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DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PRÁTICA

PREVIDENCIÁRIA

Módulo: Introdução ao Direito Previdenciário e


Conceitos Básicos

TEMA 1– SEGURIDADE SOCIAL E OS


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS À
SEGURIDADE SOCIAL

Aula 01 – Seguridade Social e o regime


jurídico dos direitos fundamentais

A Seguridade Social é um sistema de proteção, como nos ensina Priscilla


Milena Simonato de Migueli:
A Seguridade Social visa estabelecer um sistema de proteção social
aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover suas
necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando
assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e a assistência
social.1
Nesse sentido Frederico Amado esclarece que:

1MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes do
regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.12

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É preciso que o Estado proteja o seu povo contra eventos previsíveis,
ou não, aptos a causar a sua miséria e intranquilidade social,
providenciando recursos para manter, ao menos, o seu mínimo
existencial e, por conseguinte, a dignidade humana, instituindo um
eficaz sistema de proteção social.
Eventos como o desemprego, a velhice, a morte, a prisão, a infância,
a doença, a maternidade e a invalidez poderão impedir temporária ou
definitivamente que as pessoas laborem para angariar recursos
financeiros visando atender às suas necessidades básicas e de seus
dependentes, sendo dever do Estado Social de Direito intervir quando
se fizer necessário.2
A Seguridade Social tem previsão constitucional no artigo 194:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.
Fazem parte do sistema da seguridade social a previdência, a assistência e a
saúde, como se pode observar na figura ilustrativa:

Seguridade Social

Saúde Previdência Assistência


art. 196 a 200 CF art. 201 e 202 CF art. 203 e 204 CF

Saúde e assistência social independem de contribuições para que se tenha


acesso aos seus benefícios e serviços, com a diferença de que a saúde é devida a
todos, enquanto a assistência é devida a quem necessitar, é o que se depreende dos
artigos 196 e 203 da Constituição Federal, respectivamente:

2 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição.


Salvador, Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.21

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Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (Grifo
meu)
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem
por objetivos... (Grifos Nossos)
A previdência social surge com a premissa da necessidade de intervenção
estatal para amparar o trabalhador no momento da ausência de condições laborais,
com a criação de regras que trazem a obrigatoriedade das contribuições e a filiação
obrigatória ao sistema, de onde se infere o caráter contributivo.
Diferentemente do que ocorre com a assistência social e a saúde, na
previdência social para ter acesso a benefícios se faz necessária a existência de
contribuições.
A previsão constitucional da previdência social se encontra no artigo 201:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime
Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente
para o trabalho e idade avançada; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

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V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
A previdência social atua por intermédio de órgão da administração indireta
da União, o INSS – Instituo Nacional do Seguro Social-, que é uma Autarquia.3

Aula 02 – Seguridade Social e o regime


jurídico dos direitos fundamentais

A Seguridade Social tem previsão na Constituição Federal, motivo pelo qual


deve ser estudada à partir de uma visão constitucional. O estudo com fundamento nas
normas e princípios constitucionais permite a melhor condução, análise e efetiva
consolidação e proteção dos direitos a ela inerentes.
Como visto no tópico anterior a Seguridade Social tem previsão no artigo 194
da Constituição Federal, mas sua previsão constitucional não se encerra no
mencionado artigo.
A palavra seguridade tem origem na língua espanhola, seguridad, que quer
dizer segurança.4 Deste modo, ainda que a definição da seguridade social esteja
contida no artigo 194, podemos encontrar no texto constitucional através da palavra
segurança a proteção à seguridade social em diversos outros dispositivos
constitucionais, como no preambulo da constituição, e caput dos artigos 5º e 6º, que
tratam respectivamente dos direitos e garantias fundamentais e dos direitos sociais.
Preambulo: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o

3 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes


previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 14
4 Google tradutor
https://translate.google.com/?sl=auto&tl=pt&text=seguridad&op=translate&hl=pt , acesso em
24/07/2022.

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desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional,
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.
Grifos Nossos
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:...
Grifos Nossos
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Grifos Nossos
Os artigos 5º e 6º estão no título referente aos direitos e garantias
fundamentais da Constituição Federal, tratando o artigo 5º dos direitos e deveres
individuais e coletivos enquanto o artigo 6º trata dos direitos sociais, de onde se
concluiu que a seguridade social é um direito social fundamental.
Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari, também classificam
os direitos sociais como direitos fundamentais:
Uma das características do Estado Contemporâneo é a inclusão, no
rol de direitos fundamentais, dos chamados Direitos Sociais, de
proteção quanto às vicissitudes causadoras de uma perda, ou uma
diminuição, da condição de subsistência, a partir da concepção de um
Estado intervencionista, capaz de não só regular, mas também impor
determinadas obrigações, com a finalidade de amparar as pessoas,
tendo por objetivo garantir a todos uma vida com dignidade:
...
Os Direitos Sociais são considerados Direitos Fundamentais partindo-
se da concepção de que o Estado não deve se manter inerte diante

- 09079699764
dos problemas decorrentes das desigualdades causadas pela
conjuntura econômica e social.5
Daí extraímos duas premissas:
A primeira de que a seguridade social deve receber tratamento inerente ao
regime jurídico dos direitos e garantias fundamentais, incluindo a cláusula de abertura
contida no §2º do artigo 5º da Constituição Federal, que garante a proteção dela por
todos os dispositivos e previsões, incluindo os princípios e tratados internacionais dos
quais o Brasil faça parte.
Art.5º
...
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
A segunda, de que o reconhecimento da seguridade social como um direito
social implica em sua interpretação à partir do princípio da máxima efetividade e
vinculação dos poderes.
O princípio da máxima efetividade está relacionado com a concretização das
normas constitucionais no mundo fático, dando a esse direito a máxima efetividade
possível, não sendo possível dar uma interpretação limitativa ou restritiva para esses
direitos, nesse sentido o ensinamento de Jair Soares Junior citando Canotilho:
Segundo o abalizado magistério de Gomes Canotilho, o princípio da
máxima efetividade "é um princípio operativo em relação a todas e
quaisquer normas constitucionais, e embora a sua origem esteja
ligada à tese da atualidade das normas programáticas (THOMA), é
hoje sobretudo invocado no âmbito dos direitos fundamentais (no caso
de dúvidas deve preferir-se a interpretação que reconheça maior
eficácia aos direitos fundamentais). 6

5CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.20/21

6 SOARES JUNIOR, Jair. O princípio da máxima efetividade dos direitos


fundamentais e a legitimidade da defensoria pública propor ações coletivas

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O §1º do artigo 5º da Constituição Federal também garante que as normas
definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Já o princípio da vinculação dos poderes públicos se traduz na ideia de que
os poderes públicos, legislativo, executivo e judiciário estão vinculados a
concretização desses direitos sociais.

Aula 03 – Interpretação da Constituição e


Seguridade Social

A interpretação constitucional é o ato de retirar sentido da Constituição. A


hermenêutica constitucional é feita com base nos princípios e regras nela contidas, de
modo a buscar sua interpretação de forma sistêmica e harmônica com o sistema,
como nos ensina Celso Bastos:
“Disto resulta uma interferência recíproca entre normas e princípios,
que faz com que a vontade constitucional só seja extraível a partir de
uma interpretação sistemática, o que por si só exclui qualquer
possibilidade de que a mera leitura de um artigo isolado esteja em
condições de propiciar a desejada desvendação daquela vontade”7
As normas jurídicas podem ser regras e princípios. Ambos produzem efeitos
jurídicos, contudo possuem algumas diferenças quanto a sua intensidade ou
qualidade.
A norma jurídica disciplina uma relação jurídica específica, e, portanto, possui
uma alta carga normativa e uma baixa carga valorativa.
Já os princípios não disciplinam diretamente uma relação jurídica, eles na
verdade transmitem valores que vão nortear todo o ordenamento, e, por isso são mais
abstratos e fluídos. Assim ensina Renato Barth Pires:

7 BASTOS, Celso. Hermenêutica Constitucional. R. Inf.Legisl. e24 n96 Brasília.


out./dez. 1987. Cit p.54

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A primeira conclusão que decorre dessa categorização diz respeito à
aptidão das normas para produzir efeitos jurídicos. Assim, todas
as normas jurídicas, quer regras, quer princípios, produzem efeitos
jurídicos. Poderá variar a intensidade ou a qualidade desses efeitos.
Mas não se recusa a quaisquer dessas normas a possibilidade de
produzir efeitos jurídicos, em maior ou menor grau.
Essa mesma distinção também ocorre no plano constitucional, de tal
modo que os princípios constitucionais possuem plena aptidão para
produzir efeitos jurídicos.
Os princípios são distintos das regras quanto ao seu objeto e grau
de abstração. Os princípios têm uma baixa carga normativa, não
pretendendo disciplinar diretamente uma relação ou situação jurídica.
Sua finalidade é, em suma, transmitir valores, daí serem normalmente
veiculados em termos mais abstratos, o que também reforça sua
aptidão para servirem de critérios para interpretação do ordenamento
jurídico.
...
Já as regras jurídicas têm uma característica inversa, na medida em
que sua finalidade é a disciplina direta de uma relação jurídica
específica. Por isso que se diz, corretamente, que as regras têm uma
alta carga normativa e, simultaneamente, uma baixa carga valorativa
(ou axiológica).8
Como dito anteriormente, por possuírem alta carga valorativa, os princípios
são utilizados para interpretar as próprias regras jurídicas, como bem delimitado por
Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari:
As regras ordinárias, portanto, devem estar embebidas destes
princípios, sob pena de se tornarem letra morta, ou serem banidas do
ordenamento. Não tem sentido, por exemplo, fixar-se uma norma legal
que isente todos os empregadores da obrigação de contribuir para a

8 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:


aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 72/73

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Seguridade Social, se há um princípio que determina a diversidade da
base de financiamento, e outro, que impõe a equidade no custeio.9
Napoleão Nunes Maia Filho e Maria Fernanda Pinheiro Wirth citando Karl
Larenz esclarecem que: os princípios jurídicos não são senão pautas gerais de
valoração ou preferências valorativas em relação à ideia de Direito, que todavia não
chegaram a condensarem-se em regras jurídicas imediatamente aplicáveis, mas que
permitem apresentar fundamentos justificativos delas.10
Assim, temos que todo o sistema normativo, incluindo a Constituição Federal
deve ser interpretada a luz dos princípios, o que inclui as regras inerentes a
Seguridade Social.

Aula 04 – Princípios Constitucionais da


Seguridade Social

Os princípios constitucionais da seguridade social estão previstos nos incisos


do parágrafo único do artigo 194 da Constituição Federal, e são:
Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento
Artigo 194, §único, I, CF/88
O princípio da universalidade do atendimento prega que todos devem estar
cobertos pela proteção social. A saúde e a assistência social estão disponíveis a todos
que necessitem dos seus serviços. A previdência é regime contributivo de filiação
obrigatória para os que exercem atividade remunerada lícita.11

9 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.87
10 MAIA FILHO, Napoleão Nunes. Primazia dos direitos humanos na jurisdição

previdenciária: teoria da decisão judicial no garantivismo previdenciarista/Napoleão


Nunes Mais Filho, Maria Fernanda Pinheiro Wirth – 1.ed. – Curitiba: Alteridade Editora, 2019.
Cit.p.65

11KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Bahia, Editora
Juspodivm, 2014. Cit.p.54

- 09079699764
A universalidade de cobertura é o que a doutrina chama de universalidade no
aspecto objetivo, pois se refere as contingências sociais cobertas pelo sistema de
proteção da seguridade social.
Já a universalidade de atendimento, é a universalidade no aspecto subjetivo,
que visa determinar quem são os destinatários da proteção, os segurados e
dependentes.
Assim sintetiza Frederico Amado:
Em síntese, a vertente subjetiva deste princípio determina que a
seguridade social alcance o maior número possível de pessoas que
necessitem de cobertura, ao passo que a objetiva compele o legislador
e o administrador a adotarem as medidas possíveis para cobrir o maior
número de riscos sociais12
Princípios da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
às populações urbanas e rurais
Artigo 194, §único, II, CF/88
Decorre do princípio da isonomia, garantindo aos trabalhadores rurais os
mesmos benefícios concedidos aos urbanos.”13
Frederico Amado esclarece que: Conforme visto, o espírito da norma foi vedar
a discriminação negativa dos povos rurais, já ocorrida no passado, mas é possível o
tratamento diferenciado em favor das populações urbanas ou campesinas se houver
base constitucional para tanto, em aplicação ao Princípio da Igualdade Material.14
Princípios da seletividade e da distributividade
Artigo 194, §único, III, CF/88
Seletividade é a escolha dos riscos e contingências a serem protegidos pela
legislação ordinária, como ensina Ivan Kertzman:

12 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição. Salvador,


Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.24
13 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes
previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 78.
14 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição.

Salvador, Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.205/206

- 09079699764
Seletividade na prestação dos benefícios e serviços implica que tais
prestações sejam fornecidas apenas a quem realmente necessitar,
desde que se enquadre nas situações que a lei definir.15.
Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari ainda esclarecem que:
Não há um único benefício ou serviço, mas vários, que serão concedidos e mantidos
de forma seletiva, conforme a necessidade da pessoa.16
Por outro lado, a distributividade visa a distribuição de renda através da
seguridade social, sendo importante instrumento para essa política pública, como
prelecionam Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari:
O princípio da distributividade, inserido na ordem social, é de ser
interpretado em seu sentido de distribuição de renda e bem-estar e à
justiça social17
Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios
Artigo 194, §único, IV, CF/88
Os benefícios não podem ser reduzidos, devendo ser preservado o seu valor
real (§4º do art. 201 da CF). A irredutibilidade expressa não apenas a manutenção do
poder aquisitivo, estando atrelada, também, ao progresso econômico: havendo
progresso econômico, deverão seus efeitos implicar em incremento da proteção
social.18
O Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 199.994 fixou a tese
de que cabe ao legislador ordinário a fixação dos critérios para preservação do valor
real.

15 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Bahia, Editora

Juspodivm, 2014. Cit.p.54.

16 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.91

17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.92

18 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes


previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 79.

