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SUMÁRIO
2.c. Os reflexos do Pacto de São José da Costa Rica no processo penal brasileiro. 10
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
12. b. Sentenças. 49
13.b.Transação Penal. 54
19.c. Procedimento relativo aos crimes de Responsabilidade (Lei n.º 1.079/50 e Decreto-Lei
nº 201/67). 99
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22.c. Procedimento relativo aos crimes de tráfico ilícito e uso indevido de drogas que
causam dependência física ou psíquica e de substâncias entorpecentes. 119
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Legislação básica: CRFB, art. 5º, a partir do inc. XXXIX e art. 129, I; Código de Processo
Penal.
Pacelli adota uma noção de Estado Democrático de Direito orientada pela necessidade de
reconhecimento e de afirmação dos direitos fundamentais, não só como meta política, mas
como critério de interpretação do Direito, e, de modo especial, do Direito Penal e do Direito
Processual Penal. “E isso não só é possível como necessário, na medida em que a
intervenção penal vem explicitamente admitida no texto constitucional (ver, por exemplo,
referência expressa, aos crimes de racismo, de tortura, de drogas e entorpecentes, aos
crimes hediondos, bem como à garantia processual da ação privada subsidiária da pública
no caso de inércia do Ministério Público – art. 5º, XLII, XLIII, LIX, CF)” (2014, p. 32).
A partir dessa noção, defende que a tutela penal deve ser dirigida à proteção dos direitos
fundamentais no marco do Direito Penal de Intervenção Mínima, tendo como postulados de
interpretação constitucional a máxima efetividade dos direitos fundamentais e a proibição
de excesso (desdobramentos do princípio da proporcionalidade sistematizados pelo direito
alemão).
Para o autor, os postulados são abstrações deduzidas do sistema dos direitos fundamentais
que configuram a base do nosso ordenamento, como métodos de interpretação e aplicação
das normas jurídicas; já os princípios, tais como as regras, são normas jurídicas implícita
ou explicitamente positivadas nos textos constitucionais ou legais, cuja correta
interpretação só pode ser alcançada se em consonância com os postulados (2014, p. 32-33).
Como o CPP é um Decreto-lei (3.689/41) que tem nítida inspiração fascista, imperioso
proceder à sua ressignificação à luz dos princípios da CRFB/88. Natureza jurídica dos
princípios: normas jurídicas (pós-positivismo/ neoconstitucionalismo). Para Pacelli, os
princípios se apresentam como normas fundantes do sistema processual, sem os quais não
se cumpriria a tarefa de proteção dos direitos fundamentais, visto que o Direito Processual
Penal é essencialmente de fundo constitucional (2010, p. 37).
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Princípio do devido processo legal (art. 5°, LIV, CRFB/88): a) procedimental ou formal:
a pretensão punitiva deve perfazer-se dentro de um procedimento regular, perante
autoridade competente, tendo como alicerce provas validamente colhidas, respeitando-se o
princípio do contraditório e da ampla defesa; b) material: obediência à razoabilidade (STF,
HC nº 45.232), se divide em duas vertentes: I) negativa (proibição do excesso): essa
restrição é adequada a alcançar o fim desejado (adequação)? A restrição é menos gravosa
(necessidade)?; o valor protegido é mais importante que o restringido (proporcionalidade
em sentido estrito?; e II) positiva (dever de proteção ou “proibição de proteção
insuficiência – STF: RE nº 418.376 e ADI 3112): a Constituição prevê, como forma de
proteger os cidadãos, alguns mandados de criminalização; o Estado não é mais inimigo,
mas antropologicamente um amigo. O Direito Penal é locus propício de proteção aos
Direitos Fundamentais. Conferir STF, HC nº 104.410/RS, (descriminalização do crime de
porte de arma desmuniciada x Princípio da proibição de proteção insuficiente).
Princípio acusatório: consiste a divisão das funções de acusar, defender e julgar entre
diferentes órgãos. Opõe-se ao Princípio inquisitório, em que há a concentração de duas ou
mais dessas funções nas mãos do mesmo órgão. No Brasil, há o predomínio do Princípio
acusatório (art. 129, I e art. 5°, LIII, CRFB/88 – conferir ADI 1570/2004), porém com
algumas mitigações. O art. 40, CPP, deve ser analisado sob a luz deste princípio e do da
independência funcional do MP (art. 127, §1º, CRFB/88), no sentido de que a atuação do
MP não está vinculada à análise do magistrado.
Juiz legal: conforme definido em lei. STF (HC nº 91.253): a criação de varas especializadas
não fere o principio do juiz natural. STJ (HC nº 109.456 – mudança de entendimento) /STF
(RE nº 597.133/RS, Repercussão Geral): o julgamento por Colegiado integrado, em sua
maioria, por magistrados de primeiro grau convocados não viola o princípio do juiz natural
nem o duplo grau de jurisdição, já que o recurso se dirige ao Tribunal e não aos
juízes/desembargadores que nele estejam atuando. Também pode contemplar a
obrigatoriedade do Juiz Imparcial. Identidade física do juiz no Processo Penal: presente no
Júri e agora, como regra, para todos os processos criminais (art. 399, §2°, CPP c/c art. 132,
CPC).
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Contraditório: Art. 5º, LV, CRFB/88. Garantia de participação informada (debater toda
matéria decidida em juízo) = informação de qualquer fato contrário ao interesse da parte +
possibilidade de participação ou reação + paridade de armas, ou que a oportunidade da
resposta possa ser dada na mesma intensidade e extensão (aspecto substancial, Elio
Fazzalari). Ex. Súmula STF nº 707.
Ampla defesa: Art. 5º, LV, CRFB/88. Consiste na garantia de utilização pela defesa de
todos os meios admitidos em direito para provar suas alegações. Constitui-se em defesa
técnica (efetuada por profissional) e autodefesa (realizada pelo próprio imputado – direito
de ser ouvido em audiência e direito de presença aos atos), aspectos que se complementam
(RE nº 602.543-RG-QO). Ex. súmulas STF nº 523, 705 e 707.
Não basta a possibilidade em abstrato de uso de todos os meios de defesa pelo acusado – a
defesa tem que ser efetiva (ver observação sobre o aspecto substancial do contraditório).
Inocência presumida (“In dubio pro Reo” e “Favor Rei”): Tem três aspectos: a) quanto à
prova: ônus da prova do fato e autoria é da acusação (Pacelli entende que as excludentes de
ilicitude e culpabilidade devem ser provadas pelo réu); b) quanto ao tratamento: o réu, em
nenhum momento do iter persecutório, pode sofrer restrições pessoais fundadas
exclusivamente na possibilidade de condenação – parcimônia no manejo da prisão
processual e do indiciamento do investigado – desconsideração de processo em que não
haja condenação definitiva para fins civis; c) quanto à restrição da liberdade: não há prisão
cautelar obrigatória – vedação de execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
da sentença condenatória.
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“Direito de mentir”: bastante polêmico. Há doutrinadores que defendem que, por conta do
direito ao silêncio, o acusado teria direito de mentir em juízo; para outros doutrinadores, há
apenas a inexigibilidade da verdade, pois, no Brasil, o perjúrio (mentira contada pelo
acusado) não é tipificado – contudo, se a mentira do acusado incriminar terceiro inocente,
deverá responder pelo crime denunciação caluniosa. Também é crime a conduta de acusar-
se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem, nos termos do art.
341 do CP – crime de autoacusação falsa – (Renato Brasileiro, 2014, p. 81). OBS: a
vedação à autoincriminação não pode ser oposta em relação à identificação falsa do
acusado, hipótese em que poderá responder pelo crime de identidade falsa (STF, RE
640.139; STJ, HC 151.866).
Vedação de revisão pro societate: impede que alguém possa ser julgado mais de uma vez
pelo mesmo fato do qual já tenha sido absolvido, por decisão passada em julgado.
Consagrado no Pacto do São José da Costa Rica (art. 8.4). STF: não se aplica o princípio no
caso de extinção de punibilidade baseada em certidão falsa de óbito, podendo ser retomado
o processo (HC nº 84.525). Arquivamento (por atipicidade) proferido por juiz
absolutamente incompetente faz coisa julgada material (HC nº 83.346).
Proibição de prova ilícita (art. 157, CPP): Prova ilícita: violação do direito material.
Prova ilegítima: violação do direito processual. Fonte independente: a prova é ilícita por
derivação, mas, se for possível chegar ao mesmo resultado por outra fonte de prova, não
haverá qualquer ilicitude (STF: HC nº 83.921). Descoberta inevitável: por juízo de
probabilidade, se demonstrada que a prova seria descoberta independentemente da prática
de ato ilícito/ilegítimo (não é considerada ilícita. STJ: HC nº 52.995).
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Classificações de documentos:
O parágrafo único do art. 232 do CPP assenta que à fotografia do documento devidamente
autenticada, se dará o mesmo valor do original. Nessa linha, o STF já decidiu que a
fotocópia autenticada de cheque tem o valor de corpo de delito.
OBS: Depoimentos prestados em cartório por terceiros sobre um fato criminoso que tenha
presenciado não são prova documental, e sim testemunhal!
A valoração dos documentos é feita quanto a dois aspectos: a) verdade ou veracidade dos
fatos representados ou comunicados (em relação ao conteúdo); b) autenticidade (em relação
à forma).
Exceção: art. 479, CPP – proibição de utilização de documento em plenário do Júri que
não tiver sido comunicado à parte contrária com antecedência, pelo menos, de 03 dias.
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OBS: PACELLI reputa indispensável, a despeito do disposto no art. 236, CPP, a atuação do
tradutor em relação aos documentos em língua estrangeira, mesmo que juiz da causa tenha
conhecimentos sobre o respectivo idioma, até mesmo como forma de preservação da
imparcialidade do julgador (p. 429). No mesmo sentido, TÁVORA (Código, p. 342).
Prova Testemunhal: Testemunha é todo indivíduo estranho ao feito (não é vítima nem o
acusado) e equidistante das partes, chamado ao processo para falar sobre fatos perceptíveis
a seus sentidos e relativos ao objeto do litígio.
Características:
Súmula STF nº 155: “É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
expedição de precatória para inquirição de testemunha.”
(b) Oralidade – em regra, deve ser colhida verbalmente em contato direto com o juiz e as
partes (art. 204, CPP). Não se veda, entretanto, breve consulta a apontamentos. Quando a
testemunha não conhecer a língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as
perguntas e respostas (art. 223, CPP).
(c) Objetividade – o depoimento deve versar sobre os fatos, sem juízo valorativo. A
testemunha não dá parecer ou opinião, somente expõe sua percepção sensorial.
(e) Imediação – a testemunha deve narrar aquilo que captou imediatamente por meio dos
sentidos;
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Em regra, todas as pessoas podem ser testemunhas (art. 202, CPP), inclusive menores,
incapazes, crianças, silvícolas, policiais, juízes, promotores, etc.
OBS: Corréu não pode ser testemunha no mesmo processo em que foi processado! O
(cor)réu fala no momento do interrogatório e goza da garantia da vedação à
autoincriminação (art. 5°, LXIII, CRFB/88).
Situações especiais:
(I) Estão obrigadas a depor, mas não se lhes defere compromisso os “doentes e
deficientes mentais e aos menores de 14 anos” (art. 208, CPP).
(II) Não são impedidos de depor o ascendente, o descendente, o parente afim em linha
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, e o irmão (art. 206, CPP) – insere-se ainda o
companheiro, por equiparação ao cônjuge; mas têm o direito de se recusarem a fazê-lo,
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e
de suas circunstâncias. Caso optem por prestar depoimento, farão sem compromisso,
devendo ser ouvidas como simples informantes do juízo.
OBS: Em ambos os casos, por não precisarem prestar compromisso de dizer a verdade,
chamam-se as pessoas dos artigos 206 (quando puderem se recusar) e 208 de dispensados.
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Depoimentos prestados em cartório por terceiros sobre um fato criminoso que tenha
presenciado são provas testemunhais; “Entretanto, presta-se unicamente a demonstrar o
fato de ter alguém comparecido na presença de outro e ali afirmado o que consta no
documento. Em nenhuma hipótese pode-se extrair a veracidade do fato afirmado, mas tão
somente de sua afirmação. É, inclusive, o que se contém nos arts. 364 e 368, parágrafo
único, ambos do CPC, aplicáveis, se necessário, por analogia” (PACELLI, p. 429)!
Prova oral MPF: 13. O que é documento? Resposta Vitaminada, à luz de Renato
Brasileiro (p. 677), o conceito de documento pode ser abordado de forma estrita e de modo
amplo. Numa concepção mais restrita, considera-se documento qualquer escrito,
instrumento ou papel, público ou particular, que condensa o pensamento de alguém, sendo
apto a provar um fato ou a realização de algum ato dotado de relevância jurídica. Já numa
concepção mais ampla, pode-se conceituar documento como qualquer objeto que represente
um fato ou ato relevante, como, p. ex., fotografias, filmes, desenhos, esquemas, e-mails,
etc.
Retirado do material MPF: 14. Qual é a oportunidade em que se pode juntar documento
aos autos? Resposta Vitaminada: Em regra, em qualquer fase do processo, a todo
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momento, desde que não tenham propósito protelatório ou tumultuário, hipótese em que o
julgador poderá indeferir a juntada e, se já juntado, determinar o desentranhamento.
Contudo, há exceção, vejamos: com a vigência da Lei nº 11.689/08 e a redação dada ao art.
479 do CPP, não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto durante o
plenário do júri que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três)
dias úteis, dando-se ciência a outra parte (Renato Brasileiro, p. 679).
16. Fale sobre a evolução do sistema probatório brasileiro no que tange à oitiva de
testemunhas. Vide cross examination acima tratado.
17. Fale sobre a oitiva do réu por precatória e por videoconferência. Tema a ser
tratado no estudo dos procedimento.
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Excepcionalmente, por força expressa de texto legal, caberá em relação a decisões de outra
natureza, como a impronúncia e a absolvição sumária (art. 416 do CPP) e a que rejeita a
denúncia ou a queixa no JECRIM (art. 82 da Lei nº 9.099/95).
Prazo: nos termos do CPP, 05 dias para interposição, em petição escrita ou termo nos
autos, e apresentação das razões no prazo de 08 dias, podendo estas serem apresentadas
diretamente na instância superior. O prazo para apresentação de contrarrazões é de 08 dias,
o mesmo para apresentação das razões.
Pacelli sustenta que apenas a defesa poderá optar em arrazoar diretamente no 2º grau
de jurisdição (art. 600, § 4º), na medida em que o órgão do MP de primeiro grau não tem
capacidade postulatória para peticionar perante o juízo ad quem e o órgão de segundo grau
deve ter sua independência funcional assegurada.
Súmula STF nº 448: “O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr
imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público”, independentemente da
ordem de intimação, ou seja, se intimado primeiro o assistente, seu prazo começará a correr
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depois do MP. Se intimado depois do MP, o prazo recursal do assistente começará a correr
da intimação.
Exceção ao efeito devolutivo amplo: Súmula STF nº 713 (“O efeito devolutivo da apelação
contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição”).
Exceção ao efeito suspensivo na apelação: sentença absolutória (art. 596, caput, CPP).
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art. 593, CPP, é preciso que não se trate de hipótese impugnável por Recurso em sentido
estrito, sob pena de ofensa ao princípio da unirrecorribilidade das decisões judiciais), sendo
apresentada por quem tem legitimidade e interesse. Recebida a apelação pelo órgão de
primeiro grau, serão atribuídos, em regra, os efeitos devolutivo e suspensivo (art. 597,
CPP), ressalvada a fundamentação na sentença em sentido contrário.
Estando pronto o processo, o relator pedirá dia para julgamento, solicitando inclusão em
pauta (art. 610, caput, CPP). Não há possibilidade de aplicação de mutatio libelli pelo órgão
de 2ª instância (Súmula STF nº 453). Já a emendatio libelli (alteração da classificação do
fato imputado) é perfeitamente possível (arts. 617 c/c 383, 386 e 387, CPP), desde que a
pena não seja agravada, se houver apenas recurso exclusivo da defesa.
Súmula do STJ:
Informativo do STF
- Nº 739
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Legislação básica: Art. 5º, incisos LIV, LV E LVI, CR. Inúmeros dispositivos esparsos do
CPP.
Confusão conceitual: “Na verdade, não existem dois sistemas nos quais se possa configurar
o processo, um inquisitório e outro acusatório”, ensina Montero Aroca, “mas dois sistemas
de atuação do Direito penal pelos tribunais, dos quais um é não processual, o inquisitório, e
outro sim é processual, o acusatório”. A rigor, a denominação “processo inquisitório”
somente tinha pertinência em um momento histórico — na época das monarquias absolutas
— em que não havia uma bem demarcada distinção entre as funções administrativas e as
jurisdicionais, confiando-se ambas as funções aos distintos órgãos a um só tempo, e os
então impropriamente chamados “tribunais” aplicavam penas sem a realização de um
processo. Logo, eram “inquisitoriais”, mas não configuravam, obviamente, um sistema
processual. Assim, a denominação “processo inquisitório” parece-nos incorreta, pois “não
foi e não pode ser, obviamente, um verdadeiro processo (Edilson Mougenot Bonfim, Curso
de Processo Penal)
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os direitos relacionados no pacto de San José no que toca ao processo penal? Provas, provas
ilícitas. O que são e pra que servem o reconhecimento e a acareação. O reconhecimento
pode se feito por foto? A acareação viola o nemo tenetur? Quais os sistemas processuais?
Quais as características do sistema inquisitório no CPP?
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Sistema Misto ou de Fases: surge no século XIX, tendo como marco o Código de
Instrução Criminal da França, de 1808. O processo é dividido em fases: investigação, de
caráter predominantemente inquisitivo, a cargo de um juízo de instrução, e julgamento, na
qual prevalecem os cânones do sistema acusatório. Pacelli adverte que nossa doutrina,
levando em consideração a existência da fase investigativa inquisitiva (inquérito policial ou
outras investigações administrativas), erroneamente classifica como misto o nosso sistema.
Ora, diz ele, inquérito policial não é processo, é procedimento e servirá como meros
elementos informativos, logo não pode servir de critério de caracterização do sistema
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Legislação básica: Artigos 226 a 230 do CPP. Artigo 158 e seguintes também do CPP.
Perguntas do oral do 26º: 25) Quais os direitos relacionados no pacto de San José no que
toca ao processo penal? Provas, provas ilícitas. O que são e pra que servem o
reconhecimento e a acareação. O reconhecimento pode se feito por foto? A acareação
viola o nemo tenetur? Quais os sistemas processuais? Quais as características do sistema
inquisitório no CPP?
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judicializadas.” (AgRg no REsp 1063031 / PR). De acordo com Pacelli e Fischer, “para o
ato de reconhecimento, se o acusado, regularmente intimado, não comparecer, poderá ele
ser conduzido coercitivamente, para que a testemunha ou testemunhas (e o ofendido)
façam – ou não – a identificação de autoria do delito” (p. 433), inexistindo qualquer ofensa
ao chamado direito ao silêncio. O art. 226 do CPP só descreve o reconhecimento ao
vivo, não prevendo o fotográfico (reconhecimento indireto) – considerado prova
inominada –, o qual, segundo Nucci, deve ser admitido com cautela, com a igual
observância do disposto no art. 226, I, II e IV, do CPP (p. 505). Por outro lado, Pacelli e
Fischer asseveram que “a diferença que pode haver entre o que ela (testemunha) presenciou
e a fotografia que lhe é apresentada em juízo não pode ser aferida e nem controlada.
Condições do tempo (clima), da máquina fotográfica, da pose fotografada, e, enfim, a
diversidade entre o real, o passado da foto e o passado da memória da testemunha,
recomendam a imprestabilidade de semelhante meio de prova” (p. 435). (STJ HC 168667 /
SP). Retrato falado é meio de investigação, não de reconhecimento. O reconhecimento de
imagens e vozes, segundo Nucci, “não ingressa no contexto do art. 226 do CPP, pois
inexiste a previsão de quais as formalidades a observar. Por isso, havendo necessidade de
ser realizado o reconhecimento de alguma imagem ou de voz, existirão duas
possibilidades: a) prova pericial (o exame será feito por especialista e transformar-se-á
em laudo); b) prova testemunhal (a testemunha fornece a sua impressão à autoridade
competente)” (p. 505).
A acareação é meio de prova pelo qual se confrontam pessoas que prestaram depoimentos
divergentes sobre fatos relevantes em suas declarações. Como bem observam Pacelli, e
Fischer, “O procedimento de acareação insere-se com desdobramento da prova
testemunhal e das declarações do ofendido. Não constitui meio autônomo de prova, mas
mera diligência tendente ao esclarecimento de depoimentos em direções diferentes ou de
distintas versões sobre o mesmo fato. De todo modo, não se pode antecipar, pela
divergência, falso testemunho ou falsa perícia” (p. 437). A acareação pode se dar entre:
acusados; acusado e testemunha; testemunhas; acusado ou testemunha e a pessoa ofendida;
pessoas ofendidas. Pacelli critica a acareação dizendo que “é o típico procedimento de
índole intimidatória. No mais das vezes, presta-se apenas a revelar um maior ou menor
grau de temor de uma testemunha em relação à outra. Ademais, o réu não tem qualquer
compromisso com a verdade, ao passo que a testemunha sim”. Quanto ao direito a não
auto-incriminação (nemo tenetur se detegere), previsto no CIDH, o STF esclareceu
recentemente que se restringe apenas à garantia de não ser coagido, moral ou
fisicamente, a produzir provas contra si. A acareação pode ser feita imediatamente após
os testemunhos. Consoante os termos da Lei 11.719/08, também a acareação é realizada na
audiência una de instrução, em face da concentração dos atos processuais. No caso de
acareação entre testemunhas ausentes, segue-se o disposto no artigo 230 do CPP. A
doutrina chama a hipótese do artigo 230 do CPP de confronto.
Prova pericial é uma prova técnica, na medida em que pretende certificar a existência de
fatos cuja certeza, segundo a lei, somente seria possível a partir de conhecimentos
específicos. Perícia é o exame realizado em pessoa ou coisa para comprovação de fatos, por
quem tem conhecimento técnico, científico ou artístico adequado, seja por falta destes
conhecimentos pelo julgador, seja por exigência legal. A partir da Lei 11.690/2008, a
perícia poderá ser realizada por apenas um perito oficial, portador de diploma de curso
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superior, salvo quando o objeto a ser periciado exigir o conhecimento técnico em mais de
uma área de conhecimento específico. Na ausência de perito oficial na comarca, o exame
será realizado por duas pessoas idôneas portadoras de diploma oficial.
Informativos do STJ
Inf. nº 521:
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE OCORRÊNCIA
DE LESÕES CORPORAIS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE
LATROCÍNIO TENTADO.
O reconhecimento da existência de irregularidades no laudo pericial que atesta a natureza
das lesões sofridas pela vítima de tentativa de latrocínio (157, § 3º, parte final, do CP) não
resulta na desclassificação da conduta para alguma das outras modalidades de roubo
prevista no art. 157 do CP. Isso porque, para a configuração daquele delito, é irrelevante se a
vítima sofreu lesões corporais. Efetivamente, a figura típica do latrocínio se consubstancia no
crime de roubo qualificado pelo resultado, em que o dolo inicial é de subtrair coisa alheia
móvel, sendo que as lesões corporais ou a morte são decorrentes da violência empregada,
atribuíveis ao agente a título de dolo ou culpa. Desse modo, embora haja discussão doutrinária
e jurisprudencial acerca de qual delito é praticado quando o agente logra subtrair o bem da
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
vítima, mas não consegue matá-la, prevalece o entendimento de que há tentativa de latrocínio
quando há dolo de subtrair e dolo de matar, sendo que o resultado morte somente não ocorre
por circunstâncias alheias à vontade do agente. Por essa razão, a jurisprudência do STJ
pacificou-se no sentido de que o crime de latrocínio tentado se caracteriza independentemente
de eventuais lesões sofridas pela vítima, bastando que o agente, no decorrer do roubo, tenha
agido com o desígnio de matá-la. HC 201.175-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
23/4/2013
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Pergunta do oral do 26º: 25) Quais os direitos relacionados no pacto de San José no que
toca ao processo penal? Provas, provas ilícitas. O que são e pra que servem o
reconhecimento e a acareação. O reconhecimento pode se feito por foto? A acareação viola
o nemo tenetur? Quais os sistemas processuais? Quais as características do sistema
inquisitório no CPP?
O pacto é fonte imediata de direitos aos acusados e investigados, haja vista a aplicabilidade
imediata imposta pela CRFB no art. 5º, §1º. Com base nesse dispositivo, os operadores do
direito devem aplicar as normas garantidoras de direitos fundamentais, como é o caso da
CIDH, independentemente de lei mediadora.
Traz a CIDH várias garantias aos acusados que são repetidas pelo ordenamento interno,
seja em nível constitucional, seja no próprio CPP. Com isso, o Brasil já implementa um dos
deveres de direito internacional previsto pelo pacto, em seu art. 2º, que é o dever de adequar
o ordenamento interno de modo a tornar efetivos os direitos previstos no instrumento
internacional.
Assim, a CIDH traz, para o processo penal, garantias elencadas nos artigos 7º e 8º, como: a)
devido processo legal; b) direito de petição de toda pessoa privada de liberdade a um órgão
judicial; c) direito de audiência (“one day in court”); d) conhecimento da acusação
pormenorizadamente e do seu acusador, bem como de tempo e meios para elaborar sua
defesa; e) duração razoável do processo “ou de ser posta em liberdade”; f) direito a um
julgador competente, independente e imparcial, anteriormente estabelecido por lei; g)
presunção de inocência; h) assistência gratuita de tradutor ou intérprete, se necessário; i)
defesa técnica, por defensor de sua escolha ou proporcionado pelo Estado, bem como
direito de autodefesa; j) comunicação livre e em particular com seu defensor; k) direito a
recurso (duplo grau de jurisdição); l) direito de inquirir as testemunhas presentes e de obter
o comparecimento de testemunhas e peritos; m) direito a não auto-incriminação (nemo
tenetur se detegere), que o STF esclareceu recentemente que se restringe apenas à garantia
de não ser coagido, moral ou fisicamente, a produzir provas contra si; n) direito do
absolvido a não ser processado novamente pelo mesmo fato; o) publicidade do processo
penal.
Dentre essas garantias, é possível que exista um tratamento mais benéfico pela norma de
direito doméstico. Ocorrendo isso, o artigo 29, item 2, do pacto de São José, determina a
aplicação daquela mais benéfica ao acusado. A CIDH, por exemplo, não demanda que o
acusado seja advogado, caso deseje se defender em juízo sem auxílio técnico. Entretanto,
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isto não afasta a norma de direito interno mais protetiva, que determina a irrenunciabilidade
da defesa técnica no processo penal.
Por fim, importante ressaltar que o desrespeito a quaisquer dessas garantias, por ato de
quaisquer dos três poderes da República, pode levar, a depender da gravidade do ato, à
responsabilização internacional do Brasil perante a Corte Interamericana.
29
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica. Arts. 24, 28, 29, 31, 42, 48, 60 do CPP.
A Lei nº 9.099/95 (art. 76) relativizou, no tocante às infrações de menor potencial ofensivo,
o princípio no ponto em que permite a transação penal, dando origem ao princípio da
obrigatoriedade mitigada ou da discricionariedade regrada.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
b) Indisponibilidade: Uma vez proposta a ação, o MP não pode dela dispor (art. 42, CPP).
Como corolário, também não pode desistir do recurso (art. 576, CPP). A Lei nº 9.099/95
(art. 89) também mitigou o princípio ao prever o sursis processual. Súmula 696 do STF:
“Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas
se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”. Para
PACELLI (p. 124), a única diferença entre este princípio e o da obrigatoriedade é que,
enquanto a obrigatoriedade é aplicável antes da ação penal, a indisponibilidade incide após
a deflagração da persecução penal. Súmula 723, STF: “Não se admite a suspensão
condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
aceitação pelo querelado para surtir efeitos); iii) pode ser oferecido até o trânsito em
julgado da sentença (art. 106, §2º, CP); iv) havendo corréus, o perdão oferecido a apenas
um estende-se aos demais. A perempção vem disciplinada no art. 60 do CPP.
d) Intranscendência (ou pessoalidade): A ação penal somente pode ser proposta em face
do provável autor do delito.
Leitura Complementar:
- NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 11ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.
- RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 18ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O indício, segundo o art. 239 do CPP, é a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autoriza, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias. Difere da presunção, que, consoante TÁVORA e ALENCAR (p. 442), “é
o conhecimento daquilo que normalmente acontece, a ordem normal das coisas, que uma
vez positivada em lei, estabelece como verídico determinado acontecimento”.
Para Paulo Rangel, indício significa indicar, apontar. É todo e qualquer fato, ou
circunstância, certo e provado, que tenha conexão com o fato, mais ou menos incerto, que
se procura provar. Presunção significaria opinião ou juízo baseado nas aparências,
suposição ou suspeita.
Sendo assim, exemplifica Paulo Rangel: o fato de Tício ter sido visto com uma arma na
mão no local do crime, no dia e na hora em que o mesmo ocorreu, indica que Tício foi seu
autor. A operação mental (processo de raciocínio lógico) que é realizada para concluir que
Tício é autor do homicídio é a presunção (suposição, suspeita). Indício é o fato provado e
conhecido (Tício estava no local do crime no mesmo horário e dia em que foi praticado,
com uma arma na mão); a presunção é a operação que liga esse fato a outro, qual seja:
Tício é o autor do crime.
Para PACELLI (p. 430-431), o indício não é propriamente um meio de prova, mas a
utilização de um raciocínio dedutivo, para, a partir da prova de um fato ou de uma
circunstância, chegar-se à conclusão da existência de um outro ou de uma outra (verdadeira
presunção feita pelo julgador). A prova indiciária, ou por indícios, terá sua eficácia
probatória condicionada à natureza do fato ou circunstância que se pretende provar por
meio dela (é prova indireta). Por exemplo, tratando-se de prova do dolo ou da culpa, ou
dos demais elementos subjetivos do tipo, que se situam no mundo das ideias, a prova por
indícios será de grande valia (não se pode provar por prova material o que não pode ser
materializado). Contudo, quando se pretende demonstrar por indícios fatos e
circunstâncias que podem ser normalmente provados por prova material (tal como a
materialidade e a autoria), o valor probatório do indício vai ser reduzido.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Nos HC’s 103118/SP e 101519/SP, ambos julgados em 20/03/2012 e relatados pelo Min.
Luiz Fux, a Primeira Turma do STF assentou que os indícios têm aptidão para lastrear
decreto condenatório, haja vista vigorar o sistema do livre convencimento motivado.
Constou das ementas que “O princípio processual penal do favor rei não ilide a
possibilidade de utilização de presunções hominis ou facti, pelo juiz, para decidir sobre a
procedência do ius puniendi, máxime porque o Código de Processo Penal prevê
expressamente a prova indiciária (...) O julgador pode, através de um fato devidamente
provado que não constitui elemento do tipo penal, mediante raciocínio engendrado com
supedâneo nas suas experiências empíricas, concluir pela ocorrência de circunstância
relevante para a qualificação penal da conduta.”
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Arts. 382, 609, 619 e 620 do CPP. Art. 83, §§ 1º e 2º da Lei nº
9.099/95. Súmulas nº 286, 293 e 455 do STF e nº 158, 168, 207, 315, 316 e 390 do STJ.
1. Embargos de Declaração
Trata-se de recurso que objetiva o reexame de decisões não unânimes proferidas em sede de
apelação e de recurso em sentido estrito quando o acusado for sucumbente na parte objeto
de divergência. Embora o nome pareça indicar a existência de dois recursos (assim, entende
Renato Brasileiro, p. 1655, 2014; Távora e Alencar, p. 1001, 2013; Pacelli, p. 985, 2014), é
um único recurso com dupla possibilidade de manejo, pois a matéria impugnável é ampla,
incluindo questões de mérito (“infringentes”) e questões processuais (“de nulidade”). Não
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
OBS VITAMINADA 2: Na 18ª edição de seu Curso de Proceso Penal, Pacelli (p. 985 e
988) teceu severas críticas a decisão do STF na AP 470/MG que entendeu que a norma
prevista no art. 333 do RISTF teria sido recepcionada pela ordem constitucional de 1988.
São elas: 1) a delegação de poderes normativos ao STF para regular procedimentos de sua
competência vem de fonte ilegítima do Poder Público, dado que proveniente da
Constituição de 1967, ordem jurídica constitucional instalada com o advento do Golpe
Militar de 1964; 2) a Constituição de 1988 atribuiu competência exclusiva à União para
legislar sobre direito processual, não podendo o STF invadir a competência do Poder
Legislativo para tratar de matéria que é reservada à Lei; 3) a CRFB arrolou taxativamente a
competência recursal do STF; 4) a Lei nº 8.038/90 tratou exaustivamente a respeito das
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Súmulas do STF:
455: “da decisão que se seguir ao julgamento de constitucionalidade pelo tribunal pleno,
são inadmissíveis embargos infringentes quanto à matéria constitucional”.
Súmulas do STJ:
390: “Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos
infringentes”.
3. Embargos de Divergência
Trata-se de recurso próprio das instâncias superiores (STF/STJ), que visa uniformizar a
jurisprudência de órgãos fracionários do mesmo tribunal unicamente sobre questão de
direito sufragada por tais órgãos. Devem ser interpostos em petição escrita, já com razões,
no prazo de 15 dias (art. 29 da Lei n° 8.038/90), serem dirigidos ao relator da causa,
intimando-se em seguida o embargado para apresentar contrarrazões no mesmo prazo.
Cabível contra decisão em sede de RE e REsp cujo teor seja divergente do julgamento de
outra turma, seção, órgão especial ou pleno. Não são cabíveis em face de decisão
monocrática de Ministro Relator (STJ, AgRg no EAREsp 10115/SP). “Em sede de
embargos de divergência, os paradigmas devem, necessariamente, ser provenientes de
julgados prolatados em recurso especial, não se prestando para demonstração do dissídio
arestos provenientes de julgamento em habeas corpus, nem em conflito de competência"
(STJ, AgRg nos EREsp 575.684/SP). A legitimidade e o interesse são visualizados sob a
perspectiva da ideia de sucumbência. Ver Súmulas n° 286 do STF e n° 158, 168 (“não
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Leitura Complementar:
- NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 11ª ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2012.
- RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 18ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 16. Ed. Atlas 2012.
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2ª Edição. Salvador: Editora
Juspodivm, 2014.
Inquéritos não criminais: Note-se que nos termos do parágrafo único do art. 4º do CPP, a
competência da polícia judiciária não excluirá a atribuição de outras autoridades
administrativas, a quem a lei confere funções tipicamente investigativas. Há os inquéritos
parlamentares, patrocinados pelas CPIs (que remeterão seus relatórios ao MP); os
inquéritos policiais militares; os inquéritos civis (ACP); inquéritos para apuração de crimes
praticados por magistrados ou promotores (investigações presididas por órgãos de cúpula
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
de cada carreira, conforme respectiva legislação orgânica: LC 35/79, art. 33, LC 75/93, art.
18 e Lei n. 8625, art. 41); investigações envolvendo autoridades com prerrogativa de foro
(tramitam no Tribunal respectivo, ex: STF, Inq2411, Dj 25.4.2008). Há também
investigações criminais administrativas realizadas por outros órgãos, como a Fazenda
Pública, o Banco Central, e outros, devendo tais procedimentos ser encaminhados ao MP
quando apurados ilícitos penais. Não há mais investigação judicial, da antiga lei de
falências; hoje, a Lei 11.105/2005 não a prevê, aplicando-se as normas do CPP. Há, ainda,
a possibilidade de investigação por conta do próprio Ministério Público. Em que pese
divergência no âmbito do STF, decisões recentes são favoráveis à possibilidade (HC
91661). O STF aplica a Teoria dos Poderes Implícitos, para justificar o posicionamento. A
CF/88, ao prever as funções institucionais do MP, no art. 129, prevê, além de exercer o
controle externo da atividade policial - o que só pode se relacionar com os procedimentos
investigatórios - (inciso VII), em que pese não haja hierarquia, presume-se, também lhe
atribua a competência para suprir eventuais procedimentos não realizados ou realizados de
forma insuficiente. Pode também o MP requisitar diligências investigatórias e a instauração
de inquérito policial (VIII); ora, se pode requisitar, teria também o poder de realizá-las.
Ainda que não haja um procedimento legal previsto (assim como o inquérito no CPP), a CF
prevê a possibilidade de exercício de "outras funções que lhe forem atribuídas" (inciso IX);
assim, desde que com base em lei, sem usurpação das atribuições da autoridade policial
(leia-se: no caso de haver inquérito em andamento, não caberia), pode sim o MP realizar
investigação criminal. A LC 75/93, em seus arts. 7º, II, e 8º, prevê várias diligências
investigatórias de atribuição do MPF. Além disso, a Lei nº 8625/93, lei orgânica nacional
do MP, em seu art. 26, também explicita várias diligências investigatórias que podem ser
por este realizadas. Nesse sentido STJ HC 190917; Súmula 234 do STJ. O STF admite a
atividade investiga supletiva do parquet, desde que obedecidos “os limites e controles
ínsitos a esta instituição”, não podendo ser “ampla e irrestrita, sem qualquer controle, sob
pena agredir direitos fundamentais”. “O entendimento de que as investigações realizadas
no seio daquela instituição devam ser, necessariamente, subsidiárias, ocorrendo, apenas,
quando não for possível, ou recomendável, que se efetivem pela própria polícia.”.(HC
93930 / RJ, Min. Gilmar Mendes, segunda turma,DJE 03-02-2011).
OBS Vitaminada: Vale ressaltar que a condição objetiva de punibilidade para o início da
persecução penal, qual seja a conclusão do procedimento fiscal para constituição do crédito
tributário, é exigido apenas para os crimes materiais em que se exige um resultado, não se
aplicando para os crimes formais a exigência de prévia conclusão do respectivo PAF. Nesse
sentido, é o teor da Súmula Vinculante nº 24-STF: “não se tipifica crime material contra
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo”. Logo, em se tratando de crimes tributários formais, em
que não há exigência de um resultado, não se exige a prévia constituição do crédito
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
tributário.
A quem não se opõe esse sigilo? Quem tem acesso ao inquérito mesmo ante o sigilo? Juiz e
promotor. Quanto ao advogado – CF art. 5º, LXIII. Não é só o preso que tem direito a
advogado, mas qualquer pessoa investigada. Se a CF assegura a assistência de um
advogado, como se poderia ter essa assistência preservada se o advogado não tivesse acesso
ao inquérito? O advogado tem acesso às informações já introduzidas nos autos do inquérito,
e não em relação às diligências em andamento (artigo 7º, XIV, Lei 8.906/94 – Estatuto da
OAB). A súmula vinculante n. 14 tem o seguinte teor: “é direito do defensor, no interesse
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Observação: se, nos autos do inquérito,
houve quebra de sigilo de dados, quanto a tais informações, só terá acesso o advogado com
procuração nos autos (HC 82.354 e HC 90.232 STF). Pergunta de prova: delegado negou
acesso aos autos a advogado com procuração, pode impetrar habeas corpus? Ou seria
cabível mandado de segurança? O correto seria mandado de segurança, mas pode impetrar
também habeas corpus. Para o STF, sempre que houver constrangimento à liberdade de
locomoção, mesmo que potencial, será cabível o uso do habeas corpus. Exemplos: quebra
ilegal de sigilo bancário (pode impugnar por HC) e negativa de acesso do advogado aos
autos de inquérito (pode impugnar por HC). Contudo, o livre acesso aos autos do inquérito
não pode ser autorizado pela autoridade investigante, pois os dados de outro investigado
ou as diligências em curso são materiais sigilosos a terceiros (RMS 31.747-SP,
11/10/2011). 5- É uma peça inquisitiva – não há contraditório, tampouco ampla defesa. 6- É
uma peça informativa – visa à colheita de elementos de informação para que o titular da
ação penal possa ingressar em juízo. Elementos de informação são aqueles colhidos na
fase investigatória, sem a participação das partes, ou seja, não há contraditório, nem ampla
defesa. Prestam-se para a fundamentação das medidas cautelares e também para a
estruturação de uma acusação. Existe algum elemento produzido na fase investigatória e
que pode ser levado à fase judicial e utilizado para a condenação? A regra geral é que não,
mas excepcionalmente sim, quanto às provas antecipadas (quando evidenciado o perigo real
e concreto de perecimento do objeto probatório – ex: exame necroscópico), cautelares (ex:
busca e apreensão, interceptação telefônica), irrepetíveis (ex: caso de alguns exames
periciais) e cautelares. Em relação a essas provas, o contraditório é diferido. Vide artigo
155 do CPP com redação determinada pela Lei 11.690/08. 7 - É uma peça indisponível –
delegado não pode arquivar inquérito policial (art. 17, CPP). 8 - É temporário – o prazo
para o término do inquérito é relevante apenas para o acusado preso; para o solto não é tão
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Direito ao silêncio: uma das perspectivas do princípio geral do Nemo tenectur se detegere
(ninguém é obrigado a se descobrir), princípio por força do qual o acusado deixou de ser
objeto de prova e tornou-se sujeito de direitos. No Brasil, o direito ao silêncio, também
designado como um direito a não auto incriminação, tem fundo constitucional (art. 5º,
LXIII), do mesmo modo que a norma que garante ao investigado o direito de identificar os
responsáveis, tanto por sua prisão quanto por seu interrogatório judicial (art. 5º, LXIV)-
Fischer e Pacelli, p. 32. O acusado sequer é obrigado a comparecer perante a autoridade
policial; somente é obrigado a estar presente na diligência de reconhecimento de pessoas
(arts. 226 e 228 CPP). Segundo Pacelli, não há inconstitucionalidade na exigência desta
última.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
julgado. Com o advento da Lei 12.654, de 8.5.2012 (com vacatio de 180 dias), ao art. 5º da
Lei 12.037/09 foi acrescido um parágrafo, autorizando, nas hipóteses do art. 3º, inc. IV
(quando a identificação for essencial para a investigação criminal), a coleta de material
biológico para a obtenção do perfil genético do investigado. Percebe-se que, no caso dos
condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra
pessoa, ou por qualquer dos crimes etiquetados como hediondos ou equiparados, a
identificação do perfil genético é obrigatória, mediante extração de DNA, devendo seguir
técnica adequada e indolor. Parte da doutrina, a exemplo de Rogério Sanches, entende que
a obrigatoriedade de fornecimento de material genética é como inconstitucional, por ofensa
ao princípio de presunção da inocência e ao da impossibilidade de obrigação de produzir
prova contra si mesmo. Ressalva, no entanto, a possibilidade de o Estado utilizar vestígios
para colher material útil à identificação do indivíduo.
Prazo para a conclusão do inquérito – No caso de réu preso, 10 dias; se o réu estiver
solto, 30 dias. Na Justiça Federal, tratando-se de réu preso, o prazo é de 15 dias,
prorrogável por mais 15, por força do artigo 66 da Lei 5.010/66. Esse prazo é processual ou
penal? É processual, logo, a contagem é ditada pelas regras processuais. Quando falamos
em prisão, tempo de prisão, aí sim esse prazo é penal! No caso do réu solto, o prazo de 30
dias para a conclusão do inquérito é impróprio, ou seja, sua inobservância não produz
qualquer consequência. Se restar caracterizado um excesso abusivo, no caso de réu preso,
não justificado pelas circunstâncias do delito, complexidade das investigações e/ou
pluralidade de réus, é caso de relaxamento da prisão por excesso de prazo, sem prejuízo da
continuidade do processo.
Prazos previstos em leis especiais: - CPPM – 20 dias para réu preso e 40 para réu solto;
- Nova lei de drogas (11.343, art. 51) – 30 dias para réu preso e 90 para réu solto, esse
prazo também pode ser duplicado;
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Concluído o inquérito policial, para onde ele é remetido? Pelo CPP, o inquérito é
encaminhado ao Poder Judiciário (art. 10, p. 1º, CPP). Quando o juiz recebe os autos do
inquérito, há duas possibilidades: a) Se o crime for de ação penal pública, os autos são
remetidos ao MP; b) Se o crime for de ação penal privada, os autos ficam em cartório
aguardando a iniciativa do ofendido, após, obviamente, a intimação do querelante.
OBS vitaminada: Avocação ou Redistribuição do IPL: é possível, nos ternos do art. 2º,
§4º, da Lei nº 12.830/13, somente podendo ocorrer, mediante despacho fundamentado do
superior hierárquico, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos
procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da
investigação.
Informativos do STF
- Nº 741
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
competência privativa da União para legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I).
Entretanto, entendeu violado o § 1º do art. 24 da CF, porquanto o ato atacado dispõe de
forma diversa do que estabelecido pela norma geral editada pela União sobre a matéria,
qual seja, o § 1º do art. 10 do CPP [“Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10
(dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente,
contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no
prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1º A
autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente”]. Por outro lado, a Corte afirmou a constitucionalidade do inciso V do art. 35
da lei em questão (“V- requisitar informações quando o inquérito policial não for encerrado
em trinta dias, tratando-se de indiciado solto mediante fiança ou sem ela”). Asseverou
competir ao Ministério Público o controle externo da atividade policial, a teor do disposto
no art. 129, VII, da CF (“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: ... VII
- exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar
mencionada no artigo anterior”). Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Roberto Barroso,
Cármen Lúcia e Celso de Mello, que julgavam improcedente o pleito. STF. Plenário. ADI
2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014.
- Nº 717:
Indiciamento por magistrado
O indiciamento é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica
do fato. O juiz não pode determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de
alguém. STF. 2ª Turma. HC 115015/SP, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/8/2013.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Feitoza, Denilson. Direito Processual Penal, Teoria, Crítica e Praxis. 5ª ed. Ed. Impetus,
2008.
Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 16. Ed. Atlas 2012.
Legislação básica. CF, arts. 5º, 136 e 139. Arts. 240-250 do CPP. Lei nº 9.296/96 e outras
de sigilo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Já a busca pessoal não depende de autorização judicial, ainda que se possa constatar, em
certa medida, uma violação à intangibilidade do direito à intimidade e à privacidade,
previstos no art. 5º, X, da CF. (Pacelli, p. 433). Isso desde que prevista em lei a medida,
existam e estejam presentes razões de natureza cautelar (urgentes). De acordo com o art.
244, é possível quando “houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for
decretada no curso de busca domiciliar”. Assim, a necessidade ou não de ordem judicial
para a busca pessoal depende do grau de urgência da intervenção do poder público. Fischer
e Pacelli defendem a constitucionalidade da regra em face da ponderação, assim como é
possível a violação do domicílio quando haja situações urgentes (art. 5º, X, da CF).
Exemplos: operações policiais, locais em imediações de onde acabou de se cometer um
crime, revistas em locais de grande acesso de público, situações de flagrante delito – são
situações reconhecidamente carecedoras de policiamento. A autoridade policial deve estar
apta a justificar a medida em atendimento ao estrito cumprimento do dever legal (vedadas,
por exemplo, as escolhas de pessoas de forma discriminatória).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou
circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada
direção, forem ao seu encalço.
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade
das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade
dos mandados que apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
modo que não se frustre a diligência.
Interceptação telefônica e de dados: de início, cabe ressaltar que, apesar de o artigo 5º,
inciso XII dispor ser inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, “salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal”, dando a entender que só as comunicações
telefônicas é que seria possível a violação, tratando as demais, como sendo intangíveis,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Exige-se, ainda, que haja indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal
punida com pena de reclusão, bem como que a prova do crime não possa ser feita por
outros meios (art. 2º).
O prazo máximo da interceptação será de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 (art. 5º),
devendo as diligências ser registradas em autos apartados, preservando-se o sigilo de todo o
procedimento (art. 8º). Além disso, “o prazo de 15 dias previsto no art. 5º da Lei n.
9.296/1996 não se inicia da decisão judicial que autoriza a interceptação telefônica, mas do
dia em que a medida é efetivada” (STJ, HC 135771) – mas deve ser iniciado em prazo
razoável. Tanto STF, quanto STJ entendem ser possível a renovação do prazo de 15 dias
por mais de uma vez, desde que justificada a medida e o caso reclame a extrapolação do
prazo.
A quebra do sigilo dos dados telefônicos, ou seja, dos registros dos telefonemas dados e
recebidos por determinado aparelho (que não configura hipótese de interceptação), reclama
autorização judicial, posto que tais informações inserem-se no contexto da intimidade e da
privacidade do interessado.
A gravação que não interessar à prova será inutilizada por decisão judicial, durante o
inquérito, a instrução processual ou após esta, em virtude de requerimento do MP ou da
parte interessada (art. 9º da lei). A interceptação telefônica, assim como a quebra de sigilo
fiscal ou bancário, pode ser atacada por meio de Habeas Corpus.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
concessionárias (Lei 9.296/96, art. 7º) e que, além de sujeitar-se a ao controle judicial
durante a execução, tratar-se-ia apenas de meio de obtenção da prova (instrumento), com
ela não se confundindo”.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Para que seja válida a revelação da gravação feita por um dos interlocutores, sem o
conhecimento do outro, é necessário que esteja presente situação de relevância jurídica a
que poderíamos chamar de justa causa, conforme se vê, por exemplo, no art. 153 do CP, no
qual se estabelece ser crime a divulgação de conteúdo de documento particular ou de
correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, sem justa causa. A justa
causa aqui referida diz respeito a uma motivação que possa validamente ser reconhecida
pelo Direito, como é o caso, por exemplo, do estado de necessidade, como causa de
justificação da conduta tipificada penalmente. Justa causa poderá ocorrer, assim, quando a
revelação do conteúdo se destinar a provar fato cuja existência seja relevante para a defesa
de direito daquele que promoveu a gravação. Não só de Direito Penal, como seria o caso de
possível descobrimento da autoria do crime, mas de todo o Direito.
Encontro fortuito de provas: Feitoza (p. 683) cita Antônio Scarance Fernandes e Luiz
Flávio Gomes, que admitem o encontro fortuito de prova na interceptação, referente a
crime diverso, quando este é conexo com o crime investigado e de responsabilidade do
mesmo sujeito. Caso contrário, a prova seria nula, servindo apenas como notitia criminis, a
partir da qual poderia ser feita nova investigação de maneira independente.
Informativo do STF
- Nº 701
chega-se à conclusão de que o juízo competente para a medida era o Tribunal. Esta prova
colhida é ilícita? Não necessariamente. A prova obtida poderá ser ratificada se ficar
demonstrado que a interceptação foi decretada pelo juízo aparentemente competente. Não
é ilícita a interceptação telefônica autorizada por magistrado aparentemente competente ao
tempo da decisão e que, posteriormente, venha a ser declarado incompetente. Trata-se da
aplicação da chamada “teoria do juízo aparente”.
Segunda Turma. HC 110496/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, 9.4.2013.
- Nº 694
Interceptação telefônica
Não é necessária a transcrição integral dos diálogos captados por meio de interceptação
telefônica. Basta que sejam transcritos os trechos necessários ao embasamento da denúncia
oferecida e que seja entregue à defesa todo o conteúdo das gravações em mídia eletrônica.
No entanto, não haverá, em princípio, qualquer irregularidade caso o juiz da causa entenda
pertinente a degravação de todas as conversas e determine a sua juntada aos autos.
Plenário. AP 508 AgR/AP, rel. Min. Marco Aurélio, 7/2/2013.
Informativo do STJ
- Nº 539
Prova oral MPF: 19. Qual é o recurso cabível em face da decisão que julga o pedido de
devolução dos bens apreendidos?
54
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 16. Ed. Atlas 2012.
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2ª edição. Salvador: Ed. Juspodivm,
2014.
Legislação básica.
O Estado deve sempre se preocupar com a possibilidade de revisão dos atos judiciais,
quando comprovado o equívoco ou a injustiça da decisão, ainda que isso importe em
desconstituir a coisa julgada. Renato Brasileiro afirma que “pode parecer que a revisão
criminal viola a coisa julgada. Pelo contrário. Conquanto tenha por objetivo a
desconstituição de uma decisão irrecorrível, a revisão criminal acaba por valorizar a
coisa julgada, já que o que a sociedade espera é a estabilidade da decisão justa e não a
manutenção de pronunciamento judicial caracterizado por erro de fato ou de direito”
(Brasileiro, p. 1718, 2014). Em matéria penal, quando em risco a liberdade individual,
direito fundamental da pessoa, semelhante preocupação seria ainda mais justificada. A
revisão criminal tem este destino: permitir que a decisão condenatória passada em julgado
possa ser novamente questionada.
Tem natureza jurídica de ação autônoma de impugnação, muito embora esteja situada no
CPP no capítulo dos recursos em geral (Brasileiro, p. 1719, 2014).
A revisão dos processos findos será admitida: I - quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença
condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado (que
terão de ser pré-constituídas, já que não se admite dilação probatória em sede de revisão
criminal, Renato Brasileiro, p. 1731, 2014) ou de circunstância que determine ou autorize
diminuição especial da pena; IV – configuração de nulidade processual (hipótese que se
extrai art. 626 do CPP). Logo, é ação de fundamentação vinculada. Ainda que o art. 621,
em todos os seus incisos, faça menção de que a natureza da decisão contra a qual poderá ser
requerida a revisão seja condenatória, a doutrina é pacífica no sentido de admitir a revisão
criminal de sentença absolutória imprópria com trânsito em julgado. Ora, embora seja
denominada de absolutória, tem inegável carga condenatória, ao submeter o acusado a
medida de segurança, verdadeira espécie de sanção penal (Brasileiro, p. 1723, 2014).
A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após,
pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Não deve ser exigida capacidade postulatória
55
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
(advogado habilitado na OAB). Art. 631 do CPP: “Quando, no curso da revisão falecer a
pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o presidente do tribunal, nomeará curador para
a defesa”, não se abrindo prazo para habilitação dos herdeiros, embora nada impeça que os
sucessores se habilitem.
Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas. Pacelli: a
vedação à reiteração do pedido independe da identidade das partes no pedido anterior; ou
seja, a vedação é para qualquer legitimado.
Serão julgadas pelo STF, quanto às condenações por ele proferidas. TJ ou TRF, o
julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas criminais, reunidas ou em sessão
conjunta, quando houver mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno. Relator
não poderá ter pronunciado qualquer decisão em qualquer fase do processo anterior.
Há revisor. O requerimento será instruído com a certidão de trânsito e peças necessárias à
comprovação dos fatos. Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a
classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo. Não
poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista. O tribunal, se o interessado o
requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos. A
indenização não será devida se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta
imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder
ou se a acusação houver sido meramente privada (Pacelli critica e entende que mesmo o
erro judicial na ação privada é indenizável.
