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Secretaria de Estado de Administração Prisional

SEAP-MG
Agente de Segurança Penitenciário
Instrumento Convocatório - SEAP Nº. 01/2018
OT074-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Secretaria de Estado de Administração Prisional - SEAP

Cargo: Agente de Segurança Penitenciário

(Baseado no Instrumento Convocatório - SEAP Nº. 01/2018)

• Língua Naxional
• Direitos Humanos
• Código de Ética e Estatuto do Servidor Público do Estado de Minas Gerais
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Ana Luiza Cesário
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Leandro Filho

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1. Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................................... 01


2. Tipologia textual................................................................................................................................................................................................... 05
3. Ortografia................................................................................................................................................................................................................ 08
4. Acentuação............................................................................................................................................................................................................. 13
5. Morfologia.............................................................................................................................................................................................................. 15
6. Uso do sinal de crase......................................................................................................................................................................................... 59
7. Sintaxe...................................................................................................................................................................................................................... 62
8. Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 77
9. Concordância nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 80

Direitos Humanos

1. Grupos vulneráveis e o sistema prisional................................................................................................................................................... 01


2. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos............................................................................................... 07
3. Teoria Geral dos Direitos Humanos.............................................................................................................................................................. 08
4. Direitos Humanos na Constituição Federal............................................................................................................................................... 17
5. Declaração Universal dos Direitos Humanos............................................................................................................................................ 08
6. Convenção Americana de Direitos Humanos........................................................................................................................................... 51
7. Protocolo das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição
do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças.......................................................................................................................... 63
8. Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.................................. 83

Código de Ética e Estatuto do Servidor Público do Estado de Minas Gerais

1. Lei Estadual nº 869/1952 e suas alterações posteriores (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais)........................................................................................................................................................................................................................... 01
2. Decreto nº 46.644/2014 (Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente Público e da Alta Administração
Estadual)....................................................................................................................................................................................................................... 29
3. Decreto Estadual nº 46.060/2012 (regulamenta a Lei Estadual Complementar nº 116/2011, que dispõe sobre a prevenção
e a punição do assédio moral na Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual)..................................34

Conhecimentos Específicos

1. Lei Federal n.º 7.210/1984 (Institui a Lei de Execução Penal) e alterações posteriores........................................................... 01
2. Lei Federal n.º 9.455/1997 (Lei da Tortura) e alterações posteriores............................................................................................... 24
3. Lei Federal nº 4.898/1965 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................. 26
4. Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)................................................................................................................... 31
5. Lei Federal nº 12.850/2013 (Organização Criminosa)........................................................................................................................... 38
6. Lei Estadual n.º 11.404/1994 (Contém Normas de Execução Penal)............................................................................................... 42
7. Lei Estadual 21.068/2013 (Porte de arma do agente de segurança penitenciário)................................................................... 58
8. Decreto nº 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes).................................................................................................................................................................................................................................. 58
9. Decreto nº 98.386/1989 (Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura)........................................................... 64
10. Decreto 47.087/2016 (Secretaria de Estado de Administração Prisional)................................................................................... 66
11. Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n° 2.848/40 e suas alterações posteriores: art. 21 a 40).......................................... 83
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Compreensão e interpretação de textos.................................................................................................................................................... 01


2. Tipologia textual................................................................................................................................................................................................... 05
3. Ortografia............................................................................................................................................................................................................... 08
4. Acentuação............................................................................................................................................................................................................. 13
5. Morfologia.............................................................................................................................................................................................................. 15
6. Uso do sinal de crase......................................................................................................................................................................................... 59
7. Sintaxe...................................................................................................................................................................................................................... 62
8. Pontuação............................................................................................................................................................................................................... 77
9. Concordância nominal e verbal...................................................................................................................................................................... 80
LÍNGUA PORTUGUESA

não possa ser captado pela razão humana - que as sereias


1. COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE haviam silenciado e se opôs a elas e aos deuses usando como
TEXTOS. escudo o jogo de aparências acima descrito.
(KAFKA, Franz. O silêncio das sereias. In. http://
almanaque.folha.uol.com.br/kafka2.htm)
O que nos diz Franz Kafka a respeito do silêncio das
Leia o texto abaixo de Franz Kafka, O silêncio das sereias: sereias? Por que o silêncio seria mais mortal do que o seu
canto?
Prova de que até meios insuficientes - infantis mesmo Ler um texto é muito mais do que decodificar um
podem servir à salvação: código, entender seu vocabulário. Isso porque o conjunto
Para se defender da sereias, Ulisses tapou o ouvidos de palavras que compõem um texto são organizados de
com cera e se fez amarrar ao mastro. Naturalmente - e modo a produzir uma mensagem. Há várias formas de
desde sempre - todos os viajantes poderiam ter feito coisa se ler um texto. Iniciamos primeiramente pela camada
semelhante, exceto aqueles a quem as sereias já atraíam mais superficial, que é justamente o início da “tradução”
à distância; mas era sabido no mundo inteiro que isso não do vocabulário apresentado. Compreendidas as palavras,
podia ajudar em nada. O canto das sereias penetrava tudo ainda nesse primeiro momento, verificamos qual tipo de
e a paixão dos seduzidos teria rebentado mais que cadeias texto se trata: matéria de jornal, conto, poema. Entretanto,
e mastro. Ulisses porém não pensou nisso, embora talvez ainda assim não lemos esse conjunto de palavras em sua
tivesse ouvido coisas a esse respeito. Confiou plenamente no plenitude, isso porque ler é, antes de mais nada, interpretar.
punhado de cera e no molho de correntes e, com alegria A palavra interpretação significa, literalmente, explicar
inocente, foi ao encontro das sereias levando seus pequenos algo para si e para o outro. E explicar, outra palavra
recursos. importante numa leitura, consiste em desdobrar algo que
As sereias entretanto têm uma arma ainda mais terrível estava dobrado. Assim sendo, podemos entender que ler
que o canto: o seu silêncio. Apesar de não ter acontecido um texto é interpretá-lo, e para tanto se faz necessário
isso, é imaginável que alguém tenha escapado ao seu canto; desdobrar suas camadas, suas palavras, até fazê-las suas,
mas do seu silêncio certamente não. Contra o sentimento para assim chegar a uma camada mais profunda do que a
de ter vencido com as próprias forças e contra a altivez daí inicial – a da mera “tradução” das palavras.
resultante - que tudo arrasta consigo - não há na terra o que Um texto é sempre escrito por alguém. Um autor,
resista. quando lança as palavras num papel, faz na intenção de
E de fato, quando Ulisses chegou, as poderosas cantoras passar uma mensagem específica para o leitor. Muitas vezes
não cantaram, seja porque julgavam que só o silêncio poderia temos dificuldades em captar qual a mensagem ele está
conseguir alguma coisa desse adversário, seja porque o ar de tentando nos dizer. Entretanto, algo é sempre importante
felicidade no rosto de Ulisses - que não pensava em outra lembrar: textos são feitos de palavras, e todas as ferramentas
coisa a não ser em cera e correntes - as fez esquecer de todo para se entender o texto estão no próprio texto, no modo
e qualquer canto. como o autor organizou as palavras entre si.
Ulisses no entanto - se é que se pode exprimir assim - Tudo isso pode ser resumido numa simples frase: texto
não ouviu o seu silêncio, acreditou que elas cantavam e que é uma composição estruturada em camadas de sentido.
só ele estava protegido contra o perigo de escutá-las. Por Da mesma forma que para conhecer uma casa é preciso
um instante, viu os movimentos dos pescoços, a respiração adentrá-la e entender sua estrutura, compreender um texto
funda, os olhos cheios de lágrimas, as bocas semiabertas, é decompô-lo, camada a camada, desde o conhecimento
mas achou que tudo isso estava relacionado com as árias da autoria até o sentido final. Isso requer uma atitude ativa
que soavam inaudíveis em torno dele. Logo, porém, tudo do leitor, e não meramente passiva.
deslizou do seu olhar dirigido para a distância, as sereias Você já se perguntou por que em concursos públicos e
literalmente desapareceram diante da sua determinação, e vestibulares é sempre exigida interpretação textual? Pense.
quando ele estava no ponto mais próximo delas, já não as Não basta apenas conhecer as regras gramaticais de uma
levava em conta. língua, também é importante entender os sentidos que essa
Mas elas - mais belas do que nunca - esticaram o corpo língua pode expressar. Se não conseguimos interpretar um
e se contorceram, deixaram o cabelo horripilante voar livre texto, como conseguiremos interpretar o mundo em que
no vento e distenderam as garras sobre os rochedos. Já vivemos?
não queriam seduzir, desejavam apenas capturar, o mais Assim sendo, ler o texto se faz da mesma forma que se
longamente possível, o brilho do grande par de olhos de lê o mundo: a partir de suas peculiaridades, ultrapassando
Ulisses. a camada mais ingênua da vida e do texto, entendo as
Se as sereias tivessem consciência, teriam sido então entrelinhas da mensagem, ou seja, o que está subentendido.
aniquiladas. Mas permaneceram assim e só Ulisses escapou Quando falamos de leitura, falamos antes de níveis de
delas. leitura, pois é a partir desse processo que alcançamos uma
De resto, chegou até nós mais um apêndice. Diz-se interpretação efetiva. Vejamos:
que Ulisses era tão astucioso, uma raposa tão ladina, que
mesmo a deusa do destino não conseguia devassar seu
íntimo. Talvez ele tivesse realmente percebido - embora isso

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LÍNGUA PORTUGUESA

1 – Níveis de leitura 1) Qual o gênero textual?


Trata-se de um conto, ou seja, um texto de ficção.
a) Primeiro Nível – é o mais superficial e consiste em
iniciar o aprendizado dos significados das palavras. É o 2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual?
próprio ato de decodificação de uma língua. Nesse nível Utilizando as palavras do autor: As sereias entretanto
ainda não é possível realizar a interpretação de um texto, têm uma arma ainda mais terrível que o canto: o seu silêncio
já que não se possui ainda familiaridade com os sentidos
de uma palavra. 3) A frase representa a ideia centra, qual é essa ideia?
O autor parece nos dizer que o silêncio é mais mortal
b) Segundo Nível – é o contato mais familiar com um que a própria fala, ou seja, pode ferir mais.
texto, através do conhecimento de qual gênero se trata
(notícia, conto, poema), do seu autor e dos benefícios que 4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do
essa leitura poderia trazer. Imagine você uma livraria. Há texto?
vários exemplares para escolher. Então você analisa o título a) Muitos já escaparam do canto das sereias, nunca
do livro, o autor, lê rapidamente a contracapa e também do seu silêncio;
um trecho do livro. O segundo nível da leitura diz respeito b) Quando o herói Ulisses passa pelas sereias, elas
a essa primeira familiarização com um texto.
não cantam, precisam de uma arma maior;
c) Ulisses foi mais astuto que as sereias – frente o
c) Terceiro Nível – é o momento da leitura
propriamente dita. O primeiro passo é entender em silêncio mortal que elas lançavam, ele o ignorou, usando
qual gênero se encontram as palavras. Se forem textos a mesma arma do inimigo para enfrentá-lo.
de ficção (como conto, romance) devemos nos atentar
às falas e ações das personagens. Caso se trate de uma 5) Quais as palavras mais recorrentes no texto?
crônica ou texto de opinião, é importante prestar atenção Silêncio, canto, sereias, Ulisses, herói, astucioso.
no vocabulário utilizado pelo autor, pois nestes gêneros as
palavras são escolhidas minuciosamente a fim de explicitar Assim sendo, o texto que inicialmente parecia
um determinado sentido. Quando se tratar de um poema, enigmático, após as respostas das perguntas sugeridas,
também é importante analisar o vocabulário do poeta, parece mais claro. Ou seja, Franz Kafka se utiliza da ficção
lembrando-se que na poesia a mensagem sempre diz mais para nos dizer que a indiferença é uma arma mais mortal
do que parece dizer. que o próprio enfrentamento.
No momento de interpretar um texto, geralmente
ultrapassamos o terceiro nível da leitura, chegando ao Analisemos agora um poema, um dos mais conhecidos
quarto e quinto, quando precisamos reler o material em da literatura brasileira, No meio do caminho, de Carlos
questão, centrando-se em partes específicas. Frente as Drummond de Andrade:
perguntas de interpretação, cuidado com as opções
muito generalizadoras, estas tentam confundir o leitor, já
No Meio do Caminho – Carlos Drummond de
que representam apenas leituras superficiais do assunto.
Andrade
Por isso mesmo, sempre muita atenção no momento da
No meio do caminho tinha uma pedra
leitura, para que não caia nas famosas “pegadinhas” dos
avaliadores. tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
2) Ideia central no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Um texto sempre apresenta uma ideia central e, muitas na vida de minhas retinas tão fatigadas.
vezes, na primeira leitura não a captamos. Assim, algumas Nunca me esquecerei que no meio do caminho
estratégias são válidas para atingir esse propósito. tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
1) Qual o gênero textual? no meio do caminho tinha uma pedra
2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual?
3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia? (ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio do
4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do caminho. In. http://www.revistabula.com/391-os-dez-
texto? melhores-poemas-de-carlos-drummond-de-andrade/)
5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto?
A mensagem parece simples, mas se trata de um
Caso você consiga responder essas perguntas
poema. Quando precisamos interpretar esse tipo de
certamente você terá as ferramentas necessárias para
gênero, é essencial perceber que as palavras dizem
interpretar o texto.
mais do que o senso comum, por isso se faz importante
Utilizemos como exemplo o texto de Franz Kafka citada
anteriormente. Leia o texto novamente. Agora responda as interpretá-las com cuidado. Vamos às perguntas sugeridas:
questões:

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LÍNGUA PORTUGUESA

1) Qual o gênero textual? c) o invejoso não cresce e não permite o crescimento


Poema dos vizinhos;
d) o temor atinge o invejoso e também seus vizinhos;
2) O texto poderia ser resumido numa frase, qual? e) o invejoso não provoca medo em seus vizinhos.
Tinha uma pedra no meio do caminho
2. Leia e responda:
3) A frase representa a ideia central, qual é essa ideia? “O destino não é só dramaturgo, é também o seu
Pedra no caminho é uma frase de sentido popular que próprio contra-regra, isto é, designa a entrada dos
significa dificuldade. O poeta parece usar uma frase banal personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e
num poema para indicar que pedra é muito mais do que executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo, uma
pedra, é uma dificuldade. trovoada, um carro, um tiro.”
Assinale a alternativa correta sobre esse fragmento
4) Como o autor desenvolve essa ideia ao longo do de D. Casmurro, de Machado de Assis:
texto? a) é de caráter narrativo;
Através da repetição da frase “tinha uma pedra no b) é de caráter reflexivo;
meio caminho”. Escrito diversas vezes, soa como uma lição c) evita-se a linguagem figurada;
a ser aprendida. d) é de caráter descritivo;
e) não há metalinguagem.
5) Quais as palavras mais recorrentes nesse texto?
Pedra, meio, caminho 3. “Tão barato que não conseguimos nem contratar
uma holandesa de olhos azuis para este anúncio.”
Quando realizamos essas perguntas, paramos para No texto, a orientação semântica introduzida pelo
refletir sobre a mensagem do texto em questão. E mais, termo nem estabelece uma relação de:
quando precisamos interpretar um texto, após a leitura a) exclusão;
inicial, é necessário ler detalhadamente cada parte (seja b) negação;
parágrafo, estrofe) e assim construir passo a passo o c) adição;
“desdobramento” do texto. d) intensidade;
e) alternância.
3) Dicas importantes para uma interpretação de
texto Texto para a questão 4.
- Faça uma leitura inicial, a fim de se familiarizar com o
– Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
vocabulário e o conteúdo;
– Esquece.
- Não interrompa a leitura caso encontre palavras
– Não. Como “esquece”? Você prefere falar errado? E o
desconhecidas, tente inicialmente fazer uma leitura geral;
certo é “esquece” ou “esqueça”? Ilumine-me. Mo
- Faça uma nova leitura, tentando captar as entrelinhas
diga. Ensines-lo-me, vamos.
do texto, ou seja, a intenção do autor ao escrever esse
– Depende.
material;
– Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se
- Lembre-se que no texto não estão as suas ideias,
o soubesses, mas não sabes-o.
e sim as do autor, por isso cuidado para não interpretar
segundo o seu ponto de vista; – Está bem. Está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Nas questões interpretativas, atente para as (L. F. Veríssimo, Jornal do Brasil, 30/12/94)
alternativas generalizadoras, as que apresentam palavras
como sempre, nunca, certamente, todo, tudo, geralmente 4. O texto tem por finalidade:
tentem confundir aquele que realiza uma leitura mais a) satirizar a preocupação com o uso e a colocação das
superficial; formas pronominais átonas;
- Das alternativas propostas, haverá uma completamente b) ilustrar ludicamente várias possibilidades de
sem sentido (para captar o leitor mais desatento) e duas combinação de formas pronominais;
mais convincentes. Para escolher a correta, procure no c) esclarecer pelo exemplo certos fatos da concordância
texto indícios que a fundamente. de pessoa gramatical;
d) exemplificar a diversidade de tratamentos que é
Exercícios comum na fala corrente.
e) valorizar a criatividade na aplicação das regras de
1. De acordo com o ditado popular “invejoso nunca uso das formas pronominais.
medrou, nem quem perto dele morou”,
a) o invejoso nunca teve medo, nem amedronta seus 5. Bem cuidado como é, o livro apresenta alguns
vizinhos; defeitos. Começando com “O livro apresenta alguns
b) enquanto o invejoso prospera, seus vizinhos defeitos”, o sentido da frase não será alterado se continuar
empobrecem; com:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) desde que bem cuidado; Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário.
b) contanto que bem cuidado; – “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei.
c) à medida que é bem cuidado; – Mas seu eu inventei, como é que não existe? –
d) tanto que é bem cuidado; espantou-se o meu amigo.
e) ainda que bem cuidado. Semanas depois deixou em saudades fundas
Texto para as questões 6 e 7. companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom
coração não deveriam ser cardisplicentes.”
“Eu considerei a glória de um pavão ostentando o
esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei 8. Conforme sugere o texto, “cardisplicente” é:
lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário;
existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há b) palavra técnica constante de dicionários
são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, especializados;
como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. c) um neologismo desprovido de indícios de
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir significação;
o máximo de matizes com um mínimo de elementos. d) uma criação de palavra pelo processo de composição;
e) termo erudito empregado para criar um efeito
De água e luz ele faz seu esplendor, seu grande mistério
cômico.
é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor,
oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e 9. “– Mas se eu inventei, como é que não existe?”
estremece e delira em mim existem apenas meus olhos Segundo se deduz da fala espantada do amigo do
recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me narrador, a língua, para ele, era um código aberto:
faz magnífico.” a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso
(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas) popular;
b) a ser enriquecido pela criação de gírias;
6. Nas três “considerações” do texto, o cronista c) pronto para incorporar estrangeirismos;
preserva, como elemento comum, a idéia de que a d) que se amplia graças à tradução de termos científicos;
sensação de esplendor: e) a ser enriquecido com contribuições pessoais.
a) ocorre de maneira súbita, acidental e efêmera;
b) é uma reação mecânica dos nossos sentidos Texto para as questões 10 e 11.
estimulados;
c) decorre da predisposição de quem está apaixonado; “A triste verdade é que passei as férias no calçadão
d) projeta-se além dos limites físicos do que a motivou; do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho
e) resulta da imaginação com que alguém vê a si penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em
mesmo. calçadão, embora deva confessar que o meu momento
calçadônido mais alegre é quando, já no caminho de volta,
vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina da rua
7. Atente para as seguintes afirmações:
onde finalmente terminarei o programa-saúde do dia. Sou,
I - O esplendor do pavão e o da obra de arte implicam digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a gente
algum grau de ilusão. fica igual a carro usado, é a suspensão, é a embreagem, é o
II - O ser que ama sente refletir em si mesmo um radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o contrafarto do
atributo do ser amado. mesocárdio epidítico, a falta da serotorpina folimolecular, é
III - O aparente despojamento da obra de arte oculta o que mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir
os recursos complexos de sua elaboração. ir segurando a barra, vou acatando os conselhos. Andar
De acordo com o que o texto permite deduzir, apenas: é bom para mim, digo sem muita convicção a meus
a) as afirmações I e III estão corretas; entediados botões, é bom para todos.”
b) as afirmações I e II estão corretas; (João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 6/8/95)
c) as afirmações II e III estão corretas;
d) a afirmação I está correta; 10. No período que se inicia em “Depois dos 50...”, o uso
e) a afirmação II está correta. de termos ( já existentes ou inventados) referentes a áreas
diversas tem como resultado:
a) um tom de melancolia, pela aproximação entre um
Texto para as questões 8 e 9.
carro usado e um homem doente;
b) um efeito de ironia, pelo uso paralelo de termos da
“Em nossa última conversa, dizia-me o grande medicina e da mecânica;
amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um c) uma certa confusão no espírito do leitor, devido à
“cardisplicente”. apresentação de termos novos e desconhecidos;
d) a invenção de uma metalinguagem, pelo uso de
– O quê? termos médicos em lugar de expressões corriqueiras;
– Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio e) a criação de uma metáfora existencial, pela oposição
coração. entre o ser humano e objetos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

11. Na frase “Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou 15. “(...) a gíria desceu o morro e já ganhou rótulo de
acatando os conselhos...”. Aí será corretamente substituído, linguagem urbana. A gíria é hoje o segundo idioma do
de acordo com seu sentido no texto, por: brasileiro. Todas as classes sociais a utilizam.”
a) Nesse lugar (Rodrigues, Kanne. Língua Solta. O Povo. Fortaleza,
b) Nesse instante 30/12/93. Caderno B, p. 6)
c) Contudo
d) Em conseqüência Assinale a letra em que não se emprega o fenômeno
e) Ao contrário lingüístico tratado no texto.
a) A linguagem tida como padrão, galera, é a das
12. A prosopopéia, figura que se observa no verso classes sociais de maior prestígio econômico e cultural
“Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em: b) Gíria não é linguagem só de marginal, como pensam
a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera.” alguns indivíduos desinformados.
b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de c) Apesar de efêmera e descartável, a gíria é um barato
‘Tormentório’, os portugueses apelidaram-no de ‘Boa que enriquece o idioma.
Esperança’.” d) “A gíria enriquece tanto a linguagem como o poder
c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços.” de interação entre as comunidades. Sacou?!”
d) “Oh! eu quero viver, beber perfumes, Na flor silvestre, e) O economista começou a falar em indexação,
que embalsama os ares.” quando rolava um papo super cabeça sobre babados mil.
e) “A felicidade é como a pluma...”
(Exercícios retirados de http://soldosana.blogspot.com.
13. br/2012/03/simulado-portugues-iii-20-questoes-com.html)
Folha: De todos os ditados envolvendo o seu nome,
qual o que mais lhe agrada? Gabarito
Satã: O diabo ri por último.
Folha: Riu por último. 01. C
Satã: Se é por último, o verbo não pode vir no passado. 02. B 
(O Inimigo Cósmico, Folha de S. Paulo, 3/9/95) 03. B
04. A
Rejeitando a correção ao ditado, Satã mostra ter usado 05. E
o presente do indicativo com o mesmo valor que tem em: 06. C
a) Romário recebe a bola e chuta. Gooool! 07. D
b) D. Pedro, indignado, ergue a espada e dá o brado de 08. C
independência. 09. E
c) Todo dia ela fez tudo sempre igual. 10. B
d) O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos 11. C
quadrados dos catetos. 12. C
e) Uma manhã destas, Jacinto, apareço no 202 para 13. E
almoçar contigo. 14. E
15. B
14. Reflita sobre o diálogo abaixo:
X – Seu juízo melhorou?
Y – Bom... é o que diz nosso psiquiatra. 2. TIPOLOGIA TEXTUAL.
Em Y:
(1) Bom não se classifica como adjetivo.
(2) é e diz estão conjugados no mesmo tempo. Texto, tecelagem ou modo de estruturar as palavras,
(3) o é pronome demonstrativo. é um artefato usado para a comunicação. Antes de seu
(4) psiquiatra é o núcleo do sujeito. advento havia apenas a oralidade como ferramenta de
transmissão e, aqui, o modo mais eficiente de lembrar o
Somando-se os números à esquerda das declarações que deveria ser emitido era a narração em versos, já que era
corretas com referência a Y, o resultado é: mais fácil memorizar através dos ritmos proporcionados.
a) 6 Com o texto, já não era mais indispensável a presença
b) 7 daquele que criava as ideias, pois a textualidade por si só
c) 8 já era uma presença material. E, assim, o verso da oralidade
d) 9 foi sendo substituído pela linha reta da prosa. Quando a
e) 10 escrita foi popularizada, rapidamente foi se diversificando
o modo de usá-la, através dos gêneros textuais e literários,
modos externos de se apresentar uma linguagem. Além
dos gêneros, há uma forma interna de organizar a grafia,
seja mais livre, impessoal ou argumentativa, e aqui estamos

5
LÍNGUA PORTUGUESA

falando dos tipos textuais, modos de organização - Narrador Testemunha: o narrador relata os
interna de um texto. Nesse sentido, frente à variedade acontecimentos em primeira pessoa, mas não é o
infinita de gêneros textuais, há apenas cinco tipos de protagonista, é um personagem secundário que testemunha
textos: a narração, a descrição, a dissertação e a injunção. os fatos vividos pelos protagonistas.

1. O texto narrativo Ex.:


A narrativa é um texto cujo fim é relatar acontecimentos, Encontramo-nos no dia seguinte, conforme o combinado,
reais ou fictícios, dentro de um espaço e tempo específicos, e fomos ver o apartamento no número 221-B da Baker Street,
vividos por personagens e estruturado por meio de uma que consistia em dois confortáveis quartos de dormir e uma
voz narrativa. espaçosa sala de estar, alegremente mobiliada e iluminada
É através da figura do narrador que os fatos são por duas amplas janelas. Ele preenchia tão bem as nossas
organizados e sua presença é fundamental. Seja num relato necessidades e seu preço era tão módico, dividido por dois,
ficcional ou verídico, no texto narrativo somos apresentados que imediatamente o alugamos e recebemos a chave, Nessa
aos conflitos e aventuras de seres que representam a mesma tarde mandei vir do hotel as minhas coisas, e na
realidade – as personagens – e geralmente tal tipo de manhã seguinte Sherlock chegou com as suas várias caixas e
texto é marcado por diálogos, fluxos de pensamentos, maletas. Durante um dia ou dois estivemos ocupados com a
emoções. Diríamos, ainda, que é na narração nossa única arrumação dos nossos objetos pessoais. Feito isso, começamos,
possibilidade de adentrarmos nos pensamentos de alguém, pouco a pouco, a nos adaptar ao nosso novo ambiente.
pois pelo enredo apresentado pelo narrador temos acesso (DOYLE, Arthur Conan. Um estudo em vermelho.
total ao que as personagens pensam. In.http://www.kbook.com.br/livraria/wp-content/files_mf/
A semente da narração está na epopeia clássica, umestudoemvermelho.pdf)
gênero em que um aedo – narrador clássico – entretinha
multidões ao transmitir as aventuras dos grandes heróis. - Narrador Onisciente: considerado o narrador mais
Sua passagem à escrita transformou o verso em prosa, comum, transmite a história em terceira pessoa e não se
entretanto, sua função de prender a atenção do leitor/ constitui em personagem no enredo. Sabe de todos os fatos
ouvinte é a mesma. Antes do cinema e posterior ao teatro, e sentimentos vividos pelas personagens, geralmente narra
o gênero narrativo contém em suas páginas dramas e a história utilizando tempo passado.
embates existenciais diversificados nos diversos gêneros
que o utilizam: narrativa história, conto, novela, romance, Ex.:
diários. NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas
manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro,
1. 1. Elementos estruturais estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam
pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do
a) Narrador rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas
Também chamado de foco narrativo, o narrador é a voz que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros
que relata a história. Temos acesso aos acontecimentos por apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
meio do ponto de vista do narrador, que pode se apresentar Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho
das seguintes formas: mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça,
- Narrador Protagonista: aquele que conta a história Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada
em primeira pessoa, geralmente o relato de sua vida. Aqui numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira
assume duas funções, a de narrador e a de personagem no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam
principal. atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se.
O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
Ex.: (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. In. http://www.lettere.
Não compreendo o que vi. E nem mesmo sei se vi, já que uniroma1.it/sites/default/files/528/GRACILIANO-RAMOS-
meus olhos terminaram não se diferenciando da coisa vista. Vidas-secas-livro-completo.pdf)
Só por um inesperado tremor de linhas, só por uma anomalia
na continuidade ininterrupta de minha civilização, é que por b) Personagem
um átimo experimentei a vivificadora morte. A fina morte Do latim persona (máscara teatral), a personagem na
que me fez manusear o proibido tecido da vida. É proibido narrativa é o ser que viverá os acontecimentos organizados
dizer o nome da vida. E eu quase o disse. Quase não me pude pela voz do narrador. O encanto da personagem está em
desembaraçar de seu tecido, o que seria a destruição dentro seu caráter verossimilhante, sua aproximação com a vida, e
de mim de minha época. Talvez o que me tenha acontecido por isso é tão comum nos identificarmos com ela na leitura
seja uma compreensão - e que, para eu ser verdadeira, tenho de um texto. Há as personagens que sofrem ao longo da
que continuar a não estar à altura dela, tenho que continuar história, aquelas que nos fazem repensar sobre questões
a não entendê-la. Toda compreensão súbita se parece muito como ética e comportamento, aquelas que cometem os
com uma aguda incompreensão. crimes os quais condenamos. E, mais, somente na narrativa
(LISPECTOR, Clarice. Paixão segundo G.H In. podemos ter acesso a seus pensamentos, já que na vida real
http://www.carlaportugues.com.br/site/wp-content/ nunca poderemos, de fato, saber verdadeiramente o que o
uploads/2013/04/apaixaosegundogh.pdf) outro pensa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Devido a sua complexidade, há os seguintes tipos de 2. O texto descritivo


personagens: Descrição é um texto que tem como foco a apresentação
- Protagonista: é a personagem mais desenvolvida em das características de uma pessoa, objeto, lugar, em
uma narrativa e sua experiência é o foco a ser apresentado. situação estática, sem interferência do tempo. Da mesma
- Coadjuvante: personagem secundário, ainda que forma que um pintor desenha com tinta as características
auxilie no desenvolvimento do enredo. Geralmente possui de uma paisagem, o escritor desenha com palavras as
complexidade limitada pelo espaço ocupado na narrativa. mesmas características. O objetivo de uma descrição é
- Antagonista: personagem que traz conflito à história, fazer com que o leitor visualize mentalmente o que está
opondo-se às ações desenvolvidas pelo protagonista, pois sendo descrito, como se estivesse frente ao objeto. Veja o
possuem objetivos contrário. É o famoso “vilão” da história. exemplo extraído de O Guarani, de José de Alencar:
No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de
c) Tempo descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro
O tempo é uma categoria essencial na narrativa, pois tinha-se fundado havia menos de meio século, e a civilização
situa as personagens dentro de um espaço temporal não tivera tempo de penetrar o interior.
determinado. Numa narrativa o tempo pode surgir: Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa
larga e espaçosa, construída sobre uma eminência, e
- Histórico ou cronológico: baseado no ritmo do protegida de todos os lados por uma muralha de rocha
calendário, esse é o tempo físico e objetivo, cuja função é cortada a pique. A esplanada, sobre que estava assentado o
organizar temporalmente as ações das personagens. edifício, formava um semicírculo irregular que teria quando
muito cinquenta braças quadradas; do lado do norte havia
Ex.: uma espécie de escada de lajedo feita metade pela natureza
Mais um inverno passara e agora chegava a primavera. e metade pela arte.
Lúcio acordou tarde demais, percebeu que já devia passar da Descendo dois ou três dos largos degraus de pedra da
uma da tarde. escada, encontrava-se uma ponte de madeira solidamente
construída sobre uma fenda larga e profunda que se abria
- Psicológico ou metafísico: não mantém nenhuma na rocha. Continuando a descer, chegava-se à beira do rio,
relação com o tempo objetivo, centra-se na descrição que se curvava em seio gracioso, sombreado pelas grandes
interna das ações, por isso também é considerado tempo gameleiras e angelins que cresciam ao longo das margens.
(ALENCAR, José de. O Guarani. In. http://www.
interior, o dos sentimentos e dos pensamentos.
educacional.com.br/classicos/obras/O_guarani.pdf)
Ex.:
Como podemos perceber no exemplo acima, a
Impossível não sentir saudade. As lembranças surgem
descrição capta as impressões de modo a representar o
desavisadas, sem pedir permissão. Mais uma vez sua imagem
descrito como numa fotografia. O tempo cronológico não
vem com seu sorriso frouxo, aquele sorriso que não valeria
é importante aqui, pois a descrição sempre trata de um ser
um copo d´água. Por mais que eu saiba de tudo o que viera em um momento congelado do tempo.
depois: as lágrimas, a humilhação, o abandono, ainda sonho
encontrá-lo no meio da rua e lhe dizer “olá, como vai”. Características da descrição:
- Paisagem verbal;
d) Espaço - Presença de substantivos e adjetivos;
É o lugar físico onde as personagens são situadas. Em - Utilização de enumeração e comparação;
algumas narrativas o espaço é uma categoria privilegiada - Verbos flexionados no presente ou no pretérito;
por meio de extensas descrições, que podem ser naturais - Advérbios ou locuções adverbiais localizadores;
ou artificiais. No período romântico, os romances eram - Pronomes demonstrativos.
iniciados com belíssimas descrições da natureza, já no
período moderno as cidades com seu caos estrutural Tipos de descrição:
passaram a ser alvo das lentes dos autores. - Descrição subjetiva: descrição realizada a partir do
ponto de vista das personagens, através de suas impressões
e) Enredo subjetivas.
É o próprio desenrolar dos acontecimentos. Divide-se em:
- Apresentação: início da narrativa em que são Ex.:
apresentadas as personagens e algumas circunstâncias da Isabel abriu o armário e, por fim, encarou o vestido
história. branco. As pérolas irregulares surgiam agora como olhos
- Complicação: quando os fatos apresentados são terríveis a mirar o seu fracasso, o véu, outrora símbolo de
atravessados por algum conflito, foco central da história. pureza e castidade, silenciava o grito mudo de uma noiva
- Clímax: momento da narrativa em que o conflito abandonada. Toda essa renda, pensava Isabel, toda a
chega a seu momento mais crítico. humilhação contida em cada bordado.
- Desfecho: final da narrativa, quando o conflito é - Descrição objetiva: descrição realizada de forma mais
solucionado. concreta, apresenta maior compromisso com a realidade,
deixando de lado impressões subjetivas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Ex.:
Entrou um homem no recinto. Cabelos negros, tez clara, A cidade e as serras: entre a natureza e a civilização
nariz afilado, lábios cheios. Um pouco baixo, um pouco
gordo, tinha a testa proeminente e as orelhas finas. Desde a origem do conceito de homem e de civilização,
Importante lembrar que a descrição pode ocorrer o ser humano tenta superar suas limitações físicas em
tanto em textos ficcionais (romances, contos, novelas) direção à produção de utensílios que mantivessem sua
como também em textos não-ficcionais ( jornais, textos sobrevivência. A partir da pedra lascada, da descoberta do
científicos, etc…). fogo e da invenção da linguagem, o homem vai marcando
sua passagem da natureza à cultura. Podemos dizer
3) Texto dissertativo que é um processo que marca a própria história da vida.
O texto dissertativo é o texto que pretende descrever Entretanto, quando se supera totalmente os vínculos com a
e analisar, de maneira impessoal e objetiva, um tema natureza, o que resta? Parece ser essa questão que Eça de
específico obedecendo à seguinte estrutura: introdução,
Queiros tenta responder em seu livro póstumo A cidade e as
desenvolvimento e introdução. Muito utilizado na esfera
Serras (1901). Afinal, pode o homem abandonar totalmente
acadêmica e científica, a dissertação visa um olhar analítico
seu estado de natureza? Qual o limite do excesso de cultura?
sobre qualquer questão e não envolve enredo nem
No exemplo citado acima a relação entre natureza e
personagens como requer uma narrativa. Pelo contrário, a
maior característica desse tipo de texto é a impessoalidade, cultura na literatura é apresentada enquanto um problema
ou seja, o olhar formal daquele que tece as considerações. na introdução. Esse procedimento é importante para
Por exemplo, uma aluna do curso de Biologia decide destacar a validade do tema tratado, além de sugerir
apresentar como trabalho de conclusão de curso uma questões pertinentes que serão desenvolvidas. Percebe-se
dissertação sobre a reprodução das plantas. Certamente também a contextualização histórica do problema, o que
não apresentará como resultado final uma narrativa ficcional demonstra saber formal sobre o assunto.
sobre o assunto. Antes, fará leituras e pesquisa, buscará - Desenvolvimento: as questões apresentadas
evidências concretas, realizará experimentos científicos. E o superficialmente na introdução serão desdobradas no
texto ideal para a apresentação dos dados é o dissertativo, desenvolvimento. Esse é momento de demonstrar saber
cuja estrutura – introdução, desenvolvimento e conclusão histórico e filosófico sobre o tema, sem demonstrar
– dará conta de todos os passos do processo. Assim sendo, subjetividade nas considerações. Um mecanismo
o produto final, desprovido de subjetividade, poderá ser importante no desenvolvimento de uma dissertação é o
creditado como um trabalho objetivo, sem interferências que se denomina de elementos de coesão, conectivos (tais
pessoais do seu autor. como, entretanto, portanto, contudo, além disso, além do
Da mesma forma, se é pedido a um aluno escrever mais…) que criam uma relação lógica entre as frases do
uma dissertação sobre a Revolução Francesa, terá ele de texto. Há várias formas de se estruturar o desenvolvimento,
obedecer à estrutura exigida pela tipologia textual. Não mas o mais efetivo é organizá-lo por meio do raciocínio
poderá escrever em primeira pessoa do singular, nem lógico – causa e consequência, assim, o autor consegue
apresentar considerações subjetivas a respeito do assunto. criar uma reflexão objetiva traçando o início do problema
Além do mais, terá de analisar o tema, apresentá-lo ao e sua eventual consequência. Por ser um texto de caráter
leitor de forma clara, desenvolver aspectos pertinentes e acadêmico, é importante demonstrar saber formal através
lógicos do assunto, inserir problematicidade aos fatos e, da intertextualidade, menção ou citação de autoridades
por fim, concluir sua análise de modo a esclarecer a ideia do assunto.
central defendida a cada linha.
Muitas pessoas têm receio sobre esse tipo textual,
Ex.:
considerado difícil. Entretanto, é importante esclarecer que
Muitos sociólogos vão em direção ao mito do Prometeu,
é um dos gêneros de mais fácil aprendizado, uma vez que
aquele que roubou o fogo da inteligência dos deuses a
não exige criatividade, somente obediência à estrutura.
fim de ofertá-lo ao homem e manter sua sobrevivência.
E por que tal estrutura é tão específica? Justamente para
unificar o modo de realizar análises científicas e formais em Aliás, como superar as auguras do clima e da fome sem
uma esfera acadêmica. a civilização e suas descobertas? O homem existiria ainda
sem sua tecnologia? Justamente a primeira parte da história
Estrutura do Texto Dissertativo: ocidental, narrada por José Fernandes, parte desse ponto de
- Introdução: apresentação do tema, que pode ser vista. O narrador a cada página vai descrevendo a admiração
exposto por meio de uma contextualização histórica. É pelas conquistas da humanidade. Seja no projeto de ler
uma das partes mais importantes de uma dissertação, uma infinita enciclopédia ou na dependência dos artefatos
pois é o momento de gerar interesse no leitor no tocante da civilização, o príncipe da Grã-Ventura deposita nesses
ao assunto tratado. Já que uma dissertação pressupõe valores sua teoria máxima: Suma Felicidade: Suma Ciência
problematização de um tema, pode-se na introdução X Suma Potência. Pode-se considerar essa personagem um
adiantar alguns aspectos que serão tratados ao longo do perfeito representante de uma linha humanística que busca
desenvolvimento. a felicidade através da produção de próteses tecnológicas:
só possui valor o que está fora do homem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Conclusão: momento das considerações finais, e simples. Outro exemplo de texto injuntivo muito comum
aqui o autor retoma o tema tratado ao longo do texto é a bula de remédios, cuja função é também orientar seu
e deve apresentar uma síntese das ideias apresentadas. leitor a realizar corretamente o procedimento.
Importante iniciar a conclusão com uma frase que aponta Muitos linguistas diferenciam o texto injuntivo do
para esse momento (Portanto, Enfim, Em virtude dos fatos prescritivo, devido o caráter coercitivo do segundo.
mencionados, Dado o exposto) a fim de preparar o leitor Enquanto os textos injuntivos apenas orientam, tal
para o encerramento da análise. como vemos em bulas e receitas, os textos prescritivos
asseguram uma obrigação no respeito aos procedimentos
Ex.: apresentados, como em editais de concursos e contratos.
Diante das questões tratadas anteriormente, pode-se
afirmar que A cidade e as serras representa justamente um
acerto de contas do homem com sua história. Se Prometeu 3. ORTOGRAFIA.
realmente roubou o fogo dos deuses para salvar o humano,
mal sabia ele que o homem usaria essa oferta para destruir
a si mesmo. A civilização é essencial à manutenção da vida, Ortografia (do latim ortho – correto e grafos – grafia)
entretanto, sem o diálogo com a natureza a vida se esvai significa a escrita correta das palavras de uma língua.
em reações automáticas e robóticas frente ao tempo. Deve Tal denominação pressupõe regras específicas para a
ser por isso que o livro se finda com a modernização das linguagem escrita que, muitas vezes, confunde o falante
serras. Se não podemos nos desligar da cultura, que não devido a uma série de regras e exemplos.
abandonemos nossa essência elementar: a natureza. Quado falamos de linguagem verbal devemos
entender que há a língua oral, aquela que aprendemos
O texto dissertativo-argumentativo desde o nascimento e vamos absorvendo de modo natural;
Modalidade comum em concursos públicos e e a língua escrita, que é a passagem para outro mecanismo
vestibulares, o texto dissertativo-argumentativo tem como de comunicação. Através da alfabetização se aprende a
característica a estrutura e a impessoalidade da dissertação transformar os sons (fonemas) que emitimos em letras e
e a defesa do ponto de vista da argumentação. Ou seja, assim as primeiras palavras começam a ser escritas.
a exigência de textos assim classificados é defender uma Desde a origem da grafia se testemunham modos
ideia, de maneira impessoal, através de uma estrutura distintos de escrever um vocábulo e a ortografia surgiu
caracterizada por uma introdução, um desenvolvimento e com a função de organizar e apresentar uma forma
uma conclusão. correta, já que a unificação gráfica é fundamental para a
manutenção de uma língua. Imagine se cada região de
4) O texto injuntivo/instrucional um país escrevesse de modo diferente, as pessoas não se
Injunção significa ordem, instrução. O texto injuntivo entenderiam com clareza.
tem por finalidade, assim, orientar o leitor na concretização Escrever é transformar o som que falamos em letras e tal
de uma ação, indicando procedimentos para realizar uma processo pode confundir numa língua como o português,
ação, tal como a montagem de um objeto ou a receita de que possui várias letras diferentes para um mesmo som
um bolo. (como é o caso do som [ze] que pode ser representado por
A linguagem apresentada nesses textos deve ser “s”, “z” e “x”).
simples e objetiva. E já que a injunção pressupõe instrução,
os verbos costumam estar no modo imperativo (faça, abra, Orientações Ortográficas
leia…). Veja um exemplo:
1) Uso do H:
Receita de panqueca A letra “h” é usada:
- No início de palavras: homem, humildade,
1) Bata todos os ingredientes líquidos e o sal no humano, habilidade, hábil, hesitar, humor, história, hostil,
liquidificador. heterogêneo, hipócrita, hegemonia.
2) Quando estiver homogêneo, acrescente a farinha aos - Em dígrafos “ch”, “lh”, “nh”: flecha, ninho, alho,
poucos e bata mais. fachada, chalé, alheio.
3) Pegue uma concha da mistura e despeje em uma - Palavras compostas: super-homem, mini-hotel, sobre-
frigideira média em fogo médio. Espalhe virando a frigideira humano, hiper-humano.
para que fique uma massa fina. - Ao fim de algumas interjeições: Ah! Uh! Oh!
4) Quando um lado estiver dourado, vire e doure o
outro. Sirva com qualquer molho e recheio. 2) Uso do S/Z
(http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/ Usamos o “s” nos seguintes casos:
massa-de-panqueca-facil-51008c054d3885489100004e. - Depois de ditongos: coisa, maisena.
html) - Sufixos “ês”, “esa”, “isa” indicando profissão, origem
ou título: portuguesa, francês, poetisa.
No exemplo acima percebemos os verbos flexionados - Sufixos “oso”, “osa” indicando qualidade, quantidade
no modo imperativo, apresentando uma linguagem direta ou circunstância: gostosos, feioso, bondoso, oleoso.

9
LÍNGUA PORTUGUESA

- Na conjugação dos verbos querer e pôr: puseram, quiseram.


- Entre vogais, emitindo o som de [ze]: casa, asa, casamento.
Utiliza-se o “z” em:

- Sufixo “izar”, formador de verbos: contabilizar, concretizar, batizar.


- Em substantivos abstratos criados a partir de adjetivos: sensato – sensatez, belo- beleza, magro – magreza, grande –
grandeza.

Grafia com “s” Grafa com “z”


Catequese Coalizão
Gás Bazar
Análise Verniz
Crise Cicatriz
Curiosidade Azeite
Decisão Buzina
Hesitar Azedo
Desejo Zebra
Colisão Proeza
Usuário Cuscuz
Cortesia Xadrez
Besouro Giz
Querosene Surdez
Obséquio Cicatrizar

3) Uso do X/CH
Usa-se o “x” nos seguintes casos:
- Depois da sílaba -me: mexer, mexicano, mexerico.
- Depois da sílaba -en: enxada, enxame. Exceção: o verbo “encher” e seus derivados se escreve com “ch” - enchente,
encharcar .
- Depois de ditongo: ameixa, caixa, peixe
- Em palavras de origem indígena ou africada: xingar, xará.

Grafia com “x” Grafia com “ch”


Xeque – lance do xadrez Cheque – nota equivalente ao dinheiro
Taxar – pôr taxa Tachar – rotular
Chá - bebida Xá – soberano persa
Inexorável Chuchu
Êxito Chofer
Exausto Chacina
Êxodo Chalé
Xícara Cheio
Xenófobo Chamego
Xereta Chope
Xerocópia Chute

4) Uso do G/J
Usamos o “J” nos seguintes casos:
- Palavras oriundas do indígena ou da língua africana: pajé, jerimum, canjica, jabá, jiló.
- Conjugação do verbo viajar no modo subjuntivo: que eu viaje, eles viajem.

Utiliza-se o “g” em:


- Substantivos terminados em “-gem”: ferrugem, lavagem, serragem, coragem, vagem.
- Palavras terminadas em “-ágio”, “-égio”, “-ígio”, “-ógio”, “-úgio”: refúgio, litígio, relógio, adágio, vestígio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Grafia com “g” Grafia com “j” Exercícios


Tigela Jiboia
01. (ITA-SP) Dadas as palavras: 1) reaver, 2)
Agiotagem Canjica inabilitado, 3) habilidade, constatamos que está (estão)
Abranger Jiripoca devidamente grafada(s)
Apogeu Jiló a) apenas a palavra nº 1 
Gênese Jipe b) apenas a palavra nº 2
Gerigonça Sujidade c) apenas a palavra nº 3
Gim Jeito d) todas as palavras
e) nenhuma das palavras
Gengibre Jiripoca
Gíria Laje 02. (CESCEA) Marque a única opção em que todas
Angélico Traje as palavras estejam completas com x.
a) en__oval, __ingar, cai__eiro, en__ugar, __ícara
5) Emprego do S/SC/SS/SC/XC/XS com som de [sse] b) pu__ar, a__atar, en__ovia, in__ado, a__icalhar
Emprega-se o “s”: c) pi__e, dei__ar, en__ugar, __adrez, bai__o
- Em substantivos derivados de verbos terminar em d) __u__u, amei__a, cartu__o, deslei__ada, trou__a
“-andir”, “-ender”, “-verter” e “-pelir”: e) pe__incha, co__a, broche, en__ada, en__arcado
Expandir – Expansão
Pretender – Pretensão 03. (F. São Marcos-SP) Assinale a alternativa cujas
Suspender – Suspensão palavras estão todas corretamente grafadas:
Perverter – Perversão a) pajé, xadrês, flecha, misto, aconchego
b) abolição, tribo, pretensão, obsecado, cansaço
Emprega o “ç”: c) gorjeta, sargeta, picina, florescer, consiliar
- Em substantivos que derivam dos verbos terminados d) xadrez, ficha, mexerico, enxame, enxurrada
em “ter” e “torcer”: e) pajé, xadrês, flexa, mecherico, enxame
Ater- Atenção
Torcer – Torção 04. (NCE-RJ/UFRJ) O item abaixo que apresenta
Manter – Manutenção palavra erradamente grafada é:
Contorcer – Contorção a) alteza - duqueza - baroneza;
b) riqueza - dureza - fineza;
Emprega-se o “SC”: c) princesa - baixeza - burguesa;
- Em palavras de origem erudita: d) freguesa - beleza - dureza;
Imprescindível, plebiscito, miscível, miscigenação, e) certeza - camponesa - japonesa.
transcender, ascensorista, ascensão, fascículo, fascínio.
 05. (UNIMEP-SP) Assinale a alternativa que contém
Usa-se o “sç”: o período cujas palavras estão grafadas corretamente:
- Em algum verbos quando conjugados: a) Ele quiz analisar a pesquisa que eu realizei.
Nascer – nasço b) Ele quiz analizar a pesquisa que eu realizei.
Crescer – cresço c) Ele quis analisar a pesquisa que eu realizei.
Utiliza-se o “ss”: d) Ele quis analizar a pesquiza que eu realisei.
e) Ele quis analisar a pesquiza que eu realizei.
- Em substantivos originados de verbos terminados em
“-gredir”, “cutir”, “ceder”, “mitir”: 06. (UM-SP) Aponte a alternativa correta:
Agredir – agressão a) exceção, excesso, espontâneo, espectador
Discutir – discussão b) excessão, excesso, espontâneo, espectador
Progredir – progressão c) exceção, exceço, expontâneo, expectador
Ceder – cessão d) excessão, excesso, espontâneo, expectador
Exceder – excesso e) exceção, exceço, expontâneo, expectador

Usa-se o “xc” e o “xs”: 07. (Univ. Alfenas-MG) Assinale a alternativa em


- Em dígrafos que apresentam o mesmo som que [sse]: que todas as palavras estão grafadas corretamente.
Excedente, Excelente, Exceção. a) disenteria, páteo, siquer, goela
b) capoeira, empecilho, jabuticaba, destilar
c) boliçoso, bueiro, possue, crânio
d) borburinho, candieiro, bulir, privilégio
e) habitue, abutoe, quase, constróe

11
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (UM-SP) Aponte, entre as alternativas abaixo, a e) Em palavras compostas cujo primeiro termo é
única em que todas as lacunas devem ser preenchidas numeral:
com a letra u: Primeiro-ministro, quarta-feira, segundo-tenente
a) c*rtume, escap*lir, man*sear, sin*site
b) esg*elar, reg*rgitar, p*leiro, ent*pir g) Nomes de lugares compostos por mais de
c) emb*lia, c*rtir, emb*tir, c*ringa um radical, se iniciados por “grã”, “grão”, verbos ou
d) *rticária, s*taque, m*cama, z*ar estejam ligados por artigo.
e) m*chila, tab*leta, m*ela, b*eiro Passa-Vinte, Grã- Bretanha, Trás-os-Montes

(Exercícios retirados de http://www. O USO DO HÍFE E O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO


gramaticaparaconcursos.com/2013/06/respostas-de-
ortografia-exercicios.html) Com a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa
houve algumas modificações no tocante ao uso do hífen.
Gabarito Atentemos às regras que permaneceram:

1–d Usa-se hífen em


2–a
3–d a) quando o segundo termo iniciar com a letra “h”:
4–a Super-homem
5–c Pré-história
6–a
7–b b) quando a primeira palavra terminar com a
8–a MESMA LETRA que inicia a segunda:
Anti-inflacionário
USO DO HÍFEN contra-ataca
sub-bibliotecário
Hífen é um sinal gráfico cuja função principal é união de inter-regional
mais de um radical, ou seja, criação de palavras compostas.
Parece simples o seu uso, mas após a reforma ortográfica c) quando a primeira palavra terminar com a letra
surgiram muitas dúvidas a respeito do emprego deste sinal. “b” e a segunda iniciar com “r”:
Sub-reino
Vejamos os casos em que o uso de hífen é obrigatório: ab-rogar

a) Como elemento de ligação entre pronomes d) depois de pré-, pós e pró:


oblíquos e verbos: Pré-natal
Vou visitá-la mais tarde. Pós-parto
Vendi-o porque não o usava mais.
e) circum, pan, após as letras “h”, “m”, “n”:
b) A fim de realizar separação de sílabas: circum-navegação
Escola – es-co-la
Aluno – a-lu-no f) Com os prefixos “além”, “aquém”, “recém” e
“sem”:
c) Em substantivos compostos: há uma espécie recém-casados
de formação de palavras chamada de “formação por além-mar
justaposição”, em que a partir de duas palavras se cria uma
terceira com significado distinto, sem que com essa junção g) Com o advérbio “mal” antes de vogal, h ou L:
provoque perda fonética: Mal-humorado
guardar – significado 1 Mal-estar
chuva – significado 2 Mal-limpo
guarda-chuva – significado 3
contar – significado 1
gota – significado 2
conta-gotas – significado 3

d) Em formação composta de palavras que indicam


espécies vegetais e zoológicas:
erva-mate, couve-flor, formiga-grande

12
LÍNGUA PORTUGUESA

- Monossílabos átonos: sãos os enunciados com


4. ACENTUAÇÃO. menor intensidade e, por serem constituídos por uma única
sílaba, são dependentes foneticamente da palavra a qual se
apoiam, tornando-se praticamente uma sílaba da mesma. As
As palavras podem conter uma ou mais sílabas. E ao preposições, conjunções, artigos e pronomes oblíquos átonos
pronunciá-las, temos a tendência em proferi-las intensificando integram esse grupo. Vejamos as palavras “amá-lo”. O pronome
uma sílaba frente as outras. Por exemplo, quando alguém fala oblíquo “lo” é átono e é acoplado foneticamente á palavra amar.
a palavra “casa”, pronunciará com mais força uma das sílabas, - Monossílabos tônicos: proferidos com maior ênfase,
no caso [ka]. Por que fazemos isso? Simplesmente porque possuem independência fonética: má, mim, eu, tu, mar, céu.
a oralidade não é um sistema de uma única entonação. Tal
como a música, precisamos destacar partes de sons para Vejamos agora as regras de acentuação gráfica:
manter a atenção do ouvinte. Imagine se falássemos todas as
palavras utilizando uma única modulação? 1) OXÍTONAS:
Esta sílaba que entoamos com maior ênfase a chamamos Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em
de sílaba tônica, já que é nela que recai a tonicidade, o som - a, e, o – seguidos ou não de “s”: sofás, crachás,
que mais se destaca ao pronunciar uma palavra. A gramática jacarés, filé, purê, dominó, cipós, metrô….
também nomeia esse acento tônico como prosódico, pois - ditongo nasal -ém, -éns: mantém, ninguém,
está ligado à emissão dos sons na fala. Todas as palavras parabéns, amém…
com mais de uma sílaba possuem uma – e somente uma - ditongos abertos -ói, -éu, -éi, seguindo ou não de
– sílaba tônica, como podemos verificar nesses exemplos: “s”: herói, troféu, fiéis.
úmido, ideia, cadeira, jacaré.
Importante destacar que o acento tônico é um fenômeno PAROXÍTONAS:
fonético, pois referente à fala. Entretanto, quando passamos Acentuam-se as paroxítonas terminadas em:
a linguagem para outro registro, o da escrita, muitas vezes - r: ímpar, cadáver
há a necessidade de enfatizar tal acento na própria grafia, - l : réptil, têxtil
- n: éden, hífen
já que pode surgir erro de tonicidade. Na origem da grafia,
- x – xérox, tórax
muitas palavras que não eram do uso comum dos falantes
- ps – bíceps, fórceps
passaram a receber o acento gráfico a fim de reforçar
- ã, ãs, ão, ãos – órgão, órfã, órgãos
textualmente o modo de pronunciá-las. Assim sendo, há
- um, uns, om, ons – álbum, fóruns, prótons
palavras que não recebem acento gráfico, como porta,
- us – vírus, bônus
cortina, urubu, e outras que sim, como tônico, amável,
- i, is, júri, tênis
paralelepípedo. - ei, eis – jóquei, jóquei
Se em uma palavra há uma sílaba mais forte, como
chamamos as pronunciadas com menos intensidade? A As paroxítonas e os erros de prosódia
gramática denomina sílabas átonas as mais fracas, que Algumas palavras são acentuadas ou pronunciadas de
podem ser pretônicas ou postônicas dependendo de sua maneira equivocada, não respeitando sua tonicidade. É o
posição frente a sílaba tônica. que chamamos de erros de entonação ou de prosódia, e que
Em uma palavra com mais de uma sílaba, portanto, geralmente transformam paroxítonas em proparoxítonas:
haverá sempre uma com maior destaque fonético, a sílaba
tônica. Entretanto, a ênfase em uma sílaba possui também
Correto Errado
regras impostas pela própria fala. Por maior que seja um
vocábulo, há apenas três modos de emitir tonicidade: rubrica rúbrica
ênfase na última sílaba (oxítona), penúltima (paroxítona) ou recorde récorde
antepenúltima (proparoxítona): libido líbido
- OXÍTONAS: palavras que apresentam a última sílaba pudico púdico
tônica, tais como jacaré, também, amor, rapaz. filantropo filântropo
- PAROXÍTONAS: Paroxítona significa literalmente, “ao
lado da oxítona”, e são as palavras que possuem a penúltima PROPAROXÍTONAS
sílaba tônica, como táxi, caráter, heroico, porta. Vale destacar Por se tratar de um fenômeno mais raro de entonação
que a língua portuguesa é basicamente paroxítona, devido à das palavras, temos a tendência de pronunciar erroneamente
maior quantidade de palavras com essa característica. as palavras com a antepenúltima sílaba tônica. Por isso
-PROPAROXÍTONAS: fenômeno menos comum, são mesmo todas as proparoxítonas devem ser acentuadas para
as palavras que apresentam a antepenúltima sílaba tônica. evitar esse equívoco.
Alguns exemplos de proparoxítonas: exército, pêndulo,
quilômetro. Exemplos:
A Língua Portuguesa também apresenta palavras com xícara, úmido, colocávamos, término, lógico.
uma única sílaba, as quais chamamos de monossílabos. Obs. Caso a vogal tônica for fechada ou nasal usa-se o
Estes são pronunciados com menor ou maior ênfase e, por acento circunflexo:
isso, podem ser átonos ou tônicos: côncavo, estômago, sonâmbulo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO DOS MONOSSÍLABOS: a) Pôde – Pretérito perfeito do indicativo


Acentuam-se os monossílabos terminados em: Pode – Presente do indicativo
a) a, as: má, já, lá, cá, pás
b) e, es: crê, vês, pé b) Pôr – Verbo
c) o, os: nós, nós, dó, pô-lo Por – preposição

ACENTUAÇÃO DOS DITONGOS E A NOVA É facultativo o uso do acento diferencial para distinguir
ORTOGRAFIA as palavras forma e fôrma. Imagine a frase: qual a forma da
Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português, fôrma de torta que você comprou?
não são mais acentuados ditongos abertos em palavras O Novo Acordo Ortográfico do Português aboliu
paroxítonas: alguns acentos diferenciais, tais como em pelo (preposição)
e pêlo (substantivo), pára (verbos) e para (preposição):
O pelo do gato está crescendo muito.
Como era Como é agora Vá pelo caminho mais curto.
heróico heroico Ele para para pensar.
idéia ideia
jibóia jiboia TREMA
apóia apoia O trema, sinal de dois pontos usado sobre a letra “u”,
paranóico paranoico era utilizado para marcar a pronúncia da vogal em palavras
marcadas pelo encontro vocálico, tais como “lingüiça” e
ACENTUAÇÃO DOS HIATOS “freqüentar”. Entretanto, segundo a Nova Ortografia, não
Chamamos de hiato o encontro de duas vogais em se deve mais usar essa marcação. A partir de agora as
uma palavra que, no entanto, não fazem parte da mesma palavras são assim grafadas:
Frequentar, linguiça, linguística, bilíngue, cinquenta,
sílaba. A maior parte dos hiatos não são acentuados, mas
aguentar.
alguns levam acento para evitar erros de pronúncia.
Acentuam-se as vogais “i” e “u” que formam hiato com
Exercícios
a sílaba anterior:
cafeína 1. (EPCAR) Assinale a série em que todos os
balaústre vocábulos devem receber acento gráfico: 
saúde a) Troia, item, Venus 
saída b) hifen, estrategia, albuns 
saúva c) apoio (subst.), reune, faisca 
d) nivel, orgão, tupi 
No entanto, há uma exceção. Não são acentuados os e) pode (pret. perf.), obte-las, tabu 
hiatos seguidos por dígrafo “nh”, tal como rainha, moinho,
ruim, amendoim, ainda. 2. (BB) Opção correta: 
Também evitamos acentuação em hiatos que não a) eclípse 
formam sílaba com letra diferente de “s”, como em juiz, cair, b) juíz
sair, contribuiu. c) agôsto
Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português, d) saída
não são mais acentuados os hiatos que vêm após ditongos: e) intúito  
baiuca, feiura, bocaiuva. Também os “ôos” e “êes” não
levam mais acento: enjoo, voo, creem, veem. 3. (BB) “Alem do trem, voces tem onibus, taxis e
aviões”. 
EMPREGO do TIL a) 5 acentos
O til [~] é um sinal e não um acento. No Português o til b) 4 acentos  
aparece sobre as vogais “a” e “o” para indicar nasalização, c) 3 acentos 
som que sai pela boca e nariz. Tal sinal não se sobrepõe em d) 2 acentos
sílabas tônicas somente, podendo também estar em sílabas e) 1 acento 
pretônicas ou átonas: Exemplos: órgão, órfã, balõezinhos…
4. (BB) Monossílabo tônico: 
a) o 
O ACENTO DIFERENCIAL
b) lhe 
Como o próprio nome diz, o acento diferencial tem
c) e 
como função marcar uma diferença. Há muitas palavras no
d) luz
português que são homógrafas, ou seja, que possuem a e) com 
mesma grafia e, por isso, é necessário um sinal distintivo
para que não surjam equívocos. Vejamos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. (BB) Leva acento:  Livr-o


a) pêso  Livr-aria
b) pôde  Livr-eiro
c) êste
d) tôda Gat-a
e) cêdo  Alun-a

6. (BB) Não leva acento:  Gat-o-s


a) atrai-la  Alun-o-s
b) supo-la 
c) conduzi-la  Nos exemplos acima percebemos que as palavras
d) vende-la  possuem elementos que se repetem entre si, seja no núcleo
e) revista-la  significativo (cas/ livr) ou em informações de gênero (a/o)
e número (s). Isso nos indica que uma palavra é formada a
7. (UF-PR) Assinale a alternativa em que todos os partir de elementos com funções específicas e que surgem
vocábulos são acentuados por serem oxítonos:  em outros vocábulos com a mesma função. Chamamos
a) paletó, avô, pajé, café, jiló  de morfemas essas unidades mínimas significativas
b) parabéns, vêm, hífen, saí, oásis  responsáveis pela formação de uma palavra.
c) você, capilé, Paraná, lápis, régua 
d) amém, amável, filó, porém, além  Vejamos a lista de morfemas:
e) caí, aí, ímã, ipê, abricó 
a) Raiz: é o morfema originário e contém o sentido
(Exercícios retirados de http://professorricardoandrade. básico de uma palavra. Podemos dizer que está na raiz o
blogspot.com.br/2010/08/80-questoes-de-acentuacao- princípio histórico de uma palavra, que ao longo do tempo
grafica.html) foi modificada pelos usos do homem.
Um exemplo disso é a palavra MAGRO. Sua raiz
GABARITO significativa não está explícita no vocábulo, já que este vem
do Latim MACER (Com pouca gordura).
1–b Importante destacar que começa na raiz a viagem
2–d histórica de uma palavra, cujo fim justamente desemboca
3–a em sua estrutura atual. No caso do exemplo acima, se a
4–d
raiz de Magro é MACER, ao longo dos anos sua forma foi
5–b
modificando até chegar no modo atual. Agora não está
6–c
mais visível a raiz da palavra, já que esta se transformou no
7-a
radical MAGR, núcleo significativo da palavra.

b) Radical: Consiste no núcleo significativo de uma


5. MORFOLOGIA. palavra, responsável justamente por sua significação.
Devido a essa função, o radical de um vocábulo dá origem
a muitos outros, criando o que chamamos de grupo
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS semântico. Vejamos:
Flor
Um tema fundamental na gramática diz respeito à Florista
estrutura das palavras. Podemos imaginar que uma palavra Floricultura
é um termo indivisível, mas estamos enganados. Tal como Floreio
uma célula, um vocábulo é o resultado de uma construção
e organização de componentes, ordenados de maneira Percebemos rapidamente a repetição de um termo em
lógica. Chamamos de estrutura o modo de organização todas as palavras e é justamente assim que identificamos
de uma palavra. Tal como uma casa, o vocábulo possui uma um radical, através do reconhecimento da unidade mínima
sustentação, a qual carrega sua força significativa e outros formadora de várias palavras:
componentes secundários, com informações acessórias. Pedra
Vejamos: Pedreiro
Pedregulho
Cas-a Pedrinha
Cas-eiro
Cas-amento Imagine se para cada ser referido nas expressões acima
precisássemos criar uma palavra completamente distinta
uma da outra? Jamais lembraríamos de tantos termos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por isso é válido lembrar: a linguagem é um sistema - Desinência número-pessoal: indica o número e a
econômico de comunicação e, assim, reaproveita todos pessoa do verbo.
os seus elementos para “economizar” termos e facilitar Ex.:
a memorização através de um vocabulário prático. a) cantas: desinência de 2º pessoa do singular
b) cantamos: desinência de 1º pessoa do plural
c) Vogal temática: Ainda que um radical isolado possa c) cantais: desinência de 2º pessoa do plural.
constituir uma palavra (no caso de flor, por exemplo), na
maior parte das vezes ele necessita de um elemento que e) Vogal / Consoante de ligação: morfemas cuja
o complete. Essa é a função da vogal temática, morfema função é facilitar a pronúncia de uma palavra (chamamos
que se junta ao radical a fim de completá-lo e receber de motivos eufônicos, “boa pronúncia”).
outros morfemos, se necessário.
Livro Vogal de ligação: Na união do tema com algum sufixo
Casa muitas vezes verificamos a presença de uma vogal de
Estante ligação. Ex.; gasômetro, inseticida.
Porta
Revista Consoante de ligação: cafeteira.

No tocante aos verbos, a vogal temática completa o f) Afixos: são morfemas secundários que se acoplam ao
radical e informa a conjugação verbal: radical a fim de formar palavras derivadas. Dividem-se em:
Cant-a-r (verbo de 1º conjugação) a) Prefixos: inseridos antes do radical. Ex.: Infeliz,
Vend-e-r (verbo de 2º conjugação) Desfazer, recolocar
Part-i-r (verbo de 3º conjugação) b) Sufixos: inseridos depois do radical. Ex.: Felizmente,
Chamamos de tema a união do radical com a vogal Beleza, Insensatez.
temática.
Importante! FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A vogal temática não tem como função apresentar
informação de gênero, isso será tarefa das desinências Palavras existem para nomear os seres que povoam
nominais, como veremos a seguir. o mundo. Nesse sentido, sempre testemunhamos a
formação de novas palavras, já que de tempos em tempos
d) Desinências: são os morfemas responsáveis pelas surgem novos objetos e situações a serem definidas. Há
flexões em uma palavra. Dividem-se em: dois processos de formação das palavras: a derivação e a
composição. O que difere essas duas formas é a presença
*Desinências nominais: de gênero e número de um único radical (derivação) ou mais (composição).

Masculino/Singular Feminino/Plural Tipos de derivação: quando falamos em derivação


Desinência estamos tratando de formação de palavras através do
o a auxílio de um afixo. Assim sendo, temos a derivação
de Gênero
Desinência prefixal, sufixal, prefixal e sufixal e a parassintética.
/ S
de Número 1) Derivação prefixal: formação de palavra derivada a
partir da inserção de um prefixo.
Ex.:
Menina Ex.:
Aluno
Verdades Feliz – Palavra Primitiva
Infeliz – Palavra Derivada
* Desinências verbais: responsáveis pelas flexões de
tempo e modo; número e pessoa. Leal- Palavra Primitiva
- Desinência modo-temporal: indica o modo e o Desleal - Palavra Derivada
tempo do verbo.
Moral – Palavra Primitiva
Ex.: Amoral – Palavra Derivada
a) cantaria: desinência de futuro do pretérito do
indicativo Fazer – Palavra Primitiva
b) cantasse: desinência de pretérito imperfeito do Refazer – Palavra Derivada
subjuntivo
c) cantará: desinência de futuro do presente do
indicativo

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Quadro de Prefixos

PREFIXOSGREGOS PREFIXOS LATINOS SIGNIFICADO EXEMPLOS


a, an des, in privação, negação anarquia, desleal, inativo
anti contra oposição, ação contrária antibiótico, contraditório
duplicidade, de um e outro
anfi ambi anfiteatro, ambivalente
lado, em torno
apo ab afastamento, separação apogeu, abstrair
di bi(s) duplicidade dissílabo, bicentenário
dia, meta trans movimento através diálogo, transfusão
e(n)(m) i(n)(m)(r) movimento para dentro encéfalo, induzir, irromper
movimento para dentro,
endo intra endovenoso, intracelular
posição interior
movimento para fora,
e(c)(x) e(s)(x) explícito, excesso, estendido
mudança de estado
epicentro, supervisor,
epi, super, hiper supra posição superior, excesso
supracitado
excelência, perfeição,
eu bene eufonia, benéfico
bondade
hemi semi divisão em duas partes hemisfério, semiárido
hipo sub posição inferior hipotermia, subsolo
para ad proximidade, adjunção paralelo, adjunto
peri circum em torno de periférico, circunferência

2) Derivação Sufixal: formação de palavra derivada através da adição de um sufixo, ao fim do radical.

Ex.:

Feliz – Palavra Primitiva


Felizmente – Palavra Derivada

Real – Palavra Primitiva


Realeza – Palavra Derivada

Leal – Palavra Primitiva


Lealdade – Palavra Derivada

Vejamos algumas listas de sufixos

Sufixos – Aumentativo

Sufixo Exemplo
aça, -aço, uça ricaço, dentuça
-alha, -alhão Fornalha, grandalhão,
-anzil corpanzil
-ão, -eirão, Carrão, vozeirão
-aréu fogaréu

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sufixos – Diminutivos Composição por redução: referência a alguns termos


a partir da forma reduzida de sua denominação.
Sufixo Exemplo Ex.: auto (automóvel), micro (microcomputador), bici
(bicicleta).
- ebre casebre
- ejo vilarejo Composição por hibridismo: composição de palavras
- acho riacho através da junção de morfemas oriundos de línguas
- inho carrinho diferentes.
- eta saleta Ex.: automóvel = auto (grego) móvel (latim)

Sufixos – Profissão Composição por onomatopeia: criação de expressões


que tentam reproduzir sons emitidos por objetos e animais.
Ex.: tic-tac, miau, toc-toc.
Sufixo Exemplo
- ista pianista Composição por estrangeirismo: inserção de palavras
- tor instrutor estrangeiras no vocabulário.
- eiro porteiro Ex.: Shopping, abajour, soutien, delivery.
- ário bibliotecário
- dor vendedor Exercícios

3) Derivação Prefixal e sufixal: formação de palavra 1. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras
derivada a partir do acréscimo de um prefixo e um sufixo. se formam pelo mesmo processo: 
Entretanto, se retirarmos um desses sufixos o vocábulo a) ajoelhar / antebraço / assinatura 
ainda terá sentido. b) atraso / embarque / pesca 
Ex.: c) o jota / o sim / o tropeço 
Infelizmente – feliz / felizmente d) entrega / estupidez / sobreviver 
e) antepor / exportação / sanguessuga 
Deslealdade – Desleal / lealdade
     
2. (BB) A palavra “aguardente” formou-se por:
4) Derivação Parassintética ou parassíntese: formação
a) hibridismo
de palavra derivada através da adição de um prefixo e um
b) aglutinação
sufixo simultaneamente. Neste caso, se retirarmos um dos
c) justaposição
afixos a palavra perderá sentido completo.
d) parassíntese
Ex.:
d) parassíntese
Entristecer
Desalmado 3. (AMAN) Que item contém somente palavras
formadas por justaposição?
Formação por composição a) desagradável - complemente
b) vaga-lume - pé-de-cabra
Composição é o modo de formação de palavras a c) encruzilhada - estremeceu
partir da união de dois ou mais radicais. Aqui a língua d) supersticiosa - valiosas
trabalha com o sistema de reaproveitamento de material e) desatarraxou - estremeceu
linguístico já existente para o processo de criação de novas
expressões. 4. (UE-PR) “Sarampo” é:
Há as seguintes formas de formação por composição: a) forma primitiva
justaposição, aglutinação, redução, hibridismo, b) formado por derivação parassintética
onomatopeia e estrangeirismo. c) formado por derivação regressiva
Composição por Justaposição: unem-se dois ou d) formado por derivação imprópria
mais radicais sem perda fonética ou gráfica das palavas e) formado por onomatopeia
primitivas.
Ex.: girassol, guarda-chuva, passatempo, autoescola, 5. (EPCAR) Numere as palavras da primeira coluna
segunda-feira, couve-flor. conforme os processos de formação numerados
à direita. Em seguida, marque a alternativa que
Composição por aglutinação: unem-se dois ou mais corresponde à sequência numérica encontrada:
radicais, mas aqui há perda fonética ou gráfica das palavras ( ) aguardente 1) justaposição
primitivas. ( ) casamento 2) aglutinação
Ex.: aguardente (água ardente), fidalgo (filho de algo), ( ) portuário 3) parassíntese
planalto (plano alto), embora (em bora hora). ( ) pontapé 4) derivação sufixal
( ) os contras 5) derivação imprópria
( ) submarino 6) derivação prefixal

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LÍNGUA PORTUGUESA

( ) hipótese 12. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que nem


a) 1, 4, 3, 2, 5, 6, 1 todas as palavras são de um mesmo radical:
b) 4, 1, 4, 1, 5, 3, 6 a) noite, anoitecer, noitada
c) 1, 4, 4, 1, 5, 6, 6 b) luz, luzeiro, alumiar
d) 2, 3, 4, 1, 5, 3, 6 c) incrível, crente, crer
e) 2, 4, 4, 1, 5, 3, 6 d) festa, festeiro, festejar
e) riqueza, ricaço, enriquecer
6. (CESGRANRIO) Indique a palavra que foge ao
processo de formação de chapechape: 13. (SANTA CASA) Em qual dos exemplos abaixo
a) zunzum está presente um caso de derivação parassintética?
b) reco-reco a) Lá vem ele, vitorioso do combate.
c) toque-toque b) Ora, vá plantar batatas!
d) tlim-tlim c) Começou o ataque.
e) vivido d) Assustado, continuou a se distanciar do animal.
e) Não vou mais me entristecer, vou é cantar.
7. (UF-MG) Em que alternativa a palavra sublinhada
resulta de derivação imprópria? 14. (UF-MG) Em todas as frases, o termo grifado
a) Às sete horas da manhã começou o trabalho exemplifica corretamente o processo de formação de
principal: a votação. palavras indicado, exceto em:
b) Pereirinha estava mesmo com a razão. Sigilo... Voto a) derivação parassintética - Onde se viu perversidade
secreto ... Bobagens, bobagens! semelhante?
c) Sem radical reforma da lei eleitoral, as eleições b) derivação prefixal - Não senhor, não procedi nem
continuariam sendo uma farsa! percorri.
d) Não chegaram a trocar um isto de prosa, e se c) derivação regressiva - Preciso falar-lhe amanhã, sem
entenderam. falta.
e) Dr. Osmírio andaria desorientado, senão bufando de d) derivação sufixal - As moças me achavam maçador,
raiva. evidentemente.
e) derivação imprópria - Minava um apetite surdo pelo
jantar.
8. (AMAN) Assinale a série de palavras em que
todas são formadas por parassíntese:
15. (UF-MG) Em “O girassol da vida e o passatempo
a) acorrentar, esburacar, despedaçar, amanhecer
do tempo que passa não brincam nos lagos da lua”, há,
b) solução, passional, corrupção, visionário
respectivamente:
c) enrijecer, deslealdade, tortura, vidente
a) um elemento formado por aglutinação e outro por
d) biografia, macróbio, bibliografia, asteroide justaposição
e) acromatismo, hidrogênio, litografar, idiotismo b) um elemento formado por justaposição e outro por
aglutinação
9. (FFCL SANTO ANDRÉ) As palavras couve-flor, c) dois elementos formados por justaposição
planalto e aguardente são formadas por: d) dois elementos formados por aglutinação
a) derivação e) n.d.a
b) onomatopeia
c) hibridismo 16. (UF-SC) Aponte a alternativa cujas palavras
d) composição são respectivamente formadas por justaposição,
e) prefixação aglutinação e parassíntese:
a) varapau - girassol - enfaixar
10. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das b) pontapé - anoitecer - ajoelhar
palavras não é formada por prefixação: c) maldizer - petróleo - embora
a) readquirir, predestinado, propor d) vaivém - pontiagudo - enfurece
b) irregular, amoral, demover e) penugem - plenilúdio - despedaça
c) remeter, conter, antegozar
d) irrestrito, antípoda, prever 17. (UF SÃO CARLOS) Considerando-se os vocábulos
e) dever, deter, antever seguintes, assinalar a alternativa que indica os pares de
derivação regressiva, derivação imprópria e derivação
11. (LONDRINA-PR) A palavra resgate é formada sufixal, precisamente nesta ordem:
por derivação: embarque
a) prefixal histórico
b) sufixal cruzes!
c) regressiva porquê
d) parassintética fala
e) imprópria sombrio

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) 2-5, 1-4, 3-6


b) 1-4, 2-5, 3-6
c) 1-5, 3-4, 2-6
d) 2-3, 5-6, 1-4
e) 3-6, 2-5, 1-4

18. (VUNESP) Em “... gordos irlandeses de rosto vermelho...” e “... deixa entrever o princípio de uma tatuagem.”,
os termos grifados são formados, respectivamente, a partir de processos de:
a) derivação prefixal e derivação sufixal
b) composição por aglutinação e derivação prefixal
c) derivação sufixal e composição por justaposição
d) derivação sufixal e derivação prefixal
e) derivação parassintética e derivação sufixal

GABARITO

1-B
2-B
3-B
4-C
5-E
6-E
7-D
8-A
9-D
10 - E
11 - C
12 - B
13 - E
14 - A
15 - C
16 - D
17 - C
18 - D

CLASSES DE PALAVRAS

ADJETIVO

Na origem das palavras, pode-se dizer que o homem primeiramente sentiu a necessidade de nomear os objetos a
sua volta e suas próprias ações. Então surgiram os substantivos e os verbos. Entretanto, os seres foram apresentando
características diversas e, apesar de fazerem parte de um mesmo grupo, eram diferentes porque possuíam qualidades
diferentes. Por exemplo, há no grupo das flores: as belas e as feias, as cheirosas, as vermelhas e as azuis. Como distingui-las?
A partir dessa questão surgiram os adjetivos, essa classe de palavras que tem como função qualificar os seres.
Adjetivos são as palavras que designam qualidades, provisórias ou permanentes, qualificando e particularizando os
seres. São satélites de um substantivo expresso ou subtendido, com o qual concordam em gênero e número.
Exemplos:
A casa está perfeita.
Os carros foram considerados adequados para a competição.
Aquela mulher é lindíssima.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nos exemplos acima percebemos o adjetivo enquanto uma palavra referente ao substantivo, concordando com
suas variações de gênero (masculino e feminino / singular e plural).

Vejamos uma lista de adjetivos:

belo
feio
frio
quente
azul
verde
inteligente
ignorante
rápido
devagar
gracioso
desajeitado
mau
bom
triste
feliz

- Adjetivos Gentílicos:
Também chamados de adjetivos pátrios, os adjetivos gentílicos designam a origem de um indivíduo de acordo com seu
local de residência ou nascimento. Vejamos os adjetivos gentílicos referentes aos estados brasileiros:

Acre = acreano Manaus = manauense


Alagoas = alagoano Marajó = marajoara
Amapá = amapaense Maranhão = maranhense
Amazonas = amazonense ou baré Mato Grosso = mato-grossense
Aracaju = aracajuano ou aracajuense Mato Grosso do Sul = mato-grossense do sul
Bahia = baiano Natal = natalense ou papa-jerimum
Belém = belenense Niterói = niteroiense
Belo Horizonte = belo-horizontino Nova Iguaçu = iguaçuano
Boa Vista = boa-vistense Pará = paraense
Bragança = bragantino Paraíba = paraibano
Brasil = brasileiro Paraná = paranaense
Brasília = brasiliense Pernambuco = pernambucano
Cabo Frio = cabo-friense Petrópolis = petropolitano
Campinas = campineiro ou campinense Piauí = piauiense
Campos = campista Porto Alegre = porto- alegrense
Campos do Jordão = jordanense Porto Velho = porto-velhense
Cananeia = cananeu Recife = recifense
Ceará = cearense Ribeirão Preto = riberopretano
Cuiabá = cuiabano Rio Branco = branquense
Dois Córregos ( SP ) = duocorreguense Rio de Janeiro ( cidade ) = carioca
Espírito Santo = espírito-santense ou capixaba Rio de Janeiro ( estado ) = fluminense
Fernando de Noronha = noronhense Rio Grande do Norte = rio-grandense do norte
Florianópolis = florianopolitano Rio Grande do Norte = potiguar
Fortaleza = fortalezense Rio Grande do Sul = gaúcho
Foz do Iguaçu = iguaçuense Rondônia = rondoniano ou rondoniense
Goiânia = goianiense Salvador = salvadorense ou soteropolitano
Goiás = goiano Santa Catarina = catarinense ou barriga verde
Guarulhos = guarulhense Santarém = santarense

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ilhéus = ilheense São Luís = são-luisense


Jabuticabal = jabuticabense São Paulo ( cidade ) = paulistano
Jacareí = jacariense São Paulo ( estado ) = paulista
Jaú = jauense São Vicente = vicentino
João Pessoa = pessoense Sergipe = sergipano
Juiz de Fora = forense Sertãozinho = sertanesino
Lajes = lajiano Teresina = teresinense
Leme = lemense Três Corações = tricordiano
Macapá = macapaense Vitória = vitoriense
Maceió = maceioense Xavantes = xavantino

(Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/adjetivos-gentilicos-e-patrios)

Classificação dos adjetivos

Antes de qualquer classificação gramatical, adjetivos possuem uma classificação semântica, ou seja, segundo
sua amplitude de qualificação de um ser. Por isso mesmo, eles se distinguem em:

a) adjetivos explicativos: apresentam característica intrínseca ao próprio ser.


Exemplo. Todo homem é mortal.

b) adjetivos restritivos: limitam as características do ser, exprimindo qualidades não essenciais.


Exemplo: Quando cheguei em casa a flor já estava murcha.

CLASSIFICAÇÕES MORFOLÓGICAS DO ADJETIVO

- I. SEGUNDO SUA ESTRUTURA


Quanto ao seu processo de formação, os adjetivos dividem-se em:

Bonito, esperto, carioca,


ADJETIVO SIMPLES Formado por um único radical
engraçado
Franco-brasileiro, verde-oliva,
ADJETIVO COMPOSTO Formado por mais de um radical
amarelo-canário
ADJETIVO PRIMITIVO O que dá origem a outros adjetivos Bela, bom, feliz
Derivados de substantivos, verbos Inteligentíssimo, ciumenta,
ADJETIVO DERIVADO
ou de outros adjetivos bondoso

II. QUANTO À SUA FLEXÃO

a) Gênero
Por ser palavra satélite do substantivo, o adjetivo varia seguindo as flexões apresentadas pelo nome. Nesse aspecto,
os adjetivos se dividem em:

- Biformes: apresentam flexão de gênero, variando em feminino e masculino

A bela moça.
O belo moço.

A tranquila professora.
O tranquilo professor.

- Uniformes: possuem uma única forma para o masculino e feminino.

A moça feliz.
O aluno feliz.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A competente funcionária. c) Grau


O competente funcionário. Além das variações de gênero e número, os adjetivos
podem variar de grau, a fim de indicar a intensidade da
Caso o adjetivo seja composto, manterá seu caráter qualidade referida. Há dois graus possíveis: o comparativo
uniforme. e o superlativo.

O problema político-social invade o Brasil. Grau Comparativo:


A solução político-social é uma utopia. No grau comparativo, uma mesma qualidade é
atribuída a mais de um ser ou quando mais de uma
b) Número: Os adjetivos apresentam variação de qualidade é destinada a um único ser.
número seguindo as flexões numéricas dos substantivos. São tão inteligente quanto você. - Grau comparativo
de igualdade
O carro novo. Neste grau utilizamos termos como “quanto”, “como”,
Os carros novos. “quão”.
O homem feliz. João é mais inteligente que José. - Grau comparativo
As mulheres felizes. de superioridade.
A boa mãe. Aqui são usadas as expressões “mais (adjetivo) que”/
Os bons pais. “mais (adjetivo) do que”.
Entretanto, há palavras usadas como adjetivo que são José é menos inteligente do que João. - Grau
originalmente substantivos. Vejamos o exemplo: comparativo de inferioridade.
No grau comparativo de inferioridade são utilizadas as
O vinho estava muito agradável. (vinho = substantivo) expressões “menos (adjetivo) que” / “menos (adjetivo) do
Comprei um paletó vinho. (vinho =adjetivo) que”.

Nesses casos, os adjetivos não sofrem flexão de número: Atenção: há o chamado grau comparativo de
superioridade irregular, o qual faz uso de formas
sintéticas:
Paletó vinho.
- (mais grande) : maior – João é maior do que Pedro
Paletós vinho.
- (menos grande): menor – Pedro é menor que João
- (mais bom): melhor – A professora de Química é
Tartaruga ninja
melhor que a de Filosofia.
Tartarugas ninja.
- (menos bom): pior – A professora de Filosofia é pior
do que a Química.
Comício monstro.
Comícios monstro. Grau superlativo
No grau superlativo a qualidade atribuída a um ou
Número dos adjetivos compostos: mais seres é realizada em escala bem mais elevada.
Chamamos de adjetivos compostos aqueles formados a) Grau superlativo relativo: é a realizada a
por mais de um radical, ligados normalmente por hífen. caracterização de um ser em maior ou menor grau que
A regra geral nos diz que devemos flexionar somente o os demais seres.
segundo vocábulo, deixando o primeiro no masculino e no
singular. - Grau superlativo relativo de superioridade: utiliza-se a
A clínica médico-veterinária. expressão “o mais” (adjetivo).
Os cidadãos franco-brasileiros. Ex.: Catarina é a aluna mais aplicada da turma.
Sérgio é o mais rápido na pista.
No entanto, quando o segundo termo se tratar de
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto - Grau superlativo de inferioridade: utiliza-se a
permanecerá invariável. expressão “o menos” (adjetivo).
Ex.: O funcionário é o menos interessado da equipe.
A parede verde-mar Vivian é a professora menos irritada da escola.
As paredes verde-mar.
b) Grau superlativo absoluto: qualifica um ou mais
IMPORTANTE! sere , entretanto, sem comparação, em grau muito elevado.
Os adjetivos azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e - Grau superlativo absoluto analítico: a atribuição de
qualquer outro iniciado por “cor-de...” são sempre invariáveis. grau se dá através dessa soma: palavra intensificadora
Já os adjetivos surdo-mudo e pele-vermelha terão (muito, bastante…) + adjetivo.
ambos elementos flexionados. Ex.: A comida está muito saborosa.
O clima está extremamente quente.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau superlativo absoluto sintético: construído por meio de uma única palavra cuja estrutura é a seguinte: Adjetivo +
Sufixo (-íssimo, -imo, ílimo, -érrimo):
Ex.: João é divertido – João é divertidíssimo.
Maria é elegante. - Maria é elegantérrima
Quanto ao grau superlativo absoluto sintético, há o que chamamos de sintéticos eruditos, formas ligadas à raiz histórica
da palavra. Vejamos alguns:

Adjetivo Superlativo absoluto sintético


acre acérrimo
agradável agradabilíssimo
alto altíssimo, supremo ou sumo
amável amabilíssimo
amargo amaríssimo
amigo amicíssimo
antigo antiquíssimo
áspero aspérrimo
atroz atrocíssimo
benéfico beneficentíssimo
benévolo benevolentíssimo
bom boníssimo
célebre celebérrimo
cruel crudelíssimo
difícil dificílimo
doce dulcíssimo ou docíssimo
fácil facílimo
feliz felicíssimo
humilde humílimo ou humildíssimo

Locução adjetiva
Chamamos de locução adjetiva o conjunto de duas ou mais palavras que apresentam a função de adjetivo.
Observe a lista abaixo:

Locução Adjetiva Adjetivo correspondente


de abdômen abdominal
de abelha apícola
De abutre vulturino
de águia aquilino
de alma anímico
De aluno Discente
De anjo Angelical
De ano Anual
De aranha Aracnídeo
De astro Sideral
de bispo episcopal
de boca bucal, oral
de bode hircino
de boi bovino
de bronze brônzeo ou êneo
de cabra caprino
de cão canino
de carneiro arietino
de cavalo equino, cavalar ou hípico

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LÍNGUA PORTUGUESA

de chumbo plúmbeo
de chuva pluvial ou chuvoso
de cidade urbano
de cinza cinéreo
de criança infantil ou pueril
de cobre cúprico
de coelho cunicular
de dedo digital
de diamante diamantino ou adamantino
de enxofre sulfúrico
de esmeralda esmeraldino
de fábrica fabril
de frente dianteiro
de fogo ígneo
de gesso gípseo
de guerra bélico
de hoje hodierno
de ilha insular
de intestino celíaco ou entérico
de lago lacustre
de lebre leporino
de lobo lupino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de marfim ebóreo ou ebúrneo
de pato anserino
de pombo columbino
de prata argênteo ou argírico
de quadril ciático
de vaca vacum
De baço Esplênico

Exercícios

1. Assinale a alternativa em que o adjetivo que qualificao substantivo seja explicativo:


a) dia chuvoso;
b) água morna;
c) moça bonita;
d) fogo quente;
e) lua cheia.

2. Assinale a alternativa que contém o grupo de adjetivos gentílicos, relativos a “Japão”, “Três Corações” e “Moscou”:
a) Oriental, Tricardíaco, Moscovita;
b) Nipônico,Tricordiano, Soviético;
c) Japonês, Trêscoraçoense, Moscovita;
d) Nipônico, Tricordiano, Moscovita;
e) Oriental, Tricardíaco, Soviético.

3. Ainda sobre os adjetivos gentílicos, diz-se que quem nasce em “Lima”, “Buenos Aires” e “Jerusalém” é:
a) Limalho-Portenho-Jerusalense;
b) Limenho-Bonaerense-Hierosolimita;
c) Límio-Portenho-Jerusalita;
d) Limenho-Bonaerense-Jerusalita;
e) Limeiro-Bonaerense-Judeu;

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LÍNGUA PORTUGUESA

4.No trecho “os jovens estão mais ágeis que seus 9.O item em que a locução adjetiva não corresponde
pais”, temos: ao adjetivo dado é:
a) um superlativo relativo de superioridade; a) hibernal - de inverno;
b) um comparativo de superioridade; b) filatélico - de folhas;
c) um superlativo absoluto; c) discente - de alunos;
d) um comparativo de igualdade. d) docente - de professor;
e) um superlativo analítico de ágil. e) onírico - de sonho.

5. Relacione a 1ª coluna à 2ª: 10. Assinale a alternativa em que todos os adjetivos


1 - água de chuva ( ) Fluvial têm uma só forma para os dois gêneros:
2 - olho de gato ( ) Angelical a) andaluz, hindu, comum;
3 - água de rio ( ) Felino b) europeu, cortês, feliz;
4 - Cara-de-anjo ( ) Pluvial c) fofo, incolor, cru;
d) superior, agrícola, namorador;
Assim temos: e) exemplar, fácil, simples.
a) 1 – 4 – 2 – 3;
b) 3 – 2 – 1 – 4; (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.
c) 3 – 1 – 2 – 4; com/2009/07/adjetivos-exercicios-com-gabarito.html)
d) 3 – 4 – 2 – 1;
e) 4 – 3 – 1 – 2. Gabarito:

6. Nas orações “Esse livro é melhor que aquele” e “Este 1. D


livro é mais lindo que aquele”, Há os graus comparativos: 2. D
a) de superioridade, respectivamente sintético e 3. B
analítico; 4. B
b) de superioridade, ambos analíticos; 5. D
c) de superioridade, ambos sintéticos; 6. A
7. C
d) relativos;
8. A
e) superlativos.
9. B
10. E
7. Selecione a alternativa que completa corretamente
as lacunas da frase apresentada:
ADVÉRBIOS
“Os acidentados foram encaminhados a diferentes
clínicas ____________________” .
Leia as frases abaixo:
a) médicas-cirúrgicas;
a) João cantou na festa.
b) médica-cirúrgicas; b) João cantou muito bem na festa.
c) médico-cirúrgicas;
d) médicos-cirúrgicas; Percebemos que ainda que se trate da mesma
e) médica-cirúrgicos. informação (João cantou em uma festa), no segundo
exemplo os termos destacados apresentam uma
8. Sabe-se que a posição do adjetivo, em relação ao circunstância que modifica o modo do verbo. Além de
substantivo, pode ou não mudar o sentido do enunciado. cantar, João cantou muito bem.
Assim, nas frases “Ele é um homem pobre” e “Ele é um
pobre homem”. Há outras formas desse processo, vejamos:
a) 1ª fala de um sem recursos materiais; a 2ª fala de
um homem infeliz; Ontem recebi flores de meu amado.
b) a 1ª fala de um homem infeliz; a 2ª fala de um Aqui também há uma modificação de circunstância
homem sem recursos materiais; referente ao verbo “receber”. Através da palavra “ontem”,
c) em ambos os casos, o homem é apenas infeliz, sem temporalizamos a ação, inserindo-a em um determinado
fazer referência a questões materiais; contexto. Justamente essa é a função da classe gramatical
d) em ambos os casos o homem é apenas desprovido chamada advérbios.
de recursos;
e) o homem é infeliz e desprovido de recursos
materiais, em ambas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbios são palavras invariáveis que modificam LOCUÇÃO ADVERBIAL


e inserem circunstância aos verbos, adjetivos e a outros
advérbios. Já que o advérbio é a classe que insere circunstância
a um verbo, haverá situações que outras classes exercerão
Quando falamos em circunstância tratamos dos a mesma função, geralmente através da construção
diferentes contextos em que se pode modificar um verbo, preposição + substantivo.
um adjetivo ou outro advérbio. Por isso o advérbio possui Chamamos de locução de adverbial o conjunto de
uma extensa classificação. palavras que exercem a mesma função semântica de um
advérbio. Vejamos alguns exemplos:
CLASSIFICAÇÃO DOS ADVÉRBIOS: a) Tempo: à noite, à tarde, às vezes, de dia, de manhã,
de vem em quando, em breve.
a) Advérbios de modo: modo de ação do verbo – b) Lugar: à direita, à esquerda, ao lado, de cima, de
bem, mal, melhor, pior, depressa, devagar, rapidamente e fora, de dentro, embaixo, em cima.
todos os adjetivos femininos terminados em -mente. c) Modo: às pressas, à vontade, às claras, em geral, em
O carro corria depressa. silêncio, em vão.
Joana estava mal na festa. d) Afirmação: Com certeza, de fato, na verdade, sem
Por que Maria anda tão devagar? dúvida.
O aluno leu lindamente o poema. e) Negação: De modo algum, de forma alguma, de
maneira nenhuma.
b) Advérbios de lugar: localizam a ação do verbo –
aqui, lá, acolá, longe, fora, dentro, perto, acima, abaixo. EXERCÍCIOS
Aqui neva muito.
A professora mora longe da escola. 1. (ITA-2003) A questão a seguir refere-se ao texto
Você vive perto de seus familiares? abaixo.
(…) As angústias dos brasileiros em relação ao português
c) Advérbios de intensidade: intensificam ou
são de duas ordens. Para uma parte da população, a que não
minimizam a ação do verbo, do adjetivo ou outro
teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu
advérbio – muito, pouco, menos, mais, bastante, tão, todo,
galgar posições, o problema é sobretudo com a gramática.
completamente.
É esse o público que consome avidamente os fascículos e
Maria é a mais bela da sala.
livros do professor Pasquale, em que as regras básicas do
Trabalhei muito no fim de semana.
idioma são apresentadas de forma clara e bem-humorada.
Cantou muito bem na festa.
Para o segmento que teve oportunidade de estudar em
d) Advérbios de afirmação: confirmam a ação do bons colégios, aprincipaldificuldade é com clareza. É
verbo – sim, positivamente, certamente, efetivamente. para satisfazer a essa demanda que um novo tipo de
Certamente farei a avaliação. profissional surgiu: o professor de português especializado
Sim, amo muito você. em adestrar funcionários de empresas. Antigamente, os
cursos dados no escritório eram de gramática básica e se
e) Advérbios de negação: negam a ação do verbo – destinavam principalmente a secretárias. De uns tempos
nunca, não, jamais, nada para cá, eles passaram a atender primordialmente gente
O funcionário não concluiu o relatório. de nível superior. Em geral, os professores que atuam em
Nunca o deixarei. firmas são acadêmicos que fazem esse tipo de trabalho
esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. “É
f) Advérbios de dúvida: não confirmam ação do fascinante, porque deixamos de viver a teoria para enfrentar
verbo – talvez, possivelmente. a língua do mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, livre-
Talvez viaje nas férias. docente pela Universidade de São Paulo (…)
Possivelmente ela virá nos visitar. (JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão.
Veja, 7/11/2001, n. 1725)
g) Advérbios de tempo: temporalizam a ação do O adjetivo “principal” (em a principal dificuldade é
verbo – agora, cedo, já, tarde, depois, antes, sempre, ontem, com clareza) permite inferir que a clareza é apenas um
hoje, amanhã. elemento dentro de um conjunto de dificuldades, talvez o
Amanhã voltarei ao trabalho. mais significativo. Semelhante inferência pode ser realizada
Acordei cedo neste fim de semana, pelos advérbios:
a) avidamente, principalmente, primordialmente.
h) Advérbios interrogativos: inserem perguntas cujas b) sobretudo, avidamente, principalmente.
respostas serão advérbios – onde (lugar), como (modo), c) avidamente, antigamente, principalmente.
por que (causa), quando (tempo). d) sobretudo, principalmente, primordialmente.
Onde você mora? e) principalmente, primordialmente, esporadicamente.
Quando você vem me visitar?

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. Observe as palavras: Nos exemplos acima, além de informar o gênero


I. Hoje. (feminino/masculino) e número (singular/plural), o artigo
II. Aqui. determina o nome, pressupondo um conhecimento
III. Rapidamente. anterior.
IV. Bastante.
V. Com certeza. b) Artigos indefinidos: um, uma, uns, umas. Denotam
serem indefinidos, não identificáveis através do discurso.
Classificam-se, respectivamente, como: Além do mais, uma das funções desse tipo de artigo é
a) advérbios de tempo, lugar, modo, intensidade e inserir o substantivo como um simples representante de
afirmação. determinado grupo:
b) advérbios de modo, tempo, intensidade, afirmação
e negação. Uma mulher foi encontrada dentro de um trem
c) advérbios de dúvida, tempo, lugar, modo e abandonado.
intensidade. Contratou-se mais um funcionário na empresa.
d) advérbios de tempo, lugar, modo, afirmação e
dúvida. Já nas frases acima, apesar das informações de gênero
e) advérbios de dúvida, afirmação, lugar, modo e
e número, o artigo não denota familiaridade do substantivo
intensidade.
acompanhado, inserindo-o numa relação de indistinção.
3. Entende-se por advérbio:
Utilizamos o artigo definido nas seguintes situações:
a) Unidade que significa ação ou processo, podendo
expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número.
b) Expressão modificadora do verbo, denota uma a) Com nomes próprios ligados a lugares: O Brasil é
circunstância de lugar, tempo, modo, intensidade, condição, um país lindo.
entre outras, e desempenha, sintaticamente, a função de A Bahia é minha terra natal.
adjunto adverbial.
c) Classe de palavras responsável por delimitar ou Atenção!
qualificar o substantivo. Dentre essa regra dos lugares e nomes próprios, há
d) Classe que designa os nomes dos objetos, pode ser alguns que atraem e outros que repelem o artigo.
dividida em próprios e comuns.
e) Palavra anteposta aos substantivos com reduzido Nomes de lugares que repelem artigo definido:
valor semântico. Portugal, Roma, Atenas, Curitiba, São Paulo, Paris

(Exercícios retirados de http://exercicios. b) Também utiliza-se o artigo definido frente a


mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-gramatica/ nomes de cidades, quando qualificadas:
exercicios-sobre-adverbio.htm) A mágica Páris ainda encanta a muitos.
A histórica Roma possui ainda seus enigmas.
Gabarito:
c) Após a expressão “ambos”: Ambas as alunas foram
1d advertidas na escola.
2a Foram entrevistados ambos os políticos.
3b
ARTIGO c) Determinando numeral na construção formada
por TODO + Numeral + Substantivo: Todas as quinze
Chamamos de artigo as palavras que se antepõem alunas foram ouvidas.
ao substantivo, indicando seu gênero e número, além
d) Após os pronomes TODO/TODA, a fim de indicar
de determiná-lo ou generalizá-lo. São classificados em
totalidade: Toda a cidade será reconstruída.
definidos e indefinidos:
Vale destacar que sem esse artigo o mesmo pronome
denota “qualquer um”. Ex.: Todo homem é mortal.
a) Artigos definidos: o, a, os, as. Possuem a função
de satélite do substantivo, determinando-o e inserindo-o Também é utilizado o artigo definido nas seguintes
num contexto já conhecido pelo leitor ou ouvinte, indicado situações:
familiaridade.
Exemplos: e) Frente as estações do ano: A primavera está quase
chegando. Ele não gosta do Outono.
A discussão a respeito do cenário político atual ainda
persiste. f) Antecedendo o adjetivo no grau superlativo
O funcionário da empresa foi contratado para sanar a relativo: João comprou os mais belos livros para Maria.
crise.

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g) Em frente a palavra “outro”, determinando-o: João tem duas alunas: Maria e Lúcia. Maria é aplicada e a outra
nem tanto.

h) Com expressões de medida: A maçã custa cinco reais o quilo.

Não utilizamos o artigo definido nos seguintes contextos:

a) antes de meses do ano:


Março chegou com muita chuva.

b) antes de pronomes de tratamento iniciados por pronomes possessivos


Vossa Senhoria não entendeu a questão.

c) antes de expressões que indicam matéria de estudo:


Vou estudar Matemática para a avaliação.

Importante!
Em algumas construções o uso do artigo definido é facultativo, tais como em:

* Antes dos pronomes possessivos seu, sua: O seu carro foi consertado.
A sua sala está linda!

* Antes de nomes próprios de pessoas: Maria saiu / A Maria saiu.


Vale ressaltar que neste caso, o artigo definido denota familiaridade com a pessoa mencionada.

Formas combinadas do artigo definido


É possível um artigo contrair-se a uma preposição, quando ocupa função de complemento ou adjunto:

Artigo
Preposições o a os aas
a ao às aos às
de do das dos das
em no na nos nas
por pelo pela pelos pelas

USO DOS ARTIGOS INDEFINIDOS

Neste caso, é sempre usado para marcar aproximação, sem informação exata, tal como em:

a) aproximação numérica: Devo ter economizado uns cinquenta reais.


b) indicando pares de objetos: Comprei umas botas confortáveis.
c) referir-se ao autor no lugar da obra: Meu sonho é ver um Picasso de perto.
d) em comparações: João é um Lord.

Formas combinadas do artigo indefinido


O artigo indefinido por unir-se às preposições em e de. Vejamos:

num numa nuns numas


dum duma duns dumas

Além do mais, o artigo tem função substantivadora, ou seja, transforma em substantivo qualquer classe gramatical que
anteceder.
Ele quer viver. (verbo)
Eu não sei o que é o viver (substantivo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exercícios b) Substantivo Próprio: iniciados por letra maiúscula,


são os substantivos que particularizam os seres de uma
1. (ITA) Determine o caso em que o artigo tem valor mesma espécie.
qualificativo: Ex.: Paulo, Brasil, Jorge Amado, Vidas Secas.
a) Estes são os candidatos que lhe falei.
b) Procure-o, ele é o médico! Ninguém o supera. c) Substantivo simples: aquele que possui um único
c) Certeza e exatidão, estas qualidades não as tenho. radical.
d) Os problemas que o afligem não me deixam Ex.: chuva, guarda, moleque, cabeça
descuidado.
e) Muito é a procura; pouca é a oferta. d) Substantivo composto: o substantivo que possui
mais de um radical, formado por duas ou mais palavras.
2. (Uberlândia) Em uma destas frases, o artigo Ex.: guarda-chuva, quebra-cabeça, guarda-roupa.
definido está empregado erradamente. Em qual? a) A
velha Roma está sendo modernizada. e) Substantivo primitivo: aquele que não deriva de
b) A “Paraíba” é uma bela fragata. outras palavras, mas que pode dar origem a outras.
c) Não reconheço agora a Lisboa de meu tempo. Ex.: pedra, flor, casa, mesa.
d) O gato escaldado tem medo de água fria.
e) O Havre é um porto de muito movimento. e) Substantivo derivado: substantivos que derivam de
outras palavras.
(Exercícios retirados de https://cursinhodapoliusp.files. Ex.: pedreiro (pedra), floricultura (flor), casamento
wordpress.com/2012/05/lista-de-exercc3adcios-pron-art- (casa).
e-num.pdf)
f) Substantivo concreto: designa seres com existência
Gabarito concreta, independente, real.
Ex.: casa, martelo, cadeira, cavalo.
1. b
g) Substantivo abstrato: substantivo que nomeia
2-d
sentimentos, ações, emoções, qualidades. Esse tipo de
substantivo depende de “alguém” que os sinta ou possua
SUBSTANTIVO
para existir, não podem existir de maneira independente.
Ex.: amor, ódio, saudade, alegria, beleza, amizade, beijo.
Substantivos são as palavras que dão nomes aos seres,
sentimentos, lugares, qualidades, lugares etc…Devido a Obs.: Palavras como “fada”, “Deus’, “anjo” são
essa função de nomeação, afirma-se que os substantivos substantivos concretos, pois não se tratam de sentimentos
são núcleo de um sintagma nominal, cujos satélites são abstratos.
os adjetivos, artigos, numerais e pronomes. Ou seja, o
substantivo determina a variação de gênero e número h) Substantivo coletivo: aquele que designa um
dessas outras classes gramaticais: conjunto de seres.
Ex. [A minha bela filha] foi promovida. - (como o Assembleia: grupo de pessoas
substantivo está no singular, as outras classes que o • Banca: grupo de examinadores
circundam também estão. • Banda: grupo de instrumentistas
[As minhas belas filhas] foram promovidas. (aqui as • Bando: grupo de desordeiros
classes satélites concordam em gênero e número com • Batalhão: grupo de soldados
o substantivo). • Caravana: grupo de viajantes
• Cavalgada: grupo de cavaleiros
Chamamos a parte entre colchetes de sintagma • Comunidade: grupo de cidadãos
nominal, uma vez que é o nome (o substantivo) o núcleo • CorjaouCholdra: grupo de malandros
com a informação semântica predominante. • Chusma: grupo de gente
Os substantivos são uma classe variável em gênero, • Concílio: grupo de bispos
número e grau. • Conclave: grupo de cardeais reunidos para eleger
o papa
1) Tipos de Substantivos • Congresso: grupo de parlamentares
Por ser uma classe tão ampla, divide-se os substantivos • Corpo docente: grupo de professores
em: comum, próprio, simples, composto, primitivo, • Elenco: grupo de atores, artistas
derivado, concreto, abstrato e coletivo. • Exército: grupo de soldados
• Falange: grupo de soldados ou anjos
a) Substantivo Comum: designam os seres integrantes • Família: grupo dos parentes
da mesma espécie de modo genérico. • Farândola: grupo de mendigos
Ex.: gente, trabalhador, aluno, funcionário, pedra. • Horda: grupo de bandidos invasores
• Junta: grupo de médicos, credores, examinadores

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Júri: grupo de jurados O proclama


• Legião: grupo de soldados, anjos ou demônios O grama (peso)
• Malta: grupo de malfeitores O cabeça (chefe)
• Multidão: grupo grande de pessoas O capital (dinheiro)
• Orquestra: grupo de instrumentistas O cólera (raiva)
• Plateia: grupo de espectadores
• Plêiade: grupo de artistas correlacionados Substantivos do gênero feminino
• PopulaçãoouPovo: grupo de pessoas de uma
determinada região A cal,
• Prelatura: grupo de bispos A libido,
• Prole: grupo de filhos A faringe,
• Quadrilha: grupo de bandidos ou grupo de dança A pane,
coletiva das festas juninas A grama (capim)
• Tertúlia: grupo de parentes ou amigos A cabeça (parte da cabeça)
• Time: grupo de jogadores A capital (centro administrativo)
• Tripulação: grupo de marinheiros ou aviadores A cólera (doença)
• Tropa: grupo de soldados
• Turma: grupo de alunos de uma mesma classe 3) Número dos substantivos
Os substantivos variam de número (singular e plural) e
apresentam as seguintes regras de flexão:
2) Gênero dos substantivos
Os substantivos variam de gênero (masculino e a) regra geral: acrescenta-se “s” ao fim da palavra.
feminino) e podem ser: Ex.: casa/casas, aluno/alunos, gato/gatos.

a) biformes: apresentam duas formas, uma para o b) substantivos terminados em -m: substitui-se tal
masculino e outra para o feminino. letra por “-ns”
Ex.: menino/menina, garoto/garota, aluno/aluna, Ex.: Álbum – álbuns
professor/professora. Personagem – personagens
Som – sons
b) uniformes: apenas uma forma especifica os dois
gêneros. Os substantivos uniformes podem ser: c) substantivos terminados em -r, -z e -n: acrescenta-
se “es”:
- epicenos: denomina animais e determina um único Ex.:Cartaz – cartazes
gênero. Algoz – algozes
Ex.: borboleta, barata, cobra-macho, cobra-fêmea. Caráter – caracteres
Feitor – feitores
- comum de dois gêneros: palavra invariável cujo Abdômen – Abdômenes
gênero é indicado através da presença do artigo que o
antecede. d) substantivos terminados em – l:
Ex.: o repórter/a repórter, o pianista/a pianista, o Substantivos terminados em -al, -el, -ol, ul – substitui-se
jornalista/a jornalista. o “l”, por “is”:
Ex.: Anzol – anzóis
- sobrecomuns: apresenta um único gênero, mas se Capinzal – capinzais
refere ao masculino e ao feminino. Móvel - móveis
Ex.: testemunha, verdugo, algoz, criança. Tribunal – tribunais

Importante: substantivos de gênero incerto Substantivos oxítonos terminados em -il: substitui-se o


“l” por “s”:
Alguns substantivos mudam de significado frente o Ex.: Fuzil – fuzis
artigo que o antecede. Além disso, são comuns alguns Barril – barris
erros no tocante à indicação de gênero de determinados Funil – funis
nomes. Vejamos: Civil – civis
Canil – canis
Substantivos de gênero masculino
Substantivos paroxítonos terminados por – il: substitui-
O dó, se “il” por “eis”:
O herpes, Ex.: Ágil – ágeis
O eclipse, Difícil – difíceis
O pernoite, Fóssil – fósseis
O champanha, Projétil – projéteis

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LÍNGUA PORTUGUESA

e) Substantivos terminados em -s: - Palavras repetidas ou onomatopaicas: apenas o


- Quando oxítonos formam plural com o acréscimo de “es”: segundo elemento vai para o plural.
Ex.:Ananás – ananases Ex.: Teco-teco – teco-tecos
Revés – reveses Pingue-pongue – pingue-pongues
Revés – reveses
- Palavras unidas por preposição: apenas o primeiro
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos são elemento vai para o plural.
invariáveis: Ex.: Estrela-do-mar – estrelas-do-mar
Ex.: Lápis
Ônibus - Substantivo + elemento especificador: chamamos de
Pires elemento especificador o substantivo que denota a função
Atlas específica do primeiro do substantivo do. Aqui apenas o
primeiro elemento vai para o plural:
f) Alteração de vogal tônica: alguns substantivos Ex.: Caneta-tinteiro – canetas-tinteiro
alteram o timbre quando flexionados no plural. Navio-escola – navios-escola
Ex.: Esforço – EsfOrços Pombo-correio- pombos-correio.
Jogos – JOgos
Imposto – ImpOstos Exercícios
Reforço – RefOrços
Tijolo – TijOlos 1. Numa das seguintes frases, há uma flexão de plural
grafada erradamente:
g) Substantivos terminados em -ão: a) os escrivães serão beneficiados por esta lei.
- Em sua grande maioria se substitui “ão” por “ões”: b) o número mais importante é o dos anõezinhos.
c) faltam os hifens nesta relação de palavras.
Ex.: Ladrão – ladrões
d) Fulano e Beltrano são dois grandes caráteres.
Vilão – vilões
e) os répteis são animais ovíparos.
Eleição – eleições
Verão – verões
2. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da
Lição – lições
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
Missão – missões a) vulcão, abaixo-assinado;
b) irmão, salário-família;
- Poucas palavras substituem “ão” por “ães”: c) questão, manga-rosa;
Ex.: Alemão – alemães d) bênção, papel-moeda;
Capitão – capitães e) razão, guarda-chuva.
Charlatão – charlatães
Capelão – capelães 3. Assinale a alternativa em que está correta a formação
Catalão – catalães do plural:
a) cadáver – cadáveis;
- Todas as paroxítonas e algumas oxítonas acrescentam b) gavião – gaviães;
apenas o “s”: c) fuzil – fuzíveis;
Ex.:Acórdão – Acórdãos d) mal – maus;
Cidadão – cidadãos e) atlas – os atlas.
Cortesão – cortesãos
Benção – bençãos 4. Indique a alternativa em que todos os substantivos
Órfão – órfãos são abstratos:
Órgão – órgãos a) tempo – angústia – saudade – ausência – esperança–
Sótão – sótãos imagem;
b) angústia – sorriso – luz – ausência – esperança –
h) Substantivos compostos separados por hífen : inimizade;
- palavra variável + palavra variável: ambos vão para o c) inimigo – luz – esperança – espaço – tempo;
plural. d) angústia – saudade – ausência – esperança –
Ex.: guarda-florestal – guardas-florestais inimizade;
couve-flor – couves-flores e) espaço – olhos – luz – lábios – ausência – esperança.
segunda-feira – segundas-feiras
mão-boba – mãos-bobas 5. Assinale a alternativa em que todos os substantivos
são masculinos:
- Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo: apenas a) enigma – idioma – cal;
a segunda palavra vai para o plural. b) pianista – presidente – planta;
Ex.: Guarda-chuva – guarda-chuvas c) champanha – dó(pena) – telefonema;
Sempre-viva – sempre-vivas d) estudante – cal – alface;
Beija-flor – beija-flores e) edema – diabete – alface.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6. Sabendo-se que há substantivos que no masculino 12. Indique o grupo de substantivo que só admite o
têm um significado; e no feminino têm outro, diferente. artigo “o” :
Marque a alternativa em que há um substantivo que não a) cal, dó, sentinela;
corresponde ao seu significado: b) contralto, eczema, aluvião;
a) O capital = dinheiro; c) hosana, apêndice, apendicite;
A capital = cidade principal; d) telefonema, eclipse, afã;
e) trama, elipse, omoplata.
b) O grama = unidade de medida;
A grama = vegetação rasteira; 13. Indique a alternativa que apresenta erro na forma
do plural:
c) O rádio = aparelho transmissor; a) sol: sóis; fúsil: fúseis; anão: anões;
A rádio = estação geradora; b) peão: peões; guardião: guardiãos; caráter: caracteres;
c) órgão: órgãos;corrimão: corrimãos; mel: méis;
d) O cabeça = o chefe; d) sótão: sótãos; álcool: álcoois; cônsul: cônsules;
A cabeça = parte do corpo; e) faisão: faisães; anil: anis; capitão: capitães.
e) A cura = o médico. 14. Assinale a alternativa que contiver todos os termos
O cura = ato de curar. com plural correto:
a) luso-brasileiras; rosas-chá; sapatos-areia; decretos-
7. Marque a alternativa em que haja somente lei;
substantivos sobrecomuns: b) guardas-marinha; prócers; procônsules; totens;
a) pianista – estudante – criança; c) grã-cruzes; chefes-de-seção; surdo-mudos; primas-
b) dentista – borboleta – comentarista; donas;
c) crocodilo – sabiá – testemunha; d) saias-calças; ouvidores-mor; baixos-relevos; gatos-
d) vítima – cadáver – testemunha; pingados;
e) criança – desportista – cônjuge.
e) sapatos-de-cristais; coronéis-de-barrancos; olhosde-
gatos.
8. Aponte a seqüência de substantivos que, sendo
originalmente diminutivos ou aumentativos, perderam
15. Entre os substantivos aqui relacionados, há um que
essa acepção e se constituem em formas normais,
é do masculino qual?
independentes do termo derivante:
a) hóstia;
a) pratinho – papelinho – livreco – barraca;
b) tampinha – cigarrilha – estantezinha – elefantão; b) Anátema;
c) cartão – flautim – lingüeta – cavalete; c) Ráfia;
d) chapelão – bocarra – cidrinho – portão; d) Antífona;
e) palhacinho – narigão – beiçola – boquinha. e) Estenia.

9. Dados os substantivos “caroço”, “imposto”, “coco” (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.


e “ovo”, conclui-se que, indo para o plural a vogal tônica com/2009/07/substantivo-exercicios-com-gabarito.html)
soará aberta em:
a) apenas na palavra nº 1; GABARITO:
b) apenas na palavra nº 2; 1. D
c) apenas na palavra nº 3; 2. C
d) em todas as palavras; 3. E
e) N.D.A. 4. D
10. Marque a alternativa que apresenta os femininos de 5. C
“Monge”, “Duque”, “Papa” e “Profeta”: 6. E
a) monja – duqueza – papisa – profetisa; 7. D
b) freira – duqueza – papiza – profetisa; 8. C
c) freira – duquesa – papisa – profetisa; 9. E
d) monja – duquesa – papiza – profetiza; 10. E
e) monja – duquesa – papisa – profetisa. 11. B
12. D
11.O plural dos substantivos “couve-flor”, “pão-de-ló” 13. B
e “amor-perfeito”, é: 14. A
a) couve-flores; pães-de-ló; amores-perfeitos; 15. B
b) couves-flores; pães-de-ló; amores-perfeitos;
c) couves-flores; pão-de-ló; amor-perfeitos;
d) couves-flores; pão-de-lós; amores-perfeitos;
e) couves-flores; pães-de-ló; amor-perfeitos.

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GRAU DOS SUBSTANTIVOS – AUMENTATIVO E eta saleta


DIMINUTIVO
ebre casebre
Substantivos são palavras que nomeiam os seres. E acho riacho
como estes são múltiplos, com características diversas, ote filhote
o substantivo precisa ser uma classe variável, alternando im espadachim
sua forma conforme gênero e número. E uma vez que os ejo lugarejo
seres também possuem tamanhos distintos, uma variante eco, eca Jornaleco, soneca
possível do substantivo é o grau, podendo ser aumentativo
ou diminutivo. No grau analítico diminutivo dispomos dos seguintes
Há duas formas de realizar o grau aumentativo e o adjetivos:
diminutivo: através do processo sintético (unindo ao radical pequeno
da palavra um sufixo correspondente ao aumentativo ou reduzido
diminutivo) e o analítico (a partir da união de um adjetivo minúsculo
que denota aumento ou diminuição). Vejamos: pequenino
Grau normal: casa miúdo
Grau analítico aumentativo: casa grande
Grau analítico diminutivo: casa pequena EXERCÍCIOS
Grau sintético aumentativo: casarão
Grau sintético diminutivo: casinha 1. Assinale a alternativa em que o substantivo em
destaque está flexionado no grau aumentativo ou
Quando tratamos do grau sintético aumentativo, diminutivo.
alguns sufixos são usados para essa função: a) O médico disse-me que o problema era ocoração.
b) Atendi o vendedor noportão.
Sufixo Exemplos c) Oriachoé límpido.
aça barcaça d) Oferrãodo marimbondo é sua defesa.
alha muralha e) Muitascartilhasescolares foram encontradas no lixo.
alhão grandalhão
2. O plural diminutivo de “mulher” e “cão” é:
ão carrão a) mulherzinhas e cãozinhos.
zarrão homenzarrão b) mulherezinhas , cãezinhos.
eirão vozeirão c) mulherezinhas e cãosinhos.
uça dentuça d) mulheresinhas e cãezinhos.
aréu povaréu e) mulhersinhas e cãesinhos.
astro poetastro
(Exercícios retirados de http://
alhaz facalhaz
saladelinguaportuguesablog.blogspot.com.br/2014/05/
aço filmaço exercicios-sobre-substantivo-com.html)
orra cabeçorra
Gabarito
No tocante ao grau analítico aumentativo, é função de
alguns adjetivos dar ideia de aumento: 1–C
grande 2-B
imenso INTERJEIÇÃO
enorme
gigante A linguagem é um sistema de comunicação. E quando
gigantesco nos comunicamos com o outro, muitas vezes as palavras e
descomunal seus significados são insuficientes, no tocante à expressão
grandíssimo das emoções. Aí surgem as interjeições, palavras invariáveis
colossal que não constituem parte essencial numa frase, mas têm
como função exprimir sentimentos, emoções, reações do
Já no grau diminutivo sintético, temos os seguintes falante. Geralmente estão em frases exclamativas.
sufixos:
Exemplos:
Sufixo Exemplos Ah! Uh-uh! Ui! (encontros vocálicos)
ilha cartilha Nossa! Jesus! (palavras)
inho carrinho Meu pai amado! Que pena! (locuções interjetivas=
conjunto de palavras com função de interjeição)
eto libreto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das interjeições e locuções interjetivas

a) De alegria: Viva! Opa!


b) De advertência: Atenção! Cuidado!
c) De estímulo: Força! Ânimo!
e) De surpresa: Caramba! Vixe!
f) De dor: Ai! Ui!
g) De alívio: Ufa!
h) De desejo: Tomara! Oxalá!
i) De medo: Credo! Cruzes!
j) De concordância: Claro! Tá!
k) De desaprovação: Francamente! Xi!
l) De cumprimento: Alô!Olá!
m) De socorro: Socorro! Ajuda!
n) De afastamento: Sai! Xô!

NUMERAL

Numeral é a classe gramatical que indica a quantidade de seres, assim como seu ordenamento em uma determinada
série. É considerado um satélite do substantivo dentro de um sintagma nominal já que determina o número dos nomes e
sua ordem em um enunciado. Veja os exemplos:
a) Encontrei dois gatos no acampamento.
b) É para ingerir um terço da medicação.
c) Joana ficou em terceiro lugar no concurso.

Classificação dos numerais

Os numerais são classificados em cardinais, ordinais, multiplicativos, fracionários e coletivos.

a) Numerais cardinais: apresentam a quantidade dos seres em geral.


Ex.: um, dois, três, dez, vinte, cem, mil.

b) Numerais ordinais: indicam a ordem, posição de determinado ser.


Ex.: primeiro, segundo, terceiro, quinto, décimo, vigésimo.

c) Numerais multiplicativos: determinam a quantidade de vezes que um elemento foi multiplicado, fazendo referência
a um aumento proporcional desse elemento.
Ex.: triplo, quádruplo, cêntuplo.

d) Numerais fracionários: indicam a segmentação, divisão de um elemento através de frações.


Ex.: um terço, um quinto, dois terços, dois vinte avos.

e) Numerais coletivos: referem-se, no singular, a um conjunto de seres, apresentando um número exato dos mesmos.
Ex.: uma dúzia, uma dezena, um cento.

Veja o quadro explicativo:

Números Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários Coletivos


1 um primeiro
duo, dueto,
2 dois segundo duplo ou dobro meio ou metade
dupla
3 três terceiro triplo ou tríplice terço trio
4 quatro quarto quádruplo quarto quarteto
5 cinco quinto quíntuplo quinto quinteto
6 seis sexto sêxtuplo sexto sexteto
7 sete sétimo séptuplo sétimo
8 oito oitavo óctuplo oitavo
9 nove nono nónuplo nono novena

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LÍNGUA PORTUGUESA

Números Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários Coletivos


10 dez décimo décuplo décimo dezena, década
undécimo ou décimo undécimo ou onze
11 onze undécuplo
primeiro avos
duodécimo ou décimo duodécimo ou
12 doze duodécuplo dúzia
segundo doze avos
13 treze décimo terceiro treze avos
14 catorze décimo quarto catorze avos
15 quinze décimo quinto quinze avos
dezesseis (dezas-
16 décimo sexto dezesseis avos
seis)
dezessete (dezes-
17 décimo sétimo dezassete avos
sete)
18 dezoito décimo oitavo dezoito avos
dezenove (deza-
19 décimo nono dezenove avos
nove)
20 vinte vigésimo vinte avos
21 vinte e um vigésimo primeiro vinte e um avos
30 trinta trigésimo trinta avos
40 quarenta quadragésimo quarenta avos
50 cinquenta quinquagésimo cinquenta avos
60 sessenta sexagésimo sessenta avos
70 setenta septuagésimo setenta avos
80 oitenta octogésimo oitenta avos
90 noventa nonagésimo noventa avos
100 cem centésimo cêntuplo centésimo centena, cento
200 duzentos ducentésimo duzentos avos
300 trezentos tricentésimo trezentos avos
400 quatrocentos quadrigentésimo quatrocentos avos
500 quinhentos quingentésimo quinhentos avos
600 seiscentos seiscentésimo seiscentos avos
700 setecentos septigentésimo setecentos avos
800 oitocentos octigentésimo oitocentos avos
900 novecentos nongentésimo novecentos avos
1 000 mil milésimo milésimo milhar
10 000 dez mil dez milésimos dez mil avos
100 000 cem mil cem milésimos cem mil avos
1 000 000 um milhão milionésimo milionésimo
um bilhão (mil
1 000 000 000 bilhonésimo bilhonésimo
milhões)
1 000 000 000 um trilhão (um trilhonésimo (bilioné- trilionésimo (bilio-
000 bilhão) simo) nésimo)

Flexão dos numerais

Por ser uma classe gramatical do substantivo, o numeral pode apresentar variação de gênero e número, a fim de
estabelecer concordância.

a) Variação dos numerais cardinais: os cardinais apresentam pouca variação de gênero, limitando-se aos seguintes
casos: um, uma, dois, duas, e centenas a partir de duzentos, duzentas, trezentos, trezentas etc… Quanto à variação de
número, verificamos os casos de milhão, milhões, bilhão, bilhões, trilhão, trilhões.

b) Variação dos numerais ordinais: apresentam variação de gênero e número. Ex.: primeiro, primeira, primeiros,
primeiras, segundo, segunda, segundos, segundas…

c) Variação dos numerais multiplicativos: são invariáveis quando não se tratar de adjetivos, qualificando um
substantivo.
Ex.: João tem o duplo do salário de Maria. (numeral invariável)
Maria tem dupla função na empresa. (adjetivo variável).

