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SEAP-MG
Agente de Segurança Penitenciário
Instrumento Convocatório - SEAP Nº. 01/2018
OT074-2018
DADOS DA OBRA
• Língua Naxional
• Direitos Humanos
• Código de Ética e Estatuto do Servidor Público do Estado de Minas Gerais
• Conhecimentos Específicos
Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza
Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Leandro Filho
Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO
CURSO ONLINE
PASSO 1
Acesse:
www.novaconcursos.com.br/passaporte
PASSO 2
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*Utilize sempre os 8 primeiros dígitos.
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SUMÁRIO
Língua Portuguesa
Direitos Humanos
1. Lei Estadual nº 869/1952 e suas alterações posteriores (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais)........................................................................................................................................................................................................................... 01
2. Decreto nº 46.644/2014 (Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente Público e da Alta Administração
Estadual)....................................................................................................................................................................................................................... 29
3. Decreto Estadual nº 46.060/2012 (regulamenta a Lei Estadual Complementar nº 116/2011, que dispõe sobre a prevenção
e a punição do assédio moral na Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual)..................................34
Conhecimentos Específicos
1. Lei Federal n.º 7.210/1984 (Institui a Lei de Execução Penal) e alterações posteriores........................................................... 01
2. Lei Federal n.º 9.455/1997 (Lei da Tortura) e alterações posteriores............................................................................................... 24
3. Lei Federal nº 4.898/1965 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................. 26
4. Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)................................................................................................................... 31
5. Lei Federal nº 12.850/2013 (Organização Criminosa)........................................................................................................................... 38
6. Lei Estadual n.º 11.404/1994 (Contém Normas de Execução Penal)............................................................................................... 42
7. Lei Estadual 21.068/2013 (Porte de arma do agente de segurança penitenciário)................................................................... 58
8. Decreto nº 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes).................................................................................................................................................................................................................................. 58
9. Decreto nº 98.386/1989 (Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura)........................................................... 64
10. Decreto 47.087/2016 (Secretaria de Estado de Administração Prisional)................................................................................... 66
11. Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n° 2.848/40 e suas alterações posteriores: art. 21 a 40).......................................... 83
LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
3
LÍNGUA PORTUGUESA
a) desde que bem cuidado; Entre um copo e outro de cerveja, fui ao dicionário.
b) contanto que bem cuidado; – “Cardisplicente” não existe, você inventou – triunfei.
c) à medida que é bem cuidado; – Mas seu eu inventei, como é que não existe? –
d) tanto que é bem cuidado; espantou-se o meu amigo.
e) ainda que bem cuidado. Semanas depois deixou em saudades fundas
Texto para as questões 6 e 7. companheiros, parentes e bem-amadas. Homens de bom
coração não deveriam ser cardisplicentes.”
“Eu considerei a glória de um pavão ostentando o
esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei 8. Conforme sugere o texto, “cardisplicente” é:
lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não a) um jogo fonético curioso, mas arbitrário;
existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há b) palavra técnica constante de dicionários
são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, especializados;
como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. c) um neologismo desprovido de indícios de
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir significação;
o máximo de matizes com um mínimo de elementos. d) uma criação de palavra pelo processo de composição;
e) termo erudito empregado para criar um efeito
De água e luz ele faz seu esplendor, seu grande mistério
cômico.
é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor,
oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e 9. “– Mas se eu inventei, como é que não existe?”
estremece e delira em mim existem apenas meus olhos Segundo se deduz da fala espantada do amigo do
recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me narrador, a língua, para ele, era um código aberto:
faz magnífico.” a) ao qual se incorporariam palavras fixadas no uso
(Rubem Braga, 200 Crônicas Escolhidas) popular;
b) a ser enriquecido pela criação de gírias;
6. Nas três “considerações” do texto, o cronista c) pronto para incorporar estrangeirismos;
preserva, como elemento comum, a idéia de que a d) que se amplia graças à tradução de termos científicos;
sensação de esplendor: e) a ser enriquecido com contribuições pessoais.
a) ocorre de maneira súbita, acidental e efêmera;
b) é uma reação mecânica dos nossos sentidos Texto para as questões 10 e 11.
estimulados;
c) decorre da predisposição de quem está apaixonado; “A triste verdade é que passei as férias no calçadão
d) projeta-se além dos limites físicos do que a motivou; do Leblon, nos intervalos do novo livro que venho
e) resulta da imaginação com que alguém vê a si penosamente perpetrando. Estou ficando cobra em
mesmo. calçadão, embora deva confessar que o meu momento
calçadônido mais alegre é quando, já no caminho de volta,
vislumbro o letreiro do hotel que marca a esquina da rua
7. Atente para as seguintes afirmações:
onde finalmente terminarei o programa-saúde do dia. Sou,
I - O esplendor do pavão e o da obra de arte implicam digamos, um caminhante resignado. Depois dos 50, a gente
algum grau de ilusão. fica igual a carro usado, é a suspensão, é a embreagem, é o
II - O ser que ama sente refletir em si mesmo um radiador, é o contraplano do rolabrequim, é o contrafarto do
atributo do ser amado. mesocárdio epidítico, a falta da serotorpina folimolecular, é
III - O aparente despojamento da obra de arte oculta o que mecânicos e médicos disseram. Aí, para conseguir
os recursos complexos de sua elaboração. ir segurando a barra, vou acatando os conselhos. Andar
De acordo com o que o texto permite deduzir, apenas: é bom para mim, digo sem muita convicção a meus
a) as afirmações I e III estão corretas; entediados botões, é bom para todos.”
b) as afirmações I e II estão corretas; (João Ubaldo Ribeiro, O Estado de S. Paulo, 6/8/95)
c) as afirmações II e III estão corretas;
d) a afirmação I está correta; 10. No período que se inicia em “Depois dos 50...”, o uso
e) a afirmação II está correta. de termos ( já existentes ou inventados) referentes a áreas
diversas tem como resultado:
a) um tom de melancolia, pela aproximação entre um
Texto para as questões 8 e 9.
carro usado e um homem doente;
b) um efeito de ironia, pelo uso paralelo de termos da
“Em nossa última conversa, dizia-me o grande medicina e da mecânica;
amigo que não esperava viver muito tempo, por ser um c) uma certa confusão no espírito do leitor, devido à
“cardisplicente”. apresentação de termos novos e desconhecidos;
d) a invenção de uma metalinguagem, pelo uso de
– O quê? termos médicos em lugar de expressões corriqueiras;
– Cardisplicente. Aquele que desdenha do próprio e) a criação de uma metáfora existencial, pela oposição
coração. entre o ser humano e objetos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
11. Na frase “Aí, para conseguir ir segurando a barra, vou 15. “(...) a gíria desceu o morro e já ganhou rótulo de
acatando os conselhos...”. Aí será corretamente substituído, linguagem urbana. A gíria é hoje o segundo idioma do
de acordo com seu sentido no texto, por: brasileiro. Todas as classes sociais a utilizam.”
a) Nesse lugar (Rodrigues, Kanne. Língua Solta. O Povo. Fortaleza,
b) Nesse instante 30/12/93. Caderno B, p. 6)
c) Contudo
d) Em conseqüência Assinale a letra em que não se emprega o fenômeno
e) Ao contrário lingüístico tratado no texto.
a) A linguagem tida como padrão, galera, é a das
12. A prosopopéia, figura que se observa no verso classes sociais de maior prestígio econômico e cultural
“Sinto o canto da noite na boca do vento”, ocorre em: b) Gíria não é linguagem só de marginal, como pensam
a) “A vida é uma ópera e uma grande ópera.” alguns indivíduos desinformados.
b) “Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de c) Apesar de efêmera e descartável, a gíria é um barato
‘Tormentório’, os portugueses apelidaram-no de ‘Boa que enriquece o idioma.
Esperança’.” d) “A gíria enriquece tanto a linguagem como o poder
c) “Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços.” de interação entre as comunidades. Sacou?!”
d) “Oh! eu quero viver, beber perfumes, Na flor silvestre, e) O economista começou a falar em indexação,
que embalsama os ares.” quando rolava um papo super cabeça sobre babados mil.
e) “A felicidade é como a pluma...”
(Exercícios retirados de http://soldosana.blogspot.com.
13. br/2012/03/simulado-portugues-iii-20-questoes-com.html)
Folha: De todos os ditados envolvendo o seu nome,
qual o que mais lhe agrada? Gabarito
Satã: O diabo ri por último.
Folha: Riu por último. 01. C
Satã: Se é por último, o verbo não pode vir no passado. 02. B
(O Inimigo Cósmico, Folha de S. Paulo, 3/9/95) 03. B
04. A
Rejeitando a correção ao ditado, Satã mostra ter usado 05. E
o presente do indicativo com o mesmo valor que tem em: 06. C
a) Romário recebe a bola e chuta. Gooool! 07. D
b) D. Pedro, indignado, ergue a espada e dá o brado de 08. C
independência. 09. E
c) Todo dia ela fez tudo sempre igual. 10. B
d) O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos 11. C
quadrados dos catetos. 12. C
e) Uma manhã destas, Jacinto, apareço no 202 para 13. E
almoçar contigo. 14. E
15. B
14. Reflita sobre o diálogo abaixo:
X – Seu juízo melhorou?
Y – Bom... é o que diz nosso psiquiatra. 2. TIPOLOGIA TEXTUAL.
Em Y:
(1) Bom não se classifica como adjetivo.
(2) é e diz estão conjugados no mesmo tempo. Texto, tecelagem ou modo de estruturar as palavras,
(3) o é pronome demonstrativo. é um artefato usado para a comunicação. Antes de seu
(4) psiquiatra é o núcleo do sujeito. advento havia apenas a oralidade como ferramenta de
transmissão e, aqui, o modo mais eficiente de lembrar o
Somando-se os números à esquerda das declarações que deveria ser emitido era a narração em versos, já que era
corretas com referência a Y, o resultado é: mais fácil memorizar através dos ritmos proporcionados.
a) 6 Com o texto, já não era mais indispensável a presença
b) 7 daquele que criava as ideias, pois a textualidade por si só
c) 8 já era uma presença material. E, assim, o verso da oralidade
d) 9 foi sendo substituído pela linha reta da prosa. Quando a
e) 10 escrita foi popularizada, rapidamente foi se diversificando
o modo de usá-la, através dos gêneros textuais e literários,
modos externos de se apresentar uma linguagem. Além
dos gêneros, há uma forma interna de organizar a grafia,
seja mais livre, impessoal ou argumentativa, e aqui estamos
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LÍNGUA PORTUGUESA
falando dos tipos textuais, modos de organização - Narrador Testemunha: o narrador relata os
interna de um texto. Nesse sentido, frente à variedade acontecimentos em primeira pessoa, mas não é o
infinita de gêneros textuais, há apenas cinco tipos de protagonista, é um personagem secundário que testemunha
textos: a narração, a descrição, a dissertação e a injunção. os fatos vividos pelos protagonistas.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ex.: Ex.:
Entrou um homem no recinto. Cabelos negros, tez clara, A cidade e as serras: entre a natureza e a civilização
nariz afilado, lábios cheios. Um pouco baixo, um pouco
gordo, tinha a testa proeminente e as orelhas finas. Desde a origem do conceito de homem e de civilização,
Importante lembrar que a descrição pode ocorrer o ser humano tenta superar suas limitações físicas em
tanto em textos ficcionais (romances, contos, novelas) direção à produção de utensílios que mantivessem sua
como também em textos não-ficcionais ( jornais, textos sobrevivência. A partir da pedra lascada, da descoberta do
científicos, etc…). fogo e da invenção da linguagem, o homem vai marcando
sua passagem da natureza à cultura. Podemos dizer
3) Texto dissertativo que é um processo que marca a própria história da vida.
O texto dissertativo é o texto que pretende descrever Entretanto, quando se supera totalmente os vínculos com a
e analisar, de maneira impessoal e objetiva, um tema natureza, o que resta? Parece ser essa questão que Eça de
específico obedecendo à seguinte estrutura: introdução,
Queiros tenta responder em seu livro póstumo A cidade e as
desenvolvimento e introdução. Muito utilizado na esfera
Serras (1901). Afinal, pode o homem abandonar totalmente
acadêmica e científica, a dissertação visa um olhar analítico
seu estado de natureza? Qual o limite do excesso de cultura?
sobre qualquer questão e não envolve enredo nem
No exemplo citado acima a relação entre natureza e
personagens como requer uma narrativa. Pelo contrário, a
maior característica desse tipo de texto é a impessoalidade, cultura na literatura é apresentada enquanto um problema
ou seja, o olhar formal daquele que tece as considerações. na introdução. Esse procedimento é importante para
Por exemplo, uma aluna do curso de Biologia decide destacar a validade do tema tratado, além de sugerir
apresentar como trabalho de conclusão de curso uma questões pertinentes que serão desenvolvidas. Percebe-se
dissertação sobre a reprodução das plantas. Certamente também a contextualização histórica do problema, o que
não apresentará como resultado final uma narrativa ficcional demonstra saber formal sobre o assunto.
sobre o assunto. Antes, fará leituras e pesquisa, buscará - Desenvolvimento: as questões apresentadas
evidências concretas, realizará experimentos científicos. E o superficialmente na introdução serão desdobradas no
texto ideal para a apresentação dos dados é o dissertativo, desenvolvimento. Esse é momento de demonstrar saber
cuja estrutura – introdução, desenvolvimento e conclusão histórico e filosófico sobre o tema, sem demonstrar
– dará conta de todos os passos do processo. Assim sendo, subjetividade nas considerações. Um mecanismo
o produto final, desprovido de subjetividade, poderá ser importante no desenvolvimento de uma dissertação é o
creditado como um trabalho objetivo, sem interferências que se denomina de elementos de coesão, conectivos (tais
pessoais do seu autor. como, entretanto, portanto, contudo, além disso, além do
Da mesma forma, se é pedido a um aluno escrever mais…) que criam uma relação lógica entre as frases do
uma dissertação sobre a Revolução Francesa, terá ele de texto. Há várias formas de se estruturar o desenvolvimento,
obedecer à estrutura exigida pela tipologia textual. Não mas o mais efetivo é organizá-lo por meio do raciocínio
poderá escrever em primeira pessoa do singular, nem lógico – causa e consequência, assim, o autor consegue
apresentar considerações subjetivas a respeito do assunto. criar uma reflexão objetiva traçando o início do problema
Além do mais, terá de analisar o tema, apresentá-lo ao e sua eventual consequência. Por ser um texto de caráter
leitor de forma clara, desenvolver aspectos pertinentes e acadêmico, é importante demonstrar saber formal através
lógicos do assunto, inserir problematicidade aos fatos e, da intertextualidade, menção ou citação de autoridades
por fim, concluir sua análise de modo a esclarecer a ideia do assunto.
central defendida a cada linha.
Muitas pessoas têm receio sobre esse tipo textual,
Ex.:
considerado difícil. Entretanto, é importante esclarecer que
Muitos sociólogos vão em direção ao mito do Prometeu,
é um dos gêneros de mais fácil aprendizado, uma vez que
aquele que roubou o fogo da inteligência dos deuses a
não exige criatividade, somente obediência à estrutura.
fim de ofertá-lo ao homem e manter sua sobrevivência.
E por que tal estrutura é tão específica? Justamente para
unificar o modo de realizar análises científicas e formais em Aliás, como superar as auguras do clima e da fome sem
uma esfera acadêmica. a civilização e suas descobertas? O homem existiria ainda
sem sua tecnologia? Justamente a primeira parte da história
Estrutura do Texto Dissertativo: ocidental, narrada por José Fernandes, parte desse ponto de
- Introdução: apresentação do tema, que pode ser vista. O narrador a cada página vai descrevendo a admiração
exposto por meio de uma contextualização histórica. É pelas conquistas da humanidade. Seja no projeto de ler
uma das partes mais importantes de uma dissertação, uma infinita enciclopédia ou na dependência dos artefatos
pois é o momento de gerar interesse no leitor no tocante da civilização, o príncipe da Grã-Ventura deposita nesses
ao assunto tratado. Já que uma dissertação pressupõe valores sua teoria máxima: Suma Felicidade: Suma Ciência
problematização de um tema, pode-se na introdução X Suma Potência. Pode-se considerar essa personagem um
adiantar alguns aspectos que serão tratados ao longo do perfeito representante de uma linha humanística que busca
desenvolvimento. a felicidade através da produção de próteses tecnológicas:
só possui valor o que está fora do homem.
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- Conclusão: momento das considerações finais, e simples. Outro exemplo de texto injuntivo muito comum
aqui o autor retoma o tema tratado ao longo do texto é a bula de remédios, cuja função é também orientar seu
e deve apresentar uma síntese das ideias apresentadas. leitor a realizar corretamente o procedimento.
Importante iniciar a conclusão com uma frase que aponta Muitos linguistas diferenciam o texto injuntivo do
para esse momento (Portanto, Enfim, Em virtude dos fatos prescritivo, devido o caráter coercitivo do segundo.
mencionados, Dado o exposto) a fim de preparar o leitor Enquanto os textos injuntivos apenas orientam, tal
para o encerramento da análise. como vemos em bulas e receitas, os textos prescritivos
asseguram uma obrigação no respeito aos procedimentos
Ex.: apresentados, como em editais de concursos e contratos.
Diante das questões tratadas anteriormente, pode-se
afirmar que A cidade e as serras representa justamente um
acerto de contas do homem com sua história. Se Prometeu 3. ORTOGRAFIA.
realmente roubou o fogo dos deuses para salvar o humano,
mal sabia ele que o homem usaria essa oferta para destruir
a si mesmo. A civilização é essencial à manutenção da vida, Ortografia (do latim ortho – correto e grafos – grafia)
entretanto, sem o diálogo com a natureza a vida se esvai significa a escrita correta das palavras de uma língua.
em reações automáticas e robóticas frente ao tempo. Deve Tal denominação pressupõe regras específicas para a
ser por isso que o livro se finda com a modernização das linguagem escrita que, muitas vezes, confunde o falante
serras. Se não podemos nos desligar da cultura, que não devido a uma série de regras e exemplos.
abandonemos nossa essência elementar: a natureza. Quado falamos de linguagem verbal devemos
entender que há a língua oral, aquela que aprendemos
O texto dissertativo-argumentativo desde o nascimento e vamos absorvendo de modo natural;
Modalidade comum em concursos públicos e e a língua escrita, que é a passagem para outro mecanismo
vestibulares, o texto dissertativo-argumentativo tem como de comunicação. Através da alfabetização se aprende a
característica a estrutura e a impessoalidade da dissertação transformar os sons (fonemas) que emitimos em letras e
e a defesa do ponto de vista da argumentação. Ou seja, assim as primeiras palavras começam a ser escritas.
a exigência de textos assim classificados é defender uma Desde a origem da grafia se testemunham modos
ideia, de maneira impessoal, através de uma estrutura distintos de escrever um vocábulo e a ortografia surgiu
caracterizada por uma introdução, um desenvolvimento e com a função de organizar e apresentar uma forma
uma conclusão. correta, já que a unificação gráfica é fundamental para a
manutenção de uma língua. Imagine se cada região de
4) O texto injuntivo/instrucional um país escrevesse de modo diferente, as pessoas não se
Injunção significa ordem, instrução. O texto injuntivo entenderiam com clareza.
tem por finalidade, assim, orientar o leitor na concretização Escrever é transformar o som que falamos em letras e tal
de uma ação, indicando procedimentos para realizar uma processo pode confundir numa língua como o português,
ação, tal como a montagem de um objeto ou a receita de que possui várias letras diferentes para um mesmo som
um bolo. (como é o caso do som [ze] que pode ser representado por
A linguagem apresentada nesses textos deve ser “s”, “z” e “x”).
simples e objetiva. E já que a injunção pressupõe instrução,
os verbos costumam estar no modo imperativo (faça, abra, Orientações Ortográficas
leia…). Veja um exemplo:
1) Uso do H:
Receita de panqueca A letra “h” é usada:
- No início de palavras: homem, humildade,
1) Bata todos os ingredientes líquidos e o sal no humano, habilidade, hábil, hesitar, humor, história, hostil,
liquidificador. heterogêneo, hipócrita, hegemonia.
2) Quando estiver homogêneo, acrescente a farinha aos - Em dígrafos “ch”, “lh”, “nh”: flecha, ninho, alho,
poucos e bata mais. fachada, chalé, alheio.
3) Pegue uma concha da mistura e despeje em uma - Palavras compostas: super-homem, mini-hotel, sobre-
frigideira média em fogo médio. Espalhe virando a frigideira humano, hiper-humano.
para que fique uma massa fina. - Ao fim de algumas interjeições: Ah! Uh! Oh!
4) Quando um lado estiver dourado, vire e doure o
outro. Sirva com qualquer molho e recheio. 2) Uso do S/Z
(http://gshow.globo.com/receitas-gshow/receita/ Usamos o “s” nos seguintes casos:
massa-de-panqueca-facil-51008c054d3885489100004e. - Depois de ditongos: coisa, maisena.
html) - Sufixos “ês”, “esa”, “isa” indicando profissão, origem
ou título: portuguesa, francês, poetisa.
No exemplo acima percebemos os verbos flexionados - Sufixos “oso”, “osa” indicando qualidade, quantidade
no modo imperativo, apresentando uma linguagem direta ou circunstância: gostosos, feioso, bondoso, oleoso.
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3) Uso do X/CH
Usa-se o “x” nos seguintes casos:
- Depois da sílaba -me: mexer, mexicano, mexerico.
- Depois da sílaba -en: enxada, enxame. Exceção: o verbo “encher” e seus derivados se escreve com “ch” - enchente,
encharcar .
- Depois de ditongo: ameixa, caixa, peixe
- Em palavras de origem indígena ou africada: xingar, xará.
4) Uso do G/J
Usamos o “J” nos seguintes casos:
- Palavras oriundas do indígena ou da língua africana: pajé, jerimum, canjica, jabá, jiló.
- Conjugação do verbo viajar no modo subjuntivo: que eu viaje, eles viajem.
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08. (UM-SP) Aponte, entre as alternativas abaixo, a e) Em palavras compostas cujo primeiro termo é
única em que todas as lacunas devem ser preenchidas numeral:
com a letra u: Primeiro-ministro, quarta-feira, segundo-tenente
a) c*rtume, escap*lir, man*sear, sin*site
b) esg*elar, reg*rgitar, p*leiro, ent*pir g) Nomes de lugares compostos por mais de
c) emb*lia, c*rtir, emb*tir, c*ringa um radical, se iniciados por “grã”, “grão”, verbos ou
d) *rticária, s*taque, m*cama, z*ar estejam ligados por artigo.
e) m*chila, tab*leta, m*ela, b*eiro Passa-Vinte, Grã- Bretanha, Trás-os-Montes
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ACENTUAÇÃO DOS DITONGOS E A NOVA É facultativo o uso do acento diferencial para distinguir
ORTOGRAFIA as palavras forma e fôrma. Imagine a frase: qual a forma da
Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português, fôrma de torta que você comprou?
não são mais acentuados ditongos abertos em palavras O Novo Acordo Ortográfico do Português aboliu
paroxítonas: alguns acentos diferenciais, tais como em pelo (preposição)
e pêlo (substantivo), pára (verbos) e para (preposição):
O pelo do gato está crescendo muito.
Como era Como é agora Vá pelo caminho mais curto.
heróico heroico Ele para para pensar.
idéia ideia
jibóia jiboia TREMA
apóia apoia O trema, sinal de dois pontos usado sobre a letra “u”,
paranóico paranoico era utilizado para marcar a pronúncia da vogal em palavras
marcadas pelo encontro vocálico, tais como “lingüiça” e
ACENTUAÇÃO DOS HIATOS “freqüentar”. Entretanto, segundo a Nova Ortografia, não
Chamamos de hiato o encontro de duas vogais em se deve mais usar essa marcação. A partir de agora as
uma palavra que, no entanto, não fazem parte da mesma palavras são assim grafadas:
Frequentar, linguiça, linguística, bilíngue, cinquenta,
sílaba. A maior parte dos hiatos não são acentuados, mas
aguentar.
alguns levam acento para evitar erros de pronúncia.
Acentuam-se as vogais “i” e “u” que formam hiato com
Exercícios
a sílaba anterior:
cafeína 1. (EPCAR) Assinale a série em que todos os
balaústre vocábulos devem receber acento gráfico:
saúde a) Troia, item, Venus
saída b) hifen, estrategia, albuns
saúva c) apoio (subst.), reune, faisca
d) nivel, orgão, tupi
No entanto, há uma exceção. Não são acentuados os e) pode (pret. perf.), obte-las, tabu
hiatos seguidos por dígrafo “nh”, tal como rainha, moinho,
ruim, amendoim, ainda. 2. (BB) Opção correta:
Também evitamos acentuação em hiatos que não a) eclípse
formam sílaba com letra diferente de “s”, como em juiz, cair, b) juíz
sair, contribuiu. c) agôsto
Segundo o Novo Acordo Ortográfico do Português, d) saída
não são mais acentuados os hiatos que vêm após ditongos: e) intúito
baiuca, feiura, bocaiuva. Também os “ôos” e “êes” não
levam mais acento: enjoo, voo, creem, veem. 3. (BB) “Alem do trem, voces tem onibus, taxis e
aviões”.
EMPREGO do TIL a) 5 acentos
O til [~] é um sinal e não um acento. No Português o til b) 4 acentos
aparece sobre as vogais “a” e “o” para indicar nasalização, c) 3 acentos
som que sai pela boca e nariz. Tal sinal não se sobrepõe em d) 2 acentos
sílabas tônicas somente, podendo também estar em sílabas e) 1 acento
pretônicas ou átonas: Exemplos: órgão, órfã, balõezinhos…
4. (BB) Monossílabo tônico:
a) o
O ACENTO DIFERENCIAL
b) lhe
Como o próprio nome diz, o acento diferencial tem
c) e
como função marcar uma diferença. Há muitas palavras no
d) luz
português que são homógrafas, ou seja, que possuem a e) com
mesma grafia e, por isso, é necessário um sinal distintivo
para que não surjam equívocos. Vejamos:
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Por isso é válido lembrar: a linguagem é um sistema - Desinência número-pessoal: indica o número e a
econômico de comunicação e, assim, reaproveita todos pessoa do verbo.
os seus elementos para “economizar” termos e facilitar Ex.:
a memorização através de um vocabulário prático. a) cantas: desinência de 2º pessoa do singular
b) cantamos: desinência de 1º pessoa do plural
c) Vogal temática: Ainda que um radical isolado possa c) cantais: desinência de 2º pessoa do plural.
constituir uma palavra (no caso de flor, por exemplo), na
maior parte das vezes ele necessita de um elemento que e) Vogal / Consoante de ligação: morfemas cuja
o complete. Essa é a função da vogal temática, morfema função é facilitar a pronúncia de uma palavra (chamamos
que se junta ao radical a fim de completá-lo e receber de motivos eufônicos, “boa pronúncia”).
outros morfemos, se necessário.
Livro Vogal de ligação: Na união do tema com algum sufixo
Casa muitas vezes verificamos a presença de uma vogal de
Estante ligação. Ex.; gasômetro, inseticida.
Porta
Revista Consoante de ligação: cafeteira.
No tocante aos verbos, a vogal temática completa o f) Afixos: são morfemas secundários que se acoplam ao
radical e informa a conjugação verbal: radical a fim de formar palavras derivadas. Dividem-se em:
Cant-a-r (verbo de 1º conjugação) a) Prefixos: inseridos antes do radical. Ex.: Infeliz,
Vend-e-r (verbo de 2º conjugação) Desfazer, recolocar
Part-i-r (verbo de 3º conjugação) b) Sufixos: inseridos depois do radical. Ex.: Felizmente,
Chamamos de tema a união do radical com a vogal Beleza, Insensatez.
temática.
Importante! FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A vogal temática não tem como função apresentar
informação de gênero, isso será tarefa das desinências Palavras existem para nomear os seres que povoam
nominais, como veremos a seguir. o mundo. Nesse sentido, sempre testemunhamos a
formação de novas palavras, já que de tempos em tempos
d) Desinências: são os morfemas responsáveis pelas surgem novos objetos e situações a serem definidas. Há
flexões em uma palavra. Dividem-se em: dois processos de formação das palavras: a derivação e a
composição. O que difere essas duas formas é a presença
*Desinências nominais: de gênero e número de um único radical (derivação) ou mais (composição).
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quadro de Prefixos
2) Derivação Sufixal: formação de palavra derivada através da adição de um sufixo, ao fim do radical.
Ex.:
Sufixos – Aumentativo
Sufixo Exemplo
aça, -aço, uça ricaço, dentuça
-alha, -alhão Fornalha, grandalhão,
-anzil corpanzil
-ão, -eirão, Carrão, vozeirão
-aréu fogaréu
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LÍNGUA PORTUGUESA
3) Derivação Prefixal e sufixal: formação de palavra 1. (IBGE) Assinale a opção em que todas as palavras
derivada a partir do acréscimo de um prefixo e um sufixo. se formam pelo mesmo processo:
Entretanto, se retirarmos um desses sufixos o vocábulo a) ajoelhar / antebraço / assinatura
ainda terá sentido. b) atraso / embarque / pesca
Ex.: c) o jota / o sim / o tropeço
Infelizmente – feliz / felizmente d) entrega / estupidez / sobreviver
e) antepor / exportação / sanguessuga
Deslealdade – Desleal / lealdade
2. (BB) A palavra “aguardente” formou-se por:
4) Derivação Parassintética ou parassíntese: formação
a) hibridismo
de palavra derivada através da adição de um prefixo e um
b) aglutinação
sufixo simultaneamente. Neste caso, se retirarmos um dos
c) justaposição
afixos a palavra perderá sentido completo.
d) parassíntese
Ex.:
d) parassíntese
Entristecer
Desalmado 3. (AMAN) Que item contém somente palavras
formadas por justaposição?
Formação por composição a) desagradável - complemente
b) vaga-lume - pé-de-cabra
Composição é o modo de formação de palavras a c) encruzilhada - estremeceu
partir da união de dois ou mais radicais. Aqui a língua d) supersticiosa - valiosas
trabalha com o sistema de reaproveitamento de material e) desatarraxou - estremeceu
linguístico já existente para o processo de criação de novas
expressões. 4. (UE-PR) “Sarampo” é:
Há as seguintes formas de formação por composição: a) forma primitiva
justaposição, aglutinação, redução, hibridismo, b) formado por derivação parassintética
onomatopeia e estrangeirismo. c) formado por derivação regressiva
Composição por Justaposição: unem-se dois ou d) formado por derivação imprópria
mais radicais sem perda fonética ou gráfica das palavas e) formado por onomatopeia
primitivas.
Ex.: girassol, guarda-chuva, passatempo, autoescola, 5. (EPCAR) Numere as palavras da primeira coluna
segunda-feira, couve-flor. conforme os processos de formação numerados
à direita. Em seguida, marque a alternativa que
Composição por aglutinação: unem-se dois ou mais corresponde à sequência numérica encontrada:
radicais, mas aqui há perda fonética ou gráfica das palavras ( ) aguardente 1) justaposição
primitivas. ( ) casamento 2) aglutinação
Ex.: aguardente (água ardente), fidalgo (filho de algo), ( ) portuário 3) parassíntese
planalto (plano alto), embora (em bora hora). ( ) pontapé 4) derivação sufixal
( ) os contras 5) derivação imprópria
( ) submarino 6) derivação prefixal
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18. (VUNESP) Em “... gordos irlandeses de rosto vermelho...” e “... deixa entrever o princípio de uma tatuagem.”,
os termos grifados são formados, respectivamente, a partir de processos de:
a) derivação prefixal e derivação sufixal
b) composição por aglutinação e derivação prefixal
c) derivação sufixal e composição por justaposição
d) derivação sufixal e derivação prefixal
e) derivação parassintética e derivação sufixal
GABARITO
1-B
2-B
3-B
4-C
5-E
6-E
7-D
8-A
9-D
10 - E
11 - C
12 - B
13 - E
14 - A
15 - C
16 - D
17 - C
18 - D
CLASSES DE PALAVRAS
ADJETIVO
Na origem das palavras, pode-se dizer que o homem primeiramente sentiu a necessidade de nomear os objetos a
sua volta e suas próprias ações. Então surgiram os substantivos e os verbos. Entretanto, os seres foram apresentando
características diversas e, apesar de fazerem parte de um mesmo grupo, eram diferentes porque possuíam qualidades
diferentes. Por exemplo, há no grupo das flores: as belas e as feias, as cheirosas, as vermelhas e as azuis. Como distingui-las?
A partir dessa questão surgiram os adjetivos, essa classe de palavras que tem como função qualificar os seres.
Adjetivos são as palavras que designam qualidades, provisórias ou permanentes, qualificando e particularizando os
seres. São satélites de um substantivo expresso ou subtendido, com o qual concordam em gênero e número.
Exemplos:
A casa está perfeita.
Os carros foram considerados adequados para a competição.
Aquela mulher é lindíssima.
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Nos exemplos acima percebemos o adjetivo enquanto uma palavra referente ao substantivo, concordando com
suas variações de gênero (masculino e feminino / singular e plural).
belo
feio
frio
quente
azul
verde
inteligente
ignorante
rápido
devagar
gracioso
desajeitado
mau
bom
triste
feliz
- Adjetivos Gentílicos:
Também chamados de adjetivos pátrios, os adjetivos gentílicos designam a origem de um indivíduo de acordo com seu
local de residência ou nascimento. Vejamos os adjetivos gentílicos referentes aos estados brasileiros:
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(Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/adjetivos-gentilicos-e-patrios)
Antes de qualquer classificação gramatical, adjetivos possuem uma classificação semântica, ou seja, segundo
sua amplitude de qualificação de um ser. Por isso mesmo, eles se distinguem em:
a) Gênero
Por ser palavra satélite do substantivo, o adjetivo varia seguindo as flexões apresentadas pelo nome. Nesse aspecto,
os adjetivos se dividem em:
A bela moça.
O belo moço.
A tranquila professora.
O tranquilo professor.
A moça feliz.
O aluno feliz.
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Nesses casos, os adjetivos não sofrem flexão de número: Atenção: há o chamado grau comparativo de
superioridade irregular, o qual faz uso de formas
sintéticas:
Paletó vinho.
- (mais grande) : maior – João é maior do que Pedro
Paletós vinho.
- (menos grande): menor – Pedro é menor que João
- (mais bom): melhor – A professora de Química é
Tartaruga ninja
melhor que a de Filosofia.
Tartarugas ninja.
- (menos bom): pior – A professora de Filosofia é pior
do que a Química.
Comício monstro.
Comícios monstro. Grau superlativo
No grau superlativo a qualidade atribuída a um ou
Número dos adjetivos compostos: mais seres é realizada em escala bem mais elevada.
Chamamos de adjetivos compostos aqueles formados a) Grau superlativo relativo: é a realizada a
por mais de um radical, ligados normalmente por hífen. caracterização de um ser em maior ou menor grau que
A regra geral nos diz que devemos flexionar somente o os demais seres.
segundo vocábulo, deixando o primeiro no masculino e no
singular. - Grau superlativo relativo de superioridade: utiliza-se a
A clínica médico-veterinária. expressão “o mais” (adjetivo).
Os cidadãos franco-brasileiros. Ex.: Catarina é a aluna mais aplicada da turma.
Sérgio é o mais rápido na pista.
No entanto, quando o segundo termo se tratar de
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto - Grau superlativo de inferioridade: utiliza-se a
permanecerá invariável. expressão “o menos” (adjetivo).
Ex.: O funcionário é o menos interessado da equipe.
A parede verde-mar Vivian é a professora menos irritada da escola.
As paredes verde-mar.
b) Grau superlativo absoluto: qualifica um ou mais
IMPORTANTE! sere , entretanto, sem comparação, em grau muito elevado.
Os adjetivos azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e - Grau superlativo absoluto analítico: a atribuição de
qualquer outro iniciado por “cor-de...” são sempre invariáveis. grau se dá através dessa soma: palavra intensificadora
Já os adjetivos surdo-mudo e pele-vermelha terão (muito, bastante…) + adjetivo.
ambos elementos flexionados. Ex.: A comida está muito saborosa.
O clima está extremamente quente.
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- Grau superlativo absoluto sintético: construído por meio de uma única palavra cuja estrutura é a seguinte: Adjetivo +
Sufixo (-íssimo, -imo, ílimo, -érrimo):
Ex.: João é divertido – João é divertidíssimo.
Maria é elegante. - Maria é elegantérrima
Quanto ao grau superlativo absoluto sintético, há o que chamamos de sintéticos eruditos, formas ligadas à raiz histórica
da palavra. Vejamos alguns:
Locução adjetiva
Chamamos de locução adjetiva o conjunto de duas ou mais palavras que apresentam a função de adjetivo.
Observe a lista abaixo:
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de chumbo plúmbeo
de chuva pluvial ou chuvoso
de cidade urbano
de cinza cinéreo
de criança infantil ou pueril
de cobre cúprico
de coelho cunicular
de dedo digital
de diamante diamantino ou adamantino
de enxofre sulfúrico
de esmeralda esmeraldino
de fábrica fabril
de frente dianteiro
de fogo ígneo
de gesso gípseo
de guerra bélico
de hoje hodierno
de ilha insular
de intestino celíaco ou entérico
de lago lacustre
de lebre leporino
de lobo lupino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de marfim ebóreo ou ebúrneo
de pato anserino
de pombo columbino
de prata argênteo ou argírico
de quadril ciático
de vaca vacum
De baço Esplênico
Exercícios
2. Assinale a alternativa que contém o grupo de adjetivos gentílicos, relativos a “Japão”, “Três Corações” e “Moscou”:
a) Oriental, Tricardíaco, Moscovita;
b) Nipônico,Tricordiano, Soviético;
c) Japonês, Trêscoraçoense, Moscovita;
d) Nipônico, Tricordiano, Moscovita;
e) Oriental, Tricardíaco, Soviético.
3. Ainda sobre os adjetivos gentílicos, diz-se que quem nasce em “Lima”, “Buenos Aires” e “Jerusalém” é:
a) Limalho-Portenho-Jerusalense;
b) Limenho-Bonaerense-Hierosolimita;
c) Límio-Portenho-Jerusalita;
d) Limenho-Bonaerense-Jerusalita;
e) Limeiro-Bonaerense-Judeu;
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4.No trecho “os jovens estão mais ágeis que seus 9.O item em que a locução adjetiva não corresponde
pais”, temos: ao adjetivo dado é:
a) um superlativo relativo de superioridade; a) hibernal - de inverno;
b) um comparativo de superioridade; b) filatélico - de folhas;
c) um superlativo absoluto; c) discente - de alunos;
d) um comparativo de igualdade. d) docente - de professor;
e) um superlativo analítico de ágil. e) onírico - de sonho.
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g) Em frente a palavra “outro”, determinando-o: João tem duas alunas: Maria e Lúcia. Maria é aplicada e a outra
nem tanto.
Importante!
Em algumas construções o uso do artigo definido é facultativo, tais como em:
* Antes dos pronomes possessivos seu, sua: O seu carro foi consertado.
A sua sala está linda!
Artigo
Preposições o a os aas
a ao às aos às
de do das dos das
em no na nos nas
por pelo pela pelos pelas
Neste caso, é sempre usado para marcar aproximação, sem informação exata, tal como em:
Além do mais, o artigo tem função substantivadora, ou seja, transforma em substantivo qualquer classe gramatical que
anteceder.
Ele quer viver. (verbo)
Eu não sei o que é o viver (substantivo).
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a) biformes: apresentam duas formas, uma para o b) substantivos terminados em -m: substitui-se tal
masculino e outra para o feminino. letra por “-ns”
Ex.: menino/menina, garoto/garota, aluno/aluna, Ex.: Álbum – álbuns
professor/professora. Personagem – personagens
Som – sons
b) uniformes: apenas uma forma especifica os dois
gêneros. Os substantivos uniformes podem ser: c) substantivos terminados em -r, -z e -n: acrescenta-
se “es”:
- epicenos: denomina animais e determina um único Ex.:Cartaz – cartazes
gênero. Algoz – algozes
Ex.: borboleta, barata, cobra-macho, cobra-fêmea. Caráter – caracteres
Feitor – feitores
- comum de dois gêneros: palavra invariável cujo Abdômen – Abdômenes
gênero é indicado através da presença do artigo que o
antecede. d) substantivos terminados em – l:
Ex.: o repórter/a repórter, o pianista/a pianista, o Substantivos terminados em -al, -el, -ol, ul – substitui-se
jornalista/a jornalista. o “l”, por “is”:
Ex.: Anzol – anzóis
- sobrecomuns: apresenta um único gênero, mas se Capinzal – capinzais
refere ao masculino e ao feminino. Móvel - móveis
Ex.: testemunha, verdugo, algoz, criança. Tribunal – tribunais
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6. Sabendo-se que há substantivos que no masculino 12. Indique o grupo de substantivo que só admite o
têm um significado; e no feminino têm outro, diferente. artigo “o” :
Marque a alternativa em que há um substantivo que não a) cal, dó, sentinela;
corresponde ao seu significado: b) contralto, eczema, aluvião;
a) O capital = dinheiro; c) hosana, apêndice, apendicite;
A capital = cidade principal; d) telefonema, eclipse, afã;
e) trama, elipse, omoplata.
b) O grama = unidade de medida;
A grama = vegetação rasteira; 13. Indique a alternativa que apresenta erro na forma
do plural:
c) O rádio = aparelho transmissor; a) sol: sóis; fúsil: fúseis; anão: anões;
A rádio = estação geradora; b) peão: peões; guardião: guardiãos; caráter: caracteres;
c) órgão: órgãos;corrimão: corrimãos; mel: méis;
d) O cabeça = o chefe; d) sótão: sótãos; álcool: álcoois; cônsul: cônsules;
A cabeça = parte do corpo; e) faisão: faisães; anil: anis; capitão: capitães.
e) A cura = o médico. 14. Assinale a alternativa que contiver todos os termos
O cura = ato de curar. com plural correto:
a) luso-brasileiras; rosas-chá; sapatos-areia; decretos-
7. Marque a alternativa em que haja somente lei;
substantivos sobrecomuns: b) guardas-marinha; prócers; procônsules; totens;
a) pianista – estudante – criança; c) grã-cruzes; chefes-de-seção; surdo-mudos; primas-
b) dentista – borboleta – comentarista; donas;
c) crocodilo – sabiá – testemunha; d) saias-calças; ouvidores-mor; baixos-relevos; gatos-
d) vítima – cadáver – testemunha; pingados;
e) criança – desportista – cônjuge.
e) sapatos-de-cristais; coronéis-de-barrancos; olhosde-
gatos.
8. Aponte a seqüência de substantivos que, sendo
originalmente diminutivos ou aumentativos, perderam
15. Entre os substantivos aqui relacionados, há um que
essa acepção e se constituem em formas normais,
é do masculino qual?
independentes do termo derivante:
a) hóstia;
a) pratinho – papelinho – livreco – barraca;
b) tampinha – cigarrilha – estantezinha – elefantão; b) Anátema;
c) cartão – flautim – lingüeta – cavalete; c) Ráfia;
d) chapelão – bocarra – cidrinho – portão; d) Antífona;
e) palhacinho – narigão – beiçola – boquinha. e) Estenia.
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NUMERAL
Numeral é a classe gramatical que indica a quantidade de seres, assim como seu ordenamento em uma determinada
série. É considerado um satélite do substantivo dentro de um sintagma nominal já que determina o número dos nomes e
sua ordem em um enunciado. Veja os exemplos:
a) Encontrei dois gatos no acampamento.
b) É para ingerir um terço da medicação.
c) Joana ficou em terceiro lugar no concurso.
c) Numerais multiplicativos: determinam a quantidade de vezes que um elemento foi multiplicado, fazendo referência
a um aumento proporcional desse elemento.
Ex.: triplo, quádruplo, cêntuplo.
e) Numerais coletivos: referem-se, no singular, a um conjunto de seres, apresentando um número exato dos mesmos.
Ex.: uma dúzia, uma dezena, um cento.
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Por ser uma classe gramatical do substantivo, o numeral pode apresentar variação de gênero e número, a fim de
estabelecer concordância.
a) Variação dos numerais cardinais: os cardinais apresentam pouca variação de gênero, limitando-se aos seguintes
casos: um, uma, dois, duas, e centenas a partir de duzentos, duzentas, trezentos, trezentas etc… Quanto à variação de
número, verificamos os casos de milhão, milhões, bilhão, bilhões, trilhão, trilhões.
b) Variação dos numerais ordinais: apresentam variação de gênero e número. Ex.: primeiro, primeira, primeiros,
primeiras, segundo, segunda, segundos, segundas…
c) Variação dos numerais multiplicativos: são invariáveis quando não se tratar de adjetivos, qualificando um
substantivo.
Ex.: João tem o duplo do salário de Maria. (numeral invariável)
Maria tem dupla função na empresa. (adjetivo variável).
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A palavra “um” nas frases acima é, no plano morfológico, EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES
respectivamente:
a) artigo indefinido em I e numeral em II, III e IV. Considerando que as preposições unem termos entre
b) artigo indefinido em I e II e numeral em III e IV. si, criando uma relação de sentido, elas podem se unir a
c) artigo indefinido em I e III e numeral em II e IV. outras classes gramaticais, tais como artigo e pronome, a
d) artigo indefinido em I, II, III e IV. fim de promover esse elo significativo. Neste caso, haverá
e) artigo indefinido em III e IV e numeral em I e II. os processos que chamamos de contração e combinação.
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Gabarito
1–c
2–a
3–e
4–e
5–b
6–c
7–b
8-a
PRONOMES
Pronomes são as palavras que acompanham o nome (substantivo) ou o substituem. Devido a essa
dupla função são classificados em:
Ex.: Joana adora fazer compras. Ela está sempre nas principais lojas da cidade.
PRONOMES PESSOAIS
Pronomes pessoais são os que substituem as pessoas do discurso (emissor, receptor, assunto) e se dividem em:
a) Pronomes pessoais do caso reto: substituem o nome e exercem a função de sujeito do verbo (ou seja, determina
a flexão verbal).
Ex.: Nós compramos muitos presentes.
b) Pronomes pessoais do caso oblíquo: substituem o substantivo e complementam o verbo (não determinando,
assim, a flexão verbal).
Ex.: Você encontrou Maria nas últimas semanas? Faz tempo que não a vejo.
Atente à tabela abaixo para entender melhor sobre os pronomes pessoais.
Pessoas verbais Pronomes pessoais do caso reto Pronomes pessoais do caso oblíquo
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, Ela O, a, lhe, se, si, consigo
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, Elas Os,as, lhes, se, si consigo
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Os pronomes pessoais do caso reto não podem exercer a função de complemento verbal:
Ex.: Esse presente é para eu? (INCORRETO)
Além do mais, vale lembrar que somente os pronomes oblíquos podem ser precedidos por preposição:
Ex.: Esta festa é para ti.
Entretanto, o pronome reto pode surgir precedido por preposição quando cumprir sua função de sujeito do
verbo. Compare as duas frases:
a) Ele pediu um favor para mim.
b) Ele pediu para eu comprar o presente.
Na frase (a) o pronome é oblíquo pois completa um verbo, já na (b) está antecedendo um verbo, na função de sujeito.
Pronomes que substituem objetos diretos (completam verbo sem preposição): o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na,
nos, nas.
Pronomes que substituem objetos indiretos (completam verbo com preposição): lhe, te.
Ex.: Enviei ao professor os documentos. Enviei-lhe os documentos.
PRONOMES POSSESSIVOS
Ele, Ela
seu, sua (singular); seus, suas (plural)
Nós nosso, nossa (singular); nosso, nossas (plural)
Vós vosso, vossa (singular); vossos, vossas (plural)
Eles, Elas seu, sua (singular); seus, suas (plural)
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LÍNGUA PORTUGUESA
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Como indica a denominação, os pronomes demonstrativos têm por função indicar ou localizar algum termo do discurso.
Podem ser variáreis (esse, essa, este, aquela) ou invariáveis (isso, aquilo). Vejamos o quadro.
Próximo do emissor (eu, nós) Esta (s)– Esta caneta está ruim.
Próximo do receptor com quem se fala (tu, você) Essa (s)– Bonita essa sua blusa.
PRONOMES DE TRATAMENTO
PRONOMES INDEFINIDOS
Como o próprio nome indica, os pronomes indefinidos sãos aqueles que substituem ou acompanham um substantivo a
partir de uma ideia de indefinição, imprecisão. São empregados na 3º pessoa do discurso. Podem ser variáveis ou invariáveis.
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Pronomes Relativos
O pronome cujo é variável de gênero (cujo, cuja) e de número (cujos, cujas) e substitui um termo dando uma ideia de
posse.
Ex.: Ela é mãe da aluna. A mãe foi conversar com a diretora.
Ela é a aluna cuja mãe foi conversar com a diretora.
Importante!
Não é correto inserir artigo após o pronome relativo “cujo”.
PRONOMES INTERROGATIVOS
Exercícios
1. (IBGE) Assinale a opção que apresenta o emprego correto do pronome, de acordo com a norma culta:
a) O diretor mandou eu entrar na sala.
b) Preciso falar consigo o mais rápido possível.
c) Cumprimentei-lhe assim que cheguei.
d) Ele só sabe elogiar a si mesmo.
e) Após a prova, os candidatos conversaram entre eles.
2. (IBGE) Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal em relação ao uso culto da língua:
a) Ele entregou um texto para mim corrigir.
b) Para mim, a leitura está fácil.
c) Isto é para eu fazer agora.
d) Não saia sem mim.
e) Entre mim e ele há uma grande diferença.
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16. (UC-MG) Encontramos pronome indefinido em: 22. (BRÁS CUBAS) “Alguém, antes que Pedro o fizesse,
a) “Muitas horas depois, ela ainda permanecia teve vontade de falar o que foi dito.” Os pronomes
esperando o resultado.” assinalados dispõem-se nesta ordem:
b) “Foram amargos aqueles minutos, desde que a) de tratamento, pessoal, oblíquo, demonstrativo
resolveu abandoná-las.” b) indefinido, relativo, pessoal, relativo
c) “A nós, provavelmente, enganariam, pois nossa c) demonstrativo, relativo, pessoal, indefinido
participação foi ativa.” d) indefinido, relativo, demonstrativo, relativo
d) “Havia necessidade de que tais idéias ficassem e) indefinido, demonstrativo, demonstrativo, relativo
sepultadas.”
e) “Sabíamos o que você deveria dizer-lhe ao chegar 23. (PUC) Na frase: “Chegou Pedro, Maria e o seu filho
da festa.” dela”, o pronome possessivo está reforçado para:
a) ênfase
17. (SANTA CASA) Do lugar onde ......., ....... um belo b) elegância e estilo
panorama, em que o céu ...... com a terra. c) figura de harmonia
a) se encontravam - divisava-se - se ligava d) clareza
b) se encontravam - divisava-se - ligava-se e) n.d.a
c) se encontravam - se divisava - ligava-se
d) encontravam-se - divisava-se - se ligava 24. (FUVEST) Assinale a alternativa onde o pronome
e) encontravam-se - se divisava - se ligava pessoal está empregado corretamente:
a) Este é um problema para mim resolver.
18. (UF-RJ) Numa das frases, está usado indevidamente b) Entre eu e tu não há mais nada.
um pronome de tratamento. Assinale-a: c) A questão deve ser resolvida por eu e você.
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de d) Para mim, viajar de avião é um suplício.
Vossa Magnificência. e) Quanto voltei a si, não sabia onde me encontrava.
b) Sua Excelência, o Senhor Ministro, não compareceu
à reunião. 25. (FMU) Suponha que você deseje dirigir-se a
c) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que personalidades eminentes, cujos títulos são: papa, juiz,
conclua a sua oração. cardeal, reitor e coronel. Assinale a alternativa que
d) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade. contém a abreviatura certa da “expressão de tratamento”
e) Procurei o chefe da repartição, mas Sua Senhoria se correspondente ao título enumerado:
recusou a ouvir as minhas explicações. a) Papa ............... V. Sa
b) Juiz ................. V. Ema
19. (UF-MA) Identifique a oração em que a palavra c) Cardeal ........... V.M.
certo é pronome indefinido: d) Reitor ............... V. Maga
a) Certo perdeste o juízo. e) Coronel ............ V. A.
b) Certo rapaz te procurou.
c) Escolheste o rapaz certo. 26. (FGV) Assinale o item em que há erro quanto ao
d) Marque o conceito certo. emprego dos pronomes se, si ou consigo:
e) Não deixe o certo pelo errado. a) Feriu-se quando brincava com o revólver e o virou
para si.
20. (CARLOS CHAGAS) “Se é para ....... dizer o que b) Ele só cuidava de si.
penso, creio que a escolha se dará entre ....... .” c) Quando V. Sa vier, traga consigo a informação pedida.
a) mim, eu e tu d) Ele se arroga o direito de vetar tais artigos.
b) mim, mim e ti e) Espere um momento, pois tenho de falar consigo.
c) eu, mim e ti
d) eu, mim e tu 27. (PUC) Assinale a alternativa que preencha
e) eu, eu e ti corretamente as lacunas da frase ao lado: “............................
da terra natal, ....................... para as antigas sensações
21. (MACK) A única frase em que há erro no emprego adormecidas.”
do pronome oblíquo é: a) Nos lembrando - despertamos-nos
a) Eu o conheço muito bem. b) Nos lembrando - despertamo-nos
b) Devemos preveni-lo do perigo. c) Lembrando-nos - despertamos-nos
c) Faltava-lhe experiência. d) Nos lembrando - nos despertamos
d) A mãe amava-a muito. e) Lembrando-nos - despertamo-nos
e) Farei tudo para livrar-lhe desta situação.
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LÍNGUA PORTUGUESA
28. (FATEC) Indique em que alternativa os pronomes 34. (CARLOS CHAGAS) Os projetos que .......... estão em
estão bem empregados: ordem; ........... ainda hoje, conforme .......... .
a) Deixou ele sair. a) enviaram-me, devolvê-los-ei, lhes prometi
b) Mandou-lhe ficar de guarda. b) enviaram-me, os devolverei, lhes prometi
c) Permitiu-lhe, a ele, fazer a ronda. c) enviaram-me, os devolverei, prometi-lhes
d) Procuram-o por toda a parte. d) me enviaram, os devolverei, prometi-lhes
e) n.d.a e) me enviaram, devolvê-los-ei, lhes prometi
29. (FATEC) Assinale o mau emprego do pronome: 35. (CARLOS CHAGAS) Quando .......... as provas, ..........
a) Aquela não era casa para mim, comprá-la com que imediatamente.
dinheiro? a) lhes entregarem, corrijam-as
b) Entre eu e ela nada ficou acertado. b) lhes entregarem, corrijam
c) Estava falando com nós dois. c) lhes entregarem, corrijam-nas
d) Aquela viagem, quem não a faria? d) entregarem-lhes, corrijam-as
e) Viram-no mas não o chamaram. e) entregarem-lhes, as corrijam
30. (SANTA CASA) Os técnicos .......... bem para os 36. (CARLOS CHAGAS) Quem .......... estragado que ..........
jogos, mas, .......... contra nova derrota, pediam que de .......... .
treinasse ainda mais. a) o trouxe - encarregue-se - consertá-lo
a) o haviam preparado - se tentando precaver b) o trouxe - se encarregue - consertá-lo
b) haviam preparado-o - se tentando precaver c) trouxe-o - se encarregue - o consertar
c) haviam preparado-o - tentando precaver-se d) trouxe-o - se encarregue - consertá-lo
d) haviam-no preparado - se tentando precaver e) trouxe-o - encarregue-se - o consertar
e) haviam-no preparado - tentando precaver-se
37. (BRÁS CUBAS) Apontar a sentença que deverá ser
31. (SANTA CASA) Nas frases abaixo: corrigida:
1. Os miúdos corriam barulhentos, me pedindo a) Poderá resolver-se o caso imediatamente.
dinheiro. b) Sabes o que se deverá dizer ao professor?
2. Dizia ele cousas engraçadas, coçando-se todo. c) Poder-se-á resolver o caso imediatamente.
3. Ficarei no lugar onde encontro-me. Tem sombra. d) Sabe o que deverá dizer-se ao professor?
4. Quando me vi sozinho, tremi de medo. e) Poderá-se resolver o caso imediatamente.
A ênclise e a próclise foram corretamente empregadas:
a) nas orações I e II 38. (FMU) Assinale a única alternativa em que haja erro
b) nas orações III e IV no emprego dos pronomes:
c) nas orações I e III a) Vossa Excelência e seus convidados.
d) nas orações II e IV b) Mandou-me embora mais cedo.
e) em todas as orações c) Vou estar consigo amanhã.
d) Vós e vossa família estais convidados para a festa.
32. (SANTA CASA) Devemos .......... da tempestade. e) Deixei-o encarregado da turma.
a) resguardar-mo-nos
b) resguardar-nos 39. (UF-SC) Observe os períodos abaixo:
c) resguardarmos-nos 1. Nunca soubemos quem roubava-nos nas medidas.
d) resguardarmo-nos 2. Pouco se sabe a respeito de novas fontes energéticas.
e) resguardar-mos 3. Nada chegava a impressioná-lo na juventude.
4. Dar-lhe-emos novas oportunidades.
33. (FAAP) Assinale a alternativa em que a colocação 5. Eles apressaram-se a convidar-nos para a festa.
pronominal não corresponde ao que preceitua a gramática: a) Estão corretas I, II, III
a) Há muitas estrelas que nos atraem a atenção. b) Estão corretas II, III, V
b) Jamais dar-te-ia tanta explicação, se não fosses c) Estão corretas III, IV, V
pessoa de tanto merecimento. d) Estão corretas II, III, IV
c) A este compete, em se tratando do corpo da Pátria, e) Estão corretas I, III, IV
revigorá-lo com o sangue do trabalho.
d) Não o realizaria, entretanto, se a árvore não se
mantivesse verde sob a neve.
e) n.d.a
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LÍNGUA PORTUGUESA
40. (SÃO JUDAS) Assinale a alternativa errada quanto à 46. (BB) Pronome mal colocado:
colocação pronominal: a) Lá disseram-me que entrasse logo.
a) Apesar de se contrariarem não me fariam mudar de b) Aqui me disseram que saísse. Chamem-me.
idéia. c) Posso ir, se me convidarem.
b) Que Deus te acompanhe por toda a parte. d) Irei, se quiserem-me.
c) Isso não me admira: eu também contrariei-me com o e) Estou pronto.
caso.
d) Conforme foi decidido espero que todos se 47. (BB) Opção com pronome oblíquo colocado
compenetrem de seu dever. incorretamente:
e) n.d.a a) Devemos lhe contar isto.
b) Devemos contar-lhe isto.
41. (FECAP) Assinale a frase gramaticalmente correta: c) Não lhe devemos contar isso.
a) Quando recebe-o em minha casa, fico feliz.
d) Deveríamos ter-lhe contado isto
b) Tudo fez-se como você mandou.
e) Deveríamos ter contado-lhe isto.
c) Por este processo, teriam-se obtido melhores
resultados.
d) Em se tratando disto, podemos contar com ele. 48. (EECAR) Imagine o pronome entre parênteses no
e) Me levantei assim que você saiu. devido lugar e aponte a opção em que não deve haver
próclise:
42. (UNB) Assinale a melhor resposta - O resultado das a) Não desobedeças. (me)
combinações: “põe + o”, “reténs + as”, “deduz + a”, é: b) Deus pague. (lhe)
a) pões-lo, reténs-la, dedu-la c) Caro amigo, dize a verdade. (me)
b) põe-no, retém-nas, dedu-la d) A mão que estendemos é amiga. (te)
c) pões-lo, retém-las, deduz-la e) Assim que sentiu prejudicado, saiu. (se)
d) põe-no, retém-las, dedu-la
e) põe-lo, retém-las, dedu-la 49. (ITA) Dada as sentenças:
1. Seria-nos mui conveniente receber tal orientação.
43. (UM-SP) Ninguém atinge a perfeição alicerçado na 2. Em hipótese alguma enganaria-te.
busca de valores materiais, nem mesmo os que consideram 3. Você é a pessoa que delatou-me.
tal atitude um privilégio dado pela existência. Os pronomes Constatamos que está (estão) correta(s):
destacados no período acima classificam-se, respectivamente, a) apenas a sentença número 1
como: b) apenas a sentença número 2
a) indefinido - demonstrativo - relativo - demonstrativo c) apenas a sentença número 3
b) indefinido - pessoal oblíquo - relativo - indefinido d) todas as sentenças
c) de tratamento - demonstrativo - indefinido - e) n.d.a
demonstrativo
d) de tratamento - pessoal oblíquo - indefinido - (Exercícios retirados de http://www.mundovestibular.
demonstrativo com.br/ar ticles/9073/1/Exercicios-de-Pronomes/
e) demonstrativo - demonstrativo - relativo - Paacutegina1.html)
demonstrativo
Gabarito
44. (UEPG-PR) “Toda pessoa deve responder pelos
compromissos assumidos.” A palavra destacada é:
1-D 23 - D 45 - D
a) pronome adjetivo indefinido
2-A 24 - D 46 - D
b) pronome substantivo indefinido
c) pronome adjetivo demonstrativo 3-D 25 - D 47 - E
d) pronome substantivo demonstrativo 4-D 26 - E 48 - C
e) nenhuma das alternativas acima é correta 5-D 27 - E 49 - E
6-D 28 - C
45. (BB) O funcionário que se inscrever, fará prova amanhã. 7-B 29 - B
Colocação do pronome - no texto: 8-A 30 - E
1. Ocorre próclise em função do pronome relativo. 9-C 31 - D
2. Deveria ocorrer ênclise. 10 - B 32 - B
3. A mesóclise é impraticável. 11 - D 33 - B
4. Tanto a ênclise como a próclise são aceitáveis. 12 - B 34 - E
a) correta apenas a primeira afirmativa 13 - D 35 - C
b) apenas a terceira é correta 14 - D 36 - B
c) somente a segunda é correta 15 - A 37 - E
d) são corretas a primeira e a terceira 16 - A 38 - C
e) a quarta é a única correta 17 - A 39 - D
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LÍNGUA PORTUGUESA
18 - D 40 - C
19 - B 41 - D
20 - C 42 - D
21 - E 43 - A
22 - E 44 - A
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Quando iniciamos o estudo dos pronomes, atentamos que há os pronomes pessoais do caso reto e os pessoais do caso
oblíquo. O que diferencia um do outro é a posição frente ao verbo: enquanto os retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) ocupam
a posição de sujeito, os oblíquos exercem a função de complemento e podem estar dispostos antes (PRÓCLISE), no meio
(MESÓCLISE) e depois do verbo (ÊNCLISE).
A colocação pronominal se refere ao estudo da disposição dos pronomes em relação ao verbo.
Primeiramente vejamos os pronomes envolvidos nessas regras de colocação:
d) Em frases exclamativas:
Deus o guarde!
Macacos me mordam!
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LÍNGUA PORTUGUESA
2) MESÓCLISE: quando o pronome oblíquo é colocado 3. (MED. SANTO ANDRÉ) Assinale a alternativa
entre o radical do verbo e as desinências. Só é usado em em que todos os pronomes pessoais estão colocados
duas situações: corretamente, segundo o uso clássico da língua
a) Na forma verbal futuro do presente: portuguesa:
Falar-te-ei verdades. a) Eu o vi, não lhe falei, darei-te o livro.
Comprar-lhe-á um carro. b) Eu o vi, falei-lhe, nada lhe direi.
Procurar-me-ão sem descanso. c) Nada dir-lhe-ei, não o estimo, Deus ajude-nos.
d) Deus nos ajude! Não quero te ofender, mas vai-te
b) Na forma verbal futuro do pretérito: embora.
Falar-te-ia verdades. e) Me dá o livro, que eu te devolvo assim que o ler.
Comprar-lhe-ia um carro.
Procurar-me-iam sem descanso. 4.Em que alternativa NÃO há erro na colocação do
pronome?
3) ÊNCLISE: Quando o pronome se encontra depois do a) Preciso vê-lo, me disse o rapaz.
verbo. É na ênclise a localização natural do complemento, b) Este é um trabalho que absorve-se muito.
seguindo a sequência sujeito verbo complemento. c) Far-se-á tudo para que se salvem.
Empregamos a ênclise nas seguintes situações: d) Não arrepender-se-ia de haver dito a verdade.
e) Em pondo-se o sol os pássaros debandam.
a) Períodos iniciados por verbos: (Não é correto
iniciar frase com pronome oblíquo) 5. O pronome pessoal oblíquo átono está bem
Convidaram-me para a festa. colocado em um só dos períodos. Qual?
Avistou-o de longe. a) Isto me não diz respeito! Respondeu-me ele,
Encontraram-na triste. afetadamente .
b) Segundo deliberou-se na sessão, espero que todos
b) Imperativo afirmativo: apresentem-se na hora conveniente
c) Os conselhos que dão-nos os pais, levamo-los em
Distribua-os agora.
conta mais tarde.
Cale-se já.
d) Amanhã contar-lhe-ei por que peripécias consegui
não envolver-me.
c) Orações reduzidas de infinitivo:
Quero amar-te para sempre.
6. O funcionário que se inscrever, fará prova amanhã:
Desejo beijá-lo assim que chegar.
1. Ocorre próclise em função do pronome relativo
2. Deveria ocorrer ênclise
d) Verbos no gerúndio NÃO antecedidos pela 3. A mesóclise é impraticável
preposição “em” ou por expressões negativas: 4. Tanto a ênclise quanto a próclise são aceitáveis
Ele vive enganando-se.
a) Correta apenas a 1ª afirmativa
EXERCÍCIOS b) Apenas a 2ª é correta
c) São corretas a 1ª e a 3ª
1. (OMEC) Assinale a frase em que há pronome d) A 4ª é a única correta
enclítico:
a) Far-me-ás um favor? 7. O pronome está mal colocado em apenas um dos
b) Nada te direi a respeito. períodos. Identifique-o:
c) Convido-te para a festa. a) Finalmente entendemos que aquela não era a estante
d) Não me fales mais nisso. onde deveriam-se colocar cristais .
e) Dir-se-ia uma incoerência. b) Ninguém nos falou, outrora, com tanta sinceridade .
c) Não se vá, custa-lhe ficar um pouco mais?
2. (MACKENZIE) Assinale a alternativa que d) A mão que te estendemos é amiga.
apresenta erro de colocação pronominal:
a) Você não devia calar-se. (Exercícios retirados de http://helenaconectada.blogspot.
b) Não lhe darei qualquer informação. com.br/2011/09/colocacao-pronominal-exercicios.html)
c) O filho não o entendeu.
d) Se apresentar-lhe os pêsames, faça-o discretamente. Gabarito
e) Ninguém quer aconselhá-lo. 1c
2d
3b
4c
5a
6c
7a
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LÍNGUA PORTUGUESA
VERBOS
Verbo é a classe gramatical que indica ações, estados, emoções e fenômenos climáticos.
Ex.:
a) O médico operou o doente. (ação)
b) Rodrigo está doente. (estado)
c) Maria permanece chorosa. (estado, emoção)
d) Chove muito em Brasília. (fenômeno climático)
1) As flexões do verbo
O verbo é uma classe complexa, pois apresenta uma série de variações e flexões. Pode variar em número, pessoa,
tempo, modo e voz:
a) Flexão de número:
Singular (um sujeito)
Plural (mais de um sujeito)
b) Flexão de pessoa:
1º pessoa (emissor: eu, nós)
2º pessoa (receptor: tu, vós)
3º pessoa (assunto: ele, ela, eles, elas)
c) Flexão de modo:
Indicativo
Subjuntivo
Imperativo
d) Flexão de tempo
Pretéritos
Presente
Futuro
e) Flexão de voz
Voz ativa
Voz passiva
Voz reflexiva
2) A estrutura do verbo
RadicalCANT – VEND – PART
Vogal Temática: A – E – I
Desinências – R – MOS – S
Chamamos de tema a união do radical com a vogal temática, que possui a função de apresentar a conjugação do verbo.
- Verbos de 1º conjugação: (vogal temática a) – cantar, amar, sonhar, falar
- Verbos de 2º conjugação: (vogal temática e) – comer, vender, escreve
- Verbos de 3º conjugação: (vogal temática i) – partir, sorrir, exibir
Observação: verbos como por, compor são considerados de 2º conjugação devido a sua forma arcaica poer.
A conjugação verbal influencia a flexão dos verbos. Vejamos:
50
LÍNGUA PORTUGUESA
3) Modos verbais
Indicam o modo com o qual o falante se posiciona frente a ação verbal. Por isso os modos são:
a) Indicativo: indica certeza, ação certa
b) Subjuntivo: hipótese, dúvida
c) Imperativo: ordem, pedido.
4) Tempos verbais
Os tempos verbais se referem ao tempo em que a ação foi realizada. Surgem nos modos indicativo e subjuntivo.
O modo indicativo, por indicar ação certa, é o que mais apresenta flexões de tempo:
- Presente do Indicativo: o verbo é conjugado no tempo presente em que a ação é feita
- Pretérito Perfeito do Indicativo: ação já foi finalizada em tempo passado.
- Pretérito mais que perfeito do Indicativo – ação foi feita em tempo remoto
- Pretérito Imperfeito do Indicativo – ação tida como hábito no tempo passado
- Futuro do Presente: ação que será realizada no futuro
- Futuro do Pretérito: ação condicionada por outra ação verbal.
- Presente do Indicativo
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LÍNGUA PORTUGUESA
5) O Modo Subjuntivo
É o que apresenta a ação verbal enquanto hipótese, dúvida. Apresenta três tempos, o presente do subjuntivo, o
imperfeito do subjuntivo e o futuro do subjuntivo.
a) Presente do subjuntivo
Indica hipótese e sua construção se dá através da substituição da vogal temática pela vogal de subjuntivo. Em verbos
de primeira conjugação se substitui a vogal temática “a” por “e”, nos verbos de segunda e terceira conjugação se substitui
as vogais “e” e “i” por “a”:
b) Imperfeito do Subjuntivo
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LÍNGUA PORTUGUESA
c) Futuro do Subjuntivo
6) Modo Imperativo
O modo imperativo está ligado à ideia de ordem e pedido. Aqui temos o Modo Imperativo Afirmativo e o Imperativo
Negativo. A construção do Imperativo Afirmativo se dá reaproveitando desinências do modo indicativo e subjuntivo. Além
do mais, vale lembrar que este modo não é flexionado na 1º pessoa do singular.
Observação: por ser ordem direta não usamos o ele, eles, e sim o você (s), que possui a mesma flexão.
Imperativo Afirmativo
Imperativo Negativo
No Imperativo Negativo usamos a mesma flexão do presente do subjuntivo
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LÍNGUA PORTUGUESA
Presente do Indicativo
Pretérito Perfeito
Pretérito Imperfeito
Futuro do Presente
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LÍNGUA PORTUGUESA
c) Principais: em uma locução verbal (conjunto de dois verbos) são os verbos que apresentam a informação principal
referente à ação. Ex.: comprar, amar, vender...
d) Auxiliares: em uma locução verbal, são os verbos com pouco força semântica que apresentam informação gramatical
de tempo e pessoa. Ex.: ser, ir, estar…
Ser
Estar
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LÍNGUA PORTUGUESA
e) Anômalos: verbos que, quando conjugados, apresentam radicais distintos do radical primitivo.
Ex.: Eu sou, Eu era, Eu Fui…
Ir
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LÍNGUA PORTUGUESA
f) Defectivos: verbos que não apresentam conjugação completa, em algumas pessoas verbais. Ex,: Polir, banir
g) Abundantes: verbos que apresentam duas formas equivalentes no particípio, uma regular e um
irregular. Ex.: Aceitar = aceito, aceitado
h) Verbos Intransitivos: verbos que não necessitam de complemento. Ex.: viajar, dormir, morrer, nascer.
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LÍNGUA PORTUGUESA
m) Verbos impessoais: verbos que não possuem 02.(MED – SANTOS) A forma que pode estar no futuro
sujeito. São eles os que indicam fenômenos climáticos do subjuntivo é:
(chover, nevar), haver (no sentido de existir), fazer (indicando a) Quando virdes a realidade dos fatos…
tempo decorrido). Assim sendo permanecem na 3º pessoa b) Se irmos diretamente ao assunto…
do singular. c) Quando vos verdes em idênticas situações…
d) Se susterdes a palavra…
n) Verbos pronominais: verbos que exigem pronome. e) Se vós imposerdes a vossa idéia…
Ex.: queixar-se, arrepender-se.
03.(UFF) Assinale a frase em que há um erro de
Locução Verbal conjugação verbal:
Chamamos de locução o conjunto de palavras que a) Requeiro-lhe um atestado de bons antecedentes.
exercem a função de uma única. No caso de locução verbal, b) Ele interviu na questão.
é quando dois verbos cumprem a função que poderia ser c) Eles foram pegos de surpresa.
exercida por um só verbo. d) O vendeiro proveu o seu armazém do necessário.
e) Os meninos desavieram-se por causa do jogo.
Ex.:
Eu comprarei esta casa. - Aqui verificamos um único 04.(UFF) Assinale a série em que estão devidamente
verbo, cujo radical nos dá a informação temporal e as classificadas as formas verbais destacadas:
desinências informações gramaticais (pessoa, tempo e “Ao chegar da fazenda, espero que já tenha terminado
número). a festa”.
Eu vou comprar esta casa. - Já neste caso temos a a) futuro do subjuntivo, pretérito perfeito do subjuntivo
presença de dois verbos: um auxiliar: “vou”, o qual contém b) infinitivo, presente do subjuntivo
a informação de tempo e pessoa, e “comprar” que possui a c) futuro do subjuntivo, presente do subjuntivo
informação semântica. d) infinitivo, pretérito imperfeito do subjuntivo
Em uma locução verbal sempre verificamos dois verbos: e) infinitivo, pretérito perfeito do subjuntivo
um auxiliar + um principal. Veja outros exemplos:
05.(ENG – MACK) Só muito mais tarde vim, a saber,
a) Ainda estou estudando para a avaliação. que a chuva os ___________ na estrada e que não _________
Estou – verbo auxiliar ninguém que ______________.
Estudando – verbo principal a) detera; houve; os ajudasse;
b) detivera; houve; os ajudasse;
b) João veio chorando. c) detera; teve; ajudasse eles;
Veio – verbo auxiliar d) detivera; houve; ajudasse eles;
Chorando – verbo principal e) detivera; teve; os ajudasse.
c) Pode acontecer mais disso. 06.(FEB) “Ele ___________ o carro a tempo, mas não
Pode – Verbo auxiliar ____________ a irritação e ___________ – se com o outro
Acontecer – verbo principal motorista”.
a) freou – conteve – desaveio
b) freiou – conteu – desaveu
c) freou – conteve – desaviu
d) freiou – conteve – desaveio
e) N. D. A.
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LÍNGUA PORTUGUESA
Vou à Bahia. 05.(ESAN) Das frases abaixo, apenas uma está correta,
Volto da Bahia. quanto à crase. Assinale-a:
a) Devemos aliar a teoria à prática.
Vou a São Paulo. b) Daqui à duas semanas ele estará de volta.
Volto de São Paulo. c) Puseram-se à discutir em voz alta.
d) Dia à dia, a empresa foi crescendo.
Vou à França. e) Ele parecia entregue à tristes cogitações.
Volto da França.
06.(ABC – MED.) Nas alternativas que seguem, há
Vou a Salvador. três frases, que podem estar corretas ou não. Leia-as
Volto de Salvador. atentamente e marque a resposta certa:
I. O seu egoísmo só era comparável à sua feiura.
Exercícios II. Não pôde entregar-se às suas ilusões.
III. Quem se vir em apuros, deve recorrer à justiça.
01.Assinale a alternativa em que o uso da crase é a) Apenas a frase I está correta.
obrigatório: b) Apenas a frase II está correta.
a) Um rapazito de paletó entrou na rua e foi perguntar c) Apenas as frases I e II estão corretas.
à Machona pela Nhá Rita. (Aluísio Azevedo) d) Apenas as frases II e III estão corretas.
b) José Cândido não tinha nem a cor nem o título e) As três frases estão corretas.
convenientes à sua filha. (R. Braga)
c) Mas o peru se adiantava até à beira da mata. (G. Rosa) 07.(FUND. LUSÍADA) Assinale a alternativa que
d) Todos, às vezes, precisam ficar bêbados, e por isso completa corretamente o período: ____ noite estava clara
bebem. (R. Braga) e os namorados foram _____ praia ver a chegada dos
e) (…) evitei acompanhar Dr. Siqueira em suas visitas pescadores que voltavam ____ terra.
vespertinas à nossa bem amada. (J. Amado) a) Á / à / à
b) A / à / à
02.Qual das alternativas completa corretamente os
c) A / a / à
espaços vazios?
d) À / a / à
I. E entre o sono e o medo, ouviu como se fosse de
e) A / à / a
verdade o apito de um trem igual ____ que ouvira em
Limoeiro. (J. Lins do Rego)
08.(ITA) Analisando as sentenças:
II. Habituara-se ______ boa vida, tendo de um tudo,
regalada. (J. Amado) I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas.
III. Depois do meu telegrama (lembram: o telegrama em II. Não fale tal coisa as outras.
que recusei duzentos mil-réis ___ (pirata), a “Gazeta” entrou III. Dia a dia a empresa foi crescendo.
a difamar-me. (G. Ramos) IV. Não ligo aquilo que me disse.
IV. Os adultos são gente crescida que vive sempre
dizendo pra gente fazer isso e não fazer _____. Podemos deduzir que:
(Millôr Fernandes) a) Apenas a sentença III não tem crase.
a) àquele, aquela, aquele, aquilo b) As sentenças III e IV não têm crase.
b) àquele, àquela, aquele, aquilo c) Todas as sentenças têm crase.
c) àquele, àquela, aquele, àquilo d) Nenhuma sentença tem crase.
d) àquele, àquela, àquele, aquilo e) Apenas a sentença IV não tem crase.
e) aquele, àquela, aquele, aquilo
09.(ABC – MED.) A alternativa em que o acento
03.(CESCEM) Sentou-se ___ máquina e pôs-se ___ indicativo de crase não procede é:
reescrever uma ___ uma as páginas do relatório. a) Tais informações são iguais às que recebi ontem.
a) a / a / à b) Perdi uma caneta semelhante à sua.
b) a / à / à c) A construção da casa obedece às especificações da
c) à / a / a Prefeitura.
d) à / à / à d) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de
e) à / à / a uma só vez.
e) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão.
04.(FASP) Assinale a alternativa com erro de crase:
a) Você já esteve em Roma? Eu irei à Roma logo.
b) Refiro-me à Roma antiga, na qual viveu César.
c) Fui à Lisboa de meus avós, pois gosto da Lisboa de
meus avós.
d) Já não agrada ir a Brasília. A gasolina…
e) nenhuma das alternativas está errada.
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LÍNGUA PORTUGUESA
10.(FUVEST) Indique a forma que não será utilizada Ainda que apenas na primeira e na última frase
para completar a frase seguinte: visualizemos a presença de um verbo, todos os exemplos
“Maria pediu ____ psicóloga que ____ ajudasse ____ citados acima se tratam de frase, pois cumprem a função
resolver o problema que ___ muito ____ afligia.” de enviar uma mensagem de sentido completo.
a) preposição (a)
b) pronome pessoal feminino (a) 2. ORAÇÃO
c) contração da preposição a e do artigo feminino a (à) Oração é um enunciado que gira em torno de um
d) verbo haver indicando tempo (há) verbo. Não é necessário ter sentido completo e finalizar no
e) artigo feminino (a) ponto final, mas deve ter sentido, que pode ser completado
por outra oração.
(Exercícios retirados de http://www.coladaweb.com/ Veja os exemplos:
exercicios-resolvidos/exercicios-resolvidos-de-portugues/ a) Maria foi à festa.
crase) b) Maria disse que iria à festa.
62
LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
b) Sujeito composto: caracterizado pela presença de - Verbo fazer indicando fenômeno da natureza:
mais de um núcleo, geralmente unido pela conjunção e: Ex.:
Ex.: Faz frio nesse período do ano.
(1) Maria e Antônio são refugiados.
(2) O aluno estrangeiro e a professora brasileira - Verbo ser indicando tempo ou distância:
participaram da mostra cultural. Ex.:
São seis horas.
c) Sujeito oculto: quando o sujeito não está presente São doze metros de comprimento.
na oração, mas é facilmente compreendido pela flexão
verbal ou contexto. Exercícios
Ex.:
(1) Saí de casa. (eu saí) 1) Em relação ao trecho: “Pregada em larga tábua de
(2) Saímos de casa (nós saímos) pita, via-se formosa e grande borboleta, com asas meio
(3) Saíste de casa. (Tu saíste) abertas, como que disposta a tomar voo”, podemos
afirmar que o sujeito principal da oração é:
a) simples, tendo por núcleo implícitoalguém.
João não pretende sair de casa. Está cansado. (Na
b) composto, tendo por núcleosformosa e grande.
segunda oração percebemos, pelo contexto, que o “estar
c) simples, tendo por núcleoasas.
cansado” se refere a João, mencionado na primeira frase.
d) indeterminado, tendo por índice de indeterminação
do sujeito a partículase.
d) Sujeito indeterminado: quando não é possível e) simples, tendo por núcleoborboleta.
identificar o sujeito, marcado por verbos na 3º pessoa do
plural, 2) No período: “Ser amável e ser egoísta são coisas
(1) Roubaram a proprietária da loja. distintas”, o sujeito é:
(2) Encontraram a menina. a) indeterminável
b)”ser amável”
Também há a presença de sujeito indeterminado em c) “coisas distintas”
verbos na 3º pessoal do singular mais a partícula se , d) “ser amável e ser egoísta”
a qual chamamos de índice de indeterminação do e) n.d.a
sujeito.