Tribunal superior não será competente para revisão criminal se não conheceu do
RESP/RE (prova objetiva do 26º MPF 2011). Se conheceu do RESP/RE, é necessário
verificar se o fundamento da revisão coincide com a questão apreciada no âmbito de tais
recursos. Se coincidir, a competência para o julgamento será do STJ ou do STF, conforme o
caso. Afinal, por força do denominado efeito substitutivo, quando um recurso é conhecido
pelo juízo ad quem, o julgamento proferido pelo Tribunal substituíra a decisão recorrida no
que tiver sido objeto de recurso. Caso a matéria não tenha sido conhecida pela instância
superior, a competência para julgamento da revisão criminal será do Tribunal a quo ou da
Turma Recursal (Brasileiro, p. 1734, 2014)
Súmula 393 do STF: não é necessário o recolhimento do réu à prisão para ação de revisão
criminal.
56
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
societate, o STF já a admitiu em hipótese na qual o acusado teve extinta a sua punibilidade
com base em certidão de óbito falsa, sob o fundamento de inexistência de coisa julgada em
sentido estrito, pois, caso contrário o acusado estaria sendo beneficiado de sua conduta
ilícita e, por sua vez, de sua própria torpeza. Asseverou o STF que a extinção da
punibilidade pela morte do agente ocorre independentemente da declaração, sendo
meramente declaratória a decisão que reconhece, a qual não há de subsistir se o seu
pressuposto é falso (HC nº 84.525/MG, Rel. Min. Carlos Velloso) (Brasileiro, p. 1724,
2014).
Nada obsta a que seja ajuizada revisão criminal de condenações proferidas no âmbito dos
Juizados Especiais, já que elas não se confundem com a rescisória e são expressão da
garantia constitucional da ampla defesa e da realização da justiça. (Brasileiro, p. 1726,
2014).
Não se admite revisão criminal das sentenças que tenham homologado transação penal,
porque não há sentença condenatória, nem absolutória imprópria, quiçá análise da conduta
do acusado e das provas a respeito de existência da autoria e da materialidade delitiva.
Logo, na aplicação do instituto da transação penal, não se analisa fato típico, antijurídico e
culpável, mas apenas faculta-se ao suposto autor do fato a se submeter a um pena restritiva
de direitos ou multa, em troca de não se ver processado e condenado, com todas as
consequências daí resultantes. De igual modo, não se admite revisão criminal das decisões
políticas que determinem o afastamento do Chefe do Poder Executivo e de Ministros de
Estado, em processos de Impeachment, já que se trata de sanção política, decorrentes de
crime de responsabilidade que têm natureza jurídica de infração político-administrativa,
cuja competência é do Poder Legislativo, não podendo o Judiciário revisar os julgados
daquele poder, sob pena de ofender o arranjo constitucional dos poderes (Brasileiro, p.
1726/1727, 2014)
Vale para o caso de atualização da jurisprudência. Se for alteração legislativa, nem precisa
revisão: basta petição à VEC ou HC. Qualquer alteração possível na dosimetria permite
revisão. Revisão criminal não tem efeito suspensivo. Se o acusado foi condenado com
decisão transitada em julgado, não se pode postular liberdade com base na demora do
julgamento da revisão criminal. (HC 169.605-GO), STJ. Diverge-se sobre a
possibilidade de o MP ajuizar revisão criminal. A lei não prevê. Pelo concurso (objetiva) do
MP/SP (2011), entendeu-se incabível. Quem defende sustenta que só poderá em benefício
do condenado. TJ PR entendeu cabível. REVISÃO CRIMINAL Nº. 512.123-9 Cabe
reiteração do pedido de revisão. MP será o polo passivo. (objetiva do MP SP 2011). Cabe
mesmo que morto o requerente (objetiva do TRF 3ª 2010). Só poderá ser proposta uma vez,
salvo se fundada em novas provas. Não se exige capacidade postulatória, ou seja, cabe
57
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O ônus da prova na revisão criminal recai sobre o acusado requerente, não se aplicando o
in dubio pro reo, eis que já formada coisa julgada em seu desfavor, havendo um juízo de
veracidade e certeza em relação ao crime pelo qual fora condenado, razão pela qual se
aplica o in dubio contra reo (Brasileiro, p. 1738, 2014).
Súmula de Jurisprudência
393: “Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão”.
Informativo do STF
- Nº 733
59
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Espécies:
Pacelli destaca alguns casos em que a ação será pública incondicionada: Lei 8.069/90
quando praticados contra criança ou adolescente, Lei 11.101/05 (Falências), Lei 10.741/03
(Estatuto do Idoso) e crimes eleitorais, sendo que neste último caso é possível a ação
privada subsidiária da pública. Discricionariedade regrada: alguns doutrinadores sustentam
sua existência após a introdução no ordenamento jurídico do instituto da transação penal.
Seria uma forma de mitigação do princípio da obrigatoriedade da ação penal. Pacelli não
concorda com tal entendimento, até mesmo por entender que não existe discricionariedade
na sua aplicação por parte do parquet, mas tão somente em relação à modalidade de pena a
ser objeto de transação.
Características da representação: i) sem ela, não pode sequer ser iniciado o inquérito
policial ou lavrado o auto de prisão em flagrante, contudo, nada obsta que seja preso em
flagrante delito, a fim de que seja cessada a agressão ao bem jurídico e mantida a paz e a
tranquilidade social, podendo a vítima representar o agressor no prazo de 24 horas, prazo
para emissão da nota de culpa (Brasileiro, p. 872 e 874, 2014); ii) consoante STF e STJ,
prescinde de rigor formal; iii) o prazo de 6 meses para seu oferecimento conta-se do
conhecimento da autoria pela vítima e ostenta natureza decadencial; nos juizados, a
representação é apresentada oralmente na audiência preliminar, acaso frustrada a
composição civil (art. 75 da Lei nº 9.099/95); iv) em se tratando de vítima menor de 18
anos, apenas seu representante poderá oferecê-la e o prazo decadencial só inicia quando
atingida a maioridade; v) em caso de morte ou declaração de ausência da vítima, o direito
passa ao CADI – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP); vi) o MP
não está vinculado, donde pode enquadrar a conduta em dispositivo diverso ou promover o
arquivamento; vii) ostenta eficácia objetiva, de modo que, se a vítima indicar apenas parte
dos envolvidos o MP pode oferecer denúncia contra os demais coautores ou partícipes; viii)
enquanto não oferecida a denúncia é possível a retratação, oferecida a denúncia, a
representação é irretratável (art. 102 do CP e 25 do CPP). A doutrina majoritária admite
retratação da retratação quantas vezes a vítima reputar conveniente (mas dentro do prazo
decadencial).
Característica da requisição do MJ: i) tem por destinatário o PGJ ou PGR; ii) não se
submete a prazo decadencial, podendo ser ofertada enquanto não prescrito o crime; iii) o
MP não está vinculado; iv) ostenta eficácia objetiva (tal como a representação); v) pode
haver retratação, de acordo com o entendimento de Pacelli.
1.3) Subsidiária da pública: prevista no art. 2º, §2º, do Decreto-lei nº 201/67, não foi
recepcionada pela CF/88.
2) Ação penal privada: A doutrina majoritária justifica a existência desta ação com base
no mesmo fundamento utilizado para a ação pública condicionada: o strepitus iudicii. Para
Pacelli, contudo, o fundamento é outro: tão somente reservar-se à vítima a opinio delicti,
pois o ordenamento prevê o perdão e a perempção apenas para a ação privada (se o
fundamento fosse o strepitus iudicii não teria previsto, já que estes institutos incidem
quando já foi divulgada a existência do fato).
61
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
2.1) Exclusivamente privada (ou propriamente dita): exercida pela vítima ou seu
representante legal, passível de sucessão nos casos de morte ou ausência
2.2) Personalíssima: o direito de ação só pode ser exercido pela vítima. O único exemplo
atualmente é o do art. 236 do CP (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
para/de casamento).
Condições da ação:
A) interesse de agir: conforme destaca Pacelli, não se pode pensar em sanção penal sem a
existência do devido processo legal. Assim, o interesse de agir no processo penal desloca-se
para a seara da efetividade. Nesse contexto, Pacelli entende possível a aplicação futura da
prescrição retroativa, hipótese em que estaria ausente o interesse de agir (utilidade).
Contudo, cumpre observar que a prescrição em perspectiva (prescrição futura) NÃO é
aceita pelo STJ, sendo repelida por jurisprudência já consolidada, conforme enunciado n°
438 da súmula deste tribunal: “é inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da
pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência
ou sorte do processo penal”. Além disso, na prova obj. do 26ºCPR, na questão 100, foi
considerada incorreta a assertiva “o art. 110 CP permite a prescrição em perspectiva”;
62
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
D) condições de procedibilidade: é condição que deve estar presente para que o processo
possa ter início (Brasileiro, p. 202, 2014). Neste ponto, cita-se como exemplos de condições
de procedibilidade impostas pela legislação: I) a representação nos casos de ações penais
públicas condicionadas e nas ações penais privadas: II) a decisão judicial de anulação de
casamento no crime do art. 236 do CP; III) a decisão que decreta a falência, concede a
recuperação judicial e homologa a extrajudicial nos crimes falimentares (Lei 11.101/05).
No tocante à Lei de Falência, o texto é expresso ao referir-se “a condição objetiva de
punibilidade”, mas Pacelli defende que também pode ser enquadrada como condição de
procedibilidade. Entende que é condição objetiva de punibilidade Renato Brasileiro, em
razão do que dispõe o art. 180 da Lei nº 11.101/05, ainda que a lei antiga a tivesse como
condição de procedibilidade (p. 203/204, 2014); IV) nos crimes contra a ordem tributária, já
pacificou o STF que o lançamento definitivo do tributo (SV24) é condição objetiva de
punibilidade e não de procedibilidade, cabendo ressaltar que essa condição objetiva de
punibilidade (a conclusão do processo administrativo) não é exigida para a deflagração da
ação penal pelos crimes formais contra a ordem tributária, a ex. do art. 2º, I, da Lei nº
8.137/90 (Brasileiro, p. 208, 2014);
E) justa causa: o que era antes criação doutrinária tornou-se matéria legal – artigo 395, III,
do CPP após alteração da Lei 11.719/08. Exige-se que a inicial acusatória venha
acompanhada de um suporte probatório mínimo. Visa preservar o estado de dignidade
mínimo do acusado dos efeitos nocivos daquele que sofre uma demanda criminal. Mas para
Pacelli, seu fundamento é também um desdobramento da ampla defesa, eis que o acusado
somente poderá opor-se aos fatos contra si articulados se tiver conhecimento dos elementos
mínimos utilizados na formação da opinio delicti do órgão acusatório. Pacelli entende que a
justa causa pode inclusive ser utilizada no curso de inquérito policial quando absolutamente
inexistentes quaisquer indícios.
Questão da prova oral: Quais são as condições da ação penal? (resposta completa na pg
45 do arquivo consolidado de questões do grupo IV – alguém tem esse arquivo). A
resposta traz como condições específicas genéricas a legitimidade ad causam, interesse de
agir, possibilidade jurídica do pedido e justa causa. Como condições específicas menciona
as condições de procedibilidade e as condições objetivas de punibilidade.
2.Pressupostos processuais:
Súmulas do STJ
Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
64
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. (Súmula 330, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 13/09/2006, DJ 20/09/2006 p. 232)
Súmulas do STF
Informativo do STF
- Nº 714 :
Denúncia (ação penal) formulada com base em inquérito civil
É possível o oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no
âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público.
STF. Plenário. AP 565/RO, rel. Min. Cármen Lúcia, 7 e 8/8/2013.
65
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
OBS Vitaminada: Seu ingresso somente é admitido, após a instauração da demanda, com
o recebimento da denúncia. Na hipótese de rejeição, o assistente não tem legitimidade
recursal para recorrer, nos termos do art. 271 do CPP (Pacelli, p. 486, 2014).
Somente os crimes com sujeito passivo determinado admitem a assistência, de acordo com
Nestor Távora. Cumpre observar que Pacelli destaca que no caso do crime do artigo 184 do
CP, há previsão no artigo 530-H da legitimidade de associações de direitos de autor e os
que lhe são conexos, para atuar em nome próprio como assistente.
Pode a pessoa jurídica de direito público atuar como assistente de acusação? Pacelli
entende que sim, mas desde que haja comprovado interesse distinto daquele defendido pelo
MP. Cita como exemplo o caso de um Município que possui interesse em ação penal contra
servidor acusado de peculato por desvio de verbas públicas (o interesse seria em reaver os
bens indevidamente desviados, bem como a aplicação de futura sanção administrativa –
pela amplitude do campo probatório no processo penal). O interesse da pessoa jurídica de
direito público apenas como custos legis não se justifica, de acordo com Pacelli, pois neste
caso o Estado já está representado pelo parquet.
O assistente (ofendido ou as pessoas citadas no art. 31, CPP) pode intervir nas ações
públicas (art. 268, CPP), desde a propositura até o trânsito em julgado (art. 269), recebendo
o processo no estado em que se encontrar. Contudo, conforme destacada Pacelli, sendo a
66
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Há duas grandes discussões acerca do assistente, quais sejam, se ele poderá recorrer de
sentença absolutória, caso o MP não recorra; e se ele poderá recorrer para elevar a pena
fixada na sentença condenatória. O STF pacificou o entendimento de que o assistente
poderá recorrer da sentença absolutória. (HC 100243, p. 25/10/10, HC 102085, p.
27/08/10), caso o MP não recorra (no mesmo sentido defende Pacelli), em que pese
algumas opiniões doutrinárias afirmando a inconstitucionalidade desta interpretação diante
do art. 129, I, CF (titularidade do MP quanto à ação penal pública). Reconheceu-se a
validade da Súmula 210 (“o assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive
extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do código de
processo penal”) à luz da CF/88. A posição do STJ é a mesma (HC 137339, p. 01/02/11),
admitindo-se a atuação do assistente em caso de inércia do MP ou de recurso parcial. V.
também Súmula 208 STF (“o assistente do MP não pode recorrer extraordinariamente de
decisão concessiva de HC”).
Por outro lado, posicionam-se STF e STJ pela admissibilidade do recurso do assistente para
elevação da pena fixada na sentença condenatória, sob o fundamento de que a legitimidade
do assistente está calcada na busca por uma sentença justa e adequada, e não apenas pelo
interesse econômico resumido na criação do título executivo (art., 63, CPP), a saber: STF,
HC 102085, p. 27/08/10 STJ, HC 137339, p. 01/02/11, Resp. 696038, p. 26/05/08).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O prazo para o assistente recorrer é o mesmo conferido ao MP, sendo que, como o
exercício dessa faculdade é supletiva, o prazo começará a contar do encerramento do prazo
do MP. Caso não esteja habilitado, o recurso deverá ser interposto no prazo de 15 dias, a
contar do dia em que terminar o prazo do MP, nos termos do parágrafo único do art. 598,
CPP (Súmula n. 448, STF).
O corréu não pode ser assistente da acusação contra os demais corréus (art. 270, CPP). A
assistência deve ser conduzida por advogado habilitado.
INFORMATIVOS
STJ:
519:
Não há nulidade processual na hipótese em que o assistente de acusação, por não ter
arrazoado recurso interposto pelo MP após ter sido intimado para tanto, deixe de ser
intimado quanto aos atos processuais subsequentes. REsp 1.035.320-SP, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 2/4/2013
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Para viabilizar a atuação estatal na apuração dos delitos, é mister o acesso do poder público
às informações veiculadas por qualquer meio. O processo penal só se aproxima da justiça
e verdade material quando não tolera limites à busca da prova. Em um Estado
democrático de direito, em que o poder é visível e legítimo, não se justifica fazer do
sigilo um dogma, até porque os agentes públicos devem fazer o uso devido da informação
sigilosa, sob pena de cometerem crime (BATINI, 1996).
Gravações ambientais: apesar de não constar expressamente no ponto, tal matéria tem
sido objeto de questionamento em muitos certames e foi abordada pelo examinador na
questão nº 109 da prova objetiva do 26º Concurso do MPF. Percebe-se que os dois
primeiros enunciados estão em harmonia com a posição defendida por Eugênio Pacelli,
para quem o que irá determinar a ilicitude da prova no caso de gravação não é o fato de
haver sido realizada por terceiros ou por um dos interlocutores da conversa, mas sim a
existência ou não de justa causa para sua divulgação. Pacelli cita como exemplo de justa
causa o disposto no artigo 153 do CP. Trata-se a justa causa, neste ponto, de acordo com o
autor, de uma “motivação que possa ser validamente reconhecida pelo direito”. Sustenta
posição no sentido de que as gravações devem ser analisadas dentro do conceito de
tipicidade conglobante de Zaffaroni. Quando não afastada a ilicitude da gravação, sua
utilização deve ser pautada pelo princípio da proporcionalidade. Importante observar ainda
que Pacelli salienta que a gravação feita sem o consentimento de um dos interlocutores e na
qual é obtida a confissão de um crime não é admissível no processo por violar o direito ao
silêncio. Nesse sentido entendeu o STF (HC 69.818).
Contudo, cumpre destacar que é inconstitucional o art. 3º da Lei 9.034/953 na parte não
revogada pela LC 105/01 (ADI 1570) — há comprometimento do princípio da
imparcialidade e consequente violação ao devido processo legal; além disso, as funções
de investigador e inquisidor são conferidas ao Ministério Público e às Polícias Federal e
Civil (CF, artigo 129, I e VIII e § 2o; e 144, § 1o, I e IV, e § 4o)—, é inconstitucional o art.
3º da Lei 9.296/96, ao permitir que o juiz, na fase pré-processual, determine de ofício a
interceptação telefônica. Esse dispositivo deve ser interpretado conforme a CR, limitando-
se sua aplicação à fase processual, quando os postulados da imparcialidade judicial e do
sistema acusatório, embora vigentes, devem ser harmonizados com os princípios da
verdade real e livre convencimento (parecer na ADI 4112 – Duprat). O prazo para a
interceptação é de 15 dias renovável por mais 15. Contudo, a posição do STF (HC
83.515/RS), bem como do STJ (HC 50.193) é no sentido da possibilidade de renovação
tantas vezes quanto for necessário, desde que comprovada a indispensabilidade da
diligência. No entanto, como nenhum direito fundamental pode se restringido
indefinidamente, o excesso não pode ser desarrazoado, caso em que a prova será ilícita.
Nesse sentido se manifestou o STJ no HC 76.686-PR, em decisão inédita, na qual anulou
quase 2 anos de interceptações, eis que foram prorrogadas sem justificativa razoável. Por
fim, conforme destaca Pacelli, a quebra do sigilo dos dados telefônicos (dos registros dos
telefonemas dados e recebidos por um aparelho) também necessitam de autorização judicial
por tais informações estarem abrangidas pela privacidade e intimidade do
investigado/acusado (o STF entende, contudo, conforme decisão no MS 24817, que o sigilo
dos dados telefônicos – e não o conteúdo das comunicações – pode ser acessado por CPI do
Poder Legislativo). Prova encontrada e “crimes de catálogo” – STF HC nº 100.524/PR,
verbis: “É lícita a utilização de informações obtidas por intermédio de interceptação
telefônica para se apurar delito diverso daquele que deu ensejo a essa diligência, (...)
sendo incontestável o reconhecimento da licitude da prova encontrada quando o fato
desvelado fortuitamente se encontre entre os chamados ‘crimes de catálogo’ - isto é, entre
aqueles para a investigação dos quais se permite autorizar a interceptação telefônica”.
Sigilos bancário e fiscal: em relação aos sigilos bancário e fiscal, Pacelli defende que a lei
pode atribuir a outras autoridades do Poder Público a flexibilização do direito à
intimidade/vida privada que não se apresenta como absoluto. Assim, o referido autor
entende não ser inconstitucional a LC 105/01, ao autorizar as autoridades fazendárias,
desde que haja procedimento administrativo ou fiscal instaurado a examinar documentos,
livros, registros, incluindo os referentes a contas e aplicações financeiras. Em relação ao
tema, percebe-se que o STF no julgamento do RE 389.808 entendeu ser necessária
autorização judicial para os atos previsto na LC 105/01. Contudo, em face da mudança na
composição do STF não se sabe ainda qual será a posição definitiva sobre o tema,
encontrando-se pendente de julgamento ADI nº 4010 sobre o tema e repercussão geral
reconhecida no RE nº 601.314/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski. O STJ tem entendido
pela necessidade de autorização judicial (5ª Turma, HC 160.646, julgado em 01.09.2011 –
Informativo STJ nº 482). Porém, Pacelli critica tal posição e entende que a LC 105/01
respeitou a proporcionalidade, bem como a LC nº 75/93 ao permitir acesso aos dados por
parte dos membros do MPU.
com recursos subsidiados pelo erário federal, a pretexto do sigilo bancário. Contudo,
conforme destaca Pacelli, tal precedente não tratava de quebra de sigilo, mas sim de
rastreamento de verbas públicas.
Acesso aos dados bancários, fiscais e registros telefônicos por CPI: o STF no
julgamento do MS 24.817 entendeu que o sigilo bancário, fiscal e de registros telefônicos
são garantias que não estão cobertas pela reserva absoluta de jurisdição. De fato,
atualmente a jurisprudência não admite, por nenhum motivo, a quebra do sigilo bancário
sem o socorro judicial, exceção feita à CPI. Há hoje dois conceitos de reserva de
jurisdição: um, mais amplo, impedindo o acesso às liberdades públicas a qualquer
autoridade que não o juiz; outro mais, restrito, aplicável às CPIs, relativamente à prisão,
busca domiciliar e interceptação de comunicação de dados e telefônica (PACELLI e
FISCHER, 2011, pp. 307,308 e 310).
Por fim, merece destaque a posição firmada no STF (ACO 730-RJ, julgada em 2004), no
sentido de que a quebra de sigilo bancário é poder inerente às CPIs Federais e
Estaduais, mas não pode ser determinada por CPI Municipal.
a) ( ) a jurisprudência atual dos tribunais superiores não vem admitindo como lícita a
gravação feita por um dos interlocutores da conversa.
b) ( ) o pedido de quebra de sigilo telefônico deverá ser feito sempre por escrito e decidido
de forma fundamentada.
73
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012.
Denilson Feitosa. Direito Processual Penal. Teoria, Crítica e Práxis. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2010.
Legislação básica: Art. 17 do CPP, Enunciados 2° CCR: 5, 7, 9, 10, 19, 21, 25, 29, 32, 33,
34, 35, 36, Súmula 524 do STF.
1. Noções Gerais.
Caso requerido o arquivamento, o juiz poderá adotar duas vias possíveis: a) concordar
com o pedido, determinando o arquivamento dos autos, que, em tese, apenas poderão ser
reabertos a partir do surgimento de provas novas – tal decisão, com eficácia preclusiva de
coisa julgada formal, em regra, na medida em que impede, diante daquele conjunto
probatório, a rediscussão ou novas investidas sobre o fato, é denominada de arquivamento
direto. Certo é que arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. (Súmula 524 do
STF). b) discordar do pedido (art. 28, CPP) encaminhando para o PGJ (MPE) ou para 2°
Câmara de Coordenação e Revisão (MPF, salvo no caso de atribuição originária do PGR,
art. 46, parágrafo único, III, art. 48, II, e art. 62, IV, todos da LC 75/93). Caso o PGR
requeira arquivamento do inquérito, não se aplica o art. 28, CPP, sendo o STF compelido a
determinar a providência (Pet. 2509 Agr/ MG e Pet. 2820 Agr/RN). 2° Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF (2° CCR) poderá: a) designar outro membro do MP para
denunciar. A posição majoritária é que esse outro membro é obrigado a oferecer denúncia,
74
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
pois funciona por delegação (Pacelli, 2012, p. 70); b) insistir no arquivamento, caso em que
o juiz é obrigado a arquivar.
Não é possível a reabertura de inquérito policial quando este houver sido arquivado a
pedido do Ministério Público e mediante decisão judicial, com apoio na extinção da
punibilidade do indiciado ou na atipicidade penal da conduta a ele imputada, casos em que
se opera a coisa julgada material (STF – Informativo 367), ainda que emanada a decisão de
juiz absolutamente incompetente. No RMS 3785/MG, o STJ entendeu ser nula a decisão de
juiz constitucionalmente incompetente que determina o arquivamento do inquérito policial.
75
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Não cabe recurso da decisão que determina o arquivamento do inquérito policial ou das
peças de informação (PACELLI, p. 68).
76
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012.
Denilson Feitosa. Direito Processual Penal. Teoria, Crítica e Práxis. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2010.
Nestor Távora. Curso de Direito Processual Penal. 3ªed. Editora Jus Podivm, Salvador,
2009.
Legislação básica: Art. 5º, LV, da CF. Art. 261, 263 e 265 do CPP. STF: Súmula
vinculante 14; Súmulas: 523, 701, 704 e 708.
1. Noções Gerais.
Defesa técnica: todo ato processual deve ser obrigatoriamente realizado na presença de um
defensor, devidamente habilitado nos quadros da OAB, seja ele constituído, nomeado (por
procuração ou indicado por ocasião do interrogatório) exclusivamente para o ato (ad hoc)
ou dativo (art. 261, CPP). Nos Estados em que a Defensoria Pública já tiver sido
constituída, a defesa dativa será exercida normalmente por um membro da instituição, que
tem, como prerrogativa funcional de destaque, a contagem em dobro de seus prazos
procedimentais (LC 80)
77
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Qualquer que seja o espaço institucional de sua atuação (Poder Legislativo, Poder
Executivo ou Poder Judiciário), ao Advogado incumbe neutralizar os abusos, fazer cessar o
arbítrio, exigir respeito ao ordenamento jurídico e velar pela integridade das garantias
jurídicas do réu, dentre as quais, destacam-se a prerrogativa contra a autoincriminação e o
direito de não ser tratado, pelas autoridades públicas, como se culpado fosse (STF,
Informativo 498, Transcrições).
Não é por outro motivo que o réu tem o direito de escolher o seu próprio defensor. Essa
liberdade de escolha traduz, no plano da ‘persecutio criminis’, específica projeção do
postulado da amplitude de defesa proclamado pela Constituição (STF - HC 75.962/RJ, Rel.
Min. ILMAR GALVÃO). No entanto, a defesa técnica é aquela exercida por profissional
legalmente habilitado, com capacidade postulatória, constituindo direito indisponível e
irrenunciável. Ao acusado, contudo, não é dado apresentar sua própria defesa, quando não
possuir capacidade postulatória (STF - HC 102.019, Rel. Min. Ricardo Lewandowski).
Mesmo nos Juizados Especiais Criminais: ADI 3.168, Rel. Min. Joaquim Barbosa. Note-se,
porém, que, em recente julgado, a 1ª do Supremo entendeu não haver nulidade em processo
criminal no qual a defesa foi feita por advogado licenciado da OAB. (HC 99.457/RS).
Nesse sentido, se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o
seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se,
caso tenha habilitação (art. 263 do CPP). A ausência de advogado em audiência, caso seja
provado o impedimento antes do início, enseja seu adiamento, caso injustificada, será
nomeado defensor ad hoc para a realização do ato (art. 265, §1° e §2°, CPP), no caso de
falta injustificada do advogado em sessão do júri, haverá adiamento da mesma uma só vez
(art. 456, CPP).
Ausência de alegações finais gera nulidade relativa (HC 80281, STF). No entanto, Eugênio
Pacelli entende que é causa de nulidade absoluta, bem como a ausência de nomeação de
defensor ao réu para a realização do interrogatório (2012, p. 469). Ausência de razões de
apelo, assim como, contrarrazões à apelação do MP não é causa de nulidade por
cerceamento de defesa, se e quando o defensor constituído pelo réu foi devidamente
intimado a apresentá-la (HC 91251/RJ, STF). Pacelli entende que a ausência de
contrarrazões da defesa ao recurso da acusação gera nulidade (2012, p. 893). Já foi
reconhecida a nulidade absoluta no processo em que o advogado constituído pela parte
confessara a imputação, por ausência de defesa técnica (HC, 82672, STF).
78
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
14).
79
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2012.
Renato Brasileiro. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012.
Denílson Feitosa. Direito Processual Penal. Teoria, Crítica e Práxis. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2010.
Nestor Távora. Curso de Direito Processual Penal. 3ªed. Editora Jus Podivm, Salvador,
2009.
Legislação básica: Art. 251 e seguintes do CPP; art. 257 e seguintes do CPP.
Noções gerais.
80
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O Supremo Tribunal Federal, a seu turno, já se manifestou por diversas vezes pela
inexistência do princípio do promotor natural no ordenamento jurídico brasileiro (HC
90.277, Rel. Min. Ellen Gracie; HC 67.759, Pleno, DJ de 1-7-1993). O Ministro Celso de
Mello acolhe o princípio do promotor natural, entendendo que sua aplicação necessita
apenas de ‘interpositio legislatoris’ para efeito de atuação do princípio. Já os Min.
Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio e Carlos Velloso manifestaram-se pela incidência do
postulado, independentemente de intermediação legislativa. Reconhecimento da
possibilidade de instituição de princípio do promotor natural mediante lei (Min. Sydney
Sanches).
O princípio do juiz natural, ínsito aos direitos fundamentais do processo, consiste em saber,
previamente, a autoridade que irá julgado. O juiz natural é aquele constitucionalmente
competente em razão da matéria ou da função exercida pelo réu, pressupondo ainda (do
ponto de vista substancial) o juiz imparcial e independente, sobretudo porque a
imparcialidade sem independência não nos parece realizável. Em outras palavras, proíbe-se
o juízo de exceção, isto é, instituído após o delito com o objetivo exclusivo de julgá-lo.
81
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Durante a fase policial, a atuação do juiz deve restringir-se à garantia dos direitos
fundamentais do investigado (cláusulas de reserva), incumbindo à autoridade policial e ao
MP conduzir as investigações. Por fim, a reforma do CPP de 2008 (Lei n.º 11.719/08)
trouxe o princípio da identidade física do juiz, vinculando aquele que realizou a instrução
ao julgamento da causa, com as ressalvas do art. 132 do CPC, aplicado subsidiariamente,
para as hipóteses em que o juiz for convocado, estiver licenciado, afastado por qualquer
motivo, promovido ou aposentado, casos em que o feito será passado ao seu sucessor.
Na fase processual, faculta-se ao juiz uma iniciativa probatória, mas não acusatória, no
sentido de que somente deve se desenvolver a partir da existência de uma dúvida razoável
sobre ponto relevante do processo, não sendo aceitável, porém, em hipótese alguma, a
adoção de posição supletiva ou subsidiária da atuação do órgão de acusação (PACELLI, p.
448).
82
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Curso de Processo Penal, Eugênio Pacelli de Oliveira, 16ª Edição, editora: Atlas/ 2012;
Direito Penal Esquematizado, vol.1, Parte Geral, Cleber Masson, 4ª edição, editora
Método/2011;
Código Penal para concursos, Rogério Sanches Cunha, 3ª edição, editora Jus Podivm/2010.
Manual de Processo Penal. Renato Brasileiro de Lima. 2ª ed. Salvador: Juspodivm. 2014.
Legislação básica. Artigo 91 do CP; Artigos 63, 64, 65, 66, 67, 68, 387 do CPP.
Previsão legal: A lesão causada pelo crime pode atingir, diretamente, a coletividade do
corpo social, tal como ocorre no tráfico de drogas, como pode afetar mais intensamente o
patrimônio de uma determinada pessoa. À luz do art. 91, I, do CP, é efeito da condenação
“tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime”. Em sintonia com esse
dispositivo, o art. 63 do CPP estatui que: “transitada em julgado a sentença condenatória,
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para efeito de reparação do dano, o
ofendido, seu representante legal e seus herdeiros”. Nessa linha, o art. 475 – N, I, do CPC
dispõe ser título executivo judicial a sentença penal condenatória transitada em julgado.
Possibilidades à vítima: Como explica Pacelli, será possível à vítima escolher a via
83
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Possibilidade de suspensão da ação cível: Não se pode olvidar, ainda, do quanto disposto
no art. 64 do CPP: “intentada a ação penal, o juízo da ação civil poderá suspender o
curso desta, até o julgamento definitivo daquela”. Pacelli explica que: “tratando do
julgamento de um mesmo fato e da mesma causa de pedir, a busca de uma única solução
para ambas as instâncias deve passar pelo modelo processual para o qual sejam previstas
menores restrições à prova e em que o grau de certeza a ser obtido na reconstrução dos
fatos seja elaborado a partir de provas materialmente comprovadas. (...) Com efeito, uma
vez admitida a hipótese de subordinação de uma instância a outra, ainda que apenas em
relação a determinadas questões, a relação de dependência há de ser do juízo cível para o
juízo criminal.”
Coisa julgada no cível: Pacelli enuncia que o CPP, art. 65, dispõe que faz coisa julgada
no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade,
em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular do
direito. Expõe que, apesar de parcela da doutrina entender abrangidas pelo dispositivo as
hipóteses de estado de necessidade ou legítima defesa putativas, seu entendimento é em
sentido contrário, não havendo exclusão de responsabilidade civil nas hipóteses de
putatividade por ausência de previsão legal e por entender incabível interpretação extensiva
ou analógica.
Ainda sobre o art. 65 do CPP, Pacelli anota que embora seja vedada a reabertura da
discussão acerca das matérias decididas (excludentes reais), a responsabilidade civil não
estará afastada quando houver expressa previsão legal nesse sentido, ou seja, prevendo a
recomposição do dano, mesmo nas hipóteses de legítima defesa, estado de necessidade,
estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito. Assim, por exemplo, os
art. 929 e 930 CC preveem que o agente causador do dano à coisa deverá indenizar o
proprietário desta ainda que tenha agido – e assim causado o dano – em legítima defesa ou
em exercício regular de um direito (art. 188, I e II CC) ou a fim de remover perigo
iminente, desde que o dono da coisa não seja culpado pelo perigo ou responsável pela
agressão, e que tenha efetivamente sofrido prejuízo.
Paulo Queiroz, citado por Rogério Sanches Cunha explica que: “não fazem coisa julgada no
cível, por não terem natureza condenatória: a) a sentença que concede perdão judicial
(Súmula 18 do STJ); (...) c) a sentença que homologo (sic) a composição e a transação
penal (Lei 9.099/95).”
84
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
com trânsito em julgado for absolvido em revisão criminal, desaparece a força executiva,
mesmo se já tiver sido iniciada a execução civil.
Por fim, dispõe o art. 66 que: “não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação
civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a
inexistência material do fato”.
Art. 387, inc. IV, CPP: hipótese semelhante já era contemplada para os crimes ambientais
(art. 20 da Lei 9.605/98: “a sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente”). Tal hipótese prevê um valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido, independentemente da habilitação do ofendido e de pedido explícito do órgão
acusatório (sem que o acusado possa arguir eventual ofensa aos princípios do contraditório,
da ampla defesa e da inércia da jurisdição). Vale ressaltar que se trata de valor mínimo,
nada impedindo que o ofendido ajuíze nova ação pleiteando a reparação integral dos danos
sofridos, materiais, morais, estéticos, emergentes e cessantes (Brasileiro, p. 299/302).
Natureza do dano cuja indenização mínima pode ser fixada na sentença condenatória: pode
ser material (emergentes e os lucros cessantes), moral e estético. A propósito, é o teor do
Enunciado nº 16 do 1º Fórum Nacional de Juízes Federais Criminais (FONACRIM): “O
valor mínimo para reparação dos danos causados pelo crime pode abranger danos
morais” (Brasileiro, p. 303, 2014).
85
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Doutrina majoritária (inclusive Pacelli) entende que o quantum mínimo deve ser
fixado de ofício pelo juiz, por se tratar de um dever estabelecido legalmente (não haveria
necessidade de pedido expresso na inicial). Há posições em sentido contrário entendendo
que em casos tais haveria afronta ao princípio acusatório. Pacelli (p. 657/658) explica que a
nova legislação (art. 387, inc. IV, CPP) deve ser entendida em seus estritos termos
(abarcando apenas os prejuízos materiais efetivamente comprovados), impedindo o
alargamento da instrução criminal para a discussão acerca dos possíveis desdobramentos da
responsabilidade civil. Para o citado autor não há que se pretender discutir (no bojo da
instrução criminal para fins de fixação do valor mínimo), por exemplo, o dever de
reparação do dano moral ou mesmo dos danos emergentes.
Recentes julgados do Superior Tribunal de Justiça sobre o art. 387, inc. IV do CPP:
I. O art. 387, IV, do Código de Processo Penal, na redação dada pela Lei 11.719, de 20 de
junho de 2008, estabelece que o Juiz, ao proferir sentença condenatória fixará um valor
mínimo para a reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido.
II. Hipótese em que o Tribunal a quo afastou a aplicação do valor mínimo para reparação
dos danos causados à vítima porque a questão não foi debatida nos autos.
1. A regra estabelecida pelo art. 387, IV, do Código de Processo Penal, por ser de natureza
processual, aplica-se a processos em curso.
2. Inexistindo nos autos elementos que permitam a fixação do valor, mesmo que
mínimo, para reparação dos danos causados pela infração, o pedido de indenização
civil não pode prosperar, sob pena de cerceamento de defesa.
3. Recurso especial conhecido, mas improvido.” (REsp 1176708 / RS; data de julgamento:
12/06/2012)
87
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Curso de Processo Penal, Eugênio Pacelli de Oliveira, 16ª Edição, editora: Atlas/ 2012;
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 9. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2009.
Além das partes propriamente ditas, autor e réu, do assistente e do juiz, outras pessoas, em
maior ou menor escala, são também chamadas a intervir no processo, regulando o nosso
CPP as participações dos funcionários da Justiça (Capítulo V, art. 274) e dos peritos e
intérpretes (Capítulo VI).
Os peritos e intérpretes são os auxiliares eventuais da justiça. Colaboram com o juiz nos
pontos em que este precisa de esclarecimentos ou de conhecimentos especializados. Mas
ainda que não se trate de peritos oficiais e, sim, de particulares, portadores da idoneidade e
88
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
da habilitação técnica exigida pelo parágrafo primeiro do artigo 159 do CPP, na ausência
dos primeiros estarão todos eles submetidos à disciplina judiciária, em razão de estarem
exercendo função pública, debaixo, pois, do princípio da legalidade que norteia a
Administração Pública. Os arts. 275 a 281 do CPP tratam dos peritos e intérpretes. A
atividade desenvolvida pelos peritos e intérpretes é eminentemente técnica e destina-se à
formação do convencimento judicial na apreciação da prova, o que é suficiente para
dimensionar a sua importância e a necessidade de acautelamento quanto à qualidade e a
idoneidade do serviço prestado. Mostra-se possível a condução coercitiva do
perito/intérprete em caso de seu não comparecimento sem justa causa (CPP, art. 278).
Todavia, observa Nucci: “de que adianta obrigar um profissional qualquer a realizar um
laudo a contragosto, se é ele justamente o encarregado de auxiliar o juiz no seu
esclarecimento sobre a matéria que lhe é desconhecida? Mais eficaz é nomear outro
profissional, menos renitente, para o desempenho da função, em nome do interesse da
justiça e das partes” (p. 581).
O art. 280 do CPP estabelece que as mesmas prescrições sobre suspeição dos juízes são
aplicáveis aos peritos. Os intérpretes são equiparados aos peritos (art. 281, CPP),
recebendo, portanto, idêntico tratamento. Pacelli afirma que as causas de impedimentos e
incompatibilidades também devem ser aplicadas aos peritos e intérpretes, diante da
necessidade de se preservar a sua absoluta imparcialidade diante do caso penal. Não é por
outra razão que os peritos e intérpretes podem responder pelo crime de falsa perícia,
conforme disposto no art. 342 do CP.
O art. 279 do CPP aponta os impedimentos específicos dos peritos. Não podem ser peritos:
a) os que estiverem sujeitos a penas restritivas de direito de interdição temporária do
exercício da profissão ou cargo público; b) os que tiverem prestado depoimento no
processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia; c) os analfabetos e os menores
de 21 anos.
89
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar. Curso de Direito Processual Penal. 5ª ed. Ed.
Juspodivm, 2011; Eugênio Pacelli. Curso de Processo Penal. 16ª ed. Editora Atlas, 2012.
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Volume único. Salvador:
Editora Juspodivm, 2014.
Legislação básica. Arts. 222; 222-A; 230; 289; 353 a 355 ; 368; 369; 780; 784 a 786 ; art.
202 do CPC; Resolução n. 09 do STJ.
1) Carta precatória
É o ato de cooperação entre órgãos judiciais que não têm entre si relação de subordinação.
O STF e o STJ jamais expedem precatória, pois todos os demais órgãos judiciários do país
lhe são subordinados. Três são os tipos de atos praticados por precatória: a) comunicação
processual; b) realização de prova pericial; c) atos de constrição judicial.
No que concerne aos atos de comunicação processual, um juiz (deprecante) envia carta
precatória para o juiz de outra comarca (deprecado), no intuito de que este cite/intime o réu
ou testemunha para comparecer aos autos. É uma competência funcional horizontal, não
havendo hierarquia entre deprecante e deprecado. De acordo com o art. 354 do CPP, nesta
carta deve haver indicação: “I – do juiz deprecado e o juiz deprecante; II – a sede da
jurisdição de um e de outro; III – o fim para que é feita a citação, com todas as
especificações; IV – o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer”.
1.1) Carta precatória e citação: a citação ocorrerá por carta precatória, nas hipóteses em
que o réu residir em comarca distinta da jurisdição do juiz do processo crime. No juízo
deprecado, uma vez exarado o “cumpra-se”, a citação será realizada pelo oficial de justiça
conforme as regras da citação por mandado ou conforme as regras da citação por hora certa
(art. 362 do CPP). Em situações de urgência, é plausível a precatória telegráfica ou por
meios eletrônicos. Se o juízo deprecado não tiver jurisdição sobre o local de residência do
citando ou se este mudou de residência para localidade conhecida, a precatória ganhará
contornos itinerantes (bastará que o juízo deprecado, se ainda estiver em tempo, remeta
carta para o juízo com competência para fazer a citação, comunicando ao juízo deprecante).
90
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1.3) O interrogatório pode ser feito por carta precatória, mesmo diante do princípio
da identidade física do juiz (art. 399, 2, CPP)? O princípio da identidade física do juiz
não impede a expedição de cartas precatórias, tendo em vista o maior peso que deve ser
atribuído ao princípio da ampla defesa e ao direito de audiência (de ser ouvido) do réu.
2) Carta de ordem.
3) Carta rogatória.
As cartas rogatórias podem ser ativas e passivas. A ativa é a expedida por autoridade
judiciária nacional para a realização de diligência em outros países (arts. 201 e 210 do CPC
e arts. 368, 369 e 783 do CPP). A rogatória passiva, por sua vez, é proveniente de juízes e
tribunais estrangeiros e tem por objeto a pratica de ato processual no Brasil, após a
concessão do exequatur (do “cumpra-se”) pelo Superior Tribunal de Justiça (arts. 784, 785
e 786 do CPP). Há uma fase, por assim dizer, instrutória. Recebida a rogatória, o
interessado residente no país será intimado para, querendo, impugnar a pretensão
alienígena. Todavia, a impugnação ao cumprimento da rogatória haverá de limitar-se
às questões atinentes a possíveis violações à soberania nacional, à ordem pública ou à
ausência de autenticidade. As rogatórias passivas devem receber o exequatur do
Presidente do STJ ou da Corte Especial (este último caso ocorrerá se houver impugnação às
rogatórias decisórias: art. 105, I, i, CF, RI STJ e Res. 9 do STJ).
91
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Como regra, o ente estatal não é obrigado a prestar a cooperação solicitada, exceto se o
pedido atender aos requisitos estabelecidos em seu próprio ordenamento interno ou em
tratados.
A partir da Lei 11.419/06, a carta de ordem, carta precatória ou carta rogatória pode ser
remetidas por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na
forma da lei (art. 202, §3º, do CPC).
De acordo com o STJ, a Corte Especial apenas deve realizar um juízo delibatório quando
do exame das cartas rogatórias, ou seja, deve apenas verificar se estão presentes os
requisitos da Resolução n. 09 do STJ e se não há ofensa à soberania nacional e à ordem
pública (AgRg na CR 4635/CH). Neste cenário, a doutrina e o STJ afirmam que o Brasil
adotou o sistema da contenciosidade limitada na análise das cartas rogatórias e das
sentenças estrangeiras. Por tal sistema, a defesa somente poderá versar sobre: a)
autenticidade de documento; b) a inteligência da decisão; c) a inobservância dos requisitos
da Resolução n. 9 do STJ; d) a afronta à soberania e à ordem pública.
92
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
“O princípio da proporcionalidade quer significar que o Estado não deve agir com demasia,
tampouco de modo insuficiente na consecução de seus objetivos. Exageros, para mais
[excessos] ou para menos [deficiência], configuram irretorquíveis violações ao princípio”
(Juarez Freitas apud Fischer, p. 76). Tal princípio não está previsto expressamente na CF.
Barroso aduz que aludido princípio é “produto da conjugação de ideias vindas de dois
sistemas diversos: (i) da doutrina do devido processo legal substantivo do direito norte-
americano, onde a matéria foi pioneiramente tratada; e (ii) do princípio da
proporcionalidade do direito alemão” (p. 255). No direito norte-americano, a razoabilidade
era um princípio constitucional utilizado como parâmetro para o controle de
constitucionalidade. No direito alemão, a proporcionalidade servia como limitação à
discricionariedade administrativa. Conclui que “um e outro abrigam os mesmos valores
subjacentes: racionalidade, justiça, medida adequada, senso comum, rejeição aos atos
arbitrários ou caprichosos” (p. 258). O STF trata-os como sinônimos, diferentemente de
Humberto Ávila e Luís Virgílio Afonso da Silva, por exemplo.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
2) critério para a decretação das medidas cautelares: servirá como parâmetro aferidor da
constitucionalidade de medida que implique restrição a direito fundamental. Considerando
a função instrumental dessas medidas cautelares, a qual é voltada para os resultados finais
do processo, visando garantir a efetividade da persecução penal, somente mostrar-se-á
razoável quando não acarretar consequências mais gravosas que eventual condenação. “A
proporcionalidade da prisão cautelar é, portanto, a medida de sua legitimação, a sua ratio
essendi.” (Pacelli, p. 469). 3) fixação das penas em abstrato e em concreto: critérios que
devem ser adotados para definir qual a sanção ou qual a quantidade da pena será
proporcional a um determinado delito. No plano legislativo, deve haver relação
proporcional entre a gravidade abstrata do delito e a pena cominada, considerando os meios
e os fins da pena, além do bem jurídico tutelado penal norma penal. No plano judicial,
quando da aplicação concreta da pena, esta não poderá divorciar-se da gravidade do caso
concreto.
Leitura Complementar:
- SILVA JÚNIOR, Walter Nunes da. Curso de direito processual penal: teoria
(constitucional) do processo penal. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: artigo 5º, XI; LXI; CF. Art. 282 – 320 do CPP. Súmulas 145, 397, 717
e vinculante 11, todas do STF e 21, 52 do STJ.
Espécies de prisões: 1º) Prisão penal: é a decretada por juiz para fins penais, durante a fase
investigatória, processual penal ou na sentença. Divide-se em prisão definitiva (ocorre após
o trânsito em julgado) e prisão provisória, cautelar ou processual (que se dá antes do
trânsito em julgado); 2º) Prisão extrapenal: é uma modalidade excepcional de prisão e não
decorre de uma decisão judicial proferida em sede penal. Por exemplo, a do devedor de
alimentos (art. 5º, LXVII, CF) e a prisão administrativa (disciplinar) – (Gomes e Marques,
p. 24). Em sentido contrário, defendendo a inexistência de prisão administrativa
(Mendonça, p. 95 e Pacelli, p. 53). Não subsiste mais a prisão do depositário infiel - RE
466.343/SP, STF. Após a Lei nº 12.403/11, só existem 03 espécies de prisão cautelar:
prisão em flagrante, prisão preventiva e prisão temporária. Foram expressamente revogadas
a prisão decorrente de sentença condenatória recorrível e a decorrente de pronúncia
(Mendonça, p. 87). Luiz Flávio Gomes entende que só existem 02 espécies: prisão
temporária e preventiva, pois a prisão em flagrante, quando preenchidos os requisitos,
converte-se em preventiva (p. 25).
As prisões processuais penais decorrentes de mandado somente poderão ser decretadas pelo
juiz. A CPI não pode determinar prisão, exceto em flagrante delito, pois, toda vez que a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
CF/88 disser que algo somente poderá ser feito por ordem judicial, trata de juiz stricto
sensu (reserva de jurisdição), essa é a posição do STF. A prisão deve ser decretada por
ordem de juiz, exceto em: prisão em flagrante e recaptura.
Não mais subsiste a prisão para averiguação, aquela feita pela autoridade policial, detendo
as pessoas na via pública, para “averiguá-las”, levando-as ao distrito policial para verificar
se são ou não procuradas.
Princípio da homogeneidade das prisões processuais: há que ser feita uma relação entre as
prisões processuais e a prisão pena, nos seguintes termos: a prisão processual não pode ser
mais grave que a própria pena que será aplicada ao réu. É decorrência da
proporcionalidade.
Prisão especial: é cabível para determinadas pessoas, em razão das funções públicas por
elas exercidas, da formação escolar por elas alcançada e, finalmente, em razão do exercício
de atividades religiosas. Aplicam-se apenas às prisões provisórias, ou seja, às prisões
cautelares, não se aplicando àquelas resultantes de sentença penal condenatória, também
tratadas como definitivas. Os réus sujeitos à prisão especial têm a possibilidade de auferir a
progressão de regime quando ainda estão confinados nessas celas privativas (Súmula 717
do STF).
Prisão em flagrante: é aquela que ocorre enquanto a infração está sendo cometida ou
acabou de sê-la. É uma medida restritiva da liberdade, de natureza cautelar e caráter
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
eminentemente administrativo, uma vez que não exige ordem escrita do juiz, até porque o
fato ocorre, em regra, inesperada, inopinada ou desavisadamente.
Nos crimes de ação penal pública condicionada e nos de ação penal privada, é possível a
prisão em flagrante, já que o art. 301 do CPP não faz qualquer restrição quanto à espécie do
crime ou da ação penal, exigindo-se apenas que seja preso “quem quer seja encontrado em
flagrante delito”, cujo escopo é fazer cessar a agressão, preservar a paz e a tranquilidade
social (ordem pública). Contudo, a lavratura do auto de prisão em flagrante estará
condicionada à autorização da vítima ou de seu representante legal, não se exigindo
qualquer rigor formal, basta que a esteja evidenciada a intenção do ofendido ou de quem
lhe represente legalmente acerca da responsabilização criminal de seu ofensor. Vale
ressaltar que, se a vítima não puder ir imediatamente à delegacia para proceder à
representação, poderá fazê-lo no prazo de entrega da nota de culpa, qual seja: 24 horas
(Brasileiro, 872/873).
Estados de flagrância (art. 302, CPP): 1) próprio: incisos I e II, quando o sujeito é
surpreendido praticando uma infração penal ou quando acaba de cometê-la; 2) impróprio:
inciso II (quando o agente é perseguido logo após cometer a infração penal, em situação
que se permita presumir ser o autor da infração); e 3) presumido ou ficto: inciso IV (o
agente é preso logo depois de o crime ter acontecido com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser autor da infração). O rol é taxativo. Causas excludentes de
ilicitude não impedem a prisão em flagrante.
Flagrante preparado ou provocado por obra do agente provocador (súmula 145, STF:
“não há crime, quando a preparação pela polícia torna impossível a consumação”):
fundamenta-se no art. 17, CP (crime impossível). Ocorre quando um agente provocador, ao
mesmo tempo em que induz a prática delituosa, atua adotando medidas para tornar
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Flagrante esperado: é aquele em que se aguarda pela prática do delito, prendendo o agente
quando da consumação do crime. É plenamente válido.
Flagrante forjado: cria-se, de modo criminoso, uma situação de flagrância, com o intuito
de prender alguém. Há manifesta ilegalidade, pois os agentes que criaram tal situação
podem ter cometido o delito de denunciação caluniosa ou mesmo abuso de autoridade.
Há três situações claras em que poderá ser imposta a prisão preventiva: a) a qualquer
momento da fase de investigação ou do processo, de modo autônomo e independente (art.
311, CPP); b) como conversão da prisão em flagrante, quando insuficientes ou
inadequadas outras medidas cautelares (art. 310, II, CPP), e c) em substituição à medida
cautelar eventualmente descumprida (art. 282, §4º, CPP). Nas primeiras hipóteses, a e b, a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
prisão preventiva dependerá da presença das circunstâncias fáticas e normativas do art. 312,
CPP, bem como daquelas do art. 313, CPP; na última, apontada na alínea c, retro, não se
exigirá a presença das hipóteses do art. 313, CPP. De outro lado, não será cabível a
preventiva, a) para os crimes culposos e b) quando não for prevista pena privativa da
liberdade para o delito (art. 283,§1º, CPP) - (Pacelli, p. 33). Adite-se que os crimes dolosos
devem ter pena abstrata máxima superior a 04 anos (art. 313, I, CPP), quantitativo
conciliável ao máximo autorizador da substituição por restritiva de direitos. “Não se imporá
a prisão preventiva e nem mesmo qualquer outra medida cautelar nas infrações
consideradas de menor potencial ofensivo, segundo assim dispuser a respectiva Lei
9.099/95, no âmbito dos Juizados Especiais Criminais. É que ali o processo se orienta pela
informalidade e pela pacificação do conflito, ostentando, portanto, natureza conciliatória.
Por fim, pensamos que, para as infrações penais para as quais sejam cabíveis e (desde que)
aceitas as hipóteses de suspensão condicional do processo, tais como previstas no art. 89 da
Lei 9.099/95, não se poderá recorrer às novas medidas cautelares. E assim nos parece
porque a suspensão do processo, em si, já determina a ausência de necessidade de
preservação da efetividade do processo. Não bastasse isso, as condições exigidas e impostas
para a suspensão, segundo o ali disposto (art. 89, I, II, III e IV), já oferecem garantias
acauteladoras, guardando, inclusive, identidade com as novas regras trazidas pela Lei
12.403/11” (Pacelli, p. 15-16). Pode ser decretada a qualquer tempo até o trânsito em
julgado do processo. É possível que o juiz a decrete de ofício, desde que em curso ação
penal (sistema acusatório). Quanto ao prazo, não existe previsão legal de prazo máximo,
exceção feita na Lei nº 12.850/13, art. 22, p.u., (A instrução criminal deverá ser encerrada
em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu
estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, devidamente
motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu), que
revogou a Lei nº 9.0340/95, art. 8º (81 dias, para o término da instrução criminal, se estiver
o acusado preso, tal prazo vem sendo utilizado como parâmetro pela jurisprudência, sem
embargo da análise casuística e dos requisitos do art. 312 do CPP). Deve durar enquanto
estiverem presentes os requisitos que autorizaram sua decretação, não podendo ter prazo
indefinido (TEORIA DOS TRÊS CRITÉRIOS desenvolvida pela Corte Interamericana
de DH (caso Lacayo) que leva em consideração: (i) complexidade do assunto; (ii)
atividade processual do interessado; (iii) conduta das autoridades judiciais). Eventual
excesso deve ser analisado à luz do caso concreto e do princípio da razoabilidade. Excedido
o prazo na prisão cautelar, impõe-se o seu relaxamento, seja pela via do habeas corpus¸
seja ex officio, pelo tribunal, na apreciação de eventual recurso.