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Variação dos numerais fracionários: podem 4) (Unitau)


apresentar variação de gênero e número, variação esta “Vivemos numa época de tamanha insegurança
condicionada pelo cardinal que anteceder o fracionário. externa e interna, e de tamanha carência de objetivos
Ex.: Comprei um quarto do terreno. firmes, que a simples confissão de nossas convicções
Comprei dois quartos do lote. pode ser importante, mesmo que essas convicções, como
todo julgamento de valor, não possam ser provadas por
Foi vendido um terço do prédio. deduções lógicas.
Foi vendida uma terça parte da empresa. Surge imediatamente a pergunta: podemos considerar
a busca da verdade - ou, para dizer mais modestamente,
e) Variação dos numerais coletivos: variam apenas nossos esforços para compreender o universo cognoscível
em número. Ex.: uma dúzia, duas dúzias, um cento, dois através do pensamento lógico construtivo - como um
centos. objeto autônomo de nosso trabalho? Ou nossa busca da
verdade deve ser subordinada a algum outro objetivo,
Exercícios de caráter prático, por exemplo? Essa questão não pode
ser resolvida em bases lógicas. A decisão, contudo, terá
1) Identifique se o termo destacado é numeral ou considerável influência sobre nosso pensamento e nosso
artigo indefinido. julgamento moral, desde que se origine numa convicção
a) Você só tem uma vida. Cuide bem dela. profunda e inabalável Permitam-me fazer uma confissão:
b) Ele não fala uma palavra de chinês! para mim, o esforço no sentido de obter maior percepção
c) Aqueles invasores podem representar uma ameaça e compreensão é um dos objetivos independentes sem os
para os índios. quais nenhum ser pensante é capaz de adotar uma atitude
d) A decomposição desse material pode demorar um consciente e positiva ante a vida.
século. Na própria essência de nosso esforço para
compreender o fato de, por um lado, tentar englobar a
2) Alguns substantivos ou adjetivos podem ser grande e complexa variedade das experiências humanas,
empregados para indicar quantidades numéricas. e de, por outro lado, procurar a simplicidade e a economia
Identifique essas palavras em cada texto e escreva seu nas hipóteses básicas. A crença de que esses dois objetivos
significado. podem existir paralelamente é, devido ao estágio primitivo
a) Após uma década de perseguição, Maomé e de nosso conhecimento científico, uma questão de fé. Sem
seus seguidores migraram para Medina, a cerca de 300 essa fé eu não poderia ter uma convicção firme e inabalável
quilômetros de Meca. O profeta veio a governar a cidade acerca do valor independente do conhecimento.
e, vários anos depois, ele e um pequeno exército de fiéis Essa atitude de certo modo religiosa de um homem
retornaram a Meca. (National Geographic) engajado no trabalho científico tem influência sobre toda
b) Há pouco mais de um século, os imigrantes sua personalidade. Além do conhecimento proveniente da
trouxeram agitação para a cidade de São Paulo. Sua grande experiência acumulada, e além das regras do pensamento
riqueza é a sua diversidade cultural, constituída de mais de lógico, não existe, em princípio, nenhuma autoridade cujas
70 grupos étnicos e nacionais. (Folha de S. Paulo) confissões e declarações possam ser consideradas “Verdade
c) Numa vaquejada que houve na fazenda vieram todos “ pelo cientista. Isso leva a uma situação paradoxal: uma
os vaqueiros daquelas bandas. Meu pai matou meia dúzia pessoa que devota todo seu esforço a objetivos materiais
de vacas e abriu pipas de vinho branco para quem quisesse se tornará, do ponto de vista social, alguém extremamente
beber. Nunca se tinha dado festa igual.(Graciliano Ramos) individualista, que, a princípio, só tem fé em seu próprio
d) A educação indígena diferenciada e bilíngue no Acre julgamento, e em nada mais. É possível afirmar que o
ainda tem um longo caminho a percorrer. A maior parte individualismo intelectual e a sede de conhecimento
dos professores só leciona do 1º ao 5º ano, mas já há um científico apareceram simultaneamente na história e
grupo ensinando do 6º ao 9º ano.(O Estado de S. Paulo) permaneceram inseparáveis desde então. “
e) Durante o Festival Toonik Tyme, os inuits, habitantes (Einstein, in: “O Pensamento Vivo de Einstein”, p. 13
do ártico canadense, revivem seus costumes milenares. e 14, 5a. edição, Martin Claret Editores)

3) (UFPI)Aponte a alternativa em que os numerais estão Observe:


bem empregados. I. “Essa atitude de certo modo religiosa de ‘um’ homem
a) Ao papa Paulo Seis sucedeu João Paulo Primeiro. engajado no trabalho...”
b) Após o parágrafo nono virá o parágrafo décimo. II. “Pedro comprou ‘um’ jornal”
c) Depois do capítulo sexto, li o capitulo décimo III. “Maria mora no apartamento ‘um’.”
primeiro. IV. “Quantos namorados você tem?” ‘Um’.
d)Antes do artigo dez vem o artigo nono.
e) O artigo vigésimo segundo foi revogado.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

A palavra “um” nas frases acima é, no plano morfológico, EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES
respectivamente:
a) artigo indefinido em I e numeral em II, III e IV. Considerando que as preposições unem termos entre
b) artigo indefinido em I e II e numeral em III e IV. si, criando uma relação de sentido, elas podem se unir a
c) artigo indefinido em I e III e numeral em II e IV. outras classes gramaticais, tais como artigo e pronome, a
d) artigo indefinido em I, II, III e IV. fim de promover esse elo significativo. Neste caso, haverá
e) artigo indefinido em III e IV e numeral em I e II. os processos que chamamos de contração e combinação.

(Exercícios retirados de http:// Combinação


tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com.br/2013/01/ Chamamos de combinação a união da preposição a
numeral-classificacao-e-flexao.html) outra classe gramatical, sem perda fonética ou estrutural.
Ou seja, a união mantém a estrutura das duas classes
Gabarito unidas.

1 -Numeral, Artigo, Artigo, Numeral Preposição Classe gramatical Combinação


2. década(dez anos), século(cem anos), meia dúzia(seis), a O (artigo) ao
bilíngue( duas línguas), milenares(mil anos). a Os (artigo) aos
3-D a Onde (pronome) aonde
4-B
Contração
PREPOSIÇÃO
Aqui a união da preposição com outra classe gramatical
Preposição é a classe invariável cuja função é ligar dois garante perda fonética e transformação da estrutura das
termos entre si, subordinando um ao outro, criando uma classes unidas.
relação de sentido.
Chamamos de regente o termo que antecede a Preposição Classe Gramatical Contração
preposição e regido o que a sucede a a à
Ex.:
de o do
1) Esta é uma casa de barro.
de a da
Termo regente: casa
por a pela
Termo regido: barro
por o pelo
2) Voltou para casa a pé em aquele naquele
Termo regente: casa em aquela naquela
Termo regido: pé de entre dentre
Podemos perceber nos exemplos acima que, além de de um dum
unir dois termos entre si, as preposições “de” e “a” também de uma duma
criam uma relação de sentido entre as palavras interligadas. em um num
No primeiro, “de barro” informa o material do qual é feita a em uma numa
casa e, no segundo, o instrumento da caminhada. em o no
As preposições são dividades em essenciais e acidentais. em a na
As preposições essenciais (aquelas que somente
funcionam como preposição) são: Preposição antecedendo o sujeito do verbo
Não é correto realizar a contração da preposição “de”
com o artigo que determina o sujeito de um verbo:
A – ante – até- após- com- contra- de- desde – Está na hora de a menina começar a estudar (e não “da
em – entre – para – perante - - por – sem – sob menina começar a estudar”)
– sobre - trás
Valores semânticos da preposição
Já as acidentais consistem em palavras advindas
de outras classes gramaticais que podem atuar como
preposições: Lugar Está em Brasília
Origem Veio do Sul
Como – conforme – consoante – exceto – Causa Morreu de fome
mediante – salvo – segundo – senão Assunto O livro é sobre política
Meio Veio de avião
Posse O livro é do João
Matéria A mesa é de madeira

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LÍNGUA PORTUGUESA

Companhia Vim com Pedro a) falta; companhia; posse; meio; fim


b) companhia; falta; posse; fim; meio
Ausência Estou sem ânimo
c) companhia; posse; falta; meio; fim
Modo Fique à vontade d) companhia; falta; meio; posse; fim
Tempo Dias após dia e) companhia; falta; posse; meio; fim
Instrumento Cortou a linha com a tesoura
Especialidade Ela é formada em Medicina 04. (UFPA) No trecho: “(O Rio) não se industrializou,
Oposição Ele é contra a reforma deixou explodir a questão social, fermentada por mais
de dois milhões de favelados, e inchou, à exaustão,
Finalidade O livro é para educar-se
uma máquina administrativa que não funciona...”, a
Locução Prepositiva preposição a (que está contraída com o artigo a) traduz
uma relação de:
É a união de duas ou mais palavras com a função de
a) fim
preposição.
b) causa
c) concessão
A despeito de d) limite
A fim de e) modo
Através de
Perto de 05 (INATEL) Assinale a alternativa em que a norma
culta não aceita a contração da preposição de:
Ao encontro de
a) Aos prantos, despedi-medela.
Antes de b) Está na horadacriança dormir.
Acerca de c) Falavadascolegas em público.
Embaixo de d) Retirei os livrosdasprateleiras para limpá-los.
Em cima de e) O localdachacina estava interditado.
De acordo com
06. (CESGRANRIO) Assinale a opção em que a
preposição com traduz uma relação de instrumento:
EXERCÍCIOS a) “Teria sorte nos outros lugares, com gente estranha.”
b) “Com o meu avô cada vez mais perto de mim, o
Santa Rosa seria um inferno.”
01. Indique a alternativa correta quanto ao valor
c) “Não fumava, e nenhum livro com força de me
semântico das preposições nas frases abaixo.
prender.”
a) Morreu de pneumonia. (doença)
d) “Trancava-me no quarto fugindo do aperreio,
b) Falava de política. (modo)
matando-as com jornais.”
c) Morava numa casa de madeira. (matéria)
e) “Andavam por cima do papel estendido com outras
d) Veio de ônibus. (companhia)
já pregadas no breu.”
e) Ele chegou de Lisboa. (nacionalidade)
07. (FAC. RUI BARBOSA) Assinale a alternativa em
02. (Ufac) “O que desejava... Ah! Esquecia-se. Agora que ocorre combinação de uma preposição com um
se descordava da viagem que tinha feito pelo sertão, a pronome demonstrativo:
cair de fome.”(Graciliano Ramos). A alternativa em que a a) Estou na mesma situação.
preposiçãodeexpressa a mesma ideia que possui em “...a b) Neste momento, encerramos nossas transmissões.
cairdefome” é: c) Daqui não saio.
a) De tanto gritar, sua voz ficou rouca. d) Ando só pela vida.
b) De grão em grão, a galinha enche o papo. e) Acordei num lugar estranho.
c) De noite todos os gatos são pardos.
d) Chegaram cedo de Cruzeiro do Sul. 8. (FAU - SANTOS) “O policial recebeu o ladrão a
e) Trazia no bolso uma caneta de prata. bala. Foi necessário apenas um disparo; o assaltante
recebeu a bala na cabeça e morreu na hora.”
03. (Fameca-SP) As relações expressas pelas No texto, os vocábulos em destaque são respectivamente:
preposições estão corretas na sequência: a) preposição e artigo
I. Saí com ela. b) preposição e preposição
II. Ficaram sem um tostão. c) artigo e artigo
III. Esconderam o lápis de Maria. d) artigo e preposição
IV. Ela prefere viajar de navio. e) artigo e pronome indefinido
V. Estudou para passar.
(Exercícios retirados de http://www.
gramaticaparaconcursos.com/2014/05/preposicoes-
exercicios.html)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gabarito

1–c
2–a
3–e
4–e
5–b
6–c
7–b
8-a

PRONOMES

Pronomes são as palavras que acompanham o nome (substantivo) ou o substituem. Devido a essa
dupla função são classificados em:

* Pronomes substantivos: são os que substituem o nome, exercendo a função de sujeito ou


complemento verbal

Ex.: Joana adora fazer compras. Ela está sempre nas principais lojas da cidade.

* Pronomes adjetivos: são os que acompanham o nome, exercendo a função-satélite de adjunto


adnominal.

Ex.: Minha casa está à venda.

Os pronomes são uma classe variável, em gênero e número e se dividem em:


a) Pronomes Pessoais;
b) Pronomes Indefinidos;
c) Pronomes Demonstrativos;
d) Pronomes Interrogativos;
e) Pronomes Relativos;
f) Pronomes Possessivos;
g) Pronomes de Tratamento.

PRONOMES PESSOAIS

Pronomes pessoais são os que substituem as pessoas do discurso (emissor, receptor, assunto) e se dividem em:

a) Pronomes pessoais do caso reto: substituem o nome e exercem a função de sujeito do verbo (ou seja, determina
a flexão verbal).
Ex.: Nós compramos muitos presentes.

b) Pronomes pessoais do caso oblíquo: substituem o substantivo e complementam o verbo (não determinando,
assim, a flexão verbal).
Ex.: Você encontrou Maria nas últimas semanas? Faz tempo que não a vejo.
Atente à tabela abaixo para entender melhor sobre os pronomes pessoais.

Pessoas verbais Pronomes pessoais do caso reto Pronomes pessoais do caso oblíquo
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, Ela O, a, lhe, se, si, consigo
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, Elas Os,as, lhes, se, si consigo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uso dos pronomes pessoais

Os pronomes pessoais do caso reto não podem exercer a função de complemento verbal:
Ex.: Esse presente é para eu? (INCORRETO)

Essa é uma atribuição típica do pronome oblíquo:


Ex.: Esse presente é para mim?

Além do mais, vale lembrar que somente os pronomes oblíquos podem ser precedidos por preposição:
Ex.: Esta festa é para ti.

Entretanto, o pronome reto pode surgir precedido por preposição quando cumprir sua função de sujeito do
verbo. Compare as duas frases:
a) Ele pediu um favor para mim.
b) Ele pediu para eu comprar o presente.

Na frase (a) o pronome é oblíquo pois completa um verbo, já na (b) está antecedendo um verbo, na função de sujeito.

Pronomes oblíquos e a transitividade verbal


Afirmou-se aqui que os pronomes oblíquos cumprem a função de completar o verbo. Entretanto, há verbos que
são transitivos indiretos, ou, seja, que exigem preposição antes do complemento. Assim sendo, vale destacar que alguns
pronomes oblíquos substituirão complementos de verbos transitivos diretos (sem preposição) e outros, transitivos indiretos
(com preposição):

Pronomes que substituem objetos diretos (completam verbo sem preposição): o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na,
nos, nas.

Ex.: Comprei o carro. Comprei-o.


Encontraram a menina desaparecida. Encontraram-na.

Pronomes que substituem objetos indiretos (completam verbo com preposição): lhe, te.
Ex.: Enviei ao professor os documentos. Enviei-lhe os documentos.

PRONOMES POSSESSIVOS

São os que indicam a ideia de posse, informando a pessoa verbal do possuidor.

Pessoa verbal Pronome possessivo


Eu meu, minha (singular); meus, minhas (plural)
Tu teu, tua (singular); teus, tuas (plural)

Ele, Ela
seu, sua (singular); seus, suas (plural)
Nós nosso, nossa (singular); nosso, nossas (plural)
Vós vosso, vossa (singular); vossos, vossas (plural)
Eles, Elas seu, sua (singular); seus, suas (plural)

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LÍNGUA PORTUGUESA

PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Como indica a denominação, os pronomes demonstrativos têm por função indicar ou localizar algum termo do discurso.
Podem ser variáreis (esse, essa, este, aquela) ou invariáveis (isso, aquilo). Vejamos o quadro.

Conforme localização da pessoa verbal Pronome demonstrativo correspondente


Este (s) – Este carro é novo.

Próximo do emissor (eu, nós) Esta (s)– Esta caneta está ruim.

Isto – Isto é um cachimbo.


Esse (s) – Esse carro é seu?

Próximo do receptor com quem se fala (tu, você) Essa (s)– Bonita essa sua blusa.

Isso – O que é isso que você tem em mãos?


Aquele (s)– Aquele cartaz chama a atenção de todos.

Longe do emissor e do receptor Aquela (s) – Você conhece aquela moça?

Aquilo – O que é aquilo?

PRONOMES DE TRATAMENTO

São pronomes usados em situações formais, indicando conduta respeitosa.

Pronome de Tratamento Abreviatura Emprego


Você V./VV Usado em situações informais.
Utilizado com pessoas mais velhas, ou
Senhor (es) e Senhora (s) Sr, Sr.ª (singular) e Srs., Srª.s. (plural)
como forma de respeito
Pessoas com alta autoridade, como
Vossa Excelência V. Ex.ª/V. Ex.ªs por exemplo: Presidente da República,
Senadores, Deputados.
Vossa Magnificência V. Mag.ª/V. Mag.ªs Reitores das Universidades.
Vossa Senhoria V. S.ª/V. S.ªs Em correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade VM/VVMM Reis e Rainhas
Vossa Alteza V.A.(singular) e V.V.A. A. (plural) Príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade V.S. Utilizado para o Papa
Vossa Eminência V. Ex.ª/V. Em.ªs Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima V. Rev.m.ª/V. Rev.m.ªs Sacerdotes e religiosos em geral.

PRONOMES INDEFINIDOS

Como o próprio nome indica, os pronomes indefinidos sãos aqueles que substituem ou acompanham um substantivo a
partir de uma ideia de indefinição, imprecisão. São empregados na 3º pessoa do discurso. Podem ser variáveis ou invariáveis.

Pronomes Indefinidos Variáveis Pronomes Indefinidos Invariáveis


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns,
nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco, pouca,
poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros,
outras, certo, certa, certos, certas, vário, vária, vários, várias, quem, alguém, ninguém, tudo, nada,
tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, outrem, algo, cada.
qualquer, quaisquer, qual, quais, um, uma, uns, umas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos

Os pronomes relativos são os que substituem um substantivo já mencionado anteriormente em um enunciado.


Ex.: João é o homem que foi contratado pela empresa. (o pronome “que” faz referência a João)
Suzana foi a comissária a qual tranquilizou minha mãe. (“a qual” substituiu Suzana).

Pronomes relativos variáveis Pronomes relativos invariáveis


o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas,
quem, que, onde
quanto, quanta, quantos, quantas.

Exemplos com pronomes relativos:


a) Essa é a professora de quem falamos tanto.
b) Ele cumpriu tudo quanto prometera.
c) Essa é a casa onde moro,
d) Aqueles foram os alunos os quais viajaram para Madri.

Pronome relativo CUJO

O pronome cujo é variável de gênero (cujo, cuja) e de número (cujos, cujas) e substitui um termo dando uma ideia de
posse.
Ex.: Ela é mãe da aluna. A mãe foi conversar com a diretora.
Ela é a aluna cuja mãe foi conversar com a diretora.

Importante!
Não é correto inserir artigo após o pronome relativo “cujo”.

Ex.: Aquelas são as alunas cujos os trabalhos foram premiados. INCORRETO


Aquelas são as alunas cujos trabalhos foram premiados. CORRETO.

PRONOMES INTERROGATIVOS

São empregados em frases interrogativas cujas respostas se referem a substantivos.


Ex.: O que você comprou? Comprei meias. (o pronome interrogativo “o que” terá como resposta um substantivo
- “meias”)

Pronomes Interrogativos Variáveis Pronomes Interrogativos Invariáveis


qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas. quem, que.

Exercícios

1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta o emprego correto do pronome, de acordo com a norma culta:
a) O diretor mandou eu entrar na sala.
b) Preciso falar consigo o mais rápido possível.
c) Cumprimentei-lhe assim que cheguei.
d) Ele só sabe elogiar a si mesmo.
e) Após a prova, os candidatos conversaram entre eles.

2. (IBGE) Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua:
a) Ele entregou um texto para mim corrigir.
b) Para mim, a leitura está fácil.
c) Isto é para eu fazer agora.
d) Não saia sem mim.
e) Entre mim e ele há uma grande diferença.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. (U-UBERLÂNDIA) Assinale o tratamento dado ao 9. (CESGRANRIO) Indique a estrutura verbal que


reitor de uma Universidade: contraria a norma culta:
a) Vossa Senhoria a) Ter-me-ão elogiado.
b) Vossa Santidade b) Tinha-se lembrado.
c) Vossa Excelência c) Teria-me lembrado.
d) Vossa Magnificência d) Temo-nos esquecido.
e) Vossa Paternidade e) Tenho-me alegrado.

4. (BB) Colocação incorreta: 10. (MACK) A colocação do pronome oblíquo está


a) Preciso que venhas ver-me. incorreta em:
b) Procure não desapontá-lo. a) Para não aborrecê-lo, tive de sair.
c) O certo é fazê-los sair. b) Quando sentiu-se em dificuldade, pediu ajuda.
d) Sempre negaram-me tudo. c) Não me submeterei aos seus caprichos.
e) As espécies se atraem. d) Ele me olhou algum tempo comovido.
e) Não a vi quando entrou.
5. (EPCAR) Imagine o pronome entre parênteses no
lugar devido e aponte onde não deve haver próclise: 11. (MACK) Assinale a alternativa que apresenta erro de
a) Não entristeças. (te) colocação pronominal:
b) Deus favoreça. (o) a) Você não devia calar-se.
c) Espero que faças justiça. (se) b) Não lhe darei qualquer informação.
d) Meus amigos, apresentem em posição de sentido. (se) c) O filho não o atendeu.
e) Ninguém faça de rogado. (se) d) Se apresentar-lhe os pêsames, faço-o discretamente.
e) Ninguém quer aconselhá-lo.
6. (TTN) Assinale a frase em que a colocação do
pronome pessoal oblíquo não obedece às normas do 12. (EPCAR) O que é pronome interrogativo na frase:
português padrão: a) Os que chegaram atrasados farão a prova?
a) Essas vitórias pouco importam; alcançaram-nas os b) Se não precisas de nós, que vieste fazer aqui?
que tinham mais dinheiro. c) Quem pode afiançar que seja ele o criminoso?
b) Entregaram-me a encomenda ontem, resta agora a d) Teria sido o livro que me prometeste?
vocês oferecerem-na ao chefe. e) Conseguirias tudo que desejas?
c) Ele me evitava constantemente!... Ter-lhe-iam falado
a meu respeito? 13. (TFT-MA) “O individualismo não a alcança.” A
d) Estamos nos sentido desolados: temos prevenido-o colocação do pronome átono está em desacordo com a
várias vezes e ele não nos escuta. norma culta da língua, na seguinte alteração da passagem
e) O Presidente cumprimentou o Vice dizendo: - Fostes acima:
incumbido de difícil missão, mas cumpriste-la com denodo a) O individualismo não a consegue alcançar.
e eficiência. b) O individualismo não está alcançando-a.
c) O individualismo não a teria alcançado.
7. (FTU) A frase em que a colocação do pronome átono d) O individualismo não tem alcançado-a.
está em desacordo com as normas vigentes no português e) O individualismo não pode alcançá-la.
padrão do Brasil é: 14. (SANTA CASA) Há um erro de colocação pronominal
a) A ferrovia integrar-se-á nos demais sistemas viários. em:
b) A ferrovia deveria-se integrar nos demais sistemas a) “Sempre a quis como namorada.”
viários. b) “Os soldados não lhe obedeceram as ordens.”
c) A ferrovia não tem se integrado nos demais sistemas c) “Todos me disseram o mesmo.”
viários. d) “Recusei a idéia que apresentaram-me.”
d) A ferrovia estaria integrando-se nos demais sistemas e) “Quando a cumprimentaram, ela desmaiou.”
viários.
e) A ferrovia não consegue integrar-se nos demais 15. (BB) Pronome empregado incorretamente:
sistemas viários. a) Nada existe entre eu e você.
b) Deixaram-me fazer o serviço.
8. (FFCL-SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa correta: c) Fez tudo para eu viajar.
a) A solução agradou-lhe. d) Hoje, Maria irá sem mim.
b) Eles diriam-se injuriados. e) Meus conselhos fizeram-no refletir.
c) Ninguém conhece-me bem.
d) Darei-te o que quiseres.
e) Quem contou-te isso?

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LÍNGUA PORTUGUESA

16. (UC-MG) Encontramos pronome indefinido em: 22. (BRÁS CUBAS) “Alguém, antes que Pedro o fizesse,
a) “Muitas horas depois, ela ainda permanecia teve vontade de falar o que foi dito.” Os pronomes
esperando o resultado.” assinalados dispõem-se nesta ordem:
b) “Foram amargos aqueles minutos, desde que a) de tratamento, pessoal, oblíquo, demonstrativo
resolveu abandoná-las.” b) indefinido, relativo, pessoal, relativo
c) “A nós, provavelmente, enganariam, pois nossa c) demonstrativo, relativo, pessoal, indefinido
participação foi ativa.” d) indefinido, relativo, demonstrativo, relativo
d) “Havia necessidade de que tais idéias ficassem e) indefinido, demonstrativo, demonstrativo, relativo
sepultadas.”
e) “Sabíamos o que você deveria dizer-lhe ao chegar 23. (PUC) Na frase: “Chegou Pedro, Maria e o seu filho
da festa.” dela”, o pronome possessivo está reforçado para:
a) ênfase
17. (SANTA CASA) Do lugar onde ......., ....... um belo b) elegância e estilo
panorama, em que o céu ...... com a terra. c) figura de harmonia
a) se encontravam - divisava-se - se ligava d) clareza
b) se encontravam - divisava-se - ligava-se e) n.d.a
c) se encontravam - se divisava - ligava-se
d) encontravam-se - divisava-se - se ligava 24. (FUVEST) Assinale a alternativa onde o pronome
e) encontravam-se - se divisava - se ligava pessoal está empregado corretamente:
a) Este é um problema para mim resolver.
18. (UF-RJ) Numa das frases, está usado indevidamente b) Entre eu e tu não há mais nada.
um pronome de tratamento. Assinale-a: c) A questão deve ser resolvida por eu e você.
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de d) Para mim, viajar de avião é um suplício.
Vossa Magnificência. e) Quanto voltei a si, não sabia onde me encontrava.
b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não compareceu
à reunião. 25. (FMU) Suponha que você deseje dirigir-se a
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que personalidades eminentes, cujos títulos são: papa, juiz,
conclua a sua oração. cardeal, reitor e coronel. Assinale a alternativa que
d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade. contém a abreviatura certa da “expressão de tratamento”
e) Procurei o chefe da repartição, mas Sua Senhoria se correspondente ao título enumerado:
recusou a ouvir as minhas explicações. a) Papa ............... V. Sa
b) Juiz ................. V. Ema
19. (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra c) Cardeal ........... V.M.
certo é pronome indefinido: d) Reitor ............... V. Maga
a) Certo perdeste o juízo. e) Coronel ............ V. A.
b) Certo rapaz te procurou.
c) Escolheste o rapaz certo. 26. (FGV) Assinale o item em que há erro quanto ao
d) Marque o conceito certo. emprego dos pronomes se, si ou consigo:
e) Não deixe o certo pelo errado. a) Feriu-se quando brincava com o revólver e o virou
para si.
20. (CARLOS CHAGAS) “Se é para ....... dizer o que b) Ele só cuidava de si.
penso, creio que a escolha se dará entre ....... .” c) Quando V. Sa vier, traga consigo a informação pedida.
a) mim, eu e tu d) Ele se arroga o direito de vetar tais artigos.
b) mim, mim e ti e) Espere um momento, pois tenho de falar consigo.
c) eu, mim e ti
d) eu, mim e tu 27. (PUC) Assinale a alternativa que preencha
e) eu, eu e ti corretamente as lacunas da frase ao lado: “............................
da terra natal, ....................... para as antigas sensações
21. (MACK) A única frase em que há erro no emprego adormecidas.”
do pronome oblíquo é: a) Nos lembrando - despertamos-nos
a) Eu o conheço muito bem. b) Nos lembrando - despertamo-nos
b) Devemos preveni-lo do perigo. c) Lembrando-nos - despertamos-nos
c) Faltava-lhe experiência. d) Nos lembrando - nos despertamos
d) A mãe amava-a muito. e) Lembrando-nos - despertamo-nos
e) Farei tudo para livrar-lhe desta situação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

28. (FATEC) Indique em que alternativa os pronomes 34. (CARLOS CHAGAS) Os projetos que .......... estão em
estão bem empregados: ordem; ........... ainda hoje, conforme .......... .
a) Deixou ele sair. a) enviaram-me, devolvê-los-ei, lhes prometi
b) Mandou-lhe ficar de guarda. b) enviaram-me, os devolverei, lhes prometi
c) Permitiu-lhe, a ele, fazer a ronda. c) enviaram-me, os devolverei, prometi-lhes
d) Procuram-o por toda a parte. d) me enviaram, os devolverei, prometi-lhes
e) n.d.a e) me enviaram, devolvê-los-ei, lhes prometi

29. (FATEC) Assinale o mau emprego do pronome: 35. (CARLOS CHAGAS) Quando .......... as provas, ..........
a) Aquela não era casa para mim, comprá-la com que imediatamente.
dinheiro? a) lhes entregarem, corrijam-as
b) Entre eu e ela nada ficou acertado. b) lhes entregarem, corrijam
c) Estava falando com nós dois. c) lhes entregarem, corrijam-nas
d) Aquela viagem, quem não a faria? d) entregarem-lhes, corrijam-as
e) Viram-no mas não o chamaram. e) entregarem-lhes, as corrijam

30. (SANTA CASA) Os técnicos .......... bem para os 36. (CARLOS CHAGAS) Quem .......... estragado que ..........
jogos, mas, .......... contra nova derrota, pediam que de .......... .
treinasse ainda mais. a) o trouxe - encarregue-se - consertá-lo
a) o haviam preparado - se tentando precaver b) o trouxe - se encarregue - consertá-lo
b) haviam preparado-o - se tentando precaver c) trouxe-o - se encarregue - o consertar
c) haviam preparado-o - tentando precaver-se d) trouxe-o - se encarregue - consertá-lo
d) haviam-no preparado - se tentando precaver e) trouxe-o - encarregue-se - o consertar
e) haviam-no preparado - tentando precaver-se
37. (BRÁS CUBAS) Apontar a sentença que deverá ser
31. (SANTA CASA) Nas frases abaixo: corrigida:
1. Os miúdos corriam barulhentos, me pedindo a) Poderá resolver-se o caso imediatamente.
dinheiro. b) Sabes o que se deverá dizer ao professor?
2. Dizia ele cousas engraçadas, coçando-se todo. c) Poder-se-á resolver o caso imediatamente.
3. Ficarei no lugar onde encontro-me. Tem sombra. d) Sabe o que deverá dizer-se ao professor?
4. Quando me vi sozinho, tremi de medo. e) Poderá-se resolver o caso imediatamente.
A ênclise e a próclise foram corretamente empregadas:
a) nas orações I e II 38. (FMU) Assinale a única alternativa em que haja erro
b) nas orações III e IV no emprego dos pronomes:
c) nas orações I e III a) Vossa Excelência e seus convidados.
d) nas orações II e IV b) Mandou-me embora mais cedo.
e) em todas as orações c) Vou estar consigo amanhã.
d) Vós e vossa família estais convidados para a festa.
32. (SANTA CASA) Devemos .......... da tempestade. e) Deixei-o encarregado da turma.
a) resguardar-mo-nos
b) resguardar-nos 39. (UF-SC) Observe os períodos abaixo:
c) resguardarmos-nos 1. Nunca soubemos quem roubava-nos nas medidas.
d) resguardarmo-nos 2. Pouco se sabe a respeito de novas fontes energéticas.
e) resguardar-mos 3. Nada chegava a impressioná-lo na juventude.
4. Dar-lhe-emos novas oportunidades.
33. (FAAP) Assinale a alternativa em que a colocação 5. Eles apressaram-se a convidar-nos para a festa.
pronominal não corresponde ao que preceitua a gramática: a) Estão corretas I, II, III
a) Há muitas estrelas que nos atraem a atenção. b) Estão corretas II, III, V
b) Jamais dar-te-ia tanta explicação, se não fosses c) Estão corretas III, IV, V
pessoa de tanto merecimento. d) Estão corretas II, III, IV
c) A este compete, em se tratando do corpo da Pátria, e) Estão corretas I, III, IV
revigorá-lo com o sangue do trabalho.
d) Não o realizaria, entretanto, se a árvore não se
mantivesse verde sob a neve.
e) n.d.a

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LÍNGUA PORTUGUESA

40. (SÃO JUDAS) Assinale a alternativa errada quanto à 46. (BB) Pronome mal colocado:
colocação pronominal: a) Lá disseram-me que entrasse logo.
a) Apesar de se contrariarem não me fariam mudar de b) Aqui me disseram que saísse. Chamem-me.
idéia. c) Posso ir, se me convidarem.
b) Que Deus te acompanhe por toda a parte. d) Irei, se quiserem-me.
c) Isso não me admira: eu também contrariei-me com o e) Estou pronto.
caso.
d) Conforme foi decidido espero que todos se 47. (BB) Opção com pronome oblíquo colocado
compenetrem de seu dever. incorretamente:
e) n.d.a a) Devemos lhe contar isto.
b) Devemos contar-lhe isto.
41. (FECAP) Assinale a frase gramaticalmente correta: c) Não lhe devemos contar isso.
a) Quando recebe-o em minha casa, fico feliz.
d) Deveríamos ter-lhe contado isto
b) Tudo fez-se como você mandou.
e) Deveríamos ter contado-lhe isto.
c) Por este processo, teriam-se obtido melhores
resultados.
d) Em se tratando disto, podemos contar com ele. 48. (EECAR) Imagine o pronome entre parênteses no
e) Me levantei assim que você saiu. devido lugar e aponte a opção em que não deve haver
próclise:
42. (UNB) Assinale a melhor resposta - O resultado das a) Não desobedeças. (me)
combinações: “põe + o”, “reténs + as”, “deduz + a”, é: b) Deus pague. (lhe)
a) pões-lo, reténs-la, dedu-la c) Caro amigo, dize a verdade. (me)
b) põe-no, retém-nas, dedu-la d) A mão que estendemos é amiga. (te)
c) pões-lo, retém-las, deduz-la e) Assim que sentiu prejudicado, saiu. (se)
d) põe-no, retém-las, dedu-la
e) põe-lo, retém-las, dedu-la 49. (ITA) Dada as sentenças:
1. Seria-nos mui conveniente receber tal orientação.
43. (UM-SP) Ninguém atinge a perfeição alicerçado na 2. Em hipótese alguma enganaria-te.
busca de valores materiais, nem mesmo os que consideram 3. Você é a pessoa que delatou-me.
tal atitude um privilégio dado pela existência. Os pronomes Constatamos que está (estão) correta(s):
destacados no período acima classificam-se, respectivamente, a) apenas a sentença número 1
como: b) apenas a sentença número 2
a) indefinido - demonstrativo - relativo - demonstrativo c) apenas a sentença número 3
b) indefinido - pessoal oblíquo - relativo - indefinido d) todas as sentenças
c) de tratamento - demonstrativo - indefinido - e) n.d.a
demonstrativo
d) de tratamento - pessoal oblíquo - indefinido - (Exercícios retirados de http://www.mundovestibular.
demonstrativo com.br/ar ticles/9073/1/Exercicios-de-Pronomes/
e) demonstrativo - demonstrativo - relativo - Paacutegina1.html)
demonstrativo
Gabarito
44. (UEPG-PR) “Toda pessoa deve responder pelos
compromissos assumidos.” A palavra destacada é:
1-D 23 - D 45 - D
a) pronome adjetivo indefinido
2-A 24 - D 46 - D
b) pronome substantivo indefinido
c) pronome adjetivo demonstrativo 3-D 25 - D 47 - E
d) pronome substantivo demonstrativo 4-D 26 - E 48 - C
e) nenhuma das alternativas acima é correta 5-D 27 - E 49 - E
6-D 28 - C
45. (BB) O funcionário que se inscrever, fará prova amanhã. 7-B 29 - B
Colocação do pronome - no texto: 8-A 30 - E
1. Ocorre próclise em função do pronome relativo. 9-C 31 - D
2. Deveria ocorrer ênclise. 10 - B 32 - B
3. A mesóclise é impraticável. 11 - D 33 - B
4. Tanto a ênclise como a próclise são aceitáveis. 12 - B 34 - E
a) correta apenas a primeira afirmativa 13 - D 35 - C
b) apenas a terceira é correta 14 - D 36 - B
c) somente a segunda é correta 15 - A 37 - E
d) são corretas a primeira e a terceira 16 - A 38 - C
e) a quarta é a única correta 17 - A 39 - D

47
LÍNGUA PORTUGUESA

18 - D 40 - C
19 - B 41 - D
20 - C 42 - D
21 - E 43 - A
22 - E 44 - A

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Quando iniciamos o estudo dos pronomes, atentamos que há os pronomes pessoais do caso reto e os pessoais do caso
oblíquo. O que diferencia um do outro é a posição frente ao verbo: enquanto os retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) ocupam
a posição de sujeito, os oblíquos exercem a função de complemento e podem estar dispostos antes (PRÓCLISE), no meio
(MESÓCLISE) e depois do verbo (ÊNCLISE).
A colocação pronominal se refere ao estudo da disposição dos pronomes em relação ao verbo.
Primeiramente vejamos os pronomes envolvidos nessas regras de colocação:

Pronome oblíquo átono


Pronome pessoa Pronome pessoal do caso reto
correspondente
1° pessoa do singular eu me
2° pessoa do singular tu te
3° pessoa do singular ele o, a, lhe
1° pessoa do plural nós nos
2° pessoa do plural vós vos
3° pessoa do plural eles as, as, lhes

1) PRÓCLISE: quando o pronome oblíquo antecede o verbo em posição sintática.


Eu a vi ontem.
Ninguém me concedeu vantagens.
Usa-se o pronome em posição proclítica nas seguintes situações:

a) Com advérbios e expressões negativas:


Nada o assustou.
Ninguém o viu ontem.
Nunca o abandonarei.
Aqui se encontra paz.
Talvez a ame para sempre.

b) Com conjunções subordinativas: (que, se, quando, embora, logo, que)


É importante que a trate bem.
Não sei se o amo.
Não retornei a ligação, embora a amasse demais.

c) Com pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos:


Isso lhe trouxe muita sorte.
A professora que me encontrou se chamava Maria.
Tudo o encantava.

d) Em frases exclamativas:
Deus o guarde!
Macacos me mordam!

e) Com palavras proparoxítonas:


Nós o compreendíamos.

f) com verbos no gerúndio antecedidos pela preposição EM:


Em se tratando de educação, ele é uma referência.

g) com palavras interrogativas:


Quando o encontrarei novamente?
Quem a magoou desse jeito?

48
LÍNGUA PORTUGUESA

2) MESÓCLISE: quando o pronome oblíquo é colocado 3. (MED. SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa
entre o radical do verbo e as desinências. Só é usado em em que todos os pronomes pessoais estão colocados
duas situações: corretamente, segundo o uso clássico da língua
a) Na forma verbal futuro do presente: portuguesa:
Falar-te-ei verdades. a) Eu o vi, não lhe falei, darei-te o livro.
Comprar-lhe-á um carro. b) Eu o vi, falei-lhe, nada lhe direi.
Procurar-me-ão sem descanso. c) Nada dir-lhe-ei, não o estimo, Deus ajude-nos.
d) Deus nos ajude! Não quero te ofender, mas vai-te
b) Na forma verbal futuro do pretérito: embora.
Falar-te-ia verdades. e) Me dá o livro, que eu te devolvo assim que o ler.
Comprar-lhe-ia um carro.
Procurar-me-iam sem descanso. 4.Em que alternativa NÃO há erro na colocação do
pronome?
3) ÊNCLISE: Quando o pronome se encontra depois do a) Preciso vê-lo, me disse o rapaz.
verbo. É na ênclise a localização natural do complemento, b) Este é um trabalho que absorve-se muito.
seguindo a sequência sujeito verbo complemento. c) Far-se-á tudo para que se salvem.
Empregamos a ênclise nas seguintes situações: d) Não arrepender-se-ia de haver dito a verdade.
e) Em pondo-se o sol os pássaros debandam.
a) Períodos iniciados por verbos: (Não é correto
iniciar frase com pronome oblíquo) 5. O pronome pessoal oblíquo átono está bem
Convidaram-me para a festa. colocado em um só dos períodos. Qual?
Avistou-o de longe. a) Isto me não diz respeito! Respondeu-me ele,
Encontraram-na triste. afetadamente .
b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos
b) Imperativo afirmativo: apresentem-se na hora conveniente
c) Os conselhos que dão-nos os pais, levamo-los em
Distribua-os agora.
conta mais tarde.
Cale-se já.
d) Amanhã contar-lhe-ei por que peripécias consegui
não envolver-me.
c) Orações reduzidas de infinitivo:
Quero amar-te para sempre.
6. O funcionário que se inscrever, fará prova amanhã:
Desejo beijá-lo assim que chegar.
1. Ocorre próclise em função do pronome relativo
2. Deveria ocorrer ênclise
d) Verbos no gerúndio NÃO antecedidos pela 3. A mesóclise é impraticável
preposição “em” ou por expressões negativas: 4. Tanto a ênclise quanto a próclise são aceitáveis
Ele vive enganando-se.
a) Correta apenas a 1ª afirmativa
EXERCÍCIOS b) Apenas a 2ª é correta
c) São corretas a 1ª e a 3ª
1. (OMEC) Assinale a frase em que há pronome d) A 4ª é a única correta
enclítico:
a) Far-me-ás um favor? 7. O pronome está mal colocado em apenas um dos
b) Nada te direi a respeito. períodos. Identifique-o:
c) Convido-te para a festa. a) Finalmente entendemos que aquela não era a estante
d) Não me fales mais nisso. onde deveriam-se colocar cristais .
e) Dir-se-ia uma incoerência. b) Ninguém nos falou, outrora, com tanta sinceridade .
c) Não se vá, custa-lhe ficar um pouco mais?
2. (MACKENZIE) Assinale a alternativa que d) A mão que te estendemos é amiga.
apresenta erro de colocação pronominal:
a) Você não devia calar-se. (Exercícios retirados de http://helenaconectada.blogspot.
b) Não lhe darei qualquer informação. com.br/2011/09/colocacao-pronominal-exercicios.html)
c) O filho não o entendeu.
d) Se apresentar-lhe os pêsames, faça-o discretamente. Gabarito
e) Ninguém quer aconselhá-lo. 1c
2d
3b
4c
5a
6c
7a

49
LÍNGUA PORTUGUESA

VERBOS

Verbo é a classe gramatical que indica ações, estados, emoções e fenômenos climáticos.
Ex.:
a) O médico operou o doente. (ação)
b) Rodrigo está doente. (estado)
c) Maria permanece chorosa. (estado, emoção)
d) Chove muito em Brasília. (fenômeno climático)

1) As flexões do verbo
O verbo é uma classe complexa, pois apresenta uma série de variações e flexões. Pode variar em número, pessoa,
tempo, modo e voz:

a) Flexão de número:
Singular (um sujeito)
Plural (mais de um sujeito)

b) Flexão de pessoa:
1º pessoa (emissor: eu, nós)
2º pessoa (receptor: tu, vós)
3º pessoa (assunto: ele, ela, eles, elas)

c) Flexão de modo:
Indicativo
Subjuntivo
Imperativo

d) Flexão de tempo
Pretéritos
Presente
Futuro

e) Flexão de voz
Voz ativa
Voz passiva
Voz reflexiva

2) A estrutura do verbo
RadicalCANT – VEND – PART
Vogal Temática: A – E – I
Desinências – R – MOS – S

Chamamos de tema a união do radical com a vogal temática, que possui a função de apresentar a conjugação do verbo.
- Verbos de 1º conjugação: (vogal temática a) – cantar, amar, sonhar, falar
- Verbos de 2º conjugação: (vogal temática e) – comer, vender, escreve
- Verbos de 3º conjugação: (vogal temática i) – partir, sorrir, exibir

Observação: verbos como por, compor são considerados de 2º conjugação devido a sua forma arcaica poer.
A conjugação verbal influencia a flexão dos verbos. Vejamos:

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-o Vend-o Part-o
Cant-a-s Vend-e-s Part-es
Cant-a Vend-e Part-e
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-is Vend-e-is Part-is
Cant-a-m Vend-e-m Part-em

50
LÍNGUA PORTUGUESA

3) Modos verbais
Indicam o modo com o qual o falante se posiciona frente a ação verbal. Por isso os modos são:
a) Indicativo: indica certeza, ação certa
b) Subjuntivo: hipótese, dúvida
c) Imperativo: ordem, pedido.

4) Tempos verbais
Os tempos verbais se referem ao tempo em que a ação foi realizada. Surgem nos modos indicativo e subjuntivo.
O modo indicativo, por indicar ação certa, é o que mais apresenta flexões de tempo:
- Presente do Indicativo: o verbo é conjugado no tempo presente em que a ação é feita
- Pretérito Perfeito do Indicativo: ação já foi finalizada em tempo passado.
- Pretérito mais que perfeito do Indicativo – ação foi feita em tempo remoto
- Pretérito Imperfeito do Indicativo – ação tida como hábito no tempo passado
- Futuro do Presente: ação que será realizada no futuro
- Futuro do Pretérito: ação condicionada por outra ação verbal.

Vejamos os diversos tempos verbais nos verbos das três conjugações:

- Presente do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-o Vend-o Part-o
Cant-a-s Vend-e-s Part-es
Cant-a Vend-e Part-e
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-is Vend-e-is Part-is
Cant-a-m Vend-e-m Part-em

- Pretérito Perfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-ei Vend-i Part-i
Cant-a-ste Vend-e-ste Part-i -ste
Cant-ou Vend-e -u Part-i-u
Cant-a-mos Vend-e-mos Part-i-mos
Cant-a-stes Vend-e-stes Part-i -stes
Cant-a-ra-m Vend-e - ram Part-i-ram

- Pretérito mais que perfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a- ra Vend-e- ra Part-i- ra
Cant-a-ra -s Vend-e-ra -s Part-i -ra -s
Cant-a -ra Vend-e - ra Part-i -ra
Cant-á- ra -mos Vend-e-ra -mos Part-i-ra -mos
Cant-a- re-is Vend-e-re -is Part-i-re -is
Cant-a- ra -m Vend-e-ra-m Part-i-ra -m

- Pretérito Imperfeito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -va Vend-ia Part-ia
Cant-a-va-s Vend-ia-s Part-ia-s
Cant-a -va Vend-ia Part-ia
Cant-á-va- mos Vend-ía-mos Part-ía-mos
Cant-á-ve -is Vend-íe-is Part-íe-is
Cant-a-va -m Vend-ia-m Part-ia-m

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LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Presente do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -re-i Vend-e -re-i Part-i -re- i
Cant-a-rá-s Vend-e-rá-s Part-i -rá -s
Cant-a - rá Vend-e-rá Part-i -rá
Cant-á-re- mos Vend-e -re-mos Part-i -re -mos
Cant-a-re-is Vend-e -re -is Part-i – re -is
Cant-a-rão Vend-e- rão Part-i -rão

Futuro do pretérito do Indicativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Cant-a -ria Vend-e -ria Part-i -ria
Cant-a-ria -s Vend-e-ria -s Part-i -ria -s
Cant-a - ria Vend-e-ria Part-i -ria
Cant-a-ría - mos Vend-e -ría -mos Part-i -ría -mos
Cant-a-ríe-is Vend-e -ríe -is Part-i – ríe -is
Cant-a-ria- m Vend-e- ria -m Part-i -ria-m

5) O Modo Subjuntivo

É o que apresenta a ação verbal enquanto hipótese, dúvida. Apresenta três tempos, o presente do subjuntivo, o
imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.

a) Presente do subjuntivo
Indica hipótese e sua construção se dá através da substituição da vogal temática pela vogal de subjuntivo. Em verbos
de primeira conjugação se substitui a vogal temática “a” por “e”, nos verbos de segunda e terceira conjugação se substitui
as vogais “e” e “i” por “a”:

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Que eu cant-e Que eu vend-a Que eu part-a
Que tu cant-e- s Que tu vend-a -s Que tu part-a -s
Que ele cant-e Que ele vend-a Que ele part-a
Que nós cant-e- mos Que nós vend-a -mos Que nós part-a -mos
Que vós cant-e-is Que vós vend-a-is Que vós part-a -is
Que eles cant-e- m Que eles vend-a -m Que eles part-a-m

b) Imperfeito do Subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


se eu cant-a-sse se eu vend-e-sse se eu part-i-sse
se tu cant-a-sse- s se tu vend-e-sse -s se tu part-i-sse -s
se ele cant-a-sse se ele vend-e-sse se ele part-i-sse
se nós cant-á-sse- mos se nós vend-ê-sse -mos se nós part-í-sse -mos
se vós cant-á-sse-is se vós vend-ê-sse-is se vós part-í-sse -is
se eles cant-a-sse- m se eles vend-e-sse -m se eles part-i-sse-m

52
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Futuro do Subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


quando eu cant-a-r quando eu vend-e-r quando eu part-i-r
quando tu cant-a-re- s quando tu vend-e-re -s quando tu part-i-re -s
quando ele cant-a-r quando ele vend-e-r quando ele part-i-r
quando nós cant-a-r- mos quando nós vend-e-r -mos quando nós part-i-r -mos
quando vós cant-a-rdes quando vós vend-e-rdes quando vós part-i-rdes
quando eles cant-a-re- m quando eles vend-e-re -m quando eles part-i-re-m

6) Modo Imperativo

O modo imperativo está ligado à ideia de ordem e pedido. Aqui temos o Modo Imperativo Afirmativo e o Imperativo
Negativo. A construção do Imperativo Afirmativo se dá reaproveitando desinências do modo indicativo e subjuntivo. Além
do mais, vale lembrar que este modo não é flexionado na 1º pessoa do singular.

2º pessoa do singular (tu) – presente do indicativo sem o “s”


3º pessoa do singular (você) – presente do subjuntivo
1º pessoa do plural (nós) – presente do subjuntivo
2º pessoal do plural (vós) – presente do indicativo sem o “s”
3º pessoa do plural (vocês) – presente do subjuntivo

Observação: por ser ordem direta não usamos o ele, eles, e sim o você (s), que possui a mesma flexão.

Imperativo Afirmativo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Canta tu Vende tu Parte tu
Cante você Venda você Parta você
Cantemos nós Vendamos nós Partamos nós
Cantai vós Vendei vós Parti vós
Cantem vocês Vendam vocês Partam vocês

Imperativo Negativo
No Imperativo Negativo usamos a mesma flexão do presente do subjuntivo

1º conjugação 2º conjugação 3º conjugação


Não cantes tu Não vendas tu Não partas tu
Não cante você Não venda você Não parta você
Não cantemos nós Não vendamos nós Não partamos nós
Não canteis vós Não vendais vós Não partais vós
Não cantem vocês Não vendam vocês Não partam vocês

7) Formas Nominais dos Verbos


Nas formas nominais dos verbos não temos flexão de modo e tempo. Podem exercer a função de verbo ou nome:
a) Infinitivo: cantar, amar, vender, partir, sorrir
b) Gerúndio: cantando, vendendo, partindo, amando, comendo
c) Particípio: vendido, comprado, amado, partido

8) Classificação dos Verbos:


a) Regulares: Verbos que apresentam flexões regulares, usando as desinências tradicionais. Ex.: cantar, amar, comer,
vender, partir
b) Irregulares: Verbos que apresentam flexões próprias, não utilizando as desinências regulares. Ex.: trazer, ir, fazer, dar,
poder

53
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo

Trazer Fazer Poder


Trago Faço Posso
Trazes Fazes Podes
Traz Faz Pode
Trazemos Fazemos Podemos
Trazeis Fazeis Podeis
Trazem Fazem Podem

Pretérito Perfeito

Trazer Fazer Poder


Trouxe Fiz Pude
Trouxeste Fizeste Pudeste
Trouxe Fez Pôde
Trouxemos Fizemos Pudemos
Trouxestes Fizestes Pudestes
Trouxeram Fizeram Puderam

Pretérito mais que perfeito

Trazer Fazer Poder


Trouxera Fizera Pudera
Trouxeras Fizeras Puderas
Trouxera Fizera Pudera
Trouxéramos Fizéramos Pudéramos
Trouxéreis Fizéreis Pudéreis
Trouxeram Fizeram Puderam

Pretérito Imperfeito

Trazer Fazer Poder


Trazia Fazia Podia
Trazias Fazias Podias
Trazia Fazia Podia
Trazíamos Fazíamos Podíamos
Trazíeis Fazíeis Podíeis
Traziam Faziam Podiam

Futuro do Presente

Trazer Fazer Poder


Trarei Farei Poderei
Trarás Farás Poderás
Trará Fará Poderá
Traremos Faremos Poderemos
Trareis Fareis Podereis
Trarão Farão Poderão

54
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Principais: em uma locução verbal (conjunto de dois verbos) são os verbos que apresentam a informação principal
referente à ação. Ex.: comprar, amar, vender...
d) Auxiliares: em uma locução verbal, são os verbos com pouco força semântica que apresentam informação gramatical
de tempo e pessoa. Ex.: ser, ir, estar…

Ser

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Sou Fui Fora
És Foste Foras
É Foi Fora
Somos Fomos Fôramos
Sois Fostes Fôreis
São Foram Foram

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Era Serei Seria
Eras Serás Serias
Era Será Seria
Éramos Seremos Seríamos
Éreis Sereis Seríeis
Eram Serão Serão

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu seja Se eu fosse Quando eu for
Que tu sejas Se tu fosses Quando tu fores
Que ele seja Se ele fosse Quando ele for
Que nós sejamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Que vós sejais Se vós fôsseis Quando vós fordes
Que eles sejam Se eles fossem Quando eles forem

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Sê tu Não sejas tu
Seja você Não seja você
Sejamos nós Não sejamos nós
Sede vós Não sejais vós
Sejam vocês Não sejam vocês

Estar

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Estou Estive Estivera
Estás Estiveste Estiveras
Está Esteve Estivera
Estamos Estivemos Estivéramos
Estais Estivestes Estivéreis
Estão Estiveram Estiveram

55
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Estava Estarei Estaria
Estavas Estarás Estarias
Estava Estará Estaria
Estávamos Estaremos Estaríamos
Estáveis Estareis Estaríeis
Estavam Estarão Estariam

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu esteja Se eu estivesse Quando eu estiver
Que tu estejas Se tu estivesses Quando tu estiveres
Que ele esteja Se ele estivesse Que ele estiver
Que nós estejamos Se nós estivéssemos Quando nós estivermos
Que vós estejais Se vós estivésseis Quando vós estiverdes
Que eles estejam Se eles estiveram Quando eles estiverem

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Está tu Não estejas tu
Esteja você Não esteja você
Estejamos nós Não estejamos nós
Estai vós Não estejais vós
Estejam vocês Não estejam vocês

e) Anômalos: verbos que, quando conjugados, apresentam radicais distintos do radical primitivo.
Ex.: Eu sou, Eu era, Eu Fui…

Ir

Presente do Indicativo Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito mais que perfeito do


Indicativo
Vou Fui Fora
Vais Foste Foras
Vai Foi Fora
Vamos Fomos Fôramos
Ides Fostes Fôreis
Vão Foram Foram

Pretérito Imperfeito do Futuro do Presente do Indicativo Futuro do Pretérito do Indicativo


Indicativo
Ia Irei Iria
Ias Irás Irias
Ia Irá Iria
Íamos Iremos Iríamos
Íeis Ireis Iríeis
Iam Irão Iriam

56
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo Imperfeito do Subjuntivo Futuro do Subjuntivo


Que eu vá Se eu fosse Quando eu for
Que tu vás Se tu fosses Quando tu fores
Que ele vá Se ele fosse Quando ele for
Que nós vamos Se nós fôssemos Quando nós formos
Que vós vades Se vós fôsseis Quando vós fordes
Que eles vão Se eles fossem Quando eles foram

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo


Vai tu Não vás tu
Vá você Não vá você
Vamos nós Não vamos nós
Ide vós Não vades vós
Vão vocês Não vão vocês

f) Defectivos: verbos que não apresentam conjugação completa, em algumas pessoas verbais. Ex,: Polir, banir

Polir – Presente do Indicativo Banir – Presente do Indicativo


x x
x x
x x
Polimos banimos
Polis banis
x c

g) Abundantes: verbos que apresentam duas formas equivalentes no particípio, uma regular e um
irregular. Ex.: Aceitar = aceito, aceitado

Verbos abundantes da 1.ª conjugação


Verbo aceitar: aceitado (regular) e aceito (irregular)
Verbo entregar: entregado (regular) e entregue (irregular)
Verbo ganhar: ganhado (regular) e ganho (irregular)
Verbo matar: matado (regular) e morto (irregular)
Verbo pagar: pagado (regular) e pago (irregular)
Verbo pegar: pegado (regular) e pego (irregular)
Verbo salvar: salvado (regular) e salvo (irregular)
Verbos abundantes da 2.ª conjugação
Verbo acender: acendido (regular) e aceso (irregular)
Verbo eleger: elegido (regular) e eleito (irregular)
Verbo envolver: envolvido (regular) e envolto (irregular)
Verbo morrer: morrido (regular) e morto (irregular)
Verbo prender: prendido (regular) e preso (irregular)
Verbo revolver: revolvido (regular) e revolto (irregular)
Verbo suspender: suspendido (regular) e suspenso (irregular)
Verbos abundantes da 3.ª conjugação
Verbo expelir: expelido (regular) e expulso (irregular)
Verbo : exprimir exprimido (regular) e expresso (irregular)
Verbo extinguir: extinguido (regular) e extinto (irregular)
Verbo frigir: frigido (regular) e frito (irregular)
Verbo imprimir: imprimido (regular) e impresso (irregular)
Verbo incluir: incluído (regular) e incluso (irregular)
Verbo submergir: submergido (regular) e submerso (irregular)

h) Verbos Intransitivos: verbos que não necessitam de complemento. Ex.: viajar, dormir, morrer, nascer.

57
LÍNGUA PORTUGUESA

i) Verbos Transitivo Diretos: Verbos que necessitam Exercícios


de complemento, mas sem a necessidade de preposição.
Ex.: Comprar, vender, falar 01.(MED – SANTOS) Assinale a frase inteiramente
correta:
j) Verbos Transitivos Indiretos: Verbos que se ligam a) Se você requisesse e seu advogado intervisse, talvez
ao complemento com o auxílio de preposição. Ex.: precisar reavesse todos os seus bens.
(de), necessitar (de) b) Se você requeresse e seu advogado interviesse,
talvez reouvesse todos os seus bens.
k) Verbos de Ligação: verbos com pouca força c) Se você requizesse e seu advogado intervesse, talvez
semântica que ligam o sujeito a seu predicativo (qualidade). reaveria todos os seus bens.
Ex.: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, andar… d) Se você requisesse e seu advogado intervesse, talvez
reaveria todos os seus bens.
l) Verbos unipessoais: verbos que apresentam uma e) Se você requeresse e seu advogado intervisse, talvez
única pessoa verbal. Ex.: Latir, miar, coaxar. reouvesse todos os seus bens.

m) Verbos impessoais: verbos que não possuem 02.(MED – SANTOS) A forma que pode estar no futuro
sujeito. São eles os que indicam fenômenos climáticos do subjuntivo é:
(chover, nevar), haver (no sentido de existir), fazer (indicando a) Quando virdes a realidade dos fatos…
tempo decorrido). Assim sendo permanecem na 3º pessoa b) Se irmos diretamente ao assunto…
do singular. c) Quando vos verdes em idênticas situações…
d) Se susterdes a palavra…
n) Verbos pronominais: verbos que exigem pronome. e) Se vós imposerdes a vossa idéia…
Ex.: queixar-se, arrepender-se.
03.(UFF) Assinale a frase em que há um erro de
Locução Verbal conjugação verbal:
Chamamos de locução o conjunto de palavras que a) Requeiro-lhe um atestado de bons antecedentes.
exercem a função de uma única. No caso de locução verbal, b) Ele interviu na questão.
é quando dois verbos cumprem a função que poderia ser c) Eles foram pegos de surpresa.
exercida por um só verbo. d) O vendeiro proveu o seu armazém do necessário.
e) Os meninos desavieram-se por causa do jogo.
Ex.:
Eu comprarei esta casa. - Aqui verificamos um único 04.(UFF) Assinale a série em que estão devidamente
verbo, cujo radical nos dá a informação temporal e as classificadas as formas verbais destacadas:
desinências informações gramaticais (pessoa, tempo e “Ao chegar da fazenda, espero que já tenha terminado
número). a festa”.
Eu vou comprar esta casa. - Já neste caso temos a a) futuro do subjuntivo, pretérito perfeito do subjuntivo
presença de dois verbos: um auxiliar: “vou”, o qual contém b) infinitivo, presente do subjuntivo
a informação de tempo e pessoa, e “comprar” que possui a c) futuro do subjuntivo, presente do subjuntivo
informação semântica. d) infinitivo, pretérito imperfeito do subjuntivo
Em uma locução verbal sempre verificamos dois verbos: e) infinitivo, pretérito perfeito do subjuntivo
um auxiliar + um principal. Veja outros exemplos:
05.(ENG – MACK) Só muito mais tarde vim, a saber,
a) Ainda estou estudando para a avaliação. que a chuva os ___________ na estrada e que não _________
Estou – verbo auxiliar ninguém que ______________.
Estudando – verbo principal a) detera; houve; os ajudasse;
b) detivera; houve; os ajudasse;
b) João veio chorando. c) detera; teve; ajudasse eles;
Veio – verbo auxiliar d) detivera; houve; ajudasse eles;
Chorando – verbo principal e) detivera; teve; os ajudasse.

c) Pode acontecer mais disso. 06.(FEB) “Ele ___________ o carro a tempo, mas não
Pode – Verbo auxiliar ____________ a irritação e ___________ – se com o outro
Acontecer – verbo principal motorista”.
a) freou – conteve – desaveio
b) freiou – conteu – desaveu
c) freou – conteve – desaviu
d) freiou – conteve – desaveio
e) N. D. A.

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LÍNGUA PORTUGUESA

07.(FEB) Assinale a alternativa que completa


adequadamente as lacunas: 6. USO DO SINAL DE CRASE.
“Visto que a democratização do ensino é uma
necessidade, a escola pública ___________ de ser realmente
apoiada e defendida, embora muitos _______________ pois
abaixamento de nível”. CRASE
a) tenha – contestem – haveria
b) tem – contestam – há Vejamos as frases:
c) tem – contestam – haveria Comprei uma casa.
d) tem – contestem – haveria Preciso de você.
e) N.D.A.
Percebemos que na primeira frase o verbo “comprar”
08.Se ele _________, não ___________ de rogado, ___________ não exige preposição, ao contrário de “precisar”. Há, assim,
que não os receberei. verbos que regem preposição e outros não. Além do mais,
a) vir – te faças – diz-lhe alguns verbos exigem preposição “a”, no sentido de “para”:
b) vier – te faz – diz-lhe Vou a Brasília. (para Brasília)
c) vir – te faça – dizer-lhe Vou à casa de Joana (para a casa de Joana).
d) vier – te faças – dize-lhe
e) ier – te faças – diga-lhe Por que no segundo exemplo temos uma preposição
marcada pelo acento grave? Como podemos visualizar,
se o “a” preposição chocar com o artigo feminino “a”, a
09.(CESGRANRIO) No trecho: “…fui obrigado a dá-lo de forma correta seria “vou a a casa de Joana”. Para evitar tal
presente a um bandido, seu amigo, quando, provou que repetição sem sentido, há o fenômeno chamado crase, que
completara na véspera o seu vigésimo nono assassinato”, o significa fusão, contração de duas vogais idênticas.
mais-que-perfeito foi empregado com seu valor normal; na
linguagem literária ele pode também aparecer no valor de: Se crase é a fusão da preposição “a” e o artigo “a” só
a) imperativo afirmativo pode ocorrer frente a palavras femininas
b) pretérito imperfeito do subjuntivo
c) pretérito perfeito do indicativo Sempre surgem dúvidas de quando usar o acento de
d) infinito pretérito crase nas orações. Por isso mesmo, vamos aprender seus
e) futuro do pretérito composto principais usos e também quando não usar.

10.(CESGRANRIO) “Acesas” é particípio adjetivo de - Quando não usar crase:


“acender”, verbo chamado abundante, porque possui dupla
forma de particípio (acendido e aceso). Em abundância, a) diante de palavras masculinas: isso é certo. Uma
que é geralmente do particípio, em alguns verbos ocorre vez que crase é fusão de uma preposição e um artigo
em outras formas. Assim, por exemplo, é o caso de: feminino, não poderá anteceder palavras masculinas que
a) coser exigem o artigo “o”.
b) olhar Ela veio a pé. (pé – palavra masculina)
c) haver Passeei pela fazenda a cavalo (cavalo – palavra
d) vir masculina)
e) dançar
b) antes de verbos: já que o artigo feminino possui
(Exercícios retirados de http://www.coladaweb.com/ como função determinar um substantivo, não faria sentido
exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/ crase em frente a verbos, classe que não exige determinação
verbos) de artigos.
Ela começou a cantar quando ele chegou (cantar –
Gabarito verbo no infinitivo)

1–b c) frente a nomes de cidades:


2–a Vou a Roma nas férias.
3–b Ele quis ir a Paris, mas não pôde.
4–e
5–b Entretanto, caso especifiquemos a cidade com alguma
6–a qualificação utilizaremos o sinal de crase.
7–d Vou à Roma de Fellini.
8–d O seu sonho é ir à Paris de Victor Hugo.
9–b
10 - c

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Entre substantivos que se repetem: USO FACULTATIVO DE CRASE


Nos confrontamos cara a cara.
Frente a frente nos debatemos. 1) Diante de nomes próprios femininos:
Enviei um bilhete a Lúcia.
e) Diante de substantivos no plural: Enviei um bilhete à Lúcia.
A homenagem foi concedida a pessoas de honra.
O convite foi enviado a funcionários de longa data. 2) Antes de pronomes femininos possessivos:
Dedicou o trabalho a sua avó.
f) Antes de pronomes pessoais, demonstrativos, (Sua vó gostou da homenagem)
indefinidos , de tratamento e relativos:
Enviei a Vossa Excelência os convites. Dedicou o trabalho à sua avó.
Isso não interessa a ninguém. (A sua vó gostou da homenagem)

g) Frente a nomes femininos consagrados: 3) Após a preposição ATÉ:


A crítica fazia referência a Maria Madalena. Viajei até a cidade.
Fui a pé até à cidade.
h) Antes da palavra “casa” se não estiver especificada:
Com pressa ele retornou a casa.
CASOS ESPECIAIS DE CRASE
i) Em frente a palavra terra quando esta significar
“terra firme”: 1) Crase com pronomes demonstrativos “aquele”,
Após o naufrágio, voltou a terra. “aquela”, “aquilo”:
No sentido de planeta Terra ocorre crase – O foguete Vejamos as frases abaixou:
retornou à Terra. Aquele rapaz foi escolhido para o cargo.
Fiz referência à carta de João.
- Quando usar crase:
No primeiro caso aquele rapaz não vem depois de
REGRA GERAL: Haverá crase quando o termo nenhum verbo ou nome que exija a preposição “a”. No
antecedente exigir a preposição “a” e o consequente segundo exemplo há crase porque quem faz referência “a”
o artigo “a” algo. E agora:
Fiz referência àquele rapaz.
Comprei a blusa – (o termo antecedente “comprei” não Ainda que seja palavra masculina, o pronome
exige a preposição “a”. Aqui só temos o artigo feminino “a”) demonstrativo aquele inicia-se com a vogal “a” e para
Vou a Pernambuco – (o termo consequente não exige evitar repetição de sons como em “Fiz referência a aquele
o artigo feminino, só há aqui a preposição “a” regida pelo rapaz” utiliza-se acento de crase.
verbo “ir”)
Mais alguns exemplos:
Agora:
Enviamos a carta àqueles alunos.
Falei àquela professora.
Fui à cidade.

Neste caso o verbo “ir” exigiu a preposição “a” e o


2) Antes das expressões qual e quais:
substantivo “cidade” atraiu o artigo feminino “a”. Aqui
Haverá crase caso o correspondente masculino for “ao
temos um exemplo clássico de crase.
qual”, “aos quais”:
Sempre ocorre crase em : Esta é a blusa à qual me referi.
Aqueles são os sapatos aos quais me referi.
a) Indicação de horas:
Cheguei no evento às cinco horas da tarde. 3) Frente a topônimos (nomes de lugares)
Atente às frases abaixo:
b) Expressões “à moda de”, “à maneira de”: Vou à Bahia.
Fiz uma janta à (moda de) Fogaça. Vou a São Paulo.
Quis um cenário à (maneira de) Salvador Dali.
Por que há crase no primeiro exemplo e não no
c) Expressões adverbiais femininas: segundo?
O avião desceu em terra firme à noite. (tempo) Ainda que pareça complexo, é muito simples não errar
Fizeram o trabalho às pressas. (modo). nesses casos: é só substituir o verbo “ir” pelo verbo “voltar”,
se exigir a preposição “da” é sinal de que ocorrerá crase:

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Vou à Bahia. 05.(ESAN) Das frases abaixo, apenas uma está correta,
Volto da Bahia. quanto à crase. Assinale-a:
a) Devemos aliar a teoria à prática.
Vou a São Paulo. b) Daqui à duas semanas ele estará de volta.
Volto de São Paulo. c) Puseram-se à discutir em voz alta.
d) Dia à dia, a empresa foi crescendo.
Vou à França. e) Ele parecia entregue à tristes cogitações.
Volto da França.
06.(ABC – MED.) Nas alternativas que seguem, há
Vou a Salvador. três frases, que podem estar corretas ou não. Leia-as
Volto de Salvador. atentamente e marque a resposta certa:
I. O seu egoísmo só era comparável à sua feiura.
Exercícios II. Não pôde entregar-se às suas ilusões.
III. Quem se vir em apuros, deve recorrer à justiça.
01.Assinale a alternativa em que o uso da crase é a) Apenas a frase I está correta.
obrigatório: b) Apenas a frase II está correta.
a) Um rapazito de paletó entrou na rua e foi perguntar c) Apenas as frases I e II estão corretas.
à Machona pela Nhá Rita. (Aluísio Azevedo) d) Apenas as frases II e III estão corretas.
b) José Cândido não tinha nem a cor nem o título e) As três frases estão corretas.
convenientes à sua filha. (R. Braga)
c) Mas o peru se adiantava até à beira da mata. (G. Rosa) 07.(FUND. LUSÍADA) Assinale a alternativa que
d) Todos, às vezes, precisam ficar bêbados, e por isso completa corretamente o período: ____ noite estava clara
bebem. (R. Braga) e os namorados foram _____ praia ver a chegada dos
e) (…) evitei acompanhar Dr. Siqueira em suas visitas pescadores que voltavam ____ terra.
vespertinas à nossa bem amada. (J. Amado) a) Á / à / à
b) A / à / à
02.Qual das alternativas completa corretamente os
c) A / a / à
espaços vazios?
d) À / a / à
I. E entre o sono e o medo, ouviu como se fosse de
e) A / à / a
verdade o apito de um trem igual ____ que ouvira em
Limoeiro. (J. Lins do Rego)
08.(ITA) Analisando as sentenças:
II. Habituara-se ______ boa vida, tendo de um tudo,
regalada. (J. Amado) I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas.
III. Depois do meu telegrama (lembram: o telegrama em II. Não fale tal coisa as outras.
que recusei duzentos mil-réis ___ (pirata), a “Gazeta” entrou III. Dia a dia a empresa foi crescendo.
a difamar-me. (G. Ramos) IV. Não ligo aquilo que me disse.
IV. Os adultos são gente crescida que vive sempre
dizendo pra gente fazer isso e não fazer _____. Podemos deduzir que:
(Millôr Fernandes) a) Apenas a sentença III não tem crase.
a) àquele, aquela, aquele, aquilo b) As sentenças III e IV não têm crase.
b) àquele, àquela, aquele, aquilo c) Todas as sentenças têm crase.
c) àquele, àquela, aquele, àquilo d) Nenhuma sentença tem crase.
d) àquele, àquela, àquele, aquilo e) Apenas a sentença IV não tem crase.
e) aquele, àquela, aquele, aquilo
09.(ABC – MED.) A alternativa em que o acento
03.(CESCEM) Sentou-se ___ máquina e pôs-se ___ indicativo de crase não procede é:
reescrever uma ___ uma as páginas do relatório. a) Tais informações são iguais às que recebi ontem.
a) a / a / à b) Perdi uma caneta semelhante à sua.
b) a / à / à c) A construção da casa obedece às especificações da
c) à / a / a Prefeitura.
d) à / à / à d) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de
e) à / à / a uma só vez.
e) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão.
04.(FASP) Assinale a alternativa com erro de crase:
a) Você já esteve em Roma? Eu irei à Roma logo.
b) Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.
c) Fui à Lisboa de meus avós, pois gosto da Lisboa de
meus avós.
d) Já não agrada ir a Brasília. A gasolina…
e) nenhuma das alternativas está errada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

10.(FUVEST) Indique a forma que não será utilizada Ainda que apenas na primeira e na última frase
para completar a frase seguinte: visualizemos a presença de um verbo, todos os exemplos
“Maria pediu ____ psicóloga que ____ ajudasse ____ citados acima se tratam de frase, pois cumprem a função
resolver o problema que ___ muito ____ afligia.” de enviar uma mensagem de sentido completo.
a) preposição (a)
b) pronome pessoal feminino (a) 2. ORAÇÃO
c) contração da preposição a e do artigo feminino a (à) Oração é um enunciado que gira em torno de um
d) verbo haver indicando tempo (há) verbo. Não é necessário ter sentido completo e finalizar no
e) artigo feminino (a) ponto final, mas deve ter sentido, que pode ser completado
por outra oração.
(Exercícios retirados de http://www.coladaweb.com/ Veja os exemplos:
exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/ a) Maria foi à festa.
crase) b) Maria disse que iria à festa.

Gabarito No primeiro exemplo, temos uma frase e também


uma oração já que notamos a presença de um verbo na
1–D construção do sentido completo. Já na frase b) temos
2–D uma frase (Maria disse que foi à festa) já que tem sentido
3–C completo e ela é constituída por duas orações: 1 – Maria
4–A disse; 2 – que iria à festa. Importante atentar que a segunda
5–A oração completa o sentido da primeira.
6–E
7–E Geralmente contamos o número de orações num
8–A enunciado segundo o número de verbos. No entanto, vale
9–D lembrar que quando houver uma locução verbal teremos a
10 - E
presença de uma única oração:

Maria saiu. (1 verbo – 1 oração)


7. SINTAXE. Ainda que tenha estudado, não fui bem na prova. (2
verbos – 2 orações)
Amanhã vou comprar seu presente. (1 locução verbal
ANÁLISE SINTÁTICA – 1 oração)

O QUE É SINTAXE? 3. PERÍODO


Inicialmente, quando estudamos as palavras, fazemos Podemos dizer que o período une a frase e oração,
de maneira isolada, a partir de cada classe gramatical já que é um enunciado de sentido completo que gira em
separadamente. É o que se chama de morfologia. torno de um ou mais verbos.
Entretanto, as palavras só existem e são úteis se estão em
conjunto num enunciado e, então, temos a sintaxe, que é Atente aos exemplos:
justamente o estudo das palavras segundo sua ordem de
apresentação numa frase. a) Fogo!
Aqui se trata apenas de uma frase, já que não presença
INTRODUÇÃO À ANÁLISE SINTÁTICA: FRASE. de verbo.
ORAÇÃO. PERÍODO.
b) Maria foi às compras.
1. FRASE Aqui temos uma frase ( já que é completa) e também
Iniciando o estudo das palavras numa relação de um período, uma vez que notamos a presença de um verbo
ordenamento e de sentido o primeiro tópico a ser (portanto, de uma oração).
entendido é o conceito de frase.
Frase é todo enunciado de sentido completo, IMPORTANTE!
possuindo ou não um verbo. A função básica da frase é UM PERÍODO É SEMPRE CONSTITUÍDO POR UMA
expressar uma informação e possui como característica OU MAIS ORAÇÕES, POIS A PRESENÇA DO VERBO É
estrutural ser finalizada pelo ponto final, de exclamação ou FUNDAMENTAL.
de interrogação. Vejamos os exemplos:
a) Maria foi à festa. (frase verbal declarativa) Caso o período possua apenas uma oração, chamamos
b) Fogo! (frase nominal, sem verbos) de período simples ou oração absoluta. E se possuir mais
c) Que menina bonita! (frase exclamativa) de um verbo é definida como período composto.
d) Quem? Eu? (frase interrogativa)
e) Saia já daí! (frase imperativa)

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LÍNGUA PORTUGUESA

SINTAXE DO PERÍODO SIMPLES 3) Assinale com um X as frases verbais (orações):


a) Quanta gente hoje!
Chamamos de período simples o enunciado formado b) Apresse-se, garota!
por uma oração absoluta, ou seja, um único verbo: c) O filme foi bom.
a) Compre aquela blusa, por favor! d) Não aguento essa poluição!
b) Choveu muito ontem. e) Partiremos daqui a pouco. f) Sempre juntos, sempre
c) Precisa-se de operários. amigos.
d) A menina ganhou a boneca. g) Seu colega telefonou.
h) Na praia, grande descontração.
Em todos os exemplos citados percebemos a presença i) Deus te guarde!
de um único verbo e essa é justamente a condição de um j) Que ideia absurda!
período simples: ser formado por uma única oração que, k) As ovelhas são mansas e pacientes.
por ser única, chamamos de absoluta.
Já que possui um único verbo, o período simples é (Exercícios retirados de https://pt.scribd.com/
menos complexo que o período composto. Assim seu doc/215584825/EXERCICIOS-FRASE-E-ORACAO-docx)
estudo se dedica às palavras (as quais chamamos de
“termos”) que o constituem. A análise do período simples Gabarito
se dedica aos seguintes aspectos:
1 – d, f, h
a) Termos essenciais da oração 2 – a, c, f, g, i, k
- Sujeito 3 – b, d, e, g, i, k
- Predicado
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
b) Termos integrantes da oração
- Objeto Direto Termos essenciais da oração são os que constroem a
- Objeto Indireto estrutura básica do período. Para que qualquer enunciado
- Complemento Nominal
oracional tenha sentido, é fundamental um agente que
- Predicativo do Sujeito
condicione a flexão verbal e o verbo propriamente dito. Por
- Agente da Passiva
isso, os termos essenciais são:
a) Sujeito: termo da oração sobre o qual se declara
c) Termos Acessórios da oração
algo e interage com o verbo definindo sua flexão de
- Adjunto Adnominal
número e pessoa;
- Adjunto Adverbial
- Aposto b) Predicado: é tudo o que se diz sobre o sujeito,
possuindo como número um verbo.
Exercícios Atente ao exemplo:
João viajou no último feriado.
1. Assinale as alternativas que não apresentam João = sujeito da oração. Além de ser o assunto do
uma frase: enunciado, é o elemento que exigirá a flexão do verbo (3º
a) Que golaço! pessoa do singular)
b) Vocês assistiram à transmissão do jogo pela tevê? viajou no último feriado = predicado, informação a
c) Em vez de nadar, preferiram jogar bola., respeito do sujeito (João), iniciado por um verbo.
d) O futebol povo paixão pelo tem brasileiro. Os termos essenciais da oração possuem classificações
e) Correram para a garagem e entraram no carro. específicas. Vejamos uma a uma:
f) O sobre verde era gramado céu.
g) Clara passeava com as crianças no jardim. - TIPOS DE SUJEITO
h) Mão Luisinho trêmula.
a) Sujeito simples: composto por um único núcleo,
2. Assinale com um X as frases nominais: mesmo estando no plural.
a) Que medo! Ex.:
b) Ele chutou a porta. (1) Maria esqueceu de pagar o presente.
c) Coitadinho do garoto! (2) Os lindos filhos de Maria começaram a escola
d) O povo odeia os governantes corruptos. ontem.
e) Transmitirei o recado a sua namorada.
f) Coragem, companheiro! Tanto no primeiro exemplo quanto no segundo
g) Que voz estranha! percebemos que o verbo é condicionado por um único
h) A lanterna produzia boa claridade. núcleo: Maria (1); filhos (2).
i) Luisinho, não!
j) As risadas não eram normais.
k) Que alívio!

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Sujeito composto: caracterizado pela presença de - Verbo fazer indicando fenômeno da natureza:
mais de um núcleo, geralmente unido pela conjunção e: Ex.:
Ex.: Faz frio nesse período do ano.
(1) Maria e Antônio são refugiados.
(2) O aluno estrangeiro e a professora brasileira - Verbo ser indicando tempo ou distância:
participaram da mostra cultural. Ex.:
São seis horas.
c) Sujeito oculto: quando o sujeito não está presente São doze metros de comprimento.
na oração, mas é facilmente compreendido pela flexão
verbal ou contexto. Exercícios
Ex.:
(1) Saí de casa. (eu saí) 1) Em relação ao trecho: “Pregada em larga tábua de
(2) Saímos de casa (nós saímos) pita, via-se formosa e grande borboleta, com asas meio
(3) Saíste de casa. (Tu saíste) abertas, como que disposta a tomar voo”, podemos
afirmar que o sujeito principal da oração é:
a) simples, tendo por núcleo implícitoalguém.
João não pretende sair de casa. Está cansado. (Na
b) composto, tendo por núcleosformosa e grande.
segunda oração percebemos, pelo contexto, que o “estar
c) simples, tendo por núcleoasas.
cansado” se refere a João, mencionado na primeira frase.
d) indeterminado, tendo por índice de indeterminação
do sujeito a partículase.
d) Sujeito indeterminado: quando não é possível e) simples, tendo por núcleoborboleta.
identificar o sujeito, marcado por verbos na 3º pessoa do
plural, 2) No período: “Ser amável e ser egoísta são coisas
(1) Roubaram a proprietária da loja. distintas”, o sujeito é:
(2) Encontraram a menina. a) indeterminável
b)”ser amável”
Também há a presença de sujeito indeterminado em c) “coisas distintas”
verbos na 3º pessoal do singular mais a partícula se , d) “ser amável e ser egoísta”
a qual chamamos de índice de indeterminação do e) n.d.a
sujeito.
3) Na oração: “Reprovaram alguns autores esta
Ex.: história”, qual é o núcleo do sujeito?
a) história
Precisa-se de vendedores.
b) alguns autores
Vive-se bem em Florianópolis. c) reprovaram
d) autores
e) Sujeito inexistente: falamos em sujeito inexistente e) n.d.a
quando a oração contiver apenas predicado. Há casos em
que o predicado é marcado por verbos impessoais (que 4) “Em 1949 reuniram-se em Perúgia, Itália, a
não têm sujeito e, por isso, não variam em flexão de pessoa convite da quase totalidade dos cineastas italianos,
e número): seus colegas de diversas partes do mundo.” O núcleo do
sujeito de “reuniram-se” é:
- Verbos que indicam fenômenos climáticos: chover, a) cineastas
b) convite
ventar, escurecer, nevar, amanhecer, anoitecer…
c) colegas
Ex.:
d) totalidade
Nevou muito no sul.
e) se
Sempre chove nessa época do ano.
5) Aponte a alternativa em que ocorre sujeito
- Verbo haver no sentido de existir: indeterminado:
Ex.: a) Na prova, havia, pelo menos, quatro questões difíceis.
Houve muitos protestos na última semana. b) Revelou-se a necessidade de auxílio aos
Há pessoas no recinto. desabrigados.
c) Aconteceram, naquela casa, fenômenos inexplicáveis.
- Verbo haver e fazer indicando tempo: d) Come-se bem naquele restaurante.
Faz vinte anos que não o vejo. e) Resolvemos não apoiar o candidato.
Não o vejo há anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6) Qual a alternativa em que há sujeito 13) Em todas as alternativas, o termo sublinhado


indeterminado? exerce a função de sujeito, exceto em:
a) Comecei a estudar muito tarde para o exame. a)Quemsabe de que será capaz a mulher de teu
b) Em rico estojo de veludo, jazia uma flauta de prata. sobrinho?
c) Soubesse que o proprietário estava doente. b) Raramente se entrevêo céunesse aglomerado de
d) Houve muitos feridos no desastre. edifícios.
e) Julgaram-no incapaz de exercer o cargo. c) Amanheceuum dia lindo, e por isso todos correram
à piscina.
7) Assinale a frase em que há sujeito indeterminado: d) Era somenteuma velha, jogada num catre preto de
a) Compram-se jornais velhos. solteiro.
b) Confia-se em suas palavras e) É precisoque haja muita compreensão para com
c) Chama-se José o sacerdote. os amigos
d) Choveu muito.
e) É noite. 14) Há crianças sem carinho.
Disseram-me a verdade.
8) Aponte a alternativa em que a palavra se é índice Construíram-se represas.
de indeterminação do sujeito: Os sujeitos das orações acima são, respectivamente:
a) Resolver-se-ão os exercícios. a) inexistente, indeterminado, simples
b) Não se reprovarão estes alunos. b) indeterminado, implícito, indeterminado
c) Trabalha-se com afinco naquela empresa. c) simples, indeterminado, indeterminado
d) Vendem-se relógios. d) inexistente, inexistente, simples
e) Plastificam-se documentos. e) indeterminado, simples, inexistente

9) Nas orações: “Considera-se a pesquisa reveladora” (Exercícios retirados de http://www.


e “Fala-se muito na pesquisa sobre os jovens”, temos, gramaticaparaconcursos.com/2013/11/sujeito-exercicios.
respectivamente: html?m=1)
a) sujeito paciente e sujeito agente
b) sujeito paciente e sujeito indeterminado Gabarito
c) sujeito agente e sujeito agente
1-e
d) sujeito indeterminado e sujeito indeterminado
2 -d
e) sujeito indeterminado e sujeito paciente
3 -d
4 -c
10) Aponte a alternativa em que ocorre sujeito
5 -d
inexistente:
6 -e
a) Alguém chegou atrasado à reunião.
7 -b
b) Telefonaram para você. 8 -c
c) Existiam, pelo menos, cinquenta candidatos. 9 -b
d) Deve fazer dez anos que ele desapareceu 10 -d
e) Consertou-se o relógio. 11 -e
12 -e
11) Qual a oração sem sujeito? 13- d
a) Falaram mal de você. 14 -a
b) Ninguém se apresentou.
c) Precisa-se de professores. - TIPOS DE PREDICADO
d) A noite estava agradável.
e) Vai haver um campeonato. A) Predicado Nominal: quando na oração o nome
(substantivo, adjetivo) oferece mais informação semântica
12) Assinale a oração sem sujeito: do que o verbo. Para identificar esse tipo de predicado
a) Convidaram-me para a festa. basta apenas reconhecer na oração um verbo de ligação
b) Diz-me muita coisa errada. entre o sujeito e o complemento.
c) O dia está quente. Ex.:
d) Alguém se enganou. Maria é bonita.
e) Vai fazer bom tempo amanhã. João permanece quieto.
Pedro continua triste.

Nos exemplos acima percebemos que o verbo cumpre


a função de ligar o sujeito à característica a ele referida.
Chamamos de predicativo do sujeito a referência que
sucede o verbo de ligação.

65
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Predicado Verbal: quando o verbo apresenta 02. Onde há predicado verbo-nominal?


a informação essencial sobre o sujeito, e aqui os verbos a) Devolva os documentos ao diretor.
precisam indicar ação: b) Renata ficou feliz.
Ex.: c) Ela confia em você.
Pedro comprou uma casa na zona sul. d) A notícia deixou-o preocupado.
João sempre corre aos domingos. e) Os viajantes partiram ontem.
Letícia canta no coral da cidade.
03. O professorentrou apressado. Os grifos indicam:
c) Predicado Verbo-Nominal: quando a oração a) predicado nominal.
apresenta um verbo de ação e um predicativo do sujeito. b) predicado verbo-nominal.
Ex.: c) predicado verbal.
Pedro comprou a casa apressado. d) objeto direto.
João falou à Maria desolado. e) objeto indireto

Percebemos que nos exemplos acima temos verbos de 04. Identifique a alternativa errada em relação à
ação (com forte carga semântica) e predicativos (apressado classificação dos predicados das orações a seguir:
e desolado) que também se referem ao sujeito. a) Todos nós consideramos a sua atitude infantil
Vale lembrar que verbos com dupla transitividade: (predicado verbo-nominal)
transitivos diretos e indiretos também integram predicado b) A multidão caminhava pela estrada poeirenta.
verbo-nominal. (predicado verbo-nominal)
Enviei uma carta para Pedro. c) A criançada continua emocionada. (predicado
nominal)
Verbos transitivos são os que se ligam ao d) A criançada continua no jardim. (predicado nominal).
complemento sem o auxílio de preposição: e) Demitiram o secretário da instituição. (predicado
verbal)
Ex.: Comprei uma casa
05. Analise as orações e assinale a alternativa correta:
Encontrei a chave I. Paulo está adoentado.
II. Paulo está no hospital.
a) O predicado é verbal em I e II.
b) O predicado é nominal em I e II.
Verbos transitivos indiretos são os que se ligam ao c) O predicado é verbo-nominal em I e II.
complemento com o auxílio de preposição. d) O predicado é verbal em I e nominal em II.
e) O predicado é nominal em I e verbal em II.
Ex.: Preciso de você

Fui à Bahia 06. Assinale a alternativa em que apareça predicado


verbo-nominal.
a) A chuva permanecia calma.
b) A tempestade assustou os habitantes da vila.
Verbos transitivos diretos e indiretos (bitransitivos) c) Paulo ficou satisfeito.
são os que para terem seu sentido completo d) Os meninos saíram do cinema calados.
necessitam da presença de um complemento e) Os alunos estavam preocupados.
iniciado por artigo e outro por preposição:
07. Observe a oração abaixo e assinale a alternativa
Enviei uma carta para Pedro CORRETA:
“A inspiração é fugaz, violenta.”
Podemos afirmar que o predicado é:
Exercícios a) Verbo-nominal, porque o verbo é de ligação e vem
seguido de dois predicativos.
01. Assinale a alternativa em que aparece predicado b) Nominal, porque o verbo é de ligação.
verbo-nominal: c) Verbal, porque o verbo é de ligação e são atribuídas
a) “Nesse samba te proclamo majestade do universo.” duas características ao sujeito.
b) O homem doou os agasalhos aos necessitados. d) Nominal, porque o verbo tem significação completa
c) Após o toque permaneceram na sala os alunos. e apresenta adjuntos adnominais e dois predicativos.
d) “Brasil és no teu berço dourado o índio civilizado.” e) Verbo-nominal porque apresenta um predicativo
e) “Lutar com palavras é a luta mais vã.” seguido do objeto direto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. Sobre o exemplo: “A lua brilhou alegre no céu”, a) I predicado verbal; II - predicado verbal; III - predicado
afirmamos: verbo-nominal.
I. O verbo brilhar é intransitivo. b) I - predicado nominal; II predicado verbal; III
II. O verbo brilhar é transitivo direto. predicado verbo-nominal.
III. O verbo brilhar é transitivo indireto. c) I predicado verbo-nominal; II predicado verbal; III
IV. O predicado é nominal. predicado nominal.
V. O predicado é verbal. d) I predicado verbo-nominal; II predicado nominal; III
VI. O predicado é verbo-nominal. predicado verbal.
a) Estão corretas I e VI. e) I - predicado nominal; II - predicado verbal; III -
b) Estão corretas I e V. predicado verbo-nominal.
c) Estão corretas II e V.
d) Está correta apenas IV. 14. Aponte a frase de sujeito simples e predicado
e) Estão corretas III e VI. verbo-nominal.
a) A jovem passeava tranquilamente.
09. Ocorre predicado verbo-nominal em: b) Mariana fez o concurso esperançosa.
a) A tua resposta não é verdadeira. c) Existem grandes possibilidades.
b) O cão vadio virou a lata de lixo. d) Paulo e Marcelo estudam animados.
c) Viraram moda os jogos eletrônicos. e) Os cientistas retomaram da gruta às pressas.
d) Todos permaneçam em seus lugares.
e) Pensativo e triste vinha o rapaz. 15. Assinale a alternativa em que há uma oração com
predicado verbo-nominal:
10. Indique a alternativa em que o predicado é verbo- a) O mar estava calmo naquela manhã.
nominal: b) Nenhum navio partiu ontem.
a) O soldado foi encontrado morto. c) Achei esse sujeito muito antipático.
b) Aquele homem tornou-se milionário. d) O homem ficou furioso com a brincadeira.
c) Hoje é dia 20 de novembro. e) Ele terminou o trabalho ontem à tarde.
d) Alguns jogadores estão contundidos. (Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot.
e) Os alunos parecem desinteressados. com.br/2012/02/exercicios-de-predicado.html)

11. Assinale uma das alternativas em que aparece um Gabarito


predicado verbo-nominal:
a) Os viajantes chegaram cedo ao destino. 1A - 2D - 3B - 4D - 5E - 6D - 7 B - 8A - 9E - 10A - 11D
b) Demitiram o secretário da instituição. - 12A - 13A - 14B - 15C
c) Nomearam as novas ruas da cidade.
d) Compareceram todos atrasados à reunião. TERMOS INTEGRANDES DA ORAÇÃO
e) Estava irritado com as brincadeiras.
São os termos que “integram” a oração, completando
12. Assinale a alternativa correta em relação à o seu sentido. Sem sua presença a frase permanece
classificação dos predicados das orações abaixo: incompleta. Vejamos os diversos tipos:
I- Saíram ele e ela.
II- Sua terra está completamente mudada. a) Objeto Direto: completa o verbo transitivo direto,
III- Achei calma a aluna. sem o auxílio de preposição.
a) I predicado verbal; II - predicado nominal; III - Olhei o quadro.
predicado verbo-nominal. Vendi a casa de praia.
b) I predicado nominal; II predicado verbo-nominal; III
predicado verbal. b) Objeto Indireto: completa verbo transitivo indireto,
c) I predicado verbo-nominal; II predicado verbal; III com o auxílio de preposição.
predicado nominal. Preciso de amor.
d) I predicado verbo-nominal; II predicado nominal; III Necessito de tempo.
predicado verbal.
e) I predicado nominal; II - predicado verbal; III - c) Complemento Verbal: completa o sentido de um
predicado verbo-nominal. substantivo abstrato ou adjetivo.
Tenho medo de avião.
13. Assinale a alternativa correta em relação à Ela é favorável à reforma política.
classificação dos predicados das orações abaixo: Nos exemplos acima, o substantivo abstrato “medo” e
I- Olhei a aluna na janela. o adjetivo “favorável” ficariam incompletos e sem sentido
II- Aqui se trabalha. sem a presença dos complementos nominal.
III- Ninguém saiu hoje satisfeito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

d) Agente da Passiva: complemento preposicionado c) Para sair com a turma o diretor escolheu a nós.
que representa o agente de ação de um verbo que está na d) Ofenderam a mim e não a ele.
voz passiva. e) O professor elogiou a todos.
Eu comprei um carro. (Aqui o verbo está na voz ativa. O
agente da ação do verbo coincide com o sujeito da oração.) 05. O agente da passiva foi corretamente destacado
O carro foi comprado por João. (percebemos que em todas as opções, exceto em:
neste caso o agente da ação de comprar não é o sujeito a) O presídio tinha sido cercadopelos soldados.
da oração – que aqui é “o carro”, mas sim João, classificado b) Ela é a única responsávelpela festa.
aqui como agente da passiva. c) O time foi derrotadopelo campeão da cidade.
d) O mestre foi homenageadopelos alunos.
Exercícios e) A casa foi destruídapela inundação.

01 - A análise sintática é definida pela relação que se 06. Assinale a frase em que o objeto direto é pleonástico:
estabelece entre palavras ou grupos de palavras dentro a) A borboleta negra, encontrei–a à noite.
de um contexto. Relacione a 2ª coluna de acordo com b) Eu a sacudi de novo.
a 1ª, observando a correta classificação dos termos c) Fiquei a olhar o cadáver com simpatia.
destacados. A seguir, assinale a alternativa CORRETA: d) Um golpe de toalha rematou a aventura.
1. Objeto direto e) Vi dali o retrato de meu pai.
2. Objeto indireto
3. Complemento nominal 07. “A recordaçãoda cenapersegue–meaté hoje”. Os
4. Agente da passiva termos em destaque são:
( ) “ A fome pode determinara supressãode uma delas.” a) objeto indireto – objeto indireto;
( ) “ A destruição não atingeo princípio universal e b) complemento nominal – objeto direto;
comum.” c) complemento nominal – objeto indireto;
( ) “ Uma das tribos será exterminadapela outra.” d) objeto indireto – objeto direto;
( ) ... e necessitamde mais alimento. e) agente da passiva – objeto indireto.
a) 3, 1, 4, 2
08. Dentre as opções abaixo assinale aquela em que há
b) 1, 2, 3, 4
objeto direto preposicionado:
c) 2, 4, 1, 3
a) Passou aos filhos a herança recebida dos pais;
d) 4, 3, 2, 1
b) Amou a seu pai, com a mais plena grandeza da alma;
e) 3, 4, 1, 3
c) Amou sua mulher como se fosse a única;
d) Naquele tempo era muito fácil viajar para os infernos;
02. Em: Tinha grande amorà humanidade/ As ruas
e) Em dias ensolarados, gosto de ver nuvens flutuarem
foram lavadaspela chuva/ Ele é ricoem virtudes.Os termos nos céus de agosto.
destacados são, respectivamente:
a) complemento nominal, agente da passiva, 09. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que contém
complemento nominal objeto direto preposicionado:
b) objeto indireto, agente da passiva, objeto indireto a) “Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel
c) complemento nominal, objeto indireto, complemento escrito e rasgou–o”.
nominal b) Não desconfiei do candidato e corrigi o trabalho por
d) objeto indireto, complemento nominal, agente da inteiro.
passiva c) Poucos jornais se referiram ao episódio.
e) objeto direto, objeto indireto, complemento nominal d) O jovem de hoje também necessita de espiritualidade.
e) Pela estrada ia passando um comboio de caminhões–
03. Assinale o item em que a função não corresponde tanques.
ao termo em destaque:
a) Comer demais é prejudicialà saúde.(complemento 10. Assinale a frase que contém agente da passiva:
nominal) a) Fiquei ouvindo aquilo por longo tempo.
b) Jamais me esquecereide ti. (objeto indireto) b) Dei cinco reais pelo cachorrinho.
c) Ele foi cercadode amigos sinceros. (agente da c) As colheitas foram levadas pela chuva.
passiva) d) Sempre saía a esmo pelos caminhos.
d) Não tens interessepelos estudos. (complemento e) Agrada–me por todas as formas.
nominal)
e) Ele tinha receiode tudo a sua volta.. (objeto indireto) (Exercícios retirados de http://odemartins.blogspot.
com.br/2014/04/termos-integrantes-da-oracao-exercicio.
04. Em todas as alternativas abaixo, há objeto direto html)
preposicionado, exceto em:
a) Acho que ela não consegue amar a ninguém. GABARITO : 1A - 2A - 3E - 4B - 5B - 6A - 7B - 8B -
b) Dedicou–se a estudos matemático. 9A - 10C

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LÍNGUA PORTUGUESA

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO Vejamos as circunstâncias possíveis de um adjunto


adverbial:
São termos que são dispensáveis na oração, mas - circunstância de tempo: Ontem li o livro.
acrescentam informação ou circunstância referente ao - circunstância de modo: Cantou bem.
substantivo ou ao verbo, enriquecendo seu sentido. São - Circunstância de lugar: Vivo perto daqui.
considerados termos acessórios: - Circunstância de intensidade: Chorou bastante.
a) Adjunto Adnominal - Circunstância de modo: Morreu de sede.
b) Adjunto Adverbial - Circunstância de companhia: Viajei com Pedro.
c) Aposto - Circunstância de instrumento: Cortou com a faca.

a) Adjunto Adnominal: como a própria denominação 3) Aposto: termo que possui a função de explicar,
adianta, o adjunto adnominal é o termo que acompanha o esclarecer um termo previamente citado, apresentado na
nome (o substantivo) na função de satélite, concordando oração entre vírgulas.
com ele em gênero e número. Podem ser adjuntos Ex:
adnominais as classes gramaticais: artigo, pronomes,
numerais, adjetivos ou locuções adjetivas. João saiu às pressas.
Ex.: João, irmão de Maria, saiu às pressas.

A linda professora publicou seu livro. Roma é cidade eterna.


Roma, que é capital de Itália, é a cidade eterna.
Substantivos: professora/ livro
Adjuntos adnominais: A/linda/seu Exercícios
A casa da Maria foi vendida. 1. Na oração “Você ficará tuberculoso,de
Substantivo: Maria tuberculosemorrerá”, as palavras destacadas são,
Adjuntos Adnominais: A/da Maria respectivamente:
a) adjunto adverbial de modo, adjunto adverbial de
Qual a diferença entre complemento Nominal causa
e Adjunto Adverbial? b) objeto direto, objeto indireto
c) predicativo do sujeito, adjunto adverbial
d) ambas predicativos
e) n.d.a.
O complemento nominal é um termo integrante
e sua presença garante o sentido da frase: 2. Aponte a alternativa em que há adjunto adverbial
de causa.
a) Compro os livros com o dinheiro.
Tenho necessidade (de que?) de amor. b) O poço secou com o calor.
c) Estou sem amigos.
d) Vou ao Rio.
e) Pedro é efetivamente bom.
Já o adjunto adnominal auxilia na produção
de sentido, mas pode ser descartado pois não 3. Nos trechos:
causa prejuízo ao entendimento do enunciado. “Marciano subiu ao forro da igreja e acabou com elasa
pau.”
“Não posso ver o mostrador assimàs escuras.”

Os meus três lindos filhos de criação já se As expressões destacadas dão, respectivamente,


formaram. (Qual é a informação básica? Filhos ideia de:
se formaram a) modo, especificação
b) lugar, modo
c) instrumento, modo
b) Adjunto Adverbial: termos que inserem uma d) instrumento, origem
informação de circunstância a verbo. Como nos diz a e) origem, modo
denominação, são os advérbios ou locuções adverbiais
presentes na oração.
Comi muito hoje.
Verbo: comi
Adjunto Adverbial de intensidade: muito
Adjunto adverbial de tempo: hoje

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LÍNGUA PORTUGUESA

4. Na oração: “José de Alencar, romancista brasileiro, de período composto por coordenação. Além disso, há
nasceu no Ceará”, o termo destacado exerce a função casos em que as duas orações não podem ser separadas,
sintática de: pois uma completa a outra (exemplo 2), e isso se trata de
a) aposto um período composto por subordinação.
b) vocativo Ex.:
c) predicativo do objeto
d) complemento nominal 3) Penso, logo existo.
e) n.d.a. Trata-se de um período composto por coordenação
já que é possível transformar as duas orações em frases
5. Na oração: “Cláudia,uma mulher simplesmente independentes:
notável, é a melhor mãe que uma criança poderia ter”, Penso. Logo existo.
o termo destacado exerce a função sintática de:
a) complemento nominal 4) Perguntei se ele me amava.
b) aposto explicativo Vemos aqui um caso de período composto por
c) vocativo subordinação, pois se separarmos as orações tornando-as
d) aposto especificativo períodos simples, o enunciado perderá o sentido:
e) ajunto adnominal Perguntei. Se você me amava.
Cada um desses períodos apresenta características e
6. Dê a função sintática do termo destacado manifestações distintas.
em: “Não digo nada de minha tia materna,Dona
Emerenciana”. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
a) sujeito
b) adjunto adverbial Denomina-se período composto por coordenação o
c) objeto direto enunciado de sentido completo composto por duas ou
d) vocativo mais orações coordenadas, ou seja, independentes. Nesses
e) objeto indireto casos não há uma oração que se sobreponha à outra e, por
isso mesmo, não há uma oração principal, ambas são.
(Exercícios retirados de http://www. Por serem autônomas, as orações coordenadas podem
gramaticaparaconcursos.com/2013/12/termos-acessorios- ser unidas apenas por vírgulas e aí são denominadas de
da-oracao-exercicios.html)
assindéticas, já que não apresentam nenhuma palavra de
conexão entre si, como no exemplo:
Gabarito
Vi, vim, venci.
1 -c
Ainda que sejam independentes, as orações
2 -b
coordenadas podem ser unidas também a partir de um
3-c
elemento conectivo, recebendo a denominação de orações
4 -a
coordenadas sindéticas. A classe gramatical que cumpre
5 -b
6 -d essa função de conectá-las é a conjunção. Esta não apenas
une as orações, estabelece entre elas uma relação de
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO sentido. Vejamos:
a) O ciclista acordou tarde e comeu.
PERÍODO COMPOSTO b) O ciclista acordou tarde, mas comeu.
c) O ciclista acordou tarde, logo comeu.
Período composto é o enunciado de sentido completo d) O ciclista acordou tarde porque comeu.
que gira em torno de dois ou mais verbos.
Ex.: Nos exemplos acima percebe-se que as conjunções
1) O funcionário chegou e assinou o documento. em destaque não apenas liga as duas orações, cria um
2) Maria disse que não iria à festa. sentido específico entre elas. Por isso mesmo, a gramática
estabelece uma classificação específica a partir da relação
Nos exemplos acima verificamos a relação entre as de sentido criado pelas conjunções.
duas orações. Entretanto, percebemos que, no exemplo
1 a segunda oração não completa o sentido do verbo da CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
primeira, ambos os segmentos são independentes. Já na SINDÉTICAS
frase 2 a segunda oração possui a função de completar o
sentido do verbo dizer. a) Oração coordenada sindética aditiva: estabelece
Por isso mesmo, afirma-se que há períodos em que uma relação de adição entre as orações, a partir das
as orações estão unidas num enunciado em situação de conjunções coordenativas aditivas e, nem ...nem, não só...
independência (exemplo 1). Denominamos esse período como também, não só…mas também etc...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ex. Exercícios
A economia cresceu e progrediu.
A economia não só cresceu mas também progrediu. 1.A oração “Não se verificou, todavia, uma
Nem estudou nem descansou. transplantação integral de gosto e de estilo” tem valor:
a) conclusivo
b) Oração coordenada sindética adversativa: b) adversativo
transmite uma ideia de contradição e oposição, através c) concessivo
das conjunções coordenativas adversativas mas, porém, d) explicativo
entretanto, contudo, todavia etc… e) alternativo
Ex.:
Fui dormir tarde, mas consegui acordar cedo. 2. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A
Gosto muito de você, porém preciso deixá-lo. oração em destaque é:
a) coordenada explicativa
c) Oração coordenada sindética alternativa: b) coordenada adversativa
estabelece uma relação de alternância com a oração anterior. c) coordenada aditiva
São usadas as conjunções coordenativas alternativas ou... d) coordenada conclusiva
ou…, já...já, quer...quer, ora...ora. e) coordenada alternativa
Ex.:
Ou durmo, ou estudo. 3. No verso, “Tenta chorar e os olhos sente enxutos”, o
Ora durmo, ora estudo. conectivo oracional indica:
a) junção de ideias, logo é conjunção aditiva
d) Oração coordenada sindética conclusiva: cria uma b) disjunção de ideias, logo é conj. Alternativa
relação de conclusão com a oração anterior, oferecendo c) contraste de ideias, logo é conj. Adversativa
a ideia de resultado. São utilizadas as conjunções d) oposição de ideias, logo é conj. Concessiva
coordenativas conclusivas pois, logo, portanto, por e) sequência de ideias, logo é conj. Conclusiva.
conseguinte, consequentemente.
Penso, logo existo. 4. Fez isso ______ não conseguiu o resultado. ___A______
Estudo, por conseguinte obterei o resultado almejado. ___________B_______________
Qual das alternativas abaixo preenche a lacuna,
e) Oração coordenada explicativa: estabelece uma indicando que B é um fato anterior a A?
ideia de explicação com a oração anterior, esclarecendo-a. a) entretanto
São usadas as conjunções coordenativas porque, isto é, ou b) pois
seja, a saber. c) porém
Ex.: d) enquanto
Viajei logo, porque tinha pressa. e) e.
Fiquei muito triste, uma vez que ele descumpriu o
trato combinado. 5.”Deus não fala comigo, e eu sei que Ele me escuta.”
O conectivo “e” pode ser substituído, sem contrariar o
IMPORTANTE sentido, por:
a) ou.
b) no entanto
c) porém
Excetuando as orações coordenadas sindéticas d) porquanto
aditivas, todas as demais exigem o uso de vírgula e) nem
antes da conjunção coordenativa:
(Exercícios retirados de http://questoesconcursos.
b l o g s p o t . c o m . b r / 2 0 1 1 / 0 4 / q u e s to e s - d e - o r a c o e s -
Trabalhou muito, mas não concluiu a tarefa. coordenadas-para.html)

Ou esqueça, ou lute. Gabarito 1.b – 2.d – 3.a – 4.b – 5.b


Está batalhando, pois ambiciona progredir.

Ela chegara atrasada, porque houve greve na linha


do metrô.

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LÍNGUA PORTUGUESA

PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO Classificação das orações subordinadas substantivas

Denomina-se período composto por subordinação o a) Oração Subordinada Substantiva Subjetiva:


período integrado por duas ou mais orações em que se quando exerce a função sintática de sujeito do verbo da
verifica entre elas uma relação de dependência semântica oração principal.
e sintática. Ou seja, caso se retire uma das orações o
enunciado perde o sentido. Ex.:
Ex.:
Perguntei se ele viria. 1)Sua participação foi importante. (sujeito)
Chorou tanto que não conseguiu abrir os olhos. Foi importante sua participação. (sujeito)

Quando falamos em orações subordinadas se Foi importante que você tenha participado da
entende a presença de uma oração principal e uma reunião. (oração subordinada substantiva subjetiva).
oração subordinada que completará a mensagem da
primeira. 2) A leitura é fundamental. (sujeito)
As orações subordinadas dividem-se em: É fundamental a leitura. (sujeito)
a) Orações Subordinadas Substantivas: completam a
oração principal exercendo a função de substantivo; É fundamental que você leia. (oração subordinada
b) Orações Subordinadas Adjetivas: completam a substantiva subjetiva)
oração principal exercendo a função de adjetivo;
c) Orações Subordinadas Adverbiais: completam a - Estrutura das orações subordinadas substantivas
oração principal exercendo a função de advérbio. subjetivas:

I – ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS * Verbos de ligação mais predicativo:

Como dito acima, são as que integram a oração É importante – É fundamental – É essencial –
principal exercendo a função de substantivo. Foi imprescindível – Permanece preocupante – Está
comprovado
Como assim?
Ex.:
Atente ao exemplo abaixo: É fundamental que as crianças estudem
a) Falei verdades a João.
b) Trabalho é fundamental. * Expressões iniciadas por verbos na voz passiva:
c) Trabalho é fundamental.
Sabe-se – Conta-se – Percebe-se – Soube-se – É sabido
Nos períodos simples acima percebemos que as – Comenta-se – Foi comprado – Foi anunciado
palavras destacadas exercem a função de substantivo e
podem ser substituídas por isso. Ex.:
a) Falei isso a João. Conta-se que muitos alunos não realizaram a prova.
b) Trabalho é isso.
c) Isso é trabalho. * Verbos como: cumprir – convir – importar –
acontecer – ocorrer
Realizando uma análise sintática, classificamos os
termos destacados como objeto direto (a), predicativo do Ex.:
sujeito (b) e sujeito (c). Convém que você estude mais.
Mas o ser humano pode produzir frase mais complexas,
constituídas por períodos compostos por mais de um verbo,
e os mesmos exemplos citados anteriormente podem ser b) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta:
assim reescritos: exerce a função de objeto direto, completando verbo
a) Falei que não me casaria a João. transitivo direto.
b) Trabalho é agir com responsabilidade.
c) É importante trabalhar. Ex.:
Maria não sabe que João viajou.
O que foi feito? Substituímos os substantivos dos O deputado perguntou se todos já haviam chegado.
enunciados por verbos equivalentes e construímos orações
subordinadas substantivas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Chamamos de conjunção integrante a Ex.:


conjunção que a qual inicia a subordinada Meu desejo era esse: que ele não voltasse mais.
Sempre apresentou essa desconfiança: que Joana não
substantiva objetiva direta. Isso porque a ela
estava cumprindo o contrato.
cabe a atribuição de iniciar o complemento
verbal. Exercícios
Peço que você saia.
1. (UNAMA) No seguinte grupo de orações
Orações Substantivas Objetivas Diretas Reduzidas: destacadas:
1. É bom que você venha.
Podem integrar/completar o verbo transitivo direto 2. Não esqueças que és falível.
Temos orações subordinadas, respectivamente:
da oração principal orações subordinadas marcadas pelo
a) objetiva direta, subjetiva.
verbo reduzido de infinitivo:
b) subjetiva, objetiva direta.
c) objetiva direta, adverbial temporal.
Ex.:
d) subjetiva, predicativa.
Mandei-a nadar um pouco.
e) predicativa, objetiva direta.
Ouvi João chorar o dia inteiro.
2. (UFBA) Em todos os períodos a oração
Por isso mesmo, chamamos de orações desenvolvidas subordinada funciona como sujeito da oração principal,
as caracterizadas por verbos flexionados e reduzidas com exceto em:
verbos apresentados no infinitivo. a) É claro que eles virão.
b) Acontece que ela mentiu.
c) Orações Subordinadas Substantivas Objetivas c) Sabe-se que é um golpe.
Indiretas: exercem a função de objeto indireto, d) O certo é que tudo morre.
completando verbos transitivos indiretos. e) Agora parece que é dia.
Ex.: 3. (FMU-SP) No seguinte período: «Aí eu tive o
Minha aluna necessita (de) que seus pais a auxiliem. fervor de que ele carecesse de minha proteção, toda a
A coordenação insiste em que os pais auxiliem a vida», a expressão destacada é:
aluna. a) oração subordinada substantiva apositiva.
b) oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Nos exemplos acima percebe-se que tanto o verbo c) oração subordinada substantiva completiva nominal.
necessitar quanto o insistir são verbos transitivos indiretos, d) oração subordinada substantiva predicativa.
exigindo como complemento oração ou palavra antecedido
por preposição. 4. (UFPR) Qual o período em que há oração
subordinada substantiva predicativa?
d) Oração Subordinada Completiva Nominal: exerce a) Meu desejo é que você passe nos exames vestibulares.
a função de completar o sentido de um NOME, geralmente b) Sou favorável a que o aprovem.
um substantivo abstrato ou adjetivo. c) Desejo-te isto: que sejas feliz.
d) O aluno que estuda consegue superar as dificuldades
Ex.: do vestibular.
Senti receio de que ele viesse alterado. e) Lembre-se de que tudo passa neste mundo.
Tive medo de o avião atrasar por mais tempo.
Ela foi favorável a que João participasse do projeto. 5. (UFPR) Reconheça a oração subordinada
substantiva subjetiva:
e) Oração Subordinada Substantiva Predicativa: a) Veja se está tudo em ordem.
cumpre a função de predicativo do sujeito, qualificando o b) Perguntou quem era.
sujeito enquanto “completa” um verbo de ligação. c) Que ele não compareceu, souberam.
d) É necessário que tenhamos paciência.
Ex.: e) n.d.a.
Minha preocupação é que ele não chegue a tempo.
O fundamental é que ela se recuperou bem. 6. (UEM-PR) «Parecia que o morro se tinha
distanciado muito.» No período acima, a oração
f) Oração Subordinada Substantiva Apositiva: subordinada é:
exerce a função de aposto, esclarecendo algum termo da a) substantiva objetiva direta.
oração principal. b) substantiva subjetiva.
c) adjetiva explicativa.
d) substantiva predicativa
e) adverbial consecutiva.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

7. (UFPR) Julieta ficou à janela na esperança de que Vale destacar que as orações subordinadas
Romeu voltasse. A oração em destaque é: adjetivas, por exercerem a função de adjetivo,
a) subordinada substantiva subjetiva.
cumprem também a atribuição de adjunto
b) subordinada substantiva completiva nominal.
c) subordinada substantiva predicativa.
adnominal.
d) subordinada adverbial causal.
e) subordinada adjetiva explicativa.
Essas orações são iniciadas por pronomes
8. (PUCCAMP-SP) Assinale o período em que a relativos: que, o qual, a qual, as quais, os quais
oração destacada é substantiva apositiva:
a) Não me disseram onde moravas. Ex.:
b) A rua onde moras é muito movimentada.
c) Só me interessa saber uma coisa: onde moras. Vi o jogador que vive em Madri.
d) Morarei onde moras.
e) n.d.a. Vi o jogador o qual vive em Madri

9. (MACK-SP) No período: «Sabe-se que Jacó propôs


a Labão que lhe desse todos os filhos das cabras...», a Classificação das orações subordinadas adjetivas
alternativa que contém a análise correta das orações,
na sequência em que vêm no período é: Pensemos no adjetivo. Enquanto classe gramatical
a) principal; subordinada substantiva subjetiva; qualificadora, pode especificar uma qualidade referente ao
subordinada substantiva objetiva direta. substantivo ou simplesmente apresentar ou esclarecer uma
b) coordenada sindética aditiva; subordinada característica geral:
substantiva objetiva direta; subordinada substantiva
apositiva. Ex.:
c) absoluta; subordinada substantiva objetiva direta; a) Maria é a aluna sueca. (Aqui o adjetivo restringe o
subordinada substantiva objetiva direta. d) principal; substantivo, reduzindo-o a grupo dos estudantes suecos).
subordinada substantiva subjetiva; subordinada substantiva b) Todo homem é mortal. ( Já aqui o adjetivo apenas
objetiva indireta. explica uma qualidade geral).
e) coordenada assindética; subordinada substantiva
subjetiva; subordinada substantiva objetiva direta. Da mesma forma, as orações subordinadas adjetivas
podem reduzir o campo semântico ou simplesmente
10. (PUCCAMP-SP) «Se ele confessou não sei.» A esclarecê-lo e daí vem sua classificação:
oração destacada é:
a) subordinada adverbial temporal. a) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva: orações
b) subordinada substantiva objetiva direta. que cumprem a função de particularizar e restringir um
c) subordinada substantiva objetiva indireta. termo da oração principal.
d) subordinada substantiva subjetiva.
e) subordinada substantiva predicativa Ex.:
Encontrei o repórter que vive em Tóquio.
(Exercícios retirados de https://ocondedemontecristo. Admiro os alunos que estudam Português.
files.wordpress.com/2011/03/un25.pdf) Foi entrevistada a atriz que recebeu o Oscar.

Gabarito 1 - b 4 - a 7 - b 10 - b 13 - 11 2 - d 5 - d 8 - c Nos exemplos acima todas as orações destacadas são


11 - d adjetivas restritivas, já que qualificam o nome reduzindo
seu campo semântico.
II – ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
b) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa: ao
São as orações que equivalem a adjetivos, na função contrário da anterior, não apresenta qualificação restritiva,
de qualificar ou esclarecer um termo da oração principal. apenas explica uma ideia na função de esclarecer um termo
Vejamos: já citado. Essa oração costuma aparecer entre vírgulas.
a) Encontrei aquele menino bonito. (adjetivo)
b) Encontrei aquele menino que é bonito. (oração Ex.:
subordinada adjetiva) Lilian, que é economista, prevê a continuação da
inflação.
Nos exemplos acima percebemos como a oração O Ramadã, que é o período de jejum dos muçulmanos,
destaca em (b) equivale ao adjetivo do exemplo anterior. inicia na próxima segunda.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Diferenças entre as conjunções integrantes e Ex.:


pronomes relativos: o caso da palavra “QUE” a) Saiu para trabalhar à noite. (o termo destacado é
Vimos que a palavra “que” pode ser uma conjunção uma locução adverbial de tempo, já que oferece uma
integrante nas orações subordinadas substantivas e circunstância ao verbo “trabalhar”)
pronome relativo nas subordinadas adjetivas. Como b) Saiu para trabalhar quando anoiteceu. (a locução
entender a diferença? adverbial foi substituída por uma oração, que exerce a
É fácil: o “que” conjunção integrante completa verbos mesma função, apresenta uma circunstância temporal).
transitivos e o “que” pronome relativo sucede um
nome (e não um verbo) cumprindo a função de iniciar As orações subordinadas adverbiais dividem-se
a qualificação do mesmo. em: causais, consecutivas, concessivas, conformativas,
comparativas, finais, proporcionais, condicionais e
Exercícios temporais. Vejamos cada uma delas:

1)Quanto à classificação das orações subordinadas 1) Oração subordinada adverbial causal: expressa
adjetivas abaixo, a correta opção é: a ideia de causa, iniciada pelas conjunções subordinativas
Os paisque cuidam dos seus filhosmerecem aplausos. porque, como, uma vez que, visto que, posto que etc…
Esta equipe,cujo técnico não incentiva seus Ex.:
atletas,sempre perde. a) Como estava chovendo, o aluno não foi treinar.
A casa,onde mora, parece abandonada. b) A escola não realizou o concurso, visto que não
havia o material necessário.
A) restritiva, restritiva, explicativa
B) explicativa, explicativa, explicativa
2) Oração subordinada adverbial consecutiva: indica
C) explicativa, restritiva, explicativa
a ideia de consequência, precedida pelas conjunções
D) restritiva, explicativa, explicativa.
subordinativas que, de sorte que, de modo que etc…
Ex.:
2) Identifique a alternativa que se encontra uma oração a) Estudou tanto que gabaritou a prova.
subordinada adjetiva restritiva. b) Estava tão nervosa de modo que não conseguiu
A) Sei que ainda não disse tudo. chegar até o fim da prova.
B) Este é o apartamento que comprei.
C) Ela chegou, lavou as mãos e saiu. 3) Oração subordinada adverbial concessiva:
D) Assim que chegou, dormiu. expressa uma circunstância contrária a apresentada na
oração principal, iniciada pelas conjunções subordinativas
3) Identifique a alternativa que se encontra uma oração embora, ainda que, conquanto que etc…
subordinada adjetiva explicativa. Ex.:
A) Eram músicas que contagiavam. a) Embora estivesse chovendo, foi correr na avenida.
B) Os homens, que são seres racionais, merecem nosso b) Conquanto Maria estivesse atrasada, conseguiu
diálogo. realizar a prova.
C) A televisão apresenta cenas que agridem.
D) Viajaram a lugares por onde nunca sonharam passar. 4) Oração subordinada adverbial conformativa:
indica conformidade com a informação expressa na oração
(Exercícios retirados de http://provasdeportugues. principal, precedida pelas conjunções subordinativas
blogspot.com.br/2014/06/atividades-de-oracoes- conforme, consoante, como, segundo etc…
subordinadas_25.html) Ex.:
a) Conforme informou a previsão do tempo, choveu
Gabarito bastante no sul do Brasil.
1 -D b) Segundo dissera o professor, a prova fora adiada
2 -B em tempo.
3–B
5) Oração subordinada adverbial comparativa: tem
como função estabelecer uma comparação com a oração
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
principal, iniciada pelas conjunções subordinativas como,
que, tanto como, tal como, do que etc…
Chamamos de orações subordinadas adverbiais Ex.:
aquelas que se acoplam à oração principal denotando a) Ele estuda tanto como sua irmã. (estuda)
uma circunstância, função típica dos advérbios. Quando b) João treina tal como Pedro estuda.
desenvolvidas, são sempre introduzidas por conjunções Percebemos na frase a) que quando o verbo de
subordinativas adverbiais e classificadas segundo as comparação é o mesmo da oração principal, ele pode estar
circunstâncias que exprimem. oculto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6) Oração subordinada adverbial final: Exprime Exercícios


finalidade referente à ação do verbo da oração principal,
precedida pelas conjunções subordinativas para que, a fim 1.(MACK) “Na ‘Partida Monção’, não há uma
de que, que, porque etc… atitude inventada. Há reconstituição de uma cenacomo
Ex.: eladevia ter sido na realidade.” A oração “como ela
a) Os jogadores treinaram muito para que pudessem devia ter sido na realidade” é:
vencer o campeonato. a) adverbial conformativa
b) Os alunos se prepararam muito para que b) adverbial proporcional
conseguissem aprovar o projeto. c) adjetiva
d) adverbial causal
7) Oração subordinada adverbial proporcional: e) adverbial consecutiva
expressa a ideia de proporção junto ao verbo apresentado na
oração principal, iniciada pelas conjunções subordinativas 2.(FUVEST) No período: “Era tal a serenidade da
à medida que, à proporção que, quanto mais...tanto mais, tarde, que se percebia o sino de uma freguesia distante,
quanto mais..tanto menos etc… dobrando a finados.”, a segunda oração é:
Ex.: a) subordinada adverbial causal
a) Quanto mais se trabalha, mais se engrandece. b) subordinada adverbial consecutiva
b) À medida que envelheço, mais bela fico. c) subordinada adverbial concessiva
d) subordinada adverbial comparativa
8) Oração subordinada adverbial condicional: e) subordinada adverbial subjetiva
apresenta uma condição para que se efetive a ação expressa
pelo verbo da oração principal, precedida pelas conjunções 3.(PUC) Assinale a alternativa em que a subordinada
subordinativas se, caso, desde que, contanto que etc… não traduza idéia de consequência, comparação,
Ex.: concessão e causa:
a) Caso Maria compareça, faremos a reunião. a.Porquanto, não fosse um ancião convencional,
b) Assinaremos o contrato se o presidente concorde enterrou-se de sobrecasaca e polainas.
com os termos. b.Desde que era um ancião convencional, enterrou-se
de sobrecasaca e polainas.
i) Oração subordinada adverbial temporal: indica c.Ele era um ancião tão convencional que se enterrou
uma circunstância de tempo à oração principal, iniciada de sobrecasaca e polainas.
pelas conjunções subordinativas quando, enquanto, logo d. Ele era um ancião mais convencional do que o que
que, assim que, depois que etc… se enterrou de sobrecasaca e polainas.
Ex.: e.Ele era um ancião convencional, na medida em que
a) Quando chegou, iniciou os procedimentos. se enterrou de sobrecasaca e polaina.
b) Realizou a entrevista assim que o convidado
apareceu. 4.(FUVEST) Na frase “Entrando na faculdade,
procurarei emprego.”, a oração subordinada indica
IMPORTANTE! ORAÇÕES SUBORDINADAS idéia de:
ADVERBIAIS EM SUA FORMA REDUZIDA a) concessão
Orações reduzidas são aquelas que apresentam verbos b) lugar
reduzidos de infinitivo, sem flexão, ou no gerúndio c) oposição
Algumas subordinadas adverbiais podem apresentar d) consequência
verbos com essa característica: e) condição

a) Subordinadas adverbiais finais: Estou batalhando 5. (EFOA-MG)“Quando vejo certos colegasmostrando


para você ter um futuro melhor. com orgulho aquela rodela imbecil no pescoço ...” O período
que apresenta uma oração com a mesma classificação da
b) Subordinadas adverbiais condicionais: Se você
destacada na citação acima é:
chegar em tempo, poderemos estudar.
a) “Mal o sol fugia, começavam as toadas das cantigas.”
c) Subordinadas adverbiais temporais: Acordando b) “Caso o encontre, dê-lhe o recado.”
amanhã, ligue para sua mãe. c) “Dado que a polícia venha, prenderemos o assassino.”
d) “Uma vez que cheguem os reforços, atacaremos a
d) Subordinadas adverbiais consecutivas: Não praça.”
conseguiu ler o discurso sem gaguejar. e) “Contar-lhe-ei o caso, conquanto você guarde
segredo.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

6.(UFE-PA) No trecho “Cecília ... viu do lado oposto 12. (CESGRANRIO) Assinale o período em que
do rochedo Peri,que a olhava com uma admiração ocorre a mesma relação significativa indicada pelos
ardente”, a oração grifada expressa uma termos destacados em: “A atividade científica é tão
a) causa naturalquanto qualquer outra atividade econômica.”
b) lugar a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi
c) oposição promovido.
d) explicação b) Quanto mais estuda, menos aprende.
e) condição c) Tenho tudo quanto quero.
d) Sabia a lição tão bem como eu.
7.(UF SANTA MARIA-RS) Leia, com atenção, os e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram
períodos abaixo: logo.
Caso haja justiça social, haverá paz.
Embora a televisão ofereça imagens concretas, ela não (Exercícios retirados de http://soslportuguesa.
fornece uma reprodução fiel da realidade. blogspot.com.br/2011/06/questoes-sobre-oracoes-
Como todas aquelas pessoas estavam concentradas, subordinadas_24.html)
não se escutou um único ruído.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, Gabarito:1-a, 2-b, 3-e, 4-e, 5-a, 6-d, 7-d, 8-b, 9-b,
as circunstâncias indicadas pelas orações sublinhadas: 10-c, 11-a, 12-d
a) tempo, concessão, comparação
b) tempo, causa, concessão
c) condição, consequência, comparação 8. PONTUAÇÃO.
d) condição, concessão, causa
e) concessão, causa, conformidade

8.(UNIMEP) I - Mário estudou muito e foi reprovado! REGRAS DE PONTUAÇÃO


II - Mário estudou muito e foi aprovado. Em I e II, a
conjunção “e” tem, respectivamente, valor: Na língua falada, quando estamos conversando
a) aditivo e conclusivod) adversativo e conclusivo com alguém, é comum utilizarmos pausas para marcar
b) adversativo e aditivoe) concessivo e causal a entonação do discurso. Respiramos, damos um ritmo
c) aditivo e aditivo coerente na locução pois nenhum falante se comunica em
compasso acelerado. Entretanto, quando se faz a passagem
9. (UC-MG) A classificação da oração grifada está da oralidade para a escrita há um problema essencial: como
correta em todas as opções, exceto em: marcar ritmos e pausas entre as frases se agora não temos
a.Ela sabiaque ele estava fazendo o certo- subordinada mais como instrumento a voz e o silêncio?
substantiva objetiva indireta
b.Era a primeira vezque ficava assim tão perto de uma Na língua escrita utilizamos os sinais de pontuação
mulher- subordinada substantiva subjetiva entre as orações como recurso para estabelecer
c.Mas não estava neles modificar um namoroque
pausas e inflexões de voz na leitura.
nascera difícil,cercado,travado- subordinada adjetiva
d.O momento foi tão intensoque ele teve medo- Veja os exemplos abaixo:
subordinada adverbial consecutiva a) Presenteei minha sobrinha, não meu filho,
e.Solta, que você está me machucando- coordenada b) Presenteei, minha sobrinha não, meu filho.
sindética explicativa
As frases acima, ainda que possuam as mesmas
10.(FUVEST) No período: “Ainda que fosse bom palavras, mudam de sentido somente pelo uso das vírgulas.
jogador, não ganharia a partida”, a oração destacada Por isso, é muito importante sabermos utilizar os sinais de
encerra idéia de: pontuação para que não cometamos erros de ambiguidade
a) causab) condiçãoc ) concessãod) proporção e) fim ou duplo sentido.
11.(PUC) No período: “Apesardisso a palestra de 1. USO DA VÍRGULA
Seu Ribeiro e D. Glória é bastante clara”, a palavra
grifada veicula uma idéia de: A vírgula é um sinal que indica pausa entre orações ou
a) concessãob) condição c) comparaçãod) modo e) palavras elencadas. Apresenta a seguintes funções:
consequência
a) separar termos de mesma função sintática dentro
de uma oração:
Assim que cheguei, comi, bebi o vinho, dormi um
pouco.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Separar um aposto: Outra função é separar orações de sentido oposto ou


Maria, irmã de João, viajou ao Canadá. num período em que as orações coordenadas já tiverem
exigido vírgula:
c) Isolar um vocativo: Alguns homens são bons; outros, maus. (SENTIDO
Maria, entre agora! OPOSTO)
Muitos estudantes aprendem, leem, estudam; às vezes
d) Para marcar elipse verbal: também cansam.
João comprou duas camisas, eu, três.
3) DOIS PONTOS:
e) Para indicar expressões explicativas: Utilizamos dois pontos:
Algumas pessoas estão ficando misantropas, ou seja,
isolando-se em si mesmas. a) quando apresentamos uma citação ou fala:
Como diria Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão”.
f) Para separar topônimos frente a datas e endereços:
Florianópolis, 25 de maio de 2017. b) quando se apresenta expressão enumerativa:
Desejo os seguintes itens: macarrão, ovos, queijo e
g) Para separar orações coordenadas sem conjunção carne.
ou simplesmente palavras:
Ontem comprei roupas, sapatos, brincos e uma bolsa. c) para completar aposto resumitivo:
Eu viajei, dormi, descansei. Comer, rezar, amar: todos esses verbos me apetecem.

h) isolar orações subordinadas adjetivas explicativas: 4) PONTO DE EXCLAMAÇÃO:


João, que esteve aqui ontem, é irmão de Pedro. Utilizado em interjeições ou frases de grande
expressividade:
IMPORTANTE! NÃO SE USA VÍRGULA NOS Olá!
SEGUINTES CASOS: Como você está linda!
Socorro!
Podemos utilizar mais de um ponto de exclamação
a) Entre o sujeito e o verbo de uma oração:
para realçar emoção ou surpresa:
João, comprou um carro. (INCORRETO)
Amo tanto a vida!!!!
João comprou um carro. (CORRETO)
Além do mais, utiliza-se após sinal de interrogação
para marcar expressividade ou surpresa em uma pergunta:
b) Entre o verbo e seus complementos:
Por que você é tão difícil?!
João comprou, um carro. (INCORRETO)
João comprou um carro. (CORRETO) 5) PONTO FINAL
Pode-se afirmar que o ponto final é uma pausa
c) Entre o complemento nominal e o nome mais prolongada, que encerra uma relação lógica entre
completado, ou entre satélites do substantivo (numeral, elementos numa frase. Utilizamos nos seguintes casos:
pronome, adjetivo e artigo):
Tenho medo, de altura. (INCORRETO). a) encerrar definitivamente um enunciado:
Tenho medo de altura (CORRETO) Muitas pessoas amam; outras odeiam, entretanto, isso
Meus três, lindos, carros foram fotografados pela revista faz parte da natureza humana.
(INCORRETO)
Meus três lindos carros foram fotografados pela revista. b) separar parágrafos:
(CORRETO) A crise financeira brasileira parece não ter data para
acabar. No entanto, muitos brasileiros estão fazendo das
d) Antes de etc… próprias dificuldades ferramenta para mudar de vida.
A expressão etc é uma abreviatura de um termo em latim O segredo dos dias de hoje é a audácia: feliz daquele
et cetera, que significa e outras coisas. Já que está aglutinado que arrisca mais.
a conjunção e não se utiliza vírgula.
Vi filmes franceses, persas etc… 6) PONTO DE INTERROGAÇÃO
O ponto de interrogação possui uma função específica:
2) PONTO E VÍRGULA marcar mudança de entonação de voz frente a uma
A função básica deste sinal é separar termos enumerados: pergunta. Usamos em perguntas diretas:
Ex.: Ex.:
Alguns pontos básicos da pesquisa é: Afinal, como você conseguiu chegar até aqui?
- conceito de sujeito grego; Além desse comum uso, também se costuma utilizar
- humanismo renascentista; para marcar surpresa ou indignação:
- o drama barroco; Como assim?
- cidadão pós-revolução francesa. O quê? Você não fez a prova?

