparecimento perante a observar-se-á o procedimento para a
Justiça quando devidamente citados. remoção de tutor previsto na lei processual
§5º Se o pai ou a mãe estiverem privados civil e, no que couber, o disposto na seção
de liberdade, a autoridade judicial anterior.
requisitará sua apresentação para a oitiva.
Seção IV
Art. 162. Apresentada a resposta, a Da Colocação em Família Substituta
autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Ministério Público, por cinco dias, salvo Art. 165. São requisitos para a concessão
quando este for o requerente, designando, de pedidos de colocação em família
desde logo, audiência de instrução e substituta:
julgamento. I - qualificação completa do requerente e
§ 1º (Revogado) . de seu eventual cônjuge, ou companheiro,
§2º Na audiência, presentes as partes e o com expressa anuência deste;

138
Legislação Básica da Saúde

II - indicação de eventual parentesco do deste artigo.


requerente e de seu cônjuge, ou §5º O consentimento é retratável até a
companheiro, com a criança ou data da realização da audiência especificada
adolescente, especificando se tem ou não no §1º deste artigo, e os pais podem exercer
parente vivo; o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias,
III - qualificação completa da criança ou contado da data de prolação da sentença de
adolescente e de seus pais, se conhecidos; extinção do poder familiar.
IV - indicação do cartório onde foi §6º O consentimento somente terá valor
inscrito nascimento, anexando, se possível, se for dado após o nascimento da criança.
uma cópia da respectiva certidão; §7º A família natural e a família
V - declaração sobre a existência de substituta receberão a devida orientação por
bens, direitos ou rendimentos relativos à intermédio de equipe técnica
criança ou ao adolescente. interprofissional a serviço da Justiça da
Parágrafo único. Em se tratando de Infância e da Juventude, preferencialmente
adoção, observar-se-ão também os com apoio dos técnicos responsáveis pela
requisitos específicos. execução da política municipal de garantia
do direito à convivência familiar.
Art. 166. Se os pais forem falecidos,
tiverem sido destituídos ou suspensos do Art. 167. A autoridade judiciária, de
poder familiar, ou houverem aderido ofício ou a requerimento das partes ou do
expressamente ao pedido de colocação em Ministério Público, determinará a
família substituta, este poderá ser realização de estudo social ou, se possível,
formulado diretamente em cartório, em perícia por equipe interprofissional,
petição assinada pelos próprios requerentes, decidindo sobre a concessão de guarda
dispensada a assistência de advogado. provisória, bem como, no caso de adoção,
§1º Na hipótese de concordância dos sobre o estágio de convivência.
pais, o juiz: Parágrafo único. Deferida a concessão
I - na presença do Ministério Público, da guarda provisória ou do estágio de
ouvirá as partes, devidamente assistidas por convivência, a criança ou o adolescente será
advogado ou por defensor público, para entregue ao interessado, mediante termo de
verificar sua concordância com a adoção, responsabilidade.
no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado
da data do protocolo da petição ou da Art. 168. Apresentado o relatório social
entrega da criança em juízo, tomando por ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
termo as declarações; e possível, a criança ou o adolescente, dar-se-
II - declarará a extinção do poder á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
familiar. prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
§2º O consentimento dos titulares do judiciária em igual prazo.
poder familiar será precedido de
orientações e esclarecimentos prestados Art. 169. Nas hipóteses em que a
pela equipe interprofissional da Justiça da destituição da tutela, a perda ou a suspensão
Infância e da Juventude, em especial, no do pátrio poder poder familiar constituir
caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da pressuposto lógico da medida principal de
medida. colocação em família substituta, será
§3º São garantidos a livre manifestação observado o procedimento contraditório
de vontade dos detentores do poder familiar previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
e o direito ao sigilo das informações. Parágrafo único. A perda ou a
§4º O consentimento prestado por modificação da guarda poderá ser decretada
escrito não terá validade se não for nos mesmos autos do procedimento,
ratificado na audiência a que se refere o §1º observado o disposto no art. 35.

139
Legislação Básica da Saúde

Art. 174. Comparecendo qualquer dos


Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, pais ou responsável, o adolescente será
observar-se-á o disposto no art. 32, e, prontamente liberado pela autoridade
quanto à adoção, o contido no art. 47. policial, sob termo de compromisso e
Parágrafo único. A colocação de criança responsabilidade de sua apresentação ao
ou adolescente sob a guarda de pessoa representante do Ministério Público, no
inscrita em programa de acolhimento mesmo dia ou, sendo impossível, no
familiar será comunicada pela autoridade primeiro dia útil imediato, exceto quando,
judiciária à entidade por este responsável pela gravidade do ato infracional e sua
no prazo máximo de 5 (cinco) dias. repercussão social, deva o adolescente
permanecer sob internação para garantia de
Seção V sua segurança pessoal ou manutenção da
Da Apuração de Ato Infracional ordem pública.
Atribuído a Adolescente
Art. 175. Em caso de não liberação, a
Art. 171. O adolescente apreendido por autoridade policial encaminhará, desde
força de ordem judicial será, desde logo, logo, o adolescente ao representante do
encaminhado à autoridade judiciária. Ministério Público, juntamente com cópia
do auto de apreensão ou boletim de
Art. 172. O adolescente apreendido em ocorrência.
flagrante de ato infracional será, desde § 1º Sendo impossível a apresentação
logo, encaminhado à autoridade policial imediata, a autoridade policial encaminhará
competente. o adolescente à entidade de atendimento,
Parágrafo único. Havendo repartição que fará a apresentação ao representante do
policial especializada para atendimento de Ministério Público no prazo de vinte e
adolescente e em se tratando de ato quatro horas.
infracional praticado em co-autoria com § 2º Nas localidades onde não houver
maior, prevalecerá a atribuição da entidade de atendimento, a apresentação
repartição especializada, que, após as far-se-á pela autoridade policial. À falta de
providências necessárias e conforme o repartição policial especializada, o
caso, encaminhará o adulto à repartição adolescente aguardará a apresentação em
policial própria. dependência separada da destinada a
maiores, não podendo, em qualquer
Art. 173. Em caso de flagrante de ato hipótese, exceder o prazo referido no
infracional cometido mediante violência ou parágrafo anterior.
grave ameaça a pessoa, a autoridade
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. Art. 176. Sendo o adolescente liberado,
106, parágrafo único, e 107, deverá: a autoridade policial encaminhará
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as imediatamente ao representante do
testemunhas e o adolescente; Ministério Público cópia do auto de
II - apreender o produto e os apreensão ou boletim de ocorrência.
instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias Art. 177. Se, afastada a hipótese de
necessários à comprovação da flagrante, houver indícios de participação
materialidade e autoria da infração. de adolescente na prática de ato infracional,
Parágrafo único. Nas demais hipóteses a autoridade policial encaminhará ao
de flagrante, a lavratura do auto poderá ser representante do Ministério Público
substituída por boletim de ocorrência relatório das investigações e demais
circunstanciada. documentos.

140
Legislação Básica da Saúde

Art. 178. O adolescente a quem se Ministério Público para apresentá-la, ou


atribua autoria de ato infracional não ratificará o arquivamento ou a remissão,
poderá ser conduzido ou transportado em que só então estará a autoridade judiciária
compartimento fechado de veículo policial, obrigada a homologar.
em condições atentatórias à sua dignidade,
ou que impliquem risco à sua integridade Art. 182. Se, por qualquer razão, o
física ou mental, sob pena de representante do Ministério Público não
responsabilidade. promover o arquivamento ou conceder a
remissão, oferecerá representação à
Art. 179. Apresentado o adolescente, o autoridade judiciária, propondo a
representante do Ministério Público, no instauração de procedimento para aplicação
mesmo dia e à vista do auto de apreensão, da medida sócio-educativa que se afigurar a
boletim de ocorrência ou relatório policial, mais adequada.
devidamente autuados pelo cartório judicial § 1º A representação será oferecida por
e com informação sobre os antecedentes do petição, que conterá o breve resumo dos
adolescente, procederá imediata e fatos e a classificação do ato infracional e,
informalmente à sua oitiva e, em sendo quando necessário, o rol de testemunhas,
possível, de seus pais ou responsável, podendo ser deduzida oralmente, em sessão
vítima e testemunhas. diária instalada pela autoridade judiciária.
Parágrafo único. Em caso de não § 2º A representação independe de prova
apresentação, o representante do Ministério pré-constituída da autoria e materialidade.
Público notificará os pais ou responsável
para apresentação do adolescente, podendo Art. 183. O prazo máximo e
requisitar o concurso das polícias civil e improrrogável para a conclusão do
militar. procedimento, estando o adolescente
internado provisoriamente, será de quarenta
Art. 180. Adotadas as providências a que e cinco dias.
alude o artigo anterior, o representante do
Ministério Público poderá: Art. 184. Oferecida a representação, a
I - promover o arquivamento dos autos; autoridade judiciária designará audiência
II - conceder a remissão; de apresentação do adolescente, decidindo,
III - representar à autoridade judiciária desde logo, sobre a decretação ou
para aplicação de medida sócio-educativa. manutenção da internação, observado o
disposto no art. 108 e parágrafo.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos § 1º O adolescente e seus pais ou
autos ou concedida a remissão pelo responsável serão cientificados do teor da
representante do Ministério Público, representação, e notificados a comparecer à
mediante termo fundamentado, que conterá audiência, acompanhados de advogado.
o resumo dos fatos, os autos serão § 2º Se os pais ou responsável não forem
conclusos à autoridade judiciária para localizados, a autoridade judiciária dará
homologação. curador especial ao adolescente.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a § 3º Não sendo localizado o adolescente,
remissão, a autoridade judiciária a autoridade judiciária expedirá mandado
determinará, conforme o caso, o de busca e apreensão, determinando o
cumprimento da medida. sobrestamento do feito, até a efetiva
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária apresentação.
fará remessa dos autos ao Procurador-Geral
de Justiça, mediante despacho § 4º Estando o adolescente internado,
fundamentado, e este oferecerá será requisitada a sua apresentação, sem
representação, designará outro membro do prejuízo da notificação dos pais ou

141
Legislação Básica da Saúde

responsável. judiciária, que em seguida proferirá


decisão.
Art. 185. A internação, decretada ou
mantida pela autoridade judiciária, não Art. 187. Se o adolescente, devidamente
poderá ser cumprida em estabelecimento notificado, não comparecer,
prisional. injustificadamente à audiência de
§ 1º Inexistindo na comarca entidade apresentação, a autoridade judiciária
com as características definidas no art. 123, designará nova data, determinando sua
o adolescente deverá ser imediatamente condução coercitiva.
transferido para a localidade mais próxima.
§ 2º Sendo impossível a pronta Art. 188. A remissão, como forma de
transferência, o adolescente aguardará sua extinção ou suspensão do processo, poderá
remoção em repartição policial, desde que ser aplicada em qualquer fase do
em seção isolada dos adultos e com procedimento, antes da sentença.
instalações apropriadas, não podendo
ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, Art. 189. A autoridade judiciária não
sob pena de responsabilidade. aplicará qualquer medida, desde que
reconheça na sentença:
Art. 186. Comparecendo o adolescente, I - estar provada a inexistência do fato;
seus pais ou responsável, a autoridade II - não haver prova da existência do
judiciária procederá à oitiva dos mesmos, fato;
podendo solicitar opinião de profissional III - não constituir o fato ato infracional;
qualificado. IV - não existir prova de ter o
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adolescente concorrido para o ato
adequada a remissão, ouvirá o infracional.
representante do Ministério Público, Parágrafo único. Na hipótese deste
proferindo decisão. artigo, estando o adolescente internado,
§ 2º Sendo o fato grave, passível de será imediatamente colocado em liberdade.
aplicação de medida de internação ou
colocação em regime de semi-liberdade, a Art. 190. A intimação da sentença que
autoridade judiciária, verificando que o aplicar medida de internação ou regime de
adolescente não possui advogado semi-liberdade será feita:
constituído, nomeará defensor, designando, I - ao adolescente e ao seu defensor;
desde logo, audiência em continuação, II - quando não for encontrado o
podendo determinar a realização de adolescente, a seus pais ou responsável,
diligências e estudo do caso. sem prejuízo do defensor.
§ 3º O advogado constituído ou o § 1º Sendo outra a medida aplicada, a
defensor nomeado, no prazo de três dias intimação far-se-á unicamente na pessoa do
contado da audiência de apresentação, defensor.
oferecerá defesa prévia e rol de § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
testemunhas. adolescente, deverá este manifestar se
§ 4º Na audiência em continuação, deseja ou não recorrer da sentença.
ouvidas as testemunhas arroladas na
representação e na defesa prévia, cumpridas Seção V-A
as diligências e juntado o relatório da Da Infiltração de Agentes de Polícia
equipe interprofissional, será dada a palavra para a Investigação de Crimes contra a
ao representante do Ministério Público e ao Dignidade Sexual de Criança e de
defensor, sucessivamente, pelo tempo de
vinte minutos para cada um, prorrogável
por mais dez, a critério da autoridade Art. 190-A. A infiltração de agentes de

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Legislação Básica da Saúde

polícia na internet com o fim de investigar Art. 190-B. As informações da operação


os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241- de infiltração serão encaminhadas
A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos diretamente ao juiz responsável pela
arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B autorização da medida, que zelará por seu
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro sigilo.
de 1940 (Código Penal) , obedecerá às Parágrafo único. Antes da conclusão da
seguintes regras: operação, o acesso aos autos será reservado
I - será precedida de autorização judicial ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
devidamente circunstanciada e de polícia responsável pela operação, com
fundamentada, que estabelecerá os limites o objetivo de garantir o sigilo das
da infiltração para obtenção de prova, investigações.
ouvido o Ministério Público;
II - dar-se-á mediante requerimento do Art. 190-C. Não comete crime o policial
Ministério Público ou representação de que oculta a sua identidade para, por meio
delegado de polícia e conterá a da internet, colher indícios de autoria e
demonstração de sua necessidade, o alcance materialidade dos crimes previstos nos arts.
das tarefas dos policiais, os nomes ou 240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D
apelidos das pessoas investigadas e, quando desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 ,
possível, os dados de conexão ou cadastrais 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
que permitam a identificação dessas 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) .
pessoas; Parágrafo único. O agente policial
III - não poderá exceder o prazo de 90 infiltrado que deixar de observar a estrita
(noventa) dias, sem prejuízo de eventuais finalidade da investigação responderá pelos
renovações, desde que o total não exceda a excessos praticados.
720 (setecentos e vinte) dias e seja
demonstrada sua efetiva necessidade, a Art. 190-D. Os órgãos de registro e
critério da autoridade judicial. cadastro público poderão incluir nos bancos
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério de dados próprios, mediante procedimento
Público poderão requisitar relatórios sigiloso e requisição da autoridade judicial,
parciais da operação de infiltração antes do as informações necessárias à efetividade da
término do prazo de que trata o inciso II do identidade fictícia criada.
§ 1 º deste artigo. Parágrafo único. O procedimento
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I sigiloso de que trata esta Seção será
do § 1 º deste artigo, consideram-se: numerado e tombado em livro específico.
I - dados de conexão: informações
referentes a hora, data, início, término, Art. 190-E. Concluída a investigação,
duração, endereço de Protocolo de Internet todos os atos eletrônicos praticados durante
(IP) utilizado e terminal de origem da a operação deverão ser registrados,
conexão; gravados, armazenados e encaminhados ao
II - dados cadastrais: informações juiz e ao Ministério Público, juntamente
referentes a nome e endereço de assinante com relatório circunstanciado.
ou de usuário registrado ou autenticado Parágrafo único. Os atos eletrônicos
para a conexão a quem endereço de IP, registrados citados no caput deste artigo
identificação de usuário ou código de serão reunidos em autos apartados e
acesso tenha sido atribuído no momento da apensados ao processo criminal juntamente
conexão. com o inquérito policial, assegurando-se a
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia preservação da identidade do agente
na internet não será admitida se a prova policial infiltrado e a intimidade das
puder ser obtida por outros meios. crianças e dos adolescentes envolvidos.

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Legislação Básica da Saúde

Seção VI Administrativa às Normas de Proteção à


Da Apuração de Irregularidades em Criança e ao Adolescente
Entidade de Atendimento
Art. 194. O procedimento para
Art. 191. O procedimento de apuração imposição de penalidade administrativa por
de irregularidades em entidade infração às normas de proteção à criança e
governamental e não-governamental terá ao adolescente terá início por representação
início mediante portaria da autoridade do Ministério Público, ou do Conselho
judiciária ou representação do Ministério Tutelar, ou auto de infração elaborado por
Público ou do Conselho Tutelar, onde servidor efetivo ou voluntário credenciado,
conste, necessariamente, resumo dos fatos. e assinado por duas testemunhas, se
Parágrafo único. Havendo motivo grave, possível.
poderá a autoridade judiciária, ouvido o § 1º No procedimento iniciado com o
Ministério Público, decretar liminarmente o auto de infração, poderão ser usadas
afastamento provisório do dirigente da fórmulas impressas, especificando-se a
entidade, mediante decisão fundamentada. natureza e as circunstâncias da infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação
Art. 192. O dirigente da entidade será da infração seguir-se-á a lavratura do auto,
citado para, no prazo de dez dias, oferecer certificando-se, em caso contrário, dos
resposta escrita, podendo juntar motivos do retardamento.
documentos e indicar as provas a produzir.
Art. 195. O requerido terá prazo de dez
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, dias para apresentação de defesa, contado
e sendo necessário, a autoridade judiciária da data da intimação, que será feita:
designará audiência de instrução e I - pelo autuante, no próprio auto,
julgamento, intimando as partes. quando este for lavrado na presença do
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as requerido;
partes e o Ministério Público terão cinco II - por oficial de justiça ou funcionário
dias para oferecer alegações finais, legalmente habilitado, que entregará cópia
decidindo a autoridade judiciária em igual do auto ou da representação ao requerido,
prazo. ou a seu representante legal, lavrando
§ 2º Em se tratando de afastamento certidão;
provisório ou definitivo de dirigente de III - por via postal, com aviso de
entidade governamental, a autoridade recebimento, se não for encontrado o
judiciária oficiará à autoridade requerido ou seu representante legal;
administrativa imediatamente superior ao IV - por edital, com prazo de trinta dias,
afastado, marcando prazo para a se incerto ou não sabido o paradeiro do
substituição. requerido ou de seu representante legal.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das
medidas, a autoridade judiciária poderá Art. 196. Não sendo apresentada a
fixar prazo para a remoção das defesa no prazo legal, a autoridade
irregularidades verificadas. Satisfeitas as judiciária dará vista dos autos do Ministério
exigências, o processo será extinto, sem Público, por cinco dias, decidindo em igual
julgamento de mérito. prazo.
§ 4º A multa e a advertência serão
impostas ao dirigente da entidade ou Art. 197. Apresentada a defesa, a
programa de atendimento. autoridade judiciária procederá na
conformidade do artigo anterior, ou, sendo
Seção VII necessário, designará audiência de
Da Apuração de Infração instrução e julgamento.

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Legislação Básica da Saúde

Parágrafo único. Colhida a prova oral, paternidade ou maternidade responsável, à


manifestar-se-ão sucessivamente o luz dos requisitos e princípios desta Lei.
Ministério Público e o procurador do §1º É obrigatória a participação dos
requerido, pelo tempo de vinte minutos para postulantes em programa oferecido pela
cada um, prorrogável por mais dez, a Justiça da Infância e da Juventude,
critério da autoridade judiciária, que em preferencialmente com apoio dos técnicos
seguida proferirá sentença. responsáveis pela execução da política
municipal de garantia do direito à
Seção VIII convivência familiar e dos grupos de apoio
Da Habilitação de Pretendentes à à adoção devidamente habilitados perante a
Adoção Justiça da Infância e da Juventude, que
inclua preparação psicológica, orientação e
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, estímulo à adoção inter-racial, de crianças
domiciliados no Brasil, apresentarão ou de adolescentes com deficiência, com
petição inicial na qual conste: doenças crônicas ou com necessidades
I - qualificação completa; específicas de saúde, e de grupos de irmãos.
II - dados familiares; §2º Sempre que possível e
III - cópias autenticadas de certidão de recomendável, a etapa obrigatória da
nascimento ou casamento, ou declaração preparação referida no §1º deste artigo
relativa ao período de união estável; incluirá o contato com crianças e
IV - cópias da cédula de identidade e adolescentes em regime de acolhimento
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; familiar ou institucional, a ser realizado sob
V - comprovante de renda e domicílio; orientação, supervisão e avaliação da
VI - atestados de sanidade física e mental equipe técnica da Justiça da Infância e da
VII - certidão de antecedentes criminais; Juventude e dos grupos de apoio à adoção,
VIII - certidão negativa de distribuição com apoio dos técnicos responsáveis pelo
cível. programa de acolhimento familiar e
institucional e pela execução da política
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no municipal de garantia do direito à
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará convivência familiar.
vista dos autos ao Ministério Público, que §3º É recomendável que as crianças e os
no prazo de 5 (cinco) dias poderá: adolescentes acolhidos institucionalmente
I - apresentar quesitos a serem ou por família acolhedora sejam preparados
respondidos pela equipe interprofissional por equipe interprofissional antes da
encarregada de elaborar o estudo técnico a inclusão em família adotiva.
que se refere o art. 197-C desta Lei;
II - requerer a designação de audiência Art. 197-D. Certificada nos autos a
para oitiva dos postulantes em juízo e conclusão da participação no programa
testemunhas; referido no art. 197-C desta Lei, a
III - requerer a juntada de documentos autoridade judiciária, no prazo de 48
complementares e a realização de outras (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das
diligências que entender necessárias. diligências requeridas pelo Ministério
Público e determinará a juntada do estudo
Art. 197-C. Intervirá no feito, psicossocial, designando, conforme o caso,
obrigatoriamente, equipe interprofissional a audiência de instrução e julgamento.
serviço da Justiça da Infância e da Parágrafo único. Caso não sejam
Juventude, que deverá elaborar estudo requeridas diligências, ou sendo essas
psicossocial, que conterá subsídios que indeferidas, a autoridade judiciária
permitam aferir a capacidade e o preparo determinará a juntada do estudo
dos postulantes para o exercício de uma psicossocial, abrindo a seguir vista dos

145
Legislação Básica da Saúde

autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) inclusive os relativos à execução das


dias, decidindo em igual prazo. medidas socioeducativas, adotar-se-á o
sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o janeiro de 1973 (Código de Processo Civil)
postulante será inscrito nos cadastros , com as seguintes adaptações:
referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua I - os recursos serão interpostos
convocação para a adoção feita de acordo independentemente de preparo;
com ordem cronológica de habilitação e II - em todos os recursos, salvo nos
conforme a disponibilidade de crianças ou embargos de declaração, o prazo para o
adolescentes adotáveis. Ministério Público e para a defesa será
§1º A ordem cronológica das sempre de 10 (dez) dias;
habilitações somente poderá deixar de ser III - os recursos terão preferência de
observada pela autoridade judiciária nas julgamento e dispensarão revisor;
hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta IV - (Revogado)
Lei, quando comprovado ser essa a melhor V - (Revogado)
solução no interesse do adotando. VI - (Revogado)
§2º A habilitação à adoção deverá ser VII - antes de determinar a remessa dos
renovada no mínimo trienalmente mediante autos à superior instância, no caso de
avaliação por equipe interprofissional. apelação, ou do instrumento, no caso de
§3º Quando o adotante candidatar-se a agravo, a autoridade judiciária proferirá
uma nova adoção, será dispensável a despacho fundamentado, mantendo ou
renovação da habilitação, bastando a reformando a decisão, no prazo de cinco
avaliação por equipe interprofissional. dias;
§4º Após 3 (três) recusas injustificadas, VIII - mantida a decisão apelada ou
pelo habilitado, à adoção de crianças ou agravada, o escrivão remeterá os autos ou o
adolescentes indicados dentro do perfil instrumento à superior instância dentro de
escolhido, haverá reavaliação da vinte e quatro horas, independentemente de
habilitação concedida. novo pedido do recorrente; se a reformar, a
§5º A desistência do pretendente em remessa dos autos dependerá de pedido
relação à guarda para fins de adoção ou a expresso da parte interessada ou do
devolução da criança ou do adolescente Ministério Público, no prazo de cinco dias,
depois do trânsito em julgado da sentença contados da intimação.
de adoção importará na sua exclusão dos
cadastros de adoção e na vedação de Art. 199. Contra as decisões proferidas
renovação da habilitação, salvo decisão com base no art. 149 caberá recurso de
judicial fundamentada, sem prejuízo das apelação.
demais sanções previstas na legislação
vigente. Art. 199-A. A sentença que deferir a
adoção produz efeito desde logo, embora
Art. 197-F. O prazo máximo para sujeita a apelação, que será recebida
conclusão da habilitação à adoção será de exclusivamente no efeito devolutivo, salvo
120 (cento e vinte) dias, prorrogável por se se tratar de adoção internacional ou se
igual período, mediante decisão houver perigo de dano irreparável ou de
fundamentada da autoridade judiciária. difícil reparação ao adotando.

