Você está na página 1de 187

teoria e

exercícios

AGENTE CENSITÁRIO
MUNICIPAL E SUPERVISOR
= Língua Portuguesa
= Raciocínio Lógico Quantitativo
= Ética no Serviço Público
= Noções de Administração/Situações
Gerenciais
conteúdo
= Conhecimentos Técnicos ON-LINE
5 horas de
Videoaulas
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBGE
Agente Censitário Municipal (ACM)
Agente Censitário Supervisor (ACS)

NV-003FV-21
Cód.: 7908428800208
Obra Produção Editorial

IBGE - Instituto Brasileiro de


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Geografia e Estatística Karolaine Assis

Organização

Agente Censitário Municipal (ACM) Roberth Kairo


Saula Isabela Diniz
Agente Censitário Supervisor (ACS)
Revisão de Conteúdo

Ana Cláudia Prado


Autores
Fernanda Silva
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Jaíne Martins
Collares, Giselli Neves e Gabriela Coelho Maciel Rigoni
Nataly Ternero
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO • Kairton Batista
(Prof.º Kaká) e Sérgio Mendes
Análise de Conteúdo
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO • Eduardo Galante Ana Beatriz Mamede

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO/SITUAÇÕES GERENCIAIS • Arthur de Carvalho


Carolina Casella, Ricardo Reis e Nágila Vilela João Augusto Borges

CONHECIMENTOS TÉCNICOS • Eduardo Galante


Diagramação

Dayverson Ramon
Higor Moreira
Lucas Gomes
Willian Lopes

Capa

Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Fevereiro/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Esta obra é vendida sem a garantia de atualização futura. Portanto, Dúvidas


no caso de atualizações voluntárias e erratas, estas serão
disponibilizadas no site www.novaconcursos.com.br por meio do www.novaconcursos.com.br/contato
código de acesso disponível neste material. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua prepara-
ção de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por
isso, pensando no máximo aproveitamento de seus estudos,
este livro contempla tanto o edital de Agente Censitário Mu-
nicipal quanto o de Agente Censitário Supervisor. Os assuntos
estão didaticamente organizados em disciplinas, subdividas
nos temas exigidos nos editais, apresentados em um sumá-
rio especialmente planejado para otimizar o seu tempo e o
seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobra-
dos nas provas, além de Questões Comentadas das principais
bancas para complementar seus estudos. E para treinar seus
conhecimentos, a seção Hora de Praticar, trazendo exercí-
cios gabaritados da banca organizadora do certame do IBGE.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competên-


cia de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos
professores e autores parceiros – muitos também responsá-
veis pelas aulas que você encontra em nossos Cursos Online
– o que será um diferencial na sua preparação. Nosso time
faz tudo pensando no seu sonho de ser aprovado em um
concurso público. Agora é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os


Bônus disponíveis online para este livro em nossa platafor-
ma: 5 horas de videoaulas, conforme os assuntos cobrados
nos editais. Para acessar, basta seguir as orientações na pró-
xima página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à Língua Portuguesa:Regência nominal e verbal, Crase, Interpretação de Texto
e Dicas para Questões de Textos
à Raciocínio Lógico:Porcentagem, Tabelas e Gráficos, Lógica de Argumentação

à Administração e Situações Gerenciais:Eficiência e Funcionamento de Grupo,

O indivíduo na Organização e Trabalho em Equipe

COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE

Se você comprou esse livro em nosso site, o bônus já está liberado na sua área
do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar.

Mas, caso você não tenha comprado no nosso site, siga os passos abaixo para ter
acesso ao conteúdo on-line.

Acesse o endereço novaconcursos.com.br/bônus DÚVIDAS E SUGESTÕES


Código Bônus sac@no vaconcursos.com.br

NV-003MR-20 Código Bônus


Digite o código que se encontra atrás da NV-003MR-20
apostila (conforme foto ao lado)

Siga os passos para realizar um breve 9 088121 44215 3

cadastro e acessar seu conteúdo on-line


VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................7
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 7

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS..................................................................... 9

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL................................................................................................. 18

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL..................................................................... 19

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE


OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL....................................................................................19

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS....................................................................................................23

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO....................................................... 23

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS........................................................................................................23

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....44

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.........................................................................................................48

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................................50

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.......................................................................................................................50

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE..................................................................................................52

COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS.........................................................................................................54

REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO....................................................................... 54

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.......................................................................................................................54

SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO..........................................................................54

REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO............................................57

REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE.......................................67

RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO.......................................................................83


ESTRUTURAS LÓGICAS..................................................................................................................... 83

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO ........................................................................................................... 83

DIAGRAMAS LÓGICOS....................................................................................................................... 84

ARITMÉTICA........................................................................................................................................ 93

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS................................................................ 96


ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO.................................................................................... 107
CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE..............................................................................................................107

LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERAÇÕES.......................................................................................110

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS......................... 127


ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO.....................................................................................127

ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS..............................................................................................127

FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS.........................................................................................................130

PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE.........................................................................130

MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E LIDERANÇA................................................................................134

PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMA................................................................145

NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES E DE PESSOAS...................147

EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DE GRUPOS..............................................................................151

O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO...................................................................................................................151

Papéis e Interações........................................................................................................................................ 151


Trabalho em Equipe........................................................................................................................................ 151
Equipes de Trabalho....................................................................................................................................... 151

RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO, AUTORIDADE, PODER E DELEGAÇÃO..........................154

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO........................................................................................................161

COMPROMISSO COM A QUALIDADE NOS SERVIÇOS PRESTADOS ...........................................166

CONHECIMENTOS TÉCNICOS.................................................................................. 171


CONHECIMENTOS TÉCNICOS APLICADOS NO CENSO DEMOGRÁFICO 2020..........................171
de praticar seus conhecimentos realizando os exercí-
cios de cada tópico, bem como, a seleção de exercícios
finais, selecionados especialmente para que este mate-
rial cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.

LÍNGUA PORTUGUESA INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE interpretação de texto.

TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS


Dica
A interpretação e a compreensão textual são Como já mencionamos, interpretar é buscar ideias,
aspectos essenciais a serem dominados por aqueles pistas do autor do texto, nas linhas apresentadas.
candidatos que buscam a aprovação em seleções e
concursos públicos. Assunto que abrange questões Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
específicas e de conteúdo geral nas provas, conhecer subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse A primeira e mais importantes delas é identificar a
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase orientação do pensamento do autor do texto, que fica
e a aprovação. Além disso, seja a compreensão ou a perceptível quando identificamos como o raciocínio
interpretação textual, ambas guardam uma relação de
dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
proximidade com um assunto nem sempre explorado
da análise de dados, informações com fontes confiá-
pelos cursos de português: a semântica, que incide
veis ou se de maneira mais empirista, partindo dos
suas relações de estudo sobre as relações de sentido
efeitos, das consequências, a fim de se identificar as
que a forma linguística pode assumir.
causas.
Portanto, neste material você encontrará recursos
Por isso, é preciso compreender como podemos
para solidificar seus conhecimentos em interpreta-
interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
ção e compreensão textual, associando a essas temá-
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, que é intrigante e de grande profundidade acadêmi-
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- ca; neste material, selecionamos as estratégias mais
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que eficazes que podem contribuir para sua aprovação
precisa ser reconhecido por quem o lê. em seleções que avaliam a competência leitora dos
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma candidatos.
breve diferença entre os termos compreensão e A partir disso, selecionamos estratégias de leitura
interpretação textual. que foquem nas formas de inferência sobre um texto.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo Dessa forma, é fundamental identificar como ocor-
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste re o processo de inferência, que se dá por dedu-
material, ainda que existam relações de sinonímia ção ou por indução. Para entender melhor veja esse
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor exemplo:
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a O marido da minha chefe parou de beber.
interpretação realiza ligações com o texto a partir
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. Observe que é possível inferir várias informações.
Já a compreensão busca a análise de algo exposto A primeira é que a chefe do enunciador é casada
no texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou (informação comprovada pela expressão ‘marido’), a
uma expressão, e apresenta mais relações semânticas segunda é que o enunciador está trabalhando (infor-
e sintáticas. A compreensão textual estipula aspectos mação comprovada pela expressão ‘minha chefe’)
linguísticos essencialmente relacionados à significa- e a terceira é que o marido da chefe do enunciador
ção das palavras e, por isso, envolve uma forte ligação bebia (expressão comprovada pela expressão ‘parou
com a semântica. de beber’). Note que há pistas contextuais do pró-
Sabendo disso, é importante separarmos os con- prio texto que induzem o leitor a interpretar essas
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou com- informações.
preensivo. Neste material, você encontrará um forte Tratando-se de interpretação textual, os processos
LÍNGUA PORTUGUESA

conteúdo que relaciona semântica e interpretação, de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
contendo questões sobre os assuntos: inferência; tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na texto junto da articulação com as informações acessa-
compreensão e semântica, os principais tópicos são: das pelo leitor do texto.
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e A seguir apresentamos uma figura que representa
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas como ocorre a relação desses processos:
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin-
guísticas e suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR

de semântica com foco em provas e concursos, sem- INFERÊNCIA


pre de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
você a estudar com afinco e dedicação, sem esquecer 7
A partir desse esquema exclusivo, conseguimos visua- Dica
lizar melhor como o processo de interpretação ocorre.
Agora iremos detalhar esse processo, reconhecendo as Em questões de concurso, as bancas costumam
estratégias que compõem cada maneira de inferir infor- procurar nos enunciados implícitos do texto aspec-
mações de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópi- tos para abordar em suas provas.
cos seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo,
indutivo e, ainda, como articular a isso o nosso conheci- No momento de ler um texto, o leitor articula seus
mento de mundo na interpretação de textos. conhecimentos a partir de uma informação que jul-
ga certa, buscando uma interpretação; assim, ocorre
A INDUÇÃO o processo de interpretação por dedução. Conforme,
Kleiman (2016, p. 47):
As estratégias de interpretação que observam
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto “Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
oferece e, posteriormente, reconhece alguma certeza temas, e ao Testá-las ele estará depreendendo o
na interpretação. Dessa forma, é fundamental buscar tema; ele estará também postulando uma possí-
uma ordem de eventos ou processos ocorridos no tex- vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
to e que variam conforme o tipo textual. vando seu conhecimento prévio, e na testagem
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
identificar uma organização cronológica e espacial no conhecimento”.
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- Fique atento a essa informação, pois é uma das
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
ideia/ponto de vista.
ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
No processamento interpretativo indutivo, as
entre outras informações que podem vir como “aces-
ideias são organizadas a partir de uma especificação
sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
para uma generalização, vejamos um exemplo:
leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa
tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
espécie de animal. O que observei neles, no tempo em pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
que estive na redação do O Globo, foi o bastante para um objetivo mais definido.
não os amar, nem os imitar. São em geral de uma Uma outra dica importante é ler as questões da
lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de prova antes de ler o texto, pois, assim, suas hipóteses
receitas, só capazes de colher fatos detalhados e já estarão agindo conforme um objetivo mais definido.
impotentes para generalizar, curvados aos fortes e O processo de interpretação por estratégias de dedu-
às ideias vencedoras, e antigas, adstritos a um infantil ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos
e um pueril e errôneo critério de beleza. 1. Conhecimento Linguístico;
(BARRETO, 2010, p.21) 2. Conhecimento Textual;
3. Conhecimento de Mundo.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento assunto mais abrangente, será abordado mais para fren-
indutivo compõe a interpretação e decodificação de te, os demais iremos abordar detalhadamente a seguir.
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Conhecimento Linguístico
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
ção cronológica de um texto. Esse é o conhecimento basilar para compreensão
e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
A propriedade vocabular leva das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
o cérebro a aproximar as pa- uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- nhecimento das regras de uma língua.
ciação com o tema do texto. É importante salientar que as regras de reconhe-
Os conectivos (conjunções, cimento sobre o funcionamento da língua não são,
preposições, pronomes) necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
ATENÇÃO AOS que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
localizadores textuais. que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
bo-objeto (SVO) etc.
A DEDUÇÃO Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
A leitura de um texto envolve a análise de diversos sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
8 maneira implícita no enunciado. o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Um exemplo em que a interpretação textual é preju- disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam cor-
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir: retamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas sobre


o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?

Certamente, você não conseguiu responder nenhu-


ma dessas questões, porém ao descobrir o título desse
texto, sua compreensão sobre essas perguntar será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”, agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder as questões, de certo você não terá mais as
mesmas dificuldades.
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acessado em: 22/09/2020.
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- seus olhos por uma segunda vez ao texto, já sabendo
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar prévio que é essencial na interpretação de questões.
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que
podemos usar métodos dedutivos.
RECONHECIMENTO DE TIPOS E
Conhecimento Textual GÊNEROS TEXTUAIS
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
mento linguístico e se desenvolve pela experiência
leitora. Quanto mais exposição a diferentes tipos de Tipos ou sequências textuais são unidades que
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma marcam uma forma de organização da estrutura do
reportagem como se lê um poema. texto que se molda a depender do gênero discursivo e
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêne-
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
ros que apresentam a predominância de narrações –
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
contos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc
O Conhecimento de Mundo –, outros predominam a argumentação – redação do
ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental No intuito de conceituar melhor os tipos textuais,
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos
importante o candidato a cargos públicos manter um essa figura que demonstra como podemos identificar
tempo disponível para ampliar sua biblioteca e bus-
os tipos textuais e suas principais características, tendo
car fontes de informações fidedignas, para, dessa for-
ma, aumentar seu conhecimento de mundo. em vista que, cada sequência textual apresenta carac-
LÍNGUA PORTUGUESA

Conforme Kleiman (2016), durante a leitura nosso terísticas próprias que, conforme mencionamos, pouco
conhecimento de mundo que é relevante para a com- ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
preensão textual é ativado, por isso é natural ao nosso ra linguística quase rígida que nos permite classificar os
cérebro associar informações, a fim de compreender tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo;
o novo texto que está em processo de interpretação. Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
A esse respeito a autora propõe o seguinte exer-
cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre- GÊNERO TEXTUAL
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede:

Como gemas para financiá-lo, nosso herói desafiou


valentemente todos os risos desdenhosos que tenta- FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
ram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enganam” 9
A partir dessa imagem, podemos identificar que a Não era belo, mas mesmo assim
orientação gramatical mantida pelas frases apresen- Havia uma garota afim
tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual Cantava help and Ticket to Ride
predominante que o texto deve manter, organizado Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação: início
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence. Cantava viva à liberdade
da tensão;
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
TIPO TEXTUAL Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
Classifica-se conforme as marcas linguísticas apre-
Stop! Com Beatles songs
sentadas no texto. Também é chamado de sequência
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax;
textual. Lutar com vietcongs
GÊNERO TEXTUAL Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução;
Classifica-se conforme a função do texto, atribuída Girava o mundo, mas acabou
socialmente. Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Uma última informação muito importante sobre Um instrumento que sempre dá
6. Situação final;
tipos textuais que devemos considerar é que nenhum A mesma nota,
7. Avaliação;
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
ocorre é a existência de predominância de algumas
Só gente morta caindo ao chão
sequências em detrimento de outras, de acordo com Ao seu país não voltará
o texto. Dito isso, vamos seguir nossos estudos apren-
Pois está morto no Vietnã
dendo a diferenciar cada classe de tipos textuais, reco- Stop! Com Rolling Stones
nhecendo suas principais características e marcas Stop! Com Beatles songs
linguísticas. 8. Moral.
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS Mas duas medalhas sim
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Fonte: google.com/letrasdemusica. Acessado em: 05/09/2020.
Narrativo
Essas sete marcas que definem o tipo textual nar-
Os textos compostos predominantemente por se- rativo podem ser resumidas em marcas de organiza-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar ção linguística que são caracterizadas por: Presença
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
de marcadores temporais e espaciais; verbos, pre-
ter a atenção do leitor/ouvinte e, para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos dominantemente, utilizados no passado; presença
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão de narrador e personagens.
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- Importante!
vo pode ser caracterizado por sete aspectos, são eles:
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
1. Situação inicial – envolve a “quebra” de um equi- te, narrativos apresentam outras tipologias tex-
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa; tuais em sua composição, tendo em vista que
2. Complicação – desenvolvimento da tensão apre-
nenhum texto é composto exclusivamente por
sentada inicialmente;
3. Ações (para o clímax) – Acontecimentos que uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
ampliam a tensão; pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
4. Resolução – Momento de solução da tensão; dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
5. Situação final – Retorno da situação equilibrada;
6. Avaliação – Apresentação de uma “opinião” sobre
a resolução; Para sua compreensão, também é preciso saber o
7. Moral – Apresentação de valores morais que a histó- que são marcadores temporais e espaciais?
ria possa ter apresentado.
São formas linguísticas que são advérbios, prono-
Esses sete passos podem ser encontrados no mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espa-
seguinte exemplo, a canção Era um garoto que como ço físico ou temporal em textos.
eu... Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são
Vamos ler e identificar essas características, bem essenciais para marcar o equilíbrio e a tensão da his-
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex- tória, além de garantirem a coesão do texto. Exemplos
tual narrativo.
de marcadores temporais e espaciais: Atualmente,
naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
1. Situação inicial: pre- sença do narrador da história. Por isso, é importante
Stones
domínio de equilíbrio;
Girava o mundo sempre a cantar aprendermos a identificar os principais tipos de nar-
10 As coisas lindas da América rador de um texto:
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o responsável por contar os fatos que compõem o texto.

Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos.

Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém não
participa das ações.

Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não parti-
cipa das ações, porém o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa.

Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas, são eles: notícia, diário, con-
to, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos, não
significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição.
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial prestar atenção nas
marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.

Descritivo

O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse
tipo textual, geralmente, utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos
de textos cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista
de compras etc. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impressões a respeito de alguns
aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.

“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo,
assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam
mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e
todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés;
e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.”

(https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha)

Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A
carta de pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail.
Organização do texto descritivo:

LÍNGUA PORTUGUESA

Expositivo

O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo tex-
tual, é muito comum a presença de dados, informações científicas, citações diretas e indiretas, que servem para
embasar o assunto do qual o texto trata. Para lustrar essa explicação, veja o exemplo a seguir: 11
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua/2016

O infográfico acima apresenta as informações pertinentes sobre o panorama mundial da situação da água no
ano de 2016. O gênero foi construído com o objetivo de deixar o leitor informado a respeito do tema tratado, e
para isso, o autor dispõe, além da linguagem clara e objetiva, de recursos visuais para atingir esse objetivo.
Assim como os tipos textuais apresentados anteriormente, os textos expositivos também apresentam uma
estrutura que mistura elementos tipológicos de outras sequências textuais, tendo em vista que, para apresentar
fatos e ideias, utilizamos aspectos descritivos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos podem, muitas vezes, serem confundidos com textos argu-
mentativos, uma vez que existem textos argumentativos que são classificados como expositivos, pois utilizam
exemplos e fatos para fundamentar uma argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma opinião
pessoal, enquanto aquela não abre margem para a argumentação, uma vez que o fato exposto é apresenta-
do como dado, ou seja, o conhecimento sobre uma questão não é posto em debate.

Importante!
Apresenta-se um conceito e expõem-se as características desse conceito sem espaço para opiniões.

Marcas linguísticas do texto expositivo:

z Apresenta informações sobre algo ou alguém, presença de verbos de estado;


z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que organizam a informação;
z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
z Presença de figuras de linguagem como Metáfora e Comparação;
12 z Pode apresentar um pensamento contrativo ao final do texto.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien- É importante lembrar que a principal marca
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi- linguística dessa tipologia é a presença de verbos
dade nos leitores, como o exemplo a seguir: conjugados no modo imperativo e em sua forma
infinitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia bus-
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO- car persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações
NARAM O MUNDO mencionadas pelo gênero.
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Argumentativo
Hedy Lamarr - conexão wireless
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” complexo e, por vezes, pode apresentar um maior
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy grau de dificuldade na identificação, bem como em
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer- a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên- defesa de uma tese e a apresentação de argumen-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini- tos que visam sustentar essa tese.
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto
Wi-Fi e o Bluetooth. a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto
Instrucional ou Injuntivo
de vista como dados estatísticos, definições, exempli-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
autor conclui ratificando seu ponto de vista e apresen-
CANTE, 2013, p.73) que busca convencer o leitor a
ta possíveis soluções para o problema em questão.
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
Outro aspecto importante dos textos argumentati-
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na inter-
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
net, horóscopos e também nos manuais de instrução.
cas conhecidas como operadores argumentativos, que
A principal marca linguística dessa tipologia é a
organizam as orações subordinadas, estruturas mais
presença de verbos conjugados no modo imperativo e
comuns nesse tipo textual.
também em sua forma infinitiva. Isso se deve ao fato
A seguir apresentamos um quadro sintético com
de essa tipologia buscar persuadir o leitor e levá-lo a
algumas estruturas linguísticas que funcionam como
realizar as ações mencionadas pelo gênero.
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
Para que possamos identificar corretamente essa
a leitura de textos argumentativos:
tipologia textual faz-se necessário observar um gêne-
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
exemplo a seguir:
É incontestável que...
Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
Como faço para criar uma conta do Instagram?
É mister, é fundamental, é essencial...
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
ou Google Play Store (Android). Essas estruturas utilizadas adequadamente no
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone texto argumentativo expõem a opinião do autor, aju-
para abri-lo. dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de estrutura argumentativa desse tipo textual.
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira O tipo textual argumentativo não pode ser confun-
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- dido com o gênero textual dissertativo-argumentativo.
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam- Esse gênero é composto por sequências argumentati-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se vas, mas também há a apresentação, dissertação de
cadastrar com sua conta do Facebook. ideias, a fim de alcançar a persuasão do ouvinte/leitor.
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te- O Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM é um cer-
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha tame que cobra esse gênero em sua prova de redação.
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
LÍNGUA PORTUGUESA

se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na GÊNEROS TEXTUAIS


conta do Facebook, caso tenha saído dela.
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: Quando pensamos em uma definição para gêne-
07/09/2020. ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
No exemplo acima, podemos destacar a presen- cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
ça de verbos conjugados no modo imperativo, como: ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
baixe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, remeter ao conceito de Tragédia e Comédia, referin-
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra característi- do-se aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
ca dos textos injuntivos é a enumeração de passos a nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou de A
serem cumpridos para a realização correta da tare- Odisseia, ambas de Homero? Mas o que esses textos
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais têm em comum? Inicialmente, você pode ser levado a
didática. pensar que nada, além do fato de terem sido escritos 13
pelo mesmo autor, porém, a estrutura dessas histórias adquirir os produtos da marca. No caso do gênero
respeita um padrão textual estabelecido e reconheci- anúncio publicitário, usar outros gêneros e modificar
do na época em que foram escritas. sua estrutura básica é uma estratégia que é estabeleci-
De maneira análoga, quando pensamos em gêne- da a fim de que a principal função do anúncio se cum-
ros textuais, devemos buscar identificar os elementos pra, qual seja: vender um produto.
que caracterizam textos, aparentemente, tão dife- A partir desses exemplos, já podemos enumerar
rentes, logo, da mesma forma que comparamos as mais algumas características comuns a todos os tipos
estruturas de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
semelhanças entre uma notícia e um artigo de opi- propósito de um gênero, para alguns autores, como
nião, por exemplo, e também, é fundamental identi- Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
ficar as razões que nos levam a classificar cada um Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
lizar um objetivo ou objetivos, então, ele sustenta a
desses gêneros com termos diferentes.
posição de que o propósito comunicativo é o critério
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
é vinculado ao poder do autor.
Importante! Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Esse ponto de interseção é o que podemos esta- do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
belecer como os principais aspectos de classifi- qual também pode ser reconhecido como estereótipo
textual, que resguarda características básicas do gêne-
cação de um gênero textual.
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.71), fada tanto na porção textual do anúncio que começa
o ponto de interseção que estabelece sobre qual com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
comportamentos estereotipados e anônimos que se
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
também a escrever esse gênero quando necessita. Isso
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro torna a característica da prototipicidade tão importan-
elemento que precisamos identificar para classificar te no reconhecimento e na classificação de um gênero.
um gênero é o papel social, marcado pelos compor- Ademais, os traços estereotipados de um gênero devem
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem ser reconhecidos por uma comunidade, reafirmando o
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com- teor social desses elementos, e estabelecendo a impor-
preender tão bem quanto ser compreendido. tância de um indivíduo adquirir o hábito da leitura, pois
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- quanto mais se lê, a mais gêneros se é exposto.
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos Portanto, a partir de todas essas informações
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- sobre os gêneros textuais, podemos afirmar que, de
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O maneira resumida, os gêneros textuais são ações
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- linguísticas situadas socialmente que servem a
nar outros aspectos importantes na classificação des- propósitos específicos e são reconhecidos pelos
ses elementos, justamente devido à dinâmica social seus traços em comum. A seguir demonstramos uma
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de tabela com as características básicas para a correta
alterações em sua estrutura. identificação dos gêneros textuais:
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo,
tornando o gênero completamente modificado, como GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam z Ações sociais;
a uma finalidade específica e momentânea, como z Ações com configuração prototípica;
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade;
loja O Boticário: z O propósito de uma ação social;
z Divididos em classes.

Outra importante característica que devemos refor-


çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS

z Relação com aspec- z Associação a aspectos


tos sociais. linguísticos.
z Podem ser z Associação a aspectos
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. alterados. linguísticos.
z Estabelecem uma z Não podem sofrer altera-
O gênero anúncio apresenta uma clara referên- função social. ção, sob pena de serem
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura reclassificados.
desse gênero que é, predominantemente, narrativo z Organizam os gêneros
foi modificada para que o propósito do anúncio fos- textuais.
14 se alcançado, ou seja, persuadir o leitor e leva-lo a
Apesar de não existir um número quantificável
de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
na resolução de questões que envolvam esse assun-
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
gêneros textuais abordados em importantes bancas
de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques- ^
tões de provas de concursos anteriores que irão nos
auxiliar a praticar esse conteúdo.

NOTÍCIA
É importante ressaltar que com o advento das
A notícia é um gênero textual de caráter jornalístico e, redes sociais, tornou-se, cada vez mais, comum que
como tal, deve apresentar os fatos narrados de maneira o gênero notícia seja divulgado por meio de platafor-
objetiva e imparcial. A notícia pode apresentar sequên- mas diferentes, como as redes sociais, isso democrati-
cias textuais narrativas e descritivas na sua composição za a informação, porém também abre margem para a
linguística, por isso, é fundamental sempre termos em criação de notícias falsas que se baseiam nesse esque-
mente as características basilares de todos os principais ma de organização das notícias para buscar alguma
credibilidade do público. Então, atualmente, podemos
tipos textuais, os quais tratamos anteriormente.
afirmar que a fonte de publicação é tão importante
Como aprendemos no início deste capítulo, os gêne- para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
ros textuais possuem características que os distinguem tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter um apelo a O próximo gênero que trataremos é a reportagem
questões sociais, ter um propósito comunicativo e apre- que guarda sutis diferenças em comparação com a
sentar uma configuração mais ou menos padrão que notícia e também é muito abordada em provas de
varia em poucos ou nenhum aspecto entre os gêneros. concursos.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta
essas características, seu propósito comunicativo é REPORTAGEM
informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
temente da notícia, além de oferecer informações
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a acerca de um assunto, também apresenta os pontos
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
importante característica da notícia é a sua configura- argumentativo; essa é a principal diferença entre os
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por gêneros notícia e reportagem.
leitores de uma comunidade. Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
Essa configuração própria da notícia é reconheci- buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
totípico desse gênero: tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
Casal suspeito de assaltos é preso após Manchete um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
colidir carro na contramão enquanto fugia diente” dos textos desse gênero que são representados,
da polícia, em Fortaleza predominantemente, pela sequência argumentativa.
Foram apreendidos três aparelhos celu- Lead É importante relembrarmos que o tipo textual argu-
lares roubados e uma arma de fogo com mentativo é organizado em três macro partes: tese,
seis munições. desenvolvimento e conclusão (conferir no capítulo ante-
Um casal suspeito de realizar assaltos foi Corpo rior). Por manter esse padrão, a reportagem aprofunda-
preso após capotar um carro ao dirigir na da Notícia -se em temas sociais de ampla repercussão e interesse do
contramão enquanto fugia da polícia na público, algo que não é o foco da notícia, tendo em vista
tarde desde domingo (13), no Bairro Henri- que a notícia busca apenas a divulgação da informação.
que Jorge, em Fortaleza. Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
LÍNGUA PORTUGUESA

tificar, disse que os assaltantes dirigiam como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
em alta velocidade pelas ruas após abor- As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
dar de forma fria os pertences. “A mulher ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
estava conduzindo o carro e o comparsa podem ser veiculadas em suportes escritos, como
dela abordava as pessoas colocando a revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
arma na cabeça”, afirmou. redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
ção desse gênero atualmente.
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020. Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
seu propósito de informar, é fundamental que o autor Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
nar seu texto imparcial e objetivo: trua sua própria opinião sobre o tema. 15
A despeito dessas diferenças na construção dos Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- o escritor deverá usar de diversos conhecimen-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às tos, como: enciclopédicos, interacionais, textuais
perguntas O Quê? Como? Por Quê? Onde? Quando? e linguísticos. É por meio da escolha de determi-
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da nados recursos linguísticos que percebemos que
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da nada é por acaso, pois, a cada escolha há uma
primeira por seu caráter essencialmente informativo. intenção: “... toda atividade de interpretação pre-
sente no cotidiano da linguagem fundamenta-se
Apresenta um fato de forma simples e objetiva;
na suposição de quem fala tem certas intenções
Objetivo é informar;
ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Apuração dos fatos objetiva;
Conteúdo de curto prazo;
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
Conteúdo segue o modelo da pirâmide invertida
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento
(conf. acima).
sobre esse tema. Por isso, normalmente, os autores
Reportagem de artigos de opinião são especialistas no assunto por
eles abordado. Ao escolherem um assunto, os autores
Questiona fatos e efeitos de um fato determinado; devem considerar as diversas “vozes” já existentes
Apresenta argumentos sobre um mesmo fato; sobre mesmo assunto. E, dependendo da intenção,
Apuração extensa; apoiar ou negar determinadas vozes.
Conteúdo sem ordem determinada, pode apresen- Por isso que a linguagem utilizada pelo articulis-
tar entrevistas, dados, imagens, etc. ta de um texto de opinião deve ser simples, direta,
convincente; utiliza-se a terceira pessoa, apesar de
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado. a primeira ser adequada para um artigo de opinião
pessoal, porém, ao escolher a terceira pessoa do sin-
É importante ressaltar que nenhum gênero é com- gular, o articulista consegue dar um tom impessoal ao
posto apenas por uma única sequência textual e que, seu texto, fazendo com que sua produção textual não
portanto, a reportagem também apresentará esse
fique centrada só em suas próprias opiniões.
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
estruturação:
A seguir daremos continuidade aos nossos estudos
sobre os principais gêneros textuais objeto de provas
de concurso com um dos gêneros mais comuns em z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
provas de seleções: o artigo de opinião. cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
z Tomada de posição, exposição de argumentos de
ARTIGO DE OPINIÃO modo a justificar a tese;
z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos que dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
buscam argumentar. Esse gênero usa a argumentação culadas e o texto é concluído.
para analisar, avaliar e responder a uma questão con-
troversa. Esse instrumento textual situa-se no âmbito
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
do discurso jornalístico, pois é um gênero que circula,
principalmente, em jornais e revistas impressos ou Identificação da questão polêmica
Introdução
virtuais. Com o artigo de opinião, temos a discussão alvo de debate no texto.
de um problema de âmbito social. E, por meio dessa
Tese do autor (posicionamento
discussão, podemos defender nossa opinião, como tam-
defendido) - Tese contrária (posi-
bém refutar opiniões contrárias às nossas, ou ainda,
Desenvolvimento cionamentos de terceiros) – Acei-
podemos propor soluções para a questão controversa. tação ou refutação – Argumentos
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi- a favor da tese do autor do texto
nião é a de convencer seu interlocutor, para isso, ele
terá que usar de informações, fatos, opiniões que Fechamento do texto e reforço do
Conclusão
serão seus argumentos. BRÄKLING apud Ohuschi e posicionamento adotado.
Barbosa aponta:
No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que so estar atento aos elementos de coesão que ligam as
se busca convencer o outro de uma determinada ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais
meio de um processo de argumentação a favor de
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com
uma determinada posição assumida pelo produtor
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
um processo que prevê uma operação constante de A fim de mantermos a linha de pensamento nos estu-
sustentação das afirmações realizadas, por meio dos de textos argumentativos, seguimos nossa abordagem,
da apresentação de dados consistentes que possam apresentando outro gênero sempre presente nas provas
16 convencer o interlocutor (2011. p.305). de língua portuguesa em concursos públicos: o editorial.
EDITORIAL A seguir, apresentamos nosso último gênero tex-
tual abordado neste material. Lembramos que o
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edito- universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é
rial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e que impossível apresentar uma compilação de estudos
expressa a opinião de um veículo de comunicação. com todos os gêneros, apesar disso, trazemos aqui os
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos textos principais gêneros cobrados em avaliações de língua
argumentativos de uma forma geral, iremos nos atentar
portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero
aqui para as principais características do gênero editorial e
no que ele se diferencia do Artigo de opinião, por exemplo. estudado é a crônica.

CRÔNICA
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS

Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito de O gênero crônica é muito conhecido no meio lite-
um tema atual; rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os leito-
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
res sobre alguma temática importante;
Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a favor de nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser
uma causa de interesse coletivo; um gênero curto de cunho social voltado para temas
Sua estrutura também é baseada em: Introdução, De- atuais, é muito usado em provas de concurso para
senvolvimento e Conclusão! ilustrar questões de interpretação textual e também
para contextualizar questões que avaliam a compe-
O início de um editorial é bem semelhante ao de
tência gramatical dos candidatos.
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
ou problema social a ser debatido no texto, poste- As crônicas apresentam uma abordagem cotidia-
riormente segue-se a apresentação do ponto de vista na sobre um assunto atual e podem ser Narrativas ou
defendido e conclui-se com a retomada da opinião Argumentativas.
apresentada incialmente.
A principal diferença entre editorial e artigo de
z Crônica Narrativa
opinião é que aquele representa a opinião de uma
corporação, empresa ou instituição.
„ Limitam-se a contar fatos do cotidiano;
„ Pode apresentar um tom humorístico;
EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS
„ Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa.
Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural;
Uso do modo indicativo nas formas verbais predominante; z Crônica Argumentativa
Linguagem clara, objetiva e impessoal.
„ Defesa de um ponto de vista, relacionado ao
O editorial, além de ser um gênero muito comum nas assunto em debate;
provas de interpretação textual em concursos públicos,
„ Uso de argumentos e fatos;
também é, recorrentemente, cobrado por muitas bancas
em provas de redação. Por isso, a seguir, apresentamos „ Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa;
um breve esquema para facilitar a escrita desse gênero, „ Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo.
especialmente em certames que cobrem redação.
Apesar de as formas de texto verbais serem o for-
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR mato mais comum na construção de uma crônica,
PARÁGRAFOS atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas
Apresentação do tema (situando o leitor) em outros formatos, como vídeo, muito divulgados
e já com um posicionamento definido. nas redes sociais.
Parágrafo 1
Ser didático ao apresentar o assunto ao No tocante ao estilo da crônica argumentativa,
leitor. trata-se de um texto com estrutura argumentativa
Contextualização do tema, comparando- padrão (Introdução, Desenvolvimento, Conclusão),
-o com a realidade e trazendo as causas
LÍNGUA PORTUGUESA

muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é


Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
um gênero que passeia pelos ambientes literários e
Mais uma vez, posicionamento sobre o
assunto. jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com
observação dos fatos sociais mais atuais; outra carac-
Análise e as possíveis motivações que
tornam o tema polêmico (ou justificativas terística presente nesse gênero é o uso de figuras de
Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer linguagem, como a ironia e a metáfora que auxiliam
dados factuais, exemplos concretos que na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
ilustram a argumentação A seguir apresentamos um trecho da crônica “O
Conclusivo, com o posicionamento crí- que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em
Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento que podemos identificar as principais características
inicial sem se repetir desse gênero: 17
O que é um livro? DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
O que é um livro? A pergunta se impõe neste
momento em que que a isenção de impostos sobre o
A ortografia trata-se do ramo que estuda a forma
objeto primeiro da cultura e do conhecimento está em
risco. Uma contribuição tributária de 12% afastaria correta da escrita das palavras. Veja, por meio de algu-
ainda mais a leitura de quem tanto precisa dela. mas regras, como acabar com suas dúvidas e escrever
Um livro é: corretamente.
– A casa das palavras. Acabei de gravar um vídeo
para jovens estudantes e disse a eles que o ofício Emprego do X e do CH
de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, fazer a
cama das palavras, providenciar sua comida, vesti- O “X” é utilizado:
-las com harmonia.
– A nave espacial que nos permite viajar no tem-
� Após os ditongos (encontro de duas vogais).
po para a frente e para trás. Habitar o passado ao
tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de outro Ex.: peixe, faixa, caixa, ameixa, queixo, baixo,
ponto de vista, inalcançável quando o passado acon- encaixe, paixão, rouxa, frouxo.
teceu: o do presente, com todos os conhecimentos � Exceção: recauchutar (e seus derivados) e caucho.
adquiridos e as novas maneiras de viver. […] � Após as sílabas “en” e “me”.
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e ponte Ex.: enxada, enxame, enxaqueca, enxergar,
que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. Palavra enxugar, mexerica, mexilhão, mexer, mexicano,
e música, prosa e poesia. Luz e sombra. Metáfora
enxovalho.
da vida e dos sentimentos. Lugar de preservação do
alheio e ponto de encontro com nosso núcleo mais
profundo. Onde muitas portas estão disponíveis, Algumas palavras formadas por prefixação (pre-
para que cada um possa abrir a sua. fixo “en” + radical) são escritas com “ch” (enchente,
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, encharcar, etc.).
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as
hidras agitam suas múltiplas cabeças. � Exceção: mecha (de cabelo);
– Todas as palavras do sagrado, todas elas foram � Em palavras de origem indígena e africana e pala-
postas nos livros que deram origem às religiões e vras inglesas aportuguesadas.
neles conservadas.
Ex.: xampu, xerife, xará, xingar, xavante.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado. � Outras palavras escritas com “X”: bexiga, laxativo,
caxumba, xenofobia, xícara, xarope, lixo, capixa-
Como podemos notar, a crônica trata de um assun- ba, xereta, faxina, maxixe, bruxa, relaxar, roxo,
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- graxa, puxar, rixa.
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua
opinião e segue argumentando sobre a importância Algumas palavras com “CH”: chicória, ficha, chi-
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea- marrão, churrasco, chinelo, chicote, cachimbo, fanto-
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. che, penacho, broche, salsicha, apetrecho, bochecha,
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- brecha, pechincha, inchar, flecha, chute, deboche,
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- mochila, pichar, lincha, fechar, fachada, comichão,
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os chuchu, charque, cochicho.
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas
formas de dizer marcadas pelo discurso, por isso, em z Há ainda algumas palavras homófonas, que podem
algumas metodologias (e também em alguns editais de
ser escritas das duas formas, porém têm significa-
concurso), os gêneros serão tratados como do discurso.
dos diferentes. Veja algumas:

Dica � Brocha (pequeno prego)


Gêneros do discurso marcam o processo de inte- � Broxa (pincel para caiação de paredes);
ração verbal, como todo discurso materializa-se � Chá (planta para preparo de bebida)
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex- � Xá (título do antigo soberano do Irã);
tuais torna-se mais adequada para essa pers- � Chalé (casa campestre de estilo suíço)
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas � Xale (cobertura para os ombros);
variantes vocabulares de acordo com as deman- � Chácara (propriedade rural)
das sociais e culturais de estudo dos gêneros. � Xácara (narrativa popular em versos);
� Cheque (ordem de pagamento)
Agora que já sabemos reconhecer e distinguir � Xeque (jogada do xadrez).
gêneros e tipos textuais, bem como, estudamos os
gêneros mais comuns em provas de concursos iremos Emprego do C, Ç, S e SS
estudar um outro âmbito da língua portuguesa mui-
to importante para compreensão textual e também Por possuírem o mesmo som, as letras C, Ç, S e SS
para o processo de escrita de textos, o par fundamen- costumam causar bastante confusão. Porém, existem
tal para que haja sentido em um texto: a coesão e a algumas regrinhas que nos ajudam a saber quando
18 coerência. usar qual delas. Veja:
a) O /c/ só é usado com valor de “s” com as vogais “e” e “i” z Verbos no infinitivo escritos com “G” antes de “e”
Ex.: acém, ácido, aceso, macio. ou “i” têm o “G” substituído por “J” em algumas fle-
Com as vogais “o” e “u”, usa-se Ç. xões, para manter o mesmo som.
Ex.: Açougue, açúcar, caçula. Afligir – aflija, aflijo;
b) Em início de palavras, o Ç e o SS não são usados em Agir – ajam, ajo;
início de palavras. Eleger – elejam, elejo.
O “S” inicia palavras quando seguido de qualquer
uma das vogais.
Ex.: Sapato, segurança, solteiro, sucesso.
O “C” inicia palavras (possuindo o mesmo som de
“S”) apenas com as vogais “e” e “i”. DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE
Ex.: Cenoura, cela, cigarro, cinema. COESÃO TEXTUAL
c) O “S” tem sempre som de /z/ quando está entre
vogais. Sendo assim, palavras compostas deriva- EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
das de uma palavra com “S” no início passam a ser SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES
escritas com “SS”, mantendo o som de /s/. E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO
Ex.: Sala – Antessala / Sol – Girassol / Seguir TEXTUAL
– Prosseguir.
d) “SS” é utilizado somente entre vogais.
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi-
Ex.: Passagem, pessoa, posse, possível.
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza-
Emprego do C e QU
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência
É comum encontrarmos algumas palavras que nos
e por que buscar esse padrão é importante.
colocam na dúvida: usar C ou QU?
Os textos não são somente um aglomerado de pala-
Bom, existem palavras que podem ser escritas tan-
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articu-
to de uma forma, como de outra. Veja:
Catorze/ quatorze; cociente / quociente; cotidiano / ladas e organizadas harmoniosamente de maneira
quotidiano; cotizar / quotizar. que o texto faça sentido como um todo. A ligação, a
Palavras que só podem ser escritas de uma forma: relação, os nexos entre essas partes estabelecem o que
Cinquenta, cinquentenário, cinquentão, cinquentona. se chama de coesão textual. Os articuladores respon-
Emprego do K, W e Y - Símbolos e siglas sáveis por essa ‘costura’ do tecido (tessitura) do texto
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser
� Kg – quilograma; articulados de forma que garanta uma relação lógica
� Km – quilômetro; entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
� k – potássio. gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
peito disso, temos a coerência textual que está ligada
Nomes próprios e seus derivados originados de diretamente à significação do texto, aos sentidos que
língua estrangeira. ele produz para o leitor.

� Kelly, Darwin, Wilson, darwinismo.


COESÃO COERÊNCIA
Palavras estrangeiras não adaptadas para o português:
Elementos superficiais Subjacente ao texto (ênfa-
(ênfase na forma) articu- se no conteúdo) produção
� Feedback, hardware, hobby. lação entre as ideias de sentido/relação lógica
Emprego do G e do J
Fonte: Elaborado pela autora

O “G” é utilizado em:


Podemos usar uma metáfora muito interessante
Palavras terminadas em “–gio”:
quando se trata de compreender os processos de coe-
são e coerência.
� Estágio, relógio, refúgio, presságio. Essa metáfora nos leva a comparar um texto com
um prédio, tal qual uma boa construção precisa de
Substantivos terminados em “-em”: um bom alicerce para manter-se em pé; um texto bem
construído depende da organização das nossas ideias,
� ferrugem, carruagem, passagem, viagem. da forma como elas estão dispostas no texto. Isso sig-
LÍNGUA PORTUGUESA

nifica que precisamos utilizar adequadamente os pro-


O “J” é utilizado: cessos coesivos, a fim de defendermos nossas ideias
Em palavras de origem indígena. adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
� Pajé, canjica, jerimum. cipais formas de marcação, em um texto, de processos
que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
Em palavras de origem africana. palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
� Jiló, jagunço, jabá. cas que os processos envolvendo a coerência.
Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
z A conjugação do verbo “viajar”, no Presente do características da coerência em um texto e como esse
Subjuntivo, escreve-se com j: Que eles (as) viajem.; processo liga-se, não apenas às formas gramaticais,
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
19
vista que a coerência é construída, tal qual o sentido, candidatos são estes: Identidade, CPF, Título de eleitor
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e e reservista”
estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico Dica
que se encontra mais na mente que no texto”.
Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013) Em provas de concursos e seleções ainda se
para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e encontra a terminologia “expressões referenciais
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe- catafóricas”, remetendo ao uso já indicado no
são. A autora afirma que a coerência: material. No entanto, é importante salientar que
para linguistas e estudiosos, as anáforas são os
[...] Não está no texto em si; não nos é possível processos referenciais que recuperam e/ou apon-
apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o
tam para porções textuais.
leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
tivos e interacionais e na materialidade linguística, USO DE PRONOMES OU PRONOMINALIZAÇÃO
confere sentido ao que lê (2013, p.31).
Utilizar pronomes para manter a coesão de um
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão texto é essencial, evitando-se repetições desnecessá-
importantes para uma boa compreensão e elaboração rias que tornam o texto cansativo para o leitor. Como
textual. É importante destacar que esses processos a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste
de coesão não podem ser dissociados da construção estudo os principais pronomes utilizados em recursos
de sentidos implícita no processo de organização da textuais para manter a coesão.
coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar A pronominalização é a base de recursos anafóri-
seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos cos e recuperam porções textuais ou ainda um nome
com fins estritamente didáticos. específico a que o autor faz referência no texto, veja-
mos dois exemplos:
COESÃO REFERENCIAL
O primeiro debate entre Donald Trump e Joe
A coesão marcada por processos referenciais rela-
Biden foi quente, com diversas interrupções e acu-
ciona termos e ideias a partir de mecanismos que
sações pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi
inserem ou retomam uma porção textual. Os proces-
a indicação de Trump da juíza conservadora Amy
sos marcados pela referenciação caracterizam-se pela
Barrett para a Suprema Corte, depois da morte de
ação de referir, ou seja, são marcados pela constru-
Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que
ção de referentes em um texto, os quais se relacionam
tem esse direito, pois os republicanos têm maioria
com as ideias defendidas no texto. Esse processo é
no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou
marcado por vocábulos gramaticais e pode ser reco-
os democratas, dizendo “que eles ainda não aceita-
nhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das
ram que perderam a eleição”. […].
quais falaremos a seguir.
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os proces-
EUA são o país mais atingido pela pandemia - são
sos referenciais que envolvem o uso de expressões
7 milhões de casos e mais de 200 mil mortos. O
anafóricas e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013),
âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles
“as expressões que retomam referentes já apresenta-
fariam até que uma vacina aparecesse. Biden ata-
dos no texto por outras expressões são chamadas de
cou o republicano dizendo que Trump “não tem um
anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir:
plano para essa tragédia”. Já Trump começou sua
resposta atacando a China - “deveriam ter fechado
O Rocky Balboa era um humilde lutador de bair- suas fronteiras no começo” -, colocou em dúvida as
ro, que vivia de suas discretas lutas, no início de estatísticas da Rússia e da própria China e, com pou-
sua carreira. Segundo seu treinador Mickey, Rocky ca modéstia, disse que fez um “excelente trabalho”
era um jovem promissor, mas nunca se interessou nesse momento dos EUA.
realmente em evoluir, preferiu trabalhar para um
agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-
manteve uma certa amizade. Gazzo gostava de debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.
Rocky por ele ser descendente de italiano e o aju-
dou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na Após a leitura do texto, é possível notar que a
primeira luta que fez com Apollo Creed. recuperação da informação apresentada é feita a par-
tir de muitos processos de coesão, porém, o uso dos
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em:
30/09/2020. Adaptado. pronomes destacados recupera o assunto informado
e ajudam o leitor a construir seu posicionamento. É
A partir da leitura, podemos perceber que todos importante buscar sempre o elemento a que o prono-
os termos destacados fazem referência a um mesmo me faz referência, por exemplo, o primeiro pronome
referente: Rocky Balboa. O processo de referenciação pessoal destacado no texto, refere-se ao termo “repu-
utilizado foi o uso de anáforas que assumem variadas blicanos”, já o segundo, faz referência aos presiden-
formas gramaticais e buscam conectar as ideias do ciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso,
texto. que esses pronomes apontam para uma parcela obje-
Já os processos referenciais catafóricos apontam tiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado
para porções textuais que ainda não foram mencio- ao substantivo “tragédia” que recupera uma parcela
nadas anteriormente no texto, conforme o exem- textual maior, fazendo referência ao momento de
20 plo a seguir: “Os documentos requeridos para os pandemia pelo qual o mundo passa.
Essas expressões recuperam informações median-
Importante! te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
O uso de pronomes pode ser um aliado na cons- uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
trução da coesão, porém, o uso inadequado Vejamos um exemplo:
pode gerar ambiguidades, ocasionando o efeito
oposto e prejudicando a coesão. Ex.: Encontrei Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como
Matheus, Pedro e sua mulher. Belchior foi um cantor, compositor, músico, pro-
Não é possível saber qual dos homens estava dutor, artista plástico e professor brasileiro. Um
acompanhado. dos membros do chamado Pessoal do Ceará, que
inclui Fagner, Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi
um dos primeiros cantores de MPB do nordeste bra-
Por fim, destacamos que as classes de palavras
sileiro a fazer sucesso internacional, em meados da
relacionadas neste capítulo com os processos de coe-
década de 1970.
são não podem ser vistas apenas sob a ótica descriti-
va-normativa, amplamente estudada nas gramáticas
escolares. O interesse das principais bancas de con- Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em:
30/09/2020 – Adaptado.
cursos públicos é avaliar a capacidade interpreta-
tiva e racional dos candidatos, dessa feita, a análise
de processos coesivos visa analisar a capacidade do Todas as marcações em negrito fazem referência
candidato de reconhecer a que e qual elemento está ao nome inicial Antônio Carlos Belchior, os termos
que se referem a esse nome inicial são expressões
construindo as referências textuais.
nominalizadores que servem para ligar ideias e cons-
truir o texto.
USO DE NUMERAIS
USO DE ADJETIVOS
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de
categorias gramaticais concorre para a progressão tex-
tual, uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- Os adjetivos também são considerados expres-
cesso é o uso de numerais. Não iremos nos estender sões nominalizadoras que fazem referência a uma
neste tópico explicando os tipos e classes de numerais porção textual ou a uma ideia referida no texto. No
que devem ser de conhecimento do candidato e podem exemplo acima, a oração “Belchior foi um cantor,
ser encontrados em qualquer gramática escolar. compositor, músico, produtor, artista plástico
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que e professor” apresenta seis nomes que funcionam
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias como adjetivos de Belchior e, ao mesmo tempo, acres-
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- centam informações sobre essa personalidade, referi-
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- da anteriormente.
riores numa relação de coesão. É importante recordar que não podemos identifi-
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
primeiro era para os professores, o segundo para os que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
alunos. palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
As formas destacadas são numerais ordinais que ta, professor são substantivos que funcionam como
recuperam informação no texto, evitando a repetição adjetivos e colaboram na construção textual.
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual.
USO DE VERBOS VICÁRIOS
USO DE ADVÉRBIOS
O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- significa “fazer as vezes”, assim, os verbos vicários são
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o verbos usados em substituição de outros que já foram
processo de coesão. As formas adverbias que marcam muito utilizados no texto.
tempo e espaço podem também ser denominadas de Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos: esperávamos.
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem... Percebam que O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
esses advérbios só podem ser associados a um refe- oração pelo verbo “foi”.
rente se forem instaurados no discurso, isto é, se man-
tiverem associação com as pessoas que produzem as
falas, assim, uma pessoa que lê “hoje não haverá aula”, ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
em um cartaz na porta de uma sala, compreenderá Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
que a marcação temporal refere-se ao momento em
LÍNGUA PORTUGUESA

Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o


que a leitura foi realizada. Por isso, esses elementos fizemos”
são conhecidos como dêiticos.
Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
Independentemente de como são chamados, esses
falta de interesse”
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
to, auxiliando também a construção da coesão textual. Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”

USO DE NOMINALIZAÇÃO USO DE ELIPSE

As expressões que retomam ideias, nomes, já A elipse é uma forma de omissão de uma informa-
apresentados no texto, mediante outras formas de ção já mencionada no texto, geralmente, estudamos
expressão podem ser analisadas como processos a elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
nominalizadores, incluindo substantivos, adjetivos e linguagem de uma gramática, neste material, iremos
outras classes nominais. nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa 21
seção. Aqui é importante salientar as propriedades Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro- precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
pósito de manter a coesão textual. da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
Conforme Antunes (2005, p.118), a elipse como rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên- sidade, como demonstra a conjunção “mas”.
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS
recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo: nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre-
sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas,
“O Brasil evoluiu bastante desde o iní- estas ligam ideias apresentadas em orações subordi-
cio do século XXI. O país proporcionou nadas, ou seja, orações que precisam de outra para
terem o sentido apreendido.
a inclusão social de muitas pessoas. A
SEM ELIPSE Exemplos de conjunções subordinativas atuando
nação obteve notoriedade internacional
na coesão
por causa disso. A pátria, porém, ainda
enfrenta certas adversidades...”
“O Brasil evoluiu bastante desde o início do Como não havia estudado suficiente,
CAUSAL
século XXI e proporcionou a inclusão social resolvi não fazer essa prova.
de muitas pessoas, por causa disso obteve COM ELIPSE Falaram tão mal do filme que ele
CONSECUTIVA
notoriedade internacional, porém ainda en- nem entrou em cartaz.
frenta certas adversidades...” COMPARATIVA Trabalhou como um escravo.
Conforme o Ministro da Economia,
COESÃO SEQUENCIAL CONFORMATIVA
os concursos não irão acabar.
A coesão sequencial é responsável por organizar a Ainda que vivamos um período de
progressão temática do texto, isto é, garantir a manu- CONCESSIVA poucos concursos, não podemos
tenção do tema tratado pelo texto de maneira a pro- desanimar.
mover a evolução do debate assumido pelo autor. A Se estudarmos, conseguiremos ser
CONDICIONAL
coesão sequencial pode ser garantida, em um texto, aprovados!
a partir de locuções que marcam tempo, conjunções, À proporção que aumentava seus
desinências e modos verbais. Neste material, iremos PROPORCIONAL horários de estudo, mais forte o
nos deter, sobretudo, aos processos de conjunções que candidato se tornava.
são utilizadas para garantir a progressão textual. Estudava sempre com afinco, a fim
FINAL
de ser aprovado.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Quando o edital for publicado, já es-
TEMPORAL
tarei adiantado nos estudos.
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
semântico independente. Na construção textual, elas Importante!
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
Não confundir:
informações relevantes ao texto.
Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
Exemplos de conjunções coordenativas atuando “Física e Química são disciplinas afins”.
na coesão A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
Não apenas conversava
com os demais alunos
ADITIVA CONJUNÇÕES INTEGRANTES
como também atrapalhava
o professor.
Na verdade, as conjunções integrantes fazem parte
Eram ideias interessantes, das orações subordinadas, na realidade, elas apenas
ADVERSATIVA porém ninguém concordou integram, ligam uma oração principal a outra, subor-
com elas. dinada. Como podemos notar, o papel dessas conjun-
Superou o estigma que pre- ções é essencialmente coesivo, tendo em vista que elas
ALTERNATIVAS gava “ou estuda, ou trabalha” são “peças” que unem as orações. Existem apenas dois
e conseguiu ser aprovada. tipos de conjunções integrantes: que e se.
Ao final, faça os exercícios,
EXPLICATIVA pois é uma forma de prati- Quando é possível substituir o que pelo Quero que a prova
car o que aprendeu. pronome isso, estamos diante de uma esteja fácil.
conjunção integrante. Quero = isso.
O candidato não cumpriu
sua promessa. Ficamos, Sempre haverá conjunção integrante Perguntei se ele
CONCLUSIVA em orações substantivas e, consequen- estava em casa.
portanto, desapontados
com ele. temente, em períodos compostos. Perguntei = isso.
22
COESÃO RECORRENCIAL 3. Uso de paralelismo

1. Uso de repetições As ideias similares devem fazer a correspondência


entre si, a essa organização de ideias no texto, dá-se o
As recorrências de repetições em textos são comu- nome de paralelismo. Quando as construções de frases
mente recusadas pelos mestres da língua portugue- e orações são semelhantes, ocorre o paralelismo sin-
sa, sobretudo, quando o assunto é redação, muitos
tático. Quando há sequência de expressões simétricas
professores recomendam em uníssono: evite repetir
palavras e expressões! no plano das ideias e coerência entre as informações,
ocorre o paralelismo semântico ou paralelismo de
No entanto, a repetição é um recurso coesivo essen- sentido.
cial para manter a progressão temática do texto, isto
é, para que o tema debatido no texto não seja perdi-
do, levando o escritor a fugir da temática, erro muito ESTRUTURAS QUE SEMPRE DEVEM SER USADAS
pior do que o uso de repetições. JUNTAS
Não só..., mas também; não apenas..., mas ainda; não
Embora também não recomendamos as repetições tanto...quanto; ora...ora; seja...seja, etc.
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
quado em um texto, por isso apresentamos, a seguir,
Além disso, é preciso respeitar a estrutura sintáti-
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
ca a qual a frase está inserida, vejamos um exemplo
em que houve quebra de paralelismo:
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES “É necessário estudar e que vocês se ajudem”
O candidato foi encontra- – Errado
do com duzentos milhões “É necessário que vocês se ajudem e que estudem”
Marcar ênfase
de reais na mala, duzentos – Correto
milhões! Devemos manter a organização das orações, não
Existem Políticos e podemos coordenar orações reduzidas com orações
Marcar contraste desenvolvidas, é preciso manter o paralelismo e deixá-
políticos.
-las ou somente desenvolvida ou somente reduzidas.
“Agora que sentei na minha
cadeira de madeira, junto No tocante ao paralelismo semântico, a ideia é
à minha mesa de madeira, a mesma, porém deixamos de analisar os pares no
colocada em cima deste âmbito sintático e passamos ao plano das ideias. Veja-
assoalho de madeira, olho mos o seguinte exemplo:
Marcar a continuidade “Por um lado, os manifestantes agiram corre-
minhas estantes de madei-
temática
ra e procuro um livro feito tamente, por outro podem não ter agido errado”
de polpa de madeira para – Incorreto
escrever um artigo contra “Por um lado, os manifestantes agiram correta-
o desmatamento florestal” mente, por outro podem ter causado prejuízo à popu-
Millôr Fernandes. lação” – Correto
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
2. Uso de paráfrase foi sua irmã e a outra estava bem” – Incorreto
“Encontrei duas pessoas conhecidas na rua: uma
A paráfrase é um recurso de reiteração que pro- foi sua irmã e a outra foi minha prima” – Correto
porciona maior esclarecimento sobre o assunto trata- Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as
do no texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar estratégias de coesão textual, vamos praticar nossos
sobre algo utilizando-se de outras palavras, confor-
conhecimentos com algumas questões de concurso.
me Antunes (2005, p.63), “alguma coisa é dita outra
vez, em outro ponto do texto, embora com palavras
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS
diferentes”.
Vejamos o seguinte exemplo:
Este conteúdo será abordado no tópico “Emprego
das Classes de Palavras”.
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo
Castelão. Ceará no Castelão.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais


da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
DOMÍNIO DA ESTRUTURA
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO
posições diferentes, cumpre um papel importante na
progressão temática do texto. EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada
pelo uso de expressões textuais bem características, Anteriormente, foi possível notar que a Morfologia
como: em outras palavras, em outros termos, isto é, estuda a estrutura das palavras, sua formação e clas-
quer dizer, em resumo, em suma, em síntese etc. Essas sificação. Certo?
expressões indicam que algo foi dito e passará a ser Vimos, também, na seção anterior, como as pala-
ressignificado no texto, garantindo a informatividade vras se estruturam e são formadas. Agora é hora de
do texto. entender melhor como elas são classificadas: 23
� Pelas classes gramaticais Dica
Podemos encontrar ainda os numerais coletivos,
As classes gramaticais (ou classes de palavras) são isto é, designam um conjunto, porém expressam
os grupos em que as palavras estão classificadas, e uma quantidade exata de seres/conceitos. Veja:
isso pode ser de grande ajuda para utilizarmos cada Dúzia = conjunto de doze unidades;
uma delas de maneira correta. Veremos agora mais Novena = período de nove dias;
afundo cada uma delas! Década = período de dez anos;
Século = período de cem anos;
ARTIGOS
Bimestre = período de dois meses.
São palavras que antecedem o substantivo, defi- SUBSTANTIVOS
nindo ou não o seu sentido. Podem ser classificados
em definidos e indefinidos. São palavras que dão nome aos seres em geral,
Há apenas um artigo definido – o – e um arti- vivos ou não vivos, e a conceitos.
go indefinido – um, que depois variam em gênero e
número (os, a, as) para artigos definidos e (uma, uns, Tipos de substantivos
umas) para os indefinidos. O artigo definido serve
para indicar um ser definido entre outros e indicar Existem diferentes tipos de substantivos. São eles:
todo conjunto de seres.
Ex.: A menina saiu contente. / Os garotos adoram a) Concreto: dá nome a seres existentes, indepen-
jogar futebol. dentes ou que são pensados dessa forma. Veja os
Já o artigo indefinido pode ser: exemplos dados pelo autor do livro Gramática pela
Prática:
� indefinido entres os outros; Pessoas: José, Júlia;
� subconjunto de seres indefinidos; Ocupantes de cargos: tesoureiro, professor;
� reforço de ideia. Animais: tigre, lesma;
� Ex.: Uns gostam de cão, outros de gato. Vegetais: árvore, bambu;
� Contaram-me uma história antiga e duvidosa. Minerais: água, ouro;
Fenômenos: chuva, relâmpago;
Os artigos indefinidos (um, uma, uns, umas) podem Lugares: continente, Piauí;
ser confundidos com o numeral. Como dito, os artigos Objetos: caneta livro;
acompanham substantivos, enquanto os numerais Imaginados: saci, fada, Deus.
indicam número, ou seja, quantidade. Veja o exemplo: b) Abstrato: dá nome a seres/conceitos que não exis-
tem por si só. Aqui vai mais exemplos para ajudar:
Nas férias, pretendo ler um livro. > Artigo indefini-
Ações: o chute, a entrega;
do; pode ser um livro qualquer, aqui se trata do termo
Sentimentos: amor, compreensão;
“livro” de forma mais geral.
Qualidades: dureza, feiura;
Nas férias, vou ler apenas um livro. > Numeral; a
Estado: desonra, glória.
quantidade de livros a serem lidos nas férias é apenas
um. Os substantivos abstratos existem apenas em fun-
ção de outros seres.
NUMERAIS A feiura, por exemplo, depende de uma pessoa, um
substantivo concreto a quem esteja associada.
São as palavras utilizadas para designar posição Próprio: dá nome a um ser específico (pessoa,
ou número. país, etc.)
Ex.: Eu quero um pastel de carne. Ex.: José, Brasil, Carolina, Nova Concursos, São
Pedro ganhou a corrida em primeiro lugar. Paulo, Varsóvia.
Milhares de pessoas compareceram ao evento. Comum: é o que nomeia um ser como pertencente
Os numerais podem ser classificados em cardinais, a uma classe.
ordinais, multiplicativos e fracionários. Ex.: homem, país, editora.
Coletivo: dá nome comum para um conjunto de seres.
� Cardinais: expressam quantidade exata de seres Ex.: constelação (conjunto de estrelas), time, esqua-
através da palavra dra, cardume (conjunto de peixes).
Ex.: Ganhei sete bombons ontem.
� Ordinais: como o próprio nome diz, expressão Substantivos coletivos mais usados
ordem ou posição dentro de uma sequência.
Coletivo de:
Ex.: João ganhou a corrida em segundo lugar.
abelhas: enxame, colmeia, abelhal
Esta foi a primeira vez que consegui compreendê-lo.
alho: réstia, alhada, alhal
� Multiplicativos: expressam o número de vezes
alunos: turma, classe, alunato
pelo qual determinada quantidade é multiplicada. animais: fauna, bando, bicharada, animalada,
Dobro > duas vezes; triplo > três vezes; quádruplo pandilha, piara
> quatro vezes... anjos: legião, falange, coro
Ex.: Eu trabalho o dobro de horas que você. artistas: companhia, elenco, trupe, plêiade,
� Fracionários: expressam frações, divisões ou academia
diminuições proporcionais em quantidade. árvores: arvoredo, renque, mata, floresta, bosque
24 Ex.: Esse mês já gastei um terço do meu salário. atores: elenco, companhia, trupe
automóveis: frota É comum fazermos a associação de que substan-
aves: bando, revoada, bandada tivos masculinos são marcados pela desinência “o”
aviões: esquadrilha, frota, aviação e que os substantivos femininos são marcados pela
bananas: cacho, bananada desinência “a”, porém o mais assertivo é pensar que
bois: manada, boiada, junta, armento, rebanho os substantivos masculinos são aqueles cujo artigo “o”
borboletas: panapaná, panapanã vem anteposto. Veja:
burros: récua, burricada, burrada
cabras: fato, rebanho, cabrada, cabralhada, � O carro / o motor / o cigarro.
cabroeira O mesmo com os substantivos femininos, que vem
cães: matilha, cachorrada, canzoada com o artigo “a” anteposto:
camelo: cáfila, catar
� A cadeira / a maçã / a verdade.
cavalos: cavalaria, cavalhada, tropa, manada
cebola: réstia, cebolal
Existem alguns substantivos masculinos que pos-
chaves: molho, penca, chavaria
suem terminações diferentes de “o”, e por isso essa é a
discos: discoteca, fonoteca
elefantes: manada “regra” mais confiável.
estrelas: constelação
filhotes: ninhada, redada � O amor / o celular.
flores: ramalhete, ramo, buquê, braçada
formigas: colônia, formigueiro, formigame, car- Além disso, os substantivos podem ser classifica-
reiro, correição dos em uniformes e biformes. O que é isso?
gafanhoto: nuvem, gafanhotada, onda, praga Os substantivos biformes apresentam diferentes
galinhas: galinhada, galinhame formas para o masculino e feminino.
gatos: gataria, bichanada Ex.: Menino / menina
ilhas: arquipélago Garoto / Garota
índios: tribo, aldeia, indiada Já os substantivos uniformes são aqueles que
insetos: nuvem, colônia, praga, onda apresentam uma única forma, independente do
gênero.
Compostos
� Criança / testemunha / artista.
Os substantivos compostos são substantivos for-
mados por mais de uma palavra ou radical, sendo Dessa forma, só é possível identificar o gênero des-
constituídos pelo processo de composição (formados se tipo de substantivo por meio do artigo, que vem
pela junção de duas palavras). anteposto a ele.
Ex.: notícia-bomba; bate boca; quinta-feira.
� O estudante / A estudante.
Plural de substantivos compostos
Gênero e significação
Se o substantivo composto é escrito sem hífen, para
utilizá-lo no plural, basta acrescentar a letra “s”.
É possível realizar a determinação do gênero pela
Agora, se ele for escrito com hífen, deve seguir al-
gumas regrinhas. São elas: significação. Veja algumas regrinhas básicas para
ajudar a identificar quando o substantivo é femini-
a) Substantivo + substantivo que especifica o primeiro. no e quando é masculino.
Ex.: notícia-bomba, notícias-bomba.
b) Palavras unidas por preposição. Gênero Feminino
Ex.: água-de-colônia, águas-de-colônia.
c) Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo. São femininos:
Ex.: bate-boca, bate-bocas, alto-falante, alto-falantes.
d) Palavras repetidas ou onomatopaicas. a) Nomes de mulheres e as funções exercidas por
Ex.: tico-tico, tico-ticos. elas.
e) Palavra variável + palavra variável. � Ana, Helena, Maria, professora, rainha, vendedora.
Ex.: quinta-feira, quintas-feiras.
b) Nomes de animais do sexo feminino.
REFERÊNCIA
LÍNGUA PORTUGUESA

� Vaca, anta, galinha, pata.


Exemplos retirados da internet; Disponível em:
c) Nomes de cidades e ilhas em que se subentende
<https://www.todamateria.com.br/substantiv
por gênero feminino.
o-composto/#:~:text=O%20substantivo%20com-
posto%20%C3%A9%20um,da%20jun%C3%A7%- � A Veneza, a marcante Florianópolis.
C3%A3 o%20de%20duas%20palavras.<; Acesso em
25 ago. 2020. Gênero Masculino
São masculinos:
Flexão de gênero
a) Nomes de homens e suas funções.
Os substantivos podem sofrer flexão de gênero: � Cláudio, José, Henrique, médico, professor,
feminino e masculino. vendedor. 25
b) Nomes de animais do sexo masculino. � Analítica: acrescenta-se um substantivo.
� Elefante, leão, boi. „ Cachorro grande/pequeno; livro grande/
pequeno.
c) Nomes dos meses e dos pontos cardeais.
� Sintética: acrescenta-se um sufixo à palavra.
� O mês de janeiro, o mês de maio, o leste, o
„ Cachorrinho/cachorrão; livrinho/livrão.
norte.
O novo Acordo Ortográfico e o uso de maiúsculas
d) Nomes de lagos, montes, oceanos e rios, em que se
subentende por ser do gênero masculino.
De acordo com o novo acordo ortográfico, vigente
� O Amazonas (o rio Amazonas), o Atlântico (o no país desde o início de 2009, utiliza-se maiúsculas
oceano Atlântico). em:

Flexão de número � Nome de pessoas reais ou imaginárias (nome,


sobrenome, apelido, seres mitológicos etc.)
Em relação a número gramatical, existem dois em � Gabriela;
que os substantivos sofrem flexão: singular e plural. � Tiago;
O singular indica apenas um ser ou um grupo de � Ferreira;
seres, e o plural indica dois ou mais seres ou grupos � Magalhães;
de seres. � Silva;
A flexão dos substantivos para o plural possui � Xuxa;
algumas regrinhas que podem ajudar. Veja: � Cinderela;
� Poseidon.
a) Substantivos que terminam em vogal, ditongo oral
ou com a letra “N” flexionam para o plural com o � Nomes de cidades, países, continentes (reais ou
acréscimo da letra “S”. imaginários).
� Pai – pais; � Cuba;
� Mãe – mães; � Londres;
� Minas Gerais;
� Hífen – hifens.
� França;
Exceção: Cânon – cânones.
� América;
� Nárnia.
b) Substantivos terminados em “R” e “Z” fazem o plu- � Nomes de festas e festividades.
ral pelo acréscimo de “-es”. � Carnaval;
� Cobertor – cobertores; � Dia das Crianças;
� Rapaz – rapazes. � Natal;
� Ano Novo;
c) Substantivos que terminam em “al”, “el”, “ol”, “ul” � Páscoa.
sofrem flexão no plural, trocando o “L” por “-is”.
� Nomes de instituições e entidades.
� Casal – casais;
� Quartel – quarteis; � Organização das Nações Unidas;
� Lençol – lençóis; � Cruz Vermelha;
� Azul – azuis. � Sistema Único de Saúde.

Variação de grau nos substantivos � Nome dos pontos cardeais e equivalentes.


� Norte / Sul / Leste / Oeste;
O grau do substantivo é a possibilidade de indicar � Nordeste / Sudoeste;
o tamanho/proporção do ser nomeado, e os substanti- � Oriente / Ocidente
vos podem ser de três graus: aumentativo, diminuti-
vo e normal.
O grau normal é o natural do ser.
Importante!
� Aumentativo: exprime o aumento do tamanho do
Escrevem-se com maiúsculas apenas quando
ser nomeado.
utilizados indicando uma região.
� Livro – livrão; � Este ano vou conhecer o Sul. (O Sul do Brasil);
� Porta – portão; Quando utilizados indicando uma direção, devem
� Cachorro – cachorrão. ser escritos com minúsculas.
� Correu a América de norte a sul.
� Diminutivo: exprime, ao contrário do aumentati-
vo, a diminuição do tamanho/proporção do ser.
� Livro – livrinho; � Títulos de periódicos.
� Porta – portinha; � Veja;
� Cachorro – cachorrinho. � O Globo;
� Correio do Brasil.
Vale ressaltar que a flexão de grau dos substantivos
26 pode ser feita de duas formas diferentes: � Em siglas, símbolos ou abreviaturas.
� ONU / INPS; � Comparativo: como o próprio nome já diz, atua
� Unesco / Bradesco / Sr.(a); fazendo comparação entre elementos da frase. O
� S [Sul] / K [Potássio];
grau comparativo possui três graus:
� Além disso, vale ressaltar que substantivos pró- � 1°. Comparativo de igualdade: compara ele-
prios também são escritos com maiúscula, por isso mentos colocando-os num mesmo patamar.
esteja sempre atento! Ex.: A sua receita é tão saborosa quanto a
dela.
ADJETIVOS
� 2°. Comparativo de superioridade: compara,
São palavras que qualificam os substantivos, dão evidenciando um elemento como superior ao
características (feliz, gordo, alto, interessante). outro.
Ex.: A sua receita é melhor do que a dela.
� Ana é uma menina muito alegre.
� 3° Comparativo de inferioridade: compara,
O noticiário de hoje está interessante.
evidenciando um elemento como inferior ao
Locuções adjetivas outro.
Ex.: A sua receita é pior do que a dela.
Trata-se de uma expressão formada por mais de
uma palavra com o valor/significado de um adjetivo. � Superlativo: elevam, intensificam as característi-
Em geral, costuma ser formada por uma preposição +
cas dadas aos substantivos. Possui dois tipos:
substantivo. Veja:
Lucas tem atitude de criança. > “atitude de crian- � 1°. Superlativo relativo: quando essa elevação
ça” = locução adjetiva com valor de “atitude infantil”. se refere a um conjunto.
Veja algumas locuções adjetivas e seus correspon- Ex.: Dentre os discos gravados por você, este é o
dentes na tabela a seguir:
mais elaborado.
� 2°. Superlativo absoluto: quando faz referência
LOCUÇÃO CORRESPON- LOCUÇÃO CORRES-
ADJETIVA DENTE ADJETIVA PONDENTE apenas a um substantivo.
de abdômen abdominal de campo rural � Ex.: Este disco gravado por você é o mais
de abelha apícola de criança infantil
elaborado.

de abutre vulturino de lua lunar


Estes dois tipos podem ser ainda:
de aluno discente de mestre magistral
Níveo � superlativo relativo de superioridade: “Ele é o filho
de baço esplênico de neve
ou nival
mais obediente.”.
de boca bucal, oral de ovelha ovino
� superlativo relativo de inferioridade: “Ele é o filho
de bode hircino de pai paternal
menos desobediente.”.
de cabra caprino de rio fluvial � superlativo absoluto analítico: “Ele é muito obediente.”
� superlativo absoluto sintético: “Ele é obedientíssimo.”
Adjetivos de relação

Os adjetivos de relação possuem algumas caracte- Formação dos adjetivos


rísticas, e são assim classificados por:
Tipos de Adjetivos:
a) Ter valor semântico objetivo (não expressa nenhu-
ma subjetividade). � Adjetivo simples: apresenta somente um radical.
Ex.: Problema mundial = problema relativo ao Ex.: pobre, magro, triste, alto, feliz.
mundo.
� Adjetivo composto: apresenta mais de um radical.
b) Não possui variação de grau (veja no próximo
assunto). Ex.: afro-brasileiro, superinteressante, super-herói.
Ex.: Vinho chileno = não pode ser: chileníssimo, � Adjetivo primitivo: é a palavra que dá origem a
pouco chileno. outros adjetivos.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Vem após substantivo. Ex.: alegre, bom, puro.


Ex.: Mapa mundial.
� Adjetivo derivado: são palavras que derivam de
Veja alguns exemplos: verbos ou substantivos.
Ex.: escultor (de “esculpir), formoso (de “formosura”).
� Energia do núcleo = energia nuclear;
� Roteiro de Carnaval = roteiro carnavalesco; Adjetivos pátrios
� Vinho do Chile = vinho chileno.
Os adjetivos pátrios são responsáveis por repre-
Variação de grau nos adjetivos
sentar a origem das pessoas, objetos e seres em rela-
Os adjetivos variam em dois graus: comparativo e ção ao país, estado ou à cidade. Veja abaixo alguns
superlativo. deles: 27
ADVÉRBIOS

São palavras que se referem a um adjetivo ou a um verbo, modificando-o ou intensificando-o em diferentes


circunstâncias (tempo, modo e intensidade).

� Tempo: são os advérbios que fornecem informações temporais, isto é, indicam o momento em que a ação ocor-
reu, ocorre ou ocorrerá.
São eles: Hoje, logo, já, afinal, amanhã, ontem, tarde, breve, depois, cedo, antes, enfim, jamais, nunca, sem-
pre, doravante, outrora, imediatamente, antigamente, primeiramente, constantemente, sucessivamente,
posteriormente.
� Modo: são os advérbios que fornecem informações a respeito da maneira com que a ação se dá, deu-se ou se
dará. Em sua maioria, possuem a terminação –mente.
São eles: rapidamente, bem, mal, devagar, silenciosamente, vagarosamente, apressadamente, insistentemen-
te, tristemente, alegremente, etc.
� Intensidade: são advérbios que ajudam na percepção da intensidade do verbo, e é comumente utilizado com
adjetivos e até mesmo com outros advérbios.
Alguns deles: meio, menos, mais, muito, pouco, demais.

Locuções adverbiais

A locução adverbial é o conjunto de duas ou mais palavras que pode desempenhar a função de advérbio, alte-
rando o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
A maioria das locuções adverbiais são formadas por uma preposição e um substantivo. Há ainda os que são
formados por adjetivos ou por advérbios. Veja alguns exemplos:
Preposição + substantivo: de novo;
28 Preposição + adjetivo: em breve;
Preposição + advérbio: por ali.
Agora, veja a aplicação nas frases: Importante!
Professora, você pode me explicar a matéria de Os advérbios “bem” e “mal” recebem o grau
novo? (de novo = novamente) comparativo de superioridade irregular, sendo
Em breve o filme estará em cartaz nos cinemas. “melhor” e “pior”, respectivamente.
(em breve = brevemente) � No exame, você se saiu melhor que eu.
Acho que eles foram por ali. � No exame, você se saiu pior que eu.
As locuções adverbiais podem se classificar em:

� Locuções adverbiais de tempo: em breve, à tar- � De inferioridade: formado pelo “antes” anteposto
de, à noite, logo mais, pela manhã, de tempos em ao advérbio, seguido de “que” ou “de que”.
tempos, por vezes... Ex.: Ela andava menos firmemente que [de que]
Ex.: À tarde passearemos com as crianças no André.
parque.
� Locuções adverbiais de lugar: em cima, por per- Advérbios e adjetivos
to, ao lado, à direita, à esquerda, para dentro, para
fora... Existem ainda os adjetivos adverbializados. Do
Ex.: Os pais querem sempre os filhos por perto. que se trata?
� Locuções adverbiais de modo: às pressas, ao Trata-se de um fato linguístico em que os adjetivos
contrário, em silêncio, de cor, às claras, à toa, em passam a pertencer à classe dos advérbios, conforme
geral... sua utilização dentro da oração. Veja os exemplos:
Ex.: O suspeito permaneceu em silêncio durante Os alunos chegaram apressados. > Os alunos
todo o interrogatório. chegaram apressadamente.
� Locuções adverbiais de negação: de forma algu- As alunas chegaram apressadas. > As alunas
ma, de modo algum, de maneira nenhuma... chegaram apressadamente.
Ex.: Não usaria isto de forma alguma. Ou seja, para determinar a função de advérbio no
� Locuções adverbiais de afirmação: sem dúvida, adjetivo, basta transformar seus enunciados, levando
de fato, com certeza, por certo... em consideração as mudanças em gênero e número.
Ex.: Ele, de fato, amava muito sua namorada. O que vai definir se determinada palavra é um
� Locuções adverbiais de dúvida: com certeza, advérbio ou um adjetivo é o elemento ao qual ela se
quem sabe, por certo... refere. Veja o exemplo:
O menino alto cantava alto.
Ex.: Quem sabe ele ainda apareça por aqui.
A primeira palavra “alto” é um adjetivo, pois quali-
� Locuções adverbiais de intensidade: de muito,
fica o substantivo “menino”; a segunda palavra “alto”
de pouco, em excesso, de todo.
já funciona como advérbio, pois define a forma que o
Ex.: Eles compram roupas em excesso.
menino canta e complementa o verbo “cantava”.
O mesmo pode ocorrer em relação ao pronome
Advérbios interrogativos
indefinido. Vamos direto ao exemplo dado pelo autor
do livro Gramática pela Prática:
Os advérbios interrogativos introduzem uma per- Era muito problema... x Era problema muito fácil.
gunta, podendo exprimir uma ideia de modo, tempo, O “muito” do primeiro exemplo se refere a um
lugar ou de causa (como, quando, onde e porque). Veja substantivo; em casos como esse, trata-se de um pro-
abaixo nos exemplos: nome indefinido;
O “muito” do segundo exemplo já faz referência ao
� Modo: Como se locomoveu até lá? adjetivo “fácil”, definindo o substantivo “problema”.
� Tempo: Quando ele foi embora?
� Lugar: Onde é que se escondeu? Palavras denotativas
� Causa: Por que não veio ontem?
As palavras denotativas se assemelham e muito
Grau do advérbio com os advérbios, porém não pertencem a nenhuma
classe de palavras em específico, segundo a Nomencla-
Os advérbios podem se flexionar em dois graus: tura Gramatical Brasileira.
comparativo e superlativo. Sabemos que as palavras, como já visto, podem ter
diferentes significados, de acordo com a situação em
que são utilizadas. Isso não acontece com as palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

� Comparativo: no grau comparativo, pode ser


denotativas. Palavras denotativas se referem a um
dividido em: de igualdade, de superioridade e de sentido literal, uma significação plena, e são muito
inferioridade. úteis na produção de texto, uma vez que podem fun-
� De igualdade: formado pela palavra “tão” antes cionar como mecanismo de coesão.
do advérbio e “quanto” ou “como” depois dele, As palavras denotativas podem ser classificadas
colocando dois elementos em mesmo nível. de diferentes formas, isso de acordo com a ideia que
Ex.: Ele chegou tão tarde quanto o pai. expressam. Veja:
Cantava tão bem como a irmã.
� inclusão: até, também, inclusive, ademais;
� De superioridade: formado pelo “mais” anteposto � exclusão: apesar, apenas, salvo, exceto, menos;
ao advérbio, acrescentado de “que” ou “de que”. � explicação: isto é, por exemplo, ou seja, a saber;
Ex.: Ele chegou mais tarde que [de que] o pai. � retificação: aliás, ou melhor, digo, isto é;
Cantava melhor que [de que] a irmã. � realce: lá, cá, é porque, é que; 29
� situação: então, afinal, agora; Senhor – Sr. – em tratamento cerimonioso, “for-
� designação: eis.
mal” ou mais distante;
PRONOMES Senhora – Sr.ª – em tratamento cerimonioso, “for-

São as palavras que substituem ou acompanham mal” ou mais distante;


os substantivos. Você – Você – em tratamento mais familiar, corri-
Os pronomes são denominados de distintas manei-
ras, de acordo com o papel que desempenha na oração. queiro, mais íntimo.

Pronomes pessoais
Pronomes indefinidos
Referem-se às pessoas que participam do discurso.
O falante corresponde à 1ª pessoa; o ouvinte, à segun- Referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago,
da; e o assunto à 3ª. Eles podem se classificar como
retos ou oblíquos, de acordo com sua utilidade na frase. impreciso. Veja:
Confira a tabela a seguir:
Todos foram à festa ontem.
PRONOMES PESSOAIS
Muitos pais não se interessam verdadeiramente
Pronome Reto Pronome Oblíquo
pela educação dos seus filhos.
Tônico Átono Tônico
Eu Me Mim, comigo
Tu Te Te, contigo Os pronomes indefinidos podem ser variáveis,
Ele, ela Se, lhe,o, a Si, consigo, ele, ela isto é, sofrem flexão em gênero e número, e também
Nós Nos Nós,conosco
Vós Vos Vós,convosco invariáveis, que não sofrem essa flexão.
Eles, elas lhes, os, as Si, consigo,
eles,elas Principais pronomes indefinidos:
Para sujeito Para Outras Funções

Dica PRONOMES INDEFINIDOS


Variáveis Invariáveis
Se liga nessa conclusão:
“Os pronomes eu e tu são retos. Algum, alguma, alguns, algumas Alguém
Nós, vós, ele(s) serão os retos ou oblíquos, Nenhum, nenhuma,
dependendo de seu emprego na frase.” (PIMEN- Ninguém
nenhuns, nenhumas
TEL, 2015, p. 137)
Todo, toda, todos, todas Quem
Pronomes de tratamento Outro, outra, outros, outras Outrem
Muito, muita, muitos, muitas Algo
Os pronomes de tratamento são utilizados para se
dirigir à pessoa com quem se fala. Existem pronomes Pouco, pouca, poucos, poucas Tudo
de tratamento bastante específicos. Veja na tabela a Certo, certa, certos, certas Nada
seguir, da esquerda para a direita, pronome de trata-
Vários, várias Cada
mento, sua abreviação e seu uso, respectivamente.
Quanto, quanta, quantos, quantas Que
PRONOMES DE TRATAMENTO Tanto, tanta, tantos, tantas
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques Qualquer, quaisquer
Vossa Eminência V. Ema.(s) Cardeais Qual, quais
Vossa sacerdotes e
V. Revma.(s) Um, uma, uns, umas
Reverendíssima bispos
altas autoridades e
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) Fonte: Educação uol
oficiais-generais
Vossa reitores de
V. Mag.ª (s)
Magnificência universidades Pronomes demonstrativos
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade
V. M. I. Imperadores Os pronomes demonstrativos são palavras que
Imperial
Vossa Santidade V. S. Papa situam algo no tempo, espaço e no discurso em rela-
tratamento
Vossa Senhoria V. S.ª (s) ção à pessoa que fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª
cerimonioso
Vossa pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa).
V. O. Deus
Onipotência Os principais pronomes demonstrativos são: este,
30 Existem ainda os mais frequentes: esse e aquele.
Este é o meu livro. acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
Esse é o seu livro. possuída).
Aquele é o livro deles. Ex.: Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pes-
soa do singular)”
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis Veja a tabela:
e invariáveis em gênero e número.
PRONOMES POSSESSIVOS
Variáveis NÚMERO PESSOA PRONOME
Singular Primeira meu(s), minha(s)
1ª pessoa: este, esta, estes, estas
Singular Segunda teu(s), tua(s)
2ª pessoa: esse, essa, esses, essas
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas Singular Terceira seu(s), sua(s)
Ex.: Esta bolsa é minha. (Indica proximidade com nosso(s),
Plural Primeira
relação à 1ª pessoa / quem fala). nossa(s)
Essa bolsa é minha. (Indica proximidade com rela- Plural Segunda vosso(s), vossa(s)
ção à 2ª pessoa / com quem se fala). Plural Terceira seu(s), sua(s)
Aquele cachorro fugiu do abrigo. (Indica distância
com relação às pessoas do discurso). Colocação pronominal

Invariáveis � Próclise: é quando o pronome é colocado antes do


verbo.
1ª pessoa: isto
2ª pessoa: isso “A próclise é comum nos seguintes casos:
3ª pessoa: aquilo
Ex.: Isto não é meu. (Indica proximidade com rela- � 1. Quando o verbo segue uma partícula negati-
ção à 1ª pessoa / quem fala). va: não, nunca, jamais, nada, ninguém.
Isso é meu (Indica proximidade com relação à 2ª Ex.:Não nos responsabilizaremos por sua atitu-
pessoa / com quem se fala). de rebelde.
Nunca se acusou um cliente por esses motivos.
Pronomes relativos Um vendedor de nossa empresa jamais se con-
tentará com níveis de faturamento tão baixos.
Os pronomes relativos são aqueles utilizados em O relatório fora bem escrito, mas nada o
recomendava como modelo que devesse ser
uma frase para retomar algum termo já citado ante-
imitado.
riormente, evitando uma repetição desnecessária.
Ninguém o viu chegar, mas ele já se encontra
Estes pronomes podem ser variáveis ou invariá-
no escritório.
veis, ou seja, podem ou não sofrer alterações de gêne-
� 2. As orações que se iniciam por pronomes e
ro e número.
advérbios interrogativos também exigem ante-
cipação do pronome ao verbo. Ex.:
z Pronomes relativos variáveis: cujo, o qual, quanto; Por que o diretor se ausentou tão cedo?
z Pronomes relativos invariáveis: que, quem, onde. Como se justificam essas afirmações?
Quem lhe disse que o gerente de vendas não se
Veja, na tabela abaixo, os pronomes relativos e interessaria por tal fato?
suas variações. � 3. As orações subordinadas também exigem
antecipação do pronome ao verbo. Ex.:
VARIÁVEIS INVARIÁVEIS Ainda que lhe enviassem relatórios substan-
Masculino Feminino ciais, não poderia tomar nenhuma decisão.
Quando o office-boy o interrogou, ele levantou a
Singular Plural Singular Plural
cabeça.
cujo cujos cuja cujas que Aquela correspondência que te chegou às mãos...
o qual os quais a qual as quais quem � 4. Alguns advérbios exercem força atrativa
quanto quantos - quantas onde sobre o pronome: mal, ainda, já, sempre, só,
talvez, não. Ex.:
Pronomes interrogativos Mal se despedira...
Ainda se ouvirá a voz dos que clamam no
deserto.
LÍNGUA PORTUGUESA

São os pronomes utilizados para formular pergun-


tas diretas ou indiretas. São eles: quem, quanto, que, Já se falou aqui da inconsequente...
Só se acredita naquilo por que se interessa.
qual.
Os relatórios talvez se abstenham de informar...
Ex.: Quem entregará o trabalho hoje?
Não se manifestará apoio ao desonesto, cor-
Quantos alunos chegaram atrasados hoje?
rupto e politiqueiro idealizador de semelhante
Que é isso? comemoração.
Qual é o resultado desse problema?... � 5. A palavra ambos, bem como alguns indefini-
dos (alguém, todos, tudo, outro, qualquer) tam-
Pronomes possessivos bém tem força atrativa. Ex.:
Ambos os empregados me inquiriram sobre
De acordo com o escritor de um blog de língua suas férias.
portuguesa, os pronomes possessivos são “palavras Alguém te dirá aos ouvidos...
que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), Todos te olharão de esguelha... 31
Tudo se transformará com o tempo.
Outro secretário se ajustará ao cargo com dificuldade.
Qualquer pessoa se persigna quando a situação está preta.
� 6. Nas locuções verbais, se houver negação ou pronome relativo, interrogativo. Ex.:
Não se pode deixar de realizar...
Coisas que se podem deixar de realizar...
Por que se deve realizar esta tarefa?
� 7. Se o verbo estiver no futuro do presente ou futuro do pretérito, pode-se utilizar a antecipação pronomi-
nal. Ex.:
Eu me dedicarei aos estudos gramaticais quando.
Eu me dedicaria aos estudos gramaticais se.
Pode-se também utilizar mesóclise, mas não é aconselhável, por revelar-se pedante. Embora o pronome
pessoal do caso reto não tenha força atrativa, é recomendável a próclise para evitar o preciosismo da
mesóclise.
� 8. Se houver vírgula depois do advérbio, deve-se usar ênclise e não próclise.1”

� Ênclise: é quando o pronome é colocado depois do verbo. Esse tipo de colocação pronominal se relaciona aos
seguintes casos:
� 1. Verbo no imperativo afirmativo.
Ex.:
Depois de terminar, chamem-nos.
Para começar, joguem-lhes a bola!
� 2. Verbo no infinitivo impessoal.
Exemplos:
Gostaria de pentear-te à minha maneira.
O seu maior sonho é casar-se.
� 3. Verbo inicia a oração.
Ex.:
Fiz-lhe a pessoa mais feliz do mundo.
Acordei e surpreendi-me com o café da manhã.
� 4. Verbo no gerúndio (sem a preposição em, pois quando regido pela preposição em deve ser usada a
Próclise).
Ex.:
Vive a vida encantando-me com as suas surpresas.
Faço sempre bolos diferentes experimentando-lhes ingredientes novos.

