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índice
Introdução ................................................................................................................................................. 15
0.1. Relevância e inserção disciplinar do estudo ............................................................................... 20
0.2. Organização do Estudo ................................................................................................................... 24
I. Escrita: conceptualização e modelos teóricos no campo pedagógico ...................................... 26
1.1. Escrita e oralidade ........................................................................................................................... 27
1.2. Aquisição da língua e aprendizagem da escrita .............................................................................. 34
1.3. Perspectivas e modelos teóricos sobre a escrita ..............................................................37
2.3. Redacção........................................................................................................................................76
Apêndice-I.................................................................................................................................................346
Apêndice-II...............................................................................................................................................375
Apêndice-III...............................................................................................................................................376
Apêndice-IV..............................................................................................................................................378
Anexos
......................................................................................................................................................380
5
Índice de Figuras
CR - Coesão Referencial
CS - Coesão Sequencial
EB - Ensino Básico
GU - Gramática Universal
IA - Investigação-Acção
L2 - Língua Segunda
MF - Memória Funcional
MS - Memória Sensorial
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PT - Plano Temático
TT - Tema Transversal
Dedicatória
Agradecimentos
A elaboração desta tese contou com o apoio de diversas instituições e individualidades/pessoas que
contribuiram, de modo decisivo, sob forma de autorização para a continuidade dos estudos,
financiamento das actividades que compunham o projecto; transmissão de conhecimentos,
experiências, opiniões encorajadoras e motivadoras. Assim, gostaria de agradecer a todos os que me
acompanharam, particularmente:
À Direcção da FCLCA da UP-Maputo por ter tornado possível a minha formação em exercício, no
nível de Doutoramento.
Ao IBE pela bolsa atribuída (relativa ao pagamento de propinas, material didáctico, computador,
acessórios e pesquisa de campo) no âmbito do programa de formação de docentes do ensino superior,
financiado pelo Banco Mundial.
À Fundação Calouste Gulbenkian, pela bolsa concedida para a realização do Estágio Cientifico
Avançado (ECA), no Instituto de Educação da UMinho (Campus de Gualtar), na especialidade de
Literacias e Ensino do Português.
À Profª Doutora Carla Maria Ataíde Maciel pela disponibilidade, atenção constante que, enquanto
supervisora do Doutoramento, disponibilizou à elaboração deste estudo, desde a concepção,
desenvolvimento e conclusão; pelo incentivo, rigor científico, serenidade, pelos inúmeros ensinamentos
transmitidos ao longo das sessões de supervisão e pelo modo ímpar como me apoiou sobretudo nos
momentos críticos do percurso de formação.
Ao Prof. Doutor José António Brandão Soares Carvalho, supervisor externo, pelos muitos e valiosos
conhecimentos passados nos nossos encontros, pelo positivismo transmitido aquando da concepção do
referencial teórico, da definição da metodologia do estudo e, particularmente, pelas sugestões
bibliográficas na elaboração do Projecto de Intervenção Pedagógica.
À Profª Doutora Orlanda Lídia da Silva Gomane, co-orientadora do Doutoramento, uma palavra de
apreço, pelo seu trabalho de co-supervisão, pelo sentido crítico, rigor metodológico, partilha de saberes e
experiências, pela leitura, correcção e comentários às inúmeras versões desta tese.
À Professora Catedrática Hildizina Dias; Professor Catedrático A. Jorge Lopes; aos Profs. Doutores
D. Chapala, A. Goenha, N. Santos, A. Lemos, A. Chavale, C. Maciel, S. Monjane, L. Nazaré, M.Chelene,
meus professores do Doutoramento, pela reflexão intelectual que suscitaram marcando desse modo o meu
percurso académico-profissional.
Aos meus colegas do Doutoramento, nomeadamente, Dr. Jerónimo Simão, Profa. dra. Elda Santos,
Dr. Artur Minzo, Dr. Juvêncio Sidumo, Dr. José Baptista, Dra. Elsa Changa, Dra Josefina Ferrete, Dra.
Helena Muando, Dra Ana Langa, Dra Nália Francisco, Dr. Nelpódio Miranda, Dr. Fanuel Tomo (em
memória), Dr. Jacques Banyankindagiye e Dra Nélia Piours pela amizade, compreensão e partilha de
saberes.
Ao dr. António Nhaguilunguane pela leitura de uma das versões intermédias desta tese e ao Sr. João
Nhone pela amizade e incentivo transmitido durante o percurso de investigação.
À Direcção da Escola Acordo Geral de Paz, Professor de Português e alunos da 10ª classe-B (do ano
lectivo 2018) pela colaboração e conduta irrepreensível no decurso das „oficinas de escrita‟.
À Direcção da Anarkaly, Serviço de Línguas, Ltd. pelo apoio moral e material, oportunidades
oferecidas, encorajamento, experiências transmitidas e amizade demonstrada ao longo do percurso de
formação nos níveis de Mestrado e de Doutoramento.
À minha esposa Rosa Langa Guimino, pela cumplicidade e às minhas filhas Nálcera e Wanda, pelo
carinho, compreensão e dedicação sem igual.
Aos meus irmãos Benedito, Benedita, Adelino, Binocas, às minhas sobrinhas e aos meus sobrinhos
pelo suporte e apoio incondicional, sem o qual este trabalho não teria sido possível, nymboguile ngudzu
vana Guimino.
13
Declaração de Honra
Declaro por minha honra que esta tese de Doutoramento é resultado da minha investigação
pessoal sob orientação dos meus supervisores, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas
estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção
de qualquer grau académico.
Maputo,
13 de Dezembro de 2019
…………………………………………………
Resumo
Com este estudo, pretendemos: (i) identificar estratégias de ensino que promovam as capacidades de
escrita dos aprendentes da 10ª classe do ESG do nível mais baixo de geração do texto, para o de escrita
desenvolvida - (ii) avaliar o impacto das metodologias de ensino seleccionadas. Para a prossecução
desses objectivos, optamos pela triangulação de metodologias e técnicas de recolha e análise de dados,
o que envolve procedimentos de análise qualitativo-quantitativos. Assim, partimos de uma pesquisa
documental sobre o PCESG, os actuais programas de Português (MINED, 2010) e LDLP (adoptados
pelo MINEDH/CALE), tendo verificado a predominância de uma abordagem globalizante, assente nos
produtos e omissa no concernente aos componentes cognitivos implicados na produção textual, o que
concorre para o insucesso na ascensão da escrita dos aprendentes para o modelo desenvolvido. Deste
modo, baseando-nos nos contributos de Flower & Hayes (1981), Pereira & Azevedo (2005), na
proposta de Bereiter & Scardamalia (1987), em Vygotsky (1989), nos modelos de revisão de Hayes at
al (1987) e de Scardamalia & Bereiter (1983); na prosposta de Sheeran & Barnes (1991) e Graves
(1984, 1985); Carvalho (2003, 2012); desenvolvemos uma intervenção pedagógica. Essa intervenção
consistiu na (des)construção da actividade global, em (micro)-tarefas, o que implica que a diferentes
graus de complexidade, correspondam exercícios particulares que visam que os aprendentes utilizem
determinadas “noções localizadas‟ nas produções “intermédias”, mas que deverão ser capazes de
agregá-las na produção de géneros textuais integrais (Pereira & Azevedo, 2002). Essa estratégia
consistiu em orientar a aprendizagem para um aspecto linguístico-discursivo particular (de um
género), com a introdução de um mecanismo facilitador do processo que inclui a auto-avaliação das
actividades. Os resultados permitem concluir que as metodologias seleccionadas e os mecanismos de
facilitação processual administrados proporcionam a automatização das (micro)-tarefas envolvidas, a
consciencialização dos procedimentos, a auto-regulação e, consequentemente, a promoção da
capacidade de escrita dos aprendentes para o modelo desenvolvido sem a sobrecarga cognitiva dos
mecanismos de processamento executivo.
Abstract
The aims of this study are: (i) identify strategies to promote writing to the learners of the grade 10 of
General Secondary Education, from the lowest level of generation of the text, to developed writing; (ii)
assess the impact of the selected teaching methodologies. In order to achieve these aims, we have chosen
to triangulate the methodologies and techniques for data collection and analysis, which involves
qualitative-quantitative analysis procedures. Thus, having based on a documentary research on PCESG,
the current Portuguese programs (MINEDH-2010), and LDLP (adopted by MINEDH/CALE), we
verified the predominance of a product-based approach, i.e., globalizing and lacking concerning to
cognitive components implied in textual production, which contributes to the underachievement of the
ascension of learners‟ writing to the developed model. Therefore, based on the contributions of Flower &
Hayes (1981), Pereira & Azevedo (2005); in the proposal of Bereiter & Scardamalia (1987); in Vygotsky
(1989), in the review models of Hayes et al (1987) and Scardamalia & Bereiter (1983); and in the
proposal of Sheeran & Barnes (1991), Graves (1984, 1985); Carvalho (2003, 2012), we developed a
pedagogical intervention. This intervention consisted of the (de) construction of global activity, which
entails that the different levels of complexity, correspond to particular exercises that is aimed at allowing
learners to use certain “localized notions” in “intermediate” productions, but which should be able to
aggregate them in the production of integral textual genres (Pereira & Azevedo, 2002). This strategy
consisted in orienting learning to a particular linguistic-discursive aspect (of a genre), with the introduction
of a mechanism to facilitate the process which include self-evaluation of activities. This exercise
establishes itself as a concurrent strategy for the development of learners' meta-cognitive competence.
The results show that the selected methodologies and the applied procedural facilitation mechanisms
allow the automation of (micro)-tasks involved, an awareness of procedures, self-regulation and,
consequently, that results in the promotion of learners‟ writing ability to the developed model without
overload of the executive processing mechanisms.
Key words: writing process; cognitive overload; procedural facilitation mechanism; model of
knowledge telling; model of knowledge transformation.
16
Introdução
Face ao quadro descrito, o escopo deste estudo incide sobre a pesquisa de estratégias
pedagógicas para o desenvolvimento da autonomia dos aprendentes e que promovam, sobretudo,
a automatização das (micro)-tarefas entrelaçadas em cada uma das três componentes do
processo de escrita, designadamente, a planificação, a redacção e a revisão/reescrita.
Assim, o estudo a que nos propomos consiste na (des)construção da actividade global, o que
pressupõe que a diferentes graus de complexidade existentes nas tarefas de produção textual,
correspondam exercícios específicos que têm por função levar os aprendentes a utilizar,
manipular e reutilizar determinadas „noções localizadas‟ nas produções „intermédias‟ ou em
exercícios breves. Deste modo, os aprendentes deverão ser capazes de agregá-las na produção
de géneros textuais integrais (Pereira & Azevedo, 2002) – quer dizer, na esteira dessas autoras,
trata-se de dirigir a aprendizagem da escrita para um determinado aspecto linguístico-discursivo
17
1
Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano/Comissão de Avaliação do Livro Escolar
18
2
A facilitação processual consiste, neste estudo, em provocar a realização cíclica e simplificada de uma tarefa
implicada no processo de produção escrita que os indivíduos que desenvolveram a capacidade de escrever
normalmente realizam e que sujeitos em desenvolvimento têm dificuldade em levar a cabo, sem a sobrecarga dos
mecanismos de processamento executivo, por exemplo, a adequação do texto aos destinatários e às finalidades.
Assim, a facilitação processual pode constituir uma forma de promoção da escrita dos aprendentes do modelo de
explicitação do conhecimento ao modelo de transformação do conhecimento (cf. Carvalho, 1999, 2001).
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Em suma, com este estudo, visamos, por um lado, dar conta do alcance e do limite de
algumas metodologias de E-A da escrita em sala de aula, na escola moçambicana e, por outro,
produzir conhecimento relativo ao desempenho dos aprendentes em contexto de
aprendizagem colaborativa, apoiados nas fichas de facilitação do processo que concebemos
para auxiliar a abordar aspectos situados nas dimensões profundas do texto (adequação aos
destinatários e às finalidades). Explicitados os objectivos (geral e específicos) do estudo, o
âmbito, a questão e as perguntas orientadoras, parece-nos pertinente reflectirmos em torno da
importância do mesmo.
Em suma, a relevância dum estudo desta natureza, não só reside no enriquecimento do banco
de dados sobre o ensino da escrita em Moçambique, mas advém sobretudo do seu contributo
para o ensino-aprendizagem do Português/L2.
Decorrente, sobretudo, do elevado número de estudos que se têm desenvolvido sob sua
alçada e da importância que lhe é reconhecida nas instituições superiores de formação de
professores, nos últimos tempos, esse campo disciplinar tem-se estabelecido como autónomo
23
relativamente às disciplinas com que, em maior ou menor grau de intensidade, mantém relações
(Carvalho, 1999).
Tendo inscrito este estudo no domínio da DP/MEP, como vimos, que se institui como
transdisciplinar, a abordagem que fazemos do seu foco central – “a procura de
metodologias/estratégias de ensino-aprendizagem para promover a capacidade de escrita dos
aprendentes da 10ª classe do ESG” – reflecte a complexidade das perspectivas que derivam das
áreas de saber que confluem na concepção desse campo disciplinar.
Assim, parece-nos que um estudo dessa índole deve incorporar o conhecimento produzido
no âmbito da sala de aula, i.e., das Ciências da Educação. Neste particular, é de sublinhar que o
estudo da problemática da “promoção da escrita dos aprendentes”, também abarca aspectos da
área do Desenvolvimento Curricular, ou seja, emana dos textos oficiais e reguladores do PEA – o
PCESG, os Programas de Português, o Livro do Professor e os LDLPs, em vigor. Como nota
Carvalho (1999) e (2001), o campo disciplinar da DP/MEP não pode ser circunscrito à sala de
aula, o seu objectivo primordial não pode (cf. Castro, 1995, citado por Carvalho, op.cit.) ser
exclusivamente o da intervenção imediata, com vista à resolução de problemas concretos. Pelo
contrário, a DP/MEP integra duas dimensões, da observação e da intervenção; um estudo nesta
área do saber só adquire relevância se feito à luz de quadros teóricos construídos com base num
saber que resulta da observação e da investigação realizados no seu campo, como defende
25
Este estudo apresenta uma introdução que inclui a definição do problema, a explicitação
dos objectivos geral e específicos, a relevância teórica e prática, particularmente, no que tange
ao conhecimento que dele resulta para o ensino-aprendizagem da escrita no ESG em
Moçambique e para a área da Didáctica do Português/L2.
3
Estudo com enfoque na produção de sentido através da coerência e coesão do discurso/ do texto escrito
enquadrando-se na Escola de Praga (estruturalismo) e na filosofia cognitiva.
26
A última parte comporta uma síntese geral, as conclusões alcançadas do estudo em que
destacamos que as metodologias que seleccionamos concorrem para a aquisição da consciência
de situação de comunicação e suas implicações na produção textual; consciencialização das
(micro)-tarefas e procedimentos implicados em cada componente recursivo do processo, o que
concorre para a promoção da escrita dos aprendentes para o modelo de escrita desenvolvida.
A fecharmos a tese, apresentamos, ainda, as potencialidades, as limitações do estudo e as
propostas pedagógicas. No que concerne às potencialidades, ressaltamos que o estudo
converge para a concepção de estratégias de ensino-aprendizagem da escrita que municiem os
aprendentes com formas de controlo e de regulação dos seus processos de gestão da actividade,
i.e., metodologias que encerram em si um potencial formativo que dirige os aprendentes na sua
actuação para a resolução consciente dos problemas que a produção textual com observância
dos parâmetros contextuais demanda.
27
Partindo do pressuposto de que a modalidade escrita, grosso modo, distingue-se da oral pela
maior autonomia do texto dela resultante em relação ao contexto situacional, o que envolve
implicações importantes, quer ao nível da informação que é necessário veicular, quer no que
refere ao uso de estratégias e mecanismos de organização textual de forma a que o texto
funcione para além do seu contexto imediato, esta secção tem o objectivo de discutir as
especificidades da modalidade escrita comparativamente à oral.
si polos opostos, por utilizarem o mesmo sistema linguístico e ambos implicarem pensamento
crítico. Os modos oral e escrito possuem características específicas: as modalidades „falar‟ e
„ouvir‟ são relativas à aquisição da linguagem, ao passo que „escrever‟ e „ler‟, implicando o
contacto experiencial com materiais escritos, demandam inserção escolar, etc., por conseguinte,
são atinentes ao domínio da aprendizagem. Parece-nos ser essa a acepção a inferir da colocação
de Vygotsky (1989:85) ao ressaltar o grau de consciência linguística implicada na escrita e que,
por decorrência disso, requer antes aprendizagem e retenção:
A escrita exige uma acção analítica deliberada por parte da criança. Na fala, a criança mal tem
consciência dos sons que emite e está bastante inconsciente das operações mentais que executa.
Na escrita, ela tem que tomar conhecimento da estrutura sonora de cada palavra, dissecá-la e
reproduzi-la em símbolos alfabéticos, que devem ser estudados e memorizados antes.
Barbeiro (1999) considera que um dos traços definidores da escrita é que o receptor está
ausente no acto de produção e o sujeito produtor ausente no momento da recepção do texto.
Assim, os estatutos dos interlocutores permanecem inalterados durante o processo de produção e
de recepção do que resulta um discurso contínuo e organizado, ao contrário do que se observa
nas interacções do discurso oral.
Essa autonomia envolve, na senda dos autores supramencionados, para além das dificuldades
na geração de ideias (sujeito em desenvolvimento), a ocorrência de implicações no que tange ao
uso de estratégias e mecanismos de organização textual, por forma a permitir o funcionamento
do discurso para além do contexto imediato.
30
A propósito da autonimia do texto escrito, Carvalho (2011) postula que, nas interacções orais,
os interlocutores participam do mesmo contexto situacional, não ocorrendo o mesmo nas
interacções peculiares do modo escrito, nestas há necessidade de um maior grau de explicitação
dos referentes, o que não só é resultante da diferença entre o contexto situacional de produção e o
de recepção, mas também do tema/tópico da interacção, das intenções comunicativas latentes e
das exigências do contexto sócio-subjectivo.
Nystrand (1986), apud Carvalho (1999:47), alude a dois tipos de contexto, designadamente,
o de produção, decorrente do momento de elaboração do texto e o de recepção que refere
às condições de uso pelo(s) destinatário(s).
Como observa Fonseca (1994), a relação entre o texto e o contexto, no modo oral, é
garantida pelo recurso a deícticos, operadores de referência, índices de pessoa, ostensão,
tempo, etc. remetendo a elementos extratextuais presentes no contexto, entendido como a
realidade objectiva que condiciona a produção textual. Na modalidade escrita, pelo contrário,
31
Essa acepção é corroborada por Barbeiro (1999) ao considerar que a comunicação escrita
surge como uma comunicação distanciada, face ao objecto de representação e controlada por
meio da organização da informação textual; esse distanciamento propicia ocasião para a escolha
lexical e sintáctica operada pelo sujeito-produtor relativamente aos elementos que efectivamente
integrarão o texto, ou seja, na construção textual escrita não se manifesta apenas a capacidade de
agir linguisticamente em situação, mas sobretudo na habilidade de representar a situação por
recursos linguísticos.
interlocutores percebam quando devem tomar a palavra” sendo que se o sujeito termina um
enunciado em tom descendente seguido de pausa silenciosa, não preenchida, the turn-taking (o
turno de fala) passa para o interlocutor e este tem de observar idênticos procedimentos.
Todavia, esses procedimentos podem ser alterados, sucedendo casos de sobreposição de vozes
(por lapsos de tempo muito ínfimos) resultantes da não cedência de palavra; e, dependendo
sobretudo da hierarquia social ou das relações de poder entre os interlocutores, essas regras
podem não ser observadas com rigor, por exemplo, em contexto de sala de aula, o professor, na
qualidade de mediador da interacção, regula os turnos de fala.
Para Delgado-Martins (1992), o modo escrito, por implicar a leitura suscita um processo de
compreensão que requer o processamento dos grafemas pela visão, sua correspondência com o
significado verbal, ao nível do sistema nervoso central. Assim, há três perspectivas teóricas
relativas ao processamento da leitura, a saber: (i) modelos baseados no texto ou ascendentes
(botton-up)4; (ii) modelos baseados no conhecimento do sujeito ou descendente (top-down); e
(iii) modelos interactivos. Estes modelos distinguem-se no concernente ao modo como preveem
a relação sujeito vs texto, o tipo de estratégias usadas, o papel do material de leitura como
fundamento para a construção do conhecimento novo.
4
Modelos ascendentes (botton-up) apresentados por Gogh (1972), apud Delgado-Martins (1992), prevêem etapas
fixas de processamento que se sucedem em que a informação circula no designado modo ascendente dos níveis mais
baixos para os mais altos. Modelos descendentes (top-down) consistem em que o processamento da informação
durante a leitura depende crucialmente do conhecimento prévio do sujeito, organizado em esquemas conceptuais
activados pelo conteúdo significativo do texto que facilitam o reconhecimento, integração e compreensão da
informação nova (por ex, a proposta de Goodman, 1967). Modelos interactivos – os proponentes deste modelo, por
ex, Rumelhart (1975), discordam da existência de etapas fixas, mas de um mecanismo central de processamento que
é servido por fontes de informação especializadas (ortográfica, lexical, sintáctica e semântica). Supõe-se que a
diversidade das fontes e a possibilidade de funcionamento simultâneo e interactivo permitam ao sujeito uma
contínua actividade de formulação de hipóteses sobre o conteúdo informacional da leitura.
33
aprendizagens específicas e complexas a fim de que o sujeito adquira habilidades que lhe
permitam escrever com desenvoltura.
Martlew (1983) aponta como uma das principais vantagens advindas da aprendizagem da
modalidade escrita o desenvolvimento conducente ao pensamento abstracto, em virtude da
separação mental da realidade. Conforme explicitam Bereiter & Scardamalia (1987:55-6), a
passagem da comunicação oral para a escrita, com destinatário ausente tem implicações
cognitivas profundas favorecendo a emergência do pensamento formal.
Apesar das peculiaridades de cada uma das modalidades apresentadas, Nystrand (1986),
apud Carvalho (1999:43), reiterando a obrigatoriedade da observância do princípio de
reciprocidade, que se fundamenta na partilha de conhecimento entre o emissor e o receptor como
condição para a efectivação da comunicação, ressalva que, quer a comunicação oral, quer escrita,
implica a existência de pelo menos um quadro comum de referência que relacione as
perspectivas dos interlocutores dentro de um mesmo contexto sócio-cognitivo, criando, um
estado de equilíbrio cuja ruptura requer a sua restauração.
Assim, o enunciado, ao invés de dizer tudo, é comunicativo quando resulta da fusão do que
é necessário ser dito com aquilo que pode ser assumido pelo interlocutor. Na esteira de Carvalho
(1999), a oposição entre o modo oral e o escrito deve ser analisada com recurso aos princípios
que regem todo o processo de comunicação, emergindo, dessa acepção, a possibilidade de
discussão de mais aspectos comuns entre as duas modalidades, do que propriamente dicotomias
(Tannen, 1985). Cassany (2001:11-2), a este propósito, observa que a classificação convencional
das habilidades linguísticas em oposições dicotómicas (oralidade/escrita; produção/recepção); os
textos monográficos e a organização de programas de ensino em unidades didácticas com sub-
partes dedicadas especificamente a cada uma destas habilidades têm contribuído para o fomento
dessa visão compartimentada e simplista.
linguístico revela a interdependência mútua entre o oral e o escrito. Koch & Travagília (1999)
corroboram essa colocação ao observarem que a oralidade e a escrita não constituem extremos
antagónicos uma vez que ambas se servem do mesmo sistema linguístico, operacionalizado por
processos cognitivos, neurológicos, socioculturais e interaccionais.
É nessa linha argumentativa que situamos a colocação de Carvalho (2011), segundo a qual se
nos debruçarmos sobre alguns aspectos que decorrem da situação em que a comunicação se
realiza e ao produto dela resultante – o enunciado, compreendido como uma sequência
linguística concreta produzido na interacção e cuja interpretação reside não só no valor
semântico dos lexemas que o compõem, como também nos condicionalismos em que ocorre – a
dicotomia entre o modo oral e o escrito deixa de ser possível.
Por conseguinte, podemos afirmar que as relações entre o oral e o escrito não devem ser
entendidas de modo unidimensional, „como se uma fosse separada da outra ou totalmente
dependentes‟. Todavia, a modalidade escrita é de nível de dificuldade elevado ao da produção
oral, já que o sujeito não só tem de gerir e avaliar o conteúdo a dirigir a um alocutário ausente no
contexto de produção, como também a linguagem a ser mobilizada no que a esse conteúdo diz
respeito. Tratando-se de um quadro comunicativo deferido, a modalidade escrita não permite que
o sujeito-produtor saiba em que medida o que propõe no plano do conteúdo e no plano dos
recursos linguístico-discursivos está adequado aos conhecimentos partilhados, às expectativas e
às possibilidades dos seus destinatários – pelo que as reacções do destinatário perceptíveis na
interacção oral, desaparecendo do quadro da comunicação escrita, como notam Pereira &
Azevedo (2005), implicam uma gestão consciente daquilo que naquela modalidade é feito de
modo implícito.
35
Assumimos, assim, que a escrita demanda a activação, por recurso à memória de curta
duração (MCD), de conhecimentos armazenados na memória de longa duração (MLD)
relacionados com a língua, o saber enciclopédico, as práticas interaccionais, etc. Esses
conhecimentos surgem como consequência das inúmeras actividades em que nos envolvemos ao
longo da vida e, em particular, no contexto escolar, o que deixa transparecer a relação intrínseca
entre a linguagem, o mundo e as relações sócio-culturais implicadas no processo de escrita.
Esta secção tem o desígnio de discutir em que medida as principais perspectivas que
nortea(ra)m o ensino aprendizagem da escrita, nomeadamente, a behavourista, a inatista e a
cognitivista influem nas concepções teóricas e nos desafios que actualmente configuram o
processo de ensino-aprendizagem (PEA) da escrita no ESG em Moçambique.
quanto o seu processamento por meio de princípios cognitivos gerais, o que propicia a
emergência da visão cognitivista.
O ponto de vista inatista, baseado no LAD, advoga que o aprendente é capaz de conformar o
mecanismo segundo as regras inferidas a partir do discurso que escuta em seu redor. Assim, ao
contrário da aprendizagem da escrita e da leitura, a aquisição da fala não demanda educação
formal. Porém, relativamente à aprendizagem da L2, a questão essencial prende-se ao facto de se
perceber se esse dispositivo ainda estaria disponível durante a aquisição da L2/LE há, pois,
pontos de vista que defendem a Hipótese do Período Crítico, que sugerem que, a partir de certa
idade, esse dispositivo se torna inacessível.
pontos de vistas sobre o ensino da escrita, particularmente, em contexto de L2. Retomamos essa
discussão na secção que se segue e no Cap.III do presente estudo, concretamente, na reflexão
sobre as concepções teóricas latentes ao ensino da escrita no EGS em Moçambique.
Em conformidade com Camps (2005), Carvalho (2011), Gomes (2013) e Martins & Cristina
(2013) no percurso do ensino da escrita, vigo(ra)ram perspectivas diferentes que não têm de ser
encaradas de forma alternativa, mas de certo modo complementar, designadamente:
i. a visão formalista – cujo escopo recai sobre o texto, encarado como autónomo relativamente
aos significados que veicula, i.e., sendo o contexto uma variável externa, o significado reside
no próprio texto;
ii. a concepção construtivista – com o enfoque no processo, o texto é concebido como a
tradução dos pensamentos do escritor que tem na situação retórica um problema por/para
resolver e o significado radicado nos processos interpretativos, i.e, o destinatário é
compreendido como um sujeito activo e intencional (re)produz as intenções do autor e/ou o
sentido da enunciação;
iii. a acepção sócio-construtivista coloca o foco no contexto, ou seja, na comunidade discursiva,
pelo que o texto é visto como um conjunto de convenções discursivas e, consequentemente, o
significado radicado nas normas instituídas pela comunidade interpretativa; e
iv. a percepção de escrita como actividade discursiva faz incidir o escopo sobre a actividade
humana e o texto percepcionado como „mediação semiótica‟, ou seja, espaço de interacção
entre o sujeito-produtor, o destinatário, interlocutor(es), etc. O contexto é instituído pelas
esferas de actividade humana, configuradas pelos géneros textuais, por conseguinte, o
significado é um constructo produzido na interacção.
Nas secções que se seguem, para a adopção de alguns conceitos operatórios e princípios
teóricos que norteiam o presente estudo, analisamos com algum detalhe cada um destes pontos
39
Esta concepção do ensino da escrita - uso de modelos como estímulos para repetição/reforço
- é alicerçada na teoria behavourista que fundamenta a aprendizagem da L2 por recurso à
imitação, prática/repetição, reforço (feedback – em caso de sucesso) e formação de hábitos.
Baseados nessa teoria, como vimos na secção anterior, de larga influência no ensino de L2/LE,
os manuais escolares e as actividades/estratégias seleccionadas para o contexto de sala de aula
priorizam o estudo dos diálogos e das estruturas frásicas por imitação e memorização. Deste
40
Carvalho (1999) e (2011) considera que este ponto de vista – texto/produto – constituiu,
durante muitos anos, o suporte de qualquer pedagogia da escrita e que as abordagens dela
resultantes são fundamentadas à luz de textos modelares cujos autores, consagrados pela
tradição, se instituem como referência para a formulação de juízos de qualidade e de
aceitabilidade. O autor citado acrescenta o facto de essa perspectiva ter origem na antiguidade e
continuada pelos humanistas que atribuem à gramática e à retórica a função normativa, o que
acarreta o privilégio exclusivo da forma (ortografia, sintaxe, etc.) em detrimento da dimensão
funcional e comunicativa da escrita. Os reflexos dessa concepção no PEA do Português/L2, em
Moçambique, em que prevalece o ensino da “suposta” norma do Português-Europeu (PE), são
suportados por um enfoque nas estruturas gramaticais com recurso a exemplos extraídos de
textos literários – estímulos para a repetição/imitação.
Essa linha argumentativa é corroborada por Barbeiro (1999:67-8) que refere que nesse
paradigma, o ensino-aprendizagem da escrita incide sobre a gramática, as instruções para a
produção textual são extraídas das características dos modelos, num percurso unidireccional que
tem início na atribuição do tema, textualização e posterior revisão para detectar incorrecções
estilísticas, gramaticais e ortográficas.
Como se pode depreender desta discussão, nas aulas de escrita enquanto produto, o
privilégio é conferido à norma cujo enfoque recai sobre as regras de construção frásica e
ortográficas; a outra implicação a inferir e que afecta o desenvolvimento da capacidade de
escrever, tem que ver com a forma de instrução da produção em sala de aula , em que decorre de
41
Os textos são produzidos na escola e para a escola, ou seja, o professor, em sala de aula,
constitui o único destinatário dos textos dos aprendentes, não se colocando, por conseguinte,
exigências vinculativas do texto ao contexto de produção e/ou às condições de recepção.
Relativamente ao que discutimos sobre esta concepção de escrita como habilidade regulada
por acaso e/ou por „imitação de modelos‟, julgamos que, na escola moçambicana, emana da
reprodução de "schemata”5 visto que interpretados como “scripts”, actuariam como „guias‟
subjacentes às representações cognitivas que os professores fazem do processo de escrita –
“ensinam a escrever do mesmo modo que lhes ensinaram/aprenderam”. Parece-nos ser, por isso,
que as opções didácticas por eles eleitas consistem na reprodução de “schemata ” assentes em
modelos da pedagogia tradicional, como vimos, com alicerces na teoria behavourista, cujo
“script” se circunscreve à leitura, compreensão de textos-modelo (questionários orais/escritos),
listagem de vocabulário, identificação da estrutura (forma) e produção escrita (por imitação) de
textos com idêntica temática e/ou da mesma tipologia (intertextualidade6).
Camps (2005:12) ressalva que, nesse paradigma, o texto é tomado como objecto de análise
em si mesmo, como uma estrutura homogénea e como modelo formal e inflexível, sem que
exista qualquer inter-relação entre este, o sujeito e o contexto sócio-cultural da sua produção.
Resumindo, a autora em pauta considera que o contributo essencial dos estudos textuais
para o ensino reside no destaque da visão global do texto enquanto unidade e de mostrar a
interdependência dos seus elementos e recursos formais relativamente à macro-estrutura textual.
5
Schemata plural de schema é uma estrutura abstracta de conhecimento que resulta de experiências repetidas com
objectos e conhecimentos. Estrutura porque indica as relações entre conceitos constituintes; abstracta em virtude de
ter o potencial de cobrir uma gama de situações que diferem na especificidade dos pormenores (cf. SILVA, 1989).
6
cf. Guimino (2015), Cap.III – Prática Pedagógica observada numa escola secundária do 2º ciclo nos arredores da
Cidade de Maputo.
42
Autores como Rodman & Wleck (1964), Murray (1978) e King, apud Carvalho (1995) são
unânimes na concepção de escrita como um processo que compreende três etapas sucessivas,
marcadas pela sequencialização temporal e uniforme, sendo a primeira a que abarca os processos
de pensamento precedentes à elaboração do texto, ou seja, diz respeito aos processos
exploratórios do tema, de busca e de organização de ideias; a segunda, da „tradução linear‟ do
pensamento em linguagem escrita e a terceira, de „trabalho editorial‟ a realizar sobre o texto ou
de aperfeiçoamento linguístico e estilístico. Por outras palavras, esses modelos preceituam uma
sequência rígida das etapas em que na segunda, a da textualização, a escrita é concebida como a
43
Como podemos depreender, esses modelos prescrevendo a linearidade das etapas, de forma
rígida, concebem o processo de escrita como mecânico e/ou automático, por outras palavras, os
defensores dos modelos lineares percepcionam o texto como um objecto até certo ponto externo
ao sujeito-produtor; a escrita é essencialmente concebida como uma técnica de difusão de
conhecimentos universais (perspectiva chomskyana, que releva a GU) e dissociados do sujeito,
i.e., ignora-se a dimensão cognitiva do sujeito-produtor na selecção e resolução de problemas,
perante o(s) objectivo(s), o(s) destinatário(s) e o género textual, e, “nada nos dizendo”
conforme Carvalho (2001:33), citando Humes (1983), “acerca dos processos interiores das
pessoas” que produzem os textos.
7
Neste trabalho, optamos pela designação “sujeito-produtor”, para referir o emissor e enunciador uma vez que,
embora convenha distinguir do ponto de vista de análise, a entidade física – emissor – do estatuto sócio-subjectivo –
enunciador, é normalmente uma só entidade responsável pela produção do texto.
8
Como veremos nesta secção, a escrita tal como o pensamento são entendidos como processos recursivos; ou seja, a
escrita traduz o pensamento, mas também pode gerar pensamento... O processo de pensamento reflexivo na escrita é
contínuo, e não é linear – o que está latente aos modelos não lineares.
44
recorrido a modelos teóricos e descritivos, sendo de destacar a proposta de Flower & Hayes
(1981).
Com esta secção, tencionamos adoptar um princípio teórico fundamental no âmbito deste
estudo – a abordagem da escrita como uma tarefa de resolução de problemas, consubstanciando
um processo complexo no qual diferentes componentes (planificação, redacção e revisão)
interagem recursivamente tendo em vista a consecução de uma intenção comunicativa.
Para o efeito, conferimos o contributo de Flower & Hayes (1981), proposto no âmbito da
Psicologia Cognitiva, nos Estados Unidos da América (EUA). Esse modelo institui-se como uma
referência incontornável para os interessados no processo de escrita, uma vez que marca a
passagem da consideração da escrita como um processo linear para os modelos processuais não
lineares, essencialmente, da acepção do processo de escrita como um processo cognitivo de
resolução de problemas, ou seja, esse modelo propõem uma abordagem da escrita enquanto
problema cognitivo (thinking problem). Essa visão é partilhada por vários pesquisadores da área
da didáctica da escrita, conforme referência feita na introdução desta tese.
Como defendem Pereira (2000) e Carvalho (2011), (2012) – a não linearidade proposta
nesse modelo reside na acepção do processo de escrita ompreendendo um conjunto de dimensões
ou domínios, nomeadamente, o contexto de produção, a Memória de Longa Duração (MLD),
Memória de Curta Duração (MCD) e o processo de escrita propriamente dito, com três estágios
recursivos: Planificação, Redacção e Revisão. Desta variedade de componentes, como
documenta a fig.-1, ressalta a complexidade do referido processo.
45
Contexto de Produção
O Problema Retórico Texto produzido
tópico, destinatário
exigências até um certo momento
PROCESSO DE ESCRITA
PLANIFICAÇÃO REVISÃO
MEMÓRIA DE
LONGA
DURAÇÃO DO Organização
TRADUÇÃO
ESCREVENTE Avaliação
Geração
Conhecimentos do Definição
tópico; de
Destinatário;
Planos de escrita. Objectivos Reformulação
MONITOR
46
(Fig.1). Modelo processual de escrita de Flower & Hayes (1981), apud Villanueva, Jr (1997:256)
A partir desse modelo - que integra três componentes principais: (i) o contexto de
produção; (ii) a memória de longa duração (MLD) e (iii) o processo de escrita - estudos
realizados neste domínio passam a centralizar a sua atenção na análise das operações e
estratégias cognitivas presentes no processo de produção textual. Essa proposta procura
caracterizar os processos mentais que actuam durante o processo de escrita, a partir do contexto
da tarefa intra e extra-textual e da MLD e de MCD do sujeito-produtor9.
9
Como veremos nas secções subsequentes, este modelo é reformulado em busca da conciliação das perspectivas
cognitivistas e interaccionistas (cf. Flower (1994, 1996) e Hayes (1996).
47
enunciado depende sobretudo do contexto sócio-cultural em que a interacção tiver lugar, visto
que o significado é construído no co(n)texto de comunicação. Com efeito, uma das principais
inovações que caracteriza o modelo em apreço está relacionada com a existência de um
mecanismo de controlo (monitor) que, dada a natureza recursiva e interactiva que o caracteriza,
acomoda a transição de cada uma das componentes do processo para as restantes.
Wolf (2004) adverte para o facto de, actualmente, os cientistas preferirem a denominação de
MF ao invés de MCD, também denominada de „memória de curto prazo‟ (MCP), na
terminologia de Atkinson & Schiffer (1968), em virtude de abranger quer a MS quer a MF. Wolf
(op.cit) propõe que ambas sejam consideradas como MCD.
48
Assim, o psicólogo B.F. Pennington, apud Wolf (2004:89), concebe a MF como “arena
computacional” na qual a informação pertinente para a tarefa actual se mantém acessível e
sujeita a processamento. Além disso, a MF, sediada nos lobos frontais, está envolvida em
“funções executivas” cognitivas de alto nível, tais como a planificação, organização e repetição;
ou seja, a configuração do comportamento presente e a capacidade de executar o planificado.
10
A memória declarativa e a memória processual, embora partilhem muitos dos diversos mecanismos celulares, não
usam as mesmas estruturas do cérebro no processamento da informação. As duas estruturas principais envolvidas
são o córtex e o lobo temporal mediano. Parece que o cérebro (cf. Wolf, 2002:118) arquiva recordações nas mesmas
estruturas envolvidas na percepção e processamento, todavia, essas estruturas diferem conforme se tratar de
memória processual ou declarativa. Por ex, a memória processual (de capacidades), na fase inicial, envolve o córtex
pré-frontal, o córtex pariental e o cerebelo; em fases posteriores, o córtex motor, passa a estar mais activo. A
memória declarativa, semântica e episódica envolvem mais o córtex visual e/ou auditivo; hipocampo até ao
agrupamento adjacente de estruturas dentro do lobo temporal mediano.
49
A Memória Processual consiste em “como saber” versus “o que saber”, também é chamada
não declarativa. O primeiro tipo de memória processual é a capacidade para armazenar
processos automáticos para acções rotineiras – é o “modo de fazer as coisas”; acções como
conduzir um carro; descodificar palavras, etc. (executadas de modo automático após prática
intensiva); o segundo tipo de memória processual é a que pressupõe que todo o indivíduo é
influenciado por uma experiência passada sem qualquer reconhecimento consciente (dessa
experiência); por vezes, a Capacidade também se denomina de memórias implícitas em oposição
a memória explícita (Schacter, 1999).
Uma das virtudes do modelo de Flower & Hayes (1981), apesar de criticado e reformulado,
como nos referimos, consiste na demonstração da não linearidade das etapas que compõem o
processo de escrita, apresentando, porém características recursivas. Assim sendo, na escrita
interagem três componentes: a planificação, determinação de uma intenção comunicativa
associada a uma representação do destinatário; construção de uma representação cognitiva do
50
Embora a proposta de Flower & Hayes (1981) seja de mérito inquestionável quer pelo rigor
de pormenor, quer por constituir um aparato teórico conceptual que proporciona a formulação
de problemas, disposição e tratamento de dados para novos estudos, é alvo de críticas, sendo de
destacar a que sobrevém da concepção de que o processo de escrita não pode ser
exclusivamente decorrência de um conjunto de mecanismos cognitivos que o sujeito-produtor
executa.
Nesse reparo, entendemos que repousa uma questão filosófica atinente à relação entre a
linguagem e o meio sócio-cultural, aliás, a crítica de Nystrand, apud Tognotti (1997:28), advém
sobre a visão do sujeito-produtor como uma entidade solitária, afundada em si mesma e em seus
próprios pensamentos, não se atribuindo, por conseguinte, relevância suficiente ao contexto
sócio-cultural específico, que exerce influência no processo de escrita. Vozes concordantes,
como Carvalho (2004:32), defendem que a comunicação escrita não se pode cingir puramente
ao exercício de transposição do plano das ideias para a materialização linguística na superfície
textual. Contudo, há que percepcionar a escrita como “[...]algo socialmente contextualizado e
condicionado por factores externos ao indivíduo, como um processo dependente de um
contexto particular”.
52
Damos conta, de modo sucinto, dessas reformulações na secção (1.4), nos seus traços mais
relevantes para o presente estudo, de modo a conciliarmos as perspectivas cognitivistas e
interaccionistas.
Essa abordagem é impulsionada pela teoria de Vygotsky (1989) inerente às origens sociais
do funcionamento dos processos mentais superiores. Relevamos ainda dois conceitos: (i) o de
comunidade discursiva percepcionado como o contexto partilhado que torna possível a
atribuição de significado aos textos e (ii) o de esfera de actividade humana que determina a
ocorrência dos géneros discursivos, i.é., na qual os textos são resultado e, simultaneamente,
instrumentos de mediação na edificação do diálogo como um „processo cultural‟.
11
Refere-se ao conhecimento geral, comum e/ou universal;
12
Em oposição ao conhecimento genérico refere o conhecimento particular e especifico, relativo a um acto
localizado.
53
É desse entendimento que Flower (1994,1996) reformula o modelo de 1981, numa visão que
denomina de sócio-cognitiva, em que a dimensão contextual é filtrada pelos mecanismos do
sujeito produtor e sofre influência do contexto sócio-cultural.
Nesse modelo, como fizemos referência, Flower (op.cit) busca a conciliação entre as
perspectivas cognitivista e a interaccionista. Para o efeito, a autora em pauta advoga que o
processo de escrita surge como corolário da interacção entre as dimensões (na terminologia de
Carvalho, 2001) ou entre os domínios (na referência de Pereira, 2000) cognitivo e social com
vista à produção de significado(s) na interacção. Quer dizer, texto e contexto mediados por uma
estrutura cognitiva individual atinente à representação que o sujeito-produtor faz da tarefa,
fundada num conhecimento discursivo, por activação da MLD, para a recuperação quer dos
conhecimentos referentes ao tópico da escrita, quer inerente às variáveis da situação retórica –
destinatários e finalidades do texto – por via da MCP, o que condiciona o seu desempenho e
assegura a gestão de eventuais forças em conflito.
Na esteira de Carvalho (2011), conforme nos referiremos mais adiante, a interacção das
dimensões cognitiva e social conduz à construção de significados negociados, portanto, o
significado (do texto) é um constructo arquitectado na interacção.
Parece-nos ser esse o entendimento explicitado por Flower (1994,1996) ao considerar que o
sentido é construído por ciclos de negociação, designadamente: (i) interpretação, que consiste
na análise do contexto, no estudo das expectativas do leitor e na definição do significado das
palavras-chave e construção da representação da tarefa; (ii) negociação, que implica a
consideração de diferentes factores que condicionam a tarefa – individual e social: o leitor, o
contexto, as dimensões linguísticas e retóricas, etc. (iii) momento de reflexão para avaliação,
justificação e geração de alternativas.
Vygotsky (1989) advoga que a aprendizagem humana está intrinsecamente relacionada com
o ambiente sócio-cultural, cuja influência é mais determinante do que os aspectos biológicos.
Assim, essa dimensão, impregnada de significados culturais, constitui um substracto necessário e
essencial ao desenvolvimento das funções psicológicas superiores – o pensamento. O autor em
pauta argumenta que o desenvolvimento da linguagem e do pensamento têm origem social,
externa, nas trocas comunicativas, e que com o tempo, ocorre um movimento de interiorização e
13
Piaget concebe a linguagem como um sistema simbólico de representações, assim como outras funções
simbólicas, como é o caso do desenhar, do escrever, etc. Em suma, contrariamente ao modelo inatista, sumariamente
revisto nesta tese, Piaget entende a aquisição da linguagem como o resultado da interacção entre o ambiente e o
organismo, através da assimilação e acomodação, que facultam o desenvolvimento da inteligência e não de um
órgão específico.
55
Para Camps (op.cit:203), este duplo processo de semiotização tem origem “na
reestruturação dos usos da língua na interacção oral, tanto no desenvolvimento filogenético da
linguagem escrita como no desenvolvimento do indivíduo numa sociedade alfabetizada”.
Assim, a autora conclui que o modo escrito tem origem nas interações comunicativas entre os
sujeitos.
É na sequência de colocações como essas que o conceito de contexto, definido por Barbeiro
(2003:20) como “o conjunto de factores exteriores às palavras de um enunciado e à sua
combinação, que influem na construção do significado desse enunciado”, assume uma certa
centralidade nesta teorização. O autor supramencionado concebe o contexto em duas vertentes, a
considerar: (i) contexto físico, espacial e temporalmente balizado; (ii) social, na compreensão de
que a escrita faz parte da vida das pessoas em articulação com os seus papéis, estatuto à luz dos
quais, o texto tem em vista a consecução de determinados objectivos e assume determinadas
formas, socialmente convencionadas - os géneros textuais.
56
Barbeiro (2003) ressalva ainda que da dimensão contextual emergem diferentes dimensões
de interacção, suportadas por uma “rede formada pelo sujeito, o texto, e outras pessoas (...)”- é a
dimensão da participação.
Essa percepção, concorre para que Camps (2005:24) assuma que os géneros de discurso,
como instituições sócio-culturais, conformam e são conformados pelas interacções entre as
pessoas num mesmo contexto sócio-cognitivo. A autora em pauta advoga que “os géneros
definem o que é dizível e, inversamente, o que deve ser dito determina a escolha do género”.
Nesta conformidade, a escolha do género textual é definida pela função que o mesmo realiza na
comunidade discursiva, i.é., pela esfera social.
Tal interpretação ao postulado Bakhtiniano, parece ser corroborada por Bazerman (1994)
que refere, em linhas gerais, à dificuldade do estabelecimento de classificações e taxonomias
duradouras, apesar do reconhecido interesse, nos estudos literários, em identificar e classificar
15
A concepção de Bakhtin, de facto, data do ano de 1917, período da Revolução Russa, quando correntes
marxistas (Círculo de Bakhtin) buscavam explicar a natureza social da linguagem e do pensamento. Porém, a obra
do autor, que fundamenta grande parte das discussões sobre uma teoria de género, só se dissemina pelo ocidente na
década de 70.
16
Aos enunciados produzidos em cada uma das esferas reflectem a especificidade da actividade em causa –
apresentam, por isso, aspectos idênticos no concernente ao conteúdo temático, estilo e sobretudo à construção
composicional. É a regularidade desses três aspectos na produção oral e escrita que estão relacionados a determinada
esfera de actividade da linguagem que Bakhtin ([1992) designa de género do discurso.
58
Assim, assumimos que os géneros textuais não podem ser tomados como modelos
estanques, nem estruturas rígidas, mas como formas culturais e cognitivas da acção social
materializada de modo particular na lingua(gem), sendo, por conseguinte, entidades dinâmicas e
maleáveis.
Essa acepção é retomada por Schneuwly & Dolz (1994), ao definirem os géneros
textuais, como mega-instrumentos criados para, por seu recurso, agirmos em situações de
interacção verbal e uma das suas particularidades consistir no facto de serem constitutivos da
situação - ou seja, sem romance, não há leitura e escrita de romance – o que lhes atribui o
estatuto de „instrumento semiótico‟, que proporciona, simultaneamente, a produção e a
compreensão de enunciados verbais. Assim, a noção de género, tem subjacente a capacidade do
sujeito de, tendo percebido o conjunto dos critérios contextuais e cognitivos que regem um
determinado tipo de acção de linguagem, seleccionar aquela organização que dê conta da
intenção comunicativa latente às suas escolhas.
Em suma, Carvalho (2005:24), citando Bakhtin (1992), considera que os géneros textuais
são “formas de enunciados mais ou menos estáveis que se configuram e são configuradas pela
interacção verbal entre as pessoas que partilham de um mesmo contexto comunicativo”. Por seu
turno, Camps (2005:21), seguindo a visão interaccionista bakhtiniana, aponta o estilo, o conteúdo
temático e a construção composicional como os traços definidores do género.
59
Nesse prisma, importa reter a proeminência do „diálogo‟ nas acções humanas que se
estabelece entre todos os discursos produzidos ou antecipados, resultando a acepção de que os
textos (orais/escritos) “não são produtos fechados em si mesmos” relacionam-se e projectam-se
60
uns nos outros, numa perspectiva dialógica permanente, corroborando assim a óptica
bakthiniana de que a actividade humana e o discurso são dialógicos.
A visão de escrita como actividade discursiva em contexto de sala de aula, tendo também
subjacente a percepção de escrita como resolução de problemas, procura potenciar a síntese das
perspectivas anteriores e acrescentar-lhes a dimensão da participação, i.é, o objectivo do ensino
das modalidades oral e escrita assenta no saber em que moldes as actividades do PEA permitem
aos aprendentes a construção e a apropriação do conhecimento linguístico-comunicativo e sua
inserção nas diversas esferas de actividade humana.
Camps (2005:24) explicita que essa concepção “...coloca em relação dois tipos de
actividade: as actividades de ensinar e aprender e as actividades discursivas relacionadas com
a diversidade de contextos em que o aprendente pode participar”.
17
Assentado na concepção interaccionista da linguagem, Bakhtin (1992) concebe os géneros do discurso (“genre”)
como tipos de enunciados „relativamente‟ estáveis construídos por cada esfera social de uso da linguagem, conforme
suas condições peculiares e suas finalidades. Assim, esses enunciados reflectem condições específicas e adequam-se
às finalidades da sua produção, nomeadamente, às esferas sociais de circulação, por seu conteúdo temático e por
suas características retóricas e linguístico-discursivas. Nesta conformidade, qualquer tipo de acção de linguagem
verbal ocorre por recurso a enunciados cuja materialidade e funcionalidade se operacionalizam por géneros do
discurso.
61
Carvalho (2011:87), no que concerne aos modelos teóricos que presidem ao ensino da
escrita, sublinha a necessidade do (re)enquadramento das perspectivas teóricas, designadamente,
a visão cognitivista e a interaccionista18, aparentemente, em conflito, numa visão de
complementaridade, em virtude de ambas remeterem para dimensões essenciais do PEA da
escrita.
O autor em pauta alerta para o facto de qualquer modelo, exclusivamente, cognitivista e
descontextualizado tornar-se demasiado vago para ser aplicado eficazmente e que programas
centrados em modelos sociais específicos podem ser demasiado dependentes do contexto, o que
pode impedir a transferência efectiva do conhecimento deles gerado para outros contextos.
No que tange às dimensões e desafios que configuram o PEA da escrita, no ESG, contexto
moçambicano, é de ressalvarmos, baseados nos pressupostos teóricos discutidos, a necessidade
de integração de diferentes variáveis, desenvolvendo, consequentemente, uma série de inter-
relações entre: (i) o sujeito-aprendente, com suas características pessoais, seu nível de
maturidade cognitiva, suas competências de uso da língua-alvo (Português/L2, na maioria dos
casos) e do seu estágio de desenvolvimento da capacidade de escrita; (ii) a aprendizagem dos
diferentes domínios da disciplina de Português, visando o alargamento de conhecimentos
implícitos/explícitos em actividades integradas de oralidade, leitura, vocabulário, funcionamento
da língua e escrita – a integração da leitura em actividades de escrita devendo focalizar não só as
(micro)-tarefas da planificação, mas sobretudo a apropriação de diferentes estruturas e padrões
morfossintácticos adequados à modalidade escrita; (iii) a inclusão das dimensões da participação
e da intervenção.