Capítulo IV Art. 199-B. A sentença que destituir


Dos Recursos ambos ou qualquer dos genitores do poder
familiar fica sujeita a apelação, que deverá
Art. 198. Nos procedimentos afetos à ser recebida apenas no efeito devolutivo.
Justiça da Infância e da Juventude,

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Legislação Básica da Saúde

Art. 199-C. Os recursos nos especialização e a inscrição de hipoteca


procedimentos de adoção e de destituição legal e a prestação de contas dos tutores,
de poder familiar, em face da relevância das curadores e quaisquer administradores de
questões, serão processados com prioridade bens de crianças e adolescentes nas
absoluta, devendo ser imediatamente hipóteses do art. 98;
distribuídos, ficando vedado que aguardem, V - promover o inquérito civil e a ação
em qualquer situação, oportuna civil pública para a proteção dos interesses
distribuição, e serão colocados em mesa individuais, difusos ou coletivos relativos à
para julgamento sem revisão e com parecer infância e à adolescência, inclusive os
urgente do Ministério Público. definidos no art. 220, § 3º inciso II, da
Constituição Federal ;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o VI - instaurar procedimentos
processo em mesa para julgamento no administrativos e, para instruí-los:
prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a) expedir notificações para colher
contado da sua conclusão. depoimentos ou esclarecimentos e, em caso
Parágrafo único. O Ministério Público de não comparecimento injustificado,
será intimado da data do julgamento e requisitar condução coercitiva, inclusive
poderá na sessão, se entender necessário, pela polícia civil ou militar;
apresentar oralmente seu parecer. b) requisitar informações, exames,
perícias e documentos de autoridades
Art. 199-E. O Ministério Público poderá municipais, estaduais e federais, da
requerer a instauração de procedimento administração direta ou indireta, bem como
para apuração de responsabilidades se promover inspeções e diligências
constatar o descumprimento das investigatórias;
providências e do prazo previstos nos c) requisitar informações e documentos
artigos anteriores. a particulares e instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar
Capítulo V diligências investigatórias e determinar a
Do Ministério Público instauração de inquérito policial, para
apuração de ilícitos ou infrações às normas
Art. 200. As funções do Ministério de proteção à infância e à juventude;
Público previstas nesta Lei serão exercidas VIII - zelar pelo efetivo respeito aos
nos termos da respectiva lei orgânica. direitos e garantias legais assegurados às
crianças e adolescentes, promovendo as
Art. 201. Compete ao Ministério medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
Público: IX - impetrar mandado de segurança, de
I - conceder a remissão como forma de injunção e habeas corpus, em qualquer
exclusão do processo; juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
II - promover e acompanhar os interesses sociais e individuais
procedimentos relativos às infrações indisponíveis afetos à criança e ao
atribuídas a adolescentes; adolescente;
III - promover e acompanhar as ações de X - representar ao juízo visando à
alimentos e os procedimentos de suspensão aplicação de penalidade por infrações
e destituição do pátrio poder poder familiar cometidas contra as normas de proteção à
, nomeação e remoção de tutores, curadores infância e à juventude, sem prejuízo da
e guardiães, bem como oficiar em todos os promoção da responsabilidade civil e penal
demais procedimentos da competência da do infrator, quando cabível;
Justiça da Infância e da Juventude; XI - inspecionar as entidades públicas e
IV - promover, de ofício ou por particulares de atendimento e os programas
solicitação dos interessados, a de que trata esta Lei, adotando de pronto as

147
Legislação Básica da Saúde

medidas administrativas ou judiciais esta Lei, hipótese em que terá vista dos
necessárias à remoção de irregularidades autos depois das partes, podendo juntar
porventura verificadas; documentos e requerer diligências, usando
XII - requisitar força policial, bem como os recursos cabíveis.
a colaboração dos serviços médicos,
hospitalares, educacionais e de assistência Art. 203. A intimação do Ministério
social, públicos ou privados, para o Público, em qualquer caso, será feita
desempenho de suas atribuições. pessoalmente.
XIII - intervir, quando não for parte, nas
causas cíveis e criminais decorrentes de Art. 204. A falta de intervenção do
violência doméstica e familiar contra a Ministério Público acarreta a nulidade do
criança e o adolescente. (Incluído pela Lei feito, que será declarada de ofício pelo juiz
nº 14.344, de 2022) ou a requerimento de qualquer interessado.
§ 1º A legitimação do Ministério Público
para as ações cíveis previstas neste artigo Art. 205. As manifestações processuais
não impede a de terceiros, nas mesmas do representante do Ministério Público
hipóteses, segundo dispuserem a deverão ser fundamentadas.
Constituição e esta Lei.
§ 2º As atribuições constantes deste Capítulo VI
artigo não excluem outras, desde que Do Advogado
compatíveis com a finalidade do Ministério
Público. Art. 206. A criança ou o adolescente,
§ 3º O representante do Ministério seus pais ou responsável, e qualquer pessoa
Público, no exercício de suas funções, terá que tenha legítimo interesse na solução da
livre acesso a todo local onde se encontre lide poderão intervir nos procedimentos de
criança ou adolescente. que trata esta Lei, através de advogado, o
§ 4º O representante do Ministério qual será intimado para todos os atos,
Público será responsável pelo uso indevido pessoalmente ou por publicação oficial,
das informações e documentos que respeitado o segredo de justiça.
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. Parágrafo único. Será prestada
§ 5º Para o exercício da atribuição de que assistência judiciária integral e gratuita
trata o inciso VIII deste artigo, poderá o àqueles que dela necessitarem.
representante do Ministério Público:
a) reduzir a termo as declarações do Art. 207. Nenhum adolescente a quem se
reclamante, instaurando o competente atribua a prática de ato infracional, ainda
procedimento, sob sua presidência; que ausente ou foragido, será processado
b) entender-se diretamente com a pessoa sem defensor.
ou autoridade reclamada, em dia, local e § 1º Se o adolescente não tiver defensor,
horário previamente notificados ou ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o
acertados; direito de, a todo tempo, constituir outro de
c) efetuar recomendações visando à sua preferência.
melhoria dos serviços públicos e de § 2º A ausência do defensor não
relevância pública afetos à criança e ao determinará o adiamento de nenhum ato do
adolescente, fixando prazo razoável para processo, devendo o juiz nomear substituto,
sua perfeita adequação. ainda que provisoriamente, ou para o só
efeito do ato.
Art. 202. Nos processos e procedimentos § 3º Será dispensada a outorga de
em que não for parte, atuará mandato, quando se tratar de defensor
obrigatoriamente o Ministério Público na nomeado ou, sido constituído, tiver sido
defesa dos direitos e interesses de que cuida indicado por ocasião de ato formal com a

148
Legislação Básica da Saúde

presença da autoridade judiciária. de crianças ou adolescentes será realizada


imediatamente após notificação aos órgãos
Capítulo VII competentes, que deverão comunicar o fato
Da Proteção Judicial dos Interesses aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e
Individuais, Difusos e Coletivos companhias de transporte interestaduais e
internacionais, fornecendo-lhes todos os
Art. 208. Regem-se pelas disposições dados necessários à identificação do
desta Lei as ações de responsabilidade por desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259,
ofensa aos direitos assegurados à criança e de 2005)
ao adolescente, referentes ao não
oferecimento ou oferta irregular: Art. 209. As ações previstas neste
I - do ensino obrigatório; Capítulo serão propostas no foro do local
II - de atendimento educacional onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
especializado aos portadores de deficiência; omissão, cujo juízo terá competência
III - de atendimento em creche e pré- absoluta para processar a causa, ressalvadas
escola às crianças de zero a cinco anos de a competência da Justiça Federal e a
idade; competência originária dos tribunais
IV - de ensino noturno regular, adequado superiores.
às condições do educando;
V - de programas suplementares de Art. 210. Para as ações cíveis fundadas
oferta de material didático-escolar, em interesses coletivos ou difusos,
transporte e assistência à saúde do consideram-se legitimados
educando do ensino fundamental; concorrentemente:
VI - de serviço de assistência social I - o Ministério Público;
visando à proteção à família, à maternidade, II - a União, os estados, os municípios, o
à infância e à adolescência, bem como ao Distrito Federal e os territórios;
amparo às crianças e adolescentes que dele III - as associações legalmente
necessitem; constituídas há pelo menos um ano e que
VII - de acesso às ações e serviços de incluam entre seus fins institucionais a
saúde; defesa dos interesses e direitos protegidos
VIII - de escolarização e por esta Lei, dispensada a autorização da
profissionalização dos adolescentes assembléia, se houver prévia autorização
privados de liberdade. estatutária.
IX - de ações, serviços e programas de § 1º Admitir-se-á litisconsórcio
orientação, apoio e promoção social de facultativo entre os Ministérios Públicos da
famílias e destinados ao pleno exercício do União e dos estados na defesa dos interesses
direito à convivência familiar por crianças e direitos de que cuida esta Lei.
e adolescentes. § 2º Em caso de desistência ou abandono
X - de programas de atendimento para a da ação por associação legitimada, o
execução das medidas socioeducativas e Ministério Público ou outro legitimado
aplicação de medidas de proteção. poderá assumir a titularidade ativa.
XI - de políticas e programas integrados
de atendimento à criança e ao adolescente Art. 211. Os órgãos públicos legitimados
vítima ou testemunha de violência. poderão tomar dos interessados
§1º As hipóteses previstas neste artigo compromisso de ajustamento de sua
não excluem da proteção judicial outros conduta às exigências legais, o qual terá
interesses individuais, difusos ou coletivos, eficácia de título executivo extrajudicial.
próprios da infância e da adolescência,
protegidos pela Constituição e pela Lei. Art. 212. Para defesa dos direitos e
§2º A investigação do desaparecimento interesses protegidos por esta Lei, são

149
Legislação Básica da Saúde

admissíveis todas as espécies de ações crédito, em conta com correção monetária.


pertinentes.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Art. 215. O juiz poderá conferir efeito
Capítulo as normas do Código de Processo suspensivo aos recursos, para evitar dano
Civil. irreparável à parte.
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de
autoridade pública ou agente de pessoa Art. 216. Transitada em julgado a
jurídica no exercício de atribuições do sentença que impuser condenação ao poder
poder público, que lesem direito líquido e público, o juiz determinará a remessa de
certo previsto nesta Lei, caberá ação peças à autoridade competente, para
mandamental, que se regerá pelas normas apuração da responsabilidade civil e
da lei do mandado de segurança. administrativa do agente a que se atribua a
ação ou omissão.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não Art. 217. Decorridos sessenta dias do
fazer, o juiz concederá a tutela específica da trânsito em julgado da sentença
obrigação ou determinará providências que condenatória sem que a associação autora
assegurem o resultado prático equivalente lhe promova a execução, deverá fazê-lo o
ao do adimplemento. Ministério Público, facultada igual
iniciativa aos demais legitimados.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da
demanda e havendo justificado receio de Art. 218. O juiz condenará a associação
ineficácia do provimento final, é lícito ao autora a pagar ao réu os honorários
juiz conceder a tutela liminarmente ou após advocatícios arbitrados na conformidade do
justificação prévia, citando o réu. § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do janeiro de 1973 (Código de Processo Civil)
parágrafo anterior ou na sentença, impor , quando reconhecer que a pretensão é
multa diária ao réu, independentemente de manifestamente infundada.
pedido do autor, se for suficiente ou Parágrafo único. Em caso de litigância
compatível com a obrigação, fixando prazo de má-fé, a associação autora e os diretores
razoável para o cumprimento do preceito. responsáveis pela propositura da ação serão
§ 3º A multa só será exigível do réu após solidariamente condenados ao décuplo das
o trânsito em julgado da sentença favorável custas, sem prejuízo de responsabilidade
ao autor, mas será devida desde o dia em por perdas e danos.
que se houver configurado o
descumprimento. Art. 219. Nas ações de que trata este
Capítulo, não haverá adiantamento de
Art. 214. Os valores das multas custas, emolumentos, honorários periciais e
reverterão ao fundo gerido pelo Conselho quaisquer outras despesas.
dos Direitos da Criança e do Adolescente
do respectivo município. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o
§ 1º As multas não recolhidas até trinta servidor público deverá provocar a
dias após o trânsito em julgado da decisão iniciativa do Ministério Público, prestando-
serão exigidas através de execução lhe informações sobre fatos que constituam
promovida pelo Ministério Público, nos objeto de ação civil, e indicando-lhe os
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos elementos de convicção.
demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for Art. 221. Se, no exercício de suas
regulamentado, o dinheiro ficará funções, os juízos e tribunais tiverem
depositado em estabelecimento oficial de conhecimento de fatos que possam ensejar

150
Legislação Básica da Saúde

a propositura de ação civil, remeterão peças Título VII


ao Ministério Público para as providências Dos Crimes e Das Infrações
cabíveis. Administrativas
Capítulo I
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o Dos Crimes
interessado poderá requerer às autoridades Seção I
competentes as certidões e informações que Disposições Gerais
julgar necessárias, que serão fornecidas no
prazo de quinze dias. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre
crimes praticados contra a criança e o
Art. 223. O Ministério Público poderá adolescente, por ação ou omissão, sem
instaurar, sob sua presidência, inquérito prejuízo do disposto na legislação penal.
civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
organismo público ou particular, certidões, Art. 226. Aplicam-se aos crimes
informações, exames ou perícias, no prazo definidos nesta Lei as normas da Parte
que assinalar, o qual não poderá ser inferior Geral do Código Penal e, quanto ao
a dez dias úteis. processo, as pertinentes ao Código de
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, Processo Penal.
esgotadas todas as diligências, se convencer § 1º Aos crimes cometidos contra a
da inexistência de fundamento para a criança e o adolescente, independentemente
propositura da ação cível, promoverá o da pena prevista, não se aplica a Lei nº
arquivamento dos autos do inquérito civil 9.099, de 26 de setembro de 1995. (Incluído
ou das peças informativas, fazendo-o pela Lei nº 14.344, de 2022)
fundamentadamente. § 2º Nos casos de violência doméstica e
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as familiar contra a criança e o adolescente, é
peças de informação arquivados serão vedada a aplicação de penas de cesta básica
remetidos, sob pena de se incorrer em falta ou de outras de prestação pecuniária, bem
grave, no prazo de três dias, ao Conselho como a substituição de pena que implique o
Superior do Ministério Público. pagamento isolado de multa. (Incluído pela
§ 3º Até que seja homologada ou Lei nº 14.344, de 2022)
rejeitada a promoção de arquivamento, em
sessão do Conselho Superior do Ministério Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei
público, poderão as associações legitimadas são de ação pública incondicionada.
apresentar razões escritas ou documentos,
que serão juntados aos autos do inquérito ou Art. 227-A Os efeitos da condenação
anexados às peças de informação. prevista no inciso I do caput do art. 92 do
§ 4º A promoção de arquivamento será Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
submetida a exame e deliberação do 1940 (Código Penal), para os crimes
Conselho Superior do Ministério Público, previstos nesta Lei, praticados por
conforme dispuser o seu regimento. servidores públicos com abuso de
§ 5º Deixando o Conselho Superior de autoridade, são condicionados à ocorrência
homologar a promoção de arquivamento, de reincidência. (Incluído pela Lei nº
designará, desde logo, outro órgão do 13.869. de 2019)
Ministério Público para o ajuizamento da Parágrafo único. A perda do cargo, do
ação. mandato ou da função, nesse caso,
independerá da pena aplicada na
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869.
no que couber, as disposições da Lei n.º de 2019)
7.347, de 24 de julho de 1985 .

151
Legislação Básica da Saúde

Seção II anos.
Dos Crimes em Espécie
Art. 232. Submeter criança ou
Art. 228. Deixar o encarregado de adolescente sob sua autoridade, guarda ou
serviço ou o dirigente de estabelecimento vigilância a vexame ou a constrangimento:
de atenção à saúde de gestante de manter Pena - detenção de seis meses a dois
registro das atividades desenvolvidas, na anos.
forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei,
bem como de fornecer à parturiente ou a seu Art. 233. (Revogado)
responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as Art. 234. Deixar a autoridade
intercorrências do parto e do competente, sem justa causa, de ordenar a
desenvolvimento do neonato: imediata liberação de criança ou
Pena - detenção de seis meses a dois adolescente, tão logo tenha conhecimento
anos. da ilegalidade da apreensão:
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de seis meses a dois
Pena - detenção de dois a seis meses, ou anos.
multa.
Art. 235. Descumprir,
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro injustificadamente, prazo fixado nesta Lei
ou dirigente de estabelecimento de atenção em benefício de adolescente privado de
à saúde de gestante de identificar liberdade:
corretamente o neonato e a parturiente, por Pena - detenção de seis meses a dois
ocasião do parto, bem como deixar de anos.
proceder aos exames referidos no art. 10
desta Lei: Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação
Pena - detenção de seis meses a dois de autoridade judiciária, membro do
anos. Conselho Tutelar ou representante do
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Ministério Público no exercício de função
Pena - detenção de dois a seis meses, ou prevista nesta Lei:
multa. Pena - detenção de seis meses a dois
anos.
Art. 230. Privar a criança ou o
adolescente de sua liberdade, procedendo à Art. 237. Subtrair criança ou adolescente
sua apreensão sem estar em flagrante de ato ao poder de quem o tem sob sua guarda em
infracional ou inexistindo ordem escrita da virtude de lei ou ordem judicial, com o fim
autoridade judiciária competente: de colocação em lar substituto:
Pena - detenção de seis meses a dois Pena - reclusão de dois a seis anos, e
anos. multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena
aquele que procede à apreensão sem Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega
observância das formalidades legais. de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga
ou recompensa:
Art. 231. Deixar a autoridade policial Pena - reclusão de um a quatro anos, e
responsável pela apreensão de criança ou multa.
adolescente de fazer imediata comunicação Parágrafo único. Incide nas mesmas
à autoridade judiciária competente e à penas quem oferece ou efetiva a paga ou
família do apreendido ou à pessoa por ele recompensa.
indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois Art. 239. Promover ou auxiliar a

152
Legislação Básica da Saúde

efetivação de ato destinado ao envio de publicar ou divulgar por qualquer meio,


criança ou adolescente para o exterior com inclusive por meio de sistema de
inobservância das formalidades legais ou informática ou telemático, fotografia, vídeo
com o fito de obter lucro: ou outro registro que contenha cena de sexo
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e explícito ou pornográfica envolvendo
multa. criança ou adolescente:
Parágrafo único. Se há emprego de Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
violência, grave ameaça ou fraude: anos, e multa.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) §1º Nas mesmas penas incorre quem:
anos, além da pena correspondente à I - assegura os meios ou serviços para o
violência. armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de que trata o caput deste artigo;
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, II - assegura, por qualquer meio, o
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer acesso por rede de computadores às
meio, cena de sexo explícito ou fotografias, cenas ou imagens de que trata o
pornográfica, envolvendo criança ou caput deste artigo.
adolescente: §2º As condutas tipificadas nos incisos I
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) e II do §1º deste artigo são puníveis quando
anos, e multa. o responsável legal pela prestação do
§1º Incorre nas mesmas penas quem serviço, oficialmente notificado, deixa de
agencia, facilita, recruta, coage, ou de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de
qualquer modo intermedeia a participação que trata o caput deste artigo.
de criança ou adolescente nas cenas
referidas no caput deste artigo, ou ainda Art. 241-B. Adquirir, possuir ou
quem com esses contracena. armazenar, por qualquer meio, fotografia,
§2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) vídeo ou outra forma de registro que
se o agente comete o crime: contenha cena de sexo explícito ou
I - no exercício de cargo ou função pornográfica envolvendo criança ou
pública ou a pretexto de exercê-la; adolescente:
II - prevalecendo-se de relações Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
domésticas, de coabitação ou de anos, e multa.
hospitalidade; ou §1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3
III - prevalecendo-se de relações de (dois terços) se de pequena quantidade o
parentesco consanguíneo ou afim até o material a que se refere o caput deste artigo.
terceiro grau, ou por adoção, de tutor, §2º Não há crime se a posse ou o
curador, preceptor, empregador da vítima armazenamento tem a finalidade de
ou de quem, a qualquer outro título, tenha comunicar às autoridades competentes a
autoridade sobre ela, ou com seu ocorrência das condutas descritas nos arts.
consentimento. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando
a comunicação for feita por:
Art. 241. Vender ou expor à venda I - agente público no exercício de suas
fotografia, vídeo ou outro registro que funções;
contenha cena de sexo explícito ou II - membro de entidade, legalmente
pornográfica envolvendo criança ou constituída, que inclua, entre suas
adolescente: finalidades institucionais, o recebimento, o
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) processamento e o encaminhamento de
anos, e multa. notícia dos crimes referidos neste
parágrafo;
Art. 241-A. Oferecer, trocar, III - representante legal e funcionários
disponibilizar, transmitir, distribuir, responsáveis de provedor de acesso ou

153
Legislação Básica da Saúde

serviço prestado por meio de rede de


computadores, até o recebimento do Art. 242. Vender, fornecer ainda que
material relativo à notícia feita à autoridade gratuitamente ou entregar, de qualquer
policial, ao Ministério Público ou ao Poder forma, a criança ou adolescente arma,
Judiciário. munição ou explosivo:
§3º As pessoas referidas no §2º deste Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis)
artigo deverão manter sob sigilo o material anos.
ilícito referido.
Art. 243. Vender, fornecer, servir,
Art. 241-C. Simular a participação de ministrar ou entregar, ainda que
criança ou adolescente em cena de sexo gratuitamente, de qualquer forma, a criança
explícito ou pornográfica por meio de ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem
adulteração, montagem ou modificação de justa causa, outros produtos cujos
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma componentes possam causar dependência
de representação visual: física ou psíquica:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro)
e multa. anos, e multa, se o fato não constitui crime
Parágrafo único. Incorre nas mesmas mais grave.
penas quem vende, expõe à venda,
disponibiliza, distribui, publica ou divulga Art. 244. Vender, fornecer ainda que
por qualquer meio, adquire, possui ou gratuitamente ou entregar, de qualquer
armazena o material produzido na forma do forma, a criança ou adolescente fogos de
caput deste artigo. estampido ou de artifício, exceto aqueles
que, pelo seu reduzido potencial, sejam
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou incapazes de provocar qualquer dano físico
constranger, por qualquer meio de em caso de utilização indevida:
comunicação, criança, com o fim de com Pena - detenção de seis meses a dois
ela praticar ato libidinoso: anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa. Art. 244-A. Submeter criança ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas adolescente, como tais definidos no caput
incorre quem: do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à
I - facilita ou induz o acesso à criança de exploração sexual:
material contendo cena de sexo explícito ou
pornográfica com o fim de com ela praticar Pena - reclusão de quatro a dez anos e
ato libidinoso; multa, além da perda de bens e valores
II - pratica as condutas descritas no caput utilizados na prática criminosa em favor do
deste artigo com o fim de induzir criança a Fundo dos Direitos da Criança e do
se exibir de forma pornográfica ou Adolescente da unidade da Federação
sexualmente explícita. (Estado ou Distrito Federal) em que foi
cometido o crime, ressalvado o direito de
Art. 241-E. Para efeito dos crimes terceiro de boa-fé.
previstos nesta Lei, a expressão §1º Incorrem nas mesmas penas o
proprietário, o gerente ou o responsável
compreende qualquer situação que envolva pelo local em que se verifique a submissão
criança ou adolescente em atividades de criança ou adolescente às práticas
sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou referidas no caput deste artigo.
exibição dos órgãos genitais de uma criança §2º Constitui efeito obrigatório da
ou adolescente para fins primordialmente condenação a cassação da licença de
sexuais. localização e de funcionamento do

154
Legislação Básica da Saúde

estabelecimento. referência, aplicando-se o dobro em caso de


reincidência.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a § 1º Incorre na mesma pena quem exibe,
corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, total ou parcialmente, fotografia de criança
com ele praticando infração penal ou ou adolescente envolvido em ato
induzindo-o a praticá-la: infracional, ou qualquer ilustração que lhe
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) diga respeito ou se refira a atos que lhe
anos. sejam atribuídos, de forma a permitir sua
§1º Incorre nas penas previstas no caput identificação, direta ou indiretamente.
deste artigo quem pratica as condutas ali § 2º Se o fato for praticado por órgão de
tipificadas utilizando-se de quaisquer meios imprensa ou emissora de rádio ou televisão,
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da além da pena prevista neste artigo, a
internet. autoridade judiciária poderá determinar a
§2º As penas previstas no caput deste apreensão da publicação ou a suspensão da
artigo são aumentadas de um terço no caso programação da emissora até por dois dias,
de a infração cometida ou induzida estar bem como da publicação do periódico até
incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, por dois números. (Expressão declarada
de 25 de julho de 1990 . inconstitucional pela ADIN 869).

Capítulo II Art. 248. (Revogado)


Das Infrações Administrativas
Art. 249. Descumprir, dolosa ou
Art. 245. Deixar o médico, professor ou culposamente, os deveres inerentes ao
responsável por estabelecimento de atenção pátrio poder poder familiar ou decorrente
à saúde e de ensino fundamental, pré-escola de tutela ou guarda, bem assim
ou creche, de comunicar à autoridade determinação da autoridade judiciária ou
competente os casos de que tenha Conselho Tutelar:
conhecimento, envolvendo suspeita ou Pena - multa de três a vinte salários de
confirmação de maus-tratos contra criança referência, aplicando-se o dobro em caso de
ou adolescente: reincidência.
Pena - multa de três a vinte salários de
referência, aplicando-se o dobro em caso de Art. 250. Hospedar criança ou
reincidência. adolescente desacompanhado dos pais ou
responsável, ou sem autorização escrita
Art. 246. Impedir o responsável ou desses ou da autoridade judiciária, em
funcionário de entidade de atendimento o hotel, pensão, motel ou congênere:
exercício dos direitos constantes nos incisos Pena - multa.
II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: § 1 º Em caso de reincidência, sem
Pena - multa de três a vinte salários de prejuízo da pena de multa, a autoridade
referência, aplicando-se o dobro em caso de judiciária poderá determinar o fechamento
reincidência. do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
§ 2 º Se comprovada a reincidência em
Art. 247. Divulgar, total ou período inferior a 30 (trinta) dias, o
parcialmente, sem autorização devida, por estabelecimento será definitivamente
qualquer meio de comunicação, nome, ato fechado e terá sua licença cassada.
ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança Art. 251. Transportar criança ou
ou adolescente a que se atribua ato adolescente, por qualquer meio, com
infracional: inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e
Pena - multa de três a vinte salários de 85 desta Lei:

155
Legislação Básica da Saúde

Pena - multa de três a vinte salários de pelo órgão competente:


referência, aplicando-se o dobro em caso de Pena - multa de três a vinte salários de
reincidência. referência; em caso de reincidência, a
autoridade judiciária poderá determinar o
Art. 252. Deixar o responsável por fechamento do estabelecimento por até
diversão ou espetáculo público de afixar, quinze dias.
em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
do local de exibição, informação destacada Art. 257. Descumprir obrigação
sobre a natureza da diversão ou espetáculo constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:
e a faixa etária especificada no certificado Pena - multa de três a vinte salários de
de classificação: referência, duplicando-se a pena em caso de
Pena - multa de três a vinte salários de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
referência, aplicando-se o dobro em caso de revista ou publicação.
reincidência.
Art. 258. Deixar o responsável pelo
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes estabelecimento ou o empresário de
ou quaisquer representações ou observar o que dispõe esta Lei sobre o
espetáculos, sem indicar os limites de idade acesso de criança ou adolescente aos locais
a que não se recomendem: de diversão, ou sobre sua participação no
Pena - multa de três a vinte salários de espetáculo:
referência, duplicada em caso de Pena - multa de três a vinte salários de
reincidência, aplicável, separadamente, à referência; em caso de reincidência, a
casa de espetáculo e aos órgãos de autoridade judiciária poderá determinar o
divulgação ou publicidade. fechamento do estabelecimento por até
quinze dias.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou
televisão, espetáculo em horário diverso do Art. 258-A. Deixar a autoridade
autorizado ou sem aviso de sua competente de providenciar a instalação e
classificação: (Expressão declarada operacionalização dos cadastros previstos
inconstitucional pela ADI 2.404). no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:
Pena - multa de vinte a cem salários de Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais)
referência; duplicada em caso de a R$ 3.000,00 (três mil reais).
reincidência a autoridade judiciária poderá Parágrafo único. Incorre nas mesmas
determinar a suspensão da programação da penas a autoridade que deixa de efetuar o
emissora por até dois dias. cadastramento de crianças e de
adolescentes em condições de serem
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
amostra ou congênere classificado pelo adoção e de crianças e adolescentes em
órgão competente como inadequado às regime de acolhimento institucional ou
crianças ou adolescentes admitidos ao familiar.
espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro
referência; na reincidência, a autoridade ou dirigente de estabelecimento de atenção
poderá determinar a suspensão do à saúde de gestante de efetuar imediato
espetáculo ou o fechamento do encaminhamento à autoridade judiciária de
estabelecimento por até quinze dias. caso de que tenha conhecimento de mãe ou
gestante interessada em entregar seu filho
Art. 256. Vender ou locar a criança ou para adoção:
adolescente fita de programação em vídeo, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais)
em desacordo com a classificação atribuída a R$ 3.000,00 (três mil reais).

156
Legislação Básica da Saúde

Parágrafo único. Incorre na mesma pena adolescente, serão consideradas as


o funcionário de programa oficial ou disposições do Plano Nacional de
comunitário destinado à garantia do direito Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
à convivência familiar que deixa de efetuar Crianças e Adolescentes à Convivência
a comunicação referida no caput deste Familiar e Comunitária e as do Plano
artigo. Nacional pela Primeira Infância.
§2º Os conselhos nacional, estaduais e
Art. 258-C. Descumprir a proibição municipais dos direitos da criança e do
estabelecida no inciso II do art. 81: adolescente fixarão critérios de utilização,
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil por meio de planos de aplicação, das
reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais); dotações subsidiadas e demais receitas,
Medida Administrativa - interdição do aplicando necessariamente percentual para
estabelecimento comercial até o incentivo ao acolhimento, sob a forma de
recolhimento da multa aplicada. guarda, de crianças e adolescentes e para
programas de atenção integral à primeira
Disposições Finais e Transitórias infância em áreas de maior carência
socioeconômica e em situações de
Art. 259. A União, no prazo de noventa calamidade.
dias contados da publicação deste Estatuto, § 3º O Departamento da Receita Federal,
elaborará projeto de lei dispondo sobre a do Ministério da Economia, Fazenda e
criação ou adaptação de seus órgãos às Planejamento, regulamentará a
diretrizes da política de atendimento comprovação das doações feitas aos
fixadas no art. 88 e ao que estabelece o fundos, nos termos deste artigo.
Título V do Livro II. § 4º O Ministério Público determinará
Parágrafo único. Compete aos estados e em cada comarca a forma de fiscalização da
municípios promoverem a adaptação de aplicação, pelo Fundo Municipal dos
seus órgãos e programas às diretrizes e Direitos da Criança e do Adolescente, dos
princípios estabelecidos nesta Lei. incentivos fiscais referidos neste artigo.
§5º Observado o disposto no §4º do art.
Art. 260. Os contribuintes poderão 3 o da Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de
efetuar doações aos Fundos dos Direitos da 1995, a dedução de que trata o inciso I do
Criança e do Adolescente nacional, caput:
distrital, estaduais ou municipais, I - será considerada isoladamente, não se
devidamente comprovadas, sendo essas submetendo a limite em conjunto com
integralmente deduzidas do imposto de outras deduções do imposto; e
renda, obedecidos os seguintes limites: II - não poderá ser computada como
I - 1% (um por cento) do imposto sobre despesa operacional na apuração do lucro
a renda devido apurado pelas pessoas real.
jurídicas tributadas com base no lucro real;
e Art. 260-A. A partir do exercício de
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre 2010, ano-calendário de 2009, a pessoa
a renda apurado pelas pessoas físicas na física poderá optar pela doação de que trata
Declaração de Ajuste Anual, observado o o inciso II do caput do art. 260 diretamente
disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 em sua Declaração de Ajuste Anual.
de dezembro de 1997 . §1º A doação de que trata o caput poderá
§ 1º - (Revogado) ser deduzida até os seguintes percentuais
§1º -A. Na definição das prioridades a aplicados sobre o imposto apurado na
serem atendidas com os recursos captados declaração:
pelos fundos nacional, estaduais e I - (VETADO);
municipais dos direitos da criança e do II - (VETADO);

157
Legislação Básica da Saúde

III - 3% (três por cento) a partir do Art. 260-C. As doações de que trata o art.
exercício de 2012. 260 desta Lei podem ser efetuadas em
§2º A dedução de que trata o caput : espécie ou em bens.
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por Parágrafo único. As doações efetuadas
cento) do imposto sobre a renda apurado na em espécie devem ser depositadas em conta
declaração de que trata o inciso II do caput específica, em instituição financeira
do art. 260; pública, vinculadas aos respectivos fundos
II - não se aplica à pessoa física que: de que trata o art. 260.
a) utilizar o desconto simplificado;
b) apresentar declaração em formulário; Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
ou administração das contas dos Fundos dos
c) entregar a declaração fora do prazo; Direitos da Criança e do Adolescente
III - só se aplica às doações em espécie; nacional, estaduais, distrital e municipais
e devem emitir recibo em favor do doador,
IV - não exclui ou reduz outros assinado por pessoa competente e pelo
benefícios ou deduções em vigor. presidente do Conselho correspondente,
§3º O pagamento da doação deve ser especificando:
efetuado até a data de vencimento da I - número de ordem;
primeira quota ou quota única do imposto, II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa
observadas instruções específicas da Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente;
Secretaria da Receita Federal do Brasil. III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas
§4º O não pagamento da doação no Físicas (CPF) do doador;
prazo estabelecido no §3º implica a glosa IV - data da doação e valor efetivamente
definitiva desta parcela de dedução, ficando recebido; e
a pessoa física obrigada ao recolhimento da V - ano-calendário a que se refere a
diferença de imposto devido apurado na doação.
Declaração de Ajuste Anual com os §1º O comprovante de que trata o caput
acréscimos legais previstos na legislação. deste artigo pode ser emitido anualmente,
§5º A pessoa física poderá deduzir do desde que discrimine os valores doados mês
imposto apurado na Declaração de Ajuste a mês.
Anual as doações feitas, no respectivo ano- §2º No caso de doação em bens, o
calendário, aos fundos controlados pelos comprovante deve conter a identificação
Conselhos dos Direitos da Criança e do dos bens, mediante descrição em campo
Adolescente municipais, distrital, estaduais próprio ou em relação anexa ao
e nacional concomitantemente com a opção comprovante, informando também se
de que trata o caput, respeitado o limite houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e
previsto no inciso II do art. 260. endereço dos avaliadores.