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LÍNGUA PORTUGUESA

7) RETICÊNCIAS 2. Assinale a opção em que está corretamente indicada


São usadas para marcar retirada de um trecho ou mesmo a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as
para dar ideia de continuidade: lacunas da frase abaixo:
Segundo Foucault: “a liberdade é um sintoma moderno, “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas
quiçá um conceito, além de mecanismo ideológico….” devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica
Vimos muitas coisas no museu: esculturas, pinturas, que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que
instalações… possa ter.
a) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
8) ASPAS b) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
Utiliza-se para indicar fala de alguém, expressões c) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
estrangeiras, conceitos e ironia: d) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
Ex.: e) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
E nos perguntou Freud: “O que quer uma mulher?” (fala
de alguém) 3. Assinale o exemplo em que há emprego incorreto
A expressão “soledad” é um termo espanhol e indica a da vírgula:
ideia de solidão. (expressão estrangeira) a) como está chovendo, transferi o passeio;
Ainda não entendi o conceito de “devir” de Deleuze. b) não sabia, por que todos lhe viravam o rosto;
(conceito) c) ele, caso queira, poderá vir hoje;
Dizem que ele é um moço “bem-educado”. (ironia) d) não sabia, por que não estudou;
e) o livro, comprei-o por conselho do professor.
9) PARÊNTESES
Sua função básica é inserir uma explicação de algum 4. Assinale o trecho sem erro de pontuação:
termo enunciado anteriormente: a) vimos pela presente solicitar de V.Sas., que nos
Ex.:Ainda que todos saibam o conceito de “devir” informe a situação econômica da firma em questão;
(transformação, mudança, vir-a-ser), poucos aplicam na vida
b) cientificamo-lo de que na marcha do processo de
prática.
restituição de suas contribuições, verificou-se a ausência da
declaração de beneficiários;
10) TRAVESSÃO
c) o Instituto de Previdência do Estado, vem solicitar de
Comumente vemos o travessão para indicar diálogos em
V.Sa. o preenchimento da declaração;
um texto:
d) encaminhamos a V.Sa., para o devido preenchimento,
Ex.:
- Você não me ama? o formulário em anexo;
- Sim, amo mais que tudo. e) estamos remetendo em anexo, o formulário.

Mas também é usado após a fala para introduzir 5. Assinale as frases em que as vírgulas estão incorretas:
comentário do narrador. a) ora ríamos, ora chorávamos;
Ex.: b) amigos sinceros, já não os tinha;
- Você não me ama? - perguntou Maria, insegura. c) a parede da casa, era branquinha branquinha;
- Sim, mais que tudo. - respondeu João tranquilamente. d) Paulo, diga-me o que sabe a respeito do caso;
Também é usado com a mesma função da vírgula ou e) João, o advogado, comprou, ontem, uma casa.
parênteses:
Machado é o maior escritor realista – já nos diziam nossos (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.
professores. com/2009/07/pontuacao-exercicios.html)

EXERCÍCIOS Gabarito:

1. Assinale a opção em que a supressão das vírgulas 1. B


alteraria o sentido do anunciado: 2. C
a) os países menos desenvolvidos vêm buscando, 3. D
ultimamente, soluções para seus problemas no acervo cultural 4. D
dos mais avançados; 5. C
b) alguns pesquisadores,que se encontram comprometidos
com as culturas dos países avançados, acabam se tornando
menos criativos;
c) torna-se, portanto, imperativa uma revisão modelo
presente do processo de desenvolvimento tecnológico;
d) a atividade científica, nos países desenvolvidos, é tão
natural quanto qualquer outra atividade econômica;
e) por duas razões diferentes podem surgir, da interação
de uma comunidade com outra, mecanismos de dependência.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Comprei quadros e tela artística. (concordância com o


9. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL. mais próximo)
Comprei quadro e tela artísticos (concordância com
todos os substantivos)

CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL b) se surgir antes dos substantivos, concorda com o


mais próximo apenas. Caso os nomes sejam substantivos
Quando estudamos as palavras, inicialmente analisamos próprios, concordará com todos eles.
sua estrutura e características isoladamente. No entanto,
quando as palavras entram em relação entre si, precisam Ex.:
estabelecer uma relação lógica. Além do mais, é essencial Meu pai e tios vieram mais cedo.
que haja, entre os vocábulos que estejam se referindo ao Ganhei nova camisa e sapatos.
mesmo ente, concordância de gênero e número, pois não Ele chegou em péssimo momento e hora.
é correto afirmar que cinco carros VELHO foram VENDIDO. Os exemplares João e Maria.
A sintaxe nos oferece regras de concordância nominal
e verbal para evitar erros como o citado no exemplo acima. c) caso o determinante ocupar a função de predicativo
do sujeito, teremos as seguintes construções:
CONCORDÂNCIA NOMINAL A aluna e o irmãos eram aplicados.
Eram aplicados a aluna e o irmão.
Consiste na concordância entre o substantivo e seus Era aplicada a aluna e o irmão.
respectivos determinantes e qualificadores (que chamamos Era aplicado o irmão e a aluna.
de satélites): adjetivo, pronome, artigo e numeral.
3) quando um substantivo for determinado por
1) Regra geral: mais de um satélite:
a) caso esteja no plural o substantivo determinado,
O substantivo determina o gênero e número de seus seus satélites permanecem no singular, sem o auxílio de
satélites. artigo,
Ex.: Ex.:
Estou estudando as línguas francesa e italiana.
Minha mãe, minhas duas irmãs, estas três lindas
primas, todas elas vêm à festa. b) se o substantivo está no singular deve-se usar o
artigo, como auxílio à determinação.
Mãe – Substantivo, impõe seu gênero e número a seu
Estou estudando a língua francesa e a italiana.
satélite
Minha – pronome, satélite, concorda com o substantivo
4) É preciso, é bom, é necessário, é proibido
a) Ficam no masculino e singular caso o substantivo
Irmãs – Substantivo feminino flexionado no plural
não esteja determinado por artigo.
Minhas – pronome, satélite, concorda em gênero e
Ex.:
número
Duas – numeral, satélite, concorda em gênero É proibido entrada de pedestres.
É necessário água no mundo.
Primas – Substantivo, núcleo, feminino e plural É bom água com gás.
Estas – pronome, concorda com o substantivo
Três - satélite b) Caso o substantivo vier precedido por determinante
Lindas – adjetivo, satélite, concorda em gênero e haverá concordância em gênero e número:
número com o substantivo É proibida a entrada de pedestres.
É necessária a água no mundo.
2) Quando um determinante (satélite) se refere a É boa a água com gás.
mais de um substantivo
a) se estiver depois dos substantivos, o satélite 5) O verbo no particípio sempre concorda com o
concorda com o substantivo mais próximo (e aqui será substantivo:
classificado como adjunto adnominal); ou concordará com Foram comprados os ternos.
todos os substantivos (na função de predicativo): Foram compradas as camisas.

Ex.:
Ganhei uma calça e camisa importada. (concordância
com o mais próximo)
Ganhei uma calça e camisa importados (concordância
com todos os substantivos, utilizando o gênero e número
predominante)

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LÍNGUA PORTUGUESA

6) Meio 12) Numerais


a) Só não é flexionado quando se tratar de um Se antecede o substantivo é ordinal (primeiro,
advérbio, já que este é uma classe invariável. segundo); quando posposto é cardinal (um, dois)
Ex.: Ex.:
Comi meia maçã. (numeral) Li somente a primeira página do relatório.
Cheguei em casa meio dia e meia. (numeral) Li somente a página um do relatório.
Meias verdades não me interessam. (adjetivo)
Bebi meia garrafa de vinho. (numeral) 13) POSSÍVEL
Estou meio envergonhada. (advérbio) Unido a expressões como “o mais”, “o menos”, “o
melhor”, “o pior” concorda com o artigo.
7) Anexo, incluso, apenso, junto Ex.:
Concordam com o substantivo a que se referem: Vi obras o mais belas possível.
Ex.: Vi obras as mais belas possíveis.
Seguem anexos os relatórios.
Vieram anexas as planilhas. 14) Obrigado, mesmo, próprio
Seguem inclusas as despesas. Ex:
Concordam com o substantivo determinado.
Exceção: caso anexo vier precedido da preposição em Muito obrigada, disse Maria.
ele se mantém no singular. Ela mesma fez a tarefa.
Ex.: Isso são questões próprias do sistema.
Segue em anexo os relatórios
Exercícios
8) A olhos vistos, pseudo, menos
Sempre se mantêm invariáveis. 1) O adjetivo não está corretamente empregado na
Ex.: concordância em:
Cresceu a olhos vistos. a) Eis teu romance: fantástico enredo e personagens,
Tratam-se de pseudomédicos. mas estilo pobre e imaturo.
Ela é menos agradável do que sua irmã. b) No porto vimos com espanto as esquadras inglesas
e soviéticas unidas.
9) TAL QUAL c) Precisa-se de moça e rapaz devidamente habilitados.
Tal concorda com o termo precedente (ou d) Fiel aos deveres paternal e fraternal, ambos
imediatamente posposto a ele) e qual com o termo silenciavam.
subsequente. e) A flor e o fruto saboroso não existem.
Ex.:
Tal mãe quais filhas. 2) Assinale a frase incorreta considerando que o
Ele é belo tal quais os irmãos. adjetivo em função de predicativo deve concordar no
plural:
10) Muito/ bastante a) O caipira e sua mulher ficam desconfiados.
a) Quando determinarem um substantivo (e portanto, b) Tenho o réu e seu comparsa como mentiroso.
tratarem-se de pronomes) variam em número: c) Lúcio e Vera caminhavam amuados, lado a lado.
Ex.: d) Tenho por mentirosos o réu e seu cúmplice.
Comprei bastantes camisas. e) Julguei-os capacitados, o aluno e a aluna.
Vi muitos filmes.
3) Quanto à concordância nominal, preencha as
b) Quando expressarem circunstância ao verbo (função lacunas das frases:
típica dos advérbios) permanecem invariáveis. (I) Era talvez meio-dia e .......................quando fora preso.
Ex.: (II) Decepção é ..............................para fortalecer o
Comemos muito na festa. sentimento patriótico.
Corri bastante. (III) Apesar da superpopulação do alojamento, havia
acomodações.............................para os homens.
11) GRAMA (IV) Os documentos dos candidatos
Caso represente unidade de massa permanece no seguiram............................ às fichas de inscrição.
singular. (V) As fisionomias dos homens eram as mais desoladas
Ex: ................................naquele cortejo.
Comprou um grama de ouro. a) meia - bom - bastantes - anexos - possíveis
b) meio - bom - bastantes - anexo - possíveis
c) meia - boa - bastante - anexo - possível
d) meio - boa - bastante - anexos - possível
e) meia - bom - bastantes - anexo – possível

81
LÍNGUA PORTUGUESA

4) Observando a concordância nominal nas frases: 9) (Mackenzie) -


(I) É necessário compreensão. I - Não te molestaram, portanto cale a boca.
(II) A compreensão é necessária. II - Foi encontrado há seis anos atrás.
(III) Compreensão é necessário. III - Vimos, agora, trazer-lhe nosso apoio.
(IV) Para quem a compreensão é necessário? IV - Os homens de bem, nada reclamaram.
Verificamos que: V - Permitiu-se a alguns luxos.
a) apenas a I e a IV estão erradas
b) apenas a II e a III estão erradas Quanto à correção gramatical das frases anteriores,
c) apenas a IV está errada afirma-se que:
d) apenas a II está certa a) todas estão corretas, com exceção da III.
e) todas estão certas b) todas estão incorretas, com exceção da III.
c) todas estão corretas, com exceção da II.
5) Quanto ............................. interferências ............... d) todas estão incorretas, com exceção da V.
................. , melhor .............................a) menas, existirem, e) todas estão corretas, com exceção da V.
serão
b) menas, existirem, será 10) Indique a frase sem concordância nominal:
c) menas, existir, será a) Já é meio-dia e meia.
d) menos, existir, serão b) Bastante alunos estranham este plural.
e) menos, existirem, será c) Os alimentos estão meio caros.
d) Paguei caro aquelas coisas raras.
6) Qual alternativa preenche as lacunas abaixo
corretamente? 11)Ocorre erro de concordância nominal na
Segue _____ uma cópia do soneto composto pela ______ alternativa:
-poetisa, no qual a autora tenta imitar o grande Bilac, a) No livro de registros faltava a folha duzentos.
usando as ______ imagens. b) É necessária segurança para se viver bem.
a) anexo, pseudo, mesmas c) A janela estava meio aberta.
b) anexa, pseuda, mesmas d) Eu e você estamos quites.
c) anexa, pseudo, mesma (Exercícios retirados de http://portuguesvestibular.
d) anexa, pseudo, mesmas blogspot.com.br/2012/10/exercicios-de-concordancia-
e) anexo, pseuda, mesmas nominal.html)

7)(Uelondrina 1997) - Assinale a letra correspondente Gabarito: 1) D 2) B 3) A 4) C 5) E 6) D 7) C 8) A 9)


à alternativa que preenche corretamente as lacunas da B 10) A 11) B
frase apresentada.
As delegações .......... que .......... participar dos jogos CONCORDÂNCIA VERBAL
chegarão amanhã.
a) latinas-americanas - vêem Chamamos de concordância verbal quando o verbo se
b) latinas-americanas - vem flexiona para concordar com o sujeito.
c) latino-americanas - vêm
d) latinos-americanas - vêm 1) Regra geral
e) latinos-americanas – vem O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito.
Ex.:
8) (Ita 1997) - Assinale a opção que completa Eu comprei um carro. (verbo está na 1º pessoa do
corretamente as lacunas do texto a seguir: singular para concordar com o sujeito “eu”).
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas Eles compraram um carro. (o verbo está na 3º pessoa
_______________ ler os jornais, pois foram informadas do plural para concordar com o sujeito “eles”).
de que as críticas foram ______________ indulgentes
______________ rapaz, o qual, embora tivesse mais aptidão 2) Sujeito coletivo: o verbo fica no singular.
_______________ ciências exatas, demonstrava uma certa Ex.:
propensão _______________ arte.” A população veio em massa ao protesto.
a) meio - para - bastante - para com o - para - para a
b) muito - em - bastante - com o - nas - em Caso esteja especificado por um adjunto adnominal
c) bastante - por - meias - ao - a - à (que está no plural) também pode ir para o plural.
d) meias - para - muito - pelo - em - por Ex.:
e) bem - por - meio - para o - pelas – na A multidão de ciclistas vieram à festa.
A multidão de ciclistas veio à festa.

82
LÍNGUA PORTUGUESA

3) Partitivos: metade, a maior parte, maioria: o Ex.:


verbo pode permanecer no singular ou plural Tu e João comprastes muitos presentes.
Ex.: Eu e tu nos tornamos amigos.
Metade das mães veio à homenagem.
Metade das mães vieram à homenagem. 12) Sujeito composto constituído por sinônimos: o
A maior parte dos eleitores veio à urna. verbo fica no singular ou no plural.
A maior parte dos eleitores vieram à urna. Ex.:
Felicidade e alegria faz bem à saúde.
4) Pronome de Tratamento: o verbo é flexionado Felicidade e alegria fazem bem à saúde.
apenas na 3º pessoa.
Ex.: 13) Sujeito resumido por “tudo”, “nada”, “ninguém”:
Vossa Senhoria assinou o contrato? o verbo fica no singular
Vossas Senhorias assinaram o contrato? Ex.:
Luxo, riqueza, sucesso: nada disso me envaidece.
5) Pronome relativo “que”: já que este pronome tem
como função substituir um substantivo ou outro pronome, 14) Núcleos do sujeito em relação de gradação: o
o verbo concorda com o termo ao qual ele se refere. verbo pode concordar com o mais próximo ou ir para o
Ex.: plural.
Fomos nós que compramos a casa. Ex.:
Foi ele que fez a planilha. A areia, a casa, o edifício impressionou a todos.
A areia, a casa, o edifício impressionaram a todos.
6) Pronome relativo “quem”: geralmente fica na 3º
pessoa do singular, mas pode concordar com termo ao 15) Um e outro, nem um nem outro: nessas
qual ele se refere. expressões o verbo pode tanto ir para o plural quanto
Ex.: permanecer no singular.
Fomos nós quem comprou a casa. Ex.:
Fomos nós quem compramos a casa. Um e outro veio ao evento.
Nem um nem outro vieram ao evento.
7) Algum de nós, poucos de vós, quantos de, quais
de…: o verbo pode concordar com o pronome interrogativo 16) Quando o sujeito composto estiver ligado por
ou com o pessoal. “ou”:
Ex.: Ex.:
Poucos de vós me visitarão. Caso o verbo der a ideia de exclusão fica no singular, e
Poucos de vós me visitareis. no plural no sentido de inclusão.
Eu ou você vencerá a competição. (exclusão)
8) Quando o sujeito só surge no plural: caso não vier Eu ou você somos essenciais ao projeto (inclusão)
antecedido por artigo, fica no singular.
Ex.: 17) Verbos impessoais: permanecem no singular, já
Estados Unidos é um país poderoso. que são verbos sem sujeito.
Os Estados Unidos são um país poderoso.
Haver, no sentido de existir:
9) Mais de um, menos de, cerca de…: concorda com Ex.:
o numeral. Houve muitos acidentes na pista ontem.
Ex.:
Mais de um cidadão veio ao evento. Fazer, indicando tempo passado
Menos de trinta pessoas vieram ao evento. Ex.:
Cerca de vinte pessoas saíram mais cedo. Faz muitos anos que não o vejo

10) A maioria, a maior parte, grande parte: O mais 18) Sujeito expresso e infinitivo pessoal
comum é usar o verbo no singular, em concordância lógica. a) Permanece no infinitivo se o sujeito estiver
Mas também pode ser usado no plural. representado por pronome oblíquo átono:
Ex.: Ex.:
A maioria das adolescentes usa muito o celular. Apreciei-o cantar.
A maioria das adolescentes usam muito o celular.
b) quando o infinitivo pessoal integrar uma locução
11) Quando os núcleos do sujeito estão compostos verbal: não é flexionado, no caso de ser o verbo principal
por pessoas gramaticais diferentes: o verbo permanece da locução
no plural, obedecendo à seguinte ordem de prioridade: (1º, Ex: Acabei de comprar o livro de geografia.
2º e 3º pessoa).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exercícios 04.“ De repente da calma fez-se o vento / Que


dos olhos desfez a última chama / E da paixão fez-se o
01. Analise as frases abaixo: pressentimento / E do momento imóvel fez-se o drama.”
I –Ela tomou atitudes o mais sensatas possível. (Vinícius de Morais)
II –Era meio-dia e meio quando um e outro estudante
esforçado viram caros livros na livraria. Com a palavra VENTO no plural, reescreveríamos,
III –É necessário, sob qualquer aspecto, a atenção de obrigatoriamente, os versos iniciais da seguinte forma:
todos os alunos. A) De repente da calma fizeram-se os ventos / Que dos
IV –Comprei livros e frutas maduras. olhos desfizeram a última chama
V –Havia ali sapatos e camisas importados. B) De repente da calma fez-se os ventos / Que dos
VI –Os militares vigiam alertas, pois chegam a eles olhos desfizeram a última chama
meias notícias de que o primeiro e segundo batalhões C) De repente da calma fizeram-se os ventos / Que dos
pretendem mesmo entrar em greve. olhos desfez a última chama
D) De repente da calma fez-se os ventos / Que dos
Julgue os itens com base nas frases analisadas e olhos desfez a última chama
assinale a alternativa correta: E) De repente da calma fazem-se os ventos / Que dos
A. A frase I está incorreta e há duas possibilidades de olhos desfaz a última chama
corrigi-la.
B. Há apenas duas frases incorretas entre todas. 05. Só não está correta a concordância verbal na
C. A frase IV, por apresentar substantivo masculino, alternativa:
poderia ter o adjetivo também no masculino. A) Os alunos parecia gostarem do assunto da prova.
D. Há apenas um erro de concordância na frase II. B) Em tempos antigos havia mais homens machistas
E. Em virtude de o substantivo estar determinado, na do que hoje.
frase III, deveria ser usado “necessária”. C) Pede-se que todos permaneçam em seus lugares.
D) Nestas salas já se assistiram a grandes eventos.
02. Levando em consideração as regras de E) Foram eles quem pediu ao professor uma prova mais
concordância nominal, assinale a alternativa correta: difícil.
A. Quando a senhora terminou de abrir as malas, já era
meio-dia e meio, mas tinha ainda menos fome. 06. Assinale a alternativa incorreta quanto à
B. A própria sogra presenciou a abertura das malas; concordância verbal:
sim, ela mesmo! A) Soavam seis horas no relógio da matriz quando eles
C. Anexo àquela carta, destinada ao pai da moça que chegaram.
fora atropelada, foram enviadas as joias. B) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários,
D. Ao final da tarde, a senhora mostrava-se meio ninguém foi demitido.
cansada, tal quais suas pobres filhas. C) José chegou ileso ao seu destino, embora houvesse
E. O delegado fizera bastante ameaças, dizendo que as muitas ciladas em seu caminho.
mentiras custariam caras aos suspeitos. D) O advogado referiu-se aos artigos 37 e 38 que
ampara sua petição.
03. Assinale a alternativa correta quanto à E) Nestes tempos, precisa-se de políticos íntegros.
concordância verbal.
A) Queria voltar a estudar, mas faltava-lhe recursos 07. Observe a concordância verbal nas frases a
para tanto seguir e assinale a alternativa correta:
B) Foi então que começaram a chegar um pessoal I- Qual de nós contaremos a verdade?
estranho. II- Boa parte dos funcionários recebeu aumento salarial.
C) Outras razões, certamente, deve haver para ele ter III- No relógio da escola bateu dez horas, foi quando os
desistido. alunos saíram para o recreio.
D) Não haviam exceções neste caso, mas houveram em IV- Não devem haver muitas áreas verdes neste bairro.
outros. A) Somente a frase I está correta.
E) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso. B) Somente a frase II está correta.
C) As frases I e II estão corretas.
D) As frases II e III estão corretas.
E) As frases III e IV estão corretas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. De acordo com as regras de concordância verbal 13. A alternativa que contém forma verbal
do padrão escrito culto, assinale a alternativa incorreta. INADEQUADA à norma culta é:A) Já faz dois meses que
A) A maioria dos brasileiros já viveu situações violentas não nosvemos.
no cotidiano. B) Tratam-se de assuntos triviais, pensem em coisas
B) Sem dúvida, deve haver formas de combater sérias!
pacificamente a violência. C) Choveu três dias sem parar um minuto.
C) No artigo em análise, tratam-se de questões D) Nessa cidade, faz frio e calor no mesmo dia.
referentes à origem histórica da violência. E) Pelo que nos consta, deveriam existir duas páginas
D) Faz séculos que se verificam situações de opressão ilegíveis.
na sociedade brasileira.
E) Sempre se ouvirão pessoas bradando contra o 14. A única frase em que NÃO há erro de
comodismo. concordância verbal é:
A) É da maioria dos estudantes que depende, pelo que
09. Apenas uma alternativa preenche corretamente nos falaram os professores, as alterações do calendário
os espaços das sentenças abaixo. Assinale-a: escolar.
“Aquelas mulheres olhavam _______ porque queriam B) Acredito que deve haver, ao que tudo indica,
aproveitar a liquidação e comprar ________ vestidos acomodações para mais de um terço dos convidados.
_________”. C) Se tiver de ser decidido, no último instante, as
A. alertas, bastantes, bege. questões ainda não discutidas, não me responsabilizo mais
B. alerta, bastante, beges. pelo projeto.
C. alerta, bastantes, bege. D) Houvesse sido mais explícitos com relação às
D. alertas, bastante, beges. normas gerais, os coordenadores de programa teriam
E. alerta, bastantes, beges. evitado alguns abusos.
E) Será que não foi suficiente, neste tempo todo, as
10. A frase em que a concordância nominal está provas de fidelidade que lhes demos?
correta é:
A) A vasta plantação e a casa grande pintadas há pouco 15. Assinale a alternativa ERRADA:
tempo eram os sinais da prosperidade familiar. A) Nas festividades havia muitos convidados.
B) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão B) Precisa-se de doadores de sangue.
onde se encontravam as vítimas do acidente. C) Assistiam-se a bons espetáculos naquele teatro.
C) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que D) Buscam-se novas saídas para a crise econômica.
ele cultivava em sua chácara. E) Foram eles quem pediu por esta reviravolta.
D) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a
perna e o braço direitos, mas estava totalmente lúcido. 16. Assinale a alternativa em que a nova redação
E) Esses livro e caderno não são meus, mas poderá ser das frases abaixo está de acordo com a norma culta.
necessário para a pesquisa que estou fazendo. “Não existe estudo científico” / “Há diversas
11. Assinale a alternativa errada: explicações”.
A) O escritor e o mestre alemães admiravam o belo A) Não devem existir estudos científicos / podem haver
quadro. diversas explicações.
B) Estudaram o idioma francês e o espanhol. B) Não devem haver estudos científicos / pode existir
C) Os deputados e o ministro alagoanos votaram diversas explicações.
contra o projeto. C) Não há estudos científicos / existe diversas
D) Os argumentos e as opiniões expostos não explicações.
agradaram à plateia. D) Não existem estudos científicos / pode haver
E) Considero fácil as questões e testes propostos na diversas explicações.
prova. E) Não pode existir estudos científicos / deve haver
diversas explicações.
12. Assinale a alternativa correta quanto à
concordância verbal.
A) Queria voltar a estudar, mas faltavam-lhe recursos.
B) Foi então que começaram a chegar um pessoal
estranho.
C) Devem haver outras razões para ele ter desistido.
D) Não haviam exceções neste caso.
E) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso.

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LÍNGUA PORTUGUESA

17. A frase em que a concordância verbal NÃO


respeita a norma culta é: ANOTAÇÕES
A) Não bastam, para entendermos o século XXI,
referências às conquistas tecnológicas e científicas.
B) Foram herdados do passado muitos traços dos ___________________________________________________
comportamentos atuais, inclusive o que permitiu, neste
século, a perseguição aos judeus. ___________________________________________________
C) Quanto mais separados os saberes, mais se
___________________________________________________
fortalecerão, com toda certeza, os que estão no poder.
D) Colocam-se em questão, neste século, aspectos ___________________________________________________
importantes acerca da sobrevivência do planeta.
E) Decorre do bem-estar (de que ninguém mais quer ___________________________________________________
abrir mão) vários dos problemas que hoje atingem a
humanidade. ___________________________________________________

___________________________________________________
18. A opção em que há erro de concordância verbal,
segundo as normas da língua culta, é: ___________________________________________________
A) Descobriram-se muitos inventos novos na última
década. ___________________________________________________
B) É preciso que se realizem esforços para se atingir um
plano de desenvolvimento integrado. ___________________________________________________
C) Foi necessário que se estendesse as providências até ___________________________________________________
alcançar os menos favorecidos.
D) Nada se poderia realizar sem que se tomassem ___________________________________________________
novas medidas.
E) Desenvolveu-se o novo projeto de que todos ___________________________________________________
estavam necessitados.
___________________________________________________
19.Indique a alternativa em que há erro: ___________________________________________________
A) Os fatos falam por si sós.
B) A casa estava meio desleixada. ___________________________________________________
C) Os livros estão custando cada vez mais caros.
D) Seus apartes eram sempre os mais pertinentes ___________________________________________________
possíveis. ___________________________________________________
E) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.
___________________________________________________
(Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot.
com.br/2016/05/lista-de-exercicios-concordancia-verbal. ___________________________________________________
html)
___________________________________________________
GABARITO: 1E - 2D - 3C - 4A - 5D - 6D - 7B - 8C - 9C - ___________________________________________________
10D - 11E - 12A - 13B - 14B - 15C - 16D - 17E - 18C - 19C.
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

86
DIREITOS HUMANOS

1. Grupos vulneráveis e o sistema prisional................................................................................................................................................... 01


2. Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento dos Presos............................................................................................... 07
3. Teoria Geral dos Direitos Humanos.............................................................................................................................................................. 08
4. Direitos Humanos na Constituição Federal............................................................................................................................................... 17
5. Declaração Universal dos Direitos Humanos............................................................................................................................................ 08
6. Convenção Americana de Direitos Humanos........................................................................................................................................... 51
7. Protocolo das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição
do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças.......................................................................................................................... 63
8. Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.................................. 83
DIREITOS HUMANOS

Rousseau (1999) já realizava essa análise do início da


GRUPOS VULNERÁVEIS E O SISTEMA desigualdade entre os homens. O filósofo determinava que
PRISIONAL. existem dois tipos de desigualdades na espécie humana:
uma chamada de natural ou física, estabelecida pelas leis
naturais, que remonta às diferenças de idade, saúde, forças
do corpo, e a outra, que é a desigualdade moral ou política,
Os direitos humanos são considerados universais, isto posto que dependente da convenção e autorização pelo
é, inerentes a todos os seres humanos independentemente consentimento dos homens (ou seja, desigualdades forma-
de cor, sexo, raça, etnia, religião, tenha nacionalidade ou das pelos próprios homens que detém o poder).
não (apátrida). São interdependentes, inter-relacionados e A desigualdade é uma realidade certa pelos critérios de
análise natural, moral ou política. No entanto, a busca pelos
indivisíveis. No dizer de Hannah Arendt (1998) não são um
bens da vida ou por oportunidades que tornem os seres
dado, mas sim um construído, por meio de um processo
humanos mais próximos é uma constante batalha vivida.
histórico de lutas e conquistas. Miranda (2002) também corrobora a desigualdade dos
Por assim ser, a fim de resguardar a isonomia entre os homens quando explica que não há como determinar uma
seres humanos, respeitando, contudo, o direito à diferença, igualdade aritmética entre eles, vislumbrando o critério ló-
mas em uma perspectiva de vislumbrar as peculiaridades gico, posto que uns são baixos, outros altos; uns magros,
de alguns grupos de indivíduos, é que se criou um sistema outros gordos; no critério psicológico há uma evolução
especial de protecionismo. histórica do homem que os tenta igualar independente de
O método utilizado neste trabalho foi o dedutivo e o quaisquer circunstâncias, e bem assim no conceito jurídico
tipo de pesquisa bibliográfica, com levantamento em livros, que resvala na igualdade sobreposta por meio das leis. 
periódicos, teses, artigos científicos e documentos de orga- Não se pode falar em igualdade absoluta entre os ho-
nismos internacionais. Tem como objetivos fazer considera- mens, pois esta nunca será alcançada. Por isso, o princípio
ções sobre o sistema especial de direitos humanos, de esfe- da igualdade, em sua visão contemporânea, aborda essa
ra global e regional, apontando algumas convenções inter- igualdade sobreposta por meio das leis, a fim de que sejam
nacionais sobre a temática, sem, contudo, esgotar o tema. analisadas as situações e as pessoas que as envolvem, para
Com isso, traz-se o seguinte questionamento: o siste- que se possa determinar a forma de tratamento. Bem assim
ma especial de proteção dos direitos humanos contraria o entende Atchabahian:
direito à igualdade, em razão da discriminação positiva ser O princípio da igualdade não afirma que todos os ho-
utilizada em prol dos grupos vulneráveis? mens são iguais em sua essência. Pretende realmente ex-
Para tal análise, através dos levantamentos bibliográfi- pressar a igualdade de tratamento na lei e perante a lei,
cos realizados, o estudo se divide em duas partes: a primei- aplicando-se esta na forma do pensamento externado por
ra que aborda de forma ampla sobre o sistema especial de ARISTÓTELES, para quem méritos iguais devem ser trata-
direitos humanos, fazendo um traçado entre o princípio da dos igualmente, mas situações desiguais devem ser trata-
isonomia e o direito à diferença; e a segunda, que trabalha das desigualmente. (ATCHABAHIAN, 2006, p. 78-79, grifos
a conceituação e apontamento de alguns grupos vulne- do autor)
ráveis, com a apresentação de aspectos gerais das ações Observando a proporcionalidade da igualdade, e a não
existência da igualdade absoluta, Atchabahian (2006) pon-
afirmativas (discriminação positiva) contidas nas conven-
dera que há uma variação do princípio de acordo com as
ções internacionais de proteção especial, tanto de sistema
exigências do ser humano, levando em conta suas peculia-
global, como de sistema regional.
ridades.
Na análise do caso concreto, mesmo que as circuns-
O SISTEMA ESPECIAL DE DIREITOS HUMANOS tâncias atinjam um contingente de determinadas pessoas
O sistema especial de direitos humanos consiste em e situações específicas, verificando as peculiaridades pos-
uma série de convenções internacionais elaboradas em tas em questão é que se dará, via análise reflexiva, direitos
prol de grupos de indivíduos que, por peculiaridades espe- (bens da vida e oportunidades) suficientes para a concreti-
cíficas, se encontram em estado de vulnerabilidade, seja ele zação dessa “igualdade”.
provisório ou permanente. É por isso que Mello (2009, p.23) preleciona que o
O estado de vulnerabilidade é medido de acordo com princípio da igualdade tem um duplo objetivo: de propi-
as circunstâncias em que este grupo se encontre, como dis- ciar garantias individuais contra perseguições e de tolher
criminação de cor, raça e etnia, alcançadas por construções favoritismos. Observa, ainda, que só haverá uma agressão
históricas; discriminação e vulnerabilidade em razão de à igualdade se o fator escolhido para diferenciar os que se-
condições físicas, como a mulher, os deficientes, os idosos, rão atingidos pela “regra” não impor nenhuma relação de
as crianças; estado de vulnerabilidade em razão de situação “pertinência lógica” incluindo ou excluindo o benefício de-
premente de tortura, como os presos; entre outros. ferido, com a “inserção ou arredamento” do ônus imposto.
A igualdade pode ser entendida sobre um aspecto for-
O princípio da igualdade mal e material, os quais Piovesan divide em três vertentes:
Teoricamente a igualdade foi discutida por diversos fi- a)   a igualdade formal, reduzida à fórmula ‘todos são
lósofos, sociólogos, antropólogos. Na verdade, a base de iguais perante a lei’ (que ao seu tempo, foi crucial para
estudo é a origem da desigualdade entre os homens ou a abolição de privilégios); b) a igualdade material, corres-
discussão entre a igualdade teórica e a prática. pondente ao ideal de justiça social e distributiva (igualdade

1
DIREITOS HUMANOS

orientada pelo critério socioeconômico); e c) a igualdade Cabe ressalvar que o direito à diferença não pode ser
material, correspondente ao ideal de justiça enquanto re- analisado dissociado com a nova interpretação ao princípio
conhecimento de identidades (igualdade orientada pelos da igualdade, sendo a sua origem um reflexo desta.
critérios de gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e Duarte Júnior (2012, p. 71-72) afirma que:
outros). (PIOVESAN, 2010, p. 252) Respeito à diferença [...] pressupõe reconhecimento
Pode-se assim observar que a igualdade formal é aque- da diversidade, ou seja, pressupõe tratar diferente os de-
la que se deseja e é estabelecida em texto legal e a igual- siguais, mesmo que para tanto necessário se faça o uso
dade material é a da realidade – a perseguida por questões do mecanismo de discriminações positivas, buscando, por
socioeconômicas ou por critérios identitários. Essa é uma meio de medidas afirmativas ou compensatórias, atenuar
visão trazida pelo pós-positivismo, tais conceitos do prin- e diminuir o processo de exclusão decorrente de segrega-
cípio da igualdade, quando do positivismo, não permitiam ções sofridas pelas minorias no curso da história da huma-
privilégios para pessoas que possuíssem alguma espécie nidade.
de necessidade mais especial em relação às outras. O reconhecimento da diversidade deve ocorrer de for-
Há que se pesar, que só se pode falar em igualdade ma a respeitar o direito à diferença. No entanto, deve ser
quando se tem o critério de relação. A comparação de uma constante e incessante a caminhada por uma igualdade de
situação ou pessoa existe em relação a uma outra. Quem é oportunidades que foi negligenciada dentro de um proces-
igual é igual ou desigual em relação a outro. Não se pode so histórico da humanidade.
afirmar que possa existir uma igualdade de maioria, e sim E como explicita Henriques:
uma padronização de situações em que se encontram as A individualidade deve ser sempre respeitada, pois
pessoas. cada um apresenta suas próprias características, capaci-
Desta feita, a atual leitura do princípio da igualdade dades e valores. O preceito isonômico não mais pode ser
revela que o tratamento isonômico almejado pela lei não encarado apenas em sentido negativo, limitado à proibi-
se atém a um tratamento uniforme a todos, dada a ne- ção de privilégios e discriminações. É crucial que sirva para
cessidade de se observar as singularidades de cada pessoa fomentar uma verdadeira igualdade, respeitadas as dife-
renças individuais, o que acentua a dimensão social. De-
diante das desigualdades concretas, dando passagem ao
vem ser implementadas, nesse sentido, políticas capazes
direito à diferença.  
de promover a real isonomia na sociedade. (HENRIQUES,
2008, p. 70)
O direito à diferença
Essa isonomia (igualdade perseguida pela lei) não im-
  Pelo princípio da igualdade, as diferenças servem
põe uma igualdade absoluta entre todos os indivíduos, re-
como parâmetro para busca de mecanismos de proteção
tirando o direito à diferença daqueles que se encontram
que pretendem inserir alguns grupos em um patamar equi-
em situação diferentes. Busca, sim, por meio de uma inter-
parado àqueles que não necessitam do mesmo protecio-
pretação extensiva do princípio da igualdade (atualmente)
nismo. Certos setores, particularmente consideradas vulne- a realização de uma tentativa de isonomia de oportunida-
ráveis, merecem tutela especial. des na sociedade. 
De acordo com Santos (2003) o direito de ser igual se
dá quando as diferenças existentes inferiorizam as pessoas,
e o direito à diferença se dá quando a igualdade existente AÇÕES AFIRMATIVAS E CONVENÇÕES INTERNACIO-
as descaracterizam. Portanto, há uma necessidade de uma NAIS DE PROTEÇÃO ESPECIAL A GRUPOS VULNERÁVEIS
igualdade que reconheça as diferenças entre os seres hu-   As ações afirmativas, também conhecidas como dis-
manos (adotando assim medidas que estabeleçam igual- criminação positiva por alguns doutrinadores, é forma de
dade pelos bens da vida) e também de uma diferença que discriminação para igualização de situações e pessoas, ou
não instigue desigualdades.  pelo menos a tentativa desta. É utilizada como método de
Por uma consequência lógica da observação do princí- aplicação interpretativa do princípio da igualdade em uma
pio da igualdade, à luz das novas perspectivas interpreta- nova perspectiva.
tivas, o ser humano tem direito à diferença, contudo com Para Warbuton, a discriminação positiva significa:
a garantia de viver uma vida digna por meio de ações que [...] recrutar activamente pessoas de grupos previa-
os protejam. mente em situação de desvantagem. Por outras palavras, a
Neste sentido, Atchabahian (2006) afirma que o prin- discriminação positiva trata deliberadamente os candi-
cípio da igualdade é um direito fundamental, não poden- datos de forma desigual, favorecendo pessoas de gru-
do ser abolido de qualquer pessoa, fazendo-se necessário pos que tenham sido vítimas habituais de discrimina-
uma justificativa do tratamento desigual, sendo certo que ção. O objectivo de tratar as pessoas desta forma desigual
este traduza garantia de sobrevivência e convivência digna. é acelerar o processo de tornar a sociedade mais igualitá-
A essência dos direitos humanos é integrada pelo di- ria, acabando não apenas com desequilíbrios existentes em
reito à igualdade material, o direito à diferença e ao reco- certas profissões, mas proporcionando também modelos
nhecimento de identidades, conforme preleciona Piovesan que possam ser seguidos e respeitados pelos jovens dos
(2010), em uma “dupla vocação” pela dignidade da pessoa grupos tradicionalmente menos privilegiados. (WARBU-
humana e prevenção do seu sofrimento. TON, 1998, p. 112, grifou-se).

2
DIREITOS HUMANOS

As ações afirmativas, portanto, favorecem parte da De acordo com o Pacto de Direitos Civis e Políticos
sociedade que por situações diversas não consegue ter as minorias são étnicas, religiosas ou linguísticas. Ocorre
o mesmo ponto de partida para competir pelos “bens da que para alguns doutrinadores as minorias deveriam ser
vida” (sejam eles minorias ou vulneráveis). Atchabahian aquelas com o critério numérico, da não dominância, da
(2006) diz que é objetivo do princípio que os membros so- cidadania e da solidariedade entre seus membros (SEGUIN
ciedade estejam em condições de igualdade, ou seja, pos- apud BRITO, 2009, p. 100). Logo, esses grupos são privados
sam competir de forma igualitária pela obtenção dos bens de conviverem com a prática de sua cultura ou religião por
da vida e para satisfazer suas necessidades. Assim, deve-se conta do preconceito formulado pela maioria (dominante).
considerar como necessário o favorecimento de uns em Já os grupos vulneráveis distinguem-se das mino-
detrimento dos outros, analisando justamente estas situa- rias pelos critérios de se apresentarem, por vezes, em um
ções diversas. grande contingente, como exemplo, as mulheres, crianças
No entanto, para que essas pessoas consigam satis- e idosos; são também destituídos de poder, mas mantém
fazer suas necessidades deverão ser beneficiadas, o que sua cidadania. A pior situação é que não tem consciência
causa uma discriminação em relação às outras que “não de que estão sendo vítimas de discriminação e desrespeito,
necessitam” desse auxílio, portanto, recebendo as benes- por desconhecerem seus direitos. (BRITO, 2009)
ses da discriminação positiva: Dentro desta ótica os idosos, mulheres, crianças, esta-
Desta forma, materializam-se constantes discrimina- riam dentro do grupo das minorias? Isto é uma polêmica
ções com finalidade justificada, assim consideradas como não pacificada e que nas próprias Assembleias das Nações
discriminações positivas e talvez o mais importante des- Unidas não se delimita um conceito que vá além do que
dobramento do princípio constitucional da igualdade, por estabelece o Pacto.
meio das quais se pretende reduzir as diferenças sociais Para muitos estudiosos não seriam minorias, mas esta-
hoje não inferiores a épocas passadas. (ATCHABAHIAN, riam dentro dos grupos vulneráveis. Alguns acreditam que
2006, p. 163) as minorias são espécie do gênero vulneráveis, sendo que
De acordo com Rocha (1996) tais ações se depreendem este último abarca muito mais subclassificações.
da nova interpretação do princípio da igualdade, posto que Rocha ao escrever sobre minorias ensina que o critério
a desigualdade pretendida é a necessária para impedir que quantitativo não se coaduna com o conceito, tendo em vis-
a igualdade jurídica venha ser somente aquela posta diante ta que minoria que aqui se afirma seria baseado no poder
do “Direito”, em um instante específico da vida da pessoa político, na quantidade de direitos efetivamente assegura-
atingida. Pelo contrário, deve-se focalizar toda uma dinâ- dos aos grupos, incluindo negros, mulheres, como minorias:
mica histórica da sociedade, e não apenas esses momentos Não se toma a expressão minoria no sentido quantita-
da vida social, e cobrir o espaço histórico para que se reflita tivo, senão que no de qualificação jurídica dos grupos con-
ainda na atualidade, as desigualdades que nascem de pre- templados ou aceitos com um cabedal menor de direitos,
conceitos do passado, e que não estão extintos. efetivamente assegurados, que outros, que detém o poder.
Note-se, por oportuno, que em todo permissivo legal Na verdade, minoria, no Direito democraticamente conce-
de discriminação positiva, com a adoção de medidas espe- bido e praticado, teria que representar o número menor
ciais de caráter temporário, se dá com a única finalidade de de pessoas, vez que a maioria é a base de cidadãos que
se acelerar o processo de igualdade para se atingir o ideal compreenda o maior número tomado da totalidade dos
de justiça. Contudo, quando a igualdade for visualizada, membros da sociedade política. Todavia, a maioria é deter-
tais medidas devem ser revogadas para que haja a preva- minada por aquele que detém o poder político, econômico
lência do princípio da igualdade com essa leitura. e inclusive social em determinada base de pesquisa. Ora,
Dentro desta seara, os grupos vulneráveis (neles incluí- ao contrário do que se apura, por exemplo, no regime da
dos algumas minorias) se encontram dentro de um sistema representação democrática nas instituições governamen-
internacional especial de proteção, porque necessitam de tais, em que o número é que determina a maioria (cada
um tratamento diferenciado para adquirir os bens da vida cidadão faz-se representar por um voto, que é o seu, e da
necessários a existir com dignidade. soma dos votos é que se  contam  os representados e os
representantes para se conhecer a maioria), em termos de
Grupos vulneráveis: conceitos direitos efetivamente havidos e respeitados numa socieda-
Primeiramente, há que se conceituar o que são e quem de, a minoria, na prática dos direitos, nem sempre significa
fazem parte dos grupos vulneráveis. Existe divergência in- o menor número de pessoas. Antes, nesse caso, uma mino-
terpretativa deste com o conceito de minorias, para alguns ria pode bem compreender um contingente que supera em
doutrinadores uma minoria pode ser vulnerável, mas nem número (mas não na prática, no respeito etc.) o que é tido
sempre o inverso é recíproco. A temática não é pacífica. por maioria. Assim o caso de negros e mulheres no Brasil,
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos esta- que são tidos como minorias, mas que representam maior
belece em seu art. 27 que: número de pessoas da globalidade dos que compõem a
No caso em que haja minorias étnicas, religiosas ou sociedade brasileira. (ROCHA, 1996, p. 285)
linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não Maia (em conferência realizada com a Ministra Carmen
poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com Lucia Antunes da Rocha) menciona algo importante sobre
outras membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de as minorias no que diz respeito aos grupos étnicos, princi-
professar e praticar sua própria religião e usar sua própria palmente no Brasil, referindo-se aos artigos dos instrumen-
língua. (grifou-se) tos internacionais que abordam sobre a temática:

3
DIREITOS HUMANOS

Esses artigos mencionados dizem respeito às minorias Na Convenção Internacional para a Prevenção e Re-
em geral e, portanto, a todas as minorias. No Brasil, por pressão do Crime de Genocídio, o que se quer proteger
minoria, entendemos, em regra geral, os índios com muita são os grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos, ten-
clareza. Os negros e o movimento negro, sendo 45% da do em vista que o bem a ser protegido aqui é a continuida-
população brasileira, consideram que a abordagem não de da existência destes grupos, conforme se depreende no
deva ser de direito das minorias, mas de uma outra forma conceito extraído do art. 2º e alíneas:
de partilha dos bens e dos recursos na sociedade, ou seja, Art. II - Na presente Convenção, entende-se por ge-
uma outra forma de organização social que seja mais igua- nocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a
litária, mais justa, realizando justiça social. (MAIA; ROCHA, intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
2003, p. 65-66) nacional, étnico, racial ou religioso, tal como:
O importante a se ressaltar é que não importa se as (a)assassinato de membros do grupo;
pessoas que necessitam de um tratamento diferenciado (b) dano grave à integridade física ou mental de mem-
estão inseridas nos grupos vulneráveis e/ou nas minorias, bros do grupo;
pois serão amparadas pelo sistema especial de proteção
(c) submissão intencional do grupo a condições de
dos direitos humanos.
existência que lhe ocasionem a destruição física total ou
parcial;
Aspectos gerais das ações afirmativas contidas nas
convenções internacionais de proteção especial: siste- (d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no
ma global e regional seio do grupo;
O sistema especial de proteção aos direitos humanos (e) transferência forçada de menores do grupo para
possui, entre outras, as seguintes convenções internacio- outro grupo. (grifou-se)
nais ratificadas pelo Brasil: a) de sistema global (a nível da Contudo, a punição que a Convenção prevê não diz
Organização das Nações Unidas – ONU e entidades liga- respeito somente a prática do genocídio, mas também do
das): Convenção para a prevenção e repressão do crime conluio para cometê-lo, da incitação direta e pública, da
de genocídio; Convenção relativa ao Estatuto dos Refugia- tentativa e da cumplicidade no genocídio. (art. 3º)
dos; Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas Na Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, há
as Formas de Discriminação Racial; Convenção sobre a que se ressaltar primeiramente quem é a pessoa do refu-
Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a giado, e de acordo com Barros (2011, p. 33-34) são aque-
Mulher; Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos las “forçadas a fugirem de seus países, individualmente ou
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; Convenção parte de evasão em massa, devido a questões políticas,
sobre os Direitos da Criança; Convenção Internacional so- religiosas, militares ou quaisquer outros problemas”. Lem-
bre os Direitos das Pessoas com Deficiência; b) de sistema brando que a definição é fixada para os acontecimentos
regional (a nível da Organização dos Estados Americanos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 (fazendo uma
– OEA): Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a ponte histórica à II Grande Guerra).
Tortura; Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Barros (2011, p. 44) ainda ensina que “a proibição da
Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção Belém repatriação forçada dos refugiados é chamada de non-re-
do Pará; Convenção Interamericana sobre Tráfico Interna- foulement (‘não devolução’), e constitui-se no princípio fun-
cional de Menores; Convenção Interamericana para a Eli- damental do direito internacional dos refugiados.”
minação de todas as Formas de Discriminação contra as É no art. 33 da Convenção relativa ao Estatuto dos Re-
Pessoas Portadoras de Deficiência. fugiados que contém a proibição de expulsão ou devolu-
Logo, verifica-se que a preocupação das Organizações ção dos refugiados para as fronteiras dos territórios que
Internacionais e dos próprios Estados que as compõem é
sua vida ou liberdade se encontra ameaçada (por motivos
de proteger o ser humano em toda sua extensão, garan-
de raça, religião, nacionalidade, grupo social a que perten-
tindo-lhes o princípio fundamento da dignidade da pessoa
humana. ça ou suas opiniões políticas). Além disso, convém observar
Piovesan ensina que: que os refugiados em consonância com essa Convenção
O sistema especial de proteção realça o processo de são especificamente aqueles ligados aos motivos já relata-
especificação do sujeito de direito, em que o sujeito de di- dos, não se vislumbrando à época a possibilidade de aber-
reito é visto em sua especificidade e concretude. Isto é, as tura para outras espécies de refugiados.
Convenções que integram esse sistema são endereçadas a Ocorre que com as condições climáticas atualmente
determinando sujeito de direito, ou seja, buscam respon- enfrentadas, existem grupos de pessoas que não conse-
der a uma específica violação de direito. Atente-se que, no guem sobreviver em seu habitat (país) por conta dessas
âmbito do sistema geral de proteção, como ocorre com situações, e muitas vezes fogem para outros territórios a
a Internacional Bill of Rigths, o endereçado é toda e qual- fim de buscar uma sobrevivência: são os chamados refu-
quer pessoa, genericamente concebida. No âmbito do sis- giados ambientais. Indagação interessante faz Barros sobre
tema geral, o sujeito de direito é visto em sua abstração e os refugiados ambientais: “para onde essa gente irá?”. Pre-
generalidade. (PIOVESAN, 2010, p. 192) leciona que:
Convém ressaltar que os sistemas de proteção geral e Apesar da tentativa de regulamentar um tema tão im-
especial são complementares, e que os direitos resguarda- portante no cenário atual, infelizmente não se produziu um
dos nas convenções do sistema especial não retiram destes tratado internacional capaz de gerar nos países a respon-
grupos os direitos das convenções do sistema geral. sabilidade e, mas ainda, o dever de defender os interesses

4
DIREITOS HUMANOS

dos vitimados pelo clima, proporcionando-lhes a qualida- Convenção. Com relação aos direitos econômicos, sociais
de de vida própria e a dignidade humana que todos mere- e culturais, os Estados Partes adotarão essas medidas utili-
cem. (BARROS, 2011, p. 73) zando ao máximo os recursos disponíveis e, quando neces-
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de to- sário, dentro de um quadro de cooperação internacional.
das as Formas de Discriminação Racial prevê em seu art. Entre outros direitos a criança não poderá sofrer ne-
1º, §4º, a possibilidade da discriminação positiva quando nhuma espécie de discriminação (por raça, cor, sexo, lín-
estabelece que: gua, religião, opinião política ou outra da criança, de seus
Não serão consideradas discriminações racial as medi- pais ou representantes legais, ou da sua origem nacional,
das especiais tomadas como o único objetivo de assegurar étnica ou social, fortuna, incapacidade, nascimento ou de
progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos qualquer outra situação); tem direitos à vida, a uma na-
ou indivíduos que necessitem da proteção que possa ser cionalidade e nome, proteção de sua identidade, e direito
necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos de conviver com seus pais (mesmo que estes sejam se-
igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
parados); tem o direito de expor livremente sua opinião
fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam,
e se manifestar; liberdade de pensamento, consciência e
em consequência , á manutenção de direitos separados
religião; direito à informação apropriada e a proteção con-
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem
sidos alcançados os seus objetivos. tra maus tratos e negligência. Tem-se, porém, uma atenção
E ainda, no art. 2º, §2º: especial às crianças refugiadas e deficientes.
Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exi- E inovando, a Convenção Internacional sobre os Direi-
girem, nos campos social, econômico, cultural e outros, as tos das Pessoas com Deficiência, também conhecida como
medidas especiais e concretos para assegurar como con- Convenção de Nova York.
vier o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos Em seu art. 1º, a Convenção já instituiu os propósitos e
raciais de indivíduos pertencentes a estes grupos com o traz o conceito de deficiente:
objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o Art. 1º. O propósito da presente Convenção é promo-
pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades ver, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de
fundamentais. Essas medidas não deverão, em caso algum, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
ter a finalidade de manter direitos desiguais ou distintos todas as pessoas com deficiência e promover o respeito
para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os pela sua dignidade inerente.  
objetivos em razão dos quais foram tomadas. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impe-
Na Convenção sobre a Eliminação de todas as formas dimentos de longo prazo de natureza física, mental, inte-
de Discriminação contra a Mulher, em seus art. 4º, §§1º e lectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
2º, estatuem que: barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva
Artigo 4º - 1. A adoção pelos Estados-partes de medi- na sociedade em igualdades de condições com as demais
das especiais de caráter temporário destinadas a acelerar a pessoas.
igualdade de fato entre o homem e a mulher não se con- O art. 5º, §§3º e 4º abordam que com a finalidade de
siderará discriminação na forma definida nesta Convenção, promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Esta-
mas de nenhuma maneira implicará, como consequência, a dos-partes deverão adotar todas as medidas apropriadas
manutenção de normas desiguais ou separadas; essas me- para garantir que a adaptação razoável seja oferecida, e
didas cessarão quando os objetivos de igualdade de opor- ainda, as medidas específicas que forem necessárias para
tunidade e tratamento houverem sido alcançados. acelerar ou alcançar a efetiva igualdade das pessoas com
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais,
deficiência não serão consideradas discriminatórias. 
inclusive as contidas na presente Convenção, destinadas a
Os artigos 6º e 7º, sobre a temática, fazem uma alu-
proteger a maternidade, não se considerará discriminatória.
Na Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos são às múltiplas discriminações conjuntas que sofrem as
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, além da mulheres e meninas, bem como as crianças que são de-
proibição de prática de tortura por funcionários públicos, ficientes, determinando aos Estados-partes que adotem
ou outra pessoa no exercício dessas funções, ou por ele as medidas apropriadas para assegurar o pleno desenvol-
instigado, dentro do país signatário, a fim de obter dela vimento, o avanço e o empoderamento das mulheres, e
ou de terceira pessoa confissões, ou lhe infligir castigo por que o superior interesse da criança receberá consideração
algo que seja suspeita, proíbe também o Estado-parte de primordial.
extraditar, expulsar ou devolver pessoa a seu país de ori- Araújo (2011) entende que a igualdade tem que ser
gem que saiba que ali poderá ser submetido a tortura, con- analisada como uma regra para se entender o direito à in-
forme reza o art. 3º, §§1º e 2º. clusão das pessoas com deficiência, sendo que a igualdade
Já a Convenção sobre os Direitos da Criança traz um formal deve ser afastada diante de situações que possa ser
maior protecionismo em relação a faixa etária do qual se realizada. Para o autor, as pessoas com deficiência já tem,
considera criança aqueles menores de 18 anos, salvo se ida- pela sua própria condição, o direito a esse afastamento da
de inferior for imposta no ordenamento do Estado-parte. igualdade formal, nas situações que concorram com pes-
O art. 4º institui que: soas sem deficiência.
Os Estados Partes adotarão todas as medidas ad- Nos mesmos padrões do sistema global especial de
ministrativas, legislativas e de outra índole com vistas proteção dos direitos humanos, o sistema regional tem a
à implementação dos direitos reconhecidos na presente Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura;

5
DIREITOS HUMANOS

Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar que encontramos são pessoas amontoadas em pequenos
a Violência contra a Mulher – Convenção Belém do Pará espaços de confinamento, sem qualquer condição de hi-
(que inovou na situação de além de tratar da discriminação, giene, alimentação, educação e trabalho adequadas.
aborda o assunto da violência); Convenção Interamerica- Quanto à superlotação, dados recentes demonstram
na sobre Tráfico Internacional de Menores (também com que o sistema prisional brasileiro apresenta um déficit de
menção no contexto da Convenção sobre os Direitos da mais de 220 mil vagas, o que representa a total impossibi-
Criança) e a Convenção Interamericana para a Eliminação
lidade de cumprir os direitos dos presos de estar em uma
de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
cela individual arejada, que contém um dormitório, apare-
Portadoras de Deficiência (que inclusive é anterior à Con-
venção de Nova York). lho sanitário e lavatório com área mínima de 6 m².
. O relatório da CPI do sistema prisional brasileiro apon-
Logo, estes são os principais instrumentos do sistema tou que nenhum presídio brasileiro cumpria as exigências
especial de proteção aos direitos humanos, que trazem em legais inscritas na Lei de Execução Penal  Brasileira (CPI,
seu arcabouço histórico de construção o resultado das lu- 2009), para não citar os relatórios da ONU, entre outros.
tas travadas em prol de uma humanidade mais justa (nos Ainda, um dado relevante a ser citado é o de que 40,1%
critérios da igualdade material distributiva e com reconhe- dos presos aguardam julgamento, ou seja, são presos pro-
cimento das identidades) e solidária. visórios, aguardando uma sentença, sendo que este dado
  não está levando em consideração os presos nas delega-
CONSIDERAÇÕES FINAIS cias de polícia, que, em sua maioria, estão presos também
Observa-se que o reconhecimento dos direitos huma- provisoriamente.
nos dos grupos de indivíduos em estado de vulnerabili- Verifica-se, portanto, que o Brasil tem aplicado a pena
dade deve-se ao tratamento isonômico por via inversa de
de prisão sempre como alternativa primária para a resolu-
desigualar para igualar, na máxima aristotélica.
Este protecionismo especial a esses grupos pode se dar ção de conflitos penais, verificando-se um aumento grada-
de duas formas: a uma de modo provisório (em que a vul- tivo desproporcional em descompasso com o crescimento
nerabilidade é temporária, como no caso das crianças, ou populacional.
mesmo no caso das pessoas enquanto presas, posto que Nos últimos 20 anos, o encarceramento cresceu 379%,
estas condições poderão passar); a duas de modo perma- enquanto que a população do país cresceu apenas 30%,
nente (como é o caso da discriminação contra a mulher, ou seja, são 300,96 presos por 100 mil habitantes. Ainda,
deficientes permanentes, idoso, por cor, raça e etnia). é importante destacar que o perfil da população carcerária
Veja-se que, não é pelo fato do grupo de indivíduos ser é composto por homens, pretos ou pardos, jovens e com
considerado vulnerável que, em certas situações conven- baixa escolaridade (CONECTAS, 2014).
cionais, o protecionismo será realizado de modo perpétuo. Ou seja, esses dados buscam descrever a realidade do
Por exemplo, no caso das convenções que determinam se- sistema prisional brasileiro, o qual, conforme se pode cons-
jam realizadas ações afirmativas para equiparar homens e tatar, encontra-se em colapso.
mulheres (em razão de gênero) no mercado de trabalho,
Nesse contexto, vale destacar o importante papel dos
quando alcançada tal meta não haverá mais a necessidade
da subsistência da norma, tendo em vista que a equipara- Direitos Humanos hoje, que é de reverter ou amenizar a
ção se realizou. exclusão e o encarceramento seletivo, daqueles conside-
Por isso, o sistema especial de proteção dos direitos rados invisíveis.
humanos não contraria o direito à igualdade, em razão da Segundo Oscar Villena VIEIRA (2008, p. 207), são as de-
discriminação positiva ser utilizada em prol dos grupos sigualdades sociais “que causam a invisibilidade daqueles
vulneráveis, pelo contrário, se propõe a buscar com que submetidos à pobreza extrema, a demonização daqueles
os Estados-partes, por meio de acordos firmados no âmbi- que desafiam o sistema e a imunidade dos privilegiados”,
to internacional, internalizem os direitos consignados nas minando assim o próprio Estado de Direito e a observância
convenções, afirmando as expectativas de uma igualdade das leis.
solidária e justa, com a autodeterminação dos povos, bem A ofensa à dignidade dos invisíveis é igualmente invisí-
como das individualidades, e ainda, conceber essa busca vel, porque não gera reação política ou social. Muitos ain-
sem ferir o direito à diferença. da acabam sendo vistos como perigosos quando tentam
superar a sua condição de invisíveis, excluindo assim sua
O sistema prisional
condição de cidadãos protegidos pela lei.
Infelizmente o Brasil, no ano de 2014, atingiu o terceiro
lugar no ranking mundial dos países com maior número de Além disso, a concepção de dignidade da pessoa hu-
pessoas encarceradas, somam-se 715.592 pessoas sob cus- mana parecer ser afastada dos rotulados como criminosos
tódia, considerando-se que 567.655 estão presas no sistema e bandidos, a hipótese é a de que a própria concepção de
prisional e 147.937 estão submetidas à prisão domiciliar. dignidade está vinculada às práticas do indivíduo e não à
Além disso, o Brasil também conta com 20.532 jovens sua condição inerente de ser humano (BARCELLOS, p. 52).
que estão cumprindo medidas socioeducativas. Assim, os excluídos e encarcerados não são vistos
No entanto, a forma de contenção dessas pessoas é como titulares de direitos, autorizando-se o uso repressivo
desumana. As condições do sistema prisional atentam con- e até mesmo letal das forças estatais, afastando-se a con-
tra a mínima dignidade da pessoa humana, pois a realidade cepção de direitos humanos.

6
DIREITOS HUMANOS

Os direitos humanos, em especial a dignidade da pes- O princípio fundamental que lastreia todas as regras
soa humana, seriam os direitos individuais e coletivos re- é o de serem as mesmas aplicadas imparcialmente, ou
conhecidos a esses indivíduos ou grupos de pessoas para seja, sem qualquer tipo de discriminação. Superado isso,
que, em face da sua liberdade, satisfaçam suas necessida- as regras se dividem, sendo algumas de aplicação geral,
des compreendidas como as condições de existência que atingindo toda e qualquer categoria de presos, e outras,
permitiriam a “produção material e cultural em uma forma- de aplicação especial, com incidência, portanto, a apenas
ção econômico-social”. determinada categoria de presos.
Mesmo essa visão de garantia dos direitos humanos As de aplicação geral dizem com o registro, separa-
sendo um tanto mais palpável, ainda se configura como ção, locais destinados aos presos, higiene pessoal, roupas
um dever ser, pois na contraditória realidade nem todos de vestir e de cama, alimentação, exercício físico, serviços
podem desfrutar desses direitos, existindo uma verdadei- médicos, disciplina e sanções, instrumentos de coação, in-
ra violência estrutural que afeta sua satisfação (BARATTA, formação e direito de queixa dos presos, contatos com o
2004, p. 334 – 338). mundo exterior, biblioteca, religião, depósito de objetos
Nesse sentido, os direitos humanos exerceriam duas
pertencentes aos presos, notificações de mortes, doenças
funções: uma função negativa, pois os direitos humanos
e transferências, transferências de presos, pessoal peniten-
atuariam como limitação ao poder do Estado de punir, li-
ciário e inspeção.
mitando igualmente as condições da punição; e uma fun-
ção positiva, que seria a de definição do objeto da tutela O documento atual manteve na integralidade o ante-
penal, ou seja, limitando a criação de leis e a sua aplicação, rior, mas trouxe inovações, tais como: fixou um teto para
direcionada não somente àqueles chamados de invisíveis, o isolamento solitário em 15 dias; proibiu que presas par-
ou inimigos. turientes fossem algemadas no parto e pós-parto; no que
Nesse sentido, é que os direitos humanos e a dignida- tange as mortes de presos dentro do sistema penitenciário,
de humana teriam a importante tarefa de serem limites ao impôs a necessidade de monitoramento do sistema prisio-
poder de punir do Estado, servindo de baliza para o hipe- nal por órgãos externos e independentes; proibindo, ainda,
rencarceramento brasileiro. e, também, a revista vexatória de crianças.
Mas qual seria, então, considerando a nossa realidade
prática a finalidade das “Regras de Mandela”? É bom que
(https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/arti- se considere que tais regras estão inseridas no contexto do
gos/413681359/sistema-prisional-brasileiro-e-direitos-hu- sistema global de proteção dos direitos humanos.
manos e https://www.webartigos.com/artigos/a-protecao- Conforme aduz Giacomolli (2015), a partir do surgi-
-dos-direitos-humanos-para-resguardar-certos-grupos- mento das Nações Unidas, a Carta de ONU de 1945 ins-
-de-individuos-em-estado-de-vulnerabilidade/119014) tituiu um sistema internacional de proteção dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais, com regras uni-
versais a serem observadas nas relações internacionais e
internas. De acordo com o mesmo autor, a efetividade do
REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS sistema contempla a emissão de recomendações com o in-
tuito de promover o respeito dos direitos humanos para
PARA O TRATAMENTO DOS PRESOS.
todos, bem como a criação de comissões pelo Conselho
Econômico e Social.
Também abarca, por certo, a proteção dos direitos hu-
manos, estabelecendo assim como os sistemas regionais
Deu-se ao documento o nome de “Regras de Mande-
de proteção dos direitos humanos, obviamente, já que se
la”, considerando o fato de terem sido concluídas na África
pode dizer que é com a Declaração Universal dos Direitos
do Sul, do ex-presidente Nelson Mandela. Tal atualização,
por certo, cedeu e considerou a transformação então ocor- Humanos que efetivamente nasce o direito internacional
rida no âmbito da execução da pena, haja vista que o do- dos direitos humanos (WEIS, 2011), mecanismos para acio-
cumento original, conforme já se salientou, datava de 1955. namento em caso de violação destes mesmos direitos.
Desde então, efetivamente logrou-se aferir um encarcera- Entretanto, nesse ponto sofremos do mesmo mal que
mento mais do que crescente e com ele o agigantamento assola a efetivação das decisões proferidas em sede de sis-
de precaríssimas condições carcerárias, quanto mais em tema interamericano de proteção dos direitos humanos,
solo brasileiro, diríamos. pois esse é o que mais no toca, diríamos; qual seja, o de
Contudo, o objetivo das referidas regras, conforme se maior coercibilidade do que a mera sanção moral e a visi-
retira do próprio documento, não é descrever um sistema bilidade alcançada em âmbito mundial, haja vista que de-
penitenciário modelo, mas estabelecer princípios e regras pendemos em muito, ainda, da postura e vontade estatal
de uma boa organização penitenciária e da prática relativa ao cumprimento destas recomendações e decisões, muitas
ao tratamento dos presos, razão pela qual se deixa claro das quais até vinculativas.
que dadas às variações de condições jurídicas, sociais, eco- Então, qual o porquê de saudação das “Regras de Man-
nômicas e geográficas existentes no mundo, estas regras dela”? Penso que estas se traduzem em mais um marco
servem para o estímulo constante de superação das dificul- a se atentar quando da atuação e do peticionamento na
dades práticas, sem, no entanto, se mostrarem impositivas seara da execução penal, no tempo, então, do requerimen-
de um todo. to à observância dos direitos humanos fundamentais dos

7
DIREITOS HUMANOS

presos e das presas. É um lastro mínimo, veja-se, do que O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual
entende plausível e viável a ONU em termos de execução todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade
penal, ou seja, estas seriam as condições básicas para que e para que ela seja preservada é preciso que os direitos
se possa falar em execução penal digna, humana e não de- inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no
gradante. preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento.
É um dique na contenção do poder punitivo, que mais Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
se exacerba no âmbito da execução penal. Regras mínimas dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não
de um jogo que encerra um longo caminho a ser percorri- possuem conteúdo econômico patrimonial, logo, são in-
do, enquanto não se lograr superar a pena de prisão. Afi- transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
nal, todos esses mesmos documentos reconhecem a pena comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
de prisão e com ela o seu caráter de reintegração social. Se autonomia privada.
ainda é assim, então, nas palavras de Alvino Augusto de Sá Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
(2014), “devemos buscar a reintegração social do preso, não reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja-
com a pena privativa de liberdade, mas apesar dela.” ram a consciência da Humanidade e que o advento de um
(Texto adaptado de https://canalcienciascriminais. mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra,
jusbrasil.com.br/artigos/296135439/voce-sabe-o-que- de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
-sao-as-regras-de-mandela) necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do
homem comum,
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
quando da abertura dos campos de concentração nazis-
tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS; considerados seres humanos perante aquele regime polí-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside-
HUMANOS. radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís-
tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
importância de se atentar para os antecedentes históricos
e compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
dentemente de qualquer fator.
Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
de 1948
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira-
nia e a opressão,
Preâmbulo
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du-
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta-
O preâmbulo é um elemento comum em textos cons- mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo
titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jor- (Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados
ge Miranda1 define: “[...] proclamação mais ou menos so- (Rússia e o regime de Stálin).
lene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado Considerando essencial promover o desenvolvimento de
constitucional, não é componente necessário de qualquer relações amistosas entre as nações,
Constituição, mas tão somente um elemento natural de Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
de grande transformação político-social”. Do conceito do amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz
autor é possível extrair elementos para definir o que re- ganhou uma nova força.
presentam os preâmbulos em documentos internacionais: Considerando que os povos das Nações Unidas reafir-
proclamação dotada de certa solenidade e significância maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen-
que antecede o texto do documento internacional e, em- tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi-
considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica ram promover o progresso social e melhores condições de
e de transformação político-social que levou à elaboração vida em uma liberdade mais ampla,
do documento como um todo. No caso da Declaração de Considerando que os Estados-Membros se compromete-
1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o
às Guerras Mundiais. respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda-
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- mentais e a observância desses direitos e liberdades,
rente a todos os membros da família humana e de seus di- Considerando que uma compreensão comum desses di-
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
justiça e da paz no mundo, cumprimento desse compromisso,
1 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
Todos os países que fazem parte da Organização das
Lisboa: Petrony, 1978. Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos

8
DIREITOS HUMANOS

demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o refere-se aos direitos civis e políticos, os quais garantem a
compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que liberdade do homem no sentido de não ingerência esta-
a fundou e que traz os princípios condutores da ação da tal e de participação nas decisões políticas, evidenciados
organização. historicamente com as Revoluções Americana e Francesa.
A segunda dimensão, presente na expressão iguais, refe-
A Assembleia  Geral proclama re-se aos direitos econômicos, sociais e culturais, os quais
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos garantem a igualdade material entre os cidadãos exigindo
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to- prestações positivas estatais nesta direção, por exemplo,
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada assegurando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara- como antecedente histórico a Revolução Industrial. A ter-
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- ceira dimensão, presente na expressão fraternidade, refe-
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção re-se ao necessário olhar sobre o mundo como um lugar
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, de todos, no qual cada qual deve reconhecer no outro seu
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância semelhante, digno de direitos, olhar este que também se
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Esta- lança para as gerações futuras, por exemplo, com a preser-
dos-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua vação do meio ambiente e a garantia da paz social, sendo
jurisdição. o marco histórico justamente as Guerras Mundiais.3 As-
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo sim, desde logo a Declaração estabelece seus parâmetros
das Nações Unidas, no qual há representatividade de to- fundamentais, com esteio na Declaração dos Direitos do
dos os membros e por onde passam inúmeros tratados Homem e do Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa
internacionais. de 1791, quais sejam igualdade, liberdade e fraternidade.
Embora os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam
Artigo I nesta tríade, tenham surgido de forma paulatina, devem
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade ser considerados em conjunto proporcionando a plena
e direitos. São dotadas de razão  e consciência e devem agir realização do homem4.
em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
O primeiro artigo da Declaração é altamente represen- igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o do- igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
cumento: um grau satisfatório de dignidade.
a) Princípios da universalidade, presente na palavra Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon- vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
retrocesso. medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi-
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta diferenças.
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis- Artigo II
criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as
exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção
trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta- de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,  reli-
dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional
a pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
protegendo e respeitando suas diferenças.2 Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- dignidade da pessoa humana, de forma que todos seres
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual humanos são iguais independentemente de qualquer con-
ela merece todo o respeito por parte dos Estados e dos dição, possuindo os mesmos direitos visando a preserva-
demais indivíduos, independentemente de qualquer fator ção de sua dignidade.
como aparência, religião, sexualidade, condição financeira. O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impe-
Todo ser humano é digno e, por isso, possui direitos que de a distinção entre pessoas pela condição do país ou ter-
visam garantir tal dignidade. ritório a que pertença, o que é importante sob o aspecto de
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra, pessoas
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada perseguidas politicamente, nacionais de Estados que não
qual representativa de um momento histórico no qual se
evidenciou a necessidade de garantir direitos de certa ca- 3 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
tegoria. A primeira dimensão, presente na expressão livres,
2 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 4 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

9
DIREITOS HUMANOS

cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não obstante, a O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem
discriminação não é proibida apenas quanto a indivíduos, medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões,
mas também quanto a grupos humanos, sejam formados logo, é uma maneira de garantir o direito à vida10.
por classe social, etnia ou opinião em comum5. Artigo IV
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo in- Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a
distinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais. as suas formas. 
Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi- “O trabalho escravo não se confunde com o trabalho
ciente para que este realmente se efetive. É fundamental servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados viabi- sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio,
lizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim de do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres
que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão,
não somente com a igualdade material diante da lei, mas por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de
também, e principalmente, através do reconhecimento e trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
respeito das desigualdades naturais entre os homens, as de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
quais devem ser resguardadas pela ordem jurídica, pois é servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
somente assim que será possível propiciar a aludida capa- A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
cidade de gozo a todos”6. O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela
utilização do solo, que superava a metade da colheita”11.
Artigo III A abolição da escravidão foi uma luta histórica em todo
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segu- o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos princípios
rança pessoal. da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir que
Segundo Lenza7, “abrange tanto o direito de não ser um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser trata-
morto, privado da vida, portanto, direito de continuar vivo, do como coisa. O ser humano não possui valor financeiro e
como também o direito de ter uma vida digna”. Na pri- nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a escravi-
meira esfera, enquadram-se questões como pena de mor- dão não pode ser aceita.
te, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia, entre
outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se desdo- Artigo V
bramentos como a proibição de tratamentos indignos, a Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc. ou castigo cruel, desumano ou degradante.
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbi- Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
tam todos os direitos da pessoa humana, possuindo re- crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
flexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes-
Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento ou
Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção das
ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou
principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n°
todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe-
ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b) lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil
direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da
quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da referida Convenção:
vida através da pena de morte8.
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec- Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Outros
tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para Tratamentos ou Penas Cruéis
o desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liber- 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor-
dade é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
sendo um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
decorre da inteligência e da volição, duas características da a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes-
pessoa humana”9. soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
5 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
6 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com
8 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 10 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
9 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 11 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

10
DIREITOS HUMANOS

o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará Geralmente, nos textos constitucionais são estabelecidos
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequên- os direitos fundamentais e os instrumentos para protegê-
cia unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes -los, por exemplo, o habeas corpus serve à proteção do di-
a tais sanções ou delas decorram. reito à liberdade de locomoção.
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a
restringir qualquer instrumento internacional ou legislação Artigo IX
nacional que contenha ou possa conter dispositivos de al- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exi-
cance mais amplo. lado.
Artigo VI Prisão e detenção são formas de impedir que a pes-
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, soa saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privan-
reconhecida como pessoa perante a lei. do-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma- ou mudança forçada de uma pessoa do país, sendo assim
na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Ne- também uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de
locomoção em um determinado território. Nenhuma des-
gar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direitos e
tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o
contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua própria
respeito aos requisitos previstos em lei.
existência. [...] O reconhecimento da personalidade jurídica
Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri-
é imprescindível à plena realização da pessoa humana. Tra- vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver
ta-se de garantir a cada um, em todos os lugares, a possi- praticado um ato que comprometa a segurança ou outro
bilidade de desenvolvimento livre e isonômico”12. direito fundamental de outra pessoa.
O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci-
do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, Artigo X
razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite audiência justa e pública por parte de um tribunal in-
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, dependente e imparcial, para decidir de seus direitos e
independentemente da Constituição daquele país nada deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa contra ele.
humana não perde tal caráter apenas por sair do território “De acordo com a ordem que promana do preceito
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
do princípio da universalidade. um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
Artigo  VII acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual- da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos
quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a imparcialidade do juiz”13.
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis- Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de
criminação. exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco-
refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi-
caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí-
uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas que zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen-
temente de pressões externas para que o julgamento se dê
venham a se encontrar na situação por ela descrita. Não
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial,
significa que a legislação não possa estabelecer, em abstra-
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes
to, regras especiais para um grupo de pessoas desfavoreci-
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa-
do socialmente, direcionando ações afirmativas, por exem- grado e para que alguém possa ser privado dela por uma
plo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto, condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos
todas estas ações devem respeitar a proporcionalidade e a trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado.
razoabilidade (princípio da igualdade material).
Artigo XI
Artigo VIII 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direi-
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais to de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade
competentes remédio efetivo para os atos que violem os tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as ga-
constituição ou pela lei. rantias necessárias à sua defesa.
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Esta- bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra
dos partes o dever de estabelecer em suas legislações in- a condenação criminal transitada em julgado, isto é, pro-
ternas instrumentos para proteção dos direitos humanos. cessada até o último recurso interposto pelo acusado, este
12 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 13 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

11
DIREITOS HUMANOS

deve ser tido como inocente. Durante o processo penal, da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa, mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. “O
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan- direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade
merecerá sanção. no meio social. O direito à imagem também possui duas
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o conotações, podendo ser entendido em sentido objetivo,
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido com relação à reprodução gráfica da pessoa, por meio de
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro-
fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo,
va no processo penal que deve ser validamente produzida
significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pes-
para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in-
divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente soa e reconhecidas como suas pelo grupo social”17.
cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me- desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
devem estar previstos em lei”14. ceiros, preservando-se sua privacidade.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituíam delito peran- Artigo XIII
te o direito nacional ou internacional. Tampouco será im- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
posta pena mais forte do que aquela que, no momento da residência dentro das fronteiras de cada Estado.
prática, era aplicável ao ato delituoso. Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
atos praticados no passado - nem para um ato que não era nário público a residir no município em que está sediado
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
um ato que era considerado crime seja aumentada. Eviden-
São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi-
cia não só o respeito à liberdade, mas também - e princi-
cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação
palmente - à segurança jurídica.
da liberdade, normas administrativas de controle de vias e
Artigo XII veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri- áreas de segurança nacional e qualquer situação em que
vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon- o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos18.
dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências inclusive o próprio, e a este regressar.
ou ataques. A nacionalidade é um direito humano, assim como a li-
A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men-
se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen- ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de
tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício deixá-lo.
da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um Artigo XIV
interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber- 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
dade - do outro. procurar e de gozar asilo em outros países. 
“O direito à intimidade representa relevante manifes- 2. Este direito não pode ser invocado em caso de per-
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como seguição legitimamente motivada por crimes de direito
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios
reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
das Nações Unidas.
indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”15. O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per-
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida- seguida por suas opiniões políticas, situação racial, convic-
de, ao abordar a proteção da vida privada - que, em resu- ções religiosas ou outro motivo político em seu país de ori-
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio gem, permitindo que ela requeira perante a autoridade de
e de círculos de amigos -, Silva16 entende que “o segredo outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que
14 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 17 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
15 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 18 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

12
DIREITOS HUMANOS

praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro, As Nações Unidas20 descrevem sua participação no his-
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo tórico do direito dos refugiados no mundo:
crime praticado. “Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni-
O direito dos refugiados é o que envolve a garantia de das tem dedicado os seus esforços à proteção dos refu-
asilo fora do território do qual é nacional por algum dos giados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Alto
motivos especificados em normas de direitos humanos, Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-
notadamente, perseguição por razões de raça, religião, na- NUR), havia um milhão de refugiados sob a sua responsa-
cionalidade, pertença a um grupo social determinado ou bilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 milhões,
convicções políticas. Diversos documentos internacionais para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Organismo das
disciplinam a matéria, a exemplo da Declaração Universal Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos Refugia-
de 1948, Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refu- dos da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ainda
giados, Quarta Convenção de Genebra Relativa à Proteção mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente.
das Pessoas Civis em Tempo de Guerra de 1949, Convenção Em 1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a
relativa ao Estatuto dos Apátridas de 1954, Convenção so- maior parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente,
bre a Redução da Apatridia de 1961 e Declaração das Na- os movimentos de refugiados assumem cada vez mais a
ções Unidas sobre a Concessão de Asilo Territorial de 1967. forma de êxodos maciços, diferentemente das fugas indi-
Não obstante, a constituição brasileira adota a concessão viduais do passado. Hoje, oitenta por cento dos refugiados
de asilo político como um de seus princípios nas relações são mulheres e crianças. Também as causas dos êxodos se
internacionais (art. 4º, X, CF). multiplicaram, incluindo agora as catástrofes naturais ou
“A prática de conceder asilo em terras estrangeiras a ecológicas e a extrema pobreza. Daí que muitos dos atuais
pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das ca- refugiados não se enquadrem na definição da Convenção
racterísticas mais antigas da civilização. Referências a essa relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção refe-
prática foram encontradas em textos escritos há 3.500 re-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião,
anos, durante o florescimento dos antigos grandes impé- nacionalidade, pertença a um grupo social determinado ou
rios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, Assírio e  convicções políticas. [...]
Egípcio antigo.
Mais de três milênios depois, a proteção de refugiados Existe uma relação evidente entre o problema dos re-
foi estabelecida como missão principal da agência de refu- fugiados e a questão dos direitos humanos. As violações
giados da ONU, que foi constituída para assistir, entre ou- dos direitos humanos constituem não só uma das princi-
tros, os refugiados que esperavam para retornar aos seus pais causas dos êxodos maciços, mas afastam também a
países de origem no final da II Guerra Mundial. opção do repatriamento voluntário enquanto se verifica-
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu o rem. As violações dos direitos das minorias e os conflitos
ACNUR, determina que um refugiado é alguém que ‘temen- étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer dos
do ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionali- êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
dade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assembleia
país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude Geral criou a Organização Internacional para os Refugiados
desse temor, não quer valer-se da proteção desse país’. (OIR), que assumiu as funções da Agência das Nações Uni-
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assis- das para a Assistência e a Reabilitação (ANUAR). Foi inves-
tência para dezenas de milhões de refugiados, encontran- tida no mandato temporário de registrar, proteger, instalar
do soluções duradouras para muitos deles. Os padrões da e repatriar refugiados. [...] Cedo se tornou evidente que a
migração se tornaram cada vez mais complexos nos tem- responsabilidade pelos refugiados merecia um maior es-
pos modernos, envolvendo não apenas refugiados, mas forço da comunidade internacional, a desenvolver sob os
também milhões de migrantes econômicos. Mas refugia- auspícios da própria Organização das Nações Unidas. As-
dos e migrantes, mesmo que viajem da mesma forma com sim, muito antes de terminar o mandato da OIR, iniciaram-
frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta -se as discussões sobre a criação de uma organização que
razão são tratados de maneira muito diferente perante o lhe pudesse suceder.
direito internacional moderno. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Re-
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, de- fugiados (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de
cidem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si Dezembro de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto
mesmos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O
deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liber- Alto Comissariado foi instituído em 1 de Janeiro de 1951,
dade. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado como órgão subsidiário da Assembleia Geral, com um
e de fato muitas vezes é seu próprio governo que ameaça mandato inicial de três anos. Desde então, o mandato do
persegui-los. Se outros países não os aceitarem em seus ACNUR tem sido renovado por períodos sucessivos de cin-
territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão co anos [...]”.
estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida
20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos
insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos”19. Humanos e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://
19 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/ www.gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em:
refugiados/ 13 jun. 2013.

13
DIREITOS HUMANOS

Artigo XV Artigo XVIII


1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.  Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento,
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua na- consciência e religião; este direito inclui a liberdade de
cionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando em particular.
assim de direitos e obrigações. Não é aceita a figura do Silva23 aponta que a liberdade de pensamento, que
apátrida ou heimatlos, o indivíduo que não possui nenhu- também pode ser chamada de liberdade de opinião, é con-
ma nacionalidade. siderada pela doutrina como a liberdade primária, eis que
É possível mudar de nacionalidade nas situações pre- é ponto de partida de todas as outras, e deve ser entendida
vistas em lei, naturalizando-se como nacional de outro Es- como a liberdade da pessoa adotar determinada atitude
tado que não aquele do qual originalmente era nacional. intelectual ou não, de tomar a opinião pública que crê ver-
Geralmente, a permanência no território do pais por um dadeira. Tal opinião pública se refere a diversos aspectos,
longo período de tempo dá direito à naturalização, abrindo entre eles religião e crença. A liberdade de religião atre-
mão da nacionalidade anterior para incorporar a nova. la-se à liberdade de consciência e à liberdade de pensa-
mento, mas o inverso não ocorre, porque é possível existir
Artigo XVI liberdade de pensamento e consciência desvinculada de
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer cunho religioso. Aliás, a liberdade de consciência também
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito concretiza a liberdade de ter ou não ter religião, ter ou não
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam ter opinião político-partidária ou qualquer outra manifes-
de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e tação positiva ou negativa da consciência24.
sua dissolução.  No que tange à exteriorização da liberdade de religião,
2. O casamento não será válido senão com o livre e ou seja, à liberdade de expressão religiosa, não é devida
pleno consentimento dos nubentes.
nenhuma perseguição, assim como é garantido o direito de
O casamento, como todas as instituições sociais, varia
praticá-la em grupo ou individualmente.
com o tempo e os povos, que evoluem e adquirem novas
culturas. Há quem o defina como um ato, outros como um
Artigo XIX
contato. Basicamente, casamento é a união, devidamente
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e ex-
formalizada conforme a lei, com a finalidade de construir
pressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferên-
família. A principal finalidade do casamento é estabele-
cia, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir infor-
cer a comunhão plena de vida, impulsionada pelo amor e
mações e ideias por quaisquer meios e independentemente
afeição existente entre o casal e baseada na igualdade de
direitos e deveres dos cônjuges e na mútua assistência.21 de fronteiras.
Não é aceitável o casamento que se estabeleça à força para Silva25 entende que a liberdade de expressão pode
algum dos nubentes, sendo exigido o livre e pleno con- ser vista sob diversos enfoques, como o da liberdade de
sentimento de ambos. Não obstante, é coerente que a lei comunicação, ou liberdade de informação, que consiste
traga limitações como a idade, pois o casamento é uma em um conjunto de direitos, formas, processos e veículos
instituição séria, base da família, e somente a maturidade que viabilizam a coordenação livre da criação, expressão
pode permitir compreender tal importância. e difusão da informação e do pensamento. Contudo, o a
manifestação do pensamento não pode ocorrer de for-
Artigo XVII ma ilimitada, devendo se pautar na verdade e no respeito
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em so- dos direitos à honra, à intimidade e à imagem dos demais
ciedade com outros. membros da sociedade.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro-
priedade. Artigo XX
“Toda pessoa [...] tem direito à propriedade, podendo 1. Toda pessoa tem direito à  liberdade de reunião e
o ordenamento jurídico estabelecer suas modalidades de associação pacíficas. 
aquisição, perda, uso e limites. O direito de propriedade, O direito de reunião pode ser exercido independente-
constitucionalmente assegurado, garante que dela nin- mente de autorização estatal, mas deve se dar de maneira
guém poderá ser privado arbitrariamente [...]”22. O direito pacífica, por exemplo, sem utilização de armas.
à propriedade se insere na primeira dimensão de direitos 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma as-
humanos, garantindo que cada qual tenha bens materiais sociação.
justamente adquiridos, respeitada a função social.
23 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
21 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 6. ed. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
São Paulo: Saraiva, 2009. v. 6. 24 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
22 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da República 25 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

14
DIREITOS HUMANOS

Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
será livre, também, para decidir se permanece associado 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
ou não”26. tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
Artigo XXI prestações positivas estatais, geralmente externadas por
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover- políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
no de seu país, diretamente ou por intermédio de represen-
que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
tantes livremente escolhidos. 
porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
público do seu país. 
3. A vontade do povo será a base  da autoridade do trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro- investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
cesso equivalente que assegure a liberdade de voto. direitos se dá de maneira gradual.
“Na sociedade moderna, nascida de transformações
que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é vis- Artigo XXIII
to como homem (pessoa privada) e como cidadão (pessoa 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco-
pública). O termo cidadão designava originalmente o habi- lha de emprego, a condições justas e favoráveis de tra-
tante da cidade. Com a consolidação da sociedade burgue- balho e à proteção contra o desemprego.
sa, passa a indicar a ação política e a participação do sujeito 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
na vida da sociedade”27. igual remuneração por igual trabalho.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remune-
governo em que o poder de tomar decisões políticas está ração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de de proteção social. 
eleger um representante). Uma democracia pode existir
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ne-
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi-
les ingressar para proteção de seus interesses.
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
por seu representante eleito), nos termos que este artigo gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
da Declaração prevê. A principal classificação das demo- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua por si só o sentimento de importância para a sociedade por
vontade por voto direto e individual em casa questão re- parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
levante; b) indireta, também chamada representativa, em de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais os índices de desemprego o máximo possível.
escolhido(s) representa(m) todos os eleitores. A remuneração é a retribuição financeira pelo traba-
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So- lho realizado. Nesta esfera também é necessário o respei-
cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de to ao princípio da igualdade, por não ser justo que uma
serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de pessoa que desempenhe as mesmas funções que a outra
direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so- receba menos por um fator externo, característico dela,
ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igual- como sexo ou raça. No âmbito do serviço público é mais
dade material. fácil controlar tal aspecto, mas são inúmeras as empresas
privadas que pagam menor salário a mulheres e que não
Artigo XXII
chegam a ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
remuneração deve ser suficiente para proporcionar uma
segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização e existência digna, com o necessário para manter assegu-
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais rados ao menos minimamente todos os direitos humanos
e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desen- previstos na Declaração.
volvimento da sua personalidade. Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associa-
26 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ção, não podendo ninguém ser impedido ou forçado a in-
27 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: gressar ou sair de um sindicato.
CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.

15
DIREITOS HUMANOS

Artigo XXIV Artigo XXVI


Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a 1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
limitação razoável das horas de trabalho e férias perió- gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.
dicas remuneradas. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-
Por mais que o trabalho seja um direito humano, nem -profissional será acessível a todos, bem como a instrução
somente dele é feita a vida de uma pessoa. Desta forma, superior, esta baseada no mérito.
assegura-se horários livres para que a pessoa desfrute de 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
momentos de lazer e descanso, bem como impede-se a volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
fixação de uma jornada de trabalho muito exaustiva. São do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
medidas que asseguram isto a previsão de descanso se- damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
manal remunerado, a limitação do horário de trabalho, a rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
concessão de férias remuneradas anuais, entre outras. religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
Quanto aos artigos XXIII e XXIV, tem-se que é forneci- prol da manutenção da paz. 
do “[...] um conjunto mínimo de direitos dos trabalhadores. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
De forma geral, os dispositivos em comento versam so- ro de instrução que será ministrada a seus filhos.
bre o direito ao trabalho, principal meio de sobrevivência A Declaração Universal de 1948 divide a disponibilida-
dos indivíduos que ‘vendem’ força de trabalho em troca de de e a obrigatoriedade da educação em níveis. Aquela edu-
uma remuneração justa. Ademais, estabelecem a liberdade cação que é considerada essencial, qual seja, a elementar,
do cidadão de escolher o trabalho e, uma vez obtido o em- deve ser gratuita e obrigatória. Já a educação fundamental,
prego, o direito de nele encontrar condições justas, tanto de grande importância, deve ser gratuita, mas não é obri-
no tocante à remuneração, como no que diz respeito ao gatória. Esta nomenclatura adotada pela Declaração equi-
limite de horas trabalhadas e períodos de repouso (dispo- para-se ao ensino fundamental e ao ensino médio no Brasil,
sição constante do artigo XXIV da Declaração). Garantem sendo elementar o primeiro e fundamental o segundo. A
ainda o direito dos trabalhadores de se unirem em associa- educação técnico-profissional refere-se às escolas voltadas
ção, com o objetivo de defesa de seus interesses”28.
ao ensino de algum ofício, não complexo a ponto de exigir
formação superior e, justamente por isso, possuem menor
Artigo XXV
duração e menor custo; ao passo que a educação superior
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz
é a que se dá no âmbito das universidades, formando pro-
de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclu-
fissionais de maior especialidade numa área profissional,
sive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos
com amplo conhecimento, razão pela qual dura mais tem-
e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança
po e é mais onerosa. As duas últimas são de maior custo e
em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice
não podem ser instituídas de tal forma que sejam garanti-
ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de
seu controle.     das vagas para todas as pessoas em sociedade, entretanto,
O ideal é que todas as pessoas possuam um padrão exige-se um critério justo para a seleção dos ingressos, o
de vida suficiente para garantir sua dignidade em todas as qual seja baseado no mérito (os mais capacitados conse-
esferas: alimentação, vestuário, moradia, saúde, etc. Bem se guirão as vagas de ensino técnico-profissional e superior).
sabe que é um objetivo constante do Estado Democrático Ainda, a Declaração de 1948 deixa clara que a educa-
de Direito proporcionar que pessoas cheguem o mais pró- ção não envolve apenas o aprendizado do conteúdo pro-
ximo possível - e cada vez mais - desta circunstância. gramático das matérias comuns como matemática, portu-
Fala-se em segurança no sentido de segurança pública, guês, história e geografia, mas também a compreensão de
de dever do Estado de preservar a ordem pública e a inco- abordagens sobre assuntos que possam contribuir para a
lumidade das pessoas e do patrimônio público e privado29. formação da personalidade da pessoa humana e conscien-
Neste conceito enquadra-se a seguridade social, na qual o tizá-la de seu papel social.
Estado, custeado pela coletividade e pelos cofres públicos, Não obstante, da parte final da Declaração extrai-se
garante a manutenção financeira dos que por algum moti- a consciência de que a educação não é apenas a formal,
vo não possuem condição de trabalhar. aprendida nos estabelecimentos de ensino, mas também
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados a informal, transmitida no ambiente familiar e nas demais
e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou áreas de contato da pessoa, como igreja, clubes e, notada-
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. mente, a residência. Por isso, os pais têm um papel direto
A proteção da maternidade tem sentido porque sem na escolha dos meios de educação de seus filhos.
isto o mundo não continua. É preciso que as crianças se-
jam protegidas com atenção especial para que se tornem Artigo XXVII
adultos capazes de proporcionar uma melhora no planeta. 1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente
da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de par-
28 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração ticipar do processo científico e de seus benefícios. 
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses
29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. morais e materiais decorrentes de qualquer produção cien-
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. tífica, literária ou artística da qual seja autor.

16
DIREITOS HUMANOS

Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprieda- tais é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos
de intelectual se evidenciam, principalmente, sob o aspecto direitos fundamentais. Como ao titular de um direito fun-
da liberdade de expressão, na esfera específica da liber- damental corresponde um dever por parte de um outro
dade de comunicação ou informação, que, nos dizeres de titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado
Silva30, “compreende a liberdade de informar e a liberdade aos direitos fundamentais como destinatário de um dever
de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade e fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, en-
do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de quanto protegido, pressuporia um dever correspondente”.
toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí- Esta é a ideia que a Declaração de 1948 busca trazer: não
veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro será assegurada nenhuma liberdade que contrarie a lei ou
lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui os demais direitos de outras pessoas, isto é, os preceitos
um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque universais consagrados pelas Nações Unidas.
o autor de uma obra nunca deixará de ser considerado
como tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
o direito de explorar benefícios econômicos de sua obra31.
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
Cada vez mais esta dualidade entre direitos se encontra em
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ativida-
conflito, uma vez que a evolução tecnológica trouxe meios
de ou praticar qualquer ato destinado à destruição  de
para a cópia em massa de conteúdos protegidos pela pro- quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
priedade intelectual. “A colidência entre os direitos afirmados na Declara-
ção é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que,
Artigo XVIII no eventual choque entre duas normas garantistas, os su-
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter- jeitos nela mencionados se valham de uma interpretação
nacional em que os direitos e  liberdades estabelecidos na tendente a infirmar qualquer das disposições da Declara-
presente Declaração possam ser plenamente realizados. ção ao argumento de que estão respeitando um direito em
Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos detrimento de outro”34.
humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir o impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas
respeito a estes direitos no âmbito de seu território. Com tivessem tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes
isso, a pessoa estará numa ordem social e internacional na necessariamente colidiriam com os direitos das outras pes-
qual seus direitos humanos sejam assegurados, preservan- soas, os quais teriam que ser violados. Este é um dos senti-
do-se sua dignidade. Em outras palavras, “devidamente dos do princípio da relatividade dos direitos humanos - os
emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem inter- direitos humanos não podem ser utilizados como um es-
nacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces cudo para práticas ilícitas ou como argumento para afasta-
das instituições humanitárias, tanto estatais quanto parti- mento ou diminuição da responsabilidade por atos ilícitos,
culares, orientando seus passos a serviço da comunidade assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram
humana”32. seus limites nos demais direitos igualmente consagrados
como humanos. Isto vale tanto para os indivíduos, numa
Artigo XXIX atitude perante os demais, quanto para os Estados, ao ex-
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, ternar o compromisso global assumido perante a ONU.
em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalida-
de é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhe- FEDERAL.
cimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e
do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e prin- e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
cípios das Nações Unidas. tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
Explica Canotilho33 que “a ideia de deveres fundamen- coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
31 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
informação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
2006. parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 34 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
33 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.

17
DIREITOS HUMANOS

direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- artigo 5º, LXV35.
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
direitos que expressamente constam no título II do texto lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
constitucional. cionais.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- Atenção para o fato de o constituinte chamar os re-
terísticas principais: médios constitucionais de garantias, e todas as suas fór-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem mulas de direitos e garantias propriamente ditas apenas
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, de direitos.
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
quadra a noção de dimensões de direitos. Direitos e deveres individuais e coletivos
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deve-
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes res individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio-
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
autonomia privada. mandado de segurança coletivo).
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- 1) Brasileiros e estrangeiros
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
humana. conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
lidades. dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem nia do país.
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
lisados de maneira isolada, separada. gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
falta de uso (prescrição). pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po- ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas titulares de direitos políticos.
ou como argumento para afastamento ou diminuição da
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não 2) Relação direitos-deveres
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
igualmente consagrados como humanos. tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di-
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais.
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili- que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva- dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem,
previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de- não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias. Explica Canotilho36 quanto aos direitos fundamentais:
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 35 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
comunicação, independentemente de censura ou licença” em teleconferência.
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a 36 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons-
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia na, 1998, p. 479.

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DIREITOS HUMANOS

ao titular de um direito fundamental corresponde um de- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
particular está vinculado aos direitos fundamentais como enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda- tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
mental conferido à pessoa corresponde o dever de respei- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
to ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas. demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
falando na igualdade perante a lei.
3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
constitucionais-penais. vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
- Direito à igualdade reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
Abrangência de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
inciso: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- defende que elas representam o ideal de justiça compen-
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis-
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo -se uma concretização do princípio da igualdade material);
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e bem como promovem a diversidade.
obrigações. Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
pectiva mais ampla. as garantias aos portadores de deficiência, entre outras

19
DIREITOS HUMANOS

medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- Art. 1º Constitui crime de tortura:
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas I - constranger alguém com emprego de violência ou
diferenças37. Tem predominado em doutrina e jurisprudên- grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
afirmativas são válidas. são da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
- Direito à vida c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Abrangência II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
teção do direito à vida. A vida humana é o centro gravi- sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
tacional em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos,
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
econômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificul-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
dade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se em lei ou não resultante de medida legal.
ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral inerente a quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
todos os seres humanos38. pena de detenção de um a quatro anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
e aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
que engloba o respeito à integridade física, psíquica e I - se o crime é cometido por agente público;
moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
como a garantia de recursos que permitam viver a vida dor de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
com dignidade. III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
graça ou anistia.
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
me fechado.
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se - Direito à liberdade
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
previsão no inciso III do artigo 5º: teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
que o seguem.
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
a tratamento desumano ou degradante. Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF:
A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
-se o artigo 1º: inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
37 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos tem liberdade para agir como considerar conveniente.
artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
Fortium, 2008, p. 08. à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
38 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- maneira que a lei não proíba.
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15.

20
DIREITOS HUMANOS

Liberdade de pensamento e de expressão (notadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)


O artigo 5º, IV, CF prevê: em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
expressão.
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
to, sendo vedado o anonimato. Liberdade de crença/religiosa
Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de
pensamento e da liberdade de expressão. Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada aos locais de culto e a suas liturgias.
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
opinião”39. Em outras palavras, primeiro existe o direito de crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
ter uma opinião, depois o de expressá-la. profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
No mais, surge como corolário do direito à liberdade Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
vicção filosófica ou política: des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liber-
dade de organização religiosa.
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por Consoante o magistério de José Afonso da Silva40, entra
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- (ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de
ternativa, fixada em lei.
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
Trata-se de instrumento para a consecução do direito
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar
mento.
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou
Com efeito, este direito de liberdade de expressão é
em público, bem como a de recebimento de contribuições
limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa
garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei. de igrejas e suas relações com o Estado.
Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF: Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as-
segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen- Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
dentemente de censura ou licença. tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva.
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais, O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
relação a estas, a exigência de licença para a manifestação Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia. giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
controle do poder. A censura somente é cabível quando motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
necessária ao interesse público numa ordem democrática, lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
exploração sexual infanto-juvenil é adequado. tiva, fixada em lei.
O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à
indenização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contra- Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por
partida para aquele que teve algum direito seu violado exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis-
39 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vi- tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha
dal Serrano. Curso de direito constitucional. 10. ed. São 40 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
Paulo: Saraiva, 2006. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

21
DIREITOS HUMANOS

fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não teresse pessoal.
contrarie tais preceitos.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
Liberdade de informação pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
O direito de acesso à informação também se liga a uma manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
artigo 5º, XIV, CF: cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
sário ao exercício profissional. “demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
Trata-se da liberdade de informação, consistente na
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
liberdade de procurar e receber informações e ideias por
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
rência.
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade certidões ser dissociado do direito de petição.
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente o interesse social o exigirem.
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território na-
cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
do Estado.
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do liberdade de sair do país não significa que existe um direito
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
mação. exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal.
dentemente do pagamento de taxas: A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; locomoção pela prisão civil por dívida.

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DIREITOS HUMANOS

Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: A liberdade de associação difere-se da de reunião por
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário ciação implica na formação de um grupo organizado que
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário se mantém por um período de tempo considerável, dotado
infiel. de estrutura e organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a à estatal.
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento O texto constitucional se estende na regulamentação
é a que se refere à obrigação alimentícia. da liberdade de associação.
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Liberdade de trabalho
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
5º, XIII, CF:
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
são de advogado aquele que não se formou em Direito associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados em suas atividades econômicas.
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
cadastro no Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.

Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. de reverter a decisão e permitir que a associação continue
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever seja, no curso de um processo judicial.
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto- nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
tal substância ilícita fosse utilizada). A liberdade de associação envolve não somente o di-
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
Liberdade de associação bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, forme artigo 5º, XX, CF:
XVII, CF:
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação sociar-se ou a permanecer associado.
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.

23
DIREITOS HUMANOS

- Direitos à privacidade e à personalidade morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
Abrangência para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
Prevê o artigo 5º, X, CF: sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
determinação judicial.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação. Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
O legislador opta por trazer correlacionados no mes- ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
lidade. investigação criminal ou instrução processual penal.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva41 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, Personalidade jurídica e gratuidade de registro
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e como pessoa perante a lei.
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti- com ele arcar.
midade, pela vida privada, e pela publicidade). Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- cimento; b) a certidão de óbito.
lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido O reconhecimento do marco inicial e do marco final
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”42. ção de documentos para que ela seja reconhecida como
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- menos favorecidos.
dência
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- Direito à indenização e direito de resposta
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
comunicações. reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
terial, moral ou à imagem.
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser “A manifestação do pensamento é livre e garantida
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
41 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
42 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

24
DIREITOS HUMANOS

diciário com a consequente responsabilidade civil e penal Especificamente no que tange à segurança jurídica,
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju- tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
da matéria que divulga”43. Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio
em que foram publicadas garantida exatamente a mes- Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de da lei.
de resposta não é possível reverter plenamente os da- Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento, Direito Brasileiro:
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- e a coisa julgada.
mico e não econômico. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma- segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi- § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
nanceiramente e indenizado. seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa- ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, judicial de que já não caiba recurso.
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o - Direito à propriedade
estado de família)”44. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
digo Civil: lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.

Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à Função social da propriedade material
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi- O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre- dade.
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
comerciais. principal fator limitador deste direito:

- Direito à segurança Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- ção social.
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, A propriedade, segundo Silva46, “[...] não pode mais ser
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- considerada como um direito individual nem como institui-
rança jurídica. ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
garantir o direito à vida. mica são preordenados à vista da realização de seu fim:
Nesta linha, para Silva45, “efetivamente, esse conjunto assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada,
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin-
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- culada à consecução daquele princípio”.
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
43 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio- mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
44 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili- da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
45 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- 46 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
cional positivo... Op. Cit., p. 437. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

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DIREITOS HUMANOS

como todos os outros, se encontra limitado pelos demais Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
humano. que não esteja cumprindo sua função social, mediante
A Constituição Federal delimita o que se entende por prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
função social: com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- emissão, e cuja utilização será definida em lei49.
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
bem-estar de seus habitantes. serão indenizadas em dinheiro.

Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- No que tange à desapropriação por necessidade ou
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
volvimento e de expansão urbana. Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
função social quando atende às exigências fundamentais de dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
ordenação da cidade expressas no plano diretor47.
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela- Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
ções de trabalho; como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- riza a União a propor a ação de desapropriação.
tários e dos trabalhadores.
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
Desapropriação procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
No caso de desrespeito à função social da proprieda- processo judicial de desapropriação.
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
pode-se depreender do texto constitucional duas possibi-
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
lidades de desapropriação: por desrespeito à função social
e por necessidade ou utilidade pública. deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
propriação por desatendimento à função social: o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
artigo 5º:
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do sos de utilidade pública:
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- a) a segurança nacional;
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é
I - parcelamento ou edificação compulsórios; necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe-
bana progressivo no tempo; lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial
III - desapropriação com pagamento mediante títulos urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen-
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em to à função social.
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real 49 A desapropriação em decorrência do desatendimen-
da indenização e os juros legais48. to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira
47 Instrumento básico de um processo de planejamen- que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
to municipal para a implantação da política de desenvolvimen- já que na primeira há violação do ordenamento constitucional
to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se
(Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade). em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori-
48 Nota-se que antes de se promover a desapropria- zados quanto o dinheiro.

26
DIREITOS HUMANOS

b) a defesa do Estado; Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
c) o socorro público em caso de calamidade; quena propriedade será assegurado que permaneça com
d) a salubridade pública; ela e a torne mais produtiva.
e) a criação e melhoramento de centros de população, A preservação da pequena propriedade em detrimento
seu abastecimento regular de meios de subsistência; dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas -guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
minerais, das águas e da energia hidráulica; tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
agrária no exercício.
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
trução ou ampliação de distritos industriais;
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
taduais e municipais as operações de transferência de imó-
k) a preservação e conservação dos monumentos históri- veis desapropriados para fins de reforma agrária.
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes Como a finalidade da reforma agrária é transformar
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
tados pela natureza; gidos pela reforma agrária:
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
tístico; fins de reforma agrária:
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
memorativos e cemitérios; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- II - a propriedade produtiva.
so para aeronaves; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
reza científica, artística ou literária; dos requisitos relativos a sua função social.
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187:
Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a inde- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
vida valorização do imóvel pelo Poder Público, que geral- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
mente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. bem como dos setores de comercialização, de armazena-
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
qual há a destinação de um bem expropriado (desapro- I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial-
garantia de comercialização;
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
quando resultante de desvio do propósito original; e será
IV - a assistência técnica e extensão rural;
lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
V - o seguro agrícola;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
o artigo 5º, XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
la e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
meios de financiar o seu desenvolvimento. concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física

27
DIREITOS HUMANOS

ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
de alienações ou concessões de terras públicas para fins de também não se poderia prejudicar o proprietário.
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão nego- ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
ciar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, CF). quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
Usucapião taca-se o artigo 191, CF:
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
dado, a ponto de se tornar proprietário. trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade rir-lhe-á a propriedade.
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
casos específicos, denominados usucapião especial urbana dos por usucapião.
e usucapião especial rural.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urba- a) Imóvel rural
na de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, des- Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão assunto muito controverso.
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
dentemente do estado civil. outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
suidor mais de uma vez. antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
capião. na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- Uso temporário
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que

28
DIREITOS HUMANOS

Direito sucessório Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
O direito sucessório aparece como uma faceta do di- clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- clusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;
O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
lei, a defesa do consumidor.
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- neas e enciclopédias; entre outras.
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
consumidor. gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
O Direito do Consumidor pode ser considerado um modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- tar sua honra ou imagem.
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
Transitórias: ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có-
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
digo de defesa do consumidor.
que estas modalidades de utilização podem se dar a título
oneroso ou gratuito.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis,
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria-
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti-
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que
Propriedade intelectual o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou
Além da propriedade material, o constituinte protege produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: permissão do autor”50.
50 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-

29
DIREITOS HUMANOS

- Direitos de acesso à justiça Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
A formação de um conceito sistemático de acesso à Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
reito moderno conforme implementadas as bases da onda garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên- na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
pleno atendimento em todas as ondas). Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
Primeiro, Cappelletti e Garth51 entendem que surgiu no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
de um aparato estrutural para a prestação da assistência dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
pelo Estado. cia de recursos.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth52,
veio a onda de superação do problema na representação O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
processo como algo restrito a apenas duas partes indivi- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
ções, como o Ministério Público.
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Finalmente, Cappelletti e Garth53 apontam uma terceira
ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
onda consistente no surgimento de uma concepção mais
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
tação.
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
 
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va-
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
significa que se deve acelerar o processo em detrimento
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos no caso concreto.
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, - Direitos constitucionais-penais
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se ceção
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da fato ocorrer.
Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
risprudência. São Paulo: Atlas, 1997. Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
51 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
52 Ibid., p. 49-52 exceção.
53 Ibid., p. 67-73

30
DIREITOS HUMANOS

Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
criado para uma situação pretérita, bem como não reco- beneficiar o réu.
nhecido como legítimo pela Constituição do país.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
Tribunal do júri anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
artigo 5º, XXXVIII, CF: nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
com a organização que lhe der a lei, assegurados: que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a) a plenitude de defesa; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
b) o sigilo das votações; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
c) a soberania dos veredictos;
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
dade da lei penal mais benéfica.
contra a vida.
Menções específicas a crimes
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
não magistrados, no caso de determinados crimes que por Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
nal.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ciais e administrativos. entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
Sigilo das votações envolve a realização de votações mento específico a certas práticas criminosas.
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri- nos termos da lei.
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
jurisdição. não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- curso do tempo).
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
Anterioridade e irretroatividade da lei
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que evitá-los, se omitirem.
o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei anterior que o defina. Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
-se o artigo 5º, XL, CF: concedida antes da sentença final ou depois da condena-
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito

31
DIREITOS HUMANOS

em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar nado, consideradas as características do agente e do delito.
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
disso, são crimes que não aceitam fiança. prisional, por um determinado tempo.
Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
do patrimônio do indivíduo delituoso.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im- A prestação social alternativa corresponde às penas
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
digo Penal.
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
Por seu turno, a individualização da pena deve também
ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
tráfico ilícito de entorpecentes: se fazer presente na fase de sua execução, conforme se
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF:
Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for- a idade e o sexo do apenado.
ma da lei.
A distinção do estabelecimento conforme a natureza
Personalidade da pena do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
5º, XLV, CF: ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite Também se denota o respeito à individualização da
do valor do patrimônio transferido. pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:

O princípio da personalidade encerra o comando de o Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- te o período de amamentação.
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de Preserva-se a individualização da pena porque é to-
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se mada a condição peculiar da presa que possui filho no
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
período de amamentação, mas também se preserva a dig-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
nidade da criança, não a afastando do seio materno de
maneira precária e impedindo a formação de vínculo pela
Individualização da pena
amamentação.
A individualização da pena tem por finalidade concre-
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- Vedação de determinadas penas
ridades do agente. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
A primeira menção à individualização da pena se en- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
contra no artigo 5º, XLVI, CF:
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
pena e adotará, entre outras, as seguintes: termos do art. 84, XIX;
a) privação ou restrição da liberdade; b) de caráter perpétuo;
b) perda de bens; c) de trabalhos forçados;
c) multa; d) de banimento;
d) prestação social alternativa; e) cruéis.
e) suspensão ou interdição de direitos.

32
DIREITOS HUMANOS

Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani- Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”54 . Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o de seus bens sem o devido processo legal.
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se Pelo princípio do devido processo legal a legislação
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri- de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), pena de nulidade processual.
que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento Surgem como corolário do devido processo legal o
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
militares em tempo de guerra. mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- o artigo 5º, LV, CF:
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
lhos forçados, de banimento e cruéis. Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho ela inerentes.
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar O devido processo legal possui a faceta formal, pela
a capacidade física e intelectual do condenado; como o qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
trabalho não existe independente da educação, cabe in- ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
porcionalidade.
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Vedação de provas ilícitas
Respeito à integridade do preso
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral. vas obtidas por meios ilícitos.

Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
pessoa humana. titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade de direito material, constitucional ou legal, no momento
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, seria paradoxal.
CF), o que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Presunção de inocência
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
previstas em lei. até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade garantias constitucionais.
moral.
Ação penal privada subsidiária da pública
54 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

33
DIREITOS HUMANOS

Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. relaxada pela autoridade judiciária.

A chamada ação penal privada subsidiária da pública Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- são do artigo 5º, LXVI, CF:
são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
interessado a proponha. nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli- requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber-
dade daquele que assim agiu. Indenização por erro judiciário
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagran-
te delito ou por ordem escrita e fundamentada de autori- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
dade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. tempo fixado na sentença.

Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: 4) Direitos fundamentais implícitos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- deral:
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
indicada. Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo
entrar em contato com sua família e com um advogado, Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
conforme artigo 5º, LXIII, CF: estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- nas exemplificativo, não taxativo.
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado. 5) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
mento interno
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
internacionais em que a República Federativa do Brasil
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial. seja parte”.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
do depoimento do interrogatório são assinados pelas auto- complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
ridades envolvidas nas práticas destes atos procedimentais. gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para do Presidente da República), submissão do tratado assina-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação

34
DIREITOS HUMANOS

da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro- que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo55. riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
seja, tratado internacional de direitos humanos. da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá- firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima- direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin- que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido revogaria a Constituição no ponto controverso).
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações 6) Tribunal Penal Internacional
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol- Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a tado adesão.
outras normas”56.  
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
brasileiro porque somente existe previsão constitucional tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
internacional (artigo 1º, ETPI).
significa que tais direitos eram menos importantes devido
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
implícitos.
compete o processo e julgamento de violações contra indi-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
restrita a uma situação específica”57.
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Resume Mello58: “a Conferência das Nações Unidas so-
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
vos membros: em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
tes às emendas constitucionais.  assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante nas forças inimigas, etc.”.
ao da emenda constitucional.
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à Direitos sociais
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
titucional os tratados internacionais de direitos humanos capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
normas programáticas e que necessitam de uma postura
55 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos interventiva estatal em prol da implementação.
Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio An- 57 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional
tonio Fabris Editor, 2008. Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo:
56 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Atlas, 2009.
Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodi- 58 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito
vm, 2009. Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

35
DIREITOS HUMANOS

Os direitos assegurados nesta categoria encontram 2) Reserva do possível e mínimo existencial


menção genérica no artigo 6º, CF: Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
notadamente porque estão previstos em normas progra-
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a máticas e porque a implementação deles gera um ônus
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
à maternidade e à infância, a assistência aos desampa- tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
rados, na forma desta Constituição.  em prol da efetivação destes.
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi- gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
Público como determinador de que particulares respeitem
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título Estatuto Máximo59.
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma in- Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
tensa regulamentação destes, à exceção dos direitos tra- a cláusula da reserva do possível como argumento para a
balhistas, o Título VIII da Constituição Federal, que aborda não implementação de determinado direito social – seja
a ordem social, se concentra em trazer normativas mais pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá-
detalhadas a respeitos de direitos indicados como sociais. tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica).
1) Igualdade material e efetivação dos direitos sociais O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que
Independentemente da categoria de direitos que este- os direitos sociais “não pode converter-se em promessa
ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi-
sentido meramente formal, mas necessariamente material. co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co-
Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
existem certas distinções que não só devem ser aceitas, de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de
como também se mostram essenciais. infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
No que tange aos direitos sociais percebe-se que a Fundamental do Estado”60.
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do
categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es- possível, embora viável, não pode servir de muleta para
tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
moradia, assim como nem todos se encontram na posição entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
população de explorados. Estas pessoas estão numa clara to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
atender esta demanda.
real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial,
se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
direitos fundamentais.
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas
Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual- a serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Po-
dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente der Judiciário em prol de sua efetivação.
aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus 3) Princípio da proibição do retrocesso
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
mais plena possível. uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape- retrocesso, de modo que um direito social garantido não
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos, pode deixar de o ser.
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por 59 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possí-
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram vel e mínimo existencial: a pretensão de eficácia da norma
condições para sustentarem suas necessidades pertencen- constitucional em face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p.
tes a esta categoria de direitos. 56-57.
60 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

36
DIREITOS HUMANOS

Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen-
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores da casa própria ou da aposentadoria e em situações de
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
causa ou em caso de algumas doenças graves.
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
cluindo o ensino médio gratuito). Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, porte e previdência social, com reajustes periódicos que
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro ção para qualquer fim.
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, T
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito rata-se de uma visível norma programática da Cons-
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
entendimento dominante. de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
4) Direito individual do trabalho do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi- em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
Socioeconômicos (Dieese)”61.
no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
de assédio moral).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra à complexidade do trabalho.
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
dentre outros direitos. go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
Significa que a demissão, se não for motivada por justa mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- estabelecido em conformidade com a data base da cate-
gador. goria, por isso ele é definido em conformidade com um
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- trabalhador.
semprego involuntário.
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida disposto em convenção ou acordo coletivo.
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de-
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de missão em massa durante uma crise, situações que devem
assistência financeira temporária. ser negociadas em convenção ou acordo coletivo.

Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é 61 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de -minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril

37
DIREITOS HUMANOS

O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, quer idade, independente de carência e desde que o salá-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
baseada em comissões por venda e metas); permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- -família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- qualquer idade será de R$ 24,66.
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
sentado no final de cada ano. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido normal.
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés- A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
horas do dia seguinte.
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
constituindo crime sua retenção dolosa.
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário, superior à da hora normal.
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º, lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
XXXIX, CF). salvo negociação coletiva.

Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resulta- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
dos, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, par- ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
ticipação na gestão da empresa, conforme definido em lei. samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
empregador e negociado com uma comissão de trabalha- psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne- a própria família.
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do ferencialmente aos domingos.
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
Salário-família é o benefício pago na proporção do quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade

38
DIREITOS HUMANOS

de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
munerado coincidente com um domingo a cada período, outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
trabalhado ou indenizado.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
do trabalho salubre. Fiorillo62 destaca que o equilíbrio do
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
dade e na ausência de agentes que possam comprometer
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati-
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
dias.
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
O salário da trabalhadora em licença é chamado de lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir específica previsão sobre o adicional de penosidade.
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- São consideradas atividades ou operações insalubres
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
após o parto, a mulher não pode ser demitida. exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes
químicos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercí-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- cio de trabalho em condições de insalubridade assegura
xados em lei. ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Traba-
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a lho, equivalente a 40% (quarenta por cento), para insa-
mãe nos processos pós-operatórios. lubridade de grau máximo; 20% (vinte por cento), para
insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da insalubridade de grau mínimo.
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São consi-
deradas atividades ou operações perigosas, aquelas que,
Embora as mulheres sejam maioria na população de
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem ris-
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
co acentuado em virtude de exposição permanente do
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativi-
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há dades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- O valor do adicional de periculosidade será o salário do
do que os homens recebem mais porque os empregadores empregado acrescido de 30%, sem os acréscimos resul-
entendem que eles necessitam de um salário maior para tantes de gratificações, prêmios ou participações nos lu-
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência cros da empresa.
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten-
de forma especial. dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
tes adicionais.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao
tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 62 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direi-
termos da lei. to Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
21.

39
DIREITOS HUMANOS

Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
to social no próprio artigo 6º, CF. que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- buição com natureza de tributo que as empresas pagam
de em creches e pré-escolas. para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi-
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- compreendido como prestação garantida pelo Estado
de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche com a indenização devida pelo empregador em caso de
e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando
na empresa. amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho;
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho. Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resul-
tantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra- de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
até o limite de dois anos após a extinção do contrato
balho, que encontra regulamentação constitucional nos
de trabalho.
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
dos coletivos, entidades representativas da categoria dos Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
trabalhadores entram em negociação com as empresas na jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos há um período de tempo que o empregado tem para re-
direitos sociais; querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
na forma da lei. (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má- de sexo, idade, cor ou estado civil.
quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
para que possa operá-la).
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.

40
DIREITOS HUMANOS

Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- A liberdade de associação profissional ou sindical tem
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- escopo no artigo 8º, CF:
dor portador de deficiência.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- cal, observado o seguinte:
mitações, possui condições de ingressar no mercado de I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
sua deficiência. competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- II - é vedada a criação de mais de uma organização
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
respectivos. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
se enquadrar numa ou outra categoria. questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
se tratando de categoria profissional, será descontada em
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
filiado a sindicato;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
o trabalho em condições desfavoráveis.
negociações coletivas de trabalho;
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- tado nas organizações sindicais;
balhador avulso. VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um grave nos termos da lei.
trabalhador com vínculo empregatício permanente. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
do artigo 7º:
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- tigo 9º, CF:
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- sobre os interesses que devam por meio dele defender.
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como da comunidade.
a sua integração à previdência social.  § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
penas da lei.
5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais co- A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
letivos dos trabalhadores, que são os exercidos pelos o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
coletividade, quais sejam: associação profissional ou da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
sindical, greve, substituição processual, participação e for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
representação classista63. esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
63 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

41
DIREITOS HUMANOS

Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- contraditório, a defesa, que são princípios fundamentais
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez
rios sejam objeto de discussão e deliberação. que é muito séria”64.
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
no artigo 11, CF: direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
pregados, é assegurada a eleição de um representante ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
dimento direto com os empregadores. desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
Nacionalidade humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
um nacional pode adquirir direitos políticos. cometeram tais violações.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que 2) Naturalidade e naturalização
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
assim de direitos e obrigações. são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
não é a mesma coisa que população. População é o con- diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
trangeiros residentes no país e os apátridas. Estado.
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
1) Nacionalidade como direito humano fundamental tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
Os direitos humanos internacionais são completamen- voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- nacional brasileiro.
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- a) Brasileiros natos
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à Art. 12, CF. São brasileiros:
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte I - natos:
brasileiro não admite a figura do apátrida. a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
Contudo, é exatamente por ser um direito que a na- ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à a serviço de seu país;
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
um processo conhecido como naturalização. da República Federativa do Brasil;
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio- de mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua partição brasileira competente ou venham a residir na
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionali-
aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te- dade brasileira.
nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar
o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
versas. em território do país independentemente da nacionalida-
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa de dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um 64 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos ar-
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um gover- tigos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
no, de um governante, de um poder despótico, de de- à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
cisões unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o Fortium, 2008, p. 87-88.

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DIREITOS HUMANOS

depende do local de nascimento mas sim da descendência Destaque vai para o requisito da residência contínua.
de um nacional do país (critério comum em países que ti- Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
veram êxodo de imigrantes). contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- ria no artigo 12, II, “a”.
nha nascido no território brasileiro. Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- Judiciário para fazê-lo valer65.
dade brasileira ou não.
c) Tratamento diferenciado
b) Brasileiros naturalizados A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
Art. 12, CF. São brasileiros: [...] sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto sos previstos nesta Constituição.
e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que cer as hipóteses de distinção.
requeiram a nacionalidade brasileira. Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
enumeradas no parágrafo seguinte.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no os cargos:
artigo 112: I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- III - de Presidente do Senado Federal;
cessão da naturalização: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; V - da carreira diplomática;
II - ser registrado como permanente no Brasil; VI - de oficial das Forças Armadas;
III - residência contínua no território nacional, pelo VII - de Ministro de Estado da Defesa.
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
ao pedido de naturalização; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
condições do naturalizando; sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
manutenção própria e da família; te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
VI - bom procedimento; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
superior a 1 (um) ano; e num critério de revezamento nenhum membro pode ser
VIII - boa saúde. 65 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
em teleconferência.

