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SIMULADO PREPARATÓRIO

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL


2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Enunciado
Diogo está sendo regularmente processado pela prática dos crimes de violação de domicílio (artigo 150, do CP) em
concurso material com o crime de furto qualificado pela escalada (artigo 155, § 4º, II, do CP). Isso porque, segundo
narrou a inicial acusatória, no dia 10/11/2012 (sábado), Diogo pulou o muro de cerca de três metros que guarnecia
a casa da vítima e, então, após ingressar clandestinamente na residência, subtraiu diversos pertences e valores, a
saber: três anéis de ouro, dois relógios de ouro, dois aparelhos de telefone celular, um notebook e quinhentos reais
em espécie, totalizando R$ 9.000,00 (nove mil reais).
Na audiência de instrução e julgamento, realizada em 29/08/2013 (quinta-feira), foram ouvidas duas testemunhas
de acusação que, cada uma a seu turno, disseram ter visto Diogo pular o muro da residência da vítima e dali sair,
cerca de vinte minutos depois, levando uma mochila cheia. A defesa, por sua vez, não apresentou testemunhas.
Também na audiência de instrução e julgamento, foi exibido um DVD contendo as imagens gravadas pelas câmeras
de segurança presentes na casa da vítima, sendo certo que à defesa foi assegurado o acesso ao conteúdo do DVD,
mas essa se manifestou no sentido de que nada havia a impugnar.
Nas imagens exibidas em audiência, ficou constatado (dada a nitidez das mesmas) que fora Diogo quem realmente
pulou o muro da residência e realizou a subtração dos bens. Em seu interrogatório, o réu exerceu o direito ao silêncio.
Em alegações finais orais, o Ministério Público exibiu cópia de sentença prolatada cerca de uma semana antes
(ainda sem trânsito em julgado definitivo, portanto), onde se condenou o réu pela prática, em 25/12/2012 (terça-
-feira), do crime de estelionato. A defesa, em alegações finais, limitou-se a falar do princípio do estado de inocência,
bem como que eventual silêncio do réu não poderia importar-lhe em prejuízo. O Juiz, então, proferiu sentença em
audiência condenando Diogo pela prática do crime de violação de domicílio em concurso material com o crime de
furto qualificado pela escalada. Para a dosimetria da pena, o magistrado ponderou o fato de que nenhum dos bens
subtraídos fora recuperado. Além disso, fez incidir a circunstância agravante da reincidência, pois considerou que a
condenação de Diogo pelo crime de estelionato o faria reincidente. O total da condenação foi de 4 anos e 40 dias
de reclusão em regime inicial semiaberto e multa à proporção de um trigésimo do salário-mínimo. Por fim, o ma-
gistrado, na sentença, deixou claro que Diogo não fazia jus a nenhum outro benefício legal, haja vista o fato de não
preencher os requisitos para tanto. A sentença foi lida em audiência.
O advogado(a) de Diogo, atento(a) tão somente às informações descritas no texto, deve apresentar o recurso cabí-
vel à impugnação da decisão, respeitando as formalidades legais e desenvolvendo, de maneira fundamentada, as
teses defensivas pertinentes. O recurso deve ser datado com o último dia cabível para a interposição. (Valor: 5,0)

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Gabarito comentado
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
1) Endereçamento da petição de interposição: Juiz de Direito da ___ Vara Cri-
0,00 / 0,20
minal da Comarca ___ (0,20).
2) Fundamento legal da petição de interposição: art. 593, I do CPP (0,30). 0,00 / 0,30
3) Data: 03/09/2013 Obs.: É necessária a data correta na petição de interposi-
0,00 / 0,25
ção (0,25).
4) Endereçamento das razões: Tribunal de Justiça do Estado ___ (0,20). 0,00 / 0,20
5) Mérito:
5.1) Da aplicação do princípio da consunção ou absorção (0,30): O crime de
violação de domicílio deve ser absorvido pelo delito de furto qualificado, pois
0,00 / 0,30 / 0,50 / 0,80
configurou um crime-meio, essencial à execução do crime-fim, que era o furto
qualificado. Assim, deve ser excluída a condenação pelo delito de violação de
domicílio, restando, apenas, o delito de furto qualificado (0,50).
5.2.a) Da inaplicabilidade da reincidência: Não há que se falar em reincidência
(0,30), nos termos do art. 63, do CP (0,10). 0,00 / 0,30 / 0,40
Obs. A mera indicação de artigo não será pontuada.
5.2.b) O delito em análise não foi praticado após o trânsito em julgado de con-
denação anterior. Uma sentença condenatória recorrível não tem o condão de 0,00 / 0,25
gerar reincidência (0,25).
5.3) Da consequente diminuição de pena: Levando em conta o afastamento
do delito de violação de domicílio, bem como o afastamento da circunstância 0,00 / 0,30
agravante da reincidência, o réu fará jus à diminuição da pena (0,30).
5.4) Da consequente fixação de regime aberto: Levando em conta o afasta-
mento do delito de violação de domicílio, bem como o afastamento da circuns-
tância agravante da reincidência, o réu fará jus à modificação de seu regime de
cumprimento, passando do semiaberto para o aberto (0,25), nos termos do 0,00 / 0,25 / 0,40
art. 33, § 2º, c, do CP (0,15).
Obs. A mera indicação de artigo não será pontuada e a indicação do regime
aberto é essencial para atribuição de pontos.

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
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5.5) Da consequente possibilidade de substituição da pena privativa de liber-


dade por pena restritiva de direitos: Levando em conta o afastamento da rein-
cidência, verifica-se que o réu faz jus à substituição da pena privativa de liber- 0,00 / 0,25 / 0,40
dade por pena restritiva de direitos (0,25), nos termos do art. 44, do CP (0,15).
Obs. A mera indicação de artigo não será pontuada.
6) Pedido:
a) Absolvição do crime de violação de domicílio / Absolvição nos termos do art. 0,00 / 0,25
386, III, do CPP (0,25);
b) Afastamento da circunstância agravante da reincidência (0,25); 0,00 / 0,25
c) Consequente diminuição da pena (0,25); 0,00 / 0,25
d) Consequente fixação do regime aberto para cumprimento de pena (0,25); 0,00 / 0,25
e) Substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direi-
0,00 / 0,25
tos (0,25).
7) Estrutura: duas petições (interposição e razões); colocação de endereça-
0,00 / 0,25
mento nas petições; aposição de local, data, assinatura (0,25)

QUESTÃO 1

Enunciado
Jeremias foi preso em flagrante, no Aeroporto Internacional de Arroizinhos, quando tentava viajar para Madri, Espa-
nha, transportando três tabletes de cocaína. Quando já havia embarcado na aeronave, foi "convidado" por Agentes
da Polícia Federal a se retirar do avião e acompanhá-los até o local onde se encontravam as bagagens. Lá chegando,
foi solicitado a Jeremias que reconhecesse e abrisse sua bagagem, na qual foram encontrados, dentro da capa que
acondicionava suas pranchas de surf, três tabletes de cocaína. Por essa razão, Jeremias foi processado e, ao final,
condenado pela Justiça Federal de Arroizinhos por tráfico internacional de entorpecentes.
Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, foi expedido o mandado de prisão e Jeremias foi recolhido ao
estabelecimento prisional sujeito à administração estadual, já que em Arroizinhos não há estabelecimento prisional
federal. Transcorrido o prazo legal e, tendo em vista que Jeremias preenchia os demais requisitos previstos na legis-
lação, seu advogado deseja requerer a mudança para regime prisional menos severo.
Responda de forma fundamentada, de acordo com a jurisprudência sumulada dos Tribunais Superiores: qual Justiça
é competente para processar e julgar o pedido de Jeremias? (Valor: 1,25)
A mera indicação da Súmula não pontua.
Gabarito comentado

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Não obstante Jeremias ter sido condenado pela Justiça Federal, a competência para o processamento do pedido
é da Justiça Estadual, haja vista que Jeremias cumpre pena em estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária; daí
a transferência de competência da execução penal para a Justiça Estadual, conforme preceitua a Súmula 192 do
Superior Tribunal de Justiça. Súmula 192 – Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS
ITEM PONTUAÇÃO
A competência é da Justiça Estadual (0,85), conforme preceitua a Súmula 192
do STJ (0,40). 0,00 / 0,85 / 1,25
Obs.: a mera indicação da Súmula não pontua.

QUESTÃO 2

Enunciado
Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho, pela quantia de R$1.000,00
(mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime pretérito, passando a usá-lo como próprio. Tomando
conhecimento dos fatos, um inimigo de Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério Público, que requisitou a instau-
ração de inquérito policial. A autoridade policial instaurou o procedimento, indiciou Lúcio pela prática do crime de
receptação qualificada (art. 180, § 1º, do Código Penal), já que desenvolvia atividade comercial, e, de imediato,
representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o
procura para esclarecimentos.
Na condição de advogado(a) de Lúcio, esclareça os itens a seguir.
A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão temporária de Lúcio? (Valor: 0,60)
B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi de receptação qualificada
(art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso negativo, indique qual seria o delito praticado e justi-
fique. (Valor: 0,65)
Gabarito comentado
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
A. Não poderia a autoridade policial ter representado pela prisão temporá-
ria, pois o crime de receptação não está previsto no rol de crimes que admi-
0,00 / 0,50 / 0,60
tem essa modalidade de prisão (0,50), na forma do art. 1º, inciso III, da Lei n.
7.960/89 (0,10).

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B. Não, pois o crime praticado foi de receptação simples (0,35), tendo em vista
0,00 / 0,30 / 0,35 / 0,65
que Lúcio não adquiriu o bem no exercício de atividade comercial (0,30).

QUESTÃO 3

Enunciado
Pablo, que possui quatro condenações pela prática de crimes com violência ou grave ameaça à pessoa, estava no
quintal de sua residência brincando com seu filho, quando ingressa em seu terreno um cachorro sem coleira. O ani-
mal adota um comportamento agressivo e começa a tentar atacar a criança de 05 anos, que brincava no quintal com
o pai. Diante disso, Pablo pega um pedaço de pau que estava no chão e desfere forte golpe na cabeça no cachorro,
vindo o animal a falecer.
No momento seguinte, chega ao local o dono do cachorro, que, inconformado com a morte deste, chama a polícia,
que realiza a prisão em flagrante de Pablo pela prática do crime do art. 32 da Lei n. 9.605/1998. Os fatos acima des-
critos são integralmente confirmados no inquérito pelas testemunhas. Considerando que Pablo é multirreincidente
na prática de crimes graves, o Ministério Público se manifesta pela conversão do flagrante em preventiva, afirmando
o risco à ordem pública pela reiteração delitiva.
Considerando as informações narradas, na condição de advogado(a) de Pablo, que deverá se manifestar antes da
decisão do magistrado quanto ao requerimento do Ministério Público, responda aos itens a seguir.
A) Qual pedido deverá ser formulado pela defesa de Pablo para evitar o acolhimento da manifestação pela conver-
são da prisão em flagrante em preventiva? Justifique. (Valor: 0,60)
B) Sendo oferecida denúncia, qual argumento de direito material poderá ser apresentado em busca da absolvição
de Pablo? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
A. Liberdade provisória (0,35), nos termos do art. 310, § 1º, do CPP (0,10), já
0,00 / 0,15 / 0,25 / 0,35 / 0,45
que o juiz pode verificar, com base nas informações do auto de prisão em fla-
/ 0,50 / 0,60
grante, que Pablo agiu amparado em causa excludente da ilicitude (0,15).
B. A existência de estado de necessidade (0,40), nos termos do art. 24 do CP
0,00 / 0,15 / 0,25 / 0,40 / 0,50
/ art. 23, inciso I, do CP (0,10), que funciona como causa excludente da ilici-
/ 0,55 / 0,65
tude (0,15).