Art. 260-B. A doação de que trata o Art. 260-E. Na hipótese da doação em


inciso I do art. 260 poderá ser deduzida: bens, o doador deverá:
I - do imposto devido no trimestre, para I - comprovar a propriedade dos bens,
as pessoas jurídicas que apuram o imposto mediante documentação hábil;
trimestralmente; e II - baixar os bens doados na declaração
II - do imposto devido mensalmente e no de bens e direitos, quando se tratar de
ajuste anual, para as pessoas jurídicas que pessoa física, e na escrituração, no caso de
apuram o imposto anualmente. pessoa jurídica; e
Parágrafo único. A doação deverá ser III - considerar como valor dos bens
efetuada dentro do período a que se refere a doados:
apuração do imposto. a) para as pessoas físicas, o valor
constante da última declaração do imposto

158
Legislação Básica da Saúde

de renda, desde que não exceda o valor de projetos a serem beneficiados com recursos
mercado; dos Fundos dos Direitos da Criança e do
b) para as pessoas jurídicas, o valor Adolescente nacional, estaduais, distrital ou
contábil dos bens. municipais;
Parágrafo único. O preço obtido em caso IV - a relação dos projetos aprovados em
de leilão não será considerado na cada ano-calendário e o valor dos recursos
determinação do valor dos bens doados, previstos para implementação das ações,
exceto se o leilão for determinado por por projeto;
autoridade judiciária. V - o total dos recursos recebidos e a
respectiva destinação, por projeto atendido,
Art. 260-F. Os documentos a que se inclusive com cadastramento na base de
referem os arts. 260-D e 260-E devem ser dados do Sistema de Informações sobre a
mantidos pelo contribuinte por um prazo de Infância e a Adolescência; e
5 (cinco) anos para fins de comprovação da VI - a avaliação dos resultados dos
dedução perante a Receita Federal do projetos beneficiados com recursos dos
Brasil. Fundos dos Direitos da Criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital e
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela municipais.
administração das contas dos Fundos dos
Direitos da Criança e do Adolescente Art. 260-J. O Ministério Público
nacional, estaduais, distrital e municipais determinará, em cada Comarca, a forma de
devem: fiscalização da aplicação dos incentivos
I - manter conta bancária específica fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
destinada exclusivamente a gerir os Parágrafo único. O descumprimento do
recursos do Fundo; disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os
II - manter controle das doações infratores a responder por ação judicial
recebidas; e proposta pelo Ministério Público, que
III - informar anualmente à Secretaria da poderá atuar de ofício, a requerimento ou
Receita Federal do Brasil as doações representação de qualquer cidadão.
recebidas mês a mês, identificando os
seguintes dados por doador: Art. 260-K. A Secretaria de Direitos
a) nome, CNPJ ou CPF; Humanos da Presidência da República
b) valor doado, especificando se a (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da
doação foi em espécie ou em bens. Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro
de cada ano, arquivo eletrônico contendo a
Art. 260-H. Em caso de descumprimento relação atualizada dos Fundos dos Direitos
das obrigações previstas no art. 260-G, a da Criança e do Adolescente nacional,
Secretaria da Receita Federal do Brasil dará distrital, estaduais e municipais, com a
conhecimento do fato ao Ministério indicação dos respectivos números de
Público. inscrição no CNPJ e das contas bancárias
específicas mantidas em instituições
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da financeiras públicas, destinadas
Criança e do Adolescente nacional, exclusivamente a gerir os recursos dos
estaduais, distrital e municipais divulgarão Fundos.
amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões; Art. 260-L. A Secretaria da Receita
II - as ações prioritárias para aplicação Federal do Brasil expedirá as instruções
das políticas de atendimento à criança e ao necessárias à aplicação do disposto nos arts.
adolescente; 260 a 260-K.
III - os requisitos para a apresentação de

159
Legislação Básica da Saúde

Art. 261. A falta dos conselhos catorze anos.


municipais dos direitos da criança e do
adolescente, os registros, inscrições e 4) Art. 213
alterações a que se referem os arts. 90, .........................................................
parágrafo único, e 91 desta Lei serão Parágrafo único. Se a ofendida é menor
efetuados perante a autoridade judiciária da de catorze anos:
comarca a que pertencer a entidade. Pena - reclusão de quatro a dez anos.
Parágrafo único. A União fica autorizada
a repassar aos estados e municípios, e os 5) Art.
estados aos municípios, os recursos 214.........................................................
referentes aos programas e atividades Parágrafo único. Se o ofendido é menor
previstos nesta Lei, tão logo estejam criados de catorze anos:
os conselhos dos direitos da criança e do Pena - reclusão de três a nove anos.»
adolescente nos seus respectivos níveis.
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de
Art. 262. Enquanto não instalados os 31 de dezembro de 1973, fica acrescido do
Conselhos Tutelares, as atribuições a eles seguinte item:
conferidas serão exercidas pela autoridade "Art. 102
judiciária. ...........................................................

Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder.
de dezembro de 1940 (Código Penal), passa "
a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais
1) Art. 121 gráficas da União, da administração direta
......................................................... ou indireta, inclusive fundações instituídas
§ 4º No homicídio culposo, a pena é e mantidas pelo poder público federal
aumentada de um terço, se o crime resulta promoverão edição popular do texto
de inobservância de regra técnica de integral deste Estatuto, que será posto à
profissão, arte ou ofício, ou se o agente disposição das escolas e das entidades de
deixa de prestar imediato socorro à vítima, atendimento e de defesa dos direitos da
não procura diminuir as consequências do criança e do adolescente.
seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena Art. 265-A. O poder público fará
é aumentada de um terço, se o crime é periodicamente ampla divulgação dos
praticado contra pessoa menor de catorze direitos da criança e do adolescente nos
anos. meios de comunicação social.
Parágrafo único. A divulgação a que se
2) Art. 129 refere o caput será veiculada em linguagem
......................................................... clara, compreensível e adequada a crianças
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se e adolescentes, especialmente às crianças
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, com idade inferior a 6 (seis) anos.
§ 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto Art. 266. Esta Lei entra em vigor
no § 5º do art. 121. noventa dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período de
3) Art. vacância deverão ser promovidas
136......................................................... atividades e campanhas de divulgação e
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se esclarecimentos acerca do disposto nesta
o crime é praticado contra pessoa menor de Lei.

160
Legislação Básica da Saúde

condições dignas de existência.


Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513,
de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979 03. (MPE-SP - Promotor de Justiça -
(Código de Menores), e as demais MPE-SP/2022) Assinale a alternativa
disposições em contrário. correta acerca dos crimes do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da A - Não existe um tipo penal no ECA
Independência e 102º da República. acerca da simulação de participação de
criança ou adolescente em cena de sexo
FERNANDO COLLOR explícito ou pornográfica, devendo, para
configuração de crime, existir a real
Questões participação de criança ou adolescente
nesse tipo de cena.
01. (Prefeitura de Louveira/SP - B - O tipo penal do art. 228 do ECA
Professor de Educação Básica - Avança
SP/2022) A precedência de atendimento dirigente de estabelecimento de atenção à
nos serviços públicos ou de relevância saúde de gestante de manter registro das
pública, assim como a preferência na atividades desenvolvidas, na forma e prazos
formulação e na execução das políticas referidos no art. 10, bem como de fornecer
sociais públicas, são condições à parturiente ou a seu responsável, por
compreendidas pelo ECA, em seu artigo 4º, ocasião da alta médica, declaração de
como: nascimento, onde constem as
A - Direitos à liberdade. intercorrências do parto e do
B - Direitos ao respeito.
C - Garantias de prioridade. somente a forma dolosa e não a culposa.
D - Garantias de segurança. C - O tipo penal do art. 229 do ECA
E - Direitos e fins sociais. rmeiro ou dirigente
de estabelecimento de atenção à saúde de
02. (Prefeitura de Louveira/SP - gestante de identificar corretamente o
Professor de Educação Básica - neonato e a parturiente, por ocasião do
Avança/2022) O Estatuto da Criança e do parto, bem como deixar de proceder aos
Adolescente - ECA, em seu artigo 7º,
aponta que a criança e o adolescente têm admite somente a forma dolosa e não a
direito a proteção à vida e à saúde, culposa.
mediante: D - O tipo penal do art. 241-D do
A - o acesso aos programas e às políticas Estatuto da Criança e do Adolescente, que
de saúde da mulher e de planejamento trata do aliciamento, assédio, instigação ou
reprodutivo. constrangimento, por qualquer meio de
B - fins sociais a que ela se dirige, as comunicação, possui como sujeito passivo
exigências do bem comum, os direitos e a criança ou o adolescente.
deveres individuais e coletivos. E - O armazenamento doloso de
C - condição peculiar da criança e do fotografia, por qualquer meio, que contenha
adolescente como pessoas em cena de sexo explícito ou pornográfica
desenvolvimento. envolvendo criança ou adolescente é crime
D - destinação privilegiada de recursos do art. 241-B do ECA, excetuando as
públicos nas áreas relacionadas com a hipóteses previstas no § 2º do referido art.
proteção à infância e à juventude. 241-B do ECA.
E - a efetivação de políticas sociais
públicas que permitam o nascimento e o 04. (PM/SP - Sargento da Polícia
desenvolvimento sadio e harmonioso, em Militar - VUNESP/2022) Assinale a

161
Legislação Básica da Saúde

alternativa que corretamente contempla um deveria ter noticiado o fato ao promotor de


crime previsto na Lei nº 8.069/90 (Estatuto justiça, conforme previsão legal;
da Criança e do Adolescente). D) praticou infração administrativa
A - Descumprir, dolosa ou prevista no ECA e deveria ter noticiado o
culposamente, os deveres inerentes ao fato ao Conselho Municipal de Direitos da
poder familiar ou decorrente de tutela ou Criança e do Adolescente, conforme
guarda, bem assim determinação da previsão legal;
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar. E - não praticou crime ou infração
B - Hospedar criança ou adolescente administrativa previstos no ECA, na
desacompanhado dos pais ou responsável, medida em que, após a apuração dos fatos,
ou sem autorização escrita desses ou da não restou comprovado o abuso.
autoridade judiciária, em hotel, pensão,
motel ou congênere. 06. (ISE/AC - Agente Socioeducativo -
C - Anunciar peças teatrais, filmes ou IBADE/2021) O agente socioeducativo que
quaisquer representações ou espetáculos, submete adolescente sob sua autoridade e
sem indicar os limites de idade a que não se vigilância a situação vexatória:
recomendem. A - não comete nenhum crime.
D - Deixar a autoridade policial B - não comete nem crime, nem infração
responsável pela apreensão de criança ou administrativa previstos no ECA.
adolescente de fazer imediata comunicação C - comete crime previsto no ECA.
à autoridade judiciária competente e à D - comete infração administrativa
família do apreendido ou à pessoa por ele prevista no ECA.
indicada. E - comete crime punido com pena de
reclusão.
05. (TJ/AP - Juiz Estadual -
FGV/2022) Stephany, criança de 9 anos, Alternativas
aparece na escola com hematomas pelo
corpo e corrimento vaginal e revela para sua 0
professora do ensino fundamental, 1.C (art.4º)
Carolina, que sofreu abuso sexual praticado 0
pelo seu padrasto, Ernesto. Após conversar 2. E (art. 7º)
com a mãe e o padrasto, que desmentem a 0
criança, Carolina relata os fatos à diretora 3.E (art. 241-B, §2º)
da escola, Margarida, que se abstém de 0
noticiar a violação de direitos ao órgão com 4.D (art. 231)
atribuição. 0
Considerando o disposto na Lei nº 5.B (art. 245 c.c art. 13)
8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que a 0
diretora: 6. C (art.232)
A - praticou crime previsto no ECA e
deveria ter noticiado o fato ao juiz da
Infância e Juventude, conforme previsão Lei Federal nº. 10.741/2003 (Estatuto da
Pessoa Idosa) e alterações
legal;
B - praticou infração administrativa
prevista no ECA e deveria ter noticiado o LEI N. 10.741, DE 1º DE OUTUBRO
fato ao Conselho Tutelar, conforme DE 20036.
previsão legal;
C - praticou crime previsto no ECA e Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa
6
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.741.htm. Visitado
em 29.12.2022.

162
Legislação Básica da Saúde

e dá outras providências. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)


pela Lei nº 13.423, de 2022) IV - viabilização de formas alternativas
de participação, ocupação e convívio da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA pessoa idosa com as demais gerações;
Faço saber que o Congresso Nacional (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: V - priorização do atendimento da
pessoa idosa por sua própria família, em
TÍTULO I detrimento do atendimento asilar, exceto
Disposições Preliminares dos que não a possuam ou careçam de
condições de manutenção da própria
Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa sobrevivência; (Redação dada pela Lei nº
Idosa, destinado a regular os direitos 14.423, de 2022)
assegurados às pessoas com idade igual ou VI - capacitação e reciclagem dos
superior a 60 (sessenta) anos. (Redação recursos humanos nas áreas de geriatria e
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) gerontologia e na prestação de serviços às
pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº
Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os 14.423, de 2022)
direitos fundamentais inerentes à pessoa VII - estabelecimento de mecanismos
humana, sem prejuízo da proteção integral que favoreçam a divulgação de informações
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, de caráter educativo sobre os aspectos
por lei ou por outros meios, todas as biopsicossociais de envelhecimento;
oportunidades e facilidades, para VIII - garantia de acesso à rede de
preservação de sua saúde física e mental e serviços de saúde e de assistência social
seu aperfeiçoamento moral, intelectual, locais.
espiritual e social, em condições de IX - prioridade no recebimento da
liberdade e dignidade. (Redação dada pela restituição do Imposto de Renda.
Lei nº 14.423, de 2022) § 2º Entre as pessoas idosas, é
assegurada prioridade especial aos maiores
Art. 3º É obrigação da família, da de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas
comunidade, da sociedade e do poder necessidades sempre preferencialmente em
público assegurar à pessoa idosa, com relação às demais pessoas idosas. (Redação
absoluta prioridade, a efetivação do direito dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será
à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao objeto de qualquer tipo de negligência,
respeito e à convivência familiar e discriminação, violência, crueldade ou
comunitária. (Redação dada pela Lei nº opressão, e todo atentado aos seus direitos,
14.423, de 2022) por ação ou omissão, será punido na forma
§ 1º A garantia de prioridade da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
compreende: 2022)
I - atendimento preferencial imediato e § 1º É dever de todos prevenir a ameaça
individualizado junto aos órgãos públicos e ou violação aos direitos da pessoa idosa.
privados prestadores de serviços à (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
população; § 2º As obrigações previstas nesta Lei
II - preferência na formulação e na não excluem da prevenção outras
execução de políticas sociais públicas decorrentes dos princípios por ela adotados.
específicas;
III - destinação privilegiada de recursos Art. 5º A inobservância das normas de
públicos nas áreas relacionadas com a prevenção importará em responsabilidade à
proteção à pessoa idosa; (Redação dada pessoa física ou jurídica nos termos da lei.

163
Legislação Básica da Saúde

IV - prática de esportes e de diversões;


Art. 6º Todo cidadão tem o dever de V - participação na vida familiar e
comunicar à autoridade competente comunitária;
qualquer forma de violação a esta Lei que VI - participação na vida política, na
tenha testemunhado ou de que tenha forma da lei;
conhecimento. VII - faculdade de buscar refúgio,
auxílio e orientação.
Art. 7º Os Conselhos Nacional, § 2º O direito ao respeito consiste na
Estaduais, do Distrito Federal e Municipais inviolabilidade da integridade física,
da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842, psíquica e moral, abrangendo a preservação
de 4 de janeiro de 1994, zelarão pelo da imagem, da identidade, da autonomia, de
cumprimento dos direitos da pessoa idosa, valores, ideias e crenças, dos espaços e dos
definidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei objetos pessoais.
nº 14.423, de 2022)
§ 3º É dever de todos zelar pela
TÍTULO II dignidade da pessoa idosa, colocando-a a
Dos Direitos Fundamentais salvo de qualquer tratamento desumano,
CAPÍTULO I violento, aterrorizante, vexatório ou
Do Direito à Vida constrangedor. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
Art. 8º O envelhecimento é um direito
personalíssimo e a sua proteção um direito CAPÍTULO III
social, nos termos desta Lei e da legislação Dos Alimentos
vigente.
Art. 11. Os alimentos serão prestados à
Art. 9º É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa na forma da lei civil. (Redação
pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mediante efetivação de políticas sociais
públicas que permitam um envelhecimento Art. 12. A obrigação alimentar é
saudável e em condições de dignidade. solidária, podendo a pessoa idosa optar
entre os prestadores. (Redação dada pela
CAPÍTULO II Lei nº 14.423, de 2022)
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à
Dignidade Art. 13. As transações relativas a
alimentos poderão ser celebradas perante o
Art. 10. É obrigação do Estado e da Promotor de Justiça ou Defensor Público,
sociedade assegurar à pessoa idosa a que as referendará, e passarão a ter efeito de
liberdade, o respeito e a dignidade, como título executivo extrajudicial nos termos da
pessoa humana e sujeito de direitos civis, lei processual civil.
políticos, individuais e sociais, garantidos
na Constituição e nas leis. (Redação dada Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus
pela Lei nº 14.423, de 2022) familiares não possuírem condições
§ 1º O direito à liberdade compreende, econômicas de prover o seu sustento,
entre outros, os seguintes aspectos: impõe-se ao poder público esse
I - faculdade de ir, vir e estar nos provimento, no âmbito da assistência
logradouros públicos e espaços social. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
comunitários, ressalvadas as restrições 2022)
legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;

164
Legislação Básica da Saúde

CAPÍTULO IV atendimento especializado, nos termos da


Do Direito à Saúde lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022)
Art. 15. É assegurada a atenção integral § 5º É vedado exigir o comparecimento
à saúde da pessoa idosa, por intermédio do da pessoa idosa enferma perante os órgãos
Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo- públicos, hipótese na qual será admitido o
lhe o acesso universal e igualitário, em seguinte procedimento: (Redação dada pela
conjunto articulado e contínuo das ações e Lei nº 14.423, de 2022)
serviços, para a prevenção, promoção, I - quando de interesse do poder público,
proteção e recuperação da saúde, incluindo o agente promoverá o contato necessário
a atenção especial às doenças que afetam com a pessoa idosa em sua residência; ou
preferencialmente as pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) II - quando de interesse da própria
§ 1º A prevenção e a manutenção da pessoa idosa, esta se fará representar por
saúde da pessoa idosa serão efetivadas por procurador legalmente constituído.
meio de: (Redação dada pela Lei nº 14.423, (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de 2022) § 6º É assegurado à pessoa idosa
I - cadastramento da população idosa em enferma o atendimento domiciliar pela
base territorial; perícia médica do Instituto Nacional do
II - atendimento geriátrico e Seguro Social (INSS), pelo serviço público
gerontológico em ambulatórios; de saúde ou pelo serviço privado de saúde,
III - unidades geriátricas de referência, contratado ou conveniado, que integre o
com pessoal especializado nas áreas de SUS, para expedição do laudo de saúde
geriatria e gerontologia social; necessário ao exercício de seus direitos
IV - atendimento domiciliar, incluindo a sociais e de isenção tributária. (Redação
internação, para a população que dele dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
necessitar e esteja impossibilitada de se § 7º Em todo atendimento de saúde, os
locomover, inclusive para as pessoas idosas maiores de 80 (oitenta) anos terão
abrigadas e acolhidas por instituições preferência especial sobre as demais
públicas, filantrópicas ou sem fins pessoas idosas, exceto em caso de
lucrativos e eventualmente conveniadas emergência. (Redação dada pela Lei nº
com o poder público, nos meios urbano e 14.423, de 2022)
rural; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022) Art. 16. À pessoa idosa internada ou em
V - reabilitação orientada pela geriatria e observação é assegurado o direito a
gerontologia, para redução das sequelas acompanhante, devendo o órgão de saúde
decorrentes do agravo da saúde. proporcionar as condições adequadas para a
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer sua permanência em tempo integral,
às pessoas idosas, gratuitamente, segundo o critério médico. (Redação dada
medicamentos, especialmente os de uso pela Lei nº 14.423, de 2022)
continuado, assim como próteses, órteses e Parágrafo único. Caberá ao profissional
outros recursos relativos ao tratamento, de saúde responsável pelo tratamento
habilitação ou reabilitação. (Redação dada conceder autorização para o
pela Lei nº 14.423, de 2022) acompanhamento da pessoa idosa ou, no
§ 3º É vedada a discriminação da pessoa caso de impossibilidade, justificá-la por
idosa nos planos de saúde pela cobrança de escrito. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
valores diferenciados em razão da idade. de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 4º As pessoas idosas com deficiência Art. 17. À pessoa idosa que esteja no
ou com limitação incapacitante terão domínio de suas faculdades mentais é

165
Legislação Básica da Saúde

assegurado o direito de optar pelo § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-


tratamento de saúde que lhe for reputado se violência contra a pessoa idosa qualquer
mais favorável. (Redação dada pela Lei nº ação ou omissão praticada em local público
14.423, de 2022) ou privado que lhe cause morte, dano ou
Parágrafo único. Não estando a pessoa sofrimento físico ou psicológico. (Redação
idosa em condições de proceder à opção, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
esta será feita: (Redação dada pela Lei nº § 2º Aplica-se, no que couber, à
14.423, de 2022) notificação compulsória prevista no caput
I - pelo curador, quando a pessoa idosa deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de
for interditada; (Redação dada pela Lei nº 30 de outubro de 1975.
14.423, de 2022)
II - pelos familiares, quando a pessoa CAPÍTULO V
idosa não tiver curador ou este não puder Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
ser contactado em tempo hábil; (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 20. A pessoa idosa tem direito a
III - pelo médico, quando ocorrer educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
iminente risco de vida e não houver tempo espetáculos, produtos e serviços que
hábil para consulta a curador ou familiar; respeitem sua peculiar condição de idade.
IV - pelo próprio médico, quando não (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
houver curador ou familiar conhecido, caso
em que deverá comunicar o fato ao Art. 21. O poder público criará
Ministério Público. oportunidades de acesso da pessoa idosa à
educação, adequando currículos,
Art. 18. As instituições de saúde devem metodologias e material didático aos
atender aos critérios mínimos para o programas educacionais a ela destinados.
atendimento às necessidades da pessoa (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
idosa, promovendo o treinamento e a § 1º Os cursos especiais para pessoas
capacitação dos profissionais, assim como idosas incluirão conteúdo relativo às
orientação a cuidadores familiares e grupos técnicas de comunicação, computação e
de autoajuda. (Redação dada pela Lei nº demais avanços tecnológicos, para sua
14.423, de 2022) integração à vida moderna. (Redação dada
pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 19. Os casos de suspeita ou § 2º As pessoas idosas participarão das
confirmação de violência praticada contra comemorações de caráter cívico ou
pessoas idosas serão objeto de notificação cultural, para transmissão de
compulsória pelos serviços de saúde conhecimentos e vivências às demais
públicos e privados à autoridade sanitária, gerações, no sentido da preservação da
bem como serão obrigatoriamente memória e da identidade culturais.
comunicados por eles a quaisquer dos (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022) Art. 22. Nos currículos mínimos dos
I - autoridade policial; diversos níveis de ensino formal serão
II - Ministério Público; inseridos conteúdos voltados ao processo
III - Conselho Municipal da Pessoa de envelhecimento, ao respeito e à
Idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de valorização da pessoa idosa, de forma a
2022) eliminar o preconceito e a produzir
IV - Conselho Estadual da Pessoa Idosa; conhecimentos sobre a matéria. (Redação
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
V - Conselho Nacional da Pessoa Idosa.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Art. 23. A participação das pessoas

166
Legislação Básica da Saúde

idosas em atividades culturais e de lazer idade, dando-se preferência ao de idade


será proporcionada mediante descontos de mais elevada.
pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos
ingressos para eventos artísticos, culturais, Art. 28. O Poder Público criará e
esportivos e de lazer, bem como o acesso estimulará programas de:
preferencial aos respectivos locais. I - profissionalização especializada para
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) as pessoas idosas, aproveitando seus
potenciais e habilidades para atividades
Art. 24. Os meios de comunicação regulares e remuneradas; (Redação dada
manterão espaços ou horários especiais pela Lei nº 14.423, de 2022)
voltados às pessoas idosas, com finalidade II - preparação dos trabalhadores para a
informativa, educativa, artística e cultural, aposentadoria, com antecedência mínima
e ao público sobre o processo de de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos
envelhecimento. (Redação dada pela Lei nº projetos sociais, conforme seus interesses, e
14.423, de 2022) de esclarecimento sobre os direitos sociais
e de cidadania;
Art. 25. As instituições de educação III - estímulo às empresas privadas para
superior ofertarão às pessoas idosas, na admissão de pessoas idosas ao trabalho.
perspectiva da educação ao longo da vida, (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
cursos e programas de extensão, presenciais
ou a distância, constituídos por atividades CAPÍTULO VII
formais e não formais. Da Previdência Social
Parágrafo único. O poder público
apoiará a criação de universidade aberta Art. 29. Os benefícios de aposentadoria
para as pessoas idosas e incentivará a e pensão do Regime Geral da Previdência
publicação de livros e periódicos, de Social observarão, na sua concessão,
conteúdo e padrão editorial adequados à critérios de cálculo que preservem o valor
pessoa idosa, que facilitem a leitura, real dos salários sobre os quais incidiram
considerada a natural redução da contribuição, nos termos da legislação
capacidade visual. (Redação dada pela Lei vigente.
nº 14.423, de 2022) Parágrafo único. Os valores dos
benefícios em manutenção serão
CAPÍTULO VI reajustados na mesma data de reajuste do
Da Profissionalização e do Trabalho salário-mínimo, pro rata, de acordo com
suas respectivas datas de início ou do seu
Art. 26. A pessoa idosa tem direito ao último reajustamento, com base em
exercício de atividade profissional, percentual definido em regulamento,
respeitadas suas condições físicas, observados os critérios estabelecidos pela
intelectuais e psíquicas. (Redação dada pela Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991.
Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 30. A perda da condição de
Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em segurado não será considerada para a
qualquer trabalho ou emprego, são vedadas concessão da aposentadoria por idade,
a discriminação e a fixação de limite desde que a pessoa conte com, no mínimo,
máximo de idade, inclusive para concursos, o tempo de contribuição correspondente ao
ressalvados os casos em que a natureza do exigido para efeito de carência na data de
cargo o exigir. (Redação dada pela Lei nº requerimento do benefício.
14.423, de 2022) Parágrafo único. O cálculo do valor do
Parágrafo único. O primeiro critério de benefício previsto no caput observará o
desempate em concurso público será a disposto no caput e § 2º do art. 3º da Lei no