3) Na oração: “Reprovaram alguns autores esta
Ex.: história”, qual é o núcleo do sujeito?
a) história
Precisa-se de vendedores.
b) alguns autores
Vive-se bem em Florianópolis. c) reprovaram
d) autores
e) Sujeito inexistente: falamos em sujeito inexistente e) n.d.a
quando a oração contiver apenas predicado. Há casos em
que o predicado é marcado por verbos impessoais (que 4) “Em 1949 reuniram-se em Perúgia, Itália, a
não têm sujeito e, por isso, não variam em flexão de pessoa convite da quase totalidade dos cineastas italianos,
e número): seus colegas de diversas partes do mundo.” O núcleo do
sujeito de “reuniram-se” é:
- Verbos que indicam fenômenos climáticos: chover, a) cineastas
b) convite
ventar, escurecer, nevar, amanhecer, anoitecer…
c) colegas
Ex.:
d) totalidade
Nevou muito no sul.
e) se
Sempre chove nessa época do ano.
5) Aponte a alternativa em que ocorre sujeito
- Verbo haver no sentido de existir: indeterminado:
Ex.: a) Na prova, havia, pelo menos, quatro questões difíceis.
Houve muitos protestos na última semana. b) Revelou-se a necessidade de auxílio aos
Há pessoas no recinto. desabrigados.
c) Aconteceram, naquela casa, fenômenos inexplicáveis.
- Verbo haver e fazer indicando tempo: d) Come-se bem naquele restaurante.
Faz vinte anos que não o vejo. e) Resolvemos não apoiar o candidato.
Não o vejo há anos.
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LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Percebemos que nos exemplos acima temos verbos de 04. Identifique a alternativa errada em relação à
ação (com forte carga semântica) e predicativos (apressado classificação dos predicados das orações a seguir:
e desolado) que também se referem ao sujeito. a) Todos nós consideramos a sua atitude infantil
Vale lembrar que verbos com dupla transitividade: (predicado verbo-nominal)
transitivos diretos e indiretos também integram predicado b) A multidão caminhava pela estrada poeirenta.
verbo-nominal. (predicado verbo-nominal)
Enviei uma carta para Pedro. c) A criançada continua emocionada. (predicado
nominal)
Verbos transitivos são os que se ligam ao d) A criançada continua no jardim. (predicado nominal).
complemento sem o auxílio de preposição: e) Demitiram o secretário da instituição. (predicado
verbal)
Ex.: Comprei uma casa
05. Analise as orações e assinale a alternativa correta:
Encontrei a chave I. Paulo está adoentado.
II. Paulo está no hospital.
a) O predicado é verbal em I e II.
b) O predicado é nominal em I e II.
Verbos transitivos indiretos são os que se ligam ao c) O predicado é verbo-nominal em I e II.
complemento com o auxílio de preposição. d) O predicado é verbal em I e nominal em II.
e) O predicado é nominal em I e verbal em II.
Ex.: Preciso de você
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LÍNGUA PORTUGUESA
08. Sobre o exemplo: “A lua brilhou alegre no céu”, a) I predicado verbal; II - predicado verbal; III - predicado
afirmamos: verbo-nominal.
I. O verbo brilhar é intransitivo. b) I - predicado nominal; II predicado verbal; III
II. O verbo brilhar é transitivo direto. predicado verbo-nominal.
III. O verbo brilhar é transitivo indireto. c) I predicado verbo-nominal; II predicado verbal; III
IV. O predicado é nominal. predicado nominal.
V. O predicado é verbal. d) I predicado verbo-nominal; II predicado nominal; III
VI. O predicado é verbo-nominal. predicado verbal.
a) Estão corretas I e VI. e) I - predicado nominal; II - predicado verbal; III -
b) Estão corretas I e V. predicado verbo-nominal.
c) Estão corretas II e V.
d) Está correta apenas IV. 14. Aponte a frase de sujeito simples e predicado
e) Estão corretas III e VI. verbo-nominal.
a) A jovem passeava tranquilamente.
09. Ocorre predicado verbo-nominal em: b) Mariana fez o concurso esperançosa.
a) A tua resposta não é verdadeira. c) Existem grandes possibilidades.
b) O cão vadio virou a lata de lixo. d) Paulo e Marcelo estudam animados.
c) Viraram moda os jogos eletrônicos. e) Os cientistas retomaram da gruta às pressas.
d) Todos permaneçam em seus lugares.
e) Pensativo e triste vinha o rapaz. 15. Assinale a alternativa em que há uma oração com
predicado verbo-nominal:
10. Indique a alternativa em que o predicado é verbo- a) O mar estava calmo naquela manhã.
nominal: b) Nenhum navio partiu ontem.
a) O soldado foi encontrado morto. c) Achei esse sujeito muito antipático.
b) Aquele homem tornou-se milionário. d) O homem ficou furioso com a brincadeira.
c) Hoje é dia 20 de novembro. e) Ele terminou o trabalho ontem à tarde.
d) Alguns jogadores estão contundidos. (Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot.
e) Os alunos parecem desinteressados. com.br/2012/02/exercicios-de-predicado.html)
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LÍNGUA PORTUGUESA
d) Agente da Passiva: complemento preposicionado c) Para sair com a turma o diretor escolheu a nós.
que representa o agente de ação de um verbo que está na d) Ofenderam a mim e não a ele.
voz passiva. e) O professor elogiou a todos.
Eu comprei um carro. (Aqui o verbo está na voz ativa. O
agente da ação do verbo coincide com o sujeito da oração.) 05. O agente da passiva foi corretamente destacado
O carro foi comprado por João. (percebemos que em todas as opções, exceto em:
neste caso o agente da ação de comprar não é o sujeito a) O presídio tinha sido cercadopelos soldados.
da oração – que aqui é “o carro”, mas sim João, classificado b) Ela é a única responsávelpela festa.
aqui como agente da passiva. c) O time foi derrotadopelo campeão da cidade.
d) O mestre foi homenageadopelos alunos.
Exercícios e) A casa foi destruídapela inundação.
01 - A análise sintática é definida pela relação que se 06. Assinale a frase em que o objeto direto é pleonástico:
estabelece entre palavras ou grupos de palavras dentro a) A borboleta negra, encontrei–a à noite.
de um contexto. Relacione a 2ª coluna de acordo com b) Eu a sacudi de novo.
a 1ª, observando a correta classificação dos termos c) Fiquei a olhar o cadáver com simpatia.
destacados. A seguir, assinale a alternativa CORRETA: d) Um golpe de toalha rematou a aventura.
1. Objeto direto e) Vi dali o retrato de meu pai.
2. Objeto indireto
3. Complemento nominal 07. “A recordaçãoda cenapersegue–meaté hoje”. Os
4. Agente da passiva termos em destaque são:
( ) “ A fome pode determinara supressãode uma delas.” a) objeto indireto – objeto indireto;
( ) “ A destruição não atingeo princípio universal e b) complemento nominal – objeto direto;
comum.” c) complemento nominal – objeto indireto;
( ) “ Uma das tribos será exterminadapela outra.” d) objeto indireto – objeto direto;
( ) ... e necessitamde mais alimento. e) agente da passiva – objeto indireto.
a) 3, 1, 4, 2
08. Dentre as opções abaixo assinale aquela em que há
b) 1, 2, 3, 4
objeto direto preposicionado:
c) 2, 4, 1, 3
a) Passou aos filhos a herança recebida dos pais;
d) 4, 3, 2, 1
b) Amou a seu pai, com a mais plena grandeza da alma;
e) 3, 4, 1, 3
c) Amou sua mulher como se fosse a única;
d) Naquele tempo era muito fácil viajar para os infernos;
02. Em: Tinha grande amorà humanidade/ As ruas
e) Em dias ensolarados, gosto de ver nuvens flutuarem
foram lavadaspela chuva/ Ele é ricoem virtudes.Os termos nos céus de agosto.
destacados são, respectivamente:
a) complemento nominal, agente da passiva, 09. Assinale, dentre as alternativas abaixo, a que contém
complemento nominal objeto direto preposicionado:
b) objeto indireto, agente da passiva, objeto indireto a) “Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel
c) complemento nominal, objeto indireto, complemento escrito e rasgou–o”.
nominal b) Não desconfiei do candidato e corrigi o trabalho por
d) objeto indireto, complemento nominal, agente da inteiro.
passiva c) Poucos jornais se referiram ao episódio.
e) objeto direto, objeto indireto, complemento nominal d) O jovem de hoje também necessita de espiritualidade.
e) Pela estrada ia passando um comboio de caminhões–
03. Assinale o item em que a função não corresponde tanques.
ao termo em destaque:
a) Comer demais é prejudicialà saúde.(complemento 10. Assinale a frase que contém agente da passiva:
nominal) a) Fiquei ouvindo aquilo por longo tempo.
b) Jamais me esquecereide ti. (objeto indireto) b) Dei cinco reais pelo cachorrinho.
c) Ele foi cercadode amigos sinceros. (agente da c) As colheitas foram levadas pela chuva.
passiva) d) Sempre saía a esmo pelos caminhos.
d) Não tens interessepelos estudos. (complemento e) Agrada–me por todas as formas.
nominal)
e) Ele tinha receiode tudo a sua volta.. (objeto indireto) (Exercícios retirados de http://odemartins.blogspot.
com.br/2014/04/termos-integrantes-da-oracao-exercicio.
04. Em todas as alternativas abaixo, há objeto direto html)
preposicionado, exceto em:
a) Acho que ela não consegue amar a ninguém. GABARITO : 1A - 2A - 3E - 4B - 5B - 6A - 7B - 8B -
b) Dedicou–se a estudos matemático. 9A - 10C
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LÍNGUA PORTUGUESA
a) Adjunto Adnominal: como a própria denominação 3) Aposto: termo que possui a função de explicar,
adianta, o adjunto adnominal é o termo que acompanha o esclarecer um termo previamente citado, apresentado na
nome (o substantivo) na função de satélite, concordando oração entre vírgulas.
com ele em gênero e número. Podem ser adjuntos Ex:
adnominais as classes gramaticais: artigo, pronomes,
numerais, adjetivos ou locuções adjetivas. João saiu às pressas.
Ex.: João, irmão de Maria, saiu às pressas.
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LÍNGUA PORTUGUESA
4. Na oração: “José de Alencar, romancista brasileiro, de período composto por coordenação. Além disso, há
nasceu no Ceará”, o termo destacado exerce a função casos em que as duas orações não podem ser separadas,
sintática de: pois uma completa a outra (exemplo 2), e isso se trata de
a) aposto um período composto por subordinação.
b) vocativo Ex.:
c) predicativo do objeto
d) complemento nominal 3) Penso, logo existo.
e) n.d.a. Trata-se de um período composto por coordenação
já que é possível transformar as duas orações em frases
5. Na oração: “Cláudia,uma mulher simplesmente independentes:
notável, é a melhor mãe que uma criança poderia ter”, Penso. Logo existo.
o termo destacado exerce a função sintática de:
a) complemento nominal 4) Perguntei se ele me amava.
b) aposto explicativo Vemos aqui um caso de período composto por
c) vocativo subordinação, pois se separarmos as orações tornando-as
d) aposto especificativo períodos simples, o enunciado perderá o sentido:
e) ajunto adnominal Perguntei. Se você me amava.
Cada um desses períodos apresenta características e
6. Dê a função sintática do termo destacado manifestações distintas.
em: “Não digo nada de minha tia materna,Dona
Emerenciana”. PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO
a) sujeito
b) adjunto adverbial Denomina-se período composto por coordenação o
c) objeto direto enunciado de sentido completo composto por duas ou
d) vocativo mais orações coordenadas, ou seja, independentes. Nesses
e) objeto indireto casos não há uma oração que se sobreponha à outra e, por
isso mesmo, não há uma oração principal, ambas são.
(Exercícios retirados de http://www. Por serem autônomas, as orações coordenadas podem
gramaticaparaconcursos.com/2013/12/termos-acessorios- ser unidas apenas por vírgulas e aí são denominadas de
da-oracao-exercicios.html)
assindéticas, já que não apresentam nenhuma palavra de
conexão entre si, como no exemplo:
Gabarito
Vi, vim, venci.
1 -c
Ainda que sejam independentes, as orações
2 -b
coordenadas podem ser unidas também a partir de um
3-c
elemento conectivo, recebendo a denominação de orações
4 -a
coordenadas sindéticas. A classe gramatical que cumpre
5 -b
6 -d essa função de conectá-las é a conjunção. Esta não apenas
une as orações, estabelece entre elas uma relação de
SINTAXE DO PERÍODO COMPOSTO sentido. Vejamos:
a) O ciclista acordou tarde e comeu.
PERÍODO COMPOSTO b) O ciclista acordou tarde, mas comeu.
c) O ciclista acordou tarde, logo comeu.
Período composto é o enunciado de sentido completo d) O ciclista acordou tarde porque comeu.
que gira em torno de dois ou mais verbos.
Ex.: Nos exemplos acima percebe-se que as conjunções
1) O funcionário chegou e assinou o documento. em destaque não apenas liga as duas orações, cria um
2) Maria disse que não iria à festa. sentido específico entre elas. Por isso mesmo, a gramática
estabelece uma classificação específica a partir da relação
Nos exemplos acima verificamos a relação entre as de sentido criado pelas conjunções.
duas orações. Entretanto, percebemos que, no exemplo
1 a segunda oração não completa o sentido do verbo da CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES COORDENADAS
primeira, ambos os segmentos são independentes. Já na SINDÉTICAS
frase 2 a segunda oração possui a função de completar o
sentido do verbo dizer. a) Oração coordenada sindética aditiva: estabelece
Por isso mesmo, afirma-se que há períodos em que uma relação de adição entre as orações, a partir das
as orações estão unidas num enunciado em situação de conjunções coordenativas aditivas e, nem ...nem, não só...
independência (exemplo 1). Denominamos esse período como também, não só…mas também etc...
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LÍNGUA PORTUGUESA
Ex. Exercícios
A economia cresceu e progrediu.
A economia não só cresceu mas também progrediu. 1.A oração “Não se verificou, todavia, uma
Nem estudou nem descansou. transplantação integral de gosto e de estilo” tem valor:
a) conclusivo
b) Oração coordenada sindética adversativa: b) adversativo
transmite uma ideia de contradição e oposição, através c) concessivo
das conjunções coordenativas adversativas mas, porém, d) explicativo
entretanto, contudo, todavia etc… e) alternativo
Ex.:
Fui dormir tarde, mas consegui acordar cedo. 2. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”. A
Gosto muito de você, porém preciso deixá-lo. oração em destaque é:
a) coordenada explicativa
c) Oração coordenada sindética alternativa: b) coordenada adversativa
estabelece uma relação de alternância com a oração anterior. c) coordenada aditiva
São usadas as conjunções coordenativas alternativas ou... d) coordenada conclusiva
ou…, já...já, quer...quer, ora...ora. e) coordenada alternativa
Ex.:
Ou durmo, ou estudo. 3. No verso, “Tenta chorar e os olhos sente enxutos”, o
Ora durmo, ora estudo. conectivo oracional indica:
a) junção de ideias, logo é conjunção aditiva
d) Oração coordenada sindética conclusiva: cria uma b) disjunção de ideias, logo é conj. Alternativa
relação de conclusão com a oração anterior, oferecendo c) contraste de ideias, logo é conj. Adversativa
a ideia de resultado. São utilizadas as conjunções d) oposição de ideias, logo é conj. Concessiva
coordenativas conclusivas pois, logo, portanto, por e) sequência de ideias, logo é conj. Conclusiva.
conseguinte, consequentemente.
Penso, logo existo. 4. Fez isso ______ não conseguiu o resultado. ___A______
Estudo, por conseguinte obterei o resultado almejado. ___________B_______________
Qual das alternativas abaixo preenche a lacuna,
e) Oração coordenada explicativa: estabelece uma indicando que B é um fato anterior a A?
ideia de explicação com a oração anterior, esclarecendo-a. a) entretanto
São usadas as conjunções coordenativas porque, isto é, ou b) pois
seja, a saber. c) porém
Ex.: d) enquanto
Viajei logo, porque tinha pressa. e) e.
Fiquei muito triste, uma vez que ele descumpriu o
trato combinado. 5.”Deus não fala comigo, e eu sei que Ele me escuta.”
O conectivo “e” pode ser substituído, sem contrariar o
IMPORTANTE sentido, por:
a) ou.
b) no entanto
c) porém
Excetuando as orações coordenadas sindéticas d) porquanto
aditivas, todas as demais exigem o uso de vírgula e) nem
antes da conjunção coordenativa:
(Exercícios retirados de http://questoesconcursos.
b l o g s p o t . c o m . b r / 2 0 1 1 / 0 4 / q u e s to e s - d e - o r a c o e s -
Trabalhou muito, mas não concluiu a tarefa. coordenadas-para.html)
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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando falamos em orações subordinadas se Foi importante que você tenha participado da
entende a presença de uma oração principal e uma reunião. (oração subordinada substantiva subjetiva).
oração subordinada que completará a mensagem da
primeira. 2) A leitura é fundamental. (sujeito)
As orações subordinadas dividem-se em: É fundamental a leitura. (sujeito)
a) Orações Subordinadas Substantivas: completam a
oração principal exercendo a função de substantivo; É fundamental que você leia. (oração subordinada
b) Orações Subordinadas Adjetivas: completam a substantiva subjetiva)
oração principal exercendo a função de adjetivo;
c) Orações Subordinadas Adverbiais: completam a - Estrutura das orações subordinadas substantivas
oração principal exercendo a função de advérbio. subjetivas:
Como dito acima, são as que integram a oração É importante – É fundamental – É essencial –
principal exercendo a função de substantivo. Foi imprescindível – Permanece preocupante – Está
comprovado
Como assim?
Ex.:
Atente ao exemplo abaixo: É fundamental que as crianças estudem
a) Falei verdades a João.
b) Trabalho é fundamental. * Expressões iniciadas por verbos na voz passiva:
c) Trabalho é fundamental.
Sabe-se – Conta-se – Percebe-se – Soube-se – É sabido
Nos períodos simples acima percebemos que as – Comenta-se – Foi comprado – Foi anunciado
palavras destacadas exercem a função de substantivo e
podem ser substituídas por isso. Ex.:
a) Falei isso a João. Conta-se que muitos alunos não realizaram a prova.
b) Trabalho é isso.
c) Isso é trabalho. * Verbos como: cumprir – convir – importar –
acontecer – ocorrer
Realizando uma análise sintática, classificamos os
termos destacados como objeto direto (a), predicativo do Ex.:
sujeito (b) e sujeito (c). Convém que você estude mais.
Mas o ser humano pode produzir frase mais complexas,
constituídas por períodos compostos por mais de um verbo,
e os mesmos exemplos citados anteriormente podem ser b) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta:
assim reescritos: exerce a função de objeto direto, completando verbo
a) Falei que não me casaria a João. transitivo direto.
b) Trabalho é agir com responsabilidade.
c) É importante trabalhar. Ex.:
Maria não sabe que João viajou.
O que foi feito? Substituímos os substantivos dos O deputado perguntou se todos já haviam chegado.
enunciados por verbos equivalentes e construímos orações
subordinadas substantivas.
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7. (UFPR) Julieta ficou à janela na esperança de que Vale destacar que as orações subordinadas
Romeu voltasse. A oração em destaque é: adjetivas, por exercerem a função de adjetivo,
a) subordinada substantiva subjetiva.
cumprem também a atribuição de adjunto
b) subordinada substantiva completiva nominal.
c) subordinada substantiva predicativa.
adnominal.
d) subordinada adverbial causal.
e) subordinada adjetiva explicativa.
Essas orações são iniciadas por pronomes
8. (PUCCAMP-SP) Assinale o período em que a relativos: que, o qual, a qual, as quais, os quais
oração destacada é substantiva apositiva:
a) Não me disseram onde moravas. Ex.:
b) A rua onde moras é muito movimentada.
c) Só me interessa saber uma coisa: onde moras. Vi o jogador que vive em Madri.
d) Morarei onde moras.
e) n.d.a. Vi o jogador o qual vive em Madri
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1)Quanto à classificação das orações subordinadas 1) Oração subordinada adverbial causal: expressa
adjetivas abaixo, a correta opção é: a ideia de causa, iniciada pelas conjunções subordinativas
Os paisque cuidam dos seus filhosmerecem aplausos. porque, como, uma vez que, visto que, posto que etc…
Esta equipe,cujo técnico não incentiva seus Ex.:
atletas,sempre perde. a) Como estava chovendo, o aluno não foi treinar.
A casa,onde mora, parece abandonada. b) A escola não realizou o concurso, visto que não
havia o material necessário.
A) restritiva, restritiva, explicativa
B) explicativa, explicativa, explicativa
2) Oração subordinada adverbial consecutiva: indica
C) explicativa, restritiva, explicativa
a ideia de consequência, precedida pelas conjunções
D) restritiva, explicativa, explicativa.
subordinativas que, de sorte que, de modo que etc…
Ex.:
2) Identifique a alternativa que se encontra uma oração a) Estudou tanto que gabaritou a prova.
subordinada adjetiva restritiva. b) Estava tão nervosa de modo que não conseguiu
A) Sei que ainda não disse tudo. chegar até o fim da prova.
B) Este é o apartamento que comprei.
C) Ela chegou, lavou as mãos e saiu. 3) Oração subordinada adverbial concessiva:
D) Assim que chegou, dormiu. expressa uma circunstância contrária a apresentada na
oração principal, iniciada pelas conjunções subordinativas
3) Identifique a alternativa que se encontra uma oração embora, ainda que, conquanto que etc…
subordinada adjetiva explicativa. Ex.:
A) Eram músicas que contagiavam. a) Embora estivesse chovendo, foi correr na avenida.
B) Os homens, que são seres racionais, merecem nosso b) Conquanto Maria estivesse atrasada, conseguiu
diálogo. realizar a prova.
C) A televisão apresenta cenas que agridem.
D) Viajaram a lugares por onde nunca sonharam passar. 4) Oração subordinada adverbial conformativa:
indica conformidade com a informação expressa na oração
(Exercícios retirados de http://provasdeportugues. principal, precedida pelas conjunções subordinativas
blogspot.com.br/2014/06/atividades-de-oracoes- conforme, consoante, como, segundo etc…
subordinadas_25.html) Ex.:
a) Conforme informou a previsão do tempo, choveu
Gabarito bastante no sul do Brasil.
1 -D b) Segundo dissera o professor, a prova fora adiada
2 -B em tempo.
3–B
5) Oração subordinada adverbial comparativa: tem
como função estabelecer uma comparação com a oração
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
principal, iniciada pelas conjunções subordinativas como,
que, tanto como, tal como, do que etc…
Chamamos de orações subordinadas adverbiais Ex.:
aquelas que se acoplam à oração principal denotando a) Ele estuda tanto como sua irmã. (estuda)
uma circunstância, função típica dos advérbios. Quando b) João treina tal como Pedro estuda.
desenvolvidas, são sempre introduzidas por conjunções Percebemos na frase a) que quando o verbo de
subordinativas adverbiais e classificadas segundo as comparação é o mesmo da oração principal, ele pode estar
circunstâncias que exprimem. oculto.
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6.(UFE-PA) No trecho “Cecília ... viu do lado oposto 12. (CESGRANRIO) Assinale o período em que
do rochedo Peri,que a olhava com uma admiração ocorre a mesma relação significativa indicada pelos
ardente”, a oração grifada expressa uma termos destacados em: “A atividade científica é tão
a) causa naturalquanto qualquer outra atividade econômica.”
b) lugar a) Ele era tão aplicado, que em pouco tempo foi
c) oposição promovido.
d) explicação b) Quanto mais estuda, menos aprende.
e) condição c) Tenho tudo quanto quero.
d) Sabia a lição tão bem como eu.
7.(UF SANTA MARIA-RS) Leia, com atenção, os e) Todos estavam exaustos, tanto que se recolheram
períodos abaixo: logo.
Caso haja justiça social, haverá paz.
Embora a televisão ofereça imagens concretas, ela não (Exercícios retirados de http://soslportuguesa.
fornece uma reprodução fiel da realidade. blogspot.com.br/2011/06/questoes-sobre-oracoes-
Como todas aquelas pessoas estavam concentradas, subordinadas_24.html)
não se escutou um único ruído.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, Gabarito:1-a, 2-b, 3-e, 4-e, 5-a, 6-d, 7-d, 8-b, 9-b,
as circunstâncias indicadas pelas orações sublinhadas: 10-c, 11-a, 12-d
a) tempo, concessão, comparação
b) tempo, causa, concessão
c) condição, consequência, comparação 8. PONTUAÇÃO.
d) condição, concessão, causa
e) concessão, causa, conformidade
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LÍNGUA PORTUGUESA
Mas também é usado após a fala para introduzir 5. Assinale as frases em que as vírgulas estão incorretas:
comentário do narrador. a) ora ríamos, ora chorávamos;
Ex.: b) amigos sinceros, já não os tinha;
- Você não me ama? - perguntou Maria, insegura. c) a parede da casa, era branquinha branquinha;
- Sim, mais que tudo. - respondeu João tranquilamente. d) Paulo, diga-me o que sabe a respeito do caso;
Também é usado com a mesma função da vírgula ou e) João, o advogado, comprou, ontem, uma casa.
parênteses:
Machado é o maior escritor realista – já nos diziam nossos (Exercícios retirados de http://www.portuguesconcurso.
professores. com/2009/07/pontuacao-exercicios.html)
EXERCÍCIOS Gabarito:
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Ex.:
Ganhei uma calça e camisa importada. (concordância
com o mais próximo)
Ganhei uma calça e camisa importados (concordância
com todos os substantivos, utilizando o gênero e número
predominante)
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10) A maioria, a maior parte, grande parte: O mais 18) Sujeito expresso e infinitivo pessoal
comum é usar o verbo no singular, em concordância lógica. a) Permanece no infinitivo se o sujeito estiver
Mas também pode ser usado no plural. representado por pronome oblíquo átono:
Ex.: Ex.:
A maioria das adolescentes usa muito o celular. Apreciei-o cantar.
A maioria das adolescentes usam muito o celular.
b) quando o infinitivo pessoal integrar uma locução
11) Quando os núcleos do sujeito estão compostos verbal: não é flexionado, no caso de ser o verbo principal
por pessoas gramaticais diferentes: o verbo permanece da locução
no plural, obedecendo à seguinte ordem de prioridade: (1º, Ex: Acabei de comprar o livro de geografia.
2º e 3º pessoa).
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08. De acordo com as regras de concordância verbal 13. A alternativa que contém forma verbal
do padrão escrito culto, assinale a alternativa incorreta. INADEQUADA à norma culta é:A) Já faz dois meses que
A) A maioria dos brasileiros já viveu situações violentas não nosvemos.
no cotidiano. B) Tratam-se de assuntos triviais, pensem em coisas
B) Sem dúvida, deve haver formas de combater sérias!
pacificamente a violência. C) Choveu três dias sem parar um minuto.
C) No artigo em análise, tratam-se de questões D) Nessa cidade, faz frio e calor no mesmo dia.
referentes à origem histórica da violência. E) Pelo que nos consta, deveriam existir duas páginas
D) Faz séculos que se verificam situações de opressão ilegíveis.
na sociedade brasileira.
E) Sempre se ouvirão pessoas bradando contra o 14. A única frase em que NÃO há erro de
comodismo. concordância verbal é:
A) É da maioria dos estudantes que depende, pelo que
09. Apenas uma alternativa preenche corretamente nos falaram os professores, as alterações do calendário
os espaços das sentenças abaixo. Assinale-a: escolar.
“Aquelas mulheres olhavam _______ porque queriam B) Acredito que deve haver, ao que tudo indica,
aproveitar a liquidação e comprar ________ vestidos acomodações para mais de um terço dos convidados.
_________”. C) Se tiver de ser decidido, no último instante, as
A. alertas, bastantes, bege. questões ainda não discutidas, não me responsabilizo mais
B. alerta, bastante, beges. pelo projeto.
C. alerta, bastantes, bege. D) Houvesse sido mais explícitos com relação às
D. alertas, bastante, beges. normas gerais, os coordenadores de programa teriam
E. alerta, bastantes, beges. evitado alguns abusos.
E) Será que não foi suficiente, neste tempo todo, as
10. A frase em que a concordância nominal está provas de fidelidade que lhes demos?
correta é:
A) A vasta plantação e a casa grande pintadas há pouco 15. Assinale a alternativa ERRADA:
tempo eram os sinais da prosperidade familiar. A) Nas festividades havia muitos convidados.
B) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão B) Precisa-se de doadores de sangue.
onde se encontravam as vítimas do acidente. C) Assistiam-se a bons espetáculos naquele teatro.
C) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que D) Buscam-se novas saídas para a crise econômica.
ele cultivava em sua chácara. E) Foram eles quem pediu por esta reviravolta.
D) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a
perna e o braço direitos, mas estava totalmente lúcido. 16. Assinale a alternativa em que a nova redação
E) Esses livro e caderno não são meus, mas poderá ser das frases abaixo está de acordo com a norma culta.
necessário para a pesquisa que estou fazendo. “Não existe estudo científico” / “Há diversas
11. Assinale a alternativa errada: explicações”.
A) O escritor e o mestre alemães admiravam o belo A) Não devem existir estudos científicos / podem haver
quadro. diversas explicações.
B) Estudaram o idioma francês e o espanhol. B) Não devem haver estudos científicos / pode existir
C) Os deputados e o ministro alagoanos votaram diversas explicações.
contra o projeto. C) Não há estudos científicos / existe diversas
D) Os argumentos e as opiniões expostos não explicações.
agradaram à plateia. D) Não existem estudos científicos / pode haver
E) Considero fácil as questões e testes propostos na diversas explicações.
prova. E) Não pode existir estudos científicos / deve haver
diversas explicações.
12. Assinale a alternativa correta quanto à
concordância verbal.
A) Queria voltar a estudar, mas faltavam-lhe recursos.
B) Foi então que começaram a chegar um pessoal
estranho.
C) Devem haver outras razões para ele ter desistido.
D) Não haviam exceções neste caso.
E) Basta-lhe dois ou três dias para resolver isso.
85
LÍNGUA PORTUGUESA
___________________________________________________
18. A opção em que há erro de concordância verbal,
segundo as normas da língua culta, é: ___________________________________________________
A) Descobriram-se muitos inventos novos na última
década. ___________________________________________________
B) É preciso que se realizem esforços para se atingir um
plano de desenvolvimento integrado. ___________________________________________________
C) Foi necessário que se estendesse as providências até ___________________________________________________
alcançar os menos favorecidos.
D) Nada se poderia realizar sem que se tomassem ___________________________________________________
novas medidas.
E) Desenvolveu-se o novo projeto de que todos ___________________________________________________
estavam necessitados.
___________________________________________________
19.Indique a alternativa em que há erro: ___________________________________________________
A) Os fatos falam por si sós.
B) A casa estava meio desleixada. ___________________________________________________
C) Os livros estão custando cada vez mais caros.
D) Seus apartes eram sempre os mais pertinentes ___________________________________________________
possíveis. ___________________________________________________
E) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça.
___________________________________________________
(Exercícios retirados de http://solinguagem.blogspot.
com.br/2016/05/lista-de-exercicios-concordancia-verbal. ___________________________________________________
html)
___________________________________________________
GABARITO: 1E - 2D - 3C - 4A - 5D - 6D - 7B - 8C - 9C - ___________________________________________________
10D - 11E - 12A - 13B - 14B - 15C - 16D - 17E - 18C - 19C.
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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___________________________________________________
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86
DIREITOS HUMANOS
1
DIREITOS HUMANOS
orientada pelo critério socioeconômico); e c) a igualdade Cabe ressalvar que o direito à diferença não pode ser
material, correspondente ao ideal de justiça enquanto re- analisado dissociado com a nova interpretação ao princípio
conhecimento de identidades (igualdade orientada pelos da igualdade, sendo a sua origem um reflexo desta.
critérios de gênero, orientação sexual, idade, raça, etnia e Duarte Júnior (2012, p. 71-72) afirma que:
outros). (PIOVESAN, 2010, p. 252) Respeito à diferença [...] pressupõe reconhecimento
Pode-se assim observar que a igualdade formal é aque- da diversidade, ou seja, pressupõe tratar diferente os de-
la que se deseja e é estabelecida em texto legal e a igual- siguais, mesmo que para tanto necessário se faça o uso
dade material é a da realidade – a perseguida por questões do mecanismo de discriminações positivas, buscando, por
socioeconômicas ou por critérios identitários. Essa é uma meio de medidas afirmativas ou compensatórias, atenuar
visão trazida pelo pós-positivismo, tais conceitos do prin- e diminuir o processo de exclusão decorrente de segrega-
cípio da igualdade, quando do positivismo, não permitiam ções sofridas pelas minorias no curso da história da huma-
privilégios para pessoas que possuíssem alguma espécie nidade.
de necessidade mais especial em relação às outras. O reconhecimento da diversidade deve ocorrer de for-
Há que se pesar, que só se pode falar em igualdade ma a respeitar o direito à diferença. No entanto, deve ser
quando se tem o critério de relação. A comparação de uma constante e incessante a caminhada por uma igualdade de
situação ou pessoa existe em relação a uma outra. Quem é oportunidades que foi negligenciada dentro de um proces-
igual é igual ou desigual em relação a outro. Não se pode so histórico da humanidade.
afirmar que possa existir uma igualdade de maioria, e sim E como explicita Henriques:
uma padronização de situações em que se encontram as A individualidade deve ser sempre respeitada, pois
pessoas. cada um apresenta suas próprias características, capaci-
Desta feita, a atual leitura do princípio da igualdade dades e valores. O preceito isonômico não mais pode ser
revela que o tratamento isonômico almejado pela lei não encarado apenas em sentido negativo, limitado à proibi-
se atém a um tratamento uniforme a todos, dada a ne- ção de privilégios e discriminações. É crucial que sirva para
cessidade de se observar as singularidades de cada pessoa fomentar uma verdadeira igualdade, respeitadas as dife-
renças individuais, o que acentua a dimensão social. De-
diante das desigualdades concretas, dando passagem ao
vem ser implementadas, nesse sentido, políticas capazes
direito à diferença.
de promover a real isonomia na sociedade. (HENRIQUES,
2008, p. 70)
O direito à diferença
Essa isonomia (igualdade perseguida pela lei) não im-
Pelo princípio da igualdade, as diferenças servem
põe uma igualdade absoluta entre todos os indivíduos, re-
como parâmetro para busca de mecanismos de proteção
tirando o direito à diferença daqueles que se encontram
que pretendem inserir alguns grupos em um patamar equi-
em situação diferentes. Busca, sim, por meio de uma inter-
parado àqueles que não necessitam do mesmo protecio-
pretação extensiva do princípio da igualdade (atualmente)
nismo. Certos setores, particularmente consideradas vulne- a realização de uma tentativa de isonomia de oportunida-
ráveis, merecem tutela especial. des na sociedade.
De acordo com Santos (2003) o direito de ser igual se
dá quando as diferenças existentes inferiorizam as pessoas,
e o direito à diferença se dá quando a igualdade existente AÇÕES AFIRMATIVAS E CONVENÇÕES INTERNACIO-
as descaracterizam. Portanto, há uma necessidade de uma NAIS DE PROTEÇÃO ESPECIAL A GRUPOS VULNERÁVEIS
igualdade que reconheça as diferenças entre os seres hu- As ações afirmativas, também conhecidas como dis-
manos (adotando assim medidas que estabeleçam igual- criminação positiva por alguns doutrinadores, é forma de
dade pelos bens da vida) e também de uma diferença que discriminação para igualização de situações e pessoas, ou
não instigue desigualdades. pelo menos a tentativa desta. É utilizada como método de
Por uma consequência lógica da observação do princí- aplicação interpretativa do princípio da igualdade em uma
pio da igualdade, à luz das novas perspectivas interpreta- nova perspectiva.
tivas, o ser humano tem direito à diferença, contudo com Para Warbuton, a discriminação positiva significa:
a garantia de viver uma vida digna por meio de ações que [...] recrutar activamente pessoas de grupos previa-
os protejam. mente em situação de desvantagem. Por outras palavras, a
Neste sentido, Atchabahian (2006) afirma que o prin- discriminação positiva trata deliberadamente os candi-
cípio da igualdade é um direito fundamental, não poden- datos de forma desigual, favorecendo pessoas de gru-
do ser abolido de qualquer pessoa, fazendo-se necessário pos que tenham sido vítimas habituais de discrimina-
uma justificativa do tratamento desigual, sendo certo que ção. O objectivo de tratar as pessoas desta forma desigual
este traduza garantia de sobrevivência e convivência digna. é acelerar o processo de tornar a sociedade mais igualitá-
A essência dos direitos humanos é integrada pelo di- ria, acabando não apenas com desequilíbrios existentes em
reito à igualdade material, o direito à diferença e ao reco- certas profissões, mas proporcionando também modelos
nhecimento de identidades, conforme preleciona Piovesan que possam ser seguidos e respeitados pelos jovens dos
(2010), em uma “dupla vocação” pela dignidade da pessoa grupos tradicionalmente menos privilegiados. (WARBU-
humana e prevenção do seu sofrimento. TON, 1998, p. 112, grifou-se).
2
DIREITOS HUMANOS
As ações afirmativas, portanto, favorecem parte da De acordo com o Pacto de Direitos Civis e Políticos
sociedade que por situações diversas não consegue ter as minorias são étnicas, religiosas ou linguísticas. Ocorre
o mesmo ponto de partida para competir pelos “bens da que para alguns doutrinadores as minorias deveriam ser
vida” (sejam eles minorias ou vulneráveis). Atchabahian aquelas com o critério numérico, da não dominância, da
(2006) diz que é objetivo do princípio que os membros so- cidadania e da solidariedade entre seus membros (SEGUIN
ciedade estejam em condições de igualdade, ou seja, pos- apud BRITO, 2009, p. 100). Logo, esses grupos são privados
sam competir de forma igualitária pela obtenção dos bens de conviverem com a prática de sua cultura ou religião por
da vida e para satisfazer suas necessidades. Assim, deve-se conta do preconceito formulado pela maioria (dominante).
considerar como necessário o favorecimento de uns em Já os grupos vulneráveis distinguem-se das mino-
detrimento dos outros, analisando justamente estas situa- rias pelos critérios de se apresentarem, por vezes, em um
ções diversas. grande contingente, como exemplo, as mulheres, crianças
No entanto, para que essas pessoas consigam satis- e idosos; são também destituídos de poder, mas mantém
fazer suas necessidades deverão ser beneficiadas, o que sua cidadania. A pior situação é que não tem consciência
causa uma discriminação em relação às outras que “não de que estão sendo vítimas de discriminação e desrespeito,
necessitam” desse auxílio, portanto, recebendo as benes- por desconhecerem seus direitos. (BRITO, 2009)
ses da discriminação positiva: Dentro desta ótica os idosos, mulheres, crianças, esta-
Desta forma, materializam-se constantes discrimina- riam dentro do grupo das minorias? Isto é uma polêmica
ções com finalidade justificada, assim consideradas como não pacificada e que nas próprias Assembleias das Nações
discriminações positivas e talvez o mais importante des- Unidas não se delimita um conceito que vá além do que
dobramento do princípio constitucional da igualdade, por estabelece o Pacto.
meio das quais se pretende reduzir as diferenças sociais Para muitos estudiosos não seriam minorias, mas esta-
hoje não inferiores a épocas passadas. (ATCHABAHIAN, riam dentro dos grupos vulneráveis. Alguns acreditam que
2006, p. 163) as minorias são espécie do gênero vulneráveis, sendo que
De acordo com Rocha (1996) tais ações se depreendem este último abarca muito mais subclassificações.
da nova interpretação do princípio da igualdade, posto que Rocha ao escrever sobre minorias ensina que o critério
a desigualdade pretendida é a necessária para impedir que quantitativo não se coaduna com o conceito, tendo em vis-
a igualdade jurídica venha ser somente aquela posta diante ta que minoria que aqui se afirma seria baseado no poder
do “Direito”, em um instante específico da vida da pessoa político, na quantidade de direitos efetivamente assegura-
atingida. Pelo contrário, deve-se focalizar toda uma dinâ- dos aos grupos, incluindo negros, mulheres, como minorias:
mica histórica da sociedade, e não apenas esses momentos Não se toma a expressão minoria no sentido quantita-
da vida social, e cobrir o espaço histórico para que se reflita tivo, senão que no de qualificação jurídica dos grupos con-
ainda na atualidade, as desigualdades que nascem de pre- templados ou aceitos com um cabedal menor de direitos,
conceitos do passado, e que não estão extintos. efetivamente assegurados, que outros, que detém o poder.
Note-se, por oportuno, que em todo permissivo legal Na verdade, minoria, no Direito democraticamente conce-
de discriminação positiva, com a adoção de medidas espe- bido e praticado, teria que representar o número menor
ciais de caráter temporário, se dá com a única finalidade de de pessoas, vez que a maioria é a base de cidadãos que
se acelerar o processo de igualdade para se atingir o ideal compreenda o maior número tomado da totalidade dos
de justiça. Contudo, quando a igualdade for visualizada, membros da sociedade política. Todavia, a maioria é deter-
tais medidas devem ser revogadas para que haja a preva- minada por aquele que detém o poder político, econômico
lência do princípio da igualdade com essa leitura. e inclusive social em determinada base de pesquisa. Ora,
Dentro desta seara, os grupos vulneráveis (neles incluí- ao contrário do que se apura, por exemplo, no regime da
dos algumas minorias) se encontram dentro de um sistema representação democrática nas instituições governamen-
internacional especial de proteção, porque necessitam de tais, em que o número é que determina a maioria (cada
um tratamento diferenciado para adquirir os bens da vida cidadão faz-se representar por um voto, que é o seu, e da
necessários a existir com dignidade. soma dos votos é que se contam os representados e os
representantes para se conhecer a maioria), em termos de
Grupos vulneráveis: conceitos direitos efetivamente havidos e respeitados numa socieda-
Primeiramente, há que se conceituar o que são e quem de, a minoria, na prática dos direitos, nem sempre significa
fazem parte dos grupos vulneráveis. Existe divergência in- o menor número de pessoas. Antes, nesse caso, uma mino-
terpretativa deste com o conceito de minorias, para alguns ria pode bem compreender um contingente que supera em
doutrinadores uma minoria pode ser vulnerável, mas nem número (mas não na prática, no respeito etc.) o que é tido
sempre o inverso é recíproco. A temática não é pacífica. por maioria. Assim o caso de negros e mulheres no Brasil,
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos esta- que são tidos como minorias, mas que representam maior
belece em seu art. 27 que: número de pessoas da globalidade dos que compõem a
No caso em que haja minorias étnicas, religiosas ou sociedade brasileira. (ROCHA, 1996, p. 285)
linguísticas, as pessoas pertencentes a essas minorias não Maia (em conferência realizada com a Ministra Carmen
poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com Lucia Antunes da Rocha) menciona algo importante sobre
outras membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de as minorias no que diz respeito aos grupos étnicos, princi-
professar e praticar sua própria religião e usar sua própria palmente no Brasil, referindo-se aos artigos dos instrumen-
língua. (grifou-se) tos internacionais que abordam sobre a temática:
3
DIREITOS HUMANOS
Esses artigos mencionados dizem respeito às minorias Na Convenção Internacional para a Prevenção e Re-
em geral e, portanto, a todas as minorias. No Brasil, por pressão do Crime de Genocídio, o que se quer proteger
minoria, entendemos, em regra geral, os índios com muita são os grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos, ten-
clareza. Os negros e o movimento negro, sendo 45% da do em vista que o bem a ser protegido aqui é a continuida-
população brasileira, consideram que a abordagem não de da existência destes grupos, conforme se depreende no
deva ser de direito das minorias, mas de uma outra forma conceito extraído do art. 2º e alíneas:
de partilha dos bens e dos recursos na sociedade, ou seja, Art. II - Na presente Convenção, entende-se por ge-
uma outra forma de organização social que seja mais igua- nocídio qualquer dos seguintes atos, cometidos com a
litária, mais justa, realizando justiça social. (MAIA; ROCHA, intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo
2003, p. 65-66) nacional, étnico, racial ou religioso, tal como:
O importante a se ressaltar é que não importa se as (a)assassinato de membros do grupo;
pessoas que necessitam de um tratamento diferenciado (b) dano grave à integridade física ou mental de mem-
estão inseridas nos grupos vulneráveis e/ou nas minorias, bros do grupo;
pois serão amparadas pelo sistema especial de proteção
(c) submissão intencional do grupo a condições de
dos direitos humanos.
existência que lhe ocasionem a destruição física total ou
parcial;
Aspectos gerais das ações afirmativas contidas nas
convenções internacionais de proteção especial: siste- (d) medidas destinadas a impedir os nascimentos no
ma global e regional seio do grupo;
O sistema especial de proteção aos direitos humanos (e) transferência forçada de menores do grupo para
possui, entre outras, as seguintes convenções internacio- outro grupo. (grifou-se)
nais ratificadas pelo Brasil: a) de sistema global (a nível da Contudo, a punição que a Convenção prevê não diz
Organização das Nações Unidas – ONU e entidades liga- respeito somente a prática do genocídio, mas também do
das): Convenção para a prevenção e repressão do crime conluio para cometê-lo, da incitação direta e pública, da
de genocídio; Convenção relativa ao Estatuto dos Refugia- tentativa e da cumplicidade no genocídio. (art. 3º)
dos; Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas Na Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, há
as Formas de Discriminação Racial; Convenção sobre a que se ressaltar primeiramente quem é a pessoa do refu-
Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a giado, e de acordo com Barros (2011, p. 33-34) são aque-
Mulher; Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos las “forçadas a fugirem de seus países, individualmente ou
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes; Convenção parte de evasão em massa, devido a questões políticas,
sobre os Direitos da Criança; Convenção Internacional so- religiosas, militares ou quaisquer outros problemas”. Lem-
bre os Direitos das Pessoas com Deficiência; b) de sistema brando que a definição é fixada para os acontecimentos
regional (a nível da Organização dos Estados Americanos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 (fazendo uma
– OEA): Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a ponte histórica à II Grande Guerra).
Tortura; Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Barros (2011, p. 44) ainda ensina que “a proibição da
Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção Belém repatriação forçada dos refugiados é chamada de non-re-
do Pará; Convenção Interamericana sobre Tráfico Interna- foulement (‘não devolução’), e constitui-se no princípio fun-
cional de Menores; Convenção Interamericana para a Eli- damental do direito internacional dos refugiados.”
minação de todas as Formas de Discriminação contra as É no art. 33 da Convenção relativa ao Estatuto dos Re-
Pessoas Portadoras de Deficiência. fugiados que contém a proibição de expulsão ou devolu-
Logo, verifica-se que a preocupação das Organizações ção dos refugiados para as fronteiras dos territórios que
Internacionais e dos próprios Estados que as compõem é
sua vida ou liberdade se encontra ameaçada (por motivos
de proteger o ser humano em toda sua extensão, garan-
de raça, religião, nacionalidade, grupo social a que perten-
tindo-lhes o princípio fundamento da dignidade da pessoa
humana. ça ou suas opiniões políticas). Além disso, convém observar
Piovesan ensina que: que os refugiados em consonância com essa Convenção
O sistema especial de proteção realça o processo de são especificamente aqueles ligados aos motivos já relata-
especificação do sujeito de direito, em que o sujeito de di- dos, não se vislumbrando à época a possibilidade de aber-
reito é visto em sua especificidade e concretude. Isto é, as tura para outras espécies de refugiados.
Convenções que integram esse sistema são endereçadas a Ocorre que com as condições climáticas atualmente
determinando sujeito de direito, ou seja, buscam respon- enfrentadas, existem grupos de pessoas que não conse-
der a uma específica violação de direito. Atente-se que, no guem sobreviver em seu habitat (país) por conta dessas
âmbito do sistema geral de proteção, como ocorre com situações, e muitas vezes fogem para outros territórios a
a Internacional Bill of Rigths, o endereçado é toda e qual- fim de buscar uma sobrevivência: são os chamados refu-
quer pessoa, genericamente concebida. No âmbito do sis- giados ambientais. Indagação interessante faz Barros sobre
tema geral, o sujeito de direito é visto em sua abstração e os refugiados ambientais: “para onde essa gente irá?”. Pre-
generalidade. (PIOVESAN, 2010, p. 192) leciona que:
Convém ressaltar que os sistemas de proteção geral e Apesar da tentativa de regulamentar um tema tão im-
especial são complementares, e que os direitos resguarda- portante no cenário atual, infelizmente não se produziu um
dos nas convenções do sistema especial não retiram destes tratado internacional capaz de gerar nos países a respon-
grupos os direitos das convenções do sistema geral. sabilidade e, mas ainda, o dever de defender os interesses
4
DIREITOS HUMANOS
dos vitimados pelo clima, proporcionando-lhes a qualida- Convenção. Com relação aos direitos econômicos, sociais
de de vida própria e a dignidade humana que todos mere- e culturais, os Estados Partes adotarão essas medidas utili-
cem. (BARROS, 2011, p. 73) zando ao máximo os recursos disponíveis e, quando neces-
A Convenção Internacional sobre a Eliminação de to- sário, dentro de um quadro de cooperação internacional.
das as Formas de Discriminação Racial prevê em seu art. Entre outros direitos a criança não poderá sofrer ne-
1º, §4º, a possibilidade da discriminação positiva quando nhuma espécie de discriminação (por raça, cor, sexo, lín-
estabelece que: gua, religião, opinião política ou outra da criança, de seus
Não serão consideradas discriminações racial as medi- pais ou representantes legais, ou da sua origem nacional,
das especiais tomadas como o único objetivo de assegurar étnica ou social, fortuna, incapacidade, nascimento ou de
progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos qualquer outra situação); tem direitos à vida, a uma na-
ou indivíduos que necessitem da proteção que possa ser cionalidade e nome, proteção de sua identidade, e direito
necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos de conviver com seus pais (mesmo que estes sejam se-
igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
parados); tem o direito de expor livremente sua opinião
fundamentais, contanto que, tais medidas não conduzam,
e se manifestar; liberdade de pensamento, consciência e
em consequência , á manutenção de direitos separados
religião; direito à informação apropriada e a proteção con-
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem
sidos alcançados os seus objetivos. tra maus tratos e negligência. Tem-se, porém, uma atenção
E ainda, no art. 2º, §2º: especial às crianças refugiadas e deficientes.
Os Estados Parte tomarão, se as circunstâncias o exi- E inovando, a Convenção Internacional sobre os Direi-
girem, nos campos social, econômico, cultural e outros, as tos das Pessoas com Deficiência, também conhecida como
medidas especiais e concretos para assegurar como con- Convenção de Nova York.
vier o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos Em seu art. 1º, a Convenção já instituiu os propósitos e
raciais de indivíduos pertencentes a estes grupos com o traz o conceito de deficiente:
objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o Art. 1º. O propósito da presente Convenção é promo-
pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades ver, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de
fundamentais. Essas medidas não deverão, em caso algum, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por
ter a finalidade de manter direitos desiguais ou distintos todas as pessoas com deficiência e promover o respeito
para os diversos grupos raciais, depois de alcançados os pela sua dignidade inerente.
objetivos em razão dos quais foram tomadas. Pessoas com deficiência são aquelas que têm impe-
Na Convenção sobre a Eliminação de todas as formas dimentos de longo prazo de natureza física, mental, inte-
de Discriminação contra a Mulher, em seus art. 4º, §§1º e lectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
2º, estatuem que: barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva
Artigo 4º - 1. A adoção pelos Estados-partes de medi- na sociedade em igualdades de condições com as demais
das especiais de caráter temporário destinadas a acelerar a pessoas.
igualdade de fato entre o homem e a mulher não se con- O art. 5º, §§3º e 4º abordam que com a finalidade de
siderará discriminação na forma definida nesta Convenção, promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Esta-
mas de nenhuma maneira implicará, como consequência, a dos-partes deverão adotar todas as medidas apropriadas
manutenção de normas desiguais ou separadas; essas me- para garantir que a adaptação razoável seja oferecida, e
didas cessarão quando os objetivos de igualdade de opor- ainda, as medidas específicas que forem necessárias para
tunidade e tratamento houverem sido alcançados. acelerar ou alcançar a efetiva igualdade das pessoas com
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais,
deficiência não serão consideradas discriminatórias.
inclusive as contidas na presente Convenção, destinadas a
Os artigos 6º e 7º, sobre a temática, fazem uma alu-
proteger a maternidade, não se considerará discriminatória.
Na Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos são às múltiplas discriminações conjuntas que sofrem as
ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, além da mulheres e meninas, bem como as crianças que são de-
proibição de prática de tortura por funcionários públicos, ficientes, determinando aos Estados-partes que adotem
ou outra pessoa no exercício dessas funções, ou por ele as medidas apropriadas para assegurar o pleno desenvol-
instigado, dentro do país signatário, a fim de obter dela vimento, o avanço e o empoderamento das mulheres, e
ou de terceira pessoa confissões, ou lhe infligir castigo por que o superior interesse da criança receberá consideração
algo que seja suspeita, proíbe também o Estado-parte de primordial.
extraditar, expulsar ou devolver pessoa a seu país de ori- Araújo (2011) entende que a igualdade tem que ser
gem que saiba que ali poderá ser submetido a tortura, con- analisada como uma regra para se entender o direito à in-
forme reza o art. 3º, §§1º e 2º. clusão das pessoas com deficiência, sendo que a igualdade
Já a Convenção sobre os Direitos da Criança traz um formal deve ser afastada diante de situações que possa ser
maior protecionismo em relação a faixa etária do qual se realizada. Para o autor, as pessoas com deficiência já tem,
considera criança aqueles menores de 18 anos, salvo se ida- pela sua própria condição, o direito a esse afastamento da
de inferior for imposta no ordenamento do Estado-parte. igualdade formal, nas situações que concorram com pes-
O art. 4º institui que: soas sem deficiência.
Os Estados Partes adotarão todas as medidas ad- Nos mesmos padrões do sistema global especial de
ministrativas, legislativas e de outra índole com vistas proteção dos direitos humanos, o sistema regional tem a
à implementação dos direitos reconhecidos na presente Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura;
5
DIREITOS HUMANOS
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar que encontramos são pessoas amontoadas em pequenos
a Violência contra a Mulher – Convenção Belém do Pará espaços de confinamento, sem qualquer condição de hi-
(que inovou na situação de além de tratar da discriminação, giene, alimentação, educação e trabalho adequadas.
aborda o assunto da violência); Convenção Interamerica- Quanto à superlotação, dados recentes demonstram
na sobre Tráfico Internacional de Menores (também com que o sistema prisional brasileiro apresenta um déficit de
menção no contexto da Convenção sobre os Direitos da mais de 220 mil vagas, o que representa a total impossibi-
Criança) e a Convenção Interamericana para a Eliminação
lidade de cumprir os direitos dos presos de estar em uma
de todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas
cela individual arejada, que contém um dormitório, apare-
Portadoras de Deficiência (que inclusive é anterior à Con-
venção de Nova York). lho sanitário e lavatório com área mínima de 6 m².
. O relatório da CPI do sistema prisional brasileiro apon-
Logo, estes são os principais instrumentos do sistema tou que nenhum presídio brasileiro cumpria as exigências
especial de proteção aos direitos humanos, que trazem em legais inscritas na Lei de Execução Penal Brasileira (CPI,
seu arcabouço histórico de construção o resultado das lu- 2009), para não citar os relatórios da ONU, entre outros.
tas travadas em prol de uma humanidade mais justa (nos Ainda, um dado relevante a ser citado é o de que 40,1%
critérios da igualdade material distributiva e com reconhe- dos presos aguardam julgamento, ou seja, são presos pro-
cimento das identidades) e solidária. visórios, aguardando uma sentença, sendo que este dado
não está levando em consideração os presos nas delega-
CONSIDERAÇÕES FINAIS cias de polícia, que, em sua maioria, estão presos também
Observa-se que o reconhecimento dos direitos huma- provisoriamente.
nos dos grupos de indivíduos em estado de vulnerabili- Verifica-se, portanto, que o Brasil tem aplicado a pena
dade deve-se ao tratamento isonômico por via inversa de
de prisão sempre como alternativa primária para a resolu-
desigualar para igualar, na máxima aristotélica.
Este protecionismo especial a esses grupos pode se dar ção de conflitos penais, verificando-se um aumento grada-
de duas formas: a uma de modo provisório (em que a vul- tivo desproporcional em descompasso com o crescimento
nerabilidade é temporária, como no caso das crianças, ou populacional.
mesmo no caso das pessoas enquanto presas, posto que Nos últimos 20 anos, o encarceramento cresceu 379%,
estas condições poderão passar); a duas de modo perma- enquanto que a população do país cresceu apenas 30%,
nente (como é o caso da discriminação contra a mulher, ou seja, são 300,96 presos por 100 mil habitantes. Ainda,
deficientes permanentes, idoso, por cor, raça e etnia). é importante destacar que o perfil da população carcerária
Veja-se que, não é pelo fato do grupo de indivíduos ser é composto por homens, pretos ou pardos, jovens e com
considerado vulnerável que, em certas situações conven- baixa escolaridade (CONECTAS, 2014).
cionais, o protecionismo será realizado de modo perpétuo. Ou seja, esses dados buscam descrever a realidade do
Por exemplo, no caso das convenções que determinam se- sistema prisional brasileiro, o qual, conforme se pode cons-
jam realizadas ações afirmativas para equiparar homens e tatar, encontra-se em colapso.
mulheres (em razão de gênero) no mercado de trabalho,
Nesse contexto, vale destacar o importante papel dos
quando alcançada tal meta não haverá mais a necessidade
da subsistência da norma, tendo em vista que a equipara- Direitos Humanos hoje, que é de reverter ou amenizar a
ção se realizou. exclusão e o encarceramento seletivo, daqueles conside-
Por isso, o sistema especial de proteção dos direitos rados invisíveis.
humanos não contraria o direito à igualdade, em razão da Segundo Oscar Villena VIEIRA (2008, p. 207), são as de-
discriminação positiva ser utilizada em prol dos grupos sigualdades sociais “que causam a invisibilidade daqueles
vulneráveis, pelo contrário, se propõe a buscar com que submetidos à pobreza extrema, a demonização daqueles
os Estados-partes, por meio de acordos firmados no âmbi- que desafiam o sistema e a imunidade dos privilegiados”,
to internacional, internalizem os direitos consignados nas minando assim o próprio Estado de Direito e a observância
convenções, afirmando as expectativas de uma igualdade das leis.
solidária e justa, com a autodeterminação dos povos, bem A ofensa à dignidade dos invisíveis é igualmente invisí-
como das individualidades, e ainda, conceber essa busca vel, porque não gera reação política ou social. Muitos ain-
sem ferir o direito à diferença. da acabam sendo vistos como perigosos quando tentam
superar a sua condição de invisíveis, excluindo assim sua
O sistema prisional
condição de cidadãos protegidos pela lei.
Infelizmente o Brasil, no ano de 2014, atingiu o terceiro
lugar no ranking mundial dos países com maior número de Além disso, a concepção de dignidade da pessoa hu-
pessoas encarceradas, somam-se 715.592 pessoas sob cus- mana parecer ser afastada dos rotulados como criminosos
tódia, considerando-se que 567.655 estão presas no sistema e bandidos, a hipótese é a de que a própria concepção de
prisional e 147.937 estão submetidas à prisão domiciliar. dignidade está vinculada às práticas do indivíduo e não à
Além disso, o Brasil também conta com 20.532 jovens sua condição inerente de ser humano (BARCELLOS, p. 52).
que estão cumprindo medidas socioeducativas. Assim, os excluídos e encarcerados não são vistos
No entanto, a forma de contenção dessas pessoas é como titulares de direitos, autorizando-se o uso repressivo
desumana. As condições do sistema prisional atentam con- e até mesmo letal das forças estatais, afastando-se a con-
tra a mínima dignidade da pessoa humana, pois a realidade cepção de direitos humanos.
6
DIREITOS HUMANOS
Os direitos humanos, em especial a dignidade da pes- O princípio fundamental que lastreia todas as regras
soa humana, seriam os direitos individuais e coletivos re- é o de serem as mesmas aplicadas imparcialmente, ou
conhecidos a esses indivíduos ou grupos de pessoas para seja, sem qualquer tipo de discriminação. Superado isso,
que, em face da sua liberdade, satisfaçam suas necessida- as regras se dividem, sendo algumas de aplicação geral,
des compreendidas como as condições de existência que atingindo toda e qualquer categoria de presos, e outras,
permitiriam a “produção material e cultural em uma forma- de aplicação especial, com incidência, portanto, a apenas
ção econômico-social”. determinada categoria de presos.
Mesmo essa visão de garantia dos direitos humanos As de aplicação geral dizem com o registro, separa-
sendo um tanto mais palpável, ainda se configura como ção, locais destinados aos presos, higiene pessoal, roupas
um dever ser, pois na contraditória realidade nem todos de vestir e de cama, alimentação, exercício físico, serviços
podem desfrutar desses direitos, existindo uma verdadei- médicos, disciplina e sanções, instrumentos de coação, in-
ra violência estrutural que afeta sua satisfação (BARATTA, formação e direito de queixa dos presos, contatos com o
2004, p. 334 – 338). mundo exterior, biblioteca, religião, depósito de objetos
Nesse sentido, os direitos humanos exerceriam duas
pertencentes aos presos, notificações de mortes, doenças
funções: uma função negativa, pois os direitos humanos
e transferências, transferências de presos, pessoal peniten-
atuariam como limitação ao poder do Estado de punir, li-
ciário e inspeção.
mitando igualmente as condições da punição; e uma fun-
ção positiva, que seria a de definição do objeto da tutela O documento atual manteve na integralidade o ante-
penal, ou seja, limitando a criação de leis e a sua aplicação, rior, mas trouxe inovações, tais como: fixou um teto para
direcionada não somente àqueles chamados de invisíveis, o isolamento solitário em 15 dias; proibiu que presas par-
ou inimigos. turientes fossem algemadas no parto e pós-parto; no que
Nesse sentido, é que os direitos humanos e a dignida- tange as mortes de presos dentro do sistema penitenciário,
de humana teriam a importante tarefa de serem limites ao impôs a necessidade de monitoramento do sistema prisio-
poder de punir do Estado, servindo de baliza para o hipe- nal por órgãos externos e independentes; proibindo, ainda,
rencarceramento brasileiro. e, também, a revista vexatória de crianças.
Mas qual seria, então, considerando a nossa realidade
prática a finalidade das “Regras de Mandela”? É bom que
(https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/arti- se considere que tais regras estão inseridas no contexto do
gos/413681359/sistema-prisional-brasileiro-e-direitos-hu- sistema global de proteção dos direitos humanos.
manos e https://www.webartigos.com/artigos/a-protecao- Conforme aduz Giacomolli (2015), a partir do surgi-
-dos-direitos-humanos-para-resguardar-certos-grupos- mento das Nações Unidas, a Carta de ONU de 1945 ins-
-de-individuos-em-estado-de-vulnerabilidade/119014) tituiu um sistema internacional de proteção dos direitos
humanos e das liberdades fundamentais, com regras uni-
versais a serem observadas nas relações internacionais e
internas. De acordo com o mesmo autor, a efetividade do
REGRAS MÍNIMAS DAS NAÇÕES UNIDAS sistema contempla a emissão de recomendações com o in-
tuito de promover o respeito dos direitos humanos para
PARA O TRATAMENTO DOS PRESOS.
todos, bem como a criação de comissões pelo Conselho
Econômico e Social.
Também abarca, por certo, a proteção dos direitos hu-
manos, estabelecendo assim como os sistemas regionais
Deu-se ao documento o nome de “Regras de Mande-
de proteção dos direitos humanos, obviamente, já que se
la”, considerando o fato de terem sido concluídas na África
pode dizer que é com a Declaração Universal dos Direitos
do Sul, do ex-presidente Nelson Mandela. Tal atualização,
por certo, cedeu e considerou a transformação então ocor- Humanos que efetivamente nasce o direito internacional
rida no âmbito da execução da pena, haja vista que o do- dos direitos humanos (WEIS, 2011), mecanismos para acio-
cumento original, conforme já se salientou, datava de 1955. namento em caso de violação destes mesmos direitos.
Desde então, efetivamente logrou-se aferir um encarcera- Entretanto, nesse ponto sofremos do mesmo mal que
mento mais do que crescente e com ele o agigantamento assola a efetivação das decisões proferidas em sede de sis-
de precaríssimas condições carcerárias, quanto mais em tema interamericano de proteção dos direitos humanos,
solo brasileiro, diríamos. pois esse é o que mais no toca, diríamos; qual seja, o de
Contudo, o objetivo das referidas regras, conforme se maior coercibilidade do que a mera sanção moral e a visi-
retira do próprio documento, não é descrever um sistema bilidade alcançada em âmbito mundial, haja vista que de-
penitenciário modelo, mas estabelecer princípios e regras pendemos em muito, ainda, da postura e vontade estatal
de uma boa organização penitenciária e da prática relativa ao cumprimento destas recomendações e decisões, muitas
ao tratamento dos presos, razão pela qual se deixa claro das quais até vinculativas.
que dadas às variações de condições jurídicas, sociais, eco- Então, qual o porquê de saudação das “Regras de Man-
nômicas e geográficas existentes no mundo, estas regras dela”? Penso que estas se traduzem em mais um marco
servem para o estímulo constante de superação das dificul- a se atentar quando da atuação e do peticionamento na
dades práticas, sem, no entanto, se mostrarem impositivas seara da execução penal, no tempo, então, do requerimen-
de um todo. to à observância dos direitos humanos fundamentais dos
7
DIREITOS HUMANOS
presos e das presas. É um lastro mínimo, veja-se, do que O princípio da dignidade da pessoa humana, pelo qual
entende plausível e viável a ONU em termos de execução todos os seres humanos são dotados da mesma dignidade
penal, ou seja, estas seriam as condições básicas para que e para que ela seja preservada é preciso que os direitos
se possa falar em execução penal digna, humana e não de- inerentes à pessoa humana sejam garantidos, já aparece no
gradante. preâmbulo constitucional, sendo guia de todo documento.
É um dique na contenção do poder punitivo, que mais Denota-se, ainda, a característica da inalienabilidade
se exacerba no âmbito da execução penal. Regras mínimas dos direitos humanos, pela qual os direitos humanos não
de um jogo que encerra um longo caminho a ser percorri- possuem conteúdo econômico patrimonial, logo, são in-
do, enquanto não se lograr superar a pena de prisão. Afi- transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
nal, todos esses mesmos documentos reconhecem a pena comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
de prisão e com ela o seu caráter de reintegração social. Se autonomia privada.
ainda é assim, então, nas palavras de Alvino Augusto de Sá Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos di-
(2014), “devemos buscar a reintegração social do preso, não reitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultraja-
com a pena privativa de liberdade, mas apesar dela.” ram a consciência da Humanidade e que o advento de um
(Texto adaptado de https://canalcienciascriminais. mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra,
jusbrasil.com.br/artigos/296135439/voce-sabe-o-que- de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da
-sao-as-regras-de-mandela) necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do
homem comum,
A humanidade nunca irá esquecer das imagens vistas
quando da abertura dos campos de concentração nazis-
tas, nos quais os cadáveres esqueléticos do que não eram
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS; considerados seres humanos perante aquele regime polí-
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS tico se amontoavam. Aquelas pessoas não eram conside-
HUMANOS. radas iguais às demais por possuírem alguma caracterís-
tica, crença ou aparência que o Estado não apoiava. Daí a
importância de se atentar para os antecedentes históricos
e compreender a igualdade de todos os homens, indepen-
dentemente de qualquer fator.
Adotada e proclamada pela Resolução n° 217 A (III) da
Considerando essencial que os direitos humanos sejam
Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não
de 1948
seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tira-
nia e a opressão,
Preâmbulo
Por todo o mundo se espalharam, notadamente du-
rante a Segunda Guerra Mundial, regimes totalitários alta-
O preâmbulo é um elemento comum em textos cons- mente opressivos, não só por parte das Potências do Eixo
titucionais. Em relação ao preâmbulo constitucional, Jor- (Alemanha, Itália, Japão), mas também no lado dos Aliados
ge Miranda1 define: “[...] proclamação mais ou menos so- (Rússia e o regime de Stálin).
lene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado Considerando essencial promover o desenvolvimento de
constitucional, não é componente necessário de qualquer relações amistosas entre as nações,
Constituição, mas tão somente um elemento natural de Depois de duas grandes guerras a humanidade conse-
Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou guiu perceber o quanto era prejudicial não manter relações
de grande transformação político-social”. Do conceito do amistosas entre as nações, de forma que o ideal de paz
autor é possível extrair elementos para definir o que re- ganhou uma nova força.
presentam os preâmbulos em documentos internacionais: Considerando que os povos das Nações Unidas reafir-
proclamação dotada de certa solenidade e significância maram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamen-
que antecede o texto do documento internacional e, em- tais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igual-
bora não seja um elemento necessário a ele, merece ser dade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidi-
considerada porque reflete o contexto de ruptura histórica ram promover o progresso social e melhores condições de
e de transformação político-social que levou à elaboração vida em uma liberdade mais ampla,
do documento como um todo. No caso da Declaração de Considerando que os Estados-Membros se compromete-
1948 ficam evidentes os antecedentes históricos inerentes ram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o
às Guerras Mundiais. respeito universal aos direitos humanos e liberdades funda-
Considerando que o reconhecimento da dignidade ine- mentais e a observância desses direitos e liberdades,
rente a todos os membros da família humana e de seus di- Considerando que uma compreensão comum desses di-
reitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da reitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno
justiça e da paz no mundo, cumprimento desse compromisso,
1 MIRANDA, Jorge (Coord.). Estudos sobre a constituição.
Todos os países que fazem parte da Organização das
Lisboa: Petrony, 1978. Nações Unidas, tanto os 51 membros fundadores quanto
os que ingressaram posteriormente (basicamente, todos
8
DIREITOS HUMANOS
demais países do mundo), totalizando 193, assumiram o refere-se aos direitos civis e políticos, os quais garantem a
compromisso de cumprir a Carta da ONU, documento que liberdade do homem no sentido de não ingerência esta-
a fundou e que traz os princípios condutores da ação da tal e de participação nas decisões políticas, evidenciados
organização. historicamente com as Revoluções Americana e Francesa.
A segunda dimensão, presente na expressão iguais, refe-
A Assembleia Geral proclama re-se aos direitos econômicos, sociais e culturais, os quais
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos garantem a igualdade material entre os cidadãos exigindo
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e to- prestações positivas estatais nesta direção, por exemplo,
das as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada assegurando direitos trabalhistas e de saúde, possuindo
órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declara- como antecedente histórico a Revolução Industrial. A ter-
ção, se esforce, através do ensino e da educação, por promo- ceira dimensão, presente na expressão fraternidade, refe-
ver o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção re-se ao necessário olhar sobre o mundo como um lugar
de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, de todos, no qual cada qual deve reconhecer no outro seu
por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância semelhante, digno de direitos, olhar este que também se
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Esta- lança para as gerações futuras, por exemplo, com a preser-
dos-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua vação do meio ambiente e a garantia da paz social, sendo
jurisdição. o marco histórico justamente as Guerras Mundiais.3 As-
A Assembleia Geral é o principal órgão deliberativo sim, desde logo a Declaração estabelece seus parâmetros
das Nações Unidas, no qual há representatividade de to- fundamentais, com esteio na Declaração dos Direitos do
dos os membros e por onde passam inúmeros tratados Homem e do Cidadão de 1789 e na Constituição Francesa
internacionais. de 1791, quais sejam igualdade, liberdade e fraternidade.
Embora os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que se baseiam
Artigo I nesta tríade, tenham surgido de forma paulatina, devem
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade ser considerados em conjunto proporcionando a plena
e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir realização do homem4.
em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a
O primeiro artigo da Declaração é altamente represen- igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta
tativo, trazendo diversos conceitos chaves de todo o do- igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
cumento: um grau satisfatório de dignidade.
a) Princípios da universalidade, presente na palavra Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
todos, que se repete no documento inteiro, pelo qual os verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
direitos humanos pertencem a todos e por isso se encon- vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
tram ligados a um sistema global (ONU), o que impede o as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
retrocesso. medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi-
Na primeira parte do artigo estatui-se que não basta a ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas
igualdade formal perante a lei, mas é preciso realizar esta diferenças.
igualdade de forma a ser possível que todo homem atinja
um grau satisfatório de dignidade. Neste sentido, as dis- Artigo II
criminações legais asseguram a verdadeira igualdade, por Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as
exemplo, com as ações afirmativas, a proteção especial ao liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção
trabalho da mulher e do menor, as garantias aos porta- de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, reli-
dores de deficiência, entre outras medidas que atribuam gião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional
a pessoas com diferentes condições, iguais possibilidades, ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
protegendo e respeitando suas diferenças.2 Reforça-se o princípio da igualdade, bem como o da
b) Princípio da dignidade da pessoa humana: a dig- dignidade da pessoa humana, de forma que todos seres
nidade é um atributo da pessoa humana, segundo o qual humanos são iguais independentemente de qualquer con-
ela merece todo o respeito por parte dos Estados e dos dição, possuindo os mesmos direitos visando a preserva-
demais indivíduos, independentemente de qualquer fator ção de sua dignidade.
como aparência, religião, sexualidade, condição financeira. O dispositivo traz um aspecto da igualdade que impe-
Todo ser humano é digno e, por isso, possui direitos que de a distinção entre pessoas pela condição do país ou ter-
visam garantir tal dignidade. ritório a que pertença, o que é importante sob o aspecto de
c) Dimensões de direitos humanos: tradicionalmente, proteção dos refugiados, prisioneiros de guerra, pessoas
os direitos humanos dividem-se em três dimensões, cada perseguidas politicamente, nacionais de Estados que não
qual representativa de um momento histórico no qual se
evidenciou a necessidade de garantir direitos de certa ca- 3 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso Lafer. 9.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
tegoria. A primeira dimensão, presente na expressão livres,
2 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 4 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
9
DIREITOS HUMANOS
cumpram os preceitos das Nações Unidas. Não obstante, a O direito à segurança pessoal é o direito de viver sem
discriminação não é proibida apenas quanto a indivíduos, medo, protegido pela solidariedade e liberto de agressões,
mas também quanto a grupos humanos, sejam formados logo, é uma maneira de garantir o direito à vida10.
por classe social, etnia ou opinião em comum5. Artigo IV
“A Declaração reconhece a capacidade de gozo in- Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a
distinto dos direitos e liberdades assegurados a todos os escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
homens, e não apenas a alguns setores ou atores sociais. as suas formas.
Garantir a capacidade de gozo, no entanto, não é sufi- “O trabalho escravo não se confunde com o trabalho
ciente para que este realmente se efetive. É fundamental servil. A escravidão é a propriedade plena de um homem
aos ordenamentos jurídicos próprios dos Estados viabi- sobre o outro. Consiste na utilização, em proveito próprio,
lizar os meios idôneos a proporcionar tal gozo, a fim de do trabalho alheio. Os escravos eram considerados seres
que se perfectibilize, faticamente, esta garantia. Isto se dá humanos sem personalidade, mérito ou valor. A servidão,
não somente com a igualdade material diante da lei, mas por seu turno, é uma alienação relativa da liberdade de
também, e principalmente, através do reconhecimento e trabalho através de um pacto de prestação de serviços ou
respeito das desigualdades naturais entre os homens, as de uma ligação absoluta do trabalhador à terra, já que a
quais devem ser resguardadas pela ordem jurídica, pois é servidão era uma instituição típica das sociedades feudais.
somente assim que será possível propiciar a aludida capa- A servidão, representava a espinha dorsal do feudalismo.
cidade de gozo a todos”6. O servo pagava ao senhor feudal uma taxa altíssima pela
utilização do solo, que superava a metade da colheita”11.
Artigo III A abolição da escravidão foi uma luta histórica em todo
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segu- o globo. Seria totalmente incoerente quanto aos princípios
rança pessoal. da liberdade, da igualdade e da dignidade se admitir que
Segundo Lenza7, “abrange tanto o direito de não ser um ser humano pudesse ser submetido ao outro, ser trata-
morto, privado da vida, portanto, direito de continuar vivo, do como coisa. O ser humano não possui valor financeiro e
como também o direito de ter uma vida digna”. Na pri- nem serve ao domínio de outro, razão pela qual a escravi-
meira esfera, enquadram-se questões como pena de mor- dão não pode ser aceita.
te, aborto, pesquisas com células-tronco, eutanásia, entre
outras polêmicas. Na segunda esfera, notam-se desdo- Artigo V
bramentos como a proibição de tratamentos indignos, a Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento
exemplo da tortura, dos trabalhos forçados, etc. ou castigo cruel, desumano ou degradante.
A vida humana é o centro gravitacional no qual orbi- Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
tam todos os direitos da pessoa humana, possuindo re- crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
flexos jurídicos, políticos, econômicos, morais e religiosos. confissão, informação ou simplesmente por prazer da pes-
Daí existir uma dificuldade em conceituar o vocábulo vida. soa que tortura. A tortura é uma espécie de tratamento ou
Logo, tudo aquilo que uma pessoa possui deixa de ter valor castigo cruel, desumano ou degradante. A Convenção das
ou sentido se ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou
principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral de Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (Resolução n°
todos os seres humanos. Trata-se de um direito que pode 39/46 da Assembleia Geral das Nações Unidas) foi estabe-
ser visto em 4 aspectos, quais sejam: a) direito de nascer; b) lecida em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil
direito de permanecer vivo; c) direito de ter uma vida digna em 28 de setembro de 1989. Em destaque, o artigo 1 da
quanto à subsistência e; d) direito de não ser privado da referida Convenção:
vida através da pena de morte8.
Por sua vez, o direito à liberdade é posto como consec- Artigo 1º, Convenção da ONU contra Tortura e Outros
tário do direito à vida, pois ela depende da liberdade para Tratamentos ou Penas Cruéis
o desenvolvimento intelectual e moral. Assim, “[...] liber- 1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tor-
dade é assim a faculdade de escolher o próprio caminho, tura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos
sendo um valor inerente à dignidade do ser, uma vez que agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente
decorre da inteligência e da volição, duas características da a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes-
pessoa humana”9. soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela
ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
5 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
6 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. de qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são
7 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com
8 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 10 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
9 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 11 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
10
DIREITOS HUMANOS
o seu consentimento ou aquiescência. Não se considerará Geralmente, nos textos constitucionais são estabelecidos
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequên- os direitos fundamentais e os instrumentos para protegê-
cia unicamente de sanções legítimas, ou que sejam inerentes -los, por exemplo, o habeas corpus serve à proteção do di-
a tais sanções ou delas decorram. reito à liberdade de locomoção.
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a
restringir qualquer instrumento internacional ou legislação Artigo IX
nacional que contenha ou possa conter dispositivos de al- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exi-
cance mais amplo. lado.
Artigo VI Prisão e detenção são formas de impedir que a pes-
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, soa saia de um estabelecimento sob tutela estatal, privan-
reconhecida como pessoa perante a lei. do-a de sua liberdade de locomoção. Exílio é a expulsão
“Afinal, se o Direito existe em função da pessoa huma- ou mudança forçada de uma pessoa do país, sendo assim
na, será ela sempre sujeito de direitos e de obrigações. Ne- também uma forma de privar a pessoa de sua liberdade de
locomoção em um determinado território. Nenhuma des-
gar-lhe a personalidade, a aptidão para exercer direitos e
tas práticas é permitida de forma arbitrária, ou seja, sem o
contrair obrigações, equivale a não reconhecer sua própria
respeito aos requisitos previstos em lei.
existência. [...] O reconhecimento da personalidade jurídica
Não significa que em alguns casos não seja aceita a pri-
é imprescindível à plena realização da pessoa humana. Tra- vação de liberdade, notadamente quando o indivíduo tiver
ta-se de garantir a cada um, em todos os lugares, a possi- praticado um ato que comprometa a segurança ou outro
bilidade de desenvolvimento livre e isonômico”12. direito fundamental de outra pessoa.
O sistema de proteção de direitos humanos estabeleci-
do no âmbito da Organização das Nações Unidas é global, Artigo X
razão pela qual não cabe o seu desrespeito em qualquer Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma
localidade do mundo. Por isso, um estrangeiro que visite audiência justa e pública por parte de um tribunal in-
outro país não pode ter seus direitos humanos violados, dependente e imparcial, para decidir de seus direitos e
independentemente da Constituição daquele país nada deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal
prever a respeito dos direitos dos estrangeiros. A pessoa contra ele.
humana não perde tal caráter apenas por sair do território “De acordo com a ordem que promana do preceito
de seu país. Em outras palavras, denota-se uma das facetas acima reproduzido, as pessoas têm a faculdade de exigir
do princípio da universalidade. um pronunciamento do Poder Judiciário, acerca de seus
direitos e deveres postos em litígio ou do fundamento de
Artigo VII acusação criminal, realizado sob o amparo dos princípios
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual- da isonomia, do devido processo legal, da publicidade dos
quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a atos processuais, da ampla defesa e do contraditório e da
igual proteção contra qualquer discriminação que viole a imparcialidade do juiz”13.
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis- Em outras palavras não é possível juízo ou tribunal de
criminação. exceção, ou seja, um juízo especialmente delegado para o
Um dos desdobramentos do princípio da igualdade julgamento do caso daquela pessoa. O juízo deve ser esco-
refere-se à igualdade perante à lei. Toda lei é dotada de lhido imparcialmente, de acordo com as regras de organi-
caráter genérico e abstrato que evidencia não aplicar-se a zação judiciária que valem para todos. Não obstante, o juí-
uma pessoa determinada, mas sim a todas as pessoas que zo deve ser independente, isto é, poder julgar independen-
temente de pressões externas para que o julgamento se dê
venham a se encontrar na situação por ela descrita. Não
num ou noutro sentido. O juízo também deve ser imparcial,
significa que a legislação não possa estabelecer, em abstra-
não possuindo amizade ou inimizade em graus relevantes
to, regras especiais para um grupo de pessoas desfavoreci-
para com o acusado. Afinal, o direito à liberdade é consa-
do socialmente, direcionando ações afirmativas, por exem- grado e para que alguém possa ser privado dela por uma
plo, aos deficientes, às mulheres, aos pobres - no entanto, condenação criminal é preciso que esta se dê dentro dos
todas estas ações devem respeitar a proporcionalidade e a trâmites legais, sem violar direitos humanos do acusado.
razoabilidade (princípio da igualdade material).