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QUESTÃO 4

Enunciado
Larissa, revoltada com o comportamento de Renata, ex-namorada de seu companheiro, foi, em 20 de julho de 2017,
até a rua em que esta reside. Verificando que o automóvel de Renata estava em via pública, Larissa quebra o vidro
dianteiro do veículo, exatamente com a intenção de deteriorar coisa alheia.
Na manhã seguinte, Renata constatou o dano causado ao seu carro, mas não identificou, em um primeiro momen-
to, quem seria o autor do crime. Solicitou, então, a instauração de inquérito policial, em 25 de julho de 2017. Após
diligências, foi identificado, em 23 de outubro de 2017, que Larissa seria a autora do fato e que o prejuízo era de R$
150,00, tendo sido a informação imediatamente passada à vítima Renata.
Com viagem marcada, Renata somente procurou seu advogado em 21 de fevereiro de 2018, informando sobre o
interesse em apresentar queixa-crime em face da autora dos fatos. Assim, o advogado de Renata apresentou quei-
xa-crime em face de Larissa, imputando o crime do art. 163, caput, do Código Penal, em 28 de fevereiro de 2018,
perante o Juizado Especial Criminal competente, tendo sido proferida decisão pelo magistrado de rejeição da quei-
xa, em razão da decadência, em 07/03/2018. A defesa técnica é intimada da decisão. Considerando as informações
narradas, na condição de advogado(a) de Renata, responda aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime apresentada por Renata? Indique o fundamento
legal e o prazo de interposição. (Valor: 0,65)
B) Qual o argumento para combater o mérito da decisão do magistrado de rejeição da denúncia? Justifique.
(Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
A. Recurso de apelação (0,40), no prazo de 10 dias (0,15), conforme art. 0,00 / 0,15 / 0,25 / 0,40 / 0,50 /
82, caput / § 1º da Lei n. 9.099/1995 (0,10). 0,55 / 0,65
B. O argumento é o de que o início da contagem do prazo decadencial
somente ocorreu em 23/10/2017, no dia em que o ofendido teve conheci-
0,00 / 0,50 / 0,60
mento da autoria, logo não havia se encerrado quando do oferecimento da
queixa-crime (0,50), nos termos do art. 38 do CPP / art. 103 do CP (0,10).

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PADRÃO DE RESPOSTA – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Enunciado
Dionísio de Jesus, primário, atualmente recolhido no Complexo Penitenciário da Papuda (Brasília/DF), foi conde-
nado à pena privativa de liberdade de 6 anos e 6 meses de reclusão, em regime inicial semiaberto, pela prática do
delito descrito no artigo 121, § 1º e § 2º, inciso IV, na forma do artigo 14, inciso II, todos do Código Penal, praticado
em 25/01/2016.
Iniciou o cumprimento da pena, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, no dia 10/01/2018.
Em 14/03/2019, Dionísio de Jesus progrediu para o regime aberto. Todavia, no dia 25/03/2019, empreendeu fuga,
tendo sido recapturado somente no dia 05/04/2019. Assim sendo, considerando a prática de falta grave (fuga), o
Juiz, após ouvir a manifestação do Ministério Público, decidiu por regredir o regime prisional para o semiaberto, em
razão da falta grave praticada. As partes foram intimadas da decisão, mas não interpuseram recurso.
Em fevereiro de 2020, Dionísio de Jesus contratou os seus serviços de advocacia para acompanhar o processo de
execução penal, objetivando pleitear a liberdade condicional. Desta forma, no dia 09/04/2020, você protocolou um
pedido de livramento condicional, informando que, conforme consta nos autos, o recente atestado de conduta car-
cerária do Diretor indica que Dionísio de Jesus possui bom comportamento, e que, inclusive, já preenche o requisito
temporal para obtenção do instituto.
Após a manifestação ministerial, o Juiz da Vara de Execução de Brasília/DF decidiu nos seguintes termos: “Indefiro
o pedido ora postulado, primeiro por não estar preenchido o requisito temporal do artigo 83, inciso V, do Código
Penal. Ademais, a contagem do prazo deverá observar a nova data-base a partir da falta grave, a qual interrompeu
o prazo para futuros benefícios, inclusive, livramento condicional. Por fim, ainda que estivessem preenchidos os
requisitos, o apenado deverá antes de ingressar no livramento condicional usufruir do cumprimento de pena em
regime aberto, pois não é possível progressão per saltum, conforme a Súmula 491 do STJ. Desta forma, indefiro o
livramento condicional e defiro a progressão para o regime aberto.” Na condição de advogado(a) do apenado, você
foi intimado da decisão no dia 13/04/2020 (segunda-feira).
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na con-
dição de advogado de Dionísio de Jesus, redija a peça, excluída habeas corpus, cabível à impugnação da mencionada
decisão, acompanhada das razões pertinentes, datando-a no último dia do prazo. (Valor: 5,00)

Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à preten-
são. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

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Gabarito comentado
O(A) examinando(a) deverá redigir, na condição de advogado(a), o Recurso de Agravo em Execução, com fundamento
no artigo 197 da Lei n. 7.210/84 – Lei de Execução Penal (LEP). Isso porque, nos termos do dispositivo mencionado,
das decisões proferidas pelo Magistrado em sede de Execução Penal, sempre caberá Recurso de Agravo, sem efeito
suspensivo. No caso, claro está que a decisão a ser combatida foi proferida pelo juiz em atuação na Vara de Execuções
Penais da Circunscrição Judiciária de Brasília/DF, de fato em sede de execução, já que o requerimento formulado
pelo advogado de Dionísio de Jesus referia-se ao pedido de concessão do livramento condicional.
De início, o examinando deveria apresentar petição de interposição, direcionada ao Juízo da Vara de Execução
Penal da Circunscrição Judiciária de Brasília/DF, com formulação de pedido de retratação por parte do juízo a quo,
na forma do artigo 589, do Código de Processo Penal, por analogia. Em caso de não acolhimento, deveria haver
requerimento de encaminhamento do feito para instância superior, com as respectivas razões recursais.
Depois, o examinando deveria apresentar Razões do Recurso, direcionadas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e Territórios, com a fundamentação necessária para rebater a decisão do Magistrado de primeira instância.
Inicialmente, deveria o examinando arguir que a cominação de homicídio privilegiado e qualificado não se trata de
crime hediondo, pois não se encontra previsto no rol do artigo 1º da Lei n. 8.072/1990 – Lei dos Crimes Hediondos
e, por isso, o prazo de cumprimento de pena para adquirir o livramento condicional é de 1/3 e não 2/3, conforme
o teor do artigo 83, inciso I, do Código Penal. Desta forma, está incorreta a decisão do Magistrado ao indeferir o
pedido de livramento condicional, com base no artigo 83, inciso V, do Código Penal, pois preenchido o requisito
temporal para obtenção do instituto.
Outro ponto a ser alegado é a impossibilidade de aplicar a interrupção da contagem do livramento condicional em
virtude da prática de falta grave. A Súmula 441 do STJ deixa claro que a falta grave não interrompe o prazo para
obtenção de livramento condicional. Dessa forma, a interrupção do prazo para o reconhecimento do benefício não
poderá ser considerada pelo juízo da execução.
Da mesma forma, incorreta a decisão que determinou o cumprimento de pena em regime aberto antes de
oportunizar o livramento condicional, pois o benefício do livramento condicional pode ser concedido assim que
atingido o lapso temporal exigido em lei, de modo que sua permissão não está condicionada à passagem dos
regimes prisionais. Assim, não se aplica ao caso a Súmula 491 do STJ.
Na conclusão, após o mérito, deveria o examinando apresentar pedido de conhecimento e provimento do recurso,
com a concessão do Livramento Condicional.
Em relação ao prazo, absolutamente pacificado o entendimento de que seria de 05 dias, na forma da Súmula 700 do
STF. Considerando que a intimação ocorreu em 13 de abril de 2020, segunda-feira, o prazo se iniciou em 14 de abril
de 2020, terça-feira, encerrando-se em 20 de abril de 2020, segunda-feira, porque 18 de abril de 2020 seria sábado.
O examinando deve, ainda, concluir sua peça, indicando local, data, advogado e número de OAB.

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Distribuição dos pontos:

ITEM PONTUAÇÃO
Petição de Interposição
1) Endereçamento: Juízo da Vara de Execução Penal da Circunscrição Judiciária de 0,00/0,25
Brasília/DF (0,25)
2) Fundamento legal: art. 197, da LEP (0,25) 0,00/0,25
3) Pedido de retratação pelo juízo a quo OU efeito regressivo ou iterativo (0,30), nos
termos do artigo 589 do CPP (0,20)
Obs: a mera indicação do artigo não pontua
0,00/0,30/0,20/0,50
Obs: para que seja pontuado, o pedido de retratação deve ser feito na petição de
interposição. A ausência de petição de interposição implicará, também, na perda
dos pontos relativos à estrutura da peça, além daqueles relativos aos itens da refe-
rida petição de interposição.
Razões de Recurso
0,00/0,25
4) Endereçamento: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (0,25)

5) O delito não é hediondo, pois não está previsto no rol do art. 1º da Lei n.
0,00/0,50/0,40/0,90
8.072/1990 (0,50), portanto o prazo a ser cumprido é de 1/3, conforme o art. 83,
inciso I, do CP (0,40)
6) A falta grave não interrompe a contagem do prazo para a concessão do Livra- 0,00/0,50/0,30/0,80
mento Condicional (0,50), conforme a Súmula 441 do STJ (0,30)
7) O livramento condicional pode ser concedido assim eu atingido o lapso temporal
0,00/0,50/0,30/0,80
exigido em lei, de modo que a sua permissão não está condicionada à passagem dos
regimes prisionais (0,50). Não se aplica ao caso a Súmula 491 do STJ (0,30)
Pedidos
8) Conhecimento (0,25) e provimento (0,25) do recurso, com a concessão do Livra- 0,00/0,25/0,25/0,50
mento Condicional.
Prazo e Fechamento
9) Datar a peça: 20 de abril de 2020 (0,50) 0/0,50
10) Duas petições (interposição e razões); colocação de endereçamento nas peti-
ções; aposição de Local, data, assinatura, OAB (0,25). 0/0,25
Obs: caso não seja feita petição de interposição haverá desconto no item relativo à
estrutura da peça, além daqueles relativos aos itens da referida petição.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 1

Enunciado
Cacilda, nascida em 21 outubro de 1961, levou sua neta de dois anos de idade para a creche, no dia 08 de março de
2021, no município de São Miguel do Oeste/SC. Ao recebê-la, a educadora Francisnalda, nascida em 15 de janeiro
de 1995, advertiu a avó sobre a higiene da criança e a presença de urina em suas roupas. Cacilda argumentou que
a neta teria se sujado no trajeto até a creche e se dirigiu até a secretaria da unidade para reclamar da advertência.
Ao retornar, a avó encontrou a educadora dando banho na criança. Segundo testemunhas, a criança se agitou na ba-
nheira ao avistar sua avó. De imediato, a avó passou a estapear a educadora e puxar seus cabelos, concluindo com
uma mordida. O ato arrancou parte do nariz de Francisnalda, que apesar de socorrida e encaminhada ao hospital,
o reimplante cirúrgico não teve sucesso, resultando em deformidade estética permanente.
Você, advogado(a), foi contratado(a) por Cacilda para esclarecer sobre a conduta praticada, bem como outros as-
pectos do Direito Penal e Processual Penal.

A) Qual o delito em tese praticado por Cacilda? Em caso de condenação poderia o magistrado utilizar o resultado
da conduta praticada por Cacilda para aumentar a pena-base? Justifique. (Valor: 0,65)

B) No caso em tela, poderia Cacilda ser beneficiada por alguma medida despenalizadora? (Valor: 0,60)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) O delito em tese praticado por Cacilda seria de lesão corporal de natureza gravíssima, prevista no art. 129, § 2º,
inciso IV, do Código Penal. Em caso de condenação, não poderia a deformidade permanente no nariz da vítima ser
considerada para aumentar a pena-base (circunstância judicial) e ao mesmo tempo qualificar o crime, pois haveria
bis in idem, o que é proibido no Direito Penal.