167
Legislação Básica da Saúde

9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não casa-lar, é facultada a cobrança de


havendo salários-de-contribuição participação da pessoa idosa no custeio da
recolhidos a partir da competência de julho entidade. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
de 1994, o disposto no art. 35 da Lei no de 2022)
8.213, de 1991. § 2º O Conselho Municipal da Pessoa
Idosa ou o Conselho Municipal da
Art. 31. O pagamento de parcelas Assistência Social estabelecerá a forma de
relativas a benefícios, efetuado com atraso participação prevista no § 1º deste artigo,
por responsabilidade da Previdência Social, que não poderá exceder a 70% (setenta por
será atualizado pelo mesmo índice utilizado cento) de qualquer benefício previdenciário
para os reajustamentos dos benefícios do ou de assistência social percebido pela
Regime Geral de Previdência Social, pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
verificado no período compreendido entre o 14.423, de 2022)
mês que deveria ter sido pago e o mês do § 3º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá
efetivo pagamento. a seu representante legal firmar o contrato a
que se refere o caput deste artigo.
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1º
de Maio, é a data-base dos aposentados e Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas
pensionistas. em situação de risco social, por adulto ou
núcleo familiar, caracteriza a dependência
CAPÍTULO VIII econômica, para os efeitos legais. (Redação
Da Assistência Social dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

Art. 33. A assistência social às pessoas CAPÍTULO IX


idosas será prestada, de forma articulada, Da Habitação
conforme os princípios e diretrizes
previstos na Lei Orgânica da Assistência Art. 37. A pessoa idosa tem direito a
Social (Loas), na Política Nacional da moradia digna, no seio da família natural ou
Pessoa Idosa, no SUS e nas demais normas substituta, ou desacompanhada de seus
pertinentes (Redação dada pela Lei nº familiares, quando assim o desejar, ou,
14.423, de 2022) ainda, em instituição pública ou privada.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 34. Às pessoas idosas, a partir de 65 § 1º A assistência integral na modalidade
(sessenta e cinco) anos, que não possuam de entidade de longa permanência será
meios para prover sua subsistência, nem de prestada quando verificada inexistência de
tê-la provida por sua família, é assegurado grupo familiar, casa-lar, abandono ou
o benefício mensal de 1 (um) salário carência de recursos financeiros próprios ou
mínimo, nos termos da Loas. (Redação da família.
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) § 2º Toda instituição dedicada ao
Parágrafo único. O benefício já atendimento à pessoa idosa fica obrigada a
concedido a qualquer membro da família manter identificação externa visível, sob
nos termos do caput não será computado pena de interdição, além de atender toda a
para os fins do cálculo da renda familiar per legislação pertinente. (Redação dada pela
capita a que se refere a Loas. Lei nº 14.423, de 2022)
§ 3º As instituições que abrigarem
Art. 35. Todas as entidades de longa pessoas idosas são obrigadas a manter
permanência, ou casa-lar, são obrigadas a padrões de habitação compatíveis com as
firmar contrato de prestação de serviços necessidades delas, bem como provê-las
com a pessoa idosa abrigada. com alimentação regular e higiene
§ 1º No caso de entidade filantrópica, ou indispensáveis às normas sanitárias e com

168
Legislação Básica da Saúde

estas condizentes, sob as penas da lei. para pessoas idosas. (Redação dada pela Lei
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 14.423, de 2022)
§ 3º No caso das pessoas compreendidas
Art. 38. Nos programas habitacionais, na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65
públicos ou subsidiados com recursos (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da
públicos, a pessoa idosa goza de prioridade legislação local dispor sobre as condições
na aquisição de imóvel para moradia para exercício da gratuidade nos meios de
própria, observado o seguinte: (Redação transporte previstos no caput deste artigo.
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I - reserva de pelo menos 3% (três por Art. 40. No sistema de transporte
cento) das unidades habitacionais coletivo interestadual observar-se-á, nos
residenciais para atendimento às pessoas termos da legislação específica:
idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, I - a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas
de 2022) por veículo para pessoas idosas com renda
II - implantação de equipamentos igual ou inferior a 2 (dois) salários
urbanos comunitários voltados à pessoa mínimos; (Redação dada pela Lei nº
idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 14.423, de 2022)
2022) II - desconto de 50% (cinquenta por
III - eliminação de barreiras cento), no mínimo, no valor das passagens,
arquitetônicas e urbanísticas, para garantia para as pessoas idosas que excederem as
de acessibilidade à pessoa idosa; (Redação vagas gratuitas, com renda igual ou inferior
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) a 2 (dois) salários mínimos. (Redação dada
IV - critérios de financiamento pela Lei nº 14.423, de 2022)
compatíveis com os rendimentos de Parágrafo único. Caberá aos órgãos
aposentadoria e pensão. competentes definir os mecanismos e os
Parágrafo único. As unidades critérios para o exercício dos direitos
residenciais reservadas para atendimento a previstos nos incisos I e II.
pessoas idosas devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo. Art. 41. É assegurada a reserva para as
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pessoas idosas, nos termos da lei local, de
5% (cinco por cento) das vagas nos
CAPÍTULO X estacionamentos públicos e privados, as
Do Transporte quais deverão ser posicionadas de forma a
garantir a melhor comodidade à pessoa
Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
cinco) anos fica assegurada a gratuidade 2022)
dos transportes coletivos públicos urbanos
e semi-urbanos, exceto nos serviços Art. 42. São asseguradas a prioridade e a
seletivos e especiais, quando prestados segurança da pessoa idosa nos
paralelamente aos serviços regulares. procedimentos de embarque e desembarque
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta nos veículos do sistema de transporte
que a pessoa idosa apresente qualquer coletivo. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
documento pessoal que faça prova de sua de 2022)
idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
2022) TÍTULO III
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo Das Medidas de Proteção
de que trata este artigo, serão reservados CAPÍTULO I
10% (dez por cento) dos assentos para as Das Disposições Gerais
pessoas idosas, devidamente identificados
com a placa de reservado preferencialmente Art. 43. As medidas de proteção à pessoa

169
Legislação Básica da Saúde

idosa são aplicáveis sempre que os direitos TÍTULO IV


reconhecidos nesta Lei forem ameaçados Da Política de Atendimento ao Idoso
ou violados: (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO I
14.423, de 2022) Disposições Gerais
I - por ação ou omissão da sociedade ou
do Estado; Art. 46. A política de atendimento à
II - por falta, omissão ou abuso da pessoa idosa far-se-á por meio do conjunto
família, curador ou entidade de articulado de ações governamentais e não
atendimento; governamentais da União, dos Estados, do
III - em razão de sua condição pessoal. Distrito Federal e dos Municípios.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO II
Das Medidas Específicas de Proteção Art. 47. São linhas de ação da política de
atendimento:
Art. 44. As medidas de proteção à pessoa I - políticas sociais básicas, previstas na
idosa previstas nesta Lei poderão ser Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994;
aplicadas, isolada ou cumulativamente, e II - políticas e programas de assistência
levarão em conta os fins sociais a que se social, em caráter supletivo, para aqueles
destinam e o fortalecimento dos vínculos que necessitarem;
familiares e comunitários. (Redação dada III - serviços especiais de prevenção e
pela Lei nº 14.423, de 2022) atendimento às vítimas de negligência,
maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e
Art. 45. Verificada qualquer das opressão;
hipóteses previstas no art. 43, o Ministério IV - serviço de identificação e
Público ou o Poder Judiciário, a localização de parentes ou responsáveis por
requerimento daquele, poderá determinar, pessoas idosas abandonados em hospitais e
dentre outras, as seguintes medidas: instituições de longa permanência;
I - encaminhamento à família ou (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
curador, mediante termo de V - proteção jurídico-social por
responsabilidade; entidades de defesa dos direitos das pessoas
II - orientação, apoio e acompanhamento idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
temporários; de 2022)
III - requisição para tratamento de sua VI - mobilização da opinião pública no
saúde, em regime ambulatorial, hospitalar sentido da participação dos diversos
ou domiciliar; segmentos da sociedade no atendimento da
IV - inclusão em programa oficial ou pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
comunitário de auxílio, orientação e 14.423, de 2022)
tratamento a usuários dependentes de
drogas lícitas ou ilícitas, à própria pessoa CAPÍTULO II
idosa ou à pessoa de sua convivência que Das Entidades de Atendimento ao Idoso
lhe cause perturbação; (Redação dada pela
Lei nº 14.423, de 2022) Art. 48. As entidades de atendimento são
V - abrigo em entidade; responsáveis pela manutenção das próprias
V - abrigo em entidade; unidades, observadas as normas de
VI - abrigo temporário. planejamento e execução emanadas do
órgão competente da Política Nacional da
Pessoa Idosa, conforme a Lei nº 8.842, de 4
de janeiro de 1994. (Redação dada pela Lei
nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. As entidades

170
Legislação Básica da Saúde

governamentais e não governamentais de Art. 50. Constituem obrigações das


assistência à pessoa idosa ficam sujeitas à entidades de atendimento:
inscrição de seus programas perante o I - celebrar contrato escrito de prestação
órgão competente da Vigilância Sanitária e de serviço com a pessoa idosa,
o Conselho Municipal da Pessoa Idosa e, especificando o tipo de atendimento, as
em sua falta, perante o Conselho Estadual obrigações da entidade e prestações
ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando decorrentes do contrato, com os respectivos
os regimes de atendimento, observados os preços, se for o caso; (Redação dada pela
seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Lei nº 14.423, de 2022) II - observar os direitos e as garantias de
I - oferecer instalações físicas em que são titulares as pessoas idosas;
condições adequadas de habitabilidade, (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
higiene, salubridade e segurança; III - fornecer vestuário adequado, se for
II - apresentar objetivos estatutários e pública, e alimentação suficiente;
plano de trabalho compatíveis com os IV - oferecer instalações físicas em
princípios desta Lei; condições adequadas de habitabilidade;
III - estar regularmente constituída; V - oferecer atendimento personalizado;
IV - demonstrar a idoneidade de seus VI - diligenciar no sentido da
dirigentes. preservação dos vínculos familiares;
VII - oferecer acomodações apropriadas
Art. 49. As entidades que desenvolvam para recebimento de visitas;
programas de institucionalização de longa VIII - proporcionar cuidados à saúde,
permanência adotarão os seguintes conforme a necessidade da pessoa idosa;
princípios: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I - preservação dos vínculos familiares; IX - promover atividades educacionais,
II - atendimento personalizado e em esportivas, culturais e de lazer;
pequenos grupos; X - propiciar assistência religiosa
III - manutenção da pessoa idosa na àqueles que desejarem, de acordo com suas
mesma instituição, salvo em caso de força crenças;
maior; (Redação dada pela Lei nº 14.423, XI - proceder a estudo social e pessoal
de 2022) de cada caso;
IV - participação da pessoa idosa nas XII - comunicar à autoridade
atividades comunitárias, de caráter interno competente de saúde toda ocorrência de
e externo; (Redação dada pela Lei nº pessoa idosa com doenças
14.423, de 2022) infectocontagiosas; (Redação dada pela Lei
V - observância dos direitos e garantias nº 14.423, de 2022)
das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei XIII - providenciar ou solicitar que o
nº 14.423, de 2022) Ministério Público requisite os documentos
VI - preservação da identidade da pessoa necessários ao exercício da cidadania
idosa e oferecimento de ambiente de àqueles que não os tiverem, na forma da lei;
respeito e dignidade. (Redação dada pela XIV - fornecer comprovante de depósito
Lei nº 14.423, de 2022) dos bens móveis que receberem das pessoas
Parágrafo único. O dirigente de idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
instituição prestadora de atendimento à de 2022)
pessoa idosa responderá civil e XV - manter arquivo de anotações no
criminalmente pelos atos que praticar em qual constem data e circunstâncias do
detrimento da pessoa idosa, sem prejuízo atendimento, nome da pessoa idosa,
das sanções administrativas. (Redação dada responsável, parentes, endereços, cidade,
pela Lei nº 14.423, de 2022) relação de seus pertences, bem como o
valor de contribuições, e suas alterações, se

171
Legislação Básica da Saúde

houver, e demais dados que possibilitem legal:


sua identificação e a individualização do I - as entidades governamentais:
atendimento; (Redação dada pela Lei nº a) advertência;
14.423, de 2022) b) afastamento provisório de seus
XVI - comunicar ao Ministério Público, dirigentes;
para as providências cabíveis, a situação de c) afastamento definitivo de seus
abandono moral ou material por parte dos dirigentes;
familiares; d) fechamento de unidade ou interdição
XVII - manter no quadro de pessoal de programa;
profissionais com formação específica. II - as entidades não-governamentais:
a) advertência;
Art. 51. As instituições filantrópicas ou b) multa;
sem fins lucrativos prestadoras de serviço c) suspensão parcial ou total do repasse
às pessoas idosas terão direito à assistência de verbas públicas;
judiciária gratuita. (Redação dada pela Lei d) interdição de unidade ou suspensão de
nº 14.423, de 2022) programa;
e) proibição de atendimento a pessoas
CAPÍTULO III idosas a bem do interesse público. (Redação
Da Fiscalização das Entidades de dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Atendimento § 1º Havendo danos às pessoas idosas
abrigadas ou qualquer tipo de fraude em
Art. 52. As entidades governamentais e relação ao programa, caberá o afastamento
não governamentais de atendimento à provisório dos dirigentes ou a interdição da
pessoa idosa serão fiscalizadas pelos unidade e a suspensão do programa.
Conselhos da Pessoa Idosa, Ministério (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Público, Vigilância Sanitária e outros § 2º A suspensão parcial ou total do
previstos em lei. (Redação dada pela Lei nº repasse de verbas públicas ocorrerá quando
14.423, de 2022) verificada a má aplicação ou desvio de
finalidade dos recursos.
Art. 53. O art. 7º da Lei n. 8.842, de § 3º Na ocorrência de infração por
1994, passa a vigorar com a seguinte entidade de atendimento que coloque em
redação: risco os direitos assegurados nesta Lei, será
"Art. 7º Compete aos Conselhos de que o fato comunicado ao Ministério Público,
trata o art. 6º desta Lei a supervisão, o para as providências cabíveis, inclusive
acompanhamento, a fiscalização e a para promover a suspensão das atividades
avaliação da política nacional do idoso, no ou dissolução da entidade, com a proibição
âmbito das respectivas instâncias político- de atendimento a pessoas idosas a bem do
administrativas." (NR) interesse público, sem prejuízo das
providências a serem tomadas pela
Art. 54. Será dada publicidade das Vigilância Sanitária. (Redação dada pela
prestações de contas dos recursos públicos Lei nº 14.423, de 2022)
e privados recebidos pelas entidades de § 4º Na aplicação das penalidades, serão
atendimento. consideradas a natureza e a gravidade da
infração cometida, os danos que dela
Art. 55. As entidades de atendimento provierem para a pessoa idosa, as
que descumprirem as determinações desta circunstâncias agravantes ou atenuantes e
Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da os antecedentes da entidade. (Redação dada
responsabilidade civil e criminal de seus pela Lei nº 14.423, de 2022)
dirigentes ou prepostos, às seguintes
penalidades, observado o devido processo

172
Legislação Básica da Saúde

CAPÍTULO IV anualmente, na forma da lei.


Das Infrações Administrativas
Art. 60. O procedimento para a
Art. 56. Deixar a entidade de imposição de penalidade administrativa por
atendimento de cumprir as determinações infração às normas de proteção à pessoa
do art. 50 desta Lei: idosa terá início com requisição do
Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos Ministério Público ou auto de infração
reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), se o elaborado por servidor efetivo e assinado,
fato não for caracterizado como crime, se possível, por 2 (duas) testemunhas.
podendo haver a interdição do (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
estabelecimento até que sejam cumpridas as § 1º No procedimento iniciado com o
exigências legais. auto de infração poderão ser usadas
Parágrafo único. No caso de interdição fórmulas impressas, especificando-se a
do estabelecimento de longa permanência, natureza e as circunstâncias da infração.
as pessoas idosas abrigadas serão § 2º Sempre que possível, à verificação
transferidas para outra instituição, a da infração seguir-se-á a lavratura do auto,
expensas do estabelecimento interditado, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e
enquanto durar a interdição. (Redação dada quatro) horas, por motivo justificado.
pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez)
Art. 57. Deixar o profissional de saúde dias para a apresentação da defesa, contado
ou o responsável por estabelecimento de da data da intimação, que será feita:
saúde ou instituição de longa permanência I - pelo autuante, no instrumento de
de comunicar à autoridade competente os autuação, quando for lavrado na presença
casos de crimes contra pessoa idosa de que do infrator;
tiver conhecimento: (Redação dada pela Lei II - por via postal, com aviso de
nº 14.423, de 2022) recebimento.
Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos
reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais), Art. 62. Havendo risco para a vida ou à
aplicada em dobro no caso de reincidência. saúde da pessoa idosa, a autoridade
competente aplicará à entidade de
Art. 58. Deixar de cumprir as atendimento as sanções regulamentares,
determinações desta Lei sobre a prioridade sem prejuízo da iniciativa e das
no atendimento à pessoa idosa: (Redação providências que vierem a ser adotadas pelo
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Ministério Público ou pelas demais
Pena - multa de R$ 500,00 (quinhentos instituições legitimadas para a fiscalização.
reais) a R$ 1.000,00 (mil reais) e multa civil (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano
sofrido pela pessoa idosa. (Redação dada Art. 63. Nos casos em que não houver
pela Lei nº 14.423, de 2022) risco para a vida ou a saúde da pessoa idosa
abrigada, a autoridade competente aplicará
CAPÍTULO V à entidade de atendimento as sanções
Da Apuração Administrativa de regulamentares, sem prejuízo da iniciativa
Infração às e das providências que vierem a ser
Normas de Proteção à Pessoa Idosa adotadas pelo Ministério Público ou pelas
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de demais instituições legitimadas para a
2022) fiscalização.

Art. 59. Os valores monetários expressos


no Capítulo IV serão atualizados

173
Legislação Básica da Saúde

CAPÍTULO VI quatro) horas para proceder à substituição.


Da Apuração Judicial de § 3º Antes de aplicar qualquer das
Irregularidades em Entidade de medidas, a autoridade judiciária poderá
Atendimento fixar prazo para a remoção das
irregularidades verificadas. Satisfeitas as
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, exigências, o processo será extinto, sem
ao procedimento administrativo de que trata julgamento do mérito.
este Capítulo as disposições das Leis n.s § 4º A multa e a advertência serão
6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de impostas ao dirigente da entidade ou ao
29 de janeiro de 1999. responsável pelo programa de atendimento.

Art. 65. O procedimento de apuração de TÍTULO V


irregularidade em entidade governamental Do Acesso à Justiça
e não governamental de atendimento à CAPÍTULO I
pessoa idosa terá início mediante petição Disposições Gerais
fundamentada de pessoa interessada ou
iniciativa do Ministério Público. (Redação Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) disposições deste Capítulo, o procedimento
sumário previsto no Código de Processo
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá Civil, naquilo que não contrarie os prazos
a autoridade judiciária, ouvido o Ministério previstos nesta Lei.
Público, decretar liminarmente o
afastamento provisório do dirigente da Art. 70. O poder público poderá criar
entidade ou outras medidas que julgar varas especializadas e exclusivas da pessoa
adequadas, para evitar lesão aos direitos da idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
pessoa idosa, mediante decisão 2022)
fundamentada. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022) Art. 71. É assegurada prioridade na
tramitação dos processos e procedimentos e
Art. 67. O dirigente da entidade será na execução dos atos e diligências judiciais
citado para, no prazo de 10 (dez) dias, em que figure como parte ou interveniente
oferecer resposta escrita, podendo juntar pessoa com idade igual ou superior a 60
documentos e indicar as provas a produzir. (sessenta) anos, em qualquer instância.
§ 1º O interessado na obtenção da
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz prioridade a que alude este artigo, fazendo
procederá na conformidade do art. 69 ou, se prova de sua idade, requererá o benefício à
necessário, designará audiência de autoridade judiciária competente para
instrução e julgamento, deliberando sobre a decidir o feito, que determinará as
necessidade de produção de outras provas. providências a serem cumpridas, anotando-
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as se essa circunstância em local visível nos
partes e o Ministério Público terão 5 (cinco) autos do processo.
dias para oferecer alegações finais, § 2º A prioridade não cessará com a
decidindo a autoridade judiciária em igual morte do beneficiado, estendendo-se em
prazo. favor do cônjuge supérstite, companheiro
§ 2º Em se tratando de afastamento ou companheira, com união estável, maior
provisório ou definitivo de dirigente de de 60 (sessenta) anos.
entidade governamental, a autoridade § 3º A prioridade se estende aos
judiciária oficiará a autoridade processos e procedimentos na
administrativa imediatamente superior ao Administração Pública, empresas
afastado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e prestadoras de serviços públicos e

174
Legislação Básica da Saúde

instituições financeiras, ao atendimento 14.423, de 2022)


preferencial junto à Defensoria Pública da V - instaurar procedimento
União, dos Estados e do Distrito Federal em administrativo e, para instruí-lo:
relação aos Serviços de Assistência a) expedir notificações, colher
Judiciária. depoimentos ou esclarecimentos e, em caso
§ 4º Para o atendimento prioritário, será de não comparecimento injustificado da
garantido à pessoa idosa o fácil acesso aos pessoa notificada, requisitar condução
assentos e caixas, identificados com a coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou
destinação a pessoas idosas em local visível Militar;
e caracteres legíveis. (Redação dada pela b) requisitar informações, exames,
Lei nº 14.423, de 2022) perícias e documentos de autoridades
§ 5º Dentre os processos de pessoas municipais, estaduais e federais, da
idosas, dar-se-á prioridade especial aos das administração direta e indireta, bem como
maiores de 80 (oitenta) anos. (Redação promover inspeções e diligências
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) investigatórias;
c) requisitar informações e documentos
CAPÍTULO II particulares de instituições privadas;
Do Ministério Público VI - instaurar sindicâncias, requisitar
diligências investigatórias e a instauração
Art. 72. (VETADO) de inquérito policial, para a apuração de
ilícitos ou infrações às normas de proteção
Art. 73. As funções do Ministério à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº
Público, previstas nesta Lei, serão exercidas 14.423, de 2022)
nos termos da respectiva Lei Orgânica. VII - zelar pelo efetivo respeito aos
direitos e garantias legais assegurados à
Art. 74. Compete ao Ministério Público: pessoa idosa, promovendo as medidas
I - instaurar o inquérito civil e a ação judiciais e extrajudiciais cabíveis; (Redação
civil pública para a proteção dos direitos e dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
interesses difusos ou coletivos, individuais VIII - inspecionar as entidades públicas
indisponíveis e individuais homogêneos da e particulares de atendimento e os
pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº programas de que trata esta Lei, adotando
14.423, de 2022) de pronto as medidas administrativas ou
II - promover e acompanhar as ações de judiciais necessárias à remoção de
alimentos, de interdição total ou parcial, de irregularidades porventura verificadas;
designação de curador especial, em IX - requisitar força policial, bem como
circunstâncias que justifiquem a medida e a colaboração dos serviços de saúde,
oficiar em todos os feitos em que se educacionais e de assistência social,
discutam os direitos das pessoas idosas em públicos, para o desempenho de suas
condições de risco; (Redação dada pela Lei atribuições;
nº 14.423, de 2022) X - referendar transações envolvendo
III - atuar como substituto processual da interesses e direitos das pessoas idosas
pessoa idosa em situação de risco, previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei
conforme o disposto no art. 43 desta Lei; nº 14.423, de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) § 1º A legitimação do Ministério Público
para as ações cíveis previstas neste artigo
IV - promover a revogação de não impede a de terceiros, nas mesmas
instrumento procuratório da pessoa idosa, hipóteses, segundo dispuser a lei.
nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, § 2º As atribuições constantes deste
quando necessário ou o interesse público artigo não excluem outras, desde que
justificar; (Redação dada pela Lei nº compatíveis com a finalidade e atribuições

175
Legislação Básica da Saúde

do Ministério Público. ao amparo da pessoa idosa. (Redação dada


§ 3º O representante do Ministério pela Lei nº 14.423, de 2022)
Público, no exercício de suas funções, terá Parágrafo único. As hipóteses previstas
livre acesso a toda entidade de atendimento neste artigo não excluem da proteção
à pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº judicial outros interesses difusos, coletivos,
14.423, de 2022) individuais indisponíveis ou homogêneos,
próprios da pessoa idosa, protegidos em lei.
Art. 75. Nos processos e procedimentos (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
em que não for parte, atuará
obrigatoriamente o Ministério Público na Art. 80. As ações previstas neste
defesa dos direitos e interesses de que cuida Capítulo serão propostas no foro do
esta Lei, hipóteses em que terá vista dos domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá
autos depois das partes, podendo juntar competência absoluta para processar a
documentos, requerer diligências e causa, ressalvadas as competências da
produção de outras provas, usando os Justiça Federal e a competência originária
recursos cabíveis. dos Tribunais Superiores. (Redação dada
pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 76. A intimação do Ministério
Público, em qualquer caso, será feita Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em
pessoalmente. interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, consideram-
Art. 77. A falta de intervenção do se legitimados, concorrentemente:
Ministério Público acarreta a nulidade do I - o Ministério Público;
feito, que será declarada de ofício pelo juiz II - a União, os Estados, o Distrito
ou a requerimento de qualquer interessado. Federal e os Municípios;
III - a Ordem dos Advogados do Brasil;
CAPÍTULO III IV - as associações legalmente
Da Proteção Judicial dos Interesses constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que
Difusos, Coletivos e Individuais incluam entre os fins institucionais a defesa
Indisponíveis ou Homogêneos dos interesses e direitos da pessoa idosa,
dispensada a autorização da assembleia, se
Art. 78. As manifestações processuais houver prévia autorização estatutária.
do representante do Ministério Público § 1º Admitir-se-á litisconsórcio
deverão ser fundamentadas. facultativo entre os Ministérios Públicos da
União e dos Estados na defesa dos
Art. 79. Regem-se pelas disposições interesses e direitos de que cuida esta Lei.
desta Lei as ações de responsabilidade por § 2º Em caso de desistência ou abandono
ofensa aos direitos assegurados à pessoa da ação por associação legitimada, o
idosa, referentes à omissão ou ao Ministério Público ou outro legitimado
oferecimento insatisfatório de: (Redação deverá assumir a titularidade ativa.
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I - acesso às ações e serviços de saúde; Art. 82. Para defesa dos interesses e
II - atendimento especializado à pessoa direitos protegidos por esta Lei, são
idosa com deficiência ou com limitação admissíveis todas as espécies de ação
incapacitante; (Redação dada pela Lei nº pertinentes.
14.423, de 2022) Parágrafo único. Contra atos ilegais ou
III - atendimento especializado à pessoa abusivos de autoridade pública ou agente de
idosa com doença infectocontagiosa; pessoa jurídica no exercício de atribuições
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) de Poder Público, que lesem direito líquido
IV - serviço de assistência social visando e certo previsto nesta Lei, caberá ação

176
Legislação Básica da Saúde

mandamental, que se regerá pelas normas administrativa do agente a que se atribua a


da lei do mandado de segurança. ação ou omissão.

