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FACULDADES DOCTUM

CURSO DE DIREITO
Direito Previdenciário

MATERIAL DE APOIO-01
Prof. Antonio Ricardo Zany

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Ementa da Disciplina:

Seguridade Social: Assistência, Saúde e Previdência Social.


Histórico da Previdência Social.
Organização e Serviços da Previdência Social.
Princípios Previdenciários.
Segurados: contribuintes e beneficiários da Previdência Social.
Fontes de Custeio da Previdência Social.
Contribuições Previdenciárias.
Benefícios Previdenciários: Aposentadorias – comum, incapacidade permanente e especial. Auxílio-
doença. Auxílio-reclusão. Auxílio-acidente. Pensão por morte. Salário-maternidade. Salário-família.
Reabilitação Profissional.
Prescrição.
Previdência Complementar.
Processo administrativo e judicial.
Benefício assistencial aos idosos.

Aula 1 Apresentação do curso e orientações de estudo

Base de estudo: aula + doutrina + lei + resolução de questões.


Ref. Bibliográfica: Curso de Direito e Processo Previdenciário (Frederico Amado, Ed. Jus
Podium).
Sinopse de Direito Previdenciário – nº 27.
Questões comentadas do INSS: FCC, ESAF e CESPE.
Seguridade Social: art. 194 a 204, CF.
Lei 8.213/91 (Lei de Benefícios) e Lei 8.212/91 (Lei de Custeio).
Regulamento da Previdência Social (RPS): Dec. 3.048/99.
Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social).

Composição da Seguridade Social, Princípios/ Objetivos da Seguridade Social

1. Seguridade Social (Constituição Federal, art. 194 a 204).


1.1 Origem e evolução legislativa no Brasil.
1.2 Conceituação.
1.3 Organização e princípios constitucionais.

Constituição Federal:
No ápice do ordenamento jurídico. É o fundamento de validade de nosso ordenamento jurídico.
NORMAS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL – ARTIGOS 194/204.
Art. 194 Seguridade Social Brasileira.
Caput: composição da Seguridade Social.
§ 1º Objetivos da Seguridade Social.
Art. 195 Custeio da Seguridade Social.
Art. 196 ao 200 Saúde.
Art. 201 e 202 Previdência Social.
Art. 203 e 204 Assistência Social.

SEGURIDADE SOCIAL

Direito Previdenciá rio Pá gina 1


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Segurança Social: sistema de proteção do povo brasileiro.
Riscos Sociais: constando de eventos previsíveis e imprevisíveis, que poderão levar a pessoa à
miséria, dificultando o exercício do trabalho, quer de maneira temporária ou permanente: morte, doença,
desemprego, maternidade, infância e juventude, prisão etc.
Três campos de amparo da Seguridade Social:
1. Previdência Social
2. Saúde
3. Assistência Social .......... Modelo criado pela atual CF (05/10/88).
Todos os entes políticos (U-E-DF-M) devem adotar ações para assegurar direitos da seguridade
social, pois são Direitos Fundamentais Sociais.
A Seguridade Social se trata de competência privativa da União (art. 21, XXIII, CF).
Por sua vez, a Previdência Social é da competência concorrente da União, Estados e DF (art. 24, XII,
CF).

Conceito: conjunto de ações do Poder Público e da iniciativa privada (sociedade) para assegurar
direitos relativos à saúde, previdência e assistência social (art. 194, caput, CF).
Faz-se necessário entender o Sistema de Seguridade.
CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL
SUBSISTEMA CONTRIBUTIVO SUBSISTEMA NÃO-CONTRIBUTIVO
Previdência Social Saúde Pública
Assistência Social
Não é toda a população brasileira que terá Não há exigência de pagamento de
acesso à proteção previdenciária. contribuição, para concessão de benefício ou
prestação de serviços.
Somente terão direito o segurado e seus São gratuitas.
dependentes.
O segurado terá relação jurídico-tributária com Extensivas aos ricos e pobres.
a Previdência Social: pelo pagamento da
contribuição social (é contributiva). Quem não
recolhe, não se aposenta por idade, nem deixa a
pensão por morte.
A contributividade pode ser real ou presumida
(outros que recolhem, em nome dos
empregados urbanos e muitos trabalhadores
rurais).

OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL

Art. 194, parágrafo único, CF: tratados pela doutrina como Princípios da Seguridade Social
OBJETIVOS = PRINCÍPIOS.
Principal destinatário: o legislador, que é o criador, por intermédio da lei, dos benefícios e serviços
da seguridade social. Benefícios são prestações pecuniárias e os serviços são obrigações de fazer.

I. UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO.


A cobertura diz respeito aos riscos sociais (eventos, previsíveis ou não, que afetarão as pessoas em
seu trabalho etc.). Traduz a interpretação objetiva. Quanto mais riscos abrangidos, melhor.
Por sua vez, o atendimento trata das pessoas que serão atendidas pelos benefícios e serviços.
Traduz a interpretação subjetiva. Quanto mais pessoas, melhor.

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Tal princípio se aplica à Previdência, à Assistência e à Saúde.


Todo princípio é relativo. Logo, não há recursos orçamentários para permitir a ampliação total da
cobertura e do atendimento. Neste sentido, tal princípio é mitigado pela limitação da contribuição
social arrecadada. No Brasil, para ser segurado da Previdência, deve haver alguma forma de pagamento
ou presunção de pagamento.
II. UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DE BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES
URBANAS E RURAIS.
Aplica-se à toda seguridade social, mas sua origem histórica repousa na previdência social.
Lei 8.213/91 (RGPS: abarcando tanto os trabalhadores urbanos, quanto os rurais)
Até 1991, havia duas previdências:
LOPS (Lei 3.807/60, regulamentava os trabalhadores urbanos).
LC 11/71 (regulamentava os trabalhadores rurais, sendo uma lei discriminatória, pois previa
aposentadoria por idade de 50% do salário-mínimo, pensão por morte de 30% do salário-mínimo).
Hoje, a CF prevê que nenhum benefício que substitua a remuneração do segurado pode ser
inferior a um salário-mínimo :::: Consectário do Princípio da Isonomia (tratamento desigual, para os
desiguais, impedindo a discriminação negativa). É possível a Discriminação Positiva: é um bem e não,
um mal, decorre da Política de Ação Afirmativa, que surge em razão de discriminantes constitucionais.
Logo, a CF estabelece a redução de 5 anos para o trabalhador rural se aposentar por idade.
Aposentadoria para o rural (art. 201, § 7º, II, CF): redução de 5 anos para o rural (h. 60 a; m. 55 a.)
III. SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E
SERVIÇOS.
Aqui há dois princípios em um só.
Há vários riscos sociais, várias pessoas a serem protegidas e poucos recursos. O legislador decide
os benefícios/serviços da seguridade social que serão concedidos e quais pessoas terão direito. Diante
desse quadro, se insere o Princípio da Seletividade.

Seletividade: o legislador, com base no interesse público, seleciona os riscos sociais e pessoas
destinatárias da proteção social.
Ex.: art. 203, V, CF: benefício assistencial de 1 s.mi. ao idoso e à pessoa com deficiência carentes:::
seleção pelo legislador.
Outro caso, art. 201, IV, CF: salário-família e auxílio-reclusão ::: para os dependentes dos segurados
de baixa renda.

Distributividade: a seguridade social é um campo fértil para realização da justiça social


(distribuição de renda) e redução das desigualdades sociais. Principalmente na Assistência Social, pois
é gratuita, amparando somente os necessitados (pobres). A área de saúde atende pobres e ricos; muito
menos na previdência social, a qual depende de contribuição.

IV. IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS.


Há benefícios (obrigações de pagar) no âmbito dos três campos da seguridade social. Há vários
benefícios na previdência social, bem como na assistência social (ex.: bolsa família; o benefício mensal de
1 s.mi. ao idoso e à pessoa carente, previsto no art. 203, V, CF). Até na saúde há benefícios, embora sejam
mais raros (auxílio psicossocial, o qual é pago a pessoas com problemas mentais que se tratam em casa).

Este princípio decorre do Princípio da Segurança Jurídica: impede que o valor de um benefício
seja reduzido em seu valor nominal, posteriormente, mesmo por lei.

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Pelo fato de a previdência social ser contributiva, lá este princípio ganha força. Na saúde e na
assistência social não há imposição de reajustes (há somente a manutenção do valor nominal). Na
previdência social é imposto o reajustamento periódico dos benefícios (art. 201, § 4º, CF), havendo a
manutenção do valor real, conforme critérios definidos em lei (regulado pela Lei 8.213/91, art. 41-A).

Portaria MPS/MF nº 26, de 10 de janeiro de 2023 – reajuste pela variação do INPC do ano anterior
(Teto R$ 7.507,49; salário-mínimo: R$ 1.302,00).