B) Não caberia qualquer medida despenalizadora, pois estão ausentes os requisitos para o Acordo de não Persecu-
ção Penal – ANPP (art. 28-A, CPP), transação penal (art. 76 da Lei n. 9.099/1995) e a suspensão condicional do pro-
cesso (art. 89 da Lei n. 9.099/1995). O crime praticado tem violência contra pessoa o que afasta desde logo o ANPP.
A pena mínima do crime em questão é de dois anos, o que afasta o sursis Processual e por fim o delito praticado por
Cacilda não é de menor potencial ofensivo, logo inaplicável a transação penal.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Distribuição dos pontos:

ITEM PONTUAÇÃO

a) O delito em tese praticado seria de lesão corporal de natureza gravíssima, pre-


vista no art. 129, § 2º, inciso IV, do Código penal (0,20). Em caso de condenação não
poderia a deformidade permanente ser considerado para aumentar a pena-base 0,00/0,20/0,45/0,65
(circunstância judicial) e ao mesmo tempo qualificar o crime, pois haveria bis in idem
o que é proibido no Direito Penal (0,45).

b) Não caberia qualquer medida despenalizadora, pois estão ausentes os requisitos


para o Acordo de não Persecução Penal – ANPP (art. 28-A, CPP), transação penal
(art. 76 da Lei n. 9.099/1995) e a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei
n. 9.099/1995) (0,20). O crime praticado tem violência contra pessoa o que afasta 0,00/0,20/0,40/0,60
desde logo o ANPP. A pena mínima do crime em questão é de dois anos, o que afasta
o sursis Processual e por fim o delito praticado por Cacilda não é de menor potencial
ofensivo, logo inaplicável a transação penal (0,40).

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 2

Enunciado
Consta da denúncia que no dia 16 de setembro de 2021, na Rua das Flores em Curitiba/PR, centro da cidade, o
denunciado Ambrosildo das Penhas dirigiu a motocicleta HONDA/Falcon, em via pública, sem a devida Permissão
para Dirigir ou Habilitação, gerando perigo de dano. Conforme apurado, na data dos fatos, o denunciado, apesar de
não ser habilitado à condução de veículos automotores, postou-se na direção da moto acima descrita e passou a
conduzi-la pelas ruas de Curitiba com velocidade permitida de 60 km/h. O denunciado, ao avistar a viatura da po-
lícia militar, empreendeu fuga, desrespeitando a ordem de parada e aumentou a velocidade da moto que ficou em
120 km/h. O denunciado transitou por calçadas em alta velocidade e terminou por abalroar uma árvore, caindo ao
solo, mas conseguiu se levantar e continuar a fuga a pé, tendo sido abordado posteriormente. Constatou-se que o
denunciado não era habilitado à condução de veículos automotores, lavrando-se a respectiva ocorrência.
Cabe registrar que consta na folha de antecedentes criminais de Ambrosildo quatro condenações com trânsito
em julgado. A primeira condenação foi extinta pelo cumprimento da pena em 21/08/2006, referente ao crime de
Furto mediante Fraude - art. 155, § 4º, incisos I e II, do Código Penal. A segunda condenação também extinta pelo
integral cumprimento, uma vez que em 26/08/2013 foi concedido livramento condicional sem qualquer revogação.
A terceira condenação por crime de roubo majorado foi totalmente cumprida em 26/08/2013 e, por fim, a quarta

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

condenação foi extinta pelo integral cumprimento em 08/07/2015, referente ao crime previsto no art. 33, caput,
da Lei de Drogas.
Você, advogado(a), foi contrato(a) por Ambrosildo para responder aos seguintes questionamentos:

A) Em caso de confirmação da autoria e da materialidade delitivas, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
denúncia e oferecer ao autor da infração transação penal? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Se Ambrosildo viesse a ser condenado, o magistrado poderia considerar alguma circunstância judicial desfavorá-
vel? Qual? Justifique. O réu é reincidente? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) Não, pois Ambrosildo transitava em via pública com velocidade superior da permitida em 50km/h. Nessa situação,
deve-se aplicar o previsto no art. 291, § 1º, inciso III do CTB. Ainda que o delito em apreço (art. 309 do CTB) seja
de menor potencial ofensivo, o que em tese caberia a transação penal prevista no art. 76 da Lei n. 9.099/1995, no
presente caso não poderia o autor da infração penal ser beneficiado pela transação penal por expressa vedação legal.
B) Observa-se que no caso narrado não há que se falar em reincidência, visto que transcorreu o prazo de 5 anos,
do art. 64, inciso I, do Código Penal, para o autor cometer novo crime, por isso, no caso em tela, há apenas maus
antecedentes. Uma condenação de maus antecedentes será utilizada nesta primeira fase; as demais condenações
deverão ser anotadas na segunda fase.

Distribuição dos pontos:

ITEM PONTUAÇÃO

a) Não. O agente transitava em via pública com velocidade superior da permitida


em 50km/h. Aplica-se o previsto no art. 291, § 1º, inciso III do CTB (0,20). Ainda o
que o delito em apreço (art. 309 do CTB) seja de menor potencial ofensivo, o que
0,00/0,20/0,40/0,60
em tese caberia a transação penal prevista no art. 76 da Lei n. 9.099/1995, no pre-
sente caso não poderia o autor da infração penal ser beneficiado pela transação
penal por expressa vedação legal (0,40).

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

b) Não há que se falar em reincidência, visto que transcorreu o prazo de 5 anos, do


art. 64, inciso I, do Código Penal, para o autor cometer novo crime, por isso, no caso
em tela, há apenas maus antecedentes (0,50). Uma condenação de maus antece- 0,00/0,50/0,15/0,65
dentes será utilizada nesta primeira fase; as demais condenações deverão ser ano-
tadas na segunda fase (0,15).

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 3

Enunciado
Maria, desconfiada da honestidade de Joana, sua funcionária doméstica, deixa uma joia de grande valor sobre um
cômodo, ao mesmo tempo em que ela e seu marido Pedro, policial militar, colocam-se escondidos num cômodo
da residência, aguardando Joana pegar o objeto estrategicamente deixado para ser subtraído. No momento em
que Joana se aproximou da joia e se preparava para pegá-la, Maria e seu marido saíram do local onde estavam es-
condidos e prenderam a funcionária em flagrante. A autoridade policial foi acionada e iniciou a lavratura da prisão
em flagrante, pela prática do crime de tentativa de furto qualificado pelo abuso de confiança, nos termos do artigo
155, § 4º, II, c/c 14, II, ambos do Código Penal. Os familiares de Joana procuraram você, para que, na condição de
advogado(a), adotasse as providências necessárias em relação à prisão em flagrante, ressaltando que ela jamais se
envolveu em qualquer atividade ilícita.
Considerando apenas as informações apresentadas, responda aos itens a seguir.

A) Qual requerimento pode ser apresentado pela defesa de Joana para evitar a conversão da prisão em flagrante
em prisão preventiva? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Se for indeferido o requerimento, com a consequente conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva,
qual medida processual seria cabível para questionar a prisão de Joana? (Valor: 0,65)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) O candidato deverá argumentar que o requerimento cabível seria o de relaxamento da prisão em flagrante, com
base no artigo 310, I, do Código de Processo Penal, e art. 5º, LXV, da CFRB/88. Trata-se de prisão ilegal, uma vez que
o flagrante foi preparado/provocado. Maria e seu marido, com a intenção de provocar a ação de Joana, deixaram
a joia em local estratégico, preparando, ao mesmo tempo, aparato para prender em flagrante Joana, o que tornou
impossível a consumação do crime de furto. Logo, a prisão em flagrante é ilegal, nos termos da Súmula 145 STF.

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

B) O candidato deverá responder que a medida processual cabível seria habeas corpus, com base nos artigos 647
OU 648, I, do Código de Processo Penal OU artigo 5º, LXVIII, da CRFB/88.

Distribuição dos pontos:

ITEM PONTUAÇÃO
a) O requerimento cabível seria o de relaxamento da prisão em flagrante,
com base no artigo 310, I, do Código de Processo Penal, e art. 5º, LXV, da
CFRB/88 (0,25). Trata-se de prisão ilegal, uma vez que o flagrante foi prepa-
rado/provocado (0,15). Maria e seu marido, com a intenção de provocar a
0,00/0,25/0,15/0,10/0,10/0,60
ação de Joana, deixaram a joia em local estratégico, preparando, ao mesmo
tempo, aparato para prender em flagrante Joana, o que tornou impossível
a consumação do crime de furto (0,10). Logo, a prisão em flagrante é ilegal,
nos termos da Súmula 145 STF (0,10).

b) O candidato deverá responder que a medida processual cabível seria


habeas corpus, com base nos artigos 647 OU 648, I, do Código de Processo 0,65
Penal OU artigo 5º, LXVIII, da CRFB/88 (0,65).

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4

Enunciado
No dia 10 de janeiro de 2018, Wilson desfere dois disparos em Caio, filho de um conhecido policial civil da região
com atuação de destaque no combate ao tráfico que imperava na cidade de Santa Cruz do Sul/RS, porque estaria,
a princípio, tendo relação amorosa com sua namorada. Após a conclusão das investigações, Wilson foi denunciado
pelo crime de homicídio qualificado, previsto no artigo 121, § 2°, inciso VII, do Código Penal (homicídio funcional)
perante o juízo da 1° Vara Criminal de Santa Cruz do Sul/RS. Após regular instrução processual, Wilson foi pronun-
ciado, nos exatos termos da denúncia, tendo a defesa sido intimada no dia 20 de março de 2020 (quarta-feira).
Nesse sentido, tendo como base apenas as informações contidas no enunciado, responda justificadamente às ques-
tões a seguir.
A) Qual a peça processual, diferente de habeas corpus, a ser apresentada pela defesa técnica, e sua fundamentação
legal? (0,65)

B) Qual a tese de direito material para questionar a capitulação atribuída pelo Ministério Público ao fato praticado
por Wilson? (0,60)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Gabarito comentado
A) A peça processual a ser apresentada pela defesa técnica é a interposição de Recurso em Sentido Estrito, nos
termos do artigo 581, inciso IV, do Código de Processo Penal, no prazo de 5 dias, tendo em vista o disposto no artigo
586 do Código de Processo Penal.

B) A tese de direito material para fins de diminuir a responsabilidade penal de Wilson é o afastamento da
qualificadora prevista no § 2°, inciso VII, do artigo 121, do Código Penal, tendo em vista que o dispositivo legal
em questão se refere exclusivamente a crime praticado no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. No caso, Wilson
efetuou disparos contra Caio porque estaria tendo relação amorosa com sua namorada, não havendo, portanto,
relação com a função de policial civil que seu pai exerce.

Distribuição dos pontos:

ITEM PONTUAÇÃO

a) A peça processual a ser apresentada pela defesa técnica é a interposição


de Recurso em Sentido Estrito (0,25), nos termos do artigo 581, inciso IV, do
0,00/0,25/0,10/0,20/0,10/0,65
Código de Processo Penal (0,10), no prazo de 5 dias (0,20), tendo em vista o
disposto no artigo 586 do Código de Processo Penal (0,10).

b) Afastamento da qualificadora prevista no § 2°, inciso VII, do artigo 121,


do Código Penal (0,40), tendo em vista que o dispositivo legal em questão se
refere exclusivamente a crime praticado no exercício da função ou em decor-
rência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
0,00/0,40/0,15/0,05/0,60
até terceiro grau, em razão dessa condição (0,15). O agente efetuou dispa-
ros contra vítima porque estaria tendo relação amorosa com sua namorada,
não havendo, portanto, relação com a função de policial civil que seu pai
exerce (0,05).