Art. 83. Na ação que tenha por objeto o Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do
cumprimento de obrigação de fazer ou não- trânsito em julgado da sentença
fazer, o juiz concederá a tutela específica da condenatória favorável à pessoa idosa sem
obrigação ou determinará providências que que o autor lhe promova a execução, deverá
assegurem o resultado prático equivalente fazê-lo o Ministério Público, facultada
ao adimplemento. igual iniciativa aos demais legitimados,
§ 1º Sendo relevante o fundamento da como assistentes ou assumindo o polo
demanda e havendo justificado receio de ativo, em caso de inércia desse órgão.
ineficácia do provimento final, é lícito ao (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
juiz conceder a tutela liminarmente ou após
justificação prévia, na forma do art. 273 do Art. 88. Nas ações de que trata este
Código de Processo Civil. Capítulo, não haverá adiantamento de
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do § 1º ou custas, emolumentos, honorários periciais e
na sentença, impor multa diária ao réu, quaisquer outras despesas.
independentemente do pedido do autor, se Parágrafo único. Não se imporá
for suficiente ou compatível com a sucumbência ao Ministério Público.
obrigação, fixando prazo razoável para o
cumprimento do preceito. Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o
º§ 3 A multa só será exigível do réu após servidor deverá, provocar a iniciativa do
o trânsito em julgado da sentença favorável Ministério Público, prestando-lhe
ao autor, mas será devida desde o dia em informações sobre os fatos que constituam
que se houver configurado. objeto de ação civil e indicando-lhe os
elementos de convicção.
Art. 84. Os valores das multas previstas
nesta Lei reverterão ao Fundo da Pessoa Art. 90. Os agentes públicos em geral, os
Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao juízes e tribunais, no exercício de suas
Fundo Municipal de Assistência Social, funções, quando tiverem conhecimento de
ficando vinculados ao atendimento à pessoa fatos que possam configurar crime de ação
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de pública contra a pessoa idosa ou ensejar a
2022) propositura de ação para sua defesa, devem
Parágrafo único. As multas não encaminhar as peças pertinentes ao
recolhidas até 30 (trinta) dias após o trânsito Ministério Público, para as providências
em julgado da decisão serão exigidas por cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
meio de execução promovida pelo de 2022)
Ministério Público, nos mesmos autos,
facultada igual iniciativa aos demais Art. 91. Para instruir a petição inicial, o
legitimados em caso de inércia daquele. interessado poderá requerer às autoridades
competentes as certidões e informações que
Art. 85. O juiz poderá conferir efeito julgar necessárias, que serão fornecidas no
suspensivo aos recursos, para evitar dano prazo de 10 (dez) dias.
irreparável à parte.
Art. 92. O Ministério Público poderá
Art. 86. Transitada em julgado a instaurar sob sua presidência, inquérito
sentença que impuser condenação ao Poder civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
Público, o juiz determinará a remessa de organismo público ou particular, certidões,
peças à autoridade competente, para informações, exames ou perícias, no prazo
apuração da responsabilidade civil e que assinalar, o qual não poderá ser inferior

177
Legislação Básica da Saúde

a 10 (dez) dias. CAPÍTULO II


§ 1º Se o órgão do Ministério Público, Dos Crimes em Espécie
esgotadas todas as diligências, se convencer
da inexistência de fundamento para a Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei
propositura da ação civil ou de peças são de ação penal pública incondicionada,
informativas, determinará o seu não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do
arquivamento, fazendo-o Código Penal.
fundamentadamente.
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as Art. 96. Discriminar pessoa idosa,
peças de informação arquivados serão impedindo ou dificultando seu acesso a
remetidos, sob pena de se incorrer em falta operações bancárias, aos meios de
grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho transporte, ao direito de contratar ou por
Superior do Ministério Público ou à qualquer outro meio ou instrumento
Câmara de Coordenação e Revisão do necessário ao exercício da cidadania, por
Ministério Público. motivo de idade:
§ 3º Até que seja homologado ou Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1
rejeitado o arquivamento, pelo Conselho (um) ano e multa.
Superior do Ministério Público ou por § 1º Na mesma pena incorre quem
Câmara de Coordenação e Revisão do desdenhar, humilhar, menosprezar ou
Ministério Público, as associações discriminar pessoa idosa, por qualquer
legitimadas poderão apresentar razões motivo.
escritas ou documentos, que serão juntados § 2º A pena será aumentada de 1/3 (um
ou anexados às peças de informação. terço) se a vítima se encontrar sob os
§ 4º Deixando o Conselho Superior ou a cuidados ou responsabilidade do agente.
Câmara de Coordenação e Revisão do § 3º Não constitui crime a negativa de
Ministério Público de homologar a crédito motivada por superendividamento
promoção de arquivamento, será designado da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
outro membro do Ministério Público para o 14.423, de 2022)
ajuizamento da ação.
Art. 97. Deixar de prestar assistência à
TÍTULO VI pessoa idosa, quando possível fazê-lo sem
Dos Crimes risco pessoal, em situação de iminente
CAPÍTULO I perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
Disposições Gerais assistência à saúde, sem justa causa, ou não
pedir, nesses casos, o socorro de autoridade
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, pública: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
no que couber, as disposições da Lei n. de 2022)
7.347, de 24 de julho de 1985. Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1
(um) ano e multa.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, Parágrafo único. A pena é aumentada de
cuja pena máxima privativa de liberdade metade, se da omissão resulta lesão
não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o corporal de natureza grave, e triplicada, se
procedimento previsto na Lei no 9.099, de resulta a morte.
26 de setembro de 1995, e,
subsidiariamente, no que couber, as Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em
disposições do Código Penal e do Código hospitais, casas de saúde, entidades de
de Processo Penal. (Vide ADIN 3.096-5 - longa permanência, ou congêneres, ou não
STF) prover suas necessidades básicas, quando
obrigado por lei ou mandado: (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

178
Legislação Básica da Saúde

Pena - detenção de 6 (seis) meses a 3 rendimento da pessoa idosa, dando-lhes


(três) anos e multa. aplicação diversa da de sua finalidade:
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
saúde, física ou psíquica, da pessoa idosa, anos e multa.
submetendo-a a condições desumanas ou
degradantes ou privando-a de alimentos e Art. 103. Negar o acolhimento ou a
cuidados indispensáveis, quando obrigado a permanência da pessoa idosa, como
fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho abrigada, por recusa desta em outorgar
excessivo ou inadequado: (Redação dada procuração à entidade de atendimento:
pela Lei nº 14.423, de 2022) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Pena - detenção de 2 (dois) meses a 1
(um) ano e multa. Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de (um) ano e multa.
natureza grave:
Pena - reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) Art. 104. Reter o cartão magnético de
anos. conta bancária relativa a benefícios,
§ 2º Se resulta a morte: proventos ou pensão da pessoa idosa, bem
Pena - reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) como qualquer outro documento com
anos. objetivo de assegurar recebimento ou
ressarcimento de dívida: (Redação dada
Art. 100. Constitui crime punível com pela Lei nº 14.423, de 2022)
reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Pena - detenção de 6 (seis) meses a 2
multa: (dois) anos e multa.
I - obstar o acesso de alguém a qualquer
cargo público por motivo de idade; Art. 105. Exibir ou veicular, por
II - negar a alguém, por motivo de idade, qualquer meio de comunicação,
emprego ou trabalho; informações ou imagens depreciativas ou
III - recusar, retardar ou dificultar injuriosas à pessoa idosa: (Redação dada
atendimento ou deixar de prestar assistência pela Lei nº 14.423, de 2022)
à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa; Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos
IV - deixar de cumprir, retardar ou e multa.
frustrar, sem justo motivo, a execução de
ordem judicial expedida na ação civil a que Art. 106. Induzir pessoa idosa sem
alude esta Lei; discernimento de seus atos a outorgar
V - recusar, retardar ou omitir dados procuração para fins de administração de
técnicos indispensáveis à propositura da bens ou deles dispor livremente:
ação civil objeto desta Lei, quando Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro)
requisitados pelo Ministério Público. anos.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou Art. 107. Coagir, de qualquer modo, a
frustrar, sem justo motivo, a execução de pessoa idosa a doar, contratar, testar ou
ordem judicial expedida nas ações em que outorgar procuração: (Redação dada pela
for parte ou interveniente a pessoa idosa: Lei nº 14.423, de 2022)
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco)
Pena - detenção de 6 (seis) meses a 1 anos.
(um) ano e multa.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar pessoa idosa sem discernimento de seus
bens, proventos, pensão ou qualquer outro atos, sem a devida representação legal:

179
Legislação Básica da Saúde

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) ...


anos. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta)
anos ou portadora de deficiência, exceto no
TÍTULO VII caso de injúria.
Disposições Finais e Transitórias
"Art. 148. ...
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do ...
representante do Ministério Público ou de § 1º....
qualquer outro agente fiscalizador: I - se a vítima é ascendente, descendente,
Pena - reclusão de 6 (seis) meses a 1 cônjuge do agente ou maior de 60 (sessenta)
(um) ano e multa. anos.

Art. 110. O Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de "Art. 159...


dezembro de 1940, Código Penal, passa a ...
vigorar com as seguintes alterações: § 1º Se o sequestro dura mais de 24
"Art. 61. ... (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é
... menor de 18 (dezoito) ou maior de 60
II - ... (sessenta) anos, ou se o crime é cometido
... por bando ou quadrilha.
h) contra criança, maior de 60 (sessenta)
anos, enfermo ou mulher grávida; ..." (NR) "Art. 183 ...
...
"Art. 121. ... III - se o crime é praticado contra pessoa
... com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
§ 4º No homicídio culposo, a pena é anos." (NR)
aumentada de 1/3 (um terço), se o crime
resulta de inobservância de regra técnica de "Art. 244. Deixar, sem justa causa, de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente prover a subsistência do cônjuge, ou de
deixa de prestar imediato socorro à vítima, filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto
não procura diminuir as consequências do para o trabalho, ou de ascendente inválido
seu ato, ou foge para evitar prisão em ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena proporcionando os recursos necessários ou
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é faltando ao pagamento de pensão
praticado contra pessoa menor de 14 alimentícia judicialmente acordada, fixada
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ou majorada; deixar, sem justa causa, de
"Art. 133. ... socorrer descendente ou ascendente,
... gravemente enfermo:
§ 3º ....
... Art. 111. O art. 21 do Decreto-Lei n.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) 3.688, de 3 de outubro de 1941, Lei das
anos." (NR) Contravenções Penais, passa a vigorar
acrescido do seguinte parágrafo único:
"Art. 140. ...
... "Art. 21...
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de Parágrafo único. Aumenta-se a pena de
elementos referentes a raça, cor, etnia, 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é
religião, origem ou a condição de pessoa maior de 60 (sessenta) anos." (NR)
idosa ou portadora de deficiência:
Art. 112. O inciso II do § 4º do art. 1º da
"Art. 141. ... Lei n. 9.455, de 7 de abril de 1997, passa a

180
Legislação Básica da Saúde

vigorar com a seguinte redação: o acesso ao direito seja condizente com o


"Art. 1º ... estágio de desenvolvimento sócio-
... econômico alcançado pelo País.
§ 4º ...
II - se o crime é cometido contra criança, Art. 118. Esta Lei entra em vigor
gestante, portador de deficiência, decorridos 90 (noventa) dias da sua
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; publicação, ressalvado o disposto no caput
do art. 36, que vigorará a partir de 1º de
Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei n. janeiro de 2004.
6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a
vigorar com a seguinte redação: Questões
"Art. 18 ...
... 01. (PC-SP - VUNESP/2022) Com
III - se qualquer deles decorrer de relação ao Estatuto do Idoso, na parte que
associação ou visar a menores de 21 (vinte trata dos crimes, assinale a alternativa
e um) anos ou a pessoa com idade igual ou correta.
superior a 60 (sessenta) anos ou a quem A) Os crimes neles previstos, quando
tenha, por qualquer causa, diminuída ou implicam prejuízo patrimonial, admitem o
suprimida a capacidade de discernimento perdão judicial previsto no artigo 181, do
ou de autodeterminação: Código Penal.
B) Impedir ou dificultar o acesso a
Art. 114. O art. 1º da Lei n. 10.048, de 8 operações bancárias ao idoso caracteriza o
de novembro de 2000, passa a vigorar com crime de discriminação de pessoa idosa,
a seguinte redação: previsto no art. 96, ainda que a negativa de
"Art. 1º As pessoas portadoras de crédito seja motivada por situação de
deficiência, os idosos com idade igual ou superendividamento do idoso.
superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, C) O crime de deixar de prestar
as lactantes e as pessoas acompanhadas por assistência ao idoso, previsto no art. 97,
crianças de colo terão atendimento será punido de forma triplicada, se da
prioritário, nos termos desta Lei." (NR) omissão resultar a morte.
D) Os crimes nele previstos são de ação
Art. 115. O Orçamento da Seguridade penal pública incondicionada, exceto
Social destinará ao Fundo Nacional de quanto ao crime de exibir ou veicular, por
Assistência Social, até que o Fundo qualquer meio, informações ou imagens
Nacional da Pessoa Idosa seja criado, os depreciativas do idoso, que é condicionado
recursos necessários, em cada exercício à representação.
financeiro, para aplicação em programas e E) Os crimes neles previstos são
ações relativos à pessoa idosa. (Redação processáveis pelo rito sumaríssimo da Lei
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 9.099/95, aplicando-se, ainda, os
institutos da transação penal e reparação
Art. 116. Serão incluídos nos censos civil.
demográficos dados relativos à população
idosa do País. 02. (PC-RJ -
CESPE/CEBRASPE/2022) Em
Art. 117. O Poder Executivo 15/2/2022, Ernesto, com 78 anos de idade,
encaminhará ao Congresso Nacional correntista de uma instituição financeira
projeto de lei revendo os critérios de privada, dirigiu-se à agência bancária para
concessão do Benefício de Prestação realizar uma transferência bancária. No
Continuada previsto na Lei Orgânica da local, solicitou auxílio do estagiário Carlos,
Assistência Social, de forma a garantir que de 21 anos de idade, para realizar a

181
Legislação Básica da Saúde

operação. Todavia, de posse do cartão


magnético e da senha do cliente, Carlos Lei Federal nº. 12.764/2012 (Política
transferiu, indevidamente, a quantia de R$ Nacional de Proteção dos Direitos da
5 mil da conta bancária de Ernesto para sua Pessoa com Transtorno do Espectro
conta pessoal. Autista) e alterações
Nessa situação hipotética, segundo a
jurisprudência do STJ, Carlos cometeu
A) o crime de apropriação indébita (art.
LEI Nº 12.764, DE 27 DE
168, § 1.º, III, do Código Penal).
DEZEMBRO DE 20127
B) o crime de furto (art. 155 do Código
Penal).
Institui a Política Nacional de Proteção
C) o crime de estelionato (art. 171 do
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Código Penal).
Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98
D) o crime de peculato (art. 312 do
da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
Código Penal).
1990.
E) o crime previsto no art. 102 do
Estatuto do Idoso.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional
03. (Prefeitura de Osasco-SP -
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
VUNESP/2022) Nos termos da Lei nº
Art. 1º Esta Lei institui a Política
10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto
Nacional de Proteção dos Direitos da
do Idoso), é correto afirmar que ação penal
Pessoa com Transtorno do Espectro
nos crimes definidos na legislação é
Autista e estabelece diretrizes para sua
A) pública condicionada à
consecução.
representação.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é
B) privada.
considerada pessoa com transtorno do
C) pública incondicionada.
espectro autista aquela portadora de
D) pública condicionada como regra,
síndrome clínica caracterizada na forma
mas admite ação penal pública
dos seguintes incisos I ou II:
incondicionada em algumas hipóteses.
I - deficiência persistente e
E) pública condicionada à requisição do
clinicamente significativa da comunicação
Ministério Público.
e da interação sociais, manifestada por
04. Conforme disposto na Lei nº deficiência marcada de comunicação
10.741/2003 julgue o próximo item: verbal e não verbal usada para interação
É dever de todos prevenir a ameaça ou social; ausência de reciprocidade social;
violação aos direitos da pessoa idosa. falência em desenvolver e manter relações
( ) Certo ( ) Errado apropriadas ao seu nível de
desenvolvimento;
Alternativas II - padrões restritivos e repetitivos de
01. C; 02. E; 03. C; 04. Certo comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos
motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns;
excessiva aderência a rotinas e padrões de
comportamento ritualizados; interesses
restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do
espectro autista é considerada pessoa com

7
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/L12764.htm. Visitado em 29.12.2022

182
Legislação Básica da Saúde

deficiência, para todos os efeitos legais. espectro autista no País.


§ 3º Os estabelecimentos públicos e Parágrafo único. Para cumprimento das
privados referidos na Lei nº 10.048, de 8 diretrizes de que trata este artigo, o poder
de novembro de 2000, poderão valer-se da público poderá firmar contrato de direito
fita quebra-cabeça, símbolo mundial da público ou convênio com pessoas jurídicas
conscientização do transtorno do espectro de direito privado.
autista, para identificar a prioridade devida
às pessoas com transtorno do espectro Art. 3º São direitos da pessoa com
autista. (Incluído pela Lei nº 13.977, transtorno do espectro autista:
de 2020) I - a vida digna, a integridade física e
moral, o livre desenvolvimento da
Art. 2º São diretrizes da Política personalidade, a segurança e o lazer;
Nacional de Proteção dos Direitos da II - a proteção contra qualquer forma de
Pessoa com Transtorno do Espectro abuso e exploração;
Autista: III - o acesso a ações e serviços de
I - a intersetorialidade no saúde, com vistas à atenção integral às
desenvolvimento das ações e das políticas suas necessidades de saúde, incluindo:
e no atendimento à pessoa com transtorno a) o diagnóstico precoce, ainda que não
do espectro autista; definitivo;
II - a participação da comunidade na b) o atendimento multiprofissional;
formulação de políticas públicas voltadas c) a nutrição adequada e a terapia
para as pessoas com transtorno do espectro nutricional;
autista e o controle social da sua d) os medicamentos;
implantação, acompanhamento e e) informações que auxiliem no
avaliação; diagnóstico e no tratamento;
III - a atenção integral às necessidades IV - o acesso:
de saúde da pessoa com transtorno do a) à educação e ao ensino
espectro autista, objetivando o diagnóstico profissionalizante;
precoce, o atendimento multiprofissional e b) à moradia, inclusive à residência
o acesso a medicamentos e nutrientes; protegida;
IV - (VETADO); c) ao mercado de trabalho;
V - o estímulo à inserção da pessoa com d) à previdência social e à assistência
transtorno do espectro autista no mercado social.
de trabalho, observadas as peculiaridades Parágrafo único. Em casos de
da deficiência e as disposições da Lei nº comprovada necessidade, a pessoa com
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da transtorno do espectro autista incluída nas
Criança e do Adolescente); classes comuns de ensino regular, nos
VI - a responsabilidade do poder termos do inciso IV do art. 2º , terá direito
público quanto à informação pública a acompanhante especializado.
relativa ao transtorno e suas implicações;
VII - o incentivo à formação e à Art. 3º-A. É criada a Carteira de
capacitação de profissionais Identificação da Pessoa com Transtorno
especializados no atendimento à pessoa do Espectro Autista (Ciptea), com vistas a
com transtorno do espectro autista, bem garantir atenção integral, pronto
como a pais e responsáveis; atendimento e prioridade no atendimento e
VIII - o estímulo à pesquisa científica, no acesso aos serviços públicos e privados,
com prioridade para estudos em especial nas áreas de saúde, educação
epidemiológicos tendentes a dimensionar e assistência social. (Incluído pela
a magnitude e as características do Lei nº 13.977, de 2020)
problema relativo ao transtorno do § 1º A Ciptea será expedida pelos

183
Legislação Básica da Saúde

órgãos responsáveis pela execução da com transtorno do espectro autista em todo


Política Nacional de Proteção dos Direitos o território nacional. (Incluído pela Lei
da Pessoa com Transtorno do Espectro nº 13.977, de 2020)
Autista dos Estados, do Distrito Federal e § 4º Até que seja implementado o
dos Municípios, mediante requerimento, disposto no caput deste artigo, os órgãos
acompanhado de relatório médico, com responsáveis pela execução da Política
indicação do código da Classificação Nacional de Proteção dos Direitos da
Estatística Internacional de Doenças e Pessoa com Transtorno do Espectro
Problemas Relacionados à Saúde (CID), e Autista deverão trabalhar em conjunto
deverá conter, no mínimo, as seguintes com os respectivos responsáveis pela
informações: (Incluído pela Lei nº emissão de documentos de identificação,
13.977, de 2020) para que sejam incluídas as necessárias
I - nome completo, filiação, local e data informações sobre o transtorno do
de nascimento, número da carteira de espectro autista no Registro Geral (RG)
identidade civil, número de inscrição no ou, se estrangeiro, na Carteira de Registro
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), tipo Nacional Migratório (CRNM) ou na
sanguíneo, endereço residencial completo Cédula de Identidade de Estrangeiro
e número de telefone do identificado; (CIE), válidos em todo o território
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) nacional. (Incluído pela Lei nº
II - fotografia no formato 3 (três) 13.977, de 2020)
centímetros (cm) x 4 (quatro) centímetros
(cm) e assinatura ou impressão digital do Art. 4º A pessoa com transtorno do
identificado; (Incluído pela Lei nº espectro autista não será submetida a
13.977, de 2020) tratamento desumano ou degradante, não
III - nome completo, documento de será privada de sua liberdade ou do
identificação, endereço residencial, convívio familiar nem sofrerá
telefone e e-mail do responsável legal ou discriminação por motivo da deficiência.
do cuidador; (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Nos casos de
13.977, de 2020) necessidade de internação médica em
IV - identificação da unidade da unidades especializadas, observar-se-á o
Federação e do órgão expedidor e que dispõe o art. 4º da Lei nº 10.216, de 6
assinatura do dirigente responsável. de abril de 2001.
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020)
§ 2º Nos casos em que a pessoa com Art. 5º A pessoa com transtorno do
transtorno do espectro autista seja espectro autista não será impedida de
imigrante detentor de visto temporário ou participar de planos privados de
de autorização de residência, residente assistência à saúde em razão de sua
fronteiriço ou solicitante de refúgio, condição de pessoa com deficiência,
deverá ser apresentada a Cédula de conforme dispõe o art. 14 da Lei nº 9.656,
Identidade de Estrangeiro (CIE), a Carteira de 3 de junho de 1998.
de Registro Nacional Migratório (CRNM)
ou o Documento Provisório de Registro Art. 6º (VETADO).
Nacional Migratório (DPRNM), com
validade em todo o território nacional. Art. 7º O gestor escolar, ou autoridade
(Incluído pela Lei nº 13.977, de 2020) competente, que recusar a matrícula de
§ 3º A Ciptea terá validade de 5 (cinco) aluno com transtorno do espectro autista,
anos, devendo ser mantidos atualizados os ou qualquer outro tipo de deficiência, será
dados cadastrais do identificado, e deverá punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte)
ser revalidada com o mesmo número, de salários-mínimos.
modo a permitir a contagem das pessoas § 1º Em caso de reincidência, apurada

184
Legislação Básica da Saúde

por processo administrativo, assegurado o A PRESIDENTA DA REPÚBLICA


contraditório e a ampla defesa, haverá a Faço saber que o Congresso Nacional
perda do cargo. decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
§ 2º (VETADO).
LIVRO I
Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data PARTE GERAL
de sua publicação. TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Brasília, 27 de dezembro de 2012; CAPÍTULO I
191º da Independência e 124º da DISPOSIÇÕES GERAIS
República.
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de
DILMA ROUSSEFF Inclusão da Pessoa com Deficiência
José Henrique Paim Fernandes (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
Miriam Belchior destinada a assegurar e a promover, em
condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por
pessoa com deficiência, visando à sua
Lei Federal nº. 13.146/2015 (Estatuto da
inclusão social e cidadania.
Pessoa com Deficiência) e alterações
Parágrafo único. Esta Lei tem como base
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo
ESTATUTO DA PESSOA COM Facultativo, ratificados pelo Congresso
DEFICIÊNCIA Nacional por meio do Decreto Legislativo
nº 186, de 9 de julho de 2008 , em
A Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, conformidade com o procedimento previsto
conhecida como a Lei Brasileira de no § 3º do art. 5º da Constituição da
Inclusão da Pessoa com Deficiência ou República Federativa do Brasil , em vigor
Estatuto da Pessoa com Deficiência, além para o Brasil, no plano jurídico externo,
de definir variados conceitos, como desde 31 de agosto de 2008, e promulgados
deficiência, acessibilidade, entre outros, e pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
estabelecer variados direitos às pessoas 2009 , data de início de sua vigência no
com deficiência com o objetivo de plano interno.
promover a igualdade, a inclusão social e o
exercício da cidadania, trouxe diversas Art. 2º Considera-se pessoa com
alterações na legislação brasileira, deficiência aquela que tem impedimento de
relacionadas ao direito administrativo, longo prazo de natureza física, mental,
como licitações e improbidade intelectual ou sensorial, o qual, em
administrativa, ao direito urbanístico, entre interação com uma ou mais barreiras, pode
outros. obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE as demais pessoas.
2015.8 § 1º A avaliação da deficiência, quando
necessária, será biopsicossocial, realizada
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da por equipe multiprofissional e
Pessoa com Deficiência (Estatuto da interdisciplinar e considerará: (Vide
Pessoa com Deficiência). Decreto nº 11.063, de 2022)
I - os impedimentos nas funções e nas

8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm - visitado em 29.12.2022.

185
Legislação Básica da Saúde

estruturas do corpo; a) barreiras urbanísticas: as existentes


II - os fatores socioambientais, nas vias e nos espaços públicos e privados
psicológicos e pessoais; abertos ao público ou de uso coletivo;
III - a limitação no desempenho de b) barreiras arquitetônicas: as existentes
atividades; e nos edifícios públicos e privados;
IV - a restrição de participação. c) barreiras nos transportes: as existentes
§ 2º O Poder Executivo criará nos sistemas e meios de transportes;
instrumentos para avaliação da deficiência. d) barreiras nas comunicações e na
(Vide Lei nº 13.846, de 2019) (Vide Lei nº informação: qualquer entrave, obstáculo,
14.126, de 2021) atitude ou comportamento que dificulte ou
impossibilite a expressão ou o recebimento
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, de mensagens e de informações por
consideram-se: intermédio de sistemas de comunicação e
I - acessibilidade: possibilidade e de tecnologia da informação;
condição de alcance para utilização, com e) barreiras atitudinais: atitudes ou
segurança e autonomia, de espaços, comportamentos que impeçam ou
mobiliários, equipamentos urbanos, prejudiquem a participação social da pessoa
edificações, transportes, informação e com deficiência em igualdade de condições
comunicação, inclusive seus sistemas e e oportunidades com as demais pessoas;
tecnologias, bem como de outros serviços e f) barreiras tecnológicas: as que
instalações abertos ao público, de uso dificultam ou impedem o acesso da pessoa
público ou privados de uso coletivo, tanto com deficiência às tecnologias;
na zona urbana como na rural, por pessoa V - comunicação: forma de interação dos
com deficiência ou com mobilidade cidadãos que abrange, entre outras opções,
reduzida; as línguas, inclusive a Língua Brasileira de
II - desenho universal: concepção de Sinais (Libras), a visualização de textos, o
produtos, ambientes, programas e serviços Braille, o sistema de sinalização ou de
a serem usados por todas as pessoas, sem comunicação tátil, os caracteres ampliados,
necessidade de adaptação ou de projeto os dispositivos multimídia, assim como a
específico, incluindo os recursos de linguagem simples, escrita e oral, os
tecnologia assistiva; sistemas auditivos e os meios de voz
III - tecnologia assistiva ou ajuda digitalizados e os modos, meios e formatos
técnica: produtos, equipamentos, aumentativos e alternativos de
dispositivos, recursos, metodologias, comunicação, incluindo as tecnologias da
estratégias, práticas e serviços que informação e das comunicações;
objetivem promover a funcionalidade, VI - adaptações razoáveis: adaptações,
relacionada à atividade e à participação da modificações e ajustes necessários e
pessoa com deficiência ou com mobilidade adequados que não acarretem ônus
reduzida, visando à sua autonomia, desproporcional e indevido, quando
independência, qualidade de vida e inclusão requeridos em cada caso, a fim de assegurar
social; que a pessoa com deficiência possa gozar
IV - barreiras: qualquer entrave, ou exercer, em igualdade de condições e
obstáculo, atitude ou comportamento que oportunidades com as demais pessoas,
limite ou impeça a participação social da todos os direitos e liberdades fundamentais;
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o VII - elemento de urbanização:
exercício de seus direitos à acessibilidade, à quaisquer componentes de obras de
liberdade de movimento e de expressão, à urbanização, tais como os referentes a
comunicação, ao acesso à informação, à pavimentação, saneamento, encanamento
compreensão, à circulação com segurança, para esgotos, distribuição de energia
entre outros, classificadas em: elétrica e de gás, iluminação pública,

186
Legislação Básica da Saúde

serviços de comunicação, abastecimento e diárias, excluídas as técnicas ou os


distribuição de água, paisagismo e os que procedimentos identificados com
materializam as indicações do profissões legalmente estabelecidas;
planejamento urbanístico; XIII - profissional de apoio escolar:
VIII - mobiliário urbano: conjunto de pessoa que exerce atividades de
objetos existentes nas vias e nos espaços alimentação, higiene e locomoção do
públicos, superpostos ou adicionados aos estudante com deficiência e atua em todas
elementos de urbanização ou de edificação, as atividades escolares nas quais se fizer
de forma que sua modificação ou seu necessária, em todos os níveis e
traslado não provoque alterações modalidades de ensino, em instituições
substanciais nesses elementos, tais como públicas e privadas, excluídas as técnicas
semáforos, postes de sinalização e ou os procedimentos identificados com
similares, terminais e pontos de acesso profissões legalmente estabelecidas;
coletivo às telecomunicações, fontes de XIV - acompanhante: aquele que
água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, acompanha a pessoa com deficiência,
quiosques e quaisquer outros de natureza podendo ou não desempenhar as funções de
análoga; atendente pessoal.
IX - pessoa com mobilidade reduzida:
aquela que tenha, por qualquer motivo, CAPÍTULO II
dificuldade de movimentação, permanente DA IGUALDADE E DA NÃO
ou temporária, gerando redução efetiva da DISCRIMINAÇÃO
mobilidade, da flexibilidade, da
coordenação motora ou da percepção, Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem
incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa direito à igualdade de oportunidades com as
com criança de colo e obeso; demais pessoas e não sofrerá nenhuma
X - residências inclusivas: unidades de espécie de discriminação.
oferta do Serviço de Acolhimento do § 1º Considera-se discriminação em
Sistema Único de Assistência Social (Suas) razão da deficiência toda forma de
localizadas em áreas residenciais da distinção, restrição ou exclusão, por ação
comunidade, com estruturas adequadas, ou omissão, que tenha o propósito ou o
que possam contar com apoio psicossocial efeito de prejudicar, impedir ou anular o
para o atendimento das necessidades da reconhecimento ou o exercício dos direitos
pessoa acolhida, destinadas a jovens e e das liberdades fundamentais de pessoa
adultos com deficiência, em situação de com deficiência, incluindo a recusa de
dependência, que não dispõem de adaptações razoáveis e de fornecimento de
condições de autossustentabilidade e com tecnologias assistivas.
vínculos familiares fragilizados ou § 2º A pessoa com deficiência não está
rompidos; obrigada à fruição de benefícios
XI - moradia para a vida independente da decorrentes de ação afirmativa.
pessoa com deficiência: moradia com
estruturas adequadas capazes de Art. 5º A pessoa com deficiência será
proporcionar serviços de apoio coletivos e protegida de toda forma de negligência,
individualizados que respeitem e ampliem discriminação, exploração, violência,
o grau de autonomia de jovens e adultos tortura, crueldade, opressão e tratamento
com deficiência; desumano ou degradante.
XII - atendente pessoal: pessoa, membro Parágrafo único. Para os fins da proteção
ou não da família, que, com ou sem mencionada no caput deste artigo, são
remuneração, assiste ou presta cuidados considerados especialmente vulneráveis a
básicos e essenciais à pessoa com criança, o adolescente, a mulher e o idoso,
deficiência no exercício de suas atividades com deficiência.

