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02/04/2022

#Direito Previdenciário

Introdução
ao Direito
Previdenciário

Art. 6º São direitos sociais a educação,


a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.

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Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.

Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base
nos seguintes objetivos:

I - universalidade da cobertura e do atendimento;


II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - equidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

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COMPETÊNCIAS DA SEGURIDADE SOCIAL

- Saúde (Artigo 196, CRFB):


- Controle e produção de medicamentos;
- Redução dos riscos de doença;
- Acesso igualitário a todos;
- Ações de vigilância sanitária;
- Política e execução de saneamento básico;
- Inspeção nutricional;
- Logística de alimentos;
- Saúde no Trabalho

- Assistência Social (Artigo 203, CRFB):


- Atendimento aos hipossuficientes;
- Renda a idosos e deficientes;
- Renda eventual para aqueles que recebem ¼ do salário
mínimo;

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- Previdência Social (Artigo 201, CRFB):


- Sistema de proteção social que, mediante contribuição, assegura o
sustento dos trabalhadores e familiares, por ocasião da aposentadoria,
doenças, invalidez, gravidez, prisão, morte ou mesmo idade avançada.

PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Previdência Social é um previsto no que garante


renda não inferior ao salário
direito e garantia art. 6º da Constituição
mínimo ao trabalhador e a sua
fundamental Federal família nos eventos de doença,
(direito social) invalidez, morte, idade avançada,
maternidade e reclusão.

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BASE PRINCIPIOLÓGICA DA SEGURIDADE SOCIAL

PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAIS DA
SEGURIDADE SOCIAL
PREVIDENCIÁRIO
É certo que princípio é uma ideia, mais PRINCÍPIOS GERAIS
generalizada, que inspira outras ideias, DE DIREITO
a fim de tratar especificamente de PREVIDENCIÁRIO
cada instituto. É o alicerce das normas PRINCÍPIOS
jurídicas de certos ramos do Direito; é ESPECÍFICOS DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL
fundamento da construção
escladonada da ordem jurídico-positiva
de certa matéria.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS
DE CUSTEIO

1. Princípios Gerais de Direito Previdenciário

PRINCÍPIO DA
PRINCÍPIO DA PRINCÍPIO DA PRINCÍPIO DA
VEDAÇÃO AO
PROTEÇÃO AO PROTEÇÃO DA
SOLIDARIEDADE RETROCESSO
HIPOSSUFICIENTE CONFIANÇA
SOCIAL

Princípios Fundantes

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1.1 Princípio da Solidariedade

Tanto o Estado quanto a sociedade são responsáveis pelo sistema previdenciário. Isso envolve
todo o sistema de custeio dos benefícios, que é alimentado por trabalhadores, empresas e
governo, além de alguns impostos determinados.
Os benefícios pagos aos atuais segurados são fruto de pagamento dos atuais contribuintes.

Orientação do STF:
“O sistema público de previdência social é baseado no princípio da solidariedade [art. 3º, inciso
I, CRFB], contribuindo os ativos para financiar os benefícios pagos aos inativos” (RE 414.816
AgR/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Eros Grau, Dj 13.5.2005).

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1.2 Princípio da Vedação ao Retrocesso Social

Consiste na impossibilidade de redução das implementações de direitos fundamentais


já realizadas. Impõe-se que o rol de direitos sociais não seja reduzido em seu alcance
(pessoas abrangidas, eventos que geram amparo) e quantidade (valores concedidos),
de modo a preservar o mínimo existencial.

* Princípio não expresso de forma taxativa. Previsão constitucional no art. 5º, p. 2º,
CRFB.

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DIREITO CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. LICENÇA-GESTANTE. SALÁRIO. LIMITAÇÃO.


AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 14 DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15.12.1998.
ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 3º, IV, 5º, I, 7º, XVIII, E 60, § 4º, IV, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. 1. O legislador brasileiro, a partir de 1932 e mais claramente desde 1974, vem tratando o problema
da proteção à gestante, cada vez menos como um encargo trabalhista (do empregador) e cada vez mais
como de natureza previdenciária. Essa orientação foi mantida mesmo após a Constituição de 05/10/1988, cujo
art. 6º determina: a proteção à maternidade deve ser realizada "na forma desta Constituição", ou seja, nos
termos previstos em seu art. 7º, XVIII: "licença à gestante, sem prejuízo do empregado e do salário, com a
duração de cento e vinte dias".
2. Diante desse quadro histórico, não é de se presumir que o legislador constituinte derivado, na Emenda
20/98, mais precisamente em seu art. 14, haja pretendido a revogação, ainda que implícita, do art. 7º, XVIII, da
Constituição Federal originária. Se esse tivesse sido o objetivo da norma constitucional derivada, por certo a
E.C. nº 20/98 conteria referência expressa a respeito. E, à falta de norma constitucional derivada, revogadora
do art. 7º, XVIII, a pura e simples aplicação do art. 14 da E.C. 20/98, de modo a torná-la insubsistente,
implicará um retrocesso histórico, em matéria social-previdenciária, que não se pode presumir desejado.

(STF - ADI: 1946 DF, Relator: SYDNEY SANCHES, Data de Julgamento: 03/04/2003, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
16/05/2003)

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1.3 Princípio da Proteção ao Hipossuficiente

Na relação jurídica existente entre o indivíduo trabalhador e o


Estado, em que este favorece àquele as prestações de caráter
social, não há razão para gerar proteção ao sujeito passivo –
como, certas vezes, acontece em matéria de discussões
jurídicas sobre o direito dos beneficiários do sistema a
determinado reajuste ou revisão de renda mensal, por dubiedade
de interpretação da norma.
In dubio pro misero (in dubio pro operario)

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STF: “(...) 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as


informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial
review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do
Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a
Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício
da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto,
pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a
relação nociva a que o empregado se submete. (...)

(Repercussão Geral – Tema 555, ARE n. 664.335/SC, Tribunal Pleno, Min. Luiz Fux, Dje 12.2.2015)

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TJDFT: “(...) Aplica-se o princípio in dubio pro operario na


hipótese de conflito entre laudo do INSS e de bem fundamentado
relatório de médico particular, porque, havendo dúvida acerca da
capacidade laborativa do beneficiário, o pagamento do auxílio
deve ser mantido até que a matéria seja elucidada em cognição
plena.” (TJDFT, 2ª turma cível, AI 20110020085867, rel.
Desembargadora carmelita brasil, DJe 26.8.2011).

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1.4 Princípio da Proteção da Confiança

É exigência de status constitucional da segurança jurídica, valor


fundamental de um Estado de Direito e que se encontra
intimamente ligado com a dignidade da pessoa humana.

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PREVIDÊNCIA EM DIA
REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Violação do Princípio da proteção da confiança - e da


proporcionalidade -, um dos elementos da segurança
jurídica, que possui dimensão tanto institucional como
individual, afigurando-se direito e garantia Quando o legislador decide por
fundamental (art. 60, $ 4°, IV, da Constituição);
transformar bruscamente o sistema
Fuga da razoabilidade a aprovação de uma "Nova previdenciário, deve usar dos meios
Previdência" que entra em vigor na data da publicação
da Emenda Constitucional;
necessários a preservar a confiança que
o jurisdicionado possui no Estado e na
estabilidade de seus sistemas e normas.
Surpresa, quebra de confiança e insegurança jurídica;

Destruição dos planejamentos previdenciários e das


expectativas das pessoas que ao longo da vida
contribuem com vistas a obter a contraprestação
previdenciária em prazo razoável.

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2. Princípios Constitucionais da Seguridade Social

CARÁTER DEMOCRÁTICO E
UNIVERSALIDADE UNIVERSALIDADE E SELETIVIDADE E EQUIDADE NA DIVERSIDADE DA DESCENTRALIZADO DA
IRREDUTIBILIDADE ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO
DA COBERTURA EQUIVALÊNCIA DOS DISTRIBUTIVIDADE NA FORMA DE BASE DE QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO
BENEFÍCIOS E SERVIÇOS À PRESTAÇÃO DOS DO VALOR DOS DOS TRABALHADORES, DOS
DO ATENDIMENTO POPULAÇÕES URBANAS E PARTICIPAÇÃO FINANCIAMENTO EMPREGADORES, DOS APOSENTADOS E
BENEFÍCIOS E SERVIÇOS BENEFÍCIOS DO GOVERNO NOS ÓRGÃOS
RURAIS NO CUSTEIO COLGIADOS