Assumimos, deste modo, o princípio da linguística sócio-histórica vygotskyana, de que a
escrita, como uma habilidade resultante de processos mentais superiores, é de origem sócio-
cultural e que se desenvolve nas interacções em sociedade. Nessa linha argumentativa,
fundamentamos, a escolha da escrita colaborativa (visão de Vygotsky, 1989) e/ou
18
Visão cognitivista apresentada em (1.3.2) e a interacionista em (1.5).
63
Apesar de ter sido criticado e reformulado, o modelo de Flower & Hayes (1981) contribui
para o avanço do entendimento da escrita como um processo recursivo e, nesse sentido, para uma
nova dinâmica do seu ensino, para além dos produtos textuais. A consciência da sobrecarga
cognitiva, definida por Cabral (1994) como referente à complexidade de operações que a
produção textual implica para os aprendentes, converge para que as componentes do processo,
designadamente, planificação, redacção e revisão/reescrita constituam objectos específicos de
aprendizagem de forma sistemática com o recurso a estratégias que visam auxiliar os
aprendentes nos desafios cognitivos que as competências implicadas impõem.
Barbeiro (2005) refere a estas estratégias – interaccionistas – como a procura de mecanismos
que proporcionem aos aprendentes meios para a facilitação de algumas tarefas a realizar no
âmbito do processo de escrita. Assim, no que diz respeito às componentes do processo e sua
abordagem didáctica, nota que a redacção parece ser a que mais dificuldades oferece para a
interacção, no sentido de proporcionar a integração de estratégias concorrentes para a
emergência de expressões linguísticas, simultaneamente, com a reflexão e tomada de decisão.
Nesse prisma, Barbeiro (2003:30) acrescenta que a redacção “parece deixar lugar apenas
para o sujeito e para a linguagem”. Aliás, a textualização é ela própria uma componente
extremamente complexa, geradora de alternativas que implicam a tomada de decisão e capaz de
despoletar as outras componentes, nomeadamente, a revisão do percurso, i.e., do que está sendo
64
Por implicação dos dois anteriores, Vygotsky (op.cit) propõe um terceiro conceito:
(iii) o de zona proximal de desenvolvimento (ZPD) que designa “a distância entre o nível
de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de
19
De acordo com Moeschler (1985:7), orientação argumentativa é a propriedade argumentativa dos enunciados que
determina os seus encadeamentos, podendo os enunciados ser co-orientandos ou anti-orientados.
65
Assim, por mediação do outro, o sujeito aprende, quer por instrução, quer por cooperação.
Essas interacções, propiciando a ampliação da ZPD, podem ser decisivas para o sucesso do
sujeito em contexto de L2, na aprendizagem das componentes da escrita, por proporcionar,
grosso modo, a formação da capacidade de produzir inferências, abstracções, generalizações, ou
ainda pela apropriação de saberes específicos inerentes à produção textual, ou seja, relativos ao
género textual em apreço e da incidência da actividade do grupo num ou noutro componente
particular.
Julgamos, assim, que o diálogo com o professor se revela necessário para ultrapassar
bloqueios que parecem insolúveis, relativos às dificuldades de formulação do problema nos
seus aspectos mais específicos, à selecção e uso de recursos discursivo-linguísticos (em L2)
adequados à esfera de referência, pelo que a reflexão desencadeada na interacção e a
reformulação/reescrita que se lhes segue concorrem para a consideração de outras
possibilidades. Do contraste entre as reformulações/reescritas, sobressaem, na actividade, a
apropriação das propriedades do texto escrito, bem como a maior consciencialização pelos
aprendentes da sua dimensão processual e estratégica.
Estudos feitos sobre o processo de escrita por Flower & Hayes (1981), Cassany (1993,
2000), Carvalho (1999, 2001, 2003, 2004, 2005, 2011, 2012); Barbeiro (1999, 2003, 2007),
Camps (2000, 2003, 2005), Pereira & Azevedo (2002 e 2005), Guerra (2007), Gomes (2013),
Martins & Cristina (2013), Oliveira (2014), entre outros, proporcionam indicações sobre as
operações cognitivas envolvidas e deixam em aberto a possibilidade de intervenção
relativamente aos problemas observados no processo. Por exemplo, a interacção pode, de
forma molecular, incidir sobre a planificação inicial, uma vez que esta procede da sequência
das instruções transmitidas para a realização da tarefa; na textualização há espaço, para
interacção, no sentido de busca de estratégias e recursos morfossintácticos e lexicais para a
discursivização de um determinado tópico tendo em vista as características do(s) destinatário(s)
e as intenções comunicativas, etc.; a revisão final, em virtude de já haver nessa fase um
produto escrito, pode adquirir uma dimensão mais profunda, indo para além da revisão dos
aspectos de superfície, se sobre ela a incidência da interacção recair na consciencialização para
69
Barbeiro (2003) sintetiza em três níveis a importância que a interacção entre colegas, na
qualidade de aprendentes, pode adquirir na construção de competências atinentes ao domínio
da escrita, a saber:
Como defende Barbeiro (1999), a produção textual em interacção com o professor, colegas,
e/ou familiares, amigos, etc. é profícua de ponto de vista pedagógico se proporcionar o
estímulo, o apoio na resolução de problemas, o enriquecimento do processo, o acesso à
perspectiva do outro, etc. – nesta óptica, a produção textual em interacção, constitui para o
sujeito uma oportunidade para a transição, em termos cognitivos, conforme Flower (1998) do
texto centrado no emissor para o texto baseado no leitor.
Contributos, como esses, concorrem para que Camps (2003:211) considere que do ponto
de vista teórico, diversos autores parecem anuir a ideia de que a interacção verbal “(...) é
proveitosa na medida em que permite distribuir a carga cognitiva entre os membros do grupo,
verbalizar os problemas que se colocam, deles tendo a consciência e conjuntamente procurar
caminhos para os resolver(...)”, esse último aspecto, favorece a capacidade de falar „sobre‟ a
língua/sobre o texto que está em produção.
Tendo analisado as concepções teóricas que nortea(ra)m o ensino da escrita ao longo dos
tempos, suas implicações no PEA do Português/L2, concretamente, na concepção dos textos
reguladores e recontextualizadores do ensino da escrita no ESG, nomeadamente, os programas
de ensino e LDLP, assim como na adopação de alguns pressupostos com vista à concepção de
estratégias didácticas (apêndice-I), no capítulo subsequente, à luz das perspectivas cognitivista
71
Discutidos alguns dos principais pontos de vista teóricos relativos à escrita em contexto
pedagógico, constitui finalidade desta secção a análise das componentes implicadas nessa
modalidade de comunicação verbal. Para o efeito, privilegiamos a abordagem de Flower &
Hayes (1981) e seguidores, nomeadamente, Carvalho (1999, 2001, 2003, 2004, 2011 e 2012),
Cabral (2005), Pereira & Azevedo (2002), (2005), Barbeiro & Pereira (2007), Guerra (2007),
Gomes (2013), Oliveira (2014), entre outros, embora, sempre que isso se mostra oportuno,
convoquemos outros estudiosos. Assim, o nosso enfoque é delimitado pelos três componentes
principais do processo de escrita, designadamente planificação, redacção e revisão/reescrita.
Dessa época aos dias que correm, a investigação sobre a escrita tem contribuído para a
construção e consolidação de um corpus de conhecimentos respeitantes ao processo de escrita
propriamente dito e aos problemas inerentes a cada componente do processo com que os sujeitos
se deparam.
2.2.Planificação
recupera na MLD e do contexto de produção. Esta afirmação é justificada pelo facto de a tarefa
de preparação do texto escrito decorrer da convocação de informações não só sobre o tópico,
como também sobre o(s) destinatário(s), a(s) finalidade(s), os procedimentos a adoptar no acto
de escrita, etc. pelo que a planificação abarca a recolha de unidades e relações susceptíveis de
aparecerem no texto, ou que com ele entram em relação.
Desse modo, com base nos conhecimentos temáticos e contextuais estabelecem-se as metas
a atingir no tratamento do tema, no desempenho da tarefa e, em última instância, das finalidades
da comunicação junto do(s) destinatário(s).
i. o conhecimento a integrar no texto em produção se não estiver disponível e/ou não estiver
sistematizado, i.e., não conceptualizado e disperso pode constituir uma dificuldade quer
para a geração, quer para a estruturação e hierarquização por forma a transformar-se num
plano (mental e/ou materializado no papel) que norteie a tarefa de escrita;
ii. o discurso escrito, a transposição do conhecimento do plano mental ou do pensamento
para a sua concretização linguística na superfície textual implica alguns
constrangimentos estritamente relacionados com o código escrito e ao imperativo de
resguardar o significado que se pretende veicular;
iii. o problema retórico é inerente à representação do(s) destinatários(s), ao cálculo de
informação necessária quanto ao grau de explicitação e de adequação de modo que o texto
possa autonomamente funcionar como vínculo de comunicação, ou seja, é o que procede
das dificuldades que se levantam ao sujeito na relação entre o que pretende dizer e a
intenção de comunicação, os potenciais receptores, a sua própria projecção no contexto
intersubjectivo de produção do texto.
geração do conhecimento e da linguagem, por isso deve estar envolvido em todo o desenrolar do
processo de produção (planificação, redacção, revisão/reescrita para adequação e
(re)ajustamentos implicados).
Dahlet (1994:65) destaca dois tipos de planificação: (i) de âmbito mais global, que
corresponde à fase de pré-escrita, ou seja, ocorrerá antes de se iniciar a escrita propriamente
dita; (ii) de carácter mais específico que terá influência sobre as decisões a tomar relativamente
às unidades particulares como o parágrafo, a frase ou a palavra.
20
Memória Semântica – bastante exacta. Inclui palavras, símbolos, regras para as manipular e significados.
Comporta também regras gramaticais, fórmulas químicas, regras de cálculo e conhecimento geral do mundo
(cf.2.3.2, desta tese).
76
Importa, ainda, referir dois aspectos: (i) a planificação realiza-se, sobretudo, num plano
mental, concretizando-se, normalmente, apenas em esquemas ou tomada de notas, o que
implica um maior desempenho cognitivo; e (ii) também tem em conta a relação interaccionista
da comunicação em virtude de o texto ser produzido num contexto particular, com
destinatários/leitores que partilham total/parcialmente os conhecimentos e/ou experiências com
o sujeito-produtor.
É nesta perspectiva que Barbeiro (2003:58) chama a atenção para o facto de a consciência
do(s) destinatário(s) influir de modo decisivo no delineamento de toda a estratégia de construção
textual, sendo de importância crucial que essa consciência seja activada na fase da planificação
global. Essa acepção parece corroborada por Pires (2005), como veremos na secção
subsequente.
ii. Rascunho-plano guia: um plano onde constam só os tópicos dos argumentos, cujo
desenvolvimento é feito durante a fase da textualização;
iii. Rascunho falso plano guia: um plano que, na sua essência, é um texto mas cujo
aspecto formal se aproxima de um plano guia.
iv. Rascunho-mapa de conteúdo: um plano com a forma de diagrama, onde se vão,
gradualmente, subdividindo os assuntos a desenvolver.
v. Rascunho-misto: um plano com duas fases perfeitamente distintas e identificáveis:
um plano guia ou um mapa de conteúdo, antecedidos ou sucedidos de um texto.
vi. Rascunho universal: é susceptível de ser aplicado a uma multiplicidade de temáticas
ou de géneros textuais.
2.3. Redacção
Flower & Hayes (1981) advogam que a redacção consiste no processo de transposição de
ideias em linguagem manifesta na superfície textual. Humes (1983), apud Carvalho (1999:64),
define a redacção como “o processo de transformação de uma forma de simbolização do
significado, o pensamento, numa outra forma de simbolização, a representação gráfica”.
Como destacam Fayol & Schneuwly (1987), escrever implica colocar numa ordem
linear informações que raramente têm uma organização sequencial, uma vez que as ideias a
transmitir podem estabelecer entre si um conjunto variado de relações do género causa/efeito,
oposição, etc. constituindo esse um dos problemas com que os sujeitos se deparam na produção
textual.
Para que o texto seja coeso, Mateus et al (1994: op.cit) consideram necessário que se
preste atenção à coesão frásica, i.e., aos processos de sequencialização que asseguram a ligação
entre os elementos linguísticos de superfície textual. Tais processos relacionam-se com: (i) a
ordem interna das palavras nos sintagmas; (ii) a concordância interna dos sintagmas; (iii) a
79
ordem básica das palavras; (iv) o uso de várias formas casuais dos pronomes pessoais; (v)
as preposições e (vi) fenómenos de concordância entre o sujeito e predicador adjectival, etc.
Na construção textual, não só devemos atender à coesão frásica, há que ter em conta a
coesão inter-frásica privilegiando o uso de conectores, marcadores e organizadores discursivos
(c.f. Adam, 2008:191). Neste sentido, para Mateus et al. (op.cit), deve-se ter também em
consideração os processos que asseguram a coesão temporal tais como: (i) a ordem linear dos
membros das sequências formadas por conjunção; (ii) a utilização correcta de tempos verbais;
(iii) o uso de conectores de valor temporal (depois de, quando…); (iv) os adverbiais
localizadores temporais (ontem, hoje, nesse momento, etc.) e (v) as expressões temporais que
assinalam a ordenação dos elementos (primeiro, seguintes, agora, etc.).
De acordo com Koch (1999), o conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos
de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística
significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual.
Koch (op.cit) ressalta que há duas grandes modalidades de coesão: (i) a coesão referencial
(CR) em que um elemento faz referência a outro elemento, sendo que tal remissão pode ser feita
para trás e para frente, ou seja, constituir uma anáfora ou uma catáfora; (ii) a coesão sequencial
(CS) a que se relaciona com os segmentos do texto, partes de enunciados, etc. que fazem com
que o texto progrida.
21
Para Van Dijk ([1943]1983:1-19), macro-estrutura refere, no domínio linguístico, a representação abstracta da
estrutura global de significado de um texto, quer dizer, é uma noção de ordem semântica que coloca o problema da
coerência global do texto. A globalidade da significação formalmente contida na macro-estrutura resulta da
integração sucessiva das representações semânticas parciais que correspondem às frases linearmente ordenadas do
texto – as micro-estruturas.
80
Bernardez (1990:79), por seu turno, percepciona a coerência, como se relacionando com a
ordenação hierárquica do texto, i.e, é a garantia essencial para a boa organização do discurso. A
coerência remete-nos para as estruturas profundas e desenvolve-se a partir do plano de
articulação das ideias que serve para a expansão das intenções comunicativas.
Nessa linha argumentativa, situamos o posicionamento de Koch (2011) que defende que a
coerência está relacionada com a “boa formação” do texto, não no concernente aos aspectos
gramaticais, porém em relação à interlocução comunicativa que provoca a compreensão dos
usuários. Esse raciocínio é fundamentado em Koch & Travaglia (1987:53) que explicitam que a
“coerência não está na superfície linguística, ela é profunda e não marcada”.
Com Beaugrande & Dressler (op.cit), sublinhamos a acepção de que a produção de sentido
é decorrência do conhecimento partilhado entre os participantes de um processo de interacção, o
que é corroborado por Chagas (2007:214) ao concluir que “a coerência apreendida como um
exercício interpretativo é um processo cognitivo dos usuários da linguagem que tem como
corolário a formação de representações conceptuais na memória”, sendo que o entendimento
do discurso é desencadeado se essas representações satisfizerem um determinado número de
propriedades.
Da incursão teórica feita até aqui, podemos inferir que a importância atribuída ao contexto
de comunicação e ao sujeito que interpreta, ou melhor, que dialoga com o texto no processo de
construção do significado, numa perspectiva sócio-cognitiva, abona a que a coerência enquanto
actividade cognitiva, um exercício de interpretação, faça apelo à “enciclopédia” do interlocutor,
para decifrar os dados do universo textual e construir uma representação lógica e adequada
com o seu conhecimento do mundo contextualizado. Neste sentido, a coerência interna
resultará de uma correlação entre os dados contidos no texto e os existentes na MLP do(s)
destinatário(s) inserido(s) num dado contexto sócio-cultural. Simon (2008:67) sintetiza essa
discussão assumindo que “um texto é coerente quando compatível com o conhecimento de
mundo do receptor”, tal como definido por Mateus et al (1989:146) que a consideram como
conectividade conceptual, implicando “a interacção entre os elementos cognitivos apresentados
pelas ocorrências textuais e o nosso conhecimento do mundo”.
Fonseca (1994) considera que, para que haja coerência, o texto deverá seguir os princípios
de não-tautologia, de não-contradição e de relevância, de modo a conseguir um rumo
82
A meta-regra da relação evidencia o facto de, para um texto ser considerado coerente, ter
de apresentar factos enunciados do mundo representado que se relacionem uns com os outros.
Esta meta-regra (da relação) resulta da eliminação das contradições no texto e engloba uma
variedade de operações cognitivas capazes de integrar e reestruturar dados que viabilizem o
sentido de progressão de um texto, mantendo em relação elementos que aparentemente não
estão directamente ligados.
2.4. Revisão/reescrita
De acordo com Flower & Hayes (1981), o processo de revisão (reviewing) implica uma
leitura atenta para a avaliação do texto produzido e os procedimentos de edição (editing) do
mesmo. Da leitura desses postulados, podemos depreender que a revisão/reescrita é uma
componente activada conscientemente, embora possa ocorrer de modo inconsciente. Os autores
citados, analisando a escrita a partir do seu modelo hierárquico, consideram que a revisão
envolve dois sub-processos distintos, especificamente, no modelo de 1980, a leitura e avaliação
e, nas revisões posteriores, a avaliação e a reformulação.
Vários são os estudos feitos com o intuito de descrever e analisar o comportamento dos
sujeitos no decurso das fases da revisão, por faixas etárias, identificando os procedimentos e as
etapas que lhe são peculiares. Assim, destacamos os trabalhos de Bereiter & Scardamalia
(1983), Hayes et al (1987), Fayol & Schneuwly (1987), Matshuashi (1987), Barbeiro (1999),
Carvalho (1999),(2003), entre outros.
Fayol & Schneuwly (1987) parecem partilhar da mesma opinião com Bereiter &
Scardamalia (1983:77) relativa à estruturação da actividade de revisão, ao considerarem que
integra três fases, nomeadamente, a detecção do erro, a identificação da sua natureza e a
correcção. Com posicionamento similar, encontramos a teorização de Fitzgerald (1987), apud
Carvalho (2003:48), que sistematiza três momentos, designadamente, a detecção das
discrepâncias entre o texto real e o texto que se almeja, a sua identificação ou diagnóstico e a
produção das alterações.
Kucer (1985), apud Carvalho (2003), observa que, dada a recursividade do processo de
escrita, o sub-processo da revisão também é de natureza recursiva, podendo ocorrer
continuamente durante a composição, por exemplo, o sujeito-produtor pode „suspeitar‟ da
adequabilidade de algumas proposições ou das estruturas que foram geradas e, em contrapartida,
accionar estratégias apropriadas para a modificação dos respectivos segmentos textuais.
Assim, a revisão não se circunscreve a uma pura (re)leitura do texto, não deve ser uma
simples resolução de problemas, nem mesmo uma componente que ocorre no final e/ou na
conclusão. A revisão ocorre em qualquer momento do processo de escrita, estando na origem de
novos ciclos de planificação e textualização. Flower & Hayes (1981:937) assinalam que os
sujeitos revêem não só o escrito/discursivizado, mas também o não escrito, i.e., uma
representação cognitiva, pelo que podemos inferir, na lógica desses autores, a revisão pode
mesmo efectivar-se antes do próprio processo de redacção ter lugar, quando focaliza o texto
ainda não discursivizado no papel, mas a representação mental, ou seja, o plano.
modelos de Della-Piana, apud Flower at.al (1986); Nold (1981) e Sommers (1980). Para
Scardamalia & Bereiter (1983), no decurso do processo de produção textual, constroem-se e
interagem duas representações mentais interdependentes, do texto que se almeja – e do que de
facto se elaborou (Carvalho, 1999, 2001, 2003); Barbeiro (1999, 2003); Cabral (2005) entre
outros. Nesta conformidade, a revisão surge da necessidade de compensar o desfasamento entre a
intenção (representação cognitiva) e o texto (objecto) pelo recurso ao
enriquecimento/modificação das intenções iniciais operando-se sobre o plano e/ou o texto.
Do diagnóstico, tomam-se decisões: deixar tudo como está(va); modificar o plano (intenções
e objectivos) e/ou o texto enriquecendo-o. Conforme os autores citados, depois da modificação
do plano, o processo de revisão recursiva começa uma nova comparação, visando a avaliação da
adequação da alteração ao texto, se for o caso, o que resulta na mobilização de uma ou várias
estratégias de resolução de problemas (operação); seguida(s) de nova comparação. O ciclo
continua até ao ajuste da dissonância, retomando-se o processo de produção do ponto da sua
interrupção.
Scardamalia & Bereiter (1983) ressaltam, grosso modo, que os sujeitos com a escrita em
desenvolvimento possuem muitas aptidões requeridas para o exercício de revisão, porém, o seu
desempenho pode ser prejudicado pela sobrecarga cognitiva, visto que, para esses autores, o
controlo CDO está sob domínio de processos executivos (Sternberg,1980) - as
metacomponentes, no âmbito da subteoria componencial, definem o tipo de problema,
seleccionam as componentes de nível inferior que o possam resolver, a estratégia de
combinação dessas componentes, a informação sobre a qual elas vão actuar, determinam o
89
Sebastion (1991:45), pois não entendem a reescrita como “higienização” do texto, mas sim
como “um conjunto de modificações escriturais pelas quais diversos estados do texto
constituem sequências recuperáveis visando um texto terminal”.
Da acepção de Fiad & Mayrink-Sebastion (op.cit) podemos inferir que a reescrita não só
consiste numa actividade integrante da componente de revisão, como também pode ser
concebida como uma estratégia de aprendizagem da escrita, implicando, por um lado, a auto-
correcção, i.e., que o sujeito-aprendente (re)escreva com as devidas correcções de ordem
gramatical e, por outro, que ele observe as questões metalinguísticas, discursivas e de
adequação do texto à situação retórica, incorporando, na actividade, por via da
(re)planificação e das operações de revisão/ reescrita, nomeadamente,
confrontação/substituição, acréscimo, supressão e deslocamento de enunciados e/ou de
segmentos discursivos. Essas operações justificam-se pela necessidade de aproximar o texto, em
produção, à representação cognitiva do mesmo.
Assim, a reescrita em sala de aula é uma actividade que exige do professor, na qualidade
de mediador, o saber articular o necessário (em função dos objectivos didácticos) e o possível
(em função do que os aprendentes realmente conseguem apreender no estágio do
desenvolvimento cognitivo em que se encontram). Desse entendimento, ressalta um princípio
pedagógico fundamental em todo processo de escrita: o diagnóstico e/ou a consideração dos
conhecimentos prévios dos aprendentes, ou seja, dos pré-requisitos, se o objectivo for o
desenvolvimento da capacidade de escrita dos aprendentes pela apropriação de uma atitude
crítica diante da própria produção textual.
Foucault (1999), apud Guimino (2015:31), considera que “os aprendentes passam a ser
concebidos como aqueles que desempenham diferentes papéis de acordo com as várias
posições que ocupam no espaço interdiscursivo”. Por outras palavras, ao serem orientados para
a reescrita, os aprendentes assumem o lugar de sujeitos-leitores das suas próprias produções,
92
consumando-se dessa forma, os vários papéis e posições que eles vão assumindo diante dos
seus próprios textos. É assim que os aprendentes saem, ao reescrever, do estágio emocional/
inspirativo, que gera a primeira escrita, e passam ao estágio de maior racionalização sobre o
que foi discursivizado. É nesse encontro entre o “eu-escritor” com o “tu-reescritor” que,
segundo Bakhtin (1992:289-90), pode ocorrer uma “cadeia da comunicação verbal”, em que
os aprendentes não são meros receptores, dado que, ao retornar aos seus textos, eles
adoptam uma atitude “responsiva activa”, ou seja, concordam, discordam (total ou
parcialmente), completam, adaptam, etc.
Esse ponto de vista é partilhado por Carvalho (1999) que argumenta que as estratégias
cognitivas visam o desenvolvimento cognitivo, enquanto as estratégias meta-cognitivas
apontam no sentido do controlo do processo e, apoiando-se em Baird (1990), infere que a
meta-cognição envolve o conhecimento, a consciência e o controlo da própria aprendizagem.
Assim, podemos compreender que as estratégias meta-cognitivas proporcionam ao sujeito-
aprendente o conhecimento sobre a natureza do processo de aprendizagem, sobre as estratégias a
adoptar e sobre as suas próprias capacidades. Esse conhecimento pode ser consciencializado e
utilizado na tomada de decisões tendo em vista a consecução da tarefa.
Nessa mesma linha argumentativa, Baird (1990) assegura que o desenvolvimento da meta-
cognição permite aos aprendentes controlar o seu próprio processo de aprendizagem, facilitando
a aquisição de conhecimentos. Vários são os estudos que validam essa argumentação, por
exemplo, Bransford, Sherwood, Vye e Rieser (1986), apud Carvalho (1999), destacam a
relevância do conhecimento estratégico e meta-cognitivo, agregando-o à capacidade de lidar
com novas aprendizagens e de adequar os próprios níveis de desempenho à capacidade de
intervenção em situações diversas.
94
Salema (1998), de um programa cuja incidência recai sobre a elaboração do resumo escrito
que abarca um vasto leque de estratégias, quer propiciadoras do „aprofundamento do pensar‟,
quer dos aspectos específicos da compreensão, organização da informação e da produção
textual, conclui ser importante que se auxilie os sujeitos-aprendentes a se tornarem mais
conscientes não só dos seus processos cognitivos como também dos utilizados por outros
actores, nas situações de aprendizagem e na resolução de problemas, como forma de os
aprovisionar no que tange ao pensamento estratégico, ou seja, aos moldes de encarar a tarefa de
escrita e, consequentemente, potenciar o seu próprio desempenho.
Essa percepção parece partilhada por Carvalho (1999), ao referir que a consciência meta-
cognitiva tem implicações na aprendizagem no âmbito das diferentes áreas de saber,
destacando-se, de entre outras, a resolução de problemas matemáticos e a escrita. O autor em
pauta cita, de passagem, um estudo de Cox (1994) que alude a uma relação essencial entre o
desenvolvimento de processos meta-cognitivos e a manifestação da capacidade de escrever.
Para Doly (1999), apud Ferreira (2002), a meta-cognição é um conceito pedagógico que
depende grandemente das actividades de aprendizagem que o professor implementa na aula.
Esse conceito, acrescenta a autora, quando posto em prática, conduz ao sucesso porque faz
com que o aprendente desenvolva o raciocínio capaz de vencer obstáculos, através do
questionamento a si próprio. Deste modo, quanto mais o aprendente desenvolve a sua meta-
95
cognição, maior será a sua capacidade de construção de saberes e de reflexão, o que leva à
auto–regulação.
pleno desta habilidade, num percurso longo, demorado e com várias etapas intermédias,
descritas e discutidas em estudos vários, como a seguir, sucintamente, apresentamos, cruzando-
as com as peculiaridades do contexto moçambicano.
complexidade analisada, inferem que a aprendizagem da linguagem escrita resulta num processo
muito mais demorado comparativamente à aquisição do oral e procede, no princípio, com um
acompanhamento vocal como estratégia de apoio.
É nessa sequência que Dias (2016:60) refere que, apesar do esforço que os professores
fazem na adopção de estratégias didácticas adaptadas ao contexto de ensino do Português/L2, se
verifica
que alguns aprendentes (2ª classe), em Moçambique, não são capazes de copiar correctamente,
“limitando-se a repetir e acompanhar oralmente a lição sem saberem discriminar, combinar e
descodificar o que está escrito no quadro”.
Para Martlew (1983), esse estádio é assinalado pelo seu carácter “oral” correlacionado com
um determinado grau de desenvolvimento cognitivo, no qual decorre a falta de consciência da
natureza autónoma da escrita, ou seja, a ausência da noção de “descontextualização”, o que se
reflecte ao nível discursivo na fraca explicitação dos referentes convocados pelo texto. Como
99
discutiremos na secção que se segue, essa fase é denominada por Bereiter & Scardamalia (1987)
como de escrita de explicitação do conhecimento, sendo característica, grosso modo, dominante
nos sujeitos em desenvolvimento. Esse estágio circunscreve-se a um processo simplificado de
produção textual, sem muita consciência da adequação aos parâmetros contextuais, aliás, Flower
(1979) nomeia o escrito resultante como texto centrado no escrevente (“writer –based prose").
No terceiro nível, com a consciencialização das diferenças entre o modo oral e o modo
escrito, tem início o estádio da diferenciação, pelo que o sujeito toma em consideração o facto
de a escrita ser uma comunicação em que o emissor está ausente no acto da recepção e o
destinatário ausente do momento de produção, resultando na “autonomização” do texto escrito.
Assim, dependendo do tópico de escrita, dos conhecimentos que se supõem não partilhados e
outras exigências do contexto sócio-cognitivo, o sujeito preocupa-se com o nível de explicitação
– é o que Bereiter & Scardamalia (1987) denominam como escrita de transformação do
conhecimento. Em suma, a produção textual assenta na acepção de Flower & Hayes (1981) como
uma tarefa de resolução de problemas, o que resulta num texto a que Flower (1979) designa de
centrado no leitor (“reader-based prose”).
por Sequeira (1983) que refere que a compreensão do sistema de escrita alfabética acarreta
operações cognitivas típicas dessa fase, na qual a criança s e apropria de capacidades como, a
seriação, a ordenação, a classificação múltipla, a inclusão de classe, a orientação, etc. que lhe
facultam habilidades de selecção e discriminação de símbolos gráficos; identificação e distinção
de letra, estabelecimento de conexões entre letras e sons, cuja correspondência, em Português,
não é unidimensional; organização de diferentes unidades linguísticas; processamento do texto de
esquerda para a direita e de cima para baixo.
Kroll (1981) e Martlew (1983) são unânimes em que a comunicação escrita, realizando-se
mormente na ausência do(s) alocutário(s) e dos referentes, requer a consideração dessas duas
entidades num nível puramente mental e a manifestação da perspectiva do leitor para prever em
que medida o texto permite a compreensão e a consecução das finalidades do mesmo, o que
exige operações a um nível abstracto, na ausência do real. Por outras palavras, a concretização
dessas dimensões é indicava, de acordo com a argumentação de Piaget (1983), da fase das
operações formais na qual o pensamento hipotético-dedutivo proporciona a transposição das
operações do quadro da manipulação concreta para o plano das ideias expressas numa
linguagem, o que torna possível a construção de inferências a partir de hipóteses e não da
observação do real, facilitando, assim, a decorrência de operações mentais independentemente
da presença física dos objectos no contexto situacional de produção e/ou de recepção do texto.
Carvalho (1999) e (2003), Martlew (1983) e Bereiter & Scardamalia (1985) parecem
corroborar a asserção de que se o desenvolvimento intelectual gera o desenvolvimento da
competência de escrita, também o domínio da escrita se constitui como uma habilidade essencial
para o desenvolvimento cognitivo. É nessa conformidade que Bereiter & Scardamalia (op.cit)
dão conta de que a aprendizagem da linguagem escrita pela criança acarreta profundas
implicações em direcção ao desenvolvimento do raciocínio lógico-abstracto capaz de funcionar
em moldes autónomos.
Por low road (“via inferior”) nomeiam a que sobressai pelo recurso às estratégias
conducentes à resolução da tarefa, contudo sem a transformar num problema cognitivo para o
sujeito. Esta postura circunscreve-se à mobilização de estratégias que consistem em um
“despejar” os conhecimentos (knowledge telling), ou seja, o fluir do conhecimento sobre um
tema sem um plano previamente construído e sem problematização, quer dizer, sem que se
integre numa relação estratégica com as finalidades estabelecidas, para além da exigência de ter
no final um produto escrito. A convocação dessas estratégias no acto de escrita parece ser
peculiar de uma fase do desenvolvimento cognitivo do sujeito-aprendente em que, como nos
referimos, a componente geração decorre em simultâneo com a redacção, diferentemente, do que
sucede com os sujeitos que desenvolveram a competência de escrita. Essas constatações
104
concorrem para que Barbeiro (1999) e (2003), apoiando-se em Scardamalia & Bereiter (op.cit),
conclua que a diferença entre as duas vias reside na função desempenhada pelo desenvolvimento
cognitivo.
Nesse sentido, a interacção não facilita apenas a transferência de informação, mas sobretudo
propicia a geração do pensamento, pelo que Widdowson (1983) atribui à interacção o facto de,
na produção escrita, o texto seguir um rumo discursivo antes não previsto.
Essa colocação não é partilhada por Scardamalia & Bereiter (1985) que ressaltam que o
carácter dialéctico do processo de escrita advém do conflito entre as exigências colocadas pelo
texto e as exigências colocadas pelas crenças ou pelos conhecimentos prévios do sujeito. Da
105
tentativa de resolução desse conflito, tanto o texto quanto o conhecimento sofrem alterações.
Assim, o processo de escrita adquire uma dimensão transacional não se limitando, como conclui
Barbeiro (1999:81), “...a uma transcrição do conhecimento pré-existente do sujeito, mas que
pode modificar esse conhecimento”. Contrapõe-se, dessemodo, a hipótese de Widdowson (1983),
pois infere-se que os registos efectuados pelo sujeito enquanto verbaliza o pensamento não
tornam manifesto o diálogo com o alocutário.
De referir que, no que concerne ao desenvolvimento cognitivo por recurso à escrita, além de
ser uma poderosa ferramenta de desenvolvimento intelectual, a escrita, quer concebida como
processo cognitivo, quer como prática sócio-cultural, a sua relevância vincula-se aos desafios
cognitivos com que os aprendentes se confrontam, dada a complexidade da tarefa, o que
concorre para que os sujeitos elaborem sobre o aprendido, (re)processem os conceitos, coloquem
hipóteses, comparem ideias, por conseguinte, a emergência de estratégias mais complexas, do
que resulta o desenvolvimento do pensamento formal e crítico. Em contexto escolar, conforme
Carvalho (2011), a escrita aprimora o conhecimento de natureza genérico como implicação do
imperativo de formatar o conhecimento às exigências das normas específicas de uma
comunidade científica.
Outro destaque relaciona-se às literacias emergentes no que tange às novas formas de escrita
adaptadas aos suportes digitais e virtuais que têm por consequência modos recentes de
representação da linguagem sem descurarmos da importância que a leitura desempenha no
desenvolvimento cognitivo e da habilidade de escrita.
Esse contacto com outros textos por via da leitura visa, em parte, que o sujeito tome
decisões, ou seja, faça escolha dos elementos a integrar no seu texto. Assim, esses textos
influenciam o produto, surgindo, assim, relações entre os textos-fonte e o texto em produção. Há
casos em que um texto é tomado como texto base – quer dizer – o que se institui como uma
orientação para a produção do novo texto. Esta orientação pode incidir sobre os aspectos macro-
estruturais (adopção de estrutura e organização similar) e/ou nos aspectos mais específicos. A
eleição do texto de base depende de factores diversos, entre outros, a compreensibilidade, a
familiaridade, a ordem de leitura, etc.
Essas afirmações são legitimadas por estudos desenvolvidos por Eckhoff (1986), apud Nash
at al (1993), que dão conta do facto de as crianças que seguem o livro escolar com estruturas
107
mais elaboradas terem a tendência de fazer uso de construções mais complexas nas suas
produções (cf. Barbeiro, 1999). Carvalho (1993) reporta diferenças encontradas entre os textos
de dois grupos de crianças e adolescentes (sete aos catorze anos de idade), em que compara os
textos produzidos pelos sujeitos que afirmam preferir (ler) livros em que predomina o texto
composto em palavras e suas respectivas combinações morfossintácticas (grupo-A), e os
produzidos por sujeitos que lêem com maior frequência a banda desenhada (grupo-B). O autor em
pauta conclui que os informantes do grupo-A “ (...) usam mais frases subordinadas,
contrariamente (...)” aos do grupo-B que “(...) usam mais a coordenada copulativa. Além disso,
aqueles escrevem textos mais longos e utilizam mais frequentemente o complemento do sintagma
nominal”. Como observa Carvalho (1999), essas diferenças são vinculativas às influências da
leitura, no grupo-A sobretudo de textos em que a mensagem é codificada em palavras e suas
combinações.
Uma das vantagens que se imputa aos hábitos de leitura é a aprendizagem da ortografia
dada a possibilidade de formação e retenção da imagem mental da forma como as palavras se
escrevem. No que concerne à sintaxe, Carvalho (op.cit) considera que a leitura proporciona a
familiarização com os padrões próprios da linguagem escrita que implicam o recurso a um
conjunto de mecanismos discursivo-linguísticos que permitem relacionar as ideias e assegurar a
coesão e a progressão textual.
A leitura pode, assim, desencadear o conhecimento mais profundo das caraterísticas dos
diferentes géneros textuais em circulação numa determinada comunidade discursiva, não só ao
nível macro-estrutural bem como habilitar o sujeito ao domínio de estratégias que lhe
permitam ter em conta a adequação do texto aos destinatários pela maior explicitação dos
referentes, dado o facto de a escrita constituir uma forma de comunicação contemporizada, à
distância e cujo contexto de produção ser diferente do de recepção. É em função de argumentos
como esses que Albuquerque (2001:95), corroborando Carvalho (2001), considera a leitura de
fulcral importância para o desenvolvimento da escrita escolar, pelo que, a par da oralidade,
recomenda a sua perspectivação numa tónica mais abrangente.
108
Dos aspectos discutidos, parece-nos ressaltar a ideia de que a leitura concorre para a
modificação dos “schemata” do sujeito pelo confronto entre o conhecimento novo (veiculado
pelos textos lidos) e o conhecimento prévio, armazenado na MLD, assim, não só contribui
para o desenvolvimento cognitivo do sujeito, como também proporciona uma maior
automatização das operações envolvidas no processo de escrita, o que procede da progressiva
compreensão e consciencialização dos mecanismos de produção textual subjacentes aos géneros
lidos e manipulados. É como concluem McCarthey & Raphael (1992) que aludem o facto de o
domínio da expressão escrita pelos sujeitos, mormente, proceder, por parte dos bons leitores, da
interiorização e reprodução das estruturas próprias da escrita com que se deparam na leitura.
Hayes (1996) destaca a importância que um certo tipo de leitura tem para a produção textual
– a leitura para avaliação do texto – i.e., a que consiste na análise das versões intermédias geradas
pelo sujeito no decurso do processo de redacção para avaliação da sua adequação aos
destinatários e às finalidades. Para Hayes (op.cit:16), esta modalidade de leitura, incidindo sobre
as dimensões profundas do texto, para além de demandar um certo grau de desenvolvimento
cognitivo, resulta mais exigente do que a leitura para a compreensão, exactamente porque opera a
um nível muito mais abstracto. O autor em pauta refere ainda que a leitura se torna uma
exigência na produção textual em virtude de o sujeito ter de ler as instruções que lhe são
direcionadas e os modelos que lhe servirão de orientação.
Apesar dessa vantagem que a leitura encerra em si, concretamente, permitir a familiarização
e apropriação dos padrões morfossintácticos e discursivos típicos da linguagem escrita,
corroboramos o posicionamento de Carvalho (2001) que, da análise dos programas e dos LDLP,
critica o privilégio de uma abordagem implícita baseado na produção em quantidade, ao invés do
desenvolvimento do conhecimento explícito dos diferentes aspectos envolvidos no processo de
escrita; ou o do De Pietro & Schneuwly (2003) que propõem a (des)construção textual assentada
nas dimensões ensináveis22 dos géneros textuais, ou ainda, Pereira (2005) e Santana (2003) que
22
De Pietro & Schneuwly (2004:82) definem cinco dimensões ensináveis na produção escrita dos géneros textuais,
designadamente: (i) definição geral do género; (ii) parâmetros do contexto de comunicação; (iii) conteúdos
peculiares expressos através do género; (iv) estrutura textual global; e (v) operações e marcas linguísticas do
género de referência.
109
Sheeran & Barnes (op.cit.), com vista à superação derivada de regras implícitas, nos
enunciados instrutivos de produção escrita, propõem o incremento da discussão atinente ao que
é solicitado, em busca de clarificação sobre as tarefas concretas e ao modo da sua
hierarquização – não se tratando, exclusivamente, em não fornecer instruções ambíguas, mas
sim, aliar-se um nível adequado de explicitação.
110
rigor de pormenor na descrição detalhada dos processos cognitivos envolvidos, etc. proporciona
alicerces para o desenvolvimento de outros estudos.
No que tange às críticas a esse modelo, além do facto dos autores dedicarem pouca atenção
ao contexto particular da tarefa, ao conceberem um modelo que visa explicar a generalidade dos
procedimentos aplicáveis a todas as situações, indiferentemente dos contextos em que o texto é
produzido, há a registar uma outra objecção que reside em que o modelo em referência é
concernente aos sujeitos que escrevem com certa desenvoltura e desembaraço, por isso mesmo
habilitados para a exploração das potencialidades de que a modalidade escrita dispõe. Essa
visão exclui, obviamente, os sujeitos aprendentes (crianças e adolescentes 23) que constituem a
maioria da população estudantil do ESG, população alvo deste estudo que ainda não
desenvolveu completamente as habilidades envolvidas na produção escrita.
É nesta conformidade que, com vista à compreensão das características da escrita e/ou
das estratégias cognitivas geralmente seleccionadas pelo grupo-alvo deste estudo, seguindo as
três componentes do processo, designadamente – planificação, redacção e revisão/reescrita – na
esteira de Carvalho (2001), Bereiter & Scardamalia (1987), Fayol e Schneuwly (1987) e Humes
(1983), entre outros, nos detemos em (2.7.1, 2.7.2 e 2.7.3) na descrição comparativa entre,
grosso modo, a forma como os sujeitos aprendentes em desenvolvimento escrevem e o modo
como o fazem aqueles que podem ser considerados como dominando de modo pleno a
expressão escrita.
A planificação do texto escrito, como temos vindo a demonstrar ao longo desta tese,
ocorrendo no plano puramente mental, implica operações de carácter abstracto, o que levanta
23
No contexto moçambicano, Português/L2, urge a realização de uma pesquisa fiável sobre as diferenças entre a
escrita de adulto comparativamente à escrita de adolescentes. Uma (re)leitura do corpus da pesquisa que levamos a
cabo para a obtenção do grau de mestrado (população com idades entre 17-21 anos/ 2º ciclo do ESG) encontramos,
na 1ª versão dos textos, particularmente, nas etapas da planificação e revisão características do modelo de
explicitação do conhecimento, por exemplo, o recurso ao rascunho-texto, e a revisão atinente aos aspectos de
superfície, fraca consciência relativa à adequação do texto à situação retórica global. Contudo, nas versões reescritas
(2ª e 3ª) administradas algumas estratégias de facilitação do processo, os aprendentes mostram potencial para, de
forma autónoma, evoluírem para as dimensões mais profundas do texto.
112
Para Flower e Hayes (1981), os sujeitos com domínio da expressão escrita geram as
informações a veicularem em suas produções ancorados no problema retórico genérico,
analisando a(s) finalidade(s) e o(s) destinatário(s) da comunicação, enquanto que os aprendentes
114
Baseados na releitura dos resultados da planificação de textos escritos por aprendentes do IIº
ciclo do ESG em Moçambique (Guimino, 2015), parece-nos que o predomínio do rascunho-texto
é indicativo do facto de, em contexto de aprendizagem de L2, prevalecer uma planificação que
mais se aproxima da feita por sujeitos em desenvolvimento da capacidade de escrever.
o género textual para aceder, parcialmente, à informação arquivada na MLD sobre o tema da
escrita (Flower & Hayes, 1981b).
Com recurso a essa estratégia, a geração ocorre em simultâneo com a redacção, de modo
linear, numa espécie de explicitação do conhecimento recuperado da MLD (Bereiter e
Scardamalia, 1987). Por outras palavras, o aprendente, para além de estar a gerar informação
sobre o tópico de escrita, em simultâneo, tem de actualizar um número elevado de aspectos de
natureza diversa, relacionados com os mecanismos de construção textual, como a coesão
referencial e sequencial, com todas as implicações que isso envolve. Assim, esta componente é
a que mais concentra a atenção do sujeito-aprendente, de modo que remete as outras dimensões
para um nível secundário.
Numa fase inicial, o sujeito-aprendente ainda não tem automatizados os aspectos relativos
ao sistema ortográfico da escrita de tipo alfabético e ainda, conforme Carvalho (1999) e (2001)
da motricidade fina. Em virtude disso, o sujeito tem de os ter conscientes no decurso da
redacção, decorrendo disso a sobrecarga nos mecanismos de processamento o que dificulta,
consequentemente, a alocação de recursos de pensamento para as dimensões mais profundas do
texto. Esta parece-nos ser uma das causas que leva a que os textos dos aprendentes em
desenvolvimento não tomem em linha de conta a dimensão da adequação aos parâmetros do
contexto de produção.
24
Para Beaugrande e Dressler (1981) Modelos Cognitivos Globais (MCG) definem-se como estruturas cognitivas
que organizam o nosso conhecimento convencional do mundo em conjuntos bem interligados. Assim, os MCG
constituem-se como blocos interdependentes de conhecimentos utilizados intensivamente no processo de
116
dificuldade notória para os aprendentes em desenvolvimento (Bereiter & Scardamalia, 1987). Tal
dificuldade deriva do facto de estes ainda não terem automatizado alguns mecanismos de
linearização sequencial e referencial. Na transposição do conhecimento gerado nos MCG para a
superfície textual, a componente da redacção reorganiza-os e dispõem-nos de modo linear, o
que ocorre por recurso a certos mecanismos discursivo- linguísticos como (a ordem linear das
sequências formadas por conjunção; uso adequado dos tempos verbais reguladores dos
momentos de enunciação; emprego dos conectores e organizadores discursivos; dos adverbiais
localizadores e temporo-aspectuais; pronomes e determinantes com valor anafórico ou deíctico,
supressão, pontuação, etc.) que asseguram a coesão referencial e sequencial.
Humes (1983), Matshushi & Gordon (1989) e Carvalho (1999) e (2003a) em referência à
revisão feita por adolescentes e crianças afirmam que esta incide na correcção de erros de
estrutura superficial do texto, praticamente os de natureza ortográfica (Carvalho, 2003a) e
(Cabral, 2005) ao passo que a revisão resultante de sujeitos que desenvolveram a capacidade de
escrita procede a níveis mais profundos o que é consequência da capacidade de construção de
certas representações cognitivas inerentes à operação – capacidades essas que os sujeitos em
desenvolvimento ainda não as atingiram plenamente – visto que a revisão demanda a
confrontação, na linha de Bereiter & Scardamalia (1987), do texto j á produzido e o que se
comunicação e que representam, de forma sistematizada, o nosso conhecimento prévio arquivado na memória de
longa duração (MLD).
117
Na secção que se segue, para uma melhor sistematização das características da escrita típica
- do grupo-alvo deste estudo, aprendentes em desenvolvimento, por comparação com os que
escrevem com desenvoltura, correspondendo a processos diferentes, analisamos, na secção
subsequente os modelos propostos por Bereiter & Scardamalia (1987).
Os estudos de Flower & Hayes (1981), embora ancorados na explicitação dos processos
mentais do sujeito-produtor com proficiência no acto de escrita, tendo surgido da necessidade de
aprofundar a estudo sobre o ensino da composição que passava por um período crítico (cf.
Steinberg, 1980), impulsionaram a investigação em torno dos processos de escrita dos
aprendentes. É nessa sequência que situamos os trabalhos de Bereiter & Scardamalia (1987) que,
partindo de estudos de tipo experimental, identificam duas formas distintas de escrita, que se
traduzem em dois modelos diferentes de composição, que designam e caracterizam da seguinte
forma:
a. Modelo de explicitação de conhecimento, para Bereiter & Scardamalia (1987), este modelo
é do tipo sequencial. O sujeito planifica o conteúdo e vai escrevendo, passo a passo, inter-
relacionando as frases em sequência linear e com o tema geral do escrito que produz. Por de
trás desse procedimento está a dificuldade de o aprendente estabelecer conexões e,
consequentemente, a adequação dos conteúdos que escreve às exigências da situação
retórica, não elaborando uma imagem funcional à situação; quer dizer, o sujeito-aprendente
limita-se a explicitar os conteúdos temáticos que, de forma mais ou menos sequencial, tal
como são recuperados da MLD. Carvalho (2001) e (2003), na esteira de Bereiter &
Scardamalia (op.cit), chama a atenção para o facto de a escrita de explicitação de
conhecimento constituir uma simplificação de um processo complexo, de forma a tornar
possível a realização da tarefa que, para ser cabalmente desempenhada, implicaria recursos
cognitivos que ainda se encontram em processo de desenvolvimento, portanto, não
completamente disponíveis.
Assim sendo, os conteúdos temáticos são acedidos na MLD por um processo de
associação de ideias e, imediatamente, transcritos para o papel sem prévia reflexão do
sujeito-aprendente relativamente aos objectivos que presidem à construção do texto, ao
conhecimento partilhado ou não pelo(s) alocutário(s) e que precisa(m) saber – o que, de
forma incisiva, influiria na decisão sobre os conteúdos que mereceriam maior ou menor
explicitação – quer dizer, os produtos resultantes deste modelo (antes estudado por Flower
1979 - como texto centrado no emissor) constituem uma economia de esforços cognitivos
uma vez que a consideração do contexto de produção exige a reelaboração de um
119
conhecimento próprio no sentido de o tornar acessível ao leitor – o que acarreta uma certa
sobrecarga cognitiva nos mecanismos de controlo dos processos executivos.
b. Modelo de transformação do conhecimento corresponde à conduta do sujeito-produtor que
inter-relaciona os conteúdos temáticos sobre os quais escreve com a situação retórica,
concorrendo a que os reelabore de modo que se adequem à situação. Para Bereiter &
Scardamalia (op.cit), o processo de escrita é entendido por estes sujeitos como uma tarefa de
resolução de problemas em que se assiste à interacção de dois aspectos: o conteúdo que
abarca os aspectos relacionados com os conhecimentos, crenças, consistência lógica e a
situação retórica, que tem que ver com os objectivos subjacentes ao texto em produção e sua
adequação ao(s) destinatário(s). A construção textual requer, de acordo com Appleber
(2000), o conhecimento dos contextos de comunicação implicados no processo de escrita em
que o sujeito-produtor se apropria não só das configurações retóricos como também das
características discursivo-linguísticas apropriados à cada esfera de referência.
Constitui um dos eixos geradores dos modelos em alusão, o facto de os sujeitos que
escrevem de acordo com o modelo de explicitação do conhecimento iniciarem, mormente, a
tarefa da redacção propriamente dita muito mais rapidamente do que os que o fazem de acordo
com o outro modelo, i.e., aqueles demoram a fazê-lo é apenas o tempo necessário para a
recuperação do primeiro item do conteúdo da memória que esteja conforme as exigências
atinentes ao tema e ao género textual em questão – é assim que o conteúdo gerado tende a
depender da familiaridade que o sujeito tem com essas duas realidades.
Uma outra dimensão que justifica esses dois modelos consiste na diferença que se regista no
processo de verbalização do pensamento, dado que nos sujeitos que escrevem de acordo com o
modelo de explicitação do conhecimento não é significativa a diferença entre o pensamento
verbalizado (nas notas e/ou no rascunho-texto) e o que compõe a versão definitiva do texto. Pelo
120
Antes, Flower (1979) tinha discutido as diferenças entre a escrita desenvolvida e a escrita em
desenvolvimento em que caracteriza esses modelos como escrita baseada no emissor (writer-
based text) e escrita baseada nas necessidades no leitor (reader –based text). Porque a escrita visa
comunicar algo a outrem, considera que tem que se constituir como algo mais do que a simples
expressão do que o sujeito sabe sobre um determinado tópico sob o risco de ineficácia, devendo o
sujeito ter em atenção o facto de este tipo de comunicação decorrer espácio-temporalmente de
modo deferido o que implica a consideração dos destinatários e a necessidade de adequação do
texto às necessidades informativas do(s) mesmo(s). Essa autora observa ainda que a escrita
centrada no emissor apresenta três características distintivas, a saber: (i) tem subjacente um foco
egocêntrico (conforme as teorias do pensamento egocêntrico25, descrito por Piaget (1983) e do
pensamento interior, proposta por Vygotsky (1989)), e uma estrutura narrativa ou de associação
de ideias que não permite a explicitação das conexões entre os referentes textuais; (ii) reflecte a
recuperação dos conhecimentos na MLD por ligação entre o tema e o género textual e sua
explicitação linear; (iii) administra-se pelo princípio de organização da informação e não pelos
objectivos comunicativos do sujeito-produtor. Assim, essa perspectiva reflecte as dificuldades
experimentadas pelo sujeito-aprendente, dado o seu desenvolvimento cognitivo, e rege-se pela
lógica do conteúdo gerado.