187
Legislação Básica da Saúde

Art. 6º A deficiência não afeta a plena Seção Única


capacidade civil da pessoa, inclusive para: Do Atendimento Prioritário
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e Art. 9º A pessoa com deficiência tem
reprodutivos; direito a receber atendimento prioritário,
III - exercer o direito de decidir sobre o sobretudo com a finalidade de:
número de filhos e de ter acesso a I - proteção e socorro em quaisquer
informações adequadas sobre reprodução e circunstâncias;
planejamento familiar; II - atendimento em todas as instituições
IV - conservar sua fertilidade, sendo e serviços de atendimento ao público;
vedada a esterilização compulsória; III - disponibilização de recursos, tanto
V - exercer o direito à família e à humanos quanto tecnológicos, que
convivência familiar e comunitária; e garantam atendimento em igualdade de
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, condições com as demais pessoas;
à curatela e à adoção, como adotante ou IV - disponibilização de pontos de
adotando, em igualdade de oportunidades parada, estações e terminais acessíveis de
com as demais pessoas. transporte coletivo de passageiros e
garantia de segurança no embarque e no
Art. 7º É dever de todos comunicar à desembarque;
autoridade competente qualquer forma de V - acesso a informações e
ameaça ou de violação aos direitos da disponibilização de recursos de
pessoa com deficiência. comunicação acessíveis;
Parágrafo único. Se, no exercício de suas VI - recebimento de restituição de
funções, os juízes e os tribunais tiverem imposto de renda;
conhecimento de fatos que caracterizem as VII - tramitação processual e
violações previstas nesta Lei, devem procedimentos judiciais e administrativos
remeter peças ao Ministério Público para as em que for parte ou interessada, em todos
providências cabíveis. os atos e diligências.
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são
Art. 8º É dever do Estado, da sociedade extensivos ao acompanhante da pessoa com
e da família assegurar à pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal,
deficiência, com prioridade, a efetivação exceto quanto ao disposto nos incisos VI e
dos direitos referentes à vida, à saúde, à VII deste artigo.
sexualidade, à paternidade e à maternidade, § 2º Nos serviços de emergência
à alimentação, à habitação, à educação, à públicos e privados, a prioridade conferida
profissionalização, ao trabalho, à por esta Lei é condicionada aos protocolos
previdência social, à habilitação e à de atendimento médico.
reabilitação, ao transporte, à acessibilidade,
à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, TÍTULO II
à informação, à comunicação, aos avanços DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
científicos e tecnológicos, à dignidade, ao CAPÍTULO I
respeito, à liberdade, à convivência familiar DO DIREITO À VIDA
e comunitária, entre outros decorrentes da
Constituição Federal, da Convenção sobre Art. 10. Compete ao poder público
os Direitos das Pessoas com Deficiência e garantir a dignidade da pessoa com
seu Protocolo Facultativo e das leis e de deficiência ao longo de toda a vida.
outras normas que garantam seu bem-estar Parágrafo único. Em situações de risco,
pessoal, social e econômico. emergência ou estado de calamidade
pública, a pessoa com deficiência será
considerada vulnerável, devendo o poder

188
Legislação Básica da Saúde

público adotar medidas para sua proteção e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais,
segurança. psicossociais, atitudinais, profissionais e
artísticas que contribuam para a conquista
Art. 11. A pessoa com deficiência não da autonomia da pessoa com deficiência e
poderá ser obrigada a se submeter a de sua participação social em igualdade de
intervenção clínica ou cirúrgica, a condições e oportunidades com as demais
tratamento ou a institucionalização forçada. pessoas.
Parágrafo único. O consentimento da
pessoa com deficiência em situação de Art. 15. O processo mencionado no art.
curatela poderá ser suprido, na forma da lei. 14 desta Lei baseia-se em avaliação
multidisciplinar das necessidades,
Art. 12. O consentimento prévio, livre e habilidades e potencialidades de cada
esclarecido da pessoa com deficiência é pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
indispensável para a realização de I - diagnóstico e intervenção precoces;
tratamento, procedimento, hospitalização e II - adoção de medidas para compensar
pesquisa científica. perda ou limitação funcional, buscando o
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência desenvolvimento de aptidões;
em situação de curatela, deve ser III - atuação permanente, integrada e
assegurada sua participação, no maior grau articulada de políticas públicas que
possível, para a obtenção de consentimento. possibilitem a plena participação social da
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência;
pessoa com deficiência em situação de IV - oferta de rede de serviços
tutela ou de curatela deve ser realizada, em articulados, com atuação intersetorial, nos
caráter excepcional, apenas quando houver diferentes níveis de complexidade, para
indícios de benefício direto para sua saúde atender às necessidades específicas da
ou para a saúde de outras pessoas com pessoa com deficiência;
deficiência e desde que não haja outra V - prestação de serviços próximo ao
opção de pesquisa de eficácia comparável domicílio da pessoa com deficiência,
com participantes não tutelados ou inclusive na zona rural, respeitadas a
curatelados. organização das Redes de Atenção à Saúde
(RAS) nos territórios locais e as normas do
Art. 13. A pessoa com deficiência Sistema Único de Saúde (SUS).
somente será atendida sem seu
consentimento prévio, livre e esclarecido Art. 16. Nos programas e serviços de
em casos de risco de morte e de emergência habilitação e de reabilitação para a pessoa
em saúde, resguardado seu superior com deficiência, são garantidos:
interesse e adotadas as salvaguardas legais I - organização, serviços, métodos,
cabíveis. técnicas e recursos para atender às
características de cada pessoa com
CAPÍTULO II deficiência;
DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À II - acessibilidade em todos os ambientes
REABILITAÇÃO e serviços;
III - tecnologia assistiva, tecnologia de
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação, materiais e equipamentos
reabilitação é um direito da pessoa com adequados e apoio técnico profissional, de
deficiência. acordo com as especificidades de cada
Parágrafo único. O processo de pessoa com deficiência;
habilitação e de reabilitação tem por IV - capacitação continuada de todos os
objetivo o desenvolvimento de profissionais que participem dos programas
potencialidades, talentos, habilidades e e serviços.

189
Legislação Básica da Saúde

reabilitação sempre que necessários, para


Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas qualquer tipo de deficiência, inclusive para
deverão promover ações articuladas para a manutenção da melhor condição de saúde
garantir à pessoa com deficiência e sua e qualidade de vida;
família a aquisição de informações, III - atendimento domiciliar
orientações e formas de acesso às políticas multidisciplinar, tratamento ambulatorial e
públicas disponíveis, com a finalidade de internação;
propiciar sua plena participação social. IV - campanhas de vacinação;
Parágrafo único. Os serviços de que trata V - atendimento psicológico, inclusive
o caput deste artigo podem fornecer para seus familiares e atendentes pessoais;
informações e orientações nas áreas de VI - respeito à especificidade, à
saúde, de educação, de cultura, de esporte, identidade de gênero e à orientação sexual
de lazer, de transporte, de previdência da pessoa com deficiência;
social, de assistência social, de habitação, VII - atenção sexual e reprodutiva,
de trabalho, de empreendedorismo, de incluindo o direito à fertilização assistida;
acesso ao crédito, de promoção, proteção e VIII - informação adequada e acessível à
defesa de direitos e nas demais áreas que pessoa com deficiência e a seus familiares
possibilitem à pessoa com deficiência sobre sua condição de saúde;
exercer sua cidadania. IX - serviços projetados para prevenir a
ocorrência e o desenvolvimento de
CAPÍTULO III deficiências e agravos adicionais;
DO DIREITO À SAÚDE X - promoção de estratégias de
capacitação permanente das equipes que
Art. 18. É assegurada atenção integral à atuam no SUS, em todos os níveis de
saúde da pessoa com deficiência em todos atenção, no atendimento à pessoa com
os níveis de complexidade, por intermédio deficiência, bem como orientação a seus
do SUS, garantido acesso universal e atendentes pessoais;
igualitário. XI - oferta de órteses, próteses, meios
§ 1º É assegurada a participação da auxiliares de locomoção, medicamentos,
pessoa com deficiência na elaboração das insumos e fórmulas nutricionais, conforme
políticas de saúde a ela destinadas. as normas vigentes do Ministério da Saúde.
§ 2º É assegurado atendimento segundo § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se
normas éticas e técnicas, que também às instituições privadas que
regulamentarão a atuação dos profissionais participem de forma complementar do SUS
de saúde e contemplarão aspectos ou que recebam recursos públicos para sua
relacionados aos direitos e às manutenção.
especificidades da pessoa com deficiência,
incluindo temas como sua dignidade e Art. 19. Compete ao SUS desenvolver
autonomia. ações destinadas à prevenção de
§ 3º Aos profissionais que prestam deficiências por causas evitáveis, inclusive
assistência à pessoa com deficiência, por meio de:
especialmente em serviços de habilitação e I - acompanhamento da gravidez, do
de reabilitação, deve ser garantida parto e do puerpério, com garantia de parto
capacitação inicial e continuada. humanizado e seguro;
§ 4º As ações e os serviços de saúde II - promoção de práticas alimentares
pública destinados à pessoa com deficiência adequadas e saudáveis, vigilância alimentar
devem assegurar: e nutricional, prevenção e cuidado integral
I - diagnóstico e intervenção precoces, dos agravos relacionados à alimentação e
realizados por equipe multidisciplinar; nutrição da mulher e da criança;
II - serviços de habilitação e de III - aprimoramento e expansão dos

190
Legislação Básica da Saúde

programas de imunização e de triagem deficiência o acesso aos serviços de saúde,


neonatal; tanto públicos como privados, e às
IV - identificação e controle da gestante informações prestadas e recebidas, por
de alto risco. meio de recursos de tecnologia assistiva e
V - aprimoramento do atendimento de todas as formas de comunicação
neonatal, com a oferta de ações e serviços previstas no inciso V do art. 3º desta Lei.
de prevenção de danos cerebrais e sequelas
neurológicas em recém-nascidos, inclusive Art. 25. Os espaços dos serviços de
por telessaúde. (Incluído pela Lei nº saúde, tanto públicos quanto privados,
14.510, de 2022) devem assegurar o acesso da pessoa com
deficiência, em conformidade com a
Art. 20. As operadoras de planos e legislação em vigor, mediante a remoção de
seguros privados de saúde são obrigadas a barreiras, por meio de projetos
garantir à pessoa com deficiência, no arquitetônico, de ambientação de interior e
mínimo, todos os serviços e produtos de comunicação que atendam às
ofertados aos demais clientes. especificidades das pessoas com
deficiência física, sensorial, intelectual e
Art. 21. Quando esgotados os meios de mental.
atenção à saúde da pessoa com deficiência
no local de residência, será prestado Art. 26. Os casos de suspeita ou de
atendimento fora de domicílio, para fins de confirmação de violência praticada contra a
diagnóstico e de tratamento, garantidos o pessoa com deficiência serão objeto de
transporte e a acomodação da pessoa com notificação compulsória pelos serviços de
deficiência e de seu acompanhante. saúde públicos e privados à autoridade
policial e ao Ministério Público, além dos
Art. 22. À pessoa com deficiência Conselhos dos Direitos da Pessoa com
internada ou em observação é assegurado o Deficiência.
direito a acompanhante ou a atendente Parágrafo único. Para os efeitos desta
pessoal, devendo o órgão ou a instituição de Lei, considera-se violência contra a pessoa
saúde proporcionar condições adequadas com deficiência qualquer ação ou omissão,
para sua permanência em tempo integral. praticada em local público ou privado, que
§ 1º Na impossibilidade de permanência lhe cause morte ou dano ou sofrimento
do acompanhante ou do atendente pessoal físico ou psicológico.
junto à pessoa com deficiência, cabe ao
profissional de saúde responsável pelo CAPÍTULO IV
tratamento justificá-la por escrito. DO DIREITO À EDUCAÇÃO
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade
prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a Art. 27. A educação constitui direito da
instituição de saúde deve adotar as pessoa com deficiência, assegurados
providências cabíveis para suprir a ausência sistema educacional inclusivo em todos os
do acompanhante ou do atendente pessoal. níveis e aprendizado ao longo de toda a
vida, de forma a alcançar o máximo
Art. 23. São vedadas todas as formas de desenvolvimento possível de seus talentos e
discriminação contra a pessoa com habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
deficiência, inclusive por meio de cobrança sociais, segundo suas características,
de valores diferenciados por planos e interesses e necessidades de aprendizagem.
seguros privados de saúde, em razão de sua Parágrafo único. É dever do Estado, da
condição. família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade
Art. 24. É assegurado à pessoa com à pessoa com deficiência, colocando-a a

191
Legislação Básica da Saúde

salvo de toda forma de violência, escolar;


negligência e discriminação. IX - adoção de medidas de apoio que
favoreçam o desenvolvimento dos aspectos
Art. 28. Incumbe ao poder público linguísticos, culturais, vocacionais e
assegurar, criar, desenvolver, implementar, profissionais, levando-se em conta o
incentivar, acompanhar e avaliar: talento, a criatividade, as habilidades e os
I - sistema educacional inclusivo em interesses do estudante com deficiência;
todos os níveis e modalidades, bem como o X - adoção de práticas pedagógicas
aprendizado ao longo de toda a vida; inclusivas pelos programas de formação
II - aprimoramento dos sistemas inicial e continuada de professores e oferta
educacionais, visando a garantir condições de formação continuada para o atendimento
de acesso, permanência, participação e educacional especializado;
aprendizagem, por meio da oferta de XI - formação e disponibilização de
serviços e de recursos de acessibilidade que professores para o atendimento educacional
eliminem as barreiras e promovam a especializado, de tradutores e intérpretes da
inclusão plena; Libras, de guias intérpretes e de
III - projeto pedagógico que profissionais de apoio;
institucionalize o atendimento educacional XII - oferta de ensino da Libras, do
especializado, assim como os demais Sistema Braille e de uso de recursos de
serviços e adaptações razoáveis, para tecnologia assistiva, de forma a ampliar
atender às características dos estudantes habilidades funcionais dos estudantes,
com deficiência e garantir o seu pleno promovendo sua autonomia e participação;
acesso ao currículo em condições de XIII - acesso à educação superior e à
igualdade, promovendo a conquista e o educação profissional e tecnológica em
exercício de sua autonomia; igualdade de oportunidades e condições
IV - oferta de educação bilíngue, em com as demais pessoas;
Libras como primeira língua e na XIV - inclusão em conteúdos
modalidade escrita da língua portuguesa curriculares, em cursos de nível superior e
como segunda língua, em escolas e classes de educação profissional técnica e
bilíngues e em escolas inclusivas; tecnológica, de temas relacionados à pessoa
V - adoção de medidas individualizadas com deficiência nos respectivos campos de
e coletivas em ambientes que maximizem o conhecimento;
desenvolvimento acadêmico e social dos XV - acesso da pessoa com deficiência,
estudantes com deficiência, favorecendo o em igualdade de condições, a jogos e a
acesso, a permanência, a participação e a atividades recreativas, esportivas e de lazer,
aprendizagem em instituições de ensino; no sistema escolar;
VI - pesquisas voltadas para o XVI - acessibilidade para todos os
desenvolvimento de novos métodos e estudantes, trabalhadores da educação e
técnicas pedagógicas, de materiais demais integrantes da comunidade escolar
didáticos, de equipamentos e de recursos de às edificações, aos ambientes e às
tecnologia assistiva; atividades concernentes a todas as
VII - planejamento de estudo de caso, de modalidades, etapas e níveis de ensino;
elaboração de plano de atendimento XVII - oferta de profissionais de apoio
educacional especializado, de organização escolar;
de recursos e serviços de acessibilidade e de XVIII - articulação intersetorial na
disponibilização e usabilidade pedagógica implementação de políticas públicas.
de recursos de tecnologia assistiva; § 1º Às instituições privadas, de
VIII - participação dos estudantes com qualquer nível e modalidade de ensino,
deficiência e de suas famílias nas diversas aplica-se obrigatoriamente o disposto nos
instâncias de atuação da comunidade incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII,

192
Legislação Básica da Saúde

XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do para seleção quanto nas atividades
caput deste artigo, sendo vedada a cobrança acadêmicas, mediante prévia solicitação e
de valores adicionais de qualquer natureza comprovação da necessidade;
em suas mensalidades, anuidades e VI - adoção de critérios de avaliação das
matrículas no cumprimento dessas provas escritas, discursivas ou de redação
determinações. que considerem a singularidade linguística
§ 2º Na disponibilização de tradutores e da pessoa com deficiência, no domínio da
intérpretes da Libras a que se refere o inciso modalidade escrita da língua portuguesa;
XI do caput deste artigo, deve-se observar o VII - tradução completa do edital e de
seguinte: suas retificações em Libras.
I - os tradutores e intérpretes da Libras
atuantes na educação básica devem, no CAPÍTULO V
mínimo, possuir ensino médio completo e DO DIREITO À MORADIA
certificado de proficiência na Libras;
II - os tradutores e intérpretes da Libras, Art. 31. A pessoa com deficiência tem
quando direcionados à tarefa de interpretar direito à moradia digna, no seio da família
nas salas de aula dos cursos de graduação e natural ou substituta, com seu cônjuge ou
pós-graduação, devem possuir nível companheiro ou desacompanhada, ou em
superior, com habilitação, prioritariamente, moradia para a vida independente da pessoa
em Tradução e Interpretação em Libras. com deficiência, ou, ainda, em residência
inclusiva.
Art. 29. (VETADO). § 1º O poder público adotará programas
e ações estratégicas para apoiar a criação e
Art. 30. Nos processos seletivos para a manutenção de moradia para a vida
ingresso e permanência nos cursos independente da pessoa com deficiência.
oferecidos pelas instituições de ensino § 2º A proteção integral na modalidade
superior e de educação profissional e de residência inclusiva será prestada no
tecnológica, públicas e privadas, devem ser âmbito do Suas à pessoa com deficiência
adotadas as seguintes medidas: em situação de dependência que não
I - atendimento preferencial à pessoa disponha de condições de
com deficiência nas dependências das autossustentabilidade, com vínculos
Instituições de Ensino Superior (IES) e nos familiares fragilizados ou rompidos.
serviços;
II - disponibilização de formulário de Art. 32. Nos programas habitacionais,
inscrição de exames com campos públicos ou subsidiados com recursos
específicos para que o candidato com públicos, a pessoa com deficiência ou o seu
deficiência informe os recursos de responsável goza de prioridade na aquisição
acessibilidade e de tecnologia assistiva de imóvel para moradia própria, observado
necessários para sua participação; o seguinte:
III - disponibilização de provas em I - reserva de, no mínimo, 3% (três por
formatos acessíveis para atendimento às cento) das unidades habitacionais para
necessidades específicas do candidato com pessoa com deficiência;
deficiência; II - (VETADO);
IV - disponibilização de recursos de III - em caso de edificação multifamiliar,
acessibilidade e de tecnologia assistiva garantia de acessibilidade nas áreas de uso
adequados, previamente solicitados e comum e nas unidades habitacionais no
escolhidos pelo candidato com deficiência; piso térreo e de acessibilidade ou de
V - dilação de tempo, conforme adaptação razoável nos demais pisos;
demanda apresentada pelo candidato com IV - disponibilização de equipamentos
deficiência, tanto na realização de exame urbanos comunitários acessíveis;

193
Legislação Básica da Saúde

V - elaboração de especificações pessoa com deficiência e qualquer


técnicas no projeto que permitam a discriminação em razão de sua condição,
instalação de elevadores. inclusive nas etapas de recrutamento,
§ 1º O direito à prioridade, previsto no seleção, contratação, admissão, exames
caput deste artigo, será reconhecido à admissional e periódico, permanência no
pessoa com deficiência beneficiária apenas emprego, ascensão profissional e
uma vez. reabilitação profissional, bem como
§ 2º Nos programas habitacionais exigência de aptidão plena.
públicos, os critérios de financiamento § 4º A pessoa com deficiência tem
devem ser compatíveis com os rendimentos direito à participação e ao acesso a cursos,
da pessoa com deficiência ou de sua treinamentos, educação continuada, planos
família. de carreira, promoções, bonificações e
§ 3º Caso não haja pessoa com incentivos profissionais oferecidos pelo
deficiência interessada nas unidades empregador, em igualdade de
habitacionais reservadas por força do oportunidades com os demais empregados.
disposto no inciso I do caput deste artigo, as § 5º É garantida aos trabalhadores com
unidades não utilizadas serão deficiência acessibilidade em cursos de
disponibilizadas às demais pessoas. formação e de capacitação.

Art. 33. Ao poder público compete: Art. 35. É finalidade primordial das
I - adotar as providências necessárias políticas públicas de trabalho e emprego
para o cumprimento do disposto nos arts. 31 promover e garantir condições de acesso e
e 32 desta Lei; e de permanência da pessoa com deficiência
II - divulgar, para os agentes no campo de trabalho.
interessados e beneficiários, a política Parágrafo único. Os programas de
habitacional prevista nas legislações estímulo ao empreendedorismo e ao
federal, estaduais, distrital e municipais, trabalho autônomo, incluídos o
com ênfase nos dispositivos sobre cooperativismo e o associativismo, devem
acessibilidade. prever a participação da pessoa com
deficiência e a disponibilização de linhas de
CAPÍTULO VI crédito, quando necessárias.
DO DIREITO AO TRABALHO
Seção I Seção II
Disposições Gerais Da Habilitação Profissional e
Reabilitação Profissional
Art. 34. A pessoa com deficiência tem
direito ao trabalho de sua livre escolha e Art. 36. O poder público deve
aceitação, em ambiente acessível e implementar serviços e programas
inclusivo, em igualdade de oportunidades completos de habilitação profissional e de
com as demais pessoas. reabilitação profissional para que a pessoa
§ 1º As pessoas jurídicas de direito com deficiência possa ingressar, continuar
público, privado ou de qualquer natureza ou retornar ao campo do trabalho,
são obrigadas a garantir ambientes de respeitados sua livre escolha, sua vocação e
trabalho acessíveis e inclusivos. seu interesse.
§ 2º A pessoa com deficiência tem § 1º Equipe multidisciplinar indicará,
direito, em igualdade de oportunidades com com base em critérios previstos no § 1º do
as demais pessoas, a condições justas e art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou
favoráveis de trabalho, incluindo igual de reabilitação que possibilite à pessoa com
remuneração por trabalho de igual valor. deficiência restaurar sua capacidade e
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da habilidade profissional ou adquirir novas

194
Legislação Básica da Saúde

capacidades e habilidades de trabalho. pessoa com deficiência no trabalho a


§ 2º A habilitação profissional colocação competitiva, em igualdade de
corresponde ao processo destinado a oportunidades com as demais pessoas, nos
propiciar à pessoa com deficiência termos da legislação trabalhista e
aquisição de conhecimentos, habilidades e previdenciária, na qual devem ser atendidas
aptidões para exercício de profissão ou de as regras de acessibilidade, o fornecimento
ocupação, permitindo nível suficiente de de recursos de tecnologia assistiva e a
desenvolvimento profissional para ingresso adaptação razoável no ambiente de
no campo de trabalho. trabalho.
§ 3º Os serviços de habilitação Parágrafo único. A colocação
profissional, de reabilitação profissional e competitiva da pessoa com deficiência pode
de educação profissional devem ser dotados ocorrer por meio de trabalho com apoio,
de recursos necessários para atender a toda observadas as seguintes diretrizes:
pessoa com deficiência, I - prioridade no atendimento à pessoa
independentemente de sua característica com deficiência com maior dificuldade de
específica, a fim de que ela possa ser inserção no campo de trabalho;
capacitada para trabalho que lhe seja II - provisão de suportes
adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de individualizados que atendam a
conservá-lo e de nele progredir. necessidades específicas da pessoa com
§ 4º Os serviços de habilitação deficiência, inclusive a disponibilização de
profissional, de reabilitação profissional e recursos de tecnologia assistiva, de agente
de educação profissional deverão ser facilitador e de apoio no ambiente de
oferecidos em ambientes acessíveis e trabalho;
inclusivos. III - respeito ao perfil vocacional e ao
§ 5º A habilitação profissional e a interesse da pessoa com deficiência
reabilitação profissional devem ocorrer apoiada;
articuladas com as redes públicas e IV - oferta de aconselhamento e de apoio
privadas, especialmente de saúde, de ensino aos empregadores, com vistas à definição
e de assistência social, em todos os níveis e de estratégias de inclusão e de superação de
modalidades, em entidades de formação barreiras, inclusive atitudinais;
profissional ou diretamente com o V - realização de avaliações periódicas;
empregador. VI - articulação intersetorial das
§ 6º A habilitação profissional pode políticas públicas;
ocorrer em empresas por meio de prévia VII - possibilidade de participação de
formalização do contrato de emprego da organizações da sociedade civil.
pessoa com deficiência, que será
considerada para o cumprimento da reserva Art. 38. A entidade contratada para a
de vagas prevista em lei, desde que por realização de processo seletivo público ou
tempo determinado e concomitante com a privado para cargo, função ou emprego está
inclusão profissional na empresa, obrigada à observância do disposto nesta
observado o disposto em regulamento. Lei e em outras normas de acessibilidade
§ 7º A habilitação profissional e a vigentes.
reabilitação profissional atenderão à pessoa
com deficiência. CAPÍTULO VII
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA
Seção III SOCIAL
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência
no Trabalho Art. 39. Os serviços, os programas, os
projetos e os benefícios no âmbito da
Art. 37. Constitui modo de inclusão da política pública de assistência social à

195
Legislação Básica da Saúde

pessoa com deficiência e sua família têm I - a bens culturais em formato acessível;
como objetivo a garantia da segurança de II - a programas de televisão, cinema,
renda, da acolhida, da habilitação e da teatro e outras atividades culturais e
reabilitação, do desenvolvimento da desportivas em formato acessível; e
autonomia e da convivência familiar e III - a monumentos e locais de
comunitária, para a promoção do acesso a importância cultural e a espaços que
direitos e da plena participação social. ofereçam serviços ou eventos culturais e
§ 1º A assistência social à pessoa com esportivos.
deficiência, nos termos do caput deste § 1º É vedada a recusa de oferta de obra
artigo, deve envolver conjunto articulado intelectual em formato acessível à pessoa
de serviços do âmbito da Proteção Social com deficiência, sob qualquer argumento,
Básica e da Proteção Social Especial, inclusive sob a alegação de proteção dos
ofertados pelo Suas, para a garantia de direitos de propriedade intelectual.
seguranças fundamentais no enfrentamento § 2º O poder público deve adotar
de situações de vulnerabilidade e de risco, soluções destinadas à eliminação, à redução
por fragilização de vínculos e ameaça ou ou à superação de barreiras para a
violação de direitos. promoção do acesso a todo patrimônio
§ 2º Os serviços socioassistenciais cultural, observadas as normas de
destinados à pessoa com deficiência em acessibilidade, ambientais e de proteção do
situação de dependência deverão contar patrimônio histórico e artístico nacional.
com cuidadores sociais para prestar-lhe
cuidados básicos e instrumentais. Art. 43. O poder público deve promover
a participação da pessoa com deficiência
Art. 40. É assegurado à pessoa com em atividades artísticas, intelectuais,
deficiência que não possua meios para culturais, esportivas e recreativas, com
prover sua subsistência nem de tê-la vistas ao seu protagonismo, devendo:
provida por sua família o benefício mensal I - incentivar a provisão de instrução, de
de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da treinamento e de recursos adequados, em
Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 . igualdade de oportunidades com as demais
pessoas;
CAPÍTULO VIII II - assegurar acessibilidade nos locais
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA de eventos e nos serviços prestados por
SOCIAL pessoa ou entidade envolvida na
organização das atividades de que trata este
Art. 41. A pessoa com deficiência artigo; e
segurada do Regime Geral de Previdência III - assegurar a participação da pessoa
Social (RGPS) tem direito à aposentadoria com deficiência em jogos e atividades
nos termos da Lei Complementar nº 142, de recreativas, esportivas, de lazer, culturais e
8 de maio de 2013 . artísticas, inclusive no sistema escolar, em
igualdade de condições com as demais
CAPÍTULO IX pessoas.
DO DIREITO À CULTURA, AO
ESPORTE, AO TURISMO E AO Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios,
LAZER estádios, ginásios de esporte, locais de
espetáculos e de conferências e similares,
Art. 42. A pessoa com deficiência tem serão reservados espaços livres e assentos
direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao para a pessoa com deficiência, de acordo
lazer em igualdade de oportunidades com com a capacidade de lotação da edificação,
as demais pessoas, sendo-lhe garantido o observado o disposto em regulamento.
acesso: § 1º Os espaços e assentos a que se refere