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DIREITOS HUMANOS

naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
impacto em termos de representação do país ou de segu- assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
rança nacional. nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- lidade brasileira.
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário 5) Deportação, expulsão e entrega
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, A deportação representa a devolução compulsória de
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
mera irregularidade de visto.
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência 6.815/1980:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- cionais.
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). trangeiro que:
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- manência no Brasil;
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se b) havendo entrado no território nacional com infração
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
mente direitos políticos nos dois países. d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
para estrangeiro.
4) Perda da nacionalidade
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
nalidade do brasileiro que: nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju- faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela tuição no artigo 5º, §4º).
lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- 6) Extradição
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
dição para permanência em seu território ou para o exercício e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
de direitos civis. cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei-
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
nalidade do outro país for uma exigência para continuar que foram objeto do pedido de extradição.

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DIREITOS HUMANOS

b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado 2) Democracia direta e indireta


deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní- frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, para todos, e, nos termos da lei, mediante:
p. ex., não pode ocorrer a extradição). I - plebiscito;
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de II - referendo;
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele- III - iniciativa popular.
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição.
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
para uma pena aceita no Brasil.
pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
7) Idioma e símbolos
sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
derão ter símbolos próprios. cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
Idioma é a língua falada pela população, que confere política e depois se consulta a população. Embora os dois
caráter diferenciado em relação à população do resto do partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
uma nação. bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter- libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
nacionalmente. constitucional, legislativa ou administrativa”66.
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre- Na iniciativa popular confere-se à população o poder
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
aborda o tema. mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
Direitos políticos dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di- artigo 61, §2°, CF:
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi- pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
universal.
3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
1) Sufrágio universal
voto
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera-
O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de
nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”.
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei- dezoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultativi-
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia dade para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen- maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá-
gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
deverá ser direto e secreto. II - facultativos para:
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, a) os analfabetos;
mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, b) os maiores de setenta anos;
nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capa-
cidade passiva tenha necessariamente a ativa. 66 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

45
DIREITOS HUMANOS

No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais 5) Inelegibilidade


brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: Atender às condições de elegibilidade é necessário
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri- bilidade.
gatório, os conscritos. A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- atingidos determinados cargos.
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
disponíveis para os dias da eleição. Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
analfabetos.
4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
capacidade passiva do sufrágio universal. faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei: portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
I - a nacionalidade brasileira; e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os Go-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; vernadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e
V - a filiação partidária; quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
VI - a idade mínima de:
mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
sequente.
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
Estado e do Distrito Federal;
dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
d) dezoito anos para Vereador.
subsequente.
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
analfabetos. último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
para ser eleito é preciso ser cidadão. de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, 2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
mas pode não o ser caso analisados aspectos como o mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
vínculo de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
em Porto Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
Sendo assim, para se candidatar a cargo no município, do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
deve ter domicílio eleitoral nele; para se candidatar a car- 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
go no estado, deve ter domicílio eleitoral em um de seus correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
municípios; para se candidatar a cargo nacional, deve ter
domicílio eleitoral em uma das unidades federadas do Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
país. Aceita-se a transferência do domicílio eleitoral ao o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
menos 1 ano antes das eleições. Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
A filiação partidária implica no lançamento da candi- vos mandatos até seis meses antes do pleito.
datura por um partido político, não se aceitando a filia-
ção avulsa. São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisito os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus man-
etário, com faixa etária mínima para o desempenho de datos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das
cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces-
da posse. sário que tivesse renunciado até 04/04/2014.

46
DIREITOS HUMANOS

Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgâ-
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- nicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições
te da República, de Governador de Estado ou Território, do que se realizarem durante o período remanescente do man-
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular ao término da legislatura;
de mandato eletivo e candidato à reeleição. d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se-
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
reeleição. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
didas as seguintes condições: condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
tar-se da atividade; Lei Complementar nº 135, de 2010)
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. plementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
os militares que não podem se alistar ou os que podem, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
para exercício de mandato considerada vida pregressa do (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício tortura, terrorismo e hediondos;
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
indireta. pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
artigo 1º, que segue.
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
I - para qualquer cargo: ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
a) os inalistáveis e os analfabetos; seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
b) os membros do Congresso Nacional, das Assem- o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
bleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

47
DIREITOS HUMANOS

h) os detentores de cargo na administração pública di- o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- Complementar nº 135, de 2010)
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
Lei Complementar nº 135, de 2010) transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- q) os magistrados e os membros do Ministério Público
que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
go ou função de direção, administração ou representação,
cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili-
tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
dade;
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
j) os que forem condenados, em decisão transitada em
de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, 2010)
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas de seus cargos e funções:
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- 1. os Ministros de Estado:
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) militar, da Presidência da República;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- da Presidência da República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de República;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei da Aeronáutica;
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período 8. os Magistrados;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida Territórios;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 11. os Interventores Federais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 12. os Secretários de Estado;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em 13. os Prefeitos Municipais;
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
Estados e do Distrito Federal;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
135, de 2010)
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
135, de 2010) ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
n) os que forem condenados, em decisão transitada em do Senado Federal;
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão c) (Vetado);
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;

48
DIREITOS HUMANOS

e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- Zona Aérea;
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- sistência aos Municípios;
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas 4. os secretários da administração municipal ou mem-
influir na economia nacional; bros de órgãos congêneres;
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6
Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o
a desincompatibilização;
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
de empresas; ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
ministração ou representação em entidades representativas V - para o Senado Federal:
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e sidente da República especificados na alínea a do inciso II
repassados pela Previdência Social; deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- no território do Estado, observados os mesmos prazos;
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor- tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
prazos;
hajam exercido cargo ou função de direção, administração VII - para a Câmara Municipal:
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que sincompatibilização;
obedeça a cláusulas uniformes; b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao para a desincompatibilização .
pleito; § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e até 6 (seis) meses antes do pleito.
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre-
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6
integrais; (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou
substituído o titular.
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
Distrito Federal;
lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
tratar de repartição pública, associação ou empresas que (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- dato eletivo e candidato à reeleição.
vados os mesmos prazos; § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
de seus cargos ou funções: definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com-
do Estado ou do Distrito Federal; plementar nº 135, de 2010)

49
DIREITOS HUMANOS

§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização A cassação de direitos políticos, consistente na retirada


com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao dis- CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
posto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Comple- só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
mentar nº 135, de 2010). vedado pelo texto constitucional.

6) Impugnação de mandato 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
pugnação de mandato. Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im- ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo me-
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
nos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Partidos políticos
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
7) Perda e suspensão de direitos políticos político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
I - cancelamento da naturalização por sentença transi- O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
tada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
III - condenação criminal transitada em julgado, en- de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
quanto durarem seus efeitos; regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou mentais da pessoa humana [...].
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
lecendo a Constituição um limite de números de partidos
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, políticos que possam ser constituídos, permitindo também
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- que sejam extintos, fundidos e incorporados.
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio universal. atividade política no âmbito interno do país; proibição de
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa
de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
moral ou religiosa.
a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
O inciso V se refere à ação de improbidade administra-
acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
suspensão dos direitos políticos. 17, §4º, CF).
Os direitos políticos somente são perdidos em dois O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalida-
de brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
se naturaliza em outro país e assim deixa de ser conside- nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
rado um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
Nos demais casos, há suspensão. Nota-se que não há de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
perda de direitos políticos pela prática de atos atentató- lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
rios contra a Administração Pública por parte do servidor, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
mas apenas suspensão. normas de disciplina e fidelidade partidária. 

50
DIREITOS HUMANOS

Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos
registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF). seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à dos seus direitos civis e políticos; e
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
Considerando que a Terceira Conferência Interameri-
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re- cana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incor-
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à poração à própria Carta da Organização de normas mais
televisão, na forma da lei. amplas sobre direitos econômicos, sociais e educacionais e
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de resolveu que uma convenção interamericana sobre direitos
organização paramilitar. humanos determinasse a estrutura, competência e proces-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re- so dos órgãos encarregados dessa matéria,
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a Convieram no seguinte:
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do PARTE I
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
de televisão.     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, CAPÍTULO I
de 2017) ENUMERAÇÃO DE DEVERES
Artigo 1. Obrigação de respeitar os direitos

1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-


-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que
HUMANOS. esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma
por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões po-
líticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou
social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra
(Assinada na Conferência Especializada Interamericana condição social.
sobre Direitos Humanos,
San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1969) 2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser
humano.
PREÂMBULO
Artigo 2. Dever de adotar disposições de direito
Os Estados americanos signatários da presente Con- interno
venção,
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Conti- no artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições le-
nente, dentro do quadro das instituições democráticas, um gislativas ou de outra natureza, os Estados Partes compro-
regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no metem-se a adotar, de acordo com as suas normas consti-
respeito dos direitos essenciais do homem; tucionais e com as disposições desta Convenção, as medi-
das legislativas ou de outra natureza que forem necessárias
Reconhecendo que os direitos essenciais do homem para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
não derivam do fato de ser ele nacional de determinado
Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atri- CAPÍTULO II
butos da pessoa humana, razão por que justificam uma DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
proteção internacional, de natureza convencional, coadju-
vante ou complementar da que oferece o direito interno Artigo 3. Direito ao reconhecimento da personali-
dos Estados americanos; dade jurídica

Considerando que esses princípios foram consagra- Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua
dos na Carta da Organização dos Estados Americanos, na personalidade jurídica.
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
e na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que Artigo 4. Direito à vida
foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumen-
tos internacionais, tanto de âmbito mundial como regional; 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
Reiterando que, de acordo com a Declaração Univer- desde o momento da concepção. Ninguém pode ser priva-
sal dos Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do da vida arbitrariamente.
do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem

51
DIREITOS HUMANOS

2. Nos países que não houverem abolido a pena de interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da
morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais gra- dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O tra-
ves, em cumprimento de sentença final de tribunal compe- balho forçado não deve afetar a dignidade nem a capaci-
tente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, dade física e intelectual do recluso.
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tam-
pouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
se aplique atualmente. para os efeitos deste artigo:
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
dos que a hajam abolido.
formal expedida pela autoridade judiciária competente.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a
por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos com vigilância e controle das autoridades públicas, e os indiví-
delitos políticos. duos que os executarem não devem ser postos à dispo-
sição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, caráter privado;
no momento da perpetração do delito, for menor de de- b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isen-
zoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em ção por motivos de consciência, o serviço nacional que a lei
estado de gravidez. estabelecer em lugar daquele;
c. o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solici- que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
tar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar cívicas normais.
a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de
decisão ante a autoridade competente. Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
Artigo 5. Direito à integridade pessoal 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança
pessoais.
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física,
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a pe- salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas pe-
nas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pes- las constituições políticas dos Estados Partes ou pelas leis
soa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito de acordo com elas promulgadas.
devido à dignidade inerente ao ser humano.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encar-
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. ceramento arbitrários.

4. Os processados devem ficar separados dos conde- 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada
nados, salvo em circunstâncias excepcionais, e ser subme- das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da
tidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas acusação ou acusações formuladas contra ela.
não condenadas.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida,
5. Os menores, quando puderem ser processados, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito
especializado, com a maior rapidez possível, para seu tra-
a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta
tamento.
em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.
6. As penas privativas da liberdade devem ter por fi- Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que asse-
nalidade essencial a reforma e a readaptação social dos gurem o seu comparecimento em juízo.
condenados.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a re-
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão correr a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a ser- detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção
vidão, e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico forem ilegais. Nos Estados Partes cujas leis prevêem que
de mulheres são proibidos em todas as suas formas. toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua
liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho petente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido.
para certos delitos, pena privativa da liberdade acompa- O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por
nhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser outra pessoa.

52
DIREITOS HUMANOS

7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio pode impor pena mais grave que a aplicável no momento
não limita os mandados de autoridade judiciária compe- da perpetração do delito. Se depois da perpetração do de-
tente expedidos em virtude de inadimplemento de obriga- lito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delin-
ção alimentar. quente será por isso beneficiado.

Artigo 8. Garantias judiciais Artigo 10. Direito a indenização

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a
garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tri- lei, no caso de haver sido condenada em sentença passada
bunal competente, independente e imparcial, estabelecido em julgado, por erro judiciário.
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação
penal formulada contra ela, ou para que se determinem Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade
seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza.
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e
ao reconhecimento de sua dignidade.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se
presuma sua inocência enquanto não se comprove legal-
mente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem di- 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias
reito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: ou abusivas em sua vida privada, na de sua família, em seu
a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ile-
por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não gais à sua honra ou reputação.
falar o idioma do juízo ou tribunal;
b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
acusação formulada; ingerências ou tais ofensas.
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios ade-
quados para a preparação de sua defesa; Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou
de ser assistido por um defensor de sua escolha e de co- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência
municar-se, livremente e em particular, com seu defensor; e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defen- sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
sor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, se- crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua
gundo a legislação interna, se o acusado não se defender religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo esta- em público como em privado.
belecido pela lei;
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presen- 2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que
tes no tribunal e de obter o comparecimento, como teste- possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou
munhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
luz sobre os fatos;
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mes- 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as
ma, nem a declarar-se culpada; próprias crenças está sujeita unicamente às limitações
e prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal
a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
superior.
direitos ou liberdades das demais pessoas.
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coa-
4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito
ção de nenhuma natureza.
a que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa
4. O acusado absolvido por sentença passada em jul- e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.
gado não poderá ser submetido a novo processo pelos
mesmos fatos. Artigo 13. Liberdade de pensamento e de
expressão
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for
necessário para preservar os interesses da justiça. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento
e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de
Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade buscar, receber e difundir informações e idéias de toda na-
tureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer
que, no momento em que forem cometidas, não sejam de- outro processo de sua escolha.
lituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se

53
DIREITOS HUMANOS

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente Artigo 16. Liberdade de associação


não pode estar sujeito a censura prévia, mas a responsa-
bilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se li-
pela lei e ser necessárias para assegurar: vremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, eco-
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais nômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de
pessoas; ou qualquer outra natureza.
b. a proteção da segurança nacional, da ordem públi-
ca, ou da saúde ou da moral públicas. 2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às
restrições previstas pela lei que sejam necessárias, numa
sociedade democrática, no interesse da segurança nacio-
3. Não se pode restringir o direito de expressão por
nal, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger
vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles
a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das
oficiais ou particulares de papel de imprensa, de frequên- demais pessoas.
cias radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados
na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios 3. O disposto neste artigo não impede a imposição
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do
e opiniões. direito de associação, aos membros das forças armadas e
da polícia.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a cen-
sura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso Artigo 17. Proteção da família
a eles, para proteção moral da infância e da adolescência,
sem prejuízo do disposto no inciso 2. 1. A família é o elemento natural e fundamental da so-
ciedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guer-
ra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou 2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de
religioso que constitua incitação à discriminação, à hostili- contraírem casamento e de fundarem uma família, se ti-
dade, ao crime ou à violência. verem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis
internas, na medida em que não afetem estas o princípio
da não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
Artigo 14. Direito de retificação ou resposta
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e
1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou pleno consentimento dos contraentes.
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão
legalmente regulamentados e que se dirijam ao públi- 4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropria-
co em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de das no sentido de assegurar a igualdade de direitos e a
difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges
estabeleça a lei. quanto ao casamento, durante o casamento e em caso de
dissolução do mesmo. Em caso de dissolução, serão adota-
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximi- das disposições que assegurem a proteção necessária aos
rão das outras responsabilidades legais em que se hou- filhos, com base unicamente no interesse e conveniência
ver incorrido. dos mesmos.

3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos
toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfi- nascidos fora do casamento como aos nascidos dentro do
ca, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsá- casamento.
vel que não seja protegida por imunidades nem goze de
foro especial. Artigo 18. Direito ao nome

Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes


Artigo 15. Direito de reunião
de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma
de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios,
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem se for necessário.
armas. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às
restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, numa Artigo 19. Direitos da criança
sociedade democrática, no interesse da segurança nacio-
nal, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger Toda criança tem direito às medidas de proteção que a
a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das sua condição de menor requer por parte da sua família, da
demais pessoas. sociedade e do Estado.

54
DIREITOS HUMANOS

Artigo 20. Direito à nacionalidade 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu di-
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. reito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de viola-
ção por causa da sua raça, nacionalidade, religião, condição
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Esta- social ou de suas opiniões políticas.
do em cujo território houver nascido, se não tiver direito
a outra. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua Artigo 23. Direitos políticos


nacionalidade nem do direito de mudá-la.
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direi-
Artigo 21. Direito à propriedade privada tos e oportunidades:
a. de participar na direção dos assuntos públicos, dire-
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens.
tamente ou por meio de representantes livremente eleitos;
A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
b. de votar e ser eleitos em eleições periódicas au-
tênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens,
salvo mediante o pagamento de indenização justa, por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos
motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos eleitores; e
casos e na forma estabelecidos pela lei. c. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às
funções públicas de seu país.
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de explora-
ção do homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei. 2. A lei pode regular o exercício dos direitos e opor-
tunidades a que se refere o inciso anterior, exclusivamente
Artigo 22. Direito de circulação e de residência por motivos de idade, nacionalidade, residência, idioma,
instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, por
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de juiz competente, em processo penal.
um Estado tem direito de circular nele e de nele residir em
conformidade com as disposições legais. Artigo 24. Igualdade perante a lei

2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguin-
qualquer país, inclusive do próprio. te, têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei.

3. O exercício dos direitos acima mencionados não Artigo 25. Proteção judicial
pode ser restringido senão em virtude de lei, na medida
indispensável, numa sociedade democrática, para prevenir 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rá-
infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a pido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juí-
segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públi- zes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos
cas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas. que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela
constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam
pode também ser restringido pela lei, em zonas determi-
atuando no exercício de suas funções oficiais.
nadas, por motivo de interesse público.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado
do qual for nacional, nem ser privado do direito de nele
entrar. a. a assegurar que a autoridade competente prevista
pelo sistema legal do
6. O estrangeiro que se ache legalmente no território Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que in-
de um Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser terpuser tal recurso;
expulso em cumprimento de decisão adotada de acordo
com a lei. b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades com-
em território estrangeiro, em caso de perseguição por deli- petentes, de toda decisão em que se tenha considerado
tos políticos ou comuns conexos com delitos políticos e de procedente o recurso.
acordo com a legislação de cada Estado e com os convê-
nios internacionais.

55
DIREITOS HUMANOS

CAPÍTULO III 2. No tocante às disposições relativas às matérias que


DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS correspondem à competência das entidades componentes
da federação, o governo nacional deve tomar imediata-
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo mente as medidas pertinente, em conformidade com sua
constituição e suas leis, a fim de que as autoridades com-
Os Estados Partes comprometem-se a adotar provi- petentes das referidas entidades possam adotar as disposi-
dências, tanto no âmbito interno como mediante coope- ções cabíveis para o cumprimento desta Convenção.
ração internacional, especialmente econômica e técnica,
a fim de conseguir progressivamente a plena efetividade 3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem
dos direitos que decorrem das normas econômicas, sociais constituir entre eles uma federação ou outro tipo de as-
e sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta sociação, diligenciarão no sentido de que o pacto comuni-
da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo tário respectivo contenha as disposições necessárias para
Protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos dispo- que continuem sendo efetivas no novo Estado assim orga-
níveis, por via legislativa ou por outros meios apropriados. nizado as normas da presente Convenção.

CAPÍTULO IV Artigo 29. Normas de interpretação


SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E
APLICAÇÃO Nenhuma disposição desta Convenção pode ser inter-
pretada no sentido de:
Artigo 27. Suspensão de garantias a. permitir a qualquer dos Estados Partes, grupo ou
pessoa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e liberda-
1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra des reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior
emergência que ameace a independência ou segurança do medida do que a nela prevista;
Estado Parte, este poderá adotar disposições que, na me- b. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou li-
dida e pelo tempo estritamente limitados às exigências da
berdade que possam ser reconhecidos de acordo com as
situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude
leis de qualquer dos Estados Partes ou de acordo com ou-
desta Convenção, desde que tais disposições não sejam in-
tra convenção em que seja parte um dos referidos Estados;
compatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o
c. excluir outros direitos e garantias que são inerentes
Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma
ao ser humano ou que decorrem da forma democrática re-
fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
presentativa de governo; e
origem social.
d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a De-
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão
dos direitos determinados seguintes artigos: 3 (Direito outros atos internacionais da mesma natureza.
ao reconhecimento da personalidade jurídica); 4 (Direito
à vida); 5 (Direito à integridade pessoal); 6 (Proibição da Artigo 30. Alcance das restrições
escravidão e servidão); 9 (Princípio da legalidade e da re-
troatividade); 12 (Liberdade de consciência e de religião); As restrições permitidas, de acordo com esta Con-
17 (Proteção da família); 18 (Direito ao nome); 19 (Direitos venção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela
da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e 23 (Direitos po- reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo
líticos), nem das garantias indispensáveis para a proteção com leis que forem promulgadas por motivo de interesse
de tais direitos. geral e com o propósito para o qual houverem sido esta-
belecidas.
3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de sus-
pensão deverá informar imediatamente os outros Estados Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos
Partes na presente Convenção, por intermédio do Secre-
tário-Geral da Organização dos Estados Americanos, das Poderão ser incluídos no regime de proteção desta
disposições cuja aplicação haja suspendido, dos motivos Convenção outros direitos e liberdades que forem reco-
determinantes da suspensão e da data em que haja dado nhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos
por terminada tal suspensão. artigos 76 e 77.

Artigo 28. Cláusula federal CAPÍTULO V


DEVERES DAS PESSOAS
1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído
como Estado federal, o governo nacional do aludido Esta- Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos
do Parte cumprirá todas as disposições da presente Con-
venção, relacionadas com as matérias sobre as quais exerce 1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a co-
competência legislativa e judicial. munidade e a humanidade.

56
DIREITOS HUMANOS

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos di- expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da referida
reitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas eleição, serão determinados por sorteio, na Assembleia
exigências do bem comum, numa sociedade democrática. Geral, os nomes desses três membros.

PARTE II 2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um na-


MEIOS DA PROTEÇÃO cional de um mesmo Estado.

CAPÍTULO VI Artigo 38
ÓRGÃOS COMPETENTES
As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se de-
Artigo 33 vam à expiração normal do mandato, serão preenchidas
pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com
São competentes para conhecer dos assuntos relacio- o que dispuser o Estatuto da Comissão.
nados com o cumprimento dos compromissos assumidos
Artigo 39
pelos Estados Partes nesta Convenção:
a. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à
doravante denominada a Comissão; e
aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu próprio re-
b. a Corte Interamericana de Direitos Humanos, dora- gulamento.
vante denominada a Corte.
Artigo 40
CAPÍTULO VII
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HU- Os serviços de secretaria da Comissão devem ser de-
MANOS sempenhados pela unidade funcional especializada que faz
parte da Secretaria-Geral da Organização e devem dispor
Seção 1 — Organização dos recursos necessários para cumprir as tarefas que lhe
forem confiadas pela Comissão.
Artigo 34
Seção 2 — Funções
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos com-
por-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta Artigo 41
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos. A Comissão tem a função principal de promover a ob-
servância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício
Artigo 35 do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos
A Comissão representa todos os membros da Organi- povos da América;
zação dos Estados Americanos. b. formular recomendações aos governos dos Estados
membros, quando o considerar conveniente, no sentido
Artigo 36 de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos
1. Os membros da Comissão serão eleitos a título constitucionais, bem como disposições apropriadas para
promover o devido respeito a esses direitos;
pessoal, pela Assembleia Geral da Organização, de uma
c. preparar os estudos ou relatórios que considerar
lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados
convenientes para o desempenho de suas funções;
membros.
d. solicitar aos governos dos Estados membros que lhe
proporcionem informações sobre as medidas que adota-
2. Cada um dos referidos governos pode propor até rem em matéria de direitos humanos;
três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Ge-
de qualquer outro Estado membro da Organização dos Es- ral da Organização dos Estados Americanos, lhe formula-
tados Americanos. Quando for proposta uma lista de três rem os Estados membros sobre questões relacionadas com
candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, pres-
Estado diferente do proponente. tar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f. atuar com respeito às petições e outras comunica-
Artigo 37 ções, no exercício de sua autoridade, de conformidade com
o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e
1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da
anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o man- Organização dos Estados Americanos.
dato de três dos membros designados na primeira eleição

57
DIREITOS HUMANOS

Artigo 42 Artigo 46

Os Estados Partes devem remeter à Comissão cópia 1. Para que uma petição ou comunicação apresentada
dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Co-
submetem anualmente às Comissões Executivas do Conse- missão, será necessário:
lho Interamericano Econômico e Social e do Conselho In- a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos
teramericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direi-
aquela vele por que se promovam os direitos decorrentes to internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses,
das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência
a partir da data em que o presumido prejudicado em seus
e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados
direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja
pendente de outro processo de solução internacional; e
Artigo 43 d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o
nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assi-
Os Estados Partes obrigam-se a proporcionar à Comis- natura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da
são as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira entidade que submeter a petição.
pela qual o seu direito interno assegura a aplicação efetiva
de quaisquer disposições desta Convenção. 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste
artigo não se aplicarão quando:
Seção 3 — Competência a. não existir, na legislação interna do Estado de que se
tratar, o devido processo legal para a proteção do direito
Artigo 44 ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição inter-
não-governamental legalmente reconhecida em um ou na, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
mais Estados membros da Organização, pode apresentar c. houver demora injustificada na decisão sobre os
mencionados recursos.
à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas
de violação desta Convenção por um Estado Parte.
Artigo 47
Artigo 45 A Comissão declarará inadmissível toda petição ou co-
municação apresentada de acordo com os artigos 44 ou
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito 45 quando:
do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de a. não preencher algum dos requisitos estabelecidos
adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar no artigo 46;
que reconhece a competência da Comissão para receber e b. não expuser fatos que caracterizem violação dos
examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue direitos garantidos por esta
haver outro Estado Parte incorrido em violações dos direi- Convenção;
tos humanos estabelecidos nesta Convenção. c. pela exposição do próprio peticionário ou do Esta-
do, for manifestamente infundada a petição ou comunica-
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só ção ou for evidente sua total improcedência; ou
podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas d. for substancialmente reprodução de petição ou co-
por um Estado Parte que haja feito uma declaração pela municação anterior, já examinada pela Comissão ou por
qual reconheça a referida competência da Comissão. A outro organismo internacional.
Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um
Estado Parte que não haja feito tal declaração. Seção 4 — Processo

Artigo 48
3. As declarações sobre reconhecimento de compe-
tência podem ser feitas para que esta vigore por tempo 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação
indefinido, por período determinado ou para casos espe- na qual se alegue violação de qualquer dos direitos consa-
cíficos. grados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:
a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou co-
4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Ge- municação, solicitará informações ao Governo do Estado
ral da Organização dos Estados Americanos, a qual enca- ao qual pertença a autoridade apontada como responsável
minhará cópia das mesmas aos Estados membros da refe- pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes
rida Organização. da petição ou comunicação. As referidas informações de-
vem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela
Comissão ao considerar as circunstâncias de cada caso;

58
DIREITOS HUMANOS

b. recebidas as informações, ou transcorrido o prazo 3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formu-


fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem lar as proposições e recomendações que julgar adequadas.
ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No
caso de não existirem ou não subsistirem, mandará arqui- Artigo 51
var o expediente;
c. poderá também declarar a inadmissibilidade ou a 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos
improcedência da petição ou comunicação, com base em Estados interessados do relatório da Comissão, o assunto
informação ou prova supervenientes; não houver sido solucionado ou submetido à decisão da
d. se o expediente não houver sido arquivado, e com o Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, aceitando
fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com co- sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo voto da
nhecimento das partes, a um exame do assunto exposto na maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e conclu-
petição ou comunicação. Se for necessário e conveniente, sões sobre a questão submetida à sua consideração.
a Comissão procederá a uma investigação para cuja eficaz
realização solicitará, e os Estados interessados lhes propor- 2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e
cionarão todas as facilidades necessárias; fixará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as
e. poderá pedir aos Estados interessados qualquer in- medidas que lhe competirem para remediar a situação exa-
formação pertinente e receberá, se isso lhe for solicitado, minada.
as exposições verbais ou escritas que apresentarem os in-
teressados; e 3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá,
f. pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Es-
de chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada tado tomou ou não medidas adequadas e se publica ou
no respeito aos direitos humanos reconhecidos nesta não seu relatório.
Convenção.
CAPÍTULO VIII
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS
2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser
realizada uma investigação, mediante prévio consentimen-
Seção 1 — Organização
to do Estado em cujo território se alegue haver sido come-
tida a violação, tão somente com a apresentação de uma
Artigo 52
petição ou comunicação que reúna todos os requisitos for-
mais de admissibilidade.
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos
Estados membros da Organização, eleitos a título pessoal
Artigo 49 dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhe-
cida competência em matéria de direitos humanos, que
Se se houver chegado a uma solução amistosa de reúnam as condições requeridas para o exercício das mais
acordo com as disposições do inciso 1, f, do artigo 48, elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado
a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser
ao peticionário e aos Estados Partes nesta Convenção e, como candidatos.
posteriormente, transmitido, para sua publicação, ao Se-
cretário-Geral da Organização dos Estados Americanos. 2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.
O referido relatório conterá uma breve exposição dos
fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes no Artigo 53
caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla
informação possível. 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta
e pelo voto da maioria absoluta dos Estados Partes na Con-
Artigo 50 venção, na Assembleia Geral da Organização, de uma lista
de candidatos propostos pelos mesmos Estados.
1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo
que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá um 2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três
relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se o candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de
relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo qualquer outro Estado membro da Organização dos Es-
unânime dos membros da Comissão, qualquer deles po- tados Americanos. Quando se propuser uma lista de três
derá agregar ao referido relatório seu voto em separado. candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de
Também se agregarão ao relatório as exposições verbais Estado diferente do proponente.
ou escritas que houverem sido feitas pelos interessados em
virtude do inciso 1, e, do artigo 48. Artigo 54

2. O relatório será encaminhado aos Estados interessa- 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de
dos, aos quais não será facultado publicá-lo. seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato
de três dos juízes designados na primeira eleição expirará

59
DIREITOS HUMANOS

ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referida 2. A Corte designará seu Secretário.
eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia Geral,
os nomes desses três juízes. 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá as-
sistir às reuniões que ela realizar fora da mesma.
2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não
haja expirado, completará o período deste. Artigo 59

3. Os juízes permanecerão em funções até o término A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e fun-
dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando cionará sob a direção do Secretário da Corte, de acordo
nos casos de que já houverem tomado conhecimento e com as normas administrativas da Secretaria-Geral da Or-
que se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, ganização em tudo o que não for incompatível com a in-
não serão substituídos pelos novos juízes eleitos. dependência da Corte. Seus funcionários serão nomeados
pelo Secretário-Geral da Organização, em consulta com o
Artigo 55 Secretário da Corte.

1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes Artigo 60


no caso submetido à Corte, conservará o seu direito de co-
nhecer do mesmo. A Corte elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à apro-
vação da Assembleia Geral e expedirá seu regimento.
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for
de nacionalidade de um dos Estados Partes, outro Estado Seção 2 — Competência e funções
Parte no caso poderá designar uma pessoa de sua escolha
para fazer parte da Corte na qualidade de juiz ad hoc. Artigo 61

1. Somente os Estados Partes e a Comissão têm direito


3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso,
de submeter caso à decisão da Corte.
nenhum for da nacionalidade dos Estados Partes, cada um
destes poderá designar um juiz ad hoc.
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso,
é necessário que sejam esgotados os processos previstos
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no
nos artigos 48 a 50.
artigo 52.
Artigo 62
5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o
mesmo interesse no caso, serão considerados como uma 1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito
só Parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de
de dúvida, a Corte decidirá. adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar
que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem con-
Artigo 56 venção especial, a competência da Corte em todos os casos
relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção.
O quorum para as deliberações da Corte é constituído
por cinco juízes. 2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou
sob condição de reciprocidade, por prazo determinado ou
Artigo 57 para casos específicos. Deverá ser apresentada ao Secre-
tário-Geral da Organização, que encaminhará cópias da
A Comissão comparecerá em todos os casos perante mesma aos outros Estados membros da Organização e ao
a Corte. Secretário da Corte.

Artigo 58 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer


caso relativo à interpretação e aplicação das disposições
1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, desta Convenção que lhe seja submetido, desde que os Es-
na Assembleia Geral da Organização, pelos Estados Partes tados Partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam
na Convenção, mas poderá realizar reuniões no território a referida competência, seja por declaração especial, como
de qualquer Estado membro da Organização dos Estados preveem os incisos anteriores, seja por convenção especial.
Americanos em que o considerar conveniente pela maioria
dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Es- Artigo 63
tado respectivo. Os Estados Partes na Convenção podem,
na Assembleia Geral, por dois terços dos seus votos, mudar 1. Quando decidir que houve violação de um direito
a sede da Corte. ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte deter-
minará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu di-

60
DIREITOS HUMANOS

reito ou liberdade violados. Determinará também, se isso 2. A parte da sentença que determinar indenização
for procedente, que sejam reparadas as consequências da compensatória poderá ser executada no país respectivo
medida ou situação que haja configurado a violação desses pelo processo interno vigente para a execução de senten-
direitos, bem como o pagamento de indenização justa à ças contra o Estado.
parte lesada.
Artigo 69
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quan-
do se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, A sentença da Corte deve ser notificada às partes no
a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá caso e transmitida aos Estados Partes na Convenção.
tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes.
Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem subme- CAPÍTULO IV
tidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Co- DISPOSIÇÕES COMUNS
missão.
Artigo 70
Artigo 64
1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão go-
1. Os Estados membros da Organização poderão con- zam, desde o momento de sua eleição e enquanto durar
sultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou o seu mandato, das imunidades reconhecidas aos agentes
de outros tratados concernentes à proteção dos direitos diplomáticos pelo Direito Internacional. Durante o exercício
humanos nos Estados americanos. Também poderão con- dos seus cargos gozam, além disso, dos privilégios diplo-
sultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no máticos necessários para o desempenho de suas funções.
capítulo X da Carta da Organização dos Estados America-
nos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. 2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo al-
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Orga- gum dos juízes da Corte, nem dos membros da Comissão,
nização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade
por votos e opiniões emitidos no exercício de suas funções.
entre qualquer de suas leis internas e os mencionados ins-
trumentos internacionais.
Artigo 71
Artigo 65
Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão
são incompatíveis com outras atividades que possam afe-
A Corte submeterá à consideração da Assembleia
Geral da Organização, em cada período ordinário de ses- tar sua independência ou imparcialidade conforme o que
sões, um relatório sobre suas atividades no ano anterior. for determinado nos respectivos estatutos.
De maneira especial, e com as recomendações pertinentes,
indicará os casos em que um Estado não tenha dado cum- Artigo 72
primento a suas sentenças.
Os juízes da Corte e os membros da Comissão per-
Seção 3 — Procedimento ceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas
condições que determinarem os seus estatutos, levando
Artigo 66 em conta a importância e independência de suas funções.
Tais honorários e despesas de viagem serão fixados no
1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. orçamento-programa da Organização dos Estados Ameri-
canos, no qual devem ser incluídas, além disso, as despe-
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte sas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte
a opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a elaborará o seu próprio projeto de orçamento e subme-
que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou indi- tê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral, por intermédio
vidual. da Secretaria-Geral. Esta última não poderá nele introduzir
modificações.
Artigo 67
Artigo 73
A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em
caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sen- Somente por solicitação da Comissão ou da Corte,
tença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das conforme o caso, cabe à Assembleia Geral da Organiza-
partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de ção resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da
noventa dias a partir da data da notificação da sentença. Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos
previstos nos respectivos estatutos. Para expedir uma re-
Artigo 68 solução, será necessária maioria de dois terços dos votos
dos Estados Membros da Organização, no caso dos mem-
1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se bros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos
a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem dos Estados Partes na Convenção, se se tratar dos juízes
partes. da Corte.

61
DIREITOS HUMANOS

PARTE III 2. Cada protocolo deve estabelecer as modalidades


DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS de sua entrada em vigor e será aplicado somente entre os
Estados Partes no mesmo.
CAPÍTULO X
ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA, Artigo 78
PROTOCOLO E DENÚNCIA
1. Os Estados Partes poderão denunciar esta Conven-
Artigo 74 ção depois de expirado um prazo de cinco anos, a partir
da data da entrada em vigor da mesma e mediante aviso
1. Esta Convenção fica aberta à assinatura e à ratifica- prévio de um ano, notificando o Secretário-Geral da Orga-
ção ou adesão de todos os Estados membros da Organiza- nização, o qual deve informar as outras Partes.
ção dos Estados Americanos.
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Esta-
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela
do Parte interessado das obrigações contidas nesta Con-
efetuar-se-á mediante depósito de um instrumento de ra-
venção, no que diz respeito a qualquer ato que, podendo
tificação ou de adesão na Secretaria-Geral da Organização
constituir violação dessas obrigações, houver sido come-
dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará em vigor
logo que onze Estados houverem depositado os seus res- tido por ele anteriormente à data na qual a denúncia pro-
pectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. Com duzir efeito.
referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que
a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor CAPÍTULO XI
na data do depósito do seu instrumento de ratificação ou DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
de adesão.
Seção 1 — Comissão Interamericana de Direitos
3. O Secretário-Geral informará todos os Estados Humanos
membros da Organização sobre a entrada em vigor da
Convenção. Artigo 79

Artigo 75 Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral


pedirá por escrito a cada Estado membro da Organização
Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, seus
conformidade com as disposições da Convenção de Vie- candidatos a membro da Comissão Interamericana de Di-
na sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio reitos Humanos. O Secretário-Geral preparará uma lista por
de 1969. ordem alfabética dos candidatos apresentados e a encami-
nhará aos Estados membros da Organização pelo menos
Artigo 76 trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte.

1. Qualquer Estado Parte, diretamente, e a Comissão Artigo 80


ou a Corte, por intermédio do Secretário-Geral, podem
submeter à Assembleia Geral, para o que julgarem conve- A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre
niente, proposta de emenda a esta Convenção. os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo
79, por votação secreta da Assembleia Geral, e serão decla-
2. As emendas entrarão em vigor para os Estados que
rados eleitos os candidatos que obtiverem maior número
ratificarem as mesmas na data em que houver sido depo-
de votos e a maioria absoluta dos votos dos representantes
sitado o respectivo instrumento de ratificação que corres-
dos Estados membros. Se, para eleger todos os membros
ponda ao número de dois terços dos Estados Partes nesta
Convenção. Quanto aos outros Estados Partes, entrarão em da Comissão, for necessário realizar várias votações, serão
vigor na data em que depositarem eles os seus respectivos eliminados sucessivamente, na forma que for determinada
instrumentos de ratificação. pela Assembleia Geral, os candidatos que receberem me-
nor número de votos.
Artigo 77
Seção 2 — Corte Interamericana de Direitos Huma-
1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo nos
31, qualquer Estado Parte e a Comissão podem submeter
à consideração dos Estados Partes reunidos por ocasião Artigo 81
da Assembleia Geral, projetos de protocolos adicionais a
esta Convenção, com a finalidade de incluir progressiva- Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral
mente no regime de proteção da mesma outros direitos solicitará por escrito a cada Estado Parte que apresente,
e liberdades. dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a juiz

62
DIREITOS HUMANOS

da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Secretá- Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de
rio-Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos can- sua publicação.
didatos apresentados e a encaminhará aos Estados Partes
pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte. Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independên-
cia e 104° da República.
Artigo 82 ITAMAR FRANCO 
Fernando Henrique Cardoso
A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candi-
datos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por
votação secreta dos Estados Partes, na Assembleia Geral,
e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem
maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos PROTOCOLO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA
representantes do Estados Partes. Se, para eleger todos os O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL
juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, se- RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E
rão eliminados sucessivamente, na forma que for determi- PUNIÇÃO DO TRÁFICO DE PESSOAS, EM
nada pelos Estados Partes, os candidatos que receberem ESPECIAL MULHERES E CRIANÇAS
menor número de votos.

DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992


DECRETO Nº 5.015, DE 12 DE MARÇO DE 2004.
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de no-
vembro de 1969 Promulga a Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional.
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no exercício do
cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribui- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
ção que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e  que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por
Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada no meio do Decreto Legislativo no 231, de 29 de maio de 2003,
âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São o texto da Convenção das Nações Unidas contra o Crime
José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou Organizado Transnacional, adotada em Nova York, em 15
em vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma de novembro de 2000;
do segundo parágrafo de seu art. 74; Considerando que o Governo brasileiro depositou
Considerando que o Governo brasileiro depositou a o instrumento de ratificação junto à Secretaria-Geral da
carta de adesão a essa convenção em 25 de setembro de ONU, em 29 de janeiro de 2004;
1992;  Considerando que a Convenção Americana sobre Considerando que a Convenção entrou em vigor inter-
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou nacional, em 29 de setembro de 2003, e entrou em vigor
em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de para o Brasil, em 28 de fevereiro de 2004;
conformidade com o disposto no segundo parágrafo de DECRETA:
seu art. 74; Art. 1o  A Convenção das Nações Unidas contra o Cri-
me Organizado Transnacional, adotada em Nova York, em
DECRETA: 15 de novembro de 2000, apensa por cópia ao presente
Decreto, será executada e cumprida tão inteiramente como
Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Huma- nela se contém.
nos (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São Art 2o  São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa quaisquer atos que possam resultar em revisão da referida
por cópia ao presente decreto, deverá ser cumprida tão in- Convenção ou que acarretem encargos ou compromissos
teiramente como nela se contém. gravosos ao patrimônio nacional, nos termos do  art. 49,
inciso I, da Constituição.
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato inter- Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
nacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasilei- blicação.
ro fez a seguinte declaração interpretativa: “O Governo do Brasília, 12 de março de 2004; 183o da Independência
Brasil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , não incluem o e 116o da República.
direito automático de visitas e inspeções in loco da Comis- LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
são Interamericana de Direitos Humanos, as quais depen- Samuel Pinheiro Guimarães Neto
derão da anuência expressa do Estado”. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
15.3.2004

63
DIREITOS HUMANOS

CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS Artigo 3


CONTRA O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL Âmbito de aplicação
1. Salvo disposição em contrário, a presente Conven-
Artigo 1 ção é aplicável à prevenção, investigação, instrução e jul-
Objetivo gamento de:
O objetivo da presente Convenção consiste em pro- a) Infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da pre-
mover a cooperação para prevenir e combater mais eficaz- sente Convenção; e
mente a criminalidade organizada transnacional. b) Infrações graves, na acepção do Artigo 2 da presen-
te Convenção;
Artigo 2 sempre que tais infrações sejam de caráter transnacio-
Terminologia nal e envolvam um grupo criminoso organizado;
Para efeitos da presente Convenção, entende-se por: 2. Para efeitos do parágrafo 1 do presente Artigo, a
a) “Grupo criminoso organizado” - grupo estruturado
infração será de caráter transnacional se:
de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuan-
a) For cometida em mais de um Estado;
do concertadamente com o propósito de cometer uma ou
b) For cometida num só Estado, mas uma parte subs-
mais infrações graves ou enunciadas na presente Conven-
tancial da sua preparação, planeamento, direção e controle
ção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um
benefício econômico ou outro benefício material; tenha lugar em outro Estado;
b) “Infração grave” - ato que constitua infração punível c) For cometida num só Estado, mas envolva a parti-
com uma pena de privação de liberdade, cujo máximo não cipação de um grupo criminoso organizado que pratique
seja inferior a quatro anos ou com pena superior; atividades criminosas em mais de um Estado; ou
c) “Grupo estruturado” - grupo formado de maneira d) For cometida num só Estado, mas produza efeitos
não fortuita para a prática imediata de uma infração, ainda substanciais noutro Estado.
que os seus membros não tenham funções formalmente
definidas, que não haja continuidade na sua composição e Artigo 4
que não disponha de uma estrutura elaborada; Proteção da soberania
d) “Bens” - os ativos de qualquer tipo, corpóreos ou 1. Os Estados Partes cumprirão as suas obrigações de-
incorpóreos, móveis ou imóveis, tangíveis ou intangíveis, correntes da presente Convenção no respeito pelos prin-
e os documentos ou instrumentos jurídicos que atestem cípios da igualdade soberana e da integridade territorial
a propriedade ou outros direitos sobre os referidos ativos; dos Estados, bem como da não-ingerência nos assuntos
e) “Produto do crime” - os bens de qualquer tipo, pro- internos de outros Estados.
venientes, direta ou indiretamente, da prática de um crime; 2. O disposto na presente Convenção não autoriza
f) “Bloqueio” ou “apreensão” - a proibição temporária qualquer Estado Parte a exercer, em território de outro Es-
de transferir, converter, dispor ou movimentar bens, ou a tado, jurisdição ou funções que o direito interno desse Es-
custódia ou controle temporário de bens, por decisão de tado reserve exclusivamente às suas autoridades.
um tribunal ou de outra autoridade competente;
g) “Confisco” - a privação com caráter definitivo de Artigo 5
bens, por decisão de um tribunal ou outra autoridade com- Criminalização da participação em um grupo
petente; criminoso organizado
h) “Infração principal” - qualquer infração de que deri- 1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas ou
ve um produto que possa passar a constituir objeto de uma outras que sejam necessárias para caracterizar como infra-
infração definida no Artigo 6 da presente Convenção;
ção penal, quando praticado intencionalmente:
i) “Entrega vigiada” - a técnica que consiste em permitir
a) Um dos atos seguintes, ou ambos, enquanto infra-
que remessas ilícitas ou suspeitas saiam do território de um
ções penais distintas das que impliquem a tentativa ou a
ou mais Estados, os atravessem ou neles entrem, com o co-
consumação da atividade criminosa:
nhecimento e sob o controle das suas autoridades compe-
tentes, com a finalidade de investigar infrações e identificar i) O entendimento com uma ou mais pessoas para a
as pessoas envolvidas na sua prática; prática de uma infração grave, com uma intenção direta ou
j) “Organização regional de integração econômica” - indiretamente relacionada com a obtenção de um benefí-
uma organização constituída por Estados soberanos de cio econômico ou outro benefício material e, quando assim
uma região determinada, para a qual estes Estados tenham prescrever o direito interno, envolvendo um ato praticado
transferido competências nas questões reguladas pela pre- por um dos participantes para concretizar o que foi acor-
sente Convenção e que tenha sido devidamente mandata- dado ou envolvendo a participação de um grupo criminoso
da, em conformidade com os seus procedimentos internos, organizado;
para assinar, ratificar, aceitar ou aprovar a Convenção ou a ii) A conduta de qualquer pessoa que, conhecendo a
ela aderir; as referências aos “Estados Partes” constantes da finalidade e a atividade criminosa geral de um grupo cri-
presente Convenção são aplicáveis a estas organizações, minoso organizado, ou a sua intenção de cometer as infra-
nos limites das suas competências. ções em questão, participe ativamente em:
a. Atividades ilícitas do grupo criminoso organizado;

64
DIREITOS HUMANOS

b. Outras atividades do grupo criminoso organizado, b) Cada Estado Parte considerará como infrações prin-
sabendo que a sua participação contribuirá para a finalida- cipais todas as infrações graves, na acepção do Artigo 2 da
de criminosa acima referida; presente Convenção, e as infrações enunciadas nos seus
b) O ato de organizar, dirigir, ajudar, incitar, facilitar ou Artigos 5, 8 e 23. Os Estados Partes cuja legislação esta-
aconselhar a prática de uma infração grave que envolva a beleça uma lista de infrações principais específicas incluirá
participação de um grupo criminoso organizado. entre estas, pelo menos, uma gama completa de infrações
2. O conhecimento, a intenção, a finalidade, a moti- relacionadas com grupos criminosos organizados;
vação ou o acordo a que se refere o parágrafo 1 do pre- c) Para efeitos da alínea b), as infrações principais in-
sente Artigo poderão inferir-se de circunstâncias factuais cluirão as infrações cometidas tanto dentro como fora da
objetivas. jurisdição do Estado Parte interessado. No entanto, as in-
3. Os Estados Partes cujo direito interno condicione a frações cometidas fora da jurisdição de um Estado Parte
incriminação pelas infrações referidas no inciso i) da alínea só constituirão infração principal quando o ato correspon-
dente constitua infração penal à luz do direito interno do
a) do parágrafo 1 do presente Artigo ao envolvimento de
Estado em que tenha sido praticado e constitua infração
um grupo criminoso organizado diligenciarão no sentido
penal à luz do direito interno do Estado Parte que aplique
de que o seu direito interno abranja todas as infrações
o presente Artigo se o crime aí tivesse sido cometido;
graves que envolvam a participação de grupos criminosos
d) Cada Estado Parte fornecerá ao Secretário Geral das
organizados. Estes Estados Partes, assim como os Estados Nações Unidas uma cópia ou descrição das suas leis des-
Partes cujo direito interno condicione a incriminação pelas tinadas a dar aplicação ao presente Artigo e de qualquer
infrações definidas no inciso i) da alínea a) do parágrafo 1 alteração posterior;
do presente Artigo à prática de um ato concertado, infor- e) Se assim o exigirem os princípios fundamentais do
marão deste fato o Secretário Geral da Organização das direito interno de um Estado Parte, poderá estabelecer-se
Nações Unidas, no momento da assinatura ou do depósito que as infrações enunciadas no parágrafo 1 do presente
do seu instrumento de ratificação, aceitação, aprovação ou Artigo não sejam aplicáveis às pessoas que tenham come-
adesão à presente Convenção. tido a infração principal;
f) O conhecimento, a intenção ou a motivação, en-
Artigo 6 quanto elementos constitutivos de uma infração enunciada
Criminalização da lavagem do produto do crime no parágrafo 1 do presente Artigo, poderão inferir-se de
1. Cada Estado Parte adotará, em conformidade com os circunstâncias fatuais objetivas.
princípios fundamentais do seu direito interno, as medidas
legislativas ou outras que sejam necessárias para caracte- Artigo 7
rizar como infração penal, quando praticada intencional- Medidas para combater a lavagem de dinheiro
mente: 1. Cada Estado Parte:
a) i) A conversão ou transferência de bens, quando a) Instituirá um regime interno completo de regula-
quem o faz tem conhecimento de que esses bens são pro- mentação e controle dos bancos e instituições financeiras
duto do crime, com o propósito de ocultar ou dissimular a não bancárias e, quando se justifique, de outros organis-
origem ilícita dos bens ou ajudar qualquer pessoa envol- mos especialmente susceptíveis de ser utilizados para a la-
vida na prática da infração principal a furtar-se às conse- vagem de dinheiro, dentro dos limites da sua competência,
quências jurídicas dos seus atos; a fim de prevenir e detectar qualquer forma de lavagem de
ii) A ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, dinheiro, sendo nesse regime enfatizados os requisitos re-
origem, localização, disposição, movimentação ou proprie- lativos à identificação do cliente, ao registro das operações
e à denúncia de operações suspeitas;
dade de bens ou direitos a eles relativos, sabendo o seu
b) Garantirá, sem prejuízo da aplicação dos Artigos 18
autor que os ditos bens são produto do crime;
e 27 da presente Convenção, que as autoridades respon-
b) e, sob reserva dos conceitos fundamentais do seu
sáveis pela administração, regulamentação, detecção e re-
ordenamento jurídico:
pressão e outras autoridades responsáveis pelo combate à
i) A aquisição, posse ou utilização de bens, sabendo lavagem de dinheiro (incluindo, quando tal esteja previsto
aquele que os adquire, possui ou utiliza, no momento da no seu direito interno, as autoridades judiciais), tenham a
recepção, que são produto do crime; capacidade de cooperar e trocar informações em âmbito
ii) A participação na prática de uma das infrações enun- nacional e internacional, em conformidade com as condi-
ciadas no presente Artigo, assim como qualquer forma de ções prescritas no direito interno, e, para esse fim, consi-
associação, acordo, tentativa ou cumplicidade, pela pres- derará a possibilidade de criar um serviço de informação
tação de assistência, ajuda ou aconselhamento no sentido financeira que funcione como centro nacional de coleta,
da sua prática. análise e difusão de informação relativa a eventuais ativi-
2. Para efeitos da aplicação do parágrafo 1 do presente dades de lavagem de dinheiro.
Artigo: 2. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de
a) Cada Estado Parte procurará aplicar o parágrafo 1 do aplicar medidas viáveis para detectar e vigiar o movimento
presente Artigo à mais ampla gama possível de infrações transfronteiriço de numerário e de títulos negociáveis, no
principais; respeito pelas garantias relativas à legítima utilização da

65
DIREITOS HUMANOS

informação e sem, por qualquer forma, restringir a circu- adotará medidas eficazes de ordem legislativa, administra-
lação de capitais lícitos. Estas medidas poderão incluir a tiva ou outra para promover a integridade e prevenir, de-
exigência de que os particulares e as entidades comerciais tectar e punir a corrupção dos agentes públicos.
notifiquem as transferências transfronteiriças de quantias 2. Cada Estado Parte tomará medidas no sentido de se
elevadas em numerário e títulos negociáveis. assegurar de que as suas autoridades atuam eficazmente
3. Ao instituírem, nos termos do presente Artigo, um em matéria de prevenção, detecção e repressão da cor-
regime interno de regulamentação e controle, e sem pre- rupção de agentes públicos, inclusivamente conferindo a
juízo do disposto em qualquer outro artigo da presente essas autoridades independência suficiente para impedir
Convenção, todos os Estados Partes são instados a utilizar qualquer influência indevida sobre a sua atuação.
como orientação as iniciativas pertinentes tomadas pelas
organizações regionais, inter-regionais e multilaterais para Artigo 10
combater a lavagem de dinheiro. Responsabilidade das pessoas jurídicas
4. Os Estados Partes diligenciarão no sentido de desen- 1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias,
volver e promover a cooperação à escala mundial, regional, em conformidade com o seu ordenamento jurídico, para
sub-regional e bilateral entre as autoridades judiciais, os responsabilizar pessoas jurídicas que participem em infra-
organismos de detecção e repressão e as autoridades de ções graves envolvendo um grupo criminoso organizado e
regulamentação financeira, a fim de combater a lavagem que cometam as infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e
de dinheiro. 23 da presente Convenção.
2. No respeito pelo ordenamento jurídico do Estado
Artigo 8 Parte, a responsabilidade das pessoas jurídicas poderá ser
Criminalização da corrupção penal, civil ou administrativa.
1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e 3. A responsabilidade das pessoas jurídicas não obstará
outras que sejam necessárias para caracterizar como infra- à responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham
ções penais os seguintes atos, quando intencionalmente cometido as infrações.
cometidos: 4. Cada Estado Parte diligenciará, em especial, no sen-
a) Prometer, oferecer ou conceder a um agente públi- tido de que as pessoas jurídicas consideradas responsáveis
co, direta ou indiretamente, um benefício indevido, em seu em conformidade com o presente Artigo sejam objeto de
proveito próprio ou de outra pessoa ou entidade, a fim de sanções eficazes, proporcionais e acautelatórias, de nature-
praticar ou se abster de praticar um ato no desempenho za penal e não penal, incluindo sanções pecuniárias.
das suas funções oficiais;
b) Por um agente público, pedir ou aceitar, direta ou Artigo 11
indiretamente, um benefício indevido, para si ou para ou- Processos judiciais, julgamento e sanções
tra pessoa ou entidade, a fim de praticar ou se abster de 1. Cada Estado Parte tornará a prática de qualquer in-
praticar um ato no desempenho das suas funções oficiais. fração enunciada nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Con-
2. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de venção passível de sanções que tenham em conta a gravi-
adotar as medidas legislativas ou outras que sejam neces- dade dessa infração.
sárias para conferir o caracter de infração penal aos atos 2. Cada Estado Parte diligenciará para que qualquer
enunciados no parágrafo 1 do presente Artigo que envol- poder judicial discricionário conferido pelo seu direito in-
vam um agente público estrangeiro ou um funcionário in- terno e relativo a processos judiciais contra indivíduos por
ternacional. Do mesmo modo, cada Estado Parte conside- infrações previstas na presente Convenção seja exercido de
rará a possibilidade de conferir o caracter de infração penal forma a otimizar a eficácia das medidas de detecção e de
a outras formas de corrupção. repressão destas infrações, tendo na devida conta a neces-
3. Cada Estado Parte adotará igualmente as medidas sidade de exercer um efeito cautelar da sua prática.
necessárias para conferir o caráter de infração penal à cum- 3. No caso de infrações como as enunciadas nos Arti-
plicidade na prática de uma infração enunciada no presen- gos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção, cada Estado Parte
te Artigo. tomará as medidas apropriadas, em conformidade com o
4. Para efeitos do parágrafo 1 do presente Artigo e do seu direito interno, e tendo na devida conta os direitos da
Artigo 9, a expressão “agente público” designa, além do defesa, para que as condições a que estão sujeitas as deci-
funcionário público, qualquer pessoa que preste um servi- sões de aguardar julgamento em liberdade ou relativas ao
ço público, tal como a expressão é definida no direito in- processo de recurso tenham em consideração a necessida-
terno e aplicada no direito penal do Estado Parte onde a de de assegurar a presença do arguido em todo o processo
pessoa em questão exerce as suas funções. penal ulterior.
4. Cada Estado Parte providenciará para que os seus
Artigo 9 tribunais ou outras autoridades competentes tenham pre-
Medidas contra a corrupção sente a gravidade das infração previstas na presente Con-
1. Para além das medidas enunciadas no Artigo 8 da venção quando considerarem a possibilidade de uma liber-
presente Convenção, cada Estado Parte, na medida em que tação antecipada ou condicional de pessoas reconhecidas
seja procedente e conforme ao seu ordenamento jurídico, como culpadas dessas infrações.

66
DIREITOS HUMANOS

5. Sempre que as circunstâncias o justifiquem, cada Es- 8. As disposições do presente Artigo não deverão, em
tado Parte determinará, no âmbito do seu direito interno, circunstância alguma, ser interpretadas de modo a afetar
um prazo de prescrição prolongado, durante o qual pode- os direitos de terceiros de boa fé.
rá ter início o processo relativo a uma das infrações pre- 9. Nenhuma das disposições do presente Artigo preju-
vistas na presente Convenção, devendo esse período ser dica o princípio segundo o qual as medidas nele previstas
mais longo quando o presumível autor da infração se tenha são definidas e aplicadas em conformidade com o direi-
subtraído à justiça. to interno de cada Estado Parte e segundo as disposições
6. Nenhuma das disposições da presente Convenção
deste direito.
prejudica o princípio segundo o qual a definição das in-
frações nela enunciadas e dos meios jurídicos de defesa
aplicáveis, bem como outros princípios jurídicos que rejam Artigo 13
a legalidade das incriminações, são do foro exclusivo do Cooperação internacional para efeitos de confisco
direito interno desse Estado Parte, e segundo o qual as 1. Na medida em que o seu ordenamento jurídico inter-
referidas infrações são objeto de procedimento judicial e no o permita, um Estado Parte que tenha recebido de outro
punidas de acordo com o direito desse Estado Parte. Estado Parte, competente para conhecer de uma infração
prevista na presente Convenção, um pedido de confisco do
Artigo 12 produto do crime, bens, equipamentos ou outros instru-
Confisco e apreensão mentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 da presente
1. Os Estados Partes adotarão, na medida em que o Convenção que se encontrem no seu território, deverá:
seu ordenamento jurídico interno o permita, as medidas a) Submeter o pedido às suas autoridades competen-
necessárias para permitir o confisco: tes, a fim de obter uma ordem de confisco e, se essa ordem
a) Do produto das infrações previstas na presente Con-
for emitida, executá-la; ou
venção ou de bens cujo valor corresponda ao desse pro-
b) Submeter às suas autoridades competentes, para
duto;
b) Dos bens, equipamentos e outros instrumentos uti- que seja executada conforme o solicitado, a decisão de
lizados ou destinados a ser utilizados na prática das infra- confisco emitida por um tribunal situado no território do
ções previstas na presente Convenção. Estado Parte requerente, em conformidade com o pará-
2. Os Estados Partes tomarão as medidas necessárias grafo 1 do Artigo 12 da presente Convenção, em relação
para permitir a identificação, a localização, o embargo ou a ao produto do crime, bens, equipamentos ou outros ins-
apreensão dos bens referidos no parágrafo 1 do presente trumentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 que se
Artigo, para efeitos de eventual confisco. encontrem no território do Estado Parte requerido.
3. Se o produto do crime tiver sido convertido, total 2. Quando um pedido for feito por outro Estado Par-
ou parcialmente, noutros bens, estes últimos podem ser te competente para conhecer de uma infração prevista na
objeto das medidas previstas no presente Artigo, em subs- presente Convenção, o Estado Parte requerido tomará me-
tituição do referido produto. didas para identificar, localizar, embargar ou apreender o
4. Se o produto do crime tiver sido misturado com bens produto do crime, os bens, os equipamentos ou os outros
adquiridos legalmente, estes bens poderão, sem prejuízo
instrumentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 da pre-
das competências de embargo ou apreensão, ser confis-
cados até ao valor calculado do produto com que foram sente Convenção, com vista a um eventual confisco que ve-
misturados. nha a ser ordenado, seja pelo Estado Parte requerente, seja,
5. As receitas ou outros benefícios obtidos com o pro- na sequência de um pedido formulado ao abrigo do pará-
duto do crime, os bens nos quais o produto tenha sido grafo 1 do presente Artigo, pelo Estado Parte requerido.
transformado ou convertido ou os bens com que tenha 3. As disposições do Artigo 18 da presente Convenção
sido misturado podem também ser objeto das medidas aplicam-se mutatis mutandis ao presente Artigo. Para além
previstas no presente Artigo, da mesma forma e na mesma das informações referidas no parágrafo 15 do Artigo 18,
medida que o produto do crime. os pedidos feitos em conformidade com o presente Artigo
6. Para efeitos do presente Artigo e do Artigo 13, cada deverão conter:
Estado Parte habilitará os seus tribunais ou outras auto- a) Quando o pedido for feito ao abrigo da alínea a) do
ridades competentes para ordenarem a apresentação ou parágrafo 1 do presente Artigo, uma descrição dos bens a
a apreensão de documentos bancários, financeiros ou co- confiscar e uma exposição dos fatos em que o Estado Parte
merciais. Os Estados Partes não poderão invocar o sigilo
requerente se baseia, que permita ao Estado Parte reque-
bancário para se recusarem a aplicar as disposições do pre-
rido obter uma decisão de confisco em conformidade com
sente número.
7. Os Estados Partes poderão considerar a possibili- o seu direito interno;
dade de exigir que o autor de uma infração demonstre a b) Quando o pedido for feito ao abrigo da alínea b)
proveniência lícita do presumido produto do crime ou de do parágrafo 1 do presente Artigo, uma cópia legalmente
outros bens que possam ser objeto de confisco, na me- admissível da decisão de confisco emitida pelo Estado Par-
dida em que esta exigência esteja em conformidade com te requerente em que se baseia o pedido, uma exposição
os princípios do seu direito interno e com a natureza do dos fatos e informações sobre os limites em que é pedida
processo ou outros procedimentos judiciais. a execução da decisão;

67
DIREITOS HUMANOS

c) Quando o pedido for feito ao abrigo do parágrafo a) Destinar o valor deste produto ou destes bens, ou
2 do presente Artigo, uma exposição dos fatos em que se os fundos provenientes da sua venda, ou uma parte destes
baseia o Estado Parte requerente e uma descrição das me- fundos, à conta criada em aplicação da alínea c) do pará-
didas pedidas. grafo 2 do Artigo 30 da presente Convenção e a organis-
4. As decisões ou medidas previstas nos parágrafo 1 e mos intergovernamentais especializados na luta contra a
parágrafo 2 do presente Artigo são tomadas pelo Estado criminalidade organizada;
Parte requerido em conformidade com o seu direito inter- b) Repartir com outros Estados Partes, sistemática ou
no e segundo as disposições do mesmo direito, e em con- casuisticamente, este produto ou estes bens, ou os fundos
formidade com as suas regras processuais ou com qual- provenientes da respectiva venda, em conformidade com
quer tratado, acordo ou protocolo bilateral ou multilateral o seu direito interno ou os seus procedimentos adminis-
que o ligue ao Estado Parte requerente. trativos.
5. Cada Estado Parte enviará ao Secretário Geral da Or-
Artigo 15
ganização das Nações Unidas uma cópia das suas leis e re-
Jurisdição
gulamentos destinados a dar aplicação ao presente Artigo,
1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias
bem como uma cópia de qualquer alteração ulteriormente
para estabelecer a sua competência jurisdicional em rela-
introduzida a estas leis e regulamentos ou uma descrição
ção às infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da pre-
destas leis, regulamentos e alterações ulteriores. sente Convenção, nos seguintes casos:
6. Se um Estado Parte decidir condicionar a adoção das a) Quando a infração for cometida no seu território; ou
medidas previstas nos parágrafos 1 e 2 do presente Artigo b) Quando a infração for cometida a bordo de um na-
à existência de um tratado na matéria, deverá considerar a vio que arvore a sua bandeira ou a bordo de uma aeronave
presente Convenção como uma base jurídica necessária e matriculada em conformidade com o seu direito interno no
suficiente para o efeito. momento em que a referida infração for cometida.
7. Um Estado Parte poderá recusar a cooperação que 2. Sem prejuízo do disposto no Artigo 4 da presente
lhe é solicitada ao abrigo do presente Artigo, caso a in- Convenção, um Estado Parte poderá igualmente estabele-
fração a que se refere o pedido não seja abrangida pela cer a sua competência jurisdicional em relação a qualquer
presente Convenção. destas infrações, nos seguintes casos:
8. As disposições do presente Artigo não deverão, em a) Quando a infração for cometida contra um dos seus
circunstância alguma, ser interpretadas de modo a afetar cidadãos;
os direitos de terceiros de boa fé. b) Quando a infração for cometida por um dos seus
9. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de cidadãos ou por uma pessoa apátrida residente habitual-
celebrar tratados, acordos ou protocolos bilaterais ou mul- mente no seu território; ou
tilaterais com o objetivo de reforçar a eficácia da coope- c) Quando a infração for:
ração internacional desenvolvida para efeitos do presente i) Uma das previstas no parágrafo 1 do Artigo 5 da pre-
Artigo. sente Convenção e praticada fora do seu território, com a
intenção de cometer uma infração grave no seu território;
Artigo 14 ii) Uma das previstas no inciso ii) da alínea b) do pa-
rágrafo 1 do Artigo 6 da presente Convenção e praticada
Disposição do produto do crime ou dos bens con- fora do seu território com a intenção de cometer, no seu
fiscados território, uma das infrações enunciadas nos incisos i) ou ii)
1. Um Estado Parte que confisque o produto do crime da alínea a) ou i) da alínea b) do parágrafo 1 do Artigo 6 da
presente Convenção.
ou bens, em aplicação do Artigo 12 ou do parágrafo 1 do
3. Para efeitos do parágrafo 10 do Artigo 16 da presen-
Artigo 13 da presente Convenção, disporá deles de acordo
te Convenção, cada Estado Parte adotará as medidas ne-
com o seu direito interno e os seus procedimentos admi-
cessárias para estabelecer a sua competência jurisdicional
nistrativos.
em relação às infrações abrangidas pela presente Conven-
2. Quando os Estados Partes agirem a pedido de ou- ção quando o presumível autor se encontre no seu territó-
tro Estado Parte em aplicação do Artigo 13 da presente rio e o Estado Parte não o extraditar pela única razão de se
Convenção, deverão, na medida em que o permita o seu tratar de um seu cidadão.
direito interno e se tal lhes for solicitado, considerar priori- 4. Cada Estado Parte poderá igualmente adotar as me-
tariamente a restituição do produto do crime ou dos bens didas necessárias para estabelecer a sua competência juris-
confiscados ao Estado Parte requerente, para que este últi- dicional em relação às infrações abrangidas pela presente
mo possa indenizar as vítimas da infração ou restituir este Convenção quando o presumível autor se encontre no seu
produto do crime ou estes bens aos seus legítimos pro- território e o Estado Parte não o extraditar.
prietários. 5. Se um Estado Parte que exerça a sua competência
3. Quando um Estado Parte atuar a pedido de um outro jurisdicional por força dos parágrafos 1 e 2 do presente Ar-
Estado Parte em aplicação dos Artigos 12 e 13 da presente tigo tiver sido notificado, ou por qualquer outra forma tiver
Convenção, poderá considerar especialmente a celebração tomado conhecimento, de que um ou vários Estados Partes
de acordos ou protocolos que prevejam: estão a efetuar uma investigação ou iniciaram diligências

68
DIREITOS HUMANOS

ou um processo judicial tendo por objeto o mesmo ato, condições relativas à pena mínima requerida para uma ex-
as autoridades competentes destes Estados Partes deve- tradição e aos motivos pelos quais o Estado Parte requeri-
rão consultar-se, da forma que for mais conveniente, para do pode recusar a extradição.
coordenar as suas ações. 8. Os Estados Partes procurarão, sem prejuízo do seu
6. Sem prejuízo das normas do direito internacional ge- direito interno, acelerar os processos de extradição e sim-
ral, a presente Convenção não excluirá o exercício de qual- plificar os requisitos em matéria de prova com eles rela-
quer competência jurisdicional penal estabelecida por um cionados, no que se refere às infrações a que se aplica o
Estado Parte em conformidade com o seu direito interno. presente Artigo.
9. Sem prejuízo do disposto no seu direito interno e
Artigo 16 nos tratados de extradição que tenha celebrado, o Estado
Extradição Parte requerido poderá, a pedido do Estado Parte reque-
1. O presente Artigo aplica-se às infrações abrangidas rente, se considerar que as circunstâncias o justificam e que
pela presente Convenção ou nos casos em que um gru- existe urgência, colocar em detenção uma pessoa, presente
po criminoso organizado esteja implicado numa infração no seu território, cuja extradição é pedida, ou adotar a seu
prevista nas alíneas a) ou b) do parágrafo 1 do Artigo 3 e respeito quaisquer outras medidas apropriadas para asse-
em que a pessoa que é objeto do pedido de extradição se gurar a sua presença no processo de extradição.
encontre no Estado Parte requerido, desde que a infração 10. Um Estado Parte em cujo território se encontre o
pela qual é pedida a extradição seja punível pelo direito presumível autor da infração, se não extraditar esta pessoa
interno do Estado Parte requerente e do Estado Parte re- a título de uma infração à qual se aplica o presente Artigo
querido. pelo único motivo de se tratar de um seu cidadão, deverá,
2. Se o pedido de extradição for motivado por várias a pedido do Estado Parte requerente da extradição, sub-
infrações graves distintas, algumas das quais não se encon- meter o caso, sem demora excessiva, às suas autoridades
trem previstas no presente Artigo, o Estado Parte requeri- competentes para efeitos de procedimento judicial. Estas
do pode igualmente aplicar o presente Artigo às referidas autoridades tomarão a sua decisão e seguirão os trâmites
do processo da mesma forma que em relação a qualquer
infrações.
outra infração grave, à luz do direito interno deste Estado
3. Cada uma das infrações às quais se aplica o presente
Parte. Os Estados Partes interessados cooperarão entre si,
Artigo será considerada incluída, de pleno direito, entre as
nomeadamente em matéria processual e probatória, para
infrações que dão lugar a extradição em qualquer tratado
assegurar a eficácia dos referidos atos judiciais.
de extradição em vigor entre os Estados Partes. Os Esta-
11. Quando um Estado Parte, por força do seu direito
dos Partes comprometem-se a incluir estas infrações entre
interno, só estiver autorizado a extraditar ou, por qualquer
aquelas cujo autor pode ser extraditado em qualquer trata-
outra forma, entregar um dos seus cidadãos na condição
do de extradição que celebrem entre si.
de que essa pessoa retorne seguidamente ao mesmo Esta-
4. Se um Estado Parte que condicione a extradição à do Parte para cumprir a pena a que tenha sido condenada
existência de um tratado receber um pedido de extradição na sequência do processo ou do procedimento que origi-
de um Estado Parte com o qual não celebrou tal tratado, nou o pedido de extradição ou de entrega, e quando este
poderá considerar a presente Convenção como fundamen- Estado Parte e o Estado Parte requerente concordarem em
to jurídico da extradição quanto às infrações a que se apli- relação a essa opção e a outras condições que considerem
que o presente Artigo. apropriadas, a extradição ou entrega condicional será su-
5. Os Estados Partes que condicionem a extradição à ficiente para dar cumprimento à obrigação enunciada no
existência de um tratado: parágrafo 10 do presente Artigo.
a) No momento do depósito do seu instrumento de 12. Se a extradição, pedida para efeitos de execução de
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente uma pena, for recusada porque a pessoa que é objeto des-
Convenção, indicarão ao Secretário Geral da Organização te pedido é um cidadão do Estado Parte requerido, este, se
das Nações Unidas se consideram a presente Convenção o seu direito interno o permitir, em conformidade com as
como fundamento jurídico para a cooperação com outros prescrições deste direito e a pedido do Estado Parte reque-
Estados Partes em matéria de extradição; e rente, considerará a possibilidade de dar execução à pena
b) Se não considerarem a presente Convenção como que foi aplicada em conformidade com o direito do Estado
fundamento jurídico para cooperar em matéria de extra- Parte requerente ou ao que dessa pena faltar cumprir.
dição, diligenciarão, se necessário, pela celebração de tra- 13. Qualquer pessoa que seja objeto de um processo
tados de extradição com outros Estados Partes, a fim de devido a qualquer das infrações às quais se aplica o pre-
darem aplicação ao presente Artigo. sente Artigo terá garantido um tratamento equitativo em
6. Os Estados Partes que não condicionem a extradi- todas as fases do processo, incluindo o gozo de todos os
ção à existência de um tratado reconhecerão entre si, às direitos e garantias previstos no direito interno do Estado
infrações às quais se aplica o presente Artigo, o caráter de Parte em cujo território se encontra.
infração cujo autor pode ser extraditado. 14. Nenhuma disposição da presente Convenção deve-
7. A extradição estará sujeita às condições previstas rá ser interpretada no sentido de que impõe uma obriga-
no direito interno do Estado Parte requerido ou em tra- ção de extraditar a um Estado Parte requerido, se existirem
tados de extradição aplicáveis, incluindo, nomeadamente, sérias razões para supor que o pedido foi apresentado com

69
DIREITOS HUMANOS

a finalidade de perseguir ou punir uma pessoa em razão g) Identificar ou localizar os produtos do crime, bens,
do seu sexo, raça, religião, nacionalidade, origem étnica instrumentos ou outros elementos para fins probatórios;
ou opiniões políticas, ou que a satisfação daquele pedido h) Facilitar o comparecimento voluntário de pessoas no
provocaria um prejuízo a essa pessoa por alguma destas Estado Parte requerente;
razões. i) Prestar qualquer outro tipo de assistência compatível
15. Os Estados Partes não poderão recusar um pedido com o direito interno do Estado Parte requerido.
de extradição unicamente por considerarem que a infração 4. Sem prejuízo do seu direito interno, as autoridades
envolve também questões fiscais. competentes de um Estado Parte poderão, sem pedido
16. Antes de recusar a extradição, o Estado Parte re- prévio, comunicar informações relativas a questões penais
querido consultará, se for caso disso, o Estado Parte re- a uma autoridade competente de outro Estado Parte, se
querente, a fim de lhe dar a mais ampla possibilidade de considerarem que estas informações poderão ajudar a em-
apresentar as suas razões e de fornecer informações em preender ou concluir com êxito investigações e processos
apoio das suas alegações.
penais ou conduzir este último Estado Parte a formular um
17. Os Estados Partes procurarão celebrar acordos ou
pedido ao abrigo da presente Convenção.
protocolos bilaterais e multilaterais com o objetivo de per-
5. A comunicação de informações em conformida-
mitir a extradição ou de aumentar a sua eficácia.
de com o parágrafo 4 do presente Artigo será efetuada
Artigo 17 sem prejuízo das investigações e dos processos penais
Transferência de pessoas condenadas no Estado cujas autoridade competentes fornecem as
Os Estados Partes poderão considerar a celebração de informações. As autoridades competentes que recebam
acordos ou protocolos bilaterais ou multilaterais relativos à estas informações deverão satisfazer qualquer pedido no
transferência para o seu território de pessoas condenadas sentido de manter confidenciais as referidas informações,
a penas de prisão ou outras penas de privação de liberdade mesmo se apenas temporariamente, ou de restringir a sua
devido a infrações previstas na presente Convenção, para utilização. Todavia, tal não impedirá o Estado Parte que
que aí possam cumprir o resto da pena. receba as informações de revelar, no decurso do processo
judicial, informações que inocentem um arguido. Neste
Artigo 18 último caso, o Estado Parte que recebeu as informações
Assistência judiciária recíproca avisará o Estado Parte que as comunicou antes de as re-
1. Os Estados Partes prestarão reciprocamente toda a velar e, se lhe for pedido, consultará este último. Se, num
assistência judiciária possível nas investigações, nos pro- caso excepcional, não for possível uma comunicação pré-
cessos e em outros atos judiciais relativos às infrações pre- via, o Estado Parte que recebeu as informações dará co-
vistas pela presente Convenção, nos termos do Artigo 3, e nhecimento da revelação, prontamente, ao Estado Parte
prestarão reciprocamente uma assistência similar quando que as tenha comunicado.
o Estado Parte requerente tiver motivos razoáveis para sus- 6. As disposições do presente Artigo em nada prejudi-
peitar de que a infração a que se referem as alíneas a) ou cam as obrigações decorrentes de qualquer outro tratado
b) do parágrafo 1 do Artigo 3 é de caráter transnacional, bilateral ou multilateral que regule, ou deva regular, intei-
inclusive quando as vítimas, as testemunhas, o produto, os ramente ou em parte, a cooperação judiciária.
instrumentos ou os elementos de prova destas infrações se 7. Os parágrafos 9 a 29 do presente Artigo serão apli-
encontrem no Estado Parte requerido e nelas esteja impli- cáveis aos pedidos feitos em conformidade com o presente
cado um grupo criminoso organizado. Artigo, no caso de os Estados Partes em questão não esta-
2. Será prestada toda a cooperação judiciária possível, rem ligados por um tratado de cooperação judiciária. Se os
tanto quanto o permitam as leis, tratados, acordos e pro-
referidos Estados Partes estiverem ligados por tal tratado,
tocolos pertinentes do Estado Parte requerido, no âmbito
serão aplicáveis as disposições correspondentes desse tra-
de investigações, processos e outros atos judiciais relativos
tado, a menos que os Estados Partes concordem em apli-
a infrações pelas quais possa ser considerada responsável
car, em seu lugar, as disposições dos parágrafos 9 a 29 do
uma pessoa coletiva no Estado Parte requerente, em con-
formidade com o Artigo 10 da presente Convenção. presente Artigo. Os Estados Partes são fortemente instados
3. A cooperação judiciária prestada em aplicação do a aplicar estes números, se tal facilitar a cooperação.
presente Artigo pode ser solicitada para os seguintes efeitos: 8. Os Estados Partes não poderão invocar o sigilo ban-
a) Recolher testemunhos ou depoimentos; cário para recusar a cooperação judiciária prevista no pre-
b) Notificar atos judiciais; sente Artigo.
c) Efetuar buscas, apreensões e embargos; 9. Os Estados Partes poderão invocar a ausência de
d) Examinar objetos e locais; dupla criminalização para recusar prestar a assistência ju-
e) Fornecer informações, elementos de prova e pare- diciária prevista no presente Artigo. O Estado Parte reque-
ceres de peritos; rido poderá, não obstante, quando o considerar apropria-
f) Fornecer originais ou cópias certificadas de docu- do, prestar esta assistência, na medida em que o decida
mentos e processos pertinentes, incluindo documentos por si próprio, independentemente de o ato estar ou não
administrativos, bancários, financeiros ou comerciais e do- tipificado como uma infração no direito interno do Estado
cumentos de empresas; Parte requerido.

70
DIREITOS HUMANOS

10. Qualquer pessoa detida ou a cumprir pena no terri- de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente
tório de um Estado Parte, cuja presença seja requerida num Convenção. Os pedidos de cooperação judiciária e qual-
outro Estado Parte para efeitos de identificação, para teste- quer comunicação com eles relacionada serão transmitidos
munhar ou para contribuir por qualquer outra forma para às autoridades centrais designadas pelos Estados Partes. A
a obtenção de provas no âmbito de investigações, proces- presente disposição não afetará o direito de qualquer Es-
sos ou outros atos judiciais relativos às infrações visadas na tado Parte a exigir que estes pedidos e comunicações lhe
presente Convenção, pode ser objeto de uma transferên- sejam remetidos por via diplomática e, em caso de urgên-
cia, se estiverem reunidas as seguintes condições: cia, e se os Estados Partes nisso acordarem, por intermédio
a) Se referida pessoa, devidamente informada, der o da Organização Internacional de Polícia Criminal, se tal for
seu livre consentimento; possível.
b) Se as autoridades competentes dos dois Estados 14. Os pedidos serão formulados por escrito ou, se
Partes em questão derem o seu consentimento, sob reser- possível, por qualquer outro meio capaz de produzir re-
va das condições que estes Estados Partes possam consi-
gistro escrito, numa língua que seja aceita pelo Estado Par-
derar convenientes.
te requerido, em condições que permitam a este Estado
11. Para efeitos do parágrafo 10 do presente Artigo:
Parte verificar a sua autenticidade. O Secretário Geral das
a) O Estado Parte para o qual a transferência da pessoa
Nações Unidas será notificado a respeito da língua ou lín-
em questão for efetuada terá o poder e a obrigação de a
manter detida, salvo pedido ou autorização em contrário guas aceitas por cada Estado Parte no momento em que o
do Estado Parte do qual a pessoa foi transferida; Estado Parte em questão depositar os seus instrumentos
b) O Estado Parte para o qual a transferência for efe- de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente
tuada cumprirá prontamente a obrigação de entregar a Convenção. Em caso de urgência, e se os Estados Partes
pessoa à guarda do Estado Parte do qual foi transferida, nisso acordarem, os pedidos poderão ser feitos oralmente,
em conformidade com o que tenha sido previamente acor- mais deverão ser imediatamente confirmados por escrito.
dado ou com o que as autoridades competentes dos dois 15. Um pedido de assistência judiciária deverá conter
Estados Partes tenham decidido; as seguintes informações:
c) O Estado Parte para o qual for efetuada a transferên- a) A designação da autoridade que emite o pedido;
cia não poderá exigir do Estado Parte do qual a transferên- b) O objeto e a natureza da investigação, dos proces-
cia foi efetuada que abra um processo de extradição para sos ou dos outros atos judiciais a que se refere o pedido,
que a pessoa lhe seja entregue; bem como o nome e as funções da autoridade que os te-
d) O período que a pessoa em questão passe detida nha a cargo;
no Estado Parte para o qual for transferida é contado para c) Um resumo dos fatos relevantes, salvo no caso dos
o cumprimento da pena que lhe tenha sido aplicada no pedidos efetuados para efeitos de notificação de atos ju-
Estado Parte do qual for transferida; diciais;
12. A menos que o Estado Parte do qual a pessoa for d) Uma descrição da assistência pretendida e porme-
transferida, ao abrigo dos parágrafos 10 e 11 do presente nores de qualquer procedimento específico que o Estado
Artigo, esteja de acordo, a pessoa em questão, seja qual for Parte requerente deseje ver aplicado;
a sua nacionalidade, não será objecto de processo judicial, e) Caso seja possível, a identidade, endereço e nacio-
detida, punida ou sujeita a outras restrições à sua liberdade nalidade de qualquer pessoa visada; e
de movimentos no território do Estado Parte para o qual f) O fim para o qual são pedidos os elementos, infor-
seja transferida, devido a atos, omissões ou condenações mações ou medidas.
anteriores à sua partida do território do Estado Parte do 16. O Estado Parte requerido poderá solicitar informa-
qual foi transferida.
ções adicionais, quando tal se afigure necessário à execu-
13. Cada Estado Parte designará uma autoridade cen-
ção do pedido em conformidade com o seu direito interno,
tral que terá a responsabilidade e o poder de receber pe-
ou quando tal possa facilitar a execução do pedido.
didos de cooperação judiciária e, quer de os executar, quer
17. Qualquer pedido será executado em conformidade
de os transmitir às autoridades competentes para execu-
ção. Se um Estado Parte possuir uma região ou um territó- com o direito interno do Estado Parte requerido e, na me-
rio especial dotado de um sistema de cooperação judiciária dida em que tal não contrarie este direito e seja possível,
diferente, poderá designar uma autoridade central distinta, em conformidade com os procedimentos especificados no
que terá a mesma função para a referida região ou terri- pedido.
tório. As autoridades centrais deverão assegurar a execu- 18. Se for possível e em conformidade com os princí-
ção ou a transmissão rápida e em boa e devida forma dos pios fundamentais do direito interno, quando uma pessoa
pedidos recebidos. Quando a autoridade central transmitir que se encontre no território de um Estado Parte deva ser
o pedido a uma autoridade competente para execução, ouvida como testemunha ou como perito pelas autorida-
instará pela execução rápida e em boa e devida forma do des judiciais de outro Estado Parte, o primeiro Estado Par-
pedido por parte da autoridade competente. O Secretário te poderá, a pedido do outro, autorizar a sua audição por
Geral da Organização das Nações Unidas será notificado da videoconferência, se não for possível ou desejável que a
autoridade central designada para este efeito no momento pessoa compareça no território do Estado Parte requeren-
em que cada Estado Parte depositar os seus instrumentos te. Os Estados Partes poderão acordar em que a audição

71
DIREITOS HUMANOS

seja conduzida por uma autoridade judicial do Estado Parte estudará com o Estado Parte requerente a possibilidade de
requerente e que a ela assista uma autoridade judicial do prestar a assistência sob reserva das condições que consi-
Estado Parte requerido. dere necessárias. Se o Estado Parte requerente aceitar a as-
19. O Estado Parte requerente não comunicará nem uti- sistência sob reserva destas condições, deverá respeitá-las.
lizará as informações ou os elementos de prova fornecidos 27. Sem prejuízo da aplicação do parágrafo 12 do pre-
pelo Estado Parte requerido para efeitos de investigações, sente Artigo, uma testemunha, um perito ou outra pessoa
processos ou outros atos judiciais diferentes dos mencio- que, a pedido do Estado Parte requerente, aceite depor
nados no pedido sem o consentimento prévio do Estado num processo ou colaborar numa investigação, em pro-
Parte requerido. O disposto neste número não impedirá o cessos ou outros atos judiciais no território do Estado Parte
Estado Parte requerente de revelar, durante o processo, in- requerente, não será objeto de processo, detida, punida ou
formações ou elementos de prova ilibatórios de um argui- sujeita a outras restrições à sua liberdade pessoal neste ter-
do. Neste último caso, o Estado Parte requerente avisará, ritório, devido a atos, omissões ou condenações anteriores
antes da revelação, o Estado Parte requerido e, se tal lhe for à sua partida do território do Estado Parte requerido. Esta
pedido, consultará neste último. Se, num caso excepcional, imunidade cessa quando a testemunha, o perito ou a refe-
não for possível uma comunicação prévia, o Estado Parte rida pessoa, tendo tido, durante um período de quinze dias
requerente informará da revelação, prontamente, o Estado consecutivos ou qualquer outro período acordado pelos
Parte requerido. Estados Partes, a contar da data em que recebeu a comuni-
20. O Estado Parte requerente poderá exigir que o Es- cação oficial de que a sua presença já não era exigida pelas
tado Parte requerido guarde sigilo sobre o pedido e o seu autoridades judiciais, a possibilidade de deixar o território
conteúdo, salvo na medida do que seja necessário para o do Estado Parte requerente, nele tenha voluntariamente
executar. Se o Estado Parte requerido não puder satisfazer permanecido ou, tendo-o deixado, a ele tenha regressado
esta exigência, informará prontamente o Estado Parte re- de livre vontade.
querente. 28. As despesas correntes com a execução de um pe-
21. A cooperação judiciária poderá ser recusada: dido serão suportadas pelo Estado Parte requerido, salvo
acordo noutro sentido dos Estados Partes interessados.
a) Se o pedido não for feito em conformidade com o
Quando venham a revelar-se necessárias despesas signifi-
disposto no presente Artigo;
cativas ou extraordinárias para executar o pedido, os Esta-
b) Se o Estado Parte requerido considerar que a execu-
dos Partes consultar-se-ão para fixar as condições segun-
ção do pedido pode afetar sua soberania, sua segurança,
do as quais o pedido deverá ser executado, bem como o
sua ordem pública ou outros interesses essenciais;
modo como as despesas serão assumidas.
c) Se o direito interno do Estado Parte requerido proi-
29. O Estado Parte requerido:
bir suas autoridades de executar as providências solicitadas
a) Fornecerá ao Estado Parte requerente cópias dos
com relação a uma infração análoga que tenha sido objeto
processos, documentos ou informações administrativas
de investigação ou de procedimento judicial no âmbito da que estejam em seu poder e que, por força do seu direito
sua própria competência; interno, estejam acessíveis ao público;
d) Se a aceitação do pedido contrariar o sistema jurí- b) Poderá, se assim o entender, fornecer ao Estado Par-
dico do Estado Parte requerido no que se refere à coope- te requerente, na íntegra ou nas condições que considere
ração judiciária. apropriadas, cópias de todos os processos, documentos ou
22. Os Estados Partes não poderão recusar um pedi- informações que estejam na sua posse e que, por força do
do de cooperação judiciária unicamente por considerarem seu direito interno, não sejam acessíveis ao público.
que a infração envolve também questões fiscais. 30. Os Estados Partes considerarão, se necessário, a
23. Qualquer recusa de cooperação judiciária deverá possibilidade de celebrarem acordos ou protocolos bila-
ser fundamentada. terais ou multilaterais que sirvam os objetivos e as dispo-
24. O Estado Parte requerido executará o pedido de sições do presente Artigo, reforçando-as ou dando-lhes
cooperação judiciária tão prontamente quanto possível e maior eficácia.
terá em conta, na medida do possível, todos os prazos su-
geridos pelo Estado Parte requerente para os quais sejam Artigo 19
dadas justificações, de preferência no pedido. O Estado Investigações conjuntas
Parte requerido responderá aos pedidos razoáveis do Esta- Os Estados Partes considerarão a possibilidade de ce-
do Parte requerente quanto ao andamento das diligências lebrar acordos ou protocolos bilaterais ou multilaterais em
solicitadas. Quando a assistência pedida deixar de ser ne- virtude dos quais, com respeito a matérias que sejam ob-
cessária, o Estado Parte requerente informará prontamente jeto de investigação, processos ou ações judiciais em um
desse fato o Estado Parte requerido. ou mais Estados, as autoridades competentes possam es-
25. A cooperação judiciária poderá ser diferida pelo Es- tabelecer órgãos mistos de investigação. Na ausência de
tado Parte requerido por interferir com uma investigação, tais acordos ou protocolos, poderá ser decidida casuistica-
processos ou outros atos judiciais em curso. mente a realização de investigações conjuntas. Os Estados
26. Antes de recusar um pedido feito ao abrigo do Partes envolvidos agirão de modo a que a soberania do
parágrafo 21 do presente Artigo ou de diferir a sua execu- Estado Parte em cujo território decorra a investigação seja
ção ao abrigo do parágrafo 25, o Estado Parte requerido plenamente respeitada.

72
DIREITOS HUMANOS

Artigo 20 a) O recurso à força física, a ameaças ou a intimida-


Técnicas especiais de investigação ção, ou a promessa, oferta ou concessão de um benefício
1. Se os princípios fundamentais do seu ordenamento indevido para obtenção de um falso testemunho ou para
jurídico nacional o permitirem, cada Estado Parte, tendo impedir um testemunho ou a apresentação de elementos
em conta as suas possibilidades e em conformidade com de prova num processo relacionado com a prática de infra-
as condições prescritas no seu direito interno, adotará as ções previstas na presente Convenção;
medidas necessárias para permitir o recurso apropriado a b) O recurso à força física, a ameaças ou a intimidação
entregas vigiadas e, quando o considere adequado, o re- para impedir um agente judicial ou policial de exercer os
curso a outras técnicas especiais de investigação, como deveres inerentes à sua função relativamente à prática de
a vigilância eletrônica ou outras formas de vigilância e as infrações previstas na presente Convenção. O disposto na
operações de infiltração, por parte das autoridades compe- presente alínea não prejudica o direito dos Estados Partes
tentes no seu território, a fim de combater eficazmente a de disporem de legislação destinada a proteger outras ca-
criminalidade organizada.
tegorias de agentes públicos.
2. Para efeitos de investigações sobre as infrações pre-
vistas na presente Convenção, os Estados Partes são insta-
Artigo 24
dos a celebrar, se necessário, acordos ou protocolos bila-
terais ou multilaterais apropriados para recorrer às técnicas Proteção das testemunhas
especiais de investigação, no âmbito da cooperação inter- 1. Cada Estado Parte, dentro das suas possibilidades,
nacional. Estes acordos ou protocolos serão celebrados e adotará medidas apropriadas para assegurar uma proteção
aplicados sem prejuízo do princípio da igualdade soberana eficaz contra eventuais atos de represália ou de intimida-
dos Estados e serão executados em estrita conformidade ção das testemunhas que, no âmbito de processos penais,
com as disposições neles contidas. deponham sobre infrações previstas na presente Conven-
3. Na ausência dos acordos ou protocolos referidos no ção e, quando necessário, aos seus familiares ou outras
parágrafo 2 do presente Artigo, as decisões de recorrer a pessoas que lhes sejam próximas.
técnicas especiais de investigação a nível internacional se- 2. Sem prejuízo dos direitos do arguido, incluindo o di-
rão tomadas casuisticamente e poderão, se necessário, ter reito a um julgamento regular, as medidas referidas no pa-
em conta acordos ou protocolos financeiros relativos ao rágrafo 1 do presente Artigo poderão incluir, entre outras:
exercício de jurisdição pelos Estados Partes interessados. a) Desenvolver, para a proteção física destas pessoas,
4. As entregas vigiadas a que se tenha decidido recor- procedimentos que visem, consoante as necessidades e
rer a nível internacional poderão incluir, com o consenti- na medida do possível, nomeadamente, fornecer-lhes um
mento dos Estados Partes envolvidos, métodos como a in- novo domicílio e impedir ou restringir a divulgação de in-
tercepção de mercadorias e a autorização de prosseguir o formações relativas à sua identidade e paradeiro;
seu encaminhamento, sem alteração ou após subtração ou b) Estabelecer normas em matéria de prova que per-
substituição da totalidade ou de parte dessas mercadorias. mitam às testemunhas depor de forma a garantir a sua
segurança, nomeadamente autorizando-as a depor com
Artigo 21 recurso a meios técnicos de comunicação, como ligações
Transferência de processos penais de vídeo ou outros meios adequados.
Os Estados Partes considerarão a possibilidade de 3. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de
transferirem mutuamente os processos relativos a uma in- celebrar acordos com outros Estados para facultar um
fração prevista na presente Convenção, nos casos em que novo domicílio às pessoas referidas no parágrafo 1 do pre-
esta transferência seja considerada necessária no interesse
sente Artigo.
da boa administração da justiça e, em especial, quando es-
4. As disposições do presente Artigo aplicam-se igual-
tejam envolvidas várias jurisdições, a fim de centralizar a
instrução dos processos. mente às vítimas, quando forem testemunhas.

Artigo 22 Artigo 25
Estabelecimento de antecedentes penais Assistência e proteção às vítimas
Cada Estado Parte poderá adotar as medidas legislati- 1. Cada Estado Parte adotará, segundo as suas possi-
vas ou outras que sejam necessárias para ter em conside- bilidades, medidas apropriadas para prestar assistência e
ração, nas condições e para os efeitos que entender apro- assegurar a proteção às vítimas de infrações previstas na
priados, qualquer condenação de que o presumível autor presente Convenção, especialmente em caso de ameaça de
de uma infração tenha sido objeto noutro Estado, a fim de represálias ou de intimidação.
utilizar esta informação no âmbito de um processo penal 2. Cada Estado Parte estabelecerá procedimentos ade-
relativo a uma infração prevista na presente Convenção. quados para que as vítimas de infrações previstas na pre-
sente Convenção possam obter reparação.
Artigo 23 3. Cada Estado Parte, sem prejuízo do seu direito in-
Criminalização da obstrução à justiça terno, assegurará que as opiniões e preocupações das
Cada Estado Parte adotará medidas legislativas e ou- vítimas sejam apresentadas e tomadas em consideração
tras consideradas necessárias para conferir o caráter de nas fases adequadas do processo penal aberto contra os
infração penal aos seguintes atos, quando cometidos in- autores de infrações, por forma que não prejudique os
tencionalmente: direitos da defesa.

73
DIREITOS HUMANOS

Artigo 26 b) Cooperar com outros Estados Partes, quando se tra-


Medidas para intensificar a cooperação com as te de infrações previstas na presente Convenção, na con-
autoridades competentes para a aplicação da lei dução de investigações relativas aos seguintes aspectos:
1. Cada Estado Parte tomará as medidas adequadas i) Identidade, localização e atividades de pessoas sus-
para encorajar as pessoas que participem ou tenham parti- peitas de implicação nas referidas infrações, bem como lo-
cipado em grupos criminosos organizados: calização de outras pessoas envolvidas;
a) A fornecerem informações úteis às autoridades ii) Movimentação do produto do crime ou dos bens
competentes para efeitos de investigação e produção de provenientes da prática destas infrações;
provas, nomeadamente iii) Movimentação de bens, equipamentos ou outros
i) A identidade, natureza, composição, estrutura, loca- instrumentos utilizados ou destinados a ser utilizados na
lização ou atividades dos grupos criminosos organizados; prática destas infrações;
ii) As conexões, inclusive conexões internacionais, com c) Fornecer, quando for caso disso, os elementos ou as
outros grupos criminosos organizados; quantidades de substâncias necessárias para fins de análise
iii) As infrações que os grupos criminosos organizados ou de investigação;
praticaram ou poderão vir a praticar; d) Facilitar uma coordenação eficaz entre as autori-
b) A prestarem ajuda efetiva e concreta às autorida- dades, organismos e serviços competentes e promover o
des competentes, susceptível de contribuir para privar os intercâmbio de pessoal e de peritos, incluindo, sob reser-
grupos criminosos organizados dos seus recursos ou do va da existência de acordos ou protocolos bilaterais entre
produto do crime. os Estados Partes envolvidos, a designação de agentes de
2. Cada Estado Parte poderá considerar a possibilidade, ligação;
nos casos pertinentes, de reduzir a pena de que é passível e) Trocar informações com outros Estados Partes sobre
um arguido que coopere de forma substancial na investi- os meios e métodos específicos utilizados pelos grupos cri-
gação ou no julgamento dos autores de uma infração pre- minosos organizados, incluindo, se for caso disso, sobre os
vista na presente Convenção. itinerários e os meios de transporte, bem como o uso de
identidades falsas, de documentos alterados ou falsificados
3. Cada Estado Parte poderá considerar a possibilida-
ou outros meios de dissimulação das suas atividades;
de, em conformidade com os princípios fundamentais do
f) Trocar informações e coordenar as medidas adminis-
seu ordenamento jurídico interno, de conceder imunidade
trativas e outras tendo em vista detectar o mais rapidamen-
a uma pessoa que coopere de forma substancial na investi-
te possível as infrações previstas na presente Convenção.
gação ou no julgamento dos autores de uma infração pre-
2. Para dar aplicação à presente Convenção, os Estados
vista na presente Convenção.
Partes considerarão a possibilidade de celebrar acordos ou
4. A proteção destas pessoas será assegurada nos ter-
protocolos bilaterais ou multilaterais que prevejam uma
mos do Artigo 24 da presente Convenção.
cooperação direta entre as suas autoridades competentes
5. Quando uma das pessoas referidas no parágrafo 1 para a aplicação da lei e, quando tais acordos ou proto-
do presente Artigo se encontre num Estado Parte e possa colos já existam, considerarão a possibilidade de os alte-
prestar uma cooperação substancial às autoridades com- rar. Na ausência de tais acordos entre os Estados Partes
petentes de outro Estado Parte, os Estados Partes em ques- envolvidos, estes últimos poderão basear-se na presente
tão poderão considerar a celebração de acordos, em con- Convenção para instituir uma cooperação em matéria de
formidade com o seu direito interno, relativos à eventual detecção e repressão das infrações previstas na presente
concessão, pelo outro Estado Parte, do tratamento descrito Convenção. Sempre que tal se justifique, os Estados Partes
nos parágrafos 2 e 3 do presente Artigo. utilizarão plenamente os acordos ou protocolos, incluindo
as organizações internacionais ou regionais, para intensifi-
Artigo 27 car a cooperação entre as suas autoridades competentes
Cooperação entre as autoridades competentes para a aplicação da lei.
para a aplicação da lei 3. Os Estados Partes procurarão cooperar, na medida
1. Os Estados Partes cooperarão estreitamente, em das suas possibilidades, para enfrentar o crime organiza-
conformidade com os seus respectivos ordenamentos ju- do transnacional praticado com recurso a meios tecnoló-
rídicos e administrativos, a fim de reforçar a eficácia das gicos modernos.
medidas de controle do cumprimento da lei destinadas a
combater as infrações previstas na presente Convenção. Artigo 28
Especificamente, cada Estado Parte adotará medidas efica- Coleta, intercâmbio e análise de informações sobre
zes para: a natureza do crime organizado
a) Reforçar ou, se necessário, criar canais de comunica- 1. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de
ção entre as suas autoridades, organismos e serviços com- analisar, em consulta com os meios científicos e universi-
petentes, para facilitar a rápida e segura troca de informa- tários, as tendências da criminalidade organizada no seu
ções relativas a todos os aspectos das infrações previstas território, as circunstâncias em que opera e os grupos pro-
na presente Convenção, incluindo, se os Estados Partes en- fissionais e tecnologias envolvidos.
volvidos o considerarem apropriado, ligações com outras 2. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de
atividades criminosas; desenvolver as suas capacidades de análise das atividades

74
DIREITOS HUMANOS

criminosas organizadas e de as partilhar diretamente entre 3. Os Estados Partes incentivarão as atividades de for-
si e por intermédio de organizações internacionais e regio- mação e de assistência técnica suscetíveis de facilitar a ex-
nais. Para este efeito, deverão ser elaboradas e aplicadas, tradição e a cooperação judiciária. Estas atividades de coo-
quando for caso disso, definições, normas e metodologias peração e de assistência técnica poderão incluir ensino de
comuns. idiomas, cessões e intercâmbio do pessoal das autoridades
3. Cada Estado Parte considerará o estabelecimento de centrais ou de organismos que tenham responsabilidades
meios de acompanhamento das suas políticas e das medi- nos domínios em questão.
das tomadas para combater o crime organizado, avaliando 4. Sempre que se encontrem em vigor acordos bila-
a sua aplicação e eficácia. terais ou multilaterais, os Estados Partes reforçarão, tanto
quanto for necessário, as medidas tomadas no sentido de
Artigo 29 otimizar as atividades operacionais e de formação no âm-
Formação e assistência técnica bito de organizações internacionais e regionais e no âmbi-
1. Cada Estado Parte estabelecerá, desenvolverá ou to de outros acordos ou protocolos bilaterais e multilate-
melhorará, na medida das necessidades, programas de for- rais na matéria.
mação específicos destinados ao pessoal das autoridades
competentes para a aplicação da lei, incluindo promoto- Artigo 30
res públicos, juizes de instrução e funcionários aduaneiros, Outras medidas: aplicação da Convenção através
bem como outro pessoal que tenha por função prevenir, do desenvolvimento econômico e da assistência técnica
detectar e reprimir as infrações previstas na presente Con- 1. Os Estados Partes tomarão as medidas adequadas
venção. Estes programas, que poderão prever cessões e in- para assegurar a melhor aplicação possível da presente
tercâmbio de pessoal, incidirão especificamente, na medida Convenção através da cooperação internacional, tendo em
em que o direito interno o permita, nos seguintes aspectos: conta os efeitos negativos da criminalidade organizada na
a) Métodos utilizados para prevenir, detectar e comba- sociedade em geral e no desenvolvimento sustentável em
ter as infrações previstas na presente Convenção; particular.
b) Rotas e técnicas utilizadas pelas pessoas suspeitas
2. Os Estados Partes farão esforços concretos, na medi-
de implicação em infrações previstas na presente Conven-
da do possível, em coordenação entre si e com as organi-
ção, incluindo nos Estados de trânsito, e medidas adequa-
zações regionais e internacionais:
das de combate;
a) Para desenvolver a sua cooperação a vários níveis
c) Vigilância das movimentações dos produtos de con-
com os países em desenvolvimento, a fim de reforçar a ca-
trabando;
pacidade destes para prevenir e combater a criminalidade
d) Detecção e vigilância das movimentações do produ-
organizada transnacional;
to do crime, de bens, equipamentos ou outros instrumen-
b) Para aumentar a assistência financeira e material aos
tos, de métodos de transferência, dissimulação ou disfarce
países em desenvolvimento, a fim de apoiar os seus esfor-
destes produtos, bens, equipamentos ou outros instru-
mentos, bem como métodos de luta contra a lavagem de ços para combater eficazmente a criminalidade organizada
dinheiro e outras infrações financeiras; transnacional e ajudá-los a aplicar com êxito a presente
e) Coleta de provas; Convenção;
f) Técnicas de controle nas zonas francas e nos portos c) Para fornecer uma assistência técnica aos países
francos; em desenvolvimento e aos países com uma economia de
g) Equipamentos e técnicas modernas de detecção e transição, a fim de ajudá-los a obter meios para a aplica-
de repressão, incluindo a vigilância eletrônica, as entregas ção da presente Convenção. Para este efeito, os Estados
vigiadas e as operações de infiltração; Partes procurarão destinar voluntariamente contribuições
h) Métodos utilizados para combater o crime organi- adequadas e regulares a uma conta constituída especifi-
zado transnacional cometido por meio de computadores, camente para este fim no âmbito de um mecanismo de
de redes de telecomunicações ou outras tecnologias mo- financiamento das Nações Unidas. Os Estados Partes pode-
dernas; e rão também considerar, especificamente, em conformida-
i) Métodos utilizados para a proteção das vítimas e das de com o seu direito interno e as disposições da presente
testemunhas. Convenção, a possibilidade de destinarem à conta acima
2. Os Estados Partes deverão cooperar entre si no pla- referida uma percentagem dos fundos ou do valor corres-
nejamento e execução de programas de investigação e de pondente do produto do crime ou dos bens confiscados
formação concebidos para o intercâmbio de conhecimen- em aplicação das disposições da presente Convenção;
tos especializados nos domínios referidos no parágrafo d) Para incentivar e persuadir outros Estados e insti-
1 do presente Artigo e, para este efeito, recorrerão tam- tuições financeiras, quando tal se justifique, a associarem-
bém, quando for caso disso, a conferências e seminários -se aos esforços desenvolvidos em conformidade com o
regionais e internacionais para promover a cooperação e presente Artigo, nomeadamente fornecendo aos países em
estimular as trocas de pontos de vista sobre problemas co- desenvolvimento mais programas de formação e material
muns, incluindo os problemas e necessidades específicos moderno, a fim de os ajudar a alcançar os objetivos da pre-
dos Estados de trânsito. sente Convenção.

75
DIREITOS HUMANOS

e) Tanto quanto possível, estas medidas serão tomadas 4. Os Estados Partes procurarão avaliar periodicamen-
sem prejuízo dos compromissos existentes em matéria de te os instrumentos jurídicos e as práticas administrativas
assistência externa ou de outros acordos de cooperação aplicáveis, a fim de determinar se contêm lacunas que per-
financeira a nível bilateral, regional ou internacional. mitam aos grupos criminosos organizados fazerem deles
4. Os Estados Partes poderão celebrar acordos ou pro- utilização indevida.
tocolos bilaterais ou multilaterais relativos a assistência 5. Os Estados Partes procurarão sensibilizar melhor o
técnica e logística, tendo em conta os acordos financeiros público para a existência, as causas e a gravidade da cri-
necessários para assegurar a eficácia dos meios de coo- minalidade organizada transnacional e para a ameaça que
peração internacional previstos na presente Convenção, e representa. Poderão fazê-lo, quando for o caso, por inter-
para prevenir, detectar e combater a criminalidade organi- médio dos meios de comunicação social e adotando me-
zada transnacional. didas destinadas a promover a participação do público nas
ações de prevenção e combate à criminalidade.
Artigo 31 6. Cada Estado Parte comunicará ao Secretário Geral
Prevenção da Organização das Nações Unidas o nome e o endereço
1. Os Estados Partes procurarão elaborar e avaliar da(s) autoridade(s) que poderão assistir os outros Estados
projetos nacionais, bem como estabelecer e promover as Partes na aplicação das medidas de prevenção do crime
melhores práticas e políticas para prevenir a criminalidade organizado transnacional.
organizada transnacional. 7. Quando tal se justifique, os Estados Partes colabora-
2. Em conformidade com os princípios fundamentais rão, entre si e com as organizações regionais e internacio-
do seu direito interno, os Estados Partes procurarão re- nais competentes, a fim de promover e aplicar as medidas
duzir, através de medidas legislativas, administrativas ou referidas no presente Artigo. A este título, participarão em
outras que sejam adequadas, as possibilidades atuais ou projetos internacionais que visem prevenir a criminalidade
futuras de participação de grupos criminosos organizados organizada transnacional, atuando, por exemplo, sobre os
em negócios lícitos utilizando o produto do crime. Estas fatores que tornam os grupos socialmente marginalizados
medidas deverão incidir: vulneráveis à sua ação.
a) No fortalecimento da cooperação entre autoridades
competentes para a aplicação da lei ou promotores e enti- Artigo 32
dades privadas envolvidas, incluindo empresas; Conferência das Partes na Convenção
b) Na promoção da elaboração de normas e procedi- 1. Será instituída uma Conferência das Partes na Con-
mentos destinados a preservar a integridade das entida- venção, para melhorar a capacidade dos Estados Partes no
des públicas e privadas envolvidas, bem como de códigos combate à criminalidade organizada transnacional e para
de conduta para determinados profissionais, em particular promover e analisar a aplicação da presente Convenção.
advogados, tabeliães, consultores tributários e contadores; 2. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
c) Na prevenção da utilização indevida, por grupos cri- das convocará a Conferência das Partes, o mais tardar, um
minosos organizados, de concursos públicos, bem como ano após a entrada em vigor da presente Convenção. A
de subvenções e licenças concedidas por autoridades pú- Conferência das Partes adotará um regulamento interno e
blicas para a realização de atividades comerciais; regras relativas às atividades enunciadas nos parágrafos 3 e
d) Na prevenção da utilização indevida de pessoas ju- 4 do presente Artigo (incluindo regras relativas ao financia-
rídicas por grupos criminosos organizados; estas medidas mento das despesas decorrentes dessas atividades).
poderão incluir: 3. A Conferência das Partes acordará em mecanismos
i) O estabelecimento de registros públicos de pessoas destinados a atingir os objetivos referidos no parágrafo 1
jurídicas e físicas envolvidas na criação, gestão e financia- do presente Artigo, nomeadamente:
mento de pessoas jurídicas; a) Facilitando as ações desenvolvidas pelos Estados
ii) A possibilidade de privar, por decisão judicial ou por Partes em aplicação dos Artigos 29, 30 e 31 da presente
qualquer outro meio adequado, as pessoas condenadas Convenção, inclusive incentivando a mobilização de contri-
por infrações previstas na presente Convenção, por um buições voluntárias;
período adequado, do direito de exercerem funções de di- b) Facilitando o intercâmbio de informações entre Es-
reção de pessoas jurídicas estabelecidas no seu território; tados Partes sobre as características e tendências da cri-
iii) O estabelecimento de registos nacionais de pessoas minalidade organizada transnacional e as práticas eficazes
que tenham sido privadas do direito de exercerem funções para a combater;
de direção de pessoas jurídicas; e c) Cooperando com as organizações regionais e inter-
iv) O intercâmbio de informações contidas nos regis- nacionais e as organizações não-governamentais compe-
tros referidos nas incisos i) e iii) da presente alínea com as tentes;
autoridades competentes dos outros Estados Partes. d) Avaliando, a intervalos regulares, a aplicação da pre-
3. Os Estados Partes procurarão promover a reinserção sente Convenção;
na sociedade das pessoas condenadas por infrações pre- e) Formulando recomendações a fim de melhorar a
vistas na presente Convenção. presente Convenção e a sua aplicação;

76
DIREITOS HUMANOS

4. Para efeitos das alíneas d) e e) do parágrafo 3 do Partes não chegarem a acordo sobre a organização da arbi-
presente Artigo, a Conferência das Partes inteirar-se-á das tragem, qualquer deles poderá submeter a controvérsia ao
medidas adotadas e das dificuldades encontradas pelos Tribunal Internacional de Justiça, mediante requerimento
Estados Partes na aplicação da presente Convenção, uti- em conformidade com o Estatuto do Tribunal.
lizando as informações que estes lhe comuniquem e os 3. Qualquer Estado Parte poderá, no momento da as-
mecanismos complementares de análise que venha a criar. sinatura, da ratificação, da aceitação ou da aprovação da
5. Cada Estado Parte comunicará à Conferência das presente Convenção, ou da adesão a esta, declarar que não
Partes, a solicitação desta, informações sobre os seus pro- se considera vinculado pelo parágrafo 2 do presente Arti-
gramas, planos e práticas, bem como sobre as suas me- go. Os outros Estados Partes não estarão vinculados pelo
didas legislativas e administrativas destinadas a aplicar a parágrafo 2 do presente Artigo em relação a qualquer Es-
presente Convenção. tado Parte que tenha formulado esta reserva.
4. Um Estado Parte que tenha formulado uma reserva
Artigo 33 ao abrigo do parágrafo 3 do presente Artigo poderá retirá-
Secretariado -la a qualquer momento, mediante notificação do Secretá-
1. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni- rio Geral da Organização das Nações Unidas.
das fornecerá os serviços de secretariado necessários à
Conferência das Partes na Convenção. Artigo 36
2. O secretariado: Assinatura, ratificação, aceitação, aprovação e adesão
a) Apoiará a Conferência das Partes na realização das 1. A presente Convenção será aberta à assinatura de
atividades enunciadas no Artigo 32 da presente Conven- todos os Estados entre 12 e 15 de Dezembro de 2000, em
ção, tomará as disposições e prestará os serviços necessá- Palermo (Itália) e, seguidamente, na sede da Organização
rios para as sessões da Conferência das Partes; das Nações Unidas, em Nova Iorque, até 12 de Dezembro
b) Assistirá os Estados Partes, a pedido destes, no forne- de 2002.
cimento à Conferência das Partes das informações previstas 2. A presente Convenção estará igualmente aberta à
no parágrafo 5 do Artigo 32 da presente Convenção; e assinatura de organizações regionais de integração econô-
c) Assegurará a coordenação necessária com os secre- mica, desde que pelos menos um Estado-Membro dessa
tariados das organizações regionais e internacionais. organização tenha assinado a presente Convenção, em
conformidade com o parágrafo 1 do presente Artigo.
Artigo 34 3. A presente Convenção será submetida a ratifica-
Aplicação da Convenção ção, aceitação ou aprovação. Os instrumentos de ratifica-
1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias, ção, aceitação ou aprovação serão depositados junto do
incluindo legislativas e administrativas, em conformidade Secretário Geral da Organização das Nações Unidas. Uma
com os princípios fundamentais do seu direito interno, organização regional de integração econômica poderá de-
para assegurar o cumprimento das suas obrigações decor- positar os seus instrumentos de ratificação, aceitação ou
rentes da presente Convenção. aprovação se pelo menos um dos seus Estados-Membros
2. As infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da o tiver feito. Neste instrumento de ratificação, aceitação ou
presente Convenção serão incorporadas no direito interno aprovação, a organização declarará o âmbito da sua com-
de cada Estado Parte, independentemente da sua nature- petência em relação às questões que são objeto da presen-
za transnacional ou da implicação de um grupo crimino- te Convenção. Informará igualmente o depositário de qual-
so organizado nos termos do parágrafo 1 do Artigo 3 da quer alteração relevante do âmbito da sua competência.
presente Convenção, salvo na medida em que o Artigo 5 4. A presente Convenção estará aberta à adesão de
da presente Convenção exija o envolvimento de um grupo qualquer Estado ou de qualquer organização regional de
criminoso organizado. integração econômica de que, pelo menos, um Estado
3. Cada Estado Parte poderá adotar medidas mais membro seja parte na presente Convenção. Os instrumen-
estritas ou mais severas do que as previstas na presente tos de adesão serão depositados junto do Secretário Geral
Convenção a fim de prevenir e combater a criminalidade da Organização das Nações Unidas. No momento da sua
organizada transnacional. adesão, uma organização regional de integração econômi-
ca declarará o âmbito da sua competência em relação às
Artigo 35 questões que são objeto da presente Convenção. Informa-
Solução de Controvérsias rá igualmente o depositário de qualquer alteração relevan-
1. Os Estados Partes procurarão solucionar controvér- te do âmbito dessa competência.
sias relativas à interpretação ou aplicação da presente Con-
venção por negociação direta. Artigo 37
2. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados Relação com os protocolos
Partes relativa à interpretação ou aplicação da presente 1. A presente Convenção poderá ser completada por
Convenção que não possa ser resolvida por via negocial um ou mais protocolos.
num prazo razoável será, a pedido de um destes Estados 2. Para se tornar Parte num protocolo, um Estado ou
Partes, submetida a arbitragem. Se, no prazo de seis me- uma organização regional de integração econômica deverá
ses a contar da data do pedido de arbitragem, os Estados igualmente ser Parte na presente Convenção.

77
DIREITOS HUMANOS

3. Um Estado Parte na presente Convenção não estará Estados Partes permanecerão vinculados pelas disposições
vinculado por um protocolo, a menos que se torne Parte do da presente Convenção e por todas as emendas anteriores
mesmo protocolo, em conformidade com as disposições que tenham ratificado, aceite ou aprovado.
deste.
4. Qualquer protocolo à presente Convenção será in- Artigo 40
terpretado conjuntamente com a presente Convenção, Denúncia
tendo em conta a finalidade do mesmo protocolo. 1. Um Estado Parte poderá denunciar a presente Con-
venção mediante notificação escrita dirigida ao Secretário
Artigo 38 Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia tor-
Entrada em vigor nar-se-á efetiva um ano após a data da recepção da notifi-
1. A presente Convenção entrará em vigor no nonagé- cação pelo Secretário Geral.
simo dia seguinte à data de depósito do quadragésimo ins- 2. Uma organização regional de integração econômica
trumento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão. cessará de ser Parte na presente Convenção quando todos
Para efeitos do presente número, nenhum dos instrumen- os seus Estados-Membros a tenham denunciado.
tos depositados por uma organização regional de integra- 3. A denúncia da presente Convenção, em conformida-
ção econômica será somado aos instrumentos já deposita- de com o parágrafo 1 do presente Artigo, implica a denún-
dos pelos Estados membros dessa organização. cia de qualquer protocolo a ela associado.
2. Para cada Estado ou organização regional de integra-
ção econômica que ratifique, aceite ou aprove a presente Artigo 41
Convenção ou a ela adira após o depósito do quadragési- Depositário e línguas
mo instrumento pertinente, a presente Convenção entrará 1. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
em vigor no trigésimo dia seguinte à data de depósito do das será o depositário da presente Convenção.
instrumento pertinente do referido Estado ou organização. 2. O original da presente Convenção, cujos textos em
inglês, árabe, chinês, espanhol, francês e russo fazem igual-
Artigo 39
mente fé, será depositado junto do Secretário Geral da Or-
Emendas
ganização das Nações Unidas.
1. Quando tiverem decorrido cinco anos a contar da
entrada em vigor da presente Convenção, um Estado Parte
poderá propor uma emenda e depositar o respectivo texto
DECRETO Nº 5.017, DE 12 DE MARÇO DE 2004.
junto do Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
das, que em seguida comunicará a proposta de emenda
Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Na-
aos Estados Partes e à Conferência das Partes na Conven-
ções Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Re-
ção, para exame da proposta e adoção de uma decisão. A
Conferência das Partes esforçar-se-á por chegar a um con- lativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pes-
senso sobre qualquer emenda. Se todos os esforços nesse soas, em Especial Mulheres e Crianças.
sentido se tiverem esgotado sem que se tenha chegado a
acordo, será necessário, como último recurso para que a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
emenda seja aprovada, uma votação por maioria de dois que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
terços dos votos expressos dos Estados Partes presentes na Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por
Conferência das Partes. meio do Decreto Legislativo no 231, de 29 de maio de 2003,
2. Para exercerem, ao abrigo do presente Artigo, o seu o texto do Protocolo Adicional à Convenção das Nações
direito de voto nos domínios em que sejam competentes, Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à
as organizações regionais de integração econômica dispo- Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em
rão de um número de votos igual ao número dos seus Es- Especial Mulheres e Crianças, adotado em Nova York em 15
tados-Membros que sejam Partes na presente Convenção. de novembro de 2000;
Não exercerão o seu direito de voto quando os seus Esta- Considerando que o Governo brasileiro depositou o
dos-Membros exercerem os seus, e inversamente. instrumento de ratificação junto à Secretaria-Geral da ONU
3. Uma emenda aprovada em conformidade com o em 29 de janeiro de 2004;
parágrafo 1 do presente Artigo estará sujeita à ratificação, Considerando que o Protocolo entrou em vigor inter-
aceitação ou aprovação dos Estados Partes. nacional em 29 de setembro de 2003, e entrou em vigor
4. Uma emenda aprovada em conformidade com o para o Brasil em 28 de fevereiro de 2004;
parágrafo 1 do presente Artigo entrará em vigor para um DECRETA:
Estado Parte noventa dias após a data de depósito pelo Art. 1o  O Protocolo Adicional à Convenção das Nações
mesmo Estado Parte junto do Secretário Geral da Organi- Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à
zação das Nações Unidas de um instrumento de ratificação, Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em
aceitação ou aprovação da referida emenda. Especial Mulheres e Crianças, adotado em Nova York em 15
5. Uma emenda que tenha entrado em vigor será vin- de novembro de 2000, apenso por cópia ao presente De-
culativa para os Estados Partes que tenham declarado o creto, será executado e cumprido tão inteiramente como
seu consentimento em serem por ela vinculados. Os outros nele se contém.

78
DIREITOS HUMANOS

Art. 2o  São sujeitos à aprovação do Congresso Nacio- 2. As disposições da Convenção aplicar-se-ão mutatis


nal quaisquer atos que possam resultar em revisão do refe- mutandis ao presente Protocolo, salvo se no mesmo se dis-
rido Protocolo ou que acarretem encargos ou compromis- puser o contrário.
sos gravosos ao patrimônio nacional, nos termos do art. 49, 3. As infrações estabelecidas em conformidade com o
inciso I, da Constituição. Artigo 5 do presente Protocolo serão consideradas como
Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua pu- infrações estabelecidas em conformidade com a Convenção.
blicação.
Brasília, 12 de março de 2004; 183o da Independência Artigo 2
e 116o da República. Objetivo
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Os objetivos do presente Protocolo são os seguintes:
Samuel Pinheiro Guimarães Neto a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas, prestando
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de uma atenção especial às mulheres e às crianças;
15.3.2004 b) Proteger e ajudar as vítimas desse tráfico, respeitan-
PROTOCOLO ADICIONAL À CONVENÇÃO DAS NA- do plenamente os seus direitos humanos; e
ÇÕES UNIDAS CONTRA O CRIME ORGANIZADO TRANS- c) Promover a cooperação entre os Estados Partes de
NACIONAL RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E PUNI- forma a atingir esses objetivos.
ÇÃO DO TRÁFICO DE PESSOAS, EM ESPECIAL MULHERES
E CRIANÇAS Artigo 3
PREÂMBULO Definições
Os Estados Partes deste Protocolo, Para efeitos do presente Protocolo:
Declarando que uma ação eficaz para prevenir e com- a) A expressão “tráfico de pessoas” significa o recru-
bater o tráfico de pessoas, em especial mulheres e crian- tamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o
ças, exige por parte dos países de origem, de trânsito e de acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da
destino uma abordagem global e internacional, que inclua força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao
engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulne-
medidas destinadas a prevenir esse tráfico, punir os trafi-
rabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou
cantes e proteger as vítimas desse tráfico, designadamente
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que
protegendo os seus direitos fundamentais, internacional-
tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A ex-
mente reconhecidos,
ploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição
Tendo em conta que, apesar da existência de uma va-
de outrem ou outras formas de exploração sexual, o traba-
riedade de instrumentos internacionais que contêm nor- lho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à
mas e medidas práticas para combater a exploração de escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos;
pessoas, especialmente mulheres e crianças, não existe ne- b) O consentimento dado pela vítima de tráfico de pes-
nhum instrumento universal que trate de todos os aspectos soas tendo em vista qualquer tipo de exploração descrito
relativos ao tráfico de pessoas, na alínea a) do presente Artigo será considerado irrelevan-
Preocupados com o fato de na ausência desse instru- te se tiver sido utilizado qualquer um dos meios referidos
mento, as pessoas vulneráveis ao tráfico não estarem sufi- na alínea a);
cientemente protegidas, c) O recrutamento, o transporte, a transferência, o alo-
Recordando a Resolução 53/111 da Assembleia Geral, jamento ou o acolhimento de uma criança para fins de ex-
de 9 de Dezembro de 1998, na qual a Assembleia decidiu ploração serão considerados “tráfico de pessoas” mesmo
criar um comitê intergovernamental especial, de compo- que não envolvam nenhum dos meios referidos da alínea
sição aberta, para elaborar uma convenção internacional a) do presente Artigo;
global contra o crime organizado transnacional e examinar d) O termo “criança” significa qualquer pessoa com
a possibilidade de elaborar, designadamente, um instru- idade inferior a dezoito anos.
mento internacional de luta contra o tráfico de mulheres
e de crianças. Artigo 4
Convencidos de que para prevenir e combater esse Âmbito de aplicação
tipo de criminalidade será útil completar a Convenção das O presente Protocolo aplicar-se-á, salvo disposição em
Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional contrário, à prevenção, investigação e repressão das infra-
com um instrumento internacional destinado a prevenir, ções estabelecidas em conformidade com o Artigo 5 do
reprimir e punir o tráfico de pessoas, em especial mulheres presente Protocolo, quando essas infrações forem de na-
e crianças, tureza transnacional e envolverem grupo criminoso orga-
Acordaram o seguinte: nizado, bem como à proteção das vítimas dessas infrações.

I. Disposições Gerais Artigo5


Artigo 1 Criminalização
Relação com a Convenção das Nações Unidas 1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas
contra o Crime Organizado Transnacional e outras que considere necessárias de forma a estabele-
1. O presente Protocolo completa a Convenção das cer como infrações penais os atos descritos no Artigo 3 do
Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e presente Protocolo, quando tenham sido praticados inten-
será interpretado em conjunto com a Convenção. cionalmente.

79
DIREITOS HUMANOS

2. Cada Estado Parte adotará igualmente as medidas Artigo 7


legislativas e outras que considere necessárias para esta- Estatuto das vítimas de tráfico de pessoas nos Es-
belecer como infrações penais: tados de acolhimento
a) Sem prejuízo dos conceitos fundamentais do seu
sistema jurídico, a tentativa de cometer uma infração esta- 1. Além de adotar as medidas em conformidade com
belecida em conformidade com o parágrafo 1 do presente o Artigo 6 do presente Protocolo, cada Estado Parte con-
Artigo; siderará a possibilidade de adotar medidas legislativas ou
b) A participação como cúmplice numa infração esta- outras medidas adequadas que permitam às vítimas de
belecida em conformidade com o parágrafo 1 do presente tráfico de pessoas permanecerem no seu território a título
Artigo; e temporário ou permanente, se for caso disso.
c) Organizar a prática de uma infração estabelecida em 2. Ao executar o disposto no parágrafo 1 do presente
conformidade com o parágrafo 1 do presente Artigo ou Artigo, cada Estado Parte terá devidamente em conta fato-
dar instruções a outras pessoas para que a pratiquem. res humanitários e pessoais.