� Mesóclise: quando o pronome é colocado no meio do verbo. Essa colocação só é possível nos tempos verbais
Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito. Veja:
Orgulhar-me-ei dos meus alunos.
Orgulhar-me-ia dos meus alunos.

Veja, nesse exemplo:

Existem casos em que o adjetivo pode vir antes dos substantivos, e aí, o que fazer? Devo concordar com um
ou com outro?
A regra é a seguinte: concorde o adjetivo com o substantivo mais próximo, como no exemplo:
Linda filha e bebê.
Perceba que o adjetivo “linda” está concordando em gênero com o substantivo “filha”, neste caso o mais
próximo.

VERBOS

Os verbos indicam ações, fenômenos da natureza ou estado.


Ex.: Chove muito aqui na cidade.
Caminharemos até a cidade vizinha.
Corro muitos quilômetros por dia.
O verbo pode variar em número (singular e plural) e em pessoa (primeira [eu], segunda [tu] e terceira [ele/
ela]). Veja o mesmo verbo, conjugado em diferentes pessoas e número.
Eu gosto de cantar. > 1ª pessoa do singular;
Pedro e Ana gostam de cantar. > 3ª pessoa do plural;
Eu, Pedro e Ana gostamos de cantar. > 1ª pessoa do plural.
Flexões modo-temporais – tempos simples
São os tempos básicos em que o verbo pode ser conjugado. São eles: presente, pretérito imperfeito, pretérito
perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito.
Na tabela abaixo, você verá alguns verbos conjugados nos diferentes tempos, modos e pessoas verbais até
então vistos aqui.

32 1 Texto adaptado. Disponível em: < https://www.algosobre.com.br/gramatica/concordancia-pronominal.html>. Acesso em 14 jul. 2020.


MODO TEMPO 1.ª CONJUGAÇÃO (-AR) 2.ª CONJUGAÇÃO (-ER) 3.ª CONJUGAÇÃO (-IR)
Indicativo Presente ando como divido
Indicativo Pretérito imperfeito andava comia dividia
Indicativo Pretérito perfeito andei comi dividi
Pretérito
Indicativo andara comera dividira
mais-que-perfeito
Indicativo Futuro do presente andarei comerei dividirei
Indicativo Futuro do pretérito andaria comeria dividiria
Subjuntivo Presente ande coma divida
Subjuntivo Pretérito imperfeito andasse comesse dividisse
Subjuntivo Futuro andar comer dividir
Imperativo Afirmativo anda come divide
Imperativo Negativo não andes não comas dividas

Flexões modo-temporais – tempos compostos

São eles: pretérito perfeito composto, pretérito mais-que-perfeito composto, futuro do presente composto, futuro
do pretérito composto.
Trouxemos mais essa tabela para ajudar você!

1.ª CONJUGAÇÃO 2.ª CONJUGAÇÃO 3.ª CONJUGAÇÃO


MODO TEMPO
(-AR) (-ER) (-IR)
Indicativo Pretérito perfeito composto tenho estudado tenho escrito tenho dividido
Pretérito mais-que-perfeito
Indicativo tinha estudado tinha escrito tinha dividido
composto
Indicativo Futuro do presente composto terei estudado terei escrito terei dividido
Indicativo Futuro do pretérito composto teria estudado teria escrito teria dividido
Subjuntivo Pretérito perfeito composto tenha estudado tenha escrito tenha dividido
Pretérito mais-que-perfeito
Subjuntivo tivesse estudado tivesse escrito tivesse dividido
composto
Subjuntivo Futuro composto tiver estudado tiver escrito tiver dividido

Formas nominais do verbo e locuções verbais

As formas nominais do verbo são: o infinitivo, gerúndio e particípio. Elas possuem tanto função de verbo
como de nome.

� Infinitivo: representa o nome do verbo, livre de conjugação (flexões de tempo, pessoa, número etc.). Corres-
pondem aos verbos terminados em ar, er e ir.
Ex.: Amar, brincar, correr, beber, sorrir, divertir etc.
O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal:
� Pessoal: aqui há um sujeito envolvido na ação.
Ex.: Trouxe um trabalho para vocês fazerem.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Impessoal: não há envolvimento de sujeito na ação.


Ex.: Trouxe um trabalho para fazer.
� Gerúndio: dá uma ideia de ação contínua, e possui a terminação -ndo.
Ex.: Te vi correndo na praça ontem.
Estou andando de bicicleta.
Ele estava sorrindo tão lindamente!
� Particípio: dá ideia de ação terminada, concluída, e para a maioria dos casos, possui a terminação do.
Ex.: Ele já havia finalizado o trabalho.
Quando cheguei, ela já havia partido.
Encerrada a discussão, finalizou a reunião. 33
Locuções verbais VERBOS INTRANSITIVOS
Locução verbal é o nome dado à junção de dois Morrer Sua avó morreu?
verbos, um auxiliar e um principal, que quando apa- Sofrer Chega de sofrer.
recem juntos numa oração, desempenham o papel de
Viver Minha avó ainda vive.
apenas um verbo. Veja alguns exemplos de locuções
verbais:
Estive pensando; Verbos Transitivos
Quero sair;
Pode ocorrer; Os verbos transitivos, ao contrário dos intransiti-
Tem investigado; vos, são verbos que necessitam de complemento para
Tinha decidido; adquirirem sentido completo.
Estou esperando; Podem ser classificados em verbos transitivos
Vou correndo; diretos, verbos transitivos indiretos e verbos tran-
Estou lendo.
sitivos diretos ou indiretos.
TIPOS DE VERBOS
� Transitivo Direto: pedem, como complemento,
um objeto direto, indicando quem ou quê. Veja:
Intransitivos
Verbo: ler [o quê?]
Os verbos intransitivos são aqueles que não depen- Eu leio notícias.
dem/necessitam de um complemento, pois possuem Eu leio livros de romance.
sentido completo por si mesmos, então podem com- Eu leio revistas.
por um predicado sozinhos. � Notícias, romance e revistas são objetos diretos.
Célia morreu. Verbo: visitar [quem?]:
Ana chegou.
Visitar a avó.
Muitas vezes, os verbos intransitivos podem vir
Visitar uns amigos.
acompanhados de um predicativo e de um adjunto
adverbial. É importante relembrar a diferença entre Visitar o doente.
eles, uma vez que estes termos costumam trazer bas- � Avó, uns amigos e “o doente” são objetos
tante confusão para as pessoas: diretos.
O predicativo, em geral, caracteriza o substantivo,
em grande maioria, através do uso de adjetivos, expri- � Transitivo indireto: pede, como complemento,
mindo uma qualidade ao sujeito. um objeto indireto (que necessita de preposição).
Ex.: Laura é bonita. Veja:
O adjunto adverbial, por usa vez, remete à ideia de Verbo: precisar [de quê?]
circunstância, e modifica um verbo (Mudou imedia- Precisar de ajuda.
tamente), um adjetivo (Fiquei muito emocionado) ou
Precisar de dinheiro.
o advérbio (Estava muito bem).
Agora, vamos voltar a tratar dos verbos intransi- Precisar de um casaco.
tivos e seu acompanhamento. Veja: � Ajuda, dinheiro e “um casaco” são objetos
Célia morreu serenamente. indiretos.
Célia = sujeito; Verbo: concordar [com quem?]
Morreu = verbo intransitivo (possui sentido por si Concordar com a mãe.
mesmo, sem necessidade de complemento); Concordar com o diretor.
Serenamente = adjunto adverbial (qualifica o ver-
Concordar com a amiga.
bo, indicando o modo como Célia morreu).
Ana chegou satisfeita. � A mãe, o diretor e a amiga são objetos indiretos.
Ana = sujeito;
Chegou = verbo intransitivo; � Transitivo direto e indireto: pede, como comple-
Satisfeita = predicativo (pois caracteriza o subs- mento, tanto um objeto direto quanto um objeto
tantivo próprio “Ana”, indicando o modo como ela indireto. Veja:
chegou). Verbo: agradecer [o quê? A quem?]
Veja nessa tabela, alguns exemplos desse tipo de Agradecer o presente ao namorado.
verbo: � Agradecer o convite à diretora.
� Agradecer a atenção à professora.
VERBOS INTRANSITIVOS � O presente, o convite e a atenção são objetos
João lê e anda ao mesmo diretos;
Andar
tempo. � Ao namorado, à diretora e à professora são
Elena brincou com Lucas objetos indiretos.
Brincar
durante a tarde.
Além disso, podem ser classificados em:
Casar Josi casa amanhã.
Chegar Ainda não cheguei. Verbos regulares e verbos irregulares:
Dormir Vou dormir às 22 horas.
Errar Nós erramos. Os verbos regulares são aqueles que, ao serem
conjugados, não sofrem alterações em seu radical ou
Nascer A filha de Júlia nasceu!
34 em suas terminações.
Os verbos irregulares, ao contrário, ao serem conjugados sofrem essas alterações.
Um exemplo é o verbo dizer.
Veja: Eu digo, eu direi...
Veja essa lista com os principais verbos irregulares:

VERBOS IRREGULARES
Ser Trazer
Estar Dizer
Haver Vir
Saber Querer
Poder Pedir
Medir Ouvir
Fazer Caber
Dar

Não existe uma regra para conjugar estes verbos. Em alguns, as alterações acontecem apenas em seu radical,
já em outros, em suas terminações, e há os que ocorrem em ambos os casos.
Dentro dos verbos irregulares, podemos classificá-los em padrões de irregularidade:
Verbos irregulares fortes: são os verbos que, conjugados no tempo pretérito perfeito do indicativo apresen-
tam um radical diferente de quando conjugados no presente do indicativo. Veja a tabela abaixo que indica quais
são esses verbos e como se diferem nestas conjugações.

VERBO CABER DIZER ESTAR FAZER HAVER PODER QUERER SABER TRAZER
Presente do
Indicativo eles eles eles eles eles eles eles eles
eles hão
(3ª pessoa do cabem dizem estão fazem podem querem sabem trazem
plural)
Pretérito
Perfeito do
eles eles eles eles eles eles eles eles eles
Indicativo
couberam disseram estiveram fizeram houveram puderam quiseram souberam trouxeram
(3ª pessoa do
plural)

Verbos irregulares fracos: estes podem apresentar mais subgrupos de irregularidades. Veja abaixo, mais
uma vez, com exemplificação nas tabelas inseridas.

� Formas irregulares na 1.ª pessoa do singular do presente do indicativo e em todas as pessoas do presente do
subjuntivo.

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIR MEDIAR ODIAR PEDIR REMEDIAR REQUERER VALER
Presente do
indicativo eu eu eu eu eu eu eu eu
eu requeiro
(1ª pessoa do anseio incendeio meço  medeio odeio peço remedeio valho
singular)
Presente do
que
LÍNGUA PORTUGUESA

subjuntivo que ele que ele que eu ele eu que ele que ele que ele
eu
(3ª pessoa do anseie incendeie meça medeie odeie remedeie requeira valha
peça
singular)

� Verbos terminados em -iar são conjugadas segundo as regras dos verbos terminados em –ear.

VERBO ANSIAR INCENDIAR MEDIAR ODIAR REMEDIAR


Presente do Indicativo
eu anseio eu incendeio eu medeio eu odeio eu remedeio
(1ª pessoa do singular)
Presente do Indicativo
ele anseia ele incendeia ele medeia ele odeia ele remedeia
(3ª pessoa do singular) 35
z Q
uando não apresentam alteração de “ele” para “tu” em algumas formas conjugadas do presente do indicativo
e do imperativo afirmativo.

VERBO CONSTRUIR DESTRUIR SACUDIR SUMIR

Presente do Indicativo (3ª pessoa do singular) ele constrói ele destrói ele sacode ele some

Imperativo Afirmativo (2ª pessoa do singular) constrói tu constrói tu sacode tu some tu

Verbos anômalos

Os verbos anômalos correspondem aos “verbos irregulares que apresentam radicais primários diferentes
quando conjugados.”
Os verbos “ser” e “ir” são os principais verbos anômalos. Para deixar bem claro, veja, mais uma vez, na tabela:

PRINCIPAIS VERBOS ANÔMALOS

Ser Ir

Eu sou feliz contigo. Eu vou embora agora.

Eu fui feliz contigo. Eu fui embora ontem.

Eu era feliz contigo. Eu irei embora amanhã.

Existem, apesar disso, alguns outros verbos anômalos. São eles:

OUTROS VERBOS ANÔMALOS

Caber Por

Dar Saber

Estar Ter

Haver Ver

Dizer Vir

Poder

Verbos Abundantes

Os verbos abundantes são aqueles que, no particípio, apresentam mais de uma forma aceita pela norma culta,
sendo uma regular e outra irregular. Observe:

PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR

Absolver Absolvido Absolto

Abstrair Abstraído Abstrato

Aceitar Aceitado Aceito

Benzer Benzido Bento

Cobrir Cobrido Coberto

Completar Completado Completo

Confundir Confundido Confuso

Demitir Demitido Demisso

Despertar Despertado Desperto

Dispersar Dispersado Disperso

Eleger Elegido Eleito

Encher Enchido Cheio


36
PARTICÍPIO PARTICÍPIO PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR REGULAR IRREGULAR
Eu tinha limpado a Que casa tão
Entregar Entregado Entregue Limpar
casa. limpa!
Morrer Morrido Morto Dados importantes Informações
Omitir tinham sido omitidos estavam
Expelir Expelido Expulso
por ela. omissas.
Enxugar Enxugado Enxuto Deixe os
Após ter submergido legumes
Findar Findado Findo Submergir os legumes, reparou submersos
Fritar Fritado Frito no amigo. por alguns
minutos.
Ganhar Ganhado Ganho Nunca tinha suspendi- Você está
Suspender
Gastar Gastado Gasto do ninguém. suspenso!

Imprimir Imprimido Impresso Vamos agora a alguns exemplos de verbos regula-


res, ou seja, aqueles que não apresentam “exceções” /
Inserir Inserido Inserto
irregularidades:
Isentar Isentado Isento

Juntar Juntado Junto VERBOS REGULARES

Limpar Limpado Limpo Amar Entender

Matar Matado Morto Abrir Falar

Omitir Omitido Omisso Acabar Fingir

Pagar Pagado Pago Agradecer Gostar

Prender Prendido Preso Almoçar Julgar

Romper Rompido Roto Aprender Lavar

Salvar Salvado Salvo Assistir Lembrar

Secar Secado Seco Beber Levar

Submergir Submergido Submerso Chorar Mandar

Suspender Suspendido Suspenso Chover Mexer

Tingir Tingido Tinto Colorir Mudar

Torcer Torcido Torto Comer Participar

Comprar Partir
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR Compreender Permitir
Eu já tinha aceitado o O convite foi Convidar Pular
Aceitar
convite. aceito.
Aviso quando Cumprir Receber
Entregar tiver entregado a Está entregue! Decidir Viajar
encomenda.
Quando Dever Viver
chegou en- Dividir Voar
Morrer Havia morrido há dias.
controu o
animal morto. Encontrar Voltar
LÍNGUA PORTUGUESA

A bala foi expelida por Esta é a bala


Expelir
aquela arma. expulsa. Verbos auxiliares
Tinha enxugado a
A roupa está Os verbos auxiliares são aqueles que auxiliam na
Enxugar louça quando o
enxuta. conjugação de outros verbos. Os principais verbos
programa começou.
auxiliares são: ser, estar, ter e haver.
Depois de ter
Trabalho Existem ainda os chamados verbos auxiliares de
Findar findado o trabalho,
findo! tempo: ir e andar, ao lado dos verbos auxiliares.
descansou.
Sendo assim, neste caso, apenas o verbo auxiliar
Se tivesse Onde está o sofre flexão, e o verbo principal pode aparecer no par-
Imprimir imprimido tínhamos documento ticípio, no gerúndio ou no infinitivo.
como provar. impresso? Ex.: Iremos andando enquanto você não vem. 37
Há ainda os verbos auxiliares modais. Esses podem indicar desejo, intenção e possibilidade (querer, poder,
tentar, dever, chegar etc.)
Ex.: Os alunos querem tirar notas altas.
Note que, nesse caso, o verbo principal aparece no gerúndio (ou pode aparecer também no particípio).

Vozes verbais

As vozes verbais correspondem à forma com que os verbos se apresentam na oração, para assim determinar
se o sujeito pratica ou sofre a ação.

1. Voz ativa: aqui o sujeito é o agente, ele pratica a ação. Veja os exemplos:
Eu fiz o trabalho
Bia tomou o café da manhã.
João comprou um carro.
2. Voz passiva: na voz passiva, o sujeito sofre, recebe a ação. Veja:
O assassino foi preso ontem.
Aumentou-se a vigilância.

Lembrando que a voz passiva pode ser classificada em analítica e sintética.


A voz passiva analítica é formada por:

Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, etc.) + verbo principal no particípio + agente da passiva.

Para facilitar, veja como funciona na prática. Seguem exemplos:


O café da manhã foi tomado por Bia logo cedo.
A casa toda foi aspirada por nós.
O trabalho foi feito por mim.

A voz passiva sintética (ou voz passiva pronominal) é formada por:


Verbo na 3ª pessoa (singular ou plural) + pronome “se” + sujeito paciente
Veja nos exemplos:

Tomou-se o café da manhã logo cedo.


Aspirou-se a casa toda.
Já se fez o trabalho.

3. Voz reflexiva: é formada por:


Verbo na voz ativa + pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos), que serve de objeto direto ou, por vezes, de objeto
indireto, e representa a mesma pessoa que o sujeito.
Veja alguns exemplos:
Atropelou-se em suas próprias palavras.
Machucou-se todo naquele jogo de futebol.
Olhei-me ao espelho.

Para resumir e tornar essa lição mais fácil para você, confira a tabela abaixo:

VOZ ATIVA Sujeito é o agente da ação. Ex.: Vi a professora.

VOZ PASSIVA Sujeito sofre a ação. Ex.: A professora foi vista.

VOZ REFLEXIVA Sujeito pratica e sofre a ação. Ex.: Vi-me ao espelho.

REFERÊNCIA

Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/vozes-verbais/#:~:text=As%20vozes%20verbais%2C%20


ou%20vozes,%3A%20ativa%2C%20passiva%20ou%20reflexiva.&text=Sujeito%20%C3%A9%20o%20agente%20
da,Exemplo%3A%20Vi%20a%20professora>. Acesso em 16 jul. 2020

Conjugação de verbos derivados

Um verbo derivado, como o próprio nome revela, deriva de um verbo primitivo, e para trabalhar a conjugação
destes verbos, é importante ter clara a conjugação de seus “originários”.
É muito comum que em provas e vestibulares os alunos se equivoquem na conjugação destes verbos, isto
porque não se atentam à conjugação dos verbos primitivos. Por isso, dê uma conferida nesta lista de verbos irre-
gulares e algumas de suas derivações, e atente-se!!!

� Pôr: repor, propor, supor, depor, compor, expor;


� Ter: manter, conter, reter, deter, obter, abster-se;
� Ver: antever, rever, prever;
38
� Vir: intervir, provir, convir, advir, sobrevir.

Outro problema é quando se precisa conjugá-los em determinados tempos, como no futuro do subjuntivo. Veja
como ficaria:

� Pôr: quando eu puser;


� Ter: quando eu tiver;
� Ver: quando eu vir;
� Vir: quando eu vier.

Conjugação de alguns verbos

A conjugação do verbo refere-se à sua flexão em modos, pessoa, tempo, número e vozes. Aqui, vamos trazer
alguns verbos conjugados de diferentes formas para que você conheça melhor, e fique craque no assunto:

Verbos regulares

VERBO BEBER

INDICATIVO
Pretérito I Pretérito Pretérito mais Futuro do
Presente Futuro do Pretérito
mperfeito Perfeito que perfeito Presente
Eu beberei
Eu bebo Eu bebia Eu bebi Eu bebera Eu beberia
Tu beberás
Tu bebes Tu bebias Tu bebeste Tu beberas Tu beberias
Ele beberá
Ele bebe Ele bebia Ele bebeu Ele bebera Ele beberia
Nós
Nós bebemos Nós bebíamos Nós bebemos Nós bebêramos Nós beberíamos
beberemos
Vós bebeis Vós bebíeis Vós bebestes Vós bebêreis Vós beberíeis
Vós bebereis
Eles bebem Eles bebiam Eles beberam Eles beberam Eles beberiam
Eles beberão

SUBJUNTIVO
Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu beba se eu bebesse quando eu beber
que tu bebas se tu bebesses quando tu beberes
que ele beba se ele bebesse quando ele beber
que nós bebamos se nós bebêssemos quando nós bebermos
que vós bebais se vós bebêsseis quando vós beberdes
que eles bebam se eles bebessem quando eles beberem

IMPERATIVO
Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo
-
Bebe tu
Não bebas tu
Beba você
Não beba você
Bebamos nós
Não bebamos nós
Bebei vós
Não bebais vós
Bebam vocês
Não bebam vocês
VERBO GOSTAR

INDICATIVO
Pretérito Pretérito Pretérito mais Futuro do Futuro do
Presente
Imperfeito Perfeito que perfeito Presente Pretérito
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu gosto Eu gostei Eu gostara Eu gostarei Eu gostaria


Eu gostava
Tu gostas Tu gostaste Tu gostaras Tu gostarás Tu gostarias
Tu gostavas
Ele gosta Ele gostou Ele gostara Ele gostará Ele gostaria
Ele gostava
Nós gostamos Nós gostamos Nós gostáramos Nós gostaremos Nós gostaríamos
Nós gostávamos
Vós gostais Vós gostastes Vós gostáreis Vós gostareis Vós gostaríeis
Eles gostavam
Eles gostam Eles gostaram Eles gostaram Eles gostarão Eles gostariam

39
SUBJUNTIVO

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu goste se eu gostasse quando eu gostar
que tu gostes se tu gostasses quando tu gostares
que ele goste se ele gostasse quando ele gostar
que nós gostemos se nós gostássemos quando nós gostarmos
que vós gosteis se vós gostásseis quando vós gostardes
que eles gostem se eles gostassem quando eles gostarem

IMPERATIVO

Imperativo Afirmativo Imperativo Negativo

-
Gosta tu
Não gostes tu
Goste você
Não goste você
Gostemos nós
Não gostemos nós
Gostai vós
Não gosteis vós
Gostem vocês
Não gostem vocês

INFINITIVO
Infinitivo Pessoal
Por gostar eu
Por gostares tu
Por gostar ele
Por gostarmos nós
Por gostardes vós
Por gostarem eles

PREPOSIÇÕES

Conceito

São as palavras que têm a função de ligar dois termos, tornando o segundo subordinado ao primeiro.
Algumas preposições essenciais: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, por, perante, sem,
sob, sobre, trás.
Ex.: Dei um presente a ele.
O evento começará após o jantar.
Veja essa relação de preposições e o seu valor dentro das orações:

“A”

1. CAUSA OU MOTIVO: acordar aos gritos das crianças.


2. CONFORMIDADE: escrever ao modo clássico.
3. DESTINO (em correlação com a preposição de): DE Santos à Bahia.
4. MEIO: Voltarei a andar a cavalo.
5. PREÇO: Vendemos o filhote de nosso cachorro a R$ 300,00.
6. DIREÇÃO: levantar as mãos aos céus.
7. DISTÂNCIA: cair a poucos metros da namorada.
8. EXPOSIÇÃO: ficar ao sol por um longo tempo.
9. LUGAR: Ir a Santa Catarina.
10. MODO: falar aos gritos.
11. SUCESSÃO: dia a dia.
12. TEMPO: Nasci a três de maio.
13. PROXIMIDADE: estar à janela.

“APÓS”

1. LUGAR: Permaneça na fila após o décimo lugar.


40 2. TEMPO: Logo após o almoço descansamos.
“COM” “ENTRE”

1. CAUSA: ficar pobre com a inflação. 1. LUGAR: ele ficou entre os aprovados.
2. COMPANHIA: ir ao cinema com os amigos. 2. MEIO SOCIAL: entre as elites, este é o
3. CONCESSÃO: com mais de 80 anos, ainda tem pla- comportamento.
nos para o futuro. 3. RECIPROCIDADE: entre mim e ele sempre houve
4. INSTRUMENTO: abrir a porta com a chave. discórdia.
5. MATÉRIA: vinho se faz com uva.
6. MODO: andar com elegância. “PARA”
7. REFERÊNCIA: com sua irmã aconteceu diferente;
comigo sempre é assim. 1. CONSEQUÊNCIA: você deve ser muito esperto para
não cair em armadilhas.
“CONTRA” 2. FIM OU FINALIDADE: chegou cedo para a
conferência.
1. OPOSIÇÃO: jogar contra à seleção brasileira. 3. LUGAR: Em 2011, ele foi para Portugal.
2. DIREÇÃO: olhar contra o sol. 4. PROPORÇÃO: as baleias estão para os peixes assim
3. PROXIMIDADE OU CONTIGUIDADE: apertou o como nós estamos para as galinhas.
filho contra o peito. 5. REFERÊNCIA: para mim, ela está mentindo.
6. TEMPO: para o ano irei à praia.
“DE” 7. DESTINO OU DIREÇÃO: olhe para frente!

1. CAUSA: chorar de saudade. “PERANTE”


2. ASSUNTO: falar de religião.
3. MATÉRIA: material feito de plástico. 1. LUGAR: ele negou o crime perante o júri.
4. CONTEÚDO: maço de cigarro.
“POR”
5. ORIGEM: você descende de família humilde.
6. POSSE: este é o carro de João.
1. MODO OU CONFORMIDADE: vamos escolher por
7. AUTORIA: esta música é de Chopin.
sorteio.
8. TEMPO: ela dorme de dia.
2. CAUSA: encontrar alguém por coincidência.
9. LUGAR: veio de São Paulo.
3. CONFORMIDADE: copiar por original.
10. DEFINIÇÃO: pessoa de coragem.
4. FAVOR: lutar por seus ideais.
11. DIMENSÃO: sala de vinte metros quadrados.
5. MEDIDA: vendia banana por quilo.
12. FIM OU FINALIDADE: carro de passeio.
6. MEIO: ir por terra.
13. INSTRUMENTO: apanhar de chicote.
7. MODO: saber por alto o que ocorreu.
14. MEIO: viver de ilusões.
8. PREÇO: comprar um livro por vinte reais.
15. MEDIDA OU EXTENSÃO: régua de 30 cm. 9. QUANTIDADE: chocar por três vezes.
16. MODO: olhar alguém de frente. 10. SUBSTITUIÇÃO: comprar gato por lebre.
17. PREÇO: caderno de 10 reais. 11. TEMPO: viver por muitos anos.
18. QUALIDADE: vender artigo de primeira.
19. SEMELHANÇA OU COMPARAÇÃO: atitudes de “SEM”
imbecil.
1. AUSÊNCIA OU DESACOMPANHAMENTO: estava
“DESDE” sem dinheiro.

1. DISTÂNCIA: dormiu desde o acampamento até “SOB”


aqui.
2. TEMPO: desde ontem ele não aparece. 1. TEMPO: houve muito progresso no Brasil sob D.
Pedro II.
“EM” 2. LUGAR: ficar sob o viaduto.
3. MODO: saiu da reunião sob pretexto não
1. PREÇO: avaliou a propriedade em milhares de convincente.
dólares.
2. MEIO: pagou a dívida em cheque. “SOBRE”
LÍNGUA PORTUGUESA

3. LIMITAÇÃO: aquele aluno em Química nunca foi


bom. 1. ASSUNTO: Não gosto de falar sobre política.
4. FORMA OU SEMELHANÇA: as crianças juntaram 2. DIREÇÃO: ir sobre o adversário.
as mãos em concha. 3. LUGAR: cair sobre o inimigo.
5. TRANSFORMAÇÃO OU ALTERAÇÃO: transformou
dólares em reais. Locuções prepositivas
6. ESTADO OU QUALIDADE: foto em preto e branco.
7. FIM: pedir em casamento. São locuções (conjunto de duas ou mais palavras)
8. LUGAR: ficou muito tempo em Sorocaba. que possuem a função de preposição. Veja alguns
9 MODO: escrever em francês. exemplos:
10. SUCESSÃO: de grão em grão
11. TEMPO: o fogo destruiu o edifício em minutos. � Apesar de:
12. ESPECIALIDADE: João formou-se em Engenharia. Apesar de terem sumido, voltaram logo. 41
� A respeito de: de + aquilo= daquilo
Nossa reunião foi a respeito de finanças. � com o pronome pessoal:
� Graças a: de + ele(s) = dele, deles
Graças ao bom Deus, não aconteceu nada grave. de + ela(s) = dela, delas
� De acordo: � com o pronome indefinido:
de + outro(s)= doutro, doutros
De acordo com W. Hamboldt, a língua é indispen- de + outra(s) = doutra, doutras
sável para que possamos pensar, mesmo que estivés- � com advérbio:
semos sempre sozinhos. de + aqui= daqui
de + aí= daí
� Por causa de: de + ali= dali
Por causa de poucos pontos, não passei no exame.
� Para com: c) Preposição EM:
Minha mãe me ensinou ter respeito para com os � com artigo definido:
mais velhos. em + a(s)= na, nas
� Por baixo de: em + o(s)= no, nos
Por baixo do vestido, ela usa um short. � com pronome demonstrativo:
em + esse(s)= nesse, nesses
Outras locuções prepositivas que você pode encon- em + essa(s)= nessa, nessas
trar: abaixo de, diante de, além de, antes de, em cima em + isso = nisso
de, por cima de, em frente a, ao lado de, junto a, em vez em + este(s) = neste, nestes
de, por trás de. em + esta(s) = nesta, nestas
em + isto = nisto
em + aquele(s) = naquele, naqueles
Combinações e contrações
em + aquela(s) = naquelas
em + aquilo = naquilo
As preposições podem se ligar a outras palavras, de
� com pronome pessoal
outras classes gramaticais por meio de dois proces-
sos: combinação e contração. em + ele(s) = nele, neles
em + ela(s) = nela, nelas
� Combinação: quando se ligam sem sofrer nenhu-
ma redução. d) Preposição PER
a + o = ao; � com as formas antigas do artigo definido (lo,
a + os = aos. la):
� Contração: quando, ao se ligarem, sofrem redução. per + lo(s) = pelo, pelos
per + la(s) = pela, pelas
Veja a lista a seguir, retirada da internet, que apre-
senta as preposições que se contraem e suas devidas e) Preposição PARA (pra)
formas: � com artigo definido:
para (pra) + o(s) = pro, pros
a) Preposição A: para (pra) + a(s)= pra, pras
� com o artigo definido ou pronome demonstrati-
vo feminino: REFERÊNCIA
a + a= à
a + as= às Disponível em: < https://www.preparaenem.com/
com o pronome demonstrativo: portugues/combinacao-contracao-das-preposi-
a + aquele = àquele
coes.htm>; Acesso em: 31 ago. 2020.
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
Algumas relações semânticas estabelecidas por
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquilo preposições

b) Preposição DE: Para que você possa entender melhor sobre o que
vamos falar, vale ressaltar o que é semântica! Semân-
� com artigo definido masculino e feminino: tica é o que relaciona o significado da palavra ao seu
de + o/os = do/dos
contexto.
de + a/as = da/das
As preposições estabelecem essa relação semânti-
� com artigo indefinido:
ca entre o termo que pede preposição (chamado de
de + um= dum
termo regente), e o termo que completa seu sentido
de + uns = duns
de + uma = duma (termo regido). Veja alguns exemplos práticos para
de + umas = dumas entender melhor:
� com pronome demonstrativo:
de + este(s)= deste, destes � Peguei o livro do professor com o compromisso de
de + esta(s)= desta, destas devolvê-lo amanhã - Posse.
de + isto= disto � As esculturas de cerâmica fizeram o maior sucesso
de + esse(s) = desse, desses durante a exposição – Matéria.
de + essa(s)= dessa, dessas � Estudar com os amigos é muito mais proveitoso
de + isso = disso – Companhia.
de + aquele(s) = daquele, daqueles � O conhecimento é a chave para o sucesso – Finalidade.
42 de + aquela(s) = daquela, daquelas � Fiz o trabalho conforme você sugeriu – Conformidade.
� Falamos sobre Machado de Assis durante a apre- g) Causais: iniciam a oração dando ideia de causa.
sentação do seminário – Assunto. (como, por isso que, porque, pois, visto que…).
� O garoto se feriu com a faca – Instrumento. Ex.: Como não choveu, a represa secou.
� Aguardávamos com ansiedade o resultado do con- h) Condicionais: iniciam uma oração com ideia de
curso – Modo. hipótese, condição (se, salvo se, caso, contanto que,
� O cachorro morreu de uma epidemia desconheci- a não ser que, a menos que...).
da – Causa. Ex.: Se quiser, eu vou.
� A plateia protestou contra o alto preço da mensali- Posso lhe ajudar, caso necessite.
dade – Oposição. i) Proporcionais: ideia de proporcionalidade (à pro-
� O orientador estipulou um prazo de vinte dias porção que, à medida que, ao passo que, quanto
para a entrega da tese de dissertação – Tempo. mais, quanto menos).
Ex.: Quanto mais gritava, menos era entendido.
CONJUNÇÕES Ia aprendendo, à medida que convivia com ela.
j) Finais: expressam ideia de finalidade (a fim de
São as palavras que ligam duas orações ou dois ele- que, para que, etc.).
mentos da frase que tem o mesmo sentido gramati-
cal. Ex.: Mentiu para que todos lhe dessem crédito.
Comprou um computador a fim de que pudesse
Conjunções coordenativas trabalhar tranquilamente.
k) Consecutivas: iniciam a oração expressando ideia
As conjunções coordenativas ligam elementos inde- de consequência (que associado a tal, tanto, tão,
pendentes, isto é, orações ou termos que possuem a tamanho (expressos ou subentendidos na oração
mesma função gramatical e que, por si só, possuem anterior); de forma que, de maneira que, de modo
sentido completo. Elas podem ser classificadas em: que, etc.).
Ex.: Era tanta beleza que chegava a ofuscar os
a) Aditivas: somam informações da mesma natureza olhos.
(e, nem, não só.... mas também, etc.). Fala tanto que o marido decidiu fugir.
Ex.: Ela estudou e aprendeu. > positiva + positiva; Desde que chegou, todos as cercam.
Ela não estudou e não aprendeu. / Ela não estudou l) Concessivas: iniciam uma oração com uma ideia
nem aprendeu. > negativa + negativa. contrária à da oração principal (embora, conquan-
b) Adversativas: colocam informações em oposição, to, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que,
contradição (e, mas, porém, todavia, no entanto, por mais que, por menos que, apesar de que, nem
contudo, entretanto). que, que, de todo modo...).
Ex.: Estudou, mas não aprendeu. > positiva + Ex.: Trabalhava, por mais que a perna doesse.
negativa; m) Comparativas: iniciam orações comparando
Não estudou, no entanto, aprendeu. > negativa + ações, e em geral, o verbo fica subentendido (tal...
positiva. qual, tanto... quanto..., como, assim como, bem
c) Alternativas: ligam orações com ideias que não como, [do] que – relacionado a mais, menos,
acontecem simultaneamente, que se excluem (ou, melhor, pior, maior, menor).
ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja). Ex.: Ela dança tanto quanto Carlos. > Igualdade;
Ex.: Estudava ou se divertia. Ela dança menos [do] que Júlia. > Inferioridade;
Ora estudava ora se divertia. Ela dança mais [do] que Renata. > Superioridade.
d) Conclusivas: ligam duas ideias, de forma que n) Conformativas: expressam, como o próprio nome
a segunda conclua o que foi dito na primeira diz, a conformidade de uma ideia com a da oração
(logo, por isso, portanto, por conseguinte, então, principal (como, segundo, conforme, etc.).
consequentemente). Ex.: Conforme eu esperava, tudo acabou mal.
Ex.: Seu combustível está no fim; portanto, não Amanhã chove, segundo informa a previsão do
conseguirá chegar. tempo.
Está na hora da decolagem; deve, então,
apressar-se. Conjunções integrantes
e) Explicativas: ligam orações, de forma que em uma
delas explica o que se afirma na outra (pois – em
As conjunções integrantes apresentam uma ora-
começo de oração –, porque, que, porquanto).
ção que atua como sujeito, objeto direto ou indireto,
Ex.: Preciso ir, porque já é tarde.
predicativo, aposto ou complemento nominal de uma
Viva bem, pois isso é o mais importante.
outra oração (que, se).
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Tive medo, percebi que cometi um erro.


Conjunções subordinativas
Veja se compreende.
Veja os diferentes tipos de orações com conjunções
As conjunções subordinativas ligam duas orações,
sendo que uma delas é necessária para o sentido integrantes:
completo da outra. Podem ser classificadas em:
� Oração subordinada substantiva subjetiva: aquela
Conjunções Subordinativas Adverbiais que exerce função de sujeito da oração principal.
� É obrigatório que você esteja presente.
f) Temporais: iniciam a oração expressando ideia de É obrigatório = oração principal;
tempo (quando, depois que, antes que, logo que, Que você esteja presente = sujeito.
assim que, desde que...). Perceba: a conjunção “que” atuando como inte-
Ex.: Logo que chegou, fez a alegria das crianças. grante sujeito. 43
� Oração subordinada substantiva objetiva direta: De agradecimento: Graças a Deus!; Muito obriga-
aquela que exerce função de objeto direto da ora- da!; Valeu a pena!;
ção principal. De alegria: Que bom!; Que maravilha!;
� Não sei se as inscrições já terminaram. De animação: Vamos lá!; Você consegue!; Tenha
Não sei = oração principal; coragem!;
Se as inscrições já terminaram = objeto direto. De concordância: Sem dúvidas!; Com certeza!;
Conjunção “se”, atuando como objeto direto. De aplauso: Isso aí!; Muito bem!;
De desejo: Queira Deus!; Quem me dera!;
� Oração subordinada substantiva objetiva indire- De dor: Ai de mim!; Que dor!;
ta: aquela que exerce função de objeto indireto da De espanto: Nossa mãe!; Meu Deus!; Senhor Jesus!;
oração principal. Crê em Deus Pai!
� O diretor insistiu em que aquela funcionária
fosse despedida. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
O diretor insistiu = oração principal; ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO
Em que aquela funcionária fosse despedida =
objeto indireto. Sintaxe é o ramo da gramática que se encarrega
Conjunção “em que” integrando orações, atuan- de estudar a disposição das palavras nas frases e das
do como parte do objeto indireto. frases no discurso/texto, e a relação que estas frases
estabelecem entre si.
� Oração subordinada substantiva completiva nomi-
Acaba sendo, então, essencial para tornar a
nal: é aquela que exerce a função de complemento
mensagem transmitida com sentido completo e
nominal de um termo da oração principal.
compreensível.
� Tenho esperança de que você venha comigo.
Tenho esperança = oração principal; PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO
De que você venha comigo = complemento
nominal do substantivo “esperança”.
Só para relembrar, período é uma das unidades
Conjunção “de que” integrando as orações,
sintáticas da gramática normativa, sendo um enun-
atuando como complemento nominal.
ciado com sentido completo, formado por uma ou
� Oração subordinada substantiva predicativa: é mais orações.
aquela que exerce função de predicativo do sujeito Período simples: é o período formado por apenas
da oração principal. uma oração, ou seja, um enunciado que possui apenas
um único verbo. Ex.: Os dias de verão são muito quen-
� A dúvida é se ela vem acompanhada.
A dúvida é = oração principal; tes. – um verbo = uma oração.
Se ela vem acompanhada = predicativo do É importante também ressaltar quais são os ter-
sujeito “dúvida”. mos essenciais, integrantes e acessórios que com-
Conjunção “se” integrando orações, atuando põem uma oração.
como predicativo.
Termos essenciais
� Oração subordinada substantiva apositiva: aquela
que exerce a função de aposto da oração principal. Os termos essenciais da oração são: sujeito e
� Apenas quero uma coisa: que sejamos amigos predicado.
para sempre.
Apenas quero uma coisa = oração principal;
Que sejamos amigos para sempre = aposto.
“Que” integrando orações, atuando como
aposto.
O que é o sujeito? Aquele que pratica a ação. Veja
Veremos melhor sobre o uso de conjunções no tópi- quais são os principais tipos de sujeito:
co referente às orações coordenadas e subordinadas.
� Determinado simples: apenas um núcleo.
INTERJEIÇÕES Ex.: Meu sobrinho nasceu ontem.
� Determinado composto: com mais de um núcleo.
São palavras que expressam emotividade. Ex.: Minha mãe e eu viemos discutindo pelo cami-
Ex.: Psiu! A criança está dormindo. nho todo.
Oi! Que bom que você veio hoje.
� Determinado implícito: é possível identificar o
Bravo! Nosso time foi campeão pela 3ª vez
sujeito, porém ele não aparece na frase.
consecutiva!
Ex.: Fui resgatar o animal da chuva. (sujeito implí-
Há também a locução interjetiva, que são duas ou
mais palavras que possuem valor de interjeição. cito: eu).
Ex.: Poxa vida! � Indeterminado: não é possível determinar o
Nossa senhora! sujeito.
Veja algumas classificações de locução interjetiva Ex.: É essencial lutar contra o racismo.
e seus exemplos: � Inexistente: quando não há sujeito; em geral, são
De advertência: Olha lá!; Vê bem!; Presta aten- fenômenos da natureza.
44 ção!; Volta aqui!; Ex.: Ontem choveu demais!
E predicado? O que é? É o termo que indica o que o Agente da passiva: pelos pais.
sujeito faz, o que lhe acontece, e é formado, obrigato-
riamente, por um verbo ou locução verbal. Termos acessórios
Ex.: João caiu da escada.
Bia, Larissa e Flávia são minhas primas. Os termos acessórios da oração são: adjunto adno-
minal, adjunto adverbial e aposto.
Termos integrantes
z Adjunto adnominal: também se refere ao substan-
Estudaremos agora os termos integrantes da ora- tivo da oração, porém caracterizando-o. Ele pode
ção, são eles: o objeto direto, objeto indireto, com- ser um artigo, um numeral, pronome adjetivo, um
plemento nominal e agente da passiva. adjetivo ou locução adjetiva.
Ex.: A criança adormeceu. (artigo);
As duas crianças adormeceram. (numeral);
z Objeto direto: complementa a significação de um
As crianças bonitas adormeceram. (adjetivo);
verbo transitivo direto (confira nas seções anterio-
Aquelas crianças adormeceram. (pronome
res) sem precisar de preposições.
adjetivo);
Aquelas crianças adormeceram muito cedo. (locu-
ção adjetiva).
z Adjunto adverbial: é todo termo que aparece na
oração, como advérbios e locuções adverbiais,
expressando tempo, modo, lugar, causa, afirma-
ção, negação, dúvida, instrumento e etc.
Pode complementar também um verbo transitivo
Ex.: Moro em Minas Gerais. -> Lugar;
direto e indireto.
Voltei tarde. -> Tempo;
Ele escreve bem. -> Modo;
Come com o garfo. -> Instrumento;
Falavam sobre a novela. -> Assunto;
Morreu de pneumonia. -> Causa;
Se organizou para a festa. -> Finalidade.
z Aposto: é o termo da oração que se liga a outro ter-
mo com a função de identificá-lo ou explicá-lo.
z Objeto indireto: complementa a significação de
Ex.: Clara, a moça mais linda da cidade, esteve
um verbo transitivo indireto, com a necessidade
por aqui hoje.
de se utilizar preposição.
Levaram tudo: roupas, acessórios, móveis,
eletrônicos...

Vocativo

Indica o nome a quem se dirige a oração. Através


dele, o falante chama a pessoa pelo nome, podendo
estar no início ou no final da frase.
� Complemento nominal: é o termo da oração que
está ligado ao sujeito, ao objeto direto, objeto indi-
reto, predicativo, vocativo, aposto, adjunto adno- Ex.: Carol, preste atenção!
minal ou agente da passiva (veremos mais adiante Não vá agora, Pedro!
sobre eles).
Ex.: A mulher tinha necessidade de medicamentos. PERÍODO COMPOSTO
Nome (substantivo): necessidade.
Complemento nominal: de medicamentos. Um período composto é aquele formado por mais
Ex.: Sua postura é prejudicial à saúde. de uma oração. O número de verbos indica o número
Nome (adjetivo): prejudicial. de orações do período.
Complemento nominal: à saúde. Ex.: Pedro pegou a chave, abriu o portão e foi cor-
Ex.: Decidiu favoravelmente ao criminoso. rendo ao encontro do amigo – Período composto, com
Nome (advérbio): favoravelmente. 3 orações.
Complemento nominal: ao criminoso.
Orações Coordenadas
LÍNGUA PORTUGUESA

Em geral, o complemento nominal é um substantivo


ou outra palavra que exerça o papel de substantivo
Orações coordenadas são orações independentes,
dentro da oração. Veja o exemplo:
isto é, que não estabelecem relação sintática entre si.
Andar a pé lhe era prazeroso. Veja:

Lhe – pronome que, nesta oração, adquire função O professor preparou a aula, aplicou as atividades e
de substantivo – complemento nominal. avaliou os alunos.

z Agente da passiva: é o complemento, com pre- Perceba que todas as orações possuem sentido por
posição, que representa o ser/ coisa que pratica a si só, sem dependerem uma da outra e sem estabele-
ação expressa na voz passiva. cerem uma ligação entre si, não precisando de uma
Ex.: A criança foi ensinada pelos pais. conjunção. Aí você pode se perguntar: mas o “e” não
Sujeito: A criança; é conjunção? Sim, porém nesse caso ele atua como 45
conjunção coordenativa, utilizada para ligar pala- Oração subordinada substantiva objetiva indireta
vras ou orações que tenham a mesma função gramati-
cal, como é o caso do exemplo acima. Reduzida: O médico insistiu em fazermos uma
Existem ainda dois tipos de orações coordenadas, dieta.
as assindéticas e as sindéticas. Desenvolvida: O médico insistiu em que nós fizés-
Assindéticas: orações sem conjunção coordenati- semos uma dieta.
va, ligadas por uma pausa, que geralmente se dá pelo
uso da vírgula. Oração subordinada substantiva completiva
Ex.: Ele viu, gostou, comprou. nominal
Sindéticas: são orações ligadas por uma conjun-
ção coordenativa, e são classificadas em 5 tipos: Reduzida: Eu tenho esperança de conseguirem o
emprego.
z Aditivas: e, nem, mas também. Desenvolvida: Eu tenho esperança de que consi-
gam o emprego.
Ex.: Não quero feijão nem batata. / Eu e meu amigo
fomos à praia ontem.
Oração subordinada substantiva predicativa
z Adversativas: porém, mas, contudo, todavia,
entretanto.
Reduzida: O melhor é ser sempre feliz!
Ex.: Iríamos ao clube hoje, porém está chovendo
Desenvolvida: O melhor é que eu seja sempre feliz!
muito. / Compramos uma bola de basquete, mas
não sabemos jogar.
Oração subordinada substantiva apositiva
z Alternativas: ou, nem... nem..., ou... ou..., seja...
seja..., etc.
Reduzida: Apenas quero uma coisa: encontrar o
Ex.: Fica de graça e não escolhe nem uma coisa
meu próprio caminho.
nem outra! / Ou você come ou você joga.
Desenvolvida: Apenas quero uma coisa: que eu
z Conclusivas: por isso, logo, portanto, assim, então.
encontre o meu próprio caminho.
Ex.: Comi muito bacalhau, por isso estou passando
mal.
Oração subordinada adverbial causal
z Explicativas: porque, pois, isto é, ou seja.
Ex.: É vegetariano, ou seja, não come carne. / Vamos
Reduzida: Por ser sempre assim, já ninguém dá
comemorar, pois nossa filha foi aprovada no exame.
atenção!
Desenvolvida: Porque é sempre assim, já ninguém
Orações Subordinadas dá atenção!

Uma oração subordinada é aquela que dá sentido, Oração subordinada adverbial condicional
completa a oração principal, dando sentido para o
período. Veja o exemplo: Reduzida: Sem arrumarem o quarto, não iremos
ao cinema.
A menina gosta | de ter toda atenção para si. Desenvolvida: Caso não arrumem o quarto, não
iremos ao cinema.
Oração principal: A menina gosta

[de quê?] Oração subordinada adverbial concessiva

Oração subordinada: de ter toda atenção para si. Reduzida: Sem saber nada sobre você, eu acredito
na sua honestidade.
Orações Reduzidas Desenvolvida: Embora eu não saiba nada sobre
você, eu acredito na sua honestidade.
São orações que não se introduzem por conjun-
ções e possuem verbos nas formas nominais (infiniti- Oração subordinada adverbial temporal
vo, gerúndio e particípio).
Reduzida: Ao entrar em casa, vi que tinha sido
z Orações reduzidas no infinitivo: assaltada.
Desenvolvida: Quando entrei em casa, vi que tinha
Podem aparecer no infinitivo pessoal, sofrendo fle- sido assaltada.
xão de número e pessoa, podendo ser iniciadas por
preposição, ou não. Oração subordinada adverbial final

Oração subordinada substantiva subjetiva Reduzida: Para poder descansar, decidi ceder e
esquecer o assunto.
Reduzida: É essencial comparecer no evento. Desenvolvida: Para que eu pudesse descansar,
Desenvolvida: É essencial que você compareça no decidi ceder e esquecer o assunto.
evento.
Oração subordinada adverbial consecutiva
Oração subordinada substantiva objetiva direta
Reduzida: Ela comeu tanto, ao ponto de vomitar
Reduzida: Os alunos não sabiam ser dia de prova. tudo.
Desenvolvida: Os alunos não sabiam que era dia Desenvolvida: Ela comeu tanto, ao ponto que
46 de prova. vomitou tudo.
Oração subordinada adjetiva Oração subordinada adverbial condicional

Reduzida: A patinadora, a rodopiar no meio do Reduzida: Cumprida a sua promessa, poderá fazer
palco, era a minha filha. como entender.
Desenvolvida: A patinadora, que rodopiava no Desenvolvida: Desde que cumpra a sua promessa,
poderá fazer como entender.
meio do palco, era a minha filha.
Oração subordinada adverbial concessiva
REFERÊNCIA
Reduzida: Resolvido este problema, outras dificul-
Norma Culta. Disponível em: <https://www.nor- dades virão.
maculta.com.br/oracoes-reduzidas/#:~:text=- Desenvolvida: Mesmo que resolvam este proble-
Ora%C3%A7%C3%B5es%20reduzidas%20 ma, outras dificuldades virão.
s%C3%A3o%20aquelas%20que,no%20indicati-
vo%20ou%20no%20subjuntivo.>. Acesso em 31 de Oração subordinada adverbial temporal
ago de 2020.
Reduzida: Chegada à casa, o telefone tocou.
z Orações reduzidas de gerúndio: Desenvolvida: Assim que cheguei à casa, o telefone
tocou.
No gerúndio, os verbos terminam em -ando (1ª con-
Oração subordinada adjetiva
jugação), -endo (2ª conjugação) e -indo (3ª conjugação).
Reduzida: Já foi usado o material comprado por
Oração subordinada adverbial causal
mim.
Desenvolvida: Já foi usado o material que eu
Reduzida: Não sendo honesta, só arrumou comprei.
confusão.
Desenvolvida: Como não foi honesta, só arrumou PERÍODOS MISTOS
confusão.
Tem-se um período misto quando, num período,
Oração subordinada adverbial condicional aparecem orações que se relacionam, seja por coorde-
nação, seja por subordinação. Ex.:
Reduzida: Precisando de ajuda, fale comigo.
Desenvolvida: Caso precise de ajuda, fale comigo.

Oração subordinada adverbial concessiva

Reduzida: Respeitando o combinado, outros acor-


dos serão necessários. Período composto por coordenação
Desenvolvida: Ainda que respeitem o combinado,
outros acordos serão necessários. A coordenação entre as orações é uma das formas
em que se dá o período composto. Vamos entender
melhor.
Oração subordinada adverbial temporal
Os períodos podem ser compostos por coorde-
nação ou por subordinação (veremos no próximo
Reduzida: Chegando à entrada do prédio, ele tópico).
ligou-me. Um período composto por coordenação trata
Desenvolvida: Quando chegou à entrada do pré- de orações independentes, com sentido completo,
dio, ele ligou-me. porém, que não estabelecem relação sintática, como
já vimos anteriormente ao tratar das orações coorde-
Oração subordinada adjetiva nadas. Porém, você pode se questionar: por que razão
se juntaria duas orações que não dependem uma da
Reduzida: Vi cinco atletas da seleção correndo no outra? A resposta é: intenção do autor.
calçadão. Os períodos compostos por coordenação atuam
Desenvolvida: Vi cinco atletas da seleção que cor- juntando, somando diferentes informações, de modo
riam no calçadão. a tornar o período mais preciso e de acordo com a sua
LÍNGUA PORTUGUESA

intenção/propósito.
Veja abaixo:
z Orações reduzidas de particípio:
Ex.: Os sócios discutiram o plano econômico,
votaram o orçamento e encerraram a reunião.
No particípio regular, os verbos terminam em -ado Perceba: o assunto é o mesmo, porém com infor-
(1ª conjugação) e -ida (2ª e 3ª conjugação). No particí- mações diferentes, que agregam sentido e completude
pio irregular, terminam em -to ou -do. ao período.

Oração subordinada adverbial causal Período composto por subordinação

Reduzida: Arrependido, tentou resolver a situação. O período composto por subordinação necessi-
Desenvolvida: Uma vez que se arrependeu, tentou ta de, ao menos, uma oração principal e uma oração
resolver a situação. subordinada. 47
A oração subordinada, como já visto anteriormen- Ex.: Ele gritou, chorou, esperneou, berrou e depois
te, tem a função de completar o sentido da oração dormiu.
principal, por isso exerce uma função sintática dentro � Isolar o aposto na oração.
do período. Ex.: A Joana, filha do senhor José, ficou doente.
As orações subordinadas são divididas em seis � Separar nomes dos locais e datas.
tipos: Ex.: Alfenas, 04 de maio de 2020.

z Substantivas: exercem funções de substantivo, Uso do ponto e vírgula (;)


objeto e predicativo; em geral, iniciam-se com as
conjunções “se” e “que”. É utilizado para:
Ex.: É possível que esteja enganada.
z Separar itens em enumeração
As orações subordinadas substantivas também são Ex.: Art. 1º A locação de imóvel urbano regula-se
divididas em grupos: pelo disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código
1. Substantivas objetivas diretas: complementam, Civil e pelas leis especiais:
exercendo a função de objeto direto. a) as locações:
Ex.: Fernanda comprovou que a marca mais „ 1. de imóveis de propriedade da União, dos
barata possuía pouquíssima qualidade. Estados dos Municípios, de suas autarquias e
2. Substantiva objetiva indireta: complementam, fundações públicas;
exercendo a função de objeto indireto. „ 2. de vagas autônomas de garagem ou de espa-
Ex.: O menino tinha necessitava de que lhe des- ços para estacionamento de veículos;
sem o remédio todos os dias. „ 3. de espaços destinados à publicidade.
3. Substantivas predicativas: são o predicativo do
sujeito da oração principal. Ex.: O problema era � Separar orações muito extensas ou que já possuam
que não tinha mais desejo algum. vírgula
4. Substantivas apositivas: têm a função de aposto de Ex.: “Às vezes, também a gente tem o consolo de
algum substantivo da primeira oração. saber que alguma coisa que se disse por acaso
Ex.: Uma só coisa é necessária: respeitar as esco- ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou
lhas e opiniões do outro. com a sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma
5. Substantivas subjetivas: são as orações subordina- vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga)
das que exercem a função de sujeito.
Ex.: Foi necessário que ele sofresse. z Substituindo a vírgula
6. Substantivas completivas nominais: são o comple- Ex.: Amanhã terei duas provas; porém ainda não
mento nominal da primeira oração. consegui estudar nada.
Ex.: Seu problema é a fraqueza de ser muito
inconstante diante das dificuldades. Uso dos dois-pontos (:)

z Adjetivas: São as orações que se encaixam na ora- Quando:


ção principal como adjunto adnominal. Podem ser
divididas em: � Vai se iniciar uma fala ou fazer citação.
„ Restritivas: restringem o significado de seu Ex.: Ela disse: hoje não posso, tenho compromisso.
antecedente e não são separadas por vírgula. � Inicia-se uma enumeração.
Ex.: O penteado que fiz ontem ficou lindo. Ex.: Tenho apenas duas coisas para lhe dizer: não
„ Explicativas: acrescentam uma qualidade ao estou de acordo e não mudo de ideia neste caso.
antecedente e são separadas da oração princi-
pal por vírgula. Uso do travessão (–)
Ex.: Os jogadores de futebol, que são inician-
tes, não recebem salários. Utilizado para indicar fala e mudança de interlo-
cutor dentro de um diálogo, ou para desempenhar o
z Adverbiais: Como os próprios advérbios, são as papel de vírgula ao separar orações intercaladas.
Ex.:
orações subordinadas que expressam causa, con-
sequência, tempo, condição, finalidade, compara-
z Quais ideias você tem para revelar?
ção e etc.
z Não sei se serão bem-vindas.
Ex.: Logo que ela apareceu, começaram as con-
z Não importa, o fato é que assim você estará contri-
fusões. / À medida que o tempo passava, ele se
buindo para a elaboração deste projeto.
afastava mais. z Não seja tão estúpido, – disse a professora – vou
chamar sua mãe!
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Uso dos parênteses ( )
Uso da vírgula
Utiliza-se os parênteses quando se quer explicar
A vírgula (,) é utilizada para: melhor o que foi falado ou para indicar algo relacio-
nado ao texto.
� Isolar o vocativo na oração. Ex.: Hoje cresce em grande nível os problemas de
Ex.: Catarina, busque seu irmão! saúde da população (o que pode ser explicado pelo rit-
48 � Separar palavras com a mesma função na oração. mo de vida da atualidade).
Uso do ponto (.) patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário
Aurélio)
É usado no final da frase, e indica pausa total.
Ex.: Não tenho nada a declarar. Uso do asterisco (*)
Uso do ponto de interrogação (?)
Pode ser utilizado:
Em substituições de nomes próprios não
Em geral, utilizado ao final de perguntas.
mencionados.
Ex.: Quer sair comigo esta noite?
Em alguns casos, pode expressar espanto, por Ex.: O jornal *** não quis se pronunciar.
exemplo: “Como assim? Não acredito que mentiu para O Dr. * não se comportou de forma ética.
mim!” Em remissões a notas ou explicações contidas em
pé de páginas ou ao final de capítulos.
Uso das reticências (…) Ex.: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapata-
ria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o
Usadas quando um texto ou trecho dele é suspenso, morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos
interrompido ou para deixar a ideia de continuidade. à conclusão de que este afixo está ligado a estabeleci-
Ex.:Essa vista me traz uma paz, um bem-estar, mento comercial. Em alguns contextos pode indicar
uma tranquilidade... / Eu até achei a comida boa, mas atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.
o ambiente... * É o morfema que não possui significação autôno-
ma e sempre aparece ligado a outras palavras.
Uso do ponto de exclamação (!)
Uso do parágrafo (§)
Utilizada para:
Este símbolo equivale a dois “S” entrelaçados, sig-
� Frases que expressam sentimentos, emoção e nificando Signum sectionis (sinal de seção/corte). Seu
intensidade. Ex.: Que alegria você aqui! / Não pen- uso é comum nos códigos de leis.
se nisso! / Que absurdo!
Ex.: § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais
� Depois de vocativos ao final da frase e de interjei-
ções. Ex.: Ai! Que susto levei. (interjeição) / Longe a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.
daqui, menina! (vocativo). (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Uso das aspas (“) Uso da barra (/)

São utilizadas ao fazer uma citação e ao se apro- Embora não exista muitas regras definidas a res-
priar de gírias ou expressões estrangeiras. peito de seu uso, a barra inclinada aparece, quase
Ex.: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo sempre, com função de separar elementos que apre-
mostra um início firme. Ainda na edição, os 25 anos
sentam alternativas.
do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Opor-
tunity no exterior” (Carta Capital on-line, 30/01/09). / Ex.: A prova deve ser respondida à caneta azul/
Ele está muito “zen” hoje. preta. (azul ou preta),
Pode ser utilizada ainda da seguinte forma: e/ou
Uso dos colchetes ( [ ] ) Nesse caso, ela está sendo usada para separar as
duas conjunções (e e ou). Veja;
Possui a mesma função que os parênteses, porém é Ex.: Os alunos serão avaliados por trabalhos e/ou
utilizado em textos didáticos, científicos e filológicos. provas.
Veja alguns de seus empregos: Sendo assim, entende-se que a avaliação pode ser
feita pelo conjunto (trabalhos e provas) ou de forma
z Para intercalar palavras ou símbolos não perten-
centes ao texto. separada, individual (trabalhos ou provas).
Ex.: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holan-
dês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras USO DOS “PORQUÊS”
de papiamento que você, com certeza, vai usar:
1- Bo ta bon? [Você está bem?] Saber quando se deve usar o “porquê” ou “por quê,
2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.] “porque” ou “por que” é uma dúvida frequente e algo
� Para inserir comentários e observações em textos que costuma “pegar” muita gente. Quando devo utili-
LÍNGUA PORTUGUESA

já publicados.
zar cada um deles?
Ex.: Machado de Assis escreveu muitas cartas a
Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay,
autor de “Inocência”] Por que:
� Para indicar omissões de partes na transcrição de
um texto. � Quando se subentende como motivo, podendo
Ex.: “É homem de sessenta anos feitos [...] corpo ocorrer em perguntas diretas ou indiretas.
antes cheio que magro, ameno e risonho” (Macha- Ex.: Por que não são tomadas as devidas
do de Assis) providências?
� Em definições do dicionário, para fazer referência
à etimologia da palavra. � Quando pode ser substituída pelo pronome pelo
Ex.: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que qual e por suas flexões.
predispõe alguém a desejar o bem de outrem, Ex.: Desconhecemos o motivo por que (pelo qual)
ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao ele não compareceu. 49
Por quê: Agora, se ele for escrito com hífen, deve seguir algu-
mas regrinhas.
Quando se subentende também como motivo e São elas:
está seguido de pausas, que são marcadas por : ; . / !
…-. a) Substantivo + substantivo que especifica o
Ex.: Acentua-se o conflito na fronteira, resta saber primeiro.
por quê. Ex.: decreto-lei, decretos-lei.
Houve nova desvalorização da moeda por quê? b) Palavras unidas por preposição.
Não sabia por quê, mas estava confiante. Ex.: água-de-colônia, águas-de-colônia.
c) Verbo ou advérbio + substantivo ou adjetivo.
Porquê: Ex.: arranha-céu, arranha-céus, alto-falante,
alto-falantes.
Utilizado quando corresponder a um substantivo. d) Palavras repetidas ou onomatopaicas.
Ex.: Explique-nos o porquê dessa atitude Ex.: tico-tico, tico-ticos.
precipitada. e) Palavra variável + palavra variável.
Porquês interessantes nos esperam. Ex.: quinta-feira, quintas-feiras.

Porque: Plural de adjetivos compostos

� Conjunção causal; Nos adjetivos compostos, somente o último termo


� Conjunção explicativa; sofrerá flexão de número. Veja:
� Conjunção final (correspondente ao para que);
� Pergunta com resposta implícita.
Ex.: Os servidores fizeram cursos de aperfeiçoa- SINGULAR PLURAL
mento porque a chefia os obrigou. Anglo-germânico Anglo-germânicos
Você está feliz porque ele chegou.
Castanho-escuro Castanho-escuros
Os jovens são os melhores empreendedores, até
porque aceitam riscos que os mais velhos não Luso-brasileiro Luso-brasileiros
assumiriam. Médico-dentário Médico-dentários

Agora ficou mais fácil, não é? Se ainda estiver com Assim como toda regra, o plural de compostos tem
dificuldades, dê uma olhada nessa tabela. suas exceções. São elas:

a) Os adjetivos azul-marinho e azul-celeste são inva-


Usado em respostas, para dar explicações.
PORQUE riáveis. (Uma blusa azul-marinho. / Duas blusas
Ex.: Não fui à praia porque estava doente.
azul-marinho)
Usado para fazer perguntas, no início da b) Em surdo-mudo, os dois radicais assumem plural.
frase. (Garoto surdo-mudo. / Garotos surdos-mudos)
POR QUE
Ex.: Por que não visitou sua irmã mais
c) Os que fazem referência a cores também são inva-
cedo?
riáveis quando o último elemento é um substan-
Usado para dar motivo, a razão de alguma tivo. (O carro é amarelo-canário. / Os carros são
coisa, porém como substantivo. amarelo-canário)
PORQUÊ
Ex.: Acho justo me dizer o porquê de estar
agindo assim. CONCORDÂNCIA VERBAL
Usado ao final de perguntas, podendo ser
seguido por ponto final ou interrogação. Diz respeito à concordância entre sujeito e verbo
Ex.: Não me avisou do ocorrido antes por em gênero, pessoa e número. Por exemplo, se o meu
POR QUÊ
quê? sujeito é a 3ª pessoa do plural masculino (eles), o verbo
Ele terminou comigo e não me disse por precisa estar conjugado dessa mesma maneira. Veja:
quê. Eles viajarão juntos na próxima semana.
Sujeito “eles”, verbo “viajarão”.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Eu irei embora pela manhã.
“Eu” – 1ª pessoa do singular;
Diz respeito à concordância do sujeito com adjeti- “irei” – verbo conjugado na 1ª pessoa do singular.
vos, por exemplo, ou com outras classes de palavras. Nós buscamos compreender a todos.
Veja o exemplo: “Nós” – 1ª pessoa do plural;
Amanhã compraremos roupas bonitas e baratas “buscamos” – verbo conjugado na 3ª pessoa do plural.
naquela loja.
Aqui, os adjetivos “bonitas” e “baratas” concordam REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
em gênero e número com o substantivo “roupas”.
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
PLURAL DE COMPOSTOS relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou
Plural de substantivos compostos advérbio) exige complemento preposicionado, esse
nome é um termo regente, e seu complemento é um
Se o substantivo composto é escrito sem hífen, termo regido, pois há uma relação de dependência
50 para utilizá-lo no plural, basta acrescentar a letra “s”. entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre ini- ADJETIVO
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
forma de pronome oblíquo átono. Ansioso de, para,
Paralelo a Prestes a
por
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
foram leais. Passível de Apto a, para Propício a
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei-
Preferível a Ávido de Próximo a
to (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe Análogo a Benéfico a Prejudicial a
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
sujeito (desprovido de preposição).
ADVÉRBIOS
Regência Nominal Perto de

É o nome que se dá a toda relação estabelecida Longe de


entre um nome (substantivo, advérbio ou adjetivo) e
os termos regidos por esse nome, sendo sempre inter-
Regência Verbal
mediada por uma preposição.
Veja o exemplo do verbo obedecer:
Obedecer a algo/ a alguém. Relação de dependência entre um verbo e seu
É obediente a algo/ a alguém. complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
Tanto esse verbo quanto os seus correspondentes retas, isto é, com ou sem preposição.
regem complementos que são introduzidos pela pre-
posição a. Há verbos que admitem mais de uma regência
Veja mais exemplos abaixo: sem que o sentido seja alterado.

Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.


SUBSTANTIVOS V. T. D: esquecia
Medo de Devoção a, Bacharel em Objeto direto: os favores recebidos.
para, com, por Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
V. T. I.: se esquecia
Obediência a Dúvida acerca Admiração a, Objeto indireto: dos favores recebidos.
de, em, sobre por

Ojeriza a, por Doutor em Atentado a, No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos


contra que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
alterando seu significado.
Proeminência Impaciência Capacidade de,
sobre com para Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
Respeito a, com, Horror a Aversão a, para, (aspiramos = sorvemos)
para com, por por V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias.
ADJETIVO (aspiram = almejam)
V. T. I.: aspiram
Descontente com Idêntico a Insensível a Objeto indireto: a um mês de férias
Desejoso de Impróprio para Liberal com
A seguir, uma lista dos principais verbos que
Diferente de Indeciso em Natural de geram dúvidas quanto à regência:
Contemporâneo
Semelhante a Relacionado com � Abraçar: transitivo direto
a, de
Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
Sensível a Contíguo a Relativo a O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
Satisfeito com, � Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
Sito em Contrário a
de, em, por
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-


Suspeito de Essencial a, para Hábil em to com sentido de “acariciar”)
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
Vazio de Fácil de Habituado a
no sentido de “ser agradável a”)
Capaz de, para Fanático por Favorável a
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Compatível com Acessível a Generoso com transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
Acostumado a,
Entendido em Grato a, por personificado)
com
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
Equivalente a Agradável a Necessário a personificado)
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
Escasso de Alheio a, de Nocivo a
reto: refere-se a coisas e pessoas) 51
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
e objeto indireto. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) disposição”)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
indireto) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
rege apenas objeto direto: � Informar: transitivo direto e indireto
Ajudaram o ladrão a fugir. Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
direto: sobre
Ajudei-o muito à noite. Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- sa: objeto indireto, com a preposição a
sitivo direto com sentido de “angustiar”) Informaram a condenação ao réu.
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
como complemento) reto, com as preposições em e por
Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
vo direto com sentido de “respirar”) tivo direto e indireto
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
indireto no sentido de “desejar”) sitivo com sentido de “cortejar”)
Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
“prestar assistência”
O médico assistia os acidentados. ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
O médico assistia aos acidentados. “encantar-se”)
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Não assisti ao final da série. Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
O verbo assistir não pode ser empregado no
particípio. � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por tivo direto e indireto
milhares de pessoas.” Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo indireto)
direto e indireto Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) direto e indireto)
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
vo indireto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- transitivo direto e indireto
to e indireto) Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
predicativo do objeto indireto)
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”) � Suceder; intransitivo; transitivo direto
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
dicativo do objeto com sentido de “denominar, sentido de “ocorrer”)
qualificar”) A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
de “vir depois”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- Crase
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) A crase ( ` ), marcada pelo acento grave, costuma
trazer bastante confusão em seu uso (ou não) durante a
� Esquecer: admite três possibilidades escrita de um texto, pois muitos não sabem exatamente
Ex.: Esqueci os acontecimentos. quando seu uso é obrigatório e quando não é. Por isso,
Esqueci-me dos acontecimentos. veja algumas dicas e entenda melhor sua aplicação:
Esqueceram-me os acontecimentos.
Ela é utilizada para fazer a junção de duas vogais
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; “a”, quando em uma frase a preposição é contraída
52 transitivo direto e indireto com o artigo. Ex.:
a) Antes de substantivos masculinos:
Andar a pé; Dinheiro a rodo.
Exceções – quando se subentende: à moda de, à
maneira de, faculdade, universidade, empresa,
companhia.
Para esclarecer se deve ou não utilizar a crase, siga Ex.: O motor do carro estragou, e voltamos a pé.
esta dica: b) Antes de verbo:
“Troque a palavra feminina por outra que seja Condições a combinar; aprender a ler;
masculina. Ex.: Ainda temos muitos negócios a tratar.
Se no masculino aparecer obrigatoriamente ao ou c) Antes do artigo indefinido “uma” e dos pronomes
aos, no feminino haverá crase. que não admitem o artigo “a” (pronomes pessoais,
Se no masculino for facultativo a ou ao(s), a cra- indefinidos, demonstrativos, relativos):
se poderá ser usada ou não” (Gramática Pela Prática, a mim, a ela, a si; a nenhuma parte; a cada uma; a
2015). qualquer hora; a ninguém; a nada;
Ex.: Não me submeto a uma exigência dessas.
Casos convencionados
d) Antes de numerais:
de 12 a 20;
1 - Em locuções:
de 1990 a 2008.
Você é do tipo que vai de 8 a 80 num instante.
„ Prepositivas com palavras femininas: sempre
Exceto para horários.
terminam em preposições – à cata de, à moda
Ex.: O avião sairá às 18h.
de, à custa de, à força de, à procura de, à guisa
e) Entre substantivos idênticos:
de, à beira de.
cara a cara; gota a gota; de parte a parte.
„ Conjuntivas com palavras femininas: quase todas ter-
Ao sair, fiquei cara a cara com a modelo.
minadas em que – à medida que, à proporção que.
f) Quando se refere a palavras no plural:
„ Adverbiais com palavras femininas: às vezes, às
a obras; a pessoas ilustres; a conclusões favoráveis.
claras, às ocultas, às pressas, à toa, às fartas, às
Após duas horas de reunião, chegamos a conclu-
escondidas, à noite, à tarde, à vista, à esquerda,
sões favoráveis.
à direita, às terças-feiras.
g) Depois de preposições
após as aulas; ante a evidência; conforme a ocasião;
2 - Em lugares:
contra a maré; desde a véspera; durante a palestra;
entre as palmeiras; mediante a força; para a paz;
Se venho de Paris, vou a Paris. – preposição, sem
perante a sociedade; sob a jurisprudência; sobre a
crase;
Se venho da Bahia, vou à Bahia. – preposição + arti- questão do acordo; segundo a lei.
go = crase. Não nos falamos desde o último encontro.
h) Antes da palavra “casa”, quando se refere ao pró-
Faça uso desse macete:
prio lar:
“Se vou a e venho da”, crase há;
Voltara a casa, pois esquecera o convite.
“Se venho a e venho de”, crase para quê?
i) Antes da palavra “terra”, quando se opõe a bordo:
Assim que desembarcaram, desceram a terra.
3 - Com distância:
j) Quando antes do feminino, subentende-se o artigo
„ Determinada (se utiliza crase): Foi lançado à indefinido “uma”:
distância de 60 metros; Encontrava-se presa a terrível melancolia.
„ Não definida (não se utiliza crase): O disco foi
k) Antes de lugares que não admitem o artigo “a”:
lançado a distância.
Fui a Brasília, a Belém, a Recife, a Paris e a Roma.
4 - Com horas:
Casos facultativos
„ Hora exata/relógio:
A aula começa às oito horas. Existem três casos em que o uso da crase é faculta-
Cheguei à uma hora da tarde. tivo, isso é, opcional. São eles:
„ Hora aproximada (não se utiliza crase):
Vou lanchar daqui a uma hora. a) Depois da preposição “até”:
Ex.: Eu irei até a faculdade esta noite. / Eu irei até à
LÍNGUA PORTUGUESA

5 - Com pronome relativos: faculdade esta noite.


Ficarei contigo até as 20h. / Ficarei contigo até às
„ Se utiliza à qual, às quais quando se opõem a 20h.
ao qual, aos quais. b) Antes de nomes próprios femininos:
Eis o rapaz ao qual me referi. Ex.: Respeite a Maria! / Respeite à Maria!
Eis a moça à qual me referi. Ele disse a Ana que não viria. / Ele disse à Ana que
Eis as moças às quais me referi. não viria.
c) Antes dos pronomes possessivos:
Casos proibitivos Ex.: Não iremos a sua festa. / Não iremos à sua
festa.
Para facilitar um pouco mais, existem ainda alguns Voltaremos a essa cidade sempre! / Voltaremos à
casos em que a crase NÃO deve ser utilizada. São eles: essa cidade sempre! 53
Casos especiais didáticos, entre outros. Ex.: O fogo se alastrou por
todo o prédio. (fogo: chamas)
Em expressões formadas por palavras femininas locu- O coração é um músculo que bombeia sangue para
ções adverbiais, prepositivas e conjuntivas iniciadas por o corpo. (coração: parte do corpo)
“a” e formadas por palavras femininas, levam crase.
À beira de, à tarde, à meia-noite, às vezes, à moda
Conotação
de etc.
Quando se utilizam as palavras “casa” e “terra”,
com sentido de “lar” e “chão firme”, respectivamente, O sentido conotativo compreende o significado figu-
não se utiliza a crase rado e depende do contexto em que está inserido. A
Ex.: O pai voltou a casa. conotação põe em evidência os recursos estilísticos dos
Os marinheiros chegaram a terra. quais a língua dispõe para expressar diferentes sentidos
ao texto de maneira subjetiva, afetiva e poética. A cono-
tação tem como finalidade dar ênfase à expressividade
Importante! da mensagem de maneira que ela possa provocar senti-
mentos ou diferentes sensações no leitor. Por esse moti-
Separamos aqui 5 macetes/regrinhas que resu- vo, é muito utilizada em poesias, conversas cotidianas,
mem o uso da crase e que podem servir de gran- letras de músicas, anúncios publicitários e outros.
de ajuda para você. Dê uma olhada! Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
1) A crase deve ser empregada SOMENTE com Você mora no meu coração.
palavras FEMININAS;
2) Utilize-a sempre em expressões que indiquem Sinonímia
horas (exceto se vier precedido da preposição “até);
3) A crase não é utilizada antes de palavras mascu- São palavras ou expressões que, empregados em
linas (exceto com o uso da expressão “à moda de”); um determinado contexto, têm significados seme-
4) Deve ser usada sempre antes de locuções lhantes. É importante entender que a identidade dos
adverbiais femininas, com ideia de tempo, modo sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
e lugar; uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
5) Atente-se aos casos em que o uso da crase é o que pode não acontecer em outras situações. O
opcional! uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
Este conteúdo já foi abordado no tópico “Empre- so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
go das Classes de Palavras” revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
do texto.
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS
DO TEXTO Antonímia

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS E SUBSTITUIÇÃO São palavras ou expressões que, empregadas em


DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO um determinado contexto, têm significados opostos.
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
Quando escolhemos determinadas palavras ou gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
expressões dentro de um conjunto de possibilidades dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
de uso, estamos levando em conta o contexto que casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
influencia e permite o estabelecimento de diferentes
relações de sentido. Essas relações podem se dar por
meio de: denotação, conotação, sinonímia, antoní-
mia, homonímia, paronímia, polissemia, hiponímia e
hiperonímia.
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões que
cada falante seleciona do léxico para se comunicar.

Denotação

O sentido denotativo da linguagem compreende


o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
objetivo e literal associado ao significado que apare- Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020
ce nos dicionários. A denotação tem como finalidade
dar ênfase à informação que se quer passar para o
receptor de forma mais objetiva, imparcial e prática.
Por isso, é muito utilizada em textos informativos,
54 como notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais
A relação de sentido estabelecida na tirinha é Parônimos
construída a partir dos sentidos opostos das palavras
Parônimos são palavras que apresentam sentido
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes- diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
se contexto. mos nos exemplos a seguir:

Homonímia Absorver/absolver

Homônimos são palavras que têm a mesma pro- z Tentaremos absorver toda esta água com esponjas.
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- (sorver)
z Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis de
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
seus pecados. (inocentar)
seus dois significados. A seguir listamos alguns homô-
nimos importantes: Aferir/auferir

acender (colocar fogo) ascender (subir) z Realizaremos uma prova para aferir seus conheci-
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
mentos. (avaliar, cotejar)
z O empresário consegue sempre auferir lucros em
acerto (ato de acertar) asserto (afirmação) seus investimentos. (obter)
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto) Cavaleiro/cavalheiro
bucho (estômago) buxo (arbusto)
z Todos os cavaleiros que integravam a cavalaria do rei
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito) participaram na batalha. (homem que anda de cavalo)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar) z Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre sempre
sela (forma do verbo selar; as portas para eu passar. (homem educado e cortês).
cela (pequeno quarto)
arreio)
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
Cumprimento/comprimento

céptico (descrente) séptico (que causa infecção) z O comprimento do tecido que eu comprei é de 3,50
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar) metros. (tamanho, grandeza)
cerrar (fechar) serrar (cortar) z Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
cervo (veado) servo (criado)
Delatar/dilatar
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de z Um dos alunos da turma delatou o colega que chu-
pagamento) xadrez) tou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
círio (vela) sírio (natural da Síria) z Comendo tanto assim, você vai acabar dilatando
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
seu estômago. (alargar, estender)

concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir) Dirigente/diligente


concerto (sessão musical) conserto (reparo)
coser (costurar) cozer (cozinhar) z O dirigente da empresa não quis prestar declara-
ções sobre o funcionamento da mesma. (pessoa
exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto) que dirige, gere)
público)
z Minha funcionária é diligente na realização de
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
suas funções. (expedito, aplicado)
assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) Discriminar/descriminar
espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar) z Ela se sentiu discriminada por não poder entrar
naquele clube. (diferenciar, segregar)
estático (imóvel) extático (admirado)
z Em muitos países se discute sobre descriminar o uso
esterno (osso do peito) externo (exterior) de algumas drogas. (descriminalizar, inocentar)
LÍNGUA PORTUGUESA

estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)


estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) REFERÊNCIA
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-
incipiente (principiante) insipiente (ignorante) -par onimas/. Acessado em 17/10/2020.
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) Polissemia (Plurissignificação)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6. si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
php. Acessado em: 17/10/2020. semia é encontrada no exemplo a seguir: 55
Para interpretar os dados informativos em um
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer aten-
ção aos detalhes. As representações neste formato
aliam ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo
ao leitor ser extremamente observador. Ter atenção
ao título, ao tema e a fonte das informações são vitais
para uma boa análise e interpretação.
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.

Hipônimo e Hiperônimo

Relação estabelecida entre termos que guardam


relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimo –
carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

EFEITOS DE SENTIDO DECORRENTES DO USO DE


RECURSOS VERBAIS E NÃO VERBAIS EM GÊNEROS
DIFERENTES: GRÁFICOS E INFOGRÁFICOS

A representação de sentido por meio de tabelas


e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
principalmente nos meios de comunicação, ainda
mais com as redes sociais. Isso está ligado a facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
e, além disso, não exigir o uso de cálculos complexos
para a sua análise. A análise de gráficos auxilia na
resolução de questões não apenas de português, por
isso, requer atenção.

Gráfico: Componentes de um gráfico


Título: na maioria dos casos possuem um título
que indica a que informação ele se refere.
Fonte: a maioria dos gráficos, contém uma fonte,
ou seja, de onde as informações foram, com o ano de
publicação.
Números: o mais importante, pois é deles que pre-
cisamos para comparar as informações dadas pelos
gráficos. Usados para representar quantidade ou tem-
po (mês, ano, período).
Legendas: ajuda na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores destaca Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
diferentes informações.
REFERÊNCIAS
CIDADES MAIS POPULOSAS DO BRASIL
NÚMEROS DE HABITANTES

ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e


100%
90% coerência. São Paulo: parábola, 2005.
80%
70%
60% CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Os sentidos do
50% texto. São Paulo: contexto, 2013.
40%
30%
20% KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cogniti-
10% vos da leitura. 16.ed. Campinas: Pontes, 2016.
0%
Franceses Alemães Inglêses Espanhóis Outros Total
CIDADES KOCH , Ingedore Grunfed Villaça; EL IAS, Vanda
Fonte: googleimages.com. Acesso em: 10/01/2021.
Maria . Ler e compreender: os sentidos do texto. 3
. ed . São Paulo: Contexto, 2015.
Infográficos
SACCONI, L.A. Nossa Gramática Completa Sac-
Os infográficos são uma forma moderna de apre- coni – Teoria e Prática. 30ª. ed. São Paulo: Nova
sentar o sentido. Geração, 2010.
Essa palavra une os termos info (informação) e
gráfico (desenho, imagem, representação visual), ou SCHLITTLER, J.M.M. Recursos de Estilo em Reda-
ção Profissional. Campinas/SP: Servanda, 2008.
seja, um desenho ou imagem que, com o apoio de um
texto, informa sobre um assunto que não seria muito
bem compreendido somente com um texto, auxilian-
56 do a compreensão do leitor.
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES E Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para
DE PERÍODOS DO TEXTO que, mas...
Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos,
Coesão pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele...

Coesão pode ser considerada a “costura” textual, Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos
a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos ver muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu
e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para início, a televisão foi usada para facilitar o domí-
garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres- nio da sociedade. Como exemplo, podemos citar
a chegada do homem à Lua, onde os EUA conse-
tar atenção a alguns mecanismos. Abaixo, em negrito,
guiram com sua propaganda capitalista frente a
há exemplos de períodos que podem ser melhorados uma Guerra Fria, a simpatia de grande parte da
utilizando os mecanismos de coesão: população do planeta.

z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo, Coerência


isso, ele...
Coerência textual é uma relação harmônica que se
São palavras referentes a outras que apareceram estabelece entre as partes de um texto, em um contex-
no texto, a fim de retomá-las. to específico, e que é responsável pela percepção de
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais
aspectos envolvidos nessa questão são:
Ela = Dolores seu = Ela o = poder
z Coerência semântica
Ex.: Dolores era beleza única. Ela sabia do seu poder de seduzir e o usava.

Refere-se à relação entre significados dos elemen-


z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como, tos da frase (local) ou entre os elementos do texto
a saber... como um todo:

São palavras referentes a outras que irão aparecer Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da
no texto: questão. - Não caberia aqui pensar em centro
como bairro de uma cidade.

Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o xampu É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio
Ela. Use-o e você não vai se arrepender! do vocabulário.

z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti-


O pronome demonstrativo este apresenta um ele-
cos que o autor utiliza para expressar a coerência
mento do qual ainda não se falou = o xampu.
semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não
existem técnicas científicas, faz-se de pequenos
z Coesão lexical: são palavras ou expressões fragmentos...” - como leitor do texto, você deve
equivalentes. entender que o pronome cuja foi empregado para
estabelecer posse entre obtenção e felicidade.
A repetição de palavras compromete a qualidade z É nesse caso que entra o estudo da coesão com o
do texto, mostrando falta de vocabulário do redator. emprego dos conectivos.
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos: z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor,
à linguagem que ele emprega para redigir. O lei-
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - tor atento a isso consegue facilmente entender a
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha estrutura do texto e relacionar bem as informa-
vida por umas poucas horas dessa alegria. ções textuais. Além disso, percebendo se a lin-
guagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio
Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni- interpretativo deverá funcionar de uma determi-
mo semântico da palavra amor, representando-a. nada maneira, como podemos ver neste texto de
Fernando Pessoa:
z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a
Já sobre a fronte vã se me acinzenta
omissão de um termo facilmente identificável.
O cabelo do jovem que perdi.
Meus olhos brilham menos.
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor Já não tem jus a beijos minha boca.
procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre- Se me ainda amas por amor, não ames:
lações entre as partes: Trairias-me comigo.

Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não (Ricardo Reis/Fernando Pessoa)


tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte tam-
bém galopava. z Elementos importantes de coesão e coerência:
para continuarmos o estudo de coesão e coerência,
A interrogação representa a omissão do sujeito devemos relembrar alguns elementos gramaticais
marechal que fica subentendido na oração. importantes:
z Pronome demonstrativo: indicam posição dos
z Conectivos principais: preposições e suas locu- seres em relação às pessoas do discurso, situando-
ções: em, para, de, por, sem, com... -o no tempo e/ou no espaço (função dêitica destes 57
pronomes). Podem também ser empregados fazen- z Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde
do referência aos elementos do texto (função ana- (em que) moro é movimentada.
fórica ou catafórica). São eles:
Atenção:
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
AQUELE (A/S) adjetivo. Observar a palavra a que se refere o pronome
relativo para evitar erros de concordância verbal. Ex.:
ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome Lemos os livros que foram indicados pelo professor
(A/S) substantivo. (que = os quais → livros)
Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando
MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
a preposição exigida quando necessário. Ex.: Este é o
SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
livro a que me refiro.
FLEXÕES). adjetivos.
O verbo referir-se pede a preposição a; por isso, ela
Empregos do pronome demonstrativo aparece antes do que. Ex.: Esta á a obra por que tenho
admiração. A preposição por foi exigida pelo substan-
z Indicando localização no espaço: tivo admiração.
Os pronomes como, quando e quanto também
Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o podem ser relativos.
emprega para referir-se ao ser que está junto dele. Os relativos compõem as orações subordinadas
Ex.: Este é meu casaco! – a moça avisou, enquanto o adjetivas
segurava. As orações adjetivas podem ser explicativas
Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre- – cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma infor-
ga para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte. mação a mais - ou restritivas – cujo conteúdo é de
Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. – pediu ela restrição, especificação, informação importante no
ao rapaz que sentara à sua frente. contexto.
Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência
será ao ser que está distante do falante e do ouvin- As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica
te: As duas no portão não aguentavam de curiosidade,
quem seria aquele moço na esquina? As orações adjetivas são iniciadas sempre por pro-
nomes relativos e podem ser de dois tipos:
z Indicando localização temporal:
z Explicativa: O homem, que é racional, mata.  A
Este (presente): Neste ano haverá Copa do Mundo. oração adjetiva deste caso não tem sentido restriti-
Esse (passado próximo: Nesse ano que passou, não
vo, pois todos os homens são racionais.
tivemos Copa do Mundo.
z Restritiva: O homem que fuma morre mais
Esse (passado futuro): A próxima copa será em
cedo.  A or. adj. deste caso reporta-se apenas ao
2014. Nesse ano poderemos ver todos os jogos aconte-
homem fumante.
cerem aqui em nosso país.
Aquele (passado distante ou bastante vago):
Naquela época, não havia iluminação elétrica. Emprego do cujo e do onde

z Fazendo referências contextuais (funções anafó- ESTE É O PRÉDIO


rica e catafórica): ONDE LUGARES ONDE FICA O 1º
CARTÓRIO.
Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda
se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este Concorda
é o problema: estou dura. Pode também fazer uma com o subs- Esta é a jovem de
referência de especificação a um elemento já expres- tantivo poste- cujo pai eu lhe falei.
so (ref. anafórica). Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao rior e indica
cinema. que esse
Subs. Cujo Subs.
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no substantivo
Este é o pai de cuja
texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. pertence a
POSSE jovem eu lhe falei.
Esse remédio é ótimo. outro termo
Este: refere-se à última informação antecedente a substantivo
ele no texto; anterior ao
Aquele: refere-se à informação mais distante dele cujo.
no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quie-
ta, esse fala pouco e aquela fala muito. Conjunções coordenativas, locuções conjuntivas,
preposições e locuções prepositivas
Período composto
z Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ain-
z Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. da, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água
Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo. cristalina brota da terra e busca seu caminho por
z Quem – refere-se à pessoa, sempre preposiciona- entre as pedras.
do. Ex.: Esta é a aluna de quem falei. z Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, toda-
z Cujo (parecido com o possessivo): estabelece pos- via, entretanto, no entanto, não obstante. Ex.: Este
58 se. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo. candidato não estudou muito, mas foi aprovado.
z Alternância: ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja... menos – apresentar estrutura gramatical idên-
seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova. tica, pois –como, aliás, ensina a gramática de
z Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), Chomsky – não se podem coordenar frases que
por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar não comportem constituintes do mesmo tipo.
vício, portanto sua venda deve ser considerada ilícita. Em outras palavras: as ideias similares devem
z Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), corresponder forma verbal similar. Isso é o que
porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arruma- se costuma chamar paralelismo ou simetria de
rei toda esta bagunça. construção”.

Conjunções subordinativas adverbiais Vejamos agora alguns exemplos de construções


que apresentam erros de paralelismo:
z Causa: porque, como (somente no início do período),
que, já que, visto que, por (+ infinitivo), graças a, na z Paralelismo semântico: Em sua última via-
medida em que, em virtude de (+ infinitivo), em face
gem pela América Latina como representante do
de, desde que, uma vez que. Ex.: Como estava muito
governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a
doente, foi ao médico.
República Dominicana, Washington e o Presidente
z Comparação: mais... que, menos... que, tão/tanto...
Barack Obama.
como, assim como, como. Ex.: Ele sempre se posi-
cionou como um líder.
z Concessão: embora, conquanto, ainda que, mes- Observem que nesse caso o verbo “visitou” está
mo que, se bem que, apesar de (+ infinitivo), em sendo empregado de maneira a sugerir que se pode
que pese a (+ infinitivo), posto que, malgrado. Ex.: visitar uma cidade da mesma forma como se visita
Embora não esteja me sentindo bem, assistirei à uma pessoa, ou seja, está empregado de forma errada,
aula até o final. já que ocorre um duplo sentido a esse verbo com essa
z Condição: se (às vezes prevalece a ideia de causa, construção.
outras vezes de tempo, ou ainda de oposição), caso, Uma forma correta de representar a ideia preten-
desde que, a não ser que, a menos que (a ideia dida pelo texto é: Em sua última viagem pela Améri-
pode ser desdobrada em de concessão), contanto ca Latina como representante do governo brasileiro,
que, uma vez que. Ex.: Eles não conseguirão vaga o presidente visitou Havana, a República Dominicana,
para esse ano letivo, a menos que haja alguma Washington e nesta última cidade foi ver o Presidente
desistência. Barack Obama.
z Conformidade: conforme, como, segundo, con-
soante. Ex.: Tudo aconteceu como eles imaginaram. z Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou bas-
z Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, de tante em todos os jogos, mas conseguiram se tornar
maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, que os campeões este ano.
progrediu muito na vida.
z Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo), Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
que, porque, para que, para (+ infinitivo). Ex.: vidamente empregada dando uma ideia de que ser
Faça bem a sua parte do projeto para que não haja
campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
reclamações.
O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
z Proporcionalidade: à proporção que, à medida
que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
que, na medida em que, quanto mais, quanto
da vitória apresentada na segunda oração, como em:
menos, conforme. Ex.: À medida que o progresso
Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
avança, o romantismo diminui.
isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
z Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada em
ideia de condição), enquanto, mal, logo que, assim guiu se tornar o campeão este ano.
que, sempre que, desde que, conforme. Ex.: Mal ele
chegou, todas o rodearam. Progressão textual

Paralelismo A progressão textual é o processo pelo qual o texto


se constrói a partir de elementos semânticos e grama-
Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
da organização textual, promovendo no texto coe- das às informações anteriores e não apenas repetidas.
rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. Deve haver a continuidade e a evolução dos concei-
Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos tos já apresentados que podem ser conquistadas por
LÍNGUA PORTUGUESA

períodos, pois sua redação também deve apresentar intermédio dos elementos de coesão.
uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla- Veja uma simulação do projeto de máscaras de
ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu redação e observe na prática como a progressão tex-
autor. tual ocorre:
Veja, como exemplo, o que diz o Professor Othon Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, blá,
Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que alguns
Moderna: fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e (blá, blá,
blá) são a base do desenvolvimento desse problema.
“Se coordenação é, como vimos, um processo de As consequências imediatas de (blá, blá, bla´) só
encadeamento de valores sintáticos idênticos, poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
é justo presumir que quaisquer elementos da O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá).
frase – sejam orações, sejam termos dela–, coor- Além de (blá, blá, blá), também se pode especular
denados entre si, devam – em princípio, pelo que (blá, blá, blá). 59
Ainda convém chamar a atenção para mais um órgãos processadores da digestão no momento em que
ponto determinante sobre (blá, blá, blá) que é (blá, comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência
blá, blá). típica da hora do almoço nos mantendo despertos.
O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e
é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá). 5° Parágrafo
Sendo assim (blá, blá, blá).
Você pode perceber que, mesmo não abordando
Levando-se em consideração esses aspectos prá-
assunto algum, há um encadeamento lógico da estru-
tura do texto que conduz a uma eficiência argumen- ticos do prato do brasileiro somos levados a acreditar
tativa que admite a idealização uma vasta margem de que não é apenas por prazer que somos seduzidos
desenvolvimentos sobre variados temas. pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela
nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo
TEORIA DAS MÁSCARAS assim a falta de qualquer um desses ingredientes nos
causará debilidade além de insatisfação.
Agora veremos um projeto que pode colaborar na Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o
hora da escrita de um texto argumentativo. Vejamos tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasi-
a seguir: leiro” e que a partir desse tema tivéssemos que pro-
duzir uma dissertação sobre ele. A primeira coisa a
Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão.
fazer seria a delimitação do tema, ou seja, deveríamos
buscar com objetividade uma tese, dentro desse tema,
Tema → A alimentação do brasileiro.
sobre a qual fôssemos capazes de argumentar, como
Tese → A comida dos brasileiros é muito saudável
e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia essa:
de trabalho.
“A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; tudo de que ele necessita para seu longo dia de
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do trabalho”.
cafezinho preto com açúcar.
O próximo passo seria o de levantar alguns argu-
1° Parágrafo mentos que sustentassem a tese proposta com valor
de verdade. Veja como fizemos. Já que estávamos
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida falando da alimentação dos brasileiros, nada melhor
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- do que falarmos sobre seus pontos positivos, pontos
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que
estes reconhecidos até por especialistas em alimenta-
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no
bife com salada além da glicose no cafezinho preto ção mundial. O valor nutricional que compõe o nosso
com açúcar fornecem um completo abastecimento de prato mais popular. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito”
energia somada ao prazer. que encontramos em bares, pequenos restaurantes e,
principalmente, na maioria das mesas do povo brasi-
2° Parágrafo leiro: o arroz com feijão, bife e salada, finalizado com
um cafezinho preto.
É de fundamental importância o consumo de Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
alimentos ricos no fornecimento de energia para a cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, como boa argumentação a favor de nossa tese. Mar-
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente camos o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão,
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em como nosso primeiro ponto positivo. Depois foi a vez
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
das “proteínas” presentes no bife com salada e che-
da energia própria consumida durante o dia.
gamos, finalmente, à “cafeína” e ao “açúcar” presen-
tes no cafezinho. Pronto, já temos a primeira parte de
3° Parágrafo
nosso projeto organizado.
Além disso, as proteínas da carne no bife que come- O próximo passo é juntar tudo no primeiro pará-
mos servem para repor a massa muscular perdida grafo, de maneira organizada, de forma que as ideias
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras sejam apresentadas em uma sequência que deixe cla-
das verduras e folhas que ajudam no processamento ro ao leitor sobre o que será falado e também qual
dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibili- será a sequência de argumentos que será apresentado
dade de reafirmarmos o valor nutricional do conjunto para dar credibilidade a nossa tese. Veja o modelo do
de alimentos de nosso prato mais tradicional e de jus- primeiro parágrafo:
tificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa cultura
culinária.
Todos sabem o quanto, em nosso país, .................
4° Parágrafo .................................................................................................
Verifica-se que.................................... (,) ..............................
Ainda convém lembrarmos outro hábito que ..... além de ..................................... ..................... fornecem
contribui para o sucesso do nosso bem elaborado (ou - resultam, culminam, têm como consequência...)
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após ..................................................................................................
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar
60 reabastece nosso cérebro de energia desviada para os
Compare agora com o parágrafo preenchido com 3o Parágrafo:
a tese e com os argumentos e veja a amarração que
conseguimos:
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é Além disso, .....................................................................
................................................................... E somando-se a
saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para
isso,......................................... que ........................................
o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra- ............................................................ Daí...............................
tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada ............................................e de...............................................
além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem ..................................................................................................
um completo abastecimento de energia somada ao prazer.
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos Teremos, após preencher o modelo:
seguintes, impondo a eles estruturas programadas Além disso, as proteínas da carne no bife que come-
com relação lógica de coerência e coesão. Você perce- mos servem para repor a massa muscular perdida
berá que a continuidade e a progressão textual foram durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras
sendo procuradas e construídas para dar evolução ao das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
texto e aos argumentos. alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
fomos completando os espaços em branco que ligavam hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
os argumentos entre si com relações preestabelecidas
de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação 4o Parágrafo:
― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”.
Veja que, para manter a continuidade textual recupe-
rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu-
Ainda convém lembrarmos....................................
pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse”
...........................................................................................
fechando com uma conclusão sobre esse argumento. .. (que é): .........................................................Esse.........
............................................................................................
............................ para ..........................................................
É de fundamental importância o.......................... ................................................ Essa(s) ..................................
..................................................... para ................................... .................................................................................................
....................... Podemos mencionar, por exemplo,...........
.............................. que...................................................., por
causa de ................. ............................. Esse .........................
...................................................................................................... Teremos, após preencher o modelo:

Observe como ficou a sequência completa do Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
segundo parágrafo: tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio
É de fundamental importância o consumo de ali- que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições.
mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro-
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece cessadores da digestão no momento em que comemos.
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- Essas substâncias reprimem a sonolência típica da
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia hora do almoço nos mantendo despertos.
Para os parágrafos de desenvolvimento, também
própria consumida durante o dia.
podemos relacionar frases que você poderá escolher
Veja agora uma coletânea de frases que podem
para dar originalidade ao seu texto.
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
Ao se examinarem alguns ..., verifica-se que ...
Pode-se mencionar, por exemplo, ...
É de conhecimento geral que ... Todos sabem que,
em nosso país, há tempos, observa- se...
Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ...
Cogita-se, com muita frequência, que...
Alguns argumentam que .... .
LÍNGUA PORTUGUESA

Muito se tem discutido, recentemente, acerca de...


Além disso ... .
É de fundamental importância o (a)....
Outro fator existente ...
Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco-
Outra preocupação constante ...
brir as causas de.... Ainda convém lembrar ...
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... Por outro lado ...
Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entre-
Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o tanto ...
quarto também seguiram o mesmo princípio quanto
às relações de coesão. As conjunções foram posicio- Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de tões e que você poderá desenvolver construções que
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res- atendam sua necessidade a partir de quando você
pectivas estruturas vazias: for adquirindo experiência com a produção de textos. 61
Tanto quanto podemos criar padrões para a introdução e para o desenvolvimento de nossas redações, também pode-
mos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
Acompanhe a organização de nosso último parágrafo.

Levando-se em consideração esses aspectos .............................................somos levados a acreditar que .................


.......................................................................................... mas também......................................... Sendo assim ...........................
.................................................................................................................................................................................................................

Teremos, após preencher o modelo:

Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro somos levados a acreditar
que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos
oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredientes nos causará
debilidade além de insatisfação.
Os aspectos conclusivos presentes nesse último parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se chegou ao
final do desenvolvimento da tese inicial. As frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo, conduzindo a
sequência textual a uma possível solução para os problemas propostos, ou ainda, podem gerar simples constata-
ções das verdades idealizadas. Você também pode contar com uma pequena lista de frases que podem auxiliá-lo
nessa tarefa.

Em virtude dos fatos mencionados ...


Por isso tudo ...
Levando-se em consideração esses aspectos ...
Dessa forma ...
Em vista dos argumentos apresentados ...
Dado o exposto ...
Por todos esses aspectos ...
Pela observação dos aspectos analisados ...
Portanto ... / logo ... / então ...

Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão com as seguintes frases:

... somos levados a acreditar que ...


... é-se levado a acreditar que ...
... entendemos que ...
... entende-se que ...
... concluímos que ...
... conclui-se que ...
... é necessário que ...
... faz-se necessário que ...

Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e como se deu a criação da primeira máscara:

MÁSCARA 01

1o Parágrafo

Todos sabem o quanto, em nosso país, .......................................................................... Verifica-se que.................


...................... (,) ..................... além de ............................................. fornecem (ou - resultam, culminam, têm como conse-
quência...) ....................................................................

2o Parágrafo

É de fundamental importância o........................ .......................................................... para........................


.......................... Podemos mencionar, por exemplo, .............................. que....................................., por causa de .................
.................. Esse.......................................................................................................................................................................................
62
3o Parágrafo 5o Parágrafo

Além disso, ...................................................................... Tendo em vista os aspectos observados ...................


..................................... E somando-se a isso,..................... .................... só nos resta esperar que ..........................
................ que .................................................................. Daí ................................,ou quem saiba .....................................
...................................................e de...................................... Consequentemente.........................................

4o Parágrafo
Sugerimos a você que faça suas primeiras redações
Ainda convém lembrarmos.................................... .... baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme
................................................................... (que é): ............... forem avançando as aulas, você poderá construir a
........................... Esse.................................................... para suas próprias máscaras personalizadas.
......................... Essa(s) ............................. ............................ Por fim, preparamos uma máscara de organização
sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
5o Parágrafo organizar.

Levando-se em consideração esses aspectos ...........


...........................somos levados a acreditar que .............. PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)
.................................................................., mas também ......
................................. Sendo assim ......................................... 1° TEMA: _______________________________________
2° TESE: ________________________________________
3°ARGUMENTOS:
Muito bem, agora que vimos o processo de criação a) __________________________________________
b)__________________________________________
das máscaras, você poderá começar também seu traba-
c) __________________________________________
lho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais
dois outros modelos de máscaras de redação que você 4° (1º parágrafo) tese + argumentos
_________________________________________________
poderá usar como base para suas próprias criações. _________________________________________________
Vá observando como as máscaras garantem o 5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
encadeamento das ideias, a coesão entre as orações e ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
(mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
a coerência com as várias possibilidades argumentati- lhantes ao seu argumento).
vas. Abaixo temos mais um exemplo de máscara

6° Construa o parágrafo unindo as informa-


MÁSCARA 02 ções anteriores ao argumento “a)”
_________________________________________________
1o Parágrafo ____________________________________________________
____________________________________________________.
Entre os aspectos referentes a ....................................
..................... três pontos merecem destaque especial. O 7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágra-
primeiro é .....................................................; o segundo ... fos para os argumentos “b)” e “c)”
............................................. e por fim.................. _________________________________________________
_____________________________________________________
2o Parágrafo _____________________________________________________
_____________________________________________________
Alguns argumentam que..................................... _____________________________________________________
......................................................... para........................ _____________________________________________________
......................... Isso porque .............................................. ____________________.
Dessa forma........................................... _________________________________________________
_____________________________________________________
3o Parágrafo ____________________________________________________.
8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese
LÍNGUA PORTUGUESA

Outra preocupação constante é ............................... dizendo que, se algum dos argumentos não for
..................................., pois.................................... Como se considerado, a ideia inicial não poderá ser sus-
isso não bastasse, .............................................que ......... tentada, ou que os resultados propostos não serão
........................................... Daí .............................................. atingidos).
que ........................e que................................... _________________________________________________
_____________________________________________________
4o Parágrafo _____________________________________________________
_____________________________________________________
Também merece destaque ........................................... _____________________________________________________
........ o (a) qual ...................................................................... _____________________________________________________
.......................... Diante disso ............................................... _____________________________________________________
...............................para que ............... ____________________________. 63
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO Vocês perceberão como o modelo vazio que segue
PARÁGRAFO DISSERTATIVO este exemplo traz a indução do assunto a ser defini-
do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a base dessa informação deve sustentar-se em uma
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso traba- verdade consagrada, diferentemente do que vimos
lharemos as várias modalidades de parágrafos que no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.
dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos-
so projeto de máscaras e os vários arranjos que são Modelo nº 2
possíveis ao construí-las.
........................ é a denominação dada a .................
z Parágrafo de introdução ........................... Essa ..............................................., mas
a hipótese mais aceita é a de que .................................
O parágrafo de introdução tem como uma de suas .......................................................... Outra versão afirma
funções mais importantes, a de apresentar a tese que que esse .............................................., que tem origem
será defendida no decorrer da redação. É também ........................ . O que se sabe é que .................................
possível e bastante didático que vocês façam uma pré- ..................................................................................................
via dos argumentos que serão trabalhados na susten-
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, Preenchendo o modelo, teremos:
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento
de vocês e a sequência das suas argumentações. Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
to típico da América Latina. Essa receita não tem uma
„ Tipos diferentes de parágrafos de introdução: origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
seria fruto de uma combinação do arroz (de origem
Declaração inicial: na declaração afirma-se ou oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei-
nega-se algo de início para em seguida justificar-se jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra
e comprovar-se a assertiva com exemplos, compara- versão afirma que esse prato foi a união do arroz com
ções, testemunhos de autores etc. Vejamos um exem- a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O
plo desse tipo de parágrafo aplicado à nossa proposta que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se
básica que é o projeto arroz-com-feijão. Mais uma vez popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
colocamos a estrutura já construída e em seguida a te quase que indispensável da refeição dos brasileiros.
disposição vazia do parágrafo que poderá ser utiliza- Divisão: o parágrafo de divisão, processo também
quase que exclusivamente didático, por causa das
da por vocês sempre que desejarem.
suas características de objetividade e clareza, que con-
siste em apresentar o tópico frasal (frase que introduz
Modelo nº 1 o parágrafo) sob a forma de divisão ou discriminação
das ideias a serem desenvolvidas (normalmente a
É fato notório que ........................................................ divisão vem precedida por uma definição, ambas no
................................................................................................. mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos). Usamos
................................................... Sabe-se que ..................... aqui como representação desse modelo o conceito de
.................................................................................................. silogismo (Um silogismo é um termo filosófico com o
.............................., além da ................................................. qual Aristóteles designou a argumentação lógica per-
.................................................................................................. feita, constituída de três proposições declarativas que
se conectam de tal modo que a partir das primeiras
Preenchendo o modelo, teremos: duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma
conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aris-
É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa tóteles em sua obra Analíticos Anteriores.
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
Modelo nº 3
arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
........................... pode ser representado de duas
completo abastecimento de energia somada ao prazer.
maneiras diferentes: ...................... que é ......................
Definição: o parágrafo por definição é entendido
........................ e ...................., que é ...................................
como um método preferencialmente didático, pois ............................. Enquanto a primeira ......................se
busca, por intermédio de uma explicação clara e bre- apresenta .......................................... Esta, por sua vez,
ve, a exposição do significado de uma ideia, palavra realiza-se por intermédio de...........................................
ou de uma expressão.   É a forma de exposição dos .................................................................................................
diversos lados pelos quais se pode encarar um assun-
to. Pode apresentar tanto o significado que o termo Preenchendo o modelo, teremos:
carrega no uso geral quanto aquele que o falante pre-
tende determinar para o propósito do seu discurso. O silogismo pode ser representado de duas
Uma definição é um enunciado que descreve um maneiras diferentes: silogismo simples que é for-
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos mado por um único núcleo argumentativo e silogismo
associados. composto que é formado por diversos núcleos argu-
Vejam como em nosso parágrafo de exemplo, explo- mentativos de elaboração complexa. Enquanto a pri-
64 ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto. meira teoria se apresenta pela estrutura filosófica
básica consagrada pela antiguidade. Esta, por sua z Parágrafos de desenvolvimento
vez, realiza-se por intermédio de vários silogismos
desenvolvidos para atender às novas perspectivas de Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
sedução e convencimento. pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
Alusão histórica: a elaboração de um parágrafo cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
por alusão histórica é um recurso que desperta sempre dar os elementos que sustentarão essas afirmações
a curiosidade do leitor por meio de fatos históricos, len- iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
das, tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos recursos argumentativos que articularão o convenci-
de que o autor tenha sido participante ou testemunha mento do leitor quanto à tese apresentada.
(desenvolve-se geralmente por meio da comparação
com o presente ou retorno a ele). A vantagem desse „ Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
método é o de podermos mostrar o desenvolvimento vimento: as possibilidades de ordenação do
cronológico de um assunto, expondo sua evolução no parágrafo são várias: exploração de aspectos
tempo. Lembrem-se de que, ao se servirem de um fato espaciais e temporais, enumeração de porme-
histórico para sustentar uma tese, a História é a ciência nores, apresentação de analogia, ou contraste,
que estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço, citação de exemplos, apresentação de causas e
concomitante à análise de processos e eventos ocorri- consequências.
dos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por
conseguinte, um grande valor argumentativo. Desenvolvimento por exploração espacial: ao
Observem como isso é simples: argumentar, vocês podem se servir da exposição de infor-
mações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram.

Modelo nº 4
Modelo nº 1
Desde a época da ............................ sabe-se que ....
....................................................................................... para A cidade (ou região) em destaque é ................
................................................................ Principalmente ............, que fica localizada em ........................, região
hoje em dia, reconhece-se que ...................................... nobre de ................ É aí onde se localiza .....................
.............................................................., além de................... ............................................. dessa região. Cercada por
.................................................................................................. uma densa floresta ......................................., foi bem no
centro desse .........................................................................
Preenchendo o modelo, temo:
Preenchendo o modelo, teremos:
Desde a época da escravidão no Brasil sabia-se
que a alimentação dada a esses novos brasileiros era A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das
principalmente, já se reconhece que os carboidratos mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó
do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado-
fornecem um completo abastecimento de energia soma- res dessa região. Cercada por uma densa floresta
da ao prazer, justificando os hábitos do passado como de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san-
responsáveis pelo tradição alimentar que preservamos. tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou
Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por uma espécie de centro cultural da região por preservar
interrogação é colocada por intermédio de uma per- até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his-
gunta a qual serve mais como recurso retórico, uma tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e
vez que a questão levantada deve ser respondida pelo reverenciada pelos devotos naobilicos.
próprio autor. Seu desenvolvimento é feito por inter-
médio da confecção de uma resposta à pergunta. Desenvolvimento por exploração temporal:
nesse modelo o leitor é informado do momento em
que os fatos ocorreram com a indicação de datas e
Modelo nº 5 outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse
momento aos artifícios empregados no próprio pará-
Será possível determinar qual é ............................ grafo de alusão histórica, já que este também se serve
para..........................................................? (Resposta) ........ de referências cronológicas como em:
..................................................................................................
LÍNGUA PORTUGUESA

Modelo nº 2
Preenchendo o modelo, teremos:
No passado, quando pensávamos em ....................,
Será possível determinar qual é a melhor combi- notávamos que ......................................... era
nação de alimentos para atender às necessidades diá- ........................ comparada à que vemos recentemen-
rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá te . Hoje, por outro lado, ..................................................
que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro- .......................................................... tornaram-se ...............
teínas devem compor essa alimentação e não há quase ................................O resultado disso é que ............., na
nada mais apropriado do que nosso tradicional prato atualidade, tornou-se ........................................................
de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções ..................................................................................................
perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
têm de recomposição de força e de energia. 65
Preenchendo o modelo, teremos: confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
No passado, quando pensávamos em alimenta- pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência gia e comparação são também espécies de confronto:
era muito maior comparada à que vemos nos nos- “A analogia é uma semelhança parcial que sugere
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio- ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- verbal própria, em que entram normalmente os cha-
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se mados conectivos de comparação (quanto, como, do
um ritual de bem viver. que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
Othon M. Garcia.
Desenvolvimento por exploração de pormeno-
res ou de enumerações: nesse modelo de parágra- Por exemplo:
fo, vocês têm por objetivo enumerar características,
relacionar aspectos importantes sobre algum assunto.
A apresentação das ideias pode ser ou não ordenada Modelo nº 5
segundo uma ordem de importância. A ordem depen-
de do que vocês pretendem enfatizar. No caso das .........................................................., por-
que cada qual tem seus próprios valores ....................
................. Enquanto a .........................................................
Modelo nº 3 ............, as ................, por sua vez,.......................................

Entre os aspectos referentes a .............................. Ao preenchermos o modelo, teremos:


........................................................ três pontos merecem
destaque especial. O primeiro é ................................... No caso das proteínas do bife e da salada que
.................................; o segundo................................ e por comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
fim............................................................................................ qual tem seus próprios valores para a alimentação.
Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as
perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu-
Ao preenchermos o modelo, teremos:
ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam
no processamento dos alimentos pelo nosso organismo
Entre os aspectos referentes à alimentação dos ajudando na absorção dos nutrientes.
brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O Desenvolvimento por exploração de causa e
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz consequência – Dentro de uma perspectiva lógica e
com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre- simples devemos compreender causa como um fator
sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à como gerador de problemas e consequência como os
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um problemas gerados pela causa. Trabalhar com causas
completo abastecimento de energia somada ao prazer. e consequências é apresentar os aspectos que levaram
ao problema discutido e as suas decorrências.
Desenvolvimento por exploração de contraste
de ideias: na ordenação do parágrafo por exposição de
contrastes entre si, vocês pode se servir de compara- Modelo nº 6
ções, ideias paralelas, ideias diferentes e ideias opostas.
É de fundamental importância o ........................
.......................................................................................... par
Modelo nº 4 a.............................................. Podemos mencionar, por
exemplo, ................................................................que........
Muitos acreditam que ............................................... ......................................, por causa ......................................
................................................................................................
....., por causa da .......................................................... Por Ao preenchermos o modelo, teremos:
outro lado, sabe-se também que ....................................
.................................................................................................. É de fundamental importância o consumo de ali-
..................................................... , quando muitas vezes mentos ricos no fornecimento de energia para a movi-
................................................................................................. mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra-
Ao preenchermos o modelo, teremos:
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia
própria consumida durante o dia.
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
car pode causar excitação e ansiedade quando consu- z Parágrafo de conclusão
mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que A conclusão de uma dissertação é o momento de
essas substâncias fornecem uma carga suplementar se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi
de energia nos deixando despertos logo após o almo- atingido. É de fundamental importância que não ocor-
ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma ra contradição com a tese proposta no início de sua
sonolência indesejada. redação, o que descaracterizaria toda a argumenta-
Desenvolvimento por exploração de ideias ana- ção. Vocês, nesse momento, devem fazer uma síntese
lógicas e comparação: para organização das ideias, geral; ou retomar a ideia inicial, reforçando os pontos
66 nossos redatores valem-se de expressões que indicam de partida do raciocínio. Podem também demonstrar
que uma solução a um problema foi encontrada ou saúde de nossa população? Certamente que sim, pois
que uma proposta de solução pode ser alcançada, ou a carência de tais ingredientes nos causará debilidade
ainda que uma resposta a uma pergunta foi encon- além de insatisfação.
trada. Esse momento pode também gerar um ques-
Conclusão por resposta, solução ou proposta:
tionamento final, desde que não concorra com suas
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou sugestões
contemplada na conclusão para que ele não se sinta do que se deve fazer para transformar a história mos-
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema. trada durante o desenrolar do texto.
Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza-
dor da conclusão também colabora para a progressão Modelo nº 3
e continuidade textual.
Tendo em vista os aspectos observados sobre ....
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão: .........................................., só nos resta esperar que ...
podemos enumerar alguns exemplos de con- ...............................................................................................
clusões satisfatórias que todos poderão usar ....... Ou quem saiba ainda que ......................................
em seus textos dissertativos. ................................. para que .............................................
Consequentemente...........................................................
Conclusão por síntese ou resumo: o primeiro
recurso com que trabalharemos será o do resumo ou
síntese geral. Nesse caso vocês retomam, resumida-
mente, aquilo que exploraram durante o texto:
Preenchendo o modelo, teremos:

Modelo nº 1 Tendo em vista os aspectos observados sobre


nossa alimentação, só nos resta esperar que se
Levando-se em consideração esses aspectos ...... garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
...................................... somos levados a acreditar que
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
não é apenas por ...........................................................
...................., mas também ................................................. nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
.................................... Sendo assim...................................... que no Brasil se come bem. Consequentemente será
possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
xo custo do que se põe na mesa de sua casa.
Agora, pessoal, é começar a criar seus próprios
Ao preenchermos o modelo, teremos: arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda-
ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer
Levando-se em consideração esses aspectos
práticos do prato do brasileiro, somos levados a acre- tipo de concurso que peça a vocês um posicionamento
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu- específico sobre qualquer tema.
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS
Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredien- E NÍVEIS DE FORMALIDADE
tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Conclusão por questionamento: nesse modelo
vocês partem de um questionamento para encerrar Ao estudar redação, é necessário saber alguns con-
seu raciocínio. Mas não se esqueçam de que vocês não ceitos fundamentais.
devem colocar em dúvida os argumentos desenvolvi- A linguagem, em termos bem simples, é a capacidade
dos em sua redação. que nós, seres humanos, possuímos de expressar nossos
pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões. Ou seja, é
Modelo Nº 2 um código utilizado para estabelecer comunicação.
Existem dois tipos principais de linguagem: a lin-
O que mais há para ser tomado como .................. guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua-
.......................................(?) ................................................ gem não verbal não utiliza palavras para constituir a
acreditar que ........................................................................
comunicação: ela faz uso de formas de comunicação
............................ ,mas também ...........................................
......................................................(?) Certamente que sim, como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por
LÍNGUA PORTUGUESA

pois ......................................................................................... exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito,


com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten-
de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
ouve o apito de um agente de trânsito).
Preenchendo o modelo, teremos: Já a linguagem verbal usa palavras para estabe-
lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma
O que mais há para ser tomado como positivo oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma
e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
leva a acreditar que não é apenas por prazer que
somos seduzidos pela nossa culinária, mas tam- abaixo que traz exemplos que ajudam a diferenciar a
bém por tudo o que ela nos oferece para a manutenção linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará a duas formas). 67
LINGUAGEM NÃO VERBAL LINGUAGEM VERBAL - ORAL z A ortografia (no caso da escrita); e
z A estruturação das sentenças.
Telefonemas;
conversas; Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais
Sinais de trânsito; Discursos;
Cores; cuidado deve ser dedicado aos itens acima.
Aulas;
Desenhos; Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex-
Entrevistas etc.
Gestos; tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os
Postura; LINGUAGEM VERBAL dois tipos de registro, o formal e o informal.
Placas; - ESCRITA
Pinturas;
Livros; REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL
Bandeiras;
Buzinas; E-mails;
Jornais; Jovem para o chefe Jovem para a mãe
Músicas etc.
Cartas; Boa tarde, chefe. Infeliz- Que droga, mãe! Bateram
Leis etc. mente, acabei de sofrer no meu carro!
um acidente de trânsito e Tô bem, não se preocupe.
A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois, duas devo me atrasar, pois es- Me mande o
manifestações da linguagem verbal, cada uma com suas tou aguardando a polícia, número da seguradora.
características próprias (a linguagem oral permite um para os trâmites formais, Depois te ligo.
contato direto com o destinatário, é mais espontânea, e a seguradora, para o re-
mais livre, não requer escolarização, renova-se perma- colhimento do veículo.
nentemente; já na linguagem escrita há maior distân-
cia entre emissor e receptor, sendo o contato indireto e
requer escolarização e aprendizagem formal da escrita). Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito
no caminho para o trabalho. No entanto, função das
A LIGUAGEM FORMAL duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as
quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro
Dependendo da situação, a linguagem verbal
(escrita e oral) pode ser mais ou menos formal. Quan- se faz necessário em suas duas espécies: no registro
do você conversa ao telefone com um velho amigo ou formal e no registro informal.
envia uma mensagem de texto para um parente, se Assim, ao elaborar o texto da redação oficial,
comunica de uma forma mais livre; já numa entrevista deve-se atentar para o uso do registro formal, uma
de emprego ou ao escrever um e-mail solicitando algo a
vez que se espera o uso da modalidade escrita for-
uma autoridade, você escolhe melhor as palavras.
Ou seja, o nível de formalidade nas comunica- mal da língua portuguesa.
ções varia conforme a circunstância. Resumindo, a diferença entre linguagem formal e
A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen- linguagem informal está no contexto em que elas são
te é usada quando temos certo nível de intimidade utilizadas e na escolha das palavras e expressões utili-
entre os interlocutores, como nas correspondências
zadas para comunicar.
entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal
(na sua forma oral ou escrita), caracterizada pela poli- A tabela abaixo apresenta uma comparação entre
dez e escolha cuidadosa das palavras, é normalmente as duas formas de linguagem.
empregada quando nos dirigimos a alguém com quem
não temos proximidade, como no exemplo da sele- LINGUAGEM LINGUAGEM
ção de emprego e em outras situações que exigem tal FORMAL INFORMAL
protocolo, como na escrita de um texto científico, um
livro didático, na correspondência entre empresas e, A linguagem formal
como veremos mais adiante, na comunicação oficial. A linguagem in-
é aquela utilizada em
O termo “registro” é usado para se fazer referência formal é utilizada
situações que exi-
aos níveis de formalidade na língua falada e na língua em situações
gem maior protocolo
escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain- mais descon-
O que é (situações profissio-
da, de níveis de fala ou níveis de linguagem. traídas, quando
nais, acadêmicas ou
Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do existe maior li-
quando não existe
registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva em berdade entre os
intimidade entre os
conta, mesmo que de forma inconscientemente, a situa- interlocutores.
interlocutores).
ção em que se encontra ao produzir seu texto (oral ou
escrito). Em outras palavras, ao praticar a comunicação, o Não requer o uso
autor escolhe um nível maior ou menor de formalidade e, da norma culta,
para isso, leva em consideração, entre outras coisas: sendo normal o
uso de gírias, ex-
z O seu interlocutor; Uso da norma culta pressões popula-
z Ambiente em que se encontra; (respeito rigoroso às res, neologismos
z O assunto a ser tratado; e Caracte-
normas gramaticais) (palavras inven-
z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli- rísticas
e utilização de voca- tadas) e palavras
citar, persuadir etc.). bulário extenso; abreviadas, como
vc, cê e tá.
É observando esses elementos que o autor adequa: Sofre influência
de variações cul-
z Os vocábulos; turais e regionais.
68 z A pronúncia (no caso da fala);
LINGUAGEM LINGUAGEM quando necessário (somente se você tiver certeza
FORMAL INFORMAL do que determinada palavra significa);
z As palavras reduzidas, como “tá” em lugar de
Utilizada em “estar”, “cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de
Situações mais
conversas co- “para”;
formais, como entre-
tidianas, em z Os verbos de sentido muito geral, como “dar”,
vistas de empregos,
mensagens de “ter”, “fazer”, “achar”, no lugar de verbos de senti-
palestras, concursos
texto enviadas do mais exato; e
públicos e documen-
por celular, chats.
Quando tos oficiais. z As expressões típicas da oralidade, como “bem”,
Normalmente é
se usa Geralmente, é utiliza- “veja bem”, “entendeu?”.
usada em conver-
da quando se dirige a
sas entre amigos
superiores, autorida- Outro fenômeno linguístico que deve ser evitado
e familiares. O
des ou ao público em na comunicação formal é o uso de regionalismos. O
uso mais comum
geral. É mais utilizada
se dá quando se regionalismo é o modo de falar particular de deter-
quando se escreve.
fala. minada região geográfica, como, por exemplo, a pala-
vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se
Caramba, tô mui- refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig-
Estou muito atrasado.
to atrasado. nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro”
no Rio de Janeiro.
Quando se fala em linguagem oficial é importante
dar atenção aos vícios de linguagem, a fim de que sejam TIPOS TEXTUAIS E GÊNEROS TEXTUAIS
evitados. Os vícios de linguagem são defeitos, erros
cotidianos que cometemos no emprego da língua, nor- É preciso, antes, saber por meio de quais gêne-
malmente por falta de atenção e pouco conhecimento ros textuais essa comunicação se dá. Mas o que são
dos significados das palavras. Confira alguns vícios de gêneros textuais?
linguagem (lembre-se quando estudarmos a redação Por ser comum a confusão entre gêneros textuais
oficial que estes são defeitos que não podem constar
e tipos textuais, vamos primeiramente discorrer a res-
nas comunicações emitidas pelo poder público):
peito dos tipos textuais.
z Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma pala- Tipo textual é a estrutura do texto, ou seja, é a forma
vra em desacordo com a norma culta (como por como o texto se apresenta. Existem diferentes classifica-
exemplo escrever “previlégio” ao invés de “privi- ções de tipos textuais, algumas delas com até seis tipos
légio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é diferentes (narrativo; descritivo; expositivo; argumen-
“ruBRIca”); outra forma de barbarismo é o estran- tativo; instrucional ou injuntivo; e dialogal). Em con-
geirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevi- cursos públicos, as tipologias (estruturas) mais comuns
do de expressões ou frases estrangeiras em nossa são: narração, descrição e dissertação (ou exposição).
língua, como o uso de “performance” ao invés de
“desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar de
Narração
“espetáculo”;
z Solecismo: desvio da norma em relação à sinta-
xe. Ex.: “Fazem dois anos que não nos vemos”, no A narração consiste em uma história contada por um
lugar de “Faz dois anos”; ou “Vamos no restauran- narrador (em primeira pessoa, participando das ações,
te”, no lugar de “Vamos ao restaurante”; ou em terceira pessoa, como observador), a qual é cons-
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção truída em torno de um ou mais personagens (reais ou
de palavras, como em ela tinha muito dinheiro fictícios), em certo local (físico, como uma cidade ou um
(parece o som de: “é latinha”); beijou na boca dela prédio, ou psicológico, passando na mente do narrador
(“cadela”); ou do personagem) e em um determinado tempo (nor-
z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma malmente no passado, mas pode ser no presente, como
palavra nova, ou ainda quando uma palavra exis-
a narração de um evento esportivo, ou no futuro). Carac-
tente assume outro significado. Ex.: “deletar”, que
surge principalmente por conta do contexto da teriza-se pela sequência lógica que é apresentada ao
informática; e leitor: a história tem uma introdução (na qual se apre-
z Eco: repetição de um som numa sequência de sentam os personagens, o local onde a história se pas-
LÍNGUA PORTUGUESA

palavras (como por exemplo, O acusado foi inter- sa e em que momento); logo após, o texto mostra uma
rogado pelo magistrado). situação de conflito, de suspense, que prende a atenção
do leitor até atingir o ápice (clímax) da narrativa, que é
Além disso, evite ainda: encerrado pelo desfecho da história.
Os elementos que compõem um texto narrativo são:
z O emprego de gírias ou expressões populares (isso
não significa usar palavras difíceis e rebuscadas);
z Narrador;
z O uso de jargões (terminologia técnica comum a
z Enredo;
uma atividade ou grupo específico, comumente
usada em grupos profissionais ou socioculturais, z Tempo;
como por exemplo, “peticionar”, de uso comum z Espaço;
pelos advogados). Mas isso não quer dizer que z Personagens;
não se pode utilizar uma terminologia específica z Discurso. 69
Para a melhor compreensão, observe o trecho a em uma questão de múltipla-escolha ou ainda que
seguir, retirado da obra A Ilha Misteriosa, de Júlio Verne: transforme um discurso direto em indireto em algu-
ma questão aberta, conforme os exemplos abaixo.
Gedeon Spillet estava na praia, imóvel, com os bra-
ços cruzados, olhando para o mar. DISCURSO DIRETO DISCURSO INDIRETO
- Parece que teremos uma noite bastante má,
senhor Spillet – disse o marinheiro. Ele disse que não come
Eu não como carne
O Jornalista voltou-se e perguntou: carne
- A que distância da praia o senhor acha que a bar-
Vou ao restaurante esta Ele disse que iria ao res-
quinha sofreu a lufada que levou nosso companheiro?
noite taurante naquela noite
- A quatrocentos metros, aproximadamente.
- O que me espanta – continuou o repórter – é que, Ele falou que havia perdi-
Eu perdi a hora
admitindo a hipótese de ter nosso companheiro mor- do a hora
rido, ainda não tenha sido lançado à praia o seu cadá-
ver ou do seu cachorro. Eu não conseguiria Ele mencionou que não
dormir conseguiria dormir
Nesse trecho é possível observar alguns dos ele-
mentos de uma narrativa: um narrador (no caso em Descrição
terceira pessoa) apontando o local onde se passa ação
e introduzindo a fala dos personagens que realizam A descrição, ao contrário da narração, não admite
suas ações em um tempo (passado). ação. Nesse tipo textual, é apresentada uma série de
Quando se pensa em narração dentro de um con-
características de determinado ser, objeto ou espaço,
curso, o mais importante é conhecer os conceitos de
de modo a compor na mente do leitor/ouvinte a ima-
discurso direito e discurso indireto.
gem do que está sendo retratado. A descrição pode
O discurso direto é aquele em que o narrador, que
ser objetiva ou subjetiva. Na primeira, a coisa/ser/
pode ser onisciente (isto é, saber tudo sobre o enredo
e os personagens, revelando os sentimentos e pen- espaço descrito é mostrado de forma concreta, impar-
samentos mais íntimos, de um modo que vai além cial, sem expor as impressões do observado (o foco é
da própria imaginação) ou personagem (aquele que dado nas características como forma, tamanho, volu-
conta e participa dos fatos ao mesmo tempo) repete me, coloração etc.). Já na descrição subjetiva, se valo-
as falas de outro personagem, separando-as das suas. riza a percepção do observador em relação ao que é
Para isso, o narrador usa marcas de pontuação que descrito, deixando claras as emoções e impressões do
ajudam a identificar quem está falando. Essas marcas autor sobre aquilo que ele descreve. Veja nos exem-
podem ser: dois pontos, aspas ou travessão de diálogo. plos as duas formas de se descrever o mesmo espaço:
Veja, abaixo, um exemplo retirado do livro Robur, O
Conquistador, de Júlio Verne: DESCRIÇÃO OBJETIVA DESCRIÇÃO SUBJETIVA

Nesse momento, Robur apareceu na ponte da aero- Manhattan é o centro da


nave e os dois colegas aproximaram-se dele. Região Metropolitana de
A deslumbrante Nova
- Engenheiro Robur – disse tio Prudente -, eis-nos Nova Iorque, uma das
Iorque, com suas lindas
aqui nos confins da América! Parece-nos que esta áreas metropolitanas
lojas e suntuosos prédios
brincadeira vai acabar... mais populosas do mun-
é, verdadeiramente, a ca-
- Eu nunca brinco – respondeu Robur. do, sendo a grande cidade
pital do mundo.
mais densamente povoa-
da dos Estados Unidos.
Ou seja, no discurso direto é o próprio personagem
que fala dentro da história.
Por sua vez, o discurso indireto se dá quando o Note que, ao contrário da primeira, a segunda des-
narrador da história diz ou escreve o que outro perso- crição envolve subjetividades, ou seja, as impressões
nagem disse. Melhor dizendo, no discurso indireto, o pessoais do autor.
narrador utiliza suas próprias palavras para transmitir Apesar de menos frequente, é possível que deter-
ou as falas de um ou de mais personagens. Observe o minada banca organizadora peça um texto descritivo
exemplo no seguinte trecho da obra Doutor Jivago, de
(daí a importância em ressaltar mais uma vez a neces-
Boris Pasternak: Na estação, o tio pediu ao guarda que o
sidade de se conhecer a banca e de se analisar com
deixasse passar pela grade para se despedir da mulher.
profundidade o edital).
Uma caraterística desse tipo de discurso é que
será sempre feito na 3ª pessoa. Além disso, nesse tipo
DISSERTATIVO-EXPOSITIVO E
de discurso são utilizados verbos de elocução (ver-
bos que anunciam o discurso, tais como falou, disse, DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
lembrou, comentou, perguntou, respondeu, observou,
exclamou, sentenciou, gritou, entre outros) e conjun- A dissertação é a tipologia textual que visa à expo-
ções (uma vez que, para que, a fim de que, para que, sição, à análise e à defesa de uma tese ou ponto de
conforme etc.) que separam a fala do narrador das vista a respeito de um assunto específico. É a forma
falas dos personagens. mais frequentemente exigida nos concursos, tendo
A narração não é um tipo textual comum nas reda- em vista a possibilidade de permitir ao candidato a
ções. O mais corriqueiro é que a banca examinadora exposição de ideias a respeito de um tema de interes-
70 exija que o candidato identifique diferentes discursos se social. A dissertação é dividida em duas categorias:
Dissertativo-expositiva z Discurso de defesa,
z Requerimento;
Neste tipo textual o autor apresenta ideias, fatos z Ensaio;
e fenômenos. O objetivo é informar o leitor (caráter z Resenha; e
expositivo), sem a intenção de persuadi-lo, de conven- z Crítica.
cê-lo em relação ao pensamento. É impessoal (redigida
em terceira pessoa). Portanto, neste caso, a dissertação Por sua vez, o tipo textual dissertativo-expositivo
tende à simples exposição de ideias, de informações, prevalece nos seguintes gêneros:
de definições e de conceitos, como se nota no exemplo
abaixo, retirado da obra Textos Dissertativo-Argumen- z Aula;
tativos, publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e z Texto expositivo;
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): z Artigo enciclopédico;
As peças de Nelson Rodrigues tratam de denunciar z Texto explicativo;
toda a hipocrisia que paira sobre uma sociedade vítima z Tomada de notas;
da repressão sexual. É o seu teatro que abre as portas z Resumos;
para a modernidade na dramaturgia brasileira. z Resenhas; e
Note que no trecho acima, o autor apenas mos- z Relatório científico.
tra certas características da obra do escritor Nelson
Rodrigues. Não há, em nenhuma parte do texto, recur-
Em concursos públicos, os gêneros textuais mais
sos argumentativos que buscam convencer o leitor.
frequentes são: os editoriais, os artigos de opinião,
as notícias, as reportagens, as crônicas e os contos.
Dissertativo-argumentativo No editorial, discute-se um assunto, apresentando
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou
Neste tipo dissertativo, as ideias são organiza- do redator-chefe. Já no artigo de opinião, o autor
das no sentido de convencer o leitor. Os argumentos busca convencer o leitor em relação a uma determi-
(enunciados) atribuem ao objeto ou fenômeno de que nada ideia e, ao contrário do editorial, o artigo de
se fala, qualidades, informações, depoimentos, cita- opinião não representa o ponto de vista do veículo
ções, fatos, evidências e dados estatístico, entre outros que publica o texto. O editorial e o artigo de opinião
recursos, procurando defender o ponto de vista do são gêneros textuais que pertencem ao tipo textual
autor. Veja um exemplo de um trecho de texto disser- dissertativo-argumentativo.
tativo-argumentativo, retirado da obra Textos Disser-
tativo-Argumentativos, do Inep:
Impossível desconhecer que Nelson Rodrigues é o maior Dica
dramaturgo brasileiro de todos os tempos. Foi revolucioná- Lembre-se que parte do método para fazer uma
rio, renovador e ousado em relação ao teatro tradicional. boa redação no concurso é ter um bom repertó-
Suas dezessete peças são sucessivamente reeditadas. Sua rio de ideias. A leitura de editoriais e de artigos
obra é frequentemente encenada na atualidade. Seus textos
de opinião constitui uma das melhores formas
são os mais estudados nos cursos de Letras.
de ampliar seu “capital cultural”, uma vez que tra-
Observe que agora, diferentemente do exemplo
tam de assuntos recentes e de relevância social.
anterior, o autor busca formar a opinião do leitor,
buscando convencê-lo. Além disso, servem para ajudar a dominar a
Existem dois tipos de textos dissertativos: estrutura da redação, uma vez que, por pertence-
rem ao tipo textual dissertativo-argumentativo,
O expositivo e o argumentativo. No texto disserta- possuem a mesma estrutura do texto que será
tivo-expositivo, o autor apresenta as informações sem cobrado nas provas.
a necessidade de convencer o leitor de algo (ou seja,
faz uma exposição e não um debate). Já no tipo dis- Outro gênero recorrente é a notícia, na qual são
sertativo-argumentativo, o escritor faz uma reflexão relatados de forma objetiva e concisa, fatos da reali-
sobre determinado tema para defender o seu ponto de dade. A reportagem por sua vez, caracteriza-se por
vista e, portanto, busca convencer o leitor ser o gênero que apresenta um texto jornalístico que
Os tipos textuais acima expostos são utilizados de aborda fatos de interesse geral; na reportagem, ao
forma combinada de modo a compor o que conhece- contrário da notícia, os fatos são tratados de uma for-
mos por gêneros textuais (textos que exercem uma ma mais aprofundada e didática.
função social específica, isto é, aparecem em situações Já a crônica e o conto, constituem gêneros tipicamente
cotidianas de comunicação e apresentam uma finali- narrativos; o primeiro sobre fatos do cotidiano, enquanto
LÍNGUA PORTUGUESA

dade comunicativa bem definida). A lista de gêneros é o último versa sobre um único conflito, uma só ação.
aberta e pode ser infinita. Por exemplo, o tipo textual
dissertativo-argumentativo é o dominante nos seguin- A ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
tes gêneros textuais:
Como dissemos antes, o tipo dissertativo-argu-
z Texto de opinião; mentativo é o mais cobrado em concursos, sobretu-
z Diálogo argumentativo; do naqueles para carreiras policiais. Assim sendo,
z Carta de leitor; vamos ver mais alguns detalhes relativos à disserta-
z Carta de reclamação; ção argumentativa.
z Carta de solicitação; O texto dissertativo-argumentativo é aquele pelo qual
z Deliberação informal; o autor busca convencer o leitor ou o ouvinte a aceitar a
z Debate regrado; tese de quem produz o texto. Logo, o que está em jogo é
z Editorial; a capacidade do autor de expor uma situação-problema, 71
apresentando uma tese (opinião, ideia) sobre o fato e influenciar hábitos infantis. É apenas no final do pará-
expressando-a por meio de argumentos fortes e coeren- grafo onde se apresenta a situação problema: a ques-
tes. Esse tipo textual é composto por três etapas: tão da publicidade infantil;

z A introdução (na qual se apresenta o objeto, expon- Introdução direta


do uma breve visão do ponto de vista do autor);
z O desenvolvimento (quando se apresentam os Em contrapartida, a introdução do tema pode
argumentos e é feita a defesa da tese); e ser direta, como se observa no exemplo abaixo, tam-
z Uma conclusão (que encerra o tema, com uma sín- bém retirado da obra de Cantarin, Bertucci e Almei-
tese de tudo o que foi exposto). da (2017), em que autor já inicia o texto apontando o
crescimento da “publicidade infantil no Brasil”.
INTRODUÇÃO Ex.: A publicidade infantil é um ramo que vem cres-
cendo muito no Brasil. Afinal, as crianças ainda não for-
No início da dissertação, é necessário que o autor maram toda base crítica necessária para entender toda
deixe claro qual é o assunto abordado no texto e, além a complexidade e persuasão de uma propaganda, fatos
disso, qual será a tese a ser defendida. É um parágrafo que as tornam um público alvo facilmente convencido.
direto e curto no qual você vai demonstrar que com-
preendeu o tema e vai fazer uma afirmação sobre ele. DESENVOLVIMENTO/ARGUMENTAÇÃO
A tese é elemento essencial na composição do texto
dissertativo-argumentativo. Na redação é um posicio- Os parágrafos intermediários de um texto disserta-
namento crítico, ou seja, o seu ponto de vista sobre o tivo-argumentativo devem ser destinados à defesa da
tema proposto. Sua função é persuadir o leitor a res- tese mediante argumentos (provas ou fundamentos
peito daquilo que você vai expor. Ela pode ser apre- que confirmam o ponto de vista do autor).
sentada por meio de declarações afirmativas (como, São nesses parágrafos que o autor vai argumentar,
por exemplo, “A violência é resultado....”) ou negativas ou seja, apresentar ideias, razões, provas que sejam
(“Não ocorrem ...”. Importante lembrar que mesmo relevantes ao ponto de conseguir convencer o leitor
sendo a sua opinião, a escrita deve ser feita de forma sobre um ponto de vista.
impessoal (redigir em terceira pessoa; nada de usar O principal no desenvolvimento é apresentar uma
expressões como “eu acho que…”, “acredito que …”) e ideia e, em seguida, apresentar um raciocínio capaz
respeitando os direitos humanos (nunca instigar qual- de comprová-la.
quer tipo de violência motivada por questões de raça, A argumentação deve ser feita com argumentos
etnia, gênero, credo, condição física, origem geográ- fortes, tais como:
fica ou socioeconômica, nem apresentar de qualquer
forma de discurso de ódio). z Provas concretas: argumentos baseados em dados
Em uma linha você vai dizer de forma concisa a ou fatos sobre o tema;
z Fatos similares ou relacionados ao tema: argumen-
ideia central do seu texto e o seu posicionamento acer-
tos baseados em exemplos;
ca daquilo (dizer se é contra, a favor ou qual é a impor-
z Citação de especialistas no tema: argumento de
tância de se discutir sobre isso). Essa parte deve ter até
autoridade; e
dois períodos (frases com pelo menos um verbo cada).
z Lógicos: causa e consequência, por exemplo.
Logo após, em, em outras duas ou três linhas, você
irá apresentar como sua tese será desenvolvida, ou
Por outro lado, devem ser evitados argumentos
seja, vai mostrar seus argumentos (esclarecer de forma
fracos, tais como os argumentos de senso comum,
simples o que cada parágrafo vai tratar, sem argumen-
os quais, embora válidos, são rasos e, portanto, facil-
tar). A dica aqui é construir uma oração resumindo o
mente refutáveis. O uso de argumentos gerais (que
assunto de cada parágrafo do desenvolvimento.
qualquer um conhece) evidencia pouco conhecimen-
Ou seja, a introdução é composta pela apresen-
to do tema, falta de opinião própria e baixo poder de
tação do tema e pela exibição da tese.
argumentação.
Vamos ver algumas abordagens que podem ser
Além disso, a fim de dar força ao discurso persua-
tomadas no parágrafo introdutório: sivo, devem ser utilizados os chamados operadores
e conectivos argumentativos (também chamados de
Ir do geral ao específico marcadores de discurso). Os operadores argumen-
tativos tem a função de introduzir argumentos que
Primeiramente fazendo uma exposição do tema de convençam, ou seja, orientam o leitor a determinada
forma abrangente, para logo após chegar às questões conclusão. Dominar a técnica e saber o momento de
mais específicas que serão abordadas no texto. Veja o usar esses elementos é um requisito imprescindível
exemplo abaixo, extraído da obra A Análise do Tex- no momento de fazer valer pontos de vista e opiniões
to Argumentativo-Discursivo, de Cantarin, Bertucci e e para defender teses e articular argumentos.
Almeida (2017). Mas que vocábulos atuam com operadores argu-
Ex.: É fato que as diferentes ações de marketing mentativos? Lembre-se:
exercem grande influência no processo de formação
dos sujeitos. Em se tratando de crianças, o poder das z Conjunções;
propagandas na criação de hábitos e identidades é bas- z Advérbios;
tante grande. Surge então o debate acerca dos limites z Palavras denotativas: até, inclusive, também, afi-
da publicidade infantil. nal, então, é que, aliás etc.
Observe que o autor inicia expondo algo genéri-
co sobre o tema publicidade (ações de marketing) e, Como os operadores argumentativos atuam no
72 em seguida, indica que propagandas são capazes de texto? Eles podem:
z Somar argumentos: e, também, ainda, não só…, OPERADOR FUNÇÃO
mas também, além de…, além disso…, aliás. Ex.: Os
São argumentos que
efeitos nocivos do trabalho infantil sobre a escola- “E”, “também”, “ainda”,
fazem parte de uma mes-
“nem” (= e não), “não
rização são sentidos não só nas crianças menores, ma classe argumentativa,
só..., mas também”, “‘tan-
mas também nos adolescentes. isto é, somam argumen-
to...como”’, “além disso”,”
tos a favor de uma mes-
z Indicar oposição/ideias contrárias: mas, porém, além” de”, “a par de”.
ma conclusão.
contudo, todavia, no entanto, embora, ainda que,
apesar de..., posto que. Ex.: João apresentou um Introduz um argumen-
to decisivo, resumin-
bom rendimento, mas não foi aprovado. “Aliás”.
do todos os demais
z Indicar uma relação de condição entre um ante- argumentos.
cedente e um consequente: se, caso. Ex.: Se o can-
São responsáveis por
didato não estudar, não vai passar no concurso. “Já”, “ainda”, “agora”. introduzir no enunciado
z Indicar finalidade/objetivo: para, a fim de..., para conteúdos pressupostos.
que. Ex.: Eu estudo a fim de passar no concurso
para a polícia. O uso desses operadores é essencial para manter a
coesão do texto.
Veja no quadro abaixo, de forma condensada, os
CONCLUSÃO
principais tipos de operadores, constante na obra
Argumentação e Linguagem, de Ingedore Koch (2000): O final de um texto dissertativo-argumentativo
pode ser feito de duas maneiras:
OPERADOR FUNÇÃO z Na forma de síntese (o autor repete os argumen-
Organizam a hierarquia tos de forma resumida e conclui o texto alegando a
dos elementos numa veracidade da tese); ou
“Mesmo”, “até”, “até mes- z Apresentando propostas de solução (retomando
escala, assinalando o ar-
mo”, “inclusive”. os problemas discutidos na argumentação e pro-
gumento mais forte para
uma conclusão. pondo ações que acabem ou diminuam com os
problemas). Tais soluções devem ser detalhadas,
Introduzem dado argu- explicando, apontando quem vai promover a solu-
mento deixando suben- ção, as ações necessárias, os meios e os objetivos.
“Ao menos”, “pelo me-
tendida a presença de
nos”, “no mínimo”. Assim como na introdução, é o momento de ser
uma escala com outros
argumentos mais fortes. simples e conciso. A conclusão não deve ter um tama-
nho muito diferente da introdução.
“Portanto”, “logo”, “por Introduzem uma conclu- O texto dissertativo-argumentativo (dissertação
conseguinte”, “pois”, são relativa a argumentos argumentativa), portanto, deve conter os seguintes
“em decorrência”, apresentados em enun- elementos:
“consequentemente”. ciados anteriores.
z Introdução: apresentação do tema e exibição da
Introduzem argumentos tese;
“Ou”, “ou então”, “quer... alternativos que condu- z Desenvolvimento: provas ou fundamentos que
quer”, “seja...seja”. zem a conclusões dife- confirmam a tese; e
rentes ou opostas. z Conclusão: resumo ou apresentação de soluções.
Estabelecem relações en-
“Mais que”’, “menos que”,
tre elementos, com vista
“tão...como”’.
a uma dada conclusão. HORA DE PRATICAR!
Introduzem uma justifica- 1. (CESPE-CEBRASPE — 2020)
“Porque”’, “que”, “já que”,
tiva ou explicação relativa
“pois”.
ao enunciado anterior. Texto CG3A2-I
LÍNGUA PORTUGUESA

“Mas”, “porém”, “contudo”,


“todavia”, “no entanto”, Contrapõem argumentos Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estra-
“embora”’, “ainda que”, orientados para conclu- nha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram
“posto que”, “apesar de sões contrárias. os olhos de minha mãe? Atordoada, custei reconhecer
(que)”. o quarto da nova casa em que estava morando e não
conseguia me lembrar de como havia chegado até ali.
Distribuem-se em escalas E a insistente pergunta, martelando, martelando... De
opostas, isto é, um deles que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indaga-
“Um pouco” e “pouco”, funciona numa escala ção havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre
“quase” e “apenas”, “só”, orientada para a afirma-
um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor
“somente”’. ção total e o outro, numa
seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio
escala orientada para a
tinha sido um mero pensamento interrogativo, naque-
negação total.
la noite se transformou em uma dolorosa pergunta 73
carregada de um tom acusativo. Então, eu não sabia esse paradigma, mobilizam-se conceitos econômicos
de que cor eram os olhos de minha mãe? (...) que propõem um novo modo de gestão da sociedade,
E quando, após longos dias de viagem para chegar à como a economia circular e a bioeconomia.
minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de
minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi? A bioeconomia está ligada à melhoria de nosso
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. desenvolvimento e à busca por novas tecnologias que
Mas, eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio
minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a ambiente em seu eixo de elaboração. Ela, agora, reúne
face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, sere- todos os setores da economia que utilizam recursos
namente em si, águas correntezas. Por isso, prantos biológicos. Assim, a bioeconomia surgiu para possibi-
e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de litar soluções eficazes e coerentes para os problemas
minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe socioambientais contemporâneos: mudanças climáti-
Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para cas, crise econômica mundial, substituição do uso de
quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim, energias fósseis, saúde, qualidade de vida da popula-
águas de Mamãe Oxum. ção, entre outros.

Conceição Evaristo. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2016, O objetivo é criar uma economia inovadora com baixas
p.15-9.
emissões de poluentes, que concilie as exigências para
a agricultura sustentável e a pesca, a segurança alimen-
Assinale a opção em que a palavra apresentada está tar e o uso sustentável dos recursos biológicos reno-
corretamente grafada. váveis para fins industriais, e que assegure, ao mesmo
tempo, a biodiversidade e a proteção ambiental. A bioe-
a) atravéz conomia contempla não apenas setores tradicionais
b) obedescer como agricultura, silvicultura e pesca, mas também
c) projeto setores como as biotecnologias e bioenergias. Ao que
d) meza tudo indica, o futuro será definitivamente bio.
e) sintonizar
Marina Santos Chiapetta. Internet: <www.ecycle.com.br> (com
2. (CESPE-CEBRASPE — 2019) adaptações).

Texto CG1A1-I Cada uma das opções a seguir apresenta uma pro-
posta de reescrita para o seguinte trecho do texto
Atitudes para um desenvolvimento sustentável tor- CG1A1-I: “Qual é o motivo de a sustentabilidade ser
naram-se uma urgência e estão inseridas de forma tão importante para a economia?”. Assinale a opção
definitiva na agenda da sociedade. Até no mundo dos em que a proposta indicada mantém os sentidos e a
negócios a sustentabilidade está em pauta. Empresas correção gramatical do texto.
que antes pensavam só em lucro agora otimizam seus
processos por meio da sustentabilidade empresarial. a) Porque a sustentabilidade é tão importante para a
Outro campo de estudos voltado para o consumo economia?
consciente e equilibrado com o meio ambiente é a b) Por quê a sustentabilidade é tão importante para a
bioeconomia, ou economia sustentável, cujo objetivo economia?
é promover a utilização de recursos de base biológica, c) Porquê a sustentabilidade é tão importante para a
recicláveis e renováveis, e consequentemente mais economia?
sustentáveis. d) Por que a sustentabilidade é tão importante para a
economia?
Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o suces- e) Pra quê a sustentabilidade é tão importante para a
so das empresas, que precisam cada vez mais entre- economia?
gar ao cliente valor agregado e estilo de vida, e não
somente mercadorias. A preocupação com o meio 3. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
ambiente converte-se, portanto, em vantagem com-
petitiva, notadamente em mercados cada vez mais Texto CG1A1-I
exigentes e desafiadores. Isso amplia a perenidade da
marca, em virtude do fortalecimento de sua reputação Atitudes para um desenvolvimento sustentável torna-
e credibilidade. ram-se uma urgência e estão inseridas de forma definiti-
va na agenda da sociedade. Até no mundo dos negócios
Para o desenvolvimento sustentável, os negócios a sustentabilidade está em pauta. Empresas que antes
devem estar amparados em boas práticas de gover- pensavam só em lucro agora otimizam seus processos
nança, com benefícios sociais e ambientais. Essa por meio da sustentabilidade empresarial. Outro campo
metodologia influencia os ganhos econômicos, a com- de estudos voltados para o consumo consciente e equi-
petitividade e o sucesso das organizações. librado com o meio ambiente é a bioeconomia, ou eco-
nomia sustentável, cujo objetivo é promover a utilização
Qual é o motivo de a sustentabilidade ser tão impor- de recursos de base biológica, recicláveis e renováveis, e
tante para a economia? A população cresce em consequentemente mais sustentáveis.
número e em capacidade de consumo; com isso, a
demanda pela utilização de recursos naturais recru- Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o suces-
desce de forma quase insustentável. A utilização de so das empresas, que precisam cada vez mais entregar
matrizes não renováveis tende ao esgotamento e à ao cliente valor agregado e estilo de vida, e não somen-
74 poluição progressiva do meio ambiente. Para quebrar te mercadorias. A preocupação com o meio ambiente
converte-se, portanto, em vantagem competitiva, nota- 4. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
damente em mercados cada vez mais exigentes e desa-
fiadores. Isso amplia a perenidade da marca, em virtude Texto CG2A1-I
do fortalecimento de sua reputação e credibilidade.
Na década de 1960, o mundo passou por um aumento
Para o desenvolvimento sustentável, os negócios populacional inédito devido à brusca queda na taxa de
devem estar amparados em boas práticas de gover- mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capa-
nança, com benefícios sociais e ambientais. Essa cidade dos países em produzir comida para todos.
metodologia influencia os ganhos econômicos, a com- A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e
petitividade e o sucesso das organizações. métodos que aumentassem a produção.

Qual é o motivo de a sustentabilidade ser tão importan- Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Eco-
te para a economia? A população cresce em número nomia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes,
e em capacidade de consumo; com isso, a demanda identificou a existência de populações com fome mes-
pela utilização de recursos naturais recrudesce de for- mo em países que não convivem com problemas de
ma quase insustentável. A utilização de matrizes não abastecimento. O economista indiano traçou então,
renováveis tende ao esgotamento e à poluição progres- pela primeira vez, uma relação causal entre fome e
siva do meio ambiente. Para quebrar esse paradigma, questões sociais como pobreza e concentração de ren-
mobilizam-se conceitos econômicos que propõem um da. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e mudou
novo modo de gestão da sociedade, como a economia o tom do debate internacional sobre a questão e as
circular e a bioeconomia.
políticas públicas(B) a serem tomadas a partir daí.
A bioeconomia está ligada à melhoria de nosso
As últimas décadas foram de grande evolução no com-
desenvolvimento e à busca por novas tecnologias que
bate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio
7,7% da população mundial superou o problema, o que
ambiente em seu eixo de elaboração. Ela, agora, reúne
representa 216 milhões de pessoas. É como se mais
todos os setores da economia que utilizam recursos
biológicos. Assim, a bioeconomia surgiu para possibi- que toda a população brasileira saísse da subnutrição
litar soluções eficazes e coerentes para os problemas em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo
socioambientais contemporâneos: mudanças climáti- ainda vive sem acesso a uma dieta(C) que forneça o
cas, crise econômica mundial, substituição do uso de mínimo de calorias e nutrientes necessários para uma
energias fósseis, saúde, qualidade de vida da popula- vida saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente
ção, entre outros. por fome ou problemas derivados dela.

O objetivo é criar uma economia inovadora com bai- Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização
xas emissões de poluentes, que concilie as exigências das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricul-
para a agricultura sustentável e a pesca, a segurança tura) mostra que a produção mundial de alimentos é
alimentar e o uso sustentável dos recursos biológicos suficiente para atender a demanda (A) das 7,3 bilhões
renováveis para fins industriais, e que assegure, ao de pessoas que habitam a Terra (D). Apesar disso,
mesmo tempo, a biodiversidade e a proteção ambien- aproximadamente uma em cada nove dessas pes-
tal. A bioeconomia contempla não apenas setores tra- soas ainda vive a realidade da fome. A pesquisa põe
dicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas em xeque toda a política internacional de combate à
também setores como as biotecnologias e bioener- subnutrição crônica colocada em prática nas últimas
gias. Ao que tudo indica, o futuro será definitivamente décadas. Em vez de crescimento da produção e aju-
bio. das momentâneas, surge agora como caminho uma
abordagem territorial que valorize e potencialize a pro-
Marina Santos Chiapetta. Internet: <www.ecycle.com.br> (com
dução local(E).
adaptações).

Cada uma das opções a seguir apresenta uma pro- Embora os números absolutos estejam caindo, o tema
posta de reescrita para o seguinte segmento do tex- ainda é um dos mais delicados da agenda internacio-
to CG1A1-I: “A bioeconomia está ligada à melhoria de nal. Um exemplo da extensão do problema está na
nosso desenvolvimento e à busca por novas tecnolo- declaração dada em 2017 pelo Fundo das Nações
gias”. Assinale a opção em que a reescrita apresenta- Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4
LÍNGUA PORTUGUESA

da mantém a correção gramatical do texto. milhão de crianças, de quatro diferentes países da


África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, cor-
a) A bioeconomia está ligada a melhoria de nosso desen- re risco iminente de morrer de fome. A questão é tão
volvimento e à buscas por novas tecnologias antiga quanto complexa, e se conecta intrinsecamente
b) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso com a estrutura política e econômica sobre a qual o
desenvolvimento e a busca por novas tecnologias sistema internacional está construído. Concentração
c) A bioeconomia está ligada a melhorias de nosso da renda e da produção, falta de vontade política e até
desenvolvimento e buscas por novas tecnologias mesmo desinformação e consolidação de uma cultura
d) A bioeconomia está ligada à melhorias de nosso alimentar pouco nutritiva são fatores que compõem o
desenvolvimento e à buscas por novas tecnologias cenário da fome e da desnutrição no planeta.
e) A bioeconomia está ligada à uma melhoria de nosso
desenvolvimento e busca por novas tecnologias Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações) 75
A correção gramatical do texto CG2A1-I seria preser- No terceiro parágrafo do texto CG1A1-I, a forma pro-
vada se fosse inserido sinal indicativo de crase em nominal “o”, em “o lançam”, faz referência a

a) “a demanda”. a) “esforço”.
b) “as políticas públicas”. b) “homem”.
c) “a uma dieta”. c) “outro”.
d) “a Terra”. d) “espaço”.
e) “a produção local”. e) “interior”.

5. (CESPE-CEBRASPE — 2020) 6. (CESPE-CEBRASPE — 2020)

Texto CG1A1-I Texto CG2A2-I

“Família, família/ vive junto todo dia/ nunca perde essa Atribui-se(D) ao filósofo Rousseau(A) o uso originário
mania” — os versos da canção Família, composta por da expressão serviço público(B). Em um texto da obra
Arnaldo Antunes e Tony Belotto na década de 80 do O contrato social(C), a expressão abrange qualquer
século passado, no Brasil, parece que já não traduzem atividade estatal(E). E o faz com duas conotações: de
mais a realidade dos arranjos familiares. Observa-se um lado, trata-se de atividades destinadas ao serviço
que a solidez dos lugares ocupados por cada uma do público, isto é, ações pelas quais se assegura aos
das pessoas, nos moldes da família nuclear, não se cidadãos a satisfação de uma necessidade sentida
adéqua à realidade social do momento, em que as coletivamente, sem que cada um tenha de atendê-la
relações são caracterizadas por sua dinamicidade e pessoalmente; de outro, é concebida como uma ativi-
pluralidade. De acordo com o médico e psicanalista dade estatal que sucede ao serviço do rei, porque se
Jurandir Freire Costa, “família nem é mais um modo de operou uma substituição na titularidade da soberania.
transmissão do patrimônio material; nem de perpetua-
ção de nomes de linhagens; nem da tradição moral ou Na França e nos países que sofreram sua influência,
religiosa; tampouco é a instituição que garante a esta- esse conceito político de Rousseau vai extravasar para
bilidade do lugar em que são educadas as crianças”. o plano jurídico, com as duas mesmas notas entrela-
çadas, que, por sinal, permanecem válidas na confi-
Então, o que é a família? Como defini-la, consideran- guração atual do conceito, quais sejam: 1) trata-se de
do-se que uma de suas marcas na pós-modernidade é uma atividade estatal, não de uma atividade privada;
justamente a falta de definição? Para a cientista social 2) trata-se de uma atuação a serviço do público para
e política Elizabete Dória Bilac, a variabilidade histó- satisfazer a uma necessidade sentida coletivamente
rica da instituição família desafia qualquer conceito pela sociedade.
geral de família.
Ademais, para a captação do conceito de serviço públi-
A centralidade assumida pelos interesses individuais co, deve-se considerar ainda o fator histórico- político,
no mundo contemporâneo é um dos aspectos que o seu surgimento em uma época presidida ideologica-
influenciam a singularidade de cada família e distin- mente por determinada concepção das relações entre
guem os propósitos que justificam a escolha de duas Estado e sociedade e pela separação de suas distintas
pessoas ou mais viverem juntas, compartilhando esferas de atuação, que apareceram com a Revolução
regras, necessidades e obrigações. Se não é fácil defi- Francesa.
nir a família, é legítimo o esforço A) de tentar decifrar
quem é o homem B) pós-moderno e quais as neces- A concepção predominante no século XIX, na fórmula
sidades emergentes que o impulsionam ao encontro do Estado liberal ou Estado abstencionista, pretendia
com o outro C), seja no espaço D) social, seja no inte- o distanciamento do Estado em relação à vida social,
rior E) da família, produzindo significados e razões econômica e religiosa dos indivíduos.
que o lançam na busca de realização.
Esse afastamento significava, em primeiro lugar, a não
Segundo o filósofo francês Dany-Robert Dufour, a pós- interferência do Estado na sociedade; daí as reduzi-
-modernidade produz um sujeito não engendrado, o das funções que lhe cabiam e a inibição do Estado no
que significa um sujeito que se vê na posição de não âmbito econômico e social. Em segundo lugar, impor-
dever mais nada à geração precedente. Trata-se de
tava no antagonismo à existência de grupos interme-
uma condição que comporta riscos, pois, segundo
diários que pudessem interpor-se entre o indivíduo
Dufour, desaparece o motivo geracional. No que tange
e o Estado, como associações políticas, culturais,
à família, a consequência é o surgimento de relações
profissionais.
pautadas em trocas reais e carentes de valores sim-
bólicos que se contraponham à lógica do consumo.
Ficando o indivíduo politicamente só diante do Esta-
Assim, assiste-se a uma ruptura na ordem da trans-
do, este se viu progressivamente obrigado a assumir,
missão, o que gera indivíduos desprovidos de identi-
como próprias, algumas tarefas que, até então, não
dade sólida, condição esta que acarreta a redução de
tinham sido consideradas estatais, por serem desen-
sua capacidade crítica e dificulta o estabelecimento
volvidas pela sociedade organicamente estruturada,
de compromisso com a causa que lhe precede.
ou seja, eram assumidas pela Igreja (em todas as suas
Fernanda Simplício Cardoso e Leila Maria Torraca de Brito.
múltiplas personificações), pelas fundações, pelas
Reflexões sobre a paternidade na pós-modernidade. Internet:<www. corporações, pelas universidades e por outros entes
76 newpsi.bvs-psi.org.br> (com adaptações). representativos do corpo social.
Assim aconteceu, até meados do século XIX, com Ficando o indivíduo politicamente só diante do Esta-
os hoje chamados serviços públicos assistenciais e do, este se viu progressivamente obrigado a assumir,
sociais, aqueles que garantiam o direito do adminis- como próprias, algumas tarefas que, até então, não
trado à conservação da vida e da saúde e ao aprimo- tinham sido consideradas estatais, por serem desen-
ramento de sua personalidade, como beneficência, volvidas pela sociedade organicamente estruturada,
saúde e educação, que eram atividades assumidas ou seja, eram assumidas pela Igreja (em todas as suas
pela sociedade, embora o Estado as regulasse. múltiplas personificações), pelas fundações, pelas
corporações, pelas universidades e por outros entes
Dinorá Adelaide Mussetti Grossi. Evolução da teoria do serviço representativos do corpo social.
público. Internet: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br> (com
adaptações).
Assim aconteceu, até meados do século XIX, com
No texto CG2A2-I, o vocábulo “o”, em “E o faz com os hoje chamados serviços públicos assistenciais e
duas conotações”, refere-se à ideia anterior expressa sociais, aqueles que garantiam o direito do adminis-
pelo termo trado à conservação da vida e da saúde e ao aprimo-
ramento de sua personalidade, como beneficência,
a) “Rousseau”. saúde e educação, que eram atividades assumidas
b) “serviço público”. pela sociedade, embora o Estado as regulasse.
c) “O contrato social”.
Dinorá Adelaide Mussetti Grossi. Evolução da teoria do serviço
d) “Atribui-se”.
público. Internet: <https://enciclopediajuridica.pucsp.br> (com
e) “abrange qualquer atividade estatal”. adaptações).

7. (CESPE-CEBRASPE — 2020) No terceiro parágrafo do texto CG2A2-I, o termo “que”,


em “que apareceram com a Revolução Francesa” (R.
Texto CG2A2-I 23 e 24), retoma

Atribui-se ao filósofo Rousseau o uso originário da a) “esferas de atuação”.


expressão serviço público. Em um texto da obra O b) “relações”.
contrato social, a expressão abrange qualquer ativi- c) “concepção” e “separação”.
dade estatal. E o faz com duas conotações: de um d) “fator histórico-político” e “surgimento”.
lado, trata-se de atividades destinadas ao serviço do e) “Estado” e “sociedade”.
público, isto é, ações pelas quais se assegura aos
cidadãos a satisfação de uma necessidade sentida
8. (CESPE-CEBRASPE — 2020)
coletivamente, sem que cada um tenha de atendê-la
pessoalmente; de outro, é concebida como uma ativi-
Texto CG3A1-I
dade estatal que sucede ao serviço do rei, porque se
operou uma substituição na titularidade da soberania.
No século 21, eu acredito que a missão da Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU) será definida por uma
Na França e nos países que sofreram sua influência,
consciência nova e mais profunda da santidade e da
esse conceito político de Rousseau vai extravasar para
dignidade de cada vida humana, independentemente
o plano jurídico, com as duas mesmas notas entrela-
çadas, que, por sinal, permanecem válidas na confi- de raça ou religião. Isso irá requerer que levemos o
guração atual do conceito, quais sejam: 1) trata-se de nosso olhar para além da estrutura dos Estados, ou
uma atividade estatal, não de uma atividade privada; da simples superfície de nações ou comunidades.
2) trata-se de uma atuação a serviço do público para Devemos enfocar, como nunca, a melhoria das condi-
satisfazer a uma necessidade sentida coletivamente ções de vida de homens e mulheres, individualmente,
pela sociedade. que dão ao Estado ou à nação a sua riqueza e o seu
caráter.
Ademais, para a captação do conceito de serviço público,
deve-se considerar ainda o fator histórico- político, o seu Neste novo século, devemos começar pela compreen-
surgimento em uma época presidida ideologicamente são de que a paz pertence não somente aos Estados
por determinada concepção das relações entre Estado e ou povos, mas também a cada um e a todos os mem-
sociedade e pela separação de suas distintas esferas de bros dessas comunidades. A soberania dos Estados
atuação, que apareceram com a Revolução Francesa. não mais deverá ser utilizada como um escudo contra
grandes violações aos direitos humanos. A paz deve
LÍNGUA PORTUGUESA

A concepção predominante no século XIX, na fórmula ser real e tangível no dia a dia de cada indivíduo que
do Estado liberal ou Estado abstencionista, pretendia dela necessite. Devemos buscá-la, acima de tudo,
o distanciamento do Estado em relação à vida social, pelo fato de ser a condição para que cada membro da
econômica e religiosa dos indivíduos. família humana possa levar uma vida de dignidade e
segurança.
Esse afastamento significava, em primeiro lugar, a não
interferência do Estado na sociedade; daí as reduzi- A lição do século passado nos fez entender que amea-
das funções que lhe cabiam e a inibição do Estado no çar ou atropelar a dignidade do indivíduo — como
âmbito econômico e social. Em segundo lugar, impor- naqueles países onde o cidadão não desfruta do direi-
tava no antagonismo à existência de grupos interme- to básico de escolher o seu governo, ou do direito de o
diários que pudessem interpor-se entre o indivíduo escolher regularmente — resultou em conflitos, perdas
e o Estado, como associações políticas, culturais, de civis inocentes, vidas abreviadas e comunidades
profissionais. destruídas. 77
Com efeito, os obstáculos à democracia têm mui- 10. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
to pouco a ver com cultura ou religião, e muito mais
com o desejo daqueles que se encontram no poder e Texto 1A3-II
querem manter sua posição a qualquer custo. Não se
trata de um fenômeno novo nem restrito a uma parte Entre os maiores poderes concedidos pela sociedade
específica do mundo. As pessoas de todas as cultu- ao Estado, está o poder de tributar. A tributação está
ras prezam por sua liberdade de escolha e sentem a inserida no núcleo do contrato social estabelecido
necessidade de ter direito de voz nas decisões que pelos cidadãos entre si para que se alcance o bem
afetam suas vidas. comum. Desse modo, o poder de tributar está na ori-
gem do Estado ou do ente político, a partir da qual foi
Kofi Annan [secretário-geral das Nações Unidas], 10 dez. 2001. possível que as pessoas deixassem de viver no que
In: Jerzy Szeremeta. Participação genuína na era da tecnologia Hobbes definiu como o estado natural (ou a vida pré-
de informação e comunicação (TIC). Fundação Luís Eduardo -política da humanidade) e passassem a constituir
Magalhães. Gestão pública e participação. Cadernos da FLEM. 20.ª uma sociedade de fato, a geri-la mediante um gover-
ed. Salvador: FLEM, 2005, cap. III, p. 105-6 (com adaptações). no, e a financiá-la, estabelecendo, assim, uma relação
clara entre governante e governados.
No terceiro parágrafo do texto CG3A1-I, a termo “o”,
em “o escolher”, refere-se a A tributação, portanto, somente pode ser compreen-
dida a partir da necessidade dos indivíduos de esta-
a) “século passado”. belecer convívio social organizado e de gerir a coisa
b) “indivíduo”. pública mediante a concessão de poder a um sobera-
c) “cidadão”. no. Em decorrência disso, a condição necessária (mas
d) “direito básico”. não suficiente) para que o poder de tributar seja legí-
e) “o seu governo”. timo é que ele emane do Estado, pois qualquer impo-
sição tributária privada seria comparável a usurpação
9. (CESPE-CEBRASPE — 2019) ou roubo.

Internet: <www.receita.fazenda.gov.br> (com adaptações).


Texto 1A3-I
Com relação às propriedades linguísticas do texto
A política tributária não se restringe ao objetivo de 1A3-II, julgue os itens a seguir.
abastecer os cofres públicos, mas tem também obje-
tivos econômicos e sociais. Se fosse aumentada a I. O referente da forma verbal “passassem” é o termo “as
tributação sobre um produto considerado nocivo para pessoas”.
o consumidor ou para a sociedade, o seu consumo II. As formas pronominais presentes em “geri-la” e “finan-
poderia ser desestimulado. Caso a intenção fosse ciá-la” possuem referentes distintos no texto.
promover uma melhor distribuição de renda, o Estado III. O referente da forma pronominal “ele” é a expressão “o
poderia reduzir tributos incidentes sobre os produtos poder de tributar”.
mais consumidos pela população de renda mais baixa IV. A inserção do sinal indicativo de crase em “a usurpa-
e elevar os tributos sobre a renda da classe mais alta. ção” não prejudicaria a correção gramatical do texto.