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2.1 Universalidade da Cobertura do Atendimento


Por universalidade da cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os eventos
cuja reparação seja premente, a fim de manter a subsistência de quem dela necessite. A
universalidade do atendimento significa, por seu turno, a entrega das ações, prestações e serviços
de seguridade social a todos os que necessitem, tanto em termos de previdência social - obedecido
o princípio contributivo - como no caso da saúde e da assistência social.

Conjuga-se a este princípio aquele que estabelece a filiação compulsória e automática de todo e
qualquer indivíduo trabalhador no território nacional a um regime de previdência social, mesmo
que "contra a sua vontade", e independentemente de ter ou não vertido contribuições; a falta de
recolhimento das contribuições não caracteriza ausência de filiação, mas inadimplência tributária,
é dizer, diante do ideal de universalidade não merece prevalecer a interpretação de que,'ausente a
contribuição, não há vinculação com a Previdência".

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2.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações


urbanas e rurais
O mesmo princípio já contemplado no art. 7° da Carta trata de conferir tratamento
uniforme a trabalhadores urbanos e rurais, havendo assim idênticos benefícios e
serviços (uniformidade), para os memos eventos cobertos pelo sistema
(equivalência).

Tal princípio não significa, contudo, que haverá idêntico valor para os benefícios, já
que equivalência não significa igualdade. Os critérios para concessão das
prestações de seguridade social serão os mesmos; porém, tratando-se de
previdência social, o valor de um beneficio pode ser diferenciado (caso do salário-
maternidade da trabalhadora rural enquadrada como segurada especial).

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2.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e


serviços

Pressupõe que os benefícios são concedidos a quem deles efetivamente


necessite, razão pela qual a Seguridade Social deve apontar os requisitos
para a concessão de benefícios e serviços.

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Trabalhador sem Incapacidade temporária Pensão por morte não Quem possui vínculo
dependentes não recebe o por motivo de doença não pode ser concedida a empregatício ou renda
recebe aposentadoria por quem não tem parentesco fixa não pode receber
benefício salário-família; com o de cujos;
invalidez, mas auxílio- BPC.
doença;

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2.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios

O beneficio legalmente concedido - pela Previdência Social ou pela


Assistência Social – não pode ter seu valor nominal reduzido, não
podendo ser objeto de desconto - salvo os determinados por lei ou ordem
judicial -, nem de arresto, sequestro ou penhora. Dentro da mesma ideia,
o art. 201, §2°, estabelece o reajustamento periódico dos benefícios, para
preservar-lhes, em caráter permanente, seu valor real.

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2.5 Equidade na forma de participação no custeio

A participação equitativa de trabalhadores, empregadores e Poder Público no custeio


da seguridade social é meta, objetivo, e não regra concreta. Com a adoção deste
princípio, busca-se garantir que aos hipossuficientes seja garantida a proteção social,
exigindo-se dos mesmos, quando possível, contribuição equivalente a seu poder
aquisitivo.

Doutra ponta, a contribuição empresarial tende a ter maior importância em termos de


valores e percentuais na receita da seguridade social, por ter a classe empregadora
maior capacidade contributiva, adotando-se, em termos, o princípio da
progressividade, existente no Direito Tributário, no tocante ao Imposto sobre Renda e
Proventos de Qualquer Natureza (art. 153, § 2°, da CF).

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2.6 Diversidade da base de financiamento

O princípio diz que a receita da Seguridade Social pode ser arrecadada de várias
fontes pagadoras, não ficando adstrita a trabalhadores, empregadores e Poder
Público. Com o advento da EC n. 103/2019, houve singela alteração no texto legal e,
caso levada a efeito, pode dar maior transparência ao orçamento da Seguridade Social
para distinguir as receitas e despesas de cada área: saúde, previdência e assistência
social. I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios;
II - a remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança
prestados a terceiros;
III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou
arrendamento de bens;
IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;
V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;
VI - 50% (cinquenta por cento) dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único
do art. 243 da Constituição Federal;
VII - 40% (quarenta por cento) do resultado dos leilões dos bens apreendidos pelo
Departamento da Receita Federal;
VIII - outras receitas previstas em legislação específica.