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presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Enunciado
César, nascido em 29 de setembro 2001, em Joinville-SC, foi denunciado e está sendo processado como incurso no
artigo 121, § 2º, incisos II e IV, e § 4º, última parte, do Código Penal - CP, pois, segundo consta da denúncia, no dia 06
de outubro de 2020, por volta das 19h, na Rua Florianópolis, n.º 171, bairro Centro, no município de Jaraguá do Sul-
-SC, o denunciado estava no supermercado “Barato Todo Dia” onde escolheu mercadorias que pretendia adquirir.
Já no caixa, colocou os produtos na esteira rolante e aguardou o registro pela operadora de caixa. Nesse instante,
a vítima Manoel, nascido em 14 de maio de 1948, que também fazia compras naquele estabelecimento comercial,
dirigiu-se ao mesmo caixa, aproximou-se, colocou dois produtos sobre a esteira e aguardava sua vez. A operadora
de caixa já havia registrado os produtos de César e, para finalizar a venda, informou o valor total da compra. César,
para pagar pelos produtos adquiridos, tirou do bolso a sua carteira, entretanto, seu cartão não estava lá, estava den-
tro de um bolso traseiro da calça que vestia. No momento em que procurou pelo seu cartão de crédito, César olhou
para a vítima e com ela começou a falar, disse para Manoel (vítima) manter distância e respeitar a marcação feita
no chão em razão da pandemia do coronavírus. O denunciado iniciou a discussão e, de repente, aproximou-se de
Manoel e deu-lhe um empurrão no peito violentamente, provocando uma queda na vítima, que fortemente bateu
a cabeça no solo e desmaiou. Na posição em que caiu, Manoel ficou, não se mexeu mais. Clientes e funcionários
do estabelecimento se aproximaram de Manoel, que permaneceu desmaiado e sangrando pelo ouvido direito, e
acionaram o SAMU e a Guarda Civil Municipal - GCM. César acabou por retornar para o interior do supermercado,
ficou um pouco de tempo perto da vítima, até a chegada da GCM e da filha da vítima, quando então foi conduzido
à Delegacia de Polícia para registro dos fatos. A vítima foi socorrida ao Hospital, mas não resistiu aos ferimentos,
falecendo em razão do traumatismo craniano dez dias depois. A denúncia foi recebida aos 24/05/2021. Citado, o
réu apresentou sua primeira peça de defesa. Durante a instrução, foram inquiridas oito testemunhas de acusação e
uma testemunha de defesa. O réu não foi intimado para a audiência de instrução e julgamento, bem como não foi
interrogado, pois estava custodiado preventivamente em razão de outra conduta delituosa. Ato contínuo as partes
nas suas derradeiras manifestações apresentaram tempestivamente as peças. Nas páginas 180/190 a Acusação e
Assistentes de acusação pugnaram pela procedência dos pedidos contidos na denúncia. A Defesa, por sua vez, nas
páginas 193/199 pugnou pela improcedência do pedido.
Com o encerramento da fase instrutória do judicium acusationis, o magistrado competente decidiu pela admissibi-
lidade da acusação e a submissão do réu a julgamento em plenário com os seguintes fundamentos:
“A prova da materialidade está consubstanciada pelos boletins de ocorrência de p.3/5 e 6/8, laudo ne-
croscópico de p. 31/33, bem como pela prova oral produzida nos autos. A autoria também restou bem
demonstrada, pois, dentro dos limites de um juízo de prelibação, não afirmando, portanto, qualquer
certeza absoluta, há de se reconhecer a presença da probabilidade de procedência do pedido conde-
natório. Não houve interrogatório judicial, tendo em vista não ser encontrado o réu.
De acordo com as testemunhas presenciais, em razão da pandemia e normas de segurança, o senhor
Manuel não poderia ter se aproximado. No caixa ele encostou-se no réu. Empurrou o senhor Manuel,
pois apenas quis manter a distância social.
Certo é que o ato de empurrar violentamente a vítima idosa e de menor porte, em tese, faz caracteri-

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presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

zar as qualificadoras dos incisos II e IV, pois se tem motivo fútil por apenas querer distanciamento e
por usar de meio (empurrão) que impossibilitou a defesa da vítima. Demonstrou-se que a queda foi
violenta, assim o réu assumiu o risco de produzir o resultado morte, eis empurrou a vítima de maneira
violenta, já tendo ciência de sua condição de idoso, e diante da fragilidade dos idosos quedas podem
ser até fatais, como no caso em questão. Tratam-se de indícios que apontam para a motivação do
crime pelo réu.
Além disso, restou provada a materialidade da infração pelo laudo necroscópico de p. 31/33 a indicar
que a vítima faleceu em decorrência dos ferimentos provocados pela queda provocada pelo réu. Des-
sa forma, e diante do quadro probatório que se delineou, a acusação descrita na denúncia se afigura
verossímil quanto ao crime doloso contra a vida”.
As partes foram intimadas da decisão supramencionada no dia 8 de março de 2022 (terça-feira). Registre-se que os
dias da semana de segunda a sexta-feira do mês de março são todos úteis.
Considerando apenas as informações expostas, na condição de advogado(a) de César, apresente a peça jurídica
cabível, diferente de habeas corpus e embargos de declaração, apresentando todas as teses jurídicas de direito ma-
terial e direito processual cabíveis. A peça deverá ser datada no último dia do prazo para interposição, considerando
que de segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país. (5,00 pontos).
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à preten-
são, a simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

GABARITO
O examinando deveria apresentar o recurso em sentido estrito, com fundamento no art. 581, inciso IV, do Código de
Processo Penal. O termo de interposição deveria ser endereço para o Juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca
Jaraguá do Sul/SC. No termo de interposição o examinando deveria requerer que o magistrado a quo exercesse o
juízo de retratação, nos termos do Art. 589 do CPP. Quanto às razões recursais o endereçamento deveria ser para
o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina. Quanto aos argumentos jurídicos era necessário que fosse argu-
mentado em sede preliminar nulidade de cerceamento de defesa pela não intimação do réu para audiência de
instrução e julgamento, bem como que fosse interrogado. Deveria ser argumento que o princípio da ampla defesa
se desdobra em dois aspectos: autodefesa e defesa técnica. Logo houve nulidade na decisão de pronúncia e/ou
audiência de instrução e julgamento. No mérito, deveria o examinando argumentar a tese de desclassificação pau-
tada no art. 419, do Código de Processo Penal, uma vez que o dolo de praticar o crime de homicídio não restou
demonstrado e sim de apenas lesão corporal que é crime diverso do doloso contra vida (art. 74, parágrafo 1º, do
CPP). Assim, deveria requerer o encaminhamento dos autos ao juízo competente. Por fim, quanto à tese subsidiária,
deveria o candidato requerer a retirada das qualificadoras indicadas na denúncia (art. 121, parágrafo 2º, incisos II
e IV, do CP), pois inexistem provas quanto ao motivo fútil e quanto ao meio que impossibilitou a defesa da vítima.
No pedido o candidato deveria requerer o conhecimento e provimento do recurso. A peça deveria ser datada no
último dia para a interposição do recurso, qual seja, 14 de março de 2022 (uma vez que o quinto dia terminaria no
domingo, o candidato deveria prorrogar para o primeiro dia útil subsequente – segunda-feira). Ao final, deveria ser
colocado local, data (14/3/2022), Advogado e OAB.

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ITEM PONTUAÇÃO
Petição de interposição
1) Endereçamento: Juízo da Vara do Tribunal do Júri da Comarca Jaraguá do Sul/SC (0,10) 0,00/0,10
2) Fundamento legal: Art. 581, inciso IV, do CPP (0,10) 0,00/0,10
3) Pedido de exercício do juízo de retratação (0,30), nos termos do Art. 589 do
CPP (0,10)
Razões de recurso em sentido estrito 0,00/0,10/0,20
4. Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina (0,10) 0,00/0,10
5. Pedido de reconhecimento de nulidade pela ausência de intimação para audiência de
0,00/0,25/0,30/0,35
instrução e julgamento (0,30), violação do princípio da ampla defesa (0,25), nos termos
/0,40/0,55/0,65
do Art. 5º., inciso LV, da Constituição Federal e art. 564 do Código de Processo Penal (0,10)
6. Princípio da ampla-defesa desdobra-se em dois aspectos: (i) autodefesa, que é reali-
zado pelo réu e (ii) defesa técnica, que é realizado pelo advogado regularmente inscrito 0,00/0,20
na OAB (0,20)
7. Nulidade da pronúncia OU nulidade da instrução (0,30), tendo em vista que o réu não
foi intimado para audiência em que foram ouvidas as testemunhas. Cerceamento de 0,00/0,25/0,30/0,55
defesa (0,25)
8. O não comparecimento do réu configura violação ao princípio da ampla defesa (0,15),
0,00/0,15/0,25
nos termos do Art. 5º, inciso LV, da CRFB (0,10)
9. Pedido de desclassificação para afastar o reconhecimento de crime doloso contra a
0,00/0,40/0,50
vida (0,40), nos termos do Art. 419 do CPP (0,10)
10. Houve dolo de lesão corporal e não de homicídio (0,40), já que réu apenas quis afas- 0,00/0,15/0,25/0,40
tar a vítima em razão de regras sanitárias para proteção do contágio do COVID-19 (0,25). /0,50/0,55/0,65
11. César deverá responder por crime diverso do doloso contra vida (art. 74, parágrafo
0,00/0,15/0,20/0,35
1º, do CPP) (0,15), autos devem ser encaminhados ao juízo competente (0,20).
12. Afastamento das qualificadoras previstas nos inciso II e IV do art. 121 do CP (0,30), em
0,00/0,25/0,30/0,35
razão da ausência probatória quanto ao motivo fútil e quanto ao meio que impossibilitou
/0,40/0,55/0,65
a defesa da vítima (0,35).
Pedidos
13. Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,20) 0,00/0,10/0,20/0,30
14. Prazo: 14 de março de 2022 (0,10) 0,00/0,10
Fechamento
15. Local, data, advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 1

Enunciado
Moradores do Condomínio Quaresmeiras, Lucas e Vítor, amigos de longa data, resolveram praticar um crime de
estelionato em face de sua vizinha Nayara, mulher de 66 anos de idade, os quais lograram êxito em consumar no
dia 20 de dezembro de 2015. Após a investigação criminal, o procedimento foi encaminhado ao órgão do Ministé-
rio Público e, no dia 15 de fevereiro de 2016, o promotor de justiça denunciou ambos pelo crime do art. 171, §4º,
do CP. Cabe ressaltar que Lucas já possui outras duas condenações: pela contravenção penal de vias de fato, com
trânsito em julgado em 23 de dezembro de 2015; pelo crime de roubo, proferida em 10 de fevereiro de 2016, ainda
não transitada em julgado. 

A) Diante dos fatos narrados, na condição de advogado de Lucas, responda: 

B) Qual o argumento a ser utilizado pela defesa a favor de Lucas para afastar a tipificação deduzida na denúncia? (0,60
ponto)
C) As sentenças condenatórias são aptas para gerar maus antecedentes o juiz poderá considerar Lucas reincidente?
(0,65 ponto)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação

Gabarito comentado
A) O argumento a ser utilizado pela defesa a favor de Lucas é que a Lei 13.228 entrou em vigor no dia 29 de
dezembro de 2015, incluindo o parágrafo 4º no artigo 171 do Código Penal, prevendo a aplicação da pena em dobro
em caso de estelionato cometido contra idoso. Desta forma, a referida lei é maléfica e não pode retroagir para
alcançar conduta praticada antes da entrada em vigor da lei. 