II. Proteção de vítimas de tráfico de pessoas Artigo 8


Artigo 6 Repatriamento das vítimas de tráfico de pessoas
Assistência e proteção às vítimas de tráfico
de pessoas 1. O Estado Parte do qual a vítima de tráfico de pessoas
1. Nos casos em que se considere apropriado e na me- é nacional ou no qual a pessoa tinha direito de residência
dida em que seja permitido pelo seu direito interno, cada permanente, no momento de entrada no território do Esta-
Estado Parte protegerá a privacidade e a identidade das do Parte de acolhimento, facilitará e aceitará, sem demora
vítimas de tráfico de pessoas, incluindo, entre outras (ou indevida ou injustificada, o regresso dessa pessoa, tendo
inter alia), a confidencialidade dos procedimentos judiciais devidamente em conta a segurança da mesma.
relativos a esse tráfico. 2. Quando um Estado Parte retornar uma vítima de trá-
fico de pessoas a um Estado Parte do qual essa pessoa seja
2. Cada Estado Parte assegurará que o seu sistema jurí-
nacional ou no qual tinha direito de residência permanente
dico ou administrativo contenha medidas que forneçam às
no momento de entrada no território do Estado Parte de
vítimas de tráfico de pessoas, quando necessário:
acolhimento, esse regresso levará devidamente em conta
a) Informação sobre procedimentos judiciais e admi-
a segurança da pessoa bem como a situação de qualquer
nistrativos aplicáveis;
processo judicial relacionado ao fato de tal pessoa ser uma
b) Assistência para permitir que as suas opiniões e
vítima de tráfico, preferencialmente de forma voluntária.
preocupações sejam apresentadas e tomadas em conta em
3. A pedido do Estado Parte de acolhimento, um Es-
fases adequadas do processo penal instaurado contra os
tado Parte requerido verificará, sem demora indevida ou
autores das infrações, sem prejuízo dos direitos da defesa. injustificada, se uma vítima de tráfico de pessoas é sua na-
3. Cada Estado Parte terá em consideração a aplicação cional ou se tinha direito de residência permanente no seu
de medidas que permitam a recuperação física, psicoló- território no momento de entrada no território do Estado
gica e social das vítimas de tráfico de pessoas, incluin- Parte de acolhimento.
do, se for caso disso, em cooperação com organizações 4. De forma a facilitar o regresso de uma vítima de
não-governamentais, outras organizações competentes tráfico de pessoas que não possua os documentos devi-
e outros elementos de sociedade civil e, em especial, o dos, o Estado Parte do qual essa pessoa é nacional ou no
fornecimento de: qual tinha direito de residência permanente no momento
a) Alojamento adequado; de entrada no território do Estado Parte de acolhimento
b) Aconselhamento e informação, especialmente quan- aceitará emitir, a pedido do Estado Parte de acolhimento,
to aos direitos que a lei lhes reconhece, numa língua que os documentos de viagem ou outro tipo de autorização
compreendam; necessária que permita à pessoa viajar e ser readmitida no
c) Assistência médica, psicológica e material; e seu território.
d) Oportunidades de emprego, educação e formação. 5. O presente Artigo não prejudica os direitos reconhe-
4. Cada Estado Parte terá em conta, ao aplicar as dispo- cidos às vítimas de tráfico de pessoas por força de qualquer
sições do presente Artigo, a idade, o sexo e as necessidades disposição do direito interno do Estado Parte de acolhimento.
específicas das vítimas de tráfico de pessoas, designada- 6.O presente Artigo não prejudica qualquer acordo ou
mente as necessidades específicas das crianças, incluindo o compromisso bilateral ou multilateral aplicável que regule, no
alojamento, a educação e cuidados adequados. todo ou em parte, o regresso de vítimas de tráfico de pessoas.
5. Cada Estado Parte envidará esforços para garantir a
segurança física das vítimas de tráfico de pessoas enquanto III. Prevenção, cooperação e outras medidas
estas se encontrarem no seu território. Artigo 9
6. Cada Estado Parte assegurará que o seu sistema jurí- Prevenção do tráfico de pessoas
dico contenha medidas que ofereçam às vítimas de tráfico
de pessoas a possibilidade de obterem indenização pelos 1. Os Estados Partes estabelecerão políticas abrangen-
danos sofridos. tes, programas e outras medidas para:

80
DIREITOS HUMANOS

a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas; e 3. Um Estado Parte que receba informações respeitará
b) Proteger as vítimas de tráfico de pessoas, especial- qualquer pedido do Estado Parte que transmitiu essas in-
mente as mulheres e as crianças, de nova vitimação. formações, no sentido de restringir sua utilização.
2. Os Estados Partes envidarão esforços para tomarem
medidas tais como pesquisas, campanhas de informação e Artigo 11
de difusão através dos órgãos de comunicação, bem como Medidas nas fronteiras
iniciativas sociais e econômicas de forma a prevenir e com- 1. Sem prejuízo dos compromissos internacionais re-
bater o tráfico de pessoas. lativos à livre circulação de pessoas, os Estados Partes re-
3. As políticas, programas e outras medidas estabeleci- forçarão, na medida do possível, os controles fronteiriços
das em conformidade com o presente Artigo incluirão, se necessários para prevenir e detectar o tráfico de pessoas.
necessário, a cooperação com organizações não-governa- 2. Cada Estado Parte adotará medidas legislativas ou
mentais, outras organizações relevantes e outros elemen- outras medidas apropriadas para prevenir, na medida do
tos da sociedade civil. possível, a utilização de meios de transporte explorados
4. Os Estados Partes tomarão ou reforçarão as medi- por transportadores comerciais na prática de infrações es-
das, inclusive mediante a cooperação bilateral ou multilate- tabelecidas em conformidade com o Artigo 5 do presente
ral, para reduzir os fatores como a pobreza, o subdesenvol- Protocolo.
vimento e a desigualdade de oportunidades que tornam as 3. Quando se considere apropriado, e sem prejuízo das
pessoas, especialmente as mulheres e as crianças, vulnerá- convenções internacionais aplicáveis, tais medidas inclui-
veis ao tráfico. rão o estabelecimento da obrigação para os transportado-
5. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão as medi- res comerciais, incluindo qualquer empresa de transporte,
das legislativas ou outras, tais como medidas educacionais, proprietário ou operador de qualquer meio de transporte,
sociais ou culturais, inclusive mediante a cooperação bila- de certificar-se de que todos os passageiros sejam porta-
teral ou multilateral, a fim de desencorajar a procura que dores dos documentos de viagem exigidos para a entrada
fomenta todo o tipo de exploração de pessoas, especial- no Estado de acolhimento.
mente de mulheres e crianças, conducentes ao tráfico. 4. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias,
em conformidade com o seu direito interno, para aplicar
Artigo 10 sanções em caso de descumprimento da obrigação cons-
Intercâmbio de informações e formação tante do parágrafo 3 do presente Artigo.
1. As autoridades competentes para a aplicação da lei, 5. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de to-
os serviços de imigração ou outros serviços competentes mar medidas que permitam, em conformidade com o direi-
dos Estados Partes, cooperarão entre si, na medida do pos- to interno, recusar a entrada ou anular os vistos de pessoas
sível, mediante troca de informações em conformidade envolvidas na prática de infrações estabelecidas em con-
com o respectivo direito interno, com vistas a determinar: formidade com o presente Protocolo.
a) Se as pessoas que atravessam ou tentam atravessar 6. Sem prejuízo do disposto no Artigo 27 da Conven-
uma fronteira internacional com documentos de viagem ção, os Estados Partes procurarão intensificar a cooperação
pertencentes a terceiros ou sem documentos de viagem entre os serviços de controle de fronteiras, mediante, entre
são autores ou vítimas de tráfico de pessoas; outros, o estabelecimento e a manutenção de canais de
b) Os tipos de documentos de viagem que as pessoas comunicação diretos.
têm utilizado ou tentado utilizar para atravessar uma fron-
teira internacional com o objetivo de tráfico de pessoas; e Artigo 12
c) Os meios e métodos utilizados por grupos crimino- Segurança e controle dos documentos
sos organizados com o objetivo de tráfico de pessoas, in- Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias, de
cluindo o recrutamento e o transporte de vítimas, os itine- acordo com os meios disponíveis para:
rários e as ligações entre as pessoas e os grupos envolvidos a) Assegurar a qualidade dos documentos de viagem
no referido tráfico, bem como as medidas adequadas à sua ou de identidade que emitir, para que não sejam indevida-
detecção. mente utilizados nem facilmente falsificados ou modifica-
2. Os Estados Partes assegurarão ou reforçarão a for- dos, reproduzidos ou emitidos de forma ilícita; e
mação dos agentes dos serviços competentes para a apli- b) Assegurar a integridade e a segurança dos documen-
cação da lei, dos serviços de imigração ou de outros ser- tos de viagem ou de identidade por si ou em seu nome emi-
viços competentes na prevenção do tráfico de pessoas. A tidos e impedir a sua criação, emissão e utilização ilícitas.
formação deve incidir sobre os métodos utilizados na pre-
venção do referido tráfico, na ação penal contra os trafi- Artigo 13
cantes e na proteção das vítimas, inclusive protegendo-as Legitimidade e validade dos documentos
dos traficantes. A formação deverá também ter em conta a A pedido de outro Estado Parte, um Estado Parte verifi-
necessidade de considerar os direitos humanos e os pro- cará, em conformidade com o seu direito interno e dentro
blemas específicos das mulheres e das crianças bem como de um prazo razoável, a legitimidade e validade dos docu-
encorajar a cooperação com organizações não-governa- mentos de viagem ou de identidade emitidos ou suposta-
mentais, outras organizações relevantes e outros elemen- mente emitidos em seu nome e de que se suspeita terem
tos da sociedade civil. sido utilizados para o tráfico de pessoas.

81
DIREITOS HUMANOS

IV. Disposições finais 3. O presente Protocolo está sujeito a ratificação, acei-


Artigo 14 tação ou aprovação. Os instrumentos de ratificação, de
Cláusula de salvaguarda aceitação ou de aprovação serão depositados junto ao Se-
1. Nenhuma disposição do presente Protocolo pre- cretário-Geral da Organização das Nações Unidas. Uma or-
judicará os direitos, obrigações e responsabilidades dos ganização regional de integração econômica pode depo-
Estados e das pessoas por força do direito internacional, sitar o seu instrumento de ratificação, de aceitação ou de
incluindo o direito internacional humanitário e o direito in- aprovação se pelo menos um dos seus Estados membros
ternacional relativo aos direitos humanos e, especificamen- o tiver feito. Nesse instrumento de ratificação, de aceita-
te, na medida em que sejam aplicáveis, a Convenção de ção e de aprovação essa organização declarará o âmbito
1951 e o Protocolo de 1967 relativos ao Estatuto dos Refu- da sua competência relativamente às matérias reguladas
giados e ao princípio do non-refoulement neles enunciado. pelo presente Protocolo. Informará igualmente o deposi-
2. As medidas constantes do presente Protocolo se- tário de qualquer modificação relevante do âmbito da sua
rão interpretadas e aplicadas de forma a que as pessoas competência.
que foram vítimas de tráfico não sejam discriminadas. A 4. O presente Protocolo está aberto à adesão de qual-
interpretação e aplicação das referidas medidas estarão em quer Estado ou de qualquer organização regional de inte-
conformidade com os princípios de não-discriminação in- gração econômica da qual pelo menos um Estado membro
ternacionalmente reconhecidos. seja Parte do presente Protocolo. Os instrumentos de ade-
são serão depositados junto do Secretário-Geral das Na-
Artigo 15 ções Unidas. No momento da sua adesão, uma organiza-
Solução de controvérsias ção regional de integração econômica declarará o âmbito
1. Os Estados Partes envidarão esforços para resolver da sua competência relativamente às matérias reguladas
as controvérsias relativas à interpretação ou aplicação do pelo presente Protocolo. Informará igualmente o deposi-
presente Protocolo por negociação direta. tário de qualquer modificação relevante do âmbito da sua
2. As controvérsias entre dois ou mais Estados Partes competência.
com respeito à aplicação ou à interpretação do presente
Protocolo que não possam ser resolvidas por negociação,
Artigo 17
dentro de um prazo razoável, serão submetidas, a pedido
Entrada em vigor
de um desses Estados Partes, a arbitragem. Se, no prazo de
1. O presente Protocolo entrará em vigor no nonagé-
seis meses após a data do pedido de arbitragem, esses Es-
simo dia seguinte à data do depósito do quadragésimo
tados Partes não chegarem a um acordo sobre a organiza-
instrumento de ratificação, de aceitação, de aprovação ou
ção da arbitragem, qualquer desses Estados Partes poderá
de adesão mas não antes da entrada em vigor da Conven-
submeter o diferendo ao Tribunal Internacional de Justiça
ção. Para efeitos do presente número, nenhum instrumen-
mediante requerimento, em conformidade com o Estatuto
to depositado por uma organização regional de integração
do Tribunal.
3. Cada Estado Parte pode, no momento da assinatura, econômica será somado aos instrumentos depositados por
da ratificação, da aceitação ou da aprovação do presente Estados membros dessa organização.
Protocolo ou da adesão ao mesmo, declarar que não se 2. Para cada Estado ou organização regional de inte-
considera vinculado ao parágrafo 2 do presente Artigo. Os gração econômica que ratifique, aceite, aprove ou adira
demais Estados Partes não ficarão vinculados ao parágrafo ao presente Protocolo após o depósito do quadragésimo
2 do presente Artigo em relação a qualquer outro Estado instrumento pertinente, o presente Protocolo entrará em
Parte que tenha feito essa reserva. vigor no trigésimo dia seguinte à data de depósito des-
4. Qualquer Estado Parte que tenha feito uma reserva se instrumento por parte do Estado ou organização ou na
em conformidade com o parágrafo 3 do presente Artigo data de entrada em vigor do presente Protocolo, em con-
pode, a qualquer momento, retirar essa reserva através de formidade com o parágrafo 1 do presente Artigo, se esta
notificação ao Secretário-Geral das Nações Unidas. for posterior.

Artigo 16 Artigo 18
Assinatura, ratificação, aceitação, aprovação e Emendas
adesão 1. Cinco anos após a entrada em vigor do presente
1. O presente Protocolo será aberto à assinatura de to- Protocolo, um Estado Parte no Protocolo pode propor
dos os Estados de 12 a 15 de Dezembro de 2000 em Paler- emenda e depositar o texto junto do Secretário-Geral das
mo, Itália, e, em seguida, na sede da Organização das Na- Nações Unidas, que em seguida comunicará a proposta
ções Unidas em Nova Iorque até 12 de Dezembro de 2002. de emenda aos Estados Partes e à Conferência das Partes
2. O presente Protocolo será igualmente aberto à assi- na Convenção para analisar a proposta e tomar uma de-
natura de organizações regionais de integração econômica cisão. Os Estados Partes no presente Protocolo reunidos
na condição de que pelo menos um Estado membro dessa na Conferência das Partes farão todos os esforços para
organização tenha assinado o presente Protocolo em con- chegar a um consenso sobre qualquer emenda. Se todos
formidade com o parágrafo 1 do presente Artigo. os esforços para chegar a um consenso forem esgotados

82
DIREITOS HUMANOS

e não se chegar a um acordo, será necessário, em último


caso, para que a alteração seja aprovada, uma maioria de CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E
dois terços dos Estados Partes no presente Protocolo, que OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS,
estejam presentes e expressem o seu voto na Conferência DESUMANOS OU DEGRADANTES
das Partes.
2. As organizações regionais de integração econômica,
em matérias da sua competência, exercerão o seu direito
de voto nos termos do presente Artigo com um número de Os Estados Membros na presente Convenção,
votos igual ao número dos seus Estados membros que se- Considerando que , de acordo com os princípios pro-
jam Partes no presente Protocolo. Essas organizações não clamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento
exercerão seu direito de voto se seus Estados membros dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da
exercerem o seu e vice-versa. família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e
3. Uma emenda adotada em conformidade com o pa- da paz no mundo.
rágrafo 1 do presente Artigo estará sujeita a ratificação, Reconhecendo que esses direitos emanam da dignida-
aceitação ou aprovação dos Estados Partes. de inerente à pessoa humana.
4. Uma emenda adotada em conformidade com o Considerando a obrigação que incumbe aos Estados,
parágrafo 1 do presente Protocolo entrará em vigor para em virtude da Carta, em particular do “artigo 55”, de pro-
um Estado Parte noventa dias após a data do depósito do mover o respeito universal e a observância dos direitos hu-
instrumento de ratificação, de aceitação ou de aprovação manos e das liberdades fundamentais.
da referida emenda junto ao Secretário-Geral das Nações Levando em conta o “artigo 5º” da Declaração Univer-
Unidas. sal dos Direitos do Homem e o “artigo 7º” do Pacto Inter-
5. A entrada em vigor de uma emenda vincula as Par- nacional sobre Direitos Civis e Políticos, que determinam
tes que manifestaram o seu consentimento em obrigar-se que ninguém será sujeito a tortura ou a pena ou tratamen-
por essa alteração. Os outros Estados Partes permanecerão to cruel, desumano ou degradante.
vinculados pelas disposições do presente Protocolo, bem Levando também em conta a Declaração sobre a
como por qualquer alteração anterior que tenham ratifica- Proteção de Todas as Pessoas Contra a Tortura e Outros
do, aceito ou aprovado. Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes, aprovada pela Assembleia Geral em 9 de dezembro
Artigo 19 de 1975.
Denúncia Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e
1. Um Estado Parte pode denunciar o presente Proto- outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degra-
colo mediante notificação por escrito dirigida ao Secretá- dantes em todo o mundo.
rio-Geral das Nações Unidas. A denúncia tornar-se-á efe- Acordam o seguinte:
tiva um ano após a data de recepção da notificação pelo
Secretário-Geral. PARTE I
2. Uma organização regional de integração econômica  
deixará de ser Parte no presente Protocolo quando todos Artigo 1º
os seus Estados membros o tiverem denunciado.   Para fins da presente Convenção, o termo «tortura»
designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agu-
Artigo 20 dos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a
Depositário e idiomas uma pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, in-
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas é o depositá- formações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou
rio do presente Protocolo. terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de Ter co-
2. O original do presente Protocolo, cujos textos em metido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pes-
árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igual- soas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
mente autênticos, será depositado junto ao Secretário-Ge- de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos
ral das Nações Unidas. são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa
no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- com o seu consentimento ou aquiescência. Não se consi-
2006/2004/decreto/d5015.htm // http://www.planalto.gov. derará como tortura as dores ou sofrimentos que sejam
br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5017.htm) consequência unicamente de sanções legítimas, ou que se-
jam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
O presente artigo não será interpretado de maneira a
restringir qualquer instrumento internacional ou legislação
nacional que contenha ou possa conter dispositivos de al-
cance mais amplo.
 

83
DIREITOS HUMANOS

Artigo 2º §2. O Estado em questão procederá imediatamente a


§1. Cada Estado tomará medidas eficazes de caráter uma investigação preliminar dos fatos.
legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, a §3. Qualquer pessoa detida de acordo com o  «§1º»
fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer terá asseguradas facilidades para comunicar-se imediata-
território sob sua jurisdição. mente com o representante mais próximo do Estado de
§2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias que é nacional ou, se for apátrida, com o representante de
excepcionais, como ameaça ou estado de guerra, instabili- sua residência habitual.
dade política interna ou qualquer outra emergência públi- §4. Quando o Estado, em virtude deste artigo, houver
ca, como justificação para a tortura.
detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados
 
mencionados no «§1,artigo 5º»,  sobre tal detenção e sobre
Artigo 3º
§1. Nenhum Estado Membros procederá à expulsão, as circunstâncias que a justificam. O Estado que proceder à
devolução ou extradição de uma pessoa para outro Estado, investigação preliminar, a que se refere o «§ 2 do presente
quando houver razões substanciais para crer que a mesma artigo», comunicará sem demora os resultados aos Estados
corre perigo de ali ser submetida a tortura. antes mencionados e indicará se pretende exercer sua ju-
§2. A fim de determinar a existência de tais razões, as risdição.
autoridades competentes levarão em conta todas as con-  
siderações pertinentes, inclusive, se for o caso, a existência, Artigo 7º
no Estado em questão, de um quadro de violações siste- §1. O Estado Membro no território sob a jurisdição do
máticas, graves e maciças de direitos humanos. qual o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados
  no «artigo 4º» for encontrado, se não o extraditar, obrigar-
Artigo 4º -se-á, nos caos contemplados no «artigo 5º», a submeter o
§1. Cada Estado Membro assegurará que todos os atos caso às suas autoridades competentes para o fim de ser o
de tortura sejam considerados crimes segundo a sua legis- mesmo processado.
lação penal. O mesmo aplicar-se-á à tentativa de tortura e §2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de
a todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer cri-
ou participação na tortura. me de natureza grave, conforme a legislação do referido
§2. Cada Estado Membro punirá esses crimes com pe-
Estado. Nos casos previstos no «§2 do artigo 5º», as regras
nas adequadas que levem em conta a sua gravidade.
sobre prova para fins de processo e condenação não pode-
 
rão de modo algum ser menos rigorosas do que as que se
Artigo 5º
§1. Cada Estado Membro tomará as medidas necessá- aplicarem aos casos previstos no «§1 do artigo 5º».
rias para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes previs- §3. Qualquer pessoa processada por qualquer dos cri-
tos no «artigo 4º», nos seguintes casos: mes previstos no «artigo 4º» receberá garantias de trata-
a) Quando os crimes tenham sido cometidos em qual- mento justo em todas as fases do processo.
quer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou  
aeronave registrada no Estado em questão. Artigo 8º
b) Quando o suposto autor for nacional do Estado em §1. Os crimes que se refere o «artigo 4º» serão consi-
questão. derados como extraditáveis em qualquer tratado de extra-
c) Quando a vítima for nacional do Estado em questão dição existente entre os Estados partes. Os Estados partes
e este o considerar apropriado. obrigar-se-ão a incluir tais crimes como extraditáveis em
§2. Cada Estado Membro tomará também as medidas todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.
necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre tais cri- §2. Se um Estado Membro que condiciona a extradição
mes, nos casos em que o suposto autor se encontre em à existência do tratado receber um pedido de extradição
qualquer território sob sua jurisdição e o Estado não o ex- por parte de outro Estado Membro com o qual não man-
tradite, de acordo com o «artigo 8º», para qualquer dos tém tratado de extradição, poderá considerar a presente
Estados mencionados no  «§1 do presente artigo».
Convenção como base legal para a extradição com respeito
§3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição cri-
a tais crimes. A extradição sujeitar-se-á às outras condições
minal exercida de acordo com o direito interno.
estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.
 
Artigo 6º §3. Os Estados Membros que não condicionam a ex-
§1. Todo Estado Membro em cujo território se encontre tradição à existência de um tratado reconhecerão, entre si,
uma pessoa suspeita de Ter cometido qualquer dos crimes tais crimes como extraditáveis, dentro das condições esta-
mencionados no «artigo 4º», se considerar, após o exame belecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.
das informações de que dispõe, que as circunstâncias o §4. O crime será considerado, para o fim de extradição
justificam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará entre os Estados Membros, como se tivesse ocorrido não
outras medidas legais para assegurar sua presença. A de- apenas no lugar em que ocorreu mas também nos territó-
tenção e outras medidas legais serão tomadas de acordo rios dos Estados chamados a estabelecerem, sua jurisdição
com a lei do Estado, mas vigorarão apenas pelo tempo ne- de acordo com o «§1 do artigo 5º».
cessário ao início do processo penal ou de extradição.  

84
DIREITOS HUMANOS

Artigo 9º §2. O disposto no presente artigo não afetará qualquer


§1. Os Estados Membros prestarão entre si a maior as- direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam
sistência possível, em relação aos procedimentos criminais ter em decorrência das leis nacionais.
instaurados relativamente a qualquer dos delitos men-  
cionados no «artigo 4º», inclusive no que diz respeito ao Artigo 15
fornecimento de todos os elementos de prova necessários Cada Estado Membro assegurará que nenhuma decla-
para o processo que estejam em seu poder. ração que se demonstre ter sido prestada como resultado
2. Os Estados Membros cumprirão as obrigações decor- de tortura possa ser invocada como prova em qualquer
rentes do “§1 do presente artigo”, conforme quaisquer tra- processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura
tados de assistência judiciária recíproca existentes entre si. como prova de que a declaração foi prestada.
   
Artigo 10º Artigo 16
§1. Cada Estado Membro assegurará que o ensino e a §1. Cada Estado Membro se comprometerá a proibir,
informação sobre a proibição da tortura sejam plenamen- em qualquer território sob a sua jurisdição, outros atos que
te incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar constituam tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos degradantes que não constituam tortura tal como defini-
funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que da no «artigo 1º», quando tais atos forem cometidos por
possam participar da custódia, interrogatório ou tratamen- funcionário público ou outra pessoa no exercício de fun-
to de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de pri- ções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consen-
são, detenção ou reclusão. timento ou aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as
§2. Cada Estado Membro incluirá a referida proibição obrigações mencionadas nos «artigos 10, 11, 12 e 13», com
nas normas ou instruções relativas aos deveres e funções a substituição das referências a outras formas de tratamen-
de tais pessoas. tos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
  §2. Os dispositivos da presente Convenção não serão
interpretados de maneira a restringir os dispositivos de
Artigo 11
qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional
Cada Estado Membro manterá sistematicamente sob
que proíba os tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
exame as normas, instruções, métodos e práticas de inter-
degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão.
rogatório, bem como as disposições sobre a custódia e o
 
tratamento das pessoas submetidas, em qualquer território
PARTE II
sob a sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção
 
ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura.
Artigo 17
 
§1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortura (do-
Artigo 12º
ravante denominada o «Comitê»), que desempenhará as
Cada Estado Membro assegurará que suas autoridades funções descritas adiante. O Comitê será composto por dez
competentes procederão imediatamente a uma investiga- peritos de elevada reputação moral e reconhecida compe-
ção imparcial, sempre que houver motivos razoáveis para tência em matéria de direitos humanos, os quais exercerão
crer que um ato de tortura sido cometido em qualquer ter- suas funções a título pessoal. Os peritos serão eleitos pe-
ritório sob sua jurisdição. los Estados Membros, levando em conta uma distribuição
  geográfica equitativa e a utilidade da participação de algu-
Artigo 13º mas pessoas com experiência jurídica.
Cada Estado Membro assegurará, a qualquer pessoa §2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação
que alegue ter sido submetida a tortura em qualquer ter- secreta, dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Es-
ritório sob sua jurisdição, o direito de apresentar queixa tados Membros. Cada Estado Membro pode indicar uma
perante as autoridades competentes do referido Estado, pessoa dentre os seus nacionais. Os Estados Membros te-
que procederão imediatamente e com imparcialidade ao rão presente a utilidade da indicação de pessoas que sejam
exame do seu caso. Serão tomadas medidas para assegurar também membros do Comitê de Direitos Humanos, esta-
a proteção dos queixosos e das testemunhas contra qual- belecido de acordo com o Pacto Internacional dos Direitos
quer mau tratamento ou intimidação, em consequência da Civis e Políticos, e que estejam dispostas a servir no Comitê
queixa apresentada ou do depoimento prestado. contra a Tortura.
  §3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões
Artigo 14 bienais dos Estados Membros convocados pelo Secretário
§1. Cada Estado Membros assegurará em seu sistema Geral das Nações Unidas. Nestas reuniões, nas quais o quo-
jurídico, à vítima de um ato de tortura, o direito à repara- rum será estabelecido por dois terços dos Estados Mem-
ção e a à indenização justa e adequada, incluídos os meios bros, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que
necessários para a mais completa reabilitação possível. Em obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta
caso de morte da vítima como resultado de um ato de tor- dos votos representantes dos Estados Membros presentes
tura, seus dependentes terão direito a indenização. e votantes.

85
DIREITOS HUMANOS

§4. A primeira eleição se realizará no máximo seis me- Artigo 19


ses após a data da entrada em vigor da presente Conven- §1. Os Estados Membros submeterão ao Comitê, por
ção. Ao menos quatro meses antes da data de cada elei- intermédio do Secretário Geral das Nações Unidas, relató-
ção, o Secretário Geral da Organização das Nações Unidas rios sobre as medidas por eles adotadas no cumprimento
enviará uma carta aos Estados Membros, para convidá-los das obrigações assumidas, em virtude da presente Con-
a apresentar suas candidaturas, no prazo de três meses. O venção, no Estado Membro interessado. A partir de então,
Secretário Geral da Organização das Nações Unidas orga- os Estados Membros deverão apresentar relatórios suple-
nizará uma lista por ordem alfabética de todos os candida- mentares a cada quatro anos, sobre todas as novas dispo-
tos assim designados, com indicações dos Estados Mem- sições que houverem adotado, bem como outros relatórios
bros que os tiverem designado, e a comunicará aos Estados que o Comitê vier a solicitar.
Membros. §2. O Secretário Geral das Nações Unidas transmitirá os
§5. Os membros do Comitê serão eleitos para um man- relatórios a todos os Estados Membros.
dato de quatro anos. Poderão, caso suas candidatura se- §3. Cada relatório será examinado pelo Comitê, que
jam apresentadas novamente, ser reeleitos. Entretanto, o poderá fazer os comentários gerais que julgar oportunos e
mandato de cinco dos membros eleitos na primeira eleição os transmitirá ao Estado Membro interessado. Este poderá,
expirará ao final de dois anos; imediatamente após a pri- em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observa-
meira eleição, o presidente da reunião a que se refere o «§3 ções que deseje formular.
do presente artigo» indicará, por sorteio, os nomes desses §4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão
cinco membros. de incluir qualquer comentário que houver feito, de acor-
§6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demi- do com o que estipula o «§3 do presente artigo», junto
tir-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não com as observações conexas recebidas do Estado Mem-
puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Estado bro interessado, em seu relatório anual que apresentará,
Membro que apresentou sua candidatura indicará, entre em conformidade com o «artigo 24››. Se assim o cogitar
seus nacionais, outro perito para cumprir o restante de seu o Estado Membros interessado, o Comitê poderá também
mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à
incluir cópia do relatório apresentado, em virtude do «§1º
aprovação, a menos que a metade ou mais dos Estados
do presente artigo».
Membros venham a responder negativamente dentro de
 
um prazo de seis semanas, a contar do momento em que o
Artigo 20
Secretário Geral das Nações Unidas lhes houver comunica-
§1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fi-
do a candidatura proposta.
dedignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamenta-
§7. Correrão por conta dos Estados Membros as des-
da, que a tortura é praticada sistematicamente no território
pesas em que vierem a incorrer os membros do Comitê no
de um Estado Membro, convidará o Estado Membro em
desempenho de suas funções no referido órgão.
  questão a cooperar no exame das informações e, nesse
Artigo 18 sentido, a transmitir ao Comitê as observações que julgar
§1. O Comitê elegerá sua Mesa para um período de pertinentes.
dois anos. Os membros da Mesa poderão ser reeleitos. §2. Levando em consideração todas as observações
§2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de pro- que houver apresentado o Estado Membro interessado,
cedimento: estas, contudo deverão conter, entre outras, as bem como quaisquer outras informações pertinentes de
seguintes disposições: que dispuser, o Comitê poderá, se lhe parecer justificável,
a) O quorum será de seis membros designar um ou vários de seus membros para que proce-
b) As decisões do Comitê serão tomadas por maioria dam a uma investigação confidencial e informem urgente-
dos votos dos membros presentes. mente o Comitê.
§3. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni- §3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos
das colocará à disposição do Comitê o pessoal e os servi- do  «§2º do presente artigo», o Comitê procurará obter a
ços necessários ao desempenho eficaz das funções que lhe colaboração do Estado Membro interessado. Com a con-
são atribuídas em virtude da presente Convenção. cordância do Estado Membro em questão, a investigação
§4.O Secretário Geral da Organização das Nações Uni- poderá incluir uma visita ao seu território.
das convocará a primeira reunião do Comitê. Após a pri- §4. Depois de haver examinado as conclusões apresen-
meira reunião, o Comitê deverá reunir-se em todas as oca- tadas por um ou vários de seus membros, nos termos do
siões previstas em suas regras de procedimento. «§2º do presente artigo» , o Comitê as transmitirá ao Es-
§5. Os Estados Membros serão responsáveis pelos tado Membro interessado, junto com as observações ou
gastos vinculados à realização das reuniões dos Estados sugestões que considerar pertinentes, em vista da situação.
Membros e do Comitê, inclusive o reembolso de quaisquer §5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referên-
gastos, tais como os de pessoal e de serviços, em que in- cia nos «§1 ao §4 do presente artigo» serão confidenciais e,
correrem as Nações Unidas, em conformidade com o «§3 em todas as etapas dos referidos trabalhos, procurar-se-á
do presente artigo». obter a cooperação do Estado Membro. Quando estiverem
concluídos os trabalhos relacionados com uma investi-
  gação realizada de acordo com o «§2», o Comitê poderá,

86
DIREITOS HUMANOS

após celebrar consultas com o Estado Membro interessa- f) Em todas as questões que se lhe submetam em
do, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados virtude do presente artigo, o Comitê poderá solicitar aos
da investigação em seu relatório anual, que apresentará em Estados Membros interessados, a que se faz referência na
conformidade com o «artigo 24». alínea “a”, que lhe forneçam quaisquer informações perti-
Artigo 21 nentes.
§1. Com base no presente artigo, todo Estado Mem- g) Os Estados Membros interessados, a que se faz re-
bro na presente Convenção poderá declarar, a qualquer ferência na alínea “b”, terão o direito de fazer-se represen-
momento, que reconhece a competência do Comitê para tar quando as questões forem examinadas no Comitê e de
receber e examinar as comunicações em que um Estado apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito.
Membro alegue que outro Estado Membro não vem cum- h) O Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data
prindo as obrigações que lhe impõe a Convenção. As refe- do recebimento da notificação mencionada na alínea “b”,
ridas comunicações só serão recebidas e examinadas nos apresentará relatório em que:
termos do presente artigo, no caso de serem apresentadas I. Se houver sido alcançada uma solução nos termos da
por um Estado Membro que houver feito uma declaração alínea “e”, o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma
em que reconheça, com relação a si próprio, a competência breve exposição dos fatos e a de solução alcançada
do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma II. Se não houver sido alcançada solução alguma nos
relativa a um Estado Membro que não houver feito uma termos da alínea “c”, o Comitê restringir-se-á, em seu re-
declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em latório, a uma breve exposição dos fatos, serão anexados
virtude do presente artigo estarão sujeitas ao procedimen- ao relatório o texto das observações escritas e das atas das
to que segue: observações orais apresentadas pelos Estados Membros
a) Se um Estado Membro considerar que outro Estado interessados. Para cada questão, o relatório será encami-
Membro não vem cumprindo as disposições da presente nhado aos Estados Membros interessados.
Convenção poderá, mediante comunicação escrita, levar §2. As disposições do presente artigo entrarão em vi-
a questão a conhecimento deste Estado Membro. Dentro gor a partir do momento em que cinco Estados Membros
no presente Pacto houverem feito as declarações mencio-
do prazo de três meses, a contar da data de recebimento
nadas no «§1 deste artigo». As referidas declarações serão
da comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado
depositadas pelos Estados Membros junto ao Secretário
que enviou a comunicação explicações e quaisquer outras
Geral da Organização das Nações Unidas, que enviará có-
declarações por escrito que esclareçam a questão as quais
pia das mesmas aos demais Estados Membros. Toda de-
deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinen-
claração poderá ser retira, a qualquer momento, mediante
te, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos
notificação endereçada ao Secretário Geral. Far-se-á essa
adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão.
retira sem prejuízo do exame de quaisquer questões que
b) Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data
constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos
do recebimento da comunicação original pelo Estado des- termos deste artigo, em virtude do presente artigo, não se
tinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoriamente receberá qualquer nova comunicação de um Estado Mem-
para amos os Estados Membros interessados, tanto um bro, uma vez que o Secretário Geral haja recebido a noti-
como o outro terão o direito de submetê-lo ao Comitê, ficação sobre a retirada da declaração, a menos que o Es-
mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro tado Membro interessado haja feito uma nova declaração.
Estado interessado.  
c) O Comitê tratará de todas as questões que se lhe Artigo 22
submetam em virtude do presente artigo, somente após §1. Todo Estado Membro na presente Convenção po-
Ter-se assegurado de que todos os recursos internos dis- derá declarar, em virtude do presente artigo, a qualquer
poníveis tenham sido utilizados e esgotados, em confor- momento, que reconhece a competência do Comitê para
midade com os princípios do Direito Internacional geral- receber e examinar as comunicações enviadas por pessoas
mente reconhecidos. Não se aplicará essa regra quando a sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser
aplicação dos mencionados recursos se prolongar injusti- vítimas de violação, por um Estado Membro, das disposi-
ficadamente ou quando não for provável que a aplicação ções da Convenção. O Comitê não receberá comunicação
de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da alguma relativa a um Estado Membro que não houver feito
pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção. declaração dessa natureza.
d) O Comitê realizará reuniões confidenciais quando §2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comu-
estiver examinando as comunicações previstas no presente nicação recebida em conformidade com o presente artigo
artigo que já anônima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do di-
e) Sem prejuízo das disposições da alínea “c”, o Co- reito de apresentar as referidas comunicações, ou que seja
mitê colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados incompatível com as disposições da presente Convenção.
Membros interessados no intuito de alcançar uma solução §3. Sem prejuízo do disposto no «§2», o Comitê leva-
amistosa para a questão, baseada no respeito às obriga- rá todas as comunicações apresentadas, em conformida-
ções estabelecidas na presente Convenção. Com vistas a de com este artigo, ao conhecimento do Estado Membro
atingir estes objetivos, o Comitê poderá constituir, se julgar na presente Convenção que houver feito uma declaração
conveniente, uma comissão de conciliação ad hoc. nos termos do «§1» e sobre o qual se alegue ter violado

87
DIREITOS HUMANOS

qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis me- PARTE III


ses seguintes, o Estado destinatário submeterá ao Comitê  
as explicações ou declarações por escrito que elucidem a Artigo 25
questão e, se for o caso, que indiquem o recurso jurídico §1. A presente Convenção está aberta à assinatura de
adotado pelo Estado em questão. todos os Estados.
§4. O Comitê examinará as comunicações recebidas §2. A presente Convenção está sujeita à ratificação. Os
em conformidade com o presente artigo, à luz de todas as instrumentos de ratificação serão depositados junto ao Se-
informações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou cretário Geral da Organização das Nações Unidas.
em nome dela, e pelo Estado Membros interessado.  
§5. O Comitê não examinará comunicação alguma de Artigo 26
uma pessoa, nos termos do presente artigo, sem que haja A presente Convenção está aberta à adesão de todos
assegurado que: os Estados. Far-se-á a adesão mediante depósito do ins-
a) A mesma questão não foi, nem está sendo, exami- trumento de adesão junto ao Secretário Geral das Nações
nada perante outra instância internacional de investigação Unidas.
ou solução.  
b) A pessoa em questão esgotou todos os recursos Artigo 27
jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra §1. A presente Convenção entrará em vigor no trigé-
quando a aplicação dos mencionados recursos se prolon- simo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento
gar injustificadamente, ou, quando não for provável que a de ratificação ou adesão houver sido depositado junto ao
aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a Secretário Geral das Nações Unidas.
situação da pessoa que seja vítima de violação da presente §2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente
Convenção. Convenção ou a ela aderirem após o depósito do vigésimo
§6.O Comitê realizará reuniões confidenciais quando instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará
estiver examinando as comunicações previstas no presente em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o Es-
artigo. tado em questão houver depositado seu instrumento de
ratificação ou adesão.
§7. O Comitê comunicará seu parecer ao Estado Mem-
 
bro e à pessoa em questão.
Artigo 28
§8. As disposições do presente artigo entrarão em vi-
§1. Cada Estado Membros poderá declarar, por ocasião
gor a partir do momento em que cinco Estados Membros
da assinatura ou ratificação da presente Convenção ou da
na presente Convenção houverem feito as declarações
adesão a ela, que não reconhece a competência do Comitê
mencionadas no «§1 deste artigo». As referidas declara-
quanto ao disposto no «artigo 20».
ções serão depositadas pelos Estados Membros junto ao §2. Todo Estado Membro na presente Convenção que
Secretário Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das houver formulado reserva em conformidade com o «§1 do
mesmas aos demais Estados Membros. Toda declaração presente artigo», poderá a qualquer momento tornar sem
poderá ser retirada, a qualquer momento, mediante noti- efeito essa reserva, mediante notificação endereçada ao
ficação endereçada ao Secretário Geral. Far-se-á essa re- Secretário Geral das Nações Unidas.
tirada sem prejuízo do exame de quaisquer questões que  
constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos Artigo 29
termos deste artigo; em virtude do presente artigo, não se §1. Todo Estado Membro na presente Convenção po-
receberá qualquer nova comunicação de uma pessoa, ou derá propor emendas e depositá-las junto ao Secretário
em nome dela, uma vez que o Secretário Geral haja rece- Geral da Organização das Nações Unidas. O Secretário Ge-
bido a notificação sobre a retirada da declaração, a menos ral comunicará todas as propostas de emendas aos Esta-
que o Estado Membros interessado haja feito uma nova dos Membros, pedindo-lhes que o notifiquem se desejam
declaração. que se convoque uma conferência dos Estados Membros
  destinada a examinar as propostas e submetê-las a vota-
Artigo 23 ção. Dentro dos quatro meses seguintes à data da refe-
Os membros do Comitê e os membros das comissões rida comunicação, se pelo menos um terço dos Estados
de conciliação ad hoc designados nos termos da alínea “e” Membros se manifestar a favor da referida convocação, o
do “§1 do artigo 21” terão direito às facilidades, privilégios Secretário Geral convocará a conferência sob os auspícios
e imunidades que se concedem aos peritos no desempe- da Organização das Nações Unidas. Toda emenda adotada
nho de missões para a Organização das Nações Unidas, em pela maioria dos Estados Membros presentes e votantes na
conformidade com as seções pertinentes da Convenção conferência será submetida pelo Secretário Geral à aceita-
sobre Privilégios e Imunidade das Nações Unidas. ção de todos os Estados Membros.
  §2. Toda emenda adotada nos termos da disposição do
Artigo 24 «§º do presente artigo» entrará em vigor assim que dois
O Comitê apresentará em virtude da presente Conven- terços dos Estados Membros na presente Convenção hou-
ção, um relatório anual sobre as suas atividades aos Esta- verem notificado o Secretário Geral das Nações Unidas de
dos Membros e a Assembleia Geral das Nações Unidas. que a aceitaram, em conformidade com seus respectivos
  procedimentos constitucionais.

88
DIREITOS HUMANOS

§3. Quando entrarem em vigor, as emendas serão obri- Artigo 33


gatórias para os Estados Membros que as aceitaram, ao §1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chi-
passo que os demais Estados Membros permanecem obri- nês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente au-
gados pelas disposições da Convenção e pelas emendas tênticos, será depositada junto ao Secretário Geral das Na-
anteriores por eles aceitas. ções Unidas.
  §2. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
Artigo 30 das encaminhará cópias autenticadas da presente Conven-
§1. As controvérsias entre dois ou mais Estados Mem- ção a todos os Estados.
bros, com relação à interpretação ou aplicação da presente
Convenção, que não puderem ser dirimidas por meio de
negociação, serão, a pedido de um deles, submetidas à ar-
bitragem. Se, durante os seis meses seguintes à data do EXERCÍCIOS
pedido de arbitragem, as partes não lograrem pôr-se de
acordo quanto aos termos do compromisso de arbitragem, 1. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre o conceito de
qualquer das parte poderá submeter a controvérsia à Corte Constituição, assinale a alternativa CORRETA.
Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em con- (A) É o estatuto que regula as relações entre Estados
formidade com o Estatuto da Corte. soberanos.
§2. Cada Estado Membro poderá declarar, por ocasião (B) É o conjunto de normas que regula os direitos e
da assinatura ou ratificação da presente Convenção, que deveres de um povo.
não se considera obrigado pelo «§1 deste artigo». Os de- (C) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que
mais Estados Membros não estarão obrigados pelo referi- contém normas referentes à estruturação, à formação dos
do parágrafo, com relação a qualquer Estado Membro que poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
houver formulado reserva dessa natureza. (D) É a norma maior de um Estado, que regula os di-
3. Todo Estado Membro que houver formulado reserva, reitos e deveres de um povo nas suas relações.
em conformidade com o “§2 do presente artigo”  pode-
rá, a qualquer momento, tornar sem efeito essa reserva,
mediante notificação endereçada ao Secretário Geral das 2. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Dentre as formas
Nações Unidas. de classificação das Constituições, uma delas é quanto à
  origem.
Artigo 31 Em relação às características de uma Constituição
§1. Todo Estado Membro poderá denunciar a presente quanto à sua origem, assinale a alternativa CORRETA.
Convenção mediante notificação por escrito endereçada (A) Dogmáticas ou históricas.
ao Secretário Geral das Nações Unidas. A denúncia pro- (B) Materiais ou formais.
duzirá efeitos um ano depois da data do recebimento da (C) Analíticas ou sintéticas.
notificação pelo Secretário Geral. (D) Promulgadas ou outorgadas.
§2. A referida denúncia não eximirá o Estado Membro
das obrigações que lhe impõe a presente Convenção rela-
tivamente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da 3. (TJ/MG - Juiz - FUNDEP/2014) Sobre a supremacia
data em que a denúncia venha a produzir efeito; a denún- da Constituição da República, assinale a alternativa COR-
cia não acarretará, tampouco, a suspensão do exame de RETA.
quaisquer questões que o Comitê já começara a examinar (A) A supremacia está no fato de o controle da cons-
antes da data em que a denúncia veio a produzir efeitos. titucionalidade das leis só ser exercido pelo Supremo Tri-
§3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a bunal Federal.
denúncia de um Estado Membros, o Comitê não dará início (B) A supremacia está na obrigatoriedade de submis-
ao exame de qualquer nova questão referente ao Estado são das leis aos princípios que norteiam o Estado por ela
em apreço. instituído.
  (C) A supremacia está no fato de a interpretação da
Artigo 32 constituição não depender da observância dos princípios
O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas que a norteiam.
comunicará a toso os Estados Membros que assinara, a (D) A supremacia está no fato de que os princípios e
presente Convenção ou a ela aderiram. fundamentos da constituição se resumam na declaração de
a)As assinaturas, ratificações e adesões recebidas em soberania.
conformidade com os “artigos 25 e 26.”
b) A data da entrada em vigor da Convenção, nos ter-
mos do “artigo 27”, e a data de entrada em vigor de quais- 4. (PC/PI - Delegado de Polícia – UESPI/2014) Entre
quer emendas, nos termos do “artigo 29”. os chamados sentidos doutrinariamente atribuídos à Cons-
c) As denúncias recebidas em conformidade com o “ar- tituição, existe um que realiza a distinção entre Constituição
tigo 31”. e lei constitucional. Assinale a alternativa que o contempla.
  (A) Sentido político

89
DIREITOS HUMANOS

(B) Sentido sociológico. 5. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-


(C) Sentido jurídico. racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
(D) Sentido culturalista. que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
(E) Sentido simbólico. radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
(artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). e pluralismo político não são fundamentos da República
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no
ceto: artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de
(A) são objetivos fundamentais da república federati- um Estado Democrático de Direito.
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu-
zir as desigualdades sociais e regionais.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil.
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei.
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo ve-
dado o anonimato.
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
um dos objetivos fundamentais da república federativa do
Brasil.

RESPOSTAS

1. Resposta: “C”. Constituição é muito mais do que


um documento escrito que fica no ápice do ordenamen-
to jurídico nacional estabelecendo normas de limitação e
organização do Estado, mas tem um significado intrínseco
sociológico, político, cultural e econômico. Independente
do conceito, percebe-se que o foco é a organização do Es-
tado e a limitação de seu poder.

2. Resposta: “D”. Quanto à origem, a Constituição


pode ser outorgada, quando imposta unilateralmente pelo
agente revolucionário, ou promulgada, quando é votada,
sendo também conhecida como democrática ou popular.

3. Resposta: “B”. A Constituição Federal e os demais


atos normativos que compõem o denominado bloco de
constitucionalidade, notadamente, emendas constitucio-
nais e tratados internacionais de direitos humanos apro-
vados com quórum especial após a Emenda Constitucional
nº 45/2004, estão no topo do ordenamento jurídico. Sendo
assim, todos os atos abaixo deles devem guardar uma es-
trita compatibilidade, sob pena de serem inconstitucionais.
Por isso, estes atos que estão abaixo na pirâmide, se sujei-
tam a controle de constitucionalidade.

4. Resposta: “A”. Carl Schmitt propõe que o conceito


de Constituição não está na Constituição em si, mas nas
decisões políticas tomadas antes de sua elaboração. Sen-
do assim, o conceito de Constituição será estruturado por
fatores como o regime de governo e a forma de Estado
vigentes no momento de elaboração da lei maior. A Cons-
tituição é o produto de uma decisão política e variará con-
forme o modelo político à época de sua elaboração.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
1. Lei Estadual nº 869/1952 e suas alterações posteriores (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais)........................................................................................................................................................................................................................... 01
2. Decreto nº 46.644/2014 (Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente Público e da Alta Administração
Estadual)....................................................................................................................................................................................................................... 29
3. Decreto Estadual nº 46.060/2012 (regulamenta a Lei Estadual Complementar nº 116/2011, que dispõe sobre a prevenção
e a punição do assédio moral na Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual)..................................34
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 8º - Quadro é um conjunto de carreiras, de cargos
LEI ESTADUAL Nº 869/1952 E SUAS isolados e de funções gratificadas.
ALTERAÇÕES POSTERIORES (ESTATUTO DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO Art. 9º - Não haverá equivalência entre as diferentes
DE MINAS GERAIS). carreiras, nem entre cargos isolados ou funções gratificadas.

TÍTULO I
Do Provimento
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos CAPÍTULO I
Civis do Estado de Minas Gerais. Disposições Gerais

(Vide Lei nº 10.254, de 20/7/1990.) Art. 10 - Os cargos públicos são acessíveis a todos os
(Vide inciso I do art. 8º da Lei nº 20.010, de 5/1/2012.) brasileiros, observados os requisitos que a lei estabelecer.
Parágrafo único - Os cargos de carreira serão de pro-
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus represen- vimento efetivo; os isolados, de provimento efetivo ou em
tantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei: comissão, segundo a lei que os criar.
(Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 11 - Compete ao Governador do Estado prover, na
Art. 1º - Esta lei regula as condições do provimento dos forma da lei e com as ressalvas estatuídas na Constituição,
cargos públicos, os direitos e as vantagens, os deveres e os cargos públicos estaduais.
responsabilidades dos funcionários civis do Estado.
Parágrafo único - As suas disposições aplicam-se igual- Art. 12 - Os cargos públicos são providos por:
mente ao Ministério Público e ao Magistério. I - Nomeação;
(Vide art. 171 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) II - Promoção;
(Vide art. 85 da Lei Complementar nº 30, de 10/8/1993.) III - Transferência;
(Vide art. 232 da Lei Complementar nº 34, de 12/9/1994.) IV - Reintegração;
(Vide art. 301 da Lei Complementar nº 59, de 18/1/2001.) V - Readmissão;
(Vide art. 2° da Lei Complementar nº 85, de 28/12/2005.) (Vide art. 35 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
(Vide art. 40 da Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
Art. 2º - Funcionário público é a pessoa legalmente in- VI - Reversão;
vestida em cargo público.
VII - Aproveitamento.
Art. 3º - Cargo público, para os efeitos deste estatuto,
Art. 13 - Só poderá ser provido em cargo público
é o criado por lei em número certo, com a denominação
quem satisfizer os seguintes requisitos:
própria e pago pelos cofres do Estado.
I - ser brasileiro;
Parágrafo único - Os vencimentos dos cargos públicos
II - ter completado dezoito anos de idade;
obedecerão a padrões previamente fixados em lei.
III - haver cumprido as obrigações militares fixadas
em lei;
Art. 4º - Os cargos são de carreira ou isolados.
Parágrafo único - São de carreira os que se integram em IV - estar em gozo dos direitos políticos;
classes e correspondem a uma profissão; isolados, os que V - ter boa conduta;
não se podem integrar em classes e correspondem a certa VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
e determinada função. médica;
(Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.) VII - ter-se habilitado previamente em concurso, salvo
quando se tratar de cargos isolados para os quais não haja
Art. 5º - Classe é um agrupamento de cargos da mesma essa exigência;
profissão e de igual padrão de vencimento. VIII - ter atendido às condições especiais, inclusive
quanto à idade, prescrita no respectivo edital de concurso.
Art. 6º - Carreira é um conjunto de classes da mesma (Inciso com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 6.871,
profissão, escalonadas segundo os padrões de vencimen- de 17/9/1976.)
tos. Parágrafo único - (Revogado pelo art. 2º da Lei nº
6.871, de 17/9/1976.)
Art. 7º - As atribuições de cada carreira serão definidas Dispositivo revogado:
em regulamento. “Parágrafo único - Não poderá ser investido em cargo
Parágrafo único - Respeitada essa regulamentação, as inicial de carreira a pessoa que contar mais de 40 anos de
atribuições inerentes a uma carreira podem ser cometidas, idade.”
indistintamente, aos funcionários de suas diferentes clas-
ses.

1
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
CAPÍTULO II Art. 18 - Não ficarão sujeitos a limites de idade, para
Da nomeação inscrição em concurso e nomeação, os ocupantes de car-
SEÇÃO I gos efetivos ou funções públicas estaduais.
Disposições Gerais (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Art. 14 - As nomeações serão feitas: (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
carreira ou isolado que, por lei, assim deva ser provido;
II - em comissão, quando se tratar de cargo isolado Art. 19 - Os concursos deverão realizar-se dentro dos
que, em virtude de lei, assim deva ser provido; seis meses seguintes ao encerramento das respectivas ins-
III - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de crições.
16/10/1964.) Parágrafo único - Realizado o concurso será expedido,
Dispositivo revogado: pelo órgão competente, o certificado de habilitação.
“III - interinamente em cargo vago de classe inicial de (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
carreira, ou em cargo isolado de provimento efetivo, para rais.)
o qual não haja candidato legalmente habilitado;” (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
IV - em substituição no impedimento legal ou tempo- (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
rário de ocupante de cargo isolado de provimento efetivo
ou em comissão. SEÇÃO III
Parágrafo único - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº Da Interinidade
3.214, de 16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Art. 20 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
“Parágrafo único - O funcionário efetivo poderá, no 16/10/1964.)
interesse da administração, ser comissionado em outro Dispositivo revogado:
cargo, sem perda daquele de que é titular, desde que não “Art. 20 - Tratando-se de vaga em classe inicial de car-
se trate de cargo intermediário ou final de carreira.” reira ou em cargo isolado de provimento efetivo, poderá
ser feito o preenchimento em caráter interino, enquanto
(Vide art. 28 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
não houver candidato habilitado em concurso, atendido o
disposto nos itens I, III, V, VI e VIII do art. 13 e no § 5º deste
Art. 15 - É vedada a nomeação de candidato habili-
artigo.
tado em concurso após a expiração do prazo de sua va-
§ 1º - O exercício interino de cargo cujo provimento
lidade.
depende de concurso não isenta dessa exigência, para no-
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
meação efetiva, o seu ocupante, qualquer que seja o tempo
rais.)
de serviço.
§ 2º - Todo aquele que ocupar interinamente cargo,
SEÇÃO II cujo provimento efetivo dependa de habilitação em con-
Dos Concursos curso, será inscrito, «ex-officio», no primeiro que se realizar
para cargos de respectiva profissão.
Art. 16 - A primeira investidura em cargo de carreira § 3º - A aprovação da inscrição dependerá da satis-
e em outros que a lei determinar efetuar-se-á mediante fação, por parte do interino, das exigências estabelecidas
concurso, precedida de inspeção de saúde. para o concurso.
Parágrafo único - Os concursos serão de provas e, § 4º - Aprovadas as inscrições, serão exonerados os
subsidiariamente, de títulos. interinos que tiverem deixado de cumprir o disposto no
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge- parágrafo anterior.
rais.) § 5º - Após o encerramento das inscrições do concurso,
(Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.) não serão feitas nomeações em caráter interino.
(Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.) § 6º - Homologado o concurso, considerar-se-ão exo-
nerados, automaticamente, todos os interinos.”
Art. 17 - Os limites de idade para a inscrição em con-
curso e o prazo de validade deste serão fixados, de acordo Art. 21 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
com a natureza das atribuições da carreira ou cargo, na 16/10/1964.)
conformidade das leis e regulamentos e das instruções Dispositivo revogado:
respectivas, quando for o caso. “Art. 21 - Qualquer cargo público vago, cuja investidu-
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge- ra dependa de concurso não poderá ser exercido interina-
rais.) mente por mais de um ano.”
(Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
(Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.) Art. 22 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964.)
Dispositivo revogado:

2
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
“Art. 22 - Perderá a estabilidade o funcionário que to- Art. 25 - A substituição será automática ou dependerá
mar posse em cargo para o qual tenha sido nomeado in- de ato da administração.
terinamente.” § 1º - A substituição não automática, por período
igual ou inferior a 180 (cento e oitenta) dias, far-se-á por
SEÇÃO IV ato do Secretário ou Diretor do Departamento em que
Do Estágio Probatório estiver lotado o cargo ou se exercer a função gratificada.
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas (Parágrafo com redação dada pelo art. 21 da Lei nº
Gerais.) 4185, de 30/5/1966.)

Art. 23 - Estágio probatório é o período de dois anos § 2º - (Revogado pelo art. 21 da Lei nº 4.185, de
de efetivo exercício do funcionário nomeado em virtude 30/5/1966.)
de concurso, e de cinco anos para os demais casos. Dispositivo revogado:
(Vide art. 14 do Decreto nº 43.764, de 16/3/2004.) “§ 2º - A substituição remunerada dependerá de ato
§ 1º - No período de estágio apurar-se-ão os seguin- da autoridade competente para nomear ou designar.”
tes requisitos:
I - idoneidade moral; § 2º - O substituto perderá, durante o tempo da subs-
II - assiduidade; tituição, o vencimento ou remuneração do cargo de que
III - disciplina; for ocupante efetivo, salvo no caso de função gratificada
IV - eficiência. e opção.
§ 2º - Não ficará sujeito a novo estágio probatório (O Parágrafo 2º foi revogado pelo art. 21 da Lei nº
o funcionário que, nomeado para outro cargo público, 4.185, de 30/5/1966, sendo o Parágrafo 3º renumerado
já houver adquirido estabilidade em virtude de qualquer para Parágrafo 2º pelo mesmo artigo da Lei.)
prescrição legal. (Vide art. 289 da Constituição do Estado de Minas
§ 3º - Sem prejuízo da remessa periódica do bole- Gerais.)
tim de merecimento ao Serviço de Pessoal, o diretor da
CAPÍTULO III
repartição ou serviço em que sirva o funcionário, sujeito
Da Promoção
ao estágio probatório, quatro meses antes da terminação
deste, informará reservadamente ao Órgão de Pessoal so-
Art. 26 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
bre o funcionário, tendo em vista os requisitos enumera-
16/10/1994.)
dos nos itens I a IV deste artigo.
Dispositivo revogado:
§ 4º - Em seguida, o Órgão de Pessoal formulará pare-
“Art. 26 - As promoções obedecerão ao critério de
cer escrito, opinando sobre o merecimento do estagiário
antiguidade de classe e ao de merecimento alternada-
em relação a cada um dos requisitos e concluindo a favor mente, sendo a primeira sempre pelo critério de antigui-
ou contra a confirmação. dade.
§ 5º - Desse parecer, se contrário à confirmação, será § 1º - O critério a que obedecer a promoção deverá
dada vista ao estagiário pelo prazo de cinco dias. vir expresso no decreto respectivo.
§ 6º - Se o despacho do Governador do Estado for fa- § 2º - Somente se dará promoção de uma classe à
vorável à permanência do funcionário, a confirmação não imediatamente superior.”
dependerá de qualquer novo ato. (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
§ 7º - A apuração dos requisitos de que trata este ar- rais.)
tigo deverá processar-se de modo que a exoneração do
funcionário possa ser feita antes de findo o período de Art. 27 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
estágio. 16/10/1964.)
(Vide art. 33 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) Dispositivo revogado:
(Vide art. 104 do Ato das Disposições Constitucionais “Art. 27 - A promoção por antiguidade recairá no fun-
Transitórias.) cionário mais antigo na classe.”
(Vide art. 10 da Emenda à Constituição n° 49, de (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
13/6/2001.) rais.)

SEÇÃO V Art. 28 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de


Da Substituição 16/10/1964.)
Dispositivo revogado:
Art. 24 - Haverá substituição no impedimento do ocu- “Art. 28 - A promoção por merecimento recairá no
pante de cargo isolado, de provimento efetivo ou em co- funcionário de maior mérito, segundo dados objetivos
missão, e de função gratificada. apurados na forma do regulamento.”
(Vide art. 289 da Constituição do Estado de Minas Ge- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) rais.)

3
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 29 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Art. 33 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964.) 16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Dispositivo revogado:
“Art. 29 - Não poderá ser promovido, inclusive à classe “Art. 33 - Na classificação por antiguidade, quando
final de carreira, o funcionário que não tenha o interstício ocorrer empate no tempo de classe, terá preferência, su-
de setecentos e trinta dias de efetivo exercício na classe. cessivamente:
Parágrafo único - Na hipótese de não haver funcioná- a) o funcionário mais antigo na carreira;
rio com interstício poderá a promoção por merecimento b) o mais antigo no Serviço Público Estadual;
recair no que contar pelo menos trezentos e sessenta e c) o que tiver maior tempo de serviço público;
cinco dias de efetivo exercício na classe.” d) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior nú-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- mero de filhos;
rais.) e) o casado;
f) o solteiro que tiver filhos reconhecidos;
Art. 30 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de g) o mais idoso.”
16/10/1964.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Dispositivo revogado: rais.)
“Art. 30 - O merecimento será apurado, objetivamente,
segundo condições definidas em regulamento. Art. 34 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
Parágrafo único - O merecimento é adquirido na clas- 16/10/1964.)
se; promovido o funcionário, recomeçará a apuração do Dispositivo revogado:
merecimento a contar do ingresso na nova classe.” “Art. 34 - No caso de igualdade de merecimento ado-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- tar-se-á como fator de desempate, sucessivamente:
rais.) a) o fato de ter o funcionário participado em operação
de guerra;
Art. 31 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de b) o funcionário mais antigo na classe;
16/10/1964) c) o funcionário mais antigo na carreira;
Dispositivo revogado: d) o mais antigo no Serviço Público Estadual;
“Art. 31 - A antiguidade de classe será determinada e) o que tiver maior tempo de serviço público;
pelo tempo de efetivo exercício do funcionário na classe f) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior nú-
a que pertencer. mero de filhos;
§ 1º - Quando houver fusão de classes, o funcionário g) o casado;
contará na nova classe também a antiguidade que trouxer h) o solteiro que tiver filhos reconhecidos;
da anterior. i) o mais idoso.”
§ 2º - No caso do parágrafo precedente, serão promo- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
vidos, em primeiro lugar, os funcionários que eram ocu- rais.)
pantes dos cargos da classe superior, obedecendo-se o
mesmo critério em ordem decrescente. Art. 35 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
§ 3º - O funcionário, exonerado na forma do § 6º, do 16/10/1964.)
art. 20, que for nomeado em virtude de habilitação no Dispositivo revogado:
mesmo concurso, contará, como antiguidade de classe o “Art. 35 - Não serão considerados, para efeito dos
tempo de efetivo exercício na interinidade.” arts. 33 e 34, os filhos maiores e os que exerçam qualquer
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- atividade remunerada pública ou privada.
rais.) Parágrafo único - Também não será considerado para
o mesmo efeito o estado de casado, desde que ambos os
Art. 32 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de cônjuges sejam servidores públicos.”
16/10/1964.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Dispositivo revogado: rais.)
“Art. 32 - A antiguidade de classe no caso de transfe-
rência, a pedido, ou por permuta, será contada da data em Art. 36 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
que o funcionário entrar em exercício na nova classe. 16/10/1964.)
Parágrafo único - Se a transferência ocorrer “ex-offi- Dispositivo revogado:
cio”, no interesse da administração, serão levados em con- “Art. 36 - O tempo de exercício para verificação de
ta o tempo de efetivo exercício e o merecimento na classe antiguidade de classe será apurado somente em dias.”
a que pertencia.” (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- rais.)
rais.)

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 37 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Parágrafo único - Não se compreendem neste artigo
16/10/1964.) os recursos interpostos pelo funcionário relativamente a
Dispositivo revogado: apuração de antiguidade ou merecimento.”
“Art. 37 - As promoções serão processadas e realizadas (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
em época fixada em regulamento.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) CAPÍTULO IV
Da Transferência
Art. 38 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964) Art. 44 - O funcionário poderá ser transferido:
Dispositivo revogado: I - de uma para outra carreira;
“Art. 38 - O funcionário suspenso poderá ser promovi- II - de um cargo isolado, de provimento efetivo e que
do, mas a promoção ficará sem efeito, se verificada a proce- exija concurso, para outro de carreira;
dência da penalidade aplicada. III - de um cargo de carreira para outro isolado, de pro-
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o funcioná- vimento efetivo;
rio só perceberá o vencimento correspondente à nova clas- IV - de um cargo isolado, de provimento efetivo, para
se quando tornada sem efeito a penalidade aplicada, caso
outro da mesma natureza.
em que a promoção surtirá efeito a partir da data de sua
publicação.”
Art. 45 - As transferências, de qualquer natureza, serão
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
feitas a pedido do funcionário, atendida a conveniência do
Art. 39 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de serviço ou “ex-officio” respeitada sempre a habilitação pro-
16/10/1964.) fissional.
Dispositivo revogado: § 1º - A transferência a pedido para o cargo de carreira
“Art. 39 - Será declarado sem efeito em benefício da- só poderá ser feita para vaga que tenha de ser provida me-
quele a quem cabia de direito a promoção, o decreto que diante promoção por merecimento.
promover indevidamente o funcionário. § 2º - As transferências para cargos de carreira não po-
§ 1º - O funcionário promovido indevidamente não fi- derão exceder de um terço dos cargos de cada classe e só
cará obrigado a restituir o que a mais houver recebido. poderão ser efetuadas no mês seguinte ao fixado para as
§ 2º - O funcionário, a quem cabia a promoção, será promoções.
indenizado da diferença de vencimento ou remuneração a (Vide § 13 do art. 14 da Constituição do Estado de Mi-
que tiver direito, ficando essa indenização a cargo de quem, nas Gerais.)
comprovadamente, tenha ocasionado a indevida promoção.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Art. 46 - A transferência só poderá ser feita para cargo
do mesmo padrão de vencimento ou igual remuneração,
Art. 40 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de salvo nos casos dos itens III e IV do art. 44, quando a trans-
16/10/1964.) ferência a pedido poderá dar-se para cargo de padrão de
Dispositivo revogado: vencimento inferior.
“Art. 40 - Os funcionários que demonstrarem parcialida-
de no julgamento do merecimento serão punidos discipli- Art. 47 - A transferência “ex-officio”, no interesse da ad-
narmente pela autoridade a que estiverem subordinados.” ministração, será feita mediante proposta do Secretário de
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Estado ou Chefe do departamento autônomo.
Art. 41 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Art. 48 - O interstício para a transferência será de 365
16/10/1964.)
dias na classe e no cargo isolado.
Dispositivo revogado:
“Art. 41 - A promoção de funcionário em exercício de
CAPÍTULO V
mandato legislativo só se poderá fazer por antiguidade.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Da Permuta

Art. 42 - (Vetado). Art. 49 - A transferência e a remoção por permuta se-


(Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de 16/10/1964). rão processadas a pedido escrito de ambos os interessados
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) e de acordo com o prescrito no Capítulo IV desse Título e
no Título II.
Art. 43 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Parágrafo único - Tratando-se de permuta entre titula-
16/10/1964.) res de cargos isolados, não será obrigatória a regra instituí-
Dispositivo revogado: da no artigo 46.
“Art. 43 - Na apuração de antiguidade e merecimento, (Vide art. 70 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
só serão observados os critérios estabelecidos nesta lei e (Vide art. 40 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
no regulamento de promoções, não devendo ser conside- (Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
rados, em hipótese alguma, os pedidos de promoções feito (Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
pelo funcionário ou por alguém a seu rogo.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
CAPÍTULO VI Parágrafo único - A readmissão em cargo de carreira
Da Reintegração dependerá da existência de vaga que deva ser preenchida
mediante promoção por merecimento.”
Art. 50 - A reintegração, que decorrerá de decisão ad- (Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu-
ministrativa ou sentença judiciária passada em julgado, é o cionais Transitórias.)
ato pelo qual o funcionário demitido reingressa no serviço
público, com ressarcimento dos prejuízos decorrentes do CAPÍTULO VIII
afastamento. Da Reversão
§ 1º - A reintegração será feita no cargo anteriormente
ocupado se esse houver sido transformado, no cargo resul- Art. 54 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein-
tante da transformação; e, se provido ou extinto, em car- gresse no serviço público, após verificação, em processo,
go de natureza, vencimento ou remuneração equivalentes, de que não subsistem os motivos determinantes da apo-
respeitada a habilitação profissional. sentadoria.
§ 2º - Não sendo possível fazer a reintegração pela for- § 1º - A reversão far-se-á a pedido ou «ex-officio».
ma prescrita no parágrafo anterior, será o ex-funcionário § 2º - O aposentado não poderá reverter à atividade se
posto em disponibilidade no cargo que exercia, com pro- contar mais de cinquenta e cinco anos de idade.
vento igual ao vencimento ou remuneração. § 3º - Em nenhum caso poderá efetuar-se a reversão,
§ 3º - O funcionário reintegrado será submetido a ins- sem que mediante inspeção médica fique provada a capa-
peção médica; verificada a incapacidade será aposentado cidade para o exercício da função.
no cargo em que houver sido reintegrado. § 4º - Será cassada a aposentadoria do funcionário que
(Vide § 2º do inciso III do art. 35 da Constituição do reverter e não tomar posse e entrar em exercício dentro
Estado de Minas Gerais.) dos prazos legais.
(Vide art. 28 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
CAPÍTULO VII (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Da Readmissão rais.)
(Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.)
Art. 51 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de
11/7/1972.)
Art. 55 - A reversão far-se-á de preferência no mesmo
Dispositivo revogado:
cargo.
“Art. 51 - Readmissão é o ato pelo qual o funcionário
§ 1º - A reversão «ex-officio» não poderá verificar-se
demitido ou exonerado reingressa no serviço público sem
em cargo de vencimento ou remuneração inferior ao pro-
direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, a
vento da inatividade.
contagem de tempo de serviço em cargos anteriores, para § 2º - A reversão ao cargo de carreira dependerá da
efeito de aposentadoria e disponibilidade. existência da vaga que deva ser preenchida mediante pro-
Parágrafo único - Em nenhum caso poderá efetuar-se moção por merecimento.
readmissão sem que mediante inspeção médica, fique pro- (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
vada a capacidade para o exercício da função.” rais.)
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu- (Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
cionais Transitórias.) Transitórias.)
Art. 52 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de Art. 56 - A reversão dará direito para nova aposenta-
11/7/1972.) doria, à contagem de tempo em que o funcionário esteve
Dispositivo revogado: aposentado.
“Art. 52 - O ex-funcionário poderá ser readmitido, (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
quando ficar apurado, em processo, que não mais subsis- rais.)
tem os motivos determinantes de sua demissão ou veri- (Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
ficado que não há inconveniência para o serviço público, Transitórias.)
quando a exoneração se tenha processado a pedido.”
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu- CAPÍTULO IX
cionais Transitórias.) Do Aproveitamento

Art. 53 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de Art. 57 - Aproveitamento é o reingresso no serviço pú-
11/7/1972.) blico do funcionário em disponibilidade.
Dispositivo revogado :
“Art. 53 - A readmissão, que se entenderá como nova Art. 58 - Será obrigatório o aproveitamento do fun-
admissão, far-se-á de preferência no cargo anteriormente cionário estável em cargo, de natureza e vencimentos ou
exercido pelo ex-funcionário ou em outro equivalente, res- remuneração compatíveis com o anteriormente ocupado.
peitada a habilitação profissional e as condições que a lei Parágrafo único - O aproveitamento dependerá de
fixar para o provimento. prova de capacidade mediante inspeção médica.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 59 - Havendo mais de um concorrente à mesma SEÇÃO II
vaga terá preferência o de maior tempo de disponibilidade Da Fiança
e, no caso de empate, o de maior tempo de serviço público.
Art. 67 - O exercício do cargo cujo provimento, por
Art. 60 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e prescrição legal ou regulamentar, exija fiança, dependerá
cassada a disponibilidade se o funcionário não tomar pos- da prévia prestação desta.
se no prazo legal, salvo caso de doença comprovada em § 1º - A fiança poderá ser prestada:
inspeção médica. I - em dinheiro;
Parágrafo único - Provada a incapacidade definitiva em II - em títulos da dívida pública;
inspeção médica, será decretada a aposentadoria. III - em apólices de seguro de fidelidade funcional,
emitidas por institutos oficiais ou companhias legalmente
CAPÍTULO X autorizadas.
Dos Atos Complementares § 2º - Não poderá ser autorizado o levantamento da
SEÇÃO I fiança antes de tomadas as contas do funcionário.
Da Posse
SEÇÃO III
Art. 61 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo Do Exercício
ou em função gratificada.
Parágrafo único - Não haverá posse nos casos de pro- Art. 68 - O início, a interrupção e o reinicio do exercício
moção, remoção, designação para o desempenho de fun- serão registrados no assentamento individual do funcio-
ção não gratificada e reintegração. nário.
Parágrafo único - O início do exercício e as alterações
Art. 62 - São competentes para dar posse: que neste ocorrerem serão comunicados, pelo chefe da re-
I - o Governador do Estado; partição ou serviço em que estiver lotado o funcionário,
II - os Secretários de Estado; ao respectivo serviço de pessoal e às autoridades, a quem
III - os Diretores de Departamentos diretamente subor- caiba tomar conhecimento.
dinados ao Governador;
IV - as demais autoridades designadas em regulamen- Art. 69 - O chefe da repartição ou do serviço para que
tos. for designado o funcionário é a autoridade competente
para dar-lhe exercício.
Art. 63 - A posse verificar-se-á mediante a lavratura de
um termo que, assinado pela autoridade que a der e pelo Art. 70 - O exercício do cargo ou da função terá início
funcionário, será arquivado no órgão de pessoal da respec- dentro do prazo de trinta dias, contados:
tiva Repartição, depois dos competentes registros. I - da data da publicação oficial do ato, nos casos de
Parágrafo único - O funcionário prestará, no ato da promoção, remoção, reintegração e designação para fun-
posse, o compromisso de cumprir fielmente os deveres do ção gratificada;
cargo ou da função. II - da data da posse, nos demais casos.
§ 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser
Art. 64 - A posse poderá ser tomada por procuração, prorrogados, por solicitação do interessado e a juízo da au-
quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em toridade competente, desde que a prorrogação não exceda
missão do Governo, ou em casos especiais, a critério da a trinta dias.
autoridade competente. § 2º - No caso de remoção e transferência, o prazo ini-
cial para o funcionário em férias ou licenciado, exceto no
Art. 65 - A autoridade que der posse deverá verificar, caso de licença para tratar de interesses particulares, será
sob pena de ser pessoalmente responsabilizada, se forem contado da data em que voltar ao serviço.
satisfeitas as condições estabelecidas no art. 13 e as espe-
ciais fixadas em lei ou regulamento, para a investidura no Art. 71 - O funcionário nomeado deverá ter exercício
cargo ou na função. na repartição cuja lotação houver vaga.
Parágrafo único - O funcionário promovido poderá
Art. 66 - A posse deverá verificar-se no prazo de trinta continuar em exercício na repartição em que estiver ser-
dias, contados da data da publicação do decreto no órgão vindo.
oficial.
§ 1º - Esse prazo poderá ser prorrogado, por outros Art. 72 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em
trinta dias, mediante solicitação escrita e fundamentada do serviço ou repartição diferente daquele em que estiver lo-
interessado e despacho da autoridade competente para tado, salvo os casos previstos neste Estatuto ou prévia au-
dar posse. torização do Governador do Estado.
§ 2º - Se a posse não se der dentro do prazo inicial e Parágrafo único - Nesta última hipótese, o afastamento
no da prorrogação, será tornada sem efeito, por decreto, a do funcionário só será permitido para fim determinado e
nomeação. por prazo certo.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 73 - Entende-se por lotação o número de funcio- § 2º - A autoridade competente para ordenar a remo-
nários de cada carreira e de cargos isolados que devam ter ção será aquela a quem estiverem subordinados os órgãos,
exercício em cada repartição ou serviço. ou as repartições ou serviços entre os quais ela se faz.
§ 3º - Ficam asseguradas à professora primária casada
Art. 74 - O funcionário deverá apresentar ao órgão com- com servidor federal, estadual e militar as garantias previs-
petente, após ter tomado posse e antes de entrar em exer- tas pela Lei nº 814, de 14/12/51.
cício, os elementos necessários a abertura do assentamento (Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
individual. (Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.)
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.)
Art. 75 - O número de dias que o funcionário gastar em (Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
viagem para entrar em exercício será considerado, para todos (Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
os efeitos, como de efetivo exercício. (Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
Parágrafo único - Esse período de trânsito será contado
da data do desligamento do funcionário. TÍTULO III
Da Readaptação
Art. 76 - Nenhum funcionário poderá ausentar-se do Es-
tado, para estudo ou missão de qualquer natureza, com ou Art. 81 - Dar-se-á readaptação:
sem ônus para os cofres públicos, sem autorização ou desig- a) nos casos de perda da capacidade funcional decor-
nação expressa do Governador do Estado. rente da modificação do estado físico ou das condições de
saúde do funcionário, que não justifiquem a aposentadoria;
Art. 77 - O funcionário designado para estudo ou aper- b) nos casos de desajustamento funcional no exercício
feiçoamento fora do Estado, com ônus para os cofres deste, das atribuições do cargo isolado de que for titular o funcio-
ficará obrigado a prestar serviços pelo menos por mais três nário ou da carreira a que pertencer.
anos. (Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
Parágrafo único - Não cumprida essa obrigação indeni- (Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.)
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.)
zará os cofres públicos da importância despendida pelo Esta-
(Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
do com o custeio da viagem de estudo ou aperfeiçoamento.
(Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
(Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
Art. 78 - Salvo casos de absoluta conveniência, a juízo
do Governador do Estado, nenhum funcionário poderá per-
Art. 82 - A readaptação prevista na alínea “a” do art.
manecer por mais de quatro anos em missão fora do Estado,
anterior verificar-se-á mediante atribuições de novos en-
nem exercer outra senão depois de corridos quatro anos de
cargos ao funcionário, compatíveis com a sua condição fí-
serviço efetivo no Estado, contados da data do regresso.
sica e estado de saúde atuais.
Art. 79 - O funcionário preso por crime comum ou de- Art. 83 - Far-se-á a readaptação prevista na alínea “b”
nunciado por crime funcional ou, ainda, condenado por cri- do art. 81:
me inafiançável em processo no qual não haja pronúncia será I - pelo cometimento de novos encargos ao funcioná-
afastado do exercício até decisão final passada em julgado. rio, respeitadas as atribuições inerentes ao cargo isolado
§ 1º - Nos casos previstos neste artigo, o funcionário per- ou à carreira a que pertencer, quando se verificar uma das
derá, durante o tempo do afastamento, um terço do venci- seguintes causas:
mento ou remuneração, com direito à diferença, se absolvido. a) o nível mental ou intelectual do funcionário não
§ 2º - No caso de condenação, e se esta não for de natu- corresponder às exigências da função que esteja desem-
reza que determine a demissão, será o funcionário afastado, penhando;
na forma deste artigo, a partir da decisão definitiva, até o b) a função atribuída ao funcionário não corresponder
cumprimento total da pena, com direito, apenas, a um terço aos seus pendores vocacionais.
do vencimento ou remuneração. II - Por transferência, a juízo da administração, nos ca-
(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 2.364, de sos de:
13/1/1961.) a) não ser possível verificar-se a readaptação na forma
do item anterior;
TÍTULO II b) não possuir o funcionário habilitação profissional
Da Remoção exigida em lei para o exercício do cargo de que for titular;
c) ser o funcionário portador de diploma de escola su-
Art. 80 - A remoção, que se processará a pedido do fun- perior devidamente legalizado, de título ou certificado de
cionário ou “ex-officio”, dar-se-á: conclusão de curso científico ou prático instituído em lei
I - de uma para outra repartição ou serviço; e estar em exercício de cargo isolado ou de carreira, cujas
II - de um para outro órgão de repartição, ou serviço. atribuições não correspondam aos seus pendores vocacio-
§ 1º - A remoção só poderá ser feita respeitada a lota- nais, tendo-se em vista a especialização.
ção de cada repartição ou serviço.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 84 - A readaptação de que trata o item II, do artigo VIII - exercício de funções de governo ou administra-
anterior, poderá ser feita para cargo de padrão de venci- ção em qualquer parte do território nacional, por nomea-
mento superior ao daquele que ocupar o funcionário, veri- ção do Presidente da República;
ficado que o desajustamento funcional decorre do exercí- IX - desempenho de mandato eletivo federal, estadual
cio de atribuições de nível intelectual menos elevado. ou municipal;
§ 1º - Quando o vencimento do readaptando for in- X - licença ao funcionário acidentado em serviço ou
ferior ao de cargo inicial da carreira para a qual deva ser atacado de doença profissional;
transferido, só poderá haver readaptação para cargo dessa XI - licença à funcionária gestante;
classe inicial. XII - missão ou estudo de interesse da administração,
§ 2º - Se a readaptação tiver que ser feita para classe noutros pontos do território nacional ou no estrangeiro,
intermediária de carreira, só haverá transferência para car- quando o afastamento houver sido expressamente autoriza-
go de igual padrão de vencimento. do pelo Governador do Estado.
§ 3º - No caso de que trata o parágrafo anterior, a rea- Parágrafo único - Para efeito de promoção por antigui-
daptação só poderá ser feita na vaga que deva ser provida dade, computar-se-á, como de efetivo exercício, o período
pelo critério de merecimento. de licença para tratamento de saúde.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Art. 85 - A readaptação por transferência só poderá ser (Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato
feita mediante rigorosa verificação da capacidade intelec- das Disposições Constitucionais Transitórias.)
tual do readaptando. (Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)

Art. 86 - A readaptação será sempre “ex-officio” e se Art. 89 - Na contagem de tempo para os efeitos de apo-
fará nos termos do regulamento próprio. sentadoria, computar-se-á integralmente:
a) o tempo de serviço público prestado à União, aos
TÍTULO IV Municípios do Estado, às entidades autárquicas e paraesta-
Do Tempo de Serviço tais da União e do Estado;
b) o período de serviço ativo no Exército, na Armada, nas
Art. 87 - A apuração do tempo de serviço, para efei- Forças Aéreas e nas Auxiliares, prestado durante a paz, com-
to de aposentadoria, promoção e adicionais, será feita em putando-se pelo dobro o tempo em operações de guerra;
dias. c) o número de dias em que o funcionário houver tra-
§ 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, à balhado como extranumerário ou sob outra qualquer forma
vista de documentação própria que comprove a frequên- de admissão, desde que remunerado pelos cofres públicos;
cia, especialmente livro de ponto e folha de pagamento.
d) o período em que o funcionário esteve afastado para
§ 2º - Para efeito de aposentadoria e adicionais, o nú-
tratamento de saúde;
mero de dias será convertido em anos, considerados sem-
e) o período em que o funcionário tiver desempenhado,
pre estes como de trezentos e sessenta e cinco dias.
mediante autorização do Governo do Estado, cargos ou fun-
§ 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo ante-
ções federais, estaduais ou municipais;
rior, os dias restantes até cento e oitenta e dois não serão
f) o tempo de serviço prestado, pelo funcionário, me-
computados, arredondando-se para um ano quando exce-
diante a autorização do Governo do Estado, às organizações
derem esse número.
autárquicas e paraestatais;
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) g) o período relativo à disponibilidade remunerada;
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do h) o período em que o funcionário tiver desempenhado
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) mandato eletivo federal, estadual ou municipal, antes de ha-
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) ver ingressado ou de haver sido readmitido nos quadros do
funcionalismo estadual.
Art. 88 - Serão considerados de efetivo exercício para (Alínea acrescentada pelo art. 37 da Lei nº 2.001, de
os efeitos do artigo anterior os dias em que o funcionário 17/11/1959)
estiver afastado do serviço em virtude de: (Alínea com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.327,
I - férias e férias-prêmio; de 07/01/1961.)
II - casamento, até oito dias; Parágrafo único - O tempo de serviço, a que se referem
III - luto pelo falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e as alíneas “e” e “f” será computado à vista de certidão passa-
irmão até oito dias; da pela autoridade competente.
IV - exercício de outro cargo estadual, de provimento (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 937, de
em comissão; 18/6/1953.)
V - convocação para serviço militar; (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; (Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato
VII - exercício de funções de governo ou administração das Disposições Constitucionais Transitórias.)
em qualquer parte do território estadual, por nomeação do (Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Governador do Estado;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 90 - É vedado a acumulação de tempo de serviço Art. 98 - Para efeito de pagamento, apurar-se-á a fre-
simultaneamente prestado, em dois ou mais cargos ou fun- quência do seguinte modo:
ções, à União, ao Estado, aos Municípios e às autarquias. I - pelo ponto;
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- II - pela forma que for determinada, quanto aos funcio-
rais.) nários não sujeitos a ponto.
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Parágrafo único - Haverá um boletim padronizado para
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) a comunicação da frequência.
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 99 - O funcionário perderá:
Art. 91 - Para nenhum efeito será computado o tempo I - o vencimento ou remuneração do dia, se não com-
de serviço gratuito, salvo o prestado a título de aprendiza- parecer ao serviço;
do em serviço público. II - um quinto do vencimento ou remuneração, quando
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- comparecer depois da hora marcada para início do expe-
rais.) diente, até 55 minutos;
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do III - o vencimento ou remuneração do dia, quando
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) comparecer na repartição sem a observância do limite ho-
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) rário estabelecido no item anterior;
IV - quatro quintos do vencimento ou remuneração,
TÍTULO V quando se retirar da repartição no fim da segunda hora
Da Frequência e do Horário do expediente;
V - três quintos do vencimento ou remuneração, quan-
Art. 92 - O expediente normal das repartições públicas do se retirar no período compreendido entre o princípio e
será estabelecido pelo Governo, em decreto, no qual a de- o fim da terceira hora do expediente;
terminará o número de horas de trabalho normal para os VI - dois quintos do vencimento ou remuneração,
diversos cargos e funções.
quando se retirar no período compreendido entre o prin-
(Vide Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
cípio e o fim da quarta hora;
VII - um quinto do vencimento ou remuneração, quan-
Art. 93 - O funcionário deverá permanecer na reparti-
do se retirar do princípio da quinta hora em diante.
ção durante as horas do trabalho ordinário e as do expe-
diente.
Parágrafo único - O disposto no presente artigo apli- Art. 100 - No caso de faltas sucessivas, serão compu-
ca-se, igualmente, aos funcionários investidos em cargo ou tados, para efeito de descontos, os domingos e feriados
função de chefia. intercalados.
(Vide art. 288 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) Art. 101 - O funcionário que, por motivo de molés-
(Vide art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais tia grave ou súbita, não puder comparecer ao serviço, fica
Transitórias.) obrigado a fazer pronta comunicação do fato, por escrito
ou por alguém a seu rogo, ao chefe direto, cabendo a este
Art. 94 - A frequência será apurada por meio do ponto. mandar examiná-lo, imediatamente, na forma do Regula-
mento.
Art. 95 - Ponto é o registro pelo qual se verificarão, dia-
riamente, as entradas e saídas dos funcionários em serviço. Art. 102 - Aos funcionários que sejam estudantes será
§ 1º - Nos registros de ponto deverão ser lançados to- possibilitada, nos termos dos regulamentos, tolerância
dos os elementos necessários à apuração da frequência. quanto ao comparecimento normal do expediente da re-
§ 2º - Salvo nos casos expressamente previstos em lei partição, obedecidas as seguintes condições:
ou regulamento é vedado dispensar o funcionário de regis- a) deverá o interessado apresentar, ao órgão de pes-
tro de ponto e abonar faltas ao serviço. soal respectivo, atestado fornecido pela Secretaria do Ins-
tituto de Ensino comprovando ser aluno do mesmo e de-
Art. 96 - O período de trabalho poderá ser antecipado clarando qual o horário das aulas;
ou prorrogado para toda repartição ou partes, conforme a b) apresentará o interessado, mensalmente, atestado
necessidade do serviço. de frequência às aulas, fornecido pela aludida Secretaria
Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorro- da escola;
gação desse período, será remunerado o trabalho extraor-
c) o limite da tolerância será, no máximo, de uma hora
dinário, na forma estabelecida no Capítulo VII do Título VII.
e trinta minutos por dia;
d) comprometer-se-á o interessado a manter em dia e
Art. 97 - Nos dias úteis, só por determinação do Gover-
em boa ordem os trabalhos que lhe forem confiados, sob
nador do Estado poderão deixar de funcionar as reparti-
ções públicas, ou ser suspensos os seus trabalhos, em todo pena de perda da regalia.
ou em parte.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
TÍTULO VI e) automaticamente, após a homologação do resulta-
Da Vacância do do concurso para provimento do cargo ocupado interi-
CAPÍTULO I namente pelo funcionário.
Disposições Gerais (Vide art. 27 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Art. 103 - A vacância do cargo decorrerá de:
a) exoneração; CAPÍTULO III
b) demissão; Da Demissão
c) promoção;
d) transferência; Art. 107 - A demissão será aplicada como penalidade.
e) aposentadoria; (Vide incisos II e III do § 1º do art. 35 da Constituição do
f) posse em outro cargo, desde que dela se verifique Estado de Minas Gerais.)
acumulação vedada;
g) falecimento. CAPÍTULO IV
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas Da Aposentadoria
Gerais.)
Art. 108 - O funcionário, ocupante de cargo de provi-
Art. 104 - Verificada vaga em uma carreira, serão, na mento efetivo, será aposentado:
mesma data, consideradas abertas todas as que decorre- a) compulsoriamente, aos setenta anos de idade;
rem do seu preenchimento. b) se o requerer, quando contar 30 anos de serviço;
Parágrafo único - Verifica-se a vaga na data: c) quando verificada a sua invalidez para o serviço pú-
I - do falecimento do ocupante do cargo; blico;
II - da publicação do decreto que transferir, aposentar, d) quando inválido em consequência de acidente ou
demitir ou exonerar o ocupante do cargo; agressão, não provocada, no exercício de suas atribuições,
ou doença profissional;
III - da publicação da lei que criar o cargo, e conceder
e) quando acometido de tuberculose ativa, alienação
dotação para o seu provimento, ou da que determinar ape-
mental, neoplasia maligna, cegueira, cardiopatia descom-
nas esta última medida, se o cargo estiver criado;
pensada, hanseníase, leucemia, pênfigo foliáceo, paralisia,
IV - da aceitação de outro cargo pela posse do mesmo,
síndrome da imunodeficiência adquirida - AIDS-, nefropatia
quando desta decorra acumulação legalmente vedada.
grave, esclerose múltipla, doença de Parkinson, espondiloar-
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas
trose anquilosante, mal de Paget, hepatopatia grave ou outra
Gerais.)
doença que o incapacite para o exercício da função pública.
(Alínea com redação dada pelo art. 1º da Lei Comple-
Art. 105 - Quando se tratar de função gratificada, dar- mentar nº 44, de 5/7/1996.)
-se-á a vacância por: (Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de
a) dispensa a pedido do funcionário; 22/12/2010.)
b) dispensa a critério da autoridade;
c) não haver o funcionário designado assumido o exer- § 1º - Acidente é o evento danoso que tiver como causa
cício dentro do prazo legal; mediata ou imediata o exercício das atribuições inerentes ao
d) destituição na forma do art. 248. cargo.
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas § 2º - Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não
Gerais.) provocada pelo funcionário no exercício de suas atribuições.
§ 3º - A prova de acidente será feita em processo espe-
cial, no prazo de oito dias, prorrogável quando as circuns-
CAPÍTULO II tâncias o exigirem, sob pena de suspensão.
Da Exoneração § 4º - Entende-se por doença profissional a que decorrer
das condições do serviço ou de fato nele ocorrido, devendo
Art. 106 - Dar-se-á exoneração: o laudo médico estabelecer-lhe a rigorosa caracterização.
a) a pedido do funcionário; § 5º - A aposentadoria, a que se referem as alíneas «c»,
b) a critério do Governo quando se tratar de ocupante «d» e «e” só será concedida quando verificado o caráter in-
de cargo em comissão ou interino em cargo de carreira ou capacitante e irreversível da doença ou da lesão, que impli-
isolado, de provimento efetivo; que a impossibilidade de o servidor reassumir o exercício do
(Vide art. 117 do Ato das Disposições Constitucionais cargo mesmo depois de haver esgotado o prazo máximo
Transitórias.) admitido neste Estatuto para o gozo de licença para trata-
c) quando o funcionário não satisfizer as condições de mento de saúde.
estágio probatório; (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei Com-
d) quando o funcionário interino em cargo de carreira plementar nº 44, de 5/7/1996.)
ou isolado, de provimento efetivo, não satisfizer as exigên- (Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de
cias para a inscrição, em concurso; 22/12/2010.)

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DE MINAS GERAIS
§ 6º - No caso de serviços que, por sua natureza, de- Art. 111 - (Revogado pelo art. 18 da Lei nº 1.435, de
mandem tratamento especial, a lei poderá fixar, para os 30/1/1956.)
funcionários que neles trabalhem, redução dos prazos re- Dispositivo revogado:
lativos à aposentadoria requerida ou idade inferior para a “Art. 111 - O funcionário que contar 30 anos de serviço
compulsória. público será aposentado desde que o requeira:
§ 7º - Será aposentado, se o requerer, o funcionário que a) com as vantagens da comissão ou função gratificada
contar vinte e cinco anos de efetivo exercício no magistério. em cujo exercício se achar, desde que o exercício abranja,
Para todos os fins e vantagens, considera-se como sem interrupção, os seis anos anteriores;
“efetivo exercício no magistério” o referente à duração do b) com idênticas vantagens, desde que o exercício do
Curso de Aperfeiçoamento frequentado pelo funcionário. cargo em comissão ou da função gratificada tenha com-
§ 8º - As professoras primárias têm direito à aposenta- preendido um período de dez anos, consecutivos ou não,
doria, desde que contem sessenta anos de idade. mesmo que, ao aposentar-se, o funcionário já esteja fora
§ 9º - Os demais funcionários ao atingirem a idade fi- daquele exercício.
xada no parágrafo anterior e desde que contem mais de § 1º - No caso da letra «b» deste artigo, quando mais
20 (vinte) anos de serviço prestado ao Estado, poderão ser de um cargo ou função tenha sido exercido, serão atribuí-
aposentados, se o requererem, com o vencimento ou a re- das as vantagens de maior padrão desde que lhe corres-
muneração calculados de acordo com o disposto nos itens ponda um exercício mínimo de dois anos; fora dessa hi-
III e IV do art. 110. pótese, atribuir-se-ão as vantagens do cargo ou função de
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 4.065, de remuneração imediatamente inferior.
28/12/1965.) § 2º - A aplicação do regime estabelecido neste artigo
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.) exclui as vantagens instituídas no art. 117, salvo o direito
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- de opção.”
rais.) (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Transitórias.) rais.)
(Vide art. 36 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 109 - A aposentadoria dependente de inspeção
médica só será decretada depois de verificada a impossibi- Art. 112 - O funcionário interino não poderá ser apo-
lidade de readaptação do funcionário. sentado, exceto no caso previsto no art. 108, alíneas “d” e
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- “e”.
rais.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais rais.)
Transitórias.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 110 - Os proventos da aposentadoria serão inte-
grais: Art. 113 - Os proventos da inatividade serão revistos
I - se o funcionário contar 30 anos de efetivo exercício; sempre que, por motivo de alteração de poder aquisitivo
II - quando ocuparem as hipóteses das alíneas “c”, “d” e da moeda, se modificarem os vencimentos dos funcioná-
“e” do art. 108, e parágrafo 8º do mesmo artigo; rios em atividade.
III - proporcional ao tempo de serviço na razão de tan- (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
tos avos por ano quantos os anos necessários de perma- (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
nência no serviço, nos casos previstos nos parágrafos 6º e rais.)
7º do art. 108; (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
IV - proporcional ao tempo de serviço na razão de um Transitórias.)
trinta avos por ano, sobre o vencimento ou remuneração (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
de atividade, nos demais casos. plementar nº 64, de 25/3/2002.)
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- Art. 114 - (Vetado).
rais.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais rais.)
Transitórias.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 115 - Os vencimentos da aposentadoria não po- V - gratificações;
derão ser superiores ao vencimento ou remuneração da VI - honorários;
atividade, nem inferiores a um terço. (Vide art. 11 da Lei nº 18.384, de 15/9/2009.)
(Vide § 4º da alínea “d” do inciso III do art. 36 da Cons- VII - quotas-partes e percentagens previstas em lei;
tituição do Estado de Minas Gerais.) VIII - adicionais previstos em lei.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) rais.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Transitórias.)
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Art. 119 - Excetuados os casos expressamente previs-
plementar nº 64, de 25/3/2002.) tos no artigo anterior, o funcionário não poderá receber, a
qualquer título, seja qual for o motivo ou a forma de pa-
Art. 116 - Serão incorporados aos vencimentos, para gamento, nenhuma outra vantagem pecuniária dos órgãos
efeito de aposentadoria: ou serviços públicos, das entidades autárquicas ou paraes-
a) os adicionais por tempo de serviço; tatais, ou organizações públicas, em razão de seu cargo ou
b) adicional de família extinguindo-se à medida que os função, nos quais tenha sido mandado servir, ou ainda de
filhos, existentes ao tempo da aposentadoria, forem atin- particular.
gindo o limite de idade estabelecida no art. 126, nº II; (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
c) (Revogada pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de rais.)
16/10/1964.) (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Dispositivo revogado:
“c) a gratificação de função, nos termos do art. 143, CAPÍTULO II
letra “g”.” Do Vencimento e da Remuneração
d) (Vetado).
(Vide arts. 7° e 36 da Constituição do Estado de Minas Art. 120 - Vencimento é a retribuição paga ao funcio-
Gerais.) nário pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais padrão fixado em lei.
Transitórias.) (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Estado de Minas Gerais.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 121 - Remuneração é a retribuição paga ao fun-
Art. 117 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de cionário pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
16/10/1964.) padrão de vencimento e mais as quotas ou porcentagens,
Dispositivo revogado: que, por lei, lhe tenham sido atribuídas.
“Art. 117 - O funcionário que contar 30 (trinta) anos de (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
exercício no serviço público será aposentado com os pro- Estado de Minas Gerais.)
ventos acrescidos de 15% (quinze por cento), não podendo
este aumento, no entanto, exceder de Cr$ 500,00 (quinhen- Art. 122 - Somente nos casos previstos em lei poderá
tos cruzeiros) mensais.” perceber vencimento ou remuneração o funcionário que
(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 937, não estiver no exercício do cargo.
de 18/6/1953.) (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- Estado de Minas Gerais.)
rais.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Art. 123 - O funcionário nomeado para exercer cargo
Transitórias.) isolado, provido em comissão, perderá o vencimento ou
(Vide art. 7º ao 15, 47, 74, 75 e 76 da Lei Complementar remuneração ao cargo efetivo, salvo opção.
nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 8° da Lei nº 9.263, de 11/9/1986.)
(Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
TÍTULO VII Estado de Minas Gerais.)
Dos Direitos, Vantagens e Concessões (Vide art. 7° da Lei nº 10.363, de 27/12/1990.)
CAPÍTULO I
Disposições Gerais Art. 124 - O vencimento ou a remuneração dos fun-
cionários não poderão ser objeto de arresto, sequestro ou
Art. 118 - Além de vencimento ou da remuneração do penhora, salvo quando se tratar:
cargo o funcionário poderá auferir as seguintes vantagens: I - de prestação de alimentos, na forma da lei civil;
I - ajuda de custo; II - de dívida à Fazenda Pública.
II - diárias; (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
III - auxílio para diferença de caixa; Estado de Minas Gerais.)
IV - abono de família;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 125 - A partir da data da publicação do decreto Art. 130 - O abono de família não está sujeito a qual-
que o promover, ao funcionário, licenciado ou não, ficarão quer imposto ou taxa, mas servirá de base para qualquer
assegurados os direitos e o vencimento ou a remuneração contribuição ou consignação em folha, inclusive para fins
decorrentes da promoção. de previdência social.
(Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do (Artigo com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 937,
Estado de Minas Gerais.) de 18/6/1953.)
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
CAPÍTULO III 25/3/2002.)
Do Abono de Família
CAPÍTULO IV
Art. 126 - O abono de família será concedido, na forma Do Auxílio para Diferença de Caixa
da Lei, ao funcionário ativo ou inativo:
I - pela esposa; Art. 131 - Ao funcionário que, no desempenho de suas
II - por filho menor de 21 anos que não exerça profis- atribuições comuns, pagar ou receber, em moeda corrente,
são lucrativa; poderá ser concedido um auxílio, fixado em lei, para com-
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.364, pensar as diferenças de caixa.
de 13/1/1961.) Parágrafo único - O auxílio não poderá exceder a cinco
III - por filho inválido ou mentalmente incapaz; por cento do padrão de vencimento e só será concedido
IV - por filha solteira que não tiver profissão lucrativa; dentro dos limites da dotação orçamentária.
V - por filho estudante que frequentar curso secundá-
rio ou superior em estabelecimento de ensino oficial ou CAPÍTULO V
particular fiscalizado pelo Governo, e que não exerça ativi- Da Ajuda de Custo
dade lucrativa, até a idade de 24 anos. (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Art. 132 - Será concedida ajuda de custo ao funcio-
Parágrafo único - Compreende-se neste artigo os fi- nário que, em virtude de transferência, remoção, designa-
lhos de qualquer condição, os enteados, os adotivos e o
ção para função gratificada, passar a ter exercício em nova
menor que, mediante autorização judicial, viver sob a guar-
sede, ou quando designado para serviço ou estudo fora
da e sustento do funcionário.
do Estado.
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº
§ 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
3.071, de 30/12/1963.)
nário das despesas de viagem e de nova instalação.
(Vide art. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
§ 2º - O transporte do funcionário e de sua família cor-
25/3/2002.)
rerá por conta do Estado.
Art. 127 - Quando pai ou mãe forem funcionários ina-
tivos e viverem em comum, o abono de família será conce- Art. 133 - A ajuda de custo será arbitrada pelos Secre-
dido àquele que tiver o maior vencimento. tários do Estado e Diretores de Departamento diretamente
§ 1º - Se não viverem em comum, será concedido ao subordinados ao Governador do Estado, tendo em vista
que tiver os dependentes sob sua guarda. cada caso, as condições de vida na nova sede, a distância
§ 2º - Se ambos os tiverem, será concedido a um e que deverá ser percorrida, o tempo de viagem e os recur-
outro dos pais, de acordo com a distribuição dos depen- sos orçamentários disponíveis.
dentes. § 1º - A ajuda de custo não poderá ser inferior à im-
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de portância correspondente a um mês de vencimento e nem
25/3/2002.) superior a três, salvo quando se tratar do funcionário de-
signado para serviço ou estudo no estrangeiro.
Art. 128 - (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 937, de § 2º - No caso de remuneração, calcular-se-á sobre a
18/6/1953.) média mensal da mesma no último exercício financeiro.
Dispositivo revogado: § 3º - Será a ajuda de custo calculada, nos casos de
“Art. 128 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a promoção, na base do vencimento ou remuneração do
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos novo cargo a ser exercido.
incapazes.”
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de Art. 134 - A ajuda de custo será paga ao funcionário
25/3/2002.) diantadamente no local da repartição ou do serviço do que
foi desligado.
Art. 129 - O abono de família será pago, ainda nos ca- Parágrafo único - O funcionário sempre que o preferir,
sos em que o funcionário ativo ou inativo deixar de perce- poderá receber, integralmente, a ajuda de custo, na sede da
ber vencimento, remuneração ou provento. nova repartição ou serviço.
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) Art. 135 - Não será concedida a ajuda de custo:

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DE MINAS GERAIS
I - quando o funcionário se afastar da sede, ou a ela § 2º - Sede é a localidade onde o funcionário tem exer-
voltar, em virtude de mandato eletivo; cício.
II quando for posto à disposição do Governo Federal, (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
municipal e de outro Estado; de 19/12/1977.)
III - quando for transferido ou removido a pedido ou
permuta, inclusive. Art. 140 - O pagamento de diária, que pode ser feito
antecipadamente, destina-se a indenizar o funcionário por
Art. 136 - Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido: despesas com alimentação e pousada, devendo ocorrer
I - o funcionário que não seguir para a nova sede dentro por dia de afastamento e pelo valor fixado no regulamento.
dos prazos determinados; § 1º - A diária é integral quando o afastamento se der
II - o funcionário que, antes de terminado o desempe- por mais de doze horas e exigir pousada paga pelo fun-
nho da incumbência que lhe foi cometida, regressar da nova cionário.
sede, pedir exoneração ou abandonar o serviço. § 2º - Ocorrendo afastamento por até doze horas, é
§ 1º - A restituição será feita parceladamente, salvo no devida apenas a parcela da diária relativa a alimentação.
caso de recebimento indevido, em que a importância cor- (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
respondente será descontada integralmente do vencimento de 19/12/1977.)
ou remuneração, sem prejuízo da aplicação da pena disci-
plinar cabível na espécie. Art. 141 - É vedado o pagamento de diária cumulativa-
§ 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata mente com qualquer outra retribuição de caráter indeniza-
este artigo atinge exclusivamente a pessoa do funcionário. tório de despesa com alimentação e pousada.
§ 3º - Se o regresso do funcionário for determinado (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
pela autoridade competente, ou, em caso de pedido de de 19/12/1977.)
exoneração, apresentado pelo menos noventa dias após
seus exercício na nova sede, ou doença comprovada, não Art. 142 - Constitui infração disciplinar grave, punível
na forma da lei, conceder ou receber diária indevidamente.
ficará ele obrigado a restituir a ajuda de custo.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
de 19/12/1977.)
Art. 137 - O transporte do funcionário e de sua família
compreende passagens e bagagens, observado, quanto a
CAPÍTULO VII
estas, o limite estabelecido no regulamento próprio.
Das Gratificações
§ 1º - Poderá ainda ser fornecida passagem a um servi-
çal que acompanhe o funcionário.
Art. 143 - Será concedida gratificação ao funcionário:
§ 2º - O funcionário será obrigado a repor a importância a) pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
correspondente ao transporte irregularmente requisitado, b) pela execução de trabalho de natureza especial, com
além de sofrer a pena disciplinar que for aplicável. risco de vida ou saúde;
c) pela elaboração de trabalho técnico ou científico de
Art. 138 - Compete ao Governador do Estado arbitrar utilidade para o serviço público;
a ajuda de custo que será paga ao funcionário designado d)de representação, quando em serviço ou estudo no
para serviço ou estudo fora do Estado. estrangeiro ou no país;
Parágrafo único - A ajuda de custo, de que trata este e) quando regularmente nomeado ou designado para
artigo, não poderá ser inferior a um mês de vencimento ou fazer parte do órgão legal de deliberação coletiva ou para
remuneração do funcionário. cargo ou função de confiança;
f) pela prestação de serviço extraordinário;
CAPÍTULO VI g) de função de chefia prevista em lei;
Das Diárias h) adicional por tempo de serviço, nos termos de lei.
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) § 1º - A gratificação a que se refere a alínea «e» deste
artigo será fixada no limite máximo de um terço do venci-
Art. 139 - O funcionário que se deslocar de sua sede, mento ou remuneração.
eventualmente e por motivo de serviço, faz jus à percepção § 2º - Será estabelecido em decreto o quanto das grati-
de diária, nos termos de regulamento. ficações a que se referem as alíneas «a» e «b» deste artigo.
§ 1º - A diária não é devida:
1) no período de trânsito, ao funcionário removido ou Art. 144 - A gratificação pelo exercício em determina-
transferido. das zonas ou locais e pela execução de trabalhos de natu-
2) quando o deslocamento do funcionário durar menos reza especial, com risco da vida ou da saúde, será determi-
de seis horas; nada em lei.
3) quando o deslocamento se der para a localidade
onde o funcionário resida; Art. 145 - A gratificação pela elaboração de trabalho
4) quando relativa a sábado, domingo ou feriado, salvo técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço público,
se a permanência do funcionário fora da sede nesses dias será arbitrada pelo Governador do Estado, após sua con-
for conveniente ou necessária ao serviço. clusão.

15
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 146 - A gratificação a título de representação CAPÍTULO IX
quando em serviço ou estudo fora do Estado, será autori- Das Férias
zada pelo Governador do Estado, levando em conta o ven- (Vide art. 12 da Lei nº 18185, de 4/6/2009.)
cimento e a duração certa ou presumível do estudo e as
condições locais, salvo se a lei ou regulamento já dispuser Art. 152 - O funcionário gozará, obrigatoriamente, por
a respeito. ano vinte e cinco dias úteis de férias, observada a escala
Parágrafo único - A gratificação de que trata este arti- que for organizada de acordo com conveniência do servi-
go terá limite mínimo de um terço do vencimento do fun- ço, não sendo permitida a acumulação de férias.
cionário. § 1º - Na elaboração da escala, não será permitido que
entrem em gozo de férias, em um só mês, mais de um terço
Art. 147 - A gratificação relativa ao exercício em órgão de funcionários de uma seção ou serviço.
legal de deliberação coletiva será fixada em lei. § 2º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta
ao trabalho.
Art. 148 - A gratificação pela prestação de serviço ex- § 3º - Ingressando no serviço público estadual, somen-
traordinário, que não poderá, em hipótese alguma, exceder te depois do 11º mês de exercício poderá o funcionário
ao vencimento do funcionário, será:
gozar férias.
a) previamente arbitrada pelo Secretário de Estado ou
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
Diretor de Departamento diretamente subordinado ao Go-
(Vide art. 17 da Lei Complementar nº 102, de
vernador do Estado;
17/1/2008.)
b) paga por hora de trabalho prorrogado ou anteci-
pado.
§ 1º - No caso da alínea «b», a gratificação será paga Art. 153 - Durante as férias, o funcionário terá direi-
por hora de trabalho antecipado ou prorrogado, salvo to ao vencimento ou remuneração e a todas as vantagens,
quando a prorrogação for apenas de uma hora e tiver cor- como se estivesse em exercício exceto a gratificação por
rido apenas duas vezes no mês, caso em que não será re- serviço extraordinário.
munerada.
§ 2º - Entende-se por serviço extraordinário todo e Art. 154 - O funcionário promovido, transferido ou re-
qualquer trabalho previsto em regimento ou regulamento, movido, quando em gozo de férias, não será obrigado a
executado fora da hora do expediente regulamentar da re- apresentar-se antes de terminá-las.
partição e previamente autorizado pelo Secretário de Esta-
do ou Diretor de Departamento diretamente subordinado Art. 155 - É facultado ao funcionário gozar férias onde
ao Governador do Estado. lhe convier, cumprindo-lhe, entretanto, antes do seu início,
§ 3º - O pagamento de que trata este artigo será efe- comunicar o seu endereço eventual ao chefe da repartição
tuado mediante folha especial previamente aprovada pela ou serviço a que estiver subordinado.
autoridade a que se refere o parágrafo anterior e publicado
no órgão oficial, da qual constem o nome do funcionário, CAPÍTULO X
cargo, o vencimento mensal, e o número de horas de servi- Das Férias-Prêmio
ço extraordinário, a gratificação arbitrada, se for o caso, e a
importância total de despesa. Art. 156 - O funcionário gozará férias-prêmio corres-
pondente a decênio de efetivo exercício em cargos esta-
Art. 149 - O funcionário perceberá honorário quando duais na base de quatro meses por decênio.
designado para exercer, fora do período normal ou extraor- § 1º - As férias-prêmio serão concedidas com o ven-
dinário de trabalho, as funções de auxiliar ou membro de cimento ou remuneração e todas as demais vantagens do
bancas e comissões de concursos ou provas, de professor
cargo, excetuadas somente as gratificações por serviços
ou auxiliar de cursos legalmente instituídos.
extraordinários, e sem perda da contagem de tempo para
todos os efeitos, como se estivesse em exercício.
CAPÍTULO VIII
§ 2º - Para tal fim, não se computará o afastamento do
Da Função Gratificada
exercício das funções, por motivo de:
Art. 150 - Função gratificada é a instituída em lei para a) gala ou nojo, até 8 dias cada afastamento;
atender os encargos de chefia e outros que a lei determinar. b) férias anuais;
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do c) requisição de outras entidades públicas, com afasta-
Estado de Minas Gerais.) mento autorizado pelo Governo do Estado;
d) viagem de estudo, aperfeiçoamento ou representa-
Art. 151 - Não perderá a gratificação o funcionário ção fora da sede, autorizada pelo Governo do Estado;
que deixar de comparecer ao serviço em virtude de fé- e) licença para tratamento de saúde até 180 dias;
rias, luto, casamento, doença comprovada, serviços obri- f) júri e outros serviços obrigatórios por lei;
gatórios por lei. g) exercício de funções de governo ou administração
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do em qualquer parte do território estadual, por nomeação do
Estado de Minas Gerais.) Governo do Estado.

16
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
§ 3º - O servidor público terá, automaticamente, conta- Art. 163 - As licenças concedidas dentro de sessenta
do em dobro, para fins de aposentadoria e vantagens dela dias contados da terminação da anterior serão considera-
decorrentes, o tempo de férias-prêmio não gozadas. das como prorrogação.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 3.579, de (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
19/11/1965.)
(Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Mi- Art. 164 - O funcionário não poderá permanecer em
nas Gerais.) licença por prazo superior a 24 meses salvo o portador de
tuberculose, lepra ou pênfigo foliáceo, que poderá ter mais
Art. 157 - O pedido de concessão de férias-prêmio três prorrogações de 12 meses cada uma, desde que, em
deverá ser instruído com certidão de contagem de tempo exames periódicos anuais, não se tenha verificado a cura.
fornecida pela repartição competente. (Artigo com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 937,
Parágrafo único - Considera-se repartição competente de 18/6/1953.)
para tal fim aquela que dispuser de elementos para certi- (Vide arts. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de
ficar o tempo de serviço mediante fichas oficiais cópias de 25/3/2002.)
folhas de pagamento ou registro de ponto.
(Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Mi- Art. 165 - Decorrido o prazo estabelecido no artigo
nas Gerais.) anterior, o funcionário será submetido a inspeção médica
e aposentado, se for considerado definitivamente inválido
CAPÍTULO XI para o serviço público em geral.
Das Licenças (Vide art. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de
SEÇÃO I 25/3/2002.)
Disposições Gerais
Art. 166 - O funcionário poderá gozar licença onde lhe
Art. 158 - O funcionário poderá ser licenciado: convier, ficando obrigado a comunicar, por escrito, o seu
I - para tratamento de saúde; endereço ao chefe a que estiver imediatamente subordi-
II - quando acidentado no exercício de suas atribuições nado.
ou atacado de doença profissional; (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
III - por motivo de doença em pessoa de sua família;
IV - no caso previsto no art. 175; Art. 167 - O funcionário acidentado no exercício de
V - quando convocado para serviço militar; suas atribuições terá assistência hospitalar, médica e far-
VI - para tratar de interesses particulares; macêutica dada a custa do Instituto de Previdência dos
VII - no caso previsto no art. 186. Servidores do Estado de Minas Gerais.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)

Art. 159 - Aos funcionários interinos e aos em comissão SEÇÃO II


não será concedida licença para tratar de interesses parti- Licença para Tratamento de Saúde
culares.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) Art. 168 - A licença para tratamento de saúde será con-
cedida a pedido do funcionário ou “ex-officio”.
Art. 160 - A competência para a concessão de licença Parágrafo único - Num e noutro caso de que cogita
para tratamento de saúde será definida em regulamento este artigo é indispensável a inspeção médica, que deverá
próprio. realizar-se, sempre que necessária, na residência do fun-
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) cionário.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 161 - A licença dependente de inspeção médica
será concedida pelo prazo indicado no respectivo laudo. Art. 169 - O funcionário licenciado para tratamento de
Parágrafo único - Antes de findo esse prazo o funcio- saúde não poderá dedicar-se a qualquer atividade remu-
nário será submetido a nova inspeção e o laudo médico nerada.
concluirá pela sua volta ao serviço, pela prorrogação da li- (Artigo com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 937,
cença ou pela aposentadoria. de 18/6/1953.)
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)

Art. 162 - Finda a licença, o funcionário deverá reassu- Art. 170 - Quando licenciado para tratamento de saú-
mir, imediatamente, o exercício do cargo, se assim concluir de, acidente no serviço de suas atribuições, ou doença
o laudo de inspeção médica, salvo caso de prorrogação, profissional, o funcionário receberá integralmente o venci-
mesmo sem o despacho final desta. mento ou a remuneração e demais vantagens.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)

17
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 171 - O funcionário licenciado para tratamento de SEÇÃO IV
saúde é obrigado a reassumir o exercício, se for considera- Licença por Motivo de Doença em
do apto em inspeção médica “ex-officio”. Pessoa da Família
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da li-
cença desde que, mediante inspeção médica, seja julgado Art. 176 - O funcionário poderá obter licença por moti-
apto para o exercício. vo de doença na pessoa do pai, mãe, filhos ou cônjuge de
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) que não esteja legalmente separado.
§ 1º - (Vetado).
Art. 172 - O funcionário atacado de tuberculose ativa, § 2º - Provar-se-á a doença mediante inspeção médi-
cardiopatia descompensada, alienação mental, neoplasia ca, na forma prevista em lei, para a licença de que trata o
maligna, leucemia, cegueira, lepra, pênfigo foliáceo ou pa- artigo.
ralisia que o impeça de locomover-se, será compulsoria- § 3º - (Vetado).
mente licenciado, com vencimento ou remuneração inte-
gral e demais vantagens. SEÇÃO V
Parágrafo único - Para verificação das moléstias refe- Licença para Serviço Militar
ridas neste artigo, a inspeção médica será feita obrigato-
riamente por uma junta médica oficial, de três membros, Art. 177 - Ao funcionário que for convocado para o
todos presentes. serviço militar e outros encargos de segurança nacional,
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) será concedida licença com vencimento ou remuneração e
demais vantagens, descontada mensalmente a importância
Art. 173 - O funcionário, durante a licença, ficar obriga- que receber na qualidade de incorporado.
do a seguir rigorosamente o tratamento médico adequado § 1º - A licença será concedida mediante comunica-
à doença, sob pena de lhe ser suspenso o pagamento de ção do funcionário ao chefe da repartição ou do serviço,
vencimento ou remuneração. acompanhada de documento oficial de que prove a incor-
§ 1º - No caso de alienado mental, responderá o cura- poração.
dor pela obrigação de que trata este artigo. § 2º - O funcionário desincorporado reassumirá ime-
diatamente o exercício, sob pena de perda do vencimento
§ 2º - A repartição competente fiscalizará a observância
ou remuneração e, se a ausência exceder a trinta dias, de
do disposto neste artigo.
demissão, por abandono do cargo.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
§ 3º - Tratando-se de funcionário cuja incorporação te-
nha perdurado pelo menos um ano, o chefe da repartição
Art. 174 - A licença será convertida em aposentadoria,
ou serviço a que tiver de se apresentar o funcionário po-
na forma do art. 165, e antes do prazo nele estabelecido,
derá conceder-lhe o prazo de quinze dias para reassumir o
quando assim opinar a junta médica, por considerar defi-
exercício, sem perda de vencimento ou remuneração.
nitiva, para o serviço público em geral, a invalidez do fun- § 4º - Quando a desincorporação se verificar em lugar
cionário. diverso do exercício, os prazos para a apresentação do fun-
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) cionário à sua repartição ou serviço serão os marcados no
artigo 70.
SEÇÃO III
Licença à Funcionária Gestante Art. 178 - Ao funcionário que houver feito curso para
oficial da reserva das forças armadas, será também con-
Art. 175 - À funcionária gestante será concedida, me- cedida licença com vencimento ou remuneração e demais
diante inspeção médica, licença, por três meses, com ven- vantagens durante os estágios prescritos pelos regulamen-
cimento ou remuneração e demais vantagens. tos militares, quando por estes não tiver direito àquele
§ 1º - A licença só poderá ser concedida para o período pagamento, assegurado, em qualquer caso, o direito de
que compreenda, tanto quanto possível, os últimos qua- opção.
renta e cinco dias da gestação e o puerpério.
§ 2º - A licença deverá ser requerida até o oitavo mês SEÇÃO VI
da gestação, competindo à junta médica fixar a data do Licença para Tratar de Interesses Particulares
seu início.
§ 3º - O pedido encaminhado depois do oitavo mês Art. 179 - Depois de dois anos de exercício, o funcioná-
da gestação será prejudicado quanto à duração da licença, rio poderá obter licença, sem vencimento ou remuneração,
que se reduzirá dos dias correspondentes ao atraso na for- para tratar de interesses particulares.
mulação do pedido. § 1º - A licença poderá ser negada quando o afasta-
§ 4º - Se a criança nascer viva, prematuramente, antes mento do funcionário for inconveniente ao interesse do
que a funcionária tenha requerido a licença, o início desta serviço.
será a partir da data do parto. § 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a
(Vide arts. 17 e 70 da Lei Complementar nº 64, de concessão da licença.
25/3/2002.) (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.)

18
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 180 - Não será concedida licença para tratar de in- Parágrafo único - Não adquirirão estabilidade, qual-
teresses particulares ao funcionário nomeado, removido ou quer que seja o tempo de serviço o funcionário interino e
transferido, antes de assumir o exercício. no cargo em que estiver substituindo ou comissionado, o
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de nomeado em comissão ou em substituição.
25/3/2002.) (Vide art. 5° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
Art. 181 - Não será, igualmente, concedida licença para cionais Transitórias.)
tratar de interesses particulares ao funcionário que, a qual-
quer título, estiver ainda obrigado a indenização ou devolu- Art. 188 - Para fins de aquisição de estabilidade, só será
ção aos cofres públicos. contado o tempo de serviço efetivo, prestado em cargos
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de estaduais.
25/3/2002.) Parágrafo único - Desligando-se do serviço público es-
tadual e sendo readmitido ou nomeado para outro cargo
Art. 182 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de estadual, a contagem de tempo será feita, para fim de esta-
11/7/1972.) bilidade, na data da nova posse.
Dispositivo revogado: (Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Ge-
“Art. 182 - Só poderá ser concedida nova licença para rais.)
tratar de interesses particulares, depois de decorridos dois (Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
anos da terminação da anterior.” cionais Transitórias.)
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) Art. 189 - Os funcionários públicos perderão o cargo:
I - quando vitalícios, somente em virtude de sentença
Art. 183 - O funcionário poderá, a qualquer tempo, reas- judiciária;
sumir o exercício desistindo da licença. II - quando estáveis, no caso do número anterior, no
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de de extinguir o cargo ou no de serem demitidos mediante
25/3/2002.) processo administrativo em que se lhes tenha assegurada
ampla defesa.
Art. 184 - A autoridade que houver concedido a licença Parágrafo único - A estabilidade não diz respeito ao
poderá, a todo tempo, desde que o exija o interesse do ser- cargo, ressalvando-se à administração o direito de readap-
viço público, cassá-la, marcando razoável prazo para que o tar o funcionário em outro cargo, removê-lo, transferi-lo ou
funcionário licenciado reassuma o exercício. transformar o cargo, no interesse do serviço.
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de (Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Ge-
25/3/2002.) rais.)
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
Art. 185 - (Vetado). cionais Transitórias.)
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) CAPÍTULO XIII
Da Disponibilidade
SEÇÃO VII
Licença à Funcionária Casada com Funcionário Art. 190 - Quando se extinguir o cargo, o funcionário
estável ficará em disponibilidade remunerada, com venci-
Art. 186 - A funcionária casada com funcionário estadual, mento ou remuneração integrais e demais vantagens, até
federal ou militar, terá direito a licença, sem vencimento ou o seu obrigatório aproveitamento em outro cargo de natu-
remuneração, quando o marido for mandado servir, inde- reza, vencimentos ou remuneração compatíveis com o que
pendentemente de solicitação, em outro ponto do Estado ou ocupava.
do território nacional ou no estrangeiro. (Vide § 3º do inciso III do art. 35 da Constituição do
Parágrafo único - A licença será concedida mediante Estado de Minas Gerais.)
pedido, devidamente instruído, e vigorará pelo tempo que
durar a comissão ou nova função do marido. CAPÍTULO XIV
Do Direito de Petição
CAPÍTULO XII (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Da Estabilidade
Art. 191 - É assegurado ao funcionário o direito de re-
Art. 187 - O funcionário adquirirá estabilidade depois de: querer ou representar.
I - dois anos de exercício, quando nomeado em virtude
de concurso; Art. 192 - O requerimento será dirigido à autoridade
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) competente para decidi-lo e encaminhado por intermé-
II - cinco anos de exercício, o efetivo nomeado sem dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o
concurso. requerente.

19
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 193 - O pedido de reconsideração será dirigido à Parágrafo único - Não se compreende na proibição
autoridade que houver expedido o ato ou proferido a pri- deste artigo a acumulação de cargo ou função com a gra-
meira decisão, não podendo ser renovado. tificação de função.
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de recon- (Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Ge-
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser rais.)
despachados no prazo de cinco dias e decididos dentro de
trinta, improrrogáveis. CAPÍTULO XVI
Das Concessões
Art. 194 - Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
terpostos. Art. 201 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração
§ 1º - O recurso será dirigido à autoridade imediata- ou qualquer outro direito ou vantagem legal, o funcioná-
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a rio poderá faltar ao serviço até oito dias consecutivos por
decisão e, sucessivamente, em escala ascendente, às de- motivo de:
mais autoridades. a) casamento;
§ 2º - No encaminhamento do recurso observar-se-á o b) falecimento do cônjuge, filhos, pais ou irmãos.
disposto na parte final do art. 192.
Art. 202 - Ao funcionário licenciado para tratamento de
Art. 195 - Os pedidos de reconsideração e os recur- saúde poderá ser concedido transporte, inclusive para as
sos que não têm efeito suspensivo; os que forem providos, pessoas de sua família, por conta do Estado, fora da sede
porém, darão lugar às retificações necessárias, retroagindo de serviço, se assim o exigir o laudo médico oficial.
os seus efeitos à data do ato impugnado, desde que outra
solução jurídica não determine a autoridade, quanto aos Art. 203 - Poderá ser concedido transporte à família
efeitos relativos ao passado. do funcionário, quando este falecer fora da sede de seus
trabalhos, no desempenho de serviço.
Art. 196 - O direito de pleitear na esfera administrativa
prescreverá, em geral, nos mesmos prazos fixados para as Art. 204 - (Revogado pelo art. 6º da Lei Complementar
ações próprias cabíveis no judiciário, quanto à espécie. nº 70, de 30/7/2003.)
Parágrafo único - Se não for o caso de direito que dê Dispositivo revogado:
oportunidade à ação judicial, prescreverá a faculdade de “Art. 204 - Ao cônjuge, ou, na falta deste, à pessoa que
pleitear na esfera administrativa, dentro de 120 dias a con- provar ter feito despesas em virtude do falecimento do
tar da data da publicação oficial do ato impugnado ou, funcionário na ativa ou em disponibilidade, será concedida,
quando este for da natureza reservada, da data da ciência a título de funeral, importância correspondente a um mês
do interessado. de vencimento ou remuneração.
§ 1º - A despesa correrá pela dotação própria do cargo,
Art. 197 - O funcionário que se dirigir ao Poder Judiciá- não podendo, por esse motivo, o nomeado, para preen-
rio ficará obrigado a comunicar essa iniciativa a seu chefe chê-lo, entrar em exercício antes de decorridos trinta dias
imediato para que este providencie a remessa do proces- do falecimento do seu antecessor.
so, se houver, ao juiz competente, como peça instrutiva da § 2º - O pagamento será efetuado, pela respectiva re-
ação judicial. partição pagadora, no dia em que lhe forem apresentados
o atestado de óbito, se houver cônjuge, ou os comprovan-
Art. 198 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabe- tes das despesas, em se tratando de outra pessoa.”
lecidos neste capítulo. (Artigo com redação dada pelo art. 27 da Lei n° 3.422,
de 8/10/1965.)
CAPÍTULO XV (Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.)
Da Acumulação (Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Art. 205 - O vencimento ou a remuneração do funcio-
Art. 199 - É vedada a acumulação de cargo, exceto as nário em atividade ou em disponibilidade e o provento
previstas nos artigos 61, número I e 137, da Constituição atribuído ao que estiver aposentado não poderão sofrer
Estadual. outros descontos que não sejam previstos em lei.
(Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) Art. 206 - A administração, em igualdade de condições,
preferirá para transferência ou remoção da localidade onde
Art. 200 - É vedada, ainda, a acumulação de funções trabalha, o funcionário que não seja estudante.
ou de cargos e funções do Estado, ou do Estado com os da
União ou Município e com os das entidades autárquicas.

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DE MINAS GERAIS
Art. 207 - Ao funcionário estudante matriculado em CAPÍTULO II
estabelecimento de ensino será concedido, sempre que Da Prisão Preventiva e da Suspensão Preventiva
possível, horário especial de trabalho que possibilite a fre-
quência regular às aulas. Art. 213 - Cabe, dentro das respectivas competências,
Parágrafo único - Ao funcionário estudante será per- aos Secretários de Estado e aos Diretores de Departamen-
mitido faltar ao serviço, sem prejuízo do vencimento, re- tos diretamente subordinados ao Governador do Estado,
muneração ou vantagens decorrentes do exercício, nos ordenar a prisão administrativa de todo ou qualquer res-
dias de prova ou de exame. ponsável pelos dinheiros e valores pertencentes à Fazenda
Estadual ou que se acharem sob a guarda desta, nos casos
TÍTULO VIII de alcance ou omissão em efetuar as entradas nos devidos
Dos Deveres e da Ação Disciplinar prazos.
CAPÍTULO I § 1º - A autoridade que ordenar a prisão comunicará
Das Responsabilidades o fato imediatamente à autoridade judiciária competente,
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) para os devidos efeitos.
§ 2º - Providenciará, ainda, no sentido de ser iniciado
Art. 208 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, com urgência e imediatamente concluído o processo de
o funcionário responde civil, penal e administrativamente. tomada de contas.
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de § 3º - A prisão administrativa não poderá exceder a no-
Minas Gerais.) venta dias.