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO CONCEDIDO ANTERIORMENTE' À
PROMULGAÇÃO DA CARTA FEDERAL DE 1988. CRITÉRIO DA
EQUIVALÊNCIA SALARIAL. INAPLICABILIDADE. PRESERVAÇÃO
DO VALOR REAL DO BENEFÍCIO. LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL. OBSERVÂNCIA. 1. Benefício de
prestação continuada, deferido pela Previdência Social sob a égide da
Carta Federal vigente. Inaplicabilidade do critério da equivalência
salarial previsto no artigo 58 do ADCT-CF/88. 2. Reajuste de benefício
previdenciário. Superveniência das leis de custeio e benefícios.
Integralização legislativa. A Constituição Federal assegurou tão-
somente o direito ao reajustamento, outorgando ao legislador
ordinário a fixação dos critérios para a preservação do seu valor
real.
Princípio da equidade na forma de participação e custeio
Artigo 194, §único, V, CF/88
Para Ivan Kertzman esse princípio se relaciona com a capacidade
contributiva:
Equidade, sintetizando, quer dizer justiça no caso concreto. Logo,
deve-se cobrar mais contribuições de quem tem maior capacidade de
pagamento para que se possa beneficiar os que não possuem as
mesmas condições: Este princípio está alinhado ao da distributividade
na prestação dos benefícios e serviços, pois as contribuições devem
ser arrecadadas de quem tenha maior capacidade contributiva para
ser distribuída para quem mais necessita. Relaciona-se também com
o princípio tributário da capacidade contributiva.19
Princípio da diversidade de base de financiamento
Artigo 194, §único, VI, CF/88
A Seguridade Social deve ser financiada por fontes variadas, conforme
previsto no artigo 195, visando a proteção financeira do sistema, que tem prestações

19KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Bahia, Editora
Juspodivm, 2014. Cit.p.54

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que dependem de contribuição e outras que não, vejamos as lições de Carlos Alberto
Pereira de Castro e João Batista Lazzari sobre o tema:
Estando a Seguridade Social brasileira no chamado ponto de
hibridismo entre sistema contributivo e não contributivo, o constituinte
quis estabelecer a possibilidade de que a receita da Seguridade Social
possa ser arrecadada de várias fontes pagadoras, não ficando adstrita
a trabalhadores, empregadores e Poder Público.20
Para Ivan Kertzman: Os legisladores devem buscar diversas bases de
financiamento ao instituir as contribuições para a seguridade social.21
Princípio democrático e descentralização da administração
Artigo 194, §único, VII, CF/88
A gestão da seguridade social é quadripartite com a participação de
trabalhadores, empregados, aposentados e governo nos órgãos colegiados, e “deve
contar com a participação de representantes de todos os grupos que se relacionam
diretamente com a seguridade social.”22
Esse princípio objetiva resguardar a administração do sistema com a
qualidade da segurança e da moralidade.23

TEMA 2 – Reformas previdenciárias e o


controle de constitucionalidade

20 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.92
21 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Bahia,

Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.58


22 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Bahia, Editora

Juspodivm, 2014. Cit.p.58


23 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes
previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 84

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Aula 01 – Reformas da Previdência e
limites do Poder Reformador

Nos últimos anos temos enfrentado sucessivas reformas no que diz respeito
a previdência social, seja no plano legal, seja no plano constitucional.
No plano constitucional as reformas são feitas por emendas constitucionais,
que representam o poder constituinte derivado, chamado de competência
reformadora, pois é o poder de alterar uma constituição já existente.
As emendas constitucionais estão previstas no artigo 60 da Constituição
Federal de 1988.
A primeira reforma da previdência social a nível constitucional se deu pela
Emenda 20/1998, a segunda pela Emenda 41/2003, a terceira pela Emenda 47/2005
e a mais recente realizada pela Emenda 103 de 13 de novembro de 2019.
As reformas sempre ocorrem sob o pretexto das dificuldades financeiras e de
que a previdência social é deficitária, e sob esse fundamento as emendas sempre
buscam a redução de direitos.
Esse poder reformador de emendar a Constituição é amplo, mas não irrestrito,
ele tem limites, que estão previstos no §4º do artigo 60 da Constituição Federal. Esses
limites são classificados como formais/procedimentais, circunstanciais e materiais.
Formais ou procedimentais são aqueles limites que dizem respeito ao
processo de aprovação da emenda constitucional (artigo 60, II e III da Constituição
Federal)
Circunstanciais estão relacionados às circunstâncias durante as quais a
constituição não pode ser emendada (alterada), estado de sítio, estado de defesa e
de intervenção federal.
Materiais são aquelas matérias que não podem ser objeto de alteração por
meio de emenda constitucional, tem previsão no §4º do artigo 60 da Constituição
Federal
Artigo 60 (...)

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§4º: Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente
a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Pois bem, o desrespeito a esses limites contidos na Constituição Federal pode
implicar na inconstitucionalidade da regra contida na emenda.
Essa verificação da constitucionalidade é feita pelo controle de
constitucionalidade, como podemos ver em diversas ações diretas de
inconstitucionalidade como as ADI 6.254, 6.255, 6.258, 6.271 e 6.367, propostas após
a entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/2019.
Além de já existirem decisões que reconhecem a inconstitucionalidade de
dispositivos, como decisão proferida no TRF da 5ª Região que reconhece a
inconstitucionalidade do cálculo da pensão por morte:
“PENSÃO POR MORTE. IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE
AUTORA PROVIDO. (…) reduzir drasticamente o valor da renda
mensal de benefício como o fez a EC n.º1033/2019 sem qualquer
outro parâmetro econômico (ex.: estado de empregado do
dependente, nível de renda etc.) é esvaziar o conteúdo da garantia
constitucional na prática. (…) Não há a menor sombra de dúvida que
a alteração estabelecida pela EC em relação à PENSÃO POR MORTE
conduz à supressão concreta do direito e VIOLA FLAGRANTEMENTE
as instituições que o Estado deve proteger, a garantia da “cobertura
do evento morte” (art. 201, inciso I, do CF/88) e a VEDAÇÃO DO
RETROCESSO, especialmente porque sequer se poderia falar em
aplicação da reserva do possível no caso das prestações
previdenciárias, pois elas têm fonte de custeio específica. (…) Assim,
como as disposições da EC n.º 103/2019 sobre pensão por morte são
INCONSTITUCIONAIS, permanecem vigentes as anteriores. No caso,
a renda mensal inicial (RMI) da pensão por morte devida à autora deve
observar o art. 75 da Lei n.º 8.213/91:”o valor mensal da pensão por
morte será de CEM POR CENTO do valor da aposentadoria que o

- 09079699764
segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse
aposentado por invalidez na data de seu falecimento” (TRF5.
05036243420204058500. J. em: 26/05/2021).

Aula 02 – Temas polêmicos da Emenda


Constitucional 103/2019

Desconstitucionalização da previdência social


Uma das grandes alterações feita pela Emenda 103/2019 foi a
desconstitucionalização da matéria relacionada à previdência social, retirando o
conteúdo normativo da Constituição Federal, e trazendo para a legislação
infraconstitucional, permitindo que as alterações possam ser feitas por meio de lei, e
não mais por emenda constitucional.
É possível verificar essa alteração pela quantidade de dispositivos que trazem
regras transitórias, como o texto do artigo 19 da Emenda Constitucional:
Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se
refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado
filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos
de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de contribuição,
se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
A retirada das normas relacionadas a previdência social da Constituição traz
uma fragilidade enorme para o sistema, pois o processo para alteração de uma lei é
bem mais simples do que o processo de alteração da Constituição, como bem
observado por Romulo Silva:
A desconstitucionalização seria o contrário disso. Abre espaço para
que tais direitos sejam alterados sem tanta cerimônia. E, nesse
tocante, a PEC 06/2019 caprichou. Cerca de 52 vezes há referência
de que lei complementar possa fazê-lo. Aliás, essa é uma das
características da PEC: ela viabiliza que as mudanças sejam feitas em

- 09079699764
doses homeopáticas, conforme os desígnios dos futuros governantes.
24

Isso tornará as reformas mais frequentes e mais fácies de serem aprovadas,


podendo levar a aniquilação do núcleo essencial do direito fundamental à previdência
social.
O Supremo Tribunal Federal já fundamentou suas decisões na
impossibilidade de da aniquilação ao núcleo essencial do direito fundamental à
previdência social como na ADI 6096.
Na mencionada decisão o Supremo Tribunal Federal reconheceu a
inconstitucionalidade da nova redação do artigo 103 da lei 8.213/91 dada pela lei
13.846/2019, que trouxe prazo decadencial para a revisão do ato de indeferimento do
benefício previdenciário:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ADI. DIREITO
CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. MEDIDA PROVISÓRIA
871/2019. CONVERSÃO NA LEI 13.846/2019. EXAURIMENTO DA
EFICÁCIA DE PARTE DAS NORMAS IMPUGNADAS. PERDA
PARCIAL DO OBJETO. CONHECIMENTO DOS DISPOSITIVOS
ESPECIFICAMENTE CONTESTADOS. ALEGAÇÃO DE
PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE ATIVA, IRREGULARIDADE DE
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL E PREJUDICIALIDADE
SUPERVENIENTE. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES. MÉRITO.
ALEGAÇÃO DE INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS
CONSTITUCIONAIS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA.
INEXISTÊNCIA. CONTROLE JUDICIAL DE NATUREZA
EXCEPCIONAL QUE PRESSUPÕE DEMONSTRAÇÃO DA
INEQUÍVOCA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS NORMATIVOS.
PRECEDENTES. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DO ART.
24 DA LEI 13.846/2019 NO QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 103
DA LEI 8.213/1991. PRAZO DECADENCIAL PARA A REVISÃO DO
ATO DE INDEFERIMENTO, CANCELAMENTO OU CESSAÇÃO DE
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. OFENSA AO ART. 6º DA

24SARAIVA, Rômulo. A desconstitucionalização da Constituição via Reforma da


Previdência.

- 09079699764
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA E À JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL AO COMPROMETER O NÚCLEO
ESSENCIAL DO DIREITO FUNDAMENTAL AO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO E À PREVIDÊNCIA SOCIAL...
Grifos Nossos
Diante do atual cenário, é possível que surjam novas discussões sendo
fundamental trazer à tona o argumento da impossibilidade de ofensa ao núcleo
essencial do direito fundamental ao benefício previdenciário e à previdência social.
Tratamento discriminatório entre os servidores públicos federais,
estaduais e municipais
As alterações nas regras do regime próprio de previdência social foram
direcionadas aos servidores públicos federais, ficando facultado aos Estados e
Municípios suas próprias reformas.
Tal formatação pode levar a regras diferentes para a concessão dos
benefícios entre os servidores públicos federais, estaduais e municipais, ferindo
diretamente as cláusulas pétreas da forma federativa do Estado e da
isonomia/igualdade. Nesse sentido as conclusões de Frederico Amado:
No âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a
aposentadoria voluntária com modificação de na idade mínima,
dependerá de emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas,
sendo conservado o antigo regime constitucional provisoriamente. O
mesmo se aplica ao benefício de pensão por morte que depende de
lei de incorporação dos entes federativos.
Dessa forma, existem regras da Emenda 103/2019 que se aplicam aos
servidores de todas as esferas de governo. Por outro lado, existem
regras que somente serão aplicáveis aos servidores dos estados,
Distrito Federal e municípios se a legislação local for ulteriormente
modificada, como os requisitos/renda para as aposentadorias e valor
da pensão por morte.

- 09079699764
É um caos interpretativo. Uma verdadeira quebra de isonomia entre
servidores efetivos, que agora possuem regimes previdenciários com
regramentos distintos.25
Reinterpretação do direito fundamental à segurança jurídica e seus
correlatos (proteção da confiança, proibição do retrocesso)
Segurança jurídica está relacionada à proteção quanto à instabilidade da
mudança das regras pelo sistema.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro citando José Afonso da Silva assevera que "a
segurança jurídica consiste no 'conjunto de condições que tornam possível às pessoas
o conhecimento antecipado e reflexivo das consequências diretas de seus atos e de
seus fatos à luz da liberdade reconhecida'. Uma importante condição da segurança
jurídica está na relativa certeza que os indivíduos têm de que as relações realizadas
sob o império de uma norma devem perdurar ainda quando tal norma seja substituída"
(SILVA, J., 2006, p. 133).26
No mesmo artigo a autora traz a definição do princípio da proteção da
confiança advertindo que: leva em conta a boa-fé do cidadão que acredita e espera
que os atos praticados pelo poder público sejam lícitos e, nessa qualidade, serão
mantidos e respeitados pela própria Administração e por terceiros.27
Já o princípio de vedação ao retrocesso social caracteriza-se pela
impossibilidade de redução dos direitos sociais amparados na Constituição, ou que
tenham sido positivados em normas infra constitucionais, garantindo ao cidadão o
acúmulo, proteção e perenidade de seu patrimônio jurídico e o avanço na concretude
fática do conceito de cidadania.28

25AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição. Salvador,


Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.207

26PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. O STJ e o princípio da segurança jurídica.


https://www.migalhas.com.br/depeso/302189/o-stj-e-o-principio-da-seguranca-juridica. 2019

27 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. O STJ e o princípio da segurança jurídica.

https://www.migalhas.com.br/depeso/302189/o-stj-e-o-principio-da-seguranca-juridica. 2019

28ALMEIDA, Tatiana Conceição Fiore de Almeida. O Estado e o dever de respeito


à vedação de retrocesso social.

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O Supremo Tribunal Federal em suas decisões relacionadas ao tema no que
diz respeito as regras de direito previdenciário entende que não há direito ao regime
jurídico, protegendo o direito adquirido, mas não a expectativa de direito.
Logo, no entendimento do Supremo Tribunal Federal, sem o preenchimento
de todos os requisitos não haveria direito ao regime jurídico previdenciário anterior,
haveria somente a expectativa de um direito.
A emenda constitucional fez profundas alterações no sistema previdenciário,
ferindo o princípio da proteção da confiança e o princípio da proteção do retrocesso
social, motivo pelo qual o STF pode ser instado a se manifestar novamente sobre a
temática.

