Disciplina: Direito Previdenciário Curso: Direito Data: 02/04/2023 Turma: 10º período
BOM TRABALHO!
QUESTÃO 01 (Valor: 03 pontos)
Sabe-se que a gênese da proteção social conferida pelo Estado originou-se na Alemanha, em 1883, com projeto do Chanceler Otto Von Bismarck (sistema Bismarckiano). Posteriormente, em 1942, na Inglaterra, surgiu um sistema diverso do germânico, idealizado pelo economista William Henry Beveridge (sistema Beveridgiano). Diante disso, explique as características de cada um dos sistemas supra indicados. Resposta: SISTEMA BISMARKIANO: Esse sistema foi apontado pela doutrina majoritária como o marco inicial, ou seja o nascimento da Previdência Social no mundo, caracterizado como um seguro social, cujo o acesso era condicionado ao prévio pagamento de uma contribuição de empregados e empregadores, destinado apenas a algumas categorias profissionais, sob a gestão do Estado (o Estado não financiava), ou seja, era un sistema EQUILIBRADO (contribuições de empregados e empregadores), de CAPITALIZAÇÃO (depositado em um fundo específico) e compulsório (exigia de todos os colaboradores e empregadores) garantindo o direito a aposentadoria e alguns outros benefícios resultantes de situações de risco. Lei dos seguros sociais: instituiu o Seguro Doença (1883); o Seguro de Acidente de Trabalho (1884) e, por fim, o Seguro de Incapacidade Permanente e Velhice (1889). SISTEMA BEVERIDGIANO: esse modelo foi idealizado pelo economista em 1942, vai além da lógica do seguro social, era custeado primordialmente com recursos dos tributos em geral, era um sistema universal e solidário, seu foco é o cidadão e considera assistência e os serviços sociais universais como direitos sociais, nesse contexto, esse denominado sistema acima mencionado abrange a universalidade dos indivíduos de uma sociedade em razão da contribuição de todos os nacionais, incumbindo todo o povo, era um sistema de difícil equilíbrio financeiro e atuarial.
QUESTÃO 02 (Valor: 03 pontos)
Dois amigos discutiam sobre o surgimento da Previdência Social no Brasil, sem chegar à um consenso. Nesse diapasão, você como assíduo estudioso do direito previdenciário, passa a esclarecer a dúvida existente, isto é: em conformidade com a doutrina majoritária, qual o marco inicial da Previdência Social brasileira e suas especificidades? Resposta: Apesar de não ser a primeira norma a tratar de seguridade social, a Lei Eloy Chaves( Decreto Legislativo nº 4.682/1923) é considerada pela doutrina majoritária o Marco inicial da previdência social brasileira. Publicada em 24/01/1923, a Lei Eloy Chaves, consolidou a base do sistema previdenciário brasileiro, com a criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias. Após a promulgação desta lei, outras empresas foram beneficiadas e seus empregados também passaram a ser segurados da previdência social.
QUESTÃO 03 (Valor: 03 pontos)
Em uma reunião de família, precisamente no Natal do ano de 2018, a tia Florinda, no auge de sua simplicidade, verberou que não entendia o porquê de por vezes ouvir no jornal as expressões “Seguridade Social” e “Previdência Social”, visto que para ela não haveria qualquer diferença. Diante disso, Chaves, seu sobrinho, com calma e clareza, passou a explicar, à luz da CRFB/1988, as diferenças entre os dois institutos. Aponte, fundamentadamente, de forma sucinta, os possíveis argumentos utilizados por Chaves, a fim de esclarecer sua tia. Resposta: SEGURIDADE SOCIAL X PREVIDÊNCIA SOCIAL O artigo 194 da CRFB/1988 dispõe que a seguridade social é um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas assegurar os direitos relativos a saúde, a previdência e assistência social. Artigo 1º da lei 8.213 prevê, a Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. A Previdência Social, como já vimos, é uma espécie de seguro estruturado dentro dos três pilares da Seguridade Social que vai garantir proteção e uma renda ao segurado e/ou sua família em diversas situações, como doença, acidente de trabalho, velhice, invalidez, maternidade, morte ou reclusão.