196
Legislação Básica da Saúde

este artigo devem ser distribuídos pelo unidade acessível.


recinto em locais diversos, de boa § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º
visibilidade, em todos os setores, próximos deste artigo deverão ser localizados em
aos corredores, devidamente sinalizados, rotas acessíveis.
evitando-se áreas segregadas de público e
obstrução das saídas, em conformidade CAPÍTULO X
com as normas de acessibilidade. DO DIREITO AO TRANSPORTE E À
§ 2º No caso de não haver comprovada MOBILIDADE
procura pelos assentos reservados, esses
podem, excepcionalmente, ser ocupados Art. 46. O direito ao transporte e à
por pessoas sem deficiência ou que não mobilidade da pessoa com deficiência ou
tenham mobilidade reduzida, observado o com mobilidade reduzida será assegurado
disposto em regulamento. em igualdade de oportunidades com as
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere demais pessoas, por meio de identificação e
este artigo devem situar-se em locais que de eliminação de todos os obstáculos e
garantam a acomodação de, no mínimo, 1 barreiras ao seu acesso.
(um) acompanhante da pessoa com § 1º Para fins de acessibilidade aos
deficiência ou com mobilidade reduzida, serviços de transporte coletivo terrestre,
resguardado o direito de se acomodar aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições,
proximamente a grupo familiar e consideram-se como integrantes desses
comunitário. serviços os veículos, os terminais, as
§ 4º Nos locais referidos no caput deste estações, os pontos de parada, o sistema
artigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas viário e a prestação do serviço.
de fuga e saídas de emergência acessíveis, § 2º São sujeitas ao cumprimento das
conforme padrões das normas de disposições desta Lei, sempre que houver
acessibilidade, a fim de permitir a saída interação com a matéria nela regulada, a
segura da pessoa com deficiência ou com outorga, a concessão, a permissão, a
mobilidade reduzida, em caso de autorização, a renovação ou a habilitação de
emergência. linhas e de serviços de transporte coletivo.
§ 5º Todos os espaços das edificações § 3º Para colocação do símbolo
previstas no caput deste artigo devem internacional de acesso nos veículos, as
atender às normas de acessibilidade em empresas de transporte coletivo de
vigor. passageiros dependem da certificação de
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, acessibilidade emitida pelo gestor público
em todas as sessões, recursos de responsável pela prestação do serviço.
acessibilidade para a pessoa com
deficiência. Art. 47. Em todas as áreas de
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com estacionamento aberto ao público, de uso
deficiência não poderá ser superior ao valor público ou privado de uso coletivo e em
cobrado das demais pessoas. vias públicas, devem ser reservadas vagas
próximas aos acessos de circulação de
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares pedestres, devidamente sinalizadas, para
devem ser construídos observando-se os veículos que transportem pessoa com
princípios do desenho universal, além de deficiência com comprometimento de
adotar todos os meios de acessibilidade, mobilidade, desde que devidamente
conforme legislação em vigor. identificados.
§ 1º Os estabelecimentos já existentes § 1º As vagas a que se refere o caput
deverão disponibilizar, pelo menos, 10% deste artigo devem equivaler a 2% (dois por
(dez por cento) de seus dormitórios cento) do total, garantida, no mínimo, 1
acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) (uma) vaga devidamente sinalizada e com

197
Legislação Básica da Saúde

as especificações de desenho e traçado de fabricação de veículos acessíveis e a sua


acordo com as normas técnicas vigentes de utilização como táxis e vans, de forma a
acessibilidade. garantir o seu uso por todas as pessoas.
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas
reservadas devem exibir, em local de ampla Art. 51. As frotas de empresas de táxi
visibilidade, a credencial de beneficiário, a devem reservar 10% (dez por cento) de seus
ser confeccionada e fornecida pelos órgãos veículos acessíveis à pessoa com
de trânsito, que disciplinarão suas deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de
características e condições de uso. 2019)
§ 3º A utilização indevida das vagas de § 1º É proibida a cobrança diferenciada
que trata este artigo sujeita os infratores às de tarifas ou de valores adicionais pelo
sanções previstas no inciso XX do art. 181 serviço de táxi prestado à pessoa com
da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 deficiência.
(Código de Trânsito Brasileiro). § 2º O poder público é autorizado a
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) instituir incentivos fiscais com vistas a
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º possibilitar a acessibilidade dos veículos a
deste artigo é vinculada à pessoa com que se refere o caput deste artigo.
deficiência que possui comprometimento
de mobilidade e é válida em todo o território Art. 52. As locadoras de veículos são
nacional. obrigadas a oferecer 1 (um) veículo
adaptado para uso de pessoa com
Art. 48. Os veículos de transporte deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte)
coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, as veículos de sua frota. (Vide Decreto nº
instalações, as estações, os portos e os 9.762, de 2019)
terminais em operação no País devem ser Parágrafo único. O veículo adaptado
acessíveis, de forma a garantir o seu uso por deverá ter, no mínimo, câmbio automático,
todas as pessoas. direção hidráulica, vidros elétricos e
§ 1º Os veículos e as estruturas de que comandos manuais de freio e de
trata o caput deste artigo devem dispor de embreagem.
sistema de comunicação acessível que
disponibilize informações sobre todos os TÍTULO III
pontos do itinerário. DA ACESSIBILIDADE
§ 2º São asseguradas à pessoa com CAPÍTULO I
deficiência prioridade e segurança nos DISPOSIÇÕES GERAIS
procedimentos de embarque e de
desembarque nos veículos de transporte Art. 53. A acessibilidade é direito que
coletivo, de acordo com as normas técnicas. garante à pessoa com deficiência ou com
§ 3º Para colocação do símbolo mobilidade reduzida viver de forma
internacional de acesso nos veículos, as independente e exercer seus direitos de
empresas de transporte coletivo de cidadania e de participação social.
passageiros dependem da certificação de
acessibilidade emitida pelo gestor público Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das
responsável pela prestação do serviço. disposições desta Lei e de outras normas
relativas à acessibilidade, sempre que
Art. 49. As empresas de transporte de houver interação com a matéria nela
fretamento e de turismo, na renovação de regulada:
suas frotas, são obrigadas ao cumprimento I - a aprovação de projeto arquitetônico
do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. e urbanístico ou de comunicação e
informação, a fabricação de veículos de
Art. 50. O poder público incentivará a transporte coletivo, a prestação do

198
Legislação Básica da Saúde

respectivo serviço e a execução de qualquer


tipo de obra, quando tenham destinação Art. 56. A construção, a reforma, a
pública ou coletiva; ampliação ou a mudança de uso de
II - a outorga ou a renovação de edificações abertas ao público, de uso
concessão, permissão, autorização ou público ou privadas de uso coletivo deverão
habilitação de qualquer natureza; ser executadas de modo a serem acessíveis.
III - a aprovação de financiamento de § 1º As entidades de fiscalização
projeto com utilização de recursos públicos, profissional das atividades de Engenharia,
por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a
contrato, convênio ou instrumento responsabilidade técnica de projetos,
congênere; e devem exigir a responsabilidade
IV - a concessão de aval da União para profissional declarada de atendimento às
obtenção de empréstimo e de financiamento regras de acessibilidade previstas em
internacionais por entes públicos ou legislação e em normas técnicas
privados. pertinentes.
§ 2º Para a aprovação, o licenciamento
Art. 55. A concepção e a implantação de ou a emissão de certificado de projeto
projetos que tratem do meio físico, de executivo arquitetônico, urbanístico e de
transporte, de informação e comunicação, instalações e equipamentos temporários ou
inclusive de sistemas e tecnologias da permanentes e para o licenciamento ou a
informação e comunicação, e de outros emissão de certificado de conclusão de obra
serviços, equipamentos e instalações ou de serviço, deve ser atestado o
abertos ao público, de uso público ou atendimento às regras de acessibilidade.
privado de uso coletivo, tanto na zona § 3º O poder público, após certificar a
urbana como na rural, devem atender aos acessibilidade de edificação ou de serviço,
princípios do desenho universal, tendo determinará a colocação, em espaços ou em
como referência as normas de locais de ampla visibilidade, do símbolo
acessibilidade. internacional de acesso, na forma prevista
§ 1º O desenho universal será sempre em legislação e em normas técnicas
tomado como regra de caráter geral. correlatas.
§ 2º Nas hipóteses em que
comprovadamente o desenho universal não Art. 57. As edificações públicas e
possa ser empreendido, deve ser adotada privadas de uso coletivo já existentes
adaptação razoável. devem garantir acessibilidade à pessoa com
§ 3º Caberá ao poder público promover deficiência em todas as suas dependências
a inclusão de conteúdos temáticos e serviços, tendo como referência as normas
referentes ao desenho universal nas de acessibilidade vigentes.
diretrizes curriculares da educação
profissional e tecnológica e do ensino Art. 58. O projeto e a construção de
superior e na formação das carreiras de edificação de uso privado multifamiliar
Estado. devem atender aos preceitos de
§ 4º Os programas, os projetos e as acessibilidade, na forma regulamentar.
linhas de pesquisa a serem desenvolvidos (Regulamento)
com o apoio de organismos públicos de § 1º As construtoras e incorporadoras
auxílio à pesquisa e de agências de fomento responsáveis pelo projeto e pela construção
deverão incluir temas voltados para o das edificações a que se refere o caput deste
desenho universal. artigo devem assegurar percentual mínimo
§ 5º Desde a etapa de concepção, as de suas unidades internamente acessíveis,
políticas públicas deverão considerar a na forma regulamentar.
adoção do desenho universal. § 2º É vedada a cobrança de valores

199
Legislação Básica da Saúde

adicionais para a aquisição de unidades cronograma e reserva de recursos para


internamente acessíveis a que se refere o § implementação das ações; e
1º deste artigo. II - planejamento contínuo e articulado
entre os setores envolvidos.
Art. 59. Em qualquer intervenção nas
vias e nos espaços públicos, o poder público Art. 62. É assegurado à pessoa com
e as empresas concessionárias responsáveis deficiência, mediante solicitação, o
pela execução das obras e dos serviços recebimento de contas, boletos, recibos,
devem garantir, de forma segura, a fluidez extratos e cobranças de tributos em formato
do trânsito e a livre circulação e acessível.
acessibilidade das pessoas, durante e após
sua execução. CAPÍTULO II
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À
Art. 60. Orientam-se, no que couber, COMUNICAÇÃO
pelas regras de acessibilidade previstas em
legislação e em normas técnicas, observado Art. 63. É obrigatória a acessibilidade
o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de nos sítios da internet mantidos por
dezembro de 2000, nº 10.257, de 10 de empresas com sede ou representação
julho de 2001, e nº 12.587, de 3 de janeiro comercial no País ou por órgãos de
de 2012: governo, para uso da pessoa com
I - os planos diretores municipais, os deficiência, garantindo-lhe acesso às
planos diretores de transporte e trânsito, os informações disponíveis, conforme as
planos de mobilidade urbana e os planos de melhores práticas e diretrizes de
preservação de sítios históricos elaborados acessibilidade adotadas
ou atualizados a partir da publicação desta internacionalmente.
Lei; § 1º Os sítios devem conter símbolo de
II - os códigos de obras, os códigos de acessibilidade em destaque.
postura, as leis de uso e ocupação do solo e § 2º Telecentros comunitários que
as leis do sistema viário; receberem recursos públicos federais para
III - os estudos prévios de impacto de seu custeio ou sua instalação e lan houses
vizinhança; devem possuir equipamentos e instalações
IV - as atividades de fiscalização e a acessíveis.
imposição de sanções; e § 3º Os telecentros e as lan houses de que
V - a legislação referente à prevenção trata o § 2º deste artigo devem garantir, no
contra incêndio e pânico. mínimo, 10% (dez por cento) de seus
§ 1º A concessão e a renovação de alvará computadores com recursos de
de funcionamento para qualquer atividade acessibilidade para pessoa com deficiência
são condicionadas à observação e à visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
certificação das regras de acessibilidade. equipamento, quando o resultado
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou percentual for inferior a 1 (um).
de habilitação equivalente e sua renovação,
quando esta tiver sido emitida Art. 64. A acessibilidade nos sítios da
anteriormente às exigências de internet de que trata o art. 63 desta Lei deve
acessibilidade, é condicionada à observação ser observada para obtenção do
e à certificação das regras de acessibilidade. financiamento de que trata o inciso III do
art. 54 desta Lei.
Art. 61. A formulação, a implementação
e a manutenção das ações de acessibilidade Art. 65. As empresas prestadoras de
atenderão às seguintes premissas básicas: serviços de telecomunicações deverão
I - eleição de prioridades, elaboração de garantir pleno acesso à pessoa com

200
Legislação Básica da Saúde

deficiência, conforme regulamentação Art. 69. O poder público deve assegurar


específica. a disponibilidade de informações corretas e
claras sobre os diferentes produtos e
Art. 66. Cabe ao poder público serviços ofertados, por quaisquer meios de
incentivar a oferta de aparelhos de telefonia comunicação empregados, inclusive em
fixa e móvel celular com acessibilidade ambiente virtual, contendo a especificação
que, entre outras tecnologias assistivas, correta de quantidade, qualidade,
possuam possibilidade de indicação e de características, composição e preço, bem
ampliação sonoras de todas as operações e como sobre os eventuais riscos à saúde e à
funções disponíveis. segurança do consumidor com deficiência,
em caso de sua utilização, aplicando-se, no
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078,
sons e imagens devem permitir o uso dos de 11 de setembro de 1990 .
seguintes recursos, entre outros: § 1º Os canais de comercialização virtual
I - subtitulação por meio de legenda e os anúncios publicitários veiculados na
oculta; imprensa escrita, na internet, no rádio, na
II - janela com intérprete da Libras; televisão e nos demais veículos de
III - audiodescrição. comunicação abertos ou por assinatura
devem disponibilizar, conforme a
Art. 68. O poder público deve adotar compatibilidade do meio, os recursos de
mecanismos de incentivo à produção, à acessibilidade de que trata o art. 67 desta
edição, à difusão, à distribuição e à Lei, a expensas do fornecedor do produto
comercialização de livros em formatos ou do serviço, sem prejuízo da observância
acessíveis, inclusive em publicações da do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078,
administração pública ou financiadas com de 11 de setembro de 1990 .
recursos públicos, com vistas a garantir à § 2º Os fornecedores devem
pessoa com deficiência o direito de acesso disponibilizar, mediante solicitação,
à leitura, à informação e à comunicação. exemplares de bulas, prospectos, textos ou
§ 1º Nos editais de compras de livros, qualquer outro tipo de material de
inclusive para o abastecimento ou a divulgação em formato acessível.
atualização de acervos de bibliotecas em
todos os níveis e modalidades de educação Art. 70. As instituições promotoras de
e de bibliotecas públicas, o poder público congressos, seminários, oficinas e demais
deverá adotar cláusulas de impedimento à eventos de natureza científico-cultural
participação de editoras que não ofertem devem oferecer à pessoa com deficiência,
sua produção também em formatos no mínimo, os recursos de tecnologia
acessíveis. assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis
os arquivos digitais que possam ser Art. 71. Os congressos, os seminários, as
reconhecidos e acessados por softwares oficinas e os demais eventos de natureza
leitores de telas ou outras tecnologias científico-cultural promovidos ou
assistivas que vierem a substituí-los, financiados pelo poder público devem
permitindo leitura com voz sintetizada, garantir as condições de acessibilidade e os
ampliação de caracteres, diferentes recursos de tecnologia assistiva.
contrastes e impressão em Braille.
§ 3º O poder público deve estimular e Art. 72. Os programas, as linhas de
apoiar a adaptação e a produção de artigos pesquisa e os projetos a serem
científicos em formato acessível, inclusive desenvolvidos com o apoio de agências de
em Libras. financiamento e de órgãos e entidades
integrantes da administração pública que

201
Legislação Básica da Saúde

atuem no auxílio à pesquisa devem disposto neste artigo, os procedimentos


contemplar temas voltados à tecnologia constantes do plano específico de medidas
assistiva. deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2
(dois) anos.
Art. 73. Caberá ao poder público,
diretamente ou em parceria com CAPÍTULO IV
organizações da sociedade civil, promover DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA
a capacitação de tradutores e intérpretes da VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
Libras, de guias intérpretes e de
profissionais habilitados em Braille, Art. 76. O poder público deve garantir à
audiodescrição, estenotipia e legendagem. pessoa com deficiência todos os direitos
políticos e a oportunidade de exercê-los em
CAPÍTULO III igualdade de condições com as demais
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA pessoas.
§ 1º À pessoa com deficiência será
Art. 74. É garantido à pessoa com assegurado o direito de votar e de ser
deficiência acesso a produtos, recursos, votada, inclusive por meio das seguintes
estratégias, práticas, processos, métodos e ações:
serviços de tecnologia assistiva que I - garantia de que os procedimentos, as
maximizem sua autonomia, mobilidade instalações, os materiais e os equipamentos
pessoal e qualidade de vida. para votação sejam apropriados, acessíveis
a todas as pessoas e de fácil compreensão e
Art. 75. O poder público desenvolverá uso, sendo vedada a instalação de seções
plano específico de medidas, a ser renovado eleitorais exclusivas para a pessoa com
em cada período de 4 (quatro) anos, com a deficiência;
finalidade de: (Regulamento) II - incentivo à pessoa com deficiência a
I - facilitar o acesso a crédito candidatar-se e a desempenhar quaisquer
especializado, inclusive com oferta de funções públicas em todos os níveis de
linhas de crédito subsidiadas, específicas governo, inclusive por meio do uso de
para aquisição de tecnologia assistiva; novas tecnologias assistivas, quando
II - agilizar, simplificar e priorizar apropriado;
procedimentos de importação de tecnologia III - garantia de que os pronunciamentos
assistiva, especialmente as questões oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória
atinentes a procedimentos alfandegários e e os debates transmitidos pelas emissoras
sanitários; de televisão possuam, pelo menos, os
III - criar mecanismos de fomento à recursos elencados no art. 67 desta Lei;
pesquisa e à produção nacional de IV - garantia do livre exercício do direito
tecnologia assistiva, inclusive por meio de ao voto e, para tanto, sempre que necessário
concessão de linhas de crédito subsidiado e e a seu pedido, permissão para que a pessoa
de parcerias com institutos de pesquisa com deficiência seja auxiliada na votação
oficiais; por pessoa de sua escolha.
IV - eliminar ou reduzir a tributação da § 2º O poder público promoverá a
cadeia produtiva e de importação de participação da pessoa com deficiência,
tecnologia assistiva; inclusive quando institucionalizada, na
V - facilitar e agilizar o processo de condução das questões públicas, sem
inclusão de novos recursos de tecnologia discriminação e em igualdade de
assistiva no rol de produtos distribuídos no oportunidades, observado o seguinte:
âmbito do SUS e por outros órgãos I - participação em organizações não
governamentais. governamentais relacionadas à vida pública
Parágrafo único. Para fazer cumprir o e à política do País e em atividades e

202
Legislação Básica da Saúde

administração de partidos políticos; informação e comunicação como


II - formação de organizações para instrumento de superação de limitações
representar a pessoa com deficiência em funcionais e de barreiras à comunicação, à
todos os níveis; informação, à educação e ao entretenimento
III - participação da pessoa com da pessoa com deficiência;
deficiência em organizações que a II - a adoção de soluções e a difusão de
representem. normas que visem a ampliar a
acessibilidade da pessoa com deficiência à
TÍTULO IV computação e aos sítios da internet, em
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA especial aos serviços de governo eletrônico.

Art. 77. O poder público deve fomentar LIVRO II


o desenvolvimento científico, a pesquisa e PARTE ESPECIAL
a inovação e a capacitação tecnológicas, TÍTULO I
voltados à melhoria da qualidade de vida e DO ACESSO À JUSTIÇA
ao trabalho da pessoa com deficiência e sua CAPÍTULO I
inclusão social. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º O fomento pelo poder público deve
priorizar a geração de conhecimentos e Art. 79. O poder público deve assegurar
técnicas que visem à prevenção e ao o acesso da pessoa com deficiência à
tratamento de deficiências e ao justiça, em igualdade de oportunidades com
desenvolvimento de tecnologias assistiva e as demais pessoas, garantindo, sempre que
social. requeridos, adaptações e recursos de
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias tecnologia assistiva.
assistiva e social devem ser fomentadas § 1º A fim de garantir a atuação da
mediante a criação de cursos de pós- pessoa com deficiência em todo o processo
graduação, a formação de recursos judicial, o poder público deve capacitar os
humanos e a inclusão do tema nas diretrizes membros e os servidores que atuam no
de áreas do conhecimento. Poder Judiciário, no Ministério Público, na
§ 3º Deve ser fomentada a capacitação Defensoria Pública, nos órgãos de
tecnológica de instituições públicas e segurança pública e no sistema
privadas para o desenvolvimento de penitenciário quanto aos direitos da pessoa
tecnologias assistiva e social que sejam com deficiência.
voltadas para melhoria da funcionalidade e § 2º Devem ser assegurados à pessoa
da participação social da pessoa com com deficiência submetida a medida
deficiência. restritiva de liberdade todos os direitos e
§ 4º As medidas previstas neste artigo garantias a que fazem jus os apenados sem
devem ser reavaliadas periodicamente pelo deficiência, garantida a acessibilidade.
poder público, com vistas ao seu § 3º A Defensoria Pública e o Ministério
aperfeiçoamento. Público tomarão as medidas necessárias à
garantia dos direitos previstos nesta Lei.
Art. 78. Devem ser estimulados a
pesquisa, o desenvolvimento, a inovação e Art. 80. Devem ser oferecidos todos os
a difusão de tecnologias voltadas para recursos de tecnologia assistiva disponíveis
ampliar o acesso da pessoa com deficiência para que a pessoa com deficiência tenha
às tecnologias da informação e garantido o acesso à justiça, sempre que
comunicação e às tecnologias sociais. figure em um dos polos da ação ou atue
Parágrafo único. Serão estimulados, em como testemunha, partícipe da lide posta
especial: em juízo, advogado, defensor público,
I - o emprego de tecnologias da magistrado ou membro do Ministério

203
Legislação Básica da Saúde

Público. natureza patrimonial e negocial.


Parágrafo único. A pessoa com § 1º A definição da curatela não alcança
deficiência tem garantido o acesso ao o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
conteúdo de todos os atos processuais de matrimônio, à privacidade, à educação, à
seu interesse, inclusive no exercício da saúde, ao trabalho e ao voto.
advocacia. § 2º A curatela constitui medida
extraordinária, devendo constar da sentença
Art. 81. Os direitos da pessoa com as razões e motivações de sua definição,
deficiência serão garantidos por ocasião da preservados os interesses do curatelado.
aplicação de sanções penais. § 3º No caso de pessoa em situação de
institucionalização, ao nomear curador, o
Art. 82. (VETADO). juiz deve dar preferência a pessoa que tenha
vínculo de natureza familiar, afetiva ou
Art. 83. Os serviços notariais e de comunitária com o curatelado.
registro não podem negar ou criar óbices ou
condições diferenciadas à prestação de seus Art. 86. Para emissão de documentos
serviços em razão de deficiência do oficiais, não será exigida a situação de
solicitante, devendo reconhecer sua curatela da pessoa com deficiência.
capacidade legal plena, garantida a
acessibilidade. Art. 87. Em casos de relevância e
Parágrafo único. O descumprimento do urgência e a fim de proteger os interesses da
disposto no caput deste artigo constitui pessoa com deficiência em situação de
discriminação em razão de deficiência. curatela, será lícito ao juiz, ouvido o
Ministério Público, de oficio ou a
CAPÍTULO II requerimento do interessado, nomear,
DO RECONHECIMENTO IGUAL desde logo, curador provisório, o qual
PERANTE A LEI estará sujeito, no que couber, às disposições
do Código de Processo Civil .
Art. 84. A pessoa com deficiência tem
assegurado o direito ao exercício de sua TÍTULO II
capacidade legal em igualdade de DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
condições com as demais pessoas. ADMINISTRATIVAS
§ 1º Quando necessário, a pessoa com Art. 88. Praticar, induzir ou incitar
deficiência será submetida à curatela, discriminação de pessoa em razão de sua
conforme a lei. deficiência:
§ 2º É facultado à pessoa com Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
deficiência a adoção de processo de tomada e multa.
de decisão apoiada. § 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um
§ 3º A definição de curatela de pessoa terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado
com deficiência constitui medida protetiva e responsabilidade do agente.
extraordinária, proporcional às § 2º Se qualquer dos crimes previstos no
necessidades e às circunstâncias de cada caput deste artigo é cometido por
caso, e durará o menor tempo possível. intermédio de meios de comunicação social
§ 4º Os curadores são obrigados a ou de publicação de qualquer natureza:
prestar, anualmente, contas de sua Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
administração ao juiz, apresentando o anos, e multa.
balanço do respectivo ano. § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o
juiz poderá determinar, ouvido o Ministério
Art. 85. A curatela afetará tão somente Público ou a pedido deste, ainda antes do
os atos relacionados aos direitos de inquérito policial, sob pena de

204
Legislação Básica da Saúde

desobediência: TÍTULO III


I - recolhimento ou busca e apreensão DISPOSIÇÕES FINAIS E
dos exemplares do material TRANSITÓRIAS
discriminatório;
II - interdição das respectivas mensagens Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de
ou páginas de informação na internet. Inclusão da Pessoa com Deficiência
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, (Cadastro-Inclusão), registro público
constitui efeito da condenação, após o eletrônico com a finalidade de coletar,
trânsito em julgado da decisão, a destruição processar, sistematizar e disseminar
do material apreendido. informações georreferenciadas que
permitam a identificação e a caracterização
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, socioeconômica da pessoa com deficiência,
proventos, pensão, benefícios, remuneração bem como das barreiras que impedem a
ou qualquer outro rendimento de pessoa realização de seus direitos.
com deficiência: § 1º O Cadastro-Inclusão será
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) administrado pelo Poder Executivo federal
anos, e multa. e constituído por base de dados,
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em instrumentos, procedimentos e sistemas
1/3 (um terço) se o crime é cometido: eletrônicos.
I - por tutor, curador, síndico, § 2º Os dados constituintes do Cadastro-
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou Inclusão serão obtidos pela integração dos
depositário judicial; ou sistemas de informação e da base de dados
II - por aquele que se apropriou em razão de todas as políticas públicas relacionadas
de ofício ou de profissão. aos direitos da pessoa com deficiência, bem
como por informações coletadas, inclusive
Art. 90. Abandonar pessoa com em censos nacionais e nas demais pesquisas
deficiência em hospitais, casas de saúde, realizadas no País, de acordo com os
entidades de abrigamento ou congêneres: parâmetros estabelecidos pela Convenção
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 sobre os Direitos das Pessoas com
(três) anos, e multa. Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre § 3º Para coleta, transmissão e
quem não prover as necessidades básicas de sistematização de dados, é facultada a
pessoa com deficiência quando obrigado celebração de convênios, acordos, termos
por lei ou mandado. de parceria ou contratos com instituições
públicas e privadas, observados os
Art. 91. Reter ou utilizar cartão requisitos e procedimentos previstos em
magnético, qualquer meio eletrônico ou legislação específica.
documento de pessoa com deficiência § 4º Para assegurar a confidencialidade,
destinados ao recebimento de benefícios, a privacidade e as liberdades fundamentais
proventos, pensões ou remuneração ou à da pessoa com deficiência e os princípios
realização de operações financeiras, com o éticos que regem a utilização de
fim de obter vantagem indevida para si ou informações, devem ser observadas as
para outrem: salvaguardas estabelecidas em lei.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 § 5º Os dados do Cadastro-Inclusão
(dois) anos, e multa. somente poderão ser utilizados para as
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em seguintes finalidades:
1/3 (um terço) se o crime é cometido por I - formulação, gestão, monitoramento e
tutor ou curador. avaliação das políticas públicas para a
pessoa com deficiência e para identificar as
barreiras que impedem a realização de seus