Artigo XI
Artigo VIII 1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direi-
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais to de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade
competentes remédio efetivo para os atos que violem os tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento
direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as ga-
constituição ou pela lei. rantias necessárias à sua defesa.
Não basta afirmar direitos, é preciso conferir meios O princípio da presunção de inocência ou não culpa-
para garanti-los. Ciente disto, a Declaração traz aos Esta- bilidade liga-se ao direito à liberdade. Antes que ocorra
dos partes o dever de estabelecer em suas legislações in- a condenação criminal transitada em julgado, isto é, pro-
ternas instrumentos para proteção dos direitos humanos. cessada até o último recurso interposto pelo acusado, este
12 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 13 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
11
DIREITOS HUMANOS
deve ser tido como inocente. Durante o processo penal, da vida privada é condição de expansão da personalidade”,
o acusado terá direito ao contraditório e à ampla defesa, mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. “O
bem como aos meios e recursos inerentes a estas garan- direito à honra distancia-se levemente dos dois anteriores,
tias, e caso seja condenado ao final poderá ser considerado podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa tem de
culpado. A razão é que o estado de inocência é inerente ao si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fazem os
ser humano até que ele viole direito alheio, caso em que outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabilidade
merecerá sanção. no meio social. O direito à imagem também possui duas
“Através desse princípio verifica-se a necessidade de o conotações, podendo ser entendido em sentido objetivo,
Estado comprovar a culpabilidade do indivíduo presumido com relação à reprodução gráfica da pessoa, por meio de
inocente. Está diretamente relacionado à questão da pro-
fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido subjetivo,
va no processo penal que deve ser validamente produzida
significando o conjunto de qualidades cultivadas pela pes-
para ao final do processo conduzir a culpabilidade do in-
divíduo admitindo-se a aplicação das penas previamente soa e reconhecidas como suas pelo grupo social”17.
cominadas. Entretanto, a presunção de inocência não afas- O artigo também abrange a proteção ao domicílio, lo-
ta a possibilidade de medidas cautelares como as prisões cal no qual a pessoa deseja manter sua privacidade e pode
provisórias, busca e apreensão, quebra de sigilo como me- desenvolver sua personalidade; e à correspondência, en-
didas de caráter excepcional cujos requisitos autorizadores viada ao seu lar unicamente para sua leitura e não de ter-
devem estar previstos em lei”14. ceiros, preservando-se sua privacidade.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
omissão que, no momento, não constituíam delito peran- Artigo XIII
te o direito nacional ou internacional. Tampouco será im- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e
posta pena mais forte do que aquela que, no momento da residência dentro das fronteiras de cada Estado.
prática, era aplicável ao ato delituoso. Não há limitações ao direito de locomoção dentro do
Evidencia-se o princípio da irretroatividade da lei penal próprio Estado, nem ao direito de residir. Vale lembrar que
in pejus (para piorar a situação do acusado) pelo qual uma a legislação interna pode estabelecer casos em que tal di-
lei penal elaborada posteriormente não pode se aplicar a reito seja relativizado, por exemplo, obrigando um funcio-
atos praticados no passado - nem para um ato que não era nário público a residir no município em que está sediado
considerado crime passar a ser, nem para que a pena de ou impedindo o ingresso numa área de interesse estatal.
um ato que era considerado crime seja aumentada. Eviden-
São exceções à liberdade de locomoção: decisão judi-
cia não só o respeito à liberdade, mas também - e princi-
cial que imponha pena privativa de liberdade ou limitação
palmente - à segurança jurídica.
da liberdade, normas administrativas de controle de vias e
Artigo XII veículos, limitações para estrangeiros em certas regiões ou
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida pri- áreas de segurança nacional e qualquer situação em que
vada, na sua família, no seu lar ou na sua correspon- o direito à liberdade deva ceder aos interesses públicos18.
dência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país,
pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências inclusive o próprio, e a este regressar.
ou ataques. A nacionalidade é um direito humano, assim como a li-
A proteção aos direitos à privacidade e à personalidade berdade de locomoção. Destaca-se que o artigo não men-
se enquadra na primeira dimensão de direitos fundamen- ciona o direito de entrar em qualquer país, mas sim o de
tais no que tange à proteção à liberdade. Enfim, o exercício deixá-lo.
da liberdade lega-se também às limitações a este exercício:
de que adianta ser plenamente livre se a liberdade de um Artigo XIV
interfere na liberdade - e nos direitos inerentes a esta liber- 1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de
dade - do outro. procurar e de gozar asilo em outros países.
“O direito à intimidade representa relevante manifes- 2. Este direito não pode ser invocado em caso de per-
tação dos direitos da personalidade e qualifica-se como seguição legitimamente motivada por crimes de direito
expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em
comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios
reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço
das Nações Unidas.
indevassável destinado a protegê-la contra indevidas inter-
ferências de terceiros na esfera de sua vida privada”15. O direito de asilo serve para proteger uma pessoa per-
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida- seguida por suas opiniões políticas, situação racial, convic-
de, ao abordar a proteção da vida privada - que, em resu- ções religiosas ou outro motivo político em seu país de ori-
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio gem, permitindo que ela requeira perante a autoridade de
e de círculos de amigos -, Silva16 entende que “o segredo outro Estado proteção. Claro, não se protege aquele que
14 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 17 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito
15 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 18 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
16 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
12
DIREITOS HUMANOS
praticou um crime comum em seu país e fugiu para outro, As Nações Unidas20 descrevem sua participação no his-
caso em que deverá ser extraditado para responder pelo tórico do direito dos refugiados no mundo:
crime praticado. “Desde a sua criação, a Organização das Nações Uni-
O direito dos refugiados é o que envolve a garantia de das tem dedicado os seus esforços à proteção dos refu-
asilo fora do território do qual é nacional por algum dos giados no mundo. Em 1951, data em que foi criado o Alto
motivos especificados em normas de direitos humanos, Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (AC-
notadamente, perseguição por razões de raça, religião, na- NUR), havia um milhão de refugiados sob a sua responsa-
cionalidade, pertença a um grupo social determinado ou bilidade. Hoje este número aumentou para 17,5 milhões,
convicções políticas. Diversos documentos internacionais para além dos 2,5 milhões assistidos pelo Organismo das
disciplinam a matéria, a exemplo da Declaração Universal Nações Unidas das Obras Públicas e Socorro aos Refugia-
de 1948, Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refu- dos da Palestina, no Próximo Oriente (ANUATP), e ainda
giados, Quarta Convenção de Genebra Relativa à Proteção mais de 25 milhões de pessoas deslocadas internamente.
das Pessoas Civis em Tempo de Guerra de 1949, Convenção Em 1951, a maioria dos refugiados eram Europeus. Hoje, a
relativa ao Estatuto dos Apátridas de 1954, Convenção so- maior parte é proveniente da África e da Ásia. Atualmente,
bre a Redução da Apatridia de 1961 e Declaração das Na- os movimentos de refugiados assumem cada vez mais a
ções Unidas sobre a Concessão de Asilo Territorial de 1967. forma de êxodos maciços, diferentemente das fugas indi-
Não obstante, a constituição brasileira adota a concessão viduais do passado. Hoje, oitenta por cento dos refugiados
de asilo político como um de seus princípios nas relações são mulheres e crianças. Também as causas dos êxodos se
internacionais (art. 4º, X, CF). multiplicaram, incluindo agora as catástrofes naturais ou
“A prática de conceder asilo em terras estrangeiras a ecológicas e a extrema pobreza. Daí que muitos dos atuais
pessoas que estão fugindo de perseguição é uma das ca- refugiados não se enquadrem na definição da Convenção
racterísticas mais antigas da civilização. Referências a essa relativa ao Estatuto dos Refugiados. Esta Convenção refe-
prática foram encontradas em textos escritos há 3.500 re-se a vítimas de perseguição por razões de raça, religião,
anos, durante o florescimento dos antigos grandes impé- nacionalidade, pertença a um grupo social determinado ou
rios do Oriente Médio, como o Hitita, Babilônico, Assírio e convicções políticas. [...]
Egípcio antigo.
Mais de três milênios depois, a proteção de refugiados Existe uma relação evidente entre o problema dos re-
foi estabelecida como missão principal da agência de refu- fugiados e a questão dos direitos humanos. As violações
giados da ONU, que foi constituída para assistir, entre ou- dos direitos humanos constituem não só uma das princi-
tros, os refugiados que esperavam para retornar aos seus pais causas dos êxodos maciços, mas afastam também a
países de origem no final da II Guerra Mundial. opção do repatriamento voluntário enquanto se verifica-
A Convenção de Refugiados de 1951, que estabeleceu o rem. As violações dos direitos das minorias e os conflitos
ACNUR, determina que um refugiado é alguém que ‘temen- étnicos encontram-se cada vez mais na origem quer dos
do ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionali- êxodos maciços, quer das deslocações internas. [...]
dade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do Na sua segunda sessão, no final de 1946, a Assembleia
país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude Geral criou a Organização Internacional para os Refugiados
desse temor, não quer valer-se da proteção desse país’. (OIR), que assumiu as funções da Agência das Nações Uni-
Desde então, o ACNUR tem oferecido proteção e assis- das para a Assistência e a Reabilitação (ANUAR). Foi inves-
tência para dezenas de milhões de refugiados, encontran- tida no mandato temporário de registrar, proteger, instalar
do soluções duradouras para muitos deles. Os padrões da e repatriar refugiados. [...] Cedo se tornou evidente que a
migração se tornaram cada vez mais complexos nos tem- responsabilidade pelos refugiados merecia um maior es-
pos modernos, envolvendo não apenas refugiados, mas forço da comunidade internacional, a desenvolver sob os
também milhões de migrantes econômicos. Mas refugia- auspícios da própria Organização das Nações Unidas. As-
dos e migrantes, mesmo que viajem da mesma forma com sim, muito antes de terminar o mandato da OIR, iniciaram-
frequência, são fundamentalmente distintos, e por esta -se as discussões sobre a criação de uma organização que
razão são tratados de maneira muito diferente perante o lhe pudesse suceder.
direito internacional moderno. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Re-
Migrantes, especialmente migrantes econômicos, de- fugiados (ACNUR) Na sua Resolução 319 A (IV) de 3 de
cidem deslocar-se para melhorar as perspectivas para si Dezembro de 1949, a Assembleia Geral decidiu criar o Alto
mesmos e para suas famílias. Já os refugiados necessitam Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. O
deslocar-se para salvar suas vidas ou preservar sua liber- Alto Comissariado foi instituído em 1 de Janeiro de 1951,
dade. Eles não possuem proteção de seu próprio Estado como órgão subsidiário da Assembleia Geral, com um
e de fato muitas vezes é seu próprio governo que ameaça mandato inicial de três anos. Desde então, o mandato do
persegui-los. Se outros países não os aceitarem em seus ACNUR tem sido renovado por períodos sucessivos de cin-
territórios, e não os auxiliarem uma vez acolhidos, poderão co anos [...]”.
estar condenando estas pessoas à morte ou à uma vida
20 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU. Direitos
insuportável nas sombras, sem sustento e sem direitos”19. Humanos e Refugiados. Ficha normativa nº 20. Disponível em: <http://
19 http://www.acnur.org/t3/portugues/a-quem-ajudamos/ www.gddc.pt/direitos-humanos/Ficha_Informativa_20.pdf >. Acesso em:
refugiados/ 13 jun. 2013.
13
DIREITOS HUMANOS
14
DIREITOS HUMANOS
Por sua vez, “a liberdade de associação para fins lícitos, Direitos econômicos, sociais e culturais compõem a
vedada a de caráter paramilitar, é plena. Portanto, ninguém segunda dimensão de direitos fundamentais. O Pacto in-
poderá ser compelido a associar-se e, uma vez associado, ternacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de
será livre, também, para decidir se permanece associado 1966 é o documento que especifica e descreve tais direi-
ou não”26. tos. de uma maneira geral, são direitos que não dependem
puramente do indivíduo para a implementação, exigindo
Artigo XXI prestações positivas estatais, geralmente externadas por
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no gover- políticas públicas (escolhas políticas a respeito de áreas
no de seu país, diretamente ou por intermédio de represen-
que necessitam de investimento maior ou menos para pro-
tantes livremente escolhidos.
porcionar um bom índice de desenvolvimento social, dimi-
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço
nuindo desigualdades). Entre outros direitos, envolvem o
público do seu país.
3. A vontade do povo será a base da autoridade do trabalho, a educação, a saúde, a alimentação, a moradia, o
governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas lazer, etc. Como são inúmeras as áreas que necessitam de
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou pro- investimento estatal, naturalmente o atendimento a estes
cesso equivalente que assegure a liberdade de voto. direitos se dá de maneira gradual.
“Na sociedade moderna, nascida de transformações
que culminaram na Revolução Francesa, o indivíduo é vis- Artigo XXIII
to como homem (pessoa privada) e como cidadão (pessoa 1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco-
pública). O termo cidadão designava originalmente o habi- lha de emprego, a condições justas e favoráveis de tra-
tante da cidade. Com a consolidação da sociedade burgue- balho e à proteção contra o desemprego.
sa, passa a indicar a ação política e a participação do sujeito 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
na vida da sociedade”27. igual remuneração por igual trabalho.
Democracia (do grego, demo+kratos) é um regime de 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remune-
governo em que o poder de tomar decisões políticas está ração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à
com os cidadãos, de forma direta (quando um cidadão se sua família, uma existência compatível com a dignidade hu-
reúne com os demais e, juntos, eles tomam a decisão po- mana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios
lítica) ou indireta (quando ao cidadão é dado o poder de de proteção social.
eleger um representante). Uma democracia pode existir
4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e ne-
num sistema presidencialista ou parlamentarista, republi-
les ingressar para proteção de seus interesses.
cano ou monárquico - somente importa que seja dado aos
cidadãos o poder de tomar decisões políticas (por si só ou O trabalho é um instrumento fundamental para asse-
por seu representante eleito), nos termos que este artigo gurar a todos uma existência digna: de um lado por pro-
da Declaração prevê. A principal classificação das demo- porcionar a remuneração com a qual a pessoa adquirirá
cracias é a que distingue a direta da indireta - a) direta, bens materiais para sua subsistência, de outro por gerar
também chamada de pura, na qual o cidadão expressa sua por si só o sentimento de importância para a sociedade por
vontade por voto direto e individual em casa questão re- parte daquele que faz algo útil nela. No entanto, a geração
levante; b) indireta, também chamada representativa, em de empregos não se dá automaticamente, cabendo aos
que os cidadãos exercem individualmente o direito de voto Estados desenvolverem políticas econômicas para diminuir
para escolher representante(s) e aquele(s) que for(em) mais os índices de desemprego o máximo possível.
escolhido(s) representa(m) todos os eleitores. A remuneração é a retribuição financeira pelo traba-
Não obstante, se introduz a dimensão do Estado So- lho realizado. Nesta esfera também é necessário o respei-
cial, de forma que ao cidadão é garantida a prestação de to ao princípio da igualdade, por não ser justo que uma
serviços públicos. Isto se insere na segunda dimensão de pessoa que desempenhe as mesmas funções que a outra
direitos humanos, referentes aos direitos econômicos, so- receba menos por um fator externo, característico dela,
ciais e culturais - sem os quais não se consolida a igual- como sexo ou raça. No âmbito do serviço público é mais
dade material. fácil controlar tal aspecto, mas são inúmeras as empresas
privadas que pagam menor salário a mulheres e que não
Artigo XXII
chegam a ser levadas à justiça por isso. Não obstante, a
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à
remuneração deve ser suficiente para proporcionar uma
segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela
cooperação internacional e de acordo com a organização e existência digna, com o necessário para manter assegu-
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais rados ao menos minimamente todos os direitos humanos
e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desen- previstos na Declaração.
volvimento da sua personalidade. Os sindicatos são bastante comuns na seara trabalhista
e, como visto, a todos é garantida a liberdade de associa-
26 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado.
15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ção, não podendo ninguém ser impedido ou forçado a in-
27 SCHLESENER, Anita Helena. Cidadania e política. In: gressar ou sair de um sindicato.
CARDI, Cassiano; et. al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.
15
DIREITOS HUMANOS
16
DIREITOS HUMANOS
Os conflitos que se dão entre a liberdade e a proprieda- tais é suscetível de ser entendida como o ‘outro lado’ dos
de intelectual se evidenciam, principalmente, sob o aspecto direitos fundamentais. Como ao titular de um direito fun-
da liberdade de expressão, na esfera específica da liber- damental corresponde um dever por parte de um outro
dade de comunicação ou informação, que, nos dizeres de titular, poder-se-ia dizer que o particular está vinculado
Silva30, “compreende a liberdade de informar e a liberdade aos direitos fundamentais como destinatário de um dever
de ser informado”. Sob o enfoque do direito à liberdade e fundamental. Neste sentido, um direito fundamental, en-
do direito de acesso à cultura, seria livre a divulgação de quanto protegido, pressuporia um dever correspondente”.
toda e qualquer informação e o acesso aos dados disponí- Esta é a ideia que a Declaração de 1948 busca trazer: não
veis, independentemente da fonte ou da autoria. De outro será assegurada nenhuma liberdade que contrarie a lei ou
lado, há o direito de propriedade intelectual, o qual possui os demais direitos de outras pessoas, isto é, os preceitos
um caráter dualista: moral, que nunca prescreve porque universais consagrados pelas Nações Unidas.
o autor de uma obra nunca deixará de ser considerado
como tal, e patrimonial, que prescreve, perdendo o autor Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
o direito de explorar benefícios econômicos de sua obra31.
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
Cada vez mais esta dualidade entre direitos se encontra em
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer ativida-
conflito, uma vez que a evolução tecnológica trouxe meios
de ou praticar qualquer ato destinado à destruição de
para a cópia em massa de conteúdos protegidos pela pro- quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.
priedade intelectual. “A colidência entre os direitos afirmados na Declara-
ção é natural. Busca-se com o presente artigo evitar que,
Artigo XVIII no eventual choque entre duas normas garantistas, os su-
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e inter- jeitos nela mencionados se valham de uma interpretação
nacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na tendente a infirmar qualquer das disposições da Declara-
presente Declaração possam ser plenamente realizados. ção ao argumento de que estão respeitando um direito em
Como já destacado, o sistema de proteção dos direitos detrimento de outro”34.
humanos tem caráter global e cada Estado que assumiu Nenhum direito humano é ilimitado: se o fossem, seria
compromisso perante a ONU ao integrá-la deve garantir o impossível garantir um sistema no qual todas as pessoas
respeito a estes direitos no âmbito de seu território. Com tivessem tais direitos plenamente respeitados, afinal, estes
isso, a pessoa estará numa ordem social e internacional na necessariamente colidiriam com os direitos das outras pes-
qual seus direitos humanos sejam assegurados, preservan- soas, os quais teriam que ser violados. Este é um dos senti-
do-se sua dignidade. Em outras palavras, “devidamente dos do princípio da relatividade dos direitos humanos - os
emparelhadas, portanto, a ordem social e a ordem inter- direitos humanos não podem ser utilizados como um es-
nacional se manifestam, a seu modo, como as duas faces cudo para práticas ilícitas ou como argumento para afasta-
das instituições humanitárias, tanto estatais quanto parti- mento ou diminuição da responsabilidade por atos ilícitos,
culares, orientando seus passos a serviço da comunidade assim os direitos humanos não são ilimitados e encontram
humana”32. seus limites nos demais direitos igualmente consagrados
como humanos. Isto vale tanto para os indivíduos, numa
Artigo XXIX atitude perante os demais, quanto para os Estados, ao ex-
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, ternar o compromisso global assumido perante a ONU.
em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalida-
de é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa
estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO
exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhe- FEDERAL.
cimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de
satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e
do bem-estar de uma sociedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos
alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e prin- e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin-
cípios das Nações Unidas. tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e
Explica Canotilho33 que “a ideia de deveres fundamen- coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre-
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e
30 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo.
25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. 13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF).
31 PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen-
informação, privacidade e responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: Atlas, sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior
2006. parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
32 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.
Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008. 34 BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração
33 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e Universal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008.
17
DIREITOS HUMANOS
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- artigo 5º, LXV35.
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
direitos que expressamente constam no título II do texto lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
constitucional. cionais.
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- Atenção para o fato de o constituinte chamar os re-
terísticas principais: médios constitucionais de garantias, e todas as suas fór-
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem mulas de direitos e garantias propriamente ditas apenas
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, de direitos.
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
quadra a noção de dimensões de direitos. Direitos e deveres individuais e coletivos
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deve-
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes res individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na capítulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. do indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucio-
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da nais próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.:
autonomia privada. mandado de segurança coletivo).
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- 1) Brasileiros e estrangeiros
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
humana. conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
deixar de ser observados por disposições infraconstitucio- No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu- terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
lidades. dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera-
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem nia do país.
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in-
lisados de maneira isolada, separada. gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou
g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela Somente alguns direitos não são estendidos a todas as
falta de uso (prescrição). pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi-
h) Relatividade: os direitos fundamentais não po- ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas titulares de direitos políticos.
ou como argumento para afastamento ou diminuição da
responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não 2) Relação direitos-deveres
são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan-
igualmente consagrados como humanos. tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação di-
reitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamentais.
Vale destacar que a Constituição vai além da proteção Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa re-
dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação conhecida nos direitos fundamentais de que não há direito
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili- que seja absoluto, correspondendo-se para cada direito um
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva- dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é limitado
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as pelo igual direito de mesmo exercício por parte de outrem,
previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de- não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos.
claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias. Explica Canotilho36 quanto aos direitos fundamentais:
O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo “a ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten-
o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como
a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 35 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
comunicação, independentemente de censura ou licença” em teleconferência.
– o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a 36 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito cons-
vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca- titucional e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedi-
sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia na, 1998, p. 479.
18
DIREITOS HUMANOS
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
particular está vinculado aos direitos fundamentais como enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda- tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
mental conferido à pessoa corresponde o dever de respei- dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
to ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas. demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
falando na igualdade perante a lei.
3) Direitos e garantias em espécie No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
caput: para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade No sentido de igualdade material que aparece o direito à
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
propriedade, nos termos seguintes [...]. tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
pecíficas que ganham também destaque no texto consti- Ações afirmativas
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Neste sentido, desponta a temática das ações afirmati-
constitucionais-penais. vas,que são políticas públicas ou programas privados cria-
dos temporariamente e desenvolvidos com a finalidade de
- Direito à igualdade reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou
Abrangência de uma hipossuficiência econômica ou física, por meio da
Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o concessão de algum tipo de vantagem compensatória de
constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual- tais condições.
dade: Quem é contra as ações afirmativas argumenta que,
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem um grupo específico não pode ser usada como critério de
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se-
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
propriedade, nos termos seguintes [...]. público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio;
Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
inciso: discriminação reversa.
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas
Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi- defende que elas representam o ideal de justiça compen-
tos e obrigações, nos termos desta Constituição. satória (o objetivo é compensar injustiças passadas, dívidas
históricas, como uma compensação aos negros por tê-los
Este inciso é especificamente voltado à necessidade de feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça dis-
igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne- tributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo -se uma concretização do princípio da igualdade material);
que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e bem como promovem a diversidade.
obrigações. Neste sentido, as discriminações legais asseguram a
Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afirmati-
mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers- vas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do menor,
pectiva mais ampla. as garantias aos portadores de deficiência, entre outras
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DIREITOS HUMANOS
medidas que atribuam a pessoas com diferentes condi- Art. 1º Constitui crime de tortura:
ções, iguais possibilidades, protegendo e respeitando suas I - constranger alguém com emprego de violência ou
diferenças37. Tem predominado em doutrina e jurisprudên- grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
cia, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
afirmativas são válidas. são da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
- Direito à vida c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
Abrangência II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
teção do direito à vida. A vida humana é o centro gravi- sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
tacional em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoal ou medida de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
pessoa humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos,
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
econômicos, morais e religiosos. Daí existir uma dificul-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
dade em conceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
que uma pessoa possui deixa de ter valor ou sentido se em lei ou não resultante de medida legal.
ela perde a vida. Sendo assim, a vida é o bem principal § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
de qualquer pessoa, é o primeiro valor moral inerente a quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
todos os seres humanos38. pena de detenção de um a quatro anos.
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
e aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
que engloba o respeito à integridade física, psíquica e I - se o crime é cometido por agente público;
moral, incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem II – se o crime é cometido contra criança, gestante, porta-
como a garantia de recursos que permitam viver a vida dor de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
com dignidade. III - se o crime é cometido mediante sequestro.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
graça ou anistia.
cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regi-
me fechado.
Vedação à tortura
De forma expressa no texto constitucional destaca-se - Direito à liberdade
a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
previsão no inciso III do artigo 5º: teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos
que o seguem.
Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
a tratamento desumano ou degradante. Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF:
A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
sumano, expressamente vedada em âmbito internacional, Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei-
como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
os crimes de tortura e dá outras providências, destacando- O princípio da legalidade se encontra delimitado neste
-se o artigo 1º: inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei assim
determine. Assim, salvo situações previstas em lei, a pessoa
37 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos tem liberdade para agir como considerar conveniente.
artigos I e II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo
Fortium, 2008, p. 08. à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres-
38 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer
Zambitte. Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wag- tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer
ner (Coord.). Comentários à Declaração Universal dos Di- maneira que a lei não proíba.
reitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 15.
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não teresse pessoal.
contrarie tais preceitos.
Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
Liberdade de informação pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
O direito de acesso à informação também se liga a uma manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
artigo 5º, XIV, CF: cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- a apreciação de um pedido que um cidadão quer apre-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- sentar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
sário ao exercício profissional. “demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
Trata-se da liberdade de informação, consistente na
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
liberdade de procurar e receber informações e ideias por
faz proliferar as desigualdades e as injustiças.
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
rência.
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento: cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade certidões ser dissociado do direito de petição.
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, CF:
a sociedade.
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente o interesse social o exigirem.
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
público. sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
Especificadamente quanto à liberdade de informação instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
previsões. Liberdade de locomoção
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF: Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar-
tigo 5º, XV, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
órgãos públicos informações de seu interesse particular, Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território na-
cional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di-
do Estado.
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do liberdade de sair do país não significa que existe um direito
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor- de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
mação. exercício de sua soberania, controlar tal entrada.
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF: Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber-
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- sa nos casos autorizados pela própria Constituição Federal.
dentemente do pagamento de taxas: A despeito da normativa específica de natureza penal, re-
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa força-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; locomoção pela prisão civil por dívida.
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DIREITOS HUMANOS
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: A liberdade de associação difere-se da de reunião por
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário ciação implica na formação de um grupo organizado que
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário se mantém por um período de tempo considerável, dotado
infiel. de estrutura e organização próprias.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem ar-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, mas e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a à estatal.
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento O texto constitucional se estende na regulamentação
é a que se refere à obrigação alimentícia. da liberdade de associação.
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Liberdade de trabalho
O direito à liberdade também é mencionado no artigo
Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
5º, XIII, CF:
ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer. Neste sentido, associações são organizações resultan-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
O livre exercício profissional é garantido, respeitados sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profis- tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
são de advogado aquele que não se formou em Direito associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
e não foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados em suas atividades econômicas.
do Brasil; não pode exercer a medicina aquele que não fez Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
faculdade de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o
cadastro no Conselho Regional de Medicina. Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Liberdade de reunião por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: em julgado.
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
temente de autorização, desde que não frustrem outra re- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
união anteriormente convocada para o mesmo local, sendo sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. de reverter a decisão e permitir que a associação continue
em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de- pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever seja, no curso de um processo judicial.
de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de Em destaque, a legitimidade representativa da associa-
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF:
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex-
absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
poder público para que ele organize o policiamento e a as-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi-
ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto- nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
tal substância ilícita fosse utilizada). A liberdade de associação envolve não somente o di-
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
Liberdade de associação bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con-
No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º, forme artigo 5º, XX, CF:
XVII, CF:
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as-
Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação sociar-se ou a permanecer associado.
para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
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DIREITOS HUMANOS
- Direitos à privacidade e à personalidade morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
Abrangência para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
Prevê o artigo 5º, X, CF: sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
determinação judicial.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação. Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
O legislador opta por trazer correlacionados no mes- ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
mo dispositivo legal os direitos à privacidade e à persona- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
lidade. investigação criminal ou instrução processual penal.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva41 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, Personalidade jurídica e gratuidade de registro
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
A união da intimidade e da vida privada forma a pri- rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e como pessoa perante a lei.
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
conferida à esfera (as esferas são representadas pela inti- com ele arcar.
midade, pela vida privada, e pela publicidade). Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi- cimento; b) a certidão de óbito.
lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido O reconhecimento do marco inicial e do marco final
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”42. ção de documentos para que ela seja reconhecida como
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon- menos favorecidos.
dência
Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio- Direito à indenização e direito de resposta
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di-
comunicações. reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê: dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de
resposta, conforme as necessidades do caso concreto.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo, Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF:
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
terial, moral ou à imagem.
O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser “A manifestação do pensamento é livre e garantida
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
41 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura
cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa-
42 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de di- mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
reito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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DIREITOS HUMANOS
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal Especificamente no que tange à segurança jurídica,
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju- tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle
da matéria que divulga”43. Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
O direito de resposta é o direito que uma pessoa quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio
em que foram publicadas garantida exatamente a mes- Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de da lei.
de resposta não é possível reverter plenamente os da- Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento, Direito Brasileiro:
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização.
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- e a coisa julgada.
mico e não econômico. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
Dano material é aquele que atinge o patrimônio (ma- segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
terial ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado fi- § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o
nanceiramente e indenizado. seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condi-
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa- ção pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, judicial de que já não caiba recurso.
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o - Direito à propriedade
estado de família)”44. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có- teção do direito à propriedade, tanto material quanto inte-
digo Civil: lectual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à Função social da propriedade material
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi- O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre- dade.
juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
comerciais. principal fator limitador deste direito:
- Direito à segurança Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun-
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- ção social.
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo, A propriedade, segundo Silva46, “[...] não pode mais ser
desde sua integridade física e mental, até a própria segu- considerada como um direito individual nem como institui-
rança jurídica. ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direi-
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes- tos individuais, ela não mais poderá ser considerada puro
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli- direito individual, relativizando-se seu conceito e significa-
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de do, especialmente porque os princípios da ordem econô-
garantir o direito à vida. mica são preordenados à vista da realização de seu fim:
Nesta linha, para Silva45, “efetivamente, esse conjunto assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro- da justiça social. Se é assim, então a propriedade privada,
cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de que, ademais, tem que atender a sua função social, fica vin-
algum direito individual fundamental (intimidade, liberda- culada à consecução daquele princípio”.
de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”. Com efeito, a proteção da propriedade privada está li-
43 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucio- mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o
nal. 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade
44 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabili- da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
dad civil. Buenos Aires: Astrea, 1982. geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
45 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu- 46 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitu-
cional positivo... Op. Cit., p. 437. cional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
25
DIREITOS HUMANOS
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
humano. que não esteja cumprindo sua função social, mediante
A Constituição Federal delimita o que se entende por prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
função social: com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba- emissão, e cuja utilização será definida em lei49.
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
bem-estar de seus habitantes. serão indenizadas em dinheiro.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ- No que tange à desapropriação por necessidade ou
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen-
volvimento e de expansão urbana. Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
função social quando atende às exigências fundamentais de dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
ordenação da cidade expressas no plano diretor47.
Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité-
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí- Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF:
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela- Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel
ções de trabalho; como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto-
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- riza a União a propor a ação de desapropriação.
tários e dos trabalhadores.
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer
Desapropriação procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
No caso de desrespeito à função social da proprieda- processo judicial de desapropriação.
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
pode-se depreender do texto constitucional duas possibi-
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública
lidades de desapropriação: por desrespeito à função social
e por necessidade ou utilidade pública. deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei-
A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa- ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
propriação por desatendimento à função social: o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu
artigo 5º:
Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do sos de utilidade pública:
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza- a) a segurança nacional;
do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: ção de imóvel urbano por desatendimento à função social é
I - parcelamento ou edificação compulsórios; necessário tomar duas providências, sucessivas: primeiro, o
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur- parcelamento ou edificação compulsórios; depois, o estabe-
bana progressivo no tempo; lecimento de imposto sobre a propriedade predial e territorial
III - desapropriação com pagamento mediante títulos urbana progressivo no tempo. Se ambas medidas restarem
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo ineficazes, parte-se para a desapropriação por desatendimen-
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em to à função social.
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real 49 A desapropriação em decorrência do desatendimen-
da indenização e os juros legais48. to da função social é indenizada, mas não da mesma maneira
47 Instrumento básico de um processo de planejamen- que a desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
to municipal para a implantação da política de desenvolvimen- já que na primeira há violação do ordenamento constitucional
to urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados pelo proprietário, mas na segunda não. Por isso, indeniza-se
(Lei n. 10.257/2001 - Estatuto da cidade). em títulos da dívida agrária, que na prática não são tão valori-
48 Nota-se que antes de se promover a desapropria- zados quanto o dinheiro.
26
DIREITOS HUMANOS
b) a defesa do Estado; Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
c) o socorro público em caso de calamidade; quena propriedade será assegurado que permaneça com
d) a salubridade pública; ela e a torne mais produtiva.
e) a criação e melhoramento de centros de população, A preservação da pequena propriedade em detrimento
seu abastecimento regular de meios de subsistência; dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas -guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
minerais, das águas e da energia hidráulica; tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
montante de recursos para atender ao programa de reforma
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
agrária no exercício.
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons-
trução ou ampliação de distritos industriais;
Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
taduais e municipais as operações de transferência de imó-
k) a preservação e conservação dos monumentos históri- veis desapropriados para fins de reforma agrária.
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes Como a finalidade da reforma agrária é transformar
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
tados pela natureza; gidos pela reforma agrária:
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos,
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
tístico; fins de reforma agrária:
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
memorativos e cemitérios; em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- II - a propriedade produtiva.
so para aeronaves; Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
reza científica, artística ou literária; dos requisitos relativos a sua função social.
p) os demais casos previstos por leis especiais.
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo 187:
Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a inde- Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
vida valorização do imóvel pelo Poder Público, que geral- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
mente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. bem como dos setores de comercialização, de armazena-
Outra questão reside na chamada tredestinação, pela mento e de transportes, levando em conta, especialmente:
qual há a destinação de um bem expropriado (desapro- I - os instrumentos creditícios e fiscais;
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
priação) a finalidade diversa da que se planejou inicial-
garantia de comercialização;
mente. A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
quando resultante de desvio do propósito original; e será
IV - a assistência técnica e extensão rural;
lícita quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
V - o seguro agrícola;
diversa, porém preservando a razão do interesse público. VI - o cooperativismo;
VII - a eletrificação rural e irrigação;
Política agrária e reforma agrária VIII - a habitação para o trabalhador rural.
Enquanto desdobramento do direito à propriedade § 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades
imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais.
o artigo 5º, XXVI, CF: § 2º Serão compatibilizadas as ações de política agríco-
la e de reforma agrária.
Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não As terras devolutas e públicas serão destinadas confor-
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor- me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a
meios de financiar o seu desenvolvimento. concessão, a qualquer título, de terras públicas com área
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física
27
DIREITOS HUMANOS
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
de alienações ou concessões de terras públicas para fins de também não se poderia prejudicar o proprietário.
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (homens, é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
mulheres, ambos, qualquer estado civil) não poderão nego- ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
ciar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, CF). Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, CF). quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
Usucapião taca-se o artigo 191, CF:
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
dado, a ponto de se tornar proprietário. trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade rir-lhe-á a propriedade.
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
casos específicos, denominados usucapião especial urbana dos por usucapião.
e usucapião especial rural.
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
especial urbana: pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
seguintes requisitos específicos:
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urba- a) Imóvel rural
na de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, des- Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão assunto muito controverso.
conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, indepen- c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
dentemente do estado civil. outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo pos- área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
suidor mais de uma vez. antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usu- d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar
capião. na área rural.
e) Nenhum outro imóvel.
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
seguintes requisitos específicos: labore”. Dependerá do caso concreto.
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba- Uso temporário
no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali- No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários reito de propriedade que não possui o caráter definitivo
e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º,
fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da XXV, CF:
localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi-
maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris- co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve se houver dano.
ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
por exemplo, pode ser maior que a de um terreno). Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação
c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da
de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
28
DIREITOS HUMANOS
Direito sucessório Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
O direito sucessório aparece como uma faceta do di- clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
reito à propriedade, encontrando disciplina constitucional obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
no artigo 5º, XXX e XXXI, CF:
Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- clusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;
O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
país estrangeiro). que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
Direito do consumidor a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
são conexos”.
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da O artigo 7° do referido diploma considera como obras
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
lei, a defesa do consumidor.
os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- neas e enciclopédias; entre outras.
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-
consumidor. gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou
O Direito do Consumidor pode ser considerado um modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron-
ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re- tar sua honra ou imagem.
gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos
8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado artigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos
pela Constituição Federal de 1988, que também estabele- contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do
ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais falecimento do último coautor, ou contados do primeiro
Transitórias: ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza
audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem,
Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi-
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có-
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo
digo de defesa do consumidor.
que estas modalidades de utilização podem se dar a título
oneroso ou gratuito.
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi “Os direitos autorais, também conhecidos como co-
um grande passo para a proteção da pessoa nas relações pyright (direito de cópia), são considerados bens móveis,
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de podendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Res-
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou salte-se que a permissão a terceiros de utilização de cria-
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor. ções artísticas é direito do autor. [...] A proteção consti-
tucional abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que
Propriedade intelectual o primeiro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou
Além da propriedade material, o constituinte protege produzida por terceiros, como se fosse própria, a segunda
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo configura a reprodução de obra alheia sem a necessária
5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF: permissão do autor”50.
50 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fun-
29
DIREITOS HUMANOS
- Direitos de acesso à justiça Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
A formação de um conceito sistemático de acesso à Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon-
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o prin-
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas cípio de Direito Processual Público subjetivo, também
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- cunhado como Princípio da Ação, em que a Constituição
reito moderno conforme implementadas as bases da onda garante a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên- na vida em sociedade. Sempre que uma controvérsia for
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das levada ao Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- admissibilidade, ela será resolvida, independentemente de
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao haver ou não previsão específica a respeito na legislação.
pleno atendimento em todas as ondas). Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
Primeiro, Cappelletti e Garth51 entendem que surgiu no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera-
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
de um aparato estrutural para a prestação da assistência dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
pelo Estado. cia de recursos.
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Garth52,
veio a onda de superação do problema na representação O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional de so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
processo como algo restrito a apenas duas partes indivi- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
dualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui- 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
ções, como o Ministério Público.
Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
Finalmente, Cappelletti e Garth53 apontam uma terceira
ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
onda consistente no surgimento de uma concepção mais
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
tação.
tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
“[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla va-
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
riedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
significa que se deve acelerar o processo em detrimento
criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos no caso concreto.
privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas, - Direitos constitucionais-penais
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex-
aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se ceção
o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona:
as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o
que se aplique o direito material de maneira justa e célere. princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito
Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça, de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV: em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com-
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do
damentais: teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da fato ocorrer.
Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e ju-
risprudência. São Paulo: Atlas, 1997. Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon-
51 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF:
Justiça. Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sér-
gio Antônio Fabris Editor, 1998, p. 31-32. Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de
52 Ibid., p. 49-52 exceção.
53 Ibid., p. 67-73
30
DIREITOS HUMANOS
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
criado para uma situação pretérita, bem como não reco- beneficiar o réu.
nhecido como legítimo pela Constituição do país.
O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
Tribunal do júri anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
artigo 5º, XXXVIII, CF: nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
com a organização que lhe der a lei, assegurados: que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
a) a plenitude de defesa; ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
b) o sigilo das votações; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
c) a soberania dos veredictos;
retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
dade da lei penal mais benéfica.
contra a vida.
Menções específicas a crimes
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
não magistrados, no caso de determinados crimes que por Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
nal.
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
ciais e administrativos. entanto, o constituinte entendeu por bem prever trata-
Sigilo das votações envolve a realização de votações mento específico a certas práticas criminosas.
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
põem o conselho que irá julgar o ato praticado.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contudo, Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
a soberania dos veredictos veda a alteração das decisões inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do Tri- nos termos da lei.
bunal do Júri para que seja procedido novo julgamento
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
jurisdição. não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho- curso do tempo).
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui- Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian-
X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
Anterioridade e irretroatividade da lei
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que evitá-los, se omitirem.
o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes
É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e
sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto
da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina- anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in-
ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo
crime sem lei anterior que o defina. Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem- exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
-se o artigo 5º, XL, CF: concedida antes da sentença final ou depois da condena-
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito
31
DIREITOS HUMANOS
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar nado, consideradas as características do agente e do delito.
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
disso, são crimes que não aceitam fiança. prisional, por um determinado tempo.
Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
do patrimônio do indivíduo delituoso.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im- A prestação social alternativa corresponde às penas
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
digo Penal.
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi-
Por seu turno, a individualização da pena deve também
ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com
tráfico ilícito de entorpecentes: se fazer presente na fase de sua execução, conforme se
depreende do artigo 5º, XLVIII, CF:
Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado,
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for- a idade e o sexo do apenado.
ma da lei.
A distinção do estabelecimento conforme a natureza
Personalidade da pena do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
5º, XLV, CF: ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite Também se denota o respeito à individualização da
do valor do patrimônio transferido. pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
O princípio da personalidade encerra o comando de o Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- te o período de amamentação.
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de Preserva-se a individualização da pena porque é to-
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se mada a condição peculiar da presa que possui filho no
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
período de amamentação, mas também se preserva a dig-
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
nidade da criança, não a afastando do seio materno de
maneira precária e impedindo a formação de vínculo pela
Individualização da pena
amamentação.
A individualização da pena tem por finalidade concre-
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- Vedação de determinadas penas
ridades do agente. O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
A primeira menção à individualização da pena se en- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
contra no artigo 5º, XLVI, CF:
Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
pena e adotará, entre outras, as seguintes: termos do art. 84, XIX;
a) privação ou restrição da liberdade; b) de caráter perpétuo;
b) perda de bens; c) de trabalhos forçados;
c) multa; d) de banimento;
d) prestação social alternativa; e) cruéis.
e) suspensão ou interdição de direitos.
32
DIREITOS HUMANOS
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani- Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”54 . Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o de seus bens sem o devido processo legal.
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se Pelo princípio do devido processo legal a legislação
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri- de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), pena de nulidade processual.
que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento Surgem como corolário do devido processo legal o
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
militares em tempo de guerra. mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- o artigo 5º, LV, CF:
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
lhos forçados, de banimento e cruéis. Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho ela inerentes.
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar O devido processo legal possui a faceta formal, pela
a capacidade física e intelectual do condenado; como o qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
trabalho não existe independente da educação, cabe in- ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
porcionalidade.
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Vedação de provas ilícitas
Respeito à integridade do preso
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF:
Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral. vas obtidas por meios ilícitos.
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
pessoa humana. titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade de direito material, constitucional ou legal, no momento
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
e de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, seria paradoxal.
CF), o que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Presunção de inocência
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
previstas em lei. até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos, pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade garantias constitucionais.
moral.
Ação penal privada subsidiária da pública
54 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
penal. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.
33
DIREITOS HUMANOS
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. relaxada pela autoridade judiciária.
A chamada ação penal privada subsidiária da pública Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- são do artigo 5º, LXVI, CF:
são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
interessado a proponha. nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
porque práticas atentatórias a direitos fundamentais impli- requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
cam na tipificação penal, autorizando a restrição da liber-
dade daquele que assim agiu. Indenização por erro judiciário
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em flagran-
te delito ou por ordem escrita e fundamentada de autori- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
dade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. tempo fixado na sentença.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagrante Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), ou e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preen- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
chidos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da
além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: 4) Direitos fundamentais implícitos
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- deral:
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
indicada. Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo
entrar em contato com sua família e com um advogado, Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
conforme artigo 5º, LXIII, CF: estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape-
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- nas exemplificativo, não taxativo.
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado. 5) Tratados internacionais incorporados ao ordena-
mento interno
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
internacionais em que a República Federativa do Brasil
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial. seja parte”.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
do depoimento do interrogatório são assinados pelas auto- complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
ridades envolvidas nas práticas destes atos procedimentais. gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para do Presidente da República), submissão do tratado assina-
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
34
DIREITOS HUMANOS
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro- que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo55. riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
seja, tratado internacional de direitos humanos. da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal
O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá- firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima- direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin- que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido revogaria a Constituição no ponto controverso).
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações 6) Tribunal Penal Internacional
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol- Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a tado adesão.
outras normas”56.
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
brasileiro porque somente existe previsão constitucional tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
internacional (artigo 1º, ETPI).
significa que tais direitos eram menos importantes devido
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
implícitos.
compete o processo e julgamento de violações contra indi-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
restrita a uma situação específica”57.
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Resume Mello58: “a Conferência das Nações Unidas so-
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação
em dois turnos e com três quintos dos votos dos respecti- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
vos membros: em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna- nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen- de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
tes às emendas constitucionais. assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante nas forças inimigas, etc.”.
ao da emenda constitucional.
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à Direitos sociais
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons- A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
titucional os tratados internacionais de direitos humanos capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria
normas programáticas e que necessitam de uma postura
55 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos interventiva estatal em prol da implementação.
Fundamentais e Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio An- 57 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional
tonio Fabris Editor, 2008. Público & Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo:
56 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Atlas, 2009.
Internacional Público e Privado. Salvador: JusPodi- 58 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito
vm, 2009. Internacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
35
DIREITOS HUMANOS
36
DIREITOS HUMANOS
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso cada trabalhador, quando o empregador efetua o primei-
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- ro depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, depósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalen-
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- tes a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista atualização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores da casa própria ou da aposentadoria e em situações de
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é
dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de
causa ou em caso de algumas doenças graves.
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
cluindo o ensino médio gratuito). Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso: nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta-
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans-
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, porte e previdência social, com reajustes periódicos que
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula-
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro ção para qualquer fim.
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, T
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito rata-se de uma visível norma programática da Cons-
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada tituição que tem por pretensão um salário mínimo que
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
entendimento dominante. de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo
4) Direito individual do trabalho do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi- em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e
viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07,
individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito
Socioeconômicos (Dieese)”61.
no espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática
de assédio moral).
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e
Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra à complexidade do trabalho.
despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
lei complementar, que preverá indenização compensatória, Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
dentre outros direitos. go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário,
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, cha-
Significa que a demissão, se não for motivada por justa mado de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização dentro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre- estabelecido em conformidade com a data base da cate-
gador. goria, por isso ele é definido em conformidade com um
acordo, ou ainda com um entendimento entre patrão e
Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de- trabalhador.
semprego involuntário.
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o
Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida disposto em convenção ou acordo coletivo.
do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, de-
contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de missão em massa durante uma crise, situações que devem
assistência financeira temporária. ser negociadas em convenção ou acordo coletivo.
Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de serviço. Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.
Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é 61 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de -minimo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril
37
DIREITOS HUMANOS
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, quer idade, independente de carência e desde que o salá-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
baseada em comissões por venda e metas); permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- -família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- qualquer idade será de R$ 24,66.
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
sentado no final de cada ano. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido normal.
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés- A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
horas do dia seguinte.
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
constituindo crime sua retenção dolosa.
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença
há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento)
7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário, superior à da hora normal.
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba-
incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º, lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
XXXIX, CF). salvo negociação coletiva.
Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resulta- O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho-
dos, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, par- ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres-
ticipação na gestão da empresa, conforme definido em lei. samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva,
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre-
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res-
conhecida também por Programa de Participação nos Re- tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas-
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio-
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito
empregador e negociado com uma comissão de trabalha- psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne- a própria família.
cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre-
Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do ferencialmente aos domingos.
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e
Salário-família é o benefício pago na proporção do quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe-
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba-
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual- lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade
38
DIREITOS HUMANOS
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar à
munerado coincidente com um domingo a cada período, outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
trabalhado ou indenizado.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao tra-
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- balho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período
Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos
do trabalho salubre. Fiorillo62 destaca que o equilíbrio do
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de
meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
dade e na ausência de agentes que possam comprometer
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as ati-
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte vidades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
dias.
Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
O salário da trabalhadora em licença é chamado de lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir específica previsão sobre o adicional de penosidade.
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- São consideradas atividades ou operações insalubres
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
após o parto, a mulher não pode ser demitida. exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes
químicos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercí-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- cio de trabalho em condições de insalubridade assegura
xados em lei. ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre
o salário base do empregado (súmula 228 do TST), ou
O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade previsão mais benéfica em Convenção Coletiva de Traba-
para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a lho, equivalente a 40% (quarenta por cento), para insa-
mãe nos processos pós-operatórios. lubridade de grau máximo; 20% (vinte por cento), para
insalubridade de grau médio; 10% (dez por cento), para
Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da insalubridade de grau mínimo.
mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei. O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São consi-
deradas atividades ou operações perigosas, aquelas que,
Embora as mulheres sejam maioria na população de
por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem ris-
10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
co acentuado em virtude de exposição permanente do
ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
trabalhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po- e a roubos ou outras espécies de violência física nas ativi-
pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há dades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.
relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen- O valor do adicional de periculosidade será o salário do
do que os homens recebem mais porque os empregadores empregado acrescido de 30%, sem os acréscimos resul-
entendem que eles necessitam de um salário maior para tantes de gratificações, prêmios ou participações nos lu-
manter a família. Tais disparidades colocam em evidência cros da empresa.
que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten-
de forma especial. dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des-
tes adicionais.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao
tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos 62 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direi-
termos da lei. to Ambiental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
21.
39
DIREITOS HUMANOS
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tra-
tar do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- definição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que de legislação específica sobre o tema, mas sim de uma nor-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade So- ma que dispõe sobre as modalidades de benefícios da pre-
cial (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- vidência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
to social no próprio artigo 6º, CF. que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- buição com natureza de tributo que as empresas pagam
de em creches e pré-escolas. para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme
Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou
ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibi-
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É lidade de cumulação do benefício previdenciário, assim
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- compreendido como prestação garantida pelo Estado
de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e ao trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva)
incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche com a indenização devida pelo empregador em caso de
e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva culpa (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando
na empresa. amplamente difundida na jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho;
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho. Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resul-
tantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra- de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
até o limite de dois anos após a extinção do contrato
balho, que encontra regulamentação constitucional nos
de trabalho.
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
dos coletivos, entidades representativas da categoria dos Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela
trabalhadores entram em negociação com as empresas na jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim,
defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos há um período de tempo que o empregado tem para re-
direitos sociais; querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra-
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do
Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação, contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5
na forma da lei. (cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a
vigência do contrato de trabalho.
Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários,
profissional para exercer trabalhos que não possam ser de- de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma má- de sexo, idade, cor ou estado civil.
quina que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
para que possa operá-la).
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra- diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
rial judicialmente.
40
DIREITOS HUMANOS
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- A liberdade de associação profissional ou sindical tem
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- escopo no artigo 8º, CF:
dor portador de deficiência.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- cal, observado o seguinte:
mitações, possui condições de ingressar no mercado de I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
sua deficiência. competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- II - é vedada a criação de mais de uma organização
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
respectivos. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
se enquadrar numa ou outra categoria. questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno,
se tratando de categoria profissional, será descontada em
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual-
folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
filiado a sindicato;
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
o trabalho em condições desfavoráveis.
negociações coletivas de trabalho;
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- tado nas organizações sindicais;
balhador avulso. VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um grave nos termos da lei.
trabalhador com vínculo empregatício permanente. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
do artigo 7º:
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar-
Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate- tigo 9º, CF:
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum- sobre os interesses que devam por meio dele defender.
primento das obrigações tributárias, principais e acessórias, § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como da comunidade.
a sua integração à previdência social. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
penas da lei.
5) Direito coletivo do trabalho
Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais co- A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre
letivos dos trabalhadores, que são os exercidos pelos o exercício do direito de greve, define as atividades essen-
trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis
coletividade, quais sejam: associação profissional ou da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não
sindical, greve, substituição processual, participação e for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos,
representação classista63. esta é a legislação que se aplica, segundo o STF.
63 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional O direito de participação é previsto no artigo 10, CF:
esquematizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
41
DIREITOS HUMANOS
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- contraditório, a defesa, que são princípios fundamentais
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- de todo sistema jurídico que se pretenda democrático. A
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- questão não pode ser tratada com relativismos, uma vez
rios sejam objeto de discussão e deliberação. que é muito séria”64.
Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
Por fim, aborda-se o direito de representação classista ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
no artigo 11, CF: direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
pregados, é assegurada a eleição de um representante ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
dimento direto com os empregadores. desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
Nacionalidade humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
um nacional pode adquirir direitos políticos. cometeram tais violações.
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que 2) Naturalidade e naturalização
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
assim de direitos e obrigações. são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
não é a mesma coisa que população. População é o con- diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
trangeiros residentes no país e os apátridas. Estado.
Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
1) Nacionalidade como direito humano fundamental tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
Os direitos humanos internacionais são completamen- voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- nacional brasileiro.
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá-
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- a) Brasileiros natos
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à Art. 12, CF. São brasileiros:
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte I - natos:
brasileiro não admite a figura do apátrida. a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
Contudo, é exatamente por ser um direito que a na- ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à a serviço de seu país;
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
um processo conhecido como naturalização. da República Federativa do Brasil;
Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio- de mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua partição brasileira competente ou venham a residir na
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”. República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
A Convenção Americana sobre Direitos Humanos tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionali-
aprofunda-se em meios para garantir que toda pessoa te- dade brasileira.
nha uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar
o critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di- notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
versas. em território do país independentemente da nacionalida-
“Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa de dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não
humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um 64 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos ar-
indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um gover- tigos XV e XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários
no, de um governante, de um poder despótico, de de- à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília:
cisões unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o Fortium, 2008, p. 87-88.
42
DIREITOS HUMANOS
depende do local de nascimento mas sim da descendência Destaque vai para o requisito da residência contínua.
de um nacional do país (critério comum em países que ti- Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
veram êxodo de imigrantes). contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- ria no artigo 12, II, “a”.
nha nascido no território brasileiro. Outra diferença sensível é que à naturalização ordiná-
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato ria se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, se-
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais gundo o qual “a satisfação das condições previstas nesta
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, Lei não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Logo, na naturalização ordinária não há direito subjetivo à
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- naturalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- Judiciário para fazê-lo valer65.
dade brasileira ou não.
c) Tratamento diferenciado
b) Brasileiros naturalizados A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
Art. 12, CF. São brasileiros: [...] sentido, o artigo 12, § 2º, CF:
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto sos previstos nesta Constituição.
e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que cer as hipóteses de distinção.
requeiram a nacionalidade brasileira. Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
enumeradas no parágrafo seguinte.
A naturalização deve ser voluntária e expressa.
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no os cargos:
artigo 112: I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- III - de Presidente do Senado Federal;
cessão da naturalização: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; V - da carreira diplomática;
II - ser registrado como permanente no Brasil; VI - de oficial das Forças Armadas;
III - residência contínua no território nacional, pelo VII - de Ministro de Estado da Defesa.
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
ao pedido de naturalização; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
condições do naturalizando; sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
manutenção própria e da família; te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden-
VI - bom procedimento; te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce
VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente
no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi- do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido
superior a 1 (um) ano; e num critério de revezamento nenhum membro pode ser
VIII - boa saúde. 65 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas
em teleconferência.
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DIREITOS HUMANOS
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
impacto em termos de representação do país ou de segu- assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
rança nacional. nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- lidade brasileira.
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli-
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário 5) Deportação, expulsão e entrega
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, A deportação representa a devolução compulsória de
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
mera irregularidade de visto.
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência 6.815/1980:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Fe- cionais.
derativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). trangeiro que:
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- manência no Brasil;
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se b) havendo entrado no território nacional com infração
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
mente direitos políticos nos dois países. d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
para estrangeiro.
4) Perda da nacionalidade
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
nalidade do brasileiro que: nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju- faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela tuição no artigo 5º, §4º).
lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- 6) Extradição
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
dição para permanência em seu território ou para o exercício e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
de direitos civis. cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo, de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).
percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea Aplicam-se os seguintes princípios à extradição:
“a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei-
e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea- ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime
mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b” objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex-
é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio- traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
nalidade do outro país for uma exigência para continuar que foram objeto do pedido de extradição.
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgâ-
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- nicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições
te da República, de Governador de Estado ou Território, do que se realizarem durante o período remanescente do man-
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular ao término da legislatura;
de mandato eletivo e candidato à reeleição. d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se-
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
de quem os tenha substituído ao final do mandato, a não
ser que seja já titular de mandato eletivo e candidato à como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
reeleição. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, aten- julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
didas as seguintes condições: condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
tar-se da atividade; Lei Complementar nº 135, de 2010)
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. plementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
os militares que não podem se alistar ou os que podem, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade
liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
para exercício de mandato considerada vida pregressa do (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício tortura, terrorismo e hediondos;
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
indireta. pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode 10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi-
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
artigo 1º, que segue.
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
I - para qualquer cargo: ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
a) os inalistáveis e os analfabetos; seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
b) os membros do Congresso Nacional, das Assem- o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
bleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
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DIREITOS HUMANOS
h) os detentores de cargo na administração pública di- o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- Complementar nº 135, de 2010)
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
Lei Complementar nº 135, de 2010) transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- q) os magistrados e os membros do Ministério Público
que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
go ou função de direção, administração ou representação,
cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili-
tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
dade;
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
j) os que forem condenados, em decisão transitada em
de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, 2010)
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas de seus cargos e funções:
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- 1. os Ministros de Estado:
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) militar, da Presidência da República;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- da Presidência da República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de República;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei da Aeronáutica;
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período 8. os Magistrados;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida Territórios;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 11. os Interventores Federais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 12. os Secretários de Estado;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em 13. os Prefeitos Municipais;
14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
Estados e do Distrito Federal;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº
15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
135, de 2010)
16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por
Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
135, de 2010) ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
n) os que forem condenados, em decisão transitada em do Senado Federal;
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão c) (Vetado);
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
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DIREITOS HUMANOS
e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham 2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- Zona Aérea;
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- sistência aos Municípios;
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas 4. os secretários da administração municipal ou mem-
influir na economia nacional; bros de órgãos congêneres;
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6
Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o
a desincompatibilização;
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
de empresas; ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
ministração ou representação em entidades representativas V - para o Senado Federal:
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e sidente da República especificados na alínea a do inciso II
repassados pela Previdência Social; deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tra-
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- tar de repartição pública, associação ou empresa que opere
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- no território do Estado, observados os mesmos prazos;
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla-
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor- tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden-
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
prazos;
hajam exercido cargo ou função de direção, administração VII - para a Câmara Municipal:
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a de-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que sincompatibilização;
obedeça a cláusulas uniformes; b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao para a desincompatibilização .
pleito; § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e até 6 (seis) meses antes do pleito.
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Pre-
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao feito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6
integrais; (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou
substituído o titular.
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do
§ 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titu-
Distrito Federal;
lar, o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
tratar de repartição pública, associação ou empresas que (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- dato eletivo e candidato à reeleição.
vados os mesmos prazos; § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
de seus cargos ou funções: definidos em lei como de menor potencial ofensivo, nem
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei Com-
do Estado ou do Distrito Federal; plementar nº 135, de 2010)
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
Os estatutos que tecem esta regulamentação devem ser criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos
registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º, CF). seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como
Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à dos seus direitos civis e políticos; e
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
Considerando que a Terceira Conferência Interameri-
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re- cana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incor-
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à poração à própria Carta da Organização de normas mais
televisão, na forma da lei. amplas sobre direitos econômicos, sociais e educacionais e
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de resolveu que uma convenção interamericana sobre direitos
organização paramilitar. humanos determinasse a estrutura, competência e proces-
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os re- so dos órgãos encarregados dessa matéria,
quisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a Convieram no seguinte:
outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filia-
ção considerada para fins de distribuição dos recursos do PARTE I
fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio e DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, CAPÍTULO I
de 2017) ENUMERAÇÃO DE DEVERES
Artigo 1. Obrigação de respeitar os direitos
Considerando que esses princípios foram consagra- Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua
dos na Carta da Organização dos Estados Americanos, na personalidade jurídica.
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
e na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que Artigo 4. Direito à vida
foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumen-
tos internacionais, tanto de âmbito mundial como regional; 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral,
Reiterando que, de acordo com a Declaração Univer- desde o momento da concepção. Ninguém pode ser priva-
sal dos Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do da vida arbitrariamente.
do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem
51
DIREITOS HUMANOS
2. Nos países que não houverem abolido a pena de interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da
morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais gra- dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O tra-
ves, em cumprimento de sentença final de tribunal compe- balho forçado não deve afetar a dignidade nem a capaci-
tente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, dade física e intelectual do recluso.
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tam-
pouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
se aplique atualmente. para os efeitos deste artigo:
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
dos que a hajam abolido.
formal expedida pela autoridade judiciária competente.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a
por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos com vigilância e controle das autoridades públicas, e os indiví-
delitos políticos. duos que os executarem não devem ser postos à dispo-
sição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, caráter privado;
no momento da perpetração do delito, for menor de de- b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isen-
zoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em ção por motivos de consciência, o serviço nacional que a lei
estado de gravidez. estabelecer em lugar daquele;
c. o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solici- que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
tar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar cívicas normais.
a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de
decisão ante a autoridade competente. Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
Artigo 5. Direito à integridade pessoal 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança
pessoais.
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua
integridade física, psíquica e moral.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física,
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a pe- salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas pe-
nas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pes- las constituições políticas dos Estados Partes ou pelas leis
soa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito de acordo com elas promulgadas.
devido à dignidade inerente ao ser humano.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encar-
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. ceramento arbitrários.
4. Os processados devem ficar separados dos conde- 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada
nados, salvo em circunstâncias excepcionais, e ser subme- das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da
tidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas acusação ou acusações formuladas contra ela.
não condenadas.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida,
5. Os menores, quando puderem ser processados, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade
devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito
especializado, com a maior rapidez possível, para seu tra-
a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta
tamento.
em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.
6. As penas privativas da liberdade devem ter por fi- Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que asse-
nalidade essencial a reforma e a readaptação social dos gurem o seu comparecimento em juízo.
condenados.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a re-
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão correr a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a ser- detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção
vidão, e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico forem ilegais. Nos Estados Partes cujas leis prevêem que
de mulheres são proibidos em todas as suas formas. toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua
liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal com-
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho petente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido.
para certos delitos, pena privativa da liberdade acompa- O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por
nhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser outra pessoa.
52
DIREITOS HUMANOS
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio pode impor pena mais grave que a aplicável no momento
não limita os mandados de autoridade judiciária compe- da perpetração do delito. Se depois da perpetração do de-
tente expedidos em virtude de inadimplemento de obriga- lito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delin-
ção alimentar. quente será por isso beneficiado.
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a
garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tri- lei, no caso de haver sido condenada em sentença passada
bunal competente, independente e imparcial, estabelecido em julgado, por erro judiciário.
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação
penal formulada contra ela, ou para que se determinem Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade
seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista,
fiscal ou de qualquer outra natureza.
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e
ao reconhecimento de sua dignidade.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se
presuma sua inocência enquanto não se comprove legal-
mente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem di- 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias
reito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: ou abusivas em sua vida privada, na de sua família, em seu
a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ile-
por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não gais à sua honra ou reputação.
falar o idioma do juízo ou tribunal;
b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da 3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
acusação formulada; ingerências ou tais ofensas.
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios ade-
quados para a preparação de sua defesa; Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou
de ser assistido por um defensor de sua escolha e de co- 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência
municar-se, livremente e em particular, com seu defensor; e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defen- sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
sor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, se- crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua
gundo a legislação interna, se o acusado não se defender religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo esta- em público como em privado.
belecido pela lei;
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presen- 2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que
tes no tribunal e de obter o comparecimento, como teste- possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou
munhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
luz sobre os fatos;
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mes- 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as
ma, nem a declarar-se culpada; próprias crenças está sujeita unicamente às limitações
e prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal
a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
superior.
direitos ou liberdades das demais pessoas.
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coa-
4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito
ção de nenhuma natureza.
a que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa
4. O acusado absolvido por sentença passada em jul- e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.
gado não poderá ser submetido a novo processo pelos
mesmos fatos. Artigo 13. Liberdade de pensamento e de
expressão
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for
necessário para preservar os interesses da justiça. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento
e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de
Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade buscar, receber e difundir informações e idéias de toda na-
tureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer
que, no momento em que forem cometidas, não sejam de- outro processo de sua escolha.
lituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se
53
DIREITOS HUMANOS
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, 5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos
toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfi- nascidos fora do casamento como aos nascidos dentro do
ca, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsá- casamento.
vel que não seja protegida por imunidades nem goze de
foro especial. Artigo 18. Direito ao nome
54
DIREITOS HUMANOS
Artigo 20. Direito à nacionalidade 8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu di-
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. reito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de viola-
ção por causa da sua raça, nacionalidade, religião, condição
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Esta- social ou de suas opiniões políticas.
do em cujo território houver nascido, se não tiver direito
a outra. 9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguin-
qualquer país, inclusive do próprio. te, têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei.
3. O exercício dos direitos acima mencionados não Artigo 25. Proteção judicial
pode ser restringido senão em virtude de lei, na medida
indispensável, numa sociedade democrática, para prevenir 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rá-
infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a pido ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juí-
segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públi- zes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos
cas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas. que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela
constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 quando tal violação seja cometida por pessoas que estejam
pode também ser restringido pela lei, em zonas determi-
atuando no exercício de suas funções oficiais.
nadas, por motivo de interesse público.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado
do qual for nacional, nem ser privado do direito de nele
entrar. a. a assegurar que a autoridade competente prevista
pelo sistema legal do
6. O estrangeiro que se ache legalmente no território Estado decida sobre os direitos de toda pessoa que in-
de um Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser terpuser tal recurso;
expulso em cumprimento de decisão adotada de acordo
com a lei. b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades com-
em território estrangeiro, em caso de perseguição por deli- petentes, de toda decisão em que se tenha considerado
tos políticos ou comuns conexos com delitos políticos e de procedente o recurso.
acordo com a legislação de cada Estado e com os convê-
nios internacionais.
55
DIREITOS HUMANOS
56
DIREITOS HUMANOS
2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos di- expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da referida
reitos dos demais, pela segurança de todos e pelas justas eleição, serão determinados por sorteio, na Assembleia
exigências do bem comum, numa sociedade democrática. Geral, os nomes desses três membros.
CAPÍTULO VI Artigo 38
ÓRGÃOS COMPETENTES
As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se de-
Artigo 33 vam à expiração normal do mandato, serão preenchidas
pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo com
São competentes para conhecer dos assuntos relacio- o que dispuser o Estatuto da Comissão.
nados com o cumprimento dos compromissos assumidos
Artigo 39
pelos Estados Partes nesta Convenção:
a. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à
doravante denominada a Comissão; e
aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu próprio re-
b. a Corte Interamericana de Direitos Humanos, dora- gulamento.
vante denominada a Corte.
Artigo 40
CAPÍTULO VII
COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HU- Os serviços de secretaria da Comissão devem ser de-
MANOS sempenhados pela unidade funcional especializada que faz
parte da Secretaria-Geral da Organização e devem dispor
Seção 1 — Organização dos recursos necessários para cumprir as tarefas que lhe
forem confiadas pela Comissão.
Artigo 34
Seção 2 — Funções
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos com-
por-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de alta Artigo 41
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de
direitos humanos. A Comissão tem a função principal de promover a ob-
servância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício
Artigo 35 do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos
A Comissão representa todos os membros da Organi- povos da América;
zação dos Estados Americanos. b. formular recomendações aos governos dos Estados
membros, quando o considerar conveniente, no sentido
Artigo 36 de que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos
1. Os membros da Comissão serão eleitos a título constitucionais, bem como disposições apropriadas para
promover o devido respeito a esses direitos;
pessoal, pela Assembleia Geral da Organização, de uma
c. preparar os estudos ou relatórios que considerar
lista de candidatos propostos pelos governos dos Estados
convenientes para o desempenho de suas funções;
membros.
d. solicitar aos governos dos Estados membros que lhe
proporcionem informações sobre as medidas que adota-
2. Cada um dos referidos governos pode propor até rem em matéria de direitos humanos;
três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Ge-
de qualquer outro Estado membro da Organização dos Es- ral da Organização dos Estados Americanos, lhe formula-
tados Americanos. Quando for proposta uma lista de três rem os Estados membros sobre questões relacionadas com
candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, pres-
Estado diferente do proponente. tar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f. atuar com respeito às petições e outras comunica-
Artigo 37 ções, no exercício de sua autoridade, de conformidade com
o disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e
1. Os membros da Comissão serão eleitos por quatro g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da
anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o man- Organização dos Estados Americanos.
dato de três dos membros designados na primeira eleição
57
DIREITOS HUMANOS
Artigo 42 Artigo 46
Os Estados Partes devem remeter à Comissão cópia 1. Para que uma petição ou comunicação apresentada
dos relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Co-
submetem anualmente às Comissões Executivas do Conse- missão, será necessário:
lho Interamericano Econômico e Social e do Conselho In- a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos
teramericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de que da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direi-
aquela vele por que se promovam os direitos decorrentes to internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses,
das normas econômicas, sociais e sobre educação, ciência
a partir da data em que o presumido prejudicado em seus
e cultura, constantes da Carta da Organização dos Estados
direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja
pendente de outro processo de solução internacional; e
Artigo 43 d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o
nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assi-
Os Estados Partes obrigam-se a proporcionar à Comis- natura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da
são as informações que esta lhes solicitar sobre a maneira entidade que submeter a petição.
pela qual o seu direito interno assegura a aplicação efetiva
de quaisquer disposições desta Convenção. 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste
artigo não se aplicarão quando:
Seção 3 — Competência a. não existir, na legislação interna do Estado de que se
tratar, o devido processo legal para a proteção do direito
Artigo 44 ou direitos que se alegue tenham sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado
Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição inter-
não-governamental legalmente reconhecida em um ou na, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
mais Estados membros da Organização, pode apresentar c. houver demora injustificada na decisão sobre os
mencionados recursos.
à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas
de violação desta Convenção por um Estado Parte.
Artigo 47
Artigo 45 A Comissão declarará inadmissível toda petição ou co-
municação apresentada de acordo com os artigos 44 ou
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito 45 quando:
do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de a. não preencher algum dos requisitos estabelecidos
adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, declarar no artigo 46;
que reconhece a competência da Comissão para receber e b. não expuser fatos que caracterizem violação dos
examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue direitos garantidos por esta
haver outro Estado Parte incorrido em violações dos direi- Convenção;
tos humanos estabelecidos nesta Convenção. c. pela exposição do próprio peticionário ou do Esta-
do, for manifestamente infundada a petição ou comunica-
2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só ção ou for evidente sua total improcedência; ou
podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas d. for substancialmente reprodução de petição ou co-
por um Estado Parte que haja feito uma declaração pela municação anterior, já examinada pela Comissão ou por
qual reconheça a referida competência da Comissão. A outro organismo internacional.
Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um
Estado Parte que não haja feito tal declaração. Seção 4 — Processo
Artigo 48
3. As declarações sobre reconhecimento de compe-
tência podem ser feitas para que esta vigore por tempo 1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunicação
indefinido, por período determinado ou para casos espe- na qual se alegue violação de qualquer dos direitos consa-
cíficos. grados nesta Convenção, procederá da seguinte maneira:
a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou co-
4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Ge- municação, solicitará informações ao Governo do Estado
ral da Organização dos Estados Americanos, a qual enca- ao qual pertença a autoridade apontada como responsável
minhará cópia das mesmas aos Estados membros da refe- pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes
rida Organização. da petição ou comunicação. As referidas informações de-
vem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela
Comissão ao considerar as circunstâncias de cada caso;
58
DIREITOS HUMANOS
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessa- 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de
dos, aos quais não será facultado publicá-lo. seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato
de três dos juízes designados na primeira eleição expirará
59
DIREITOS HUMANOS
ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referida 2. A Corte designará seu Secretário.
eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia Geral,
os nomes desses três juízes. 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá as-
sistir às reuniões que ela realizar fora da mesma.
2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não
haja expirado, completará o período deste. Artigo 59
3. Os juízes permanecerão em funções até o término A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e fun-
dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando cionará sob a direção do Secretário da Corte, de acordo
nos casos de que já houverem tomado conhecimento e com as normas administrativas da Secretaria-Geral da Or-
que se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, ganização em tudo o que não for incompatível com a in-
não serão substituídos pelos novos juízes eleitos. dependência da Corte. Seus funcionários serão nomeados
pelo Secretário-Geral da Organização, em consulta com o
Artigo 55 Secretário da Corte.
60
DIREITOS HUMANOS
reito ou liberdade violados. Determinará também, se isso 2. A parte da sentença que determinar indenização
for procedente, que sejam reparadas as consequências da compensatória poderá ser executada no país respectivo
medida ou situação que haja configurado a violação desses pelo processo interno vigente para a execução de senten-
direitos, bem como o pagamento de indenização justa à ças contra o Estado.
parte lesada.
Artigo 69
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quan-
do se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, A sentença da Corte deve ser notificada às partes no
a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá caso e transmitida aos Estados Partes na Convenção.
tomar as medidas provisórias que considerar pertinentes.
Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem subme- CAPÍTULO IV
tidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Co- DISPOSIÇÕES COMUNS
missão.
Artigo 70
Artigo 64
1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão go-
1. Os Estados membros da Organização poderão con- zam, desde o momento de sua eleição e enquanto durar
sultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou o seu mandato, das imunidades reconhecidas aos agentes
de outros tratados concernentes à proteção dos direitos diplomáticos pelo Direito Internacional. Durante o exercício
humanos nos Estados americanos. Também poderão con- dos seus cargos gozam, além disso, dos privilégios diplo-
sultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no máticos necessários para o desempenho de suas funções.
capítulo X da Carta da Organização dos Estados America-
nos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires. 2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo al-
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Orga- gum dos juízes da Corte, nem dos membros da Comissão,
nização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade
por votos e opiniões emitidos no exercício de suas funções.
entre qualquer de suas leis internas e os mencionados ins-
trumentos internacionais.
Artigo 71
Artigo 65
Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão
são incompatíveis com outras atividades que possam afe-
A Corte submeterá à consideração da Assembleia
Geral da Organização, em cada período ordinário de ses- tar sua independência ou imparcialidade conforme o que
sões, um relatório sobre suas atividades no ano anterior. for determinado nos respectivos estatutos.
De maneira especial, e com as recomendações pertinentes,
indicará os casos em que um Estado não tenha dado cum- Artigo 72
primento a suas sentenças.
Os juízes da Corte e os membros da Comissão per-
Seção 3 — Procedimento ceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas
condições que determinarem os seus estatutos, levando
Artigo 66 em conta a importância e independência de suas funções.
Tais honorários e despesas de viagem serão fixados no
1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. orçamento-programa da Organização dos Estados Ameri-
canos, no qual devem ser incluídas, além disso, as despe-
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte sas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte
a opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a elaborará o seu próprio projeto de orçamento e subme-
que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou indi- tê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral, por intermédio
vidual. da Secretaria-Geral. Esta última não poderá nele introduzir
modificações.
Artigo 67
Artigo 73
A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em
caso de divergência sobre o sentido ou alcance da sen- Somente por solicitação da Comissão ou da Corte,
tença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das conforme o caso, cabe à Assembleia Geral da Organiza-
partes, desde que o pedido seja apresentado dentro de ção resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da
noventa dias a partir da data da notificação da sentença. Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos
previstos nos respectivos estatutos. Para expedir uma re-
Artigo 68 solução, será necessária maioria de dois terços dos votos
dos Estados Membros da Organização, no caso dos mem-
1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se bros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos
a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que forem dos Estados Partes na Convenção, se se tratar dos juízes
partes. da Corte.
61
DIREITOS HUMANOS
62
DIREITOS HUMANOS
da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O Secretá- Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de
rio-Geral preparará uma lista por ordem alfabética dos can- sua publicação.
didatos apresentados e a encaminhará aos Estados Partes
pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte. Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independên-
cia e 104° da República.
Artigo 82 ITAMAR FRANCO
Fernando Henrique Cardoso
A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candi-
datos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por
votação secreta dos Estados Partes, na Assembleia Geral,
e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem
maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos PROTOCOLO DAS NAÇÕES UNIDAS CONTRA
representantes do Estados Partes. Se, para eleger todos os O CRIME ORGANIZADO TRANSNACIONAL
juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, se- RELATIVO À PREVENÇÃO, REPRESSÃO E
rão eliminados sucessivamente, na forma que for determi- PUNIÇÃO DO TRÁFICO DE PESSOAS, EM
nada pelos Estados Partes, os candidatos que receberem ESPECIAL MULHERES E CRIANÇAS
menor número de votos.
63
DIREITOS HUMANOS
64
DIREITOS HUMANOS
b. Outras atividades do grupo criminoso organizado, b) Cada Estado Parte considerará como infrações prin-
sabendo que a sua participação contribuirá para a finalida- cipais todas as infrações graves, na acepção do Artigo 2 da
de criminosa acima referida; presente Convenção, e as infrações enunciadas nos seus
b) O ato de organizar, dirigir, ajudar, incitar, facilitar ou Artigos 5, 8 e 23. Os Estados Partes cuja legislação esta-
aconselhar a prática de uma infração grave que envolva a beleça uma lista de infrações principais específicas incluirá
participação de um grupo criminoso organizado. entre estas, pelo menos, uma gama completa de infrações
2. O conhecimento, a intenção, a finalidade, a moti- relacionadas com grupos criminosos organizados;
vação ou o acordo a que se refere o parágrafo 1 do pre- c) Para efeitos da alínea b), as infrações principais in-
sente Artigo poderão inferir-se de circunstâncias factuais cluirão as infrações cometidas tanto dentro como fora da
objetivas. jurisdição do Estado Parte interessado. No entanto, as in-
3. Os Estados Partes cujo direito interno condicione a frações cometidas fora da jurisdição de um Estado Parte
incriminação pelas infrações referidas no inciso i) da alínea só constituirão infração principal quando o ato correspon-
dente constitua infração penal à luz do direito interno do
a) do parágrafo 1 do presente Artigo ao envolvimento de
Estado em que tenha sido praticado e constitua infração
um grupo criminoso organizado diligenciarão no sentido
penal à luz do direito interno do Estado Parte que aplique
de que o seu direito interno abranja todas as infrações
o presente Artigo se o crime aí tivesse sido cometido;
graves que envolvam a participação de grupos criminosos
d) Cada Estado Parte fornecerá ao Secretário Geral das
organizados. Estes Estados Partes, assim como os Estados Nações Unidas uma cópia ou descrição das suas leis des-
Partes cujo direito interno condicione a incriminação pelas tinadas a dar aplicação ao presente Artigo e de qualquer
infrações definidas no inciso i) da alínea a) do parágrafo 1 alteração posterior;
do presente Artigo à prática de um ato concertado, infor- e) Se assim o exigirem os princípios fundamentais do
marão deste fato o Secretário Geral da Organização das direito interno de um Estado Parte, poderá estabelecer-se
Nações Unidas, no momento da assinatura ou do depósito que as infrações enunciadas no parágrafo 1 do presente
do seu instrumento de ratificação, aceitação, aprovação ou Artigo não sejam aplicáveis às pessoas que tenham come-
adesão à presente Convenção. tido a infração principal;
f) O conhecimento, a intenção ou a motivação, en-
Artigo 6 quanto elementos constitutivos de uma infração enunciada
Criminalização da lavagem do produto do crime no parágrafo 1 do presente Artigo, poderão inferir-se de
1. Cada Estado Parte adotará, em conformidade com os circunstâncias fatuais objetivas.
princípios fundamentais do seu direito interno, as medidas
legislativas ou outras que sejam necessárias para caracte- Artigo 7
rizar como infração penal, quando praticada intencional- Medidas para combater a lavagem de dinheiro
mente: 1. Cada Estado Parte:
a) i) A conversão ou transferência de bens, quando a) Instituirá um regime interno completo de regula-
quem o faz tem conhecimento de que esses bens são pro- mentação e controle dos bancos e instituições financeiras
duto do crime, com o propósito de ocultar ou dissimular a não bancárias e, quando se justifique, de outros organis-
origem ilícita dos bens ou ajudar qualquer pessoa envol- mos especialmente susceptíveis de ser utilizados para a la-
vida na prática da infração principal a furtar-se às conse- vagem de dinheiro, dentro dos limites da sua competência,
quências jurídicas dos seus atos; a fim de prevenir e detectar qualquer forma de lavagem de
ii) A ocultação ou dissimulação da verdadeira natureza, dinheiro, sendo nesse regime enfatizados os requisitos re-
origem, localização, disposição, movimentação ou proprie- lativos à identificação do cliente, ao registro das operações
e à denúncia de operações suspeitas;
dade de bens ou direitos a eles relativos, sabendo o seu
b) Garantirá, sem prejuízo da aplicação dos Artigos 18
autor que os ditos bens são produto do crime;
e 27 da presente Convenção, que as autoridades respon-
b) e, sob reserva dos conceitos fundamentais do seu
sáveis pela administração, regulamentação, detecção e re-
ordenamento jurídico:
pressão e outras autoridades responsáveis pelo combate à
i) A aquisição, posse ou utilização de bens, sabendo lavagem de dinheiro (incluindo, quando tal esteja previsto
aquele que os adquire, possui ou utiliza, no momento da no seu direito interno, as autoridades judiciais), tenham a
recepção, que são produto do crime; capacidade de cooperar e trocar informações em âmbito
ii) A participação na prática de uma das infrações enun- nacional e internacional, em conformidade com as condi-
ciadas no presente Artigo, assim como qualquer forma de ções prescritas no direito interno, e, para esse fim, consi-
associação, acordo, tentativa ou cumplicidade, pela pres- derará a possibilidade de criar um serviço de informação
tação de assistência, ajuda ou aconselhamento no sentido financeira que funcione como centro nacional de coleta,
da sua prática. análise e difusão de informação relativa a eventuais ativi-
2. Para efeitos da aplicação do parágrafo 1 do presente dades de lavagem de dinheiro.
Artigo: 2. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de
a) Cada Estado Parte procurará aplicar o parágrafo 1 do aplicar medidas viáveis para detectar e vigiar o movimento
presente Artigo à mais ampla gama possível de infrações transfronteiriço de numerário e de títulos negociáveis, no
principais; respeito pelas garantias relativas à legítima utilização da
65
DIREITOS HUMANOS
informação e sem, por qualquer forma, restringir a circu- adotará medidas eficazes de ordem legislativa, administra-
lação de capitais lícitos. Estas medidas poderão incluir a tiva ou outra para promover a integridade e prevenir, de-
exigência de que os particulares e as entidades comerciais tectar e punir a corrupção dos agentes públicos.
notifiquem as transferências transfronteiriças de quantias 2. Cada Estado Parte tomará medidas no sentido de se
elevadas em numerário e títulos negociáveis. assegurar de que as suas autoridades atuam eficazmente
3. Ao instituírem, nos termos do presente Artigo, um em matéria de prevenção, detecção e repressão da cor-
regime interno de regulamentação e controle, e sem pre- rupção de agentes públicos, inclusivamente conferindo a
juízo do disposto em qualquer outro artigo da presente essas autoridades independência suficiente para impedir
Convenção, todos os Estados Partes são instados a utilizar qualquer influência indevida sobre a sua atuação.
como orientação as iniciativas pertinentes tomadas pelas
organizações regionais, inter-regionais e multilaterais para Artigo 10
combater a lavagem de dinheiro. Responsabilidade das pessoas jurídicas
4. Os Estados Partes diligenciarão no sentido de desen- 1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias,
volver e promover a cooperação à escala mundial, regional, em conformidade com o seu ordenamento jurídico, para
sub-regional e bilateral entre as autoridades judiciais, os responsabilizar pessoas jurídicas que participem em infra-
organismos de detecção e repressão e as autoridades de ções graves envolvendo um grupo criminoso organizado e
regulamentação financeira, a fim de combater a lavagem que cometam as infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e
de dinheiro. 23 da presente Convenção.