25
Esta forma de pensamento caracteriza-se pela sua forma elíptica, portanto menos explícita, pelo caráter pessoal do
significado e pelo predomínio da justaposição traduzida na ausência da explicitação lógica das relações causa e
efeito (cf. Carvalho, 2001).
121
26
Comissão de Avaliação do Livro Escolar/Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano – Moçambique.
123
(2005) Sequeira (1994), Martinho (1996), Vygotsky (1989),Graves (1984), (1985) e (1991),
Guerra (2007), Gomane (2012), Siopa (2015), Maciel (2015) e Mavale (2016), entre outros, as
estratégias didácticas seleccionadas com vista à promoção da escrita dos aprendentes do modelo
de explicitação do conhecimento para o modelo de transformação do conhecimento.
Enquanto objectivo primordial da escola, como observam Pereira & Azevedo (2005), o
“saber escrever” mobiliza um conjunto complexo de „saberes‟ e „saberes-fazer‟ que envolvem o
sujeito-aprendente na sua totalidade, a vários níveis, a considerar: físico, sensório motor,
cognitivo, psico-afectivo, etc. o que requer, como vimos em (1.1.), níveis de maturidade
cognitiva que permitam a construção de um „modelo integrador‟ capaz de dar conta dessa
globalidade.
27
“Nas cópias feitas pelos alunos, verificam-se muitas disgrafias e disortografias. Os textos copiados (...), ainda apresentam
distorção de formas de letras, uso deficiente da folha do caderno, separação incorreta das letras, rasuras, borrões, várias trocas
ortográficas (entre consoantes surdas e sonoras, entre vogais abertas e fechadas, entre vogais orais e nasais, entre letras parecidas –
p/q; d/b, etc.)” (DIAS, op.cit).
124
de, raramente, ser alvo de aprendizagem sistemática, constituem-se como obstáculos com que o
professor de Português se depara, no ensino da escrita e que limitam o monitoramento dos ritmos
de aprendizagem (ensino diferenciado) e a concepção de actividades de remediação das
dificuldades dos aprendentes.
28
Constitui um exemplo da orientação sociocognitivista, que relaciona o processo de escrita com os entornos
sociais, o movimento Writing Across The Curriculum desenvolvido nos EUA que se dedica à pesquisa e ao ensino
de textos próprios dos ambientes académicos em relação aos diferentes conteúdos curriculares.
126
ênfase no decurso das componentes de planificação e de revisão (nas quais o texto é processado
nas suas dimensões profundas).
(...) As actividades de ler e escrever consistem em participar na comunicação verbal humana (...)
para aprender a complexidade dos usos escritos, é preciso haver actividades de ensino e
aprendizagem que prevejam a existência de conhecimentos específicos relacionados com as
particularidades dos géneros escritos a ensinar. (...).
que não se ensinam os passos intermédios e as estratégias que devem ser usados para a
elaboração do texto-alvo. A correcção é praticada sem que se atribua papel significativo ao
aprendente, que o conduza, por exemplo, à reformulação, reescrita e inserção dos textos na
esfera de referência (embora alguns LDLPs, recentes, apontem para essa perspectiva).
É assim porque é prática comum a correcção incidir geralmente na leitura e feedback orais
dos textos escritos dos aprendentes. Parece-nos, sob essa perspectiva, ser a abordagem
tradicional (ensino da escrita como produto) o paradigma predominante no PEA da escrita, na
escola moçambicana.
Esses objectivos e as orientações metodológicas que lhes são pressupostas parecem indiciar
a análise textual, o ensino da escrita e de outras habilidades da língua condicionados/acoplados
ao ensino da gramática, o que justifica, em parte, as listagens de conteúdos gramaticais
propostas (ver- MEC/DNE, op.cit:55-6).
29
Direcção Nacional de Educação.
30
Martinho (1996) observa que os Livros do Professor que acompanham directamente o Livro do Aluno são de dois
tipos – aduzindo-lhes informações de uso – trata-se de: (i) MEC/ FCG, Livro do Professor: Aplicação Prática. s/l,
s/d; e (ii) MEC/FCG Livro do Professor – 1º Volume, s/l, s/d.
128
decisão é exercido pelo MINEDH/INDE que prescreve as políticas e a legislação para o sector
da educação.
Nesta secção, vamo-nos debruçar sobre o lugar da escrita e as concepções que lhe são
subjacentes, no actual programa de Português do Iº ciclo do ESG.
seleccionadas para integrarem o ensino, mas também dos que veiculam as políticas educativas.
Assim, julgamos que ao trecho em análise, está pressuposto o privilégio que esse programa deve
conferir às abordagens comunicativas e à dimensão sócio-cultural – em resposta às demandas
actuais do mercado.
Sendo a escrita um dos domínios presente em todo o percurso curricular quer como objecto
de ensino-aprendizagem, quer como meio da sua própria transmissão ou ainda habilidade ao
serviço de outros domínios e, consequentemente, requisito indispensável do sucesso escolar, é
suposto constituir uma das competências no qual incide a atenção particular na planificação
curricular.
Essa inferência pode ser sustentada, em parte, pela filosofia curricular assumida ao ressaltar,
por exemplo, a necessidade do exercício da interdisciplinaridade e do empenhamento em todas
as disciplinas no desenvolvimento das habilidades de comunicação dos aprendentes, por se
perceber que esta tarefa não é adstrita às disciplinas específicas de línguas, particularmente, a de
Português.
Nesta sequência, MINED/INDE (2010:06) exorta aos professores que, como principais
agentes de implementação curricular, “...deverão assegurar que os alunos se expressem com
clareza e que saibam adequar o seu discurso às diferentes situações de comunicação” e que “...
a correcção linguística deverá ser uma exigência constante nas produções dos alunos em todas
as disciplinas”.
31
A competência Linguística abarca as competências: lexical, gramatical, semântica, fonológica, ortográfica e a
ortoépica (Quadro Europeu Comum de Referência- QECR, 2001:156).
32
Conforme o QECR (op.cit), as Competências Pragmáticas têm que ver com os conhecimentos do sujeito-
aprendente dos princípios de acordo com os quais as mensagens são: a) organizadas, estruturadas e adaptadas
(“competência discursiva”); b) utilizadas para a realização de funções comunicativas (“competência funcional”); c)
sequenciadas de acordo com os schemata interacionais e transacionais (competências de concepção).
131
deverão ser encorajados (...) a escrever sobre temas variados, a dar opiniões sobre factos
ouvidos ou lidos nos órgãos de comunicação social, a expressar ideias contrárias ou criticar
(...) a buscar informações e a sistematizá-las” (MINED/INDE, 2010:06).
Assim, MINED/INDE (op.cit) não só coloca o enfoque na prática de habilidades de
comunicação (por exemplo, “a dar opinião sobre...”) mas sobretudo na escrita e na
diversificação das situações que a despoletam. Como observa Guerra (2007), essa concepção do
ensino-aprendizagem da língua reforça o desenvolvimento da competência comunicativa , em
todas as modalidades verbais (de recepção e de produção) e permite inserir os sujeitos-
aprendentes em tarefas que lhes proporcionem o desenvolvimento de competências assentes em
contextos sociais, nos quais são intervenientes.
Nessa conformidade, o contexto desempenha um papel essencial na operacionalização da
noção de competência, uma vez que inclui um saber em e na acção; pelo que, a escrita,
“...sendo recurso de busca e sistematização de informações e de expressão de ideias contrárias
e/ou de crítica...”, exerce quer a dimensão instrumental, quer da intervenção e,
consequentemente, institui-se como instrumento democrático de construção da cidadania
responsável; ou ainda da dimensão da participação (“...toma parte em campanhas de educação
rodoviária.”- MINED, 2010:71). A transposição desses propósitos em acções pedagógicas
proporciona a redução dos artificialismos que, na afirmação de Amor (1999:114), conduzem ao
fenómeno da “desertificação do território da escrita” na escola. Nesse tipo de abordagem,
mesmo considerando as limitações do contexto formal de instrução, como defende Tribble
(1996:47), o sujeito-produtor e o(s) destinatário(s) esta(ão) entrelaçados em situações
comunicativas com objectivos comunicativos específicos que influem em toda a estratégia de
construção textual, com incidência ao nível das escolhas lexicais e morfossintácticas (típicas do
género textual que o entorno social demanda), e no que concerne ao nível de explicitação dos
referentes.
Assim, Zemelman & Daniels (1993:348) consideram como decisiva para a promoção da
dimensão comunicativa da escrita, a existência de um destinatário real, uma vez que a
consideração dos alocutários permite aos sujeitos-produtores uma prática vital ao procurarem
adequar-lhes o texto em produção.
Tal entendimento é reforçado por estudos sócio-cognitivos que defendem a perspectiva de
132
que escrever é comunicar com alguém, i.e., escreve-se num contexto específico e temporal (cf.
Grabe & Kaplan (1996), Nystrand (1986), Adam (1992), Flower (1998), entre outros. Por isso, a
planificação, por contemplar a definição dos destinatários e das intenções comunicativas,
assume um papel decisivo para a adequação do conteúdo, da linguagem, do género 33 textual,
etc.
Dessa discussão, parece-nos importante observar com Sequeira (1994) que o ensino-
aprendizagem cognitivista, nos últimos anos, tem o seu escopo nas estratégias que o aprendente
usa ao processar a informação que lhe é fornecida. Esse entendimento concorre para que
Sequeira (op.cit:63) ressalve que “os conteúdos curriculares específicos e as estratégias que se
vinculam e que facilitam processos cognitivos determinados”, assumem uma importância
particular no paradigma cognitivista. Assim, percepção fundamenta-se no facto de os actuais
programas não só apresentarem os objectivos gerais e específicos (do domínio cognitivo), os
conteúdos programáticos, assim como as sugestões metodológicas e indicadores de desempenho
visam facilitar as aprendizagens cognitivas e a aferição do nível de consecução dos objectivos.
A concepção do ensino da escrita subjacente (por confirmar e/ou infirmar com base na
discussão das competências básicas a desenvolver no Iº ciclo, dos objectivos gerais, das
sugestões metodológicas e dos indicadores de desempenho prescritos para o PEA da escrita)
parece-nos assente na construção de saberes linguístico-discursivos que suportam a actividade
de escrita e sua adequação à dimensão contextual.
Deste modo, dando proeminência às abordagens comunicativas, inferimos que, à
construção desta proposta curricular-MINED/INDE, 2010, está subjacente a visão sócio-
construtivista, interaccionista e textual. Esta última perspectiva, como sublinha Dahlet (1994),
preconiza a análise e reflexão sobre as variáveis de construção textual presentes na situação
retórica (os destinatários, seus papeis sócio-subjectivos, o conhecimento partilhado e não
partilhado, as finalidades, etc.) e a activação dos critérios linguístico-discursivos adequados ao
contexto de comunicação, o que auxilia o aprendente na edificação de textos na dimensão
funcional, ajustando-os ao contexto particular.
33
Entende-se por géneros textuais, na linha de Cabral (2004:30) “artefactos culturais, relativamente estabilizados
num determinado período histórico, que se identificam com um repertório de acções de linguagem (textos para
Bronckart, 1996) que, por sua vez, são produzidos em determinadas circunstâncias e que tendem a ocorrer
repetidamente nas relações sociais de uma determinada comunidade”.
133
(...) a abordagem de conteúdo é feita em espiral, o que significa que os diferentes tipos de texto
vão sendo retomados ao longo do ano lectivo com abordagens de nível de complexidade
crescente. Por exemplo, os textos expositivos-explicativos/ argumentativos são dados em várias
classes, mas a dimensão e o nível de complexidade é diferente (MINED/INDE, 2010: 9).
34
As competências básicas traduzem a capacidade de realizar uma tarefa concreta, isto é, “no final de cada aula ou
unidade temática, o aluno deve ser capaz de revelar novos estágios do saber, saber ser, estar e saber- fazer, como
resultado do processo de ensino-aprendizagem” PCEB (2003:75).
134
Da leitura das competências e dos objectivos gerais do ciclo (fig-2), no que ao ensino da
escrita refere, podemos constatar dois princípios orientadores:
temas transversais - prescritos. Assim, as temáticas indicadas para a escrita são, na sua
maioria, subordinadas aos temas transversais;
ii. a observância do nível formal, concretamente, estrutura e correcção linguística, como se
pode ver em: “...produz textos relacionando-os com (...), estrutura, organização (...)”;
“...produz (...) por escrito, de forma lógica, estruturada (...)”; “ (...) elabora textos com
correcção ortográfica, obedecendo às regras de acentuação e de pontuação”.
35
Na abordagem por objectivos, procuram-se as finalidades que podem ser alcançadas nos campos do
conhecimento, atitudes e procedimentos através da aprendizagem dos conteúdos curriculares; na aprendizagem por
competências, procuram-se evidências observáveis do agir do aprendente, resultantes da capacidade de mobilização
de conhecimentos, capacidades, habilidades e atitudes de forma equilibrada e integrada para resolver uma série de
tarefas ou problemas. (cf. Kuller & Rodrigo, 2013).
137
regras de pontuação”; “(...) reconhecer as regras de construção dos vários tipos de texto (
MINED, 2010:16-7).
Parece-nos que mais se focaliza o segundo nível de competências descritas fig.2, dos
aspectos formais, normativos, relativos às regras da textualização, à coesão, à ortografia e
acentuação, etc. em detrimento das componentes do problema retórico. Assim, se entendermos
que os objectivos exercem a função de orientar a acção pedagógica, então, estes programas
estarão a privilegiar uma abordagem centrada nos aspectos normativos, ao invés do equilíbrio,
entre os referentes à adequação e aos normativos por forma a favorecer a dimensão da eficácia
comunicativa.
O último objectivo transcrito destaca a leitura como fonte de apropriação dos padrões
linguístico-discursivos típicos da linguagem escrita, de modo que autonomamente os aprendentes
possam, de forma implícita aprender as regras de construção textual subjacentes aos textos lidos.
Porém, insistimos, com Carvalho (1999), (2001) e (2011); Fonseca (1994); Barbeiro (1999),
Barbeiro & Pereira (2007); Pereira (2000), (2002) e (2005), entre outros, na necessidade da
conjugação da aprendizagem implícita com o ensino explícito da escrita a ser mediado pelo
professor (cf. Graves, 1984/1985/1991). Esse posicionamento é corroborado por Bereiter &
Scardamalia (1987) que advogam que o ensino explícito e intencional tem a vantagem de auxiliar
os aprendentes a incrementarem as suas estratégias para a operacionalização das tarefas
cognitivas de processamento complexo.
36
São reservadas três unidades para a os textos literários e para a produção escrita lúdica (cf. MINED/INDE, 2010);
prescrevem-se obras integrais e autores de referência para a leitura obrigatória, desde a 8ª classe.
138
Por questões de ordem prática, analisamos exclusivamente o plano temático (PT) da 10ª
classe (para evitar dispersão) e, nele, seleccionamos o que, directa e/ou indirectamente, reporta
ao PEA da escrita no Iº ciclo do ESG. Esta opção prende-se ao facto de este PT contemplar as
estratégias metodológicas escolhidas para a implementação das decisões curriculares (ao longo
do ciclo) e veicular os indicadores de desempenho que reflectem a articulação entre objectivos
gerais e competências que se esperam construídas pelos graduados no final do Iº ciclo do ESG.
Incidimos o escopo da abordagem sobre os indicadores de desempenho e sugestões
metodológicas por forma a aferirmos a(s) concepção(ões) do ensino da escrita subjacente(s).
2ª Textos Admnis- Elabora carta oficial Análise da carta oficial (mancha gráfica, Comércio
obedecendo à estrutura e nível de língua).
trativos estrutura. 12 Aulas
Produção da carta oficial para:
(carta oficial)
Pedido de emprego; reclamação;
pedido/cedência de informação.
Debate – comércio formal /informal
em Moçambique.
37
Sendo os conteúdos apresentados de modo cíclico, agrupamos a 3ª e 15ª; 6ª e 18ª; 10ª e a 16ª unidades em virtude
de que nelas são trabalhados os mesmos conteúdos e as mesmas estratégias, notando-se progressão, exclusivamente,
em relação aos itens gramaticais. Omitimos desta tabela a 1ª, 7ª, 11ª unidades por não veicularem actividades de
produção escrita e a 5ª,13ª, 17ª de escrita lúdica.
140
10ª + 16ª Textos Elabora textos Elaboração de textos Expositivo- Desastres naturais
Expo./Argumenta- Expositivo- argumentativos; – a seca
argumentativos. Exposição/apresentação de
tivos argumentos em defesa de opiniões 10 + 10 Aulas
próprias.
38
Para a 10ª classe, são os seguintes os TT arrolados: género e equidade, educação fiscal; educação rodoviária;
comércio, turismo, desporto, prevenção de doenças; educação patriótica; desastres naturais e ecológicos, o assédio
sexual; gravidez precoce, saneamento do meio e cultura cf. MINED/INDE, 2010.
141
Assim, a integração dos TT como objectos de ensino e/ou estruturadores temáticos das
propostas de actividades de escrita na aula, de entre outros, concorre para ultrapassar “a
desertificação do território da escrita” (Amor, 1999) e enquadrar os textos dos aprendentes num
contexto particular. Essa leitura parece corroborar a hipótese que colocamos (em 3.2 deste cap.),
em que inferimos, apoiados em Zemelman & Daniels (1993), Dahlet (1994), Grabe & Kaplan
(1996) e Guerra (2007), que a proposta curricular em discussão nos remete a uma abordagem
assente na construção de saberes linguístico-discursivos que suportam a actividade de escrita e
39
Nunan, apud Brown (2000), lista cinco características da abordagem comunicativa: (i) uma ênfase no aprender a
comunicar através da interacção na língua-alvo; (ii) a introdução de textos autênticos na situação da
aprendizagem; (iii) a provisão de oportunidades para a inserção dos aprendentes em situações de uso real
da língua; (iv) uma intensificação das próprias experiências pessoais do aprendente como elementos importantes
na contribuição para aprendizagem em sala de aula; (v) uma tentativa de ligar a aprendizagem da linguagem em
sala de aula com activação da linguagem fora da sala de aula.
40
Por vezes, essa estratégia se revela problemática, é o caso, por exemplo, da unidade-1 deste programa cujo texto
nuclear é a Constituição da República- Título-I, Princípios Fundamentais, atinente à definição de Moçambique como
República soberana, do Estado de Direito, do Pluralismo Jurídico, etc. (Artigos1-10) e o TT “Género e Equidade”.
142
sua adequação à dimensão contextual. Por exemplo, na aula, pode existir a partilha da
informação existente entre os aprendentes, através de actividades como o brain-storming
(tempestade de ideias), o que proporciona a reflexão acerca dos conhecimentos disponíveis
sobre o TT, em análise, e/ou acerca daquilo que os sujeitos-aprendentes precisam ainda de
saber (Cornaire & Raymond, 1999; Soven,1999).
A informação assim gerada pode ser (é) relacionada com a sua esfera social e género
textual (organização discursivo-linguística adequada ao entorno social) e, posteriormente,
organizada em mapas ou esquemas conceptuais ou em rascunhos/planos de natureza diversa
(Pires, 2005) para uso na redacção.
O nosso entendimento tem fundamento também no contributo de Flower (1998) que advoga
que é o contexto retórico e social - no qual se constrói o significado, onde se insere o sujeito,
que determina as convenções sociais e discursivas a adoptar, que proporciona adequação, por
concorrer para que o sujeito-produtor se baseie nas necessidades informativas do(s)
destinatário(s) e nas convenções discursivas adequadas à esfera de referência. Assim,
corroborando, podemos afirmar, com Cabral (2004), que (com os TT) a aprendizagem da escrita
pode possuir como referente a esfera social de referência, o que pode propiciar a produção de
textos contextualizados. Defendemos, assim, que os constrangimentos relativos aos contextos
comunicativos e inerentes às comunidades discursivas (de pertença) devem também fazer parte
das situações de aprendizagem da escrita para que não se eternize na escola a escrita de
explicitação de conhecimento.
palavras, o programa não explicita como é que o aprendente chega aos produtos, que passos
intermédios devem ser percorridos ou, no mínimo, uma referência à necessidade do ensino da
escrita como processo que comporta as componentes de planificação, redacção e revisão.
Assim, inferimos que, no discurso curricular oficial, ocorrem omissões dos aspectos
cognitivos e interacionais implicados na escrita; essas omissões remetem à perspectivação da
escrita como produto, nomeadamente: (i) a não consciencialização da necessidade de
abordagem da escrita na perspectiva processual, aliada à não explicitação de (micro)-tarefas a
vários níveis de decisão, concorre para a não consideração da relevância da planificação e da
revisão como componentes integrantes do processo de produção; (ii) essas omissões resultam
em que em contexto escolar, a actividade de escrita, geralmente, comece e termine com a
redacção, ou seja, os aprendentes quase não planificam nem revêem os textos que produzem;
(iii) em virtude de não haver uma planificação assente nas indicações metodológicas, também
os professores e/ou os LDLPs pouco incentivam a sua prática; (iv) porque as (micro)-tarefas a
desenvolver no decurso do processo estão omissas, pode ser que os LDLPs e os professores
não incluam, nos enunciados instrutivos das actividades de escrita, orientações referentes à
planificação, à revisão/ reescrita e à (re)investimentos futuros dos (e nos) textos dos
aprendentes, na dimensão da participação e/ou da intervenção; o que encerraria em si um
paradoxo relativamente à perspectiva que nos parecia assumida – a valorização dos contextos
retórico e social; (v) a não observância da visão construtivista – a consideração da “a escrita
como uma tarefa de resolução de problemas” e a não explicitação das componentes cognitivas
implicados no processo parece concorrer para a não contemplação de propostas de estratégias de
(meta)cognição que possam favorecer o desenvolvimento da autonomia dos aprendentes.
Portanto, assumimos que o mais importante não é apenas informar que produto se
pretende, mas também orientar, ensinar (explicitando) e exercitar os passos intermédios, as
estruturas gramaticais/gramática do texto e as estratégias cognitivas que devem nortear o
processo de produção. Na aula, como se pode inferir das propostas de Graves (1984) e (1985),
Carvalho (1999), (2001) e (2011) Barbeiro (1999), Pereira & Azevedo (2002), Camps (2006),
Oliveira (2014), entre outros, é preciso também concentrar a atenção aos processos dos
aprendentes, na dimensão estratégica e não exclusivamente no texto/produto. Essas
considerações fundamentam-se na necessidade de o professor explicitar e intervir (como
mediador) no processo, i.e., dever corrigir no decurso da elaboração e inserir as tarefas em
contextos de comunicação significativo.
145
41
Transformação curricular do ESG.
42
Cada classe passa a usar um único livro/título por disciplina, em todo o país. Além do critério qualidade, o
MINEDH, por forma a permitir um maior acesso ao Livro Escolar, sensibiliza os operadores económicos a fixarem
preços únicos a nível nacional, 50% mais baixos do que os até então praticados. Mesmo assim, encontramos nas
escolas, onde realizamos as Práticas e Estágios Profissionalizantes, em uso, livros não aprovados para o presente
quinquénio.
146
1. Trabalho de grupo -“A partir de um dado facto ou acontecimento referido pelo professor e da informação básica
acerca do mesmo por ele transmitida, cada um dos grupos redigirá uma notícia a ele relativa, respeitando as
características e a estrutura deste tipo de texto, que já abordamos atrás”. (P8. pg.43).
2. “Escreve uma notícia relacionada com a prevenção das doenças no nosso país” (P8. pg.51);
3. “Faz uma composição de 10 linhas descrevendo o que seria “um dia de sorte” para ti. (P8. pg.22).
4. “Partindo do princípio de que O Mundo Novo é um mundo de paz e de direitos humanos, escreve a tua redacção
sobre esse tema”(P8. pg.127).
5. “(...) escreve um texto argumentativo (25-35 linhas), expressando o teu posicionamento em relação ao trabalho
infantil (tese). Justifica apontando as razões que te levam a estar a favor ou contra deste tipo de práticas
(argumentos). No texto, apresenta exemplos de casos de exploração de mão-de-obra infantil para legitimar a tua
argumentação. O texto deverá ser apresentado e discutido na sala pelos teus colegas, por isso, só depois de
procurares as ideias, organizá-las no rascunho e discutir com o teu colega do lado, é que deves escrever o texto.
Em seguida, relê-o e, se necessário, reescreve-o de modo a obteres um texto claro, objectivo e que convence os
colegas”. (P9. pg.16)
6. “Tal como o distrito de changara, no país, há tantos outros em que se prevê bolsas de fome. Coloca-te no lugar
de um agricultor da província de sofala e que tem excedentes da época anterior. Anuncia os teus produtos para a
comercialização com os agentes económicos nacionais/com a população em geral. O teu texto vai ser publicado
no Jornal „O económico‟, por isso, relê-o e, caso seja preciso, reescreve-o. (P9. pg.111).
150
7. “Com os colegas do teu grupo, prepara um guião para uma entrevista que possas fazer ao grupo específico de
pessoas seleccionado (sobre a diabetes). Não te esqueças que as perguntas devem ser muito claras, precisas e
directas; devem poder ser respondidas por todos os elementos do grupo-alvo (....). Depois de preparares o teu
guião, apresenta-o aos teus colegas de turma e ouve as suas observações. Com base nas observações dos colegas
e do teu professor, corrige-o. (…) Recolhe os dados e depois organiza-os e sintetiza as respostas do grupo com
os teus colegas. (...) depois, escreve, com os membros do teu grupo, o relatório da tua pesquisa. Prepara-te para
fazeres uma apresentação oral breve da pesquisa efectuada e para, também, ouvires as apresentações de
pesquisas realizadas pelos teus colegas. Vais ter oportunidade de fazer comentários ou perguntas no final de
cada apresentação e, por isso, é fundamental que estejas atento para que possas tomar notas” (LP10. pg.32).
8. “(...) com os teus colegas de grupo, faz uma lista exaustiva das várias formas de superação das dificuldades
resultantes da seca. Depois, escolhe um único item da tua lista, (...), por exemplo, plantas resistentes à seca ou
mecanismos de captação e reserva de água em zonas rurais, ou ainda, planificação de épocas de produção
agrícola. Realiza uma pesquisa profunda sobre esse item. (....) Tenta recolher informações, podes usar a
internet, livros, revistas, jornais, ou mesmo entrevistar profissionais ou pessoas que vivenciaram uma situação
de seca. (...). Escreve um texto expositivo/argumentativo, de 30-40 linhas, sobre uma forma específica de
mitigação dos efeitos da seca. Define um objectivo específico e tenta construir argumentos que te ajudem a
atingir esse objectivo. Baseia os teus argumentos nas informações que recolheste e tenta citar estudos, referir
factos ou episódios reais. Não te esqueças de escrever uma conclusão directamente relacionada com a tese e o
objectivo do texto.” (LP10.pg.110). “
9. Escreve uma carta ao Director do Parque Nacional de Gorongosa acompanhada de um texto expositivo-
explicativo propondo algumas medidas de defesa da fauna e flora do Parque” (P8. pg.139).
10. “Nesta unidade falámos sobre o Fait-divers. Escreve um texto Jornalístico deste género com um tema à tua
escolha”(P.8. pg.127).
11. “Escreve também uns versos a uma pessoa amiga, exprimindo os teus sentimentos” (P9.pg.141)
12. “Escreve um poema, em que desenvolvas a temática de amor”(P9. pg.145);
13. Reconta (...) por escrito o excerto do romance de Mia Couto que leste e interpretaste nas páginas 68 e 69”
(P8.pg.73);
14. “Agora, num texto narrativo, correctamente escrito por ti, vais imaginar um final para a história. Não te
esqueças de pontuar adequadamente o teu texto.” (P8.pg.73);
15. “...pensar traz muita pedra e pouco caminho”. “Concordas com esta afirmação do narrador? Num pequeno texto
da tua autoria, dá a tua opinião, procurando pontuá-lo o melhor passível” (P8.pg.73).
16. “Escreve, depois, a conversa mantida com os teus novos colegas de turma, aplicando correctamente os sinais de
pontuação, as características da linguagem verbal oral (travessão, reticencias, pontos de exclamação, ponto de
interrogação, vírgula, entre outros sinais gráficos) ” (P9.pg.83).
Fonte: LDLPs adoptados pelo MINEDH-CALE, para o Iº ciclo do ESG (8ª, 9ª e 10ª classe)
Assim, em (38%) do total das tarefas instruídas pelos três LDLPs, ocorre o tratamento de
questões de nível mais profundo relativas a adequação aos parâmetros contextuais e a inserção
na esfera de referência é o exemplo das actividades (com intervenção dos colegas e/ou do
professor) propostas em (5,6,7,8) a realização de uma série de (micro)-tarefas interligadas, que
lhe facultam a mobilização e desenvolvimento de capacidades cognitivas de ordem superior.
Nessas interacções, os aprendentes relacionam e confrontam os saberes, hierarquizam as tarefas
instruídas, verbalizam os conhecimentos, comparam os raciocínios e os resultados, etc.
Conforme Gonzáles (2005:147)a, esse tipo de formulação propicia a procura de informações
para a construção, correcção e reformulação textual; nela ensaiam-se soluções e todas essas
acções favorecem o desenvolvimento cognitivo dos aprendentes.
Essa colocação é legitimada, como vimos, por Bereiter & Scardamalia (1983), que
defendem que o desenvolvimento cognitivo do(s) aprendente(s) no PEA da escrita concretiza-se
por interposição de desafios renovados que podem surgir no desenrolar do processo de
produção, pela permanente transformação da tarefa, resultante das conexões estabelecidas entre
o(s) sujeito(s) e os restantes domínios de conhecimento.
Os exemplos, em análise, parecem confirmar, em parte, a hipótese levantada na secção
(3.2), segundo a qual esta prescrição curricular – MINED/INDE (2010) – assenta na construção
de saberes linguístico-discursivos que suportam a actividade de escrita e sua adequação à
dimensão contextual, em virtude de, do total das 80 (oitenta) instruções veiculadas pelos três
LDLPs, 50, correspondentes a (63%) serem concernentes à escrita para aquisição de técnicas e
modelos; dessa frequência/percentual, 19, equivalentes a (38%), privilegiam a dimensão
processual através da desconstrução de actividades de produção escrita em (micro)-tarefas
gradativas (embora o programa oficial omita a dimensão cognitiva, i.e., a processual) e o
recurso aos TT43 como forma de motivação e contextualização da produção textual dos
aprendentes (conforme latente aos textos reguladores). É assim que 41 dos temas de escrita, no
43
São os seguintes os temas transversais (TT) selecionados para a 8ª classe: respeito pelo património e regras da
escola; agricultura; prevenção de doenças: cólera, disenteria, diabetes, etc.; desastres naturais; saúde e nutrição;
género e equidade; cultura de paz, direitos humanos e democracia; uso sustentável dos recursos naturais; identidade
cultural e moçambicanidade; prevenção das drogas, tabaco e álcool; hiv-sida, assédio sexual e casamento prematuro.
Para a 9ªclasse, são os seguintes os TT seleccionados: direitos humanos e democracia; desporto; prevenção de
doenças-malária; assédio sexual; direitos humanos e democracia; higiene e ambiente; comércio; desastres naturais-
cheias; amor patriótico; educação fiscal; abuso sexual de menores; saúde sexual reprodutiva e gravidez precoce.
153
Iº ciclo, o correspondente a (51%), derivam dos TT embora, dessa percentagem, 10, ou seja,
25% dos enunciados instrutivos a que se ligam esses TT digam respeito à concepção de ensino
da escrita como produto.
Williams (1998:242) refere que as instruções, para a produção escrita de textos na escola,
devem: (i) centrar-se numa tarefa que faz parte de uma sequência elaborada para o
desenvolvimento de capacidades discursivas específicas; (ii) ser claras e objectivas; (iii) definir
„o que‟ e „como‟ escrever (género de texto, recursos necessários, etc.); (iv) abordar a questão
das variáveis presentes no contexto retórico, nomeadamente, o(s) destinatário(s) e a(s)
finalidade(s), etc.; (v) veicular os principais critérios de avaliação que presidirão à correcção do
texto a produzir.
À luz do preceituado por Wiliams (op.cit) sobre a construção de enunciados instrucionais
de actividades concebidas para a promoção das capacidades de escrever pelos aprendentes, há a
observar que, por exemplo, a instrução da actividade (1), em relação à sequência de
aprendizagens em que se integra, surge isolada de outras acções, porém, procura recuperar os
conhecimentos que os aprendentes têm das sessões anteriores (“...respeitando as características
e a estrutura deste tipo de texto, que já abordamos atrás...”).
A esse enunciado, reconhecendo a complexidade de que se reveste o processo de escrita,
está em falta a explicitação das características inerentes ao género notícia e, porque nele não
ocorre uma definição clara do tema de escrita (“...um dado facto ou acontecimento referido pelo
professor e da informação básica acerca do mesmo por ele transmitida...), não são
referenciados aspectos atinentes à situação retórica global que presidirá a produção do texto de
modo que se torne significativo - o que resulta numa produção descontextualizada e sem
critérios claros de avaliação da tarefa.
Na ausência da referência aos passos intermédios e/ou aos sub-processos cognitivos
envolvidos, faz-se alusão, quase exclusiva, a critérios formais (“...respeitando (...) a estrutura
deste tipo de texto”). Aliás, esses moldes de orientar a actividade de produção também presidem
a construção do enunciado instrutivo da actividade, em (2), em que os únicos critérios
anunciados são o género textual “(...notícia...)” e o tema “(...prevenção das doenças...)”
enquadrado no estudo do TT- prevenção de doenças, pelo que não há referência aos aspectos
retóricos.
154
As actividades em (3 e 4), de escrita lúdica e expressiva, introduzidas por “(...) faz uma
composição (...)” e “(...) escreve a tua redacção (...)”, respectivamente, remetem à problemática
da composição44 que, conforme Guedes (2009), reside num escrito sem destinatário(s) nem
finalidade(s); e às questões que a redacção levanta, pois vincula-se à reprodução de modelos de
organização de partes tiradas de um repertório e/ou de um padrão de linguagem. Carvalho
(2001) caracteriza este tipo de escrita como produção em quantidade, sem a prática da reflexão
sobre o processo. Nesses enunciados, o privilégio recai sobre o produto em virtude da omissão
do que Williams (1998) designa como variáveis presentes no contexto retórico, nomeadamente,
o(s) destinatário(s) e a(s) finalidade(s) do texto, e, tal como nos programas, faz-se incidir o
escopo sobre a própria composição (juntar com brilho); a redacção (organizar conforme o
modelo).
Instruídas nesses moldes, as actividades de escrita quase se transformam em mero pretexto
para a exemplificação teórica da forma como o texto “ideal” deve-se apresentar (por ex. a forma
da introdução; do desenvolvimento e da conclusão), por vinculação ao modelo contemplado
(perspectiva behavourista). Deste modo, porque descontextualizados, os textos dos aprendentes
poucas vezes podem ser considerados como unidades de sentido, mais raramente uma prática
discursiva, o que não permite a ascensão das capacidades de produção textual para o modelo
desenvolvido.
Essa argumentação conspira a favor da inferência de que no ensino da escrita no Iº ciclo do
ESG, prevalece a visão tradicional de texto/produto, como nos referimos anteriormente, 37%
das actividades são inerentes à escrita lúdica e expressiva, em moldes de composição e/ou
44
“Composição, redacção e produção de texto são expressões sinónimas, i.e., designam o mesmo fenómeno, a
saber, a acção de escrever textos. Distinguem-se, no entanto, por se vincularem a teorias que expressam diferentes
formas de considerar não só a acção de escrever textos, a acção de ensinar a escrever textos e a acção de exercitar a
linguagem, (...). A composição vinculando-se à lógica formal, a correcção do raciocínio independentemente do
contexto e das finalidades em que é anunciado (...) a composição pressupõe leitores (...) que vão aplaudir a riqueza
do vocabulário ou o virtuosismo de determinadas construções sintácticas, etc. Redacção liga-se aos aspectos
organizacionais conforme convenções epocais, em que a linguagem é vista como um código pelo qual o emissor
cifra a mensagem que será decifrada pelo receptor (tudo limpo, muito organizado, bastando um bom trabalho de
manutenção) pressupõe leitores que vão executar os comandos (a busca de tal organização por imitação de
modelos); produção textual consiste em escrever um texto com destinatários e finalidades particulares, pressupõe
leitores que dialogam com o texto, concordam, discordam, aprofundam, argumentam, contra-argumentam, etc. (...)”
Guedes (2009:88).
155
redacção escolar que resultam em textos descontextualizados e sem reflexão, o que, na óptica
de Carvalho (1999), (2001) e (2003), concorre para perpetuar na escola a escrita de explicitação
do conhecimento. Aliás, ao contrário do que Bright (1995) e Wiliams (1998) defendem ao
ressaltarem que as instruções devem incluir e mobilizar pistas acerca dos conhecimentos
(declarativos e processuais) de forma a desencadear aprendizagens significativas, ou seja, que
devem promover a mobilização e a inclusão dos conhecimentos prévios necessários e das
estratégia(s) cognitiva(s) requerida(s) para a resolução da tarefa, 62% do volume total das
instruções privilegia uma visão de produto.
Na amostra, à excepção das instruções 5,6,7,8 todas as restantes são exemplificativas da
visão de produto, ou seja, de actividades estabelecidas numa perspectiva globalizante em que se
privilegiam informações como escreve uma carta/ um poema/versos/textos jornalísticos, etc.
sem qualquer referência aos passos intermédios que conduzirão ao produto e acrescentam-se
informações inerentes à estrutura de superfície como não te esqueças de pontuar
adequadamente o teu texto; procura pontuá-lo o melhor possível; aplicando correctamente os
sinais de pontuação, as características da linguagem verbal oral-travessão, reticências, pontos
de exclamação, ponto de interrogação, vírgula, entre outros sinais gráficos.
Corroborando Gonzáles (2005), inferimos que instruções concebidas deste modo, embora
incidam sobre uma das dimensões importantes – dos aspectos formais – não geram situações
que despoletam o „conflito cognitivo‟, ou seja, em que o aprendente se confronte com eventuais
problemas de textualidade que comprometam, por exemplo, a sua adequação aos parâmetros do
contexto retórico e tenham que procurar alternativas de solução, o que obrigaria a que os
aprendentes reflectissem, reformulassem e reescrevessem individual e/ou em grupo o produto
inicial.
Analisando essas propostas de trabalho à luz da perspectiva cognitivista e de
desenvolvimento da capacidade de expressão escrita, a componente da planificação parece-nos
implicada em todas as actividades que incluem a dimensão processual, antes referidas, ainda que
nem sempre se explicitem as acções ou aspectos que devem ser considerados antes de se
começar a escrever o texto. A revisão, entendida como aperfeiçoamento do texto, é algumas
vezes tratada (instruçôes-5,6,7), mas, no cômputo geral, não é praticada. Nessa conformidade,
com maior ou menor detalhe, é sobre a componente da redacção que incide a maioria das acções
156
aprendizagem da escrita, que visem , por exemplo, o desenvolvimento das várias (micro)-
tarefas ligadas às componentes envolvidas no processo de escrita (planificação, redacção,
revisão/reescrita). Na sequência da omissão da dimensão cognitiva, depreendemos que os
actuais programas acentuam a visão globalizante, centrada, sobretudo, nos produtos da escrita,
ao invés de uma abordagem sectorial (Amor, 1999) focalizada nos diferentes componentes do
processo e nas (micro)-tarefas (Pereira & Azevedo, 2002) neles implicadas.
Ainda assim, do corpus em estudo, 38% das instruções analisadas apontam para uma
concepção de ensino da escrita como um processo cooperativo, activo e, sobretudo, reflexivo
(Maciel & Comé, 2010)45. Essas instruções, tendo sido concebidas conforme o preceituado por
Bright (1995), Wiliams (1998), Santana (2003), Pereira (2002) e González (2005),
exemplificam tarefas de escrita integradas numa sequência de actividades elaboradas para o
desenvolvimento de capacidades discursivas específicas (visto que o PEA da escrita não deve
consistir na sujeição dos aprendentes “à realização de actividades ocasionais”). Essa forma de
organizar as actividades de escrita visa a mobilização, por um lado, de conhecimentos
declarativos e processuais prévios, por outro, de estratégia(s) cognitiva(s) requerida(s) para a
produção textual.
Todavia, no geral, da leitura dos LDLPs concebidos como instrumentos de
recontextualização e regulação de conteúdos e processos de transmissão e aquisição de saberes
sobre a língua (Castro, 1985; Dionísio, 2000; Carvalho, 2001, 2003c), constatamos,
nomeadamente, a prevalência da visão de produto, na cifra de 62% do total dos enunciados
instrucionais veiculados pelos três LDLPs em análise, sob forma de instruções de „composição‟
escolar e/ou „redacção‟ ou ainda de produção escrita descontextualizada, em que o escopo
incide sobre o texto/produto e não no processo e sem referência a qualquer critério de
adequação ao contexto de comunicação.
45
LP-10 (Plural Editores) único LDLP (adoptado pelo MINEDH para o Iº do ESG) que apresenta o Livro do
Professor, e que procura transmitir orientações e sugestões metodológicas relativas ao uso do Livro do Aluno.
158
aula, inerentes ao ensino-aprendizagem da escrita, com este subcapítulo, face aos problemas
sistematizados na secção anterior, pretendemos analisar os mecanismos que, de forma
fundamentada, nos permitam a construção de uma estratégia de intervenção pedagógica
adequada à realidade da escola moçambicana, com a finalidade de promover as capacidades de
escrita dos aprendentes do ESG do Iº ciclo.
Da pesquisa que desenvolvemos no IIº ciclo do ESG em Moçambique, com o objectivo de
identificar as actividades e estratégias privilegiadas pelos professores no PEA da escrita e
avaliar “em que medida a explicitação da situação retórica e o ensino explícito das estratégias de
planificação e revisão contribuem para a melhoria da escrita dos aprendentes”, tendo, para tal,
observado aulas durante dois semestres, analisado o programa de Português do IIº ciclo e o
LDLP (então adoptado), concluímos, entre outros aspectos, que o ensino da escrita neste nível
carece de objectivos assentes em práticas processuais.
Aliado ao quadro descrito, consequente da inexistência, nas orientações metodológicas e
indicadores de desempenho, de qualquer menção concreta a conteúdos próprios de uma
aprendizagem da escrita, por um lado, rareiam, no Iº ciclo do ESG, propostas de actividades
baseadas no processo que se operacionalizam por meio de projectos de escrita. Por outro, as
instruções transmitidas, não implicando, na maioria dos casos, a consideração da dimensão
retórica, quase que se transformam em mero pretexto para a exemplificação teórica da forma
como o “texto ideal” deve se apresentar, por vinculação ao modelo contemplado (perspectiva
behavourista) e/ou de escrita lúdica e expressiva. Deste modo, os textos dos aprendentes poucas
vezes podem ser considerados como unidades de sentido, mais raramente uma prática
discursiva, sobretudo, por não implicarem reflexão sobre os aspectos retóricos.
Na linha argumentativa de Scardamalia & Bereiter (1987), este tipo de escrita é
caracterizada pelo modelo de explicitação do conhecimento que consiste em um “fluir” dos
conhecimentos (knowledge telling) recuperados da MLD, sem reflexão, desde que adequados ao
tema e ao género textual. As actividades desse modo concebidas, na senda dos autores em pauta,
não contribuem para a promoção da capacidade de expressão escrita dos aprendentes.
Os resultados do estudo experimental (oficina de escrita), que realizamos no âmbito da
pesquisa para a obtenção do grau de mestrado, mostram a esse respeito que 80% dos
aprendentes da amostra do IIº ciclo do ESG opta pelo rascunho-texto (terminologia de Pires,
159
2005). Assim sendo, a partir da opção feita não nos parece que os aprendentes estabeleçam
tempo suficiente para projectarem os critérios de adequação veiculados pelo contexto retórico e
social da tarefa. Cerca de 13% dos aprendentes da amostra, opta pelo rascunho-plano-guia, o
formado apenas por tópicos, sem desenvolvimento e sem uma hierarquização clara das ideias,
o que parece revelar a falta de disponibilidade de recursos cognitivos para que,
simultaneamente, à geração de ideias ocorram operações de hierarquização.
Relativamente a essa problemática é de reflectir em torno da evolução dos aprendentes do
estádio de escrita em desenvolvimento para níveis de escrita desenvolvida – indiciado da análise
do lugar da escrita nos programas – se, conforme questiona Carvalho (1999) e (2001) não
deveria ser assumida como um dos objectivos essenciais a atingir no âmbito das competências a
construir nas aulas de Português, sobretudo a partir do Iº ciclo do ESG, se considerarmos, com
Bereiter & Scardamalia (1987) que o sujeito-aprendente, tendo já consciência de que na escrita
o destinatário não partilha o mesmo contexto situacional de produção, deve consciencializar-se e
incorporar em seus escritos (a necessidade de) um nível de explicitação adequado aos
alocutários e o recurso a estratégias linguístico-discursivas de modo que o texto produzido
assegure a compreensão sem as pistas do que na modalidade oral o interlocutor fornece.
A reflexão a que nos propomos fundamenta-se, assim, na necessidade de a escola
engendrar estratégias didácticas a fim de promover a transição dos aprendentes, na escola
moçambicana, de uma escrita de explicitação para uma escrita de transformação de
conhecimentos.
A viragem de um quadro como o descrito representa uma tarefa complexa, em virtude de
implicar o conhecimento do modo como os mecanismos cognitivos operam. Nessa
consonância, na linha de Scardamalia & Bereiter (1986), apud Carvalho (1999), (2001) e
(2003a) convocamos os contributos da Psicologia Cognitiva desenvolvidos por Sternberg
(1980) e (1985) que, no âmbito da subteoria componencial, procura explicar a natureza do
desenvolvimento intelectual. A seguir, apresentamos esta subteoria de modo sucinto.
Sternberg (1980) e (1985) baseado na noção de componentes que define como processos
executivos de ordem superior que se usam para planificar uma actividade, controlar e avaliar o
seu resultado, ou ainda, como „um processo de informação elementar que opera sobre
160
Sternberg (1985:22) define cinco componentes diferentes, de acordo com o papel que
exercem, assim:
recursos limitados, se o volume de informação for superior à sua capacidade, parte dessa
informação pode perder-se.
No âmbito dos estudos sobre o processo de escrita desenvolvidos por Bereiter &
Scardamalia (1987), as metacomponentes e as componentes de performance46 desempenham um
papel de fundamental importância que designam de factores de produção. É nessa base que
Bereiter & Scardamalia (op.cit) exortam para a necessidade de consideração das
metacomponentes e dos factores de produção em qualquer teoria explicativa dos processos
envolvidos na composição escrita, ou seja, estes autores chamam a atenção para se ter em conta
ambas as propriedades do conhecimento de quem escreve e as propriedades do substrato
psicológico do conhecimento do sujeito que restringem o uso desse conhecimento.
Se considerarmos, por exemplo, apenas as metacomponentes não ficaria claro por que é que
os sujeitos-aprendentes (inexperientes) não se podem transformar em escritores competentes
apenas por exposição ao conhecimento dos que podem ser considerados como possuindo
domínio pleno desta competência. Assim, na senda de Bereiter & Scardamalia (op.cit) e
Carvalho (1999) e (2001), as dificuldades reveladas pelos mais novos têm também que ver,
conforme dicutimos em (2.3.1), com limitações situadas ao nível dos factores de produção, já
46
Também designadas de componentes de execução em virtude de, genericamente, dizerem respeito ao nível de
execução real das várias estratégias de resolução de problemas, ou seja, à execução de planos. Consijero &
Carrateiro (1993), apud Cruz & Fonseca (2002), e Sernberg & Spear (1985) referem ainda a existência de seis
componentes de execução, nomeadamente, (i) codificação; (ii) inferência; (iii) mapeamento; (iv) aplicação; (v)
comparação e (vi) justificação.
162
que se se situassem apenas ao nível das metacomponentes, poderiam ser superadas por simples
exposição às regras.
Para Bereiter & Scardamalia (1987), a origem das dificuldades manifestas pelos sujeitos-
aprendentes, em estágio de escrita em desenvolvimento, reside nas demandas que disputam, em
simultâneo, a atenção, tornando, por conseguinte, o processo demasiado complexo, dada a
interdependência entre os componentes. Pelo que se pode depreender, a coordenação é uma
operação cognitiva complexa dependendo sobretudo dos mecanismos de processamento e da sua
limitada capacidade de, num determinado intervalo, prestar a atenção a certo número de
objectos mentais.
Na esteira dos autores supracitados, podem, deste modo, ser explicadas as dificuldades
experimentadas pelos sujeitos-aprendentes em desenvolvimento em lidar quer com a
planificação (no estabelecimento de objectivos, na consideração dos destinatários, dos
conhecimentos (não) partilhados, das finalidades do texto, etc.), quer com a revisão/reescrita,
etc. É assim porque os mecanismos de processamento estão, no decurso da produção textual,
163
Estas são estratégias que, antes da dimensão retórica, incidem sobre a estrutura executiva onde
as estruturas retóricas se encaixam. Isto é, a atenção à dimensão retórica só pode ser efectiva se
existir uma estrutura onde ela possa funcionar, estrutura essa que defina os objectivos a atingir
com o texto e que controle o processo em função desses objectivos, identificando os obstáculos e
resolvendo os problemas que se vão colocando.
É nesta sequência que Bereiter & Scardamalia (1987), para a redução da sobrecarga
cognitiva envolvida no processo de produção textual, fazem incidir o escopo sobre a
aprendizagem dos mecanismos de auto-regulação. Para esses autores, é a conjugação destes
mecanismos (por exemplo, verificar, planear, controlar, rever, avaliar) que permite a realização
da tarefa; concomitantemente, a frequência ao recurso à comparação com outros mecanismos,
de natureza não reguladora (por exemplo, gerar informação ou redigir), que permite diferenciar
os sujeitos aprendentes em desenvolvimento da capacidade de escrita, dos sujeitos com a escrita
desenvolvida.
Assim, um objectivo geral, definido em termos mais abstractos, pode ser concretizado por
recurso a uma via complexa, ou seja, através de sucessivas reavaliações e transformações da
tarefa de acordo com o previamente estabelecido. De igual modo, o objectivo pode ser atingido
165
por recurso a via mais simples, ignorando-se as objecções que provavelmente se coloquem à sua
concretização e as alternativas possíveis e se se mantiver o objectivo inicial sempre presente. Ao
promovermos a consecução de objectivos mais concretos, pela (des)construção dos abstractos
em (micro)-tarefas envolvidas, poderemos estar a promover nos aprendentes capacidades
cognitivas que são próprias da via mais complexa – o modelo de transformação de
conhecimentos.
Neste sentido, a facilitação usa auxílios externos projectados explicitamente para suportar
uma versão simplificada dos processos usados pelos escritores experientes, fornecendo, assim,
uma base para a internalização pelos sujeitos em desenvolvimento. A facilitação processual
concebida, nestes moldes, baseia-se na pesquisa dos processos envolvidos na produção escrita e
seus principais pontos de dificuldade. Para Scardamalia & Bereiter (1983) e Bereiter &
Scardamalia (1987) a facilitação processual consiste na introdução e “rotinização” de um
mecanismo regulador que permite ao sujeito realizar tarefas que normalmente não as enquadra
no seu comportamento habitual e que lhe permite a realização de operações de nível mais
elevado.
Esta conceptualização parece apoiada por Carvalho (1999) e (2001), cuja pesquisa se baseia
nas funções auto-reguladoras, concretamente, na promoção da adequação do texto à situação de
comunicação sem que isso provoque sobrecarga dos mecanismos cognitivos de processamento.
Nesse estudo, o autor define a facilitação do procedimento como consistindo em provocar a
realização cíclica e simplificada de uma tarefa que os indivíduos que desenvolveram a
capacidade de escrever normalmente realizam e que os sujeitos em desenvolvimento têm
166
dificuldade em levar a cabo, na medida em que a realização dessa tarefa se for progressivamente
interiorizada, pode funcionar como factor de desenvolvimento da capacidade de escrever.