Aula 03 – Controle de Constitucionalidade

O controle constitucional diz respeito aos limites do Estado e às garantias de


estabilidade da Constituição contra atos do Poder Público que importem em seu
desrespeito.29
É um conjunto de procedimentos previstos na Constituição Brasileira que tem
por finalidade, impedir que uma norma inconstitucional entre no sistema jurídico, ou
para que dele seja retirada.
Os pressupostos do controle de constitucionalidade são:
1 - Supremacia da constituição, ou seja, a Constituição precisa ser a norma
superior do ordenamento jurídico.
2 - Constituição rígida, que exige um processo solene, mais rigoroso do que
o processo para alteração da lei

29 BUZANELLO, José Carlos. Controle de constitucionalidade: a Constituição


como estatuto jurídico do político. Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 34
n. 136 out./dez. 1997. Cit.p.30

- 09079699764
Como bem condensado por Guilherme Marques Galindo:
O fundamento do controle de constitucionalidade é a estrutura
piramidal dos ordenamentos jurídicos que adotam o modelo de
Constituição rígida e, por consequência, a supremacia formal das
normas constitucionais em relação às demais leis.30
Nossa Constituição está no topo da estrutura hierárquica do ordenamento
jurídico e ela é uma Constituição rígida.
O controle de constitucionalidade funciona como um o mecanismo da
proteção da supremacia constitucional.31
No controle de constitucionalidade devem ser feitas duas verificações:
1) Se o procedimento para a aprovação da lei foi respeitado.
Caso não tenha sido estaremos diante de uma inconstitucionalidade formal,
ou seja, quanto à forma.
Essa inconstitucionalidade pode estar relacionada ao processo legislativo ou
ainda a competência. Nesse sentido Gabriela Esther Zanco citando Gilmar Mendes:
Os vícios formais atingem somente o ato normativo considerado, sem
atingir o seu conteúdo, traduzindo um defeito de formação do ato
normativo, referindo-se aos pressupostos e procedimentos relativos à
formação da lei, seja no sentido da inobservância de principio de
ordem técnica ou pelo procedimento ou pela violação de regras de
competência.32
2) Se o conteúdo da lei é compatível com a Constituição.
Caso o conteúdo da norma não esteja compatível com a constituição
estaremos diante de uma inconstitucionalidade material, ou seja, quanto à matéria,
como esclarece Gabriela Esther Zanco citando Pedro Lenza:
Caracteriza-se a inconstitucionalidade material quando uma norma
jurídica é elaborada em desacordo com o conteúdo material

30 GALINDO, Guilherme Marques. Controle de Constitucionalidade


https://jus.com.br/artigos/93124/controle-de-constitucionalidade

31 GALINDO, Guilherme Marques. Controle de Constitucionalidade.


https://jus.com.br/artigos/93124/controle-de-constitucionalidade

32 ZANCO, Gabriela Esther Zanco. Controle de constitucionalidade no Brasil


https://www.migalhas.com.br/depeso/338026/controle-de-constitucionalidade-no-brasil

- 09079699764
consagrado na lei fundamental, ou seja, a norma constitucional
agasalha um conteúdo que é desrespeitado pelo legislador ordinário33
Esse controle pode ser feito de forma preventiva visando evitar que a norma
inconstitucional entre no sistema, ou de forma repressiva, visando retirar a norma
inconstitucional do sistema
O controle preventivo é exercido em regra pelo Poder Legislativo e Poder
Executivo e pode ser feito pelo Poder Judiciário.
Já o controle repressivo é feito pelo Poder Judiciário, mas de forma
excepcional pode ser exercido pelo Poder Legislativo e Poder Executivo.

Aula 04 – Controle de Constitucionalidade

O controle de constitucionalidade se divide em duas espécies:


1) Via de Exceção, também chamado de via de defesa, ou via indireta, ou
controle difuso, ou controle concreto ou controle incidental
Hipótese em que o pedido do reconhecimento da inconstitucionalidade é feito
no caso concreto, declarando incidentalmente a inconstitucionalidade da lei.
A declaração de inconstitucionalidade é incidental, já que esse não é o pedido
principal da lide.
Nessa via de controle os efeitos da declaração de inconstitucionalidade só se
aplicam às partes daquele processo.
Com a exceção da hipótese em que o Supremo Tribunal Federal julga o
recurso extraordinário e declara a inconstitucionalidade de uma lei, a decisão tem
efeito erga omnes.

33 ZANCO, Gabriela Esther Zanco. Controle de constitucionalidade no Brasil.


https://www.migalhas.com.br/depeso/338026/controle-de-constitucionalidade-no-brasil

- 09079699764
2) Via de ação, que também conhecida como via direta, ou controle
concentrado, ou controle abstrato.
São ações de competência originaria do Supremo Tribunal Federal, com efeito
vinculante e eficácia erga omnes.
A verificação da inconstitucionalidade é feita em abstrato, em tese, não existe
um caso concreto.
Para José Carlos Buzanello:
O controle concentrado é privativo dos Tribunais Superiores, fixado as
competências na Constituição Federal para o Supremo Tribunal
Federal e, quando couber, para os Tribunais de Justiça dos Estados,
conforme prescrevem as respectivas Constituições dos Estados-
membros. A jurisdição do STF quanto ao controle concentrado de
inconstitucionalidade, equivale, na prática, a uma declaração de
ineficácia válida erga omnes, sem prejuízo do princípio constitucional
da independência do juiz.34
O controle concentrado de constitucionalidade é dividido em:
ADI ou ADIN – Ação Direta de Inconstitucionalidade – CF/88 artigo 102, I
ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade – CF/88 artigo 102, I
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal;
ADPF - Arguição De Descumprimento De Preceito Fundamental – CF/88
artigo 102, §1º
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
...

34 BUZANELLO, José Carlos. Controle de constitucionalidade: a Constituição como


estatuto jurídico do político. Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 34 n. 136 out./dez.
1997. Cit.p.35

- 09079699764
§1º A argüição de descumprimento de preceito fundamental,
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal
Federal, na forma da lei.

TEMA 03 – Direito Constitucional


Previdenciário aplicado a prática previdenciária

Aula 01 – Princípios Constitucionais Gerais


aplicáveis à seguridade Social

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana


André Luiz Moro Bittencourt citando Luís Roberto Barroso traz a definição de
dignidade da pessoa humana: “a dignidade da pessoa humana como atualmente
compreendida, se assenta sobre o pressuposto de que cada ser humano possui um
valor intrínseco e desfruta de uma posição especial no universo”35
A dignidade da pessoa humana é um direito fundamental e norteador de todo
o ordenamento jurídico, sendo de rigor sua aplicação na seguridade social, como
ensina o professor André Luiz Moro Bittencourt

35 BITTENCOURT, André Luiz Moro. Manual dos benefícios por incapacidade laboral e
deficiência. 4ª ed. Curitiba, Alteridade Editora, 2021. Cit. p. 21

- 09079699764
“a dignidade da pessoa humana, da forma como elencada na
Constituição Federal de 1988, deve ser observada como um direito
fundamental, e, como consequência, qualquer situação de limitação
ou tentativa de retirada, mesmo que parcial, resta proibida ao mesmo
tempo que todo ordenamento jurídico tem que ser interpretado de
forma a garantir e efetivar a dignidade humana no caso concreto.”36
A dignidade da pessoa humana está ligada a ideia de mínimo existencial,
como preleciona Renato Barth Pires:
O que a dignidade da pessoa humana certamente assegura é uma
proteção constitucional expressa ao que se denomina mínimo
existencial, impondo ao Estado não apenas um dever genérico de
abstenção, mas também de oferecer prestações mínimas essenciais
à subsistência do indivíduo com dignidade.37
Diante de sua força e importância nossa Constituição Federal traz a dignidade
da pessoa humana como um dos fundamentos da República em seu artigo 1º:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
...
III - a dignidade da pessoa humana;
...
Princípio da legalidade
Segundo a previsão contida no inciso II do artigo 5º da Constituição Federal
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei.
O mencionado inciso traz a definição do princípio da legalidade que vincula a
todos indistintamente.
Os princípios que vinculam a administração pública encontram-se previstos
no artigo 37 caput da Constituição Federal:

36 BITTENCOURT, André Luiz Moro. Manual dos benefícios por incapacidade laboral e

deficiência. 4ª ed. Curitiba, Alteridade Editora, 2021. Cit. p. 28

37 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:


aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 77

- 09079699764
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte...
Grifos Meus
Dentre os princípios elencados encontramos o princípio da legalidade, de
onde se infere que, o sistema de seguridade social por ser gerido pela administração
pública, deve observar o princípio da legalidade.
O princípio tem especial aplicação nas situações em que os Decretos
regulamentares extrapolam sua função delimitada no artigo 84, IV da Constituição
Federal, trazendo requisitos ou obstáculos não previstos em lei.
A ideia também se estende as normas administrativas que não podem criar
restrições de acesso aos serviços e benefícios da seguridade social, onde a lei não
os impõe.

Aula 02 – Princípios Constitucionais Gerais


aplicáveis à seguridade Social

Princípio da Igualdade ou Isonomia


Por ser um dos valores constitucionais mais importantes o princípio da
igualdade tem previsão em diversos dispositivos constitucionais, e em especial no
caput do artigo 5º da Constituição Federal:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

- 09079699764
Costuma-se delimitar o alcance desse princípio constitucional de acordo com
a máxima de Aristóteles, que sustentava o tratamento “igual aos iguais e desigual aos
desiguais, na medida de sua desigualdade.38
Essa aplicação é vislumbrada dentro do sistema de seguridade social pelo
tratamento discriminatório da própria legislação, em possibilidades estabelecidas pela
Constituição Federal, como a possibilidade de concessão de aposentadoria especial
em razão da exposição a agentes nocivos, idades diferentes para homens e mulheres
se aposentarem; hipóteses em que o tratamento diferenciado se justifica, como bem
observa Renato Barth Pires:
Em todos esses casos há uma “discriminação”, sem dúvida alguma.
Mas há aí uma correlação lógica e razoável entre os critérios eleitos
para a discriminação e as finalidades perseguidas, que, por seu vez,
estão também em harmonia com os valores constitucionais aplicáveis
ao caso39
Garantias constitucionais decorrentes do devido processo legal
O princípio do devido processo legal tem previsão no artigo 5º, LIV da
Constituição Federal:
Art. 5º...
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;
Renato Barth Pires esclarece que cláusula constitucional do devido processo
legal não está relacionada exclusivamente com a tutela processual e que o devido
processo em sentido formal, como síntese das garantias processuais, tem igual
relevância no processo administrativo.40
Do princípio constitucional do devido processo legal decorrem outras
garantias como o contraditório e ampla defesa, juiz natural, proibição das provas
obtidas por meios ilícitos, e razoável duração do processo.

38 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:

aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 81
39 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:

aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 82
40 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:

aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 82

- 09079699764
Aula 03 – Princípios Constitucionais Gerais
aplicáveis à seguridade Social

Princípio da Segurança Jurídica


A segurança está prevista no caput do artigo 5º da Constituição Federal como
um direito individual e no artigo 6º como um direito social, sendo um desdobramento
dos direitos fundamentais, como preleciona Renato Barth Pires:
A Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput, inclui o direito à
segurança entre os direitos individuais. O direito à segurança é
também um dos direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição.
A ampla proteção estabelecida pelo Texto Constitucional permite
concluir que o sistema constitucional abrange a segurança em sua
máxima acepção, compreendendo o valor da segurança pessoal (no
sentido relacionado com a segurança pública), mas também a
segurança jurídica e a segurança social.41
A segurança jurídica funciona como uma proteção contra as instabilidades das
relações jurídicas, e mudanças bruscas das regras.
Renato Barth Pires ainda assevera que também são expressões da
segurança jurídica as garantias relativas ao direito adquirido, ao ato jurídico
perfeito e à coisa julgada (art. 5º, XXXVI, da CF).42
Vamos ver a segurança jurídica sob 3 perspectivas:
1) Direito adquirido

41 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:


aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 89

42 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:


aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 89

- 09079699764
Só se pode falar em direito adquirido quando há a prática de um ato de acordo
com a ordem jurídica, e esse direito se incorpora ao patrimônio jurídico da pessoa.
Vejamos o conceito de direito adquirido segundo Alessandra Strazzi:
Explicando de maneira simples, direito adquirido é um termo
jurídico usado para se referir a um direito que foi definitivamente
incorporado ao patrimônio jurídico de uma pessoa depois
de cumprir integralmente determinados requisitos exigidos pela
lei.43
Trazemos um exemplo para melhor elucidação do direito adquirido: Homem
que completou 35 anos de contribuição antes de 13/11/2019, e a Emenda 103/2019
traz junto com suas regras de transição um requisito adicional, mesmo que esse
homem não tenha exercido o direito solicitando o benefício antes da emenda
constitucional o direito já se incorporou ao seu patrimônio jurídico.
Importante mencionar que o STF não protege a expectativa de direito, que é
a situação e alguém que apresenta um direito que está próximo de se concretizar,
mas só não se concretizou porque ainda não foram cumpridos todos
os requisitos exigidos pela lei.44
O STF já reconheceu, inclusive, a existência de direito adquirido ao benefício
mais vantajoso possível, nos casos em que o segurado poderia ter direito a mais de
um benefício (RE 630.501, Relator para acórdão Ministro Marco Aurélio, DJe
23/08/2013).45
A Emenda Constitucional 103/2019 tratou do direito adquirido, no artigo 3º:
Art. 3º A concessão de aposentadoria ao servidor público federal
vinculado a regime próprio de previdência social e ao segurado do
Regime Geral de Previdência Social e de pensão por morte aos
respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo, desde
que tenham sido cumpridos os requisitos para obtenção desses

43 STRAZZI, Alessandra. Direito Adquirido em Direito Previdenciário e o


Entendimento do STF. https://www.desmistificando.com.br/o-que-e-direito-adquirido/ acesso
em 24/07/2022
44 STRAZZI, Alessandra. Direito Adquirido em Direito Previdenciário e o

Entendimento do STF. https://www.desmistificando.com.br/o-que-e-direito-adquirido/ acesso


em 24/07/2022
45 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:

aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 89/90

- 09079699764
benefícios até a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional, observados os critérios da legislação vigente na data
em que foram atendidos os requisitos para a concessão da
aposentadoria ou da pensão por morte.
Há que se advertir que a Emenda Constitucional 103/2019 não observou o
direito adquirido na previsão contida no §3º de seu artigo 25, ao considerar nulas
aposentadorias concedidas no regime anterior.
§ 3º Considera-se nula a aposentadoria que tenha sido concedida ou
que venha a ser concedida por regime próprio de previdência social
com contagem recíproca do Regime Geral de Previdência Social
mediante o cômputo de tempo de serviço sem o recolhimento da
respectiva contribuição ou da correspondente indenização pelo
segurado obrigatório responsável, à época do exercício da atividade,
pelo recolhimento de suas próprias contribuições previdenciárias

Aula 04 – Princípios Constitucionais Gerais


aplicáveis à seguridade Social

Princípio da Proibição do retrocesso.