2. No respeito pelo ordenamento jurídico do Estado
Artigo 8 Parte, a responsabilidade das pessoas jurídicas poderá ser
Criminalização da corrupção penal, civil ou administrativa.
1. Cada Estado Parte adotará as medidas legislativas e 3. A responsabilidade das pessoas jurídicas não obstará
outras que sejam necessárias para caracterizar como infra- à responsabilidade penal das pessoas físicas que tenham
ções penais os seguintes atos, quando intencionalmente cometido as infrações.
cometidos: 4. Cada Estado Parte diligenciará, em especial, no sen-
a) Prometer, oferecer ou conceder a um agente públi- tido de que as pessoas jurídicas consideradas responsáveis
co, direta ou indiretamente, um benefício indevido, em seu em conformidade com o presente Artigo sejam objeto de
proveito próprio ou de outra pessoa ou entidade, a fim de sanções eficazes, proporcionais e acautelatórias, de nature-
praticar ou se abster de praticar um ato no desempenho za penal e não penal, incluindo sanções pecuniárias.
das suas funções oficiais;
b) Por um agente público, pedir ou aceitar, direta ou Artigo 11
indiretamente, um benefício indevido, para si ou para ou- Processos judiciais, julgamento e sanções
tra pessoa ou entidade, a fim de praticar ou se abster de 1. Cada Estado Parte tornará a prática de qualquer in-
praticar um ato no desempenho das suas funções oficiais. fração enunciada nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da presente Con-
2. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de venção passível de sanções que tenham em conta a gravi-
adotar as medidas legislativas ou outras que sejam neces- dade dessa infração.
sárias para conferir o caracter de infração penal aos atos 2. Cada Estado Parte diligenciará para que qualquer
enunciados no parágrafo 1 do presente Artigo que envol- poder judicial discricionário conferido pelo seu direito in-
vam um agente público estrangeiro ou um funcionário in- terno e relativo a processos judiciais contra indivíduos por
ternacional. Do mesmo modo, cada Estado Parte conside- infrações previstas na presente Convenção seja exercido de
rará a possibilidade de conferir o caracter de infração penal forma a otimizar a eficácia das medidas de detecção e de
a outras formas de corrupção. repressão destas infrações, tendo na devida conta a neces-
3. Cada Estado Parte adotará igualmente as medidas sidade de exercer um efeito cautelar da sua prática.
necessárias para conferir o caráter de infração penal à cum- 3. No caso de infrações como as enunciadas nos Arti-
plicidade na prática de uma infração enunciada no presen- gos 5, 6, 8 e 23 da presente Convenção, cada Estado Parte
te Artigo. tomará as medidas apropriadas, em conformidade com o
4. Para efeitos do parágrafo 1 do presente Artigo e do seu direito interno, e tendo na devida conta os direitos da
Artigo 9, a expressão “agente público” designa, além do defesa, para que as condições a que estão sujeitas as deci-
funcionário público, qualquer pessoa que preste um servi- sões de aguardar julgamento em liberdade ou relativas ao
ço público, tal como a expressão é definida no direito in- processo de recurso tenham em consideração a necessida-
terno e aplicada no direito penal do Estado Parte onde a de de assegurar a presença do arguido em todo o processo
pessoa em questão exerce as suas funções. penal ulterior.
4. Cada Estado Parte providenciará para que os seus
Artigo 9 tribunais ou outras autoridades competentes tenham pre-
Medidas contra a corrupção sente a gravidade das infração previstas na presente Con-
1. Para além das medidas enunciadas no Artigo 8 da venção quando considerarem a possibilidade de uma liber-
presente Convenção, cada Estado Parte, na medida em que tação antecipada ou condicional de pessoas reconhecidas
seja procedente e conforme ao seu ordenamento jurídico, como culpadas dessas infrações.
66
DIREITOS HUMANOS
5. Sempre que as circunstâncias o justifiquem, cada Es- 8. As disposições do presente Artigo não deverão, em
tado Parte determinará, no âmbito do seu direito interno, circunstância alguma, ser interpretadas de modo a afetar
um prazo de prescrição prolongado, durante o qual pode- os direitos de terceiros de boa fé.
rá ter início o processo relativo a uma das infrações pre- 9. Nenhuma das disposições do presente Artigo preju-
vistas na presente Convenção, devendo esse período ser dica o princípio segundo o qual as medidas nele previstas
mais longo quando o presumível autor da infração se tenha são definidas e aplicadas em conformidade com o direi-
subtraído à justiça. to interno de cada Estado Parte e segundo as disposições
6. Nenhuma das disposições da presente Convenção
deste direito.
prejudica o princípio segundo o qual a definição das in-
frações nela enunciadas e dos meios jurídicos de defesa
aplicáveis, bem como outros princípios jurídicos que rejam Artigo 13
a legalidade das incriminações, são do foro exclusivo do Cooperação internacional para efeitos de confisco
direito interno desse Estado Parte, e segundo o qual as 1. Na medida em que o seu ordenamento jurídico inter-
referidas infrações são objeto de procedimento judicial e no o permita, um Estado Parte que tenha recebido de outro
punidas de acordo com o direito desse Estado Parte. Estado Parte, competente para conhecer de uma infração
prevista na presente Convenção, um pedido de confisco do
Artigo 12 produto do crime, bens, equipamentos ou outros instru-
Confisco e apreensão mentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 da presente
1. Os Estados Partes adotarão, na medida em que o Convenção que se encontrem no seu território, deverá:
seu ordenamento jurídico interno o permita, as medidas a) Submeter o pedido às suas autoridades competen-
necessárias para permitir o confisco: tes, a fim de obter uma ordem de confisco e, se essa ordem
a) Do produto das infrações previstas na presente Con-
for emitida, executá-la; ou
venção ou de bens cujo valor corresponda ao desse pro-
b) Submeter às suas autoridades competentes, para
duto;
b) Dos bens, equipamentos e outros instrumentos uti- que seja executada conforme o solicitado, a decisão de
lizados ou destinados a ser utilizados na prática das infra- confisco emitida por um tribunal situado no território do
ções previstas na presente Convenção. Estado Parte requerente, em conformidade com o pará-
2. Os Estados Partes tomarão as medidas necessárias grafo 1 do Artigo 12 da presente Convenção, em relação
para permitir a identificação, a localização, o embargo ou a ao produto do crime, bens, equipamentos ou outros ins-
apreensão dos bens referidos no parágrafo 1 do presente trumentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 que se
Artigo, para efeitos de eventual confisco. encontrem no território do Estado Parte requerido.
3. Se o produto do crime tiver sido convertido, total 2. Quando um pedido for feito por outro Estado Par-
ou parcialmente, noutros bens, estes últimos podem ser te competente para conhecer de uma infração prevista na
objeto das medidas previstas no presente Artigo, em subs- presente Convenção, o Estado Parte requerido tomará me-
tituição do referido produto. didas para identificar, localizar, embargar ou apreender o
4. Se o produto do crime tiver sido misturado com bens produto do crime, os bens, os equipamentos ou os outros
adquiridos legalmente, estes bens poderão, sem prejuízo
instrumentos referidos no parágrafo 1 do Artigo 12 da pre-
das competências de embargo ou apreensão, ser confis-
cados até ao valor calculado do produto com que foram sente Convenção, com vista a um eventual confisco que ve-
misturados. nha a ser ordenado, seja pelo Estado Parte requerente, seja,
5. As receitas ou outros benefícios obtidos com o pro- na sequência de um pedido formulado ao abrigo do pará-
duto do crime, os bens nos quais o produto tenha sido grafo 1 do presente Artigo, pelo Estado Parte requerido.
transformado ou convertido ou os bens com que tenha 3. As disposições do Artigo 18 da presente Convenção
sido misturado podem também ser objeto das medidas aplicam-se mutatis mutandis ao presente Artigo. Para além
previstas no presente Artigo, da mesma forma e na mesma das informações referidas no parágrafo 15 do Artigo 18,
medida que o produto do crime. os pedidos feitos em conformidade com o presente Artigo
6. Para efeitos do presente Artigo e do Artigo 13, cada deverão conter:
Estado Parte habilitará os seus tribunais ou outras auto- a) Quando o pedido for feito ao abrigo da alínea a) do
ridades competentes para ordenarem a apresentação ou parágrafo 1 do presente Artigo, uma descrição dos bens a
a apreensão de documentos bancários, financeiros ou co- confiscar e uma exposição dos fatos em que o Estado Parte
merciais. Os Estados Partes não poderão invocar o sigilo
requerente se baseia, que permita ao Estado Parte reque-
bancário para se recusarem a aplicar as disposições do pre-
rido obter uma decisão de confisco em conformidade com
sente número.
7. Os Estados Partes poderão considerar a possibili- o seu direito interno;
dade de exigir que o autor de uma infração demonstre a b) Quando o pedido for feito ao abrigo da alínea b)
proveniência lícita do presumido produto do crime ou de do parágrafo 1 do presente Artigo, uma cópia legalmente
outros bens que possam ser objeto de confisco, na me- admissível da decisão de confisco emitida pelo Estado Par-
dida em que esta exigência esteja em conformidade com te requerente em que se baseia o pedido, uma exposição
os princípios do seu direito interno e com a natureza do dos fatos e informações sobre os limites em que é pedida
processo ou outros procedimentos judiciais. a execução da decisão;
67
DIREITOS HUMANOS
c) Quando o pedido for feito ao abrigo do parágrafo a) Destinar o valor deste produto ou destes bens, ou
2 do presente Artigo, uma exposição dos fatos em que se os fundos provenientes da sua venda, ou uma parte destes
baseia o Estado Parte requerente e uma descrição das me- fundos, à conta criada em aplicação da alínea c) do pará-
didas pedidas. grafo 2 do Artigo 30 da presente Convenção e a organis-
4. As decisões ou medidas previstas nos parágrafo 1 e mos intergovernamentais especializados na luta contra a
parágrafo 2 do presente Artigo são tomadas pelo Estado criminalidade organizada;
Parte requerido em conformidade com o seu direito inter- b) Repartir com outros Estados Partes, sistemática ou
no e segundo as disposições do mesmo direito, e em con- casuisticamente, este produto ou estes bens, ou os fundos
formidade com as suas regras processuais ou com qual- provenientes da respectiva venda, em conformidade com
quer tratado, acordo ou protocolo bilateral ou multilateral o seu direito interno ou os seus procedimentos adminis-
que o ligue ao Estado Parte requerente. trativos.
5. Cada Estado Parte enviará ao Secretário Geral da Or-
Artigo 15
ganização das Nações Unidas uma cópia das suas leis e re-
Jurisdição
gulamentos destinados a dar aplicação ao presente Artigo,
1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias
bem como uma cópia de qualquer alteração ulteriormente
para estabelecer a sua competência jurisdicional em rela-
introduzida a estas leis e regulamentos ou uma descrição
ção às infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da pre-
destas leis, regulamentos e alterações ulteriores. sente Convenção, nos seguintes casos:
6. Se um Estado Parte decidir condicionar a adoção das a) Quando a infração for cometida no seu território; ou
medidas previstas nos parágrafos 1 e 2 do presente Artigo b) Quando a infração for cometida a bordo de um na-
à existência de um tratado na matéria, deverá considerar a vio que arvore a sua bandeira ou a bordo de uma aeronave
presente Convenção como uma base jurídica necessária e matriculada em conformidade com o seu direito interno no
suficiente para o efeito. momento em que a referida infração for cometida.
7. Um Estado Parte poderá recusar a cooperação que 2. Sem prejuízo do disposto no Artigo 4 da presente
lhe é solicitada ao abrigo do presente Artigo, caso a in- Convenção, um Estado Parte poderá igualmente estabele-
fração a que se refere o pedido não seja abrangida pela cer a sua competência jurisdicional em relação a qualquer
presente Convenção. destas infrações, nos seguintes casos:
8. As disposições do presente Artigo não deverão, em a) Quando a infração for cometida contra um dos seus
circunstância alguma, ser interpretadas de modo a afetar cidadãos;
os direitos de terceiros de boa fé. b) Quando a infração for cometida por um dos seus
9. Os Estados Partes considerarão a possibilidade de cidadãos ou por uma pessoa apátrida residente habitual-
celebrar tratados, acordos ou protocolos bilaterais ou mul- mente no seu território; ou
tilaterais com o objetivo de reforçar a eficácia da coope- c) Quando a infração for:
ração internacional desenvolvida para efeitos do presente i) Uma das previstas no parágrafo 1 do Artigo 5 da pre-
Artigo. sente Convenção e praticada fora do seu território, com a
intenção de cometer uma infração grave no seu território;
Artigo 14 ii) Uma das previstas no inciso ii) da alínea b) do pa-
rágrafo 1 do Artigo 6 da presente Convenção e praticada
Disposição do produto do crime ou dos bens con- fora do seu território com a intenção de cometer, no seu
fiscados território, uma das infrações enunciadas nos incisos i) ou ii)
1. Um Estado Parte que confisque o produto do crime da alínea a) ou i) da alínea b) do parágrafo 1 do Artigo 6 da
presente Convenção.
ou bens, em aplicação do Artigo 12 ou do parágrafo 1 do
3. Para efeitos do parágrafo 10 do Artigo 16 da presen-
Artigo 13 da presente Convenção, disporá deles de acordo
te Convenção, cada Estado Parte adotará as medidas ne-
com o seu direito interno e os seus procedimentos admi-
cessárias para estabelecer a sua competência jurisdicional
nistrativos.
em relação às infrações abrangidas pela presente Conven-
2. Quando os Estados Partes agirem a pedido de ou- ção quando o presumível autor se encontre no seu territó-
tro Estado Parte em aplicação do Artigo 13 da presente rio e o Estado Parte não o extraditar pela única razão de se
Convenção, deverão, na medida em que o permita o seu tratar de um seu cidadão.
direito interno e se tal lhes for solicitado, considerar priori- 4. Cada Estado Parte poderá igualmente adotar as me-
tariamente a restituição do produto do crime ou dos bens didas necessárias para estabelecer a sua competência juris-
confiscados ao Estado Parte requerente, para que este últi- dicional em relação às infrações abrangidas pela presente
mo possa indenizar as vítimas da infração ou restituir este Convenção quando o presumível autor se encontre no seu
produto do crime ou estes bens aos seus legítimos pro- território e o Estado Parte não o extraditar.
prietários. 5. Se um Estado Parte que exerça a sua competência
3. Quando um Estado Parte atuar a pedido de um outro jurisdicional por força dos parágrafos 1 e 2 do presente Ar-
Estado Parte em aplicação dos Artigos 12 e 13 da presente tigo tiver sido notificado, ou por qualquer outra forma tiver
Convenção, poderá considerar especialmente a celebração tomado conhecimento, de que um ou vários Estados Partes
de acordos ou protocolos que prevejam: estão a efetuar uma investigação ou iniciaram diligências
68
DIREITOS HUMANOS
ou um processo judicial tendo por objeto o mesmo ato, condições relativas à pena mínima requerida para uma ex-
as autoridades competentes destes Estados Partes deve- tradição e aos motivos pelos quais o Estado Parte requeri-
rão consultar-se, da forma que for mais conveniente, para do pode recusar a extradição.
coordenar as suas ações. 8. Os Estados Partes procurarão, sem prejuízo do seu
6. Sem prejuízo das normas do direito internacional ge- direito interno, acelerar os processos de extradição e sim-
ral, a presente Convenção não excluirá o exercício de qual- plificar os requisitos em matéria de prova com eles rela-
quer competência jurisdicional penal estabelecida por um cionados, no que se refere às infrações a que se aplica o
Estado Parte em conformidade com o seu direito interno. presente Artigo.
9. Sem prejuízo do disposto no seu direito interno e
Artigo 16 nos tratados de extradição que tenha celebrado, o Estado
Extradição Parte requerido poderá, a pedido do Estado Parte reque-
1. O presente Artigo aplica-se às infrações abrangidas rente, se considerar que as circunstâncias o justificam e que
pela presente Convenção ou nos casos em que um gru- existe urgência, colocar em detenção uma pessoa, presente
po criminoso organizado esteja implicado numa infração no seu território, cuja extradição é pedida, ou adotar a seu
prevista nas alíneas a) ou b) do parágrafo 1 do Artigo 3 e respeito quaisquer outras medidas apropriadas para asse-
em que a pessoa que é objeto do pedido de extradição se gurar a sua presença no processo de extradição.
encontre no Estado Parte requerido, desde que a infração 10. Um Estado Parte em cujo território se encontre o
pela qual é pedida a extradição seja punível pelo direito presumível autor da infração, se não extraditar esta pessoa
interno do Estado Parte requerente e do Estado Parte re- a título de uma infração à qual se aplica o presente Artigo
querido. pelo único motivo de se tratar de um seu cidadão, deverá,
2. Se o pedido de extradição for motivado por várias a pedido do Estado Parte requerente da extradição, sub-
infrações graves distintas, algumas das quais não se encon- meter o caso, sem demora excessiva, às suas autoridades
trem previstas no presente Artigo, o Estado Parte requeri- competentes para efeitos de procedimento judicial. Estas
do pode igualmente aplicar o presente Artigo às referidas autoridades tomarão a sua decisão e seguirão os trâmites
do processo da mesma forma que em relação a qualquer
infrações.
outra infração grave, à luz do direito interno deste Estado
3. Cada uma das infrações às quais se aplica o presente
Parte. Os Estados Partes interessados cooperarão entre si,
Artigo será considerada incluída, de pleno direito, entre as
nomeadamente em matéria processual e probatória, para
infrações que dão lugar a extradição em qualquer tratado
assegurar a eficácia dos referidos atos judiciais.
de extradição em vigor entre os Estados Partes. Os Esta-
11. Quando um Estado Parte, por força do seu direito
dos Partes comprometem-se a incluir estas infrações entre
interno, só estiver autorizado a extraditar ou, por qualquer
aquelas cujo autor pode ser extraditado em qualquer trata-
outra forma, entregar um dos seus cidadãos na condição
do de extradição que celebrem entre si.
de que essa pessoa retorne seguidamente ao mesmo Esta-
4. Se um Estado Parte que condicione a extradição à do Parte para cumprir a pena a que tenha sido condenada
existência de um tratado receber um pedido de extradição na sequência do processo ou do procedimento que origi-
de um Estado Parte com o qual não celebrou tal tratado, nou o pedido de extradição ou de entrega, e quando este
poderá considerar a presente Convenção como fundamen- Estado Parte e o Estado Parte requerente concordarem em
to jurídico da extradição quanto às infrações a que se apli- relação a essa opção e a outras condições que considerem
que o presente Artigo. apropriadas, a extradição ou entrega condicional será su-
5. Os Estados Partes que condicionem a extradição à ficiente para dar cumprimento à obrigação enunciada no
existência de um tratado: parágrafo 10 do presente Artigo.
a) No momento do depósito do seu instrumento de 12. Se a extradição, pedida para efeitos de execução de
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente uma pena, for recusada porque a pessoa que é objeto des-
Convenção, indicarão ao Secretário Geral da Organização te pedido é um cidadão do Estado Parte requerido, este, se
das Nações Unidas se consideram a presente Convenção o seu direito interno o permitir, em conformidade com as
como fundamento jurídico para a cooperação com outros prescrições deste direito e a pedido do Estado Parte reque-
Estados Partes em matéria de extradição; e rente, considerará a possibilidade de dar execução à pena
b) Se não considerarem a presente Convenção como que foi aplicada em conformidade com o direito do Estado
fundamento jurídico para cooperar em matéria de extra- Parte requerente ou ao que dessa pena faltar cumprir.
dição, diligenciarão, se necessário, pela celebração de tra- 13. Qualquer pessoa que seja objeto de um processo
tados de extradição com outros Estados Partes, a fim de devido a qualquer das infrações às quais se aplica o pre-
darem aplicação ao presente Artigo. sente Artigo terá garantido um tratamento equitativo em
6. Os Estados Partes que não condicionem a extradi- todas as fases do processo, incluindo o gozo de todos os
ção à existência de um tratado reconhecerão entre si, às direitos e garantias previstos no direito interno do Estado
infrações às quais se aplica o presente Artigo, o caráter de Parte em cujo território se encontra.
infração cujo autor pode ser extraditado. 14. Nenhuma disposição da presente Convenção deve-
7. A extradição estará sujeita às condições previstas rá ser interpretada no sentido de que impõe uma obriga-
no direito interno do Estado Parte requerido ou em tra- ção de extraditar a um Estado Parte requerido, se existirem
tados de extradição aplicáveis, incluindo, nomeadamente, sérias razões para supor que o pedido foi apresentado com
69
DIREITOS HUMANOS
a finalidade de perseguir ou punir uma pessoa em razão g) Identificar ou localizar os produtos do crime, bens,
do seu sexo, raça, religião, nacionalidade, origem étnica instrumentos ou outros elementos para fins probatórios;
ou opiniões políticas, ou que a satisfação daquele pedido h) Facilitar o comparecimento voluntário de pessoas no
provocaria um prejuízo a essa pessoa por alguma destas Estado Parte requerente;
razões. i) Prestar qualquer outro tipo de assistência compatível
15. Os Estados Partes não poderão recusar um pedido com o direito interno do Estado Parte requerido.
de extradição unicamente por considerarem que a infração 4. Sem prejuízo do seu direito interno, as autoridades
envolve também questões fiscais. competentes de um Estado Parte poderão, sem pedido
16. Antes de recusar a extradição, o Estado Parte re- prévio, comunicar informações relativas a questões penais
querido consultará, se for caso disso, o Estado Parte re- a uma autoridade competente de outro Estado Parte, se
querente, a fim de lhe dar a mais ampla possibilidade de considerarem que estas informações poderão ajudar a em-
apresentar as suas razões e de fornecer informações em preender ou concluir com êxito investigações e processos
apoio das suas alegações.
penais ou conduzir este último Estado Parte a formular um
17. Os Estados Partes procurarão celebrar acordos ou
pedido ao abrigo da presente Convenção.
protocolos bilaterais e multilaterais com o objetivo de per-
5. A comunicação de informações em conformida-
mitir a extradição ou de aumentar a sua eficácia.
de com o parágrafo 4 do presente Artigo será efetuada
Artigo 17 sem prejuízo das investigações e dos processos penais
Transferência de pessoas condenadas no Estado cujas autoridade competentes fornecem as
Os Estados Partes poderão considerar a celebração de informações. As autoridades competentes que recebam
acordos ou protocolos bilaterais ou multilaterais relativos à estas informações deverão satisfazer qualquer pedido no
transferência para o seu território de pessoas condenadas sentido de manter confidenciais as referidas informações,
a penas de prisão ou outras penas de privação de liberdade mesmo se apenas temporariamente, ou de restringir a sua
devido a infrações previstas na presente Convenção, para utilização. Todavia, tal não impedirá o Estado Parte que
que aí possam cumprir o resto da pena. receba as informações de revelar, no decurso do processo
judicial, informações que inocentem um arguido. Neste
Artigo 18 último caso, o Estado Parte que recebeu as informações
Assistência judiciária recíproca avisará o Estado Parte que as comunicou antes de as re-
1. Os Estados Partes prestarão reciprocamente toda a velar e, se lhe for pedido, consultará este último. Se, num
assistência judiciária possível nas investigações, nos pro- caso excepcional, não for possível uma comunicação pré-
cessos e em outros atos judiciais relativos às infrações pre- via, o Estado Parte que recebeu as informações dará co-
vistas pela presente Convenção, nos termos do Artigo 3, e nhecimento da revelação, prontamente, ao Estado Parte
prestarão reciprocamente uma assistência similar quando que as tenha comunicado.
o Estado Parte requerente tiver motivos razoáveis para sus- 6. As disposições do presente Artigo em nada prejudi-
peitar de que a infração a que se referem as alíneas a) ou cam as obrigações decorrentes de qualquer outro tratado
b) do parágrafo 1 do Artigo 3 é de caráter transnacional, bilateral ou multilateral que regule, ou deva regular, intei-
inclusive quando as vítimas, as testemunhas, o produto, os ramente ou em parte, a cooperação judiciária.
instrumentos ou os elementos de prova destas infrações se 7. Os parágrafos 9 a 29 do presente Artigo serão apli-
encontrem no Estado Parte requerido e nelas esteja impli- cáveis aos pedidos feitos em conformidade com o presente
cado um grupo criminoso organizado. Artigo, no caso de os Estados Partes em questão não esta-
2. Será prestada toda a cooperação judiciária possível, rem ligados por um tratado de cooperação judiciária. Se os
tanto quanto o permitam as leis, tratados, acordos e pro-
referidos Estados Partes estiverem ligados por tal tratado,
tocolos pertinentes do Estado Parte requerido, no âmbito
serão aplicáveis as disposições correspondentes desse tra-
de investigações, processos e outros atos judiciais relativos
tado, a menos que os Estados Partes concordem em apli-
a infrações pelas quais possa ser considerada responsável
car, em seu lugar, as disposições dos parágrafos 9 a 29 do
uma pessoa coletiva no Estado Parte requerente, em con-
formidade com o Artigo 10 da presente Convenção. presente Artigo. Os Estados Partes são fortemente instados
3. A cooperação judiciária prestada em aplicação do a aplicar estes números, se tal facilitar a cooperação.
presente Artigo pode ser solicitada para os seguintes efeitos: 8. Os Estados Partes não poderão invocar o sigilo ban-
a) Recolher testemunhos ou depoimentos; cário para recusar a cooperação judiciária prevista no pre-
b) Notificar atos judiciais; sente Artigo.
c) Efetuar buscas, apreensões e embargos; 9. Os Estados Partes poderão invocar a ausência de
d) Examinar objetos e locais; dupla criminalização para recusar prestar a assistência ju-
e) Fornecer informações, elementos de prova e pare- diciária prevista no presente Artigo. O Estado Parte reque-
ceres de peritos; rido poderá, não obstante, quando o considerar apropria-
f) Fornecer originais ou cópias certificadas de docu- do, prestar esta assistência, na medida em que o decida
mentos e processos pertinentes, incluindo documentos por si próprio, independentemente de o ato estar ou não
administrativos, bancários, financeiros ou comerciais e do- tipificado como uma infração no direito interno do Estado
cumentos de empresas; Parte requerido.
70
DIREITOS HUMANOS
10. Qualquer pessoa detida ou a cumprir pena no terri- de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente
tório de um Estado Parte, cuja presença seja requerida num Convenção. Os pedidos de cooperação judiciária e qual-
outro Estado Parte para efeitos de identificação, para teste- quer comunicação com eles relacionada serão transmitidos
munhar ou para contribuir por qualquer outra forma para às autoridades centrais designadas pelos Estados Partes. A
a obtenção de provas no âmbito de investigações, proces- presente disposição não afetará o direito de qualquer Es-
sos ou outros atos judiciais relativos às infrações visadas na tado Parte a exigir que estes pedidos e comunicações lhe
presente Convenção, pode ser objeto de uma transferên- sejam remetidos por via diplomática e, em caso de urgên-
cia, se estiverem reunidas as seguintes condições: cia, e se os Estados Partes nisso acordarem, por intermédio
a) Se referida pessoa, devidamente informada, der o da Organização Internacional de Polícia Criminal, se tal for
seu livre consentimento; possível.
b) Se as autoridades competentes dos dois Estados 14. Os pedidos serão formulados por escrito ou, se
Partes em questão derem o seu consentimento, sob reser- possível, por qualquer outro meio capaz de produzir re-
va das condições que estes Estados Partes possam consi-
gistro escrito, numa língua que seja aceita pelo Estado Par-
derar convenientes.
te requerido, em condições que permitam a este Estado
11. Para efeitos do parágrafo 10 do presente Artigo:
Parte verificar a sua autenticidade. O Secretário Geral das
a) O Estado Parte para o qual a transferência da pessoa
Nações Unidas será notificado a respeito da língua ou lín-
em questão for efetuada terá o poder e a obrigação de a
manter detida, salvo pedido ou autorização em contrário guas aceitas por cada Estado Parte no momento em que o
do Estado Parte do qual a pessoa foi transferida; Estado Parte em questão depositar os seus instrumentos
b) O Estado Parte para o qual a transferência for efe- de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão à presente
tuada cumprirá prontamente a obrigação de entregar a Convenção. Em caso de urgência, e se os Estados Partes
pessoa à guarda do Estado Parte do qual foi transferida, nisso acordarem, os pedidos poderão ser feitos oralmente,
em conformidade com o que tenha sido previamente acor- mais deverão ser imediatamente confirmados por escrito.
dado ou com o que as autoridades competentes dos dois 15. Um pedido de assistência judiciária deverá conter
Estados Partes tenham decidido; as seguintes informações:
c) O Estado Parte para o qual for efetuada a transferên- a) A designação da autoridade que emite o pedido;
cia não poderá exigir do Estado Parte do qual a transferên- b) O objeto e a natureza da investigação, dos proces-
cia foi efetuada que abra um processo de extradição para sos ou dos outros atos judiciais a que se refere o pedido,
que a pessoa lhe seja entregue; bem como o nome e as funções da autoridade que os te-
d) O período que a pessoa em questão passe detida nha a cargo;
no Estado Parte para o qual for transferida é contado para c) Um resumo dos fatos relevantes, salvo no caso dos
o cumprimento da pena que lhe tenha sido aplicada no pedidos efetuados para efeitos de notificação de atos ju-
Estado Parte do qual for transferida; diciais;
12. A menos que o Estado Parte do qual a pessoa for d) Uma descrição da assistência pretendida e porme-
transferida, ao abrigo dos parágrafos 10 e 11 do presente nores de qualquer procedimento específico que o Estado
Artigo, esteja de acordo, a pessoa em questão, seja qual for Parte requerente deseje ver aplicado;
a sua nacionalidade, não será objecto de processo judicial, e) Caso seja possível, a identidade, endereço e nacio-
detida, punida ou sujeita a outras restrições à sua liberdade nalidade de qualquer pessoa visada; e
de movimentos no território do Estado Parte para o qual f) O fim para o qual são pedidos os elementos, infor-
seja transferida, devido a atos, omissões ou condenações mações ou medidas.
anteriores à sua partida do território do Estado Parte do 16. O Estado Parte requerido poderá solicitar informa-
qual foi transferida.
ções adicionais, quando tal se afigure necessário à execu-
13. Cada Estado Parte designará uma autoridade cen-
ção do pedido em conformidade com o seu direito interno,
tral que terá a responsabilidade e o poder de receber pe-
ou quando tal possa facilitar a execução do pedido.
didos de cooperação judiciária e, quer de os executar, quer
17. Qualquer pedido será executado em conformidade
de os transmitir às autoridades competentes para execu-
ção. Se um Estado Parte possuir uma região ou um territó- com o direito interno do Estado Parte requerido e, na me-
rio especial dotado de um sistema de cooperação judiciária dida em que tal não contrarie este direito e seja possível,
diferente, poderá designar uma autoridade central distinta, em conformidade com os procedimentos especificados no
que terá a mesma função para a referida região ou terri- pedido.
tório. As autoridades centrais deverão assegurar a execu- 18. Se for possível e em conformidade com os princí-
ção ou a transmissão rápida e em boa e devida forma dos pios fundamentais do direito interno, quando uma pessoa
pedidos recebidos. Quando a autoridade central transmitir que se encontre no território de um Estado Parte deva ser
o pedido a uma autoridade competente para execução, ouvida como testemunha ou como perito pelas autorida-
instará pela execução rápida e em boa e devida forma do des judiciais de outro Estado Parte, o primeiro Estado Par-
pedido por parte da autoridade competente. O Secretário te poderá, a pedido do outro, autorizar a sua audição por
Geral da Organização das Nações Unidas será notificado da videoconferência, se não for possível ou desejável que a
autoridade central designada para este efeito no momento pessoa compareça no território do Estado Parte requeren-
em que cada Estado Parte depositar os seus instrumentos te. Os Estados Partes poderão acordar em que a audição
71
DIREITOS HUMANOS
seja conduzida por uma autoridade judicial do Estado Parte estudará com o Estado Parte requerente a possibilidade de
requerente e que a ela assista uma autoridade judicial do prestar a assistência sob reserva das condições que consi-
Estado Parte requerido. dere necessárias. Se o Estado Parte requerente aceitar a as-
19. O Estado Parte requerente não comunicará nem uti- sistência sob reserva destas condições, deverá respeitá-las.
lizará as informações ou os elementos de prova fornecidos 27. Sem prejuízo da aplicação do parágrafo 12 do pre-
pelo Estado Parte requerido para efeitos de investigações, sente Artigo, uma testemunha, um perito ou outra pessoa
processos ou outros atos judiciais diferentes dos mencio- que, a pedido do Estado Parte requerente, aceite depor
nados no pedido sem o consentimento prévio do Estado num processo ou colaborar numa investigação, em pro-
Parte requerido. O disposto neste número não impedirá o cessos ou outros atos judiciais no território do Estado Parte
Estado Parte requerente de revelar, durante o processo, in- requerente, não será objeto de processo, detida, punida ou
formações ou elementos de prova ilibatórios de um argui- sujeita a outras restrições à sua liberdade pessoal neste ter-
do. Neste último caso, o Estado Parte requerente avisará, ritório, devido a atos, omissões ou condenações anteriores
antes da revelação, o Estado Parte requerido e, se tal lhe for à sua partida do território do Estado Parte requerido. Esta
pedido, consultará neste último. Se, num caso excepcional, imunidade cessa quando a testemunha, o perito ou a refe-
não for possível uma comunicação prévia, o Estado Parte rida pessoa, tendo tido, durante um período de quinze dias
requerente informará da revelação, prontamente, o Estado consecutivos ou qualquer outro período acordado pelos
Parte requerido. Estados Partes, a contar da data em que recebeu a comuni-
20. O Estado Parte requerente poderá exigir que o Es- cação oficial de que a sua presença já não era exigida pelas
tado Parte requerido guarde sigilo sobre o pedido e o seu autoridades judiciais, a possibilidade de deixar o território
conteúdo, salvo na medida do que seja necessário para o do Estado Parte requerente, nele tenha voluntariamente
executar. Se o Estado Parte requerido não puder satisfazer permanecido ou, tendo-o deixado, a ele tenha regressado
esta exigência, informará prontamente o Estado Parte re- de livre vontade.
querente. 28. As despesas correntes com a execução de um pe-
21. A cooperação judiciária poderá ser recusada: dido serão suportadas pelo Estado Parte requerido, salvo
acordo noutro sentido dos Estados Partes interessados.
a) Se o pedido não for feito em conformidade com o
Quando venham a revelar-se necessárias despesas signifi-
disposto no presente Artigo;
cativas ou extraordinárias para executar o pedido, os Esta-
b) Se o Estado Parte requerido considerar que a execu-
dos Partes consultar-se-ão para fixar as condições segun-
ção do pedido pode afetar sua soberania, sua segurança,
do as quais o pedido deverá ser executado, bem como o
sua ordem pública ou outros interesses essenciais;
modo como as despesas serão assumidas.
c) Se o direito interno do Estado Parte requerido proi-
29. O Estado Parte requerido:
bir suas autoridades de executar as providências solicitadas
a) Fornecerá ao Estado Parte requerente cópias dos
com relação a uma infração análoga que tenha sido objeto
processos, documentos ou informações administrativas
de investigação ou de procedimento judicial no âmbito da que estejam em seu poder e que, por força do seu direito
sua própria competência; interno, estejam acessíveis ao público;
d) Se a aceitação do pedido contrariar o sistema jurí- b) Poderá, se assim o entender, fornecer ao Estado Par-
dico do Estado Parte requerido no que se refere à coope- te requerente, na íntegra ou nas condições que considere
ração judiciária. apropriadas, cópias de todos os processos, documentos ou
22. Os Estados Partes não poderão recusar um pedi- informações que estejam na sua posse e que, por força do
do de cooperação judiciária unicamente por considerarem seu direito interno, não sejam acessíveis ao público.
que a infração envolve também questões fiscais. 30. Os Estados Partes considerarão, se necessário, a
23. Qualquer recusa de cooperação judiciária deverá possibilidade de celebrarem acordos ou protocolos bila-
ser fundamentada. terais ou multilaterais que sirvam os objetivos e as dispo-
24. O Estado Parte requerido executará o pedido de sições do presente Artigo, reforçando-as ou dando-lhes
cooperação judiciária tão prontamente quanto possível e maior eficácia.
terá em conta, na medida do possível, todos os prazos su-
geridos pelo Estado Parte requerente para os quais sejam Artigo 19
dadas justificações, de preferência no pedido. O Estado Investigações conjuntas
Parte requerido responderá aos pedidos razoáveis do Esta- Os Estados Partes considerarão a possibilidade de ce-
do Parte requerente quanto ao andamento das diligências lebrar acordos ou protocolos bilaterais ou multilaterais em
solicitadas. Quando a assistência pedida deixar de ser ne- virtude dos quais, com respeito a matérias que sejam ob-
cessária, o Estado Parte requerente informará prontamente jeto de investigação, processos ou ações judiciais em um
desse fato o Estado Parte requerido. ou mais Estados, as autoridades competentes possam es-
25. A cooperação judiciária poderá ser diferida pelo Es- tabelecer órgãos mistos de investigação. Na ausência de
tado Parte requerido por interferir com uma investigação, tais acordos ou protocolos, poderá ser decidida casuistica-
processos ou outros atos judiciais em curso. mente a realização de investigações conjuntas. Os Estados
26. Antes de recusar um pedido feito ao abrigo do Partes envolvidos agirão de modo a que a soberania do
parágrafo 21 do presente Artigo ou de diferir a sua execu- Estado Parte em cujo território decorra a investigação seja
ção ao abrigo do parágrafo 25, o Estado Parte requerido plenamente respeitada.
72
DIREITOS HUMANOS
Artigo 22 Artigo 25
Estabelecimento de antecedentes penais Assistência e proteção às vítimas
Cada Estado Parte poderá adotar as medidas legislati- 1. Cada Estado Parte adotará, segundo as suas possi-
vas ou outras que sejam necessárias para ter em conside- bilidades, medidas apropriadas para prestar assistência e
ração, nas condições e para os efeitos que entender apro- assegurar a proteção às vítimas de infrações previstas na
priados, qualquer condenação de que o presumível autor presente Convenção, especialmente em caso de ameaça de
de uma infração tenha sido objeto noutro Estado, a fim de represálias ou de intimidação.
utilizar esta informação no âmbito de um processo penal 2. Cada Estado Parte estabelecerá procedimentos ade-
relativo a uma infração prevista na presente Convenção. quados para que as vítimas de infrações previstas na pre-
sente Convenção possam obter reparação.
Artigo 23 3. Cada Estado Parte, sem prejuízo do seu direito in-
Criminalização da obstrução à justiça terno, assegurará que as opiniões e preocupações das
Cada Estado Parte adotará medidas legislativas e ou- vítimas sejam apresentadas e tomadas em consideração
tras consideradas necessárias para conferir o caráter de nas fases adequadas do processo penal aberto contra os
infração penal aos seguintes atos, quando cometidos in- autores de infrações, por forma que não prejudique os
tencionalmente: direitos da defesa.
73
DIREITOS HUMANOS
74
DIREITOS HUMANOS
criminosas organizadas e de as partilhar diretamente entre 3. Os Estados Partes incentivarão as atividades de for-
si e por intermédio de organizações internacionais e regio- mação e de assistência técnica suscetíveis de facilitar a ex-
nais. Para este efeito, deverão ser elaboradas e aplicadas, tradição e a cooperação judiciária. Estas atividades de coo-
quando for caso disso, definições, normas e metodologias peração e de assistência técnica poderão incluir ensino de
comuns. idiomas, cessões e intercâmbio do pessoal das autoridades
3. Cada Estado Parte considerará o estabelecimento de centrais ou de organismos que tenham responsabilidades
meios de acompanhamento das suas políticas e das medi- nos domínios em questão.
das tomadas para combater o crime organizado, avaliando 4. Sempre que se encontrem em vigor acordos bila-
a sua aplicação e eficácia. terais ou multilaterais, os Estados Partes reforçarão, tanto
quanto for necessário, as medidas tomadas no sentido de
Artigo 29 otimizar as atividades operacionais e de formação no âm-
Formação e assistência técnica bito de organizações internacionais e regionais e no âmbi-
1. Cada Estado Parte estabelecerá, desenvolverá ou to de outros acordos ou protocolos bilaterais e multilate-
melhorará, na medida das necessidades, programas de for- rais na matéria.
mação específicos destinados ao pessoal das autoridades
competentes para a aplicação da lei, incluindo promoto- Artigo 30
res públicos, juizes de instrução e funcionários aduaneiros, Outras medidas: aplicação da Convenção através
bem como outro pessoal que tenha por função prevenir, do desenvolvimento econômico e da assistência técnica
detectar e reprimir as infrações previstas na presente Con- 1. Os Estados Partes tomarão as medidas adequadas
venção. Estes programas, que poderão prever cessões e in- para assegurar a melhor aplicação possível da presente
tercâmbio de pessoal, incidirão especificamente, na medida Convenção através da cooperação internacional, tendo em
em que o direito interno o permita, nos seguintes aspectos: conta os efeitos negativos da criminalidade organizada na
a) Métodos utilizados para prevenir, detectar e comba- sociedade em geral e no desenvolvimento sustentável em
ter as infrações previstas na presente Convenção; particular.
b) Rotas e técnicas utilizadas pelas pessoas suspeitas
2. Os Estados Partes farão esforços concretos, na medi-
de implicação em infrações previstas na presente Conven-
da do possível, em coordenação entre si e com as organi-
ção, incluindo nos Estados de trânsito, e medidas adequa-
zações regionais e internacionais:
das de combate;
a) Para desenvolver a sua cooperação a vários níveis
c) Vigilância das movimentações dos produtos de con-
com os países em desenvolvimento, a fim de reforçar a ca-
trabando;
pacidade destes para prevenir e combater a criminalidade
d) Detecção e vigilância das movimentações do produ-
organizada transnacional;
to do crime, de bens, equipamentos ou outros instrumen-
b) Para aumentar a assistência financeira e material aos
tos, de métodos de transferência, dissimulação ou disfarce
países em desenvolvimento, a fim de apoiar os seus esfor-
destes produtos, bens, equipamentos ou outros instru-
mentos, bem como métodos de luta contra a lavagem de ços para combater eficazmente a criminalidade organizada
dinheiro e outras infrações financeiras; transnacional e ajudá-los a aplicar com êxito a presente
e) Coleta de provas; Convenção;
f) Técnicas de controle nas zonas francas e nos portos c) Para fornecer uma assistência técnica aos países
francos; em desenvolvimento e aos países com uma economia de
g) Equipamentos e técnicas modernas de detecção e transição, a fim de ajudá-los a obter meios para a aplica-
de repressão, incluindo a vigilância eletrônica, as entregas ção da presente Convenção. Para este efeito, os Estados
vigiadas e as operações de infiltração; Partes procurarão destinar voluntariamente contribuições
h) Métodos utilizados para combater o crime organi- adequadas e regulares a uma conta constituída especifi-
zado transnacional cometido por meio de computadores, camente para este fim no âmbito de um mecanismo de
de redes de telecomunicações ou outras tecnologias mo- financiamento das Nações Unidas. Os Estados Partes pode-
dernas; e rão também considerar, especificamente, em conformida-
i) Métodos utilizados para a proteção das vítimas e das de com o seu direito interno e as disposições da presente
testemunhas. Convenção, a possibilidade de destinarem à conta acima
2. Os Estados Partes deverão cooperar entre si no pla- referida uma percentagem dos fundos ou do valor corres-
nejamento e execução de programas de investigação e de pondente do produto do crime ou dos bens confiscados
formação concebidos para o intercâmbio de conhecimen- em aplicação das disposições da presente Convenção;
tos especializados nos domínios referidos no parágrafo d) Para incentivar e persuadir outros Estados e insti-
1 do presente Artigo e, para este efeito, recorrerão tam- tuições financeiras, quando tal se justifique, a associarem-
bém, quando for caso disso, a conferências e seminários -se aos esforços desenvolvidos em conformidade com o
regionais e internacionais para promover a cooperação e presente Artigo, nomeadamente fornecendo aos países em
estimular as trocas de pontos de vista sobre problemas co- desenvolvimento mais programas de formação e material
muns, incluindo os problemas e necessidades específicos moderno, a fim de os ajudar a alcançar os objetivos da pre-
dos Estados de trânsito. sente Convenção.
75
DIREITOS HUMANOS
e) Tanto quanto possível, estas medidas serão tomadas 4. Os Estados Partes procurarão avaliar periodicamen-
sem prejuízo dos compromissos existentes em matéria de te os instrumentos jurídicos e as práticas administrativas
assistência externa ou de outros acordos de cooperação aplicáveis, a fim de determinar se contêm lacunas que per-
financeira a nível bilateral, regional ou internacional. mitam aos grupos criminosos organizados fazerem deles
4. Os Estados Partes poderão celebrar acordos ou pro- utilização indevida.
tocolos bilaterais ou multilaterais relativos a assistência 5. Os Estados Partes procurarão sensibilizar melhor o
técnica e logística, tendo em conta os acordos financeiros público para a existência, as causas e a gravidade da cri-
necessários para assegurar a eficácia dos meios de coo- minalidade organizada transnacional e para a ameaça que
peração internacional previstos na presente Convenção, e representa. Poderão fazê-lo, quando for o caso, por inter-
para prevenir, detectar e combater a criminalidade organi- médio dos meios de comunicação social e adotando me-
zada transnacional. didas destinadas a promover a participação do público nas
ações de prevenção e combate à criminalidade.
Artigo 31 6. Cada Estado Parte comunicará ao Secretário Geral
Prevenção da Organização das Nações Unidas o nome e o endereço
1. Os Estados Partes procurarão elaborar e avaliar da(s) autoridade(s) que poderão assistir os outros Estados
projetos nacionais, bem como estabelecer e promover as Partes na aplicação das medidas de prevenção do crime
melhores práticas e políticas para prevenir a criminalidade organizado transnacional.
organizada transnacional. 7. Quando tal se justifique, os Estados Partes colabora-
2. Em conformidade com os princípios fundamentais rão, entre si e com as organizações regionais e internacio-
do seu direito interno, os Estados Partes procurarão re- nais competentes, a fim de promover e aplicar as medidas
duzir, através de medidas legislativas, administrativas ou referidas no presente Artigo. A este título, participarão em
outras que sejam adequadas, as possibilidades atuais ou projetos internacionais que visem prevenir a criminalidade
futuras de participação de grupos criminosos organizados organizada transnacional, atuando, por exemplo, sobre os
em negócios lícitos utilizando o produto do crime. Estas fatores que tornam os grupos socialmente marginalizados
medidas deverão incidir: vulneráveis à sua ação.
a) No fortalecimento da cooperação entre autoridades
competentes para a aplicação da lei ou promotores e enti- Artigo 32
dades privadas envolvidas, incluindo empresas; Conferência das Partes na Convenção
b) Na promoção da elaboração de normas e procedi- 1. Será instituída uma Conferência das Partes na Con-
mentos destinados a preservar a integridade das entida- venção, para melhorar a capacidade dos Estados Partes no
des públicas e privadas envolvidas, bem como de códigos combate à criminalidade organizada transnacional e para
de conduta para determinados profissionais, em particular promover e analisar a aplicação da presente Convenção.
advogados, tabeliães, consultores tributários e contadores; 2. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
c) Na prevenção da utilização indevida, por grupos cri- das convocará a Conferência das Partes, o mais tardar, um
minosos organizados, de concursos públicos, bem como ano após a entrada em vigor da presente Convenção. A
de subvenções e licenças concedidas por autoridades pú- Conferência das Partes adotará um regulamento interno e
blicas para a realização de atividades comerciais; regras relativas às atividades enunciadas nos parágrafos 3 e
d) Na prevenção da utilização indevida de pessoas ju- 4 do presente Artigo (incluindo regras relativas ao financia-
rídicas por grupos criminosos organizados; estas medidas mento das despesas decorrentes dessas atividades).
poderão incluir: 3. A Conferência das Partes acordará em mecanismos
i) O estabelecimento de registros públicos de pessoas destinados a atingir os objetivos referidos no parágrafo 1
jurídicas e físicas envolvidas na criação, gestão e financia- do presente Artigo, nomeadamente:
mento de pessoas jurídicas; a) Facilitando as ações desenvolvidas pelos Estados
ii) A possibilidade de privar, por decisão judicial ou por Partes em aplicação dos Artigos 29, 30 e 31 da presente
qualquer outro meio adequado, as pessoas condenadas Convenção, inclusive incentivando a mobilização de contri-
por infrações previstas na presente Convenção, por um buições voluntárias;
período adequado, do direito de exercerem funções de di- b) Facilitando o intercâmbio de informações entre Es-
reção de pessoas jurídicas estabelecidas no seu território; tados Partes sobre as características e tendências da cri-
iii) O estabelecimento de registos nacionais de pessoas minalidade organizada transnacional e as práticas eficazes
que tenham sido privadas do direito de exercerem funções para a combater;
de direção de pessoas jurídicas; e c) Cooperando com as organizações regionais e inter-
iv) O intercâmbio de informações contidas nos regis- nacionais e as organizações não-governamentais compe-
tros referidos nas incisos i) e iii) da presente alínea com as tentes;
autoridades competentes dos outros Estados Partes. d) Avaliando, a intervalos regulares, a aplicação da pre-
3. Os Estados Partes procurarão promover a reinserção sente Convenção;
na sociedade das pessoas condenadas por infrações pre- e) Formulando recomendações a fim de melhorar a
vistas na presente Convenção. presente Convenção e a sua aplicação;
76
DIREITOS HUMANOS
4. Para efeitos das alíneas d) e e) do parágrafo 3 do Partes não chegarem a acordo sobre a organização da arbi-
presente Artigo, a Conferência das Partes inteirar-se-á das tragem, qualquer deles poderá submeter a controvérsia ao
medidas adotadas e das dificuldades encontradas pelos Tribunal Internacional de Justiça, mediante requerimento
Estados Partes na aplicação da presente Convenção, uti- em conformidade com o Estatuto do Tribunal.
lizando as informações que estes lhe comuniquem e os 3. Qualquer Estado Parte poderá, no momento da as-
mecanismos complementares de análise que venha a criar. sinatura, da ratificação, da aceitação ou da aprovação da
5. Cada Estado Parte comunicará à Conferência das presente Convenção, ou da adesão a esta, declarar que não
Partes, a solicitação desta, informações sobre os seus pro- se considera vinculado pelo parágrafo 2 do presente Arti-
gramas, planos e práticas, bem como sobre as suas me- go. Os outros Estados Partes não estarão vinculados pelo
didas legislativas e administrativas destinadas a aplicar a parágrafo 2 do presente Artigo em relação a qualquer Es-
presente Convenção. tado Parte que tenha formulado esta reserva.
4. Um Estado Parte que tenha formulado uma reserva
Artigo 33 ao abrigo do parágrafo 3 do presente Artigo poderá retirá-
Secretariado -la a qualquer momento, mediante notificação do Secretá-
1. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni- rio Geral da Organização das Nações Unidas.
das fornecerá os serviços de secretariado necessários à
Conferência das Partes na Convenção. Artigo 36
2. O secretariado: Assinatura, ratificação, aceitação, aprovação e adesão
a) Apoiará a Conferência das Partes na realização das 1. A presente Convenção será aberta à assinatura de
atividades enunciadas no Artigo 32 da presente Conven- todos os Estados entre 12 e 15 de Dezembro de 2000, em
ção, tomará as disposições e prestará os serviços necessá- Palermo (Itália) e, seguidamente, na sede da Organização
rios para as sessões da Conferência das Partes; das Nações Unidas, em Nova Iorque, até 12 de Dezembro
b) Assistirá os Estados Partes, a pedido destes, no forne- de 2002.
cimento à Conferência das Partes das informações previstas 2. A presente Convenção estará igualmente aberta à
no parágrafo 5 do Artigo 32 da presente Convenção; e assinatura de organizações regionais de integração econô-
c) Assegurará a coordenação necessária com os secre- mica, desde que pelos menos um Estado-Membro dessa
tariados das organizações regionais e internacionais. organização tenha assinado a presente Convenção, em
conformidade com o parágrafo 1 do presente Artigo.
Artigo 34 3. A presente Convenção será submetida a ratifica-
Aplicação da Convenção ção, aceitação ou aprovação. Os instrumentos de ratifica-
1. Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias, ção, aceitação ou aprovação serão depositados junto do
incluindo legislativas e administrativas, em conformidade Secretário Geral da Organização das Nações Unidas. Uma
com os princípios fundamentais do seu direito interno, organização regional de integração econômica poderá de-
para assegurar o cumprimento das suas obrigações decor- positar os seus instrumentos de ratificação, aceitação ou
rentes da presente Convenção. aprovação se pelo menos um dos seus Estados-Membros
2. As infrações enunciadas nos Artigos 5, 6, 8 e 23 da o tiver feito. Neste instrumento de ratificação, aceitação ou
presente Convenção serão incorporadas no direito interno aprovação, a organização declarará o âmbito da sua com-
de cada Estado Parte, independentemente da sua nature- petência em relação às questões que são objeto da presen-
za transnacional ou da implicação de um grupo crimino- te Convenção. Informará igualmente o depositário de qual-
so organizado nos termos do parágrafo 1 do Artigo 3 da quer alteração relevante do âmbito da sua competência.
presente Convenção, salvo na medida em que o Artigo 5 4. A presente Convenção estará aberta à adesão de
da presente Convenção exija o envolvimento de um grupo qualquer Estado ou de qualquer organização regional de
criminoso organizado. integração econômica de que, pelo menos, um Estado
3. Cada Estado Parte poderá adotar medidas mais membro seja parte na presente Convenção. Os instrumen-
estritas ou mais severas do que as previstas na presente tos de adesão serão depositados junto do Secretário Geral
Convenção a fim de prevenir e combater a criminalidade da Organização das Nações Unidas. No momento da sua
organizada transnacional. adesão, uma organização regional de integração econômi-
ca declarará o âmbito da sua competência em relação às
Artigo 35 questões que são objeto da presente Convenção. Informa-
Solução de Controvérsias rá igualmente o depositário de qualquer alteração relevan-
1. Os Estados Partes procurarão solucionar controvér- te do âmbito dessa competência.
sias relativas à interpretação ou aplicação da presente Con-
venção por negociação direta. Artigo 37
2. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados Relação com os protocolos
Partes relativa à interpretação ou aplicação da presente 1. A presente Convenção poderá ser completada por
Convenção que não possa ser resolvida por via negocial um ou mais protocolos.
num prazo razoável será, a pedido de um destes Estados 2. Para se tornar Parte num protocolo, um Estado ou
Partes, submetida a arbitragem. Se, no prazo de seis me- uma organização regional de integração econômica deverá
ses a contar da data do pedido de arbitragem, os Estados igualmente ser Parte na presente Convenção.
77
DIREITOS HUMANOS
3. Um Estado Parte na presente Convenção não estará Estados Partes permanecerão vinculados pelas disposições
vinculado por um protocolo, a menos que se torne Parte do da presente Convenção e por todas as emendas anteriores
mesmo protocolo, em conformidade com as disposições que tenham ratificado, aceite ou aprovado.
deste.
4. Qualquer protocolo à presente Convenção será in- Artigo 40
terpretado conjuntamente com a presente Convenção, Denúncia
tendo em conta a finalidade do mesmo protocolo. 1. Um Estado Parte poderá denunciar a presente Con-
venção mediante notificação escrita dirigida ao Secretário
Artigo 38 Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia tor-
Entrada em vigor nar-se-á efetiva um ano após a data da recepção da notifi-
1. A presente Convenção entrará em vigor no nonagé- cação pelo Secretário Geral.
simo dia seguinte à data de depósito do quadragésimo ins- 2. Uma organização regional de integração econômica
trumento de ratificação, aceitação, aprovação ou adesão. cessará de ser Parte na presente Convenção quando todos
Para efeitos do presente número, nenhum dos instrumen- os seus Estados-Membros a tenham denunciado.
tos depositados por uma organização regional de integra- 3. A denúncia da presente Convenção, em conformida-
ção econômica será somado aos instrumentos já deposita- de com o parágrafo 1 do presente Artigo, implica a denún-
dos pelos Estados membros dessa organização. cia de qualquer protocolo a ela associado.
2. Para cada Estado ou organização regional de integra-
ção econômica que ratifique, aceite ou aprove a presente Artigo 41
Convenção ou a ela adira após o depósito do quadragési- Depositário e línguas
mo instrumento pertinente, a presente Convenção entrará 1. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
em vigor no trigésimo dia seguinte à data de depósito do das será o depositário da presente Convenção.
instrumento pertinente do referido Estado ou organização. 2. O original da presente Convenção, cujos textos em
inglês, árabe, chinês, espanhol, francês e russo fazem igual-
Artigo 39
mente fé, será depositado junto do Secretário Geral da Or-
Emendas
ganização das Nações Unidas.
1. Quando tiverem decorrido cinco anos a contar da
entrada em vigor da presente Convenção, um Estado Parte
poderá propor uma emenda e depositar o respectivo texto
DECRETO Nº 5.017, DE 12 DE MARÇO DE 2004.
junto do Secretário Geral da Organização das Nações Uni-
das, que em seguida comunicará a proposta de emenda
Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Na-
aos Estados Partes e à Conferência das Partes na Conven-
ções Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Re-
ção, para exame da proposta e adoção de uma decisão. A
Conferência das Partes esforçar-se-á por chegar a um con- lativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pes-
senso sobre qualquer emenda. Se todos os esforços nesse soas, em Especial Mulheres e Crianças.
sentido se tiverem esgotado sem que se tenha chegado a
acordo, será necessário, como último recurso para que a O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
emenda seja aprovada, uma votação por maioria de dois que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e
terços dos votos expressos dos Estados Partes presentes na Considerando que o Congresso Nacional aprovou, por
Conferência das Partes. meio do Decreto Legislativo no 231, de 29 de maio de 2003,
2. Para exercerem, ao abrigo do presente Artigo, o seu o texto do Protocolo Adicional à Convenção das Nações
direito de voto nos domínios em que sejam competentes, Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à
as organizações regionais de integração econômica dispo- Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em
rão de um número de votos igual ao número dos seus Es- Especial Mulheres e Crianças, adotado em Nova York em 15
tados-Membros que sejam Partes na presente Convenção. de novembro de 2000;
Não exercerão o seu direito de voto quando os seus Esta- Considerando que o Governo brasileiro depositou o
dos-Membros exercerem os seus, e inversamente. instrumento de ratificação junto à Secretaria-Geral da ONU
3. Uma emenda aprovada em conformidade com o em 29 de janeiro de 2004;
parágrafo 1 do presente Artigo estará sujeita à ratificação, Considerando que o Protocolo entrou em vigor inter-
aceitação ou aprovação dos Estados Partes. nacional em 29 de setembro de 2003, e entrou em vigor
4. Uma emenda aprovada em conformidade com o para o Brasil em 28 de fevereiro de 2004;
parágrafo 1 do presente Artigo entrará em vigor para um DECRETA:
Estado Parte noventa dias após a data de depósito pelo Art. 1o O Protocolo Adicional à Convenção das Nações
mesmo Estado Parte junto do Secretário Geral da Organi- Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à
zação das Nações Unidas de um instrumento de ratificação, Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em
aceitação ou aprovação da referida emenda. Especial Mulheres e Crianças, adotado em Nova York em 15
5. Uma emenda que tenha entrado em vigor será vin- de novembro de 2000, apenso por cópia ao presente De-
culativa para os Estados Partes que tenham declarado o creto, será executado e cumprido tão inteiramente como
seu consentimento em serem por ela vinculados. Os outros nele se contém.
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
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DIREITOS HUMANOS
a) Prevenir e combater o tráfico de pessoas; e 3. Um Estado Parte que receba informações respeitará
b) Proteger as vítimas de tráfico de pessoas, especial- qualquer pedido do Estado Parte que transmitiu essas in-
mente as mulheres e as crianças, de nova vitimação. formações, no sentido de restringir sua utilização.
2. Os Estados Partes envidarão esforços para tomarem
medidas tais como pesquisas, campanhas de informação e Artigo 11
de difusão através dos órgãos de comunicação, bem como Medidas nas fronteiras
iniciativas sociais e econômicas de forma a prevenir e com- 1. Sem prejuízo dos compromissos internacionais re-
bater o tráfico de pessoas. lativos à livre circulação de pessoas, os Estados Partes re-
3. As políticas, programas e outras medidas estabeleci- forçarão, na medida do possível, os controles fronteiriços
das em conformidade com o presente Artigo incluirão, se necessários para prevenir e detectar o tráfico de pessoas.
necessário, a cooperação com organizações não-governa- 2. Cada Estado Parte adotará medidas legislativas ou
mentais, outras organizações relevantes e outros elemen- outras medidas apropriadas para prevenir, na medida do
tos da sociedade civil. possível, a utilização de meios de transporte explorados
4. Os Estados Partes tomarão ou reforçarão as medi- por transportadores comerciais na prática de infrações es-
das, inclusive mediante a cooperação bilateral ou multilate- tabelecidas em conformidade com o Artigo 5 do presente
ral, para reduzir os fatores como a pobreza, o subdesenvol- Protocolo.
vimento e a desigualdade de oportunidades que tornam as 3. Quando se considere apropriado, e sem prejuízo das
pessoas, especialmente as mulheres e as crianças, vulnerá- convenções internacionais aplicáveis, tais medidas inclui-
veis ao tráfico. rão o estabelecimento da obrigação para os transportado-
5. Os Estados Partes adotarão ou reforçarão as medi- res comerciais, incluindo qualquer empresa de transporte,
das legislativas ou outras, tais como medidas educacionais, proprietário ou operador de qualquer meio de transporte,
sociais ou culturais, inclusive mediante a cooperação bila- de certificar-se de que todos os passageiros sejam porta-
teral ou multilateral, a fim de desencorajar a procura que dores dos documentos de viagem exigidos para a entrada
fomenta todo o tipo de exploração de pessoas, especial- no Estado de acolhimento.
mente de mulheres e crianças, conducentes ao tráfico. 4. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias,
em conformidade com o seu direito interno, para aplicar
Artigo 10 sanções em caso de descumprimento da obrigação cons-
Intercâmbio de informações e formação tante do parágrafo 3 do presente Artigo.
1. As autoridades competentes para a aplicação da lei, 5. Cada Estado Parte considerará a possibilidade de to-
os serviços de imigração ou outros serviços competentes mar medidas que permitam, em conformidade com o direi-
dos Estados Partes, cooperarão entre si, na medida do pos- to interno, recusar a entrada ou anular os vistos de pessoas
sível, mediante troca de informações em conformidade envolvidas na prática de infrações estabelecidas em con-
com o respectivo direito interno, com vistas a determinar: formidade com o presente Protocolo.
a) Se as pessoas que atravessam ou tentam atravessar 6. Sem prejuízo do disposto no Artigo 27 da Conven-
uma fronteira internacional com documentos de viagem ção, os Estados Partes procurarão intensificar a cooperação
pertencentes a terceiros ou sem documentos de viagem entre os serviços de controle de fronteiras, mediante, entre
são autores ou vítimas de tráfico de pessoas; outros, o estabelecimento e a manutenção de canais de
b) Os tipos de documentos de viagem que as pessoas comunicação diretos.
têm utilizado ou tentado utilizar para atravessar uma fron-
teira internacional com o objetivo de tráfico de pessoas; e Artigo 12
c) Os meios e métodos utilizados por grupos crimino- Segurança e controle dos documentos
sos organizados com o objetivo de tráfico de pessoas, in- Cada Estado Parte adotará as medidas necessárias, de
cluindo o recrutamento e o transporte de vítimas, os itine- acordo com os meios disponíveis para:
rários e as ligações entre as pessoas e os grupos envolvidos a) Assegurar a qualidade dos documentos de viagem
no referido tráfico, bem como as medidas adequadas à sua ou de identidade que emitir, para que não sejam indevida-
detecção. mente utilizados nem facilmente falsificados ou modifica-
2. Os Estados Partes assegurarão ou reforçarão a for- dos, reproduzidos ou emitidos de forma ilícita; e
mação dos agentes dos serviços competentes para a apli- b) Assegurar a integridade e a segurança dos documen-
cação da lei, dos serviços de imigração ou de outros ser- tos de viagem ou de identidade por si ou em seu nome emi-
viços competentes na prevenção do tráfico de pessoas. A tidos e impedir a sua criação, emissão e utilização ilícitas.
formação deve incidir sobre os métodos utilizados na pre-
venção do referido tráfico, na ação penal contra os trafi- Artigo 13
cantes e na proteção das vítimas, inclusive protegendo-as Legitimidade e validade dos documentos
dos traficantes. A formação deverá também ter em conta a A pedido de outro Estado Parte, um Estado Parte verifi-
necessidade de considerar os direitos humanos e os pro- cará, em conformidade com o seu direito interno e dentro
blemas específicos das mulheres e das crianças bem como de um prazo razoável, a legitimidade e validade dos docu-
encorajar a cooperação com organizações não-governa- mentos de viagem ou de identidade emitidos ou suposta-
mentais, outras organizações relevantes e outros elemen- mente emitidos em seu nome e de que se suspeita terem
tos da sociedade civil. sido utilizados para o tráfico de pessoas.
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Artigo 16 Artigo 18
Assinatura, ratificação, aceitação, aprovação e Emendas
adesão 1. Cinco anos após a entrada em vigor do presente
1. O presente Protocolo será aberto à assinatura de to- Protocolo, um Estado Parte no Protocolo pode propor
dos os Estados de 12 a 15 de Dezembro de 2000 em Paler- emenda e depositar o texto junto do Secretário-Geral das
mo, Itália, e, em seguida, na sede da Organização das Na- Nações Unidas, que em seguida comunicará a proposta
ções Unidas em Nova Iorque até 12 de Dezembro de 2002. de emenda aos Estados Partes e à Conferência das Partes
2. O presente Protocolo será igualmente aberto à assi- na Convenção para analisar a proposta e tomar uma de-
natura de organizações regionais de integração econômica cisão. Os Estados Partes no presente Protocolo reunidos
na condição de que pelo menos um Estado membro dessa na Conferência das Partes farão todos os esforços para
organização tenha assinado o presente Protocolo em con- chegar a um consenso sobre qualquer emenda. Se todos
formidade com o parágrafo 1 do presente Artigo. os esforços para chegar a um consenso forem esgotados
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após celebrar consultas com o Estado Membro interessa- f) Em todas as questões que se lhe submetam em
do, tomar a decisão de incluir um resumo dos resultados virtude do presente artigo, o Comitê poderá solicitar aos
da investigação em seu relatório anual, que apresentará em Estados Membros interessados, a que se faz referência na
conformidade com o «artigo 24». alínea “a”, que lhe forneçam quaisquer informações perti-
Artigo 21 nentes.
§1. Com base no presente artigo, todo Estado Mem- g) Os Estados Membros interessados, a que se faz re-
bro na presente Convenção poderá declarar, a qualquer ferência na alínea “b”, terão o direito de fazer-se represen-
momento, que reconhece a competência do Comitê para tar quando as questões forem examinadas no Comitê e de
receber e examinar as comunicações em que um Estado apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito.
Membro alegue que outro Estado Membro não vem cum- h) O Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data
prindo as obrigações que lhe impõe a Convenção. As refe- do recebimento da notificação mencionada na alínea “b”,
ridas comunicações só serão recebidas e examinadas nos apresentará relatório em que:
termos do presente artigo, no caso de serem apresentadas I. Se houver sido alcançada uma solução nos termos da
por um Estado Membro que houver feito uma declaração alínea “e”, o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma
em que reconheça, com relação a si próprio, a competência breve exposição dos fatos e a de solução alcançada
do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma II. Se não houver sido alcançada solução alguma nos
relativa a um Estado Membro que não houver feito uma termos da alínea “c”, o Comitê restringir-se-á, em seu re-
declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em latório, a uma breve exposição dos fatos, serão anexados
virtude do presente artigo estarão sujeitas ao procedimen- ao relatório o texto das observações escritas e das atas das
to que segue: observações orais apresentadas pelos Estados Membros
a) Se um Estado Membro considerar que outro Estado interessados. Para cada questão, o relatório será encami-
Membro não vem cumprindo as disposições da presente nhado aos Estados Membros interessados.
Convenção poderá, mediante comunicação escrita, levar §2. As disposições do presente artigo entrarão em vi-
a questão a conhecimento deste Estado Membro. Dentro gor a partir do momento em que cinco Estados Membros
no presente Pacto houverem feito as declarações mencio-
do prazo de três meses, a contar da data de recebimento
nadas no «§1 deste artigo». As referidas declarações serão
da comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado
depositadas pelos Estados Membros junto ao Secretário
que enviou a comunicação explicações e quaisquer outras
Geral da Organização das Nações Unidas, que enviará có-
declarações por escrito que esclareçam a questão as quais
pia das mesmas aos demais Estados Membros. Toda de-
deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinen-
claração poderá ser retira, a qualquer momento, mediante
te, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos
notificação endereçada ao Secretário Geral. Far-se-á essa
adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão.
retira sem prejuízo do exame de quaisquer questões que
b) Se, dentro do prazo de seis meses, a contar da data
constituam objeto de uma comunicação já transmitida nos
do recebimento da comunicação original pelo Estado des- termos deste artigo, em virtude do presente artigo, não se
tinatário, a questão não estiver dirimida satisfatoriamente receberá qualquer nova comunicação de um Estado Mem-
para amos os Estados Membros interessados, tanto um bro, uma vez que o Secretário Geral haja recebido a noti-
como o outro terão o direito de submetê-lo ao Comitê, ficação sobre a retirada da declaração, a menos que o Es-
mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro tado Membro interessado haja feito uma nova declaração.
Estado interessado.
c) O Comitê tratará de todas as questões que se lhe Artigo 22
submetam em virtude do presente artigo, somente após §1. Todo Estado Membro na presente Convenção po-
Ter-se assegurado de que todos os recursos internos dis- derá declarar, em virtude do presente artigo, a qualquer
poníveis tenham sido utilizados e esgotados, em confor- momento, que reconhece a competência do Comitê para
midade com os princípios do Direito Internacional geral- receber e examinar as comunicações enviadas por pessoas
mente reconhecidos. Não se aplicará essa regra quando a sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser
aplicação dos mencionados recursos se prolongar injusti- vítimas de violação, por um Estado Membro, das disposi-
ficadamente ou quando não for provável que a aplicação ções da Convenção. O Comitê não receberá comunicação
de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da alguma relativa a um Estado Membro que não houver feito
pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção. declaração dessa natureza.
d) O Comitê realizará reuniões confidenciais quando §2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comu-
estiver examinando as comunicações previstas no presente nicação recebida em conformidade com o presente artigo
artigo que já anônima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do di-
e) Sem prejuízo das disposições da alínea “c”, o Co- reito de apresentar as referidas comunicações, ou que seja
mitê colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados incompatível com as disposições da presente Convenção.
Membros interessados no intuito de alcançar uma solução §3. Sem prejuízo do disposto no «§2», o Comitê leva-
amistosa para a questão, baseada no respeito às obriga- rá todas as comunicações apresentadas, em conformida-
ções estabelecidas na presente Convenção. Com vistas a de com este artigo, ao conhecimento do Estado Membro
atingir estes objetivos, o Comitê poderá constituir, se julgar na presente Convenção que houver feito uma declaração
conveniente, uma comissão de conciliação ad hoc. nos termos do «§1» e sobre o qual se alegue ter violado
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1. Lei Estadual nº 869/1952 e suas alterações posteriores (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais)........................................................................................................................................................................................................................... 01
2. Decreto nº 46.644/2014 (Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente Público e da Alta Administração
Estadual)....................................................................................................................................................................................................................... 29
3. Decreto Estadual nº 46.060/2012 (regulamenta a Lei Estadual Complementar nº 116/2011, que dispõe sobre a prevenção
e a punição do assédio moral na Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual)..................................34
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 8º - Quadro é um conjunto de carreiras, de cargos
LEI ESTADUAL Nº 869/1952 E SUAS isolados e de funções gratificadas.
ALTERAÇÕES POSTERIORES (ESTATUTO DOS
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS CIVIS DO ESTADO Art. 9º - Não haverá equivalência entre as diferentes
DE MINAS GERAIS). carreiras, nem entre cargos isolados ou funções gratificadas.
TÍTULO I
Do Provimento
Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos CAPÍTULO I
Civis do Estado de Minas Gerais. Disposições Gerais
(Vide Lei nº 10.254, de 20/7/1990.) Art. 10 - Os cargos públicos são acessíveis a todos os
(Vide inciso I do art. 8º da Lei nº 20.010, de 5/1/2012.) brasileiros, observados os requisitos que a lei estabelecer.
Parágrafo único - Os cargos de carreira serão de pro-
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus represen- vimento efetivo; os isolados, de provimento efetivo ou em
tantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte Lei: comissão, segundo a lei que os criar.
(Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 11 - Compete ao Governador do Estado prover, na
Art. 1º - Esta lei regula as condições do provimento dos forma da lei e com as ressalvas estatuídas na Constituição,
cargos públicos, os direitos e as vantagens, os deveres e os cargos públicos estaduais.
responsabilidades dos funcionários civis do Estado.
Parágrafo único - As suas disposições aplicam-se igual- Art. 12 - Os cargos públicos são providos por:
mente ao Ministério Público e ao Magistério. I - Nomeação;
(Vide art. 171 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) II - Promoção;
(Vide art. 85 da Lei Complementar nº 30, de 10/8/1993.) III - Transferência;
(Vide art. 232 da Lei Complementar nº 34, de 12/9/1994.) IV - Reintegração;
(Vide art. 301 da Lei Complementar nº 59, de 18/1/2001.) V - Readmissão;
(Vide art. 2° da Lei Complementar nº 85, de 28/12/2005.) (Vide art. 35 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
(Vide art. 40 da Lei nº 10.961, de 14/12/1992.)
Art. 2º - Funcionário público é a pessoa legalmente in- VI - Reversão;
vestida em cargo público.
VII - Aproveitamento.
Art. 3º - Cargo público, para os efeitos deste estatuto,
Art. 13 - Só poderá ser provido em cargo público
é o criado por lei em número certo, com a denominação
quem satisfizer os seguintes requisitos:
própria e pago pelos cofres do Estado.
I - ser brasileiro;
Parágrafo único - Os vencimentos dos cargos públicos
II - ter completado dezoito anos de idade;
obedecerão a padrões previamente fixados em lei.
III - haver cumprido as obrigações militares fixadas
em lei;
Art. 4º - Os cargos são de carreira ou isolados.
Parágrafo único - São de carreira os que se integram em IV - estar em gozo dos direitos políticos;
classes e correspondem a uma profissão; isolados, os que V - ter boa conduta;
não se podem integrar em classes e correspondem a certa VI - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
e determinada função. médica;
(Vide Lei nº 10.961, de 14/12/1992.) VII - ter-se habilitado previamente em concurso, salvo
quando se tratar de cargos isolados para os quais não haja
Art. 5º - Classe é um agrupamento de cargos da mesma essa exigência;
profissão e de igual padrão de vencimento. VIII - ter atendido às condições especiais, inclusive
quanto à idade, prescrita no respectivo edital de concurso.
Art. 6º - Carreira é um conjunto de classes da mesma (Inciso com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 6.871,
profissão, escalonadas segundo os padrões de vencimen- de 17/9/1976.)
tos. Parágrafo único - (Revogado pelo art. 2º da Lei nº
6.871, de 17/9/1976.)
Art. 7º - As atribuições de cada carreira serão definidas Dispositivo revogado:
em regulamento. “Parágrafo único - Não poderá ser investido em cargo
Parágrafo único - Respeitada essa regulamentação, as inicial de carreira a pessoa que contar mais de 40 anos de
atribuições inerentes a uma carreira podem ser cometidas, idade.”
indistintamente, aos funcionários de suas diferentes clas-
ses.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
CAPÍTULO II Art. 18 - Não ficarão sujeitos a limites de idade, para
Da nomeação inscrição em concurso e nomeação, os ocupantes de car-
SEÇÃO I gos efetivos ou funções públicas estaduais.
Disposições Gerais (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Art. 14 - As nomeações serão feitas: (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
carreira ou isolado que, por lei, assim deva ser provido;
II - em comissão, quando se tratar de cargo isolado Art. 19 - Os concursos deverão realizar-se dentro dos
que, em virtude de lei, assim deva ser provido; seis meses seguintes ao encerramento das respectivas ins-
III - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de crições.
16/10/1964.) Parágrafo único - Realizado o concurso será expedido,
Dispositivo revogado: pelo órgão competente, o certificado de habilitação.
“III - interinamente em cargo vago de classe inicial de (Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
carreira, ou em cargo isolado de provimento efetivo, para rais.)
o qual não haja candidato legalmente habilitado;” (Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
IV - em substituição no impedimento legal ou tempo- (Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.)
rário de ocupante de cargo isolado de provimento efetivo
ou em comissão. SEÇÃO III
Parágrafo único - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº Da Interinidade
3.214, de 16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Art. 20 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
“Parágrafo único - O funcionário efetivo poderá, no 16/10/1964.)
interesse da administração, ser comissionado em outro Dispositivo revogado:
cargo, sem perda daquele de que é titular, desde que não “Art. 20 - Tratando-se de vaga em classe inicial de car-
se trate de cargo intermediário ou final de carreira.” reira ou em cargo isolado de provimento efetivo, poderá
ser feito o preenchimento em caráter interino, enquanto
(Vide art. 28 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
não houver candidato habilitado em concurso, atendido o
disposto nos itens I, III, V, VI e VIII do art. 13 e no § 5º deste
Art. 15 - É vedada a nomeação de candidato habili-
artigo.
tado em concurso após a expiração do prazo de sua va-
§ 1º - O exercício interino de cargo cujo provimento
lidade.
depende de concurso não isenta dessa exigência, para no-
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge-
meação efetiva, o seu ocupante, qualquer que seja o tempo
rais.)
de serviço.
§ 2º - Todo aquele que ocupar interinamente cargo,
SEÇÃO II cujo provimento efetivo dependa de habilitação em con-
Dos Concursos curso, será inscrito, «ex-officio», no primeiro que se realizar
para cargos de respectiva profissão.
Art. 16 - A primeira investidura em cargo de carreira § 3º - A aprovação da inscrição dependerá da satis-
e em outros que a lei determinar efetuar-se-á mediante fação, por parte do interino, das exigências estabelecidas
concurso, precedida de inspeção de saúde. para o concurso.
Parágrafo único - Os concursos serão de provas e, § 4º - Aprovadas as inscrições, serão exonerados os
subsidiariamente, de títulos. interinos que tiverem deixado de cumprir o disposto no
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge- parágrafo anterior.
rais.) § 5º - Após o encerramento das inscrições do concurso,
(Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.) não serão feitas nomeações em caráter interino.
(Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.) § 6º - Homologado o concurso, considerar-se-ão exo-
nerados, automaticamente, todos os interinos.”
Art. 17 - Os limites de idade para a inscrição em con-
curso e o prazo de validade deste serão fixados, de acordo Art. 21 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
com a natureza das atribuições da carreira ou cargo, na 16/10/1964.)
conformidade das leis e regulamentos e das instruções Dispositivo revogado:
respectivas, quando for o caso. “Art. 21 - Qualquer cargo público vago, cuja investidu-
(Vide art. 21 da Constituição do Estado de Minas Ge- ra dependa de concurso não poderá ser exercido interina-
rais.) mente por mais de um ano.”
(Vide Lei nº 11.867, de 28/7/1995.)
(Vide Lei Complementar nº 73, de 30/7/2003.) Art. 22 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964.)