Entende-se que o ofendido, que ainda não é querelante, tem legitimidade para requerer a
prisão preventiva. O assistente da acusação somente poderá requerer a prisão
preventiva na fase processual, pois é a partir daí que pode ser admitido, conforme art.
268, CPP (Pacelli, p. 43). É admissível que o juiz encampe a fundamentação do MP para
decretação da prisão preventiva (fundamentação per relationem ou aliunde), ou seja, trata-
se de uma fundamentação relacionada a outra fundamentação.
E a vítima nos crimes de ação privada tem interesse na instrução criminal? Há duas
posições: a) Não pode requerer porque a lei não prevê; b) Pode requerer porque a vítima é
titular da ação privada. Essa posição é mais adequada ao sistema do CPP. A doutrina
admite que a vítima (nos crimes de ação penal privada) requeira a devolução do IP à
autoridade policial para novas diligências. Assim, aplica-se extensivamente essa regra para
o pedido de decretação de prisão temporária (interpretação sistemática). Se o MP como
titular da ação penal pública pode requerer a decretação da prisão temporária, o titular da
ação penal privada também pode.
Prisão domiciliar: medida cautelar inédita no CPP (art. 317). Será admitida quando o
agente for: I) maior de 80 anos; II) extremamente debilitado por motivo de doença grave;
imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com
deficiência; IV) gestante a partir do 7º mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. Não se
confunde com a prisão domiciliar prevista na LEP (art. 117). Esta é a denominada prisão
domiciliar-pena e é uma forma de cumprimento de pena. A prevista no CPP é a prisão
domiciliar processual, podendo ser decretada autonomamente (quando o juiz verificar a
desnecessidade da preventiva – art. 282, § 6º e 310, II, ambos do CPP – mesmo que não
esteja em alguma das situações elencadas no art. 318, CPP) ou em caráter substitutivo da
prisão preventiva (art. 318, CPP – rol taxativo). A prisão domiciliar não se confunde,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
também, com o recolhimento domiciliar - art. 319, V, CPP – (Gomes e Marques, p. 163-
165).
Prisão para fins extradição (art. 82 do Estatuto do Estrangeiro, com a redação dada pela
Lei nº 12.878, de 04 de novembro de 2013): a autoridade estrangeira poderá requerer a
prisão preventiva de investigado ou condenado em seu Estado, por via diplomática ou pelo
Ministério da Justiça, até mesmo antes da existência do procedimento formal de extradição.
Nessa hipótese, o Estado estrangeiro deverá no prazo de 90 dias apresentar o pedido formal
de extradição, sob pena de, ultrapassado tal, ser restituída imediatamente a liberdade do
representado. Em tais hipóteses, segundo Pacelli (p. 581, 2014), a prisão preventiva se
fundamentará na garantia da aplicação da lei penal. A propósito, vale conferir o teor da
nova disposição do art. 82 da Lei nº 6.815/80, dada pela Lei nº 12.878/13:
Informativos do STJ
Inf. nº 523:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. ILEGALIDADE DE PRISÃO PROVISÓRIA
QUANDO REPRESENTAR MEDIDA MAIS SEVERA DO QUE A POSSÍVEL PENA A
SER APLICADA. É ilegal a manutenção da prisão provisória na hipótese em que seja
plausível antever que o início do cumprimento da reprimenda, em caso de eventual
condenação, dar-se-á em regime menos rigoroso que o fechado. De fato, a prisão provisória
é providência excepcional no Estado Democrático de Direito, só sendo justificável quando
atendidos os critérios de adequação, necessidade e proporcionalidade. Dessa forma, para a
imposição da medida, é necessário demonstrar concretamente a presença dos requisitos
autorizadores da preventiva (art. 312 do CPP) — representados pelo fumus comissi delicti e
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
pelo periculum libertatis — e, além disso, não pode a referida medida ser mais grave que a
própria sanção a ser possivelmente aplicada na hipótese de condenação do acusado. É o que se
defende com a aplicação do princípio da homogeneidade, corolário do princípio da
proporcionalidade, não sendo razoável manter o acusado preso em regime mais rigoroso do que
aquele que eventualmente lhe será imposto quando da condenação. HC 182.750-SP, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 14/5/2013.
Inf. nº 521:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO
CONCRETA E INDIVIDUALIZADA PARA A IMPOSIÇÃO DAS MEDIDAS
CAUTELARES PREVISTAS NO ART. 319 DO CPP. É necessária a devida
fundamentação — concreta e individualizada — para a imposição de qualquer das
medidas alternativas à prisão previstas no art. 319 do CPP. Isso porque essas medidas
cautelares, ainda que mais benéficas, representam um constrangimento à liberdade individual.
Assim, é necessária a devida fundamentação em respeito ao art. 93, IX, da CF e ao disposto no
art. 282 do CPP, segundo o qual as referidas medidas deverão ser aplicadas observando-se a
"necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais", bem como a
"adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
indiciado ou acusado". HC 231.817”SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013.
Leitura complementar:
Prova Oral MPF: 9. Fale sobre o entendimento do STF e do STJ sobre a necessidade de
prisão para apelar e apresente o seu posicionamento pessoal.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: artigo 5º, LXVIII, LXIX, CF. Lei nº 12.016/09. Artigos 647-667 do
CPP.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Aplica-se, também no processo penal, o prazo decadencial de 120 dias, contados de quando
o interessado tomou conhecimento do ato coator, sem prejuízo de que, caso tenha sido
ultrapassado esse prazo, o interessado propor ação ordinária.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Casuística legal do habeas corpus (art. 648 do CPP): espécies de coação ilegal ao direito de
ir e vir. No que toca à justa causa (existência de fundamento jurídico e suporte fático
caracterizadores do constrangimento à liberdade ambulatória), ela pode receber o mesmo
tratamento dispensado às condições da ação, caso em que a concessão do writ determinará
o encerramento do processo, sem solução de mérito, fazendo coisa julgada formal e, uma
vez reunido material probatório apto a lastrear uma imputação penal, poderá ser realizada
nova persecução penal, ou pode ser também incluída nas questões de mérito da ação penal
ou do inquérito policial. Neste caso, quando o fato em apuração ou já imputado revelar-se
manifestamente atípico, o juiz ou tribunal concederá a ordem para trancar o inquérito ou a
ação, cuja decisão terá efeito de coisa julgada material (Pacelli, p. 857).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Quanto à legitimação, prevê o art. 654 do CPP que o HC poderá ser impetrado por qualquer
pessoa, independentemente de capacidade postulatória, em seu favor ou de outrem, além do
MP. No § 2o do mesmo dispositivo, estabelece que também os juízes e Tribunais poderão
expedir, de ofício, ordem de habeas corpus, quando no curso do processo verificarem
que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. Também pode ser
impetrado por pessoa jurídica, em favor de pessoa física. A pessoa jurídica não poderá
figurar como paciente no HC, segundo entendimento do STF (HC 92.921/BA).
OBS VITAMINADA: Em que pese todas as hipótese de cabimento tratados, certo é que
ambas as turmas da 3ª Seção do STJ (v. HC nº 290.867/SP, Rel. Exma. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 15.05.2014; e HC nº 288.310/MG, Rel. Exma. Min.
Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe de 13.05.2014), alinhando-se ao entendimento firmado na
1ª Turma do STF (HC nº 109.956/PR, Rel. Exmo. Min. Marco Aurélio, DJe de
11.09.2012), não tem conhecido dos habeas corpus substitutivos de recursos ordinários ou
excepcionais cabíveis, ou de revisão criminal, por ofensa à lógica recursal prevista pelo
constituinte originário e ordenamento jurídico por ele engendrado, com o propósito de
resgatar a função precípua de sanar ilegalidade ou abuso de poder que resulte em coação ou
ameaça à liberdade de locomoção. A 2ª Turma do STF, por sua vez crítica tal
posicionamento, admitindo a impetração substitutiva (ex.: RHC nº 120551/MT, Rel.
Exmo. Min. Ricardo Lewandowski, DJe de 25.04.2014).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Súmulas do STF
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativos do STF
- Nº 725
Estagiário de Direito não pode fazer sustentação oral em habeas corpus por ele
impetrado
O estagiário de Direito pode impetrar habeas corpus no STF, mas não terá direito de fazer
sustentação oral de seu pedido. Segundo a 1ª Turma do STF, a sustentação oral é ato
privativo de advogado. STF. 1ª Turma. HC 118317/SP, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/
o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 22/10/2013.
- Nº 722
- Nº 711
- Nº 709
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 702
Habeas corpus
Não é possível, na via do habeas corpus, discutir-se a correta tipificação dos fatos
imputados ao paciente na ação penal. Ponderou-se, ainda, não ser lícito ao magistrado,
quando do recebimento da denúncia, em mero juízo de admissibilidade da acusação,
conferir definição jurídica aos fatos narrados na peça acusatória. O momento adequado para
fazê-lo seria na prolação da sentença, ocasião em que poderia haver a emendatio libelli ou a
mutatio libelli, se a instrução criminal assim o indicar. STF. 1ª Turma. HC 111445/PE,
rel. Min. Dias Toffoli, 16/4/2013.
- Nº 701
Habeas corpus
Não cabe habeas corpus de decisão monocrática de Ministro do STJ que nega seguimento a
idêntica ação constitucional lá impetrada por ser substitutivo de recurso ordinário.
Primeira Turma. HC 116114/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 9.4.2013.
- Nº 697
- Nº 696
Empate na votação de HC
Se houver empate na votação de um habeas corpus em julgamento no STJ ou STF, deverá
prevalecer a decisão mais favorável ao paciente, não sendo necessária a convocação de
magistrado de outra Turma para fins de desempate. Segunda Turma. HC 113518/GO, rel.
Min. Teori Zavascki, 26.2.2013.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativos do STJ:
- Nº 513:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CABIMENTO DE HABEAS
CORPUS SUBSTITUTIVO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO.
Não é cabível a impetração de habeas corpus em substituição à utilização de agravo em
execução na hipótese em que não há ilegalidade manifesta relativa a matéria de direito
cuja constatação seja evidente e independa de qualquer análise probatória. É imperiosa a
necessidade de racionalização do habeas corpus, a bem de prestigiar a lógica do sistema
recursal, devendo ser observada sua função constitucional, de sanar ilegalidade ou abuso de
poder que resulte em coação ou ameaça à liberdade de locomoção. Sendo assim, as hipóteses de
cabimento do writ são restritas, não se admitindo que o remédio constitucional seja utilizado
em substituição a recursos ordinários ou de índole extraordinária, tampouco como sucedâneo de
revisão criminal. Nesse sentido, o STF, sensível a essa problemática, já tem pronunciado
também a inadequação de impetrações manejadas em substituição ao recurso próprio. Para o
enfrentamento de teses jurídicas na via restrita do habeas corpus, é imprescindível que haja
ilegalidade manifesta relativa a matéria de direito cuja constatação seja evidente e independa de
qualquer análise probatória. HC 238.422-BA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 6/12/2012.
Leitura Complementar
- Questão prova oral 26º CPR: O Ministério Público pode interpor mandado de segurança
em matéria penal?
- Súmulas: 266, 267, 268, 395, 405, 606, 691, 692, 693, 694, 695, 701, STF; 105, 169 e
376, STJ. Enunciados 2ª CCR: 3, 18.
Prova Oral MPF: 20. O Ministério Público pode interpor mandado de segurança em
matéria penal?
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: CF, 5º LIII, XXXVII; CF, 102, 105, 107, 125; Código de Processo
Penal Militar: Decreto-Lei n° 1.002/69.
No caso específico, sendo o processo penal um instrumento da jurisdição, ele foi objeto de
repartição de competências com o objetivo de melhor operacionalizar e racionalizar a
administração da justiça, surgindo daí a ideia de especialização do poder judiciário, tendo
em vista a especificidade de determinadas matérias.
Fazendo uma relação com a organização judiciária penal brasileira, podemos relacionar no
caso de repartição de competências o critério ratione materiae, por meio da alocação de
atribuições a justiças especializadas (eleitoral, trabalho e militar), não obstante a
competência subsidiária da justiça comum (federal e estadual).
Vale ressaltar um terceiro critério de competência ratione loci, ou seja, relativo ao lugar
onde ocorreu a infração, baseado nas leis infraconstitucionais, sem relação com o tema
abordado. Salvo neste terceiro critério, os demais são absolutos, não permitindo
prorrogação, sob pena de violação ao princípio do juízo natural, o que inclui a competência
da justiça estadual.
Com tais observações de caráter geral, analisemos os órgãos que compõem a organização
judiciária penal brasileira:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
a) competência originária:
- art. 102, I, “b”: julgar nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-
Geral da República;
- art. 102, I, “c”: julgar nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente;
- art. 102, I, “d”: julgar o "habeas-corpus" quando o coator for Tribunal Superior ou quando
o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição
em uma única instância;
b) competência recursal ordinária (102, II, CF): julgar os recursos ordinários em habeas
corpus e em MS decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a
decisão, e julgar o recurso ordinário em ações penais que tenham por objeto o crime
político (esses crimes, se não forem propriamente militares ou eleitorais, são julgados em
1a instância pelos juízes federais, da sentença cabendo recurso ordinário constitucional
diretamente para o STF, em qualquer caso, e não há recurso para os TRFs).
É cabível RE também contra decisão das Turmas Recursais dos Juizados Especiais, desde
que a controvérsia se amolde ao sobredito permissivo constitucional.
O pressuposto recursal da repercussão geral (ou seja, que a discussão das questões
113
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
a) Competência originária:
- art. 105, I, “a”: julgar, nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito
Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do
Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e
do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
- art. 105, I, “c”: julgar os habeas corpus, quando o coator ou paciente for os Governadores
dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de
Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante
da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
c) Competência recursal ordinária (art. 105, II): julgar o recurso ordinário em "habeas-
corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória.
d) Competência recursal especial (art. 105, III): julgar, em recurso especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Com competências discriminadas nos art. 108 e 109 da CF, compõe-se de cinco Tribunais
Regionais Federais (localizados em Brasília, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto
Alegre) com jurisdição territorial sobre cada uma das cinco regiões em que se divide o
território nacional e de juízes federais. O território, para determinação da jurisdição de cada
juiz, é dividido em Seções Judiciárias, correspondentes a cada Estado e ao DF.
OBS Vitaminada: foram criados mais quatro novos TRFs, nos termos da EC nº 73, de 03 de
junho de 2013. São eles o da 6ª Região, com sede em Curitiba, Estado do Paraná, e
jurisdição nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul; o da 7ª Região,
com sede em Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais, e jurisdição no Estado de Minas
Gerais; o da 8ª Região, com sede em Salvador, Estado da Bahia, e jurisdição nos Estados
da Bahia e Sergipe; e o da 9ª Região, com sede em Manaus, Estado do Amazonas, e
jurisdição nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. Com isso, o TRF da 1ª
Região ficará com jurisdição sobre o DF, Goiás, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso,
Maranhão e Piauí; o da 3ª Região ficará com jurisdição restrita a São Paulo; o da 4ª Região
terá jurisdição reduzida ao Rio Grande do Sul; o da 5ª Região deixa de ter jurisdição sobre
o Estado de Sergipe. O art. 2º da EC nº 73/2013 previa que a criação dos novos TRFs
deveria ocorre no prazo de 6 meses. Contudo, o Min. Luiz Fux deferiu liminar, requerida na
ADI 5.017, ad referendum do plenário, para suspender os efeitos da EC nº 73/2013. Tal
liminar ainda não foi apreciada pelo plenário.
Os TRFs são compostos de, no mínimo, sete desembargadores, nos termos do art. 107 da
CF e submetem-se à regra do quinto constitucional, nos termos do art. 94.
É organizada e mantida pela União, a quem compete, inclusive, legislar sobre a organização
judiciária. A estrutura é similar à da Justiça dos Estados.
115
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A lei estadual poderá criar a Justiça Militar Estadual, constituída, em primeiro grau, pelos
Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou, nos Estados em
que o efetivo da PM seja superior a 20 mil integrantes, pelo Tribunal de Justiça Militar,
com competência para julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes
militares.
Tem competência para julgar os crimes militares, definidos em lei. Não possui competência
para julgar os crimes comuns conexos aos militares. A ela estão sujeitos os militares das
forças armadas (da ativa, da reserva ou reformados), bem como os civis, e não os militares
estaduais.
O STM é composto de 15 Ministros, na forma do art. 123 da CF. Não há turmas, apesar de
sua previsão legal: todos os Ministros participam de todos os julgamentos. Tem
competência originária para julgar os oficiais generais, bem como quaisquer habeas corpus.
Além disso, funciona como órgão de 2a instância da Justiça Militar, uma vez que não há
tribunais regionais.
9. Justiça Eleitoral
Genericamente, a Justiça Eleitoral possui competência para julgar os crimes eleitorais, bem
como os crimes comuns que com eles sejam conexos.
O TSE é composto por sete Ministros, na forma do art. 119 da CF. Não tem competência
originária ratione personae em matéria penal (a CF não recepcionou os dispositivos do
Código Eleitoral no assunto).
Os TREs existem nas capitais dos Estados e no DF. Compõem-se, também, de sete juízes,
na forma do art. 120 da CF.
As funções de juízes eleitorais são exercidas pelos juízes de direito. Cada Estado da
Federação divide-se em Zonas Eleitorais, que via de regra (mas não necessariamente)
correspondem às comarcas, e o juiz eleitoral será o juiz de direito respectivo. Havendo mais
de um juiz na Comarca, cabe ao Tribunal designar aquele(s) com competência para os
serviços eleitorais.
116
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: arts. 5o, LXVI, da Constituição Federal e 310 do Código de Processo
Penal.
Espécies:
117
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A Lei nº 12.403/11, nesse contexto, reforça tudo aquilo que vem de afirmar, prevendo
medidas cautelares alternativas, tanto à prisão quanto à fiança, oferecendo às partes e ao
magistrado um leque mais amplo de opções na tutela da efetividade do processo.
O art. 283, caput, CPP, por exemplo, reitera a necessidade de ordem judicial escrita e
fundamentada para a decretação de qualquer prisão, incluindo a conversão da prisão em
flagrante para preventiva (art. 310, II).
Também não poderá ser concedida fiança aos que, no mesmo processo, a tiverem quebrado
anteriormente ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os
arts. 327 e 328 deste Código; em caso de prisão civil ou militar; quando presentes os
motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312, CPP).
b) liberdade provisória com fiança: cabível sempre após a prisão em flagrante, quando
não for necessária a preventiva. Será imposta, obrigatoriamente, a fiança, além de outra
cautelar, se entender necessário o juiz. Pode ser concedida em qualquer fase da
investigação ou do processo. O art. 322 do CPP, com redação dada pela Lei nº 12.403/11,
conferiu a autoridade policial o poder de conceder nos casos em que a pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 anos. Nas demais hipóteses, a fiança deverá ser
requerida ao juiz (que decidirá em 48 horas).
A imposição de fiança será cabível para todos os crimes, à exceção: dos quais não seja
imposta pena privativa da liberdade (art. 283, §1º, CPP); quando for cabível a transação
penal; quando for proposta e aceita suspensão condicional do processo (art. 76 e art. 89, da
Lei 9.099/95); nos crimes culposos, salvo situação excepcional, em que seja possível a
aplicação da pena privativa da liberdade ao final do processo, em razão das condições
pessoais do agente; para os quais é vedada expressamente a fiança (art.323 e art. 324, CPP).
Pacelli entende que essa diferenciação de liberdade provisória com fiança e liberdade
provisória sem fiança perdeu o sentido jurídico, uma vez que a fiança pode ser aplicada
isolada ou cumulativamente, junto a outras medidas cautelares, segundo o art. 282, §1º,
CPP, referido ao art. 319, VIII, CPP.
118
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O STF entende que todas essas vedações legislativas à restituição da liberdade são
inconstitucionais, por confrontarem com os princípios constitucionais da presunção de
inocência e da dignidade humana. Ver: HC 94404/SP, ADI 3112/DF e HC 104.339/SP.
Anota-se que as leis n. 8072/90 e 9613/98, em suas redações originais, traziam comandos
semelhantes (art. 2o, I e 3o, respectivamente), os quais posteriormente foram alterados pelo
próprio legislador.
119
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: arts. 5o, XLVI, da Constituição Federal; 33, caput e §§1o, 2o e 3o, 34 a
37, do Código Penal; 2o, caput e parágrafo único, 52; 65; 66; 68, I; 82; 83; 86 a 88; 91; 93 a
95; 106, caput, V e §1o; 107, caput e §2o; 115; 117 a 119, todos da Lei de Execução Penal
(LEP).
1. Noções Gerais.
2. Conceito.
Pena privativa de liberdade é a modalidade de sanção penal que retira do condenado seu
direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado, podendo ser, no
ordenamento jurídico brasileiro, de três espécies: reclusão, detenção e prisão simples.
Por sua vez, regime ou sistema penitenciário é o meio pelo qual se efetiva o cumprimento
da pena privativa de liberdade, classificando-se em: fechado, semiaberto e aberto.
3. Requisitos
Além de aguardar o trânsito em julgado, o juízo da condenação deverá esperar pela prisão
do condenado, sem o que não será possível expedir a guia, afinal ela deverá conter a data
do término do cumprimento da pena (art. 106, V, da LEP) e, sem o dia do início, não há
sequer como saber aquela data.
O art. 106 da LEP traz de modo expresso que a guia de recolhimento, extraída pelo escrivão
e assinada pelo juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução, bem
como os demais requisitos que deverá conter.
120
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Ressalte-se que a LEP é expressa ao afirmar que ninguém será recolhido, para cumprimento
de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judiciária, não podendo
o estabelecimento carcerário receber qualquer preso sem a apresentação desse documento,
sob pena de responderem os responsáveis por abuso de autoridade (art. 4º, a, da Lei n.
4.898/65).
4. Hipóteses.
Cumpre registrar que a prisão domiciliar vem sendo concedida aos presos do regime aberto
em não havendo Casa do Albergado (STF, HC 95344/RS) e, excepcionalmente, aos presos
do regime semiaberto, quando somente há estabelecimento penal para o regime fechado, o
estabelecimento adequado ao regime esteja superlotado e não haja Casa do Albergado para
que cumpram a pena no regime mais brando (STF, HC 96169/SP; STJ, HC 193394/SP),
pois configura constrangimento ilegal impor ao apenado cumprimento de pena em regime
mais gravoso do que aquele fixado na condenação ou no curso da execução penal.
5. Cabimento.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
6. Atribuição.
Competente para a execução provisória é o juízo da execução, como se extrai dos arts. 2o e
seu parágrafo único, 65 e 66, da Lei de Execução Penal.
Artur Gueiros menciona que historicamente sempre prevaleceu a vedação dos benefícios
prisionais ao cumprimento de pena do preso estrangeiro. Afirma, expressamente, discordar
desse posicionamento. Ressalta que “A jurisprudência mais recente do STF e do STJ parece
inclinar-se no sentido da efetiva superação dos óbices anteriormente apontados, permitindo
que seja concedido ao preso estrangeiro a progressão do regime fechado para outro menos
severo”.
122
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Condenação por tráfico de drogas. Estrangeira sem domicílio no país e objeto de processo
de expulsão. Irrelevância. HC concedido. Voto vencido. O fato de o condenado por tráfico
de droga ser estrangeiro, estar preso, não ter domicílio no país e ser objeto de processo de
expulsão, não constitui óbice à progressão de regime de cumprimento da pena” (STF, HC
97147, Rel. Min. Ellen Gracie, Rel. p/acórdão Min. Cezar Peluso, DJe de 11.02.2010).
E o STJ: V. Na hipótese, constata-se o constrangimento ilegal, na medida em que o
benefício da progressão ao regime semiaberto, deferido em 1º Grau, foi cassado, pelo
acórdão impugnado, sem fundamentação plausível, tão somente em virtude de se tratar de
paciente estrangeiro, em situação irregular no país, com Inquérito de expulsão em
andamento. VI. Nos termos da jurisprudência do STF e do STJ, a condição de estrangeiro,
em situação irregular no país, não constitui óbice, por si só, à concessão do benefício da
progressão de regime prisional, e tampouco a existência de processo de expulsão impede o
deferimento da progressão de regime ao estrangeiro, já que a efetivação da expulsão poderá
ser realizada após o cumprimento da pena, ou mesmo antes, nos termos do art. 67 da Lei
6.815/80, que dispõe que, "desde que conveniente ao interesse nacional, a expulsão do
estrangeiro poderá efetivar-se, ainda que haja processo ou tenha ocorrido condenação". VII.
Consoante entendimento do STF, "o fato do condenado por tráfico de droga ser estrangeiro,
estar preso, não ter domicílio no país e ser objeto de processo de expulsão, não constitui
óbice à progressão de regime de cumprimento da pena" (STF, HC 97.147/MT, Rel.
Ministra ELLEN GRACIE, Relator p/ acórdão Ministro CEZAR PELUSO, SEGUNDA
TURMA, DJe de 12/02/2010), porquanto "é do Poder Executivo a prerrogativa de decidir o
momento em que, por conveniência do interesse nacional, a expulsão deva efetivar-se,
independentemente da existência de processo ou condenação (art. 67 do Estatuto do
Estrangeiro). De modo que, se o não fez até agora, essa autoridade, é porque julgou
adequado que o cumprimento da pena ocorra integralmente em território nacional. E,
julgando-o assim, não pode subtrair ao condenado estrangeiro nenhum dos seus direitos
constitucionais, que abrangem o da individualização da pena. Entre nós, qualquer pessoa
tem direito à progressão de regime, nos termos do art. 112 da LEP. A só condição de
estrangeiro não lhe retira a possibilidade de reinserção na sociedade" (STF, HC 97.147/MT,
Rel. Ministra ELLEN GRACIE, Relator p/ acórdão Ministro CEZAR PELUSO,
SEGUNDA TURMA, DJe de 12/02/2010). Em igual sentido: STJ, AgRg no HC
229.244/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe de
22/11/2012; STJ, HC 186.490/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
SEXTA TURMA, DJe de 13/02/2012. VIII. Ademais, trata-se, in casu, de progressão para
o regime semiaberto, no qual a regra é o trabalho interno, em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar, que independe de visto de permanência ou qualquer outro requisito
de regularidade administrativa. IX. Habeas corpus não conhecido. X. Ordem concedida, de
ofício, para, cassando o acórdão impugnado, restabelecer a decisão do Juízo das Execuções,
concessiva do benefício, ao paciente, da progressão ao regime semiaberto, por preenchidos
os requisitos objetivo e subjetivo para tal. (HC 262.597/SP, Rel. Ministra ASSUSETE
MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 19/12/2013)
Entretanto, se o estrangeiro já estiver com a sua expulsão decretada, maior cautela deverá
ser adotada para que lhe sejam deferidos os benefícios executórios, tendo em vista a
redução da vigilância que a concessão da progressão de regime lhe impõe, p. ex. A
propósito, o “STJ entende que a concessão de benefícios executórios que impliquem
redução da vigilância ao preso estrangeiro, que tenha decretada a expulsão, decorrente de
123
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
sua situação irregular no país, deve estar amparada em elementos concretos que
assegurem a futura aplicação da medida”, nos termos do HC nº 213.729/SP (Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 04/02/2014, DJe 11/02/2014)
Não se faz mais necessário o exame criminológico em todos os casos, deve haver decisão
motivada a respeito das peculiaridades do caso, tendo em vista que o art. 112 da LEP
somente exige que o apenado tenha cumprido 1/6 da pena e ostente bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor carcerário, respeitadas as normas que vedam a
progressão. Em geral, exige-se o cumprimento de 1/6 da pena. Nos crimes hediondos,
exige-se que o apenado primário cumpra 2/5 da pena e o reincidente, 3/5 da pena, v. art. 2º,
§2º, da Lei nº 8.072/90.
Imperioso salientar que o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 2º, §1º, da Lei nº
8.072/90 que estabelecia que as penas privativas de liberdade aplicadas em decorrência da
prática de crimes hediondos deveriam ser cumpridas em regime integralmente fechado, o
que impediria, cuja interpretação dada pelos tribunais pátrios era de que não seria admitida
a progressão de regime. Assim, sob o fundamento de ofensa à garantia da individualização
da pena e do direito a ressocialização do preso, foi declarado inconstitucional tal
dispositivo, passando-se admitir a progressão de regime para os crimes hediondos. Nesse
sentido, confira-se o teor do julgado:
(HC 82959, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2006, DJ 01-
09-2006 PP-00018 EMENT VOL-02245-03 PP-00510 RTJ VOL-00200-02 PP-00795)
E tal controvérsia veio a ser sanada com a nova redação conferida pela Lei nº 11.464/07 ao
art. 2º, §1º, da Lei nº 8.072/90, que estabelece que “a pena por crime previsto neste artigo
será cumprida inicialmente em regime fechado”. Verifica-se que esse dispositivo também
padece de inconstitucionalidade, na medida em que ofende o princípio da individualização
da pena, ao fixar ex lege a obrigatoriedade de regime inicial fechado para os crimes
hediondos, de tortura, de tráfico ilícito de entorpecentes, e de terrorismo, sem avaliação de
cada caso concreto. Destarte, mais uma vez o STF declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade desse dispositivo, agora com a redação dada pela Lei nº 11.464/07, in
verbis (Inf. 672-STF):
124
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado”). Com base
nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deferiu habeas corpus com a finalidade de alterar para
semiaberto o regime inicial de pena do paciente, o qual fora condenado por tráfico de drogas com
reprimenda inferior a 8 anos de reclusão e regime inicialmente fechado, por força da Lei
11.464/2007, que instituíra a obrigatoriedade de imposição desse regime a crimes hediondos e
assemelhados — v. Informativo 670. Destacou-se que a fixação do regime inicial fechado se dera
exclusivamente com fundamento na lei em vigor. Observou-se que não se teriam constatado
requisitos subjetivos desfavoráveis ao paciente, considerado tecnicamente primário. Ressaltou-se
que, assim como no caso da vedação legal à substituição de pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos em condenação pelo delito de tráfico — já declarada inconstitucional pelo STF
—, a definição de regime deveria sempre ser analisada independentemente da natureza da infração.
Ademais, seria imperioso aferir os critérios, de forma concreta, por se tratar de direito subjetivo
garantido constitucionalmente ao indivíduo. Consignou-se que a Constituição contemplaria as
restrições a serem impostas aos incursos em dispositivos da Lei 8.072/90, e dentre elas não se
encontraria a obrigatoriedade de imposição de regime extremo para início de cumprimento de pena.
Salientou-se que o art. 5º, XLIII, da CF, afastaria somente a fiança, a graça e a anistia, para, no
inciso XLVI, assegurar, de forma abrangente, a individualização da pena. Vencidos os Ministros
Luiz Fux, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio, que denegavam a ordem. HC 111840/ES, rel. Min.
Dias Toffoli, 27.6.2012. (HC-111840)
9. Súmulas.
STJ, 439: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
STF, SV nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei nº 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado a realização de
exame criminológico.
STF, 717: Não impede a progressão do regime de execução da pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
STF, 718: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a
125
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
pena aplicada.
STF, 719: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.
STJ:
Inf. nº 532:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO PARA
APLICAÇÃO DE FALTA DISCIPLINAR AO PRESO. RECURSO REPETITIVO (ART.
543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar, no âmbito da execução penal, é
imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado
constituído ou defensor público nomeado. No âmbito da execução penal, a atribuição de
apurar a conduta faltosa do detento, assim como realizar a subsunção do fato à norma legal, ou
seja, verificar se a conduta corresponde a uma falta leve, média ou grave, e aplicar eventual
sanção disciplinar é do diretor do estabelecimento prisional, em razão de ser o detentor do
poder disciplinar (Seção III do Capítulo IV da LEP). Não se olvida, entretanto, que, em razão
do cometimento de falta de natureza grave, determinadas consequências e sanções disciplinares
são de competência do juiz da execução penal, quais sejam, a regressão de regime (art. 118, I),
a revogação de saída temporária (art. 125), a perda dos dias remidos (art. 127) e a conversão de
pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 181, § 1º, d, e § 2º). A propósito, o art.
48 estabelece que a autoridade administrativa “representará” ao juiz da execução penal para
adoção dessas sanções disciplinares de competência do juiz da execução penal. Dessa forma,
constata-se que a LEP não deixa dúvida ao estabelecer que todo o "processo" de apuração da
falta disciplinar (investigação e subsunção), assim como a aplicação da respectiva punição, é
realizado dentro da unidade penitenciária, cuja responsabilidade é do seu diretor. Somente se
for reconhecida a prática de falta disciplinar de natureza grave pelo diretor do estabelecimento
prisional, é que será comunicado ao juiz da execução penal para que aplique determinadas
sanções, que o legislador, excepcionando a regra, entendeu por bem conferir caráter
jurisdicional. No tocante à formalização dessa sequência de atos concernentes à apuração da
conduta faltosa do detento e aplicação da respectiva sanção, o art. 59 da LEP é expresso ao
determinar que: “praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para a sua
apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa”. E mais, mesmo sendo a
referida lei do ano de 1984, portanto, anterior à CF de 1988, ficou devidamente assegurado o
direito de defesa do preso, que abrange não só a autodefesa, mas também a defesa técnica, a ser
realizada por profissional devidamente inscrito nos quadros da OAB. Não por outro motivo o
legislador disciplinou expressamente nos arts. 15, 16 e 83, § 5º, da LEP, a obrigatoriedade de
instalação da Defensoria Pública nos estabelecimentos penais, a fim de assegurar a defesa
técnica daqueles que não possuírem recursos financeiros para constituir advogado. Ademais,
vale ressaltar que o direito de defesa garantido ao sentenciado tem assento constitucional,
mormente porque o reconhecimento da prática de falta disciplinar de natureza grave acarreta
consequências danosas que repercutem, em última análise, em sua liberdade. Com efeito, os
incisos LIV e LV do art. 5º da CF respaldam a obrigatoriedade da presença de defensor
regularmente constituído na OAB, em procedimento administrativo disciplinar, no âmbito da
126
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
execução da pena. No particular, registre-se que a Súmula Vinculante 5, a qual dispõe que “a
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição”, não se aplica à execução penal. Primeiro, porque todos os precedentes utilizados
para elaboração do aludido verbete sumular são originários de questões não penais, onde
estavam em discussão procedimentos administrativos de natureza previdenciária (RE 434.059);
fiscal (AI 207.197); disciplinar-estatutário militar (RE 244.027); e tomada de contas especial
(MS 24.961). Segundo, porque, conforme mencionado, na execução da pena está em jogo a
liberdade do sentenciado, o qual se encontra em situação de extrema vulnerabilidade,
revelando-se incompreensível que ele possa exercer uma ampla defesa sem o conhecimento
técnico do ordenamento jurídico, não se podendo, portanto, equipará-lo ao indivíduo que
responde a processo disciplinar na esfera cível-administrativa. Ademais, observa-se que o
Regulamento Penitenciário Federal, aprovado pelo Dec. 6.049/2007 – que disciplina as regras
da execução da pena em estabelecimento prisional federal, seguindo a diretriz traçada pela Lei
7.210/1984 (LEP) –, determina expressamente a obrigatoriedade de instauração de
procedimento administrativo para apuração de falta disciplinar, bem como a
imprescindibilidade da presença de advogado. Seria, portanto, um verdadeiro contrassenso
admitir que o preso que cumpre pena em estabelecimento penal federal, regido pelo aludido
Decreto, possua mais direitos e garantias em relação àquele que esteja cumprindo pena em
presídio estadual. Ademais, quanto ao disposto no art. 118, I e § 2º, da LEP – que determina
que o apenado deva ser ouvido previamente antes de ser regredido definitivamente de regime –,
mesmo que se entenda que somente o juiz possa ouvi-lo, não se pode perder de vista que antes
de ser aplicada qualquer sanção disciplinar pela prática de falta grave deve ser instaurado o
devido procedimento administrativo pelo diretor do presídio. Somente após todo esse
procedimento é que o diretor do estabelecimento prisional representará ao juiz da execução
para que aplique as sanções disciplinares de sua competência, dentre elas, quando for o caso, a
regressão de regime, ocasião em que o apenado deverá ser previamente ouvido, por meio de sua
defesa técnica. Dessarte, verifica-se que a defesa do sentenciado no procedimento
administrativo disciplinar revela-se muito mais abrangente em relação à sua oitiva prevista no
art. 118, § 2º, da LEP, tendo em vista que esta tem por finalidade tão somente a questão acerca
da regressão de regime, a ser determinada ou não pelo juiz da execução. Nota-se que os
procedimentos não se confundem. Ora, se de um lado, o PAD visa apurar a ocorrência da
própria falta grave, com observância do contraditório e da ampla defesa, bem como a aplicação
de diversas sanções disciplinares pela autoridade administrativa; de outro, a oitiva do apenado
tem como único objetivo a aplicação da sanção concernente à regressão de regime, exigindo-se,
por óbvio, que já tenha sido reconhecida a falta grave pelo diretor do presídio. Conquanto a
execução penal seja uma atividade complexa, pois desenvolve-se nos planos jurisdicional e
administrativo, da leitura dos dispositivos da LEP, notadamente do seu art. 66, que dispõe sobre
a competência do juiz da execução, conclui-se que não há nenhum dispositivo autorizando o
magistrado instaurar diretamente procedimento judicial para apuração de falta grave. Assim,
embora o juiz da Vara de Execuções Penais possa exercer, quando provocado, o controle de
legalidade dos atos administrativos realizados pelo diretor do estabelecimento prisional, bem
como possua competência para determinadas questões no âmbito da execução penal, não lhe é
permitido adentrar em matéria de atribuição exclusiva da autoridade administrativa, no que
concerne à instauração do procedimento para fins de apuração do cometimento de falta
disciplinar pelo preso, sob pena de afronta ao princípio da legalidade. REsp 1.378.557-RS, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/10/2013.
127
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Inf. nº 522:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DE
MEDIDA DE SEGURANÇA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL COMUM. O
inimputável submetido à medida de segurança de internação em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico não poderá cumpri-la em estabelecimento prisional comum,
ainda que sob a justificativa de ausência de vagas ou falta de recursos estatais. Isso
porque não pode o paciente ser submetido a situação mais gravosa do que aquela definida
judicialmente. HC 231.124-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 23/4/2013.
Inf. nº 519
DIREITO PROCESSUAL PENAL. INOCORRÊNCIA DE FALTA GRAVE PELA
POSSE DE UM CABO USB, UM FONE DE OUVIDO E UM MICROFONE POR
VISITANTE DE PRESO.
No âmbito da execução penal, não configura falta grave a posse, em estabelecimento
prisional, de um cabo USB, um fone de ouvido e um microfone por visitante de preso.
Primeiramente, os referidos componentes eletrônicos não se amoldam às hipóteses previstas no
art. 50, VII, da Lei 7.210/1984 porque, embora sejam considerados acessórios eletrônicos, não
são essenciais ao funcionamento de aparelho de telefonia celular ou de rádio de comunicação e,
por isso, não se enquadram na finalidade da norma proibitiva que é a de impedir a comunicação
intra e extramuros. Além disso, também não há como falar em configuração de falta grave, pois
a conduta praticada por visitante não pode alcançar a pessoa do preso, tendo em vista que os
componentes eletrônicos não foram apreendidos com o detento, mas com seu visitante. HC
255.569-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/3/2013.
Inf. nº 0517:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. FALTA GRAVE DECORRENTE DA POSSE DE
CHIP DE TELEFONIA MÓVEL POR PRESO.
No âmbito da execução penal, configura falta grave a posse de chip de telefonia móvel por
preso. Essa conduta se adéqua ao disposto no art. 50, VII, da LEP, de acordo com o qual
constitui falta grave a posse de aparelho telefônico, de rádio ou similar que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Trata-se de previsão normativa
128
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
cujo propósito é conter a comunicação entre presos e seus comparsas que estão no ambiente
externo, evitando-se, assim, a deletéria conservação da atividade criminosa que, muitas vezes,
conduziu-os ao aprisionamento. Portanto, há de se ter por configurada falta grave também pela
posse de qualquer outra parte integrante do aparelho celular. Conclusão diversa permitiria o
fracionamento do aparelho entre cúmplices apenas com o propósito de afastar a aplicação da lei
e de escapar das sanções nela previstas. HC 260.122-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 21/3/2013.
129
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Arts. 26, VII; 62, VII; 49, VIII; 124, VI; 136, VI da Lei Complementar
75/93. art. 102, I, f; 105, I, d, da CF. Art.10, X, da Lei n. 8.625/93.
1. Conceito: Segundo Eugênio Pacelli de Oliveira (p. 73), por conflito de atribuições deve-
se entender a divergência estabelecida entre membros do Ministério Público acerca da
responsabilidade ativa para a persecução penal em razão da matéria ou das regras
processuais que definem a distribuição das atribuições ministeriais.
130
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
3. Prova do MPF: Pacelli lembra que já foi cobrada em concurso do Ministério Público
Federal a tese segundo a qual caberia ao Procurador Geral da República - PGR solucionar
os conflitos de atribuições referidos no parágrafo anterior (entre membros de Ministérios
Públicos diferentes). O citado autor discorda da posição, argumentando que o PGR não
possuiria hierarquia superior aos Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados e a resolução
de conflitos entre autoridades deve ser atribuída a quem detenha hierarquia funcional sobre
mencionadas autoridades.
4. Tribunais Superiores:
131
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
e) Enunciado nº 35: Quando o declínio de atribuições, em inquérito policial, tiver por base
entendimento já expresso em enunciado da 2ª Câmara, os autos poderão ser remetidos
diretamente ao Ministério Público com a respectiva atribuição, comunicando-se à 2ª
Câmara de Coordenação e Revisão, com o envio de cópia por meio eletrônico. Aplicação
analógica do §3º, art. 6º, da Resolução 107 do CSMPF, de 6.4.2010. Na hipótese, o
Procurador oficiante deverá comunicar ao juízo e à autoridade policial. (001ª Sessão de
Coordenação, de 17.05.2010);
132
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
165, 2014).
133
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: arts. 96, CF; 74, §3°, e 492, §§1°e 2°, 81, 83, 108, 399, §2°, CPP;
87, CPC.
a) art. 81, CPP: na hipótese de reunião de processos, ainda que o Juiz sentenciante absolva
ou desclassifique o crime que atraiu a sua competência, deverá julgar os demais (essa regra
tem aplicação no juízo singular e nos tribunais, não se estendendo ao Tribunal do Júri); o
motivo é simples: aproveitamento da instrução ali realizada, já que a desclassificação, em
regra, somente é feita na fase decisória, após a colheita da prova. Assim, o princípio da
“perpetuatio jurisdictionis”, consoante enunciam Nestor Távora e Rosmar Rodrigues
Alencar (p. 270) permite que, havendo reunião de feitos pela conexão ou continência, o
juízo prevalente continue competente para julgar as demais infrações mesmo que
desclassifique ou absolva a infração que determinou a sua competência (a competência é
“perpetuada”). V. também (HC 132135, Rel. Min. Jorge Mussi, p. 17/05/11, e HC 90014,
Rel. Min. Maria Thereza A. de Moura, p. 10/05/10).
c) Além disso, entendem STF e STJ que havendo a criação de uma nova Vara no interior,
com competência territorial sobre uma região anteriormente abrangida pela competência da
Vara da Capital, não há modificação da competência, devendo o processo prosseguir na
Vara da Capital (STF, RHC 83181, p. 22/10/04, e STJ, Resp 849276, p. 13/10/09).
135
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
6. Súmulas:
OBS Vitaminada: a súmula 33 do STJ foi editada sob a ótica do processo civil, muito
embora existam julgados do STJ a aplicando no processo penal. É que, no processo penal, o
136
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
art. 109 do CPP não faz nenhuma restrição quanto à espécie de competência, se relativa ou
absoluta. Outrossim, é sabido que todos os juízes tem ao menos competência para se
autoproclamarem incompetentes (princípio do Kompetenz-Kompetenz) ou para delimitarem
sua competência, pouco importando ser ela absoluta ou relativa. Assim, segundo Brasileiro
(p. 314/316), tal enunciado não deve ser aplicado ao processo penal, já que nele a
competência territorial geralmente é determinada pelo local da consumação do delito,
independentemente do interesse das partes. Ora, acima desse interesse há interesse pública
em buscar a verdade, de sorte que é muito mais provável que provas idôneas sejam
encontradas onde se deram os fatos, ainda que o acusado resida em local diverso. Portanto,
no processo penal, admite-se ao juiz o poder de declinar de ofício a sua incompetência
relativa até o momento da prolação da sentença, ou seja, até que não se tenha encerrado sua
jurisdição sobre a ação penal em questão. Entretanto, com a inserção do princípio da
identidade física do juiz no processo penal pela Lei nº 11.719/08, esse entendimento de que
a incompetência relativa poderá ser declarada de ofício merece nova análise, a fim de que o
juiz recipiente não tenha de renovar toda a instrução penal a fim de que tal princípio seja
respeitado. Dessa forma, Brasileiro, na mesma linha de Pacelli, pensam que o
reconhecimento da incompetência relativa somente pode ocorrer até o início da instrução
processual, de modo que, uma vez esta tenha início, a matéria não mais poderia ser
debatida, ante a incidência da preclusão, inclusive, para o juiz. Vale ressaltar que, se o juízo
recipiente entender que a competência é do juízo declinante ou mesmo de outro, deverá
suscitar conflito negativo, perante o Tribunal compete. Contudo, se aceitar a competência, o
processo retomará seu curso regular, devendo o magistrado proferir decisão ratificando os
atos instrutórios realizados noutro juízo, bem como o recebimento da denúncia, a fim de
que evitar que sejam anulados pela declaração de nulidade do juízo anterior. É bem verdade
que se trata de nulidade relativa que, inexistindo prejuízo para o acusado, não há de ser
proclamada, até porque o processo não é um fim em si mesmo.
137
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: art. 5o, XLIII, 21, XVII e 48, VIII, 84, XII da CF/88; art. 107, 359 do
CP; Lei nº. 8.072/90, art. 2º, I; Lei de Execução Penal nº. 7.210/1984; art. 188; Decreto n.
4.495/02.; Lei nº. 6.683/1979, art. 1º.
1. Noções gerais: Cleber Masson ensina que “são modalidades de indulgência soberana
emanadas de órgãos estranhos ao Poder Judiciário, que dispensam, em determinadas
hipóteses, a total ou parcial incidência da lei penal” (p. 816). Extinguem a punibilidade a
anistia, a graça e o indulto (art. 107, inc. II, CP). O Estado renuncia ao seu direito de punir
(Rogério Sanches, p. 219/220), perdoando a prática de infrações penais, que, normalmente,
têm cunho político, nada impedindo que, pela anistia, seja renunciado o poder-dever de
punir crimes comuns (Rogério Greco, p. 695).
2. Anistia:
2.1 Noção: Segundo Cleber Masson “é a exclusão, por lei ordinária” editada pelo
Congresso Nacional (art. 21, XVII e 48, VIII, CF/88) “de um ou mais fatos criminosos do
campo da incidência do Direito Penal” (p. 816). Destina-se, preponderantemente, a delitos
políticos (anistia especial) e a crimes comuns – abolitio criminis de efeito temporário e só
retroativo (ex tunc) (STF, ADI 104/RO, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno,
4/6/2007). Pode ser concedida antes ou depois da sentença penal condenatória, sempre
retroagindo a de beneficiar os agentes (Rogério Greco, p. 696).
Natureza objetiva – o que importa, em regra, é o fato, não o destinatário, por exemplo: o
artigo 1º da Lei nº. 6.683/79. Extingue os efeitos penais da sentença condenatória se
anterior ao trânsito em julgado. Salvo quando condicionada, a anistia não pode ser recusada
pelo destinatário e, uma vez concedida, é irrevogável (mesmo que o anistiado não cumpra
as condições impostas; hipótese em que poderá responder, eventualmente, pelo ilícito
previsto no art. 359 do CP).
2.2. Legitimidade para que a anistia seja concedida: o juiz de ofício, ou a requerimento do
interessado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade administrativa ou do
Conselho Penitenciário, declara a extinção da punibilidade (Art. 187 da LEP).
138
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
3. Indulto e Graça:
3.1 Noção: serão tratados em conjunto em vista das inúmeras semelhanças que possuem.
Ambos são atos privativos do Presidente da República, concedidos via decreto presidencial
(art. 84, XII, CF/88 – poder de graça) – pode delegar a atribuição de indultar a Ministro de
Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União (art. 84,
parágrafo único, CF/88). O indulto tem caráter coletivo, e a graça, individual. A graça
ostenta caráter subjetivo e o indulto possui natureza mista, pois é analisado o “quantum”, a
espécie da pena e o comportamento carcerário. A graça é solicitada, enquanto o indulto é
espontâneo.
3.2 Legitimidade para requerer a concessão da graça (chamada pela LEP de indulto
individual): poderá ser provocada por petição do condenado, por iniciativa do Ministério
Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa (art. 188, LEP), sendo
que a petição acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
Penitenciário para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da
Justiça (art. 189 da LEP).
3.3 Efeitos: A graça atinge apenas o cumprimento da pena, restando íntegros os efeitos
penais secundários e os efeitos de natureza civil, assim como o indulto, o qual “extingue as
sanções penais mencionadas no decreto presidencial, subsistindo os demais efeitos, penais
e extrapenais, não abarcado pelo benefício” (Cleber Masson, p. 820).
3.4 Classificação: Luiz Regis Prado (p. 669) explica que o indulto pode ser pleno (quando
extingue completamente a punibilidade) ou parcial (quando diminui a pena). Não admite
recusa, salvo em se tratando de comutação da pena ou de indulto condicionado. Comutação
da pena consiste na substituição da pena imposta por uma de menor gravidade e admite
recusa por parte do condenado.
3.5. Condições: Pode obter o indulto aquele que está em gozo de sursis ou de livramento
condicional, permitindo-se também a soma das penas de duas condenações para verificar se
estão dentro ou fora dos limites previstos no decreto de indulto. Tanto a graça quanto o
indulto, diferentemente da anistia, dependem de sentença condenatória transitada em
julgado. No caso de recurso da acusação visando a alterar a quantidade de pena ou as
condições exigidas para concessão do indulto e da comutação, a aplicação desses institutos
não será possível (STJ, HC 69385/SP, julgamento com base no Decreto n. 4.495/02).
139
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 733
140
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Lei editada pelo Congresso Ato privativo do Presidente da Ato privativo do Presidente da
Nacional República – geralmente, um República – geralmente, um
decreto. decreto.
Pode ser concedida a qualquer Exigem o trânsito em julgado Exigem o trânsito em julgado
tempo. da sentença condenatória, ao da sentença condenatória. ao
menos para a acusação. menos para a acusação.
141
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: artigos 5°, LIII, 27, §1°, 29, X, 109, da CF; art. 118, LC 35/79; arts. 70
a 84 CPP.
1. Jurisdição Penal:
É monopolizada pelo Estado e realiza a função de aplicação do Direito Penal, por meio do
Processo Penal, aos fatos violadores de bens, direitos e valores reconhecidos pelo corpo
social, na exata medida e proporção previamente indicadas em lei (Pacelli, 2010, p. 221).
Para Vicente Greco: Princípios fundamentais: a) inércia: a atividade jurisdicional se
desenvolve quando provocada (o que não quer dizer que o juiz não deva impulsionar de
ofício o processo); b) indeclinabilidade: o juiz não pode recusar-se a aplicar o direito, nem
a lei pode excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão a direito individual; c)
inevitabilidade ou cogência: a atividade dos órgãos jurisdicionais é incontrastável, isto é,
não é possível a oposição juridicamente válida de qualquer instituto para impedir que a
jurisdição alcance os seus objetivos e produza os seus efeitos; d) indelegabilidade: as
atribuições do Judiciário somente podem ser exercidas, segundo a discriminação
constitucional, pelos órgãos do respectivo poder, por meio de seus membros legalmente
investidos, sendo proibida a abdicação dessas funções em favor de órgãos legislativos ou
executivos (citam-se duas exceções à indelegabilidade: a carta precatória e a carta de
ordem, contudo, não são verdadeiras exceções, porque a delegação ocorre se um órgão
atribui a outro competência que ele não tem, e, no caso das duas hipóteses, a autoridade
deprecada já tem em sua competência genérica o poder de cumprir cartas precatórias ou de
ordem); e) substitutividade: o Estado, por uma atividade sua, substitui a atividade
daqueles que estão em conflito na lide, os quais, aliás, estão proibidos de “fazer justiça com
as próprias mãos”, tentando satisfazer pessoalmente a pretensão, ainda que legítima; f)
definitividade: ao se encerrar o desenvolvimento legal do processo, a manifestação do juiz
torna-se imutável, não admitindo revisão por outro poder, já as decisões administrativas são
sempre passíveis de revisão pelo Judiciário quanto à sua legalidade.
2. Competência:
especializadas: Não viola o juiz natural a designação de dois ou mais juízes para atuação
em determinado juízo em regime de mutirão ou quando criadas varas especializadas. Nesse
último caso, segundo o STF, a especialização de varas não é matéria submetida à reserva
legal, valendo-se os tribunais do poder de auto-organização, por meio de portarias e
provimentos (HC 85.060 e 91509). Convocação de juízes de 1º grau, para substituir
desembargadores em tribunais: Igualmente não viola o princípio do juiz natural, havendo
previsão expressa no art. art. 118, da Lei Complementar 35/79. Mas a convocação deverá
ocorrer mediante escolha da maioria absoluta do tribunal, afastados quaisquer critérios de
natureza subjetiva (ADI 1481/STF). É possível o julgamento por Turma ou Câmara
formada por maioria de juízes convocados, desde que essa convocação tenha sido feita na
forma do art. 118, da Lei Complementar 35/79 (STJ reiteradamente e STF, no RE 597133,
rep. Geral, pub. 04/2011), uma vez que o julgamento será feito pelo juiz natural da causa,
qual seja: o próprio tribunal, além de que a distribuição dos processos é feita de forma
aleatória e julgamentos são realizados em observância ao princípio da publicidade, do
devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa. Juiz legal (infraconstitucional):
competência em razão do lugar, da natureza da infração, do domicílio, da prevenção e da
distribuição.
