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Seguridade Social

A seguridade social no Brasil, mais especificamente suas fontes de financiamento,


observado o dispositivo constitucional contido no artigo 195, § 5º, que estabelece que
nenhum benefício ou serviço previdenciário poderá ser criado, aumentado ou ampliado
sem o somatório das correspondentes fontes de financiamento.

Nesse sentido, é necessário observar todas as questões levantadas pela legislação


brasileira em relação às fontes de financiamento da seguridade social, compreender bem
o assunto e conhecer todas as particularidades e hipóteses de aplicação em cada caso
específico, para garantir a toda a população condições mínimas para ganhar uma vida
digna e com o apoio e sustento do Estado.

A Segurança Social é o conjunto de ações, garantidas pelo texto constitucional, que


visam proteger cada cidadão brasileira de eventuais adversidades que podem surgir em
sua vida através da assistência e da distribuição de recursos financeiros, desde o
nascimento desde o nascimento até sua morte.

Por esta razão, a segurança social precisa ser financiada por toda a sociedade através de
contribuições previdenciárias de pessoas jurídicos e físicas. Isto inclui a alocação de
recursos de órgãos governamentais representados pelos órgãos constituintes da
confederação.

Três pilares constituem a Segurança Social.

A seguridade Social tem três partes principais:

 Saúde;
 Previdência;
 Assistência social.

Saúde

Conforme afirma a constituição nos artigos 196-200, a saúde é direito de cada pessoa e
responsabilidade do Estado, que garante o acesso universal e igualitário a ela. Isso é
feito pelo Sistema Único de Saúde.

Por ser um segmento universal, a lei não restringe a utilização do sistema e não exige
compensação financeira pela sua utilização, concretizando assim o direito social
previsto no artigo 6º da CF/88.

Art. 6º São direitos sociais a educação a saúde, a alimentação o trabalho, a moradia o


transporte o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) Parágrafo único. Todo brasileiro em
situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica familiar, garantida
pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas normas e
requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e
orçamentária (Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)

Um exemplo prático da efetivação do acesso universal e igualitário à saúde é a política


nacional de vacinação, gerenciada e efetivada pelo Sistema Único de Saúde, que garante
o acesso para os cidadãos brasileiros de todas as classes econômicas.

Assistência social

Prevista nos artigos 203 e 204 da CF, a assistência social é prestada a quem dela
necessitar, de forma que não é exigido para o seu acesso uma contraprestação financeira
do cidadão a ser amparado.

Porém, diversamente do caráter universal da saúde, o acesso à assistência social


depende de comprovação, por parte do usuário, da sua real necessidade.

Por exemplo, o cumprimento do requisito de miserabilidade exigido para a concessão


do Benefício de Prestação Continuada à Pessoa com Deficiência e ao Idoso, que é a
garantia de 01 (um) salário-mínimo, regulamentado pela Lei 8.742/93, conhecida como
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social.

A assistência social tem como objetivos:

 A proteção à família, à maternidade, à infância, a adolescência e a velhice;


 O amparo às crianças e adolescentes carentes;
 A promoção da integração ao mercado de trabalho;
 A habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
 A garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e
ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou
de tê-la provida por sua família;
 A redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em situação de
pobreza ou de extrema pobreza.

Uma forma de trazer o conceito de assistência social para mais perto da nossa realidade
é o programa Bolsa Família, que atualmente garante o pagamento de R$ 600,00
(seiscentos reais) às famílias cadastradas que possuam uma renda mensal per capita de
até R$ 218,00 (duzentos e dezoito reais).

Previdência
Prevista nos artigos 201 e 202 da CF/88, a previdência possui caráter contributivo e
filiação obrigatória para todas aquelas pessoas que exerçam alguma atividade
remunerada no âmbito privado (ou seja, sem vinculação à administração pública), e é
organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social.

Por possuir caráter contributivo, o acesso à previdência é reduzido aos cidadãos que
contribuem para o RGPS. Assim, por lidar com recursos financeiros diretos, a
previdência social deve observar critérios que preservem seu equilíbrio financeiro e
atuarial.

No Brasil, temos 03 grandes planos previdenciários:

 Regime Geral de Previdência Social (RGPS);


 Regime Próprio de Previdência Social (RPPS);
 Previdência Complementar.

Além disso, a previdência social visa garantir a cobertura, aos seus beneficiários, dos
seguintes eventos:

 Incapacidade temporária ou permanente para o trabalho;


 Idade avançada;
 Proteção à maternidade, especialmente à gestante;
 Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
 Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa
renda;
 Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes.