QUESTÃO 04 (Valor: 03 pontos)
O financiamento da Seguridade Social deverá ter múltiplas fontes, a fim de garantir a solvibilidade do sistema. Nesse sentido, seu Madruga, deputado federal, no exercício de sua competência legislativa, apresentou projeto de Lei Ordinária visando criar nova fonte de custeio para o sistema. Como membro da Comissão de Constituição e Justiça, emita sucinto parecer apontando nos termos da CRFB/1988, quais são as fontes de custeio da Seguridade Social, bem como esclareça a (in)constitucionalidade do projeto de lei apresentado pelo congressista. Resposta: O projeto de Lei Ordinária do deputado federal seu Madruga, que visa criar nova fonte de custeio para o sistema da seguridade social é inconstitucional. A Constituição Federal em seu artigo 154, inciso I, e 195, § 4º prevê que a União pode criar novas fontes de custeio para a seguridade social, a exigência constitucional expressa de que seja feita através de Lei Complementar. A luz da CRFB/88, o artigo 195 que trata da seguridade social, prevê que será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: I) do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei; II) do trabalhador e dos demais segurados da previdência social; III) dos concursos prognósticos; IV) importador de bens ou serviços do exterior, ou equiparados.
FORMAS DIRETAS: são aquelas que são cobradas de trabalhadores e empregados.
FORMAS INDIRETAS: são aquelas provenientes de impostos, sendo pagos por toda a sociedade. “A seguridade social não será financiada e sim custeada por meio de contribuição social”.
QUESTÃO 05 (Valor: 03 pontos)
A contribuição social feita pelo trabalhador e demais segurados da previdência social, por se tratar de uma das fontes de financiamento da Seguridade Social, pode ser utilizada, se necessário, para custear a saúde pública, principalmente no atual cenário brasileiro, onde o SUS (Sistema Único de Saúde) carece de investimentos. Julgue, como certa ou errada referida afirmação, justificando e fundamentando sua resposta. Resposta: A assertiva está ERRADA, pois, a contribuição social feita por trabalhadores e demais segurados da previdência social, seja ela: obrigatória, facultativa ou individual, tem caráter contributivo, nesse sentido, apenas terão direito aos benefícios e serviços previdenciários os segurados (aqueles que contribuem ao regime pagando as contribuições previdenciárias) e seus dependentes. Nesse sentido, o art. 1º da Lei 8.213/1991 define tal finalidade: A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Portanto, a saúde pública, NÃO poderá ser custeada pela contribuição social feita pelo trabalhadador e demais segurados da previdência social, pois, a SAÚDE PÚBLICA E A ASSISTÊNCIA SOCIAL são de caráter não contributivas, pois para o pagamento dos seus benefícios e prestação de serviços não haverá o pagamento de contribuições específicas por parte das pessoas destinatárias. Nesse sentido, o art. 196 da CRFB/1988 define: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
QUESTÃO 06 (Valor: 03 pontos)
Tício e Mévio, jovens estudantes, acabam de ser inseridos no mercado de trabalho, sendo contratados pela montadora automobilística com sede em sua cidade. Assim, passaram a ser segurados obrigatórios (empregados) do sistema previdenciário brasileiro. Diante disso, cheios de dúvidas, procuram você, advogado(a) militante no âmbito da previdência social, a fim de realizar consulta jurídica e obterem esclarecimentos quanto aos planos previdenciários, bem como seus regimes. Diante disso, responda à Tício e Mévio, fundamentando sua argumentação no texto constitucional. Resposta: Primeiramente, para que Tício e Mévio possam entender os tipos de planos previdenciários, é necessário entender OS REGIMES da Previdência Social no Brasil. A Previdência Social brasileira é dividida em três regimes: Regime Geral de Previdência Social (RGPS), de filiação obrigatória pelos trabalhadores regidos pela CLT(que são os casos de Tício e Mévio); Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), de filiação obrigatória pelos servidores públicos de cargos efetivos da União, estados, Distrito Federal e municípios; e Regime de Previdência Complementar (RPC), regime