É uma construção doutrinária que tem origem nos países Europeus e traz a
ideia de que se um determinado direito foi garantido, previsto na Constituição e
concretizado por medidas legislativas, a única alteração que pode ser feita nesse
direito é para avançar, e não para retroceder, como ensinam Carlos Alberto Pereira
de Castro e João Batista Lazzari:
Impõe-se, com ele, que o rol de direitos sociais não seja reduzido em
seu alcance (pessoas abrangidas, eventos que geram amparo) e

- 09079699764
quantidade (valores concedidos), de modo a preservar o mínimo
existencial.46
Nas palavras de Renato Barth Pires: Haveria, assim, a “proibição do
retrocesso”, um impedimento a que o legislador retrocedesse para dificultar a
aquisição de direitos já previstos na legislação.47
Note que não se está falando de direito adquirido, mas sim de proteger a
perspectiva de aquisição de um direito que já está legislado, ou seja, só está na norma
jurídica, ainda não está no caso concreto.
A Emenda Constitucional 103/2019 possui dispositivos que ofendem esse
princípio, e existem diversas ações diretas de inconstitucionalidade em relação a
esses temas, nos quais teremos que aguardar para ver o entendimento do Supremo
Tribunal Federal, que já se manifestou contrária a teses em direito previdenciário.
3) Princípio da proteção da confiança.
A Constituição Federal não trata explicitamente do princípio da proteção da
confiança, então a doutrina trata com um desdobramento da segurança jurídica,
definindo-o como a “Dimensão subjetiva da segurança jurídica”.
O caráter subjetivo tem relação com a expectativa que as regras postas criam
no sujeito, em sua esfera subjetiva, como ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro:
O princípio da proteção da confiança leva em conta a boa-fé do
cidadão que acredita e espera que os atos praticados pelo poder
público sejam lícitos e, nessa qualidade, serão mantidos e respeitados
pela própria Administração e por terceiros. 48
Apesar da Constituição Federal não tratar expressamente do princípio da
proteção da confiança, o Código de Processo Civil prevê o princípio nos §§ 3º e 4º do
artigo 927 no que diz respeito aos temas repetitivos:
Art. 927
...

46 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto

Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.89
47 PIRES, Renato Barth. Princípios constitucionais gerais e seguridade social:

aplicações práticas. Revista do TRF 3ªRegião, ed. 126, jul./set. 2015, Cit p. 93
48 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. O STJ e o princípio da segurança jurídica. 2019

https://www.migalhas.com.br/depeso/302189/o-stj-e-o-principio-da-seguranca-juridica

- 09079699764
§3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de
julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da
alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência
pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos
observará a necessidade de fundamentação adequada e específica,
considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da
confiança e da isonomia.
Todos esses princípios são fundamentais para o direito previdenciário, em
especial no que diz respeito a análise das possíveis inconstitucionalidades existentes
na emenda constitucional 103/2019.

TEMA 04 – Regimes Previdenciários. Tipos de


benefícios. Beneficiários do RGPS: segurados.
Filiação e Inscrição

Aula 01 – Regimes Previdenciários

No Brasil a Previdência Social é dividida em:

- 09079699764
1) Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
O Regime Geral de Previdência Social abrange a maioria dos trabalhadores
brasileiros, tem como característica a compulsoriedade contribuição para aquele que
exerce atividade laborativa remunerada.
Nas lições de Ivan Kertzman “O RGPS é regime de previdência social de
organização estatal, contributivo e compulsório, administrado pelo INSS – Instituto
Nacional do Seguro Socia, sendo as contribuições para ele arrecadadas fiscalizadas
e normatizadas pela Receita Federal do Brasil. É regime de repartição simples e de
benefício definido”49
2) Regime Próprio de Previdência Social (RPPS)
Já o Regime Próprio de Previdência Social é destinado aos servidores
públicos e tem caráter compulsório quanto às contribuições, como nos ensina o
professor Wagner Balera:
É aquele aplicável aos servidores públicos efetivos, quando
estabelecido pelo ente federado respectivo. Nos termos do art. 40 da
Constituição Federal, com redação conferida pela Emenda
Constitucional 103 de 2019 o regime próprio de previdência social dos
servidores de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.50
3) Regime de Previdência Complementar (RPC)
Diferentemente dos regimes anteriores o Regime de Previdência
Complementar é facultativo, ele se divide em Regime de Previdência Complementar
dos Servidores Públicos e Regime de Previdência Complementar Privada.
O Regime de Previdência Complementar dos Servidores Públicos tem
previsão no artigo 40 §§14, 15 e 16 da Constituição Federal de 1988, já o Regime de

49 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Salvador,

Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.35


50 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes
previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 569

- 09079699764
Previdência Privada Complementar está previsto no artigo 202 da Constituição
Federal e nas Leis Complementares 108 e 109 ambas de 2001.

Quadro resumo dos Regimes de Previdência:

PREVIDÊNCIA
SOCIAL

RPPS RGPS RPC

Regime de
Previdência
Complementar dos
Servidores Públicos

Regime de
Previdência
Complementar
Privada

Regime Geral de Previdência Social


A previdência social é organizada na forma de Regime Geral de Previdência
Social, como se infere do caput do artigo 201 da Constituição Federal, que também
os riscos sociais protegidos:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime
Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente
para o trabalho e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

- 09079699764
Rol de legislação relacionada a previdência social:
Constituição Federal (Emenda Constitucional 103/2019)
Lei 8.212/91 Lei de Custeio
Lei 8.213/91 – Lei de Benefícios
Decreto 3.048/99 – Regulamento da Previdência Social
Instrução Normativa 128/2022
Outras normas administrativas (Memorando Circulares, Ofícios e Portarias)

Aula 02 – Tipos de benefícios

Os benefícios são prestações pagas, em dinheiro, aos trabalhadores ou a


seus dependentes.51
Os benefícios previdenciários estão divididos em 3 grupos:
1) Aposentadorias programáveis
Aposentadoria por idade;
Aposentadoria por tempo de contribuição;
Aposentadoria especial;
Aposentadoria da pessoa com deficiência;
Aposentadoria do professor.

2) Benefícios de proteção à família e a maternidade


- Destinados aos dependentes
Pensão por morte;
Auxílio reclusão.
- Destinados ao segurado
Salário maternidade;
Salário família.

51 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Salvador,


Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.355

- 09079699764
3) Benefícios por incapacidade
Auxílio por incapacidade temporária;
Aposentadoria por incapacidade permanente;
Auxílio acidente

Quadro resumo

Acumulação de benefícios previdenciários

A acumulação de benefícios ocorre quando há o recebimento simultâneo de


mais de um benefício previdenciário, e suas limitações estão previstas no artigo 124
da lei 8.213/91:
Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o
recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:
I - aposentadoria e auxílio-doença;
II - duas ou mais aposentadorias;
II - mais de uma aposentadoria;
III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;
IV - salário-maternidade e auxílio-doença;
V - mais de um auxílio-acidente;
VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro,
ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-
desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da
Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente.

- 09079699764
A cumulação de pensão por morte costuma gerar bastante dúvidas, não
havendo vedação para recebimento de mais de uma pensão, com exceção de
pensões por morte de cônjuge e ou companheiros diferentes.
Apresentamos um exemplo para melhor elucidação: Maria recebe pensão por
morte de João, casa-se com Pedro, que anos depois falece. Maria não poderá receber
as duas pensões simultaneamente, devendo escolher aquela que lhe for mais
vantajosa.
Com relação ao seguro-desemprego, temos a vedação de cumulação com
benefícios, com exceção do auxílio reclusão, auxílio suplementar ou abono de
permanência em serviço, conforme previsão do §2º artigo 167 do Decreto 3.048/99.
É vedada a cumulação do auxílio acidente com qualquer tipo de
aposentadoria, porém, é permitida a cumulação com auxílio por incapacidade
temporária desde que tenha se originado de outro acidente ou doença.
Os benefícios previdenciários não podem ser cumulados com os benefícios
de prestação continuada da lei orgânica da assistência social concedidos aos idosos
e pessoas com deficiência, previsão do inciso XIX do artigo 1º da Portaria
DIRBEN/INSS nº 994.
O artigo 1º da Portaria DIRBEN/INSS nº 994 traz outras hipóteses de
acumulação indevida:
Art. 1º Exceto na hipótese de direito adquirido, não é permitido o
recebimento em conjunto dos seguintes benefícios do RGPS, inclusive
quando decorrentes de acidente do trabalho:
I - mais de uma aposentadoria, exceto com DIB anterior a janeiro de
1967, de acordo com o Decreto-Lei nº 72, de 21 de novembro de 1966;
II - aposentadoria com abono de permanência em serviço;
III - aposentadoria com auxílio por incapacidade temporária;
IV - salário-maternidade com auxílio por incapacidade temporária ou
aposentadoria por incapacidade permanente;
V - auxílio-suplementar com aposentadoria ou auxílio por
incapacidade temporária, observado quanto ao auxílio por
incapacidade temporária a exceção da pensão especial hanseníase.
VI - mais de um auxílio por incapacidade temporária, inclusive
acidentário;

- 09079699764
VII - mais de um auxílio-acidente, para fatos geradores após a vigência
da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995;
VIII - auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, quando a
consolidação das lesões decorrentes de acidentes de qualquer
natureza ou o preenchimento dos requisitos da aposentadoria forem
posteriores às alterações inseridas no § 2° do art. 86 da Lei nº 8.213,
de 24 de julho de 1991, pela Medida Provisória no 1.596-14,
convertida na Lei no 9.528, de 10 de dezembro de 1997;
IX - auxílio-acidente com auxílio por incapacidade temporária, do
mesmo acidente ou da mesma doença que o gerou;
X - mais de uma pensão deixada por cônjuge;
XI - mais de uma pensão deixada por companheiro ou companheira;
XII - mais de uma pensão deixada por cônjuge e companheiro ou
companheira.
XIII - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro com
auxílio-reclusão de cônjuge ou companheiro, para evento ocorrido a
partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei no 9.032, de
1995, facultado o direito de opção pelo mais vantajoso;
XIV - mais de um auxílio-reclusão de instituidor cônjuge ou
companheiro, para evento ocorrido a partir de 29 de abril de 1995, data
da publicação da Lei no 9.032, de 1995, facultado o direito de opção
pelo mais vantajoso;
XV - auxílio-reclusão pago aos dependentes, com auxílio por
incapacidade temporária, salário-maternidade, aposentadoria ou
abono de permanência em serviço do segurado recluso, observado o
disposto no § 7° deste artigo, permitida a opção pelo benefício mais
vantajoso.
XVI - renda mensal vitalícia com qualquer benefício de qualquer
regime, exceto se o beneficiário tiver ingressado no regime do extinto
INPS após completar 60 anos, quando será possível também receber
o pecúlio de que trata o § 3º do art. 5º da Lei nº 3.807, de 26 de agosto
de 1960;
XVII - pensão mensal vitalícia de seringueiro (soldado da borracha),
com qualquer outro Benefício de Prestação Continuada de natureza

- 09079699764
assistencial mantido pela Previdência Social ou qualquer outro
benefício do RGPS;
XVIII - amparo social à pessoa portadora de deficiência ou auxílio-
inclusão com pensão especial destinada a crianças com Síndrome
Congênita do Zika Vírus;
XIX - benefício assistencial com benefício da Previdência Social ou de
qualquer outro regime previdenciário, ressalvados os benefícios
assistenciais concedidos a partir de 7 de julho de 2011, data de
publicação da Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011, que poderão ser
acumulados com as seguintes prestações de natureza indenizatória:
a) espécie 54 - Pensão Indenizatória a Cargo da União;
b) espécie 56 - Pensão Especial aos Deficientes Físicos Portadores
da Síndrome da Talidomida - Lei nº 7.070, de 1982;
c) espécie 60 - Benefício Indenizatório a Cargo da União;
d) espécie 89 - Pensão Especial aos Dependentes das Vítimas da
Hemodiálise - Caruaru - PE - Lei nº 9.422, de 1996; e
e) espécie 96 - Pensão Especial (Hanseníase) - Lei nº 11.520, de
2007.

Aula 03 – Prévio requerimento


administrativo e prazos para análise de
benefícios

Em regra, a solicitação do benefício previdenciário tem início com o


requerimento administrativo que se inicia no Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS).
Já se discutiu a possibilidade de subsunção dos pedidos relativos a benefícios
previdenciários diretamente no Poder Judiciário. O debate chegou ao Supremo
Tribunal Federal, que no julgamento do Recurso Extraordinário 631.240 utilizou como

- 09079699764
baliza o tipo de ação para fixação ou não da obrigatoriedade do prévio requerimento
administrativo, como pondera o José Antonio Savaris:
De outro lado, compreendeu o STF que a exigência ou não do prévio
requerimento administrativo deve levar em conta o tipo de ação
judicial, se de concessão, se de revisão, se de restabelecimento, ou
se de manutenção de benefício previdenciário52
A tese fixada traz como regra a obrigatoriedade de prévio requerimento
administrativo para as ações de concessão de benefício, excepcionando a
obrigatoriedade para as ações de revisão, restabelecimento e manutenção de
benefícios, e independentemente do tipo de ação, na hipótese em que o entendimento
do INSS é notório e reiteradamente contrário ao pedido, como a tese da revisão da
vida toda ou da desaposentação.
Em nenhuma das hipóteses se exige o esgotamento da via administrativa,
restando caracterizada a pretensão resistida quando a Autarquia Previdenciária
ultrapassar o prazo legal para a análise do pedido.
A tese está no tema 350 do STF:
I - A concessão de benefícios previdenciários depende de
requerimento do interessado, não se caracterizando ameaça ou lesão
a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se
excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto,
que a exigência de prévio requerimento não se confunde com o
exaurimento das vias administrativas; II – A exigência de prévio
requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário
à postulação do segurado; III – Na hipótese de pretensão de revisão,
restabelecimento ou manutenção de benefício anteriormente
concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de conceder a
prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado
diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de
fato ainda não levada ao conhecimento da Administração –, uma vez

52 SAVARIS, José Antonio. Direito processual previdenciário. 10ª edição, Curitiba,


Alteridade, 2022. Cit.p.270

- 09079699764
que, nesses casos, a conduta do INSS já configura o não acolhimento
ao menos tácito da pretensão; IV – Nas ações ajuizadas antes da
conclusão do julgamento do RE 631.240/MG (03/09/2014) que não
tenham sido instruídas por prova do prévio requerimento
administrativo, nas hipóteses em que exigível, será observado o
seguinte: (a) caso a ação tenha sido ajuizada no âmbito de Juizado
Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo não deverá
implicar a extinção do feito; (b) caso o INSS já tenha apresentado
contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela
resistência à pretensão; e (c) as demais ações que não se enquadrem
nos itens (a) e (b) serão sobrestadas e baixadas ao juiz de primeiro
grau, que deverá intimar o autor a dar entrada no pedido administrativo
em até 30 dias, sob pena de extinção do processo por falta de
interesse em agir. Comprovada a postulação administrativa, o juiz
intimará o INSS para se manifestar acerca do pedido em até 90 dias.
Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu
mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente,
extingue-se a ação. Do contrário, estará caracterizado o interesse em
agir e o feito deverá prosseguir; V – Em todos os casos acima – itens
(a), (b) e (c) –, tanto a análise administrativa quanto a judicial deverão
levar em conta a data do início da ação como data de entrada do
requerimento, para todos os efeitos legais.
Segundo a previsão contida no artigo 49 da lei 9784/99 o prazo para o INSS
analisar os requerimentos administrativos é de 30 dias:
Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a
Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
prorrogação por igual período expressamente motivada.
O §5º do artigo 41-A da lei 8.213/91, prevê o prazo de 45 dias para o
pagamento do benefício:
§5º O primeiro pagamento do benefício será efetuado até quarenta e
cinco dias após a data da apresentação, pelo segurado, da
documentação necessária a sua concessão