É importante mencionar que, mesmo possuindo um valor mínimo e um valor máximo


para a contribuição previdenciária (o mínimo, para 2023, é de R$ 1.320,00 e o máximo
de R$ 7.507,49), nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o
rendimento salarial do trabalho terá valor mensal inferior ao salário-mínimo.

A Previdência Social é regida pela Lei 8.213/91 – atenção ao consultar esta legislação,
uma vez que ainda não está definitivamente atualizada com as alterações promovidas
pela Emenda Constitucional n° 103/2019, que dispõe sobre os planos de benefícios e
pela Lei 8.212/91, que dispõe sobre o plano de custeio. Ainda, o Regulamento da
Previdência Social está disposto no Decreto 3.048/99.

Os 7 princípios da Seguridade Social


A Seguridade Social, nos termos do artigo 1° da Lei 8.212/91, para garantir o acesso à
saúde, previdência e assistência social deve observar os seguintes princípios:

Universalidade da cobertura e do atendimento:

É a busca pela maior abrangência possível às ações da Seguridade Social, de modo que
atenda não só os nacionais, mas também os estrangeiros residentes, sem qualquer tipo
de discriminação.

Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais:

A uniformidade é o mesmo que igualdade formal, ou seja, é igualar a população urbana


e população rural quanto ao acesso aos benefícios e serviços ofertados.

Por sua vez, equivalência é o mesmo que igualdade no sentido material, por isso, caso
exista alguma desigualdade entre uma pessoa urbana ou uma pessoa rural, estes serão
tratados de forma desigual para que possam ser equivalentes, como ocorre nos
requisitos legais para o acesso ao benefício previdenciário de aposentadoria por idade
para a população rural e população urbana.

Aqui vale destacar que a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às


populações urbanas e rurais é consequência do Princípio da Isonomia, positivado na
nossa Constituição Federal, art. 5°, caput.

Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços:

Esse princípio diz respeito sobre a necessidade da Seguridade Social, em razão de sua
limitação financeira, selecionar determinados benefícios e serviços para distribuir a
determinadas pessoas, consoantes o interesse público, a fim de garantir maior justiça
social (dar mais para quem mais precisa).

Irredutibilidade do valor dos benefícios:

Decorrente da segurança jurídica, o valor nominal dos benefícios prestados pela


seguridade social não pode ser reduzido.

Equidade na forma de participação no custeio:

É importante ter em mente que a Seguridade Social necessita de diversas fontes de


arrecadação para a manutenção de sua finalidade.

No entanto, em que pese o custeio ser o mais diversificado possível, ele deve ocorrer de
forma isonômica, ou seja, deve ser levada em consideração a capacidade contributiva de
cada contribuinte – quem tem mais, contribui com mais e, em determinados casos,
quem mais provoca a cobertura da seguridade social, contribui com mais.

Diversidade da base de financiamento:


A Seguridade Social necessita de diversas fontes de arrecadação para garantir a
solvibilidade do sistema, ou seja, quando houver uma crise em determinado setor, essa
crise não compromete de forma significativa a arrecadação.

A variedade de fontes do financiamento da Seguridade Social conta com a participação


Novas fontes de custeio podem ser criadas, desde que ocorra por meio de Lei
Complementar.

Com a entrada em vigor da Emenda Constitucional n° 103/2019, o inciso VI do art. 194


da Constituição Federal passou a prever a diversidade da base de financiamento com a
“demarcação” das receitas e despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e
assistência social, de modo acabar com a livre escolha do governo sobre a destinação de
cada receita.

Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa com a participação da


comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados:

A administração da Seguridade Social é feita de forma quadripartite, ou seja, participam


da administração: empregados, empregadores, aposentados e governo.

Diferença entre Seguro Social e a Seguridade Social?

É muito comum que haja a confusão entre o significado de Seguro Social e o


significado de Seguridade Social, no entanto, são dois conceitos completamente
diferentes.

A Seguridade Social é um conjunto integrado de ações que visa a efetivação da


segurança social, cujas características são: ausência de caráter contributivo,
solidariedade e universalidade de acesso.

O Seguro Social, por sua vez, tem um conceito muito mais restrito, pois refere-se à
cobertura previdenciária, ou seja, o seu acesso somente é dado àqueles que contribuem
para o Regime Geral de Previdência Social.

Conclusão:

A Seguridade Social é um instrumento de concretização e efetivação dos direitos sociais


que estão previstos na Constituição Federal de 1988, possuindo três pilares: saúde,
previdência e assistência social.

A proteção social, através da Seguridade Social, é a garantia da justiça social da


preservação da dignidade da pessoa humana, sem qualquer tipo de discriminação.

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