privado, de filiação facultativa, cujo intuito é complementar a renda oficial do trabalhador. Existe ainda a Previdência Privada, que é oferecida através de plataformas de investimentos, ou direto com os bancos, corretoras e gestoras, onde qualquer pessoa poderá contratá-la, onde faz um aporte inicial único ou aportes mensais de menor valor. Lá na frente, o dinheiro investido volta para o investidor, junto com os rendimentos, lembrando que esses contribuítes da Previdência Privada não alcançam os benefícios da Previdência Social. Quanto aos planos previdenciários? A Previdência Social é composta por dois planos: 1- Planos Básicos: são de filiação compulsória, destinados à proteção das pessoas que exerçam atividade remunerada. Conta com o RGPS (segurados da iniciativa privada – art. 201 da CRFB/1988) e com RPPS (destinado aos servidires titulares de cargos efetivos – art. 40 CRFB/1988); 2- Planos Complementare: são de filiação facultativa, destinado a ofertar prestações complementares para a manutenção do padrão de vida do segurado e dos seus dependentes. Os planos complementares de previdência conta com o regime público ( fechado – servidor público efetivo) ou privado (fechado ou aberto – iniciativa privada), conforme art. 202 da CRFB/1988 e LC nº 108 e 109 de 2001. Os planos básicos do Regime Geral d Previdência Social (RGPS), são planos compulsórios para as pessoas que exercem atividade laboral remunerada (Seguro Obrigatório Legal), ou seja, as pessoas que exercem atividades regular não podem escolher se querem ou não fazer parte de tal plano, como o caso mencionado de Tício e Mévio. O RPPS é o regime de Previdência Social dos funcionários públicos. Está previsto no art. 40 da CF88 e regulado pelos arts. 183 a 230 da Lei nº 8.112/1990. Excluem-se deste grupo os empregados das empresas públicas, os agentes políticos, servidores temporários e detentores de cargos de confiança, todos filiados obrigatórios ao Regime Geral. Além dos supracitados, os militares também foram excluídos do rol de servidores públicos pela EC n. 18/1998, constituindo agora uma categoria autônoma, razão pelo qual os militares dos Estados e do DF não poderão ser regidos pelo mesmo regime previdenciário dos servidores públicos, devendo ter regras próprias (não se aposentam, permanecem na reserva remunerada ou reforma, embora seus dependentes possam ser beneficiários de pensão por morte). Atualmente, atendendo os requisítos exigidos para cada benefício, o contribuínte terá direito: Aposentadoria por idade; Aposentadoria por tempo de contribuição; Aposentadoria especial; Aposentadoria por invalidez; Pensão por morte; Auxílio-doença; Auxílio-acidente; Auxílio-reclusão; Salário-maternidade; Salário-família.
QUESTÃO 7 (Valor: 03 pontos)
O INSS, autarquia federal (instituído mediante a fusão do IAPAS e do INPS – art. 17 da Lei n° 8.029/1990) integrante da administração pública indireta descentralizada, é responsável pelas atividades de arrecadação de tributos e concessão de benefícios previdenciários. Julgue referida informação como certa ou errada, justificando e fundamentando sua resposta. Resposta: A questão está errada, pois, nesse sentido, o INSS não é responsável pelas atividades de arrecadação de tributos, mas sim pela concessão de benefícios previdenciários, ou seja, avaliação de critérios e o pagamento de aposentadoria e outros benefícios aos trabalhadores brasileiros e demais segurados. Até outubro de 2004, o INSS era responsável pelas atividades de arrecadação de tributos e concessão de benefícios sendo que atualmente, o INSS é responsável somente pela administração do benefícios previdenciários do RGPS. As atividades de arrecadação e fiscalização de contribuições previdenciárias (que tem natureza tributária), são realizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Isso em virtude de alterações legislativas feitas pela MP 222/04, convertida na Lei nº 11.098/05 (criou a SRP e atribuiu ao Ministério da Previdência Social as competências tributárias do INSS) e, finalmente com o advento da Lei 11.457/07 (após frustrada a MP 258/05 que criou a SRFB) surgiu em definitivo a Secretaria da Receita Federal do Brasil, que promoveu a unificação das SRP e SRF.