- 09079699764
Mesmo com a fixação do prazo de 30 dias na lei 9.784/99 para que o INSS
analise o requerimento administrativo, em razão da determinação contida no §5º, o
Superior Tribunal de Justiça aplica o prazo de 45 dias também para análise.
Ocorre que, um acordo firmado entre o Ministério Público Federal e o INSS
no tema 1066 do STF prevê prazos diversos daquele fixado na lei 9.784/99 para
análise dos processos administrativos dos benefícios previdenciários e assistenciais.
Os prazos fixados no tema são os que se encontram na tabela a seguir:

Auxílio Acidente 60 dias


Auxílio Reclusão 60 dias
Auxílio por incapacidade temporária 45 dias
Aposentadoria por incapacidade permanente 45 dias
BPC (LOAS) 90 dias
Aposentadorias programadas 90 dias
Salário maternidade 30 dias
Pensão por morte 60 dias

Importante mencionar que o processo administrativo não se encerra com o


indeferimento do pedido, sendo possível ingressar com recurso administrativo para o
Conselho de Recursos da Previdência Social, antes do ingressar com o pedido no
Poder Judiciário, consoante previsão contida no artigo 305 do Decreto 3.048/99:

Aula 04 – Beneficiários do RGPS, inscrição


e filiação

Beneficiários são as pessoas que podem receber um benefício, dividindo-se


em segurados e dependentes.
Segurados são aqueles que contribuem para o sistema de forma compulsória
ou facultativa, como ensinam Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari:

- 09079699764
É segurado da Previdência Social, nos termos do art. 9º e seus
parágrafos do Decreto n. 3.048/99, de forma compulsória, a pessoa
física que exerce atividade remunerada, efetiva ou eventual, de
natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título
precário ou não, bem como aquele que a lei define como tal,
observadas, quando for o caso, as exceções previstas no texto legal,
ou exerceu alguma atividade das mencionadas acima, no período
imediatamente anterior ao chamado "período de graça". Também é
segurado aquele que, sem exercer atividade remunerada, se filia
facultativa e espontaneamente à Previdência Social, contribuindo para
o custeio das prestações sem estar vinculado obrigatoriamente ao
Regime Geral de Previdência Social - RGPS ou a outro regime
previdenciário qualquer.53
Do conceito acima temos que os segurados estão classificados em
obrigatórios e facultativo.
Os segurados obrigatórios são aqueles que contribuem compulsoriamente
para o sistema e se subdividem nas seguintes categorias:
Empregado urbano ou rural, que segundo o artigo 3º da Consolidação das
Leis do Trabalho é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual
a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Empregado Doméstico, conforme a precisão contida no artigo 1º da Lei
Complementar 150/2015 é aquele que presta serviços de forma contínua,
subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família,
no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o
disposto nesta Lei.
Contribuinte Individual – Aquele que exerce atividade remunerada e não está
em nenhum dos outros grupos, como o empresário, autônomo, e equiparados a
autônomos, temos como exemplos diaristas, cabeleireiros, advogados e outras figuras
que exercem atividade por conta própria.

53 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto


Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.155

- 09079699764
Trabalhador Avulso é a pessoa que sindicalizada ou não presta serviços de
natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo empregatício com
qualquer delas, com intermediação obrigatória do órgão gestor de mão de obra, nos
termos da Lei n. 8.630, de 25.2.93, ou do sindicato da categoria.54
Segurado Especial que tem seu conceito definido no inciso VII do artigo 12 da
lei 8.212/91:
VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural
ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente
ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual
de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de: a)
produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado,
parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais,
que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades
nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de
julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca
profissão habitual ou principal meio de vida;
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis)
anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as
alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o
grupo familiar respectivo
O segurado facultativo é a pessoa que, não estando em nenhuma situação
que a lei considera como segurado obrigatório, desejar contribuir para a Previdência
Social, desde que maior de 14 anos (segundo o Decreto n. 3.048/99, a partir dos 16

54 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto

Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.175

- 09079699764
anos somente) e não esteja vinculado a nenhum outro regime previdenciário (art. 11
e §2º do Regulamento)55
Importante destacar que o servidor público vinculado ao regime próprio de
previdência social tem vedação constitucional para realizar contribuições como
segurado facultativo, nos exatos termos do §5º do artigo 201 da Constituição Federal.
Art. 201
...
§5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime
próprio de previdência.
Caso o participante de regime próprio de previdência social contribua como
segurado facultativo, as contribuições não poderão ser utilizadas, sendo passível de
restituição do período referente aos últimos 5 anos, nos termos INSTRUÇÃO
NORMATIVA RFB Nº 971, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2009.
Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a
previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações, consoante prevê o
artigo 20 do Decreto 3.048/99. A filiação nasce com o exercício da atividade
remunerada para os segurados obrigatórios e com o pagamento da primeira
contribuição em dia para o segurado facultativo.
O §7º do artigo 17 da lei 8.213/91, incluído pela lei 13.846/2019 determina
que: “Não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual
e de segurado facultativo”.
Por outro lado, a inscrição de segurado é o ato formal pelo qual ocorre o
cadastro na previdência social.
Segundo Ivan Kertzman: Considera-se inscrição do segurado, para efeitos da
Previdência Social, o ato pelo qual este é cadastrado no Regime Geral de Previdência

55 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. Manual de direito previdenciário/Carlos Alberto

Pereira de Castro, João Batista Lazzari, 19ª edição, Rio de Janeiro, Forense, 2016. Cit.p.184

- 09079699764
Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos
necessários e úteis à sua caracterização.56

TEMA 05 – Qualidade de Segurado

Aula 01 – Qualidade de segurado

A previdência social é um regime previdenciário contributivo, e como regra


aqueles que contribuem para o sistema tem qualidade de segurado, contudo, em
razão dos princípios que regem o sistema previdenciário e seu caráter eminentemente
protetivo, existem determinados períodos em que mesmo sem a contribuição é
mantida a qualidade de segurado, o que é chamado de período de graça, como bem
define Ivan Kertzman:
O período em que o segurado pode deixar de recolher contribuições
sem perder os seus direitos é chamado de “período de graça”57
Para o empregado, empregado doméstico, contribuinte individual prestador
de serviço para pessoa jurídica e avulso, a qualidade de segurado começa no exato
momento em que há o exercício de atividade laboral remunerada,
independentemente, de quantidade de dias e do pagamento da contribuição.

56 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição.

Salvador, Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.120


57 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Salvador,

Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.310

- 09079699764
Já para o segurado facultativo e para o contribuinte individual que não é
prestador de serviços para pessoa jurídica, a qualidade de segurado nasce a partir do
primeiro pagamento em dia.
O chamado período de graça tem previsão nos artigos 15 da lei 8.213/91 e 13
do Decreto 3.048/99 e pode variar de 3 a 36 meses a depender da categoria do
segurado e das circunstâncias que permeiam sua condição.
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições:
I - sem limite de prazo, o segurado que estiver em gozo de benefício,
exceto na hipótese de auxílio-acidente;
II - até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou
das contribuições, observado o disposto nos § 7º e § 8º e no art. 19-
E; (Redação dada pelo Decreto nº 10.491, de 2020)
III - até doze meses após cessar a segregação, o segurado acometido
de doença de segregação compulsória;
IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido ou recluso;
V - até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às
Forças Armadas para prestar serviço militar; e
VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o segurado
facultativo.
Da análise das previsões contidas no artigo 13 do Decreto 3.048/99, temos
que aquele que está em gozo de benefício mantém a qualidade de segurado sem
limite de prazo, e somente tem início o período de graça, após a cessação do
benefício.
Sempre houve discussão se o seguro-desemprego seria considerado período
em gozo de benefício para a finalidade de manutenção da qualidade de segurado, e
o entendimento jurisprudencial era no sentido de que não.
Em 2019 foi editada a Medida Provisória 905/2019 que previa expressamente
o desconto das contribuições previdenciárias e que o período de manutenção da
qualidade de segurado se iniciaria após o encerramento do seguro-desemprego,
contudo, a MP 905/2019 foi revogada pela MP 955/2019 e voltamos ao status anterior.
Até a edição da lei 13.846/2019 o recebimento do auxílio acidente também
implicava na manutenção da qualidade de segurado, no entanto, a mencionada lei

- 09079699764
alterou o artigo 15 da lei 8.213/91 e posteriormente o artigo 13 do Decreto 3.048/99
foi atualizado de acordo com a atualização legislativa, excluindo expressamente o
auxílio acidente do rol dos benefícios que geram a manutenção da qualidade de
segurado.
A nova disposição trouxe uma celeuma para a situação daqueles que vinham
recebendo o auxílio acidente a bastante tempo, pois haveria a perda da qualidade de
segurado no dia que a lei 13.846/2019 entrou em vigor.
Para regulamentar a situação o INSS editou a Portaria 231/2020, que
estabelece no §1º do artigo 1º a manutenção da qualidade de segurado por 12 meses
para aqueles que tiveram o auxílio acidente concedido até 17/06/2019, véspera da
publicação da lei 13.846/2019, com início da contagem do prazo em 18/06/2019.
No artigo 2ª da mencionada portaria restou fixado que o auxílio-acidente com
fato gerador a partir de 18 de junho de 2019 não será considerado para manutenção
da qualidade de segurado.

Aula 02 – Qualidade de segurado

Mantém a qualidade de segurado por 12 meses o segurado obrigatório após


a cessação de suas contribuições, bem como aquele que estava em gozo de benefício
por incapacidade, conforme previsão do inciso II do artigo 13 do Decreto 3.048/99.
O início do prazo de 12 meses nesse caso foi definido no tema 251 da TNU:
O início da contagem do período de graça para o segurado que se
encontra em gozo de auxílio-doença, para fins de aplicação do
disposto no artigo 15, inciso II e parágrafos 1º e 2° da lei nº 8.213/91,
é o primeiro dia do mês seguinte à data de cessação do benefício
previdenciário por incapacidade.
Consoante dispõe o inciso III do artigo 13 do Decreto 3.048/99, também é de
12 meses o prazo de manutenção da qualidade de segurado para aquele que foi
acometido por doença de segregação compulsória, hipótese em que o início do prazo
se dará após o fim da segregação compulsória.

- 09079699764
Diferentemente do segurado obrigatório que mantém a qualidade de segurado
por 12 meses após a cessação de suas contribuições, o segurado facultativo mantém
a qualidade de segurado pelo período de 6 meses após deixar de contribuir, é o que
prevê o inciso VI do artigo 13 do Decreto. 3.048/99.
O segurado obrigatório que verter contribuições como segurado facultativo no
período de graça, ao deixar de contribuir nessa condição poderá usufruir do período
de graça anterior, se mais vantajoso, é o que prevê o §7º do artigo 183 da IN 128/2022.
Art. 183
...
§7º O segurado obrigatório que, durante o período de manutenção de
qualidade de segurado, incluindo as prorrogações previstas nos §§4º
e 5º, se filiar ao RGPS na categoria de facultativo, ao deixar de
contribuir nesta última, terá direito de usufruir o período de graça de
sua condição anterior, se mais vantajoso.
O segurado detido ou recluso tem período de manutenção da qualidade de
segurado por 12 meses após o livramento, conforme previsão contida no inciso IV do
artigo 13 do Decreto 3.048/99.
Já aquele que prestou serviço militar obrigatório tem a qualidade de segurado
pelo curto período de 03 meses.
Para o detido ou recluso e aquele que prestou o serviço militar obrigatório
para que seja estendida a qualidade de segurado é necessário que gozassem de tal
qualidade antes da prisão ou do início da prestação do serviço militar.
Os períodos de manutenção da qualidade de segurado podem ser estendidos
para os segurados obrigatórios nos termos do que preceitua os §§1º e 2º do artigo 15
da lei 8.213/91.
A primeira hipótese é para as situações em que houve o pagamento de mais
de 120 contribuições mensais sem interrupções entre elas que impliquem na perda da
qualidade de segurado, onde o prazo inicial de prorrogação de 12 meses, previsto no
inciso II do artigo 15, poderá chegar a 24 meses.
A Turma Nacional de Uniformização ao julgar o tema 255 fixou a tese de que
essa benesse se incorpora ao patrimônio jurídico do segurado e pode ser utilizada a
qualquer tempo e mais de uma vez: “O pagamento de mais de 120 (cento e vinte)

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contribuições mensais, sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de
segurado, garante o direito à prorrogação do período de graça, previsto no parágrafo
1º, do art. 15 da Lei 8.213/91, mesmo nas filiações posteriores àquela na qual a
exigência foi preenchida, independentemente do número de vezes em que foi
exercido”.
A IN 128/2022 mesmo com o julgamento do tema 255 da TNU pouco tempo
antes de sua edição não incorporou a tese fixada, conforme se verifica da previsão
contida no §4º do artigo 183 da normativa administrativa:

Artigo 183

...

§4º O prazo do inciso II do caput será acrescido de 12 (doze)


meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte)
contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda
da qualidade de segurado, observando que, na hipótese desta
ocorrência, a prorrogação somente será devida em outra
oportunidade quando o segurado completar 120 (cento e vinte)
novas contribuições mensais sem perda da qualidade de
segurado.

Aula 03 – Qualidade de segurado

Existe ainda a possibilidade da extensão da qualidade de segurado por mais


12 meses em razão da ocorrência de desemprego involuntário, hipótese prevista no
§2º do artigo 13 do Decreto 3.048/99.