Dispositivo revogado:
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
“Art. 22 - Perderá a estabilidade o funcionário que to- Art. 25 - A substituição será automática ou dependerá
mar posse em cargo para o qual tenha sido nomeado in- de ato da administração.
terinamente.” § 1º - A substituição não automática, por período
igual ou inferior a 180 (cento e oitenta) dias, far-se-á por
SEÇÃO IV ato do Secretário ou Diretor do Departamento em que
Do Estágio Probatório estiver lotado o cargo ou se exercer a função gratificada.
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas (Parágrafo com redação dada pelo art. 21 da Lei nº
Gerais.) 4185, de 30/5/1966.)
Art. 23 - Estágio probatório é o período de dois anos § 2º - (Revogado pelo art. 21 da Lei nº 4.185, de
de efetivo exercício do funcionário nomeado em virtude 30/5/1966.)
de concurso, e de cinco anos para os demais casos. Dispositivo revogado:
(Vide art. 14 do Decreto nº 43.764, de 16/3/2004.) “§ 2º - A substituição remunerada dependerá de ato
§ 1º - No período de estágio apurar-se-ão os seguin- da autoridade competente para nomear ou designar.”
tes requisitos:
I - idoneidade moral; § 2º - O substituto perderá, durante o tempo da subs-
II - assiduidade; tituição, o vencimento ou remuneração do cargo de que
III - disciplina; for ocupante efetivo, salvo no caso de função gratificada
IV - eficiência. e opção.
§ 2º - Não ficará sujeito a novo estágio probatório (O Parágrafo 2º foi revogado pelo art. 21 da Lei nº
o funcionário que, nomeado para outro cargo público, 4.185, de 30/5/1966, sendo o Parágrafo 3º renumerado
já houver adquirido estabilidade em virtude de qualquer para Parágrafo 2º pelo mesmo artigo da Lei.)
prescrição legal. (Vide art. 289 da Constituição do Estado de Minas
§ 3º - Sem prejuízo da remessa periódica do bole- Gerais.)
tim de merecimento ao Serviço de Pessoal, o diretor da
CAPÍTULO III
repartição ou serviço em que sirva o funcionário, sujeito
Da Promoção
ao estágio probatório, quatro meses antes da terminação
deste, informará reservadamente ao Órgão de Pessoal so-
Art. 26 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
bre o funcionário, tendo em vista os requisitos enumera-
16/10/1994.)
dos nos itens I a IV deste artigo.
Dispositivo revogado:
§ 4º - Em seguida, o Órgão de Pessoal formulará pare-
“Art. 26 - As promoções obedecerão ao critério de
cer escrito, opinando sobre o merecimento do estagiário
antiguidade de classe e ao de merecimento alternada-
em relação a cada um dos requisitos e concluindo a favor mente, sendo a primeira sempre pelo critério de antigui-
ou contra a confirmação. dade.
§ 5º - Desse parecer, se contrário à confirmação, será § 1º - O critério a que obedecer a promoção deverá
dada vista ao estagiário pelo prazo de cinco dias. vir expresso no decreto respectivo.
§ 6º - Se o despacho do Governador do Estado for fa- § 2º - Somente se dará promoção de uma classe à
vorável à permanência do funcionário, a confirmação não imediatamente superior.”
dependerá de qualquer novo ato. (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
§ 7º - A apuração dos requisitos de que trata este ar- rais.)
tigo deverá processar-se de modo que a exoneração do
funcionário possa ser feita antes de findo o período de Art. 27 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
estágio. 16/10/1964.)
(Vide art. 33 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) Dispositivo revogado:
(Vide art. 104 do Ato das Disposições Constitucionais “Art. 27 - A promoção por antiguidade recairá no fun-
Transitórias.) cionário mais antigo na classe.”
(Vide art. 10 da Emenda à Constituição n° 49, de (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
13/6/2001.) rais.)
3
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 29 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Art. 33 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964.) 16/10/1964.)
Dispositivo revogado: Dispositivo revogado:
“Art. 29 - Não poderá ser promovido, inclusive à classe “Art. 33 - Na classificação por antiguidade, quando
final de carreira, o funcionário que não tenha o interstício ocorrer empate no tempo de classe, terá preferência, su-
de setecentos e trinta dias de efetivo exercício na classe. cessivamente:
Parágrafo único - Na hipótese de não haver funcioná- a) o funcionário mais antigo na carreira;
rio com interstício poderá a promoção por merecimento b) o mais antigo no Serviço Público Estadual;
recair no que contar pelo menos trezentos e sessenta e c) o que tiver maior tempo de serviço público;
cinco dias de efetivo exercício na classe.” d) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior nú-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- mero de filhos;
rais.) e) o casado;
f) o solteiro que tiver filhos reconhecidos;
Art. 30 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de g) o mais idoso.”
16/10/1964.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Dispositivo revogado: rais.)
“Art. 30 - O merecimento será apurado, objetivamente,
segundo condições definidas em regulamento. Art. 34 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
Parágrafo único - O merecimento é adquirido na clas- 16/10/1964.)
se; promovido o funcionário, recomeçará a apuração do Dispositivo revogado:
merecimento a contar do ingresso na nova classe.” “Art. 34 - No caso de igualdade de merecimento ado-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- tar-se-á como fator de desempate, sucessivamente:
rais.) a) o fato de ter o funcionário participado em operação
de guerra;
Art. 31 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de b) o funcionário mais antigo na classe;
16/10/1964) c) o funcionário mais antigo na carreira;
Dispositivo revogado: d) o mais antigo no Serviço Público Estadual;
“Art. 31 - A antiguidade de classe será determinada e) o que tiver maior tempo de serviço público;
pelo tempo de efetivo exercício do funcionário na classe f) o funcionário casado ou viúvo que tiver maior nú-
a que pertencer. mero de filhos;
§ 1º - Quando houver fusão de classes, o funcionário g) o casado;
contará na nova classe também a antiguidade que trouxer h) o solteiro que tiver filhos reconhecidos;
da anterior. i) o mais idoso.”
§ 2º - No caso do parágrafo precedente, serão promo- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
vidos, em primeiro lugar, os funcionários que eram ocu- rais.)
pantes dos cargos da classe superior, obedecendo-se o
mesmo critério em ordem decrescente. Art. 35 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
§ 3º - O funcionário, exonerado na forma do § 6º, do 16/10/1964.)
art. 20, que for nomeado em virtude de habilitação no Dispositivo revogado:
mesmo concurso, contará, como antiguidade de classe o “Art. 35 - Não serão considerados, para efeito dos
tempo de efetivo exercício na interinidade.” arts. 33 e 34, os filhos maiores e os que exerçam qualquer
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- atividade remunerada pública ou privada.
rais.) Parágrafo único - Também não será considerado para
o mesmo efeito o estado de casado, desde que ambos os
Art. 32 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de cônjuges sejam servidores públicos.”
16/10/1964.) (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Dispositivo revogado: rais.)
“Art. 32 - A antiguidade de classe no caso de transfe-
rência, a pedido, ou por permuta, será contada da data em Art. 36 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
que o funcionário entrar em exercício na nova classe. 16/10/1964.)
Parágrafo único - Se a transferência ocorrer “ex-offi- Dispositivo revogado:
cio”, no interesse da administração, serão levados em con- “Art. 36 - O tempo de exercício para verificação de
ta o tempo de efetivo exercício e o merecimento na classe antiguidade de classe será apurado somente em dias.”
a que pertencia.” (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge- rais.)
rais.)
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 37 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Parágrafo único - Não se compreendem neste artigo
16/10/1964.) os recursos interpostos pelo funcionário relativamente a
Dispositivo revogado: apuração de antiguidade ou merecimento.”
“Art. 37 - As promoções serão processadas e realizadas (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
em época fixada em regulamento.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) CAPÍTULO IV
Da Transferência
Art. 38 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de
16/10/1964) Art. 44 - O funcionário poderá ser transferido:
Dispositivo revogado: I - de uma para outra carreira;
“Art. 38 - O funcionário suspenso poderá ser promovi- II - de um cargo isolado, de provimento efetivo e que
do, mas a promoção ficará sem efeito, se verificada a proce- exija concurso, para outro de carreira;
dência da penalidade aplicada. III - de um cargo de carreira para outro isolado, de pro-
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o funcioná- vimento efetivo;
rio só perceberá o vencimento correspondente à nova clas- IV - de um cargo isolado, de provimento efetivo, para
se quando tornada sem efeito a penalidade aplicada, caso
outro da mesma natureza.
em que a promoção surtirá efeito a partir da data de sua
publicação.”
Art. 45 - As transferências, de qualquer natureza, serão
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
feitas a pedido do funcionário, atendida a conveniência do
Art. 39 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de serviço ou “ex-officio” respeitada sempre a habilitação pro-
16/10/1964.) fissional.
Dispositivo revogado: § 1º - A transferência a pedido para o cargo de carreira
“Art. 39 - Será declarado sem efeito em benefício da- só poderá ser feita para vaga que tenha de ser provida me-
quele a quem cabia de direito a promoção, o decreto que diante promoção por merecimento.
promover indevidamente o funcionário. § 2º - As transferências para cargos de carreira não po-
§ 1º - O funcionário promovido indevidamente não fi- derão exceder de um terço dos cargos de cada classe e só
cará obrigado a restituir o que a mais houver recebido. poderão ser efetuadas no mês seguinte ao fixado para as
§ 2º - O funcionário, a quem cabia a promoção, será promoções.
indenizado da diferença de vencimento ou remuneração a (Vide § 13 do art. 14 da Constituição do Estado de Mi-
que tiver direito, ficando essa indenização a cargo de quem, nas Gerais.)
comprovadamente, tenha ocasionado a indevida promoção.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Art. 46 - A transferência só poderá ser feita para cargo
do mesmo padrão de vencimento ou igual remuneração,
Art. 40 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de salvo nos casos dos itens III e IV do art. 44, quando a trans-
16/10/1964.) ferência a pedido poderá dar-se para cargo de padrão de
Dispositivo revogado: vencimento inferior.
“Art. 40 - Os funcionários que demonstrarem parcialida-
de no julgamento do merecimento serão punidos discipli- Art. 47 - A transferência “ex-officio”, no interesse da ad-
narmente pela autoridade a que estiverem subordinados.” ministração, será feita mediante proposta do Secretário de
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Estado ou Chefe do departamento autônomo.
Art. 41 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de Art. 48 - O interstício para a transferência será de 365
16/10/1964.)
dias na classe e no cargo isolado.
Dispositivo revogado:
“Art. 41 - A promoção de funcionário em exercício de
CAPÍTULO V
mandato legislativo só se poderá fazer por antiguidade.”
(Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) Da Permuta
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
CAPÍTULO VI Parágrafo único - A readmissão em cargo de carreira
Da Reintegração dependerá da existência de vaga que deva ser preenchida
mediante promoção por merecimento.”
Art. 50 - A reintegração, que decorrerá de decisão ad- (Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu-
ministrativa ou sentença judiciária passada em julgado, é o cionais Transitórias.)
ato pelo qual o funcionário demitido reingressa no serviço
público, com ressarcimento dos prejuízos decorrentes do CAPÍTULO VIII
afastamento. Da Reversão
§ 1º - A reintegração será feita no cargo anteriormente
ocupado se esse houver sido transformado, no cargo resul- Art. 54 - Reversão é o ato pelo qual o aposentado rein-
tante da transformação; e, se provido ou extinto, em car- gresse no serviço público, após verificação, em processo,
go de natureza, vencimento ou remuneração equivalentes, de que não subsistem os motivos determinantes da apo-
respeitada a habilitação profissional. sentadoria.
§ 2º - Não sendo possível fazer a reintegração pela for- § 1º - A reversão far-se-á a pedido ou «ex-officio».
ma prescrita no parágrafo anterior, será o ex-funcionário § 2º - O aposentado não poderá reverter à atividade se
posto em disponibilidade no cargo que exercia, com pro- contar mais de cinquenta e cinco anos de idade.
vento igual ao vencimento ou remuneração. § 3º - Em nenhum caso poderá efetuar-se a reversão,
§ 3º - O funcionário reintegrado será submetido a ins- sem que mediante inspeção médica fique provada a capa-
peção médica; verificada a incapacidade será aposentado cidade para o exercício da função.
no cargo em que houver sido reintegrado. § 4º - Será cassada a aposentadoria do funcionário que
(Vide § 2º do inciso III do art. 35 da Constituição do reverter e não tomar posse e entrar em exercício dentro
Estado de Minas Gerais.) dos prazos legais.
(Vide art. 28 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
CAPÍTULO VII (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Da Readmissão rais.)
(Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.)
Art. 51 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de
11/7/1972.)
Art. 55 - A reversão far-se-á de preferência no mesmo
Dispositivo revogado:
cargo.
“Art. 51 - Readmissão é o ato pelo qual o funcionário
§ 1º - A reversão «ex-officio» não poderá verificar-se
demitido ou exonerado reingressa no serviço público sem
em cargo de vencimento ou remuneração inferior ao pro-
direito a ressarcimento de prejuízos, assegurada, apenas, a
vento da inatividade.
contagem de tempo de serviço em cargos anteriores, para § 2º - A reversão ao cargo de carreira dependerá da
efeito de aposentadoria e disponibilidade. existência da vaga que deva ser preenchida mediante pro-
Parágrafo único - Em nenhum caso poderá efetuar-se moção por merecimento.
readmissão sem que mediante inspeção médica, fique pro- (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
vada a capacidade para o exercício da função.” rais.)
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu- (Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
cionais Transitórias.) Transitórias.)
Art. 52 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de Art. 56 - A reversão dará direito para nova aposenta-
11/7/1972.) doria, à contagem de tempo em que o funcionário esteve
Dispositivo revogado: aposentado.
“Art. 52 - O ex-funcionário poderá ser readmitido, (Vide art. 37 da Constituição do Estado de Minas Ge-
quando ficar apurado, em processo, que não mais subsis- rais.)
tem os motivos determinantes de sua demissão ou veri- (Vide art. 47 do Ato das Disposições Constitucionais
ficado que não há inconveniência para o serviço público, Transitórias.)
quando a exoneração se tenha processado a pedido.”
(Vide arts. 28 e 107 do Ato das Disposições Constitu- CAPÍTULO IX
cionais Transitórias.) Do Aproveitamento
Art. 53 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de Art. 57 - Aproveitamento é o reingresso no serviço pú-
11/7/1972.) blico do funcionário em disponibilidade.
Dispositivo revogado :
“Art. 53 - A readmissão, que se entenderá como nova Art. 58 - Será obrigatório o aproveitamento do fun-
admissão, far-se-á de preferência no cargo anteriormente cionário estável em cargo, de natureza e vencimentos ou
exercido pelo ex-funcionário ou em outro equivalente, res- remuneração compatíveis com o anteriormente ocupado.
peitada a habilitação profissional e as condições que a lei Parágrafo único - O aproveitamento dependerá de
fixar para o provimento. prova de capacidade mediante inspeção médica.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 59 - Havendo mais de um concorrente à mesma SEÇÃO II
vaga terá preferência o de maior tempo de disponibilidade Da Fiança
e, no caso de empate, o de maior tempo de serviço público.
Art. 67 - O exercício do cargo cujo provimento, por
Art. 60 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e prescrição legal ou regulamentar, exija fiança, dependerá
cassada a disponibilidade se o funcionário não tomar pos- da prévia prestação desta.
se no prazo legal, salvo caso de doença comprovada em § 1º - A fiança poderá ser prestada:
inspeção médica. I - em dinheiro;
Parágrafo único - Provada a incapacidade definitiva em II - em títulos da dívida pública;
inspeção médica, será decretada a aposentadoria. III - em apólices de seguro de fidelidade funcional,
emitidas por institutos oficiais ou companhias legalmente
CAPÍTULO X autorizadas.
Dos Atos Complementares § 2º - Não poderá ser autorizado o levantamento da
SEÇÃO I fiança antes de tomadas as contas do funcionário.
Da Posse
SEÇÃO III
Art. 61 - Posse é o ato que investe o cidadão em cargo Do Exercício
ou em função gratificada.
Parágrafo único - Não haverá posse nos casos de pro- Art. 68 - O início, a interrupção e o reinicio do exercício
moção, remoção, designação para o desempenho de fun- serão registrados no assentamento individual do funcio-
ção não gratificada e reintegração. nário.
Parágrafo único - O início do exercício e as alterações
Art. 62 - São competentes para dar posse: que neste ocorrerem serão comunicados, pelo chefe da re-
I - o Governador do Estado; partição ou serviço em que estiver lotado o funcionário,
II - os Secretários de Estado; ao respectivo serviço de pessoal e às autoridades, a quem
III - os Diretores de Departamentos diretamente subor- caiba tomar conhecimento.
dinados ao Governador;
IV - as demais autoridades designadas em regulamen- Art. 69 - O chefe da repartição ou do serviço para que
tos. for designado o funcionário é a autoridade competente
para dar-lhe exercício.
Art. 63 - A posse verificar-se-á mediante a lavratura de
um termo que, assinado pela autoridade que a der e pelo Art. 70 - O exercício do cargo ou da função terá início
funcionário, será arquivado no órgão de pessoal da respec- dentro do prazo de trinta dias, contados:
tiva Repartição, depois dos competentes registros. I - da data da publicação oficial do ato, nos casos de
Parágrafo único - O funcionário prestará, no ato da promoção, remoção, reintegração e designação para fun-
posse, o compromisso de cumprir fielmente os deveres do ção gratificada;
cargo ou da função. II - da data da posse, nos demais casos.
§ 1º - Os prazos previstos neste artigo poderão ser
Art. 64 - A posse poderá ser tomada por procuração, prorrogados, por solicitação do interessado e a juízo da au-
quando se tratar de funcionário ausente do Estado, em toridade competente, desde que a prorrogação não exceda
missão do Governo, ou em casos especiais, a critério da a trinta dias.
autoridade competente. § 2º - No caso de remoção e transferência, o prazo ini-
cial para o funcionário em férias ou licenciado, exceto no
Art. 65 - A autoridade que der posse deverá verificar, caso de licença para tratar de interesses particulares, será
sob pena de ser pessoalmente responsabilizada, se forem contado da data em que voltar ao serviço.
satisfeitas as condições estabelecidas no art. 13 e as espe-
ciais fixadas em lei ou regulamento, para a investidura no Art. 71 - O funcionário nomeado deverá ter exercício
cargo ou na função. na repartição cuja lotação houver vaga.
Parágrafo único - O funcionário promovido poderá
Art. 66 - A posse deverá verificar-se no prazo de trinta continuar em exercício na repartição em que estiver ser-
dias, contados da data da publicação do decreto no órgão vindo.
oficial.
§ 1º - Esse prazo poderá ser prorrogado, por outros Art. 72 - Nenhum funcionário poderá ter exercício em
trinta dias, mediante solicitação escrita e fundamentada do serviço ou repartição diferente daquele em que estiver lo-
interessado e despacho da autoridade competente para tado, salvo os casos previstos neste Estatuto ou prévia au-
dar posse. torização do Governador do Estado.
§ 2º - Se a posse não se der dentro do prazo inicial e Parágrafo único - Nesta última hipótese, o afastamento
no da prorrogação, será tornada sem efeito, por decreto, a do funcionário só será permitido para fim determinado e
nomeação. por prazo certo.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 73 - Entende-se por lotação o número de funcio- § 2º - A autoridade competente para ordenar a remo-
nários de cada carreira e de cargos isolados que devam ter ção será aquela a quem estiverem subordinados os órgãos,
exercício em cada repartição ou serviço. ou as repartições ou serviços entre os quais ela se faz.
§ 3º - Ficam asseguradas à professora primária casada
Art. 74 - O funcionário deverá apresentar ao órgão com- com servidor federal, estadual e militar as garantias previs-
petente, após ter tomado posse e antes de entrar em exer- tas pela Lei nº 814, de 14/12/51.
cício, os elementos necessários a abertura do assentamento (Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
individual. (Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.)
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.)
Art. 75 - O número de dias que o funcionário gastar em (Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
viagem para entrar em exercício será considerado, para todos (Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
os efeitos, como de efetivo exercício. (Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
Parágrafo único - Esse período de trânsito será contado
da data do desligamento do funcionário. TÍTULO III
Da Readaptação
Art. 76 - Nenhum funcionário poderá ausentar-se do Es-
tado, para estudo ou missão de qualquer natureza, com ou Art. 81 - Dar-se-á readaptação:
sem ônus para os cofres públicos, sem autorização ou desig- a) nos casos de perda da capacidade funcional decor-
nação expressa do Governador do Estado. rente da modificação do estado físico ou das condições de
saúde do funcionário, que não justifiquem a aposentadoria;
Art. 77 - O funcionário designado para estudo ou aper- b) nos casos de desajustamento funcional no exercício
feiçoamento fora do Estado, com ônus para os cofres deste, das atribuições do cargo isolado de que for titular o funcio-
ficará obrigado a prestar serviços pelo menos por mais três nário ou da carreira a que pertencer.
anos. (Vide arts. 70 e 93 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.)
Parágrafo único - Não cumprida essa obrigação indeni- (Vide Lei nº 8.193, de 13/5/1982.)
(Vide art. 8° da Lei nº 9.347, de 5/12/1986.)
zará os cofres públicos da importância despendida pelo Esta-
(Vide art. 56 da Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
do com o custeio da viagem de estudo ou aperfeiçoamento.
(Vide art. 1° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
(Vide art. 65 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.)
Art. 78 - Salvo casos de absoluta conveniência, a juízo
do Governador do Estado, nenhum funcionário poderá per-
Art. 82 - A readaptação prevista na alínea “a” do art.
manecer por mais de quatro anos em missão fora do Estado,
anterior verificar-se-á mediante atribuições de novos en-
nem exercer outra senão depois de corridos quatro anos de
cargos ao funcionário, compatíveis com a sua condição fí-
serviço efetivo no Estado, contados da data do regresso.
sica e estado de saúde atuais.
Art. 79 - O funcionário preso por crime comum ou de- Art. 83 - Far-se-á a readaptação prevista na alínea “b”
nunciado por crime funcional ou, ainda, condenado por cri- do art. 81:
me inafiançável em processo no qual não haja pronúncia será I - pelo cometimento de novos encargos ao funcioná-
afastado do exercício até decisão final passada em julgado. rio, respeitadas as atribuições inerentes ao cargo isolado
§ 1º - Nos casos previstos neste artigo, o funcionário per- ou à carreira a que pertencer, quando se verificar uma das
derá, durante o tempo do afastamento, um terço do venci- seguintes causas:
mento ou remuneração, com direito à diferença, se absolvido. a) o nível mental ou intelectual do funcionário não
§ 2º - No caso de condenação, e se esta não for de natu- corresponder às exigências da função que esteja desem-
reza que determine a demissão, será o funcionário afastado, penhando;
na forma deste artigo, a partir da decisão definitiva, até o b) a função atribuída ao funcionário não corresponder
cumprimento total da pena, com direito, apenas, a um terço aos seus pendores vocacionais.
do vencimento ou remuneração. II - Por transferência, a juízo da administração, nos ca-
(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 2.364, de sos de:
13/1/1961.) a) não ser possível verificar-se a readaptação na forma
do item anterior;
TÍTULO II b) não possuir o funcionário habilitação profissional
Da Remoção exigida em lei para o exercício do cargo de que for titular;
c) ser o funcionário portador de diploma de escola su-
Art. 80 - A remoção, que se processará a pedido do fun- perior devidamente legalizado, de título ou certificado de
cionário ou “ex-officio”, dar-se-á: conclusão de curso científico ou prático instituído em lei
I - de uma para outra repartição ou serviço; e estar em exercício de cargo isolado ou de carreira, cujas
II - de um para outro órgão de repartição, ou serviço. atribuições não correspondam aos seus pendores vocacio-
§ 1º - A remoção só poderá ser feita respeitada a lota- nais, tendo-se em vista a especialização.
ção de cada repartição ou serviço.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 84 - A readaptação de que trata o item II, do artigo VIII - exercício de funções de governo ou administra-
anterior, poderá ser feita para cargo de padrão de venci- ção em qualquer parte do território nacional, por nomea-
mento superior ao daquele que ocupar o funcionário, veri- ção do Presidente da República;
ficado que o desajustamento funcional decorre do exercí- IX - desempenho de mandato eletivo federal, estadual
cio de atribuições de nível intelectual menos elevado. ou municipal;
§ 1º - Quando o vencimento do readaptando for in- X - licença ao funcionário acidentado em serviço ou
ferior ao de cargo inicial da carreira para a qual deva ser atacado de doença profissional;
transferido, só poderá haver readaptação para cargo dessa XI - licença à funcionária gestante;
classe inicial. XII - missão ou estudo de interesse da administração,
§ 2º - Se a readaptação tiver que ser feita para classe noutros pontos do território nacional ou no estrangeiro,
intermediária de carreira, só haverá transferência para car- quando o afastamento houver sido expressamente autoriza-
go de igual padrão de vencimento. do pelo Governador do Estado.
§ 3º - No caso de que trata o parágrafo anterior, a rea- Parágrafo único - Para efeito de promoção por antigui-
daptação só poderá ser feita na vaga que deva ser provida dade, computar-se-á, como de efetivo exercício, o período
pelo critério de merecimento. de licença para tratamento de saúde.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
Art. 85 - A readaptação por transferência só poderá ser (Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato
feita mediante rigorosa verificação da capacidade intelec- das Disposições Constitucionais Transitórias.)
tual do readaptando. (Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 86 - A readaptação será sempre “ex-officio” e se Art. 89 - Na contagem de tempo para os efeitos de apo-
fará nos termos do regulamento próprio. sentadoria, computar-se-á integralmente:
a) o tempo de serviço público prestado à União, aos
TÍTULO IV Municípios do Estado, às entidades autárquicas e paraesta-
Do Tempo de Serviço tais da União e do Estado;
b) o período de serviço ativo no Exército, na Armada, nas
Art. 87 - A apuração do tempo de serviço, para efei- Forças Aéreas e nas Auxiliares, prestado durante a paz, com-
to de aposentadoria, promoção e adicionais, será feita em putando-se pelo dobro o tempo em operações de guerra;
dias. c) o número de dias em que o funcionário houver tra-
§ 1º - Serão computados os dias de efetivo exercício, à balhado como extranumerário ou sob outra qualquer forma
vista de documentação própria que comprove a frequên- de admissão, desde que remunerado pelos cofres públicos;
cia, especialmente livro de ponto e folha de pagamento.
d) o período em que o funcionário esteve afastado para
§ 2º - Para efeito de aposentadoria e adicionais, o nú-
tratamento de saúde;
mero de dias será convertido em anos, considerados sem-
e) o período em que o funcionário tiver desempenhado,
pre estes como de trezentos e sessenta e cinco dias.
mediante autorização do Governo do Estado, cargos ou fun-
§ 3º - Feita a conversão de que trata o parágrafo ante-
ções federais, estaduais ou municipais;
rior, os dias restantes até cento e oitenta e dois não serão
f) o tempo de serviço prestado, pelo funcionário, me-
computados, arredondando-se para um ano quando exce-
diante a autorização do Governo do Estado, às organizações
derem esse número.
autárquicas e paraestatais;
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) g) o período relativo à disponibilidade remunerada;
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do h) o período em que o funcionário tiver desempenhado
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) mandato eletivo federal, estadual ou municipal, antes de ha-
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) ver ingressado ou de haver sido readmitido nos quadros do
funcionalismo estadual.
Art. 88 - Serão considerados de efetivo exercício para (Alínea acrescentada pelo art. 37 da Lei nº 2.001, de
os efeitos do artigo anterior os dias em que o funcionário 17/11/1959)
estiver afastado do serviço em virtude de: (Alínea com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.327,
I - férias e férias-prêmio; de 07/01/1961.)
II - casamento, até oito dias; Parágrafo único - O tempo de serviço, a que se referem
III - luto pelo falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e as alíneas “e” e “f” será computado à vista de certidão passa-
irmão até oito dias; da pela autoridade competente.
IV - exercício de outro cargo estadual, de provimento (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 937, de
em comissão; 18/6/1953.)
V - convocação para serviço militar; (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; (Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Ato
VII - exercício de funções de governo ou administração das Disposições Constitucionais Transitórias.)
em qualquer parte do território estadual, por nomeação do (Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Governador do Estado;
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 90 - É vedado a acumulação de tempo de serviço Art. 98 - Para efeito de pagamento, apurar-se-á a fre-
simultaneamente prestado, em dois ou mais cargos ou fun- quência do seguinte modo:
ções, à União, ao Estado, aos Municípios e às autarquias. I - pelo ponto;
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- II - pela forma que for determinada, quanto aos funcio-
rais.) nários não sujeitos a ponto.
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do Parágrafo único - Haverá um boletim padronizado para
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) a comunicação da frequência.
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 99 - O funcionário perderá:
Art. 91 - Para nenhum efeito será computado o tempo I - o vencimento ou remuneração do dia, se não com-
de serviço gratuito, salvo o prestado a título de aprendiza- parecer ao serviço;
do em serviço público. II - um quinto do vencimento ou remuneração, quando
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- comparecer depois da hora marcada para início do expe-
rais.) diente, até 55 minutos;
(Vide art. 43, inciso II do art. 114 e arts. 115 e 116 do III - o vencimento ou remuneração do dia, quando
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.) comparecer na repartição sem a observância do limite ho-
(Vide art. 76 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) rário estabelecido no item anterior;
IV - quatro quintos do vencimento ou remuneração,
TÍTULO V quando se retirar da repartição no fim da segunda hora
Da Frequência e do Horário do expediente;
V - três quintos do vencimento ou remuneração, quan-
Art. 92 - O expediente normal das repartições públicas do se retirar no período compreendido entre o princípio e
será estabelecido pelo Governo, em decreto, no qual a de- o fim da terceira hora do expediente;
terminará o número de horas de trabalho normal para os VI - dois quintos do vencimento ou remuneração,
diversos cargos e funções.
quando se retirar no período compreendido entre o prin-
(Vide Lei nº 9.381, de 18/12/1986.)
cípio e o fim da quarta hora;
VII - um quinto do vencimento ou remuneração, quan-
Art. 93 - O funcionário deverá permanecer na reparti-
do se retirar do princípio da quinta hora em diante.
ção durante as horas do trabalho ordinário e as do expe-
diente.
Parágrafo único - O disposto no presente artigo apli- Art. 100 - No caso de faltas sucessivas, serão compu-
ca-se, igualmente, aos funcionários investidos em cargo ou tados, para efeito de descontos, os domingos e feriados
função de chefia. intercalados.
(Vide art. 288 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) Art. 101 - O funcionário que, por motivo de molés-
(Vide art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais tia grave ou súbita, não puder comparecer ao serviço, fica
Transitórias.) obrigado a fazer pronta comunicação do fato, por escrito
ou por alguém a seu rogo, ao chefe direto, cabendo a este
Art. 94 - A frequência será apurada por meio do ponto. mandar examiná-lo, imediatamente, na forma do Regula-
mento.
Art. 95 - Ponto é o registro pelo qual se verificarão, dia-
riamente, as entradas e saídas dos funcionários em serviço. Art. 102 - Aos funcionários que sejam estudantes será
§ 1º - Nos registros de ponto deverão ser lançados to- possibilitada, nos termos dos regulamentos, tolerância
dos os elementos necessários à apuração da frequência. quanto ao comparecimento normal do expediente da re-
§ 2º - Salvo nos casos expressamente previstos em lei partição, obedecidas as seguintes condições:
ou regulamento é vedado dispensar o funcionário de regis- a) deverá o interessado apresentar, ao órgão de pes-
tro de ponto e abonar faltas ao serviço. soal respectivo, atestado fornecido pela Secretaria do Ins-
tituto de Ensino comprovando ser aluno do mesmo e de-
Art. 96 - O período de trabalho poderá ser antecipado clarando qual o horário das aulas;
ou prorrogado para toda repartição ou partes, conforme a b) apresentará o interessado, mensalmente, atestado
necessidade do serviço. de frequência às aulas, fornecido pela aludida Secretaria
Parágrafo único - No caso de antecipação ou prorro- da escola;
gação desse período, será remunerado o trabalho extraor-
c) o limite da tolerância será, no máximo, de uma hora
dinário, na forma estabelecida no Capítulo VII do Título VII.
e trinta minutos por dia;
d) comprometer-se-á o interessado a manter em dia e
Art. 97 - Nos dias úteis, só por determinação do Gover-
em boa ordem os trabalhos que lhe forem confiados, sob
nador do Estado poderão deixar de funcionar as reparti-
ções públicas, ou ser suspensos os seus trabalhos, em todo pena de perda da regalia.
ou em parte.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
TÍTULO VI e) automaticamente, após a homologação do resulta-
Da Vacância do do concurso para provimento do cargo ocupado interi-
CAPÍTULO I namente pelo funcionário.
Disposições Gerais (Vide art. 27 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.)
Art. 103 - A vacância do cargo decorrerá de:
a) exoneração; CAPÍTULO III
b) demissão; Da Demissão
c) promoção;
d) transferência; Art. 107 - A demissão será aplicada como penalidade.
e) aposentadoria; (Vide incisos II e III do § 1º do art. 35 da Constituição do
f) posse em outro cargo, desde que dela se verifique Estado de Minas Gerais.)
acumulação vedada;
g) falecimento. CAPÍTULO IV
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas Da Aposentadoria
Gerais.)
Art. 108 - O funcionário, ocupante de cargo de provi-
Art. 104 - Verificada vaga em uma carreira, serão, na mento efetivo, será aposentado:
mesma data, consideradas abertas todas as que decorre- a) compulsoriamente, aos setenta anos de idade;
rem do seu preenchimento. b) se o requerer, quando contar 30 anos de serviço;
Parágrafo único - Verifica-se a vaga na data: c) quando verificada a sua invalidez para o serviço pú-
I - do falecimento do ocupante do cargo; blico;
II - da publicação do decreto que transferir, aposentar, d) quando inválido em consequência de acidente ou
demitir ou exonerar o ocupante do cargo; agressão, não provocada, no exercício de suas atribuições,
ou doença profissional;
III - da publicação da lei que criar o cargo, e conceder
e) quando acometido de tuberculose ativa, alienação
dotação para o seu provimento, ou da que determinar ape-
mental, neoplasia maligna, cegueira, cardiopatia descom-
nas esta última medida, se o cargo estiver criado;
pensada, hanseníase, leucemia, pênfigo foliáceo, paralisia,
IV - da aceitação de outro cargo pela posse do mesmo,
síndrome da imunodeficiência adquirida - AIDS-, nefropatia
quando desta decorra acumulação legalmente vedada.
grave, esclerose múltipla, doença de Parkinson, espondiloar-
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas
trose anquilosante, mal de Paget, hepatopatia grave ou outra
Gerais.)
doença que o incapacite para o exercício da função pública.
(Alínea com redação dada pelo art. 1º da Lei Comple-
Art. 105 - Quando se tratar de função gratificada, dar- mentar nº 44, de 5/7/1996.)
-se-á a vacância por: (Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de
a) dispensa a pedido do funcionário; 22/12/2010.)
b) dispensa a critério da autoridade;
c) não haver o funcionário designado assumido o exer- § 1º - Acidente é o evento danoso que tiver como causa
cício dentro do prazo legal; mediata ou imediata o exercício das atribuições inerentes ao
d) destituição na forma do art. 248. cargo.
(Vide arts. 87 e 88 da Constituição do Estado de Minas § 2º - Equipara-se a acidente a agressão sofrida e não
Gerais.) provocada pelo funcionário no exercício de suas atribuições.
§ 3º - A prova de acidente será feita em processo espe-
cial, no prazo de oito dias, prorrogável quando as circuns-
CAPÍTULO II tâncias o exigirem, sob pena de suspensão.
Da Exoneração § 4º - Entende-se por doença profissional a que decorrer
das condições do serviço ou de fato nele ocorrido, devendo
Art. 106 - Dar-se-á exoneração: o laudo médico estabelecer-lhe a rigorosa caracterização.
a) a pedido do funcionário; § 5º - A aposentadoria, a que se referem as alíneas «c»,
b) a critério do Governo quando se tratar de ocupante «d» e «e” só será concedida quando verificado o caráter in-
de cargo em comissão ou interino em cargo de carreira ou capacitante e irreversível da doença ou da lesão, que impli-
isolado, de provimento efetivo; que a impossibilidade de o servidor reassumir o exercício do
(Vide art. 117 do Ato das Disposições Constitucionais cargo mesmo depois de haver esgotado o prazo máximo
Transitórias.) admitido neste Estatuto para o gozo de licença para trata-
c) quando o funcionário não satisfizer as condições de mento de saúde.
estágio probatório; (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei Com-
d) quando o funcionário interino em cargo de carreira plementar nº 44, de 5/7/1996.)
ou isolado, de provimento efetivo, não satisfizer as exigên- (Vide art. 9º da Emenda à Constituição nº 84, de
cias para a inscrição, em concurso; 22/12/2010.)
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
§ 6º - No caso de serviços que, por sua natureza, de- Art. 111 - (Revogado pelo art. 18 da Lei nº 1.435, de
mandem tratamento especial, a lei poderá fixar, para os 30/1/1956.)
funcionários que neles trabalhem, redução dos prazos re- Dispositivo revogado:
lativos à aposentadoria requerida ou idade inferior para a “Art. 111 - O funcionário que contar 30 anos de serviço
compulsória. público será aposentado desde que o requeira:
§ 7º - Será aposentado, se o requerer, o funcionário que a) com as vantagens da comissão ou função gratificada
contar vinte e cinco anos de efetivo exercício no magistério. em cujo exercício se achar, desde que o exercício abranja,
Para todos os fins e vantagens, considera-se como sem interrupção, os seis anos anteriores;
“efetivo exercício no magistério” o referente à duração do b) com idênticas vantagens, desde que o exercício do
Curso de Aperfeiçoamento frequentado pelo funcionário. cargo em comissão ou da função gratificada tenha com-
§ 8º - As professoras primárias têm direito à aposenta- preendido um período de dez anos, consecutivos ou não,
doria, desde que contem sessenta anos de idade. mesmo que, ao aposentar-se, o funcionário já esteja fora
§ 9º - Os demais funcionários ao atingirem a idade fi- daquele exercício.
xada no parágrafo anterior e desde que contem mais de § 1º - No caso da letra «b» deste artigo, quando mais
20 (vinte) anos de serviço prestado ao Estado, poderão ser de um cargo ou função tenha sido exercido, serão atribuí-
aposentados, se o requererem, com o vencimento ou a re- das as vantagens de maior padrão desde que lhe corres-
muneração calculados de acordo com o disposto nos itens ponda um exercício mínimo de dois anos; fora dessa hi-
III e IV do art. 110. pótese, atribuir-se-ão as vantagens do cargo ou função de
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 4.065, de remuneração imediatamente inferior.
28/12/1965.) § 2º - A aplicação do regime estabelecido neste artigo
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.) exclui as vantagens instituídas no art. 117, salvo o direito
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- de opção.”
rais.) (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
Transitórias.) rais.)
(Vide art. 36 da Lei nº 11.050, de 19/1/1993.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 109 - A aposentadoria dependente de inspeção
médica só será decretada depois de verificada a impossibi- Art. 112 - O funcionário interino não poderá ser apo-
lidade de readaptação do funcionário. sentado, exceto no caso previsto no art. 108, alíneas “d” e
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- “e”.
rais.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais rais.)
Transitórias.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 110 - Os proventos da aposentadoria serão inte-
grais: Art. 113 - Os proventos da inatividade serão revistos
I - se o funcionário contar 30 anos de efetivo exercício; sempre que, por motivo de alteração de poder aquisitivo
II - quando ocuparem as hipóteses das alíneas “c”, “d” e da moeda, se modificarem os vencimentos dos funcioná-
“e” do art. 108, e parágrafo 8º do mesmo artigo; rios em atividade.
III - proporcional ao tempo de serviço na razão de tan- (Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
tos avos por ano quantos os anos necessários de perma- (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
nência no serviço, nos casos previstos nos parágrafos 6º e rais.)
7º do art. 108; (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
IV - proporcional ao tempo de serviço na razão de um Transitórias.)
trinta avos por ano, sobre o vencimento ou remuneração (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
de atividade, nos demais casos. plementar nº 64, de 25/3/2002.)
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- Art. 114 - (Vetado).
rais.) (Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge-
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais rais.)
Transitórias.) (Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Transitórias.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com-
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 115 - Os vencimentos da aposentadoria não po- V - gratificações;
derão ser superiores ao vencimento ou remuneração da VI - honorários;
atividade, nem inferiores a um terço. (Vide art. 11 da Lei nº 18.384, de 15/9/2009.)
(Vide § 4º da alínea “d” do inciso III do art. 36 da Cons- VII - quotas-partes e percentagens previstas em lei;
tituição do Estado de Minas Gerais.) VIII - adicionais previstos em lei.
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) rais.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Transitórias.)
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Art. 119 - Excetuados os casos expressamente previs-
plementar nº 64, de 25/3/2002.) tos no artigo anterior, o funcionário não poderá receber, a
qualquer título, seja qual for o motivo ou a forma de pa-
Art. 116 - Serão incorporados aos vencimentos, para gamento, nenhuma outra vantagem pecuniária dos órgãos
efeito de aposentadoria: ou serviços públicos, das entidades autárquicas ou paraes-
a) os adicionais por tempo de serviço; tatais, ou organizações públicas, em razão de seu cargo ou
b) adicional de família extinguindo-se à medida que os função, nos quais tenha sido mandado servir, ou ainda de
filhos, existentes ao tempo da aposentadoria, forem atin- particular.
gindo o limite de idade estabelecida no art. 126, nº II; (Vide art. 31 da Constituição do Estado de Minas Ge-
c) (Revogada pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de rais.)
16/10/1964.) (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Dispositivo revogado:
“c) a gratificação de função, nos termos do art. 143, CAPÍTULO II
letra “g”.” Do Vencimento e da Remuneração
d) (Vetado).
(Vide arts. 7° e 36 da Constituição do Estado de Minas Art. 120 - Vencimento é a retribuição paga ao funcio-
Gerais.) nário pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais padrão fixado em lei.
Transitórias.) (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
(Vide arts. 7º ao 15 e arts. 47, 74, 75 e 76 da Lei Com- Estado de Minas Gerais.)
plementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 121 - Remuneração é a retribuição paga ao fun-
Art. 117 - (Revogado pelo art. 129 da Lei nº 3.214, de cionário pelo efetivo exercício do cargo correspondente ao
16/10/1964.) padrão de vencimento e mais as quotas ou porcentagens,
Dispositivo revogado: que, por lei, lhe tenham sido atribuídas.
“Art. 117 - O funcionário que contar 30 (trinta) anos de (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
exercício no serviço público será aposentado com os pro- Estado de Minas Gerais.)
ventos acrescidos de 15% (quinze por cento), não podendo
este aumento, no entanto, exceder de Cr$ 500,00 (quinhen- Art. 122 - Somente nos casos previstos em lei poderá
tos cruzeiros) mensais.” perceber vencimento ou remuneração o funcionário que
(Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 937, não estiver no exercício do cargo.
de 18/6/1953.) (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
(Vide art. 36 da Constituição do Estado de Minas Ge- Estado de Minas Gerais.)
rais.)
(Vide art. 39 do Ato das Disposições Constitucionais Art. 123 - O funcionário nomeado para exercer cargo
Transitórias.) isolado, provido em comissão, perderá o vencimento ou
(Vide art. 7º ao 15, 47, 74, 75 e 76 da Lei Complementar remuneração ao cargo efetivo, salvo opção.
nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 8° da Lei nº 9.263, de 11/9/1986.)
(Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
TÍTULO VII Estado de Minas Gerais.)
Dos Direitos, Vantagens e Concessões (Vide art. 7° da Lei nº 10.363, de 27/12/1990.)
CAPÍTULO I
Disposições Gerais Art. 124 - O vencimento ou a remuneração dos fun-
cionários não poderão ser objeto de arresto, sequestro ou
Art. 118 - Além de vencimento ou da remuneração do penhora, salvo quando se tratar:
cargo o funcionário poderá auferir as seguintes vantagens: I - de prestação de alimentos, na forma da lei civil;
I - ajuda de custo; II - de dívida à Fazenda Pública.
II - diárias; (Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do
III - auxílio para diferença de caixa; Estado de Minas Gerais.)
IV - abono de família;
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 125 - A partir da data da publicação do decreto Art. 130 - O abono de família não está sujeito a qual-
que o promover, ao funcionário, licenciado ou não, ficarão quer imposto ou taxa, mas servirá de base para qualquer
assegurados os direitos e o vencimento ou a remuneração contribuição ou consignação em folha, inclusive para fins
decorrentes da promoção. de previdência social.
(Vide § 1º do art. 27 e arts. 30 e 32 da Constituição do (Artigo com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 937,
Estado de Minas Gerais.) de 18/6/1953.)
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
CAPÍTULO III 25/3/2002.)
Do Abono de Família
CAPÍTULO IV
Art. 126 - O abono de família será concedido, na forma Do Auxílio para Diferença de Caixa
da Lei, ao funcionário ativo ou inativo:
I - pela esposa; Art. 131 - Ao funcionário que, no desempenho de suas
II - por filho menor de 21 anos que não exerça profis- atribuições comuns, pagar ou receber, em moeda corrente,
são lucrativa; poderá ser concedido um auxílio, fixado em lei, para com-
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 2.364, pensar as diferenças de caixa.
de 13/1/1961.) Parágrafo único - O auxílio não poderá exceder a cinco
III - por filho inválido ou mentalmente incapaz; por cento do padrão de vencimento e só será concedido
IV - por filha solteira que não tiver profissão lucrativa; dentro dos limites da dotação orçamentária.
V - por filho estudante que frequentar curso secundá-
rio ou superior em estabelecimento de ensino oficial ou CAPÍTULO V
particular fiscalizado pelo Governo, e que não exerça ativi- Da Ajuda de Custo
dade lucrativa, até a idade de 24 anos. (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
(Inciso com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Art. 132 - Será concedida ajuda de custo ao funcio-
Parágrafo único - Compreende-se neste artigo os fi- nário que, em virtude de transferência, remoção, designa-
lhos de qualquer condição, os enteados, os adotivos e o
ção para função gratificada, passar a ter exercício em nova
menor que, mediante autorização judicial, viver sob a guar-
sede, ou quando designado para serviço ou estudo fora
da e sustento do funcionário.
do Estado.
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº
§ 1º - A ajuda de custo destina-se a indenizar o funcio-
3.071, de 30/12/1963.)
nário das despesas de viagem e de nova instalação.
(Vide art. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
§ 2º - O transporte do funcionário e de sua família cor-
25/3/2002.)
rerá por conta do Estado.
Art. 127 - Quando pai ou mãe forem funcionários ina-
tivos e viverem em comum, o abono de família será conce- Art. 133 - A ajuda de custo será arbitrada pelos Secre-
dido àquele que tiver o maior vencimento. tários do Estado e Diretores de Departamento diretamente
§ 1º - Se não viverem em comum, será concedido ao subordinados ao Governador do Estado, tendo em vista
que tiver os dependentes sob sua guarda. cada caso, as condições de vida na nova sede, a distância
§ 2º - Se ambos os tiverem, será concedido a um e que deverá ser percorrida, o tempo de viagem e os recur-
outro dos pais, de acordo com a distribuição dos depen- sos orçamentários disponíveis.
dentes. § 1º - A ajuda de custo não poderá ser inferior à im-
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de portância correspondente a um mês de vencimento e nem
25/3/2002.) superior a três, salvo quando se tratar do funcionário de-
signado para serviço ou estudo no estrangeiro.
Art. 128 - (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 937, de § 2º - No caso de remuneração, calcular-se-á sobre a
18/6/1953.) média mensal da mesma no último exercício financeiro.
Dispositivo revogado: § 3º - Será a ajuda de custo calculada, nos casos de
“Art. 128 - Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a promoção, na base do vencimento ou remuneração do
madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos novo cargo a ser exercido.
incapazes.”
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de Art. 134 - A ajuda de custo será paga ao funcionário
25/3/2002.) diantadamente no local da repartição ou do serviço do que
foi desligado.
Art. 129 - O abono de família será pago, ainda nos ca- Parágrafo único - O funcionário sempre que o preferir,
sos em que o funcionário ativo ou inativo deixar de perce- poderá receber, integralmente, a ajuda de custo, na sede da
ber vencimento, remuneração ou provento. nova repartição ou serviço.
(Vide arts. 6º e 18 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) Art. 135 - Não será concedida a ajuda de custo:
14
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
I - quando o funcionário se afastar da sede, ou a ela § 2º - Sede é a localidade onde o funcionário tem exer-
voltar, em virtude de mandato eletivo; cício.
II quando for posto à disposição do Governo Federal, (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
municipal e de outro Estado; de 19/12/1977.)
III - quando for transferido ou removido a pedido ou
permuta, inclusive. Art. 140 - O pagamento de diária, que pode ser feito
antecipadamente, destina-se a indenizar o funcionário por
Art. 136 - Restituirá a ajuda de custo que tiver recebido: despesas com alimentação e pousada, devendo ocorrer
I - o funcionário que não seguir para a nova sede dentro por dia de afastamento e pelo valor fixado no regulamento.
dos prazos determinados; § 1º - A diária é integral quando o afastamento se der
II - o funcionário que, antes de terminado o desempe- por mais de doze horas e exigir pousada paga pelo fun-
nho da incumbência que lhe foi cometida, regressar da nova cionário.
sede, pedir exoneração ou abandonar o serviço. § 2º - Ocorrendo afastamento por até doze horas, é
§ 1º - A restituição será feita parceladamente, salvo no devida apenas a parcela da diária relativa a alimentação.
caso de recebimento indevido, em que a importância cor- (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
respondente será descontada integralmente do vencimento de 19/12/1977.)
ou remuneração, sem prejuízo da aplicação da pena disci-
plinar cabível na espécie. Art. 141 - É vedado o pagamento de diária cumulativa-
§ 2º - A responsabilidade pela restituição de que trata mente com qualquer outra retribuição de caráter indeniza-
este artigo atinge exclusivamente a pessoa do funcionário. tório de despesa com alimentação e pousada.
§ 3º - Se o regresso do funcionário for determinado (Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
pela autoridade competente, ou, em caso de pedido de de 19/12/1977.)
exoneração, apresentado pelo menos noventa dias após
seus exercício na nova sede, ou doença comprovada, não Art. 142 - Constitui infração disciplinar grave, punível
na forma da lei, conceder ou receber diária indevidamente.
ficará ele obrigado a restituir a ajuda de custo.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 7.179,
de 19/12/1977.)
Art. 137 - O transporte do funcionário e de sua família
compreende passagens e bagagens, observado, quanto a
CAPÍTULO VII
estas, o limite estabelecido no regulamento próprio.
Das Gratificações
§ 1º - Poderá ainda ser fornecida passagem a um servi-
çal que acompanhe o funcionário.
Art. 143 - Será concedida gratificação ao funcionário:
§ 2º - O funcionário será obrigado a repor a importância a) pelo exercício em determinadas zonas ou locais;
correspondente ao transporte irregularmente requisitado, b) pela execução de trabalho de natureza especial, com
além de sofrer a pena disciplinar que for aplicável. risco de vida ou saúde;
c) pela elaboração de trabalho técnico ou científico de
Art. 138 - Compete ao Governador do Estado arbitrar utilidade para o serviço público;
a ajuda de custo que será paga ao funcionário designado d)de representação, quando em serviço ou estudo no
para serviço ou estudo fora do Estado. estrangeiro ou no país;
Parágrafo único - A ajuda de custo, de que trata este e) quando regularmente nomeado ou designado para
artigo, não poderá ser inferior a um mês de vencimento ou fazer parte do órgão legal de deliberação coletiva ou para
remuneração do funcionário. cargo ou função de confiança;
f) pela prestação de serviço extraordinário;
CAPÍTULO VI g) de função de chefia prevista em lei;
Das Diárias h) adicional por tempo de serviço, nos termos de lei.
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) § 1º - A gratificação a que se refere a alínea «e» deste
artigo será fixada no limite máximo de um terço do venci-
Art. 139 - O funcionário que se deslocar de sua sede, mento ou remuneração.
eventualmente e por motivo de serviço, faz jus à percepção § 2º - Será estabelecido em decreto o quanto das grati-
de diária, nos termos de regulamento. ficações a que se referem as alíneas «a» e «b» deste artigo.
§ 1º - A diária não é devida:
1) no período de trânsito, ao funcionário removido ou Art. 144 - A gratificação pelo exercício em determina-
transferido. das zonas ou locais e pela execução de trabalhos de natu-
2) quando o deslocamento do funcionário durar menos reza especial, com risco da vida ou da saúde, será determi-
de seis horas; nada em lei.
3) quando o deslocamento se der para a localidade
onde o funcionário resida; Art. 145 - A gratificação pela elaboração de trabalho
4) quando relativa a sábado, domingo ou feriado, salvo técnico ou científico, ou de utilidade para o serviço público,
se a permanência do funcionário fora da sede nesses dias será arbitrada pelo Governador do Estado, após sua con-
for conveniente ou necessária ao serviço. clusão.
15
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 146 - A gratificação a título de representação CAPÍTULO IX
quando em serviço ou estudo fora do Estado, será autori- Das Férias
zada pelo Governador do Estado, levando em conta o ven- (Vide art. 12 da Lei nº 18185, de 4/6/2009.)
cimento e a duração certa ou presumível do estudo e as
condições locais, salvo se a lei ou regulamento já dispuser Art. 152 - O funcionário gozará, obrigatoriamente, por
a respeito. ano vinte e cinco dias úteis de férias, observada a escala
Parágrafo único - A gratificação de que trata este arti- que for organizada de acordo com conveniência do servi-
go terá limite mínimo de um terço do vencimento do fun- ço, não sendo permitida a acumulação de férias.
cionário. § 1º - Na elaboração da escala, não será permitido que
entrem em gozo de férias, em um só mês, mais de um terço
Art. 147 - A gratificação relativa ao exercício em órgão de funcionários de uma seção ou serviço.
legal de deliberação coletiva será fixada em lei. § 2º - É proibido levar à conta de férias qualquer falta
ao trabalho.
Art. 148 - A gratificação pela prestação de serviço ex- § 3º - Ingressando no serviço público estadual, somen-
traordinário, que não poderá, em hipótese alguma, exceder te depois do 11º mês de exercício poderá o funcionário
ao vencimento do funcionário, será:
gozar férias.
a) previamente arbitrada pelo Secretário de Estado ou
(Vide Lei n° 1.282, de 27/8/1955.)
Diretor de Departamento diretamente subordinado ao Go-
(Vide art. 17 da Lei Complementar nº 102, de
vernador do Estado;
17/1/2008.)
b) paga por hora de trabalho prorrogado ou anteci-
pado.
§ 1º - No caso da alínea «b», a gratificação será paga Art. 153 - Durante as férias, o funcionário terá direi-
por hora de trabalho antecipado ou prorrogado, salvo to ao vencimento ou remuneração e a todas as vantagens,
quando a prorrogação for apenas de uma hora e tiver cor- como se estivesse em exercício exceto a gratificação por
rido apenas duas vezes no mês, caso em que não será re- serviço extraordinário.
munerada.
§ 2º - Entende-se por serviço extraordinário todo e Art. 154 - O funcionário promovido, transferido ou re-
qualquer trabalho previsto em regimento ou regulamento, movido, quando em gozo de férias, não será obrigado a
executado fora da hora do expediente regulamentar da re- apresentar-se antes de terminá-las.
partição e previamente autorizado pelo Secretário de Esta-
do ou Diretor de Departamento diretamente subordinado Art. 155 - É facultado ao funcionário gozar férias onde
ao Governador do Estado. lhe convier, cumprindo-lhe, entretanto, antes do seu início,
§ 3º - O pagamento de que trata este artigo será efe- comunicar o seu endereço eventual ao chefe da repartição
tuado mediante folha especial previamente aprovada pela ou serviço a que estiver subordinado.
autoridade a que se refere o parágrafo anterior e publicado
no órgão oficial, da qual constem o nome do funcionário, CAPÍTULO X
cargo, o vencimento mensal, e o número de horas de servi- Das Férias-Prêmio
ço extraordinário, a gratificação arbitrada, se for o caso, e a
importância total de despesa. Art. 156 - O funcionário gozará férias-prêmio corres-
pondente a decênio de efetivo exercício em cargos esta-
Art. 149 - O funcionário perceberá honorário quando duais na base de quatro meses por decênio.
designado para exercer, fora do período normal ou extraor- § 1º - As férias-prêmio serão concedidas com o ven-
dinário de trabalho, as funções de auxiliar ou membro de cimento ou remuneração e todas as demais vantagens do
bancas e comissões de concursos ou provas, de professor
cargo, excetuadas somente as gratificações por serviços
ou auxiliar de cursos legalmente instituídos.
extraordinários, e sem perda da contagem de tempo para
todos os efeitos, como se estivesse em exercício.
CAPÍTULO VIII
§ 2º - Para tal fim, não se computará o afastamento do
Da Função Gratificada
exercício das funções, por motivo de:
Art. 150 - Função gratificada é a instituída em lei para a) gala ou nojo, até 8 dias cada afastamento;
atender os encargos de chefia e outros que a lei determinar. b) férias anuais;
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do c) requisição de outras entidades públicas, com afasta-
Estado de Minas Gerais.) mento autorizado pelo Governo do Estado;
d) viagem de estudo, aperfeiçoamento ou representa-
Art. 151 - Não perderá a gratificação o funcionário ção fora da sede, autorizada pelo Governo do Estado;
que deixar de comparecer ao serviço em virtude de fé- e) licença para tratamento de saúde até 180 dias;
rias, luto, casamento, doença comprovada, serviços obri- f) júri e outros serviços obrigatórios por lei;
gatórios por lei. g) exercício de funções de governo ou administração
(Vide inciso V do § 11 do art. 14 da Constituição do em qualquer parte do território estadual, por nomeação do
Estado de Minas Gerais.) Governo do Estado.
16
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
§ 3º - O servidor público terá, automaticamente, conta- Art. 163 - As licenças concedidas dentro de sessenta
do em dobro, para fins de aposentadoria e vantagens dela dias contados da terminação da anterior serão considera-
decorrentes, o tempo de férias-prêmio não gozadas. das como prorrogação.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 3.579, de (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
19/11/1965.)
(Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Mi- Art. 164 - O funcionário não poderá permanecer em
nas Gerais.) licença por prazo superior a 24 meses salvo o portador de
tuberculose, lepra ou pênfigo foliáceo, que poderá ter mais
Art. 157 - O pedido de concessão de férias-prêmio três prorrogações de 12 meses cada uma, desde que, em
deverá ser instruído com certidão de contagem de tempo exames periódicos anuais, não se tenha verificado a cura.
fornecida pela repartição competente. (Artigo com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 937,
Parágrafo único - Considera-se repartição competente de 18/6/1953.)
para tal fim aquela que dispuser de elementos para certi- (Vide arts. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de
ficar o tempo de serviço mediante fichas oficiais cópias de 25/3/2002.)
folhas de pagamento ou registro de ponto.
(Vide § 4º do art. 31 da Constituição do Estado de Mi- Art. 165 - Decorrido o prazo estabelecido no artigo
nas Gerais.) anterior, o funcionário será submetido a inspeção médica
e aposentado, se for considerado definitivamente inválido
CAPÍTULO XI para o serviço público em geral.
Das Licenças (Vide art. 6º e 13 da Lei Complementar nº 64, de
SEÇÃO I 25/3/2002.)
Disposições Gerais
Art. 166 - O funcionário poderá gozar licença onde lhe
Art. 158 - O funcionário poderá ser licenciado: convier, ficando obrigado a comunicar, por escrito, o seu
I - para tratamento de saúde; endereço ao chefe a que estiver imediatamente subordi-
II - quando acidentado no exercício de suas atribuições nado.
ou atacado de doença profissional; (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
III - por motivo de doença em pessoa de sua família;
IV - no caso previsto no art. 175; Art. 167 - O funcionário acidentado no exercício de
V - quando convocado para serviço militar; suas atribuições terá assistência hospitalar, médica e far-
VI - para tratar de interesses particulares; macêutica dada a custa do Instituto de Previdência dos
VII - no caso previsto no art. 186. Servidores do Estado de Minas Gerais.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
Art. 162 - Finda a licença, o funcionário deverá reassu- Art. 170 - Quando licenciado para tratamento de saú-
mir, imediatamente, o exercício do cargo, se assim concluir de, acidente no serviço de suas atribuições, ou doença
o laudo de inspeção médica, salvo caso de prorrogação, profissional, o funcionário receberá integralmente o venci-
mesmo sem o despacho final desta. mento ou a remuneração e demais vantagens.
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) (Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 171 - O funcionário licenciado para tratamento de SEÇÃO IV
saúde é obrigado a reassumir o exercício, se for considera- Licença por Motivo de Doença em
do apto em inspeção médica “ex-officio”. Pessoa da Família
Parágrafo único - O funcionário poderá desistir da li-
cença desde que, mediante inspeção médica, seja julgado Art. 176 - O funcionário poderá obter licença por moti-
apto para o exercício. vo de doença na pessoa do pai, mãe, filhos ou cônjuge de
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) que não esteja legalmente separado.
§ 1º - (Vetado).
Art. 172 - O funcionário atacado de tuberculose ativa, § 2º - Provar-se-á a doença mediante inspeção médi-
cardiopatia descompensada, alienação mental, neoplasia ca, na forma prevista em lei, para a licença de que trata o
maligna, leucemia, cegueira, lepra, pênfigo foliáceo ou pa- artigo.
ralisia que o impeça de locomover-se, será compulsoria- § 3º - (Vetado).
mente licenciado, com vencimento ou remuneração inte-
gral e demais vantagens. SEÇÃO V
Parágrafo único - Para verificação das moléstias refe- Licença para Serviço Militar
ridas neste artigo, a inspeção médica será feita obrigato-
riamente por uma junta médica oficial, de três membros, Art. 177 - Ao funcionário que for convocado para o
todos presentes. serviço militar e outros encargos de segurança nacional,
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) será concedida licença com vencimento ou remuneração e
demais vantagens, descontada mensalmente a importância
Art. 173 - O funcionário, durante a licença, ficar obriga- que receber na qualidade de incorporado.
do a seguir rigorosamente o tratamento médico adequado § 1º - A licença será concedida mediante comunica-
à doença, sob pena de lhe ser suspenso o pagamento de ção do funcionário ao chefe da repartição ou do serviço,
vencimento ou remuneração. acompanhada de documento oficial de que prove a incor-
§ 1º - No caso de alienado mental, responderá o cura- poração.
dor pela obrigação de que trata este artigo. § 2º - O funcionário desincorporado reassumirá ime-
diatamente o exercício, sob pena de perda do vencimento
§ 2º - A repartição competente fiscalizará a observância
ou remuneração e, se a ausência exceder a trinta dias, de
do disposto neste artigo.
demissão, por abandono do cargo.
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
§ 3º - Tratando-se de funcionário cuja incorporação te-
nha perdurado pelo menos um ano, o chefe da repartição
Art. 174 - A licença será convertida em aposentadoria,
ou serviço a que tiver de se apresentar o funcionário po-
na forma do art. 165, e antes do prazo nele estabelecido,
derá conceder-lhe o prazo de quinze dias para reassumir o
quando assim opinar a junta médica, por considerar defi-
exercício, sem perda de vencimento ou remuneração.
nitiva, para o serviço público em geral, a invalidez do fun- § 4º - Quando a desincorporação se verificar em lugar
cionário. diverso do exercício, os prazos para a apresentação do fun-
(Vide art. 16 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) cionário à sua repartição ou serviço serão os marcados no
artigo 70.
SEÇÃO III
Licença à Funcionária Gestante Art. 178 - Ao funcionário que houver feito curso para
oficial da reserva das forças armadas, será também con-
Art. 175 - À funcionária gestante será concedida, me- cedida licença com vencimento ou remuneração e demais
diante inspeção médica, licença, por três meses, com ven- vantagens durante os estágios prescritos pelos regulamen-
cimento ou remuneração e demais vantagens. tos militares, quando por estes não tiver direito àquele
§ 1º - A licença só poderá ser concedida para o período pagamento, assegurado, em qualquer caso, o direito de
que compreenda, tanto quanto possível, os últimos qua- opção.
renta e cinco dias da gestação e o puerpério.
§ 2º - A licença deverá ser requerida até o oitavo mês SEÇÃO VI
da gestação, competindo à junta médica fixar a data do Licença para Tratar de Interesses Particulares
seu início.
§ 3º - O pedido encaminhado depois do oitavo mês Art. 179 - Depois de dois anos de exercício, o funcioná-
da gestação será prejudicado quanto à duração da licença, rio poderá obter licença, sem vencimento ou remuneração,
que se reduzirá dos dias correspondentes ao atraso na for- para tratar de interesses particulares.
mulação do pedido. § 1º - A licença poderá ser negada quando o afasta-
§ 4º - Se a criança nascer viva, prematuramente, antes mento do funcionário for inconveniente ao interesse do
que a funcionária tenha requerido a licença, o início desta serviço.
será a partir da data do parto. § 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a
(Vide arts. 17 e 70 da Lei Complementar nº 64, de concessão da licença.
25/3/2002.) (Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.)
18
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 180 - Não será concedida licença para tratar de in- Parágrafo único - Não adquirirão estabilidade, qual-
teresses particulares ao funcionário nomeado, removido ou quer que seja o tempo de serviço o funcionário interino e
transferido, antes de assumir o exercício. no cargo em que estiver substituindo ou comissionado, o
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de nomeado em comissão ou em substituição.
25/3/2002.) (Vide art. 5° da Lei nº 9.938, de 26/7/1989.)
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
Art. 181 - Não será, igualmente, concedida licença para cionais Transitórias.)
tratar de interesses particulares ao funcionário que, a qual-
quer título, estiver ainda obrigado a indenização ou devolu- Art. 188 - Para fins de aquisição de estabilidade, só será
ção aos cofres públicos. contado o tempo de serviço efetivo, prestado em cargos
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de estaduais.
25/3/2002.) Parágrafo único - Desligando-se do serviço público es-
tadual e sendo readmitido ou nomeado para outro cargo
Art. 182 - (Revogado pelo art. 42 da Lei nº 5.945, de estadual, a contagem de tempo será feita, para fim de esta-
11/7/1972.) bilidade, na data da nova posse.
Dispositivo revogado: (Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Ge-
“Art. 182 - Só poderá ser concedida nova licença para rais.)
tratar de interesses particulares, depois de decorridos dois (Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
anos da terminação da anterior.” cionais Transitórias.)
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) Art. 189 - Os funcionários públicos perderão o cargo:
I - quando vitalícios, somente em virtude de sentença
Art. 183 - O funcionário poderá, a qualquer tempo, reas- judiciária;
sumir o exercício desistindo da licença. II - quando estáveis, no caso do número anterior, no
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de de extinguir o cargo ou no de serem demitidos mediante
25/3/2002.) processo administrativo em que se lhes tenha assegurada
ampla defesa.
Art. 184 - A autoridade que houver concedido a licença Parágrafo único - A estabilidade não diz respeito ao
poderá, a todo tempo, desde que o exija o interesse do ser- cargo, ressalvando-se à administração o direito de readap-
viço público, cassá-la, marcando razoável prazo para que o tar o funcionário em outro cargo, removê-lo, transferi-lo ou
funcionário licenciado reassuma o exercício. transformar o cargo, no interesse do serviço.
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de (Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Ge-
25/3/2002.) rais.)
(Vide arts. 104 e 105 do Ato das Disposições Constitu-
Art. 185 - (Vetado). cionais Transitórias.)
(Vide § 4º do art. 26 da Lei Complementar nº 64, de
25/3/2002.) CAPÍTULO XIII
Da Disponibilidade
SEÇÃO VII
Licença à Funcionária Casada com Funcionário Art. 190 - Quando se extinguir o cargo, o funcionário
estável ficará em disponibilidade remunerada, com venci-
Art. 186 - A funcionária casada com funcionário estadual, mento ou remuneração integrais e demais vantagens, até
federal ou militar, terá direito a licença, sem vencimento ou o seu obrigatório aproveitamento em outro cargo de natu-
remuneração, quando o marido for mandado servir, inde- reza, vencimentos ou remuneração compatíveis com o que
pendentemente de solicitação, em outro ponto do Estado ou ocupava.
do território nacional ou no estrangeiro. (Vide § 3º do inciso III do art. 35 da Constituição do
Parágrafo único - A licença será concedida mediante Estado de Minas Gerais.)
pedido, devidamente instruído, e vigorará pelo tempo que
durar a comissão ou nova função do marido. CAPÍTULO XIV
Do Direito de Petição
CAPÍTULO XII (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Da Estabilidade
Art. 191 - É assegurado ao funcionário o direito de re-
Art. 187 - O funcionário adquirirá estabilidade depois de: querer ou representar.
I - dois anos de exercício, quando nomeado em virtude
de concurso; Art. 192 - O requerimento será dirigido à autoridade
(Vide art. 35 da Constituição do Estado de Minas Gerais.) competente para decidi-lo e encaminhado por intermé-
II - cinco anos de exercício, o efetivo nomeado sem dio daquela a que estiver imediatamente subordinado o
concurso. requerente.
19
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 193 - O pedido de reconsideração será dirigido à Parágrafo único - Não se compreende na proibição
autoridade que houver expedido o ato ou proferido a pri- deste artigo a acumulação de cargo ou função com a gra-
meira decisão, não podendo ser renovado. tificação de função.
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de recon- (Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Ge-
sideração de que tratam os artigos anteriores deverão ser rais.)
despachados no prazo de cinco dias e decididos dentro de
trinta, improrrogáveis. CAPÍTULO XVI
Das Concessões
Art. 194 - Caberá recurso:
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
terpostos. Art. 201 - Sem prejuízo do vencimento, remuneração
§ 1º - O recurso será dirigido à autoridade imediata- ou qualquer outro direito ou vantagem legal, o funcioná-
mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a rio poderá faltar ao serviço até oito dias consecutivos por
decisão e, sucessivamente, em escala ascendente, às de- motivo de:
mais autoridades. a) casamento;
§ 2º - No encaminhamento do recurso observar-se-á o b) falecimento do cônjuge, filhos, pais ou irmãos.
disposto na parte final do art. 192.
Art. 202 - Ao funcionário licenciado para tratamento de
Art. 195 - Os pedidos de reconsideração e os recur- saúde poderá ser concedido transporte, inclusive para as
sos que não têm efeito suspensivo; os que forem providos, pessoas de sua família, por conta do Estado, fora da sede
porém, darão lugar às retificações necessárias, retroagindo de serviço, se assim o exigir o laudo médico oficial.
os seus efeitos à data do ato impugnado, desde que outra
solução jurídica não determine a autoridade, quanto aos Art. 203 - Poderá ser concedido transporte à família
efeitos relativos ao passado. do funcionário, quando este falecer fora da sede de seus
trabalhos, no desempenho de serviço.
Art. 196 - O direito de pleitear na esfera administrativa
prescreverá, em geral, nos mesmos prazos fixados para as Art. 204 - (Revogado pelo art. 6º da Lei Complementar
ações próprias cabíveis no judiciário, quanto à espécie. nº 70, de 30/7/2003.)
Parágrafo único - Se não for o caso de direito que dê Dispositivo revogado:
oportunidade à ação judicial, prescreverá a faculdade de “Art. 204 - Ao cônjuge, ou, na falta deste, à pessoa que
pleitear na esfera administrativa, dentro de 120 dias a con- provar ter feito despesas em virtude do falecimento do
tar da data da publicação oficial do ato impugnado ou, funcionário na ativa ou em disponibilidade, será concedida,
quando este for da natureza reservada, da data da ciência a título de funeral, importância correspondente a um mês
do interessado. de vencimento ou remuneração.
§ 1º - A despesa correrá pela dotação própria do cargo,
Art. 197 - O funcionário que se dirigir ao Poder Judiciá- não podendo, por esse motivo, o nomeado, para preen-
rio ficará obrigado a comunicar essa iniciativa a seu chefe chê-lo, entrar em exercício antes de decorridos trinta dias
imediato para que este providencie a remessa do proces- do falecimento do seu antecessor.
so, se houver, ao juiz competente, como peça instrutiva da § 2º - O pagamento será efetuado, pela respectiva re-
ação judicial. partição pagadora, no dia em que lhe forem apresentados
o atestado de óbito, se houver cônjuge, ou os comprovan-
Art. 198 - São fatais e improrrogáveis os prazos estabe- tes das despesas, em se tratando de outra pessoa.”
lecidos neste capítulo. (Artigo com redação dada pelo art. 27 da Lei n° 3.422,
de 8/10/1965.)
CAPÍTULO XV (Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.)
Da Acumulação (Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
Art. 205 - O vencimento ou a remuneração do funcio-
Art. 199 - É vedada a acumulação de cargo, exceto as nário em atividade ou em disponibilidade e o provento
previstas nos artigos 61, número I e 137, da Constituição atribuído ao que estiver aposentado não poderão sofrer
Estadual. outros descontos que não sejam previstos em lei.
(Vide art. 25 da Constituição do Estado de Minas Ge-
rais.) Art. 206 - A administração, em igualdade de condições,
preferirá para transferência ou remoção da localidade onde
Art. 200 - É vedada, ainda, a acumulação de funções trabalha, o funcionário que não seja estudante.
ou de cargos e funções do Estado, ou do Estado com os da
União ou Município e com os das entidades autárquicas.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 207 - Ao funcionário estudante matriculado em CAPÍTULO II
estabelecimento de ensino será concedido, sempre que Da Prisão Preventiva e da Suspensão Preventiva
possível, horário especial de trabalho que possibilite a fre-
quência regular às aulas. Art. 213 - Cabe, dentro das respectivas competências,
Parágrafo único - Ao funcionário estudante será per- aos Secretários de Estado e aos Diretores de Departamen-
mitido faltar ao serviço, sem prejuízo do vencimento, re- tos diretamente subordinados ao Governador do Estado,
muneração ou vantagens decorrentes do exercício, nos ordenar a prisão administrativa de todo ou qualquer res-
dias de prova ou de exame. ponsável pelos dinheiros e valores pertencentes à Fazenda
Estadual ou que se acharem sob a guarda desta, nos casos
TÍTULO VIII de alcance ou omissão em efetuar as entradas nos devidos
Dos Deveres e da Ação Disciplinar prazos.
CAPÍTULO I § 1º - A autoridade que ordenar a prisão comunicará
Das Responsabilidades o fato imediatamente à autoridade judiciária competente,
(Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.) para os devidos efeitos.
§ 2º - Providenciará, ainda, no sentido de ser iniciado
Art. 208 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, com urgência e imediatamente concluído o processo de
o funcionário responde civil, penal e administrativamente. tomada de contas.
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de § 3º - A prisão administrativa não poderá exceder a no-
Minas Gerais.) venta dias.
Art. 209 - A responsabilidade civil decorre de proce- Art. 214 - Poderá ser ordenada, pelo Secretário de
dimento doloso ou culposo, que importe em prejuízo da Estado e Diretores de Departamentos diretamente subor-
Fazenda Estadual, ou de terceiro. dinados ao Governador do Estado, dentro da respectiva
§ 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda competência, a suspensão preventiva do funcionário, até
Estadual no que exceder as forças da fiança, poderá ser trinta dias, desde que seu afastamento seja necessário para
liquidada mediante o desconto em prestações mensais
a averiguação de faltas cometidas, podendo ser prorroga-
não excedentes da décima parte do vencimento ou remu-
da até noventa dias, findos os quais cessarão os efeitos da
neração, à míngua de outros bens que respondam pela
suspensão, ainda que o processo administrativo não esteja
indenização.
concluído.
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiro, res-
ponderá o funcionário perante a Fazenda Estadual, em
Art. 215 - O funcionário terá direito:
ação regressiva, proposta depois de transitar em julgado
I - à contagem de tempo de serviço relativo ao período
a decisão de última instância que houver condenado a
da prisão ou da suspensão, quando do processo não re-
Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado.
sultar punição, ou esta se limitar às penas de advertências,
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) multa ou repreensão;
II - à diferença de vencimento ou remuneração e à
Art. 210 - A responsabilidade penal abrange os crimes contagem de tempo de serviço correspondente ao período
e contravenções imputados ao funcionário, nessa quali- de afastamento excedente do prazo de suspensão efetiva-
dade. mente aplicada.
(Vide art. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) CAPÍTULO III
Dos Deveres e Proibições
Art. 211 - A responsabilidade administrativa resulta de
atos ou omissões praticados no desempenho do cargo ou Art. 216 - São deveres do funcionário:
função. I - assiduidade;
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de II - pontualidade;
Minas Gerais.) III - discrição;
IV - urbanidade;
Art. 212 - As cominações civis, penais e disciplinares V - lealdade às instituições constitucionais e adminis-
poderão cumular-se, sendo umas e outras independentes trativas a que servir;
entre si, bem assim as instâncias civil, penal e administra- VI - observância das normas legais e regulamentares;
tiva. VII - obediência às ordens superiores, exceto quando
(Vide arts. 4º, 16 e 29 da Constituição do Estado de manifestamente ilegais;
Minas Gerais.) VIII - levar ao conhecimento da autoridade superior ir-
regularidade de que tiver ciência em razão do cargo;
IX - zelar pela economia e conservação do material que
lhe for confiado;
21
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
X - providenciar para que esteja sempre em ordem no Art. 219 - São competentes para determinar a instaura-
assentamento individual a sua declaração de família; ção do processo administrativo os Secretários de Estado e
XI - atender prontamente: os Diretores de Departamentos diretamente subordinados
a) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; ao Governador do Estado.
b) à expedição das certidões requeridas para a defesa (Vide art. 11 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.)
de direito. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
(Vide art. 172 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) nas Gerais.)
Art. 217 - Ao funcionário é proibido: Art. 220 - O processo administrativo constará de duas
I - referir-se de modo depreciativo, em informação, pa- fases distintas:
recer ou despacho, às autoridades e atos da administração a) inquérito administrativo;
pública, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los b) processo administrativo propriamente dito.
do ponto de vista doutrinário ou da organização do servi- § 1º - Ficará dispensada a fase do inquérito administra-
ço; tivo quando forem evidentes as provas que demonstrem a
II - retirar sem prévia autorização da autoridade com- responsabilidade do indiciado ou indiciados.
petente qualquer documento ou objeto da repartição; § 2º - O inquérito administrativo se constituirá de averi-
III - promover manifestações de apreço ou desapreço guação sumária, sigilosa, de que se encarregarão funcioná-
e fazer circular ou subscrever lista de donativos no recinto rios designados pelas autoridades a que se refere o art. 219
da repartição; e deverá ser iniciado e concluído no prazo improrrogável
IV - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal em de 30 dias a partir da data de designação.
detrimento da dignidade da função; § 3º - Os funcionários designados para proceder ao
V - coagir ou aliciar subordinados com objetivos de na- inquérito, salvo autorização especial da autoridade com-
tureza partidária; petente, não poderão exercer outras atribuições além das
VI - participar da gerência ou administração de empre- de pesquisas e averiguação indispensável à elucidação do
sa comercial ou industrial, salvo os casos expressos em lei; fato, devendo levar as conclusões a que chegarem ao co-
VII - exercer comércio ou participar de sociedade co- nhecimento da autoridade competente, com a caracteriza-
mercial, exceto como acionista, quotista ou comandatário; ção dos indiciados.
VIII - praticar a usura em qualquer de suas formas; § 4º - Nenhuma penalidade, exceto repreensão, multa
IX - pleitear, como procurador ou intermediário, junto e suspensão, poderá decorrer das conclusões a que chegar
às repartições públicas, salvo quando se tratar de percep- o inquérito, que é simples fase preliminar do processo ad-
ção de vencimentos e vantagens, de parente até segundo ministrativo.
grau; (Parágrafo vetado e com redação dada pelo art. 9º da
X - receber propinas, comissões, presentes e vantagens Lei nº 937, de 18/6/1953.)
de qualquer espécie em razão das atribuições; § 5º - Os funcionários encarregados do inquérito ad-
XI - contar a pessoa estranha à repartição, fora dos ca- ministrativo dedicarão todo o seu tempo aos trabalhos do
sos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe mesmo, sem prejuízo de vencimento, remuneração ou van-
competir ou a seus subordinados. tagem decorrente do exercício.
(Vide art. 173 da Lei nº 7.109, de 13/10/1977.) (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
nas Gerais.)
CAPÍTULO IV
Da apuração de irregularidades Art. 221 - O processo administrativo será realizado por
SEÇÃO I uma comissão, designada pela autoridade que houver de-
Do processo administrativo terminado a sua instauração e composta de três funcioná-
rios estáveis.
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de § 1º - A autoridade indicará, no ato da designação, um
30/7/2003.) dos funcionários para dirigir, como presidente, os trabalhos
(Vide art. 6º da Lei Complementar nº 116, de da comissão.
11/1/2011.) § 2º - O presidente designará um dos outros compo-
nentes da comissão para secretariá-la.
Art. 218 - A autoridade que tiver ciência ou notícia da (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
ocorrência de irregularidades no serviço público é obriga- nas Gerais.)
do a promover-lhe a apuração imediata por meio de sumá-
rios, inquérito ou processo administrativo. Art. 222 - Os membros da comissão dedicarão todo o
Parágrafo único - O processo administrativo precederá seu tempo aos trabalhos da mesma, ficando, por isso, au-
sempre à demissão do funcionário. tomaticamente dispensados do serviço de sua repartição,
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei nº 937, sem prejuízo do vencimento, remuneração ou vantagens
de 18/6/1953.) decorrentes do exercício, durante a realização das diligên-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi- cias que se tornarem necessárias.
nas Gerais.) (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) nas Gerais.)
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 223 - O processo administrativo deverá ser iniciado Art. 228 - Apresentado o relatório, os componentes
dentro do prazo, improrrogável, de três dias contados da da comissão assumirão o exercício de seus cargos, mas
data da designação dos membros da comissão e concluí- ficarão à disposição da autoridade que houver mandado
do no de sessenta dias, a contar da data de seu início. instaurar o processo para a prestação de qualquer escla-
Parágrafo único - Por motivo de força-maior, poderá a recimento julgado necessário.
autoridade competente prorrogar os trabalhos da comis- (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
são pelo máximo de 30 dias. Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Art. 229 - Entregue o relatório da comissão, acompa-
nhado do processo, à autoridade que houver determina-
Art. 224 - A comissão procederá a todas as diligências do à sua instauração, essa autoridade deverá proferir o
que julgar convenientes, ouvindo, quando necessário, a julgamento dentro do prazo improrrogável de sessenta
opinião de técnicos ou peritos. dias.