Bereiter & Scardamalia (1987) identificam fases sucessivas pelas quais passa a concepção
de uma estratégia de facilitação do procedimento, designadamente: (i) identificação do
mecanismo de auto-regulação que não sendo usado pelo sujeito aprendente, ou que a ele recorra
de forma muito elementar, e que a sua adopção possa desencadear o seu desenvolvimento tal
como o de escritor competente; (ii) descrição desse mecanismo no que concerne ao papel que
desempenha no processo e no que às operações cognitivas reporta; (iv) definição de estratégias
de optimização (criação de rotinas) e do gasto dos recursos implicados com a sua introdução e o
seu abandono; (v) concepção de pistas e rotinas por modo a aliviar a sobrecarga dos
mecanismos.
O estudo experimental realizado por Scardamalia & Bereiter (1983) consiste no teste de uma
estratégia de facilitação do procedimento ao nível da componente da revisão, a partir da
constatação de que os sujeitos-aprendentes dificilmente passam do nível inferior da geração do
texto para níveis superiores como a avaliação e a revisão.
O principal pressuposto subjacente a reter desse estudo é que numa rotina executiva
simplificada, os sujeitos-aprendentes podem, tal como os sujeitos experientes, realizar a
avaliação e a revisão frase a frase (simplificação do procedimento) o que reduziria os problemas
de controlo executivo e com a automatização do procedimento, passarem aos níveis profundos
167
do texto. Tendo-se reduzido o volume de informação a processar para evitar bloqueios, uma das
conclusões do estudo reportado é que os sujeitos-aprendentes fizeram mais revisões do que é
normal.
O estudo desenvolvido por Scardamalia & Bereiter (1983), relativo aos processos de
revisão, apesar de ter o enfoque no conhecimento de um aspecto específico do processo de
escrita, as estratégias de (auto)-regulação, designadamente, a facilitação do procedimento e de
concretização dos objectivos, conforme demonstram os estudos citados, pode constituir um ponto
de partida para a criação de estratégias de ensino-aprendizagem da escrita.
Assumimos, tal como Filho (2000:13ss), a existência de duas visões do mundo na pesquisa
educacional, nomeadamente, (i) a visão realista-objectivista e (ii) a visão idealista-subjectiva,
associadas ao positivismo e à fenomenologia, respectivamente.
Conforme Bogdan & Biklen (1994), enquanto na pesquisa quantitativa, visão realista-
objectivista, o investigador usa mais ou menos instrumentos padronizados e adopta
procedimentos metodológicos recomendados na literatura, em função das hipóteses previamente
definidas, na investigação do tipo qualitativo/interpretativo, o trabalho de recolha e análise de
dados é uma actividade diversificada e que coloca frequentemente problemas inesperados. Esta
situação, procede, por um lado, da plasticidade de fronteiras entre os diferentes métodos, por
outro, das variáveis que derivam do contexto do estudo. Em nossa percepção, o paradigma
qualitativo implica criatividade quer na concepção dos instrumentos, quer na conduta do
investigador, relativamente ao objecto de estudo.
para o ensino da escrita na 10ª classe do ESG. Este PIP privilegia uma intervenção sectorial
(Amor, 1999), proporcionando, desse modo, uma abordagem centrada nos componentes
recursivos do processo de escrita, conforme a proposta de Flower & Hayes (1981) e estudos
recentes sobre este domínio tais como Cabral (2005), Camps (2005), Pires (2005), Barbeiro
(2003), Carvalho (2003, 2011 e 2012), Gomes (2013), Oliveira (2014), entre outros. Para o
efeito, como nos referimos na introdução, a estratégia adoptada reside na (des)construção da
actividade global de produção do texto em (micro)-tarefas (Pereira & Azevedo, 2002) e adopção
de estratégias de facilitação do procedimento (Bereiter & Scardamalia, 1987).
47
Denominação ficticia, por questões éticas, de modo a preservarmos a identidade dos informantes.
48
Direcção da Educação e Desenvolvimento Humano da Cidade de Maputo
172
bairro Ka-chamanculo “A”, nas proximidades do mercado grossista de Fajardo, um grande polo
de atracção de moçambicanos originários de todo o país que nele buscam oportunidades de
negócio e estratégias de sobrevivência. Assim, partimos do pressuposto de que a sua população
era heterogénea e representava a(s) variedade(s) linguística(s) em uso não só na Cidade de
Maputo, como também em outros pontos do país.
O estudo realiza-se na turma-B da 10ª classe, formada por 3549 aprendentes (que faziam a
secção de letras e de ciências), com o intervalo de idades compreendido entre 15 e 17 anos. A
figura que se segue ilustra a distribuição dos sujeitos do estudo, por local de residência,
conforme os resultados do inquérito sociolinguístico que administrámos (apêndice-II).
Bairro do Chamanculo 07 20
49
Além deste número, a turma tem ainda 09 aprendentes que fazem a secção de ciências, razão pela qual não os
integramos no estudo, dado que nunca estariam presentes nas oficinas de escrita.
173
Bairro do Xipamanine 07 20
Bairro da Malanga 08 23
Bairro do Alto-Maé 04 11
Bairro da Mafalala 04 11
Bairro do Mikajuine 02 6
LM [n] [%]
Português 13 37
50
Terminologia de Dias, et al (2009)
174
Xichangana51 10 29
Citshwa 5 14
Cicopi 4 11
Cindau 1 3
Echuwabo 2 6
O Português (37%), Xichangana (29%), Citshwa (14%), Cicopi (11%), Echuwabo (6%) e
Cindau (3%) constituem as línguas maternas (LM) dos aprendentes da turma seleccionada, o que
parece confirmar a heterogeneidade linguístico-cultural da população estudantil alvo do estudo.
Assim, se 37% tem o Português como LM, então 63% dos aprendentes da turma tem uma língua
Bantu como LM e o Português, tipicamente, uma L2. Neste sentido, parece-nos que a norma
culta do PM é a variedade linguística privilegiada, pelo menos, em contexto formal de
aprendizagem.
51
Ortografia adoptada por NELIMO(1989)
175
obrigatória, uma vez que as sessões decorriam, semanalmente, na última aula dupla (90‟) da
disciplina de Português.
Para Caetano (2004), Coutinho (2005), (2011), Elliott (1991) entre outros, apud Máximo-
Esteves (2008), a investigação acção (I-A) se institui como uma família de metodologias de
investigação que incluem a acção (ou mudança) e a investigação (ou compreensão); deste modo,
a I-A utiliza um processo cíclico ou em espiral, que alterna entre a acção e a reflexão crítica.
Partilhamos, assim, a compreensão de Sousa (2005:95) que advoga que a I-A, resultando da
junção de investigação (procurar, pesquisar) à acção (actuação desempenho), em educação, o seu
quadro referencial metodológico se institui como o mesmo – “estudar a fenomenologia da
situação pedagógica”.
Nesse prisma, retemos com Cohen & Manion (1987), que se trata de um procedimento in
loco visando lidar com um problema concreto e localizado num contexto específico, no caso
vertente, de ensino e aprendizagem do Português/L2. Esta situação, aliada ao foco central deste
estudo, “a procura de estratégias que promovam a escrita dos aprendentes”, parece-nos, implicar
que o processo seja constantemente controlado, passo a passo, durante períodos de tempo
variáveis. Para o efeito, utilizamos diversas técnicas e instrumentos de estudos qualitativos,
designadamente, notas de campo, entrevistas, questionários, análise documental e de
conteúdo. Desse modo, tencionamos que os resultados obtidos reflictam as reformulações,
modificações, ajustamentos e mudanças de direcção realizados no PIP, conforme as incidências
do contexto de intervenção.
Nesses moldes, porque assumimos a concepção de Silva (1996) que ressalta que a I-A deriva
da análise das necessidades de um contexto particular, seguida da identificação de um problema,
a partir do qual se desenha o caminho da acção – a intervenção – com Sousa (op.cit:96),
aprendemos que a I-A baseia-se na observação de comportamentos e atitudes no decurso da
acção pedagógica, por isso, requer a “planificação das acções” (sessões/aulas) que se sucedem
no tempo, abordando “conteúdos programáticos” específicos (fig.7). No caso deste estudo, trata-
176
Essa avaliação, de cariz formativo, incide, neste estudo, sobre as verbalizações dos
aprendentes no decurso do processo de produção textual (ciclo I & II); “notas de campo” (ciclo I,
II & III); questionário (ciclo-I); entrevista (ciclo II & III) e os produtos dos aprendentes (ciclo I,
II & III). Desse modo, criamos o “diário de bordo” (elaborado à posteriori à observação)
constituído pelos registos analíticos do que ocorreu no ciclo: as estratégias (meta)-cognitivas de
resolução de problemas, as alternativas e/ou soluções encontradas no processo de construção
textual em contexto colaborativo, a evolução dos aprendentes durante os ciclos, etc. assim, a
avaliação do processo proporciona inferências concernentes às técnicas, aos mecanismos
facilitadores e às estratégias (meta)cognitivas convocadas pelos aprendentes para a resolução
dos problemas que procedem da produção textual com observância do problema retórico.
implementação do PIP tem a duração de dezoito (18) tempos lectivos, com a facilitação do
pesquisador, auxiliado pelo docente-titular da turma. Para a construção do PIP, consideramos as
unidades didácticas, os temas transversais (TT) e os géneros textuais prescritos pelo programa da
disciplina de Português (MINED/INDE,2010). Reestruturamos algumas propostas do LDLP, LP-
10 adoptado, fig.7, com a (des)construção de actividades de escrita (perspectiva molecular), a
introdução dos respectivos mecanismos de facilitação do processo e de consciencialização do
procedimento, em ambiente colaborativo, dadas as características do contexto do estudo. Deste
modo, organizámos o PIP em três ciclos de três aulas duplas cada, em que, em cada sessão (aula
de ‟90), abordámos apenas uma das três componentes do processo de escrita e as (micro)-terefas
implicadas, conforme a proposta de Pereira & Azevedo (2002), apoiadas em Flower & Hayes
(1981), entre outros. A seguir, apresentamos a organização prévia da intervenção:
52
Sujeita a reajustamentos em função das incidências observadas no percurso da implementação.
178
A concepção deste estágio, por um lado, é fundamentada pela proposta de Sheeran &
Barnes (1991) que, com o objectivo de superar os constrangimentos decorrentes de regras
53
Na realidade, como vimos no Cap.II, os componentes do processo de escrita são recursivos. Por exemplo, a
componente da redacção pode ser imterrompida, no seu decurso para dar lugar à ocorrência da revisão de processo
que, identificando desasjustamento, acciona estratégias de revisão reescrita que, muitas vezes, envolvem a re-
planificação e nova redacção.
179
NB: Se o grupo/o aprendente respondeu “não” em algum(ns) número(s), deverá rever o(s) aspecto(s)
referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar para a tarefa seguinte.
NB: Se o grupo/o aprendente respondeu “não” ao número (1) e “sim” aos números (2,3 e 4) deverá rever o(s)
aspecto(s) referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar para a tarefa seguinte.
a) Abrir novo parágrafo; b) eliminar o parágrafo; c) trocar a ordem das palavras; d) inserir um
vocábulo; e) substituir o vocábulo; f) inserir sinal de pontuação; g) substituir o sinal de pontuação; h)
corrigir erro ortográfico; i) corrigir erro sintáctico; j) corrigir frase mal construída/de difícil
interpretação; l) adequar a linguagem ao(s) destinatário(s); m) acrescentar informação; n) apagar a
informação; o) substituir informações (segmentos/parágrafos); p) deslocar/(re)distribuir informação.
Adaptado de Pereira & Azevedo (2002)
Assim, no término de cada um dos três ciclos, concretamente, no 4º estágio, realizámos uma
actividade de (auto)-avaliação, em que, no ciclo-I, fizemos uso do questionário, fig.12; e, nos
ciclos II e III, recorremos ao guião de entrevista, fig.13, que a seguir apresentamos.
183
Porque: a). (...) permite procurar as ideias a colocar no texto; a‟) (...) permite organizar as ideias;
b) (...) é o momento da escrita propriamente dita; b‟) (...) transforma o plano em texto;
c) (...) permite modificar o texto e adequá-lo aos objectivos e aos destinatários; c‟) (...)
ajuda a melhorar o texto em todos os aspectos.
4. Escolhe, da lista a baixo, um aspecto positivo que consideras o mais importante do uso dos códigos
de revisão nos teus textos.
1. Achas que a produção do texto por etapas (planificação, redacção e revisão-reescrita) tem
vantagens? ..................................................Se sim, quais?. ...................................................
..................................................................................................................................................
2. Qual é para ti a importância da planificação? ...........................................................................
Porquê? ............................................................................................................................
3. Consideras importante o trabalho com as fichas de verificação das tarefas de planificação,
redacção e da revisão do texto? .......................(Sim/Não).
Justifica..........................................................
...........................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
4. Apresenta três aspectos positivos do uso dos códigos de revisão nos teus textos.
...................................................................................................................................................
Na administração das fichas, em contexto de sala de aulas, assumimos uma dupla função: (i)
de facilitador das actividades; (ii) de investigador. Este duplo papel procede do nosso
envolvimento na intervenção, com os objectivos principais de, através da nossa acção: (i) operar
mudanças nas práticas de ensino da escrita; (ii) monitorar, descrever e analisar os processos dos
aprendentes, em cada componente, na produção de diferentes géneros textuais; (iii) avaliar o
impacto das fichas de facilitação do procedimento. Para a concretização da dimensão da
investigação implicada nos objectivos mencionados, a recolha de dados é orientada pelas
técnicas que apresentamos nas secções seguintes.
Nesta conformidade, de modo a abarcarmos não só dados inerentes aos produtos, mas
também ao processo, neste estudo, baseados nas técnicas e instrumentos, acima referidos,
procuramos conjugar:
O questionário aos aprendentes, integrado no ciclo-I (PIP), constitui uma das bases da nossa
acção, centra-se na formulação de questões que nos permitem ter uma percepção mais sustentada
da relação que os aprendentes têm, de início, com a escrita, proporcionando, por conseguinte, o
mapeamento dos conhecimentos prévios sobre esta modalidade da linguagem verbal e
percebermos a forma como estes sujeitos integram as componentes de planificação e de revisão
no processo de escrita; no quarto estágio dos ciclos-II e III, realizamos entrevistas aos
aprendentes, com o objectivo de percebermos os seus conhecimentos explícitos relativamente à
planificação, redacção e revisão/reescrita.
Essas entrevistas decorrem com recurso à gravação áudio e, posteriormente, transcritas com
auxílio do processador de textos Word-2013, sucedendo o mesmo em relação às interacções
resultantes do processo de produção textual em contexto colaborativo, e das versões sucessivas
dos planos e textos dos aprendentes.
No término de cada ciclo, após todo o processo que implica a intervenção e recolha de
dados em contexto de escrita colaborativa na sala de aula, realizamos a análise dos resultados
obtidos. Com recurso aos instrumentos e procedimentos de investigação privilegiados, diário de
bordo formado com base nas notas de campo e verbalizações gravadas e transcritas no decurso
do processo, procedemos a uma descrição estruturada conforme os ciclos planificados e a
respectiva análise interpretativa que permite reflectir sobre os processos utilizados, os resultados
alcançados e a reconstrução da compreensão do problema de investigação colocado no início,
das decisões tomadas e, consequentemente, das alterações operadas nos ciclos.
187
Neste estudo, os métodos e técnicas que usamos para a análise das componentes de
planificação, redacção e revisão/reescrita podem dividir-se em dois grupos, nomeadamente, (i) os
que focalizam o produto; (ii) os que privilegiam o próprio processo (Hayes & Flower, 1983).
Porém, o estudo dessas categorias centradas nos produtos não permite a análise das
tentativas de revisão não concretizadas ou concretizadas antes da componente de redacção, o que
Witte (1985) designa por alterações pré-textuais, em virtude de corresponderem a um dos níveis
188
do fenómeno em observação. Como referem Scardamalia & Bereiter (1983:99), essa análise
pode ser completada e validada por outros meios. Neste estudo, recorremos às categorias de
rascunho definidas por Pires (2005) e à discussão das verbalizações captadas por recurso a
gravadores/telemóveis dissimulados nos grupos de trabalho no decurso da produção escrita
colaborativa – perspectiva de Bereiter & Scardamalia (1987) em que defendem que, no decurso
de uma actividade intelectual, um grupo de pessoas pensa em voz alta e gera dados relevantes
para o investigador; ao questionário (ciclo-I) e às entrevistas que decorrem no término dos
ciclos II e III (Oliveira, 2014) com um representante de cada um dos seis sub-grupos da amostra,
de modo a aferirmos o nível de consciencialização dos procedimentos e das (micro)-tarefas
envolvidas em cada componente.
integram a actividade de revisão, que aspectos privilegiam, até que ponto as fichas de verificação
das (micro)-tarefas e os código de revisão funcionam como mecanismos facilitadores do
processo, na linha argumentativa de Bereiter & Scardamalia (1987); Carvalho (1999),(2001) e
(2003), Pereira & Azevedo (2002) e Oliveira (2014). Por recurso à análise de conteúdo em que
privilegiamos as operações cognitivas da revisão, designadamente, adição, supressão,
deslocamento/(re)distribuição, substituição e suas implicações, desenvolvemos um sistema
quantitativo-qualitativo que nos permite estudar as alterações feitas e a evolução dos aprendentes
à medida que vão automatizando os procedimentos, nos diferentes ciclos de implementação do
PIP.
Por questões éticas e de modo a preservar a identidade dos sujeitos envolvidos no estudo,
codificamos todos os informantes e usamos uma denominação fictícia para a escola, assim como
a designação da turma que serve de marco referencial e dos grupos da amostra. No apêndice-3,
está a declaração de anuência cujo original impresso está devidamente assinado pela Direcção da
Escola, professor e aprendentes da amostra.
190
5.2.1. Iº Estágio-planificação
Numa primeira etapa, como ponto de partida para a intervenção, sessão-I, integrado no TT
“Género e Equidade”, já trabalhado nas aulas do professor titular da turma, promovemos um
debate oral entre os aprendentes. Para proporcionar um suporte para o desenvolvimento temático,
sob nossa orientação, os aprendentes fazem a leitura e interpretação do conto do Livro do Aluno,
LP10, Plural Editores (pg.16), Unidade-1, cujo enredo reside na desigualdade de direitos e
deveres entre homem e mulher na sociedade tradicional. Em seguida, os aprendentes reflectem
em grupos (de cinco elementos) sobre: “as relações homem e mulher na sociedade tradicional; na
192
família, escola, bairro residencial e na sociedade moçambicana, em geral”. Desse debate, a partir
da intervenção dos porta-vozes dos grupos, destacamos, oralmente, no fim das intervenções, os
principais posicionamentos assumidos, a saber:
Após a apresentação comentada da síntese pelo facilitador, os aprendentes recebem, nos seus
grupos, o enunciado instrutivo nº1, para a produção processual do texto argumentativo, fig.14.
Em anexo, baseado na proposta de Sheeran & Barnes (1991), de forma explícita, instruímos a
realização das (micro)-tarefas de pré-escrita, inspiradas em Pereira & Azevedo (2002),
designadamente: a identificação do tema da produção; o(s) destinatário(s); a(s) finalidade(s) do
texto; a tese que o grupo vai defender ou refutar; argumentos, exemplos que legitimam a
193
tese/argumentação e a conclusão. Cada grupo recebe o enunciado instrutivo, numa folha A4,
conforme o PIP, previamente elaborado.
Instrução n.1
1º Estágio – Planificação
Vais produzir este texto por etapas. Neste momento, concentra-te apenas nas actividades de
planificação, concretamente, vais identificar o(s) destinatário(s) e a(s) finalidade(s) do texto; a
tese que vais defender (o teu posicionamento perante o problema apresentado); os argumentos (as
razões), os exemplos e a conclusão.
Só depois de concluíres estas tarefas vais organizar as tuas ideias sob forma de plano/rascunho do
texto.
do texto modelo, nas aulas do professor titular, orientamos os grupos para a produção da 1ª
versão do rascunho/plano do texto.
A partir da análise das verbalizações dos aprendentes e da leitura dos planos (1ª versão),
neste primeiro estágio, constatamos os seguintes aspectos:
direitos e deveres entre homem e mulher. Essa estratégia e tópicos discutidos no debate parecem
ter auxiliado os aprendentes do G5, equivalente a 33% da amostra, na geração de ideias e sua
hierarquização em forma de plano. Este grupo discute “a igualdade entre o homem e a mulher”,
o que se reflecte no conteúdo do seu rascunho-texto.
Ainda assim, a partir da opção feita e ouvidas atentamente as verbalizações dos aprendentes,
(anexo-2), não nos parece que a discussão realizada pelo G-2, grosso modo, tenha em
consideração a adequação da linguagem e dos conteúdos abordados aos destinatários e às
finalidades.
1. (...) nós estamos a ditar-te, escreve/(...) vamos organizar bem, isso ai!! / (...) a...as consequências
do casamento prematuro são:/(...)ah! Você, pá! Aqui tinha que começar por uma “cena” assim –
“eu sabia que...”/Que, o quê?/o que você acha? Não é qualquer texto/ a mulher ou criança através
dos casamentos prematuros (...) é obrigada (...) a ter de ter uma vida conjugal/ (...) é obrigada a
criança, a deixar de estudar/ a pôr de lado os seus sonhos/a ter que ter uma vida conjugal/a
criança deixa de ser (...) deixa de ser criança (...) / a idade é de criança mas a mentalidade é de
adulta/ a criança é obrigada a seguir os costumes de velhos/ o quê?/é obrigada a ter atitudes e
comportamentos de uma pessoa adulta(....)” (cf. anexo-2, verbalizações, G-2,2018. 03.09).
2. “As consequências do casamento prematuro são: a mulher ou criança é obrigada a ter que ter uma
vida conjugal, a criança deixa de ser criança, passa a ter a mentalidade de adulto, a criança é
obrigada a deixar de estudar, a pôr de lado os seus sonhos/a ter que ter uma vida conjugal, a
criança deixa de ser criança, deixa de ser, a idade é de criança mas a mentalidade é de adulta, A
criança é obrigada a seguir os costumes de velhos, a criança através do casamento prematuro é
obrigada a deixar os estudos e de seguir os seus sonhos, para seguir as tradições, a ter os
comportamentos de uma pessoa adulta.” (1ª versão do Rascunho, G-2, 2018.03.09).
O grupo levanta também outra dúvida, se seria necessária ou não a inclusão do cabeçalho de
modo a acomodar a figura do(s) destinatário(s) (explicitada pelo enunciado instrutivo
transmitido). Parece-nos que a primeira questão remete os aprendentes a uma reflexão sobre as
197
dimensões profundas do texto, ao incidir sobre uma das variáveis derivadas do problema retórico;
a segunda, ser relativa à estrutura textual.
Assim, essa discussão, como podemos depreender das verbalizações, emana dos
conhecimentos prévios, relativos à organização discursivo-linguística de outros géneros textuais
(intertextualidade), o que concorre para que o grupo conclua não ser necessária a inclusão do
cabeçalho no qual seria acomodada a figura do(s) destinatário(s), pelo que acha ser suficiente a
inclusão de um título que atraia para a leitura.
Nesses moldes, podemos fundamentar a nossa percepção por recurso às verbalizações dos
aprendentes, no 1º estágio da actividade, em que compreendemos que os grupos identificam
correctamente o género textual e sua estrutura - nas micro-tarefas implicadas na análise do
enunciado instrutivo - mas, devido à falta de prática do exercício de argumentação escrita e à
sobrecarga cognitiva, ao longo das (micro)-tarefas de geração, hierarquização da informação e,
em simultâneo, com a redacção, se perdem. A citação a seguir parece-nos ilustrar essa tendência
de gerar os conteúdos em simultâneo com a hierarquização e redacção do texto, o que constitui
uma prática comum e muito estimulada pelos professores e colegas/aprendentes na escola
199
3. “(....) Isto aqui, como começamos? Só que (...) primeiro, vamos (...) vamos fazer o quê?
/Planificar? Hi, como assim? (...)/ o destinatário! / Aqui tem que haver aquilo (...)/(...) para nós
conseguirmos elaborar o texto temos de ( …) planificar?!.../o que nós(...)/fazer plano(...)”.
(anexo-2, G-4, verbalizações).
Em suma, em torno da reflexão sobre o desempenho dos aprendentes, neste primeiro estágio,
tratando-se de um género textual já conhecido, da classe anterior e estudado na 10ª com o
professor titular, com recurso à análise de um texto modelo e sistematização da organização
discursivo-linguística, verificamos que os aprendentes demonstram as seguintes dificuldades: (i)
desvio em relação ao tema central da produção e (ii) desvio em relação ao género textual
instruído e identificado.
Em virtude de termos assumido que as dificuldades que arrolamos se situam ao nível dos
factores de produção, conforme a teorização de Sternberg (1980) e (1985), não se restringem às
habilidades resultantes de conhecimentos declarativos, mas, sobretudo, processuais complexos,
por isso, na sessão subsequente, por forma a superar os problemas identificados, introduzimos
fichas, que pretendemos que funcionem como mecanismos facilitadores das (micro)-tarefas da
pré-escrita e da revisão do conteúdo do plano, sem sobrecarga cognitiva.
A sessão-II (aulas 3&4) tem como actividades fundamentais a revisão do plano elaborado
nas aulas (1&2) e a redacção da 1ª versão do texto, com o recurso à ficha de facilitação do
processo que concebemos para o efeito. Assim, depois de devolvermos os planos aos
aprendentes (1ª versão), os grupos relêem a instrução nº1 (perspectiva de Sheeran & Barnes,
1991) e, com a interpelação do facilitador, nos respectivos grupos, os aprendentes explicitam o
tema central do texto, as características do género em elaboração, nomeadamente, a intenção de
comunicação e a organização discursivo-linguística (revisão dos conteúdos tratados na 9ª classe e
na unidade-I, da 10ª classe).
A postura dos aprendentes parece indiciar a importância da produção escrita por etapas uma
vez que a distância temporal entre a elaboração da 1ª versão do rascunho e a revisão do mesmo,
não só proporciona uma melhor apropriação do conteúdo do enunciado instrutivo, como também
uma maior assimilação relativa às características do texto instruído, por permitir que os
aprendentes possam se colocar no lugar do(s) destinatário(s), por isso mesmo, todos os grupos
parecem atinar o tema e o género textual solicitado – o argumentativo, (anexo-1). Dada essa
percepção ainda no decurso do processo, o facilitador, com o apoio do professor titular, orienta a
revisão das características discursivo-linguisticas, aprovisionando andaimes (Oliveira, 2014) .
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
Grupos S N S N S N S N S N S N S N S N
G2 x x x x x x x x
G4 x x x x x x x x
G5 x x x x x x x x
ii. “Qual foi a vossa tarefa na sessão passada? Como organizaram as ideias geradas? Quem é/são o(s)
destinatário(s) e a(s) finalidade(s) do texto? Qual é a vossa tese? Em que parte do plano a colocaram?
Como ordenaram os argumentos? E a conclusão com que parte do plano se relaciona? Então, como é
que se caracteriza este género textual? Em suma, que (pequenas) tarefas realizaram na planificação? ”
(Anexo-2; verbalizações, 2018.03.16).
Corroborando com Pereira & Azevedo (2002, 2005) e Duarte (2001) que, para além da
explicitação, defendem que o ensino da escrita deve ser processual e dividido em (micro)-
competências, depois da interacção com os grupos, orientamos a revisão do conteúdo do plano,
em ambiente colaborativo. Esta actividade procede por recurso à ficha de revisão do conteúdo do
plano, fig.9, cujo desígnio reside em proporcionar o acesso a aspectos situados nas dimensões
profundas através da activação de operações de revisão do conteúdo54, designadamente, adição,
supressão, substituição e deslocamento de segmentos textuais e/ou parágrafos. Desse
exercício, que decorre durante cerca de trinta minutos, verificamos que os grupos da amostra, em
interacção com o facilitador, realizam as seguintes operações:
Nessa reescrita, o G-2 apresenta um plano mais elaborado, mais coeso, dada a supressão de
segmentos redundantes. O plano/rascunho revisto procura seguir a proposta de organização
textual, veiculada pelo enunciado instrutivo: tese, argumentos (a favor/contra), exemplos,
conclusão relacionada com a tese.
54
Principais categorias de análise que adoptamos para o presente estudo.
203
Essa conclusão está directamente relacionada com a tese principal apresentada no inicio
do rascunho/plano: (3)“o homem e a mulher devem ter deveres e direitos iguais”. Portanto, se
prestarmos a atenção na conclusão a que o grupo chega da sua argumentação, parece-nos que
tem o propósito de através da manipulação cognitivo-pragmática, resultante do uso do
discurso apelativo que procede da força ilocutória do lexema verbal destacado (“ devemos”),
adjunto ao organizador discursivo conclusivo (“pois”), procura operar a transformação da
mentalidade e atitudes atinentes à relação “homem vs mulher”. De referir que o G2 apaga
parte considerável do plano em revisão por não corresponder exactamente às características do
género instruído, o que parece mostrar que neste caso as estratégias seleccionadas permitiram a
recuperação dos conhecimentos prévios relativos às características do género em questão.
55
Na versão original “tem”, correcção nossa.
56
na versão original “era”, correcção nossa.
57
na versão original “tem”, correcção nossa,
205
os mesmos direitos que os homens no papel” por “embora, em tempos remotos, a mulher fosse
desvalorizada”.
Esse exercício, como veremos na transposição da versão revista para a 1ª versão do texto,
também ocorre em diferentes partes do plano, inclusive na tese principal, introduzindo algumas
“nuances” que alteram substancialmente o sentido inicial dos fragmentos revistos. Assim sendo,
parece-nos que a intenção principal é conseguir um discurso mais incisivo. Talvez essa
estratégia, que se desvia da subjectividade típica da argumentação, tenha que ver com a busca da
adequação do texto às características do público-alvo.
13. “Do nosso ponto de vista, ainda que haja desigualdade entre o homem e a mulher na lei, ao
mesmo tempo, há homens que se sentem superiores do que as mulheres. Por exemplo, há
homens que apesar de deixarem as mulheres que não podiam conduzir, conduzirem, toda a
propriedade da família está em seus nomes”. (G-5, 2ª versão do plano, ciclo-I).
A não execução da operação instruída parece-nos que se relaciona com os tipos de plano
que os aprendentes seleccionam. Por se aproximarem da versão final do texto, o movimento de
segmentos textuais implicava (re)planificação e, sobretudo, colocava problemas de
conectividade sequencial e referencial, o que resultaria em sobrecarga dos mecanismos de
controlo dos processos executivos. Dada a limitação de recursos cognitivos para atender a essas
dimensões do texto, os aprendentes concentram a atenção na sequência do texto gerado e
procedem a modificações locais.
207
Estágio-2 – Redacção
Com base no plano do texto elaborado e revisto, vais agora proceder à redacção do texto. Para o
efeito, tem o cuidado de adequar a linguagem ao(s) destinatário(s), sequenciar e articular as
ideias/parágrafos de acordo com a intenção de comunicação do texto. No mesmo, procura variar o
modo de construção frásica e respeitar a pontuação e a ortografia.
Como se pode compreender da leitura da fig.16, instruimos os aprendentes para que, em cerca
de quarenta minutos, produzam a 1ª versão do texto, com base no plano elaborado e revisto. Tal
como na etapa da planificação, perspectiva de Sheeran & Barnes (1991), durante cerca de quinze
minutos, os aprendentes discutem as instruçõeveiculadas pelo enunciado instrutivo nº2 e
sublinham os aspectos a observar na redacção, primeiro os de nível profundo e depois os de
superfície, designadamente, o cuidado de adequar a linguagem ao(s) destinatário(s); sequenciar
os argumentos e exemplos de modo que os mais fortes fiquem mais próximos da conclusão;
variar o modo de construção frásica e respeitar a pontuação e ortografia.
Em primeiro plano, as verbalizações dos aprendentes, captadas por via da gravação áudio,
na componente da redacção, centram-se na dimensão estratégica, por exemplo, o G2:
15. “(...) o texto?/Vamos começar, já, porque (...)/acho que temos de escrever períodos e
parágrafos/tem de ser/o título é o mesmo, né.../mas temos de seguir o plano/é isso ai (...) mesmo! a
(...) pode continuar a escrever! (...) não, ela dita e eu escrevo.../queres escrever o quê?/(..)Vamos
ler o nosso plano. Para elaborarmos o texto com base nele (....)/ eu resolvo isso.../”, (anexo-2,
verbalizações, G-2).
Nesta conformidade, como veremos, mais adiante, os grupos, grosso modo, optam pela
construção do texto muito apoiada nos planos. Todavia, não se limitam a passar a limpo, uma
vez que introduzem modificações como descrevemos nos parágrafos subsequentes:
O grupo realiza o mesmo exercício, relativamente à tese principal do texto, em: (20).
“Actualmente, há igualidade (sic!) de direitos e deveres entre o homem e a mulher, embora, em
tempos remotos, a mulher era (sic!) desvalorizada”.
Por adição, o grupo reforça a tese que vai defender com a inclusão do segmento seguinte:
(21)“A igualdade de direitos e deveres, deve ser um facto real, na nossa sociedade” (anexo-3).
A partir desses exemplos e das verbalizações deste grupo, é possível apreender a recursividade
das componentes e a conscientização da dimensão processual. Essa inferência pode ser
confirmada pelo segmento (22).“(...) assim que alteramos esta parte(..)/o que acham?
Continuamos na mesma? /assim? /acho que não fica bem(...)/mas podemos ter uma outra
saída(....)achas?/claro, pode ser, assim (...)” (anexo-2, G-5).
Essa revisão de processo, na perspectiva de Bereiter & Scardamalia (1987), apud Carvalho
(1999) e (2003) é corolária da necessidade de compensar o desfasamento entre a intenção
(representação cognitiva) e o texto (objecto) pelo recurso ao enriquecimento e/ou modificação
das intenções iniciais, operadas sobre o rascunho/plano. Parece-nos que este enriquecimento das
intenções iniciais e a consideração dos conhecimentos não partilhados com os destinatários
concorrem para a substituição do 2º parágrafo, pelo texto que se segue:
23. “No nosso ponto de vista, a obrigação de respeitar a igualdade entre o homem e a mulher na
actualidade deve permitir que as mulheres podem (sic!) fazer coisas que antes não podiam. Por
exemplo: actualmente, temos mulheres a conduzirem, a trabalharem fora de casa, nos mercados,
211
empresas, a ocupar cargos de grande responsabilidade, por exemplo, a Dra. Beatriz Buchili,
PGR”, (anexo-3).
O G-5 empenha-se na construção de argumentos e exemplos que provem que ainda há muito
a fazer, quer a favor da mulher, quer do homem, “para que a igualdade seja um facto”. Desse
modo, o grupo mantém a conclusão veiculada pela última versão do plano: (24). “As mulheres e
os homens devem ser tratados da mesma maneira” (anexo-3).
behavourista), embora recomendemos a análise dos textos nucleares nos níveis icónico,
semântico-discursivo e linguístico como actividades essenciais para o desenvolvimento das
capacidades de escrita, a realizarem-se na fase pré-comunicativ, ou seja, das actividades de pré-
escrita. Tais opções didácticas, neste PIP, fundamentam-se na acepção de que o ensino da escrita
deve decorrer de forma integrada com o ensino-aprendizagem de outras habilidades linguísticas,
particularmente, da leitura para a apropriação de técnicas e das características discursivo-
linguísticas dos géneros textuais em estudo.
No término da redacção, nos últimos vinte minutos da sessão, o facilitador distribui pelos
aprendentes a ficha de auto-avaliação da redação, fig.10, que se centra, em grande medida, nos
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
Grupos S N S N S N S N S N S N S N S N
G2 x x x x x x x x
G4 x x x x x x x x
,G5 x x x x x x x
Os grupos da amostra, como se observa na fig 17, respondem afirmativamente aos nºs 1,3,4,
6, 7 e 8, o que parece, por um lado, revelar a tendência de os aprendentes conservarem a
sequência e a linearidade pela qual os conteúdos foram gerados na 1ª versão do plano, mantidos
ao longo das (micro)-tarefas da (re)planificação e da redacção. Por outro, se, para as alíneas
supramencionadas, os aprendentes têm de verificar se o texto/produto está de acordo com o
plano produzido (nº1); se os parágrafos estão bem sequenciados e devidamente articulados –
coesão sequencial – se as frases estão facilmente compreensíveis (nº4); se há palavras repetidas
em frases seguidas (nº6) e se há erros ortográficos (nº7), para estes casos, os aprendentes fazem
a avaliação apoiados no plano e nos “andaimes” providenciads pelo facilitador.
todos os grupos, 100%, consideram haver necessidade de maior adaptação da linguagem dos
seus textos às características dos destinatários e às finalidades: convencer o(s) alocutário(s).
Em suma, as respostas aos nºs 1,3,4, 6, 7 e 8 parecem ser o corolário da reflexão dos
aprendentes, conforme o conhecimento das características do género em produção, da língua e da
capacidade que já desenvolveram para identificar incorreções de superfície textual. O facto de os
grupos responderem negativamente e/ou se absterem de responder às questões colocadas no nº2 e
nº5 sem intentarem qualquer revisão, parece denunciar a necessidade de “andaimes” (Oliveira,
2014) que ajudem a reduzir a tensão cognitiva (Hayes, 1996) resultante das exigências da
actividade em curso. Por consequência disso, na sessão subsequente, introduzimos nos textos dos
aprendentes os códigos de revisão (Pereira & Azevedo, 2002) que, funcionando como “pistas”
(González, 2005), objectivam a facilitação do processo (Bereiter & Scardamalia, 1987 e
Carvalho, 1999, 2003) de modo a se adequar o texto às características do género em produção.
Para a discussão, que realizamos a seguir, assumimos tal como advogam Flower & Hayes
(1981), Humes (1983), Ferreira (2002), Pereira & Azevedo (2005), Cabral (2005), Carvalho
(2001 e 2003) que a revisão é o processo no decurso do qual o sujeito-produtor decide reler o
que foi previamente escrito, quer como ponto de partida para uma nova redacção, quer com a
finalidade de avaliar o escrito e, eventualmente, reescrevê-lo.
Nesta conformidade, ressalvamos o ponto de vista de Hayes (1996) que ressalta a elevada
complexidade da componente de revisão por implicar a consideração dos objectivos e ter de
prever em que medida o texto permite a sua consecução e a proposta de alternativas. O trabalho
que efectuamos com os aprendentes, se nos apoiarmos em Matshuashi (1987), apud Carvalho
(2003:49), demonstra que a revisão não só proporciona a resolução de problemas, mas sobretudo
a avaliação do texto relativamente às intenções que lhe estão subjacentes. É assim que, nesta
componente, realçamos a necessidade de o sujeito/aprendente se colocar no papel do
destinatário, tudo ao nível das operações cognitivas, para que se possa aperceber do nível de
consecução dos objectivos comunicativos junto dos destinatários.
Na sessão precedente, recolhemos a 1ª versão dos textos dos aprendentes, após o término da
redacção e da administração da ficha de auto-avaliação da redacção. A IIIª sessão tem início
com a devolução dos textos aos grupos, nos quais inserimos os códigos de revisão, fig.11, cujo
escopo incide sobre a adequação do texto ao contexto e às finalidades, conforme o enunciado
instrutivo, a seguir transcrito.
Depois de teres lido e compreendido os códigos de revisão introduzidos no teu texto, vais,
com os colegas do grupo, corrigir, reformular e reescrevê-lo. Não te esqueças que tens o
professor bem perto de ti.
Cientes de que o dispositivo que a seguir administramos constitui mais um objecto em que
prestar a atenção, demos aos grupos, cerca de 15‟ para, com a interpelação do facilitador
(Graves, 1984 e 1985), procederem à leitura do apêndice-4 (que veicula os códigos de revisão e
da respectiva exemplificação), distribuído pelos aprendentes.
216
Para o trabalho de grupo, além dos aspectos específicos representados pelos códigos de
revisão inseridos, acrescentamos uma nota em todos os textos que chama a atenção à necessidade
de: (i) enriquecer o texto com contra-argumentos, tendo tracejado, por baixo, os argumentos que
podiam desencadear a contra argumentação; (ii) deslocar os argumentos mais fortes assinalados
por uma cruz (+) para uma posição mais próxima da conclusão.
Assim, durante cerca de 15‟, os aprendentes relêem o texto e avaliam as propostas de revisão
inseridas, com o objectivo de: (a) diagnosticar os problemas assinalados; (b) seleccionar as
estratégias de resolução; e (c) tomar decisão: a concretização da modificação ou não do texto
(Hayes, et al, 1987).
Ouvidas as verbalizações deste estágio (anexo-2) e lidos os textos revistos, por comparação
com a versão precedente (anexo-3), destacamos o seguinte comportamento dos aprendentes:
De ressaltar que o G-2, após a leitura do texto no qual inserimos os códigos de revisão, se
concentra, num primeiro momento, na dimensão estratégica, i.e., não se limita à mera (re)leitura
e geração de novos conteúdos - níveis inferiores - porém, os aprendentes procuram formas de
controlar e regular os seus próprios processos de gestão da actividade (nível meta-cognitivo), ao
auto-orientarem a reflexão para a resolução consciente dos problemas que o processo de
produção do texto, com observância dos parâmetros contextuais, lhes impõe. É, por exemplo, o
caso das estratégias de discursivização consequentes da adequação da linguagem aos
destinatários. Esta inferência é alicerçada nas verbalizações inseridas nesta fase:
25. “Vamos lá(....)/(...) fazer agora?/ (...) é para enriquecermos o texto / também usarmos a linguagem
tendo em conta os destinatários do texto para que estamos a escrever/uma boa linguagem/ isso ai
de „a mulher é proibida de comer ovos...‟ temos de (...) / temos de mudar / (...)mas eu ne sei como
melhorar isso ai!/(...) é para melhorarmos a linguagem/ a maneira de dizer /mas, afinal, quem vai
ler o nosso texto?/ professores e colegas / vamos criar um espaço para colocar os nossos textos
para a escola ler/ya!/sim já conversamos com os professores sobre isso ai (...)” (anexo-2, G-2).
Apoiados nas notas de campo, verbalizações e leitura dos produtos, verificamos que ocorrem
casos em que o G-2 faz o diagnóstico do(s) problema(s) assinalado(s), desconhecendo as causas
do erro, e/ou por outra razão, selecciona, como estratégia de reescrita, a substituição da
totalidade do(s) fragmento(s) textuais destacado(s), mantendo a intenção de convencer os
destinatários. É o que se pode verificar nos segmentos (26) e (27):
26. “(...) tudo o que o homem faz a mulher também está capacitada para fazer. Como, por exemplo,
se o homem é electricista também a mulher poder ser”.
27. “Também tudo o que o que o homem come, a mulher também pode e deve comer. Também
muitas das vezes a mulher é proibida de comer o ovo (cozido). (anexo-3, 1ª versão do texto
argumentativo, 2018.03.16).
Conforme os códigos que introduzimos no texto, o G-2 deve substituir, em (26) e (27), o
vocábulo (“também”) repetido em frases seguidas; em relação ao segundo período, em (27),
adequar a linguagem aos destinatários (professores, colegas de outras turmas e funcionários da
escola) e às finalidades. Na revisão/reescrita efectuada, o grupo apresenta a seguinte redacção:
28. “A igualdade entre homem e mulher deve ser observada em todas as coisas do dia-a-dia, como o
caso de algumas profissões que são dominadas pelos homens, de certos alimentos que a mulher é
proibida de comer, porque existem mitos e tabus segundo os quais se a mulher comer ovo
enquanto está (sic!) grávida os seus filhos vão nascer sem cabelo, porque existem mitos e tabus
segundos os quais se a mulher comer ovo enquanto está grávida os seus filhos nascem sem cabelo
mas isso era um conselho errado criado apenas para beneficiar os homens.” (anexo-3, versão-final
do texto argumentativo, 2018.03.23).
destinatários a abandonarem aquelas práticas. Este comportamento dos aprendentes revela uma
progressiva assimilação das características do texto argumentativo.
Duas podem ser as motivações da adopção desta estratégia: (i) os aprendentes não sabem
como remediar o problema detectado (o que ocorre com frequência com sujeitos em
desenvolvimento); (ii) o volume dos problemas identificados é enorme, como é o caso; assim,
esta estratégia é frequente também em sujeitos que desenvolveram a capacidade de escrita.
A audição das verbalizações (anexo-2, aula-5 & 6, G-2) permite-nos aferir que as operações
activadas parecem denunciar a progressão da escrita dos aprendentes em direcção ao modelo de
transformação do conhecimento, o que lhes permite, de certo modo, adequar a linguagem do
texto às características do género em produção e aos destinatários. Esta ilação deriva também do
facto de que os aprendentes progressivamente consciencializam algumas características da
escrita processual, por exemplo, a recursividade das suas componentes, o que resulta, no caso
vertente, na activação da revisão de percurso, da replanificação e da redacção e nova revisão – o
que se pode deduzir das verbalizações captadas nesse estágio, que transcrevemos em (30):
30. “(...) já (...) aqui repetimos muitas coisas, nem?/nem por isso(...)/a palavra também/ (...) que
tal refazermos tudo?(...)/como?(...)/Se já temos o texto/(...) fica mais fácil/(...) o texto como
vai ficar?/(...)vamos cada uma fazer a sua proposta por escrito depois juntamos e revemos de
novo...” (anexo-2).
31. Por exemplo: tal como na sociedade antiga, muitas pessoas pensam que os homens devem ser
considerados superiores porque eles é que sustentam a família, mas isso não deve ser assim,
porque há muitas mães solteiras e (...) que sustentam bem melhor as suas famílias. Nós
defendemos também que a mulher deve ser respeitada na sociedade embora dizem que o
homem é superior a mulher, mesmo que, para isso, a mulher tem de se organizar melhor e
realizar ações que mostram isso. Por exemplo, se o homem e a mulher estão a exercer
219
actividades, ou seja, mesmas funções, a mulher tem o direito de reclamar para receber o
mesmo salário que o homem. (anexo-3)
No excerto que transcrevemos em (31), o G-2 pretende demonstrar que o homem não é
superior à mulher. Para o efeito, evoca o facto de “muitas pessoas pensarem que os homens
devem ser considerados superiores por sustentarem a família”- este segmento visa prever a
opinião adversária - e, em seguida, o G-2 apresenta um contra-argumento, sob forma de objecção
“mas isso não é verdade” e justifica a refutação feita “...porque há muitas mães solteiras e (...)
que sustentam bem melhor as suas famílias”do que se tem que inferir que a mulher possui as
mesmas capacidades que o homem. A conclusão a que o G-2 chega, parace legitimada pelo
raciocíonio que desenvolve nos segmentos subsequentes, nos quais apresenta a tese de que a
mulher merece, por trabalho igual, salário igual ao homem.
O G2 termina a discussão concluindo que (32). “o homem não é superior à mulher devemos,
pois, pensar que todos devem ter um papel importante no desenvolvimento da família e do país.”
textual, mas também uma nova afirmação da autoria textual e do seu discurso, em que estes
tomam novas posições de acordo com os discursos implícitos e/ou explícitos do texto original,
na confrontação com a representação cognitiva do texto e das suas finalidades. No decurso deste
exercício, simultaneamente, ocorre a consciencialização e automatização dos procedimentos e a
apropriação das características do género textual em elaboração.
33. “(...) temos de mudar isto aqui: se „antigamente na nossa sociedade não havia a
igualdade de direitos e deveres entre Homem e Mulher‟(...)/(...) então, significa que a
igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher é uma das principais
conquistas da mulher/(...)emancipada/(..) concordo, mas (...) devemos acrescentar
que isso aí acontece na sociedade actual / (...) isso mesmo/ (...) katija, podemos
registar isto?/ o que disse parece que mostra que nós conquistamos o nosso lugar/(...)
concordo/ (...)mas, está claro que estamos a substituir, todo o parágrafo!(...) dita lá /
sim, Isabel! / (...) nas sociedades modernas/ (...) colega, está bem!/ (...) o texto vai
ficar diferente!/ (...) mesmo!/ vamos (...)” (anexo-2, verbalizações, G-4).
Segundo, a nível discursivo, em que por recurso à operação de substituição (explícita nas
verbalizações dos aprendentes), o G-4 não se cinge à correcção dos aspectos assinalados por
recurso aos códigos de revisão. Este grupo procura proceder a uma reconstrução com novas
disposições sintáctico-semânticas, que resultam dos novos posicionamentos - a (re)afirmação da
autoria textual - em busca da materialização da intenção de comunicação que preside à produção
do género textual instruído:
34. “A igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher é uma das principais conquistas da
mulher emancipada na sociedade actual. Dai que é importante destacarmos que o homem e a
mulher devem ter deveres e direitos iguais na família e na sociedade” (anexo-3, texto final,
Iºciclo,G-4).
No segmento (34), parece ocorrer a Tese Directora, i.e, a que constitui a base de toda a
estratégia argumentativa que o G-4 constrói. Assim, este grupo serve-se de um segmento
contextualizador “A igualdade de direitos e deveres entre o homem e a mulher é uma das
principais conquistas da mulher emancipada na sociedade actual”. Em seguida, anuncia a tese
221
central que vai defender em todo o texto “...o homem e a mulher devem ter deveres e direitos
iguais na família e na sociedade”.
Os códigos, no trabalho do G-4, tendem a nortear a atenção dos aprendentes para aspectos
específicos do texto em revisão, o que permite que estes libertem recursos cognitivos para outras
operações, efectuando, por exemplo, a supressão, a adição e a substituição de fragmentos
textuais. Em (34), ocorre a inserção de uma sub-tese (1º período) e um argumento co-orientado
(2º período) que, no discurso argumentativo, em análise, desempenha a função de exemplo
ilustrativo do posicionamento anunciado. Deste modo, secundando a tese-directora (TD), a sub-
tese e o respectivo argumento co-orientado, adicionados, conferem consistência argumentativa
ao texto.
35. “A igualdade entre homem e mulher deve ser observada em todos os actos do dia-a -dia,
como o caso de algumas profissões que são dominadas pelos homens, de certos alimentos
que a mulher é proibida de comer, (....)” (anexo-3).
Das operações de revisão sugeridas pelo facilitador, o G-4 insere sinais de pontuação; corrige
erro(s) ortográfico(s); substitui vocábulos e procura adequar a linguagem ao(s) destinatário(s) e
às intenções latentes ao texto em produção (anexo-3). No concernente a essas propostas, as
estratégias e operações seleccionadas pelo grupo consistem na inclusão de algumas correcções
localizadas (a correcção de erros ortográficos e a adição de sinais de pontuação). A um outro
nível de complexidade, destaca-se o recurso à substituição e à adição de segmentos textuais.
Com essas estratégias, o G-4 almeja a apropriação das caraterísticas genéricas do texto
argumentativo, concretamente, a adequação do textos às intenções comunicativas que lhe estão
latentes.
Esse comportamento linguístico dos aprendentes do G-4 parece confirmar o postulado por
Briggs (1984); Nisbt & Shucksmith (1986) e Gonçalves (1992) que definem dois conjuntos de
estratégias na revisão: (1) as que concorrem para a modificação e controlo dos próprios
processos de revisão (monitorização e auto-regulação), designadamente: (i) ignorar o problema;
(ii) adiar a correcção; (iii) procurar informação adicional esclarecedora; (2) as que implicam
modificação textual: (iv) correcção pontual (revising – entendida como estratégia específica); e
(ii) reescrita. Pelo que discutimos, a opção deste grupo tende a aproximar-se da última estratégia
222
que implica a modificação do texto de superfície e, até certo ponto, o significado dos segmentos
revistos.
Tal como concluímos com Salema (1998), a propósito do recurso a um vasto leque de
estratégias de meta-cognição em actividades de produção textual, consideramos ser de
importância vital que se auxilie os sujeitos-aprendentes a se tornarem mais conscientes não só
dos seus próprios processos cognitivos como também dos utilizados por outros sujeitos na
resolução de problemas, como forma de os municiar, no que tange ao pensamento estratégico,
dos moldes de encarar a tarefa de escrita e (auto)-regular o seu desempenho.
Assim, o uso dos códigos de revisão funciona como uma oportunidade para proporcionar
aos aprendentes do G-5, enquanto sujeitos-produtores, o contacto com outras possibilidades de
reestruturação dos seus “schemata” e reformulação textual baseados em propostas advindas de
sujeito(s) mais experiente(s), o que se pode instituir como Zona de desenvolvimento proximal
(ZDP), (Vygotsky, 1989).