- 09079699764
Para o INSS a prova do desemprego involuntário só pode ser feita pelo
recebimento do seguro-desemprego ou registro no SINE para busca de recolocação,
por outro lado, no poder judiciário a prova pode ser feita por outros meios, conforme
tese fixada na súmula 27 da TNU “A ausência de registro em órgão do Ministério do
Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em
Direito.”
Esse também é o entendimento do STJ na Pet. 7.115:
PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE
INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. MANUTENÇÃO DA
QUALIDADE DE SEGURADO. ART. 15 DA LEI 8.213/91. CONDIÇÃO
DE DESEMPREGADO. DISPENSA DO REGISTRO PERANTE O
MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
QUANDO FOR COMPROVADA A SITUAÇÃO DE DESEMPREGO
POR OUTRAS PROVAS CONSTANTES DOS AUTOS. PRINCÍPIO
DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ. O REGISTRO
NA CTPS DA DATA DA SAÍDA DO REQUERIDO NO EMPREGO E A
AUSÊNCIA DE REGISTROS POSTERIORES NÃO SÃO
SUFICIENTES PARA COMPROVAR A CONDIÇÃO DE
DESEMPREGADO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DO INSS
PROVIDO...
1. O art. 15 da Lei 8.213/91 elenca as hipóteses em que há a
prorrogação da qualidade de segurado, independentemente do
recolhimento de contribuições previdenciárias.
2. No que diz respeito à hipótese sob análise, em que o requerido
alega ter deixado de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social, incide a disposição do inciso II e dos §§ 1o. e 2o.
do citado art. 15 de que é mantida a qualidade de segurado nos 12
(doze) meses após a cessação das contribuições, podendo ser
prorrogado por mais 12 (doze) meses se comprovada a situação por
meio de registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da
Previdência Social.
3. Entretanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade
da pessoa humana, esse dispositivo deve ser interpretado de forma a
proteger não o registro da situação de desemprego, mas o segurado

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desempregado que, por esse motivo, encontra-se impossibilitado de
contribuir para a Previdência Social.
4. Dessa forma, esse registro não deve ser tido como o único meio de
prova da condição de desempregado do segurado, especialmente
considerando que, em âmbito judicial, prevalece o livre convencimento
motivado do Juiz e não o sistema de tarifação legal de provas. Assim,
o registro perante o Ministério do Trabalho e da Previdência Social
poderá ser suprido quando for comprovada tal situação por outras
provas constantes dos autos, inclusive a testemunhal.
5. No presente caso, o Tribunal a quo considerou mantida a condição
de segurado do requerido em face da situação de desemprego apenas
com base no registro na CTPS da data de sua saída no emprego, bem
como na ausência de registros posteriores.
6. A ausência de anotação laboral na CTPS do requerido não é
suficiente para comprovar a sua situação de desemprego, já que não
afasta a possibilidade do exercício de atividade remunerada na
informalidade.
7. Dessa forma, não tendo o requerido produzido nos autos prova da
sua condição de desempregado, merece reforma o acórdão recorrido
que afastou a perda da qualidade de segurado e julgou procedente o
pedido; sem prejuízo, contudo, da promoção de outra ação em que se
enseje a produção de prova adequada.
8. Incidente de Uniformização do INSS provido para fazer prevalecer
a orientação ora firmada.
Por fim, temos que a TNU fixou o entendimento no tema 239 de que é possível
estender a qualidade de segurado por mais 12 meses para o contribuinte individual
em razão do desemprego involuntário: “A prorrogação da qualidade de segurado por
desemprego involuntário, nos moldes do §2º do art. 15 da Lei 8.213/91, se estende ao
segurado contribuinte individual se comprovada a cessação da atividade econômica
por ele exercida por causa involuntária, além da ausência de atividade posterior.”
Note que é possível cumular o período de graça previsto no inciso II do artigo
15 da lei 8.213/91, com as prorrogações previstas nos §§1º e 2º do mesmo artigo,
atingindo um tempo total de 36 meses de manutenção da qualidade de segurado.

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A perda da qualidade de segurado não impede a concessão das
aposentadorias por tempo de contribuição, especial, e idade, é o que está previsto
nos §§ 5º e 6º do Decreto 3.048/99.

Aula 04 – Cálculo da qualidade de


segurado, contribuições abaixo do limite
mínimo e qualidade de segurado

O §4º do artigo 15 da lei 8.213/91 traz a forma como deve ser calculado o
período de graça:
§4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do
término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social
para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente
posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos
A qualidade de segurado acaba no dia seguinte ao término do prazo para
contribuição do mês em que o prazo de 12, 24 ou 36 meses acabou, o que faz com
que ao final dos prazos seja acrescido de mais 45 dias na contagem.
Na prática é preciso olhar para o mês em que termina o prazo de 12, 24, ou
36 meses, projetar o mês seguinte ao término desse prazo, e o último dia para fazer
a contribuição referente a esse mês posterior ao término dos 12, 24, ou 36 meses é o
último dia da manutenção da qualidade segurado.
Mesmo que o último vínculo do segurado seja como empregado o prazo
considerado para contribuição é o do Contribuinte Individual, que é dia 15.
Se o termo final do prazo para a contribuição for em dia não útil prorroga-se
para o próximo dia útil a manutenção da qualidade de segurado.
O artigo 19 – E do Decreto 3.048/99 inserido pelo Decreto 10.410/2020,
estabelece que as contribuições feitas em valor inferior ao mínimo legal não serão
consideradas para tempo de contribuição, carência e qualidade de segurado.
Art. 19-E. A partir de 13 de novembro de 2019, para fins de aquisição
e manutenção da qualidade de segurado, de carência, de tempo de

- 09079699764
contribuição e de cálculo do salário de benefício exigidos para o
reconhecimento do direito aos benefícios do RGPS e para fins de
contagem recíproca, somente serão consideradas as competências
cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao limite mínimo
mensal do salário de contribuição.
Para a finalidade da qualidade de segurado a contagem do período de graça
se dará a partir da última contribuição igual ou acima do salário-mínimo, ainda que
tenha ocorrido atividade remunerada no período posterior, é o que delimita o §7º do
artigo 13 do Decreto 3.048/99, também incluído pelo Decreto 10.410/2020.
§7º Para o contribuinte individual, o período de manutenção da
qualidade de segurado inicia-se no primeiro dia do mês subsequente
ao da última contribuição com valor igual ou superior ao salário-
mínimo. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
É possível fazer os ajustes dessas contribuições que estejam abaixo do
salário-mínimo através da Complementação, Deslocamento do excedente e
Agrupamento, conforme previsão do §1º do artigo 19E do Decreto 3.048/99:
§1º Para fins do disposto no caput, ao segurado que, no somatório de
remunerações auferidas no período de um mês, receber remuneração
inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição será
assegurado: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
I - complementar a contribuição das competências, de forma a
alcançar o limite mínimo do salário de contribuição exigido; (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
II - utilizar o excedente do salário de contribuição superior ao limite
mínimo de uma competência para completar o salário de contribuição
de outra competência até atingir o limite mínimo; ou (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
III - agrupar os salários de contribuição inferiores ao limite mínimo de
diferentes competências para aproveitamento em uma ou mais
competências até que estas atinjam o limite mínimo. (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
Os ajustes podem ser feitos a qualquer tempo, por iniciativa do segurado,
hipótese em que se tornarão irreversíveis e irrenunciáveis após processados.

- 09079699764
A complementação se feita até o dia quinze do mês subsequente ao da
prestação do serviço não tem a incidência de acréscimos, a partir dessa data tem a
incidência dos acréscimos previstos no art. 35 da Lei 8.212/91
O deslocamento do excedente e o agrupamento só podem ser feitas com
competências do mesmo ano civil.
Na hipótese de falecimento do segurado, os ajustes poderão ser solicitados
por seus dependentes para fins de reconhecimento de direito para benefício a eles
devidos até o dia quinze do mês de janeiro subsequente ano do óbito.
Destaque-se que existe a possibilidade de discussão acerca da
inconstitucionalidade da exigência de contribuições iguais ou superiores ao salário-
mínimo para a manutenção da qualidade de segurado e carência, já que o §14 do
artigo 195 da Constituição Federal, previu a limitação apenas para o tempo de
contribuição.
Já existem decisões nesse sentido:
PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE.
CONTRIBUIÇÕES COMO SEGURADO EMPREGADO APÓS O
ADVENTO DA EC 103/2019. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO. VALIDADE PARA FINS DE
MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO E CARÊNCIA.
1. O § 14 do art. 195 da CF/88, incluído pela EC 103/2019, passou a
excluir da contagem como “tempo de contribuição” do RGPS os
salários-de-contribuição inferiores ao mínimo legal. Vedação que não
se estende aos critérios de carência e de manutenção da qualidade de
segurado. Inconstitucionalidade parcial dos artigos 13, § 8º, e 26, do
Decreto 3048/99.
2. O conceito de limite mínimo legal para fins de contribuição mínima
mensal deve ser interpretado de acordo com o artigo 28, da Lei
8212/91, não podendo ser equiparado a salário mínimo para a
categoria dos segurados empregado, empregado doméstico e
trabalhador avulso.
3. Hipótese em que o Decreto nº 3.048/99 extrapola o poder
regulamentador previsto no artigo 84, VI, da Constituição Federal.

- 09079699764
4. Validados os requisitos qualidade de segurado e carência na DII, é
devida a concessão de auxílio por incapacidade temporária desde a
DER, quando comprovadamente havia incapacidade temporária.
5. Recurso da parte autora provido.
(5008573-74.2021.4.04.7107, QUARTA TURMA RECURSAL DO RS,
Relatora MARINA VASQUES DUARTE, julgado em 23/03/2022)

TEMA 06 – Dependentes em matéria


previdenciária

Aula 01 – Dependentes

Os dependentes são, também, beneficiários do Regime Geral de Previdência


Social, podendo usufruir de alguns benefícios previdenciários.58
O artigo 16 da lei 8.213/91 traz a relação de dependentes, que se dividem em
3 classes.
Os dependentes de primeira classe estão elencados no inciso I do artigo 16
da lei 8.213/91 e como preleciona Priscilla Milena Simonato de Migueli:
São classificados como sendo de 1ª classe por possuírem privilégios
em relação aos dependentes elencados nos incisos II e III.59

58 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição.

Salvador, Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.316

59 MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes
do regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.55

- 09079699764
Integram a 1ª classe o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que
tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
Na classe 2, prevista no inciso II do artigo 16 da lei 8.213/91, encontram-se
os pais e na classe 3, prevista no inciso III do artigo 16 da lei 8.213/91 estão o irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou
que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
Consoante disposição contida no §1º do artigo 16 “A existência de dependente
de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes
seguintes.”
Os dependentes da mesma classe concorrem em igualdade de condições
com os demais. Assim, se houver cônjuge, e dois filhos menores de 21 anos não
emancipados, o benefício será fracionado em três partes iguais.60
Para fins previdenciários o filho é dependente até os 21 anos, sem extensão
da pensão por morte até os 24 anos, assunto já pacificado na jurisprudência, em razão
da especialidade da legislação previdenciária acerca do tema. Nesse sentido Súmula
37 da TNU:
A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se
prorroga pela pendência do curso universitário.
Com relação ao filho exige-se também que não seja emancipado na forma da
lei civil.
O artigo 5º do Código Civil trata das hipóteses as causas de emancipação:
Art.5º ...
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou

60 BALERA, Wagner. Direito Previdenciário: seguridade social, regimes


previdenciários, custeio, processo administrativo e benefícios em espécie./Wagner
Balera, Cristiane Miziara Mussi.13ª edição. Curitiba, Juruá, 2022. Cit.p. 126

- 09079699764
por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria.

Aula 02 – Dependência econômica

Os dependentes podem ser classificados como preferenciais ou presumidos


e dependentes sujeitos à comprovação.
Os dependentes de primeira classe têm dependência econômica presumida,
os dependentes de segunda e terceira classe terão que comprovar dependência
econômica, nesse sentido os ensinamentos de Priscilla Milena Simonato de Migueli:
São dependentes preferenciais ou presumidos os elencados no item I
do art. 16 da Lei 8.213/1991, ou seja, o cônjuge, companheiros, filhos
não emancipados, menores de 21 anos ou inválidos ou que tenham
deficiência intetectual ou mental ou deficiência grave. Estes possuem
a dependência econômica do segurado presumida, ou seja, não
precisa ser comprovada.
...
Os dependentes sujeitos a comprovação são aqueles previstos nos
incs. Il e Il1 do art. 16 da Lei8.213/1991, ou seja, os pais, irmão não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)nos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência

- 09079699764
grave. Estes necessitamdemonstrar que dependem economicamente
do segurado falecido. 61
Importante destacar que o (a) companheiro (a) precisa comprovar a união,
mas não precisa comprovar dependência econômica, nesse sentido tema 226 da TNU
“A dependência econômica do cônjuge ou do companheiro relacionados no inciso I do
art. 16 da Lei 8.213/91, em atenção à presunção disposta no §4º do mesmo dispositivo
legal, é absoluta.”
Até a edição do Decreto 10.410/2020 eram exigidos no mínimo 3 documentos
para a comprovação da dependência econômica, no entanto, o mencionado Decreto
alterou a redação do §3º do artigo 22 do Decreto 3.048/99 passando a exigir no
mínimo 2 documentos para a comprovação da união estável.
Os incisos do §3º do artigo 22 do Decreto 3.048/99 traz um rol exemplificativo
dos documentos que podem ser apresentados para a comprovação da união estável:
Art.22
....
§3º Para comprovação do vínculo e da dependência econômica,
conforme o caso, deverão ser apresentados, no mínimo, dois
documentos, observado o disposto nos § 6º-A e § 8º do art. 16, e
poderão ser aceitos, dentre outros: (Redação dada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020).
I - certidão de nascimento de filho havido em comum;
II - certidão de casamento religioso;III - declaração do imposto de
renda do segurado, em que conste o interessado como seu
dependente;
IV - disposições testamentárias;
V - anotação constante na Carteira Profissional e/ou na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, feita pelo órgão competente;
(Revogado pelo Decreto nº 5.699, de 2006)
VI - declaração especial feita perante tabelião;
VII - prova de mesmo domicílio;

61MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes
do regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.48

- 09079699764
VIII - prova de encargos domésticos evidentes e existência de
sociedade ou comunhão nos atos da vida civil;
IX - procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
X - conta bancária conjunta;
XI - registro em associação de qualquer natureza, onde conste o
interessado como dependente do segurado;
XII - anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
XIII - apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do
seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária;
XIV - ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual
conste o segurado como responsável;
XV - escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome
de dependente;
XVI - declaração de não emancipação do dependente menor de vinte
e um anos; ou
XVII - quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a
comprovar.
Por se tratar de rol exemplificativo é possível apresentar outros documentos
que comprovem a união estável.

Aula 03 – Exigência de início de prova


material e perda da qualidade de
dependente

Até a Medida Provisória 871/2019 que foi convertida na lei 13.846/2019 não
havia a exigência legal de início de prova material para a comprovação da união
estável.