Parágrafo único - Terá o funcionário indiciado o di- Parágrafo único - Se o processo não for julgado no
reito de, pessoalmente ou por procurador, acompanhar prazo indicado neste artigo, o indiciado reassumirá, auto-
todo o desenvolver do processo, podendo, através do seu maticamente, o exercício de seu cargo ou função, e aguar-
defensor, indicar e inquirir testemunhas, requerer juntada dará em exercício o julgamento, salvo o caso de prisão
de documentos, vista do processo em mãos da comissão administrativa que ainda perdure.
e o mais que for necessário a bem de seu interesse, sem (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
prejuízo para o andamento normal do trabalho. Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.) Art. 230 - Quando escaparem à sua alçada as pena-
lidades e providências que lhe parecerem cabíveis, a au-
Art. 225 - Ultimado o processo, a comissão mandará, toridade que determinou a instauração do processo ad-
dentro de quarenta e oito horas, citar o acusado para, no ministrativo, propô-las-á dentro do prazo marcado para
prazo de dez dias, apresentar defesa. julgamento, à autoridade competente.
Parágrafo único - Achando-se o acusado em lugar in- § 1º - Na hipótese deste artigo, o prazo para julga-
certo, a citação será feita por edital publicado no órgão mento final será de quinze dias, improrrogável.
oficial, durante oito dias consecutivos. Neste caso, o prazo § 2º - A autoridade julgadora promoverá as providên-
cias necessárias à sua execução.
de dez dias para apresentação da defesa será contado da
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
data da última publicação do edital.
Minas Gerais.)
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
Minas Gerais.)
Art. 231 - As decisões serão sempre publicadas no ór-
gão oficial, dentro do prazo de oito dias.
Art. 226 - No caso de revelia, será designado, “ex-offi-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
cio”, pelo presidente da comissão, um funcionário para se
Minas Gerais.)
incumbir da defesa.
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Art. 232 - Quando ao funcionário se imputar crime
Minas Gerais.) praticado na esfera administrativa, a autoridade que de-
terminar a instauração do processo administrativo provi-
Art. 227 - Esgotado o prazo referido no art. 225, a co- denciará para que se instaure simultaneamente o inqué-
missão apreciará a defesa produzida e, então, apresentará rito policial.
o seu relatório, dentro do prazo de dez dias. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
§ 1º - Neste relatório, a comissão apreciará em rela- Minas Gerais.)
ção a cada indiciado, separadamente, as irregularidades
de que forem acusados, as provas colhidas no processo, Art. 233 - Quando a infração estiver capitulada na lei
as razões de defesa, propondo, então, justificadamente, a penal, será remetido o processo à autoridade competen-
absolvição ou a punição, e indicando, neste caso, a pena te, ficando traslado na repartição.
que couber. (Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de
§ 2º - Deverá, também, a comissão em seu relatório, Minas Gerais.)
sugerir quaisquer outras providências que lhe pareçam de
interesse do serviço público. Art. 234 - No caso de abandono do cargo ou função,
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de de que cogita o art. 249, II, deste Estatuto, o presidente
Minas Gerais.) da comissão de processo promoverá a publicação, no ór-
gão oficial, de editais de chamamento, pelo prazo de vinte
dias, se o funcionário estiver ausente do serviço, em edital
de citação, pelo mesmo prazo, se já tiver reassumido o
exercício.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - Findo o prazo fixado neste artigo, Art. 240 - Concluída a instrução do processo, será ele,
será dado início ao processo normal, com a designação de dentro de dez dias, encaminhado com relatório da comis-
defensor “ex-officio”, se não comparecer o funcionário, e, são ao Governador do Estado, que o julgará.
não tendo sido feita a prova da existência de força-maior Parágrafo único - Para esse julgamento, o Governador
ou de coação ilegal, a comissão proporá a expedição do do Estado terá o prazo de vinte dias, podendo antes deter-
decreto de demissão, na conformidade do art. 249, item II. minar diligências que entenda necessárias ao melhor escla-
(Vide § 4º do art. 4º da Constituição do Estado de Mi- recimento do processo.
nas Gerais.)
Art. 241 - Julgando procedente a revisão, o Governa-
SEÇÃO II dor do Estado tornará sem efeito as penalidades aplicadas
Revisão do Processo Administrativo ao acusado.
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de
30/7/2003.) Art. 242 - O julgamento favorável do processo implica-
rá também o restabelecimento de todos os direitos perdi-
Art. 235 - A qualquer tempo pode ser requerida a re- dos em consequência da penalidade aplicada.
visão de processo administrativo, em que se impôs a pena
de suspensão, multa, destituição de função, demissão a Art. 243 - Quando o acusado pertencer ou houver per-
bem do serviço público, desde que se aduzam fatos ou tencido a órgão diretamente subordinado ao Governador
circunstâncias susceptíveis de justificar a inocência do acu- do Estado, ao Secretário de Estado dos Negócios do In-
sado. terior, competirá despachar o requerimento de revisão e
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário falecido julgá-lo, afinal.
ou desaparecido, a revisão poderá ser requerida por qual-
quer pessoa relacionada no assentamento individual. CAPÍTULO V
(Vide Lei nº 14.184, de 31/1/2002. Das Penalidades
Art. 236 - Além das peças necessárias à comprovação (Vide art. 12 da Lei nº 18.185, de 4/6/2009.)
dos fatos arguidos, o requerimento será obrigatoriamente
instruído com certidão do despacho que impôs a penali- Art. 244 - São penas disciplinares:
dade. I - Repreensão;
Parágrafo único - Não constitui fundamento para revi- II - Multa;
são a simples alegação de injustiça da penalidade. III - Suspensão;
IV - Destituição de função;
Art. 237 - O requerimento será dirigido ao Governador V - Demissão;
VI - Demissão a bem do serviço público.
do Estado, que o despachará à repartição onde se originou
Parágrafo único - A aplicação das penas disciplinares
o processo.
não se sujeita à sequência estabelecida neste artigo, mas é
Parágrafo único - Se o Governador do Estado julgar
autônoma, segundo cada caso e consideradas a natureza
insuficientemente instruído o pedido de revisão, indeferi-
e a gravidade da infração e os danos que dela provierem
-lo-á “in limine”.
para o serviço público.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
Art. 238 - Recebido o requerimento despachado pelo
de Minas Gerais.)
Governador do Estado, o chefe da repartição o distribuirá
a uma comissão composta de três funcionários de catego- Art. 245 - A pena de repreensão será aplicada por es-
ria igual ou superior à do acusado, indicando o que deve crito em caso de desobediência ou falta de cumprimento
servir de presidente, para processar a revisão. de deveres.
Parágrafo único - Havendo dolo ou má-fé, a falta de
Art. 239 - O requerimento será apenso ao processo ou cumprimento de deveres, será punida com a pena de sus-
à sua cópia (art. 233) marcando-se ao interessado o prazo pensão.
de dez dias para contestar os fundamentos da acusação (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
constantes do mesmo processo. de Minas Gerais.)
§ 1º - É impedido de funcionar na revisão quem com-
pôs a comissão do processo administrativo. Art. 246 - A pena de suspensão será aplicada em ca-
§ 2º - Se o acusado pretender apresentar prova tes- sos de:
temunhal deverá arrolar os nomes no requerimento de I - Falta grave;
revisão. II - Recusa do funcionário em submeter-se à inspeção
§ 3º - O presidente da comissão de revisão designará médica quando necessária;
um de seus membros para secretariá-la. III - Desrespeito às proibições consignadas neste Es-
(Vide art. 10 da Lei Complementar nº 71, de 30/7/2003.) tatuto;
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
IV - Reincidência em falta já punida com repreensão; III - revelar segredos de que tenha conhecimento em
V - Recebimento doloso e indevido de vencimento, ou razão do cargo ou função, desde que o faça dolosamente e
remuneração ou vantagens; com prejuízo para o Estado ou particulares;
VI - Requisição irregular de transporte; IV - praticar, em serviço, ofensas físicas contra funcio-
VII - Concessão de laudo médico gracioso. nários ou particulares, salvo se em legítima defesa;
§ 1º - A pena de suspensão não poderá exceder de V - lesar os cofres públicos ou delapidar o patrimônio
noventa dias. do Estado;
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vanta- VI - receber ou solicitar propinas, comissões, presentes
gens e direitos decorrentes do exercício do cargo. ou vantagens de qualquer espécie.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)
Art. 247 - A pena de multa será aplicada na forma e Art. 251 - O ato que demitir o funcionário mencionará
nos casos expressamente previstos em lei ou regulamento. sempre a disposição legal em que se fundamenta.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado Parágrafo único - Uma vez submetidos a processo ad-
de Minas Gerais.) ministrativo, os funcionários só poderão ser exonerados
depois da conclusão do processo e de reconhecida a sua
Art. 248 - A destituição de função dar-se-á:
culpabilidade.
I - quando se verificar a falta de exação no seu desem-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
penho;
de Minas Gerais.)
II - quando se verificar que, por negligência ou benevo-
lência, o funcionário contribuiu para que se não apurasse,
no devido tempo, a falta de outro. Art. 252 - Para aplicação das penas do art. 244 são
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado competentes:
de Minas Gerais.) I - o chefe do Governo, nos casos de demissão;
II - os Secretários de Estado e Diretores de Departa-
Art. 249 - A pena de demissão será aplicada ao servidor mentos diretamente subordinados ao Governador do Esta-
que: do, nos casos de suspensão por mais de trinta dias;
I - acumular, ilegalmente, cargos, funções ou cargos III - os chefes de Departamentos, nos casos de repreen-
com funções; são e suspensão até trinta dias.
II - incorrer em abandono de cargo ou função pública Parágrafo único - A aplicação da pena de destituição
pelo não comparecimento ao serviço sem causa justificada de função caberá à autoridade que houver feito a desig-
por mais de trinta dias consecutivos ou mais de noventa nação.
dias não consecutivos em um ano; (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
III - aplicar indevidamente dinheiros públicos; de Minas Gerais.)
IV - exercer a advocacia administrativa;
V - receber em avaliação periódica de desempenho: Art. 253 - Deverão constar do assentamento individual
a) dois conceitos sucessivos de desempenho insatis- todas as penas impostas ao funcionário, inclusive as decor-
fatório; rentes da falta de comparecimento às sessões do júri para
b) três conceitos interpolados de desempenho insatis- que for sorteado.
fatório em cinco avaliações consecutivas; ou § 1º - Além da pena judicial que couber, serão consi-
c) quatro conceitos interpolados de desempenho insa- derados como de suspensão os dias em que o funcionário
tisfatório em dez avaliações consecutivas. deixar de atender às convocações do juiz, sem motivo jus-
Parágrafo único. Receberá conceito de desempenho tificado.
insatisfatório o servidor cuja avaliação total, considerados § 2º - O funcionário poderá requerer reabilitação admi-
todos os critérios de julgamento aplicáveis em cada caso,
nistrativa, que consiste na retirada, dos registros funcionais,
seja inferior a 50% (cinquenta por cento) da pontuação má-
das anotações das penas de repreensão, multa, suspensão
xima admitida.
e destituição de função, observado o decurso de tempo
(Artigo com redação dada pelo art. 8º da Lei Comple-
assim estabelecido:
mentar nº 71, de 30/7/2003.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado 1 - três (3) anos para as penas de suspensão compreen-
de Minas Gerais.) didas entre sessenta (60) a noventa (90) dias ou destituição
(Vide art. 24 da Lei Complementar nº 81, de 10/8/2004.) de função;
2 - dois (2) anos para as penas de suspensão com-
Art. 250 - Será aplicada a pena de demissão a bem do preendidas entre trinta (3) e sessenta (60) dias;
serviço ao funcionário que: 3 - um (1) ano para as penas de suspensão de um (1) a
I - for convencido de incontinência pública e escanda- trinta (30) dias, repreensão ou multa.
losa, de vício de jogos proibidos e de embriaguez habitual; § 3º - Os prazos a que se refere o parágrafo anterior
II - praticar crime contra a boa ordem e administração serão contados a partir do cumprimento integral das res-
pública e a Fazenda Estadual; pectivas penalidades.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
§ 4º - A reabilitação administrativa estende-se ao apo- Art. 258 - As penas de repreensão, multa e suspensão
sentado, desde que ocorram os requisitos a ela vinculados. prescrevem no prazo de dois anos e a de demissão, por
§ 5º - Em nenhum caso a reabilitação importará direito abandono do cargo, no prazo de quatro anos.
a ressarcimento, restituição ou indenização de vencimentos (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
ou vantagens não percebidos no período de duração da de Minas Gerais.)
pena.
§ 6º - A reabilitação será concedida uma única vez. Art. 259 - No caso do art. 249, item I, provada a boa-fé,
§ 7º - Os procedimentos para o instituto da reabilitação poderá o servidor optar, obedecidas as seguintes normas:
serão definidos em decreto. a) tratando-se do exercício acumulado de cargo, fun-
§ 8º - É da competência do Secretário de Administra- ções ou cargos e funções do Estado, mediante simples re-
ção decidir sobre a reabilitação, ouvido, previamente, o ti- querimento, de próprio punho e firma reconhecida, dirigi-
tular da repartição de exercício do funcionário. do ao Governador do Estado;
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 9.442, b) quando forem os cargos ou funções acumulados de
de 22/10/1987.) esferas diversas da Administração - União, Estado, Muni-
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado cípio ou entidade autárquica, mediante requerimento, na
de Minas Gerais.) forma da alínea anterior, e dada ciência imediata do fato à
outra entidade interessada.
Art. 254 - Verificado, em qualquer tempo, ter sido gra- Parágrafo único - Se não for provada em processo ad-
cioso o laudo da junta médica, o órgão competente pro- ministrativo a boa-fé, o servidor será demitido do cargo ou
moverá a punição dos responsáveis, incorrendo o funcio- destituído da função estadual, sendo cientificado também,
nário, a que aproveitar a fraude, na pena de suspensão, e, neste caso, a outra entidade interessada e ficando o servi-
na reincidência, na de demissão, e os médicos em igual dor ainda inabilitado, pelo prazo de 5 anos, para o exercício
pena, se forem funcionários sem prejuízo da ação penal de cargos ou funções do Estado.
que couber. (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado de Minas Gerais.)
de Minas Gerais.)
Art. 260 - O funcionário que indevidamente receber
Art. 255 - O funcionário que não entrar em exercício diária será obrigado a restituir, de uma só vez, a importân-
dentro do prazo será demitido do cargo ou destituído da cia recebida, ficando ainda sujeito a punição disciplinar a
função. que se refere o art. 246, item V.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)
Art. 256 - Terá cassada a licença e será demitido do Art. 261 - Será punido com a pena de suspensão, e, na
cargo o funcionário licenciado para tratamento de saúde reincidência, com a de demissão, o funcionário que, inde-
que se dedicar a qualquer atividade remunerada. vidamente, conceder diárias, com o objetivo de remunerar
(Artigo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº 937, outros serviços ou encargos, ficando ainda obrigado à re-
de 18/6/1953.) posição da importância correspondente.
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de Minas Gerais.)
Art. 257 - Será cassada, por decreto do Governador do Art. 262 - Será responsabilizado pecuniariamente, sem
Estado, a aposentadoria ou disponibilidade, se ficar pro- prejuízo da sanção disciplinar que couber, o chefe de re-
vado, em processo, que o aposentado ou funcionário em partição que ordenar a prestação de serviço extraordinário,
disponibilidade: sem que disponha do necessário crédito.
I - praticou, quando em atividade, qualquer dos atos (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
para os quais é cominada neste Estatuto a pena de demis- de Minas Gerais.)
são, ou de demissão a bem do serviço público;
II - aceitou ilegalmente cargo ou função pública; Art. 263 - O funcionário que processar o pagamento de
III - aceitou representação de Estado estrangeiro, sem serviço extraordinário, sem observância do disposto nesta
prévia autorização do Governador do Estado; lei, ficará obrigado a recolher aos cofres do Estado a impor-
IV - praticou a usura, em qualquer de suas formas. tância respectiva.
Parágrafo único - Será igualmente cassada a disponibi- (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
lidade do servidor que não assumir, no prazo legal, o cargo de Minas Gerais.)
ou função em que for aproveitado.
(Artigo com redação dada pelo art. 4º da Lei nº 2.364, Art. 264 - Será punido com a pena de suspensão e, na
de 13/1/1961.) reincidência, com a de demissão a bem do serviço público,
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado o funcionário que atestar falsamente a prestação de serviço
de Minas Gerais.) extraordinário.
26
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - O funcionário que se recusar, sem Art. 272 - A infração do disposto no art. 162 importará
justo motivo, à prestação de serviço extraordinário será pu- a perda total do vencimento ou remuneração e, se a au-
nido com a pena de suspensão. sência exceder a trinta dias, a demissão por abandono do
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado cargo.
de Minas Gerais.) (Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.)
Art. 265 - Comprovada a flagrante desnecessidade da
antecipação ou prorrogação do período de trabalho, o che- Art. 273 - A responsabilidade administrativa não exime
fe da repartição que o tiver ordenado responderá pecunia- o funcionário da responsabilidade civil ou criminal que no
riamente pelo serviço extraordinário.
caso couber, nem o pagamento da indenização a que ficar
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
obrigado o exime da pena disciplinar em que incorrer.
de Minas Gerais.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
Art. 266 - Da infração do disposto no art. 119 resul- de Minas Gerais.)
tará demissão do funcionário por procedimento irregular,
e imediata reposição aos cofres públicos da importância Art. 274 - A autoridade que deixar de proferir o julga-
recebida, pela autoridade ordenadora do pagamento. mento em processo administrativo no prazo marcado no
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado art. 229, será responsabilizada pelos prejuízos que advie-
de Minas Gerais.) rem do retardamento da decisão.
(Vide §§ 1º e 4º do art. 4º e art. 29 da Constituição do
Art. 267 - Serão considerados como falta os dias em Estado de Minas Gerais.)
que o funcionário licenciado para tratamento de saúde,
considerado apto em inspeção médica “ex-officio”, deixar TÍTULO IX
de comparecer ao serviço. Das Disposições Finais e Transitórias
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) Art. 275 - A nomeação de funcionário obedecerá a or-
dem de classificação dos candidatos habilitados em con-
Art. 268 - O responsável por alcance ou desvio de ma- curso.
terial não ficará isento da ação administrativa e criminal
que couber, ainda que o valor da fiança seja superior ao
Art. 276 - É vedado ao funcionário trabalhar sob as or-
prejuízo verificado.
dens de parentes até segundo grau, salvo quando se tratar
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) de função de imediata confiança e de livre escolha, não
podendo exceder a dois o número de auxiliares nessas
Art. 269 - Nos casos de indenização à Fazenda Esta- condições.
dual, o funcionário será obrigado a repor, de uma só vez,
a importância do prejuízo causado em virtude de alcance, Art. 277 - Poderá ser estabelecido o regime do tempo
desfalque ou omissão em efetuar recolhimento ou entra- integral para os cargos ou funções que a lei determinar.
das nos prazos legais. (Vide art. 22 da Lei n° 3.422, de 8/10/1965.)
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
de Minas Gerais.) Art. 278 - O órgão competente fornecerá ao funcioná-
rio uma caderneta de que constarão os elementos de sua
Art. 270 - Fora dos casos incluídos no artigo anterior, identificação e onde se registrarão os atos e fatos de sua
a importância da indenização poderá ser descontada do vida funcional, essa caderneta valerá como prova de identi-
vencimento ou remuneração, não excedendo o desconto à dade, para todos os efeitos, e será gratuita.
quinta parte de sua importância líquida.
Parágrafo único - O desconto poderá ser integral, Art. 279 - Considerar-se-ão da família do funcionário,
quando o funcionário, para se esquivar ao ressarcimento desde que vivam às suas expensas e constem do seu assen-
devido, solicitar exoneração ou abandonar o cargo.
tamento individual:
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado
I - o cônjuge;
de Minas Gerais.)
II - as filhas, enteadas, sobrinhas e irmãs solteiras e viú-
Art. 271 - Será suspenso por noventa dias, e, na reinci- vas;
dência demitido o funcionário que fora dos casos expres- III - os filhos, enteados, sobrinhos e irmãos menores de
samente previstos em lei, regulamentos ou regimentos, co- 18 anos ou incapazes;
meter à pessoas estranhas às repartições, o desempenho IV - os pais;
de encargos que lhe competirem ou aos seus subordina- V - os netos;
dos. VI - os avós;
(Vide § 1º do art. 4º e art. 29 da Constituição do Estado VII - os amparados pela delegação do pátrio poder.
de Minas Gerais.)
27
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 280 - Os prazos previstos neste Estatuto serão, to- a) revisão;
dos, contados por dias corridos, salvo as exceções previs- b) composição;
tas em lei. c) impressão;
d) expedição.
Art. 281 - O provimento nos cargos e transferências, a
substituição e as férias, bem como o vencimento e as de- Art. 288 - Os funcionários da Polícia Civil, que traba-
mais vantagens dos cargos de Magistério e do Ministério lhem em serviço de natureza estritamente policial, terão
Público continuam a ser reguladas pelas respectivas leis direito à aposentadoria com o vencimento integral e a in-
especiais, aplicadas subsidiariamente às disposições deste corporação das vantagens a que se refere o art. 116 desta
Estatuto. lei, quando completarem 25 anos de serviço dedicado ex-
clusivamente às aludidas atividades policiais.
Art. 282 - Nenhum imposto ou taxa estadual gravará Parágrafo único - Consideram-se atividades policiais,
vencimento, remuneração ou gratificação do funcionário, para os fins deste artigo, as exercidas por:
o ato de sua nomeação, bem como os demais atos, reque- a) Delegados de polícia;
rimentos, recursos ou títulos referentes à sua vida funcio- b) médicos legistas;
nal. c) investigadores;
Parágrafo único - O vencimento da disponibilidade e o d) guardas civis;
provento da aposentadoria não poderão, igualmente, so- e) fiscais e inspetores de trânsito;
frer qualquer desconto por cobrança de impostos ou taxas f) escrivães e escreventes da polícia;
estaduais. g) peritos do Departamento da Polícia Técnica.
Art. 283 - Para os efeitos do art. 111, será contado o Art. 289 - Tem direito à aposentadoria com 25 anos
tempo de efetivo exercício prestado pelo servidor em car- de trabalho o funcionário que, durante este período, traba-
go ou função de chefia anteriormente à vigência da Lei lhou 12 anos e seis meses, pelo menos, com Raio X, subs-
858, de 29 de dezembro de 1951. tâncias radioativas ou substâncias químicas de emanações
corrosivas.
Art. 284 - Nas primeiras promoções que se verificarem
após a vigência desta lei, será observado o disposto no art. Art. 290 - As professoras e diretoras do ensino primário
46 da Lei 858, de 29 de dezembro de 1951. que por qualquer circunstância tenham prestado ou este-
jam prestando serviços aos Departamentos Administra-
Art. 285 - Os decretos de provimento de cargos pú- tivos das Secretarias do Estado, terão direito à contagem
blicos, as designações para função gratificada, bem como do tempo de serviço, para efeito do pagamento de seus
todos os atos ou portarias relativas a direitos, vantagens, quinquênios e aposentadoria no quadro a que pertencem,
concessões e licenças só produzirão efeito depois de pu- conforme prevê a Constituição do Estado.
blicados no órgão oficial.
Art. 291 - O funcionário, que, não obstante aposenta-
Art. 286 - (Revogado pelo art. 6º da Lei Complementar do, tenha permanecido, a qualquer título, por exigência do
nº 70,de 30/7/2003.) serviço, sem solução de continuidade, a serviço do Estado,
Dispositivo revogado: e ainda permaneça na data desta lei, terá sua aposentado-
“Art. 286 - Ao funcionário licenciado há mais de dez ria revista, sendo-lhe atribuídos proventos corresponden-
meses para tratamento de saúde, é assegurado o direito, a tes aos vencimentos da situação nova, do cargo em que
título de auxílio-doença, à percepção de um mês de ven- aposentou nos termos da Lei 858, de 29 de dezembro de
cimento. 1951, e as vantagens da presente lei, relativas à inatividade.
Parágrafo único - Quando se tratar de moléstia pro- Parágrafo único - A prova dos requisitos relacionados
fissional ou de acidente, nos termos do artigo 170, o auxí- neste artigo será feita por certidão visada pelo chefe da re-
lio-doença será devido após três meses de licenciamento, partição onde trabalhe o aposentado beneficiário, da qual
sendo repetido quando este atingir um ano.” constem elementos objetivos que atestem a permanência
(Vide art. 24 da Lei nº 8.798, de 30/4/1985.) no serviço e o efetivo exercício, sendo o respectivo título
(Vide art. 68 da Lei Complementar nº 64, de 25/3/2002.) apostilado pela mesma autoridade.
Art. 287 - Aos funcionários que trabalham ou tenham Art. 292 - Ficam derrogados os artigos 5º da Lei 346, de
trabalhado pelo menos cinco anos nas oficinas do “Minas 30 de dezembro de 1948, e 25, I, “a”, da Lei 347, da mesma
Gerais”, em serviço noturno, abonar-se-ão setenta e dois data, no que se referem ao limite máximo de idade para a
dias, para efeito de aposentadoria, em cada ano que for admissão de extranumerários.
apurado.
Parágrafo único - Consideram-se funcionários das ofi- Art. 293 - A concessão de diária ao funcionário nos ter-
cinas do “Minas Gerais”, para os fins deste artigo, os per- mos dos artigos 139 e seguintes, desta lei, fica condiciona-
tencentes à: da a regulamento.
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Parágrafo único - Enquanto não for baixado o regula- Parágrafo único – No texto deste Decreto, equivalem-
mento de que trata este artigo, as diárias serão concedidas -se as expressões “Código de Conduta Ética do Agente Pú-
nos termos da legislação anterior. blico e da Alta Administração” e “Código de Ética”.
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Art. 3º – Para fins deste Código de Ética considera-se
agente público todo aquele que exerça, ainda que transi-
Art. 294 - A concessão de licença para tratamento de toriamente e sem remuneração, por eleição, nomeação,
saúde, prevista nos artigos 158, item I e 170, desta lei, fica designação, convênio, contratação ou qualquer outra
condicionada a regulamento. forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
Parágrafo único - Enquanto não for baixado o regula- go ou função pública em órgão ou entidade da Admi-
mento a que se refere este artigo, as licenças para trata-
nistração Pública Direta ou Indireta do Poder Executivo
mento de saúde serão concedidas nos termos da legislação
Estadual, inclusive os integrantes da Alta Administração
anterior à vigência desta lei.
do Poder Executivo Estadual de que trata o Capítulo II do
(Artigo acrescentado pelo art. 12 da Lei nº 937, de
18/6/1953.) Título IV deste Código de Ética.
Parágrafo único – O agente público deve prestar com-
Art. 295 - A presente lei entrará em vigor na data de promisso solene de acatamento e observância ao dispos-
sua publicação, revogadas as disposições em contrário. to neste Código de Ética, em formulário próprio estabele-
(Artigo renumerado e com redação dada pelo art. 13 cido pelo Conselho de Ética Pública – Conset, a ser arqui-
da Lei nº 937, de 18/6/1953.) vado juntamente com os documentos comprobatórios de
seu vínculo com o Poder Executivo no respectivo órgão
(https://www.almg.gov.br/consulte/legis- ou entidade.
lacao/completa/completa-nova-min.html?ti-
po=LEI&num=869&ano=1952) Art. 4º – As condutas elencadas neste Código de Ética,
ainda que tenham descrição idêntica à de outros estatu-
tos, com eles não concorrem nem se confundem.
DECRETO Nº 46.644/2014 (DISPÕE SOBRE O
Art. 5º – Este Código de Ética não impede a criação
CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DO AGENTE e a existência de códigos de ética específicos, desde que
PÚBLICO E DA ALTA ADMINISTRAÇÃO esses não contrariem o disposto neste Decreto.
ESTADUAL).
Art. 6º – As atividades de divulgação e orientação
Dispõe sobre o Código de Conduta Ética do Agente sobre conduta ética no Poder Executivo Estadual são de
Público e da Alta Administração Estadual. competência do Conset e das Comissões de Ética existen-
tes em cada órgão ou entidade, segundo as disposições
(Vide Decreto nº 46.906, de 16/12/2015.) constantes deste Código de Ética e das Deliberações do
Conset.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS, no
uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 90 da TÍTULO II
Constituição do Estado, DA CONDUTA ÉTICA
CAPÍTULO I
DECRETA: DOS PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
XIII – pontualidade; X – comunicar imediatamente aos superiores todo ato
XIV – cuidado e respeito no trato com as pessoas, su- ou fato contrário ao interesse público, para providências
bordinados, superiores e colegas; e cabíveis;
XV – respeito à dignidade da pessoa humana. XI – participar de movimentos e estudos relacionados
à melhoria do exercício de suas funções, visando ao bem
CAPÍTULO II comum;
DOS DIREITOS E GARANTIAS NO AMBIENTE DE XII – apresentar-se ao trabalho com trajes adequados
TRABALHO ao exercício da função;
XIII – manter-se atualizado com instruções, normas de
Art. 8º – Como resultantes da conduta ética que deve serviço e legislação pertinentes ao órgão ou entidade de
imperar no ambiente de trabalho e em suas relações inter- exercício;
pessoais, são direitos e garantias do agente público: XIV – facilitar atividades de fiscalização pelos órgãos
I – igualdade de acesso e oportunidades de crescimen- de controle;
to intelectual e profissional em sua respectiva carreira; XV – exercer função, poder ou autoridade de acordo
II – liberdade de manifestação, observado o respeito à com a lei e regulamentações da Administração Pública,
imagem da instituição e dos demais agentes públicos; sendo vedado o exercício contrário ao interesse público; e
III – igualdade de oportunidade nos sistemas de aferi- XVI – divulgar e estimular o cumprimento deste Código
ção, avaliação e reconhecimento de desempenho; de Ética.
IV – manifestação sobre fatos que possam prejudicar
seu desempenho ou reputação; Seção II
V – sigilo a informação de ordem pessoal; Das Vedações
VI – atuação em defesa legítima de seu interesse ou
direito; e Art. 10 – É vedado ao agente público:
VII – ciência do teor da acusação e vista dos autos, I – utilizar-se de cargo, emprego ou função, de facili-
quando estiver sendo investigado. dades, amizades, posição e influências para obter favoreci-
mento para si ou para outrem;
CAPÍTULO III II – prejudicar deliberadamente a reputação de subor-
DOS DEVERES E DAS VEDAÇÕES DO dinados, colegas, superiores hierárquicos ou pessoas que
AGENTE PÚBLICO dele dependam;
Seção I III – ser conivente com erro ou infração a este Código
Dos Deveres Éticos Fundamentais de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
IV – usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
Art. 9º – São deveres éticos fundamentais do agente exercício de direito de qualquer pessoa;
público: V – deixar de utilizar conhecimentos, avanços técnicos
I – agir com lealdade e boa-fé; e científicos ao seu alcance no desenvolvimento de suas
II – ser justo e honesto no desempenho de funções e atividades;
no relacionamento com subordinados, colegas, superiores VI – permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
hierárquicos, parceiros, patrocinadores e usuários do ser- caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter-
viço; firam no trato com o público ou com colegas hierarquica-
III – observar os princípios e valores da ética pública; mente superiores ou inferiores;
IV – atender prontamente às questões que lhe forem VII – pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber aju-
encaminhadas; da financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou
V – ser ágil na prestação de contas de suas atividades; vantagem, para si ou outra pessoa, visando ao cumprimen-
VI – aperfeiçoar o processo de comunicação e contato to de sua atribuição, ou para influenciar outro servidor;
com o público; VIII – alterar ou deturpar teor de documentos;
VII – praticar a cortesia e a urbanidade e respeitar a IX – iludir ou tentar iludir pessoa que necessite de aten-
capacidade e as limitações individuais de colegas de traba- dimento em serviços públicos;
lho e dos usuários do serviço público, sem preconceito ou X – desviar agente público para atendimento a interes-
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, se particular;
preferência política, posição social e outras formas de dis- XI – retirar de repartição pública, sem autorização le-
criminação; gal, documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio
VIII – representar contra atos que contrariem as nor- público;
mas deste Código de Ética; XII – usar informações privilegiadas obtidas em âmbito
IX – resistir a pressões de superiores hierárquicos, con- interno de seu serviço, em benefício próprio, de parentes,
tratantes, interessados e outros que visem a obter favores, amigos ou de terceiros;
benesses ou vantagens ilegais ou imorais, denunciando sua XIII – apresentar-se embriagado ou drogado para pres-
prática; tar serviço;
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CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
XIV – permitir ou contribuir para que instituição que VII – convocar qualquer autoridade ou agente público
atente contra a moral, honestidade ou dignidade da pes- do Poder Executivo para prestar esclarecimento sobre de-
soa humana tenha acesso a recursos públicos de qualquer núncias em desfavor da respectiva instituição ou de seus
natureza; dirigentes;
XV – exercer atividade profissional antiética ou ligar VIII – responder consultas de autoridades e de agentes
seu nome a empreendimentos que atentem contra a moral públicos em matéria regulada por este Código de Ética;
pública; IX – emitir parecer acerca de enquadramento em hipó-
XVI – permitir ou concorrer para que interesses parti- teses de impedimento para fins de nomeação, designação
culares prevaleçam sobre o interesse público; ou contratação, a título comissionado, de pessoas para o
XVII – exigir submissão, constranger ou intimidar ou- exercício de funções, cargos e empregos no Poder Execu-
tro agente público, utilizando-se do poder que recebe em tivo Estadual; e
razão do cargo, emprego ou função pública que ocupa; e X – elaborar o seu regimento interno.
XVIII – participar de qualquer outra atividade que pos-
sa significar conflito de interesse em relação à atividade Art. 14 – O Conset é composto por sete membros, es-
pública que exerce. colhidos e designados pelo Governador do Estado entre
brasileiros de reconhecida idoneidade moral, reputação
Art. 11 – Para os fins deste Código de Ética, ao agente ilibada e dotados de notórios conhecimentos de Adminis-
público é vedada ainda a aceitação de presente, doação tração Pública.
ou vantagem de qualquer espécie, independente do valor § 1º – O exercício da função de conselheiro, no âmbito
monetário, de pessoa, empresa ou entidade que tenha ou do Conset, é considerado de relevante interesse público,
que possa ter interesse em: não enseja qualquer espécie de remuneração, sendo per-
I – quaisquer atos de mero expediente de responsabi- mitido o pagamento de verbas indenizatórias para despe-
lidade do agente público; sas com deslocamento, hospedagem e alimentação.
II – decisão de jurisdição do órgão ou entidade de vín- § 2º – Cabe ao Governador do Estado escolher o Presi-
culo funcional do agente público; e dente do Conselho, entre seus membros.
III – informações institucionais de caráter sigiloso a § 3º – Os membros do Conset cumprirão mandato de
que o agente público tenha acesso. três anos, admitida uma recondução.
Art. 12 – O agente público que fizer denúncia infunda- § 4º – O voto de desempate compete ao Presidente.
da estará sujeito às sanções deste Código.
Art. 15 – A Secretaria Executiva do Conselho de Ética
TÍTULO III Pública tem por finalidade o apoio técnico e administrativo
DO CONSELHO E DA COMISSÃO DE ÉTICA às ações de competência do Conset.
CAPÍTULO I
DO CONSELHO DE ÉTICA PÚBLICA – CONSET Art. 16 – Normas complementares ao funcionamento
do Conset serão estabelecidas em Deliberação.
Art. 13 – O Conselho de Ética Pública – Conset, criado
pelo Decreto nº 43.673, de 4 de dezembro de 2003, passa CAPÍTULO II
a reger-se pelas normas estabelecidas neste Decreto, com- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
petindo-lhe:
I – assessorar o Governador e os Secretários de Estado Art. 17 – Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
em questões que envolvam normas deste Código de Ética; tração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo Estadual
II – receber denúncias sobre atos de autoridade prati- haverá uma Comissão de Ética com a finalidade de divulgar
cados em contrariedade às normas deste Código de Ética as normas deste Código de Ética e atuar na prevenção e na
e proceder à apuração de sua veracidade, desde que devi- apuração de falta ética no âmbito da respectiva instituição.
damente instruídas e fundamentadas;
III – instaurar, após as apurações pertinentes, processo Art. 18 – Compete à Comissão de Ética:
ético que envolva conduta de integrante da Alta Adminis- I – orientar e aconselhar o agente público sobre ética
tração Estadual, assim como decidir sobre recursos contra profissional no respectivo órgão ou entidade;
decisão sua ou proferida em processos instaurados pelas II – alertar agentes públicos quanto à conduta no am-
Comissões de Ética do Poder Executivo; biente de trabalho, especialmente no tratamento com as
IV – submeter ao Governador do Estado sugestões de pessoas e com o patrimônio público;
aprimoramento deste Código de Ética; III – adotar formas de divulgação das normas éticas e
V – dirimir dúvidas a respeito da interpretação das de prevenção de falta ética;
normas deste Código de Ética e deliberar sobre os casos IV – registrar condutas éticas relevantes;
omissos; V – decidir pela instauração e conduzir processo ético,
VI – promover ampla divulgação deste Código de observadas as normas estabelecidas no Título V deste De-
Ética; creto e em Deliberações do Conset;
31
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
VI – elaborar seu regimento interno, observadas nor- Art. 23 – É permitido ao gestor público o exercício não
mas e diretrizes expedidas pelo Conset; e remunerado de encargo de mandatário, desde que não im-
VII – exercer outras atividades que lhe forem atribuídas plique a prática de atos de comércio ou quaisquer outros
ou delegadas pelo Conset. incompatíveis com o exercício do seu cargo, emprego ou
função, nos termos da lei.
Art. 19 – A Comissão de Ética é composta por três ti-
tulares e dois suplentes escolhidos pelo dirigente máximo Art. 24 – O gestor público deverá informar a existência
entre os agentes públicos em exercício no órgão ou enti- de eventual conflito de interesses, bem como comunicar
dade e com mandatos de três anos, sendo facultada uma qualquer circunstância ou fato impeditivo de sua participa-
recondução por igual período. ção em decisão coletiva ou em órgão colegiado.
§ 1º – Exceções ao disposto no caput deste artigo serão
analisadas pelo Conset e deliberadas em reunião plenária. Art. 25 – É vedado ao gestor público opinar publica-
§ 2º – A atuação em Comissão de Ética não enseja re- mente sobre:
muneração e os trabalhos nela desenvolvidos são conside- I – honorabilidade e desempenho funcional de outro
rados prestação de relevante serviço público. gestor público estadual;
§ 3º – Os órgãos e entidades regionalmente estrutu- II – mérito de questão a ele submetida, para decisão
rados podem instituir Comissões de Ética Regionais, que individual ou em órgão colegiado; e
receberão normas e diretrizes expedidas pelo Conset, por III – matérias não atinentes a sua área de competência.
meio da respectiva Comissão de Ética Central.
CAPÍTULO II
TÍTULO IV DA ALTA ADMINISTRAÇÃO
DA CONDUTA ÉTICA DO GESTOR PÚBLICO
CAPÍTULO I Art. 26 – A Alta Administração do Poder Executivo Esta-
DAS NORMAS ÉTICAS FUNDAMENTAIS dual compõe-se dos seguintes gestores públicos:
I – Governador e Vice-Governador;
Art. 20 – Para fins deste Código de Ética considera-se II – Secretários de Estado, Secretários-Adjuntos, Sub-
gestor público, o agente público que por força do cargo,
secretários, Chefes de Gabinete e equivalentes hierárqui-
emprego ou função recebe poder público para coordenar
cos de órgãos da Administração Direta do Poder Executivo
e dirigir pessoas e trabalhos.
Estadual, bem como titulares de unidades administrativas
ligadas diretamente ao dirigente máximo ou ao subsecre-
Art. 21 – A atuação do gestor público deve pautar-se
tário e equivalentes hierárquicos;
especialmente nas seguintes condutas:
III – Dirigentes e Vice-Dirigentes de entidades da Admi-
I – adotar medidas para evitar conflitos de interesse
nistração Indireta do Poder Executivo Estadual, seus Chefes
privado com o interesse público;
de Gabinete e titulares de unidades administrativas ligadas
II – tratar respeitosamente subordinados e demais co-
diretamente ao dirigente máximo;
legas de trabalho;
IV – ocupantes de cargo de direção e assessoria dire-
III – combater práticas que possam suscitar qualquer
ta ao Governador, Vice-Governador e dirigente máximo de
forma de abuso de poder;
órgão ou entidade da Administração Pública Direta e Indi-
IV – utilizar, exclusivamente, o poder institucional que
reta do Poder Executivo Estadual;
lhe é atribuído por meio do cargo, função ou emprego pú-
V – Presidentes de órgãos colegiados deliberativos de
blico que ocupa, para viabilizar o atendimento ao interesse
empresas públicas e sociedades de economia mista do Po-
público;
der Executivo;
V – buscar a excelência na qualidade do trabalho, utili-
VI – Presidentes de Conselhos Estaduais; e
zando a crítica, quando necessária, de forma construtiva e
VII – outros agentes públicos, conforme deliberado
em caráter reservado, focando o ato ou fato e não a pes-
pelo Conset.
soa; e
Parágrafo único – Para efeito deste Código de Ética, o
VI – apoiar a divulgação e adoção de condutas éticas
termo “autoridade pública” equivale aos gestores públicos
no ambiente de trabalho.
da Alta Administração.
Art. 22 – É vedado ao gestor público receber auxílio-
Art. 27 – A autoridade pública deve possibilitar à socie-
-transporte, hospedagem e demais recursos financeiros ou
dade aferir a lisura de processo decisório governamental
favores de particulares que possam gerar dúvidas quanto a
e adotar mecanismos de consulta, visando à transparência
sua probidade ou imparcialidade.
de sua gestão.
Parágrafo único – É permitida a participação em even-
tos, desde que tornada pública qualquer remuneração,
Art. 28 – A autoridade pública contribuirá para o for-
bem como pagamento de despesas de viagem pelo pro-
talecimento da conduta ética na instituição, apoiando as
motor do evento, que não poderá ter interesse em decisão ações da Comissão de Ética.
a ser proferida pelo gestor.
32
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 29 – A autoridade pública enviará ao Conset, no II – não intervir, em benefício ou em nome de pessoa
prazo de dez dias contados do início do exercício no car- física ou jurídica, junto a órgão ou entidade da Administra-
go, emprego ou função, declaração de informações sobre ção Pública Estadual com que tenha tido relacionamento
sua situação patrimonial e de trabalhos exercidos ante- oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à da saí-
riormente. da do Poder Executivo.
Parágrafo único – Compete ao Conset, por meio de De-
liberação, a regulamentação da forma de encaminhamento Art. 35 – Ao deixar o cargo, emprego ou função, a au-
da declaração, os critérios de atualização das informações, toridade pública deverá observar as limitações constantes
a documentação a ser anexada, as medidas em razão do deste Código de Ética e as deliberadas pelo Conset.
descumprimento do envio e demais questões pertinentes
ao cumprimento do disposto neste artigo. Art. 36 – O Conset informará ao Governador do Estado
o nome da autoridade que descumprir o disposto neste
Art. 30 – A autoridade pública que mantiver participa- Código de Ética.
ção superior a cinco por cento do capital social ou votante
de sociedade de economia mista, instituição financeira ou TÍTULO V
empresa que negocie com o Poder Público deverá comuni- DO PROCEDIMENTO E DAS SANÇÕES ÉTICAS
car esse fato ao Conset.
Art. 37 – A apuração de fato com indícios de desrespei-
Art. 31 – Informações pertinentes à situação patrimo- to a este Código de Ética será instaurada em razão de de-
nial da autoridade pública serão analisadas pelo Conset e núncia fundamentada ou de ofício pela Comissão de Ética
arquivadas em envelope lacrado, que poderá ser reaberto ou pelo Conset.
para efeito de reexame ou atualização de informações. § 1º – A apuração será conduzida pela Comissão de
Parágrafo único – As alterações relevantes no patrimô- Ética ou pelo Conset, segundo respectivas competências,
nio da autoridade pública deverão ser imediatamente co- e poderá ocorrer mediante averiguação preliminar ou pro-
municadas ao Conset. cesso ético.
§ 2º – A averiguação preliminar pode culminar em pro-
Art. 32 – Propostas de trabalho ou negócio futuro em cesso ético ou arquivamento com ou sem recomendação.
setor privado e negociações que envolvam conflito com o § 3º – O processo ético será instaurado quando a Co-
interesse público deverão ser imediatamente informadas missão ou o Conset entender que a conduta seja passível
ao Conset, independentemente de sua aceitação ou rejei- de sanção .
ção.
Parágrafo único – Cabe ao Conset regulamentar a Art. 38 – Observadas as competências originária e re-
forma de encaminhamento da informação de que trata cursal e após o devido processo ético, a violação do dis-
o caput . posto neste Código de Ética, acarretará as seguintes san-
ções aplicáveis pela Comissão ou pelo Conset:
Art. 33 – Após deixar o cargo, função ou emprego pú- I – advertência; ou
blico, a autoridade pública não poderá: II – censura.
I – atuar em benefício ou em nome de pessoa física Parágrafo único – A ocorrência de mais de uma adver-
ou jurídica, inclusive sindicato ou associação de classe, em tência no mesmo período avaliatório de desempenho ou
processo ou negócio do qual tenha participado, em razão uma de censura é considerada violação grave a este Códi-
do cargo, emprego ou função; e go de Ética.
II – prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclu-
sive sindicato ou associação de classe, valendo-se de infor- Art. 39 – Da decisão final em Processo Ético caberá:
mações não divulgadas publicamente a respeito de progra- I – pedido de reconsideração à instância responsável
mas ou políticas do órgão ou da entidade da Administração pela abertura do processo ético; e
Pública Estadual a que esteve vinculado ou com que tenha II – recurso ao Conset.
tido relacionamento direto e relevante nos seis meses ante-
riores ao término do exercício de função pública. Art. 40 – Na hipótese de aplicação de sanção, após es-
gotados os recursos, serão informados:
Art. 34 – Na ausência de lei que estabeleça outro pra- I – a chefia imediata e o dirigente máximo do órgão
zo, será de quatro meses, contados da saída da Adminis- ou entidade em que o agente público sancionado está em
tração Pública do Poder Executivo Estadual, o período de exercício; e
interdição para atividade incompatível com cargo, função II – o Governador, no caso de sanção de agente da Alta
ou emprego público anteriormente exercido, obrigando-se Administração do Poder Executivo Estadual.
a autoridade a observar, nesse prazo, as seguintes regras: Parágrafo único – Cópia da síntese de ocorrência ética
I – não aceitar cargo, emprego ou função de adminis- será enviada:
trador ou conselheiro, ou estabelecer vínculo profissional I – à unidade de gestão de pessoas, para ser juntada e
com pessoa física ou jurídica com a qual tenha mantido considerada no processo de avaliação de desempenho do
relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses an- agente público sancionado; e
teriores à da saída do Poder Executivo; e II – ao Conselho de Ética Pública.
33
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 41 – O Conset pode avocar processo em trâmite na
Comissão de Ética. DECRETO ESTADUAL Nº 46.060/2012
(REGULAMENTA A LEI ESTADUAL
Art. 42 – A Comissão de Ética e o Conset não podem
COMPLEMENTAR Nº 116/2011, QUE DISPÕE
escusar-se de proferir decisão em processo ético, alegando
omissão deste Código de Ética que, se existente, será su-
SOBRE A PREVENÇÃO E A PUNIÇÃO DO
prida pela invocação dos princípios que regem a Adminis- ASSÉDIO MORAL NA ADMINISTRAÇÃO
tração Pública. PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DO PODER
EXECUTIVO ESTADUAL).
Art. 43 – O exercício de apuração de falta ética prescre-
ve em dois anos.
§ 1º – O prazo de prescrição começa a ser contado a
partir da data de ocorrência do fato. O GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
§ 2º – A instauração de averiguação preliminar ou pro- no uso de atribuição que lhe confere o inciso VII do art.
cesso ético interrompe a prescrição. 90 da Constituição do Estado, e tendo em vista o disposto
§ 3º – A prescrição intercorrente não se aplica nos pro- na Lei Complementar nº 116, de 11 de janeiro de 2011,
cedimentos éticos de que trata este Código de Ética.
DECRETA:
Art. 44 – Normas complementares à matéria trata-
da neste Título V serão estabelecidas em Deliberação do Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei Complementar
Conset. nº 116, de 11 de janeiro de 2011, que dispõe sobre a pre-
venção e a punição do assédio moral na Administração
TITULO VI Pública Direta e Indireta do Poder Executivo.
DISPOSIÇÕES FINAIS Parágrafo único. A prevenção e a punição à prática de
assédio moral por agente público estão inseridas na po-
Art. 45 – Os atuais mandatos de membros de Comis- lítica de saúde ocupacional do Poder Executivo Estadual,
sões de Ética serão ajustados conforme o disposto no art. visando garantir a segurança e a saúde do servidor.
19 deste Código de Ética. (Parágrafo com redação dada pelo art. 1º do Decreto
nº 46.564, de 25/7/2014.)
Art. 46 – (Revogado pelo inciso III do art. 50 do Decreto
nº 47.058, de 14/10/2016.) Art. 2º O procedimento para apuração da prática de
Dispositivo revogado: assédio moral será iniciado por provocação da parte ofen-
“Art. 46 – O apoio logístico-operacional necessário ao dida, por entidade sindical ou associação representativa
funcionamento do Conselho de Ética Pública é de respon- da categoria dos agentes públicos envolvidos ou pela au-
sabilidade da Secretaria de Estado de Casa Civil e de Re- toridade que tiver conhecimento de fato que se enquadre
lações Institucionais – Seccri, conforme disposto no inciso em uma das modalidades seguintes:
XXVII do art. 84 da Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro I – desqualificar, reiteradamente, por meio de palavras,
de 2011. gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a ima-
Parágrafo único – Qualquer órgão ou entidade do Po-
gem de agente público, valendo-se de posição hierárquica
der Executivo Estadual pode complementar o apoio logís-
ou funcional superior, equivalente ou inferior;
tico-operacional da Seccri ao Conset de forma eventual ou,
II – desrespeitar limitação individual de agente públi-
se contínua, por meio de Termo de Cooperação.”
co, decorrente de doença física ou psíquica, atribuindo-lhe
atividade incompatível com suas necessidades especiais;
Art. 47 – Ficam revogados os Decretos nº 43.673, de 5
III – preterir o agente público, em quaisquer escolhas,
de dezembro de 2003, nº 43.885, de 4 de outubro de 2004,
em função de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, reli-
e nº 44.591, de 7 de agosto de 2007.
gião, posição social, preferência ou orientação política, se-
Art. 48 – Este Decreto entra em vigor na data de sua xual ou filosófica;
publicação. IV – atribuir ao agente público, de modo frequente,
Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 6 de no- função incompatível com sua formação acadêmica ou téc-
vembro de 2014; 226º da Inconfidência Mineira e 193º da nica especializada ou que dependa de treinamento;
Independência do Brasil. V – isolar ou incentivar o isolamento de agente públi-
(https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/com- co, privando-o de informações e treinamentos necessários
pleta/completa.html?num=46644&ano=2014&tipo=DE- ao desenvolvimento de suas funções ou do convívio com
C&aba=js_textoAtualizado) seus colegas;
VI – manifestar-se jocosamente em detrimento da
imagem de agente público, submetendo-o a situação ve-
xatória, ou fomentar boatos inidôneos e comentários ma-
liciosos;
34
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
VII – subestimar, em público, as aptidões e competên- § 3º Os dirigentes máximos de órgãos e entidades que
cias de agente público; possuem estrutura regionalizada poderão indicar servidor lo-
VIII – manifestar publicamente desdém ou desprezo tado em unidade regional para compor a Comissão de Con-
por agente público ou pelo produto de seu trabalho; ciliação.
IX – relegar intencionalmente o agente público ao os- (Parágrafo acrescentado pelo art. 3º do Decreto nº
tracismo; 46.564, de 25/7/2014.)
X – apresentar, como suas, ideias, propostas, projetos
ou quaisquer trabalhos de outro agente público; Art. 4º Compete à Comissão de Conciliação, sob coor-
XI – valer-se de cargo ou função comissionada para in- denação do representante da unidade setorial de recursos
duzir ou persuadir agente público a praticar ato ilegal ou humanos do órgão ou entidade de lotação ou de exercício
deixar de praticar ato determinado em lei. do agente público ofendido:
§ 1º Somente mediante expressa autorização da parte I – acolher e orientar o agente público que formalizar
ofendida a entidade sindical ou associação representativa e reclamação sobre prática de assédio moral;
a autoridade a que se refere caput poderão provocar a Ad- II – solicitar ao reclamante informações e provas da ocor-
ministração Pública para iniciar procedimento de apuração rência do assédio moral, a fim de caracterizar alguma das
da prática de assédio moral. modalidades previstas no art. 2º;
§ 2º Para fins do disposto no caput, a reclamação so- III – notificar formalmente os agentes públicos envolvi-
bre a prática de assédio moral será encaminhada, por meio dos, constando data, horário e local da audiência de conci-
do formulário constante do Anexo, à unidade setorial de liação;
recursos humanos do órgão ou entidade de lotação ou de (Inciso com redação dada pelo art. 4º do Decreto nº
exercício do agente público identificado como parte ofen- 56.564, de 25/7/2014.)
dida ou à Ouvidoria-Geral do Estado – OGE. IV – notificar o agente público indicado como assediador
§ 3º Recebida a reclamação, a OGE notificará, no prazo para apresentar manifestação no prazo de quinze dias, con-
de dois dias úteis, o órgão ou entidade de lotação ou de tados da data da notificação; e
exercício do agente público, conforme o caso, para tomada V – realizar a conciliação dos conflitos relacionados à
das providências cabíveis. prática de assédio moral, propondo soluções práticas que se
§ 4º Recebida a reclamação, a unidade setorial de re- fizerem necessárias.
cursos humanos notificará formalmente os agentes públi- § 1º A Comissão de Conciliação exercerá suas atividades
cos envolvidos informando-os sobre o direito de indicarem, com independência e imparcialidade, assegurado o sigilo ne-
no prazo de quinze dias contados da data da notificação, cessário à elucidação dos fatos, a fim de preservar a intimida-
a entidade sindical ou associação ou outro representante de das partes envolvidas.
para composição da Comissão de Conciliação. § 2º As entidades sindicais representativas ou associa-
(Parágrafo com redação dada pelo art. 2º do Decreto ções das categorias a que pertencerem os agentes públicos
nº 46.564, de 25/7/2014.) envolvidos serão notificadas, mediante anuência expressa
§ 5º Expirado o prazo de que trata o § 4º, a unidade dos mesmos, da reclamação de assédio moral e das provi-
setorial de recursos humanos, no prazo de dois dias úteis, dências tomadas pela Comissão de Conciliação.
dará ciência ao titular do respectivo órgão ou entidade, que § 3º Obtida a conciliação, será ela reduzida a termo assi-
instituirá Comissão de Conciliação no prazo de dez dias. nado pelas partes e homologada, no prazo de dez dias úteis,
(Parágrafo acrescentado pelo art. 2º do Decreto nº pelo titular do órgão ou entidade do ofendido, do termo
46.564, de 25/7/2014.) constando as soluções acordadas, a determinação de expe-
dição de atos administrativos, se necessário, e a declaração
Art. 3º A Comissão de Conciliação terá a seguinte com- de extinção do procedimento.
posição: § 4º Não obtido acordo na fase de conciliação, a recla-
I – um representante da unidade setorial de recursos mação, com toda a documentação que instruir o procedi-
humanos do órgão ou entidade do agente público ofen- mento, deverá ser remetida pelo dirigente máximo do órgão
dido; ou entidade à Controladoria-Geral do Estado – CGE, no prazo
II – até dois representantes de entidade sindical ou as- de dois dias úteis, para fins de instauração do processo admi-
sociação representativa da categoria dos agentes públicos nistrativo disciplinar, assegurados o contraditório e a ampla
envolvidos. defesa ao indicado como assediador, sob pena de nulidade.
§ 1º Na impossibilidade de participação do represen- (Parágrafo com redação dada pelo art. 4º do Decreto nº
tante da unidade setorial de recursos humanos, caberá ao 46.564, de 25/7/2014.)
titular do respectivo órgão ou entidade a indicação de ou- § 5º O processo administrativo disciplinar reger-se-á pe-
tro agente público para compor a Comissão de Conciliação. las disposições do Estatuto do Servidor Público do Estado de
§ 2º No caso de não haver indicação de representante Minas Gerais.
de entidade sindical da respectiva categoria ou de associa- § 6º Caso não seja cumprida a determinação prevista no
ção regularmente constituída para compor a Comissão de § 4º, a reclamação poderá ser encaminhada à CGE diretamen-
Conciliação, os agentes públicos envolvidos poderão ele- te pelo ofendido ou por representante da entidade sindical
ger outro servidor, que ocupe cargo no mesmo órgão ou ou associativa regularmente constituída.
entidade de lotação ou de exercício para atuar como seu (Parágrafo com redação dada pelo art. 4º do Decreto
representante. nº 46.564, de 25/7/2014.)
35
CÓDIGO DE ÉTICA E ESTATUTO DO SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
Art. 5º O assédio moral será punido com uma das se- Art. 9º Mediante solicitação da Comissão de Concilia-
guintes penalidades: ção ou da CGE, os agentes públicos envolvidos no episódio
I – repreensão; de assédio moral, que assim tenham concordado expressa-
II – suspensão; mente, serão encaminhados para acompanhamento psico-
III – demissão; lógico nos casos em que a perícia médica oficial comprovar
IV – perda do cargo comissionado ou função gratifi- a necessidade de tratamento especializado.
cada.
§ 1º Na aplicação das penalidades disciplinares serão Art. 10. Compete à SEPLAG expedir normas comple-
consideradas a natureza e a gravidade do ilícito, os danos mentares para execução deste Decreto e solucionar casos
que dele provierem para o serviço público, as circunstân- nele omissos.
cias atenuantes e agravantes e os antecedentes funcionais
do servidor. Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua
§ 2º O ocupante de cargo de provimento em comissão publicação.
ou função gratificada que cometer assédio moral sujeita-se
à perda do cargo ou da função e à proibição de ocupar Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, aos 5 de outu-
cargo em comissão ou função gratificada na administração bro de 2012; 224° da Inconfidência Mineira e 191º da Inde-
pública estadual por cinco anos. pendência do Brasil.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
1. Lei Federal n.º 7.210/1984 (Institui a Lei de Execução Penal) e alterações posteriores........................................................... 01
2. Lei Federal n.º 9.455/1997 (Lei da Tortura) e alterações posteriores............................................................................................... 24
3. Lei Federal nº 4.898/1965 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................. 26
4. Lei Federal nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)................................................................................................................... 31
5. Lei Federal nº 12.850/2013 (Organização Criminosa)........................................................................................................................... 38
6. Lei Estadual n.º 11.404/1994 (Contém Normas de Execução Penal)............................................................................................... 42
7. Lei Estadual 21.068/2013 (Porte de arma do agente de segurança penitenciário)................................................................... 58
8. Decreto nº 40/1991 (Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-
tes).................................................................................................................................................................................................................................. 58
9. Decreto nº 98.386/1989 (Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura)........................................................... 64
10. Decreto 47.087/2016 (Secretaria de Estado de Administração Prisional)................................................................................... 66
11. Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei n° 2.848/40 e suas alterações posteriores: art. 21 a 40).......................................... 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
TÍTULO II
LEI FEDERAL N.º 7.210/1984 Do Condenado e do Internado
(INSTITUI A LEI DE EXECUÇÃO PENAL) E CAPÍTULO I
ALTERAÇÕES POSTERIORES. Da Classificação
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegura- Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa
dos todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame
lei. criminológico para a obtenção dos elementos necessários
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de na- a uma adequada classificação e com vistas à individualiza-
ção da execução.
tureza racial, social, religiosa ou política.
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo po-
derá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da co-
privativa de liberdade em regime semiaberto.
munidade nas atividades de execução da pena e da medida
de segurança. Comentário: Exame criminológico: Deve ser subme-
tido o condenado à pena em regime fechado (art. 8º da
Comentários aos artigos 1, 2, 3 e 4. A presente le- Lep c/c o caput do art. 34 do CP). A realização do exame
gislação dispõe sobre a execução das penas e teve origem criminológico é obrigatória, tendo em vista a gravidade do
em 1933, através do projeto do Código Penitenciário da fato delituoso e/ou as condições pessoais do sentenciado
República elaborado por Cândido Mendes, Lemos de Brito (art. 8º da Lep c/c o caput do art. 34 do CP). O condenado
e Heitor Carrilho. à pena em regime semi-aberto poderá ser submetido ao
Possui natureza mista: Direito administrativo, Constitu- exame criminológico.
cional, Penal e Processo Penal;
O objetivo desta Lei é o cumprimento das sanções im- Art. 9º. A Comissão, no exame para a obtenção de da-
postas na sentença ou decisão criminal e reintegração so- dos reveladores da personalidade, observando a ética pro-
cial do condenado e do internado; fissional e tendo sempre presentes peças ou informações
do processo, poderá:
1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exer- I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
cício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento,
penais. os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local III - acompanhar o resultado das permissões de saídas
apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Pú- e das saídas temporárias;
blico.( IV - promover, no estabelecimento, pelos meios dispo-
§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão imple- níveis, a recreação;
mentados Núcleos Especializados da Defensoria Pública V - promover a orientação do assistido, na fase final do
para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar
aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus fami- o seu retorno à liberdade;
liares, sem recursos financeiros para constituir advogado. VI - providenciar a obtenção de documentos, dos be-
nefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no
trabalho;
Comentários aos artigos 15 e 16: A Assistência Ju-
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família
rídica visa assegurar aos presos e internados as garantias
do preso, do internado e da vítima.
do contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição,
imparcialidade do juiz, devido processo legal, direito à pro-
SEÇÃO VII
dução de provas no curso do procedimento, direito de pe- Da Assistência Religiosa
tição e autodefesa.
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto,
SEÇÃO V será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-
Da Assistência Educacional -lhes a participação nos serviços organizados no estabele-
cimento penal, bem como a posse de livros de instrução
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a ins- religiosa.
trução escolar e a formação profissional do preso e do in- § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para
ternado. os cultos religiosos.
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integran- a participar de atividade religiosa.
do-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Comentários aos artigos 12 a 24: Os presentes arti-
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível gos aqui tratados dizem respeito aos tipos de assistência,
de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. quais sejam: Material (art. 12 e 13 da Lep), à saúde (art. 14
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino pro- da Lep), jurídica (arts. 15 e 16 da Lep), educacional (arts.
fissional adequado à sua condição. 17/21 da Lep), social (arts. 22 e 23 da Lep) e religiosa (art.
24 da Lep);
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto
de convênio com entidades públicas ou particulares, que SEÇÃO VIII
instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. Da Assistência ao Egresso
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se- Art. 25. A assistência ao egresso consiste:
-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de to- I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em
liberdade;
das as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos,
II - na concessão, se necessário, de alojamento e ali-
recreativos e didáticos.
mentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de
2 (dois) meses.
Comentários aos artigos 17, 18, 19, 20 e 21: A Assis-
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II po-
tência Educacional diz respeito ao acesso do preso à ins- derá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por de-
trução escolar e formação profissional e tem fundamento claração do assistente social, o empenho na obtenção de
no direito à educação constante na Constituição Federal. emprego.
3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: Art. 30. As tarefas executadas como prestação de servi-
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a ço à comunidade não serão remuneradas.
contar da saída do estabelecimento;
II - o liberado condicional, durante o período de prova. Comentário: As referidas tarefas executadas como
prestação de serviço serão devidamente pagas.
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o
egresso para a obtenção de trabalho. SEÇÃO II
Do Trabalho Interno
CAPÍTULO III
Do Trabalho Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
SEÇÃO I está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
Disposições Gerais capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
condição de dignidade humana, terá finalidade educativa estabelecimento.
e produtiva.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas
trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessida-
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da des futuras do preso, bem como as oportunidades ofereci-
Consolidação das Leis do Trabalho. das pelo mercado.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
Comentário: O condenado está obrigado ao trabalho; artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de
turismo.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, median- § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar
te prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quar- ocupação adequada à sua idade.
tos) do salário mínimo. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, des- Comentários aos artigos 31 e 32: O condenado estará
de que determinados judicialmente e não reparados por obrigado a trabalhar na medida de sua capacidade e com-
outros meios; petência para o trabalho. Os maiores de 60 anos, doentes
b) à assistência à família; e deficientes físicos, exercerão ocupação adequada a sua
c) a pequenas despesas pessoais; idade e ao seu estado.
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas
com a manutenção do condenado, em proporção a ser fi- Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior
xada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras an- a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos
teriores. domingos e feriados.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial
depositada a parte restante para constituição do pecúlio, de trabalho aos presos designados para os serviços de con-
em Caderneta de Poupança, que será entregue ao servação e manutenção do estabelecimento penal.
condenado quando posto em liberdade.
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por funda-
Comentário: O trabalho do preso será sempre remu- ção, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e
nerado (art. 39 do CP e 29 da Lep); terá por objetivo a formação profissional do condenado.
- Valor da remuneração (2ª parte do art. 29 da Lep): § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerencia-
Nunca inferior a ¾ do dora promover e supervisionar a produção, com critérios e
salário mínimo; métodos empresariais, encarregar-se de sua comercializa-
- Prestação de serviço à comunidade (pena restritiva de ção, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de
direitos): Não é remuneração adequada.
remunerado; § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão
- Direitos trabalhista e Previdenciário: Embora não su- celebrar convênio com a iniciativa privada, para implanta-
jeito ao regime da CLT ção de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio
(art. 28, § 2º da Lep), tem direito à previdência social dos presídios.
(arts. 41, III da Lep e 39 do CP);
- Destinação da remuneração do preso: § 1º do art. 29 Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta
da Lep; da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Muni-
- Pecúlio: Parte da remuneração que deve ser deposita- cípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os
da em caderneta de poupança; bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não
- Situações que autorizam a entrega do saldo do pecú- for possível ou recomendável realizar-se a venda a parti-
lio ao preso: Arts. 29, § 2º e 138, todos da Lep; culares.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Comentário aos artigos 33, 34 e 35: O Horário espe- Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações
cial de trabalho é permitido aos presos que trabalham na legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de
manutenção e conservação do estabelecimento prisional; execução da pena.
O trabalho interno é obrigatório com exceção do preso
provisório e político; Comentário: Os presos devem submeter-se às normas
disciplinares dos estabelecimentos prisionais;
SEÇÃO III
Do Trabalho Externo Art. 39. Constituem deveres do condenado:
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os sentença;
presos em regime fechado somente em serviço ou obras II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa
públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou com quem deva relacionar-se;
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cau- III - urbanidade e respeito no trato com os demais con-
telas contra a fuga e em favor da disciplina. denados;
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou
(dez por cento) do total de empregados na obra. coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens re-
empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. cebidas;
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
depende do consentimento expresso do preso. VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das des-
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autori- pesas realizadas com a sua manutenção, mediante descon-
zada pela direção do estabelecimento, dependerá de apti- to proporcional da remuneração do trabalho;
dão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
X - conservação dos objetos de uso pessoal.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de traba-
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que
lho externo ao preso que vier a praticar fato definido como
couber, o disposto neste artigo.
crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.
Comentário: O presente artigo trata dos deveres aos
quais o condenado deve submeter-se. As normas são im-
Comentário aos artigos 36 e 37: Trabalho Externo
postas também aos presos provisórios.
é permitido no regime fechado (somente em serviços ou
obras públicas, com cautelas de segurança) e no semiaber-
to (podendo também frequentar cursos profissionalizantes, SEÇÃO II
de 2º grau ou superior). Requisitos para o trabalho externo: Dos Direitos
Será deferida pela administração prisional (direito ad-
ministrativo), após o cumprimento de 1/6 da pena, aptidão, Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito
disciplina e responsabilidade. Carga horária: Não inferior a à integridade física e moral dos condenados e dos presos
6, nem superior a 8 horas, com descanso aos domingos e provisórios.
feriados, salvo aquele que for prestado na manutenção ou
conservação do estabelecimento prisional; Art. 41 - Constituem direitos do preso:
Crime hediondo e trabalho externo: A Lei n. 8.072, de I - alimentação suficiente e vestuário;
25/7/90 que dispõe sobre os crimes hediondos, não veda II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
o exercício de trabalho externo, nem o direito à remição III - Previdência Social;
da pena, desde que preenchidos todos os requisitos legais; IV - constituição de pecúlio;
- Horário especial de trabalho (§ único do art. 33 da V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o
Lep): Permitido aos presos que trabalham na manutenção trabalho, o descanso e a recreação;
e conservação do estabelecimento prisional; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais,
artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis
com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional,
social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensaciona-
lismo;
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IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e integridade física e moral do condenado.
amigos em dias determinados; § 2º É vedado o emprego de cela escura.
XI - chamamento nominal; § 3º São vedadas as sanções coletivas.
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigên-
cias da individualização da pena; Comentário: Princípio da anterioridade da lei, pois
XIII - audiência especial com o diretor do estabeleci- somente haverá sanção disciplinar com expressa previsão
mento; legal.
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, É expressamente proibido a aplicação de sanções
em defesa de direito; disciplinares ilegais.
XV - contato com o mundo exterior por meio de cor-
respondência escrita, da leitura e de outros meios de infor- Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da exe-
mação que não comprometam a moral e os bons costumes. cução da pena ou da prisão, será cientificado das normas
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmen- disciplinares.
te, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária
competente. Comentário: Ao entrar no estabelecimento prisional o
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X condenado ou o preso provisório deve ser cientificado das
e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato normas disciplinares a que está sujeito;
motivado do diretor do estabelecimento.
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena priva-
Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido tiva de liberdade, será exercido pela autoridade administra-
à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta tiva conforme as disposições regulamentares.
Seção.
Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o
Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico poder disciplinar será exercido pela autoridade administra-
de confiança pessoal do internado ou do submetido a tra- tiva a que estiver sujeito o condenado.
tamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes,
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade repre-
a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
sentará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118,
Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial
inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.
e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
Comentário art. 47 e 48: No que diz respeito à execu-
Comentário aos artigos 40, 41, 42 e 43: O presente
ção das penas privativas de liberdade, caberá à autoridade
artigo dispõe sobre os direito dos condenados e presos
administrativa indicada;
provisórios e ainda ao submetido à medida de segurança,
Já nas penas restritivas de direitos, caberá à autoridade
devendo, portanto, todas as autoridades o respeito à inte-
gridade física e moral dos mesmos. O artigo 41 especifica administrativa responsável pelo condenado;
os direitos a fim de esclarece-los de forma clara e cabal.
O artigo 43 Traz o direito ao internado ou submetido SUBSEÇÃO II
a tratamento a contratar médico de confiança pessoa para Das Faltas Disciplinares
realizar seu tratamento.
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves,
SEÇÃO III médias e graves. A legislação local especificará as leves e
Da Disciplina médias, bem assim as respectivas sanções.
SUBSEÇÃO I Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção cor-
Disposições Gerais respondente à falta consumada.
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a or- Comentário: As faltas disciplinares são classificadas
dem, na obediência às determinações das autoridades e em: Leves, médias e graves. Frise-se que a pena disciplinar
seus agentes e no desempenho do trabalho. pelo cometimento de falta disciplinar tentada, será a mes-
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condena- ma aplicada à falta consumada.
do à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e
o preso provisório. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena priva-
tiva de liberdade que:
Comentário: Ao ingressar no estabelecimento prisio- I - incitar ou participar de movimento para subverter a
nal o condenado ou o preso provisório deve ser cientifica- ordem ou a disciplina;
do das normas disciplinares a que está sujeito; II - fugir;
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem ofender a integridade física de outrem;
expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. IV - provocar acidente de trabalho;
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V - descumprir, no regime aberto, as condições impos- Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão
tas; aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do
do artigo 39, desta Lei. juiz competente.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho § 1o A autorização para a inclusão do preso em regi-
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação me disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado
com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra auto-
pela Lei nº 11.466, de 2007) ridade administrativa.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em re-
que couber, ao preso provisório. gime disciplinar será precedida de manifestação do Minis-
tério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restri- quinze dias.
tiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; Art. 55. As recompensas têm em vista o bom compor-
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da tamento reconhecido em favor do condenado, de sua co-
obrigação imposta; laboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V,
do artigo 39, desta Lei. Art. 56. São recompensas:
I - o elogio;
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso II - a concessão de regalias.
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da or- Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos
dem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou estabelecerão a natureza e a forma de concessão de rega-
condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disci- lias.
plinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem Comentários aos artigos 53 a 56: As sanções disci-
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de plinares serão aplicadas pelo diretor do estabelecimento,
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; por meio de Advertência verbal, repreensão; suspensão ou
II - recolhimento em cela individual; restrição de direitos, por até 30 dias; e, isolamento na pró-
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as pria cela, por até 30 dias, ressalvada a hipótese do regime
crianças, com duração de duas horas; disciplinar diferenciado, devidamente comunicado ao juiz
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas da execução.
diárias para banho de sol. As sanções serão aplicadas por prévio e fundamentado
§ 1o O regime disciplinar diferenciado também pode- despacho do juiz competente.
rá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou O artigo 56 trata das recompensas existentes as quais
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a consistem no elogio e concessão de regalias, em razão do
segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. bom comportamento, colaboração com a disciplina e de-
§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar di- dicação ao trabalho.
ferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual
recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participa- SUBSEÇÃO IV
ção, a qualquer título, em organizações criminosas, quadri- Da Aplicação das Sanções
lha ou bando.
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-
Comentários aos artigos 50, 51 e 52: Faltas graves -se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e
praticadas pelo condenado à pena privativa de liberdade as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e
O artigo 50 dispõe acerca das faltas graves praticadas seu tempo de prisão.
pelo condenado à pena restritiva de direitos. O cometi- Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as san-
mento de crime doloso pelo sentenciado, constitui falta ções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei.
grave, sem prejuízo da sanção penal correspondente
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de di-
SUBSEÇÃO III reitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipó-
Das Sanções e das Recompensas tese do regime disciplinar diferenciado.
Parágrafo único. O isolamento será sempre comunica-
Art. 53. Constituem sanções disciplinares: do ao Juiz da execução.
I - advertência verbal;
II - repreensão; SUBSEÇÃO V
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, pa- Do Procedimento Disciplinar
rágrafo único);
IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instau-
nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, rado o procedimento para sua apuração, conforme regula-
observado o disposto no artigo 88 desta Lei. mento, assegurado o direito de defesa.
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. Parágrafo único. A decisão será motivada.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção
o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez de estabelecimentos penais e casas de albergados;
dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferencia- VII - estabelecer os critérios para a elaboração da esta-
do, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, de- tística criminal;
penderá de despacho do juiz competente. VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos pe-
Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão nais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Con-
preventiva no regime disciplinar diferenciado será compu- selho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios,
tado no período de cumprimento da sanção disciplinar. acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados,
Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela
TÍTULO III incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;
Dos Órgãos da Execução Penal IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
CAPÍTULO I administrativa para instauração de sindicância ou proce-
dimento administrativo, em caso de violação das normas
Disposições Gerais
referentes à execução penal;
X - representar à autoridade competente para a inter-
Art. 61. São órgãos da execução penal:
dição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Peniten-
ciária; Comentários aos artigos 62, 63 e 64: Os artigos deste
II - o Juízo da Execução; Capítulo tratam do Conselho Nacional de Política Criminal
III - o Ministério Público; e Penitenciária, especificando sua integração, suas ativida-
IV - o Conselho Penitenciário; des e ainda a elencando minuciosamente a incumbência
V - os Departamentos Penitenciários; do referido Conselho, o qual possui sede na Capital da Re-
VI - o Patronato; pública e é subordinado ao Ministério da Justiça.
VII - o Conselho da Comunidade.
VIII - a Defensoria Pública. CAPÍTULO III
Do Juízo da Execução
CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de Política Criminal e Peni- Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado
tenciária na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao
da sentença.
Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
nitenciária, com sede na Capital da República, é subordina- Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
do ao Ministério da Justiça. I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qual-
quer modo favorecer o condenado;
Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Pe- II - declarar extinta a punibilidade;
nitenciária será integrado por 13 (treze) membros designa- III - decidir sobre:
dos através de ato do Ministério da Justiça, dentre profes- a) soma ou unificação de penas;
sores e profissionais da área do Direito Penal, Processual b) progressão ou regressão nos regimes;
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por c) detração e remição da pena;
representantes da comunidade e dos Ministérios da área d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
social.
f) incidentes da execução.
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conse-
IV - autorizar saídas temporárias;
lho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço)
V - determinar:
em cada ano.
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direi-
tos e fiscalizar sua execução;
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito em privativa de liberdade;
federal ou estadual, incumbe: c) a conversão da pena privativa de liberdade em res-
I - propor diretrizes da política criminal quanto à pre- tritiva de direitos;
venção do delito, administração da Justiça Criminal e exe- d) a aplicação da medida de segurança, bem como a
cução das penas e das medidas de segurança; substituição da pena por medida de segurança;
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de de- e) a revogação da medida de segurança;
senvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da políti- f) a desinternação e o restabelecimento da situação
ca criminal e penitenciária; anterior;
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal g) o cumprimento de pena ou medida de segurança
para a sua adequação às necessidades do País; em outra comarca;
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; h) a remoção do condenado na hipótese prevista no §
V - elaborar programa nacional penitenciário de for- 1º, do artigo 86, desta Lei.
mação e aperfeiçoamento do servidor; i) (VETADO);
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da me- Outrossim, a título exemplificativo, incumbi-lhe ainda,
dida de segurança; dentre outras atividades, o rol disposto no art. 68 da LEP,
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos vez que o mesmo não é taxativo.
penais, tomando providências para o adequado funciona-
mento e promovendo, quando for o caso, a apuração de CAPÍTULO V
responsabilidade; Do Conselho Penitenciário
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento
penal que estiver funcionando em condições inadequadas Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e
ou com infringência aos dispositivos desta Lei; fiscalizador da execução da pena.
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. § 1º O Conselho será integrado por membros
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal
e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área
Comentários aos artigos 65 e 66: A competência do do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
juiz da execução se inicia, em regra, com a possibilidade correlatas, bem como por representantes da comunidade. A
de que se execute a pena, seja pelo trânsito em julgado da legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento.
sentença condenatória. § 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário
A competência do Juiz da Execução Penal encontra-se terá a duração de 4 (quatro) anos.
no artigo 66 da presente Lei, rol que por sua vez, é mera-
mente exemplificativo, vez que na Lei de Execução Penal Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
é possível encontrar outras competências e atribuições do I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
juiz da execução criminal que não estão inseridas no art. 66. excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
Dentre as competências do juiz da execução criminal estado de saúde do preso;
está a de efetivar a lei penal mais benéfica, mesmo que II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
esta tenha sido publicada após o trânsito em julgado da III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
sentença condenatória. ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária,
relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
CAPÍTULO IV IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistên-
Do Ministério Público cia aos egressos.
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da Comentários aos artigos 69 e 70: O Conselho Peni-
pena e da medida de segurança, oficiando no processo tenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da
executivo e nos incidentes da execução. pena, devendo emitir parecer sobre livramento condicio-
nal, indulto, comutação de pena e inspecionar os estabele-
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: cimentos penais.
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhi- O Conselho Penitenciário é integrado por profissionais
mento e de internamento; da área do Direito Penal, Processo Penal, Penitenciário e
II - requerer: ciências correlatas, nomeados pelo governador do Estado,
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- cabendo a legislação federal e estadual regular seu funcio-
mento do processo executivo; namento.
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; CAPÍTULO VI
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a Dos Departamentos Penitenciários
substituição da pena por medida de segurança; SEÇÃO I
d) a revogação da medida de segurança; Do Departamento Penitenciário Nacional
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão
nos regimes e a revogação da suspensão condicional da Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, su-
pena e do livramento condicional; bordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e
da situação anterior. financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Pe-
III - interpor recursos de decisões proferidas pela auto- nitenciária.
ridade judiciária, durante a execução.
Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visita- Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário
rá mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a Nacional:
sua presença em livro próprio. I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execu-
ção penal em todo o Território Nacional;
Comentários aos artigos 67 e 68: O Ministério Públi- II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabele-
co tem como função primordial a fiscalização. Assim, giza o cimentos e serviços penais;
art. 67 da Lei de Execução Penal que tal órgão “fiscalizará a III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na
execução da pena e da medida de segurança, oficiando no implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta
processo executivo e nos incidentes da execução”. Lei;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será orga-
convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços nizado em diferentes categorias funcionais, segundo as
penais; necessidades do serviço, com especificação de atribuições
V - colaborar com as Unidades Federativas para a rea- relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do
lização de cursos de formação de pessoal penitenciário e estabelecimento e às demais funções.
de ensino profissionalizante do condenado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especia-
federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em lizado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vo-
estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de cação, preparação profissional e antecedentes pessoais do
penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de ou- candidato.
tra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
regime disciplinar. progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos
específicos de formação, procedendo-se à reciclagem
Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento
periódica dos servidores em exercício.
a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e § 2º No estabelecimento para mulheres somente se
de internamento federais. permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
quando se tratar de pessoal técnico especializado.
Comentários aos artigos 71 e 72: Departamento Pe-
nitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, Comentários aos artigos 75, 76 e 77: Os artigos desta
é órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de seção tratam da Direção e do Pessoal dos Estabelecimen-
apoio administrativo e financeiro do CNPCP. É um órgão tos Penais. O Diretor de estabelecimentos penais deverá
superior de controle, destinado a instrumentar a aplicação obedecer aos requisitos do artigo 75, devendo ainda residir
da LEP e das diretrizes da política criminal adotadas pelo no estabelecimento penal ou nas proximidades, com dedi-
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. cação exclusiva à função.