Competência relativa: é aquela que pode ser flexibilizada, tutela o processo em curso,
podendo as partes processuais excepcionarem a incompetência relativa do juízo, por meio
da exceção de incompetência, sob pena de preclusão. Também o juízo, ex officio, pode
declinar da incompetência relativa no processo penal (art. 109, CPP). Pacelli entende que
essa última hipótese fica restrita até o momento da audiência de instrução e julgamento em
face do princípio da identidade física do juiz (2012, p. 255-256).
143
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
definidos em lei como crimes eleitorais e da Justiça Militar os crimes qualificados como tal
na legislação. A Justiça do Trabalho não tem jurisdição penal. Sobre competência da
Justiça Federal, v. ponto 13.a.
Concurso de crimes e concurso de pessoas e foro por prerrogativa: em regra, aplica-se o art.
78, III, CPP e Súmula 704, STF (Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e
do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu ao
foro por prerrogativa de função de um dos denunciados), exceção: no caso de crimes
dolosos contra a vida haverá separação dos processos.
Inquérito policial para investigar detentores de foro especial: não pode ser instaurado de
ofício, devendo ser requerida sua instauração pelo MP ao Tribunal competente (não é
conduzido pelo tribunal, mas supervisionado). Inquérito 2411/STF: tratando-se de acusados
com foro por prerrogativa de função, é indispensável prévia autorização do tribunal
competente para o início das investigações e indiciamento. Quando se tratar de
competência originária do PGR ou do PGJ para a denúncia, não é necessário que a decisão
do arquivamento seja submetida à análise do Poder Judiciário, salvo nas hipóteses em que
decisão de arquivamento for capaz de gerar coisa julgada material, situação em que deve
haver uma decisão jurisdicional (ex: atipidade, extinção da punibilidade). A investigação de
crime praticado por um membro do MPF tramita perante o PGR. Crimes de
responsabilidade: não configuram verdadeiramente infrações penais, mas de natureza
eminentemente política, e estão submetidas a processo e julgamento perante a jurisdição
política, integrada, em geral, por órgãos do Poder Legislativo. Deputado Estadual e
Prefeito: o foro de prerrogativa de função dos deputados estaduais decorre do art. 27, §1°, e
dos prefeitos do art. 29, X, todos da CF/88. Entende-se que todos os crimes de competência
da justiça estadual, praticados por deputado estadual ou prefeito, serão julgados pelo TJ,
incluindo os crimes contra a vida, já se da competência da justiça federal, serão julgados
pelo TRF, bem como pelo TRE se da competência da justiça eleitoral (aplica-se a ambos a
144
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Extensão de foros privativos nas Constituições Estaduais (CE): as CE não podem afastar ou
modificar as regras estabelecidas na CF/88 (sob pena de ofensa ao juiz natural). Ver súmula
721 do STF (A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual). Na ADI n°
2.587, o STF reconheceu a constitucionalidade da criação na CE de foro por prerrogativa de
função. Pacelli entende que o foro deferido às autoridades na CE é restrito ao julgamento de
crimes estaduais, excluídos os demais juízes naturais previstos na CF/88, qual sejam, o
tribunal do júri, os juízes federais e eleitorais (2012, p. 211). Contudo, o STF no
julgamento da QO-INQ n° 2051-6/TO entendeu que o secretário do estado teria foro
privativo perante o TRF (e não juiz federal) se o crime fosse federal. O STF estende,
portanto, às autoridades com foro privativo exclusivamente previsto na CE, a simetria de
jurisdição no âmbito da Justiça Federal e da Justiça Eleitoral (2012, p. 211).
145
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Competência territorial: uma vez definido o juiz natural (estabelecido na CF/88), ou seja,
a competência de jurisdição, o próximo passo é descobrir o juízo competente, cuja
definição é estabelecida pela legislação ordinária. Competência em razão do lugar (ratione
loci): o CPP adotou o critério do lugar da infração (racione loci) como primeira regra de
fixação da competência. Deve-se entender como lugar da infração o local do resultado
(teoria do resultado), sendo que, no caso de tentativa, deve-se verificar o local dos últimos
atos de execução, conforme art. 70, CPP. Nos casos dos chamados crimes à distância
(início da execução ocorre em território nacional e a consumação fora dele ou vice-versa) a
competência será ou do local onde se praticou o último ato de execução ou onde se
consumou ou deveria se consumar. OBS Vitaminada: não confundir o critério de fixação da
competência local, em razão do local onde se fizeram sentir os resultados da conduta
criminosa, com a local do crime e, por sua vez, com a Teoria da Ubiquidade que trata da
regra da aplicação da lei penal no espaço, em que o Código Penal, considera como
praticada a conduta tanto no lugar da ação ou omissão (praticada no território nacional ou
fora dele), como no lugar do resultado (tanto no território brasileiro, quanto fora dele). A
Teoria da Ubiquidade visa preservar a soberania brasileira para processar e julgar os crimes
que tenham tocado, ainda que em parte, o território nacional (Renato Brasileiro, p. 490,
2014). Já no caso dos crimes plurilocais (parte do iter crimines é realizado em mais de um
lugar), a regra é primeiro observar o local do resultado. Exceção: Lei 9.099/95 adota a
teoria da atividade (mas Pacelli fala em ubiquidade!). Obs. STJ entende que em caso de
crime doloso contra a vida se aplica a teoria da atividade. Vide súmulas 521 do STF (“o
foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
de emissão de cheque sem provisão de fundos, é do lugar onde se deu a recusa do
pagamento pelo sacado”), 48, STJ (“compete ao juízo do local da obtenção da vantagem
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque”).
146
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Modificação de competência.
Continência (unidade de conduta): quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela
mesma infração (art. 77, I, CPP), ou quando se verifica concurso formal de crimes ou
aberratio ictus ou aberratio criminis. Consequência: reunião dos processos, até a prolação
da sentença (art. 82, CPP).
Eleição do juízo prevalente: deve ser entendido como juízo do domínio, ou seja, o juízo que
deverá fazer prevalecer a sua jurisdição quando em concurso (ou em concorrência) com as
outras, em razão de conexão ou continência. Aplica-se as regras do art. 78, CPP.
147
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativo do STF
- Nº 715
Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local
onde o delito se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de
execução (no caso de crime tentado), nos termos do art. 70 do CPP. Excepcionalmente, no
caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram em
um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local
onde foi praticada a conduta (local da execução). Adota-se a teoria da atividade. STF. 1ª
Turma. RHC 116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/8/2013.
Informativo do STJ
- Nº 526:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
O CRIME DE PECULATO-DESVIO.
Compete ao foro do local onde efetivamente ocorrer o desvio de verba pública – e não ao
do lugar para o qual os valores foram destinados – o processamento e julgamento da ação
penal referente ao crime de peculato-desvio (art. 312, "caput", segunda parte, do CP).
Isso porque a consumação do referido delito ocorre quando o funcionário público efetivamente
desvia o dinheiro, valor ou outro bem móvel. De fato, o resultado naturalístico é exigido para a
consumação do crime, por se tratar o peculato-desvio de delito material. Ocorre que o resultado
que se exige nesse delito não é a vantagem obtida com o desvio do dinheiro, mas sim o efetivo
desvio do valor. Dessa forma, o foro do local do desvio deve ser considerado o competente,
tendo em vista que o art. 70 do CPP estabelece que a competência será, de regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração. CC 119.819-DF, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 14/8/2013.
Inf. nº 518
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
ESTELIONATO PRATICADO MEDIANTE FRAUDE PARA A CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA. No caso de ação penal destinada à apuração de estelionato praticado
mediante fraude para a concessão de aposentadoria, é competente o juízo do lugar em que
148
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
situada a agência onde inicialmente recebido o benefício, ainda que este, posteriormente,
tenha passado a ser recebido em agência localizada em município sujeito a jurisdição
diversa. Segundo o art. 70 do CPP, a competência será, em regra, determinada pelo lugar em
que se consumar a infração, o que, em casos como este, ocorre no momento em que recebida a
indevida vantagem patrimonial. Assim, embora tenha havido a posterior transferência do local
de recebimento do benefício, a competência já restara fixada no lugar em que consumada a
infração. CC 125.023-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/3/2013.
Inf. nº 515:
149
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Principais obras consultadas: 1) Oliveira, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal.
18ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 2014; 2) Lima, Renato Brasileiro de. Manual de
Processo Penal. Volume único. 2ª edição. Salvador: Editora Juspodivm, 2014; 3) Távora,
Nestor; Alencar, Rosmar Rodrigues de. Curso de Direito Processual Penal. 8ª edição.
Salvador: Editora Juspodivm, 2013.
Legislação básica: art. 351 a 372 do CPP e art. 2º, §2º, da Lei nº 9.613/98, com redação
dada pela Lei nº 12.683/12.
1.2. Espécies:
b) Citação por precatória: dar-se-á quando o réu tem endereço certo e conhecido,
150
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
porém fora do território da jurisdição do juiz processante, por meio da qual juiz
deprecante (o da ação penal) solicita a colaboração do juiz deprecado (aquele
que exerce jurisdição no território em que reside o réu), para que realize o
cumprimento da citação. Na carta precatória, deverá conter a indicação dos
juízes deprecado e deprecante; a sede da jurisdição de um e de outro; a
finalidade a que se destina, com todas as suas especificações (conhecimento de
que há ação penal deflagrada contra si e do prazo para apresentar defesa); o
juízo do lugar, o dia e o horário em que o réu deverá comparecer (art. 354 do
CPP). Devolução: ocorrerá independentemente de translado, depois de lançado
o “cumpra-se” e de feita a citação por mandado do juiz deprecado. Caráter
itinerante da carta precatória: verificado que o réu se encontra em território
sujeito à jurisdição de outro juízo, a este o juízo deprecado remeterá para a
consecução da diligência, desde que haja tempo para realização da citação e
comunicando de tudo o juízo deprecante. Havendo urgência na realização do
ato citatório, poderá a carta precatória com essa finalidade ser remetida por
meios telegráficos ou eletrônicos, a qual deverá conter os requisitos previstos no
art. 354 do CPP, de forma resumida, e a firma reconhecida do juiz (admitindo-se
que assine com sua assinatura eletrônica). O prazo para o oferecimento da
resposta no processo penal conta-se da data do ato citatório e não da juntada do
mandado efetivamente cumprido, como no processo civil (Súmula nº 710 do
STF). Ocultação do réu no juízo deprecado: quando réu se ocultar para ser
citado, o oficial de justiça de tudo certificará e procederá imediatamente à
citação por hora certa, na forma dos art. 227 a 229 do CPC. Após aperfeiçoada a
citação por hora certa, o mandado será restituído ao juízo deprecante.
c) Citação por hora certa: caso o oficial de justiça verifique que o réu se oculta
para ser citado, certificará a ocorrência e procederá de imediato à citação por
hora certa, na forma do art. 227 a 229 do CPC. Assim certificada a suspeita
ocultação, o oficial procurará o réu, por três vezes, intimando qualquer pessoa
da família, ou em sua falta a qualquer vizinho que, no dia imediato, voltará, a
fim de efetuar a citação na hora que designar. No dia e hora designados em cada
uma das três vezes que procurar o réu, o oficial de justiça, independentemente
de despacho, comparecerá ao domicílio do acusado, a fim de realizar a
diligência, se não estiver presente, procurará saber as razões da ausência, dando
por feita a citação, ainda que que citando se tenha ocultado em outra comarca.
Da certidão da ocorrência, o oficial e justiça deixará a contrafé com pessoa da
família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Realizada a citação por hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou
radiograma, dando-lhe de tudo ciência. Pacelli critica a redação dada ao
parágrafo único do art. 362 do CPP (“completada a citação por hora certa, se o
acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo”), ao argumento
de que a citação do acusado, após a reforma empreendida pela Lei nº 11.719,
não é mais para comparecer a fim de que seja interrogado, mas para apresentar
defesa no prazo de 10 dias. Contudo, caso o acusado compareça em juízo ou
constitua advogado, antes da audiência de instrução, nada impede que o juiz
renove o prazo de defesa escrita, adotando o mesmo procedimento adotado para
a citação editalícia, prevista no art. 363, §4º, do CPP, privilegiando-se o
151
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
d) Citação por edital: é utilizada quando não tenha sido o réu encontrado em
endereço apontado na denúncia, ou não se conheça o seu paradeiro, ou seja, não
se tenha ciência a respeito de endereço certo e sabido. É comumente chamada de
citação ficta, já que não é realizada pessoalmente, porém há uma presunção de
que ao término do prazo de quinze dias, após a publicação do edital, o acusado
tomou conhecimento da ação penal contra si movida, disparando o prazo de 10
dias para a apresentação de defesa (rito sumário e comum). Do edital deverá
constar: I - o nome do juiz que a determinar; II - o nome do réu, ou, se não for
conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão,
se constarem do processo; III – a finalidade da citação; IV – o juízo em que
tramita a ação; V – o prazo que será contado do dia da publicação na imprensa,
se houver, ou da sua afixação na porta do foro. Não é necessário transcrever a
peça acusatória no edital, nem a confecção de um resumo dos fatos, basta a
indicação dos dispositivos da lei penal infringidos no corpo do edital (súmula nº
366 do STF). Tal modalidade de citação, segundo Pacelli (p. 614), visa impedir
a paralisação da ação penal, quando não localizado o acusado. É bem verdade
que, com a nova redação do art. 366 do CPP, dada pela Lei nº 9.271/96, a
paralisação do processo é justamente o que ocorre, bem como a suspensão do
prazo prescricional, sendo admitida a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e, havendo os requisitos do art. 312 do CPP, a decretação
da prisão preventiva. Saliente-se que a suspensão do processo e do curso do
prazo processual independe de requerimento do MP, isso quer dizer que opera-
se automaticamente. Comparecendo o acusado citado via edital, a qualquer
tempo, o juiz dará prosseguimento ao processo, nos termos do art. 394 e ss. do
CPP, valendo destacar que o prazo para a defesa do réu citado por edital terá
início a partir do seu comparecimento pessoal ou do advogado devidamente
constituído. Por fim, a
152
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1.3. Citação do réu preso: será sempre feita pessoalmente, não se admitindo, por óbvio, a
citação por edital, nos termos do art. 360 do CPP que acolheu o entendimento
consolidado na súmula 351 do STF (“é nula a citação por edital de réu preso, na
mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”), vale dizer de
forma mais ampla. Assim, esteja preso onde estiver, o réu será citado pessoalmente,
seja por mandado ou por carta precatória. Após, a realização da citação e a
apresentação de sua defesa, quando o juízo designar a audiência de instrução e
julgamento, requisitará a sua presença à autoridade policial, não havendo mais que se
falar em dispensa desse ato processual, ao argumento de que seria suficiente a mera
requisição à autoridade policial (art. 399, §1º, do CPP). Consolida-se uma imposição
já contida na ordem jurídica brasileira, prevista no art. 8º, b e c, do Pacto de São José
da Costa Rica, ao dispor que o réu tem direito à “comunicação prévia e
pormenorizada da acusação formulada, bem como ter prazo para preparar a sua
defesa”.
1.4. Citação do incapaz: é feita na pessoa de seu representante legal ou de seu curador.
A única consequência da revelia no processo penal para o réu é a não intimação dele
para a prática dos atos subsequentes, exceção feita à intimação da sentença, que
deverá ser realizada pessoalmente. Saliente-se que a revelia poderá operar-se em
razão da ausência do réu em qualquer dos atos processuais relevantes, a exemplo, da
defesa escrita e do interrogatório.
O art. 366 do CPP previu que, se o citado por edital não comparecer aos autos, o
processo será suspenso, assim como prazo prescricional, sendo admitida a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e, havendo os requisitos do art. 312 do
CPP, a decretação da prisão preventiva. Essa suspensão do processo e do curso do
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
prazo processual independe de requerimento do MP, isso quer dizer que opera-se
automaticamente. Comparecendo o acusado citado via edital, a qualquer tempo, o
juiz dará prosseguimento ao processo, nos termos do art. 394 e ss. do CPP, valendo
destacar que o prazo para a defesa do réu citado por edital terá início a partir do seu
comparecimento pessoal ou do advogado devidamente constituído. Por fim, a
suspensão do processo encontra limite no prazo prescricional previsto para o
reconhecimento da prescrição da pena em abstrato, ou seja, conforme estiver
previsto no art. 109 do CP ou em legislação específica. Nesse sentido, é a súmula
nº 415 do STJ: “o período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada”. Contudo, há precedente do STF em sentido diverso,
entendendo pela suspensão ad eternum do processo, verdadeira hipótese de
imprescritibilidade (RE nº 460.971/RS, Rel. Min. Sepúlveda Pertence). Tal
controvérsia está com repercussão geral reconhecida no RE nº 600.851/DF (até
19.05.2014, não julgada)
1.6. Citação nos crimes de lavagem de dinheiro: o art. 2º, §2º, da Lei n 9.613/98, com a
redação dada pela Lei nº 12.683/12, prevê que “no processo por crime previsto nesta
Lei, não se aplica o art. 366 do Decreto-Lei 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
de Processo Penal), devendo o acusado que não comparecer nem constituir advogado
ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de
defensor dativo”. Dessa previsão legal é de ser aplicada a revelia aos acusados de
lavagem de dinheiro que venham de ser citados por edital. Assim ultrapassado o
prazo de 15 dias da publicação do edital e 10 dias para apresentação de resposta
escrita, ao réu deverá ser nomeado defensor dativo. Outrossim, na exposição de
motivos da nova Lei, assim fundamentou o legislador a respeito de tal previsão legal
(Brasileiro, p. 1211): “Trata-se de medida de política criminal diante da
incompatibilidade material existente entre os objetivos desse novo diploma legal e a
macrocriminalidade representada pela lavagem de dinheiro ou ocultação de bens,
direitos e valores oriundos de crime de especial gravidade. A suspensão do processo
constituiria um prêmio para os delinquentes astutos e afortunados e um obstáculo à
descoberta de uma grande variedade de ilícitos que se desenvolvem em parceria com
a lavagem ou a ocultação” (item 63 da Exposição de Motivos 692/MJ).
Intimação dos advogados constituídos pelo réu ou pelo querelante se dará pela imprensa
154
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
oficial. Caso não haja na comarca, o escrivão a providenciará, por mandado ou por via
postal com AR ou por qualquer outro meio idôneo.
O defensor dativo será intimado pessoalmente, via mandado, e não por meio da
imprensa (art. 370, §4º, do CPP).
O MP e MPF são intimados pessoalmente por via pessoal e nos autos, não sendo
admitida a citação por mandado.
Por fim, basta que as partes tenham conhecimento da expedição da carta precatória para
oitiva de testemunha, sendo desnecessária a intimação da data em que se realizará a
audiência no juízo deprecado. Pacelli entende que é medida restritiva ao direito à ampla
defesa, apesar de dizer que tal direito não é de todo restringido com a nomeação de
defensor ad hoc para o ato.
Súmulas:
STJ
Enunciado 273: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo deprecado.
Informativo do STF
- Nº 738
No caso de intimação por Diário de Justiça eletrônico, o termo inicial dos prazos
processuais será o primeiro dia útil seguinte ao da data da publicação. Considera-se como
data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no
Diário da Justiça eletrônico. STF. 1ª Turma. HC 120478/SP, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 11/3/2014.
- Nº 705
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
NOÇÕES GERAIS: prova ilegal é aquela obtida por meio de violação de normas
constitucionais ou legais, de natureza material ou processual. É gênero, do qual derivam
duas espécies: (i) provas ilícitas ou obtidas por meios ilícitos: a prova ilícita é aquela obtida
mediante violação a regras de direito material; e (ii) provas ilegítimas ou obtidas por meios
ilegítimos: é aquela prova obtida mediante violação a regras de direito processual. Nos
termos do art. 5º, LVI, da CF, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
ilícitos. Também o art. 157, caput, do CPP, com a redação que lhe deu a Lei n.º 11.690/08,
reproduz a mesma vedação, devendo as provas obtidas ilicitamente ser desentranhadas dos
autos. Note-se que o constituinte, assim como o legislador infraconstitucional, não fez a
distinção promovida pela doutrina (entre prova ilícita e ilegítima) (2012, p. 359). Segundo
Denilson Feitoza, nos Estados Unidos, a proibição contra a admissão, no processo, de prova
obtida inconstitucionalmente tem sido conhecida como "princípio da exclusão" ou,
conforme denominação mais empregada em português, "regra de exclusão" ("exclusionary
rule"), que equivale, em terminologia brasileira, ao princípio da inadmissibilidade das
provas obtidas por meios ilícitos ou princípio da licitude das provas.
Ensina ainda Pacelli que o melhor momento para o juiz apreciar a ilicitude da prova e o seu
consequente desentranhamento dos autos é logo após a apresentação da defesa escrita,
desde que a prova tenha sido juntada em momento anterior. Tratando-se de prova
apresentada em audiência, deve o juiz, de imediato, apreciar a questão. Na primeira
hipótese (exame e decisão antes da audiência), caberá RESE (art. 581, XIII); durante a
audiência, o recurso será de apelação, se, e somente se, a sentença for proferida em
audiência. A decisão que não reconhece a ilicitude da prova, por sua vez, é irrecorrível, o
que não impede que seja reapreciada a matéria por ocasião de eventual recurso de apelação
156
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
(2012, p. 336). É de se ter em mente, consoante o citado doutrinador, que, não obstante a
previsão de preclusão da decisão de desentranhamento da prova ilícita (art. 157, § 3º), a
matéria diz respeito à questão de interesse público, indisponível às partes. Por isso, a
matéria poderá ser conhecida quando do julgamento do mérito. A única ressalva fica por
conta do Tribunal do Júri – aos jurados não cabe o conhecimento de prova desentranhada,
pois julgam sem necessidade de motivação. Uma observação: o § 4º do art. 157 foi vetado e
tinha a seguinte redação: “O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão”.
157
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
158
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
159
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Importante registrar que a LEP se aplica tanto aos presos definitivos como aos presos
provisórios internados em estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. Por outro lado,
dentro da sistemática ressocializadora que norteia a LEP, o condenado e o internado tem
garantidos todos os seus direitos que não tenham sido atingidos pela Lei ou pela sentença.
Neste aspecto, há controvérsia a propósito do direito do preso ao sigilo de correspondência,
uns entendendo que este direito não é afetado pela restrição da liberdade, restando
normalmente garantido pelo artigo 5º, XII, da Constituição Federal e outros entendendo que
se trata de restrição natural decorrente da prisão, visto que não existem direitos absolutos e
ao Estado é imposto o dever de garantir a segurança dentro do presídio e da sociedade, o
que seria incompatível com a defesa da inviolabilidade de correspondência dos presos. Na
realidade, a solução da questão passa por entender que não existem direitos
fundamentais absolutos e que, por isso mesmo, os princípios são mandados de
otimização. Em assim sendo, a questão posta deve ser resolvida pelo princípio da
proporcionalidade. Com essa argumentação, o STF já decidiu pela validade da regra do
artigo 41, parágrafo único da LEP, que permite que o diretor do presídio, por ato motivado,
suspenda ou restrinja tal direito. A Suprema Corte assim decidiu por entender que o
direito à privacidade e à intimidade do preso deve ceder espaço aos ditames de
segurança pública, disciplina prisional e a própria preservação da ordem jurídica,
uma vez que "a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode
constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas" (HC 70.814-5, 1ª Turma
1994). Para o Min. Relator deste Habeas Corpus, as correspondências poderiam ser abertas
"em todas as hipóteses que alvitrem o interesse social ou se trate de proteger ou resguardar
direitos ou liberdades de outrem ou do Estado, também constitucionalmente assegurados".
160
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
b) Juízo da execução (art. 65 e art. 66): vide item de Direito Processual Penal 9c para
detalhamento de suas atribuições (LEP, art. 66). Quanto à competência, o juízo da execução
é aquele definido pelas normas de organização judiciária e na ausência de um juízo
específico, a competência para jurisdicionar a execução é do juiz do processo
(sentenciante). Outrossim, a Súmula 192 do STJ define que “Compete ao Juízo das
Execuções Penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça
Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à
administração estadual”. Importante atentar que quando se tratar de preso recolhido a
presídio federal de segurança máxima, nos termos previstos na Lei n. 11.671/08, a atividade
jurisdicional da execução penal passa a ser do juízo federal da seção ou subseção onde
localizado o estabelecimento (art. 2° da Lei 11.671/08). No entanto, esclarece a lei, no caso
da prisão provisória, ao juízo federal, vai competir apenas a sua fiscalização, sendo que a
competência para o processo e respectivos incidentes permanece com o juiz de origem (art.
4° e §§ da Lei). No caso dos presídios federais de segurança máxima, para a
transferência do preso, inicialmente o juiz de origem decide pela necessidade e envia o
processo ao juiz federal competente a quem cabe decidir sobre a transferência. Acaso
o juiz federal rejeite a transferência, o juiz de origem poderá suscitar o conflito de
competência perante o tribunal competente, o qual o analisará em caráter prioritário
(art. 9° da Lei).
c) Ministério Público (art. 67 e art. 68): intervém como parte e fiscal da lei,
obrigatoriamente, em toda a execução da pena, devendo ser ouvido e se pronunciar sobre
todos os pedidos formulados, manifestar-se em todos os incidentes, postulando medidas –
inclusive em favor do executado – e recorrendo de decisões, cumprindo as diversas
incumbências previstas exemplificativamente no artigo 68 da LEP: I - fiscalizar a
161
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
f) Departamento Penitenciário Local (art. 73 e art. 74): a legislação local poderá criar
Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer, o qual
terá por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da
Federação a que pertencer.
h) Conselho da Comunidade (art. 80 e art. 81): cada comarca tem um, formado por
representantes da comunidade, composto, no mínimo, por 1 representante de associação
comercial ou industrial, 1 advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do
Brasil, 1 Defensor Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1 assistente social
escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. Tem por
atribuição visitar mensalmente os estabelecimentos penais, apresentando relatórios ao juízo
da execução e ao Conselho Penitenciário, diligenciando na obtenção de recursos materiais e
162
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
i) Defensoria Pública (art. 81-A e art. 81-B): reconhecida como órgão de execução pela
Lei n. 12.313/10, deve velar pela execução da pena e medida de segurança, oficiando no
processo de execução e incidentes, defendendo os necessitados, de forma individual ou
coletiva, com as diversas incumbências previstas exemplificativamente no artigo 81-B da
LEP, dentre as quais se destaca o dever de visitar periodicamente os estabelecimentos
penais, registrando presença em livro próprio. Importante consignar que no caso dos
presídios federais de segurança máxima, oficiará a Defensoria Pública Federal.
Presídios federais
O controle da transferência ou da permanência do preso nos presídios federais deve ser
exercido tanto pelo juiz de origem como pelo juiz federal responsável pelo presídio federal.
No entanto, depois de ter sido deferido o requerimento pelo magistrado de execução
estadual, não cabe ao juiz federal corregedor do presídio exercer juízo de valor sobre a
gravidade das razões do solicitante, salvo se evidenciadas condições desfavoráveis ou
inviáveis da unidade prisional. STF. 1ª Turma. HC 112650/RJ, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 11/3/2014.
163
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 736
- Nº 731
A remição da pena deve ser efetuada pelos dias trabalhados pelo condenado e não
pelas horas
A LEP estabelece que o cálculo da remição da pena será efetuado pelos dias trabalhados
pelo condenado (art. 126, § 1º, II, da Lei nº 7.210/84), não podendo o Judiciário construir
uma nova forma de cálculo com base nas horas trabalhadas. STF. 2ª Turma. HC
114393/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/12/2013.
- Nº 718
- Nº 706
- Nº 705
Regressão
O inciso I do art. 118 da LEP afirma que o apenado irá regredir de regime se praticar um
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
fato definido como crime. Segundo a jurisprudência do STF e do STJ, não é necessário que
o juiz das execuções penais aguarde que a pessoa seja condenada com trânsito em julgado
para determinar a sua regressão. STF. 1ª Turma. HC 110881/MT, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, 7/5/2013.
- Nº 539
Para que o juiz decrete a perda dos dias remidos na fração de 1/3 é necessária
fundamentação concreta
Reconhecida falta grave no decorrer da execução penal, não pode ser determinada a perda
dos dias remidos na fração máxima de 1/3 sem que haja fundamentação concreta para
justificá-la. STJ. 6ª Turma. HC 282.265-RS, Rel. Min. Rogerio Shietti Cruz, julgado
em 22/4/2014.
- Nº 538
A regra prevista no art. 1º, I, do Dec. 7.873/2012, que admite a concessão de indulto
coletivo aos condenados a pena inferior a oito anos, não pode ser interpretada de forma a
permitir que também obtenham o benefício aqueles que, embora condenados a pena total
superior a esse limite, tenham menos de oito anos de pena remanescente a cumprir na data
da publicação do referido diploma legal. STJ. 5ª Turma. HC 276.416-SP, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 27/3/2014.
165
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
12. b. Sentenças.
Principais Obras consultadas: Resumo do 26º CPR; Resumo 25ª CPR; Resumo Grupo
Magistratura; Pacelli. Eugênio. Curso de Processo Penal. 16ª ed. São Paulo: Atlas, 2012. e
18ª edição. São Paulo: Atlas, 2014. Anotações de Curso Alcance para Procurador da
República, tendo ministrado o tema a Prof. Elisa Pitarro, no ano de 2013.
1.1. Atos decisórios: são atos privativos do juiz, como regra, praticados após a fase
instrutória, como provimento final, mas podendo ser realizados na fase pré-processual
(como, por exemplo, com o reconhecimento da causa extintiva da punibilidade, art. 61,
CPP), ou antes, da fase instrutória (absolvição sumária).
1.2. Sentença: por meio dela o juiz criminal julga definitivamente o mérito da pretensão
penal, resolvendo-o em todas as etapas possíveis, a saber: a da imputação da existência do
fato, a imputação da autoria do fato e, por fim, o juízo de adequação jurídico-penal da
conduta (extinguem o processo com julgamento de mérito da pretensão punitiva). Espécies:
a) condenatória (art. 387, CPP); b) absolutória (art. 386, CPP); c) absolutória imprópria
(absolve, mas impõe medida de segurança); e) absolutória sumária (art. 397, CPP).
a) Emendatio Libelli: é a correção da inicial (libelo) para fim de adequar o fato narrado e
efetivamente provado ao tipo penal previsto em lei, ainda que a pena seja mais grave (art.
383, CPP); não fere o princípio do contraditório, pois o réu não se defende da capitulação,
mas da imputação da prática de conduta criminosa, ou seja, o réu se defende dos fatos
imputados; por isso a reclassificação da conduta poderá ser adotada em qualquer grau de
jurisdição. Contudo, em razão do princípio da proibição da ne reformatio in pejus, se
houver apenas recurso da defesa, o tribunal poderá corrigir a capitulação se da emenda não
resultar pena mais grave. Se da alteração resultar crime para o qual seja prevista a
suspensão condicional do processo, o juiz deverá abrir vista ao MP para a proposta; se
houver modificação de competência do juízo, para lá deverão ser remetidos os autos.
166
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A emendatio libelli é uma emenda na capitulação legal. Serve para ajustar o fato imputado,
narrado, à capitulação legal. Ex.: narrou-se um roubo e, ao final, capitulou-se o fato como
estupro. Nessa situação, deverá ser oportunizado ao MP que se emende a inicial. Em quase
90% dos casos decorre de um erro material.
Questões polêmicas: quando juiz realizar a emendatio, ele deve ouvir a defesa? 1ª
posição (majoritária): não há necessidade, porque o réu se defende dos fatos e não da
capitulação legal, os quais na emendatio permanecem inalterados. 2ª posição (isolado, mas
defensável): Geraldo do Prado defende que nem sempre é fácil diferenciar a emendatio e a
mutatio, sem contar que a capitulação legal serve de parâmetro para a concessão de uma
série de benefícios. Os Tribunais podem realizar emendatio? A Súmula 453 do STF
nega a possibilidade de mutatio a ser realizada pelo Tribunal, não proíbe a emendatio.
Hipoteticamente, o Tribunal pode promover a devida correção, sem que isso acabe
promovendo uma reformatio in pejus.
O juiz pode realizar a emendatio no recebimento da denúncia? Pode, ainda que o art. 383
do CPP esteja inserido no capítulo da sentença, indicando que a modificação da capitulação
legal do fato (emendatio) deveria ser efetuada nessa oportunidade, certo é que não há
qualquer problema na situação de o juiz proceder a emendatio antes, ou seja, no
recebimento da denúncia, desde que se trate de erro material.
OBS Vitaminada: Trechos da aula de Processo do Alcance que aprofunda mais o tema:
A mutatio libelli era um dos temas mais complicados de se estudar antes de 2008. Era
prevista no art. 384 do CPP. A sua antiga redação permitia que o próprio juiz realizasse a
mutatio, poderia alterar a imputação, independentemente de manifestação do MP. Essa
possibilidade surgiu no CPP num período em que o próprio juiz poderia deflagrar a ação
penal. Com a CF/88, tal competência passou a ser atribuição privativa do MP. Com a
reforma de 88, isso mudou, de modo que, para o juiz promover a mutatio, é necessário a
provocação do MP.
Pode ocorrer, durante a instrução criminal, o surgimento de um novo elemento que venha a
mudar a imputação, surgindo um crime diferente daquele narrado na denúncia. Cabe ao
promotor, nessa situação, aditar a denúncia. Não interessa se o crime descoberto seja mais
ou menos grave, tendo pena menor ou maior. É o que se depreende do art. 384 do CPP.
167
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A mutatio hoje significa um aditamento da denúncia feito pelo membro do MP, em razão
de uma dado novo ou fato novo que surgiu durante a instrução criminal, levando ao
reconhecimento de outro crime, diverso daquele imputado na denúncia.
No art. 384 do CPP, não há previsão da possibilidade de o juiz provocar o aditamento.
Quando o juiz se deparar com essa situação, o que ocorrerá? Qual será o controle a ser
realizado pelo juiz, já que não há mais a previsão de o juiz provocar o promotor. Segundo
§1º do art. 384 do CPP, não procedendo o órgão do MP ao aditamento, caberá ao juiz
aplicar o art. 28 do CPP e remeter os autos ao PGJ ou à 2ª CCR. Se o PGJ ou a 2ª CCR
concordarem com o promotor ou procurador e devolver o feito para o magistrado, o que ele
deverá fazer? Há duas orientações: 1ª – Tourinho: resta ao juiz, nesse caso, absolver o
acusado, já que ele está convencido de que o fato imputado não ocorreu; 2ª –
Jurisprudência que prevalece: o que juiz deverá fazer aqui é condenar nos moldes da
denúncia, até porque ele recebeu a denúncia, então existe uma imputação válida. Caso
contrário, se a solução fosse a absolvição, poderia redundar numa coisa julgada injusta.
Se o promotor aditar a denúncia e o juiz receber o aditamento, impondo até o deslocamento
da competência, o juiz não poderá condenar com base nos fatos constantes no recebimento
da denúncia, ficando o juiz adstrito na sentença aos termos do aditamento. É que se
verifica no art. 384, §4º, do CPP. Antes da reforma de 2008, o CPP permitia ao juiz
condenar pelos dois crimes. Então, havia o aditamento e a mutatio, de sorte que juiz
poderia condenar tanto pelos termos da denúncia feita inicialmente como pelos termos do
aditamento. Isso era possível em caso de agregação de qualificadoras: na hora de o juiz
sentenciar, ele podia condenar pelo furto simples ou qualificado, por exemplo, ainda que o
aditamento versasse somente para agregar a qualificadora. Hoje, deve o juiz ficar adstrito
ao aditamento.
Podem surgir situações nas quais haverá dúvida acerca da aplicação da emendatio, se o juiz
pode desclassificar direto na própria sentença, ou da mutatio, e, por sua vez, de aditamento.
Ex1: Indivíduo foi denunciado por furto qualificado com emprego de fraude. Furto
qualificado tem pena de 2 a 8 anos. Durante a instrução criminal, surgem elementos novos,
que levam a reconhecer o estelionato (art. 171). Quem se defende um furto qualificado
pelo emprego de fraude, está se defendendo de um estelionato? É a mesma coisa? Não. Se
não é a mesma coisa, há a necessidade de mutatio, deve o promotor promover o
aditamento. Ex2: Homicídio culposo na modalidade imprudência e, no curso da instrução,
percebe-se que o homicídio culposo foi em verdade praticado por negligência. Quem se
defende por homicídio culposo por imprudência defende-se por homicídio por negligência,
ainda que se esteja no mesmo tipo penal? Não é possível a desclassificação na própria
sentença, há necessidade de mutatio, ainda que se esteja no mesmo tipo penal. Ex3:
Cidadão denunciado por roubo (subtração + grave ameaça). No curso da instrução penal,
subsiste apenas o furto (coisa alheia móvel). Nesse caso, há possibilidade de se
desclassificar da imputação na sentença? Há necessidade de mutatio, de aditamento? Quem
se defende de um roubo, está automaticamente se defendendo de um furto? Sim, porque o
roubo é um crime complexo (subtração de coisa alheia móvel + violência). O próprio juiz
pode alterar na sentença, ou seja, pode promover a mutatio de ofício. Como se está
excluindo uma circunstância do crime, a imputação pode ser desclassificada, ou seja, não
havendo a agregação de fato novo que exija manifestação do réu, não será necessário a sua
oitiva.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Como identificar essa prova nova que leva a necessidade de alteração dessa imputação? Na
audiência, se o juiz recebe o aditamento, há a necessidade de cindir a audiência e haver
toda uma instrução criminal sobre a mutatio. Deverá o juiz marcar uma nova audiência,
não importando se se trata do procedimento ordinário ou do sumário, ainda que neste rito
não haja previsão legal de cisão da audiência.
c) Fixação do valor mínimo para a reparação do dano causado pela infração: tem
como requisitos que o dano tenha sido objeto da discussão ao longo do processo e que os
prejuízos materiais sejam efetivamente comprovados (haja liquidez e certeza quanto à sua
natureza). Para o STJ, há necessidade de pedido expresso para fixação do quantum
indenizatório, pois se decidiu que: “A fixação de indenização sem o correspondente pedido
implica violação ao princípio da correlação, incidente sobre os processos cíveis e penais.”
(REsp.12902263, 5ª Turma, 2012). Pacelli (p. 657/658, 2012) e Renato Brasileiro (p. 301,
2014) entendem contrariamente que a fixação do valor mínimo para reparação do dano
independe de pedido expresso na denúncia, já que é efeito genérico e automático da
condenação, nos exatos termos do art. 387, IV, do CPP.
1.3. Coisa julgada: é uma qualidade da decisão judicial da qual não caiba mais recurso.
Coisa julgada em matéria penal: a) sentença absolutória: a eficácia preclusiva da coisa,
neste caso, visa impedir novas investidas acusatórias contra o réu absolvido (proíbe-se a
revisão pro societate); b) sentença condenatória: pode ser a qualquer tempo rescindida por
meio da revisão criminal (art. 621 e seguintes, CPP); c) coisa julgada formal: decisões
judiciais que, quando passadas em julgado, impedem a rediscussão da matéria unicamente
em relação ao contexto em cujo processo foi prolatada [ex.: decisão que rejeita denúncia
por ausência de pressupostos processuais; decisão que determina o arquivamento do
inquérito (em regra)]; d) coisa julgada material: decisão judicial que não pode ser
reapreciada em qualquer processo. No processo penal apenas as sentenças absolutórias
possuem essa qualidade (ex.: decisão de arquivamento por atipicidade da conduta).
169
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Gabarito oficial: B
170
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: art. 51 do Código Penal. Art. 164, 168 e 169 da Lei de Execuções
Penais – LEP. Lei de Execuções Fiscais – lei 6830/80.
1.1Noções Gerais: nos termos do artigo 49 do Código Penal, a pena de multa consiste no
pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença. No entanto, a multa não é
o pagamento, e sim a obrigação de pagar ao Estado certa quantia. O pagamento é a
execução ou a satisfação da obrigação (Mirabete, p. 693). Os valores das multas constituem
recursos do Fundo Penitenciário Nacional.
1.2. Execução da pena de multa: a execução da pena de multa seguia o rito dos artigos
164 e 165 da Lei de Execuções Penais. Entretanto, a Lei 9.268/95 deu nova redação ao
artigo 51 do Código Penal, existindo divergência na doutrina quanto à extensão da
revogação dos artigos da LEP. A multa é uma sanção penal, não constituindo um tributo.
No entanto, o artigo 51 do Código Penal estabelece que transitada em julgado a sentença
condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se lhe as normas da
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas
interruptivas e suspensivas da prescrição. Por essa razão, regem a matéria a Lei de
Execuções Fiscais, o Código Tributário Nacional e o artigo 578 e parágrafo único do CPC.
1.3. Requisitos: a multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em
julgada a sentença (artigo 50 do CP). O STJ, interpretando o artigo 50 do Código Penal,
estabeleceu que, com o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, e não efetuado
o pagamento da pena de multa no prazo do artigo 50 do Código Penal, o Juízo das
Execuções Penais deve comunicar o fato à Fazenda Pública, que procederá à execução nos
termos da Lei 6.830/80 (REsp 1181905, 5ª Turma, 2011). Assim, antes da remessa da
certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado à Fazenda Pública deve o juízo
da Execução Penal notificar o condenado para que, dentro do prazo de 10 dias, efetue o
pagamento (PRADO, p. 568). Pela necessidade de intimação prévia: Mirabete (p. 712).
171
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1.5. Cabimento: a execução da pena de multa é cabível quando não haja o pagamento
espontâneo por parte do condenado no prazo legal. Não é possível a conversão da pena de
multa em pena privativa de liberdade, ainda que seja nos Juizados Especiais (STF, HC
79474, 2ª Turma, 1999). Não é possível a execução provisória da pena de multa (STJ, HC
53192, 5ª Turma, 2006).
1.6. Atribuição: em que pese o artigo 164 da LEP atribuir a legitimidade ativa para a
execução da pena de multa ao Ministério Público, consolidou-se no STJ que a titularidade
cabe à Fazenda Pública (AgRg no Ag 572.041, 5ª Turma, 2004), em decorrência da
conversão da sanção penal de multa em dívida de ativa da Fazenda Pública a qual caberá
propor execução fiscal, se não houver o pagamento voluntário da obrigação. Pela
legitimidade da Fazenda Pública: Prado, p. 568; Queiroz, p. 515. Pela legitimidade do
Ministério Público: Mirabete, p. 713; Bitencourt, p. 619.
172
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Bens da União para aferição da competência da Justiça Federal são aqueles descritos no
artigo 20, incisos I a XI, da CRFB/88, ou seja, aqueles que integram seu patrimônio. Em
relação aos bens das autarquias federais, empresas públicas e fundações públicas, devem
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Por serviços deve-se atentar para a própria atividade do ente federal e a sua finalidade, ao
passo que interesse e os direitos de cada um, ou, nas palavras de Raquel Fernandez Perrini,
“o conceito de interesse assume conotação ampla, tendo em vista sua íntima relação com
os demais objetos materiais referidos, vale dizer, a ofensa direta a bem ou serviço
acarreta, por via reflexa, ofensa a interesses dos entes federais, sendo tênues os limites que
os separam”.
Nesse sentido, é o teor dos enunciados 208 (“compete à Justiça Federal processar e julgar
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão
federal”) e 209 (“compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal”) da Súmula de Jurisprudência
do STJ.
Na linha de tais enunciados, o STJ assentou ser competência da Justiça Federal apreciar
crimes relacionados ao desvio de verbas federais repassadas ao SUS para gerenciamento do
serviços pelo Estado, Município ou particulares, caracteriza o interesse federal, na medida
em que compete ao Ministério da Saúde a gestão e administração do Sistema, mesmo em se
tratando de repasses fundo a fundo ou mediante convênio (AgRg no CC nº 122.555-RJ,
Rel. Exmo. Min. Og Fernandes, julgado em 14.08.2013 – Inf. nº 527-STJ). Com base na
mesma fundamentação, o STJ tem afirmado ser da competência da Justiça Federal as
situações de crimes que envolvam os recursos do FUNDEB, desde que haja
complementação com recursos federais.
174
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
União, o indivíduo que praticou tal conduta não seria agente público federal (Pacelli, fls.
242/243, 2014). Confira-se o teor da ementa:
(ACO 1109, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX
(art. 38, IV, b, do RISTF), Tribunal Pleno, julgado em 05/10/2011, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG 06-03-2012 PUBLIC 07-03-2012)
Pacelli entende que tal entendimento aplicado aos recursos do FUNDEB em breve será
aplicado aos recursos do SUS, ainda que transferidos fundo a fundo, tais recursos sejam
175
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Inf. nº 514/2013: Compete à Justiça Estadual, e não à Justiça Federal, processar e julgar crime
de estelionato cometido por particular contra particular, ainda que a vítima resida no
estrangeiro, na hipótese em que, além de os atos de execução do suposto crime terem ocorrido
no Brasil, não exista qualquer lesão a bens, serviços ou interesses da União. (CC 125.237-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 4/2/2013).
Inf. nº 536/2014: Compete à Justiça Estadual processar e julgar a suposta prática de delito de
falsidade ideológica praticado contra Junta Comercial. (…) A jurisprudência do STJ
sedimentou o entendimento de que, para se firmar a competência para processamento de
demandas que envolvem Junta Comercial de um estado, é necessário verificar a existência de
ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União, conforme determina o art. 109, IV, da CF.
Caso não ocorra essa ofensa, como na hipótese em análise, deve-se reconhecer a competência
da Justiça Estadual. (CC 130.516-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/2/2014).
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5° deste artigo.
176
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
Tal norma, inserida na Constituição por meio da EC n° 45/04 (Reforma do Judiciário), tem
por escopo evitar que, diante da insuficiência ou inoperância dos meios de apuração e
punição dos delitos envolvendo causas relativas direitos humanos, o Estado Brasileiro seja
acionado junto à Corte Interamericana de Direitos Humanos por descumprimento das
obrigações assumidas no plano internacional.
Sobre a questão, o Superior Tribunal de Justiça, no IDC 2/DF (27.10.2010), entendeu que o
incidente de deslocamento de competência fundamenta-se, essencialmente, em três
pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de
responsabilização decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em
tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer
respostas efetivas. Sobre esse último pressuposto, Pacelli discorda, afirmando que
“bastaria o desaforamento do julgamento, para outro juízo igualmente estadual. Aliás,
foram nesse sentido alguns dos votos vencidos”. Segundo seu entendimento, “será da
Justiça Federal em razão da matéria, do mesmo modo que ocorre em relação aos tratados
e convenções internacionais, com a diferença de que, quanto aos demais (tratados), exige-
se a internalização da conduta”, ao passo que no caso deste inciso não haveria tal
necessidade.
177
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
No primeiro caso, a Lei n° 7.492.86 (Lei do Colarinho Branco), em seu artigo 26, prevê ser
da competência da justiça federal o processamento e julgamento dos crimes cometidos
contra o sistema financeiro nacional.
No segundo caso, atualmente apenas a Lei n° 8.176/91 prevê como competência da justiça
federal o disposto no artigo 2° (Constitui crime contra o patrimônio, na modalidade de
usurpação, produzir bens ou explorar matéria-prima pertencentes à União, sem
autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo.
Pena: detenção, de um a cinco anos e multa. § 1° Incorre na mesma pena aquele que, sem
autorização legal, adquirir, transportar, industrializar, tiver consigo, consumir ou
comercializar produtos ou matéria-prima, obtidos na forma prevista no caput deste artigo),
mas, segundo Pacelli, as condutas descritas no artigo 1° também seriam da competência da
justiça federal, “dado o alcance do interesse envolvido na proteção de tais valores
econômicos, de âmbito desenganadamente nacional”. Ainda, segundo o autor, “a mesma
legislação, em seu art. 4°, institui o Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis, cujos
gerenciamentos e fiscalização são atribuídos a organismo da Administração Pública
Federal, o que, a nosso juízo, reforça o entendimento no sentido de que se cuidaria de
questão de interesse nacional”.
Quanto aos crimes descritos na Lei nº 8.137/90, que trata dos crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo, a competência é da justiça estadual,
a não ser que afetem os interesses da União ou de suas entidades (por exemplo: tributos de
arrecadação federal), quando a competência passará a ser da justiça federal. Serão da
competência da justiça federal os delitos dos artigos 168-A e 337-A, CP, já que o INSS é
uma autarquia federal.
178
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Entende-se por navio para fins de atrair a competência da justiça federal apenas as
embarcações de grande porte, aptas a realizarem viagens marítimas. (CC 43.404/SP, Rel.
Ministro Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, julgado em 14/02/2005, DJ 02/03/2005, p.
184). Referida noção também pode ser extraída na leitura do artigo 11 da Lei 2.180/54. Se a
embarcação estiver ancorada no porto, não será competente a justiça federal, ante a
necessidade de situação de deslocamento internacional ou ao menos em situação de
potencial deslocamento. CC 116.011/SP, de 23.11.11.
Esse dispositivo é interpretado no sentido de que compete aos juízes federais o processo e o
julgamento de todo e qualquer crime, previsto no Código Penal ou na Legislação Especial,
cometido pelo estrangeiro com o intuito de regularizar seu ingresso e permanência no
Brasil. É elementar para atrair a competência da justiça federal que o crime se relacione
com o ingresso ou com a permanência irregular de estrangeiro (Brasileiro, p. 441, 2014).
No Estatuto do Estrangeiro encontram-se, rigorosamente falando, apenas três delitos
envolvendo o ingresso ou permanência irregular de estrangeiros – artigo 125, incisos XI,
XII e XIII. No Código Penal, têm-se as condutas previstas no art. 338: reingressar no
território nacional o estrangeiro que dele foi expulso, com pena de reclusão de 1 a 4 anos,
sem prejuízo de nova expulsão, após o cumprimento da pena; no art. 309 (Fraude de lei
sobre estrangeiro): usar documento, para entrar ou permanecer no território nacional, nome
que não é seu, pena de detenção de 1 a 3 anos, e multa; art. 309, p.u.: atribuir a estrangeiro
falsa qualidade para promover-lhe a entrada em território nacional, pena de reclusão de 1 a
4 anos, e multa; 310: prestar-se a figurara como proprietário de ação, título ou valor
pertencente a estrangeiro, nos casos que a este é vedada por lei ou a propriedade ou a posse
de tais bens, detenção de 6 meses a 3 anos, e multa.
179
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Não havendo tais interesses, a competência passa a ser da justiça estadual, nos termos da
súmula 140 do Superior Tribunal de Justiça: “compete à justiça comum processar e julgar
crime em que o indígena figure como autor ou como vítima”.
CASUÍSTICA:
(1) Nos crimes contra as agências da ECT, a competência depende da natureza econômica
do serviço prestado. Se explorado diretamente ou por particular mediante convênio
(agência dos correios comunitária), a competência é da justiça federal. Por outro lado, se
explorado por particular, mediante franquia, a competência é da justiça estatual.CC
122.596-SC, 8/8/2012.
(4) Os crimes cometidos contra juiz estadual investido da função eleitoral são da
competência da justiça federal, por atentar contra interesse da União, representada que está,
em caso tais, por um de seus órgãos. (HC 18078/RJ, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido,
Sexta Turma, DJ 24/06/2002, p. 345);
180
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
(5) O STJ deu interpretação restritiva à súmula 147 (“Compete à Justiça Federal processar
e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com
o exercício da função”), para afastar sua aplicação aos juízes federais, ocupantes de cargos
cuja natureza jurídica não se confunde com a de funcionário público, mas sim de órgão do
Poder Judiciário, o que reclama tratamento e proteção diferenciados, em razão da própria
atividade por eles exercida. Assim, no caso de crime cometido contra juiz federal, ainda
que fora do exercício de suas funções, a competência é da justiça federal. (CC 89397/AC,
Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, 10/06/2008); Pacelli discorda
dessa posição, alegando que a existência de “verdadeira personificação do cargo público,
como se este (o cargo) fosse inseparável da pessoa que o exerce” (p. 237, 2014).
(6) No crime de furto mediante fraude praticado pela internet contra correntista da CEF é
da competência da justiça federal, pois o correntista é mero prejudicado, sendo sujeito
passivo a CEF, que teve seu sistema de vigilância fraudado. (CC 86241/PR, Rel. Ministra
Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, DJ 20/08/2007);
(11) Os crimes contra o meio ambiente somente atrairão a competência da justiça federal
quando caracterizada lesão a bens, serviços ou interesses da União, de suas autarquias ou
empresas públicas, nos termos do artigo 109, IV, CR. Exemplos: (a) desmatamento ilegal
em Parque Nacional das Araucárias, criado pela União e de administração do IBAMA. CC
104.492/SC; (b) crimes cometidos contra espécies em extinção, dado o manifesto interesse
do IBAMA. CC 37.127/MG; (c) Enunciado nº 30, 2ª CCR: O processo e julgamento do
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
crime de pesca proibida (art. 34, caput e parágrafo único da Lei n.º 9.605/98) competem à
Justiça Federal quando o espécime for proveniente de rio federal, mar territorial, zona
econômica exclusiva ou plataforma continental.
(13) Os crimes de moeda falsa são da competência da justiça federal, a menos que seja
falsificação grosseira que pode caracterizar estelionato, da competência da justiça estadual.
Súmula 73 do STJ. “A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em
tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual”.
(15) Compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, ‘a’, do CPP –
Súmula 122, STJ;
(16) Roubo contra carteiro de bens particulares: mesmo que os bens sejam particulares, é
crime federal. Crime praticado contra funcionário público “propter officium”.
Por fim, registre-se que, em regra, nos casos de prerrogativa de função não importa se o
crime é de competência federal ou não, quem julga é o órgão em que ele tem prerrogativa
(ex. juiz estatual: TJ; juiz federal ou MPF: TRF, etc., salvo justiça eleitoral – art. 108, CR).
Exceção: prefeito: prefeito será julgado no TJ, se cometer crime estadual; no TRF, se crime
federal; e no TRE, se crime eleitoral.
Informativos do STF:
- Nº 730
182
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 716
- Nº 715
- Nº 694
Competência
Não configura “crime militar” o desacato praticado contra militar das Forças Armadas que
estava no exercício de atividade de policiamento em favela pacificada. O exercício de
policiamento ostensivo em favelas, em tempo de paz, mesmo que desempenhado por
militares das Forças Armadas, não constitui serviço militar, mas sim atividade típica de
segurança pública. Logo, este desacato não é competência da Justiça Militar, mas sim da
Justiça Comum Federal. A competência é da Justiça Federal pelo fato do militar das Forças
Armadas ser um agente público da União (art. 109, IV, da CF). Segunda Turma. HC
112936/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 5/2/2013.