Mas este princípio só protege situações/direitos/benefícios legitimamente concedidos. Este


benefício não proíbe a revisão de benefícios concedidos ilegitimamente (acima do valor corretamente
devido) (art. 103, Lei 8.213/91).
V. EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO.
Os direitos sociais da seguridade social são custosos.
O custeio da seguridade social é tratado no art. 195, CF, sendo feito por toda a sociedade, de
maneira:
a) Direta: pagamento de contribuições para a seguridade social, leilões da Receita Federal do
Brasil, multas etc.
b) Indireta: orçamentos públicos (U, E, DF e M) (porque todo o custeio que abastece os orçamentos
públicos provém indiretamente do povo brasileiro).
A contribuição para a seguridade social é um tributo finalístico (a arrecadação está atrelada à
despesa com a seguridade social). São pagas pela PF ou PJ. Mas em razão deste princípio da equidade na
forma de participação no custeio, ao majorar ou estender contribuições sociais, o legislador deve
obedecer a dois outros princípios:

Princípio da Isonomia Tributária (contribuintes em situação semelhante devem pagar o mesmo


tributo. De igual modo, situações diferenciadas devem ser tributadas de forma diversa. Ex.: podem
existir duas empresas semelhantes, com diferentes números de acidentes de trabalho, onerando mais
benefícios previdenciários: deverá tal empresa pagar mais contribuições previdenciárias, aspecto que
decorre do Princípio da Equidade na Forma de Participação de Custeio).
Princípio da Capacidade Contributiva (quem tem maior capacidade contributiva deve pagar
mais. Ex.: bancos).

VI. DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO.


Quanto mais gente pagando para a seguridade social, melhor será, devendo existir múltiplas
fontes de custeio: socializar a arrecadação, evitando que crises econômicas, em determinados setores,
possam prejudicar a arrecadação da seguridade social.
A própria CF trouxe as fontes de custeio (art. 195, CF):
I. O empregador, a empresa ou entidade equiparada na forma da lei.
II. Trabalhadores e demais segurados.
III. Concursos de prognósticos.
IV. Importadores de bens ou serviços do exterior ou equiparados.

VII. CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO,


MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE, COM PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES, DOS
EMPREGADORES, DOS APOSENTADOS E DO GOVERNO NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS.
Com a participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo.
NÃO há previsão dos pensionistas.

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Caráter democrático e descentralizado da administração.


Há outros princípios informadores da seguridade social:

VIII. SOLIDARIEDADE.
É um objetivo fundamental da RFB: construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I, CF). É
o âmago do sistema nacional de seguridade social. A seguridade social é um sistema fruto de esforços
do Poder Público e da iniciativa privada para proteger pessoas através de direitos previdenciários,
assistenciais ou de saúde, quando é concretizado um risco social, selecionado em lei, como hipótese de
concessão de um benefício ou de um serviço da seguridade social. É algo solidário: desejar para a
sociedade como um todo, aquilo que se deseja para si ou para seus familiares.
Ex.: aposentado paga contribuição social, se continuar trabalhando, mesmo não tendo direito a
uma segunda aposentadoria; o benefício de assistência social (uma pessoa pode estar em uma boa
situação social, no presente momento e não precisar deste benefício, mas podem ocorrer mudanças em
sua vida, que venham levá-lo a ser um beneficiário desta prestação assistencial); João pagou 35 anos à
previdência Social e decide se aposentar, mas morre antes de receber seu primeiro benefício de prestação
continuada; José, após trabalhar um mês, sofre acidente de trabalho, que o torna incapaz
permanentemente para o exercício do trabalho.

IX. PRECEDÊNCIA (PRÉ-EXISTÊNCIA/CONTRAPARTIDA) DA FONTE DE CUSTEIO.


Princípio da gestão responsável da seguridade social: controle orçamentário.
Não pode haver criação, extensão ou majoração de benefício/serviço sem a prévia fonte de custeio
total. Existe desde 1965 (EC à CF/46).
Art. 195, § 5º, CF:
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total.

Obs.: NEM SALVO: caso fortuito, ordem judicial etc. Mas na realidade há desrespeito a esse princípio, pois
o governo concorda com a criação do benefício ou serviço e ninguém questiona a lei de criação. Ex.: LC 142/13
criou uma aposentadoria especial para a pessoa portadora de deficiência, sem qualquer fonte de custeio prévio.

X. ORÇAMENTO DIFERENCIADO.
Base normativa: art. 165, § 5º, III, CF. Três peças do orçamento da União (constantes da LOA):
1. Orçamento Fiscal da União.
2. Orçamento de Investimentos de empresas públicas e sociedades de economia mista.
3. Orçamento da Seguridade Social..... Orçamento diferenciado (abrangendo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

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