37. A igualdade de direitos e deveres, deve ser um facto real, na nossa sociedade, porque há cada vez
mais exigência de homens e mulheres trabalharem juntos para desenvolver o país”, (anexo-3, 2ª
versão do texto arg, G-5).
Com esta reformulação, por substituição, o G-5 parece vincar a posição assumida na
tese/argumento (co)orientado, que ressalta o imperativo do desenvolvimento nacional dever ser
sustentado pelo trabalho colectivo de homens e mulheres, consequente da ansiada igualdade de
223
direitos e deveres entre os géneros. No segundo parágrafo, a percepção de que o respeito, aliás,
a obrigatoriedade, da consideração dos direitos e deveres do género oposto deve permitir às
mulheres o exercício de actividades que antes lhes eram vedadas, está na origem da
substituição da anterior tese/argumento, antes, assim redigida:
38. “No nosso ponto de vista, ainda há desigualdade entre o homem e a mulher e ao mesmo tempo há
igualdade porque agora os homens permitem que as mulheres podem fazer coisas que antes não
podiam”, (anexo-3, 1ª versão do texto arg.).
Esse enunciado é reescrito numa reformulação mais elaborada (39) sem lhe alterar o
significado veiculado na versão anterior e adiciona um exemplo ilustrativo, como forma de
legitimar o raciocínio proposto.
39. “A nosso ver, a obrigação de respeitar a igualdade entre o homem e a mulher na actualidade deve
permitir que as mulheres podem (sic!) fazer coisas que antes não podiam. Por exemplo:
actualmente, temos mulheres a conduzirem, a trabalharem fora de casa, nos mercados, empresas,
a ocupar cargos de grande responsabilidade, por exemplo, a Dra. Beatriz Buchili, PGR.”, (anexo-
3, versão final do texto arg.).
No interior do texto, o G-5 revê na totalidade os erros ortográficos que lhe formam
marcados na 1ª versão, embora seja notável, quer na 1ª versão, quer na 2ª, o fraco domínio dos
contextos de uso obrigatório do modo conjuntivo. Grosso modo, a estratégia de correcção
adoptada é idêntica a assumida pelo G-2 e G-4, em que os segmentos assinalados são
substituídos na totalidade por outros mais elaborados, reescritos, como vimos, sem lhes afectar o
seu significado. Essa estratégia permite assegurar que o texto continue com o sentido global
inicial, porém, sem preservar o texto de partida, muito embora este grupo conserve a redação da
conclusão veiculada pela 1ª versão do texto, assim como o parágrafo que a antecede.
dimensões profundas do texto, i.e., relacionadas com a adequação do texto aos destinatários e à
intenção de comunicação subjacente que preside à produção.
G2 02 04 04 00
G4 03 02 04 00
G5 04 03 04 00
FR 09 09 12 00
Legenda: FR – Frequência.
Das operações de revisão/reescrita accionadas por recurso aos códigos de revisão inseridos
nos textos dos grupos, embora se destaque uma acentuada tendência de explicitação dos
conteúdos veiculados por recurso à adição, é a substituição de segmentos por outros a
operação mais convocada. Porém, não registamos nesta componente modificações que alterem o
sentido global do texto. Esse comportamento parece indiciar o enfoque sobre o qual a revisão
225
Esse problema parece-nos, por um lado, prender-se ao facto de os aprendentes ainda não
terem o pleno domínio dos padrões sintácticos exigidos na modalidade escrita, em função do
género textual em produção e/ou da complexidade envolvida na produção textual. Quer dizer,
ao se concentrarem nos aspectos de superfície, descuram os de nível profundo – no caso
vertente – a adequação da linguagem às intenções comunicativas que presidem à elaboração
deste género textual.
Uma das evidências que nos parece proceder da complexidade da produção escrita é o facto
de o G2, G4 e G5, neste ciclo, mesmo instruídos de modo explícito, insistente e com a
convocação de estratégias de facilitação processual, não realizarem as operações de
deslocamento/ (re)distribuição de segmentos existentes na 1ª versão, para outras partes do
texto (fig.19). Tal é o caso de argumentos fortes assinalados para serem deslocados para junto
da conclusão. A não consecução dessas operações que exigem o reajustamento de aspectos de
superfície textual, parece-nos dever-se à dependência dos aprendentes do texto concreto e da
sequência da geração do seu conteúdo.
Nesse particular, deparamo-nos também com outra dificuldade: a não inclusão de contra-
argumentos nos textos pelo G-4 e G-5. Provavelmente, esse constrangimento deriva da
sobrecarga cognitiva que as (sub)-operações convocadas implicam, em virtude de esse
exercício envolver a idealização dos destinatários, a prevenção das suas possíveis reacções face
às suas crenças e valores quando confrontados com o conteúdo veiculado pelo texto. Operações
essas realizadas com sucesso pelo G-2. Talvez, na limitação dos recursos cognitivos ao nível da
“working –memory” (Hayes, 1996), resida a dificuldade de os aprendentes preverem os
argumentos contrários, embora saibam que a argumentação é indissociável da polémica.
227
Essa inferência procede do facto de, conforme as notas de campo e audição das
verbalizações, grosso modo, todos os elementos dos grupos questionarem e falarem dos
problemas detectados e todos buscarem estratégias de solução, quer ao nível dos conhecimentos
declarativos, quer ao nível dos processuais, decorrendo desse facto a interiorização pelos
aprendentes, da escrita como uma terefa de resolução de problemas.
nº % nº % nº % nº % nº % nº % nº %
Tendências
de resposta
06 40 03 20 06 40 15 100 - - 15 100 - -
Justificação a. a’ b. b’ c. c’ d d’ e e’ f. F’ g g’
% 14 26 13 7 26 14 47 53 - - 47 53 - - 40 27
33
No que tange à pergunta (1), em que solicitamos aos inquiridos da amostra que
identifiquem, das três sessões (aulas 1-6), o momento mais importante do processo de escrita e
justifiquem a sua opção, dadas seis alternativas, registamos a seguinte distribuição das
frequências e dos respectivos valores percentuais das tendências de resposta, como ilustramos
na fig.20:
justifica a opção de duas formas, assim: (i) dois aprendentes, correspondentes a 14%
seleccionam a opção da alínea a) que refere que a planificação é importante por permitir a
geração de informações a vincular no texto; (ii) para (04) quatro aprendentes, 26%, a
planificação é o momento mais importante por permitir a hierarquização/organização da
informação gerada.
Três informantes (03), correspondentes a 20%, elegem a componente da redacção como a
mais importante do processo de produção textual, sendo que: dois aprendentes (02),
equivalentes a 13%, consideram que a revisão é a componente mais importante da
produção textual porque é o momento de escrita propriamente dita, faz surgir o texto; ao
passo que para um aprendente (01), 7% da amostra, a importância da redacção como a fase
mais importante reside no facto de transformar o plano das ideias em texto.
Seis (06) inquiridos, 40 % da amostra, referem à revisão/reescrita como a componente
mais importante da produção textual, uma vez que proporciona a modificação do texto
corrigindo--o e adequando-o ao contexto de comunicação.
No que concerne à pergunta (2), na qual inquirimos se a planificação é ou não útil para a
elaboração do texto, 100% dos aprendentes responde afirmativamente e escolhe as seguintes
justificações:
58
Grosso modo, as justificações que os aprendentes apresentam, apesar de inspiradas das alternativas veiculadas
pelo questionário de (auto)-avaliação administrado, baseiam-se fundamentalmente na experiência de produção
processual do texto argumentativo em ambiente de aprendizagem colaborativa, realizada na implemetação do PIP,
integrado neste estudo.
230
Fig.22. Importância das fichas de verificação das (micro)-tarefas das componentes de escrita
Conforme ilustramos na fig.22, para dez informantes, 67% da amostra, as fichas de (auto)-
avaliação empregues no término de cada uma das componentes do processo são importantes
dado que concorrem para o melhoramento do vocabulário e da organização textual; para os
restantes cinco (05) informantes da amostra, equivalentes a 33%, essa importância consiste em
auxiliar a adaptação da linguagem ao género textual, ou seja, aos destinatários e às finalidades.
Finalmente, na pergunta (4), solicitamos que os aprendentes, de uma lista composta por três
aspectos positivos do uso dos códigos de revisão, seleccionem o que consideram o mais
importante. Desse exercício, apresentamos as opções feitas pelos respondentes da amostra nos
parágrafos subsequentes:
231
A opção mais eleita pelos aprendentes é a segunda que considera que os mecanismos de
(auto)-avaliação das (micro)-actividades desenvolvidas são muito importantes por
proporcionarem a análise e correcção de aspectos que passam despercebidos na redacção,
com 40% resultante de uma frequência de seis informantes;
A segunda opção mais seleccionada é a primeira, com uma frequência de (05),
correspondente a 33%, que refere que a utilidade das fichas de (auto)-avaliação das (micro)-
actividades implicadas no processo de escrita consiste em orientar a revisão para aspectos
específicos.
A última alternativa escolhida pelos aprendentes é a terceira, com uma frequência de quatro
informantes, correspondentes a 27%. Essa alternativa destaca o facto de os códigos de
revisão dirigirem a atenção para as partes do texto nas quais temos de adicionar, suprimir,
substituir e deslocar/(re)distribuir as informações já existentes no texto em produção.
Assim, esta resposta destaca as quatro operações de revisão, contudo, foi a menos escolhida
pelos aprendentes da amostra, o que indicia o afacto de ainda precisarem de mais prática de
modo a compreenderem efectivamente o contibuto dos códigos de revisão na aprendizagem
da escrita.
Porém, a leitura dos sucessivos planos/rascunhos e textos (1ª e 2ª versão) articulada com as
verbalizações integradas nas componentes demonstram algumas limitações ao nível dos
mecanismos de controlo dos processos executivos, se seguirmos a linha argumentativa de
Bereiter & Scardamalia (1987) e Carvalho (1999).
Ainda assim, a administração das fichas de facilitação processual funciona como uma
estratégia que, concentrando a atenção em aspectos específicos, parece proporcionar algumas
operações situadas nas dimensões profundas do texto, porém, esta prática ainda carece de
criação de rotinas, para facilitar a automatização progressiva das (micro)-tarefas implicadas em
cada componente, de modo que os aprendentes possam disponibilizar recursos mentais em
direcção aos aspectos situados nas dimensões profundas do texto, concretamente, dos
procedimentos relativos à adequação do texto, i.e., às variáveis do problema retórico. A par dos
progressos constatados, verificamos que a interposição do professor para corrigir e prover os
“andaimes” não só funciona para evitar bloqueios, como também incentivar a procura
consciente das estratégias de resolução de problemas, o que proporciona` o desenvolvimento do
pensamento estratégico.
Da intervenção realizada até este ponto, em ambiente colaborativo, com o objectivo central
de promover as capacidades de produção textual dos aprendentes e controlar os efeitos da
administração das fichas de facilitação processual, por recurso às estratégias (meta)cognitivas,
parece-nos confirmar que os dispositivos didácticos administrados concorrerem para que os
apendentes, progressivamente, controlem e coordenem o uso de estratégias mais específicas
também denominadas em Didáctica por “(micro)-estratégias” na resolução de problemas
233
concretos com que se deparam na produção escrita, o que promove a assimilação das
caraterísticas dos géneros textuais em estudo.
Como ponto de partida para a produção do relatório sobre a diabetes, sessão-IV, (aulas
7&8), integrada no TT “prevenção de doenças - a diabetes”, os aprendentes, distribuídos aos
pares/trios, em TPC, lêem as entrevistas do Livro do Aluno (LP-10), pp. 16-27, “O que é a
diabetes? ”; Livro do Aluno (LP-10), pp. 28-29, “O pé diabético é um problema que pode levar à
amputação”; realizam duas/três entrevistas a grupos específicos de pessoas: membros da
Associação de Diabéticos de Moçambique, médicos ou enfermeiros que tratam pacientes
diabéticos, professores, estudantes, atletas, etc. No tocante à produção do guia-de-entrevista,
chamamos a atenção dos aprendentes para a necessidade de inclusão das seguintes questões
extraídas do LDLP, LP10: “Qual é o conhecimento desse grupo de pessoas em relação à
diabetes? Qual é a sua opinião em relação ao apoio que o Estado dá aos pacientes com
diabetes? Qual é a sua opinião em relação ao comportamento alimentar da maior parte dos
diabéticos?”. De referir que as entrevistas foram realizadas durante a semana de interrupção
lectiva entre o 1º e 2º trimestre.
Nesta sessão, (aulas 7&8), num primeiro momento, em cerca de quinze minutos (15‟), nos
seus grupos, designadamente, G2-A e G2-B; G4-A e G4-B; G5-A e G5-B, os aprendentes
organizam, numa folha A-4, os dados obtidos das entrevistas feitas, a um grupo específico, sobre
“a diabetes”. Para o efeito, os aprendentes têm em consideração as principais tendências de
resposta.
234
Produção escrita:
Com base nos resultados obtidos das entrevistas feitas, produz um relatório simples. Tem em
atenção que esse género de texto, como vimos na 9ª classe, apresenta: Cabeçalho (título do relatório;
emissor; receptor; a data e lugar de elaboração); Corpo (a) a introdução (objectivos do relatório e o
assunto); b) desenvolvimento (descrição resumida dos factos – números de entrevistados; média das
respostas dadas); (apreciação/conclusão – analisar as respostas face ao conhecimento adquirido nas
aulas sobre “a diabetes”). Fecho (data e assinatura do redactor). Não te esqueças que a linguagem do
relatório é corrente e há muito rigor de pormenor.
1º Estágio – Planificação
Vais produzir este texto por etapas. Neste momento, concentra-te apenas nas actividades de
planificação, concretamente, vais: a) identificar o(s) destinatário(s); b) a(s) finalidade(s);
c) o assunto central; d) a organização específica deste género de textual/partes e subpartes) e os
conteúdos de cada parte e a sua articulação.
Só depois de concluíres estas tarefas vais elaborar o plano/rascunho do mesmo.
Baseados na proposta de Sheeran & Barnes (1991), por via da instrução anexa à principal, de
forma explícita, orientamos os aprendentes para a realização das (micro)-tarefas de pré-escrita, (
Pereira & Azevedo, 2002), nomeadamente: a) identificação do(s) destinatário(s); b) da(s)
finalidade(s); c) do assunto central do texto; d) da organização específica deste género - partes e
sub-partes; e) do conteúdo de cada parte e sua articulação com as outras; f) a atenção ao rigor de
pormenor euso de linguagem corrente.
235
Esse facto deriva de, contrariamente ao que supúnhamos, por ser prática habitual na
escola moçambicana, os aprendentes da amostra gerarem as ideias conforme as informações
recolhidas e sistematizadas das entrevistas a grupos específicos, i.e., baseados na situação de
comunicação, ao invés do tema. Em seguida, distribuem as informações geradas, seguindo a
organização discursiva do género, proposta pelo enunciado de instrução nº4 e, talvez, essa
distribuição informacional já tenha em consideração, em níveis variáveis, a adequação porque
gerada com base na situação de comunicação e suas implicações na produção, concretamente,
à observação das variáveis contextuais, mormente, os objectivos e os destinatários do texto (a
discutir nas secções ulteriores). Parece-nos, pois, que esse comportamento leva mais tempo,
uma vez que a geração e a hierarquização decorrem em momentos separados, mas, apoiados
sempre nas „pistas‟ veiculadas pela instrução (González, 2005a), o que concorre para a
redução da „tensão cognitiva‟ (Hayes,1996).
Ressalvamos, associado a esse facto, que, no caso vertente, a geração perpassa de uma
sequência de actividades integradas, conforme orientam Williams (1998) e Bright (1995) que
advogam, no ensino da escrita, tarefas agregadas numa sequência elaborada para o
desenvolvimento de capacidades discursivas específicas.
diferentes sectores que lidam com indivíduos diabéticos – todas essas (micro)-actividades se
realizam em ambiente de aprendizagem colaborativa (pares/trios).
Cientes das aquisições feitas pelos aprendentes nas (micro)-tarefas descritas e no Iº ciclo
de implementação do PIP, permitimos que a condução de entrevistas sobre a diabetes, a
grupos sócio-profissionais previamente seleccionados decorra sem a presença do facilitador
nem do professor titular. Assim, as verbalizações integradas nesta fase, (anexo-5), e os
produtos (anexo-4) de 50% da amostra, designadamente, de G4-A, G5-A e G5-B, demonstram
que a elaboração da 1ª versão do plano realiza-se sem sobrecarrega dos mecanismos de
processamento, mas parece-nos que o mesmo não sucede relativamente aos restantes 50% da
amostra, nomeadamente, G2-A, G2-B e G4-B.
Essa inferência parece corroborada pela leitura dos resultados da administração da ficha
de (auto)-avaliação das (micro)-tarefas da planificação, o que parece denunciar diferentes
ritmos de aprendizagem, ou seja, de construção de competências para a resolução de
problemas que a escrita desenvolvida envolve. Esta constatação tem como consequência o
facto de, despois de identificarmos os grupos que revelam dificuldades, prestarmos-lhes
atenção particular e providenciarmos “andaimes”(Oliveira, 2014), em forma de pequenos
diálogos (Graves, 1984, 1985), no decurso do processo, para auxiliar quer os processos de
pensamento, quer a concepção de estratégias de resolução de problemas que derivam da
escrita em desenvolvimento e do texto em progressão.
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
Grupos S N S N S N S N S N S N S N S N
G2A x x x x x x x x
G2B x x x x x x x x
G4A x x x x x x x x
G4B x x x x x x x x
G5A x x x x x x x x
G5B x x x x x x x x
G4-A, G5-A e G5-B, 50%, respondem afirmativamente a todas as questões, o que pode ser
sustentado pela categoria de plano elaborado, cuja organização, além de mostrar as partes e sub-
partes em que o texto se estrutura, apresenta-se de modo mais sistematizado (ver-anexo-4), o
que nos leva à inferência feita no início desta secção, segundo a qual, nestes grupos, a
actividade realiza-se sem a sobrecarga dos mecanismos de controlo dos processos executivos.
37. “Que género textual estão a planificar?; Qual é a sua origem?/quem é o emissor desse relatório?; A
quem pretendem dirigir esse relatório?; Qual é o assunto central do relatório que estão a
planificar?; Em quantas partes se estrutura esse género textual?; Quais?; O que vai constar em cada
uma das partes?; Então, o que podemos concluir dessa conversa? (...)” (anexo-5, verbalizações
G2-A).
Apesar das diferenças reportadas, independentemente da designação que lhes atribuímos, nos
planos (1ª versão), os aprendentes demarcam os conteúdos gerados em cabeçalho, introdução,
desenvolvimento e conclusão. À excepção do G5-B, que selecciona o rascunho plano-guia, em
grau elevado, os restantes grupos, designadamente, G2-A, G2-B e G4-B, que elegem o
rascunho-texto, apresentam sequências equiparáveis ao texto final, i.e., parágrafos com
inserção de organizadores textuais59. Da análise dos planos dos grupos e das verbalizações
59
Os organizadores textuais instituem-se como marcas privilegiadas de determinadas operações da actividade da
linguagem que dependem da planificação textual; não só se cingem às operações de conexão, quer dizer, de
encadeamento como sugere o termo “conectores”, mas também abarcam operações de segmentação que funcionam a
240
produzidas aquando da sua elaboração, parece-nos que, independentemente, das opções feitas,
que traduzem diferentes graus de dificuldade experimentados, grosso modo, os planos têm em
consideração as variáveis do problema retórico. Esta inferência resulta da observação de que a
escolha dos destinatários, por exemplo, parece ser intencional já que é perceptível da leitura dos
planos que esta é resultante da tentativa de direccionar o relatório às entidades que, de algum
modo, possam usar as informações veiculadas para orientar os serviços interessados (cf-anexo-5-
verbalizações).
38. “(...)/ o título já nos orienta/ (...)/ com esse relatório temos o objectivo de mostrar o conhecimento/
o que as pessoas da sociedade sabem sobre a diabetes/(...)é o que a sociedade sabe das
diabetes/(...)/ nesse relatório vamos falar das entrevistas(...)/(...) entrevistas que foram feitas a
pessoas doentes de diabetes e médicos (...) que tratam essas pessoas (...) /(...) mas é bom
apresentarmos e analisarmos os resultados das entrevistas(...)/(...)está bem!/(...) mas isso vai
parar(...)/para a introdução(...)/agora (...) o desenvolvimento?/ sim pode ser/nas entrevistas
notamos que poucas pessoas sabem quais são os sintomas de diabetes(...)/ e (...) como/(...) pode ter
a diabetes/mas vocês/temos que apresentar as resposta?/temos, havemos (...)/também podemos
notar que existem pessoas que já nascem com a diabetes/ (...) que for herdada dos seus
ancestrais/nas nossas pesquisas foram encontradas pessoas que não sabem o que dizer(...) o que é a
diabetes/ vamos dizer isso ai?(...)/ foram feitas perguntas e alguns/(...) as pessoas com diabetes/(...)
não souberam responder por falta de conhecimento/ (...) mas eu penso que é normal isso (...)”,
(anexo-5, verbalizações G2-A – IIºciclo, 2018.05.18)
39. “Com esse relatório temos o objectivo de mostrar o conhecimento que a sociedade tem sobre a
diabetes. Nesse relatório iremos apresentar e analisar os resultados das entrevistas que foram feitas
a pessoas que são doentes de diabetes e médicos. Desenvolvimento: nas entrevistas pudemos
notar que poucas pessoas sabem quais são os sintomas de diabetes e como se pode apanhar a
diabetes.” (anexo-4, 1ª versão planos IIº ciclo, G2-A, 2018.05.18).
A explicitação dessas variáveis do problema retórico parece ajudar, em certa medida, a que
os aprendentes tenham consciência, no decurso da revisão do plano e da componente da redacção,
da necessidade de análise dos factos descritos tendo em consideração a situação de comunicação,
i.e., a adequação aos destinatários e às intenções de comunicação latentes.
A acomodação do texto a essas variáveis deve ser evidente nas conexões que se estabelecem
entre os elementos anunciados no cabeçalho e as propostas que, correspondendo a uma tentativa
de manipulação cognitivo-pragmática, são directamente dirigidas a essas mesmas
entidades/serviços interessados para a tomada de decisões; o que demanda a adaptação da
linguagem e das informações veiculadas aos traços definidores dos destinatário(s)
seleccionado(s). Esse facto parece concorrer para que o texto atinja os objectivos que presidem à
sua elaboração. Observemos nas secções subsequentes em que medida os aprendentes realizam
tais operações, com ajuda dos mecanismos de facilitação do procedimento, nas componentes
recursivas da (re)planificação, textualização e da revisão (do plano).
40. “(...) descrever e analisar o nível de conhecimentos que os entrevistados têm sobre a diabetes.
Neste relatório, discutimos os resultados das entrevistas que fizemos às pessoas doentes de
243
diabetes e a outras que vivem com pessoas doentes de diabetes, para podermos fazer propostas”,
(anexo-4, 2ª versão do plano, 2018.05.25).
41. “Quanto as perguntas as respostas nem todos eram convencíveis quanto ao conhecimento sobre a
diabetes. Algumas pessoas não souberam responder quais são as causas da diabetes. Concluímos
que na sociedade não existem pessoas com um nível de conhecimento baixo sobre as diabetes.
Muita gente ainda tem muito que aprender sobre a diabetes”. (G2A, 1ª versão)
Adição, supressão e substituição - o G2-B, tal como o grupo anterior, revê os objectivos do
relatório, por um lado, como resultado da releitura da instrução e, por outro, da percepção da
incoerência que o 1º parágrafo do rascunho-texto (em 42), encerra em si, se entendido enquanto
objectivo do texto. É o seguinte o segmento em revisão:
42. “(...) os objectivos ou assunto desse relatório é de não visar que a diabetes é uma doença que não
tem cura, mas que podemos ter uma vida estável tendo ou não a diabetes”, (anexo-4, 1ª versão do
plano, G2-B).
Assim, o G2-B reescreve o parágrafo em (42) procurando maior explicitação das finalidades
do texto junto dos destinatários, para tal, faz recurso à adição, supressão e substituição, como
ilustra a transcrição em (43).
43. “Neste relatório pretendemos transmitir os conhecimentos sobre a “diabetes” recolhidos através de
entrevistas. Assim, o objectivo do texto é de ajudar a prevenção através da divulgação dos
cuidados a ter para evitar a doença. Isto significa que temos como objectivo transmitir os cuidados
a ter para evitar e como prevenir a Diabetes e pretendemos fazer a campanha hospitalar e definir
como preveni-la” (anexo-4, 2ª versão do Plano, G2-B, 2018.05.25).
para prevenir, quer para tratar indivíduos diabéticos. Esta informação é retomada numa outra
reformulação parafrástica, no 3º período da citação, o que se torna redundante. Nesse segmento,
o G2-B acrescenta, por adição, a pretensão de realizar uma “campanha hospitalar” cujo
conteúdo consiste em como prevenir a diabetes.
Sem proceder à descrição dos factos referentes ao processo de recolha de informações, como
o número de entrevistados, as médias das tendências de resposta, o nível de conhecimentos
demonstrado pelos informantes, (como orienta o enunciado instrutivo), o G2-B empenha-se, em
seguida, na reestruturação discursiva do desenvolvimento da 1ª versão do plano e sua
transformação em rascunho plano-misto.
Deste modo, julgamos que o G2-B, apesar de não realizar uma assinalável deslocação de
informações já existentes no plano para outras partes da superfície textual (também porque as
omite), realiza uma (re)distribuição local de informação existente. Esta operação reside na
transformação e disposição da informação numa lista de tópicos ou sob forma de frases-resumo
condensadoras das respostas dadas e das ilações a tirar das respostas das entrevistas, o que confere
uma certa coesão ao discurso, (exemplo, 44).
Em síntese, o G2-B, na transformação do plano rascunho texto (1ª versão) para plano
rascunho misto (2ª versão), realiza modificações no seu texto por recurso às operações de
adição, supressão, substituição, deslocação/(re)distribuição. Essas operações envolvem
aspectos de superfície que se relacionam com a deslocação/(re)distribuição de informação, o
que modifica, até certo ponto, o esquema de distribuição da informação da versão precedente.
As três primeiras operações de revisão, designadamente, adição, supressão e substituição têm
que ver, nesta versão, com a mudança das intenções de comunicação que presidem à
elaboração do relatório, portanto, com aspectos localizados num nível abstracto. Em seguida,
analisamos o desempenho do G4-A.
Adição, supressão, substituição e deslocamento/(re)distribuição. Tendo privilegiado o
rascunho plano-misto, opção até certo modo influenciada pelo enunciado instrutivo da
actividade de escrita que, seguindo a perspectiva de González (2005b), descreve a organização
discursiva do género em questão, o G4-A, na 2ª versão do plano, focaliza a atenção, em
primeira instância, na coerência entre os elementos vinculados pelo cabeçalho e as restantes
partes do texto, particularmente, com as propostas. É da concretização desse exercício que
substitui o(s) emissor(es) do relatório - o próprio grupo (1ª versão) – para vincular o grupo à
“associação de diabéticos de Maputo” (versão revista). Essa operação permite a legitimação
das entrevistas e, acima de tudo, das propostas agregadas na 2ª versão, na qual solicita a ajuda
do governo e do sector privado para a disponibilização de alimentação saudável, quer para os
associados, quer para os demais pacientes. Por recurso à operação de adição, acrescenta as
finalidades do relatório, que as diferencia dos objectivos das entrevistas (1ª versão), que
passam (na 2ª versão) a ser consideradas como forma de recolha de informações sobre a
diabetes.
O G4-A, na versão revista do plano, transforma a organização discursiva da 1ª versão, sem
alterar o conteúdo dos segmentos textuais envolvidos, mas realiza a deslocação
/(re)distribuição das informações já existentes na 1ª versão do plano, modificando, por
conseguinte, o esquema de distribuição da informação inicial por recurso à seguinte
estratégia de progressão textual: observância da estrutura veiculada no enunciado instrutivo da
actividade (ver-instrução-4). No desenvolvimento, concretamente, na descrição dos factos, o
G4-A apresenta primeiro os entrevistado, em sseguida, anuncia três itens que consubstanciam
246
Na versão reescrita, o grupo mantém o tipo de plano; mas, desloca parte da informação que
antes constava do desenvolvimento, que passa a figurar no parágrafo introdutório, alterando,
assim, o sentido da versão inicial do plano, cuja parte de seus elementos é elidida. No
desenvolvimento, o G5-A desloca as informações existentes na 1ª versão, agrupando os sintomas
em frase-resumo única, ao invés das alíneas da versão anterior. Ocorre o mesmo relativamente às
formas de prevenção. Nesta secção, a estratégia eleita mantém o significado da parte vinculada
no desenvolvimento, porém reescrita e organizada de modo mais coeso. Essa reformulação torna
possível a adição da secção das propostas (2ª versão) e a supressão da secção do fecho (1ª
versão).
adição, informa sobre a estratégia usada na recolha de dados – entrevistas – e o período da sua
realização. Os tópicos arrolados no desenvolvimento estão agregados em duas unidades textuais,
designadamente:
Em seguida, distribuímos a instrução nº5 (fig. 25) que orienta a actividade da redacção do
texto, em pequenos grupos.
Tal como defendem Flower e Hayes (1981), os sujeitos com domínio da expressão escrita
geram as informações a incluírem em suas produções baseados no problema retórico genérico,
analisando a(s) finalidade(s) e o(s) destinatário(s) em função do tópico da comunicação;
enquanto os aprendentes em desenvolvimento fazem-no, normalmente, por recurso ao assunto e
escrevem tudo o que conseguem recuperar da MLP, sem a observância das variáveis decorrentes
do contexto retórico, designadamente, a adequação ao(s) destinatário(s) e à(s) finalidade(s) do
texto.
A partir desse comportamento dos aprendentes da amostra, parece podermos inferir que as
metodologias e estratégias seleccionadas concorrem para que o G2-A aloque a atenção para os
aspectos de dimensão profunda, o que resulta na adequação do texto ao problema retórico. Esta
intenção parece ter orientado as modificações que o G2-A faz no decurso da componente da
redacção da 1ª versão do relatório sobre a diabetes.
As inferências feitas fundamentam-se no facto de, nas duas versões do plano, o relatório ser
dirigido ao “Doutor João Carlos – Médico do Hospital Geral José Macamo”, dado tratar-se de
uma questão de saúde. Porém, na 1ª versão do texto, depois de accionar a componente da
redacção e termos administrado a ficha de verificação da redacção, o grupo revê aspectos
252
Tais propostas abarcam as áreas da Saúde Pública (prevenção) e da Educação. Por essas
áreas não estarem na alçada de um médico clínico (do doutor João Carlos), o grupo escolhe
novos destinatários do relatório, designadamente, a “Direcção da Saúde da Cidade de Maputo” e
a “Direcção de Educação e Desenvolvimento Humano da Cidade de Maputo”, dirigindo desse
modo o texto aos destinários que se pressupõe apropriados em função dos conteúdos discutidos.
sua maioria dizem respeito a aspectos situados na superfície textual. Essas modificações afectam
a distribuição de informação veiculada na 1ª versao do texto e a busca de adequação da lingugem
aos traços definidores dos destinatários.
Num primeiro momento, na linearização, o G2-B, introduz, por adição, o primeiro parágrafo
no qual refere o objectivo do relatório, a técnica de recolha de dados usada – as entrevistas – e as
matérias nelas tratadas. Num segundo momento, procede à descrição dos factos nos parágrafos
subsequentes, com suporte nos marcadores discursivos de integração linear, terminologia de
Adam (2008:179-91), na ordenação sequencial das quatro entrevistas realizadas bem como dos
conteúdos essenciais discutidos.
À apresentação do conteúdo das entrevistas, uma de cada vez, segue-se um parágrafo que,
numa lógica dedutiva, sistematiza os pontos de reflexão que emanam dos posicionamentos
assumidos pelos entrevistados. Por consequência disso, por adição, destaca-se no texto o uso da
interrogativa retórica em (49) “A diabetes não tem cura, mas será que com os avanços da ciência
no nosso século não é possível pelo menos produzir-se uma vacina?”
Essa pergunta despoleta as propostas registadas logo a seguir. Aliás, o emprego dessa
estratégia visa captar a atenção do(s) alocutário(s), podendo, assim, ser um indicativo da
consciência que os aprendentes têm relativamente às condições de recepção do seu texto.
Assim, o G2-B, por adição, convoca os marcadores de integração linear de modo a reforçar a
ordenação cronológica de realização das entrevistas reportadas pelo relatório; por forma a atrair a
atenção dos destinatários e despoletar as conclusões e propostas, depois de apresentar, por
adição, uma breve síntese do conteúdo das entrevistas, apresenta a interrogativa retórica, a que já
fizemos referência. Uma outra operação de importância a reter, a um nível abstracto, é a
substituição do destinatário do texto, o que concorre para a adequação do conteúdo,
particularmente, das propostas a nova entidade. As operações descritas concorrem para que o
G2-B construa um relatório coeso e coerente, dada a coesão interna, i.e., intra e inter-frásica dos
255
Na senda de Mateus et. al. (1994:134), para que o texto seja coeso, é necessário que se
preste atenção à coesão frásica, i.e., aos processos de sequencialização que asseguram a ligação
entre os elementos linguísticos na superfície textual. Nesta conformidade, o G4-A, tendo
privilegiado o rascunho plano-misto, na componente da redacção centra a sua atenção na
conversão dos tópicos gerados e hierarquizados conforme a estrutura do relatório, em texto
coeso, pelo que mobiliza, por adição, os organizadores discursivos, lógicos semânticos e procura
concretizar o esquema de distribuição informacional que propõe no plano-misto.
No prosseguimento, o G4-A faz a contracção, num só parágrafo, dos três itens que
comportam os assuntos abordados nas entrevistas; ocorrendo a mesma operação relativamente às
afirmações constituintes da síntese dos conteúdos abordados na interacção com o primeiro e o
segundo entrevistado; em seguida, o grupo mantém a disposição topicalizada das conclusões e
propostas, porque coesa, mas, em vez de tópicos sem lhes alterar o sentido, nesta versão,
apresenta-as sob forma de frases-síntese.
informações existentes no texto em novas construções mais coesas de modo a asseguar a clareza
da informação transmitida. Nestes moldes, as operações activadas no decurso da textualização
enriquecem o nível discursivo, sintáctico-semântico, i.e., da textura discursiva.
Conforme a leitura feita nos parágrafos precedentes, parece-nos que estamos perante um
desenvolvimento que carece de um esquema de organização informacional, o que ilustra o facto
257
É por consequência disso que, apoiados nas (micro)-tarefas desenhadas para a recolha de
informações sobre a diabetes (entrevistas/leituras/consultas às fontes da net, etc.), o G4-B vai
gerando fragmentos discursivos que necessitam de uma transformação de modo a adequá-los aos
destinatários, às finalidades e ao co(n)texto linguístico-discursivo. Essas operações, por
implicarem o gasto de recursos cognitivos indisponíveis, não são realizadas. O G4-B, de acordo
com a teoria de Bereter & Scardamalia (1987), escreve conforme o modelo de explicitação do
conhecimento. Apesar disso, julgamos que a adequação teria sido possível, se o grupo tivesse
optado por um tipo de plano diferente do rascunho-texto.
Ainda assim, as reformulações que o grupo faz, no decurso da redacção, com o auxílio dos
mecanismos de facilitação da redacção, parecem derivar da consideração do problema retórico,
nomeadamente: a) o acréscimo de informações por adição, por exemplo, os segmentos que
dizem respeito aos objectivos do relatório e à forma de recolha das informações veiculadas pelo
texto (no parágrafo introdutório); b) dos detalhes, por adição, inerentes às formas de prevenção,
tratamento e alimentação (no desenvolvimento).
Ao nível da organização do discurso escrito, Flower & Hayes (1981) referem que a
transposição do conhecimento do plano mental para a sua concretização linguística na
superfície textual envolve alguns constrangimentos estritamente relacionados com o código
escrito e ao imperativo de resguardar o significado que se pretende veicular.
de modo a obter um texto coeso, implica, por adição, o emprego dos mecanismos de coesão
sequencial e referencial de acordo com o nível de desenvolvimento cognitivo dos aprendentes e
da sua proficiência linguístico-comunicativa. Nesta componente, o G5-A realiza operações
situadas a vários níveis de decisão, sendo de destacar:
No primeiro parágrafo, da introdução, ocorre, por adição, informação com valor dêitico, i.e.,
de localização temporal da pesquisa que, a seguir, o grupo descreve e cuja técnica de recolha de
dados são as entrevistas que têm como objecto a identificação de conhecimentos que
determinados grupos sócio-profissionais detêm sobre a diabetes. Esse parágrafo,
simultaneamente, exerce a função de apresentação do assunto do relatório e da forma de recolha
de dados incluídos no texto. O grupo introduz a descrição dos factos através de um marcador de
mudança de topicalização “ quanto a” perspectiva de Adam (2008:179), que inicia o período
relativo ao número de entrevistas realizadas.
No que concerne à distribuição informacional, o G5-A, tendo feito quatro entrevistas, opta
pelo uso de marcadores de integração linear, “o primeiro entrevistado (...)”; (o segundo...); (o
terceiro...); e (o quarto...), para inserir, numa sequência ordinária, os entrevistados que, depois de
os apresentar, faz uma síntese do essencial que é abordado nessas quatro entrevistas. Por forma a
discursivizar os tópicos referentes aos conteúdos tratados nas entrevistas, o G5-A selecciona
como estratégia de enunciação o discurso indirecto livre, o que implica o uso de verbos
introdutores descritivos das diferentes atitudes dos entrevistados, do que resulta, com a
interposição do facilitador, no uso de lexemas verbais do pretérito como: “disse”; “acrescentou”;
“respondeu”; “esclareceu”; “aconselhou”, etc. com construções, do presente, relativas ao relato
dos actos de fala dos interlocutores e que traduzem o conhecimento sobre a diabetes.
Nessas construções, a convocação do presente, com valor gnómico (cf. Mateus at. al, 1989),
em segmentos como “a diabetes é uma doença crónica (...); “(...) o pâncreas não produz
insulina suficiente (...); (...) a insulina que é produzida não funciona adequadamente (...)”; “os
sintomas são (....)”; “(...) a diabetes é diagnosticada (...)‟, etc. parece derivar do facto de os
aprendentes interpretarem as afirmações produzidas inerentes à definição, aos sintomas, às
causas, à medicação, à alimentação adequada, sobre a diabetes, como verdades universais e
atemporais.
259
Nesta senda, a resolução de problemas que o processo de escrita com consideração das
variáveis do problema retórico envolve não pode ser baseada numa solução pré-determinada,
mas sim num labor heurístico de geração de soluções múltiplas a serem testadas a cada
momento do processo em função do nível de desenvolvimento cognitivo e da competência
linguístico-comunicativa dos sujeitos.
Assim, à medida que os aprendentes produzem o seu texto, agem, na linha argumentativa
de Bereiter & Scardamalia (1983), apud Carvalho (1999, 2003), condicionados pela
260
É assim que o G5-B reformula o assunto do relatório de “a diabetes”, (2ª versão do plano),
para “Análise dos conhecimentos sobre „a Diabetes‟ na Cidade de Maputo”(1ª versão do
relatório). De modo a obter um discurso coerente, revê, por substituição, o objectivo do texto,
expresso no 1º parágrafo da introdução (2ª versão do plano), que passa a ter a seguinte redacção:
(52) “o presente relatório tem como objectivo analisar os conhecimentos sobre “a diabetes”na
Cidade de Maputo, para dar uma boa informação à Directora de Saúde da Cidade de Maputo”.
Na descrição dos factos, o relatório dá conta das questões colocadas aos entrevistados,
obedecendo à sequência da sua ocorrência. O G5-B, nas reformulações referidas, sem perder de
vista a adequação à nova finalidade do texto, já que, a partir da componente da redacção, passa a
ser a de: “dar uma boa informação à Directora de Saúde da Cidade de Maputo” e acrescenta o
segmento (54).“(...) também perguntamos sobre a melhor forma de alimentação de uma pessoa
com a diabetes e o que achavam que o estado e os privados podem fazer para ajudar as
pessoas que vivem com a diabetes”(anexo-6).
O G5-B assegura, assim, a progressão temática por recurso a soluções múltiplas. A título
exemplificativo, no desenvolvimento do relatório, faz o relato das afirmações essenciais
produzidas do decurso da primeira entrevista através da transposição dos tópicos constantes do
261
plano. E, em perseguição das finalidades do texto: “dar boa informação à directora de saúde
da Cidade de Maputo” acrescenta, por adição, o enunciado (55), que constitui uma das
respostas de um dos entrevistados: (55) “o governo e o sector privado podem ajudar na área
dos medicamentos e da alimentação através da associação, aqui na cidade de Maputo”
(anexo-6).
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
262
Grupos S N S N S N S N S N S N S N S N
G2-A x x x x x x x x
G2-B x x x x x x x x
G4-A x x x x x x x x
G4-B x x x x x x x x
G5-A x x x x x x x x
G5-B x x x x x x x x
As respostas divergentes situam-se na pergunta (2), uma vez que G2-A, G4-A, G5-A e G5-B,
assinalam “não” o que é indicativo da consciência de que os textos ainda necessitam de
revisão/reescrita por forma a adequá-los aos destinatários e às finalidades. Apesar disso, só dois
grupos, especificamente, G2-B e G5-A é que apresentam palavras nas entrelinhas os outros
grupos não as apresentam, o que pode indiciar que, nesta etapa do processo, grosso modo, os
aprendentes não introduzem modificações nos seus textos/produtos.
não ter proporcionado o distanciamento suficiente para que encassem o texto na perspectiva da
recepção; (ii) o tempo disponível (cerca de 10‟) pode ter sido insuficiente para o exercício
solicitado.
Todavia, fica o registo de que os grupos têm percepções diferentes sobre os seus textos no
que diz respeito à adequação. Assim, na sessão subsequente, de acordo com o PIP (apêndice-I),
investimos na componente da revisão/reescrita do texto com recurso aos códigos de revisão.
A convocação dessas estratégias didácticas, nesta fase do processo, não só objectiva que os
aprendentes consciencializem a acepção de escrita como uma tarefa de resolução de
problemas, mas também a colocação dos aprendentes no centro do processo. Para tal, lhes
demos a seguinte instrução:
Depois de teres lido e compreendido os códigos de revisão introduzidos no teu texto, vais, com os
colegas do grupo, corrigir, reformular e reescrevê-lo .
G2-A 03 05 05 03
G2-B 02 04 07 02
G4-A 06 02 05 02
G4-B 01 03 04 06
G5-A 01 02 02 04
G5-B 01 03 05 00
Fr 14 19 28 17
Legenda: Fr – Frequência.
Da leitura da fig.28, dos resultados da revisão do relatório com a administração dos códigos
de revisão, podemos depreender o seguinte:
recurso aos códigos, urge a necessidade de adequação do conteúdo do texto aos destinatários e
às novas finalidades do relatório.
É assim que o G2-A modifica, por substituição, a origem do relatório para “Activista de
Saúde e Higiene das Escolas da Cidade de Maputo”, adequando, assim, a origem do relatório ao
contexto retórico no qual se enquadra o texto em produção.
verbal “responder”, faz a contracção do determinante “a” com a preposição “a” por
substituição do “a” determinante, artigo definido; e) a última alteração desta secção, tem que
ver com a substituição lexical, visando claramente maior precisão, assim “apanhar-se a
diabetes” é substituído por “contrair-se a diabetes”. Essa operação é notória também nas
restantes secções da 2ª versão do relatório, que é o caso, por exemplo, do desenvolvimento e da
secção das conclusões/propostas, em que temos: “possui muitos conhecimentos sobre as
diabetes”; “sal e gorduras que ingeridos no seu organismo”; “A partir destas respostas
podemos”; “deve-se aumentar o estudo”; “onde frequentam muitas pessoas”.
58. “(...) fizemos a pesquisa com base nas entrevistas. As entrevistas tinham o objectivo de verificar
se os entrevistados tinham conhecimento sobre a definição da diabetes, como os modos de
contrair e prevenir, o tratamento e os cuidados com a alimentação. Falamos também sobre o
apoio que os diabéticos recebem do governo e da sociedade em geral (anexo-6).
Conforme observa Carvalho (2003)a, a revisão desencadeada por sujeitos que desenvolveram
a competência de escrita transcorre a níveis mais profundos, o que é consequência da
capacidade de construção de certas representações cognitivas inerentes à operação – habilidade
essa em construção nos sujeitos da amostra. Neste sentido, um dos fundamentos das sucessivas
revisões/reescritas propostas no PIP é a criação de rotinas que permitam a automatização dos
procedimentos implicados nas (micro)-tarefas inerentes aos aspectos de superfície, o que pode
contribuir para a alocação de recursos cognitivos para aspectos densos localizados nas
dimensões profundas do texto sem sobrecarga cognitiva dos mecanismo de controlo dos
processos executivos.
60. “O objectivo do presente relatório é ajudar e aumentar o conhecimento sobre „a diabetes‟ e ajudar
as pessoas a saberem se tem ou não„a diabetes‟, a pedir ajuda no governo e na sociedade em
geral, para ajudar as pessoas que vivem com a diabetes e pedir ao MISAU para realizar palestras
sobre esta doença” (anexo-4;G4-A 2018.05.25).
Assim, consciente da repetição dos lexemas verbais “ajudar” e “pedir”, o G4-A, apoiado nos
códigos de revisão que inserimos na 1ª versão do relatório, revê os segmentos seguintes: “ajudar
a aumentar”; “ ajudar as pessoas a saber se tem diabetes”; “... a pedir ajuda no governo”; “para
ajudar as pessoas” e “pedir para realizar palestras”. O grupo reformula esses segmentos por
recurso às operações de supressão (1), substituição (3) e deslocamento /distribuição (2).
Dessa revisão, o G4-A segmenta o parágrafo em duas unidades discursivas, sendo que a 1ª
veicula os principais objectivos do relatório e a 2ª, introduzida pelo organizador discursivo
aditivo “também”, ressalta o apelo ao governo para apoiar a associação dos diabéticos e aos
demais, não associados. No interior desta unidade, o grupo realiza substituições (2) de
269
61. “O objectivo do presente relatório é dar a conhecer o que os cidadãos da cidade de Maputo sabem
sobre „a diabetes‟ e permitir que as pessoas sabem (sic!) se tem (sic!) ou não „a diabetes‟.
Também este relatório pretende apelar o apoio do governo e sociedade em geral à associação dos
diabéticos e às pessoas que padecem com a diabetes. Ao MISAU queremos solicitar palestras
sobre a diabetes para aumentar o nível de conhecimentos sobre a diabetes” (anexo-6;
2018.06.01).
Tornando-se, assim, mais coeso, embora tenha erros sintácticos, em: (i) contexto de uso
obrigatório do conjuntivo “ para que as pessoas sabem (sic!) se tem ou não a diabetes”; (ii)
Acordo sujeito vs verbo “as pessoas(...) se tem (sic!) ou não a diabetes”; (iii) repetições
evitáveis do termo “diabetes”. Nesses segmentos, os aprendentes, apesar dos códigos de revisão
inseridos, decidem manter as construções. Depois de ouvirmos as verbalizações desta fase,
ficámos crentes de que a não modificação resulta do facto de os aprendentes não conhecerem as
causas dos erros sintácticos assinalados.
No prosseguimento, a atenção do grupo recai sobre a lista dos aspectos arrolados da análise
de dados das entrevistas, transcrita da última versão do plano para a 1ª versão do relatório. Nesta
revisão/reescrita - 2ª versão do relatório - o G4-A, procura substituir, deslocar e (re)distribuir
esses tópicos, num discurso mais condensado e articulado por recurso aos conectores discursivos.
Após a análise do conteúdo das entrevistas, o G4-A infere que há poucas informações a
circularem na sociedade sobre a diabetes, mormente, as formas de prevenção. Em seguida, por
adição, insere um organizador discursivo marcador de conclusão “por isso”. O grupo refere a
essa escassez de informação como uma das razões que concorre “para que” – organizador
discursivo marcador da finalidade (Neves e Oliveira, 2001:123) – o MISAU divulgue mais
informações sobre esta doença. Este segmento, encaixa-se na construção seguinte através do
organizador subordinativo causal “porque” uma vez introduzir a justificativa que concorre para a
divulgação de mais informações sobre a diabetes, nomeadamente, o facto de “a alimentação e os
medicamentos da diabetes serem caros”, do que se espera que desencadeie urgentemente apoios.
270
Em síntese, nesta revisão/reescrita por recurso aos códigos que inserimos no texto/produto do
G4-A, num primeiro momento, a atenção recai sobre as operações de revisão do conteúdo do
relatório, especificamente, a supressão, substituição e deslocamento/distribuição. Num
segundo momento, o focus recai sobre a textura discursiva, concretamente, sobre os mecanismos
conectivos sequenciais, por forma a assegurar uma ligação significativa entre os elementos de
superfície.
Conforme Camps (2003:211), revisto no cap. I, do ponto de vista teórico, autores diversos
parecem anuir a ideia de que a interacção verbal entre os aprendentes, com a interpelação do
professor (Graves, 1984 e 1985), em actividades de produção textual colaborativa, é vantajosa,
na medida em que permite distribuir a sobrecarga entre os membros do grupo e contribui para a
(auto)-regulação dos aprendentes. Este posicionamento fundamenta-se em que verbalizar os
problemas que se colocam, deles tendo a consciência e conjuntamente procurar caminhos para os
resolver, não só proporciona a (auto)-regulação e o desenvolvimento de estratégias de
(meta)cognição como também propicia o incremento da zona proximal de desenvolvimento
(ZPD) – se considerarmos que o nível dos aprendentes, entre si, não é muito
distanciado/desfasado.
Em suma, como ilustra a fig.28, o G4-B, com 14 (catorze) modificações, apoiado nos
códigos de revisão que introduzimos na 1ª versão do relatório, acciona as operações de
supressão, substituição e deslocamento/(re)distribuição do conteúdo do texto, em busca de
uma ordenação lógica e progressiva das informações constantes da 1ª versão. É assim que, de
forma “autónoma”, consegue reduzir as redundâncias e assegurar um esquema de distribuição
informacional que garante a progressão temática, revelando, até certo ponto a apropriação das
características deste género.
Dessas operações, é de ressaltar que uma das estratégias essenciais para esse cometimento é a
realização do deslocamento/(re)distribuição de informação existente na versão anterior, com
uma frequência de 06 (seis) actualizações, o que implica reajustamentos de ordem sintáctica e de
(re)sequencialização dos segmentos discursivos revistos. Essas modificações, implicando, ou
não, mudança de significado dos fragmentos reformulados e inserção em novos co(n)textos
discursivos, com outras disposições sintáctico-semanticas, originam consequências significativas
ao nível da organização discursiva do texto.Todavia, é de ressaltar a preocupação dos sujeitos na
manutenção do sentido dos segmentos revistos.
Tal como observa Kucer (1985), apud Carvalho (2003b), dada a recursividade que caracteriza
os componentes do processo de escrita, a revisão é de natureza recorrente, podendo incidir
continuamente sobre a superfície textual no percurso da produção escrita e, em contrapartida,
mobilizar estratégias apropriadas para a modificação de segmentos destoantes ao nível de
superfície textual, quer relativamente à representação cognitiva do texto, quer em busca de
adequação às variáveis do problema retórico.
É dessa percepção que o G5-A, na 2ª versão do relatório sobre „a diabetes‟, para resolver
situações dissonantes relativamente à representação cognitiva do texto, acciona as operações de
273
deslocação e adição na revisão e reescrita do segmento (62), antes redigido: “Nessa pesquisa
realizamos entrevistas que tinham como objectivo a recolha de informação sobre a
diabetes”(anexo-4, 1ª versão). Na sessão subsequente, o G5-A revê esse fragmento para (62‟)
“Realizamos essa pesquisa através de entrevistas que tinham como objectivo a recolha de
informação sobre a diabetes” (anexo-6, 2ª versão do relatório).
Criam-se, desse modo, condições de aceitabilidade desse segmento, ou seja, o G5-A melhora
a construção em (62), na qual apresenta como objecto interno do verbo “realizar, o [SN]
complexo “entrevistas que tinham como objectivo a recolha de informação sobre a diabetes” e
não pontua, adequadamente, o complemento oblíquo, que ocorre em posição inicial de frase,
resultando uma construção de difícil interpretação, por má formação, uma vez que nos parece
que o grupo confunde o [SP] “Nessa pesquisa” como o sujeito da construção, por isso não insere
a vírgula, que separaria o SP do verbo. Assim, o G5-A desloca e redistribui os elementos da
frase, como estratégia de resolução da inaceitabilidade assinalada. Porém, é de notar que a
inserção da vírgula na construção (62), que separaria o [SP] dos restantes elementos frase, podia
ter sido uma das estratégias de solução ao problema assinalado, o que implicava um gasto menor
de recursos cognitivos.