Informativos do STJ
Inf. nº 532:
183
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
publicação de pornografia envolvendo criança ou adolescente (art. 241 do ECA). Por se tratar
de site de relacionamento de abrangência internacional – que possibilita o acesso dos dados
constantes de suas páginas, em qualquer local do mundo, por qualquer pessoa dele integrante –
deve ser reconhecida, no que diz respeito ao crime em análise, a transnacionalidade necessária
à determinação da competência da Justiça Federal. CC 130.134-TO, Rel. Min. Marilza
Maynard (Desembargadora convocada do TJ-SE), julgado em 9/10/2013
Inf. nº 528
Inf. nº 527
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
AÇÃO PENAL REFERENTE AOS CRIMES DE CALÚNIA E DIFAMAÇÃO
ENVOLVENDO DIREITOS INDÍGENAS.
Compete à Justiça Federal – e não à Justiça Estadual – processar e julgar ação penal
referente aos crimes de calúnia e difamação praticados no contexto de disputa pela
posição de cacique em comunidade indígena. O conceito de direitos indígenas, previsto no
art. 109, XI, da CF/88, para efeito de fixação da competência da Justiça Federal, é aquele
referente às matérias que envolvam a organização social dos índios, seus costumes, línguas,
crenças e tradições, bem como os direitos sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
compreendendo, portanto, a hipótese em análise. CC 123.016-TO, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 26/6/2013
184
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
no art. 184, § 2º, do CP. Preliminarmente, embora o STF tenha se manifestado pela existência
de repercussão geral acerca da definição de competência para processamento de crime de
reprodução ilegal de CDs e DVDs em face da eventual transnacionalidade do delito (RE
702.560-PR), a matéria ainda não foi dirimida. Nesse contexto, conforme decisões exaradas
neste Tribunal, caracterizada a transnacionalidade do crime de violação de direito autoral, deve
ser firmada a competência da Justiça Federal para conhecer da matéria, nos termos do art. 109,
V, da CF. Contudo, caso o laudo pericial não constate a procedência estrangeira dos produtos
adquiridos, a mera afirmação do acusado não é suficiente para o deslocamento da competência
da Justiça Estadual para a Justiça Federal. Ademais, limitando-se a ofensa aos interesses
particulares dos titulares de direitos autorais, não há que falar em competência da Justiça
Federal por inexistir lesão ou ameaça a bens, serviços ou interesses da União. CC 127.584-PR,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/6/2013
Inf. nº 518
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR
ESTELIONATO PRATICADO MEDIANTE FRAUDE PARA A CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA. No caso de ação penal destinada à apuração de estelionato
praticado mediante fraude para a concessão de aposentadoria, é competente o juízo do
lugar em que situada a agência onde inicialmente recebido o benefício, ainda que este,
posteriormente, tenha passado a ser recebido em agência localizada em município sujeito
a jurisdição diversa. Segundo o art. 70 do CPP, a competência será, em regra, determinada
pelo lugar em que se consumar a infração, o que, em casos como este, ocorre no momento em
que recebida a indevida vantagem patrimonial. Assim, embora tenha havido a posterior
transferência do local de recebimento do benefício, a competência já restara fixada no lugar em
que consumada a infração. CC 125.023-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
13/3/2013.
Inf. nº 511
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO PENAL.
É da competência da Justiça estadual o julgamento de contravenções penais, mesmo que
conexas com delitos de competência da Justiça Federal. CC 120.406-RJ, Rel. Min. Alderita
Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado em 12/12/2012.
185
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
13.b.Transação Penal.
Obras consultadas: Resumos do 25° e 26° CPR. Eugenio Pacelli de Oliveira. Curso de
Processo Penal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2012. Nestor Távora e Rosmar Rodrigues
Alencar. Curso de Direito Processual Penal. Salvador: Editora Juspodivm, 2011. Lima,
Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 2ª edição. Volume único. Salvador:
Editora Juspodivm, 2014.
Noções gerais: Na Constituição da República de 1988 (art. 98, I), às infrações de menor
potencial ofensivo reservou-se o procedimento mais célere dos Juizados Especiais, em que
estão presentes os institutos da composição civil dos danos, da transação penal e da
suspensão condicional do processo, adotando, desta forma, um discurso despenalizador e
descarcerizador, de acordo com a tendência do mundo globalizado.
Cabimento: De acordo com o artigo 76 da Lei n° 9.099/95, a transação penal somente seria
cabível em ação penal pública incondicionada e em crimes de ação penal condicionada à
representação. Contudo, embora a Lei seja silente sobre a possibilidade de transação nos
crimes de ação penal privada, os Tribunais Superiores posicionaram pela sua aplicação
também para as ações privadas (APn 634/RJ, Rel. Min. Felix Fischer. Corte Especial. DJe
03.04.2012), sendo que, neste caso, cabe ao ofendido a formulação da proposta, e o silêncio
do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal. O Ministério Público
também poderá formular proposta em ação penal de iniciativa privada, desde que não haja
formal oposição do querelante (RHC 8123-AP/STJ). Quanto à possibilidade de transação
penal em crimes de ação penal privada, foi editado o enunciado 112 do FONAJE: “na ação
pena de iniciativa privada, cabem transação penal e suspensão condicional do processo,
mediante proposta do Ministério Público”.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Hipóteses em que não cabe a transação, mesmo em caso de pena máxima não superior
a dois anos: (1) Art. 291, §1º do CTB – crime de lesão corporal culposa no trânsito quando
o agente: a) estiver sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência; b) estiver participando, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de
veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; c) estiver transitando em
velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por
hora); (2) Art. 41 da Lei n. 11.340/06 – Crimes praticados com violência doméstica e
familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995; (3) Quando, em concurso de crimes, a pena máxima final
ultrapassar dois anos. Sendo concurso material, somam-se as penas; no formal ou na
continuidade delitiva, deve levar-se em conta o acréscimo dos artigos 70 ou 71 do Código
Penal. Ressalte-se que não obsta o oferecimento da transação penal o fato de o crime de
menor potencial ofensivo estiver sendo processado perante o juízo comum ou pelo tribunal
do júri, em razão de continência ou conexão que justificou a deslocamento da competência.
É o que dispõe o art. 60, p.u., da Lei nº 9.099/95: “na reunião de processos, perante o juízo
comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos
civis”; (4) Art. 90-A, da Lei 9.099 – no âmbito da Justiça Militar. Entretanto, considerando
que o artigo 90-A foi introduzido pela Lei n° 9.839/99, de 27.09.99, e que se trata de norma
de direito material, pode ser aplicada transação aos crimes militares cometidos antes da
vigência da Lei 9.839/99.
188
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Sentença homologatória: Feita a transação, ao juiz é defeso alterar os seus termos, mas,
tão somente, homologá-la ou não homologá-la. Contudo, o juiz pode reduzir até a metade a
proposta de multa, se a julgar excessiva. Da sentença que homologa a transação cabe
recurso de apelação (§5º do art 76).
Situações especiais: (a) Nos crimes do Estatuto do idoso, somente cabe a transação para
os crimes ali previstos, com pena máxima não superior a dois anos. Sendo a pena
superior a dois anos, mas não a quatro, aplica-se o rito célere da Lei 9.099/95, mas sem a
possibilidade de transação (a Constituição protege o idoso, e não o seu agressor, negando-
lhe a possibilidade de se beneficiar da transação, Vide ADI 3.096-5 - STF). (b) Nos crimes
ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de transação penal somente poderá ser
formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso
de comprovada impossibilidade (art. 27, Lei 9605/98). (c) No caso de reunião de processos
por conta de conexão ou continência, no juízo comum ou na vara do júri (ex: homicídio e
ameaça a testemunha – esta é atraída pra o Júri), serão observados os institutos da transação
penal e da composição dos danos civis (art. 60, parágrafo único, da Lei 9.099/95).
189
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Observações:
(1) Não havendo justa causa para o oferecimento da denúncia, não é possível oferecer a
transação penal, devendo o MP promover o arquivamento do feito;
(2) Só é possível propor a transação penal na fase pré-processual, de modo que, iniciado o
processo e não tendo o MP formulado anteriormente, nem a defesa requerido, não é mais
possível aplicá-la na fase judicial (STF, informativo 568);
(10) Enunciado nº 77 do FONAJE: O juiz pode alterar a destinação das medidas penais
indicadas na proposta de transação penal;
190
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Código Penal- arts. 43 a 48. Lei de Execução Penal- arts. 147 a 155.
Com o advento da Lei nº 9.714/98, pela qual houve uma expansão da possibilidade da
aplicação das penas alternativas (prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de
serviços à entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de
semana), criaram-se, em todo país, Varas de Execução de Penas Alternativas, que a partir
de então passaram a fiscalizar o cumprimento da pena.
Demais penalidades advindas com a Lei 9.714/98: as penalidades trazidas como inovação
pela referida lei (por exemplo, prestação pecuniária e perdas de bens e valores) não
possuem previsão legal para o procedimento de execução, tendo em vista que o legislador,
ao atualizar o CP, esqueceu-se de fazer as modificações necessárias na LEP. Para Nucci,
apesar dessa omissão, o cumprimento de tais penas deve ser espontâneo, “sob pena de
reconversão em pena privativa de liberdade. Não teria sentido obrigar o Estado a executar
coercitivamente um determinado valor (...)”. Assim, cabe ao condenado cumprir a pena de
pronto, visto que o interesse é seu em fazê-lo, visto que, se intimado a cumprir a pena
alternativa e assim não proceder, o caminho será a conversão em pena privativa de
liberdade. Na prestação pecuniária, o valor se destina à vítima e a seus descendentes, ou a
entidade pública ou privada, é fixado em dinheiro em montante não inferior a um salário
nem 360 salários mínimo.
OBS Vitaminada: Embora o montante da prestação pecuniária possa ser abatido caso a
indenização por dano civil venha ter valor superior ao montante estabelecido pelo Juízo
penal, como pena restritiva de direito na modalidade pecuniária, certo é que tal
característica não afasta a natureza de tal sanção que é pena, de sorte que a execução
competirá ao Ministério Público que oficiar perante ao juízo das execuções. Assim,
eventual descumprimento da prestação pecuniária ensejará em reconversão da pena
restritiva de direitos em pena privativa de liberdade fixada na sentença condenatória, nos
moldes do art. 44, §4º, do CP. De mais a mais, não se confunde com a ação civil ex delicto,
cuja atribuição para desconto é da vítima, que, sendo carente, deverá ser patrocinada pela
Defensoria, e, em sua ausência ou em locais onde não esteja devidamente aparelhada, pelos
órgãos do ministério público local.
Conversão das penas restritivas de direitos: há conversão nas hipóteses do art. 44, §§ 4º
e 5º, do CP: (I) houver o descumprimento injustificado da restrição imposta; (II) quando
sobrevier condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime. Neste último caso, o
juiz poderá deixar de aplicar a conversão se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
192
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A Lei de Execução Penal prevê outras situações específicas de conversão das penas
restritivas em prisão e que, a despeito da nova redação do CP, ainda estão em vigor. No
caso da prestação de serviço à comunidade: (a) não for encontrado por estar em lugar
incerto e não sabido ou desatender à intimação por edital; (b) não comparecer,
injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; (c) recusar-
se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; (d) praticar falta grave;
(e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução
tenha sido suspensa.
Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direito que: (I) descumprir,
injustificadamente, a restrição imposta; (II) retardar, desmotivadamente, o cumprimento da
obrigação imposta; (III) inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 da
LEP. Na limitação de fim de semana haverá conversão, nos termos 181, § 2º, da LEP, se o
executado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses
das letras a, d e e do parágrafo anterior. Na hipótese de o condenado exercer, sem motivo
justificado, o direito interditado ou ocorrer, também, qualquer das situações das letras “a” e
“e” do § 1º do art. 181 da LEP, ocorrerá a conversão da pena substitutiva pela prisional. A
pena privativa de liberdade aplicada deverá ter a mesma duração da pena restritiva
de direito, descontando-se eventual período já cumprido dessa sanção alternativa
antes de sua conversão. Durante sua execução, ela também pode ser convertida em
restritiva de direitos, se atendidos os seguintes requisitos: (a) a pena prisional não for
superior a dois anos; (b) o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; (c) tenha sido
cumprido pelo menos um quarto da pena; (d) os antecedentes e a personalidade do
condenado indiquem ser a conversão recomendável.
A pena de prestação de serviço a entidades públicas pode ser cumprida em menor tempo
pelo condenado, ao qual é facultado realizar mais de uma hora de tarefa por dia. Contudo,
essa redução nunca poderá ser inferior à metade da sanção prisional fixada na sentença (art.
46, § 4º).
Atribuições: De acordo com o artigo 147 da LEP, "transitada em julgado a sentença que
aplicou a pena restritiva de direitos, o juiz de execução, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando
necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares". Destarte,
com a simples remessa da decisão transitada em julgado à Vara Especializada de Execução
é possível dar início à execução da pena restritiva de direitos. No âmbito federal há vara
específica destinada à execução das penas alternativas.
193
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Eugenio Pacelli afirma que: “trata-se de matéria cuja solução é prejudicial ao julgamento da
ação penal, no sentido de atuarem como pressupostos (fundamentos de origem) da própria
definição da existência do crime. Em uma palavra, integram, como elementar, o tipo penal
imputado ao réu”. (p. 286)
Dessa forma:
Exemplo mais eloquente é a apreciação do crime de receptação, cujo tipo penal apresenta
como elementar o fato de se saber ser a coisa (adquirida, recebida, transportada, conduzida
ou ocultada) produto de crime. A solução do crime de receptação exige o exame prévio do
furto ou roubo anterior da coisa.
Nada impede que o juiz da causa prejudicada (o da receptação, no exemplo dado) resolva
como lhe parecer de direito uma (o furto ou o roubo anteriores) e outra (receptação)
questão, mesmo quando não for territorialmente competente para o julgamento de ambas.
194
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A questão prejudicial obrigatória é aquela que impõe a suspensão do processo penal até
que haja decisão prolatada por juízo cível, conforme dispõe o art. 92 do CPP e refere-se ao
estado civil das pessoas. Exemplo: TJ – RMS 30675/AM – 22/11/2011. MANDADO DE
SEGURANÇA. RECURSO. AÇÃO PENAL. INDÍGENA. ASSISTÊNCIA DA FUNAI. Índio
denunciado por crime de toxico que pede assistência da FUNAI, todavia recusada pelo
Juiz ao entendimento de que por possuir documentos e viver na cidade o indígena está
integrado. (...) Apuração da condição de indígena que deve observar a inteligência
constitucional (art. 231 CF) e que não cabe à jurisdição criminal. (...)
A questão prejudicial facultativa é aquela que permite ao juiz criminal, de acordo com o
seu critério suspender o processo, aguardando solução de determinada questão em outra
esfera. Possui previsão legal no art. 93 do CPP, devendo a questão relativa ao estado civil
das pessoas ser solucionada no âmbito civil (que é prejudicial obrigatória!). Contudo, caso
se trate de questão diversa ao estado civil, poderá o juiz suspender o feito, realizando-se a
produção das provas urgentes e inadiáveis, fixando prazo razoável para tanto, a fim de que
não se alcance a prescrição. Terminando ou prestes a expirar o prazo de suspensão, o juízo
verificará se a questão já está resolvida no cível. Estando solucionada a controvérsia,
procederá ao julgamento da ação penal, porém, se não tiver, decidirá a questão prejudicial,
retomando a sua competência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação
e da defesa. Como exemplos, pode-se citar a posse, no caso do crime de esbulho e a
seguinte jurisprudência: STJ – HC 131937/SP – 19/04/2012. PROCESSUAL PENAL.
HABEAS CORPUS. DELITOS CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL.
COMPETÊNCIA. MEDIDA CAUTELAR PREPARATÓRIA. PREVENÇÃO DO JUÍZO.
QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA FACULTATIVA. SUSPENSÃO DA AÇÃO
PENAL. DISCRICIONARIEDADE DO JUIZ. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
PENDÊNCIA DA AÇÃO DE ANULAÇÃO DE REGISTROS. TIPICIDADE DA CONDUTA.
ORDEM DENEGADA.
Em ambos os casos, a suspensão do curso da ação penal será decretada pelo juiz de ofício
ou a requerimento das partes, e do despacho que denegar a suspensão do processo, não cabe
recurso.
Exceções – Exceção é “a defesa indireta apresentada por qualquer pessoa com o intuito de
prolongar o trâmite processual, até que uma questão processual relevante seja resolvida, ou
com a finalidade de estancar, definitivamente, o seu curso, porque processualmente
incabível o prosseguimento da ação” (NUCCI, 2008, p. 277).
O Código de Processo Penal prevê (artigo 95), cinco espécies de exceções: 1. Suspeição; 2.
Incompetência do juízo; 3. Litispendência; 4. Ilegitimidade de parte (tanto a “ilegitimidade
ad causam” como a “ilegitimidade ad processum”); 5. Coisa julgada.
195
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Essas exceções deverão ser processadas em autos apartados. Como regra geral, não
suspenderão o andamento da ação penal (art. 111 do CPP).
Todas as questões relativas às exceções poderão ser reconhecidas de ofício pelo juiz da
causa e, à exceção da incompetência relativa (que, pela doutrina majoritária, pode ser
reconhecida de ofício até a apresentação da defesa preliminar), podem ser alegadas pelas
partes a qualquer tempo.
Pontos importantes para o estudo da exceção de incompetência: Eugenio Pacelli afirma que
o reconhecimento de ofício, pelo juiz, da incompetência relativa no processo penal deve
estar resolvida até a fase de instrução; Não esquecer que a súmula 33 do STJ só é aplicável
ao processo civil.
Pontos importantes para o estudo das demais exceções: Por ilegitimidade de parte, deve-se
entender o incidente acerca da legitimação ativa para o processo penal, uma vez que a ação
poderá ser pública ou privada, o que determinará sua titularidade; Para Eugenio Pacelli, a
exceção de ilegitimidade de parte não se trata de matéria sujeita à preclusão, podendo ser
arguida pelo réu em qualquer fase do processo, como matéria de defesa, mesmo após o
trânsito em julgado; Na exceção de ilegitimidade de parte, é cabível também a alegação de
ilegitimidade ad processum. Exemplo mais comum é do menor de 18 anos; Quanto à
exceção de coisa julgada, lembrar que o que passa em julgado é a realidade histórica
(ocorrida), e não a realidade imputada ou descrita na acusação.
196
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Por fim, cabe recapitular que as questões prejudiciais dizem respeito ao próprio mérito do
fato criminoso, constituindo verdadeiros pressupostos (da existência) do crime, enquanto as
preliminares cuidam de questões relativas à validade do processo, portanto, da regularidade
da tutela jurisdicional em determinado processo.
Conforme adverte Eugenio Pacelli, o que vem tratado no CPP como conflito de jurisdição é
tanto o conflito de competência quanto o conflito entre jurisdições diferentes. Embora a
doutrina majoritária não contemple tal distinção, colocando todas as hipóteses dentro do
conflito de competência, Pacelli afirma que, quando o conflito ocorre entre órgãos de
jurisdições distintas – tal o exemplo da jurisdição federal e estadual, ou entre a jurisdição
militar e federal, ou entre a estadual e a eleitoral-, já se utilizou e ainda se utiliza a
expressão conflito de jurisdição.
Surge, assim, o conflito, toda vez que dois ou mais juízes pretendem (conflito positivo) ou
recusam-se (conflito negativo) oficiar em um processo para apreciar determinado fato.
Conflito negativo: suspende o processo até a decisão do conflito. Corre nos próprios autos
do processo principal (art. 116 § 1º CPP).
Competência: o art. 116 refere apenas o tribunal competente, podendo haver regra
diferenciada nas normas regimentais, Constituições Estaduais etc.
Avocatória: art. 117 CPP. Seria a possibilidade de chamar para si o julgamento de uma
causa. Há divergência quanto à recepção ou não do instituto pela Constituição Federal. Para
Nucci, tanto o STJ quanto o STF tem o poder de avocar, uma vez que podem dirimir
conflitos de competência e chamar para si o julgamento de processos. Eugenio Pacelli,
implicitamente, reconhece a avocatória, quando afirma que: “A Constituição Federal não
atribui aos tribunais de segunda instância o poder de avocatória em relação a outro tribunal
de mesma hierarquia, tal como ocorre, por exemplo, com o STF e o STJ.” (P. 299).
A Constituição Federal prevê que compete ao STF julgar os conflitos de competência entre
o STJ e quaisquer tribunais (TRF, TJ), entre os tribunais superiores (STJ, TSE, TST e
STM) e entre estes (tribunais superiores) e quaisquer tribunais, conforme o disposto no art.
102, I, o, da CF.
197
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
(TRF, TJ`s), entre tribunal e juiz a ele não vinculado (TRF e Juiz de Direito; TJ e Juiz
Federal) e entre juízes vinculados a tribunais diversos, conforme 105, I, d da CF.
Súmulas do STJ
200: “O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de
passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou”.
172: “Compete a Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridae,
ainda que praticado em serviço”.
147: “Compete a Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário
público federal, quando relacionados com o exercício da função”.
122: “Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de
competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de
Processo Penal”.
107: “Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando
não ocorrente lesão à autarquia federal”.
104: “Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso
de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino”.
90: “Compete a Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do
crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo aquele”.
75: “Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de
promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”. Ressalvadas as hipóteses
em que o crime for praticado em detrimento do sistema penitenciário federal, situação em
que ensejaria a competência da Justiça Federal.
62: “Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de
trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada”.
198
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
48: “Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
estelionato cometido mediante falsificação de cheque”.
42: “Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento”.
199
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
No capítulo sobre recursos, Eugenio Pacelli faz uma observação, no que tange às súmulas
vinculantes. Pare ele, deve-se ter o cuidado para que a súmula não se ponha como obstáculo
à compreensão das inevitáveis diferenças das circunstancias pessoais de cada réu, o que, em
processo penal, faz toda a diferença.
a) duplo grau de jurisdição: direito à revisão da decisão, com sua substituição por outra,
proferida por órgão jurisdicional hierarquicamente superior na estrutura jurisdicional.
3. quando o relator indefere liminarmente a revisão criminal, por não estar o pedido
suficientemente instruído (art. 625, par. 3, do CPP);
Pacelli entende que somente a 1ª, 2ª, 3ª ainda persistem. Contudo, defende não ser possível
aceitar nenhuma delas, dentro de um contexto garantista, e em cujo interior se reserva ao
Ministério Público a titularidade da ação penal pública. No sistema do Código de Processo
Penal de 1941, a medida era compreensível, já que até mesmo a iniciativa da instauração da
ação penal era reservada ao juiz. Logo, podendo propor a ação penal, por óbvio, nenhum
obstáculo haveria em interpor ele mesmo o denominado recurso de ofício. Contudo, no
atual sistema inaugurada com Constituição de 1988, não há mais como aceitar a existência
da remessa necessária. E questiona que lógica haveria em reexaminar necessariamente a
200
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
concessão de habeas corpus, se o acusado deveria ser imediatamente posto em liberdade (p;
938, 2014).
g) proibição de reformatio in pejus (efeito prodrômico da sentença): o réu não pode ter
sua situação agravada, direta ou indiretamente, em razão de recurso por ele interposto. Há
quem entenda que, nos caso de nulidade em razão da incompetência absoluta do juízo e de
anulação das decisões do Tribunal do Júri em que seja determinada a prolação de nova
decisão dos jurados, não haveria a proibição acerca da possibilidade de agravamento da
pena (contra esta possibilidade: STF, HC 89544/RN). Há julgados tanto admitindo o
agravamento da situação do acusado, quanto proibindo. Contudo, contra essa possibilidade,
Renato Brasileiro (p. 1567, 2014) afirma que, “apesar do dissenso, tem prevalecido a
posição no sentido de que a nova decisão deve limitar-se, como teto, à pena estabelecida
pela primeira decisão. Impõe-se, assim, que a nova condenação pelo Juiz natural da causa
não exceda o quantum de pena anteriormente fixado, em observância ao princípio ne
reformatio in pejus”. Esse entendimento é de ser aplicado na reformatio in pejus indireta,
tanto nas decisões proferidas no âmbito do Tribunal do Júri, quanto em razão de vícios
atinentes à incompetência absoluta.
Tal entendimento também vem sendo compartilhado por Pacelli que, revendo posição
anterior – que admitia a reformatio in pejus indireta no casos de incompetência absoluta,
seja em razão da matéria ou da função exercida pelo acusado, o dever de subordinação à
quantidade de pena imposta na primeira decisão se dirigia “contra o princípio do juízo
natural, não no que concerne a prevalência de sua jurisdição, já garantida com o
reconhecimento da nulidade, mas no que respeita à liberdade de seu convencimento e o
livre convencimento e do livre exercício da tarefa judicante. Não nos parece possível,
201
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
assim, falar-se em vedação da reformatio in pejus indireta, sob pena de fazer-se prevalecer
regra legislativa de natureza ordinária (CPP, art. 617) sobre o princípio de fonte
constitucional” (Brasileiro, p. 1566, 2014) –, passou a não fazer qualquer distinção na
proibição de reformatio in pejus indireta. Nesse sentido, vale conferir o seguinte trecho de
sua obra: “se o fundamento da regra repousa na afirmação de liberdade recursal da
defesa, de modo a não reduzir a sua pretensão de modificação da condenação, deve ele
prevalecer também sobre o juiz natural. Pensamos, aliás, que essa é a melhor maneira de
se alinhar a solução da questão aos ditames da citada Súmula 160, do STF (“é nula a
decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício”). Se ali, a ausência de alegação foi suficiente
para se afastar o vício de incompetência absoluta, por que não o seria aqui? Ao fim e ao
cabo, não se teria também a omissão dos órgãos públicos no curso do processo enfim
anulado? Em resumo: anulada a decisão condenatória unicamente em razão de recurso da
defesa, o máximo de pena e sua espécie aplicadas na sentença anulada vincularão o juiz a
quem for encaminhados os autos” (p. 910, 2014)
*Reformatio in pejus direta: por meio da qual se entende que se “só a defesa recorre, tendo
a acusação se conformado com o provimento jurisdicional, a situação do réu não poderá ser
piorada” (TAVORA, ALENCAR, p. 751).
Pressupostos recursais:
202
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Requisitos objetivos:
a) cabimento: deve haver previsão legal para sua interposição em face da decisão
recorrida.
e) motivação: a regra é a dispensa da motivação nos recursos ordinários da defesa, mas ela
é requisito nos recursos da acusação, no REsp, no RE e nas apelações de sentenças do
Tribunal do Júri.
Requisitos Subjetivos:
b) legitimidade: o recurso deve ser oferecido por quem é parte na relação processual, tendo
capacidade para tanto, ou por terceiro, quando autorizado pela lei.
203
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
j) recurso especial (art. 105, III, CF; arts. 26 a 29, Lei 8.038/90)
l) recurso extraordinário (art. 102, III, CF; arts. 26 a 29, Lei 8.038/90)
m) recurso ordinário em habeas corpus (arts. 102, II, “a”, e 105, II, “a”, CF; arts. 30 a 32,
Lei 8.038/90)
n) recurso ordinário em mandado de segurança (arts. 102, II, “a”, e 105, II, “b”, CF;
arts. 33 a 35, Lei 8.038/90)
o) recurso ordinário, para o STF, contra sentença por crime político (art. 102, II, “b”,
CF)
q) agravo de instrumento contra decisão que denega RE e REsp (art. 28, Lei 8.038/90,
c/c o art. 544 do CPC)
Se houver divergência entre acusado e seu defensor, prevalece a vontade de quem tem o
interesse em recorrer. Isso porque, no caso de recurso, vige o princípio da non
reformatio in pejus.
Sum. 705, STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência
do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Sum. 708, STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da
renúncia do único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
Obs.: o MP não pode desistir de recurso por ele interposto. art. 576, CPP: Art. 576. O
Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. É decorrência lógica
do princípio da indisponibilidade e da obrigatoriedade da ação penal.
Deserção: Hipóteses:
Art. 806, § 2º: § 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou
marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso
interposto.
204
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A) Legitimidade recursal:
Art. 577, CPP: “O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo
querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Parágrafo único. Não se admitirá,
entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão”.
- Assistente da acusação (embora não previsto no rol do art. 577): seu recurso é subsidiário
ao do titular da ação penal.
Obs.: esta súmula precisa ser revista, pois, hoje, o HC vem sendo utilizado para
trancamento de ação penal, o que repercute na ação civil para reparação dos danos causados
pelo crime (justificando o interesse do assistente para recorrer nestas hipóteses).
Sum. 448, STF: O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr
imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público.
205
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Ex: se o MP apela dizendo não se conformar com a substituição de pena privativa por uma
restritiva, isso é o que o Tribunal pode dar para o MP. Ele não pode aumentar o quantum da
pena.
Tendo em conta dos limites fixados pelo âmbito de impugnação dos recursos para o órgão
jurisdicional superior, a doutrina costa classificar os recursos da seguinte forma: a) Recurso
de instância iterada: existe quando se devolve ao Tribunal apenas o conhecimento de
decisão de cunho processual, obrigando o Tribunal a conhecer apenas do teor daquela
decisão, p. ex., recurso contra decisão de pronúncia, devolve ao tribunal apenas reexame
processual da decisão impugnada, não sendo viável ao Tribunal reexaminar o conteúdo de
direito material. O recurso em sentido estrito é exemplo típico de recurso de instância
206
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Obs.:
- Recursos Extraordinários: art. 27 §2º, da Lei 8.038/90; art. 637, CPP: Art. 637. O recurso
extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do
traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença. Apesar
dos recursos extraordinários não serem dotados de efeito suspensivo, em virtude do
Princípio da presunção de inocência não é possível a execução provisória de sentença
condenatória sem trânsito em julgado, somente sendo possível o recolhimento à prisão
quando baseado em um dos pressupostos do art. 312.
Efeito extensivo: Consiste na extensão benéfica dos efeitos do recurso ao corréu que não
recorreu, desde que a decisão esteja fundamentada em motivos de caráter objetivo. Esse
efeito é válido não só para recursos, mas também para revisão criminal e HC. Esse efeito
extensivo pode ser dado no próprio recurso ou por intermédio de posterior HC.
Efeito substitutivo: Uma vez conhecido o recurso, o julgamento proferido pelo Tribunal
tem o condão de substituir a decisão recorrida naquilo que tiver sido objeto de impugnação,
seja nas hipóteses de provimento, seja nas hipóteses de negativa de provimento. Isso é
importante para fins de determinação da competência para o julgamento da revisão
criminal.
Decisões interlocutórias:
A regra é a irrecorribilidade, salvo se tal decisão constar do art. 581, CPP. Mas existe
sempre a possibilidade de se impugnar essa decisão por meio de HC (em favor do acusado)
ou de que essa decisão interlocutória irrecorrível seja abordada em preliminar de outro
recurso (ex.: em preliminar de uma apelação, alegando que teria havido ofensa à ampla
defesa).
207
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A maioria da doutrina diz que o rol é taxativo e que, portanto teríamos hipóteses numerus
clausus de cabimento deste recurso. Mas esse não é o melhor entendimento, haja vista que
o rol é da década de 40. Admite-se a utilização da interpretação extensiva quando ficar
clara a intenção da lei de também abranger a hipótese (ex.: RSE contra rejeição do
aditamento à peça acusatória). No entanto, quando ficar clara a intenção da lei de não
abranger a hipótese, não se admitirá interpretação extensiva.
3) Se a decisão for proferida pelo juízo das execuções, o recurso cabível será o de agravo
em execução, mesmo que tal decisão conste do rol do art. 581, CPP.
O recurso é pro et contra quando é admitido para ambas as situações (comporta o sim e o
não, ou seja, seja para constituir ou reconhecer uma situação jurídica, seja para
desconstituir ou afastar uma situação juríduca). Será, no entanto, secundum eventum litis,
quando cabível para uma única situação. A maioria dos casos de RSE são secundum
eventum litis.
Cabimento do RSE
I - que não receber a denúncia ou a queixa; (Na lei 9.099-95, da rejeição da denúncia
cabe apelação)
STF, 709: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
208
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; (Nestor Távora diz que este
inciso foi revogado pelo atual art. 426, caput, CPP)
XVII – que decidir sobre a unificação de penas; É matéria de execução penal. Caberia
agravo em execução, previsto na LEP.
XXI- que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
209
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Prazo do RESE é de 05 dias (interposição). O prazo para arrazoar é de 02 dias (art. 588,
CPP).
Em regra se processa por instrumento (583, CPP). Excepcionalmente vai nos próprios
autos: rejeição da denúncia, por exemplo.
– De comum, o RESE não tem efeito suspensivo. As exceções ficam por conta do art. 584,
CPP (perda de fiança; decisão que denegue a apelação ou a julgue deserta; decisão que
julga quebrada a fiança; desclassificar de crime doloso para outro crime de competência do
juízo singular, por ocasião do art. 410, CPP.
APELAÇÃO
A interposição deve ser feita em 5 dias. As razões e contrarrazões poderão ser apresentadas
em até 8 dias.
O CPP prevê que as razões da apelação podem ser apresentadas na segunda instância. Para
a doutrina, tal dispositivo somente pode ser invocado pela defesa. Invocado esse benefício
pela defesa, ao promotor do caso caberá a apresentação de contrarrazões.
Há diferença entre apelação ordinária (crimes punidos com reclusão) (existe revisor) e
apelação sumária (crimes punidos com as demais hipóteses), nesta não há revisor.
Hipóteses de cabimento A apelação está prevista na Lei 9.099/95 para os seguintes casos
(arts. 76, caput e §5º, e art. 82):
210
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
– decisão de mérito.
– Por fim, vejamos as hipóteses de cabimento da apelação com fundamento no art. 593:
- das decisões definitivas ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular, desde
que tais decisões não estejam listadas no rol do art. 581, CPP (aqui a apelação é subsidiária)
– por decisão definitiva entende-se aquela em que o juiz decide o mérito e extingue o
processo ou procedimento, porém, sem condenar ou absolver o acusado. Decisão com força
definitiva, por sua vez, são aquelas que extinguem o processo sem julgamento do mérito,
assim como aquelas que resolvem um procedimento incidental de modo definitivo. À
semelhança do inciso anterior, nesse caso o recurso de apelação também será de
fundamentação livre.
Procedimento da apelação:
- Sustentação oral: Súm. 431, STF. Ela é possível. É preciso ser intimado da data de
julgamento, sob pena de nulidade.
– Emendatio libelli: pode ser feita pelos tribunais (a mutatio, porém, não) - Súm. 453, STF.
211
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
EMBARGOS INFRINGENTES
EMBARGOS DE NULIDADE
Prazo de 10 dias
Os embargos infringentes são cabíveis para atacar decisão proferida em sede de apelação,
em RESE ou em agravo em execução.
Limites estão no voto vencido, ou seja, somente se pode pedir o que o voto vencido
reconheceu.
Não são cabíveis embargos infringentes no STJ e no STF. Lá são cabíveis os EMBARGOS
DE DIVERGÊNCIA, como regra.
Não são cabíveis: na revisão criminal (ressalva do STF, conforme registro abaixo); no HC;
no julgamento de competência originária dos tribunais (ressalva do STF, segundo texto
abaixo); o STJ já admitiu no julgamento de carta testemunhável contra denegação RSE
(REsp 336.607/DF); admite-se em agravo de execução, porque este em tudo se assemelha
ao RSE.
Não pode ser interposto pelo próprio réu, que, nesse caso, não tem capacidade postulatória.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Cabem contra tudo. Fundamento: arts. 382 e 619, do CPP. No CPP, além de obscuridade,
contradição e omissão, fala-se também em ambigüidade. Prazo: 02 dias, nos Tribunais; 05
dias, no STF e nos juizados especiais.
212
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
CARTA TESTEMUNHAVEL
É recurso de pouca utilização prática, e dirige-se contra a decisão que denega recurso
interposto (art. 639, I, CPP), ou que impede o seguimento de recurso já admitido (art. 639,
II). Mas, somente será cabível quando a lei não previr expressamente outro recurso. Contra
a decisão que nega seguimento à apelação, por exemplo, cabe recurso em sentido estrito
(581, XV, CPP). Contra a decisão que não admite REsp ou RE, cabe agravo de instrumento
(art. 28 da L. 8038/90). Assim, a carta testemunhável dirige-se, basicamente, contra a
denegação do recurso em sentido estrito. O prazo é de 48 horas, não possuindo efeito
suspensivo.
O Tribunal irá julgar a carta testemunhável e o recurso não recebido, em razão da economia
processual, se houver suficiente instrução, nos termos do art. 644, CPP.
Prazo de 05 dias.
Tem previsão na Lei 5.010/66, que organizou a Justiça Federal. Ali dispõe (art. 6º) que a
correição parcial pode ser requerida pela parte ou pelo MP, contra ato ou despacho
do juiz de que não caiba recurso, ou omissão que importe erro de ofício ou abuso de
direito. EXEMPLO: juiz que inverteu o procedimento ou a ordem das testemunhas. É
destinado a corrigir error in procedendo, mas não error in judicando, segundo Capez.
Há discussão quanto ao seu procedimento. Capez afirma que Tourinho Filho defende ser o
procedimento do recurso em sentido estrito. Não obstante isso, aduz que a maioria se
inclina que o procedimento é do agravo de instrumento do CPC, se não houver previsão
expressa em sentido contrário, em normas de organização judiciária.
É cabível na fase do IP, mas desde que seja contra ato do Juiz.
Quando o tribunal julga a correição parcial não pode punir o juiz imediatamente (porque o
juiz tenha errado). O Tribunal corrige o erro, mas não pune o juiz porque para ser punido é
necessária a instauração de procedimento administrativo.
213
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
AGRAVO EM EXECUÇÃO
Será cabível contra decisões proferidas pelo juízo da execução. Nos termos da Súmula 700
do STF: é de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal
Legitimidade: MP, acusado e defensor podem entrar com o agravo em execução. E, além
deles, quem também tem legitimidade para ajuizar esse recurso são os familiares do
executado (cônjuge, parente ou descendente). O assistente não pode.
Atenção: o Conselho Penitenciário não pode interpor agravo em execução. Ele pode até
provocar um incidente na execução, mas não pode ajuizar este recurso.
Efeito suspensivo: não há. O agravo em execução não é dotado de efeito suspensivo. Isso
está expressamente previsto no art. 197, LEP.
1
Súmula 203 do STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão dos juizados
especiais.
214
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativo do STF
- Nº 735
Não cabem embargos infringentes no STF para discutir o quantum da pena aplicada
A divergência estabelecida na fixação da dosimetria da pena não enseja o cabimento de
embargos infringentes no STF.
AP 470 EI - décimos quartos-AgR/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em
13/2/2014.
- Nº 729
- Nº 724
215
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 720
São cabíveis embargos infringentes contra decisão do STF que tiver condenado o réu em
processo de competência originária daquela Corte, desde que tenha havido, no mínimo,
quatro votos divergentes.
Os embargos infringentes do STF estão previstos no art. 331, I, do RISTF, que foi
recepcionado pela CF/88 com força de lei ordinária e não foi revogado pela Lei n.
8.038/90.
AP 470 AgR - vigésimo quinto/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão
Min. Teori Zavascki.
AP 470 AgR - vigésimo sexto/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min.
Roberto Barroso.
AP 470 AgR - vigésimo sétimo/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 18.9.2013 (Info 720).
- Nº 714
- Nº 709
- Nº 702
STF aplicou o art. 191 do CPC por analogia permitindo que as partes do “Mensalão”
tivessem prazo em dobro para recorrer
STF admitiu que as partes (MP e defesa) tivessem prazo em dobro para recorrer (embargos
de declaração) no caso do “Mensalão”, utilizando como argumento o fato de que havia, no
caso, um litisconsórcio passivo (vários réus), com advogados diferentes, devendo, portanto,
ser aplicada, por analogia, a regra prevista no art. 191 do CPC. AP 470 Vigésimo Segundo
AgR/MG, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,
17/4/2013.
216
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Estabelece o art. 394 § 2º CPP que o procedimento sumaríssimo é o aplicável aos processos
que tiverem por fim a apuração das infrações de menor potencial ofensivo. O rito está
inteiramente previsto na Lei n.9099/95.
Art. 60 da Lei n. 9.099/95: são crimes de menor potencial ofensivo as contravenções penais
e os crimes a que lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com
multa.
Sobre os juizados especiais criminais, Eugenio Pacelli afirma que se pode falar em um
modelo consensual de Justiça. Mas adverte o autor que a informalidade e a preocupação
com a funcionalidade do sistema (consensual) podem atingir níveis perturbadores de
irracionalidade.
217
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Ademais, são objetivos do Juizado Criminal, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Atos chamatórios: as citações são pessoais, por mandado, vedada a citação editalícia.
Havendo a necessidade de realizar citação por edital, o processo deverá ser encaminhado ao
juízo comum, no qual será adotado o procedimento sumário.
Transação penal: art. 76. Nos casos de ação penal pública, o MP poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa ao autor do fato. Em caso de ação
penal privada, há entendimento no sentido do não cabimento da transação. Por outro lado,
há quem defenda o cabimento, mediante proposta do querelante.
O feito ficará suspenso pelo prazo de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, período no qual o réu fica
submetido a determinadas condições legais. Destarte, o magistrado poderá fixar outras
condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
A suspensão será facultativa se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
1) Fase preliminar: composição civil dos danos (art. 74); direito de representação verbal
(art. 75); transação penal (art. 76).
- Sendo complexo o fato, pode o juiz encaminhar o feito ao juízo comum. Lá serão
oferecidas denúncia ou queixa por escrito (nesse caso, o rito a ser adotado é o sumário);
- Inviabilizada a transação penal, serão oferecidas denúncia ou queixa orais (art. 77);
2.1. Juiz poderá rejeitar a inicial acusatória com base no art. 395 CPP. Encerra-se o
procedimento.
2.2. Não sendo o caso de rejeição, o juiz receberá a denúncia ou a queixa prosseguindo a
audiência;
4. Inquirição da vítima e das testemunhas que tenham sido arroladas ou trazidas pelas
partes;
5. Interrogatório do réu;
Recursos: Apelação (art. 82) contra a decisão de rejeição da denúncia ou queixa, bem
como da sentença, no prazo de 10 dias, unicamente por petição (vedado o termo) já
acompanhada das razões. O julgamento compete às Turmas Recursais.
219
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Também é possível a interposição de Recurso Extraordinário (art. 102, III CF) contra a
decisão proferida por Turma Recursal.
A teoria para o lugar do crime, nos Juizados Especiais, não foi expressamente prevista
pela Lei. Pacelli entende que a mais adequada aos princípios processuais que informa os
juizados especiais é a teoria da ubiquidade. Contudo, prevalece na doutrina o entendimento
de que rege a competência territorial do Juizado Especial Criminal a teoria da atividade.
OBS: Não é possível proposta de transação penal realizada pelo juiz, à revelia do MP. É o
entendimento de Eugenio Pacelli e da Jurisprudência: Tratando-se de apelação interposta
no sistema dos juizados especiais criminais, impõe-se ao recorrente o dever de apresentar,
com a petição recursal, as razões de apelação, no prazo único de dez dias, conforme dispõe
o § 1º do art. 82 da Lei 9.099/95 (“A apelação será interposta no prazo de 10 (dez) dias,
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por
petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente”). Com base nesse
entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus em que condenados pela prática dos crimes
previstos no art. 10 da Lei 9.437/97 e no art. 29 da Lei 9.605/98 alegavam constrangimento
ilegal por cerceamento de defesa, em razão de a Sétima Turma de Recursos de Santa
Catarina não conhecer de recurso de apelação interposto em seu benefício, porque
desacompanhado das razões recursais. Precedentes citados: HC 79843/MG (DJU de
30.6.2000) e HC 85210/SP (DJU de 1º.7.2005). HC 86454/SC, rel. Min. Carlos Velloso,
18.10.2005. (HC-86454).
Informativos do STJ:
220
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação: Previstas dos artigos 125 a 144-A do Código de Processo Penal; Lei nº
9.613/98; Lei 11.343/06;
§ 1o O leilão far-se-á preferencialmente por meio eletrônico. (Incluído pela Lei nº 12.694,
de 2012)
§ 2o Os bens deverão ser vendidos pelo valor fixado na avaliação judicial ou por valor
maior. Não alcançado o valor estipulado pela administração judicial, será realizado novo
leilão, em até 10 (dez) dias contados da realização do primeiro, podendo os bens ser
alienados por valor não inferior a 80% (oitenta por cento) do estipulado na avaliação
judicial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
§ 6o O valor dos títulos da dívida pública, das ações das sociedades e dos títulos de crédito
negociáveis em bolsa será o da cotação oficial do dia, provada por certidão ou publicação
no órgão oficial. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
221
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
crimes, antes mesmo da decisão final da justiça. Visa a alienação dos bens evitando-se a
lotação de depósitos judiciais, deterioração, a perda de valor dos bens apreendidos e ainda
evitar sua deterioração decorrente da dificuldade em fazer a sua manutenção. A alienação
deve ser realizada preferencialmente, por meio de leilão eletrônico.
Na alienação antecipada com o objetivo de preservar o valor dos bens, sempre que estes
estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou houver dificuldade
para sua manutenção, deve-se observar o valor estipulado pela administração judicial; caso
esse valor não alcance o montante estabelecido, os bens poderão ser alienados por
valor não inferior a 80% do estipulado na avaliação judicial (inclusive foi esta questão
cobrada recentemente no concurso para juiz do TRF 3).
A nova lei teve origem em projeto (PL 2057/07) apresentado pela Comissão de Legislação
Participativa da Câmara dos Deputados, a pedido da Associação dos Juízes Federais do
Brasil (Ajufe).
Na opinião do Relator da Comissão, Fábio Trad, a medida vai conferir maior agilidade e
presteza no retorno do valor desses bens para a União, para que a própria União possa
implementar políticas públicas que combatam a delinquência organizada
Pela nova lei, juízes, integrantes do Ministério Público e seus familiares que estiverem em
"situação de risco" poderão ter proteção da Polícia Federal e das polícias civil e militar,
além de órgãos de segurança institucional. "É uma lei muito importante para a sociedade
porque é um passo no sentido da modernidade, no tratamento da criminalidade organizada e
no sistema de proteção a magistrados e aos membros do Ministério Público colocados em
situação de risco."
A medida foi considerada normal pelo presidente da Ajufe. Segundo Ninno Oliveira, o veto
não afeta o objetivo da lei. (Fonte:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/423165-
PUBLICADA-LEI-QUE-PERMITE-A-VENDA-ANTECIPADA-DE-BENS-
RESULTANTES-DE-CRIMES.html)
Busca e apreensão: tem por objeto o material probatório e como finalidade resguardar os
meios de prova. A devolução de tais bens não está sujeita a prazo fixo, sendo mantida a
medida enquanto interessarem ao processo.
222
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Sequestro (art. 125). É a retenção de bens adquiridos com o resultado da infração penal.
Cabimento: caberá o sequestro (antes ou durante ação penal) dos bens imóveis e móveis
(para móvel, só cabe sequestro se não for cabível busca e apreensão do art. 240), adquiridos
pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a
terceiro. Pacelli entende exigível também periculum in mora (pág. 308, Curso de Processo
Penal 2012). No caso de bens móveis, porém, se o bem for ele próprio o produto da
infração, a medida cabível será busca e apreensão. No caso de bens imóveis, deve ser
levado à inscrição no Registro de Imóveis (art. 128, CPP).
Ocasião: qualquer fase do processo e, segundo Oliveira, mesmo antes da ação penal (2010,
p. 335).
224
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
de valor correspondente; o juiz, após breve e rápida instrução, arbitra o valor provisório da
responsabilidade civil e determina a avaliação do imóvel indicado. Não haverá inscrição do
imóvel se o acusado oferecer caução equivalente idônea (art. 135, §6º, CPP). Sentença
absolutória ou extintiva da punibilidade: cancelamento da hipoteca (muito embora ainda
possa haver o direito do lesado à recomposição civil). Sentença condenatória: os autos da
hipoteca são encaminhados ao juízo cível para liquidação da execução (art. 143, CPP).
Arresto (art. 136): É a retenção de quaisquer bens para fins de garantia da solvabilidade do
devedor. Arresto prévio de bem imóvel: trata-se de medida preparatória à inscrição da
hipoteca (art. 136, CPP) e será revogada se não for inscrita a hipoteca em 15 dias. Arresto
de bens móveis: cabível quando o acusado não possua bens imóveis ou, possuindo-os,
sejam eles insuficientes para a satisfação da responsabilidade civil.
225
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
utilizados na prática dos crimes sejam mantidos sob custódia da polícia judiciária, exceto as
armas. Tais bens poderão ser destinados ao uso pela autoridade de polícia judiciária e por
órgãos de inteligência ou militares. Não sendo este o caso, o MP poderá, após a propositura
da ação penal, requerer a venda antecipada dos bens em leilão. Os valores apurados devem
ficar depositados em conta judicial, juntamente com o dinheiro e os cheques apreendidos,
até o trânsito em julgado da sentença, quando poderá ser a quantia restituída a quem de
direito ou destinada ao Funad (§9º). Obs.1: terão efeito unicamente devolutivo os recursos
interpostos contra as decisões proferidas nos procedimentos de alienação, sequestro ou
qualquer outra medida acautelatória (art. 62, §10). Obs.2: o STF já decidiu não ser exigida
a continuidade ou permanência na utilização de bens no tráfico de entorpecentes para o seu
confisco. Obs.3: para Baltazar Jr., não devem ser vendidos antecipadamente bens não
sujeitos a depreciação rápida, como imóveis ou joias (2010, p. 666).
Informativo de Jurisprudência
Informativo do STF
- Nº 741
227
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativo do STJ:
513:
Sexta Turma
DIREITO PROCESSUAL PENAL. CAUTELAR DE SEQUESTRO. DEFERIMENTO
DO PEDIDO SEM PRÉVIA INTIMAÇÃO DA DEFESA.
Não acarreta nulidade o deferimento de medida cautelar patrimonial de sequestro sem
anterior intimação da defesa. Na hipótese de sequestro, o contraditório será diferido em prol
da integridade do patrimônio e contra a sua eventual dissipação. Nesse caso, não se caracteriza
qualquer cerceamento à defesa, que tem a oportunidade de impugnar a determinação judicial,
utilizando os meios recursais legais previstos para tanto. RMS 30.172-MT, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2012
228
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação: Artigos 406 a 497 do Código de Processo Penal; Artigo 74, §1 do Código de
Processo Penal; Artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição Federal; Súmula 721 STF.
Genocídio: competência do Júri Federal, se praticado por meio de crimes dolosos contra a
vida. Lei infraconstitucional pode investir júri da competência de outros crimes, inclusive,
poderia atribuir a competência para julgar o crime de genocídio. A respeito do tema, vale
229
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
conferir o seguinte trecho das anotações das aulas do Curso Alcance para Procurador da
República, ministradas pela Prof. Eloisa Pitarro, em 2013:
Genocídio não é crime doloso contra a vida, mas sim crime contra a humanidade, de
competência da justiça federal. O problema é que acabam por envolver o genocídio com o
homicídio.
A lei nº 2889/56 define genocídio e elenca as hipóteses de genocídio.
Ex.: Um indivíduo com a intenção de eliminar um grupo, ele mata vinte pessoas.
Que crime ele cometeu? Para Nucci, cada morte corresponde a um genocídio em concurso
material ou em concurso formal, conforme a sua prática. No entanto, poder-se-ia sustentar
como tese de defesa que o genocídio exige pluralidade de vítimas. Assim, o agente deveria
responder por um só genocídio. Tanto para o Nucci, quanto pela tese de defesa, a
competência é da justiça federal.
O STF enfrentou a questão, entendendo que os bens jurídicos tutelados são
distintos: genocídio – crime contra a humanidade; homicídio – crime contra a vida. Não
tem como dizer que absorve, tendo em vista a autonomia entre o genocídio e os 20 crimes
de homicídio.
Assim, o STF entendeu que a competência constitucional do Tribunal do Júri, para
julgar o homicídio, promoverá um tipo de atração de forma a atrair a competência para
julgar o genocídio. Nesse sentido, confira-se:
EMENTAS: 1. CRIME. Genocídio. Definição legal. Bem jurídico protegido. Tutela penal
da existência do grupo racial, étnico, nacional ou religioso, a que pertence a pessoa ou
pessoas imediatamente lesionadas. Delito de caráter coletivo ou transindividual. Crime
contra a diversidade humana como tal. Consumação mediante ações que, lesivas à vida,
integridade física, liberdade de locomoção e a outros bens jurídicos individuais, constituem
modalidade executórias. Inteligência do art. 1º da Lei nº 2.889/56, e do art. 2º da
Convenção contra o Genocídio, ratificada pelo Decreto nº 30.822/52. O tipo penal do delito
de genocídio protege, em todas as suas modalidades, bem jurídico coletivo ou
transindividual, figurado na existência do grupo racial, étnico ou religioso, a qual é posta
em risco por ações que podem também ser ofensivas a bens jurídicos individuais, como o
direito à vida, a integridade física ou mental, a liberdade de locomoção etc. 2. CONCURSO
DE CRIMES. Genocídio. Crime unitário. Delito praticado mediante execução de doze
homicídios como crime continuado. Concurso aparente de normas. Não
caracterização. Caso de concurso formal. Penas cumulativas. Ações criminosas
resultantes de desígnios autônomos. Submissão teórica ao art. 70, caput, segunda
parte, do Código Penal. Condenação dos réus apenas pelo delito de genocídio. Recurso
exclusivo da defesa. Impossibilidade de reformatio in peius. Não podem os réus, que
cometeram, em concurso formal, na execução do delito de genocídio, doze homicídios,
receber a pena destes além da pena daquele, no âmbito de recurso exclusivo da defesa. 3.
COMPETÊNCIA CRIMINAL. Ação penal. Conexão. Concurso formal entre genocídio e
homicídios dolosos agravados. Feito da competência da Justiça Federal. Julgamento
cometido, em tese, ao tribunal do júri. Inteligência do art. 5º, XXXVIII, da CF, e art.
78, I, cc. art. 74, § 1º, do Código de Processo Penal. Condenação exclusiva pelo delito
de genocídio, no juízo federal monocrático. Recurso exclusivo da defesa.
Improvimento. Compete ao tribunal do júri da Justiça Federal julgar os delitos de
230
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
231
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
acusado autor ou partícipe do fato; c) o fato não constituir infração penal; d) demonstrada
causa de isenção de pena ou de exclusão do crime, à exceção dos casos de
inimputabilidade, para os quais seja cabível a aplicação de medida de segurança. Obs.:
Pacelli entende inconstitucionais as hipóteses “a” e “b”, pois a decisão fundada em tais
hipóteses abrange grande parte do núcleo central do mérito da matéria criminal (2010, p.
691).