B) Não. A sentença condenatória pelo crime de roubo não é apta a gerar maus antecedentes. Cabe destacar que
consoante o enunciado 444 do STJ, ações penais em curso não podem ser consideradas como maus antecedentes.
Somente a existência de sentença condenatória com trânsito em julgado, que não caracterize reincidência, pode
ser considerada na fixação da pena-base como maus antecedentes. O juiz não poderá considerar Lucas como
reincidente, tendo em vista que o crime de estelionato não foi cometido após o trânsito em julgado de sentença
que o tenha condenado por crime anterior. A hipótese em tela não caracteriza reincidência nos termos do artigo 63
do Código Penal e nem mesmo do artigo 7º da Lei de Contravenções Penais

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

ITEM PONTUAÇÃO
A) Capitulação atribuída pelo Ministério Público está equivocada (0,20) e A crime de este-
lionato, previsto no artigo 171, “caput”, do Código Penal. (0,40) 0,20/0,40/0,60
A lei penal só pode retroceder para beneficia o réu. (0,20)
B) Súmula 444 do STJ, ações penais em curso não podem ser consideradas como maus
antecedentes (0,25), não poderá considerar a reincidência, tendo em vista que o crime
de estelionato não foi cometido após o trânsito em julgado de sentença que o tenha con- 0,25/0,30/0,10/0,65
denado por crime anterior (0,30), artigo 63 do Código Penal e artigo 7º da Lei de Contra-
venções Penais (0,10)

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 2

Enunciado
Por vingança, Eliane planejando destruir a casa de Karol, atual namorada de sua ex-esposa, decide incendiá-la. Ob-
tendo a informação de que o casal estaria viajando em um determinado final de semana, Eliane, por volta das 23h
daquele dia, sai de casa preparada com substâncias inflamáveis e um isqueiro. Eliane parou seu carro nos fundos
da casa de Karol e começou a despejar a substância ao redor da porta. Após ter ouvido um barulho na casa, Eliane
muda seus planos e abandona rapidamente o local, tendo em vista que não desejava ferir ninguém. Os fatos foram
investigados, tendo o Ministério Público, dois anos após os fatos, denunciado Eliane pelo crime de incêndio, nos
moldes do art. 250, §1º, inciso II, alínea “a”, do Código Penal. Recebida a denúncia Eliane foi citada em 06/09/2020,
indicando o mandado de citação que deveria a ré comparecer em juízo na data de 17/09/2020 para realização de
seu interrogatório. Na condição de advogado contratado por Eliane, diante dos fatos acima expostos, responda aos
itens a seguir: 

A) Qual é a tese de mérito a ser alegada em favor de Eliane? (0,60 ponto)


B) Como deverá proceder a defesa quanto ao conteúdo do mandado de citação? (0,65 ponto)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) A tese de mérito a ser alegada em favor de Eliane é a desistência voluntária, na forma do artigo 15 do Código
Penal, tendo em vista que Eliane desistiu voluntariamente de prosseguir na execução do crime, quando poderia ter
prosseguido na execução. 

B) Deverá a defesa, dentro do prazo de 10 (dez) dias, apresentar a resposta à acusação, na forma dos arts. 396 e
396-A do Código de Processo Penal, arguindo a nulidade da designação do interrogatório, o qual somente poderá
ser realizado após a instrução probatória, na forma do art. 400 do diploma processual penal.

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

ITEM PONTUAÇÃO
A) Desistência voluntária, na forma do artigo 15 do Código Penal (0,20), desistiu volunta-
riamente de prosseguir na execução do crime, quando poderia ter prosseguido na exe- 0,20/0,40/0,60
cução (0,40)
B) Prazo de 10 (dez) dias (0,25), resposta à acusação, na forma dos arts. 396 e 396-A do
Código de Processo Penal (0,30), nulidade da designação do interrogatório art. 400 do 0,25/0,30/0,10/0,65
CPP (0,10)

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 3

Enunciado
Em um determinado dia, por volta das 22 horas, insatisfeito com a decisão da direção da faculdade por excluir seu
time de futebol do Campeonato Universitário, Naná decide implantar uma bomba caseira em uma das salas. Fato
é que Naná não sabia que neste dia alguns professores ainda estavam na faculdade, em razão de uma reunião pe-
dagógica que acabara tarde. Apesar de Naná ter causado a explosão, não foram verificados grandes danos, assim
como não houve qualquer lesão em nenhum dos professores e funcionários presentes no local. O Reitor, desconfia-
do de Naná, decide invadir sua casa, no intuito de encontrar provas que lhe incriminassem. Algumas garrafas com
substâncias suspeitas, várias caixas de fósforos, dentre outras ferramentas foram encontradas pelo Reitor na gara-
gem de Naná, as quais foram levadas para a Delegacia. Com lastro tão somente nas provas encontradas na garagem
de sua casa, Naná foi denunciada pelo crime de tentativa de homicídio, nos moldes do art. 121 c/c art. 14 do Código
Penal, uma vez que, segunda a perícia, as bombas caseiras tinham o potencial de causar a morte dos professores.
Considerando os fatos acima expostos, responda aos itens a seguir: 

A) Que teses de direito material podem ser suscitadas em favor de Naná? (0,60 ponto) 

B) Em sede preliminar, em sua primeira manifestação defensiva, o que poderia ser alegado em favor de Naná? (0,65
ponto)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado
A) A principal tese defensiva de direito material a ser suscitada em favor de Naná é que ela não agiu com dolo de
matar e sequer de lesionar, haja vista que não tinha conhecimento da existência de pessoas no local, não sendo
possível, portanto, falar em tentativa de homicídio (art. 121 c/c art. 14 do CP). Cumpre salientar que as pessoas
que ali estavam não sofreram qualquer lesão. No entanto, entendendo que Naná deva ser responsabilizada
criminalmente, sua conduta deveria ser capitulada como crime de explosão, nos moldes do art. 251, caput, do CP. 

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

B) Poderá ser alegada a ilicitude da prova obtida, uma vez que o encontro das garrafas, substâncias e caixas de
fósforos deu se somente por meio do ingresso, sem autorização judicial, no domicílio de Naná, em flagrante violação
de domicílio e ofensa ao art. 5º, XI, da Constituição Federal. Como estabelece o art. 5º, LVI, da Constituição Federal
e o art. 157 do Código de Processo Penal são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos, devendo a defesa
requerer o desentranhamento da prova ilícita dos autos, na forma do art. 157, § 3º do Código de Processo Penal.
Sendo a única prova contra o acusado obtida por meio ilícito, deve a defesa indicar a ausência de justa causa
para a ação penal, motivo pelo qual a denúncia deveria ter sido rejeitada, na forma do art. 395, III, do Código de
Processo Penal. Assim, deverá ser sustentada a nulidade do recebimento da denúncia, na forma do art. 564, IV do
mesmo Código.

ITEM PONTUAÇÃO
A) não agiu com dolo de matar e sequer de lesionar, haja vista que não tinha conheci-
mento da existência de pessoas no local, não sendo possível, portanto, falar em tentativa
0,30/0,30/0,60
de homicídio (art. 121 c/c art. 14 do CP). (0,30) e capitulada como crime de explosão, nos
moldes do art. 251, caput, do CP. (0,30)
B) ilicitude da prova obtida (0,10), o flagrante afronta o princípio da inviolabilidade de
domicílio conforme art. 5º., XI, da Constituição Federal. (0,20), desentranhamento da
prova ilícita dos autos, na forma do art. 157, § 3º. do Código de Processo Penal (0,10), 0,10/0,20/0,10/
denúncia deveria ter sido rejeitada, na forma do art. 395, III, do Código de Processo Penal 0,10/0,15/0,65
(0,10), nulidade do recebimento da denúncia, na forma do art. 564, IV do Código de Pro-
cesso Penal (0,15)

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4

Enunciado
Gorete, Senadora no exercício de sua função, juntamente com Nete, sua secretária, são indiciadas pela prática do
crime de corrupção passiva, tipificado no artigo 317 do Código Penal, por terem praticado indevidamente ato de
ofício, beneficiando o irmão de Toninho.

Na qualidade de advogado de ambas, responda aos itens a seguir:


A) A capitulação delitiva está correta? (0,60 ponto)

B) Qual é o órgão competente para o julgamento de Gorete e de Nete? (0,65 ponto)


Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação

Gabarito comentado

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“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

A) Não. A capitulação delitiva não está correta, tendo em vista que a conduta praticada não corresponde ao disposto
no artigo 317 do Código Penal. Como Gorete e Nete agiram por sentimento pessoal, haveria no máximo crime de
prevaricação, tipificado no artigo 319 do Código Penal.

B) Gorete possui foro por prerrogativa de função perante o Supremo Tribunal Federal que está disciplinada o
artigo 102, I, b, da Constituição Federal. Embora em recente decisão, o Supremo Tribunal Federal tenha dado nova
interpretação à prerrogativa constitucionalmente firmada, no sentido de somente considerá-la, no caso dos membros
do Congresso Nacional, quando o crime houver sido praticado durante o exercício da função e se a ela relacionado,
a hipótese de Gorete enquadra-se dentro do novo contexto e interpretação. Assim, Gorete deverá ser processada
pelo crime praticado perante o Supremo Tribunal Federal, em face da prerrogativa estabelecida no art. 102, I, b, da
Magna Carta. Da mesma forma, até a presente data, mantém-se íntegra a Súmula 704 do Supremo Tribunal Federal,
que estabelece que não viola as garantias do juiz natural, ampla defesa e devido processo penal a atração de
processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Desta forma, havendo continência,
na forma do art. 77, I, do Código de Processo Penal, deverá ser mantida a unidade de processo e julgamento, motivo
pelo qual Nete deverá ser processada junto com Gorete, perante o mesmo órgão, qual seja, o STF.

ITEM PONTUAÇÃO
A) capitulação delitiva não está correta (0,20) e A crime de estelionato, previsto no artigo 171,
0,20/0,40/0,60
“caput”, do Código Penal. (0,40) prevaricação, tipificado no artigo 319 do Código Penal (0,20)
B) prerrogativa está estabelecida no artigo 102, I, b, da Constituição Federal (0,25), Súmula
704 do Supremo Tribunal Federal (0,20), não viola as garantias do juiz natural, ampla 0,25/0,20/0,10
defesa e devido processo penal a atração de processo do corréu ao foro por prerrogativa /0,10/0,65
de função (0,10), continência, na forma do art. 77, I, do Código de Processo Penal (0,10)

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presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Enunciado
José é pai de João, criança portadora de doença rara que afeta sua mobilidade. Certo dia, assistindo a um telejornal
de abrangência nacional, José se deparou com a notícia de que a maconha, também denominada Cannabis sativa,
estava sendo testada para fins medicinais, inclusive para tratamento da doença que acometia seu filho. Diante da
notícia, supondo ser permitido o uso da maconha para fins medicinais, José se deslocou até a cidade de Salvador/
BA e adquiriu 50g de Cannabis Sativa. Enquanto trazia consigo a substância, foi abordado por policiais e, diante da
apreensão da droga consigo, preso em flagrante pelo crime de tráfico de drogas, tendo sido lhe deferida a liberdade
provisória posteriormente. Foi realizado o laudo preliminar constatando que efetivamente se tratava de maconha.
Após conclusão do inquérito policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra José, imputando-lhe a prática
do crime de tráfico de drogas, previsto no artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. Após regular processamento,
durante a audiência de instrução, José confirmou a posse da substância entorpecente, ressaltando, contudo, que
trazia consigo porque acreditava que poderia ter a maconha em sua posse para fins medicinais. Disse, ainda, já ter
sido indiciado nos autos de inquérito policial pela prática do delito de apropriação indébita, bem como já sofreu
sentença condenatória definitiva pela prática da contravenção de vias de fato, prevista no artigo 21 do Decreto-Lei
n. 3.688/1941. Após a juntada da Folha de Antecedentes Criminais do réu, constando o inquérito mencionado e a
condenação transitada em julgado pela contravenção de vias de fato, bem como das alegações finais apresentadas
pelas partes, o Magistrado da 5ª Vara Criminal da Comarca da Salvador/BA proferiu sentença, condenando José
como incurso nas sanções do artigo 33, caput, da Lei n. 11.343/2006. Na primeira fase da aplicação da pena, o juiz
elevou a pena-base em quatro meses, apontando a existência do inquérito policial pelo delito de apropriação indé-
bita, ficando em 5 anos e 4 meses. Na segunda fase, não reconheceu nenhuma atenuante, ao passo que considerou
a agravante da reincidência, diante da condenação definitiva pela prática de contravenção anterior, elevando em
mais oito meses. Na terceira fase, não reconheceu a causa de diminuição da pena relacionada ao crime de tráfico,
argumentando que o réu é reincidente, tornando a pena definitiva em seis anos de reclusão. Ao final, fixou o regime
inicial fechado, justificando que se trata de réu reincidente, bem como que a lei prevê esse regime inicial a agente
condenado por crime equiparado a hediondo. Intimado, o Ministério Público tomou ciência da decisão e não recor-
reu. A defesa foi intimada da sentença no dia 8 de maio de 2017, segunda-feira, sendo terça-feira dia útil em todo o
país. Com base nas informações expostas acima e naquelas que podem ser inferidas do caso concreto, na condição
de advogado(a) de José, redija a peça cabível, excluída a possibilidade de habeas corpus, no último dia do prazo para
interposição, sustentando todas as teses jurídicas pertinentes.
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à preten-
são. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação

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“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Gabarito comentado
O candidato deverá elaborar, na condição de advogado, um recurso de apelação, com base no artigo 593, I, do
Código de Processo Penal. Em um primeiro momento, deve ser redigida a peça de interposição do recurso, ende-
reçada ao Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Salvador/BA. A petição de interposição deve estar devidamente
datada. Posteriormente, devem ser apresentadas as respectivas razões recursais, peça essa endereçada direta-
mente ao Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. No mérito, deveria o candidato pleitear, em um momento inicial,
a absolvição do acusado por falta de potencial consciência da ilicitude. Para que determinada conduta seja consi-
derada crime, deve ela ser típica, ilícita e culpável. Um dos elementos da culpabilidade é a potencial consciência da
ilicitude, sendo, portanto, a falta de potencial consciência da ilicitude causa de exclusão da culpabilidade. Deveria
o examinando alegar que José somente adquiriu e trazia consigo a maconha, porque considerava permitido o uso
da substância para fins medicinais, diante da notícia veiculada por um telejornal de abrangência nacional. Logo,
agiu em erro de proibição, pois, nas circunstâncias, considerou que sua conduta era permitida pelo Direito, errando
quanto à ilicitude do fato. E, nos termos do artigo 21 do Código Penal, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena. Assim, na forma do Art. 386, VI, do Código de Processo Penal, deveria o réu ser absolvido. Caso
se entenda que o fato foi típico, ilícito e culpável, o examinando, com base no princípio da eventualidade, deveria
passar a enfrentar eventual sanção penal a ser aplicada. Inicialmente deveria solicitar a aplicação da pena base em
seu mínimo legal, pois, na forma do enunciado 444 da Súmula de jurisprudência do STJ, a existência de inquéri-
tos policiais ou ações penais em curso não são suficientes para fundamentar circunstâncias judiciais do art. 59 do
Código Penal como desfavoráveis. Na fixação da pena intermediária, deveria o examinando requerer o reconheci-
mento da atenuante da confissão, prevista no Art. 65, III, “d”, do Código Penal, cabendo destacar que a chamada
confissão qualificada, ou seja, quando, apesar de confessar o fato, o acusado alega a existência de causa de exclu-
são da ilicitude ou da culpabilidade, vem sendo reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça como suficiente para
justificar o seu reconhecimento como atenuante. Deve, ainda, o candidato buscar o afastamento da agravante da
reincidência, pois a circunstância de o agente ter praticado contravenção anterior de vias de fato, com sentença
transitado em julgado, não se enquadra no contexto do artigo 63 do Código Penal nem no artigo 7º do Decreto-Lei
n. 3.688/1941, não podendo o Magistrado considerar circunstância agravante não prevista em lei. Deveria, ainda,
ser alegada, na hipótese de não ser acolhida a tese de erro de proibição inevitável, a incidência da causa de dimi-
nuição da pena do erro de proibição evitável, prevista no artigo 21, parte final, do Código Penal. Considerando que
o acusado é primário, de bons antecedentes, e que não consta em seu desfavor qualquer indício de envolvimento
com organização criminosa ou dedicação às atividades criminosas, é cabível a aplicação do redutor de pena previsto
no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343. As circunstâncias da infração tornam até mesmo possível a aplicação da causa de
diminuição em seu patamar máximo. Em relação ao regime inicial de cumprimento de pena, o STF reconheceu a
inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparados
trazida pelo art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072, por violação do princípio da individualização da pena, de modo que nada
impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda penal. Além disso, o STF reconheceu que
o tráfico privilegiado não tem natureza hedionda. Em sendo reconhecida a existência do tráfico privilegiado do art.
33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006, é cabível o requerimento de substituição da pena privativa de liberdade por restri-
tiva de direitos, pois não mais subsiste a vedação trazida pelo dispositivo. O Supremo Tribunal Federal reconheceu

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a inconstitucionalidade dessa vedação em abstrato, por violação ao princípio da individualização, além de a Reso-
lução n. 5 do Senado, publicada em 15/02/2012, suspender a eficácia da expressão “vedada a conversão em penas
restritivas de direito” do parágrafo acima citado. Por fim, o candidato deve pleitear o provimento do recurso, com
consequente reforma da decisão, elaborando os seguintes pedidos: a) absolvição do crime de tráfico, na forma do
art. 386, VI, do Código de Processo Penal; b) subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo legal; c) reconhe-
cimento da atenuante do art. 65, III, “d”, do Código Penal; d) afastamento da circunstância agravante da reincidên-
cia; e) aplicação da causa de diminuição da pena pelo erro de proibição evitável, nos termos do artigo 21, parte final,
do Código Penal; f) aplicação da causa de diminuição do art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/2006; g) aplicação do regime
inicial aberto de cumprimento da pena; e h) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Em relação ao prazo, deve a peça ser datada em 15 de maio de 2017, tendo em vista que o prazo para apelação é de
05 dias, mas o dia 13 de maio de 2017 é um sábado, logo o prazo é prorrogado para segunda-feira. Obs.: A falta de
data em qualquer uma das peças implicará na perda de pontos pela estrutura; a colocação de datas diferentes nas
peças implicará na perda dos pontos relativos ao item “prazo”, pois a questão exige uma única data.

DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
Interposição
1) Endereçamento: Juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca
0,00/0,10
de Salvador/BA.
2) Cabimento: Recurso de Apelação, com base no artigo
0,00/0,10
593, I, do CPP.
Razões do Recurso
3) Razões de Recurso + Endereçamento: Tribunal de Justiça
0,00/0,10
do Estado da Bahia.
Mérito
Absolvição do crime imputado de tráfico de drogas (0,40),
com fundamento na existência do erro de proibição inevi- 0,00/0,20/0,40/ 0,50/0,60/0,70/
tável (0,50), causa excludente de culpabilidade (0,20), pre- 0,80/0,90/1,00/ 1,10/1,20/1,30
vista no artigo 21 do Código Penal (0,20).
Teses subsidiárias
Desenvolvimento fundamentado acerca do afastamento
dos maus antecedentes (0,10), com a fixação da pena-
-base no mínimo legal (0,10), por força da Súmula n. 444 0/0,10/0,20/ 0,30
do Superior Tribunal de Justiça OU princípio da presunção
da inocência (0,10).

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SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Reconhecimento da atenuante da confissão (0,10), nos


0/0,10/0,20
termos do artigo 65, III, “d”, do CP (0,10).
Afastamento da agravante da reincidência (0,10), porque
0/0,10/0,20
não se enquadra nas hipóteses previstas em lei (0,10).
Aplicação da causa de diminuição do artigo 33, §4º, da
Lei n. 11.343 OU reconhecimento do tráfico privilegiado
(0,30), pois o réu era primário, de bons antecedentes, não 0,00/0,10/0,30/ 0,40
se dedicando à atividade criminosa nem integrando orga-
nização criminosa (0,10).
Aplicação do regime inicial aberto para cumprimento de
pena (0,20), pois o crime de tráfico privilegiado não é con-
siderando hediondo pelo STF OU porque é inconstitucio-
0,00/0,20/0,40
nal a previsão do artigo 2º, §1º, da Lei n. 8.072/1990, de
aplicação obrigatória do regime inicial fechado aos crimes
hediondos (0,20).
Desenvolvimento fundamentado acerca da substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (0,10),
já que a vedação em abstrato viola o princípio da indivi-
dualização da pena OU porque o STF declarou a inconsti-
0/0,10/0,40/0,50
tucionalidade da vedação trazida pelo artigo 33, § 4º, da
Lei n. 11.343/2006 OU porque a Resolução n. 5 do Senado
suspendeu a eficácia da expressão que vedava a substitui-
ção (0,40).
Pedido
Absolvição (0,20), com base no artigo 386, VI, do CPP (0,10). 0/0,10/0,20/0,30
Aplicação da pena-base no mínimo legal. 0,00/0,10
Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea. 0/0,10
Afastamento da circunstância agravante da reincidência. 0/0,10
Aplicação da causa de diminuição da pena pelo erro de
0,00/0,10
proibição evitável.
Aplicação da causa de diminuição do artigo 33, §4º, da Lei
0,00/0,10
n. 11.343/2006.
Fixação do regime aberto. 0/0,10
Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
0/0,10
de direitos.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Prazo
15/05/2017 (0,10). Obs: a falta de data em qualquer uma
das peças implicará, também, na perda de pontos pela
estrutura, além da perda dos pontos relativos ao item 0/0,10
“prazo”; a colocação de datas diferentes nas peças impli-
cará na perda dos pontos relativos ao item “prazo”.
Estrutura correta e Fechamento
Duas petições (interposição e razões); colocação de ende-
reçamento nas petições; aposição de local, data, assina-
tura (0,10). Obs: caso não seja feita petição de interposi- 0/0,10
ção, haverá desconto no item relativo à estrutura da peça,
além daqueles relativos aos itens da referida petição.

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 1

Enunciado
Francisco, primário, sem antecedentes, mensageiro no Hotel XXX, percebendo que um dos hóspedes, ao deixar o
carro na garagem do hotel, deixara a mala entreaberta, dela subtrai uma câmera de vídeo. Contudo, na manhã do
dia seguinte, já em sua residência, após conversar com sua esposa sobre o que havia feito, recebendo desta duras
críticas, Francisco decide procurar o hóspede, restituindo-lhe o bem. Entretanto, meses após o ocorrido, o Minis-
tério Público ofereceu denúncia em face de Francisco, imputando-lhe o crime de furto qualificado pelo abuso de
confiança. Francisco foi regularmente citado.
Na qualidade de advogado de Francisco, responda os itens que se seguem:

A) Qual(is) tese(s) defensiva(s) poderá(ão) ser adotada(s) pelo advogado de Francisco?


B) Qual é a medida processual cabível?
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Como tese defensiva, deveria ser alegada a aplicação do arrependimento posterior, previsto no art. 16 do Código
Penal, que constitui causa de diminuição de pena, já que a restituição do bem foi realizada antes do recebimento
da denúncia, por ato voluntário do agente, não havendo o emprego de violência nem grave ameaça. Também não
pode ser empregada a qualificadora de abuso de confiança, eis que não existe relação de confiança entre a vítima
e o autor do fato.
B) A medida processual cabível é a resposta à acusação, nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal.
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

ITEM PONTUAÇÃO
A) Arrependimento posterior, previsto no art.
16 do Código Penal, que constitui causa de
diminuição de pena (0,10); ato voluntário do
agente, não havendo o emprego de violên-
0,00/0,10/0,20/0,35/0,65
cia nem grave ameaça, (0,20) não pode ser
empregada a qualificadora de abuso de con-
fiança, eis que não existe relação de confiança
entre a vítima e o autor do fato (0,35).
B) Resposta à acusação nos termos do artigo
0,00/0,60
396 do Código de Processo Penal. (0,60)

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 2

Enunciado
Jorge Luiz, maior de 21 anos, motivado por ciúmes, matou, com várias facadas, sua esposa Leandra e o amante des-
ta, Cláudio, ao encontrá-los trocando beijos, na praça próxima à igreja da cidade. O Juiz Presidente do Tribunal do
Júri, ao dosar a pena, reconheceu a ocorrência de concurso material de crimes e condenou Luiz a uma pena total de
28 anos de reclusão, sendo 15 anos pelo homicídio da sua esposa e 13 anos pela prática do crime contra o amante
desta, não reconhecendo a continuidade delitiva por força da Súmula n. 605 do Supremo Tribunal Federal.
Na qualidade de advogado de Jorge Luiz, responda aos itens que se seguem:

A) Qual seria a medida cabível frente ao inconformismo com a sentença condenatória e qual o prazo? (0,60)
B) O que poderia ser alegado a favor de Jorge Luiz, na busca pela pretensão de reconhecimento da continuidade
delitiva? (0,65)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) A medida cabível seria o recurso de apelação, com fundamento no artigo 593, do Código de Processo Penal.
B) Indicar que é possível, no intuito de beneficiar o Jorge Luiz, a alegação do fato de o Juiz ter decidido contrário à lei
expressa, já que a informação contida na Súmula n. 605 do Supremo Tribunal Federal encontra-se superada e que o
entendimento dominante é no sentido de ser cabível a aplicação da continuidade delitiva em crimes contra a vida,
com fundamento no art. 71, parágrafo único, do Código Penal.
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

ITEM PONTUAÇÃO
A) O recurso de apelação, com fundamento no
0,00/0,60
artigo 593, do Código de Processo Penal.
B) Juiz ter decidido contrário à lei expressa, já
que a informação contida na Súmula n. 605 do
Supremo Tribunal Federal encontra-se supe-
rada e que o entendimento dominante é no
0,00/0,65
sentido de ser cabível a aplicação da continui-
dade delitiva em crimes contra a vida, com
fundamento no art. 71, parágrafo único do
Código Penal.