Art. 209 - A responsabilidade civil decorre de proce- Art. 214 - Poderá ser ordenada, pelo Secretário de
dimento doloso ou culposo, que importe em prejuízo da Estado e Diretores de Departamentos diretamente subor-
Fazenda Estadual, ou de terceiro. dinados ao Governador do Estado, dentro da respectiva
§ 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda competência, a suspensão preventiva do funcionário, até
Estadual no que exceder as forças da fiança, poderá ser trinta dias, desde que seu afastamento seja necessário para
liquidada mediante o desconto em prestações mensais
a averiguação de faltas cometidas, podendo ser prorroga-
não excedentes da décima parte do vencimento ou remu-
da até noventa dias, findos os quais cessarão os efeitos da
neração, à míngua de outros bens que respondam pela
suspensão, ainda que o processo administrativo não esteja
indenização.
concluído.
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiro, res-
ponderá o funcionário perante a Fazenda Estadual, em
Art. 215 - O funcionário terá direito:
ação regressiva, proposta depois de transitar em julgado
I - à contagem de tempo de serviço relativo ao período
a decisão de última instância que houver condenado a
da prisão ou da suspensão, quando do processo não re-
Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado.
sultar punição, ou esta se limitar às penas de advertências,
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) multa ou repreensão;
II - à diferença de vencimento ou remuneração e à
Art. 210 - A responsabilidade penal abrange os crimes contagem de tempo de serviço correspondente ao período
e contravenções imputados ao funcionário, nessa quali- de afastamento excedente do prazo de suspensão efetiva-
dade. mente aplicada.
(Vide art. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) CAPÍTULO III
Dos Deveres e Proibições
Art. 211 - A responsabilidade administrativa resulta de
atos ou omissões praticados no desempenho do cargo ou Art. 216 - São deveres do funcionário:
função. I - assiduidade;
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de II - pontualidade;
Minas Gerais.) III - discrição;
IV - urbanidade;
Art. 212 - As cominações civis, penais e disciplinares V - lealdade às instituições constitucionais e adminis-
poderão cumular-se, sendo umas e outras independentes trativas a que servir;
entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administra- VI - observância das normas legais e regulamentares;
tiva. VII - obediência às ordens superiores, exceto quando
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de manifestamente ilegais;
Minas Gerais.) VIII - levar ao conhecimento da autoridade superior ir-
regularidade de que tiver ciência em razão do cargo;
IX - zelar pela economia e conservação do material que
lhe for confiado;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
X - providenciar para que esteja sempre em ordem no Art. 219 - São competentes para determinar a instaura-
assentamento individual a sua declaração de família; ção do processo administrativo os Secretários de Estado e
XI - atender prontamente: os Diretores de Departamentos diretamente subordinados
a) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; ao Governador do Estado.
b) à expedição das certidões requeridas para a defesa (Vide art. 11 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
de direito. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
(Vide art. 172 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) nas Gerais.)

Art. 217 - Ao funcionário é proibido: Art. 220 - O processo administrativo constará de duas
I - referir-se de modo depreciativo, em informação, pa- fases distintas:
recer ou despacho, às autoridades e atos da administração a) inquérito administrativo;
pública, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los b) processo administrativo propriamente dito.
do ponto de vista doutrinário ou da organização do servi- § 1º - Ficará dispensada a fase do inquérito administra-
ço; tivo quando forem evidentes as provas que demonstrem a
II - retirar sem prévia autorização da autoridade com- responsabilidade do indiciado ou indiciados.
petente qualquer documento ou objeto da repartição; § 2º - O inquérito administrativo se constituirá de averi-
III - promover manifestações de apreço ou desapreço guação sumária, sigilosa, de que se encarregarão funcioná-
e fazer circular ou subscrever lista de donativos no recinto rios designados pelas autoridades a que se refere o art. 219
da repartição; e deverá ser iniciado e concluído no prazo improrrogável
IV - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal em de 30 dias a partir da data de designação.
detrimento da dignidade da função; § 3º - Os funcionários designados para proceder ao
V - coagir ou aliciar subordinados com objetivos de na- inquérito, salvo autorização especial da autoridade com-
tureza partidária; petente, não poderão exercer outras atribuições além das
VI - participar da gerência ou administração de empre- de pesquisas e averiguação indispensável à elucidação do
sa comercial ou industrial, salvo os casos expressos em lei; fato, devendo levar as conclusões a que chegarem ao co-
VII - exercer comércio ou participar de sociedade co- nhecimento da autoridade competente, com a caracteriza-
mercial, exceto como acionista, quotista ou comandatário; ção dos indiciados.
VIII - praticar a usura em qualquer de suas formas; § 4º - Nenhuma penalidade, exceto repreensão, multa
IX - pleitear, como procurador ou intermediário, junto e suspensão, poderá decorrer das conclusões a que chegar
às repartições públicas, salvo quando se tratar de percep- o inquérito, que é simples fase preliminar do processo ad-
ção de vencimentos e vantagens, de parente até segundo ministrativo.
grau; (Parágrafo vetado e com redação dada pelo art. 9º da
X - receber propinas, comissões, presentes e vantagens Lei nº 937, de 18/6/1953.)
de qualquer espécie em razão das atribuições; § 5º - Os funcionários encarregados do inquérito ad-
XI - contar a pessoa estranha à repartição, fora dos ca- ministrativo dedicarão todo o seu tempo aos trabalhos do
sos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe mesmo, sem prejuízo de vencimento, remuneração ou van-
competir ou a seus subordinados. tagem decorrente do exercício.
(Vide art. 173 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
nas Gerais.)
CAPÍTULO IV
Da apuração de irregularidades Art. 221 - O processo administrativo será realizado por
SEÇÃO I uma comissão, designada pela autoridade que houver de-
Do processo administrativo terminado a sua instauração e composta de três funcioná-
rios estáveis.
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de § 1º - A autoridade indicará, no ato da designação, um
30/7/2003.) dos funcionários para dirigir, como presidente, os trabalhos
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 116, de da comissão.
11/1/2011.) § 2º - O presidente designará um dos outros compo-
nentes da comissão para secretariá-la.
Art. 218 - A autoridade que tiver ciência ou notícia da (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
ocorrência de irregularidades no serviço público é obriga- nas Gerais.)
do a promover-lhe a apuração imediata por meio de sumá-
rios, inquérito ou processo administrativo. Art. 222 - Os membros da comissão dedicarão todo o
Parágrafo único - O processo administrativo precederá seu tempo aos trabalhos da mesma, ficando, por isso, au-
sempre à demissão do funcionário. tomaticamente dispensados do serviço de sua repartição,
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 937, sem prejuízo do vencimento, remuneração ou vantagens
de 18/6/1953.) decorrentes do exercício, durante a realização das diligên-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi- cias que se tornarem necessárias.
nas Gerais.) (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) nas Gerais.)

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 223 - O processo administrativo deverá ser iniciado Art. 228 - Apresentado o relatório, os componentes
dentro do prazo, improrrogável, de três dias contados da da comissão assumirão o exercício de seus cargos, mas
data da designação dos membros da comissão e concluí- ficarão à disposição da autoridade que houver mandado
do no de sessenta dias, a contar da data de seu início. instaurar o processo para a prestação de qualquer escla-
Parágrafo único - Por motivo de força-maior, poderá a recimento julgado necessário.
autoridade competente prorrogar os trabalhos da comis- (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
são pelo máximo de 30 dias. Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Art. 229 - Entregue o relatório da comissão, acompa-
nhado do processo, à autoridade que houver determina-
Art. 224 - A comissão procederá a todas as diligências do à sua instauração, essa autoridade deverá proferir o
que julgar convenientes, ouvindo, quando necessário, a julgamento dentro do prazo improrrogável de sessenta
opinião de técnicos ou peritos. dias.
Parágrafo único - Terá o funcionário indiciado o di- Parágrafo único - Se o processo não for julgado no
reito de, pessoalmente ou por procurador, acompanhar prazo indicado neste artigo, o indiciado reassumirá, auto-
todo o desenvolver do processo, podendo, através do seu maticamente, o exercício de seu cargo ou função, e aguar-
defensor, indicar e inquirir testemunhas, requerer juntada dará em exercício o julgamento, salvo o caso de prisão
de documentos, vista do processo em mãos da comissão administrativa que ainda perdure.
e o mais que for necessário a bem de seu interesse, sem (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
prejuízo para o andamento normal do trabalho. Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Art. 230 - Quando escaparem à sua alçada as pena-
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis, a au-
Art. 225 - Ultimado o processo, a comissão mandará, toridade que determinou a instauração do processo ad-
dentro de quarenta e oito horas, citar o acusado para, no ministrativo, propô-las-á dentro do prazo marcado para
prazo de dez dias, apresentar defesa. julgamento, à autoridade competente.
Parágrafo único - Achando-se o acusado em lugar in- § 1º - Na hipótese deste artigo, o prazo para julga-
certo, a citação será feita por edital publicado no órgão mento final será de quinze dias, improrrogável.
oficial, durante oito dias consecutivos. Neste caso, o prazo § 2º - A autoridade julgadora promoverá as providên-
cias necessárias à sua execução.
de dez dias para apresentação da defesa será contado da
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
data da última publicação do edital.
Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.)
Art. 231 - As decisões serão sempre publicadas no ór-
gão oficial, dentro do prazo de oito dias.
Art. 226 - No caso de revelia, será designado, “ex-offi-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
cio”, pelo presidente da comissão, um funcionário para se
Minas Gerais.)
incumbir da defesa.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Art. 232 - Quando ao funcionário se imputar crime
Minas Gerais.) praticado na esfera administrativa, a autoridade que de-
terminar a instauração do processo administrativo provi-
Art. 227 - Esgotado o prazo referido no art. 225, a co- denciará para que se instaure simultaneamente o inqué-
missão apreciará a defesa produzida e, então, apresentará rito policial.
o seu relatório, dentro do prazo de dez dias. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
§ 1º - Neste relatório, a comissão apreciará em rela- Minas Gerais.)
ção a cada indiciado, separadamente, as irregularidades
de que forem acusados, as provas colhidas no processo, Art. 233 - Quando a infração estiver capitulada na lei
as razões de defesa, propondo, então, justificadamente, a penal, será remetido o processo à autoridade competen-
absolvição ou a punição, e indicando, neste caso, a pena te, ficando traslado na repartição.
que couber. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
§ 2º - Deverá, também, a comissão em seu relatório, Minas Gerais.)
sugerir quaisquer outras providências que lhe pareçam de
interesse do serviço público. Art. 234 - No caso de abandono do cargo ou função,
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de de que cogita o art. 249, II, deste Estatuto, o presidente
Minas Gerais.) da comissão de processo promoverá a publicação, no ór-
gão oficial, de editais de chamamento, pelo prazo de vinte
dias, se o funcionário estiver ausente do serviço, em edital
de citação, pelo mesmo prazo, se já tiver reassumido o
exercício.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - Findo o prazo fixado neste artigo, Art. 240 - Concluída a instrução do processo, será ele,
será dado início ao processo normal, com a designação de dentro de dez dias, encaminhado com relatório da comis-
defensor “ex-officio”, se não comparecer o funcionário, e, são ao Governador do Estado, que o julgará.
não tendo sido feita a prova da existência de força-maior Parágrafo único - Para esse julgamento, o Governador
ou de coação ilegal, a comissão proporá a expedição do do Estado terá o prazo de vinte dias, podendo antes deter-
decreto de demissão, na conformidade do art. 249, item II. minar diligências que entenda necessárias ao melhor escla-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi- recimento do processo.
nas Gerais.)
Art. 241 - Julgando procedente a revisão, o Governa-
SEÇÃO II dor do Estado tornará sem efeito as penalidades aplicadas
Revisão do Processo Administrativo ao acusado.
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de
30/7/2003.) Art. 242 - O julgamento favorável do processo implica-
rá também o restabelecimento de todos os direitos perdi-
Art. 235 - A qualquer tempo pode ser requerida a re- dos em consequência da penalidade aplicada.
visão de processo administrativo, em que se impôs a pena
de suspensão, multa, destituição de função, demissão a Art. 243 - Quando o acusado pertencer ou houver per-
bem do serviço público, desde que se aduzam fatos ou tencido a órgão diretamente subordinado ao Governador
circunstâncias susceptíveis de justificar a inocência do acu- do Estado, ao Secretário de Estado dos Negócios do In-
sado. terior, competirá despachar o requerimento de revisão e
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário falecido julgá-lo, afinal.
ou desaparecido, a revisão poderá ser requerida por qual-
quer pessoa relacionada no assentamento individual. CAPÍTULO V
(Vide Lei nº 14.184, de 31/1/2002. Das Penalidades

Art. 236 - Além das peças necessárias à comprovação (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
dos fatos arguidos, o requerimento será obrigatoriamente
instruído com certidão do despacho que impôs a penali- Art. 244 - São penas disciplinares:
dade. I - Repreensão;
Parágrafo único - Não constitui fundamento para revi- II - Multa;
são a simples alegação de injustiça da penalidade. III - Suspensão;
IV - Destituição de função;
Art. 237 - O requerimento será dirigido ao Governador V - Demissão;
VI - Demissão a bem do serviço público.
do Estado, que o despachará à repartição onde se originou
Parágrafo único - A aplicação das penas disciplinares
o processo.
não se sujeita à sequência estabelecida neste artigo, mas é
Parágrafo único - Se o Governador do Estado julgar
autônoma, segundo cada caso e consideradas a natureza
insuficientemente instruído o pedido de revisão, indeferi-
e a gravidade da infração e os danos que dela provierem
-lo-á “in limine”.
para o serviço público.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
Art. 238 - Recebido o requerimento despachado pelo
de Minas Gerais.)
Governador do Estado, o chefe da repartição o distribuirá
a uma comissão composta de três funcionários de catego- Art. 245 - A pena de repreensão será aplicada por es-
ria igual ou superior à do acusado, indicando o que deve crito em caso de desobediência ou falta de cumprimento
servir de presidente, para processar a revisão. de deveres.
Parágrafo único - Havendo dolo ou má-fé, a falta de
Art. 239 - O requerimento será apenso ao processo ou cumprimento de deveres, será punida com a pena de sus-
à sua cópia (art. 233) marcando-se ao interessado o prazo pensão.
de dez dias para contestar os fundamentos da acusação (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
constantes do mesmo processo. de Minas Gerais.)
§ 1º - É impedido de funcionar na revisão quem com-
pôs a comissão do processo administrativo. Art. 246 - A pena de suspensão será aplicada em ca-
§ 2º - Se o acusado pretender apresentar prova tes- sos de:
temunhal deverá arrolar os nomes no requerimento de I - Falta grave;
revisão. II - Recusa do funcionário em submeter-se à inspeção
§ 3º - O presidente da comissão de revisão designará médica quando necessária;
um de seus membros para secretariá-la. III - Desrespeito às proibições consignadas neste Es-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de 30/7/2003.) tatuto;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
IV - Reincidência em falta já punida com repreensão; III - revelar segredos de que tenha conhecimento em
V - Recebimento doloso e indevido de vencimento, ou razão do cargo ou função, desde que o faça dolosamente e
remuneração ou vantagens; com prejuízo para o Estado ou particulares;
VI - Requisição irregular de transporte; IV - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
VII - Concessão de laudo médico gracioso. nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
§ 1º - A pena de suspensão não poderá exceder de V - lesar os cofres públicos ou delapidar o patrimônio
noventa dias. do Estado;
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vanta- VI - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. ou vantagens de qualquer espécie.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)

Art. 247 - A pena de multa será aplicada na forma e Art. 251 - O ato que demitir o funcionário mencionará
nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento. sempre a disposição legal em que se fundamenta.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado Parágrafo único - Uma vez submetidos a processo ad-
de Minas Gerais.) ministrativo, os funcionários só poderão ser exonerados
depois da conclusão do processo e de reconhecida a sua
Art. 248 - A destituição de função dar-se-á:
culpabilidade.
I - quando se verificar a falta de exação no seu desem-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
penho;
de Minas Gerais.)
II - quando se verificar que, por negligência ou benevo-
lência, o funcionário contribuiu para que se não apurasse,
no devido tempo, a falta de outro. Art. 252 - Para aplicação das penas do art. 244 são
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado competentes:
de Minas Gerais.) I - o chefe do Governo, nos casos de demissão;
II - os Secretários de Estado e Diretores de Departa-
Art. 249 - A pena de demissão será aplicada ao servidor mentos diretamente subordinados ao Governador do Esta-
que: do, nos casos de suspensão por mais de trinta dias;
I - acumular, ilegalmente, cargos, funções ou cargos III - os chefes de Departamentos, nos casos de repreen-
com funções; são e suspensão até trinta dias.
II - incorrer em abandono de cargo ou função pública Parágrafo único - A aplicação da pena de destituição
pelo não comparecimento ao serviço sem causa justificada de função caberá à autoridade que houver feito a desig-
por mais de trinta dias consecutivos ou mais de noventa nação.
dias não consecutivos em um ano; (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
III - aplicar indevidamente dinheiros públicos; de Minas Gerais.)
IV - exercer a advocacia administrativa;
V - receber em avaliação periódica de desempenho: Art. 253 - Deverão constar do assentamento individual
a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatis- todas as penas impostas ao funcionário, inclusive as decor-
fatório; rentes da falta de comparecimento às sessões do júri para
b) três conceitos interpolados de desempenho insatis- que for sorteado.
fatório em cinco avaliações consecutivas; ou § 1º - Além da pena judicial que couber, serão consi-
c) quatro conceitos interpolados de desempenho insa- derados como de suspensão os dias em que o funcionário
tisfatório em dez avaliações consecutivas. deixar de atender às convocações do juiz, sem motivo jus-
Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho tificado.
insatisfatório o servidor cuja avaliação total, considerados § 2º - O funcionário poderá requerer reabilitação admi-
todos os critérios de julgamento aplicáveis em cada caso,
nistrativa, que consiste na retirada, dos registros funcionais,
seja inferior a 50% (cinquenta por cento) da pontuação má-
das anotações das penas de repreensão, multa, suspensão
xima admitida.
e destituição de função, observado o decurso de tempo
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei Comple-
assim estabelecido:
mentar nº 71, de 30/7/2003.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado 1 - três (3) anos para as penas de suspensão compreen-
de Minas Gerais.) didas entre sessenta (60) a noventa (90) dias ou destituição
(Vide art. 24 da Lei Complementar nº 81, de 10/8/2004.) de função;
2 - dois (2) anos para as penas de suspensão com-
Art. 250 - Será aplicada a pena de demissão a bem do preendidas entre trinta (3) e sessenta (60) dias;
serviço ao funcionário que: 3 - um (1) ano para as penas de suspensão de um (1) a
I - for convencido de incontinência pública e escanda- trinta (30) dias, repreensão ou multa.
losa, de vício de jogos proibidos e de embriaguez habitual; § 3º - Os prazos a que se refere o parágrafo anterior
II - praticar crime contra a boa ordem e administração serão contados a partir do cumprimento integral das res-
pública e a Fazenda Estadual; pectivas penalidades.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
§ 4º - A reabilitação administrativa estende-se ao apo- Art. 258 - As penas de repreensão, multa e suspensão
sentado, desde que ocorram os requisitos a ela vinculados. prescrevem no prazo de dois anos e a de demissão, por
§ 5º - Em nenhum caso a reabilitação importará direito abandono do cargo, no prazo de quatro anos.
a ressarcimento, restituição ou indenização de vencimentos (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
ou vantagens não percebidos no período de duração da de Minas Gerais.)
pena.
§ 6º - A reabilitação será concedida uma única vez. Art. 259 - No caso do art. 249, item I, provada a boa-fé,
§ 7º - Os procedimentos para o instituto da reabilitação poderá o servidor optar, obedecidas as seguintes normas:
serão definidos em decreto. a) tratando-se do exercício acumulado de cargo, fun-
§ 8º - É da competência do Secretário de Administra- ções ou cargos e funções do Estado, mediante simples re-
ção decidir sobre a reabilitação, ouvido, previamente, o ti- querimento, de próprio punho e firma reconhecida, dirigi-
tular da repartição de exercício do funcionário. do ao Governador do Estado;
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 9.442, b) quando forem os cargos ou funções acumulados de
de 22/10/1987.) esferas diversas da Administração - União, Estado, Muni-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado cípio ou entidade autárquica, mediante requerimento, na
de Minas Gerais.) forma da alínea anterior, e dada ciência imediata do fato à
outra entidade interessada.
Art. 254 - Verificado, em qualquer tempo, ter sido gra- Parágrafo único - Se não for provada em processo ad-
cioso o laudo da junta médica, o órgão competente pro- ministrativo a boa-fé, o servidor será demitido do cargo ou
moverá a punição dos responsáveis, incorrendo o funcio- destituído da função estadual, sendo cientificado também,
nário, a que aproveitar a fraude, na pena de suspensão, e, neste caso, a outra entidade interessada e ficando o servi-
na reincidência, na de demissão, e os médicos em igual dor ainda inabilitado, pelo prazo de 5 anos, para o exercício
pena, se forem funcionários sem prejuízo da ação penal de cargos ou funções do Estado.
que couber. (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
de Minas Gerais.)
Art. 260 - O funcionário que indevidamente receber
Art. 255 - O funcionário que não entrar em exercício diária será obrigado a restituir, de uma só vez, a importân-
dentro do prazo será demitido do cargo ou destituído da cia recebida, ficando ainda sujeito a punição disciplinar a
função. que se refere o art. 246, item V.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)

Art. 256 - Terá cassada a licença e será demitido do Art. 261 - Será punido com a pena de suspensão, e, na
cargo o funcionário licenciado para tratamento de saúde reincidência, com a de demissão, o funcionário que, inde-
que se dedicar a qualquer atividade remunerada. vidamente, conceder diárias, com o objetivo de remunerar
(Artigo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 937, outros serviços ou encargos, ficando ainda obrigado à re-
de 18/6/1953.) posição da importância correspondente.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)

Art. 257 - Será cassada, por decreto do Governador do Art. 262 - Será responsabilizado pecuniariamente, sem
Estado, a aposentadoria ou disponibilidade, se ficar pro- prejuízo da sanção disciplinar que couber, o chefe de re-
vado, em processo, que o aposentado ou funcionário em partição que ordenar a prestação de serviço extraordinário,
disponibilidade: sem que disponha do necessário crédito.
I - praticou, quando em atividade, qualquer dos atos (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
para os quais é cominada neste Estatuto a pena de demis- de Minas Gerais.)
são, ou de demissão a bem do serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Art. 263 - O funcionário que processar o pagamento de
III - aceitou representação de Estado estrangeiro, sem serviço extraordinário, sem observância do disposto nesta
prévia autorização do Governador do Estado; lei, ficará obrigado a recolher aos cofres do Estado a impor-
IV - praticou a usura, em qualquer de suas formas. tância respectiva.
Parágrafo único - Será igualmente cassada a disponibi- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
lidade do servidor que não assumir, no prazo legal, o cargo de Minas Gerais.)
ou função em que for aproveitado.
(Artigo com redação dada pelo art. 4º da Lei nº 2.364, Art. 264 - Será punido com a pena de suspensão e, na
de 13/1/1961.) reincidência, com a de demissão a bem do serviço público,
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado o funcionário que atestar falsamente a prestação de serviço
de Minas Gerais.) extraordinário.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - O funcionário que se recusar, sem Art. 272 - A infração do disposto no art. 162 importará
justo motivo, à prestação de serviço extraordinário será pu- a perda total do vencimento ou remuneração e, se a au-
nido com a pena de suspensão. sência exceder a trinta dias, a demissão por abandono do
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado cargo.
de Minas Gerais.) (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.)
Art. 265 - Comprovada a flagrante desnecessidade da
antecipação ou prorrogação do período de trabalho, o che- Art. 273 - A responsabilidade administrativa não exime
fe da repartição que o tiver ordenado responderá pecunia- o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no
riamente pelo serviço extraordinário.
caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
obrigado o exime da pena disciplinar em que incorrer.
de Minas Gerais.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
Art. 266 - Da infração do disposto no art. 119 resul- de Minas Gerais.)
tará demissão do funcionário por procedimento irregular,
e imediata reposição aos cofres públicos da importância Art. 274 - A autoridade que deixar de proferir o julga-
recebida, pela autoridade ordenadora do pagamento. mento em processo administrativo no prazo marcado no
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado art. 229, será responsabilizada pelos prejuízos que advie-
de Minas Gerais.) rem do retardamento da decisão.
(Vide §§ 1º e 4º do art. 4º e art. 29 da Constituição do
Art. 267 - Serão considerados como falta os dias em Estado de Minas Gerais.)
que o funcionário licenciado para tratamento de saúde,
considerado apto em inspeção médica “ex-officio”, deixar TÍTULO IX
de comparecer ao serviço. Das Disposições Finais e Transitórias
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) Art. 275 - A nomeação de funcionário obedecerá a or-
dem de classificação dos candidatos habilitados em con-
Art. 268 - O responsável por alcance ou desvio de ma- curso.
terial não ficará isento da ação administrativa e criminal
que couber, ainda que o valor da fiança seja superior ao
Art. 276 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as or-
prejuízo verificado.
dens de parentes até segundo grau, salvo quando se tratar
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de função de imediata confiança e de livre escolha, não
podendo exceder a dois o número de auxiliares nessas
Art. 269 - Nos casos de indenização à Fazenda Esta- condições.
dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
a importância do prejuízo causado em virtude de alcance, Art. 277 - Poderá ser estabelecido o regime do tempo
desfalque ou omissão em efetuar recolhimento ou entra- integral para os cargos ou funções que a lei determinar.
das nos prazos legais. (Vide art. 22 da Lei n° 3.422, de 8/10/1965.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) Art. 278 - O órgão competente fornecerá ao funcioná-
rio uma caderneta de que constarão os elementos de sua
Art. 270 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, identificação e onde se registrarão os atos e fatos de sua
a importância da indenização poderá ser descontada do vida funcional, essa caderneta valerá como prova de identi-
vencimento ou remuneração, não excedendo o desconto à dade, para todos os efeitos, e será gratuita.
quinta parte de sua importância líquida.
Parágrafo único - O desconto poderá ser integral, Art. 279 - Considerar-se-ão da família do funcionário,
quando o funcionário, para se esquivar ao ressarcimento desde que vivam às suas expensas e constem do seu assen-
devido, solicitar exoneração ou abandonar o cargo.
tamento individual:
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
I - o cônjuge;
de Minas Gerais.)
II - as filhas, enteadas, sobrinhas e irmãs solteiras e viú-
Art. 271 - Será suspenso por noventa dias, e, na reinci- vas;
dência demitido o funcionário que fora dos casos expres- III - os filhos, enteados, sobrinhos e irmãos menores de
samente previstos em lei, regulamentos ou regimentos, co- 18 anos ou incapazes;
meter à pessoas estranhas às repartições, o desempenho IV - os pais;
de encargos que lhe competirem ou aos seus subordina- V - os netos;
dos. VI - os avós;
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado VII - os amparados pela delegação do pátrio poder.
de Minas Gerais.)

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 280 - Os prazos previstos neste Estatuto serão, to- a) revisão;
dos, contados por dias corridos, salvo as exceções previs- b) composição;
tas em lei. c) impressão;
d) expedição.
Art. 281 - O provimento nos cargos e transferências, a
substituição e as férias, bem como o vencimento e as de- Art. 288 - Os funcionários da Polícia Civil, que traba-
mais vantagens dos cargos de Magistério e do Ministério lhem em serviço de natureza estritamente policial, terão
Público continuam a ser reguladas pelas respectivas leis direito à aposentadoria com o vencimento integral e a in-
especiais, aplicadas subsidiariamente às disposições deste corporação das vantagens a que se refere o art. 116 desta
Estatuto. lei, quando completarem 25 anos de serviço dedicado ex-
clusivamente às aludidas atividades policiais.
Art. 282 - Nenhum imposto ou taxa estadual gravará Parágrafo único - Consideram-se atividades policiais,
vencimento, remuneração ou gratificação do funcionário, para os fins deste artigo, as exercidas por:
o ato de sua nomeação, bem como os demais atos, reque- a) Delegados de polícia;
rimentos, recursos ou títulos referentes à sua vida funcio- b) médicos legistas;
nal. c) investigadores;
Parágrafo único - O vencimento da disponibilidade e o d) guardas civis;
provento da aposentadoria não poderão, igualmente, so- e) fiscais e inspetores de trânsito;
frer qualquer desconto por cobrança de impostos ou taxas f) escrivães e escreventes da polícia;
estaduais. g) peritos do Departamento da Polícia Técnica.

Art. 283 - Para os efeitos do art. 111, será contado o Art. 289 - Tem direito à aposentadoria com 25 anos
tempo de efetivo exercício prestado pelo servidor em car- de trabalho o funcionário que, durante este período, traba-
go ou função de chefia anteriormente à vigência da Lei lhou 12 anos e seis meses, pelo menos, com Raio X, subs-
858, de 29 de dezembro de 1951. tâncias radioativas ou substâncias químicas de emanações
corrosivas.
Art. 284 - Nas primeiras promoções que se verificarem
após a vigência desta lei, será observado o disposto no art. Art. 290 - As professoras e diretoras do ensino primário
46 da Lei 858, de 29 de dezembro de 1951. que por qualquer circunstância tenham prestado ou este-
jam prestando serviços aos Departamentos Administra-
Art. 285 - Os decretos de provimento de cargos pú- tivos das Secretarias do Estado, terão direito à contagem
blicos, as designações para função gratificada, bem como do tempo de serviço, para efeito do pagamento de seus
todos os atos ou portarias relativas a direitos, vantagens, quinquênios e aposentadoria no quadro a que pertencem,
concessões e licenças só produzirão efeito depois de pu- conforme prevê a Constituição do Estado.
blicados no órgão oficial.
Art. 291 - O funcionário, que, não obstante aposenta-
Art. 286 - (Revogado pelo art. 6º da Lei Complementar do, tenha permanecido, a qualquer título, por exigência do
nº 70,de 30/7/2003.) serviço, sem solução de continuidade, a serviço do Estado,
Dispositivo revogado: e ainda permaneça na data desta lei, terá sua aposentado-
“Art. 286 - Ao funcionário licenciado há mais de dez ria revista, sendo-lhe atribuídos proventos corresponden-
meses para tratamento de saúde, é assegurado o direito, a tes aos vencimentos da situação nova, do cargo em que
título de auxílio-doença, à percepção de um mês de ven- aposentou nos termos da Lei 858, de 29 de dezembro de
cimento. 1951, e as vantagens da presente lei, relativas à inatividade.
Parágrafo único - Quando se tratar de moléstia pro- Parágrafo único - A prova dos requisitos relacionados
fissional ou de acidente, nos termos do artigo 170, o auxí- neste artigo será feita por certidão visada pelo chefe da re-
lio-doença será devido após três meses de licenciamento, partição onde trabalhe o aposentado beneficiário, da qual
sendo repetido quando este atingir um ano.” constem elementos objetivos que atestem a permanência
(Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.) no serviço e o efetivo exercício, sendo o respectivo título
(Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) apostilado pela mesma autoridade.

Art. 287 - Aos funcionários que trabalham ou tenham Art. 292 - Ficam derrogados os artigos 5º da Lei 346, de
trabalhado pelo menos cinco anos nas oficinas do “Minas 30 de dezembro de 1948, e 25, I, “a”, da Lei 347, da mesma
Gerais”, em serviço noturno, abonar-se-ão setenta e dois data, no que se referem ao limite máximo de idade para a
dias, para efeito de aposentadoria, em cada ano que for admissão de extranumerários.
apurado.
Parágrafo único - Consideram-se funcionários das ofi- Art. 293 - A concessão de diária ao funcionário nos ter-
cinas do “Minas Gerais”, para os fins deste artigo, os per- mos dos artigos 139 e seguintes, desta lei, fica condiciona-
tencentes à: da a regulamento.

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - Enquanto não for baixado o regula- Parágrafo único – No texto deste Decreto, equivalem-
mento de que trata este artigo, as diárias serão concedidas -se as expressões “Código de Conduta Ética do Agente Pú-
nos termos da legislação anterior. blico e da Alta Administração” e “Código de Ética”.
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Art. 3º – Para fins deste Código de Ética considera-se
agente público todo aquele que exerça, ainda que transi-
Art. 294 - A concessão de licença para tratamento de toriamente e sem remuneração, por eleição, nomeação,
saúde, prevista nos artigos 158, item I e 170, desta lei, fica designação, convênio, contratação ou qualquer outra
condicionada a regulamento. forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
Parágrafo único - Enquanto não for baixado o regula- go ou função pública em órgão ou entidade da Admi-
mento a que se refere este artigo, as licenças para trata-
nistração Pública Direta ou Indireta do Poder Executivo
mento de saúde serão concedidas nos termos da legislação
Estadual, inclusive os integrantes da Alta Administração
anterior à vigência desta lei.
do Poder Executivo Estadual de que trata o Capítulo II do
(Artigo acrescentado pelo art. 12 da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Título IV deste Código de Ética.
Parágrafo único – O agente público deve prestar com-
Art. 295 - A presente lei entrará em vigor na data de promisso solene de acatamento e observância ao dispos-
sua publicação, revogadas as disposições em contrário. to neste Código de Ética, em formulário próprio estabele-
(Artigo renumerado e com redação dada pelo art. 13 cido pelo Conselho de Ética Pública – Conset, a ser arqui-
da Lei nº 937, de 18/6/1953.) vado juntamente com os documentos comprobatórios de
seu vínculo com o Poder Executivo no respectivo órgão
(https://www.almg.gov.br/consulte/legis- ou entidade.
lacao/completa/completa-nova-min.html?ti-
po=LEI&num=869&ano=1952) Art. 4º – As condutas elencadas neste Código de Ética,
ainda que tenham descrição idêntica à de outros estatu-
tos, com eles não concorrem nem se confundem.
DECRETO Nº 46.644/2014 (DISPÕE SOBRE O
Art. 5º – Este Código de Ética não impede a criação
CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DO AGENTE e a existência de códigos de ética específicos, desde que
PÚBLICO E DA ALTA ADMINISTRAÇÃO esses não contrariem o disposto neste Decreto.
ESTADUAL).
Art. 6º – As atividades de divulgação e orientação
Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente sobre conduta ética no Poder Executivo Estadual são de
Público e da Alta Administração Estadual. competência do Conset e das Comissões de Ética existen-
tes em cada órgão ou entidade, segundo as disposições
(Vide Decreto nº 46.906, de 16/12/2015.) constantes deste Código de Ética e das Deliberações do
Conset.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no
uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da TÍTULO II
Constituição do Estado, DA CONDUTA ÉTICA
CAPÍTULO I
DECRETA: DOS PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS

TÍTULO I Art. 7º – A conduta do agente público integrante da


DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Administração Pública do Poder Executivo Estadual deve
reger-se pelos seguintes princípios:
Art. 1º – O Código de Conduta Ética do Servidor Pú- I – boa-fé;
blico e da Alta Administração Estadual, instituído pelo De-
II – honestidade;
creto nº 43.673, de 4 de dezembro de 2003, e disciplinado
III – fidelidade ao interesse público;
peloDecreto nº 43.885, de 4 de outubro de 2004, passa a
IV – impessoalidade;
denominar-se Código de Conduta Ética do Agente Público
e da Alta Administração Estadual e a reger-se pelas normas V – dignidade e decoro no exercício de suas funções;
estabelecidas neste Decreto. VI – lealdade às instituições;
VII – cortesia;
Art. 2º – O Código de Conduta Ética do Agente Público VIII – transparência;
e da Alta Administração Estadual é instrumento de orien- IX – eficiência;
tação e fortalecimento da consciência ética no relaciona- X – presteza e tempestividade;
mento do agente público estadual com pessoas e com o XI – respeito à hierarquia administrativa;
patrimônio público. XII – assiduidade;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
XIII – pontualidade; X – comunicar imediatamente aos superiores todo ato
XIV – cuidado e respeito no trato com as pessoas, su- ou fato contrário ao interesse público, para providências
bordinados, superiores e colegas; e cabíveis;
XV – respeito à dignidade da pessoa humana. XI – participar de movimentos e estudos relacionados
à melhoria do exercício de suas funções, visando ao bem
CAPÍTULO II comum;
DOS DIREITOS E GARANTIAS NO AMBIENTE DE XII – apresentar-se ao trabalho com trajes adequados
TRABALHO ao exercício da função;
XIII – manter-se atualizado com instruções, normas de
Art. 8º – Como resultantes da conduta ética que deve serviço e legislação pertinentes ao órgão ou entidade de
imperar no ambiente de trabalho e em suas relações inter- exercício;
pessoais, são direitos e garantias do agente público: XIV – facilitar atividades de fiscalização pelos órgãos
I – igualdade de acesso e oportunidades de crescimen- de controle;
to intelectual e profissional em sua respectiva carreira; XV – exercer função, poder ou autoridade de acordo
II – liberdade de manifestação, observado o respeito à com a lei e regulamentações da Administração Pública,
imagem da instituição e dos demais agentes públicos; sendo vedado o exercício contrário ao interesse público; e
III – igualdade de oportunidade nos sistemas de aferi- XVI – divulgar e estimular o cumprimento deste Código
ção, avaliação e reconhecimento de desempenho; de Ética.
IV – manifestação sobre fatos que possam prejudicar
seu desempenho ou reputação; Seção II
V – sigilo a informação de ordem pessoal; Das Vedações
VI – atuação em defesa legítima de seu interesse ou
direito; e Art. 10 – É vedado ao agente público:
VII – ciência do teor da acusação e vista dos autos, I – utilizar-se de cargo, emprego ou função, de facili-
quando estiver sendo investigado. dades, amizades, posição e influências para obter favoreci-
mento para si ou para outrem;
CAPÍTULO III II – prejudicar deliberadamente a reputação de subor-
DOS DEVERES E DAS VEDAÇÕES DO dinados, colegas, superiores hierárquicos ou pessoas que
AGENTE PÚBLICO dele dependam;
Seção I III – ser conivente com erro ou infração a este Código
Dos Deveres Éticos Fundamentais de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
IV – usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
Art. 9º – São deveres éticos fundamentais do agente exercício de direito de qualquer pessoa;
público: V – deixar de utilizar conhecimentos, avanços técnicos
I – agir com lealdade e boa-fé; e científicos ao seu alcance no desenvolvimento de suas
II – ser justo e honesto no desempenho de funções e atividades;
no relacionamento com subordinados, colegas, superiores VI – permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
hierárquicos, parceiros, patrocinadores e usuários do ser- caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter-
viço; firam no trato com o público ou com colegas hierarquica-
III – observar os princípios e valores da ética pública; mente superiores ou inferiores;
IV – atender prontamente às questões que lhe forem VII – pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber aju-
encaminhadas; da financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
V – ser ágil na prestação de contas de suas atividades; vantagem, para si ou outra pessoa, visando ao cumprimen-
VI – aperfeiçoar o processo de comunicação e contato to de sua atribuição, ou para influenciar outro servidor;
com o público; VIII – alterar ou deturpar teor de documentos;
VII – praticar a cortesia e a urbanidade e respeitar a IX – iludir ou tentar iludir pessoa que necessite de aten-
capacidade e as limitações individuais de colegas de traba- dimento em serviços públicos;
lho e dos usuários do serviço público, sem preconceito ou X – desviar agente público para atendimento a interes-
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, se particular;
preferência política, posição social e outras formas de dis- XI – retirar de repartição pública, sem autorização le-
criminação; gal, documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
VIII – representar contra atos que contrariem as nor- público;
mas deste Código de Ética; XII – usar informações privilegiadas obtidas em âmbito
IX – resistir a pressões de superiores hierárquicos, con- interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes,
tratantes, interessados e outros que visem a obter favores, amigos ou de terceiros;
benesses ou vantagens ilegais ou imorais, denunciando sua XIII – apresentar-se embriagado ou drogado para pres-
prática; tar serviço;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
XIV – permitir ou contribuir para que instituição que VII – convocar qualquer autoridade ou agente público
atente contra a moral, honestidade ou dignidade da pes- do Poder Executivo para prestar esclarecimento sobre de-
soa humana tenha acesso a recursos públicos de qualquer núncias em desfavor da respectiva instituição ou de seus
natureza; dirigentes;
XV – exercer atividade profissional antiética ou ligar VIII – responder consultas de autoridades e de agentes
seu nome a empreendimentos que atentem contra a moral públicos em matéria regulada por este Código de Ética;
pública; IX – emitir parecer acerca de enquadramento em hipó-
XVI – permitir ou concorrer para que interesses parti- teses de impedimento para fins de nomeação, designação
culares prevaleçam sobre o interesse público; ou contratação, a título comissionado, de pessoas para o
XVII – exigir submissão, constranger ou intimidar ou- exercício de funções, cargos e empregos no Poder Execu-
tro agente público, utilizando-se do poder que recebe em tivo Estadual; e
razão do cargo, emprego ou função pública que ocupa; e X – elaborar o seu regimento interno.
XVIII – participar de qualquer outra atividade que pos-
sa significar conflito de interesse em relação à atividade Art. 14 – O Conset é composto por sete membros, es-
pública que exerce. colhidos e designados pelo Governador do Estado entre
brasileiros de reconhecida idoneidade moral, reputação
Art. 11 – Para os fins deste Código de Ética, ao agente ilibada e dotados de notórios conhecimentos de Adminis-
público é vedada ainda a aceitação de presente, doação tração Pública.
ou vantagem de qualquer espécie, independente do valor § 1º – O exercício da função de conselheiro, no âmbito
monetário, de pessoa, empresa ou entidade que tenha ou do Conset, é considerado de relevante interesse público,
que possa ter interesse em: não enseja qualquer espécie de remuneração, sendo per-
I – quaisquer atos de mero expediente de responsabi- mitido o pagamento de verbas indenizatórias para despe-
lidade do agente público; sas com deslocamento, hospedagem e alimentação.
II – decisão de jurisdição do órgão ou entidade de vín- § 2º – Cabe ao Governador do Estado escolher o Presi-
culo funcional do agente público; e dente do Conselho, entre seus membros.
III – informações institucionais de caráter sigiloso a § 3º – Os membros do Conset cumprirão mandato de
que o agente público tenha acesso. três anos, admitida uma recondução.
Art. 12 – O agente público que fizer denúncia infunda- § 4º – O voto de desempate compete ao Presidente.
da estará sujeito às sanções deste Código.
Art. 15 – A Secretaria Executiva do Conselho de Ética
TÍTULO III Pública tem por finalidade o apoio técnico e administrativo
DO CONSELHO E DA COMISSÃO DE ÉTICA às ações de competência do Conset.
CAPÍTULO I
DO CONSELHO DE ÉTICA PÚBLICA – CONSET Art. 16 – Normas complementares ao funcionamento
do Conset serão estabelecidas em Deliberação.
Art. 13 – O Conselho de Ética Pública – Conset, criado
pelo Decreto nº 43.673, de 4 de dezembro de 2003, passa CAPÍTULO II
a reger-se pelas normas estabelecidas neste Decreto, com- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
petindo-lhe:
I – assessorar o Governador e os Secretários de Estado Art. 17 – Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
em questões que envolvam normas deste Código de Ética; tração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual
II – receber denúncias sobre atos de autoridade prati- haverá uma Comissão de Ética com a finalidade de divulgar
cados em contrariedade às normas deste Código de Ética as normas deste Código de Ética e atuar na prevenção e na
e proceder à apuração de sua veracidade, desde que devi- apuração de falta ética no âmbito da respectiva instituição.
damente instruídas e fundamentadas;
III – instaurar, após as apurações pertinentes, processo Art. 18 – Compete à Comissão de Ética:
ético que envolva conduta de integrante da Alta Adminis- I – orientar e aconselhar o agente público sobre ética
tração Estadual, assim como decidir sobre recursos contra profissional no respectivo órgão ou entidade;
decisão sua ou proferida em processos instaurados pelas II – alertar agentes públicos quanto à conduta no am-
Comissões de Ética do Poder Executivo; biente de trabalho, especialmente no tratamento com as
IV – submeter ao Governador do Estado sugestões de pessoas e com o patrimônio público;
aprimoramento deste Código de Ética; III – adotar formas de divulgação das normas éticas e
V – dirimir dúvidas a respeito da interpretação das de prevenção de falta ética;
normas deste Código de Ética e deliberar sobre os casos IV – registrar condutas éticas relevantes;
omissos; V – decidir pela instauração e conduzir processo ético,
VI – promover ampla divulgação deste Código de observadas as normas estabelecidas no Título V deste De-
Ética; creto e em Deliberações do Conset;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
VI – elaborar seu regimento interno, observadas nor- Art. 23 – É permitido ao gestor público o exercício não
mas e diretrizes expedidas pelo Conset; e remunerado de encargo de mandatário, desde que não im-
VII – exercer outras atividades que lhe forem atribuídas plique a prática de atos de comércio ou quaisquer outros
ou delegadas pelo Conset. incompatíveis com o exercício do seu cargo, emprego ou
função, nos termos da lei.
Art. 19 – A Comissão de Ética é composta por três ti-
tulares e dois suplentes escolhidos pelo dirigente máximo Art. 24 – O gestor público deverá informar a existência
entre os agentes públicos em exercício no órgão ou enti- de eventual conflito de interesses, bem como comunicar
dade e com mandatos de três anos, sendo facultada uma qualquer circunstância ou fato impeditivo de sua participa-
recondução por igual período. ção em decisão coletiva ou em órgão colegiado.
§ 1º – Exceções ao disposto no caput deste artigo serão
analisadas pelo Conset e deliberadas em reunião plenária. Art. 25 – É vedado ao gestor público opinar publica-
§ 2º – A atuação em Comissão de Ética não enseja re- mente sobre:
muneração e os trabalhos nela desenvolvidos são conside- I – honorabilidade e desempenho funcional de outro
rados prestação de relevante serviço público. gestor público estadual;
§ 3º – Os órgãos e entidades regionalmente estrutu- II – mérito de questão a ele submetida, para decisão
rados podem instituir Comissões de Ética Regionais, que individual ou em órgão colegiado; e
receberão normas e diretrizes expedidas pelo Conset, por III – matérias não atinentes a sua área de competência.
meio da respectiva Comissão de Ética Central.
CAPÍTULO II
TÍTULO IV DA ALTA ADMINISTRAÇÃO
DA CONDUTA ÉTICA DO GESTOR PÚBLICO
CAPÍTULO I Art. 26 – A Alta Administração do Poder Executivo Esta-
DAS NORMAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS dual compõe-se dos seguintes gestores públicos:
I – Governador e Vice-Governador;
Art. 20 – Para fins deste Código de Ética considera-se II – Secretários de Estado, Secretários-Adjuntos, Sub-
gestor público, o agente público que por força do cargo,
secretários, Chefes de Gabinete e equivalentes hierárqui-
emprego ou função recebe poder público para coordenar
cos de órgãos da Administração Direta do Poder Executivo
e dirigir pessoas e trabalhos.
Estadual, bem como titulares de unidades administrativas
ligadas diretamente ao dirigente máximo ou ao subsecre-
Art. 21 – A atuação do gestor público deve pautar-se
tário e equivalentes hierárquicos;
especialmente nas seguintes condutas:
III – Dirigentes e Vice-Dirigentes de entidades da Admi-
I – adotar medidas para evitar conflitos de interesse
nistração Indireta do Poder Executivo Estadual, seus Chefes
privado com o interesse público;
de Gabinete e titulares de unidades administrativas ligadas
II – tratar respeitosamente subordinados e demais co-
diretamente ao dirigente máximo;
legas de trabalho;
IV – ocupantes de cargo de direção e assessoria dire-
III – combater práticas que possam suscitar qualquer
ta ao Governador, Vice-Governador e dirigente máximo de
forma de abuso de poder;
órgão ou entidade da Administração Pública Direta e Indi-
IV – utilizar, exclusivamente, o poder institucional que
reta do Poder Executivo Estadual;
lhe é atribuído por meio do cargo, função ou emprego pú-
V – Presidentes de órgãos colegiados deliberativos de
blico que ocupa, para viabilizar o atendimento ao interesse
empresas públicas e sociedades de economia mista do Po-
público;
der Executivo;
V – buscar a excelência na qualidade do trabalho, utili-
VI – Presidentes de Conselhos Estaduais; e
zando a crítica, quando necessária, de forma construtiva e
VII – outros agentes públicos, conforme deliberado
em caráter reservado, focando o ato ou fato e não a pes-
pelo Conset.
soa; e
Parágrafo único – Para efeito deste Código de Ética, o
VI – apoiar a divulgação e adoção de condutas éticas
termo “autoridade pública” equivale aos gestores públicos
no ambiente de trabalho.
da Alta Administração.
Art. 22 – É vedado ao gestor público receber auxílio-
Art. 27 – A autoridade pública deve possibilitar à socie-
-transporte, hospedagem e demais recursos financeiros ou
dade aferir a lisura de processo decisório governamental
favores de particulares que possam gerar dúvidas quanto a
e adotar mecanismos de consulta, visando à transparência
sua probidade ou imparcialidade.
de sua gestão.
Parágrafo único – É permitida a participação em even-
tos, desde que tornada pública qualquer remuneração,
Art. 28 – A autoridade pública contribuirá para o for-
bem como pagamento de despesas de viagem pelo pro-
talecimento da conduta ética na instituição, apoiando as
motor do evento, que não poderá ter interesse em decisão ações da Comissão de Ética.
a ser proferida pelo gestor.

32
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 29 – A autoridade pública enviará ao Conset, no II – não intervir, em benefício ou em nome de pessoa
prazo de dez dias contados do início do exercício no car- física ou jurídica, junto a órgão ou entidade da Administra-
go, emprego ou função, declaração de informações sobre ção Pública Estadual com que tenha tido relacionamento
sua situação patrimonial e de trabalhos exercidos ante- oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à da saí-
riormente. da do Poder Executivo.
Parágrafo único – Compete ao Conset, por meio de De-
liberação, a regulamentação da forma de encaminhamento Art. 35 – Ao deixar o cargo, emprego ou função, a au-
da declaração, os critérios de atualização das informações, toridade pública deverá observar as limitações constantes
a documentação a ser anexada, as medidas em razão do deste Código de Ética e as deliberadas pelo Conset.
descumprimento do envio e demais questões pertinentes
ao cumprimento do disposto neste artigo. Art. 36 – O Conset informará ao Governador do Estado
o nome da autoridade que descumprir o disposto neste
Art. 30 – A autoridade pública que mantiver participa- Código de Ética.
ção superior a cinco por cento do capital social ou votante
de sociedade de economia mista, instituição financeira ou TÍTULO V
empresa que negocie com o Poder Público deverá comuni- DO PROCEDIMENTO E DAS SANÇÕES ÉTICAS
car esse fato ao Conset.
Art. 37 – A apuração de fato com indícios de desrespei-
Art. 31 – Informações pertinentes à situação patrimo- to a este Código de Ética será instaurada em razão de de-
nial da autoridade pública serão analisadas pelo Conset e núncia fundamentada ou de ofício pela Comissão de Ética
arquivadas em envelope lacrado, que poderá ser reaberto ou pelo Conset.
para efeito de reexame ou atualização de informações. § 1º – A apuração será conduzida pela Comissão de
Parágrafo único – As alterações relevantes no patrimô- Ética ou pelo Conset, segundo respectivas competências,
nio da autoridade pública deverão ser imediatamente co- e poderá ocorrer mediante averiguação preliminar ou pro-
municadas ao Conset. cesso ético.
§ 2º – A averiguação preliminar pode culminar em pro-
Art. 32 – Propostas de trabalho ou negócio futuro em cesso ético ou arquivamento com ou sem recomendação.
setor privado e negociações que envolvam conflito com o § 3º – O processo ético será instaurado quando a Co-
interesse público deverão ser imediatamente informadas missão ou o Conset entender que a conduta seja passível
ao Conset, independentemente de sua aceitação ou rejei- de sanção .
ção.
Parágrafo único – Cabe ao Conset regulamentar a Art. 38 – Observadas as competências originária e re-
forma de encaminhamento da informação de que trata cursal e após o devido processo ético, a violação do dis-
o caput . posto neste Código de Ética, acarretará as seguintes san-
ções aplicáveis pela Comissão ou pelo Conset:
Art. 33 – Após deixar o cargo, função ou emprego pú- I – advertência; ou
blico, a autoridade pública não poderá: II – censura.
I – atuar em benefício ou em nome de pessoa física Parágrafo único – A ocorrência de mais de uma adver-
ou jurídica, inclusive sindicato ou associação de classe, em tência no mesmo período avaliatório de desempenho ou
processo ou negócio do qual tenha participado, em razão uma de censura é considerada violação grave a este Códi-
do cargo, emprego ou função; e go de Ética.
II – prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclu-
sive sindicato ou associação de classe, valendo-se de infor- Art. 39 – Da decisão final em Processo Ético caberá:
mações não divulgadas publicamente a respeito de progra- I – pedido de reconsideração à instância responsável
mas ou políticas do órgão ou da entidade da Administração pela abertura do processo ético; e
Pública Estadual a que esteve vinculado ou com que tenha II – recurso ao Conset.
tido relacionamento direto e relevante nos seis meses ante-
riores ao término do exercício de função pública. Art. 40 – Na hipótese de aplicação de sanção, após es-
gotados os recursos, serão informados:
Art. 34 – Na ausência de lei que estabeleça outro pra- I – a chefia imediata e o dirigente máximo do órgão
zo, será de quatro meses, contados da saída da Adminis- ou entidade em que o agente público sancionado está em
tração Pública do Poder Executivo Estadual, o período de exercício; e
interdição para atividade incompatível com cargo, função II – o Governador, no caso de sanção de agente da Alta
ou emprego público anteriormente exercido, obrigando-se Administração do Poder Executivo Estadual.
a autoridade a observar, nesse prazo, as seguintes regras: Parágrafo único – Cópia da síntese de ocorrência ética
I – não aceitar cargo, emprego ou função de adminis- será enviada:
trador ou conselheiro, ou estabelecer vínculo profissional I – à unidade de gestão de pessoas, para ser juntada e
com pessoa física ou jurídica com a qual tenha mantido considerada no processo de avaliação de desempenho do
relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses an- agente público sancionado; e
teriores à da saída do Poder Executivo; e II – ao Conselho de Ética Pública.

33
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 41 – O Conset pode avocar processo em trâmite na
Comissão de Ética. DECRETO ESTADUAL Nº 46.060/2012
(REGULAMENTA A LEI ESTADUAL
Art. 42 – A Comissão de Ética e o Conset não podem
COMPLEMENTAR Nº 116/2011, QUE DISPÕE
escusar-se de proferir decisão em processo ético, alegando
omissão deste Código de Ética que, se existente, será su-
SOBRE A PREVENÇÃO E A PUNIÇÃO DO
prida pela invocação dos princípios que regem a Adminis- ASSÉDIO MORAL NA ADMINISTRAÇÃO
tração Pública. PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DO PODER
EXECUTIVO ESTADUAL).
Art. 43 – O exercício de apuração de falta ética prescre-
ve em dois anos.
§ 1º – O prazo de prescrição começa a ser contado a
partir da data de ocorrência do fato. O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
§ 2º – A instauração de averiguação preliminar ou pro- no uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art.
cesso ético interrompe a prescrição. 90 da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto
§ 3º – A prescrição intercorrente não se aplica nos pro- na Lei Complementar nº 116, de 11 de janeiro de 2011,
cedimentos éticos de que trata este Código de Ética.
DECRETA:
Art. 44 – Normas complementares à matéria trata-
da neste Título V serão estabelecidas em Deliberação do Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei Complementar
Conset. nº 116, de 11 de janeiro de 2011, que dispõe sobre a pre-
venção e a punição do assédio moral na Administração
TITULO VI Pública Direta e Indireta do Poder Executivo.
DISPOSIÇÕES FINAIS Parágrafo único. A prevenção e a punição à prática de
assédio moral por agente público estão inseridas na po-
Art. 45 – Os atuais mandatos de membros de Comis- lítica de saúde ocupacional do Poder Executivo Estadual,
sões de Ética serão ajustados conforme o disposto no art. visando garantir a segurança e a saúde do servidor.
19 deste Código de Ética. (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º do Decreto
nº 46.564, de 25/7/2014.)
Art. 46 – (Revogado pelo inciso III do art. 50 do Decreto
nº 47.058, de 14/10/2016.) Art. 2º O procedimento para apuração da prática de
Dispositivo revogado: assédio moral será iniciado por provocação da parte ofen-
“Art. 46 – O apoio logístico-operacional necessário ao dida, por entidade sindical ou associação representativa
funcionamento do Conselho de Ética Pública é de respon- da categoria dos agentes públicos envolvidos ou pela au-
sabilidade da Secretaria de Estado de Casa Civil e de Re- toridade que tiver conhecimento de fato que se enquadre
lações Institucionais – Seccri, conforme disposto no inciso em uma das modalidades seguintes:
XXVII do art. 84 da Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro I – desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras,
de 2011. gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a ima-
Parágrafo único – Qualquer órgão ou entidade do Po-
gem de agente público, valendo-se de posição hierárquica
der Executivo Estadual pode complementar o apoio logís-
ou funcional superior, equivalente ou inferior;
tico-operacional da Seccri ao Conset de forma eventual ou,
II – desrespeitar limitação individual de agente públi-
se contínua, por meio de Termo de Cooperação.”
co, decorrente de doença física ou psíquica, atribuindo-lhe
atividade incompatível com suas necessidades especiais;
Art. 47 – Ficam revogados os Decretos nº 43.673, de 5
III – preterir o agente público, em quaisquer escolhas,
de dezembro de 2003, nº 43.885, de 4 de outubro de 2004,
em função de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, reli-
e nº 44.591, de 7 de agosto de 2007.
gião, posição social, preferência ou orientação política, se-
Art. 48 – Este Decreto entra em vigor na data de sua xual ou filosófica;
publicação. IV – atribuir ao agente público, de modo frequente,
Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 6 de no- função incompatível com sua formação acadêmica ou téc-
vembro de 2014; 226º da Inconfidência Mineira e 193º da nica especializada ou que dependa de treinamento;
Independência do Brasil. V – isolar ou incentivar o isolamento de agente públi-
(https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/com- co, privando-o de informações e treinamentos necessários
pleta/completa.html?num=46644&ano=2014&tipo=DE- ao desenvolvimento de suas funções ou do convívio com
C&aba=js_textoAtualizado) seus colegas;
VI – manifestar-se jocosamente em detrimento da
imagem de agente público, submetendo-o a situação ve-
xatória, ou fomentar boatos inidôneos e comentários ma-
liciosos;

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
VII – subestimar, em público, as aptidões e competên- § 3º Os dirigentes máximos de órgãos e entidades que
cias de agente público; possuem estrutura regionalizada poderão indicar servidor lo-
VIII – manifestar publicamente desdém ou desprezo tado em unidade regional para compor a Comissão de Con-
por agente público ou pelo produto de seu trabalho; ciliação.
IX – relegar intencionalmente o agente público ao os- (Parágrafo acrescentado pelo art. 3º do Decreto nº
tracismo; 46.564, de 25/7/2014.)
X – apresentar, como suas, ideias, propostas, projetos
ou quaisquer trabalhos de outro agente público; Art. 4º Compete à Comissão de Conciliação, sob coor-
XI – valer-se de cargo ou função comissionada para in- denação do representante da unidade setorial de recursos
duzir ou persuadir agente público a praticar ato ilegal ou humanos do órgão ou entidade de lotação ou de exercício
deixar de praticar ato determinado em lei. do agente público ofendido:
§ 1º Somente mediante expressa autorização da parte I – acolher e orientar o agente público que formalizar
ofendida a entidade sindical ou associação representativa e reclamação sobre prática de assédio moral;
a autoridade a que se refere caput poderão provocar a Ad- II – solicitar ao reclamante informações e provas da ocor-
ministração Pública para iniciar procedimento de apuração rência do assédio moral, a fim de caracterizar alguma das
da prática de assédio moral. modalidades previstas no art. 2º;
§ 2º Para fins do disposto no caput, a reclamação so- III – notificar formalmente os agentes públicos envolvi-
bre a prática de assédio moral será encaminhada, por meio dos, constando data, horário e local da audiência de conci-
do formulário constante do Anexo, à unidade setorial de liação;
recursos humanos do órgão ou entidade de lotação ou de (Inciso com redação dada pelo art. 4º do Decreto nº
exercício do agente público identificado como parte ofen- 56.564, de 25/7/2014.)
dida ou à Ouvidoria-Geral do Estado – OGE. IV – notificar o agente público indicado como assediador
§ 3º Recebida a reclamação, a OGE notificará, no prazo para apresentar manifestação no prazo de quinze dias, con-
de dois dias úteis, o órgão ou entidade de lotação ou de tados da data da notificação; e
exercício do agente público, conforme o caso, para tomada V – realizar a conciliação dos conflitos relacionados à
das providências cabíveis. prática de assédio moral, propondo soluções práticas que se
§ 4º Recebida a reclamação, a unidade setorial de re- fizerem necessárias.
cursos humanos notificará formalmente os agentes públi- § 1º A Comissão de Conciliação exercerá suas atividades
cos envolvidos informando-os sobre o direito de indicarem, com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne-
no prazo de quinze dias contados da data da notificação, cessário à elucidação dos fatos, a fim de preservar a intimida-
a entidade sindical ou associação ou outro representante de das partes envolvidas.
para composição da Comissão de Conciliação. § 2º As entidades sindicais representativas ou associa-
(Parágrafo com redação dada pelo art. 2º do Decreto ções das categorias a que pertencerem os agentes públicos
nº 46.564, de 25/7/2014.) envolvidos serão notificadas, mediante anuência expressa
§ 5º  Expirado o prazo de que trata o § 4º, a unidade dos mesmos, da reclamação de assédio moral e das provi-
setorial de recursos humanos, no prazo de dois dias úteis, dências tomadas pela Comissão de Conciliação.
dará ciência ao titular do respectivo órgão ou entidade, que § 3º Obtida a conciliação, será ela reduzida a termo assi-
instituirá Comissão de Conciliação no prazo de dez dias. nado pelas partes e homologada, no prazo de dez dias úteis,
(Parágrafo acrescentado pelo art. 2º do Decreto nº pelo titular do órgão ou entidade do ofendido, do termo
46.564, de 25/7/2014.) constando as soluções acordadas, a determinação de expe-
dição de atos administrativos, se necessário, e a declaração
Art. 3º A Comissão de Conciliação terá a seguinte com- de extinção do procedimento.
posição: § 4º Não obtido acordo na fase de conciliação, a recla-
I – um representante da unidade setorial de recursos mação, com toda a documentação que instruir o procedi-
humanos do órgão ou entidade do agente público ofen- mento, deverá ser remetida pelo dirigente máximo do órgão
dido; ou entidade à Controladoria-Geral do Estado – CGE, no prazo
II – até dois representantes de entidade sindical ou as- de dois dias úteis, para fins de instauração do processo admi-
sociação representativa da categoria dos agentes públicos nistrativo disciplinar, assegurados o contraditório e a ampla
envolvidos. defesa ao indicado como assediador, sob pena de nulidade.
§ 1º Na impossibilidade de participação do represen- (Parágrafo com redação dada pelo art. 4º do Decreto nº
tante da unidade setorial de recursos humanos, caberá ao 46.564, de 25/7/2014.)
titular do respectivo órgão ou entidade a indicação de ou- § 5º O processo administrativo disciplinar reger-se-á pe-
tro agente público para compor a Comissão de Conciliação. las disposições do Estatuto do Servidor Público do Estado de
§ 2º No caso de não haver indicação de representante Minas Gerais.
de entidade sindical da respectiva categoria ou de associa- § 6º Caso não seja cumprida a determinação prevista no
ção regularmente constituída para compor a Comissão de § 4º, a reclamação poderá ser encaminhada à CGE diretamen-
Conciliação, os agentes públicos envolvidos poderão ele- te pelo ofendido ou por representante da entidade sindical
ger outro servidor, que ocupe cargo no mesmo órgão ou ou associativa regularmente constituída.
entidade de lotação ou de exercício para atuar como seu (Parágrafo com redação dada pelo art. 4º do Decreto
representante. nº 46.564, de 25/7/2014.)

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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 5º O assédio moral será punido com uma das se- Art. 9º Mediante solicitação da Comissão de Concilia-
guintes penalidades: ção ou da CGE, os agentes públicos envolvidos no episódio
I – repreensão; de assédio moral, que assim tenham concordado expressa-
II – suspensão; mente, serão encaminhados para acompanhamento psico-
III – demissão; lógico nos casos em que a perícia médica oficial comprovar
IV – perda do cargo comissionado ou função gratifi- a necessidade de tratamento especializado.
cada.
§ 1º Na aplicação das penalidades disciplinares serão Art. 10. Compete à SEPLAG expedir normas comple-
consideradas a natureza e a gravidade do ilícito, os danos mentares para execução deste Decreto e solucionar casos
que dele provierem para o serviço público, as circunstân- nele omissos.
cias atenuantes e agravantes e os antecedentes funcionais
do servidor. Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua
§ 2º O ocupante de cargo de provimento em comissão publicação.
ou função gratificada que cometer assédio moral sujeita-se
à perda do cargo ou da função e à proibição de ocupar Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 5 de outu-
cargo em comissão ou função gratificada na administração bro de 2012; 224° da Inconfidência Mineira e 191º da Inde-
pública estadual por cinco anos. pendência do Brasil.

Art. 6º No órgão ou entidade em cuja estrutura existir


corregedoria, o processo administrativo disciplinar previsto
no § 4º do art. 4º será instaurado pelo seu titular.

Art. 7º Para fins de prevenção contra a prática de assé-


dio moral, terão prioridade as seguintes medidas, sem pre-
juízo de outras que venham a ser desenvolvidas nos órgãos
e entidades do Poder Executivo:
I – inserção de módulo específico sobre saúde ocu-
pacional e assédio moral nos cursos de desenvolvimento
gerencial ofertados para ocupantes de cargos de direção
e chefia;
II – treinamento para servidores que atuam nas uni-
dades setoriais de recursos humanos, com conteúdo que
possibilite identificar as condutas caracterizadas como as-
sédio moral, promover o acolhimento das vítimas, prestar
orientações à vítima e ao agressor, difundir e implementar
medidas preventivas no respectivo órgão ou entidade e in-
centivar a conciliação entre as partes envolvidas;
III – realização de cursos de capacitação em concilia-
ção para os servidores que atuam nas unidades setoriais de
recursos humanos e para os representantes de entidades
sindicais ou associativas, visando à difusão da cultura do
diálogo na Administração Pública;
IV – promoção de debates e palestras, produção de car-
tilhas e material gráfico informativo sobre assédio moral;
V – contínuo processo educacional de prevenção con-
tra a prática de assédio moral realizado através da promo-
ção de debates e palestras, produção de cartilhas e mate-
rial gráfico informativo, videoconferência e fóruns.
(Inciso acrescentado pelo art. 5º do Decreto nº 46.564,
de 25/4/2014.)

Art. 8º Configurado o assédio moral, a Superinten-


dência Central de Perícia Médica e Saúde Ocupacional da
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão – SEPLAG
– será notificada para fins de acompanhamento e de in-
formações estatísticas sobre licenças para tratamento de
saúde concedidas em virtude de patologia associada ao
assédio moral.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

1. Lei Federal n.º 7.210/1984 (Institui a Lei de Execução Penal) e alterações posteriores........................................................... 01
2. Lei Federal n.º 9.455/1997 (Lei da Tortura) e alterações posteriores............................................................................................... 24
3. Lei Federal nº 4.898/1965 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................. 26
4. Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)................................................................................................................... 31
5. Lei Federal nº 12.850/2013 (Organização Criminosa)........................................................................................................................... 38
6. Lei Estadual n.º 11.404/1994 (Contém Normas de Execução Penal)............................................................................................... 42
7. Lei Estadual 21.068/2013 (Porte de arma do agente de segurança penitenciário)................................................................... 58
8. Decreto nº 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes).................................................................................................................................................................................................................................. 58
9. Decreto nº 98.386/1989 (Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura)........................................................... 64
10. Decreto 47.087/2016 (Secretaria de Estado de Administração Prisional)................................................................................... 66
11. Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n° 2.848/40 e suas alterações posteriores: art. 21 a 40).......................................... 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

TÍTULO II
LEI FEDERAL N.º 7.210/1984 Do Condenado e do Internado
(INSTITUI A LEI DE EXECUÇÃO PENAL) E CAPÍTULO I
ALTERAÇÕES POSTERIORES. Da Classificação

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os


seus antecedentes e personalidade, para orientar a indivi-
Institui a Lei de Execução Penal. dualização da execução penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Comentário: Objetiva orientar a individualização da


Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: execução da pena, segundo os antecedentes e personali-
dade do condenado, através da Comissão técnica de clas-
TÍTULO I sificação (art. 6º da Lep) – que deverá existir em todos os
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal estabelecimentos prisionais;

Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica


Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as
de Classificação que elaborará o programa individualizador
disposições de sentença ou decisão criminal e proporcio-
da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou
nar condições para a harmônica integração social do con-
preso provisório.
denado e do internado.
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existen-
Comentário: A Lei n. 7.210/84, legislação que dispõe te em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor
sobre a execução das penas, teve origem em 1933, através e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1
do projeto do Código Penitenciário da República elabora- (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente so-
do por Cândido Mendes, Lemos de Brito e Heitor Carrilho cial, quando se tratar de condenado à pena privativa de
(publicado em 25/02/37), que, em razão das discussões liberdade.
e promulgação do atual Código Penal de 1940, foi logo Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará
abandonado. junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do
serviço social.
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exer- Comentário: A Comissão Técnica de Classificação será
cida, no processo de execução, na conformidade desta Lei composta pelo Diretor do estabelecimento prisional - que
e do Código de Processo Penal. a presidirá -, no mínimo de dois chefes de serviço, um psi-
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao quiatra, um psicólogo e um assistente social, quando se
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Nos
Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à juris- demais casos será integrada por fiscais do Serviço Social e
dição ordinária. atuará junto ao Juízo da Execução penal;

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegura- Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa
dos todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
lei. criminológico para a obtenção dos elementos necessários
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de na- a uma adequada classificação e com vistas à individualiza-
ção da execução.
tureza racial, social, religiosa ou política.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo po-
derá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da co-
privativa de liberdade em regime semiaberto.
munidade nas atividades de execução da pena e da medida
de segurança. Comentário: Exame criminológico: Deve ser subme-
tido o condenado à pena em regime fechado (art. 8º da
Comentários aos artigos 1, 2, 3 e 4. A presente le- Lep c/c o caput do art. 34 do CP). A realização do exame
gislação dispõe sobre a execução das penas e teve origem criminológico é obrigatória, tendo em vista a gravidade do
em 1933, através do projeto do Código Penitenciário da fato delituoso e/ou as condições pessoais do sentenciado
República elaborado por Cândido Mendes, Lemos de Brito (art. 8º da Lep c/c o caput do art. 34 do CP). O condenado
e Heitor Carrilho. à pena em regime semi-aberto poderá ser submetido ao
Possui natureza mista: Direito administrativo, Constitu- exame criminológico.
cional, Penal e Processo Penal;
O objetivo desta Lei é o cumprimento das sanções im- Art. 9º. A Comissão, no exame para a obtenção de da-
postas na sentença ou decisão criminal e reintegração so- dos reveladores da personalidade, observando a ética pro-
cial do condenado e do internado; fissional e tendo sempre presentes peças ou informações
do processo, poderá:

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

I - entrevistar pessoas; - Egresso: Condenado liberado definitivamente, pelo


II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos pri- prazo de 01 ano a contar da saída do estabelecimento ou
vados, dados e informações a respeito do condenado; em benefício do livramento condicional, durante o período
III - realizar outras diligências e exames necessários. de prova (art. 26 da Lep), que tem direito à assistência (arts.
25 e 27 da Lep);
Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosa-
mente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou SEÇÃO II
por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, Da Assistência Material
de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamen-
te, à identificação do perfil genético, mediante extração de Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado
DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e ins-
indolor. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) talações higiênicas.
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada
em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e
expedido pelo Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 12.654,
serviços que atendam aos presos nas suas necessidades
de 2012)
pessoais, além de locais destinados à venda de produtos
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá
e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.
requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instau-
rado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil
genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) Comentários aos artigos 11 e 12: A Assistência ma-
terial consiste no fornecimento de alimentação, vestuário
Comentário: Haverá obrigatoriamente à identificação e instalações higiênicas, obedecendo-se às regras mínimas
do perfil genético mediante extração de DNA dos conde- previstas em mandamentos internacionais sobre os direitos
nados por crime praticado com dolo, a qual será armazena- da pessoa presa.
da em banco de dados, conforme o presente artigo.
SEÇÃO III
CAPÍTULO II Da Assistência à Saúde
Da Assistência
SEÇÃO I Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado
Disposições Gerais de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendi-
mento médico, farmacêutico e odontológico.
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever § 1º (Vetado).
do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retor- § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver
no à convivência em sociedade. aparelhado para prover a assistência médica necessária,
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. esta será prestada em outro local, mediante autorização da
direção do estabelecimento.
Art. 11. A assistência será: § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mu-
I - material; lher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo
II - à saúde; ao recém-nascido.
III -jurídica;
IV - educacional; Comentário: A Assistência à saúde visa prevenir e re-
V - social; mediar os problemas de saúde que possam acometer o
VI - religiosa.
condenado. O ambiente prisional é, por natureza, dotado
de um maior risco para o surgimento de determinadas
Comentário: Tipos de assistência (art. 11 da Lep): Ma-
doenças.
terial (art. 12 e 13 da Lep), à saúde (art. 14 da Lep), jurídica
(arts. 15 e 16 da Lep), educacional (arts. 17/21 da Lep), so- Tal assistência garante ao preso o tratamento odonto-
cial (arts. 22 e 23 da Lep) e religiosa (art. 24 da Lep); lógico, médico e ambulatorial bem como, o recebimento
- Assistência jurídica: Os estabelecimentos prisionais de medicação necessária.
deverão contar com serviço de assistência jurídica (art. 16
da Lep). O próprio preso, independentemente de advoga-
do, pode formular requerimentos de benefícios previstos SEÇÃO IV
na Lep diretamente ao Juiz da execução penal (art. 195 da Da Assistência Jurídica
Lep);
- Assistência educacional: O ensino de 1º grau será Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos
obrigatório; e aos internados sem recursos financeiros para constituir
- Auxílio reclusão: Os familiares do preso têm direito ao advogado.
Auxílio–Reclusão (art. 201, IV da CF). Outras categorias pro-
fissionais disciplinam também a forma de concessão desse Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços
benefício, p. ex., arts. 229 e 241 da Lei n. 8.112/90 (Regime de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria
jurídico único dos servidores civis da União. Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exer- I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
cício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento,
penais. os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local III - acompanhar o resultado das permissões de saídas
apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Pú- e das saídas temporárias;
blico.( IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dispo-
§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão imple- níveis, a recreação;
mentados Núcleos Especializados da Defensoria Pública V - promover a orientação do assistido, na fase final do
para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar
aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus fami- o seu retorno à liberdade;
liares, sem recursos financeiros para constituir advogado. VI - providenciar a obtenção de documentos, dos be-
nefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no
trabalho;
Comentários aos artigos 15 e 16: A Assistência Ju-
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família
rídica visa assegurar aos presos e internados as garantias
do preso, do internado e da vítima.
do contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição,
imparcialidade do juiz, devido processo legal, direito à pro-
SEÇÃO VII
dução de provas no curso do procedimento, direito de pe- Da Assistência Religiosa
tição e autodefesa.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto,
SEÇÃO V será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-
Da Assistência Educacional -lhes a participação nos serviços organizados no estabele-
cimento penal, bem como a posse de livros de instrução
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a ins- religiosa.
trução escolar e a formação profissional do preso e do in- § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para
ternado. os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integran- a participar de atividade religiosa.
do-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Comentários aos artigos 12 a 24: Os presentes arti-
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível gos aqui tratados dizem respeito aos tipos de assistência,
de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. quais sejam: Material (art. 12 e 13 da Lep), à saúde (art. 14
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino pro- da Lep), jurídica (arts. 15 e 16 da Lep), educacional (arts.
fissional adequado à sua condição. 17/21 da Lep), social (arts. 22 e 23 da Lep) e religiosa (art.
24 da Lep);
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto
de convênio com entidades públicas ou particulares, que SEÇÃO VIII
instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. Da Assistência ao Egresso

Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se- Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de to- I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
liberdade;
das as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos,
II - na concessão, se necessário, de alojamento e ali-
recreativos e didáticos.
mentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de
2 (dois) meses.
Comentários aos artigos 17, 18, 19, 20 e 21: A Assis-
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II po-
tência Educacional diz respeito ao acesso do preso à ins- derá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por de-
trução escolar e formação profissional e tem fundamento claração do assistente social, o empenho na obtenção de
no direito à educação constante na Constituição Federal. emprego.

Comentário: Assistência ao egresso:orientação e


SEÇÃO VI apoio para reintegração à vida em liberdade; . se neces-
Da Assistência Social sário, concessão de alojamento e alimentação, pelo pra-
zo de 02 meses, em estabelecimento adequado. Podendo
Art. 22. A assistência social tem por finalidade ampa- esse benefício ser prorrogado por mais uma vez, desde que
rar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à comprovado o empenho na obtenção de emprego, me-
liberdade. diante declaração da assistente social ( parágrafo único do
art. 25 da Lep).

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: Art. 30. As tarefas executadas como prestação de servi-
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a ço à comunidade não serão remuneradas.
contar da saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de prova. Comentário: As referidas tarefas executadas como
prestação de serviço serão devidamente pagas.
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o
egresso para a obtenção de trabalho. SEÇÃO II
Do Trabalho Interno
CAPÍTULO III
Do Trabalho Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
SEÇÃO I está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
Disposições Gerais capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
condição de dignidade humana, terá finalidade educativa estabelecimento.
e produtiva.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas
trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessida-
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da des futuras do preso, bem como as oportunidades ofereci-
Consolidação das Leis do Trabalho. das pelo mercado.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
Comentário: O condenado está obrigado ao trabalho; artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de
turismo.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, median- § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar
te prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quar- ocupação adequada à sua idade.
tos) do salário mínimo. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, des- Comentários aos artigos 31 e 32: O condenado estará
de que determinados judicialmente e não reparados por obrigado a trabalhar na medida de sua capacidade e com-
outros meios; petência para o trabalho. Os maiores de 60 anos, doentes
b) à assistência à família; e deficientes físicos, exercerão ocupação adequada a sua
c) a pequenas despesas pessoais; idade e ao seu estado.
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas
com a manutenção do condenado, em proporção a ser fi- Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior
xada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras an- a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
teriores. domingos e feriados.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial
depositada a parte restante para constituição do pecúlio, de trabalho aos presos designados para os serviços de con-
em Caderneta de Poupança, que será entregue ao servação e manutenção do estabelecimento penal.
condenado quando posto em liberdade.
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por funda-
Comentário: O trabalho do preso será sempre remu- ção, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e
nerado (art. 39 do CP e 29 da Lep); terá por objetivo a formação profissional do condenado.
- Valor da remuneração (2ª parte do art. 29 da Lep): § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerencia-
Nunca inferior a ¾ do dora promover e supervisionar a produção, com critérios e
salário mínimo; métodos empresariais, encarregar-se de sua comercializa-
- Prestação de serviço à comunidade (pena restritiva de ção, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de
direitos): Não é remuneração adequada.
remunerado; § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão
- Direitos trabalhista e Previdenciário: Embora não su- celebrar convênio com a iniciativa privada, para implanta-
jeito ao regime da CLT ção de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio
(art. 28, § 2º da Lep), tem direito à previdência social dos presídios.
(arts. 41, III da Lep e 39 do CP);
- Destinação da remuneração do preso: § 1º do art. 29 Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta
da Lep; da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Muni-
- Pecúlio: Parte da remuneração que deve ser deposita- cípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os
da em caderneta de poupança; bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não
- Situações que autorizam a entrega do saldo do pecú- for possível ou recomendável realizar-se a venda a parti-
lio ao preso: Arts. 29, § 2º e 138, todos da Lep; culares.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas CAPÍTULO IV


com as vendas reverterão em favor da fundação ou empre- Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina
sa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do SEÇÃO I
estabelecimento penal. Dos Deveres

Comentário aos artigos 33, 34 e 35: O Horário espe- Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações
cial de trabalho é permitido aos presos que trabalham na legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de
manutenção e conservação do estabelecimento prisional; execução da pena.
O trabalho interno é obrigatório com exceção do preso
provisório e político; Comentário: Os presos devem submeter-se às normas
disciplinares dos estabelecimentos prisionais;
SEÇÃO III
Do Trabalho Externo Art. 39. Constituem deveres do condenado:
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os sentença;
presos em regime fechado somente em serviço ou obras II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa
públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou com quem deva relacionar-se;
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cau- III - urbanidade e respeito no trato com os demais con-
telas contra a fuga e em favor da disciplina. denados;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou
(dez por cento) do total de empregados na obra. coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens re-
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. cebidas;
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
depende do consentimento expresso do preso. VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das des-
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autori- pesas realizadas com a sua manutenção, mediante descon-
zada pela direção do estabelecimento, dependerá de apti- to proporcional da remuneração do trabalho;
dão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de traba-
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
lho externo ao preso que vier a praticar fato definido como
couber, o disposto neste artigo.
crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.
Comentário: O presente artigo trata dos deveres aos
quais o condenado deve submeter-se. As normas são im-
Comentário aos artigos 36 e 37: Trabalho Externo
postas também aos presos provisórios.
é permitido no regime fechado (somente em serviços ou
obras públicas, com cautelas de segurança) e no semiaber-
to (podendo também frequentar cursos profissionalizantes, SEÇÃO II
de 2º grau ou superior). Requisitos para o trabalho externo: Dos Direitos
Será deferida pela administração prisional (direito ad-
ministrativo), após o cumprimento de 1/6 da pena, aptidão, Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito
disciplina e responsabilidade. Carga horária: Não inferior a à integridade física e moral dos condenados e dos presos
6, nem superior a 8 horas, com descanso aos domingos e provisórios.
feriados, salvo aquele que for prestado na manutenção ou
conservação do estabelecimento prisional; Art. 41 - Constituem direitos do preso:
Crime hediondo e trabalho externo: A Lei n. 8.072, de I - alimentação suficiente e vestuário;
25/7/90 que dispõe sobre os crimes hediondos, não veda II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
o exercício de trabalho externo, nem o direito à remição III - Previdência Social;
da pena, desde que preenchidos todos os requisitos legais; IV - constituição de pecúlio;
- Horário especial de trabalho (§ único do art. 33 da V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
Lep): Permitido aos presos que trabalham na manutenção trabalho, o descanso e a recreação;
e conservação do estabelecimento prisional; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensaciona-
lismo;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e integridade física e moral do condenado.
amigos em dias determinados; § 2º É vedado o emprego de cela escura.
XI - chamamento nominal; § 3º São vedadas as sanções coletivas.
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigên-
cias da individualização da pena; Comentário: Princípio da anterioridade da lei, pois
XIII - audiência especial com o diretor do estabeleci- somente haverá sanção disciplinar com expressa previsão
mento; legal.
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, É expressamente proibido a aplicação de sanções
em defesa de direito; disciplinares ilegais.
XV - contato com o mundo exterior por meio de cor-
respondência escrita, da leitura e de outros meios de infor- Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da exe-
mação que não comprometam a moral e os bons costumes. cução da pena ou da prisão, será cientificado das normas
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmen- disciplinares.
te, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente. Comentário: Ao entrar no estabelecimento prisional o
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X condenado ou o preso provisório deve ser cientificado das
e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato normas disciplinares a que está sujeito;
motivado do diretor do estabelecimento.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena priva-
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido tiva de liberdade, será exercido pela autoridade administra-
à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta tiva conforme as disposições regulamentares.
Seção.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico poder disciplinar será exercido pela autoridade administra-
de confiança pessoal do internado ou do submetido a tra- tiva a que estiver sujeito o condenado.
tamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes,
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade repre-
a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
sentará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118,
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial
inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
Comentário art. 47 e 48: No que diz respeito à execu-
Comentário aos artigos 40, 41, 42 e 43: O presente
ção das penas privativas de liberdade, caberá à autoridade
artigo dispõe sobre os direito dos condenados e presos
administrativa indicada;
provisórios e ainda ao submetido à medida de segurança,
Já nas penas restritivas de direitos, caberá à autoridade
devendo, portanto, todas as autoridades o respeito à inte-
gridade física e moral dos mesmos. O artigo 41 especifica administrativa responsável pelo condenado;
os direitos a fim de esclarece-los de forma clara e cabal.
O artigo 43 Traz o direito ao internado ou submetido SUBSEÇÃO II
a tratamento a contratar médico de confiança pessoa para Das Faltas Disciplinares
realizar seu tratamento.
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
SEÇÃO III médias e graves. A legislação local especificará as leves e
Da Disciplina médias, bem assim as respectivas sanções.
SUBSEÇÃO I Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção cor-
Disposições Gerais respondente à falta consumada.

Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a or- Comentário: As faltas disciplinares são classificadas
dem, na obediência às determinações das autoridades e em: Leves, médias e graves. Frise-se que a pena disciplinar
seus agentes e no desempenho do trabalho. pelo cometimento de falta disciplinar tentada, será a mes-
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condena- ma aplicada à falta consumada.
do à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e
o preso provisório. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena priva-
tiva de liberdade que:
Comentário: Ao ingressar no estabelecimento prisio- I - incitar ou participar de movimento para subverter a
nal o condenado ou o preso provisório deve ser cientifica- ordem ou a disciplina;
do das normas disciplinares a que está sujeito; II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem ofender a integridade física de outrem;
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. IV - provocar acidente de trabalho;

6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

V - descumprir, no regime aberto, as condições impos- Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
tas; aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do
do artigo 39, desta Lei. juiz competente.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho § 1o A autorização para a inclusão do preso em regi-
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação me disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado
com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra auto-
pela Lei nº 11.466, de 2007) ridade administrativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em re-
que couber, ao preso provisório. gime disciplinar será precedida de manifestação do Minis-
tério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restri- quinze dias.
tiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; Art. 55. As recompensas têm em vista o bom compor-
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da tamento reconhecido em favor do condenado, de sua co-
obrigação imposta; laboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
do artigo 39, desta Lei. Art. 56. São recompensas:
I - o elogio;
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso II - a concessão de regalias.
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da or- Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
dem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou estabelecerão a natureza e a forma de concessão de rega-
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disci- lias.
plinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem Comentários aos artigos 53 a 56: As sanções disci-
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de plinares serão aplicadas pelo diretor do estabelecimento,
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; por meio de Advertência verbal, repreensão; suspensão ou
II - recolhimento em cela individual; restrição de direitos, por até 30 dias; e, isolamento na pró-
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as pria cela, por até 30 dias, ressalvada a hipótese do regime
crianças, com duração de duas horas; disciplinar diferenciado, devidamente comunicado ao juiz
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas da execução.
diárias para banho de sol. As sanções serão aplicadas por prévio e fundamentado
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também pode- despacho do juiz competente.
rá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou O artigo 56 trata das recompensas existentes as quais
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a consistem no elogio e concessão de regalias, em razão do
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. bom comportamento, colaboração com a disciplina e de-
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar di- dicação ao trabalho.
ferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual
recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participa- SUBSEÇÃO IV
ção, a qualquer título, em organizações criminosas, quadri- Da Aplicação das Sanções
lha ou bando.
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
Comentários aos artigos 50, 51 e 52: Faltas graves -se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e
praticadas pelo condenado à pena privativa de liberdade as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e
O artigo 50 dispõe acerca das faltas graves praticadas seu tempo de prisão.
pelo condenado à pena restritiva de direitos. O cometi- Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as san-
mento de crime doloso pelo sentenciado, constitui falta ções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.
grave, sem prejuízo da sanção penal correspondente
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de di-
SUBSEÇÃO III reitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipó-
Das Sanções e das Recompensas tese do regime disciplinar diferenciado.
Parágrafo único. O isolamento será sempre comunica-
Art. 53. Constituem sanções disciplinares: do ao Juiz da execução.
I - advertência verbal;
II - repreensão; SUBSEÇÃO V
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, pa- Do Procedimento Disciplinar
rágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instau-
nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, rado o procedimento para sua apuração, conforme regula-
observado o disposto no artigo 88 desta Lei. mento, assegurado o direito de defesa.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. Parágrafo único. A decisão será motivada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção
o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez de estabelecimentos penais e casas de albergados;
dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferencia- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da esta-
do, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, de- tística criminal;
penderá de despacho do juiz competente. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Con-
preventiva no regime disciplinar diferenciado será compu- selho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios,
tado no período de cumprimento da sanção disciplinar. acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados,
Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela
TÍTULO III incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Dos Órgãos da Execução Penal IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
CAPÍTULO I administrativa para instauração de sindicância ou proce-
dimento administrativo, em caso de violação das normas
Disposições Gerais
referentes à execução penal;
X - representar à autoridade competente para a inter-
Art. 61. São órgãos da execução penal:
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
ciária; Comentários aos artigos 62, 63 e 64: Os artigos deste
II - o Juízo da Execução; Capítulo tratam do Conselho Nacional de Política Criminal
III - o Ministério Público; e Penitenciária, especificando sua integração, suas ativida-
IV - o Conselho Penitenciário; des e ainda a elencando minuciosamente a incumbência
V - os Departamentos Penitenciários; do referido Conselho, o qual possui sede na Capital da Re-
VI - o Patronato; pública e é subordinado ao Ministério da Justiça.
VII - o Conselho da Comunidade.
VIII - a Defensoria Pública. CAPÍTULO III
Do Juízo da Execução
CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado
tenciária na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao
da sentença.
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
nitenciária, com sede na Capital da República, é subordina- Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
do ao Ministério da Justiça. I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
quer modo favorecer o condenado;
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe- II - declarar extinta a punibilidade;
nitenciária será integrado por 13 (treze) membros designa- III - decidir sobre:
dos através de ato do Ministério da Justiça, dentre profes- a) soma ou unificação de penas;
sores e profissionais da área do Direito Penal, Processual b) progressão ou regressão nos regimes;
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por c) detração e remição da pena;
representantes da comunidade e dos Ministérios da área d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
social.
f) incidentes da execução.
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conse-
IV - autorizar saídas temporárias;
lho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço)
V - determinar:
em cada ano.
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi-
tos e fiscalizar sua execução;
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito em privativa de liberdade;
federal ou estadual, incumbe: c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- tritiva de direitos;
venção do delito, administração da Justiça Criminal e exe- d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
cução das penas e das medidas de segurança; substituição da pena por medida de segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de de- e) a revogação da medida de segurança;
senvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da políti- f) a desinternação e o restabelecimento da situação
ca criminal e penitenciária; anterior;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
para a sua adequação às necessidades do País; em outra comarca;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
V - elaborar programa nacional penitenciário de for- 1º, do artigo 86, desta Lei.
mação e aperfeiçoamento do servidor; i) (VETADO);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me- Outrossim, a título exemplificativo, incumbi-lhe ainda,
dida de segurança; dentre outras atividades, o rol disposto no art. 68 da LEP,
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos vez que o mesmo não é taxativo.
penais, tomando providências para o adequado funciona-
mento e promovendo, quando for o caso, a apuração de CAPÍTULO V
responsabilidade; Do Conselho Penitenciário
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
penal que estiver funcionando em condições inadequadas Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
ou com infringência aos dispositivos desta Lei; fiscalizador da execução da pena.
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. § 1º O Conselho será integrado por membros
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal
e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área
Comentários aos artigos 65 e 66: A competência do do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
juiz da execução se inicia, em regra, com a possibilidade correlatas, bem como por representantes da comunidade. A
de que se execute a pena, seja pelo trânsito em julgado da legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento.
sentença condenatória. § 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário
A competência do Juiz da Execução Penal encontra-se terá a duração de 4 (quatro) anos.
no artigo 66 da presente Lei, rol que por sua vez, é mera-
mente exemplificativo, vez que na Lei de Execução Penal Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
é possível encontrar outras competências e atribuições do I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
juiz da execução criminal que não estão inseridas no art. 66. excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
Dentre as competências do juiz da execução criminal estado de saúde do preso;
está a de efetivar a lei penal mais benéfica, mesmo que II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
esta tenha sido publicada após o trânsito em julgado da III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
sentença condenatória. ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária,
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
CAPÍTULO IV IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistên-
Do Ministério Público cia aos egressos.

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da Comentários aos artigos 69 e 70: O Conselho Peni-
pena e da medida de segurança, oficiando no processo tenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da
executivo e nos incidentes da execução. pena, devendo emitir parecer sobre livramento condicio-
nal, indulto, comutação de pena e inspecionar os estabele-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: cimentos penais.
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhi- O Conselho Penitenciário é integrado por profissionais
mento e de internamento; da área do Direito Penal, Processo Penal, Penitenciário e
II - requerer: ciências correlatas, nomeados pelo governador do Estado,
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- cabendo a legislação federal e estadual regular seu funcio-
mento do processo executivo; namento.
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; CAPÍTULO VI
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a Dos Departamentos Penitenciários
substituição da pena por medida de segurança; SEÇÃO I
d) a revogação da medida de segurança; Do Departamento Penitenciário Nacional
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão
nos regimes e a revogação da suspensão condicional da Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, su-
pena e do livramento condicional; bordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e
da situação anterior. financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- nitenciária.
ridade judiciária, durante a execução.
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visita- Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário
rá mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a Nacional:
sua presença em livro próprio. I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu-
ção penal em todo o Território Nacional;
Comentários aos artigos 67 e 68: O Ministério Públi- II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabele-
co tem como função primordial a fiscalização. Assim, giza o cimentos e serviços penais;
art. 67 da Lei de Execução Penal que tal órgão “fiscalizará a III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na
execução da pena e da medida de segurança, oficiando no implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta
processo executivo e nos incidentes da execução”. Lei;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será orga-
convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços nizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
penais; necessidades do serviço, com especificação de atribuições
V - colaborar com as Unidades Federativas para a rea- relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do
lização de cursos de formação de pessoal penitenciário e estabelecimento e às demais funções.
de ensino profissionalizante do condenado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especia-
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em lizado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vo-
estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de cação, preparação profissional e antecedentes pessoais do
penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de ou- candidato.
tra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
regime disciplinar. progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
específicos de formação, procedendo-se à reciclagem
Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento
periódica dos servidores em exercício.
a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e § 2º No estabelecimento para mulheres somente se
de internamento federais. permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
quando se tratar de pessoal técnico especializado.
Comentários aos artigos 71 e 72: Departamento Pe-
nitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, Comentários aos artigos 75, 76 e 77: Os artigos desta
é órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de seção tratam da Direção e do Pessoal dos Estabelecimen-
apoio administrativo e financeiro do CNPCP. É um órgão tos Penais. O Diretor de estabelecimentos penais deverá
superior de controle, destinado a instrumentar a aplicação obedecer aos requisitos do artigo 75, devendo ainda residir
da LEP e das diretrizes da política criminal adotadas pelo no estabelecimento penal ou nas proximidades, com dedi-
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. cação exclusiva à função.
A finalidade do Departamento é viabilizar condições O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em
para que se possa implantar um ordenamento adminis- diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades
trativo e técnico, harmônico e homogênico, capaz de de- do serviço, conforme disposto nos artigos 76 e 77 desta Lei.
senvolver bem a política penitenciária. O referido Conse-
lho realiza dentre suas atribuições, o acompanhamento da CAPÍTULO VII
aplicação das normas de execução penal em todo o Terri- Do Patronato
tório Nacional, a inspeção dos estabelecimentos prisionais,
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a
e assistência técnica as Unidades Federativas.
prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo
26).
SEÇÃO II
Do Departamento Penitenciário Local Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que es- de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
tabelecer. III - colaborar na fiscalização do cumprimento das con-
dições da suspensão e do livramento condicional.
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão
similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os Comentários aos artigos 78 e 79: O Patronato é uma
estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que instituição indispensável ao exercício da execução penal,
pertencer. que tem como função precípua prestar assistência jurídica
integral e gratuita aos presos e egressos[5], conforme art.
SEÇÃO III 78 da Lei n.º 7.210/84 – Lei de Execução Penal, exercendo
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Pe- suas atividades tanto na fase cautelar, quanto na fase exe-
cutória. O patronato pode ser público ou privado.
nais
Dentre suas atribuições estão a assistência aos alber-
gados e egressos, bem como à orientação sobre as penas
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabeleci- restritivas de direito, a fiscalização do cumprimento das pe-
mento deverá satisfazer os seguintes requisitos: nas de prestação de serviço à comunidade, das condições
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, da suspensão, do livramento condicional e limitação de fim
ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Servi- de semana.
ços Sociais;
II - possuir experiência administrativa na área; CAPÍTULO VIII
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o Do Conselho da Comunidade
desempenho da função.
Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabele- Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da Co-
cimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à munidade composto, no mínimo, por 1 (um) representan-
sua função. te de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil, II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público cumprir;
Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela Delegacia III - interpor recursos de decisões proferidas pela au-
Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. toridade judiciária ou administrativa durante a execução;
Parágrafo único. Na falta da representação prevista IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha administrativa para instauração de sindicância ou proce-
dos integrantes do Conselho. dimento administrativo em caso de violação das normas
referentes à execução penal;
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: V - visitar os estabelecimentos penais, tomando pro-
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen- vidências para o adequado funcionamento, e requerer,
tos penais existentes na comarca; quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
II - entrevistar presos; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução todo ou em parte, de estabelecimento penal.
e ao Conselho Penitenciário;
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a
manos para melhor assistência ao preso ou internado, em
sua presença em livro próprio.
harmonia com a direção do estabelecimento.

Comentários aos artigos 80 e 81: Os Conselhos da Comentários aos artigos 81-A e 81B: A Defensoria
Comunidade têm como atribuições legais visitar, pelo me- Pública (a) é instituição permanente, essencial à função ju-
nos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes risdicional do Estado, sendo expressão e instrumento da
na comarca; entrevistar os presos; apresentar relatórios democracia cuja atribuição precípua é a orientação jurídica,
mensais ao juiz da execução e ao Conselho Penitenciário a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
e diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos fundamentais de forma integral e gratuita aos vulneráveis.
para melhor assistência ao preso ou internado, em harmo- Todos esses conceitos foram estampados com a Emenda
nia com a direção do respectivo estabelecimento prisional. Constitucional nº 80 no artigo 134 da Constituição Federal
de 1988.
CAPÍTULO IX A Defensoria na LEP atua na defesa dos interesses do
DA DEFENSORIA PÚBLICA hipossuficiente diante da demanda individual atua na Exe-
cução Penal junto às Varas de Execução Penal, funcionando
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular exe- como órgão que realiza a defesa processual necessária dos
cução da pena e da medida de segurança, oficiando, no indivíduos que não possuam condições de arcar com as
processo executivo e nos incidentes da execução, para a custas de um Advogado. Essa forma de atividade exercida
defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de pela Defensoria Pública se relaciona com a proteção dos
forma individual e coletiva. hipossuficientes, prestando a assistência jurídica gratuita,
nos moldes da atuação tradicional do órgão. As incumbên-
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: cias da Defensoria pública estão elencadas no artigo 81-B.
I - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- TÍTULO IV
mento do processo executivo; Dos Estabelecimentos Penais
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que CAPÍTULO I
de qualquer modo favorecer o condenado;
Disposições Gerais
c) a declaração de extinção da punibilidade;
d) a unificação de penas;
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao
e) a detração e remição da pena;
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao pre-
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; so provisório e ao egresso.
g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga- § 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente,
ção, bem como a substituição da pena por medida de se- serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à
gurança; sua condição pessoal.
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá
suspensão condicional da pena, o livramento condicional, abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que
a comutação de pena e o indulto; devidamente isolados.
i) a autorização de saídas temporárias;
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua na-
da situação anterior; tureza, deverá contar em suas dependências com áreas e
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho,
em outra comarca; recreação e prática esportiva.
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § § 1º Haverá instalação destinada a estágio de
1o do art. 86 desta Lei; estudantes universitários.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres CAPÍTULO II


serão dotados de berçário, onde as condenadas possam Da Penitenciária
cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo,
até 6 (seis) meses de idade. Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste arti- pena de reclusão, em regime fechado.
go deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo femi- Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distri-
nino na segurança de suas dependências internas. to Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias
§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e con-
do ensino básico e profissionalizante. denados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regi-
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. me disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei.

Art. 84. O preso provisório ficará separado do conde- Art. 88. O condenado será alojado em cela individual
nado por sentença transitada em julgado. que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade ce-
daquela reservada para os reincidentes. lular:
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fa-
Administração da Justiça Criminal ficará em dependência tores de aeração, insolação e condicionamento térmico
separada. adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação
compatível com a sua estrutura e finalidade. Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a peni-
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Cri- tenciária de mulheres será dotada de seção para gestante
minal e Penitenciária determinará o limite máximo de ca- e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de
pacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade
peculiaridades. de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver
presa.
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da
Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas creche referidas neste artigo:
em outra unidade, em estabelecimento local ou da União. I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e
penal em local distante da condenação para recolher os em unidades autônomas; e
condenados, quando a medida se justifique no interesse da II – horário de funcionamento que garanta a melhor
segurança pública ou do próprio condenado. assistência à criança e à sua responsável.
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras local afastado do centro urbano, à distância que não res-
ociosas. trinja a visitação.
§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da au-
toridade administrativa definir o estabelecimento prisional Comentários sobre os artigos 87, 88, 89 e 90: Peni-
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, tenciária terá uma cela individual com dormitório, aparelho
em atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. sanitário e lavatório, com área mínima de 6 metros qua-
drados;
Comentários aos artigos 82 a 86: Os estabelecimen- A União Federal, os Estados e o Distrito Federal po-
tos penais são destinados aos condenados (regime fecha- derão construir penitenciária exclusivamente para presos
do, semiaberto e aberto), aos submetidos à medida de se- provisórios e aos presos em regime fechado, sujeitos ao
gurança, ao preso provisório e ao egresso Regime Disciplinar Diferenciado.
A definição dos tipos de estabelecimentos penais ba-
sicamente é a finalidade original das unidades. De acordo CAPÍTULO III
com a presente Lei, penitenciária é a unidade prisional des- Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
tinada aos condenados a cumprir pena no regime fechado,
enquanto as colônias agrícolas, industriais ou similares são Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar des-
destinadas aos presos do regime semiaberto e a casa do al- tina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
bergado, aqueles em regime aberto. Detentos provisórios
devem aguardar o julgamento em cadeia pública. Há ainda Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compar-
os hospitais de custódia, onde deve cumprir medida de se- timento coletivo, observados os requisitos da letra a, do
gurança quem cometeu crime por algum problema mental parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
e foi, por isso, considerado inimputável ou semi-imputável. Parágrafo único. São também requisitos básicos das
dependências coletivas:

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

a) a seleção adequada dos presos; Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber,
b) o limite de capacidade máxima que atenda os obje- o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
tivos de individualização da pena.
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
Comentários sobre os artigos 91 e 92: Colônia agrí- necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os
cola, industrial ou similar para pena de reclusão ou deten- internados.
ção em regime semi-aberto: Alojamento coletivo, dentre
outros requisitos; Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo
97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hos-
CAPÍTULO IV pital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro
Da Casa do Albergado
local com dependência médica adequada.
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumpri-
mento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e Comentários aos artigos 99, 100, 101. O Hospital de
da pena de limitação de fim de semana. custódia e tratamento psiquiátrico é Destinado aos doen-
tes mentais, aos portadores de desenvolvimento mental in-
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, completo ou retardado e aos que manifestam perturbação
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se das faculdades mentais. O referido estabelecimento possui
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. os mesmos requisitos da Penitenciária;

Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa CAPÍTULO VII
do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos Da Cadeia Pública
para acomodar os presos, local adequado para cursos e
palestras. Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações de presos provisórios.
para os serviços de fiscalização e orientação dos conde-
nados. Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) ca-
deia pública a fim de resguardar o interesse da Administra-
Comentários aos artigos 93, 94 e 95: Casa do alber-
ção da Justiça Criminal e a permanência do preso em local
gado é destinada ao cumprimento do regime aberto e à
próximo ao seu meio social e familiar.
pena de limitação de fim de semana. O Prédio é desprovido
de obstáculos para fuga.
Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo
CAPÍTULO V será instalado próximo de centro urbano, observando-se
Do Centro de Observação na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88
e seu parágrafo único desta Lei.
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão Comentários acerca dos artigos 102, 103 e 104. A
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos pro-
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas visórios. Acerca da Cadeia pública que é destinada ao pre-
pesquisas criminológicas. so provisório, haverá, pelo menos, uma em cada Comarca,
com os mesmos requisitos da penitenciária;
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em uni-
dade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal. TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comis- CAPÍTULO I
são Técnica de Classificação, na falta do Centro de Obser- Das Penas Privativas de Liberdade
vação.
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Comentários aos artigos 96, 97 e 98. Centro de ob-
servação é local utilizado para realização dos exames gerais
e o criminológico. Onde os exames poderão ser realizados Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar
pela Comissão Técnica de Classificação. pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser
preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento
para a execução.
CAPÍTULO VI
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escri-
vão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátri- Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida
co destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos da execução e conterá:
no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal. I - o nome do condenado;

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

II - a sua qualificação civil e o número do registro geral SEÇÃO II


no órgão oficial de identificação; Dos Regimes
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condena-
tória, bem como certidão do trânsito em julgado; Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privati-
instrução; va de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus
V - a data da terminação da pena; parágrafos do Código Penal.
VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis
ao adequado tratamento penitenciário. Comentário: Regime prisional.Haverá obrigatorieda-
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de de, sob pena de nulidade da sentença penal condenatória.
recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que Art. 111. Quando houver condenação por mais de um
sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a
tempo de duração da pena. determinação do regime de cumprimento será feita pelo
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário resultado da soma ou unificação das penas, observada,
da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, quando for o caso, a detração ou remição.
menção dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da
do artigo 84, desta Lei. execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sen-
do cumprida, para determinação do regime.
Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento
de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela Comentário: Existindo várias condenações em proces-
autoridade judiciária. sos distintos ou no mesmo processo o regime de cumpri-
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da mento será o que resultar da soma dessas penas. Ocor-
execução passará recibo da guia de recolhimento para rendo nova condenação durante o cumprimento de outra,
juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus será esta somada ao restante daquela para fixação do regi-
termos ao condenado. me. Nesse caso, poderá ocorrer a regressão do regime de
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro cumprimento da pena.
especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e
anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no Art. 112. A pena privativa de liberdade será executa-
curso da execução, o cálculo das remições e de outras da em forma progressiva com a transferência para regime
retificações posteriores. menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o pre-
so tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime
Comentários aos artigos 105, 106 e 107: O início da anterior e ostentar bom comportamento carcerário, com-
execução das penas privativas de liberdade ocorre com o provado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as
trânsito em julgado da decisão para a acusação (execução normas que vedam a progressão.
provisória) e com a prisão do condenado; § 1o A decisão será sempre motivada e precedida de
A Guia de recolhimento é um título executivo que via- manifestação do Ministério Público e do defensor.
biliza a execução das penas, cuja expedição compete ao § 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão
juízo da condenação e a retificação ao da execução. de livramento condicional, indulto e comutação de penas,
Sempre que houver alteração da pena no decorrer da respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
execução, haverá a retificação da Guia de recolhimento.
Comentário: Os requisitos para progressão de regi-
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença men- me são: o cumprimento de, pelo menos, 1/6 da pena no
tal será internado em Hospital de Custódia e Tratamento regime anterior, ostentar bom comportamento carcerário,
Psiquiátrico. comprovado pelo diretor do estabelecimento, ouvidos o
Ministério Público e o defensor;
Comentário: A Superveniência de doença mental gera
o internação do condenado em hospital de custódia e tra- Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto
tamento psiquiátrico, cujo prazo será o do restante da pena supõe a aceitação de seu programa e das condições im-
privativa de liberdade postas pelo Juiz.

Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto
será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por o condenado que:
outro motivo não estiver preso. I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de
fazê-lo imediatamente;
Comentário: Com cumprimento integral da pena ha- II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resul-
verá a expedição de alvará de soltura, caso não permaneça tado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de
preso por outro. que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsa-
bilidade, ao novo regime.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art.
as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. 118, § 2° - audiência de justificativa. * quando o apenado
sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena
Comentários aos artigos 113 e 144: Progressão para restante com a nova condenação torne impossível a manu-
o regime aberto. Requisitos: Além dos previstos no caput tenção do regime (art. 111).
do art. 112 da Lep e seu § 1º,o condenado deve estar traba- É importante ilustrar que é nula a decisão que regride o
lhando ou comprovar que poderá fazê-lo imediatamente, regime prisional sem a prévia oitiva do apenado nos casos
devendo aceitar o seu programa e as condições impostas do inciso I do artigo 118 da LEP.
na sentença.
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais complementares para o cumprimento da pena privativa de
para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das se- liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Pe-
guintes condições gerais e obrigatórias: nal).
I - permanecer no local que for designado, durante o
repouso e nos dias de folga; SEÇÃO III
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; Das Autorizações de Saída
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem auto- SUBSEÇÃO I
rização judicial; Da Permissão de Saída
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
suas atividades, quando for determinado. Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regi-
me fechado ou semi-aberto e os presos provisórios pode-
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabe- rão obter permissão para sair do estabelecimento, median-
lecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da te escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
autoridade administrativa ou do condenado, desde que as I - falecimento ou doença grave do cônjuge, compa-
circunstâncias assim o recomendem. nheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo úni-
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do bene- co do artigo 14).
ficiário de regime aberto em residência particular quando Parágrafo único. A permissão de saída será concedida
se tratar de: pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
Art. 121. A permanência do preso fora do estabeleci-
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
mento terá a duração necessária à finalidade da saída.
mental;
IV - condenada gestante.
Comentários aos artigos 120 e 121: Permissão de
saída é autorização concedida pelo diretor do estabeleci-
Comentário: Para cumprir a pena em residência parti-
mento penal aos presos em regime fechado, semi-aberto e
cular o preso deverá estar em regime aberto e se enqua-
provisório, para saírem do estabelecimento prisional, com
drar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da pre-
sente Lei. escolta, pelo tempo necessário para: falecimento ou doen-
ça grave do cônjuge, companheira, ascendente, descen-
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade fi- dente ou irmão; ou, para tratamento médico;
cará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condena- SUBSEÇÃO II
do: Da Saída Temporária
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave; Art. 122. Os condenados que cumprem pena em re-
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, gime semi-aberto poderão obter autorização para saída
somada ao restante da pena em execução, torne incabível temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
o regime (artigo 111). seguintes casos:
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, I - visita à família;
além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem
os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do
cumulativamente imposta. Juízo da Execução;
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, III - participação em atividades que concorram para o
deverá ser ouvido previamente o condenado. retorno ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não
Comentário: A execução da pena está sujeita a forma impede a utilização de equipamento de monitoração ele-
regressiva quando o apenado praticar fato definido como trônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz
crime doloso ou falta grave. Nesse caso, antes da regressão da execução.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 123. A autorização será concedida por ato motiva- Comentário: O presente artigo trata da revogação da
do do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a saída temporária e da Recuperação do benefício.
administração penitenciária e dependerá da satisfação dos
seguintes requisitos: SEÇÃO IV
I - comportamento adequado; Da Remição
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reinci- Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime
dente; fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da estudo, parte do tempo de execução da pena. .
pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita
à razão de:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de fre-
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 quência escolar - atividade de ensino fundamental, médio,
(quatro) vezes durante o ano. inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de re-
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao qualificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três)
beneficiário as seguintes condições, entre outras que en- dias;
tender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situa- II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
ção pessoal do condenado: § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste
I - fornecimento do endereço onde reside a família a artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo por metodologia de ensino a distância e deverão ser cer-
do benefício; tificadas pelas autoridades educacionais competentes dos
II - recolhimento à residência visitada, no período no- cursos frequentados.
turno; § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e es- horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
tabelecimentos congêneres. forma a se compatibilizarem.
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profis- § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosse-
sionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o guir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se
tempo de saída será o necessário para o cumprimento das com a remição.
atividades discentes. § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída so- será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do
mente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 ensino fundamental, médio ou superior durante o cumpri-
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. mento da pena, desde que certificada pelo órgão compe-
tente do sistema de educação.
Comentários aos artigos 122, 123 e 124: Os referi- § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto
dos artigos tratam da possibilidade dos condenados que ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional po-
cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter au- derão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou
torização para saída temporária do estabelecimento, sem de educação profissional, parte do tempo de execução da
vigilância direta. A saída temporária é própria do regime pena ou do período de prova, observado o disposto no
semi-aberto, a ser deferida pelo Juiz da execução, em 5 inciso I do § 1o deste artigo.
oportunidades de 7 dias (total de 35 dias), para visita à § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
família, frequência a curso supletivo ou profissionalizan- prisão cautelar.
te, bem como de instrução de 2º grau, ou superior e para § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução,
participação em atividades que concorram para retorno ao ouvidos o Ministério Público e a defesa.
convívio social, após a satisfação dos seguintes requisitos:
Se primário, o cumprimento de mais de 1/6 da pena, e ¼ Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar
se reincidente; bom comportamento; e, compatibilidade até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto
do benefício com os objetivos da pena, ouvida a adminis- no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da
tração do estabelecimento e ainda o Ministério Público. infração disciplinar.

Art. 125. O benefício será automaticamente revogado Art. 128. O tempo remido será computado como pena
quando o condenado praticar fato definido como crime cumprida, para todos os efeitos.
doloso, for punido por falta grave, desatender as condições
impostas na autorização ou revelar baixo grau de aprovei- Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
tamento do curso. mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída tem- todos os condenados que estejam trabalhando ou estu-
porária dependerá da absolvição no processo penal, do dando, com informação dos dias de trabalho ou das horas
cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada
do merecimento do condenado. um deles.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabe- - Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; e,
lecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio - Não mudar do território da Comarca do Juízo da Exe-
de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequên- cução, sem autorização prévia.
cia e o aproveitamento escolar.
§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias re- Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
midos. comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sen-
tença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código houver transferido e à autoridade incumbida da observa-
Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço ção cautelar e de proteção.
para fim de instruir pedido de remição.
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
Comentário aos artigos 126, 127, 128, 129 e 130: A apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no
Remição é o desconto de 1 dia da pena a cada 3 dias tra- artigo anterior.
balhados para os condenados em regime fechado e semi-
-aberto. O condenado em regime aberto, em livramento Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
condicional e à pena restritiva de direitos, não tem direito mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as
à remição; providências cabíveis.
A remição será para o preso impossibilitado de traba-
lhar por doença (§ 2º do art. 126 da Lep): Tem direito à Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a car-
remição de pena: o preso que não trabalha por não ter sido ta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
atribuído trabalho pelo estabelecimento penal; a remição (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
pelo estudo: Alguns tribunais de justiça estaduais têm con- incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
cedido o benefício. A utilização do tempo remido ocorre
não apenas para o livramento e indulto, mas também, para Comentário: A carta de livramento citada no presente
progressão prisional. artigo, corresponde a guia de recolhimento.
Frise-se por fim que a prática de falta grave gera a per-
da de todo o tempo remido por sentença. Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do
SEÇÃO V Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sen-
Do Livramento Condicional do cumprida a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedi- demais condenados, pelo Presidente do Conselho Peniten-
do pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo ciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o II - a autoridade administrativa chamará a atenção do
Ministério Público e Conselho Penitenciário. liberando para as condições impostas na sentença de li-
vramento;
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con- III - o liberando declarará se aceita as condições.
dições a que fica subordinado o livramento. § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando,
obrigações seguintes: ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
for apto para o trabalho; execução.
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da exe- Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal,
cução, sem prévia autorização deste. ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade ju-
entre outras obrigações, as seguintes: diciária ou administrativa, sempre que lhe for exigida.
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e § 1º A caderneta conterá:
à autoridade incumbida da observação cautelar e de pro- a) a identificação do liberado;
teção; b) o texto impresso do presente Capítulo;
b) recolher-se à habitação em hora fixada; c) as condições impostas.
c) não frequentar determinados lugares. § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
d) (VETADO) um salvo-conduto, em que constem as condições do
livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação
Comentário: Condições estabelecidas pelo magistrado ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam
na sentença concessiva do livramento condicional obriga- identificá-lo.
tórias: § 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
- Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se espaço para consignar-se o cumprimento das condições
for apto para o trabalho; referidas no artigo 132 desta Lei.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas Comentário: O presente artigo trata do prazo do Li-
por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da vramento condicional sem causa de revogação, da extinção
Comunidade terão a finalidade de: da punibilidade.
I - fazer observar o cumprimento das condições espe-
cificadas na sentença concessiva do benefício; Seção VI
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução Da Monitoração Eletrônica
de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ativida-
de laborativa. Art. 146-A. (VETADO).
Parágrafo único. A entidade encarregada da observa-
ção cautelar e da proteção do liberado apresentará relató- Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio
rio ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação da monitoração eletrônica quando:
prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei. I - (VETADO);
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar- III - (VETADO);
-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código IV - determinar a prisão domiciliar;
Penal. V - (VETADO);
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na Parágrafo único. (VETADO).
hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o
liberado ou agravar as condições. Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cui-
dados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração pe- dos seguintes deveres:
nal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como I - receber visitas do servidor responsável pela moni-
tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo toração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir
permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do suas orientações;
tempo das 2 (duas) penas. II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
III - (VETADO);
se computará na pena o tempo em que esteve solto o libe-
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
rado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena,
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da
novo livramento.
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime;
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento
II - a revogação da autorização de saída temporária;
do Ministério Público, mediante representação do Conse- III - (VETADO);
lho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. IV - (VETADO);
V - (VETADO);
Comentário: Acerca do presente artigo, é preciso ilus- VI - a revogação da prisão domiciliar;
trar que o liberado deverá sempre ser ouvido antes da re- VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
vogação do livramento condicional. que o juiz da execução decida não aplicar alguma das me-
didas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou mediante representação Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revo-
do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá gada:
modificar as condições especificadas na sentença, devendo I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que
autoridades ou funcionários indicados no inciso I do caput estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta gra-
do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e ve.
III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo.
Comentários aos artigos 146 B, 146 C e 146 D: Os
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, artigos aqui tratados, dispõe acerca da monitoração ele-
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Pe- trônica.
nitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do O juiz da execução poderá sentenciar a fiscalização por
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará meio eletrônico nas hipóteses de autorização à saída tem-
dependendo da decisão final. porária no regime semiaberto e na prisão domiciliar.
Frise- se que a utilização do monitoramento eletrônico
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- requer cuidados e deveres pelo apenado, devendo receber
sado, do Ministério Público ou mediante representação do visitas do servidor responsável pela monitoração eletrôni-
Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de ca, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações
liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação. e não remover, violar, modificar ou violar o dispositivo e
nem permitir que outra pessoa o faça.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

O artigo 146-D traz em seu contexto os casos de revo- § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
gação da sentença que determina a utilização do monito- comparecimento.
ramento eletrônico nas hipóteses em se tornar desneces-
sário ou inadequado ou se o acusado ou condenado violar Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou, serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
ainda, quando cometer falta grave. relatório circunstanciado das atividades do condenado,
Ilustre-se a importância do monitoramento eletrônico bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausên-
não só como ferramenta de segurança pública, mas tam- cia ou falta disciplinar.
bém pela redução de custos aos cofres do Estado com a
manutenção do condenado. SEÇÃO III
Da Limitação de Fim de Semana
CAPÍTULO II
Das Penas Restritivas de Direitos Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a inti-
SEÇÃO I mação do condenado, cientificando-o do local, dias e ho-
Disposições Gerais rário em que deverá cumprir a pena.
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou do primeiro comparecimento.
a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a exe- Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du-
cução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atri-
a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a parti- buídas atividades educativas.
culares. Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compareci-
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, mento obrigatório do agressor a programas de recupera-
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das pe-
ção e reeducação.
nas de prestação de serviços à comunidade e de limitação
de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará,
condenado e às características do estabelecimento, da en-
mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim
tidade ou do programa comunitário ou estatal.
comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta discipli-
nar do condenado.
Comentário aos artigos 147 e 148: O presente Ca-
pítulo trata das penas restritivas de direito. É imprescindí-
SEÇÃO IV
vel ilustrar recente decisão do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), que suspendeu a execução de pena restritiva de direi- Da Interdição Temporária de Direitos
tos antes do trânsito em julgado da condenação – e deferiu
o pedido de liminar em habeas corpus HC 431242. Frise-se Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à auto-
que embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha deci- ridade competente a pena aplicada, determinada a intima-
dido pela viabilidade da execução antecipada da pena após ção do condenado.
condenação em segunda instância, essa possibilidade não § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
se estende às penas restritivas de direitos, tendo em vista o inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte
artigo 147 da Lei de Execução Penal (LEP). e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar
ato, a partir do qual a execução terá seu início.
SEÇÃO II § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do
Da Prestação de Serviços à Comunidade Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão
dos documentos, que autorizam o exercício do direito
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: interditado.
I - designar a entidade ou programa comunitário ou
estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamen-
ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de te ao Juiz da execução o descumprimento da pena.
acordo com as suas aptidões; Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo
II - determinar a intimação do condenado, cientifican- poderá ser feita por qualquer prejudicado.
do-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a
pena; Comentários aos artigos 154 e 155: Interdição tem-
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às porária de direitos, consiste na proibição do exercício de
modificações ocorridas na jornada de trabalho. cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou
e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em ofício que dependam de habilitação, de licença ou autori-
dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de zação do poder público e a suspensão de autorização de
trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz. habilitação para dirigir veículo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

CAPÍTULO III Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenató-


Da Suspensão Condicional ria, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o
das consequências de nova infração penal e do descumpri-
Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 mento das condições impostas.
(dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com
nos artigos 77 a 82 do Código Penal. prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustifica-
damente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar efeito e será executada imediatamente a pena.
pena privativa de liberdade, na situação determinada no
artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, so- Art. 162. A revogação da suspensão condicional da
bre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a de-
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na
negue.
forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Pe-
nal.
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as
condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fi-
xado, começando este a correr da audiência prevista no Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com
artigo 160 desta Lei. a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que cou-
§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação ber a execução da pena.
pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as § 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o
mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação fato averbado à margem do registro.
de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do § 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para
Código Penal. efeito de informações requisitadas por órgão judiciário ou
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a pelo Ministério Público, para instruir processo penal.
requerimento do Ministério Público ou mediante proposta
do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras Comentários aos artigos 156 a 163: O Sursis ou Sus-
estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. pensão Condicional da Pena, é aplicada à execução da
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal podendo ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde
por normas supletivas, será atribuída a serviço social que: o condenado não seja reincidente em crime doloso; a
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e persona-
instituição beneficiada com a prestação de serviços, lidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério autorizem a concessão do benefício; e não seja indicada ou
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por cabível a substituição por penas restritivas de direitos.
ato, a falta das normas supletivas.
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à CAPÍTULO IV
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das Da Pena de Multa
condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua
ocupação e os salários ou proventos de que vive. Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar
com trânsito em julgado, que valerá como título executivo
imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais,
judicial, o Ministério Público requererá, em autos aparta-
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício,
dos, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez)
a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.
dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do § 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa,
local da nova residência, aos quais o primeiro deverá ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à
apresentar-se imediatamente. penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a
execução.
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior
concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condi- execução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
ções do benefício.
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos
modificar as condições estabelecidas na sentença recorrida. apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prossegui-
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional mento.
da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a
incumbência de estabelecer as condições do benefício, e, Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á
em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória. prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta
Lei.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Cus-
quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 tódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamen-
do Código Penal). to ambulatorial, para cumprimento de medida de seguran-
ça, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
Comentário: Pena de multa e superveniência de doen-
ça mental (art. 167 da Lep c/c o art. 52 do CP): A execução Comentário aos 171 e 172: Início da execução da me-
da pena de multa ficará suspensa didas de segurança: Com o trânsito em julgado da senten-
ça, a expedição da “Guia” de internamento ou tratamento
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da ambulatorial e o início da medida.
multa se efetue mediante desconto no vencimento ou sa-
lário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento am-
Código Penal, observando-se o seguinte: bulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quar- as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à au-
ta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; toridade administrativa incumbida da execução e conterá:
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a I - a qualificação do agente e o número do registro
geral do órgão oficial de identificação;
quem de direito;
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
III - o responsável pelo desconto será intimado a reco-
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
lher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância
trânsito em julgado;
determinada. III - a data em que terminará o prazo mínimo de inter-
nação, ou do tratamento ambulatorial;
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o ar- IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis
tigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o ao adequado tratamento ou internamento.
pagamento da multa em prestações mensais, iguais e su- § 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de
cessivas. recolhimento e de sujeição a tratamento.
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier
diligências para verificar a real situação econômica do modificações quanto ao prazo de execução.
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número
de prestações. Comentário: Requisitos da “Guia de internamento” ou
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de “Guia de tratamento ambulatorial” (incisos do art. 173 da
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Lep):
Ministério Público, revogará o benefício executando-se a A qualificação do agente e o número do registro geral
multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo- do órgão oficial de identificação;
se na execução já iniciada. O inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
Comentário: O condenado poderá requerer ao juiz o trânsito em julgado;
pagamento da multa em prestações mensais no prazo de A data em que terminará o prazo mínimo de interna-
10 dias. ção, ou do tratamento ambulatorial;
Outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumu- adequado tratamento ou internamento.
lativamente com pena privativa da liberdade, enquanto
esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de se-
mediante desconto na remuneração do condenado (artigo gurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e
9° desta Lei.
168).
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de
CAPÍTULO II
liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
Da Cessação da Periculosidade
resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste
Capítulo. Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos no fim do prazo mínimo de duração da medida de segu-
casos em que for concedida a suspensão condicional da rança, pelo exame das condições pessoais do agente, ob-
pena. servando-se o seguinte:
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de
TÍTULO VI expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá
Da Execução das Medidas de Segurança ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a
CAPÍTULO I revogação ou permanência da medida;
Disposições Gerais II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as dili-
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar gências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Públi-
medida de segurança, será ordenada a expedição de guia co e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para
para a execução. cada um;

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
que não o tiver; em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do arti-
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer go 45 e seus incisos do Código Penal.
das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
expirado o prazo de duração mínima da medida de segu- será convertida quando o condenado:
rança; a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que sabido, ou desatender a intimação por edital;
se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou
prazo de 5 (cinco) dias. programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do que lhe foi imposto;
prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá d) praticar falta grave;
o Juiz da execução, diante de requerimento fundamenta- e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
do do Ministério Público ou do interessado, seu procura- de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
dor ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a § 2º A pena de limitação de fim de semana será
cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do convertida quando o condenado não comparecer ao
artigo anterior. estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a», «d» e «e»
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for do parágrafo anterior.
aplicável, o disposto no artigo anterior. § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
convertida quando o condenado exercer, injustificadamente,
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de libe- o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses
ração (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o dis- das letras «a» e «e», do § 1º, deste artigo.
posto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
Art. 182. (Revogado)
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expe-
dirá ordem para a desinternação ou a liberação.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena pri-
vativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturba-
Comentário aos artigos 171 a 179: Sistema “vicarian-
ção da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
te” ou “unitário, aplica-se somente uma das sanções, pena
Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
ao imputável ou medida de segurança ao inimputável,
administrativa, poderá determinar a substituição da pena
obrigatoriamente, ou ao semi-imputável, facultativamente
e em substituição à pena quando o acusado necessitar de por medida de segurança.
especial tratamento curativo.
As medidas de segurança têm caráter exclusivamente Comentário: O juiz poderá determinar a substituição
preventivo e assistencial, aplicadas em decorrência da peri- da pena por medida de segurança, no caso do aparecimen-
culosidade do agente. to de doença mental.
Os artigos tratam também das espécies de medidas de
segurança com Internação em Hospital de custódia e tra- Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser conver-
tamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento tido em internação se o agente revelar incompatibilidade
adequado e tratamento ambulatorial em hospital de cus- com a medida.
tódia e tratamento psiquiátrico ou em outro local com de- Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
pendência adequada. internação será de 1 (um) ano.