232
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
ou ao acórdão em que verificada esta (HC 94731/MT, 1º.12.2009. A pronúncia não deve
conter referência a circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62 do CP), nem atenuantes (arts. 65
e 66 do CP). Só mencionará as qualificadoras e causas de aumento. Podem ser mencionadas
qualificadores ou causas de aumento de pena descritas implícita ou explicitamente na
denúncia. Se a qualificadora ou causa de aumento não estiver relatada expressa ou
implicitamente, exige-se prévio aditamento pelo MP. As qualificadoras/causas de aumento
só devem ser excluídas quando manifestamente improcedentes. A pronúncia não deve se
referir a concurso material (matéria de aplicação da pena), concurso formal (matéria de
fixação da pena) nem crime continuado. Se juiz entender que outras pessoas também
responsáveis não foram incluídas na denúncia, encaminhará os autos ao MP para
aditamento; se já houve pronúncia, o caminho será nova ação. Recurso da pronúncia:
R.S.E. MP poderá recorrer em favor de réu. Outros efeitos da pronúncia: transitando em
julgado, preclui processualmente ao juiz, sendo imutável a admissibilidade da acusação; a
sentença de pronúncia não faz coisa julgada, já que não vincula o Tribunal do Júri, apenas
acarreta preclusão ao juiz; juiz não poderá sequer corrigir irregularidades ou sanar
nulidades, salvo a situação do art. 416 (verificação de fato superveniente que modifique a
classificação do delito – ex: morte da vítima – havendo antes manifestação das partes), caso
em que o MP deve aditar a acusação.
c) DESCLASSIFICAÇÃO, ocorre quando o juiz entende não ser crime doloso contra a
vida (desclassificação própria) ou ser outro crime de competência do júri (imprópria), mas
de capitulação diversa, hipótese em que pronunciará o acusado. Desafia R.S.E. O 1º RSE
será exclusivo da acusação. Defesa não pode recorrer primeiramente da desclassificação. Se
MP entrar com RSE, réu poderá entrar com outro RSE protestando pela absolvição
sumária. Se juiz a quem foi remetido os autos discordar, suscitará conflito de competência.
Se réu foi denunciado por crime doloso contra a vida e outros crimes conexos, não pode
juiz pronunciar um e impronunciar o outro (salvo manifesta ausência de justa causa para
reunião de processos). Quando a desclassificação do crime doloso contra a vida for pelo
júri, a competência será sempre do juiz-presidente. Mas se o júri absolver pelo crime doloso
contra a vida, ocorrerá julgamento de mérito desse crime e aí o júri julgará os conexos
restantes. Desclassificando o juiz na 1ª fase, mesmo que seja competente para sentenciar,
reabrirá para defesa prazo e indicação de testemunhas.
233
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
punibilidade, à exceção dos casos de inimputabilidade para os quais seja cabível a aplicação
de medida de segurança. Cabe apelação. Não há reexame necessário na absolvição sumária.
Julgamento: compromisso dos jurados; leitura do relatório feito pelo juiz; oitiva do
ofendido, se possível; oitiva das testemunhas da acusação; serão indagadas inicialmente
pelo juiz, depois pelo MP, assistente, querelante e advogado, diretamente; jurados poderão
perguntar, mas por intermédio do juiz; oitiva das testemunhas de defesa; perito, acareação e
reconhecimento de pessoas e coisas; partes poderão requerer esclarecimento da prova
pericial se o fizerem pelo menos dez dias antes do plenário; interrogatório; debates (réplica,
tréplica); leitura da explicação dos quesitos; formulação dos quesitos; processamento do
julgamento; votação; sentença pelo juiz-presidente do júri; encerra-se com a sentença do
juiz presidente.
234
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Ordem de preferência para julgamento: processos com réus presos preferem aos soltos;
se todos presos, preferência para os presos há mais tempo; se presos há um tempo igual,
preferência ao pronunciado antes.
235
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Não comparecimento do jurado não mais importará perda dos direitos políticos. Mas se for
motivação política, filosófica ou religiosa e não cumprir prestação alternativa, há suspensão
dos direitos políticos. São isentas as pessoas do presidente da república, ministros de
Estado, governadores, prefeito, secretários, parlamentares, magistrados, órgãos do MP,
Delegados de Polícia e servidores da Segurança Pública, serventuários da justiça etc.
Analfabeto pode ser jurado.
Conselho de sentença significa um juiz mais 7 jurados escolhidos. Parentes podem ser
jurados na mesma sessão, mas não no mesmo conselho de sentença.
Alegações finais: defesa não pode concordar com a acusação integralmente. Defesa pode:
pedir desclassificação para crime menos grave; pedir exclusão de qualificadoras e
agravantes; apresentar teses de defesas alternativas, mesmo que incompatíveis entre si. Na
tréplica não pode ser apresentada tese defensiva nova, mas há posições em contrário como
Nucci: a inovação na tréplica é cabível (princípio da plenitude de defesa), devendo o MP
utilizar o aparte (que é a intervenção de uma das partes durante a manifestação da outra,
previsto no art. 497, XII, do CPP, quando sentir que deve fornecer uma explicação aos
jurados quanto à inadmissibilidade do argumento novo apresentado pela defesa na tréplica).
236
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Após debates, permite-se reinquirição de testemunha e acareação. Tempo: 1h30 para cada
parte (para cada réu), 1h para réplica e tréplica. Proibições: sob pena de nulidade, partes
não poderão fazer referência a pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação ou à determinação do uso de algemas como argumento de autoridade que
beneficiem ou prejudiquem o acusado; leitura de documento ou a exibição de objeto que
não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se
ciência à outra parte (vale para defesa também).
Quesitação: não deverá ser feito quesito sobre a suficiência ou insuficiência de prova.
Enunciado 156 do STF: É absoluta a nulidade do julgamento pelo Júri por falta de quesito
obrigatório. Se defesa alega legítima defesa, é obrigatória quesitação sobre moderação e
elemento subjetivo do excesso punível, ainda que jurados afirmem negativamente ao
quesito sobre uso dos meios necessários. Respondido categoricamente pelos jurados que o
crime não se consumou por circunstâncias alheias à vontade do paciente, resta prejudicada
a formulação de quesito acerca da configuração de desistência voluntária, pois são teses
excludentes. Para reconhecimento de nulidade, imprescindível a demonstração de prejuízo
na inversão da ordem dos quesitos. Nulidades relativas quanto aos quesitos devem ser
apresentadas na sessão, pena de preclusão. Ordem dos quesitos: a) materialidade do fato;
b) a autoria ou participação (quesitos na participação não devem se limitar à mera
referência à ação de participação, pois há diferentes modalidades de participação); se quatro
jurados responderem negativamente a qualquer um dos dois primeiros quesitos
(materialidade e autoria), encerra-se a votação, absolvendo. Se positiva a resposta aos dois
primeiros, vem o terceiro quesito; c) se o acusado deve ser absolvido (Pacelli: é a
substituição do direito positivo pelo sentimento de justiça do júri); d) se existe causa de
diminuição de pena alegada pela defesa (inclui as causas de diminuição de pena e as
privilegiadoras também; mesmo que não alegada pela defesa, deve haver o quesito). Obs.:
agravantes e atenuantes não constarão de quesitos, devendo ser reconhecidas por ocasião da
sentença (art. 492, I, b); e) se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de
pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a
acusação (inclui o acréscimo resultante do concurso formal e do crime continuado. Ambas
devem constar obrigatoriamente da pronúncia).
Sentença: incluirá agravantes e atenuantes alegadas nos debates (juiz pode reconhecer de
ofício atenuante não tratada nos debates – STF, HC 106376, 03/2011). No caso de
desclassificação do crime doloso contra a vida para outro que não o seja, o julgamento dos
crimes conexos (não dolosos contra a vida) é competência para julgamento será do juiz-
presidente. Neste caso, juiz não poderá considerar o crime como doloso. Logo: afastamento
de dolo pelo júri: juiz tem que acatar. Se as respostas do júri foram positivas quanto à
materialidade e autoria, no caso de desclassificação, não estará o juiz impedido de absolver;
logo, no reconhecimento da materialidade e da autoria do fato pelo júri com posterior
desclassificação, juiz não tem que acatar. Quando da leitura da sentença na sessão, há o
início do prazo recursal, mesmo que tal documento seja impresso depois. Advogado pode
recorrer oralmente e apresentar razões depois.
1) STF:
237
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
206: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior do mesmo processo.
156: É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
Informativos de Jurisprudência
Informativos do STF
- Nº 732
Protesto por Novo Júri: Pessoas condenadas após o fim do protesto por novo Júri não
têm direito a esse recurso
As pessoas condenadas pelo Tribunal do Júri após a entrada em vigor da Lei nº
11.689/2008 (09/08/2008) não têm direito ao recurso “protesto por novo júri”, ainda que o
crime tenha sido cometido antes da referida lei revogadora. STF. 2ª Turma. RE 752988
AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/12/2013 (Info 732).
- Nº 711
- Nº 706
O CPP determina que, se o advogado do acusado não comparecer à sessão designada para o
Júri, sem apresentar escusa (justificativa) legítima, e se outro advogado não for constituído
pelo réu, o juiz deverá designar nova data para o julgamento, intimando a Defensoria
Pública para que participe do novo julgamento e faça a defesa do acusado caso este não
apresente novamente defensor constituído. O novo julgamento deverá ser marcado com
238
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
uma antecedência mínima de 10 dias, a fim de que o defensor do acusado possa conhecer o
processo. Tal previsão está contida no art. 456 do CPP. No caso concreto, o advogado
constituído do réu não apareceu na sessão de julgamento, tendo sido designado novo júri
com antecedência de 12 dias e intimação da Defensoria Pública.
No dia do júri, a defesa em Plenário foi feita pelo Defensor Público, tendo ele alegado não
ter tido tempo suficiente para conhecer os autos. O réu foi condenado, tendo sido
impetrados sucessivos habeas corpus até que a questão chegasse ao STF.
A 2ª Turma do STF decidiu que, apesar da decisão do juiz de adiar o júri ter sido praticada
em conformidade com a lei, no caso concreto, o prazo concedido para que o Defensor
Público tivesse para estudar o processo (12 dias) foi muito exíguo considerando que se
tratava de uma causa complexa e com vários volumes de autos. Dessa forma, o julgamento
foi considerado nulo por conta da violação aos princípios da razoabilidade, da
proporcionalidade e, ainda, do devido processo legal substantivo (e não o meramente
formal). STF. 2ª Turma. HC 108527/PA, rel. Min. Gilmar Mendes, 14/5/2013.
STF. Júri. Omissão de quesitos e nulidade. Desde que alegada a legitima defesa, seria
obrigatória a formulação dos quesitos sobre a moderação e o elemento subjetivo do excesso
punível, ainda que os jurados tivessem respondido negativamente ao quesito sobre o uso
dos meios necessários. HC 98458, red. p/ac Min. Celso de Mello, 31.5.2011. 2ª T. Info 629.
Informativos do STJ
- Nº 538
- Nº 537
a sua submissão a julgamento pelo Tribunal do Júri sem que sequer se tenha certeza da sua
ciência acerca da acusação que pesa contra si. Assim, não é admitido que a intimação da
decisão de pronúncia seja realizada por edital quando o processo houver transcorrido desde
o início à revelia do réu que também fora citado por edital. HC 226.285-MT, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/2/2014. Logo, mesmo que o processo tenha
tramitado à revelia do réu, caso seja pronunciado, deverá ser tentada a sua intimação
pessoal.
Nulidade pela leitura de documento no Júri que não havia sido juntado aos autos com
antecedência mínima de 3 dias
É nulo o julgamento no Tribunal do Júri que tenha ensejado condenação quando a acusação
tiver apresentado, durante os debates na sessão plenária, documento estranho aos autos que
indicaria que uma testemunha havia sido ameaçada pelo réu, e a defesa tiver se insurgido
contra essa atitude fazendo consignar o fato em ata. HC 225.478-AP, Rel. Min. Laurita
Vaz e Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 20/2/2014.
- Nº 516-STJ
No caso em que o Tribunal, em apelação, determine a realização de novo júri em razão do
reconhecimento de que a decisão dos jurados fora manifestamente contrária à prova dos
autos, não é possível que se conceda às partes o direito de inovar no conjunto probatório
mediante a apresentação de novo rol de testemunhas a serem ouvidas em plenário. A
preparação prevista no art. 422 do CPP, que consiste, entre outras coisas, na apresentação do rol
de testemunhas que irão depor em plenário, é ato antecedente ao julgamento em si. Praticado o
referido ato de preparação — que não se confunde com o ato de julgamento propriamente dito
—, ocorrerá, em regra, a sua preclusão consumativa. Dessa maneira, tendo sido provida
apelação tão somente para a realização de novo julgamento, não será possível repetir a
realização de outro ato (o de preparação) que já fora consumado, sendo cabível proceder apenas
ao novo julgamento do acusado. Além do mais, se o Tribunal ad quem determina um novo
julgamento por estar convencido de que o veredicto exarado pelo Conselho de Sentença
anterior seria manifestamente contrário à prova dos autos, deve o novo Júri realizar uma nova
análise sobre o mesmo acervo de provas anteriormente analisado. Caso contrário, estar-se-ia, no
novo Conselho de Sentença, diante do primeiro juízo de valoração de prova inédita — que não
fora valorada no primeiro julgamento — sem que fosse possível outro pleito de anulação desse
novo julgamento com base no art. 593, III, d, do CPP, visto que a norma contida na parte final
do § 3º do aludido dispositivo impede a interposição de segunda apelação fundamentada no
mesmo motivo. HC 243.452-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 26/2/2013
- Nº 513-STJ:
240
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Deve ser reconhecida a nulidade absoluta de ação penal, desde a sessão de julgamento em
Tribunal do Júri, na hipótese em que um dos jurados do Conselho de Sentença tenha
integrado o júri de outro processo nos doze meses que antecederam à publicação da lista
geral de jurados, considerando que o placar da votação tenha sido o de quatro a três em
favor da condenação do réu, ainda que a defesa tenha deixado de consignar a insurgência
na ata de julgamento da sessão. De acordo com o § 4º do art. 426 do CPP, não pode ser
incluída na lista geral de jurados a pessoa que tenha integrado Conselho de Sentença nos doze
meses que antecederem à publicação da lista. Tratando-se de nulidade absoluta, é cabível o seu
reconhecimento, mesmo considerando a falta de registro da insurgência na ata de julgamento da
sessão viciada. Além do mais, é evidente o prejuízo ao réu diante de uma condenação apertada,
pelo placar de quatro a três, tendo em vista que há possibilidade de o voto do jurado impedido
ter sido decisivo na condenação. HC 177.358-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 5/2/2013
STJ. HC. Pronúncia. Desclassificação. Júri. O paciente foi pronunciado pela suposta
prática de crime doloso contra a vida (Art. 121, caput, do CP), uma vez que deu causa a
acidente automobilístico quando dirigia em velocidade excessiva e embriagado, o que
resultou a morte de uma pessoa. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente o exame da
ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando aqueles requisitos de
certeza necessária à prolação de uma sentença condenatória, sendo que as dúvidas, nessa
fase processual, resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade, a teor do art. 413 do CPP.
Afirmar se o recorrente agiu com dolo eventual ou culpa consciente é tarefa que deve ser
analisada de acordo com a narrativa dos fatos expostos na denúncia, com o auxílio do
conjunto fático-probatório produzido, no âmbito do devido processo legal, pelo tribunal do
júri, o que impede a análise do elemento subjetivo de sua conduta neste STJ. HC 199.100,
Rel. Min Jorge Mussi, j. 4.8.2011, 5ª T. Info 480.
STJ. Júri. Contradição. Quesitos. Denegado “habeas corpus” no qual se pretendia anular
o julgamento proferido pelo Tribunal do Júri, ante a suposta contradição entre os quesitos
votados pelo corpo de jurados. Na espécie, uma das testemunhas ouvidas em plenário
afirmou que, na data dos fatos em questão, o paciente encontrava-se em município distante
do local dos crimes. Julgada parcialmente procedente a ação penal, o paciente foi
condenado pelo crime de homicídio duplamente qualificado; foi absolvida a testemunha
pelo crime de falso testemunho. A análise de eventual contradição entre os quesitos
apresentados, hipótese de nulidade processual absoluta, não estaria preclusa, pois arguida
oportunamente em apelação criminal. Não se desconhece a existência de julgado do STF
segundo o qual existe contradição nas respostas aos quesitos quando os jurados concluem
pela autoria do fato tido por delituoso e, ao mesmo tempo afastam a prática do crime de
falso testemunho por quem apresentou o álibi em favor do acusado. Contudo, afastado o
aludido posicionamento, entendeu-se não haver inocorrência quando os jurados respondem
241
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
STJ. Juri Imparcialidade. Desaforamento. Não se olvida que o réu, em crimes dolosos
contra a vida, deve ser julgado por seus pares no distrito da culpa. Contudo, a lei processual
possibilita o desaforamento do julgamento para outra comarca quando haja interesse de
ordem pública, dúvida quanto à segurança do réu ou imparcialidade do júri (art. 427 do
CPP). No caso, trata-se de réu (integrante da polícia militar estadual) com forte influência
política e social na região, onde atuou por longos anos como oficial militar, a demonstrar a
efetiva existência de dúvidas acerca da isenção e imparcialidade dos membros do conselho
de sentença. Além disso, já a existência de pedido de desaforamento pelo Parquet referente
ao mesmo réu, nos autos de outra ação penal (muito semelhante ao caso), que foi acolhido
por este STJ, por estar devidamente configurada a necessidade de desaforamento. Assim, as
peculiaridades do caso demonstram a efetiva existência de dúvidas acerca da
imparcialidade do júri, motivo que justifica o deslocamento do julgamento para uma cidade
na mesma circunscrição, porém mais afastada. REsp 1.195.265, Rel. Min. Gilson Dipp, j.
6.9.2011. 5ª T. Info 482)
STJ. Júri. Soberania dos veredictos. A fundamentação contida no acórdão não incide em
qualquer aberração, pois o reconhecimento de que a decisão do Tribunal do júri seja
manifestamente contrária à prova dos autos exige que o Tribunal analise a prova e diga se
ela conduz, ou não, a um juízo sobre a participação do paciente no fato criminoso. HC
172.097. Rel p/ac Min. Napoleão N. Maia, j.22.2.2011. 5ª T. Info 464.
STJ. Identidade física do juiz. Art. 399, §2º do CPP. Art. 132 CPC. O principio da
identidade física do introduzido no sistema processual penal pátrio pela Lei 11.719/08.
Deve ser analisado à luz das regras especificas do art. 132 do CPC. O fato de o juiz
substituto ter sido designado para atuar na vara do tribunal do júri, em razão de férias da
juíza titular, realizando o interrogatório do réu e proferindo a decisão de pronúncia, não
apresenta qualquer vício apto a ensejar a nulidade do feito. HC 161.881, Rel. Min. Laurita
Vaz, j. 17.5.2011. 5ª T. Info. 473.
242
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
243
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação: Artigos 222-A do Código de Processo Penal; Artigos 105, I, “i”, 109, X da
Constituição Federal; Artigos 15 a 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro; Artigos 483 a 484 do Código de Processo Civil; Artigos 34 a 40 da Lei
9.307/96; Resolução nº 9 do STJ; Artigo 109, I e III da Constituição Federal; Decreto
678/92 – Pacto de São José da Costa Rica;
244
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
245
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
§ 1o O pedido de prisão cautelar noticiará o crime cometido e deverá ser fundamentado,
podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que
assegure a comunicação por escrito. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado ao Ministério da Justiça por meio
da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído com a
documentação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Estado
estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 3o O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (noventa) dias contado da data em que
tiver sido cientificado da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradição.
(Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 4o Caso o pedido não seja formalizado no prazo previsto no § 3 o, o extraditando deverá
ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato
sem que a extradição haja sido devidamente requerida. (Redação dada pela Lei nº
12.878, de 2013)
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. NOÇÕES GERAIS
- A Lei n.º 9.807/99 atua em três frentes: (a) estabelece normas para a organização e
manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, a
serem desenvolvidos no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal, sob a
supervisão do Ministério da Justiça; (b) institui o Programa de Proteção Federal de
Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, regulamentado pelo Decreto n.º
3.518/00; e (c) dispõe sobre a proteção dos acusados/condenados que tenham
colaborado com a investigação policial e o processo penal.
3. SUJEITOS DA PROTEÇÃO
- Podem ser INCLUÍDOS nos programas, mediante expressa anuência, as pessoas que
tenham colaborado com a investigação ou processo criminal e estejam coagidas ou
expostas à grave ameaça: (a) vítimas; (b) testemunhas (Nucci inclui também o
informante); (c) réus colaboradores (tal como previsto no art. 5º e ss. da lei nº 12.850/13,
para aqueles que colaborem efetivamente com a persecução penal – colaboração premiada
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
4. PARTICIPAÇÃO DO MP
5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO
- Com base nessas variáveis, define-se qual a medida de proteção a ser adotada em prol da
testemunha/vítima dentre aquelas dos arts. 13 e 14, que trazem um rol exemplificativo:
(a) segurança na residência, incluindo controle de telecomunicações; (b) escolta e
segurança nos deslocamentos da residência; (c) transferência de residência ou acomodação
provisória em local compatível com a proteção; (d) preservação da identidade, imagem e
dados pessoais (para esse fim, o STF, no RHC 89.137 e HC 90.321, permitiu a omissão do
nome da testemunha em peça da denúncia diante da gravidade dos fatos); (e) ajuda
financeira mensal, caso o protegido esteja impossibilitado de trabalhar ou não tenha uma
fonte de renda; (f) suspensão temporária das atividades, sem prejuízo da remuneração,
quando servidor público ou militar; (g) apoio e assistência social, médica e psicológica; (h)
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
sigilo quanto aos atos praticados em razão da proteção concedida; (i) apoio do órgão
executor do programa para cumprimento de obrigações civis e administrativas que exijam
comparecimento pessoal; (j) alteração de nome e registros da pessoa protegida (medida
excepcional, sujeita ao procedimento sumaríssimo e à prévia oitiva do MP). O delator
também poderá ser beneficiado por medidas especiais de segurança e proteção à integridade
física, na prisão ou fora dela, e custódia em dependência separada dos demais presos, em
caso de prisão cautelar (art. 15).
*OBS.: Pacelli defende o cabimento das regras trazidas pela Lei 11.900/09, que cuida do
interrogatório por videoconferência, sempre que a presença do acusado puder influenciar no
ânimo da vítima ou das testemunhas, causando-lhe temor ou intimidação.
*Outras hipóteses de delação premiada (segundo Nucci, deve-se aplicar sempre aquela
que se mostrar mais favorável ao réu colaborador): (a) art. 159, §4º, do CP (delação
premiada no crime de extorsão mediante sequestro); (b) art. 25, §2º, da Lei 7.492/86 e art.
16, §único, da Lei 8.137/90 (delação premiada nos crimes contra a ordem tributária,
econômica e contra as relações de consumo); (c) art. 8º, §único, da Lei 8.072/90 (delação
premiada nos crimes hediondos); (d) art. 4º e ss. da Lei 12.850/13 (colaboração premiada
nos crimes praticados em organização criminosa); (e) art. 1º, §5º, da Lei 9.613/98 (delação
premiada no crime de lavagem de capitais); (f) art. 41 da Lei 11.343/06 (delação premiada
no crime de tráfico de drogas). STJ REsp 1109485/DF 12/04/12 “2. A Lei 9.807/99 (Lei de
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Proteção a Vítimas e Testemunhas), que trata da delação premiada, não traz qualquer
restrição relativa à sua aplicação apenas a determinados delitos.”
Inovação legislativa: Art. 19-A, par. un. – Qualquer que seja o rito processual
criminal, o juiz, após a citação, tomará antecipadamente o depoimento das pessoas
incluídas nos programas de proteção previstos nesta Lei, devendo justificar a eventual
impossibilidade de fazê-lo no caso concreto ou o possível prejuízo que a oitiva
antecipada traria para a instrução criminal.
Lei nº 12.850/13:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade
ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.
§ 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a
formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o
caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado das
declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para
homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade,
podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos
legais, ou adequá-la ao caso concreto.
§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre acompanhado
pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado de
polícia responsável pelas investigações.
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas
exclusivamente em seu desfavor.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia.
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador
poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
judicial.
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios
ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive
audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações.
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu
defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a
verdade.
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da colaboração, o
colaborador deverá estar assistido por defensor.
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas
nas declarações de agente colaborador.
Art. 5o São direitos do colaborador:
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais preservados;
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes;
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser fotografado
ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;
252
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. NOÇÕES GERAIS
2. PROCEDIMENTO COMUM
(a) ORDINÁRIO: crime com pena máxima cominada igual ou superior a 4 anos.
(b) SUMÁRIO: crime com pena máxima cominada inferior a 4 anos e superior a 2
anos.
*OBS.: Quando uma infração de menor potencial ofensivo for encaminhada para o
juízo comum (devido à complexidade da prova, à impossibilidade de citação pessoal do
acusado ou à conexão/continência), o processo seguirá o procedimento sumário, com a
254
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
*OBS1: Pacelli critica a aplicação do art. 396 CPP ao procedimento sumaríssimo, por ser
incompatível a exigência de apresentação de defesa escrita com a informalidade e a ideia de
conciliação das partes que norteiam o JEC.
2º) Recebimento da peça acusatória: não sendo o caso de rejeição (inépcia formal, falta
de condição da ação, pressuposto processual ou justa causa), o recebimento da peça
acusatória ocorre imediatamente após o oferecimento da peça acusatória, exatamente
como ocorria antes da Lei nº 11.719/08 (STJ, HC 138089).
3º) Citação do acusado: serve para dar ciência ao acusado da existência do processo
(contraditório) e para chamá-lo ao processo a fim de se defender (ampla defesa). Vício na
citação gera nulidade absoluta dos atos processuais, mas, como exceção, pode ser sanada
com o comparecimento do acusado ao processo (art. 570 CPP). Com a Lei 11.719/08,
passaram a existir no processo penal 3 modalidades de citação: a citação pessoal (regra), a
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
*OBS1: No caso de o acusado citado por edital não comparecer nem constituir advogado,
dá-se a suspensão do processo (norma processual) + suspensão do prazo prescricional
(norma material) até que ele compareça ao processo ou constitua advogado, quando então
começará a correr o prazo para a resposta à acusação (art. 366 CPP c/c art. 396, §único,
CPP). Por sua natureza mista, tal norma sujeita-se ao princípio da irretroatividade da lei
penal mais gravosa. Se o acusado foi citado pessoalmente ou por hora certa e não
comparece, tem-se a revelia, que acarreta a nomeação de defensor dativo e
prosseguimento do processo (não há suspensão).
4º) Resposta à acusação (defesa escrita): é peça obrigatória de defesa introduzida pela
Lei 11.719/08, apresentada pelo defensor no prazo de 10 dias a partir da efetiva citação
(Súmula 710/STF), contendo preliminares, questões de mérito, documentos e justificações,
especificação das provas e rol de testemunhas (art. 396-A CPP), sob pena de preclusão. Sua
ausência gera a nomeação de advogado dativo para apresentá-la, em prazo adicional de 10
dias, sob pena de nulidade absoluta. As exceções serão autuadas em apartado (art. 111
CPP).
*OBS.: Para Pacelli, se, após a resposta à acusação, o juiz se convencer da falta de
condição da ação/pressuposto processual, é possível a anulação de ofício do recebimento da
peça acusatória (art. 564, IV, c/c art. 41, CPP).
*OBS1: Pacelli sustenta que, embora a absolvição sumária esteja prevista como fase
seguinte à resposta à acusação, nada impede que o juiz, antes mesmo de citar o réu, decida
pela sua absolvição sumária.
STF – INF. 654 - HC: vista ao “parquet” após defesa prévia e nulidade
7º) Audiência una de instrução e julgamento: novidade trazida pela Lei 11.719/08, é
expressão do princípio da oralidade, que envolve a concentração dos atos processuais, a
imediatidade, a irrecorribilidade das decisões interlocutórias e a identidade física do juiz
(novidade do art. 399, §2º CPP).
- Ordem dos atos processuais na audiência una: (1) oitiva do ofendido; (2) oitiva de
testemunhas de acusação e de defesa: o não comparecimento pode ensejar condução
coercitiva + multa + sanções penais pela desobediência. Com a Lei 11.690/08, o sistema
presidencialista de inquirição das testemunhas foi substituído pelo sistema do exame
direto e cruzado (cross-examination), pelo qual a parte que arrolou pergunta primeiro e
depois pergunta a parte contrária, admitindo-se que, ao final, o juiz complemente a
inquirição. A inobservância dessa regra é causa de nulidade relativa (STJ, HC 147.634 e
HC 188.349), por isso, deve argumentar no momento oportuno, ou seja, em termo de
audiência, sob pena de preclusão. Apesar de revogados os arts. 397 e 405 CPP, a doutrina
(Pacelli) e a jurisprudência (STJ, HC 112.860) continuam admitindo a substituição de
testemunha, aplicando-se o art. 408 CPC; (3) esclarecimento dos peritos: o pedido deve
ser formulado com antecedência mínima de 10 dias, podendo os esclarecimentos darem-se
por escrito ou comparecimento pessoal do perito na audiência (art. 159, §5º, do CPP);
(4) acareação; (5) reconhecimento de pessoas e coisas; (6) interrogatório do acusado: é
meio de defesa que, depois da Lei 11.719/08, passou a ser realizado ao final da
257
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Com a Lei 11.719/08, o juiz penal, além de tornar certa a obrigação de indenizar (an
debeatur), já poderá fixar na própria sentença condenatória um valor mínimo a título de
reparação pelos danos causados (quantum debeatur), que poderá ser imediatamente
executado no juízo cível, sem que seja necessária a liquidação.
258
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- É aquele observado nos Juizados Especiais Criminais (JEC), para processamento das
infrações de menor potencial ofensivo (IMPO), estando devidamente detalhado no
ITEM 14C DO PROGRAMA. Fases:
- A transação penal tem lugar, em REGRA, quando não se faz possível a composição civil
dos danos (EXCEÇÃO: nos crimes ambientais, uma das condições para a aplicação da
transação penal é a prévia composição do dano). Para Pacelli, trata-se de direito subjetivo
do réu, determinado por lei sempre que preenchidos os requisitos legais, embora a
jurisprudência dos Tribunais Superiores esteja firmada no sentido de que se trata de um
poder-dever ("I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não
se trata de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério
Público (Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal)". (v. APn .634-RJ,
Rel. Exmo. Sr. Min. Felix Fischer, Corte Especial, DJe de 03.04.2012) 2; se o MP entende
não ser o caso de transação, o juiz deve aplicar analogicamente o art. 28 do CPP, a exemplo
da Súmula 696/STF (“Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz
dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando por analogia o art. 28 do
Código de Processo Penal”). A maioria da doutrina, porém, vislumbra um caso de
discricionariedade regrada do MP.
2
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIICADO,
DESCLASSIFICADO PARA LESÃO CORPORAL GRAVE. PRETENDIDO DIREITO SUBJETIVO À
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95) OU À SUSPENSÃO DA
PENA (ART. 77 DO CP). ORDEM DENEGADA. O benefício da suspensão condicional do processo não
traduz direito subjetivo do acusado. Presentes os pressupostos objetivos da Lei nº 9.099/95 (art. 89) poderá o
Ministério Público oferecer a proposta, que ainda passará pelo crivo do magistrado processante. Em havendo
discordância do juízo quanto à negativa do Parquet, deve-se aplicar, por analogia, a norma do art. 28 do CPP,
remetendo-se os autos à Procuradoria-Geral de Justiça (Súmula 696/STF). Não há que se falar em
obrigatoriedade do Ministério Público quanto ao oferecimento do benefício da suspensão condicional do
processo. Do contrário, o titular da ação penal seria compelido a sacar de um instrumento de índole
tipicamente transacional, como é o sursis processual. O que desnaturaria o próprio instituto da suspensão, eis
que não se pode falar propriamente em transação quando a uma das partes (o órgão de acusação, no caso) não
é dado o poder de optar ou não por ela. Também não se concede o benefício da suspensão condicional da
execução da pena como direito subjetivo do condenado, podendo ela ser indeferida quando o juiz processante
demonstrar, concretamente, a ausência dos requisitos do art. 77 do CP. Ordem denegada.
(HC 84342, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Primeira Turma, julgado em 12/04/2005, DJ 23-06-2006
PP-00053 EMENT VOL-02238-01 PP-00127 LEXSTF v. 28, n. 331, 2006, p. 393-402 RT v. 95, n. 852,
2006, p. 473-477)
259
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
2º) Fase contenciosa: recusada a transação penal, devem ser observados os seguintes
passos: (1) oferecimento oral da peça acusatória: a acusação deve ser depois reduzida a
termo; (2) designação da audiência de instrução e julgamento, com a citação do
acusado e intimação dos demais interessados: no JEC, não cabe citação por edital nem
por hora certa. Não se encontrando o réu para citá-lo, o juiz deve remeter o processo para
o juízo comum, para a adoção do rito sumário; (3) audiência de instrução e julgamento:
deve-se tentar novamente a conciliação das partes ou reabrir o prazo para a transação penal;
restando infrutíferas tais tentativas, deve ser apresentada a defesa preliminar oral, quando
o juiz decidirá acerca do recebimento da peça acusatória. Recebida a acusação, seguem-
se a oitiva da vítima e das testemunhas, o interrogatório do réu, as razões finais orais e
a sentença; (4) recurso: da sentença, cabe apelação, em 10 dias, acompanhada das razões
no ato de interposição. No JEC, é dispensável a intimação pessoal das partes - inclusive MP
e defensores nomeados - para o julgamento da apelação pelas Turmas Recursais, bastando-
se a intimação pela imprensa (art. 82, § 4º, Lei 9.099/95).
5. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
6. INFORMATIVOS
Informativo do STF
- Nº 711
- Nº 707
260
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativos do STJ:
- Nº 515:
Para a comprovação da prática do crime de violação de direito autoral de que trata o § 2º
do art. 184 do CP, é dispensável a identificação dos produtores das mídias originais no
laudo oriundo de perícia efetivada nos objetos falsificados apreendidos, sendo, de igual
modo, desnecessária a inquirição das supostas vítimas para que elas confirmem eventual
ofensa a seus direitos autorais. De acordo com o § 2º do art. 184 do CP, é formalmente típica
a conduta de quem, com intuito de lucro direto ou indireto, adquire e oculta cópia de obra
intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista
intérprete ou do direito do produtor de fonograma. Conforme o art. 530-D do CPP, deve ser
realizada perícia sobre todos os bens apreendidos e elaborado laudo, que deverá integrar o
inquérito policial ou o processo. O exame técnico em questão tem o objetivo de atestar a
ocorrência ou não de reprodução procedida com violação de direitos autorais. Comprovada a
materialidade delitiva por meio da perícia, é totalmente desnecessária a identificação e
inquirição das supostas vítimas, até mesmo porque o ilícito em exame é apurado mediante ação
penal pública incondicionada, nos termos do inciso II do artigo 186 do CP. HC 191.568-SP,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/2/2013 (Informativo nº 0515).
Prova oral MPF: 10. Quais são as hipóteses em que cabe a citação por edital e a
citação por hora certa?
261
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
EXCEÇÕES: (a) Lei de drogas = 10 dias (acusado preso ou solto); (b) Código Eleitoral
= 10 dias (acusado preso ou solto); (c) Lei de abuso de autoridade = 48 horas (acusado
preso ou solto); (d) Lei de crimes contra a economia popular = 2 dias (acusado preso ou
solto); (e) Lei de Falências: 5 dias (preso)/15 dias (solto)/15 dias após relatório do
administrador judicial (solto),
262
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
263
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
“2. Nos chamados crimes societários, embora a vestibular acusatória não possa ser de todo
genérica, é válida quando, apesar de não descrever minuciosamente a atuação individual do
acusado, demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a
plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa, caso em que se
consideram preenchidos os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal”. (RHC
31.811-ES, Rel. Exmo. Sr. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe de 25.03.2014)
“Não obstante, em regra, a denúncia não possa ser genérica, aceita-se, por válida, nos
crimes societários, a exordial acusatória que, apesar de não descrever detalhadamente a
conduta do acusado, demonstra nexo entre os seus atos e a prática criminosa a estabelecer a
plausibilidade da imputação, a partir de indícios como a condição de sócio ou administrador
da empresa, o que possibilita o exercício da ampla defesa, hipótese em que se consideram
preenchidos os requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal. Precedentes do STJ”.
(RHC 35.309-BA, Rel. Exmo. Sr. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe de
05.12.2013)
*OBS.: Pacelli distingue a acusação geral (quando o órgão da acusação imputa a todos os
acusados o mesmo fato delituoso, independentemente das funções por eles exercidas na
empresa) da acusação genérica (quando vários fatos delituosos são atribuídos aos agentes,
imputando a acusação tais fatos de maneira genérica a todos os integrantes da sociedade),
entendendo que somente a acusação genérica NÃO deve ser admitida, permitindo-se a
acusação geral, porque nesta só há um fato delituoso, sendo possível a defesa.
264
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
juiz. Segundo Pacelli, o equívoco na classificação não é causa de inépcia, mas a sua
ausência pode justificar a rejeição da peça acusatória por inépcia, quando importar
violação à ampla defesa.
EMENDATIO LIBELLI (art. 383 CPP)* MUTATIO LIBELLI (art. 384 CPP)
- Atribuição de nova definição jurídica aos - Atribuição de nova definição jurídica aos
fatos descritos na peça acusatória, sem fatos descritos na peça acusatória, em razão
alteração na descrição inicial desses fatos. do surgimento, na instrução processual,
de prova de elementar ou circunstância
não contida na descrição dos fatos na
peça acusatória.
- Realizada de forma automática e direta - Depende de aditamento pelo MP, oitiva
pelo juiz. da defesa, recebimento do aditamento
pelo juiz e nova instrução**.
- Pode ser realizada pelo juízo a quo ou - Realizada somente pelo juízo a quo. O
pelo juízo ad quem (respeitado o princípio juízo ad quem não pode realizá-la, sob pena
que veda a reformatio in pejus na 2ª de supressão de instância (Súmula
instância). 453/STF).
- Pode ocorrer em crimes de ação penal - Cabível só nos crimes de ação penal
pública ou crimes de ação penal privada. pública e ação penal privada subsidiária
da pública (art. 384, caput, CPP), devendo
o aditamento ser feito pelo MP. Alguns
doutrinadores defendem também ser cabível
na ação penal privada personalíssima,
quando o aditamento deve ser feito pelo
próprio querelante, atentando-se sempre
para eventual renúncia tácita operada.
*OBS.: Para a doutrina majoritária e a jurisprudência (STF, HC 87324; STJ, HC 165278), a
emendatio libelli só é cabível no momento da sentença. Doutrina minoritária (Renato
Brasileiro, Scarance Fernandes) diz que a emendatio libelli pode se dar já no momento do
recebimento da peça acusatória, de maneira incidental e provisória, quando caracterizado o
excesso da acusação.
(b) ROL DE TESTEMUNHAS: para a acusação, deve ser apresentado na peça acusatória,
sob pena de preclusão. Com base no princípio da busca da verdade, o juiz pode ouvir as
testemunhas não arroladas no momento oportuno como testemunhas do juízo. O número
máximo de testemunhas por fato varia com o procedimento, não ingressando na contagem
os ofendidos e os informantes: (a) COMUM ORDINÁRIO = 8; (b) COMUM
SUMÁRIO = 5; (c) SUMARÍSSIMO = 5 ou 3 (divergência, Renato Brasileiro, Távora e
Alencar entendem ser 3); (d) 1ª FASE DO JÚRI = 8; (e) 2ª FASE DO JÚRI = 5; (f) LEI
DE DROGAS = 5.
265
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- O aditamento da peça acusatória pode ser feito até a prolação da sentença. Espécies: (a)
aditamento próprio = acréscimo de fatos (aditamento próprio real) ou sujeitos (aditamento
próprio pessoal) não contidos na inicial; o recebimento do aditamento próprio real
interrompe a prescrição quanto ao fato novo (STJ, REsp 276841). (b) aditamento
impróprio = correção de omissões da peça acusatória, sem inovar na acusação (art. 569
CPP).
- RECURSO: RESE (se ocorrer por decisão interlocutória) ou apelação (se ocorrer em
sede de sentença).
*OBS.: Desde a Lei 11.719/08, não há mais diferença entre rejeição x não recebimento da
peça acusatória.
- CAUSAS DE REJEIÇÃO (art. 395 do CPP): (a) inépcia da peça acusatória (inépcia
formal = não preenchimento de seus requisitos obrigatórios previstos no art. 41 do CPP);
(b) ausência dos pressupostos processuais/condições da ação; (c) ausência de justa
causa (inépcia material = falta de lastro probatório mínimo para o início do processo).
*OBS.: É possível a rejeição parcial da peça acusatória quando o juiz verificar um excesso
266
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
de acusação.
- COISA JULGADA: somente coisa julgada formal (removido o defeito, nova peça
acusatória pode ser oferecida).
6. SÚMULAS
STF
709: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a
rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
453: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de
Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude
de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.
267
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
7. INFORMATIVOS
Informativo do STF
- Nº 702
Informativo do STJ
- Nº 538
Nº 522:
268
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
início à instrução processual, se o magistrado verifica que não lhe será possível analisar o
mérito da ação penal, em razão de defeito que macula o processo. Além de ser desarrazoada
essa solução, ela também não se coaduna com os princípios da economia e celeridade
processuais. Sob outro aspecto, se é admitido o afastamento das questões preliminares
suscitadas na defesa prévia, no momento processual definido no art. 397 do CPP, também deve
ser considerado admissível o seu acolhimento, com a extinção do processo sem julgamento do
mérito por aplicação analógica do art. 267, § 3º, CPC. REsp 1.318.180-DF, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado em 16/5/2013.
269
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: art. 91, CP; arts. 4º, § 3º, Lei nº 9.613/98; art. 60, § 3º e 62 Lei nº
11.343; art. 6º, 118-121, 133, 240, CPP; art. 5º, II, Lei 12.016/09.
Todas as coisas e os bens que puderem constituir matéria de prova do fato ilícito deverão
ser recolhidos e apreendidos pela autoridade policial, permanecendo à disposição dos
interesses da persecução penal. É o que ocorre por ocasião das diligências policiais (art. 6º,
CPP), seja durante o inquérito, seja por ordem judicial expressa, via mandado de busca e
apreensão (art. 240 e segs, CPP).
Por outro lado, a restituição será vedada quando: a) ainda apresentar relevância ao processo
(art. 118, CPP); b) sendo produto do crime ou instrumento cuja posse ou fabrico
constituam, por si mesmo, um delito e sendo qualquer bem ou valor que constitua produto
auferido com o crime (art. 119, CPP). No caso de apreensão de coisa adquirida com o
produto da infração, cuja restituição seja negada, procede-se a seu sequestro (art. 121,
CPP); c) quando houver dúvida sobre o legítimo direito do requerente (art. 120, CPP).
Processamento: O pedido de restituição pode ser apreciado pela autoridade policial quando
inexistirem dúvidas acerca da propriedade do bem e do direito do requerente; se duvidoso,
o pedido será feito em apartado perante o juiz competente para a ação penal, deferindo-se
prazo de cinco dias para produção de provas. Também é dele a competência se a coisa
estiver em poder de terceiros de boa-fé, com prazo de dois dias ao interessado para a
comprovação da propriedade (art. 120, § 2º, CPP); deve ser ouvido o MP, segundo
PACELLI (ob cit., p. 315), se o pedido foi realizado perante autoridade judicial (art. 120, §
3º, CPP). Quando a prova for de difícil elucidação, o juiz criminal declinará a competência
ao juízo cível (art. 120, § 4º, CPP). Quanto às consequências jurídicas da decisão que
resolve o incidente, especial atenção à que o indefere; aí o recurso cabível, segundo
270
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
PACELLI, é o de apelação, por se tratar de decisão com força de decisão definitiva (art.
593, II, CPP), a resolver o mérito do incidente (STJ, RMS 25.043). Segundo AVENA (ob
cit., p. 401-402), considerando-se a ausência de efeito suspensivo da apelação, é possível a
impetração de Mandado de Segurança (art. 5º, II, Lei 12.016/09). O mesmo autor refere ser
cabível o writ em face da decisão do delegado que indefere o pedido (TRF2R, AC n.
2002.51.1009869-7).
Quanto ao produto do crime ou de seu proveito, aplica-se o art. 133, CPP, com a venda do
bem em leilão após o trânsito em julgado da sentença condenatória, recolhendo-se o valor
ao Tesouro Nacional, descontado valor do terceiro de boa-fé. Se não houver pedido de
restituição, pela ausência de interessados, o juiz, após 90 dias do trânsito em julgado,
decretará a perda dos bens em favor da União (art. 122). Tratando-se de coisas cuja
utilidade seja somente probatória, será devolvida ao proprietário. Se não houver prova de
domínio, o juiz, no mesmo prazo supra referido, determinará a venda em leilão,
depositando-se o saldo à disposição do juízo de ausentes.
Instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte
ou detenção constitua fato ilícito (atenção p/ Lei de Drogas); estão sujeitas a perdimento em
favor da União, ressalvado direito do lesado e do terceiro de boa-fé, mediante apreciação na
sentença penal (art. 91, CP).
Produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente
com a prática do fato criminoso estão sujeitos a perdimento em favor da União, ressalvado
direito do lesado e do terceiro de boa-fé, mediante apreciação na sentença penal (art. 91,
CP). O valor apurado será recolhido ao Tesouro Nacional, depois de descontado o que
couber ao lesado ou terceiro de boa-fé.
Se não houver pedido de restituição – não forem os bens apreendidos reclamados -, o juiz,
decorrido o prazo de 90 dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória ou
absolutória, decretará a perda dos bens em favor da União e ordenará a venda em leilão
público, depositando-se o saldo à disposição do juízo de ausentes.
Coisas adquiridas com produto da infração estão sujeitas a sequestro (art. 121, CPP), e,
transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do
interessado, determinará a avaliação e a venda dos bens em leilão público, recolhendo-se o
apurado em favor do Tesouro Nacional, depois de retirado o que couber ao lesado ou
terceiro de boa-fé (art. 133, CPP).
271
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
OBS1: O art. 20, §3º, I, da Lei nº 7.716/89, que define os crimes resultantes de preconceito
de raça ou de cor, prevê o recolhimento de instrumentos utilizados na prática, no
induzimento ou na incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional, como os que veiculem a suástica, ou a busca e apreensão dos
exemplares do material respectivo.
OBS2: Em relação ao crime de reprodução de obra com violação de direito autoral (art.
184, §§ 1º, 2º e 3º, CP, e art. 530-G, CPP, introduzidos pela Lei nº 10.695/03), o juiz
determina, na sentença, a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos, bem
como o perdimento em favor da Fazenda Nacional dos equipamentos apreendidos que se
destinem à prática do ilícito.
OBS3: STJ - O perdimento de bens utilizados para tráfico ilícito de entorpecentes depende
da demonstração de que tal bem seja utilizado habitualmente, ou que seja preparado para a
prática da atividade ilícita (AgRg no AREsp 175.758/MG, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, Quinta Turma, julgado em 06/11/2012).
OBS4: Info. 470/STJ - Compete ao juízo federal criminal que ordenou a busca e apreensão
(suscitado) processar e julgar o pedido de restituição dos pássaros silvestres apreendidos
pela Polícia Federal concomitantemente à atuação administrativa do IBAMA, que
acompanhou o cumprimento do mandado (CC 115.000-MS, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 27/4/2011).
272
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Conforme o artigo 50, § 1º, da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção
(Convenção de Mérida, de 2003), as Técnicas Especiais de Investigação (TEI) designam os
procedimentos de investigação policial e de colheita de provas utilizados na apuração da
materialidade e da autoria das novas formas de criminalidade organizada nacional ou
transnacional.
c) delação premiada;
d) ação controlada/flagrante diferido, gênero do qual faz parte a entrega vigiada, seja de
dinheiro (art. 2º, i, Convenção de Mérida: trata-se da técnica consistente em permitir que
remessas ilícitas ou suspeitas saiam do território de um ou mais Estados, o atravessem ou
entrem nele, com o conhecimento e sob a supervisão de suas autoridades competentes, com
o fim de investigar um delito e identificar as pessoas envolvidas em sua ocorrência), seja
de drogas (60 § 4º Lei 11.343/06);
Tais TEI foram previstas, sobretudo, na Lei 9.034/95, que cuida dos meios operacionais
(instrumentos para investigação ou formação de provas) para prevenção e repressão dos
crimes praticados em (1) quadrilha ou bando, em (2) associação ou em (3) organização
criminosa.
273
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
(1) Quadrilha ou bando: Art. 288 do CP (Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha
ou bando, para o fim de cometer crimes). Número mínimo de participantes: 4
(2) Associação Criminosa para a prática de genocídio: art. 2º, L 2889/56 (genocídio):
Associarem-se mais de três pessoas prática dos crimes mencionados no art. 1º - Número
mínimo de participantes: 4;
(3) Associação Criminosa para o Tráfico 35, L 11343/06 (drogas): Associarem-se duas ou
mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos
nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei [tráfico e fabricação] – Número mínimo de
participantes: 2.
(4) Convenção de Palermo: Grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum
tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações
graves ou enunciadas na presente Convenção, com a intenção de obter, direta ou
indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material - Número mínimo de
participantes: 3.
(4) Organização Criminosa é definida pela Lei nº 12.850/13 (art. 1º, §1º) como “a
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional”. Número mínimo de participantes: 4. Aplicabilidade restrita às
organizações que se destinarem a praticar a) os crimes que cominem pena máxima superior
a 4 anos ou tenham caráter transnacional; b) infrações penais previstas em tratado ou
convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (art. 1º, §2º, I); c) atos terroristas, mediante
organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as normas de direito
internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de suporte ao terrorismo, bem
como os atos preparatórios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer
em território nacional (art. 1º, §2º, II).
Pacelli afirma que a nova Lei nº 12.850/13 inaugura um modalidade de persecução penal
conhecida como a questionável plea bargaining (fls. 835, 2014), previsto no direito
estadunidense, em que se tem uma forma de justiça negociada entre a pessoa indiciada e os
órgãos de persecução penal. A lei nº 12.850/13 pretende instituir uma modalidade de
negociação penal, com parcial flexibilização do princípio da obrigatoriedade da ação penal,
já que esta será oferecida, mesmo em face daquele com quem o Estado firmou o Termo de
Acordo de Colaboração Premiada e de onde resultaram a identificação dos demais
integrantes da organização, ou a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas
da organização criminosa, ou a prevenção de infrações penais, ou a recuperação total ou
parcial do produto dos crimes praticados pela organização, ou a localização de eventual
vítima com a sua integridade física preservada. Contudo, será beneficiado pelo perdão
judicial com a redução de até 2/3 da pena privativa de liberdade ou a substituição da pena
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Pacelli chama atenção para as principais alterações, são elas (p. 836 e ss., 2014):
1ª) O Juiz criminal não é e nem pode ser o protagonista das operações tendentes ao
estabelecimento de acordos de colaboração premiada, em homenagem ao sistema
acusatório, e também com o escopo de conferir mais responsabilidade aos órgãos de
persecução penal, notadamente quando estas se dirigem ao enfrentamento de complexas
organizações criminosas;
2ª) Papel de suma relevância dos advogados aos quais cumprirão o papel de defender os
interesses dos acusados que colaborarem em troca do perdão do judicial, e mesmo os
orientando e aconselhando em relação ao acordo de colaboração;
4ª) Nenhuma sentença será proferida com base apenas nas declarações do colaborador. É
necessário que outras provas confirmem tais declarações.
5º) A delação, a traição ou qualquer expressão que pretenda traduzir o ato de revelação da
estrutura e formação hierárquica da organização criminosa, de seus atores e o modo de
operação, ou ainda informações acerca da localização da vítima ou do produto ou do
proveito das ações criminosas, levadas a efeito pela organização, nada disso, para Pacelli,
vai de encontro a qualquer conceito de ética, até porque se alinha a outros institutos
admitidos no ordenamento, como arrependimento e a consciência moral. Como diz, “a
menos, é claro, que se passe à ideia de que a ética há de ser determinada pelo grau de
lealdade entre os partícipes de determinado empreendimento”, que se dirige a fins ilícitos e
contrariamente ao bem comum. Deve-se, portanto, afastar dessas premissas equivocadas,
porque desvinculadas da moralidade, senão o conceito de moral não servirá de mais nada.
6º) Não se trata de imposição de pena sem processo, mas, de mera colaboração para
desvendar fatos que revelem crimes, autoria, resultado ou o paradeiro de vítimas, que, ao
final, serão considerados por ocasião da sentença e, ainda assim, se esta for julgada
procedente. Ora, não se admite no ordenamento jurídico pátrio, a imposição de pena
privativa de liberdade sem o devido processo legal. Essa é a razão, inclusive, para se aplicar
apenas a penas restritivas de direitos e multa, na hipótese de transação penal.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Caso haja indícios de o agente infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada,
mediante requisição do MP ou do delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao MP e
ao juiz.
O art. 14 da Lei nº 12.850/13 estabelece que são direitos do agente: I - recusar ou fazer
cessar a atuação infiltrada; II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o
disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das
medidas de proteção a testemunhas; III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua
voz e demais informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo
criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário; IV - não ter sua identidade
revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia
autorização por escrito.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Agente infiltrado (undercover agent): pessoa integrante da estrutura dos serviços policiais
ou de inteligência (no Brasil, ABIN, COAF etc.) que é introduzida dentro de uma
organização criminosa, ocultando-se sua verdadeira identidade e tendo como finalidade a
obtenção de informações para que seja possível a sua desarticulação. É meio de obtenção
de provas.
Apesar de ser possível que o agente infiltrado venha a cometer crimes em conjunto com os
criminosos a fim de justificar a sua participação no grupo, a sua atuação deve se pautar
pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, não sendo viável, por exemplo, o
agente matar uma pessoa para demonstrar aos pretensos comparsas a sua efetiva intenção
de participar da organização. No entanto, Marcelo Mendroni observa que, caso o agente
policial seja obrigado pelos comparsas a matar alguém, sob pena de revelar a sua identidade
e, com isso, ser executado, poderá ser absolvido com fundamento na tese da coação moral
irresistível (p. 112).