Art. 27, Lei no 8.212, de 1991

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2.7 Caráter democrático e descentralizado da administração,


mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do
Governo nos órgãos colegiados

A gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações nas três vertentes da
Seguridade Social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante
discussão com a sociedade, e não exclusivamente de acordo com o que estatui o
Poder Executivo. Para isso, foram criados órgãos colegiados de deliberação:

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Conselho Nacional de
Previdência Social – Conselho Nacional de
CNPS Saúde– CNS
- art. 3º, Lei 8.213/1991 - Lei 8.742/1993

Conselho Nacional de
Assistência Social –
CONAS
- art. 17º, Lei 8.742/1993

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3. Princípios Específicos de Custeio

DA ANTERIORIDADE
DO DA PRECEDÊNCIA DA TRIBUTÁRIA EM
ORÇAMENTO DA FONTE DE COMPULSORIEDADE MATÉRIA DE
DA CONTRIBUIÇÃO CONTRIBUIÇÕES
DIFERENCIADO CUSTEIO
SOCIAIS

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3.1 Do orçamento diferenciado

A Constituição estabelece que a receita da Seguridade Social constará de orçamento


próprio, distinto daquele previsto para a União (art.165, § 5°, III; art. 195, §§ 1° e 2°). O
legislador constituinte originário pretendeu evitar que houvesse sangria de recursos
da Seguridade para despesas públicas que não as pertencentes às suas áreas de
atuação.

Ou seja, é importante salientar que grande parte das dificuldades financeiras da


Previdência é causada pela má administração do fundo pelo Poder Público. E esta
dívida interna não é assumida pelo Governo nas discussões sobre a questão da
sustentabilidade do regime, acarretando um ônus desnecessário as atuais
contribuintes.

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3.2 Da precedência da Fonte de Custeio

Não pode ser criado beneficio ou serviço, nem majorado ou estendido a categorias de
segurados, sem que haja a correspondente fonte de custeio total (§5° do art. 195).
Trata-se de princípio, pois nenhuma norma legal poderá violar tal preceito, sob pena
de inconstitucionalidade.

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3.3 Da compulsoriedade da contribuição

Por serem as atividades que caracterizam a política de segurança social exercidas em


caráter exclusivo pelo Estado - permitida a atuação da iniciativa privada apenas em
caráter complementar -, e por ser necessário que a sociedade participe do
financiamento da Seguridade Social, a Constituição Federal prevê a possibilidade de
que o Poder Público, por meio de suas entidades estatais, institua contribuições
sociais (art. 149).

É dizer, ter-se o regime de solidariedade social garantido pela cobrança compulsória


de contribuições sociais, exigidas de indivíduos segurados e também de não segurados
do regime previdenciário, bem como de pessoas jurídicas.

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STF: Repercussão Geral – Tema 1.065: “É constitucional a


contribuição previdenciária devida por aposentado pelo Regime
Geral de Previdência Social (RGPS) que permaneça em atividade
ou a essa retorne”.

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3.4 Da Anterioridade Tributária em matéria de Contribuições Sociais


As contribuições sociais, quando criadas ou majoradas, só podem ser exigidas após um prazo de vacatio
legis, a exemplo do que acontece com os tributos em geral. Todavia, conforme o regime previdenciário,
este prazo é diferenciado.

No caso das contribuições de que trata o art. 194 da Constituição, que vertem para o RGPS e custeiam
também as políticas de Saúde e Assistência Social, o prazo a ser obedecido é de noventa dias após à
vigência da lei que as instituiu ou majorou. Já na hipótese de contribuições devidas em função de
custeio dos regimes próprios de previdência a que alude o art. 40 da Constituição, o prazo é analisado
na Parte V deste livro.