TÍTULO VII Comentário: O presente artigo trata da conversão do


Dos Incidentes de Execução tratamento ambulatorial em internação em hospital de
CAPÍTULO I custódia e tratamento psiquiátrico pelo prazo mínimo de
Das Conversões um ano. Este ocorrerá caso o agente revele incompatibili-
dade com a medida, como p.ex., deixar de comparecer ao
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 tratamento prescrito e revele periculosidade.
(dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos,
desde que: CAPÍTULO II
I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto; Do Excesso ou Desvio
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto)
da pena; Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sem-
III - os antecedentes e a personalidade do condenado pre que algum ato for praticado além dos limites fixados na
indiquem ser a conversão recomendável. sentença, em normas legais ou regulamentares.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou des- Comentário aos artigos 187 a 193: A Anistia é me-
vio de execução: dida de interesse coletivo, em regra inspirada por motivos
I - o Ministério Público; políticos, concedida pelo Congresso Nacional, atendendo
II - o Conselho Penitenciário; pedido de parte interessada (art. 48, VIII, da CF);
III - o sentenciado; O indulto é denominado ato de clemência do Poder
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. Público de competência exclusiva do Presidente da Repú-
blica (art. 84, XII da CF) em favor de um réu condenado (in-
Comentários aos artigos 185 e 186: Direitos preser- dulto individual) ou de natureza coletiva (indulto coletivo),
vados ao condenado e ao internado: O condenado tem o quando abrange vários condenados, desde que satisfeitos
direito de cumprir sua pena, tal como lhe foi imposta, no os requisitos do decreto presidencial.
regime fixado e pelo prazo determinado. Quem possui legitimidade para requerer a anistia ou
Haverá excesso quando ocorre violação de direito do indulto éo condenado; o Ministério Público; o Conselho Pe-
sentenciado e desvio quando ela se afasta dos parâmetros nitenciário; ou a autoridade administrativa.
legais estabelecidos. O artigo 186 traz os legitimados para
suscitar o excesso ou desvio de execução. TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial
CAPÍTULO III
Da Anistia e do Indulto Art. 194. O procedimento correspondente às situações
previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a reque- o Juízo da execução.
rimento do interessado ou do Ministério Público, por pro-
posta da autoridade administrativa ou do Conselho Peni- Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,
tenciário, declarará extinta a punibilidade. a requerimento do Ministério Público, do interessado, de
quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descen-
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por dente, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou,
petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, ainda, da autoridade administrativa.
do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrati-
va. Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-
-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público,
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos do- quando não figurem como requerentes da medida.
cumentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Pe- § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
nitenciário, para a elaboração de parecer e posterior enca- decidirá de plano, em igual prazo.
minhamento ao Ministério da Justiça. § 2º Entendendo indispensável a realização de prova
pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos produção daquela ou na audiência designada.
do processo e do prontuário, promoverá as diligências que
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilí- Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá re-
cito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a curso de agravo, sem efeito suspensivo.
exposição dos antecedentes do condenado e do procedi-
mento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre Comentário aos artigos 194 a 197: Será competente
o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade para execução penal o juiz indicado na lei de organização
ou circunstâncias omitidas na petição. judiciária local e, na sua ausência, o da sentença conde-
natória, salvo cumprimento da pena em local diverso da
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com do- condenação.
cumentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição O procedimento judicial perante o juízo da execução
será submetida a despacho do Presidente da República, a penal será iniciado de ofício, a requerimento do Ministé-
quem serão presentes os autos do processo ou a certidão rio Público; do interessado; de quem o represente; de seu
de qualquer de suas peças, se ele o determinar. cônjuge; parente ou descendente; mediante proposta do
Conselho Penitenciário; ou, da autoridade administrativa.
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos có- Frise-se que a portaria ou petição será autuada ouvin-
pia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará do-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Pú-
a execução aos termos do decreto, no caso de comutação. blico, quando não figurem como requerentes da medida.
O procedimento judicial previsto na execução penal terá
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto início pela autuação da portaria ou petição. O Recurso ca-
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, bível das decisões proferidas pelo Juiz da execução penal
do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Peni- será o recurso de agravo no prazo de cinco dias, sem efeito
tenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de suspensivo, com o processamento do recurso em sentido
acordo com o disposto no artigo anterior. estrito.

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

TÍTULO IX
Das Disposições Finais e Transitórias LEI FEDERAL N.º 9.455/1997 (LEI DA
TORTURA) E ALTERAÇÕES POSTERIORES.
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execu-
ção penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que
perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimentos,
No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de obten-
bem como exponha o preso à inconveniente notoriedade,
ção de provas através da confissão, seja como forma de
durante o cumprimento da pena.
castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia. Le-
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por gado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser aplicada
decreto federal. durante os 322 anos de período colonial e nem posterior-
mente - nos 67 anos do Império e no período republicano.
Art. 200. O condenado por crime político não está obri- Durante os chamados anos de chumbo, assim como na
gado ao trabalho. ditadura Vargas (período denominado Estado Novo ou Re-
pública Nova, em alusão à República Velha, que se findava),
Comentário: Não haverá obrigatoriedade ao trabalho houve a prática sistemática da tortura contra presos políti-
para o condenado por crime político. cos - aqueles considerados subversivos, que alegadamente
ameaçavam a segurança nacional. Durante o regime militar
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o de 1964, os torturadores brasileiros eram em sua grande
cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se maioria militares das forças armadas, em especial do exér-
efetivará em seção especial da Cadeia Pública. cito. Os principais centros de tortura no Brasil, nesta época,
eram os DOI/CODI, órgãos militares de defesa interna.
Comentário: Inexistindo estabelecimento para cum-
primento das referidas prisões civis e administrativas, as No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as di-
mesmas serão realizadas em Cadeia Pública. taduras militares do Brasil e de outros países da América
do Sul criaram a chamada Operação Condor, para perse-
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da guir, torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte
folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por auto- de especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA,
ridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção de
ou referência à condenação, salvo para instruir processo informações.
pela prática de nova infração penal ou outros casos expres- Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática da
sos em lei. tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram incorpo-
radas por muitos policiais, que passaram a aplicá-las contra
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publi- os presos comuns, “suspeitos” ou detentos.
cação desta Lei, serão editadas as normas complementares O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “ninguém
ou regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo
não autoaplicáveis.
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades cruel, desumano ou degradante”, previsão repetida no ar-
Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça, tigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
projetar a adaptação, construção e equipamento de e no artigo 5º da Convenção Americana sobre os Direitos
estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei. Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clássico tipo de
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser tratamento cruel.
providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios Há uma preocupação especial da comunidade interna-
para instalação de casas de albergados. cional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera das
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Proteção de
ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Trata-
Criminal e Penitenciária, mediante justificada solicitação, mentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela
instruída com os projetos de reforma ou de construção de Assembleia Geral em 9 de dezembro de 1975, e a Conven-
estabelecimentos. ção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis,
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres
Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembleia Ge-
estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada ral em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil em
pela União, para atender às despesas de execução das 28 de setembro de 1989.
penas e medidas de segurança. Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será
Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente entendido por tortura todo ato pelo qual um funcionário
com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revo- público, ou outra pessoa a seu poder, inflija intencional-
gadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº mente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves, sendo
3.274, de 2 de outubro de 1957. eles físicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de
um terceiro informação ou uma confissão, de castigá-la
Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e por um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que
96º da República.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

tenha cometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras. LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997
[...]”. No documento o conceito de tortura pode ser assim
subdividido: a) ação, não omissão; b) praticada por funcio- Define os crimes de tortura e dá outras providências.
nário público ou alguém sob sua autoridade; c) com dolo
(intenção); d) contra uma pessoa; e) consistente em penas Art. 1º Constitui crime de tortura:
ou sofrimentos graves, físicos ou mentais; f) visando - ob- I - constranger alguém com emprego de violência
tenção de informação ou confissão, castigo ou intimidação. ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade mental:
que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi- a) com o fim de obter informação, declaração ou
trariedade, em respeito aos direitos humanos consagrados confissão da vítima ou de terceira pessoa;
nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, não é Tortura-prova ou tortura-persecutória
tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma agravada
e deliberada de tratamento ou de pena cruel, desumana ou b) para provocar ação ou omissão de natureza cri-
degradante”. minosa;
Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração: Tortura para a prática de crime ou tortura-crime
“Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não poderão c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
ser invocadas circunstâncias excepcionais tais como es- Tortura discriminatória ou tortura-racismo
tado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública como justi- Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa.
ficativa da tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, Sujeito passivo: qualquer pessoa.
desumanos ou degradantes”. A tortura é uma ofensa ta- Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para
manha à dignidade da pessoa humana que em nenhuma cada um dos três tipos.
hipótese pode ser praticada, suspendendo ou excetuando Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência
as garantias que a envolvem. ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é
Os outros artigos da Declaração tratam dos deveres conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa.
estatais de criminalização e punição da tortura, bem como
de conscientização em treinamento de seus agentes a res- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au-
peito de sua vedação e de reparação dos danos causados, toridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
encerrando com a invalidação de qualquer declaração ou intenso sofrimento físico ou mental, como forma de apli-
confissão proferida nestas condições. car castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia as Tortura-castigo
questões protetivas tratadas na Declaração, merecendo Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter atri-
destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro artigo buto especial consistente em guarda, poder ou autoridade
da Declaração traz uma fórmula genérica para a finalida- sobre a outra.
de da tortura consistente em qualquer motivo baseado Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar-
em discriminação de qualquer natureza. Não obstante, da, poder ou autoridade de outrem.
exclui as sanções legítimas e lembra que se a lei nacional Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for-
ou internacional trouxer conceito mais amplo este preva- ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
lecerá. Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a violên-
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III cia ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou mental, é
que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento plurissubsistente e, como tal, admite tentativa.
desumano ou degradante” e considera a prática de tortura
como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(para o STF, a proibição se estende ao indulto).
Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada pela § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o crime de presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento fí-
tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão de 2 a 8 sico ou mental, por intermédio da prática de ato não pre-
anos. visto em lei ou não resultante de medida legal.
Diferentemente da disciplina internacional, a tortu- Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de
ra não é ato exclusivamente praticado por funcionário segurança
público ou terceiro particular às suas ordens (seria crime Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na
próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por prática será comumente cometido por quem tenha pode-
qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura de res no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente pri-
outros tipos penais não será a condição do agente, mas sim sional, ou da medida de segurança, como enfermeiro.
a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do sofrimen- Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou sujei-
to causado (esse é o critério para distinguir da prática de ta a medida de segurança.
maus-tratos, art. 136, CP). Elemento subjetivo: dolo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou men- Salvo no caso de omissão para a prática de tortura, o
tal diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de regime inicial de cumprimento da pena seria fechado. En-
medida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa. tretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de pena
Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamente em regime fechado para crimes hediondos e equiparados
geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido pela (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a pena, inclu-
conduta típica. sive quanto ao regime de cumprimento.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na crime não tenha sido cometido em território nacional,
pena de detenção de um a quatro anos. sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Omissão perante a tortura em local sob jurisdição brasileira.
Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evitar Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
ou apurar as condutas.
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
da prática repulsiva da tortura independentemente da lo-
Elemento subjetivo: dolo.
calização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacionalida-
Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
de do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).
admite tentativa.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se ção.
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Tortura qualificada Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a 10 julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
anos.
Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos. Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu- 109º da República.
ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir o
resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou seja,
a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter sido LEI FEDERAL Nº 4.898/1965 (ABUSO DE
almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal entre a AUTORIDADE).
tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então homicídio
qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: Regula o Direito de Representação e o processo de


I - se o crime é cometido por agente público; Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, de abuso de autoridade.
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos; Art. 1º O direito de representação e o processo de res-
III - se o crime é cometido mediante sequestro. ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as auto-
Causas de aumento de pena ridades que, no exercício de suas funções, cometerem
Se aplicam a todos os tipos anteriores. abusos, são regulados pela presente lei.
Se houver mais de uma causa presente, o juiz apenas
Objeto da lei: direito de representação e processo de
aumenta a pena uma vez, no montante máximo de 1/3.
responsabilidade contra autoridades que cometam abusos
ao exercer suas funções.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun-
ção ou emprego público e a interdição para seu exercí-
cio pelo dobro do prazo da pena aplicada. Art. 2º O direito de representação será exercido por
Se o sujeito ativo for funcionário público, perderá o meio de petição:
cargo, função ou emprego; se não for, ficará impedido de a) dirigida à autoridade superior que tiver competência
obtê-lo ou de tentar retornar a cargo diverso, pelo dobro legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a
do prazo da pena empregada. respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível competência para iniciar processo-crime contra a autorida-
de graça ou anistia. de culpada.
Também é insuscetível de indulto. Parágrafo único. A representação será feita em duas
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a quali-
a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em ficação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo
regime fechado. de três, se as houver.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Direito de representação consiste na prerrogativa de f) à liberdade de associação;


apresentar denúncias administrativas contra pessoa deter- Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
minada, no caso, contra autoridade que tenha cometido para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
abuso.
O instrumento para seu exercício é a petição, em duas g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
vias, com os seguintes elementos formais: exercício do voto;
- Exposição do fato que caracterizou o abuso e suas Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
circunstâncias; gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
- Qualificação do acusado; para todos, e, nos termos da lei, mediante: [...]
- Rol de até 3 testemunhas.
A petição será dirigida à autoridade superior daquela h) ao direito de reunião;
que cometeu o abuso denunciado (pode ser um delegado Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
ou outra autoridade policial, no caso de abuso cometido te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
por policial; ou o juiz, no caso de abuso cometido por ser-
temente de autorização, desde que não frustrem outra
ventuário; ou ainda a corregedoria de justiça, no caso de
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen-
abuso cometido por juiz; etc...) ou ao órgão do Ministé-
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
rio Público competente para a investigação. Nota-se que,
diferente das infrações comuns, não se representa pura e
simplesmente direto em delegacia – o motivo é que a auto- i) à incolumidade física do indivíduo;
ridade que cometeu o abuso, muitas vezes, poderá ser um Art. 5o, caput, CF – Garante o direito à vida – Abrange
policial ou o próprio delegado. incolumidade física.
A garantia do direito à representação não significa que Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
a ação penal seja condicionada à representação. Todos a tratamento desumano ou degradante.
crimes de abuso de autoridade são de ação penal pública
incondicionada. O objetivo do direito de representação é j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
meramente informativo do ocorrido. cício profissional.
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
atentado: profissionais que a lei estabelecer.
Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos
fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve- Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus po- Colacionam-se aqui condutas atentatórias a direitos
deres. fundamentais sagrados no texto constitucional e que ve-
nham a ser cometidas por autoridade que exceda seus po-
a) à liberdade de locomoção; deres, em teor especificamente voltado às práticas de abu-
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território so de autoridade de detenção ilegal e excesso nos poderes
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos de captura e detenção.
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens. a) ordenar ou executar medida privativa da liberda-
de individual, sem as formalidades legais ou com abuso
b) à inviolabilidade do domicílio; de poder;
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em
lei.
c) ao sigilo da correspondência;
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspon-
dência e das comunicações telegráficas, de dados e das b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem vexame ou a constrangimento não autorizado em lei;
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
fins de investigação criminal ou instrução processual penal. à integridade física e moral.

d) à liberdade de consciência e de crença; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-


e) ao livre exercício do culto religioso; petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên- Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
aos locais de culto e a suas liturgias. indicada.

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta
ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e
relaxada pela autoridade judiciária. sem remuneração.
O sujeito ativo de todos os crimes descritos nesta lei é
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- pessoa que exerça posição de autoridade, embora seja ad-
ponha a prestar fiança, permitida em lei; missível coautoria e participação de terceiros particulares.
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou Assim, o particular jamais pode agir sozinho cometendo
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, abuso de autoridade, precisa estar em concurso com fun-
com ou sem fiança. cionário público.
A autoridade será qualquer pessoa que exerça cargo,
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade poli- emprego ou função pública, civil ou militar, de forma per-
cial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou- manente ou transitória, de forma gratuita ou remunerada.
tra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
sanção administrativa civil e penal.
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade po-
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
licial recibo de importância recebida a título de carce-
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
ragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra des-
a) advertência;
pesa; b) repreensão;
Custas, emolumentos e outras despesas – Somente c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
podem ser cobradas nos casos previstos em lei e, carac- cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos
terizando-se um destes casos, o carcereiro ou o agente de e vantagens;
autoridade policial têm o dever de receber as importâncias d) destituição de função;
devidas. e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pes- § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
soa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
desvio de poder ou sem competência legal; quinhentos a dez mil cruzeiros.
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
de seus bens sem o devido processo legal. regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de b) detenção por dez dias a seis meses;
pena ou de medida de segurança, deixando de expedir c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente or- qualquer outra função pública por prazo até três anos.
dem de liberdade. § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
Caracterizando-se excesso de prazo de prisão tempo- ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
rária, pena ou medida de seguraná, a pessoa deve ser li- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
bertada. toridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de não poder o acusado exercer funções de natureza poli-
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- cial ou militar no município da culpa, por prazo de um a
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em cinco anos.
lei.
Sanção administrativa
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
- Advertência – verbal.
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
- Repreensão – escrita.
com ou sem fiança.
- Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
O uso de algemas em contrariedade à súmula vincu- vantagens – o agente não exercerá o cargo por um período
lante no 11 do STF caracteriza abuso de autoridade: “Só é determinado, sem receber remuneração.
lícito o uso de algemas em casos de resistência e de funda- - Destituição de função – o agente será destituído de
do receio de fuga ou de perigo à integridade física própria função de confiança ou cargo em comissão.
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a - Demissão – o servidor será desvinculado dos quadros
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilida- da Administração.
de disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e - Demissão, a bem do serviço público – o servidor será
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, desvinculado dos quadros da Administração.
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Sanção civil Determinadas decisões na esfera penal geram exclusão


Indenização – danos morais + danos materiais. Como o da responsabilidade nas esferas civil e administrativa, quais
valor está desatualizado, em cruzeiros, o juiz arbitrará caso sejam: absolvição por inexistência do fato ou negativa de
a caso. autoria. A absolvição criminal por falta de provas não gera
Sanção penal exclusão da responsabilidade civil e administrativa.
- Multa – o juiz utilizará os critérios do Código Penal A absolvição proferida na ação penal, em regra, nada
para fixar o valor; prejudica a pretensão de reparação civil do dano ex delicto,
- Detenção, de 10 dias a 6 meses; conforme artigos 65, 66 e 386, IV do CPP: “art. 65.Faz coisa
- Perda do cargo e inabilitação ao exercício de função julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o
por até 3 anos. ato praticado em estado de necessidade, em legítima defe-
Podem ser aplicadas as três penas ou apenas uma de- sa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
las isoladamente. regular de direito” (excludentes de antijuridicidade); “art.
Se a autoridade que cometeu o abuso for policial, será 66. não obstante a sentença absolutória no juízo criminal,
possível aplicar a pena de proibição do exercício de fun- a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, ca-
ções policiais no município em que o ato foi praticado, por tegoricamente, reconhecida a inexistência material do
1 a 5 anos. fato”; “art. 386, IV –estar provado que o réu não concorreu
para a infração penal”.
Art. 7º Recebida a representação em que for solicitada Entendem Fuller, Junqueira e Machado1: “a absolvição
dubitativa (motivada por juízo de dúvida), ou seja, por falta
a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou
de provas, (art. 386, II, V e VII, na nova redação conferida ao
militar competente determinará a instauração de inquéri-
CPP), não empresta qualquer certeza ao âmbito da jurisdi-
to para apurar o fato.
ção civil, restando intocada a possibilidade de, na ação civil
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas
de conhecimento, ser provada e reconhecida a existência
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais,
do direito ao ressarcimento, de acordo com o grau de cog-
civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo.
nição e convicção próprios da seara civil (na esfera penal,
§ 2º Não existindo no município no Estado ou na
a decisão de condenação somente pode ser lastreada em
legislação militar normas reguladoras do inquérito
juízo de certeza, tendo em vista o princípio constitucional
administrativo serão aplicadas supletivamente, as
do estado de inocência)”.
disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de A responsabilidade civil e a penal são passíveis de apu-
outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis ração perante a justiça. No caso, em regra, a competên-
da União). cia será da justiça estadual, salvo se forem afetados bens,
§ 3º O processo administrativo não poderá ser sobres- serviços ou interesses da União ou de suas autarquias e
tado para o fim de aguardar a decisão da ação penal fundações públicas (art. 109, CF).
ou civil. Em se tratando de funcionário público federal – civil ou
Exercido o direito de representação, instaura-se in- militar que pratique o abuso contra civil – a competência é
quérito no âmbito administrativo para apurar o fato. Não da justiça federal para a apuração penal. (súmula 172, STJ).
havendo regra específica sobre o inquérito administrativo,
aplica-se a legislação federal, no caso, o Estatuto dos Ser- Art. 10. (Vetado).
vidores Públicos Civis Federais – Lei no 8.112/1990 e a Lei
do Processo Administrativo – Lei no 9.784/1999. O proces- Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
so administrativo corre independente dos processos cível digo de Processo Civil.
e penal, justamente devido à independência das esferas. Sendo a ação civil, aplicam-se as normas processuais
civis, que são regidas pelo CPC.
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha fun-
cional da autoridade civil ou militar. Art. 12. A ação penal será iniciada, independente-
A sanção aplicada será anotada na ficha funcional. mente de inquérito policial ou justificação por denúncia
do Ministério Público, instruída com a representação da
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida à vítima do abuso.
autoridade administrativa ou independentemente dela, po-
derá ser promovida pela vítima do abuso, a responsa- Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a repre-
bilidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada. sentação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e
Destaca-se aqui a independência entre as esferas pe- oito horas, denunciará o réu, desde que o fato narrado
nal, civil e administrativa, sendo cabível a punição da au- constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua
toridade que cometeu o abuso nas três esferas, cumulati- citação, e, bem assim, a designação de audiência de ins-
vamente. Se as responsabilidades se cumularem, também trução e julgamento.
as sanções serão cumuladas. Daí afirmar-se que tais res-
1 FULLER, Paulo Henrique Aranda; JUNQUEIRA, Gustavo Oc-
ponsabilidades são independentes, ou seja, não dependem taviano Diniz; MACHADO, Angela C. Cangiano. Processo Penal. 9. ed.
uma da outra. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. (Coleção Elementos do Direito)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
em duas vias. dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- perito, o representante do Ministério Público ou o advogado
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do
poderá: réu.
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; zar-se se ausente o Juiz.
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
audiência de instrução e julgamento, a designação de um Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada
perito para fazer as verificações necessárias. o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o audiência.
apresentarão por escrito, querendo, na audiência de
instrução e julgamento. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
representação poderá conter a indicação de mais duas em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede
testemunhas. do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.

Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- o interrogatório do réu, se estiver presente.
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu ad-
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- vogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para fun-
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro cionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no
arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o peri-
to, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi- minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a cri-
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva tério do Juiz.
e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto- Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
mar a ação como parte principal. mente a sentença.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resu-
ou rejeitando a denúncia. mo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa,
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz os requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, que deverá ser realizada, impror- Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
rogavelmente, dentro de cinco dias. do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
gamento final e para comparecer à audiência de ins-
trução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
será acompanhado da segunda via da representação e da forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
denúncia. fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-los, sempre moti-
vadamente, até o dobro.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa pode-
rão ser apresentadas em juízo, independentemente de inti- Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
mação. do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos caberão os recursos e apelações previstas no Código de Pro-
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não cesso Penal.
ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
sáveis tais providências. Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Procedimento penal Os movimentos não pararam. Organizações passaram


- Denúncia do MP, em 48hs do recebimento de repre- a realizar eventos e atos públicos chamando a atenção da
sentação que efetivamente relate abuso de autoridade, em população brasileira. Somando-se a isso, os dados e pes-
duas vias, instruída com representação da vítima; quisas que apareciam mostravam relação direta entre o
Obs.: O MP pode pedir arquivamento, cabendo ao Juiz fácil acesso às armas de fogo e o aumento do número de
homologar ou então remeter ao Procurador-Geral de Jus- homicídios, comprovando que quanto mais armas em cir-
tiça para que ofereça denúncia ou designe quem o faça ou culação, mais morte.
então para que insista no arquivamento. Em junho de 2003, foi organizada uma Marcha Silen-
Obs.: Desrespeitado o prazo de 48hs, cabe ação priva- ciosa, com sapatos de vítimas de armas de fogo em frente
da subsidiária da pública. O MP poderá neste caso aditar a ao congresso nacional. Este fato chamou bastante atenção
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e inter- da mídia e da opinião pública. Os legisladores tomaram
vir nos autos. para si o tema e criaram uma comissão mista, com deputa-
- Apuração de vestígios, por testemunhas ou perito, se dos federais e senadores para formular uma nova lei. Esta
existentes, conforme indicação na representação; comissão analisou todos os projetos que falavam sobre o
- Recebida a denúncia, o juiz em 48hs decidirá, rece- tema nas duas casas e reescreveram uma lei conjunta: o
bendo ou rejeitando. Se receber, já designará a audiência Estatuto do Desarmamento.
de instrução e julgamento para os próximos 5 dias; Depois de redigido, faltava a aprovação, tanto no Se-
- Citação do réu para comparecer à audiência; nado quanto na Câmara dos Deputados. O Estatuto foi fa-
- Na audiência, as testemunhas podem ser apresenta- cilmente aprovado no Senado, mas logo em seguida ficou,
das independente de intimação e, salvo se indispensável, mais de 3 meses parado esperando a aprovação na Câmara
não caberá oitiva por carta precatória; dos Deputados. Lá enfrentou o poderosíssimo lobby das
- Audiência: declarada aberta e apregoada; podendo armas, ou seja, deputados federais que na sua maioria tive-
as partes se retirarem se o juiz atrasar por mais de 30 mi- ram as campanhas financiadas pelas indústrias de armas e
nutos; será pública; em dia útil e horário das 10hs às 18hs; munições, a chamada Bancada da Bala.
o primeiro ato é a qualificação e o interrogatório do réu; No entanto, a pressão popular foi mais forte e o Es-
possível a nomeação de defensor dativo; segue-se com tatuto foi aprovado em outubro de 2004 na Câmara dos
oitiva de testemunhas e peritos e memoriais – ouve-se a Deputados. Voltou para o Senado novamente onde outra
acusação, ouve-se a defesa, 15 minutos cada, prorrogáveis vez foi aprovado rapidamente. No dia 23 de Dezembro o
por mais 10 – e encerra-se com a sentença imediatamente Estatuto do Desarmamento foi sancionado pelo presidente
proferida pelo juiz; o escrivão lavrará termo, subscrito pelos Luis Inácio Lula da Silva”2.
presentes; Alguns pontos essenciais do Estatuto merecem desta-
- Possível flexibilização de prazos; que em separado:
- Aplica-se a Lei no 9.099/1995; 1) Armas
- Aplicação subsidiária do CPP. O estatuto do desarmamento se aplica apenas às ar-
mas de fogo, munições e acessórios. Não se aplica às ar-
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independência mas brancas.
e 77º da República. As armas podem ser próprias quando fabricadas para
serem armas desde a sua origem, ou impróprias quando
não tem como finalidade ser arma mas ser usada como tal.
2) Registro
LEI FEDERAL Nº 10.826/2003 Posse ou guarda - artigo 5º.
(ESTATUTO DO DESARMAMENTO). A finalidade é autorizar o proprietário a manter a arma
de fogo exclusivamente no interior de sua casa, domicílio
ou local de trabalho.
A falta de registro leva à criminalização - artigo 12.
“As regras para se comprar uma arma e os mecanismos Posse irregular de arma: delito previsto no artigo 12.
de controle destas no Brasil sempre foram falhos ou pra- A posse irregular é a posse sem registro. Trata-se de crime
ticamente inexistentes. Isto gerou, por muitos anos, uma comum (qualquer pessoa pode praticar), de perigo abstra-
grande entrada de armas em circulação no país. O fácil to (presume-se o perigo), de conteúdo múltiplo ou variado
acesso às armas de fogo sempre transformou os conflitos (mais de um verbo no tipo - possuir ou guardar), unissub-
existentes na sociedade brasileira em tragédias. jetivo (pode ser praticado por uma só pessoa), doloso, para
Em 1997, apareceram os primeiros movimentos pró- o qual não se admite tentativa.
-desarmamento no Brasil e o controle de armas de fogo 3) SINARM
começou a entrar na pauta de preocupações nacional. As armas de fogo possuem algumas características
Neste mesmo ano, houve a primeira mudança na legisla- como: marca, calibre, quantidade de cartuchos (balas), e
ção, ainda bastante insipiente frente à realidade brasileira. outras mais complexas, como tipo da coronha, raias, etc.
Afinal, mais de 80% dos crimes eram cometidos por armas Existem ainda as armas comuns como garruchas e revol-
de fogo. veres, que se diferenciam das armas automáticas, como
2 http://www.deolhonoestatuto.org.br/

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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pistolas, metralhadoras e outras impróprias para o uso co- se o exame pericial for feito pelos policiais que fizeram a
mum, que são utilizadas pelas policias em operações espe- prisão em flagrante.
ciais. Cabe ao SINARM catalogar e registrar todas as armas 7) Arma com defeito
em circulação no Brasil. Se o defeito existia e não era possível disparar a arma, a
Assim, o Sistema Nacional de Armas (SINARM), instituí- doutrina majoritária diz que não há crime, porque não exis-
do no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, te arma de fogo; a doutrina minoritária diz que há crime,
com circunscrição em todo o território nacional, é respon- porque o objetivo da lei é proteger a segurança pública.
sável pelo controle de armas de fogo em poder da popu- 8) Arma sem munição
lação, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Existem 3 posições: exige munição, porque não há cri-
Desarmamento). me sem potencialidade lesiva; no se exige munição, desde
4) Porte que ela esteja ao alcance (ex: arma no porta-malas e mu-
Autoriza a pessoa a ter a arma consigo fora de casa ou nição no bolso); não interessa se a arma está com munição
do trabalho. Para ter porte, precisa ter posse. ou não por causa da objetividade jurídica, que é proteger
O porte de uso para pessoas comuns em regra não é a segurança e a incolumidade (majoritária, recomendável
permitido - artigo 10. para o concurso da PRF).
O porte para funcionários de segurança e coleciona- 9) Concurso de crimes
dores que participam de eventos esportivos é eventual, ou - Posse de mais de 1 arma: jurisprudência diz que é um
seja, somente é aceito em algumas situações - artigos 6º só crime.
e 9º. - Posse de 1 arma e de munição de calibre diferente: 2
Magistratura e Ministério Público possuem porte fun- crimes em concurso formal.
cional, assegurado nas respectivas leis orgânicas. - Posse só de munição: 1 só crime independente da
No porte ilegal não interessa se a arma é permitida ou quantidade.
de uso restrito, se há registro ou não. Significa ter a arma 10) Disparo
consigo fora dos limites do trabalho e da residência, sem Previsto no artigo 15. Trata-se de crime comum, de
autorização para isso, o que já constitui ato ilícito. Logo, mera conduta, unissubjetivo, de perigo abstrato. Seu ob-
uma pessoa pode ter a posse legal ou regular (arma regis- jeto jurídico é a proteção da incolumidade pública. Seu
trada) e praticar o crime de porte ilegal, previsto no artigo objeto material é a arma de fogo ou munição. O crime é
14. Caso a posse seja ilegal, o delito é o do artigo 16. subsidiário, pois é preciso que não se tenha como finali-
O porte ilegal de arma do artigo 14 é um crime co- dade a prática de outro crime (ex: tentativa de homicídio).
mum (qualquer pessoa pode cometer), de merda conduta Consuma-se com o disparo.
(não depende de resultado), de perigo abstrato (não pre-
cisa sacar a arma), conteúdo múltiplo (13 núcleos de tipo), Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
unissubjetivo (basta ser praticado por 1 pessoa). Seu objeto mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
material é a arma ou acessório de uso permitido devida- Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
mente numerado.
O tipo do artigo 16 se aplica tanto ao porte quanto CAPÍTULO I
à posse de arma de uso restrito (mesma classificação do DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
artigo 14). O parágrafo único traz 6 ações diferentes que
constituem crimes autônomos. Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, ins-
5) Prazo de regularização da arma ou entrega - ar- tituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
tigos 30 a 32 Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.
O prazo limite foi prorrogado e já se encerrou em 31
de dezembro de 2009 - artigo 20 (Lei nº 11706/08). Trata- Art. 2º Ao Sinarm compete:
-se de abolitio criminis temporária: o fato deixa de ser con- I – identificar as características e a propriedade de armas
siderado crime por algum tempo. de fogo, mediante cadastro;
Os artigos 30 a 32 se aplicam só à posse, não ao porte. II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
O artigo 30 fala que só se aplica à arma de uso permitido. O e vendidas no País;
artigo 31 fala em arma regularmente adquirida, presumin- III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
do-se logicamente que só se aplica às armas de uso per- e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
mitido, porque não é possível adquirir regularmente arma IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
de uso proibido. Já o artigo 32 não é expresso quanto à vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os
aplicação restrita às armas de uso permitido. Isto criou uma dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de
divergência nos tribunais, que majoritariamente (inclusive empresas de segurança privada e de transporte de valores;
STJ) têm decidido que não se aplica às armas de uso proi- V – identificar as modificações que alterem as caracte-
bido. rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
6) Exame pericial VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existen-
Posição amplamente majoritária diz que o exame peri- tes;
cial é indispensável. A minoritária parte do pressuposto de VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive
que o que a polícia diz que é arma, é arma. O laudo é nulo as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem § 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º
como conceder licença para exercer a atividade; será concedida, ou recusada com a devida fundamentação,
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadis- no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do re-
tas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de querimento do interessado.
armas de fogo, acessórios e munições; § 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as carac- do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste
terísticas das impressões de raiamento e de microestriamen- artigo.
to de projétil disparado, conforme marcação e testes obriga- § 8ºEstará dispensado das exigências constantes do
toriamente realizados pelo fabricante; inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como características daquela a ser adquirida.
manter o cadastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan- Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo,
çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem com validade em todo o território nacional, autoriza o seu
como as demais que constem dos seus registros próprios. proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no in-
terior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses,
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titu-
CAPÍTULO II
lar ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
DO REGISTRO
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será ex-
pedido pela Polícia Federal e será precedido de autori-
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no zação do Sinarm.
órgão competente. § 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão do art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em
registradas no Comando do Exército, na forma do regula- período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do
mento desta Lei. estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do
Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido § 3ºO proprietário de arma de fogo com certificados
o interessado deverá, além de declarar a efetiva neces- de registro de propriedade expedido por órgão estadual
sidade, atender aos seguintes requisitos: ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei
I – comprovação de idoneidade, com a apresentação que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32
de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não es- federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresen-
tar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, tação de documento de identificação pessoal e comprovante
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de ta-
II – apresentação de documento comprobatório de ocu- xas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
pação lícita e de residência certa; incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão § 4ºPara fins do cumprimento do disposto no § 3º
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter,
forma disposta no regulamento desta Lei. no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de provisório, expedido na rede mundial de computadores
arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente - internet, na forma do regulamento e obedecidos os
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indi- procedimentos a seguir:
cada, sendo intransferível esta autorização. I - emissão de certificado de registro provisório pela
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
§ 2ºA aquisição de munição somente poderá ser feita
II - revalidação pela unidade do Departamento de
no calibre correspondente à arma registrada e na quantida-
Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo
de estabelecida no regulamento desta Lei.
prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em do certificado de registro de propriedade.
território nacional é obrigada a comunicar a venda à au-
toridade competente, como também a manter banco de CAPÍTULO III
dados com todas as características da arma e cópia dos do- DO PORTE
cumentos previstos neste artigo.
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo
acessórios e munições responde legalmente por essas o território nacional, salvo para os casos previstos em
mercadorias, ficando registradas como de sua proprieda- legislação própria e para:
de enquanto não forem vendidas. I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III,
e munições entre pessoas físicas somente será efetivada IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os
mediante autorização do Sinarm. da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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III – os integrantes das guardas municipais das ca- § 3º A autorização para o porte de arma de fogo
pitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 das guardas municipais está condicionada à formação
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
regulamento desta Lei; ensino de atividade policial, à existência de mecanismos
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municí- de fiscalização e de controle interno, nas condições
pios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; supervisão do Ministério da Justiça.
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de § 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem
da República; o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados do
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo
art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; artigo, na forma do regulamento desta Lei.
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e § 5ºAos residentes em áreas rurais, maiores de 25
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do empre-
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
go de arma de fogo para prover sua subsistência alimen-
as guardas portuárias;
tar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de
VIII – as empresas de segurança privada e de trans-
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de
porte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou
IX – para os integrantes das entidades de desporto 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
legalmente constituídas, cujas atividades esportivas de- 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
mandem o uso de armas de fogo, na forma do regula- necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
mento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação os seguintes documentos:
ambiental. I - documento de identificação pessoal;
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita II - comprovante de residência em área rural; e
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car- III - atestado de bons antecedentes.
gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. § 6ºO caçador para subsistência que der outro uso à sua
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. arma de fogo, independentemente de outras tipificações
92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de por disparo de arma de fogo de uso permitido.
seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício § 7ºAos integrantes das guardas municipais dos
de funções de segurança, na forma de regulamento a ser Municípios que integram regiões metropolitanas será
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Con- autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
selho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 1ºAs pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados
caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo das empresas de segurança privada e de transporte de
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade,
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos responsabilidade e guarda das respectivas empresas,
termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito somente podendo ser utilizadas quando em serviço, deven-
nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. do essas observar as condições de uso e de armazenagem
§ 1o-A (Revogado) estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fe-
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de deral em nome da empresa.
§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
de segurança privada e de transporte de valores responderá
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde
pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei,
que estejam:
sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis,
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu- à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
lamento; e extravio de armas de fogo, acessórios e munições que
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
controle interno. horas depois de ocorrido o fato.
§ 1º-C. (VETADO). § 2º A empresa de segurança e de transporte de valores
§ 2ºA autorização para o porte de arma de fogo aos deverá apresentar documentação comprobatória do
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta
X do caput deste artigo está condicionada à comprovação Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. § 3º A listagem dos empregados das empresas referidas
4º desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
desta Lei. Sinarm.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Art. 7º-A.As armas de fogo utilizadas pelos servidores I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão de de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte-
propriedade, responsabilidade e guarda das respecti- gridade física;
vas instituições, somente podendo ser utilizadas quando II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de III – apresentar documentação de propriedade de arma
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo de fogo, bem como o seu devido registro no órgão compe-
o certificado de registro e a autorização de porte expedidos tente.
pela Polícia Federal em nome da instituição. § 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista
§ 1ºA autorização para o porte de arma de fogo de que neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso
trata este artigo independe do pagamento de taxa. o portador dela seja detido ou abordado em estado de
§ 2ºO presidente do tribunal ou o chefe do Ministério embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
Público designará os servidores de seus quadros pessoais alucinógenas.
no exercício de funções de segurança que poderão
portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
50% (cinquenta por cento) do número de servidores que constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
relativos:
exerçam funções de segurança.
I – ao registro de arma de fogo;
§ 3ºO porte de arma pelos servidores das instituições
II – à renovação de registro de arma de fogo;
de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
III – à expedição de segunda via de registro de arma de
de documentação comprobatória do preenchimento
fogo;
dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei, bem como IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
à formação funcional em estabelecimentos de ensino V – à renovação de porte de arma de fogo;
de atividade policial e à existência de mecanismos VI – à expedição de segunda via de porte federal de
de fiscalização e de controle interno, nas condições arma de fogo.
estabelecidas no regulamento desta Lei. § 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e
§ 4ºA listagem dos servidores das instituições de que à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
Sinarm. responsabilidades.
§ 5ºAs instituições de que trata este artigo são obrigadas § 2ºSão isentas do pagamento das taxas previstas
a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem
eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.
de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois Art. 11-A.O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
de ocorrido o fato. as condições do credenciamento de profissionais pela
Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica
Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades despor- e da capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
tivas legalmente constituídas devem obedecer às condições § 1ºNa comprovação da aptidão psicológica, o valor
de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com- cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
petente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar dos honorários profissionais para realização de avaliação
a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
Federal de Psicologia.
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autoriza- § 2ºNa comprovação da capacidade técnica, o valor
ção do porte de arma para os responsáveis pela segu- cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da
rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados
munição.
no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re-
§ 3ºA cobrança de valores superiores aos previstos nos
gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de
§§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento do
trânsito de arma de fogo para colecionadores, atira-
profissional pela Polícia Federal.
dores e caçadores e de representantes estrangeiros em
competição internacional oficial de tiro realizada no terri- CAPÍTULO IV
tório nacional. DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
de uso permitido, em todo o território nacional, é de com- Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
petência da Polícia Federal e somente será concedida acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
após autorização do Sinarm. determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re-
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o estabelecimento ou empresa:
requerente: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Omissão de cautela VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização le-


Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para gal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora
de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja Comércio ilegal de arma de fogo
sob sua posse ou que seja de sua propriedade: Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adul-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro- terar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
prietário ou diretor responsável de empresa de segurança e em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade co-
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência mercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou ou regulamentar:
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vin- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
te quatro) horas depois de ocorrido o fato. Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de pres-
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido tação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clan-
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em destino, inclusive o exercido em residência.
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-
prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar Tráfico internacional de arma de fogo
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída
autorização e em desacordo com determinação legal ou re- do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
gulamentar: acessório ou munição, sem autorização da autoridade com-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. petente:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
çável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em
nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é
aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou mu-
Disparo de arma de fogo nição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e
em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por
finalidade a prática de outro crime: integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. e 8º desta Lei.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian-
çável. (Vide Adin 3.112-1) Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são in-
suscetíveis de liberdade provisória. (Adin 3.112-1 – declarou
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito inconstitucional a vedação de liberdade provisória)
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen- CAPÍTULO V
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou DISPOSIÇÕES GERAIS
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido
ou restrito, sem autorização e em desacordo com determina- Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê-
ção legal ou regulamentar: nios com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimento
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. do disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer Art. 23.A classificação legal, técnica e geral bem
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; como a definição das armas de fogo e demais produtos con-
II – modificar as características de arma de fogo, de for- trolados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos
ma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; Exército.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explo- § 1º Todas as munições comercializadas no País
sivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema
determinação legal ou regulamentar; de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro si- informações definidas pelo regulamento desta Lei.
nal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; § 2º Para os órgãos referidos no art. 6º, somente
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- serão expedidas autorizações de compra de munição
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a com identificação do lote e do adquirente no culote dos
criança ou adolescente; e projéteis, na forma do regulamento desta Lei.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
ano da data de publicação desta Lei conterão dispositivo excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso
intrínseco de segurança e de identificação, gravado no restrito.
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às
exclusive para os órgãos previstos no art. 6º. aquisições dos Comandos Militares.
§ 4ºAs instituições deensino policial e as guardas
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. Art. 28.É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das en-
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo tidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput
de suprimento de suas atividades, mediante autorização do art. 6º desta Lei.
concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publica-
2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e ção desta Lei.
fiscalizar a produção, exportação, importação, desem- Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
baraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la,
demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10
de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação,
caçadores. sem ônus para o requerente.

Art. 25.As armas de fogo apreendidas, após a elabo- Art. 30.Os possuidores e proprietários de arma de fogo
ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu
não mais interessarem à persecução penal serão enca- registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apre-
minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér- sentação de documento de identificação pessoal e compro-
vante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de
cito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada
às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
na qual constem as características da arma e a sua condição
§ 1ºAs armas de fogo encaminhadas ao Comando
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de
do Exército que receberem parecer favorável à doação,
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios
Parágrafo único.Para fins do cumprimento do disposto
de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo po-
e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em derá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas de registro provisório, expedido na forma do § 4º do art. 5º
instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de desta Lei.
interesse.
§ 2ºO Comando do Exército encaminhará a relação das Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
o seu perdimento em favor da instituição beneficiada. entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indeni-
§ 3ºO transporte dasarmas de fogo doadas será de zação, nos termos do regulamento desta Lei.
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá
ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
§ 4º(VETADO) poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo,
§ 5ºO Poder Judiciário instituirá instrumentos para e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma
o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual
se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, posse irregular da referida arma.
semestralmente, da relação de armas acauteladas em
juízo, mencionando suas características e o local onde se Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
encontram. reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe-
cificar o regulamento desta Lei:
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a co- I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviá-
mercialização e a importação de brinquedos, réplicas rio, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o trans-
confundir. porte de arma ou munição sem a devida autorização ou com
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e inobservância das normas de segurança;
os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo tos que realize publicidade para venda, estimulando o uso
Comando do Exército. indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações es-
pecializadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 34. Os promotores de eventos em locais fecha- § 1oConsidera-se organização criminosa a associação
dos, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada
adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que infor-
necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, malmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de in-
Constituição Federal. frações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela presta- (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
ção dos serviços de transporte internacional e interestadual § 2oEsta Lei se aplica também:
de passageiros adotarão as providências necessárias para I - às infrações penais previstas em tratado ou conven-
evitar o embarque de passageiros armados. ção internacional quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
CAPÍTULO VI reciprocamente;
DISPOSIÇÕES FINAIS II - às organizações terroristas, entendidas como aque-
las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal-
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de mente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)
fogo e munição em todo o território nacional, salvo para Art. 2oPromover, constituir, financiar ou integrar, pes-
as entidades previstas no art. 6º desta Lei. soalmente ou por interposta pessoa, organização crimino-
§ 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá sa:
de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
em outubro de 2005. prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
§ 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o penais praticadas.
disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação § 1oNas mesmas penas incorre quem impede ou, de
de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral. qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
que envolva organização criminosa.
Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de § 2oAs penas aumentam-se até a metade se na atua-
1997. ção da organização criminosa houver emprego de arma de
fogo.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- § 3oA pena é agravada para quem exerce o comando,
ção. individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que
não pratique pessoalmente atos de execução.
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independên- § 4oA pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
cia e 115º da República. terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se
LEI FEDERAL Nº 12.850/2013 a organização criminosa dessa condição para a prática de
(ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA). infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal desti-
nar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. outras organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
Define organização criminosa e dispõe sobre a investi- cionalidade da organização.
gação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações § 5oSe houver indícios suficientes de que o funcionário
penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decre- público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
revoga a Lei no  9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
providências. se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
§ 6oA condenação com trânsito em julgado acarretará
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o ao funcionário público a perda do cargo, função, empre-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: go ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subse-
CAPÍTULO I quentes ao cumprimento da pena.
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA § 7oSe houver indícios de participação de policial nos
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia ins-
Art. 1oEsta Lei define organização criminosa e dispõe taurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Públi-
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da co, que designará membro para acompanhar o feito até a
prova, infrações penais correlatas e o procedimento crimi- sua conclusão.
nal a ser aplicado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

CAPÍTULO II V - a localização de eventual vítima com a sua integri-


DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO dade física preservada.
DA PROVA § 1oEm qualquer caso, a concessão do benefício levará
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as
Art. 3oEm qualquer fase da persecução penal, serão circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os criminoso e a eficácia da colaboração.
seguintes meios de obtenção da prova: § 2oConsiderando a relevância da colaboração presta-
I - colaboração premiada; da, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, óp- de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifes-
ticos ou acústicos; tação do Ministério Público, poderão requerer ou repre-
III - ação controlada; sentar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colabo-
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e tele- rador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na
máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comer- Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
ciais; Processo Penal).
V - interceptação de comunicações telefônicas e tele- § 3oO prazo para oferecimento de denúncia ou o pro-
máticas, nos termos da legislação específica; cesso, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fis- até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que
cal, nos termos da legislação específica; sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspenden-
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investiga- do-se o respectivo prazo prescricional.
ção, na forma do art. 11; § 4oNas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Pú-
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, blico poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
distritais, estaduais e municipais na busca de provas e in- I - não for o líder da organização criminosa;
formações de interesse da investigação ou da instrução II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos ter-
criminal. mos deste artigo.
§ 1oHavendo necessidade justificada de manter sigilo § 5oSe a colaboração for posterior à sentença, a pena
sobre a capacidade investigatória, poderá ser dispensada poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a pro-
licitação para contratação de serviços técnicos especializa- gressão de regime ainda que ausentes os requisitos obje-
dos, aquisição ou locação de equipamentos destinados à tivos.
polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas § 6oO juiz não participará das negociações realizadas
previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de entre as partes para a formalização do acordo de colabora-
2015) ção, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investiga-
§ 2oNo caso do § 1o, fica dispensada a publicação de do e o defensor, com a manifestação do Ministério Público,
que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investi-
21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão gado ou acusado e seu defensor.
de controle interno da realização da contratação. (Incluído § 7oRealizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo
pela Lei nº 13.097, de 2015) termo, acompanhado das declarações do colaborador e de
cópia da investigação, será remetido ao juiz para homolo-
Seção I gação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade
Da Colaboração Premiada e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente,
ouvir o colaborador, na presença de seu defensor.
Art. 4oO juiz poderá, a requerimento das partes, con- § 8oO juiz poderá recusar homologação à proposta que
ceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso
pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de concreto.
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e volunta- § 9oDepois de homologado o acordo, o colaborador
riamente com a investigação e com o processo criminal, poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ou-
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos se- vido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado
guintes resultados: de polícia responsável pelas investigações.
I - a identificação dos demais coautores e partícipes § 10.As partes podem retratar-se da proposta, caso
da organização criminosa e das infrações penais por eles em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo
praticadas; colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de seu desfavor.
tarefas da organização criminosa; § 11.A sentença apreciará os termos do acordo
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das homologado e sua eficácia.
atividades da organização criminosa; § 12.Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a
proveito das infrações penais praticadas pela organização requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade
criminosa; judicial.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 13.Sempre que possível, o registro dos atos de Seção II


colaboração será feito pelos meios ou recursos de Da Ação Controlada
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, Art. 8oConsiste a ação controlada em retardar a inter-
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade venção policial ou administrativa relativa à ação praticada
das informações. por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que
§ 14.Nos depoimentos que prestar, o colaborador mantida sob observação e acompanhamento para que a
renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao medida legal se concretize no momento mais eficaz à for-
silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a mação de provas e obtenção de informações.
verdade. § 1oO retardamento da intervenção policial ou adminis-
§ 15.Em todos os atos de negociação, confirmação trativa será previamente comunicado ao juiz competente
e execução da colaboração, o colaborador deverá estar que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunica-
assistido por defensor. rá ao Ministério Público.
§ 16.Nenhuma sentença condenatória será proferida § 2oA comunicação será sigilosamente distribuída de
com fundamento apenas nas declarações de agente forma a não conter informações que possam indicar a ope-
ração a ser efetuada.
colaborador.
§ 3oAté o encerramento da diligência, o acesso aos au-
Art. 5oSão direitos do colaborador:
tos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delega-
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legis-
do de polícia, como forma de garantir o êxito das investi-
lação específica; gações.
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informa- § 4oAo término da diligência, elaborar-se-á auto cir-
ções pessoais preservados; cunstanciado acerca da ação controlada.
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos de- Art. 9oSe a ação controlada envolver transposição de
mais coautores e partícipes; fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou admi-
IV - participar das audiências sem contato visual com nistrativa somente poderá ocorrer com a cooperação das
os outros acusados; autoridades dos países que figurem como provável itine-
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de co- rário ou destino do investigado, de modo a reduzir os ris-
municação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua pré- cos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou
via autorização por escrito; proveito do crime.
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso
dos demais corréus ou condenados. Seção III
Art. 6oO termo de acordo da colaboração premiada de- Da Infiltração de Agentes
verá ser feito por escrito e conter:
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; Art. 10.A infiltração de agentes de polícia em tarefas
II - as condições da proposta do Ministério Público ou de investigação, representada pelo delegado de polícia ou
do delegado de polícia; requerida pelo Ministério Público, após manifestação téc-
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu nica do delegado de polícia quando solicitada no curso de
defensor; inquérito policial, será precedida de circunstanciada, moti-
IV - as assinaturas do representante do Ministério Pú- vada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus
blico ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu limites.
defensor; § 1oNa hipótese de representação do delegado de polí-
V - a especificação das medidas de proteção ao cola- cia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério
borador e à sua família, quando necessário. Público.
§ 2oSerá admitida a infiltração se houver indícios de in-
Art. 7oO pedido de homologação do acordo será sigi-
fração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder
losamente distribuído, contendo apenas informações que
ser produzida por outros meios disponíveis.
não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
§ 3oA infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
§ 1oAs informações pormenorizadas da colaboração (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distribui- que comprovada sua necessidade.
ção, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. § 4oFindo o prazo previsto no § 3o, o relatório circuns-
§ 2oO acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministé- tanciado será apresentado ao juiz competente, que imedia-
rio Público e ao delegado de polícia, como forma de garan- tamente cientificará o Ministério Público.
tir o êxito das investigações, assegurando-se ao defensor, § 5oNo curso do inquérito policial, o delegado de po-
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos lícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
de prova que digam respeito ao exercício do direito de de- Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da
fesa, devidamente precedido de autorização judicial, res- atividade de infiltração.
salvados os referentes às diligências em andamento. Art. 11.O requerimento do Ministério Público ou a re-
§ 3oO acordo de colaboração premiada deixa de ser presentação do delegado de polícia para a infiltração de
sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o dis- agentes conterão a demonstração da necessidade da me-
posto no art. 5o. dida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível,
os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local
da infiltração.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 12.O pedido de infiltração será sigilosamente dis- Seção V


tribuído, de forma a não conter informações que possam Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obten-
indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente ção da Prova
que será infiltrado.
§ 1oAs informações quanto à necessidade da operação Art. 18.Revelar a identidade, fotografar ou filmar o co-
de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz compe- laborador, sem sua prévia autorização por escrito:
tente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
após manifestação do Ministério Público na hipótese de Art. 19.Imputar falsamente, sob pretexto de colabora-
representação do delegado de polícia, devendo-se adotar ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que
as medidas necessárias para o êxito das investigações e a
sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura
segurança do agente infiltrado.
de organização criminosa que sabe inverídicas:
§ 2oOs autos contendo as informações da operação de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
infiltração acompanharão a denúncia do Ministério Públi-
co, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando- Art. 20.Descumprir determinação de sigilo das investi-
-se a preservação da identidade do agente. gações que envolvam a ação controlada e a infiltração de
§ 3oHavendo indícios seguros de que o agente infiltra- agentes:
do sofre risco iminente, a operação será sustada mediante Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
requisição do Ministério Público ou pelo delegado de po- Art. 21.Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
lícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministé-
autoridade judicial. rio Público ou delegado de polícia, no curso de investiga-
Art. 13.O agente que não guardar, em sua atuação, a ção ou do processo:
devida proporcionalidade com a finalidade da investiga- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
ção, responderá pelos excessos praticados. multa.
Parágrafo único.Não é punível, no âmbito da infiltra- Parágrafo único.Na mesma pena incorre quem, de for-
ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da ma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
investigação, quando inexigível conduta diversa. dados cadastrais de que trata esta Lei.
Art. 14.São direitos do agente:
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; CAPÍTULO III
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que DISPOSIÇÕES FINAIS
couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho
de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a Art. 22.Os crimes previstos nesta Lei e as infrações pe-
testemunhas; nais conexas serão apurados mediante procedimento ordi-
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua nário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
voz e demais informações pessoais preservadas durante a 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no
investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão parágrafo único deste artigo.
judicial em contrário; Parágrafo único.A instrução criminal deverá ser encer-
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografa-
rada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120
do ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua prévia
(cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogá-
autorização por escrito.
veis em até igual período, por decisão fundamentada, devi-
Seção IV damente motivada pela complexidade da causa ou por fato
Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Docu- procrastinatório atribuível ao réu.
mentos e Informações Art. 23.O sigilo da investigação poderá ser decretado
pela autoridade judicial competente, para garantia da cele-
Art. 15.O delegado de polícia e o Ministério Público ridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegu-
terão acesso, independentemente de autorização judicial, rando-se ao defensor, no interesse do representado, am-
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem plo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o ende- exercício do direito de defesa, devidamente precedido de
reço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências
instituições financeiras, provedores de internet e adminis- em andamento.
tradoras de cartão de crédito. Parágrafo único.Determinado o depoimento do in-
Art. 16.As empresas de transporte possibilitarão, pelo vestigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos
prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mí-
juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos nimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser
bancos de dados de reservas e registro de viagens. ampliado, a critério da autoridade responsável pela inves-
Art. 17.As concessionárias de telefonia fixa ou móvel tigação.
manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das Art. 24.O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de de-
autoridades mencionadas no art. 15, registros de identifi- zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a se-
cação dos números dos terminais de origem e de destino guinte redação:
das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e lo- “Associação Criminosa
cais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 288.Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o Art. 6º – O Estado e a comunidade são co-responsáveis
fim específico de cometer crimes: na realização das atividades de execução penal.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único.A pena aumenta-se até a metade se a Art. 7º – Na execução penal não haverá distinção de
associação é armada ou se houver a participação de criança caráter racial, religioso ou político.
ou adolescente.” (NR)
Art. 25.O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de TÍTULO II
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a Do Tratamento Reeducativo
seguinte redação: CAPÍTULO I
“Art. 342.................................................................................... Da Individualização do Tratamento
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
..................................................................................................” (NR) Art. 8º – O tratamento reeducativo consiste na adoção
Art. 26.Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995. de um conjunto de medidas médico-psicológicas e sociais,
Art. 27.Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 (qua- com vistas à reeducação do sentenciado e à sua reintegra-
renta e cinco) dias de sua publicação oficial. ção na sociedade.
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192o da Independência e
125o da República. Art. 9º – O tratamento reeducativo será individualizado
e levará em conta a personalidade de cada sentenciado.
LEI ESTADUAL N.º 11.404/1994 (CONTÉM Art. 10 – O sentenciado está sujeito ao exame crimino-
NORMAS DE EXECUÇÃO PENAL). lógico para verificação de carência físico-psíquica e outras
causas de inadaptação social.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus represen- Art. 11 – Com base no exame criminológico, serão rea-
tantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lizados a classificação e o programa de tratamento do sen-
Lei:
tenciado.
TÍTULO I
Art. 12 – A colaboração do sentenciado no processo
Disposições Preliminares
de sua observação psicossocial e de seu tratamento é vo-
luntária.
Art. 1º – Esta lei regula a execução das medidas pri-
vativas de liberdade e restritivas de direito, bem como a
Art. 13 – A observação do sentenciado se fará do início
manutenção e a custódia do preso provisório.
ao fim da execução da pena.
Art. 2º – A execução penal destina-se à reeducação do
sentenciado e à sua reintegração na sociedade. CAPÍTULO II
§ 1º – A execução penal visa, ainda, a prevenir a Da Observação Psicossocial
reincidência, para proteção e defesa da sociedade.
(Parágrafo renumerado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, de Art. 14 – A observação médico-psicossocial compreen-
12/1/2011.) de os exames biológico, psicológico e complementares e o
§ 2º O controle da execução penal será realizado com o estudo social do sentenciado.
auxílio de programas eletrônicos de computador.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, Art. 15 – A observação empírica se realizará no traba-
de 12/1/2011.) lho, na sala de aula, no refeitório, na praça de esportes e
em todas as situações da vida cotidiana do sentenciado.
Art. 3º – Ao sentenciado é garantido o exercício de
seus direitos civis, políticos, sociais e econômicos, exceto Art. 16 – O exame criminológico será realizado no cen-
os que forem incompatíveis com a detenção ou com a con- tro de observação ou na seção de observação do estabele-
denação. cimento penitenciário ou por especialista da comunidade.

Art. 4º – No regime e no tratamento penitenciário serão Art. 17 – A equipe de observação se reunirá semanal-
observados o respeito e a proteção aos direitos do homem. mente para apreciar o resultado de cada exame e, afinal,
redigir o relatório social de síntese.
Art. 5º – O sentenciado deve ser estimulado a colabo-
rar voluntariamente na execução de seu tratamento ree- Art. 18 – O relatório social de síntese, de caráter inter-
ducativo. disciplinar, será levado à Comissão Técnica de Classificação,
que elaborará o programa de tratamento.

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

CAPÍTULO III Art. 27 – O estabelecimento penitenciário disporá de


Da Classificação classe especial para os infratores, dando-se ênfase à esco-
larização fundamental.
Art. 19 – Cada estabelecimento penitenciário contará (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390,
com uma Comissão Técnica de Classificação, à qual in- de 31/10/2002.)
cumbe elaborar o programa de tratamento reeducativo e
acompanhar a evolução da execução da pena. Art. 28 – O efetivo da classe normal não excederá 30
(trinta) alunos, e o da classe especial, 15 (quinze).
Art. 20 – A Comissão Técnica de Classificação é presi-
dida pelo Diretor do estabelecimento e composta de, no Art. 29 – Dar-se-á especial atenção ao ensino funda-
mínimo, um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, mental, à preparação profissional e à formação do caráter
um chefe da Seção de Educação e Disciplina e um repre- do jovem adulto.
sentante de obras sociais da comunidade. (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390,
de 31/10/2002.)
Art. 21. Compete à Comissão Técnica de Classificação
Art. 30 – Os sentenciados trabalharão em oficina de
opinar sobre a progressão ou a regressão do regime de
aprendizagem industrial e artesanato rural ou em serviço
cumprimento da pena, a remição da pena, o monitoramen-
agrícola do estabelecimento, conforme suas preferências,
to eletrônico, o livramento condicional e o indulto.
origem urbana ou rural, aptidão física, habilidade manual,
(Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 19.478, inteligência e nível de escolaridade.
de 12/1/2011.)
Parágrafo único – No caso de progressão ou regressão Art. 31 – Pode ser instituída, nas penitenciárias, escola
de regime, as reuniões da Comissão Técnica de Classifica- de ensino médio.
ção serão presididas pelo Juiz da Execução, presente o Mi- (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390,
nistério Público. de 31/10/2002.)

Art. 22 – A Comissão Técnica de Classificação proporá o Art. 32 – Serão oferecidas facilidades e estímulos ao
programa de tratamento reeducativo, com base na senten- sentenciado, nos termos da lei, para fazer curso universi-
ça condenatória e no relatório social de síntese do Centro tário.
de Observação ou da equipe interdisciplinar. Parágrafo único – A direção da penitenciária manterá
contato com as autoridades acadêmicas para a admissão
Art. 23 – O programa individual de tratamento com- do sentenciado no curso de que trata este artigo.
preenderá a indicação do regime de cumprimento da pena,
do estabelecimento penitenciário adequado, da escolariza- Art. 33 – É permitido ao sentenciado participar de cur-
ção, do trabalho e da orientação profissional, das ativida- so por correspondência, rádio e televisão, sem prejuízo da
des culturais e esportivas e das medidas especiais de assis- disciplina e da segurança.
tência ou tratamento.
Art. 34 – A penitenciária pode firmar convênio com en-
CAPÍTULO IV tidade pública ou privada para a realização de curso profis-
Dos Elementos do Tratamento Penitenciário sional ou supletivo.
§ 1º – O detento poderá inscrever-se nos exames
Art. 24 – O tratamento penitenciário realiza-se atra- supletivos aplicados pelo Estado, com direito a isenção de
vés do desenvolvimento de atividades relacionadas com: taxa.
§ 2º – Os cursos supletivos poderão ser ministrados
instrução, trabalho, religião, disciplina, cultura, recreação e
por voluntário cadastrado pela Secretaria de Estado da
esporte, contato com o mundo exterior e relações com a
Educação e autorizado pela Secretaria de Estado da Justiça.
família.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390,
de 31/10/2002.)
SEÇÃO I
Da Instrução Art. 35 – Ao sentenciado será fornecido diploma ou
certificado de conclusão de curso, que não mencionará sua
Art. 25 – Serão organizados, nas penitenciárias, cursos condição de sentenciado.
de formação cultural e profissional, que se coordenarão
com o sistema de instrução pública. Art. 36 – As penitenciárias contarão com biblioteca or-
ganizada com livros de conteúdos informativo, educativo e
Art. 26 – O ensino fundamental é obrigatório para to- recreativo, adequados às formações cultural, profissional e
dos os detentos que não o tiverem concluído. espiritual do sentenciado.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, Parágrafo único – Será livre a escolha da leitura, e serão
de 31/10/2002.) proporcionadas condições para o estudo, a pesquisa e a
recreação.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 37 – Os programas de atividades de cultura, de recuperação do sentenciado que assegurem sua regular e
lazer e de desporto serão articulados de modo a favorecer efetiva aplicação ao trabalho, bem como o respeito à or-
a expressão das aptidões dos sentenciados. dem pública.
(Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.)
Art. 38 – Serão ministradas, nas penitenciárias, a instru-
ção musical e a educação física. Art. 45 – O sentenciado em regime semiaberto poderá,
Parágrafo único – A parte prática do ensino musical com autorização judicial, frequentar, na comunidade, esta-
será realizada por meio de participação em banda, fanfarra, belecimento de ensino ou de formação profissional, ouvida
conjunto instrumental e grupo coral. a Comissão Técnica de Classificação, observado o disposto
nos arts. 122 a 125 da Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho
SEÇÃO II de 1984.
Do Trabalho (Artigo com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 19.478,
de 12/1/2011.)
Art. 39 – O trabalho é obrigatório para o sentenciado,
ressalvado o disposto no art. 58. Art. 46 – O trabalho externo será supervisionado pelo
§ 1º – O trabalho penitenciário será estabelecido serviço social penitenciário mediante visita de inspeção ao
segundo critérios pedagógicos e psicotécnicos, tendo- local de trabalho.
se em conta as exigências do tratamento, e procurará (Vide Lei nº 18401, de 28/9/2009.)
aperfeiçoar as aptidões de trabalho e a capacidade
individual do sentenciado, de forma a capacitá-lo para o Art. 47 – O trabalho externo pode ser prestado nos ter-
desempenho de suas responsabilidades sociais. mos da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984.
§ 2º – O trabalho será exercido de acordo com os (Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.)
métodos empregados nas escolas de formação profissional
do meio livre. Art. 48 – É obrigatório o regresso do sentenciado ao
§ 3º – Na contratação de obras e de serviços pela estabelecimento penitenciário, no regime semi-aberto,
administração pública direta ou indireta do Estado serão quando em serviço particular, finda a jornada de trabalho,
reservados para sentenciados até 10% (dez por cento) do sendo-lhe permitido, quando em trabalho em obra pública,
total das vagas existentes. pernoitar em dependência da obra, sob custódia e vigilân-
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº
cia da direção da entidade, que mensalmente enviará à pe-
18.725, de 13/1/2010.)
nitenciária relatório sobre o seu comportamento.
§ 4º – Para fins do disposto no § 3º deste artigo, será
dada preferência aos sentenciados:
Art. 49 – Deverá ser imediatamente comunicada à pe-
I – que cumpram pena na localidade em que se desen-
nitenciária a ocorrência de acidente, falta grave ou evasão,
volva a atividade contratada;
perdendo o sentenciado, nas duas últimas hipóteses, o di-
II – que apresentem melhores indicadores com relação
reito à prestação de trabalho externo.
à aptidão, à habilitação, à experiência, à disciplina, à res-
ponsabilidade e ao grau de periculosidade, apurados pelo
poder público e registrados em cadastro próprio. Art. 50 – É obrigatório o seguro contra acidentes nos
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 16.940, trabalhos interno e externo.
de 16/8/2007.)
Art. 51 – A remuneração do trabalho do sentenciado,
Art. 40 – A jornada diária de trabalho do sentenciado quando não for fixada pelo órgão competente, será esta-
não excederá 8 (oito) horas. belecida pela Comissão Técnica de Classificação.
§ 1º – A remuneração será fixada, para o trabalho
Art. 41 – A resistência ao trabalho ou a falta voluntária interno, em quantia não inferior a 3/4 (três quartos) do
em sua execução constituem infração disciplinar, cuja puni- salário mínimo.
ção será anotada no prontuário do sentenciado. § 2º – A remuneração do sentenciado que tiver concluído
curso de formação profissional, bem como a do que tiver
Art. 42 – A classificação para o trabalho atenderá às bom comportamento e progresso na sua recuperação, será
capacidades física e intelectual e à aptidão profissional do acrescida de 1/4 (um quarto) do seu valor.
sentenciado, com vistas à sua ressocialização e formação
profissional. Art. 52 – A prestação de serviço pelo sentenciado será
de cunho exclusivamente pedagógico, com vistas a sua
Art. 43 – Aplica-se no estabelecimento penitenciário a reintegração na sociedade, não implicando vínculo em-
legislação relativa à higiene e à segurança do trabalhador. pregatício, ressalvado o trabalho industrial exercido em
fundação, empresa pública com autonomia administrativa
Art. 44 – Para a prestação do trabalho externo, serão ou entidade privada, o qual terá remuneração igual à do
considerados, segundo parecer da Comissão Técnica de trabalhador livre.
Classificação, a personalidade, os antecedentes e o grau de (Vide art. 4º da Lei nº 15.457, de 12/1/2005.)

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 53 – O contrato de prestação de serviços para o SEÇÃO III


trabalho externo do sentenciado será celebrado entre o Di- Da Religião
retor do estabelecimento penitenciário, ouvida a Comissão
Técnica de Classificação, e o estabelecimento tomador do Art. 60 – O sentenciado tem direito à liberdade de cren-
serviço, dependendo do consentimento expresso do sen- ça e culto, permitida a manifestação religiosa pelo apren-
tenciado, nos termos do § 3º do art. 36 da Lei Federal nº dizado e pelo exercício do culto, bem como a participação
7.210, de 11 de junho de 1984. nos serviços organizados no estabelecimento penitenciá-
Parágrafo único – Nas licitações para obras de constru- rio, a posse de livro de instrução religiosa e a prática da
ção, reforma, ampliação e manutenção de estabelecimento confissão, sem prejuízo da ordem e da disciplina.
prisional, a proposta de aproveitamento, mediante con- Parágrafo único – A manifestação religiosa se dará sem
trato, de mão-de-obra de presos, nos termos deste artigo, prejuízo da ordem e da disciplina exigidas no estabeleci-
poderá ser considerada como fator de pontuação, a critério mento.
da administração.
Art. 61 – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 14.505, de
(Parágrafo único acrescentado pelo art. 1º da Lei nº
20/12/2002.)
12.921, de 29/6/1998.) Dispositivo revogado:
(Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.) “Art. 61 – É permitida, nas penitenciárias, nos termos
do regulamento desta lei, a presença de representante reli-
Art. 54 – A remuneração auferida pelo sentenciado no gioso, com autorização para organizar serviços litúrgicos e
trabalho externo será empregada: fazer visita pastoral aos adeptos de sua religião.”
I – na indenização dos danos causados pelo delito, des-
de que determinados judicialmente e não reparados por SEÇÃO IV
outro meio; Das Atividades Culturais, Recreativas e Esportivas
II – na assistência à família do sentenciado, segundo a
lei civil; Art. 62 – Para os bem-estares físico e mental do sen-
III – cumprido o disposto nos incisos anteriores e res- tenciado, serão organizadas, nos estabelecimentos peni-
salvadas outras aplicações legais, na constituição de pe- tenciários, atividades culturais, recreativas e esportivas.
cúlio, na forma de depósito em caderneta de poupança
mantida por estabelecimento oficial, o qual será entregue Art. 63 – Os programas de atividades esportivas desti-
ao sentenciado no ato de sua libertação. nam-se em particular ao jovem adulto, podendo ser solici-
tada, à Diretoria de Esportes e a outros órgãos da comuni-
dade, a colaboração em seu desenvolvimento.
Art. 55 – A contabilidade do estabelecimento peniten-
ciário manterá registro da conta individual do sentenciado. Art. 64 – O professor de Educação Física e o recreacio-
nista organizarão sessões de educação física e atividades
Art. 56 – As despesas de manutenção e as custas pro- dirigidas para grupos de condenados, devendo observar-
cessuais não poderão ser deduzidas da remuneração do -lhes o comportamento, para fins de anotação.
sentenciado que se distinguir por sua conduta exemplar.
Parágrafo único – A conduta é considerada exemplar SEÇÃO V
quando o sentenciado manifesta, durante a execução da Do Contato com o Exterior e da Relação com a Fa-
pena, constante empenho no trabalho e na aprendizagem mília
escolar e profissional, bem como senso de responsabilida-
de em seu comportamento pessoal. Art. 65 – Será estimulado o contato do sentenciado
com o mundo exterior pela prática das medidas de semili-
Art. 57 – Excetuam-se da obrigação de trabalhar os berdade e pelo trabalho com pessoas da sociedade, com o
maiores de 70 (setenta) anos, os que sofram enfermidade objetivo de conscientizá-lo de sua cidadania e de sua con-
que os impossibilite para o trabalho e a mulher antes e dição de parte da comunidade livre.
após o parto, nos termos da legislação trabalhista. Parágrafo único – O contato com o meio exterior será
programado pelo serviço social, ouvida a Comissão Técnica
de Classificação.
Art. 58 – O sentenciado fará jus ao repouso semanal, de
(Parágrafo acrescentado pelo art. 4º da Lei nº 19.478,
preferência no domingo.
de 12/1/2011.)
Art. 59 – Será concedido descanso de até 1 (um) mês Art. 66 – O sentenciado tem direito a manter relações
ao sentenciado não perigoso, de bom comportamento, familiares, incluindo visitas periódicas da família.
após 12 (doze) meses contínuos de trabalho, dedicação e § 1º – Compete ao serviço social assistir e orientar o
produtividade. sentenciado em suas relações familiares.
§ 2º – O direito estabelecido no caput abrange relações
oriundas de casamento, união estável, união homoafetiva
e parentesco.
(Artigo com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 19.478,
de 12/1/2011.)

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 67 – O sentenciado e o preso provisório têm direito TÍTULO III


a visita íntima, com periodicidade duração, horários e pro- Dos Estabelecimentos Penitenciários
cedimentos definidos pela autoridade competente. CAPÍTULO I
§ 1º – A visita ocorrerá em local específico, adequado à Disposições Gerais
sua finalidade e compatível com a dignidade humana.
§ 2º – O sentenciado indicará cônjuge ou companheiro, Art. 71 – Os estabelecimentos penitenciários destinam-
para fins de registro e controle pelo estabelecimento -se ao cumprimento do disposto nos incisos XLVI, “a”, XL-
prisional, e fornecerá a devida documentação comprobatória VIII, XLIX e L do art. 5º da Constituição Federal e compreen-
do casamento, união estável ou união homoafetiva. dem:
§ 3º – A indicação realizada nos termos do § 2º poderá I – presídio e cadeia pública, destinados à custódia dos
ser cancelada a qualquer tempo, mediante comprovação presos à disposição do Juiz processante;
de rompimento do vínculo. II – penitenciária, para o sentenciado em regime fecha-
§ 4º – Na hipótese do § 3º, somente seis meses após o do;
cancelamento poderá ocorrer nova indicação de cônjuge III – colônia agrícola, industrial ou similar, para o sen-
ou companheiro para fins de visita íntima. tenciado em regime semi-aberto;
§ 5º – Poderá ser atribuído ao visitante documento de IV – casa do albergado, para o sentenciado em regime
identificação específico, exigível para a realização da visita aberto;
íntima. V – centro de reeducação do jovem adulto, para o sen-
§ 6º – Somente se admitirá visitante menor de dezoito tenciado em regime aberto ou semi-aberto;
anos quando legalmente casado e, nos demais casos, VI – centro de observação, para realização do exame
quando devidamente autorizado pelo juízo competente. criminológico de classificação;
§ 7º – O sentenciado receberá atendimento médico e VII – hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
informações com o objetivo de evitar contato sexual de para inimputáveis e semi-imputáveis, indicados no art. 26
risco. do Código Penal.
§ 8º – A visita íntima poderá ser suspensa ou restringida, (Vide art. 7º da Lei nº 18.030, de 12/1/2009.)
por tempo determinado, por ato motivado da autoridade
competente, nas seguintes hipóteses: Art. 72 – Os estabelecimentos penitenciários disporão
I – sanção disciplinar, nos termos do inciso VII do art. de casa, sistema de energia, reservatório de água, quadras
143; poliesportivas, locais para a guarda militar e para os agen-
II – registro de ato de indisciplina ou atitude inconve- tes prisionais, dependências para administração, assistên-
niente praticados pelo visitante, apurados em procedimen- cia médica, assistência religiosa, gabinete odontológico,
to administrativo; ensino, serviços gerais, visita de familiares e visita íntima,
III – risco à segurança do sentenciado, de preso provi- bem como de almoxarifado, celas individuais, alojamento
sório ou de terceiros, ou à disciplina do estabelecimento coletivo, biblioteca e salas equipadas para a realização de
prisional provocado pela visita; videoaudiências e prestação de assistência jurídica.
IV – solicitação do preso. (Caput com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 19.478,
(Artigo com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 19.478, de 12/1/2011.)
de 12/1/2011.) § 1º – As penitenciárias disporão ainda de locutório
para advogados, salas para autoridades, salas de estágio
CAPÍTULO V para estudantes universitários e gabinete para equipe
Da Evolução do Tratamento interdisciplinar de observação ou de tratamento.
(Parágrafo renumerado pelo art. 1º da Lei nº 13.661, de
Art. 68 – O programa de tratamento será avaliado du- 14/7/2000.)
rante sua evolução, para fins de progressão ou regressão. § 2º – A pessoa recolhida em prisão provisória que ao
Parágrafo único – A avaliação periódica do tratamento tempo do delito era policial civil, policial militar, bombeiro
pela Comissão Técnica de Classificação e sua homologação militar, agente de segurança penitenciário ou agente de
pelo Juiz da Execução Penal determinarão a progressão ou segurança socioeducativo do Estado ficará em dependência
a regressão do regime de cumprimento de pena, no mes- distinta e isolada dos demais complexos penitenciários.
mo estabelecimento ou em outro. (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 13.661,
de 14/7/2000.)
Art. 69 – A progressão depende da evolução favorável (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº
do tratamento, e a regressão, da evolução desfavorável. 22.865, de 8/1/2018.)
§ 3º – A garantia prevista no § 2º deste artigo estende-
Art. 70 – No término do tratamento ou na proximidade se ao condenado em sentença transitada em julgado
do livramento condicional, a Comissão Técnica de Classifi- que ao tempo do delito era policial civil, policial militar,
cação elaborará relatório final, no qual constarão o resul- bombeiro militar, agente de segurança penitenciário ou
tado do tratamento, a prognose favorável quanto à vida agente de segurança socioeducativo do Estado.
futura do sentenciado, bem como informação sobre o pe- (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 13.661,
dido de livramento condicional. de 14/7/2000.)

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº § 1º – Para o estabelecimento de regimes aberto e semi-
22.865, de 8/1/2018.) aberto, será considerada ainda a proximidade de locais
de trabalho, de cursos de instrução primária e formação
Art. 73 – As oficinas e instalações agrícolas devem reu- profissional e de assistências hospitalar e religiosa.
nir condições semelhantes às da comunidade livre, obser- § 2º – O presídio e a cadeia pública se localizarão
vadas as normas legais para a proteção do trabalho e a no meio urbano, respectivamente, na Capital e em sedes
prevenção de acidente. de comarca com fácil acesso ao fórum local ou a varas
criminais.
Art. 74 – Será construído pavilhão de observação, de
regime fechado, onde não houver centro de observação CAPÍTULO II
como unidade autônoma. Do Presídio e da Cadeia Pública

Art. 75 – Devem ser previstas seções independentes, Art. 80 – O presídio e a cadeia pública, estabelecimen-
de segurança reforçada, para internamento de condenado tos de regime fechado, destinam-se à custódia do preso
que tenha exercido função policial, de bombeiro militar, de provisório e à execução da pena privativa de liberdade para
agente de segurança penitenciário ou de agente de segu- o preso residente e domiciliado na comarca.
rança socioeducativo e que, por essa condição, esteja ou
possa vir a estar ameaçado em sua integridade física, bem Art. 81 – No presídio e na cadeia pública, haverá uni-
como para internamento de condenado por crime hedion- dades independentes para a mulher, para o jovem adulto,
do e de rebelde ou opositor ao regime do estabelecimento. para o preso que tenha exercido função policial, de bom-
(Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 22.865, beiro militar, de agente de segurança penitenciário ou de
de 8/1/2018.) agente de segurança socioeducativo e para o cumprimento
§ 1º – Será obrigatória a existência das seções previstas de pena privativa de liberdade e de limitação de fim de
no «caput» para a guarda de condenados que forem semana.
considerados de alta periculosidade e de difícil recuperação. (Caput com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 22.865,
§ 2º – Haverá seção aberta, independente, no de 8/1/2018.)
estabelecimento de regime fechado ou semi-aberto, para § 1º – O sentenciado poderá cumprir, na cadeia
atividades de reintegração na sociedade. local, pena em regime fechado ou semi-aberto, caso a
penitenciária se localize em área distante da residência de
Art. 76 – O complexo penitenciário será constituído de sua família.
pavilhões separados, para a execução progressiva dos regi- § 2º – Às presidiárias serão asseguradas condições
mes fechado, semi-aberto e aberto. para permanecer com os filhos durante o período de
amamentação.
Art. 77 – A Comissão Técnica de Classificação do esta-
belecimento penitenciário formará grupos de sentenciados Art. 82 – O presídio e a cadeia pública, além do pessoal
segundo as necessidades de tratamento, a progressão dos de vigilância e segurança e do pessoal administrativo, con-
regimes, a concessão ou a revogação de benefícios, a auto- tarão com equipe interdisciplinar de observação.
rização de saída, a remição da pena, o pedido de livramen-
to condicional e a aplicação de sanção disciplinar. Art. 83 – Aplica-se ao estabelecimento destinado ao
(Artigo com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 19.478, preso provisório o disposto no art. 83 da Lei Federal nº
de 12/1/2011.) 7.210, de 11 de junho de 1984, com a adequada adaptação
ao regime do estabelecimento.
Art. 78 – Os estabelecimentos de regime fechado terão
a lotação máxima de 500 (quinhentos) sentenciados; os de CAPÍTULO III
regime semi-aberto, de 300 (trezentos); os de regime aber- Da Penitenciária
to, de 50 (cinquenta) semilivres; o presídio, de 400 (qua-
trocentos) acusados e a cadeia pública, de 50 (cinquenta) Art. 84 – A penitenciária destina-se à execução da pena
presos. privativa de liberdade em regime fechado.
(Vide § 1º do art. 1º da Lei nº 12.985, de 30/7/1998.)
Art. 85 – O sentenciado será alojado em quarto indivi-
Art. 79 – Para a localização do estabelecimento de regi- dual, provido de cama, lavatório, chuveiro e aparelho sa-
me fechado, levar-se-ão em conta as facilidades de acesso nitário.
e comunicação, a viabilidade do aproveitamento de ser-
viços básicos existentes, as condições necessárias ao ade- Art. 86 – São requisitos básicos da unidade celular:
quado internamento, além da existência de áreas destina- I – salubridade do ambiente pela concorrência dos
das a instalações de aprendizagem profissional, à prática fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico
de esportes e recreação, a visitas, ao ensino e à assistência adequados à existência humana;
especializada. II – área mínima de 6m2 (seis metros quadrados).

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 87 – A penitenciária para mulheres será dotada, Art. 96 – São condições para o cumprimento da pena
ainda, de dependência para atendimento da gestante e na casa do albergado:
da parturiente, de creche e de unidade de educação pré- I – aceitação, pelo candidato, do programa de trata-
-escolar. mento;
II – afetação do semilivre ao trabalho, com preparação
Art. 88 – O alojamento coletivo terá suas instalações profissional para a reintegração na sociedade;
sanitárias localizadas em área separada e somente será III – colaboração da comunidade.
ocupado por sentenciados que preencham as necessárias
condições para a sua utilização. Art. 97 – No regime aberto, serão observadas as nor-
mas de ordem e disciplina necessárias à convivência nor-
Art. 89 – No regime fechado, predominam as normas mal na comunidade civil, com ausência de precauções de
de segurança e disciplina, que cobrirão, durante 24 (vinte e ordem material ou física, em razão da aceitação voluntária
quatro) horas, a vida diária dos reclusos, que serão classifi- da disciplina e do senso de responsabilidade do senten-
cados em grupos, segundo as necessidades de tratamento, ciado.
submetendo-se às diferentes atividades do processo de § 1º – No regime aberto, é permitido ao sentenciado
ressocialização: trabalho, instrução, religião, recreação e mover-se sem vigilância tanto no interior do
esporte. estabelecimento como nas saídas para trabalho externo,
para frequência a curso e para atividades de pré-liberdade.
CAPÍTULO IV § 2º – O regime aberto compõe-se das seguintes fases:
Das Colônias Agrícola e Industrial I – iniciação, em que o sentenciado será informado so-
bre o programa do estabelecimento e seu regimento in-
Art. 90 – A colônia agrícola e a industrial destinam-se à terno;
execução da pena privativa de liberdade em regime semi- II – aceitação do programa, em que será permitido ao
-aberto. sentenciado sair para o trabalho;
III – confiança em que o sentenciado gozará das van-
Art. 91 – Os sentenciados poderão ser alojados em tagens inerentes ao exercício de sua responsabilidade e de
dormitório coletivo, observados os requisitos do art. 88. autorização de saída.
(Inciso com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478,
Art. 92 – No regime semi-aberto, serão observadas
de 12/1/2011.)
as normas de segurança, ordem e disciplina necessárias à
convivência normal dentro do estabelecimento e à adapta-
CAPÍTULO VI
ção às peculiaridades do tratamento reeducativo.
Do Centro de Reeducação do Jovem Adulto
Parágrafo único – No regime semi-aberto, a agenda
diária elaborada pela Comissão Técnica de Classificação
Art. 98 – O centro de reeducação do jovem adulto des-
disporá sobre as atividades preceptivas, recreativas e es-
portivas para o sentenciado, que manterá contato com a tina-se aos sentenciados de 18 (dezoito) a 21 (vinte e um)
sociedade para o trabalho externo, frequentará cursos de anos de idade, em regime aberto e semi-aberto.
instrução escolar e profissional e desenvolverá outras ati- Parágrafo único – O centro contará com seção inde-
vidades de reintegração na sociedade, sob a assistência e pendente para os menores infratores que tiverem atingido
a orientação do pessoal penitenciário ou do serviço social. 18 (dezoito) anos sem conclusão do processo reeducativo.

CAPÍTULO V Art. 99 – No centro de reeducação do jovem adulto,


Da Casa do Albergado será intensiva a ação educativa, com a adoção de métodos
pedagógicos e psicopedagógicos.
Art. 93 – A casa do albergado destina-se à execução da
pena privativa de liberdade em regime aberto. Art. 100 – Para individualização do tratamento, as se-
ções separadas conterão de 20 (vinte) a 30 (trinta) senten-
Art. 94 – Haverá casa de albergado na Capital e nas ciados.
sedes de comarca.
Parágrafo único – Onde não houver casa do albergado, Art. 101 – O pessoal do centro terá especialização pro-
o regime aberto poderá ser cumprido em seção indepen- fissional, com atualização em cursos especiais promovidos
dente, separada do estabelecimento de regime fechado ou pela administração penitenciária.
semi-aberto.
CAPÍTULO VII
Art. 95 – A casa do albergado deverá preencher os se- Do Centro de Observação
guintes requisitos:
I – localização em meio urbano com autonomia admi- Art. 102 – O centro de observação, estabelecimento de
nistrativa; regime fechado, tem por objetivo estudar a personalidade
II – ocupação por número reduzido de candidatos, se- do delinquente nos planos físico, psíquico e social, para sua
lecionados segundo sua aptidão para o regime aberto. afetação ao estabelecimento adequado ao regime peniten-

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

ciário, indicando as medidas de ordem escolar, profissional, (Caput com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478,
terapêutica e moral que fundamentarão a elaboração do de 12/1/2011.)
programa de tratamento reeducativo. I – a identidade do sentenciado ou do preso provisório;
II – os motivos da detenção ou da internação e a auto-
Art. 103 – O centro de observação, além do pessoal de ridade que a determinou;
segurança, vigilância e administração, contará com equipe III – o dia e a hora da admissão e da saída.
interdisciplinar de observação, constituída de psicólogo,
psiquiatra, clínico geral, assistente social, educador e cri- Art. 112 – Inicia-se, no ato do registro, o prontuário
minólogo. pessoal do sentenciado, que o seguirá nas transferências.
Parágrafo único – O prontuário conterá uma parte judi-
CAPÍTULO VIII ciária, uma parte penitenciária e uma parte social.
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Art. 113 – O sentenciado será informado sobre a legis-
Art. 104 – O hospital de custódia e tratamento psiquiá- lação pertinente e sobre o regime interno do estabeleci-
trico, de regime semi-aberto, destina-se aos inimputáveis e mento.
semi-imputáveis indicados no art. 26 e seu parágrafo único
do Código Penal. Art. 114 – O sentenciado tem o direito de informar sua
§ 1º – Haverá seções independentes de regime fechado, situação ao Juiz e ao seu advogado ou à pessoa por ele
segundo as exigências do tratamento psiquiátrico, no caso indicada.
de extrema periculosidade do sentenciado.
§ 2º – As seções de regime aberto destinam-se ao Art. 115 – O preso provisório será informado de seus
tratamento ambulatorial e à preparação para o reingresso direitos, assegurada a comunicação com a família e com
na sociedade. seu defensor e o respeito ao princípio da presunção de ino-
cência.
Art. 105 – No estabelecimento psiquiátrico, haverá,
além das dependências da administração, segurança e
Art. 116 – Efetuada a admissão, proceder-se-á à sepa-
vigilância, seções de observação normal, de praxiterapia,
ração do sentenciado segundo o sexo, a idade, os antece-
esporte e recreação, observando-se, no que for aplicável,
dentes, o estado físico e mental e a necessidade de trata-
o art. 83 da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984.
mento reeducativo ou psiquiátrico.
Art. 106 – No hospital, além do exame psiquiátrico,
Art. 117 – A agenda diária das atividades da vida em
serão realizados o exame criminológico e os exames ne-
comum dos sentenciados será elaborada pela Comissão
cessários aos tratamentos terapêutico e reeducativo, com
respeito e proteção aos direitos da pessoa do sentenciado. Técnica de Classificação.

Art. 107 – O pessoal profissional e não profissional do CAPÍTULO II


estabelecimento psiquiátrico deverá ser selecionado e qua- Do Alojamento
lificado, com especial atenção às exigências peculiares ao
tratamento dos sentenciados. Art. 118 – Aos sentenciados serão destinadas celas in-
dividuais.
Art. 108 – A direção do hospital deverá informar men- Parágrafo único – Em caso de necessidade, a adminis-
salmente à autoridade judiciária sobre as condições psíqui- tração da penitenciária poderá autorizar a colocação de
cas do sentenciado recuperado. mais de um sentenciado na cela ou no quarto individual,
adequadamente selecionado, vedada, nesse caso, a ocupa-
Art. 109 – A administração penitenciária poderá firmar ção apenas por dois sentenciados.
convênio com hospital psiquiátrico da comunidade para o
tratamento de sentenciado destinado ao hospital de custó- Art. 119 – Os locais destinados ao dormitório e à vida
dia e tratamento psiquiátrico. em comum devem atender às exigências da higiene, levan-
do-se em conta espaço, ventilação, água, luz e calefação.
TÍTULO IV
Do Regime Penitenciário Art. 120 – É permitido o alojamento em comum no es-
CAPÍTULO I tabelecimento aberto, com o consentimento do sentencia-
Da Admissão e do Registro do.

Art. 110 – A admissão do sentenciado ou do preso pro- Art. 121 – Haverá alojamento coletivo, de uso temporá-
visório se fará à vista de ordem da autoridade competente. rio, para atender a necessidade urgente.

Art. 111 – O registro de detenção ou internação será


feito em livro próprio ou em meio eletrônico, e nele cons-
tarão:

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

CAPÍTULO III II – a transferência para outra unidade prisional, com


Do Vestuário e da Higiene Pessoal indicação do novo local de internação, de presa grávida,
lactante ou acompanhada de filho na primeira infância,
Art. 122 – O sentenciado poderá usar o vestuário pró- para a regularização e continuidade do atendimento à saú-
prio ou o fornecido pela administração, adaptado às condi- de materno-infantil.
ções climáticas e que não afete sua dignidade. (Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 18.029,
de 12/1/2009.)
Art. 123 – O sentenciado disporá de roupa necessária
Art. 128-A – O estabelecimento prisional é sujeito a
para a sua cama e de móvel para guardar seus pertences.
controle sanitário, nos termos da Lei nº 13.317, de 24 de
setembro de 1999.
Art. 124 – A higiene pessoal é exigida de todos os sen- Parágrafo único – Regulamento fixará rotina de inspe-
tenciados. ções sanitárias aplicável ao estabelecimento a que se refere
Parágrafo único – A administração do estabelecimen- o caput.
to fixará horário para os cuidados de higiene pessoal dos (Artigo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 22.429, de
sentenciados e colocará à sua disposição o material neces- 20/12/2016.)
sário.
TÍTULO V
CAPÍTULO IV Da Comunicação com o Exterior
CAPÍTULO I
Da Alimentação
Da Correspondência
Art. 125 – A administração do estabelecimento forne- Art. 129 – Os sentenciados têm direito de enviar e rece-
cerá alimentação aos sentenciados, controlada por nutri- ber correspondência epistolar e telegráfica.
cionista, convenientemente preparada e de acordo com as
normas dietéticas e de higiene. Art. 130 – A correspondência do sentenciado analfabe-
to pode ser, a seu pedido, lida e escrita por funcionário ou
CAPÍTULO V visitador indicado.
Da Assistência Sanitária
Art. 131 – Em caso de perigo para a ordem ou para
Art. 126 – O estabelecimento penitenciário disporá de a segurança do estabelecimento, o Diretor deste poderá
censurar a correspondência dos sentenciados, respeitados
clínico geral, odontólogo e psiquiatra.
os seus direitos.
§ 1º – O doente que tiver necessidade de cuidados Parágrafo único – A correspondência por telefone será
especiais será transferido para estabelecimento autorizada pelo Diretor do estabelecimento, por escrito e
penitenciário especializado ou hospital civil. motivadamente.
§ 2º – Ao sentenciado será prestada assistência
odontológica. CAPÍTULO II
Das Visitas
Art. 127 – Para a assistência sanitária, os estabeleci-
mentos penitenciários serão dotados de: Art. 132 – As visitas destinam-se a manter os vínculos
I – enfermaria com camas, material clínico, instrumen- familiares e sociais do sentenciado e a prepará-lo para a
tal adequado e produtos farmacêuticos para a internação reintegração na sociedade.
(Vide Lei nº 12.492, de 16/4/1997.)
médica ou odontológica de urgência;
Parágrafo único – As visitas podem ser vigiadas, por
II – dependência para observação psiquiátrica e cuida- razões de tratamento do sentenciado, ou de ordem e se-
dos de toxicômano; gurança do estabelecimento.
III – unidade para doenças infecciosas.
Art. 133 – As visitas de advogado terão lugar em local
Art. 128 – O estabelecimento penitenciário destinado reservado, em que as conversas não sejam ouvidas.
às mulheres disporá de dependência dotada de material de
obstetrícia, para atender à mulher grávida ou à parturiente Art. 134 – Não pode ser ouvido o colóquio do sen-
cuja urgência do estado não permita a transferência para tenciado com o Juiz, com o representante do Ministério
hospital civil. Público, com o funcionário no exercício de suas funções e
com os membros da equipe interdisciplinar.
Parágrafo único – As unidades do sistema prisional e
penitenciário notificarão à unidade de atenção básica de Art. 135 – O estabelecimento disporá de anexo espe-
saúde que referencie o seu território: cialmente adequado para visitas familiares ao sentenciado
I – a existência de presa grávida, lactante ou acompa- que não possa obter autorização de saída.
nhada de filho na primeira infância, para a regularização do (Artigo com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478,
atendimento à saúde materno-infantil; de 12/1/2011.)

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

CAPÍTULO III Art. 139 – O sentenciado, a vítima e as respectivas fa-


Das Autorizações de Saída mílias contarão com o apoio do serviço penitenciário e do
Conselho da Comunidade.
(Título do capítulo com redação dada pelo art. 8º da (Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº
Lei nº 19.478, de 12/1/2011.) 19.478, de 12/1/2011.)

Art. 136 – Os condenados que cumprem pena em re- CAPÍTULO IV


gime fechado ou semiaberto e os presos provisórios pode- Do Regime Disciplinar
rão obter permissão de saída, mediante escolta, nos casos
devidamente comprovados de necessidade de tratamento Art. 140 – O sentenciado não exercerá função discipli-
médico e falecimento ou doença grave de cônjuge, compa- nar.
nheiro, ascendente, descendente ou irmão.
§ 1º – A permissão de saída será concedida pelo Diretor Art. 141 – A infração disciplinar e a respectiva sanção
do estabelecimento. disciplinar serão estabelecidas em lei ou regulamento.
§ 2º – A permanência do detento fora do estabelecimento
penal terá a duração necessária à finalidade da saída. Art. 142 – Constituem infrações disciplinares:
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, I – negligência na limpeza e na ordem da cela e no
de 12/1/2011.) asseio pessoal;
II – abandono voluntário do local de tratamento;
Art. 137 – Os condenados que cumprem pena em re- III – descumprimento das obrigações do trabalho;
IV – atitude molesta para com os companheiros;
gime semiaberto poderão obter autorização para saída
V – linguagem injuriosa;
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
VI – jogos e atividades proibidas pelo Regimento In-
seguintes casos:
terno;
I – visita à família;
VII – simulação de doença;
II – frequência a curso supletivo profissionalizante bem
VIII – posse ou tráfico de bens não permitidos;
como de instrução do segundo grau ou superior, na Co-
IX – comunicação proibida com o exterior ou, no caso
marca do Juízo da Execução;
de isolamento, com o interior;
III – participação em atividades que concorram para o X – atos obscenos ou contrários ao decoro;
retorno ao convívio social. XI – falsificação de documento da administração;
Parágrafo único – A autorização de saída será conce- XII – apropriação ou danificação de bem da adminis-
dida ou revogada por ato motivado do Juiz da execução, tração;
observado o disposto nos arts. 123 a 125 da Lei Federal nº XIII – posse ou tráfico de arma ou de instrumento de
7.210. ofensa;
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, XIV – atitude ofensiva ao Diretor, a funcionário do es-
de 12/1/2011.) tabelecimento ou a visitante;
XV – inobservância de ordem ou prescrição e demora
Art. 138 – Com base em parecer da equipe interdisci- injustificada no seu cumprimento;
plinar e como preparação para a liberação, será autorizada, XVI – participação em desordem ou motim;
pelo Juiz da execução que tenha participado de seu pro- XVII – evasão;
cesso de reeducação, a saída do sentenciado que cumpra XVIII – fato previsto como crime, cometido contra com-
pena nos regimes aberto e semiaberto, após cumpridos panheiro, funcionário do estabelecimento ou visitante;
seis meses da pena, por até sete dias, limitada ao total de XIX – realização ou contribuição para a realização de
trinta e cinco dias por ano. visita íntima em desacordo com esta lei ou com o ato da
Parágrafo único – A autorização de saída será conce- autoridade competente.
dida ou revogada por ato motivado do Juiz da execução. (Inciso acrescentado pelo art. 9º da Lei nº 19.478, de
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 19.478, 12/1/2011.)
de 12/1/2011.)
Art. 143 – Constituem sanções disciplinares:
Art. 138-A – No caso de nascimento de filho ou outro I – admoestação;
motivo comprovadamente relevante, será autorizada, pelo II – privação de autorização de saída por até dois me-
Diretor do estabelecimento, a saída do sentenciado ou do ses;
preso provisório, com as medidas de custódia adequadas. (Inciso com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 19.478,
Parágrafo único – A autorização de saída será conce- de 12/1/2011.)
dida ou revogada por ato motivado do Diretor do estabe- III – limitação do tempo previsto para comunicação
lecimento. oral durante 1 (um) mês;
(Artigo acrescentado pelo art. 8º da Lei nº 19.478, de IV – privação do uso da cantina, de autorização de saí-
12/1/2011.) da e de atos de recreação por até um mês;
(Inciso com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 19.478,
de 12/1/2011.)

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

V – isolamento em cela individual por até 15 (quinze) Art. 151 – O sentenciado será transferido para estabe-
dias; lecimento próximo da residência de sua família.
VI – isolamento em cela disciplinar por até 1 (um) mês; Parágrafo único – A transferência do sentenciado será
VII – suspensão ou restrição à visita íntima precedida de busca pessoal e exame médico, que informa-
(Inciso acrescentado pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de rá sobre seu estado físico e psíquico, bem como sobre suas
12/1/2011.) condições de viajar.
§ 1º – As sanções previstas nos incisos I e II são de
competência do Diretor do estabelecimento e as demais, Art. 152 – É proibido o transporte de sentenciado em
da Comissão Técnica de Classificação. más condições de iluminação, ventilação ou em qualquer
§ 2º – A execução da sanção disciplinar está sujeita a
situação que lhe imponha sofrimento físico.
sursis e a remição.
(Parágrafo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº
Art. 153 – Na transferência de sentenciado do sexo fe-
19.478, de 12/1/2011.)
minino, a escolta será integrada por policial feminino.
Art. 144 – O isolamento em cela disciplinar somente se
aplicará em caso de manifesta agressividade ou violência Art. 154 – As medidas coercitivas serão aplicadas ex-
do sentenciado ou quando este, reiteradamente, alterar a clusivamente para o restabelecimento da normalidade e
ordem normal do estabelecimento. cessarão imediatamente após atingida sua finalidade.
Parágrafo único – A cela disciplinar terá as mesmas ca- Art. 155 – As medidas de coerção aplicam-se nas se-
racterísticas da cela individual e possuirá mobiliário aná- guintes hipóteses:
logo. I – para impedir ato de evasão ou violência de senten-
ciado contra si mesmo ou contra terceiros ou coisas;
Art. 145 – O isolamento do sentenciado se cumprirá II – para vencer a resistência ativa ou passiva de sen-
com o controle do médico do estabelecimento, que o vi- tenciado às ordens de funcionário no exercício do cargo.
sitará diariamente, informando o Diretor sobre seu estado Parágrafo único – O Diretor será avisado de situação
de saúde física e mental. grave, da qual dará ciência ao Juiz da Execução.

Art. 146 – O isolamento poderá ser suspenso pelo Juiz CAPÍTULO VI


da Execução Penal, ouvida a Comissão Técnica de Classifi- Das Recompensas
cação.
Art. 156 – As recompensas são concedidas pelo Diretor
Art. 147 – Não se aplicará o isolamento à sentenciada
gestante, até 6 (seis) meses após o parto, e à sentenciada do estabelecimento, ouvida a Comissão Técnica de Classifi-
que trouxer filho consigo. cação, ao sentenciado que se distinguir por:
I – particular desempenho em seu trabalho;
Art. 148 – Nenhum sentenciado será punido discipli- II – especial proveito na instrução escolar ou na forma-
narmente sem ser ouvido e sem que haja apresentado de- ção profissional;
fesa verbal ou escrita. III – colaboração ativa na organização e na participação
das atividades culturais, desportivas e recreativas;
Art. 149 – A interposição de recurso suspenderá os IV – comportamento responsável em caso de pertur-
efeitos da decisão, salvo quando se tratar de ato de grave bação da ordem, para despertar conduta coletiva racional.
indisciplina. Parágrafo único – As recompensas de que trata este
Parágrafo único – A tramitação do recurso de que trata artigo são as seguintes:
o artigo será urgente e preferencial. I – elogio;
II – proposta de concessão de benefício, como a prio-
CAPÍTULO V ridade na escolha de trabalho, recebimento de parte do
Dos Meios de Correção pecúlio disponível, participação em atividade cultural, es-
portiva ou recreativa.
Art. 150 – O uso de algemas se limitará aos seguintes
casos:
CAPÍTULO VII
I – como medida de precaução contra fuga, durante a
Do Monitoramento Eletrônico
transferência do sentenciado, devendo ser retiradas ime-
diatamente quando do comparecimento em audiência pe- (Capítulo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº
rante a autoridade judiciária ou administrativa; 19.478, de 12/1/2011.)
II – por motivo de saúde, segundo recomendação mé-
dica; Art. 156-A – O Juiz poderá determinar o monitoramen-
III – em circunstâncias excepcionais, quando for indis- to eletrônico, por ato motivado, nos casos de autorização
pensável utilizá-las em razão de perigo iminente para a de saída temporária no regime semiaberto e de prisão do-
vida do funcionário, do sentenciado ou de terceiros. miciliar, e quando julgar necessário.

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Parágrafo único – O usuário do monitoramento eletrô- VIII – as entidades civis de direito privado sem fins lu-
nico que estiver cumprindo pena em regime aberto, quan- crativos que tenham firmado convênio com o Estado para
do determinar o Juiz da execução, deverá recolher-se ao a administração de unidades prisionais destinadas ao cum-
local estabelecido na decisão durante o período noturno e primento de pena privativa de liberdade.
nos dias de folga. (Inciso acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 15.299, de
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 19.478, de 9/8/2004.)
12/1/2011.) (Vide art. 3º da Lei nº 15.299, de 9/8/2004.)

Art. 156-B – São deveres do sentenciado submetido CAPÍTULO II


ao monitoramento eletrônico, além dos cuidados a serem Do Conselho de Criminologia e Política Criminal
adotados com o equipamento:
I – receber visitas do servidor responsável pelo monito- Art. 158 – O Conselho de Criminologia e Política Crimi-
ramento eletrônico, responder aos seus contatos e cumprir nal, com sede nesta Capital, é subordinado à Secretaria de
as suas orientações; Estado da Justiça.
II – abster-se de remover, violar, modificar ou danificar
o equipamento de monitoramento eletrônico ou de permi- Art. 159 – O Conselho de Criminologia e Política Crimi-
tir que outrem o faça; nal será integrado por 13 (treze) membros designados pelo
III – informar, de imediato, as falhas no equipamento Secretário de Estado da Justiça e escolhidos entre profes-
ao órgão ou à entidade responsável pelo monitoramento sores e profissionais das áreas de Direito Penal, Processual
eletrônico. Penal e Penitenciário, de Criminologia e de Ciências Sociais,
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 19.478, de bem como entre representantes de organismos da área so-
12/1/2011.) cial.
Parágrafo único – O mandato dos membros do Conse-
Art. 156-C – O descumprimento dos deveres de que lho terá duração de 4 (quatro) anos.
trata o art. 156-B poderá acarretar, a critério do Juiz da exe-
cução, ouvidos o Ministério Público e a defesa: Art. 160 – Ao Conselho de Criminologia e Política Cri-
I – a regressão do regime; minal incumbe:
II – a revogação da autorização de saída, da permissão I – formular a política penitenciária do Estado, observa-
de saída ou da saída temporária; das as diretrizes da política penitenciária nacional;
III – a revogação da suspensão condicional da pena; II – colaborar na elaboração de plano de desenvolvi-
IV – a revogação do livramento condicional; mento, sugerindo as metas e prioridades das políticas cri-
V – a conversão da pena restritiva de direitos em pena minal e penitenciária;
privativa de liberdade; III – promover a avaliação periódica do sistema penal
VI – a revogação da prisão domiciliar; para sua adequação às necessidades do Estado;
VII – a advertência escrita. IV – opinar sobre a repartição de créditos na área da
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 19.478, de política penitenciária;
12/1/2011.) V – estimular e desenvolver projeto que vise à parti-
cipação da comunidade na execução da política criminal;
Art. 156-D – O monitoramento eletrônico poderá ser VI – representar à autoridade competente, para ins-
revogado pelo Juiz competente, em ato motivado, quando tauração de sindicância ou procedimento administrativo,
o sentenciado descumprir os deveres a que estiver sujeito visando à apuração de violação da lei penitenciária e à in-
durante a sua vigência ou quando se tornar desnecessário terdição de estabelecimento penal;
ou inadequado, a critério do Juiz. VII – fiscalizar os estabelecimentos e serviços peniten-
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 19.478, de ciários para verificação do fiel cumprimento desta lei e da
12/1/2011.) implantação da reforma penitenciária;
VIII – elaborar o plano de ação do Conselho e o progra-
TÍTULO VI ma penitenciário estadual.
Dos Órgãos da Execução Penal
CAPÍTULO I CAPÍTULO III
Disposições Gerais Do Juízo da Execução

Art. 157 – São órgãos da execução penal: Art. 161 – O Juízo da Execução, localizado na comar-
I – o Conselho de Criminologia e Política Criminal; ca da Capital e em comarca sede da região onde houver
II – o Juízo da Execução; estabelecimento penitenciário, compreende o Juiz da Exe-
III – o Conselho Penitenciário; cução, o representante do Ministério Público, a Defensoria
IV – a Superintendência de Organização Penitenciária; Pública e o Serviço Social Penitenciário.
V – a Direção do Estabelecimento;
VI – o Patronato;
VII – o Conselho da Comunidade.

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

SEÇÃO I SEÇÃO III


Do Juiz da Execução Da Defensoria Pública

Art. 162 – Compete ao Juiz da Execução: Art. 164 – O estabelecimento penitenciário contará
I – aprovar o plano de tratamento reeducativo apre- com um corpo de Defensoria Pública com especialização
sentado pela Comissão Técnica de Classificação; em Direito Penitenciário e Criminologia.
II – presidir as reuniões da Comissão Técnica de Classi-
ficação destinadas a tratar de progressão ou regressão do Art. 165 – Incumbe à Defensoria Pública promover a
regime; defesa dos sentenciados carentes nas áreas cível, penal e
III – conceder remição da pena, ouvida a Comissão Téc- disciplinar.
nica de Classificação, e autorização de saída prevista nos (Vide Lei Complementar nº 65, de 16/1/2003.)
arts. 137 e 138 desta lei;
(Inciso com redação dada pelo art. 12 da Lei nº 19.478, SEÇÃO IV
de 12/1/2011.) Do Serviço Social Penitenciário
IV – conceder ou revogar as medidas de semiliberdade
no regime de confiança para preparação da reintegração Art. 166 – Ao Serviço Social Penitenciário incumbe:
na sociedade; I – participar da equipe interprofissional do Juízo;
V – conceder o livramento condicional, ouvida a Co- II – realizar o estudo social do sentenciado;
missão Técnica de Classificação; III – assistir o sursitário, o liberando e o egresso no pe-
VI – supervisionar o período de prova do livramento ríodo de prova;
condicional e do “sursis”, mediante orientação e assistência IV – orientar e assistir a família do sentenciado;
do agente de prova ou trabalhador social; V – assessorar o Juiz e o Promotor de Justiça;
VII – acompanhar a execução das medidas restritivas VI – integrar o Patronato e o Conselho da Comunidade.
de direito com a colaboração do serviço social penitenciá-
rio ou de funcionário do Juízo e à vista do relatório da en- CAPÍTULO IV
tidade a que o sentenciado preste serviços; Do Conselho Penitenciário
VIII – autorizar o isolamento disciplinar por mais de 15
(quinze) dias; Art. 167 – O Conselho Penitenciário é órgão consultivo
IX – decidir recurso sobre direito do sentenciado, inclu- e fiscalizador da execução penal.
sive sobre progressão ou regressão de regime;
X – exercer a sua competência nos estabelecimentos Art. 168 – O Conselho Penitenciário será integrado por
da região de sua sede. membros nomeados pelo Governador do Estado e escolhi-
dos entre profissionais, professores nas áreas de Direito Pe-
SEÇÃO II nal, Processual Penal e Penitenciário e das Ciências Sociais,
Do Ministério Público bem como entre representantes da comunidade.
Parágrafo único – O mandato dos Conselheiros terá a
Art. 163 – Ao Ministério Público, entre outras atribui- duração de 4 (quatro) anos.
ções de competência, incumbe: (Vide art. 5º da Lei nº 12.706, de 23/12/1997.)
I – fiscalizar a execução penal, funcionando no proces-
so executivo e nos incidentes da execução; Art. 169 – Incumbe ao Conselho Penitenciário:
II – requerer a aplicação, a substituição e a revogação I – emitir parecer sobre livramento condicional, indulto
de medida de segurança; e comutação de pena;
III – requerer a revogação do “sursis” e o livramento II – visitar regularmente os estabelecimentos peniten-
condicional; ciários, em especial os de regime fechado, e os hospitais
IV – requerer a conversão da pena e a progressão ou a de custódia e tratamento penitenciário para fiscalização da
regressão do regime; execução penal e do regime penitenciário;
V – participar da fiscalização da execução das medidas III – participar da supervisão do período de prova do
restritivas de direito; liberando e do sursitário, bem como da assistência social
VI – interpor recurso de decisão proferida pelo Juiz du- no regime semilivre e em meio livre;
rante a execução; IV – comunicar à autoridade competente as violações
VII – visitar mensalmente os estabelecimentos peniten- das normas de execução penal, recomendando a abertura
ciários; de inquérito e a interdição do estabelecimento.
VIII – representar à autoridade competente sobre a má
orientação, o rigor excessivo ou o privilégio injustificado na CAPÍTULO V
execução penal; Da Superintendência de Organização Penitenciária
IX – requerer as providências necessárias para o regular
desenvolvimento do processo executivo. Art. 170 – A Superintendência de Organização Peniten-
ciária Estadual, órgão integrante da estrutura orgânica da
Secretaria de Estado da Justiça, tem por objetivo assegurar

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

a aplicação da Lei de Execução Penal, a custódia e a manu- CAPÍTULO VII


tenção do sentenciado e do preso provisório, garantindo- Do Patronato
-lhes o respeito à dignidade inerente à pessoa.
Art. 173 – É instituído em cada comarca, por decreto do
Art. 171 – À Superintendência de Organização Peniten- Governador do Estado, o Patronato, integrado pelo Juiz da
ciária incumbe: Execução Penal, que o presidirá, pelo Promotor de Justiça
I – supervisionar a fiel aplicação das normas de execu- da Execução, por representantes da administração peniten-
ção penal no Estado; ciária, da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB -, de con-
II – inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos e ser- fissões religiosas, de clubes de serviço e de obras sociais.
viços penais;
III – assistir tecnicamente os estabelecimentos peniten- Art. 174 – Ao Patronato incumbe:
ciários na aplicação dos princípios e regras estabelecidos I – orientar e assistir o semilivre e o egresso;
nesta lei; II – acompanhar a execução das medidas restritivas de
IV – promover a pesquisa criminológica e a estatística direito;
criminal; III – colaborar na fiscalização e na assistência no perío-
V – sugerir a regulamentação dos órgãos de execução do do liberando e do sursitário;
penal e dos estabelecimentos penitenciários; IV – visitar o liberando e o sentenciado para facilitar
VI – elaborar projeto para a construção dos novos es- sua reinserção na família e na profissão;
tabelecimentos previstos na lei penitenciária; V – assistir o sentenciado nas suas relações com a fa-
VII – autorizar a internação e a desinternação nos esta- mília;
belecimentos penitenciários. VI – colaborar na obtenção de emprego para o sen-
tenciado;
CAPÍTULO VI VII – fiscalizar a execução da medida de segurança em
Da Direção do Estabelecimento Penitenciário meio fechado e em semiliberdade para proteção dos direi-
tos do sentenciado;
Art. 172 – Incumbe à direção do estabelecimento pe- VIII – zelar pela prática do tratamento reeducativo e
nitenciário:
pela sua progressão nos termos do art. 112, parágrafo úni-
I – cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos e
co, da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984;
as instruções relativas à ordem e à disciplina do estabele-
IX – incentivar a seleção e a formação contínua do pes-
cimento;
soal penitenciário;
II – dirigir as atividades do estabelecimento;
X – orientar a família do sentenciado e a da vítima atra-
III – submeter à Superintendência de Organização Pe-
vés de contato com os centros comunitários e associações
nitenciária o plano de atividades da unidade;
de assistência socioeducativa às famílias;
IV – orientar a elaboração da proposta orçamentária do
XI – assistir a vítima do delito e seus dependentes;
estabelecimento;
V – presidir a Comissão Técnica de Classificação; XII – assistir o egresso indigente com problema de
VI – supervisionar os cursos de instrução escolar e de reintegração na sociedade;
formação profissional do sentenciado; XIII – designar pessoa idônea para assistir e orientar o
VII – percorrer as dependências do estabelecimento sursitário, o liberando e o egresso, na falta do orientador
para verificação da ordem e disciplina; social;
VIII – comparecer, ou fazer-se representar, às sessões XIV – informar periodicamente o Juiz da Execução
do Conselho Penitenciário; sobre a assistência ao probacionário e sobre a evolução
IX – promover ou requisitar o exame criminológico, a de sua reintegração na sociedade.
classificação e o tratamento reeducativo dos sentenciados;
X – propor a realização de curso de formação contínua CAPÍTULO VIII
do pessoal penitenciário; Do Conselho da Comunidade
XI – promover a contratação de pessoal especializado
para integrar as equipes interprofissionais de sua unidade; Art. 175 – Cada comarca disporá de um Conselho da
XII – classificar os estabelecimentos penitenciários de Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) represen-
acordo com as fases do regime progressivo; tante da associação comercial ou industrial, 1 (um) advoga-
XIII – apresentar à Superintendência de Organização do indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB -,
Penitenciária o plano anual de atividades do estabeleci- 1 (um) assistente social escolhido pela Delegacia Seccional
mento penitenciário; do Conselho Nacional de Assistentes Sociais e por repre-
XIV – participar da elaboração da proposta anual do sentantes de obras sociais e de clubes de serviço.
orçamento; (Vide art. 7º da Lei nº 12.936, de 8/7/1998.)
XV – promover a participação da comunidade na exe-
cução penal; Art. 176 – Ao Conselho da Comunidade incumbe:
XVI – colaborar na implantação do Patronato e do Con- I – visitar mensalmente os estabelecimentos e serviços
selho da Comunidade. penais da comarca;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

II – incentivar a prática do tratamento não institucional, TÍTULO VII


como o dos regimes semilivre e em meio livre; Do Pessoal Penitenciário
III – promover a participação ativa da comunidade na CAPÍTULO I
reintegração do sentenciado e do egresso na família, na Do Estatuto Jurídico do Pessoal
profissão e na sociedade;
IV – colaborar com o poder público e a comunidade na Art. 177 – O pessoal penitenciário terá estatuto pró-
implantação da Lei Federal nº 7.210, de 11 junho de 1984; prio, que fixará seus direitos e deveres.
V – pugnar pela colocação, no mercado profissional,
do sentenciado com índice positivo de emendabilidade e Art. 178 – O quadro do pessoal penitenciário será or-
segurança para a comunidade; ganizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
VI – acompanhar a supervisão do período de prova do necessidades do serviço, com especificação de atribuições
liberando e do sursitário, bem como da execução das me- relativas às funções de direção, chefia e assessoramento e
didas alternativas à prisão; às demais funções.
VII – entrosar-se com os serviços médicos e psicológi-
cos e com as entidades de assistência socioeducativa para Art. 179 – A escolha do pessoal especializado, admi-
o probacionário com problema; nistrativo, de instrução técnica e de vigilância atenderá à
VIII – cooperar com a comunidade na conservação e na vocação, à preparação profissional e aos antecedentes pes-
manutenção da cadeia pública local. soais do candidato.
Parágrafo único – O Conselho poderá providenciar a
celebração de convênio com o município para a prestação Art. 180 – O ingresso do pessoal penitenciário e sua
de trabalho pelo sentenciado. ascensão funcional dependerão de curso específico de
formação, procedendo-se à reciclagem dos servidores em
CAPÍTULO IX exercício.
Das Entidades Civis de Direito Privado sem Fins
Lucrativos Art. 181 – Sem prejuízo do concurso de admissão pro-
(Capítulo acrescentado pelo art. 2º da Lei nº movido pela Escola Penitenciária, os candidatos a cargos
15.299, de 9/8/2004.)
estão sujeitos a testes científicos para avaliação de sua ca-
pacidade intelectual e profissional e de sua aptidão física.
Art. 176-A – Compete às entidades civis de direito
privado sem fins lucrativos que tenham firmado convênio
Art. 182 – É obrigatório o estágio do candidato em es-
com o Estado para a administração de unidades prisionais
tabelecimento penitenciário para se formar opinião sobre
destinadas ao cumprimento de pena privativa de liberdade,
sua personalidade e suas aptidões.
nos termos do inciso VIII do art. 157:
I – gerenciar os regimes de cumprimento de pena das
unidades que administrarem, nos termos definidos em Art. 183 – Os cursos de formação profissional intensiva
convênio; destinados ao pessoal da vigilância compreendem três es-
II – responsabilizar-se pelo controle, pela vigilância e tágios: o primeiro se processa no estabelecimento peniten-
pela conservação do imóvel, dos equipamentos e do mo- ciário e se destina a familiarizar o candidato com os pro-
biliário da unidade; blemas profissionais; o segundo se desenvolve na Escola
III – solicitar apoio policial para a segurança externa da Penitenciária, ou em curso organizado pela administração,
unidade, quando necessário; e se destina à formação técnica e prática do funcionário; o
IV – apresentar aos Poderes Executivo e Judiciário re- terceiro, aberto a candidato que não for eliminado nas fa-
latórios mensais sobre o movimento de condenados e in- ses anteriores, consiste na colocação efetiva do candidato
formar-lhes, de imediato, a chegada de novos internos e a em serviço.
ocorrência de liberações;
V – prestar contas mensalmente dos recursos recebi- Art. 184 – É vedado o porte de arma ao funcionário em
dos; serviço.
VI – acatar a supervisão do Poder Executivo, propor-
cionando-lhe todos os meios para o acompanhamento e a Art. 185 – Em caso de legítima defesa, tentativa de fuga
avaliação da execução do convênio. e resistência à ordem fundada em lei, será permitido o uso
(Artigo acrescentado pelo art. 2º da Lei nº 15.299, de da força pelo funcionário, que do fato dará imediata ciência
9/8/2004.) ao Diretor.

Art. 176-B – Incumbem à diretoria da unidade de cum- Art. 186 – O pessoal administrativo e o especializa-
primento de pena privativa de liberdade administrada por do devem ter aptidão profissional e técnica necessária ao
entidade civil de direito privado sem fins lucrativos con- exercício das respectivas funções.
veniada com o Estado as atribuições previstas no art. 172
desta lei. Art. 187 – No recrutamento de pessoal especializado,
(Artigo acrescentado pelo art. 2º da Lei nº 15.299, de exigir-se-á diploma de aptidão profissional e título univer-
9/8/2004.) sitário que comprove a formação especializada.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 188 – O médico visitará diariamente o estabeleci- Art. 195 – São especificamente penitenciários os direi-
mento. tos:
I – ao tratamento reeducativo;
Art. 189 – No estabelecimento para mulheres, somente II – à instrução, priorizada a escolarização de nível fun-
se permitirá trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo damental;
quando se tratar de pessoal técnico especializado e houver (Inciso com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 14.390,
comprovada carência de pessoal do sexo feminino com as de 31/10;2002.)
qualificações necessárias para o exercício do cargo. III – à profissionalização;
Parágrafo único – O pessoal do sexo feminino deverá IV – ao trabalho, à sua remuneração e à seguridade
possuir as mesmas qualificações exigidas para o pessoal do social;
sexo masculino. V – à assistência material e à saúde, em especial o tra-
tamento clínico e a assistência psicossocial ao portador de
CAPÍTULO II AIDS;
Do Diretor de Estabelecimento
VI – à assistência social, nomeadamente ao probacio-
nário e ao egresso;
Art. 190 – O ocupante do cargo de Diretor de Estabe-
VII – à assistência jurídica;
lecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos:
I – ter diploma de nível superior de Direito, Psicologia, VIII – à assistência religiosa;
Pedagogia ou Ciências Sociais; IX – ao esporte e à recreação;
II – ter capacidade administrativa e vocação para a fun- X – à comunicação com o mundo exterior como prepa-
ção; ração para sua reinserção na sociedade;
III – ter idoneidade moral, boa cultura geral, formação XI – à visita de advogado, familiar e cônjuge ou com-
especializada e preparação adequada ao serviço peniten- panheiro;
ciário. XII – ao acesso aos meios de comunicação social;
§ 1º – O Diretor de Estabelecimento deverá residir no XIII – de petição e representação a qualquer autorida-
estabelecimento ou em suas proximidades. de, para defesa de direito;
§ 2º – O Diretor de Estabelecimento dedicará tempo XIV – de entrevista regular com o Diretor;
integral à sua função e não poderá exercer advocacia nem XV – ao recebimento de atestado de pena a cumprir,
outra atividade, exceto a de professor universitário. emitido semestralmente, sob pena de responsabilização da
§ 3º – O Diretor de Estabelecimento que não for autoridade judiciária competente.
recrutado entre os membros do pessoal penitenciário deve, (Inciso acrescentado pelo art. 13 da Lei nº 19.478, de
antes de entrar em função, receber formação técnica e 12/1/2011.)
prática sobre o trabalho de direção, salvo se for diplomado
em escola profissional ou tiver título universitário em TÍTULO IX
matéria pertinente. Dos Deveres do Sentenciado
(Vide art. 6º da Lei nº 12.967, de 27/7/1998.)
Art. 196 – São deveres do sentenciado:
TÍTULO VIII I – submeter-se ao cumprimento da pena ou à medida
Dos Direitos do Sentenciado e do Preso Provisório de segurança;
II – permanecer no estabelecimento até a sua liberta-
Art. 191 – São direitos do preso os direitos civis, os po- ção;
líticos, os sociais e os especificamente penitenciários.
III – respeitar as normas do regime penitenciário;
IV – manter atitude de respeito e consideração com
Art. 192 – Os direitos civis, sociais e políticos, inclusive
os funcionários do estabelecimento e com as autoridades;
o de sufrágio, permanecem com o preso, quando não fo-
rem retirados expressa e necessariamente pela lei ou pela V – observar conduta correta com seus companheiros;
sentença. VI – indenizar os danos causados à administração do
estabelecimento;
Art. 193 – Os direitos penitenciários derivam da relação VII – indenizar as despesas de sua manutenção;
jurídica constituída entre o sentenciado e a administração VIII – cumprir as prestações alimentícias devidas à fa-
penitenciária. mília;
IX – assistir o cônjuge ou o companheiro na manuten-
Art. 194 – Enumeram-se, antes da sentença, os direi- ção e na educação dos filhos.
tos à presunção de inocência, ao contraditório, à igualdade
entre os sujeitos processuais, à ampla defesa, à assistência Art. 197 – Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
judiciária gratuita, nos termos da lei, o de ser ouvido pes- cação.
soalmente pela autoridade competente, o de receber visi-
tas, o de comunicar-se com advogado e familiares e o de Art. 198 – Revogam-se as disposições em contrário.
permanecer no estabelecimento da localidade ou naquele
mais próximo de seu domicílio.