A finalidade do Departamento é viabilizar condições O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em
para que se possa implantar um ordenamento adminis- diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades
trativo e técnico, harmônico e homogênico, capaz de de- do serviço, conforme disposto nos artigos 76 e 77 desta Lei.
senvolver bem a política penitenciária. O referido Conse-
lho realiza dentre suas atribuições, o acompanhamento da CAPÍTULO VII
aplicação das normas de execução penal em todo o Terri- Do Patronato
tório Nacional, a inspeção dos estabelecimentos prisionais,
Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a
e assistência técnica as Unidades Federativas.
prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo
26).
SEÇÃO II
Do Departamento Penitenciário Local Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que es- de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;
tabelecer. III - colaborar na fiscalização do cumprimento das con-
dições da suspensão e do livramento condicional.
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão
similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os Comentários aos artigos 78 e 79: O Patronato é uma
estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que instituição indispensável ao exercício da execução penal,
pertencer. que tem como função precípua prestar assistência jurídica
integral e gratuita aos presos e egressos[5], conforme art.
SEÇÃO III 78 da Lei n.º 7.210/84 – Lei de Execução Penal, exercendo
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Pe- suas atividades tanto na fase cautelar, quanto na fase exe-
cutória. O patronato pode ser público ou privado.
nais
Dentre suas atribuições estão a assistência aos alber-
gados e egressos, bem como à orientação sobre as penas
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabeleci- restritivas de direito, a fiscalização do cumprimento das pe-
mento deverá satisfazer os seguintes requisitos: nas de prestação de serviço à comunidade, das condições
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, da suspensão, do livramento condicional e limitação de fim
ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Servi- de semana.
ços Sociais;
II - possuir experiência administrativa na área; CAPÍTULO VIII
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o Do Conselho da Comunidade
desempenho da função.
Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabele- Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da Co-
cimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à munidade composto, no mínimo, por 1 (um) representan-
sua função. te de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado
10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil, II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público cumprir;
Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela Delegacia III - interpor recursos de decisões proferidas pela au-
Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. toridade judiciária ou administrativa durante a execução;
Parágrafo único. Na falta da representação prevista IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha administrativa para instauração de sindicância ou proce-
dos integrantes do Conselho. dimento administrativo em caso de violação das normas
referentes à execução penal;
Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade: V - visitar os estabelecimentos penais, tomando pro-
I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimen- vidências para o adequado funcionamento, e requerer,
tos penais existentes na comarca; quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
II - entrevistar presos; VI - requerer à autoridade competente a interdição, no
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução todo ou em parte, de estabelecimento penal.
e ao Conselho Penitenciário;
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e hu-
periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a
manos para melhor assistência ao preso ou internado, em
sua presença em livro próprio.
harmonia com a direção do estabelecimento.
Comentários aos artigos 80 e 81: Os Conselhos da Comentários aos artigos 81-A e 81B: A Defensoria
Comunidade têm como atribuições legais visitar, pelo me- Pública (a) é instituição permanente, essencial à função ju-
nos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes risdicional do Estado, sendo expressão e instrumento da
na comarca; entrevistar os presos; apresentar relatórios democracia cuja atribuição precípua é a orientação jurídica,
mensais ao juiz da execução e ao Conselho Penitenciário a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
e diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos fundamentais de forma integral e gratuita aos vulneráveis.
para melhor assistência ao preso ou internado, em harmo- Todos esses conceitos foram estampados com a Emenda
nia com a direção do respectivo estabelecimento prisional. Constitucional nº 80 no artigo 134 da Constituição Federal
de 1988.
CAPÍTULO IX A Defensoria na LEP atua na defesa dos interesses do
DA DEFENSORIA PÚBLICA hipossuficiente diante da demanda individual atua na Exe-
cução Penal junto às Varas de Execução Penal, funcionando
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular exe- como órgão que realiza a defesa processual necessária dos
cução da pena e da medida de segurança, oficiando, no indivíduos que não possuam condições de arcar com as
processo executivo e nos incidentes da execução, para a custas de um Advogado. Essa forma de atividade exercida
defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de pela Defensoria Pública se relaciona com a proteção dos
forma individual e coletiva. hipossuficientes, prestando a assistência jurídica gratuita,
nos moldes da atuação tradicional do órgão. As incumbên-
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: cias da Defensoria pública estão elencadas no artigo 81-B.
I - requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvi- TÍTULO IV
mento do processo executivo; Dos Estabelecimentos Penais
b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que CAPÍTULO I
de qualquer modo favorecer o condenado;
Disposições Gerais
c) a declaração de extinção da punibilidade;
d) a unificação de penas;
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao
e) a detração e remição da pena;
condenado, ao submetido à medida de segurança, ao pre-
f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio
de execução; so provisório e ao egresso.
g) a aplicação de medida de segurança e sua revoga- § 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente,
ção, bem como a substituição da pena por medida de se- serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à
gurança; sua condição pessoal.
h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá
suspensão condicional da pena, o livramento condicional, abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que
a comutação de pena e o indulto; devidamente isolados.
i) a autorização de saídas temporárias;
j) a internação, a desinternação e o restabelecimento Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua na-
da situação anterior; tureza, deverá contar em suas dependências com áreas e
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho,
em outra comarca; recreação e prática esportiva.
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § § 1º Haverá instalação destinada a estágio de
1o do art. 86 desta Lei; estudantes universitários.
11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 84. O preso provisório ficará separado do conde- Art. 88. O condenado será alojado em cela individual
nado por sentença transitada em julgado. que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.
§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade ce-
daquela reservada para os reincidentes. lular:
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fa-
Administração da Justiça Criminal ficará em dependência tores de aeração, insolação e condicionamento térmico
separada. adequado à existência humana;
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação
compatível com a sua estrutura e finalidade. Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a peni-
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Cri- tenciária de mulheres será dotada de seção para gestante
minal e Penitenciária determinará o limite máximo de ca- e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de
pacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade
peculiaridades. de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver
presa.
Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da
Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas creche referidas neste artigo:
em outra unidade, em estabelecimento local ou da União. I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e
penal em local distante da condenação para recolher os em unidades autônomas; e
condenados, quando a medida se justifique no interesse da II – horário de funcionamento que garanta a melhor
segurança pública ou do próprio condenado. assistência à criança e à sua responsável.
§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele
poderão trabalhar os liberados ou egressos que se Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em
dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras local afastado do centro urbano, à distância que não res-
ociosas. trinja a visitação.
§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da au-
toridade administrativa definir o estabelecimento prisional Comentários sobre os artigos 87, 88, 89 e 90: Peni-
adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, tenciária terá uma cela individual com dormitório, aparelho
em atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. sanitário e lavatório, com área mínima de 6 metros qua-
drados;
Comentários aos artigos 82 a 86: Os estabelecimen- A União Federal, os Estados e o Distrito Federal po-
tos penais são destinados aos condenados (regime fecha- derão construir penitenciária exclusivamente para presos
do, semiaberto e aberto), aos submetidos à medida de se- provisórios e aos presos em regime fechado, sujeitos ao
gurança, ao preso provisório e ao egresso Regime Disciplinar Diferenciado.
A definição dos tipos de estabelecimentos penais ba-
sicamente é a finalidade original das unidades. De acordo CAPÍTULO III
com a presente Lei, penitenciária é a unidade prisional des- Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
tinada aos condenados a cumprir pena no regime fechado,
enquanto as colônias agrícolas, industriais ou similares são Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar des-
destinadas aos presos do regime semiaberto e a casa do al- tina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.
bergado, aqueles em regime aberto. Detentos provisórios
devem aguardar o julgamento em cadeia pública. Há ainda Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compar-
os hospitais de custódia, onde deve cumprir medida de se- timento coletivo, observados os requisitos da letra a, do
gurança quem cometeu crime por algum problema mental parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
e foi, por isso, considerado inimputável ou semi-imputável. Parágrafo único. São também requisitos básicos das
dependências coletivas:
12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
a) a seleção adequada dos presos; Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber,
b) o limite de capacidade máxima que atenda os obje- o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
tivos de individualização da pena.
Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
Comentários sobre os artigos 91 e 92: Colônia agrí- necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os
cola, industrial ou similar para pena de reclusão ou deten- internados.
ção em regime semi-aberto: Alojamento coletivo, dentre
outros requisitos; Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo
97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hos-
CAPÍTULO IV pital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro
Da Casa do Albergado
local com dependência médica adequada.
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumpri-
mento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e Comentários aos artigos 99, 100, 101. O Hospital de
da pena de limitação de fim de semana. custódia e tratamento psiquiátrico é Destinado aos doen-
tes mentais, aos portadores de desenvolvimento mental in-
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, completo ou retardado e aos que manifestam perturbação
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se das faculdades mentais. O referido estabelecimento possui
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga. os mesmos requisitos da Penitenciária;
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa CAPÍTULO VII
do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos Da Cadeia Pública
para acomodar os presos, local adequado para cursos e
palestras. Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações de presos provisórios.
para os serviços de fiscalização e orientação dos conde-
nados. Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) ca-
deia pública a fim de resguardar o interesse da Administra-
Comentários aos artigos 93, 94 e 95: Casa do alber-
ção da Justiça Criminal e a permanência do preso em local
gado é destinada ao cumprimento do regime aberto e à
próximo ao seu meio social e familiar.
pena de limitação de fim de semana. O Prédio é desprovido
de obstáculos para fuga.
Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo
CAPÍTULO V será instalado próximo de centro urbano, observando-se
Do Centro de Observação na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88
e seu parágrafo único desta Lei.
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão Comentários acerca dos artigos 102, 103 e 104. A
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação. cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos pro-
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas visórios. Acerca da Cadeia pública que é destinada ao pre-
pesquisas criminológicas. so provisório, haverá, pelo menos, uma em cada Comarca,
com os mesmos requisitos da penitenciária;
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em uni-
dade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal. TÍTULO V
Da Execução das Penas em Espécie
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comis- CAPÍTULO I
são Técnica de Classificação, na falta do Centro de Obser- Das Penas Privativas de Liberdade
vação.
SEÇÃO I
Disposições Gerais
Comentários aos artigos 96, 97 e 98. Centro de ob-
servação é local utilizado para realização dos exames gerais
e o criminológico. Onde os exames poderão ser realizados Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar
pela Comissão Técnica de Classificação. pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser
preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento
para a execução.
CAPÍTULO VI
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escri-
vão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátri- Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida
co destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos da execução e conterá:
no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal. I - o nome do condenado;
13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto
será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por o condenado que:
outro motivo não estiver preso. I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de
fazê-lo imediatamente;
Comentário: Com cumprimento integral da pena ha- II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resul-
verá a expedição de alvará de soltura, caso não permaneça tado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de
preso por outro. que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsa-
bilidade, ao novo regime.
14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho de regime deverá ser ouvido, previamente, o apenado – art.
as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei. 118, § 2° - audiência de justificativa. * quando o apenado
sofrer condenação, por crime anterior, cuja soma da pena
Comentários aos artigos 113 e 144: Progressão para restante com a nova condenação torne impossível a manu-
o regime aberto. Requisitos: Além dos previstos no caput tenção do regime (art. 111).
do art. 112 da Lep e seu § 1º,o condenado deve estar traba- É importante ilustrar que é nula a decisão que regride o
lhando ou comprovar que poderá fazê-lo imediatamente, regime prisional sem a prévia oitiva do apenado nos casos
devendo aceitar o seu programa e as condições impostas do inciso I do artigo 118 da LEP.
na sentença.
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais complementares para o cumprimento da pena privativa de
para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das se- liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Pe-
guintes condições gerais e obrigatórias: nal).
I - permanecer no local que for designado, durante o
repouso e nos dias de folga; SEÇÃO III
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados; Das Autorizações de Saída
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem auto- SUBSEÇÃO I
rização judicial; Da Permissão de Saída
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
suas atividades, quando for determinado. Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regi-
me fechado ou semi-aberto e os presos provisórios pode-
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabe- rão obter permissão para sair do estabelecimento, median-
lecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da te escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
autoridade administrativa ou do condenado, desde que as I - falecimento ou doença grave do cônjuge, compa-
circunstâncias assim o recomendem. nheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo úni-
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do bene- co do artigo 14).
ficiário de regime aberto em residência particular quando Parágrafo único. A permissão de saída será concedida
se tratar de: pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
Art. 121. A permanência do preso fora do estabeleci-
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou
mento terá a duração necessária à finalidade da saída.
mental;
IV - condenada gestante.
Comentários aos artigos 120 e 121: Permissão de
saída é autorização concedida pelo diretor do estabeleci-
Comentário: Para cumprir a pena em residência parti-
mento penal aos presos em regime fechado, semi-aberto e
cular o preso deverá estar em regime aberto e se enqua-
provisório, para saírem do estabelecimento prisional, com
drar em uma das quatro hipóteses do artigo 117 da pre-
sente Lei. escolta, pelo tempo necessário para: falecimento ou doen-
ça grave do cônjuge, companheira, ascendente, descen-
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade fi- dente ou irmão; ou, para tratamento médico;
cará sujeita à forma regressiva, com a transferência para
qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condena- SUBSEÇÃO II
do: Da Saída Temporária
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave; Art. 122. Os condenados que cumprem pena em re-
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, gime semi-aberto poderão obter autorização para saída
somada ao restante da pena em execução, torne incabível temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
o regime (artigo 111). seguintes casos:
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, I - visita à família;
além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar II - frequência a curso supletivo profissionalizante, bem
os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do
cumulativamente imposta. Juízo da Execução;
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, III - participação em atividades que concorram para o
deverá ser ouvido previamente o condenado. retorno ao convívio social.
Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não
Comentário: A execução da pena está sujeita a forma impede a utilização de equipamento de monitoração ele-
regressiva quando o apenado praticar fato definido como trônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz
crime doloso ou falta grave. Nesse caso, antes da regressão da execução.
15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 123. A autorização será concedida por ato motiva- Comentário: O presente artigo trata da revogação da
do do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a saída temporária e da Recuperação do benefício.
administração penitenciária e dependerá da satisfação dos
seguintes requisitos: SEÇÃO IV
I - comportamento adequado; Da Remição
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reinci- Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime
dente; fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por
III - compatibilidade do benefício com os objetivos da estudo, parte do tempo de execução da pena. .
pena. § 1o A contagem de tempo referida no caput será feita
à razão de:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de fre-
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 quência escolar - atividade de ensino fundamental, médio,
(quatro) vezes durante o ano. inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de re-
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao qualificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três)
beneficiário as seguintes condições, entre outras que en- dias;
tender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situa- II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
ção pessoal do condenado: § 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste
I - fornecimento do endereço onde reside a família a artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou
ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo por metodologia de ensino a distância e deverão ser cer-
do benefício; tificadas pelas autoridades educacionais competentes dos
II - recolhimento à residência visitada, no período no- cursos frequentados.
turno; § 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e es- horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de
tabelecimentos congêneres. forma a se compatibilizarem.
§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profis- § 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosse-
sionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o guir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se
tempo de saída será o necessário para o cumprimento das com a remição.
atividades discentes. § 5o O tempo a remir em função das horas de estudo
§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída so- será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do
mente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 ensino fundamental, médio ou superior durante o cumpri-
(quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. mento da pena, desde que certificada pelo órgão compe-
tente do sistema de educação.
Comentários aos artigos 122, 123 e 124: Os referi- § 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto
dos artigos tratam da possibilidade dos condenados que ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional po-
cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter au- derão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou
torização para saída temporária do estabelecimento, sem de educação profissional, parte do tempo de execução da
vigilância direta. A saída temporária é própria do regime pena ou do período de prova, observado o disposto no
semi-aberto, a ser deferida pelo Juiz da execução, em 5 inciso I do § 1o deste artigo.
oportunidades de 7 dias (total de 35 dias), para visita à § 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de
família, frequência a curso supletivo ou profissionalizan- prisão cautelar.
te, bem como de instrução de 2º grau, ou superior e para § 8o A remição será declarada pelo juiz da execução,
participação em atividades que concorram para retorno ao ouvidos o Ministério Público e a defesa.
convívio social, após a satisfação dos seguintes requisitos:
Se primário, o cumprimento de mais de 1/6 da pena, e ¼ Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar
se reincidente; bom comportamento; e, compatibilidade até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto
do benefício com os objetivos da pena, ouvida a adminis- no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da
tração do estabelecimento e ainda o Ministério Público. infração disciplinar.
Art. 125. O benefício será automaticamente revogado Art. 128. O tempo remido será computado como pena
quando o condenado praticar fato definido como crime cumprida, para todos os efeitos.
doloso, for punido por falta grave, desatender as condições
impostas na autorização ou revelar baixo grau de aprovei- Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará
tamento do curso. mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída tem- todos os condenados que estejam trabalhando ou estu-
porária dependerá da absolvição no processo penal, do dando, com informação dos dias de trabalho ou das horas
cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada
do merecimento do condenado. um deles.
16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabe- - Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; e,
lecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio - Não mudar do território da Comarca do Juízo da Exe-
de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequên- cução, sem autorização prévia.
cia e o aproveitamento escolar.
§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias re- Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da
midos. comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sen-
tença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se
Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código houver transferido e à autoridade incumbida da observa-
Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço ção cautelar e de proteção.
para fim de instruir pedido de remição.
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de
Comentário aos artigos 126, 127, 128, 129 e 130: A apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no
Remição é o desconto de 1 dia da pena a cada 3 dias tra- artigo anterior.
balhados para os condenados em regime fechado e semi-
-aberto. O condenado em regime aberto, em livramento Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livra-
condicional e à pena restritiva de direitos, não tem direito mento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as
à remição; providências cabíveis.
A remição será para o preso impossibilitado de traba-
lhar por doença (§ 2º do art. 126 da Lep): Tem direito à Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a car-
remição de pena: o preso que não trabalha por não ter sido ta de livramento com a cópia integral da sentença em 2
atribuído trabalho pelo estabelecimento penal; a remição (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
pelo estudo: Alguns tribunais de justiça estaduais têm con- incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.
cedido o benefício. A utilização do tempo remido ocorre
não apenas para o livramento e indulto, mas também, para Comentário: A carta de livramento citada no presente
progressão prisional. artigo, corresponde a guia de recolhimento.
Frise-se por fim que a prática de falta grave gera a per-
da de todo o tempo remido por sentença. Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do
SEÇÃO V Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sen-
Do Livramento Condicional do cumprida a pena, observando-se o seguinte:
I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos
Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedi- demais condenados, pelo Presidente do Conselho Peniten-
do pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo ciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;
83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o II - a autoridade administrativa chamará a atenção do
Ministério Público e Conselho Penitenciário. liberando para as condições impostas na sentença de li-
vramento;
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as con- III - o liberando declarará se aceita as condições.
dições a que fica subordinado o livramento. § 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando,
obrigações seguintes: ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se § 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da
for apto para o trabalho; execução.
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da exe- Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal,
cução, sem prévia autorização deste. ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que
§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade ju-
entre outras obrigações, as seguintes: diciária ou administrativa, sempre que lhe for exigida.
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e § 1º A caderneta conterá:
à autoridade incumbida da observação cautelar e de pro- a) a identificação do liberado;
teção; b) o texto impresso do presente Capítulo;
b) recolher-se à habitação em hora fixada; c) as condições impostas.
c) não frequentar determinados lugares. § 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
d) (VETADO) um salvo-conduto, em que constem as condições do
livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação
Comentário: Condições estabelecidas pelo magistrado ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam
na sentença concessiva do livramento condicional obriga- identificá-lo.
tórias: § 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver
- Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se espaço para consignar-se o cumprimento das condições
for apto para o trabalho; referidas no artigo 132 desta Lei.
17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas Comentário: O presente artigo trata do prazo do Li-
por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da vramento condicional sem causa de revogação, da extinção
Comunidade terão a finalidade de: da punibilidade.
I - fazer observar o cumprimento das condições espe-
cificadas na sentença concessiva do benefício; Seção VI
II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução Da Monitoração Eletrônica
de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de ativida-
de laborativa. Art. 146-A. (VETADO).
Parágrafo único. A entidade encarregada da observa-
ção cautelar e da proteção do liberado apresentará relató- Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio
rio ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação da monitoração eletrônica quando:
prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei. I - (VETADO);
II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto;
Art. 140. A revogação do livramento condicional dar- III - (VETADO);
-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código IV - determinar a prisão domiciliar;
Penal. V - (VETADO);
Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na Parágrafo único. (VETADO).
hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o
liberado ou agravar as condições. Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cui-
dados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e
Art. 141. Se a revogação for motivada por infração pe- dos seguintes deveres:
nal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como I - receber visitas do servidor responsável pela moni-
tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo toração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir
permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do suas orientações;
tempo das 2 (duas) penas. II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não
III - (VETADO);
se computará na pena o tempo em que esteve solto o libe-
Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres
rado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena,
previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da
novo livramento.
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa:
I - a regressão do regime;
Art. 143. A revogação será decretada a requerimento
II - a revogação da autorização de saída temporária;
do Ministério Público, mediante representação do Conse- III - (VETADO);
lho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado. IV - (VETADO);
V - (VETADO);
Comentário: Acerca do presente artigo, é preciso ilus- VI - a revogação da prisão domiciliar;
trar que o liberado deverá sempre ser ouvido antes da re- VII - advertência, por escrito, para todos os casos em
vogação do livramento condicional. que o juiz da execução decida não aplicar alguma das me-
didas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo.
Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da Defensoria Pública ou mediante representação Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revo-
do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá gada:
modificar as condições especificadas na sentença, devendo I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que
autoridades ou funcionários indicados no inciso I do caput estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta gra-
do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e ve.
III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo.
Comentários aos artigos 146 B, 146 C e 146 D: Os
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, artigos aqui tratados, dispõe acerca da monitoração ele-
o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Pe- trônica.
nitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do O juiz da execução poderá sentenciar a fiscalização por
livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará meio eletrônico nas hipóteses de autorização à saída tem-
dependendo da decisão final. porária no regime semiaberto e na prisão domiciliar.
Frise- se que a utilização do monitoramento eletrônico
Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interes- requer cuidados e deveres pelo apenado, devendo receber
sado, do Ministério Público ou mediante representação do visitas do servidor responsável pela monitoração eletrôni-
Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de ca, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações
liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação. e não remover, violar, modificar ou violar o dispositivo e
nem permitir que outra pessoa o faça.
18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
O artigo 146-D traz em seu contexto os casos de revo- § 2º A execução terá início a partir da data do primeiro
gação da sentença que determina a utilização do monito- comparecimento.
ramento eletrônico nas hipóteses em se tornar desneces-
sário ou inadequado ou se o acusado ou condenado violar Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou, serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
ainda, quando cometer falta grave. relatório circunstanciado das atividades do condenado,
Ilustre-se a importância do monitoramento eletrônico bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausên-
não só como ferramenta de segurança pública, mas tam- cia ou falta disciplinar.
bém pela redução de custos aos cofres do Estado com a
manutenção do condenado. SEÇÃO III
Da Limitação de Fim de Semana
CAPÍTULO II
Das Penas Restritivas de Direitos Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a inti-
SEÇÃO I mação do condenado, cientificando-o do local, dias e ho-
Disposições Gerais rário em que deverá cumprir a pena.
Parágrafo único. A execução terá início a partir da data
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou do primeiro comparecimento.
a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício
ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a exe- Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, du-
cução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, rante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atri-
a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a parti- buídas atividades educativas.
culares. Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
contra a mulher, o juiz poderá determinar o compareci-
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, mento obrigatório do agressor a programas de recupera-
motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das pe-
ção e reeducação.
nas de prestação de serviços à comunidade e de limitação
de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do
Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará,
condenado e às características do estabelecimento, da en-
mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim
tidade ou do programa comunitário ou estatal.
comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta discipli-
nar do condenado.
Comentário aos artigos 147 e 148: O presente Ca-
pítulo trata das penas restritivas de direito. É imprescindí-
SEÇÃO IV
vel ilustrar recente decisão do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), que suspendeu a execução de pena restritiva de direi- Da Interdição Temporária de Direitos
tos antes do trânsito em julgado da condenação – e deferiu
o pedido de liminar em habeas corpus HC 431242. Frise-se Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à auto-
que embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha deci- ridade competente a pena aplicada, determinada a intima-
dido pela viabilidade da execução antecipada da pena após ção do condenado.
condenação em segunda instância, essa possibilidade não § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
se estende às penas restritivas de direitos, tendo em vista o inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte
artigo 147 da Lei de Execução Penal (LEP). e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar
ato, a partir do qual a execução terá seu início.
SEÇÃO II § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do
Da Prestação de Serviços à Comunidade Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão
dos documentos, que autorizam o exercício do direito
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: interditado.
I - designar a entidade ou programa comunitário ou
estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamen-
ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de te ao Juiz da execução o descumprimento da pena.
acordo com as suas aptidões; Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo
II - determinar a intimação do condenado, cientifican- poderá ser feita por qualquer prejudicado.
do-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a
pena; Comentários aos artigos 154 e 155: Interdição tem-
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às porária de direitos, consiste na proibição do exercício de
modificações ocorridas na jornada de trabalho. cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou
e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em ofício que dependam de habilitação, de licença ou autori-
dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de zação do poder público e a suspensão de autorização de
trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz. habilitação para dirigir veículo
19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Cus-
quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 tódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamen-
do Código Penal). to ambulatorial, para cumprimento de medida de seguran-
ça, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.
Comentário: Pena de multa e superveniência de doen-
ça mental (art. 167 da Lep c/c o art. 52 do CP): A execução Comentário aos 171 e 172: Início da execução da me-
da pena de multa ficará suspensa didas de segurança: Com o trânsito em julgado da senten-
ça, a expedição da “Guia” de internamento ou tratamento
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da ambulatorial e o início da medida.
multa se efetue mediante desconto no vencimento ou sa-
lário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento am-
Código Penal, observando-se o seguinte: bulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas
I - o limite máximo do desconto mensal será o da quar- as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à au-
ta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo; toridade administrativa incumbida da execução e conterá:
II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a I - a qualificação do agente e o número do registro
geral do órgão oficial de identificação;
quem de direito;
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
III - o responsável pelo desconto será intimado a reco-
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
lher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância
trânsito em julgado;
determinada. III - a data em que terminará o prazo mínimo de inter-
nação, ou do tratamento ambulatorial;
Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o ar- IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis
tigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o ao adequado tratamento ou internamento.
pagamento da multa em prestações mensais, iguais e su- § 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de
cessivas. recolhimento e de sujeição a tratamento.
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar § 2° A guia será retificada sempre que sobrevier
diligências para verificar a real situação econômica do modificações quanto ao prazo de execução.
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número
de prestações. Comentário: Requisitos da “Guia de internamento” ou
§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de “Guia de tratamento ambulatorial” (incisos do art. 173 da
situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Lep):
Ministério Público, revogará o benefício executando-se a A qualificação do agente e o número do registro geral
multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo- do órgão oficial de identificação;
se na execução já iniciada. O inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do
Comentário: O condenado poderá requerer ao juiz o trânsito em julgado;
pagamento da multa em prestações mensais no prazo de A data em que terminará o prazo mínimo de interna-
10 dias. ção, ou do tratamento ambulatorial;
Outras peças do processo reputadas indispensáveis ao
Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumu- adequado tratamento ou internamento.
lativamente com pena privativa da liberdade, enquanto
esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de se-
mediante desconto na remuneração do condenado (artigo gurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e
9° desta Lei.
168).
§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de
CAPÍTULO II
liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
Da Cessação da Periculosidade
resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste
Capítulo. Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos no fim do prazo mínimo de duração da medida de segu-
casos em que for concedida a suspensão condicional da rança, pelo exame das condições pessoais do agente, ob-
pena. servando-se o seguinte:
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de
TÍTULO VI expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá
Da Execução das Medidas de Segurança ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a
CAPÍTULO I revogação ou permanência da medida;
Disposições Gerais II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as dili-
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar gências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Públi-
medida de segurança, será ordenada a expedição de guia co e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para
para a execução. cada um;
21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
que não o tiver; em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do arti-
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer go 45 e seus incisos do Código Penal.
das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que § 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
expirado o prazo de duração mínima da medida de segu- será convertida quando o condenado:
rança; a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que sabido, ou desatender a intimação por edital;
se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou
prazo de 5 (cinco) dias. programa em que deva prestar serviço;
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do que lhe foi imposto;
prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá d) praticar falta grave;
o Juiz da execução, diante de requerimento fundamenta- e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa
do do Ministério Público ou do interessado, seu procura- de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.
dor ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a § 2º A pena de limitação de fim de semana será
cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do convertida quando o condenado não comparecer ao
artigo anterior. estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou
Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a se ocorrer qualquer das hipóteses das letras «a», «d» e «e»
cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for do parágrafo anterior.
aplicável, o disposto no artigo anterior. § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
convertida quando o condenado exercer, injustificadamente,
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de libe- o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses
ração (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o dis- das letras «a» e «e», do § 1º, deste artigo.
posto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
Art. 182. (Revogado)
Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expe-
dirá ordem para a desinternação ou a liberação.
Art. 183. Quando, no curso da execução da pena pri-
vativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturba-
Comentário aos artigos 171 a 179: Sistema “vicarian-
ção da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do
te” ou “unitário, aplica-se somente uma das sanções, pena
Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade
ao imputável ou medida de segurança ao inimputável,
administrativa, poderá determinar a substituição da pena
obrigatoriamente, ou ao semi-imputável, facultativamente
e em substituição à pena quando o acusado necessitar de por medida de segurança.
especial tratamento curativo.
As medidas de segurança têm caráter exclusivamente Comentário: O juiz poderá determinar a substituição
preventivo e assistencial, aplicadas em decorrência da peri- da pena por medida de segurança, no caso do aparecimen-
culosidade do agente. to de doença mental.
Os artigos tratam também das espécies de medidas de
segurança com Internação em Hospital de custódia e tra- Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser conver-
tamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento tido em internação se o agente revelar incompatibilidade
adequado e tratamento ambulatorial em hospital de cus- com a medida.
tódia e tratamento psiquiátrico ou em outro local com de- Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
pendência adequada. internação será de 1 (um) ano.
22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou des- Comentário aos artigos 187 a 193: A Anistia é me-
vio de execução: dida de interesse coletivo, em regra inspirada por motivos
I - o Ministério Público; políticos, concedida pelo Congresso Nacional, atendendo
II - o Conselho Penitenciário; pedido de parte interessada (art. 48, VIII, da CF);
III - o sentenciado; O indulto é denominado ato de clemência do Poder
IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal. Público de competência exclusiva do Presidente da Repú-
blica (art. 84, XII da CF) em favor de um réu condenado (in-
Comentários aos artigos 185 e 186: Direitos preser- dulto individual) ou de natureza coletiva (indulto coletivo),
vados ao condenado e ao internado: O condenado tem o quando abrange vários condenados, desde que satisfeitos
direito de cumprir sua pena, tal como lhe foi imposta, no os requisitos do decreto presidencial.
regime fixado e pelo prazo determinado. Quem possui legitimidade para requerer a anistia ou
Haverá excesso quando ocorre violação de direito do indulto éo condenado; o Ministério Público; o Conselho Pe-
sentenciado e desvio quando ela se afasta dos parâmetros nitenciário; ou a autoridade administrativa.
legais estabelecidos. O artigo 186 traz os legitimados para
suscitar o excesso ou desvio de execução. TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial
CAPÍTULO III
Da Anistia e do Indulto Art. 194. O procedimento correspondente às situações
previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a reque- o Juízo da execução.
rimento do interessado ou do Ministério Público, por pro-
posta da autoridade administrativa ou do Conselho Peni- Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício,
tenciário, declarará extinta a punibilidade. a requerimento do Ministério Público, do interessado, de
quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descen-
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por dente, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou,
petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, ainda, da autoridade administrativa.
do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrati-
va. Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-
-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público,
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos do- quando não figurem como requerentes da medida.
cumentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Pe- § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz
nitenciário, para a elaboração de parecer e posterior enca- decidirá de plano, em igual prazo.
minhamento ao Ministério da Justiça. § 2º Entendendo indispensável a realização de prova
pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos produção daquela ou na audiência designada.
do processo e do prontuário, promoverá as diligências que
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilí- Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá re-
cito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a curso de agravo, sem efeito suspensivo.
exposição dos antecedentes do condenado e do procedi-
mento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre Comentário aos artigos 194 a 197: Será competente
o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade para execução penal o juiz indicado na lei de organização
ou circunstâncias omitidas na petição. judiciária local e, na sua ausência, o da sentença conde-
natória, salvo cumprimento da pena em local diverso da
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com do- condenação.
cumentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição O procedimento judicial perante o juízo da execução
será submetida a despacho do Presidente da República, a penal será iniciado de ofício, a requerimento do Ministé-
quem serão presentes os autos do processo ou a certidão rio Público; do interessado; de quem o represente; de seu
de qualquer de suas peças, se ele o determinar. cônjuge; parente ou descendente; mediante proposta do
Conselho Penitenciário; ou, da autoridade administrativa.
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos có- Frise-se que a portaria ou petição será autuada ouvin-
pia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará do-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Pú-
a execução aos termos do decreto, no caso de comutação. blico, quando não figurem como requerentes da medida.
O procedimento judicial previsto na execução penal terá
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto início pela autuação da portaria ou petição. O Recurso ca-
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, bível das decisões proferidas pelo Juiz da execução penal
do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Peni- será o recurso de agravo no prazo de cinco dias, sem efeito
tenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de suspensivo, com o processamento do recurso em sentido
acordo com o disposto no artigo anterior. estrito.
23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
TÍTULO IX
Das Disposições Finais e Transitórias LEI FEDERAL N.º 9.455/1997 (LEI DA
TORTURA) E ALTERAÇÕES POSTERIORES.
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execu-
ção penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que
perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimentos,
No Brasil, o uso da tortura - seja como meio de obten-
bem como exponha o preso à inconveniente notoriedade,
ção de provas através da confissão, seja como forma de
durante o cumprimento da pena.
castigo a prisioneiros - data dos tempos da Colônia. Le-
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por gado da Inquisição, a tortura nunca deixou de ser aplicada
decreto federal. durante os 322 anos de período colonial e nem posterior-
mente - nos 67 anos do Império e no período republicano.
Art. 200. O condenado por crime político não está obri- Durante os chamados anos de chumbo, assim como na
gado ao trabalho. ditadura Vargas (período denominado Estado Novo ou Re-
pública Nova, em alusão à República Velha, que se findava),
Comentário: Não haverá obrigatoriedade ao trabalho houve a prática sistemática da tortura contra presos políti-
para o condenado por crime político. cos - aqueles considerados subversivos, que alegadamente
ameaçavam a segurança nacional. Durante o regime militar
Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o de 1964, os torturadores brasileiros eram em sua grande
cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se maioria militares das forças armadas, em especial do exér-
efetivará em seção especial da Cadeia Pública. cito. Os principais centros de tortura no Brasil, nesta época,
eram os DOI/CODI, órgãos militares de defesa interna.
Comentário: Inexistindo estabelecimento para cum-
primento das referidas prisões civis e administrativas, as No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as di-
mesmas serão realizadas em Cadeia Pública. taduras militares do Brasil e de outros países da América
do Sul criaram a chamada Operação Condor, para perse-
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da guir, torturar e eliminar opositores. Receberam o suporte
folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por auto- de especialistas militares norte-americanos, ligados à CIA,
ridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer notícia que ensinaram novas técnicas de tortura para obtenção de
ou referência à condenação, salvo para instruir processo informações.
pela prática de nova infração penal ou outros casos expres- Com a redemocratização, em 1985, cessou a prática da
sos em lei. tortura com fins políticos. Mas as técnicas foram incorpo-
radas por muitos policiais, que passaram a aplicá-las contra
Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publi- os presos comuns, “suspeitos” ou detentos.
cação desta Lei, serão editadas as normas complementares O artigo V da Declaração de 1948 prevê que “ninguém
ou regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos
será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo
não autoaplicáveis.
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades cruel, desumano ou degradante”, previsão repetida no ar-
Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça, tigo 7º do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos
projetar a adaptação, construção e equipamento de e no artigo 5º da Convenção Americana sobre os Direitos
estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei. Humanos. Vale lembrar que a tortura é o clássico tipo de
§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser tratamento cruel.
providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios Há uma preocupação especial da comunidade interna-
para instalação de casas de albergados. cional de vedar tais práticas. Neste sentido, na esfera das
§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá Nações Unidas, tem-se a Declaração sobre a Proteção de
ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Todas as Pessoas contra a Tortura e Outras Penas ou Trata-
Criminal e Penitenciária, mediante justificada solicitação, mentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes, adotada pela
instruída com os projetos de reforma ou de construção de Assembleia Geral em 9 de dezembro de 1975, e a Conven-
estabelecimentos. ção contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis,
§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres
Desumanos ou Degradantes, adotada pela Assembleia Ge-
estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada ral em 10 de dezembro de 1984 e ratificada pelo Brasil em
pela União, para atender às despesas de execução das 28 de setembro de 1989.
penas e medidas de segurança. Na referida Declaração, o artigo 1º traz um conceito
de tortura: “1. Sob os efeitos da presente declaração, será
Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente entendido por tortura todo ato pelo qual um funcionário
com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revo- público, ou outra pessoa a seu poder, inflija intencional-
gadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº mente a uma pessoa penas ou sofrimentos graves, sendo
3.274, de 2 de outubro de 1957. eles físicos ou mentais, com o fim de obter dela ou de
um terceiro informação ou uma confissão, de castigá-la
Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e por um ato que tenha cometido ou seja suspeita de que
96º da República.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
tenha cometido, ou de intimidar a essa pessoa ou a outras. LEI NO 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997
[...]”. No documento o conceito de tortura pode ser assim
subdividido: a) ação, não omissão; b) praticada por funcio- Define os crimes de tortura e dá outras providências.
nário público ou alguém sob sua autoridade; c) com dolo
(intenção); d) contra uma pessoa; e) consistente em penas Art. 1º Constitui crime de tortura:
ou sofrimentos graves, físicos ou mentais; f) visando - ob- I - constranger alguém com emprego de violência
tenção de informação ou confissão, castigo ou intimidação. ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
Pelo mesmo dispositivo, a pena privativa de liberdade mental:
que seja aplicada em obediência à lei, ou seja, sem arbi- a) com o fim de obter informação, declaração ou
trariedade, em respeito aos direitos humanos consagrados confissão da vítima ou de terceira pessoa;
nas Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos, não é Tortura-prova ou tortura-persecutória
tortura. O que constitui tortura é “[...] uma forma agravada
e deliberada de tratamento ou de pena cruel, desumana ou b) para provocar ação ou omissão de natureza cri-
degradante”. minosa;
Merece evidência, ainda, o artigo 3º da Declaração: Tortura para a prática de crime ou tortura-crime
“Nenhum Estado poderá tolerar a tortura ou tratos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes. Não poderão c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
ser invocadas circunstâncias excepcionais tais como es- Tortura discriminatória ou tortura-racismo
tado de guerra ou ameaça de guerra, instabilidade política
interna ou qualquer outra emergência pública como justi- Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa.
ficativa da tortura ou outros tratamentos ou penas cruéis, Sujeito passivo: qualquer pessoa.
desumanos ou degradantes”. A tortura é uma ofensa ta- Elemento subjetivo: dolo, específico, variando para
manha à dignidade da pessoa humana que em nenhuma cada um dos três tipos.
hipótese pode ser praticada, suspendendo ou excetuando Tipo objetivo: constranger alguém mediante violência
as garantias que a envolvem. ou grave ameaça, gerando sofrimento físico ou mental, é
Os outros artigos da Declaração tratam dos deveres conduta plurissubsistente, logo, admite tentativa.
estatais de criminalização e punição da tortura, bem como
de conscientização em treinamento de seus agentes a res- II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au-
peito de sua vedação e de reparação dos danos causados, toridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a
encerrando com a invalidação de qualquer declaração ou intenso sofrimento físico ou mental, como forma de apli-
confissão proferida nestas condições. car castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
Em geral, a Convenção mencionada apenas amplia as Tortura-castigo
questões protetivas tratadas na Declaração, merecendo Sujeito ativo: crime próprio, pois a pessoa deve ter atri-
destaque o seu artigo 1º, que diferente do primeiro artigo buto especial consistente em guarda, poder ou autoridade
da Declaração traz uma fórmula genérica para a finalida- sobre a outra.
de da tortura consistente em qualquer motivo baseado Sujeito passivo: qualquer pessoa que esteja sob guar-
em discriminação de qualquer natureza. Não obstante, da, poder ou autoridade de outrem.
exclui as sanções legítimas e lembra que se a lei nacional Elemento subjetivo: dolo, específico pois deve ser for-
ou internacional trouxer conceito mais amplo este preva- ma de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
lecerá. Tipo objetivo: a conduta de submeter alguém a violên-
No Brasil, a Constituição de 1988 prevê no artigo 5o, III cia ou grave ameaça, intenso sofrimento físico ou mental, é
que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento plurissubsistente e, como tal, admite tentativa.
desumano ou degradante” e considera a prática de tortura
como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(para o STF, a proibição se estende ao indulto).
Pela lei infraconstitucional, a tortura é disciplinada pela § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Lei no 9.455, de 07 de abril de 1997, que tipifica o crime de presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento fí-
tortura em seu artigo 1o, com pena de reclusão de 2 a 8 sico ou mental, por intermédio da prática de ato não pre-
anos. visto em lei ou não resultante de medida legal.
Diferentemente da disciplina internacional, a tortu- Tortura de preso ou de pessoa sujeita a medida de
ra não é ato exclusivamente praticado por funcionário segurança
público ou terceiro particular às suas ordens (seria crime Sujeito ativo: crime comum, qualquer pessoa, mas na
próprio) e sim ato que pode ser praticado, em regra, por prática será comumente cometido por quem tenha pode-
qualquer pessoa. Desta feita, o que distinguirá a tortura de res no âmbito da detenção, como carcereiro ou agente pri-
outros tipos penais não será a condição do agente, mas sim sional, ou da medida de segurança, como enfermeiro.
a finalidade do ato ou mesmo a intensidade do sofrimen- Sujeito passivo: apenas pode ser pessoa presa ou sujei-
to causado (esse é o critério para distinguir da prática de ta a medida de segurança.
maus-tratos, art. 136, CP). Elemento subjetivo: dolo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Tipo objetivo: submeter a sofrimento físico ou men- Salvo no caso de omissão para a prática de tortura, o
tal diverso de ato típico previsto em lei ou resultante de regime inicial de cumprimento da pena seria fechado. En-
medida legal, que é plurissubsistente, admitindo tentativa. tretanto, o STF afastou a obrigatoriedade de início de pena
Evidente que a pena e a medida de segurança tipicamente em regime fechado para crimes hediondos e equiparados
geram um tipo de sofrimento, não é este abrangido pela (HC 111.840/ES). Caberá ao juiz individualizar a pena, inclu-
conduta típica. sive quanto ao regime de cumprimento.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na crime não tenha sido cometido em território nacional,
pena de detenção de um a quatro anos. sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Omissão perante a tortura em local sob jurisdição brasileira.
Sujeito ativo: pessoa que tivesse autoridade para evitar Trata-se de hipótese de extraterritorialidade incondi-
ou apurar as condutas.
cionada da lei penal. O legislador quis garantir a punição
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
da prática repulsiva da tortura independentemente da lo-
Elemento subjetivo: dolo.
calização da vítima (sendo ela brasileira) ou da nacionalida-
Tipo objetivo: tratando-se de conduta omissiva, não
de do agente (estando ele sob jurisdição brasileira).
admite tentativa.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se ção.
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Tortura qualificada Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
Tortura + lesão grave ou gravíssima = reclusão, 4 a 10 julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
anos.
Tortura + morte = reclusão, 8 a 16 anos. Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
Em ambos casos, vai se verificar se o autor da condu- 109º da República.
ta realmente não quis nem assumiu o risco de produzir o
resultado da lesão grave/gravíssima ou da morte, ou seja,
a lesão grave/gravíssima ou a morte não podem ter sido LEI FEDERAL Nº 4.898/1965 (ABUSO DE
almejadas pelo autor, se forem, há concurso formal entre a AUTORIDADE).
tortura e a lesão (art. 129, §§ 1o e 2o, CP) ou então homicídio
qualificado pela tortura (art. 121, §2o, III, CP).
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta
ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e
relaxada pela autoridade judiciária. sem remuneração.
O sujeito ativo de todos os crimes descritos nesta lei é
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- pessoa que exerça posição de autoridade, embora seja ad-
ponha a prestar fiança, permitida em lei; missível coautoria e participação de terceiros particulares.
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou Assim, o particular jamais pode agir sozinho cometendo
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, abuso de autoridade, precisa estar em concurso com fun-
com ou sem fiança. cionário público.
A autoridade será qualquer pessoa que exerça cargo,
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade poli- emprego ou função pública, civil ou militar, de forma per-
cial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou- manente ou transitória, de forma gratuita ou remunerada.
tra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em
Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
sanção administrativa civil e penal.
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade po-
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
licial recibo de importância recebida a título de carce-
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
ragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra des-
a) advertência;
pesa; b) repreensão;
Custas, emolumentos e outras despesas – Somente c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
podem ser cobradas nos casos previstos em lei e, carac- cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos
terizando-se um destes casos, o carcereiro ou o agente de e vantagens;
autoridade policial têm o dever de receber as importâncias d) destituição de função;
devidas. e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pes- § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
soa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
desvio de poder ou sem competência legal; quinhentos a dez mil cruzeiros.
Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
de seus bens sem o devido processo legal. regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de b) detenção por dez dias a seis meses;
pena ou de medida de segurança, deixando de expedir c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente or- qualquer outra função pública por prazo até três anos.
dem de liberdade. § 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão
Caracterizando-se excesso de prazo de prisão tempo- ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
rária, pena ou medida de seguraná, a pessoa deve ser li- § 5º Quando o abuso for cometido por agente de au-
bertada. toridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria,
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de não poder o acusado exercer funções de natureza poli-
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- cial ou militar no município da culpa, por prazo de um a
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em cinco anos.
lei.
Sanção administrativa
Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
- Advertência – verbal.
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
- Repreensão – escrita.
com ou sem fiança.
- Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
O uso de algemas em contrariedade à súmula vincu- vantagens – o agente não exercerá o cargo por um período
lante no 11 do STF caracteriza abuso de autoridade: “Só é determinado, sem receber remuneração.
lícito o uso de algemas em casos de resistência e de funda- - Destituição de função – o agente será destituído de
do receio de fuga ou de perigo à integridade física própria função de confiança ou cargo em comissão.
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a - Demissão – o servidor será desvinculado dos quadros
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilida- da Administração.
de disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e - Demissão, a bem do serviço público – o servidor será
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, desvinculado dos quadros da Administração.
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
em duas vias. dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- perito, o representante do Ministério Público ou o advogado
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor do
poderá: réu.
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; zar-se se ausente o Juiz.
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da
audiência de instrução e julgamento, a designação de um Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada
perito para fazer as verificações necessárias. o Juiz não houver comparecido, os presentes poderão
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de termos de
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o audiência.
apresentarão por escrito, querendo, na audiência de
instrução e julgamento. Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
representação poderá conter a indicação de mais duas em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede
testemunhas. do Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.
Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e
apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre- o interrogatório do réu, se estiver presente.
sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu ad-
razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu- vogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para fun-
rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará outro cionar na audiência e nos ulteriores termos do processo.
órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no
arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender. Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o peri-
to, o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer a Público ou ao advogado que houver subscrito a queixa e
denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze
privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi- minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a cri-
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva tério do Juiz.
e intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto- Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata-
mar a ação como parte principal. mente a sentença.
Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no
de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resu-
ou rejeitando a denúncia. mo, os depoimentos e as alegações da acusação e da defesa,
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz os requerimentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
designará, desde logo, dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento, que deverá ser realizada, impror- Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante
rogavelmente, dentro de cinco dias. do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito a
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até jul- queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão.
gamento final e para comparecer à audiência de ins-
trução e julgamento, será feita por mandado sucinto que, Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte
será acompanhado da segunda via da representação e da forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos
denúncia. fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-los, sempre moti-
vadamente, até o dobro.
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa pode-
rão ser apresentadas em juízo, independentemente de inti- Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
mação. do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre- o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou, Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos caberão os recursos e apelações previstas no Código de Pro-
para a realização de diligências, perícias ou exames, a não cesso Penal.
ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
sáveis tais providências. Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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pistolas, metralhadoras e outras impróprias para o uso co- se o exame pericial for feito pelos policiais que fizeram a
mum, que são utilizadas pelas policias em operações espe- prisão em flagrante.
ciais. Cabe ao SINARM catalogar e registrar todas as armas 7) Arma com defeito
em circulação no Brasil. Se o defeito existia e não era possível disparar a arma, a
Assim, o Sistema Nacional de Armas (SINARM), instituí- doutrina majoritária diz que não há crime, porque não exis-
do no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, te arma de fogo; a doutrina minoritária diz que há crime,
com circunscrição em todo o território nacional, é respon- porque o objetivo da lei é proteger a segurança pública.
sável pelo controle de armas de fogo em poder da popu- 8) Arma sem munição
lação, conforme previsto na Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Existem 3 posições: exige munição, porque não há cri-
Desarmamento). me sem potencialidade lesiva; no se exige munição, desde
4) Porte que ela esteja ao alcance (ex: arma no porta-malas e mu-
Autoriza a pessoa a ter a arma consigo fora de casa ou nição no bolso); não interessa se a arma está com munição
do trabalho. Para ter porte, precisa ter posse. ou não por causa da objetividade jurídica, que é proteger
O porte de uso para pessoas comuns em regra não é a segurança e a incolumidade (majoritária, recomendável
permitido - artigo 10. para o concurso da PRF).
O porte para funcionários de segurança e coleciona- 9) Concurso de crimes
dores que participam de eventos esportivos é eventual, ou - Posse de mais de 1 arma: jurisprudência diz que é um
seja, somente é aceito em algumas situações - artigos 6º só crime.
e 9º. - Posse de 1 arma e de munição de calibre diferente: 2
Magistratura e Ministério Público possuem porte fun- crimes em concurso formal.
cional, assegurado nas respectivas leis orgânicas. - Posse só de munição: 1 só crime independente da
No porte ilegal não interessa se a arma é permitida ou quantidade.
de uso restrito, se há registro ou não. Significa ter a arma 10) Disparo
consigo fora dos limites do trabalho e da residência, sem Previsto no artigo 15. Trata-se de crime comum, de
autorização para isso, o que já constitui ato ilícito. Logo, mera conduta, unissubjetivo, de perigo abstrato. Seu ob-
uma pessoa pode ter a posse legal ou regular (arma regis- jeto jurídico é a proteção da incolumidade pública. Seu
trada) e praticar o crime de porte ilegal, previsto no artigo objeto material é a arma de fogo ou munição. O crime é
14. Caso a posse seja ilegal, o delito é o do artigo 16. subsidiário, pois é preciso que não se tenha como finali-
O porte ilegal de arma do artigo 14 é um crime co- dade a prática de outro crime (ex: tentativa de homicídio).
mum (qualquer pessoa pode cometer), de merda conduta Consuma-se com o disparo.
(não depende de resultado), de perigo abstrato (não pre-
cisa sacar a arma), conteúdo múltiplo (13 núcleos de tipo), Dispõe sobre registro, posse e comercialização de ar-
unissubjetivo (basta ser praticado por 1 pessoa). Seu objeto mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
material é a arma ou acessório de uso permitido devida- Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
mente numerado.
O tipo do artigo 16 se aplica tanto ao porte quanto CAPÍTULO I
à posse de arma de uso restrito (mesma classificação do DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
artigo 14). O parágrafo único traz 6 ações diferentes que
constituem crimes autônomos. Art. 1º O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, ins-
5) Prazo de regularização da arma ou entrega - ar- tituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia
tigos 30 a 32 Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.
O prazo limite foi prorrogado e já se encerrou em 31
de dezembro de 2009 - artigo 20 (Lei nº 11706/08). Trata- Art. 2º Ao Sinarm compete:
-se de abolitio criminis temporária: o fato deixa de ser con- I – identificar as características e a propriedade de armas
siderado crime por algum tempo. de fogo, mediante cadastro;
Os artigos 30 a 32 se aplicam só à posse, não ao porte. II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
O artigo 30 fala que só se aplica à arma de uso permitido. O e vendidas no País;
artigo 31 fala em arma regularmente adquirida, presumin- III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo
do-se logicamente que só se aplica às armas de uso per- e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
mitido, porque não é possível adquirir regularmente arma IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
de uso proibido. Já o artigo 32 não é expresso quanto à vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar os
aplicação restrita às armas de uso permitido. Isto criou uma dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de
divergência nos tribunais, que majoritariamente (inclusive empresas de segurança privada e de transporte de valores;
STJ) têm decidido que não se aplica às armas de uso proi- V – identificar as modificações que alterem as caracte-
bido. rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
6) Exame pericial VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existen-
Posição amplamente majoritária diz que o exame peri- tes;
cial é indispensável. A minoritária parte do pressuposto de VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive
que o que a polícia diz que é arma, é arma. O laudo é nulo as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem § 6º A expedição da autorização a que se refere o § 1º
como conceder licença para exercer a atividade; será concedida, ou recusada com a devida fundamentação,
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadis- no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do re-
tas, varejistas, exportadores e importadores autorizados de querimento do interessado.
armas de fogo, acessórios e munições; § 7º O registro precário a que se refere o § 4º prescinde
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as carac- do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste
terísticas das impressões de raiamento e de microestriamen- artigo.
to de projétil disparado, conforme marcação e testes obriga- § 8ºEstará dispensado das exigências constantes do
toriamente realizados pelo fabricante; inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como características daquela a ser adquirida.
manter o cadastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcan- Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo,
çam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, bem com validade em todo o território nacional, autoriza o seu
como as demais que constem dos seus registros próprios. proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no in-
terior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses,
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titu-
CAPÍTULO II
lar ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.
DO REGISTRO
§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será ex-
pedido pela Polícia Federal e será precedido de autori-
Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no zação do Sinarm.
órgão competente. § 2º Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão do art. 4º deverão ser comprovados periodicamente, em
registradas no Comando do Exército, na forma do regula- período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do
mento desta Lei. estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do
Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido § 3ºO proprietário de arma de fogo com certificados
o interessado deverá, além de declarar a efetiva neces- de registro de propriedade expedido por órgão estadual
sidade, atender aos seguintes requisitos: ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei
I – comprovação de idoneidade, com a apresentação que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32
de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não es- federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresen-
tar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, tação de documento de identificação pessoal e comprovante
que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; de residência fixa, ficando dispensado do pagamento de ta-
II – apresentação de documento comprobatório de ocu- xas e do cumprimento das demais exigências constantes dos
pação lícita e de residência certa; incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão § 4ºPara fins do cumprimento do disposto no § 3º
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter,
forma disposta no regulamento desta Lei. no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
§ 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de provisório, expedido na rede mundial de computadores
arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente - internet, na forma do regulamento e obedecidos os
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indi- procedimentos a seguir:
cada, sendo intransferível esta autorização. I - emissão de certificado de registro provisório pela
internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
§ 2ºA aquisição de munição somente poderá ser feita
II - revalidação pela unidade do Departamento de
no calibre correspondente à arma registrada e na quantida-
Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo
de estabelecida no regulamento desta Lei.
prazo que estimar como necessário para a emissão definitiva
§ 3º A empresa que comercializar arma de fogo em do certificado de registro de propriedade.
território nacional é obrigada a comunicar a venda à au-
toridade competente, como também a manter banco de CAPÍTULO III
dados com todas as características da arma e cópia dos do- DO PORTE
cumentos previstos neste artigo.
§ 4º A empresa que comercializa armas de fogo, Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo
acessórios e munições responde legalmente por essas o território nacional, salvo para os casos previstos em
mercadorias, ficando registradas como de sua proprieda- legislação própria e para:
de enquanto não forem vendidas. I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 5º A comercialização de armas de fogo, acessórios II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II, III,
e munições entre pessoas físicas somente será efetivada IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os
mediante autorização do Sinarm. da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
III – os integrantes das guardas municipais das ca- § 3º A autorização para o porte de arma de fogo
pitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 das guardas municipais está condicionada à formação
(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no funcional de seus integrantes em estabelecimentos de
regulamento desta Lei; ensino de atividade policial, à existência de mecanismos
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municí- de fiscalização e de controle interno, nas condições
pios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; supervisão do Ministério da Justiça.
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de § 4º Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem
da República; o direito descrito no art. 4º, ficam dispensados do
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo
art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; artigo, na forma do regulamento desta Lei.
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e § 5ºAos residentes em áreas rurais, maiores de 25
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do empre-
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e
go de arma de fogo para prover sua subsistência alimen-
as guardas portuárias;
tar familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de
VIII – as empresas de segurança privada e de trans-
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de
porte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou
IX – para os integrantes das entidades de desporto 2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
legalmente constituídas, cujas atividades esportivas de- 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
mandem o uso de armas de fogo, na forma do regula- necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexados
mento desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação os seguintes documentos:
ambiental. I - documento de identificação pessoal;
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita II - comprovante de residência em área rural; e
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, car- III - atestado de bons antecedentes.
gos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. § 6ºO caçador para subsistência que der outro uso à sua
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. arma de fogo, independentemente de outras tipificações
92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de por disparo de arma de fogo de uso permitido.
seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício § 7ºAos integrantes das guardas municipais dos
de funções de segurança, na forma de regulamento a ser Municípios que integram regiões metropolitanas será
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Con- autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
selho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 1ºAs pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados
caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo das empresas de segurança privada e de transporte de
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade,
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos responsabilidade e guarda das respectivas empresas,
termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito somente podendo ser utilizadas quando em serviço, deven-
nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. do essas observar as condições de uso e de armazenagem
§ 1o-A (Revogado) estabelecidas pelo órgão competente, sendo o certificado de
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Fe-
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de deral em nome da empresa.
§ 1º O proprietário ou diretor responsável de empresa
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
de segurança privada e de transporte de valores responderá
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde
pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei,
que estejam:
sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis,
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva;
se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu- à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
lamento; e extravio de armas de fogo, acessórios e munições que
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
controle interno. horas depois de ocorrido o fato.
§ 1º-C. (VETADO). § 2º A empresa de segurança e de transporte de valores
§ 2ºA autorização para o porte de arma de fogo aos deverá apresentar documentação comprobatória do
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII e preenchimento dos requisitos constantes do art. 4º desta
X do caput deste artigo está condicionada à comprovação Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
do requisito a que se refere o inciso III do caput do art. § 3º A listagem dos empregados das empresas referidas
4º desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
desta Lei. Sinarm.
34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 7º-A.As armas de fogo utilizadas pelos servidores I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
das instituições descritas no inciso XI do art. 6º serão de de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte-
propriedade, responsabilidade e guarda das respecti- gridade física;
vas instituições, somente podendo ser utilizadas quando II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
em serviço, devendo estas observar as condições de uso e de III – apresentar documentação de propriedade de arma
armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, sendo de fogo, bem como o seu devido registro no órgão compe-
o certificado de registro e a autorização de porte expedidos tente.
pela Polícia Federal em nome da instituição. § 2º A autorização de porte de arma de fogo, prevista
§ 1ºA autorização para o porte de arma de fogo de que neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso
trata este artigo independe do pagamento de taxa. o portador dela seja detido ou abordado em estado de
§ 2ºO presidente do tribunal ou o chefe do Ministério embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
Público designará os servidores de seus quadros pessoais alucinógenas.
no exercício de funções de segurança que poderão
portar arma de fogo, respeitado o limite máximo de Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
50% (cinquenta por cento) do número de servidores que constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
relativos:
exerçam funções de segurança.
I – ao registro de arma de fogo;
§ 3ºO porte de arma pelos servidores das instituições
II – à renovação de registro de arma de fogo;
de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
III – à expedição de segunda via de registro de arma de
de documentação comprobatória do preenchimento
fogo;
dos requisitos constantes do art. 4º desta Lei, bem como IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
à formação funcional em estabelecimentos de ensino V – à renovação de porte de arma de fogo;
de atividade policial e à existência de mecanismos VI – à expedição de segunda via de porte federal de
de fiscalização e de controle interno, nas condições arma de fogo.
estabelecidas no regulamento desta Lei. § 1º Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e
§ 4ºA listagem dos servidores das instituições de que à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
Sinarm. responsabilidades.
§ 5ºAs instituições de que trata este artigo são obrigadas § 2ºSão isentas do pagamento das taxas previstas
a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia Federal neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem
eventual perda, furto, roubo ou outras formas de extravio os incisos I a VII e X e o § 5º do art. 6º desta Lei.
de armas de fogo, acessórios e munições que estejam sob
sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas depois Art. 11-A.O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
de ocorrido o fato. as condições do credenciamento de profissionais pela
Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica
Art. 8º As armas de fogo utilizadas em entidades despor- e da capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
tivas legalmente constituídas devem obedecer às condições § 1ºNa comprovação da aptidão psicológica, o valor
de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão com- cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
petente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar dos honorários profissionais para realização de avaliação
a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
Federal de Psicologia.
Art. 9º Compete ao Ministério da Justiça a autoriza- § 2ºNa comprovação da capacidade técnica, o valor
ção do porte de arma para os responsáveis pela segu- cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da
rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados
munição.
no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do re-
§ 3ºA cobrança de valores superiores aos previstos nos
gulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de
§§ 1º e 2º deste artigo implicará o descredenciamento do
trânsito de arma de fogo para colecionadores, atira-
profissional pela Polícia Federal.
dores e caçadores e de representantes estrangeiros em
competição internacional oficial de tiro realizada no terri- CAPÍTULO IV
tório nacional. DOS CRIMES E DAS PENAS
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
de uso permitido, em todo o território nacional, é de com- Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
petência da Polícia Federal e somente será concedida acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com
após autorização do Sinarm. determinação legal ou regulamentar, no interior de sua re-
§ 1º A autorização prevista neste artigo poderá ser sidência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o estabelecimento ou empresa:
requerente: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
§ 3º As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um) Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
ano da data de publicação desta Lei conterão dispositivo excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso
intrínseco de segurança e de identificação, gravado no restrito.
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às
exclusive para os órgãos previstos no art. 6º. aquisições dos Comandos Militares.
§ 4ºAs instituições deensino policial e as guardas
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. Art. 28.É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir insumos e adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das en-
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo tidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do caput
de suprimento de suas atividades, mediante autorização do art. 6º desta Lei.
concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publica-
2º desta Lei, compete ao Comando do Exército autorizar e ção desta Lei.
fiscalizar a produção, exportação, importação, desem- Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
baraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-la,
demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4º, 6º e 10
de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua publicação,
caçadores. sem ônus para o requerente.
Art. 25.As armas de fogo apreendidas, após a elabo- Art. 30.Os possuidores e proprietários de arma de fogo
ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu
não mais interessarem à persecução penal serão enca- registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apre-
minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér- sentação de documento de identificação pessoal e compro-
vante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de
cito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para
compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada
às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei.
na qual constem as características da arma e a sua condição
§ 1ºAs armas de fogo encaminhadas ao Comando
de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de
do Exército que receberem parecer favorável à doação,
taxas e do cumprimento das demais exigências constantes
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
dos incisos I a III do caput do art. 4º desta Lei.
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios
Parágrafo único.Para fins do cumprimento do disposto
de prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo po-
e ouvido o Comando do Exército, serão arroladas em derá obter, no Departamento de Polícia Federal, certificado
relatório reservado trimestral a ser encaminhado àquelas de registro provisório, expedido na forma do § 4º do art. 5º
instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de desta Lei.
interesse.
§ 2ºO Comando do Exército encaminhará a relação das Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo
armas a serem doadas ao juiz competente, que determinará adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
o seu perdimento em favor da instituição beneficiada. entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indeni-
§ 3ºO transporte dasarmas de fogo doadas será de zação, nos termos do regulamento desta Lei.
responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá
ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo
§ 4º(VETADO) poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo,
§ 5ºO Poder Judiciário instituirá instrumentos para e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma
o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual
se trate de arma de uso permitido ou de uso restrito, posse irregular da referida arma.
semestralmente, da relação de armas acauteladas em
juízo, mencionando suas características e o local onde se Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
encontram. reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe-
cificar o regulamento desta Lei:
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a co- I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviá-
mercialização e a importação de brinquedos, réplicas rio, marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o trans-
confundir. porte de arma ou munição sem a devida autorização ou com
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e inobservância das normas de segurança;
os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo tos que realize publicidade para venda, estimulando o uso
Comando do Exército. indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações es-
pecializadas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 34. Os promotores de eventos em locais fecha- § 1oConsidera-se organização criminosa a associação
dos, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas, de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada
adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que infor-
necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, malmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
ressalvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5º da vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de in-
Constituição Federal. frações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
Parágrafo único. As empresas responsáveis pela presta- (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.
ção dos serviços de transporte internacional e interestadual § 2oEsta Lei se aplica também:
de passageiros adotarão as providências necessárias para I - às infrações penais previstas em tratado ou conven-
evitar o embarque de passageiros armados. ção internacional quando, iniciada a execução no País, o
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
CAPÍTULO VI reciprocamente;
DISPOSIÇÕES FINAIS II - às organizações terroristas, entendidas como aque-
las voltadas para a prática dos atos de terrorismo legal-
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de mente definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016)
fogo e munição em todo o território nacional, salvo para Art. 2oPromover, constituir, financiar ou integrar, pes-
as entidades previstas no art. 6º desta Lei. soalmente ou por interposta pessoa, organização crimino-
§ 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá sa:
de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem
em outubro de 2005. prejuízo das penas correspondentes às demais infrações
§ 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o penais praticadas.
disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação § 1oNas mesmas penas incorre quem impede ou, de
de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral. qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal
que envolva organização criminosa.
Art. 36. É revogada a Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de § 2oAs penas aumentam-se até a metade se na atua-
1997. ção da organização criminosa houver emprego de arma de
fogo.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- § 3oA pena é agravada para quem exerce o comando,
ção. individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que
não pratique pessoalmente atos de execução.
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182º da Independên- § 4oA pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
cia e 115º da República. terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se
LEI FEDERAL Nº 12.850/2013 a organização criminosa dessa condição para a prática de
(ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA). infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal desti-
nar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013. outras organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transna-
Define organização criminosa e dispõe sobre a investi- cionalidade da organização.
gação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações § 5oSe houver indícios suficientes de que o funcionário
penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decre- público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
providências. se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
§ 6oA condenação com trânsito em julgado acarretará
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o ao funcionário público a perda do cargo, função, empre-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: go ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subse-
CAPÍTULO I quentes ao cumprimento da pena.
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA § 7oSe houver indícios de participação de policial nos
crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia ins-
Art. 1oEsta Lei define organização criminosa e dispõe taurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Públi-
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da co, que designará membro para acompanhar o feito até a
prova, infrações penais correlatas e o procedimento crimi- sua conclusão.
nal a ser aplicado.
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Art. 288.Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o Art. 6º – O Estado e a comunidade são co-responsáveis
fim específico de cometer crimes: na realização das atividades de execução penal.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único.A pena aumenta-se até a metade se a Art. 7º – Na execução penal não haverá distinção de
associação é armada ou se houver a participação de criança caráter racial, religioso ou político.
ou adolescente.” (NR)
Art. 25.O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de TÍTULO II
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a Do Tratamento Reeducativo
seguinte redação: CAPÍTULO I
“Art. 342.................................................................................... Da Individualização do Tratamento
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
..................................................................................................” (NR) Art. 8º – O tratamento reeducativo consiste na adoção
Art. 26.Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995. de um conjunto de medidas médico-psicológicas e sociais,
Art. 27.Esta Lei entra em vigor após decorridos 45 (qua- com vistas à reeducação do sentenciado e à sua reintegra-
renta e cinco) dias de sua publicação oficial. ção na sociedade.
Brasília, 2 de agosto de 2013; 192o da Independência e
125o da República. Art. 9º – O tratamento reeducativo será individualizado
e levará em conta a personalidade de cada sentenciado.
LEI ESTADUAL N.º 11.404/1994 (CONTÉM Art. 10 – O sentenciado está sujeito ao exame crimino-
NORMAS DE EXECUÇÃO PENAL). lógico para verificação de carência físico-psíquica e outras
causas de inadaptação social.
O Povo do Estado de Minas Gerais, por seus represen- Art. 11 – Com base no exame criminológico, serão rea-
tantes, decretou e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lizados a classificação e o programa de tratamento do sen-
Lei:
tenciado.
TÍTULO I
Art. 12 – A colaboração do sentenciado no processo
Disposições Preliminares
de sua observação psicossocial e de seu tratamento é vo-
luntária.
Art. 1º – Esta lei regula a execução das medidas pri-
vativas de liberdade e restritivas de direito, bem como a
Art. 13 – A observação do sentenciado se fará do início
manutenção e a custódia do preso provisório.
ao fim da execução da pena.
Art. 2º – A execução penal destina-se à reeducação do
sentenciado e à sua reintegração na sociedade. CAPÍTULO II
§ 1º – A execução penal visa, ainda, a prevenir a Da Observação Psicossocial
reincidência, para proteção e defesa da sociedade.
(Parágrafo renumerado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, de Art. 14 – A observação médico-psicossocial compreen-
12/1/2011.) de os exames biológico, psicológico e complementares e o
§ 2º O controle da execução penal será realizado com o estudo social do sentenciado.
auxílio de programas eletrônicos de computador.
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 19.478, Art. 15 – A observação empírica se realizará no traba-
de 12/1/2011.) lho, na sala de aula, no refeitório, na praça de esportes e
em todas as situações da vida cotidiana do sentenciado.
Art. 3º – Ao sentenciado é garantido o exercício de
seus direitos civis, políticos, sociais e econômicos, exceto Art. 16 – O exame criminológico será realizado no cen-
os que forem incompatíveis com a detenção ou com a con- tro de observação ou na seção de observação do estabele-
denação. cimento penitenciário ou por especialista da comunidade.
Art. 4º – No regime e no tratamento penitenciário serão Art. 17 – A equipe de observação se reunirá semanal-
observados o respeito e a proteção aos direitos do homem. mente para apreciar o resultado de cada exame e, afinal,
redigir o relatório social de síntese.
Art. 5º – O sentenciado deve ser estimulado a colabo-
rar voluntariamente na execução de seu tratamento ree- Art. 18 – O relatório social de síntese, de caráter inter-
ducativo. disciplinar, será levado à Comissão Técnica de Classificação,
que elaborará o programa de tratamento.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 22 – A Comissão Técnica de Classificação proporá o Art. 32 – Serão oferecidas facilidades e estímulos ao
programa de tratamento reeducativo, com base na senten- sentenciado, nos termos da lei, para fazer curso universi-
ça condenatória e no relatório social de síntese do Centro tário.
de Observação ou da equipe interdisciplinar. Parágrafo único – A direção da penitenciária manterá
contato com as autoridades acadêmicas para a admissão
Art. 23 – O programa individual de tratamento com- do sentenciado no curso de que trata este artigo.
preenderá a indicação do regime de cumprimento da pena,
do estabelecimento penitenciário adequado, da escolariza- Art. 33 – É permitido ao sentenciado participar de cur-
ção, do trabalho e da orientação profissional, das ativida- so por correspondência, rádio e televisão, sem prejuízo da
des culturais e esportivas e das medidas especiais de assis- disciplina e da segurança.
tência ou tratamento.
Art. 34 – A penitenciária pode firmar convênio com en-
CAPÍTULO IV tidade pública ou privada para a realização de curso profis-
Dos Elementos do Tratamento Penitenciário sional ou supletivo.
§ 1º – O detento poderá inscrever-se nos exames
Art. 24 – O tratamento penitenciário realiza-se atra- supletivos aplicados pelo Estado, com direito a isenção de
vés do desenvolvimento de atividades relacionadas com: taxa.
§ 2º – Os cursos supletivos poderão ser ministrados
instrução, trabalho, religião, disciplina, cultura, recreação e
por voluntário cadastrado pela Secretaria de Estado da
esporte, contato com o mundo exterior e relações com a
Educação e autorizado pela Secretaria de Estado da Justiça.
família.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390,
de 31/10/2002.)
SEÇÃO I
Da Instrução Art. 35 – Ao sentenciado será fornecido diploma ou
certificado de conclusão de curso, que não mencionará sua
Art. 25 – Serão organizados, nas penitenciárias, cursos condição de sentenciado.
de formação cultural e profissional, que se coordenarão
com o sistema de instrução pública. Art. 36 – As penitenciárias contarão com biblioteca or-
ganizada com livros de conteúdos informativo, educativo e
Art. 26 – O ensino fundamental é obrigatório para to- recreativo, adequados às formações cultural, profissional e
dos os detentos que não o tiverem concluído. espiritual do sentenciado.
(Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº 14.390, Parágrafo único – Será livre a escolha da leitura, e serão
de 31/10/2002.) proporcionadas condições para o estudo, a pesquisa e a
recreação.
43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 37 – Os programas de atividades de cultura, de recuperação do sentenciado que assegurem sua regular e
lazer e de desporto serão articulados de modo a favorecer efetiva aplicação ao trabalho, bem como o respeito à or-
a expressão das aptidões dos sentenciados. dem pública.
(Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.)
Art. 38 – Serão ministradas, nas penitenciárias, a instru-
ção musical e a educação física. Art. 45 – O sentenciado em regime semiaberto poderá,
Parágrafo único – A parte prática do ensino musical com autorização judicial, frequentar, na comunidade, esta-
será realizada por meio de participação em banda, fanfarra, belecimento de ensino ou de formação profissional, ouvida
conjunto instrumental e grupo coral. a Comissão Técnica de Classificação, observado o disposto
nos arts. 122 a 125 da Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho
SEÇÃO II de 1984.
Do Trabalho (Artigo com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 19.478,
de 12/1/2011.)
Art. 39 – O trabalho é obrigatório para o sentenciado,
ressalvado o disposto no art. 58. Art. 46 – O trabalho externo será supervisionado pelo
§ 1º – O trabalho penitenciário será estabelecido serviço social penitenciário mediante visita de inspeção ao
segundo critérios pedagógicos e psicotécnicos, tendo- local de trabalho.
se em conta as exigências do tratamento, e procurará (Vide Lei nº 18401, de 28/9/2009.)
aperfeiçoar as aptidões de trabalho e a capacidade
individual do sentenciado, de forma a capacitá-lo para o Art. 47 – O trabalho externo pode ser prestado nos ter-
desempenho de suas responsabilidades sociais. mos da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984.
§ 2º – O trabalho será exercido de acordo com os (Vide Lei nº 18.401, de 28/9/2009.)
métodos empregados nas escolas de formação profissional
do meio livre. Art. 48 – É obrigatório o regresso do sentenciado ao
§ 3º – Na contratação de obras e de serviços pela estabelecimento penitenciário, no regime semi-aberto,
administração pública direta ou indireta do Estado serão quando em serviço particular, finda a jornada de trabalho,
reservados para sentenciados até 10% (dez por cento) do sendo-lhe permitido, quando em trabalho em obra pública,
total das vagas existentes. pernoitar em dependência da obra, sob custódia e vigilân-
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº
cia da direção da entidade, que mensalmente enviará à pe-
18.725, de 13/1/2010.)
nitenciária relatório sobre o seu comportamento.
§ 4º – Para fins do disposto no § 3º deste artigo, será
dada preferência aos sentenciados:
Art. 49 – Deverá ser imediatamente comunicada à pe-
I – que cumpram pena na localidade em que se desen-
nitenciária a ocorrência de acidente, falta grave ou evasão,
volva a atividade contratada;
perdendo o sentenciado, nas duas últimas hipóteses, o di-
II – que apresentem melhores indicadores com relação
reito à prestação de trabalho externo.
à aptidão, à habilitação, à experiência, à disciplina, à res-
ponsabilidade e ao grau de periculosidade, apurados pelo
poder público e registrados em cadastro próprio. Art. 50 – É obrigatório o seguro contra acidentes nos
(Parágrafo acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 16.940, trabalhos interno e externo.
de 16/8/2007.)
Art. 51 – A remuneração do trabalho do sentenciado,
Art. 40 – A jornada diária de trabalho do sentenciado quando não for fixada pelo órgão competente, será esta-
não excederá 8 (oito) horas. belecida pela Comissão Técnica de Classificação.
§ 1º – A remuneração será fixada, para o trabalho
Art. 41 – A resistência ao trabalho ou a falta voluntária interno, em quantia não inferior a 3/4 (três quartos) do
em sua execução constituem infração disciplinar, cuja puni- salário mínimo.
ção será anotada no prontuário do sentenciado. § 2º – A remuneração do sentenciado que tiver concluído
curso de formação profissional, bem como a do que tiver
Art. 42 – A classificação para o trabalho atenderá às bom comportamento e progresso na sua recuperação, será
capacidades física e intelectual e à aptidão profissional do acrescida de 1/4 (um quarto) do seu valor.
sentenciado, com vistas à sua ressocialização e formação
profissional. Art. 52 – A prestação de serviço pelo sentenciado será
de cunho exclusivamente pedagógico, com vistas a sua
Art. 43 – Aplica-se no estabelecimento penitenciário a reintegração na sociedade, não implicando vínculo em-
legislação relativa à higiene e à segurança do trabalhador. pregatício, ressalvado o trabalho industrial exercido em
fundação, empresa pública com autonomia administrativa
Art. 44 – Para a prestação do trabalho externo, serão ou entidade privada, o qual terá remuneração igual à do
considerados, segundo parecer da Comissão Técnica de trabalhador livre.
Classificação, a personalidade, os antecedentes e o grau de (Vide art. 4º da Lei nº 15.457, de 12/1/2005.)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
(Parágrafo com redação dada pelo art. 1º da Lei nº § 1º – Para o estabelecimento de regimes aberto e semi-
22.865, de 8/1/2018.) aberto, será considerada ainda a proximidade de locais
de trabalho, de cursos de instrução primária e formação
Art. 73 – As oficinas e instalações agrícolas devem reu- profissional e de assistências hospitalar e religiosa.
nir condições semelhantes às da comunidade livre, obser- § 2º – O presídio e a cadeia pública se localizarão
vadas as normas legais para a proteção do trabalho e a no meio urbano, respectivamente, na Capital e em sedes
prevenção de acidente. de comarca com fácil acesso ao fórum local ou a varas
criminais.
Art. 74 – Será construído pavilhão de observação, de
regime fechado, onde não houver centro de observação CAPÍTULO II
como unidade autônoma. Do Presídio e da Cadeia Pública
Art. 75 – Devem ser previstas seções independentes, Art. 80 – O presídio e a cadeia pública, estabelecimen-
de segurança reforçada, para internamento de condenado tos de regime fechado, destinam-se à custódia do preso
que tenha exercido função policial, de bombeiro militar, de provisório e à execução da pena privativa de liberdade para
agente de segurança penitenciário ou de agente de segu- o preso residente e domiciliado na comarca.
rança socioeducativo e que, por essa condição, esteja ou
possa vir a estar ameaçado em sua integridade física, bem Art. 81 – No presídio e na cadeia pública, haverá uni-
como para internamento de condenado por crime hedion- dades independentes para a mulher, para o jovem adulto,
do e de rebelde ou opositor ao regime do estabelecimento. para o preso que tenha exercido função policial, de bom-
(Caput com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 22.865, beiro militar, de agente de segurança penitenciário ou de
de 8/1/2018.) agente de segurança socioeducativo e para o cumprimento
§ 1º – Será obrigatória a existência das seções previstas de pena privativa de liberdade e de limitação de fim de
no «caput» para a guarda de condenados que forem semana.
considerados de alta periculosidade e de difícil recuperação. (Caput com redação dada pelo art. 3º da Lei nº 22.865,
§ 2º – Haverá seção aberta, independente, no de 8/1/2018.)
estabelecimento de regime fechado ou semi-aberto, para § 1º – O sentenciado poderá cumprir, na cadeia
atividades de reintegração na sociedade. local, pena em regime fechado ou semi-aberto, caso a
penitenciária se localize em área distante da residência de
Art. 76 – O complexo penitenciário será constituído de sua família.
pavilhões separados, para a execução progressiva dos regi- § 2º – Às presidiárias serão asseguradas condições
mes fechado, semi-aberto e aberto. para permanecer com os filhos durante o período de
amamentação.
Art. 77 – A Comissão Técnica de Classificação do esta-
belecimento penitenciário formará grupos de sentenciados Art. 82 – O presídio e a cadeia pública, além do pessoal
segundo as necessidades de tratamento, a progressão dos de vigilância e segurança e do pessoal administrativo, con-
regimes, a concessão ou a revogação de benefícios, a auto- tarão com equipe interdisciplinar de observação.
rização de saída, a remição da pena, o pedido de livramen-
to condicional e a aplicação de sanção disciplinar. Art. 83 – Aplica-se ao estabelecimento destinado ao
(Artigo com redação dada pelo art. 6º da Lei nº 19.478, preso provisório o disposto no art. 83 da Lei Federal nº
de 12/1/2011.) 7.210, de 11 de junho de 1984, com a adequada adaptação
ao regime do estabelecimento.
Art. 78 – Os estabelecimentos de regime fechado terão
a lotação máxima de 500 (quinhentos) sentenciados; os de CAPÍTULO III
regime semi-aberto, de 300 (trezentos); os de regime aber- Da Penitenciária
to, de 50 (cinquenta) semilivres; o presídio, de 400 (qua-
trocentos) acusados e a cadeia pública, de 50 (cinquenta) Art. 84 – A penitenciária destina-se à execução da pena
presos. privativa de liberdade em regime fechado.
(Vide § 1º do art. 1º da Lei nº 12.985, de 30/7/1998.)