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Esse entendimento foi sedimentado na jurisprudência pela súmula 63 da TNU:
“A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde
de início de prova material”
No entanto, a lei 13.846/2019 incluiu o §5º no artigo 16 da lei 8.213/91
tornando obrigatória a existência do início de prova material contemporânea aos fatos.
A alteração legislativa ainda exige que essa prova não podendo ser superior a 24
meses em relação ao óbito.
As hipóteses da perda da qualidade de dependente estão previstas no artigo
17 do Decreto 30488/99:
Art. 17. A perda da qualidade de dependente ocorre:
I - para o cônjuge, pelo divórcio ou pela separação judicial ou de fato,
enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos, pela
anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada
em julgado; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
II - para a companheira ou companheiro, pela cessação da união
estável com o segurado ou segurada, enquanto não lhe for garantida
a prestação de alimentos;
III - ao completar vinte e um anos de idade, para o filho, o irmão, o
enteado ou o menor tutelado, ou nas seguintes hipóteses, se ocorridas
anteriormente a essa idade: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410,
de 2020).
a) casamento; (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
b) início do exercício de emprego público efetivo; (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
c) constituição de estabelecimento civil ou comercial ou pela existência
de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com
dezesseis anos completos tenha economia própria; ou (Redação dada
pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
d) concessão de emancipação, pelos pais, ou por um deles na falta do
outro, por meio de instrumento público, independentemente de
homologação judicial, ou por sentença judicial, ouvido o tutor, se o
menor tiver dezesseis anos completos; e (Redação dada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020).
IV - para os dependentes em geral:

- 09079699764
a) pela cessação da invalidez ou da deficiência intelectual, mental ou
grave; ou (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
b) pelo falecimento.
§1º O filho, o irmão, o enteado e o menor tutelado, desde que
comprovada a dependência econômica dos três últimos, se inválidos
ou se tiverem deficiência intelectual, mental ou grave, não perderão a
qualidade de dependentes desde que a invalidez ou a deficiência
intelectual, mental ou grave tenha ocorrido antes de uma das
hipóteses previstas no inciso III do caput. (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
§2ºPara fins do disposto no §1º, a data de início da invalidez ou da
deficiência intelectual, mental ou grave será estabelecida pela Perícia
Médica Federal. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Destaca-se a alteração feita pela lei 13.846/2019 no que concerne a duração
da pensão por morte para a ex cônjuge, que era vitalícia e com a alteração legislativa,
quando há a fixação de alimentos a pensão por morte cessará na data em que se
encerram os alimentos, exceto se houver outra causa de cessação anterior.
Outro ponto importante, é o de que o casamento é causa de cessação da
qualidade de dependente para o filho, mas não é para o cônjuge ou companheiro.

Aula 04 – Menor sob guarda, filho maior


inválido, ex companheiro e ex cônjuge,
concubinato

Na redação original do §2º do artigo 16 da lei 8.213/91 o menor sob guarda


se encontrava no rol de dependentes em equiparação ao filho juntamente com o
enteado e o menor tutelado:
Art. 16

- 09079699764
...
§2º Equiparam-se a filho, nas condições do inciso I, mediante
declaração do segurado: o enteado; o menor que, por determinação
judicial, esteja sob a sua guarda; e o menor que esteja sob sua tutela
e não possua condições suficientes para o próprio sustento e
educação.
Contudo, a lei 9.508/97 excluiu o menor sob guarda rol de dependentes, o que
ocasionou a judicialização da questão diante da inconstitucionalidade perpetrada,
nesse sentido, vejamos o que diz Pricila Milena Simonato de Migueli:
Ocorre que a Lei 9.528/1997 retirou do sistema, na qualidade de
equiparado a filho, o menor que por determinação legal esteja sob a
guarda do segurado, ocasionando muitas polêmicas se este
permanece como equiparado a filho, e, ainda, se há uma
inconstitucionalidade no dispositivo, já que o art. 227, §3º, Il da Carta
Magna assegura a garantia de direitos previdenciários à criança e ao
adolescente.62
A discussão chegou ao Superior Tribunal de Justiça que havia pacificado o
debate no tema 732:
“O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão
por morte do seu mantenedor, comprovada sua dependência
econômica, nos termos do art. 33, §3º do Estatuto da Criança e do
Adolescente, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja posterior
à vigência da Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na
Lei 9.528/97. Funda-se essa conclusão na qualidade de lei especial
do Estatuto da Criança e do Adolescente (8.069/90), frente à
legislação previdenciária.”
Ocorre que, a Emenda Constitucional 103/2019 no §6º do artigo 26 não
relacionou o menor sob guarda entre as figuras equiparadas ao filho para a finalidade
da concessão da pensão por morte.

62MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes do
regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.84

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Após a emenda foram julgadas duas ações diretas de inconstitucionalidade
sobre o tema a ADI 5083 e 4878, que versavam sobre a retirada do menor sob guarda
nos termos da lei 9.508/97, reconhecendo a inconstitucionalidade da exclusão:
AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE. JULGAMENTO
CONJUNTO. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO
PREVIDENCIÁRIO. ARTIGO 16, § 2º, DA LEI N.º 8.213/1991.
REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI N.º 9.528/1997. MENOR SOB
GUARDA. PROTEÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DOUTRINA DA
PROTEÇÃO INTEGRAL. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA.
ART. 227, CRFB. INTERPRETAÇÃO CONFORME, PARA
RECONHECER O MENOR SOB GUARDA DEPENDENTE PARA
FINS DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, DESDE
QUE COMPROVADA A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA...”
Embora o julgamento tenha sido pela inconstitucionalidade, a decisão não
abrangeu a nova exclusão do menor sob guarda do rol de dependentes pela Emenda
Constitucional 103/2019, o que pode gerar novo debate sobre o tema no Poder
Judiciário.
Consigna-se que o enteado e menor tutelado permanecem no rol de
dependentes equiparados ao filho, no entanto, por determinação do §2º do artigo 16
da lei 8.213/91, essas figuras não tem a dependência econômica presumida, devendo
fazer prova dela.
O filho maior inválido tem direito à pensão por morte desde que a invalidez
tenha tido início em data anterior ao óbito, entretanto, com base na disposição do
artigo 108 do Decreto 3048/99 o INSS defendia que a deficiência ou invalidez deveria
ser anterior aos 21 anos de idade.
Ocorre que, a lei não traz essa exigência, logo o Decreto extrapolou seu poder
de regulamentação, esse era o entendimento jurisprudencial.
Atualmente temos a Portaria Conjunta 04 de março 2020 que por força de
uma decisão na ACP 0059826-86.2010.4.01.3800/MG garante o reconhecimento da
pensão por morte mesmo que a invalidez tenha ocorrido depois dos 21 anos, desde
que anterior ao óbito no âmbito administrativo.

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Art. 1º Comunicar para cumprimento a decisão judicial proferida na
Ação Civil Pública-ACP nº 0059826-86.2010.4.01.3800/MG,
determinando ao INSS que reconheça, para fins de concessão de
pensão por morte, a dependência do filho inválido ou do irmão inválido,
quando a invalidez tenha se manifestado após a maioridade ou
emancipação, mas até a data do óbito do segurado, desde que
atendidos os demais requisitos da lei.
Art. 2º A determinação judicial a que se refere o artigo 1º produz efeitos
para benefícios com Data de Entrada de Requerimento-DER a partir
de 19/08/2009 e alcança todo o território nacional.
Art. 3º Para os requerimentos enquadrados na decisão judicial, não
mais se aplicará o disposto no art. 17, inciso III, alíneas "a" e "e" do
Decreto nº 3048, de 6 de maio de 1999, cabendo a concessão de
pensão por morte previdenciária (B/21) ou pensão por morte por
acidente de trabalho (B/93) sempre que a invalidez do filho ou irmão
for anterior ao óbito do instituidor, mesmo que posterior aos 21 (vinte
e um) anos ou a eventual causa de emancipação.
Art. 4º O disposto no artigo 3º se aplica apenas aos requerimentos de
pensão por morte, não se estendendo aos pedidos de auxílio-reclusão
ou salário-família.
Vale lembrar que a Turma Nacional de Uniformização entende que a
dependência econômica do filho maior inválido é relativa, consoante tese firmada no
tema 114:
Para fins previdenciários, a presunção de dependência econômica do
filho inválido é relativa, motivo pelo qual fica afastada quando este
auferir renda própria, devendo ela ser comprovada.
Priscila Simonato defende entendimento contrário ao esposado no
mencionado tema:
Com todo respeito, não concordamos com a tese firmada, pois os
filhos, inválidos ou não, são considerados dependentes de primeira
classe, cuja dependência econômica é presumida.
Por ser uma presunção legal ela é considerada absoluta, ou seja, a
sua presunção somente pode ser afastada quando comprovada pela
parte contrária. O ônus não recai ao dependente em ter que provar

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que dependente economicamente do segurado. O ônus recai ao INSS,
em ter que comprovar que o dependente não dependia
economicamente do segurado.63

A Sumula 336 do Superior Tribunal de Justiça estabelece que mesmo com a


ocorrência de divórcio e separação com a renúncia aos alimentos pode haver direito
à pensão por morte se ficar demonstrada a dependência superveniente: “A mulher
que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária
por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.”
Nesse sentido esclarece Priscila Simonato:
Assim, mesmo os cônjuges separados continuam fazendo jus ao
percebimento do benefício de pensão por morte, desde que
comprovada sua dependência econômica.64
Há que se observar que o §3º do artigo 76 da lei 8.213/91 prevê que: Na
hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por
determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro
ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data
do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício.
A determinação judicial implica em limitação do direito para ex-conjuges,
contudo, como defende Priscila Simonato sem dúvida alguma, a aplicação do $ 3° do
art. 76 da Lei 8.213/1991 será discutida judicialmente, sob os mesmos argumentos
utilizados na Súmula 336 para permitir que o ex-cônjuge receba o benefício de pensão
por morte ainda que tenha renunciado aos alimentos na separação ou divórcio. 65

63MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes do
regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.81

64 MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes do

regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da


previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.60

65MIGUELI, Priscilla Milena Simonato de. Pensão por morte e dos dependentes do
regime geral de previdência social: de acordo com a EC 103/2019 (reforma da
previdência) e Decreto 10.410/2020. 3ª edição. Curitiba, Editora Juruá, 2021, Cit.p.60

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O Supremo Tribunal Federal fixou o entendimento nos temas 526 e 529 que
não é possível a concessão de pensão por morte em situações de concubinato
Tema 526: É incompatível com a Constituição Federal o
reconhecimento de direitos previdenciários (pensão por morte) à
pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar,
união com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara,
para fins de proteção estatal, às uniões afetivas resultantes do
casamento e da união estável.
Tema 529: A preexistência de casamento ou de união estável de um
dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1.723, § 1º, do
Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao
mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da
consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.

TEMA 07 – Carência para fins de concessão


dos benefícios no RGPS

Aula 01 – Carência e tempo de contribuição


antes da Emenda Constitucional 103/2019

Carência é um instituto muito importante para o direito previdenciário por ser


requisito de quase todos os benefícios.

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O conceito é bem sintetizado por Ivan Kertzman como “o número de
contribuições mensais necessárias para a efetivação de um direito”66
A previsão legal está no artigo 24 da lei 8.213/91.
Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício,
consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas
competências.
A carência funciona como uma proteção do sistema, já que impõe uma
quantidade mínima de contribuições para ter acesso aos benefícios. Nesse sentido,
trazemos as lições de Frederico Amado:
Com o intuito de resguardar o equilíbrio financeiro e atuarial do
sistema, bem como prevenir a ocorrência de fraudes, a concessão de
alguns benefícios previdenciários depende do prévio pagamento de
um número mínimo contribuições previdenciárias em dia, o que se
intitula de carência.67
Até a Emenda Constitucional 103/2019 para o segurado empregado a
carência era contada por competência paga, independentemente da quantidade de
dias trabalhados, como ensina Frederico Amado:
Nesse sentido para fins de carência, um dia de trabalho, no mês, vale
como contribuição para aquele mês.68
Veja-se o seguinte exemplo: Maria trabalhou 15 dias, independentemente do
salário de contribuição, ela terá 1 mês de carência
A partir da primeira contribuição em dia, as contribuições em atraso feitas
posteriormente poderiam ser contabilizadas como carência para os segurados
contribuinte individual, especial e facultativo exegese do artigo 27, II da lei 8.213/91,

66 KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 11ª edição. Salvador,


Editora Juspodivm, 2014. Cit.p.331

67 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição.

Salvador, Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.496

68 AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição.


Salvador, Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.496

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e a partir da filiação para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso,
conforme inciso I do mesmo artigo.
Outro instituo fundamental para o direito previdenciário é o tempo de
contribuição que foi criado pela Emenda 20/98 para substituir o tempo de serviço. O
artigo 4º da Emenda 20/98 traz a determinação de que até que lei discipline o tempo
de contribuição ele será considerado como tempo de serviço, o que ainda não foi feito.
Vejamos a lição de Frederico Amado sobre o tema:
Até o advento da Emenda 20/98, a legislação previdenciária se referia
a tempo de serviço, assim considerado o período de exercício de
atividade laborativa remunerada considerado para a concessão dos
benefícios previdenciários, em especial das aposentadorias.
Entrementes, após a primeira reforma da previdência social, foi extinto
o tempo de serviço e criado o tempo de contribuição, pois não mais
basta o mero exercício do trabalho, e sim a existência de contribuições
previdenciárias efetivamente pagas, ou, ao menos, com presunção de
pagamento nas hipóteses de responsabilização tributária das
empresas.69
Diferentemente da carência, antes da Emenda Constitucional 103/2019, o
tempo de contribuição era contabilizado em dias meses e anos, de acordo com o
tempo efetivamente trabalhado, conforme a previsão do artigo 59 do Decreto 3.048/99
que foi revogado pelo Decreto 10.410/2020:
Art. 59. Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data
a data, desde o início até a data do requerimento ou do desligamento
de atividade abrangida pela previdência social, descontados os
períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de
trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento da atividade.
(Revogado pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
Trazemos um exemplo para elucidar o tema: João trabalhou 12 meses no
mês, ele terá contabilizado como tempo de contribuição 12 dias.

69AMADO, Frederico. Curso de Direito e Processo Previdenciário. 12ª edição.