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 3

Enunciado
Juliano cometeu o crime de roubo, com previsão no caput do art. 157 do Código Penal na cidade de Tubarão, uma
pacata cidade no interior de Santa Catarina que nunca tinha tido nenhuma ocorrência de um crime desta gravidade.
Como o crime teve uma grande repercussão social, apesar de ter havido uma condenação com pena mínima de
quatro anos de reclusão e multa, o juiz estabeleceu o regime prisional mais gravoso para o réu, qual seja, o regime
fechado, alegando a gravidade em abstrato do delito.
Na qualidade de advogado de Juliano, responda os itens a seguir:

A) O juiz agiu corretamente ao fixar o regime inicialmente fechado? (0,65)


B) Caso o crime praticado fosse hediondo, seria correta a decisão judicial de fixação de regime inicial fechado, inde-
pendente da pena aplicada? (0,60)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) O juiz não agiu corretamente, tendo em vista que a gravidade em abstrato do crime, por si só, não é fundamento
suficiente para o estabelecimento de regime prisional mais severo do que o que o réu teria direito, conforme con-
solidado entendimento do Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula n. 718, e Superior Tribunal de Justiça,
na Súmula n. 440. Além disso, é notória a afronta ao dispositivo do artigo 33, §2º, “c”, do Código Penal, tendo em
vista que os condenados à pena igual a 4 anos e não reincidentes, como no caso em análise, podem cumprir a pena,
desde o início, no regime aberto.
B) Ainda que o crime fosse considerado hediondo, a decisão judicial não estaria correta, tendo em vista que o
Supremo Tribunal Federal já considerou a inconstitucionalidade da obrigatoriedade de regime inicialmente fechado.
Desta forma, deve o juiz também se valer do disposto no artigo 33, parágrafo 2º, do Código Penal.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

ITEM PONTUAÇÃO
A) Não agiu corretamente (0,20). A gravidade em abstrato do crime,
por si só, não é fundamento suficiente para o estabelecimento de
0,00/0,20/0,25/0,20/0,60
regime prisional mais severo (0,25). Súmula n. 718 do STF e Súmula
n. 440 do STJ (0,20).
B) Decisão judicial não estaria correta, tendo em vista que o Supremo
Tribunal Federal já considerou a inconstitucionalidade da obrigato-
0,00/0,40/0,20/0,65
riedade de regime inicialmente fechado (0,40). Deve o juiz se valer
do disposto no artigo 33, parágrafo 2º, do Código Penal (0,20).

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4

Enunciado
Cristian, funcionário público, ao fiscalizar determinado estabelecimento comercial, exige vantagem indevida no
intuito de deixar de cobrar tributo devido pelo referido estabelecimento. Diante da situação, pergunta-se:

A) Qual o crime cometido pelo funcionário público? (0,65)


B) Qual o tipo de ação prevista para essa figura delitiva? Fundamente a sua resposta. (0,60)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) O funcionário público cometeu crime contra a Ordem Tributária, tipificado no artigo 3º, II, da Lei n. 8.137/1990.
No caso concreto, o agente exigiu vantagem indevida, em razão de sua função, com o objetivo específico de não
cobrar o tributo que sabia ser devido pelo estabelecimento comercial. Em virtude do princípio da especialidade, o
Código Penal só deve ser aplicado quando não há tipificação específica em legislação extravagante e, por isso, não
seria o crime de concussão, previsto no art. 316 do Código Penal.
B) Trata-se de ação penal pública incondicionada, consoante o artigo 15 da Lei n. 8.137/1990.
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
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PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

ITEM PONTUAÇÃO
A) O funcionário público cometeu crime contra
a Ordem Tributária, tipificado no artigo 3º, II, da
Lei n. 8.137/1990 (0,30). Exigiu vantagem inde-
vida em razão de sua função (0,10). Em virtude
do princípio da especialidade, o Código Penal só 0,00/0,30/0,10/0,25/0,65
deve ser aplicado quando não há tipificação espe-
cífica em legislação extravagante e, por isso, não
seria o crime de concussão, previsto no art. 316 do
Código Penal (0,25).
B) Ação penal pública incondicionada, consoante o
0,00/0,60
artigo 15 da Lei n. 8.137/1990. (0,60)

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2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL

Enunciado
Davison, policial militar, em 17/01/17, após grave discussão com sua esposa Joana por motivo de ciúmes, conscien-
te e voluntariamente, efetuou disparo com sua arma de fogo contra ela, durante um show na cidade de Campos
do Jordão, Estado de São Paulo. Naquela ocasião, várias testemunhas presenciaram o fato e socorreram Joana
que foi levada ao hospital e submetida à cirurgia de urgência em virtude da perda de sangue, mas não resistiu aos
ferimentos ocasionados pelo disparo e faleceu no centro cirúrgico. O laudo pericial confirmou que a vítima veio a
falecer em decorrência da lesão proveniente do referido disparo. Durante o inquérito policial, as testemunhas do
fato afirmaram que o acusado, julgando que a esposa estivesse olhando para um certo rapaz, começou a elevar a
voz perguntando o porquê dela olhar tanto para aquele indivíduo, iniciando assim uma grave discussão. Afirmaram
ainda que Davison se mostrava bastante alterado, quando pegou a arma e efetuou o disparo no momento em que
Joana, aborrecida e já de costas para ele, tentava sair do local. Concluída a investigação e relatado o inquérito, os
autos foram encaminhados ao Ministério Público em 01/07/2021, permanecendo no órgão sem qualquer providên-
cia até a presente data.
Procurado pelo Sr. José, pai de Joana, na qualidade de advogado, redija a peça processual que atenda aos interesses
de seu cliente, considerando recebida a pasta de atendimento do cliente devidamente instruída, com todos os do-
cumentos pertinentes, suficientes e necessários, procuração e rol de testemunhas. (Valor: 5,00)
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à preten-
são.
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA
O examinando deveria apresentar, na condição de advogado, queixa-crime subsidiária, nos termos Art. 100, §3º, do
CP ou Art. 29, do CPP
O examinando deverá mencionar a existência de Procuração com poderes especiais de acordo com o artigo
44 do CPP .
A Indicação do art. 31 do CPP, indicação de que José é sucessor processual da vítima, por ser pai.
Em preliminar alegar que ocorreu o término do prazo legal para que o MP ajuizasse a ação penal. Conforme o art.
46 CPP. portanto o querelante é parte legítima para propor ação penal privada subsidiária da pública.
Deverá ser descrição do delito de homicídio qualificado ou triplamente qualificado especificando as seguintes
qualificadoras: Homicídio qualificado por motivo fútil e sua classificação típica (art. 121, § 2o. II, do CP).
Homicídio qualificado por emprego de recurso que tornou impossível a defesa do ofendido e sua classificação típica
Homicídio qualificado contra a mulher ou feminicídio e sua classificação típica (art. 121, § 2o., VI, do CP).

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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Dos pedidos que seja recebida a queixa, citação do querelado, condenação do querelado OU o julgamento da
procedência do pedido para condenar o querelado OU a pronúncia do querelado pelo crime de homicídio triplamente
qualificado OU homicídio qualificado tipificado ao teor do Art. 121, §2o, incisos II, inciso IV e VI do CP
Fixação de valor mínimo de indenização nos termos do artigo 387, IV, do CPP
Requerimento de intimação das testemunhas
Rol de testemunhas
No fechamento, deveria ser mencionado local, data, advogado e OAB.
.
DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS

ITEM PONTUAÇÃO
1) Peça: queixa-crime subsidiária 0,00/0,30
2) Fundamento legal: com indicação correta do dispositivo legal que embasa a queixa-crime
0,00/0,20
subsidiária: Art. 100, §3º, do CP OU Art. 29, do CPP OU art. 5o., LIX da CRFB
3) Endereçamento: Endereçamento correto (0,20): EXCELENTÍSSIMO
SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ TRIBUNAL 0,00/0,10
DO JÚRI DA COMARCA DE CAMPOS DE JORDÃO-SP
4.) Qualificação correta do querelante e do querelado: Indicação da qualificação da querelante
0,00/ 0,020
e querelado
5. Existência de Procuração com poderes especiais ou menção acerca de sua existência no
0,00/0,30
corpo da qualificação acordo com o artigo 44 do CPP em anexo
6. Indicação do art. 31 do CPP OU indicação de que José é sucessor processual da vítima 0,00/0,30
7. Indicação em preliminar sobre o término do prazo legal do MP conforme art. 46 do CPP,
0,00/0,50
portanto o querelante é parte legítima para propor ação penal privada subsidiária da pública
8. Descrição do delito de homicídio qualificado OU triplamente qualificado (0,10), especifi-
cando as seguintes qualificadoras: Homicídio qualificado por motivo fútil e sua classificação 0,50
típica (art. 121, § 2o. II, do CP)
9. Homicídio qualificado por emprego de recurso que tornou impossível a defesa do ofendido
0,40
e sua classificação típica (art. 121, § 2o., IV, do CP
10 Homicídio qualificado contra a mulher OU feminicídio sua classificação típica (art. 121, §
0,40
2o., VI, do CP)

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Pedidos
8. recebimento da queixa, citação do querelado. condenação do querelado OU o julgamento
da procedência do pedido para condenar o querelado OU a pronúncia do querelado, pelo
crime de homicídio triplamente qualificado OU homicídio Qualificado, tipificado ao teor do
Art. 121, §2o, incisos II inciso IV e VI do CP. 0,00/2,15
Fixação de valor mínimo de indenização nos termos do artigo 387, IV, do CPP
Requerimento de intimação das testemunhas
Rol de testemunhas
Fechamento
9. Local, data, advogado e OAB (0,10) 0,00/0,10

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presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 1

Enunciado
Magno, primário de bons antecedentes, no dia 1º de janeiro de 2021, passeava na quadra comercial da 302 sul. Sen-
do feriado em todo o território nacional, verificou que a padaria estava fechada, com a vitrine à mostra, e resolveu
nela ingressar, rompendo a tranca da porta e quebrando o vidro. Ao entrar, subtraiu alguns pães, bem como cigarros
e bebidas. Não foi notado por ninguém e saiu caminhando pela rua de trás, quando foi abordado por policiais, que
perguntaram sobre os objetos e Magno afirmou serem produtos de furto, informando também o modus operandi
que utilizou para a prática do ato. O material furtado foi avaliado em R$ 780,00 (setecentos e oitenta reais), sendo
por tanto tudo recuperado. Não houve perícia no local do fato, a fim de confirmar o arrombamento e até mesmo
o furto. Mesmo assim, Magno foi denunciado nas sanções penais do art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal, tendo
como testemunhas de acusação apenas os polícias que efetuaram a prisão. Em audiência de instrução e julgamento,
as testemunhas de acusação afirmaram que apenas efetuaram a prisão diante do relato do acusado, que não foram
ao estabelecimento em que ele dizia ter entrado. Magno, em seu interrogatório, afirma ter subtraído os pães, os
cigarros e as bebidas, nada mais. A defesa é intimada para apresentar alegações finais por memoriais.
Com base apenas no caso apresentado, responda, fundamentadamente, ao que se pede.