Por outro lado, se o Estado reduzisse a tributação Estão certos apenas os itens:
de determinado setor da economia, os custos desse
setor diminuiriam, o que possibilitaria a queda dos a) I e III.
preços de seus produtos e poderia gerar um cresci- b) I e IV.
mento das vendas. Outro efeito viável dessa política c) II e IV.
d) I, II e III.
seria o aumento do lucro das empresas, favorecendo-
e) II, III e IV.
-se, assim, a elevação dos seus investimentos — e,
consequentemente, da produção — e o surgimento de
11. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
novas empresas, o que provavelmente resultaria no
crescimento da produção, bem como no acirramento
Texto 1A2-I
da concorrência, com possíveis reflexos sobre os pre-
ços. Em qualquer um desses cenários, o setor seria Ética é o conjunto de princípios e valores que usamos
estimulado. individualmente para decidir nossa conduta social. Se
só existisse um ser humano no planeta, não existiria a
Internet: <https://politicaspublicas.almg.gov.br> (com adaptações).
questão ética, porque ela é a regulação da conduta, da
vida coletiva. Esse sujeito único seria absolutamente
A correção gramatical e os sentidos do texto 1A3-I soberano para fazer tudo sem se importar com nada.
seriam preservados caso o fragmento “favorecendo- Como vivemos todos juntos, precisamos ter princípios
-se, assim, a elevação dos seus investimentos” fosse e valores de convivência, de maneira que tenhamos
reescrito da seguinte forma. uma vida íntegra, do ponto de vista físico, material e
espiritual.
a) que favorecerá, assim, a elevação dos seus investimentos
b) em que favorece, assim, a elevação dos seus investimentos A ética é o conjunto desses princípios de convi-
c) à qual favoreça, assim, a elevação dos seus investimentos vência(E). A moral é a prática. Não existe ética
d) cuja elevação dos investimentos seria, assim, favorecida individual(D), existe ética de um grupo(C), de uma
78 e) o que favoreceria a elevação dos seus investimentos sociedade, de uma nação. Porém, existe moral
individual(B), porque moral é a prática. Ainda não resolver grande número de problemas materiais do
temos uma ética universal(A), isto é, que tenha valida- homem, quem sabe, inclusive, o da alimentação.
de para todos os seres humanos em qualquer tempo
e em qualquer lugar. O que mais se aproximou disso No entanto, a irracionalidade do comportamento é
foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de também máxima, servida frequentemente pelos mes-
1948. mos meios que deveriam realizar os desígnios da
racionalidade. Assim, com a energia atômica, pode-
As grandes questões universais são: o que é certo e o mos, ao mesmo tempo, gerar força criadora e destruir
que é errado? O que é o bem e o que é o mal? Tenho a vida pela guerra; com incrível progresso industrial,
um princípio pessoal para julgar o que é bom e o que aumentamos o conforto até alcançar níveis nunca
é ruim. Tudo o que eu fizer que ajude a mim ou outro sonhados, mas excluímos dele as grandes massas
ser humano a ter mais vitalidade e não diminua sua que condenamos à miséria; em muitos países, quanto
dignidade e capacidade é bom. Tudo o que eu fizer que mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima dis-
diminua sua dignidade, capacidade ou vitalidade não é tribuição dos bens. Portanto, podemos dizer que os
bom. mesmos meios que permitem o progresso podem pro-
vocar a degradação da maioria.
As questões éticas podem mudar ao longo da histó-
ria. O advento das plataformas digitais, por exemplo, Na Grécia antiga, por exemplo, teria sido impossível
trouxe novas questões éticas relacionadas à ideia de pensar em uma distribuição equitativa dos bens mate-
privacidade. A ética é relativa ao seu tempo. Ela só é riais(A), porque a técnica ainda não permitia superar
compreendida quando se levam em consideração a as formas brutais de exploração do homem(B), nem
sociedade em que surge, a época em que vem à tona e criar abundância para todos(C). Em nosso tempo, é
também a cultura em que se situa. possível pensar nisso, mas o fazemos relativamente
pouco. Essa insensibilidade(D) nega uma das linhas
Há coisas que quero, mas não posso. Há coisas que mais promissoras da história do homem ocidental,
posso, mas não devo. E há coisas que devo, mas não aquela que se nutriu das ideias amadurecidas no cor-
quero. O equilíbrio na vida vem quando o que você rer dos séculos XVIII e XIX(E).
quer é algo que você pode e algo que você deve.
Essas ideias abriram perspectivas que pareciam levar
Posso fazer qualquer coisa porque sou livre, mas não à solução dos problemas dramáticos da vida em
devo fazer qualquer coisa. E o que não devo fazer? O sociedade. E, de fato, durante muito tempo, acredi-
que macula a minha história, o que torna desonrosa a tou-se que, removidos uns tantos obstáculos, como
minha vitória, o que torna indecente o meu sucesso, o a ignorância e os sistemas despóticos de governo,
que torna repugnante o meu patrimônio... Isto é, tudo as conquistas do progresso seriam canalizadas no
aquilo que fraturar, que apodrecer a minha integridade. rumo imaginado pelos utopistas, porque a instrução,
o saber e a técnica levariam, necessariamente, à feli-
Até o século VI a.C., ethos (em grego arcaico) signi- cidade coletiva. Contudo, mesmo onde esses obstá-
ficava morada do humano, o lugar onde nós vivemos culos foram removidos, a barbárie continuou entre
juntos. Depois, os gregos passaram a chamar isso os homens, embora não mais se ache normal o seu
de oikos, o que chamamos de ecologia. Se moramos elogio, como se todos soubessem que ela é algo a ser
juntos, temos de conviver bem. Os latinos traduziram ocultado e não proclamado.
isso por “moral” — morada, moradia — ou “hábito” —
habitação. É onde vivemos juntos. Portanto, a ética Antonio Candido. Vários escritos. 3.ª ed. rev. e ampl. São Paulo:
Duas Cidades, 1995, p. 169-70 (com adaptações).
relaciona-se com a nossa convivência. Não existe
ser humano que tenha só vivência; tudo para nós é
convivência. No texto CB1A1-I, a forma pronominal presente na
contração “nisso” refere-se a
Mario Sergio Cortella. Ética e convivência. Internet: <www.multirio.
rj.gov.br> (com adaptações). a) “uma distribuição equitativa dos bens materiais”.
b) “superar as formas brutais de exploração do homem”.
No texto 1A2-I, a forma pronominal isso, em “disso”, c) “criar abundância para todos”.
remete a d) “Essa insensibilidade”.
e) “ideias amadurecidas no correr dos séculos XVIII e XIX”.
a) “ética universal”.
b) “moral individual” 13. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
c) “ética de um grupo”.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) “ética individual”. Algumas comidas curam, outras condenam o metabo-


e) “o conjunto desses princípios de convivência”. lismo. Inúmeras enfermidades estão associadas aos
vários tipos de alimentos. Assim como o sal é proibi-
12. (CESPE-CEBRASPE — 2019) tivo para quem sofre de problemas cardiovasculares
e o açúcar é fatal para o diabético, leites e derivados,
Texto CB1A1-I por exemplo, embora naturais, vêm se mostrando dire-
tamente relacionados a doenças crônicas e prosaicas,
É impressionante como, em nosso tempo, somos como a asma. Manifestada a doença, o passo seguin-
contraditórios no que diz respeito aos direitos humanos. te é consumir remédios para neutralizar sua ação.
Em comparação a eras passadas, chegamos a um Para a química Conceição Trucom, que estuda temas
máximo de racionalidade técnica e de domínio sobre voltados à alimentação natural, esse é um caminho
a natureza, o que permite imaginar a possibilidade de perigoso: “A doença nos indica que algo está errado.
79
Deveríamos enxergá-la não como uma inimiga que 15. (CESPE-CEBRASPE — 2020)
deve ser combatida, mas sim como uma amiga sin-
cera, que tem coragem de nos dizer que alguma coi- Texto CG1A1-I
sa está errada”. Quando a doença aparece, é hora de
entender a quais fatores ela está relacionada e fazer O estudo do desenvolvimento das ciências vai muito
uma investigação minuciosa da alimentação. além da simples percepção da progressão da técni-
ca ou do entendimento de como determinado objeto
Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br. Acesso em: 1 surgiu e de como ele funciona. Acima de tudo, trata
nov. 2018 (adaptado).
de compreender as variáveis incutidas nos desdo-
bramentos da evolução científico- tecnológica. Saber
No texto anterior, garante a progressão textual
quem melhor se aproveitou dessa evolução, qual teria
sido sua finalidade e quais mudanças sociais e de con-
a) a comparação da doença a uma amiga.
cepções culturais a ciência operou constitui o objetivo
b) a estruturação do texto em um único parágrafo.
último do historiador da ciência. Partir da máxima de
c) o emprego das aspas para destacar a fala da química.
Francis Bacon, de que o saber confere poder, pode ser
d) o emprego das expressões “Assim como” e “o passo
um início muito esclarecedor para essa questão.
seguinte”.
e) a menção a uma pessoa de referência na área de
A ciência tem como pressuposto de sua práxis a utili-
conhecimento tratada no texto.
zação de modelos teóricos que obedeçam a determi-
nados princípios, sem que isso implique a aceitação de
14. (CESPE-CEBRASPE — 2020)
uma razão universal e impessoal, à medida que os indi-
víduos inventam e constroem diversas racionalidades
Texto CG4A1-I
inerentes a cada sociedade e seus respectivos tipos de
saberes. Estes, por sua vez, exprimem estruturas, valo-
O peso de Eurídice se estabilizou, assim como a roti-
res e projetos específicos que geram, no interior dessas
na da família Gusmão Campelo. Antenor saía para
sociedades, concepções peculiares de conhecimen-
o trabalho, os filhos saíam para a escola e Eurídice
to, posto que o modo de questionar é solidário com o
ficava em casa, moendo carne e remoendo os pen-
modo de ser e viver, de crenças e valores, de práticas e
samentos estéreis que faziam da sua vida infeliz. Ela
instituições, presentes em cada grupo social.
não tinha emprego, ela já tinha ido para a escola, e
como preencher as horas do dia depois de arrumar as
Paulo Ferraz de Camargo Oliveira. Herança ou ruptura? In: Revista
camas, regar as plantas, varrer a sala, lavar a roupa, Leituras da História, n.º 129. São Paulo: Editora Escala, 2019, p. 17
temperar o feijão, refogar o arroz, preparar o suflê e (com adaptações).
fritar os bifes? Porque Eurídice, vejam vocês, era uma
mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos elaborados, Assinale a opção que apresenta o principal objeti-
ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório, vo do historiador da ciência, na perspectiva do texto
ela inventaria vacinas. Se lhe dessem páginas bran- CG1A1-I.
cas, ela escreveria clássicos. No entanto, o que lhe
deram foram cuecas sujas, que Eurídice lavou muito a) estudar o funcionamento de determinada máquina
rápido e muito bem, sentando-se em seguida no sofá, b) narrar fatos ligados ao desenvolvimento tecnológico
olhando as unhas e pensando no que deveria pensar. c) identificar mudanças sociais trazidas pela ciência
E foi assim que concluiu que não deveria pensar, e que, d) testar diferentes teorias e métodos de pesquisa
para não pensar, deveria se manter ocupada todas as e) adotar a ciência como técnica universal e impessoal
horas do dia, e que a única atividade caseira que ofe-
recia tal benefício era aquela que apresentava o dom 16. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
de ser quase infinita em suas demandas diárias: a
culinária. Eurídice jamais seria uma engenheira, nunca
Texto 1A11-I
poria os pés em um laboratório e não ousaria escrever
versos, mas essa mulher se dedicou à única atividade
Pixis foi um músico medíocre, mas teve o seu dia de
permitida que tinha um certo quê de engenharia, ciên-
glória no distante ano de 1837.
cia e poesia. Todas as manhãs, depois de despertar,
preparar, alimentar e se livrar do marido e dos filhos,
Em um concerto em Paris, Franz Liszt tocou uma peça
Eurídice abria o livro de receitas da Tia Palmira.
do (hoje) desconhecido compositor, junto com outra,
Martha Batalha. A vida invisível de Eurídice Gusmão. 1.ª ed. São do admirável, maravilhoso e extraordinário Beetho-
Paulo: Companhia das Letras, 2016 (com adaptações). ven (os adjetivos aqui podem ser verdadeiros, mas —
como se verá — relativos). A plateia, formada por um
Infere-se do texto CG4A1-I que a personagem Eurídice público refinado, culto e um pouco bovino, como são,
dedicava-se à culinária porque sempre, os homens em ajuntamentos, esperava com
impaciência.
a) essa atividade era um meio de expressar suas
potencialidades. Liszt tocou Beethoven e foi calorosamente aplaudido.
b) ela alimentava aversão aos estudos acadêmicos. Depois, quando chegou a vez do obscuro e inferior
c) essa atividade consistia em uma das suas habilidades Pixis, manifestou-se o desprezo coletivo. Alguns, com
natas. ouvidos mais sensíveis, depois de lerem o programa
d) ela tinha receio de fazer um curso superior. que anunciava as peças do músico menor, retiraram-
e) essa atividade permitia expandir suas relações -se do teatro, incapazes de suportar música de má
80 interpessoais. qualidade.
Como sabemos, os melômanos são impacientes com Um estudo publicado em 2016 pela FAO (Organização
as obras de epígonos, tão céleres em reproduzir, em das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricul-
clave rebaixada, as novas técnicas inventadas pelos tura) mostra que a produção mundial de alimentos é
grandes artistas. suficiente para atender a demanda das 7,3 bilhões de
pessoas que habitam a Terra. Apesar disso, aproxima-
damente uma em cada nove dessas pessoas ainda
Liszt, no entanto, registraria que um erro tipográfico vive a realidade da fome. A pesquisa põe em xeque
invertera, no programa do concerto, os nomes de Pixis toda a política internacional de combate à subnutrição
e Beethoven... crônica colocada em prática nas últimas décadas. Em
vez de crescimento da produção e ajudas momentâ-
A música de Pixis, ouvida como sendo de Beethoven, neas, surge agora como caminho uma abordagem ter-
foi recebida com entusiasmo e paixão, e a de Beetho- ritorial que valorize e potencialize a produção local.
ven, ouvida como sendo de Pixis, foi enxovalhada.
Embora os números absolutos estejam caindo, o tema
Esse episódio, cômico se não fosse doloroso, deveria ainda é um dos mais delicados da agenda internacio-
nal. Um exemplo da extensão do problema está na
nos tornar mais atentos e menos arrogantes a respei-
declaração dada em 2017 pelo Fundo das Nações
to do que julgamos ser arte. Unidas para a Infância (UNICEF), segundo a qual 1,4
milhão de crianças, de quatro diferentes países da
Desconsiderar, no fenômeno estético, os mecanismos África — Nigéria, Somália, Iêmen e Sudão do Sul —, cor-
de recepção é correr o risco de aplaudir Pixis como se re risco iminente de morrer de fome. A questão é tão
fosse Beethoven. antiga quanto complexa, e se conecta intrinsecamente
com a estrutura política e econômica sobre a qual o
Charles Kiefer. O paradoxo de Pixis. In: Para ser escritor. São Paulo: sistema internacional está construído. Concentração
Leya, 2010 (com adaptações). da renda e da produção, falta de vontade política e até
mesmo desinformação e consolidação de uma cultura
O autor do texto 1A11-I apresenta a narrativa do con- alimentar pouco nutritiva são fatores que compõem o
certo de Liszt com o propósito de cenário da fome e da desnutrição no planeta.

Internet: <www.nexojornal.com.br> (com adaptações).


a) reconhecer que Pixis era tão genial quanto Beethoven.
b) criticar o modo como algumas pessoas consomem
Infere-se do texto CG2A1-I que uma das contribuições
arte. do estudo publicado em 2016 pela FAO foi:
c) dar notoriedade à carreira de Pixis.
d) alertar o público de que não se deve confiar em tudo a) fornecer dados estatísticos inéditos acerca da situa-
que se lê. ção da fome e da produção de alimentos no mundo.
e) incentivar o público a ampliar seu repertório musical. b) desconstruir a ideia de que a situação da fome no mundo
decorre de escassez na produção mundial de alimentos.
17. (CESPE-CEBRASPE — 2019) c) distinguir as consequências da política internacional de
combate à subnutrição crônica em diferentes países.
Texto CG2A1-I d) fortalecer as medidas de combate à fome centradas
no aumento da produção mundial de alimentos.
e) propor a expansão das estratégias de combate à fome
Na década de 1960, o mundo passou por um aumento
adotadas em diferentes países nas últimas décadas.
populacional inédito devido à brusca queda na taxa de
mortalidade, o que gerou preocupações sobre a capa-
18. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
cidade dos países em produzir comida para todos.
A solução encontrada foi desenvolver tecnologia e
O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao infer-
métodos que aumentassem a produção. no: os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são
outros ladrões de maior calibre e de mais alta esfera;
Em 1981, o indiano ganhador do Prêmio Nobel de Eco- os quais debaixo do mesmo nome e do mesmo predi-
nomia, Amartya Sen, em seu livro Pobreza e Fomes, camento distingue muito bem São Basílio Magno. Não
identificou a existência de populações com fome mes- só são ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas, ou
mo em países que não convivem com problemas de espreitamos que se vão banhar para lhes colher a rou-
abastecimento. O economista indiano traçou então, pa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem
pela primeira vez, uma relação causal entre fome e este título são aqueles a quem os reis encomendam os
questões sociais como pobreza e concentração de exércitos e legiões ou o governo das províncias, ou a
renda. Tirou, assim, o foco de aspectos técnicos e administração das cidades, os quais já com mancha, já
LÍNGUA PORTUGUESA

mudou o tom do debate internacional sobre a questão com forças roubam cidades e reinos: os outros furtam
e as políticas públicas a serem tomadas a partir daí. debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os
outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enfor-
As últimas décadas foram de grande evolução no com- cam. Diógenes que tudo via com mais aguda vista que
os outros homens viu que uma grande tropa de varas
bate à fome em escala global. Nos últimos 25 anos,
e ministros da justiça levava a enforcar uns ladrões e
7,7% da população mundial superou o problema, o que
começou a bradar: lá vão os ladrões grandes a enforcar
representa 216 milhões de pessoas. É como se mais os pequenos... Quantas vezes se viu em Roma a enfor-
que toda a população brasileira saísse da subnutrição car o ladrão por ter roubado um carneiro, e no mesmo
em menos de três décadas. Contudo, 10,8% do mundo dia ser levado em triunfo, um cônsul, ou ditador por ter
ainda vive sem acesso a uma dieta que forneça o míni- roubado uma província?...De Seronato disse com dis-
mo de calorias e nutrientes necessários para uma vida creta contraposição Sidônio Apolinário: Nom cessat
saudável, e 21 mil pessoas morrem diariamente por simul furta, vel punire, vel facere. Seronato está sempre
fome ou problemas derivados dela. 81
ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os 20. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria
tirar os ladrões do mundo para roubar ele só! Decla- “A luta pela democracia no Brasil exige hoje que a inter-
rando assim por palavras não minhas, senão de mui- net seja livre. Na verdade, um aspecto interessante da
to bons autores, quão honrados e autorizados sejam contemporânea evolução do capitalismo dá-se pela cen-
os ladrões de que falo, estes são os que disse, e digo tralidade da produção de bens imateriais, que acrescen-
levam consigo os reis ao inferno. tam à riqueza comum. É por isso necessário que essa
riqueza venha a tomar forma na universalização do aces-
VIEIRA, Antônio. O sermão do bom ladrão. Disponível em: www. so aos meios de comunicação, de democracia e de ela-
dominiopublico.gov.br. Acesso em: nov. 2016 (adaptado). boração simbólica. A imposição de limites ao transporte
eletrônico de dados vai na contramão desse propósito.
Padre Antônio Vieira, clérigo jesuíta de origem portu- Eis porque é absolutamente essencial reconhecer essa
guesa que viveu no Brasil no século XVII, proferiu inú- outra agenda de lutas em defesa da liberdade e da digni-
meros sermões que articulavam questões teológicas dade humana.”
e políticas. Em O Sermão do Bom Ladrão — apresenta-
do em 1655, em Lisboa —, para convencer sua audiên- SALOMÃO, Margarida. Revista Teoria e Debate. Edição 149. 29 jun.
cia do ponto de vista defendido sobre a classe política, 2018.
Vieira adota como estratégia
Qual expressão sintetiza a posição crítica defendida
a) traçar um paralelo que evidencie o contraste das puni- pela autora em relação ao uso social da internet como
ções atribuídas a quem comete pequenos delitos e sistema de comunicação e informação?
àqueles que atentam contra toda a sociedade.
a) Mais acesso à internet significa mais acesso à democracia.
b) recorrer ao apelo sentimental de narrativas sobre con-
b) A evolução do capitalismo impede a produção de bens
denações de inocentes a fim de comover o público e
imateriais.
despertar a consciência da injustiça.
c) Menos acesso à internet torna impraticável a liberdade
c) citar referências da literatura latina como argumento de pensamento.
de autoridade, dificultando a contra-argumentação de d) A universalização do acesso à internet dificulta a produ-
sua crítica à postura criminosa dos homens públicos. ção de riqueza comum.
d) apelar para o efeito de consternação provocado pela des- e) Menos acesso à democracia corresponde à imposição
crição detalhada de imagens de violência física cometida de limites ao transporte de dados.
pelos homens públicos contra a população mais pobre.
e) construir uma gradação em termos de gravidade dos
delitos cometidos pelos políticos, destacando primei-
9 GABARITO
ramente os que cometem crimes para a própria sobre-
vivência até aqueles que roubam para exercer o poder. 1 C

2 D
19. (CESPE-CEBRASPE — 2019)
3 C

4 A

5 B

6 E

7 A

8 E

9 E
A imagem anterior retrata a relação entre evolução e 10 A
domínio de novas tecnologias pelos homens. Sendo
verdadeiras as correlações ali estabelecidas, há uma 11 A
tendência observável no mundo: que o uso das tecno- 12 A
logias de comunicação e de informação
13 D
a) impacte a evolução do homem como espécie e seu
14 A
modo de produção, mas não sua organização social.
b) impacte a evolução do homem como espécie e sua 15 C
organização social, mas não seu modo de produção.
c) impacte a evolução do homem como espécie, mas não 16 B
seu modo de produção nem sua organização social. 17 B
d) não impacte a evolução do homem como espécie,
mas impacte sua organização social e seu modo de 18 A
produção.
19 D
e) não impacte a evolução do homem como espécie nem
seu modo de produção, mas impacte seu modo de 20 A
82 organização social.
Condicional (conectivo “Se então”)

Representação simbólica: →
Exemplo:

RACIOCÍNIO LÓGICO z Na linguagem natural:

QUANTITATIVO „ Se estudar, então vai passar.

z Na linguagem simbólica:
„ p → q

ESTRUTURAS LÓGICAS E LÓGICA DE Bicondicional (conectivo “Se e somente se”)


ARGUMENTAÇÃO
Representação simbólica:
ESTRUTURA LÓGICA Exemplo:

A negação com o conectivo “não” z Na linguagem natural:


„ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
Representação simbólica: (~p) ou (¬p) dinheiro.
Sabemos que o valor lógico de “p” e “~p” são opos-
tos, isto é, se p é uma proposição verdadeira, ~p será z Na linguagem simbólica:
falsa, e vice-versa. Exemplo: „ p ⟷ q
p: Matemática é difícil.
(~p) ou (¬p): Matemática não é difícil.

Outras maneiras que também podemos usar para EXERCÍCIOS COMENTADOS


negar uma proposição, e que vem aparecendo muito
nas provas de concursos, são: 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João,
Não é verdade que matemática é difícil. Carlos, Paulo e Maria:
É falso que matemática é difícil. P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é
mentiroso”. R: “Maria é inocente”.
Conjunção (Conectivo “E”)
Considerando que ~X representa a negação da propo-
sição X, julgue o item a seguir.
Representação simbólica: ^
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é
Exemplo:
culpada.” pode ser representada simbolicamente por
z Na linguagem natural: (~Q)↔(~R).
„ O macaco bebe leite e o gato come banana.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Na linguagem simbólica:
„ p ^ q Veja que temos uma proposição condicional (se então)
e a representação simbólica apresentada é de uma
Disjunção Inclusiva (Conectivo “ou”) bicondicional. Representação da condicional (). Res-
posta: Errado.
Representação simbólica: v
Exemplo: 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
z Na linguagem natural: argumentação.
„ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. A proposição “A construção de portos deveria ser
uma prioridade de governo, dado que o transporte
z Na linguagem simbólica:
de cargas por vias marítimas é uma forma bastante
„ p v q
econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
Disjunção Exclusiva (conectivo “Ou...ou”)
são proposições simples adequadamente escolhidas.
Representação simbólica: ⊻
Exemplo: ( ) CERTO  ( ) ERRADO

z Na linguagem natural: A representação simbólica apresentada para julgar-


„ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta. mos é de uma conjunção e na questão foi apresen-
tada uma proposição composta pela condicional na
z Na linguagem simbólica: forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
„ p ⊻ q e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado. 83
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes
proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente DIAGRAMAS LÓGICOS
receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
Tendo como referência essas proposições, julgue o DIAGRAMAS LÓGICOS (SILOGISMOS)
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
a negação da proposição S. Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas,
o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
que são elementos que especificam a extensão da vali-
cação ou não receberá visitas.
dade de um predicado sobre um conjunto de constan-
( ) CERTO  ( ) ERRADO tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
que indicam que houve quantificação. São exemplos
P: O paciente receberá alta; de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
~P: O paciente não receberá alta; pelo menos um, nenhum.
Q: O paciente receberá medicação; Esses quantificadores podem ser classificados em
R: O paciente receberá visitas.
dois tipos:
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida:
Se o paciente NÃO receber alta, então ele receberá
z Quantificador Universal: “todo” e “nenhum”;
medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.
z Quantificador Existencial (particulares): “pelo menos
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item a seguir, a um”, “existe um” e o “algum”.
respeito de lógica proposicional.
A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo Quantificador Universal “Todo” (afirmativo)
Estado é consequência da radicalização da socieda-
de civil em suas posições políticas.” pode ser corre- Exemplo:
tamente representada pela expressão lógica P→Q,
em que P e Q são proposições simples escolhidas Todo A é B.
adequadamente.
Todo homem joga bola.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado é
exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar
(verbo de ligação) consequência da radicalização
da sociedade civil em suas posições políticas. Temos que Todo A é B significa que todo elemento de A tam-
apenas um verbo e por esse motivo é uma proposi- bém é elemento de B. Logo, podemos representar com
ção simples. o diagrama:
Cuidado com o uso da palavra CONSEQUÊNCIA em
proposições como esta. Em determinadas situações, B
de fato, teremos uma proposição condicional, senão
vejamos: A
Passar (verbo no infinitivo) é consequência de estu-
dar (verbo no infinitivo)
Nesse caso, temos uma proposição composta pela
condicional. Resposta: Errado.
O conjunto A dentro do conjunto B
5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Considerando os símbo-
los normalmente usados para representar os conecti- Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi-
vos lógicos, julgue o item seguinte, relativos a lógica cos das outras proposições categóricas, interpretando
proposicional e à lógica de argumentação. Nesse sen-
os diagramas, serão os seguintes:
tido, considere, ainda, que as proposições lógicas sim-
Nenhum A é B – É falsa.
ples sejam representadas por letras maiúsculas.
A sentença A fiscalização federal é imprescindível Algum A é B – É verdadeira.
para manter a qualidade tanto dos alimentos quanto Algum A não é B – é falsa.
dos medicamentos que a população consome pode
ser representada simbolicamente por P∧Q. Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)

( ) CERTO  ( ) ERRADO Exemplo:


Nenhum A é B.
Para ser proposição composta, haveria mais de um Nenhum homem joga bola.
VERBO na frase, por isso, a frase em questão é con-
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
siderada uma proposição SIMPLES. Procure o verbo
na oração. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
A fiscalização federal é imprescindível para manter que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
a qualidade tanto dos alimentos quanto dos medica- mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
84 mentos que a população consome. Resposta: Certo. tação com diagrama:
Veja que em todas as representações o conjunto
A B A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
Todo A é B – É falsa.
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B Nenhum A é B – É indeterminada.
Algum A não é B – É indeterminado.
Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
lógicos das outras proposições categóricas, interpre- SILOGISMOS
tando o diagrama, serão os seguintes:
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro
Todo A é B – É falsa. do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por
Algum A é B – É falsa. três proposições, em que de duas delas, que funcio-
Algum A não é B – é verdadeira. nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra
proposição que é a sua conclusão ou consequente.
Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de
Menos um” / “Existe” argumento.

Exemplo: Estrutura do silogismo categórico


Algum A é B.
Algum homem joga bola. z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con-
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no têm o termo maior (T), que é sempre o predicado
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da
que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo qual faz parte.
menos um elemento em comum com o conjunto B, ou z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con-
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode- têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
mos fazer quatro representações com diagramas: conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
A B médio (M).
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
maior e termo menor. Aparece nas duas premis-
sas, mas nunca aparece na conclusão.

Veja os exemplos abaixo:

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum Exemplo 1:

Veja que em todas as representações de A e B z Todos os mamíferos são animais.


possuem intersecção. Então, quando “Algum A é B” z Os cães são mamíferos.
é verdadeira, os valores lógicos das outras proposi- z Logo, os cães são animais.
ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
seguintes: „ Termo maior: animais;
Todo A é B – É indeterminado „ Termo menor: cães;
Nenhum A é B – É falsa. „ Termo médio: mamíferos.
Algum A não é B – É indeterminado.
Exemplo 2:
Quantificador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo
Menos um” / “Existe” + a partícula “Não” z Todos os homens são mortais.
z Sócrates é homem.
Exemplo: z Logo, Sócrates é mortal. RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Algum A não é B.
Algum homem não joga bola. „ Termo maior: mortais;
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no „ Termo menor: Sócrates;
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar „ Termo médio: homem.
que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
pelo menos um elemento que não pertence ao con- REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
diagramas: Regras relativas aos termos:

z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o


menor e o médio. Exemplo:

„ As margaridas são flores.


„ Algumas mulheres são Margaridas.
„ Logo, algumas mulheres são flores.
Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
contato de alguns elementos de A com B
85
„ Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo Pelo menos, uma premissa tem de ser universal,
equívoco. Não respeitamos esta regra, porque para que possa existir ligação entre o termo médio e
este silogismo tem 4 termos. O termo “margari- os outros termos e ser possível extrair uma conclusão.
das” está empregue em 2 sentidos, valendo por Esquematizando!
2 termos.
REGRAS
z 2ª Regra – Se um termo está distribuído na con-
clusão, tem de estar distribuído nas premissas. PREMISSAS TERMOS
Exemplo:
z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém
„ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não tivas, nada se conclui somente três termos:
z De duas premissas afir- maior, médio e menor
distribuído)
mativas não pode haver z Os termos da conclusão
„ Os portugueses não são espanhóis.
conclusão negativa não podem ter extensão
„ Logo, os portugueses não são inteligentes. z A conclusão segue sem- maior que os termos
pre a premissa mais fraca das premissas
Menor extensão na conclusão do que nas premissas. z De duas premissas parti- z O termo médio não pode
culares, nada se conclui entrar na conclusão
z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na z O termo médio deve
conclusão. Exemplo: ser universal ao menos
uma vez
„ Toda planta é ser vivo.
„ Todo animal é ser vivo.
„ Todo ser vivo é animal ou planta.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído
pelo menos uma vez. Exemplo: 1. (FGV – 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum
pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto con-
„ Alguns (não distribuído) homens são ricos. cluir que
„ Alguns (não distribuído) homens são artistas.
„ Alguns artistas são ricos. a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”.
b) “Quem não é pescador não sabe nadar”
Regras relativas às proposições: c) “Todos os pescadores sabem nadar”.
d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”.
z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.
pode concluir. Exemplo:
Veja que a questão pede a negação do quantificador
“nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos
„ Nenhum palhaço é chinês.
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e
„ Nenhum chinês é holandês.
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra-
„ Logo, (não se pode concluir).
tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos
um quantificador universal negativo e sabemos que
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela- para negar precisamos de um particular afirmativo,
ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B
que não existe nenhuma relação entre estes e o termo não está de acordo com a regra. Você também pode-
médio (que é o único que nos permite relacioná-los). ria usar o lembrete “NENHUM nega com PEA”.
Resposta: Letra A.
z 6ª Regra – De duas premissas afirmativas não se
pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo: 2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum
assistente social acompanhou o julgamento” está na
„ Todos os mortais são desconfiados. alternativa:
„ Alguns seres são mortais.
„ Alguns seres não são desconfiados. a) Algum assistente social não acompanhou o julgamento.
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o
z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais julgamento.
fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o
for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se julgamento.
uma premissa for particular, a conclusão tem de d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento.
ser particular. Exemplo: e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o
julgamento.
„ Todos os homens são felizes.
„ Alguns homens são espertos. A questão pede a negação do “algum” – quantifica-
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para
pode ser geral) fazer essa negação, usamos um quantificador uni-
versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”,
z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa
pode concluir. Exemplo: sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o julgamento”
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga-
„ Alguns italianos não são vencedores.
mento” Resposta: Letra D.
„ Alguns italianos são pobres.
86 „ Logo, (nada se pode concluir).
3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres- Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia APENAS:
da informação são bons desenvolvedores”.
a) I e III.
a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação b) I e II.
não é bom desenvolvedor. c) III e IV.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom d) II e III.
desenvolvedor. e) II e IV.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não
são bons desenvolvedores. Você precisa lembrar das equivalências para res-
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são
ponder essa questão.
bons desenvolvedores.
� “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno-
logia da informação. “Todo Matemático é Dialético”;
� “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem- matemático, então é Dialético”.
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”, Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”, II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo, reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação
são bons desenvolvedores” Dialético
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec-
nologia da informação não é bom desenvolvedor.
Resposta: Letra A.
Mat.
4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à
negação lógica da proposição composta: “todos os
cantores são músicos e existe advogado que é can- III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
tor”, é: co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
também que temos um dos casos de equivalência
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
seja cantor. IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
advogado que seja cantor. como vimos nos diagrama da alternativa II).
c) Há cantores que são músicos e existe advogado que Resposta: Letra A.
não é cantor.
d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que VERDADES E MENTIRAS
seja cantor.
e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga- Estamos diante de um assunto bem interessante,
do que é cantor. pois em Verdades e Mentiras você será apresentado a
um caso onde várias pessoas afirmam certas situações
Só podemos negar um Quantificador Universal e entre elas existe aquela que diz algo verdadeiro, mas
(“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen- também há aquela que só mente. Então, o seu dever
cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim, é entender o que o enunciado está querendo e achar
eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas quem são os mentirosos e verdadeiros.
as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor- Em algumas questões, você terá que fazer um teste
gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo. lógico e depois avaliar cada afirmação que está dis-
Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q: posta no enunciado. Caso não aconteça divergência
P: todos os cantores são músicose (^) entre as informações, sua suposição estará correta e RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Q: existe advogado que é cantor. você conseguirá achar quem está falando a verdade
Negando: ou mentindo. Agora, se houver divergência, você terá
~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos que fazer uma nova suposição. Esse tema não tem
um não é = algum não é) ou (v) teoria como já vimos em alguns pontos do Raciocínio
~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe = Lógico, então, vamos aprender como resolver esse
nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou tipo de questão praticando bastante.
não existe advogado que seja cantor”. Resposta:
Letra B.

5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro- EXERCÍCIOS COMENTADOS


posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
enuncia que tal proposição implica, necessariamente, 1. (FCC – 2012) Huguinho, Zezinho e Luizinho, três
que irmãos gêmeos, estavam brincando na casa de seu
tio quando um deles quebrou seu vaso de estimação.
I. se Carlos é matemático, então ele é dialético. Ao saber do ocorrido, o tio perguntou a cada um deles
II. se Pedro é dialético, então é matemático. quem havia quebrado o vaso. Leia as respostas de
III. se Luiz não é dialético, então não é matemático. cada um.
IV. se Renato não é matemático, então não é dialético. 87
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” Como o enunciado diz que apenas uma delas está
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!” mentindo, podemos pensar que se Bruna estivesse
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” mentindo, ela seria a mais velha e a mais jovem ao
mesmo tempo, o que é logicamente impossível em
Sabendo que somente um dos três falou a verdade, um grupo de 4 meninas.
conclui-se que o sobrinho que quebrou o vaso e o que Sendo assim, a única que poderia estar mentindo é a
disse a verdade são, respectivamente,
Ângela. Logo, Carol é a mais velha, Denise é a mais
jovem. Resposta: Letra D.
a) Huguinho e Luizinho.
b) Huguinho e Zezinho.
c) Zezinho e Huguinho. 3. (VUNESP – 2018) Paulo, Lucas, Sandro, Rogério e
d) Luizinho e Zezinho. Vitor são suspeitos de terem furtado a bicicleta de
e) Luizinho e Huguinho. uma pessoa. Na delegacia:

Para esse tipo de questão devemos buscar as infor- z Vitor afirmou que não tinha sido nem ele nem Rogério;
mações contraditórias, pois numa contradição z Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
haverá uma “verdade e mentira”. z Rogério disse que tinha sido Paulo;
Sendo assim, o enunciado diz que somente um dos z Lucas disse ter sido Paulo ou Vitor;
três falou a verdade. Então, vamos analisar as infor- z Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
mações contraditórias:
Veja que as afirmações de Zezinho e Luizinho se Sabe-se que um e apenas um deles mentiu. Sendo
contradizem. assim, a pessoa que furtou a bicicleta foi
Zezinho → “Foi o Luizinho quem quebrou o vaso!”
Luizinho → “O Zezinho está mentindo!” a) Lucas.
Não podemos afirmar quem disse a VERDADE ou
b) Sandro.
quem MENTIU ainda, mas já sabemos que quem
c) Rogério.
quebrou o vaso foi Huguinho (sobrou apenas MEN-
TIRA para quem não está na contradição). d) Vitor.
Huguinho → “Eu não quebrei o vaso!” – MENTIRA, e) Paulo.
logo ele quebrou o vaso.
Eliminamos as letras C, D e E. As frases de Paulo e Sandro são contraditórias. Veja:
Agora, perceba que não tem como o Zezinho está Sandro jurou que o ladrão era Rogério ou Lucas;
falando a verdade, pois já sabemos que foi Huguinho Paulo termina dizendo que Sandro é um mentiroso.
quem quebrou o caso. Logo, Zezinho está mentindo e Se um estiver falando a verdade, outro está men-
Luizinho falando a verdade. Resposta: Letra A. tindo. Como, ao todo, temos apenas uma mentira,
então as demais frases são verdadeiras. Assim,
2. (IF-PA – 2019) Ângela, Bruna, Carol e Denise são analisando as afirmações, percebemos que a frase
quatro amigas com diferentes idades. Quando se per- de Rogério (que é 100% verdade) deixa claro que o
guntou qual delas era a mais jovem, elas deram as culpado foi Paulo. Resposta: Letra E.
seguintes respostas:
4. (COLÉGIO PEDRO II – 2017) Na mesa de um bar estão
z Ângela: Eu sou a mais velha; cinco amigos: Arnaldo, Belarmino, Cleocimar, Dionésio
z Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais jovem; e Ercílio. Na hora de pagar a conta, eles decidem divi-
z Carol: Eu não sou a mais jovem; di-la em partes iguais. Cada um deles deve pagar uma
� Denise: Eu sou a mais jovem.
quota. O garçom confere o valor entregue por eles e
nota que um deles não entregou sua parte, consegue
Sabendo que uma das meninas não estava dizendo a
detê-los antes que deixem o bar e os interroga, ouvin-
verdade, a mais jovem e a mais velha, respectivamen-
do as seguintes alegações:
te, são:

a) Bruna é a mais jovem e Ângela é a mais velha. I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo;
b) Ângela é a mais jovem e Denise é a mais velha. II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
c) Carol é a mais jovem e Bruna é a mais velha. III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar;
d) Denise é a mais jovem e Carol é a mais velha. IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio;
e) Carol é a mais jovem e Denise é a mais velha. V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino.

Vamos analisar: Considerando-se que apenas um dos cinco amigos men-


� Ângela: Eu sou a mais velha; tiu, pode-se concluir que quem não pagou a conta foi?
� Bruna: Eu sou nem a mais velha nem a mais
jovem; a) Arnaldo.
� Carol: Eu não sou a mais jovem; b) Belarmino.
� Denise: Eu sou a mais jovem. c) Cleocimar.
Não tem como Carol e Denise estarem mentido, pois d) Dionésio.
se Carol estiver mentindo, então ela é a mais jovem e) Ercílio.
e automaticamente a Denise estará mentindo tam-
bém. E se a Denise estiver mentindo e não for a mais
São cinco amigos, e apenas um mente (4 verdadei-
jovem, teremos um cenário em que todas as meni-
nas afirmam, de uma forma ou de outra, que não ros e 1 mentiroso). Analisando as “falas” dos 5 ami-
são as mais jovens, e pelo menos uma delas tem que gos, já foi possível identificar a contradição. Repare
ser a mais jovem. o que diz Dionésio e Ercílio:
II. Foi o Cleocimar ou o Belarmino, disse Dionésio;
88
IV. O Dionésio está mentindo, disse Ercílio; Temos uma questão que relaciona os conceitos de
Logo, podemos afirmar que todas os outros dizem conjuntos de Venn, pedindo a interseção. Vamos
a verdade: somar todos os valores e descontar do total. Fica:
I. Não fui eu nem o Cleocimar, disse Arnaldo; Total = 320.
III. Foi o Ercílio, disse Cleocimar; Séries = 256.
V. Foi o Ercílio ou o Arnaldo, disse Belarmino. Filmes = 194.
Aqui já achamos a nossa reposta, pois Cleocimar fala
Resolução = 256 + 194 = 450 - 320 = 130 gostam de
a verdade e disse que foi o Ercílio. Resposta: Letra E.
filmes e séries ao mesmo tempo. Resposta: Letra B.
5. (FCC – 2017) Cássio, Ernesto, Geraldo, Álvaro e Jair
são suspeitos de um crime. A polícia sabe que apenas 2. (FCC – 2019) Antônio, Bruno e Carlos correram
um deles cometeu o crime. No interrogatório, os sus- uma maratona. Logo após a largada, Antônio esta-
peitos deram as seguintes declarações: va em primeiro lugar, Bruno em segundo lugar e
Carlos em terceiro lugar. Durante a corrida Bru-
Cássio: Jair é o culpado do crime. no e Antônio trocaram de posição 5 vezes, Bruno
Ernesto: Geraldo é o culpado do crime. e Carlos trocaram de posição 4 vezes e Antônio e
Geraldo: Foi Cássio quem cometeu o crime. Carlos trocaram de posição 7 vezes. A ordem de
Álvaro: Ernesto não cometeu o crime. chegada foi
Jair: Eu não cometi o crime.
a) Antônio (1º), Carlos (2º) e Bruno (3º).
Sabe-se que o culpado do crime disse a verdade na b) Bruno (1º), Carlos (2º) e Antônio (3º).
sua declaração. Dentre os outros quatro suspeitos, c) Bruno (1º), Antônio (2º) e Carlos (3º).
exatamente três mentiram na declaração. Sendo d) Carlos (1º), Bruno (2º) e Antônio (3º).
assim, o único inocente que declarou a verdade foi e) Carlos (1º), Antônio (2º) e Bruno (3º).
a) Cássio.
Para resolver essa questão basta saber que: se o
b) Ernesto.
número de trocas for PAR (não importa a quantida-
c) Geraldo.
d) Álvaro. de) as posições vão ser mantidas, se for ímpar (não
e) Jair. importa a quantidade), serão trocadas.
Logo,
Veja que as frases ditas por Cássio e Jair são contraditó- 1º Antônio
rias, ou seja, aqui temos uma VERDADE e uma MENTIRA. 2º Bruno
Cássio: Jair é o culpado do crime. 3º Carlos
Jair: Eu não cometi o crime. Bruno e Antônio trocaram 5 vezes  número ímpar,
Se Cássio estiver falando a verdade, então Jair é cul- então, Antônio trocará de lugar com Bruno: 1º Bru-
pado e disse a verdade como o enunciado afirmou. no 2º Antônio 3º Carlos
Mas, note que não podemos ter duas verdades como Bruno e Carlos trocaram 4 vezes  número par,
a situação apresentada nos mostrou, pois é uma cada um ficará no seu lugar: 1º Bruno 2º Antônio
contradição. Logo, Jair foi quem disse a verdade e 3º Carlos
não foi quem cometeu o crime, ou seja, é um inocen- Antônio e Carlos trocaram 7 vezes  número ímpar,
te e falou a verdade. Resposta: Letra E.
então, Antônio trocará de lugar com Carlos:
1º Bruno 2º Carlos 3º Antônio. Resposta: Letra B.
LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO: PROBLEMAS
ENVOLVENDO LÓGICA E RACIOCÍNIO LÓGICO
3. (VUNESP – 2019) Três moças, Ana, Bete e Carol, tra-
balham no mesmo ambulatório. Na segunda-feira,
Dentro de toda a teoria que já foi estudada sobre os
diversos conceitos de Raciocínio Lógico, vamos agora Ana chegou depois de Bete, e Carol chegou antes
resolver algumas questões que envolvem problemas de Ana. Nesse dia, Carol não foi a primeira a che-
com lógica e raciocínio. Aqui não tem teoria, pois como gar no serviço.
disse: esse tópico reúne diversos conceitos já estudados, A primeira, a segunda e a terceira moça a chegar
tais como Diagrama de Venn, Associação Lógica, Equiva- no serviço nesse dia foram: RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
lências, Negações, etc. Logo, devemos resolver questões
para entendermos como são cobradas em provas. a) Bete, Ana e Carol.
b) Bete, Carol e Ana.
1. (FUNDATEC – 2020) Em shopping da cidade, foram c) Ana, Carol e Bete.
entrevistadas 320 pessoas para apurar quem gos- d) Ana, Bete e Caro.
ta de séries ou quem gosta de filmes. Dos dados e) Carol, Bete e Ana.
levantados, tem-se que 256 gostam de séries e 194
gostam de filmes. Sabendo que todos preferem
Ana chegou depois de Bete  Então, Ana não foi a
pelo menos uma das duas opções e que ninguém
primeira a chegar, elimine as alternativas C e D.
disse que não gosta de nada, quantas pessoas gos-
tam de séries e filmes ao mesmo tempo? Carol chegou antes de Ana  Se Carol chegou antes
de Ana, e Ana não foi a primeira a chegar, então Ana
a) 110. foi a última a chegar, elimine a alternativa A.
b) 130. Carol não foi a primeira a chegar no serviço.  Já
c) 150. que Carol não foi a primeira a chegar, elimine a
d) 170. alternativa E.
e) 190. Conclusões: 1º Bete, 2º Carol e 3º Ana. Resposta:
Letra B. 89
4. (IBADE – 2020) Numa avenida em linha reta, a agência Argumentos Válidos
dos correios fica entre a escola e o restaurante, e a
escola fica entre o restaurante e a ótica. Então, con- Também podem ser chamados de argumentos
clui-se que: bem-construído ou legítimo.
Para que o argumento seja válido, não basta que
a) a ótica fica entre o restaurante e a agência dos a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis-
correios. sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente,
b) o restaurante fica a escola e agência dos correios. ou seja, quando a conclusão é uma consequência
c) a escola fica entre a agência dos correios e o necessária das premissas, dizemos que o argumento
restaurante. é válido.
d) a agência dos correios fica entre a ótica e a escola. Vamos analisar o exemplo:
e) a escola fica entre a ótica e a agência dos correios.
p1: Todo padre é homem.
Primeiro: Escola__Correios__Restaurante p2: José é padre.
Segundo: A escola fica entre o restaurante e a ótica. c: José é homem.
Ótica__Escola__Correios__Restaurante
(A escola está entre a ótica e o restaurante, nessa Quando temos argumentos utilizando os quanti-
representação). Resposta: Letra E. ficadores lógicos, representamos através dos diagra-
mas lógicos para saber a validade de um argumento.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Seis amigos — Alberto, Veja que temos uma proposição do tipo “Todo A é B”,
Bruno, Carla, Dani, Evandro e Flávio — estão enfi- logo:
leirados, da esquerda para a direita, e dispostos da
seguinte forma:
Homem
I. Bruno está em uma posição anterior à de Carla;
II. Carla está imediatamente após Dani; Padre
III. Evandro não está antes de todos os outros, mas
está mais próximo da primeira posição do que da
última;
IV. Flávio está em uma posição anterior à de Bruno; José
V. Bruno não ocupa a quarta posição da fila.

Com base nessas informações, julgue o item a


seguir, considerando a ordenação da esquerda
para a direita. Perceba que a premissa 2 afirma que José é padre,
Bruno e Dani estão, necessariamente, em posições ou seja, José tem que estar dentro do conjunto dos
consecutivas. padres. Sendo assim, como não há possibilidade de
um padre não ser homem, podemos afirmar que José
( ) CERTO  ( ) ERRADO também é homem, como afirma nossa conclusão.
Logo, o argumento é válido.
A primeira informação nos diz que Bruno está antes Vamos analisar agora um argumento usando
de Carla. conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
Da esquerda para a direita; devemos usa o seguinte lembrete:
____Bruno___Carla___
No espaço pode conter outros amigos ou não; 1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
O item II deixa claro que Carla está logo após Dani, premissas são verdadeiras;
sem ninguém entre elas. 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
___Dani-Carla___ conectivo envolvido no argumento;
Juntando à anterior, fica: 3°. Se der ERRO (não ficar de acordo com o padrão
___Bruno___Dani-Carla___ de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
Item IV fala que Flávio está antes de Bruno: mento é válido.
__Flávio___ Bruno___ Dani-Carla___
Falta Alberto e Evandro, lembrando que: Veja na prática:
Só a Dani pode ser a quarta pessoa ou não:
Flávio – Evandro – Bruno – Alberto – Dani – Carla Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Obedecendo todas as regras, o quarto pode ser Alber- Fez sol. (V)
to ou Bruno, então, necessariamente deixa o item Logo, vou à praia. (F)
errado, pois tem outra forma. Resposta: Errado.
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/ proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia
é falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmo
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta- valores lógicos para proposição composta pelo conec-
remos interessados em verificar se eles são válidos tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,
ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o
que significa um argumento válido e um argumento (V) (F)
inválido. Se fizer sol, então vou à praia. (V)
90 Fez sol. (V)
Logo, vou à praia. (F) 2°. Ela pode não ser criança e não gostar de chocolate.
Sendo assim, não há possibilidade de afirmar com
Como já sabemos e estudamos lá no módulo de ta- 100% de certeza que Patrícia não gosta de chocola-
bela-verdade, quando temos a combinação lógica ver- te, como consta na conclusão. Logo, o argumento é
dade no antecedente e falso no consequente (V  inválido.
F) para o conectivo “se...,então”, o nosso resultado só
poderá ser falso. Para um argumento usando conectivos lógicos,
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos
(V) (F) válidos, só muda um detalhe. Veja:
Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
Fez sol. (V) 1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
Logo, vou à praia. (F) premissas são verdadeiras;
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
Percebe-se, então, que não está de acordo com a conectivo envolvido no argumento;
nossa valoração inicial, ou seja, DEU ERRO. Logo, nos- 3°. Se não der ERRO (ficar de acordo com o padrão
so argumento é válido. de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
mento é inválido.
ARGUMENTOS INVÁLIDOS
Veja na prática:
Também podem ser chamados de argumentos mal
construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos. Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine-
Dizemos que um argumento é inválido quando a ma. (V)
verdade das premissas não é suficiente para garantir O tempo ficou nublado. (V)
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo para Logo, vou ao cinema. (F)
clarear um pouco mais sobre o assunto: Exemplo:
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
p2: Patrícia não é criança; lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. ma é falso e o tempos ficar nublado é verdadei-
ro. Distribuímos os valores lógicos para proposição
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura composta pelo conectivo “se...então” na primeira
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos, premissa, de acordo com cada proposição. Perceba
vamos representar através dos diagramas lógicos que a proposição não vou ao cinema está negando o
para saber a validade de um argumento. Veja que que está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: valor lógico dela. Assim,

Gostam de chocolate (V) (V)


Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)

Crianças Logo, vou ao cinema. (F)

Como já estudamos lá no módulo de tabela-verdade,


tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
Patrícia - verdade no antecedente e falso no consequente (V
 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro.

(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
Gostam de chocolate O tempo ficou nublado. (V) RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
Logo, vou ao cinema. (F)

Percebe-se, então, que o argumento está de acor-


Crianças do com a nossa valoração inicial, ou seja, NÃO DEU
ERRO. Logo, nosso argumento é inválido.
Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Patrícia
DEU ERRO ARGUMENTO
VÁLIDO
Não gostam de chocolate
NÃO DEU ARGUMENTO
ERRO INVÁLIDO
Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é
criança, temos duas interpretações: Para podermos praticar um pouco mais sobre esse
assunto, analisaremos algumas questões de concursos.
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de chocolate
ou; 91
Veja que precisamos achar uma conclusão para
EXERCÍCIOS COMENTADOS o argumento e podemos escrever a sentença da
1. (FCC – 2018) Considere os dois argumentos a seguir: seguinte maneira:
Temos a condicional:
I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não (está acompanhado OU está feliz)  (canta E dança)
sabe escrever petições. (P v Q)  (R ^ T)
Ana Maria nunca escreve petições. Como a questão afirma que “dança” é Falso, pode-
Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. mos dizer que o consequente “canta e dança” é
II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
falso, pois temos o conetivo “e” e basta um valor
nunca escreve petições.
falso para que tudo seja falso. Assim, o antecedente
Ana Maria nunca escreve petições.
Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. precisa ser falso também (senão caímos no caso da
VERA FISCHER é FALSA). Perceba, então, que temos
Comparando a validade formal dos dois argumentos e o conetivo “ou” e que tudo precisa ser falso para que
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um, tenhamos o resultado do antecedente falso.
é correto concluir que Assim, “NÃO está acompanhado E NÃO está feliz”.
Resposta: Letra C.
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes-
mo que a primeira premissa de I seja mais plausível
3. (FGV – 2019) Considere as afirmativas a seguir.
que a de II.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri-
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. z “Alguns homens jogam xadrez”.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito z “Quem joga xadrez tem bom raciocínio”.
das primeiras premissas de ambos serem ou não
plausíveis. A partir dessas afirmações, é correto concluir que
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I. a) “Todos os homens têm bom raciocínio”.
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mes- b) “Mulheres não jogam xadrez”.
mo que a primeira premissa de II seja mais plausível c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”
que a de I.
d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
Começarei pelo Argumento II, para que você possa e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
entender o “macete”.
Argumento II. Vamos desenhar os diagramas para facilitar a nos-
SE Ana Maria não sabe escrever petições (F), ENTÃO sa chegada à conclusão:
ela nunca escreve petições (V). = VERDADEIRO Bom raciocínio
Ana Maria nunca escreve petições. = VERDADEIRO
CONCLUSÃO: Portanto, Ana Maria não sabe escre-
ver petições. = FALSO
NÃO DEU ERRO!!!! Portanto, ARGUMENTO INVÁLIDO. Joga xadrez
Argumento I.
SE Ana Maria nunca escreve petições (VERDADEI-
RO), ENTÃO ela não sabe escrever petições. (FALSO)
= VERDADEIRO. (FALSO)
Ana Maria nunca escreve petições. = VERDADEIRO Homens
CONCLUSÃO: Portanto, Ana Maria não sabe escre-
ver petições. = FALSO
OCORREU UM ERRO!!! Pois no V  F = FALSO. Agora, vamos analisar cada alternativa e interpre-
Portanto, a premissa não teve como resultado tar os diagramas para achar nosso gabarito.
VERDADEIRO. a) “Todos os homens têm bom raciocínio”. Errado,
Se DEU ERRO, então ARGUMENTO VÁLIDO. Logo, pois ALGUNS homens têm bom raciocínio.
Argumento I - VÁLIDO
b) “Mulheres não jogam xadrez”. Errado, pois a afir-
Argumento II - INVÁLIDO
mação acima só fala de HOMENS.
Sabendo disso, já daria para excluir as alternativas
A, B, C e D. Resposta: Letra E. c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez” Erra-
do, pois eu posso ter bom raciocínio e jogar dama,
2. (FCC – 2019) Em uma festa, se Carlos está acom- cartas, etc. ALGUNS que tem bom raciocínio jogam
panhado ou está feliz, canta e dança. Se, na últi- xadrez.
ma festa em que esteve, não dançou, então Carlos, d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga
necessariamente, xadrez”. Certo, pois se o homem não tem bom racio-
cínio nem adianta jogar xadrez. Quem joga xadrez
a) não estava acompanhado, mas estava feliz.
TEM BOM RACIOCÍNIO.
b) estava acompanhado, mas não estava feliz.
c) não estava acompanhado, nem feliz. e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
d) não cantou. Errado, pois eu posso jogar dama, cartas e ter bom
92 e) cantou. raciocínio. Resposta: Letra D.
4. (IDECAN – 2019) Se Davi é surfista, então Ana
não é bailarina. Bruno não é jogador de futebol ou Cin- ARITMÉTICA
thia não é ginasta. Sabendo-se que Cinthia é ginasta
e que Ana é bailarina, pode-se concluir corretamente NÚMEROS NATURAIS
que
Operações e Propriedades
a) Bruno é jogador de futebol e Davi é surfista.
b) Bruno é jogador de futebol e Davi não é surfista. Os números construídos com os algarismos de 0 a
c) Bruno não é jogador de futebol e Davi é surfista. 9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
d) Se Bruno não é jogador de futebol, então Davi é surfista. to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
e) Bruno não é jogador de futebol e Davi não é surfista. entre chaves:
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
Lembre-se do que estudamos quando o enuncia- 17, …}
do não dá a valoração das premissas: TUDO É Os três pontos “as reticências” indicam que este
VERDADE! conjunto tem infinitos números naturais.
Sabendo-se que Cinthia é ginasta (V) e que Ana é O zero não é um número natural propriamente
bailarina (V) podemos fazer a valoração das outras dito, pois não é um número de “contagem natural”.
premissas: Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
� Se Davi é surfista (F), então Ana não é bailarina números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
(F). F  F = V Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
� Bruno não é jogador de futebol (V) ou Cinthia não
é ginasta (F). V Dica
� Cinthia é ginasta (V) e que Ana é bailarina (V). V
Devemos agora analisar as alternativas fazermos O símbolo do conjunto dos números naturais é
uso da tabela verdade, ou seja, se resultar verdade a letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que
essa é a questão certa. representa os números naturais positivos, isto é,
a) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi é surfista excluindo o zero.
(F). Falso
b) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi não é sur- Conceitos básicos relacionados aos números
fista (V). Falso naturais:
c) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi é sur-
fista (F). Falso z Sucessor: é o próximo número natural.
d) se Bruno não é jogador de futebol (V), então Davi
é surfista (F). Falso Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é
e) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi não é 52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
surfista (V). Verdade Resposta: Letra E.
z Antecessor: é o número natural anterior.
5. (IDECAN – 2019) Considere as premissas a seguir.
Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77
1) Se o instrumento está afinado, eu toco bem. é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
2) Se o público aplaude, eu fico feliz.
3) Se eu toco bem, consigo dinheiro. z Números consecutivos: são números em sequência.
4) Se eu consigo dinheiro, me caso ou compro uma
bicicleta. Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
Sabendo-se que eu não me casei e não fiquei feliz, consecutivos.
assinale a alternativa correta.
z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi-
a) O público não aplaudiu. dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também
b) O instrumento não estava afinado. é par. Logo, todos os números que terminam em 0, RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
c) Eu não consegui dinheiro. 2, 4, 6 ou 8 são pares.
d) Eu não toquei bem. z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
e) Eu não comprei uma bicicleta. 2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.
Partimos da presunção de que TODAS as premissas
são verdadeiras e sabe-se que eu não me casei e não
fiquei feliz, as duas são verdadeiras, ou seja, é a úni- IMPORTANTE!
ca certeza que a questão nos mostra. Então, a partir
dela, vamos valorando as demais: A soma ou subtração de dois números pares tem
1) Se o instrumento está afinado (?), eu toco bem (?). = V resultado par.
2) Se o público aplaude (F), eu fico feliz (F). = V Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.
3) Se eu toco bem (?), consigo dinheiro (?). = V A soma ou subtração de dois números ímpares
4) Se eu consigo dinheiro (?), me caso (F) ou compro tem resultado par.
uma bicicleta (V). = V Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
“não me casei (V) e não fiquei feliz (V)” = V A soma ou subtração de um número par com
A) O público não aplaudiu - de acordo com o valor outro ímpar tem resultado ímpar.
lógico da segunda proposição. Resposta: Letra A. Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
93
A multiplicação de números pares tem resultado z Propriedade associativa: quando é feita a adição
par. de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
Ex.: 8 x 6 = 48. primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
A multiplicação de números ímpares tem resul- quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
tado ímpar:
Ex.: 3 x 7 = 21. Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
A multiplicação de um número par por um núme-
ro ímpar tem resultado par: z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
adição, pois qualquer número somado a zero é
Ex.: 4 x 5 = 20.
igual a ele mesmo.

Números inteiros Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.

Os números inteiros são os números naturais e z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
seus respectivos opostos (negativos). Veja: ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...}
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
importante é saber que todos os números naturais
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são
� Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
naturais. Logo, podemos representar através de dia-
diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
está contido no conjunto de números inteiros ou ain- 13: 20 – 7 = 13.
da que N é um subconjunto de Z. Observe:
Veja mais alguns exemplos:
Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

As principais propriedades da operação de subtração:

Z N z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-


ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa.

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.

z Propriedade associativa: não há essa propriedade


Podemos destacar alguns subconjuntos de núme- na subtração.
ros. Veja: z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
número, este número permanecerá inalterado.
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja
que são os números naturais.
Ex.: 13 – 0 = 13.
z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
pois ele não é positivo nem negativo.
números inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero
não faz parte.
Ex.: 33 – 10 = 23.
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte.
Multiplicação: a multiplicação funciona como se
fosse uma repetição de adições. Veja:
Operações com números inteiros
A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
Há quatro operações básicas que podemos efetuar três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
com estes números são: adição, subtração, multiplica- vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
ção e divisão. Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na multiplicação de
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou números.
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
Veja mais alguns exemplos:
Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18 Operações Resultados
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85
+ + +
Principais propriedades da operação de adição:
- - +
z Propriedade comutativa: a ordem dos números + - -
não altera a soma.
- + -
94 Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115.
Dica � A multiplicação de números de mesmo sinal tem
resultado positivo.
� A multiplicação de números de mesmo sinal Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
tem resultado positivo.
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99 � A multiplicação de números de sinais diferentes tem
� A multiplicação de números de sinais diferen- resultado negativo.
tes tem resultado negativo. Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Esquematizando:
As principais propriedades da operação de
multiplicação. Dividendo
Divisor
z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou 30 5
seja, a ordem não altera o resultado.
0 6
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40. Quociente
Resto
z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B)
x A, que é igual a (A x C) x B. Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
30 = 5 · 6 + 0
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24.
As principais propriedades da operação de divisão.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por propriedade.
qualquer número, este número permanecerá
inalterado. z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
propriedade.
Ex.: 15 x 1 = 15. z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de por 1, o resultado será o próprio número.
números inteiros sempre gera um número inteiro.
Ex.: 15 / 1 = 15.
Ex.: 9 x 5 = 45
z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em
z Propriedade distributiva: essa propriedade é exclu- uma diferença enorme dentro das operações de
siva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) = números inteiros, pois a divisão não possui essa
(AxB) + (AxC) propriedade. Uma vez que ao dividir números
inteiros podemos obter resultados fracionários ou
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36 decimais.
Usando a propriedade:
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36 números inteiros).

Divisão: quando dividimos A por B, queremos


repartir a quantidade A em partes de mesmo valor,
sendo um total de B partes. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- 1. (VUNESP – 2015) Dividindo-se um determinado núme-
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 ro por 18, obtém-se quociente n e resto 15. Dividindo-
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes -se o mesmo número por 17, obtém-se quociente (n +
RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. 2) e resto 1. Desse modo, é correto afirmar que n(n +
Algo que é muito importante e você deve lembrar 2) é igual a
sempre, são as regras de sinais na divisão de números.
a) 440.
b) 420.
SINAIS NA DIVISÃO
c) 400.
Operações Resultados d) 380.
e) 340.
+ + +
Dividendo = 18 x n + 15
- - +
Dividendo = 17 x (n+2) + 1
+ - - 18 x n + 15 = 17 x (n+2) + 1
18n + 15 = 17n + 34 + 1
- + - 18n – 17n = 35 – 15
n = 20
Logo, n.(n+2) = 20.(20+2) = 20.22 = 440. Resposta:
Letra A.
95
2. (FGV – 2019) O resultado da operação 2+3×4−1 é VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
Masculino 34
a) 13.
Feminino 26
b) 15.
c) 19.
Observe que na coluna da esquerda colocamos as
d) 22.
e) 23. categorias de valores que a variável pode assumir, ou
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo-
Primeiro vamos fazer a multiplicação e depois as camos o número de Frequências, isto é, o número de
demais operações: 2 + 3 × 4 − 1 = 2 + 12 − 1 = 13 observações (ou repetições) relativas a cada um dos
Resposta: Letra A valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
3. (INSTITUTO AOCP – 2018) O total de números que Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
estão entre o dobro de 140 e o triplo de 100 é igual a mos ainda representar as frequências relativas (per-
centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
a) 17. 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
b) 19.
c) 21.
d) 23. VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
e) 25. RELATIVAS (Fri)
Masculino 56,67%
Dobro de 140 = 280
Triplo de 100 = 300 Feminino 43,33%
Total de números entre 280 e 300:
281 até 291 = 10 números Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,
291 até 299 = 9 números onde Fi é o número de frequências de determinado
10 + 9 = 19 números. valor da variável, e n é o número total de observações.
Resposta: Letra B. Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
pode assumir um grande número de valores distintos.
5. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2019) Os símbolos das Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
operações que deverão ser inseridos nos quadrados moradores de Campinas”:
para que o cálculo seja verdadeiro são, respectivamen-
te: 4_3_2_1 = 10
VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
a) + / x / + 1,51m 12
b) x / – / ÷ 1,54m 17
c) + / ÷ / – 1,57m 4
d) x / + / + 1,60m 2
1,63m 10
4 * 3 – 2/1=
1,67m 5
4 * 3 = 12
–2/1= –2 = 1,75m 13
12 – 2 = 10 1,81m 15
Resposta: Letra B. 1,89m 2

Quando isto acontece, é importante resumir os


dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
TABELAS E GRÁFICOS intervalos que chamaremos de “CLASSES”.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)


GRÁFICOS APRESENTADOS EM DIFERENTES
1,50 | - 1,60 33
LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES
1,60 | - 1,70 17
A apresentação de dados estatísticos por meio de 1,70 | - 1,80 13
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con- 1,80 | - 1,90 17
junto de dados, resumindo as suas informações prin-
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
ferramentas muito importantes. ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
Tabelas
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
Para descrever um conjunto de dados, um recurso se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
muito utilizado são tabelas, como essa abaixo, refe- contabilizadas.
rente à observação da variável “Sexo dos moradores Veja abaixo novamente a última tabela, agora com a
de São Paulo”:
96 coluna de frequências absolutas acumuladas à direita:
Gráfico de Setores (ou de pizza)
FREQUÊNCIAS AB-
FREQUÊNCIAS
CLASSE SOLUTAS ACUMU-
(FI) Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapidamen-
LADAS (FCA)
te a relação com o total de observações. Vamos supor
1,50 | - 1,60 33 33 que analisamos as notas trimestrais de alguns alunos.
1,60 | - 1,70 17 50 Veja como fica a disposição usando o gráfico de pizza.
1,70 | - 1,80 13 63
1,80 | - 1,90 17 80

A coluna da direita exprime o número de indiví-


duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.

Gráficos Estatísticos

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatística


Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns tipos.
Gráfico de Linha
Colunas ou barras justapostas
São mais utilizados nas representações de séries
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos- temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
tas para dados agrupados por valor ou por atributo. o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
Vamos supor que estamos interessados nas idades de no número de alunos dentre as séries que estão em
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as evidência para estudo dentro da escola. Observe:
respectivas frequências.

Agora suponha, por exemplo, que queremos saber Histograma


a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida-
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar É muito utilizado na representação gráfica de
dados agrupados em classes (distribuição de fre- RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja:
quências). Imagine que realizamos uma pesquisa
sobre os salários dos funcionários de uma empresa
de cosméticos e obtivemos a seguinte distribuição de
frequências.

SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7

Esses dados podem ser resumidos com um histo-


grama, como mostra o gráfico a seguir.

97
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)

Matemática 9,7 4

Física 8,8 4

Química 7,3 2

História 6,0 1

Biologia 5,7 1

Vamos calcular a média ponderada das notas des-


se aluno:
É importante destacar que a área de cada retângu-
lo é proporcional à frequência.
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1
X=
CÁLCULO DE MÉDIAS E ANÁLISE DE DESVIOS DE 4+4+2+1+1
CONJUNTOS DE DADOS
38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
Média Aritmética X=
5
A média aritmética é um valor que pode substituir
todos os elementos de uma lista sem alterar a soma
100,3
dos elementos da lista. Considere que há uma lista de
X= =20,06
n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos desta 5
lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
Para calcular a média aritmética de uma lista de
números, basta somar todos os elementos e dividir Moda
pela quantidade de elementos. Ou seja,
A moda é definida como sendo aquele valor ou
valores que ocorrem com maior frequência em um
rol. É interessante saber que a moda pode não existir
e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem-
plos abaixo:
Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5
números 5, 10, 15, 20, 50. B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
seja, M1 = 3 e M2=7.
5+10+15+20+50
X= =
100
= 20. Caminhando um pouco mais dentro do nosso
5 estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de
5
quando temos os dados dispostos em uma tabela com
frequências e não agrupados em classes. Quando isso
A média aritmética é igual a 20.
acontece, a localização da moda é imediata, bastando
para isso, verificar na tabela, qual o valor associado à
Média Ponderada
maior frequência. Observe:
O cálculo da média aritmética ponderada (em que
levamos em consideração os pesos de cada parte), ESTATURA (M) FREQUÊNCIA
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja: 1,53 3

1,64 7

1,71 10

Interpretando a fórmula, temos uma lista de 1,77 15


números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2, 1,80 5
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada
pela fórmula apresentada acima. 1,81 2
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular
para Engenharia e realizou provas de 1,89 1
Matemática, Física, Química, História e Biologia.
Suponha que o peso de Matemática seja 4, de Física Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
seja 4, de Química seja 2, de História seja 1 e de Bio- ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77.
logia seja 1. Suponha ainda que o estudante obteve as
seguintes notas:

98
Mediana Considerando a média dos salários, o valor do desvio
do salário de quem ganha R$ 1.400,00 mensais é
Uma outra medida que estudamos em Estatística
é a mediana (ou valor mediano), que é definida como a) −1.000
número que se encontra no centro de uma série de b) −400
números, estando estes de forma organizada segundo c) 0
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no d) 200
conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes- e) 400
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo.
A: {2;2;3;8;9;9} = a mediana é 3. Primeiro, vamos calcular a média salarial (Ms):
B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os
dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5.
900+1200+1400+1500+2000
Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce- Ms = = 1400
ba que os dados não estão ordenados. 5
C: {2;3;3;7;6;6;8;5;5;5}
Para acharmos a mediana é necessário ordenar Como estamos estudando e aprendendo sobre o
os números primeiro e depois fazer a média entre os assunto, vou fazer o cálculo de todos os desvios em
dois termos centrais, pois o número de elementos é relação à média, mas podemos calcular apenas o
par. Vejamos: valor do desvio de quem ganha R$ 1400,00 e achar
C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre o gabarito mais rápido. Usamos a nossa relação,
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10. temos:
di = xi - m
Dica d1 = 900 – 1400 = -500
d2 = 1200 – 1400 = -200
Moda = elemento(s) que mais aparece(m). d3 = 1400 – 1400 = 0
Mediana = elemento central de um conjunto de d4 = 1500 – 1400 = 100
números. d5 = 2000 – 1400 = 600
� Se a quantidade de elementos for ímpar, O valor do desvio de quem ganha R$ 1400,00 é d3 =
então, a mediana é o termo do centro. 1400 – 1400 = 0. Resposta: Letra C.
� Se a quantidade de elementos for par, então, Desvio Absoluto Médio
a mediana será a média entre os dois elementos
centrais. O desvio absoluto médio também pode ser cha-
mado de desvio médio. Para calcularmos, usamos a
Desvio seguinte fórmula:

Vejamos o seguinte conjunto de dados X = {x1, x2, x3,


… xn} e um número real qualquer m. O desvio de um
número qualquer do conjunto X em relação ao núme-
ro m é a diferença entre eles, que pode ser represen-
tada pela fórmula:
di = xi – m
O desvio médio é uma medida de dispersão que
leva em consideração todos os valores.
z A soma dos desvios tomados em relação à média Algo que é importante de se lembrar e precisa ser
aritmética é sempre nula. explanado é que quando os dados estiverem agrupa-
z A soma dos quadrados dos desvios é mínima dos, precisamos calcular a média ponderada dos des-
quando os desvios são calculados em relação à vios, em que os pesos são as frequências. Veja como
média aritmética. fica a fórmula:
z A soma dos módulos (valores absolutos) dos
desvios é mínima quando os desvios são calcu- RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
lados em relação à mediana.

Vamos analisar uma questão de concurso para


sabermos como esse assunto é cobrado. O cálculo do desvio médio com dados agrupados é
feito multiplicando cada desvio (em módulo) pela sua
respectiva frequência, somando os resultados e divi-
dindo por n.
EXERCÍCIO COMENTADO
Variância
1. (VUNESP – 2015) Uma pequena empresa que empre-
ga apenas cinco funcionários paga os seguintes salá-
rios mensais (em mil reais):

A variância é a média aritmética dos quadrados


dos desvios. Ou seja, para calcular a variância, deve-
mos elevar cada um dos desvios ao quadrado, somar 99
todos os valores, e dividir por “n”, que é a quantidade O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. Se
de elementos. A variância é representada simbolica- a variância é igual a zero, então, o desvio padrão
mente por 2. 2 =
vale σ = v 0 = 0 . Resolução: Letra B.
Desvio Padrão Coeficiente de Variação
Aqui não temos muito o que ficar falando, pois, o O coeficiente de variação é a razão entre o desvio
desvio padrão está inteiramente ligado a variância. O padrão e a média, o qual pode ser calculado usando a
desvio padrão é a raiz quadrada da variância. A sua
seguinte fórmula: Cv = σ / x .
representação simbólica é dada por σ
É muito comum que o coeficiente de variação seja
expresso em porcentagem.
Dica Logo, se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%.
2
( v = v ). A variância é o quadrado do desvio Variância Relativa
2
padrão v ).
Uma outra medida de dispersão que podemos fa-
Só há dois casos em que a variância e o desvio lar, ainda, é a variância relativa. A variância relativa é
padrão são iguais, que é quando ambos valem zero ou simplesmente o quadrado do coeficiente de variação.
ambos valem 1, isso porque 02 = 0 e 12 = 1. Pode ser representada simbolicamente por Vr = (Cv)2.
Vale ressaltar, também, que a variância e o desvio Usando o mesmo exemplo anteriormente, temos:
padrão só serão iguais a zero se todos os elementos
forem iguais. Se os elementos forem todos iguais, Se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:
todos os desvios serão iguais a zero. Consequentemen- Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%.
te, a variância será nula e também o desvio padrão. Logo, Vr = (1/10)2 = 1/100 = 0,01 = 1%.
Quando os dados são todos iguais, não há disper-
são. Todas as medidas (desvio médio, variância, des-
vio padrão, etc.) são iguais a zero. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vamos analisar dois exemplos em que foram
cobrados esses tópicos em concurso público. Observe: 1. (VUNESP – 2018) A tabela a seguir mostra o núme-
ro de funcionários que faltaram ao trabalho nos cinco
1. (VUNESP – 2019) O desvio padrão dos valores 2, 6, 4, dias de uma semana em determinada empresa.
3, e 5 é, aproximadamente,

a) 2,00. NÚMERO DE
b) 1,83. DIAS DA SEMANA FUNCIONÁRIOS
c) 1,65. FALTANTES
d) 1,41. 2ª feira 13
e) 1,29.
3ª feira 9
Vamos calcular a média dos valores: 4ª feira 6
5ª feira 18
2+6+4+3+5
x = =4 6ª feira 23
5
Agora, vamos calcular a média dos quadrados: A média diária do número de funcionários que falta-
ram ao trabalho na 2a e 6a feiras, desta semana, supera
22+62+42+32+52 a média diária do número de funcionários que falta-
x2= = 18 ram na 3a, 4a e 5a feiras, da mesma semana, em
5
a) 7.
Aplicando a fórmula da variância: b) 8.
σ2 = (Média dos quadrados) – (Média)2 c) 9.
σ2 = 18 – 42 = 18 – 16 = 2 d) 10.
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância: e) 11.
2 =
σ= v 2 b 1, 41. Resposta: Letra D.
Vamos calcular a média de segunda e sexta:
2. (UFMT – 2017) Um conjunto de dados sobre a plaque- (13 + 23) / 2 = 18 funcionários que faltaram ao
topenia de pacientes com dengue tem variância igual trabalho.
a zero. Pode-se concluir que também vale zero Agora, vamos calcular a média de terça a quinta:
(9 + 6 + 18) / 3 = 11 funcionários que faltaram ao
a) a média. trabalho.
b) o desvio padrão. Como a questão quer a diferença, fica:
c) a mediana. 18 – 11 = 7. Resposta: Letra A.
d) a moda.

100
2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A equipe de atendentes c) 41.
de um serviço de telemarketing é constituída por 30 d) 42.
empregados, divididos em 3 grupos, que trabalham de e) 39.
acordo com a seguinte escala.
A primeira coisa a ser feita é dispor os termos em
z Grupo I: 7 homens e 3 mulheres, que trabalham ordem crescente. Ou seja, 18, 20, 20, 25, 30, 36, 39,
das 6 h às 12 h. 41, 41, 41, 45, 47, 50, 52.
z Grupo II: 4 homens e 6 mulheres, que trabalham Quando o número de termos é par, precisamos tirar
das 9 h às 15 h. a média entre as posições centrais para podermos
z Grupo III: 1 homem e 9 mulheres, que trabalham achar a mediana. Temos 14 números, então, é um
das 12 h às 18 h. A respeito dessa equipe, julgue o número par. Assim, a mediana será a média aritmé-
item que se segue.
tica entre os dois termos centrais: o sétimo (39) e o
oitavo (41). Veja: Md = (39+41) / 2 = 40.
Se, nesse serviço de telemarketing, a média das ida-
A mediana é 40. Resposta: Letra B.
des das atendentes for de 21 anos e a média das ida-
des dos atendentes for de 31 anos, então a média das
idades de todos os 30 atendentes será de 26 anos. 5. (IESES - 2019) Assinale a alternativa que representa a
nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente.
( ) CERTO  ( ) ERRADO

Total de Homens: 7 + 4 + 1 = 12.


Média dos homens = 31.
Média = Soma de todas as idades dos homens/Quan-
tidade de homens
31 = Soma total / 12
Soma total = 372
Total de mulheres é 3 + 6 + 9 = 18.
Média das mulheres = 21
Média = Soma de todas as idades das mulheres /
Quantidade de mulheres
21 = Soma total / 18
Soma total = 378
Média de todos os atendentes = (372 + 378) /30 = 25
A média das idades de todos os 30 atendentes será
de 25 anos. Resposta: Errado.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018)

DIA

1 2 3 4 5

X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)

Tendo em vista que, diariamente, a Polícia Federal


apreende uma quantidade X, em kg, de drogas em
determinado aeroporto do Brasil, e considerando os
dados hipotéticos da tabela precedente, que apre-
senta os valores observados da variável X em uma
amostra aleatória de 5 dias de apreensões no citado RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
aeroporto, julgue o item.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

A moda da distribuição dos valores X registrados na


amostra foi igual a 22 kg.
Veja que o número 22 (a quantidade diária de dro-
gas apreendidas) aparece 2 vezes (frequência = 2),
enquanto todos os outros números aparecem apenas
uma vez (frequência = 1). Logo, a moda é igual a 22.
Resposta: Certo.

4. (FCC - 2018) Em um grupo de pessoas encontramos


a) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
as seguintes idades: 20, 30, 50, 39, 20, 25, 41, 47, 36,
Linha.
45, 41, 52, 18, 41. A mediana é b) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de
Tendência.
a) 36. c) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de
b) 40. Linha. 101
d) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de
Barras. NÚMERO DE
e) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de NÚMERO DIAS DE
USUÁRIO
Linha. DE LIVROS EMPRÉSTIMO
DE CADA LIVRO
O primeiro gráfico é um gráfico de colunas ou de
1 José 2 12
barras. O segundo gráfico é um gráfico de setores,
que também é chamado de “gráfico de pizza”. O 2 João 3 15
terceiro gráfico é um gráfico de linha. Utilizamos o
gráfico de linha para representar séries temporais. 3 Maria 1 10
Resposta: Letra C.
4 Paulo 2 20

5 Luiza 4 8
HORA DE PRATICAR! 6 Helena 1 30

1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) O gráfico seguinte ilustra 7 Tatiana 1 21


a quantidade de pacientes que deram entrada no setor
8 Cristina 1 20
de emergência de um hospital em determinado dia.
9 Mauro 4 10
Nº de pacientes 10 Luis 1 13
100
90 Nessa situação hipotética, se todos esses 10 usuários
devolverem os livros nesse dia, o valor total corres-
80 pondente às multas pelos atrasos nas devoluções dos
70 livros emprestados será igual a
60
50 a) R$ 2,50.
40 b) R$ 10,00.
30 c) R$ 15,50.
20 d) R$ 18,00.
e) R$ 79,50.
10 hora
0 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h
do dia 3. (CESPE-CEBRASPE — 2020) O gráfico a seguir mos-
6h 7h 8h
tra o percentual de preenchimento do reservatório de
Nesse setor do hospital, trabalham 8 auxiliares de água de uma escola a cada hora do dia, das 6 horas
enfermagem fixos, que ingressam no trabalho às 6 da manhã até as 18 horas. Ao longo desse período, a
horas da manhã. Pelas regras do hospital, a partir des- água vai sendo consumida pelos alunos e funcioná-
se horário, a cada 10 novos pacientes que ingressam rios, não havendo consumo de água em nenhum outro
na emergência, um auxiliar de enfermagem adicional é momento. Sabe-se que esse reservatório é abastecido
acionado para atuar no setor, sendo esse profissional uma única vez ao dia, durante 3 horas seguidas.
adicional retirado da emergência quando da saída de
10 pacientes do setor. Nº de reservatório
Dessas informações conclui-se que, no dia represen-
100%
tado no gráfico, a quantidade de auxiliares de enferma-
gem nesse setor foi maior que 14 durante
80%
a) 1 hora.
b) 3 horas. 60%
c) 5 horas.
d) 10 horas.
40%
e) 12 horas.

2. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Em uma biblioteca, os 20%


livros são emprestados pelo prazo máximo de 15 hora
dias. Caso o usuário não devolva o livro nesse prazo, 0% do dia
6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h
é cobrada uma multa de R$ 0,50 por dia de atraso,
para cada livro. A tabela a seguir mostra a situação de
empréstimo de livros de 10 usuários dessa biblioteca Com base nessas informações, é correto afirmar que
em determinado dia. esse reservatório é abastecido

a) entre 6 horas e 9 horas.


b) entre 9 horas e 12 horas.
c) entre 12 horas e 15 horas.
d) entre 15 horas e 18 horas.
e) após as 18 horas.

102
4. (CESPE-CEBRASPE — 2019) A quantidade de consumi- 6. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Por recomendação médi-
dores que fazem compras pela internet tem aumentado ca, Joyce deveria reduzir o consumo de carne verme-
consideravelmente nos últimos anos. Observe, na tabe- lha, substituindo-a parcialmente por carne branca.
la a seguir, a quantidade de consumidores brasileiros
Para registro e acompanhamento de sua dieta, no
que realizaram anualmente compras virtuais e os valo-
res das vendas on-line no período de 2012 a 2014. período de janeiro a junho de 2016, Joyce construiu
os dois gráficos mostrados a seguir: um mostrava o
QUANTIDADE DE VENDAS percentual de refeições que incluíam carne vermelha e
CONSUMIDORES ON-LINE DE BENS o outro, o percentual de refeições que incluíam carne
ANO QUE COMPRAM DE CONSUMO branca.
PELA INTERNET (EM BILHÕES DE
(EM MILHÕES) REAIS)

2012 42 22

2013 52 29

2014 62 36

Se, a partir de 2014, o crescimento anual observado


entre 2012 e 2014 para a variação anual da quantidade
de consumidores e para o volume de vendas se man-
tiverem, então, em 2020, cada consumidor que fizer
compras on-line gastará nesse tipo de comércio, em
média,

a) menos de R$ 600,00.
b) mais de R$ 600,00 e menos de R$ 1 000,00.
c) mais de R$ 1 000,00 e menos de R$ 1 400,00.
d) mais de R$ 1 400,00 e menos de R$ 1 800,00.
e) mais de R$ 1 800,00. carne vermelha

5. (CESPE-CEBRASPE — 2019) A empresa onde Antônio carne branca


trabalha contratou uma instituição que oferece planos
de saúde. De acordo com o contrato, o valor da men- De acordo com os registros gráficos mostrados, o per-
salidade I(r) a ser pago pelos empregados ao plano de
centual de refeições que incluía
saúde está vinculado à renda mensal — r, em mil reais
— de cada um deles, conforme a posição nos inter-
valos do eixo horizontal no gráfico a seguir. Para um a) carne branca, no período de março a junho, foi sempre
empregado com renda inferior a R$ 5 000,00, a própria crescente, porque, em março, esse percentual era de
empresa custeará o plano de saúde. Para os demais, a aproximadamente 40% e, em junho, era de 80%.
mensalidade do plano seguirá os intervalos de valores b) carne branca foi igual ao que incluía carne vermelha
indicados no gráfico, de modo que, por exemplo, 0,2r
em determinado mês entre fevereiro e maio, porque,
significa que a mensalidade do plano será igual à renda
no intervalo correspondente multiplicada pelo fator 0,2. nesse quadrimestre, os gráficos se interseccionam.
c) carne vermelha, no período considerado, foi sempre
I(r) decrescente, porque, em janeiro, esse percentual era
0,2r de 90% e, em junho, era de 20%. RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
d) carne vermelha diminuiu 20% de maio para junho, por-
que esse percentual diminuiu de 40% para 20%.
0,15r
e) carne branca aumentou 60% de maio para junho, por-
que esse percentual aumentou de 50% para 80%
0,1r
0,05r
7. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Oferta e demanda são
0 5 10 15 20 r
os principais formadores de preços de produtos agrí-
Se a renda mensal de Antônio é R$ 11 000,00, qual colas. O balanço entre oferta e demanda no mercado
será o percentual que ele pagará pelo plano de saúde? internacional de produtos agrícolas proporciona, a
cada safra, excedentes de produção ou falta de pro-
a) Entre 0% e 10%.
duto, aumentando-se ou diminuindo-se os estoques
b) Exatamente 10%.
c) Entre 15% e 20%. mundiais para suprir a quantidade demandada. O grá-
d) Exatamente 20%. fico abaixo mostra a oferta e a demanda mundial de
e) Exatamente 50%. açúcar nas safras de 2002/2003 a 2008/2009. 103
170 Concluída a manutenção, foi verificado que a velocida-
de da Internet não aumentou.
165 Nessa situação, é correto concluir que

a) os aplicativos não abrirão mais rápido.


160 b) o tamanho da memória não foi aumentado e também
Milhões de Toneladas

não foi instalado um novo antivírus.


155 c) ou o tamanho da memória não foi aumentado ou um
novo antivírus não foi instalado.
d) o tamanho da memória pode ter sido aumentado, mas
150
um novo antivírus não foi instalado.
e) um novo antivírus pode ter sido instalado, mas o tama-
145 nho da memória não foi aumentado.

140 10. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Considere as seguintes


proposições.
135 2006 / 2007 • P: “Se Paulo é fiscal, então João é motorista.”
2003 / 2004

2004 / 2005
2002 / 2003

2005 / 2006

2007 / 2008

2008 / 2009
• Q: “Maria é enfermeira ou João é motorista.”

Sabendo-se que a proposição P é verdadeira e que a


proposição Q é falsa, é correto concluir que
Safras
a) Maria não é enfermeira, João não é motorista e Paulo
Demanda não é fiscal.
Oferta b) Maria não é enfermeira, João é motorista e Paulo é
fiscal.
Considerando-se os excedentes de produção de açú- c) Maria é enfermeira, João não é motorista e Paulo não
car, a quantidade máxima excedente no período apre- é fiscal.
sentado no gráfico foi d) Maria é enfermeira, João não é motorista e Paulo é
fiscal.
a) inferior a 5 milhões de toneladas. e) Maria não é enfermeira, João não é motorista e Paulo
b) superior a 5 milhões e inferior a10 milhões de toneladas. é fiscal.
c) superior a 10 milhões e inferior a 20 milhões de toneladas.
d) superior a 20 milhões e inferior a 40 milhões de toneladas. 11. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Sabe-se que:
e) superior a 40 milhões de toneladas.
• se Paulo é pedreiro, então Pedro não é porteiro;
8. (CESPE-CEBRASPE — 2019) Considere as seguintes • se Pedro não é porteiro, então João é encanador.
sentenças.
Com base nessas informações, sabendo-se que João
I. A ouvidoria da justiça recebe críticas e reclamações não é encanador, conclui-se que
relacionadas ao Poder Judiciário do estado. II - Nenhu-
ma mulher exerceu a presidência do Brasil até o ano a) Pedro é porteiro e Paulo não é pedreiro.
2018. b) Pedro é porteiro e Paulo é pedreiro.
III. Onde serão alocados os candidatos aprovados no c) Pedro não é porteiro e Paulo é pedreiro.
concurso para técnico judiciário do TJ/PR? d) Pedro não é porteiro, mas não se sabe se Paulo é ou
não pedreiro.
Assinale a opção correta. e) Pedro é porteiro, mas não se sabe se Paulo é ou não
pedreiro.
a) Apenas a sentença I é proposição.
b) Apenas a sentença III é proposição. 12. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Considere o seguinte
c) Apenas as sentenças I e II são proposições. argumento: “O boto-cor-de-rosa possui asas e possui
d) Apenas as sentenças II e III são proposições. patas, pois todo animal amazônico possui patas, todo
e) Todas as sentenças são proposições. animal fluvial possui asas, e o boto-cor-de-rosa é um
animal fluvial amazônico”.
9. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Considere a situação Com base nessas informações, assinale a opção cor-
hipotética seguinte, que aborda compreensão de reta, com relação à lógica da argumentação.
estruturas lógicas.
No processo de manutenção de um computador, as a) A assertiva “todo animal amazônico possui patas” é
seguintes afirmações são válidas: uma proposição lógica composta.
b) A assertiva “o boto-cor-de-rosa é um animal fluvial
p: se aumentar o tamanho da memória ou instalar um amazônico” é a conclusão desse argumento.
novo antivírus, então a velocidade da Internet aumentará; c) Esse argumento possui três premissas.
q: se a velocidade da Internet aumentar, então os apli- d) Esse argumento é inválido, pois nem todas as espé-
cativos abrirão mais rapidamente. cies amazônicas possuem asas.
e) Esse argumento é inválido, pois sua conclusão é falsa.