Salvador, Editora Juspodivm, 2020. Cit. p.457/458

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Como se pode observar carência e tempo de contribuição eram contados de
formas diferentes antes da Emenda Constitucional 103/2019

Aula 02 – Carência e tempo de contribuição


após a Emenda Constitucional 103/2019

A Emenda Constitucional 103/2019 inseriu o §14 no artigo 194, com a


seguinte redação: §14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de
contribuição ao Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição
seja igual ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,
assegurado o agrupamento de contribuições.
Com efeito, somente serão considerados como tempo de contribuição a
competência em que a contribuição for igual ou superior ao salário-mínimo.
O Decreto 10.410/2020 ao trazer as alterações para o Decreto 3.048/99 para
adequá-lo a Emenda Constitucional 103/2019, foi além do texto constitucional e exigiu
contribuições iguais ou acima do limite mínimo não só para o tempo de contribuição,
mas também para a carência como se pode ver no artigo 19E:
Art. 19-E. A partir de 13 de novembro de 2019, para fins de aquisição
e manutenção da qualidade de segurado, de carência, de tempo de
contribuição e de cálculo do salário de benefício exigidos para o
reconhecimento do direito aos benefícios do RGPS e para fins de
contagem recíproca, somente serão consideradas as competências
cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao limite mínimo
mensal do salário de contribuição.

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Observa-se também do §2º que a contagem do tempo de contribuição se
igualou ao da carência sendo considerada a competência integral como 1 mês de
tempo de contribuição, independentemente dos dias trabalhados, de onde se infere
que carência e tempo de contribuição passaram a ser contabilizados da mesma forma.
Os parágrafos do artigo 26 do Decreto 3.048/99 traz os períodos que serão
considerados como carência
§1º Para o segurado especial, considera-se período de carência, para
fins de concessão dos benefícios de que trata o inciso I do § 2º do art.
39, o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade rural, ainda que
de forma descontínua, igual à quantidade de meses necessária à
concessão do benefício requerido. (Redação dada pelo Decreto nº
10.410, de 2020).
§2º Será considerado, para efeito de carência, o tempo de contribuição
para o Plano de Seguridade Social do Servidor Público anterior à Lei
nº 8.647, de 13 de abril de 1993, efetuado pelo servidor público
ocupante de cargo em comissão sem vínculo efetivo com a União,
autarquias, ainda que em regime especial, e fundações públicas
federais.
§3º Não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do
trabalhador rural anterior à competência novembro de 1991.
§4º Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento
das contribuições do segurado empregado, do trabalhador avulso e,
relativamente ao contribuinte individual, a partir da competência abril
de 2003, as contribuições dele descontadas pela empresa na forma
do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)
§4º Para fins de carência, no caso de segurado empregado doméstico,
considera-se presumido o recolhimento das contribuições dele
descontadas pelo empregador doméstico, a partir da competência
junho de 2015, na forma prevista no art. 211. (Incluído pelo Decreto
nº 10.410, de 2020)
§4º - B Para o segurado empregado doméstico filiado ao RGPS nessa
condição até 31 de maio de 2015, o período de carência será contado
a partir da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem
atraso. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

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§4º - C Para o período de filiação comprovado como empregado
doméstico sem a comprovação do recolhimento ou sem a
comprovação da primeira contribuição sem atraso, será reconhecido
o direito ao benefício na forma prevista no § 2º do art. 36,
independentemente da categoria do segurado na data do
requerimento. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
§5º Observado o disposto no § 4º do art. 13, as contribuições vertidas
para regime próprio de previdência social serão consideradas para
todos os efeitos, inclusive para os de carência. (Incluído
pelo Decreto nº 3.265, de 1999)
§6º Para fins de carência, as contribuições anteriores à data de
publicação da Emenda à Constituição nº 103, de 12 de novembro de
2019, serão consideradas em conformidade com a legislação vigente
à época. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Em obediência ao princípio do tempus regit actum o §6º determina que para
a finalidade da carência as contribuições anteriores a Emenda Constitucional
103/2019 serão consideradas de acordo com a legislação vigente à época.
Outra alteração do Decreto 10.410/2020 no que diz respeito a carência foi que
somente serão contabilizados os períodos recolhidos em atraso para os segurados
contribuinte individual, especial e facultativo, se houver uma primeira contribuição em
dia e sem que tenha havido a perda da qualidade de segurado, vejamos o §4º do
artigo 28 do Decreto 3.048/99 com redação dada pelo Decreto 10.410/2020:
Art. 28. O período de carência é contado:
...
II para o segurado contribuinte individual, observado o disposto no §4º
do art. 26, e o segurado facultativo, inclusive o segurado especial que
contribua na forma prevista no § 2º do art. 200, a partir da data do
efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso, e não serão
consideradas, para esse fim, as contribuições recolhidas com atraso
referentes a competências anteriores, observado, quanto ao segurado
facultativo, o disposto nos §3º e §4º do art. 11. (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
...

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§4º Para os segurados a que se refere o inciso II do caput, na hipótese
de perda da qualidade de segurado, somente serão consideradas,
para fins de carência, as contribuições efetivadas após novo
recolhimento sem atraso, observado o disposto no art. 19-E.
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020) Grifos Nossos
Os períodos considerados como tempo de contribuição estão relacionados
nos incisos do artigo 19-C do Decreto 3.048/99:
Art. 19-C. Considera-se tempo de contribuição o tempo
correspondente aos períodos para os quais tenha havido contribuição
obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o período: (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
I - de contribuição efetuada por segurado que tenha deixado de
exercer atividade remunerada que o enquadrasse como segurado
obrigatório da previdência social; (Incluído pelo Decreto nº 10.410,
de 2020)
II - em que a segurada tenha recebido salário-maternidade; (Incluído
pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
III - de licença remunerada, desde que tenha havido desconto de
contribuições; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
IV - em que o segurado tenha sido colocado em disponibilidade
remunerada pela empresa, desde que tenha havido desconto de
contribuições; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
V - de atividade patronal ou autônoma, exercida anteriormente à
vigência da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, desde que tenha
sido indenizado conforme o disposto no art. 122; (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
VI - de atividade na condição de empregador rural, desde que tenha
havido contribuição na forma prevista na Lei nº 6.260, de 6 de
novembro de 1975, e indenização do período anterior, conforme o
disposto no art. 122; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
VII - de exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou
municipal, desde que tenha havido contribuição na época apropriada
e este não tenha sido contado para fins de aposentadoria por outro

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regime de previdência social; (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de
2020)
VIII - de licença, afastamento ou inatividade sem remuneração do
segurado empregado, inclusive o doméstico e o intermitente, desde
que tenha havido contribuição na forma prevista no § 5º do art. 11; e
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
IX - em que o segurado contribuinte individual e o segurado facultativo
tenham contribuído na forma prevista no art. 199-A, observado o
disposto em seu § 2º. (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

Aula 03 – Contribuições abaixo do limite


mínimo mensal e carência

Consoante estudado anteriormente a Emenda Constitucional 103/2019


determinou que só serão consideradas como tempo de contribuição a competência
cujo recolhimento seja igual ou superior a contribuição mínima exigida, mas o Decreto
10.410/2020 imputou a limitação também para qualidade de segurado e carência.
O Decreto tem por finalidade regulamentar a lei para sua fiel execução
consoante determina o art. 84, IV da CF/88, assim, a inclusão de restrições que a lei
não fez implica na inconstitucionalidade do dispositivo.
Em que pese o fato de haver a possibilidade de discussão da
inconstitucionalidade do tema, como tratado no tema qualidade de segurado, a
legislação trouxe algumas possibilidades de acerto dessas contribuições abaixo do

- 09079699764
limite mínimo legal, que estão previstas no §27-A do artigo 216 do Decreto 3.048/99,
como veremos a seguir:
1) Complementação – pagamento da diferença para atingir o mínimo, prevista
no inciso I:
Art.216
...
§27-A
...
I - complementar a sua contribuição, observado que: (Incluído pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
a) o recolhimento da complementação deverá ser efetuado pelo
próprio segurado até o dia quinze do mês seguinte ao da competência
de referência e, após essa data, com incidência dos acréscimos legais
de que tratam os art. 238 e art. 239; (Incluída pelo Decreto nº 10.410,
de 2020)
b) para o empregado, o empregado doméstico e o trabalhador avulso,
a complementação será efetuada por meio da aplicação da alíquota
de sete inteiros e cinco décimos por cento, inclusive para o mês em
que exista contribuição concomitante na condição de contribuinte
individual; e (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
c) para o contribuinte individual que preste serviço a empresa, de que
trata o §26, e que contribua exclusivamente nessa condição, a
complementação será efetuada por meio da aplicação da alíquota de
vinte por cento; (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

2) Deslocamento do excedente – utilização do que ultrapassou do salário-


mínimo em um mês e deslocar para o outro mês que está abaixo do salário mínimo,
prevista no inciso II:
Art.216
...
§27-A
...

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II - utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de uma
competência em outra, observado que: (Incluído pelo Decreto nº
10.410, de 2020)
a) para efeito de utilização da contribuição, serão considerados os
salários de contribuição apurados por categoria, consolidados na
competência de origem; (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
b) o salário de contribuição poderá ser utilizado para complementar
uma ou mais competências com valor inferior ao limite mínimo, mesmo
que em categoria distinta; (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
c) poderão ser utilizados valores excedentes ao limite mínimo do
salário de contribuição de mais de uma competência para compor o
salário de contribuição de apenas uma competência; e (Incluída pelo
Decreto nº 10.410, de 2020)
d) utilizado o valor excedente, caso o salário de contribuição da
competência favorecida ainda permaneça inferior ao limite mínimo,
esse valor poderá ser complementado nos termos do disposto no
inciso I; ou (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
3) Agrupamento – unir duas contribuições abaixo do mínimo para atingir o
mínimo, previsto no inciso III:
Art.216
...
§27-A
...
III - agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes
competências, para aproveitamento em contribuições mínimas
mensais, observado que: (Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
a) as competências que não atingirem o valor mínimo do salário de
contribuição poderão ser agrupadas desde que o resultado do
agrupamento não ultrapasse o valor mínimo do salário de contribuição;
(Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
b) na hipótese de o resultado do agrupamento ser inferior ao limite
mínimo do salário de contribuição, o segurado poderá complementar
na forma prevista no inciso I ou utilizar valores excedentes na forma
prevista no inciso II; e (Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)

- 09079699764
c) as competências em que tenha havido exercício de atividade e
tenham sido zeradas em decorrência do agrupamento poderão ser
objeto de recolhimento pelo segurado, respeitado o limite mínimo.
(Incluída pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
Os ajustes poderão ser feitos a qualquer tempo, porém o deslocamento do
excedente e o agrupamento de contribuições só podem ser feitas com contribuições
dentro do mesmo ano civil.

Aula 04 – Computo dos períodos em gozo


de benefícios por incapacidade temporária
e aposentadoria por incapacidade
permanente para carência e tempo de
contribuição

O artigo 55 da Lei 8.213/91 permite que os períodos em gozo de auxílio por


incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade permanente sejam
considerados como tempo de contribuição desde que intercalados entre períodos
contributivos.
Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida
no Regulamento, compreendendo, além do correspondente às
atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art.
11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado:
...

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II - o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez;
O entendimento jurisprudencial, ainda não pacificado, é no sentido que a
contribuição para finalidade de intercalamento tem que ser feita dentro do período de
manutenção da qualidade de segurado.
Antes das alterações promovidas pelo Decreto 10.410/2020 no Decreto
3.048/99, não havia necessidade de intercalamento para contabilização como tempo
de contribuição dos períodos em gozo de benefício de caráter acidentário, conforme
previa o inciso IX do artigo 60 do Decreto 3048/99.
Art. 60. Até que lei específica discipline a matéria, são contados como
tempo de contribuição, entre outros: (Revogado pelo Decreto nº
10.410, de 2020).
IX - o período em que o segurado esteve recebendo benefício por
incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou não; (Revogado
pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
Como não havia previsão legal acerca da consideração dos períodos em gozo
de benefício por incapacidade para a finalidade de carência, a discussão foi levada ao
Poder Judiciário tendo sido fixado o entendimento pela possibilidade nos termos da
Súmula 73 da TNU:
O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez
não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como
tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado
entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a
previdência social.
Em razão de decisão proferida na Ação Civil Pública nº 0216249-
77.2017.4.02.5101/RJ, o INSS editou a Portaria Conjunta nº 12 que determina o
computo dos períodos em gozo de auxílio por incapacidade temporária e de
aposentadoria por incapacidade permanente para carência, desde que intercalados
entre contribuições:
Art. 4º Para o cumprimento da ACP de nº 0216249-
77.2017.4.02.5101/RJ, deverão se observadas as seguintes regras:
I - os períodos de gozo de benefício por incapacidade previdenciário e
acidentário (B31, B32, B91 e B92) intercalados, concedidos com base

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em contribuições, na forma do art. 24 da Lei nº 8.213/91, poderão ser
computados como carência em beneficio que exija carência em
contribuições;
II - os períodos de B31, B32, B91 e B92 intercalados, concedidos com
base em exercício de atividade rural, na forma do art. 39, I, da Lei nº
8.213/91, poderão ser computados como carência em benefício que
exija carência em meses de atividade rural; e
III - os períodos de B31, B32, B91 e B92 intercalados, concedidos para
o empregado doméstico sem contribuições, com base no art. 36 da Lei
nº 8.213/91 (DESP 17), poderão ser computados como carência em
benefício a ser concedido também com base no referido artigo.
Após a edição da portaria, que ocorreu em maio de 2020, veio a alteração do
Decreto 10.410/2020 que acrescentou o artigo 19-C do Decreto 3.048/99, limitando
expressamente a contagem dos períodos em gozo de auxílio por incapacidade
temporária e aposentadoria por incapacidade permanente, intercalados entre
contribuições, para fins de carência:
Decreto 3048/99 Artigo 19 C § 1º “Será computado o tempo
intercalado de recebimento de benefício por incapacidade, na forma
do disposto no inciso II do caput do art. 55 da Lei nº 8.213, de 24 de
julho de 1991, exceto para efeito de carência.”
Grifos Nossos
A antiga redação do artigo 60 do Decreto 3.048/99 também previa que o
período em gozo dos benefícios por incapacidade deveria estar entre atividades,
motivo pelo qual o INSS através da procuradoria passou a defender que as
contribuições como facultativo não serviam para a finalidade de intercalamento. A
questão chegou ao Supremo Tribunal Federal, que julgou o tema 1125 fixando a tese
de que “É constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o
segurado esteve em gozo do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com
atividade laborativa.”
Como a tese firmada fala que o período deve ser entre atividades laborativas,
o que excluiria a possibilidade de contribuição do facultativo, foi interposto embargos
de declaração, ainda pendente de julgamento.

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Benefícios com Indícios de Irregularidade do Monitoramento Operacional de
Benefícios e o Bônus de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios
por Incapacidade; altera as Leis nos 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 7.783, de 28
de junho de 1989, 8.112, de 11 de dezembro de 1990, 8.212, de 24 de julho de 1991,
8.213, de 24 de julho de 1991, 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 9.620, de 2 de abril
de 1998, 9.717, de 27 de novembro de 1998, 9.796, de 5 de maio de 1999, 10.855,
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