A) Qual a principal tese defensiva a ser formulada pela defesa, uma vez que Magno confessou a prática delitiva?
Justifique. (Valor: 0,75)
B) Uma vez que a tese defensiva for acolhida, poderá haver a condenação de imediato de Magno nos termos da
Alegação final por memoriais apresentada pela defesa? Justifique. (Valor: 0,50)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) A principal tese defensiva a ser questionada pelo examinando é a desclassificação do furto qualificado para o
simples OU que deve ser afastada a qualificadora prevista no inciso I, do § 4º do artigo 155 do Código Penal, pois
não existe prova pericial do rompimento de obstáculo, prevista no artigo 158 do Código de Processo Penal. No caso,
a perícia não compareceu ao local para confirmar o rompimento de obstáculo, não havendo testemunhas para
confirmar a incidência da qualificadora. Logo, a qualificadora deve ser afastada.
B) Em caso de acolhimento da tese defensiva, não pode o réu ser de imediato condenado, pois deve ser possibilitado
ao Ministério Público o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo, nos termos da Súmula
337 do STJ e do artigo 383, § 1º, do Código de Processo Penal. Isso porque, com a desclassificação para o crime de
furto simples, que prevê pena mínima de 01 ano, o réu passa a ter direito à proposta de suspensão condicional do
processo, pois preenche os requisitos do artigo 89 da Lei n. 9.099/1995.

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BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

ITEM PONTUAÇÃO
A) A principal tese defensiva a ser questionada pelo examinando é a desclassifica-
ção do furto qualificado para o simples (0,30) OU que deve ser afastada a qualifi-
cadora prevista no inciso I, do § 4º do artigo 155 do Código Penal, pois não existe
prova pericial do rompimento de obstáculo, prevista no artigo 158 do Código de 0,00/0,30/0,20/0,15/0,75
Processo Penal.(0,20) No caso, a perícia não compareceu ao local para confirmar o
rompimento de obstáculo, não havendo testemunhas para confirmar a incidência
da qualificadora. (0,20) Logo, a qualificadora deve ser afastada. (0,15)
B) Não pode o réu ser de imediato condenado, pois deve ser possibilitado ao Minis-
tério Público o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo,
(0,20 nos termos da Súmula 337 do STJ e do artigo 383, § 1º, do Código de Processo
Penal. (0,10) Isso porque, com a desclassificação para o crime de furto simples, 0,00/0,20/0,10/0,20/0,50
que prevê pena mínima de 01 ano, o réu passa a ter direito à proposta de sus-
pensão condicional do processo, pois preenche os requisitos do artigo 89 da Lei n.
9099/1995. (0,20)

Padrão de Resposta Página 38 de 44


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PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 2

Enunciado
Fernando, em cumprimento de pena privativa de liberdade, comete falta grave. O Ministério Público, ao tomar
conhecimento da falta grave, pugna pela interrupção da contagem do prazo para efeitos de concessão do benefício
do livramento condicional, fundamentando seu pleito em interpretação sistemática do art. 83, do CP, e dos artigos
112 e 118, I, ambos da Lei n. 7.210/84.
De acordo com o entendimento jurisprudencial das cortes Superiores, e dos princípios do processo penal, respon-
da, na qualidade de advogado e com base nas informações contidas no enunciado, o que se pede.

A) Poderá o Ministério Público propor a interrupção da contagem do prazo para efeitos de concessão do benefício
do livramento condicional? (Valor: 0,85)
B) Qual(is) é(são) o(s) princípio(s) do Direito Penal está(ão) sendo violado(s)? (Valor: 0,40)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) Não, por falta de previsão legal (0,85). OU Não, porque o art. 83 do CP não prevê tal possibilidade (0,85). OU
Não, com base no Verbete 441 da Súmula do STJ, verbis: “A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
livramento condicional” (0,85)
B) Ao ser admitido a possibilidade proposta no enunciado, estaria ferindo o princípio da legalidade (0,40). OU Ao
admitir a possibilidade proposta no enunciado, estaria ferindo o princípio do bis in idem (0,40). OU Admitir tal
possibilidade seria permitir analogia in malam partem, o que é vedado em Direito Penal (0,40).
Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

ITEM PONTUAÇÃO
A) Não, por falta de previsão legal (0,85). OU Não, porque o art. 83 do CP não prevê tal possi-
bilidade (0,85). OU Não, com base no Verbete 441 da Súmula do STJ, verbis: “A falta grave não 0,00/0,85
interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional” (0,85)
B) Princípio da legalidade (0,40). OU o princípio do bis in idem (0,40). OU analogia in malam
0,00/0,40
partem, o que é vedado em Direito Penal (0,40).

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 3

Enunciado
João e Paulo, amigos e compadres, resolvem juntos assistirem ao jogo de futebol de seus times de coração. Ocorre
que o time de João está ganhando. Começa uma fervorosa discursão entre os amigos. Enfurecido, Paulo, com o
intuito de matar João, pega a garrafa na mesa, quebra e corta a perna de João, quando de repente pensa em sua
afilhada de apenas 2 anos, que ficaria órfã de pai, e opta por não mais seguir na empreitada criminosa. Sai do local e
chama o socorro para que possa atender ao compadre, porém, por demorar muito, João perde muito sangue, fican-
do impossibilitado de trabalhar por 50 dias. O Ministério Público ofereceu a denúncia contra Paulo imputando-lhe
a prática do crime de tentativa de homicídio qualificado pelo motivo fútil (art. 121, § 2º, inciso II, c/c art. 14, inciso
II, do Código Penal). Após regular tramite processual, o Magistrado proferiu decisão de pronúncia, nos termos da
denúncia. Sendo a defesa intimada da decisão no dia 28 de agosto de 2021, que caiu numa sexta-feira.
Com base na hipótese apresentada, responda, na condição de advogado(a) de Paulo, fundamentadamente, aos
itens a seguir.

A) Qual é a peça processual cabível para a defesa de Paulo? Qual é o prazo para a interposição? Qual é o funda-
mento legal? (Valor: 0,65)
B) Qual é o argumento de direito material a ser apresentado pela defesa de Paulo?
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) A peça que deve ser apresentada é o Recurso em Sentido Estrito, com base no artigo 581, IV, do Código de Processo
Penal. O último dia do prazo para interposição seria dia 04.09.2021. Como a defesa foi intimada na sexta-feira
(28.08.2021), o prazo começa a correr no primeiro dia útil (31.08.2021, segunda-feira), terminando no dia 04.09.2021.
B) O argumento de direito material seria a desclassificação pela incidência da desistência voluntária. Paulo foi
pronunciado pelo crime do artigo 121, § 2º, inciso II, c/c 14, II, ambos do Código Penal. Todavia, deu apenas um
corte de garrafa na perna, desistindo de prosseguir na execução do delito, pensando no sofrimento que causaria à
sua afilhada de 2 anos. Logo, estamos diante da desistência voluntária, não podendo Paulo responder pelo delito
na sua modalidade tentada, mas somente pelos atos praticados, nos termos do artigo 15 do Código Penal. Dessa
forma, deveria ser imputado a Paulo o crime de lesão corporal grave, previsto no artigo 129, § 1º, I, do Código
Penal. Como não se trata de crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente para processar e julgar,
devendo ser proferida decisão de desclassificação, com remessa do processo ao juízo competente, nos termos do
artigo 419 do Código de Processo Penal.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

ITEM PONTUAÇÃO
A) A peça que deve ser apresentada é o Recurso em Sentido Estrito, (0,20) com base
no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. (0,10) O último dia do prazo para 0,00/0,20/0,10/0,30/0,60
interposição seria dia 04.09.2021.(0,30)
B) O argumento de direito material seria a desclassificação pela incidência da desis-
tência voluntária. Paulo foi pronunciado pelo crime do artigo 121, § 2º, inciso II, c/c
14, II, ambos do Código Penal. (0,20) Entretanto, deu apenas um corte de garrafa na
perna, desistindo de prosseguir na execução do delito, pensando no sofrimento que
causaria à sua afilhada de 2 anos. Logo, estamos diante da desistência voluntária,
não podendo Paulo responder pelo delito na sua modalidade tentada, mas somente
0,00/ 0,20/0,20/0,25/0,65
pelos atos praticados, nos termos do artigo 15 do Código Penal. (0,20) Dessa forma,
deveria ser imputado a Paulo o crime de lesão corporal grave, previsto no artigo 129,
§ 1º, I, do Código Penal. Como não se trata de crime doloso contra a vida, o Tribu-
nal do Júri não é competente para processar e julgar, devendo ser proferida decisão
de desclassificação, com remessa do processo ao juízo competente, nos termos do
artigo 419 do Código de Processo Penal. (0,25)

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicação: 2021
ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4

Enunciado
Jorge Luís pretendia matar Beto de 58 anos. Descobre que Beto está em um bar na praça do bairro de Santa Terezi-
nha. Chegando lá, de longe avista Beto de costas e dispara 2 tiros com arma de fogo de uso permitido, causando a
morte deste. Jorge Luís vai embora satisfeito por acreditar que obteve êxito com sua ação. Ocorre que, por intermé-
dio de um jornal de grande circulação, descobre que não matou Beto e sim Joaquim de 72 anos, o qual de costas se
parecia com Beto. Após as investigações policiais, o parquet ofereceu denúncia contra Jorge Luís, imputando-lhe o
crime de homicídio doloso, com a causa de aumento de pena em razão da idade da vítima atingida (art. 121, § 4º,
do Código Penal). Após regular instrução, o Ministério Público pugnou pela pronúncia nos termos da denúncia. A
defesa foi intimada no dia 16 de outubro de 2021, que caiu numa quarta-feira, para se manifestar.
Com base na hipótese apresentada, responda, na condição de advogado(a) de Jorge Luís, fundamentadamente, aos
itens a seguir.

A) Qual peça deverá ser apresentada pela defesa de Jorge Luís e qual o último dia do prazo? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Existe argumento de direito material a ser apresentado em favor de Jorge Luís em busca de uma decisão mais
branda do que a postulada pelo Ministério Público? Justifique. (Valor: 0,65)
O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
A) A peça cabível seria Alegações Finais por Memoriais, com base no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal.
O último dia do prazo seria dia 21.10.2021.
B) A tese de direito material é a de que deveria ser afastada a causa de aumento de pena. O Ministério Público
ofereceu denúncia pela prática do crime de homicídio, com a incidência da causa de aumento de pena porque a
vítima era maior de 60 anos, nos termos do artigo 121, § 4º, do Código Penal. Ocorre que a causa de aumento de
pena deve ser afastada, uma vez que a pessoa supostamente pretendida seria Beto, de 58 anos de idade, e não
Joaquim de 72 anos de idade. Trata-se de erro quanto à pessoa, devendo, pois, o agente ter tratamento penal
considerando as condições e qualidades da pessoa pretendida, e não em relação à pessoa diversa, nos termos do
artigo 20, § 3º, do Código Penal. Como a pessoa supostamente pretendida não era maior de 60 anos de idade, deve
ser afastada a majorante do artigo 121, § 4º, 2ª parte, do Código Penal.

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Simulado 2ª Fase – XXXIII Exame de Ordem Unificado
SIMULADO PREPARATÓRIO
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
2ª FASE – XXXIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO
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ÁREA: DIREITO PENAL
BASEADO NO MODELO DE PROVA APLICADO PELA FGV
“Qualquer semelhança nominal e/ou situacional
presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”

Em relação à correção, levou-se em conta o seguinte critério de pontuação:

ITEM PONTUAÇÃO
A) A peça cabível seria Alegações Finais por Memoriais, (0,20) com base no artigo
403, § 3º, do Código de Processo Penal. (0,10) O último dia do prazo seria dia 0,00/0,20/0,10/0,30
21.10.2021.(0,30).
B) A causa de aumento de pena. (0,10) OU Ocorre que a causa de aumento de pena
deve ser afastada, uma vez que a pessoa supostamente pretendida seria Beto, de
58 anos de idade, e não Joaquim de 72 anos de idade. Trata-se de erro quanto à
pessoa, devendo, pois, o agente ter tratamento penal considerando as condições
0,00/0,10/0,40/0,15/0,65
e qualidades da pessoa pretendida, e não em relação à pessoa diversa, nos termos
do artigo 20, § 3º, do Código Penal. (0,40) Como a pessoa supostamente pretendida
não era maior de 60 anos de idade, deve ser afastada a majorante do artigo 121, §
4º, 2ª parte, do Código Penal. (0,15)

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