104
13. (CESPE-CEBRASPE — 2019) • todos os servidores que gostam de futebol também
gostam de voleibol.
Texto 1A10-I
Com base nessas informações, sabendo-se que Pedro
No exercício de suas atribuições profissionais, audito- é servidor desse quadro e não gosta de voleibol, con-
res fiscais sempre fazem afirmações verdadeiras, ao clui-se que Pedro é
passo que sonegadores sempre fazem proposições
falsas. a) motorista e gosta de futebol.
Durante uma audiência para tratar da autuação da b) motorista e não gosta de futebol.
empresa X, um auditor fiscal fez as seguintes afirma- c) monitor e gosta de futebol.
ções sobre essa empresa: d) monitor e não gosta de futebol.
e) monitor, mas não se sabe se ele gosta ou não de futebol.
• A1: “Se identifiquei erro ou inconsistência na declara-
ção de imposto da empresa X, eu a notifiquei”. 9 GABARITO
• A2: “Se o erro não foi sanado, eu a autuei”.
• A3: “Se a empresa não recorreu da autuação, eu a
multei”. 1 C

2 D
Nessa situação hipotética, à luz da premissa estabele-
cida no texto 1A10-I, assinale a opção que apresenta 3 B
uma proposição necessariamente verdadeira.
4 B
a) “A empresa X errou em sua declaração de imposto”.
5 B
b) “A empresa X apresentou inconsistência em sua decla-
ração de imposto”. 6 E
c) “A empresa X foi notificada, autuada e multada”.
d) “A empresa X não sanou o erro identificado e foi autuada”. 7 C
e) “A empresa X recorreu da autuação ou foi multada”.
8 C
14. (CESPE-CEBRASPE — 2019) No argumento seguinte, 9 B
as proposições P1, P2 e P3 são as premissas, e C é a
conclusão. 10 A

11 A
• P1: Se os recursos foram aplicados em finalidade diver-
sa da prevista ou se a obra foi superfaturada, então a 12 C
prestação de contas da prefeitura não foi aprovada.
• P2: Se a prestação de contas da prefeitura não foi 13 E
aprovada, então a prefeitura ficou impedida de celebrar
14 C
novos convênios ou a prefeitura devolveu o dinheiro ao
governo estadual. 15 B
• P3: A obra não foi superfaturada, e a prefeitura não devol-
veu o dinheiro ao governo estadual.
• C: A prefeitura ficou impedida de celebrar novos
convênios.
ANOTAÇÕES
As proposições P1, P2, P3 e C, que integram o argu-
mento CB1A5-II, são compostas por diversas pro-
posições simples, e o argumento CB1A5-II pode ser
escrito, na forma simbólica, como P1 ∧ P2 ∧ P3 → C.
Dessa forma, na tabela-verdade do argumento CB1A- RACIOCÍNIO LÓGICO QUANTITATIVO
5-II, a quantidade mínima de linhas que precisam ser
preenchidas para se determinar a validade ou invali-
dade do argumento é igual a

a) 4.
b) 8.
c) 16.
d) 32.
e) 64.

15. (CESPE-CEBRASPE — 2020) O quadro de servidores


de transporte escolar de determinada prefeitura é for-
mado por motoristas e monitores, apenas. A respeito
desses servidores, sabe-se que:

• alguns motoristas gostam de futebol;


• todos os monitores gostam de futebol;
105
ANOTAÇÕES

106
fundador e grande incentivador foi o estatístico Mário
Augusto Teixeira de Freitas. O nome atual data de
1938. A sede do IBGE está localizada na cidade do Rio
de Janeiro.
O IBGE possui atribuições ligadas às geociências
ÉTICA NO SERVIÇO e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o
que inclui realizar censos e organizar as informações
PÚBLICO obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas
governamentais federal, estadual e municipal e para
outras instituições e o público em geral. Também rea-
liza vários tipos de censos, embora o mais conhecido
seja o censo demográfico, o qual é o conjunto de dados
CÓDIGO DE ÉTICA DO IBGE estatísticos sobre a população de um país. No Brasil,
os censos demográficos são realizados a cada dez anos
INTRODUÇÃO em média.
O censo demográfico é uma pesquisa sobre a
Na Administração Pública brasileira, a ética tem população que possibilita a recolha de várias infor-
assumido um papel de destaque. O IBGE, como não mações, tais como: o número de habitantes; o número
poderia deixar de ser, vem incentivando e instigando de homens, mulheres, crianças e idosos; onde e como
a difusão daquilo que se entende por ética no âmbi- vivem essas pessoas; se vivem de aluguel ou possuem
to administrativo federal. Para tanto, a Presidência casa própria; e informações sobre o trabalho que rea-
da Casa, entre outras medidas, delegou, à Comissão lizam — qual o tipo de mão de obra, qual o valor do
de Ética do IBGE, a elaboração de dois documentos salário, se possuem formação na área em que atuam
essenciais: o Código de Ética Profissional do Servidor etc.), entre outras coisas.
Público do IBGE e o Regimento Interno da Comissão A missão do IBGE é mostrar o Brasil, fornecendo
de Ética do IBGE (disponível somente em formato digi- as informações necessárias ao conhecimento de sua
tal, no seguinte endereço eletrônico: http://w3.presi- realidade e ao exercício da cidadania. Segundo con-
dencia.ibge.gov.br/etica). ceito amplo, a cidadania é o agrupamento de direitos
O Código de Ética Profissional do Servidor Público e deveres exercidos por aqueles que vivem em socie-
do IBGE propende a estabelecer, essencialmente, os dade. É a expressão ao seu poder e grau de interven-
princípios de natureza deontológica, os deveres e as ção no usufruto de seus espaços e na sua posição em
vedações a que estão sujeitos os agentes públicos lota- poder nele intervir e transformá-lo.
dos no Instituto. Documento de imprescindível leitu- Neste sentido, o IBGE oferece um panorama
ra, o Código foi construído, naturalmente, a partir do objetivo e atual do país, com a produção e a dissemi-
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil nação de informações de natureza estatística, geográ-
do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994), fica e ambiental. Essa missão se concretiza quando
agregando a ele, contudo, algumas particularidades o IBGE:
do trabalho realizado no IBGE.
O Regimento Interno da Comissão de Ética do z Identifica, mapeia e analisa o território;
IBGE, por sua vez, delimita e define as competências e z Realiza a contagem da população;
atribuições da Comissão de Ética do IBGE, cuja função z Informa como a população vive;
primeira — destaca-se — é a de orientar e educar roti- z Apresenta a evolução da economia a partir de esta-
neiramente o agente público para a ética. O Regimen- tísticas do trabalho e da produção.
to também estabelece, não obstante, o rito processual
pelo qual se orienta a Comissão quando provocada Tais informações, relevantes e confiáveis, são
por denúncia ou, ainda, ex offício, nos Processos de essenciais para a consolidação de uma sociedade
Apuração Ética, e segue de maneira estrita a Resolu- democrática e para o planejamento de políticas públi-
ção nº 10/2008 da Comissão de Ética Pública, vincula- cas. Políticas públicas são ações e programas que são
da à Presidência da República. desenvolvidos pelo Estado com o objetivo de garan-
tir e colocar em prática direitos que são previstos na
O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E Constituição Federal e em outras leis. São medidas e
ESTATÍSTICA programas criados pelos governos dedicados a garan-
tir o bem-estar da população. O planejamento, a
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

O IBGE é o órgão coordenador e produtor de infor- criação e a execução dessas políticas são realizados
mações estatísticas e geográficas do país. Para que por meio de um trabalho em conjunto dos três Pode-
suas atividades possam cobrir todo o território nacio- res que formam o Estado: Legislativo, Executivo e
nal, a instituição conta com uma rede nacional de pes- Judiciário.
quisa e disseminação, composta por:
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIDOR
z 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados PÚBLICO DO IBGE
e 1 no Distrito Federal);
z 570 Agências de Coleta de Dados nos principais Deontologia, teoria a qual faz parte da filosofia
municípios. moral contemporânea, significa ciência do dever e da
obrigação. Ela é um tratado dos deveres e da moral o
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística qual estabelece normas sobre as escolhas dos indiví-
(IBGE) é um instituto público da administração fede- duos, ditando o que é moralmente necessário, a fim de
ral brasileira, criado em 1934 e instalado em 1936 nortear o que realmente deve ser feito. Para os pro-
com o nome de Instituto Nacional de Estatística. Seu fissionais, deontologia são normas estabelecidas não 107
pela moral, mas, sim, para a correção de suas inten- VI - A função pública deve ser tida como exer-
ções, ações, direitos, deveres e princípios. cício profissional e, portanto, se integra na vida
No Capítulo I, seção I, do Código de Ética Profissio- particular de cada servidor público. Assim, os fatos
nal do Servidor Público do IBGE, encontramos que: e atos verificados na conduta do dia a dia em sua
vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia, a efi- bom conceito na vida funcional.
ciência e a consciência dos princípios morais VII - Salvo os casos de segurança nacional,
são primados maiores que devem nortear o investigações policiais ou interesse superior
servidor público do IBGE, seja no exercício do do Estado e da Administração Pública, a serem
cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o preservados em processo previamente declara-
exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus do sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de
atos, comportamentos e atitudes serão direciona- qualquer ato administrativo constitui requisito
dos para a preservação da honra e da tradição do de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão
comprometimento ético contra o bem comum,
serviço público, como um todo, e, em especial, das
imputável a quem a negar. Entretanto, os dados
pesquisas estatísticas e geocientíficas oficiais, cujas
individuais de pessoas físicas ou jurídicas coletados
fontes de dados escolhidas devem contemplar a
pelo IBGE são estritamente confidenciais e exclusi-
qualidade, a oportunidade, os custos e o ônus para
vamente utilizados para fins estatísticos. Ademais,
os cidadãos.
leis, regulamentos e medidas que regem a operação
II - O servidor público não poderá jamais des-
dos sistemas estatístico e cartográfico no Instituto
prezar o elemento ético de sua conduta. Assim,
devem ser de conhecimento público.
não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal,
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O ser-
o justo e o injusto, o conveniente e o inconvenien-
vidor não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que con-
te, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente
trária aos interesses da própria pessoa interessada
entre o honesto e o desonesto, consoante as regras
ou da Administração Pública. Nenhum Estado pode
contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo
Federal. Por se integrar à condição de servidor do
do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que
IBGE, o elemento ético da conduta abrange, além
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana
dos primados maiores, a adoção dos melhores
quanto mais a de uma Nação.
princípios, métodos e práticas, de acordo com con-
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tem-
siderações estritamente profissionais, incluídos os
po dedicados ao serviço público caracterizam o
princípios técnicos, científicos e a ética profissional.
esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que
paga seus tributos direta ou indiretamente significa
causar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar
Importante! dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio
público, deteriorando-o, por descuido ou má von-
Não é suficiente que o servidor se paute somen-
tade, não constitui apenas uma ofensa ao equipa-
te pela observância das leis e regras, deven- mento e às instalações ou ao Estado, mas a todos
do jamais desprezar o elemento ético de sua os homens de boa vontade que dedicaram sua inte-
conduta. ligência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços
para construí-los.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa
III - A moralidade da Administração Públi- à espera de solução que compete ao setor em que
ca não se limita à distinção entre o bem e o exerça suas funções, permitindo a formação de lon-
mal, devendo ser acrescida da ideia de que o gas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
fim é sempre o bem comum. O equilíbrio entre a prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
legalidade e a finalidade, na conduta do servidor tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
público, é que poderá consolidar a moralidade do principalmente grave dano moral aos usuários dos
ato administrativo. Para melhor exercício de sua serviços públicos.
função pública no IBGE, o servidor deve ter cons- XI - O servidor deve prestar toda a sua aten-
ciência da relevância das informações estatísticas ção às ordens legais de seus superiores, velan-
e geocientíficas, a fim de atender ao direito à infor- do atentamente por seu cumprimento, e, assim,
mação pública de modo imparcial e com igualdade evitando a conduta negligente. Os repetidos erros,
de acesso. É imprescindível que o servidor do IBGE o descaso e o acúmulo de desvios tornam-se, às
zele pela qualidade dos processos de produção das vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mes-
informações oficiais, adotando critérios de boas mo imprudência no desempenho da função pública.
práticas tanto nas atividades finalísticas quanto XII - Toda ausência injustificada do servidor
nas atividades de apoio. de seu local de trabalho é fator de desmoraliza-
IV - A remuneração do servidor público é cus- ção do serviço público, o que quase sempre conduz
teada pelos tributos pagos direta ou indireta- à desordem nas relações humanas.
mente por todos, até por ele próprio, e por isso XIII - O servidor que trabalha em harmonia
se exige, como contrapartida, que a moralidade com a estrutura organizacional, respeitando
administrativa se integre no Direito, como elemen- seus colegas e cada concidadão, colabora e de
to indissociável de sua aplicação e de sua finalida- todos pode receber colaboração, pois sua ativi-
de, erigindo-se, como consequência, em fator de dade pública é a grande oportunidade para o cres-
legalidade. cimento e o engrandecimento da Nação. O caráter
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor colaborativo e participativo deve estar presente
público perante a comunidade deve ser enten- nas atividades estatísticas e cartográficas, privile-
dido como acréscimo ao seu próprio bem-es- giando-se, assim, um contato estreito e harmonioso
tar, já que, como cidadão, integrante da sociedade, entre ambas as atividades – contato essencial para
o êxito desse trabalho pode ser considerado como melhorar a qualidade, comparabilidade e coerência
108 seu maior patrimônio. dos dados produzidos. Esse espírito colaborativo e
participativo deve estender-se à coordenação dos i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
sistemas estatísticos e cartográficos nacionais de quicos, de contratantes, interessados e outros que
responsabilidade do IBGE. Portanto, compete ao visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
Instituto propor, discutir e estabelecer, em conjun- gens indevidas em decorrência de ações imorais,
to com as demais instituições nacionais, diretrizes, ilegais ou aéticas e denunciá-las;
planos e programas para a produção estatística
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas
e cartográfica – processo que deve irradiar-se à
exigências específicas da defesa da vida e da
esfera internacional, especialmente na coopera-
ção bilateral e multilateral, a fim de melhorar as segurança coletiva;
informações estatísticas e geocientíficas oficiais l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certe-
em todos os países, por meio da utilização de con- za de que sua ausência provoca danos ao traba-
ceitos, classificações e métodos que promovam a lho ordenado, refletindo negativamente em todo o
coerência e a eficiência entre os diversos sistemas sistema;
estatísticos e cartográficos. m) comunicar imediatamente a seus superiores
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse
Principais deveres do servidor do IBGE público, exigindo as providências cabíveis;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de
A seção II do Código de Ética Profissional do Ser- trabalho, seguindo os métodos mais adequados à
vidor Público do IBGE dispõe os principais deveres sua organização e distribuição;
desses servidores.
o) participar dos movimentos e estudos que
Os “deveres funcionais” são as obrigações e res-
se relacionem com a melhoria do exercício de
ponsabilidades a que o trabalhador se encontra vin-
culado e que são estabelecidas pelos seguintes meios: suas funções, tendo por escopo a realização do
bem comum;
z N ormas legais e regulamentares: regras definidas p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas
por lei e dirigidas aos agentes dos vários ramos adequadas ao exercício da função;
profissionais, que devem ser cumpridas no exer- q) manter-se atualizado com as instruções, as
cício das suas atividades; obrigações gerais con- normas de serviço e a legislação pertinentes ao
sagradas na legislação vigente, que devem ser órgão onde exerce suas funções;
cumpridas por parte do agente público. r) cumprir, de acordo com as normas do ser-
z Normas voluntárias: As normas livremente acor- viço e as instruções superiores, as tarefas de
dadas entre as partes interessadas (por exemplo, seu cargo ou função, tanto quanto possível, com
entre o empregador e o empregado, entre o man-
critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sem-
dante e o mandatário etc.).
pre em boa ordem;
Veremos, a seguir, os deveres fundamentais ao ser- s) facilitar a fiscalização de todos atos ou ser-
vidor do IBGE: viços por quem de direito;
t) exercer com estrita moderação as prerro-
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do gativas funcionais que lhe sejam atribuídas, abs-
cargo, função ou emprego público de que seja tendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos
titular; interesses dos usuários do serviço público e dos
b) exercer suas atribuições com rapidez, per- jurisdicionados administrativos;
feição e rendimento, pondo fim ou procurando u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua
prioritariamente resolver situações procrastinató- função, poder ou autoridade com finalidade estra-
rias, principalmente diante de filas ou de qualquer nha ao interesse público, mesmo que observando
outra espécie de atraso na prestação dos serviços
as formalidades legais e não cometendo qualquer
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o
violação expressa à lei;
fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando v) apresentar, nas análises estatísticas e geo-
toda a integridade do seu caráter, escolhendo sem- gráficas, informações que estejam de acordo com
pre, quando estiver diante de duas opções, a melhor as normas científicas sobre fontes, métodos e pro-
e a mais vantajosa para o bem comum; cedimentos, bem como comentar as interpretações
d) jamais retardar qualquer prestação de con- errôneas e o uso indevido de informações estatísti-
tas, condição essencial da gestão dos bens, direitos cas e geocientíficas;
e serviços da coletividade a seu cargo; x) zelar pela qualidade dos processos de produ-
e) tratar cuidadosamente os usuários dos ser- ção das informações estatísticas e geocientíficas
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

viços aperfeiçoando o processo de comunicação e oficiais, adotando critérios de boas práticas tanto
contato com o público;
nas atividades finalísticas quanto nas atividades de
f) ter consciência de que seu trabalho é regido
apoio;
por princípios éticos que se materializam na ade-
quada prestação dos serviços públicos; z) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
atenção, respeitando a capacidade e as limitações mulando o seu integral cumprimento.
individuais de todos os usuários do serviço público,
sem qualquer espécie de preconceito ou distinção Vedações ao servidor público do IBGE
de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
cunho político e posição social, abstendo-se, dessa Na seção III, o Código em estudo traz as vedações
forma, de causar-lhes dano moral;
impostas ao servidor público do IBGE. Vedar é o ato
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum
temor de representar contra qualquer comprome- de proibir determinada ação ou comportamento.
timento indevido da estrutura em que se funda o Vejamos, a seguir, as condutas que são vedadas a esses
Poder Estatal; servidores: 109
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, éticos, não se pode confundi-las com a ética, enquanto
tempo, posição e influências, para obter qualquer filosofia. Diferentemente de como ocorre com as leis,
favorecimento, para si ou para outrem; nenhum indivíduo pode ser punido, pelo Estado ou por
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros outros indivíduos, pelo descumprimento de normas éti-
servidores ou de cidadãos que deles dependam; cas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, estas.
conivente com erro ou infração a este Código de Éti- Ética e moral são temas conexos, mas são diferen-
ca ou ao Código de Ética de sua profissão;
tes. Isso, porque a moral se fundamenta na obediência
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
às normas, aos costumes ou aos mandamentos cultu-
o exercício regular de direito por qualquer pessoa,
rais, hierárquicos ou religiosos e a ética busca funda-
causando-lhe dano moral ou material;
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e cientí- mentar o modo de viver pelo pensamento humano. A
ficos ao seu alcance ou do seu conhecimento para ética não se resume à moral, que, geralmente, é enten-
atendimento do seu mister; dida como costume ou hábito, mas busca a fundamen-
f) permitir que perseguições, simpatias, anti- tação teórica nesta para encontrar o melhor modo de
patias, caprichos, paixões ou interesses de viver.
ordem pessoal interfiram no trato com o públi- Por sua vez, Comissão é um grupo de pessoas
co, com os jurisdicionados administrativos ou com designadas em caráter temporário, lideradas e super-
colegas hierarquicamente superiores ou inferiores; visionadas pelo investigador-encarregado e com qua-
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou rece- lificações técnico-profissionais específicas à função.
ber qualquer tipo de ajuda financeira, gratifi- Cumprem tarefas técnicas de interesse exclusivo da
cação, prêmio, comissão, doação ou vantagem investigação, para fins de prevenção, e adequadas às
de qualquer espécie, para si, familiares ou características do fato ocorrido.
qualquer pessoa, para o cumprimento da sua Vejamos, a seguir, as características da Comissão
missão ou para influenciar outro servidor para o de Ética do IBGE dispostas no Código em estudo:
mesmo fim;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos XVI - A Comissão de Ética do IBGE está encarrega-
que deva encaminhar para providências; da de orientar e aconselhar sobre a ética profissio-
i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que neces- nal dos servidores da Casa, no tratamento com as
site do atendimento em serviços públicos; pessoas e com o patrimônio público, competindo-
j) desviar servidor público para atendimento a inte- -lhe conhecer concretamente de imputação ou de
resse particular; procedimento susceptível de censura.
l) retirar da Instituição, sem estar legalmente XVII - À Comissão de Ética do IBGE incumbe forne-
autorizado, qualquer documento, livro ou bem cer, quando necessário e a quem de direito, os regis-
pertencente ao patrimônio público; tros sobre a conduta ética dos servidores da Casa,
m) fazer uso de informações privilegiadas obti- para o efeito de instruir e fundamentar promoções
das no âmbito interno de seu serviço, em benefício e para todos os demais procedimentos próprios da
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros; carreira de servidor público no âmbito do IBGE.
n) apresentar-se embriagado no serviço ou XVIII - A pena aplicável ao servidor público pela
fora dele habitualmente; Comissão de Ética do IBGE é a de censura e sua
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que fundamentação constará do respectivo parecer,
atente contra a moral, a honestidade ou a dignida- assinado por todos os seus integrantes, com ciência
de da pessoa humana; do faltoso.
p) exercer atividade profissional aética ou XIX - Para fins de apuração do comprometimento
ligar o seu nome a empreendimentos de cunho ético, entende-se por servidor público todo aquele
duvidoso. que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
q) disponibilizar informações de caráter sigiloso jurídico, preste serviços de natureza permanente,
e confidencial sobre pessoas físicas ou jurídicas, temporária ou excepcional, ainda que sem retribui-
bem como antecipar resultados de pesquisas à sua ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
divulgação oficial, exceto quando autorizado. tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
Comissão de Ética do IBGE paraestatais, as empresas públicas e as sociedades
de economia mista, ou em qualquer setor onde pre-
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia consagra- valeça o interesse do Estado.
do aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do
grego e significa modo de ser.
Na prática, pode-se depreender um pouco melhor
esse conceito, examinando certas condutas do nos-
so dia a dia. Um exemplo é quando nos referimos ao LEI Nº 8.112/1990 E SUAS
comportamento de alguns profissionais. Para esses ALTERAÇÕES
casos, é bastante comum ouvir expressões, como “éti-
ca médica”, “ética jornalística”, “ética empresarial” e ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
“ética pública”. APLICÁVEIS
A ética abrange uma ampla área, sendo capaz de
ser aplicada ao âmbito profissional. Existem vários Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello,
códigos de ética profissionais, os quais indicam como são agentes públicos as pessoas que exercem uma
um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua função pública, ainda que em caráter temporário ou
profissão. sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla
A ética e a cidadania são dois dos conceitos que com- e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que,
põem a base de uma sociedade próspera. Vale frisar que, dentro da organização da Administração Pública,
110 apesar das leis serem criadas com base em princípios exercem determinada função pública.
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car-
o qual comporta diversas espécies, como os agentes gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer
políticos, os agentes militares, os servidores públi- apenas mediante sentença condenatória transitada
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do
cada um deles com maiores detalhes. Ministério Público.
Além da estabilidade, é também assegurado aos
Agentes políticos servidores estatutários alguns direitos trabalhistas,
vejamos aqui os mais importantes:
Os agentes políticos possuem como característica
principal o fato de exercerem uma função pública de Art. 39. [...]
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante § 3°, da CF/1988: a) salário mínimo, b) remune-
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o ração de trabalho noturno superior ao diurno, c)
condão de extinguir a relação destes com o Estado de repouso semanal remunerado, d) férias remunera-
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- das, e) licença à gestante etc.
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta-
do não é profissional, mas estatutária ou institucional. Empregado Público
São agentes políticos os parlamentares, o Presidente da
República, os prefeitos, os governadores, bem como seus De modo diferente da contratação dos servidores, os
respectivos vices, ministros de Estado e secretários. empregados públicos são contratados mediante regime
celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Agentes Militares Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
Os agentes militares constituem uma categoria a dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as direito privado integrantes da Administração Indireta
instituições militares possuem fortes bases funda- (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
também apresentarem vinculação estatutária, seu bém depende da sua aprovação em concurso público.
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, O regime dos empregados públicos é menos prote-
e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
tes militares os membros das Polícias Militares e dos que os empregados públicos não gozam da estabilida-
Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
Federal e Territórios, bem como os demais militares os empregados passam por um período de experiên-
ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
características que merecem destaque são: a proibi- empregados públicos podem ser dispensados.
ção de sindicalização dos militares, a proibição do A diferença dos empregados públicos para com
direito de greve, e a proibição à filiação partidária. os demais consiste no fato de que a sua demissão
será sempre motivada, após regular processo admi-
Servidores Públicos nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
Importante lembrar que, para a Administração Públi-
De modo geral, podemos dizer que a Constituição ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. um empregado público seria absolutamente inadmis-
Os servidores públicos são contratados pelo regi- sível nessas condições.
me estatutário, enquanto os empregados públicos são
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
melha às regras contidas na CLT. LEI N° 8.112/1990
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o
agente contratado pela Administração Pública, direta O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio- visão normativa. Além do renomado artigo 37 da Cons-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos tituição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu- Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

reza estatutária e não-contratual. Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí-
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun-
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como dações, agências reguladoras e associações, todas em
Estatuto do Servidor Público. âmbito federal. Bastante exigida em concursos públi-
Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado cos, convém salientar as principais características a
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o respeito do regime dos servidores públicos:
fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
mite que o servidor não seja desligado de suas funções, Dos Cargos Públicos: conceito, investidura na função
salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença pública, provimento, vacância
judicial transitada em julgado, processo administrativo
disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica Para todos os efeitos legais, o servidor público está
de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988). intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con-
Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo
são vitalícios, que se apresentam de forma mais van- público é o conjunto de atribuições e responsabilidades
tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um previstas na estrutura organizacional que devem ser 111
cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis mental, verificada em inspeção médica. Assim, por
a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi- exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden-
nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, te e acaba perdendo algum membro essencial para
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. dirigir poderá ser readaptado para executar uma
A criação, transformação, e extinção de cargos, função similar, mas não idêntica à anterior. Na
empregos ou funções públicas depende sempre de uma hipótese do servidor readaptando se mostrar com-
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo pletamente inválido para exercer qualquer cargo,
um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar ele será compulsoriamente aposentado.
mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo. z Reversão: outra forma de provimento derivado,
Para ocupar um cargo público, é necessário haver em que temos o retorno à atividade de um servi-
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- ples interesse da Administração, desde que
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
requisitos para a investidura em cargo público, dis- a) tenha solicitado a reversão;
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
São requisitos básicos para investidura em cargo c) estável quando na atividade;
público: d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
I - a nacionalidade brasileira; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
II - o gozo dos direitos políticos; res Públicos).
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício cargo resultante de sua transformação. Em termos de
do cargo; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
V - a idade mínima de dezoito anos; interesse da Administração perceberá a remuneração
VI - aptidão física e mental. do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
Há diversas formas de provimento dos cargos
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
to derivado consistente no retorno de servidor em
z Quanto à durabilidade: o provimento pode ser de disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até
os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis-
8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
são, quando o referido cargo não goza de estabilida-
mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor. da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi- z Reintegração: é a forma de provimento derivado
mento originário, que não depende de vinculação que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).
mas de provimento em cargos públicos:
Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
z Nomeação: trata-se da única forma de provimen- dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
to originário, uma vez que não exige uma relação motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A ter sido erroneamente acusado de ter praticado
nomeação depende sempre de prévia habilitação uma transgressão (falaremos das transgressões em
em concurso público de provas, ou de provas e títu- momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão
da não somente em caráter efetivo, como também foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi-
para os cargos de confiança ou em comissão (inci- nistrativa também) determinou a invalidação de sua
sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990) demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar
a trabalhar para a sua repartição pública.
z Promoção: é uma forma de provimento derivado,
Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu-
haja vista que ela beneficia somente os servidores
pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito
que já ingressaram em cargos públicos em caráter
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain-
efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem).
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante Como estamos buscando salientar, a Administra-
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele
diretrizes do sistema de carreira na Administração tem um número certo de cargos e de servidores públi-
Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará- cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence
grafo único, da Lei n° 8.112/1990). originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran-
z Readaptação: é, também, uma forma de provimen- te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava
to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido
ao servidor para um cargo com funções e respon- para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível
sabilidades distintas e compatíveis com a limita- (porque esse cargo foi extinto durante esse período),
112 ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou ele pode ser aproveitado em outro cargo similar.
Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos- nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
to em disponibilidade. regulamentares do titular, bem como na hipótese de
vacância do cargo.
z Recondução: por fim, a recondução é a forma Um direito muito importante do servidor substitu-
de provimento derivado consistente no retorno to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
do servidor público estável ao cargo anteriormen- antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
te ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°). Seria
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela injusto o substituto ganhar menos do que recebia
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da
antes da substituição.
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a
da extinção do cargo durante o período de estágio
Acumulação de cargo, emprego, e função pública
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser-
Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
vidor será exonerado.
públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran-
gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
te a reintegração do servidor Carlos. A recondução
inclusive, para as entidades da Administração Indi-
tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis-
reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
ponibilidade. Pôr o servidor em disponibilidade é
considerada uma última medida, pois o correto é a no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
Administração fazer com que todos os servidores que Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
contratou trabalhem para ela, ela deve evitar de ter cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
um quadro cheio de servidores que recebem remu- sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
neração e outros benefícios, mas que ficam “parados” que também possa ser aplicado aos agentes públicos
porque não possuem um cargo para ocupar. dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
a extinção do cargo público: cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
ções. Há entendimento praticamente unânime de que
Art. 33. São formas de vacância dos cargos se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
públicos: aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
I – exoneração; Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
II - demissão; titucionalmente autorizadas são:
III - promoção;
IV (REVOGADO); z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
V (REVOGADO); z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
VI - readaptação; tífico (art. 37, XVI, b);
VII - aposentadoria;
z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
IX - falecimento.
z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
ou função pública (art. 38, III);
Observe que algumas das hipóteses de vacância são
z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre
95, par. único, I);
porque, como mencionamos, o provimento derivado
z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica
de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
anterior entre o servidor e a Administração Pública.
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder
Público necessita extinguir um cargo público (uma Das prerrogativas, dos Direitos, vantagens e
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo. autorizações dos servidores públicos
Dessas hipóteses, a que merece maiores esclareci-
mentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a exo- Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
neração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será rea- No caso dos agentes públicos, existem algumas prer-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

lizada quando não satisfeitas as condições do estágio rogativas que são comuns para todo e qualquer car-
probatório; ou ainda  quando, tendo tomado posse, o go público, e existem algumas prerrogativas que são
servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido. mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos.
A substituição encontra-se disposta no artigo 38 Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são
do Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os ser- aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de
vidores investidos em cargo ou função de direção ou natureza política.
chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial No momento, é importante focar nas prerrogativas
terão substitutos indicados no regimento interno ou, no que se aplicam para todos os servidores públicos, que
caso de omissão, previamente designados pelo dirigen- ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande
te máximo do órgão ou entidade. prerrogativa diz respeito à estabilidade.
A substituição é, assim, uma troca de um servidor A estabilidade é a condição que o servidor público
por outro, aplicável somente para os cargos de comis- atinge após completar alguns requisitos. O seu princi-
são ou função de direção e chefia, bem como cargos pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor
de Natureza Especial. O servidor substituto indica- público não pode ser demitido por razões de conve-
do assume, automaticamente, o exercício do cargo, niência ou oportunidade pela Administração. Ela não 113
pode demitir o servidor estável “porque não quer Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
mais” trabalhar com ele. aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também
Segundo o art. 21 do Estatuto dos Servidores Públicos considerada como uma forma de exoneração a apo-
Civis da União, uma vez que o servidor seja habilitado sentadoria compulsória, isso é, a concessão do referido
em concurso público e empossado em cargo de provimen- benefício previdenciário quando o servidor estável ou
to efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade.
completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. A diferença é que, no caso da aposentadoria compul-
Interessante observar que a Constituição Federal sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece-
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos: bendo uma “remuneração”, chamada de provento.
para o Texto Constitucional, o servidor público só A Lei n° 8.112/1990, em seus arts 40 e 41, elenca
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de diversos direitos e gratificações aos servidores
efetivo exercício. públicos, os quais são de grande importância conhe-
Isso não significa que, uma vez o servidor estando cer. Vejamos os principais direitos:
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso assim como o salário está para o empregado. Con-
o conteúdo do art. 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- cargo público, cujo valor é previamente fixado
cial transitada em julgado ou de processo administrati- em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
regra, irredutíveis.
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre-
z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi-
to do cargo, somado a todas as outras vantagens
dor estável. São elas:
pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
z Por sentença judicial transitada em julgado: é pago ao servidor público, independentemente de
a forma mais demorada para se demitir um servi- sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis- te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da
sentença somente ocorre quando esgotados todos O art. 39 da Constituição Federal apresenta algu-
os recursos cabíveis. mas regras gerais sobre o regime dos servidores públi-
z Mediante processo administrativo em que lhe cos. Dentre as regras constitucionais, o §1° do referido
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes dispositivo prevê que a fixação dos padrões de ven-
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) cimento e dos demais componentes do sistema
serão vistas mais adiante. remuneratório observará três aspectos: a natureza,
z Mediante procedimento de avaliação periódica o grau de responsabilidade e a complexidade dos car-
de desempenho, na forma de lei complementar, gos componentes de cada carreira; os requisitos para
assegurada ampla defesa: quem não for aprovado a investidura; e também as peculiaridades dos cargos.
na avaliação periódica de desempenho, pode ser
exonerado de seu cargo público, independentemen-
z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
te de ter completado o período de efetivo exercício.
cial de remuneração, feita em uma única parcela.
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses
O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4°, da
1 a 3 estão previstas nos incisos do artigo 41. Toda-
via, essa última hipótese encontra-se disposta no CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
artigo 169, § 3°, II da CF/1988. Sob o aspecto orça- os “supersalários” comumente existentes no regi-
mentário e financeiro, não pode a Administração me de servidores públicos brasileiros. Importante
Pública realizar gastos superiores àqueles previs- ressaltar que recebem por subsídios somente os
tos em seu orçamento anual. Com isso, havendo a Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magis-
necessidade, é possível, sim, que um servidor está- trados, ministros de Estado, secretários estaduais,
vel seja exonerado de seu cargo, apenas por moti- membros do Ministério Público e da Advocacia
vos de “balancear” as contas públicas. Pública, entre outros.
z Indenizações: as indenizações são valores pagos
Outra prerrogativa que merece maior destaque é aos servidores, mas que não integram seus ven-
a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com cimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses de
a estabilidade, mas não pode ser confundida com a recebimento de indenizações:
mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer z Ajuda de custo por mudança, devida como forma
servidor: ela é somente concedida para alguns cargos de compensar as despesas de instalação de servi-
públicos especiais. dor que tiver exercício em nova sede, ocorrendo
São considerados cargos vitalícios, segundo a pró-
mudança de seu domicílio;
pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura
z Ajuda de custo por falecimento: devido à família
(art. 95, inciso I), os membros do Ministério Público
(art. 128, § 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros do servidor que vier a falecer na nova sede, sendo
do Tribunal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°). devido para custear o transporte para a localidade
A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que de origem;
a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses z Diárias por deslocamento: devida ao servidor
cargos vitalícios, ela somente pode ser exonerada median- que se afastar, por motivos de serviço, da sede em
te sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única caráter transitório, para outro local dentro ou fora
hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante do país, receberá tal indenização como forma de
114 uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade. ajuda no custeio do processo de mudança;
z Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento das Para compreender melhor a diferença entre licen-
despesas comprovadamente realizadas pelo servi- ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa.
dor com aluguel de moradia ou com hospedagem
realizado por algum hotel, dependendo do preen- LICENÇA AFASTAMENTO
chimento de alguns requisitos, como não ter um
imóvel funcional disponível para uso, seu cônju- Finalidade é de interes- Finalidade é de interesse
ge não ser ocupante de imóvel funcional, ou que se exclusivo do agente do agente e da Adminis-
público. tração Pública.
nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
receba a mesma indenização etc. Ex: doença do cônjuge/ Ex: realização de espe-
z Gratificações, Adicionais e Retribuições: O art. membro da família; para cialização; realização de
61 do Estatuto dos Servidores Públicos também exercer atividade política; missão no exterior; para
prevê o pagamento das seguintes gratificações: I para tratar de interesses servir a outro órgão/
- retribuição pelo exercício de função de direção, particulares. entidade.
chefia e assessoramento; II - gratificação natalina;
IV - adicional pelo exercício de atividades insa- Possui prazos mais cur- Possui prazos mais lon-
tos (dias, semanas). gos (meses, anos).
lubres, perigosas ou penosas; V - adicional pela
prestação de serviço extraordinário; VI - adicional
noturno; VII - adicional de férias; VIII - outros, rela- Uma questão que costuma cair com bastante fre-
tivos ao local ou à natureza do trabalho; IX - gratifi- quência nas provas de concurso público é sobre a
cação por encargo de curso ou concurso. remuneração de servidor afastado para exercício de
mandato eletivo (art. 94, Lei n° 8.112/1990). A regra
O servidor, em relação às férias, fará jus a trin- geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser-
ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a
podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío- remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exercí-
dos, no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei n° cio de mandato de Prefeito, o servidor afastar pode-
8.112/1990). Poderão ser parceladas em até três perío- rá optar, dentre as duas remunerações, por aquela
dos, desde que assim requeridas pelo servidor, e no que lhe for mais vantajosa (valores maiores, mais
interesse da administração pública, na forma do § 3° benefícios etc.). Outro aspecto importante: no caso de
do mesmo dispositivo legal. mandato de Vereador, o servidor poderá exercer os
As licenças são uma espécie de afastamento com dois cargos e receber ambas as remunerações, des-
algumas características próprias. Estão dispostas nos de que comprovada a compatibilidade de horários
arts. 81 e seguintes da Lei dos Servidores Públicos (atua como Vereador de dia e como agente público de
noite, e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos
Federais. Conceder-se-á licença ao servidor:
dois cargos, o Vereador pode optar pela remuneração
mais vantajosa, igual ao Prefeito. Isso é assim porque,
I - por motivo de doença em pessoa da família;
muitas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereado-
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro;
res de pequenos Municípios costuma ser menor do que
III - para o serviço militar; a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
IV - para atividade política; facilmente se locomover de um ambiente de trabalho
V - para capacitação; para outro nesse Municípios de porte menor.
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista. Do Regime Previdenciário (RPPS)

Apesar de haver previsão para concessão de licen- Servidor público não é empregado. Por isso, não se
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipóte- aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
se acabou sendo revogada pela Lei n° 9.527/1997. As também como RGPS. Os servidores possui um regime
licenças, como se depreende, são hipóteses de desli- próprio denominado Regime Próprio de Previdência
dos Servidores (ou RPPS).
gamento temporário do servidor com o seu respectivo
Esse regime tem suas políticas elaboradas e execu-
cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno.
tadas pela Secretaria de Previdência do Ministério da
As licenças poderão ser concedidas com ou sem remu-
Fazenda. Neste Regime, é compulsório para o servidor
neração, a depender de cada situação.
público do ente federativo que o tenha instituído, com
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Os afastamentos, que não se confundem com as


teto e subtetos definidos pela Emenda Constitucional
licenças, são hipóteses em que há um desligamento n° 41/2003.
permanente do servidor com o seu cargo, e, em regra, Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam-
o seu prazo para retorno é bem maior, o que torna bém possui dispositivos previstos em seu Estatuto.
menos provável a sua chance de retorno. Além disso, Segundo o art. 184 da Lei n° 8.112/1990, o Plano de
quem tem interesse no afastamento do servidor são Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a
ambos o servidor e a própria Administração Públi- que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreen-
ca. Estão previstos nos arts. 93 e seguintes da Lei n° de um conjunto de benefícios e ações que atendam às
8.666/1990. São quatro hipóteses: seguintes finalidades:

I – para servir a outro órgão ou entidade; I - garantir meios de subsistência nos eventos de
II – para exercício de mandato eletivo; doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina-
III – para estudos ou missões no exterior; tividade, falecimento e reclusão;
IV – para participação em programa de pós-gra- II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
duação stricto sensu dentro do País. III - assistência à saúde. 115
De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
garantido os seguintes benefícios previdenciários: Importante!
Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Consti- nal n° 103/2019, as regras para a aposentadoria
tuição Federal quanto na Lei n° 8.112/1990. O Regi- voluntária dos agentes públicos sofreram algu-
me Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS) mas alterações. As chances de uma questão
também sofreu alterações na chamada “reforma
sobre essas novas regras caírem em uma prova
da previdência”, promulgada pela Emenda Cons-
no momento são pequenas, mas é importante
titucional n° 103/2019. Com isso, temos dois textos
se prevenir. Existem também regras de transição
normativos que, até o presente momento, dispõem
sobre a aposentadoria. mais específicas, as quais devem ser conhecidas
pelo candidato, ao menos um pouco. Por isso,
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor uma leitura da emenda constitucional 103/2019,
será aposentado: na íntegra, é altamente recomendada.

z Por incapacidade permanente para o trabalho,


z Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natalida-
no cargo em que estiver investido, quando insus-
de é devido à servidora por motivo de nascimento
cetível de readaptação. O Texto Constitucional
de filho, em quantia equivalente ao menor ven-
explicita que será obrigatória a realização de ava-
cimento do serviço público, inclusive no caso de
liações periódicas para verificação da continuida-
natimorto.
de das condições que ensejaram a concessão da
z Salário-Família (art. 197): o salário-família é
aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente
devido ao servidor segundo o número de depen-
federativo.
dentes econômicos deste. Para todos os efeitos, são
z Compulsoriamente, com proventos proporcionais
considerados dependentes econômicos, na forma
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
do art. 197, parágrafo único:
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade,
na forma de lei complementar n° 152/2015. Essa
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
Lei complementar dispõe sobre a aposentadoria os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
compulsória com proventos proporcionais, sendo estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
aplicável aos servidores ocupantes de cargos públi- do, de qualquer idade;
cos da União, Estados, Municípios, Distrito Federal II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
e suas autarquias e fundações; aos membros do te autorização judicial, viver na companhia e às
Poder Judiciário; aos membros do Ministério Públi- expensas do servidor, ou do inativo;
co; e aos membros da Defensoria Pública. III - a mãe e o pai sem economia própria.
z Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 z Licença para tratamento de saúde (art. 202),
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no essa licença dependente de perícia médica, sem
âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- prejuízo da remuneração a que fizer jus. O servi-
cípios, na idade mínima estabelecida mediante dor precisa comprovar que realmente está doente
emenda às respectivas Constituições e Leis Orgâ- e não pode trabalhar.
nicas, observados o tempo de contribuição e os z Licença à gestante, à adotante e licença-pater-
demais requisitos estabelecidos em lei comple- nidade (art. 207): a licença à gestante/adotante/
mentar do respectivo ente federativo.      paternidade será concedida por prazo não supe-
rior a 120 dias, sem prejuízo da remuneração.
Com base na Lei n° 8.666/1990 (art. 186), ao servi- Todavia, a servidora gestante poderá prorrogar
dor federal poderá ser concedido aposentadoria: esse prazo, desde que o requeira até o final do pri-
meiro mês após o parto, e terá duração de sessenta
z Aposentadoria por invalidez permanente; sendo os dias. Trata-se de uma inovação trazida pelo Decre-
proventos integrais quando decorrente de acidente to n° 6.690/2008
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, z Licença por acidente em serviço (art. 211): o
contagiosa ou incurável, especificada em lei, e propor- Estatuto considera como acidente em serviço o
cionais nos demais casos; dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se
z Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de relacione, mediata ou imediatamente, com as atri-
idade, com proventos proporcionais ao tempo de ser- buições do cargo exercido.
viço; ou ainda z Pensão por morte (art. 215): esse é um dos raros
z Aposentadoria voluntária, de acordo com os benefícios que não é devido ao servidor (por
seguintes critérios de idade e de contribuições: aos motivos óbvios), mas a seus dependentes, incluin-
35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos do nesse grupo o cônjuge, o cônjuge divorciado ou
30 (trinta) se mulher, com proventos integrais; aos separado judicialmente ou de fato; o companhei-
30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções ro ou companheira que comprove união estável
de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se como entidade familiar; ou ainda ao filho de qual-
professora, com proventos integrais; aos 30 (trinta) quer condição, ou seja, todos os entes equipara-
anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e cin- dos a filho (enteado, menor tutelado), desde que
co) se mulher, com proventos proporcionais a esse preencha as seguintes condições: a) seja menor de
tempo; aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se 21 (vinte e um) anos; b) seja inválido; c) tenha defi-
homem, e aos 60 (sessenta) se mulher, com pro- ciência grave; ou ainda d) tenha deficiência inte-
116 ventos proporcionais ao tempo de serviço. lectual ou mental.
z Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício tam- VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
bém devido aos dependentes do servidor, cujo dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
valor poderá ser: buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
I - dois terços da remuneração, quando afastado VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
determinada pela autoridade competente, enquan- a partido político;
to perdurar a prisão; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
II - metade da remuneração, durante o afastamen- ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
parente até o segundo grau civil;
to, em virtude de condenação, por sentença defini-
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
tiva, a pena que não determine a perda de cargo.
ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
ção pública;
Dos Deveres e Responsabilidades dos Servidores X - participar de gerência ou administração de
Públicos sociedade privada, personificada ou não personifi-
cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta- acionista, cotista ou comanditário;
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri- XI - atuar, como procurador ou intermediário,
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins- tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
tauração de processo disciplinar para a apuração de de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
infrações funcionais. companheiro;
Nos termos do art. 116 da Lei n° 8.112/1990: XII - receber propina, comissão, presente ou van-
tagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
Art. 116 São deveres do servidor:
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do
do estrangeiro;
cargo
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
II - ser leal às instituições a que servir;
XV - proceder de forma desidiosa;
III - observar as normas legais e regulamentares;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando repartição em serviços ou atividades particulares;
manifestamente ilegais; XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
V - atender com presteza; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
a) ao público em geral, prestando as informações emergência e transitórias;
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
b) à expedição de certidões requeridas para defesa incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
de direito ou esclarecimento de situações de inte- com o horário de trabalho;
resse pessoal; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública; quando solicitado.
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
superior ou, quando houver suspeita de envolvi- vidores públicos, o art. 121 da Lei n° 8.112/1990 é bas-
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
tante claro ao dispor que “O servidor responde civil,
competente para apuração;
penal e administrativamente pelo exercício irregular
VII - zelar pela economia do material e a conserva-
de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
ção do patrimônio público;
conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade
jar em responsabilização em três esferas distintas. A
administrativa; responsabilidade civil do servidor público decorre
X - ser assíduo e pontual ao serviço; da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
XI - tratar com urbanidade as pessoas; capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou nio público), ou a terceiros.
abuso de poder. A responsabilidade penal do servidor tem seu
fundamento na apuração de uma conduta criminal,
Ao mesmo tempo, o art. 117 da mesma Lei impõe isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra-
aos servidores públicos diversas proibições. Trata- ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

-se de uma matéria que exige grande capacidade de penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma
memorização, ainda que não necessite de um alonga- vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto
mento muito detalhado. pela condenação do servidor condenado, como pela
sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela
Art. 117 Ao servidor é proibido: negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem apenas exceções.
prévia autorização do chefe imediato; A responsabilidade administrativa, por outro
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade lado, consiste na instauração de processo disciplinar
competente, qualquer documento ou objeto da (art. 116 e seguintes, Lei n° 8.112/1990), pelo qual have-
repartição; rá a verificação da conduta delituosa do agente, bem
III - recusar fé a documentos públicos; como a aplicação da pena mais adequada. Imprescin-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de dível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao
documento e processo ou execução de serviço; servidor público pressupõe um processo administra-
V - promover manifestação de apreço ou desapreço tivo, sendo assegurado ao acusado direito ao contra-
no recinto da repartição; ditório e à ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, 117
a presença do advogado em todas as fases do referido Do Processo Administrativo Disciplinar: conceito,
processo (Súmula n° 343 do STJ). Todavia, tal entendi- princípios, fases e modalidades
mento vem sofrendo alterações, pois o STF já reconhe-
ceu em Súmula Vinculante n° 5 entendimento de que O processo administrativo é o instrumento desti-
a falta de defesa técnica no processo administrativo nado a apurar as responsabilidades do servidor por
disciplinar não é inconstitucional. infração praticada no exercício de suas atribuições ou
Em relação às penalidades administrativas apli- relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112/1990 rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: A sindicância é definida como uma averiguação
sumária promovida no intuito de obter informações
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável ou esclarecimentos necessários à determinação do
por escrito para o servidor que cometer atos como: verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
fé a documento público; retirar qualquer docu- sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
mento da repartição sem a devida autorização; o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
parente até o segundo grau; entre outros. e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor Segundo o art. 145, da sindicância poderá resultar:
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- I - arquivamento do processo; II - aplicação de pena-
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a lidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser dias;III - instauração de processo disciplinar.
aplicada por prazo maior a noventa dias. Como forma de impedir que o servidor venha
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- interferir de forma negativa durante a investigação
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será afastamento preventivo do mesmo: Como medida
aplicada nos casos em que o servidor: cometer cautelar e a fim de que o servidor público não venha
crime contra a administração pública; abandonar a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
seu cargo; improbidade administrativa; praticar atribuída, a autoridade instauradora do processo
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica- administrativo-disciplinar, verificando a existência de
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre- veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; nar o seu afastamento do exercício do cargo.
receber propina, comissão, ou outra vantagem de Uma vez encerrada a sindicância e, constatado
qualquer espécie em razão de suas atribuições; uma conduta irregular, temos o início do processo
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun-
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- do o art. 148, o processo administrativo ordinário é
tar-se de uma das penalidades mais gravosas. o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- servidor público pela infração praticada no exercício de
lidade: o servidor inativo que houver praticado suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
falta punível com a demissão, terá a sua aposenta- ções do cargo em que se encontre investido.
doria, ou sua disponibilidade cassada. Segundo o art. 149, o processo será conduzido por
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função Comissão composta de três servidores estáveis desig-
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- nados pela autoridade competente, observado o dis-
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da posto no §  3°  do art. 143, que indicará, dentre eles,
pena de suspensão e demissão, poderá perder o o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
seu cargo de confiança ou função comissionada. efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. 
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
conferido direito de petição, na forma do artigo 104 e so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”.
seguintes da Lei n° 8.666/1990, para requerer direitos e A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela
interesses próprios em face do Poder Público. O reque- fica encarregada de realizar um relatório contendo
rimento será dirigido à autoridade competente para todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente
decidi-lo e na sequência encaminhado por intermé- investigados.
dio daquela a qual o servidor estiver imediatamente Ao todo, são três as fases do processo adminis-
subordinado. Deve ser respeitado o princípio do con- trativo disciplinar (art. 151):
traditório e da ampla defesa, dando espaço para que
I - instauração, com a publicação do ato que cons-
tanto o servidor público como o Estado possam impug-
tituir a comissão;
nar todos os pontos do requerimento, apresentar sua
II  -  inquérito administrativo, que compreende ins-
defesa técnica escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei trução, defesa e relatório;
n° 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem. III - julgamento.
O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos, Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promo-
quanto aos atos de demissão e de cassação de apo- verá a tomada de depoimentos, acareações, investi-
sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes- gações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
se patrimonial e créditos resultantes das relações de de prova, recorrendo, quando necessário, a técni-
trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais cos e peritos, de modo a permitir a completa eluci-
118 casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei. dação dos fatos.
O inquérito administrativo é a fase em que temos a A fase do julgamento tem início com o recebimento
apuração da responsabilidade disciplinar do servidor do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
público. Ela compreende a fase instrutória (colheita dias (art. 167) para decidir se acata o relatório ou não.
de provas), a citação e apresentação da defesa do ser- O art. 168, caput e Parágrafo Único, dispõe, de
vidor que está sendo acusado, além da produção de modo geral, que a autoridade julgadora não está
um documento chamado relatório. subordinada ao que foi dito no relatório da Comissão.
Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
quando contrário às provas dos autos. Quando o rela-
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de tório da comissão contrariar as provas dos autos, a
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter- autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu- a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servi-
nhas, produzir provas e contraprovas e formular dor de responsabilidade.
quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Art. 172 O servidor que responder a processo
Esse art. 156 trata de um conteúdo muito impor- disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou
tante, por ser a respeito do direito de defesa do servi- aposentado voluntariamente, após a conclusão
dor público. Não é porque não estamos num processo do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
judicial (com a figura de um membro do Poder Judi- so aplicada. Ocorrida a exoneração de que trata o
ciário) que não devem ser aplicados os princípios parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será con-
mais básicos e fundamentais do mesmo. É cabível no vertido em demissão, se for o caso.
processo administrativo o respeito ao contraditório e
ampla defesa, a disparidade de armas, o direito de ter A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
ciência e conhecimento do processo, o direito de ser do procedimento administrativo de que resultou sanção
representado por autoridade competente etc. disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias
A seguir temos alguns meios de prova que são que possam justificar a inocência do requerente, men-
admitidos no processo administrativo. São muito cionados ou não no procedimento original (art. 174).
parecidos, praticamente os mesmos meios de prova A revisão é uma de defesa utilizada pelo acusado
admitidos em processo judicial. ou seu representante, para que a autoridade possa
As testemunhas estão dispostas no art. 157, e serão realizar um novo julgamento do PAD, porque apare-
intimadas a depor mediante mandado expedido pelo ceu um fato ou circunstância nova que comprovem a
presidente da comissão, devendo a segunda via, com inocência do requerente.
o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Quem A revisão de que trata este artigo poderá ser requeri-
chama as testemunhas para colher seus respectivos da em caso de falecimento, ausência ou desaparecimen-
depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos os to do servidor público, por qualquer pessoa da família;
meios de prova, é a Comissão e não a autoridade jul- ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor
gadora. Esta somente vai atuar no PAD quando todo o público, pelo respectivo curador (art. 174, §§ 1° e 2°).
trabalho da Comissão tiver encerrado. No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
Se a testemunha for servidor público, a expedição pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
do mandado tem que ser imediatamente comunicada original (arts. 175 e 178).
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
dia e hora marcados para inquirição. (art. 157, parágra- a conclusão dos trabalhos de revisão. O prazo para
fo único). O servidor não pode se ausentar de seu servi- julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do rece-
ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto. bimento do processo, no curso do qual a autoridade
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- julgadora poderá determinar diligências (art. 181,
são promoverá o interrogatório do acusado, obser- parágrafo único).
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e Lembrando que, se da revisão do processo resultar
158.  No caso de mais de um acusado, cada um deles a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte-
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem grado ao cargo que antigamente ocupava.
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, A revisão do processo não admite a reformatio in
será promovida a acareação entre eles. pejus, o que significa que não poderá resultar agravamen-
A citação do indiciado está disposta no artigo 161. to da penalidade já aplicada (art. 182, parágrafo único).
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

indiciação do servidor, com a especificação dos fatos


a ele imputados e das respectivas provas.  O indiciado
será citado por mandado expedido pelo presidente da EXERCÍCIOS COMENTADOS
comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
10 (dez) dias, sendo assegurado dar vista do processo 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Se um servidor em dis-
na repartição, isso é, olhar página por página, parágra- ponibilidade reingressa no serviço público, em cargo
fo por parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD. de natureza e padrão de vencimento correspondentes
Considerar-se-á revel o indiciado que, regular- ao que ocupava, então, nesse caso, ocorre o que se
mente citado, não apresentar defesa no prazo legal. denomina
A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
cesso e devolverá o prazo para a defesa. a) redistribuição.
Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela- b) aproveitamento.
borará um relatório de tudo que foi constado no pro- c) readaptação.
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será d) recondução.
encaminhado para a autoridade julgadora. e) remoção. 119
A letra A está errada, redistribuição é o desloca- das faltas punidas com advertência e de violação das
mento de cargo de provimento efetivo (que já está demais proibições que não tipifiquem infração sujeita
em serviço), ocupado ou vago no âmbito do qua- a penalidade de demissão. É incabível pois Mariana
dro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade nunca sofreu qualquer sanção disciplinar anterior
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão (não é reincidente). Resposta: Letra B.
central do SIPEC. A letra C está errada, pois rea-
daptação é a investidura do servidor em cargo de 4. (VUNESP – 2020) Aos servidores públicos, conforme
atribuições e responsabilidades compatíveis com a Constituição Federal de 1988, os padrões de venci-
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade mento e dos demais componentes do sistema remu-
física ou mental verificada em inspeção médica. A neratório deverão considerar, entre outros fatores, o
letra D está errada, a recondução é o retorno do seguinte:
servidor estável para o mesmo cargo anteriormen-
te ocupado, que ocorre geralmente por inabilitação a) as exigências técnicas e de tempo para a função, o
em estágio probatório relativo a outro cargo, ou por grau de complexidade das tarefas e desempenho
reintegração do anterior ocupante. A letra E está alcançado.
errada, a remoção é o deslocamento do servidor que b) a natureza, o grau de responsabilidade, os requisitos
se encontra em serviço, a pedido deste ou de ofício, para a investidura e as peculiaridades dos cargos.
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança
c) o nível de senioridade do cargo, o grau de exigência
de sede. Resposta: Letra B.
técnica e complexidade das tarefas e as atribuições
referentes à função.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administração
d) a complexidade e o grau de exigência da função, posi-
de cargos, carreiras e salários, julgue o item a seguir.
cionamento vis a vis das demais carreiras do setor
Na administração pública, a remuneração abrange o
público.
ressarcimento por dispêndios havidos pelo servidor
e) a compatibilidade entre o cargo, função e tarefas, as
em razão da execução de atividades laborais.
exigências inerentes à função e ao cargo ocupado e
resultados alcançados.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
A questão aparenta ser mais complexa e difícil, mas
A remuneração do servidor público pode ser aufe-
na realidade ela apenas exige que o candidato se lem-
rida pela conjunção de seus vencimentos, mais as
bre do conteúdo do § 1° do artigo 39 da CF/1998, que
suas vantagens. O ressarcimento por dispêndios
havidos pela execução de suas atividades laborais dispõe justamente sobre como são considerados os
são as indenizações (ajuda de custo, diárias, auxí- padrões de vencimento e os demais componentes do
lio-moradia etc.), que não integram a remuneração sistema remuneratório dos servidores públicos fede-
do servidor público. Resposta: Errado. rais. São três aspectos: I - a natureza, o grau de respon-
sabilidade e a complexidade dos cargos componentes
3. (FGV – 2020) Mariana, ocupante do cargo de Coorde- de cada carreira; II - os requisitos para a investidura;
nador Censitário Subárea do IBGE, que nunca sofreu e III - as peculiaridades dos cargos. Resposta: Letra B.
qualquer sanção disciplinar, no exercício das funções,
opôs resistência injustificada ao andamento de docu- 5. (FCC – 2019) A Administração Pública direta e indireta
mento e processo. nas três esferas de governo e no Distrito Federal é regida
pelos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
De acordo com a Lei n° 8.112/90, observadas as for-
de, publicidade e eficiência. No que tange a empregos e
malidades legais, Mariana será sancionada com a
funções, está proibida sua acumulação em:
penalidade disciplinar da:
a) Autarquias.
a) repreensão, que será aplicada verbalmente;
b) Institutos estatais.
b) advertência, que será aplicada por escrito;
c) censura, que será aplicada verbalmente; c) Empresas públicas de sociedade de economia mista.
d) demissão, que será aplicada mediante publicação no d) Empresas de economia privada.
diário oficial; e) Fundações privadas.
e) suspensão, que será aplicada mediante publicação no
diário oficial. As alternativas são um pouco confusas, mas uma lei-
tura mais atenta revela que todas elas (com exceção
A letra A está errada, pois a repreensão não é uma da correta) apresentam um pequeno erro. A letra B
sanção prevista dentro da Lei n° 8.112/1990. A letra C está errada, “institutos estatais” é uma expressão
está errada, pois a censura também não é uma sanção um tanto vaga, que não significa nada. A Adminis-
prevista na Lei n° 8.112/1990, ela tem uma relação tração Pública, Direta ou Indireta, apresenta em sua
maior com a moralidade e padrões éticos previstos estrutura organizacional órgãos e entidades, essa é a
no Código de Ética dos Servidores Públicos (Decreto nomenclatura correta. A letra C está errada, pois não
n° 1.171/1994). A letra D está errada, pois a demis- existem empresas públicas de sociedade de economia
são é uma sanção aplicável somente para infrações mista: ou é uma empresa pública, ou é uma socieda-
de natureza mais graves, e considerando que Maria- de de economia mista. As letras D e E estão erradas,
na apenas recusou injustificadamente ao andamen- porque a vedação para acúmulo de cargos, empregos
to de documentos e processos, essa é uma infração e funções públicas não abrangem as entidades do
que pode ser punível com uma sanção mais branda, setor privado, isso é, não abrangem as empresas e
como uma advertência. A letra E está errada, pois fundações privadas, porque elas não fazem parte da
120 a suspensão será aplicada em caso de reincidência Administração Pública. Resposta: Letra A.
6. (INSTITUTO AOCP – 2019) Nos termos da Lei n° c) A aposentadoria compulsória será automática, e
8.112/1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos declarada por ato, com vigência a partir do dia imedia-
servidores públicos civis da União, das autarquias e to àquele em que o servidor atingir a idade-limite de
das fundações públicas federais, assinale a alternati- permanência no serviço ativo.
va que apresenta uma forma de provimento de cargo d) Dentre os beneficiários das pensões por morte, estão
público. os filhos do servidor que tenham deficiência grave ou
sejam menores de 25 (vinte e cinco anos).
a) Supressão.
b) Aproveitamento. A letra A está errada, as mulheres se aposentam
c) Ascensão. voluntariamente aos 30 (trinta) anos de servi-
d) Transferência. ço. Apesar de termos mencionado a reforma da
e) Deposição. previdência trazida pela Emenda Constitucional
103/2019, a questão parece tomar por base o tex-
A letra A está errada, a supressão não está prevista to do artigo 186 da Lei n° 8.112/1990, o qual não
na Lei n° 8.112/1990 como uma forma de provimento parece ter sido revogado. A letra B está errada, será
de cargos públicos. As letras C e D estão erradas pelo paga a gratificação natalina ao servidor, até o dia
mesmo motivo: a ascensão e a transferência eram vinte do mês de dezembro, em valor equivalente
modalidades de provimento de cargos públicos que ao respectivo provento, deduzido o adiantamento
foram revogadas pela Lei n° 9.527/1997. Por isso, para recebido (art. 194). A letra D está errada, dentre os
o regime dos servidores públicos federais, não existe beneficiários das pensões por morte estão os filhos
mais a possibilidade de ascensão e transferência. A menores de 21 (vinte e um) anos. Resposta: Letra C.
letra E está errada, pois deposição é uma destituição
de cargo feita voluntariamente pelo próprio titular do 9. (FGV – 2018) Relacione as formas de provimento de
cargo. Além de não estar prevista na Lei n° 8.112/1990, cargo público às suas respectivas definições.
ela é considerada uma forma de vacância de cargo 1. Nomeação 2. Reintegração 3. Readaptação 4.
público, não de provimento. Resposta: Letra B. Reversão

7. (INSTITUTO AOCP – 2019) O regime disciplinar dos ( ) é o reingresso do servidor aposentado no serviço
servidores públicos federais está prescrito na Lei público, quando insubsistentes os motivos determi-
Federal n° 8.112/1990. Sobre esse tema, assinale a nantes de sua aposentadoria por invalidez.
alternativa correta. ( ) é forma original de provimento de cargo público e
sendo este cargo de carreira depende de prévia habi-
a) É dever do servidor cumprir as ordens superiores, litação e aprovação em concurso público.
mesmo quando manifestamente ilegais. ( ) é a investidura do servidor em cargo de atribuições e
b) O servidor responde civil, penal e administrativamen- responsabilidades compatíveis com suas limitações
te pelo exercício irregular de suas atribuições, mas físicas ou mentais, conforme verificado por autorida-
a responsabilidade civil decorre tão somente de ato de médica.
culposo. ( ) é a investidura do servidor em cargo por este ante-
c) A pena de demissão será aplicada nos casos de cor- riormente ocupado ou no resultante de sua transfor-
rupção, inassiduidade habitual e recusa de fé a docu- mação, quando invalidada sua demissão.
mentos públicos.
d) Ao servidor é proibido coagir ou aliciar subordinados Assinale a opção que apresenta a relação correta,
no sentido de filiarem-se a associação profissional ou segundo a ordem apresentada.
sindical, ou a partido político.
a) 3, 2, 1 e 4.
A letra A está errada, pois o dever que o servidor b) 2, 3, 4 e 1.
tem que cumprir ordens não pode ser usado como c) 4, 2, 1 e 3.
justificativa para ele cumprir ordens manifestamen- d) 1, 2, 4 e 3.
te ilegais, mesmo que seja uma ordem ilegal de seu e) 4, 1, 3 e 2.
superior (art. 116, IV, Lei n° 8.112/1990). A letra B
está errada, a responsabilidade civil decorre de A primeira frase dispõe sobre a reversão, uma forma
ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que de provimento derivado em que temos um servidor
resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros (art. aposentado que retorna ao serviço público. A segun-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

122, idem). A letra C está errada, pois a recusa de fé da frase dispõe sobre a nomeação, é a forma de pro-
a documentos públicos é uma infração de natureza vimento de cargos públicos mais comum, e também
leve, e a pena de demissão somente é aplicável para a única forma de provimento originário (que não
infrações mais graves, como os casos de corrupção depende de uma relação jurídica anterior entre a pes-
e inassiduidade habitual. Resposta: Letra D. soa e o Estado). A terceira frase dispõe sobre a rea-
daptação, uma forma de provimento em que temos
8. (INSTITUTO AOCP – 2019) Sobre a seguridade social um servidor público que sofreu limitações da sua
do servidor público federal, assinale a alternativa capacidade laboral, e passa a exercer um cargo mais
correta. compatível com suas limitações físicas e/ou mentais.
A quarta frase descreve a reintegração, uma hipó-
a) O servidor será aposentado voluntariamente aos 35 tese em que temos um servidor que foi demitido de
(trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 32 forma injusta, tendo essa demissão sido invalidada
(trinta e dois) anos, se mulher, com proventos integrais. por decisão administrativa ou judicial, tendo direito
b) Ao servidor aposentado não será paga a gratificação também ao ressarcimento de todas as vantagens. A
natalina devida ao servidor ativo. ordem, assim, é: 4, 1, 3, 2. Resposta: Letra E. 121
10. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Julgue o item, relativo à d) A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedi-
corregedoria e ao direito disciplinar. cados ao serviço público caracterizam o esforço pela
Situação hipotética: Um servidor público cometeu disciplina.
transgressão disciplinar e foi advertido disciplinar- e) O servidor que trabalha em harmonia com a estrutu-
mente. No mês seguinte, cometeu nova transgressão ra organizacional, respeitando seus colegas e cada
disciplinar, sujeita à pena de advertência. Assertiva: concidadão, colabora e de todos pode receber cola-
Nessa situação, a nova conduta poderá ter a sanção boração, pois sua atividade pública é a grande opor-
disciplinar agravada para suspensão. tunidade para o crescimento e o engrandecimento da
Nação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
3. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
O enunciado da questão trata da sanção disciplinar Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE,
denominada sanção. Segundo o texto do artigo 130 são deveres fundamentais do servidor do IBGE entre
da Lei n° 8.112/1990, A suspensão será aplicada em outros, EXCETO:
caso de reincidência das faltas punidas com adver-
tência e de violação das demais proibições que não a) desempenhar, na medida do possível, as atribuições
tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão. do cargo, função ou emprego público de que seja
Todavia, a pena de suspensão agravada não poderá titular;
ser superior a 90 (noventa) dias. Resposta: Certo. b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e ren-
dimento, pondo fim ou procurando prioritariamente
resolver situações procrastinatórias, principalmente
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso
HORA DE PRATICAR! na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no usuário;
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE, c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a inte-
assinale a alternativa incorreta: gridade do seu caráter, escolhendo sempre, quando
estiver diante de duas opções, a melhor e a mais van-
a) O Código de Ética Profissional do Servidor Público do tajosa para o bem comum;
IBGE propende a estabelecer, essencialmente, os prin-
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condi-
cípios de natureza deontológica, os deveres e as veda-
ção essencial da gestão dos bens, direitos e serviços
ções a que estão sujeitos os agentes públicos lotados
da coletividade a seu cargo;
no Instituto.
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper-
b) Ética é uma filosofia que faz parte da filosofia moral
feiçoando o processo de comunicação e contato com
contemporânea, que significa ciência do dever e da
o público;
obrigação.
c) A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia, a eficiência
4. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
e a consciência dos princípios morais são primados
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE,
maiores que devem nortear o servidor público do IBGE,
são deveres fundamentais do servidor do IBGE dentre
seja no exercício do cargo ou função, ou fora dele, já
outros, EXCETO:
que refletirá o exercício da vocação do próprio poder
estatal.
d) O servidor público não poderá jamais desprezar o ele- a) ter consciência de que seu trabalho é regido por prin-
mento ético de sua conduta. cípios éticos que se materializam na adequada presta-
e) A moralidade da Administração Pública não se limita à ção dos serviços públicos;
distinção entre o bem e o mal, devendo ser acrescida b) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção,
da ideia de que o fim é sempre o bem comum. respeitando a capacidade e as limitações individuais
de todos os usuários do serviço público, sem qualquer
2. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo,
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político e
assinale a alternativa incorreta: posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-
-lhes dano moral.
a) O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante c) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de
a comunidade deve ser entendido como acréscimo ao representar contra qualquer comprometimento indevi-
seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integran- do da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
te da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser con- d) ceder a todas as pressões de superiores hierárqui-
siderado como seu maior patrimônio. cos, de contratantes, interessados e outros que visem
b) Salvo os casos de segurança nacional, investigações obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde-
policiais ou interesse superior do Estado e da Admi- vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéti-
nistração Pública, a serem preservados em processo cas e denunciá-las;
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, e) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências
a publicidade de qualquer ato administrativo cons- específicas da defesa da vida e da segurança coletiva;
titui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
sua omissão comprometimento ético contra o bem 5. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
comum, imputável a quem a negar. Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE,
c) Toda pessoa tem direito à verdade, salvo nos casos são deveres fundamentais do servidor do IBGE dentre
122 previstos em lei. outros, EXCETO:
a) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que b) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer
sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comis-
refletindo negativamente em todo o sistema; são, doação ou vantagem de qualquer espécie, para
b) comunicar imediatamente a seus superiores todo e si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento
qualquer ato ou fato contrário ao interesse público, da sua missão ou para influenciar outro servidor para
exigindo as providências cabíveis; o mesmo fim.
c) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, c) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva
seguindo os métodos mais adequados à sua organiza- encaminhar para providências;
ção e distribuição; d) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do
d) participar dos movimentos e estudos que se relacio- atendimento em serviços públicos;
nem com a melhoria do exercício de suas funções, e) não desviar servidor público para atendimento a inte-
tendo por escopo a realização do bem comum; resse particular;
e) apresentar-se ao trabalho uniformizado sempre para o
bom exercício da função. 9. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE, é
6. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no vedado ao servidor público do IBGE, EXCETO:
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE,
são deveres fundamentais do servidor do IBGE dentre a) retirar da Instituição, sem estar legalmente autoriza-
outros, exceto: do, qualquer documento, livro ou bem pertencente ao
patrimônio público;
a) manter-se atualizado com as instruções, as normas b) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
de serviço e a legislação pertinentes ao órgão onde âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio,
exerce suas funções; de parentes, de amigos ou de terceiros;
b) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as ins- c) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
truções superiores, as tarefas de seu cargo ou função, habitualmente;
tanto quanto possível, com critério, segurança e rapi- d) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente
dez, mantendo tudo sempre em boa ordem; contra a moral, a honestidade ou a dignidade da pes-
c) embaraçar a fiscalização de todos atos ou serviços soa humana;
por quem de direito; e) deixar de exercer atividade profissional aética ou ligar
d) exercer com estrita moderação as prerrogativas fun- o seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
cionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de
fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos 10. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no
usuários do serviço público e dos jurisdicionados Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE,
administrativos; assinale a alternativa incorreta:
e) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função,
poder ou autoridade com finalidade estranha ao inte- a) A Comissão de Ética do IBGE está encarregada de
resse público, mesmo que observando as formalidades orientar e aconselhar sobre a ética profissional dos
legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei. servidores da Casa, no tratamento com as pessoas e
com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer
7. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no concretamente de imputação ou de procedimento
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE, é susceptível de censura.
vedado ao servidor público do IBGE, exceto: b) À Comissão de Ética do IBGE incumbe fornecer, quan-
do necessário e a quem de direito, os registros sobre
a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tem- a conduta ética dos servidores da Casa, para o efeito
po, posição e influências, para obter qualquer favoreci- de instruir e fundamentar promoções e para todos os
mento, para si ou para outrem; demais procedimentos próprios da carreira de servi-
b) Proteger deliberadamente a reputação de outros servi- dor público no âmbito do IBGE.
dores ou de cidadãos que deles dependam; c) A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, coni- Ética do IBGE é a de advertência e sua fundamentação
vente com erro ou infração a este Código de Ética ou constará do respectivo parecer, assinado por todos os
ao Código de Ética de sua profissão; seus integrantes, com ciência do faltoso.
d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exer- d) Para fins de apuração do comprometimento ético,
cício regular de direito por qualquer pessoa, causando- entende-se por servidor público todo aquele que,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

-lhe dano moral ou material; por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao preste serviços de natureza permanente, temporária
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimen- ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
to do seu mister. desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
8. (NOVA CONCURSOS – 2021) De acordo o previsto no ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
Código de Ética Profissional dos Servidores do IBGE, é públicas e as sociedades de economia mista, ou em
vedado ao servidor público do IBGE, exceto: qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
e) Comissão é um grupo de pessoas designadas em
a) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, capri- caráter temporário, lideradas e supervisionadas pelo
chos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter- investigador-encarregado e com qualificações técnico
firam no trato com o público, com os jurisdicionados profissionais específicas à função. Cumprem tarefas
administrativos ou com colegas hierarquicamente técnicas de interesse exclusivo da investigação, para
superiores ou inferiores; fins de prevenção, e adequadas às características do
fato ocorrido
123
11. (CESPE-CEBRASPE — 2018) De acordo com o regi- 16. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Na hipótese de acumular
me jurídico dos servidores públicos civis da União, das ilegalmente cargos, empregos, ou funções públicas, o
autarquias e das fundações públicas federais, caso funcionário público estará sujeito à penalidade disci-
seja verificado que, reincidentemente, determinado plinar de
servidor incumbia a outro atribuições estranhas ao
cargo que este último ocupava, a penalidade prevista a) destituição de cargo em comissão.
é de b) suspensão.
c) demissão.
a) suspensão. d) advertência.
b) advertência.
c) demissão. 17. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Conforme disciplina a Lei
d) censura. n.º 8.112/1990 com relação à acumulação de cargos,
e) destituição do cargo. julgue os próximos itens.

12.
(CESPE-CEBRASPE — 2018) Servidor público que I. A aposentadoria do servidor não impede a percepção
comete irregularidade no exercício da sua função de vencimento de emprego público efetivo com pro-
poderá responder civil, penal e administrativamente ventos da inatividade se os cargos forem acumuláveis
pelo ato. Nesse sentido, segundo a Lei n.º 8.027/1990, na atividade.
as cominações civis, penais e administrativas podem II. A participação em órgão de deliberação coletiva não
cumular-se, no entanto configura acumulação de cargos e deve ser remunerada.
III. A acumulação lícita de cargos dispensa a comprova-
a) são independentes entre si. ção da compatibilidade de horários se o servidor cum-
b) a administrativa depende da civil. prir a jornada em cada um deles.
c) a administrativa depende da penal. IV. Detectada, a qualquer tempo, a acumulação ilegal de
d) a civil depende da penal.
cargos públicos, será dada ao servidor a oportunidade
e) a penal depende da civil.
de apresentar opção por um deles.
13. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Pedro, servidor de órgão
Estão certos apenas os itens
público federal, a mando de Lucas, seu chefe imediato,
mensalmente entregava dez resmas de papel a uma
a) I e II.
empregada terceirizada, a título de colaboração para a
b) I e III.
escola em que um filho dessa empregada estudava.
c) I e IV.
Nessa situação hipotética,
d) II e IV.
e) III e IV.
a) Lucas deu ordem manifestamente ilegal, razão por
que Pedro deveria ter-se recusado a cumpri-la.
b) Pedro cometeu infração que não representou grave 18. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Com a conclusão do pro-
dano ao patrimônio público e, por isso, deverá ser-lhe cesso administrativo disciplinar contra um servidor
aplicada a penalidade mais branda. público federal detentor de cargo em comissão junto
c) o desconhecimento da ilegalidade da conduta afasta- a determinado tribunal regional eleitoral, o servidor foi
rá a aplicação de penalidade a Pedro. apenado com a destituição do seu cargo.
d) Pedro cometeu infração, mas Lucas, não, já que não Nessa situação hipotética, a penalidade deverá ser
praticou a conduta proibida. aplicada pelo(a)
e) a nobreza da conduta de Pedro poderá justificar a não
instauração de processo administrativo contra si. a) autoridade que houver feito a nomeação.
b) presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
14. (CESPE-CEBRASPE — 2017) As esferas penal e admi- c) autoridade administrativa de hierarquia imediatamen-
nistrativa são independentes para apurar a responsa- te inferior ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
bilidade de servidor público. Contudo, o procedimento d) chefe da repartição.
criminal vincula o procedimento administrativo quan- e) presidente da República.
do conclui que
19. (CESPE-CEBRASPE — 2017) João delegou a Maria,
a) há insuficiência de provas quanto à existência do fato sua esposa e pessoa estranha à repartição pública
imputado ao servidor. onde ele exerce suas funções, o desempenho das atri-
b) o servidor não foi o autor da conduta a ele imputada. buições de sua responsabilidade. Descoberto, João
c) há insuficiência de provas quanto à autoria do fato. sofreu um processo administrativo disciplinar, que
d) o fato não constitui infração penal. resultou em sua condenação à penalidade de adver-
tência. Três meses após o trânsito em julgado do
15. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Ao servidor público que procedimento administrativo, João recusou fé a docu-
intencionalmente e sem nenhuma justificativa se mento público.
ausentar do país por trinta e um dias ininterruptos será Nessa situação hipotética, de acordo com a Lei n.º
aplicável, de acordo com a Lei n.º 8.112/1990, a pena- 8.112/1990, João está sujeito à pena de
lidade de
a) suspensão de até noventa dias.
a) suspensão. b) suspensão de até cento e vinte dias.
b) demissão. c) suspensão de até cento e oitenta dias.
c) censura. d) repreensão verbal.
124 d) advertência. e) demissão.
20. (FGV – 2020) Mariana, ocupante do cargo de Coorde-
nador Censitário Subárea do IBGE, que nunca sofreu
qualquer sanção disciplinar, no exercício das funções,
opôs resistência injustificada ao andamento de docu-
mento e processo.

De acordo com a Lei n° 8.112/90, observadas as for-


malidades legais, Mariana será sancionada com a
penalidade disciplinar da:

a) repreensão, que será aplicada verbalmente;


b) advertência, que será aplicada por escrito;
c) censura, que será aplicada verbalmente;
d) demissão, que será aplicada mediante publicação no
diário oficial;
e) suspensão, que será aplicada mediante publicação no
diário oficial.

9 GABARITO

1 E

2 C

3 A

4 D

5 E

6 C

7 B

8 E

9 E

10 C

11 A

12 A

13 A

14 B

15 B

16 C

17 C

18 A

19 A
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

20 A

ANOTAÇÕES

125
ANOTAÇÕES

126
passo que tem desenvolvido ações que focam no com-
portamento das pessoas, no seu desenvolvimento.

ABORDAGEM COMPORTAMENTAL

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO Em uma perspectiva mais humanista da Adminis-


- SITUAÇÕES GERENCIAIS tração, é preciso dar mais atenção ao conhecimento
das pessoas nas organizações, à capacidade de agregar
valor aos produtos, processos e serviços. Nesse senti-
do, estudar as pessoas e buscar compreender maneiras
de alinhar os interesses individuais aos interesses das
ASPECTOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO empresas passou a ser o objetivo da chamada aborda-
gem comportamental, orgânica ou humanística.
ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS O esquema a seguir ilustra a mudança de foco
da abordagem Clássica – que via nos indicadores de
A Administração é entendida enquanto área de desempenho e produtividade os norteadores da gestão
conhecimento e atuação desde o período da Revolu- das empresas – para a abordagem Comportamental –
ção Industrial. Esse processo foi desencadeado pelo em que as pessoas na organização começaram a ser
movimento da administração científica que também entendidas como fundamentais na agregação de valor
ficou conhecido, mais tarde, como parte da aborda- do processo produtivo, ao passo que compreender seus
gem da Escola Clássica de Administração. interesses e aspirações passou a ser entendido como
Alguns representantes que marcaram historica- imprescindível para que as organizações busquem e
mente e de maneira significativa as perspectivavas retenham pessoas mais alinhadas aos seus objetivos.
clássicas da Administração foram:
Foco antigo: Novo foco:
z Taylor e seus achados sobre produção, eficiência e desempenho ou pessoas da
racionalização do trabalho; produtividade organização
z Fayol e sua visão estrutural da Administração,
expandindo a função de administrar em funções
Fonte: Adaptado de ARAUJO, Luis César G. (2014).
como planejar, organizar, controlar, coordenar;
z Ford e a criação da linha de montagem e a prática
da produção em massa; São alguns temas que marcaram o início dos estu-
z Weber e sua ciência social, com o desenvolvimen- dos da abordagem Comportamental entre os anos 1924
e 1932, realizados na fábrica de Hawthorne da Compa-
to do conceito de tipo ideal de burocracia e seus
nhia Western Electric, nos Estados Unidos: comporta-
estudos mais descritivos e explicativos.
mento, significado do trabalho, relações interpessoais
e interorganizacionais e motivação. Buscando explicar
Além desses, outros estudiosos marcaram a evolu-
como o ambiente de trabalho poderia afetar a produ-
ção dos conhecimentos em Administração. Para além
tividade dos trabalhadores, o estudo concluiu que o
da importância de conhecê-los, é importante, sobretu-
elemento fundamental foi o reconhecimento que cada
do, compreender de que forma cada abordagem pode
trabalhador sentiu em participar do estudo científico.
ajudar a identificar e resolver as necessidades das
Os estudos que passaram a dar foco ao indivíduo e

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


empresas no dia a dia. trouxeram uma nova roupagem ao entendimento de
O entendimento da Administração como uma área como as situações influenciam as emoções (e, por isso,
de gestão, planejamento e execução pode ser aprimo- o comportamento das pessoas nas organizações).
rado quando se olha para as abordagens existentes e, Entretanto, isso não significa dizer que o conhe-
principalmente, quando se entende que conhecê-las cimento gerado e difundido pela abordagem Clássica
pode beneficiar a gestão das práticas organizacionais foi deixado de lado. Pelo contrário, há uma assimila-
em diferentes contextos de atuação, especialmente na ção de conhecimento, já que a gestão das empresas
sociedade moderna, na qual as transformações são se beneficia com a ampliação de estudos, na identi-
velozes e constantes. ficação de práticas, modelos, indicadores que abar-
cam diferentes temas da Administração em diferentes
ABORDAGEM CLÁSSICA NOS DIAS DE HOJE abordagens que interagem e se complementam.

Na abordagem Clássica, aspectos de produção e ABORDAGEM ESTRUTURALISTA


remuneração como importantes indicadores de gestão
das empresas eram priorizados para a caracterização Na abordagem estruturalista, as organizações pas-
das organizações. No entanto, em uma análise atual, os saram a ser vistas como sistemas abertos, em outras
números de produtividade e de gasto com cada funcio- palavras: elas interagem constantemente com o
nário, por exemplo, não são suficientes para identificar, contexto que as cerca, com o ambiente externo.
explicar e resolver os diversos desafios das organizações. Etzioni, autor conhecido como o fundador do pensa-
A modernização da gestão, no sentido de abarcar mento estruturalista das organizações, afirmava que
outros indicadores e trazer o indivíduo para as ques- era necessário entendê-las de forma mais completa
tões centrais da empresa, ainda encontra barreiras e integrada, colocando foco sobre pontos internos e
diante do posicionamento de alguns gestores e grupos externos, formais e informais (ETZIONI, 1973).
organizacionais, que olham para o indivíduo como A abordagem estruturalista se difundiu no perío-
uma “máquina” que deve produzir o máximo possí- do final do século XX em transição com o século XXI e,
vel no menor tempo ideal. Entretanto, já evoluiu ao nesse sentido, foi pioneira nos estudos sobre diferentes 127
contextos, como hospitais, igrejas e prisões, expan- z Transformação: Os sistemas abertos transformam a
dindo de fato o entendimento das organizações como energia disponível, como a transformação de mate-
distintas, para além da ideia da empresa clássica, da riais em diversos produtos e serviços, por exemplo;
indústria e do processo fabril de produção. z Saída (output): Os sistemas abertos exportam cer-
O estruturalismo atual tem relação tanto com a esco- tos produtos para o meio ambiente, como a univer-
la Clássica quanto com a Comportamental, dos Recur- sidade forma pessoas para o mercado de trabalho,
sos Humanos, porque é uma abordagem que busca por exemplo;
visualizar a importância das pessoas e o desempenho z Sistemas como ciclos de eventos: As atividades
delas nas organizações, mas sem desconsiderar a sig- trocadas têm caráter cíclico. O produto exportado
nificância da remuneração e dos fatores econômicos. para o ambiente produz um resultado monetário
que é utilizado para a obtenção de mais matéria-
-prima, em que mais produção e trabalho geram
Importante! mais entrada, transformação e saída, ou seja, com-
pletam os ciclos que se repetem;
Na abordagem estruturalista, a organização é
z Entropia negativa: Para sobreviverem, os sistemas
vista como um sistema aberto e, por isso, inte-
abertos precisam mover-se para deter o processo
gra as ideias de organização formal e informal
entrópico, ou seja, evitarem a desorganização ou
(a estrutura das relações estabelecidas pelas
morte. A universidade, por exemplo, aumenta a
pessoas na organização), estando a organização importação de alunos para se precaver de ocorrên-
inserida em um contexto social com o qual inte- cias como desistências e trancamentos de matrículas;
rage todo o tempo. z Entrada de informação, feedback negativo e
processo de codificação: As entradas também
são de caráter informativo e podem apontar sinais
ABORDAGEM SISTÊMICA
sobre a estrutura, o ambiente e o funcionamento
de ambos. Um tipo de entrada de informação é o
Na abordagem sistêmica, as organizações são estu-
feedback negativo, um conjunto de informações
dadas a partir do ambiente em que estão inseridas
e, principalmente, da interação que fazem com ele. que permite ao sistema corrigir seus desvios, ajus-
Diferenciando-se da abordagem estruturalista, que tar atividades e processos;
aponta para a existência de um ambiente externo z Estado firme e homeostase dinâmica: Os sistemas
às organizações, a abordagem sistêmica propõe-se a abertos que sobrevivem à entropia negativa são
estudar esse ambiente e, de uma maneira mais objeti- caracterizados por um estado firme. A tendência de
va, as transformações do ambiente e como as organi- um estado firme é homeostática, ou seja, de preser-
zações lidam com essas mudanças. vação do caráter do sistema. Exemplos: melhorias
Quando se olha para o ambiente em que as orga- tecnológicas e culturais; exigência de qualidade
nizações estão inseridas, é possível identificar se, e de acadêmica para professores e alunos nas universi-
que maneira as organizações relacionam-se entre si, dades; exigência de qualidade curricular na contra-
coletando informações essenciais para a análise do tação de profissionais pelas empresas;
contexto organizacional, bem como para a gestão das z Diferenciação: Os sistemas abertos procuram dife-
empresas. De acordo com Stoner e Freeman (1999): renciar-se para funções mais especializadas, buscan-
“Essa abordagem permite que os administradores do excelência nos produtos, serviços e processos;
vejam a organização como um todo e como parte de z Equifinalidade: Os sistemas abertos podem atin-
um sistema maior, o ambiente externo”. A organiza- gir um determinado objetivo por diferentes cami-
ção, portanto, é vista como um sistema que tem pro- nhos. Por exemplo: formar alunos de excelência
pósito e é formado por partes que se interrelacionam. pode ser um processo de busca por excelentes pro-
No âmbito da abordagem sistêmica, Megginson, fessores; oferecer estágios eficientes; disponibili-
Mosley e Pietri Jr. (1998) apontaram três objetivos zar boas palestras aos alunos, entre outras opções.
para as organizações: (Adaptado de ARAUJO, Luis César G. (2014).

z Estabelecer relações internas e externas, consideran- Vale ressaltar aqui que, em contraponto ao enten-
do o ambiente em que a organização está inserida; dimento da organização como sistema aberto, as abor-
z Identificar o padrão das relações; dagens anteriores ao estruturalismo caracterizavam as
z Detectar se há propósitos comuns nessas relações. organizações como sistemas fechados, desconsiderando
ou não reconhecendo a existência do ambiente. Foi a
Pensando então nas organizações como sistemas abordagem estruturalista que reconheceu a existência
abertos, em que há uma constante interação entre do ambiente e a sistêmica que explorou a importância do
estrutura (a própria organização) e o ambiente em ambiente e da interação constante com as organizações.
que está inserida (por meio das relações constituídas A ideia da organização como sistema aberto advém
entre as pessoas e a produção e distribuição de produ- da Teoria Geral dos Sistemas, criada pelo alemão Lud-
tos e serviços), autores como Katz e Kahn (1987) pon- wig von Bertalanffy após o fim da Segunda Guerra
tuaram quais seriam as principais características de Mundial. No entanto, apenas com o trabalho de Katz e
um sistema aberto: Kahn a abordagem dos sistemas abertos se expandiu
enquanto literatura para os estudos das organizações.
z Importação de energia (input): Os sistemas aber- De acordo com Stoner e Freeman (1999): “A teoria de
tos importam alguma forma de energia do ambiente sistemas chama a atenção para a natureza dinâmica e
externo. As organizações precisam de suprimentos interrelacionada das organizações e da tarefa de admi-
de energia de outras organizações, pessoas ou do nistrar [...] podemos planejar ações e prever tanto as
128 meio ambiente material; consequências imediatas quanto as de longo alcance”.
Os autores ainda pontuam que, por meio da aborda- As contingências, dessa forma, levam as organizações
gem sistêmica, os gestores podem manter um equilíbrio a adotarem diferentes respostas conforme a necessida-
quando se deparam com os interesses da organização de de agência em cada situação – mudança tecnológica,
frente às preocupações das partes interessadas. nova estratégia, alteração regulatória, entre outras.
As chamadas “partes interessadas” da organização A abordagem contingencial, dessa forma, trouxe
são também conhecidas pelo termo stakeholders, que uma complexidade a mais para a gestão das organi-
faz referência às pessoas, aos investidores, acionistas, zações, no que diz respeito à tomada de decisão frente
ao governo, às empresas ou instituições públicas que, de a identificação dos problemas e diferentes situações.
modo geral, têm algum interesse na empresa em questão. Para Mintzberg (1979), autor relevante da Admi-
Essas considerações reforçam que o trabalho do nistração, a abordagem contingencial não é tão efi-
administrador enquanto gestor, o planejamento estra- caz ao explicar a agência organizacional frente ao
tégico e o contexto em que a organização atua, diante ambiente porque, para ele, as organizações escolhem
do ambiente pela qual ela interage, são aspectos indi- as variáveis do ambiente que as interessam, no senti-
cados e explicados pela abordagem sistêmica. Por esse do da tomada de decisão. Além disso, as organizações
motivo, é uma abordagem bastante aceita e difundida podem criar contingências para obter vantagens com-
nos estudos sobre Administração. petitivas, por exemplo.
Assim, é importante ressaltar que todas as abor-
ABORDAGEM CONTINGENCIAL dagens devem ser levadas em consideração ao pen-
sar o processo de gestão organizacional. Para além de
A abordagem contingencial, que teve seus primei- escolher uma ou outra, é necessário lembrar que as
ros estudos escritos no final da década de 1960, enten- pessoas são o capital intelectual da organização.
de que as organizações são diretamente afetadas pelo Especialmente aquelas implicadas nas atividades
ambiente a que pertencem, de maneira que, para de gestão devem utilizar da melhor maneira todas as
sobreviverem, precisam responder a ele. Em outras informações disponíveis, sejam elas da organização
palavras, é o ambiente que determina o comporta- ou do ambiente na qual está inserida e com o qual
mento das organizações e, por isso, as organizações interage de forma contínua e permanente.
devem estar preparadas para responderem às trans-
formações do ambiente e a qualquer acontecimento REFERÊNCIAS
relacionado a ele, as chamadas contingências.
No estudo de Tom Burns e G. M. Stalker, de 1961, ARAUJO, Luis César G. Teoria Geral da Admi-
os autores definiram as organizações de acordo com nistração: Aplicação e Resultados nas Empresas
dois tipos ideais: organizações mecânicas e orgâni- Brasileiras, 2ª edição. Atlas: Grupo GEN, 2014. Dis-
cas. Segundo os autores, as organizações mecânicas ponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.
seriam aquelas que atuam em ambientes estáveis em br/books/9788522491278/. Acesso em: 10 fev. 2021.
certa medida; já as organizações orgânicas se trans-
formam mediante as transformações do ambiente. BURNS, Tons; STALKER, G. M. The management of
O início dos estudos sobre a abordagem contingen- innovation. Oxford: Oxford University Press, 1961.
cial se deu com os autores Lawrence e Lorsch (1972)
e com mais uma diversidade de autores e suas pes- ETZIONI, Amitai. Organizações modernas. 3. ed.
quisas. A ideia principal da relação organização-am- São Paulo: Pioneira, 1973.
biente foi encontrada a partir das pesquisas sobre as
possibilidades de a organização diversificar ou inte-
KATZ, Daniel; KAHN, Robert L. Psicologia social
grar com relação ao ambiente.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


das organizações. São Paulo: Atlas, 1987.
A diversificação, na abordagem contingencial, diz
respeito às unidades, que são partes da organização
LAWRENCE, Paul R.; LORSCH, Jay W. O desenvol-
que deveriam responder as demandas do ambiente, na
vimento de organizações: diagnósticos e ação.
busca por integrar os interesses da organização com os
São Paulo, Edgard Blücher, 1972.
do ambiente. Já o processo de integração se refere às
pressões que o ambiente faz sobre a organização, a fim
de que seja possível alcançar uma forma de integrar os MEGGINSON, Leon C.; MOSLEY, Donald C.; PIETRI
interesses das partes, unidades da organização. JR., Paul H. Administração: conceitos e aplicações.
Para Lawrence e Lorsch (1972), a integração nas 4. ed. São Paulo: Harbra, 1998.
organizações poderia ocorrer a partir de alguns
aspectos, como: MINTZBERG, Henry. The structuring of organiza-
tions. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1979.
z Integração das relações entre os indivíduos;
z Criação de grupos funcionais; STONER, James A. F.; FREEMAN, R. Edward. Admi-
z Administração hierarquizada; nistração. 5. ed. Tradução de Alves Calado. Rio de
z Formalização de um sistema de coordenação; Janeiro: LTC, 1999.
z Relacionamento administrativo direto entre as
unidades.

