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Pedro Edmundo Boll é Mestre em Ciências Empresariais e Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFP –
Universidade Fernando Pessoa de Portugal, Especialista em Administração e Planejamento para Docentes e Bacharel
em Ciências Contábeis pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Bacharel em Direito pela UNISINOS –
Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É sócio de escritório contábil desde 1988, atuando em assessoria e consultoria
empresarial nas áreas contábil, fiscal, tributária, pessoal e societária. É perito-contador atuando em processo judiciais
desde 1992 nas esferas trabalhista, cível e federal.
INTRODUÇÃO
No presente capítulo serão abordados os temas relativos à Previdência Social e
Complementar no Brasil, iniciando por um breve histórico e como desenvolveu-se, passando pelos
atuais princípios constitucionais que norteiam toda interpretação e aplicação da legislação
previdenciária.
Não há a intenção de exaurir completamente o tema, mas com o estudo deste capítulo
serão apresentadas as ferramentas necessárias para o entendimento de conhecimentos teóricos
e práticos, inclusive as fontes de pesquisa para estudos complementares.
Previamente indica-se o estudo introdutório que pode ser realizado por meio do seguinte
material complementar: HISTÓRICO E PRINCÍPIOS PREVIDENCIÁRIOS.
A primeira legislação previdenciária brasileira foi proposta pelo então Deputado Federal
Eloy Chaves e assinada em Janeiro/1923 (Decreto nº 4.682/1923), a qual criava a figura das
Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP’s), que a partir de 1930 passaram a se chamar
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP’s).
Em 1960 houve a publicação da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei nº 3.807/1960),
que ainda está em vigor. Com a promulgação do Decreto-Lei nº 72/1966, os IAP’s foram
unificados na criação de um único Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Em 1977, por meio da Lei nº 6.439/1977 foi estruturado o Sistema Nacional de Previdência
e Assistência Social (SINPAS), que criou e passou a ser composto por diversos institutos e
autarquias com atuação em áreas específicas, era um esboço bem próximo do que é a
organização atual do sistema.
A partir da vigência da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/1988),
em seu Artigo nº 6, foi reconhecido o direito à previdência social, como um direito social.
Posteriormente surgiu o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), que conhecemos
dos dias atuais, por meio da Lei nº 8.029/1990, a partir da fusão do INPS - autarquia que
administrava os benefícios, com o Instituto de Administração Financeira da Previdência Social
(IAPAS) – autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições.
Percebe-se que ao longo das últimas oito décadas aquela legislação básica inicial
transformou-se em um complexo e abrangente sistema de proteção social, com significativa
cobertura de riscos sociais, evoluindo até seus moldes atuais.
E, para melhor compreensão é necessário abordar os princípios que regem toda legislação
e estrutura previdenciária brasileira, a seguir.
Como referido na seção anterior foi a CF/1988, que reconheceu o direito à previdência
social, como direito social.
E no Capítulo II – DA SEGURIDADE SOCIAL, Seção I – DISPOSIÇÕES GERAIS, Artigo nº
194, Parágrafo Único, foram definidos os princípios que norteariam o direito previdenciário, como
seguem:
5.2.1Princípio da: Universalidade de Cobertura e do Atendimento
Assim como na seção anterior, o contexto deste princípio também deve ser interpretado
em dois aspectos distintos entre si:
O primeiro aspecto refere-se à “uniformidade dos benefícios e serviços”, ou seja, significa
que as prestações da seguridade social serão idênticas para toda a população,
independentemente do local onde, as pessoas residam ou trabalhem.
O sistema previdenciário prestará os respectivos benefícios ou serviços, de maneira
uniforme, às populações urbanas e rurais.
E o segundo aspecto da interpretação refere-se à “equivalência dos benefícios e serviços”,
ou seja, em um aspecto pecuniário os benefícios e serviços poderão não serão necessariamente
iguais, mas equivalentes, nos limites possíveis e observando algumas variáveis definidas no
dispositivo legal como carências, tempo de contribuição, coeficientes de cálculo, entre outros.
O sistema previdenciário prestará os respectivos benefícios ou serviços, de maneira
equivalente, às populações urbanas e rurais.