205
Legislação Básica da Saúde

direitos; serviço público de saúde ou pelo serviço


II - realização de estudos e pesquisas. privado de saúde, contratado ou
§ 6º As informações a que se refere este conveniado, que integre o SUS e pelas
artigo devem ser disseminadas em formatos entidades da rede socioassistencial
acessíveis. integrantes do Suas, quando seu
deslocamento, em razão de sua limitação
Art. 93. Na realização de inspeções e de funcional e de condições de acessibilidade,
auditorias pelos órgãos de controle interno imponha-lhe ônus desproporcional e
e externo, deve ser observado o indevido.
cumprimento da legislação relativa à pessoa
com deficiência e das normas de Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº
acessibilidade vigentes. 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código
Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, redação:
nos termos da lei, a pessoa com deficiência
moderada ou grave que:
I - receba o benefício de prestação ...
continuada previsto no art. 20 da Lei nº § 6º -A. Os Tribunais Regionais
8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que Eleitorais deverão, a cada eleição, expedir
passe a exercer atividade remunerada que a instruções aos Juízes Eleitorais para
enquadre como segurado obrigatório do orientá-los na escolha dos locais de
RGPS; votação, de maneira a garantir
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) acessibilidade para o eleitor com
anos, o benefício de prestação continuada deficiência ou com mobilidade reduzida,
previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de inclusive em seu entorno e nos sistemas de
dezembro de 1993 , e que exerça atividade transporte que lhe dão acesso.
remunerada que a enquadre como segurado
obrigatório do RGPS.
Art. 97. A Consolidação das Leis do
Art. 95. É vedado exigir o Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-
comparecimento de pessoa com deficiência Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa
perante os órgãos públicos quando seu a vigorar com as seguintes alterações:
deslocamento, em razão de sua limitação
funcional e de condições de acessibilidade,
imponha-lhe ônus desproporcional e ...
indevido, hipótese na qual serão observados § 6º Para os fins do contrato de
os seguintes procedimentos: aprendizagem, a comprovação da
I - quando for de interesse do poder escolaridade de aprendiz com deficiência
público, o agente promoverá o contato deve considerar, sobretudo, as habilidades e
necessário com a pessoa com deficiência competências relacionadas com a
em sua residência; profissionalização.
II - quando for de interesse da pessoa ...
com deficiência, ela apresentará solicitação § 8º Para o aprendiz com deficiência
de atendimento domiciliar ou fará com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade
representar-se por procurador constituído do contrato de aprendizagem pressupõe
para essa finalidade. anotação na CTPS e matrícula e frequência
Parágrafo único. É assegurado à pessoa em programa de aprendizagem
com deficiência atendimento domiciliar desenvolvido sob orientação de entidade
pela perícia médica e social do Instituto qualificada em formação técnico-
Nacional do Seguro Social (INSS), pelo

206
Legislação Básica da Saúde

internação ou deixar de prestar assistência


médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa
... com deficiência;
I - desempenho insuficiente ou V - deixar de cumprir, retardar ou
inadaptação do aprendiz, salvo para o frustrar execução de ordem judicial
aprendiz com deficiência quando expedida na ação civil a que alude esta Lei;
desprovido de recursos de acessibilidade, VI - recusar, retardar ou omitir dados
de tecnologias assistivas e de apoio técnicos indispensáveis à propositura da
necessário ao desempenho de suas ação civil pública objeto desta Lei, quando
atividades; requisitados.
§ 1º Se o crime for praticado contra
pessoa com deficiência menor de 18
Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3
de 1989, passa a vigorar com as seguintes (um terço).
alterações: § 2º A pena pela adoção deliberada de
critérios subjetivos para indeferimento de
destinadas inscrição, de aprovação e de cumprimento
à proteção de interesses coletivos, difusos, de estágio probatório em concursos
individuais homogêneos e individuais públicos não exclui a responsabilidade
indisponíveis da pessoa com deficiência patrimonial pessoal do administrador
poderão ser propostas pelo Ministério público pelos danos causados.
Público, pela Defensoria Pública, pela § 3º Incorre nas mesmas penas quem
União, pelos Estados, pelos Municípios, impede ou dificulta o ingresso de pessoa
pelo Distrito Federal, por associação com deficiência em planos privados de
constituída há mais de 1 (um) ano, nos assistência à saúde, inclusive com cobrança
termos da lei civil, por autarquia, por de valores diferenciados.
empresa pública e por fundação ou § 4º Se o crime for praticado em
sociedade de economia mista que inclua, atendimento de urgência e emergência, a
entre suas finalidades institucionais, a
proteção dos interesses e a promoção de
direitos da pessoa com deficiência. Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11
de maio de 1990 , passa a vigorar acrescido
do seguinte inciso XVIII:

reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e


multa: ...
I - recusar, cobrar valores adicionais, XVIII - quando o trabalhador com
suspender, procrastinar, cancelar ou fazer deficiência, por prescrição, necessite
cessar inscrição de aluno em adquirir órtese ou prótese para promoção de
estabelecimento de ensino de qualquer acessibilidade e de inclusão social.
curso ou grau, público ou privado, em razão
de sua deficiência;
II - obstar inscrição em concurso público Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de
ou acesso de alguém a qualquer cargo ou setembro de 1990 (Código de Defesa do
emprego público, em razão de sua Consumidor) , passa a vigorar com as
deficiência; seguintes alterações:
III - negar ou obstar emprego, trabalho
ou promoção à pessoa em razão de sua
deficiência; ...
IV - recusar, retardar ou dificultar Parágrafo único. A informação de que

207
Legislação Básica da Saúde

trata o inciso III do caput deste artigo deve IV - (VETADO);


ser acessível à pessoa com deficiência, V - (VETADO).
§ 1º A dispensa de pessoa com
(NR) deficiência ou de beneficiário reabilitado da
Previdência Social ao final de contrato por
prazo determinado de mais de 90 (noventa)
... dias e a dispensa imotivada em contrato por
§ 6º Todas as informações de que trata o prazo indeterminado somente poderão
caput deste artigo devem ser ocorrer após a contratação de outro
disponibilizadas em formatos acessíveis, trabalhador com deficiência ou beneficiário
inclusive para a pessoa com deficiência, reabilitado da Previdência Social.
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e
Emprego incumbe estabelecer a sistemática
Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de fiscalização, bem como gerar dados e
de 1991 , passa a vigorar com as seguintes estatísticas sobre o total de empregados e as
alterações: vagas preenchidas por pessoas com
deficiência e por beneficiários reabilitados
da Previdência Social, fornecendo-os,
I - o cônjuge, a companheira, o quando solicitados, aos sindicatos, às
companheiro e o filho não emancipado, de entidades representativas dos empregados
qualquer condição, menor de 21 (vinte e ou aos cidadãos interessados.
um) anos ou inválido ou que tenha § 3º Para a reserva de cargos será
deficiência intelectual ou mental ou considerada somente a contratação direta de
deficiência grave; pessoa com deficiência, excluído o
... aprendiz com deficiência de que trata a
III - o irmão não emancipado, de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
qualquer condição, menor de 21 (vinte e aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
um) anos ou inválido ou que tenha de maio de 1943.
deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;
-A. No ato de requerimento de
benefícios operacionalizados pelo INSS,
não será exigida apresentação de termo de
... curatela de titular ou de beneficiário com
§ 2º ... deficiência, observados os procedimentos a
... serem estabeleci
II - para o filho, a pessoa a ele
equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23
pela emancipação ou ao completar 21 (vinte de dezembro de 1991 , passa a vigorar
e um) anos de idade, salvo se for inválido acrescido do seguinte § 3º :
ou tiver deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;
... ...
§ 4º (VETADO). § 3º Os incentivos criados por esta Lei
somente serão concedidos a projetos
culturais que forem disponibilizados,
sempre que tecnicamente possível, também
I - (VETADO); em formato acessível à pessoa com
II - (VETADO); deficiência, observado o disposto em
III - (VETADO);

208
Legislação Básica da Saúde

Parágrafo único. Cabe à administração


Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 fiscalizar o cumprimento dos requisitos de
de junho de 1992 , passa a vigorar acrescido acessibilidade nos serviços e nos ambientes
do seguinte inciso IX:

Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7


... de dezembro de 1993 , passa a vigorar com
IX - deixar de cumprir a exigência de as seguintes alterações:
requisitos de acessibilidade previstos na
20. ...
...
Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho § 2º Para efeito de concessão do
de 1993 , passa a vigorar com as seguintes benefício de prestação continuada,
alterações: considera-se pessoa com deficiência aquela
que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou
... sensorial, o qual, em interação com uma ou
§ 2º ... mais barreiras, pode obstruir sua
... participação plena e efetiva na sociedade
V - produzidos ou prestados por em igualdade de condições com as demais
empresas que comprovem cumprimento de pessoas.
reserva de cargos prevista em lei para ...
pessoa com deficiência ou para reabilitado § 9º Os rendimentos decorrentes de
da Previdência Social e que atendam às estágio supervisionado e de aprendizagem
regras de acessibilidade previstas na não serão computados para os fins de
legislação. cálculo da renda familiar per capita a que se
... refere o § 3º deste artigo.
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ...
ser estabelecida margem de preferência § 11. Para concessão do benefício de que
para: trata o caput deste artigo, poderão ser
I - produtos manufaturados e para utilizados outros elementos probatórios da
serviços nacionais que atendam a normas condição de miserabilidade do grupo
técnicas brasileiras; e familiar e da situação de vulnerabilidade,
II - bens e serviços produzidos ou
prestados por empresas que comprovem
cumprimento de reserva de cargos prevista Art. 106. (VETADO).
em lei para pessoa com deficiência ou para
reabilitado da Previdência Social e que Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril
atendam às regras de acessibilidade de 1995 , passa a vigorar com as seguintes
previstas na legislação. alterações:

-A. As empresas enquadradas no prática discriminatória e limitativa para


inciso V do § 2º e no inciso II do § 5º do art. efeito de acesso à relação de trabalho, ou de
3º desta Lei deverão cumprir, durante todo sua manutenção, por motivo de sexo,
o período de execução do contrato, a origem, raça, cor, estado civil, situação
reserva de cargos prevista em lei para familiar, deficiência, reabilitação
pessoa com deficiência ou para reabilitado profissional, idade, entre outros,
da Previdência Social, bem como as regras ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de
de acessibilidade previstas na legislação. proteção à criança e ao adolescente

209
Legislação Básica da Saúde

previstas no inciso XXXIII do art. 7º da regulamentado de que trata o inciso XVII


do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas
com as respectivas placas indicativas de
destinação e com placas informando os
2º desta Lei e nos dispositivos legais que dados sobre a infração por estacionamento
tipificam os crimes resultantes de
preconceito de etnia, raça, cor ou
deficiência, as infrações ao disposto nesta -A. Ao candidato com
Lei são passíveis das seguintes cominações: deficiência auditiva é assegurada
acessibilidade de comunicação, mediante
emprego de tecnologias assistivas ou de
ajudas técnicas em todas as etapas do
I - a reintegração com ressarcimento processo de habilitação.
integral de todo o período de afastamento, § 1º O material didático audiovisual
mediante pagamento das remunerações utilizado em aulas teóricas dos cursos que
devidas, corrigidas monetariamente e precedem os exames previstos no art. 147
acrescidas de juros legais; desta Lei deve ser acessível, por meio de
subtitulação com legenda oculta associada
à tradução simultânea em Libras.
Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 § 2º É assegurado também ao candidato
de dezembro de 1995 , passa a vigorar com deficiência auditiva requerer, no ato de
acrescido do seguinte § 5º : sua inscrição, os serviços de intérprete da
Libras, para acompanhamento em aulas
práticas e teóricas
...
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso
IX do parágrafo único do art. 3º da Lei nº
10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa
com deficiência, ou o contribuinte que ...
tenha dependente nessa condição, tem XVII - ...
preferência na restituição referida no inciso Infração - grave;

Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56


Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 ,
setembro de 1997 (Código de Trânsito passam a vigorar com a seguinte redação:
Brasileiro) , passa a vigorar com as
seguintes alterações:
...
VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos
Parágrafo único. Para os efeitos deste por cento) da arrecadação bruta dos
Código, são consideradas vias terrestres as concursos de prognósticos e loterias
praias abertas à circulação pública, as vias federais e similares cuja realização estiver
internas pertencentes aos condomínios sujeita a autorização federal, deduzindo-se
constituídos por unidades autônomas e as esse valor do montante destinado aos
vias e áreas de estacionamento de prêmios;
...
(NR) § 1º Do total de recursos financeiros
resultantes do percentual de que trata o
-A. As vagas de estacionamento inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois

210
Legislação Básica da Saúde

inteiros e noventa e seis centésimos por abertos ao público ou de uso coletivo;


cento) serão destinados ao Comitê b) barreiras arquitetônicas: as existentes
Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% nos edifícios públicos e privados;
(trinta e sete inteiros e quatro centésimos c) barreiras nos transportes: as existentes
por cento) ao Comitê Paralímpico nos sistemas e meios de transportes;
Brasileiro (CPB), devendo ser observado, d) barreiras nas comunicações e na
em ambos os casos, o conjunto de normas informação: qualquer entrave, obstáculo,
aplicáveis à celebração de convênios pela atitude ou comportamento que dificulte ou
União. impossibilite a expressão ou o recebimento
de mensagens e de informações por
intermédio de sistemas de comunicação e
Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de tecnologia da informação;
de novembro de 2000 , passa a vigorar com III - pessoa com deficiência: aquela que
a seguinte redação: tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, o qual, em interação com uma ou
idosos com idade igual ou superior a 60 mais barreiras, pode obstruir sua
(sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as participação plena e efetiva na sociedade
pessoas com crianças de colo e os obesos em igualdade de condições com as demais
terão atendimento prioritário, nos termos pessoas;
IV - pessoa com mobilidade reduzida:
aquela que tenha, por qualquer motivo,
Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dificuldade de movimentação, permanente
dezembro de 2000 , passa a vigorar com as ou temporária, gerando redução efetiva da
seguintes alterações: mobilidade, da flexibilidade, da
coordenação motora ou da percepção,
incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa
I - acessibilidade: possibilidade e com criança de colo e obeso;
condição de alcance para utilização, com V - acompanhante: aquele que
segurança e autonomia, de espaços, acompanha a pessoa com deficiência,
mobiliários, equipamentos urbanos, podendo ou não desempenhar as funções de
edificações, transportes, informação e atendente pessoal;
comunicação, inclusive seus sistemas e VI - elemento de urbanização: quaisquer
tecnologias, bem como de outros serviços e componentes de obras de urbanização, tais
instalações abertos ao público, de uso como os referentes a pavimentação,
público ou privados de uso coletivo, tanto saneamento, encanamento para esgotos,
na zona urbana como na rural, por pessoa distribuição de energia elétrica e de gás,
com deficiência ou com mobilidade iluminação pública, serviços de
reduzida; comunicação, abastecimento e distribuição
II - barreiras: qualquer entrave, de água, paisagismo e os que materializam
obstáculo, atitude ou comportamento que as indicações do planejamento urbanístico;
limite ou impeça a participação social da VII - mobiliário urbano: conjunto de
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o objetos existentes nas vias e nos espaços
exercício de seus direitos à acessibilidade, à públicos, superpostos ou adicionados aos
liberdade de movimento e de expressão, à elementos de urbanização ou de edificação,
comunicação, ao acesso à informação, à de forma que sua modificação ou seu
compreensão, à circulação com segurança, traslado não provoque alterações
entre outros, classificadas em: substanciais nesses elementos, tais como
a) barreiras urbanísticas: as existentes semáforos, postes de sinalização e
nas vias e nos espaços públicos e privados similares, terminais e pontos de acesso

211
Legislação Básica da Saúde

coletivo às telecomunicações, fontes de Parágrafo único. Os semáforos para


água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, pedestres instalados em vias públicas de
quiosques e quaisquer outros de natureza grande circulação, ou que deem acesso aos
análoga; serviços de reabilitação, devem
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda obrigatoriamente estar equipados com
técnica: produtos, equipamentos, mecanismo que emita sinal sonoro suave
dispositivos, recursos, metodologias, para orient
estratégias, práticas e serviços que
objetivem promover a funcionalidade, -A. A instalação de qualquer
relacionada à atividade e à participação da mobiliário urbano em área de circulação
pessoa com deficiência ou com mobilidade comum para pedestre que ofereça risco de
reduzida, visando à sua autonomia, acidente à pessoa com deficiência deverá
independência, qualidade de vida e inclusão ser indicada mediante sinalização tátil de
social; alerta no piso, de acordo com as normas
IX - comunicação: forma de interação
dos cidadãos que abrange, entre outras
opções, as línguas, inclusive a Língua -A. Os centros comerciais e os
Brasileira de Sinais (Libras), a visualização estabelecimentos congêneres devem
de textos, o Braille, o sistema de sinalização fornecer carros e cadeiras de rodas,
ou de comunicação tátil, os caracteres motorizados ou não, para o atendimento da
ampliados, os dispositivos multimídia, pessoa com deficiência ou com mobilidade
assim como a linguagem simples, escrita e
oral, os sistemas auditivos e os meios de
voz digitalizados e os modos, meios e Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho
formatos aumentativos e alternativos de de 2001 (Estatuto da Cidade) , passa a
comunicação, incluindo as tecnologias da vigorar com as seguintes alterações:
informação e das comunicações;
X - desenho universal: concepção de
produtos, ambientes, programas e serviços ...
a serem usados por todas as pessoas, sem III - promover, por iniciativa própria e
necessidade de adaptação ou de projeto em conjunto com os Estados, o Distrito
específico, incluindo os recursos de Federal e os Municípios, programas de
construção de moradias e melhoria das
condições habitacionais, de saneamento
planejamento e a urbanização básico, das calçadas, dos passeios públicos,
das vias públicas, dos parques e dos demais do mobiliário urbano e dos demais espaços
espaços de uso público deverão ser de uso público;
concebidos e executados de forma a torná- IV - instituir diretrizes para
los acessíveis para todas as pessoas, desenvolvimento urbano, inclusive
inclusive para aquelas com deficiência ou habitação, saneamento básico, transporte e
com mobilidade reduzida. mobilidade urbana, que incluam regras de
Parágrafo único. O passeio público, acessibilidade aos locais de uso público;
elemento obrigatório de urbanização e parte
da via pública, normalmente segregado e
em nível diferente, destina-se somente à
circulação de pedestres e, quando possível, ...
à implantação de mobiliário urbano e de § 3º As cidades de que trata o caput deste
(NR) artigo devem elaborar plano de rotas
acessíveis, compatível com o plano diretor
no qual está inserido, que disponha sobre os

212
Legislação Básica da Saúde

passeios públicos a serem implantados ou


reformados pelo poder público, com vistas
a garantir acessibilidade da pessoa com casamento podem os pais ou tutores
deficiência ou com mobilidade reduzida a
todas as rotas e vias existentes, inclusive as
que concentrem os focos geradores de
maior circulação de pedestres, como os I - (Revogado);
órgãos públicos e os locais de prestação de
serviços públicos e privados de saúde,
educação, assistência social, esporte,
cultura, correios e telégrafos, bancos, entre ...
outros, sempre que possível de maneira § 1º ...
integrada com os sistemas de transporte § 2º A pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair
matrimônio, expressando sua vontade
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de diretamente ou por meio de seu responsável
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a
vigorar com as seguintes alterações:

...
exercer pessoalmente os atos da vida civil III - a ignorância, anterior ao casamento,
os menores de 16 (dezesseis) anos. de defeito físico irremediável que não
I - (Revogado); caracterize deficiência ou de moléstia grave
II - (Revogado); e transmissível, por contágio ou por
III - herança, capaz de pôr em risco a saúde do
outro cônjuge ou de sua descendência;
IV -
certos atos ou à maneira de os exercer:
...
II - os ébrios habituais e os viciados em
tóxico; I - aqueles que, por causa transitória ou
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
permanente, não puderem exprimir sua vontade;
vontade; II - (Revogado);
... III - os ébrios habituais e os viciados em
Parágrafo único . A capacidade dos tóxico;
indígenas será regulada por legislação IV - (Revogado);

... termos da curatela deve ser promovido:


II - (Revogado); ...
III - (Revogado); IV -
...
§ 1º ...
§ 2º A pessoa com deficiência poderá somente promoverá o processo que define
testemunhar em igualdade de condições os termos da curatela:
com as demais pessoas, sendo-lhe I - nos casos de deficiência mental ou
assegurados todos os recursos de tecnologia intelectual;
...

213
Legislação Básica da Saúde

III - se, existindo, forem menores ou Da Tomada de Decisão Apoiada


incapazes as pessoas mencionadas no inciso
Art. 1.783-A. A tomada de decisão
apoiada é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos 2 (duas)
acerca dos termos da curatela, o juiz, que pessoas id neas, com as quais mantenha
deverá ser assistido por equipe vínculos e que gozem de sua confiança,
multidisciplinar, entrevistará pessoalmente para prestar-lhe apoio na tomada de decisão
sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os
elementos e informaç es necessários para
que possa exercer sua capacidade.
as potencialidades da pessoa, os limites da § 1º Para formular pedido de tomada de
curatela, circunscritos às restrições decisão apoiada, a pessoa com deficiência e
constantes do art. 1.782, e indicará curador. os apoiadores devem apresentar termo em
Parágrafo único. Para a escolha do que constem os limites do apoio a ser
curador, o juiz levará em conta a vontade e oferecido e os compromissos dos
as preferências do interditando, a ausência apoiadores, inclusive o prazo de vigência
de conflito de interesses e de influência do acordo e o respeito vontade, aos
indevida, a proporcionalidade e a direitos e aos interesses da pessoa que
devem apoiar.
(NR) § 2º O pedido de tomada de decisão
apoiada será requerido pela pessoa a ser
-A . Na nomeação de curador apoiada, com indicação expressa das
para a pessoa com deficiência, o juiz poderá pessoas aptas a prestarem o apoio previsto
estabelecer curatela compartilhada a mais no caput deste artigo.
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o
pedido de tomada de decisão apoiada, o
juiz, assistido por equipe multidisciplinar,
inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio após oitiva do Ministério Público, ouvirá
necessário para ter preservado o direito à pessoalmente o requerente e as pessoas que
convivência familiar e comunitária, sendo lhe prestarão apoio.
evitado o seu recolhimento em § 4º A decisão tomada por pessoa
estabelecimento que os afaste desse apoiada terá validade e efeitos sobre
terceiros, sem restriç es, desde que esteja
inserida nos limites do apoio acordado.
Art. 115. O Título IV do Livro IV da § 5º Terceiro com quem a pessoa
Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de apoiada mantenha relação negocial pode
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a solicitar que os apoiadores contra-assinem
vigorar com a seguinte redação: o contrato ou acordo, especificando, por
escrito, sua função em relação ao apoiado.
§ 6º Em caso de negócio jurídico que
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de possa trazer risco ou prejuízo relevante,
havendo divergência de opini es entre a
pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá
Art. 116. O Título IV do Livro IV da o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir
Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de sobre a questão.
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a § 7º Se o apoiador agir com negligência,
vigorar acrescido do seguinte Capítulo III: exercer pressão indevida ou não adimplir as
obrigaç es assumidas, poderá a pessoa
apoiada ou qualquer pessoa apresentar

214
Legislação Básica da Saúde

denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro


§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz de 2012 , passa a vigorar acrescida do
destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a seguinte art. 12-B:
pessoa apoiada e se for de seu interesse,
outra pessoa para prestação de apoio. -B. Na outorga de exploração de
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer serviço de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por
tempo, solicitar o término de acordo cento) das vagas para condutores com
firmado em processo de tomada de decisão deficiência.
apoiada. § 1º Para concorrer às vagas reservadas
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a na forma do caput deste artigo, o condutor
exclusão de sua participação do processo de com deficiência deverá observar os
tomada de decisão apoiada, sendo seu seguintes requisitos quanto ao veículo
desligamento condicionado manifestação utilizado:
do juiz sobre a matéria. I - ser de sua propriedade e por ele
§ 11. Aplicam-se tomada de decisão conduzido; e
apoiada, no que couber, as disposiç es II - estar adaptado às suas necessidades,
referentes prestação de contas na nos termos da legislação vigente.
§ 2º No caso de não preenchimento das
vagas na forma estabelecida no caput deste
Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de artigo, as remanescentes devem ser
27 de junho de 2005 , passa a vigorar com a disponibilizadas para os demais
seguinte redação:

pessoa com Art. 120. Cabe aos órgãos competentes,


deficiência visual acompanhada de cão- em cada esfera de governo, a elaboração de
guia o direito de ingressar e de permanecer relatórios circunstanciados sobre o
com o animal em todos os meios de cumprimento dos prazos estabelecidos por
transporte e em estabelecimentos abertos ao força das Leis nº 10.048, de 8 de novembro
público, de uso público e privados de uso de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de
coletivo, desde que observadas as 2000 , bem como o seu encaminhamento ao
condições impostas por esta Lei. Ministério Público e aos órgãos de
... regulação para adoção das providências
§ 2º O disposto no caput deste artigo cabíveis.
aplica-se a todas as modalidades e Parágrafo único. Os relatórios a que se
jurisdições do serviço de transporte coletivo refere o caput deste artigo deverão ser
de passageiros, inclusive em esfera apresentados no prazo de 1 (um) ano a
internacional com origem no território contar da entrada em vigor desta Lei.

Art. 121. Os direitos, os prazos e as


Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº obrigações previstos nesta Lei não excluem
11.904, de 14 de janeiro de 2009 , passa a os já estabelecidos em outras legislações,
inclusive em pactos, tratados, convenções e
declarações internacionais aprovados e
promulgados pelo Congresso Nacional, e
... devem ser aplicados em conformidade com
IV - ... as demais normas internas e acordos
... internacionais vinculantes sobre a matéria.
k) de acessibilidade a todas as pessoas. Parágrafo único. Prevalecerá a norma
mais benéfica à pessoa com deficiência.

215
Legislação Básica da Saúde

Art. 122. Regulamento disporá sobre a 8.989, de 24 de fevereiro de 1995.


adequação do disposto nesta Lei ao
tratamento diferenciado, simplificado e Art. 127. Esta Lei entra em vigor após
favorecido a ser dispensado às decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua
microempresas e às empresas de pequeno publicação oficial .
porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da
de 2006 . Independência e 127º da República.

Art. 123. Revogam-se os seguintes DILMA ROUSSEF


dispositivos:
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº Questões
9.008, de 21 de março de 1995 ;
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei 01. (FCEE/SC - Administrador -
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código FEPESE/2022) A Lei nº 13.146, de 6 de
Civil); julho de 2015, estabelece em seu art. 27
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei que:
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código A educação constitui direito da pessoa
Civil); com deficiência, assegurados sistema
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº educacional inclusivo em todos os níveis e
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código ............................,
Civil); Assinale a alternativa que completa
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº corretamente a lacuna do texto.
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código A - condições de acesso
Civil); B - modalidades de ensino
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da C - adoção de medidas de apoio
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 D - aprendizado ao longo de toda a vida
(Código Civil); E - aprimoramento dos sistemas
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº educacionais
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil). 02. (Condesus/RS - Turismólogo -
OBJETIVA/2022) Em conformidade com
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei a Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa
deverá entrar em vigor em até 2 (dois) anos, com Deficiência, analisar a sentença
contados da entrada em vigor desta Lei. abaixo:
A acessibilidade é o direito que garante
Art. 125. Devem ser observados os à pessoa com deficiência ou com
prazos a seguir discriminados, a partir da mobilidade reduzida viver de forma
entrada em vigor desta Lei, para o independente e exercer seus direitos de
cumprimento dos seguintes dispositivos: cidadania e de participação social (1ª parte).
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 As edificações públicas e privadas de uso
(quarenta e oito) meses; coletivo já existentes podem proporcionar
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) acessibilidade à pessoa com deficiência em
meses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, algumas de suas dependências e serviços,
de 2021) tendo como referência as normas de
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; acessibilidade vigentes (2ª parte).
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. A sentença está:
A - Totalmente correta.
Art. 126. Prorroga-se até 31 de B - Correta somente em sua 1ª parte.
dezembro de 2021 a vigência da Lei nº C - Correta somente em sua 2ª parte.

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Legislação Básica da Saúde

D - Totalmente incorreta.

03. (UFJF - Assistente de Alunos -


FUNDEP/2022) Com base no Estatuto da
Pessoa com Deficiência, Lei nº
13.146I2015, para fins da aplicação da Lei,
é considerado comunicação a forma de
interação dos cidadãos que engloba, exceto:
A - As línguas, incluindo a Língua
Brasileira de Sinais (Libras).
B - Meios e formatos aumentativos e
alternativos de comunicação.
C - O Braille.
D - O sistema de sinalização ou de
comunicação tátil.
E - O capacitismo.

04. (UFJF - Assistente de Aluno -


FUNDEP/2022) Nos termos vigentes da
Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, Lei nº 13.146/2015, em relação
ao direito à educação, não é incumbência do
poder público assegurar, criar, desenvolver,
implementar, incentivar, acompanhar e
avaliar:
A - Acesso da pessoa com deficiência,
em igualdade de condições, a jogos e a
atividades recreativas, esportivas e de lazer,
no sistema escolar.
B - Oferta de profissionais de apoio
escolar.
C - Participação dos estudantes com
deficiência e de suas famílias nas diversas
instâncias de atuação da comunidade
escolar.
D - Acessibilidade para todos os
estudantes, trabalhadores da educação e
demais integrantes da comunidade escolar
às edificações, aos ambientes e às
atividades inerentes a todas as modalidades,
etapas e níveis de ensino.
E - Diagnóstico e intervenção precoces,
realizados por equipe multidisciplinar.

Alternativas

01. D (Art. 27)


02. B (Arts. 53 e 57)
03. E (Art. 3º)
04. E (Art. 28)

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