Para diferenciar a abordagem sistêmica da con- EXERCÍCIO COMENTADO


tingencial, vale lembrar que na sistêmica o ambiente é
reconhecido como relevante para o entendimento das 1. (NOVA CONCURSOS – 2021) A transição da ideia clássi-
organizações, mas é na contingencial que se reconhe- ca da administração – que considerava as organizações
ce o ambiente como responsável pelas transformações meios de produtividade e remuneração – para a ideia
nas organizações, provocando situações com as quais a da organização como sistema aberto, pode ser melhor
organização tem que lidar. representada pelos dois princípios: 129
a) Gestão de pessoas e organograma formal. Sobral destaca que o planejamento tem dupla
b) Produtividade e organograma informal. atribuição:
c) Transformação e ciclo de eventos. A primeira consiste em definir o que deve ser fei-
d) Remuneração e outputs constantes. to, ou seja, estabelecer objetivos.
e) Equidade e diferenciação. A segunda diz respeito a indicar como deve ser fei-
to, isto é, criar planos. A figura abaixo demonstra tais
A transição da ideia da organização clássica para atribuições:
a ideia da organização como sistema aberto pode
ser melhor representada pelos princípios transfor-
PLANEJAMENTO
mação e ciclo de eventos, já que entendidas como
sistemas abertos, as organizações funcionam a par- Definição dos objetivos: Concepção dos planos:
tir de eventos cíclicos em constante transformação. resultados, propósitos, in- guias que integram e
Organograma formal é característica da escola tenções ou estados futu- coordenam as ativida-
clássica, assim como produtividade e remuneração. ros que as organizações des da organização de
Diferenciação é um princípio da abordagem sistêmi- pretendem alcançar. forma a alcançar esses
ca; no entanto, equidade não – o princípio correto é objetivos.
equifinalidade. Portanto, a alternativa C é a única
que apresenta os dois princípios que se diferem da Fonte: adaptado de Sobral (2013)
escola clássica. Resposta: Letra C.
Alguns conceitos importantes devem ser fixados:

z Planejamento: é necessário para que sejam defi-


nidos os objetivos que a organização pretende
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
alcançar. Durante o planejamento, são concebidos
os planos que guiarão o atingimento das metas
PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E
levando em consideração os recursos disponíveis.
CONTROLE
z Objetivos: indicam onde a organização pretende
chegar, isto é, os resultados esperados a partir da
Henry Fayol, idealizador da Teoria Clássica da Ad-
ministração, foi quem pela primeira vez definiu as ação dos membros e da alocação dos recursos.
funções universais do administrador, que hoje são z Plano: é a consequência do planejamento. Indica o
conhecidas como PODC – planejar, organizar, diri- que deve ser feito, quando fazer, como e por quem.
gir e controlar. À época, entretanto, foram definidas
cinco funções: prever/planejar, organizar, comandar, O planejamento é especialmente relevante para as
coordenar e controlar. condições ambientais que vivemos hoje. Antes, com
as condições de estabilidade e as vagarosas mudan-
De acordo com Araújo, a função de prever está
ças, as organizações eram capazes de administrar o
associada com a visualização de cenários futuros e ao
presente e o futuro. Atualmente, as rápidas mudanças
planejamento de estratégias.
no ambiente em que as organizações estão inseridas
Ao exercer a função de organizar, o administra-
são razões suficientes para a busca por melhor com-
dor deve determinar os recursos materiais e humanos
preensão do futuro e da dinamicidade presente na
necessários para o funcionamento da empresa. economia, tecnologia, padrões de vida, cultura, entre
A função de comandar diz respeito ao direcio- outros. As vantagens do planejamento são evidencia-
namento das pessoas, ou seja, o gestor deve dirigir e das por Sobral:
orientar o trabalho de seus subordinados.
Coordenar as atividades significa gerenciar even- z Proporciona senso de direção: ao definir obje-
tuais conflitos, bem como trabalhar para que a execu- tivos, o planejamento indica para onde a organi-
ção de todas as atividades ocorra em harmonia. zação deve se dirigir, o que consequentemente
Por último, a função de controlar ocorre a partir auxilia no encaminhamento dos esforços dos tra-
da mensuração dos resultados obtidos e da interven- balhadores em um único sentido.
ção por meio de ação corretiva no caso de os resulta-
dos não saírem conforme planejado. z Focaliza esforços: na ausência de um planeja-
As funções administrativas, também chamadas de mento, os trabalhadores se comportam de forma
processo administrativo, são inter-relacionadas e cada individualizada. A partir da definição de metas, os
uma delas é apresentada com mais detalhes a seguir. esforços são integrados e o comportamento passa
a ser coletivo, isto é, os colaboradores se dedicam
a questões comuns a todos.
PLANEJAMENTO
z Maximiza a eficiência: quando os esforços e os
A primeira função administrativa é o planejamen- recursos são focalizados em um objetivo, a eficiên-
to. De acordo com Sobral, provavelmente essa função cia é maximizada, pois evitam-se desperdícios,
é a mais significativa para a administração. Isso por- retrabalhos e redundâncias.
que se não há planejamento e definição de objetivo, z Reduz o impacto do ambiente: por meio do pla-
as funções de organizar recursos, dirigir pessoas e nejamento os administradores são capazes de
controlar os resultados torna-se mais difícil. O plane- identificar as mudanças que ocorrem dentro e
jamento é essencial para que seja possível lidar com fora da organização. A partir da análise de tais
o futuro. As organizações devem se planejar a curto, mudanças, é possível determinar as medidas efi-
médio e longo prazo e por meio dessa função podem cazes para enfrentá-las, reduzindo seus impactos
130 gerenciar suas relações com o futuro. negativos na organização.
z Define parâmetros de controle: no momento de OBJETIVOS
planejamento, são definidos os critérios de avalia-
ção do desempenho organizacional. Esses critérios Os objetivos indicam onde a organização pretende
são essenciais para que seja possível comparar chegar, isto é, os resultados esperados a partir da ação
o desempenho atual e o desejado na etapa de dos membros e da alocação dos recursos. Os objetivos
Controle. são apresentados de forma hierárquica, iniciando no
z Atua como fonte de motivação e comprome- mais alto nível da organização.
timento: a concepção de objetivos e planos são Os objetivos estratégicos1 são referentes à organi-
importantes para que cada trabalhador saiba zação como um todo e constituem uma forma de tra-
exatamente seu papel na organização. Quando os duzir a missão e a visão organizacional, isto é, a razão
trabalhadores sabem como devem se comportar e de ser da organização e o que a empresa deseja ser res-
quais atividades estão sob sua responsabilidade, pectivamente, de maneira mais concreta. Os objetivos
a identificação dos mesmos com a organização é táticos são associados às divisões ou departamentos
facilitada, contribuindo para que haja motivação e da organização, sendo desenvolvidos pelos gerentes
comprometimento. de nível médio. Por último, os objetivos operacionais
se referem aos resultados esperados de grupos e indi-
z Potencializa o autoconhecimento organiza-
víduos, e são elaborados pelos supervisores de primei-
cional: durante o processo de planejamento, os
ra linha ou até mesmo pelos próprios trabalhadores.
ambientes interno e externo à organização devem
Os objetivos são formulados a partir de forças
ser analisados. A partir de então, é possível iden-
externas e internas2. Enquanto as forças internas
tificar não apenas as oportunidades e ameaças
incluem disponibilidade ou escassez de recursos,
presentes no ambiente externo, mas também as
motivação dos administradores, forças e fraquezas
forças e fraquezas da organização (ambiente inter-
da organização, as forças externas abrangem a con-
no), possibilitando o autoconhecimento.
corrência, fornecedores, clientes, oportunidades e
z Fornece consistência à ação gerencial: o planeja- ameaças.
mento propicia fundamentos lógicos para a tomada de Os objetivos eficazes têm as seguintes características3:
decisão, indicando que as decisões não serão arbitrá-
rias. Assim, garante-se que as deliberações organizacio- z Específicos: os objetivos devem ser específicos no
nais são consistentes com os resultados esperados. sentido de serem capazes de indicar com clareza o
resultado esperado.
De acordo com Chiavenato, o planejamento pode
z Mensuráveis: os objetivos devem ser quantifi-
ser definido em três níveis: estratégico, tático e opera-
cáveis. Assim, torna-se mais fácil transformar os
cional. O conteúdo, expansão de tempo e amplitude de
objetivos em ideias, bem como favorece a avalia-
cada tipo de planejamento é apresentado no quadro
ção dos resultados em comparação com o que era
a seguir.
esperado.
z Desafiadores, porém, alcançáveis: objetivos sim-
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ples demais não desafiam nem motivam os tra-
balhadores. Por outro lado, objetivos impossíveis
Conteúdo Genérico, sintético e abrangente
de serem alcançados com os recursos disponíveis,
Extensão de tempo Longo prazo podem desmotivar os trabalhadores. Por isso,
devem ser desafiadores na medida certa.
Amplitude Macro orientado. Aborda a em-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


presa como uma totalidade z Definidos no tempo: na definição de um objeti-
vo é necessário também estabelecer o horizonte
temporal para sua consecução. Só assim é possível
PLANEJAMENTO TÁTICO avaliar o alcance dos objetivos, além de possibili-
tar delinear as melhores ações para atingi-los.
Conteúdo Menos genérico e mais z Coerentes: os objetivos devem ser consistentes
detalhado
entre si. Mesmo que se tratem de objetivos de
Extensão de tempo Médio prazo diferentes departamentos, eles não podem ser
contraditórios.
Amplitude Aborda cada unidade da empre-
sa separadamente
z Hierarquizáveis: deve ser possível organizar
a prioridade de cada objetivo. Isso porque nem
todos os objetivos são igualmente importantes e,
em caso de escassez de recursos ou outra situação
PLANEJAMENTO OPERACIONAL
na organização, os administradores devem priori-
Conteúdo Detalhado, específico e analítico zar um ou outro objetivo.
Extensão de tempo Curto prazo
PLANOS
Amplitude Micro orientado.
Aborda cada tarefa ou operação O plano é consequência do planejamento e está
apenas situado entre a elaboração do planejamento e a prá-
tica, isto é, a implementação do que foi anteriormen-
Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 171). te planejado. Sendo assim, definidos os objetivos, os
1  Sobral (2013)
2  Maximiano (2000)
3  Sobral (2013) 131
administradores devem estruturar os planos para comum, também trata de uma função administrativa.
alcançar as metas estabelecidas. Por meio do plano é Neste tópico e também no Capítulo 3, “organização”
possível responder às seguintes questões associadas assumirá o segundo significado, ou seja, trata-se de
aos objetivos: o quê? Quando? Como? Onde? Por quem? estruturar, distribuir e alocar os recursos e tarefas.
Existem quatro tipos de planos: procedimentos, Assim como a função de planejamento, a organiza-
orçamentos, programações e regulamentos. As defini- ção abrange os três níveis organizacionais: estratégi-
ções desses planos são apresentadas no quadro a seguir. co, tático e operacional. Sobral destaca que organizar
envolve tomar decisões antagônicas, mas relaciona-
PLANOS DEFINIÇÃO das. Essas decisões são nomeadas como diferenciação
e integração.
São relacionados com os métodos
de trabalho ou de como executar o z Processo de diferenciação: diz respeito à divisão
Procedimentos trabalho. Normalmente, são planos das tarefas de acordo com os departamentos espe-
operacionais e representados por cializados. Quando o trabalho é dividido e agrupa-
fluxogramas. do conforme as unidades de trabalho que possuem
São relacionados com dinheiro (re- maior aptidão para desempenhá-lo, consequen-
ceita ou despesa) em determinado temente os resultados são mais satisfatórios. No
período de tempo. entanto, é relevante atentar para que no processo
Estratégicos: envolvem a empresa de diferenciação os departamentos não percam
como um todo e sua temporalida- de vista os objetivos da organização de uma for-
de é de longo prazo. Exemplo: pla- ma geral. Isso porque quando as áreas funcionais
nejamento financeiro estratégico. se concentram apenas em suas atividades, podem
Orçamentos Táticos: envolvem determinado considerar que o que fazem é mais importante,
departamento da empresa e sua contribuindo para o surgimento de conflitos entre
temporalidade é de médio prazo. os departamentos.
Exemplo: orçamento departamental.
Operacionais: envolvem uma única z Processo de integração: oposto da diferencia-
atividade e sua temporalidade é de ção, a integração é a coordenação das atividades
curto prazo. Exemplo: orçamento de desempenhadas nos diferentes departamentos
manutenção. com vistas à união dos esforços e alcance dos obje-
tivos organizacionais. A integração contribui para
Também chamadas de programas, que os possíveis conflitos decorrentes da diferen-
as programações são relacionadas ciação sejam eliminados. A integração eficaz ocor-
com o tempo. De acordo com o tem-
re por meio da supervisão hierárquica, regras e
po e as atividades que devem ser de-
procedimentos internos, planos e objetivos organi-
Programações sempenhadas, as programações são
zacionais, comunicação e sistemas de informação.
criadas. Os métodos de programa-
ção podem ser simples (agenda) ou
complexos (software). O programa Como resultado do processo de organização, é esta-
mais simples é o cronograma. belecida a estrutura organizacional, isto é, a maneira
pela qual as atividades são estruturadas para o alcan-
Também chamados de normas, são ce dos objetivos. Os tipos de estrutura organizacional,
relacionados com o comportamento bem como a centralização e a descentralização e os
solicitado e esperado das pessoas. tipos de departamentalização são discutidos a seguir.
Geralmente são planos operacionais
Regulamentos
e substituem o processo de decisão
DIREÇÃO
individual de cada trabalhador por
um comportamento previamente
A direção é a função administrativa que ocorre após
especificado.
realizados o planejamento e a organização. Essa função
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).
remete à interação entre os trabalhadores e os líderes,
ou seja, está diretamente associada com as pessoas.
ORGANIZAÇÃO Sobral aponta que dirigir é unir esforços para que
os objetivos da organização sejam atingidos. Não se
Estabelecidos os objetivos e os planos da organiza- trata de uma tarefa simples, pois não raro os objetivos
ção, a etapa seguinte do processo administrativo é a e interesses e individuais não são compatíveis com os
organização. Nesse momento, os gestores devem orga- objetivos e interesses da organização.
nizar os recursos humanos e materiais da empresa. Se os objetivos da organização devem ser alcan-
Isso significa que além de reunir os recursos materiais çados por meio das pessoas que a compõem, então é
que serão necessários para execução do planejamen- fundamental que as relações interpessoais entre líde-
to, os administradores devem definir as atividades a res e subordinados sejam harmoniosas. Para que isso
serem realizadas, bem como designar as atividades ocorra, as habilidades de comunicação e liderança dos
para cada indivíduo. Trata-se, portanto, da operacio- gestores devem ser adequadas. Além disso, os gesto-
nalização do planejamento. res devem contribuir para que o ambiente de traba-
A palavra “organização” além de ser frequente- lho seja agradável e de cooperação entre os colegas.
mente utilizada para definir um conjunto de pessoas Assim, os trabalhadores podem sentir-se motivados
132 que desenvolvem atividades em busca de um objetivo para o desempenho de suas atividades.
As funções de planejamento e controle estão inti-
Importante! mamente relacionadas, conforme apresentado na
A direção é a função administrativa associa- figura a seguir.
da ao direcionamento dos trabalhadores para
uma finalidade comum: o alcance dos objetivos
organizacionais.

PLANEJAMENTO CONTROLE
Na função de direção também está presente o con-
ceito de motivação. Apesar de muitos líderes busca-
rem formas de motivar os trabalhadores por meio de Definição de objetivos Avaliação dos
palestras e treinamentos, por exemplo, a motivação que posteriormente resultados alcançados
serão comparados e comparação com os
é intrínseca, ou seja, está no interior dos indivíduos. com o desempenho resultados pretendidos.
É impossível, portanto, que um gestor ou líder seja alcançado. Fornece informações
capaz de motivar os colaboradores. que servem de
A abrangência da direção inclui os níveis estraté- base para novos
planejamentos.
gico, tático e operacional. Chiavenato indica que os
diretores dirigem os gerentes (estratégico), os geren-
tes dirigem os supervisores (tático) e os supervisores Fonte: Adaptado de Sobral (2013).
dirigem os funcionários (operacional). O quadro a
seguir demonstra esses três níveis. O controle é um processo cíclico e composto por
quatro fases5:
NÍVEIS DE NÍVEIS DE CARGOS
ABRANGÊNCIA z Estabelecimento de padrões ou critérios: só será
ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO ENVOLVIDOS
possível analisar se os objetivos foram alcançados
A empresa se houver padrões ou critérios sobre o desempenho
Diretores e al-
Estratégico Direção ou áreas da
tos executivos desejado. Podem ser definidos critérios quanto ao
empresa
tempo, ao custo, à qualidade, à quantidade etc.
Gerentes Cada z Observação do desempenho: para controlar
e pessoal departamento
Tático Gerência um resultado, é preciso conhecê-lo, observá-lo. A
do meio do ou unidade da
campo empresa observação ou verificação do desempenho é fun-
damental para que sejam obtidas informações
Supervi- Cada grupo sobre o que está sendo controlado.
Operacional Supervisão sores e de pessoas ou
z Comparação do desempenho com o padrão
encarregados tarefas
estabelecido: estabelecidos os critérios de desem-
Fonte: adaptado de Chiavenato (2004).
penho e observado o desempenho do resultado, é
hora de comparar o resultado real com o resultado
pretendido. É possível que haja algum de tipo de
CONTROLE
desvio ou variação no resultado, no entanto, nem
toda variação requer correção. Por isso, é impor-
Por fim, o controle é a última função da adminis-
tante também delimitar os limites dentro dos

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


tração e depende do planejamento, organização e quais o resultado será considerado aceitável ou
direção para que seja formado o processo adminis- suficiente. A comparação pode ser realizada por
trativo. Nessa etapa, os resultados alcançados são meio de gráficos, relatórios, medidas estatísticas,
comparados com os resultados planejados e, caso seja entre outros.
necessário ajustes são realizados ou até mesmo pode z Ação corretiva: os erros e variações que estejam
ser constatada a necessidade de realizar um novo fora dos limites estabelecidos devem ser corrigi-
planejamento. dos. A ação corretiva é fundamental para que o
Por meio do controle, busca-se obter informações objetivo previamente definido seja alcançado.
sobre os resultados alcançados com o objetivo de veri-
ficar se o planejamento foi bem-sucedido. Por meio do A abrangência do controle, assim como das outras
controle, busca-se assegurar que a missão e os objeti- funções administrativas, ocorre nos níveis estratégico,
vos organizacionais estão sendo alcançados de forma tático e operacional. Para finalizar, o controle é funda-
eficaz e eficiente. São duas as atribuições4 essenciais mental para garantir que o ciclo administração (pla-
do processo de controle: nejar – organizar – dirigir – controlar) seja concluído.
Se não são analisados os resultados associados com a
z Monitorar as atividades: consiste em comparar execução das etapas anteriores, elas deixam de fazer
o desempenho atingido em relação com o que era sentido. Sobral destaca que por meio do controle os
esperado. administradores podem acompanhar as mudanças dos
ambientes interno e externo e que afetam a consecu-
z Corrigir os desvios: diz respeito à adoção de ção dos objetivos organizacionais. Ademais, quando
medidas corretivas quando erros ou desvios nas há um controle eficaz, é possível garantir que as ati-
atividades podem prejudicar ou dificultar o alcan- vidades estão sendo realizadas conforme o planejado.
ce dos objetivos previamente definidos. Em síntese, o papel principal do controle é preservar a
4  Sobral (2013)
5  Chiavenato (2004) 133
organização em conformidade com o padrão de com-
portamento e desempenho definido antecipadamente. MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
Os tipos de controle, o controle por níveis organi- LIDERANÇA
zacional e as ferramentas de controle são apresenta-
dos no Capítulo 4. O comportamento organizacional é uma área de
conhecimento que envolve a Psicologia e a Sociolo-
gia e busca compreender as ações e comportamentos
individuais e grupais nas organizações. Por meio dos
EXERCÍCIOS COMENTADOS estudos da área de comportamento organizacional é
possível compreender, por exemplo, o que motiva os
1. (IBGE – 2020) Em todas as áreas funcionais de uma trabalhadores, por que eles trabalham mais ou menos
empresa, os administradores exercem as funções em determinadas condições, em quais situações se
administrativas. São exemplos de desempenho das sentem satisfeitos no trabalho, entre outras questões.
funções planejamento e controle na área de finanças, O comportamento das pessoas no trabalho con-
respectivamente: tribui para o aumento da produtividade, redução do
absenteísmo e da rotatividade, melhora no clima de
a) definição da estrutura de financiamento; aplicação de trabalho, entre outras vantagens. Para isso, os admi-
recursos financeiros; nistradores devem buscar entender6: (1) as atitudes
b) aplicação de recursos financeiros; análise da rentabili- dos funcionários em relação ao seu trabalho; (2) suas
dade da organização; características psicológicas, isto é, sua personalidade;
c) elaboração de orçamentos; remuneração dos funcio- (3) a percepção que os trabalhadores têm do ambiente
nários com opções de ações; de trabalho; e (4) a forma como eles aprendem novas
d) elaboração de projetos de investimento; monitoramen- habilidades e competências.
to do desempenho financeiro da organização; Conforme Sobral, compreender o comportamento
e) definição da estrutura de financiamento; implementa- organizacional é fundamental para que os adminis-
ção de política de participação nos lucros. tradores possam lidar com as pessoas na organização,
bem como entender e prever seus comportamen-
A elaboração de projetos de investimento é carac- tos. Os recursos humanos são imprescindíveis para
terizada como atividade de planejamento, uma vez o sucesso da organização e, para além dos aspectos
que são definidos objetivos e um plano para o inves- associados à estrutura formal, às tecnologias e aos
timento. Já o monitoramento do desempenho finan- procedimentos, saber administrar os trabalhadores é
ceiro da organização é uma atividade de controle, uma das condições para garantir o bom desempenho
pois essa função é responsável, entre outras coisas, organizacional.
por observar o desempenho e os resultados alcança-
dos na organização. Resposta: Letra D. MOTIVAÇÃO

2. (SEPOG – 2017) O planejamento, a organização, a dire- A motivação determina a intensidade, a direção e


ção e o controle são funções básicas do administra- a persistência da dedicação e empenho de um indiví-
dor e constituem o chamado processo administrativo. duo em alcançar uma meta7. A intensidade diz respei-
Com relação às descrições das funções administrativas, to ao esforço empregado por uma pessoa na realização
assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a falsa. de um objetivo. A direção indica “para onde vamos”.
Por último, a persistência indica quanto tempo um
( ) Planejamento: formula os objetivos e os meios para indivíduo consegue manter seu esforço, isto é, por
alcançá-los. quanto tempo consegue ficar motivado. A motivação
( ) Organização: desenha o trabalho, aloca os recursos e e o desempenho estão intimamente relacionados, pois
coordena as atividades. um profissional motivado tende a ter melhores resul-
( ) Direção: designa pessoas, dirige seus esforços, as tados e bom desempenho em suas tarefas.
motiva e lidera.
( ) Controle: monitora as atividades e corrige os desafios. Dica
As afirmativas são, respectivamente, A direção é especialmente importante quan-
do falamos sobre motivação. Isso porque não
a) V - V - V - V. adianta o trabalhador empregar todo seu esforço
b) V - F - V - V. e capacidade produtiva se não souber em qual
c) F - V - F - V. direção deve caminhar.
d) V - V - F - F.
e) V - V - F - V. A motivação pode ainda ser definida como “[...] a
predisposição individual para exercer esforços que bus-
No planejamento são estabelecidos os objetivos e os quem o alcance de metas organizacionais, condicionada
planos para alcançá-los. Na função de organização pela capacidade de esses esforços satisfazerem, simulta-
os recursos e as atividades são alocados. A função de neamente, alguma necessidade individual”.
direção está associada com a comunicação, lideran- Sendo assim, a motivação não é uma característica
ça e motivação dos trabalhadores. Por fim, o contro- sempre presente no indivíduo, mas é o resultado da
le consiste na análise, monitoramento e correção de relação entre um indivíduo e determinada situação.
possíveis falhas e desvios. Resposta: Letra A. O autor destaca ainda três elementos presentes na
6  Sobral (2013)
134 7  Robbins (2005)
definição de motivação: esforço, metas organizacio- TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES –
nais e necessidades. O administrador deve ser capaz ABRAHAM MASLOW
de mobilizar os esforços dos trabalhadores em dire-
A teoria mais conhecida sobre motivação é Teoria
ção às metas organizacionais. Ao mesmo tempo em
da Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow,
que desenvolve suas atividades visando ao alcance proposta em 1943. De acordo com o autor, as neces-
dos objetivos da organização, o trabalhador tam- sidades dos indivíduos estão dispostas como que
bém busca satisfazer algum tipo de necessidade em uma pirâmide, de forma que, em um primeiro
pessoal. momento busca-se atender aos objetivos da base da
A evolução histórica do conceito de motivação pirâmide e, em seguida, as necessidades vão aumen-
inclui três principais modelos8: tando. São elas:

z Modelo tradicional: associado à Administração z Autorrealização: crescimento, autocontrole;


Científica de Frederick Taylor, o modelo tradicio- z Auto estima: respeito dos outros, confiança, conquista;
nal considera que os trabalhadores são motivados z Social: família, amizade, amor;
fundamentalmente por recompensas monetárias. z Segurança: emprego, saúde, propriedade;
Quando bem recompensados, são motivados a z Fisiológica: respirar, comer, dormir.
produzir mais e com maior agilidade. Os trabalha-
dores são considerados preguiçosos e sem anseios De acordo com Maslow, o ser humano tem a carac-
de crescimento profissional, por isso suas ativi- terística de sempre desejar algo. Por isso, à medida que
dades devem simples, monótonas e facilmente satisfaz uma necessidade, outra passa a ser priorida-
controláveis. de. Uma observação importante é que uma necessida-
de de nível mais alto só surge quando as necessidades
z Modelo de relações humanas: nesse modelo a dos níveis inferiores são atingidas. Portanto, um indi-
ênfase está nas pessoas. Dois aspectos principais víduo não possui necessidade de autorrealização se
estão presentes: a adaptação do trabalhador ao não se tem o que comer, por exemplo.
trabalho e adaptação do trabalho ao trabalhador.
No primeiro, busca-se realizar testes psicológicos, TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES –
orientação profissional e treinamento. No segun- CLAYTON ALDERFER
do, são incluídos temas como motivação, incentivo
Similar à proposta de Maslow, Clayton Alderfer
e comunicação. A partir desse modelo, o trabalha-
apresentou em 1969 uma nova teoria da hierarquia
dor passa a ser considerado em sua completude,
das necessidades. Ao invés de cinco níveis de neces-
pois foi percebido que a desconsideração da natu- sidades, Alderfer apresenta três: existência (corre-
reza humana do trabalho interferia negativamente laciona-se com a autorrealização e a auto estima
na qualidade do trabalho e no comprometimento de Maslow), relacionamento (social) e crescimento
com a organização. (segurança e fisiológica).
z Modelo de recursos humanos: trata-se de uma As necessidades existenciais são relacionadas com
o bem-estar físico, as necessidades relacionais dizem
perspectiva mais complexa da natureza do traba-
respeito às relações interpessoais e as necessidades de
lho. Nesse modelo admite-se que os trabalhadores crescimento referem-se ao desenvolvimento e cresci-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


não possuem necessidades iguais, pelo contrário, mento pessoal.
cada um deles possuem distintos fatores de satis- Além da diferença da nomenclatura, em relação à
fação, buscam formas diferentes de satisfazer suas teoria de Maslow, Alderfer também inova no sentido
necessidades e contribuem para o alcance dos de sugerir que todos os níveis de necessidade atuam
objetivos organizacionais de maneiras variadas. de forma simultânea. Ademais, para o teórico, quando
Diferentemente do que era considerado no modelo uma necessidade não é satisfeita, cresce a importân-
cia das necessidades de níveis inferiores.
tradicional, nesse modelo os trabalhadores são vis-
tos como indivíduos que gostam de realizar suas
TEORIA DOS DOIS FATORES – FREDERICK
atividades na organização e querem contribuir HERZBERG
com o seu trabalho.
A teoria dos dois fatores foi proposta por Frederick
Logo, o trabalho não é algo negativo, mas faz parte Herzberg em 1959. A teoria foi criada a partir de uma
da vida dos trabalhadores de uma maneira positiva. pesquisa realizada com engenheiros e contadores. Os
Além disso, os trabalhadores têm a possibilidade de entrevistados expuseram as situações em que se sen-
expor suas opiniões no que diz respeito ao seu tra- tiram excepcionalmente bem e excepcionalmente mal
balho, de forma a assegurar maior qualidade na exe- no ambiente de trabalho.
Foi percebido que as situações positivas destaca-
cução do mesmo. Finalmente, a complexidade, bem
das pelos trabalhadores estavam associadas com o
como a autonomia nas atividades de trabalho aumen-
próprio trabalho e desempenho. Assim, se sentiam
tam a motivação dos indivíduos. bem nas condições associadas às suas próprias ações.
A seguir, são apresentadas algumas das princi- Por outro lado, as situações negativas destacadas
pais teorias sobre motivação, de acordo com Casado pelos trabalhadores, ou seja, os momentos que se
e Sobral. sentiram excepcionalmente mal, eram associadas a
8  Casado (2002) 135
condições externas ao indivíduo. Portanto, os fatores Quando um trabalhador se compara com outro(s)
alheios aos trabalhadores, fatores esses que não eram e percebe que está sendo menos recompensado, algu-
possíveis de participar ativamente ou controlar, gera- mas atitudes podem ser tomadas para suprimir a ine-
vam um sentimento de insatisfação. quidade, tais como:
Posto isto, Herzberg identificou que a motivação é
composta por dois fatores: intrínsecos e extrínsecos. z Reduzir o esforço empregado em suas ativida-
Enquanto os fatores intrínsecos promovem a satisfa- des: se o trabalho realizado não está sendo recom-
ção no cargo, chamados de fatores motivacionais, os pensado, então o trabalhador pode acreditar que
fatores extrínsecos podem gerar insatisfação e são ao reduzir suas contribuições a remuneração rece-
nomeados fatores higiênicos. bida será justa.
A figura a seguir apresenta exemplos de fatores
motivacionais e higiênicos. z Distorcer a própria imagem: como forma de elimi-
nar a inequidade, o trabalhador pode começar a dis-
torcer a própria imagem, considerando-se um mal
FATORES profissional e que merece a retribuição que recebe.
FATORES HIGIÊNICOS
MOTIVACIONAIS
z Buscar outras referências: se ao se comparar
Trabalho em si Condições de trabalho com determinado indivíduo o trabalhador sente-
-se injustiçado, então ele pode buscar outra refe-
Realização Administração da empresa rência que beneficie sua percepção de justiça.
Reconhecimento Salário � Sair da empresa: trata-se de uma forma drástica de
acabar com a inequidade. Nesse caso, a desmotivação
Progresso Relações com o supervisor do trabalhador é tanta, que prefere sair da empresa.
Responsabilidade Benefícios e incentivos
sociais TEORIA DA DETERMINAÇÃO DE METAS – EDWIN
LOCKE

Idealizada por Edwin Locke, em 1968, a teoria da


Motivacionais Higiênicos determinação de metas considera que os trabalhado-
res têm necessidade de visualizar objetivos. Em outras
Nenhuma
Não satisfação Satisfação Insatisfação insatisfação palavras, as pessoas gostam de ter objetivos bem defi-
nidos pois isso satisfaz suas necessidades de trabalhar
Fonte: Adaptado de <https://bit.ly/3hmUvc7>. com direcionamento. Sendo assim, os administrado-
res devem ser capazes de especificar metas suficiente-
Conforme apresentado na figura, percebe-se que mente claras para os seus subordinados.
a presença dos fatores motivacionais gera satisfação, De acordo com o teórico, o trabalhador se sente
enquanto que a sua ausência gera não insatisfação. De motivado no trabalho quando é capaz de perceber
forma similar, a presença de fatores higiênicos gera os resultados que devem decorrer de suas atividades
nenhuma satisfação, enquanto que a sua ausência de trabalho. Quando os objetivos são compartilhados
gera insatisfação. Portanto, o oposto de satisfação entre líderes e liderados e possuem um razoável grau
não é insatisfação, mas não satisfação e o opos- de dificuldade, os resultados provavelmente serão
to de insatisfação não é satisfação, mas nenhuma melhores. Por outro lado, metas consideradas impos-
insatisfação. síveis de serem alcançadas ou fáceis demais, podem
desmotivar os trabalhadores. Para que os trabalhado-
TEORIA DA EQUIDADE – J. STACY ADAMS res se sintam dispostos a alcançar os objetivos organi-
zacionais, pode ser interessante que eles participem
A teoria da equidade foi sugerida por J. Stacy ativamente da definição dos mesmos.
Adams em 1965. De acordo com essa teoria, os traba-
lhadores sentem-se motivados quando percebem um TEORIA DA EXPECTATIVA – VICTOR VROOM
grau de equidade e justiça na organização. A equidade
é percebida na relação entre as atividades realizadas A teoria da expectativa foi desenvolvida na déca-
por cada indivíduo e a retribuição recebida. da de 1960 por Victor Vroom. Apesar disso, estudiosos
Os trabalhadores frequentemente comparam suas como David Nadler e Edward Lawler contribuíram
realizações e recompensas com as dos outros, seja na
para o desenvolvimento da teoria.
mesma função e organização ou em funções e organi-
De acordo com Vroom, o esforço aplicado no
zações distintas. Por exemplo, um analista financeiro
desenvolvimento de determinada tarefa por um tra-
pode perceber que os analistas financeiros de outras
balhador depende da expectativa de retorno que ele
organizações possuem menos atividades associadas
possui. Isso significa que os indivíduos avaliam se vale
ao cargo e recebem uma remuneração maior. Conse-
quentemente, esse trabalhador perceberá uma iniqui- a pena se empenhar na execução de uma atividade e
dade. Em outra situação, um gestor de vendas pode essa avaliação é feita a partir da análise da recompen-
comparar o seu esforço de trabalho com o trabalho sa que será obtida.
realizado pelos gestores das áreas de recursos huma- Sobral aponta quatro pressupostos da teoria da
nos e marketing da mesma empresa. Se o gestor de expectativa:
vendas percebe que todos os três possuem equivalên-
cia em suas responsabilidades, atribuições e salários, z O comportamento é influenciado por fatores indi-
136 então predominará a ideia de equidade. viduais e contingências ambientais;
z Ao tomar decisões sobre o seu comportamen- na primeira o trabalhador é visto como preguiçoso, que
to no trabalho, os indivíduos o fazem de forma trabalha apenas por obrigação e motivado por recom-
consciente e deliberada; pensas financeiras; na segunda, o trabalhador é consi-
z Cada indivíduo possui seus próprios objetivos e derado competente, esforçado e comprometido com as
necessidades; atividades do trabalho.
z Além dos diversos fatores individuais e ambien- Segundo Periard (2011), os princípios da Teoria X são:
tais, a expectativa sobre o resultado de desem-
penho também influencia o comportamento e a z Os indivíduos evitarão, sempre que possível, o trabalho;
tomada de decisão. z Alguns indivíduos só trabalham sob forte pressão;
z Os indivíduos precisam ser controlados no trabalho;
Os principais componentes dessa teoria são:
z Os indivíduos às vezes precisam ser ameaçados e
expectativa esforço-desempenho, expectativa desem-
punidos para que se esforcem em cumprir os obje-
penho-resultado e valência, conforme apresentado na
tivos estabelecidos pela organização;
figura a seguir.
z Os indivíduos são preguiçosos. Os indivíduos evi-
tam responsabilidades no trabalho.
Esforço Desempenho
Resultados Resultados
Individual Individual
Já os princípios da Teoria Y são:
Expectativa Expectativa Valência
esforço-desempenho desempenho-resultado z Os indivíduos gostam de trabalhar;
z Os esforços físico e mental empregados no traba-
Fonte: adaptado de Sobral (2013, p. 325). lho são tão naturais quanto os empregados em
momentos de lazer;
z Expectativa de esforço-desempenho: indica que z Os indivíduos não só aceitam responsabilidades
as expectativas em relação ao grau de dificuldade no trabalho, mas também as procuram;
de um bom desempenho influenciam as decisões z Os indivíduos são criativos e buscam sempre solu-
dos indivíduos quanto ao comportamento deseja- ções para os problemas organizacionais;
do. Sendo assim, as pessoas geralmente têm um
desempenho que parece ter mais probabilidade z Os trabalhadores podem ser auto gerenciados em
de gerar um resultado que elas valorizam. Quanto suas tarefas.
maior a crença de que é possível obter um bom
desempenho, maior a expectativa e a motivação. Também são visualizadas diferenças na adminis-
Por outro lado, se o indivíduo acredita que não tração nessas duas teorias, conforme quadro a seguir.
poderá ter desempenho de sucesso, suas expecta-
tivas e sua motivação serão baixas. Em resumo, o A ADMINISTRAÇÃO A ADMINISTRAÇÃO
indivíduo se preocupa com as chances que possui PELA TEORIA X PELA TEORIA Y
de obter um resultado benéfico para si mesmo.
z Expectativas de desempenho-resultado: as pes- Vigilância e fiscalização Autocontrole e direção
soas têm expectativas de determinados resultados das pessoas.
em função de seu comportamento e tais expecta- Desconfiança das Confiança nas pessoas.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


tivas influenciam suas decisões de ação. Espera- pessoas.
-se que um bom desempenho seja seguido de um
resultado, tal como uma promoção, um reconhe- Imposição de regras e Liberdade e autonomia.
cimento público, uma remuneração variável, uma regulamentos.
recompensa simbólica etc. Em outras palavras, o
indivíduo se preocupa com os resultados obtidos a Descrédito nas pessoas. Delegação de
depender da forma escolhida para se comportar. responsabilidade.

z Valência: a valência indica a atratividade do resul- Centralização das deci- Descentralização das
tado. Os resultados dos comportamentos podem sões no mais alto nível decisões.
motivar as pessoas de acordo com seus objetivos hierárquico.
individuais. Para um gestor que prioriza o poder,
por exemplo, ser capaz de influenciar e liderar Atividades rotineiras para Atividades criativas para
muitas pessoas tem valência mais alta do que ter as pessoas. as pessoas.
tarefas complexas para realizar diariamente. Des- Autocracia e comando. Democracia e
taca-se que a atratividade do resultado é variável participação.
de acordo com a pessoa, já que cada um possui
suas próprias motivações. Pessoas como recursos Pessoas como parceiros
produtivos. da organização.
Sendo assim, cada indivíduo avalia se o resultado
de suas ações compensa o esforço que será consumido. Fonte: adaptado de Rchristanelli (2013)

TEORIA X E TEORIA Y – DOUGLAS MCGREGOR TEORIAS DAS TRÊS NECESSIDADES - DAVID


MCCLELLAND
Douglas McGregor apresenta conceitos opostos sobre
a administração e os trabalhadores. De forma geral, a Teo- Trata-se de uma teoria mais contemporânea e desen-
ria X e a Teoria Y tratam de perfis profissionais distintos: volvida por David McClelland. A teoria é fundamentada 137
nas ideias de John Atkinson, que relaciona o comporta- O comprometimento afetivo decorre de um tipo
mento com três tipos de necessidades: de afeto, apego, carinho com a organização. Os traba-
lhadores com esse tipo de comprometimento gostam
z Necessidades de realização: associadas com o dese- e querem permanecer na organização porque se iden-
jo de atingir objetivos complexos e superar os outros. tificam com os valores e metas ou porque se envol-
z Necessidades de poder: relacionadas com o dese- veram fortemente com as atividades de trabalho e o
jo de influenciar e ter poder sobre os outros. papel desempenhado. Esse comprometimento é esti-
mulado por experiências anteriores de trabalho, prin-
z Necessidades de afiliação: diz respeito ao desejo cipalmente aquelas que satisfazem as necessidades
de relacionamento com os outros, incluindo rela- psicológicas do trabalhador e o fazem se sentir bem
cionamentos amorosos e de amizade. no ambiente de trabalho. Alguns dos indicadores do
comprometimento afetivo são:
A respeito dessas necessidades, McClelland defen-
de que elas não possuem uma progressão hierárquica z Grande satisfação em dedicar tempo e esforço nas
(o que a diferencia da teoria da hierarquia das necessi- atividades organizacionais;
dades de Maslow) e assumem intensidades diferentes
em cada pessoa, a depender de suas características. z Percepção de que os problemas organizacionais
Enquanto alguns podem ter alta necessidade de reali- também são problemas próprios;
zação, outros podem priorizar o poder ou a afiliação. z Senso de integração com a organização;
Os resultados das pesquisas de McClelland permi-
tiram chegar aos seguintes resultados: z Vínculo emocional com a organização;
z Significado pessoal proporcionado pela organiza-
z Os administradores bem-sucedidos possuem ção ao trabalhador.
maior necessidade de realização do que os demais
profissionais. O comprometimento instrumental decorre das
z Os indivíduos com necessidade de afiliação podem recompensas e dos custos associados ao trabalho. Esse
desempenhar bem as atividades associadas com a tipo de comprometimento ocorre porque o trabalha-
gestão de pessoas. dor investiu significativamente seu tempo e esforços
na organização e porque não existem oportunidades
z Os administradores nos níveis hierárquicos mais “melhores” no mercado de trabalho. Portanto, os tra-
altos possuem maior necessidade de poder. balhadores avaliam os custos associados a abandonar
a organização ao mesmo tempo em que percebem que
Aos líderes e gestores cabe a tarefa de identificar precisam da remuneração recebida na organização e,
se o perfil do trabalhador e o cargo por ele desempe- por isso, preferem continuar no trabalho. O compro-
nhado estão adequados. Assim, é mais provável que metimento organizacional pode ser caracterizado por
os trabalhadores tenham um bom desempenho pro- uma constante análise da relação entre os custos e os
fissional. Aqueles com maior necessidade de realiza- benefícios da saída da organização.
ção, por exemplo, preferem tarefas mais complexas O comprometimento instrumental também é cha-
e desafiadoras, enquanto que os que possuem menor mado de calculativo, já que os trabalhadores calculam
necessidade de realização preferem cargos estáveis. se poderão ter os aspectos positivos obtidos na orga-
nização atual (tais como o cargo, as tarefas, os bene-
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL fícios recebidos etc.) caso busquem um trabalho em
uma nova organização. Está estritamente associado a
O termo “comprometer” pode significar obrigar-se, um raciocínio econômico. Alguns dos indicadores do
envolver-se ou expor-se a um perigo. Por outro lado, comprometimento instrumental são:
pode ser associado a engajamento e envolvimento9.
Quando falamos de comprometimento organiza- z Necessidade ou desejo de permanecer na organi-
cional estamos tratando do segundo significado. O zação diante da situação atual;
comprometimento organizacional diz respeito a uma
z Dificuldade em abandonar a organização;
aceitação dos objetivos e valores da empresa por par-
te do empregado, de forma que ele considera válido z Carência de alternativas de emprego imediatas.
esforçar-se na realização de suas atividades.
Comprometimento organizacional indica o quanto Por último, o comprometimento organizacional
um indivíduo se identifica com os valores e os obje- normativo está associado a um sentimento de obriga-
tivos da organização. Quanto maior a identificação, ção em permanecer na empresa. Isso pode acontecer
mais o trabalhador se empenhará para porque a organização possui estratégias para garantir
continuar sendo parte da organização. Assim, que os trabalhadores considerem que a organização
o trabalhador comprometido é aquele que “veste a precisa deles para a continuidade de suas atividades.
camisa”, vibra com as conquistas da organização e se A oferta de benefícios “generosos” e o contato intenso
solidariza com as dificuldades enfrentadas. entre os membros da organização podem contribuir
O comprometimento pode ser afetivo, instru- para que os trabalhadores se sintam parte de uma
mental ou normativo10. Como veremos, em cada um família. Nesse caso, a possibilidade de sair da organi-
desses tipos de comprometimento o trabalhador se zação provoca um sentimento de culpa no trabalha-
envolve com a organização e tem o desejo de perma- dor, pois ele não acha certo abandonar a organização
necer nela. O que muda, entretanto, é o motivo para que o proporciona tantos privilégios. Alguns dos indi-
querer ficar na empresa. cadores do comprometimento normativo são:
9  Simon e Coltre (2012)
138 10  Simon e Coltre (2012) e Siqueira (2001)
z Sentir-se obrigado a permanecer na organização, z Informações: são dados tratados. Quando os
ainda que seja vantajoso para o trabalhador; dados são classificados, armazenados, ordenados e
z Lealdade e sentimento de dever à organização; relacionados, se tornam informações. As informações
possuem significado, são capazes de transmitir uma
z Obrigação moral do indivíduo com os outros
mensagem.
trabalhadores.
Fonte: UNILAB. Entenda a diferença entre dados e informação. 2019.
COMUNICAÇÃO
Disponível em: <https://bit.ly/3pvJvMj>. Acesso em: 10 nov. 2020.

A palavra comunicação é derivada do latim


Componentes do processo de comunicação
communicare e significa partilhar, tonar algo comum.
Trata-se, portanto, do processo de transmitir/parti-
O processo de comunicação envolve oito compo-
lhar uma mensagem com outra(s) pessoa(s) e ser com-
nentes (ROBBINS):
preendido por quem recebe a informação.
z Fonte da comunicação: também chamado de
Funções da comunicação
emissor, é a pessoa que deseja comunicar uma
mensagem. A fonte inicia a mensagem por meio da
A comunicação inclui a transferência e a comuni-
codificação do pensamento.
cação dos significados daquilo que se quer expressar.
A comunicação possui quatro funções principais11 em z Codificador: mecanismo utilizado para exteriori-
um grupo ou organização: zar a mensagem;
z Mensagem: expressão daquilo que o emissor
z Controle: a comunicação serve para controlar, pretende comunicar. É o produto codificado pelo
seja formal ou informalmente, o comportamento emissor. Na comunicação oral, a mensagem é a
das pessoas no ambiente de trabalho. O controle própria fala. Na comunicação escrita, a mensagem
formal ocorre, por exemplo, quando os trabalha- é o texto. Na comunicação não-verbal, a mensa-
dores comunicam ao líder algum problema no tra- gem inclui os movimentos e expressões.
balho e quando os gerentes comunicam aos seus z Canal: meio pelo qual a mensagem é conduzida.
subordinados que eles devem seguir as políticas Pode ser formal ou informal. Os canais formais são
organizacionais. Por outro lado, o controle infor- definidos pela organização e disseminam mensagens
mal ocorre, por exemplo, quando um grupo de associadas com as atividades de trabalho; geralmen-
trabalho reclama com um membro que não está te seguem a estrutura hierárquica, o que significa
contribuindo para a realização das atividades. que a comunicação é transmitida de cima para bai-
z Motivação: a comunicação pode facilitar a moti- xo. Os canais informais são mais espontâneos e ser-
vação já que por meio dela os trabalhadores são vem para conduzir as comunicações pessoais.
capazes de identificar as atividades que devem z Receptor: pessoa que recebe a mensagem do emissor.
fazer, como devem desempenhá-las, recebem fee- z Decodificador: mecanismo utilizado para decifrar
dback sobre o quão bom é o seu trabalho e como a mensagem.
podem aperfeiçoá-lo. Alguns exemplos de situações
z Ruído: inclui as barreiras para a comunicação que
em que a comunicação desperta a motivação são:
alteram o sentido da mensagem. Os ruídos podem
definição de metas claras e específicas (de acordo
ser provenientes do emissor ou do receptor e são
com a teoria da determinação de metas de Locke,

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


apresentados mais adiante.
os trabalhadores têm necessidade de visualizar
objetivos), feedback sobre os resultados obtidos de z Feedback: é o elo final do processo de comunica-
acordo com os objetivos previamente estabeleci- ção. Por meio do feedback é possível constatar se
dos e reforço do comportamento esperado. a transmissão da mensagem teve sucesso ou não.
A mensagem é transmitida com sucesso quando o
z Expressão emocional: para muitos trabalhado-
receptor entende exatamente aquilo que o recep-
res, a fonte primária de interação ocorre na orga-
tor pretendia comunicar.
nização, em seu grupo de trabalho. Sendo assim,
por meio da comunicação que ocorre nos grupos,
O processo de comunicação é apresentado na figu-
os membros podem expressar seus sentimentos,
ra a seguir.
sejam eles de desapontamento ou satisfação.
z Informação: por meio da comunicação, as pes-
FONTE RECEPTOR
soas transmitem informações que podem facilitar
a tomada de decisões. Isso porque a comunicação Mensagem a Codificação
da mensagem
Mensagem Mensagem
ser enviada recebida decodificada
de dados e informações podem contribuir para
que os tomadores de decisões visualizem cenários
e escolham as melhores alternativas. Canal

Dados ≠ Informações
Ruído

z Dados: são conteúdos quantificáveis, tais como


números, valores e medições. Sozinhos, os dados
não são fonte de conhecimento. Isso significa que um Feedback

dado, isoladamente, não contribui para a tomada de


decisão gerencial. Fonte: adaptado de Robbins (2005, p. 233).

11  Robbins (2005) 139


Meios de comunicação A linguagem corporal, quando somada à comuni-
cação oral ou escrita pode completar essa última. Um
Os três métodos básicos pelos quais as pessoas tro- exemplo disso é a leitura de uma ata. Quando você lê
cam mensagens entre si incluem a comunicação oral, uma ata de reunião não consegue compreender exa-
comunicação escrita e comunicação não-verbal12. tamente como as pessoas se expressaram, o que seria
A comunicação oral é a principal forma de comu- diferente se você estivesse presente ou assistisse o
nicação. Alguns exemplos incluem: diálogos, palestras vídeo da reunião. A razão é que na linguagem escri-
e debates. As principais vantagens associadas à comu- ta muitas vezes é difícil identificar a ênfase dada às
nicação oral são a rapidez de resposta e o feedback. palavras e a entonação pode transformar completa-
O prazo de emissão e recebimento de uma mensa- mente o sentido de uma mensagem. Na frase “Por que
gem nesse tipo de comunicação pode ser muito curto. eu não levo você para jantar hoje?” se a ênfase estiver
Além disso, se o receptor tiver alguma dúvida sobre a em “jantar”, o foco está em sair para jantar hoje e não
mensagem, o feedback também poderá ser dado rapi- para almoçar amanhã, por exemplo. Por outro lado, se
damente, possibilitando que o emissor reformule a a ênfase estiver em “não” o emissor pode estar procu-
mensagem. rando um motivo para não sair para jantar.
Apesar das vantagens, quando a mensagem tiver Por meio das expressões faciais também é possível
que ser enviada a um grande número de pessoas, a transmitir uma mensagem. Acrescida da entonação
desvantagem da comunicação oral é a possibilidade da voz, as expressões faciais podem indicar timidez,
de distorções da informação. Isso pode ocorrer por- medo, agressividade, cinismo etc. Por último, o dis-
que cada indivíduo recebe e interpreta a mensagem tanciamento físico entre as pessoas também apresen-
de uma forma, geralmente conforme seus interesses ta uma mensagem, mas esse distanciamento depende
individuais. Similarmente, a distorção pode ocorrer muito das normas culturais de cada empresa ou até
quando a comunicação ocorre de cima para baixo mesmo país. Uma grande distância pode representar
(seguindo a estrutura hierárquica) incluindo vários desinteresse, enquanto que uma pequena distância
níveis hierárquicos. Ao chegar na base da hierarquia pode indicar hostilização ou interesse sexual.
a informação pode ter sofrido diversas alterações, tal
como ocorre na brincadeira do “telefone sem fio”. Ruídos na comunicação
Na comunicação escrita é utilizada a linguagem
escrita ou simbólica para enviar informações. Alguns A comunicação é eficaz quando a compreensão
exemplos abrangem: e-mails, memorandos, mensa- da mensagem por parte do receptor é compatível
gens escritas no aplicativo WhatsApp, jornais, bole- com o significado da mensagem que o emissor dese-
tins, relatórios, redações, entre outros. As vantagens java transmitir. Quando a compreensão do receptor
da comunicação escrita são: tangibilidade da infor- é diferente daquilo que o emissor deseja transmitir,
mação; possibilidade de verificar a mensagem; manu- então provavelmente houve algum tipo de ruído na
tenção do registro da mensagem tanto pelo emissor comunicação. O ruído é qualquer tipo de prejuízo à
quanto pelo receptor; possibilidade de armazena- comunicação. Os ruídos podem advir do emissor ou
mento da mensagem por um longo período de tempo, do receptor.
entre outras. Vamos começar tratando dos ruídos decorrentes
Essa comunicação é especialmente útil quando do emissor, ou seja, as dificuldades associadas àquele
se deseja enviar mensagens extremamente longas que fala13:
ou complexas. Além disso, as pessoas tendem a ser
mais cuidadosas na escolha das palavras e na forma z Falta de clareza nas ideias: o emissor pode pen-
de expressá-las quando escrevem. Por essa razão, a sar rapidamente naquilo que deseja expressar e,
comunicação escrita geralmente é mais clara e bem caso não tenha facilidade de comunicação, pode
elaborada do que a comunicação oral. Associada a não conseguir transmitir a ideia de maneira ade-
essas vantagens, a desvantagem da comunicação quada. Isso ocorre porque não houve um aperfei-
escrita é o tempo que demora para ser enviada ao çoamento da mensagem;
receptor. Outra desvantagem é a ausência de feedback
z Comunicação múltipla: não falamos apenas com
instantâneo. Enquanto na comunicação oral basta
a voz, mas também com o nosso corpo. É impor-
solicitar ao receptor que faça um resumo do que foi
tante que a comunicação oral seja condizente com
falado para identificar se a mensagem foi corretamen-
a comunicação corporal. Quando isso não aconte-
te compreendida, no envio de um e-mail, por exem-
ce, a comunicação pode ser falha;
plo, não é possível garantir que o receptor recebeu ou
compreendeu a informação da forma pretendida pelo z Problemas de codificação: a forma de exteriorizar
emissor. a mensagem é tão importante quanto saber aquilo
A comunicação não-verbal envolve os movimen- que pretende comunicar. Na comunicação oral é
tos do corpo, as expressões faciais, a entonação, ênfase fundamental que a fala possibilite a compreensão da
nas palavras, as pausas, o distanciamento físico entre mensagem. Portanto, o emissor deve estar atento à
o emissor e o receptor, entre outros. Por meio da lin- velocidade da fala, à altura da fala, às pausas etc.;
guagem corporal comunicamos aquilo que queremos z Bloqueio emocional: algumas emoções como a
dizer, ainda que não seja dito em palavras. Destaca-se vergonha ou até mesmo o receio de falar errado
ainda que geralmente a comunicação não-verbal não pode ser um ruído da comunicação. Além disso,
é consciente, o que significa que o estado de espíri- quando o assunto a ser comunicado desperta emo-
to das pessoas é transmitido pela linguagem corporal ções intensas no emissor, a expressão daquilo que
não-verbal. se pretende dizer pode ser prejudicada;
12  Robbins (2005)
140 13  Gil (2012)
z Hábitos de locução: o uso excessivo de gírias, de Direção da comunicação
palavras desconhecidas ou de algumas expressões
como “está entendendo?” pode distrair o receptor De acordo com Robbins, a direção da comunicação
ou causar irritação; pode ser vertical ou horizontal. A comunicação ver-
z Suposições acerca do receptor: se o emissor tical pode ser descendente ou ascendente, enquanto
supõe que o emissor já tem conhecimento de que a comunicação horizontal é chamada de lateral.
determinado assunto ou tem uma opinião formada As características dessas três direções são:
sobre aquilo, a comunicação pode não se comple-
tar. Pode ser que o emissor omita algumas infor- z Comunicação descendente: é o tipo de comu-
mações de sua fala, pois considera que o receptor nicação enviada pelos níveis hierárquicos mais
já sabe sobre aquilo, mas a suposição pode não ser altos para os níveis mais baixos. Ou seja, é o envio
verdadeira. de mensagens dos gerentes e líderes aos seus
subordinados. Alguns exemplos de comunicação
Apesar de muitas vezes a comunicação não ser descendente incluem: atribuição de tarefas aos
eficiente devido ao emissor, o receptor, ou seja, quem trabalhadores, indicações sobre a forma de rea-
recebe a mensagem, também pode ser o responsável lização do trabalho, informações sobre normas
pelos ruídos. Os motivos podem ser os seguintes14: e políticas organizacionais, envio de feedback a
respeito do desempenho. Não necessariamente a
z Audição seletiva: o receptor pode focar sua aten- comunicação precisa ser oral ou presencial. Quan-
ção apenas nos pontos que considera importante,
do o líder encaminha um e-mail para os trabalha-
prejudicando o entendimento da mensagem como
dores com as novas políticas de agendamento de
um todo;
férias, por exemplo, está usando a comunicação
z Desinteresse: apesar de presente fisicamente, o descendente.
receptor pode estar desinteressado o suficiente
para não conseguir reter nenhuma informação z Comunicação ascendente: é a comunicação
transmitida pelo emissor; enviada de baixo para cima, ou seja, os níveis hie-
rárquicos inferiores transmitem uma mensagem
z Avaliação prematura: ocorre quando o receptor
aos níveis mais altos. A comunicação ascendente
acredita que o fato de ter ouvido com atenção o
início da mensagem é suficiente para compreen- pode ser utilizada para enviar feedbacks aos geren-
der todo o contexto. No entanto, no decorrer da tes, informar sobre o atingimento de metas, escla-
mensagem, o sentido pode ser alterado, o que faria recer sobre os problemas que estão ocorrendo nos
com que a compreensão do receptor não seja com- níveis mais baixos, comunicar sobre como os tra-
patível com o significado pretendido pelo emissor; balhadores se sentem em relação ao seu trabalho,
z Preocupação com a resposta: às vezes o receptor aos colegas, aos líderes e à organização como um
se preocupa tanto com a resposta que deverá apre- todo, entre outros. Alguns exemplos incluem: rela-
sentar para o receptor, que não se atenta à toda a tórios de desempenho dos superiores, espaços de
mensagem; sugestões, pesquisas de satisfação dos trabalhado-
z Crenças e atitudes: cada um de nós possuímos res em relação aos seus gerentes, sessões de discus-
crenças. Se a mensagem que o emissor está pas- são de problemas em que os funcionários podem
se queixar ou tratar de questões específicas com

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


sando for contrária às crenças do receptor, ou
ainda se o emissor está criticando as crenças do o superior direto ou os diretores da organização.
receptor, esse último pode se sentir ofendido; z Comunicação lateral: ocorre quando a comuni-
z Reação ao emissor: a reação ao emissor em razão cação é entre “[...] membros de um mesmo grupo
do sotaque, vestimenta ou gestos, por exemplo, ou de grupos do mesmo nível, entre executivos
pode contribuir para que a mensagem não seja do mesmo nível ou entre quaisquer pessoas que
recebida da forma como foi idealizada; estão em um nível horizontal equivalente dentro
z Preconceitos e estereótipos: os preconceitos da organização [...]” (ROBBINS). Esse tipo de comu-
podem impedir a pessoa de falar, pois o receptor nicação pode ser formal ou informal e positiva ou
antecipa aquilo que o emissor pretende dizer; negativa. A comunicação lateral é formal e positi-
z Experiências anteriores: as experiências passa- va quando é utilizada para agilizar o desempenho
das podem contribuir para que o receptor filtre ou requerido pela alta hierarquia. Isso pode ocorrer
distorça as mensagens recebidas; quando a rigidez da estrutura organizacional não
z Atribuição de intenções: o receptor pode estar propicia a rápida e eficaz transferência de infor-
preocupado em atribuir intenções ao emissor – mações. Nesse caso, a comunicação ocorre com a
ou seja, tentar deduzir a mensagem que ele quer ciência e aprovação dos supervisores. Por outro
falar – ao ponto de não conseguir entender (ou até lado, a comunicação pode ser informal e negativa
se privar de entender) o verdadeiro significado da quando a comunicação formal é descumprida e os
mensagem. membros agem e tomam decisões sem o conheci-
z Comportamento defensivo: quando o receptor mento dos superiores. Nesses tipos de situações
entende a mensagem do emissor como uma acu- são gerados conflitos entre os liderados e os líde-
sação ou crítica, as respostas podem assumir um res, pois a comunicação ocorre com o intuito de
formato de autodefesa. “ultrapassar” as ordens dos superiores.
14  Gil (2012) 141
LIDERANÇA Liderança formal e informal

Conceito de liderança A liderança pode ser formal ou informal. A lide-


rança formal é mais facilmente percebida nas orga-
A liderança, conforme apresentada por Robbins, nizações. Nesse tipo de liderança, a influência sobre
indica traçar metas, comunicar e engajar os traba- um grupo é exercida por alguém que tem um cargo
lhadores de forma que os objetivos sejam alcançados. mais alto na hierarquia da organização, tal como ges-
Os líderes inspiram os empregados e os auxiliam na tor de projetos, administrador de recursos humanos,
gerente de compras etc. Visto que cargos mais eleva-
superação dos obstáculos e dificuldades. Posto de uma
dos indicam certo grau de autoridade, o líder conse-
forma bastante direta, a liderança é a capacidade de
gue a adesão dos subordinados por conta do cargo
um indivíduo influenciar um grupo no alcance de
que ocupa. Por outro lado, a liderança informal surge
objetivos pré-estabelecidos. na organização informal, isto é, nos grupos que são
De acordo com Sobral “no contexto da adminis- criados na organização pelos próprios membros (não
tração, a liderança pode ser definida como o processo necessariamente as equipes de trabalho definidas
social de dirigir e influenciar o comportamento dos pela organização formal). Robbins afirma que a lide-
membros da organização, levando-os à realização de rança não sancionada, isto é, aquela que surge fora da
determinados objetivos”. Nessa definição, três ele- organização formal, é tão ou até mais importante que
mentos ganham destaque: pessoas, poder e influência. a liderança formal.

z A liderança envolve a presença de pessoas que Estilos de liderança e ética


estão dispostas a seguir aquilo que é indicado pelo
líder. Se não existem liderados, isto é, pessoas pro- Independentemente do tipo de liderança (formal
pensas a aceitar as orientações do líder, não existe ou informal), é importante destacar que os indiví-
também o papel do líder. duos não devem exercer seus papéis de líderes sem
considerar os aspectos éticos. Enquanto líderes éticos
z A liderança também envolve poder. O líder utiliza incentivam os trabalhadores e cobram resultados,
de seu poder junto aos liderados. O poder na rela- líderes antiéticos podem praticar agressões verbais/
ção de liderança é desigual, já que uma ou poucas morais com os subordinados. Quatro estilos de lide-
pessoas detêm a maior parte do poder de influên- rança que correspondem a quatro sistemas éticos dis-
cia, ainda que outros membros tenham alguma tintos são apresentados no quadro a seguir.
forma de poder.
z Por último, a liderança diz respeito à utilização do TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS
poder por parte do líder para influenciar o desem-
penho dos liderados. Os meios justificam os fins;

Preocupa-se meramente com os


Perspectivas das teorias de liderança resultados;
Manipulador A autoridade está baseada no
Sobral destaca três principais perspectivas das teo-
rias de liderança: baseada nos traços, comportamen- poder;
tal e contingencial.
Seus subordinados devem ser pas-
As primeiras teorias de liderança, assim como as sivos, dependentes e submissos.
teorias clássicas de administração (Administração
Científica de Taylor e Teoria Clássica da Administração
de Fayol), estavam preocupadas especialmente com os TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS
aspectos internos à organização. Assim, o foco dessas
teorias estava nos traços internos dos líderes e suas Principal função: comunicar e fazer
características que os diferenciavam daqueles que não cumprir regras;
eram considerados líderes. Essas teorias são incluídas
Preocupação com a eficiência;
na perspectiva de liderança baseada nos traços.
Com o tempo, foi percebido que deveria ser anali- Administrador Racionalização das funções de li-
sado o comportamento dos líderes, e não seus traços e burocrático derança e da administração (Max
características intrínsecas. Nesse momento, também Weber);
foi notado que o comportamento do líder não neces-
As regras são a autoridade, e não
sariamente era inato, mas poderia ser aprendido por os líderes - estabilidade para a or-
meio de treinamento e desenvolvimento. A partir de ganização independentemente do
então, na perspectiva comportamental da liderança líder.
as teorias buscaram tratar dos estilos de liderança.
Esses estilos descrevem o que se espera do comporta-
mento dos líderes.
Por último, acompanhando a tendência das mais
recentes teorias administrativas, especialmente a teo-
ria da contingência, as teorias da liderança na perspec-
tiva contingencial da liderança buscaram compreender
de que forma os fatores situacionais influenciavam na
142 ação dos líderes.
TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS z Autonomia: nesse modelo de liderança, os lidera-
dos tomam grande parte das decisões e assumem
Procura conseguir que as coisas se- responsabilidades. A maturidade dos liderados é
jam feitas com o propósito de atin- tão grande que o líder delega tarefas para cada um
gir os objetivos organizacionais; deles, ciente de que sabem o que se espera deles.
Administrador Seu papel é: planejar, organizar,
Estilos de liderança
profissional comunicar, motivar e mensurar os
resultados;
Conforme apresentado anteriormente, na pers-
Enxerga seu trabalho como uma pectiva comportamental de liderança, busca-se iden-
carreira e profissão. tificar o que os líderes fazem com o intuito de definir
características comportamentais de líderes eficazes.
Com base nisso, diversos estudos foram realizados,
TIPO DE LÍDER CARACTERÍSTICAS conforme apontado por Sobral.
Na Universidade de Iowa, Kurt Lewin e outros
Por meio da motivação, procura re- estudiosos identificaram três estilos de liderança dos
tirar o melhor de cada pessoa; administradores:

A liderança é menos um atributo/ z Estilo autocrático: nesse estilo, o líder centraliza


função e mais uma relação entre a autoridade e o poder de decisão sobre a realiza-
Transformador líderes e colaboradores; ção do trabalho. Consequentemente, a participa-
Enxerga o potencial das pessoas e ção dos trabalhadores é baixa.
tem prazer no seu crescimento; z Estilo democrático: nesse estilo, líderes e lidera-
dos envolvem-se nas decisões e há uma delegação
É um bom treinador e ajuda os ou- da autoridade no que diz respeito às deliberações
tros a se tornarem líderes. associadas ao conteúdo do trabalho. Esse estilo
pode ser consultivo ou participativo. O líder con-
Fonte: Hitt (1990 apud MATTAR, 2010). sultivo, apesar de ouvir as sugestões e opiniões dos
membros da organização, toma a decisão sozinho.
Teoria da liderança situacional – Paul Hersey e Ken Já o líder participativo permite que os subordina-
Blanchard dos participem da tomada de decisão.
z Estilo laissez-faire: nesse estilo, os liderados têm
A teoria da liderança situacional foi desenvolvi- total autonomia para decidirem sobre o seu traba-
da por Paul Hersey e Ken Blanchard em 1969. Como lho. O papel do líder consiste em atender as dúvi-
o próprio nome indica, o líder situacional é aquele das e proporcionar recursos.
capaz de modificar e adaptar seu comportamento de
acordo com a situação. Camargo afirma que “[...] a efi- Os três estilos de liderança podem ser visualizados
cácia do líder está na sua capacidade de adaptar seu em um continuum de comportamento de liderança,
comportamento gerencial ao nível da maturidade ou conforme figura a seguir.
sofisticação de seus subordinados, ou seja, à situação”.
De acordo com Camargo na teoria situacional não Liderança centrada no líder

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


há tipos melhores e piores de líderes. Pelo contrário, o
líder deve identificar as características do grupo e da
situação e assim determinar as melhores estratégias LÍDER AUTOCRÁTICO
de ação. Portanto, a flexibilidade é imprescindível. Uso da autoridade
A autora comenta ainda que os líderes bem-suce- pelo líder
didos ajustam a forma como lideram suas equipes de
acordo com (i) a maturidade dos subordinados, ou
seja, o grau de competência para realização das tare- O gerente O gerente
fas, e (ii) os detalhes da tarefa. Como resultado, quatro toma e "vende"
anuncia a a decição
modelos de liderança podem ser percebidos: decisão

z Direção: o líder deve comunicar aos subordinados


o que fazer e de que forma fazer, acompanhando
desde o início do desenvolvimento das atividades LÍDER DEMOCRÁTICO
até a sua conclusão.
z Orientação: o líder supervisiona e oferece fee-
dbacks constantes aos liderados, além de aceitar
O gerente O gerente O gerente
que esses últimos façam contribuições e sugestões
apresenta apresenta apresenta o
de melhorias para o trabalho. Apesar de a decisão ideias e abre uma decisão problema,
final ser do líder, toda a equipe é envolvida, o que espaço para provisória recebe
contribui para o aumento da motivação. perguntas sujeita a sugestões e
z Apoio: o líder assume o papel de apoiar a equipe de mudanças toma a decisão
liderados. Os subordinados têm grande autonomia
no desenvolvimento de suas tarefas, o que contri-
bui para um processo colaborativo mais próspero. 143
Liderança centrada no subordinado z Coercitivo: exige submissão dos trabalhadores.
z Dirigente: é capaz de mobilizar os esforços dos tra-
balhadores em direção aos objetivos da organização.
LÍDER LAISSEZ-FAIRE
z Afetivo: cria um ambiente de trabalho harmonioso e
Uso da liberdade dos possui bons relacionamentos com os subordinados.
subordinados
z Democrático: aceita a participação de todos
no processo de tomada de decisão, buscando o
O gerente O gerente consenso.
define limites dá liberdade z Modelador: determina altos padrões de desempenho.
e pede ao aos liderados
grupo que para atuar z Treinador: treina e desenvolve os trabalhadores
tome a decisão dentro de para o futuro.
limites
Apesar de todos os estilos terem sido citados na
Outros tipos de estilos de liderança são apresen- pesquisa, prevaleceu o estilo democrático, conside-
tados por meio da grade gerencial de Robert Blake e rado por 75% dos executivos e 71% das equipes de
Jane Mouton. De acordo com Sobral, a grande geren- trabalho.
cial é uma ferramenta que busca posicionar o líder
em duas dimensões comportamentais: preocupação
com as pessoas e preocupação com a produção. Como
resultado, cinco estilos de liderança são identificados: EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FGV – 2018) Um dos principais modelos de liderança
z Líder de pessoas: busca criar um ambiente de tra-
organizacional é apresentado pela teoria situacional
balho leve e amigável, além de focar na necessida-
de Hersey e Ken Blanchard, que preconiza a ideia de
de dos liderados.
que os líderes devem ajustar suas características de
z Líder de tarefa: é orientado para a produtividade acordo com
e eficiência das tarefas, além de considerar que o
elemento humano deve interferir o mínimo possí- a) a influência dos acionistas.
vel na organização. b) a competitividade do setor.
z Líder negligente: não se preocupa com as ati- c) o tamanho da organização.
vidades relacionadas ao seu papel de líder. Tra- d) a maturidade dos subordinados.
balha empregando o mínimo esforço possível e e) o tipo de negócio.
apenas o faz para justificar sua permanência na
organização. De acordo com a teoria situacional ou teoria da lide-
rança situacional de Hersey e Blanchard, os líderes
z Líder meio-termo: busca um equilíbrio entre a bem-sucedidos adequam a forma como lideram suas
satisfação dos liderados e as necessidades asso- equipes de com (i) a maturidade dos subordinados
ciadas à produção, já que se preocupa de forma que estão realizando as tarefas e (ii) os detalhes da
moderada com cada uma das partes. tarefa. Resposta: Letra D.
z Líder de equipe: orientado para as pessoas e para
produção, o líder de equipe busca o comprometi- 2. (FGV – 2016) Com relação ao ambiente de trabalho e
mento dos liderados com os objetivos organizacio- à produção, Herzberg constatou a existência de dois
nais e possui relações amistosas com os liderados. fatores que atuam de forma particular sobre a motiva-
ção do ser humano nas empresas.
Blake e Mouton concluíram que o estilo de lideran- A esse respeito, analise as afirmativas a seguir:
ça mais eficaz é o líder de equipe, já que esses líderes
possuem desempenho mais elevado, maior satisfação I. Os fatores higiênicos são capazes de desmotivar o
e menores índices de rotatividade e absenteísmo. trabalhador.
II. Os fatores higiênicos, uma vez resolvidos, promovem
Rotatividade: indica a quantidade de colaborado-
a motivação do trabalhador.
res que saem e entram na empresa, em um determi-
III. Os fatores satisfacientes permitem remover a insatis-
nado período. Altas taxas de rotatividade indicam que
fação do trabalhador.
a organização não possui um bom clima de trabalho e
capacidade de reter os colaboradores. Assinale:
Absenteísmo: indica um padrão de ausências do
funcionário ao trabalho associado com diversas cau- a) se somente a afirmativa I estiver correta.
sas. O alto índice de absenteísmo pode prejudicar o b) se somente a afirmativa II estiver correta.
alcance dos objetivos da empresa, já que as tarefas c) se somente a afirmativa III estiver correta.
sob responsabilidade dos trabalhadores faltantes fica- d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
rão atrasadas ou pendentes. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.
Por último, pesquisa realizada pelo Hay Group
com executivos brasileiros demonstrou os estilos de A afirmativa I está correta, pois os fatores higiêni-
liderança predominantes na visão dos subordinados e cos, quando não atendidos, podem gerar insatisfa-
do próprio líder. Seis estilos foram medidos15: ção e desmotivação no trabalhador. A afirmativa
144 15  Sobral (2013)
II está incorreta, pois quando os fatores higiênicos z Compartilhamento das decisões e participação das
são resolvidos não é possível que haja promoção equipes, tanto nas questões operacionais críticas
da motivação do trabalhador. O que acontece é que quanto nos processos estratégicos;
não há insatisfação ou desmotivação. A afirmativa z Adequação dos processos de planejamento, tendo
III está incorreta, pois os fatores satisfacentes, isto em vista o alcance de maior velocidade, flexibili-
é, os fatores intrínsecos ou motivacionais geram dade e controle;
motivação quando presentes, mas quando ausen- z Interesses múltiplos e capacitação multidisciplinar.
tes o resultado é a não satisfação (que é diferente
de insatisfação). Portanto, como vimos, o oposto de Quando o processo decisório se torna participati-
satisfação não é insatisfação, mas não satisfação vo, estimulando a autonomia das equipes de trabalho,
e o oposto de insatisfação não é satisfação, mas se distanciando da gestão verticalizada e focando em
nenhuma insatisfação. Resposta: Letra A. visão compartilhada, motivação e cultura organiza-
cional, faz com que a habilidade de gerenciar esteja,
de acordo com Bretas e Marques (2009) relacionada a
fatores como:

PROCESSO DECISÓRIO E RESOLUÇÃO z Confiança entre as pessoas envolvidas;


DE PROBLEMAS z Mudança dos modelos mentais que condicionam o
seu comportamento dentro dos velhos paradigmas;
O processo decisório pode ser entendido como um z Transparência das atividades, regras do jogo e
fenômeno global porque envolve aspectos de diferen- desempenho;
te natureza, como elementos lógicos e psicológicos. z Métodos de análise e de processamento da informação.
A escolha de uma decisão envolve uma estrutura de
dimensões, da base psicológica – dimensões cogniti- Conforme visto, entende-se que o processo deci-
vas, emocionais, culturais, éticas, espirituais, estéticas sório está relacionado à capacidade e disponibilida-
de das pessoas processarem informações em tempo
-, e da base lógica – tipo de racionalidade, paradigmas,
hábil, contextualizando a tomada de decisão para a
contexto (BRETAS; MARQUES, 2009).
realidade da empresa. Segundo Burmester (2018),
O ato de decidir envolve, inicialmente, a identi-
estudos apontam que a capacidade de decidir das
ficação de um problema, isto é, de alguma situação
organizações pode ser mais importante do que o
que não seria esperada ou que não corresponderia a
valor dos ativos que ela possui. O reconhecimento dos
necessidade da empresa em determinado momento. erros, como fator normal para aquele que toma deci-
A a seguir apresenta, graficamente, o conceito de pro- são, é um dos primeiros pontos de partida quando se
blema, segundo Bretas e Marques (2009): estuda o processo decisório porque, de fato, o que se
busca é minimização dos erros, ao mesmo tempo que
Área da motivação Área do a diminuição da gravidade dos mesmos.
planejamento De acordo com a Harvard Management Update
Desejado (2003), alguns passos podem ser seguidos quando se
pensa em um processo decisório eficiente:

Real z Questionar todo fato anterior;


Percebido
z Pôr à prova todo conhecimento amplamente aceito;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


Área do
Área do z Encorajar os outros a desafiar suas ideias;
diagnóstico
consciência z Nunca confiar somente no fato anterior. Embora a
história se repita, nunca o faz exatamente da mes-
A resolução do problema, nesse sentido, impli- ma maneira. Portanto, pode ser uma boa prática
ca decidir diante de algumas escolhas, haja vista, só não se fixar apenas no passado, porque isso pode
limitar as possibilidades de vislumbrar o futuro;
haver necessidade de decisão quando se tem o que
z Acima de tudo, criar um procedimento para deci-
escolher e poder fazê-lo. Com isso, a tomada de deci-
dir. Por exemplo, a General Motors adotou um
são vai depender de fatores como:
“registro de decisão” para orientar seus membros
na tomada de decisões.
z Acesso a informações verdadeiras em tempo hábil;
z Utilização de tecnologia de informação de qualidade.
Esse documento consiste na sistematização de
algumas perguntas antes de qualquer decisão:
Esses fatores, quando utilizados em conjunto e de
forma a agregar conhecimento, auxiliam os gestores a z Qual o contexto da decisão?
atuarem nos mercados interno e externo, por meio de z Qual é a decisão a ser tomada?
redes interorganizacionais, na busca por desenvolver: z Que recursos serão alocados?
z Que alternativas foram consideradas, mas não
z Visão geral do negócio, dentro de perspectivas selecionadas? Por que não foram selecionadas?
sistêmicas que englobem clientes, fornecedores e z Que pressupostos foram feitos para a decisão?
comunidades e sejam capazes de agregar valor às z Que resultados são esperados? Para quando?
suas próprias estratégias;
z Sensibilidade para perceber as características glo- Outros aspectos que devem ser levados em consi-
bais, institucionais, econômicas e culturais; deração pelo tomador de decisão são a busca pelo con-
z Otimização das melhores práticas locais e capaci- senso de ideias e o planejamento que evita a tomada
dade de difundi-las para outros contextos; de decisão impulsiva, porque são posturas que tornam 145
o processo mais cooperativo, evita o atrito entre ven-
cedores e perdedores, não beneficia a tirania, e com- EXERCÍCIOS COMENTADOS
partilha da responsabilidade, não comprometendo
a decisão ao nível estritamente individual (BRETAS; 1. (NOVA CONCURSOS – 2021) Sobre o processo deci-
MARQUES, 2009). sório ser um aspecto organizacional que podes ser
Além disso, pode-se destacar, para Burmester estudado no contexto da gestão de pessoas, é errado
(2018) e Bretas e Marques (2009), alguns aspectos dizer que se baseia apenas em aspectos de RH. Isso
porque, o processo decisório envolve conhecimentos
que bloqueiam e/ou atrapalham a tomada de decisão
em liderança, poder, delegação, propensão ao risco,
organizacional:
entre outros aspectos. Nesse sentido, o processo
decisório existe para:
z Busca de evidências que interesses de alguns par-
ticipantes deixam de considerar outros fatos que
a) identificar e resolver problemas, a partir das escolhas
possam ser igualmente ou mais relevantes;
dos gestores nas organizações.
z Procrastinação na definição da escolha;
b) acabar com as incertezas e diminuir os riscos implica-
z Resignação diante da necessidade de mudança;
dos nas mudanças organizacionais.
z Falta de confiança, perfeccionismo e/ou medo;
c) identificar interesses conflitantes e consolidar práti-
z Raciocínio ideologizado ou otimismo exagerado;
cas organizacionais.
z Tendência de dispensar mais atenção para fatos
d) acabar com a sensibilidade existente em qualquer
recentes ou de ampla divulgação, deixando de lado
tomada de decisão.
informações mais distantes ou menos divulgadas;
e) melhorar a confiança das equipes de trabalho no ges-
z Interrupção da busca por evidências para aceitar a
tor organizacional.
primeira alternativa que parece fazer sentido;
z Inconsistência, quando se tende a não adotar os
O processo decisório existe para identificar e resol-
mesmos critérios em condições similares;
ver os problemas organizacionais, contando com a
z Subestimação da incerteza e ilusão do controle
capacidade do gestor de escolher da melhor forma
sobre situações incertas ou mal definidas;
possível e então decidir. Nenhum processo de deci-
z Assimetria na atribuição de sucesso e/ou fracasso são existe para acabar com as incertezas, estas
às habilidades e talentos do grupo ou da pessoa. sempre existirão, da mesma forma que os riscos
também. O processo decisório deve minimizar inte-
Esses apontamentos resumem alguns aspectos que resses conflitantes e, se possível, acabar com eles,
são esclarecidos pelos autores enquanto dificuldades e pode, assim como consolidar, buscar mudar prá-
no processo decisório. No entanto, fatores como intui- ticas organizacionais. O processo de decisão tam-
ção, reflexões constantes, hábitos, experiência, entre bém não visa acabar com a sensibilidade, emoção,
outros, também podem influenciar tanto o sucesso ou qualquer percepção subjetiva do gestor e, ainda,
quanto o fracasso do processo decisório, segundo não busca reforçar a confiança no gestor, aspecto
estudiosos sobre o tema. que deve ser conquistado pelo líder. O objetivo da
Por ser sustentado por bases de cunho lógico e psi- decisão é resolver problemas. Resposta: Letra A.
cológico, o processo decisório não pode ser entendido
como um ato isolado, ou que se tenha uma resolução 2. (NOVA CONCURSOS – 2021) Confiança, transparên-
de como se deve melhor fazê-lo. Por isso, é importante cia das atividades, diferentes modelos de análise, ges-
conhecer diferentes perspectivas sobre o tema, a ideia tão da informação e tempo, uso da tecnologia, entre
de diferentes autores, olhar para diferentes aspectos, outros fatores, contribuem para a boa tomada de deci-
elementos, e sempre contextualizar a organização em são. Tendo isto, fatores que atrapalham o processo
seu ambiente, com relação aos seus objetivos, pessoas, decisório podem ser:
conhecimento compartilhado. Vale a pena ressaltar
sobre a necessidade de se atentar aos aspectos não a) raciocínio lógico e otimismo ponderado.
materiais, intersubjetivos que permeiam os indiví- b) inconsistência, quando se tende a não adotar os mes-
duos e impactam fortemente os tomadores de decisão mos critérios em condições similares.
organizacionais. c) perguntar sobre o contexto da decisão e sobre os
Temas como poder, saber delegar, propensão ao pressupostos para tomá-la.
risco, cultura organizacional, liderança, mudança d) simetria na atribuição de sucesso e/ou fracasso às
organizacional, são essenciais para que o processo habilidades e talentos do grupo ou da pessoa.
decisório seja compreendido de uma maneira mais e) nunca confiar somente no fato anterior, mesmo que a
ampla e auxiliar o tomador de decisão enquanto pla- história se repita.
neja executar seus próximos passos.
A administração das organizações envolve uma O fator que atrapalha o processo decisório é a
gama gigantesca de conceitos, temas que precisam ser inconsistência, quando o gestor tende a não ado-
entendidos de maneira conjunta e sempre atualizados tar os mesmos critérios em condições similares de
frente as mudanças aceleradas da sociedade moderna, escolha. Pontos positivos são: o raciocínio lógico
por isso, é preciso olhar para as pessoas como centrais e otimismo ponderado, assim como a simetria na
nas organizações, pois são elas que encabeçam os movi- atribuição de sucesso e/ou fracasso às habilidades
mentos de desenvolvimento e expansão. Nesse sentido, e talentos do grupo ou da pessoa, o fato de o gestor
a área de RH e a gestão de pessoas são fundamentais nunca confiar somente no fato anterior, mesmo que
para o contexto organizacional, e abrem o leque de a história se repita, então está aberto a aprender e
estudos e possibilidades para que seja possível com- melhorar sua visão sistêmica, assim como pergun-
preender aspectos tão importantes do cenário organi- tar sobre o contexto da decisão e sobre os pressu-
146 zacional, como o processo decisório, por exemplo. postos para tomá-la. Resposta: Letra B.
REFERÊNCIAS especializados fora da empresa), utilizando TI para
potencializar e simplificar as atividades.
BRETAS, P.M.J.L.D.; MARQUES, F.J.G.  Série Ges- z Capital Humano/Capital Intelectual: é a linha de
tão Estratégica - Faces da Decisão - Abordagem conhecimento mais recente de RH, que combina as
Sistêmica do Processo Decisório. Rio de Janeiro: duas correntes anteriores. Por um lado, há foco na
Grupo GEN, 2009. 978-85-216-2276-5. Disponível vida sindical-trabalhista com a visão de negócio do
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ empresário, considerando as pessoas um ativo da
books/978-85-216-2276-5/. Acesso em: 20 fev. 2021. empresa. Por outro lado, acrescenta-se uma visão
estratégica, cultural e comportamental mais acen-
BURMESTER, Haino. Manual de gestão: organiza- tuada da empresa e do negócio, envolvendo ques-
ção, processos e práticas de liderança. São Paulo: tões como planejamento, cultura organizacional,
Editora Saraiva, 2018. 9788553131051. Disponível motivação, comunicação, desempenho e desenvol-
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ vimento de pessoas.
books/9788553131051/. Acesso em: 20 fev. 2021.
Tendo em vista a corrente do Capital Humano/
HARVARD MANAGEMENT UPDATE, v. 8, n. 4, 2003. Capital Intelectual, a gestão de Capital Humano e Inte-
lectual abrange os seguintes aspectos da área de RH:
visão do negócio; estratégia; sistema de gestão; cultu-
ra organizacional; estrutura organizacional; análise
das competências do negócio e das diversas áreas;
NOÇÕES BÁSICAS DE GERÊNCIA E descrição e avaliação de cargos; pesquisa e adminis-
GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES E DE tração salarial; recrutamento e seleção; treinamento e
PESSOAS desenvolvimento; educação corporativa; boa comuni-
cação e satisfação dos empregados; inovação e criação
A gestão de Recursos Humanos (RH) nas organiza- de diferencial competitivo por meio dos talentos da
ções é imprescindível para o sucesso dos negócios, já organização.
que impacta diretamente nas tomadas de decisão dos
gestores, bem como da alta direção de uma empresa. Para que a área de RH tenha um bom desempenho,
O papel da área de RH tornou-se estratégico nas gran- seja mais produtiva e bem-sucedida, devem ser con-
sideradas essas três correntes de conhecimento,
des organizações, sendo a sua atuação inerente na
mediante a realidade da empresa, combinando os
construção da estratégia corporativa das empresas.
papéis de Gestor de Pessoal, Gestor de RH e Gestor
Neste sentido, os indivíduos que exercem deter- de Capital Humano e de Capital Intelectual (FRAN-
minadas funções nas organizações são fundamentais CO, 2016).
para cumprimentos dos objetivos e metas, bem como
na busca de alto desempenho da empresa, o que con- De acordo com Franco (2016), alguns estudos da
tribui para a competitividade, podendo impactar posi- área de RH concentram-se na agregação de valor que
tivamente no lucro, na produtividade e na satisfação o RH proporciona à empresa por meio da gestão de
dos clientes (FRANCO, 2016). pessoas. Assim, no cerne desses estudos, pode-se con-
Ao longo dos anos, o conhecimento sobre RH foi sen- siderar que:
do construído de acordo com a evolução do pensamen-
to administrativo e das teorias das organizações, desde z As pessoas serão cada vez mais importantes nas