Em seguida, de modo a garantir uma boa distribuição informacional pelo texto, o grupo
desloca o 1º período do desenvolvimento, para o 2º período do parágrafo introdutório, fazendo
referência ao número de entrevistas realizadas e, por adição, apresenta a síntese dos tópicos
abordados. Como consequência dessa operação, o G5-A suprime o 1º parágrafo da descrição dos
factos no qual faz o inventário das principais afirmações produzidas nas entrevistas, que ocorre
na 1ª versão, por se ter tornado redundante.
274
Em resumo, como mostra a fig.28, o G5-A, com 09 modificações realizadas por recurso às
operações de adição, deslocamento/(re)-distribuição, supressão e substituição, parece centrar
a atenção na correcção das agramaticalidades assinaladas, na modificação do esquema de
distribuição informacional da versão anterior e na busca da coesão interna dos elementos de
superfície texual, assim:
Deste modo, no cabeçalho, o G5-B modifica, por substituição, o assunto central do relatório
que passa a ser o seguinte: (63) “Análise do nível de conhecimentos sobre „a Diabetes‟ na
Cidade de Maputo”; em seguida, no primeiro parágrafo da introdução, altera também, por
substituição, as finalidades do relatório, em vez de visar “dar boas informações à Directora de
Saúde da Cidade de Maputo”, o texto passa a ter a seguinte finalidade:“(...) fornecer informações
importantes sobre a Diabetes à (...)”; no 2º parágrafo da introdução, suprime o segmento “para
275
isso”, porque desnecessário, e corrige, por substituição, o erro de concordância em número “os
conhecimentos que os residentes da cidade de Maputo tem sobre a diabetes”(1ª versão),
flexionando a forma verbal no plural, assim, “(...) que os residentes da cidade de Maputo têm
sobre a diabetes”.
Porém, é de referir que apesar de os aprendentes optarem, grosso modo, por substituir na
totalidade os segmentos cuja causa do problema assinalado desconhecem, também mantêm, na
versão revista, segmentos agramaticais assinalados talvez por falta de domínio suficiente da
língua (Português/L2) para compreenderem a causa da agramaticalidade e/ou da inaceitabilidade
dos segmentos assinalados. Das alterações encontradas na versão revista do relatório, registamos
cerca de 52% de modificações de superfície, relacionadas com a inserção de sinais de pontuação,
correcção ortográfica, concordância em número/género e substituições verbais por flexão em
modo, tempo e número.
recurso às nominalizações, se tornam tópicos centrais do discurso. Esse exercício assegura uma
determinada orientação da reflexão e favorece, pelo conseguinte, a progressão temática sem
rupturas.
Com o recurso aos códigos de revisão, testamos a capacidade de produção escrita de alguns
grupos, em particular, do G4-B, no que diz respeito à modificação da distribuição informacional
da 1ª versão do relatório, de modo a assegurar uma harmoniosa progressão textual. Como nos
referimos em secções precedentes, esse exercício realiza-se com sucesso pela convocação das
operações de supressão e deslocamento/(re)distribuição de informação existente na 1ª versão
do texto. O recurso às operações referidas parece corroborar a hipótese antes apresentada,
segundo a qual, com as sucessivas revisões/reescritas, progressivamente, os aprendentes
automatizam os procedimentos envolvidos e libertam-se da dependência do texto concreto, ou
seja, da sequência e linearidade da geração da informação veiculada pela versão precedente.
Nos últimos 15‟ desta sessão, conforme os objectivos anunciados no parágrafo precedente,
depois de recolher os textos, entrevistámos, na sala dos professores, 06 aprendentes,
representantes de cada um dos grupos da amostra, assim, codificados: RG2-A60; RG2-B; RG4-
A; RG4-B; RG5-A e RG5-B. Das entrevistas que administrámos, chegamos aos resultados que
reportamos e discutimos nos parágrafos subsequentes:
60
RG- Designa representante do grupo.
279
A segunda é referente ao ponto de vista dos RG2-B; RG4-B; RG5-A e RG5-B, 67%,
que, grosso modo, consideram que a importância da planificação reside na possibilidade de
o sujeito-produtor reunir as informações importantes e organizá-las conforme as diferentes
partes do texto em produção, i.e., permite construir um texto bem estruturado; também
constitui um momento de reflexão sobre as melhores maneiras de fazer o destinatário
compreender o significado do texto; a planificação permite pensar como será o texto-final -
em alusão, parece-nos, à adequação aos destinatários(s), às finalidade e às características do
género textual.
No que diz respeito à questão-3, em que solicitamos a opinião dos inquiridos a cerca do uso
das fichas de facilitação das (micro)-tarefas da planificação, da redacção e da revisão/
reescrita do texto, os respondentes, 100%, consideram que são importantes, porém, afirmam
que atrapalham um pouco, principalmente, nos primeiros minutos RG2-B, 17%. Ajudam a
ver se o rascunho está de acordo com o que pretendemos escrever no texto final RG5-A,
17%; auxiliam a entender afinal o que devemos fazer e corrigir durante a elaboração do
texto RG2-A, RG4-A, 33% e facilitam a distribuição das ideias pelo texto e a correcção de
aspectos que não estão de acordo com as características do texto solicitado no enunciado
instrutivo, resposta sistematizada de RG5-B e RG4-B, 33%.
No que tange à pergunta-4, em que inquirimos sobre a importância do uso dos códigos na
revisão/reescrita de textos, no conjunto, dos aprendentes, G2-A; G2-B; G4-A; G4-B; G5-A e
G5-B, registamos, respectivamente, as seguintes respostas: (i) permitem identificar o que
corrigir no texto; (ii) orientam a reelaboração/(re)planificação do texto; (iii) ajudam a
(re)organizar as informações do texto; (iv) orientam a revisão; (v) mostram as frases mal
eleboradas, as que precisam de pontuação e correcção de erros ortográficos; (vi) permitem
perceber onde é necessário: acrescentar/apagar; substituir/deslocar palavras ou ideias para
melhorar o texto.
Uma breve relação entre o que cada um dos inquiridos responde com o percurso de
produção realizado, permite-nos a percepção do facto de cada entrevistado responder em função
da experiência própria, das dificuldades e dos “andaimes” aprovisionados, na produção textual
em ambiente colaborativo, com a interposição do facilitador. Esta ilação parece indiciar o facto
de este PIP constituir um momento único em que, de forma consciente, os aprendentes
concebem e testam diferentes estratégias de resolução de problemas com que se deparam no
processo de produção textual, de forma autónoma. Por essa razão, baseiam-se no percurso feito
para dar resposta às questões colocadas, visto não possuírem experiência anterior de escrita
processual que servisse de referência.
Em seguida, com vista a municiar os aprendentes com conhecimentos sobre o tema, lêem,
aos pares, os textos do Livro do Aluno-LP10 (trabalhados nas aulas do professor-titular):
“Sismos” (pg.34); “Sismos em Moçambique - Uma realidade assustadora! “ (pg.37). (10‟).
Produção escrita
1ª Etapa – Planificação
Vais produzir este texto por etapas. Neste momento, concentra-te apenas nas actividades de
planificação, concretamente, vais identificar o(s) destinatário(s), a(s) finalidade(s), o assunto
central; a organização específica deste género/partes e subpartes; os conteúdos de cada parte e
282
sua articulação.
De modo a contornar o facto observado por Bereiter & Scardamalia (1987), segundo o qual
os sujeitos que escrevem de acordo com o modelo de explicitação do conhecimento iniciam,
mormente, a tarefa da redacção propriamente dita muito mais rapidamente do que os que
operam de acordo com o outro modelo e, de modo a explicitar aspectos latentes, perspectiva de
Sheeran & Barnes (1991), orientamos, explicitamente, os aprendentes para realizarem as
(micro)-tarefas de pré-escrita, (Pereira & Azevedo 2002), designadamente, a identificação do
tema da produção; do(s) destinatário(s); da(s) finalidade(s); e da estrutura temática e
informacional, a partir das “pistas” fornecidas pelo enunciado instrutivo.
Com a interpelação do facilitador, os aprendentes, nos respectivos grupos, G2-A; G2-B; G4-
A; G4-B; G5-A e G5-B realizam as (micro)-tarefas da planificação, de modo faseado. Assim,
discutem as instruções veiculadas pelo enunciado instrutivo da actividade, identificando os
aspectos referidos. Tal como nos ciclos precedentes, a realização dessas (micro)-tarefas é
orientada de modo que se realizem em duas sub-etapas, designadamente: (i) geração, com a
duração de cerca de 20‟; e (ii) hierarquização, com a interposição do facilitador, 20‟.
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
283
Resposta S N S N S N S N S N S N S N S N
possível
G2A x x x x x x x x
G2B x x x x x x x x
G4A x x x x x x x x
G4B x x x x x x x x
G5A x x x x x x x x
G5B x x x x x x x x
Como ressalta Cabral (2005:102), o texto institui-se como uma sequência linguística
determinada, em termos de produção e de interpretação, tanto por regulação de género, como por
tipos de discurso; sendo, por conseguinte, na lógica interaccionista (Bronckart, 2006),
decorrência de uma sofisticada manipulação das convenções discursivas, de acordo com as
expectativas construídas sobre o(s) destinatário(s) e finalidades do texto.
Essa organização da 1ª versão dos planos propostos parece proceder de factores interligados,
discutidos, no grupo, com recurso a administração dos andaimes pelo facilitador,
designadamente: (i) a consideração da complexidade e abstracção envolvida na discussão do
tema exigir por parte dos sujeitos-produtores uma maior explicitação; (ii) a natureza deste género
textual - texto “facilitador”- requerer, para o cumprimento das suas finalidades juntos dos
destinatários, tanto a exposição do saber (segmentos expositivos), quanto a explicação do saber
transmitido (segmentos explicativos); e a orientação dos destinatários atinente ao modo de ler,
conforme o esquema de distribuição informacional adoptado (segmentos meta-discursivos).
terão concorrido para a elaboração de dois tipos de planos: (i) rascunho-plano-guia, do qual
constam os títulos das diferentes unidades textuais e os itens/frases-resumo, i.e., sem
grandes desenvolvimentos que só surgem na fase da textualização, embora encontremos
enunciados explicativos dos conceitos expostos, opção feita pelos RG2-A, RG2-B; RG4-B; e
RG5-A; (ii) Rascunho-plano-misto, um plano no qual se distinguem duas fases distintas – um
plano-guia; antecedido e/ou intercalado com fragmentos textuais-; RG4-A e RG5-B.
Importa ainda destacar na revisão feita pelo aprendente RG2-A, a adição de dois segmentos,
o primeiro, em (68), “outros prejuízos dos terramotos podem acontecer com a queda de
edifícios” e acrescenta, exemplos cuja intenção é fornecer dados explicativos em consideração
das necessidades informativas dos destinatários, pelo que esse segmento passa a ter a seguinte
287
redacção (68‟) “outros prejuízos dos terramotos podem acontecer como a queda de edifícios,
postes, árvores, destruição de prédios, estradas e pontes ou podem causar incêndios que podem
começar por causa dos tubos de gás que ficam partidos e por causa de fios eléctricos estragados
e caídos no chão”. A fechar a unidade textual intitulada “efeitos dos sismos”, ocorre também,
por adição, o segundo segmento - (69) “Os sismos deixam muitas pessoas em situação de
emergência ou dependentes de ajuda que pode vir de dentro e de fora do país”.
71. “Os sismos acontecem porque a camada mais interna da terra, a litosfera, formada pelos primeiros
100 metros de profundidade, que é rígida, é quebrada em diversos pedaços que não estão parados,
mas se movimentando uns em relação aos outros, como se fossem imensas lajotas que volta e
meia, tentam se encaixar” (anexo-7; 2ª versão do plano, RG2-B ).
288
O RG2-B termina o plano com a unidade referente aos modos de prevenção, no caso de
ocorrência dos sismos, tal como na 1ª versão do plano.
Em seguida, na unidade referente aos „efeitos dos sismos‟, com a função explicativa, ocorre,
por adição, o enunciado, a seguir, que arrola alguns dos danos materiais e humanos resultantes
da eventual ocorrência desses desastres ecológicos. (72) “Destruição das construções feitas pelo
homem que resultam em perdas de vidas, ferimentos e outros prejuízos financeiros e sociais”. A
fechar o plano, ocorre, por substituição, um enunciado que relaciona o percurso realizado e os
objectivos anunciados na parte introdutória do plano. Esta operação que insere uma espécie de
289
Relacionado com o tipo de plano construído, procede também a uma operação que tem que
ver com a desconstrução da unidade textual „origem e efeitos dos sismos‟ (1ª versão do plano)
em duas unidades (2ª versão do plano) e o deslocamento/(re)distribuição dos itens que a
compunham, ocorrendo também, como nos referimos, por adição, a inserção de um segmento
explicativo relativo aos eventuais prejuízos que advêm da ocorrência deste tipo de desastres.
deslocamentos de gases no interior da terra”. Nessa unidade textual, substitui o primeiro item,
reformulando-o, contudo sem efeitos significativos ao nível do sentido global do plano.
fundamenta a supressão dos três itens inseridos na unidade textual inerente aos efeitos dos
sismos (1ª versão), porque demasiados técnicos e teóricos, se tomarmos em linha de conta os
supostos conhecimentos partilhados com os destinatários.
comunicação que lhe é subjacente - alertar sobre os riscos que podem advir da actividade
mineira/perfurações a grandes profundidades na crosta terrestre e do garimpo ilegal que tem
estado na origem de deslizamentos de terras e, consequentemente, a erosão, a perda de vidas
humanas e a possibilidade de ocorrência de mais terramotos.
Em síntese, o RG5-B, encarando o texto como meio de comunicação, por adição acrescenta
informações e, por via de reformulações parafrásticas, busca a compreensão do texto pelos
usuários. Da necessidade de prover e explicitar informações que modifiquem o estado cognitivo
dos destinatários no que tange aos conhecimentos sobre os desastres ecológicos, o sujeito-
produtor enriquece o plano das ideias. Substitui segmentos discursivos por outros mais precisos,
o que denota a apropriação das características do texto –EE.
anafóricas (embora em número reduzido), o que parece denunciar uma progressiva aquisição
dos padrões sintácticos que a escrita demanda, possibilitando, desse modo, a redução da
sobrecarga e a consequente alocação de recursos cognitivos - a atenção - para a adequação do
texto às variáveis do contexto retórico.
Com base no plano elaborado, vais agora proceder à redacção individual do texto-EE. Para o
efeito, tem o cuidado de adequar a linguagem ao(s) destinatário(s) e às finalidades. Não te esqueças
de sequenciar e articular as ideias/parágrafos de acordo com a organização específica deste género. No
fim, verifica se varias o modo de construção frásica e se respeitas a pontuação e a ortografia.
Para o efeito, esse enunciado chama a atenção dos aprendentes para observarem a
adequação da linguagem e do conteúdo ao(s) destinatário(s) e às finalidades do texto (nível
profundo); a sequencialização e articulação das ideias, por recurso aos conectores; ordenar os
parágrafos de acordo com a organização específica do género em produção e a variação do modo
de construção frásica e o respeito pela pontuação e ortografia (nível de superfície textual).
Na esteira de Flower & Hayes (1981b), a transposição do conhecimento do plano para a sua
materialização linguística na superfície textual – linearização – envolve alguns
constrangimentos estritamente relacionados com a linguagem escrita e ao imperativo de
resguardar o significado que se pretende que o texto veicule.
É nessa conformidade que, tendo ensinado aos aprendentes que escrever é “planificar,
escrever e rever/reescrever”, na transposição da 2ª versão do plano para a 1ª versão do texto-EE,
o aprendente RG2-A apesar de ter adoptado o esquema de distribuição informacional da 2ª
versão do plano, realiza modificações no interior dessas unidades, como o deslocamento/
(re)distribuição de segmentos para diferentes partes do plano, de modo a assegurar uma
continuidade temática sem rupturas.
295
Essas operações, como vimos, asseguram no texto a continuidade temática, pelo que no
prosseguimento, a unidade textual, a seguir, é dedicada aos efeitos dos sismos e o texto termina,
tal como previsto no plano, com a abordagem das causas dos terramotos. Tendo percebido que
ao longo do texto usa o termo terramoto, ao invés, de “sismo”, como na 1ª e 2ª versão do plano, o
aprendente RG2-A, na 1ª versão do texto, modifica o título por recurso à substituição por
sinonímia, passando a - “Terramoto”.
Conforme Barbeiro (1999:96-7), o ensino da escrita deve assentar numa abordagem explícita
e fundamentar-se em estratégias didácticas que proporcionem recursos de decisão que permitam
296
aos aprendentes resolver os problemas que o processo de produção textual lhes coloca de forma
consciente.
No decurso desta componente, para além das operações de linearização referidas, mantendo
o esquema de distribuição informacional concebido na 2ª versão do plano, o RG2-B divide o
texto em quatro unidades textuais, por adição, atribui-lhes títulos temáticos, nomeadamente,
definição dos sismos, causas e prevenção. Por adição, insere ainda a 3ª unidade, referente aos
“efeitos dos sismos”, acrescida, a seguir a unidade reservada às causas, por forma a aprovisionar
os destinatários com mais conhecimentos sobre o tema em estudo, o que visa a eficácia da
comunicação.
Deste modo, o RG2-B centra a abordagem em torno dos factores que estão na origem dos
sismos. Essa unidade textual é composta por dois parágrafos. Antes, o destaque recai, por
adição, sobre o uso do enunciado „meta-discursivo‟, em “Em seguida, apresentamos as
consequências dos terramotos” cujo emprego visa anunciar o que vai ser dito, chama a atenção
do(s) destinatário(s) ao arrolamento dos efeitos da ocorrência dos sismos, , no parágrafo
subsequente.
Com Fonseca (1994:162), aprendemos que a construção textual requer uma sequencialidade
de informações que assegurem significativamente a consecução de uma finalidade global.
Parece-nos ser esse o cometimento do aprendente RG4-A ao considerar em primeiro plano a
dimensão das finalidades do texto, razão pela qual, na actividade da redacção, tal como
descrevemos na 2ª versão do rascunho-plano-misto, inicia com a explicitação da intenção de
comunicação que preside à produção textual, tendo ressaltado a busca de compreensão sobre um
fenómeno pouco conhecido entre nós – os terramotos. De referir que na redacção desse
segmento, o aprendente modifica, por adição, o enunciado veiculado pelo plano, passando a ter
a seguinte redacção:
77. “O objectivo deste texto é aprender um fenómeno pouco conhecido dos moçambicanos – os
sismos ou terramotos- como é que os sismos são originados, os seus efeitos, a classificação e o
modo de prevenir”, (anexo-8, 1ª versão do texto, RG4-A).
No 2º período do 2º parágrafo, o RG4-A anuncia, por adição, uma das finalidades do texto,
(77‟)“ (...) sensibilizar as pessoas para os perigos desta catástrofe natural”.
Explicitadas as finalidades do texto, o RG4-A expõe as causas dos sismos, porém, apercebe-
se de que em momentos antecedentes não apresenta aos leitores a definição do conceito de
sismos/terramotos. É dessa percepção que, por adição, intercala um segmento explicaivo, que
visa o esclarecimento desses termos recorrentemente usados no texto, em (78) “Quer dizer, os
termos sismos ou terramotos são usados para fazer referência a tremor de menor/maior
intensidade” (anexo-8, 1ª versão do texto).
E prossegue, no fragmento seguinte com a exposição das causas que lhes dão origem
também por adição: (78‟) “Estes movimentos produzem-se pelo choque das placas tectônicas
(rochas). Essa colisão (choque) liberta energia que provoca os tremores de terra”.
298
Para assegurar a edificação de uma boa progressão temática, o aprendente RG4-A recorre ao
uso anafórico dos demonstrativos para recuperar informações já dadas e ao emprego dos
parênteses na veiculação de vocábulos com função explicativa. Julgamos que esse aprendente
emprega tais recursos, dada a consciência da quantidade de informações que é preciso explicitar
e esclarecer. Essa inferência, que supomos decorrer da consciência dos destinatários, pode ser
documentada pelo segmento (79), que encerra a unidade destinada às causas dos sismos: (79)
“Podemos dizer, então, que uma das principais causas dos sismos é a deformação das rochas
contiguas e uma falha activa que liberta a sua energia potencial acumulada e produzem grandes
terramotos” (anexo-8, 1ª versão do texto, RG4-A).
Todavia, esse conjunto de actividades apenas tem em vista a planificação inicial, esquecendo-
se que esta componente é convocada também em fases intermédias do processo. Contrariamente, o
aprendente RG4-B, tendo compreendido, do decurso do PIP, a recursividade das componentes do
processo de escrita, comparando o texto/produto (1ª versão da redacção do texto-EE) com a 2ª
299
Assim, com o uso de marcadores discursivos de integração linear (Adam, 2008), o RG4-B,
por adição, começa a 1ª versão do texto com um parágrafo que apresenta aos destinatários, os
conteúdos veiculados e sua distribuição, que é confirmada ao longo do texto. Também pelo recurso
à mesma operação, adição, insere segmentos meta-discursivos que marcam a distribuição
informacional seleccionada e orientam o modo de ler. O aprendente inicia pela apresentação do
conceito de sismos/terramotos, na 1ª unidade. Em seguida, discute as causas que dão origem aos
sismos/ terramotos. Para conseguir uma progressão temática sem rupturas, apoiado no mecanismo
de facilitação processual e “andaimes” que lhe providenciamos na interacção, modifica, por
deslocamento/(re)distribuição as informações constantes do interior da unidade referente às
causas dos sismos e à sequência dos itens arrolados no plano. Desse modo, abre a unidade com o
segmento (80) “Os sismos são causados por movimentos subterrâneos de placas rochosas de
actividade vulcânica ou deslocamentos de gases no interior da terra” (anexo-8, 1ª versão do
texto, RG4-B), antes localizado no último período do 2º parágrafo.
Tal como defende Amor (1999:112), citada no Cap. II, a componente da redacção, residindo
nas operações locais - de organização sintagmática - apesar de designada por "linearização", na
sua essência, não é linear, uma vez que uma adequada progressão informacional levanta
problemas variados que exigem do sujeito-produtor a tomada de decisões conscientes e a
mobilização de múltiplas estratégias de solução aos problemas decorrentes.
É assim que o aprendente RG5-A, na 2ª versão do plano, depois de ter optado por um
rascunho-plano-misto, procura, nesta componente, transformar os itens listados em unidades
discursivas (coesas e coerentes) de modo a obter um texto; para isso o exercício convocado
consiste em marcar explicitamente a segmentação e as conexões das unidades textuais. É dessa
reorganização discursiva que, no texto, é perceptível o esquema de distribuição informacional
adoptado, dada a inserção por adição de organizadores textuais e/ou marcadores discursivos que
assinalam explicitamente as interdependências sintáctico-semanticas entre as unidades de
superfície.
Registamos de igual modo, por adição uma notável precaução em clarificar os conceitos
técnicos com o recurso aos segmentos explicativos, etc. Num terceiro e último momento, é de
realçar, na unidade textual concernente à prevenção dos sismos, por adição a ocorrência de um
enunciado meta-discursivo que remete para os aspectos arrolados, que constituem os „cuidados
básicos a observar” em caso de ocorrência dos sismos.
Visando marcar explicitamente esta nova distribuição informacional, o RG5-B, por recurso
às operações de deslocação/(re)distribuição, segmenta o texto em quatro unidades textuais,
nomeadamente, “(i) definição; (ii) causas; (iii) prevenção de acidentes em casos de ocorrência
dos sismos, e (iv) o caso de Moçambique”.
a. acrescentar informações que julga que não são do domínio dos destinatários do texto;
b. contextualizar as informações avançadas por recurso à exemplos da realidade
moçambicana, por forma a consciencializar os destinatários da necessidade de
conservação da terra.
Como se pode inferir do percurso descrito, no que diz respeito à componente da redacção,
que é realizada individualmente, parece-nos confirmar-se a nova postura dos aprendentes ao
encararem a construção textual, especificamente, a redacção, não como consistindo em passar a
limpo “o texto rascunhado”. O RG5-B, nesta componente, está atento às (micro)-tarefas
instruídas e, com uma progressiva automatização dos aspectos de superfície, procura, na medida
303
Questões 1 2 3 4 5 6 7 8
Respostas S N S N S N S N S N S N S N S N
possíveis
RG2-A x x x x x x x x
RG2-B x x x x x x x x
RG4-A x x x x x x x x
RG4-B x x x x x x x x
304
RG5-A x x x x x x x x
RG5-B x x x x x x x x
Assim, o RG5-B, correspondendo a 17% da amostra, considera que a linguagem usada ainda
precisa de aprimoramento para se adequar aos destinatários e que ainda é possível diversificar as
construções frásicas do texto, em resposta aos números (2) e (5). Apesar dessas inquietações, na
superfície textual não se vislumbram quaisquer emendas feitas depois da redacção; o que ocorre,
com alguma intencionalidade, parece-nos, nos textos dos aprendentes RG2-B e RG4-A. Esse
comportamento contraria o que tem sido discurso “oficial” da escola que desencoraja os borrões,
emendas, acréscimos e/ou substituições realizados depois dos aprendentes passarem o texto a
limpo.
Estes aprendentes RG2-B e RG4-A riscam palavras, apresentam segmentos textuais nas
entrelinhas e fazem recurso a sinais gráficos. É o que ocorre no texto do RG2-B, no qual o uso
desses sinais tem o objectivo de orientar o(s) destinatário(s) relativamente à forma de ler a parte
assinalada/deslocada por um sinal gráfico remetendo para outra zona do texto. Essas
observações parecem confirmar a consciência da dimensão processual da escrita, da
recursividade das componentes e, particularmente, da compreensão de que um texto por nós
elaborado em ocasião anterior poder ser sempre melhorado, quer a nível do conteúdo, quer da
linguagem, e/ou da introdução de modificações ao nível da estrutura temática e informacional,
o que pode resultar da necessidade de adequação do mesmo às expectativas do público-alvo e
da própria subjectividade do escrevente.
305
Depois de teres lido e compreendido os códigos de revisão introduzidos no teu texto, vais
individualmente corrigir, reformular e reescrevê-lo.
RG2-A 04 03 01 02
RG2-B 04 03 02 01
306
RG4-A 04 00 04 01
RG4-B 05 00 00 01
RG5-A 05 00 02 01
RG5-B 00 03 04 02
Frequência 22 09 13 08
O aprendente RG2-A, em busca da autonomia do seu texto, para além da revisão dos
aspectos de superfície, no decurso desta componente, ressalta no seu texto, conforme os
códigos de revisão que inserimos, o deslocamento/redistribuição da 3ª unidade textual,
intitulada “causas dos terramotos” ( anexo-8, 1ª versão, RG2-A), que passa, na 2ª versão, para a
posição a seguir à definição dos sismos, ocorrendo, assim, a unidade “os efeitos dos sismos”.
Julgamos que essa operação contribui para uma organização lógica e consistente da distribuição
informacional, uma vez que a 4ª unidade, que ocorre por adição, em relação à versão
antecedente, debruça-se sobre as formas de prevenção dos efeitos dos sismos.
No interior das unidades textuais, por adição, encontramos segmentos explicativos, visando
o esclarecimento dos conceitos e/ou das informações veiculadas, é o caso, por exemplo, dos
segmentos explicativos inseridos e/ou de reformulações parafrásticas: “(...) crosta da terra
(subsolo); dos segmentos em (83) “(...)quer dizer, prejuízos em áreas onde há maior
concentração de pessoas e inclusive a perda de vidas humanas”; (83‟) “...isto é, provocam o
movimento do magma no interior da terra e erupção vulcânica explosiva”; (83”) “...isto quer
307
Todavia, o facilitador, tendo solicitado a revisão das seguintes passagens (84) “fazendo as
paredes tremer e as arvores,cair os postes de energia elétrica cair, etc.”; (84‟) Os terramotos
que podem-se perceberem”, da tentativa do diagnóstico e, dado o desconhecendo das causas da
solicitação da revisão, ainda que apoiado nos “andaimes” que lhe fornecemos, a decisão tomada
pelo aprendente RG2-A é não proceder a qualquer alteração.
Esse comportamento parece relacionar-se com o receio de errar, ou seja, pelo receio de
piorar a frase. Essa inferência é deduzível das notas de campo, dada a insegurança de que nos
apercebemos aquando da nossa interacção, que surge em resposta à solicitação do aprendente;
esse procedimento do RG2-A pode ser ainda resultante, do facto de se ressentir do esforço
cognitivo empreendido, dada a sobrecarga resultante da revisão individual, mesmo
considerando os apoios administrados, nomeadamente, os mecanismos de facilitação processual
(os códigos) e os “andaimes” providenciados pelo facilitador.
Assim, com a adição das causas que dão origem aos sismos/terramotos, RG2-B tem a
intenção de aclarar o conceito central do texto – “sismos”. Na unidade referente aos efeitos dos
sismos, o aprendente empenha-se na evocação dos danos ambientais e humanos resultantes do
garimpo ilegal num passado recente, em Moçambique. Essa informação está directamente
relacionada com as formas de prevenção arroladas, que incluem a conservação do ambiente.
Nessa linha de raciocínio, começa a revisão com a modificação, por substituição pontual de
palavras, i.e., no enunciado que anuncia as finalidades, ou de explicitação da estrutura temática
e informacional do texto, selecciona a preposição “por” em vez da preposição “de”, em
observância ao código de revisão inserido, passando o segmento, por troca directa de palavras, a
ter a seguinte redacção “(...) um fenómeno pouco conhecido pelos moçambicanos”(anexo-8, 2ª
versão). No prosseguimento, na unidade textual-2; 1º e 2º parágrafos do texto, corrige, por
substituição, um erro ortográfico, “inergia” (1ª versão); “energia” (2ª versão). Depois de expor
as causas dos sismos, por adição, ocorre um enunciado explicativo, que constitui uma
reformulação parafrástica, relativamente, ao segmento precedente: (86) “Por outras palavras, os
sismos são causados por movimentos subterrâneos da actividade vulcânica explosiva”.
O RG4-A, a terminar o texto, procede a uma retoma dos principais aspectos discutidos pelo
texto, num balanço retrospectivo do percurso e remete o destinatário para outras fontes,
conferindo, desse modo, alguns recursos de autonomização ao texto produzido. Esse exercício
parece-nos denunciar a apropriação de algumas características da escrita de transformação do
conhecimento, nomeadamente, a concepção do texto na acepção comunicativa, subjacente à
310
No período seguinte, substituí o segmento “também é chamado por tremor”(1ª versão), por
“nomeia-se de tremor de terra”(anexo-8, 2ª versão, RG5-A). Além da correcção de erros
ortográficos, retifica o erro sintáctico em (89) “Os sismos é originado”(1ª versão), para (89‟)
“os sismos são originados”(2ª versão). No 4º parágrafo, relativo aos efeitos dos sismos, visando
a compreensão, por adição, propõe a explicitação da informação veiculada pelo fragmento
(90)“(...) destruição de construções feitas pelo homem”(1ª versão), pela inserção de exemplos,
“(...) como: edifícios, pontes, estradas, barragens, tubagens de gás, etc.” (2ª versão). Da
procura de adequação da linguagem ao público-alvo, substitui o segmento (91) “(...) que a
sobrevivência não depende da sorte, mas é possível! Também é possível reduzirmos os seus
prejuízos simplesmente por estar ciente dos riscos” (1ª versão), por (91‟)”(...) mas possível
graças ao cumprimento de algumas regras que dão maior possibilidade de sobreviver e reduzir
os seus prejuízos”, construindo, assim, um discurso mais coeso.
Em suma, o aprendente RG5-A, com recurso aos códigos de revisão inseridos no seu texto
(1ª versão), actualiza, por esta ordem, as operações de revisão/reescrita: adição de segmentos
meta-discursivos para orientar o leitor relativamente ao esquema de distribuição informacional;
substituição nominal, substituição de fragmentos discursivos e adição de segmentos
explicativos, sob forma de exemplos, visando a compreensão pelos destinatários. Nos
parágrafos que se seguem, discutimos as operações de revisão convocadas pelo aprendente
RG5-B.
313
Na unidade referente aos modos de prevenção dos sismos, em vez de apresentar uma parte
desses cuidados em forma de lista de tópicos e outras integradas no texto corrido, como o fez na
1ª versão do texto, o aprendente reformula o modo de apresentação desses itens, compactando –
os em parágrafo único.
Nesse ciclo, por exemplo, os aprendentes não realizam nenhuma operação de deslocamento/
(re)distribuição. Assim, como uma das principais dificuldades dos aprendentes que apontamos
no Iº ciclo, de produção do texto argumentativo, é o facto de os aprendentes estarem presos ao
texto concreto, i.e., de apresentarem os conteúdos na sequência, linearidade e linguagem da sua
geração (captada através das verbalizações). Esse facto parece ilustrar que o conhecimento é
gerado e, em seguida, registado sem a sua transformação, ou seja, sem a reflexão sobre as
variáveis contextuais. Ao nível dos mecanismos conectivos, por recurso às operações de adição
e substituição, os aprendentes integram nas suas produções organizadores textuais que
asseguram a coesão sequencial, todavia regista-se um fraco uso de mecanismos conectivos
referenciais, como a elipse, os pronomes demonstrativos, pessoais, etc.
Se considerarmos que em cada sessão de revisão/reescrita por recurso aos códigos que
inserimos nos textos, analisamos uma média de seis textos revistos e reescritos, por comparação
com a versão anterior, então, no cômputo geral, no IIº ocorrem cerca de 18 alterações a mais do
que no IIIº. Ao contrário do IIº ciclo, no IIIº, a frequência mais elevada recai sobre uma das
operações de menor exigência cognitiva, nomeadamente, a adição – com 22 actualizações. A
frequência mais baixa regista-se nas operações de maior exigência, nomeadamente, a
deslocação/(re)distribuição de informação existente na versão precedente, envolvendo a
(re)planificação e reajustamentos sintáctico-semanticos na superfície textual, o que implica, por
conseguinte, um gasto de recursos cognitivos indisponíveis, dada a capacidade limitada da
memória de trabalho. No IIIº ciclo, essas operações apresentam uma frequência absoluta de (08),
contra (17) actualizações no IIº ciclo.
Nas actividades de produção textual individual (IIIº ciclo), apesar de uma progressiva
“rotinização” dos procedimentos, de uma crescente automatização das (micro)-tarefas
316
Ainda assim, registamos uma assinalável promoção das capacidades de produção escrita dos
aprendentes neste ciclo, que se traduz na automatização das operações de superfície, ou seja, dos
mecanismos sintáctico-semânticos que a escrita demanda e, a nível profundo, a busca de
estratégias e recursos linguísticos para a adequação do texto aos destinatários e às finalidades, o
que se concretiza, na componente de revisão/reescrita através da convocação das quatro
operações de revisão do conteúdo, com destaque para as de maior exigência cognitiva (embora
em número reduzido), o que, em certa medida, confere relevância às variáveis que procedem do
contexto de comunicação.
Nos últimos 15‟ desta sessão, conforme os objectivos anunciados no parágrafo precedente,
depois de recolhermos os textos, distribuímos pelos representantes dos grupos o guia de
entrevista, fig.13, para prepararem as respostas, na sala de aulas nos seus respectivos grupos
(trios/pares). As seis entrevistas, com os representantes dos grupos cujos textos acabamos de
analisar, têm lugar na sala dos professores, de modo a evitar que os representantes de outros
grupos ouvissem as respostas dadas pelos seus colegas. Das entrevistas que realizámos,
chegámos aos resultados que reportamos nos parágrafos ulteriores.
Em relação à pergunta (1), em que questionamos aos informantes sobre a sua opinião no que
concerne à produção textual por etapas, designadamente, a planificação/redacção/revisão-
reescrita, os resultados obtidos são os seguintes:
Permite a realização de uma tarefa de cada vez, o que faz com que os 03 50
aprendentes tenham tempo suficiente para procurar ideias
Fig.36. Importância das fichas de verificação das micro-tarefas das componentes de escrita
processual
No que aos aspectos positivos que o uso dos códigos de revisão implicam, os entrevistados
arrolam os seguintes: (i) orientam a revisão/reescrita para conteúdos específicos; (ii) ajudam a
identificar a solução dos erros/problemas assinalados; (iii) facilitam a localização da parte do
texto onde é necessário acrescentar, suprimir, substituir e deslocar/(re)distribuir informações do
texto em revisão.
Considerações Finais
Síntese geral
Dada a percepção de que a escola moçambicana, grosso modo, não tem conseguido garantir,
aos aprendentes, o domínio pleno da escrita, concentramos o estudo na pesquisa de
metodologias/ estratégias pedagógicas concorrentes para a (auto)-regulação dos aprendentes e
que promovam, sobretudo, a automatização dos procedimentos e das (micro)-tarefas
entrelaçadas em cada componente do processo, designadamente, planificação, redacção e
revisão/reescrita, na produção textual.
321
Essa compreensão do PEA da escrita, como demonstramos nesta tese, implica uma
abordagem sectorial (Amor, 1999), ou seja, a (des)construção da actividade global, em (micro)-
tarefas (Pereira & Azevedo, 2002) e a sua exercitação de modo a aprovisionar os aprendentes
com „noções localizadas‟ nas produções „intermédias‟ ou em exercícios breves, mas que
deverão ser capazes de abarcá-las na produção de géneros textuais integrais.
Diante dessa problemática, baseados nos contributos de Flower & Hayes (1981), Carvalho
(1999), (2001),(2003) e (2012), Barbeiro (1999), (2003), Camps (2005) Cabral (2005), González
(2005b); na proposta de Bereiter & Scardamalia (1987); em Vygotsky (1989); nos modelos de
revisão de Hayes at al (1987) e de Scardamalia & Bereiter (1983); na proposta de Sheeran &
Barnes (1991); em Graves (1984), (1985) e em Oliveira (2014), desenvolvemos uma intervenção
pedagógica concebida à base das estratégias de facilitação processual articuladas com a
aprendizagem colaborativa, visão de Vygotsky (1989) e de um enfoque sectorial, Amor (1999) e
Pereira & Azevedo (2002).
Da intervenção que realizámos sob forma de “oficinas de produção escrita”, em três ciclos,
nomeadamente, de produção de: (i) texto argumentativo sobre “a igualdade de direitos e deveres
entre homem e mulher”; (ii) relatório sobre “a diabetes” e (iii) texto-EE sobre “os desastres
ecológicos: sismos e erosão”; tendo optado por uma abordagem qualitativa de âmbito holístico e
individualizado, centrado no desempenho dos aprendentes, apoiados nos mecanismos de
facilitação processual e nos “andaimes” (Oliveira, 2014) que lhes providenciamos no decurso
das (micro)-tarefas implicadas nas componentes e por recurso à triangulação de técnicas de
análise de dados, chegamos às conclusões que arrolamos nos parágrafos subsequentes:
Conclusões
A análise das verbalizações produzidas (no Iº estágio do Iº ciclo) e dos planos elaborados
demonstra a coincidência entre a sequência, a linearização e a linguagem da geração do
conhecimento da MLP (captada por recurso às verbalizações) e o discurso do rascunho texto, o
que nos leva a inferir que as ideias são geradas e, em seguida, registadas sem uma prévia
reflexão sobre a sua adequação aos destinatários e às finalidades. Esse facto indicia que os
aprendentes geram o conteúdo por recurso ao tema/assunto e “despejam” tudo o que sabem a
respeito. Essa estratégia constitui um vestígio do nível mais baixo, o que Bereiter & Scardamalia
(1987) designam por modelo de explicitação do conhecimento.
distintas. Essas estratégias permitem que os aprendentes reflictam sobre a adequação do texto aos
destinatários e às finalidades latentes à sua produção. Assim, resultam, como demonstramos no
capítulo precedente, textos que possuem uma organização própria, que reflectem a intenção de
comunicação que lhes é subjacente daí que por eles é instituído um contexto comum ao sujeito-
produtor e aos destinatários, que os autonomiza, tornando-os, como observa Carvalho (2001:79),
“independentes de um contexto exterior”.
Essa postura dos aprendentes tem como corolário o facto de a realização das (micro)-tarefas
da planificação absorver mais tempo do que o registado no Iº ciclo e a ocorrência de diferenças
significativas entre a quantidade elevada dos conteúdos gerados (verbalizações),
comparativamente ao discurso, linearização e a sequencialização dos conhecimentos veiculados
pelo plano. A progressiva promoção registada parece prenunciar o uso de estratégias heurísticas
de geração do conhecimento, porque baseadas na situação de comunicação. Essa estratégia pode
concorrer para a transição da escrita de explicitação para a escrita de transformação do
conhecimento, o que favorece a apropriação dos géneros textuais.
Tal conclusão parece sancionada pelo facto de, na revisão do conteúdo do plano, IIº e IIIº
ciclo, por recurso à ficha de facilitação processual concebida para o efeito, fig.7, os aprendentes
privilegiarem as operações de adição e de substituição, o que resulta do facto de suprimirem
informações e, em seguida, adicionarem outras. Essas operações têm que ver com a consciência
da quantidade de informações a explicitar/implicitar com vista a consecução das finalidades do
texto junto dos destinatários, pelo que concorre para que as modificações inseridas promovam a
adequação do texto aos conhecimentos partilhados.
referencial que assegura uma ligação significativa entre os elementos linguísticos de superfície
textual. Neste estágio, destacamos a realização da operação de substituição lexical e de adição
em busca de adequação do texto às características dos destinatários. Este facto parece denunciar
a consciência da situação de comunicação e suas implicações na produção textual escrita.
No último ciclo, por inserção de segmentos meta-discursivos que antecipam o que vai ser
dito e/ou resumem o que se disse, asseguram do ponto de vista de construção textual a coesão
referencial e a continuidade temática. Nesses segmentos, ressaltamos ainda a atenção dos
aprendentes à selecção de recursos discursivos e/ou deiticos que orientam uma leitura
retrospectiva (anáfora) e/ou prospectiva (catáfora). Desta componente (da redação) é de destacar
o uso de nominalizações que, retomando e condensando segmentos discursivos, se tornam no
tópico central do discurso, assim, orientam a reflexão e propiciam a continuidade temática. Essa
gradual progressão construída no decurso das (micro)-tarefas da redacção, que recursivamente,
cede espaço para a realização da revisão de percurso e (re)-planificação é acompanhada por
uma progressiva automatização dos aspectos de superfície, nomeadamente, os padrões
sintácticos que a modalidade escrita demanda, as estruturas de subordinação, etc.
No que tange à ficha de verificação da redação, fig.10, que administramos nos três ciclos,
não sendo usada pelos aprendentes para introduzir modificações nos seus textos, empregam-na
para a avaliação do texto produzido por confronto com a representação cognitiva,
proporcionando a reflexão e discussão sobre a própria produção dos (e pelos) aprendentes, o que
contribui para a (auto)-regulação e reflexão consciente sobre a língua.
Os aprendentes fazem mais modificações que têm que ver com o nível profundo do texto
quando organizados em pequenos grupos, dada a facilidade na tomada de decisões, do que
quando organizados em grupos maiores, do que resulta a dispersão; e/ou individualmente, devido
à sobrecarga envolvida na produção textual consequente da consideração do problema retórico.
326
Assim, paralelamente às metodologias que propomos no PIP, urge, tal como defendem
Bright (1995), Williams (1998), González (2005)a e SIOPA (2015) a intensificação do ensino
explícito e exercitação das habilidades linguísticas integradas, designadamente, oralidade,
vocabulário, leitura e gramática; o desenvolvimento de projectos de leitura, análise,
sistematização das características discursivo-linguísticas e escrita dos géneros textuais prescritos
pelo MINED/INDE (2010), a realização de oficinas de gramática, entre outras actividades.
Ao fecharmos este estudo sobre a promoção das capacidades de escrita dos aprendentes
do Português/L2 (10ª classe) do ESG, na escola moçambicana, afigura-se-nos importante
reflectir sobre algumas das suas potencialidades e limitações.
conjuntos: (i) os que têm o escopo nos produtos e (ii) os que privilegiam a análise do processo –
concorrerem para que as metodologias e estratégias de ensino-aprendizagem que propomos
constituam linhas de orientação didáctica norteadas para a resolução dos problemas que os
aprendentes do ESG em Moçambique enfrentam na produção textual.
Da análise das verbalizações dos aprendentes, Iº e IIº ciclo, por comparação com os produtos
das respectivas componentes, conseguimos compreender as dissonâncias com que os aprendentes
se deparam do confronto entre a representação cognitiva do texto, o produzido e as tentativas de
modificação, etc. esse exercício corresponde à activação da revisão/reescrita de processo com
base na releitura. Nesses termos, uma das potencialidades das metodologias propostas
compreende a “modelagem” da atitude dos aprendentes perante a produção textual e a
compreensão de que o texto por si produzido é uma entidade em desenvolvimento, i.e., algo
passível a modificações e reescrita com vista ao melhoramento.
329
Quer pela extensão do tempo em que decorre o PIP, dois trimestres escolares, quer pela
diversidade de elementos recolhidos através das verbalizações integradas nas diferentes
componentes do processo de produção escrita; das sucessivas versões dos rascunhos/planos e dos
textos elaborados pelos aprendentes nas oficinas, uma das potencialidades do estudo feito reside
na quantidade e qualidade de aprendizagens documentadas pelo corpus de análise, podendo o
mesmo servir como ponto de partida para outras investigações, por exemplo, a pesquisa de
algumas relações específicas não contempladas neste, com (ou sem) o recurso a procedimentos
mais quantitativos (estatísticos).
Prestando a atenção na abrangência do corpus do estudo, verificamos que uma das limitações
deste tem que ver com a própria base empírica em virtude de ser constituída por trinta textos,
trinta rascunhos/planos, oito mil e cem minutos de verbalizações e notas de campo que compõem
o diário de bordo produzido em contexto de sala de aula com as principais incidências
decorridas da aprendizagem colaborativa no decurso das componentes de planificação, redacção,
revisão/reescrita, o que pode limitar o alcance das generalizações sobre os aprendentes da
10ªclasse, do ESG em Moçambique.
Concentrando-nos na proveniência dos informantes deste estudo, notamos que decorre uma
outra limitação que se relaciona com o facto de o corpus ter sido produzido por aprendentes
oriundos maioritariamente da zona sul e centro do país residindo na cidade de Maputo e sua
periferia, fig.5, estando assim pouco representada a população estudantil deste nível de ensino,
por não contemplar aprendentes das zonas rurais, portanto, os menos expostos à Língua
Portuguesa.
Propostas Pedagógicas
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Apêndice - I
UMinho
Introdução
De modo a encontrarmos estratégias didácticas para fazer face ao quadro descrito (mesmo
cientes do alcance limitado dos resultados que as pesquisas educacionais têm na mudança
efectiva das práticas de ensino em Moçambique), enveredamos por um Projecto de Intervenção
Pedagógica, na 10ª classe do ESG, que visa o desenvolvimento da capacidade de escrita de
diferentes géneros textuais, sobretudo, das (micro)-tarefas implicadas nas componentes de
planificação, redacção e revisão/reescrita, por forma a construir um substrato de conhecimento
que pode ser usado em acções de formação e/ou como ponto de partida para outros estudos, à
luz dos vários quadros teóricos e metodológicos disponíveis no domínio da investigação
educacional.
que acarreta dificuldades acentuadas, na medida em que, planificar o texto escrito demanda a
mobilização de estruturas adequadas ao género textual seleccionado, gerar, estruturar e
hierarquizar as ideias; adaptá-las às intenções comunicativas a alcançar junto do(s)
destinatário(s). A planificação emerge, deste modo, como uma tarefa que exige um grande
esforço ao nível das operações cognitivas a que sujeitos em desenvolvimento têm ainda de as
ter conscientes no decurso da redacção, em virtude de que ainda não estão automatizados e,
portanto, haver a possibilidade de sobrecarregar os mecanismos de processamento executivo.
Tal como observa Cassan (1996), a correcção das actividades de escrita depende do
enfoque didáctico global que se tem da língua e da escrita, em particular. Conscientes de que,
nos actuais programas, o PEA da escrita visa o desenvolvimento efectivo da competência
comunicativa dos aprendentes, priorizamos neste projecto tarefas cujas finalidades são
idênticas às da linguagem escrita no mundo extra-escolar: informar, convencer, expor, opinar,
demonstrar, etc. Para a concretização dessas intenções, assentamos a nossa abordagem na
aprendizagem cooperativa61, por entendermos que a escrita não se funda como um acto isolado,
se considerarmos a sua dimensão social (Nystrand,1986) e a ideia de aprendizagem baseada na
entreajuda, tal como definida por Vygotsky (1989), e/ou intervencionada pelo professor
(Greves, 1984, 1985).
2. Contexto de Intervenção
O presente PIP decorre na Escola Comunitária Acordo Geral de Paz (cf Cap.VI do estudo). A
intervenção tem lugar numa turma da 10ª classe, com cerca de 35-40 aprendentes, com o
intervalo de idades compreendido entre 15 e 17 anos. O projecto decorre no primeiro e no
segundo trimestres – ou seja, entre 26.02.2018 – 26.06.2018. Assim, as actividades realizam-se
durante 09 semanas, com uma sessão dupla (aula de 90 minutos). As sessões são orientadas pelo
61
Lopes & Silva (2013:4) definem a aprendizagem cooperativa como uma metodologia com a qual os aprendentes
se juntam no processo de aprendizagem, actuando como parceiros entre si e com o professor, visando adquirir
conhecimentos sobre um dado objecto.
357
A sala de aulas, devidamente iluminada e arejada, paredes brancas e limpas, está organizada
em seis filas, formadas por seis carteiras individuais. Como apenas 35 aprendentes a
frequentarem a secção de letras, cerca de sete lugares ficam vagos, nas nossas sessões. A
secretária do professor e o quadro preto completam os imóveis da sala, que é a última do
primeiro piso, do primeiro pavilhão. Os aprendentes, no início da intervenção, não tinham o
livro de leitura, funcionado a base de fotocópias de textos e fichas diversas que o professor titular
da turma fornece antecipadamente. Mas, para a concretização das actividades planificadas para a
intervenção, o pesquisador oferece aos aprendentes o Livro Didáctico de Língua Portuguesa
adoptado pelo MINEDH/CALE, para o quinquênio 2017/2021.
(cf.Cap.IVda tese)
Além dessas três componentes, em virtude de termos assumido a perspectiva de Sheeran &
Barnes (1991), Fonseca (1994), Barbeiro (1999), Pereira & Azevedo (2002), Carvalho (1999),
(2001) e (2003), entre outros, relativa ao imperativo do ensino explícito, incluímos, no final do
estudo de cada ciclo, um momento de (auto)-avaliação/consciencialização. Na linha
argumentativa de Ferreira (2007) e Oliveira (2014), a (auto)-avaliação de actividades, como as
propostas neste projecto, institui-se como um instrumento que funciona para explorar a
competência meta-cognitiva dos aprendentes. Fernandes (2002), apud Ferreira (2007), defende
que as actividades de (auto)-avaliação, despoletando o desenvolvimento das capacidades meta-
cognitivas contribuem para a preparação dos aprendentes para as tarefas de maior exigência
cognitiva na vida estudantil e/ou na sua inserção na sociedade, o que beneficia a aprendizagem
ao longo da vida.
Para o efeito, um dos meios mais eficazes de “elaborar” (formular juízos, conceitos,
categorias, etc.), na senda de Lopes & Silva (2013), é através da explicação e discussão em
trabalho de grupo – o sujeito, que apresenta a explicação/discute em interacção, aprende muito
mais do que num estudo individual. Outra vantagem deste tipo de aprendizagem reside no
fomento das competências meta-cognitivas, por propiciar à criação de um ambiente de
aprendizagem activo, envolvente e investigativo.
Assim, organizamos a intervenção em três ciclos conforme os géneros textuais que poderão
ser trabalhados na intervenção, em função do programa de ensino, da planificação trimestral
(dosificação), do Livro do Aluno adoptado pelo MINEDH) e dos próprios ritmos de
aprendizagem dos sujeitos de pesquisa, uma vez que adoptamos procedimentos próximos de
uma investigação acção (IA).
Organização da intervenção62
62
Flexível, sujeita a reajustamentos em função das incidências observadas no percurso da
implementação.