QUESTÃO 8 (Valor: 03 pontos)
Girafales é professor de uma instituição de ensino superior privada, somando cerca de 30 anos de vínculo empregatício (e efetivas contribuições previdenciárias), estando, nesse caso, filiado ao RGPS (segurado empregado), dado ao exercício de atividade laborativa remunerada no setor privado. Ocorre que, Girafales foi aprovado em concurso público para o provimento de cargo efetivo de professor na Universidade Federal de Goiás. E, diante dessa situação, ao tomar posse de seu cargo, será obrigatoriamente filiado ao RPPS. Assim, você na qualidade de advogado(a), é procurado por Girafales, que requer esclarecimentos quanto à algumas questões; a saber: caso mantenha as duas funções, isto é, professor na instituição privada e na Universidade Federal, terá que verter contribuições para ambos os regimes previdenciários (RGPS e RPPS)? E, caso opte por deixar definitivamente o setor privado e laborar apenas em sua nova função, servidor efetivo da Universidade Federal de Goiás (cargo de professor), poderá aproveitar os 30 anos de contribuições feitas ao RGPS para aposentar-se no RPPS? Justifique e fundamente sua resposta. Resposta: a) Caso o Professor Girafales queira manter as duas funções RGPS no setor privado e RPPS no setor público, poderá receber duas aposentadorias, uma de cada regime de previdência: É isso que prevê o parágrafo 2º, artigo 10 do Decreto 3.048/1999 (Regulamento da Previdência Social): Art. 10. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado neste Regulamento, desde que amparados por regime próprio de previdência social. § 2º Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999). Nesse sentido, se reunir os requisitos para a aposentadoria no serviço público, e também no RGPS, ele pode ter direito a duas aposentadorias. b) Caso o Professor Girafales decide deixar definitivamente o setor privado RGPS e exercer apenas em sua nova função de cargo efetivo RPPS, poderá aproveitar os 30 anos de contribuições deitas ao RGPS: As normas que definem as regras para a CTC estão na Lei nº 8.213/91 e no Decreto nº 3.048/99. Regra 1: trabalhador que tenha mudado de regime previdenciário. Regra 2: caso fosse o contrário do RPPS para o RGPS, poderá ser emitida a CTC somente se o servidor for exonerado ( §2º do art. 12 da Portaria MPS nº 154). Poderá requerer a CTC (Certidão de Tempo de Contribuição), podendo fazer a somatória dos tempos contribuídos em diferentes regimes de previdência. Por exemplo, é possível levar o tempo do INSS do RGPS, para o RPPS. Dessa forma, se torna possível somar períodos trabalhados em diferentes regimes e não atrasar a aposentadoria. O requerimento do CTC poderá ser feito através do aplicativo ou site do INSS, o prazo determinado por Lei é de 15 (quinze) dias para a entrega da referida Certidão.
QUESTÃO 9 (Valor: 03 pontos)
Caio trabalhou por diversos anos como segurado obrigatório empregado, na indústria sucroalcooleira de sua cidade. Após longo interstício, conseguiu, as custas de muito trabalho e dedicação concluir seu curso de nível superior em engenharia civil. E, diante dessa situação, a fim de realizar seu sonho, abriu um pequeno escritório de engenharia na sua cidade, deixando a empresa onde trabalhava. Com isso, por se tratar de profissional liberal, Caio acredita não ser mais segurado do RGPS, tampouco de ser obrigado a verter contribuições ao sistema previdenciário brasileiro; motivo pelo qual contratou plano complementar de previdência. Nesse sentido, esclareça à Caio a (in)correção de seu pensamento, justificando e fundamentando sua resposta. Resposta: Perante a Previdência, o profissional liberal é considerado um contribuinte individual. Seu caráter contributivo é obrigatório. E não se trata apenas da possibilidade de se aposentar. O trabalhador que exerce uma atividade remunerada, mesmo não tendo registro em carteira (CTPS), deve contribuir ao INSS para ter acesso a benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte, previsão legal no artigo 30 da lei 8.213/91. O plano complementar contratado por Caio, não o isenta da obrigatoriedade de contribuir com o RGPS (Regime Geral da Previdência Social), pois, os planos de previdência oferecidos pelas sociedades seguradoras ou pelas entidades abertas de previdência complementar são planos de benefícios de caráter previdenciário e têm por objetivo complementar os benefícios oferecidos pelo regime geral de previdência social. QUESTÃO 10 (Valor: 03 pontos) Chiquinha conseguiu seu primeiro trabalho no ano de 2016; oportunidade que começou a prestar serviços na residência do Sr. Barriga, sendo que restou pactuado que iria trabalhar duas vezes por semana, às terçasfeiras e sextas-feiras, devendo realizar a limpeza da casa (os dois andares), bem como lavar as roupas. Ocorre que, no início do ano de 2019, Chiquinha sofreu um acidente enquanto fazia a limpeza da casa (caiu das escadas – segundo andar), ficando tetraplégica. Diante disso, um amigo lhe disse: “você tem direito a receber o benefício de auxílio-doença e caso a perícia médica constate incapacidade total e permanente para o trabalho, sem possibilidade de