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


uma visão estritamente mecanicista, caminhando para tomadas de decisão nos próximos anos;
uma abordagem mais complexa, com visões inovadoras. z O desenvolvimento da liderança, a gestão de
Em meio a este contexto, há três grandes correntes histó- talentos, a criação de uma cultura de alta perfor-
ricas que norteiam o conhecimento sobre RH: adminis- mance, o treinamento e o desenvolvimento serão
tração de pessoal, recursos humanos e capital humano/ importantes;
capital intelectual. Vejamos, segundo Franco (2016), a z O RH será cada vez mais solicitado na criação e
respeito dessas correntes históricas: implementação das estratégias, no sucesso das
operações e dos negócios;
z Administração de Pessoal: o Gestor de Pessoal é z Haverá contribuição para aumentar a competitivi-
um executivo que exerce um papel de “advogado” dade, o lucro e as margens, conseguindo a satisfa-
dos empregados. Nesta linha de conhecimento, há ção e a fidelização dos clientes e gerando inovação
uma relação histórica com todas as correntes de em produtos e serviços.
pensamento e de ação social, bem como com todos
os movimentos sindicais trabalhistas, que deram A Gestão de Pessoas, que faz parte da área de RH,
origem à legislação atual que rege as relações de é responsável por gerir as pessoas da organização,
trabalho. O Gestor de Pessoal se preocupa com o lidando com diferentes interesses, aspirações, indivi-
empregado, que deve ser bem assistido, ao receber dualidades, competências, características e comporta-
tratamento bom e adequado. mentos, a fim de direcionar os perfis das pessoas para
z Recursos Humanos: o Gerente de RH, ou seja, o determinadas áreas da empresa, além de potenciali-
administrador de Recursos Humanos, é conside- zar o que há de melhor em cada profissional, traba-
rado um sócio do negócio, um empreendedor que lhando com os aspectos comportamentais, culturais,
administra os ativos humanos da empresa. Neste técnicos, de conhecimento, alinhando os interesses
caso, o Gerente de RH se dispõe a reestruturar a pessoais aos interesses da organização.
área quando necessário e obter resultados, reali- Dessa forma, podemos observar que a Gestão de
zando mudanças, downsizing (redução de pessoas Pessoas vem acompanhando a evolução do ambiente
e/ou custos), outsourcing (contratação de serviços de negócios, de forma a considerar a complexidade do 147
contexto empresarial, desde os interesses internos da contribui pouco com a visão holística que se deve ter
organização até as relações entre mercados. O qua- da empresa moderna.
dro abaixo mostra a evolução da Gestão de Pessoas A mobilidade dos recursos, a colaboração e coo-
com relação a determinados aspectos do ambiente de peração na formação dos grupos e equipes, a prática
negócios. sustentável frente a uma lógica desenvolvimentista
desgarrada da preocupação com o ambiente, a gestão
focada no desenvolvimento e melhoria de competên-
PASSADO PRESENTE cias dinâmicas, frente a uma qualificação muito espe-
cífica e fragmentada, a possibilidade do crescimento
Visão funcional Visão holística
pessoal e profissional conjuntos, trabalhados juntos
Conhecimento com cada indivíduo em alinhamento com a empresa,
Conhecimento integrado abrindo espaço para a mobilidade social e uma ges-
fragmentado
tão mais conectada à realidade da vida das pessoas,
Hierarquia Adhocracia são práticas cada vez mais difundidas e implicadas na
realidade das empresas que buscam um crescimento
Controle de recursos Mobilidade de recursos consciente, focado no desenvolvimento de seus pro-
cessos, pessoas, produtos e serviços.
Autossuficiência Colaboração

Desenvolvimentismo Sustentabilidade

Competências estáveis Competências dinâmicas


EFICIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DE
Esferas social e profissio- Esferas pessoal e profis- GRUPOS
nal bem definidas sional conectadas

Imobilidade social Mobilidade social O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO

Gestão técnico-funcional Gestão humanista Papéis e Interações, Trabalho em quipe e Equipes de


trabalho
Gestão de recursos Gestão estratégica de
humanos pessoas As equipes de trabalho são grupos que trabalham
de forma cooperativa para atingir um objetivo em
comum, com base no comprometimento e envolvi-
mento de todos os integrantes. A ideia da equipe de
trabalho está vinculada à necessidade da empresa em
Eficiência e Eficácia Efetividade produzir com qualidade por um preço competitivo,
no que se refere aos produtos e serviços ofertados.
Fonte: adaptado de Bacêllo et al. (2014). Isso porque, uma equipe deve contar com os conheci-
mentos e experiências de cada integrante, bem como
As informações presentes no quadro orientam da troca de ideias, discussões produtivas para que se
para a forma de pensamento amplamente difundida chegue a uma decisão a respeito de determinado tema,
nas organizações modernas com relação ao desenvol- problema, situação e/ou contexto (HOUSEL, 2013;
vimento da área de recursos humanos e a evolução da BANOV, 2019).
gestão de pessoas como fundamental para a boa ges- Em uma equipe, as pessoas têm talentos, forças, opi-
tão organizacional. Dessa maneira, quando se fala da niões, preocupações, instintos e demais aspectos par-
passagem da gestão de recursos humanos para a ges- ticulares que, se bem trabalhados e compartilhados,
tão estratégica de pessoas, saindo de uma ideia antes auxiliam muito para alcançar um objetivo em comum.
voltada somente para eficiência e eficácia em busca Esse poder da equipe auxilia na geração de resulta-
de maior efetividade nas organizações, trata-se de dos significativos para a organização. Segundo Housel
uma multiplicidade de aspectos a serem explorados. (2013), a formação de equipes de trabalho gera algu-
mas vantagens:
O desenvolvimento da visão holística, por exem-
plo, diz respeito à necessidade de olhar para a organi-
z Métodos de trabalho com custos mais eficazes;
zação em termos macros, analisando seu contexto de
z Aumento da moral dos funcionários;
atuação e abrangência, e não somente aspectos inter-
z Melhor aproveitamento do tempo e dos talentos dos
nos, relacionados às funções desempenhadas, como a
trabalhadores;
visão funcionalista faz de forma objetiva e pontual. A
z Melhoria na tomada de decisões.
organização, seu contexto, as pessoas, atividades, pro-
dutos, serviços e processos, precisam estar interagin- Além da sinergia da equipe na busca por resulta-
do a todo tempo na busca da efetividade esperada. dos, a própria estrutura que a equipe de trabalho pro-
Ainda nesse sentido, o conhecimento integrado porciona melhora a visualização do gestor sobre as
responde da melhor forma possível a necessidade da situações em questão, sejam a resolução de um proble-
qualidade nas informações trocadas, frente ao conhe- ma, o cumprimento de uma meta, a elaboração de um
cimento fragmentado muito vinculado ao entendi- projeto, entre outras necessidades.
mento funcional e parcial da organização. Quando se As transformações aceleradas decorrentes do
fala em adhocracia, isso quer dizer que uma gestão século XXI, no tocante do aumento da diversidade de
estratégica de pessoas nas organizações está mais mão-de-obra, a diversificação das necessidades das
preocupada em organizar grupos e equipes cooperan- pessoas enquanto clientes, o aumento da competitivi-
tes na busca de um objetivo em comum, do que ape- dade entre as empresas e entre os mercados em todo
148 nas hierarquizar as pessoas em suas funções, o que o mundo, as mudanças tecnológicas e a globalização
da indústria, implicam na necessidade da utilização de Algumas pesquisas dizem que o tamanho ideal de
equipes na busca por uma gestão empresarial eficiente uma equipe é de até sete pessoas, sendo cinco pessoas
e equilibrada e, por isso, a existência das equipes de um tamanho ideal. Grupos menores são mais coesos
trabalho têm marcado as características das empresas e facilitam a contribuição dos integrantes, proporcio-
contemporâneas. nando bons resultados para a equipe.
O crescimento e expansão do uso da internet, bem Dessa maneira, para que uma equipe trabalhe de
como da utilização do ambiente online para as trocas forma interativa e produtiva, alguns aspectos podem
comerciais, revolucionando as vendas, o entretenimen- ser fundamentais, de acordo com Housel (2013):
to, a disseminação do conhecimento de forma geral; as
melhorias em TI fazendo com que os mercados estejam z O resultado do projeto é igualmente importante
em constante comunicação, são aspectos que exempli- para cada membro da equipe;
ficam a relevância do trabalho em equipe para a gestão z Cada pessoa entende o seu próprio papel e os papéis
empresarial. de todos os outros integrantes da equipe;
Entretanto, o trabalho em equipe de alto desempe- z Cada membro da equipe aceita os outros como par-
nho depende de uma força tarefa em organizar fun- te essencial, que tem uma contribuição valiosa a ser
ções, saber delegar tarefas, assumir responsabilidades, feita para o projeto;
cumprir prazos, colaborar e, ao mesmo tempo, trocar z Comunicação aberta e franca gera honestidade e
feedbacks construtivos, em um processo contínuo de confiança.
entrega e aprendizagem. Nesse sentido, os elementos
essenciais de uma equipe de alto desempenho, de acor- Vale a pena ressaltar que não existe uma “receita
do com Housel (2013), podem ser: de bolo” a respeito do que seria primordial e de como
se daria o processo de formação e gestão de equipes de
z Conhecimento compartilhado; uma empresa. Os autores pontuam aspectos e elemen-
z Atitude inclusiva; tos que são relevantes para o trabalho em equipe, no
z Liderança compartilhada; entanto, cada empresa deve reconhecer suas necessi-
z Participação equilibrada em um grupo diversificado; dades, bem como a melhor maneira de trabalhar com
z Tomada de decisão por consenso; suas equipes, em determinado contexto, segmento de
z Apoio da gerência e recursos eficientes; mercado, estilos de gestão, conhecimento das pessoas,
z Flexibilidade; missão, visão e objetivos.
z Crença em um padrão de excelência; Caso a empresa escolha trabalhar por meio da for-
z Distribuição clara de papéis de acordo com o talen- mação de equipes, treinamentos podem ser um dife-
to dos integrantes. rencial no alinhamento de habilidades e interesses
dos integrantes, fazendo com que os resultados sejam
No entanto, nenhum desses elementos funcionaria mais facilmente atingidos. Nesse sentido, o treinamen-
sem que a equipe tivesse um objetivo muito claro, uma to, aspecto fundamental da área de RH e na gestão de
finalidade, uma missão a ser cumprida para a realiza- pessoas, assim como recrutamento, seleção e desenvol-
ção de um projeto. Nesse sentido, tendo uma missão vimento de pessoas pode ser fundamental para que os
definida, os integrantes da equipe estipulam objetivos, integrantes da equipe desenvolvam algumas habilida-
sejam eles de curto, médio ou longo prazos. des, sendo elas segundo Housel (2013):
A partir dos objetivos, a equipe se mantém integra-
da para cumprir o projeto. Os objetivos de uma equipe z Tomada de decisão;
de trabalho podem ser definidos seguindo alguns crité- z Conhecimentos básicos de finanças;

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


rios, segundo Housel (2013): z Solução de problemas;
z Resolução de conflitos;
z Devem ser escritos, indicando números e datas z Experiência interfuncional – rotatividade de fun-
específicas; ções e papéis.
z Devem ser realistas;
z Devem ser específicos, indicando sobre o que bus- Aspectos como a capacidade de tomar decisão,
cam, diminuição de custos, mudança de processos, assumir riscos, desenvolver confiança, atuar em fun-
melhoria no atendimento aos clientes, entre outros; ções e papéis de colegas, entender de forma holística
z Devem ser monitorados. como cada integrante da equipe contribui para que o
resultado seja alcançado, podem ser desenvolvidos em
Com os objetivos definidos e métodos adequados treinamentos e facilitar a execução do projeto.
sendo utilizados, as equipes conseguem atingir bons Nesse sentido, quando a empresa decide por tra-
resultados, normalmente. No entanto, fundamen- balhar na formação de equipes, algumas fases podem
tal para o processo de planejamento de um projeto é se desenrolar durante o processo de realização de um
reconhecer os chamados pontes de controle. Os pontos projeto, como a fase de formação da equipe; uma fase
de controle são momentos de interrupção do projeto de conflito, turbulência, marcada por discordâncias,
quando necessário corrigir um ou mais erros. por exemplo; uma fase de normatização, de solidifica-
Sobre o comportamento dos integrantes de uma ção da equipe, por exemplo, adaptação e comprometi-
equipe, pode existir também um código de conduta mento; e uma fase de performance, que pode ocorrer
com relação a regras e demais especificações para o quando a comunicação na equipe evolui de forma
trabalho em conjunto. Já sobre as habilidades, cada clara e honesta, com um forte espírito de cooperação
integrante se destaca, frequentemente, em alguma (HOUSEL, 2013).
dessas: técnica – conhecimentos específicos -; organi- Com relação aos papéis desempenhados pelos inte-
zacional – organização de detalhes do projeto, prazos; grantes de uma equipe, Housel (2013) aponta oito que
solução de problemas – criação de ideias, pensamento seriam primordiais em equipes produtivas. Vejamos a
lógico; interpessoal – resolução de conflitos, bons rela- seguir a apresentação desses papéis e as características
cionamentos (HOUSEL, 2013). que esses integrantes devem ter. 149
Os papéis dos integrantes em uma equipe de trabalho: z Capacidade de acessar, processar e disponibilizar
informações que agreguem valor ao trabalho;
z O líder: especialista em comunicação, recruta z Aprendizagem contínua, com relação ao registro de
novos integrantes, motiva e apoia o grupo, e desen- ideias e experiências;
volve o espírito de trabalho em equipe. z Capacidade de fazer com que cada informação rele-
z O crítico: ajuda a definir os problemas, esclarecer vante constitua, em algum momento, uma prática
confusões e apontar obstáculos para a tomada de organizacional;
decisão eficaz. z Conhecimento formado de forma sistemática e pla-
z O implementador: promove o funcionamento har- nejada, por meio da participação das pessoas da
monioso da equipe, pensa metodicamente e anteci- organização, independente dos níveis de atuação;
pa modos de evitar atrasos na programação. z Sinergia da comunicação sem ruídos, com compar-
z O especialista: sabe como as tarefas se inter-re- tilhamento de conhecimento e reciprocidade;
lacionam e providencia para que a equipe esteja z Capital intelectual fundamental para que mudanças
atualizada em relação a informações relevantes, ocorram com relação a uma liderança mais demo-
sugerindo métodos e instrumentos. crática, com foco no desenvolvimento das pessoas.
z O diplomata: mantém os relacionamentos exter-
nos da equipe agindo como elemento de ligação
Capital intelectual foi a expressão difundida por
com os outros departamentos.
Edvinsson e Malone (1997).
z O coordenador: agrupa as tarefas num plano coeso
e administra a implementação de recomendações
“Capital intelectual é o conjunto de conhecimentos,
da equipe, sabe como interceptar um possível pro-
blema, assume a responsabilidade pelo cronogra- experiência aplicada, tecnologia organizacional,
ma e orçamento da equipe. relações com clientes e habilidades profissionais
z O inovador: mantém e encoraja as energias cria- que dão uma vantagem competitiva no mercado”.
tivas da equipe ao oferecer ideias e critérios novos Representa a soma do capital humano (competên-
ou sugerir cursos de ação alternativos para o grupo. cias, conhecimento, outros) com o capital estrutu-
z O inspetor: age como um agente de controle de qua- ral (processos, tecnologia, outros). Capital humano
lidade que traça o progresso da equipe em direção pode ser ainda a combinação de conhecimento, prá-
aos objetivos e está sempre atento à qualidade dos ticas, capacidade de inovação dos empregados e
resultados, podendo revelar problemas não obser- cultura, filosofia e valores da organização, ou seja,
vados e verificar a confiabilidade da informação o capital que dificilmente pode ser materializado e
que a equipe recebe. (adaptado de HOUSEL, 2013) mantido pela organização (BACÊLLO; RICARDO;
PEREIRA, 2014).
De uma maneira geral, e que também resume as
considerações a respeito do trabalho em equipe e sua O capital intelectual, dessa forma, está vinculado
relevância para o RH e a gestão de pessoas, para se ter aos valores percebidos na organização, para além dos
uma boa equipe é preciso ter bons integrantes. Des- recursos financeiros e patrimoniais. Por isso, reco-
se modo, tratar uns aos outros de forma profissional, nhecendo a relevância do capital intelectual, a empre-
com relação a gentileza, cortesia, reconhecimento dos sa está implicada em identificar, reter e compartilhar
próprios erros, disponibilidade constante em aprender o conhecimento gerado pelas pessoas. O desenvolvi-
e ensinar, agir de forma proativa e positiva, dar e rece- mento de competências, dessa forma, não deve se ater
ber feedbacks de maneira construtiva, respeito, comu-
a métodos tecnológicos, apenas, como banco de dados
nicação assertiva e cuidadosa, entre outras práticas
na disponibilização de informações. É necessário que
qualificam o trabalho da equipe e facilitam a trajetória
haja a valorização das pessoas no âmbito do trabalho,
rumo aos bons resultados. Logo, atitudes que contra-
ao passo que as práticas não sejam somente voltadas
riam essas práticas, geram obstáculos e prejudicam a
aos resultados, mas, sim, orientadas a robustez dos
coesão e o desempenho da equipe.
recursos humanos, a fim de que as pessoas possam
se desenvolver da melhor maneira possível, criando,
GESTÃO POR COMPETÊNCIAS
sentindo, julgando, desenvolvendo relacionamentos
para além do uso de ferramentas.
A gestão por competências está relacionada à alo-
Desenvolver competências humanas, nesse sen-
cação de conhecimento dentro da empresa. Além de
recrutar e treinar, é preciso saber organizar as pessoas tido, é qualificar os indivíduos mediante o conheci-
com relação às suas habilidades e potencialidades. De mento, em um processo constante de aprendizagem,
acordo com Bacêllo, Ricardo e Pereira (2014), compe- reconhecendo o potencial de cada um, identificando
tência é “a capacidade de mobilizar um conjunto de e mensurando esse capital humano na agregação de
recursos cognitivos para solucionar problemas ade- valor para a empresa e para as pessoas. Essas conside-
quadamente. A competência deve agrupar não só o rações apontam que, na sociedade moderna, de cons-
conhecimento de um tema específico, mas também a tante transformação, inovação e necessária dinâmica
habilidade e a atitude”.  sustentável de atividades, o capital humano é impres-
Nesse sentido, a gestão por competências preten- cindível, isto é, a qualificação das pessoas frente aos
de evidenciar quais são as habilidades, as atitudes seus talentos, dedicação e capacidade aprendizagem.
e o conhecimento que uma organização precisa ter, O capital intelectual integra três dimensões, de
desenvolver, avaliar e consolidar para que seja com- acordo com Nahapiet e Ghoshal (1998):
petitiva no mercado em que está inserida e/ou no que
almeja atuar. Algumas competências podem ser apon- z Cognitiva: que envolve a contextualização do pro-
tadas, bem como certas características da gestão por cesso de interação entre os indivíduos, estabele-
150 competências: cendo códigos e significados comuns;
z Estrutural: que diz respeito à formação de redes As equipes de trabalho devem estar focadas na
informais por meio da afinidade de conhecimento tomada de decisão coletiva, e estudiosos do tema
entre os indivíduos; pensam que o tamanho ideal para uma equipe pode
z Relacional: aquela na qual o indivíduo tem con- variar de 5 até no máximo 7 pessoas, lembrando que
fiança nas suas ações e reconhece a contribuição quanto mais coesa for, melhor. A formação dos inte-
que suas competências podem trazer para o grupo. grantes da equipe deve ser sempre mais especializa-
da, já que cada integrante tem suas potencialidades.
A formação generalista não auxilia, desse modo, de
EXERCÍCIOS COMENTADOS forma significativa uma equipe que conta com os
especialistas na busca por determinado objetivo. O
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) A respeito da gestão por fato de as decisões serem tomadas em consenso não
competências, perspectiva de gestão dos recursos exclui, de maneira nenhuma, a necessidade de um
código de conduta, regras e sugestões com relação
humanos que envolve a gestão do conhecimento, pro-
ao comportamento dos integrantes. Nesse sentido,
cesso de aprendizagem contínua e o capital intelectual
é importante que a equipe sempre esteja disposta a
como fundamentais para as organizações modernas,
lidar com conflitos e, mais do que isso, estar aber-
pode-se dizer que a gestão por competências envolve:
ta para identificá-los, compreendê-los e resolvê-los.
Resposta: Letra D.
a) alocação, criação, mobilização de recursos materiais
nas organizações.
REFERÊNCIAS
b) alocação, manutenção, retenção e compartilhamento
de conhecimento nas organizações.
BRETAS, P.M.J.L.D.; MARQUES, F.J.G. Série Ges-
c) compartilhamento de conhecimento para uma lideran-
tão Estratégica - Faces da Decisão - Abordagem
ça voltada para a produtividade nas organizações. Sistêmica do Processo Decisório. Rio de Janeiro:
d) sinergia de recursos para a resolução de ruídos de Grupo GEN, 2009. 978-85-216-2276-5. Disponível
comunicação dentro de cada nível de atuação nas em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
organizações. books/978-85-216-2276-5/. Acesso em: 20 fev. 2021.
e) registro de ideias e experiências com foco no conhe-
cimento em detrimento da habilidade e emoção nas BURMESTER, Haino. Manual de gestão: organiza-
organizações. ção, processos e práticas de liderança. São Paulo:
Editora Saraiva, 2018. 9788553131051. Disponível
A gestão por competências envolve alocação, manu- em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
tenção, retenção e compartilhamento de conheci- books/9788553131051/. Acesso em: 20 fev. 2021.
mento nas organizações. Mobiliza recursos, mas não
somente materiais, melhor dizendo, mais especifica- HARVARD MANAGEMENT UPDATE, v. 8, n. 4, 2003.
mente recursos humanos relacionados ao conheci-
mento de maneira geral. A liderança é voltada para as
pessoas, de forma democrática e a sinergia de recur-
sos está muito relacionada a resolução de problemas
de comunicação entre todos os níveis de atuação da RESPONSABILIDADE, COORDENAÇÃO,
organização, e não apenas dentro de cada nível, como AUTORIDADE, PODER E DELEGAÇÃO

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


gerencial, operacional, tático, por exemplo. O foco está
no conhecimento, mas não em detrimento da habili- CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES FORMAIS
dade e emoção, muito pelo contrário, considerando as MODERNAS
habilidades, emoções, e todas as potencialidades de
cada indivíduo. Resposta: Letra B. Empreendimentos coletivos, especialmente de
grande porte, como as organizações governamentais,
2. (NOVA CONCURSOS – 2021) A formação de equipes é precisam de administradores para a gestão de seus
fundamental para que as empresas respondam de for- recursos (materiais, financeiros, pessoal).
ma eficaz às demandas da sociedade moderna, devido Essas pessoas praticam a atividade administrativa
a diversidade de informações existentes e a velocidade por meio da ocupação de cargos dentro de uma estru-
da comunicação, prazos cada vez mais curtos, cobran- tura organizacional.
ça por maior produtividade, menores custos, busca por Nesse sentido, é o que torna essencial por parte
melhores vantagens competitivas, melhoria tecnológi- dos administradores o conhecimento dos diversos
ca, inovação, entre outros motivos. Essas considera- conceitos inerentes a estrutura organizacional. E o
ções apontam que as equipes de trabalho: ponto de partida desse assunto, é saber a existência e
suas características tanto da estrutura formal quanto
a) devem ser focadas na tomada de decisão individual e da estrutura informal.
formadas por grupos de 7 a 10 pessoas. Vamos entender essa diferença!
b) devem ter um integrante de senso crítico e outro de
formação mais generalista. z Estrutura Formal
c) dispensam códigos de conduta porque as decisões Em regra, a estrutura formal é planejada e represen-
são sempre tomadas em consenso. tada pelo organograma da empresa. É a estrutura
d) devem ter objetivos realistas e distribuir papéis para oficial da organização, no qual é possível identificar
cada integrante que participa da equipe. os diversos cargos, as linhas de autoridade, os flu-
e) compartilhar conhecimento e evitar lidar com conflitos. xos de comunicação e o processo decisório. 151
z Estrutura Informal
Como o próprio nome diz, é uma rede de rela-
Presidente
cionamentos não oficiais, não estabelecida e não
reconhecida pela estrutura formal. Está presente
em todas as organizações, através das relações
sociais e pessoas dos membros da empresa.

Diretor Diretor
Um dos pontos positivos em “incentivar” a estru-
Marketing Financeiro
tura informal é a sua capacidade de aumentar os rela-
cionamentos interpessoais, assim proporcionando
uma maior rapidez ao processo decisório.

Dica Gerente de Gerente de


Mídias Sociais Relacionamento
É impossível (e também não desejável) a eliminação
da estrutura informal.
Por muito tempo, o conceito de cadeia de coman-
No quadro abaixo, sintetizamos as diferenças do foi associado ao princípio da unidade de comando,
entre a estrutura formal e informal: ou seja, cada subordinado só podia se reportar para
somente um único chefe.
Atualmente, com a evolução das relações pessoais
ESTRUTURA FORMAL
e com a facilidade da tecnologia, essa premissa de
Representada pelo organograma subordinação somente em relação ao um único chefe
Planejada e formalmente representada está sendo cada vez menos utilizado pelas organiza-
ções modernas.
Maior controle da organização
Atualmente, as organizações modernas priorizam
Ênfase na especialização uma amplitude de comando mais ampla. Esse é nosso
Distribuição de poder próximo assunto!

Amplitude de controle
ESTRUTURA INFORMAL
Não é representada oficialmente Também conhecido como amplitude administrati-
va, diz respeito ao número de subordinados que cada
Interação social gestor poderá comandar ou supervisionar em uma
Não pode ser controlada organização.
Quanto maior o número de subordinados, temos
Ênfase nas pessoas
assim uma amplitude de controle mais ampla (larga).
Integração (relacionamentos pessoais) No sentido oposto, quando menor o número de subor-
dinados, a amplitude administrativa será mais estreita.
Componentes da Estrutura Formal

A estrutura organizacional, baseada a partir do pla-


nejamento, é responsável por definir como ocorrerá a Amplitude de controle AMPLA
divisão do trabalho, a atribuição de autoridade, os fluxos > Número de subordinados
de comunicação, a coordenação e a tomada de decisão.
A escolha da melhor estrutura a ser adotada pela
organização vai depender dos seguintes elementos:
cadeia de comando, amplitude de controle, auto-
ridade, especialização do trabalho, centralização e Amplitude de controle Estreita
descentralização.
> Número de subordinados

Cadeia de Comando

A cadeia de comando é a distribuição de autorida-


de na estrutura organizacional através da divisão em
níveis hierárquicos, identificando o poder de mando A opção por uma amplitude mais ampla ou mais
de cada integrante (normalmente, do topo da pirâmi- estreita vai depender de diversos fatores ligados ao
de até a sua base). tipo de ambiente da organização, da sua cultura orga-
Sintetizando o conceito: É a demonstração como nizacional, do tipo de tarefa desempenhada, do uso
a autoridade é dividida, quem manda em quem e de tecnologia e sobretudo ao nível de qualificação de
quem responde a quem. seus subordinados.
Para facilitar o aprendizado, vamos entender
Na figura a seguir, podemos perceber como funcio-
como essa escolha funciona na prática!
na a autoridade de uma cadeia de comando: o gerente Em uma empresa de call center, onde os subordina-
de mídias sociais reporta-se ao diretor de marketing, dos executam tarefas simples, rotineiras e repetitivas,
152 que se reporta ao presidente da empresa. na qual não exijam grande supervisão, o recomendado
é uma amplitude de controle mais ampla. Nesse caso Estrutura Linear
concreto, cada chefe comandará um grande número
de subordinados. É o tipo de estrutura mais simples e frequentemen-
Por outro lado, se o ambiente for instável, mutá- te utilizada por pequenas organizações em sua fase
vel, dinâmico e com tarefas complexas, ocorrerá uma inicial, que normalmente atuam em ambientes está-
maior necessidade de orientação, coordenação e veis e previsíveis.
supervisão. Como exemplo podemos citar o setor de Neste tipo de estrutura, a autoridade está centra-
investimentos e contabilidade de uma grande empre- lizada em apenas um cargo, no qual tem autoridade
sa, desse modo, cada chefe será responsável por
única sobre seus subordinados.
poucos colaboradores, permitindo assim uma maior
atenção e orientação nas tarefas do dia a dia. Neste sentido, o “chefe” atua com autoridade
linear e única, baseado no princípio escalar da unida-
Autoridade de de comando com clara definição de suas responsa-
bilidades e decisões centralizadas no topo.
Um dos resultados do processo administrativo de
organizar, é a criação de figuras de autoridade (dire-
tores, chefes, supervisores, gerentes).
Centralização das
Em relação a ciência da Administração, você deve decisões
Presidente Autoridade Linear
levar para sua prova, que autoridade é o direito legal
das figuras de autoridade, em um nível, de dirigir e/ou
comandar o comportamento dos subordinados (cola-
boradores em níveis inferiores no organograma). Diretores
A atribuição de autoridade está intrinsicamen-
te ligada ao processo de organização, mais especi-
ficamente ao conceito de hierarquia e amplitude de Gerentes Comunicação
controle. descendente
Nesse sentido, inferimos, que a autoridade é a con- (Top Down/Vertical)
trapartida da responsabilidade. Como os gerentes são
responsáveis pelo desempenho de seus colaborado- Supervisores
res, as organizações dão-lhes autoridades sobre eles.
Em uma concepção mais ampla, a autoridade tam- Estrutura Funcional
bém pode ser atribuída a unidades de trabalho de
uma organização. Como exemplo clássico citado pela
literatura especializada, temos a autoridade atribuída É a estrutura mais comum encontrada nas organi-
ao departamento de auditoria da empresa. zações, consiste no agrupamento de tarefas de acordo
com as habilidades, conhecimentos e recursos, cuja
TIPOS DE ESTRUTURA prioridade está na especialização.
Normalmente, as organizações iniciam suas ativi-
A escolha do melhor desenho estrutural da organi- dades tendo como base a estrutura funcional. Sua uti-
zação é o resultado da análise de diversas variáveis, lização é apropriada a empresas menores que atuam
tais como: os aspectos da autoridade, da comunica- em ambientes estáveis e previsíveis, tendo seu foco na
ção interna, do tamanho da empresa e da cultura da especialização das funções.
organização. No quadro abaixo, sintetizamos as principais van-
O gestor, ao escolher a estrutura organizacional,

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


tagens e desvantagens da estrutura funcional:
define os canais por onde fluem a autoridade e a
comunicação.
Normalmente, o desenho organizacional tende a VANTAGENS DESVANTAGENS
ser simples no “nascimento” da empresa, conforme o
Especialização dos Visão limitada dos objeti-
seu crescimento, as organizações vão alterando para
funcionários vos da organização
desenhos mais complexos, de acordo com as suas
necessidades. Facilita a comunicação Dificulta a comunicação
Na figura abaixo, encontramos os principais tipos dentro dos departamentos entre os setores
de estruturas encontrados em uma organização:
Centralização das Diminui a rapidez da to-
decisões mada de decisões aos
desafios externos
Melhor aproveitamento dos Dificulta a responsabili-
recursos zação pelos problemas
organizacionais

Estrutura Linha-Staff

Esta estrutura é a reunião dos pontos positivos da


estrutura linear e funcional, preserva a autoridade de
linha – responsável pelo alcance dos objetivos básicos
e resultados, e cria a autoridade de staff – responsável
pelo apoio, consultoria, suporte e recomendações.
Este tipo de estrutura é muito adotada em empre-
sas de médio porte e grande porte, tendo como prin-
cipal ideia a conservação do comando único com a 153
adição da autoridade de staff, funcionando como uma
consultoria para suporte e inovação. Presidente

Diretor Diretor Diretor


Presidente Financeiro Logística Tecnologia
Autoridade Staff
Projeto "Trans-
formação Digital"
Assessor Autoridade Linear
Projeto "Novas
Inovações"

Diretor Diretor de Diretor


Como podemos perceber na figura acima, a equipe
Financeiro Marketing Logística
da estrutura matricial é composta por colaboradores
das áreas funcionais “emprestados” a específico projeto
Estrutura Divisional por períodos determinados, até ao término do projeto.
Nesse sentido, temos a chamada autoridade dual, ou
A estrutura divisional é adequada para quando seja, existe uma dupla subordinação (o funcionário res-
as empresas possuem uma diversidade de produ- ponde a 2 chefes: gerente funcional e o gerente do projeto).
tos e presença em diferentes mercados (nacional e
internacional). Dica
Normalmente, as organizações iniciam suas ativi-
Na estrutura matricial não há unidade de
dades baseadas nas estruturas linear e funcional, com
comando.
o seu crescimento migram para a estrutura divisional.
Nessa estrutura, as organizações agregam suas
Entretanto, essa violação ao princípio da unidade
atividades e recursos em divisões, em conformidade
de comando pode ocasionar conflitos entre as chefias
com as características de seus produtos, especificida-
e assim dificultar a coordenação e comunicação. Além
des dos mercados e necessidades de seus clientes. de muitas vezes ocasionar “dúvidas” aos subordina-
Tem como característica a existência de diversos dos, em não saber distinguir as prioridades.
departamentos funcionais agrupados em cada divi- Atualmente, pelo fato de as mudanças no ambiente
são, com isso criando verdadeiras divisões autôno- de negócios serem cada vez mais dinâmicas, a estrutu-
mas, independentes e autossuficientes. ra matricial é uma tentativa de conciliar uma estrutu-
Sintetizando o conceito: é como se fossem diversas ra rígida e hierárquica a uma com maior flexibilidade.
empresas dentro de uma só organização, dessa forma,
cada divisão tem seu próprio setor de produção, mar- Estrutura em Rede / Network ou virtual
keting, recursos humanos, etc.
No entanto, como desvantagens temos: Com a evolução tecnológica e a necessidade de um
modelo de produção mais flexível, as organizações
z A perda da visão macro da organização: pois cada estão cada vez mais optando por uma estrutura hori-
divisão funciona independentemente, comprome- zontalizada, adaptativa e ágil. Nesse contexto, emer-
tendo a integração entre elas. giu a estrutura em rede, baseada em parcerias em
z Menor economia de escala: pois cada setor se repe- torno de projetos e informações, no qual não existem
te em todas as divisões, assim normalmente ocorre fronteiras (global).
a duplicação das funções, gerando assim maiores Nesse tipo de estrutura, as organizações con-
custos administrativos. centram seus esforços em seus processos essenciais,
permitindo a delegação (contratação) das demais ati-
vidades para parceiros especialistas, formando assim
Presidente
“nós”, capazes de se expandir de forma ilimitada.
Essas empresas subcontratadas (entendidas como
Divisão Divisão Divisão parceiras) formam uma enorme “teia”, atuando como
Eletrônicos Alimentos Serviços
equipes autônomas, sem controle hierárquico entre
os pares, com atribuições e responsabilidades bem
Financeiro Financeiro Financeiro definidas proporcionando assim uma enorme flexibi-
lidade e agilidade.
Duplicação A estrutura em rede está baseada em 3 pilares para
Marketing Marketing Marketing
das Funções o seu nascimento, sobrevivência e evolução, são eles:

Produção Produção Produção z Cultura de confiança: Tudo se inicia na confian-


ça mutua, priorizando a relação ganha-ganha. As
empresas participantes da rede são vistas como
Estrutura Matricial parceiras.
z Cultura de competência: são as competências
A estrutura matricial é recomendada quando há essências de cada parceiro.
a necessidade de uma equipe multidisciplinar, cujos z Cultura da Tecnologia da informação: é a utilização
integrantes poderão dedicar-se concomitantemente a das novas tecnologias, agilizando assim os fluxos de
154 sua atribuição funciona e a outros projetos. informações vitais para o desenvolvimento de redes.
VANTAGENS
Fornecedores Organização
Organização Centralizada
Descentralizada
Agência de
Uniformidade de Gerentes responsáveis
Produtores Marketing
procedimentos por suas decisões

Facilidade de avaliar os
Facilidade de controle
Organização gerentes

Competição positiva en-


Rapidez na comunicação
tre unidades

Empresa Acesso rápido à Criatividade na busca de


Vendas Distribuidor informação soluções
Externas
Reduzida duplicação de Agilidade na tomada de
esforços decisão

CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO
DESVANTAGENS
De forma didática e simples, centralização signifi-
ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
ca a concentração do poder de decidir no topo da hie- CENTRALIZADA DESCENTRALIZADA
rarquia. Do lado oposto, a descentralização implica na
distribuição do poder de decidir entre os níveis mais Dependência (hierárquica)
Perda de uniformidade
para tomada de decisões
baixos da hierarquia.
A autoridade ou tarefa (atividade) é descentraliza- Uniformidade impede Tendência ao desperdí-
da através do processo de delegação, ou seja, os ocu- competição cio e duplicação
pantes de determinados cargos transferem parte de Dependência da hierar-
Comunicação dispersa
suas atribuições e sua autoridade para ocupantes de quia para avaliar gerentes
outros cargos.
Dificuldade de localizar
Em regra, essa transferência de autoridade é do Desestímulo à criatividade
responsáveis
nível hierárquico mais elevado para o mais baixo
(Top-Down). Ineficiência no uso dos Dificuldade de controle e
recursos avaliação
Os dois modos de divisão de poder terão seus pon-
tos positivos e negativos e a escolha dependerá da
Vamos integrar a teoria com um caso prático:
análise da situação concreta, não existindo assim uma
O hotel “X” tem como política de qualidade ofertar
melhor forma para todas as possíveis situações.
uma diária gratuita nos casos em que o cliente não
tenha tido uma hospedagem satisfatória.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


CENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO Nesse hotel, o poder de decisão em decidir sobre
a gratuidade da hospedagem estava centralizado no
gerente do hotel.
Autoridade para Em um domingo, dia de folga do gerente, um hóspe-
Poder de decisão
decidir está no topo da de reclamou da falta de limpeza de seu quarto. Assim,
disperso o recepcionista conhecendo a política de qualidade do
organização
hotel, anotou a reclamação e informou ao cliente que
encaminharia a situação para o gerente decidir sobre
Decisão nos níveis mais a aplicação da política de qualidade do hotel (a gratui-
Decisão na alta cúpula
baixos dade da diária). O cliente efetuou o check-out e partiu
ainda muito descontente com os serviços prestados
naquela ocasião.
Analisando a centralização e a descentralização
Na segunda-feira pela manhã, o recepcionista
sob a ótica da empresa, em escala mais ampla, a dele-
informou o ocorrido para o gerente. Após 2 semanas,
gação de atribuições e autoridade são realizadas entre
analisando o caso, o gerente decidiu em ofertar a diá-
cargos e departamentos, e não de uma pessoa para ria gratuita ao cliente.
outra. Dessa maneira, a descentralização entre depar- Nessa situação descrita, podemos perceber a moro-
tamentos é formal e altera a divisão do trabalho, devi- sidade da centralização do poder de decisão na cúpula
do a isso, é mais duradoura e tem um maior alcance da organização (nesse caso: o gerente). Desse modo, os
que a simples delegação entre pessoas. colaboradores dos níveis hierárquicos inferiores (nes-
Para facilitar o entendimento, no quadro a seguir, se caso: o recepcionista) não tem o poder formal de
sintetizamos as vantagens e desvantagens das organi- decisão, e assim necessita sempre da autorização das
zações centralizadas e descentralizadas: esferas superiores. 155
Esse mesmo hotel percebendo a necessidade em Nesse sentido, com a transparente alocação das
agilizar as decisões, resolveu aplicar uma política de responsabilidades, os conflitos tendem a diminuir.
descentralização de poder. Com isso, todos os cola-
boradores passaram a ter autoridade de decidir no O trabalho de decidir entre as melhores técnicas
momento do problema, sem precisar da autorização de departamentalização vai depender do estudo de
do gerente. diversas variáveis, mas sempre é importante pre-
Após a implantação desta nova política, aconteceu parar a organização para o crescimento e competi-
uma situação parecida com o relatado anteriormente, ção, desenvolvendo alternativas estruturais para a
um hóspede reclamou que em seu quarto não funcio- organização.
nava o chuveiro e nem o ar condicionado. Na figura abaixo, encontramos as principais técni-
Como o recepcionista já estava capacitado para cas de departamentalização:
resolver a situação, no mesmo momento da reclamação,
ofertou a diária gratuita para o hóspede, explicando que
o objetivo principal do hotel é a satisfação do cliente, e Departamentalização Funcional
assim não iria cobrar a diária daquela hospedagem.
Percebemos então, que a descentralização do Departamentalização por produtos ou serviços
poder de decidir pode trazer para organização uma
maior agilidade nas resoluções dos problemas que Departamentalização por clientes
acontecem na linha operacional do empreendimento.
Deste caso prático, podemos concluir: Departamentalização por processo
Muitas vezes a descentralização das decisões cria
um ambiente rápido nas soluções dos problemas e ain- Departamentalização por projetos
da promove um enriquecimento de tarefas e respon-
sabilidades nos níveis operacionais da organização. Departamentalização Mista ou Combinada.
Prosseguindo em nossos estudos, é hora de conhe-
cer as formas de departamentalização!
Departamentalização Funcional
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
A departamentalização funcional, ou ainda por
A departamentalização é o nome dado à especiali- funções, é a mais simples e mais utilizada técnica de
zação horizontal nas empresas por meio da criação de estruturação entre as organizações.
departamentos com o intuito de cuidar das atividades Consiste no agrupamento das atividades confor-
organizacionais. me a semelhança das tarefas, conhecimento e uso de
Atualmente, parte da literatura especializada, prefere recursos, para execução de cada função específica
a nomenclatura “Estruturação” pois estas criam unida- (especialização).
des, frações organizacionais, podendo ser divisões, gerên- Como vantagem principal, haverá um grande
cias, superintendências, conselhos e departamentos. aproveitamento do potencial de cada um colaborador
Nesse sentido, podemos conceituar estruturação na sua especialidade.
(departamentalização) como uma forma sistematiza- Por outro lado, com a especialização, ocorre um
da de agrupar atividades em frações organizacionais distanciamento entre as funções, prejudicando, dessa
definidas conforme algum critério pré-determinado, maneira, a integração entre todos os colaboradores e
objetivando à melhor adequação da estrutura organi- a gestão dos processos interdepartamentais.
zacional a sua dinâmica de ação. Na figura abaixo, temos um exemplo da departa-
Nessa esteira, o mestre Chiavenato - um dos maio- mentalização por funções:
res especialistas na ciência da Administração e “que-
ridinho” das bancas examinadoras, nos ensina: “o
desenho departamental refere-se à especialização Presidente
horizontal da organização e o seu desdobramento em
unidades, departamentos ou divisões”.
E quais são os objetivos da departamentalização?
Departamento Departamento de Departamento de
Financeiro Gestão de Pessoas Marketing
z Aproveitar a especialização: saber tirar proveito
da qualificação das pessoas da organização, alo-
cando cada colaborador em uma função que per-
Departamentalização por produtos ou serviços
mita o aumento da eficiência de cada um.
z Maximizar os recursos disponíveis: com o agru-
pamento ou reajustamento das atividades é possí- Como o próprio nome nos indica, consiste no agru-
vel maximizar os recursos através da estruturação pamento das funções conforme o tipo de produto e/ou
das unidades. serviço a ser ofertado.
z Controlar: a departamentalização proporciona a Podemos citar como vantagens: as facilidades
clara delimitação de responsabilidades, assim con- de mensurar os resultados, possibilitar um melhor
sequentemente facilitando o controle. conhecimento do produto e melhor coordenação das
z Coordenar: com os departamentos bem defini- atividades fins da fabricação do produto.
dos, a coordenação torna-se tarefa mais integrada Entretanto, neste tipo de departamentalização,
e ainda permite maior agilidade, evitando assim encontramos várias seções com a mesma especialida-
ajustes posteriores. de, dificultando a padronização e o treinamento.
z Reduzir conflitos: os conflitos existem, devem No exemplo abaixo, percebemos a divisão dos depar-
156 ser minimizados, pois raramente são eliminados. tamentos conforme as classes de produtos ofertados:
da mão-de-obra (pois, muitas vezes, os colaboradores
Presidente participam de diversos projetos ao mesmo tempo,
minimizando assim, o tempo ocioso de cada um).

Divisão
Divisão Celulares Divisão Televisores Produção Financeiro Marketing
Computadores

Projeto X Grupo Grupo


Departamentalização por clientes

Este tipo de departamentalização consiste no agru- Projeto Y Grupo Grupo


pamento das atividades conforme as necessidades dos
clientes. Projeto Z Grupo Grupo
A departamentalização por clientes é essencial
quando a organização possui clientes com necessi-
dades diferentes, assim justificando o atendimento
personalizado a cada tipo de clientela, além de possi- Departamentalização Mista ou Combinada.
bilitar ao gestor alocar recursos e pessoas específicos
para a demanda de cada tipo de cliente. É a utilização de 2 ou mais tipos de departamen-
Nesse tipo de estruturação, o foco principal é o talização, adequando a estrutura organizacional que
cliente, e não as necessidades internas da empresa. mais se adapte à realidade.
Para facilitar o aprendizado, temos como exemplo Atualmente, as empresas modernas estão optando
clássico: o atendimento personalizado das instituições por “desenhar” a sua estrutura organizacional con-
financeiras para com seus diferentes tipos de clientes forme as vantagens e desvantagens das diferentes
(gerência Pessoa Física – cliente Classe “A”, gerência Pessoa técnicas de departamentalização, criando assim uma
Jurídica “grande porte”, gerência para microempresas). estrutura “personalizada” para cada situação.
Finalizamos a teoria deste primeiro tópico! É o
momento de internalizar o conhecimento com a reso-
lução de questões de concursos anteriores!
Presidente
Lembre-se: a melhor preparação é aquela que inte-
gra a teoria aprendida com a resolução de muitas ques-
tões, de preferência com foco na banca de seu concurso!
Gerência de Gerência de Gerência
Clientes Pessoa Clientes Pessoa de Clientes
Física Jurídica Governamentais
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Departamentalização por Processo 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da gestão de pro-
cessos e sua aplicabilidade às organizações da admi-
Frequentemente utilizado em indústrias, a depar- nistração pública brasileira, julgue o item seguinte.
tamentalização por processos consiste no agrupa- Os processos organizacionais constituem a forma
mento das atividades e recursos nos processos-chave básica de funcionamento das organizações públicas

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


específicos da organização. e permitem transformar insumos em resultados.
Este tipo de estruturação, nada mais é do que a
“quebra” do produto em partes sequenciais, no qual ( ) CERTO  ( ) ERRADO
se vão ocupar as pessoas na sua execução.
Como exemplo podemos citar a indústria automobi- O processo administrativo é composto pelas funções
lística, na qual encontramos setores específicos para cada de planejar, organizar, dirigir, executar e controlar.
processo, tais como: montagem, pintura, testes finais. Basicamente, é a alocação de pessoas e recursos com
o objetivo de realizar as tarefas da melhor maneira
possível por meio de entradas (insumos), transfor-
Indústria mando em saídas (resultados). Resposta: Certo.
Automobilística
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de estrutu-
ras organizacionais contemporâneas, julgue o item
seguinte.
Setor de Testes Estruturas organizacionais horizontalizadas são
Setor de Montagem Setor de Pintura
Finais
caracterizadas pela existência de vários níveis hierár-
quicos na organização.
Departamentalização por projetos
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Este tipo de departamentalização normalmente Pelo contrário! Organizações com vários níveis hie-
utiliza a estrutura matricial, na qual implica a utiliza- rárquicos são estruturas verticalizadas. As estruturas
ção de pessoal de alta qualificação técnica trabalhando horizontalizadas são caracterizados pela existência
concomitantemente nas suas funções administrativas de poucos níveis hierárquicos. Resposta: Errado.
e em projetos específicos.
Dessa maneira, uma das vantagens deste tipo de 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de estrutu-
estruturação, é o alto grau de flexibilidade e adaptabi- ras organizacionais contemporâneas, julgue o item
lidade a novas ideias, além de permitir a maximização seguinte. 157
Nas organizações em que o nível de centralização é de 1998, 10.484, de 3 de julho de 2002, 10.550, de 13
elevado, a tomada de decisões fica concentrada no de novembro de 2002, 10.551, de 13 de novembro de
topo, ou seja, no nível institucional, com pouca ou
2002, entre outras.
nenhuma delegação de decisões a outros níveis.
Em suma, o Decreto nº 7.133/2010 dispõe sobre as
( ) CERTO  ( ) ERRADO gratificações de desempenho que podem ser dadas
pelos servidores do Poder Executivo Federal, bem
Exatamente! A centralização ocorre quando a autorida- como as condições pelas quais tais servidores fazem
de para tomar decisões está localizada no topo, ou seja, jus a esse benefício. Para tanto, é importante relem-
pertence a alta cúpula da organização. Resposta: Certo. brar alguns conceitos iniciais, para melhor compreen-
der o conteúdo desse Decreto.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de estruturas Avaliação periódica de desempenho é uma for-
organizacionais contemporâneas, julgue o item seguinte. ma de avaliar os servidores ocupantes de cargos públi-
Na determinação da estrutura departamental de uma cos. Não há um fundamento legal da sua instituição,
organização feita com base nos seus serviços prestados, pois ela foi trazida para o regime dos servidores como
adota-se o critério de departamentalização funcional. uma forma de promover maior eficiência na Admi-
nistração Pública. Todos os servidores ocupantes de
( ) CERTO  ( ) ERRADO cargos públicos passam por uma avaliação periódica
que julga se ele exerceu corretamente suas funções, e
A departamentalização funcional consiste no agru-
se ele pode continuar exercendo-as.
pamento das atividades conforme as funções exerci-
das pela organização. Se a estrutura é feita com base A aprovação na avaliação de desempenho é, assim,
nos serviços, o critério adotado é a departamentali- uma condição para a obtenção da gratificação de
zação por produtos/serviços. Resposta: Errado. desempenho. É, também, condição para a conquista
da estabilidade. Entende-se que apenas os melhores
5. (CESPE-CEBRASPE - 2019) A respeito de estrutu- servidores, isso é, aqueles que passam na avaliação
ras organizacionais contemporâneas, julgue o item de desempenho, possam ter direito à permanência no
seguinte. cargo.
Caso uma organização, para estabelecer seus depar- Não confundir com o estágio probatório: esse é
tamentos, deseje considerar a distribuição territorial o período em que o servidor público passa por uma
de suas atividades, ela deverá observar as técnicas de avaliação assim que toma posse do cargo público, ten-
departamentalização geográfica.
do prazo de 24 meses (artigo 20, Lei nº 8.112/1990). A
principal diferença é que o período de estágio proba-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
tório ocorre apenas uma vez, enquanto que a avalia-
Departamentalização Geográfica é aquela na qual ção periódica de desempenho ocorre em múltiplas
consiste em dividir suas unidades para atender a ocasiões. É claro, o servidor que almeja obter estabili-
distribuição territorial. Resposta: Certo. dade no cargo deve ser aprovado em ambos.

6. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de conceitos, Dica


métodos, técnicas, modelos de gestão e estruturas
organizacionais no planejamento estratégico, julgue o A Lei nº 8.112/1990, que disciplina o regime jurí-
item. dico dos servidores públicos federais, faz uma
Os processos decisórios de organizações verticali- breve menção à avaliação de desempenho, em
zadas compostas por muitos níveis administrativos seu artigo 20, § 1º. Essa breve menção fez com
são geralmente morosos e, consequentemente, os
que fosse gerada a necessidade de melhor com-
gestores dessas organizações enfrentam grandes difi-
culdades de acompanhamento da produtividade e da plementar o assunto das avaliações de desem-
qualidade das suas equipes de trabalho. penho. Por isso, a necessidade de elaboração do
Decreto n º 7.133 de 2010.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
As gratificações por desempenho, por sua vez,
A 1ª parte da questão está correta quando afirma que são uma espécie dentro do grupo de gratificações do
as tomadas de decisões em organizações verticalizadas serviço. O que a diferencia das demais gratificações
são demoradas. Mas, não se pode afirmar que nessas que o servidor tem direito é o emprego do termo
organizações o acompanhamento da produtividade e da “desempenho”. Significa, de modo geral, que o servi-
qualidade são de extrema dificuldade. Resposta: Errado. dor que mostrar-se competente, produtivo, e realizar
suas funções com eficiência e celeridade e, sobretudo,
obtenha uma aprovação com méritos na avaliação de
desempenho, tem direito a um bônus na sua remu-
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO neração, por ter prestado um serviço com excelência,
em condições anormais.
O Decreto nº 7.133, de 19 de março de 2010, é o
instrumento normativo que regulamenta os critérios Das gratificações por desempenho em espécie
e procedimentos gerais a serem observados para a
realização das avaliações de desempenho individual O art. 1º do Decreto nº 7.133/2010 apresenta todas
e institucional. Além disso, o Decreto também regu- as diferentes espécies de gratificações por desempe-
lamenta os pagamentos das gratificações de desem- nho, considerando a natureza do cargo público em
penho, dispostas em diversas leis esparsas, como questão. Vejamos o texto do referido artigo 1º, traçan-
158 aquelas previstas nas Leis nºs 9.657, de 3 de junho do alguns comentários pertinentes:
Art. 1º Ficam aprovados, na forma deste Decreto, inerentes às atribuições do respectivo cargo no
os critérios e procedimentos gerais a serem obser- FNDE;
vados para a realização das avaliações de desem- VI - Gratificação de Desempenho da Suframa -
penho individual e institucional e o pagamento das GDSUFRAMA, instituída pela Lei nº 11.356, de 19
seguintes gratificações de desempenho: de outubro de 2006, devida aos servidores titula-
I - Gratificação de Desempenho do Plano Geral de res dos cargos de provimento efetivo do Plano de
Cargos do Poder Executivo - GDPGPE, instituída Classificação de Cargos - PCC instituído pela Lei
pela Lei nº 11.357, de 19 de outubro de 2006, devi- nº 5.645, de 10 de dezembro de 1970, ou de planos
da aos titulares dos cargos de provimento efeti-
correlatos das autarquias e fundações públicas não
vo de níveis superior, intermediário e auxiliar do
integrantes de carreiras estruturadas, regidos pela
Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, quan-
do lotados e em exercício das atividades inerentes Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, pertencen-
às atribuições do respectivo cargo nos órgãos ou tes ao Quadro de Pessoal da Superintendência da
entidades da administração pública federal ou nas Zona Franca de Manaus - SUFRAMA e nele lotados
situações referidas no § 9º do art. 7º-A da Lei no em 31 de dezembro de 2005 ou que venham a ser
11.357, de 2006. para ele redistribuídos, desde que as respectivas
redistribuições tenham sido requeridas até a refe-
O Plano Geral de Cargos do Poder Executivo englo- rida data, quando lotados e em exercício das ativi-
ba a grande maioria dos cargos públicos. De modo dades inerentes às atribuições do respectivo cargo
geral, são os cargos de Analista Técnico-Administra- na SUFRAMA;
tivo, Assistente Técnico-Administrativo, Analista em VII - Gratificação de Desempenho de Atividade da
Tecnologia da Informação, Indigenista Especializado, Embratur - GDATUR, instituída pela Lei nº 11.356,
Agente em Indigenismo, entre outros. Todos os ser- de 2006, devida aos servidores titulares dos cargos
vidores que ocupam esses cargos de Plano Geral do de provimento efetivo do Plano de Classificação de
Poder Executivo têm direito a uma gratificação de Cargos instituído pela Lei nº 5.645, de 1970, ou de
desempenho. planos correlatos das autarquias e fundações públi-
cas não integrantes de Carreiras estruturadas,
II - Gratificação de Desempenho de Atividades Espe- regidos pela Lei nº 8.112, de 1990 pertencentes ao
cializadas e Técnicas de Informações e Avaliações Quadro de Pessoal da EMBRATUR - Instituto Brasi-
Educacionais - GDIAE, instituída pela Lei no 11.357, leiro de Turismo, e nele lotados em 31 de dezembro
de 2006, devida aos ocupantes dos cargos das Car- de 2005 ou que venham a ser para ele redistri-
reiras de Pesquisa e Desenvolvimento de Informa- buídos, desde que as respectivas redistribuições
ções e Avaliações Educacionais e Suporte Técnico tenham sido requeridas até a referida data, quando
em Informações Educacionais, quando lotados e em lotados e em exercício das atividades inerentes às
exercício das atividades inerentes às atribuições do atribuições do respectivo cargo na EMBRATUR;
respectivo cargo no Instituto Nacional de Pesquisas VIII - Gratificação de Desempenho de Atividade
Educacionais Anísio Teixeira - INEP; Cultural - GDAC, instituída pela Lei nº 11.233, de
III - Gratificação de Desempenho de Atividades 22 de dezembro de 2005, devida aos servidores
de Estudos, Pesquisas e Avaliações Educacionais
ocupantes de cargos de provimento efetivo do Pla-
- GDINEP, instituída pela Lei no 11.357, de 2006,
no Especial de Cargos da Cultura, quando lotados
devida aos ocupantes de cargos do Plano Especial
e em exercício das atividades inerentes às atribui-
de Cargos do Inep - PECINEP, quando lotados e em
exercício das atividades inerentes às atribuições do ções do respectivo cargo no Ministério da Cultura
ou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


respectivo cargo no INEP;
IV - Gratificação de Desempenho de Atividades de Nacional - IPHAN, na Fundação Nacional de Arte -
Financiamento e Execução de Programas e Proje- FUNARTE, na Fundação Biblioteca Nacional - FBN
tos Educacionais - GDAFE, instituída pela Lei no e na Fundação Cultural Palmares - FCP, em 30 de
11.357, de 2006, devida aos ocupantes dos cargos julho de 2005, ou que venham a ser redistribuídos
das Carreiras de Financiamento e Execução de Pro- para esses Quadros, desde que as redistribuições
gramas e Projetos Educacionais e Suporte Técnico tenham sido requeridas até 12 de julho de 2005;
ao Financiamento e Execução de Programas e Pro-
jetos Educacionais, quando lotados e em exercício É reservado o direito à gratificação de desempe-
das atividades inerentes às atribuições do respec- nho para outras atividades igualmente importantes,
tivo cargo no Fundo Nacional de Desenvolvimento embora elas não se relacionem com a educação. Os
da Educação - FNDE; servidores ocupantes de cargos da Superintendência
da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), da Agência
As atividades que incentivam a execução de pro- Brasileira de Promoção Internacional do Turismo
jetos educacionais são de grande importância, pois a (EMBRATUR) e do Fundo Nacional de Desenvolvimen-
promoção da educação é um dos objetivos do Estado to da Educação (FNDE) também têm direito à gratifi-
brasileiro. Sendo assim, é justo que os servidores que cação de desempenho.
desempenham funções atreladas com a promoção
da educação tenham direito a uma gratificação por IX - Gratificação de Desempenho de Atividade de
desempenho. Apoio Técnico-Administrativo à Polícia Federal
- GDATPF, instituída pela Lei no 10.682, de 28 de
V - Gratificação de Desempenho de Atividade do maio de 2003, devida aos servidores ocupantes de
Plano Especial de Cargos do FNDE - GDPFNDE, ins- cargos de provimento efetivo do Plano Especial de
tituída pela Lei nº 11.357, de 2006, devida aos titu- Cargos do Departamento de Polícia Federal, quan-
lares dos cargos de provimento efetivo integrantes do em exercício das atividades inerentes às atri-
do Plano Especial de Cargos do FNDE - PECFN- buições do respectivo cargo no Departamento de
DE, quando lotados e em exercício das atividades Polícia Federal; 159
X - Gratificação de Desempenho de Atividade de aos ocupantes dos cargos efetivos, de carreira ou
Apoio Técnico-Administrativo à Polícia Rodoviária isolados, de nível superior, intermediário e auxiliar
Federal - GDATPRF, instituída pela Lei no 11.095, dos Quadros de Pessoal do Instituto Evandro Cha-
de 13 de janeiro de 2005, devida aos servidores gas - IEC e do Centro Nacional de Primatas - CENP,
ocupantes de cargos de provimento efetivo do Pla- aos titulares dos cargos efetivos de níveis superior
no Especial de Cargos do Departamento de Polícia e intermediário do Plano Geral de Cargos do Poder
Rodoviária Federal, quando em exercício das ativi- Executivo, de que trata a Lei no 11.357, de 2006, os
dades inerentes às atribuições do respectivo cargo integrantes da Carreira da Previdência, da Saúde e
no Departamento de Polícia Rodoviária Federal; do Trabalho, de que trata a Lei no 11.355, de 2006, e
XI - Gratificação de Desempenho de Atividade de da Carreira da Seguridade Social e do Trabalho, de
Assistência Especializada do Departamento Peni- que trata a Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002, per-
tenciário Nacional do Ministério da Justiça - GDA- tencentes ao Quadro de Pessoal do IEC e do CENP,
PEN, instituída pela Lei no 11.907 de 2 de fevereiro em 31 de maio de 2008, e aos empregados de nível
de 2009, devida aos titulares dos cargos de Espe- superior mencionados no art. 27 da Lei no 8.691, de
cialista em Assistência Penitenciária e de Técnico 1993, quando em exercício das atividades inerentes
de Apoio à Assistência Penitenciária, quando em às atribuições do cargo ou emprego de que é titular
exercício das atividades inerentes às atribuições do no respectivo órgão de lotação;
respectivo cargo no âmbito dos estabelecimentos XXVI - Gratificação de Desempenho de Atividade
penais e de internamento federais, integrantes da de Especialista Ambiental - GDAEM, instituída pela
estrutura do Departamento Penitenciário Nacional Lei no 11.156, de 29 de julho de 2005, devida aos
do Ministério da Justiça; ocupantes dos cargos da Carreira de Especialista
XII - Gratificação de Desempenho de Atividade de em Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambien-
Agente Penitenciário Federal - GDAPEF, instituída te, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
pela Lei no 11.907, de 2009, devida aos titulares dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e do Insti-
cargos de Agente Penitenciário Federal quando em tuto Chico Mendes de Conservação da Biodiversi-
exercício das atividades inerentes às atribuições do dade - Instituto Chico Mendes, de que trata a Lei
respectivo cargo no âmbito dos estabelecimentos
no 10.410, de 11 de janeiro de 2002, quando em
penais e de internamento federais, integrantes da
exercício de atividades inerentes às atribuições do
estrutura do Departamento Penitenciário Nacio-
respectivo cargo no Ministério do Meio Ambiente,
nal do Ministério da Justiça e nas dependências do
no IBAMA ou no Instituto Chico Mendes;
Departamento de Polícia Federal do Ministério da
XXVII - Gratificação de Desempenho de Atividade
Justiça;
Técnico-Executiva e de Suporte do Meio Ambien-
te - GTEMA, instituída pela Lei no 11.357, de 2006,
Essas são as gratificações de desempenho atribuí-
devida aos titulares dos cargos do Plano Especial
das aos agentes integrantes das forças policiais, encar-
de Cargos do Ministério do Meio Ambiente e do Ins-
regados de promover a segurança pública dentro do
tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
País. A atividade policial sempre traz muitos riscos
Naturais Renováveis - IBAMA - PECMA, de que tra-
para esses agentes e, por isso, entende-se que aque-
ta o art. 12 da mencionada Lei, quando lotados e em
les que são bons profissionais, destacando-se sobre os
exercício das atividades inerentes às atribuições do
demais, merecem um bônus em sua remuneração. Há,
respectivo cargo no Ministério do Meio Ambiente,
inclusive, uma gratificação própria para esses agentes
no IBAMA ou no Instituto Chico Mendes.
policiais que arriscam sua vida diariamente que é a
gratificação de risco de vida.
Os serviços técnicos são aqueles serviços de alta
XXIII - Gratificação de Desempenho de Atividade especialização. Os ocupantes desses cargos são servi-
de Ciência e Tecnologia - GDACT, instituída pela dores que exercem atividades de natureza intelectual.
Medida Provisória no 2.229-43, de 6 de setembro Assim, nada mais justo do que atribuir um bônus para
de 2001, devida aos ocupantes dos cargos efetivos aquele servidor que utiliza de seu conhecimento para
integrantes das carreiras de Pesquisa em Ciência realizar seus trabalhos de forma mais eficiente.
e Tecnologia, Desenvolvimento Tecnológico e de
Gestão, Planejamento e Infraestrutura em Ciência XXVIII - Gratificação de Desempenho de Atividade
e Tecnologia, de que trata a Lei no 8.691, de 28 de de Infraestrutura de Transportes - GDAIT, instituí-
julho de 1993, e aos empregados de nível superior da pela Lei no 11.171, de 2 de setembro de 2005,
mencionados no art. 27 da citada Lei, quando em devida aos ocupantes dos cargos das carreiras
exercício das atividades inerentes às atribuições de Infraestrutura de Transportes e de Suporte à
do cargo ou emprego de que é titular no respectivo Infraestrutura de Transportes, quando em exercí-
órgão de lotação; cio das atividades inerentes às atribuições do car-
XXIV - Gratificação de Desempenho de Atividade de go de que é titular no Departamento Nacional de
Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saú- Infraestrutura de Transportes - DNIT;
de Pública - GDACTSP, instituída pela Lei no 11.355, XXIX - Gratificação de Desempenho de Atividade de
de 2006, devida aos ocupantes dos cargos efetivos Transportes - GDIT, instituída pela Lei no 11.171,
de que tratam os arts. 12 e 28 da mencionada Lei, de 2005, devida aos servidores do Plano Especial
que optaram pelo enquadramento no Plano de Car- de Cargos do DNIT, ocupantes dos cargos de nível
reiras e Cargos de Ciência, Tecnologia, Produção e superior de Arquiteto, Economista, Engenheiro,
Inovação em Saúde Pública; Engenheiro Agrônomo, Engenheiro de Operações,
XXV - Gratificação de Desempenho de Pesquisa e Estatístico e Geólogo e de nível intermediário de
Investigação Biomédica em Saúde Pública - GDA- Agente de Serviços de Engenharia, Técnico de
160 PIB, instituída pela Lei no 11.907, de 2009, devida Estradas e Tecnologista, quando em exercício das
atividades inerentes às atribuições do cargo de que quando não se encontrarem em exercício no respec-
é titular no DNIT; tivo órgão ou entidade de lotação, somente farão jus
XXX - Gratificação de Desempenho de Atividades à respectiva gratificação de desempenho: I - quando
Administrativas do DNIT - GDADNIT, instituída requisitados pela Presidência ou Vice-Presidência da
pela Lei no 11.171, de 2005, devida aos servidores República ou nas hipóteses de requisição previstas
das Carreiras de Analista Administrativo e de Téc- em lei, situação na qual perceberão a gratificação de
nico Administrativo do DNIT, quando em exercício desempenho calculada com base nas regras aplicáveis
de atividades inerentes às atribuições do respectivo como se estivessem em efetivo exercício no respectivo
cargo do citado órgão; órgão ou entidade de lotação; e II - quando cedidos
XXXI - Gratificação de Desempenho de Atividades para órgãos ou entidades da União distintos dos indi-
Administrativas do Plano Especial de Cargos do cados no inciso I e investidos em cargo de Natureza
DNIT - GDAPEC, instituída pela Lei no 11.171, de Especial, de provimento em comissão do Grupo-Dire-
2005, devida aos servidores do Plano Especial de ção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6, 5, 4
Cargos do Departamento Nacional de Infraestru- ou equivalentes, perceberão a gratificação de desem-
tura de Transportes não compreendidos no art. 15 penho calculada com base no resultado da avaliação
da mencionada Lei, quando em exercício de ativi- institucional do período.
dades inerentes às atribuições do respectivo cargo Mas quais são os requisitos para se ter direito à
no DNIT; gratificação por desempenho? Independentemente
do cargo ocupado, é importante destacar, que o ser-
Essas são as gratificações de desempenho atribuí- vidor tem direito à gratificação por desempenho, se
das para os funcionários que atuam nos departamen- for aprovado na avaliação periódica de desempenho.
tos de trânsito, e também são funções imprescindíveis
do Estado brasileiro. Da Avaliação Periódica de Desempenho

XXVII - Gratificação de Desempenho de Atividade As questões de prova costumam tratar muito mais
Específica da Susep - GDASUSEP, instituída pela Lei desse assunto do que das gratificações per si. Por isso,
nº 11.890, de 24 de dezembro de 2008, devida exclu- é importante se aprofundar mais nesse ponto.
sivamente aos servidores de nível intermediário do O art. 2º do Decreto nº 7.133/2010 apresenta em
Quadro de Pessoal da Superintendência de Seguros seus incisos a definição de alguns termos que são
Privados - SUSEP e aos titulares de cargos inte- essenciais para melhor compreender o assunto. Assim,
grantes do Quadro Suplementar daquela entidade, para os efeitos do referido Decreto, considera-se:
quando em exercício de atividades nas unidades da
SUSEP; z Avaliação de desempenho: é o monitoramento
XXXVIII - Gratificação de Desempenho de Ativida- sistemático e contínuo da atuação individual do
des Específicas da CVM - GDECVM, instituída pela servidor e institucional dos órgãos e das entidades
Lei nº 11.890, de 2008, devida exclusivamente aos de lotação dos servidores integrantes dos planos
servidores de nível intermediário titulares dos car- de cargos e de carreiras abrangidos pelo art. 1º,
gos de Agente Executivo do Quadro de Pessoal da tendo como referência as metas globais e interme-
Comissão de Valores Mobiliários - CVM e aos ser- diárias destas unidades.
vidores de nível superior do Quadro Suplementar z Unidade de avaliação: é o órgão ou a entidade
daquela entidade, quando em exercício de ativida- como um todo, um subconjunto de unidades admi-
des nas unidades da CVM. nistrativas de um órgão ou entidade que execute

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


(...) atividades de mesma natureza, ou uma unidade
XL - Gratificação de Desempenho de Atividades isolada, conforme definido no ato de que trata o
Específicas do Ipea - GDAIPEA, instituída pela Lei caput do art. 7º, a partir de critérios geográficos,
nº 11.890, de 2008, devida exclusivamente aos titu- de hierarquia organizacional ou de natureza de
lares de cargos de níveis superior e intermediário atividade.
do Plano de Carreiras e Cargos da Fundação Insti- z Equipe de trabalho: é o conjunto de servidores
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, de que que faça jus a uma das gratificações de desempe-
trata o inciso V do caput do art. 102 da mencionada nho de que trata o art. 1º, em exercício na mesma
Lei e aos servidores de nível superior do Quadro unidade de avaliação.
Suplementar daquela entidade, quando em exercí- z Ciclo de avaliação: entende-se como o período de
cio de atividades nas unidades do IPEA; doze meses considerado para realização da avalia-
ção de desempenho individual e institucional, com
Os servidores ocupantes de cargos que envolvem vistas a aferir o desempenho dos servidores alcan-
a execução de atividades específicas das secretarias, çados pelo art. 1º e do órgão ou da entidade em que
departamentos, e outros órgãos da Administração se encontrem em exercício.
Pública Direta e Indireta, também têm direito à grati- z Plano de trabalho: é o documento em que serão
ficação de desempenho. registrados os dados referentes a cada etapa do
Como pode se depreender dos incisos apresen- ciclo de avaliação.
tados, são diversas as gratificações de desempenho,
uma vez que essas gratificações podem ser aplicadas Como já foi dito, a avaliação de desempenho é um
de modo geral para todo e qualquer servidor, desde processo periódico em que o servidor deve passar
que ocupante de um cargo público na forma da Lei nº para ter jus às gratificações de desempenho, previstas
8.112/1990. no art. 1º, em função do alcance das metas de desem-
O art. 14 apresenta um ponto importante. Os titu- penho individual e do alcance das metas de desem-
lares dos cargos de provimento efetivo integrantes penho institucional do órgão ou entidade de lotação
dos Planos de Carreiras e Cargos de que trata o art. 1º, do servidor (art. 3º). Uma vez compreendido o que é 161
a avaliação de desempenho, é importante conhecer o Por outro lado, temos também a avaliação institu-
procedimento da mesma. cional (pode aparecer também como avaliação cole-
De modo geral, o servidor está sujeito a uma ava- tiva). É a esfera avaliativa que faz referência a uma
liação de desempenho, que irá analisar se este exer- avaliação global, isso é, uma avaliação de toda a insti-
ceu corretamente suas atribuições no período de um tuição ou do órgão como um todo. Todo o órgão será
ano (art. 10). Ao todo temos não um, mas dois tipos de verificado se ele alcançou suas metas ou não. Engloba
avaliações, ou duas esferas avaliativas distintas: uma também o que se denomina avaliação intermediária,
avaliação individual, e uma avaliação institucional. que envolve uma avaliação de uma área de trabalho,
A avaliação individual engloba, de modo geral, a ou de um setor dentro desse órgão. Pode ser uma área
avaliação feita pelo chefe, a avaliação feita pelos cole- específica do organograma, como a área de Recursos
gas de trabalho, e também a avaliação feita pelo pró- Humanos (RH), a área jurídica etc.
prio servidor (auto avaliação). Denomina-se avaliação A avaliação institucional é disciplinada no artigo
individual porque ela trata exatamente da pessoa do 5º, o qual dispõe: “A avaliação de desempenho insti-
servidor público, bem como as pessoas com quem ele tucional visa a aferir o alcance das metas organiza-
mais se relaciona no seu dia-a-dia. cionais, podendo considerar projetos e atividades
prioritárias e condições especiais de trabalho, além
de outras características específicas”.
Importante! As metas referentes à avaliação de desempenho
institucional deverão ser segmentadas em:
As avaliações de desempenho individual mui-
to se assemelham com o modelo de avaliação I - metas globais, elaboradas, quando couber, em
360° (trezentos e sessenta graus), uma vez que consonância com o Plano Plurianual - PPA, a Lei de
ambos apresentam uma oportunidade de identi- Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamen-
ficar o que as pessoas ao redor do profissional tária Anual - LOA; e II - metas intermediárias, refe-
avaliados pensam sobre o mesmo. Além disso, rentes às equipes de trabalho (art. 5º, § 1º).
em ambos os casos o indivíduo avaliado pode
realizar uma auto avaliação. As metas globais referentes à avaliação de desem-
penho institucional serão fixadas anualmente, em ato
do dirigente máximo do órgão ou entidade de lotação
Segundo o texto do caput do art. 4º, a avaliação de ou do Ministro de Estado ao qual o órgão ou entida-
desempenho individual será feita com base em crité- de esteja vinculado, conforme disposto nas leis que
rios e fatores que reflitam as competências do servi-
instituíram as gratificações de desempenho, podendo
dor, aferidas no desempenho individual das tarefas e
ser revistas a qualquer tempo, na hipótese de super-
atividades a ele atribuídas.
veniência de fatores que influenciem significativa e
Além do cumprimento das metas de desempenho
individual, deverão ser avaliados os seguintes fatores diretamente a sua consecução, desde que o órgão ou
mínimos: produtividade no trabalho, com base em entidade não tenha dado causa a tais fatores.
parâmetros previamente estabelecidos de qualidade As metas intermediárias deverão ser elaboradas
e produtividade; conhecimento de métodos e técnicas em consonância com as metas globais, podendo ser
necessários para o desenvolvimento das atividades segmentadas, segundo critérios geográficos, de hie-
referentes ao cargo efetivo na unidade de exercício; rarquia organizacional ou de natureza de atividade
trabalho em equipe; comprometimento com o traba- (art. 5º, §§ 2º e 5º).
lho; e cumprimento das normas de procedimentos e As metas de desempenho individual e as metas
de conduta no desempenho das atribuições do cargo intermediárias de desempenho institucional deverão
(art. 4º, § 1º). ser definidas por critérios objetivos e comporão o pla-
Os servidores ocupantes de cargos de provimen- no de trabalho de cada unidade do órgão ou entidade
to efetivo são avaliados, segundo o § 3º do art. 4º, a de lotação e, salvo situações devidamente justificadas,
partir: serão previamente acordadas entre o servidor, a che-
fia e a equipe de trabalho.
I - dos conceitos atribuídos pelo próprio avaliado, O art. 7º apresenta como serão estabelecidos os
na proporção de quinze por cento; critérios e procedimentos específicos de avaliação
II - dos conceitos atribuídos pela chefia imediata, de desempenho individual e institucional e de atri-
na proporção de sessenta por cento; e buição das gratificações de desempenho, tarefa essa
III - da média dos conceitos atribuídos pelos demais
feita mediante ato do dirigente máximo do órgão ou
integrantes da equipe de trabalho, na proporção de
entidade ou do Ministro de Estado ao qual o órgão ou
vinte e cinco por cento.
entidade esteja vinculado.
Já os servidores em cargos de comissão ou função
Segundo o parágrafo único do mesmo art. 7º, esse
de confiança serão avaliados na dimensão indivi-
dual, a partir: ato deverá conter:
I - dos conceitos atribuídos pelo próprio avaliado,
na proporção de quinze por cento; I - os critérios, as normas, os procedimentos, os
II - dos conceitos atribuídos pela chefia imediata, mecanismos de avaliação e os controles necessá-
na proporção de sessenta por cento; e rios à implementação da gratificação;
III - da média dos conceitos atribuídos pelos inte- II - a identificação do responsável pela observância
grantes da equipe de trabalho subordinada à chefia dos critérios e procedimentos gerais e específicos
avaliada, na proporção de vinte e cinco por cento de avaliação de desempenho em cada unidade de
162 (art. 4º, § 4º). avaliação;
III - a data de início e término do ciclo de avalia-
ção, o prazo para processamento das avaliações e COMPROMISSO COM A QUALIDADE
a data a partir da qual os resultados da avaliação NOS SERVIÇOS PRESTADOS
gerarão efeitos financeiros;
Agora veremos um pouco sobre o compromisso
IV - os fatores a serem aferidos na avaliação de
com a qualidade nos serviços prestados e para isso
desempenho individual; vamos dividir o primeiro assunto nos seguintes itens:
V - o peso relativo do cumprimento de metas e de
cada fator, referidos no art. 4º, e de cada conceito, z O que é qualidade?
referido nos §§ 3º e 4º do art. 4º, na composição z O que é Gestão da qualidade?
do resultado final da avaliação de desempenho z Abordagens de qualidade
individual;
VI - os indicadores de desempenho institucional; Qualidade
VII - a metodologia de avaliação a ser utilizada,
abrangendo os procedimentos que irão compor o A qualidade, quando relacionada aos serviços
prestados, possui alguns significados basilares, cha-
processo de avaliação, a sequência em que serão
mados, também, de Maximiano, sendo eles:
desenvolvidos e os responsáveis pela sua execução;
VIII - os procedimentos relativos ao encaminha- z Excelência: Está ligada à vontade, dedicação, ao
mento de recursos por parte do servidor avaliado; que de melhor pode ser feito ao prestar um serviço
IX - as unidades da estrutura organizacional do a terceiros;
órgão ou entidade qualificadas como unidades de z Especificações: É aquilo que se planeja para
avaliação; e alcançar a qualidade desejada. Podemos dizer que
X - a sistemática de estabelecimento das metas, da é a determinação de como o produto ou serviço
sua quantificação e revisão a cada ano.
deve estar para chegar até o cliente;
z Conformidade: É a relação de identificação entre
o produto e/ou serviço e suas especificações;
Atenção para o conteúdo do art. 8º: o pagamento z Adequação ao uso: Refere-se à qualidade do pro-
das gratificações de desempenho será feito observa- duto. Aqui precisamos pensar que quem delimita a
dos o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limi- qualidade ou não do produto é o cliente, e é partir
te mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor. Essa desse retorno que as empresas podem buscar por
pontuação é calculada com base nos resultados obti- melhorias.
dos das avaliações de desempenho. A avaliação de
desempenho individual dá direito a até vinte pon- Gestão da qualidade
tos para o servidor, enquanto que a avaliação de
Gestão da qualidade nada mais é que o enfoque
desempenho institucional/coletivo dá direito a até
adotado e o conjunto de práticas aplicadas por uma
oitenta pontos para o servidor. instituição para obtenção da qualidade pretendida
Os valores a serem pagos a título de gratificação para o produto e/ou serviço prestado.
de desempenho serão calculados multiplicando-se É importante lembrar que na gestão da qualidade
o somatório dos pontos auferidos nas avaliações de deve-se conter todas as atividades da organização.
desempenho individual e institucional pelo valor do Além disso, é preciso refletir sobre a complexida-
ponto estabelecido em lei, observados, conforme o de enfrentada ao administrar um serviço para que se
obtenha um resultado de qualidade.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


caso, o nível, a classe e o padrão em que se encontra
Dentro da gestão de qualidade temos as aborda-
posicionado o servidor (art. 9º).
gens de Garvin, sendo elas:
Tomemos como exemplo um servidor público que
almejou o mínimo de 30 pontos em ambas as avalia- z Transcendental;
ções. Suas notas podem variar em dois números que, z Baseada no produto;
somados, dão os trinta pontos. Supomos que ele foi z Baseada no produto (fabricação);
avaliado em 15 pontos, tanto na avaliação individual z Baseada no usuário (cliente);
como na institucional. Considerando ainda o conteú- z Baseada no valor.
do do artigo 4º, podemos concluir que dos 15 pontos
da avaliação individual, ele obteve 2,25 pontos na Para facilitar seu entendimento, veja na tabela a
seguir as especificações dos significados Maximiano e
auto avaliação, 9 pontos na avaliação feita por sua
das abordagens de Garvin:
chefia, e 3,75 na sua avaliação feita por seus colegas.
Com isso, podemos concluir que, por mais que um ser-
vidor seja bem avaliado por seu chefe, isso por si só SIGNIFICADOS ABORDAGENS
não lhe garante um bônus grande da sua gratificação (MAXIMIANO (GARVIN)
por desempenho.
Por fim, o artigo 12 reforça que as avaliações de Abordagem
desempenho individual e institucional serão utiliza- Excelência
transcendental
das como instrumento de gestão, com a identificação
de aspectos do desempenho que possam ser melho- Abordagem baseada no
rados por meio de oportunidades de capacitação e Especificações
produto
aperfeiçoamento profissional. Essa é a finalidade
primordial das avaliações de desempenho: garantir Abordagem baseada na
maior eficiência na produção de resultados dentro da Conformidade
produção
Administração Pública. 163
SIGNIFICADOS (MAXIMIANO ABORDAGENS(GARVIN)

Adequação ao uso Abordagem baseada no usuário

- Abordagem baseada no valor

ERAS DA QUALIDADE

As eras da qualidade são, ao todo, quatro:

z Era da inspeção:
„ Final do século XVIII e início do século XIX;
„ Qualidade com foco no produto.

z Era do controle estatístico da qualidade:


„ Década de 1930;
„ Qualidade com foco no processo.

z Era da garantia da qualidade:


„ Durante a 2° Guerra Mundial;
„ Qualidade com foco no sistema.

z Era da gestão da qualidade:


„ Final da década de 70;
„ Qualidade com foco no negócio.

CICLO PDCA

O PCDA é uma ferramenta de qualidade utilizada no controle dos processos institucionais, visando à solução
de problemas. Vejamos a seguir o ciclo PDCA, que se divide em quatros momentos:

z P (plan: planejar): Seleção de um processo, atividade ou máquina que necessite de melhoria e elaboração de
medidas claras e executáveis, sempre voltadas para obtenção dos resultados esperados;
z D (do: fazer): Implementação do plano elaborado e acompanhamento de seu progresos;
z C (check: verificar): Análise dos resultados obtidos com a execução do plano e, se necessário, reavaliação do
plano;
z A (act: agir): Caso tenha obtido sucesso, o novo processo e documentado e se transforma em um novo padrão.

Disponível em: <https://blogdaqualidade.com.br/o-que-e-pdca/>. Acesso em: 25 de fevereiro de 2021.

Para facilitar seu entendimento, colocamos abaixo um fluxograma para representar o funcionamento do PCDA:

Não funcionau
tome ações corretivas
Localizar problemas
Funcionou: e estabelecer metas
padronize as tarefas Análise do processo
e treine a equipe

Implemente o
novo método Estabelecer
planos de ação

Se não, descobrir
proquê e definir
novo método
Treinar os
envolvidos

Verificar se as
metas estão sendo
alcançadas Executar o
plano

164 Fonte: https://www.xerpa.com.br/blog/ciclo-pdca-no-rh/


CERTIFICAÇÃO ISO 9000 A qualidade avaliada para serviços se difere bas-
tante da qualidade atribuída a bens tangíveis. Essa
A ISO 9000 é um conjunto de normas técnicas regi- diferenciação se refere ao tipo de interação que ocor-
das para estabelecer as diretrizes a padrões visando re com os consumidores. Para visualizar melhor, o
uma gestão de qualidade. Sua formação se dá pelas quadro a seguir apresenta essa distinção:
normas 9001, 9004 e 19011, tendo como foco a otimiza-
ção dos processos.
BENS TANGÍVEIS BENS INTANGÍVEIS
Importância da ISO 9000 Elevado número de Pequeno número de
atividades de suporte. atividades de suporte.
A importância da ISO 9000 alcança todos os setores
das instituições: Relação indireta do Relação direta do
agente produtivo com o agente produtivo com o
z P ara os clientes: Satisfação; consumidor. consumidor.
z Para os colaboradores: Condição de trabalho e
Tempos distintos de Tempos comuns de
capacitação;
exercício da atividade exercício da atividade
z Para a sociedade: Solução de problemas, qualidade;
produtiva. produtiva.
z Para os fornecedores: Melhoria na produção, dis-
tribuição e comercialização dos seus produtos; Pequena interação direta Grande interação com o
z Para a empresa: Aumento da reputação; relações com o consumidor. consumidor.
comerciais, aumentar competitividade. Clientes
fieis e conquista de novos mercados. Fonte: adaptado de Paladini e Bridi (2013).