360
Conforme revisto (no Cap. IV, deste estudo), Sheeran & Barnes (1991), Carvalho (1999) e
(2001), Barbeiro (1999), Santana (2003), Pereira & Azevedo(2002) e (2005), entre outros,
defendem o ensino explícito da escrita, ou seja, da concepção de estratégias didácticas que
permitam recursos de decisão que proporcionem aos aprendentes a resolução de problemas que
o processo de produção textual lhes coloca de forma consciente. Este posicionamento é também
partilhado por Grangeat (1999), apud Ferreira (2007), que considera que a explicitação dos
objectivos das actividades é uma estratégia fundamental para que os aprendentes se envolvam
numa acção intencional. É nessa conformidade que Oliveira (2014) ressalta que a criação da
Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDP) pelos aprendentes é favorecida pela explicitação dos
propósitos subjacentes às actividades desenvolvidas em contexto de sala de aulas.
1º Estágio – Planificação
(i) Os aprendentes lêem o conto do Livro do Aluno, LP10 (pag.16), trabalhado nas aulas do
docente-titular (5mn);
(ii) Os aprendentes reflectem (10 mn) individualmente sobre as seguintes questões
relacionadas com o texto lido e registam as suas ideias:
a. O que compreendeste sobre as relações homem e mulher na sociedade tradicional?
b. O que é que o texto estudado nos ensina sobre a igualdade de direitos e deveres do
homem e da mulher?
c. Será que na tua família e na comunidade em que vives existe essa igualdade?
d. Qual é a tua opinião sobre a igualdade de direitos e deveres entre o homem e a
mulher? Justifica devidamente o teu posicionamento.
(iii) Os aprendentes, em grupos (máximo de cinco elementos), trocam opiniões sobre as
questões colocadas (revisão de pares); seleccionam os argumentos e exemplos mais
significativos. Um porta-voz de cada grupo faz a apresentação oral. O facilitador chama
a atenção dos aprendentes para se concentrarem no debate alargado, e que devem ir
362
10. Posso, por minhas próprias palavras, explicar as tarefas que devia(mos)
realizar?
13. Sei quem é(são) o(s) destinatário(s) e qual(is) é(são) a(s) finalidade(s) do
texto a produzir?
NB: Se o grupo/o aprendente respondeu “não” ao número (1) e “sim” aos números (2,3 e 4)
deverá rever o(s) aspecto(s) referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar para a tarefa
seguinte.
NB: Se o grupo respondeu “não” aos números (1,2,3,4 e 5) e “sim” aos números (6, 7 e
8), deverá rever o(s) aspecto(s) referido(s) na(s) respectivas pergunta(s) para aperfeiçoar
o texto.
j. Os aprendentes, em (auto)-avaliação, fazem a verificação do texto (20mn).
Recolha do plano (reformulado) e da 1ª versão do texto.
a). Abrir novo parágrafo; b) eliminar o parágrafo; c) trocar a ordem das palavras; d) inserir
um vocábulo; e) substituir o vocábulo; f) inserir sinal de pontuação; g) substituir o sinal de
pontuação; h) corrigir erro ortográfico; i) corrigir erro sintáctico; j) corrigir frase mal
construída/de difícil interpretação; l) adequar a linguagem ao destinatário; m) acrescentar
informação; n) apagar informação; o) deslocar informação para outra parte do texto; p)
substituir informação.
m. Relêem o texto e avaliam as propostas de revisão inseridas, com o objetivo de: (a)
diagnosticar os problemas assinalados; (b) seleccionar as estratégias de resolução dos
problemas; e (c) tomar a decisão: a concretização da modificação do plano e/ou do texto
(cf. Hayes, et al (1987) (20mn);
n. Os grupos reescrevem os textos em função dos resultados da aplicação do código de
revisão e das decisões tomadas conjuntamente (40mn).
O facilitador recolhe as versões intermédias (planos, 1ª versão e a última do texto dos
aprendentes); todas as actividades de produção escrita, revisão/reescritas realizadas em
grupo estão sujeitas a gravação áudio (três grupos, a escolher alatoriamente, que formarão a
amostra do estudo).
4º Estágio – consciencialização
1. O momento mais importante destas três primeiras sessões é : (....) planificação; (....) redação; (...)
a revisão (....). Assinala com (x) na alternativa certa para ti.
Porque: a). (...) permite procurar as ideias a colocar no texto; a‟ (...) permite organizar as ideas;
c) (...) permite modificar o texto e adequá-lo aos objetivos e aos destinatários; c‟(...) a ajuda
a melhorar o texto em todos os aspectos.
Porque: d. (....) Evita improvisos e contradições no interior do texto; d‟. (...) Permite elaborar o
esquema/plano do texto.
Porque: e. (...) permitem melhorar o vocabulário, a organização do texto; e‟. permite adaptar a
368
4. Escola da lista a baixo um aspecto positivo que considera o mais importante do uso dos códigos
de revisão nos teus textos.
iii. Com a interpelação do facilitador, os aprendentes, nos seus grupos, e de modo faseado,
discutem a instrução transmitida: (i) identificam o(s) destinatário(s) e a(s) finalidade(s) do
relatório; (ii) identificam a organização do texto a produzir; (iii) decidem sobre os
conteúdos de cada uma das partes; (iv) reflectem sobre as possíveis causas de algumas das
principais respostas dos informantes; (vi) idealizam a(s) conclusão(ões) em função da
análise das respostas; (vii) identificam os conectores a usar para a articulação das diferentes
partes do texto; (viii) pensam num título adequado ao texto. (30 mn).
Em seguida, o facilitador distribui a seguinte ficha de verificação das tarefas da
planificação do texto pelos grupos de trabalho:
NB: Se o grupo/o aprendente respondeu “não” em algum(s) número(s), deverá rever o(s)
aspecto(s) referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar para a tarefa seguinte.
NB: Se o grupo e/ou o aprendente respondeu “não” ao número (1) e “sim” aos números
(2,3 e 4) deverá rever o(s) aspecto(s) referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar
para a tarefa seguinte.
NB: Se o grupo respondeu “não” aos números (1,2,3,4 e 5) e “sim” aos números (6, 7 e
8), deverá rever o(s) aspecto(s) referido(s) na(s) respectivas pergunta(s) para aperfeiçoar
o texto.
Depois de teres lido e compreendido os códigos de revisão introduzidos no texto, vais, com os teus
colegas do grupo, corrigir, reformular e reescrever o texto.
O facilitador entrega aos grupos uma fotocópia do texto produzido na sessão anterior em
que introduziu códigos de revisão referentes aos aspectos seguintes:
a). Abrir novo parágrafo; b) eliminar o parágrafo; c) trocar a ordem das palavras; d)
inserir um vocábulo; e) substituir o vocábulo; f) inserir sinal de pontuação; g)
substituir o sinal de pontuação; h) corrigir erro ortográfico; i) corrigir erro
sintáctico; j) corrigir frase mal construída; l) adequar a linguagem ao destinatário;
m) acrescentar informação; n) apagar a informação. o) deslocar a informação para
outra parte do texto; p) substituir informação.
xii. Os aprendentes analisam os códigos de revisão que lhes são propostos (10 mn).
xiii. Relêem o texto e avaliam as propostas de revisão inseridas, com o objectivo de: (a)
diagnosticar dos problemas assinalados; (b) selecionar as estratégias de resolução dos
problemas; e (c) tomar a decisão e/ou a concretizar a modificação do plano e/ou do texto
(cf. Hayes, et al (1987) (20mn);
374
Sessão 11 &12
semana- 6
NB: Se o aprendente respondeu “não” ao número (1) e “sim” aos números (2,3 e 4)
deverá rever o(s) aspecto(s) referido(s) na(s) pergunta(s) antes de avançar para a tarefa
seguinte.
a). Abrir novo parágrafo; b) eliminar o parágrafo; c) trocar a ordem das palavras; d) inserir
um vocábulo; e) substituir o vocábulo; f) inserir sinal de pontuação; g) substituir o sinal de
pontuação; h) corrigir erro ortográfico; i) corrigir erro sintáctico; j) corrigir frase mal
construída; l) adequar a linguagem ao destinatário; m) acrescentar informação; n) apagar a
informação. o) deslocar/(re)distribuir a informação; p) substituir a informação.
m. Os aprendentes (re)analisam os códigos de revisão que lhes são propostos (05 mn).
4º Estágio – consciencialização
Apêndice -2
O presente questionário não tem por objectivo proceder a qualquer tipo de avaliação. os seus
resultados são destinados a fins puramente académicos. Lê-o atentamente e responde às perguntas
feitas.
A. Dados de identificação
B. Meio Linguístico
.......................................................................................................................................................
Língua(
a)Português
b)Língua(s) Bantu
______________________________________________________.................
..........................................................................................................................................................
Grato pela colaboração!
Ernesto Guimino Júnior
Declaração de Ética
Para os devidos efeitos, declaramos que, depois de informados sobre o âmbito e objectivos do
estudo, de forma voluntária, decidimos tomar parte na qualidade de informantes, nas Oficinas de Escrita
enquadradas no projecto de tese de Doutoramento em Ciências da Linguagem Aplicadas ao Ensino de
Línguas, pela EDEL/FCLCA/Universidade Pedagógica de Maputo, intitulado “Ensino da Escrita em
Moçambique: abordagens cognitivas, interaccionistas e textuais”, da autoria do Dr. Ernesto Guimino
Júnior, docente em exercício na UPMaputo.
A presente declaração vai devidamente assinada, pelo Director Adjunto Pedagógico do Iº ciclo,
professor de Português da turma-alvo do estudo e estudantes/informantes do referido estudo.
............................................ ....................................................
384
1. ..................................................................;
2. .................................................................;
3. ..................................................................;
4. ..................................................................;
5. ...................................................................;
6. ...................................................................;
7. ...................................................................;
8. .....................................................................;
9. .....................................................................;
10. ....................................................................;
11. ....................................................................;
12. ....................................................................;
13. .....................................................................;
14. ....................................................................;
15. .....................................................................
385
Códigos de Revisão
Para facilitar o trabalho de revisão dos teus textos, adoptamos um conjunto de códigos que te vão
permitir realizar a tarefa com maior qualidade. Presta a atenção para o facto de a introdução da alteração
sugerida, muitas vezes implicar a alteração de outras partes do texto ou da frase. Em caso de dúvida,
consulta o teu colega e/ou o professor/a.
1. Abrir novo parágrafo (a). Ex: o grupo que se dedicou à campanha de angariação de fundos
escreveu cartas à várias empresas, solicitando apoio para a reabilitação das casas de banho da escola.
A resposta da MCEL, do BCI, da SASOL e da LAM, foi positiva. Cada uma destas empresas
ofereceu um cheque no valor de dez mil meticais. (a) O grupo que se dedicou à organização das
jornadas de limpeza e recolha e reciclagem do lixo trabalhou tanto na escola como no bairro
residencial onde a escola se insere. Este grupo produziu vários cartazes e realizou uma campanha
porta-a-porta, solicitando aos moradores que se juntassem à iniciativa.
2. Eliminar o parágrafo. Ex: É de referir que este grupo trabalhou em coordenação com o grupo
responsável pela organização da palestra (b).
3. Trocar a ordem das palavras. Ex: Este relatório tem como objetivo a síntese apresentar(c) das
atividades dos alunos da 10ª classe – B no Projecto de Saneamento do Meio da Escola Noeroeste-1.
4. Inserir um vocábulo. Ex. Para o alcance desses objectivos, os alunos da 10ª classe-B organizaram-
se em três distintos (d) e realizaram as seguintes a camapanha de limpeza.:
7. Substituir o sinal de pontuação. Ex. Como é sabido .(g) este projecto iniciou em Fevereiro deste
ano e tem por objectivos principais .(g) (i) promover a saúde escolar; (ii) melhorar as condições de
8. Erro ortográfico. Ex. Em concluzão,(h) a 10ª classe tem tido um envolvimento muito positivo na
9. Erro sintáctico. Ex. A problema(i) do saneamento do meio são (i) grave durante a época chuvosa.
10. Frase sem sentido. Ex. grupo os noutro pontos da cidade foram convidados os moradores aos
alunos juntarem-se médicos e responsáveis do Município fale. (j)
11. Adequar a linguagem ao destinatário. Ex.Senhor Director, deves pá mobilizares (k) outras turmas
a se juntarem a nós!
12. Acrescentar Informação. Ex. Actividades de Limpeza terão lugar (l)vamos ter que adquirir
matérias de acordo com o tipo de lixo a remover.
13. Substituir informação. Ex. O grupo passou comprar pão (m), também realizou a lavagem de
carros, tendo conseguido angariar três mil e duzentos meticais. Este valor foi entregue à TEXEIRA
DUARTE, empresa que realizou a reabilitação das casas de banho.
14. Deslocar informação. Ex. A turma-B, para a concretizar o objetivo de contribuir para melhoria da
saúde escolar, dividiu as tarefas, e (n) VASSOURAS DE MOÇAMBIQUE, realizou atividades de
angariação de fundos como a lavagem de carros, rifas, etc.(n) pediu patrocínio às empresas OMO,
MCEL, COCA-COLA desenharam o projecto, e fizeram o balanço das acções realizadas.
387
1. As consequências do casamento prematuro são: a mulher ou criança é obrigada a ter que ter uma
vida conjugal, a criança deixa de ser criança, passa a ter a mentalidade de adulto, é obrigada a
deixar de estudar, a pôr de lado os seus sonhos/a ter que ter uma vida conjugal, a criança deixa de
ser criança, deixa de ser, a idade é de criança mas a mentalidade é de adulta, A criança é
obrigada a seguir os costumes de velhos, a criança através do casamento prematuro é obrigada a
deixar os estudos e de seguir os seus sonhos, para seguir as tradições, a ter os comportamentos de
uma pessoa adulta, i.é., a criança passa a ter responsabilidade enquanto ela também é uma
criança. A criança que vive maritalmente, quando tem de se separar, a criança não tem condições
de sustentar-se e ao filho porque não estudou.
2. Quando uma criança casa em idade não apropriada ela pode até ficar com trauma perturbações no
futuro porque ainda não está preparada a ter uma vida conjugal, o corpo estragado, i.é, a criança é
obrigada a fazer coisas que o seu corpo não está preparado. Mas mesmo que tenham a mesma
idade, não é a sua idade ideal de ter marido ou quando a criança apanha uma gravidez precoce
pode até levar-lhe à morte.
3. Os casamentos prematuros causam também a gravidez precoce e a morte da mãe ou a deficiência
da criança.
4. Existem casos em que os maridos agridem a esposa que ainda é uma criança, ou seja, praticam a
violência doméstica devido a problemas banais, por exemplo: esquece de fazer alguma tarefa de
casa para o marido e sua família e ela é agredida fisicamente ou com insultos.
5. Em caso de casamentos prematuros as crianças muitas vezes são obrigadas a manter relações
sexuais sem proteção e podem vir a apanhar doenças de transmissão sexual, por exemplo, as ITS,
HIV-SIDA.
388
Argumentos:
1. Porque tudo o que o homem faz a mulher também está capacitada para fazer. como por exemplo:
se o homem foi electricista também a mulher poder ser.
2. Que tudo o que o homem come a mulher também pode e deve comer.
3. Muitas vezes, nas eleições presidenciais, elegem um presidente do género masculino porque
dizem que os homens estão mais capacitados a governar um país mas isso não é verdade, todos
sabemos.
Por exemplo, concreto de Donald Trump concorreu com Hilary Clinton. O Donald Trump venceu as
eleições porque as pessoas pensavam que só porque ele é Homem está mais capacitado para governar um
país.
4. Nós defendemos também que não só o homem deve ser respeitado na sociedade embora digam
que o homem é superior a mulher.E também se o homem e a mulher estiverem a exercer
atividades ou seja mesmas funções ambos deverão receber o mesmo salário.
Conclusão: homem não é superior a mulher devemos, pois, pensar que todos devem ter um papel
importante no desenvolvimento da família e do país.
A diferença entre a vida tradicional e a vida moderna é que a vida tradicional trata-se de hábitos
antigos como as mulheres não tinham os mesmos direitos e deveres com os homens sentiam-se
superiores as mulheres, enquanto que na vida moderna as coisas mudaram os direitos e os deveres do
homem e da mulher são iguais. Agora as mulheres podem fazer os trabalhos que antigamente não faziam,
Na sociedade tradicional as mulheres eram desvalorizadas, os homens achavam-se superiores, as
mulheres tinham de ficar em casa: cozinhar, cuidar dos filhos. Quando o homem e a mulher sepavam-se
não tinham a mesma divisão de bens.
1. No caso de um casal separar-se, o homem é que ficava com os pertences do casal. Quando o
homem e a mulher separam-se não tinham a mesma divisão de bens.
2. Não havia “igualidade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
389
Na sociedade moderna todos tem direitos iguais. A mulher pode fazer aquilo que antigamente falavam
que era só dos homens e antigamente as mulheres não trabalhavam, por exemplo, não podiam ser
funcionárias, principalmente as negras, elas só iam a machamba e faziam muitos filhos, os direitos não
eram divisíveis por igual.
Antigamente, o homem sempre se considerou superior.
Antigamente, na nossa sociedade não havia igualdade de direitos e deveres entre o homem e a mulher. O
homem achava-se superior a mulher. Eles diziam que a mulher deveria ficar somente em casa a cuidar dos
filhos e fazer os trabalhos doméstico e satisfazer suas necessidades. A mulher tem de ter os mesmos
direito que o homem pois ela é tão importante como o homem.
1. No caso de um casal separar-se, o homem é que ficava com os pertences do casal. Quando o
homem e a mulher separam-se não tinham a mesma divisão de bens.
2. Não havia “igualidade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
3. Na sociedade tradicional só os homens comiam certos alimentos e podiam frequentar certos
sítios.
4. Numa família de 5 elementos (pai, mãe, 2 filhos e 1 filha) quando os pais perdiam a vida o filho
homem é que tinha o direito dos bens dos pais.
5. só o homem podia dormir na cama mas a mulher dormia na esteira.
6. Na sociedade actual já temos igualdade entre o homem e a mulher. Hoje podemos ver mulheres a
conduzir, a chefiar a família, mas na sociedade tradicional, não podiam.
Hoje em dia, o homem e a mulher podem usufruir dos mesmos direitos e deveres sem que haja a
diminuição da personalidade. A mulher pode fazer aquilo que antigamente falavam que era só dos
homens e antigamente as mulheres não trabalhavam, por exemplo, não podiam ser funcionárias,
principalmente as negras, elas só iam a machamba e faziam muitos filhos, os direitos não eram divisíveis
por igual.
390
A mulher tem, pois, o direito e o dever de fazer aquilo que o homem achava que só era atividade para
ele. Mulheres, vamos à luta pela igualdade!
Tese: Na sociedade hoje em dia, não há igualdade entre o homem e a mulher, embora agora as mulheres
tenham os mesmos direitos que os homens no papel.
Argumentos:
1. Nos nossos bairros hoje em dia, mesmo com a igualdade defendida pelo estado, ainda existe
homens que desvalorizam as mulheres;
2. O homem se sente superior do que a mulher por exemplo a homens hoje em dia que as mulheres
não podem conduzir mais eles podem fazer o que bem entender porque se acham superiores.
3. E nos achamos que as mulheres que as mulheres tem que ter os mesmos direitos que os homens.
E também nos achamos que nos bairros á muita desigualdade.
4. por exemplo:
Na sociedade tradicional, a mulher não tinha direito de trabalhar nem ir a escola.
5. A mulher tinha deveres de ficar em casa para satisfazer o homem e a sua familia.
6. E por falta de ensino na sociedade tradicional a mulher não sabia ler, escrever nem contar, quem
fazia isso eram os homens.
7. É também as mulheres só tinham deveres de trabalhar na machamba.
8. Os homens não podiam cozinhar porque só as mulheres e que podiam.
1. No nosso ponto de vista ainda há desigualdade entre o homem e a mulher e ao mesmo tempo a
igualdade porque agora permitem coisas que as mulheres possam fazer e antes não; por isso já o
homem não se sente superior do que a mulher por exemplo a homens hoje em dia que já deixam
as mulheres que não podiam conduzir, conduzir.
2. Nós achamos que os deveres que o homem tem as mulheres também podem ter;
3. E também à muitos direitos que os homens tem as mulheres também podem ter, porque esses
direitos favorecem mais o homem do que a mulher enquanto que não tinha que ser assim.
391
por ex. quando vão ao tribunal para decidir a guarda a guarda da criança favorecem a mãe do que
o pai enquanto as vezes as mães não tem razão as vezes tem razão tinha que ter igualdade entre os
dois.
4. E nos achamos que as mulheres que as mulheres tem que ter os mesmos direitos que os homens.
por exemplo:
Na sociedade tradicional, a mulher não tinha direito de trabalhar nem ir a escola.
A mulher tinha deveres de ficar em casa para satisfazer o homem e a sua familia.
5. E por falta de ensino na sociedade tradicional a mulher não sabia ler, escrever nem contar, quem
fazia isso eram os homens.
6. É também as mulher só tinham deveres de trabalhar na machamba.
7. Os homens não podiam cozinhar porque só as mulheres e que podiam.
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Primeiro vamos tratar //... escolher o tema/falar sobre o tema sobre os casamentos precoces/ não aos
“casamentos prematuros”//ou à violência doméstica// lá há muito tempo na comunidade tradicional
(...)/vamos falar de tabus/não...não...temos de falar de casamentos prematuros(...)vamos pôr como
título/as consequências da gravidez precoce/ou consequências do casamento prematuro//é tipo (...)escreve
a história depois os argumentamos/ não é só para escrever os argumentos?/Sim, sim, mas para isso
precisamos de uma tese//(....)um posicionamento: se somos a favor ou contra//ya!..., é isso ai mesmo//
entenderam isso aí?// o que você acha sobre casamentos prematuros?// Por que é que a criança não deve-
se casar com 13/14 anos de idade?(...)// não sei...não deve casar porque (...)//a criança não está preparada
para a vida conjugal//afinal é para fazer o quê mesmo?! (...) um texto ou argumentos?/vai – argumentos –
nós estamos a ditar-te, escreve-la!/ (...) a as consequências do casamento prematuro são:/(...)ah! você, pá!
aqui tinha que começar por uma cena assim – “eu sabia que..../que, o quê?/o que você acha? Não qualquer
texto// A mulher ou criança através dos casamentos prematuros (... ) é obrigada a ter que ter uma vida
conjugal//,é obrigada a deixar de estudar// a pôr de lado os seus sonhos//(...)a ter que ter uma vida
conjugal/a criança deixa de ser criança, deixa de ser (...) // a idade é de criança// (...) mas a mentalidade é
de adulta//hum, a criança é obrigada a seguir os costumes de velhos//o quê?/ xiii?//é obrigada ter
atitudes...//... e comportamentos de uma pessoa adulta(....)”// quando a criança casa com idade não
apropriada ela pode até ficar com o trauma//é verdade isso e com o corpo estragado//ela fica cansada de
ter uma pessoa tipo marido e mulher// a criança também é obrigada a fazer coisas...//o seu corpo não está
preparado// sim, você devia dizer que ela não devia se relacionar com uma pessoa muito mais
velha/adulta//Mas, vocês, mesmo que tivessem a mesma idade, não é a sua idade ideal de ter marido//
quando a criança apanha uma gravidez precoce//....precoce?// sim pode até levar-lhe à morte//...mesmo
(....) quando não acontece isso ai, ela é uma criança//... é vê-se obrigada a criar uma outra criança//....a
392
criança passa a ter responsabilidade//... enquanto ela também é uma criança//a criança que vive
maritalemente, quando tiver de se separar, a criança não tem condições de se sustentar a si e ao seu filho//
é isso ai, tipo, ela não está capacitada para resolver certos problemas//Yá, Alexandre, como ela vai se
sustentar porque pôs a escola de lado para ter marido//(...).
Facilitador – tenham o cuidado de não fugirem ao tema “sim ou não à igualidade de direitos e deveres
entre homem e a mulher?” depois de se posicionarem, procurem os argumentos que justificam a vossa
opinião e com exemplos. Está claro o que temos de fazer, hoje? pode enumerar os argumentos e os
exemplos, assim, arg.1,2,3,4,et.
Hum, vocês, argumentos são o que mesmos?//são ideias, argumentos é falar o que o você
acha?//Argumento, Zacarias, é qualquer coisa que você fala, como é que considera então arg.1,2,3,etc. é
conforme o número de ideias diferentes que tivermos sobre o tema!//Vamos falar então das
consequências? Hi o que se quer é fazermos um texto, assim? então o título pode ficar assim,..‟as
consequências da gravidez precoce”//tipo deixou de estudar e tem filhos//se perder aquele lar..//... tem de
arranjar outro marido...//...marido...//...ou mesmo se houver brigas e não tem como resolver por tem a
mentalidade de uma criança//há casos de violência doméstica//....se a criança quebra qualquer
coisa//..porrada com ela, hiiii//.
(....) isto aqui, como começamos? só que primeiro vamos...vamos fazer o quê?/palnificar?...//.o
destinatário!//(...) aqui tem que haver aquilo(...)//(...)para nós conseguirmos elaborar o texto temos de(
....)//o que nós(...)//fazer palno/eu escrevi é pouco/é para fazermos o texto sobre...//...héhéhéhé//... a
igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher//ou,... ou seja// se sim ou não à igualdade entre
homem e mulher?//mas nós(....)//(mas nós o quê, mesmo?(...)vamos ter que falar primeiro da sociedade
tradicional e depois da sociedade moderna//como é que era e como é que é agora?//elaborar um texto eu
não sei isto aqui/sim, aprendemos isto aqui/para elaborarmos o texto temos que ter um título// sim depois
vamos desenvolver o texto/primeiro temos o cabeçalho//cabeçalho, //como?//sim//primeiro vamos ver o
título e depois vamos ver as regras dentro do texto/mas na sociedade tradicional, esperança, como é que
era?// primeiro temos o cabeçalho, a quem vamos entregar/se isto aqui nem é uma carta/sim é um texto –
já cabeçalho?//(...)vamos primeiro procurar o título//(....)Na sociedade tradicional as mulheres eram
desvalorizadas/os homens achavam-se superiores/as mulheres tinham de ficar em casa: cozinhar, cuidar
dos filhos e satisfazer os homens// Na sociedade tradicional os homens achavam-se superiores//(...) na
sociedade moderna todos so direitos são iguais...//...a mulher pode fazer aquilo que antigamente falavam
que era exclusivo dos homens/antigamente as mulheres não trabalhavam/por exemplo, não podiam ser
presidentes/ elas só iam a machamba/ os direitos não era divisíveis por igual/ No caso de um casal se
separar, o homem é que ficava com os pertences do casal//...sim, com os pertences//héhéhéhé (....) e aqui
neste texto sabem o que vamos fazer?/temos que ter exemplos, (...)//é isso ai...//... mas nós vamos pôr//(...)
em casa cada um procura saber é que éé..../se este texto vamos elaborar agora, depois dessas ideias//não,
não...//...hoje, apenas, planificamos – preparamos as ideias; Está bem, vamos falar da sociedade
393
tradicional e da sociedade moderna//(...) havia discriminação/ está bem, vamos falar da sociedade
tradicional e da sociedade moderna- e o título?/o título não pode ser uma coisa, assim...!/ter que ser algo
que chama a atenção//...tem que ser algo diferente/então “igualidade de direitos e deveres entre homens e
mulheres/ não estamos a copiar a instrução dada?/ discriminação/ talvez, porque na sociedade
tradicional,...//... tem sítios que a mulher não podia ir// mas isso é bom!...//..não, não, isso// isso ai é
discriminação!...//como é que vamos escrever este texto, aqui?...//...primeiro vamos falar depois
escrevemos//ditamos//não, não concordo, vamos escrever as nossas ideias, agora, mesmo// afacilita!..//
então (...).
Facilitador –//.... em que fase se encontram?...vamos continuar a procurar argumentos para o vosso
posicionamento, se sim ou não à igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres. vamos procurar
os argumentos e os exemplos que apoiem a nossa tese. Devem ajustar a linguagem, os argumentos e os
exemplos aos destinatários do texto. Está bem?
(....) sim, professor...//(...)hoje (...)vamos apenas fazer o plano do texto//(...) a 1ª ideia, (....) a vida
tradicional e a moderna(...)//(...)a diferença entre a sociedade tradicional e a moderna // as mulheres eram
desvalorizadas // elas com os hábitos antigos não tinha os mesmos direitos que os homens//;elas eram
desvalorizadas//os homens sentiam-se superiores/(...)na vida moderna as coisas mudaram// (...)os direitos
e deveres são iguais(...); quando homem e mulher se separavam, os homens ficavam com os filhos//(...) eu
não estou a entender//quando se separavam o homem ficava com a parte masculina/tipo, se tivessem uma
filha (género feminino) usavam-na para recer lobolo//casavam-na cedo//o marido tinha que pagar lobolo
aos pais//...ok!
Facilitador – devem procurar avançar, busquem razões (argumentos) e exemplos de modo que fique claro
para o leitor do vosso texto qual é o objetivo do mesmo: argumentar a favor ou contra a igualdade entre
homem e a mulher. por isso, organizem o plano de modo que o texto possa convencer.
(....) Não havia igualdade porque (...)//(...) só as filhas eram obrigadas a casar cedo//...com homem mais
velho//...Hi...deixa bem claro isso ai, Jéssica!//... também não havia igualdade porque quando os pais
faleciam , os bens ficavam para o filho, homem//...tipo, numa família de cinco filhos, o herdeiro era
apenas o rapaz (...) héhéhéhéhéhéhéhéé...
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394
Em primeiro lugar destacamos que o homem e a mulher tem deveres e direitos iguais, porque tudo o
que o homem faz a mulher também está capacitada para fazer. Como, por exemplo, se o homem é
electricista também a mulher poder ser.
Também tudo o que o que o homem come a mulher também pode e deve comer. Também muitas das
vezes a mulher é proibida de comer o ovo (cozido).
Muitas das vezes, nas eleições presidenciais, elegem um presidente do género masculino porque as
pessoas acham-os mais capacitados a governar um país, porém, isso não é verdade, todos sabemos.
Por exemplo o Donald Trump e a concorente Hilary Clinton, o Donald Trump e Clinton estavam a
concorrer nas eleições, a Hilary tinha vantagem, mais o Donald Trump venceu as eleições porque as
pessoas acharam que só porque ele é Homem está mais capacitado do que a mulher governar um país.
Nós defendemos também que mulher deve ser respeitada na sociedade embora dizem que o homem é
superior a mulher, mesmo que, para isso, a mulher tem de se organizar melhor e realizar ações que
mostram isso. Por exemplo, se o homem e a mulher estiverem a exercer atividades ou seja mesmas
funções, a mulher tem o direito de reclamar para receber o mesmo salário que o do homem por mesmo
trabalho.
Em suma, o homem não é superior a mulher devemos, pois, pensar que todos devem ter um papel
importante no desenvolvimento da família e do país.
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A igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher é uma das principais conquistas da mulher nas
sociedades modernas. Assim, é importante destacamos que o homem e a mulher devem ter deveres e
direitos iguais na família e na sociedade.
A igualdade entre homem e mulher deve ser observada em todos os actos do dia a dia, como o caso de
algumas profissões que são dominadas pelos homens, de certos alimentos que a mulher é probida de
comer, porque existem mitos e tabus segundos os quais se a mulher comer ovo enquanto está grávida os
seus filhos nascem sem cabelo mas isso era um conselho errado criado apenas para beneficiar os homens.
Muitas das vezes, nas eleições presidenciais, elegem um presidente do género masculino porque as
pessoas pensam que eles estão mais capacitados a governar um país, mas isso não é vede, todos sabemos
Por exemplo: o Donald Trump e a concorrente Hilary Clinton. O Donaldo e a concorrente Clinton
estavam a disputar a presidência dos EUA. Ele venceu a eleição porque pensavam que o homem está mais
capacitado do que a mulher a governar um país, ou ainda pode ter vencido a eleição porque ele tem mais
capital financeiro, mas os seus pronunciamentos em relação às nações africanas aos considerar-as de lixo,
mostra claramente que ele não é superior a Clinton, logo se vê que o homem não é superior à mulher.
Nós defendemos também que não só o homem deve ser respeitado na sociedade embora dizem que
o homem é superior a mulher. Isso não deve acontecer porque todos sabemos que o mesmo respeito que o
homem recebe na sociedade também é digna de receber.
Por exemplo: tal como na sociedade antiga, muitos pessoas pensam que os homens devem ser
considerados superiores porque eles é que sustentam a família, mas isso não deve ser assim, porque tem
muitas mães solteiras e viúvas que sustentam bem melhor as suas famílias. Nós defendemos também que
mulher deve ser respeitada na sociedade embora digam que o homem é superior a mulher, mesmo que,
para isso, a mulher tem de se organizar melhor e realizar ações que mostram isso. Por exemplo, se o
homem e a mulher estiverem a exercer atividades, ou seja, mesmas funções, a mulher tem o direito de
reclamar para receber o mesmo salário que o do homem por mesmo trabalho.
Em suma, o homem não é superior a mulher devemos, pois, pensar que todos devem ter um papel
importante no desenvolvimento da família e do país.
Antigamente na nossa sociedade não havia igualdade de direitos e deveres entre o homem e a mulher.
O homem achava-se superior a mulher. Para isso, eles diziam que a mulher deveria ficar somente em casa
a cuidar dos filhos e fazer os trabalhos doméstico e satisfazer suas necessidades mas eles não sabem
quanto a mulher é importante.
396
A mulher tem de ter os mesmos direito que o homem pois ela é tão importante como o homem. Pois a
mulher tem o direito de fazer aquilo que o homem achava que so erra atividade para elas, como exemplo,
trabalhos pesados.
Antigamente, no caso de um casal separar-se, o homem é que ficava com os pertences do casal.
Quando o homem e a mulher separam-se não tinham a mesma divisão de bens. Não havia “igualidade de
direitos e deveres entre homens e mulheres.
Na sociedade tradicional só os homens comiam certos alimentos e podiam frequentar certos sítios.
Por exemplo, numa família de 5 elementos (pai, mãe, 2 filhos e 1 filha) quando os pais perdiam a vida
o filho homem é que tinha o direito dos bens dos pais.
Porém, na sociedade actual já temos igualdade entre o homem e a mulher. Hoje podemos ver
mulheres a conduzir, a chefiar a família, mas na sociedade tradicional, não podiam.
Assim, hoje em dia, o homem e a mulher podem usufruir dos mesmos direitos e deveres sem que haja
a diminuição da personalidade. A mulher pode fazer aquilo que antigamente falavam que era só dos
homens e antigamente as mulheres não trabalhavam, por exemplo, não podiam ser funcionárias,
principalmente as negras, elas só iam a machamba e faziam muitos filhos, os direitos não eram divisíveis
por igual.
Em conclusão, a mulher só tinha o direito e o dever de fazer aquilo que o homem achava que só era
actividade para ela. Mulheres, vamos à luta pela igualdade.
A igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher é uma das principais conquistas da mulher
emancipada nas sociedades modernas. Dai que é importante destacamos que o homem e a mulher devem
ter deveres e direitos iguais na família e na sociedade.
A igualdade entre homem e mulher deve ser observada em todos ações do dia a dia, como o caso de
algumas profissões que são dominadas pelos homens, de certos alimentos que a mulher é probida de
comer, porque existem mitos e tabus segundos os quais se a mulher comer ovo enquanto está grávida os
seus filhos nascem sem cabelo mas isso era um conselho errado criado apenas para beneficiar os homens.
Muitas das vezes, nas eleições presidenciais, elegem um presidente do género masculino porque as
pessoas pensam que eles estão mais capacitados a governar um país, mas isso não é vede, todos sabemos
397
Por exemplo: o Donald Trump e a concorrente Hilary Clinton. O Donaldo e a concorrente Clinton
estavam a disputar a presidência dos EUA. Ele venceu a eleição porque pensavam que o homem está mais
capacitado do que a mulher a governar um país, ou ainda pode ter vencido a eleição porque ele tem mais
capital financeiro, mas os seus pronunciamentos em relação às nações africanas aos considera-las de lixo,
mostra claramente que ele não é superior a Clinton, logo se vê que o homem não é superior à mulher.
Nós defendemos também que não só o homem deve ser respeitado na sociedade embora digam que
o homem é superior a mulher. Isso não deve acontecer porque todos sabemos que o mesmo respeito que o
homem recebe na sociedade também é digna de receber.
Por exemplo: tal como na sociedade antiga, muitos pensam que os homens devem ser considerados
superiores porque eles é que sustentam a família, mas isso não deve ser assim, porque há muitas mães
solteiras e viúvas que sustentam bem melhor as suas famílias.
Nós defendemos também que mulher deve ser respeitada na sociedade embora digam que o homem
é superior a mulher, mesmo que, para o efeito, a mulher tenha de se organizar melhor e realizar ações que
mostram isso. Por exemplo, se o homem e a mulher estiverem a exercer atividades, ou seja, mesmas
funções, a mulher tem o direito de reclamar para receber o mesmo salário que o do homem.
Em suma, o homem não é superior a mulher devemos, pois, pensar que todos devem ter um papel
importante no desenvolvimento da família e do país.
A mulher tem de ter os mesmos direito que o homem pois ela é tão importante como o homem. Pois a
mulher tem o direito de fazer aquilo que o homem achava que só eles tinham direito de o fazer. A razão
dessa visão é que a mulher na sociedade tradicional era desvalorizada.
Nessas sociedades, não havia “igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, porque, em
caso de divórcio, a divisão dos bens não era feita por igual. O homem era beneficiado.
Nas sociedades actuais, o homem e a mulher usufruem dos mesmos direitos e deveres sem que haja a
diminuição da personalidade quer do homem quer da mulher. Até porque, bem vistas as coisas, as
mulheres vivem mais tempo que os homens e geralmente são mais inteligentes que os homens, o que
parece provar que os homens não são superiores, até porque quando discutem com a mulher perdem a
razão e usam a violência. Isso não é superioridade.
Alguns dizem também que os homens são superiores que as mulheres, por isso, muitas famílias ficam
muito felizes quando nasce um rapaz, e conformados quando é uma menina. Os que pensavam assim é
que achavam que o homem tem mais força do que a mulher, pode com mais facilidade de arranjar
emprego, etc. Hoje, as possibilidades são iguais, o que prova a igualdade.
Em resuma, a mulher só tinha o direito e o dever de fazer aquilo que o homem achava que só era
actividade para ela. Mulheres, vamos à luta pela igualdade!
398
No nosso ponto de vista, ainda há desigualdade entre o homem e a mulher e ao mesmo tempo há
igualdade porque agora os homens permitem que as mulheres podem fazer coisas que antes não podiam.
Por exemplo: actualmente, há muitos homens deixam as sus mulheres conduzirem, trabalharem fora de
casa, nos mercados, empresas, etc.
Nós achamos que os deveres que o homem tem as mulheres também podem ter.
Ainda não há igualdade porque há muitos direitos que favorecem as mulheres, mas que também
deviam favorecer ao homem, porque esses direitos favorecem mais a mulher enquanto que não tem de ser
assim, o homem também merece.
Por exemplo, quando vão ao tribunal para decidir a guarda das crianças favorece a mãe do que ao pai
enquanto as vezes a mãe não tem razão.
Nós achamos que quando há igualdade os direitos das mulheres tem de ser iguais aos direitos dos
homens para não favorecer um e prejudicar o outro.
Na sociedade tradicional, a mulher não tinha direito de trabalhar nem ir a escola, a mulher tinha
muitos deveres, como ficar em casa para satisfazer o homem e a sua família. E, por falta de escola, na
sociedade tradicional, a mulher não sabia ler, escrever nem contar, quem fazia isso eram os homens,
machistas.
Para haver igualdade temos valorizar a mulher, para ocupar espaços grandes como o homem, ter deveres
iguais aos do homem na sociedade.
A igualdade de direitos e deveres deve ser um facto real, na nossa sociedade, porque há cada vez mais
exigência de homens e mulheres trabalharem juntos no desenvolvimento do país.
399
A nosso ver, a obrigação de respeitar a igualdade entre o homem e a mulher na actualidade deve
permitir que as mulheres podem fazer coisas que antes não podiam. Por exemplo: actualmente, temos
mulheres a conduzirem, a trabalharem fora de casa, nos mercados, empresas, a ocupar cargos de grande
responsabilidade, por exemplo, a Dra. Beatriz Buchili, PGR”.
É importante que os deveres que o homem tem sejam os mesmos das mulheres também, para estas
continuarem a trabalhar fora de casa, para poderem cuidar melhor dos seus filhos, da sua família. A
Independência financeira da mulher é importante para o crescimento das crianças e mesmo do próprio
homem que pode passar a pensar em grandes investimentos.
A lei deve favorecer os dois homem e mulher, quando há divórcio actualmente favorece mais a
mulher enquanto que não tem de ser assim, homem e mulher devem sempre ser iguais.
Por ex. quando vão ao tribunal para decidir a guarda da criança favorecem a mãe do que o pai
enquanto as vezes a mãe não tem razão.
Nós achamos que quando há igualdade os direitos das mulheres tem de ser iguais aos dos homens
para não favorecer um e prejudicar o outro.
Na sociedade tradicional, a mulher não tinha direito de trabalhar nem ir a escola, a mulher tinha
muitos deveres, como ficar em casa para satisfazer o homem e a sua família. E, por falta de escola, na
sociedade tradicional, a mulher não sabia ler, escrever nem contar, quem fazia isso eram os homens.
Para haver igualdade temos valorizar a mulher, para ocupar espaços importantes como o homem, ter
deveres iguais aos da mulher perante a sociedade.
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Introdução
Com esse relatório temos o objectivo de mostrar o conhecimento que a sociedade tem sobre a diabetes
Nesse relatório iremos apresentar e analisar os resultados das entrevistas que foram feitas a pessoas que
padecem de diabetes e médicos.
Desenvolvimento
400
Nas entrevistas pudemos notar que poucas pessoas sabem quais são os sintomas de diabetes e como se
pode contrair a diabetes.
Também pudemos notar que existem pessoas que já nascem com a diabetes que for herdada dos seus
ancestrais.
Nas nossas pesquisas foram encontradas pessoas que não sabem o conceito de diabetes.
Foram feitas perguntas e alguns pacientes não souberam responder por falta de conhecimento. O nosso
grupo entrevistou 3 (três) pessoas: uma estudante de 18 anos, uma senhora que trabalha no Hosital Geral
José Macamo e uma Professora de Biologia.
Quanto as perguntas as respostas nem todos eram convencíveis quanto ao conhecimento sobre a
diabetes. Algumas pessoas não souberam responder quais são as causas da diabetes?
Concluímos que na sociedade não existem pessoas com um nível de conhecimento baixo sobre as
diabetes. Muita gente ainda tem muito que aprender sobre a diabetes.
Com este relatório temos o objectivo de analisar o nível de conhecimentos que os nossos entrevistados
reunem em relação a diabetes. Assim, neste relatório discutimos os resultados das entrevistas que fazemos
às pessoas que padecem de diabetes e a outras com convivem com as pessoas doentes com a diabetes.
Nas entrevistas pudemos notar poucas pessoas sabem quais são os sintomas da diabetes e como se
pode contrair a diabetes.
Nas nossas pesquisas foram encontradas algumas pessoas que não sabem o conceito de diabetes.
O nosso grupo entrevistou três pessoas. Um paciente e duas pessoas de boa saúde. Das três pessoas
entrevistadas duas souberam responder as perguntas que foram feitas sobre a diabetes.
401
A primeira entrevistada, uma estudante de 18 anos, revelou não saber as causas da diabetes e nem como
se contrai, mas sabe que as pessoas diabéticas devem usar pouco óleo nas suas refeições e devem
abandonar o açúcar normal.
Uma senhora servente no Hospital Geral José Macamo-Maputo, diz ter conhecimento de que a diabetes
é causada pelo excesso de açúcar no sangue, e que ela usa mais vegetais nas suas refeições evitando assim
comer carnes por causa das gorduras.
O nosso terceiro entrevistado, uma professora de Biologia da Escola Secundária S.José de Lhanguene,
sabe quase tudo sobre as diabetes e explicou-nos que o estado não tem dinheiro para ajudar pessoas
doentes da diabetes, mas que as famílias apoiam.
Com a entrevista da professora, soubemos que existem pessoas que já nascem com a diabetes embora
existam pessoas que contraem a doente devido ao excesso de açúcar, sal e gorduras.
A professora ensinou-nos também que as pessoas de têm essa doença muitos não cumprem a
medicação porque não têm condições e outras fazem tratamentos, mas existem pessoas que não se
preocupam com o nível de açúcar, sal e gorduras que ingeridas no seu organismo.
Os objectivos ou assunto desse relatório é de não visar que a diabetes é uma doença que não tem cura
mas que podemos ter uma vida estável tendo ou não a diabetes..
Os alunos da Escola Comunitária Armando Emílio Guebuza realizaram uma pesquisa sobre a doença
diabetes, para a Direção Nacional de Saúde.
Das entrevistas apuramos que: a diabetes. Diabetes é uma doença crônica provocada pelo excesso de
açúcar.
soube através de uma ferida que não sarava, o enfraquecimento e muita fome.
402
O tipo de diabetes que tenho é do tipo-2. Há um limite de leucemia que contra-indique a pratica da
atividade física? qual seria esse limite.
R: atividade física libera catecolaminas que são higliciminantes, de modo que se tiver com glicemia
elevada, a tendência é de aumentar mais ainda.
Introdução
Fizemos duas entrevistas sobre „a diabetes‟ com o objectivo de sabermos o que os nossos entrevistados
sabem sobre „a diabetes‟.
Desenvolvimento
Entrevistamos o senhor Manuel, 58 anos de idade, casado e residente no Bairro da Urbanização, paciente
que acaba de lhe ser diagnosticada „a diabetes‟ no Hospital Geral de Mavalane, soubemos:
O senhor Manuel sabe que „a diabetes‟ são doenças causadas pelo excesso de açúcar no
organismo;
O senhor Manuel não tem familiares que têm ou que tiveram essa doença;
O senhor Manuel sabe que a sua vida vai mudar completamente;
O senhor Manuel sabe que lidar com esse tipo de doença é muito difícil, as limitações são muitas,
a alimentação vai ser muito variada.
O senhor Manuel sabe que a vida dos diabéticos é difícil pois que a compra das insulinas não fácil
e que todos os outros medicamentos são muito caros;
O senhor Manuel sabe que nem todos os diabéticos têm condições de comprar.
Conversamos também com a Enfermeira Raquel Manjate, em serviço naquele Hospital, desta senhora de
47 anos de idade, enfermeira desde os seus 30 anos de idade, soubemos que:
Pudemos tirar uma conclusão: Que para que as pessoas saibam mais sobre a diabetes tem que haver
palestras sobre a doença e ajuda nos hospitais quanto aos medicamentos para os que não tem condições de
comprar as insulinas.
63
Nomes Ficticios, de modo a preservamos a identidade dos nossos informantes.
404
Introdução
Nós fizemos duas Entrevistas sobre „a diabetes‟ com o objectivo de recolhermos informações sobre
„a diabetes‟, que apresentamos neste relatório.
Desenvolvimento:
Realizamos duas entrevistas, uma com o senhor Manuel, de 58 anos de idade, casado e residente no
Bairro da Urbanização, doente que acaba de ser diagnosticado „a diabetes‟ no Hospital Geral de
Mavalane. A outra entrevista foi com a enfermeira Raquel Manjate, em serviço no Hospital Geral de
Mavalane, senhora de 47 anos de idade, enfermeira desde os 30 anos. Nas entrevistas procuramos
informações sobre:
405
Com a entrevista que tivemos com o senhor Manuel recolhemos as seguintes informações:
Propostas;
Para que as pessoas saibam mais sobre a diabetes tem que haver palestras sobre a doença e ajuda
nos hospitais quanto aos medicamentos para os que não tem condições de comprar as insulinas.
A alimentação: Que o governo e o empresariado nacional, principalmente, os comerciantes
donos das mercearias devem ser convidados a apoiar a nossa associação a oferecer uma
alimentação saudável aos doentes com as diabetes.
Nas Férias fazemos uma entrevista com uma paciente com diabetes. Ela tem27 anos de idades.
Foi feita uma entrevista sobre as diabetes no dia 10 de Maio de 2018 na escola e nessa entrevista falamos
sobre:
1. o que é a diabetes?
2. como combater as diabetes?
Diabetes é uma doença crônica causada pelo excesso de açúcar ou glicose no nosso organismo.
Para combater essa doença devemos comer alimentos saudáveis como os vegetais, as frutas e
verduras.
Falamos também dos sintomas da doença. A pessoa sente-se fraca com vontade de comer muito.
Introdução
Este presente trabalho tem como objectivo principal descrever todas as informações do conhecimento das
diabetes.
Desenvolvimento
Na entrevista, feita com um paciente diabético ficamos a saber que a diabetes é uma doença crónica
causada pelo elevado índice de açúcar ou glicose, o tratamento é rigoroso pois com ela devemos ter uma
alimentação balanceada, visitar o médico frequentemente.
Na análise feito o paciente superou as nossas expectativas, ele conseguiu responder as perguntas, e tudo
consta a verdade, todos os aspectos são positivos.
407
Conclusão
Neste presente trabalho concluímos que a diabetes é uma doença que tem o seu tratamento e tem cura.
Propostas
Assunto – a Diabetes
Introdução
Realizamos uma pesquisa sobre a diabetes. Nessa pesquisa realizamos entrevistas e tivemos muitas
informações sobre a diabetes que desenvolvemos na secção do desenvolvimento.
Desenvolvimento
A partir das entrevistas realizadas, ficamos a saber que a diabetes é uma doença crônica onde a
quantidade de açúcar no sangue é muito elevada, porque o pâncreas não produz insulina suficiente para
ajudar a glicose a entrar nas células do corpo ou a insulina que é produzida não funciona adequadamente,
conhecida como resistência à insulina.
a) Soubemos da existência de dois tipos de diabetes, que são: T1 e T2, e diabetes mais frequentes é
T2. E descobrimos que a diabetes é diagnosticada através dos sintomas que a pessoa manifesta e é
confirmada com uma análise de sangue.
408
Fecho
Descobrimos que a diabetes pode ser muito bem controlada e também a diabetes que tem um apoio
médico.
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Assunto – a Diabetes
Introdução
Realizamos uma pesquisa sobre a diabetes. Nessa pesquisa realizamos entrevistas e tivemos a informação
de que existem dois tipos de diabetes que são: T1 e T2 e ficamos a saber que a mais frequente é a T2.
Desenvolvimento
descrição
Diabetes é uma doença crônica onde a quantidade de açúcar no sangue muito elevada porque o pâncreas
não produz insulina suficiente para ajudar a glicose a entrar nas células do corpo ou a insulina que é
409
produzida não funciona adequadamente conhecido como a resistência a insulina, e os tipos de tipos de
diabetes são: TI e T2. O tipo T1 é hereditário e o T2 é aquele que nós encontramos quando crescemos.
Os sintomas da diabetes são: sentir muita fome; urinar toda hora, perda de peso, cansaço e visão
embaciada, infecções e cicatrização lenta.
A diabetes é diagnosticada através de análise de sague.
Para prevenir a diabetes é necessário fazer a gestão de açúcar e gordura e também fazer exercícios
físicos, diminuir o estresse e também uma vida saudável.
Propostas ao MISAU:
Realizar para palestras nos hospitais e feiras de saúde para divulgar conhecimentos sobre a dabetes;
Apoiar a Associação Moçambicana de Diabéticos com medicamentos.
Assunto – a Diabetes
Introdução
Durante as férias fizemos uma pesquisa sobre „a diabetes‟ com objetivo de compreendermos
como se pode viver com „a diabetes‟
Qual é a melhor forma de alimentação de uma pessoa com diabetes;
Desenvolvimento
Entrevistamos também uma senhora professora, que não quis nos dizer o seu nome, ela respondeu que:
Conclusão
percebemos que os diabéticos têm feito o tratamento e que recebem melhor apoio dos seus
familiares, amigos, vizinhos. Nós achamos apelamos ao Ministério e aos hospitais para
organizarem palestras nos hopitais e aumentarem as testes sobre a diabetes.
Assunto – a Diabetes
Introdução
Desenvolvimento
Entrevistamos também uma professora do EP2, na condição de anonimato, ela esclareceu que:
a diabetes não tem cura; mas pode se viver muito bem, é preciso controlar regulamente e cuidar
da alimentação;
os diabéticos têm um modo de vida diferente: a sua alimentação é muito difícil porque eles não
consomem bebidas alcoólicas, não podem comer alimentos com muito óleo; nem com muito
amendoim, entre outras medidas.
a diabetes exige exercícios físicos;
a diabetes têm apoio da sociedade, principalmente da família, amigos e vizinhos.
a escola deve ajudar a difundir a necessidade da realização de testagem voluntaria para sabermos
que cuidados devemos tomar.