Art. 85 – O sentenciado será alojado em quarto indivi-
Art. 79 – Para a localização do estabelecimento de regi- dual, provido de cama, lavatório, chuveiro e aparelho sa-
me fechado, levar-se-ão em conta as facilidades de acesso nitário.
e comunicação, a viabilidade do aproveitamento de ser-
viços básicos existentes, as condições necessárias ao ade- Art. 86 – São requisitos básicos da unidade celular:
quado internamento, além da existência de áreas destina- I – salubridade do ambiente pela concorrência dos
das a instalações de aprendizagem profissional, à prática fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico
de esportes e recreação, a visitas, ao ensino e à assistência adequados à existência humana;
especializada. II – área mínima de 6m2 (seis metros quadrados).
47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 87 – A penitenciária para mulheres será dotada, Art. 96 – São condições para o cumprimento da pena
ainda, de dependência para atendimento da gestante e na casa do albergado:
da parturiente, de creche e de unidade de educação pré- I – aceitação, pelo candidato, do programa de trata-
-escolar. mento;
II – afetação do semilivre ao trabalho, com preparação
Art. 88 – O alojamento coletivo terá suas instalações profissional para a reintegração na sociedade;
sanitárias localizadas em área separada e somente será III – colaboração da comunidade.
ocupado por sentenciados que preencham as necessárias
condições para a sua utilização. Art. 97 – No regime aberto, serão observadas as nor-
mas de ordem e disciplina necessárias à convivência nor-
Art. 89 – No regime fechado, predominam as normas mal na comunidade civil, com ausência de precauções de
de segurança e disciplina, que cobrirão, durante 24 (vinte e ordem material ou física, em razão da aceitação voluntária
quatro) horas, a vida diária dos reclusos, que serão classifi- da disciplina e do senso de responsabilidade do senten-
cados em grupos, segundo as necessidades de tratamento, ciado.
submetendo-se às diferentes atividades do processo de § 1º – No regime aberto, é permitido ao sentenciado
ressocialização: trabalho, instrução, religião, recreação e mover-se sem vigilância tanto no interior do
esporte. estabelecimento como nas saídas para trabalho externo,
para frequência a curso e para atividades de pré-liberdade.
CAPÍTULO IV § 2º – O regime aberto compõe-se das seguintes fases:
Das Colônias Agrícola e Industrial I – iniciação, em que o sentenciado será informado so-
bre o programa do estabelecimento e seu regimento in-
Art. 90 – A colônia agrícola e a industrial destinam-se à terno;
execução da pena privativa de liberdade em regime semi- II – aceitação do programa, em que será permitido ao
-aberto. sentenciado sair para o trabalho;
III – confiança em que o sentenciado gozará das van-
Art. 91 – Os sentenciados poderão ser alojados em tagens inerentes ao exercício de sua responsabilidade e de
dormitório coletivo, observados os requisitos do art. 88. autorização de saída.
(Inciso com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478,
Art. 92 – No regime semi-aberto, serão observadas
de 12/1/2011.)
as normas de segurança, ordem e disciplina necessárias à
convivência normal dentro do estabelecimento e à adapta-
CAPÍTULO VI
ção às peculiaridades do tratamento reeducativo.
Do Centro de Reeducação do Jovem Adulto
Parágrafo único – No regime semi-aberto, a agenda
diária elaborada pela Comissão Técnica de Classificação
Art. 98 – O centro de reeducação do jovem adulto des-
disporá sobre as atividades preceptivas, recreativas e es-
portivas para o sentenciado, que manterá contato com a tina-se aos sentenciados de 18 (dezoito) a 21 (vinte e um)
sociedade para o trabalho externo, frequentará cursos de anos de idade, em regime aberto e semi-aberto.
instrução escolar e profissional e desenvolverá outras ati- Parágrafo único – O centro contará com seção inde-
vidades de reintegração na sociedade, sob a assistência e pendente para os menores infratores que tiverem atingido
a orientação do pessoal penitenciário ou do serviço social. 18 (dezoito) anos sem conclusão do processo reeducativo.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
ciário, indicando as medidas de ordem escolar, profissional, (Caput com redação dada pelo art. 7º da Lei nº 19.478,
terapêutica e moral que fundamentarão a elaboração do de 12/1/2011.)
programa de tratamento reeducativo. I – a identidade do sentenciado ou do preso provisório;
II – os motivos da detenção ou da internação e a auto-
Art. 103 – O centro de observação, além do pessoal de ridade que a determinou;
segurança, vigilância e administração, contará com equipe III – o dia e a hora da admissão e da saída.
interdisciplinar de observação, constituída de psicólogo,
psiquiatra, clínico geral, assistente social, educador e cri- Art. 112 – Inicia-se, no ato do registro, o prontuário
minólogo. pessoal do sentenciado, que o seguirá nas transferências.
Parágrafo único – O prontuário conterá uma parte judi-
CAPÍTULO VIII ciária, uma parte penitenciária e uma parte social.
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Art. 113 – O sentenciado será informado sobre a legis-
Art. 104 – O hospital de custódia e tratamento psiquiá- lação pertinente e sobre o regime interno do estabeleci-
trico, de regime semi-aberto, destina-se aos inimputáveis e mento.
semi-imputáveis indicados no art. 26 e seu parágrafo único
do Código Penal. Art. 114 – O sentenciado tem o direito de informar sua
§ 1º – Haverá seções independentes de regime fechado, situação ao Juiz e ao seu advogado ou à pessoa por ele
segundo as exigências do tratamento psiquiátrico, no caso indicada.
de extrema periculosidade do sentenciado.
§ 2º – As seções de regime aberto destinam-se ao Art. 115 – O preso provisório será informado de seus
tratamento ambulatorial e à preparação para o reingresso direitos, assegurada a comunicação com a família e com
na sociedade. seu defensor e o respeito ao princípio da presunção de ino-
cência.
Art. 105 – No estabelecimento psiquiátrico, haverá,
além das dependências da administração, segurança e
Art. 116 – Efetuada a admissão, proceder-se-á à sepa-
vigilância, seções de observação normal, de praxiterapia,
ração do sentenciado segundo o sexo, a idade, os antece-
esporte e recreação, observando-se, no que for aplicável,
dentes, o estado físico e mental e a necessidade de trata-
o art. 83 da Lei Federal nº 7.210, de 11 de junho de 1984.
mento reeducativo ou psiquiátrico.
Art. 106 – No hospital, além do exame psiquiátrico,
Art. 117 – A agenda diária das atividades da vida em
serão realizados o exame criminológico e os exames ne-
comum dos sentenciados será elaborada pela Comissão
cessários aos tratamentos terapêutico e reeducativo, com
respeito e proteção aos direitos da pessoa do sentenciado. Técnica de Classificação.
Art. 110 – A admissão do sentenciado ou do preso pro- Art. 121 – Haverá alojamento coletivo, de uso temporá-
visório se fará à vista de ordem da autoridade competente. rio, para atender a necessidade urgente.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
V – isolamento em cela individual por até 15 (quinze) Art. 151 – O sentenciado será transferido para estabe-
dias; lecimento próximo da residência de sua família.
VI – isolamento em cela disciplinar por até 1 (um) mês; Parágrafo único – A transferência do sentenciado será
VII – suspensão ou restrição à visita íntima precedida de busca pessoal e exame médico, que informa-
(Inciso acrescentado pelo art. 10 da Lei nº 19.478, de rá sobre seu estado físico e psíquico, bem como sobre suas
12/1/2011.) condições de viajar.
§ 1º – As sanções previstas nos incisos I e II são de
competência do Diretor do estabelecimento e as demais, Art. 152 – É proibido o transporte de sentenciado em
da Comissão Técnica de Classificação. más condições de iluminação, ventilação ou em qualquer
§ 2º – A execução da sanção disciplinar está sujeita a
situação que lhe imponha sofrimento físico.
sursis e a remição.
(Parágrafo com redação dada pelo art. 10 da Lei nº
Art. 153 – Na transferência de sentenciado do sexo fe-
19.478, de 12/1/2011.)
minino, a escolta será integrada por policial feminino.
Art. 144 – O isolamento em cela disciplinar somente se
aplicará em caso de manifesta agressividade ou violência Art. 154 – As medidas coercitivas serão aplicadas ex-
do sentenciado ou quando este, reiteradamente, alterar a clusivamente para o restabelecimento da normalidade e
ordem normal do estabelecimento. cessarão imediatamente após atingida sua finalidade.
Parágrafo único – A cela disciplinar terá as mesmas ca- Art. 155 – As medidas de coerção aplicam-se nas se-
racterísticas da cela individual e possuirá mobiliário aná- guintes hipóteses:
logo. I – para impedir ato de evasão ou violência de senten-
ciado contra si mesmo ou contra terceiros ou coisas;
Art. 145 – O isolamento do sentenciado se cumprirá II – para vencer a resistência ativa ou passiva de sen-
com o controle do médico do estabelecimento, que o vi- tenciado às ordens de funcionário no exercício do cargo.
sitará diariamente, informando o Diretor sobre seu estado Parágrafo único – O Diretor será avisado de situação
de saúde física e mental. grave, da qual dará ciência ao Juiz da Execução.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Parágrafo único – O usuário do monitoramento eletrô- VIII – as entidades civis de direito privado sem fins lu-
nico que estiver cumprindo pena em regime aberto, quan- crativos que tenham firmado convênio com o Estado para
do determinar o Juiz da execução, deverá recolher-se ao a administração de unidades prisionais destinadas ao cum-
local estabelecido na decisão durante o período noturno e primento de pena privativa de liberdade.
nos dias de folga. (Inciso acrescentado pelo art. 1º da Lei nº 15.299, de
(Artigo acrescentado pelo art. 11 da Lei nº 19.478, de 9/8/2004.)
12/1/2011.) (Vide art. 3º da Lei nº 15.299, de 9/8/2004.)
Art. 157 – São órgãos da execução penal: Art. 161 – O Juízo da Execução, localizado na comar-
I – o Conselho de Criminologia e Política Criminal; ca da Capital e em comarca sede da região onde houver
II – o Juízo da Execução; estabelecimento penitenciário, compreende o Juiz da Exe-
III – o Conselho Penitenciário; cução, o representante do Ministério Público, a Defensoria
IV – a Superintendência de Organização Penitenciária; Pública e o Serviço Social Penitenciário.
V – a Direção do Estabelecimento;
VI – o Patronato;
VII – o Conselho da Comunidade.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 162 – Compete ao Juiz da Execução: Art. 164 – O estabelecimento penitenciário contará
I – aprovar o plano de tratamento reeducativo apre- com um corpo de Defensoria Pública com especialização
sentado pela Comissão Técnica de Classificação; em Direito Penitenciário e Criminologia.
II – presidir as reuniões da Comissão Técnica de Classi-
ficação destinadas a tratar de progressão ou regressão do Art. 165 – Incumbe à Defensoria Pública promover a
regime; defesa dos sentenciados carentes nas áreas cível, penal e
III – conceder remição da pena, ouvida a Comissão Téc- disciplinar.
nica de Classificação, e autorização de saída prevista nos (Vide Lei Complementar nº 65, de 16/1/2003.)
arts. 137 e 138 desta lei;
(Inciso com redação dada pelo art. 12 da Lei nº 19.478, SEÇÃO IV
de 12/1/2011.) Do Serviço Social Penitenciário
IV – conceder ou revogar as medidas de semiliberdade
no regime de confiança para preparação da reintegração Art. 166 – Ao Serviço Social Penitenciário incumbe:
na sociedade; I – participar da equipe interprofissional do Juízo;
V – conceder o livramento condicional, ouvida a Co- II – realizar o estudo social do sentenciado;
missão Técnica de Classificação; III – assistir o sursitário, o liberando e o egresso no pe-
VI – supervisionar o período de prova do livramento ríodo de prova;
condicional e do “sursis”, mediante orientação e assistência IV – orientar e assistir a família do sentenciado;
do agente de prova ou trabalhador social; V – assessorar o Juiz e o Promotor de Justiça;
VII – acompanhar a execução das medidas restritivas VI – integrar o Patronato e o Conselho da Comunidade.
de direito com a colaboração do serviço social penitenciá-
rio ou de funcionário do Juízo e à vista do relatório da en- CAPÍTULO IV
tidade a que o sentenciado preste serviços; Do Conselho Penitenciário
VIII – autorizar o isolamento disciplinar por mais de 15
(quinze) dias; Art. 167 – O Conselho Penitenciário é órgão consultivo
IX – decidir recurso sobre direito do sentenciado, inclu- e fiscalizador da execução penal.
sive sobre progressão ou regressão de regime;
X – exercer a sua competência nos estabelecimentos Art. 168 – O Conselho Penitenciário será integrado por
da região de sua sede. membros nomeados pelo Governador do Estado e escolhi-
dos entre profissionais, professores nas áreas de Direito Pe-
SEÇÃO II nal, Processual Penal e Penitenciário e das Ciências Sociais,
Do Ministério Público bem como entre representantes da comunidade.
Parágrafo único – O mandato dos Conselheiros terá a
Art. 163 – Ao Ministério Público, entre outras atribui- duração de 4 (quatro) anos.
ções de competência, incumbe: (Vide art. 5º da Lei nº 12.706, de 23/12/1997.)
I – fiscalizar a execução penal, funcionando no proces-
so executivo e nos incidentes da execução; Art. 169 – Incumbe ao Conselho Penitenciário:
II – requerer a aplicação, a substituição e a revogação I – emitir parecer sobre livramento condicional, indulto
de medida de segurança; e comutação de pena;
III – requerer a revogação do “sursis” e o livramento II – visitar regularmente os estabelecimentos peniten-
condicional; ciários, em especial os de regime fechado, e os hospitais
IV – requerer a conversão da pena e a progressão ou a de custódia e tratamento penitenciário para fiscalização da
regressão do regime; execução penal e do regime penitenciário;
V – participar da fiscalização da execução das medidas III – participar da supervisão do período de prova do
restritivas de direito; liberando e do sursitário, bem como da assistência social
VI – interpor recurso de decisão proferida pelo Juiz du- no regime semilivre e em meio livre;
rante a execução; IV – comunicar à autoridade competente as violações
VII – visitar mensalmente os estabelecimentos peniten- das normas de execução penal, recomendando a abertura
ciários; de inquérito e a interdição do estabelecimento.
VIII – representar à autoridade competente sobre a má
orientação, o rigor excessivo ou o privilégio injustificado na CAPÍTULO V
execução penal; Da Superintendência de Organização Penitenciária
IX – requerer as providências necessárias para o regular
desenvolvimento do processo executivo. Art. 170 – A Superintendência de Organização Peniten-
ciária Estadual, órgão integrante da estrutura orgânica da
Secretaria de Estado da Justiça, tem por objetivo assegurar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 176-B – Incumbem à diretoria da unidade de cum- Art. 186 – O pessoal administrativo e o especializa-
primento de pena privativa de liberdade administrada por do devem ter aptidão profissional e técnica necessária ao
entidade civil de direito privado sem fins lucrativos con- exercício das respectivas funções.
veniada com o Estado as atribuições previstas no art. 172
desta lei. Art. 187 – No recrutamento de pessoal especializado,
(Artigo acrescentado pelo art. 2º da Lei nº 15.299, de exigir-se-á diploma de aptidão profissional e título univer-
9/8/2004.) sitário que comprove a formação especializada.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
Art. 188 – O médico visitará diariamente o estabeleci- Art. 195 – São especificamente penitenciários os direi-
mento. tos:
I – ao tratamento reeducativo;
Art. 189 – No estabelecimento para mulheres, somente II – à instrução, priorizada a escolarização de nível fun-
se permitirá trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo damental;
quando se tratar de pessoal técnico especializado e houver (Inciso com redação dada pelo art. 2º da Lei nº 14.390,
comprovada carência de pessoal do sexo feminino com as de 31/10;2002.)
qualificações necessárias para o exercício do cargo. III – à profissionalização;
Parágrafo único – O pessoal do sexo feminino deverá IV – ao trabalho, à sua remuneração e à seguridade
possuir as mesmas qualificações exigidas para o pessoal do social;
sexo masculino. V – à assistência material e à saúde, em especial o tra-
tamento clínico e a assistência psicossocial ao portador de
CAPÍTULO II AIDS;
Do Diretor de Estabelecimento
VI – à assistência social, nomeadamente ao probacio-
nário e ao egresso;
Art. 190 – O ocupante do cargo de Diretor de Estabe-
VII – à assistência jurídica;
lecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos:
I – ter diploma de nível superior de Direito, Psicologia, VIII – à assistência religiosa;
Pedagogia ou Ciências Sociais; IX – ao esporte e à recreação;
II – ter capacidade administrativa e vocação para a fun- X – à comunicação com o mundo exterior como prepa-
ção; ração para sua reinserção na sociedade;
III – ter idoneidade moral, boa cultura geral, formação XI – à visita de advogado, familiar e cônjuge ou com-
especializada e preparação adequada ao serviço peniten- panheiro;
ciário. XII – ao acesso aos meios de comunicação social;
§ 1º – O Diretor de Estabelecimento deverá residir no XIII – de petição e representação a qualquer autorida-
estabelecimento ou em suas proximidades. de, para defesa de direito;
§ 2º – O Diretor de Estabelecimento dedicará tempo XIV – de entrevista regular com o Diretor;
integral à sua função e não poderá exercer advocacia nem XV – ao recebimento de atestado de pena a cumprir,
outra atividade, exceto a de professor universitário. emitido semestralmente, sob pena de responsabilização da
§ 3º – O Diretor de Estabelecimento que não for autoridade judiciária competente.
recrutado entre os membros do pessoal penitenciário deve, (Inciso acrescentado pelo art. 13 da Lei nº 19.478, de
antes de entrar em função, receber formação técnica e 12/1/2011.)
prática sobre o trabalho de direção, salvo se for diplomado
em escola profissional ou tiver título universitário em TÍTULO IX
matéria pertinente. Dos Deveres do Sentenciado
(Vide art. 6º da Lei nº 12.967, de 27/7/1998.)
Art. 196 – São deveres do sentenciado:
TÍTULO VIII I – submeter-se ao cumprimento da pena ou à medida
Dos Direitos do Sentenciado e do Preso Provisório de segurança;
II – permanecer no estabelecimento até a sua liberta-
Art. 191 – São direitos do preso os direitos civis, os po- ção;
líticos, os sociais e os especificamente penitenciários.
III – respeitar as normas do regime penitenciário;
IV – manter atitude de respeito e consideração com
Art. 192 – Os direitos civis, sociais e políticos, inclusive
os funcionários do estabelecimento e com as autoridades;
o de sufrágio, permanecem com o preso, quando não fo-
rem retirados expressa e necessariamente pela lei ou pela V – observar conduta correta com seus companheiros;
sentença. VI – indenizar os danos causados à administração do
estabelecimento;
Art. 193 – Os direitos penitenciários derivam da relação VII – indenizar as despesas de sua manutenção;
jurídica constituída entre o sentenciado e a administração VIII – cumprir as prestações alimentícias devidas à fa-
penitenciária. mília;
IX – assistir o cônjuge ou o companheiro na manuten-
Art. 194 – Enumeram-se, antes da sentença, os direi- ção e na educação dos filhos.
tos à presunção de inocência, ao contraditório, à igualdade
entre os sujeitos processuais, à ampla defesa, à assistência Art. 197 – Esta lei entra em vigor na data de sua publi-
judiciária gratuita, nos termos da lei, o de ser ouvido pes- cação.
soalmente pela autoridade competente, o de receber visi-
tas, o de comunicar-se com advogado e familiares e o de Art. 198 – Revogam-se as disposições em contrário.
permanecer no estabelecimento da localidade ou naquele
mais próximo de seu domicílio.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Reconhecendo que estes direitos emanam da dignida- 2. A fim de determinar a existência de tais razões, as
de inerente à pessoa humana, autoridades competentes levarão em conta todas as con-
Considerando a obrigação que incumbe os Estados, em siderações pertinentes, inclusive, quando for o caso, a exis-
virtude da Carta, em particular do Artigo 55, de promover o tência, no Estado em questão, de um quadro de violações
respeito universal e a observância dos direitos humanos e sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos.
liberdades fundamentais. ARTIGO 4º
Levando em conta o Artigo 5º da Declaração Universal 1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de
e a observância dos Direitos do Homem e o Artigo 7º do tortura sejam considerados crimes segundo a sua legisla-
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que de- ção penal. O mesmo aplicar-se-á à tentativa de tortura e a
terminam que ninguém será sujeito à tortura ou a pena ou todo ato de qualquer pessoa que constitua cumplicidade
tratamento cruel, desumano ou degradante, ou participação na tortura.
Levando também em conta a Declaração sobre a Pro- 2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas
teção de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tra- adequadas que levem em conta a sua gravidade.
tamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, ARTIGO 5º
aprovada pela Assembléia Geral em 9 de dezembro de 1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias
1975, para estabelecer sua jurisdição sobre os crimes previstos
Desejosos de tornar mais eficaz a luta contra a tortura e no Artigo 4º nos seguintes casos:
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degra- a) quando os crimes tenham sido cometidos em qual-
dantes em todo o mundo, quer território sob sua jurisdição ou a bordo de navio ou
Acordam o seguinte: aeronave registrada no Estado em questão;
PARTE I b) quando o suposto autor for nacional do Estado em
ARTIGO 1º questão;
1. Para os fins da presente Convenção, o termo “tortu- c) quando a vítima for nacional do Estado em questão
ra” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos e este o considerar apropriado.
agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente 2. Cada Estado Parte tomará também as medidas ne-
a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pes-
cessárias para estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes
soa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que
nos casos em que o suposto autor se encontre em qual-
ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou seja sus-
quer território sob sua jurisdição e o Estado não extradite
peita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa
de acordo com o Artigo 8º para qualquer dos Estados men-
ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
cionados no parágrafo 1 do presente Artigo.
discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição crimi-
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou
nal exercida de acordo com o direito interno.
outra pessoa no exercício de funções públicas, ou por sua
ARTIGO 6º
instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência.
1. Todo Estado Parte em cujo território se encontre uma
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos
que sejam conseqüência unicamente de sanções legítimas, pessoa suspeita de ter cometido qualquer dos crimes men-
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. cionados no Artigo 4º, se considerar, após o exame das
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira informações de que dispõe, que as circunstâncias o justifi-
a restringir qualquer instrumento internacional ou legisla- cam, procederá à detenção de tal pessoa ou tomará outras
ção nacional que contenha ou possa conter dispositivos de medidas legais para assegurar sua presença. A detenção e
alcance mais amplo. outras medidas legais serão tomadas de acordo com a lei
ARTIGO 2º do Estado mas vigorarão apenas pelo tempo necessário ao
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de cará- início do processo penal ou de extradição.
ter legislativo, administrativo, judicial ou de outra natureza, 2. O Estado em questão procederá imediatamente a
a fim de impedir a prática de atos de tortura em qualquer uma investigação preliminar dos fatos.
território sob sua jurisdição. 3. Qualquer pessoa detida de acordo com o parágrafo
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias 1 terá assegurada facilidades para comunicar-se imediata-
excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, ins- mente com o representante mais próximo do Estado de
tabilidade política interna ou qualquer outra emergência que é nacional ou, se for apátrida, com o representante do
pública como justificação para tortura. Estado de residência habitual.
3. A ordem de um funcionário superior ou de uma au- 4. Quando o Estado, em virtude deste Artigo, houver
toridade pública não poderá ser invocada como justifica- detido uma pessoa, notificará imediatamente os Estados
ção para a tortura. mencionados no Artigo 5º, parágrafo 1, sobre tal deten-
ARTIGO 3º ção e sobre as circunstâncias que a justificam. O Estado
1. Nenhum Estado Parte procederá à expulsão, devolu- que proceder à investigação preliminar a que se refere o
ção ou extradição de uma pessoa para outro Estado quan- parágrafo 2 do presente Artigo comunicará sem demora
do houver razões substanciais para crer que a mesma corre seus resultados aos Estados antes mencionados e indicará
perigo de ali ser submetida a tortura. se pretende exercer sua jurisdição.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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ARTIGO 7º ARTIGO 11
1. O Estado Parte no território sob a jurisdição do qual Cada Estado Parte manterá sistematicamente sob exa-
o suposto autor de qualquer dos crimes mencionados no me as normas, instruções, métodos e práticas de interroga-
Artigo 4º for encontrado, se não o extraditar, obrigar-se-á, tório, bem como as disposições sobre a custódia e o tra-
nos casos contemplados no Artigo 5º, a submeter o caso as tamento das pessoas submetidas, em qualquer território
suas autoridades competentes para o fim de ser o mesmo sob sua jurisdição, a qualquer forma de prisão, detenção
processado. ou reclusão, com vistas a evitar qualquer caso de tortura.
2. As referidas autoridades tomarão sua decisão de ARTIGO 12
acordo com as mesmas normas aplicáveis a qualquer cri- Cada Estado Parte assegurará suas autoridades com-
me de natureza grave, conforme a legislação do referido petentes procederão imediatamente a uma investigação
Estado. Nos casos previstos no parágrafo 2 do Artigo 5º, imparcial sempre que houver motivos razoáveis para crer
as regras sobre prova para fins de processo e condenação que um ato de tortura tenha sido cometido em qualquer
não poderão de modo algum ser menos rigorosas do que território sob sua jurisdição.
as que se aplicarem aos casos previstos no parágrafo 1 do ARTIGO 13
Artigo 5º. Cada Estado Parte assegurará a qualquer pessoa que
3. Qualquer pessoa processada por qualquer dos cri- alegue ter sido submetida a tortura em qualquer território
mes previstos no Artigo 4º receberá garantias de tratamen- sob sua jurisdição o direito de apresentar queixa perante as
to justo em todas as fases do processo. autoridades competentes do referido Estado, que procede-
ARTIGO 8° rão imediatamente e com imparcialidade ao exame do seu
1. Os crimes a que se refere o Artigo 4° serão consi- caso. Serão tomadas medidas para assegurar a proteção
derados como extraditáveis em qualquer tratado de extra- do queixoso e das testemunhas contra qualquer mau trata-
dição existente entre os Estados Partes. Os Estados Partes
mento ou intimação em conseqüência da queixa apresen-
obrigar-se-ão a incluir tais crimes como extraditáveis em
tada ou de depoimento prestado.
todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.
2. Se um Estado Parte que condiciona a extradição à ARTIGO 14
existência de tratado de receber um pedido de extradição 1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurí-
por parte do outro Estado Parte com o qual não mantém dico, à vítima de um ato de tortura, o direito à reparação
tratado de extradição, poderá considerar a presente Con- e a uma indenização justa e adequada, incluídos os meios
venção com base legal para a extradição com respeito a necessários para a mais completa reabilitação possível. Em
tais crimes. A extradição sujeitar-se-á ás outras condições caso de morte da vítima como resultado de um ato de tor-
estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação. tura, seus dependentes terão direito à indenização.
3. Os Estado Partes que não condicionam a extradição 2. O disposto no presente Artigo não afetará qualquer
à existência de um tratado reconhecerão, entre si, tais cri- direito a indenização que a vítima ou outra pessoa possam
mes como extraditáveis, dentro das condições estabeleci- ter em decorrência das leis nacionais.
das pela lei do Estado que receber a solicitação. ARTIGO 15
4. O crime será considerado, para o fim de extradição Cada Estado Parte assegurará que nenhuma declara-
entre os Estados Partes, como se tivesse ocorrido não ape- ção que se demonstre ter sido prestada como resultado de
nas no lugar em que ocorreu, mas também nos territórios tortura possa ser invocada como prova em qualquer pro-
dos Estados chamados a estabelecerem sua jurisdição, de cesso, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como
acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5º. prova de que a declaração foi prestada.
ARTIGO 9º ARTIGO 16
1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assis- 1.Cada Estado Parte se comprometerá a proibir em
tência possível em relação aos procedimentos criminais qualquer território sob sua jurisdição outros atos que cons-
instaurados relativamente a qualquer dos delitos mencio- tituam tratamento ou penas cruéis, desumanos ou degra-
nados no Artigo 4º, inclusive no que diz respeito ao forne- dantes que não constituam tortura tal como definida no
cimento de todos os elementos de prova necessários para Artigo 1, quando tais atos forem cometidos por funcionário
o processo que estejam em seu poder. público ou outra pessoa no exercício de funções públicas,
2. Os Estados Partes cumprirão as obrigações decor- ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou
rentes do parágrafo 1 do presente Artigo conforme quais-
aquiescência. Aplicar-se-ão, em particular, as obrigações
quer tratados de assistência judiciária recíproca existentes
mencionadas nos Artigos 10, 11, 12 e 13, com a substituição
entre si.
ARTIGO 10 das referências a tortura por referências a outras formas de
1. Cada Estado Parte assegurará que o ensino e a in- tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
formação sobre a proibição de tortura sejam plenamente 2. Os dispositivos da presente Convenção não serão
incorporados no treinamento do pessoal civil ou militar interpretados de maneira a restringir os dispositivos de
encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos qualquer outro instrumento internacional ou lei nacional
funcionários públicos e de quaisquer outras pessoas que que proíba os tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
possam participar da custódia, interrogatório ou tratamen- degradantes ou que se refira à extradição ou expulsão.
to de qualquer pessoa submetida a qualquer forma de pri- PARTE II
são, detenção ou reclusão. ARTIGO 17
2. Cada Estado Parte incluirá a referida proibição nas 1. Constituir-se-á um Comitê contra a Tortura (dora-
normas ou instruções relativas aos deveres e funções de vante denominado o “Comitê) que desempenhará as fun-
tais pessoas. ções descritas adiante. O Comitê será composto por dez
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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peritos de elevada reputação moral e reconhecida compe- b) as decisões do Comitê serão tomadas por maioria
tência em matéria de direitos humanos, os quais exercerão de votos dos membros presentes.
suas funções a título pessoal. Os peritos serão eleitos pelos 3. O Secretário-Geral das Nações Unidas colocará à
Estados Partes, levando em conta uma distribuição geo- disposição do Comitê o pessoal e os serviços necessários
gráfica eqüitativa e a utilidade da participação de algumas ao desempenho eficaz das funções que lhe são atribuídas
pessoas com experiência jurídica. em virtude da presente Convenção.
2. Os membros do Comitê serão eleitos em votação se- 4. O Secretário-Geral das Nações Unidas convocará a
creta dentre uma lista de pessoas indicadas pelos Estados primeira reunião do Comitê. Após a primeira reunião, o Co-
Partes. Cada Estado Parte pode indicar uma pessoa dentre mitê deverá reunir-se em todas as ocasiões previstas em
os seus nacionais. Os Estados Partes terão presente a uti- suas regras de procedimento.
lidade da indicação de pessoas que sejam também mem- 5. Os Estados Partes serão responsáveis pelos gastos
bros do Comitê de Direitos Humanos estabelecido de acor- vinculados à realização das reuniões dos Estados Partes e
do com o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e do Comitê, inclusive o reembolso de quaisquer gastos, tais
que estejam dispostas a servir no Comitê contra a Tortura. como os de pessoal e de serviço, em que incorrerem as
3. Os membros do Comitê serão eleitos em reuniões Nações Unidas em conformidade com o parágrafo 3 do
bienais dos Estados Partes convocadas pelo Secretário- presente Artigo.
-Geral das Nações Unidas. Nestas reuniões, nas quais o ARTIGO 19
quorum será estabelecido por dois terços dos Estados Par- 1. Os Estados Partes submeterão ao Comitê, por inter-
tes, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que médio do Secretário-Geral das Nações Unidas, relatórios
obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta sobre as medidas por eles adotadas no cumprimento das
dos votos dos representantes dos Estados Partes presentes obrigações assumidas em virtude da presente Convenção,
e votantes. dentro de prazo de um ano, a contar do início da vigência
4. A primeira eleição se realizará no máximo seis meses da presente Convenção no Estado Parte interessado. A par-
após a data de entrada em vigor da presente Convenção. tir de então, os Estados Partes deverão apresentar relató-
Ao menos quatro meses antes da data de cada eleição, o rios suplementares a cada quatro anos sobre todas as no-
Secretário-Geral das Nações Unidas enviará uma carta aos vas disposições que houverem adotado, bem como outros
Estados Partes para convidá-los a apresentar suas candida- relatórios que o Comitê vier a solicitar.
turas no prazo de três meses. O Secretário-Geral organiza- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os
rá uma lista por ordem alfabética de todos os candidatos relatórios a todos os Estados Partes.
assim designados, com indicações dos Estados Partes que 3. Cada relatório será examinado pelo Comitê, que po-
os tiverem designado, e a comunicará aos Estados Partes. derá fazer os comentários gerais que julgar oportunos e os
5. Os membros do Comitê serão eleitos para um man- transmitirá ao Estado Parte interessado. Este poderá, em
dato de quatro anos. Poderão, caso suas candidaturas se- resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as observações
jam apresentadas novamente, ser reeleitos. No entanto, o que deseje formular.
mandato de cinco dos membros eleitos na primeira elei- 4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão
ção expirará ao final de dois anos; imediatamente após a de incluir qualquer comentário que houver feito de acor-
primeira eleição, o presidente da reunião a que se refere do com o que estipula o parágrafo 3 do presente Artigo,
o parágrafo 3 do presente Artigo indicará, por sorteio, os junto com as observações conexas recebidas do Estado
nomes desses cinco membros. Parte interessado, em seu relatório anual que apresentará
6. Se um membro do Comitê vier a falecer, a demitir- em conformidade com o Artigo 24. Se assim o solicitar o
-se de suas funções ou, por outro motivo qualquer, não Estado Parte interessado, o Comitê poderá também incluir
puder cumprir com suas obrigações no Comitê, o Esta- cópia do relatório apresentado em virtude do parágrafo 1
do Parte que apresentou sua candidatura indicará, entre do presente Artigo.
seus nacionais, outro perito para cumprir o restante de seu ARTIGO 20
mandato, sendo que a referida indicação estará sujeita à 1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fide-
aprovação da maioria dos Estados Partes. Considerar-se-á dignas que lhe pareçam indicar, de forma fundamentada,
como concedida a referida aprovação, a menos que a me- que a tortura é praticada sistematicamente no território
tade ou mais dos Estados Partes venham a responder ne- de um Estado Parte, convidará o Estado Parte em questão
gativamente dentro de um prazo de seis semanas, a contar a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a
do momento em que o Secretário-Geral das Nações Unidas transmitir ao Comitê as observações que julgar pertinentes.
lhes houver comunicado a candidatura proposta. 2. Levando em consideração todas as observações que
7. Correrão por conta dos Estados Partes as despesas houver apresentado o Estado Parte interessado, bem como
em que vierem a incorrer os membros do Comitê no de- quaisquer outras informações pertinentes de que dispuser,
sempenho de suas funções no referido órgão. o Comitê poderá, se lhe parecer justificável, designar um ou
ARTIGO 18 vários de seus membros para que procedam a uma inves-
1. O Comitê elegerá sua mesa para um período de dois tigação confidencial e informem urgentemente o Comitê.
anos. Os membros da mesa poderão ser reeleitos. 3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos
2. O próprio Comitê estabelecerá suas regras de pro- do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê procurará
cedimento; estas, contudo, deverão conter, entre outras, as obter a colaboração do Estado Parte interessado. Com a
seguintes disposições: concordância do Estado Parte em questão, a investigação
a) o quorum será de seis membros; poderá incluir uma visita a seu território.
61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4. Depois de haver examinado as conclusões apresen- d) o Comitê realizará reuniões confidenciais quando
tadas por um ou vários de seus membros, nos termos do estiver examinando as comunicações previstas no presen-
parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê as transmitirá ao te Artigo;
Estado Parte interessado, junto com as observações ou su- e) sem prejuízo das disposições da alínea c), o Comitê
gestões que considerar pertinentes em vista da situação. colocará seus bons ofícios à disposição dos Estados Partes
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referên- interessados no intuito de se alcançar uma solução amisto-
cia nos parágrafos 1 ao 4 do presente Artigo serão con- sa para a questão, baseada no respeito às obrigações esta-
fidenciais e, em todas as etapas dos referidos trabalhos, belecidas na presente Convenção. Com vistas a atingir esse
procurar-se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando objetivo, o Comitê poderá constituir, se julgar conveniente,
estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma uma comissão de conciliação ad hoc;
investigação realizada de acordo com o parágrafo 2, o Co- f) em todas as questões que se lhe submetam em vir-
mitê poderá, após celebrar consultas com o Estado Parte tude do presente Artigo, o Comitê poderá solicitar aos Es-
interessado, tomar a decisão de incluir um resumo dos re- tados Partes interessados, a que se faz referência na alínea
sultados da investigação em seu relatório anual, que apre- b), que lhe forneçam quaisquer informações pertinentes;
sentará em conformidade com o Artigo 24. g) os Estados Partes interessados, a que se faz refe-
ARTIGO 21 rência na alínea b), terão o direito de fazer-se represen-
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte da tar quando as questões forem examinadas no Comitê e de
presente Convenção poderá declarar, a qualquer momento, apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito;
que reconhece a competência dos Comitês para receber e h) o Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data
examinar as comunicações em que um Estado Parte alegue de recebimento de notificação mencionada na b), apresen-
que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações tará relatório em que:
que lhe impõe a Convenção. As referidas comunicações só i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da
serão recebidas e examinadas nos termos do presente Ar- alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma
tigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte breve exposição dos fatos e da solução alcançada;
que houver feito uma declaração em que reconheça, com ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos
relação a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê termos da alínea e), o Comitê restringir-se-á, em seu re-
não receberá comunicação alguma relativa a um Estado latório, a uma breve exposição dos fatos; serão anexados
Parte que não houver feito uma declaração dessa natureza. ao relatório o texto das observações escritas e as atas das
As comunicações recebidas em virtude do presente Artigo observações orais apresentadas pelos Estados Partes inte-
estarão sujeitas ao procedimento que se segue: ressados.
a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Par- Para cada questão, o relatório será encaminhado aos
te não vem cumprindo as disposições da presente Con- Estados Partes interessados.
venção poderá, mediante comunicação escrita, levar a 2. As disposições do presente Artigo entrarão em vi-
questão ao conhecimento deste Estado Parte. Dentro de gor a partir do momento em que cinco Estado Partes da
um prazo de três meses a contar da data do recebimento presente Convenção houverem feito as declarações men-
da comunicação, o Estado destinatário fornecerá ao Estado cionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas decla-
que enviou a comunicação explicações ou quaisquer outras rações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao
declarações por escrito que esclareçam a questão, as quais Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das
deverão fazer referência, até onde seja possível e pertinen- mesmas aos demais Estados Partes. Toda declaração pode-
te, aos procedimentos nacionais e aos recursos jurídicos rá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação
adotados, em trâmite ou disponíveis sobre a questão; endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam
data do recebimento da comunicação original pelo Esta- objeto de uma comunicação já transmitida nos termos des-
do destinatário, a questão não estiver dirimida satisfato- te Artigo; em virtude do presente Artigo, não se receberá
riamente para ambos os Estado Partes interessados, tanto qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma vez
um como o outro terão o direito de submetê-la ao Comitê, que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a
mediante notificação endereçada ao Comitê ou ao outro retirada da declaração, a menos que o Estado Parte interes-
Estado interessado; sado haja feito uma nova declaração.
c) o Comitê tratará de todas as questões que se lhe ARTIGO 22
submetam em virtude do presente Artigo somente após 1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá,
ter-se assegurado de que todos os recursos jurídicos in- em virtude do presente Artigo, declarar, a qualquer mo-
ternos disponíveis tenham sido utilizados e esgotados, em mento, que reconhece a competência do Comitê para re-
consonância com os princípios do Direito internacional ge- ceber e examinar as comunicações enviadas por pessoas
ralmente reconhecidos. Não se aplicará esta regra quando sob sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser ví-
a aplicação dos mencionados recursos se prolongar injus- timas de violação, por um Estado Parte, das disposições da
tificadamente ou quando não for provável que a aplicação Convenção.O Comitê não receberá comunicação alguma
de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da relativa a um Estado Parte que não houver feito declaração
pessoa que seja vítima de violação da presente Convenção; dessa natureza.
62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comu- desempenho de missões para a Organização das Nações
nicação recebida em conformidade com o presente Artigo Unidas, em conformidade com as seções pertinentes da Con-
que seja anônima, ou que, a seu juízo, constitua abuso do venção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas.
direito de apresentar as referidas comunicações, ou que ARTIGO 24
seja incompatível com as disposições da presente Conven- O Comitê apresentará, em virtude da presente Conven-
ção. ção, um relatório anula sobre suas atividades aos Estados
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê Partes e à Assembléia Geral das Nações Unidas.
levará todas as comunicações apresentadas em conformi- PARTE III
dade com este Artigo ao conhecimento do Estado Parte da ARTIGO 25
presente Convenção que houver feito uma declaração nos 1. A presente Convenção está aberta à assinatura de
termos do parágrafo 1 e sobre o qual se alegue ter violado todos os Estados.
qualquer disposição da Convenção. Dentro dos seis me- 2. A presente Convenção está sujeita a ratificação. Os
ses seguintes, o Estado destinatário submeterá ao Comitê instrumentos de ratificação serão depositados junto ao
as explicações ou declarações por escrito que elucidem a Secretário-Geral das Nações Unidas.
ARTIGO 26
questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adota-
A presente Convenção está aberta à Adesão de todos
do pelo Estado em questão.
os Estados. Far-se-á a Adesão mediante depósito do Ins-
4. O Comitê examinará as comunicações recebidas em
trumento de Adesão junto ao Secretário-Geral das Nações
conformidade com o presente Artigo á luz de todas as in- Unidas.
formações a ele submetidas pela pessoa interessada, ou ARTIGO 27
em nome dela, e pelo Estado Parte interessado. 1. A presente Convenção entrará em vigor no trigési-
5. O Comitê não examinará comunicação alguma de mo dia a contar da data em que o vigésimo instrumento
uma pessoa, nos termos do presente Artigo, sem que se de ratificação ou adesão houver sido depositado junto ao
haja assegurado de que; Secretário-Geral das Nações Unidas.
a) a mesma questão não foi, nem está sendo, examina- 2. Para os Estados que vierem a ratificar a presente
da perante uma outra instância internacional de investiga- Convenção ou a ela aderir após o depósito do vigésimo
ção ou solução; instrumento de ratificação ou adesão, a Convenção entrará
b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos em vigor no trigésimo dia a contar da data em que o Es-
jurídicos internos disponíveis; não se aplicará esta regra tado em questão houver depositado seu instrumento de
quando a aplicação dos mencionados recursos se prolon- ratificação ou adesão.
gar injustificadamente ou quando não for provável que a ARTIGO 28
aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a 1. Cada Estado Parte poderá declarar, por ocasião da
situação da pessoa que seja vítima de violação da presente assinatura ou da ratificação da presente Convenção ou da
Convenção. adesão a ela, que não reconhece a competência do Comitê
6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando quando ao disposto no Artigo 20.
estiver examinado as comunicações previstas no presente 2. Todo Estado Parte da presente Convenção que hou-
Artigo. ver formulado uma reserva em conformidade com o pará-
7.O Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e grafo 1 do presente Artigo poderá, a qualquer momento,
à pessoa em questão. tornar sem efeito essa reserva, mediante notificação ende-
8. As disposições do presente Artigo entrarão em vi- reçada ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
gor a partir do momento em que cinco Estado Partes da ARTIGO 29
presente Convenção houverem feito as declarações men- 1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá
propor uma emenda e depositá-la junto ao Secretário-
cionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas decla-
-Geral das Nações Unidas. O Secretário-Geral comunicará
rações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao
a proposta de emenda aos Estados Partes, pedindo-lhes
Secretário-Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das
que o notifiquem se desejam que se convoque uma confe-
mesmas ao demais Estados Partes. Toda declaração pode- rência dos Estados Partes destinada a examinar a proposta
rá ser retirada, a qualquer momento, mediante notificação e submetê-la a votação. Se, dentro dos quatro meses se-
endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada sem guintes à data da referida comunicação, pelos menos um
prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam terço dos Estados Partes se manifestar a favor da referida
objeto de uma comunicação já transmitida nos termos des- convocação, o Secretário-Geral convocará uma conferência
te Artigo; em virtude do presente Artigo, não se recebe- sob os auspícios das Nações Unidas. Toda emenda adotada
rá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela, pela maioria dos Estados Partes presentes e votantes na
uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação conferência será submetida pelo Secretário-Geral à aceita-
sobre retirada da declaração, a menos que o Estado Parte ção de todos os Estados Partes.
interessado haja feito uma nova declaração. 2. Toda emenda adotada nos termos das disposições
ARTIGO 23 do parágrafo 1 do presente Artigo entrará em vigor assim
Os membros do Comitê e os membros das Comissões que dois terços dos Estados Partes da presente Convenção
de Conciliação ad noc designados nos termos da alínea e) houverem notificado o Secretário-Geral das Nações Unidas
do parágrafo 1 do Artigo 21 terão o direito às facilidades, de que a aceitaram em consonância com os procedimentos
privilégios e imunidades que se concedem aos peritos no previstos por suas respectivas constituições.
63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
3. Quando entrarem em vigor, as emendas serão obri- 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas encaminha-
gatórias para todos os Estados Partes que as tenham acei- rá cópias autenticadas da presente Convenção a todos os
to, ao passo que os demais Estados Partes permanecem Estados.
obrigados pelas disposições da Convenção e pelas emen- (http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1991/de-
das anteriores por eles aceitas. creto-40-15-fevereiro-1991-342631-publicacaooriginal-1-
ARTIGO 30 -pe.html)
1. As controvérsias entre dois ou mais Estados Partes
com relação à interpretação ou à aplicação da presente
Convenção que não puderem ser dirimidas por meio da
DECRETO Nº 98.386/1989
negociação serão, a pedido de um deles, submetidas a ar-
(CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA
bitragem. Se durante os seis meses seguintes à data do
pedido de arbitragem, as Partes não lograrem pôr-se de PREVENIR E PUNIR A TORTURA).
acordo quanto aos termos do compromisso de arbitragem,
qualquer das Partes poderá submeter a controvérsia à Cor-
te Internacional de Justiça, mediante solicitação feita em DECRETO Nº 98.386, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1989
conformidade com o Estatuto da Corte. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição
2. Cada Estado poderá, por ocasião da assinatura ou que lhe confere o art. 84, item IV, da Constituição e
da ratificação da presente Convenção, declarar que não se Considerando que o Congresso Nacional aprovou,
considera obrigado pelo parágrafo 1 deste Artigo. Os de- pelo Decreto Legislativo nº 5, de 31 de maio de 1989, a
mais Estados Partes não estarão obrigados pelo referido Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura,
parágrafo com relação a qualquer Estado Parte que houver concluída em Cartagena, a 9 de dezembro de 1985;
formulado reserva dessa natureza. Considerando que o Brasil ratificara a referida Conven-
3. Todo Estado Parte que houver formulado reserva nos ção, em 20 de julho de 1989, tendo entrado em vigor na
termos do parágrafo 2 do presente Artigo poderá retirá-la, forma de seu artigo 21,
a qualquer momento, mediante notificação endereçada ao DECRETA:
Secretário-Geral das Nações Unidas. Art. 1º. A Convenção Interamericana para Prevenir
ARTIGO 31 e Punir a Tortura, apensa por cópia ao presente Decreto,
1. Todo Estado Parte poderá denunciar a presente Con- será executada e cumprida tão inteiramente como nela se
venção mediante notificação por escrito endereçada ao contém.
Secretário-Geral das Nações Unidas. A denúncia produzirá Art. 2º. Este Decreto entra em vigor na data de sua
efeitos um ano depois da data de recebimento da notifica- publicação.
ção pelo Secretário-Geral. Art. 3º. Revogam-se as disposições em contrário.
2. A referida denúncia não eximirá o Estado Parte das Brasília, 9 de novembro de 1989; 168º da Independên-
obrigações que lhe impõe a presente Convenção relativa- cia e 101º da República.
mente a qualquer ação ou omissão ocorrida antes da data
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E
em que a denúncia venha a produzir efeitos; a denúncia
PUNIR A TORTURA
não acarretará, tampouco, a suspensão do exame de quais-
quer questões que o Comitê já começara a examinar antes Os Estados Americanos signatários da presente Con-
da data em que a denúncia veio a produzir efeitos. venção,
3. A partir da data em que vier a produzir efeitos a de- Conscientes do disposto na Convenção Americana so-
núncia de um Estado Parte, o Comitê não dará início ao bre Direitos Humanos, no sentido de que ninguém deve ser
exame de qualquer nova questão referente ao Estado em submetido a torturas, nem a penas ou tratamento cruéis,
apreço. desumanas ou degradantes;
ARTIGO 32 Reafirmando que todo ato de tortura ou outros tra-
O Secretário-Geral das Nações Unidas comunicará a tamentos ou penas cruéis, ou desumanas ou degradantes
todos os Estados membros das Nações Unidas e a todos constituem uma ofensa à dignidade humana e uma nega-
os Estados que assinaram a presente Convenção ou a ela ção dos princípios consagrados na Carta da Organização
aderiram: dos Estados Americanos e na Carta das Nações Unidas, e
a) as assinaturas, ratificações e adesões recebidas em são violatórios aos direitos humanos e liberdades funda-
conformidade com os Artigos 25 e 26; mentais proclamados na Declaração Universal dos Direitos
b) a data de entrada em vigor da Convenção, nos ter- do Homem;
mos do Artigo 27, e a data de entrada em vigor de quais- Assinalando que, para tornar efetivas as normas per-
quer emendas, nos termos do Artigo 29; tinentes contidas nos instrumentos universais e regionais
c) as denúncias recebidas em conformidades com o aludidos, é necessário elaborar uma convenção interameri-
Artigo 31. cana que previna e puna a tortura;
ARTIGO 33 Reiterando seu propósito de consolidar neste Conti-
1. A presente Convenção, cujos textos em árabe, chi- nente as condições que permitam o reconhecimento e o
nês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente au- respeito da dignidade inerente à pessoa humana e asse-
tênticos, será depositada junto ao Secretário-Geral das Na- gurem o exercício pleno das suas liberdades e direitos fun-
ções Unidas. damentais;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
propaganda, relações públicas e promoção de eventos da VII – apoiar a gestão e melhoria de processos, visando
Seap, em conformidade com as diretrizes estabelecidas a desburocratizar procedimentos e aprimorar o desempe-
pela Segov, com atribuições de: nho das políticas públicas na Seap;
I – planejar, coordenar e supervisionar programas e VIII – realizar o apoio, a orientação e a disseminação de
projetos relacionados com a comunicação interna e exter- conhecimentos técnicos e metodológicos relacionados às
na das ações da Seap; ferramentas de gestão utilizadas pelo governo;
II – assessorar os dirigentes e as unidades administrati- IX – auxiliar as áreas centrais de governo na execução
vas da Seap no relacionamento com a imprensa; dos processos atinentes à gestão estratégica e de informa-
III – planejar e coordenar as entrevistas coletivas e o ções da Seap.
atendimento a solicitações dos órgãos de imprensa, em ar-
ticulação com a Superintendência Central de Imprensa da CAPÍTULO VIII
Subsecretaria de Comunicação Social – Subsecom; DA UNIDADE SETORIAL DE PARCERIAS PÚBLICO-
IV – produzir textos a serem publicados em veículos de -PRIVADAS E COGESTÃO
comunicação da Seap da Subsecom;
V – acompanhar, selecionar e analisar assuntos de in- Art. 11 – A Unidade Setorial de Parcerias Público-Priva-
teresse da Seap publicados em jornais e revistas, visando a das e Cogestão tem como competência planejar, orientar,
subsidiar o desenvolvimento das atividades de comunica- controlar, gerir e executar as atividades relativas ao Progra-
ção social; ma de Parcerias Público Privadas da Seap, com atribuições
VI – propor, supervisionar e acompanhar as ações de de:
publicidade e propaganda, os eventos e as promoções I – desenvolver, em consonância com as diretrizes da
para divulgação das atividades institucionais, em articula- Secretaria de Estado de Fazenda – SEF –, conceitos, me-
ção com a Subsecom, bem como responsabilizar-se pelos todologias e projetos de parceria público-privadas – PPP;
materiais utilizados nos eventos; II – identificar, no âmbito da Seap, oportunidades de
VII – manter atualizados os sítios eletrônicos e a intra- desenvolvimento de novos projetos de PPP;
net sob a responsabilidade da Seap, no âmbito de ativida- III – propor e analisar Procedimentos de Manifestação
des de comunicação social; de Interesse – PMI;
VIII – gerenciar e assegurar a atualização das bases de IV – levantar informações técnicas e realizar estudos
informações institucionais necessárias ao desempenho das para dar embasamento ao desenvolvimento de PMIs e mo-
atividades de comunicação social; delagens;
IX – manter permanente contato e alinhamento de in- V – elaborar os termos de referências relativos aos es-
formações entre o fornecedor e a Subsecom durante a rea- tudos de modelagem a serem executados;
lização de eventos. VI – participar do desenvolvimento, da licitação, da
contratação e da execução de contratos de PPPs e de co-
CAPÍTULO VII gestão das unidades do sistema prisional no âmbito da
DA ASSESSORIA DE PLANEJAMENTO Seap;
VII – apoiar a SEF no desenvolvimento e modelagem
Art. 10 – A Assessoria de Planejamento – Asplan – tem de projetos de PPP;
como competência promover o gerenciamento estratégico VIII – gerir e fiscalizar a execução dos contratos de PPPs
setorial de forma alinhada à integração e à estratégia go- e cogestão em áreas que houver necessidade de provimen-
vernamental, em conformidade com as diretrizes técnicas to terceirizado e que interfiram direta ou indiretamente no
estabelecidas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Sistema Prisional;
Gestão – Seplag –, com atribuições de: IX – desenvolver, elaborar, contratar e gerir contratos
I – coordenar e apoiar o processo de planejamento das de terceiros para mensuração do desempenho dos parcei-
ações prioritárias junto aos seus respectivos responsáveis ros privados e outros que porventura estiverem determi-
na Seap; nados como obrigação contratual do Poder Concedente;
II – apoiar e acompanhar a execução das políticas pú- X – gerir processos e padronizar as metodologias de
blicas da Seap, promovendo a articulação, facilitação e gestão de contratos de PPPs e cogestão no âmbito da Seap;
coordenação de esforços para sua execução; XI – realizar, no âmbito da Seap, a gestão de conflitos e
III – assessorar os dirigentes da Seap na gestão estraté- de riscos dos contratos de PPPs e cogestão;
gica, favorecendo a tomada de decisão; XII – analisar pleitos de alterações contratuais e de ree-
IV – realizar a sistematização, consolidação e divulga- quilíbrio e econômico e financeiros dos contratos de PPP,
ção do planejamento e da situação de execução das ações contratos vinculados e cogestão, no âmbito da SEAP.
prioritárias dentro do sistema operacional a fim de promo-
ver o alinhamento organizacional; Seção I
V – prestar apoio e coordenar a execução das ativida- Do Núcleo Técnico de Fiscalização
des da Seap referentes às demandas originadas nos pro-
cessos de participação popular; Art. 12 – O Núcleo Técnico de Fiscalização tem como
VI – apoiar a identificação e o desenvolvimento de no- competência fiscalizar as obrigações contratuais de exe-
vos projetos que potencializem as políticas públicas sob cução operacional dos contratos de PPP e Cogestão, com
responsabilidade da Seap; atribuições de:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
I – fiscalizar e acompanhar as etapas de obras de cons- IV – articular-se com os órgãos competentes para a
trução e manutenção da infraestrutura, em conformidade execução dos serviços de transporte aéreo e terrestre afe-
com os cronogramas e as obrigações contratuais de res- tos ao Secretário;
ponsabilidade dos parceiros privados; V – acompanhar a elaboração da agenda do Secretário;
II – fiscalizar as obrigações contratuais de responsabili- VI – prestar assessoramento à Ascom no planejamen-
dade do Poder concedente e dos parceiros privados; to, na coordenação e na realização dos eventos oficiais do
III – acompanhar e avaliar os planos e metas contra- Secretário;
tuais definidos pelos parceiros privados em articulação VII – assessorar os Subsecretários quanto às medidas
com a demais Subsecretarias. preventivas de segurança pessoal nos casos em que houver
risco à integridade física diretamente relacionado com o
Seção II exercício de suas funções na Seap.
Do Núcleo de Gestão Contratual Parágrafo único – A Assessoria Militar será integrada
por um Oficial Superior da PMMG e uma equipe de mili-
Art. 13 – O Núcleo de Gestão Contratual tem como tares cedidos pelas respectivas instituições, mediante con-
competência coordenar a operação administrativo-finan- vênio.
ceira dos contratos de PPP, respectivos contratos vincula-
dos e de cogestão no âmbito da Seap, com atribuições de: CAPÍTULO X
I – gerenciar os contratos vinculados ao contrato de DA ASSESSORIA DE INFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA
PPP, incluindo os de verificador independente e de agente
garantidor; Art. 16 – A Assessoria de Informação e Inteligência tem
II – processar as informações para realização do pa- como competência realizar a atividade de inteligência pri-
gamento da contraprestação pecuniária e demais parcelas sional, obter subsídios informativos, produzir e salvaguar-
remuneratórias previstas nos contratos; dar informações e conhecimentos acerca do Sistema Pri-
III – gerenciar e fiscalizar a atuação do verificador in- sional, com atribuições de:
dependente, bem como executar os procedimentos para I – coordenar, controlar e supervisionar as atividades
do Sistema de Inteligência Prisional;
realização do pagamento dos contratos de verificador in-
II – promover a integração e viabilizar a interoperabili-
dependente;
dade entre as agências do Sistema de Inteligência Prisional
IV – modelar, atuar na licitação e na contratação e ge-
e da comunidade de inteligência;
renciar os contratos de cogestão.
III – administrar os bancos de dados próprios e contro-
lar acessos de servidores da Seap a sistemas disponibiliza-
Seção III
dos por outros órgãos;
Do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento
IV – gerar estatísticas dos dados disponibilizados em
seus sistemas de informação;
Art. 14 – O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento tem V – participar das comunidades de inteligência munici-
como competência realizar estudos e pesquisas relaciona- pal, estadual e nacional, interagindo com entidades públi-
dos ao desenvolvimento de novas soluções de infraestru- cas ou privadas;
tura governamental e de assuntos vinculados à administra- VI – exercer a atividade de inteligência, contra inteli-
ção prisional, com atribuições de: gência e operações de inteligência no âmbito da Seap;
I – levantar informações para proposição de novos pro- VII – intercambiar informações e conhecimentos com
jetos; as agências de inteligência dos órgãos afetos às temáticas
II – elaborar editais, termos de referência, termos adi- de segurança pública e com a comunidade de inteligência;
tivos e demais documentos licitatórios específicos para VIII – encaminhar informações e conhecimentos rece-
PPPs, contratos vinculados e de cogestão; bidos ou produzidos aos órgãos responsáveis pelas provi-
III – analisar pleitos, solicitações de mudanças e análise dências decorrentes destes;
preliminar de contratos de PPPs e de cogestão. IX – implementar doutrina de inteligência e regula-
mentar a atividade de inteligência prisional;
CAPÍTULO IX X – incumbir-se da seleção, do treinamento, da adap-
DA ASSESSORIA MILITAR tação, do estágio, da qualificação, da requalificação e do
aperfeiçoamento dos profissionais integrantes do Sistema
Art. 15 – A Assessoria Militar da Seap tem como com- de Inteligência Prisional;
petência planejar, organizar, coordenar e gerir as diretrizes XI – propor a política de inteligência prisional;
e medidas a serem implementadas na área de segurança XII – exercer a orientação técnica e a gestão de opera-
institucional, com atribuições de: ções da Coordenadoria de Informação e Inteligência;
I – promover a segurança pessoal do Secretário dentro XIII – orientar, acompanhar, oferecer suporte técnico-
das dependências da Seap ou fora dela; -operacional e avaliar o desempenho da atividade de inte-
II – encarregar-se dos serviços de ajudância de ordens ligência prisional;
para atendimento ao Secretário; XIV – desenvolver protocolos para o compartilhamento
III – manter o Secretário informado sobre assuntos re- de informações e conhecimentos, bem como induzir e fo-
levantes de segurança pública; mentar a atividade de inteligência prisional;
70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
V – garantir a alimentação de dados em sistemas in- V – unidades prisionais de perícia e atendimento mé-
formatizados, conforme seja requerido. dico:
Parágrafo único – As unidades prisionais classificam- a) Diretoria-Geral;
-se como: b) Assessoria de Inteligência;
I – pequeno porte I: unidades prisionais existentes, ou c) Diretoria Administrativa;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para até ses- d) Diretoria de Segurança;
senta indivíduos privados de liberdade; e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de
II – pequeno porte II: unidades prisionais existentes, ou Liberdade;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para receber § 1º – As Unidades Prisionais de todos os portes terão
entre sessenta e um e cento e noventa e nove indivíduos em sua organização, além da estrutura definida nos incisos
privados de liberdade; I a V do caput, as seguintes unidades:
III – médio porte I: unidades prisionais existentes, ou I – Conselho Disciplinar;
as que vierem a ser criadas, com capacidade para receber II – Comissão Técnica de Classificação.
§ 2º – O porte e a denominação das unidades prisionais
entre duzentos e quatrocentos e noventa e nove indivíduos
são os estabelecidos no Anexo.
privados de liberdade;
Art. 22 – As atribuições a serem executadas no âmbito
IV – médio porte II: unidades prisionais existentes ou
das unidades prisionais, sempre em observância a diretri-
que vierem a ser criadas, com capacidade para receber en- zes, normas e orientações expedidas pela Seap, serão dis-
tre quinhentos e setecentos e noventa e nove indivíduos tribuídas da seguinte forma:
privados de liberdade; I – são atribuições da Diretoria-Geral:
V – centro de remanejamento provisório do Sistema a) garantir a execução, coordenação e integração das
Prisional: unidades prisionais existentes ou que vierem a atividades de inteligência, gestão de vagas, avaliação dis-
ser criadas, com a finalidade de realizar remanejamento ciplinar, classificação dos indivíduos privados de liberdade,
provisório; administração da unidade, segurança e atendimento ao in-
VI – grande porte e segurança máxima: unidades pri- divíduo privado de liberdade;
sionais existentes, ou as que vierem a ser criadas, com ca- b) coordenar as atividades a serem executadas pelos
pacidade para receber a partir de oitocentos indivíduos servidores lotados na unidade;
privados de liberdade, bem como as que tiverem por ca- c) promover a estabilidade, segurança e disciplina no
racterística padrões de segurança máxima; âmbito da unidade;
VII – perícia e atendimento médico: unidades prisionais d) articular, com autoridades locais, medidas para ga-
existentes, ou as que vierem a ser criadas, com a finalidade rantir o andamento e a melhoria da administração da uni-
de realizar perícia e atendimento médico. dade;
Art. 21 – As unidades prisionais organizam-se da se- e) organizar o Conselho Disciplinar e a Comissão Téc-
guinte forma: nica de Classificação;
I – unidades prisionais de pequeno porte I e II: II – a Diretoria Adjunta tem as mesmas atribuições da
a) Diretoria-Geral; Diretoria-Geral, exercendo-as de forma subsidiária e com-
b) Diretoria Adjunta; plementar;
II – unidades prisionais de médio porte I e II e unidades III – são atribuições da Assessoria de Inteligência ob-
prisionais de perícia e atendimento médico: ter de informações de inteligência e divulgá-las para a
a) Diretoria-Geral; Diretoria Geral e para a Coordenadoria de Informação e
Inteligência, sob a orientação desta, no intuito de anteci-
b) Assessoria de Inteligência;
par ocorrências prejudiciais à manutenção do trabalho da
c) Diretoria Administrativa;
unidade prisional;
d) Diretoria de Segurança;
IV – são atribuições da Diretoria Administrativa exe-
e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de cutar, acompanhar e avaliar as atividades administrativas,
Liberdade; financeiras e de pessoal, no âmbito da unidade, em con-
III – unidades prisionais de grande porte e segurança sonância com as diretrizes da Subsecretaria de Gestão Ad-
máxima: ministrativa, Logística e Tecnologia, bem como zelar pela
a) Diretoria-Geral; conservação da estrutura física da unidade e pelo controle
b) Diretoria Adjunta; de patrimônio;
c) Assessoria de Inteligência; V – são atribuições da Diretoria de Segurança executar
d) Diretoria Administrativa; e coordenar as atividades de segurança interna e externa
e) Diretoria de Segurança; da unidade prisional, garantindo a disciplina, conforme
f) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo privado de orientações da Superintendência de Segurança;
liberdade; VI – são atribuições da Diretoria de Atendimento ao
IV – Centro de Remanejamento do Sistema Prisional: Indivíduo Privado de Liberdade executar e coordenar as
a) Diretoria-Geral; atividades de atendimento jurídico, educacional, profissio-
b) Assessoria de Inteligência; nalizante, psicossocial e de saúde aos indivíduos privados
c) Diretoria Administrativa; de liberdade, bem como organizar as atividades laborativas
d) Diretoria de Segurança; destinadas à ocupação destes e promover a organização
e) Diretoria de Atendimento ao Indivíduo Privado de da Comissão Técnica de Classificação, conforme orienta-
Liberdade; ções da Subsecretaria de Humanização do Atendimento;
72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
VII – é atribuição do Conselho Disciplinar julgar as fal- V – realizar inspeção nas unidades prisionais nas áreas
tas disciplinares eventualmente cometidas pelos indivíduos de sua competência;
privados de liberdade custodiados pela unidade, indican- VI – promover a execução da política operacional de
do, para cada caso, a sanção a ser aplicada; segurança interna nos estabelecimentos prisionais do Es-
VIII – é atribuição da Comissão Técnica de Classificação tado.
elaborar o Programa Individualizado de Ressocialização –
PIR – para cada indivíduo privado de liberdade, indicando Subseção II
seu perfil e aptidões, além do tratamento mais adequado. Da Diretoria de Segurança Externa
73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
de liberdade de alta periculosidade e realizar intervenções Parágrafo único – A Unidade Gestora de Monitoração
táticas em unidades prisionais, orientado pelas diretrizes Eletrônica se equipara a uma unidade prisional no que se
da Superintendência de Segurança, com atribuições de: refere à sua organização.
I – realizar intervenção tática nos casos de crise ou
eventos que ameacem a ordem ou se instalem no Sistema Subseção II
Prisional; Do Núcleo de Alvarás
II – realizar operações locais, intermunicipais e inte-
restaduais de escolta de indivíduo privado de liberdade, Art. 30 – O Núcleo de Alvarás tem como competência
quando a periculosidade do indivíduo privado de liberdade formalizar alvarás de soltura eletrônicos e prestar o supor-
justificar tal medida; te às unidades prisionais em relação ao cumprimento e à
III – participar de inspeções no âmbito do Sistema Pri- formalização de alvarás e benefícios judiciais e à verificação
sional, quando determinado; de autenticidade de alvarás físicos de soltura.
IV – realizar a segurança de servidores do Sistema Pri-
sional e de instalações, quando requerido; Subseção III
V – capacitar, em conjunto com a Academia do Sistema Da Diretoria de Gestão de Vagas
Prisional, os grupos especiais do Sistema Prisional.
Art. 31 – A Diretoria de Gestão de Vagas tem como
Seção IV competência gerenciar, no âmbito das unidades prisionais,
Da Superintendência de Gestão de Vagas e Custó- a movimentação dos indivíduos privados de liberdade,
dias Alternativas com atribuições de:
I – operacionalizar as movimentações de indivíduos
Art. 28 – A Superintendência de Gestão de Vagas e privados de liberdade em níveis interestaduais e interna-
Custódias Alternativas tem como competência coordenar cionais;
e controlar as atividades relativas ao registro inicial e à mo- II – realizar a abertura, manutenção, tramitação e arqui-
vimentação de indivíduos privados de liberdade entre as vamento de prontuários, físicos e digitais, que contenham
unidades prisionais, bem como administrar e promover as informações a respeito do indivíduo privado de liberdade e
políticas de custódia alternativa, com atribuições de: sua passagem pelo Sistema Prisional;
I – propor planos e projetos para a implantação de uma III – executar a admissão de indivíduo privado de liber-
política de atendimento à demanda de vagas para indiví- dade em trânsito nas unidades prisionais;
duo privado de liberdade em unidades prisionais; IV – articular com as Diretorias Regionais a movimenta-
II – propor parcerias entre entidades públicas e priva- ção de indivíduos privados de liberdade com o objetivo de
das para disseminar e fortalecer a metodologia da Associa- adequá-la à ocupação e à segurança;
ção de Proteção ao Condenado – Apac – e outras formas V – elaborar planos e projetos para a política de aten-
de custódia alternativa; dimento à demanda de vagas no Estado;
III – promover a ocupação eficiente das vagas disponí- VI – controlar a ocupação de vagas nas penitenciárias,
veis nas unidades prisionais; em PPPs e nas unidades médico-penais.
IV – propor critérios para a movimentação de indiví-
duo privado de liberdade entre unidades prisionais, con- Subseção IV
siderando as características pessoais do indivíduo privado Da Diretoria de Custódias Alternativas
de liberdade e da pena que lhe foi aplicada, bem como o
perfil de cada unidade prisional, consultando, quando ne- Art. 32 – A Diretoria de Custódias Alternativas tem
cessário, a Subsecretaria de Humanização do Atendimento; como competência administrar, fiscalizar e fomentar a im-
V – administrar e coordenar as Audiências de Custódia plantação de métodos alternativos de custódia, com atri-
e Centrais de Flagrantes no âmbito da Seap, bem como buições de:
fomentar sua expansão; I – disseminar as metodologias de custódias alterna-
VI – administrar as políticas de formalização de soltura tivas, em especial as da Apac, propondo a celebração de
e coordenar as pesquisas de concessão de benefícios ju- parcerias com entidades privadas para a custódia e o aten-
diciais; dimento ao indivíduo privado de liberdade;
VII – fiscalizar e gerenciar as atividades da Unidade II – propor e conduzir a celebração de parcerias com
Gestora de Monitoração Eletrônica. entidades públicas ou privadas para o compartilhamento
da administração de unidades prisionais que visem à cus-
Subseção I tódia alternativa;
Da Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica III – gerenciar, fiscalizar e avaliar parcerias firmadas, su-
gerindo a manutenção, ampliação ou redução do escopo
Art. 29 – A Unidade Gestora de Monitoração Ele- da parceria ou a extinção do instrumento;
trônica tem como competência controlar e a coordenar IV – intermediar e fiscalizar os recursos destinados à
as atividades de monitoração eletrônica dos indivíduos manutenção e à construção das unidades de custódias al-
privados de liberdade, a gerir o contrato de monitoração ternativas, bem como orientar sobre a adequada aplicação
eletrônica. desses recursos;
74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
V – controlar a ocupação das vagas existentes nas par- III – estabelecer diretrizes e normas relativas ao tra-
cerias de custódia alternativas; balho, à educação, à articulação do atendimento jurídico,
VI – atuar, em conjunto com a Diretoria de Gestão de às Comissões Técnicas de Classificação, à saúde e ao aten-
Vagas, no que concerne à ocupação eficiente das vagas dimento psicossocial e assistência à família nas unidades
disponíveis nos estabelecimentos com métodos alternati- prisionais;
vos de custódia; IV – assegurar a aplicação da legislação e diretrizes vi-
VII – realizar o controle operacional interno e externo gentes referentes à administração da execução penal e ao
do sistema de monitoração eletrônica e o gerenciamento tratamento humanitário do indivíduo privado de liberdade;
técnico operacional; V – estabelecer, em conjunto com a Subsecretaria de
VIII – fomentar a ampliação da monitoração eletrônica Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, diretrizes
para atendimento a todo o Estado; para a adaptação, adequação ou construção de áreas re-
IX – coordenar programas e equipes multiprofissionais
servadas às atividades de atendimento e assistência ao in-
de acompanhamento e à pessoa monitorada;
divíduo privado de liberdade;
X – monitorar o cumprimento dos deveres legais e das
condições especificadas na decisão judicial que autorizar a VI – estabelecer, em conjunto com a Subsecretaria de
monitoração eletrônica. Gestão Administrativa, Logística e Tecnologia, o perfil de
pessoal técnico para lotação nas unidades da Seap, bem
Subseção V como as diretrizes para seleção, formação e capacitação,
Da Diretoria de Atendimento ao Flagranteado em consonância com sua área de atuação;
VII – articular a elaboração de parcerias com entidades
Art. 33 – A Diretoria de Atendimento ao Flagranteado públicas e privadas, visando à melhoria e humanização das
tem como competência prestar o atendimento à pessoa atividades de atendimento e assistência ao indivíduo priva-
presa em flagrante delito nas comarcas em que há audiên- do de liberdade.
cia de custódia, com atribuições de:
I – coordenar as centrais de recepção de flagrantes; Seção I
II – coordenar, na audiência de custódia, a apresenta- Da Superintendência de Trabalho e Ensino
ção e o atendimento da pessoa presa em flagrante delito;
III – promover o acompanhamento, por equipe multi- Art. 35 – A Superintendência de Trabalho e Ensino tem
disciplinar, do indivíduo em condição de liberdade provisó- como competência planejar, coordenar, controlar e avaliar
ria ou em cumprimento de medida cautelar; as atividades relativas às áreas de trabalho, educação regu-
IV – providenciar e acompanhar o cumprimento dos
lar e superior, ensino profissionalizante, atividades socio-
alvarás de soltura expedidos pelos juízes das audiências de
culturais e esportivas dos indivíduos privados de liberdade
custódia;
V – coletar e organizar dados relativos aos indivíduos nas unidades prisionais e hospitais de custódia da Seap,
presos em flagrante, em condição de liberdade provisória com atribuições de:
ou em cumprimento de medida cautelar para subsidiar os I – estabelecer procedimentos relativos ao trabalho, à
diversos órgãos atuantes nas centrais de recepção de fla- educação regular e superior, ao ensino profissionalizante, à
grantes; atividade sociocultural e esportiva dos indivíduos privados
VI – propor e gerenciar as parcerias da Seap com o de liberdade nas unidades prisionais da Seap e supervisio-
Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Públi- nar o seu cumprimento;
ca, a Polícia Civil e a PMMG, nas centrais de recepção de II – fomentar iniciativas voltadas à sustentabilidade no
flagrantes; âmbito do Sistema Prisional;
VII – desenvolver metodologias, em conjunto com a III – articular-se com as instâncias governamentais e
Subsecretaria de Humanização do Atendimento, que pro- não governamentais nas ações de melhoria dos trabalhos
movam a reinserção social do público atendido. produtivos desenvolvidos nas unidades prisionais da Seap;
IV – articular-se com os órgãos e entidades da admi-
CAPÍTULO XII nistração pública e com instituições privadas, visando ao
DA SUBSECRETARIA DE HUMANIZAÇÃO DO ATEN- estabelecimento de parcerias e à realização de cursos edu-
DIMENTO cacionais e profissionalizantes, socioculturais e esportivos,
destinados aos indivíduos privados de liberdade;
Art. 34 – A Subsecretaria de Humanização do Atendi-
V – acompanhar os procedimentos relativos ao paga-
mento tem como competência promover a humanização
do atendimento e a inclusão social dos indivíduos privados mento dos indivíduos privados de liberdade, bem como os
de liberdade, em consonância com as diretrizes da Seap e relativos ao recolhimento do pecúlio e do ressarcimento
da Lei de Execução Penal, com atribuições de: ao Estado;
I – responsabilizar-se pelas atividades de atendimento VI – monitorar os resultados das ações e parcerias fir-
e assistência ao indivíduo privado de liberdade, promoven- madas entre a Seap e a iniciativa privada, o poder público e
do a sua humanização; a sociedade civil, no que diz respeito ao trabalho, à forma-
II – participar do planejamento e da execução da polí- ção educacional, profissional, sociocultural e esportiva dos
tica prisional do Estado, visando à humanização do atendi- indivíduos privados de liberdade, além de propor indicado-
mento e prevenção da reincidência; res de eficiência.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente de Segurança Penitenciário
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VII – articular-se com órgãos e entidades da adminis- IV – supervisionar a elaboração e a execução do PIR nas
tração pública e com instituições privadas, visando ao es- unidades prisionais;
tabelecimento de parcerias na manutenção e melhoria do V – promover o acompanhamento da aplicação das
atendimento psicossocial prestado ao indivíduo privado de medidas de segurança ao indivíduo privado de liberdade
liberdade; e, quando solicitado o exame criminológico, emitir laudo
VIII – articular-se com órgãos e entidades da admi- para fins de acompanhamento do caso, fornecendo à au-
nistração pública e com instituições privadas, visando ao toridade judicial subsídios para decisão nos incidentes de
estabelecimento de parcerias no tratamento e acompanha- insanidade mental;
mento da dependência química do indivíduo privado de VI – estabelecer procedimentos para a alimentação de
liberdade. dados referentes às Comissões Técnicas de Classificação,
no âmbito da Seap ou em sistemas de outros órgãos, con-
Subseção II forme a necessidade;
Da Diretoria de Articulação do Atendimento Jurí- VII – consolidar informações para subsidiar o processo
dico de individualização da pena e reinserção social do indiví-
duo privado de liberdade.
Art. 40 – A Diretoria de Articulação do Atendimento
Jurídico tem como competência orientar, fiscalizar e geren- Subseção IV
ciar a assistência jurídica prestada aos indivíduos privados Da Diretoria de Assistência à Família
de liberdade, com atribuições de:
I – estabelecer diretrizes relativas ao atendimento e Art. 42 – A Diretoria de Assistência à Família tem como
acompanhamento jurídico dos indivíduos privados de li- competência orientar, fiscalizar e executar a política de ex-
berdade nas unidades prisionais e nos hospitais de custó- pansão, modernização e humanização adotada pelos nú-
dia da Seap e supervisionar o seu cumprimento; cleos de atendimento às famílias dos indivíduos privados
II – garantir a auxilio jurídico aos indivíduos privados de liberdade, com atribuições de:
de liberdade, por meio do atendimento realizado por ser- I – realizar credenciamento e agendamentos para visita
vidores lotados nas unidades prisionais da Seap ou pela ar- social e íntima a indivíduos privados de liberdade;
ticulação com órgãos e entidades da administração pública II – prestar esclarecimentos para solicitação do auxílio-
ou instituições privadas e, especialmente, com a Defensoria -reclusão e fornecer os atestados carcerário e o atestado
Pública; para fins de remissão;
III – apresentar e desenvolver ações que propiciem os III – estabelecer, em parceria com órgãos e entidades
meios necessários para a realização e melhoria dos atendi- do Poder Executivo, diretrizes para a realização das ativida-
mentos jurídicos; des de atendimento e assistência às famílias dos indivíduos
IV – avaliar o desempenho do exercício da atividade de privados de liberdade;
assistência jurídica, com relatórios e visitas técnicas perió- IV – instituir e manter os núcleos da Seap de atendi-
dicas às unidades prisionais da Seap; mento às famílias dos indivíduos privados de liberdade;
V – revisar os procedimentos administrativos discipli- V – coordenar e supervisionar a execução das ativida-
nares dos indivíduos privados de liberdade provisórios ou des de atendimento e assistência desenvolvidas nas uni-
definitivos; dades prisionais e nos núcleos de atendimento às famílias;
VI – identificar e encaminhar o indivíduo privado de VI – propor processos de comunicação e parcerias en-
liberdade com indicativos de incidente de insanidade men- tre os Poderes do Estado, o Ministério Público e a Defen-
tal, ou já sentenciado com medida de segurança, à Supe- soria Pública;
rintendência de Atenção Integral ao Paciente Judiciário VII – propor a elaboração de parcerias com órgãos e
para adoção de serviços e ações de saúde que visem ao entidades da administração pública e com instituições pri-
acompanhamento integral e contínuo do seu tratamento. vadas, visando à expansão e melhoria das atividades de
atendimento e assistência às famílias dos indivíduos priva-
Subseção III dos de liberdade;
Da Diretoria de Classificação Técnica VIII – estabelecer formas de análise e estatísticas dos
dados disponibilizados, visando a medir a qualidade dos
Art. 41 – A Diretoria de Classificação Técnica tem como serviços prestados nos núcleos de atendimento às famílias
competência orientar, fiscalizar e executar a política de ex- dos indivíduos privados de liberdade;
pansão, modernização e humanização das unidades pri- IX – participar das revisões das normas inerentes aos
sionais, por meio das Comissões Técnicas de Classificação, procedimentos dos serviços prestados nos núcleos de
com atribuições de: atendimento às famílias dos indivíduos privados de liber-
I – instituir Comissão Técnica de Classificação em todas dade.
as unidades prisionais da Seap;
II – estabelecer procedimentos para a elaboração do
PIR;
III – coordenar as atividades das comissões técnicas de
classificação das unidades prisionais da Seap;
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Art. 61 – A Diretoria de Pagamentos, Benefícios e Van- Art. 63 – A Diretoria de Atenção ao Servidor tem como
tagens tem como competência coordenar e executar as ati- competência acolher, atender e acompanhar os servido-
vidades relativas ao pagamento e à concessão de direitos e res da Seap, por meio de projetos voltados para a atenção
vantagens na Seap, com atribuições de: psicossocial, saúde ocupacional e gestão das licenças para
I – coordenar as atividades relativas ao processamento tratamento de saúde, com atribuições de:
de benefícios e da folha de pagamento dos servidores, dos I – acompanhar e orientar os gestores e servidores
contratados, e os aposentados, bem como dos prestadores detentores de cargo efetivo sobre as demandas de ajus-
de serviço e estagiários da Seap; tamento funcional, bem como operacionalizar e manter o
II – executar as atividades referentes a atos de admis- Sistema de Ajustamento Funcional atualizado;
são, concessão de direitos e vantagens, aposentadoria, II – acompanhar as demandas dos servidores ocupan-
desligamento e processamento da folha de pagamento e tes, exclusivamente, de cargo em comissão e dos contrata-
outros relacionados à administração de pessoal; dos inseridos no Programa de Reabilitação Profissional do
III – coordenar e executar os procedimentos necessá- Instituto Nacional do Seguro Social – INSS;
rios à contratação de pessoal por tempo determinado para III – acolher, acompanhar e orientar os servidores e
atendimento de necessidade temporária de excepcional contratados da Seap acometidos por problemas psicosso-
interesse público, bem como a contratação de estagiários; ciais e de saúde;
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