Princípios da ISO 9000 Pode-se destacar que a gestão da qualidade para os


bens tangíveis e intangíveis também se difere, segun-
z oco no cliente;
F do Paladini e Bridi (2013), da seguinte forma:
z Liderança;
z Engajamento das pessoas; z Para os tangíveis:
z Abordagem de processo;
z Melhoria contínua; „ O esforço pela qualidade, feito pela organiza-
z Tomada de decisão com base em evidências e ção, aparece no produto.
z Gestão de relacionamento. „ A avaliação da qualidade depende do próprio
produto.
A EXPANSÃO DOS SERVIÇOS
z Para os intangíveis – os serviços:
A expansão dos serviços pode ser entendida como
uma resposta à mudança cultural sofrida pela socie- „ A qualidade nos serviços é caracterizada pela
dade nos últimos anos. A globalização, a facilidade interação direta entre consumidor e empresa.
e a velocidade ao acesso à informação fez com que „ O padrão da qualidade do serviço enfatiza,
houvesse uma mudança no perfil dos consumidores essencialmente, a própria interação entre a
de uma maneira geral, especialmente no que se refe- parte produtora e a parte consumidora.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


re à exigência por qualidade em produtos e serviços
(PALADINI; BRIDI, 2013). Como foi visto, a qualidade nos serviços presta-
Nos últimos vinte anos, as transformações cultu- dos se relaciona diretamente com a interação reali-
rais que desencadearam o aumento na exigência por zada entre o prestador e o consumidor, informação
qualidade foram acompanhadas pela abertura dos que remete ainda, segundo Paladini e Bridi (2013), ao
mercados, o aumento da concorrência, e a mudan- entendimento de que a gestão operacional da presta-
ça de comportamento que impulsionou a busca pela ção de serviços ocorre da seguinte forma:
melhoria da qualidade em produtos e serviços (PALA-
DINI; BRIDI, 2013). z Produção e consumo são simultâneos – ou seja, o
Feitas essas considerações, para entender a impor- produto é processo e vice-versa.
tância do compromisso com a qualidade dos servi- z A realimentação é imediata – tão rápida que o
ços, é preciso definir serviços: “Os serviços são ações usuário pode interferir no processo, justamente
finais. Refletem o atendimento pleno a determinadas porque não há uma separação nítida em produção
solicitações. São um fim em si mesmos e sua execução e consumo.
encerra o requerimento feito” (PALADINI; BRIDI, z A qualidade é direta e imediatamente percebida
2013, p.14). pela empresa.
Os serviços podem ser entendidos como ações, z A Gestão Operacional da Qualidade, assim, tende a
atos, desempenho, e buscam satisfazer as expectativas ter uma notável agilidade.
dos clientes quando são ofertados (LAS CASAS, 2019).
Para Albrecht (1992), a qualidade nos serviços “é a Essas considerações apontam que não é simples
capacidade que uma experiência ou qualquer outro avaliar a qualidade dos serviços, principalmente por-
fator tenha para satisfazer uma necessidade, resol- que depende da percepção do cliente, isto é, do consu-
ver um problema ou fornecer benefícios a alguém”. midor, frente ao contexto de interação que ocorre a
Dessa maneira, a avaliação do consumidor é sempre transação. A prestação do serviço intangível, o caso do
essencial e crítica em todo o processo de prestação de serviço, está evidentemente atrelada a um desempe-
serviços. nho, isto é, vinculada ao atendimento especifico e ao 165
quanto a interação foi satisfatória, gerou valor, ganho, mercado em que estão inseridas e objetivos a serem
benefício ao consumidor (PALADINI; BRIDI, 2013). alcançados e, com isso, nos orientam com relação a
Isso ocorre porque os clientes percebem o servi- evitar generalizações sobre o que seria imprescindí-
ço de forma diferenciada, sendo então a percepção, vel para cada empresa.
aspecto importante na avaliação da qualidade do ser-
viço (LAS CASAS, 2019). REFERÊNCIAS
Pelo fato de a avaliação da qualidade de um ser-
viço prestado ser vinculada a qualidade da interação ALBRECHT, Karl. Revolução nos serviços. São Pau-
realizada com o consumidor e, por isso, dependente lo: Pioneira, 1992.
de uma infinidade de fatores – não é um processo
simples -, o marketing de serviços contempla uma _____. Total quality service. Seminário Internacio-
infinidade de recursos e possibilidades de atuação nal, 9 abr. 1992. Apostila.
nas organizações. Exemplos de aspectos relevantes do
processo de interação serviço – consumidor: a percep-
LAS CASAS, L. Alexandre. Qualidade Total em Servi-
ção; o princípio da similaridade; o princípio da pro-
ços - Conceitos, Exercícios, Casos Práticos. São Pau-
ximidade; o princípio da continuidade (LAS CASAS,
lo: Grupo GEN, 2019. 9788597023404. Disponível
2019).
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
Segundo Las Casas (2019), “A qualidade total em
books/9788597023404/. Acesso em: 25 Fev 2021.
serviços engloba, além dos clientes externos, todos os
que com ela interagem, funcionários e administrado-
res. A razão disso é que os serviços pressupõem que PALADINI, P. Edson.; BRIDI, Eduardo. Gestão e ava-
cada pessoa próxima ao indivíduo é considerada um liação da qualidade em serviços para organizações
cliente”. De acordo com Paladini e Bridi (2013), a ava- competitivas: estratégias básicas e o cliente miste-
liação de qualidade dos serviços prestados reflete na rioso. São Paulo: Grupo GEN, 2013. 9788522480982.
elaboração e desempenho da estratégia organizacio- Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.
nal porque: com.br/#/books/9788522480982/. Acesso em: 25
Fev 2021.
z A Avaliação da Qualidade distingue e individuali-
za a ação das organizações produtivas, ou seja, ela TIPOS DE CONTROLE
cria diferenciais.
z Trata-se de uma opção estratégica das organizações. A fim de identificar se os resultados planejados
z Refere-se a um diferencial para o planejamento ou foram alcançados, diferentes tipos de controle podem
para a ação. ser utilizados. Esses controles podem ser realizados
z Esse diferencial cria as bases para a modelagem por meio de alguns indicadores de desempenho, con-
de estratégias competitivas para a prestação de forme apresenta Dias:
serviços.
z Lucratividade: é importante que a organização
Além disso, o processo de qualidade total para ser- saiba se está gerando lucro. A lucratividade pode
viços pode trazer alguns benefícios paras as empre- ser mensurada de diversas maneiras, tais como:
sas, segundo Las Casas (2019): lucro operacional, ativos tangíveis etc.
z Produtividade: a partir desse indicador é possí-
z Revelar satisfações ou insatisfações ocultas dos clientes. vel avaliar se a organização está produzindo sufi-
z Salientar de forma constante a importância do cientemente bem ou precisa melhorar em algum
cliente para uma empresa. aspecto. A baixa produtividade pode ser resultado
z Gerar uma fonte de ideias e produtos.
da desmotivação dos trabalhadores ou até mesmo
z Diminuir custos.
falta de recursos para o bom desempenho das tare-
z Aumentar a produtividade.
fas do trabalho.
z Estabelecer uma forma de multiplicar vendas pela
propaganda boca a boca. z Qualidade: indica se os produtos e serviços estão
z Reter clientes. em conformidade com o planejado. A falta de qua-
z Melhorar constantemente a forma de trabalho. lidade pode gerar desperdícios e retrabalho, por
z Aumentar lucros. isso é importante que a organização defina os erros
z Formar parcerias com clientes. aceitáveis e conduza seus processos visando a eli-
z Desenvolver espírito de equipe. minar as falhas superiores ao limite estabelecido.
z Promover satisfação à sociedade. z Eficiência: busca avaliar a capacidade da orga-
z Motivar funcionários. nização de forma correta, isto é, mensurar se os
z Dar maior atenção ao lado humano na negociação. resultados dos objetivos pretendidos estão sendo
z Gerar harmonia nos mercados. alcançados.
z Faturamento: mensura o quanto a organização
A avaliação da qualidade em serviços varia con-
está faturando por mês, trimestre, semestre, ano
forme o ambiente em que a organização está inserida.
ou outro período. Com o levantamento das infor-
Esse ambiente pode ser o operacional – desenvol-
vimento do serviço, compartilhamento de informa- mações sobre as entradas, é possível analisar se a
ções -; tático – conforto, segurança, qualificação dos quantidade de produção e a venda está alinhada
funcionários -; estratégico – preços competitivos, com os objetivos estabelecidos.
envolvimento em ações sociais - (PALADINI; BRIDI, z Crescimento de vendas: é mensurado pela quan-
2013). Esses exemplos não são definitivos, variam tidade de oportunidades de vendas em relação às
166 entre as empresas, dependendo dos tipos de negócios, vendas efetivadas. O acompanhamento da taxa de
sucesso nas vendas é importante para avaliar se as barras que ordena as causas de um problema de
estratégias utilizadas estão sendo eficazes. forma decrescente. Geralmente são poucas causas
(20%) que levam à maioria (80%) dos problemas.
CONTROLE POR NÍVEL ORGANIZACIONAL z Cartas de controle: são utilizadas para identificar
a variabilidade de um processo. São definidos os
O controle pode ocorrer nos níveis estratégico, limites inferior e superior de forma que a varia-
tático e operacional16. O controle estratégico tem o bilidade presente dentro desses limites é conside-
objetivo de: (i) acompanhar e avaliar os resultados rada causa comum e qualquer ponto fora desses
da organização em relação a sua missão e objetivos, e limites indica algum tipo de causa especial.
(ii) identificar os fatores externos que de alguma for-
ma influenciam a organização. Por meio do controle z Fluxogramas de processos: são representações
estratégico são produzidas informações sobre os pon- gráficas de um processo. A partir de fluxogramas,
tos fortes e fracos da organização (análise interna), a visualização do início, desenvolvimento e térmi-
bem como sobre as oportunidades e ameaças (análise no de um processo é facilitada.
externa) presentes no ambiente externo. z Diagramas de dispersão: demonstram as relações
O controle tático ocorre nos diferentes departa- entre duas variáveis, isto é, auxiliam na com-
mentos da organização, ou seja, nos recursos huma- preensão sobre o que acontece com uma variável
nos, marketing, finanças, produção, vendas, entre quando a outra é alterada.
outros. Nesse nível organizacional, o controle tem o
objetivo de produzir informações para a tomada de
decisões em cada uma das áreas. A organização tam-
bém pode realizar benchmarking. Destaca-se que o EXERCÍCIOS COMENTADOS
controle no nível estratégico depende das informa-
ções advindas do controle tático. 1. (FGV – 2018) Uma das funções administrativas refere-
-se à “geração de informações sobre a execução das
Dica atividades organizacionais, de forma a garantir o cum-
primento das metas planejadas” (Sobral e Peci, 2014,
O termo em inglês benchmarking pode ser tra- p. 359).
duzido como avaliação comparativa. Quando Essa função administrativa e duas de suas atribuições
as organizações realizam benchmarking, elas essenciais são, respectivamente:
comparam seus processos, práticas e resulta-
dos com os de outras organizações concorren- a) planejamento; definição de metas e alocação de
tes. É uma forma de a organização identificar o recursos;
setor que está falhando e adotar novos métodos b) organização; alocação de recursos e monitoramento;
no ambiente organizacional e na execução das c) direção; definição de responsabilidades e avaliação do
atividades. desempenho;
d) controle; monitoramento e correção de desvios;
Por último, o controle operacional foca em ati- e) planejamento-controle; definição de metas e correção
vidades específicas e na utilização de recursos nas de desvios.
diferentes áreas da organização. Os cronogramas
e orçamentos utilizados na etapa de planejamento Na função administrativa de controle são moni-

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


também são frequentemente utilizados no controle toradas e avaliadas as atividades e resultados
operacional. alcançados para assegurar que o planejamento,
organização e direção sejam bem-sucedidos. Assim,
FERRAMENTAS DE CONTROLE o controle mensura o desempenho alcançado em
relação ao esperado, bem como realiza ações corre-
Para avaliar a qualidade de um processo, algumas tivas em caso de desvios. Resposta: Letra D.
ferramentas de controle podem ser utilizadas, tais
como: 2. (FGV – 2015) O diretor de finanças de uma construtora
recebeu as seguintes incumbências: avaliar o desem-
z Histogramas: são gráficos de barras que mostram penho financeiro da empresa e elaborar o orçamento
a dispersão dos dados de acordo com categorias para o ano de 2016. Ao realizar essas incumbências, o
específicas. diretor estará exercendo, respectivamente, as seguin-
z Folhas de verificação: também chamadas de tes funções administrativas:
checklists, as folhas de verificação são úteis para
registrar os dados ou estatísticas de um processo a) controle e organização;
ao longo do tempo. A partir daí é possível identifi- b) organização e planejamento;
car os problemas existentes e propor alternativas c) direção e controle;
para resolvê-los. d) controle e planejamento;
z Diagrama de Ishikawa: é utilizado para identificar e) organização e direção.
as causas de um problema a partir de 6M’s: méto-
do, mão de obra, material, medida, meio ambiente A avaliação do desempenho financeiro da empresa
e máquina. é realizada na função administrativa de controle e
z Diagrama de Pareto: também chamado de diagra- a elaboração do orçamento faz parte da função de
ma 80/20, o diagrama de Pareto é um gráfico de planejamento. Resposta: Letra D.
16  Maximiano (2000) 167
6. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Assinale a opção corres-
HORA DE PRATICAR! pondente à sequência correta das etapas de desen-
volvimento de grupo, segundo Bruce W. Tuckman em
1. (CESPE-CEBRASPE — 2020) As atribuições típicas da Teoria de Desenvolvimento de Grupo, de 1965, revisita-
função organização incluem da em 1977.

a) definição de recursos e atribuição de autoridade e res- a) formação / adiamento / turbulência / normatização /


ponsabilidade para a realização de tarefas. desempenho
b) preenchimento de cargos e motivação dos b) turbulência / adiamento / formação / normatização /
colaboradores. desempenho
c) liderança de pessoas e comunicação organizacional. c) formação / turbulência / normatização / desempenho
d) definição de objetivos e metas organizacionais. / adiamento
e) estabelecimento de padrões de desempenho e avalia- d) turbulência / formação / normatização / desempenho
ção de resultados. / adiamento
e) formação / turbulência / adiamento / normatização /
2. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Assinale a opção que desempenho
indica atividade inerente à função administrativa cha-
mada de organização. 7. (CESPE-CEBRASPE — 2018) Uma instituição de ensi-
no identificou alta evasão escolar, queda de rendimen-
a) distribuição dos processos de trabalho em to em exames regionais e nacionais e baixo grau de
departamentos motivação de seus colaboradores, em total dissonân-
b) definição da visão de futuro da instituição e dos valo- cia com as metas estabelecidas em seu planejamento
res a serem cumpridos pelos empregados anual. Em decorrência disso, constituiu uma equipe
c) criação de sistemas de monitoramento dos prazos e formada por colaboradores de determinada unidade
da qualidade dos serviços prestados e de unidades com atribuições a ela relacionadas e
d) realização de reuniões para orientação sobre a execu- interdependentes da sua sede com a missão de avaliar
ção de atividades na busca de engajamento e alcance as causas e implementar integralmente as medidas
de resultados corretivas necessárias desde o planejamento, passan-
e) avaliação das metas alcançadas em cada departa- do pela definição de recursos, delegação de tarefas,
mento da organização negociação com fornecedores internos e externos. A
equipe ficou responsável pelos resultados alcançados
3. (CESPE-CEBRASPE — 2018) O processo adminis- em decorrência das medidas adotadas.
trativo se caracteriza pelo exercício das funções da Nessa situação hipotética, a equipe é do tipo
administração nos três níveis organizacionais: táti-
co, estratégico e operacional. Determinar o dese- a) virtual.
nho de cargos e suas tarefas é atribuição da função b) resolução de problemas.
administrativa c) autogerenciada.
d) multifuncional.
a) liderança, exercida em nível tático. e) paralela.
b) direção, exercida em nível estratégico.
c) direção, exercida em nível operacional. 8. (CESPE-CEBRASPE — 2017) O fato de os indivíduos
d) organização, exercida em nível operacional. estabelecerem conexões humanas uns com os outros
e) organização, exercida em nível estratégico. favorece o trabalho coletivo, o que, por sua vez, impli-
ca maior desempenho na execução das atividades das
4. (CESPE-CEBRASPE — 2018) No processo administra- organizações. Considerando-se essas informações, é
tivo, motivar as pessoas para que as metas organiza- correto afirmar que a unidade de trabalho fundamen-
cionais sejam atingidas é responsabilidade da função tada na sinergia denomina-se
da administração
a) repartição.
a) organização. b) equipe.
b) controle. c) grupo.
c) direção. d) setor.
d) gestão de pessoas. e) diretoria.
e) liderança.
9. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Nas equipes,
5. (CESPE-CEBRASPE — 2017) O monitoramento das
atividades dos colaboradores da organização, com a) o poder é distribuído entre os seus membros e as deci-
vistas ao atendimento das metas estabelecidas, cor- sões são tomadas de forma coletiva.
responde à atividade típica da função de administra- b) o poder é distribuído entre seus membros e as deci-
ção denominada sões são tomadas de forma individual.
c) o poder é distribuído hierarquicamente e as decisões
a) controle. são tomadas de forma individual.
b) organização. d) o poder é distribuído hierarquicamente e as decisões
c) direção. são tomadas por muitos indivíduos.
d) liderança. e) o poder é distribuído hierarquicamente e as decisões
168 e) planejamento. são tomadas por alguns indivíduos.
10. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Em equipes de trabalho, a) Nas organizações, é incomum haver resistência cultu-
a lealdade dos membros é obtida ral no que se refere à adoção de equipes autogerencia-
das sem a figura de um chefe.
a) como resultado da obediência ao líder. b) Nas organizações contemporâneas, chefe e líder apre-
b) como resultado de autoidentificação com o propósito sentam a mesma concepção.
e as ações da equipe. c) Gerenciar uma equipe é tarefa exclusiva do chefe.
c) como resultado da pressão do chefe. d) Há equipes que funcionam de forma autogerenciada
d) por meio da coação dos membros da equipe. sem prejuízo de produtividade em comparação aos
e) com a obediência dos membros às regras da organização. modelos tradicionais.
e) Atualmente, o chefe é o único responsável por garantir
11. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Assinale a opção que a produtividade de um grupo de trabalho ou de uma
descreve corretamente uma equipe de trabalho equipe nas organizações.

a) Em uma equipe, as metas de desempenho são estabe- 15. (CESPE-CEBRASPE — 2020) Líderes transformacio-
lecidas de forma individualizada. nais são carismáticos, oferecem estímulo intelectual
b) Em equipes, a atuação dos seus membros ocorre de e atenção individualizada a seus seguidores e os ins-
forma responsável e organizada em torno de um obje- piram a transcender seus próprios interesses para o
tivo comum. bem da organização. A base de poder predominante
c) Equipes são necessariamente definidas de forma nesse estilo de liderança é denominada poder
permanente e, assim, tornam-se parte do desenho
organizacional. a) coercitivo.
d) As equipes devem ser constituídas por profissionais b) de recompensa.
com formações e especializações semelhantes em c) legítimo.
detrimento da diversidade, considerada, no âmbito d) de referência.
organizacional, um problema. e) de especialista.
e) Em equipes, os trabalhos são realizados sempre de
forma presencial, com seus membros interagindo face 9 GABARITO
a face.

12. (CESPE-CEBRASPE — 2017) A respeito das diferenças 1 A


entre grupos e equipes no trabalho, assinale a opção
2 A
correta.
3 D
a) Em uma equipe, as responsabilidades do indivíduo
são definidas de forma individualizada em detrimento 4 C
da responsabilidade coletiva. 5 A
b) Grupos e equipes apresentam um mesmo conceito no
âmbito organizacional. 6 C
c) Em um grupo, o desempenho é resultado do trabalho
7 C
que os seus membros realizam de forma individual.

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO - SITUAÇÕES GERENCIAIS


d) Em uma equipe, o desempenho é determinado unica- 8 B
mente pela soma das realizações individuais de cada
9 A
um de seus membros.
e) O produto do trabalho coletivo, além dos produtos dos 10 B
trabalhos individuais dos membros, é levado em con-
sideração para mensurar o desempenho de grupos. 11 B

12 C
13. (CESPE-CEBRASPE — 2017) A respeito de grupos e de
equipes no trabalho, assinale a opção correta. 13 A

14 D
a) Em um grupo de trabalho, há um único líder; em uma
equipe, os papéis de liderança são compartilhados. 15 D
b) Nas organizações, os grupos de trabalho devem ser
essencialmente formalizados.
c) A interação de dois indivíduos que dependem um do
outro no trabalho não corresponde à concepção de
grupo.
ANOTAÇÕES
d) Os grupos definidos pela organização e que rece-
bem tarefas específicas são chamados de grupos
informais.
e) Grupos de trabalho são sempre permanentes.

14. (CESPE-CEBRASPE — 2017) Acerca do gerenciamen-


to de equipes nas organizações contemporâneas,
assinale a opção correta. 169
ANOTAÇÕES

170
z As condições de trabalho e o rendimento da população;
z Um panorama da diversidade étnico-racial da
população brasileira, com sua distribuição por cor
ou raça;
z A caracterização dos povos indígenas por etnia e
CONHECIMENTOS línguas indígenas faladas ou utilizadas nos seus
domicílios, além de dados sobre a população
TÉCNICOS quilombola.

O RECENSEADOR

O Recenseador é o responsável por fazer o traba-


CONHECIMENTOS TÉCNICOS APLICADOS lho da coleta de dados por meio de entrevistas com
NO CENSO DEMOGRÁFICO 2020 os moradores. Estando em contato direto com o públi-
co, ele representa o IBGE para a sociedade. É o agente
CENSO DEMOGRÁFICO 2021 responsável pelo trabalho de campo, coletando dados
dos moradores de cada domicílio correspondente ao
Entre as mais importantes pesquisas feitas pelo setor de atuação.
IBGE, encontra-se o Censo Demográfico, que é a opera- Cada um deles cuida de uma área geográfica espe-
ção realizada a cada dez anos para contar a população cífica, porém, não é possível estimar suas extensões.
e obter informações sobre as principais característi- A qualidade dos resultados que serão entregues para
cas dos habitantes e de seus domicílios. o país ao final da operação depende diretamente da
O censo, ou recenseamento demográfico, é um qualidade de seu trabalho, do modo como se dedica às
estudo estatístico referente a uma população que atividades em seu dia a dia.
possibilita o recolhimento de várias informações, tais O trabalho do Recenseador diz respeito à obtenção
como o número de homens, mulheres, crianças e ido- das informações junto aos moradores de uma deter-
sos, onde e como vivem as pessoas etc. Esse estudo é minada área, nos locais onde residem. O Recenseador
realizado, normalmente, de dez em dez anos, na maio- contará com a supervisão de um Agente Censitário
ria dos países. Por meio do Censo Demográfico, veri- Supervisor (ACS). O ACS lhe oferecerá as informações,
fica-se a distribuição territorial no país e a evolução o material necessário e seus instrumentos de traba-
quantitativa da população ao longo do tempo. lho, assim como lhe dispensará orientação técnica e
O Censo é a principal fonte de dados sobre a situa- assistência permanente por ocasião da realização da
ção de vida da população nos municípios e localida- coleta de dados. O Recenseador deve se reportar sem-
des. Esses dados podem ser utilizados para a definição pre ao Agente Censitário Supervisor diante de qual-
de políticas públicas em nível nacional, estadual e quer dificuldade.
municipal, e também podem ser usados como auxílio
para a tomada de decisões na área de investimentos, Aproveitamento e escolha do setor censitário
especialmente em relação ao setor privado.
No Censo 2021, o IBGE visitará aproximadamente O resultado efetivo do trabalho do Recensea-
70 milhões de domicílios brasileiros, distribuídos dor está relacionado ao domínio dos conceitos e dos
pelos mais de 8,5 milhões de km² do nosso vasto terri- procedimentos que serão empregados no Censo. É
tório, para conhecer a situação de vida da população importante que o candidato a Recenseador tenha um
em cada um de seus 5.568 municípios. bom aproveitamento no momento de formação, uma
Para chegar a um entendimento sobre quais ques- vez que a escolha da área em que deseja trabalhar
tões serão investigadas no Censo Demográfico 2021, dependerá da sua classificação final na avaliação do
o IBGE promove consultas e debates amplos com a treinamento.
sociedade brasileira e órgãos técnico-governamen- Esta área, nominada pelo IBGE de Setor Censi-
tais. A partir daí, com a conclusão do Censo, o Brasil tário, será o local de trabalho do Recenseador, onde
disporá de informações necessárias para conhecer as acontecerá a coleta de dados. No decorrer do seu tra-
características das pessoas a fim de planificar políti- balho de coleta de dados, o Recenseador ficará lotado
cas e investimentos públicos. em um local físico, denominado Posto de Coleta, sob
Os dados coletados no Censo Demográfico 2021 responsabilidade do IBGE.
serão relativos ao estado de coisas em uma data
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

específica, isto é, a um retrato da situação naquele Posto de Coleta


momento. O conjunto de dados coletados apresenta-
rá resultados relacionados a questões fundamentais, O Posto de Coleta é o local de trabalho concebido
como: temporariamente pelo IBGE para dar suporte à ope-
ração censitária. Nele, reúne-se a equipe encarrega-
z O total da população do país por sexo e faixa etária da do gerenciamento e da coleta de dados (Glossário)
e como está distribuída no Território Nacional; de uma determinada área. Sempre que requisitado, o
z A expectativa de vida da população do país; Recenseador deverá comparecer ao Posto de Coleta
z A estimativa de brasileiros que vivem fora do país; para que o Supervisor possa avaliar o seu trabalho e
z O número médio de filhos que uma mulher teria corrigir possíveis falhas. Caso a supervisão indique a
ao final do seu período fértil; necessidade de corrigir algum dado coletado, o Recen-
z O tipo de habitação em que vive a população do país; seador deverá retornar a campo.
z A proporção da população que tem acesso ao sanea- Resumidamente, o trabalho do Recenseador con-
mento básico; siste em percorrer o Setor Censitário sob sua respon-
z O nível de instrução da população; sabilidade, registrando endereços e realizando as 171
entrevistas com os moradores. Para terminar o seu O Questionário Básico é o questionário com
trabalho, o Recenseador deve dirigir-se ao Posto de menor número de quesitos, em que serão registradas
Coleta e devolver o material de trabalho ao Instituto. as características do domicílio e de seus moradores
na data de referência. Os quesitos desse questionário
Instrumentos de trabalho do Recenseador serão aplicados a todos os domicílios.
Já o Questionário da Amostra é respondido por
No decurso da coleta de dados, o Recenseador terá uma parcela da população escolhida de forma alea-
dois instrumentos de trabalho disponíveis: o Mapa do tória por meio de cálculos específicos, formando
Setor Censitário (em papel) e o Dispositivo Móvel de uma amostra estatística. Apenas um modelo de ques-
Coleta (DMC). O Recenseador será responsável pelo tionário (básico ou amostra) será aplicado em cada
patrimônio público enquanto estiver de posse dos mate- domicílio.
riais a ele acautelados, devendo zelar por sua conserva-
Evitando a perda de informações
ção e pelas boas condições de seu uso e funcionamento.
Além desses dois instrumentos de trabalho, o
É muito importante tomar providências para evi-
Recenseador contará com o Manual do Recenseador
tar a perda de informações coletadas, tais como:
e o Manual de Entrevista (digital), que serão usados
como recursos instrucionais durante seu treinamen-
z Zelar pelo correto registro das informações;
to, além de fonte de consulta para o seu trabalho de
z Fazer cópias de segurança (backups) regularmente;
coleta de dados. Os Manuais do Recenseador e de
z Transmitir as informações sempre que possível;
Entrevista congregam conceitos, definições, procedi- z Evitar quedas e contato com água e umidade dos
mentos e orientações necessárias ao desempenho de materiais;
suas atividades e ao registro das informações. z Adotar cuidados básicos ao circular pelos setores
O treinamento do Recenseador é composto por censitários com o DMC, preservando a segurança de
outros materiais e recursos de formação, que também si, dos dados coletados e do próprio equipamento.
servem de apoio ao seu trabalho. Estes devem ser con-
sultados sempre que necessário para garantir maior Cálculo da remuneração do Recenseador
qualidade na coleta.
A remuneração mensal do Recenseador será por
z Mapa do Setor Censitário (em papel): é uma produção, calculada por Setor Censitário, confor-
representação gráfica da área a ser recenseada. me taxa fixada de conhecimento prévio com base
Em seu verso, consta a descrição de seus limites. na quantidade de unidades recenseadas (domicílios
Eventualmente, a representação do setor ganha urbanos e/ou rurais), pessoas recenseadas e registro
elementos adicionais que facilitam a identificação no controle da coleta de dados.
de sua área (como a adição da área circundante). Em um mês, o Recenseador poderá receber vários
z Dispositivo Móvel de Coleta (DMC): é o equipa- pagamentos consoantes com a liberação dos setores
mento para registro e armazenamento das infor- produzidos. Esses setores serão pagos de forma indivi-
mações coletadas em campo. No DMC, podem-se dualizada. Os valores respectivos são acumulados por
acessar: mês para cálculo dos descontos INSS e IRPF e para cál-
culo do recebimento de salário-família (caso o Recen-
„ Mapa do Setor Censitário (digital); seador se enquadre nos requisitos desse benefício).
„ Lista de Endereços;
„ Questionários: Básico - Amostra; Remuneração bruta e remuneração líquida
„ Manual do Recenseador e de Entrevista.
É necessário saber diferenciar remuneração bruta
Controlar o uso dos aplicativos e funções do DMC do trabalhador e remuneração líquida para compreen-
der o cálculo final da remuneração. Os descontos mais
é determinante para a realização do Censo com a
comuns que costumam ocorrer da remuneração bruta
qualidade necessária, pois esse equipamento será o
para a remuneração líquida são:
principal instrumento de trabalho no cotidiano do
Recenseador. O DMC exibe o Mapa por meio de uma
z INSS: a líquota de 8%, 9% ou 11%, conforme tabela
imagem, obtida por satélites, da área do setor e das
do INSS vigente em cada mês;
áreas que o rodeiam.
z IRPF: para aqueles cuja base de cálculo sofra
A Lista de Endereços é composta por endereços retenção do imposto, conforme tabela do IRPF
trabalhados no setor censitário em pesquisas anterio- vigente em cada mês;
res. Por isso, é também chamada de “lista prévia”. É z Pensão alimentícia, quando houver;
importante que o Recenseador visite todos os ende- z Valores de produção recebidos indevidamente.
reços do setor (mesmo que alguns destes não estejam
presentes na lista) e atualize a relação que carrega em A remuneração bruta é o ganho total do Recen-
seu DMC. seador (produção + salário-família, quando houver).
Para atualizar a lista de endereços (prévia), o A remuneração líquida é o valor recebido após os
Recenseador deverá seguir estas orientações: descontos aplicados na remuneração bruta.

z Confirmar os endereços que continuam presentes Remuneração por rescisão


em campo, após verificação;
z Incluir os novos endereços que forem encontrados; Quando o contrato chegar ao fim, o Recenseador
z Excluir os endereços que não forem encontrados terá direito a receber o pagamento da rescisão, que
172 em campo. corresponde à soma dos valores de 13º salário e de
férias indenizadas. Devido ao fato de o Recenseador Comunique ao entrevistado que é possível verifi-
não possuir um salário fixo, utiliza-se como base a car a identidade do Recenseador pela internet ou por
Remuneração Média Mensal, calculada da seguinte telefone. Pela internet, o canal é o site: http://respon-
forma: dendo.ibge.gov.br; e, por telefone, o número: 0800 721
8181. Ambos constam no crachá do agente. Deve-se
Remuneração soma das remunerações (x) 30 fornecer o nome, matrícula e/ou CPF do Recenseador
Média Mensal = para realizar a confirmação.
n° dias do contrato É preciso vestir-se de forma adequada e discreta
13º salário e estar sempre portando o crachá de identificação. O
crachá é o documento que credencia o funcionário a
realizar a pesquisa para o IBGE. O Recenseador, assim
Gratificação natalina proporcional aos meses de
como o Agente Censitário Municipal (ACM) e o Agente
trabalho, observada a regra de que a fração igual ou
Censitário Supervisor (ACS), deve também falar cor-
superior a 15 dias será considerada como mês integral.
retamente, evitando cometer erros de português ou
usar gírias e palavras inadequadas.
Férias indenizadas Durante o trabalho de campo, os entrevistados
podem fazer perguntas ao Recenseador e ao supervi-
Indenização relativa ao período incompleto de sor sobre o objetivo da pesquisa e o porquê da visita.
férias, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês Dependendo das respostas, o informante pode fazer
de efetivo exercício, ou fração superior a 14 dias, um “julgamento” equivocado do funcionário e do
acrescido do adicional de 1/3 (um terço) da remune- IBGE. Os funcionários do Instituto precisam cultivar
ração das férias. uma atitude de autoconfiança. Isto é, precisam estar
cientes do que exatamente fazem, transmitindo segu-
Conduta do Recenseador rança ao informante sobre a seriedade da operação.
A abordagem aos moradores é um momento crí-
Milhares de Recenseadores do IBGE, em todo o tico da coleta, em que o informante faz um primeiro
Brasil, irão às ruas em busca de informações de quali- “julgamento” do Recenseador. Portanto:
dade para a coleta do Censo Demográfico 2021. Nesse
processo, relacionam-se com diferentes públicos, cada z Demonstre profissionalismo e credibilidade;
qual com suas características e peculiaridades. z Cumprimente o informante e identifique-se,
Em virtude dessa diversidade, é senso comum que demonstrando que você é uma pessoa credencia-
os moradores acolham os Recenseadores de formas da e treinada para realizar a coleta pelo IBGE;
diversas. Ora com receptividade, ora com descon- z Seja objetivo e fale brevemente o que deseja;
fiança e resistência. O tratamento cortês, respeitoso e z Lembre-se: você está representando o IBGE!
seguro com o informante é essencial para estabelecer
uma relação de confiança e cooperação. Além disso, A interpelação correta dos informantes colabora para
é importante que o Recenseador apresente uma pos- uma resposta mais célere. Afiança também uma postura
tura de trabalho coerente e use sempre o crachá de colaborativa, restringindo a possibilidade de retrabalho
identificação com os dados do Recenseador. nas etapas posteriores. Por isso, é essencial que o Recen-
seador consiga estabelecer uma relação de parceria com
o informante. Para tanto, é importante ter cuidado com a
Foto do
Recenseador forma de fazer as perguntas do questionário.
O Recenseador deve ler cada uma delas conforme
estão escritas e anotar as respostas diretamente no
QR Code para DMC – sem comentários adicionais a respeito. Sugere-
confirmar
os dados do
-se usar sempre palavras de boa educação durante a
Recenseador abordagem ao informante.
diretamente do É essencial evitar temas delicados, como política
site do IBGE ou religião; não emitir opiniões; procurar desviar-se
de afirmações polêmicas e manter o foco na coleta de
dados. O Recenseador deve esclarecer para o infor-
Dados do
mante, de forma clara e segura, a importância do Cen-
Recenseador so Demográfico 2021.
Em caso de resistência à prestação de informa-
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

ções ao IBGE, é necessário que o Recenseador consiga


apresentar pressupostos convincentes ao informan-
te persistente. Se, mesmo assim, a recusa persistir, o
Conduta do Recenseador: a imagem do IBGE Recenseador deve comunicá-la ao Supervisor para
receber novas orientações.
O Recenseador representa a imagem do IBGE no con-
tato com os informantes. É imprescindível se conscien- Conduta do Recenseador: sigilo estatístico
tizar disso. Como o Censo é a operação em que o IBGE
percorre todo o país, a interação de cada Recenseador A segurança das informações é também outro aspec-
com cada informante é fundamental para reforçar a to que deve ser evidenciado em suas atitudes, com a
confiança e a credibilidade da população em suas pes- qual você e o IBGE têm deveres e responsabilidades.
quisas. O Recenseador deve se identificar sempre de É essencial garantir o sigilo das informações obtidas
forma clara ao seu interlocutor, deixando seu crachá pelo Censo Demográfico 2021 (e por quaisquer pesqui-
visível e esclarecendo os objetivos da operação cen- sas oficiais) tanto para os informantes quanto para o
sitária e apresentando-se com boné, crachá e colete. próprio instituto. O informante deve ser avisado de que 173
essas informações só poderão ser utilizadas para fins
estatísticos. FUNCIONÁRIOS FUNCIONÁRIOS
Os cidadãos só se sentirão seguros em prestar infor- EFETIVOS DO IBGE CONTRATADOS
mações à Instituição se sentirem confiança no IBGE e Coordenadores censitários
no funcionário que realiza o Censo 2021. Assim, o IBGE Coordenadores do censo
de subárea (CCS) local:
toma todas as precauções necessárias para garantir local: Unidades Estaduais
Postos de coleta (municí-
que dados individualizados não sejam divulgados. IBGE
pios-sede da subárea)

Agentes censitários mu-


Coordenadores de área
Importante! local: Agências do IBGE
nicipais (ACM) local: Pos-
tos de coleta (municípios)
O IBGE não divulga os dados de nenhuma pes-
quisa, inclusive do Censo, que possam identificar Agentes censitários super-
o informante como nomes, telefones etc. A Lei visores (ACS) local: Postos
5.534, de 14 de novembro de 1968, assegura o de coleta (municípios)
sigilo dessas informações. Recenseadores local de
trabalho: Setor censitário
local de lotação: postos
A violação do sigilo por servidores, agentes de pes-
de coleta (municípios)
quisa e Recenseadores do IBGE está sujeita à punição
de acordo com as normas e a legislação.
A fim de que os coordenadores possam exercer os
Conduta do Recenseador: procedimentos em campo seus papéis no Censo Demográfico 2020, é necessário
que eles conheçam muito bem as atribuições específi-
Antes de se dirigir para a coleta, apronte com ante- cas de suas funções, que serão detalhadas no treina-
cedência os itens de que você vai precisar. Separe mento presencial.
equipamentos e materiais que serão utilizados, como
o DMC (Dispositivo Móvel de Coleta) e o mapa em AGENTE CENSITÁRIO SUPERVISOR – ACS
papel com a descrição do setor. Certifique-se de que
o DMC está com bateria, para que você consiga fazer O Agente Censitário Supervisor (ACS) será o agen-
uso do equipamento durante todo seu percurso de tra- te que supervisionará o trabalho de uma equipe de
balho. Planeje a melhor forma de chegar ao seu Setor Recenseadores, orientando e corrigindo falhas, garan-
Censitário: verifique os meios de transporte e o tempo tindo, assim, a qualidade dos trabalhos. Em linhas
de deslocamento. gerais, procurará garantir que o projeto Censo Demo-
Durante o seu trabalho em campo, observe as gráfico 2021 se concretize com sucesso.
seguintes orientações: A primeira atividade do ACS é o reconhecimento
do setor onde realizará o seu percurso completo, atua-
z Não permita que pessoas não autorizadas pelo lizando suas faces e seus logradouros. Concomitante
IBGE o acompanhem em seu trabalho; ao reconhecimento do setor, coletará os dados da Pes-
z Não permita que pessoas estranhas ao serviço quisa Urbanística do Entorno dos domicílios. Essa ati-
manuseiem os equipamentos de coleta; vidade ocorrerá em período anterior à coleta de dados
z Não permita que informações contidas no disposi- realizada pelo Recenseador.
tivo de coleta sejam vistas por terceiros; O ACS deverá registrar todas as informações
z Não faça comentários sobre qualquer informação encontradas durante o percurso que não estejam atua-
obtida durante seu trabalho; lizadas ou em conformidade com os instrumentos de
z Não revele fatos ou informações sigilosas sobre trabalho de campo (DMC, mapa do setor ou descriti-
os informantes, domicílios e estabelecimentos vo). O ACS exercerá, ainda, as tarefas de supervisão da
pesquisados. operação censitária, com atenção às questões técnicas
e de informática, exercendo, quando necessário, tare-
Em locais de povos e comunidades tradicionais fas administrativas, como renovação de contratos,
(indígenas, quilombolas, povos ciganos, pescado- avaliação de Recenseadores etc. Estará subordinado
res artesanais etc.), além dos cuidados rotineiros de ao Agente Censitário Municipal (ACM).
abordagem, previstos para o trabalho do IBGE para A função do Supervisor serve de ligação entre
qualquer outro Setor Censitário, devem ser tomados aqueles que coletam as informações (os Recenseado-
outros cuidados, de acordo com a tradicionalidade res) e aqueles que gerenciam o Posto de Coleta (res-
dos diversos grupos. Siga as orientações específicas ponsabilidade do ACM).
que serão fornecidas em momento oportuno antes de
entrar nessas áreas especiais. Função do agente censitário supervisor - ACS

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL As suas mais importantes funções são acompa-


nhar, avaliar e, sobretudo, orientar os Recenseado-
O Censo Demográfico 2020 constitui uma grande ope- res durante a execução dos trabalhos de campo. O
ração estatística que mobiliza centenas de pessoas desde ACM é quem irá orientá-lo na correta execução de seu
a fase de planejamento até a divulgação dos resultados. trabalho. O ACS deve se dirigir ao ACM sempre que
Para atingir os objetivos da operação, a estrutura houver quaisquer dúvidas ou problemas que compro-
organizacional do Censo Demográfico 2020 definiu-se metam a realização de suas tarefas. Para que os ACS
a partir das representações das Unidades Estaduais cumpram com tranquilidade suas funções, elas foram
174 do IBGE. divididas em duas grandes frentes:
z O treinamento e a contratação dos Recenseadores;
z O apoio ao Recenseador e a supervisão do seu trabalho de coleta.

AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL – ACM

O Agente Censitário Municipal (ACM) executará a função de gerente do Posto de Coleta. Isso envolve as seguin-
tes funções: gerenciar um grupo de supervisores (ACS), distribuir tarefas, zelar pelos equipamentos de coleta
e acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos. É fundamental que ele garanta que os seus supervisionados
cumpram com as normas estabelecidas pelo IBGE.
O Posto de Coleta serve de base física para a equipe da coleta de dados e da supervisão, ou seja, é o ponto de
encontro dos Supervisores e Recenseadores durante as operações do Censo 2020. Para gerenciar o Posto de Coleta,
o ACM utiliza o Sistema Integrado de Gerenciamento e Controle – SIGC.

Função do agente censitário municipal – ACM

Durante todo o trabalho do Censo 2021, o ACM estará à frente de dois grupos de ação:

z Gerencial: Administração da equipe (supervisores e Recenseadores) e dos materiais e equipamentos do Posto


de Coleta;
z Técnico: Acompanhamento técnico e monitoramento à coleta de dados.

O ACM responde técnica e administrativamente ao Coordenador Censitário de Subárea (CCS), como visto na
estrutura censitária simplificada.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Muitos dos conceitos que apresentaremos (como endereço, morador, logradouro e domicílio) fazem parte do
cotidiano do Censo 2021. Todavia, a atuação do Recenseador exige o conhecimento específico dos conceitos fun-
damentais utilizados pelo IBGE, para colher resultados adequados.

Divisão político-administrativa do Brasil

Para nos ajudar a entender o que é o setor censitário, devemos compreender, em primeiro lugar, o que é a divi-
são político-administrativa brasileira. Na atualidade, a divisão político-administrativa do Brasil está configurada
em unidades de federação, nas quais se encontram os Estados e o Distrito Federal, e Municípios. Suas principais
diferenças são suas dimensões hierárquicas. A extensão, o conteúdo territorial, o número de domicílios e estabe-
lecimentos presentes no Setor Censitário influenciam a carga de trabalho do Recenseador.
Por isso, os setores censitários são planejados para que possuam dimensões adequadas ao trabalho das pes-
quisas do IBGE. Além disso, os setores censitários respeitam a divisão político-administrativa do país e outros
recortes geográficos. O Brasil está dividido, em seu aspecto político-administrativo, nas seguintes unidades terri-
toriais: Unidades Federativas, Municípios, Distritos e Subdistritos.

Setor censitário: o local de trabalho do Recenseador

Para estudos estatísticos e geográficos, o IBGE subdivide as unidades territoriais da divisão político-adminis-
trativa brasileira em áreas ainda menores. Cada uma dessas áreas é denominada Setor Censitário.
O Setor Censitário é uma unidade territorial de coleta e de divulgação de dados estatísticos do IBGE. É, na prá-
tica, a área de trabalho na qual se localizam os domicílios e os estabelecimentos que serão visitados pelo Recen-
seador. O Setor Censitário pode ser urbano ou rural, e é representado graficamente por um mapa.
A imagem a seguir exemplifica um Setor Censitário, com seus limites assinalados em cor preta. Isso significa
que a área de trabalho abrange os domicílios e estabelecimentos situados em seu interior. CONHECIMENTOS TÉCNICOS

175
Situações dos setores censitários: áreas urbanas e rurais

Fazer a coleta do Censo em áreas urbanas envolve estratégias distintas das utilizadas em áreas rurais. Por isso,
cada Setor Censitário recebe uma classificação de acordo com suas características geográficas. Importante: Cada
um desses tipos requer uma abordagem específica do Recenseador.
As tabelas a seguir apresentam resumidamente as situações dos Setores Censitários em áreas urbanas e rurais:

CATEGORIA SITUAÇÃO DEFINIÇÃO

Área urbana de alta densidade


Área urbana com alta densidade de edificações
de edificações

ÁREA Área urbana de baixa densida- Área urbana com baixa densidade de edificações, processos de ex-
URBANA de de edificações pansão urbana, áreas verdes desabitadas, entre outras.

Aglomerações urbanas separadas das cidades e vilas em menos de


Núcleo urbano 1km ou que, superando essa distância, apresentem características urba-
nas (loteamento, conjuntos habitacionais e condomínios).

CATEGORIA SITUAÇÃO DEFINIÇÃO

Caracteriza-se pelo caráter aglomerado de domicílios, normalmente distantes


Aglomerado rural entre si não mais que 50m, e separados da franja das cidades e vilas em mais de
ÁREA 1km, com a exceção aplicada aos núcleos urbanos.
RURAL Área rural
Áreas de uso rural caracterizadas pela dispersão de domicílios e pela presença
(exclusive
usual de estabelecimentos agropecuários.
aglomerado)

TIPOS DE SETORES
DEFINIÇÃO
CENSITÁRIOS
Não especial Setor censitário comum que não se enquadra em nenhum outro tipo.

Forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia (públicos ou privados) para


Aglomerado fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico
subnormal irregular, por carência de serviços públicos essenciais e pela localização em áreas restritas
à ocupação.

Setor censitário de instalação administrada por um comando das forças armadas, assim
Quartel e base militar considerado caso a instalação possua pelo menos 50 habitantes permanentes residindo há
mais de um ano no local.

O alojamento é um domicílio coletivo geralmente vinculado a alguma instituição, como universi-


dade ou empresas, destinado a oferecer moradia por período temporário.
Alojamento /
O acampamento é entendido como instalação improvisada composta normalmente por barra-
Acampamento
cas, tendas ou outras estruturas rústicas. Ambas devem possuir no mínimo 50 habitantes resi-
dindo há mais de um ano.

Setor com baixo pata- Setor censitário que abrange baixa quantidade de domicílios, ou onde não foi identificada a
mar domiciliar presença de domicílios.

Setor censitário em que existam 15 ou mais indivíduos indígenas residentes em uma ou


Agrupamento indígena mais moradias contíguas espacialmente. Esses indivíduos devem se relacionar por vínculos
familiares ou comunitários.

Setor censitário relacionado às unidades prisionais que abrigam mais de 50 presos


Unidade prisional
permanentes.

É o setor censitário dos domicílios coletivos relacionados ao acolhimento de crianças ou


Convento / hospital /
idosos, aos conventos e aos hospitais que contenham, cada um, mais de 50 habitantes per-
ILPI / IACA
manentes residindo há mais de um ano no local.

176
TIPOS DE SETORES
DEFINIÇÃO
CENSITÁRIOS
Setor censitário com mais de 50 domicílios que se encontram associados a Projetos de
Agrovila do PA (Projeto
Assentamento. São localidades de habitação e produção agrícola, caracterizadas pelo aden-
de Assentamento)
samento e pela concentração de domicílios de famílias de determinado assentamento rural.

Setor censitário em que existem 15 ou mais indivíduos autodeclarados quilombolas residentes


Agrupamento
em uma ou mais moradias contíguas espacialmente. Esses indivíduos devem se relacionar por
quilombola
vínculos familiares ou comunitários.

Setores censitários de povos e comunidades tradicionais

É significativo destacar que o IBGE realiza o Censo em terras indígenas, territórios quilombolas e outras áreas
habitadas por povos e comunidades tradicionais. Esses são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhe-
cem como tal, por isso, possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos
naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, além de utilizarem
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
Nessas áreas, as condições de acesso e percurso são tratadas com as lideranças comunitárias, e também com os
órgãos que atuam em parceria com o IBGE na realização do Censo. A necessidade dessa ação é assegurada pelo direito
internacional previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A Convenção 169 da OIT foi ratificada pelo Brasil em junho de 2002, pelo Poder Legislativo, e promulgada pelo
Decreto 5.051/2004, do Poder Executivo, com aplicação imediata no Brasil desde sua promulgação.
Com base nessa convenção, cabe ao Estado brasileiro garantir a consulta a esses povos mediante procedi-
mentos apropriados e, especialmente, através de suas instituições representativas, cada vez que se percebam
procedimentos suscetíveis a afetá-los diretamente, tais como as pesquisas do IBGE. Em muitas áreas indígenas, o
Recenseador precisará ser acompanhado por um guia e/ou um intérprete.
De acordo com o Censo Demográfico 2010, 28,8% dos indígenas residentes em terras indígenas não falavam
português no domicílio. A indicação do guia e/ou intérprete é feita com apoio da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) como também por meio de consulta às lideranças, que
têm peso decisivo nessas indicações. Em algumas áreas quilombolas, o Recenseador também precisará ser acom-
panhado por um guia comunitário.

Quadra e face

Para que o Recenseador seja capaz de realizar o seu trabalho corretamente no seu Setor Censitário, é neces-
sário compreender dois conceitos básicos: quadra e face. As imagens a seguir indicam quadra padrão composta
de 4 faces:

CONHECIMENTOS TÉCNICOS

Face
Filho
Rua Sen. Salgado
rneiro

1
r a

mes Ca
rício Pil

Face
4 Quadra 2
Rua Go
Rua Fab

3
lis
Rua São Fidé

177
Quadra, portanto, é um trecho, geralmente retan- meio de dois valores: latitude e longitude. As coorde-
gular, de uma área urbana ou aglomerado rural, deli- nadas geográficas são como “linhas imaginárias” que
mitado por elementos como: ruas, estradas, estradas nos ajudam a encontrar nossa localização na super-
de ferro, cursos d’água ou encostas. Contudo, pode ter fície terrestre. Essas coordenadas são um importante
forma irregular. Em alguns locais, a quadra é chama- recurso para o trabalho nos Setores Censitários.
da de quarteirão. Os valores de latitude e longitude podem ser obti-
A face se trata de cada um dos lados da quadra, dos por meio de um receptor de sinais de satélites,
contendo ou não endereços. que se encontra integrado ao DMC. Latitude é o afas-
tamento, medido em graus, da linha do Equador até
Endereço um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai de
0° a 90° e pode ser Norte ou Sul. Longitude é o afasta-
O endereço concentra informações que permi- mento, medido em graus, do meridiano de Greenwich
tem identificar unidades construídas ou em constru- até um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai
ção dentro de um município, tal como casas, prédios, de 0° a 180° e pode ser Leste ou Oeste.
apartamentos, estabelecimentos etc. Por município, Essas coordenadas são um importante recurso
entende-se o espaço territorial político dentro de um para o trabalho no Setor Censitário, tendo em vista
estado ou unidade federativa; é o espaço administra- que as Coordenadas Geográficas constituem um com-
do por uma prefeitura. O município possui a sua zona ponente do endereço no IBGE.
rural e a zona urbanizada.
O IBGE adota um Padrão de Registro de Endere- Pesquisa urbanística do entorno dos domicílios
ços bastante detalhado, que será objeto do treinamen-
to presencial. Consideram-se como componentes do A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios
endereço: (Pesquisa do Entorno ou Entorno) é um levantamento
de informações realizado por observação em momen-
z Logradouro; to anterior ao da coleta do Censo Demográfico 2021,
z Número; ou seja, antes da aplicação do questionário aos infor-
z Complemento; mantes. Essa pesquisa é feita pelo Agente Censitário
z Coordenadas Geográficas. Supervisor (ACS), que preenche o questionário refe-
rente às características urbanísticas do entorno dos
domicílios.
Logradouro
Os objetivos da Pesquisa do Entorno 2020 são:
O logradouro é uma área ou via pública, reconhecida
pela comunidade, em que circulam pessoas, veículos e z Coletar dados de infraestrutura urbanística rela-
mercadorias. Na maioria das vezes, recebe um nome de tiva à acessibilidade universal, como circulação
conhecimento geral. Um logradouro pode ser uma ave- de pessoas e veículos, drenagem pluvial e equipa-
nida, uma viela, uma praça, uma estrada, um acesso ou mentos no espaço urbano.
até mesmo um rio. O uso mais comum de logradouro z Fornecer insumos para melhorar a qualidade da
hoje em dia é para nomear um endereço ou “lugar livre cobertura da coleta do Censo 2020.
destinado à circulação pública de pedestres e veículos,
tal como ruas, avenidas, praças, viadutos etc.”, conforme As questões são respondidas a partir da observa-
a definição do dicionário Michaelis. ção direta, ou seja, sem entrevistar ou colocar per-
Ao se registrar um logradouro, deve-se denominá- guntas a moradores ou transeuntes, em todas as faces
-lo preferencialmente segundo a forma oficial, sem
de quadras urbanas, que são unidades de coleta do
omissão de termos e sem abreviações. Exemplos: Rua
Joaquim Oliveira, Avenida das Nações, Estrada BR levantamento. A área de análise de alguns quesitos
116, Rio São Francisco etc. levantados será apenas a face, enquanto de outros
serão a face e a face confrontante. O percurso desta
Número coleta de informações será o mesmo aplicado ao ques-
tionário, e o supervisor deverá percorrê-lo a pé.
É o valor numérico propriamente dito que indica a
posição da edificação no logradouro. Morador

Complemento Morador é quem ou mora ou habita determinado


local; habitante, residente. Para o IBGE, o morador é
Frequentemente, ao chegar a um número de um a pessoa que “tem o domicílio como local habitual de
logradouro, observa-se a existência de várias uni- residência na data de referência”.
dades, cujo acesso se dá pelo mesmo número (pela A presença ou ausência da pessoa no domicílio na
mesma posição no logradouro). O complemento é
data de referência não define se ela é ou não morado-
utilizado para identificar cada unidade nesse núme-
ro. Essa situação é muito comum em edificações com ra do domicílio.
múltiplas unidades, tais como prédios ou condomí-
nios residenciais. São exemplos de complemento: blo-
co, apartamento, casa 1, casa 2, fundos, sobrado etc. Importante!
A data de referência é o parâmetro que indica
Coordenadas geográficas
quem deverá ser recenseado. Devem ser recen-
As coordenadas geográficas consistem em um dos seadas todas as pessoas que moravam no domi-
métodos mais eficientes de localização, pois permitem cílio na data de referência estabelecida pelo IBGE
178 identificar qualquer ponto na superfície da Terra por para a realização do Censo 2021.
A pessoa pode estar presente e não ser morado- durante o ano, considere residência principal a que o
ra, mas também pode estar ausente e ser moradora. indivíduo possui há mais tempo.
Resumindo, morador é a pessoa que:
Espécie de unidade visitada
z Tem o domicílio como local habitual de residência
e nele se encontrava na data de referência; No dia a dia do trabalho de coleta de dados, pode-
z Embora ausente na data de referência, tem o rão ser encontrados três tipos de edificações nos
domicílio como local habitual de residência, desde endereços observados em campo. São eles:
que a ausência não seja superior a 12 meses pelos
motivos: z Domicílios: edificações exclusivamente consti-
z Viagem a passeio, a serviço, a negócios, de estudos tuídas de unidades residenciais, que são as casas,
etc.; apartamentos etc.;
z Afastamento de sua comunidade tradicional por z Estabelecimentos: edificações exclusivamente
motivo de caça, pesca, extração vegetal, trabalho constituídas de unidades não residenciais, que são
na roça, participação em festas ou rituais; escolas, postos de saúde e lojas;
z Internação em estabelecimento de ensino ou hos- z Edificações mistas: podem conter domicílios e
pedagem em outro domicílio, pensionato, repúbli- estabelecimentos.
ca de estudantes, visando facilitar a frequência à
escola durante o ano letivo; As espécies de unidades visitadas se classificam de
z Detenção sem sentença definitiva declarada; forma geral em:
z Internação temporária em hospital ou estabeleci-
mento similar; z Domicílio: edificação construída ou utilizada com
z Embarque a serviço (militares, petroleiros). a finalidade de servir de moradia;
z Estabelecimento: edificação não destinada à
É importante ter atenção a alguns casos especiais, moradia.
a fim de evitar que uma mesma pessoa seja conta-
da em dois domicílios ou que não seja contada em Nesta ocasião, é essencial conhecer o que são as
nenhum dos dois. espécies de estabelecimento e domicílio, bem como
Por isso, se, na data de referência, a pessoa se duas classificações mais específicas de domicílio
encontrar afastada do domicílio de origem, ela não (domicílio particular e domicílio coletivo). No Censo,
será considerada moradora no domicílio de origem, deve-se considerar a data de referência para classifi-
mas sim no local onde se encontrar, ainda que a car a espécie da unidade visitada encontrada no ende-
ausência seja inferior a 12 meses. Eis as situações: reço. Após a confirmação do endereço, o Recenseador
identificará a unidade visitada conforme a finalidade
z Estar internada permanentemente em sanatórios, de seu uso na data de referência do Censo 2021.
asilos, conventos ou estabelecimentos similares;
z Estar morando em pensionatos sem ter outro local
habitual de residência;
z Ter sido condenada com sentença definitiva declarada; Importante!
z Ter migrado para outras regiões em busca de tra- A finalidade de uso que se faz da edificação,
balho e lá fixou residência. na data de referência, associada a um endere-
ço, caracteriza a espécie da unidade visitada –
Recenseados domicílio ou estabelecimento.

Devem ser recenseadas todas as pessoas (inclusi-


ve crianças e idosos) que moravam no domicílio na Estabelecimento
data de referência do Censo de 2021. Logo, de acor-
do com esse critério, extrai-se duas orientações: não Toda edificação utilizada para fins não domicilia-
recensear as pessoas que nasceram após a data esta- res encontrada nos setores censitários é classificada
belecida para a realização do censo e recensear as como estabelecimento. Exemplos de estabelecimentos
pessoas que faleceram após essa data, pois faziam encontrados no trabalho de campo: escolas, prédios e
parte do domicílio na data de referência. lojas comerciais, postos de saúde, templos religiosos,
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

plantações etc.
Morador com mais de uma residência
Domicílio
No caso de pessoas que ocupam duas ou mais
residências, será necessário averiguar com a pessoa Local construído ou utilizado com a finalidade de
entrevistada qual era sua residência principal na servir como residência ou moradia. Em geral, não há
data de referência, pois ela não pode ser considerada dificuldade para identificar um domicílio, já que a maior
moradora de duas residências ao mesmo tempo. parte das pessoas reside em apartamento ou casa.
Para determinar qual é a residência principal do Pode-se encontrar um domicílio em um lugar ines-
morador, deve-se obedecer ao seguinte procedimento: perado ou fora do comum, como, por exemplo: um
solicitar ao entrevistado que indique qual a sua resi- cômodo que serve de moradia em um prédio exclusiva-
dência habitual (residência principal). Caso o entre- mente comercial ou nos fundos de uma olaria ou, ain-
vistado não possa indicá-la, considere como principal da, encontrar domicílios em tendas, barracas, trailers
a residência em que passa a maior parte do ano. Caso ou residências flutuantes. A identificação de um domi-
a pessoa ocupe duas residências em períodos iguais cílio dependerá da aplicação correta do seu conceito. 179
Domicílio é o local, estruturalmente separado e z Domicílio coletivo: instituição ou estabelecimen-
independente, que se destina a servir de habitação a to no qual a relação entre as pessoas que nele se
uma ou mais pessoas. É também domicílio o local que encontravam, na data de referência, restringia-se
não era destinado originalmente a ser utilizado como a normas de subordinação administrativa. Note
tal, mas que passou a sê-lo em momento posterior. que as pessoas que ali se encontravam podiam
Logo, o Recenseador deve estar sempre atento. Em ser residentes ou não. Por isso, o domicílio pode
um primeiro olhar, nem sempre é possível identificar ser caracterizado como coletivo pela presença de
se existe mais de um domicílio em um mesmo terreno; moradores ou não na data de referência.
ou se, além das aparências, existe um domicílio em
local inesperado (ou não facilmente identificável). Exemplos: abrigos, orfanatos, hotéis, quartéis,
Observe os exemplos dos grupos a seguir: penitenciárias etc.

z Primeiro grupo: fundos de terrenos; andares Características do domicílio


superiores, inferiores, subsolos e residências de
porteiro ou zelador em edifícios residenciais, e O escopo de se levantar as características do domi-
habitações de caseiros em casas de veraneio. cílio é conhecer as condições de moradia da popula-
z Segundo grupo: edificações aparentemente não- ção e os níveis de qualidade de vida através do acesso
-residenciais, como edifícios comerciais, estabe- a serviços básicos e quantidade de cômodos.
lecimentos de prestação de serviços, indústrias,
estabelecimentos agropecuários etc. z Cômodo: para o IBGE, o conceito de cômodo é todo
compartimento coberto por um teto, limitado por
Critérios de separação e independência paredes e que seja parte integrante do domicílio,
inclusive banheiro e cozinha. Por “parede” enten-
Esses critérios são essenciais para definir e carac- de-se aqui a construção vertical que permite limi-
terizar corretamente a existência de um domicílio ou tar, dividir ou vedar espaços. Note-se que o cômodo
mais de um em uma mesma propriedade ou terreno. pode existir tanto na parte interna, quanto na par-
Esses critérios devem ser atendidos simultaneamen- te externa da edificação principal do domicílio,
te. Um domicílio só será caracterizado corretamente ainda sendo considerada como parte integrante do
quando forem atendidas, simultaneamente, as condi- domicílio (por exemplo, um banheiro construído
ções de separação e independência: separadamente da construção principal dentro do
mesmo terreno).
z Separação: este critério é atendido quando o local
de habitação é limitado por paredes, muros ou cer- Banheiro é o cômodo de uso exclusivo dos mora-
cas e coberto por um teto, permitindo que as pes- dores do domicílio, destinado a banho, que possua
soas que nele habitam se isolem das demais para chuveiro ou banheira, vaso sanitário ou privada, pia
dormir, preparar e/ou consumir seus alimentos e e, às vezes, bidê.
proteger-se do ambiente exterior, arcando total ou Não são considerados cômodos: corredores de liga-
parcialmente com suas despesas de alimentação ção entre cômodos, varandas abertas, garagem, com-
ou moradia; partimentos não residenciais, cozinha americana ou
z Independência: Este critério é atendido quando o mezanino.
local de habitação tem acesso direto, que permite
aos seus moradores entrar e sair sem necessidade CARACTERÍSTICAS DOS MORADORES
de passar por locais de moradia de outras pessoas.
Para tornar possível o planejamento econômico e
Classificação dos domicílios social da população, é preciso conhecer as caracterís-
ticas dos moradores e da população. Para constituir a
Os domicílios são classificados em dois grupos: relação entre os moradores de um domicílio, é impor-
domicílios particulares e domicílios coletivos. Existem tante que os próprios moradores definam uma pessoa
ainda, dentro desses dois grupos, outras classificações responsável pelo local. Ela será usada como referên-
derivadas. Por ora, veremos apenas as que caracteri- cia para registrar os demais moradores. Dessa forma,
zam esses dois grupos: domicílio particular e domicí- é considerada pessoa responsável homem ou mulher
lio coletivo. com, no mínimo, dez anos de idade, reconhecida como
tal pelos demais moradores do domicílio.
z Domicílio particular: é aquele construído para
habitação ou que é utilizado para esta finalidade, Etnias e migração
servindo de moradia a uma ou mais pessoas. Nele,
o relacionamento entre seus ocupantes é ditado No levantamento das informações sobre os mora-
por laços de parentesco, de dependência domésti- dores, são investigados os seguintes temas: perten-
ca ou por normas de convivência. cimento étnico-racial, imigração internacional e
migração interna. Veremos, a seguir, como eles são
Exemplos: casas, apartamentos em edifícios ou definidos pelo IBGE:
apart-hotéis, habitações em cortiço, casas de cômodos,
habitação indígena sem paredes ou malocas e habita- z Pertencimento étnico-racial: pertencimento
ções em espaços improvisados (dentro de estabeleci- declarado da pessoa a um grupo étnico – indígena
mentos sem instalações destinadas à moradia, grutas, ou quilombola – ou a sua classificação declarada
180 ruínas, tendas improvisadas etc.). em relação às categorias de cor ou raça do IBGE;
z Imigração internacional: ato de ingressar no Bra- Chegamos ao final do Estudo dos Conhecimentos
sil para aqui residir; Técnicos referentes ao Censo Demográfico 2021!
z Migração interna: ato de deixar um município Aqui foram apresentados conceitos e informações
para morar em outro município dentro do Terri- considerados relevantes pelo IBGE para a qualida-
tório Nacional. de da operação censitária. Esse conteúdo será obje-
to de avaliação no Processo Seletivo Simplificado e,
Educação posteriormente, será aprofundado no treinamento
presencial.
O objetivo do levantamento de informações sobre
esse tema é caracterizar a educação da população GLOSSÁRIO
residente no Brasil, investigando o analfabetismo, a
frequência escolar, o nível de instrução e a área de
z Agente Censitário Supervisor (ACS): pessoa
formação no ensino superior.
que supervisionará o trabalho de uma equipe de
No grupo de quesitos de educação, questiona-se,
Recenseadores, orientando e corrigindo falhas,
por exemplo, sobre a alfabetização do morador, com
a seguinte pergunta: sabe ler ou escrever? Com isso, assegurando, assim, a qualidade dos trabalhos.
busca-se captar se a pessoa sabe ler e escrever pelo z Setor Censitário: unidade territorial de coleta das
menos um bilhete simples, no idioma que conhece, operações censitárias, definida pelo IBGE, com limi-
independentemente do fato de estar ou não frequen- tes físicos identificados em áreas contínuas e respei-
tando escola e já ter concluído períodos letivos. Essa tando a divisão político-administrativa do Brasil.
informação pode ser divida de duas maneiras: z Equipe encarregada do gerenciamento da super-
visão e da coleta de dados: equipe formada pelo
z Pessoa alfabetizada: a pessoa alfabetizada que se Agente Censitário Municipal (ACM), pelo Agente
tornou física ou mentalmente incapacitada de ler Censitário Supervisor (ACS) e pelo Recenseador.
ou de escrever, por motivo de acidente ou doença, z INSS: o Instituto Nacional do Seguro Social é um
deve ser considerada como sabendo ler e escrever; órgão do Ministério da Previdência Social ligado
z Pessoa não alfabetizada: a pessoa que aprendeu diretamente ao Governo.
a ler e a escrever, mas que se esqueceu de como z IRPF: imposto de Renda de Pessoa Física é um
fazê-lo devido a processo de alfabetização precário imposto federal brasileiro que incide sobre todas
que não se consolidou, assim como aquela pessoa as pessoas que tenham obtido ganho acima de um
que nunca aprendeu a ler e a escrever, não devem determinado valor mínimo.
ser consideradas como sabendo ler e escrever.
z Área urbana: área interna ao perímetro urbano
de uma cidade ou vila, definida por lei municipal.
Questões relativas à educação
Anteriormente, quando não existia legislação que
regulamentasse as áreas urbanas de cidades ou
Para investigar as demais questões relativas à edu-
vilas, o perímetro urbano foi traçado para atender
cação, o IBGE considera as seguintes definições:
a finalidade da coleta censitária.
z Município ou país estrangeiro em que a pessoa z Área rural: definida pelo IBGE como toda a área
estuda; externa ao perímetro urbano.
z Deslocamento para estudo: deslocamento fei- z Data de referência: ano de 2021.
to pela pessoa entre o seu domicílio e o local de
estudo;
z Local de estudo: colégio, escola, creche, universi-
dade, instituto técnico etc. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Para Ensino à Distância (EAD), deve-se considerar Responda as questões abaixo de acordo o previsto
como local de estudo o polo físico. no Manual de Estudo de Conhecimentos Técnicos do
IBGE – Censo 2020:
Trabalho
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) É correto afirmar que o
O propósito de se investigar as questões relaciona- IBGE oferece um panorama objetivo e atual do país,
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

das ao trabalho é conhecer a composição da força de com a produção e a disseminação de informações de


trabalho no país e identificar as principais caracterís- natureza:
ticas do trabalho da população, como ocupação, ativi-
dade e rendimento. a) Estatística, histórica e ambiental.
Para o levantamento das informações sobre traba- b) Estatística, geográfica e amostral.
lho, as definições utilizadas pelo IBGE serão esclareci- c) Estatística, geográfica e demográfica.
das no treinamento presencial. Uma dessas definições d) Estatística, política e territorial.
é sobre deslocamento para o trabalho.
e) Estatística, geográfica e ambiental.

De acordo com o previsto no Manual de Estudo


Importante!
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
O deslocamento para o trabalho é aquele feito (página 5), o IBGE oferece um panorama objetivo
pela pessoa entre o seu domicílio e o local de e atual do país, com a produção e a disseminação
trabalho informado, considerando o tempo, a fre- de informações de natureza estatística, geográfica e
quência e os meios de transporte utilizados. ambiental. Resposta: Letra E. 181
2. (NOVA CONCURSOS – 2021) A instituição IBGE conta 5. (NOVA CONCURSOS – 2021) A representação gráfica
com uma rede nacional de pesquisa e disseminação, do setor censitário será feita pelo:
composta por:
a) Mapa do Setor Censitário.
a) 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados b) Mapa Amostral da População.
e 1 no Distrito Federal) e 470 Agências de Coleta de c) Mapa de dados.
Dados nos principais municípios. d) Mapa de Coleta de Dados.
b) 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados e) Mapa do IBGE.
e 1 no Distrito Federal) e 570 Agências de Coleta de
Dados nos principais municípios. De acordo com o previsto no Manual de Estudo
c) 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
e 1 no Distrito Federal) e 670 Agências de Coleta de (página 14), o Mapa do Setor Censitário (em papel)
Dados nos principais municípios. é uma representação gráfica da área a ser recensea-
d) 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados da. Em seu verso, consta a descrição de seus limi-
e 1 no Distrito Federal) e 770 Agências de Coleta de tes. Eventualmente, a representação do setor ganha
Dados nos principais municípios. elementos adicionais que facilitam a identificação
e) 27 Unidades Estaduais (26 nas capitais dos estados de sua área (como a adição da área circundante).
e 1 no Distrito Federal) e 870 Agências de Coleta de Resposta: Letra A.
Dados nos principais municípios.
6. (NOVA CONCURSOS – 2021) A remuneração mensal
De acordo com o previsto no Manual de Estudo do Recenseador será por produção, calculada por:
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
(página 4), o IBGE conta com 27 Unidades Estaduais a) Número de endereços visitados.
(26 nas capitais dos estados e 1 no Distrito Federal) b) Volume de dados coletados.
e 570 Agências de Coleta de Dados nos principais c) Produção, calculada por Setor Censitário.
municípios. Resposta: Letra B. d) Lugares visitados.
e) Informações coletadas.
3. (NOVA CONCURSOS – 2021) Durante o seu trabalho
de coleta de dados, o Recenseador ficará lotado em De acordo com o previsto no Manual de Estudo
um local físico, sob responsabilidade do IBGE, chama- de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
do de: (página 17), a remuneração mensal do Recenseador
será por produção, calculada por Setor Censitário.
a) Posto de Dados. Resposta: Letra C.
b) Posto de Coleta.
7. (NOVA CONCURSOS – 2021) É importante que o
c) Posto Recenseador.
Recenseador apresente uma postura de trabalho ade-
d) Posto Avançado de Informações.
quada e use sempre:
e) Posto IBGE.
a) Identidade Civil.
De acordo com o previsto no Manual de Estudo b) Carteira de Trabalho.
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 c) Registro Funcional.
(página 12), o Posto de Coleta é o local de trabalho d) Crachá de Identificação.
criado temporariamente pelo IBGE para dar supor- e) Declaração de Vínculo Empregatício.
te à operação censitária. Nele, reúne-se a equipe
encarregada do gerenciamento e da coleta de dados De acordo com o previsto no Manual de Estudo
de uma determinada área. Resposta: Letra B. de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
(página 19), o tratamento cortês, respeitoso e segu-
4. (NOVA CONCURSOS – 2021) Durante a coleta de ro com o informante é fundamental para estabele-
dados, o Recenseador terá dois instrumentos de tra- cer uma relação de confiança e cooperação. Além
balho disponíveis, que são: disso, é importante que o Recenseador apresente
uma postura de trabalho adequada e use sempre o
a) O Mapa de Dados e o Dispositivo Móvel de Informa- crachá de identificação. Resposta: Letra D.
ções (DMI).
b) O Mapa de Informações e o Dispositivo Móvel Censitá- 8. (NOVA CONCURSOS – 2021) Assinale a alternativa
rio (DMC). correta:
c) O Mapa de Coletas e o Dispositivo Móvel de Dados
(DMD). a) Em locais de povos e comunidades tradicionais
d) O Mapa do Setor Censitário (em papel) e o Dispositivo (indígenas, quilombolas, povos ciganos, pescado-
res artesanais etc.), além dos cuidados rotineiros de
Móvel de Coleta (DMC).
abordagem, previstos para o trabalho do IBGE para
e) O Mapa Territorial de Dados (em papel) e o Dispositivo
qualquer outro Setor Censitário, devem ser tomados
Móvel de dados (DMD). outros cuidados, de acordo com a tradicionalidade
dos diversos grupos. Siga as orientações específicas
De acordo com o previsto no Manual de Estudo que serão fornecidas em momento oportuno antes de
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 entrar nessas áreas especiais.
(página 13), durante a coleta de dados, o Recensea- b) Durante o trabalho é preciso vestir-se de forma infor-
dor terá dois instrumentos de trabalho disponíveis: mal e estar sempre portando o crachá de identificação.
o Mapa do Setor Censitário (em papel) e o Dispositi- c) O RG é o documento que credencia o funcionário a rea-
182 vo Móvel de Coleta (DMC). Resposta: Letra D. lizar a pesquisa para o IBGE.
d) O Recenseador, assim como o Agente Censitário Muni- As siglas PA e RR são respectivamente referentes aos
cipal (ACM) e o Agente Censitário Supervisor (ACS), Estados do Pará e Roraima, o que se pode encontrar
deve falar também corretamente, evitando cometer na página 33 do Manual de Estudo de Conhecimentos
erros de português, mas podendo usar gírias para faci- Técnicos do IBGE – Censo 2020. Resposta: Letra D.
litar a entrevista.
e) É facultado garantir o sigilo das informações obtidas 11. (NOVA CONCURSOS – 2021) São considerados com-
pelo Censo Demográfico 2020. ponentes do endereço:

a) Certa. De acordo com o previsto no Manual de a) Logradouro; Número; Complemento; Latitude.


Estudo de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo b) Logradouro; Número; Complemento; Longitude.
2020 (página 5), em locais de povos e comunidades c) Logradouro; Número; Complemento; Coordenadas
tradicionais (indígenas, quilombolas, povos ciga- Gráficas.
nos, pescadores artesanais etc.), além dos cuidados d) Logradouro; Número; Complemento; Cartesianas.
rotineiros de abordagem, previstos para o traba- e) Logradouro; Número; Complemento; Coordenadas
lho do IBGE para qualquer outro Setor Censitário, Geográficas.
devem ser tomados outros cuidados, de acordo com
a tradicionalidade dos diversos grupos. De acordo com o previsto no Manual de Estudo
b) Errada. De acordo com a página 19 do Manual, é de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
importante que o Recenseador apresente uma pos- (página 40), consideram-se como componentes do
tura de trabalho adequada e use sempre o crachá de endereço: 1) Logradouro; 2) Número; 3) Comple-
identificação. mento; e 4) Coordenadas Geográficas. Resposta:
c) Errada. De acordo com a página 22 do Manual, o Letra E.
crachá é o documento que credencia o funcionário a
realizar a pesquisa para o IBGE. 12. (NOVA CONCURSOS – 2021) A Pesquisa Urbanística
d) Errada. De acordo com a página 22 do Manual, do Entorno dos Domicílios (Pesquisa do Entorno ou
o Recenseador, assim como o Agente Censitário Entorno) é um levantamento de informações realizado
Municipal (ACM) e o Agente Censitário Supervisor por observação em momento anterior ao da coleta do
(ACS), deve falar também corretamente, evitando Censo Demográfico 2020, ou seja, antes da aplicação
cometer erros de português ou usar gírias e pala- do questionário aos informantes. Essa pesquisa é fei-
vras inadequadas. ta pelo:
e) Errada. De acordo com a página 23 do Manual, é
fundamental garantir o sigilo das informações obti- a) Agente Censitário Supervisor (ACS).
das pelo Censo Demográfico 2020 (e por quaisquer b) Agente Censitário Municipal (ACM).
pesquisas oficiais) tanto para os informantes quan- c) Recenseador.
to para o próprio instituto. Resposta: Letra A. d) Diretor Censitário.
e) Supervisor Censitário.
9. (NOVA CONCURSOS – 2021) Acompanhar, avaliar e,
sobretudo, orientar os Recenseadores durante a exe- De acordo com o previsto no Manual de Estudo de
cução dos trabalhos de campo é atribuição do: Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (página
43), a Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios
a) Agente Censitário Supervisor – ACS. (Pesquisa do Entorno ou Entorno) é um levantamento
b) Agente Censitário Municipal (ACM). de informações realizado por observação em momen-
c) Agente do IBGE. to anterior ao da coleta do Censo Demográfico 2020,
d) Agente de Transbordo. ou seja, antes da aplicação do questionário aos infor-
e) Agente de Coleta de Dados. mantes. Essa pesquisa é feita pelo Agente Censitária
Supervisor (ACS), que preenche o questionário refe-
De acordo com o previsto no Manual de Estudo rente às características urbanísticas do entorno dos
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 domicílios. Resposta: Letra A.
(página 29), Função do Agente Censitário Supervisor
– ACS - sua principal função é acompanhar, avaliar 13. (NOVA CONCURSOS – 2021) Quando da coleta de
dados poderão ser encontrados os seguintes tipos de
e, sobretudo, orientar os Recenseadores durante a
edificações nos endereços observados em campo:
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

execução dos trabalhos de campo. Assim, evitam-se


erros no preenchimento dos questionários e falhas
a) Edificações exclusivamente constituídas de unidades
na cobertura do Setor (como a omissão de pessoas e
residenciais; edificações exclusivamente constituídas
domicílios). Resposta: Letra A.
de unidades não residenciais; edificações mistas.
b) Domicílios; estabelecimentos; logradouros.
10. (NOVA CONCURSOS – 2021) É importante que o c) Casas; apartamentos; espaços públicos.
Recenseador conheça a divisão política administrativa d) Conjuntos habitacionais; estabelecimentos indus-
do Brasil. As Siglas “PA” e “RR” referem-se respectiva- triais; órgãos públicos.
mente aos seguintes Estados da Federação: e) Áreas residenciais; áreas públicas; áreas privadas.

a) Paraná e Roraima. De acordo com o previsto no Manual de Estudo


b) Pará e Rondônia. de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
c) Pernambuco e Rio Grande do Sul. (página 47), no dia a dia do trabalho de coleta de
d) Pará e Roraima. dados, poderão ser encontrados três tipos de edifi-
e) Porto Alegre e Rio de Janeiro. cações nos endereços observados em campo. São 183
eles: edificações exclusivamente constituídas de uni- c) Quinze anos de idade, reconhecida como tal pelos
dades residenciais, que são as casas, apartamentos demais moradores do domicílio.
etc., chamadas de domicílios; edificações exclusiva- d) Dezoito anos de idade, reconhecida como tal pelos
mente constituídas de unidades não residenciais, demais moradores do domicílio.
que são as escolas, os postos de saúde, as lojas, e) Vinte e um anos de idade, reconhecida como tal pelos
denominadas de estabelecimentos e edificações mis- demais moradores do domicílio.
tas, que podem conter domicílios e estabelecimen-
tos. Resposta: Letra A. De acordo com o previsto no Manual de Estudo
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
14. (NOVA CONCURSOS – 2021) Os domicílios são classi- (página 53), é considerada pessoa responsável pelo
ficados em dois grupos: local homem ou mulher com, no mínimo, dez anos
de idade, reconhecida como tal pelos demais mora-
a) Casas e lojas. dores do domicílio. Resposta: Letra A.
b) Casas e prédios.
c) Domicílios particulares e domicílios coletivos. 18. (NOVA CONCURSOS – 2021) Assinale a alternativa
d) Domicílios públicos e domicílios privados. incorreta.
e) Domicílios habitados e Domicílios não habitados.
a) Pertencimento étnico-racial é o pertencimento decla-
De acordo com o previsto no Manual de Estudo rado da pessoa a um grupo étnico – indígena ou qui-
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 lombola – ou a sua classificação declarada em relação
(página 50), os domicílios são classificados em dois às categorias de cor ou raça do IBGE.
grupos: particulares e coletivos. Resposta: Letra C. b) Imigração internacional é o ato de ingressar no Brasil
para aqui residir.
15. (NOVA CONCURSOS – 2021) É exemplo de domicílio c) Migração interna é o ato de deixar um município
coletivo: para morar em outro município dentro do Território
Nacional.
a) Hotéis. d) A pessoa alfabetizada que se tornou física ou mental-
b) Apartamentos em edifícios ou apart-hotéis. mente incapacitada de ler ou de escrever, por motivo
c) Habitações em cortiço. de acidente ou doença, deve ser considerada como
d) Casas de cômodos. sabendo ler e escrever.
e) Habitação indígena. e) Pessoa não alfabetizada é a pessoa que aprendeu a
ler e a escrever, mas que se esqueceu de como fazê-
De acordo o previsto no Manual de Estudo de Conhe- -lo devido a processo de alfabetização precário que
cimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (página 51), não se consolidou, assim como aquela pessoa que
apenas o hotel é classificado como um domicílio cole- nunca aprendeu a ler e a escrever; não devem ser
tivo. Todas as demais alternativas contêm exemplos consideradas como sabendo ler e escrever.
de domicílios particulares. Resposta: Letra A.
De acordo com o previsto no Manual de Estudo
16. (NOVA CONCURSOS – 2021) É considerado cômodo de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
de um domicílio: (páginas 54-55), pessoa não alfabetizada é a pessoa
que aprendeu a ler e a escrever, mas que se esque-
a) Os corredores de ligação entre cômodos. ceu de como fazê-lo devido a processo de alfabeti-
b) As varandas abertas. zação precário que não se consolidou, assim como
c) Banheiro. aquela pessoa que nunca aprendeu a ler e a escre-
d) Compartimentos não residenciais. ver; não devem ser consideradas como sabendo ler
e) Cozinha americana ou mezanino. e escrever. As demais alternativas contêm conceitos
corretos. Resposta: Letra E.
De acordo com o previsto no Manual de Estudo de
Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (pági- 19. (NOVA CONCURSOS – 2021) Para Ensino à Distância
na 52), o banheiro é considerado como um cômodo do (EAD), deve-se considerar como local de estudo a/o:
domicílio. Os corredores de ligação entre cômodos,
as varandas abertas, garagem, compartimentos a) Sede da Instituição de Ensino.
não residenciais, cozinha americana ou mezanino b) Campus da Instituição de Ensino.
não são cômodos. Resposta: Letra C. c) Sala de aula da Instituição de Ensino.
d) Polo físico.
17. (NOVA CONCURSOS – 2021) Para compor a relação e) Polo sede.
entre os moradores de um domicílio é fundamental
que os próprios moradores definam uma pessoa res- De acordo com o previsto no Manual de Estudo
ponsável pelo local. Esta será usada como referência de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
para registrar os demais moradores. Dessa forma, é (página 55), para Ensino à Distância (EAD), consi-
considerada pessoa responsável homem ou mulher dera-se como local de estudo o polo físico. Todas
com, no mínimo: as demais alternativas não encontram previsão no
citado Manual. Resposta: Letra D.
a) Dez anos de idade, reconhecida como tal pelos demais
moradores do domicílio. 20. (NOVA CONCURSOS – 2021) Um domicílio só será
b) Doze anos de idade, reconhecida como tal pelos caracterizado corretamente quando forem atendidas,
184 demais moradores do domicílio. simultaneamente, as condições de:
a) Acomodação e cômodo. (página. 47), no dia a dia do trabalho de coleta de
b) Separação e independência. dados poderão ser encontrados três tipos de edifica-
c) Divisão e compartilhamento. ções nos endereços observados em campo. São eles:
d) Separação e flexibilidade. Domicílios; estabelecimentos; edificações mistas.
e) Divisão e independência. Resposta: Letra A.

De acordo com o previsto no Manual de Estudo de 24. (NOVA CONCURSOS – 2021) É um levantamento de
Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (página informações realizado por observação em momento
50), um domicílio só será caracterizado corretamente anterior ao da coleta do Censo Demográfico 2020, ou
quando forem atendidas, simultaneamente, as condi- seja, antes da aplicação do questionário aos infor-
ções de separação e independência. Reposta: Letra B. mantes. Essa pesquisa é feita pelo Agente Censitária
Supervisor (ACS), que preenche o questionário refe-
21. (NOVA CONCURSOS – 2021) Domicílio é o local, estru- rente às características urbanísticas do entorno dos
turalmente separado e independente, que se destina a domicílios:
servir de habitação a uma ou mais pessoas. É também
domicílio o local que não era destinado originalmente
a) A conta Imóvel de Investimentos.
a ser utilizado como tal, mas que passou a sê-lo em
b) O levantamento de dados.
momento posterior. É um exemplo de domicílio per-
c) A Pesquisa Urbanística do Entorno dos Domicílios
tencente ao segundo grupo:
(Pesquisa do Entorno ou Entorno).
d) O Posto de Coleta de Dados.
a) Andares superiores, inferiores, subsolos.
e) O trabalho Científico domiciliar.
b) Residências de porteiro ou zelador em edifícios
residenciais.
De acordo com o previsto no Manual de Estudo
c) Habitações de caseiros em casas de veraneio.
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
d) Fundos de terrenos.
(página 43), a Pesquisa Urbanística do Entorno dos
e) Edifícios comerciais
Domicílios (Pesquisa do Entorno ou Entorno) é um
levantamento de informações realizado por obser-
De acordo com o previsto no Manual de Estudo de
vação em momento anterior ao da coleta do Cen-
Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (pági-
so Demográfico 2020, ou seja, antes da aplicação
na 49), edificações aparentemente não-residenciais:
edifícios comerciais, estabelecimentos de prestação do questionário aos informantes. Essa pesquisa é
de serviços, indústrias, estabelecimentos agropecuá- feita pelo Agente Censitária Supervisor (ACS), que
rios, entre outros são domicílios classificados no 2º preenche o questionário referente às características
grupo. Já os fundos de terrenos, andares superiores, urbanísticas do entorno dos domicílios. Resposta:
inferiores, subsolos e residências de porteiro ou zela- Letra C.
dor em edifícios residenciais, e habitações de casei-
ros em casas de veraneio, são domicílios do 1º grupo. 25. (NOVA CONCURSOS – 2021) É o afastamento, medi-
Resposta: Letra E. do em graus, da linha do Equador até um ponto qual-
quer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 90° e pode
22. (NOVA CONCURSOS – 2021) Toda edificação utiliza- ser Norte ou Sul:
da para fins não domiciliares encontrada nos setores
censitários é classificada como: a) Longitude.
b) Latitude.
a) Comércio. c) Coordenada.
b) Indústria. d) Cartesiana.
c) Pavilhão. e) Geográfica.
d) Estabelecimento.
e) Prédios. De acordo com o previsto no Manual de Estudo
de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020
De acordo com o previsto no Manual de Estudo de (página 42), latitude é o afastamento, medido em
Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 (pági- graus, da linha do Equador até um ponto qualquer
na 48), toda edificação utilizada para fins não domici- da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 90° e pode ser
liares encontrada nos setores censitários é classificada Norte ou Sul. Resposta: Letra B.
CONHECIMENTOS TÉCNICOS

como estabelecimento. Resposta: Letra D.

23. (NOVA CONCURSOS – 2021) No dia a dia do traba-


lho de coleta de dados, poderão ser encontrados três ANOTAÇÕES
tipos de edificações nos endereços observados em
campo. São eles:

a) Domicílios; estabelecimentos; edificações mistas.


b) Indústria; posto; centro de coleta.
c) Casa; prédio; habitações mistas.
d) Estabelecimentos; imóveis; galpões.
e) Unifamiliar; multifamiliar; mistas.

De acordo com o previsto no Manual de Estudo


de Conhecimentos Técnicos do IBGE – Censo 2020 185
ANOTAÇÕES

186

Você também pode gostar