O STF não admite que o MP quebre o sigilo bancário diretamente, salvo em uma única
exceção: quando se trata de dinheiro público, situação em que vigora o princípio da
publicidade. Fora de tal hipótese, a prova é ilícita e, portanto, inadmissível.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Pacelli sustenta que os acesso aos dados cadastrais que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas
telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de
crédito mostra-se constitucional, porque há redução sensível quanto ao conteúdo da
privacidade a ser acessado, ainda que se reconheça, como o fazemos, que a medida ostenta
dimensão mais alargada da privacidade e da intimidade do investigado. De mais a mais,
impõe-se a indispensável existência de regular procedimento investigatório, a legitimar as
medidas apontadas na nova Lei de Organizações Criminosas. Acredita que o STF não
recuará da exigência geral de autorização judicial para quaisquer providências tendentes a
atingir certos graus de intimidade e de privacidade nas liberdades públicas, a inviabilizar o
aplicação do art. 15 da Lei nº 12.850/13, mesmo em se tratando de apuração de fatos
praticados por organizações criminosas, a demandar maior mobilidade nas investigações.
De outro lado, Pacelli entende ser inconstitucional a previsão contida no art. 17 da Lei nº
12.850/13, que permite que o MP e o delegado de polícia tenham acesso,
independentemente de autorização judicial, aos registros de identificação dos números dos
terminais de origem e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e
locais, que serão mantidos à disposição de tais autoridades pelas concessionárias de
telefonia fixa ou móvel, pelo prazo de 5 anos. Ora, segundo ressalta, aí não se trata mais de
informações acerca do nome, da qualificação e do endereço do investigado, mas de dados
essencialmente conectados com o exercício da intimidade e da privacidade, razão pela qual
se impõe a necessidade de autorização judicial, como desdobramentos das comunicações
dessa natureza.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A ação penal que apure crimes praticados por organizações criminosas poderá ser julgada
por um colegiado de 1º grau, instaurado pelo juiz prevento e gestor das provas, do qual
participará, quando houver risco à sua integridade física, declinado em decisão
fundamentada, da qual será dado conhecimento à respectiva Corregedoria. Confira-se o teor
da Lei nº 12.694/2012
Art. 1o Em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por
organizações criminosas, o juiz poderá decidir pela formação de colegiado para a prática de
qualquer ato processual, especialmente:
I - decretação de prisão ou de medidas assecuratórias;
II - concessão de liberdade provisória ou revogação de prisão;
III - sentença;
IV - progressão ou regressão de regime de cumprimento de pena;
V - concessão de liberdade condicional;
VI - transferência de preso para estabelecimento prisional de segurança máxima; e
VII - inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: arts. 791 a 808, CPP; Lei nº 1.408/51; e Lei nº 9.800/99.
O processo penal desenvolve-se por meio da prática dos diversos atos processuais que
integram os distintos procedimentos previstos no Código de Processo Penal e nas
legislações não codificadas. Esses atos processuais, como atos jurídicos que são, seguem as
mesmas classificações geralmente referidas a estes, sobretudo no que respeita à distinção
fundada na manifestação de vontade: atos processuais e fatos processuais.
3) Decisórios: privativos do juiz, praticados após fase instrutória, de regra. Mas podem ser
praticados na fase pré-processual e mesmo antes do início da fase instrutória (absolvição
sumária).
Quanto à aplicação imediata da lei processual penal, Fauzi Hassan Choukr afirma que a
doutrina sempre se contentou com a adequação da ideia, no conhecido aforismo latino
tempus regit actum. No entanto, pode o assunto ser considerado sob um enfoque diverso
daquele empregado pelos clássicos processualistas penais, conforme nos aponta Binder.
Partindo do conteúdo da Constituição da Argentina, segundo a qual ninguém pode ser
condenado sem um julgamento prévio fundamentado em lei anterior ao fato do processo,
Binder afirma que podemos concluir que a organização legal do processo deve ser também
anterior ao fato que motiva esse processo. Tão anterior quando a tipificação dos delitos
pelos quais esse processo foi iniciado. Existe uma relação paralela entre a legalidade prévia
da tipificação dos delitos e a estruturação legal prévia do processo. E conclui que “este
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
paralelismo não surge somente do conceito de função motivadora da norma, que também
fundamenta o princípio da legalidade penal, mas do fato político comum de que, em sentido
amplo, a irretroatividade da lei penal – a lei penal propriamente dita e a lei processual penal
– está relacionada com o controle da arbitrariedade no exercício do poder penal”. O
processo é uma unidade – não divisível em atos específicos dotada de um certo significado
de política criminal. O processo é regido pela lei processual penal como um todo. A
jurisprudência, porém, não faz essa distinção, aplicando o princípio tempus regit actum
para as normas processuais, salvo quando contiverem uma natureza “mista”, ou seja,
conteúdo de direito penal.
Lei 9.800/99 (prática de atos processuais que dependam de petição escrita via fax):
aplicável no processo penal, também meios similares, como transmissões eletrônicas via
computador.
Prazo: intervalo de tempo estabelecido pela lei ou judicialmente (quando silente aquela)
para prática de um ato processual, compreendido entre termos inicial e final. Segundo o art.
798 do CPP, todos são contínuos e peremptórios, salvo exceção legal. O prazo não corre em
cartório, apesar da literalidade do CPP; defesa ampla e igualdade não podem realizar-se
sem consulta direta aos autos do processo, pelo tempo efetivo e integral do prazo. É direito
do advogado retirar os autos (Lei 8.906/94, art. 7º, XV). Quando houver pluralidade de
acusados e defensores, cada qual gozará, individualmente, do mesmo prazo reservado à
acusação. Os prazos começam a correr, salvo ressalvas expressas, da data da
intimação; da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se presente a parte
a ser intimada; do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da
decisão (art. 798, §5º, do CPP). Exclui-se o dia do começo e inclui-se o do vencimento,
com a observação de que tanto o termo inicial quanto o final devem ser dias úteis. Súmula
710 do STF: “No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da
juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem”. O prazo para o MP
(intimação pessoal é prerrogativa do membro do MPF: LC 75/93, art. 18, II, h) conta-se a
partir do ingresso dos autos na instituição, e não da data de seu efetivo encaminhamento ao
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
membro que oficia no feito (STF HC 83255). Não há prazo em dobro para o MP; apenas
para a Defensoria Pública (LC 80/94, art. 44, I).
Sanções: o art. 801 do CPP impõe perda de tantos dias de vencimento quanto os excedidos
por juízes e promotores em seus feitos, além do dobro dos dias para contagem de tempo de
serviço. Pacelli e Fischer entendem inconstitucional a previsão – ofensa à irredutibilidade
dos subsídios. Deve-se impor a penalidade administrativa por eventual conduta desidiosa.
De ordinário, ocorre também a preclusão (a não ser no caso de prazo impróprio).
OBS2: STF - Nos termos do art. 389 do CPP, a sentença será publicada quando entregue
em mão do escrivão. Logo, a publicação não se confunde com a intimação. A publicação é
o ato de tornar pública a decisão (independentemente da publicação no Diário Oficial), e
daí em diante, imutável por seu próprio prolator, enquanto a intimação ocorre comumente
com a divulgação da sentença na imprensa oficial. HC 103686.
OBS3: STJ - Embora o Código de Processo Penal (CPP) determine que os interrogatórios
dos réus sejam individuais, nada impede que o advogado de outro corréu participe do
questionamento. HC 198668.
SÚMULAS
STF
710: “No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem”.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. Noções gerais
Incumbe salientar que a ação penal originária terá lugar em virtude de previsão normativa
de prerrogativa de foro para determinados cargos. Não obstante, tal postulado só terá
assento na hipótese de prática de infração penal, haja vista que a Constituição da República
não a prevê para ações cíveis, mesmo as de improbidade.
Para o STF, “no plano federal, as hipóteses de competência cível ou criminal dos tribunais
da União são previstas na Constituição da República ou dela implicitamente decorrentes,
salvo quando esta remeta à lei a sua fixação” (ADI 2797, 15.09.2005). Logo, norma
infraconstitucional não pode criar novas hipóteses de competência originária de tribunais da
União.
Ação penal originária x duplo grau: das decisões proferidas em tais ações, não cabe
apelação. Logo, não há falar em duplo grau de jurisdição (Pacelli, p. 790, 2014). Contudo,
se o processo é de competência de tribunal inferior, será cabível a interposição de RE ou
REsp, ao STF e ao STF, respectivamente, desde que preenchidos os requisitos legais.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Há com isso a violação da Convenção Americana de Direitos Humanos (artigo 8º)? Não,
porque, embora não caiba reexame de matéria de fato, é permitido reexaminar matéria de
direito (RE ou REsp).
Outrossim, o duplo grau não é uma garantia constitucional, segundo o STF, e a análise pelo
colegiado de uma ação originária preenche uma das finalidades do postulado: que a causa
seja analisada por diversos julgadores, cada um sendo revisor do voto dos demais.
2. Competência
São competentes para processar e julgar a ação penal originária: o STF, o STJ, os TRFs, os
TJs, o STM e os TREs, dependendo da autoridade processada e da natureza do crime.
O TSE tem competência penal originária? O artigo 22, inciso I, alínea “d” do Código
Eleitoral prevê competir originariamente a ele os crimes eleitorais, e os comuns que lhes
forem conexos, cometidos pelos seus próprios juízes e pelos juízes dos Tribunais
Regionais. Essa disposição não foi recepcionada pela CR/88, que prevê, expressamente,
caber tal competência, respectivamente ao STF e ao STJ.
Senado Federal: artigo 52, I e II, competirá privativamente processar e julgar o Presidente
da República e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como
os Ministros de Estados e os Comandantes das Forças Armadas nos crimes de mesma
natureza conexos com aqueles;
Em casos de crimes eleitorais e militares, e com ritos especiais, a ação penal pode
originariamente ter curso perante os Tribunais Eleitorais e Militares.
Dessa maneira, a competência da ação penal originária varia conforme o foro da autoridade
e a natureza do crime:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
STJ: processa e julga, originariamente, nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e
do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais
de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os membros do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais.
Logo, inclui-se na competência originária do STJ o processo e o julgamento dos crimes
eleitorais cometidos por tais autoridades. Portanto, os Procuradores Regionais Eleitorais são
julgados pelo STJ;
3. Procedimento
Regimentos internos dos tribunais: podem estabelecer normas complementares, mas sem
fugir das balizas traçadas pela lei.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Sempre se entendeu que o IPL deve tramitar perante o Juízo competente para a ação
ulterior, não sendo admissível em primeira instância. (STF HC76672-0). Recentemente,
porém, entendeu-se que a competência penal originária por prerrogativa não desloca por si
só para o tribunal respectivo as funções de polícia judiciária (STF HC 82507-SE).
Prazo para denúncia: o MP terá o prazo de 15 dias para oferecer a denúncia ou pedir
arquivamento, se o réu estiver solto, podendo o relator deferir diligências complementares,
que interromperão o curso do prazo (art. 1º, § 1º, da Lei nº 8.038/90). Se o réu estiver preso,
o prazo é de 5 dias, e não se interrompe, salvo se o relator relaxar a prisão (art. 1º, § 2º, da
Lei nº 8.038/90).
Ação penal privada: a lei não fala de prazos para oferecimento da queixa. Logo, o prazo de
oferecimento é o decadencial (6 meses).
Ele será o juiz da instrução e terá as atribuições que a legislação processual confere aos
juízes singulares. Compete-lhe declarar extinta a punibilidade e convocar magistrados para
realizar interrogatórios e outros atos de instrução na sede do tribunal ou no local onde se
deva produzir o ato instrutório.
Também é o relator quem decide sobre eventual arquivamento, podendo submeter a decisão
ao tribunal (art. 3º, I, da Lei nº 8.038/90). Arquivado, não cabe recurso de terceiros. O
pedido de arquivamento do Procurador-Geral deve ser sempre atendido. O artigo 28 do
CPP: não é aplicável aos casos de competência originária no STF. Para o Tribunal, o
pedido o arquivamento do inquérito pelo PGR equivale a uma decisão, pela exegese do
artigo 62, inciso IV da LC 75/90, que estabelece competir às Câmaras de Coordenação e
Revisão “manifestar-se sobre o arquivamento de inquérito policial, inquérito parlamentar
ou peças de informação, exceto nos casos de competência originária do Procurador-Geral”.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O Superior Tribunal de Justiça também já se pronunciou nesse sentido, no que diz respeito
aos processos de sua própria competência, entendendo, da mesma forma, que o
Subprocurador atua por delegação do Procurador-Geral, de modo que não teria sentido a
remessa dos autos para uma nova apreciação. Porém, o Supremo Tribunal Federal, nos
casos de competência do Superior Tribunal de Justiça, decidiu que caberia aplicar o art. 28,
porque a delegação concedida ao Subprocurador não impede que o procurador-geral, que
tem competência para dar a última palavra em questão de arquivamento, possa rever esse
ato e efetuar um controle, o qual é hierárquico e realiza-se dentro da estrutura do Ministério
Público.
No que tange aos tribunais de justiça, a aplicabilidade do art. 28 dá-se também segundo os
moldes da Lei Orgânica do Ministério Público, que autoriza o colégio de procuradores a
fazer a revisão do ato do próprio procurador-geral de Justiça que requeira arquivamento,
desde que haja pedido do legítimo interessado.
Se, com a resposta, vierem novos documentos, a acusação terá vista para se manifestar em
5 dias, sendo ouvido também o MP na ação privada (art. 4º, caput e parágrafo único da Lei
nº 8.038/90). Para Pacelli, trata-se de regra típica de processo de natureza cível, não
havendo razão alguma para que a acusação se manifeste a respeito de eventuais
documentos trazidos com a defesa escrita, uma vez que sobre tais documentos o MP ou o
querelante poderão manifestar-se por ocasião da instrução e das alegações finais. E conclui,
o processo penal não se orienta pela ampla acusação, mas, ao contrário, pela ampla defesa
(p. 788, 2014)
Recebimento da denúncia: apresentada a resposta, o relator pedirá dia para que o tribunal
delibere sobre o recebimento ou rejeição da acusação ou a improcedência da acusação, se a
decisão não depender de outras provas. Nesta sessão, é facultada a sustentação oral das
partes por 15 minutos (art. 6º, caput e parágrafos, da Lei nº 8.038/90).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
hipóteses de absolvição sumária do art. 397 do CPP (I- existência manifesta de causa
excludente da ilicitude do fato; II – existência manifesta de causa excludente da
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III – que o fato narrado evidentemente
não constitui crime; ou IV – extinta a punibilidade do agente) poderão ser aplicadas às
ações penais originárias (p. 789, 2014).
Recebida a denúncia ou a queixa, o réu será citado e será designado dia e hora para o
interrogatório. O MP, o querelante e o assistente serão intimados da decisão.
Defesa Prévia: após o interrogatório, abre-se o prazo de cinco dias para a defesa prévia. Se
o acusado não comparecer, conta-se o prazo para defesa prévia da nomeação e intimação de
defensor dativo (art. 7º da Lei nº 8.038/90).
Na defesa prévia, o acusado deve arguir exceções em sentido estrito, arrolar testemunhas e
indicar demais provas.
Pacelli diz não fazer muito sentido ter uma defesa prévia, a que se segue o recebimento ou
não da peça acusatória, e em seguida, procede-se ao interrogatório, com a abertura de novo
prazo para defesa, razão pela qual defende que o procedimento inaugurado pela Lei n
11.719/2008 poderia ser plenamente aplicado à espécie, até porque mais alinhado com
sistema acusatório, preconizado pela Constituição Federal de 1988 (p. 788/790, 2014).
Intimações: se o relator determinar, as intimações serão feitas por carta com AR.
292
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Findas as inquirições e efetuadas diligências necessárias, as partes serão ouvidas por 1 hora,
prorrogáveis pelo Presidente. O assistente terá ¼ do tempo da acusação. Na ação privada, o
Procurador-Geral falará por último, por meia hora.
Se o interesse público o exigir, o Presidente limitará a presença ao recinto das partes e dos
seus advogados ou mesmo somente aos advogados.
Recursos: da decisão condenatória do STF, cabe revisão criminal. Da absolutória, não cabe
recurso. Da condenatória do STJ, cabe revisão por ele, e recurso extraordinário para o STF.
Alterações do CPP x ação penal originária: as Leis n. 11.719/08 e 11.690/08 são aplicáveis
ao rito da ação penal originária? O §4° do art. 394 do CPP aduz que “as disposições dos
arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau,
ainda que não regulados neste Código”. Assim, aparentemente, a lei veda a aplicação
dessas modificações às ações penais originárias.
No entanto, Fisher e Pacelli entendem ser possível, p.ex, a absolvição sumária nas ações
originárias, se presentes as hipóteses elencadas no art. 397 do CPP. Igualmente, não veem
óbice de se realizar o interrogatório do réu como último ato do processo, antes do
julgamento pelo colegiado.
Na Apn 478-0 (Inf. 699-STF), reconheceu-se a incidência dos artigos 396 e 396-A do CPP
em ação penal originária, sob o argumento de respeito ao due processo of Law, bem como
diante da existência de relação de complementariedade entre o CPP e a Lei n. 8.038/90.
Recentemente, o Pleno do STF decidiu que o interrogatório do acusado, mesmo nas ações
penais originárias, deve ser realizado ao final, mesmo a Lei n. 8.038/90 estabelecendo o
contrário. Vide STF AP 528-AgR/DF e STJ HC 205364/MG. Contudo, se, ao tempo do
interrogatório, não vigorava a Lei n. 11.719/08, o ato não precisa ser repetido (tempus regit
actum).
4. Legitimidade
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Ação penal pública, condicionada ou incondicionada: feita pelo Ministério Público (ou pela
vítima, nos casos de ação subsidiária da pública, havendo inércia do MP).
Ação penal privada: ofendido ou seu representante legal. No caso de sua morte ou ausência,
passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
A esse respeito, importa mencionar que o STF entende possível as constituições dos
Estados estenderem o foro por prerrogativa de função a autoridades outras, além das
previstas já na própria Constituição da República, desde que esta não seja contrariada. A
respeito, ver ADI 469/PB e ADI 2587/GO.
5. Requisitos em geral
Os requisitos da denúncia na ação penal originária são os mesmos da ação penal comum e
estão enumerados no artigo 41, do Código de Processo Penal: exposição do fato criminoso,
com todas as suas circunstâncias, qualificação do acusado ou esclarecimentos sobre a sua
identidade, classificação do crime e, quando necessário, rol de testemunhas.
Havendo desrespeito ao comando contido nesse artigo de lei, a denúncia será inepta e,
portanto, será rejeitada.
Descrição do fato: o acusador deve fazer a imputação do fato criminoso, e não apenas a
descrição dele, sempre com todas as suas circunstâncias, entendidas estas como as que
influem na capitulação da conduta, sob pena de inépcia da inicial.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
delimitada.
Capitulação da conduta: indicação do dispositivo de lei que considera a conduta como fato
típico. A capitulação pode ser modificada pelo juiz na sentença. Admite-se, porém, que ele
a indique no limiar do processo, p. ex.: quando esta influir na competência ou quando
houver a possibilidade de concederem-se benefícios processuais ao réu.
Condições de procedibilidade são circunstâncias exigidas pela lei para o regular exercício
do direito de ação: representação da vítima nos crimes de ação penal condicionada;
requisição do Ministro da Justiça para os crimes praticados contra a honra do Presidente da
República; exame pericial nos crimes contra a propriedade imaterial; decretação da falência
por sentença, nos crimes falimentares.
Em algumas hipóteses, a lei estabelece que a ação penal, contra certas autoridades, só pode
prosseguir mediante autorização de órgãos legislativos. Por exemplo, até o advento da EC
n. 35/01, os Senadores e os Deputados Federais só poderiam ser processados pelo STF após
emissão de licença da casa respectiva. A partir da EC n. 35/01, eles puderam ser
denunciados diretamente no STF. Contudo, recebida a denúncia contra o Senador ou
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência
à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação, período
em que não correrá a prescrição, enquanto durar o mandato.
Justa causa: é um lastro mínimo de prova que deve fornecer arrimo à acusação, tendo em
vista que a simples instauração do processo penal já atinge o chamado status dignitatis do
imputado. Tal arrimo de prova nos é fornecido pelo inquérito policial ou pelas peças de
informação, que devem acompanhar a acusação penal.
No AgRg na APn 650/BA, DJe 30/06/2001, o STJ decidiu que, para a deflagrar a
persecução criminal, faz-se necessário que a peça acusatória venha lastreada em elementos
mínimos de prova que a justifiquem.
O conceito de “justa causa” não se encontra nos textos legais, mas sim nas construções
pretorianas, de que é exemplo o seguinte aresto: “há justa causa, para a denúncia, quando a
imputação narrar fato descrito como infração penal, subscrita por órgão que tenha
legitimidade, não restar caracterizada extinção da punibilidade, encontrar respaldo fático
(juízo de possibilidade) e ensejar o exercício do direito de defesa”.
6. Jurisprudência
Foro por prerrogativa x aposentadoria no cargo: o foro especial por prerrogativa de função
não se estende a magistrados aposentados. RE 549.560, 22-3-2012 e STJ: APN 623, RHC
25008/ES.
Conselheiros do Tribunal de Contas Estadual: são julgados perante o STJ, nas infrações
penais comuns e nos crimes de responsabilidade (CF, art. 105, I, a), não cabendo o
deslocamento, para a esfera de atribuições da Assembleia Legislativa local, ainda que
mediante emenda à Constituição do Estado (ADI 4.190-MC-REF, 11-6-2010.).
Defesa oral: a defesa oral nas sessões de julgamento das ações penais originárias, prevista
no inciso I do artigo 12 da Lei 8.038/1990, é mera faculdade STJ HC 146289/AM.
296
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Quórum para condenação de magistrado em ação penal originária: não se aplica às ações
penais originárias contra magistrados o art. 27, §6º, da LOMAN (a condenação somente
poderia ocorrer com o voto de 2/3 dos membros do colegiado). Para a condenação, basta a
maioria de votos. A perda do cargo, então, decorrerá da condenação criminal. STF. RHC
84903/RN.
Intimação prévia do acusado e defensor para a sessão que delibera sobre o recebimento da
denúncia em ação penal originária: é obrigatória. Se não ocorrer, haverá nulidade absoluta.
HC 58.410/PE, 14.05.2007. STJ. HC 184585/MA.
Réus com foros por prerrogativa distintos: trata-se de hipótese de continência, (CPP, art.
77). Os processos devem ser reunidos no juízo de maior graduação (CPP, art. 78, III), se
não existir, no caso, hipótese excepcional que autorize a separação das ações. STJ. AgRg na
APn 527/MT.
297
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativo do STF
- Nº 740
298
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 735
A regra geral é de que haja o desmembramento dos processos quando houver corréus
sem prerrogativa de foro no STF
O desmembramento de inquéritos ou de ações penais de competência do STF deve ser a
regra geral, admitida exceção nos casos em que os fatos relevantes estejam de tal forma
relacionados, que o julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação
jurisdicional. STF. Plenário. Inq 3515 AgR/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
13/2/2014.
- Nº 734
Réu que, durante o julgamento na instância ordinária, passou a ter foro privativo no
STF
STF. Plenário. AP 634 QO/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/2/2014.
Informativo do STJ:
- nº 522:
denúncia como o magistrado que a recebeu eram as autoridades competentes para fazê-lo
quando iniciada a persecução criminal, sendo que a competência da Corte Estadual para
processar e julgar o paciente só adveio quando iniciada a fase instrutória do processo. Assim,
tratando-se de incompetência superveniente, em razão da diplomação do acusado em cargo
detentor de foro por prerrogativa de função, remanescem válidos os atos praticados pelas
autoridades inicialmente competentes, afigurando-se desnecessária a ratificação de denúncia
oferecida. Desse modo, não há que se falar em necessidade de ratificação da peça inaugural,
tampouco da decisão que a acolheu, uma vez que não se tratam de atos nulos, mas válidos à
época em que praticados. Ademais, não tendo o órgão ministerial — após análise da denúncia
ofertada e dos demais atos praticados no Juízo inicialmente competente — vislumbrado
qualquer irregularidade ou mácula que pudesse contaminá-los, conclui-se, ainda que
implicitamente, pela sua concordância com os termos da denúncia apresentada. HC 202.701-
AM, Rel. Ministro Jorge Mussi, 5ª Turma, julgado em 14/5/2013
OBS Vitaminada: Observe-se que o julgado veiculado no Inf. nº 522 é mais recente que o
publicado no Inf. nº 511, muito embora este tenha sido prolatado pela Corte Especial, enquanto
àquele pela 5ª Turma. Note-se que não há qualquer manifestação no julgado a respeito do
momento em que a ação penal se encontrava no Inf. nº 511, se a diplomação do réu é anterior
ou posterior ao oferecimento da denúncia.
300
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. Noções Gerais.
A proteção aos réus colaboradores está prevista na Lei n. 9.807/99, regulamentada pelo
Decreto 3518/2000, que instituiu o Programa de Proteção Federal de Assistência a Vítimas,
Testemunhas Ameaçadas, e a réus colaboradores na investigação de crimes.
Afirma-se que a referida lei é bastante injusta no tocante à proteção dada ao réu
colaborador, se comparada à proteção dada às vítimas e testemunhas ameaçadas, uma vez
que a sobredita legislação, em seu art. 2º, §1º prevê a extensão da proteção aos cônjuges ou
companheiros, ascendentes, descendentes e dependentes das vítimas e testemunhas, não
prevendo o mesmo auxílio em relação aos réus colaboradores. Contudo, tais direitos foram
estendidos aos réus colaboradores e aos seus familiares, conforme previsão contida no art.
5º, I, c/c o art. 6º, ambos da Lei nº 12.850/13.
301
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
c) Nos crimes contra ordem tributária, reproduz-se igual previsão a dos crimes contra o
SFN, qual seja: cometidos em quadrilha ou coautoria, o coautor ou partícipe que
através de confissão espontânea revelar à autoridade policial ou judicial toda a
trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços, conforme dispõe o
art. 16, parágrafo único, da Lei nº 8.137/90;
d) Nos crimes de lavagem de dinheiro, o art. 1º, §5º, da Lei nº 9.613/98 com a redação
dada pela Lei nº 12.683/12, prevê que o autor, coautor ou partícipe que colaborar
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
apuração das infrações penais relacionadas a tais crimes, à identificação do
autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores
objeto do crime, poderá ter pena reduzida de 1 a 2/3, iniciar o cumprimento da pena
em regime inicial aberto ou semiaberto, ter a pena privativa de liberdade substituída
por restritiva de direitos, ou mesmo ser agraciado com o perdão judicial.
302
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Pacelli entende que a colaboração premiada prevista na Lei nº 12.850/13 somente pode ser
concedida aos casos em que envolver crimes praticados no seio de organização criminosa
(associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão
de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas sejam
superiores a 4 anos, ou que tenham caráter transnacional, ou que estejam previstas em
tratado ou convenção internacional, cuja execução tenha sido iniciada no País e o
resultado tivesse de ocorrer no estrangeiro, ou vice-versa, ou em que envolvam
organizações terroristas, reconhecidas por organismos internacionais de que o Brasil faça
parte, cujos atos terroristas ou mesmo preparatórios tenham ocorram ou possam ocorrem
em território nacional), muito embora as normas mais favoráveis contidas em tal Lei
possam ser estendidas demais hipóteses de delação premiada prevista no ordenamento,
como o perdão judicial e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
Conforme o STF, para a concessão do perdão judicial, não basta a mera colaboração,
porquanto requer-se a sua efetividade para a investigação ou processo.
303
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
declinados, até porque, em determinados crimes, isso nem sequer será possível. P. ex., no
homicídio consumado, não será exigida a localização da vítima com a sua integridade física
preservada, nem mesmo a recuperação total ou parcial do produto do crime.
3. Medidas protetivas
4. Depoente especial.
O Decreto 3518/00 prevê a figura do depoente especial. Entende-se por depoente especial
(i) o réu detido ou preso, aguardando julgamento, indiciado ou acusado sob prisão cautelar
em qualquer de suas modalidades, que testemunha em inquérito ou processo judicial, se
dispondo a colaborar efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração possa resultar a identificação de autores, coautores ou
partícipes da ação criminosa, a localização da vítima com sua integridade física preservada
ou a recuperação do produto do crime; (ii) a pessoa que, não admitida ou excluída do
Programa, corra risco pessoal e colabore na produção da prova.
5. Casuística.
304
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
ainda, como informante. Agravo regimental não provido. AP 470 MG. Julgamento:
18/06/2009.
305
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
306
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. Teoria Geral.
Segundo Pacelli, há duas perspectivas com as quais é possível se elaborar uma teoria dos
recursos. A primeira apoia-se no interesse do Estado no controle dos atos jurisdicionais,
que se preocupa com a qualidade e a regularidade da atividade judicial. A segunda, por sua
vez, é vista sob o ângulo dos interesses dos jurisdicionados, ou seja, as partes que se
submetem às decisões. Nesse sentido, os recursos se prestariam também a uma revisão das
decisões, mas sob outro fundamento, qual seja, a amplitude do direito de defesa.
Lembra o aludido autor que, quanto maior o número de recursos, maior a possibilidade de
amplo exercício da tutela de direitos; por outro lado, mais morosa a atividade jurisdicional.
Impõe-se, portanto, um sopesamento dos interesses diante da natureza dos valores em
disputa. Conclui-se que a liberdade individual ameaçada pela sanção penal deve prevalecer
sobre a busca da realização de uma justiça célere. Em contrapartida, a revisão das decisões
judiciais não pode ultrapassar os limites das garantias individuais, impõem-se, assim,
limites e condicionamentos, definidos pelas leis e pela CF.
Assegura que, ante a exigência constitucional, em regra, toda pessoa submetida ao processo
penal tem o direito de obter uma nova decisão acerca da matéria de seu interesse. Nesse
contexto, o duplo grau de jurisdição integra o direito à ampla defesa, como uma de suas
mais relevantes emanações.
307
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
previsões legais de recursos de ofício contra decisões que veiculam conteúdo contrário aos
interesses da acusação, Pacelli entende que, dentro de um sistema garantista, são
inconstitucionais. Contudo, registre-se que há precedente do STJ em sentido contrário
(Resp 760.221/PA).
Dialeticidade: o recorrente deve indicar claramente os motivos pelos quais pede o reexame
da decisão, porque somente assim a parte contrária poderá apresentar suas contrarrazões,
formando o contraditório em matéria recursal.
Fungibilidade: o recurso erroneamente interposto pode ser conhecido pelo outro, desde
que não haja má-fé (CPP, Art. 579) e o erro não seja grosseiro.
308
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
recurso em sentido estrito (art. 589 do CPP); (b) carta testemunhável (art. 643 do CPP) e (c)
agravo em execução.
4. Súmulas
STF
SÚMULA Nº 713 - O EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO CONTRA DECISÕES
DO JÚRI É ADSTRITO AOS FUNDAMENTOS DA SUA INTERPOSIÇÃO.
5. Casuística
309
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
310
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. Incidentes processuais:
Processos incidentes, segundo Pacelli (2011, pág. 295) são procedimentos em que se
discute: a) questões tipicamente preliminares: como exceções de suspeição,
incompatibilidade ou impedimento, exceções de incompetência do juízo, de litispendência,
de ilegitimidade de parte e de coisa julgada, bem como conflito de jurisdição. Devem ser
resolvidas antes do exame de mérito; b) questões de natureza acautelatória de cunho
patrimonial: restituição de coisas apreendidas, medidas assecuratórias (sequestro, arresto,
inscrição de hipoteca); c) questões tipicamente probatórias: seja no âmbito da aferição da
culpabilidade (incidente de sanidade mental), seja no da materialidade do delito (incidente
de falsidade documental).
- Legitimidade: partes ou ex officio (art. 147, CPP). Se feita por procurador exige poderes
especiais.
- Procedimento: deve ser dirigido ao juiz, de forma escrita. O magistrado então concede
prazo de 48h à parte contrária para manifestação. Em seguida, abre o prazo de 3 dias,
311
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Recurso: RESE contra a decisão que resolve o incidente, seja ela pela procedência ou
improcedência (art. 581, XVIII, CPP). Somente após o trânsito em julgado, caso seja o
documento considerado falso, haverá o desentranhamento.
- Efeitos: “Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de ulterior
processo penal ou civil” (art. 148, CPP). A decisão, dessa forma, é limitada ao
procedimento incidente. Reconhecida a falta de autenticidade da prova, desentranha-se esta
e determina-se a apuração do falso, em processo principal.
312
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Efeitos do laudo:
b) Conclui pela normalidade mental na época do fato e incapacidade atual: o processo deve
continuará suspenso até que o indivíduo se restabeleça ou ocorra a extinção da punibilidade
(art. 152, CPP). Havendo restabelecimento, a sentença será absolutória ou condenatória.
c) Conclui pela incapacidade na época do fato: o incidente deve ser apensado ao processo,
que terá prosseguimento e na fase de sentença abrem-se 2 possibilidades: c.1) Indivíduo
inimputável: absolvição, com aplicação de medida de segurança (absolvição imprópria) ou
sem aplicação de medida de segurança (absolvição própria), conforme art. 26, caput, CP;
c.2) Indivíduo semi-imputável: absolvição sem aplicação de medida de segurança ou
condenação (nesta, porém, deve-se reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou aplicar medida de
segurança, caso haja indicativos de periculosidade), conforme o art. 26, parágrafo único e
98, ambos do CP.
-Internação prevista no §1º do art. 152, CPP – considerações críticas: Pacelli defende que a
possibilidade do juiz internar provisoriamente o acusado configura verdadeira antecipação
dos resultados finais de uma ação penal condenatória. Assim, como não se permite a
privação da liberdade do acusado sadio a não ser com fundamentação em razões de
natureza cautelar, também não se poderia privar a liberdade do inimputável, ainda mais se
tratando de privação sem prazo certo para terminar, tudo a depender da recuperação mental
do acusado (Pacelli, pág. 325). O STJ possui jurisprudência no sentido de que somente
se resultante de prisão preventiva que tenha sido decretada quando presentes os
pressupostos é que se torna viável a aplicação da internação antes da sentença (RHC
22666, 5ª Turma, 2008).
313
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
II - O exame previsto no art. 149, do CPP, somente é imprescindível quando houver dúvida
fundada a respeito da higidez mental do acusado, tanto em função da superveniência de
enfermidade no curso da instrução criminal quanto pela presença de indícios plausíveis de
que, quando do cometimento do delito, era incapaz de entender o caráter ilícito da conduta
perpetrada ou de determinar-se de acordo com esse entendimento; Correto
III - Na forma do art. 366, do CPP, a produção antecipada de provas deve ser utilizada em
todos os casos em que o processo tenha sido suspenso em razão da ausência do réu citado
por edital, mesmo sem a avaliação do risco concreto do perecimento da prova; Errado, é
necessária a avaliação do risco de perecimento.
V - Admite-se a detração por prisão ocorrida em outro processo, desde que o crime pelo
qual o sentenciado cumpre pena tenha sido praticado anteriormente à prisão cautelar
proferida no processo do qual não resultou a condenação. Correta, Vedação à Conta
Corrente.
Gabarito oficial: C.
314
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação Básica: arts. 563 a 573 do CPP. Súmulas do STF: 155, 156,160, 162, 206,
361, 366, 351, 352, 431, 523, 564, 706 a 709, 712.
a) Princípio do prejuízo: sem ofensa à finalidade da norma não há prejuízo e, por isso, o
reconhecimento da nulidade nessa hipótese consagraria um formalismo exagerado e inútil.
Somente a atipicidade relevante dá lugar à nulidade (pas de nullité sans grief). Assim,
deverá ser aferida a capacidade para a produção de prejuízos aos interesses das partes e/ou
ao regular exercício da jurisdição (art. 563, CPP: “Nenhum ato será considerado nulo, se da
nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.”). Nos casos em que restar
evidenciada a ausência de prejuízo, não se cogita de nulidade, mesmo se tratando de
nulidade absoluta. É o posicionamento adotado pelo STJ (HC 104.062, 5ª Turma, 2011) e
pelo STF: “A demonstração de prejuízo, a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação
de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que, conforme já decidiu a Corte, "o âmbito
normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades - pas de nullité sans grief-
315
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Há, no entanto, entendimento diverso na doutrina. Ada Pellegrini Grinover sustenta que as
nulidades absolutas não exigiriam demonstração de prejuízo, porque nelas este seria
evidente. Por outro viés, Tourinho Filho afirma existir uma presunção juris et de jure de
prejuízo, inadmitindo prova em contrário. Tais argumentos são rebatidos por Paulo Rangel,
que se filia ao entendimento adotada na jurisprudência do STF e STJ – de que haveria
necessidade de demonstração de prejuízo mesmo na nulidade absoluta (Rangel, pág. 769).
Pacelli defende que não parece exato afirmar que nas nulidades absolutas o prejuízo seja
presumido. O que existiria é verdadeira afirmação ou pressuposição da existência de
prejuízo, não se cuidando de inversão de ônus da prova, passível de alteração no plano
concreto, mas de previsão abstrata da lei. Assim, o que poderá ser objeto de prova, segundo
o autor, é a existência ou não da violação à lei, ou seja, da irregularidade. Mas, uma vez
demonstrada esta, o prejuízo dela decorrente seria sua consequência inevitável (Pacelli,
pág. 817).
316
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
partir do julgamento do HC nº 83.006-SP, Pleno, por maioria, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ
29.08.2003, a jurisprudência do Tribunal evoluiu para admitir a possibilidade de ratificação
pelo juízo competente inclusive quanto aos atos decisórios. (STF, HC 88.262). "Tanto a
denúncia quanto o seu recebimento emanados de autoridades incompetentes rationae
materiae são ratificáveis no juízo competente.” (STF, HC 83.006, Pleno, 2003). No entanto,
em recente julgamento, o STF decidiu em sentido diverso (HC 109.893, 1ª Turma, 2012).
Contudo, à luz do princípio da identidade física do juiz, Renato Brasileiro (p. 320, 2014)
afirma que o posicionamento da jurisprudência do STF, veiculada no HC 83.006, está a
merecer nova reflexão. “Ora se doravante o juiz que presidir a instrução deve proferir a
sentença, como se pode, então, admitir que a prova colhida perante o juízo incompetente
seja reaproveitada perante seu juízo natural? A nosso juízo, portanto, uma vez
reconhecida a incompetência absoluta ou relativa, há de ser reconhecida a nulidade dos
atos probatórios, renovando-se a instrução perante o juiz natural da causa, em fiel
observância ao princípio da identidade física do juiz”.
1.2. Classificação:
a) Atos inexistentes: são aqueles que contêm vício gravíssimo, decorrente da violação de
elementos constitutivos do ato processual. Tem-se um não ato, uma aparência de ato. Ex.:
sentença proferida por quem não se acha investido da função jurisdicional, sentença
publicada exatamente na mesma data em que foi publicada a portaria de promoção do juiz
sentenciante (STJ, HC 14420, 5ª Turma, 2000). Não só não produzem efeitos como
também não podem ser convalidados (Pacelli, pág. 813).
b) Atos nulos: são aqueles em que a falta de adequação ao tipo legal pode levar ao
reconhecimento de sua inaptidão para produzir efeitos no mundo jurídico (Grinover, pág.
20). Divide-se em: b.1 Nulidade absoluta: a gravidade do ato viciado é flagrante e, em
regra, manifesto o prejuízo que sua permanência acarreta para a efetividade do
contraditório ou para a justiça da decisão. O vício afeta não só o interesse de algum
litigante, mas de todo e qualquer (presente, passado e futuro) acusado, em todo e qualquer
processo. Ex.: violações a princípios fundamentais do processo penal, tais como o do juiz
natural, o do contraditório e da ampla defesa, o da imparcialidade do juiz. b. 2 Nulidade
relativa: dependem da valoração das partes quanto à existência e à consequência do
eventual prejuízo, estão sujeitas a prazo preclusivo, quando não alegadas a tempo e modo
pelo interessado. Dizem respeito a interesse das partes em determinado e específico
processo.
c) Atos irregulares: são atos que desatendem às prescrições legais, mas nem por isso há
comprometimento dos objetivos para os quais a forma foi instituída, de sorte que podem ser
317
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
considerados meramente irregulares, sem que sua eficácia esteja em jogo (Grinover, pág.
20). Nulidades ocorridas na fase policial não têm o condão de tornar nula a ação penal
(STF, ARE 654192 AgR, 2ª Turma, 2011).
1.5. Hipóteses de nulidade previstas no art. 564 do CPP (anotações de aula do Curso
Alcance para Procurador da República, ministrada pela Prof. Eloisa Pitarro, em
2013): O art. 564 do CPP não traz rol de nulidade taxativo, nem tampouco indica entre as
hipótesese nele previstas quando se terá causa de nulidade absoluta ou relative. São elas:
318
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
a) Vício na denúncia ou na queixa: é a que não narra os fatos de forma precisa. É possível
haver denúncia de forma genérica. Em se tratando de crime societário ou multitidinário, a
denúncia pode ser genérica e, no curso da instrução, haja a individualização da imputação
será detalhada. No entanto, defender isso é um absurdo, porque torna defesa difícil, por não
se saber em face do que se defender. Não se precisa qualificar em detalhe se a identidade
física for precisa, conforme o art. 259. A capitulação do fato criminoso é o 3º requisitos não
é imprescindível, porque o réu se defende dos fatos. Tendo testemunhas, deverá o MP
arrolá-las. A ausência desses requisitos torna a denúncia inepta.
b) O exame de corpo de delito, ressalvado o exame de corpo de delito do art. 167 do CPP
(exame de corpo de delito indireto). É possível tratar dos crimes da Lei de Drogas e contra
a Propriedade Imaterial com o exame de corpo de delito indireto? Não, porque nas
respectivas leis, o exame de corpo de delito é condição de procedibilidade. Ora, não se tem
como dizer que um individuo com vários sacolés com pó branco significa que ele estava de
posse de cocaína, por ser necessário e imprescíndivel o exame pericial;
Qual a conseqüência da não intervenção do MP, nos crimes de ação penal privada
subsidiária da pública, quando o membro do MP deixa transcorrer o prazo de 15, em
estando o réu solto, ou de 5 dias, estando o réu preso, para propor a denúncia, e não propõe
a ação penal 6 meses após o término desse interstício (ausência total de manifestação do
MP)? Ultrapassado o prazo de 6 meses para propor a denúncia, o particular interessado
poderá propor a ação penal privada subsidiária da pública. No entanto, o MP deverá
intervir, podendo a qualquer momento retomar a ação penal.
Ainda que o MP possa retornar como parte principal, o art. 572 do CPP sinaliza casos em
que estão sujeitos a um prazo para que se possa alegar eventuais nulidades, remetendo a
alínea d do art. 564, parte final. Pode-se depreender dessa remissão que a não intervenção
ministerial é causa de nulidade relativa, tendo em vista que está sujeita a prazo preclusivo,
ou seja, um momento fatal para ser alegado pelo Parquet.
319
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O art. 570 traz uma regra de convalidação para os vícios decorrentes da ausência de citação
ou de intimação e notificação, que estará sanada com o comparecimento espontâneo do
interessado antes de o ato se consumar, ainda que o faça com a intenção meramente arguí-
la. É uma regra específica de convalidação.
Como é a concessão dos prazos? Através de intimação. Parte final da alínea “e” remete ao
art. 570 do CPP.
Existem decisões do STF no sentido de que o excesso de nulidade por si só não é causa de
nulidade. O que é causa de nulidade seria a inobservância do art. 478, I, do CPP, Segundo o
qual, durante os debates, as partes não poderão, sob pena de nulidade, fazer referências à
decisão de pronúncia. Se a pronúncia for utilizada durante os debates pela acusação, não há
que se falar em nulidade.
Para Elois Pitarro, o excesso de linguagem seria causa de nulidade absoluta. Ora, como o
art. 472, parágrafo único, do CPP traz a obrigatoriedade de os jurados receberem cópia da
decisão pronúncia, isso leva a crer que o excesso de linguagem haveria de influenciar no
julgamento soberano que lhes incumbe.
g) A ausência de intimação do réu para a sessão de julgamento pelo tribunal do júri, quando
a lei não permitir o julgamento a revelia. Essa alínea sempre trouxe interpretação
controvertida. No entanto, o que ela queria dizer é que haverá nulidade quando o réu for
julgado a revelia, nas hipóteses em que a lei não admite. Hoje, a situação mudou. Essa
situação mudou pela seguinte razão: antes da reforma de 2008, havia duas situações em que
o processo ficava paralisado: 1) o réu deveria ser intimado pessoalmente da sentença de
320
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
h) Falta de intimação das testemunhas. O art. 422 do CPP estabelece que o MP e as partes
serão intimadas para apresentar testemunhas no prazo de 5 dias, após a preclusão da
pronúncia, ou seja, não sendo ela mais sujeita a recurso.
k) Falta dos quesitos e de suas respectivas respostas. Os vícios mais comuns são os quesitos
complexos: é aquele em que o jurado responde num só quesito a mais de uma pergunta ou a
inversão da ordem de quesitação prevista no CPP.
1.6. Súmulas:
STF:
712: “É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri
sem audiência da defesa.
321
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
708: “É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do
único defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
523: “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
366: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora na
transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.
351: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz
exerce a sua jurisdição.
160: É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso
da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
- Nº 705
Réu assistido por advogado suspenso/licenciado
Qual é a consequência processual do réu ter sido defendido no processo por um advogado
que esteja suspenso ou licenciado da OAB? O art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.906/94:
afirma que são NULOS os atos praticados por advogado impedido, suspenso, licenciado ou
que esteja exercendo atividade incompatível com a advocacia. Vale ressaltar, no entanto,
que existem julgados do STJ e do STF afirmando que esta nulidade somente deverá ser
declarada se ficar comprovada a existência de prejuízo. Nesse sentido: STJ 6ª Turma. AgRg
no REsp 1084495/RS, julgado em 06/11/2012; STF 1ª Turma. HC 99457, julgado em
13/10/2009. No julgado noticiado neste Informativo, a 1ª Turma do STF declarou nulos os
atos processuais praticados por advogado com inscrição suspensa na OAB. Deve-se
destacar que o advogado estava suspenso apenas por conta de débitos com a Ordem e
mesmo assim foi declarada a nulidade. HC 110271/ES, rel. Min. Marco Aurélio,
7/5/2013.
322
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
- Nº 695
Inf. nº 530:
Inf. nº 513:
DIREITO PROCESSUAL PENAL. SUSTENTAÇÃO ORAL. PEDIDO DE
ADIAMENTO DO JULGAMENTO EM RAZÃO DE OUTRO COMPROMISSO DO
ADVOGADO. Não é nulo o julgamento colegiado de mandado de segurança por ausência
de sustentação oral no caso em que a defesa pede seu adiamento apenas na véspera da
sessão, declinando, para tanto, a necessidade de estar presente em outro compromisso
profissional do qual já tinha conhecimento há mais de um mês. Em primeiro lugar, é
facultativo o deferimento do pedido de adiamento da apreciação de processo por órgão
colegiado. Além disso, não é possível acolher o referido pedido sem que se apresente
motivação adequada, apta a demonstrar a efetiva necessidade de modificação da pauta, o que
não ocorre na hipótese em que o requerente, incidindo em clara desídia, sequer apresenta sua
motivação em tempo hábil, não diligenciando nem mesmo em prol da apreciação tempestiva da
petição pelo relator do processo. Por fim, é de destacar que, de acordo com o art. 565 do CPP,
nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para a qual tenha
concorrido. RMS 30.172-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
4/12/2012.
323
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1.7. Questões de Prova: questão 117 da prova Objetiva do 25º CPR; questão 116 da prova
Objetiva do 26º CPR.
117. Sujeito preso em flagrante como incurso nas penas do artigo 289 do CP,
identifica-se com o nome de Adélio Pimenta, apresentando documento, sendo colhidas
suas impressões digitais. denunciado pelo procurador da república, é citado
pessoalmente, apresenta defesa preliminar e comparece à audiência de instrução e
julgamento, quando lhe é concedida a liberdade provisória. Na sentença condenatória,
proferida na forma do artigo 403, § 3° do CPP, o juiz decreta a sua prisão preventiva,
tendo em vista a notícia de que o réu se envolvera em nova fraude. Ao ser cumprido o
mandado de prisão, verifica-se que o nome Adélio Pimenta pertence a pessoa diversa
que, em tempos passados, perdera parte de seus documentos. o processo correra em
nome de pessoa falsamente identificada e o verdadeiro nome do acusado é
desconhecido. estando os autos para julgamento da apelação, o tribunal deverá:
b) ( ) anular somente a sentença, uma vez que o erro na identificação do réu não invalida o
processo, tendo em vista sua citação pessoal e sua presença nos atos processuais.
c) ( ) considerar como mero erro material e efetuar a correção no nome da parte, em grau de
apelação.
d) ( ) reformar a sentença e absolver Adélio, já que verdadeiramente não foi ele o autor do
crime. Gabarito Oficial: B.
IV - salvo quando nula a decisão de primeiro grau o acórdão que provê o recurso contra a
rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela;
324
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
b) ( ) Há um enunciado falso;
Gabarito oficial: A
325
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Lei nº 1.079/50; Lei nº 7.106/83 e Decreto- Lei nº 201/67. Súmulas do
STF: 208, 209, 703,702, 722. Súmulas do STJ: 164.
normas de processo e julgamento". O STF diz que estas penas são autônomas: se houver
renúncia, pode ser aplicada a inabilitação, apesar de não haver “perda do cargo”.
1.1. Rito dos Crimes de Responsabilidade na lei 1.079/50: de acordo com tal legislação
(art. 14-38), tem-se o seguinte rito:
(5) ENVIO AO SENADO: sendo crime de responsabilidade, vai para o SF, com a
constituição de comissão de 3 membros (da CD) para acompanhar a acusação. OBS: para o
Ministro de Estado, só vai para o Senado se for conexo com crime de responsabilidade do
Presidente. Do contrário, vai para o STF, se houver denúncia do PGR, tal qual ocorre no
crime comum. Para Miguel Reale e Miguel Reale Júnior deve se dar uma nova leitura a
essa previsão de comissão de 3 membros da CD pois isto importaria em converter a Câmara
em órgão acusatório, em contradição manifesta com o papel que desempenhou dando justa
interpretação à Carta de 1988, que deixou de conferir-lhe - como faziam os Estatutos de
1946 e 1969 - processo de acusação (judicium accusationis). (Reale, pág. 30). Segundo
José Afonso da Silva, não cabe ao Senado Federal decidir se instaura ou não o processo.
Quando o texto do art. 86 diz que, admitida a acusação por dois terços da Câmara, será o
presidente submetido a julgamento perante o Senado Federal nos crimes de
responsabilidade, não deixa a este possibilidade de emitir juízo de conveniência de
instaurar ou não o processo, pois que esse juízo de admissibilidade refoge à sua
competência e já fora feito por quem cabia (Câmara dos Deputados).
8) VOTAÇÃO: após os debates, é feito um relatório pelo Presidente do STF, o qual será
submetido a votação entre senadores.
327
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Aplica-se subsidiariamente o regimento interno das casas e o CPP. Para o PGR e Ministro
do STF (art. 44-73), o rito é semelhante, com uma diferença: o feito começa já no SF (não
há autorização da CD). O próprio SF vota com base em parecer de comissão especial, se a
“denúncia” será ou não objeto de deliberação. A condenação, pela lei, depende de “maioria
simples”, mas a Constituição Federal diz que a condenação se dá pelo quórum de 2/3 (art.
52, parágrafo único).
Assim, entre as regras da Lei 1.079/50 e as regras da Constituição Estadual, no que forem
conflitantes, aplica-se a primeira. Na ADI 1628 ficou definido que o órgão competente para
julgar os Governadores por crime de Estado é o Tribunal Especial previsto no art.78, §3º da
lei 1.079/50, o qual possui composição mista (5 membros do Legislativo e 5
desembargadores sob a presidência do Presidente do TJ local. Salienta-se que, deve se
aplicar o disposto no art. 86 da CF no que toca ao quórum para o juízo de admissibilidade
da denúncia, devendo, assim, haver manifestação favorável de 2/3 da Assembléia
Legislativa para que o Governador seja submetido a julgamento perante o Tribunal
Especial, conforme decisão proferida na Adin 1634.
dito;
5. Admitida a acusação do Governador, por dois terços da Assembleia Legislativa, será ele
submetido a julgamento perante o tribunal especial de que fala o art. 78, da Lei 1.079/50;
Ainda de acordo com a ADI 1628, decidiu-se que o prazo de inabilitação para as
autoridades estaduais é de cinco anos, não sendo aplicável o prazo de 8 anos, pois a
Constituição não cuidou da matéria no que diz respeito a tais autoridades, estando, assim,
em vigor o disposto no art.78 da lei 1079.
À época da edição da lei, não havia prerrogativa de foro para Prefeito. Hoje, ele é julgado
por Tribunal (art.29, X, CF). Assim, tem-se a situação do Prefeito quando do recebimento
da denúncia:
1) Prefeito que ainda está no mandato: observa-se o rito da Lei 8.038/90 (art. 1º-12) c/c Lei
8.658/93;
329
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
2) Prefeito que não está mais no mandato: não possui foro (os autos descem à primeira
instância) e segue o rito do DL 201, que é “comum” (correspondente ao ordinário, antes da
Lei 11.719/08), com as seguintes modificações:
A pena de inabilitação para o exercício da função pública prevista no art. 1º, § 2º, do DL n.
201/1967, foi elevada ao status de pena restritiva de direitos com o advento da Lei n.
7.209/1984, sendo, portanto, autônoma, em relação à privativa de liberdade. Além disso,
aquela possui natureza jurídica distinta desta, devendo os seus prazos prescricionais fluírem
de forma diversa.” (REsp 1.182.397-RS, 5ª Turma, 2012).
Os delitos referidos no art. 1º do Dec.-lei 201/67 só podem ser cometidos por prefeito, em
razão do exercício do cargo ou por quem, temporária ou definitivamente, lhe faça às vezes.
Assim, o presidente da Câmara Municipal, ou os vereadores, ou qualquer servidor do
Município não podem ser sujeito ativo de nenhum daqueles crimes, a não ser como
copartícipe (...)" (RHC 107675, Primeira Turma, 2011).
De acordo com a Súmula 702 do STF: “A competência do Tribunal de Justiça para julgar
Prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.” Logo, em
se tratando de crime que atraia a competência da Justiça Federal, ele será julgado pelo TRF,
já em sendo o crime eleitoral, compete ao TRE processar a ação, etc.
b) ( ) Sentença penal condenatória por crimes contra as finanças públicas, embora constitua
330
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
título executivo no cível não faz coisa julgada extrapenal para abranger o ressarcimento de
dano e multa civil prevista na Lei n. 8.429/92 nem a multa aplicável pelo Tribunal de
Contas;
d) ( ) A Lei n. 1.079, porque editada em 1950, é inaplicável aos presidentes dos Tribunais
de Contas.