O princípio não se aplica, contudo, a leis que venham a reduzir o valor das contribuições, ou isentar do
recolhimento. Estas terão vigência a partir da data prevista no próprio diploma, ou no prazo do art. I° da
LINDB, em caso de ausência de data prevista para a vigência (quarenta e cinco dias a partir da
publicação). Também não se aplica este princípio à legislação que cria novos benefícios ou serviços em
qualquer das áreas de atuação da Seguridade Social.

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3. Princípios Específicos de Custeio

DA CORREÇÃO DA DA
DA
DO EQUILÍBRIO DA GARANTIA INDISPONIBILIDA
DA FILIAÇÃO DO CARÁTER MONETÁRIA DOS PRESERVAÇÃO FACULTATIVIDADE
FINANCEIRO E DO BENEFÍCIO DE DOS DIREITOS
OBRIGATÓRIA CONTRIBUTIVO SALÁRIOS DE DO VALOR REAL DA PREVIDÊNCIA
ATUARIAL MÍNIMO DOS
CONTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS COMPLEMENTAR
BENEFICIÁRIOS

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4.1 Da Filiação Obrigatória

Todo trabalhador que se enquadre na condição de segurado é considerado pelo regime geral
como tal, desde que não esteja amparado por outro regime próprio (art. 201, caput).

A filiação somente se aplica aos indivíduos que exercem atividade vinculada a regime geral
previdenciário que lhes garanta a subsistência, estando, a partir da inserção na parcela da
população economicamente ativa, a salvo da perda ou redução dos ganhos decorrentes da
atividade laborativa, as hipóteses de eventos cobertos pela norma previdenciária.

*Nem todo indivíduo que contribui para a Seguridade é, ao mesmo tempo, filiado a regime
geral previdenciário*. Ex.: Pessoa Jurídica

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4.2 Do Caráter Contributivo

Estabelece a Constituição que a Previdência Social, em qualquer de seus regimes, terá


caráter contributivo (art. 40, caput; art. 201, caput), ou seja, que será custeada por
contribuições sociais (Constituição, art. 149).

Cabe à legislação ordinária dos regimes previdenciários (no caso do RGPS, a Lei n.
8.212/1991; no caso dos regimes próprios de agentes públicos, a lei de cada ente da
Federação) definir como se dará a participação dos segurados, fixando hipóteses de
incidência, aliquotas de contribuição e bases de cálculo, obedecendo, em todo caso, às
regras gerais estabelecidas no sistema tributário nacional.

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4.3 Do Equilíbrio Financeiro e Atuarial

O Poder Público deverá, na execução da política previdenciária, atentar sempre para a


relação entre custeio e pagamento de benefícios, a fim de manter o sistema em
condições superavitárias, e observar as oscilações da média etária da população, bem
como sua expectativa de vida, para a adequação dos benefícios a estas variáveis.

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4.4 Da Garantia do Benefício Mínimo


O §2° do art. 201 da Constituição estabelece como princípio de Previdência Social a garantia de
renda mensal não inferior ao valor do salário mínimo, no que tange aos benefícios
substitutivos do salário de contribuição ou do rendimento do trabalho.

No entanto, após a Reforma Previdenciária, para os óbitos posteriores à emenda, a pensão por
morte respeitará o valor de um salário mínimo quando se tratar da única fonte de renda
formal auferida pelo dependente, e o auxílio-reclusão poderá ter valor inferior a salário
mínimo.

Os benefícios que não são substitutivos da renda do segurado (salário-família, auxílio-


acidente) podem ser pagos em valor inferior ao salário mínimo, o mesmo ocorrendo com as
cotas individuais de pensão ou auxílio-reclusão (cujo total, todavia, não pode ser inferior a
esse patamar).

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4.5 Da correção monetária dos salários de contribuição

Determinam o art. 40, § 17,e o art. 201, § 3°, da Constituição Federal, que os salários de
contribuição considerados no cálculo dos benefícios sejam corrigidos
monetariamente. A norma constitucional, contudo, não indica qual o índice que deva
ser adotado na correção, deixando a critério do legislador a escolha do indexador a
ser utilizado como fator de atualização monetária para a preservação do valor real
dos benefícios.