Este princípio emana da noção de que, uma vez substituído o salário/renda pela prestação
de benefício, a sua função será a de manter o poder aquisitivo do segurado – do contrário, a
seguridade não estaria sendo eficaz – lembrando dos limites do caráter alimentar dos benefícios
sociais.
Desta forma, os benefícios previdenciários não podem ter seu poder de compra reduzido
pela inflação, ou seja, o INSS é responsável por calcular a Renda Mensal Inicial (RMI) do
benefício a ser paga, e assegurar os respectivos reajustes para preservar-lhe, permanentemente,
o respectivo valor real.
Este princípio determina que o custeio da previdência social seja feito por toda a
sociedade, de forma direta ou indireta, pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios.
O objetivo é garantir a estabilidade da seguridade social, e sendo a obrigação de custeio
imposta ao maior número possível de segmentos da sociedade, maior será a capacidade da
previdência social fazer frente aos compromissos futuros.
Também indica-se o estudo introdutório que pode ser realizado por meio do seguinte
material complementar: PREVIDÊNCIA SOCIAL.
A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de
manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego
involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam
economicamente.
A filiação ao RGPS tem caráter obrigatório para todos os empregados assalariados,
domésticos, autônomos, contribuintes individuais e trabalhadores rurais, exceto se for servidor civil
ocupante de cargo efetivo ou cargo militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, bem como das suas respectivas autarquias e fundações, desde que amparado por
Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
O RPPS é o regime dos servidores civis ocupantes de cargos efetivos ou cargos militares
da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como das suas respectivas
autarquias e fundações.
Os regimes próprios são instituídos e organizados pelos respectivos entes federativos de
acordo com as normas estabelecidas na Lei nº 9.717/98, que iniciou a regulamentação desses
regimes. A partir da instituição do regime próprio, por lei, os servidores titulares de cargos efetivos
são afastados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Atualmente, o custeio da seguridade social, nos termos das contribuições previstas no art.
195 da CF/1988, é disciplinado pela Lei nº 8.213/1991 e regulamentado pelo Decreto nº
3.048/1999.
Além das bases de custeio diretamente previstas na CF/1988, através de Lei
Complementar Federal, poderá ser instituído outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou
expansão da seguridade social.
Mas ressalta-se que, relativamente aos compromissos da Previdência social, nenhum
benefício ou serviço poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de
custeio total.
A Lei também determina que a ação do Estado será exercida nos objetivos de:
I - formular a política de previdência complementar;
II - disciplinar, coordenar e supervisionar as atividades reguladas por esta Lei
Complementar, compatibilizando-as com as políticas previdenciárias e de desenvolvimento social
e econômico-financeiro;
III - determinar padrões mínimos de segurança econômico-financeira e atuarial, com fins
específicos de preservar a liquidez, a solvência e o equilíbrio dos planos de benefícios,
isoladamente, e de cada entidade de previdência complementar, no conjunto de suas atividades;
IV - assegurar aos participantes e assistidos o pleno acesso às informações relativas à
gestão de seus respectivos planos de benefícios;
V - fiscalizar as entidades de previdência complementar, suas operações e aplicar
penalidades; e
VI - proteger os interesses dos participantes e assistidos dos planos de benefícios.
5.4.1 Entidades ABERTAS de Previdência Complementar
5.4.5 Fiscalização
Ministério da
Economia
Conselho Nacional de
Conselho Nacional de
Previdência Complementar
Seguros Privados (CNSP)
(CNPC)
BOLL JÚNIOR, Pedro Edmundo. Perícia Atuarial: Perícia Judicial, na condição de Perito
Nomeado pelo Juízo, nas Fundações de Previdência Complementar Fechada. Trabalho de
Conclusão de Curso do Grau de Pós-Graduação em Gestão de Perícias Judiciais e Extra
Judiciais. Faculdade Meridional de Porto Alegre - IMED/POA. 2015.
BRASIL. Lei n.°8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguridade Social,
institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212compilado.htm>
BRASIL. Lei n.° 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213compilado.htm>