Gabarito oficial: D
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Art. 5º, LV, LVI e LVIII, CF; Arts. 7º, 155 a 250, 399, § 2º, e 564, III,
'b', CPP; Art. 50, § 1º, Lei 11.343/2006; Lei 9.807/1999 (proteção à testemunha); Lei
11.900/2009 (interrogatório por videoconferência); Lei 12.037/2009 (identificação
criminal); e Lei 12.654/2012 (identificação genética para fins criminais).
1. Conceito.
Segundo lecionam TÁVORA e ALENCAR, prova consiste em tudo aquilo que contribui
para a formação do convencimento do magistrado (o CPP não traz um rol exaustivo de
meios de prova). NUCCI (2011, p. 388), por sua vez, alerta que prova pode ser: a) o ato de
provar a exatidão ou a verdade do fato alegado no processo; b) o meio, o instrumento pelo
qual se faz essa prova (ex.: prova testemunhal); c) o resultado ou produto extraído da
análise dos instrumentos de prova.
Objetivo da prova: reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando uma verdade
judicial, uma certeza jurídica, que pode ou não corresponder à realidade histórica.
2. Teoria da prova.
Trata-se do estudo dos princípios e regras aplicáveis ao estudo da prova, sem a análise dos
meios de prova.
b) Identidade física do juiz: importante inovação trazida pela Lei nº 11.719/2008 ao art.
399, § 2º, CPP. Se o provimento judicial final deve demonstrar sempre um juízo de certeza,
quando condenatória a sentença, o juiz da instrução está mais apto a proferir a sentença.
Assim, “o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”. Para PACELLI, o art.
132 do CPC é aplicável subsidiariamente ao processo penal.
c) Verdade material: tradicionalmente, diz-se que o processo civil contenta-se com uma
certeza derivada da simples ausência de impugnação aos fatos articulados na inicial, ao
passo que o processo penal não admite a verdade formal, exigindo-se a materialização da
prova pela acusação (as correntes mais atuais criticam essa noção tradicional de verdade
formal/verdade material). Segundo PACELLI, toda verdade judicial é sempre uma verdade
332
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
processual. Nesse passo, Brasileiro entende que se trata do princípio da busca da verdade,
ou seja, buscar a reconstituição dos fatos imputados ao acusado de forma mais próxima
possível da que real e efetivamente aconteceram, já que impossível é reproduzir
fidedignamente tais fatos.
e) Livre convencimento motivado: o juiz não está preso a nenhum critério de valoração
prévia da prova, mas deve declinar as razões pelas quais optou por tal ou qual prova. Não
se aplica ao júri (íntima convicção).
3. Questões gerais.
- Quem faz a alegação é que deve provar (art. 156, CPP). Assim, a acusação deve fazer
prova quanto à autoria e à materialidade, mas à defesa incumbe a prova acerca de
excludente eventualmente alegada.
- A regra no processo penal é que a prova pode ser produzida a qualquer tempo, incluindo a
fase recursal, e até mesmo em segunda instância, respeitado o contraditório. Exceção:
antecedência de 3 dias úteis do plenário para juntar documentos no procedimento do júri
(art. 479, CPP).
- O art. 157, CPP fala em provas ilícitas como sendo aquelas obtidas com violação a
normas constitucionais ou legais; a doutrina, contudo, distingue: a) provas ilícitas seriam
aquelas obtidas com violação ao direito material; b) provas ilegítimas são as que violam
normas de direito processual.
- Teoria dos frutos da árvore venenosa: o atual art. 157, § 1º, CPP, dispõe: “são também
333
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras”. Fonte de prova independente: é a prova não relacionada com
os fatos que geraram a produção da prova contaminada. Descoberta inevitável: admite-se a
prova, ainda que presente eventual relação de causalidade ou de dependência entre as
provas (a ilícita e a descoberta), exatamente em razão de se tratar de meios de prova
rotineiramente adotados em determinadas investigações. Com isso, evita-se a contaminação
da totalidade das provas que sejam subsequentes à ilícita.
- No que tange aos delitos materiais, há que se ressaltar a necessidade de feitura de exame
de corpo de delito, haja vista que são crimes que deixam vestígios. Tal exame visa à
constatação da materialidade delitiva. No ponto, merece destaque a possibilidade de
realização do aludido exame de forma direta (através do exame cadavérico) ou indireta (que
consiste no raciocínio utilizado sobre o ocorrido, através das demais provas realizadas em
juízo, em virtude da impossibilidade de realização do exame de corpo de delito direto).
4. Súmulas
STJ:
455: “A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do
CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso
do tempo”.
5. Pontos relevantes.
- No caso Glória Trevi, artista mexicana que alegou ter sido vítima de estupro nas
334
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Min. LUIZ FUX. Julgamento: 08/05/2012. Órgão Julgador: Primeira Turma Publicação:
DJe-100 DIVULG 22-05-2012 PUBLIC 23-05-2012. Parte(s): MIN. LUIZ FUX,
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, LACY GAVIÃO DE CARVALHO JÚNIOR,
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL).
Prova oral MPF: 11. Qual foi o sistema adotado acerca das provas ilícitas no Brasil?
336
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A primeira hipótese de suspensão do processo penal é aquela prevista no art. 366 do CPP.
A aludida norma dispõe que se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Urge consignar que o retromencionado instituto não é aplicável aos crimes da Lei nº
9.613/98 (Crimes de Lavagem de Dinheiro), mesmo com a alteração trazida pela Lei nº
12.683/12. Assim, nos casos previstos na mencionada norma, deve o acusado que não
comparecer, nem constituir advogado, ser citado por edital, prosseguindo o feito até o
julgamento, com a nomeação de defensor dativo (art.2º, §2º).
Há ainda a previsão contida no art. 89 da Lei 9099: Nos crimes em que a pena mínima
cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).
Com a mudança da pena máxima para os crimes de menor potencial ofensivo para 2 anos –
passível de transação (Lei 11.313/06, que unificou os prazos dos juizados estaduais e
federais), passou-se a discutir se não deveria mudar, por analogia, o prazo da suspensão
condicional do processo. O STJ, porém, afirmou a impossibilidade de se utilizar o patamar
de dois anos (RHC 12033). Pacelli concorda com o STJ, pois não é possível vislumbrar
uma subordinação jurídica entre os institutos da transação penal e da suspensão condicional
do processo, já que esta não pode ter sua aplicação condicionada a nenhuma imposição de
sanção penal prevista em lei.
A suspensão condicional do processo não acarreta total paralisação do processo, haja vista a
imposição de certas restrições de direitos que exigem comportamentos do réu. O que se
suspende é o curso regular do processo.
Pacelli não vê problema na proposta de suspensão no curso da ação penal, desde que não
haja sentença. Havendo já decisão definitiva, ainda que não passada em julgado, não
poderá, obviamente, ser realizada a suspensão, por impossibilidade lógica, tanto em relação
ao processo, já julgado, como em relação à própria existência da sentença. Ora, se o
tribunal baixasse os autos para o fim de ser realizada a suspensão do processo, a sentença
então proferida seria ignorada, como se fosse inexistente. O que poderia ser feito seria a
anulação da sentença, mas esta poderia não ter efeito algum, caso o juiz e o MP
337
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
entendessem não estarem presentes as hipóteses exigidas para a aplicação do art. 89. E
mais: ainda que o MP e o juiz acolhessem a ideia de suspensão do processo, o réu poderia
recuar da tese do recurso e não aceitar a suspensão.
Por fim, mesmo que o MP proponha a suspensão, o juiz pode recusá-la. Neste caso, Pacelli
entende ser cabível, por analogia, o RESE fundado no art. 581, I (não recebimento da
denúncia).
No que tange à lei de violência doméstica, há que se tecer maiores esclarecimentos. Com
efeito, urge consignar que o artigo 41, da Lei 11.340/2006, preceitua: “Aos crimes
praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Ocorre que a
referida vedação não abrange expressamente a hipótese da suspensão condicional do
processo.
Neste diapasão, insta salientar que o supracitado instituto não está atrelado aos Juizados
Especiais Criminais e aos crimes de menor potencial ofensivo, apenas por encontrar-se
estipulado no art. 89 da Lei nº 9.099/95.
338
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Se a denúncia ainda não foi recebida (já que o art. 89 prevê a aceitação da suspensão antes),
o juiz deprecado, mesmo após a aceitação do acordo (suspensão) pelo réu, deve devolver os
autos ao juiz originariamente competente, para que ali se realizem os aludidos atos
processuais (de recebimento de denúncia e suspensão do processo). Afinal, são atos de
conteúdo decisório.
Se a denúncia já houver sido recebida, nada impede que o juiz deprecado, diante da recusa
das condições oferecidas, proceda ao interrogatório, na forma e na medida em que for
deprecado o ato. Aliás, poderá o juízo de origem até mesmo delegar ao deprecado a fixação
de algumas das condições a serem cumpridas, sobretudo quando couber a este a
fiscalização de seu cumprimento, caso em que se poderá falar em uma espécie de
antecipação da homologação pelo juízo originariamente competente.
É mais cômodo falar em discricionariedade do MP, ainda mais a partir da concepção de que
o Estado tem o direito de punir. Como vimos, Pacelli não concorda com a ideia de ius
puniendi, pois o Estado tem é o dever, seja da tutela, seja da prestação jurisdicional, pelo
Judiciário, como também da prestação da ação penal, pelo MP.
Por essas razões, Pacelli contesta a ideia da discricionariedade. Prova disso é que o
legislador estabelece requisitos objetivos (não haver condenação, não estar sendo
processado, cumprir os requisitos do sursis). Aliás, se o sursis é direito, porque a suspensão
do processo não o é?
Está certo que a titularidade para a iniciativa da suspensão do processo é do MP. Não
obstante, o STF, mesmo a reconhecendo, entende que a suspensão é direito subjetivo do
acusado (HC 75197). Já o STJ entende que se trata de faculdade do órgão de acusação.
Pacelli observa ainda que a suspensão condicional do processo, ao contrário da transação
(de iniciativa postulatória do MP), ocorre quando o juiz já está no exercício da jurisdição.
Isso porque, apesar de o art. 89 fazer referência à aceitação da proposta antes do
recebimento da denúncia, o fato é que a realidade tem demonstrado que a comprovação da
presença de todos os requisitos legais para a aplicação da suspensão somente irá ocorrer
quando já em curso a ação penal, isto é, quando já recebida a denúncia. Assim, a suspensão
estaria inteiramente ao alcance do Judiciário, não havendo razão plausível para que a recusa
339
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Em caso de aplicação da suspensão de ofício pelo juiz, cabe aplicação analógica do art.
581, I, utilizando-se a parte do RESE.
A revogação pode ser obrigatória (processo por outro crime) ou facultativa (processo por
contravenção).
Uma vez cumpridas todas as exigências feitas ao acusado, deverá o juiz julgar extinta a
punibilidade, com todos os consectários daí decorrentes, ou seja, os efeitos da coisa julgada
material, por tratar se de solução do mérito da pretensão penal. É de se registrar, ainda, que
nessa hipótese nem sequer haverá condenação.
Do mesmo modo, por não haver participação do ofendido na suspensão do processo, nem
na fixação dos limites da reparação do dano, nada impede a rediscussão da matéria no juízo
cível, para o fim de apuração de eventual responsabilidade civil remanescente.
Ação privada
Segundo a Lei 9099/95, a suspensão do processo não é cabível na ação penal privada, no
curso da qual já seria possível a utilização de uma série de medidas tendentes à
disponibilidade da pretensão punitiva (perdão, renúncia, perempção).
Para Pacelli, porém, não haveria qualquer obstáculo na suspensão em ações privadas, pois,
em regra, a reparação do dano não implica renúncia ao direito de queixa, salvo nos
juizados.
No entanto, seria possível a aplicação das demais exigências, de modo que caberia a
aplicação in bonam partem.
340
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
A suspensão do processo não pode ocorrer quando o acusado estiver sendo processado no
momento em que é feita a proposta. A consequência disso é a impossibilidade de suspensão
quando se tratar de concurso de crimes.
O STF partiu de outro critério: consideração da pena abstratamente cominada nos referidos
concursos.
Assim, mesmo em caso de concurso, desde que a pena mínima cominada, aplicando-se a
soma dos crimes (no concurso material) e o acréscimo decorrente do concurso formal e do
crime continuado, não seja superior, abstratamente, a um ano, será possível a aplicação do
art. 89 da Lei nº 9099/95 (HC 8026/RS).
Recentemente, porém, há notícia de decisão que não aplicou a pena mínima de cada crime,
e sim a pena mínima do concurso.
No caso de tentativa, Pacelli entende que o percentual a ser considerado deve ser sempre o
mínimo (da diminuição ou do aumento), pela simples razão de que o exame há de se fundar
em dados abstratos, isto é, da lei, não podendo estar condicionado ao eventual julgamento
do caso concreto.
341
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
SÚMULAS:
STF
723: “Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma
da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a
um ano”.
STJ
Jurisprudência
343
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Art. 102, II e III, 105, II e III, CF; Arts. 541 a 546, CPC; Art. 50, § 1º,
Lei 11.343/2006; Arts. 26 a 35, Lei 8.038/1990; Arts. 307 a 309 e 321 a 329, RISTF; Arts.
244 a 254 e 255 a 257, RISTJ.
Súmulas - STF: 210, 279, 280, 281, 282, 283, 284, 285, 286, 287, 288, 400, 456, 528, 634,
635, 636, 639, 640, 727 e 735; e STJ: 7, 13, 83, 123, 126, 203, 207 e 211.
1. Noções gerais.
b) somente podem ser interpostos depois do exaurimento dos recursos locais (Súmulas
207/STJ e 281/STF);
2. Recurso especial.
2.1 Cabimento: contra acórdão proferido, em única ou última instância, por Tribunal, que:
“a”) contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência, “b”) julgar válido ato de
governo local contestado em face de lei federal; “c”) der à lei federal interpretação
344
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
divergente de outro Tribunal. De acordo com PACELLI (p. 770), contraria a lei federal a
decisão cuja interpretação do direito aplicável não leva em consideração norma expressa
sobre a matéria; nega-lhe vigência aquela que, expressamente, afirma a sua não-
aplicabilidade ou sua revogação.
2.3 Questões específicas do REsp: a) não é cabível contra decisão de Turma Recursal
(Súmula 203/STJ); b) o dissídio jurisprudencial (alínea “c”) deve ser demonstrado mediante
o cotejo analítico entre os acórdãos divergentes de Tribunais diversos, não podendo
sustentar tese contrária à jurisprudência do STJ (Súmulas 13 e 83/STJ), devendo ser
realizado o cotejo analítico entre o acórdão recorrido e o paradigma, juntado a cópia deste.
Ademais, a jurisprudência do STJ exige que não pode ser utilizado como acórdão
paradigma aquele que tenha sido prolatado em HC, RHC, MS ou RMS, remédios
constitucionais que não possuem o mesmo objeto, a mesma natureza e a mesma extensão
material ínsitas ao recurso especial, cujo âmbito congnitivo é mais restrito, destinado
apenas e exclusivamente a preservar a higidez e a uniformidade na aplicação de lei federal
em todo território nacional. É o que se depreende dos seguintes julgados prolatados nos
AgRg's nos REsp's nºs 1.347.588-SP (Rel. Exma. Sra. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
Sexta Turma, DJe de 14.04.2014) e 1.329.137-RS (Rel. Exmo. Sr. Min. Moura Ribeiro,
DJe de 14.10.2013):
345
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
3. Recurso extraordinário.
3.1 Cabimento: contra decisão, de única ou última instância, que: “a”) contrariar dispositivo
da CF, “b”) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; “c”) julgar válida lei
ou ato de governo local contestado em face da CF; “d”) julgar válida lei local contestada
em face de lei federal. A ofensa deve ser direta, e não meramente reflexa ao texto
constitucional (AI-Agr 671.908).
3.3 Questões específicas do RE: a) quanto à alínea “b”, somente é possível se a declaração
de inconstitucionalidade foi previamente submetida a incidente de inconstitucionalidade na
Corte local, com a remessa dos autos ao plenário ou a Corte Especial, devendo o recorrente
juntar o inteiro teor do acórdão que julgar o incidente; b) a hipótese da alínea “d” trata de
competências legislativas constitucionais (inconstitucionalidade formal); c) é cabível
mesmo contra decisão de turma recursal dos juizados especiais (Súmula 640/STF); d) o
MPF é parte legítima para interpor RE das decisões dos TJ's nas representações de
inconstitucionalidade (art. 37, p. ú., LC 75/1993).
543-B no Código de Processo Civil, cujo conteúdo deve ser observado e aplicado na esfera
criminal, conforme entendimento firmado pelo STF. Por fim, interessante esclarecer a
inexistência, até hoje, de interposição de recurso extraordinário, envolvendo matéria
criminal, não conhecido por inexistência de repercussão geral.
4. Recurso ordinário.
4.1 Recurso ordinário em habeas corpus: cabível contra acórdão de única instância de
Cortes locais ou de Tribunal Superior, quando denegado o HC, tendo prazo de 5 dias, sendo
dirigido ao STJ e ao STF, dependendo da Corte de origem, onde deve ser objeto de prévia
manifestação do MPF em 2 dias. Segundo PACELLI (p. 769), nada impede que o
interessado se valha do habeas corpus substitutivo do recurso ordinário, a ser impetrado
diretamente no STJ (art. 105, I, 'c', CF) – tese esta que não tem sido mais inadmitida pelo
STJ e pela primeira turma do STF (tendo início com o julgado proferido no HC nº
109.956/PR, Rel. Exmo. Sr. Min. Marco Aurélio, julgado em 07.08.2012, DJe de
11.09.2012), por ofensa à lógica do sistema recursal estatuído pelo poder constituinte
originário.
4.2 Recurso ordinário em mandado de segurança: cabível contra acórdão de única instância
de Cortes locais ou do STJ quando denegado o MS, tendo prazo de 15 dias, aplicável o
procedimento da apelação cível na Corte recorrida, sendo dirigido ao STJ ou STF,
dependendo da origem da decisão impugnada.
4.3 Recurso ordinário, para o STF, contra sentença por crime político: cabível contra
sentença de Juiz Federal em crime político (Lei 7.170/1983), no prazo de 5 dias para a
interposição e 8 dias para as razões, aplicável o procedimento da apelação criminal, sendo
dirigido ao STF (STF, HC 74.782-5/RJ).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
5. Jurisprudência
Súmulas do STF:
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
356: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios,
não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.
399: “Não cabe recurso extraordinário por violação de lei federal, quando a ofensa for a
regimento de tribunal”.
528: “Se a decisão contiver partes autônomas, a admissão parcial, pelo Presidente do
Tribunal a quo, de recurso extraordinário que sobre qualquer delas se manifestar, não
limitará a apreciação de todas pelo Supremo Tribunal Federal, independentemente de
interposição de agravo de instrumento”.
640: “É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau
nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal”.
735: “Não cabe recurso extraordinário contra decisão que defere liminar”.
Súmulas do STJ:
13: “A divergência entre julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial”
83: “Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal
se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida”.
350
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
203: “não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos
juizados especiais”.
320: “a questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito do
prequestionamento”. Tal enunciado quer dizer que o Tribunal deverá ter debatido a
controvérsia, não se mostrando suficiente que apenas o voto vencido tenha ventilado a
questão.
351
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
1. Noção: Vigora aqui o conhecido brocardo “tempus regit actum”, no sentido de que se
aplica a norma processual penal de imediato, devendo os atos processuais serem regidos
pela legislação em vigor ao tempo de sua prática, sem prejuízo da validade dos atos já
realizados sob a égide da legislação anterior e dos seus respectivos efeitos e/ou
consequências jurídicas (art. 2º do CPP), e independentemente da data em que foi praticado
o crime.
2. Normas processuais materiais ou mistas: Questão que se coloca aqui é a divisão, feita
em doutrina e em jurisprudência, das normas processuais em dois tipos: as genuinamente
processuais (às quais se aplica o art. 2º do CPP) e as normas processuais materiais ou
mistas (que contêm disposições de direito penal e processual penal). A regra da
irretroatividade da norma penal desfavorável ao acusado deve prevalecer sobre os
comandos de natureza processual. Há questão afeta à nomenclatura que não pode ensejar
confusão: normas processuais materiais têm natureza mista, independentemente do diploma
normativo em que venham. Já as normas processuais heterotópicas são normas
genuinamente processuais que vêm em diplomas de cunho material.
Nos casos de normas processuais materiais, não pode ocorrer a separação entre uma e outra,
do que resultaria uma terceira legislação. Assim, a regra é a impossibilidade de
fragmentacão normativa. Pacelli apresenta uma exceção: normas atinentes às chamadas
causas extintivas da punibilidade, a exemplo da prescrição, as quais são portadoras de
mensagens/juízos legislativos de ausência de interesse punitivo, devendo ser sempre
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
aplicadas.
Casuística: há diversas normas mistas na Lei 9.099/95 (tanto que foi dada interpretação
conforme a seu art. 90, na ADI 1719-9); a redação atual do art. 366 do CPP não pode ter
aplicação imediata por ter caráter misto e ser considerada prejudicial ao acusado; quanto à
extinção do protesto por novo júri, prevaleceu que a lei que se aplica ao recurso é aquela
em vigor ao tempo em que surge o direito ao recurso – no caso, ao tempo da decisão
condenatória; no que concerne à alteração para ação penal pública incondicionada ou
condicionada à representação no crime de estupro e demais delitos contra a dignidade
sexual (Lei 12.015/09), Pacelli defende ter natureza mista (portanto, não aplica-se de forma
imediata); o art. 399, §2º, do CPP, alterado pela Lei 11.719/08 e que estabelece o princípio
da identidade física do juiz no âmbito do processo penal, trata-se de norma de natureza
processual, logo deve ser aplicado de forma imediata sobre os atos processuais em curso
(STJ HC 139.670/DF, DJe 22/10/2012).
353
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Há, porém, quem veja o interrogatório também como fonte de prova, no caso de o acusado
resolver responder às perguntas formuladas (o que poderá ser levado em conta pelo juiz).
Desde 2008, é o último ato da audiência de instrução e não mais o primeiro do processo
penal (400, CPP). O STF (inf. 602) tem decisão no sentido de que o interrogatório
validamente realizado na vigência da lei anterior não precisa ser refeito, apesar das críticas
de parte da doutrina (Renato Brasileiro) de que o ideal, em face da ampla defesa, seria
oportunizar ao acusado novo interrogatório. Vale lembrar que nos procedimentos especiais
da Lei de Drogas e da Lei 8.038/90, bem como no procedimento ordinário do processo
penal militar, o interrogatório continua vindo no início da instrução.
É ato que deve ser realizado na presença do defensor técnico do acusado (CPP, art. 185),
sob pena de nulidade absoluta. Outras características: é personalíssimo (só pelo acusado),
individual (se mais de um acusado, são interrogados separadamente), oral (há
particularidades quanto a surdos e mudos, conforme art. 192), público (salvo restrições
justificáveis), realizável a qualquer tempo antes do trânsito, protegido pelo direito ao
silêncio e pela garantia de autodeterminação do acusado (vedados métodos voltados à
obtenção de confissão, bem como perguntas capciosas, ameaças, hipnose, polígrafo e
afins), bifásico (o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação feita/fatos – é
apenas em relação a esta segunda parte do interrogatório que não se pode exigir do acusado
354
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo
penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado.
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento
em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do
Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do
ato.
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento
das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em
tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes
finalidades:
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso
integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
deslocamento;
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante
dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
circunstância pessoal;
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não
seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217
deste Código;
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as
partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo
sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e
julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código.
355
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
2. Confissão: v. arts. 197 a 200 CPP (art. 198 revogado – CF/88 e Lei nº 10.792/03, que
alterou o art. 186 CPP). É meio de prova pelo qual o acusado admite a prática da infração a
ele imputada – o que, para ter validade, deve ser feito perante autoridade competente, de
maneira livre, espontânea e expressa, sendo verossímil e compatível com as demais provas
do processo (evitando-se o risco de autoacusação falsa, para proteger o verdadeiro autor,
seja por motivação afetiva ou econômica). A confissão pode dar-se também fora do
interrogatório, quando será tomada por termo nos autos.
Não terá valor algum quando prestada unicamente na fase de inquérito (ou administrativa),
se não confirmada perante o juiz, em razão da exigência do contraditório e da ampla defesa
na produção de provas e da consequente necessidade de repetição na fase instrutória da
ação penal (art. 155, caput, CPP). Contudo, se o juiz fizer menção a confissão
espontaneamente realizada na fase policial e a utilizar em conjunto com as demais provas
colhidas nos autos, deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP. Nesse
sentido, é a jurisprudência do STJ:
356
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
atenuante do art. 65, III, d, do Código Penal, quando expressamente utilizada para a
formação do convencimento do julgador, pouco importando se a admissão da prática
do ilícito foi espontânea ou não, integral ou parcial. (...) (HC 217.687/SP, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 25/09/2012, DJe 03/10/2012)
..................................................................................................................................................
3. Deve ser reconhecida a atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III,
d, do Código Penal, ainda que haja retratação em juízo, quando o juiz se vale dela
para formar seu convencimento.
...................................................................................................................................................
357
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Código de Processo Penal (arts. 581-592) e Lei de Execução Penal (art.
197).
1.1 Cabimento: art. 581 CPP. Observar mudanças promovidas pela Lei nº 11.689/08.
Contra a sentença de impronúncia caberá apelação, e não mais RESE – RESE cabível
somente contra a decisão que pronunciar o réu. Atenção: a Lei nº 11.719/98 prevê extinção
de punibilidade como hipótese de absolvição sumária, e Pacelli diz que houve revogação
implícita do art. 581, VIII, então absolvição sumária por causa de extinção da punibilidade
enseja apelação (Nestor diverge).
Na prova objetiva do 26º a questão 120 versava sobre RESE mas foi anulada. O gabarito
preliminar apontava que todas as alternativas ensejavam o cabimento do RESE. A doutrina,
como mencionado acima, aponta que as hipóteses legais ligadas a incidentes da execução
358
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de
defensor dativo. Súmula 709 do STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o
acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo
recebimento dela.
1.2 Procedimento: Prazo de interposição: 5 dias, por petição ou por termo nos autos. Prazo
de 2 dias para arrazoar e contrarrazoar (contando-se da intimação). Nos casos do art. 583, o
recurso subirá nos próprios autos; nos demais casos, por instrumento ou traslado (com as
peças do art. 587, sendo obrigatórias a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por
outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do recurso, e o termo de
interposição, o translado dever ser extraído, conferido e concertado no prazo de 5 dias). Há
exceções quanto ao prazo de interposição: da decisão que incluir ou excluir jurado da lista
geral cabe recurso no prazo de 20 dias (obs.: para Nestor Távora houve revogação tácita
dessa regra do p. único do art. 586 pela Lei 11.689/08, de maneira que não mais cabe RESE
nessa hipótese, e sim reclamação do art. 426, § 1º); se o RESE é interposto pelo assistente
de acusação não habilitado (contra a extinção da punibilidade), o prazo é de 15 dias após o
término do prazo do MP.
O que delimita a matéria recursal é a petição de interposição e não as razões – assim como
ocorre com a apelação, não há necessidade de oferecimento das razões para conhecimento
do recurso (Pacelli). Do não recebimento do RESE cabe carta testemunhável.
1.3 Efeitos: Ausência de efeito suspensivo, salvo art. 584, CPP (perda de fiança; decisão
que denegue a apelação ou a julgue deserta – nos demais casos não cabe RESE e sim
agravo). Na hipótese de interposição contra decisão de pronúncia, apesar de a lei falar que
só se suspende o julgamento (584, §2º), a doutrina defende (Avena e Pacelli) que o próprio
processo será suspenso, uma vez que nesse caso o recurso sobe em regra nos próprios autos
(583, II – exceção é o p. único), além de que os autos só são conclusos ao magistrado para
diligências que antecedem a decisão do plenário com a preclusão da decisão de pronúncia
(art. 421). O que não fica suspensa é a possibilidade de decretação ou manutenção da
prisão, mesmo em face da interposição de RESE contra a decisão de pronúncia ou contra a
decisão que denega a apelação (no caso da sentença decretar/manter prisão). Cabe juízo de
retratação (efeito regressivo ou iterativo ou diferido).
2. Agravos
2.1 Agravo nos próprios autos (Lei 12.322/10): É cabível diante de decisões denegatórias
de recurso extraordinário e de recurso especial. O prazo para interposição é de 5 dias, a teor
do art. 28, Lei 8.038/90. A esse respeito, o STF já se pronunciou no sentido de que o prazo
de 10 dias previsto no art. 544 do CPC, alterado pela Lei 12.322/10, não se aplica na seara
processual penal (inf. 644).
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2.2 Agravo em execução: art. 197 da LEP. Das decisões proferidas pelo Juiz (nas
execuções) caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo. A LEP não dispôs acerca do
rito processual a ser aplicado. O entendimento minoritário defende que o rito seria o do
agravo de instrumento (Grinover). Partidário da corrente majoritária, Pacelli, com respaldo
no STJ e STF, sustenta que o rito a ser seguido é o do RESE, por ser mais adequado às
questões penais (no mesmo sentido, Avena). O prazo para sua interposição é de 5 dias
(Súmula 700 do STF: É de cinco dias o prazo para a interposição de agravo contra decisão
do juiz da execução penal). Legitimação ampla: o Ministério Público, o condenado, o
representante legal, o cônjuge, os parentes ou descendentes (art. 195, LEP).
3.1 Cabimento: É a medida cabível contra atos do magistrado que, por erro de ofício ou
abuso de poder, importem em inversão tumultuária do processo, dilatação abusiva de
prazos ou paralisação injustificada de feitos. Deve ser ato do juiz praticado com “error in
procedendo” e do qual não caiba recurso. (v. art. 6°, Lei n° 5.010/66)
Pacelli diz que poderá ser endereçado tanto contra ato específico praticado em determinado
processo como em relação a atos futuros, desde que demonstrada a viabilidade do temor de
repetição da ilegalidade.
3.3 Efeitos: Segundo Avena, normalmente tem-se aceito o efeito regressivo, além do efeito
devolutivo. Quanto ao efeito suspensivo, depende de previsão de cada Tribunal (regimento)
ou dos códigos de organização judiciária.
360
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Distinções (Pacelli):
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Pacelli diz que o CPP inicia o tratamento das exceções referindo-se à exceção de suspeição
e que os impedimentos e incompatibilidades são tratados em capítulo específico, como se
se tratasse de matéria distinta. Contudo, diz que a distinção no tratamento da matéria é
absolutamente equivocada, uma vez que todas elas se ocupam da tutela de um único e
mesmo valor positivado no ordenamento processual: a imparcialidade da jurisdição. A
imparcialidade do juiz é requisito de validade do processo, estando inserido no devido
processo legal constitucional, como uma das principais conquistas do modelo
acusatório de processo. Cumpre ressaltar ser dever de ofício do magistrado declarar-se
impedido ou suspeito, preservando-se o princípio do juiz natural.
Os órgãos do MP não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for
seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhe for aplicável, as prescrições relativas à
suspeição e aos impedimentos dos juízes (CPP, art. 258). Interposta a exceção, deve o juiz
encaminhá-la ao membro do parquet (promotor ou procurador da república). O código de
processo penal não prevê recurso da decisão que afasta ou mantém o membro do MP nos
autos, contudo pode-se imaginar a impetração de eventual mandado de segurança (caso
julgada procedente), habeas corpus (caso julgada improcedente) e eventual pedido de
nulidade em apelação, caso fique demonstrada a ocorrência de prejuízo à parte.
362
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Causas de impedimento:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério
Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como
testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou
colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem
entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau,
inclusive.
SÚMULAS
STJ
INFORMATIVOS
STF
Nº 727
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Informativo 522 STF - A atuação de juiz na fase do IP não gera impedimento (processos
penais originários STF/STJ – julgamento final pelo órgão colegiado).
364
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica. Lei nº 8.038/90. Art. 85, 513 e ss e art. 519 e ss, do CPP. Código
Eleitoral. Lei nº 11.101/05.
1. Noções Gerais.
Procedimento especial é todo aquele previsto no âmbito dos CPP ou Leis Especiais para as
hipóteses legais específicas, incorporando regras próprias de tramitação processual visando
à apuração dos crimes que constituem o objeto de sua disciplina.
A instrução, a ser presidida pelo juiz relator, escolhido segundo dispuser o Regimento
Interno, inicia-se com a apresentação da denúncia ou da queixa ao Tribunal.
O Tribunal, antes de receber a queixa ou a denúncia, deve notificar o acusado, para que
ofereça a resposta, ou contestação, no prazo de 15 dias. Eugênio Pacelli entender ser
aplicável às ações penais originárias o disposto no art. 366 do CPP (p. 778).
Apresentada a resposta, e contendo ela documentos juntados pelo réu, sobre estes terá vista
o órgão da acusação (art. 5º). Em seguida, o tribunal, e não só o relator, deverá se
manifestar sobre o recebimento ou sobre a rejeição da denúncia, prevendo o art. 6º que
poderá ser ainda, e desde logo, julgada improcedentes a acusação se a decisão não depender
de outras provas.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Para o ato de recebimento da peça acusatória, o tribunal designará dia, podendo as partes se
manifestar oralmente pelo prazo de 15 minutos. Entende Eugênio Pacelli que, quando se
tratar de rejeição da denúncia, o juízo que sobre a matéria se estende é simplesmente de
viabilidade da ação. No entanto, sustenta ser aplicável por analogia o art. 397 do CPP,
quanto ao conteúdo da matéria versada no aludido dispositivo (p. 779).
A não ser que se entenda aplicável a nova regra do interrogatório, será aberto o prazo de
cinco dias para a defesa prévia (art. 8º), após o que, para a oitiva das testemunhas, deve ser
observado o rito comum dos crimes punidos com reclusão. Ouvidas as testemunhas, será
facultado às partes o requerimento de diligencias final, no prazo de cinco dias. Feito isso, as
partes poderão oferecer, no prazo de 15 dias, as suas alegações finais escritas, após o que,
se não determinada de ofício, a realização de quaisquer diligencias, será designado dia para
o julgamento do processo (art. 11). Na data marcada, após a manifestação oral das partes,
pelo prazo de uma hora, se procederá ao julgamento (art. 12).
Cuidava-se de rito estabelecido para os crimes comuns (crimes funcionais próprios) e não
infrações políticas, cujos agentes não tenham foro por prerrogativa de função.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Apenas anota-se o entendimento de Eugênio Pacelli que sustenta estarem revogados os arts.
514 e 516 do CPP, entendendo que agora o rito é o ordinário.
O autor Aury Lopes Jr faz uma crítica contundente à súmula 330 do STJ, dizendo que ela é
um absurdo. Para ele, com inquérito ou sem ele, é necessária a resposta preliminar, sob
pena de ocorrência de nulidade absoluta e, para finalizar, completa dizendo que, após a
adoção do procedimento ordinário, a súmula perdeu completamente seu objeto.
Embora ainda constantes do CPP como procedimento especial, os crimes contra a honra,
incluindo o de difamação, submetem-se ao rito sumaríssimo dos Juizados Especiais
Criminais, constituindo infrações de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima é a do
crime de calúnia e não supera dois anos. Contudo, havendo concurso material entre calúnia
e difamação e/ou injúria, será excedida a competência do JECRIM, devendo o processo
seguir o rito estabelecido nos arts. 519 e seguintes do CPP.
As disposições do CPP aplicam-se somente para crimes de ação penal privada (princípio da
disponibilidade), ou seja, não abrange os crimes contra a honra do Presidente da República
e de funcionário público no exercício da função, nem a injúria real, bem como ritos
previstos em lei especial, como os do código eleitoral, e os com da Lei 8038/90. Outrossim,
no caso de crime contra funcionário público, a ação pode ser ajuizada mediante queixa
(súmula 714 do STF), ocasião em que poderá ser aplicado este rito.
Quando o crime contra a honra tiver como ofendido o Presidente da República ou Chefe de
Governo estrangeiro, a ação penal somente se procede mediante requisição do Ministro da
Justiça.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Por outro lado, quando for oferecida a exceção da verdade ou da notoriedade do fato
imputado, o querelante poderá contestar a exceção no prazo de 2 (dois) dias. Não se admite
referida exceção nos crimes de injúria, pois aqui é ferida a honra subjetiva da pessoa.
Quando se tratar de querelado que goze de prerrogativa de função, a exceção será decidida
pelo tribunal competente para julgar o funcionário público que depois devolverá o processo
ao juízo de origem, conforme interpretação do artigo 85, do CPP. Nesse sentido: STF - HC
74649/SP.
Cabe recurso da decisão que inadmite a exceção da verdade? Não. É irrecorrível, cabendo
ao querelado, caso condenado, insurgir-se em preliminar de eventual apelação. Há posição
contrária, admitindo a apelação (TRF5 - ACR 4792 CE 2006.81.00.009517-3).
Por fim, caso o crime contra a honra for praticado por meio da imprensa, deve seguir o rito
previsto na Lei n. 5250/67. Contudo, atualmente, diversos artigos dessa Lei não foram
recepcionados pela Constituição Federal de 1988, como decidiu o Supremo Tribunal
Federal, ao julgar o mérito da Argüição de Descumprimento Fundamental 130-7, de modo
que o rito ali previsto também não foi recepcionado, porque incompatível com a nova
ordem constitucional, não tendo mais aplicabilidade. A esse respeito, confira a seguinte
notícia veiculada no sítio eletrônico do STF:
Por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a Lei de Imprensa (Lei nº
5250/67) é incompatível com a atual ordem constitucional (Constituição Federal de 1988).
Os ministros Eros Grau, Menezes Direito, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Cezar
Peluso e Celso de Mello, além do relator, ministro Carlos Ayres Britto, votaram pela total
procedência da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 130. Os
ministros Joaquim Barbosa, Ellen Gracie e Gilmar Mendes se pronunciaram pela parcial
procedência da ação e o ministro Marco Aurélio, pela improcedência.
Na sessão desta quinta-feira (30), a análise da ADPF foi retomada com o voto do ministro
Menezes Direito. O julgamento do processo, ajuizado pelo Partido Democrático Trabalhista
(PDT) contra a norma, teve início no último dia 1º, quando o relator, ministro Carlos Ayres
Britto, votou pela procedência integral da ação.
Naquela oportunidade, Ayres Britto entendeu que a Lei de Imprensa não pode permanecer
no ordenamento jurídico brasileiro, por ser incompatível com a Constituição Federal de
1988. O ministro Eros Grau adiantou seu voto, acompanhando o relator.
Missão democrática
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Hoje (30), o ministro Menezes Direito seguiu o entendimento do relator, pela total
procedência do pedido.
“Não existe lugar para sacrificar a liberdade de expressão no plano das instituições que
regem a vida das sociedades democráticas”, disse o ministro, revelando que há uma
permanente tensão constitucional entre os direitos da personalidade e a liberdade de
informação e de expressão. “Quando se tem um conflito possível entre a liberdade e sua
restrição deve-se defender a liberdade. O preço do silêncio para a saúde institucional dos
povos é muito mais alto do que o preço da livre circulação das ideias”, completou, ao citar
que a democracia para subsistir depende da informação e não apenas do voto.
Segundo Menezes Direito, “a sociedade democrática é valor insubstituível que exige, para a
sua sobrevivência institucional, proteção igual a liberdade de expressão e a dignidade da
pessoa humana e esse balanceamento é que se exige da Suprema Corte em cada momento
de sua história”. Ele salientou que deve haver um cuidado para solucionar esse conflito sem
afetar a liberdade de expressão ou a dignidade da pessoa humana.
Ao votar no mesmo sentido do relator, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha afirmou
que o ponto de partida e ponto de chegada da Lei de Imprensa é “garrotear” a liberdade de
expressão. Ela acrescentou ainda que o direito tem “mecanismos para cortar e repudiar
todos os abusos que eventualmente [ocorram] em nome da liberdade de imprensa”.
Durante o voto, Joaquim Barbosa defendeu que não basta ter uma imprensa livre, mas é
preciso que seja diversa e plural, de modo a oferecer os mais variados canais de expressão
de ideias e pensamentos. Ele criticou a atuação de grupos hegemônicos de comunicação
que, em alguns estados, dominam quase inteiramente a paisagem áudio-visual e o mercado
público de ideias e informações, com fins políticos. De acordo com ele, a diversidade da
imprensa deve ser plena a ponto de impedir a concentração de mídia que, em seu entender,
é algo extremamente nocivo para a democracia.
Em retomada posterior, o ministro reajustou seu voto ao da ministra Ellen Gracie, também
pela manutenção dos artigos 1º, parágrafo 1º, artigo 14 e artigo 16, inciso I, que proíbem a
propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de
preconceitos de raça ou classe. De acordo com ele, é possível interpretar a linguagem para
que o texto seja compatível com a ordem constitucional vigente.
De acordo com o ministro, quanto à questão dos preconceitos, também mencionados nos
mesmos dispositivos, “suprimir pura e simplesmente as expressões a eles correspondentes
equivalerá, na prática, a admitir que, doravante a proteção constitucional, a liberdade de
imprensa compreende também a possibilidade de livre veiculação desses preconceitos sem
qualquer possibilidade de contraponto por parte dos grupos sociais eventualmente
prejudicados”.
O ministro Cezar Peluso também seguiu o voto do relator pela não recepção da Lei de
Imprensa pela Constituição Federal de 1988. Para ele a Constituição Federal não prevê
caráter absoluto a qualquer direito, sendo assim, “não poderia conceber a liberdade de
imprensa com essa largueza absoluta”.
370
Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Peluso afirmou que “talvez não fosse prático manter vigentes alguns dispositivos de um
sistema que se tornou mutilado e a sobrevivência de algumas normas sem organicidade
realmente poderia levar, na prática, a algumas dificuldades”. De acordo com o ministro, até
que o Congresso Nacional entenda a necessidade da edição de uma lei de imprensa – o que,
para ele, é perfeitamente compatível com o sistema constitucional – cabe ao Judiciário a
competência para decidir algumas questões relacionadas, por exemplo, ao direito de
resposta.
Manutenção de artigos
No entendimento da ministra, o artigo 220 da Constituição Federal de 1988, quando diz que
nenhum diploma legal pode se constituir em embaraço à plena liberdade de informação,
quis dizer que a lei que tratar dessas garantias não poderá impor empecilhos ou dificultar o
exercício da liberdade de informação.
A ministra ressaltou em seu voto que devem ser mantidos, na lei, artigos que, para ela, não
agridem a Constituição Federal – no caso os artigos 1º, parágrafo 1º, 2º (caput), 14, 16
(inciso I), 20, 21 e 22.
Primeiro e único a divergir, o ministro Marco Aurélio votou pela total improcedência da
ação ajuizada contra a Lei de Imprensa. “Deixemos à carga de nossos representantes, dos
representantes do povo brasileiro, a edição de uma lei que substitua essa, sem ter-se
enquanto isso o vácuo que só leva à babel, à bagunça, à insegurança jurídica, sem uma
normativa explícita da matéria”, afirmou.
Em diversas ocasiões durante o seu o voto o ministro questionou qual preceito fundamental
estaria sendo violado pela Lei de Imprensa. “A não ser que eu esteja a viver em outro
Brasil, não posso dizer que a nossa imprensa hoje é uma imprensa cerceada. Temos uma
imprensa livre”, disse.
Segundo Marco Aurélio, a Lei de Imprensa foi “purificada pelo crivo equidistante do
próprio Judiciário”, que não aplica os dispositivos que se contrapõem à Constituição
Federal. Ele também afastou o argumento de que a edição da norma durante o período
militar tornaria a lei, a priori, antidemocrática. “Não posso, de forma alguma, aqui proceder
a partir de um ranço, de um pressuposto de que essa lei foi editada em regime que aponto
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
O ministro citou ainda trechos de editorial publicado no jornal Folha de S. Paulo, no dia 30
de março de 2008. Um dos trechos lidos diz o seguinte: “Sem a Lei de Imprensa, só
grandes empresas teriam boas condições de proteger-se da má aplicação da lei comum,
levando processos até as mais altas instâncias do Judiciário. Ficariam mais expostos ao jogo
bruto do poder, e a decisões abusivas de magistrados, os veículos menores e as iniciativas
individuais”.
Com a revogação da Lei de Imprensa, dispositivos dos Códigos Penal e Civil passarão a ser
aplicados pelos magistrados para julgar processos contra empresas de comunicação e
jornalistas.
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, manifestou seu
posicionamento pela revogação total da Lei de Imprensa. “Nada mais nocivo e perigoso do
que a pretensão do Estado de regular a liberdade de expressão e pensamento”, disse o
ministro.
Informar e buscar informação, opinar e criticar são direitos que se encontram incorporados
ao sistema constitucional em vigor no Brasil, salientou Celso de Mello. Nesse sentido,
prosseguiu o ministro, as críticas dos meios de comunicação social dirigidas às autoridades
- citou como exemplo -, por mais dura que sejam, não podem sofrer limitações arbitrárias.
Essas críticas, quando emitidas com base no interesse público, não se traduzem em abuso
de liberdade de expressão, e dessa forma não devem ser suscetíveis de punição. Essa
liberdade é, na verdade, um dos pilares da democracia brasileira, asseverou o decano.
Mas a liberdade de expressão não é absoluta – como aliás nenhum direito, disse o ministro,
explicando que o próprio direito à vida tem limites, tendo em vista a possibilidade de pena
de morte (artigo 5º, XLVII) nos casos de guerra.
Indenização
Limitações
A mesma Constituição que garante a liberdade de expressão, frisou Celso de Mello, garante
também outros direitos fundamentais, como os direitos à inviolabilidade, à privacidade, à
honra e à dignidade humana. Para Celso de Mello, esses direitos são limitações
constitucionais à liberdade de imprensa. E sempre que essas garantias, de mesma estatura,
estiverem em conflito, o Poder Judiciário deverá definir qual dos direitos deverá prevalecer,
em cada caso, com base no princípio da proporcionalidade.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Direito de Resposta
O ministro lembrou que o direito de resposta existe na legislação brasileira desde 1923,
com a Lei Adolpho Gordo. Hoje, disse Celso de Mello, esse direito ganhou status
constitucional (artigo 5º, V), e se qualifica como regra de suficiente densidade normativa,
podendo ser aplicada imediatamente, sem necessidade de regulamentação legal.
Por isso, a eventual ausência de regulação legal pela revogação da Lei de Imprensa pelo
STF, na tarde desta quinta (30), não será obstáculo para o exercício dessa prerrogativa por
quem se sentir ofendido, seja para exigir o direito de resposta ou de retificação.
O ministro Gilmar Mendes julgou a ação parcialmente procedente, mantendo as regras que
disciplinam o direito de resposta presentes na Lei de Imprensa. De acordo com o presidente
do STF, “o direito de resposta é assegurado no plano constitucional, mas necessita no plano
infraconstitucional de normas de organização e procedimento para tornar possível o seu
efetivo exercício”, afirmou.
Durante o voto, a questão do direito de resposta gerou divergentes opiniões dos ministros.
Gilmar Mendes disse ver com grande dificuldade a supressão das regras da Lei de
Imprensa. “Nós estamos desequilibrando a relação, agravando a situação do cidadão,
desprotegendo-o ainda mais; nós também vamos aumentar a perplexidade dos órgãos de
mídia, porque eles terão insegurança também diante das criações que certamente virão por
parte de todos os juízes competentes”, defendeu.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
veritatis, o juízo da ação penal originária deverá remetê-los à instância superior para o
julgamento do mérito. Desse modo, o reconhecimento da inadmissibilidade da exceção da
verdade durante o seu processamento não caracteriza usurpação de competência do órgão
responsável por apreciar o mérito do incidente. A propósito, eventual desacerto no
processamento da exceção da verdade pelo juízo de origem poderá ser impugnado pelas vias
recursais ordinárias. Rcl 7.391-MT, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 19/6/2013
5. Do processo penal eleitoral.
São crimes de ação penal pública incondicionada, na qual o Ministério Público oferecerá a
denúncia dentro do prazo de 10 (dez) dias.
Ainda, Eugênio Pacelli ensina que nos casos de ação penal originária, se o Procurador
Regional Eleitoral requerer o arquivamento e houver discordância do órgão julgador,
caberá ao Procurador-Geral Eleitoral analisar as razões invocadas.
Eugênio Pacelli sustenta a observância do disposto no art. 394, § 4°, do CPP, que determina
a aplicação dos arts. 395, 396 e 397, a todos os procedimentos de primeira instância.
O art. 359 do CE fala em depoimento pessoal do acusado, mas deve ser interpretado como
meio de defesa, permitindo-se a participação dos interessados, tal como agora ocorre no
interrogatório no processo penal comum.
Das decisões finais de condenação ou absolvição cabe recurso inominado, a ser interposto
no prazo de 10 dias já acompanhando das razões.
As medidas cautelares pessoais introduzidas no CPP pela Lei nº 12.403/11 são também
admitidas no processo penal eleitoral, nos limites e na extensão em que aplicáveis no
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Por fim, nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes e até 48 horas depois do
encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo flagrante delito ou em
virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou ainda, por desrespeito
a salvo-conduto. Referido prazo é de 15 dias, em se tratando de candidatos, mesários de
mesas receptoras e fiscais dos partidos.
6. Crimes falimentares.
São crimes de ação penal pública incondicionada, cujo rito é o sumário (art. 185 da Lei nº
11.105/05) e cuja competência é do Juiz Criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a
falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação
extrajudicial. Não há mais o inquérito judicial falimentar.
O prazo para oferecimento da denúncia regula-se pelo art. 46 do CPP, salvo se o MP,
estando o réu solto ou afiançado, decidir aguardar a apresentação da exposição
circunstanciada de que trata o art. 186 da Lei nº 11.101/05, devendo, em seguida, oferecer a
denúncia. Na omissão do MP, qualquer credor habilitado ou o administrador judicial poderá
oferecer ação penal privada subsidiária da pública, observado o prazo decadencial de 6
meses.
Eugênio Pacelli sustenta que os credores poderão ser assistentes da acusação por força do
art. 188 da Lei nº 11.101/05, c.c., o art. 268 do CPP .
Por fim, Eugênio Pacelli afirma a impossibilidade de aplicação do novo rito aos crimes
praticados antes da Lei nº 11.101/05, já que as novas regras processuais são mais gravosas
comparadas ao rito comum anteriormente aplicável.
7. Informativos
STF:
- Nº 736
Não é possível aplicar a fase de absolvição sumária do art. 397 do CPP para o
procedimento previsto na Lei nº 8.038/90
No procedimento previsto na Lei nº 8.038/90 não é necessário que seja aplicada, por
analogia, a fase de absolvição sumária estabelecida no art. 397 do CPP. Isso porque o rito
previsto nessa lei especial já traz a previsão do denunciado apresentar uma resposta
preliminar e a possibilidade do Tribunal julgar improcedente a acusação antes mesmo da
ação penal se iniciar. Dessa forma, o art. 4º da Lei nº 8.038/1990 tem a mesma finalidade e
substitui a absolvição sumária do art. 397 do CPP. Não é cabível, em se tratando de ação
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
penal originária (Lei nº 8.038/1990), que seja assegurado ao acusado citado para a
apresentação da defesa prévia prevista no art. 8º da Lei nº 8.038/1990 o direito de se
manifestar nos moldes preconizados no art. 396-A do CPP, com posterior deliberação
acerca de absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP. STJ. Corte Especial. AgRg na
APN 697-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 3/10/2012. STF. 2ª Turma. HC
116653/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 18/2/2014.
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Legislação básica: Lei n º 11.346/2006, arts. 48-59 e 70; CPP, arts. 395-397.
3 – Da investigação – artigos 50 a 54: O art. 50, §1º, estabelece que, ocorrendo prisão em
flagrante, há necessidade de confecção de laudo de constatação da natureza e quantidade da
droga, firmado por perito oficial ou, na falta dele, por pessoa idônea. Tal laudo é provisório,
servindo unicamente como lastro probatório mínimo, sendo o laudo toxicológico definitivo
o documento capaz de ensejar eventual condenação. Este último, nos termos do §2º, deve
ser elaborado por dois peritos (a expressão “participar” justifica tal conclusão).
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
Deve-se ponderar, no entanto, que a Lei nº 11.690/08 inovou no tema, assentando que a
perícia oficial poderia ser levada a cabo por um único perito. Para Pacelli, mesmo em se
tratando de norma posterior à Lei 11.343/06, esta deve prevalecer, por ser especial e por
não ter havido mandamento genérico de aplicação, a quaisquer procedimentos, dos
dispositivos da Lei nº 11.690/08.
Advirta-se que tal procedimento foi alterado pela Lei 11.719/2008. Sendo assim, diante da
regra contida no art. 394, §4º do CPP, tem-se que deverá ser observado em todo
procedimento de primeira instância, seja comum ou especial, as etapas dos arts. 395 a 397,
ou seja: 1) a peça acusatória poderá ser rejeitada por questões processuais alinhadas no art.
395; 2) se não o for, a denúncia ou queixa será recebida, determinando-se a citação do
acusado para apresentação da resposta escrita no prazo de 10 dias (art. 396 e art. 396-A); 3)
com a resposta, o juiz poderá absolver sumariamente o acusado, nas hipóteses mencionadas
no art. 397, CPP.
Para Pacelli, não há mais necessidade de se proceder à notificação para defesa preliminar,
pois se deve aplicar o art. 396 do CPP ao invés dos arts. 55 e 56 da Lei 11.343/06. Apesar
de esta ser Lei especial, há mandamento específico na Lei 11.719/2008, como visto,
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Santo Graal Vitaminado – Atualizado por: Gustavo Campos
5 – Medidas cautelares: A aplicação das medidas cautelares diversas da prisão deve ter
preferência, sempre que adequadas e necessárias, em especial quando não houver
expectativa de imposição de pena privativa de liberdade ao final do processo.
Referido dispositivo permitia que a diligência fosse realizada pelo juiz, o que, no entender
do STF viola o sistema acusatório. Eis a redação da norma tida por inconstitucional: “Art.
3º Nas hipóteses do inciso III do art. 2º desta lei, ocorrendo possibilidade de violação de
sigilo preservado pela Constituição ou por lei, a diligência será realizada pessoalmente pelo
juiz, adotado o mais rigoroso segredo de justiça”.
7 – Informativos
STF:
Nº 734
O crime de tráfico de drogas, com a redução do § 4º do art. 33, é equiparado a
hediondo, estando sujeito a progressão com requisitos objetivos mais rígidos
A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006
não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas, limitando-se, por critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, a abrandar a pena do pequeno e eventual traficante, em
contrapartida com o grande e contumaz traficante, ao qual a Lei de Drogas conferiu
punição mais rigorosa que a prevista na lei anterior. Assim, se o indivíduo é condenado por
tráfico de drogas e recebe a diminuição prevista no § 4º do art. 33, mesmo assim terá
cometido um crime equiparado a hediondo. 1ª Turma. RHC 118099/MS e HC
118032/MS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/2/2014.
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