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4.6 Da preservação do valor real dos benefícios

Dispõe o §4° do art. 201 da Constituição no sentido de assegurar o reajustamento dos


benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
critérios definidos em lei. A matéria se encontra disciplinada, no âmbito do RGPS, pelo
art. 41-A da Lei n.8.213/1991, com redação conferida pela Lei n. 11.430/2006, que
assegura o reajuste do valor dos benefícios, anualmente, a mesma data do reajuste do
salário mínimo com base no Índice Nacional de Preços a Consumidor - INPC, apurado
pelo IBGE.

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4.7 Da facultatividade da previdência complementar

Apesar de o regime previdenciário estatal ser compulsório e universal, admite-se a


participação da iniciativa privada na atividade securitária, em complemento a regime
oficial, e em caráter de facultatividade para os segurados (CF, art. 40, §§ 14 a 16, no
âmbito dos regimes próprios de agentes públicos; art. 202, no âmbito do RGPS).

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4.8 Da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários

Em se tratando do valor do benefício devido a segurado ou a seu dependente de direito


de natureza alimentar, inadmissível se torna que o beneficiário, pelo decurso do prazo,
perca o direito ao benefício.

Tem-se, assim, preservado o direito adquirido daquele que, tendo implementado as


condições previstas em lei para a obtenção do beneficio, ainda não o tenha exercido
(art. 102, §1°, da Lei n. 8.213/1991). A lei somente estabelece a decadência quanto a
pedidos de revisão de cálculo de benefício (art. 103 da Lei n. 8.213/1991), mas não há
perda do direito ao beneficio em si.

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Tema de Repercussão Geral n. 313:


I - Inexiste prazo decadencial para a concessão inicial do beneficio previdenciário;
II - Aplica-se o prazo decadencial de dez anos para a revisão de benefícios concedidos,
inclusive os anteriores ao advento da Medida Provisória 1.523/1997, hipótese em que a
contagem do prazo deve iniciar-se em I° de agosto de 1997. (RE 626.489,Rel. Min. Roberto Barroso, j.
16.10.2013, De 23.9.2014)

***

O núcleo essencial do direito fundamental à previdência social é imprescritível, irrenunciável


e indisponível, motivo pelo qual não deve ser afetada pelos efeitos do tempo e da inércia de
seu titular a pretensão relativa ao direito ao recebimento de beneficio previdenciário (ADI
6.096/F, Plenário, Rel. Min. Edson Fachin, D)e 25.11.2020).

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REGIMES PREVIDENCIÁRIOS

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REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)

• Trabalhadores da iniciativa privada: os trabalhadores que possuem relação de emprego; os


trabalhadores autônomos, os empresários individuais e microempreendedores individuais ou sócios de empresas e
prestadores de serviços remunerados por "pro labore“; trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores
artesanais trabalhando em regime de economia familiar; agentes públicos que ocupam exclusivamente cargos em comissão,
garimpeiros, empregados de organismos internacionais, ministros de confissão religiosa etc;

• Regido pela Lei n. 8.213/1991, intitulada "Plano de Benefícios da


Previdência Social", sendo de filiação compulsória e automática para os
segurados obrigatórios;

• É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a


adesão de segurados facultativos, em obediência a princípio da
universalidade do atendimento- art. 194, I, da Constituição.

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REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)

A Constituição Federal estabelece que para os agentes públicos


ocupantes de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como os das autarquias e fundações públicas, deve
haver Regimes Previdenciários próprios, os quais também se aplicam aos
agentes públicos ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros
do Ministério Público e de Tribunais de Contas) - art. 40, caput, com a
redação conferida pela EC n. 41, de 2003.

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REGIME PREVIDECIÁRIO COMPLEMENTAR

• A exploração da previdência pela iniciativa privada é autorizada de


forma supletiva pela legislação, sempre submetida á fiscalização do
poder público. Diferentemente do que ocorre, por exemplo, no Chile,
onde o sistema de previdência é privatizado;

• Custeio mediante contribuição dos participantes (Art. 16, LC n. 109), bem


como facultatividade de adesão a qualquer dos planos complementares
previstos.

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