reabilitação para outra função, a aposentadoria por invalidez será indicada, dada a sua qualidade de segurada obrigatória (empregada doméstica)”. Ante a tal informação, Chiquinha formulou pedido de concessão de benefício previdenciário junto ao INSS, o qual foi indeferido. Em ato contínuo, socorreu-se no Poder Judiciário na salvaguarda de seus direitos, e após regular tramitação processual o processo foi concluso para sentença. Na qualidade de magistrado(a) do caso, julgue a (im)procedência do pedido de concessão de benefício previdenciário; fundamentando sua decisão (conforme art. 93 inciso IX da CRFB/1988). Resposta: Encontram-se presentes os pressupostos processuais e as condições da ação. É possível o julgamento do processo no estado em que se encontra. A AUTORA requer concessão do benefício de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez, sob o argumento de não se encontrar capacitado para toda e qualquer atividade laboral, ocorre que a prova produzida nos autos foi contrária a essa pretensão. Em linhas gerais, os requisitos para a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez são: o reconhecimento da incapacidade laboral, a manutenção da qualidade de segurado na data em que constatada a incapacidade e o preenchimento da carência de 12 (doze) contribuições, nos termos dos artigos 24 e 25, I, da Lei n.º 8.213/91, in verbis: Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: I - auxílio- doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais; Muito embora ambos sejam benefícios concebidos para amparar o trabalhador em situação de risco social por estar impossibilitado de garantir o próprio sustento e o de sua família, substituindo sua remuneração, os referidos benefícios se diferem de acordo com o tipo de inaptidão para o trabalho que visam a acobertar, se transitória, caso de auxílio-doença, consoante o art. 59, ou definitiva, descabendo a reabilitação para o desempenho de atividade apta a garantir o sustento ao segurado, de acordo com o art. 42 da lei que disciplina o RGPS. De acordo com o artigo 25, I, da Lei 8.213/91, o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez exigem como carência 12 (doze) contribuições mensais. “Art. 25. A concessão das prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social depende dos seguintes períodos de carência, ressalvado o disposto no art. 26: I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;” (original sem negrito). Para a manutenção da qualidade de segurado, o art. 15 da Lei 8.213/91 dispõe o seguinte: “Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; (...) § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos”. A autora alega que em decorrência do seu problema de saúde não consegue exercer sua atividade laborativa, que por cerca de 2 (dois) anos prestou serviços como diarista e se acidentou na residencia onde laborava, vindo a cair do segundo andar, ficando tetraplégica. Com base na documentação em anexo, fica comprovado: A diarista é uma trabalhadora autônoma que presta serviços ocasionais para um ou mais contratantes, no máximo 2 dias por semana para cada um deles, sem vínculo de emprego. Normalmente, o trabalho exercido pela diarista é “doméstico”, ou seja, relacionado à residência de uma pessoa ou família. É o caso, por exemplo, de faxineiras, cozinheiras, vigias, motoristas, jardineiros e cuidadoras que trabalham naquela residência no máximo 2 dias por semana. Como não há vínculo de emprego, a diarista não tem a sua carteira de trabalho assinada e não recebe outros direitos trabalhistas (FGTS, férias, 13º, horas extras, aviso prévio, etc.). No referido caso, conforme a previsão legal do art.11, V, da Lei nº 8.213/1991, a AUTORA laborava na condição de trabalhadora autônoma, portanto, se enquadra como segurada obrigatória da Previdência Social, por exercer uma atividade remunerada, assume os riscos da atividade e possui a obrigação de pagar o INSS sobre os proveitos obtidos mensalmente. Provimento negado no sentido de, sem vínculo, o tomador de serviço doméstico não é obrigado a recolher ao INSS: (...) "A ‘contrario sensu’, o tomador de serviço doméstico não detém a obrigação de recolher INSS sobre o valor pago a autônomo ou eventual, pois não detém a natureza jurídica de empresa ou empregador doméstico. A celebração de acordo, sem vínculo de emprego com faxineira, jardineiro ou outros prestadores de serviços domésticos, não gera a obrigação de recolher contribuição em favor do INSS, como pretendido no apelo", concluiu o relator. Por unanimidade de votos, os magistrados da 7ª Turma do TRT-SP negaram provimento ao recurso ordinário, nos termos da fundamentação. Acórdão nº 20090605769 publicado no DOEletrônico em 21/08/2009. A prova produzida nos autos foi contrária à pretensão da parte autora, razão pela qual a pretensão deve ser julgada improcedente. ISSO POSTO, julgo improcedentes os pedidos. Sem condenação em custas em razão dos benefícios da justiça gratuita. Sem condenação em honorários de advogado (Súmulas 512-STF e 105-STJ, e art. 25 da Lei 12.016/09). R.P.I. Goiânia, (data e assinatura digital adiante). (assinatura digital)