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Art. 5° O porte de arma de fogo pelo Agente de Segu-


LEI ESTADUAL 21.068/2013 (PORTE DE rança Penitenciário no interior de unidades prisionais res-
ARMA DO AGENTE DE SEGURANÇA peitará o disposto em regulamento.
PENITENCIÁRIO). Art. 6° É obrigatório o porte, pelo Agente de Segurança
Penitenciário, do Certificado de Registro de Arma de Fogo
atualizado e da Identidade Funcional.
Art. 7° Aplica-se, no que couber, o disposto na Lei Fe-
Dispõe sobre o porte de armas de fogo pelo Agente de deral n° 10.826, de 2003, e demais normas que regulamen-
Segurança Penitenciário de que trata a Lei n° 14.695, de 30 tem a matéria.
de julho de 2003. Art. 8° Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
ção.
(https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/comple-
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
ta/completa.html?tipo=Lei&num=21068&ano=2013)
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus represen-
tantes, decretou e eu, em seu nome, promulgo a seguinte
Lei:
Art. 1° O ocupante do quadro efetivo de Agente de DECRETO Nº 40/1991 (CONVENÇÃO
Segurança Penitenciário, de que trata a Lei n° 14.695, de 30 CONTRA A TORTURA E OUTROS
de julho de 2003, terá direito a portar arma de fogo institu- TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS,
cional ou particular, ainda que fora de serviço, dentro dos DESUMANOS OU DEGRADANTES).
limites do Estado de Minas Gerais, desde que:
I - preencha os requisitos do inciso III do art. 4° da Lei
Federal n° 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - não esteja em gozo de licença médica por doença DECRETO Nº 40, DE 15 DE FEVEREIRO DE 1991
que contra-indique o uso de armamento;
III - não esteja sendo processado por infração penal, O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição
exceto aquelas de que trata a Lei Federal n° 9.099, de 26 de que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
setembro de 1995. Considerando que a Assembleia Geral das Nações Uni-
§ 1° O porte de arma de fogo será deferido aos Agentes das, em sua XL Sessão, realizada em Nova York, adotou a
de Segurança Penitenciários, com base no inciso VII do art. 10 de dezembro de 1984, a Convenção Contra a Tortura e
6° da Lei Federal n° 10.826, de 2003. Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou De-
§ 2° No caso previsto no inciso II do caput, o médico, gradantes;
ao conceder a licença, deverá declarar a conveniência ou Considerando que o Congresso Nacional aprovou a re-
não da manutenção do porte. ferida Convenção por meio do Decreto Legislativo nº 4, de
§ 3° O porte de arma de fogo de que trata o caput se 23 de maio de 1989;
estende ao servidor da carreira de Agente de Segurança Considerando que a Carta de Ratificação da Conven-
Penitenciário que esteja aposentado. ção foi depositada em 28 de setembro de 1989;
§ 4° Não se aplica o disposto no § 3° na hipótese Considerando que a Convenção entrou em vigor para
o Brasil em 28 de outubro de 1989, na forma de seu artigo
de aposentadoria por motivo de saúde, se, no ato da
27, inciso 2;
concessão da aposentadoria ou no decurso desta, houver
contraindicação médica ao porte de arma de fogo DECRETA:
devidamente fundamentada e firmada por junta médica. Art. 1º A Convenção Contra a Tortura e Outros
Art. 2° A autorização para o porte de arma de fogo de Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes,
que trata esta Lei constará da Carteira de Identidade Fun- apensa por cópia ao presente decreto, será executada e
cional do Agente de Segurança Penitenciário, a ser confec- cumprida tão inteiramente como nela se contém. 
cionada pela instituição estadual competente.  Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua
Parágrafo único. Em caso de proibição ou suspensão publicação. 
do porte de arma de fogo, nas hipóteses previstas nesta Lei
ou em outras normas que regulamentem a matéria, deverá Brasília, 15 de fevereiro de 1991; 170º da Independên-
ser emitida nova carteira funcional para o Agente de Segu- cia e 103º da República.
rança Penitenciário, sem a autorização do porte.
Art. 3° Responderá administrativa e penalmente o  
Agente de Segurança Penitenciário que omitir ou fraudar CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRA-
qualquer documento ou situação que possa motivar a sus- TAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRA-
pensão ou a proibição de seu porte de arma de fogo. DANTES
Art. 4° O Agente de Segurança Penitenciário, ao portar Os Estados Partes da presente Convenção,
arma de fogo fora de serviço e em locais onde haja aglo- Considerando que, de acordo com os princípios pro-
meração de pessoas, em virtude de evento de qualquer clamados pela Carta das Nações Unidas, o reconhecimento
natureza, deverá fazê-lo de forma discreta, visando a evitar dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da
constrangimentos a terceiros, e responderá, nos termos da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e
legislação pertinente, pelos excessos que cometer. da paz no mundo,

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Reconhecendo que estes direitos emanam da dignida- 2. A fim de determinar a existência de tais razões, as
de inerente à pessoa humana, autoridades competentes levarão em conta todas as con-
Considerando a obrigação que incumbe os Estados, em siderações pertinentes, inclusive, quando for o caso, a exis-
virtude da Carta, em particular do Artigo 55, de promover o tência, no Estado em questão, de um quadro de violações
respeito universal e a observância dos direitos humanos e sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos.
liberdades fundamentais. ARTIGO 4º
Levando em conta o Artigo 5º da Declaração Universal 1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de
e a observância dos Direitos do Homem e o Artigo 7º do tortura sejam considerados crimes segundo a sua legisla-
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que de- ção penal. O mesmo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a
terminam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade
tratamento cruel, desumano ou degradante, ou participação na tortura.
Levando também em conta a Declaração sobre a Pro- 2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas
teção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tra- adequadas que levem em conta a sua gravidade.
tamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, ARTIGO 5º
aprovada pela Assembléia Geral em 9 de dezembro de 1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias
1975, para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes previstos
Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e no Artigo 4º nos seguintes casos:
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degra- a) quando os crimes tenham sido cometidos em qual-
dantes em todo o mundo, quer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou
Acordam o seguinte: aeronave registrada no Estado em questão;
PARTE I b) quando o suposto autor for nacional do Estado em
ARTIGO 1º questão;
1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tortu- c) quando a vítima for nacional do Estado em questão
ra” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos e este o considerar apropriado.
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente 2. Cada Estado Parte tomará também as medidas ne-
a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes-
cessárias para estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes
soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que
nos casos em que o suposto autor se encontre em qual-
ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-
quer território sob sua jurisdição e o Estado não extradite
peita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
de acordo com o Artigo 8º para qualquer dos Estados men-
ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
cionados no parágrafo 1 do presente Artigo.
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição crimi-
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou
nal exercida de acordo com o direito interno.
outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
ARTIGO 6º
instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
1. Todo Estado Parte em cujo território se encontre uma
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos
que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, pessoa suspeita de ter cometido qualquer dos crimes men-
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. cionados no Artigo 4º, se considerar, após o exame das
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira informações de que dispõe, que as circunstâncias o justifi-
a restringir qualquer instrumento internacional ou legisla- cam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras
ção nacional que contenha ou possa conter dispositivos de medidas legais para assegurar sua presença. A detenção e
alcance mais amplo. outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei
ARTIGO 2º do Estado mas vigorarão apenas pelo tempo necessário ao
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de cará- início do processo penal ou de extradição.
ter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, 2. O Estado em questão procederá imediatamente a
a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer uma investigação preliminar dos fatos.
território sob sua jurisdição. 3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias 1 terá assegurada facilidades para comunicar-se imediata-
excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, ins- mente com o representante mais próximo do Estado de
tabilidade política interna ou qualquer outra emergência que é nacional ou, se for apátrida, com o representante do
pública como justificação para tortura. Estado de residência habitual.
3. A ordem de um funcionário superior ou de uma au- 4. Quando o Estado, em virtude deste Artigo, houver
toridade pública não poderá ser invocada como justifica- detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados
ção para a tortura. mencionados no Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal deten-
ARTIGO 3º ção e sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado
1. Nenhum Estado Parte procederá à expulsão, devolu- que proceder à investigação preliminar a que se refere o
ção ou extradição de uma pessoa para outro Estado quan- parágrafo 2 do presente Artigo comunicará sem demora
do houver razões substanciais para crer que a mesma corre seus resultados aos Estados antes mencionados e indicará
perigo de ali ser submetida a tortura. se pretende exercer sua jurisdição.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

ARTIGO 7º ARTIGO 11
1. O Estado Parte no território sob a jurisdição do qual Cada Estado Parte manterá sistematicamente sob exa-
o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no me as normas, instruções, métodos e práticas de interroga-
Artigo 4º for encontrado, se não o extraditar, obrigar-se-á, tório, bem como as disposições sobre a custódia e o tra-
nos casos contemplados no Artigo 5º, a submeter o caso as tamento das pessoas submetidas, em qualquer território
suas autoridades competentes para o fim de ser o mesmo sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção
processado. ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura.
2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de ARTIGO 12
acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer cri- Cada Estado Parte assegurará suas autoridades com-
me de natureza grave, conforme a legislação do referido petentes procederão imediatamente a uma investigação
Estado. Nos casos previstos no parágrafo 2 do Artigo 5º, imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer
as regras sobre prova para fins de processo e condenação que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer
não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que território sob sua jurisdição.
as que se aplicarem aos casos previstos no parágrafo 1 do ARTIGO 13
Artigo 5º. Cada Estado Parte assegurará a qualquer pessoa que
3. Qualquer pessoa processada por qualquer dos cri- alegue ter sido submetida a tortura em qualquer território
mes previstos no Artigo 4º receberá garantias de tratamen- sob sua jurisdição o direito de apresentar queixa perante as
to justo em todas as fases do processo. autoridades competentes do referido Estado, que procede-
ARTIGO 8° rão imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu
1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° serão consi- caso. Serão tomadas medidas para assegurar a proteção
derados como extraditáveis em qualquer tratado de extra- do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau trata-
dição existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes
mento ou intimação em conseqüência da queixa apresen-
obrigar-se-ão a incluir tais crimes como extraditáveis em
tada ou de depoimento prestado.
todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.
2. Se um Estado Parte que condiciona a extradição à ARTIGO 14
existência de tratado de receber um pedido de extradição 1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurí-
por parte do outro Estado Parte com o qual não mantém dico, à vítima de um ato de tortura, o direito à reparação
tratado de extradição, poderá considerar a presente Con- e a uma indenização justa e adequada, incluídos os meios
venção com base legal para a extradição com respeito a necessários para a mais completa reabilitação possível. Em
tais crimes. A extradição sujeitar-se-á ás outras condições caso de morte da vítima como resultado de um ato de tor-
estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação. tura, seus dependentes terão direito à indenização.
3. Os Estado Partes que não condicionam a extradição 2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer
à existência de um tratado reconhecerão, entre si, tais cri- direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam
mes como extraditáveis, dentro das condições estabeleci- ter em decorrência das leis nacionais.
das pela lei do Estado que receber a solicitação. ARTIGO 15
4. O crime será considerado, para o fim de extradição Cada Estado Parte assegurará que nenhuma declara-
entre os Estados Partes, como se tivesse ocorrido não ape- ção que se demonstre ter sido prestada como resultado de
nas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios tortura possa ser invocada como prova em qualquer pro-
dos Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de cesso, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como
acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5º. prova de que a declaração foi prestada.
ARTIGO 9º ARTIGO 16
1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assis- 1.Cada Estado Parte se comprometerá a proibir em
tência possível em relação aos procedimentos criminais qualquer território sob sua jurisdição outros atos que cons-
instaurados relativamente a qualquer dos delitos mencio- tituam tratamento ou penas cruéis, desumanos ou degra-
nados no Artigo 4º, inclusive no que diz respeito ao forne- dantes que não constituam tortura tal como definida no
cimento de todos os elementos de prova necessários para Artigo 1, quando tais atos forem cometidos por funcionário
o processo que estejam em seu poder. público ou outra pessoa no exercício de funções públicas,
2. Os Estados Partes cumprirão as obrigações decor- ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou
rentes do parágrafo 1 do presente Artigo conforme quais-
aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as obrigações
quer tratados de assistência judiciária recíproca existentes
mencionadas nos Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição
entre si.
ARTIGO 10 das referências a tortura por referências a outras formas de
1. Cada Estado Parte assegurará que o ensino e a in- tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
formação sobre a proibição de tortura sejam plenamente 2. Os dispositivos da presente Convenção não serão
incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar interpretados de maneira a restringir os dispositivos de
encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional
funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que que proíba os tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
possam participar da custódia, interrogatório ou tratamen- degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão.
to de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de pri-  PARTE II
são, detenção ou reclusão. ARTIGO 17
2. Cada Estado Parte incluirá a referida proibição nas 1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortura (dora-
normas ou instruções relativas aos deveres e funções de vante denominado o “Comitê) que desempenhará as fun-
tais pessoas. ções descritas adiante. O Comitê será composto por dez

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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peritos de elevada reputação moral e reconhecida compe- b) as decisões do Comitê serão tomadas por maioria
tência em matéria de direitos humanos, os quais exercerão de votos dos membros presentes.
suas funções a título pessoal. Os peritos serão eleitos pelos 3. O Secretário-Geral das Nações Unidas colocará à
Estados Partes, levando em conta uma distribuição geo- disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários
gráfica eqüitativa e a utilidade da participação de algumas ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas
pessoas com experiência jurídica. em virtude da presente Convenção.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação se- 4. O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a
creta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados primeira reunião do Comitê. Após a primeira reunião, o Co-
Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre mitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em
os seus nacionais. Os Estados Partes terão presente a uti- suas regras de procedimento.
lidade da indicação de pessoas que sejam também mem- 5. Os Estados Partes serão responsáveis pelos gastos
bros do Comitê de Direitos Humanos estabelecido de acor- vinculados à realização das reuniões dos Estados Partes e
do com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e do Comitê, inclusive o reembolso de quaisquer gastos, tais
que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura. como os de pessoal e de serviço, em que incorrerem as
3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões Nações Unidas em conformidade com o parágrafo 3 do
bienais dos Estados Partes convocadas pelo Secretário- presente Artigo.
-Geral das Nações Unidas. Nestas reuniões, nas quais o ARTIGO 19
quorum será estabelecido por dois terços dos Estados Par- 1. Os Estados Partes submeterão ao Comitê, por inter-
tes, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que médio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios
obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta sobre as medidas por eles adotadas no cumprimento das
dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes obrigações assumidas em virtude da presente Convenção,
e votantes. dentro de prazo de um ano, a contar do início da vigência
4. A primeira eleição se realizará no máximo seis meses da presente Convenção no Estado Parte interessado. A par-
após a data de entrada em vigor da presente Convenção. tir de então, os Estados Partes deverão apresentar relató-
Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição, o rios suplementares a cada quatro anos sobre todas as no-
Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos vas disposições que houverem adotado, bem como outros
Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candida- relatórios que o Comitê vier a solicitar.
turas no prazo de três meses. O Secretário-Geral organiza- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os
rá uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos relatórios a todos os Estados Partes.
assim designados, com indicações dos Estados Partes que 3. Cada relatório será examinado pelo Comitê, que po-
os tiverem designado, e a comunicará aos Estados Partes. derá fazer os comentários gerais que julgar oportunos e os
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um man- transmitirá ao Estado Parte interessado. Este poderá, em
dato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas se- resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observações
jam apresentadas novamente, ser reeleitos. No entanto, o que deseje formular.
mandato de cinco dos membros eleitos na primeira elei- 4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão
ção expirará ao final de dois anos; imediatamente após a de incluir qualquer comentário que houver feito de acor-
primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere do com o que estipula o parágrafo 3 do presente Artigo,
o parágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os junto com as observações conexas recebidas do Estado
nomes desses cinco membros. Parte interessado, em seu relatório anual que apresentará
6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir- em conformidade com o Artigo 24. Se assim o solicitar o
-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não Estado Parte interessado, o Comitê poderá também incluir
puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Esta- cópia do relatório apresentado em virtude do parágrafo 1
do Parte que apresentou sua candidatura indicará, entre do presente Artigo.
seus nacionais, outro perito para cumprir o restante de seu ARTIGO 20
mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à 1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fide-
aprovação da maioria dos Estados Partes. Considerar-se-á dignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada,
como concedida a referida aprovação, a menos que a me- que a tortura é praticada sistematicamente no território
tade ou mais dos Estados Partes venham a responder ne- de um Estado Parte, convidará o Estado Parte em questão
gativamente dentro de um prazo de seis semanas, a contar a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a
do momento em que o Secretário-Geral das Nações Unidas transmitir ao Comitê as observações que julgar pertinentes.
lhes houver comunicado a candidatura proposta. 2. Levando em consideração todas as observações que
7. Correrão por conta dos Estados Partes as despesas houver apresentado o Estado Parte interessado, bem como
em que vierem a incorrer os membros do Comitê no de- quaisquer outras informações pertinentes de que dispuser,
sempenho de suas funções no referido órgão. o Comitê poderá, se lhe parecer justificável, designar um ou
ARTIGO 18 vários de seus membros para que procedam a uma inves-
1. O Comitê elegerá sua mesa para um período de dois tigação confidencial e informem urgentemente o Comitê.
anos. Os membros da mesa poderão ser reeleitos. 3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos
2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de pro- do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê procurará
cedimento; estas, contudo, deverão conter, entre outras, as obter a colaboração do Estado Parte interessado. Com a
seguintes disposições: concordância do Estado Parte em questão, a investigação
a) o quorum será de seis membros; poderá incluir uma visita a seu território.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4. Depois de haver examinado as conclusões apresen- d) o Comitê realizará reuniões confidenciais quando
tadas por um ou vários de seus membros, nos termos do estiver examinando as comunicações previstas no presen-
parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao te Artigo;
Estado Parte interessado, junto com as observações ou su- e) sem prejuízo das disposições da alínea c), o Comitê
gestões que considerar pertinentes em vista da situação. colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados Partes
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referên- interessados no intuito de se alcançar uma solução amisto-
cia nos parágrafos 1 ao 4 do presente Artigo serão con- sa para a questão, baseada no respeito às obrigações esta-
fidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos, belecidas na presente Convenção. Com vistas a atingir esse
procurar-se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando objetivo, o Comitê poderá constituir, se julgar conveniente,
estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma uma comissão de conciliação ad hoc;
investigação realizada de acordo com o parágrafo 2, o Co- f) em todas as questões que se lhe submetam em vir-
mitê poderá, após celebrar consultas com o Estado Parte tude do presente Artigo, o Comitê poderá solicitar aos Es-
interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos re- tados Partes interessados, a que se faz referência na alínea
sultados da investigação em seu relatório anual, que apre- b), que lhe forneçam quaisquer informações pertinentes;
sentará em conformidade com o Artigo 24. g) os Estados Partes interessados, a que se faz refe-
ARTIGO 21 rência na alínea b), terão o direito de fazer-se represen-
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte da tar quando as questões forem examinadas no Comitê e de
presente Convenção poderá declarar, a qualquer momento, apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito;
que reconhece a competência dos Comitês para receber e h) o Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data
examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue de recebimento de notificação mencionada na b), apresen-
que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações tará relatório em que:
que lhe impõe a Convenção. As referidas comunicações só i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da
serão recebidas e examinadas nos termos do presente Ar- alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma
tigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte breve exposição dos fatos e da solução alcançada;
que houver feito uma declaração em que reconheça, com ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos
relação a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu re-
não receberá comunicação alguma relativa a um Estado latório, a uma breve exposição dos fatos; serão anexados
Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. ao relatório o texto das observações escritas e as atas das
As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo observações orais apresentadas pelos Estados Partes inte-
estarão sujeitas ao procedimento que se segue: ressados.
a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Par- Para cada questão, o relatório será encaminhado aos
te não vem cumprindo as disposições da presente Con- Estados Partes interessados.
venção poderá, mediante comunicação escrita, levar a 2. As disposições do presente Artigo entrarão em vi-
questão ao conhecimento deste Estado Parte. Dentro de gor a partir do momento em que cinco Estado Partes da
um prazo de três meses a contar da data do recebimento presente Convenção houverem feito as declarações men-
da comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado cionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas decla-
que enviou a comunicação explicações ou quaisquer outras rações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao
declarações por escrito que esclareçam a questão, as quais Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das
deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinen- mesmas aos demais Estados Partes. Toda declaração pode-
te, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos rá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação
adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão; endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam
data do recebimento da comunicação original pelo Esta- objeto de uma comunicação já transmitida nos termos des-
do destinatário, a questão não estiver dirimida satisfato- te Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá
riamente para ambos os Estado Partes interessados, tanto qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez
um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comitê, que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a
mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro retirada da declaração, a menos que o Estado Parte interes-
Estado interessado; sado haja feito uma nova declaração.
c) o Comitê tratará de todas as questões que se lhe ARTIGO 22
submetam em virtude do presente Artigo somente após 1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá,
ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos in- em virtude do presente Artigo, declarar, a qualquer mo-
ternos disponíveis tenham sido utilizados e esgotados, em mento, que reconhece a competência do Comitê para re-
consonância com os princípios do Direito internacional ge- ceber e examinar as comunicações enviadas por pessoas
ralmente reconhecidos. Não se aplicará esta regra quando sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser ví-
a aplicação dos mencionados recursos se prolongar injus- timas de violação, por um Estado Parte, das disposições da
tificadamente ou quando não for provável que a aplicação Convenção.O Comitê não receberá comunicação alguma
de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da relativa a um Estado Parte que não houver feito declaração
pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção; dessa natureza.

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comu- desempenho de missões para a Organização das Nações
nicação recebida em conformidade com o presente Artigo Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Con-
que seja anônima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do venção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas.
direito de apresentar as referidas comunicações, ou que ARTIGO 24
seja incompatível com as disposições da presente Conven- O Comitê apresentará, em virtude da presente Conven-
ção. ção, um relatório anula sobre suas atividades aos Estados
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê Partes e à Assembléia Geral das Nações Unidas.
levará todas as comunicações apresentadas em conformi-  PARTE III
dade com este Artigo ao conhecimento do Estado Parte da ARTIGO 25
presente Convenção que houver feito uma declaração nos 1. A presente Convenção está aberta à assinatura de
termos do parágrafo 1 e sobre o qual se alegue ter violado todos os Estados.
qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis me- 2. A presente Convenção está sujeita a ratificação. Os
ses seguintes, o Estado destinatário submeterá ao Comitê instrumentos de ratificação serão depositados junto ao
as explicações ou declarações por escrito que elucidem a Secretário-Geral das Nações Unidas.
ARTIGO 26
questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adota-
A presente Convenção está aberta à Adesão de todos
do pelo Estado em questão.
os Estados. Far-se-á a Adesão mediante depósito do Ins-
4. O Comitê examinará as comunicações recebidas em
trumento de Adesão junto ao Secretário-Geral das Nações
conformidade com o presente Artigo á luz de todas as in- Unidas.
formações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou ARTIGO 27
em nome dela, e pelo Estado Parte interessado.  1. A presente Convenção entrará em vigor no trigési-
5. O Comitê não examinará comunicação alguma de mo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento
uma pessoa, nos termos do presente Artigo, sem que se de ratificação ou adesão houver sido depositado junto ao
haja assegurado de que; Secretário-Geral das Nações Unidas.
a) a mesma questão não foi, nem está sendo, examina- 2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente
da perante uma outra instância internacional de investiga- Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo
ção ou solução; instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará
b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o Es-
jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra tado em questão houver depositado seu instrumento de
quando a aplicação dos mencionados recursos se prolon- ratificação ou adesão.
gar injustificadamente ou quando não for provável que a ARTIGO 28
aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a 1. Cada Estado Parte poderá declarar, por ocasião da
situação da pessoa que seja vítima de violação da presente assinatura ou da ratificação da presente Convenção ou da
Convenção. adesão a ela, que não reconhece a competência do Comitê
6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando quando ao disposto no Artigo 20.
estiver examinado as comunicações previstas no presente 2. Todo Estado Parte da presente Convenção que hou-
Artigo. ver formulado uma reserva em conformidade com o pará-
7.O Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e grafo 1 do presente Artigo poderá, a qualquer momento,
à pessoa em questão. tornar sem efeito essa reserva, mediante notificação ende-
8. As disposições do presente Artigo entrarão em vi- reçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
gor a partir do momento em que cinco Estado Partes da ARTIGO 29
presente Convenção houverem feito as declarações men- 1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá
propor uma emenda e depositá-la junto ao Secretário-
cionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas decla-
-Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará
rações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao
a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes
Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das
que o notifiquem se desejam que se convoque uma confe-
mesmas ao demais Estados Partes. Toda declaração pode- rência dos Estados Partes destinada a examinar a proposta
rá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação e submetê-la a votação. Se, dentro dos quatro meses se-
endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem guintes à data da referida comunicação, pelos menos um
prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam terço dos Estados Partes se manifestar a favor da referida
objeto de uma comunicação já transmitida nos termos des- convocação, o Secretário-Geral convocará uma conferência
te Artigo; em virtude do presente Artigo, não se recebe- sob os auspícios das Nações Unidas. Toda emenda adotada
rá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, pela maioria dos Estados Partes presentes e votantes na
uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação conferência será submetida pelo Secretário-Geral à aceita-
sobre retirada da declaração, a menos que o Estado Parte ção de todos os Estados Partes.
interessado haja feito uma nova declaração. 2. Toda emenda adotada nos termos das disposições
ARTIGO 23 do parágrafo 1 do presente Artigo entrará em vigor assim
Os membros do Comitê e os membros das Comissões que dois terços dos Estados Partes da presente Convenção
de Conciliação ad noc designados nos termos da alínea e) houverem notificado o Secretário-Geral das Nações Unidas
do parágrafo 1 do Artigo 21 terão o direito às facilidades, de que a aceitaram em consonância com os procedimentos
privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no previstos por suas respectivas constituições.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

3. Quando entrarem em vigor, as emendas serão obri- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas encaminha-
gatórias para todos os Estados Partes que as tenham acei- rá cópias autenticadas da presente Convenção a todos os
to, ao passo que os demais Estados Partes permanecem Estados.
obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emen- (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1991/de-
das anteriores por eles aceitas. creto-40-15-fevereiro-1991-342631-publicacaooriginal-1-
ARTIGO 30 -pe.html)
1. As controvérsias entre dois ou mais Estados Partes
com relação à interpretação ou à aplicação da presente
Convenção que não puderem ser dirimidas por meio da
DECRETO Nº 98.386/1989
negociação serão, a pedido de um deles, submetidas a ar-
(CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA
bitragem. Se durante os seis meses seguintes à data do
pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se de PREVENIR E PUNIR A TORTURA).
acordo quanto aos termos do compromisso de arbitragem,
qualquer das Partes poderá submeter a controvérsia à Cor-
te Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em DECRETO Nº 98.386, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1989
conformidade com o Estatuto da Corte. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição
2. Cada Estado poderá, por ocasião da assinatura ou que lhe confere o art. 84, item IV, da Constituição e
da ratificação da presente Convenção, declarar que não se Considerando que o Congresso Nacional aprovou,
considera obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os de- pelo Decreto Legislativo nº 5, de 31 de maio de 1989, a
mais Estados Partes não estarão obrigados pelo referido Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura,
parágrafo com relação a qualquer Estado Parte que houver concluída em Cartagena, a 9 de dezembro de 1985;
formulado reserva dessa natureza. Considerando que o Brasil ratificara a referida Conven-
3. Todo Estado Parte que houver formulado reserva nos ção, em 20 de julho de 1989, tendo entrado em vigor na
termos do parágrafo 2 do presente Artigo poderá retirá-la, forma de seu artigo 21,
a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao DECRETA:
Secretário-Geral das Nações Unidas.  Art. 1º. A Convenção Interamericana para Prevenir
ARTIGO 31 e Punir a Tortura, apensa por cópia ao presente Decreto,
1. Todo Estado Parte poderá denunciar a presente Con- será executada e cumprida tão inteiramente como nela se
venção mediante notificação por escrito endereçada ao contém. 
Secretário-Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá  Art. 2º. Este Decreto entra em vigor na data de sua
efeitos um ano depois da data de recebimento da notifica- publicação. 
ção pelo Secretário-Geral.  Art. 3º. Revogam-se as disposições em contrário. 
2. A referida denúncia não eximirá o Estado Parte das Brasília, 9 de novembro de 1989; 168º da Independên-
obrigações que lhe impõe a presente Convenção relativa- cia e 101º da República.
mente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da data
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E
em que a denúncia venha a produzir efeitos; a denúncia
PUNIR A TORTURA
não acarretará, tampouco, a suspensão do exame de quais-
 
quer questões que o Comitê já começara a examinar antes Os Estados Americanos signatários da presente Con-
da data em que a denúncia veio a produzir efeitos. venção,
3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a de- Conscientes do disposto na Convenção Americana so-
núncia de um Estado Parte, o Comitê não dará início ao bre Direitos Humanos, no sentido de que ninguém deve ser
exame de qualquer nova questão referente ao Estado em submetido a torturas, nem a penas ou tratamento cruéis,
apreço. desumanas ou degradantes;
ARTIGO 32 Reafirmando que todo ato de tortura ou outros tra-
O Secretário-Geral das Nações Unidas comunicará a tamentos ou penas cruéis, ou desumanas ou degradantes
todos os Estados membros das Nações Unidas e a todos constituem uma ofensa à dignidade humana e uma nega-
os Estados que assinaram a presente Convenção ou a ela ção dos princípios consagrados na Carta da Organização
aderiram: dos Estados Americanos e na Carta das Nações Unidas, e
a) as assinaturas, ratificações e adesões recebidas em são violatórios aos direitos humanos e liberdades funda-
conformidade com os Artigos 25 e 26; mentais proclamados na Declaração Universal dos Direitos
b) a data de entrada em vigor da Convenção, nos ter- do Homem;
mos do Artigo 27, e a data de entrada em vigor de quais- Assinalando que, para tornar efetivas as normas per-
quer emendas, nos termos do Artigo 29; tinentes contidas nos instrumentos universais e regionais
c) as denúncias recebidas em conformidades com o aludidos, é necessário elaborar uma convenção interameri-
Artigo 31. cana que previna e puna a tortura;
ARTIGO 33 Reiterando seu propósito de consolidar neste Conti-
1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chi- nente as condições que permitam o reconhecimento e o
nês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente au- respeito da dignidade inerente à pessoa humana e asse-
tênticos, será depositada junto ao Secretário-Geral das Na- gurem o exercício pleno das suas liberdades e direitos fun-
ções Unidas. damentais;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Convieram o seguinte: gatórios, detenção ou prisões, se ressalte de maneira espe-


ARTIGO 1 cial a proibição do emprego da tortura.
Os Estados Partes obrigam-se a prevenir e a punir a Os Estados Partes tomarão medidas semelhantes para
tortura, nos termos desta Convenção. evitar outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
ARTIGO 2 degradantes.
Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por ARTIGO 8
tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmen- Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que
te a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, denunciar haver sido submetida a tortura, no âmbito de
com fins de investigação criminal, como meio de intimida- sua jurisdição, o direito de que o caso seja examinado de
ção, como castigo pessoal, como medida preventiva, como maneira imparcial.
pena ou com qualquer outro fim. Entender-se-á também Quando houver denúncia ou razão fundada para supor
como tortura a aplicação, sobre uma pessoa, de métodos que haja sido cometido ato de tortura no âmbito de sua ju-
tendentes a anular a personalidade da vítima, ou a diminuir risdição, os Estados Partes garantirão que suas autoridades
sua capacidade física ou mental, embora não causem dor procederão de ofício e Partes garantirão que suas autorida-
física ou angústia psíquica. des procederão de ofício e imediatamente à realização de
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as uma investigação sobre o caso e iniciarão, se for cabível, o
penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unica- respectivo processo penal.
mente conseqüência de medidas legais ou inerentes a elas, Uma vez esgotado o procedimento jurídico interno do
contato que não incluam a realização dos atos ou aplicação Estado e os recursos que este prevê, o caso poderá ser sub-
dos métodos a que se refere este Artigo. metido a instâncias internacionais, cuja competência tenha
ARTIGO 3 sido aceita por esse Estado.
Serão responsáveis pelo delito de tortura: ARTIGO 9
a) Os empregados ou funcionários públicos que, atuan- Os Estado Partes comprometem-se a estabelecer, em
do nesse caráter, ordenem sua comissão ou instiguem ou suas legislações nacionais, normas que garantam compen-
induzam a ela, cometam-no diretamente ou, podendo im- sação adequada para as vítimas do delito de tortura.
pedi-lo, não o façam; Nada do disposto neste Artigo afetará o direito que
b) As pessoas que, por instigação dos funcionários ou possa ter a vítima ou outras pessoas de receber compensa-
empregados públicos a que se refere a alínea a, ordenem ção em virtude da legislação nacional existente.
sua comissão, instiguem ou induzam a ela, comentam-no ARTIGO 10
diretamente ou nela sejam cúmplices. Nenhuma declaração que se comprove haver sido ob-
ARTIGO 4 tida mediante tortura poderá se admitida como prova num
O fato de haver agido por ordens superiores não exi- processo, salvo em processo instaurado conta a pessoa
mirá da responsabilidade penal correspondente. ou pessoas acusadas de havê-la obtido mediante atos de
ARTIGO 5 tortura unicamente como prova de que, por esse meio, o
Não se invocará nem admitirá como justificativa do de- acusado obteve tal declaração.
lito de tortura a existência de circunstâncias tais como o ARTIGO 11
estado de guerra, a ameaça de guerra, o estado de sítio ou Os Estados Partes tomarão as medidas necessárias
emergência, a comoção ou conflito interno, a suspensão para conceder a extradição de toda pessoa acusada de de-
das garantias constitucionais, a instabilidade política inter- lito de tortura ou condenada por esse delito, de confor-
na, ou outras emergências ou calamidades públicas. midade com suas legislações nacionais sobre extradição e
Nem a periculosidade do detido ou condenado, nem a suas obrigações internacionais nessa matéria.
insegurança do estabelecimento carcerário ou penitenciá- ARTIGO 12
rio podem justificar a tortura. Todo Estado Parte tomará as medidas necessárias para
ARTIGO 6 estabelecer sua jurisdição sobre o delito nesta Convenção,
Em conformidade com o disposto no artigo 1, os Es- nos seguintes casos:
tados Partes tomarão medidas efetivas a fim de prevenir e a) quando a tortura houver sido cometida no âmbito
punir a tortura no âmbito de sua jurisdição. de sua jurisdição;
Os Estados Partes segurar-se-ão de que todos os atos b) quando o suspeito for nacional do Estado Parte de
de tortura e as tentativas de praticar atos dessa natureza que se trate;
sejam considerados delitos em seu direito penal, estabele- c) quando a vítima for nacional do Estado Parte de que
cendo penas severas para sua punição, que levem em con- se trate e este o considerar apropriado.
ta sua gravidade. Todo Estado Parte tomará também as medidas neces-
Os Estados Partes obrigam-se também a tomar medi- sárias para estabelecer sua jurisdição sobre o delito des-
das efetivas para prevenir e punir outros tratamentos ou crito nesta Convenção, quando o suspeito se encontrar no
penas cruéis, desumanos ou degradantes, no âmbito de âmbito de sua jurisdição e o Estado não o extraditar, de
sua jurisdição. conformidade com o Artigo 11.
ARTIGO 7 ARTIGO 13
Os Estados Partes tomarão medidas para que, no trei- O delito a que se refere o Artigo 2 será considerado
namento de agentes de polícia e de outros funcionários incluído entre os delitos que são motivo de extradição em
públicos responsáveis pela custódia de pessoas privadas todo tratado de extradição celebrado entre Estados Partes.
de liberdade, provisória ou definitivamente, e nos interro- Os Estados Partes comprometem-se a incluir o delito de

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

tortura como caso de extradição em todo tratado de extra- ARTIGO 21


dição que celebrarem entre si no futuro. Os Estados Partes poderão formular reservas a esta
Todo Estado Parte que sujeitar a extradição à existência Convenção no momento de aprová-la, assiná-la, ratificá-la
de um tratado poderá, se receber de outro Estado Parte, ou de a ela aderir, contanto que não sejam incompatíveis
com o qual não tiver tratado, uma solicitação de extradi- com o objetivo e o fim da Convenção e versem sobre uma
ção, considerar esta Convenção como a base jurídica ne- ou mais disposições específicas.
cessária para a extradição referente ao delito de tortura. A ARTIGO 22
extradição estará sujeita às demais condições exigíveis pelo Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia a
direito do Estado requerido. partir da data em que tenha sido depositado o segundo
Os Estados Partes que não sujeitarem a extradição à instrumento de ratificação. Para cada Estado que ratificar a
existência de um tratado reconhecerão esses delitos como Convenção ou a ela aderir depois de haver sido depositado
casos de extradição entre eles, respeitando as condições o segundo instrumento de ratificação, a Convenção entra-
exigidas pelo direito do Estado requerido. rá em vigor no trigésimo dia a partir da data em que esse
Não se conhecerá a extradição nem se procederá à de- Estado tenha depositado seu instrumento de ratificação e
volução da pessoa requerida quando houver suspeita fun- adesão.
dada de que corre perigo sua vida, de que será submetida ARTIGO 23
à tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante, ou Esta Convenção vigorará indefinidamente, mas qual-
de que será julgada por tribunais de exceção ou adhoc, no quer dos Estados Partes poderá denunciá-la. O instrumen-
estado requerente. to de denúncia será depositado na Secretaria-Geral da Or-
ARTIGO 14 ganização dos Estados Americanos. Transcorrido um ano,
Quando um Estado Parte não conceder a extradição, contado a partir da data de depósito do instrumento de
submeterá o caso às suas autoridades competentes, como denúncia, a Convenção cessará em seus efeitos para o Es-
se o delito houvesse sido cometido no âmbito de sua ju- tado denunciante, ficando subsistente para os demais Es-
risdição, para fins de investigação e, quando for cabível, da tados Partes.
ação penal, de conformidade com sua legislação nacional. ARTIGO 24
A decisão tomada por essas autoridades será comunicada O instrumento original desta Convenção, cujos textos
ao Estado que houver solicitado a extradição. em português, espanhol, francês e inglês são igualmente
ARTIGO 15
autênticos, será depositado na Secretaria-Geral da Organi-
Nada do disposto nesta Convenção poderá ser inter-
zação dos Estados Americanos, que enviará cópias autenti-
pretado como limitação do direito de asilo, quando for ca-
cadas do seu texto para registro e publicação à Secretaria
bível, nem como modificação das obrigações dos Estados
das Nações Unidas, de conformidade com o Artigo 102
Partes em matéria de extradição.
da Carta das Nações Unidas. A Secretaria-Geral da Orga-
ARTIGO 16
nização dos Estados Americanos comunicará aos Estados
Esta Convenção deixa a salvo o disposto pela Conven-
Membros da referida Organização e aos Estados que te-
ção Americana sobre Direitos Humanos, por outras Con-
venções sobre a matéria e pelo Estatuto da Comissão In- nham aderido à Convenção, as assinaturas e os depósitos
teramericana de Direitos Humanos com relação ao delito de instrumentos de ratificação, adesão e denúncia, bem
de tortura. como as reservas que houver.
ARTIGO 17 (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1989/
Os Estados Partes comprometem-se a informar a Co- decreto-98386-9-novembro-1989-386396-publicacaoori-
missão Interamericana de Direitos Humanos sobre as me- ginal-1-pe.html)
didas legislativas , judiciais, administrativas e de outra natu-
reza que adotarem em aplicação desta Convenção.
DECRETO 47.087/2016
De conformidade com suas atribuições, a Comissão In-
(SECRETARIA DE ESTADO DE
teramericana de Direitos Humanos procurará analisar, em
seu relatório anual, a situação prevalecente nos Estados ADMINISTRAÇÃO PRISIONAL).
Membros da Organização dos Estados Americanos, no que
diz respeito à prevenção e supressão da tortura.
ARTIGO 18
Esta Convenção estará aberta à assinatura dos Estados DECRETO 47087 DE 23/11/2016 - TEXTO ORIGI-
membros da Organização dos Estados Americanos. NAL
ARTIGO 19
Esta Convenção estará sujeita a ratificação. Os instru- Dispõe sobre a organização da Secretaria de Estado de
mentos de ratificação serão depositados na Secretaria-Ge- Administração Prisional.
ral da Organização dos Estados Americanos.
ARTIGO 20 O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GE-
Esta Convenção ficará aberta à adesão de qualquer ou- RAIS, no uso de atribuição que lhe confere o inciso VII
tro Estado Americano. Os instrumentos de adesão serão do art. 90 da Constituição do Estado e tendo em vista o
depositados na Secretaria-Geral da Organização dos Esta- disposto na Lei nº 22.257, de 27 de julho de 2016,
dos Americanos.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

DECRETA: 1 – Unidades Prisionais;


c) Superintendência de Segurança:
CAPÍTULO I 1 – Diretoria de Segurança Interna;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 2 – Diretoria de Segurança Externa;
3 – Diretoria de Prevenção e Apoio Operacional;
Art. 1º – A Secretaria de Estado de Administração Pri- 4 – Comando de Operações Especiais:
sional – Seap –, a que se refere o art. 23 da Lei nº 22.257, d) Superintendência de Gestão de Vagas e Custódias
de 27 de julho de 2016, rege-se por este decreto e pela Alternativas:
legislação aplicável. 1 – Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica
2 – Núcleo de Alvarás;
Art. 2º – A Seap tem como competência planejar, or- 3 – Diretoria de Gestão de Vagas;
ganizar, coordenar e gerir a política prisional, assegurando 4 – Diretoria de Custódias Alternativas;
a efetiva execução das decisões judiciais e privilegiando a
5 – Diretoria de Atendimento ao Flagranteado;
humanização do atendimento e a inclusão social dos indi-
X – Subsecretaria de Humanização do Atendimento:
víduos em cumprimento de pena, com atribuições de:
a) Superintendência de Trabalho e Ensino:
I – elaborar, coordenar e gerir a política prisional;
II – promover condições efetivas para reintegração so- 1 – Diretoria de Trabalho e Produção;
cial dos indivíduos privados de liberdade, mediante a ges- 2 – Diretoria de Ensino e Profissionalização;
tão direta e mecanismos de cogestão; b) Superintendência de Atendimento ao Indivíduo
III – assegurar a aplicação da legislação e diretrizes vi- Privado de Liberdade:
gentes referentes à administração da execução penal e ao 1 – Diretoria de Atenção à Saúde e Atendimento Psi-
tratamento do indivíduo privado de liberdade; cossocial;
IV – articular, coordenar e consolidar as informações 2 – Diretoria de Articulação do Atendimento Jurídico;
de inteligência do sistema prisional para subsidiar ações 3 – Diretoria de Classificação Técnica;
governamentais na área de segurança pública; 4 – Diretoria de Assistência à Família;
V – produzir, consolidar e disponibilizar informações c) Superintendência de Atenção Integral ao Paciente
estatísticas e gerenciais acerca das atividades do sistema Judiciário:
prisional; 1 – Diretoria de Acompanhamento Social;
VI – participar das atividades necessárias à integração 2 – Diretoria de Acompanhamento Terapêutico;
dos órgãos afetos às temáticas de segurança pública; XI – Subsecretaria de Gestão Administrativa, Logística
VII – articular parcerias com entidades públicas e priva- e Tecnologia:
das, visando à melhoria do tratamento dado ao indivíduo a) Superintendência de Planejamento, Orçamento e
privado de liberdade e à segurança nas unidades prisionais. Finanças:
Parágrafo único – Para efeito deste decreto, considera- 1 – Diretoria de Planejamento e Orçamento;
-se Sistema Prisional o conjunto de unidades administrati- 2 – Diretoria de Contabilidade e Finanças;
vas e unidades prisionais integrantes da Seap. 3 – Diretoria de Contratos e Convênios;
b) Superintendência de Infraestrutura e Logística:
Art. 3º – Integra a área de competência da Seap, por 1 – Diretoria de Material e Patrimônio;
subordinação administrativa, o Conselho Penitenciário Es- 2 – Diretoria de Infraestrutura;
tadual. 3 – Diretoria de Transporte e Serviços Gerais;
4 – Diretoria de Compras;
CAPÍTULO II
5 – Diretoria de Apoio à Gestão Alimentar;
DA ESTRUTURA ORGÂNICA
c) Superintendência de Tecnologia, Informação, Comu-
Art. 4º – A Seap tem a seguinte estrutura orgânica: nicação e Modernização do Sistema Prisional:
I – Gabinete; 1 – Diretoria de Suporte e Infraestrutura;
II – Unidade Setorial de Controle Interno: 2 – Diretoria de Sistemas de Informação;
a) Núcleo de Correição Administrativa; d) Superintendência de Recursos Humanos:
III – Assessoria Jurídica; 1 – Diretoria de Pagamentos, Benefícios e Vantagens;
IV – Assessoria de Comunicação Social; 2 – Diretoria de Gestão de Pessoas;
V – Assessoria de Planejamento; 3 – Diretoria de Atenção ao Servidor;
VI – Unidade Setorial de Parceria Público-Privada e XII – Academia do Sistema Prisional:
Cogestão: a) Núcleo Pedagógico;
a) Núcleo Técnico de Fiscalização; b) Núcleo Operacional.
b) Núcleo de Gestão Contratual;
c) Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento; CAPÍTULO III
VII – Assessoria Militar; DO GABINETE
VIII – Assessoria de Informação e Inteligência;
IX – Subsecretaria de Segurança Prisional: Art. 5º – O Gabinete tem como atribuições:
a) Coordenadoria de Informação e Inteligência; I – providenciar e coordenar as atividades de represen-
b) Diretorias Regionais de Administração Prisional: tação institucional de interesse da Seap;

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

II – encarregar-se do relacionamento da Seap com a IX – notificar o Secretário e o Controlador-Geral do Es-


Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais – ALMG tado, sob pena de responsabilidade solidária, sobre irregu-
–, em articulação com a Secretaria de Estado de Casa Civil laridade ou ilegalidade de que tomar conhecimento;
e de Relações Institucionais – Seccri – e com a Secretaria X – comunicar ao Secretário e ao Controlador-Geral do
de Estado de Governo – Segov –, com os demais órgãos e Estado a sonegação de informações ou a ocorrência de si-
entidades da administração pública estadual, municipal e tuação que limite ou impeça a execução das atividades sob
federal, com os demais Poderes do Estado, com o Ministé- sua responsabilidade;
rio Público e com a Defensoria Pública; XI – elaborar relatório sobre a avaliação das contas
III – coordenar e supervisionar o desenvolvimento das anuais de exercício financeiro do Secretário, além de rela-
atividades de comunicação social da Seap; tório e certificado conclusivos das apurações realizadas em
autos de tomada de contas especial, observadas as exigên-
IV – providenciar o atendimento de consultas e o en-
cias do TCEMG.
caminhamento dos assuntos pertinentes às diversas unida-
des da Seap; Seção I
V – coordenar e executar atividades de atendimento ao Do Núcleo de Correição Administrativa
público e às autoridades;
VI – providenciar o suporte imediato na organização Art. 7º – O Núcleo de Correição Administrativa tem
das atividades administrativas e na realização das ativida- como competência desenvolver as atividades de natureza
des de protocolo, redação, digitação, revisão final e arqui- correcional no âmbito da Seap.
vamento de documentos;
VII – promover permanente integração com a entidade CAPÍTULO V
vinculada à Seap, tendo em vista a observância das normas DA ASSESSORIA JURÍDICA
e diretrizes dela emanadas;
VIII – acompanhar o desenvolvimento das atividades Art. 8º – A Assessoria Jurídica é a unidade setorial de
das assessorias vinculadas ao Secretário. execução da Advocacia-Geral do Estado – AGE –, à qual
se subordina tecnicamente, competindo-lhe, na forma da
CAPÍTULO IV Lei Complementar nº 75, de 13 de janeiro de 2004, cum-
DA UNIDADE SETORIAL DE CONTROLE INTERNO prir e fazer cumprir, no âmbito da Seap, as orientações do
Advogado-Geral do Estado no tocante a:
I – prestação de assessoria e consultoria jurídicas ao
Art. 6º – A Unidade Setorial de Controle Interno, su-
Secretário;
bordinada tecnicamente à Controladoria-Geral do Estado
II – coordenação das atividades de natureza jurídica;
– CGE –, tem como competência promover, no âmbito da III – interpretação dos atos normativos a serem cum-
Seap, as atividades de auditoria, correição administrativa, pridos pela Seap;
transparência, prevenção e combate à corrupção, com atri- IV – elaboração de estudos e preparação de informa-
buições de: ções por solicitação do Secretário;
I – exercer em caráter permanente as funções estabe- V – assessoramento ao Secretário no controle da lega-
lecidas no caput, mediante diretrizes, parâmetros, normas lidade dos atos a serem praticados pela Seap;
e técnicas estabelecidos pela CGE; VI – exame prévio de:
II – elaborar e executar o planejamento anual de suas a) edital de licitação, convênio, contrato ou instrumen-
atividades, contemplando ações no âmbito da Seap e da tos congêneres a serem celebrados e publicados;
CGE; b) ato pelo qual se reconhece a inexigibilidade ou se
III – acompanhar a adoção de providências constantes decide pela dispensa ou retardamento de processo de li-
em documentos emitidos pela CGE, pelo Tribunal de Con- citação;
tas do Estado de Minas Gerais – TCEMG –, Ministério Públi- VII – fornecimento à AGE de subsídios e elementos que
co e, quando o caso assim exigir, pela Controladoria-Geral possibilitem a representação do Estado em juízo, inclusive
da União e pelo Tribunal de Contas da União; no processo de defesa dos atos do Secretário e de outras
autoridades da Seap;
IV – avaliar os controles internos e realizar auditorias
VIII – examinar e emitir parecer e nota jurídica sobre
sobre a gestão dos recursos públicos;
anteprojetos de lei, minutas de atos normativos em geral e
V – fornecer subsídios para o aperfeiçoamento de nor- de outros atos de interesse da Seap, sem prejuízo da análi-
mas e procedimentos que visem garantir a efetividade do se de constitucionalidade e legalidade pela AGE.
controle interno; Parágrafo único – É vedada a representação judicial e
VI – observar e fazer cumprir as diretrizes das políti- extrajudicial do Estado pela Assessoria Jurídica.
cas públicas de transparência e de prevenção e combate à
corrupção; CAPÍTULO VI
VII – recomendar ao Secretário a instauração de toma- DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
da de contas especial, sindicâncias e processos administra-
tivos disciplinares para apuração de responsabilidade; Art. 9º – A Assessoria de Comunicação Social – Ascom
VIII – coordenar a instrução de sindicâncias administra- – tem como competência promover as atividades de co-
tivas e processos administrativos disciplinares; municação social, compreendendo imprensa, publicidade,

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

propaganda, relações públicas e promoção de eventos da VII – apoiar a gestão e melhoria de processos, visando
Seap, em conformidade com as diretrizes estabelecidas a desburocratizar procedimentos e aprimorar o desempe-
pela Segov, com atribuições de: nho das políticas públicas na Seap;
I – planejar, coordenar e supervisionar programas e VIII – realizar o apoio, a orientação e a disseminação de
projetos relacionados com a comunicação interna e exter- conhecimentos técnicos e metodológicos relacionados às
na das ações da Seap; ferramentas de gestão utilizadas pelo governo;
II – assessorar os dirigentes e as unidades administrati- IX – auxiliar as áreas centrais de governo na execução
vas da Seap no relacionamento com a imprensa; dos processos atinentes à gestão estratégica e de informa-
III – planejar e coordenar as entrevistas coletivas e o ções da Seap.
atendimento a solicitações dos órgãos de imprensa, em ar-
ticulação com a Superintendência Central de Imprensa da CAPÍTULO VIII
Subsecretaria de Comunicação Social – Subsecom; DA UNIDADE SETORIAL DE PARCERIAS PÚBLICO-
IV – produzir textos a serem publicados em veículos de -PRIVADAS E COGESTÃO
comunicação da Seap da Subsecom;
V – acompanhar, selecionar e analisar assuntos de in- Art. 11 – A Unidade Setorial de Parcerias Público-Priva-
teresse da Seap publicados em jornais e revistas, visando a das e Cogestão tem como competência planejar, orientar,
subsidiar o desenvolvimento das atividades de comunica- controlar, gerir e executar as atividades relativas ao Progra-
ção social; ma de Parcerias Público Privadas da Seap, com atribuições
VI – propor, supervisionar e acompanhar as ações de de:
publicidade e propaganda, os eventos e as promoções I – desenvolver, em consonância com as diretrizes da
para divulgação das atividades institucionais, em articula- Secretaria de Estado de Fazenda – SEF –, conceitos, me-
ção com a Subsecom, bem como responsabilizar-se pelos todologias e projetos de parceria público-privadas – PPP;
materiais utilizados nos eventos; II – identificar, no âmbito da Seap, oportunidades de
VII – manter atualizados os sítios eletrônicos e a intra- desenvolvimento de novos projetos de PPP;
net sob a responsabilidade da Seap, no âmbito de ativida- III – propor e analisar Procedimentos de Manifestação
des de comunicação social; de Interesse – PMI;
VIII – gerenciar e assegurar a atualização das bases de IV – levantar informações técnicas e realizar estudos
informações institucionais necessárias ao desempenho das para dar embasamento ao desenvolvimento de PMIs e mo-
atividades de comunicação social; delagens;
IX – manter permanente contato e alinhamento de in- V – elaborar os termos de referências relativos aos es-
formações entre o fornecedor e a Subsecom durante a rea- tudos de modelagem a serem executados;
lização de eventos. VI – participar do desenvolvimento, da licitação, da
contratação e da execução de contratos de PPPs e de co-
CAPÍTULO VII gestão das unidades do sistema prisional no âmbito da
DA ASSESSORIA DE PLANEJAMENTO Seap;
VII – apoiar a SEF no desenvolvimento e modelagem
Art. 10 – A Assessoria de Planejamento – Asplan – tem de projetos de PPP;
como competência promover o gerenciamento estratégico VIII – gerir e fiscalizar a execução dos contratos de PPPs
setorial de forma alinhada à integração e à estratégia go- e cogestão em áreas que houver necessidade de provimen-
vernamental, em conformidade com as diretrizes técnicas to terceirizado e que interfiram direta ou indiretamente no
estabelecidas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Sistema Prisional;
Gestão – Seplag –, com atribuições de: IX – desenvolver, elaborar, contratar e gerir contratos
I – coordenar e apoiar o processo de planejamento das de terceiros para mensuração do desempenho dos parcei-
ações prioritárias junto aos seus respectivos responsáveis ros privados e outros que porventura estiverem determi-
na Seap; nados como obrigação contratual do Poder Concedente;
II – apoiar e acompanhar a execução das políticas pú- X – gerir processos e padronizar as metodologias de
blicas da Seap, promovendo a articulação, facilitação e gestão de contratos de PPPs e cogestão no âmbito da Seap;
coordenação de esforços para sua execução; XI – realizar, no âmbito da Seap, a gestão de conflitos e
III – assessorar os dirigentes da Seap na gestão estraté- de riscos dos contratos de PPPs e cogestão;
gica, favorecendo a tomada de decisão; XII – analisar pleitos de alterações contratuais e de ree-
IV – realizar a sistematização, consolidação e divulga- quilíbrio e econômico e financeiros dos contratos de PPP,
ção do planejamento e da situação de execução das ações contratos vinculados e cogestão, no âmbito da SEAP.
prioritárias dentro do sistema operacional a fim de promo-
ver o alinhamento organizacional; Seção I
V – prestar apoio e coordenar a execução das ativida- Do Núcleo Técnico de Fiscalização
des da Seap referentes às demandas originadas nos pro-
cessos de participação popular; Art. 12 – O Núcleo Técnico de Fiscalização tem como
VI – apoiar a identificação e o desenvolvimento de no- competência fiscalizar as obrigações contratuais de exe-
vos projetos que potencializem as políticas públicas sob cução operacional dos contratos de PPP e Cogestão, com
responsabilidade da Seap; atribuições de:

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

I – fiscalizar e acompanhar as etapas de obras de cons- IV – articular-se com os órgãos competentes para a
trução e manutenção da infraestrutura, em conformidade execução dos serviços de transporte aéreo e terrestre afe-
com os cronogramas e as obrigações contratuais de res- tos ao Secretário;
ponsabilidade dos parceiros privados; V – acompanhar a elaboração da agenda do Secretário;
II – fiscalizar as obrigações contratuais de responsabili- VI – prestar assessoramento à Ascom no planejamen-
dade do Poder concedente e dos parceiros privados; to, na coordenação e na realização dos eventos oficiais do
III – acompanhar e avaliar os planos e metas contra- Secretário;
tuais definidos pelos parceiros privados em articulação VII – assessorar os Subsecretários quanto às medidas
com a demais Subsecretarias. preventivas de segurança pessoal nos casos em que houver
risco à integridade física diretamente relacionado com o
Seção II exercício de suas funções na Seap.
Do Núcleo de Gestão Contratual Parágrafo único – A Assessoria Militar será integrada
por um Oficial Superior da PMMG e uma equipe de mili-
Art. 13 – O Núcleo de Gestão Contratual tem como tares cedidos pelas respectivas instituições, mediante con-
competência coordenar a operação administrativo-finan- vênio.
ceira dos contratos de PPP, respectivos contratos vincula-
dos e de cogestão no âmbito da Seap, com atribuições de: CAPÍTULO X
I – gerenciar os contratos vinculados ao contrato de DA ASSESSORIA DE INFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA
PPP, incluindo os de verificador independente e de agente
garantidor; Art. 16 – A Assessoria de Informação e Inteligência tem
II – processar as informações para realização do pa- como competência realizar a atividade de inteligência pri-
gamento da contraprestação pecuniária e demais parcelas sional, obter subsídios informativos, produzir e salvaguar-
remuneratórias previstas nos contratos; dar informações e conhecimentos acerca do Sistema Pri-
III – gerenciar e fiscalizar a atuação do verificador in- sional, com atribuições de:
dependente, bem como executar os procedimentos para I – coordenar, controlar e supervisionar as atividades
do Sistema de Inteligência Prisional;
realização do pagamento dos contratos de verificador in-
II – promover a integração e viabilizar a interoperabili-
dependente;
dade entre as agências do Sistema de Inteligência Prisional
IV – modelar, atuar na licitação e na contratação e ge-
e da comunidade de inteligência;
renciar os contratos de cogestão.
III – administrar os bancos de dados próprios e contro-
lar acessos de servidores da Seap a sistemas disponibiliza-
Seção III
dos por outros órgãos;
Do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento
IV – gerar estatísticas dos dados disponibilizados em
seus sistemas de informação;
Art. 14 – O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento tem V – participar das comunidades de inteligência munici-
como competência realizar estudos e pesquisas relaciona- pal, estadual e nacional, interagindo com entidades públi-
dos ao desenvolvimento de novas soluções de infraestru- cas ou privadas;
tura governamental e de assuntos vinculados à administra- VI – exercer a atividade de inteligência, contra inteli-
ção prisional, com atribuições de: gência e operações de inteligência no âmbito da Seap;
I – levantar informações para proposição de novos pro- VII – intercambiar informações e conhecimentos com
jetos; as agências de inteligência dos órgãos afetos às temáticas
II – elaborar editais, termos de referência, termos adi- de segurança pública e com a comunidade de inteligência;
tivos e demais documentos licitatórios específicos para VIII – encaminhar informações e conhecimentos rece-
PPPs, contratos vinculados e de cogestão; bidos ou produzidos aos órgãos responsáveis pelas provi-
III – analisar pleitos, solicitações de mudanças e análise dências decorrentes destes;
preliminar de contratos de PPPs e de cogestão. IX – implementar doutrina de inteligência e regula-
mentar a atividade de inteligência prisional;
CAPÍTULO IX X – incumbir-se da seleção, do treinamento, da adap-
DA ASSESSORIA MILITAR tação, do estágio, da qualificação, da requalificação e do
aperfeiçoamento dos profissionais integrantes do Sistema
Art. 15 – A Assessoria Militar da Seap tem como com- de Inteligência Prisional;
petência planejar, organizar, coordenar e gerir as diretrizes XI – propor a política de inteligência prisional;
e medidas a serem implementadas na área de segurança XII – exercer a orientação técnica e a gestão de opera-
institucional, com atribuições de: ções da Coordenadoria de Informação e Inteligência;
I – promover a segurança pessoal do Secretário dentro XIII – orientar, acompanhar, oferecer suporte técnico-
das dependências da Seap ou fora dela; -operacional e avaliar o desempenho da atividade de inte-
II – encarregar-se dos serviços de ajudância de ordens ligência prisional;
para atendimento ao Secretário; XIV – desenvolver protocolos para o compartilhamento
III – manter o Secretário informado sobre assuntos re- de informações e conhecimentos, bem como induzir e fo-
levantes de segurança pública; mentar a atividade de inteligência prisional;

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

XV – propor a atualização das redes, sistemas e soft- Seção II


wares de comunicação, de armazenagem de dados e de Das Diretorias Regionais de Administração Prisio-
análise do Sistema de Inteligência Prisional. nal
Parágrafo único – Para efeitos deste decreto, entende-
-se por Sistema de Inteligência Prisional o conjunto de uni- Art. 19 – As Diretorias Regionais de Administração Pri-
dades da Seap responsáveis pelas atividades de inteligên- sional têm como competência a gestão prisional e a imple-
cia prisional. mentação das políticas e diretrizes do nível estratégico da
Seap nos respectivos espaços territoriais de sua responsa-
CAPÍTULO XI bilidade, com atribuições de:
DA SUBSECRETARIA DE SEGURANÇA PRISIONAL I – implementar as diretrizes de gestão prisional nas
respectivas regiões, contemplando os pressupostos da po-
Art. 17 – A Subsecretaria de Segurança Prisional tem lítica de administração prisional do Estado;
como competência planejar, organizar, coordenar e gerir II – elaborar o planejamento regional para emprego
a política de segurança e gestão de vagas nas unidades operacional, a ser atualizado anualmente, remetendo-o à
Seap para apreciação e homologação;
prisionais e estabelecer normas, diretrizes e mecanismos
III – estabelecer as diretrizes e coordenar a elaboração
de controle das atividades inerentes à segurança prisional,
e execução do plano operacional das unidades prisionais;
com atribuições de:
IV – coordenar e controlar as atividades das unidades
I – proporcionar as condições de segurança para a apli-
prisionais;
cação da legislação e das diretrizes vigentes referentes à V – fazer implementar os procedimentos operacionais,
administração da execução penal e ao atendimento do in- de forma a obter ações padronizadas e otimizadas;
divíduo privado de liberdade; VI – articular, coordenar e controlar os recursos de pes-
II – estabelecer, em conjunto com a Subsecretaria de soal e logística das unidades prisionais, em obediência às
Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, as diretrizes diretrizes da Subsecretaria de Gestão Administrativa, Logís-
para a construção de unidades prisionais para atendimento tica e Tecnologia;
à demanda de vagas, bem como para a manutenção da VII – propor, observados os critérios estabelecidos pela
estrutura física das unidades prisionais existentes; Subsecretaria de Segurança Prisional, a movimentação de
III – gerenciar, em conjunto com a Subsecretaria de indivíduo privado de liberdade entre as unidades prisionais
Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, as atividades de sua região;
de movimentação dos agentes de segurança penitenciária VIII – propor a implementação e a disseminação de no-
das unidades prisionais; vos métodos de custódias alternativas, no âmbito de suas
IV – estabelecer, em conjunto com a Academia do Sis- regiões, à Superintendência de Gestão de Vagas e Custó-
tema Prisional e a Subsecretaria de Gestão Administrativa, dias Alternativas;
Logística e Tecnologia, o perfil de pessoal para lotação nas IX – propor e fazer implementar atividades que visem
unidades prisionais, bem como as diretrizes para seleção, à humanização da pena e à ressocialização do indivíduo
formação e capacitação de pessoal; privado de liberdade.
V – definir critérios para a movimentação de indivíduos Parágrafo único – Integram à estrutura da Seap dez
privados de liberdade entre unidades prisionais; Diretorias Regionais de Administração Prisional a serem
VI – proceder à matrícula ou a transferência do indiví- distribuídas territorialmente e regulamentas nos termos de
duo privado de liberdade nas unidades prisionais; resolução.
VII – promover a articulação institucional entre órgãos
e instituições relativa à gestão de vagas, movimentação de Subseção I
indivíduos privados de liberdade e à expansão de métodos Das Unidades Prisionais
alternativos de custódia;
Art. 20 – As unidades prisionais têm como competên-
VIII – autorizar, mediante parecer da Subsecretaria de
cia:
Humanização do Atendimento, matrícula e transferência
I – executar as atividades de segurança, inteligência e
de indivíduo privado de liberdade ou paciente em unidade
atendimento ao indivíduo privado de liberdade e de inteli-
médico-penal. gência, conforme diretrizes e orientações das assessorias e
subsecretarias da Seap;
Seção I II – executar atividades de natureza administrativa,
Da Coordenadoria de Informação e Inteligência conforme diretrizes e orientações da Seap;
III – zelar, em conjunto com as assessorias e subsecre-
Art. 18 – A Coordenadoria de Informação e Inteligência tarias da Seap, pela aplicação da legislação vigente quanto
tem como competência executar e coordenar as atividades à execução penal;
de inteligência prisional no âmbito das unidades prisionais IV – prestar informações sobre a administração da uni-
conforme diretrizes da Assessoria de Informação e Inteli- dade e quanto aos indivíduos privados de liberdade nela
gência da Seap. custodiados, quando demandado e conforme orientação
da Subsecretaria de Segurança Prisional;

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

V – garantir a alimentação de dados em sistemas in- V – unidades prisionais de perícia e atendimento mé-
formatizados, conforme seja requerido. dico:
Parágrafo único – As unidades prisionais classificam- a) Diretoria-Geral;
-se como: b) Assessoria de Inteligência;
I – pequeno porte I: unidades prisionais existentes, ou c) Diretoria Administrativa;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para até ses- d) Diretoria de Segurança;
senta indivíduos privados de liberdade; e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de
II – pequeno porte II: unidades prisionais existentes, ou Liberdade;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para receber § 1º – As Unidades Prisionais de todos os portes terão
entre sessenta e um e cento e noventa e nove indivíduos em sua organização, além da estrutura definida nos incisos
privados de liberdade; I a V do caput, as seguintes unidades:
III – médio porte I: unidades prisionais existentes, ou I – Conselho Disciplinar;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para receber II – Comissão Técnica de Classificação.
§ 2º – O porte e a denominação das unidades prisionais
entre duzentos e quatrocentos e noventa e nove indivíduos
são os estabelecidos no Anexo.
privados de liberdade;
Art. 22 – As atribuições a serem executadas no âmbito
IV – médio porte II: unidades prisionais existentes ou
das unidades prisionais, sempre em observância a diretri-
que vierem a ser criadas, com capacidade para receber en- zes, normas e orientações expedidas pela Seap, serão dis-
tre quinhentos e setecentos e noventa e nove indivíduos tribuídas da seguinte forma:
privados de liberdade; I – são atribuições da Diretoria-Geral:
V – centro de remanejamento provisório do Sistema a) garantir a execução, coordenação e integração das
Prisional: unidades prisionais existentes ou que vierem a atividades de inteligência, gestão de vagas, avaliação dis-
ser criadas, com a finalidade de realizar remanejamento ciplinar, classificação dos indivíduos privados de liberdade,
provisório; administração da unidade, segurança e atendimento ao in-
VI – grande porte e segurança máxima: unidades pri- divíduo privado de liberdade;
sionais existentes, ou as que vierem a ser criadas, com ca- b) coordenar as atividades a serem executadas pelos
pacidade para receber a partir de oitocentos indivíduos servidores lotados na unidade;
privados de liberdade, bem como as que tiverem por ca- c) promover a estabilidade, segurança e disciplina no
racterística padrões de segurança máxima; âmbito da unidade;
VII – perícia e atendimento médico: unidades prisionais d) articular, com autoridades locais, medidas para ga-
existentes, ou as que vierem a ser criadas, com a finalidade rantir o andamento e a melhoria da administração da uni-
de realizar perícia e atendimento médico. dade;
Art. 21 – As unidades prisionais organizam-se da se- e) organizar o Conselho Disciplinar e a Comissão Téc-
guinte forma: nica de Classificação;
I – unidades prisionais de pequeno porte I e II: II – a Diretoria Adjunta tem as mesmas atribuições da
a) Diretoria-Geral; Diretoria-Geral, exercendo-as de forma subsidiária e com-
b) Diretoria Adjunta; plementar;
II – unidades prisionais de médio porte I e II e unidades III – são atribuições da Assessoria de Inteligência ob-
prisionais de perícia e atendimento médico: ter de informações de inteligência e divulgá-las para a
a) Diretoria-Geral; Diretoria Geral e para a Coordenadoria de Informação e
Inteligência, sob a orientação desta, no intuito de anteci-
b) Assessoria de Inteligência;
par ocorrências prejudiciais à manutenção do trabalho da
c) Diretoria Administrativa;
unidade prisional;
d) Diretoria de Segurança;
IV – são atribuições da Diretoria Administrativa exe-
e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de cutar, acompanhar e avaliar as atividades administrativas,
Liberdade; financeiras e de pessoal, no âmbito da unidade, em con-
III – unidades prisionais de grande porte e segurança sonância com as diretrizes da Subsecretaria de Gestão Ad-
máxima: ministrativa, Logística e Tecnologia, bem como zelar pela
a) Diretoria-Geral; conservação da estrutura física da unidade e pelo controle
b) Diretoria Adjunta; de patrimônio;
c) Assessoria de Inteligência; V – são atribuições da Diretoria de Segurança executar
d) Diretoria Administrativa; e coordenar as atividades de segurança interna e externa
e) Diretoria de Segurança; da unidade prisional, garantindo a disciplina, conforme
f) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo privado de orientações da Superintendência de Segurança;
liberdade; VI – são atribuições da Diretoria de Atendimento ao
IV – Centro de Remanejamento do Sistema Prisional: Indivíduo Privado de Liberdade executar e coordenar as
a) Diretoria-Geral; atividades de atendimento jurídico, educacional, profissio-
b) Assessoria de Inteligência; nalizante, psicossocial e de saúde aos indivíduos privados
c) Diretoria Administrativa; de liberdade, bem como organizar as atividades laborativas
d) Diretoria de Segurança; destinadas à ocupação destes e promover a organização
e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de da Comissão Técnica de Classificação, conforme orienta-
Liberdade; ções da Subsecretaria de Humanização do Atendimento;

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

VII – é atribuição do Conselho Disciplinar julgar as fal- V – realizar inspeção nas unidades prisionais nas áreas
tas disciplinares eventualmente cometidas pelos indivíduos de sua competência;
privados de liberdade custodiados pela unidade, indican- VI – promover a execução da política operacional de
do, para cada caso, a sanção a ser aplicada; segurança interna nos estabelecimentos prisionais do Es-
VIII – é atribuição da Comissão Técnica de Classificação tado.
elaborar o Programa Individualizado de Ressocialização –
PIR – para cada indivíduo privado de liberdade, indicando Subseção II
seu perfil e aptidões, além do tratamento mais adequado. Da Diretoria de Segurança Externa

Seção III Art. 25 – A Diretoria de Segurança Externa tem como


Da Superintendência de Segurança competência promover e monitorar a execução da política
operacional de segurança externa das unidades prisionais,
Art. 23 – A Superintendência de Segurança tem como com atribuições de:
competência propor diretrizes e normas, coordenar e con- I – monitorar os dados de eventos ocorridos nas ativi-
trolar as atividades de prevenção e vigilância interna e ex- dades externas às unidades prisionais;
terna das unidades prisionais e a escolta dos indivíduos II – gerenciar e executar as atividades de escolta, moni-
privados de liberdade, com atribuições de: toramento veicular, rádio, comunicação e custódia forense;
I – promover a manutenção da ordem nas unidades III – realizar inspeção nas unidades prisionais nas áreas
prisionais gerenciadas pela Subsecretaria de Segurança Pri- de sua competência;
sional; IV – planejar e gerenciar os deslocamentos dos indi-
II – desenvolver ações de prevenção de desvios de con- víduos privados de liberdade provisórios e sentenciados;
dutas e apoio operacional aos servidores; V – coordenar as atividades relacionadas à elaboração
III – elaborar planejamentos operacionais em ativida- do planejamento operacional das atividades de segurança
des pertinentes à segurança nas unidades prisionais; externa;
IV – coordenar o processo de definição de quantitativo VI – fiscalizar o cumprimento das disposições legais,
e distribuição de agentes de segurança penitenciário para dos regulamentos e das instruções da Diretoria de Segu-
rança Externa;
a realização das atividades de segurança externa e interna;
VII – orientar e coordenar a atuação das Centrais de
V – articular-se com os demais órgãos e entidades do
Escolta;
Poder Executivo afetos à segurança pública para a prática
VIII – realizar as escoltas para as atividades de atendi-
de ações emergenciais, em casos de crise ou eventos que
mento e ressocialização do indivíduo privado de liberdade.
ameacem a ordem no Sistema Prisional;
VI – propor tecnologias e logísticas mais adequadas
Subseção III
para a melhoria da área de segurança do Sistema Prisional; Da Diretoria de Prevenção e Apoio Operacional
VII – gerenciar a logística de movimentação das equi-
pes de segurança prisional; Art. 26 – A Diretoria de Prevenção e Apoio Operacional
VIII – manter articulação com os demais órgãos e enti- tem como competência buscar a melhoria da qualidade do
dades do Poder Executivo afetos à segurança pública, ten- serviço prestado no âmbito da Seap, prevenir a ocorrência
do em vista o intercâmbio de informações e a realização de de fatos que interfiram negativamente na rotina das unida-
ações integradas na área de segurança prisional; des prisionais e evitar desvios de conduta, observadas as
IX – coordenar a execução das intervenções de segu- diretrizes para as atividades correcionais, com atribuições
rança nas unidades prisionais; de:
X – realizar análise preliminar de viabilidade de instala- I – gerenciar o cumprimento dos dispositivos de con-
ção ou desativação de unidades prisionais. trole nas unidades prisionais, operacionais, administrativas
e em atividades externas previstos no Regulamento de
Subseção I Normas e Procedimentos Prisionais;
Da Diretoria de Segurança Interna II – coordenar as equipes de Prevenção e Apoio Ope-
racional;
Art. 24 – A Diretoria de Segurança Interna tem como III – promover capacitação profissional com o objetivo
competência orientar, fiscalizar e definir os procedimentos de prevenir desvios de conduta e garantir a excelência na
de segurança interna das unidades prisionais, com atribui- qualidade dos serviços prestados;
ções de: IV – acompanhar e dar suporte in loco nos casos de
I – monitorar os dados de eventos ocorridos nas unida- ocorrências que envolvam profissionais do Sistema Prisio-
des prisionais junto à Superintendência; nal.
II – coordenar as atividades dos canis das unidades pri-
sionais e do canil central; Subseção IV
III – estabelecer procedimentos e fiscalizar as ativida- Do Comando de Operações Especiais
des de intervenção e atuação dos Grupos de Intervenção
Rápida – GIR; Art. 27 – O Comando de Operações Especiais – Cope –
IV – coordenar e executar as atividades de videomoni- tem como competência atuar em eventos de alta complexi-
toramento das unidades prisionais; dade, realizar as atividades de escolta de indivíduo privado

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

de liberdade de alta periculosidade e realizar intervenções Parágrafo único – A Unidade Gestora de Monitoração
táticas em unidades prisionais, orientado pelas diretrizes Eletrônica se equipara a uma unidade prisional no que se
da Superintendência de Segurança, com atribuições de: refere à sua organização.
I – realizar intervenção tática nos casos de crise ou
eventos que ameacem a ordem ou se instalem no Sistema Subseção II
Prisional; Do Núcleo de Alvarás
II – realizar operações locais, intermunicipais e inte-
restaduais de escolta de indivíduo privado de liberdade, Art. 30 – O Núcleo de Alvarás tem como competência
quando a periculosidade do indivíduo privado de liberdade formalizar alvarás de soltura eletrônicos e prestar o supor-
justificar tal medida; te às unidades prisionais em relação ao cumprimento e à
III – participar de inspeções no âmbito do Sistema Pri- formalização de alvarás e benefícios judiciais e à verificação
sional, quando determinado; de autenticidade de alvarás físicos de soltura.
IV – realizar a segurança de servidores do Sistema Pri-
sional e de instalações, quando requerido; Subseção III
V – capacitar, em conjunto com a Academia do Sistema Da Diretoria de Gestão de Vagas
Prisional, os grupos especiais do Sistema Prisional.
Art. 31 – A Diretoria de Gestão de Vagas tem como
Seção IV competência gerenciar, no âmbito das unidades prisionais,
Da Superintendência de Gestão de Vagas e Custó- a movimentação dos indivíduos privados de liberdade,
dias Alternativas com atribuições de:
I – operacionalizar as movimentações de indivíduos
Art. 28 – A Superintendência de Gestão de Vagas e privados de liberdade em níveis interestaduais e interna-
Custódias Alternativas tem como competência coordenar cionais;
e controlar as atividades relativas ao registro inicial e à mo- II – realizar a abertura, manutenção, tramitação e arqui-
vimentação de indivíduos privados de liberdade entre as vamento de prontuários, físicos e digitais, que contenham
unidades prisionais, bem como administrar e promover as informações a respeito do indivíduo privado de liberdade e
políticas de custódia alternativa, com atribuições de: sua passagem pelo Sistema Prisional;
I – propor planos e projetos para a implantação de uma III – executar a admissão de indivíduo privado de liber-
política de atendimento à demanda de vagas para indiví- dade em trânsito nas unidades prisionais;
duo privado de liberdade em unidades prisionais; IV – articular com as Diretorias Regionais a movimenta-
II – propor parcerias entre entidades públicas e priva- ção de indivíduos privados de liberdade com o objetivo de
das para disseminar e fortalecer a metodologia da Associa- adequá-la à ocupação e à segurança;
ção de Proteção ao Condenado – Apac – e outras formas V – elaborar planos e projetos para a política de aten-
de custódia alternativa; dimento à demanda de vagas no Estado;
III – promover a ocupação eficiente das vagas disponí- VI – controlar a ocupação de vagas nas penitenciárias,
veis nas unidades prisionais; em PPPs e nas unidades médico-penais.
IV – propor critérios para a movimentação de indiví-
duo privado de liberdade entre unidades prisionais, con- Subseção IV
siderando as características pessoais do indivíduo privado Da Diretoria de Custódias Alternativas
de liberdade e da pena que lhe foi aplicada, bem como o
perfil de cada unidade prisional, consultando, quando ne- Art. 32 – A Diretoria de Custódias Alternativas tem
cessário, a Subsecretaria de Humanização do Atendimento; como competência administrar, fiscalizar e fomentar a im-
V – administrar e coordenar as Audiências de Custódia plantação de métodos alternativos de custódia, com atri-
e Centrais de Flagrantes no âmbito da Seap, bem como buições de:
fomentar sua expansão; I – disseminar as metodologias de custódias alterna-
VI – administrar as políticas de formalização de soltura tivas, em especial as da Apac, propondo a celebração de
e coordenar as pesquisas de concessão de benefícios ju- parcerias com entidades privadas para a custódia e o aten-
diciais; dimento ao indivíduo privado de liberdade;
VII – fiscalizar e gerenciar as atividades da Unidade II – propor e conduzir a celebração de parcerias com
Gestora de Monitoração Eletrônica. entidades públicas ou privadas para o compartilhamento
da administração de unidades prisionais que visem à cus-
Subseção I tódia alternativa;
Da Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica III – gerenciar, fiscalizar e avaliar parcerias firmadas, su-
gerindo a manutenção, ampliação ou redução do escopo
Art. 29 – A Unidade Gestora de Monitoração Ele- da parceria ou a extinção do instrumento;
trônica tem como competência controlar e a coordenar IV – intermediar e fiscalizar os recursos destinados à
as atividades de monitoração eletrônica dos indivíduos manutenção e à construção das unidades de custódias al-
privados de liberdade, a gerir o contrato de monitoração ternativas, bem como orientar sobre a adequada aplicação
eletrônica. desses recursos;

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

V – controlar a ocupação das vagas existentes nas par- III – estabelecer diretrizes e normas relativas ao tra-
cerias de custódia alternativas; balho, à educação, à articulação do atendimento jurídico,
VI – atuar, em conjunto com a Diretoria de Gestão de às Comissões Técnicas de Classificação, à saúde e ao aten-
Vagas, no que concerne à ocupação eficiente das vagas dimento psicossocial e assistência à família nas unidades
disponíveis nos estabelecimentos com métodos alternati- prisionais;
vos de custódia; IV – assegurar a aplicação da legislação e diretrizes vi-
VII – realizar o controle operacional interno e externo gentes referentes à administração da execução penal e ao
do sistema de monitoração eletrônica e o gerenciamento tratamento humanitário do indivíduo privado de liberdade;
técnico operacional; V – estabelecer, em conjunto com a Subsecretaria de
VIII – fomentar a ampliação da monitoração eletrônica Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, diretrizes
para atendimento a todo o Estado; para a adaptação, adequação ou construção de áreas re-
IX – coordenar programas e equipes multiprofissionais
servadas às atividades de atendimento e assistência ao in-
de acompanhamento e à pessoa monitorada;
divíduo privado de liberdade;
X – monitorar o cumprimento dos deveres legais e das
condições especificadas na decisão judicial que autorizar a VI – estabelecer, em conjunto com a Subsecretaria de
monitoração eletrônica. Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, o perfil de
pessoal técnico para lotação nas unidades da Seap, bem
Subseção V como as diretrizes para seleção, formação e capacitação,
Da Diretoria de Atendimento ao Flagranteado em consonância com sua área de atuação;
VII – articular a elaboração de parcerias com entidades
Art. 33 – A Diretoria de Atendimento ao Flagranteado públicas e privadas, visando à melhoria e humanização das
tem como competência prestar o atendimento à pessoa atividades de atendimento e assistência ao indivíduo priva-
presa em flagrante delito nas comarcas em que há audiên- do de liberdade.
cia de custódia, com atribuições de:
I – coordenar as centrais de recepção de flagrantes; Seção I
II – coordenar, na audiência de custódia, a apresenta- Da Superintendência de Trabalho e Ensino
ção e o atendimento da pessoa presa em flagrante delito;
III – promover o acompanhamento, por equipe multi- Art. 35 – A Superintendência de Trabalho e Ensino tem
disciplinar, do indivíduo em condição de liberdade provisó- como competência planejar, coordenar, controlar e avaliar
ria ou em cumprimento de medida cautelar; as atividades relativas às áreas de trabalho, educação regu-
IV – providenciar e acompanhar o cumprimento dos
lar e superior, ensino profissionalizante, atividades socio-
alvarás de soltura expedidos pelos juízes das audiências de
culturais e esportivas dos indivíduos privados de liberdade
custódia;
V – coletar e organizar dados relativos aos indivíduos nas unidades prisionais e hospitais de custódia da Seap,
presos em flagrante, em condição de liberdade provisória com atribuições de:
ou em cumprimento de medida cautelar para subsidiar os I – estabelecer procedimentos relativos ao trabalho, à
diversos órgãos atuantes nas centrais de recepção de fla- educação regular e superior, ao ensino profissionalizante, à
grantes; atividade sociocultural e esportiva dos indivíduos privados
VI – propor e gerenciar as parcerias da Seap com o de liberdade nas unidades prisionais da Seap e supervisio-
Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Públi- nar o seu cumprimento;
ca, a Polícia Civil e a PMMG, nas centrais de recepção de II – fomentar iniciativas voltadas à sustentabilidade no
flagrantes; âmbito do Sistema Prisional;
VII – desenvolver metodologias, em conjunto com a III – articular-se com as instâncias governamentais e
Subsecretaria de Humanização do Atendimento, que pro- não governamentais nas ações de melhoria dos trabalhos
movam a reinserção social do público atendido. produtivos desenvolvidos nas unidades prisionais da Seap;
IV – articular-se com os órgãos e entidades da admi-
CAPÍTULO XII nistração pública e com instituições privadas, visando ao
DA SUBSECRETARIA DE HUMANIZAÇÃO DO ATEN- estabelecimento de parcerias e à realização de cursos edu-
DIMENTO cacionais e profissionalizantes, socioculturais e esportivos,
destinados aos indivíduos privados de liberdade;
Art. 34 – A Subsecretaria de Humanização do Atendi-
V – acompanhar os procedimentos relativos ao paga-
mento tem como competência promover a humanização
do atendimento e a inclusão social dos indivíduos privados mento dos indivíduos privados de liberdade, bem como os
de liberdade, em consonância com as diretrizes da Seap e relativos ao recolhimento do pecúlio e do ressarcimento
da Lei de Execução Penal, com atribuições de: ao Estado;
I – responsabilizar-se pelas atividades de atendimento VI – monitorar os resultados das ações e parcerias fir-
e assistência ao indivíduo privado de liberdade, promoven- madas entre a Seap e a iniciativa privada, o poder público e
do a sua humanização; a sociedade civil, no que diz respeito ao trabalho, à forma-
II – participar do planejamento e da execução da polí- ção educacional, profissional, sociocultural e esportiva dos
tica prisional do Estado, visando à humanização do atendi- indivíduos privados de liberdade, além de propor indicado-
mento e prevenção da reincidência; res de eficiência.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Subseção I VI – analisar e acompanhar as parcerias firmadas entre


Da Diretoria de Trabalho e Produção a Seap e a iniciativa privada, o Poder Público e a sociedade
civil, no que diz respeito à formação educacional, profis-
Art. 36 – A Diretoria de Trabalho e Produção tem como sional, sociocultural e esportiva dos indivíduos privados de
competência orientar, fiscalizar e executar as atividades re- liberdade.
lativas ao trabalho e à produção dos indivíduos privados de
liberdade, com atribuição de: Seção II
I – estabelecer critérios de controle da produção arte- Da Superintendência de Atendimento ao Indivíduo
sanal, industrial e agropecuária das unidades prisionais da Privado de Liberdade
Seap, bem como da receita gerada;
II – mapear e controlar os maquinários, insumos e es- Art. 38 – A Superintendência de Atendimento ao
paços destinados às atividades de trabalho; Indivíduo Privado de Liberdade tem como competência
III – avaliar o desempenho do setor produtivo nas uni- planejar, coordenar, orientar, controlar e avaliar as ativida-
dades prisionais da Seap; des relativas às áreas de classificação e individualização da
IV – acompanhar o trabalho do indivíduo privado de execução penal, atendimento à saúde e psicossocial, arti-
liberdade designado para o serviço de conservação e ma- culação do atendimento jurídico e assistência religiosa e
nutenção da unidade prisional; assistência à família dos indivíduos privados de liberdade
V – auxiliar as unidades prisionais da Seap na abertura nas unidades prisionais e hospitais de custódia da Seap,
de postos de trabalho para os indivíduos privados de liber- com atribuições de:
dade, por meio da articulação com a iniciativa privada, o I – estabelecer procedimentos relativos à articulação
poder público e a sociedade civil; do atendimento jurídico, às Comissões Técnicas de Classi-
VI – analisar e acompanhar as atividades de trabalho ficação, à saúde e ao atendimento psicossocial e à assis-
implementadas e propor ações de capacitação e profissio- tência à família nas unidades prisionais da Seap e supervi-
nalização permeando as relações humanas e de trabalho; sionar o seu cumprimento;
VII – analisar e acompanhar as parcerias firmadas entre II – monitorar a elaboração e execução dos programas
a Seap e a iniciativa privada, o poder público e a sociedade individualizados de ressocialização dos indivíduos priva-
civil organizada, no que diz respeito ao trabalho dos indiví- dos de liberdade.
duos privados de liberdade;
VIII – fiscalizar e executar os procedimentos relativos Subseção I
ao pagamento dos indivíduos privados de liberdade, bem Da Diretoria de Atenção à Saúde e Atendimento
como os relativos ao recolhimento do pecúlio e do ressar- Psicossocial
cimento ao Estado.
Art. 39 – A Diretoria de Atenção à Saúde e Atendimen-
Subseção II to Psicossocial tem como competência orientar, fiscalizar
Da Diretoria de Ensino e Profissionalização e executar as atividades relativas à assistência e à saúde
psicossocial do indivíduo privado de liberdade, com atri-
Art. 37 – A Diretoria de Ensino e Profissionalização tem buições de:
como competência orientar, fiscalizar e executar as ativi- I – estabelecer procedimentos relativos à saúde e à as-
dades relativas à formação educacional regular e superior, sistência psicossocial dos indivíduos privados de liberda-
profissional, sociocultural e esportiva dos indivíduos priva- de, em unidades prisionais da Seap, e supervisionar o seu
dos de liberdade, com atribuições de: cumprimento;
I – fomentar a formação educacional, profissional, so- II – articular a obtenção de documentação para promo-
ciocultural e esportiva do indivíduo privado de liberdade, ção da cidadania do paciente privado de liberdade;
visando à sua reintegração à sociedade; III – promover políticas públicas de saúde com vistas à
II – promover a integração ao sistema estadual e muni- individualização do atendimento ao indivíduo privado de
cipal de ensino, com o apoio da União; liberdade, observada a interdisciplinaridade necessária ao
III – propor, executar e acompanhar métodos e técni- desenvolvimento humano;
cas regulares e alternativas de formação educacional, pro- IV – promover ações destinadas à garantia da saúde
fissional, sociocultural e esportiva, visando ao atendimento integral, preventiva e curativa, em âmbito ambulatorial e
individualizado capaz de identificar as potencialidades do hospitalar, bem como ao atendimento médico, odontoló-
indivíduo privado de liberdade; gico, psicológico, social e farmacêutico, buscando o cum-
IV – estabelecer critérios e técnicas de seleção e indica- primento das programações individualizadas para cada
ção dos indivíduos privados de liberdade para a participa- indivíduo privado de liberdade sugeridas nos exames clas-
ção em cursos profissionalizantes; sificatórios e criminológicos;
V – auxiliar as unidades prisionais da Seap no fomento V – coordenar e orientar a execução das atividades de
de atividades educacionais e profissionalizantes, sociocul- diagnóstico relativas à realização dos exames criminológi-
turais e esportivas para os indivíduos privados de liberda- cos e classificatórios;
de, por meio da articulação com a iniciativa privada, o Po- VI – promover a implantação e instalação dos centros
der Público, a sociedade civil e instituições de ensino; de observação e triagem do Sistema Prisional;

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

VII – articular-se com órgãos e entidades da adminis- IV – supervisionar a elaboração e a execução do PIR nas
tração pública e com instituições privadas, visando ao es- unidades prisionais;
tabelecimento de parcerias na manutenção e melhoria do V – promover o acompanhamento da aplicação das
atendimento psicossocial prestado ao indivíduo privado de medidas de segurança ao indivíduo privado de liberdade
liberdade; e, quando solicitado o exame criminológico, emitir laudo
VIII – articular-se com órgãos e entidades da admi- para fins de acompanhamento do caso, fornecendo à au-
nistração pública e com instituições privadas, visando ao toridade judicial subsídios para decisão nos incidentes de
estabelecimento de parcerias no tratamento e acompanha- insanidade mental;
mento da dependência química do indivíduo privado de VI – estabelecer procedimentos para a alimentação de
liberdade. dados referentes às Comissões Técnicas de Classificação,
no âmbito da Seap ou em sistemas de outros órgãos, con-
Subseção II forme a necessidade;
Da Diretoria de Articulação do Atendimento Jurí- VII – consolidar informações para subsidiar o processo
dico de individualização da pena e reinserção social do indiví-
duo privado de liberdade.
Art. 40 – A Diretoria de Articulação do Atendimento
Jurídico tem como competência orientar, fiscalizar e geren- Subseção IV
ciar a assistência jurídica prestada aos indivíduos privados Da Diretoria de Assistência à Família
de liberdade, com atribuições de:
I – estabelecer diretrizes relativas ao atendimento e Art. 42 – A Diretoria de Assistência à Família tem como
acompanhamento jurídico dos indivíduos privados de li- competência orientar, fiscalizar e executar a política de ex-
berdade nas unidades prisionais e nos hospitais de custó- pansão, modernização e humanização adotada pelos nú-
dia da Seap e supervisionar o seu cumprimento; cleos de atendimento às famílias dos indivíduos privados
II – garantir a auxilio jurídico aos indivíduos privados de liberdade, com atribuições de:
de liberdade, por meio do atendimento realizado por ser- I – realizar credenciamento e agendamentos para visita
vidores lotados nas unidades prisionais da Seap ou pela ar- social e íntima a indivíduos privados de liberdade;
ticulação com órgãos e entidades da administração pública II – prestar esclarecimentos para solicitação do auxílio-
ou instituições privadas e, especialmente, com a Defensoria -reclusão e fornecer os atestados carcerário e o atestado
Pública; para fins de remissão;
III – apresentar e desenvolver ações que propiciem os III – estabelecer, em parceria com órgãos e entidades
meios necessários para a realização e melhoria dos atendi- do Poder Executivo, diretrizes para a realização das ativida-
mentos jurídicos; des de atendimento e assistência às famílias dos indivíduos
IV – avaliar o desempenho do exercício da atividade de privados de liberdade;
assistência jurídica, com relatórios e visitas técnicas perió- IV – instituir e manter os núcleos da Seap de atendi-
dicas às unidades prisionais da Seap; mento às famílias dos indivíduos privados de liberdade;
V – revisar os procedimentos administrativos discipli- V – coordenar e supervisionar a execução das ativida-
nares dos indivíduos privados de liberdade provisórios ou des de atendimento e assistência desenvolvidas nas uni-
definitivos; dades prisionais e nos núcleos de atendimento às famílias;
VI – identificar e encaminhar o indivíduo privado de VI – propor processos de comunicação e parcerias en-
liberdade com indicativos de incidente de insanidade men- tre os Poderes do Estado, o Ministério Público e a Defen-
tal, ou já sentenciado com medida de segurança, à Supe- soria Pública;
rintendência de Atenção Integral ao Paciente Judiciário VII – propor a elaboração de parcerias com órgãos e
para adoção de serviços e ações de saúde que visem ao entidades da administração pública e com instituições pri-
acompanhamento integral e contínuo do seu tratamento. vadas, visando à expansão e melhoria das atividades de
atendimento e assistência às famílias dos indivíduos priva-
Subseção III dos de liberdade;
Da Diretoria de Classificação Técnica VIII – estabelecer formas de análise e estatísticas dos
dados disponibilizados, visando a medir a qualidade dos
Art. 41 – A Diretoria de Classificação Técnica tem como serviços prestados nos núcleos de atendimento às famílias
competência orientar, fiscalizar e executar a política de ex- dos indivíduos privados de liberdade;
pansão, modernização e humanização das unidades pri- IX – participar das revisões das normas inerentes aos
sionais, por meio das Comissões Técnicas de Classificação, procedimentos dos serviços prestados nos núcleos de
com atribuições de: atendimento às famílias dos indivíduos privados de liber-
I – instituir Comissão Técnica de Classificação em todas dade.
as unidades prisionais da Seap;
II – estabelecer procedimentos para a elaboração do
PIR;
III – coordenar as atividades das comissões técnicas de
classificação das unidades prisionais da Seap;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Seção III I – aplicar as diretrizes e normas relativas à assistência


Da Superintendência de Atenção Integral ao Pa- social do indivíduo privado de liberdade com indicativos
ciente Judiciário de incidente de insanidade mental ou já sentenciado com
medida de segurança;
Art. 43 – A Superintendência de Atenção Integral ao II – articular projetos e programas com órgãos e enti-
Paciente Judiciário tem como competência promover, pla- dades da administração pública e com instituições priva-
nejar, coordenar, controlar e avaliar as atividades relativas das, com o objetivo de contribuir para a política de atendi-
às áreas de acompanhamento social e terapêutico do in- mento nas áreas atinentes à diretoria;
divíduo privado de liberdade com indicativos de incidente III – garantir a atenção integral à saúde do paciente,
de insanidade mental, ou já sentenciado com medida de priorizando a utilização dos serviços públicos e comunitá-
segurança, por meio da articulação com as redes de saúde rios;
e socioassistenciais, com atribuições de: IV – fomentar e orientar a articulação da rede de aten-
I – garantir a aplicação da Lei Federal nº 10.216, de 6
dimento;
de abril de 2001;
V – articular, desenvolver e acompanhar programa de
II – autorizar matrícula, transferência de internações e
realização de exames em unidades médico-penais; atendimento do paciente, promovendo o seu contato per-
III – orientar as atividades periciais e de internação; manente com o meio social e familiar;
IV – normatizar o fluxo de internação, atendimento e VI – supervisionar, acompanhar e orientar as unidades
alta; prisionais da Seap nas atividades de acompanhamento do
V – estabelecer procedimentos relativos ao atendimen- indivíduo privado de liberdade com indicativos de inciden-
to social e terapêutico do indivíduo privado de liberdade te de insanidade mental.
com indicativos de incidente de insanidade mental, ou já
sentenciado com medida de segurança, nas unidades pri- Subseção II
sionais da Seap e supervisionar o seu cumprimento; Da Diretoria de Acompanhamento Terapêutico
VI – realizar atividade de sensibilização, com profissio-
nais e autoridades das áreas da saúde, justiça e assistência Art. 45 – A Diretoria de Acompanhamento Terapêutico
social, quanto à humanização do atendimento ao indiví- tem como competência orientar, fiscalizar e executar as ati-
duo privado de liberdade com indicativos de incidente de vidades relativas ao acompanhamento terapêutico do in-
insanidade mental ou já sentenciado com medida de se- divíduo privado de liberdade com indicativos de incidente
gurança; de insanidade mental ou já sentenciado com medida de
VII – desenvolver ações para garantia da proteção dos segurança, avaliando a execução das ações de forma inte-
direitos do indivíduo privado de liberdade com indicativos
gral, com atribuições de:
de incidente de insanidade mental ou já sentenciado com
I – aplicar as diretrizes e normas relativas à assistência
medida de segurança;
VIII – formular, executar e avaliar ações e projetos vi- do indivíduo privado de liberdade com indicativos de inci-
sando à intervenção para adequação do diagnóstico e dente de insanidade mental ou já sentenciado com medida
acompanhamento clínico individualizado; de segurança;
IX – desenvolver parcerias institucionais para o atendi- II – orientar, supervisionar e articular a realização de
mento e encaminhamento do paciente; atividades de assistência, garantindo acesso ao tratamento
X – encaminhar o indivíduo privado de liberdade com na rede pública de saúde;
indicativos de incidente de insanidade mental ou já sen- III – promover o acesso aos serviços de acompanha-
tenciado com medida de segurança, clinicamente estável, mento terapêutico, ofertando cuidado integral e assistên-
à Superintendência de Trabalho e Ensino para inclusão em cia multiprofissional, sob a lógica interdisciplinar.
atividades educacionais e profissionalizantes;
XI – responsabilizar-se pela alimentação de sistemas de CAPÍTULO XII
informação, no âmbito da Seap, com dados referentes a DA SUBSECRETARIA DE GESTÃO ADMINISTRATI-
sua área de atuação ou de sistemas de outros órgãos, caso VA, LOGÍSTICA E TECNOLOGIA
seja requerido;
XII – disponibilizar informações estatísticas e gerenciais Art. 46 – A Subsecretaria de Gestão Administrativa,
acerca das atividades da área de competência. Logística e Tecnologia tem como competência coordenar,
acompanhar e avaliar as atividades de logística, tecnologia,
Subseção I
gestão de recursos humanos e planejamento orçamentário
Da Diretoria de Acompanhamento Social
e financeiro da Seap, com atribuições de:
Art. 44 – A Diretoria de Acompanhamento Social tem I – coordenar as atividades relacionadas com a admi-
como competência orientar, fiscalizar e executar as ativi- nistração financeira, contábil e prestação de contas, bem
dades relativas ao acompanhamento social do indivíduo como o planejamento e orçamento institucionais;
privado de liberdade com indicativos de incidente de insa- II – coordenar, orientar, acompanhar e avaliar as ati-
nidade mental ou já sentenciado com medida de seguran- vidades relacionadas a pessoal, tecnologia, material e pa-
ça, avaliando a execução das ações de forma integral, com trimônio, telecomunicações, contratação de serviços conti-
atribuições de: nuados, transportes e serviços gerais.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

§ 1º – Cabe à Subsecretaria de Gestão Administrativa, VII – acompanhar e avaliar o desempenho global da


Logística e Tecnologia cumprir orientação normativa Secretaria, a fim de subsidiar as decisões relativas à gestão
emanada de unidade central a que esteja subordinada de receitas e despesas, visando à alocação eficiente dos re-
tecnicamente na Secretaria de Estado de Planejamento e cursos e ao cumprimento de objetivos e metas estabeleci-
Gestão – SEPLAG – e na Secretaria de Estado de Fazenda dos.
– SEF.
§ 2º – A Subsecretaria de Gestão Administrativa, Subseção II
Logística e Tecnologia atuará, no que couber, de forma Da Diretoria de Contabilidade e Finanças
integrada à Assessoria de Planejamento.
Art. 49 – A Diretoria de Contabilidade e Finanças tem
§ 3º – No exercício de suas atribuições, a Subsecretaria como competência zelar pelo equilíbrio contábil-financeiro
de Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia deverá no âmbito da Seap, com atribuições de:
observar as competências específicas da Subsecretaria de I – planejar, executar, orientar, controlar e avaliar as
Operação e Gestão de Projetos da Cidade Administrativa atividades relativas ao processo de realização da despesa
e receita pública e da execução financeira, observando as
Seção I normas que disciplinam a matéria, no que concerne à Seap;
Da Superintendência de Planejamento, Orçamento II – acompanhar, orientar e executar o registro dos atos
e Finanças e fatos contábeis, observada a legislação aplicável à matéria;
III – monitorar a regularidade fiscal, contábil, econô-
Art. 47 – A Superintendência de Planejamento, Orça- mico-financeira e administrativa dos cadastros vinculados
mento e Finanças – SPGF – tem como competência garantir à Seap, bem como disponibilizar informações aos órgãos
a eficácia e a eficiência do gerenciamento administrativo, competentes;
IV – acompanhar e avaliar o desempenho financeiro
em consonância com as diretrizes estratégicas da Seap,
global da Seap, a fim de subsidiar a tomada de decisões
com atribuições de:
estratégicas no tocante ao cumprimento das obrigações e
I – coordenar, em conjunto com a Asplan, a elaboração ao atendimento aos objetivos e metas estabelecidas;
do planejamento global da Seap; V – analisar e conferir a prestação de contas de diárias
II – coordenar a elaboração da proposta orçamentária de viagem, adiantamento de despesas miúdas, adianta-
da Seap e acompanhar sua efetivação e respectiva execu- mento para transporte terrestre e folha de pagamento de
ção financeira; sentenciados;
III – orientar e executar as atividades de administração VI – gerenciar o arquivo dos processos de execução de
financeira; despesa da Secretaria devidamente concluídos e zelar pela
IV – coordenar, acompanhar e controlar as atividades catalogação, organização e preservação desses documen-
relacionadas com a prestação de contas de recursos rece- tos.
bidos e repassados pela Secretaria;
V – coordenar, orientar e acompanhar a gestão dos Subseção III
Da Diretoria de Contratos e Convênios
contratos e convênios firmados pela Secretaria.
VI – zelar pela preservação da documentação e infor-
Art. 50 – A Diretoria de Contratos e Convênios tem
mação institucional; como competência orientar, controlar e executar ativida-
des relativas à celebração, gestão e prestação de contas de
Subseção I contratos, convênios, termos de parceria, acordos e instru-
Da Diretoria de Planejamento e Orçamento mentos congêneres, sob orientação da unidade central de
convênios da Segov, com atribuições de:
Art. 48 – A Diretoria de Planejamento e Orçamento tem I – conduzir os processos de celebração dos contratos,
como competência gerenciar as atividades de planejamen- convênios, termos de parceria, acordos e instrumentos con-
to e orçamento da Seap, com atribuições de: gêneres da Seap;
I – coordenar o processo de elaboração, revisão, moni- II – desenvolver ferramentas que auxiliem na gestão
toramento e avaliação do Plano Plurianual de Ação Gover- dos contratos, convênios, termos de parceria, acordos e ins-
namental – PPAG; trumentos congêneres da Seap;
II – coordenar a elaboração da proposta orçamentária; III – coordenar, acompanhar e controlar a execução dos
contratos, convênios, termos de parceria, acordos e instru-
III – elaborar a programação orçamentária da despesa;
mentos congêneres, em conjunto com o gestor de cada
IV – acompanhar e controlar a execução orçamentária instrumento;
da receita e da despesa; IV – acompanhar a execução financeira de contratos,
V – avaliar a necessidade de recursos adicionais e ela- convênios, termos de parceria, acordos e instrumentos con-
borar as solicitações de créditos suplementares a serem gêneres;
encaminhadas ao órgão central de planejamento e orça- V – analisar e emitir parecer financeiro em relação à
mento; prestação de contas de recursos repassados pela Seap em
VI – responsabilizar-se pela gestão orçamentária dos convênios de saída e termos de parceria, bem como orien-
fundos, relativos às atividades de administração prisional; tar as demais unidades da secretaria;

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

VI – instruir os municípios e as entidades quanto à I – prestar assistência técnica na área de planejamen-


documentação a ser apresentada e encaminhá-la para to e manutenção das edificações das unidades do Sistema
análise técnica acerca do cumprimento do objeto; Prisional;
VII – identificar os convenentes inadimplentes e ado- II – orientar tecnicamente as unidades da Seap na defi-
tar as providências necessárias, de acordo com as normas nição dos tipos de equipamentos;
de prestação de contas; III – proceder à vistoria técnica para recebimento pro-
VIII – atuar de forma conjunta com a Unidade Setorial visório ou definitivo de imóvel reformado ou melhorado;
de Controle Interno na proposição de melhorias nos pro- IV – avaliar, acompanhar e fiscalizar, direta ou indireta-
cessos de celebração e execução dos contratos, termos de mente, a execução física e financeira das obras ou serviços;
parceria, convênios, acordos e instrumentos congêneres. V – providenciar a documentação necessária à forma-
lização do processo licitatório para contratação de obras;
Seção II VI – elaborar layouts das edificações da rede física e
Da Superintendência de Infraestrutura e Logística elaborar memorial descritivo dos projetos;
VII – elaborar, coordenar e acompanhar projetos para a
Art. 51 – A Superintendência de Infraestrutura e Logís- construção, reforma, ampliação e melhoria das edificações;
tica tem como competência gerenciar as ações voltadas à VIII – definir diretrizes para elaboração dos projetos-
infraestrutura, sejam elas ligadas a projetos ou obras, frota, -padrão, bem como desenvolver estudos e efetuar os ajus-
serviços gerais, compras, material, patrimônio e serviços de tes necessários;
alimentação das unidades prisionais, com atribuições de: IX – analisar e emitir parecer técnico sobre os projetos
I – coordenar e orientar a execução direta ou indireta arquitetônicos e complementares das edificações a serem
dos projetos arquitetônicos e, eventualmente, dos projetos implantadas pelo órgão responsável por obras públicas,
complementares, bem como das obras de construção, re- com o objetivo de garantir as características construtivas e
forma, ampliação, manutenção e melhorias das edificações de segurança estabelecidas na Lei de Execução Penal;
da rede física do Sistema Prisional; X – analisar, propor alterações e aprovar os projetos
II – coordenar o planejamento e a execução das ativi- arquitetônicos das unidades prisionais a serem construídas
dades direcionadas à frota da Seap, com ações voltadas a em parceria, mediante convênio, com instituições públicas
conservação, guarda, abastecimento, custo e manutenção ou privadas.
corretiva e preventiva de veículos;
III – coordenar os procedimentos referentes à gestão Subseção III
de material e patrimônio. Da Diretoria de Transportes e Serviços Gerais

Subseção I Art. 54 – A Diretoria de Transportes e Serviços Gerais


Da Diretoria de Material e Patrimônio tem como competência orientar, controlar e executar as
atividades relativas à gestão das ações de transportes e
Art. 52 – A Diretoria de Material e Patrimônio tem serviços gerais, com atribuições de:
como competência orientar, controlar e executar os pro- I – planejar e promover as atividades de frota e trans-
cedimentos referentes à gestão de material e patrimônio, porte, com ações voltadas para aquisição, locação, conser-
com atribuições de: vação, guarda, abastecimento, custo e manutenção correti-
I – planejar a aquisição e executar as atividades de ad- va e preventiva de veículos;
ministração de materiais e equipamentos necessários ao II – promover e supervisionar as atividades de proto-
desenvolvimento das atividades da Seap; colo, limpeza, copa e manutenção de equipamentos e ins-
II – orientar, acompanhar, controlar e avaliar as ativida- talações.
des relacionadas a estoque de material de consumo, per-
manente e de segurança; Subseção IV
III – acompanhar e controlar as atividades relacionadas Da Diretoria de Compras
à entrega de materiais e prestação de serviços;
IV – orientar e acompanhar as atividades relacionadas Art. 55 – A Diretoria de Compras tem como compe-
à manutenção e utilização de material permanente e de tência padronizar, orientar, analisar, executar e controlar as
consumo; atividades relacionadas a contratações de bens, serviços e
V – controlar transferências, baixa, aquisição e qual- aquisição de materiais, bem como alienações, concessões,
quer outra alteração na carga patrimonial. permissões e locações, com atribuições de:
I – elaborar:
Subseção II a) editais dos procedimentos licitatórios e de chama-
Da Diretoria de Infraestrutura mento público,
b) minutas de contratos, acordos, termos de colabora-
Art. 53 – A Diretoria de Infraestrutura tem como com- ção, e demais instrumentos congêneres;
petência coordenar, controlar e executar, direta ou indire- II – providenciar o cumprimento de atividades necessá-
tamente, as atividades de reforma, construção, manuten- rias às licitações, conforme normas vigentes;
ção e melhoria das unidades da rede física da Seap, com III – coordenar as atividades dos pregoeiros e da Co-
atribuições de: missão Permanente de Licitação.

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Subseção V X – gerir os contratos de aquisição de produtos e ser-


Da Diretoria de Apoio à Gestão Alimentar viços de TIC, além de emitir parecer técnico prévio quanto
à utilização e aquisição de equipamentos, softwares, sis-
Art. 56 – A Diretoria de Apoio à Gestão Alimentar tem temas setoriais e corporativos e mobiliários na área de in-
como competência auxiliar os gestores e ordenadores nas formática, bem como sobre a adequação e reestruturação
atividades relacionadas à contratação e fiscalização de ser- da rede lógica e elétrica dos equipamentos respectivos, no
viço de alimentação das unidades prisionais, com atribui- âmbito das Políticas de Administração Prisional;
ções de: XI – instaurar a Governança de TIC na Seap;
I – auxiliar na instrução dos procedimentos de compra, XII – orientar, coordenar e realizar a implantação de
nas prorrogações contratuais e no acompanhamento da normas, sistemas e métodos de simplificação e racionali-
execução financeira referentes à gestão alimentar; zação de trabalho.
II – orientar os gestores quanto às demandas referen-
tes aos contratos de serviço de alimentação; Subseção I
III – padronizar a qualidade da alimentação, promover Da Diretoria de Suporte e Infraestrutura
a fiscalização periódica das instalações das unidades de
alimentação e nutrição e orientar os gestores quanto às Art. 58 – A Diretoria de Suporte e Infraestrutura tem
demandas referentes à alimentação e nutrição vinculadas como competência coordenar e executar as atividades re-
ao contrato. ferentes ao suporte e à infraestrutura de tecnologia das
unidades prisionais e administrativas da Seap, com atribui-
Seção III ções de:
Da Superintendência de Tecnologia, Informação, I – modernizar a infraestrutura de tecnologia da infor-
Comunicação e Modernização do Sistema Prisional mação;
II – auxiliar a Superintendência de Infraestrutura e Lo-
Art. 57 – A Superintendência de Tecnologia, Informa- gística na elaboração de projetos na rede física e acompa-
ção, Comunicação e Modernização do Sistema Prisional nhar os trabalhos de execução de infraestrutura de tecno-
tem como competência garantir o efetivo gerenciamento logia da informação e comunicação;
das Políticas de Tecnologia, Informação, Comunicação e de III – garantir a segurança das informações, observados
Modernização no âmbito da Seap, com atribuições de: os níveis de confidencialidade, integridade e disponibilida-
I – viabilizar o uso da informação, como instrumento de de;
gestão, bem como disponibilizá-la; IV – fornecer manutenção e suporte técnico remoto e
II – articular-se com órgãos governamentais e não go- presencial aos usuários;
vernamentais para a celebração de convênios e termos de V – realizar auditorias periódicas de segurança da in-
cooperação, com vistas à otimização das aquisições de ma- formação, no seu âmbito de atuação;
terial e tecnologia necessários ao funcionamento da Seap; VI – definir e acompanhar a infraestrutura de redes lo-
III – coordenar, em conjunto com os setores finalísticos, cais e de longa distância, garantindo sua operacionalidade
ações relativas à aquisição de materiais de informática e e disponibilidade;
tecnologia da informação; VII – coordenar a central de atendimento para manu-
IV – alinhar a tecnologia aos objetivos da Política de tenção de equipamentos, distribuição e instalação de soft-
Administração Prisional, com vistas ao desenvolvimento, wares nas unidades prisionais.
à integração e à manutenção de soluções, com eficiência,
efetividade, funcionalidade, usabilidade, disponibilidade, Subseção II
economicidade e segurança; Da Diretoria de Sistemas de Informação
V – coordenar projetos e atividades de desenvolvimen-
to, integração e manutenção de soluções tecnológicas, de Art. 59 – A Diretoria de Sistemas de Informação tem
acordo com o Plano Diretor de Tecnologia da Informação e como competência coordenar e executar as atividades re-
Comunicação da Seplag; ferentes à gestão dos sistemas de tecnologia implantados
VI – identificar e avaliar oportunidades de melhoria na na Seap, com atribuições de:
eficiência e eficácia dos modelos de provimento de solu- I – garantir a integração de bases de dados que permi-
ções tecnológicas, bem como integrar e aperfeiçoar os me- tam a análise sistêmica dos eventos que afetem à Política
canismos de gestão dessas soluções; de Administração Prisional;
VII – elaborar, coordenar e controlar as definições da II – coordenar as atividades de diagnóstico, prospecção
Política de Acesso aos Sistemas de Administração Prisio- e difusão de novas soluções relacionadas à TIC;
nal, bem como a sua implementação, execução e monito- III – propor, incentivar e viabilizar a implantação de so-
ramento; luções de governo eletrônico;
VIII – implementar a Política de Tecnologia da Informa- IV – viabilizar a integração e a compatibilidade de da-
ção e Comunicação – TIC – da Seap; dos e aplicações, visando a disponibilizar informações com
IX – assessorar o desenvolvimento do planejamento qualidade para subsidiar a tomada de decisões estratégi-
estratégico das ações de TIC; cas;

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

V – administrar os ambientes de internet e de intranet IV – coordenar as atividades relativas à apuração de


da Seap, oferecendo condições para a disponibilização de frequência e afastamentos dos:
informações dentro de padrões de qualidade, confiabilida- a) servidores e contratados, exceto os licenciados para
de, segurança e integridade; tratamento de saúde;
VI – desenvolver, implantar, manter e avaliar os siste- b) prestadores de serviço terceirizados e estagiários.
mas de informação, oferecendo subsídios para o seu con- V – supervisionar as atividades de orientação dos ser-
tínuo aprimoramento e compatibilização com as necessi- vidores, estagiários, prestadores de serviço terceirizados e
dades da Seap. contratados sobre seus direitos e deveres, bem como sobre
outras questões pertinentes à legislação e às políticas de
Seção IV pessoal;
Da Superintendência de Recursos Humanos VI – gerenciar e fiscalizar os postos de trabalho dispo-
nibilizados no contrato de terceirização de serviço.
Art. 60 – A Superintendência de Recursos Humanos
tem como competência formular e gerir a política de ges- Subseção II
tão de pessoas, visando ao desenvolvimento humano e or- Da Diretoria de Gestão de Pessoas
ganizacional da Seap, com atribuições de:
I – coordenar, acompanhar e analisar a eficácia das po- Art. 62 – A Diretoria de Gestão de Pessoas tem como
líticas internas de gestão de recursos humanos; competência coordenar e executar as atividades relativas
II – otimizar a gestão de pessoas e consolidar a sua ao quadro de pessoal, desenvolvimento e desempenho de
relação com o planejamento governamental e institucional; recursos humanos, com atribuições de:
III – Coordenar, acompanhar e analisar a eficácia das I – executar atividades de desenvolvimento de compe-
políticas internas de gestão de recursos humanos; tências e aperfeiçoamento de recursos humanos;
IV – atuar em parceria com as demais unidades da II – propor e implementar ações motivacionais para os
Seap, divulgando diretrizes das políticas de pessoal, tendo servidores da Seap;
em vista o desenvolvimento humano e organizacional; III – realizar a gestão dos concursos até a etapa de
nomeação;
V – coordenar e executar as atividades relativas à tra-
IV – diagnosticar as demandas de capacitação de
mitação de atos concernentes a cargos de provimento em
recursos humanos na Seap, providenciando junto à Aca-
comissão, funções de confiança e gratificações temporárias
demia do Sistema Prisional, quando necessário, cursos,
estratégicas;
treinamentos e implantação de novas rotinas;
VI – promover a gestão de documentos afetos a re-
V – coordenar as ações do processo de avaliação de
cursos humanos e arquivamento das pastas funcionais de
desempenho dos servidores efetivos e ocupantes de car-
todos os servidores e prestadores de serviços da Seap, ati-
gos de provimento em comissão da Seap;
vos e inativos; VI – identificar a necessidade de contratação de pes-
VII – planejar, orientar, controlar e executar as ativida- soal e a demanda de abertura de processo seletivo simpli-
des necessárias ao recrutamento e seleção de pessoal, em ficado e concurso público;
conjunto com as demais Subsecretarias da Seap, contrata- VII – coordenar e executar os atos referentes à lota-
do para composição do quadro de pessoal das unidades ção, movimentação e disposição de pessoal;
da Seap. VIII – planejar, gerir e promover a alocação estratégica
de recursos humanos.
Subseção I
Da Diretoria de Pagamentos, Benefícios e Vanta- Subseção III
gens Da Diretoria de Atenção ao Servidor

Art. 61 – A Diretoria de Pagamentos, Benefícios e Van- Art. 63 – A Diretoria de Atenção ao Servidor tem como
tagens tem como competência coordenar e executar as ati- competência acolher, atender e acompanhar os servido-
vidades relativas ao pagamento e à concessão de direitos e res da Seap, por meio de projetos voltados para a atenção
vantagens na Seap, com atribuições de: psicossocial, saúde ocupacional e gestão das licenças para
I – coordenar as atividades relativas ao processamento tratamento de saúde, com atribuições de:
de benefícios e da folha de pagamento dos servidores, dos I – acompanhar e orientar os gestores e servidores
contratados, e os aposentados, bem como dos prestadores detentores de cargo efetivo sobre as demandas de ajus-
de serviço e estagiários da Seap; tamento funcional, bem como operacionalizar e manter o
II – executar as atividades referentes a atos de admis- Sistema de Ajustamento Funcional atualizado;
são, concessão de direitos e vantagens, aposentadoria, II – acompanhar as demandas dos servidores ocupan-
desligamento e processamento da folha de pagamento e tes, exclusivamente, de cargo em comissão e dos contrata-
outros relacionados à administração de pessoal; dos inseridos no Programa de Reabilitação Profissional do
III – coordenar e executar os procedimentos necessá- Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;
rios à contratação de pessoal por tempo determinado para III – acolher, acompanhar e orientar os servidores e
atendimento de necessidade temporária de excepcional contratados da Seap acometidos por problemas psicosso-
interesse público, bem como a contratação de estagiários; ciais e de saúde;

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

IV – acolher, acompanhar e orientar os familiares de I – orientar, coordenar e controlar as atividades peda-


servidores e contratados falecidos da Seap; gógicas da Academia do Sistema Prisional;
V – realizar entrevista semiestruturada com familiares II – fiscalizar a execução dos programas e planos de
de servidores que cometeram autoextermínio para proce- ensino pelos professores e instrutores;
der à autopsia psicológica, com vistas à prevenção ao au- III – diagnosticar e acompanhar os rendimentos os ren-
toextermínio; dimentos de e aprendizagem;
VI – gerenciar, acompanhar e controlar o índice de ab- IV – promover a atualização e reciclagem do corpo do-
senteísmo decorrente de Licença para Tratamento de Saú- cente, quando necessário.
de;
VII – prestar orientação e emitir documentação para re- Seção II
querimento de benefício de Auxílio Doença junto ao INSS; Do Núcleo Operacional
VIII – acompanhar, controlar e orientar servidores e
contratados quanto às questões afetas a acidente de tra- Art. 66 – O Núcleo Operacional tem como competên-
balho; cia executar e fiscalizar as atividades administrativas e ope-
IX – gerenciar, em parceria com o Ministério da Saúde, racionais relativas à Academia do Sistema Prisional, com
ações de imunização dos servidores contratados lotados atribuições de:
nas unidades prisionais; I – emitir parecer nos assuntos técnicos de ensino;
X – preencher os perfis profissiográficos previdenciá- II – propor as normas de ação que assegurem o funcio-
rios solicitados pelos servidores e contratados da Seap; namento das atividades;
XI – acompanhar e orientar os servidores detentores de III – mobilizar recursos pessoais e materiais necessários
cargo efetivo, em estágio probatório, que ingressaram em à realização plena das atividades;
vagas reservadas para portadores de necessidade especial, IV – coordenar a elaboração dos quadros de trabalho e
que passarão por avaliação de acompanhamento de carac- de carga horária semanal das matérias;
terização de deficiência; V – elaborar, anualmente, os anexos ao Plano Geral de
Ensino.
XII – acolher, orientar, acompanhar e notificar os ser-
vidores e contratados da Seap no que tange às demandas
Art. 67 – Este decreto entra em vigor na data de sua
de assédio moral, conforme disposto na legislação vigente.
publicação.
CAPÍTULO XIII
(https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/comple-
DA ACADEMIA DO SISTEMA PRISIONAL ta/completa-nova-min.html?tipo=DEC&num=47087&com
p=&ano=2016&texto=original)
Art. 64 – A Academia do Sistema Prisional tem como
competência planejar, orientar, controlar e executar as ati-
vidades relativas à formação, à capacitação, ao treinamen- CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (DECRETO-
to, à pesquisa e ao desenvolvimento de pessoal do Sistema LEI N° 2.848/40 E SUAS ALTERAÇÕES
Prisional, com atribuições de: POSTERIORES: ART. 21 A 40).
I – gerenciar, coordenar, controlar e decidir sobre as-
suntos educacionais, administrativos, orçamentários e
financeiros da Academia do Sistema Prisional, em articu-
lação com a Subsecretaria de Gestão Administrativa, Logís- ART. 21 A 40
tica e Tecnologia;
II – elaborar, executar e coordenar a formação e capa- Legítima defesa 
citação do corpo funcional da Seap ; Art. 21 . Entende-se em legítima defesa quem, usan-
III – homologar os projetos de cursos, planos e currícu- do moderadamente dos meios necessários, repele injusta
los dos cursos e treinamentos; agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
IV – elaborar e supervisionar o cumprimento das dire-
trizes de educação profissional;  
V – realizar intercâmbio e estabelecer convênios com Excesso culposo 
outras organizações, em sua área de atuação; Parágrafo único . O agente que excede culposamente
VI – gerenciar e executar as ações necessárias à utiliza- os limites da legítima defesa, responde pelo fato, se este é
ção das vagas em cursos oferecidos à Seap; punível como crime culposo. 
VII – outorgar certificados de cursos e treinamentos
específicos de atividades voltadas para o Sistema Prisional. TÍTULO III
Da responsabilidade
Seção I Irresponsáveis
Do Núcleo Pedagógico
Art. 22 . É isento de pena o agente que, por doença
Art. 65 – O Núcleo Pedagógico tem como competência mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retar-
elaborar e implementar modelo metodológico e operacio- dado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramen-
nal dos planos de formação e desenvolvimento de recursos te incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de
humanos do sistema prisional, com atribuição de: determinar-se de acordo com esse entendimento.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Redução facultativa da pena  SEÇÃO I


DA RECLUSÃO E DA DETENÇÃO
Parágrafo único . A pena pode ser reduzida de um a Regras comuns às penas privativas de liberdade 
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação da saú-
de mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou  Art. 29 . A pena de reclusão e a de detenção devem ser
retardado, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a cumpridas em penitenciária, ou, à falta, em secção especial
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato de prisão comum. 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. § 1ºO sentenciado fica sujeito a trabalho, que deve ser
  remunerado, e a isolamento durante o repouso noturno. 
Menores de 18 anos  § 2ºAs mulheres cumprem pena em estabelecimento
Art. 23 . Os menores de dezoito anos são penalmente especial, ou, à falta, em secção adequada de penitenciária
irresponsáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na ou prisão comum, ficando sujeitas a trabalho interno. 
legislação especial. § 3° As penas de reclusão e de detenção impostas pela
justiça de um Estado podem ser cumpridas em estabeleci-
Emoção e paixão. Embriaguez  mento de outro Estado ou da União.

Art. 24 . Não excluem a responsabilidade penal:  Reclusão


I - a emoção ou a paixão;   Art. 30 . No período inicial do cumprimento da pena
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo alcool ou de reclusão, se o permitem as suas condições pessoais, fica
substância de efeitos análogos o recluso também sujeito a isolamento durante o dia, por
§ 1ºÉ isento de pena o agente que, por embriaguez tempo não superior a três meses. 
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de § 1ºO recluso passará, posteriormente, a trabalhar
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se em comum, dentro do estabelecimento, ou em obras ou
de acordo com esse entendimento.  serviços públicos, fora dele. 
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se § 2ºO recluso de bom procedimento pode ser
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou transferido para colônia penal ou estabelecimento similar: 
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, I - se já cumpriu metade da pena, quando esta não é
a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato superior a três anos; 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.  II - se já cumpriu um terço da pena, quando esta é su-
perior a três anos. 
TÍTULO IV § 3º A pena de reclusão não admite suspensão
Da co-autoria condicional, salvo quando o condenado é menor de vinte
Pena da co-autoria e um anos ou maior de setenta, e a condenação não é por
  Art. 25 . Quem, de qualquer modo, concorre para o tempo superior a dois anos.
crime incide nas penas a este cominadas.  
  Detenção
Circunstâncias incomunicáveis  Art. 31 . O condenado a pena de detenção fica sempre
separado dos condenados a pena de reclusão e não está
Art. 26 . Não se comunicam as circunstâncias de caráter sujeito ao período inicial de isolamento diurno. 
pessoal, salvo quando elementares do crime. Parágrafo único . O trabalho, desde que tenha carater
  educativo, pode ser escolhido pelo detento, na conformi-
Casos de impunibilidade  dade de suas aptidões ou de suas ocupações anteriores.
 
Art. 27 . O ajuste, a determinação ou instigação e o Regulamentos das prisões 
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são  Art. 32 . Os regulamentos das prisões devem estabele-
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado cer a natureza, as condições e a extensão dos favores gra-
(art. 76, parágrafo único).  dativos, bem como as restrições ou os castigos disciplina-
res, que mereça o condenado, mas, em hipótese alguma,
TÍTULO V podem autorizar medidas que exponham a perigo a saúde
Das penas ou ofendam a dignidade humana. 
CAPÍTULO I Parágrafo único . Salvo o disposto no art. 30, ou quan-
DAS PENAS PRINCIPAIS do o exija interesse relevante da disciplina, o isolamento
Penas principais não é permitido fora das horas de repouso noturno.
 
Art. 28 . As penas principais são:  Superveniência de doença mental 
Art. 33 . O sentenciado a que sobrevém doença mental
I - reclusão;  deve ser recolhido a manicômio judiciário ou, à falta, a ou-
II - detenção;  tro estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada
III - multa.  a custódia. 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

Tempo de prisão preventiva ou provisória ou de in- Insolvência absoluta 


ternação em hospital 
 Art. 34 . Computam-se na pena privativa de liberdade  Art. 39 . Não se executa a pena de multa se o condena-
o tempo de prisão preventiva ou provisória, no Brasil ou no do é absolutamente insolvente; procede-se, porem, à exe-
estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio. cução logo que sua situação econômica venha a permití-lo. 
Parágrafo único . Se, entretanto, o condenado é reinci-
SEÇÃO II dente, aplica-se o disposto no artigo anterior. 
DA MULTA
 Revogação da conversão 
Pena de multa    Art. 40 . A conversão fica sem efeito se, a qualquer
Art. 35 . A pena de multa consiste no pagamento, em tempo, o condenado paga a multa ou lhe assegura o paga-
selo penitenciário, da quantia fixada na sentença. mento mediante caução real ou fidejussória.
 
Pagamento da multa  QUESTÕES
  Art. 36 . A multa deve ser paga dentro de dez dias,
depois de transitar em julgado a sentença; todavia, a re-
1. (UECE-CEV/2017 - SEAS - CE - Assistente Social /
querimento do condenado, e conforme as circunstâncias, o
Pedagogo / Psicólogo) O disposto na Lei Federal nº 9.455
juiz pode prorrogar esse prazo até três meses. 
de 1997 (Lei da Tortura)
Parágrafo único . Excedendo a quinhentos mil réis a im-
portância da multa, o juiz pode permitir que o pagamento a) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido
se realize em quotas mensais, dentro no prazo de um ano, em território nacional, sendo a vítima estrangeira, ainda
prorrogável por seis meses, desde que metade da quantia que o agente não se encontre em local sob jurisdição bra-
tenha sido paga ou o condenado ofereça garantia de pa- sileira.
gamento. b) não se aplica quando o crime não tenha sido come-
tido em território nacional.
Insolvência do condenado  c) aplica-se quando o crime não tenha sido cometido
Art. 37 . Em caso de insolvência, a multa, imposta em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encon-
cumulativamente com pena privativa de liberdade, é co- trando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
brada mediante desconto de quarta parte da remuneração d) não se aplica quando o crime tenha sido cometido
do condenado (art. 29, § 1º). em território nacional, mas a vítima seja estrangeira.
  R: C. Prevê a Lei de Tortura (Lei no 9.455/97): “art. 2º.
Desconto em vencimento ou em salário  O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
§ 1ºSe o condenado cumpre a pena privativa de liber- tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima
dade ou obtem livramento condicional, sem haver resgata- brasileira ou encontrando-se o agente em local sob juris-
do a multa, faz-se a cobrança mediante desconto em seu dição brasileira”.
vencimento ou salário. 
§ 2º Aplica-se também o disposto no parágrafo anterior, 2. (CONSULPLAN/2017 - TRF - 2ª REGIÃO - Técnico
se concedida a suspensão condicional da pena privativa de Judiciário - Segurança e Transporte) Os crimes previstos
liberdade, ou imposta exclusivamente a pena de multa. na Lei de Tortura (Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997) NÃO
terão a sua pena aumentada de um sexto até um terço se
Limite do desconto  o crime for cometido
§ 3º O desconto não deve incidir sobre os recursos a) por agente público.
indispensaveis à manutenção do condenado e de sua b) mediante sequestro.
família (art. 39).
c) contra vítima de 55 anos.
 
d) contra portador de deficiência.
Conversão em detenção 
R: C. Preconiza o art. 1o em seu §4o: “Aumenta-se a
Art. 38 . A multa converte-se em detenção, quando o
pena de um sexto até um terço: I - se o crime é cometido
condenado reincidente deixa de pagá-la ou o condenado
solvente frustra a sua cobrança. por agente público; II - se o crime é cometido contra crian-
ça, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
Modo de conversão  de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante
Parágrafo único . A conversão da multa em detenção é sequestro”.
feita à razão de dez mil réis por dia, até o máximo de um
ano, não podendo, porem, ser ultrapassado o mínimo da 3. (FCC/2017 - DPE-RS - Técnico - Segurança) Um
pena privativa de liberdade, cumulativa ou alternativamen- agente público de natureza civil, no exercício de seu cargo,
te cominada ao crime. executou medida privativa da liberdade individual para um
  cidadão, sem as formalidades legais. De acordo com a Lei
n° 4.898/1965, esse agente público está sujeito à sanção
administrativa que

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário

a) consistirá em multa de valor fixado pela legislação


vigente; detenção por dez dias a seis meses; perda do car-
go e a inabilitação para o exercício de qualquer outra fun-
ção pública por prazo até três anos.
b) consistirá no pagamento de uma indenização com
valor pré-fixado pela legislação vigente, caso não seja pos-
sível fixar o valor do dano.
c) será aplicada de acordo com a gravidade do abuso
cometido, que poderá consistir em advertência; repreen-
são; suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 5
a 180 dias, com perda de vencimentos e vantagens; des-
tituição de função; demissão; demissão, a bem do serviço
público.
d) poderá ser cominada a pena autônoma ou acessó-
ria, de não poder o acusado exercer funções de natureza
policial ou militar no município em questão, por prazo de
um a cinco anos.
e) consistirá, dentre outros, em detenção de dez dias
a um ano, pagamento de uma indenização com valor pré-
-fixado pela legislação vigente e demissão, a bem do ser-
viço público.
R: C. O art. 6o, § 1º da Lei de Abuso de Autoridade pre-
vê: “A sanção administrativa será aplicada de acordo com
a gravidade do abuso cometido e consistirá em: a) adver-
tência; b) repreensão; c) suspensão do cargo, função ou
posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda
de vencimentos e vantagens; d) destituição de função; e)
demissão; f) demissão, a bem do serviço público”.

4. (FCC/2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Técnico Judiciário


- Segurança e Transporte) Genival, Delegado de Polícia
Civil do Estado X, prende em flagrante delito Marcos, pelo
crime de estupro. Ao encarcerá-lo junto a outros detentos
determina que Marcos passe a noite despido, devolvendo-
-lhe suas vestes somente na manhã seguinte. De acordo
com a Lei n° 4.898 de 1965, sem prejuízo de outras sanções
penais, Genival estará sujeito a sanções
a) penal e disciplinar, sendo vedada a sanção civil.
b) administrativa, somente, por não ter observado as
determinações em vigor para encarceramento de detento.
c) civil, eximindo-se as demais sanções com a efetiva
reparação dos danos morais provocados.
d) penal, somente, que absorverá as sanções das de-
mais esferas.
e) administrativa, penal e civil.
R: E. O ato consiste em abuso de autoridade, confor-
me o art. 4º, “b” da Lei de Abuso de Autoridade: “Constitui
também abuso de autoridade: [...] b) submeter pessoa sob
sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento
não autorizado em lei”. Quanto à cumulação de esferas,
prevê o art. 6º da lei: “O abuso de autoridade sujeitará o
seu autor à sanção administrativa civil e penal”.

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