B. análise dos factos
Os nossos entrevistados tem muitos conhecimentos sobre a diabetes;
sabem com um diabético deve viver com esta doença;
a diabetes não tem cura mas tem tratamento.
Conclusão
Concluímos que os diabéticos têm feito o tratamento e que recebem melhor apoio dos seus
familiares, amigos, vizinhos.
Proposta
A Direcao da Saude da Cidade deveorganizar palestras e feiras da saúde nos feriados, nos
hospitais, bairros, mercados, serviços diferentes, para aumentarem as testes sobre a diabetes.
Planificação
(...) vamos começar pelo título? / Alexandre? / sim, relatório sobre a diabetes/podems escrever isso?/ e
como vem na instrução?/ a seguir/(...) temos que dizer quem é o emissor?/ isso é o mesmo que origem?
/Cleide, o emissor somos nós/turma-2 G2-A/ o receptor, podemos dirigir ao professor/ não concordo, o
que é que o professor Satara ou o professor Júnior vão fazer com o texto?/tens razão, temos que dirigir a
uma pessoa que pode usar as nossas conclusões/sim é isso ai/ o relatório serve para isso/ então/ então o
quê, Michela?/precisamos de propostas para isso, não é.(...)/então podemos pôr o nome do(...)/dr. João
Carlos Nhampossa, ele trabalha na José Macamo/(...) Cleide podemos?(...)/estás a escrever, né(...)?/ a data
é de hoje(..)/o assunto, Michela??(...)/ A diabetes e sociedade!/ acho que é bonito esse assunto para uma
doença mortal(...)/ Já podemos escrever o desenvolvimento (....)/ então começamos como?/ vamos seguir
as entrevistas que fizemos/ eu também acho/ depois temos que entregar este trabalho(...)/ o título já nos
orienta/ não o assunto(..)/ Com esse relatório temos o objectivo de mostrar o conhecimento/ o que as
pessoas da sociedade tem sobre a diabetes/então é o que a sociedade sabe das diabetes/(...)/ Nesse
relatório vamos falar das entrevistas/ entrevistas que foram feitas a pessoas que padecem de diabetes e
médicos/mas é bom apresentarmos e analisarmos os resultados das entrevistas/ está bem/ mas isso vai
para(...)/para a introdução/agora o desenvolvimento?/ sim pode ser/nas entrevistas notar que poucas
pessoas sabem quais são os sintomas de diabetes/ e como/ pode se ter a diabetes/mas vocês/temos que
apresentar as resposta?/temos, havemos/também pudemos notar que existem pessoas que já nascem com a
diabetes/ (...) que for herdada dos seus ancestrais/nas nossas pesquisas foram encontradas pessoas que não
sabem o dizer o que é a diabetes/ vamos dizer isso ai?(...)/ foram feitas perguntas e alguns/ pessoas com
diabetes/(...) não souberam responder por falta de conhecimento/ (...) mas eu penso que é normal isso
(...)/o nosso grupo entrevistou 3 (três) pessoas/ um estudante, um médico e um atleta/quanto às perguntas
e às respostas/(...) nem todos eram convencíveis quanto ao conhecimento sobre a diabetes/ mas alto ai/ a
nossa colega envergonha/(...) sabe muito pouco/ a atleta também não soube responder quais são as causas
da diabetes/mas o médico esclareceu coisas que nós/(...) não sabíamos também(...)/ (...) concluímos que
(...)/ que na sociedade existem pessoas / não é bem isso/com um nível de conhecimento baixo/ talvez
apenas sobre/(...) as diabetes/ (....)/Muita gente ainda tem (...) /(...) aprender sobre a diabetes (....) então,
vamos ver o que assinalaram(..)/ todos de grupo não podem dizer por suas próprias palavras quais as
(sub)-tarefas da componente da planificação?(...), vamos conversar(..)/ que género textual estão a
planificar?; Qual é a sua origem?/o emissor desse relatório?; A quem pretendem dirigir esse relatório?;
Qual é o assunto central do relatório que estão a planificar?; Em quantas partes se estrutura esse género
textual?; Quais?; O que vai constar em cada uma das partes?; Então, o que podemos concluir dessa
conversa? (...)
(...)
Planificação
413
(...) colegas, devemos nos lembrar (...)/do relatório(...)/ mas isso estudamos o ano passado(...)/ mas aqui
na instrução temos as características/para isso, temos(..)/o Emissor somos nós/ para podíamos pôr
Emissor (es)- Isabel Abílio; Leia Augusto; e Álvaro Eugénio/ (...) acrescentamos /alunos da Escola
Comunitária Armando Emílio Guebuza/ somos nós que escrevemos/ temos o assunto / sim/ (...)
realizaram uma pesquisa sobre a diabetes/ mas o nosso destinatário pode ser/ sim vamos seguir oexemplo/
não vamos pôr, tipo, Direção Nacional de Saúde/ é uma boa ideia/ fica essa (....), Leia, pode escrever?/sim
depois da falarmos/é o nosso receptor/ data de elaboração/ é /Maputo aos 18 de Maio de 2018/ na sala de
aulas/ (...)/ vamos continuar (...)/os objetivos/ porque não comecamos pelo assunto?/pode/ (...) ou assunto
desse relatório/ (...) é de visar que a diabetes é uma doença que não tem cura/ podia ser apenas(...)
Relatório sobre as diabetes/(...)nós mas/(...) que podemos ter uma vida estável tendo ou não/(...) é isso ai,
tivemos uma pessoa que entrevistamos/ (...) tivemos conhecimento(..)/ ai, sabemos (...) do que é a
diabetes/ (...) mas é melhor assim, o entrevistado explicou/ (..) a / que a diabetes é uma doença crônica
provocada pelo excesso de açúcar/ agora podemos passar as perguntas que fizemos/sim, (..) não estão no
guião?/estao sim dita!/como soube que tem a debates?/qual o tipo de diabetes que tens?/ Há um limite de
leucemia que contra-indique a pratica da atividade física? qual seria esse limite /o que a pessoa
respondeu?/ ao que explicou-nos que/ soube através de uma ferida que não sarava, o enfraquecimento e
muita fome/ mais (...)/O tipo de diabetes que tenho é do tipo-2/actividade física libera catecolaminas que
são higliciminantes/ sim, continua/ de modo que se tiver com glicemia elevada, a tendência é de aumentar
mais ainda/ propostas (....). vamos conversar(..)/ que género textual estão a planificar?; Qual é a sua
origem?/o emissor desse relatório?; A quem pretendem dirigir esse relatório?; Qual é o assunto central do
relatório que estão a planificar?; Em quantas partes se estrutura esse género textual?; Quais?; O que vai
constar em cada uma das partes?; Então, o que podemos concluir dessa conversa? (...)/então, podemos
brevemente e de forma oral, indicar distribuir as informações que elaboraram pelos diferentes partes do
texto?/(...) Leia, pode começar (...)/Isabel, a seguir (...) é isso mesmo(...)
(...) para elaborar o plano (...)/ relatório sobre a diabetes/ Isabel e Esperança, vamos começar de onde?
professor, temos uma dúvida (...)/ para procurar as ideias como fizemos nas aulas do texto
argumentativo?(...)/ é claro que sim (...)/ mas devem articular dois aspectos importantes: (i) os resultados
das entrevistas que fizeram; (ii) a estrutura do texto que aparece na instrução; podemos reler a instrução,
Esperança?(...)/ Cabeçalho, primeiro, o emissor/origem (...)/ (...) nós... mesmos!/assim, é do tipo (...)
escrevo os nossos nomes (...)/sim, e os nossos destinatários?/ aqui vem receptor (...)/ pode ser ao.../ se
quisrmos eu acho...à Direcção Geral da Escola/ sim, mas isso é nossa imaginação, tipo vamos entregar ao
diretor pedagógico, o professor Daniel (...)/ pode ser que ele tem interesse neste texto ele é o chefe
pedagógico/(....)/(...) escrevo receptor – Direcção Pedagógica da Escola(...)/ então o assunto é (...)/ as
diabtes/ não concordo é muito vago, parece(...)/ vamos ver assim, Informações sobre o conhecimento da
diabetes na sociedade/ sim (...)/ dá (...)/ vamos tomar notas(...)/ como assim?(...)/ escreve isso mesmo eu
414
dito (...)/ depois organizamos?/ se estamos a seguir a estrutura.../(...) é fácil (...)/ vamos descrever?/ o que
aconteceu, sim(...)/(...) nas Férias fizemos uma entrevista com uma paciente com diabetes (...)/é uma
senhorita (..)/(...)ela tem27 anos de idades/ dita, colega, (...)/(...) foi feita uma entrevista sobre as diabetes
no dia 18 de Maio de 2018 na escola/ (...) mas isso não é verdade(...) a entrevista foi no dia 10 de Maio/ é
verdade (...)/e nessas entrevistas falamos sobre o que é a diabetes/como combater a diabetes/ (...) e depois
o que é quela respondeu?(.....) sim temos essas respostas e hoje passamos isso, Esmeralde/(...) que a
Diabetes é uma doença crônica causada pelo excesso de açúcar ou glicose no nosso organismo/(...)/ (...)
combater essa doença é preciso comer (...) os vegetais e as frutas/ se o corpo também precisa de carne?!/
(...) só?(...)/ (...) não! / (..) nós falamos também dos sintomas dessa doença(...)/ a pessoa pode sentir-se
fraca com vontade de comer muito/(...)a professora entrevistada respondeu todas as perguntas e as
respostas estão correctas/o que significa que como professora ela sabe quase tudo sobre a diabetes/(...) a
diabetes tem o seu tratamento!(..)/ vamos pensar juntos, vocês assinalaram aqui que não organizaram a
informação? porque não o fizeram? vamos ver, primeiro a instrução que vocês têm: (..)/ que género
textual estão a elaborar?; em que etapa estão? Qual é a origem do vosso relatório?: A quem pretendem
dirigir esse relatório?; Qual é o assunto central do relatório que estão a planificar?; Em quantas partes se
estrutura esse género textual?; Quais?; O que vai ficar em cada partes?; Então vocês já fizeram isso!/
vamos avançar (....)!
(...) vamos escrever, Cacílda/ Edwin mas eu tenho problemas de entender algumas coisas (..)/quem será o
emissor? / (...) é isso Lídia, é claro que somos nós os três/ então pode escrever, Cacílda, os nossos nomes/
dita Lídia/(...): turma-2 Grupo-5-A (Cacílda Baltazar; Edwin Naran; Lídia João)/ o nosso destinatário/
Ministério da Saúde/ continua isso?/(..), depois segue a data de hoje/ (..) Edwin, ao: Ministério da
Saúde.../mas, o assunto/(...) podemos colocar assim, a diabetes/(...)relatório produzido aos 18 de Maio de
2018/(...) e tudo isto onde colocamos?/(...) devemos seguir a estrutura(..)/isso já vem nesta instrução/...nao
é difícil, só que (...)/ vamos passar para a introdução/ temos de reler a instrução, ela mostra o que dizer/
sim (..)/ (...) realizamos uma pesquisa sobre a diabetes/ depois?(..)/nessa pesquisa que realizamos tivemos
muitas informações sobre a diabetes(..)/ mas temos de desenvolver essas coisas(...)/ concordo(...) então já
passamos para o desenvolvimento/e (...) ficamos a saber que a diabetes(..)/ a diabetes (...) é uma doença
crônica/ (...)onde a/ (..) e ai, Cacílda?/a quantidade de açúcar no sangue é muito elevada/ (...) então
dvemos tomar pouco chá), nem sempre é possível!/ (...) o açúcar, faz mal assim?/(...) porque o pâncreas
não produz insulina suficiente e (...)/ ajudem-lá!/ (...) para ajudar a glicose a entrar nas células do corpo
(...)/ (...) ou a insulina que é produzida não funciona adequadamente (...)/ tipo (...)/ conhecida/(...) como a
resistência à insulina/(...), poder ser que(...)/ e (..)/ também descobrimos/ não é isso (...)/(..) alguns tipos
de diabetes que existem (..) / (...) que são do T1 e T2/ (...) e diabetes mais frequentes é T2(...)/(...)
descobrimos que a diabetes é/(...) algumas vezes (...)/ (...) diagnosticada através (....)/dos testes de sangue
e (...)? mas maioria dos casos é através dos sintomas que a pessoa apresenta (...)/ (...) mas sempre os testes
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são muito importantes/mas no nosso país (...)/ na nossa sociedade (...)/ os entrevistados disseram (...)/
como prevenir (...)/(...) para prevenir a diabetes (...)/comer quiabo/ é mesmo bom controlar o açúcar, as
gorduras? gorduras só com exercícios físicos(...)/ para diminuir a gordura (...)/ (...) também estresse e...?/
é bom comer coisas saudáveis(...)/para saber se temos diabetes (...)/é quando urinar toda a hora(..) perder
o peso?(...) a fome frequente/(...), andar cansaço (...) ter visão embaciada/ ou fraca,.../ no caso de
ferimento a cicatrização leva (...)/ pode levar tempo demais e infecções/ ter sede também demais(...)/ mas
quando temos a diabetes/(...) melhor é ir ao médico (...)/ mas a família deve ajudar também/(..)
depende.../(...) mas já recebemos esta ficha(...)/quando?/(...)escrevemos o texto sobre a igualdade ente
homem e mulher (...)/ mas nós ainda não distribuímos a informação por partes e subparte(...)/por isso
vamos assinala isto(...)/(...) Vamos rever um pouco a estrutura do relatório, conforme a nossa instrução/
(...) Edwin pode ler isso?/ sim professor(...)/ então vamos com lápis fazermos juntos/(...) o que fica no
cabeçalho, cacílda?/o que escreveram sobre a descrição dos factos?/ que análise é que o grupo faz?/ a que
conclusão chegam do que elaboram em relação ao conhecimento das pessoas sobre a diabetes?/ então
afinal e isso que devemos fazer!(...).
Introdução
Com esse relatório temos o objectivo de mostrar o conhecimento que a sociedade tem sobre a diabetes
Nesse relatório iremos apresentar e analisar os resultados das entrevistas que foram feitas a pessoas que
padecem de diabetes e médicos.
Desenvolvimento
Nas entrevistas pudemos notar que poucas pessoas sabem quais são os sintomas de diabetes e como se
pode contrair a diabetes.
Também pudemos notar que existem pessoas que já nascem com a diabetes que for herdada dos seus
ancestrais.
416
Nas nossas pesquisas foram encontradas pessoas que não sabem o conceito de diabetes.
Foram feitas perguntas e alguns pacientes não souberam responder por falta de conhecimento. O nosso
grupo entrevistou 3 (três) pessoas: uma estudante de 18 anos, uma senhora que trabalha no Hosital Geral
José Macamo e uma Professora de Biologia.
Quanto as perguntas as respostas nem todos eram convencíveis quanto ao conhecimento sobre a diabetes.
Algumas pessoas não souberam responder quais são as causas da diabetes?
Concluímos que na sociedade não existem pessoas com um nível de conhecimento baixo sobre as
diabetes. Muita gente ainda tem muito que aprender sobre a diabetes.
25.Maio.2018.
Com este relatório temos o objectivo de analisar o nível de conhecimentos que os nossos entrevistados
reunem em relação a diabetes. Assim, neste relatório discutimos os resultados das entrevistas que fazemos
às pessoas que padecem de diabetes e a outras com convivem com as pessoas doentes com a diabetes.
Nas entrevistas pudemos notar poucas pessoas sabem quais são os sintomas da diabetes e como se
pode contrair a diabetes.
Nas nossas pesquisas foram encontradas algumas pessoas que não sabem o conceito de diabetes.
O nosso grupo entrevistou três pessoas. Um paciente e duas pessoas de boa saúde. Das três pessoas
entrevistadas duas souberam responder as perguntas que foram feitas sobre a diabetes.
417
A primeira entrevistada, uma estudante de 18 anos, revelou não saber as causas da diabetes e nem como
se contrai, mas sabe que as pessoas diabéticas devem usar pouco óleo nas suas refeições e devem
abandonar o açúcar normal.
Uma senhora servente no Hospital Geral José Macamo-Maputo, diz ter conhecimento de que a diabetes
é causada pelo excesso de açúcar no sangue, e que ela usa mais vegetais nas suas refeições evitando assim
comer carnes por causa das gorduras.
O nosso terceiro entrevistado, uma professora de Biologia da Escola Secundária S.José de Lhanguene,
sabe quase tudo sobre as diabetes e explicou-nos que o estado não tem dinheiro para ajudar pessoas
doentes da diabetes, mas que as famílias apoiam.
Com a entrevista da professora, soubemos que existem pessoas que já nascem com a diabetes embora
existam pessoas que contraem a doente devido ao excesso de açúcar, sal e gorduras.
A professora ensinou-nos também que as pessoas de têm essa doença muitos não cumprem a
medicação porque não têm condições e outras fazem tratamentos, mas existem pessoas que não se
preocupam com o nível de açúcar, sal e gorduras que ingeridas no seu organismo.
Com o presente relatório, pretendemos descrever e analisar os resultados de uma pesquisa que fizemos
sobre os conhecimentos que a sociedade possui a cerca “diabetes” na Cidade de Maputo. Assim, a
pesquisa foi feita com base em entrevistas. Estas entrevistas tinham o objectivo de verificar se os
entrevistados sabem a definição da diabetes; sabem como apanha-se; sabem o modo de previr, sabem os
tratamentos e sabem quais são cuidados a ter com a alimentação. Perguntamos também s sabem qual é o
apoio que o diabético tem do governo e da sociedade em geral.
Assim, o objetivo do texto é de ajudar a prevenção através da divulgação dos cuidados a ter para evitar a
doença. Isto significa que temos como objetivo de transmitir os cuidados a ter para evitar e como prevenir
a Diabetes e pretendemos fazer a campanha hospitalar e definir como preveni-la”
Depois de realizarmos as entrevistas pudemos saber que com a primeira entrevistada, um paramédica do
Hopistal Geral do Chamanculo, Dona Adelaide Laice que a diabetes é uma doença crónica provocada
418
pelo excesso de açúcar no sangue. Ela acrescentou também que a diabetes não tem cura mas que quando a
pessoa tem cuidado com a alimentação e faz controlo podemos ter uma vida normal.
O segundo entrevistado é uma senhora que presta serviços aqui na Escola Armando Guebuza, apenas
explicou-nos que os diabéticos devem ter cuidado com a gordura e que devem caminhar muito para além
de ter sempre qualquer coisinha para comer.
O terceiro entrevistado um estudante da 11ª classe e chama-se Manuel Alexandre falou-nos que os
diabéticos devem ter cuidado com a alimentação e praticar exercícios físicos e que não sabia exatamente
qual era o tratamento nem as causas.
O quarto e último entrevistado é um dos guardas da escola, que começou por nos dizer que a diabetes
tem qualquer coisa a ver com o açúcar e óleo, para depois aconselhar-nos a ir ao hospital para sabermos
as causas e como prevenir.
A análise do nosso grupo é de que pensarmos em formas de ultrapassar alguns problemas que podem ser
uma consequência do que percebemos nas entrevistas, porque há muitas pessoas que sabem de uma
maneira muito geral o que é a diabetes mas a sociedade precisa de bons conhecimentos para prevenir e
ajudar pessoas que estão doentes. A diabetes não tem cura, mas será que com os avanços da ciência no
nosso século não é possível pelo menos produzir-se uma vacina? As nossas propostas sobre a diabetes
são:
há necessidade urgente de encontrar-se uma vacina contra a diabetes ou tratamento que leva a
cura total e não apenas o controlo;.
O ministério da saúde deve fazer palestras nos bairros e nas escolas sobre a alimentação dos
diabéticos e formas de revenir a doença.
Introdução
419
Com o presente relatório, pretendemos descrever e analisar os resultados de uma pesquisa que fizemos
sobre os conhecimentos que a sociedade possui a cerca “diabetes” na Cidade de Maputo. Assim, fizemos
a pesquisa com base em entrevistas. Estas entrevistas tinham o objectivo de verificar se os entrevistados
tinham conhecimento sobre a definição da diabetes; modos de contrair e previr, os tratamentos e os
cuidados com a alimentação. Falamos também sobre o apoio que os diabéticos recebem do governo e da
sociedade em geral.
Assim, o objetivo do texto é de ajudar a prevenção através da divulgação dos cuidados a ter para evitar a
doença. Isto significa que temos como objetivo de transmitir os cuidados a ter para evitar e como prevenir
a Diabetes e pretendemos fazer a campanha hospitalar e definir como preveni-la.
Desenvolvimento
Depois de realizarmos as entrevistas pudemos saber que com nossa primeira entrevistada, um paramédica
do Hopistal Geral do Chamanculo, Dona Adelaide Laice que a diabetes é uma doença crónica provocada
pelo excesso de açúcar no sangue. Ela acrescentou também que a diabetes não tem cura mas que quando a
pessoa tem cuidado com a alimentação e faz controlo podemos ter uma vida normal.
O segundo entrevistado é uma senhora que presta serviços aqui na Escola Armando Guebuza, apenas
explicou-nos que os diabéticos devem ter cuidado com a gordura e que devem caminhar muito para além
de ter sempre qualquer coisinha para comer.
O terceiro entrevistado um estudante da 11ª classe e chama-se Manuel Alexandre falou-nos que os
diabéticos devem ter cuidado com a alimentação e praticar exercícios físicos e que não sabia exatamente
qual era o tratamento nem as causas.
O quarto e último entrevistado é um dos guardas da escola, que começou por nos dizer que a diabetes tem
qualquer coisa a ver com o açúcar e óleo, para depois aconselhar-nos a ir ao hospital para sabermos as
causas e como prevenir.
Conclusão
420
A análise do nosso grupo é de que pensamos em formas de ultrapassar algumas dificuldades que podem
ser uma consequência que percebemos nas entrevistas, porque há muitas pessoas que sabem de uma
maneira muito vaga o que é a diabetes, mas a sociedade precisa de bons conhecimentos para prevenir e
ajudar pessoas que estão doentes. A diabetes não tem cura, mas será que com os avanços da ciência no
nosso século não é possível pelo menos produzir-se uma vacina? Podemos sim. Para isso é preciso mais
dinheiro e mais atenção na saúde e na educação dos jovens.
Propostas
há necessidade urgente de encontrar-se uma vacina contra a diabetes ou tratamento que leva a
cura total e não apenas o controlo;.
O ministério da saúde deve fazer palestras nos bairros e nas escolas sobre a alimentação dos
diabéticos e formas de revenir a doença.
Introdução
O objectivo do presente relatório é dar a conhecer o que os cidadãos da cidade de Maputo sabem sobre „a
diabetes‟ e permitir que as pessoas sabem se tem (sic!) ou não „a diabetes‟. Também este relatório
pretende apelar o apoio do governo e sociedade em geral para ajudar as pessoas que vivem com a diabetes
e solicitar palestras sobre a doença.
Nós fizemos duas Entrevistas sobre „a diabetes‟ com o objectivo de recolhermos informações sobre „a
diabetes‟, que apresentamos neste relatório.
Desenvolvimento:
Realizamos duas entrevistas, a primeira, com o senhor o senhor Manuel, de 58 anos de idade, casado e
residente no Bairro da Urbanização, paciente que acaba de lhe ser diagnosticada „a diabetes‟ no Hospital
421
Geral de Mavalane. A segunda entrevista foi com a enfermeira Raquel Manjate, em serviço naquele
Hospital, senhora de 47 anos de idade, enfermeira desde os seus 30 anos de idade.
Durante as entrevistas que realizamos falamos sobre as diabetes tem cura ou não; ficamos a saber sobre
algumas causas do início da diabetes e pesquisamos sobre os tipos de diabetes.
Desta maneira,
Na entrevista que tivemos com o senhor Manuel, informou-nos que não tem familiares que tem ou
que tiveram essa doença. O senhor Manuel também sabe que a sua vida vai mudar completamente porque
sabe que viver com esse tipo de doença é muito difícil, as limitações são muitas e a alimentação vai
mudar muito.
O senhor Manuel disse-nos ainda que vida dos diabéticos é difícil pois que a compra das insulinas não
é fácil e que todos os outros medicamentos são muito caros. Ele acrescentou que sabe que nem todos os
diabéticos tem condições para comprar os remédios necessários.
Na entrevista com a enfermeira Raquel Manjate tivemos muitas informações importantes. Por
exemplo, que muitas pessoas chegam ao hospital sem saber que tem „a diabtes‟ e a maioria das pessoas
não sabem como trata-se a diabetes. A enfermeira disse-nos também que o diabético deve ter cuidados
especiais e a maioria dos doentes têm apoio das suas famílias. A enfermeira informou também que estado
parece não ter condições para ajudar. Ela terminou dizendo que a diabetes é uma doença sem cura.
Propostas:
Para que as pessoas saibam mais sobre a diabetes tem que haver palestras sobre a doença e ajuda
nos hospitais quanto aos medicamentos para os que não tem condições de comprar as insulinas.
A alimentação: Que o governo e o empresariado nacional, principalmente, os comerciantes
donos das mercearias devem ser convidados a apoiar a nossa associação a oferecer uma
alimentação saudável aos doentes com as diabetes.
Introdução
422
Este presente relatório tem como objectivo principal analisar as informações sobre os conhecimentos que
a sociedade tem sobre a diabetes. As informações deste relatório foram obtidos das entrevistas que
realizamos, durante as férias do primeiro trimestre.
Desenvolvimento
Na entrevista feita com um paciente diabético, no Hospital Geral de Chamanculo, ficamos a saber que a
diabetes é uma doença crónica causada pelo elevado índice de açúcar ou glicose no sangue, o tratamento é
rigoroso porque exige que devemos ter uma alimentação balanceada e visitar o médico frequentemente.
Nesta entrevista, o paciente explicou-nos que a diabetes é uma doença complicada. Esta doença exige
muito cuidado nas comidas. Quando uma pessoa apanha a diabetes os ferimentos não cicatrizam com
facilidade. A pessoa sente muitas vezes necessidades menores. o governos não tem dinheiro para ajudar
as pessoas que estão doentes.
Conclusão
Neste presente trabalho concluímos que a diabetes é uma doença que tem o seu tratamento, mas não tem
cura. Assim, os doentes com a diabetes precisam de apoio das suas famílias e do governo porque os
medicamentos são caros e a alimentação deve ser rigorosa e feita um pouco em intervalos de duas em
duas horas.
Propostas
Introdução
O presente relatório tem como objectivo principal descrever e analisar os conhecimentos que a sociedade
tem sobre a diabetes. As informações deste relatório foram obtidas das entrevistas que realizamos, durante
as férias do primeiro trimestre.
Desenvolvimento
A entrevista foi feita a um paciente diabético, no Hospital Geral do Chamanculo, com a ajuda de uma
servente que nos apresentou ao nosso entrevistado e informou-lhe o objectivo da nossa conversa. O
entrevistado é um senhor de 55 anos, casado e empregado comercial da loja Ramuthul do Alto –Maé.
O entrevistado definiu a debetes como uma doença crónica, isto é, não tem cura. Quanto às causas da
diabetes explicou que a sua origem é provocada pelo elevado índice de açúcar ou glicose no sangue.
Ele explicou ainda que a alimentação dos diabéticos é cara e exige muito cuidado, principalmente, porque
deve evitar gorduras e açúcar. Falou-nos que a alimentação por ser light é muito cara e exige muito
cuidado principalmente porque é preciso evitar o açúcar, gorduras, óleo, e outras coisas.
Em resposta à nossa pergunta sobre quais são os tratamentos que o hospital submete as pessoas que estão
doentes com a diabetes, ele respondeu-nos que faz com o tratamento com a insulina, mas há outras coisas
importantes que é preciso fazer e outras que é preciso deixar.
Ele disse-nos, as formas de prevenção que têm a ver com reduzir o consumo do açúcar, a aumentar a
prática de exercícios físicos, fazer a alimentação a base de verduras etc.
Ele falou-nos também acerca dos sintomas da diabetes e disse que em caso de ter uma ferida a
cicatrização é lenta, a pessoa sente fome e necessidades menores com muita frequência.
Quanto à pergunta sobre o apoio aos diabéticos disse-nos que é muito pouco o que o estado dá a aquelas
que estão organizados nas associações e tudo quase fica a responsabilidade dos familiares, por isso a vida
dos diabéticos é mesmo difícil.
Conclusão
Concluímos que o entrevistado tem muitos conhecimentos sobre a diabetes e porque é uma doença sem
cura, concluímos também que o estado deve investir mais na saúde das pessoas, mas todos sabemos que a
prevenção é mais barata do que o tratamento, por isso o governo e a sociedade devem investir na
prevenção.
Propostas
Assunto – a Diabetes
Introdução
Desenvolvimento
Descrição os factos
Quanto ao número de entrevistas, realizamos quatro e no seu desenvolvimento ficamos a saber o conceito
de diabetes e os seus tipos.
425
Assim, o nosso primeiro entrevistado, é uma senhora de 52 anos, funcionária do Ministério da Educação,
residente no Bairro Chamanculo-A, disse-nos que a Diabetes é uma doença crónica onde a quantidade de
açúcar no sangue é muito elevada porque o pâncreas não produz insulina suficiente para ajudar a glicose a
entrar nas células do corpo ou a insulina que é produzida não funciona adequadamente conhecido como a
resistência à insulina.
A entrevistada acrescentou que os tipos de tipos de diabetes são: TI e T2. O tipo T1 é hereditário e o T2 é
aquele que nós encontramos quando crescemos, geralmente, provocada quando consumimos gêneros
muito açucarados.
Em seguida, o nosso segundo entrevistado, é o Senhor Matias, servente e Jardineiro do Hospital Geral do
Chamanculo. Este tem 42 anos de idade, ele respondeu às nossas perguntas, começando por nos ensinar
que os sintomas da diabetes são: sentir muita fome; urinar toda hora, perder peso, sentir-se cansado e ter
visão embaciada, infecções frequentes e cicatrização lenta.
O senhor Matias esclareceu e aconselhou-nos também que a diabetes é diagnosticada através de análise de
sague e para prevenir a diabetes é necessário consumir pequenas quantidades de açúcar e gordura e fazer
exercícios físicos, diminuir o estresse também ter uma vida saudável.
Os nossos entrevistados tem conhecimentos fortes sobre a diabetes, mas nós tememos que há muitos
milhares de pessoas no nosso país a viver com a diabetes e não sabem, correndo o risco de morte, por
isso, abaixo, apresentamos as nossas propostas.
Propostas ao MISAU:
Realizar para palestras nos hospitais e feiras de saúde para divulgar conhecimentos sobre a dabetes;
Apoiar a Associação Moçambicana de Diabéticos com medicamentos.
Assunto – a Diabetes
Introdução
informação sobre a diabetes. Nessa pesquisa realizamos quatro entrevistas e falamos sobre a diabtes,
definição, tipos, sintomas, formas de prevenir e tratamentos.
Desenvolvimento
Descrição os factos
Assim, o nosso primeiro entrevistado, é uma senhora de 52 anos, funcionária do Ministério da Educação,
residente no Bairro Chamanculo-A, disse-nos que a Diabetes é uma doença crónica onde a quantidade de
açúcar no sangue é muito elevada porque o pâncreas não produz insulina suficiente para ajudar a glicose a
entrar nas células do corpo ou a insulina que é produzida não funciona adequadamente conhecido como a
resistência à insulina.
A entrevistada acrescentou que os tipos de diabetes são: TI e T2. O tipo T1 é hereditário e o T2 é aquele
que nós encontramos quando crescemos, geralmente, provocada quando consumimos géneros muito
açucarados.
Em seguida, o nosso segundo entrevistado, é o Senhor Matias, servente e Jardineiro do Hospital Geral do
Chamanculo. Este tem 42 anos de idade, ele respondeu às nossas perguntas, começando por nos ensinar
que os sintomas da diabetes são: sentir muita fome; urinar toda hora, perder peso, sentir-se cansado e ter
visão embaciada, infecções frequentes e cicatrização lenta.
O senhor Matias esclareceu e aconselhou-nos também que a diabetes é diagnosticada através de análise de
sague e para prevenir a diabetes é necessário consumir pequenas quantidades de açúcar e gordura e fazer
exercícios físicos, diminuir o estresse também ter uma vida saudável.
Os nossos entrevistados têm conhecimentos fortes sobre a diabetes, mas nós tememos que há muitos
milhares de pessoas no nosso país a viver com a diabetes e não sabem, correndo o risco de morte, por
isso, abaixo, apresentamos as nossas propostas.
Propostas ao MISAU:
Realizar para palestras nos hospitais e feiras de saúde para divulgar conhecimentos sobre a dabetes;
Apoiar a Associação Moçambicana de Diabéticos com medicamentos.
Introdução
O presente relatório tem como objectivos analisar o nível de conhecimentos sobre “a diabetes” na Cidade
de Maputo, de forma a dar uma boa informação à Diretora de Saúde da Cidade de Maputo.
Para isso, durante as férias fizemos uma pesquisa sobre „a diabetes‟ com objetivo avaliar os
conhecimentos que os residentes da cidade de Maputo têm sobre „a diabetes‟. E as questões que
colocámos eram sobre: as formas de prevenir, tratamentos se podem fazer, os medicamentos que tomam
os diabéticos, as medidas para prevenir que podem ser apresentadas e que ajuda devem receber os
diabéticos. Também perguntamos sobre a qual é a melhor forma de alimentação de uma pessoa com a
diabetes e o que acham que o estado e o sector privado pode fazer para ajudar as pessoas que vivem com
a diabetes.
Desenvolvimento
O nosso grupo entrevistou um médico reformado, dos Hospital Miitar de Maputo, que atualmente tem
66 anos de idade e uma professora de Biologia do EP2 da Escola Dona Berta.
Fizemos perguntas sobre as causas das diabetes; sobre as formas de tratamento; se diabetes tinha cura
ou não, formas de prevenir, que ajuda podem receber os diabéticos.
Entrevistamos também uma professora do EP2, da Escola Dona Berta do Chamanculo, na condição
de anonimato, ela esclareceu que a diabetes não tem cura; mas pode se viver muito bem, mesmo doente
de diabetes, mas é preciso controlar regulamente e cuidar bem da nossa alimentação. Os diabéticos têm
um modo de vida diferente: a sua alimentação é muito difícil porque eles não consomem bebidas
alcoólicas, não podem comer alimentos com muito óleo; nem com muito amendoim. A diabetes exige
exercícios físicos. A professora explicou-nos também que os diabéticos têm apoio da sociedade,
principalmente da família, amigos e vizinhos.
428
A professor disse-nos também que a escola e a Direcção da Saúde da Cidade devem colaborar com
a realização e a divulgar os teste gratuitos para as pessoas saberem se estão doentes com a diabetes ou
não.
A partir das entrevistas que realizamos vimos que os nossos entrevistados tem muitos conhecimentos
sobre a diabetes. Eles sabem como um diabéticos pode viver bem com a doença mas ficou claro que esta
doença não tem cura.
E. Conclusão
Das informações que tivemos concluímos que os diabéticos têm feito o tratamento e que recebem
melhor apoio dos seus familiares, amigos, vizinhos.
Proposta
A Direcao da Saúde da Cidade deveorganizar palestras e feiras da saúde nos feriados, nos
hospitais, bairros, mercados, serviços diferentes, para aumentarem as testes sobre a diabetes.
Sismo
Definição de terramoto
Existem sete placas principais juntamente com algumas outras menores e estão em constante
movimento, o que pode causar os sismos.
Sismo
Definição de terramoto
Sismo ou terramoto é um tremor ou um “sacudir” que acontece quando grandes pedaços rochosos
na superfície da terra são deslocados.
Alguns terramotos são tão suaves e, por isso, não são sentidos pelos seres humanos.
Terramotos podem acontecer devido a “falhas” na crosta da terra e a sua intensidade e magnitude
pode variar muito.
Esses terramotos podem ser identificados e medidos por cientistas que utilizam instrumentos
especiais; outros terramotos são muito perceptíveis, fazendo as paredes tremer e as arvores, os
potes de energia elétrica cair, os tubos de gás arrebentar, etc.
Efeitos dos Terramotos
Na superfície da terra sismos manifestam-se através de tremores de terra e por vezes manifestam-
se pelo deslocamento do solo.
os terramotos que podem-se perceber, são muito perigosos e podem causar prejuízos bastante
grandes nas áreas residenciais e também a perda de vidas.
outros prejuízos dos terramotos podem acontecer com a queda de edifícios, postes, árvores,
destruição de prédios, estradas e pontes ou podem causar incêndios que podem começar por causa
dos tubos de gás que ficam partidos e por causa de fios elétricos estragados e caídos no chão.
Os sismos deixam muitas pessoas em situação de emergência ou dependentes de ajuda de que
vem de fora.
Causas dos terramotos
Os terramotos podem ocorrer por causa de constante movimentação nas “placas tectónicas”.
Existem sete placas principais juntamente com algumas outras menores e estão em constante
movimento, o que pode causar os sismos.
Sismo
Definição de Sismos
Prevenção
430
não fixar objetos nas paredes – porque muitos dos feridos num evento sísmico são originados por
queda de objectos e não porque os edifícios caem;
cuidado com os vidros – janelas e espelhos apresentam-se como objetos perigosos na
eventualidade de um sismo;
identifique os locais mais seguros antes que a desgraça aconteça, fale com todo o seu agregado
familiar;
identifique os locais mais seguros e distribua os seus familiares por eles.
Causas
Sismo
Definição de Sismos
Causas
Prevenção
não fixar objetos nas paredes – porque muitos dos feridos num evento sísmico são originados por
queda de objectos e não porque os edifícios caem;
cuidado com os vidros – janelas e espelhos apresentam-se como objetos perigosos na
eventualidade de um sismo;
identifique os locais mais seguros antes que a desgraça aconteça, fale com todo o seu agregado
familiar;
identifique os locais mais seguros e distribua os seus familiares por eles.
Os sismos
Neste trabalho vamos falar sobre os sismos e suas consequências. Pretendemos também sensibilizar as
pessoas para os perigos desta catástrofe natural.
sismos são o resultado de uma súbita libertação de energia na crosta do planeta entre as placas
tectônicas, ou em falhas entre blocos rochosos.
os efeitos dos sismos estão a vibração do solo, abertura de falhas, deslizamentos da terra,
tsunamis, mudacas de rotação da terra, mudanças do eixo terrestre.
Prevenção
432
O objectivo deste texto é aprendermos como é que os sismos são originados, os seus efeitos, a
classificação e o modo de prevenção.
Neste trabalho vamos falar sobre os sismos e suas consequências. Pretendemos também sensibilizar as
pessoas para os perigos desta catástrofe natural.
Origem
Sismos são o resultado de uma súbita libertação de energia na crosta do planeta entre as placas
tectônicas, ou em falhas entre blocos rochosos.
Efeitos
Os efeitos dos sismos estão a vibração do solo, abertura de falhas, deslizamentos da terra,
tsunamis, mudacas de rotação da terra, mudanças do eixo terrestre.
Destruição das construções feitas pelo homem que resultam em perdas de vidas, ferimentos e
outros prejuízos financeiros e sociais;
Prevenção
Com este trabalho, aprendemos várias coisas de entre elas: o que são os sismos, sua origem, o que
fazer, antes, durante e depois de um sismo.
Plano/rascunho do texto-E/E
433
Sismos
Definição
Sismos são tremores produzidos na superfície terrestre e é o resultado dos movimentos das
placas tectônicas;
Também é chamado de abalo sísmico tremor de terra terramoto ou terremoto.
Origem
O sismo é resultado de uma súbita libertação de energia na crosta do planeta terra, geralmente, é
causado pelo choque entre placas tectônicas.
Os sismos são causados por:
Fracturacao e deslizamento das rochas;
Movimento magma.
Efeitos
os efeitos dos sismos são as ondas sísmicas que tem como resultado a:
1. destruição da terra
2. destruição de casas, monumentos, edifícios, etc.
3. mudança da rotação da terra.
Anexo - VII 2ª versão do plano/rascunho do Texto E/E sobre os sismos e erosão RG4-B
Plano/rascunho do texto-E/E
Sismos
Definição de sismos
Sismos são tremores produzidos na superfície terrestre e é o resultado dos movimentos das
placas tectônicas, isto é, é a movimentação das placas tectônicas que se manifestam na superfície
da tera através de tremores ou deslocamentos no solo popularmente conhecidos por tremores.
Também é chamado de abalo sísmico tremor de terra terramoto ou terremoto.
Origem
o movimento sísmico é resultado da libertação rápida de quantidades de energia na crosta do
planeta terra, normalmente, sob a forma de ondas sismicas .
os sismos são também causados por movimentos subterrâneos de placas rochosas de actividade
vulcânica ou deslocamentos de gases no interior da terra.
Os sismos são causados por:
Fracturacao e deslizamento das rochas;
Movimento magma.
Efeitos
os efeitos dos sismos são as ondas sísmicas que tem como resultado a:
1) destruição da terra
2) destruição de casas, monumentos, edifícios, etc.
3) mudança da rotação da terra.
434
Sismos
Definição de sismos
Sismos
Definição de sismo
Ocorrem bruscamente durante um período de tempo restrito em determinado local; por vezes
estas vibrações ocorrem nos fundos oceânicos, nestes casos, produzem uma ondulação longa e
suave; mas quando acontece em águas pouco profundas, transforma-se am autênticas colunas de
435
água, que podem atingir 30 ou mais metros de altura. Estas ondas gigantes são actualmente
denominadas por tsunami ou maremoto.
Sismos
O tremor é sinónimo de terramoto embora em algumas regiões geográficas os conceitos de sismos são
usados para fazer referência a tremores de menor intensidade relativamente a um terramoto.
No nosso país
Os sismos no nosso país estão a se aproximar por causa da exploração mineral, que provoca terramoto e
maremoto (respiração do mar).
Os sismos provocam muitas mortes, destroem casas, escolas, sectores públicos nos anos passados
apresentou-se um terramoto que destruiu casas, escolas e hospitais.
Em 2009 apresentou-se o abalo de terra no nosso país que não causou nenhuma tragédia, em países como
Haiti o terramoto e maremoto matou tantas pessoas e destruiu edifícios. Este pais tornou-se muito pobre
até hoje por causa do abalo de terra, que deixa famílias tristes, ruinas, sem agua potável, sem alimentos,
por causa do tremor de terra.
Sismos
Definição de sismos
Neste texto iremos falar sobre os sismos, fenómenos que ocorrem na terra, suas causas e seus efeitos,
prevenção e sua ocorrência no nosso país.
O tremor é sinónimo de terramoto embora em algumas regiões, os conceitos de sismos são usados para
fazer referência a tremores de menor intensidade relativamente a um terramoto.
Fracturação e deslizamento das rochas, ou seja, produzem-se choque das placas tectónicas, o que
cria onda sísmica.
Movimento magma no interior da terra e erupções vulcânicas explosivas;
Abatimento de terrenos/escavações/perfurações profundas em busca de minérios, etc.
Em Moçambique
A ocorrência de sismos em Moçambique não é frequente, mas nos últimos tempos tem estado a aumentar
a possibilidade da sua ocorrência devido principalmente a actividade mineira e dos garimpeiros que já
levou a desabamento de terras, erosão e alguns correm rsico de vida na realização dessas atividades.
Em 2009 apresentou-se o abalo de terra no nosso país que não causou nenhuma tragédia, em países como
Haiti o terramoto e maremoto matou tantas pessoas e destruiu edifícios. Este pais tornou-se muito pobre
até hoje por causa do abalo de terra, que deixa famílias tristes, ruinas, sem agua potável, sem alimentos,
por causa do tremor de terra.
Terramotos
Definição de terramoto
Sismo ou terramoto é um tremor ou um “sacudir” que acontece quando grandes pedaços rochosos na
superfície da terra são deslocados. Terramotos podem acontecer devido a “falhas” na crosta da terra e a
sua intensidade e magnitude pode variar muito.
Alguns terramotos são tão suaves e, por isso, não são sentidos pelos seres humanos. Apesar de
poder ser identificados e medidos por cientistas que utilizam instrumentos especiais; outros terramotos
são muito perceptíveis, fazendo as paredes tremer e as arvores, os postes de energia elétrica cair, etc.
Estes terramotos são muito perigosos e podem causar muitos danos quer dizer prejuízos bastante
significativos em áreas onde há maior concentração de pessoas e inclusive a perda de vidas humanas.
Os sismos deixam muitas pessoas em situação de emergência ou dependentes de ajuda de que vem de
fora.
Os terramotos podem ocorrer por causa de constante movimentação nas “placas tectónicas”. Existem
sete placas principais juntamente com algumas outras menores e estão em constante movimento, o que
pode causar os sismos.
Terramotos
Definição de terramoto
Sismo ou terramoto é um tremor ou um “sacudir” que acontece quando grandes pedaços rochosos na
superfície da terra são deslocados. Terramotos podem acontecer devido a “falhas” na crosta da teerra (no
subsolo) e a sua intensidade e magnitude pode variar muito.
Alguns terramotos são tão suaves e, por isso, não são sentidos pelos seres humanos. Apesar de poder
ser identificados e medidos por cientistas que utilizam instrumentos especiais; outros terramotos são
muito perceptíveis, fazendo as paredes tremer e as arvores, os postes de energia elétrica cair, etc. Estes
terramotos são muito perigosos e podem causar danos quer dizer prejuízos significativos em áreas onde
há maior concentração de pessoas e inclusive a perda de vidas humanas.
Os terramotos podem ocorrer por causa de constante movimentação nas “placas tectónicas”, o que
cria ondas sísmicas, isto é, provocam o movimento do magma no interior da terra e erupção vulcânica
explosiva. Existem sete placas principais juntamente com algumas outras menores e estão em constante
movimento, o que pode causar os sismos.
destruição de prédios, estradas e pontes ou podem causar incêndios que podem começar por causa dos
tubos de gás que ficam partidos e por causa de fios elétricos estragados e caídos no chão.
Os sismos deixam muitas pessoas em situação de emergência ou dependentes de ajuda de que vem de
fora, isto quer dizer que as pessoas ficam dependentes de donativos e da caridade até conseguirem se
estabilizar.
Prevenção
Para prevenirmos os sismos é necessário facilitar os movimentos em casa, cuidado com os vidros,
organizar a disposição dos objetos e fixar bem os objectos na parede para não caírem com o tremor de
terra.
Deixar preparado o kit de emergência com objetos essenciais como: dinheiro, documentos, caderneta
bancaria, lanterna, pilhas, água potável, luvas, velas, isqueiro, estojo dos primeiros socorros, rádio,
alimentos não perecíveis.
Sismo
Definição de Sismos
Causas
Os sismos são causado pelo fraturação e pelo deslocamento das rochas, pelo batimento de terrenos; pelo
movimento de magma no interior da terra e erupções vulcânicas de terrenos.
Os sismos acontecem porque a camada mais interna da terra, a litosfera, formada pelos primeiros 100
metros de profundidade, que é rígida, é quebrada em diversos pedaços que não estão parados, mas se
movimentando uns em relação aos outros, como se fossem imensas lajotas que volta e meia, tentam se
encaixar.
Em Moçambique, especialmente, a actividade mineira está a causar alguns problemas que resultam em
sismos de pena dimensão.
Os efeitos dos sismos normalmente são bruscos, pois ocorrem durante um período de tempo muito curto
numa determinada zona, mas as suas consequências podem resultar em grandes prejuízos avultados,
dependendo da dimensão das ondas sísmicas e do período de duração, como se indicam no parágrafo
seguinte:
Os sismos de grandes dimensões são aqueles que as pessoas conseguem perceber sem ajuda das
máquinas. Os sismos ou tremores de terra têm como consequências a destruição de edifícios, como
440
residências das pessoas, prédios, pontos estradas, etc. Este tipo de sismo é perigoso porque provoca a
morte de pessoas e animais e destrói a economia de um país.
Prevenção
não fixar objetos nas paredes – porque muitos dos feridos num evento sísmico são originados por
queda de objectos e não porque os edifícios caem;
cuidado com os vidros – janelas e espelhos apresentam-se como objetos perigosos na
eventualidade de um sismo;
identifique os locais mais seguros antes que a desgraça aconteça, fale com todo o seu agregado
familiar;
identifique os locais mais seguros e distribua os seus familiares por eles.
Sismo
Definição de Sismos
Sismo é um tremor ou abalo da terra que se produz por causas internas, ou seja, pelo movimento
subterrâneo de placas rochosas de atividade vulcânica, ou por deslocamento de gazes no interior da terra.
Causas
Os sismos são causados pelo fraturação e pelo deslocamento das rochas, pelo batimento de terrenos; pelo
movimento de magma no interior da terra e erupções vulcânicas de terrenos.
Os sismos acontecem porque a camada mais interna da terra, a litosfera, formada pelos primeiros 100
metros de profundidade, que é rígida, é quebrada em diversos pedaços que não estão parados, mas se
movimentando uns em relação aos outros, como se fossem imensas lajotas que volta e meia, tentam se
encaixar.
Em Moçambique, especialmente, a actividade mineira está a causar alguns problemas que resultam em
sismos de pena dimensão. Assistimos também nos anos passados garimpeiros que morreram por
deslizamento de terra e ficaram enterrados, quer dizer, morreram de erosão dos solos também alguns de
deslizamento de terras.
Os efeitos dos sismos normalmente são bruscos, pois ocorrem durante um período de tempo muito curto
numa determinada zona, mas as suas consequências podem resultar em grandes prejuízos avultados,
441
dependendo da dimensão das ondas sísmicas e do período de duração, como se indicam no parágrafo
seguinte:
Os sismos de grandes dimensões são aqueles que as pessoas conseguem perceber sem ajuda das
máquinas. Os sismos ou tremores de terra têm como consequências a destruição de edifícios, como
residências das pessoas, prédios, pontos estradas, etc. Este tipo de sismo é perigoso porque provoca a
morte de pessoas e animais e destrói a economia de um país.
Prevenção
Por causa das consequências negativas que referimos, temos a seguir as atitudes correctas de prevenção
dos sismos são:
não fixar objetos nas paredes – porque muitos dos feridos num evento sísmico são originados por
queda de objectos e não porque os edifícios caem;
cuidado com os vidros – janelas e espelhos apresentam-se como objetos perigosos na
eventualidade de um sismo;
identifique os locais mais seguros antes que a desgraça aconteça, fale com todo o seu agregado
familiar;
identifique os locais mais seguros e distribua os seus familiares por eles.
evitar as perfurações causadas pelo garimpo ilegal;
evitar a destruição do mangal e outras acções que causam erosão dos solos e desabamentos de
terras.
Os sismos
O objectivo deste texto é aprender um fenómeno pouco conhecido dos moçambicanos – os sismos ou
terramotos- como é que os sismos são originados, os seus efeitos, a classificação e o modo de prevenção.
Neste trabalho vamos falar sobre os sismos e suas consequências. Pretendemos também sensibilizar as
pessoas para os perigos desta catástrofe natural.
Sismos são o resultado de uma súbita libertação de energia na crosta do planeta entre as placas
tectônicas, ou em falhas entre blocos rochosos. Quer dizer, os termos sismos ou terramoto são usados para
fazer referência a tremor de menor intensidade. Estes movimentos produzem-se pelo choque das placas
tectônicas (rochas). Esse choque (colisão) liberta inergia que provoca os tremores.
442
Podemos dizer, então, que uma das principais causas dos sismos é a deformação das rochas contiguas e
uma falha activa que liberta a sua inergia potencial acumulada e produzem grandes terramotos.
Efeitos
Os efeitos dos sismos (terramotos) estão a vibração do solo, abertura de falhas, deslizamentos da terra,
tsunamis, mudacas de rotação da terra, mudanças do eixo terrestre. Também da ocorrência dos sismos
pode resultar a destruição das construções feitas pelo homem que resultam em perdas de vidas, ferimentos
e outros prejuízos financeiros e sociais (como a destruição de escolas, hospitais, etc).
Os sismos podem ser classificados de três formas: superficiais, intermédios e profundos. Os sismos
ocorrem de forma rápida bem como a propagação dos fogos. Na maior parte das vezes, as pessoas são
apanhadas de surpresa e, por isso, não há uma só forma correcta de agir.
Prevenção
Os sismos
O objectivo deste texto é aprender um fenómeno pouco conhecido pelos moçambicanos – os sismos ou
terramotos- como é que os sismos são originados, os seus efeitos, a classificação e o modo de prevenção.
Neste trabalho vamos falar sobre os sismos e suas consequências. Pretendemos também sensibilizar as
pessoas para os perigos desta catástrofe natural.
Sismos são o resultado de uma súbita libertação de energia na crosta do planeta entre as placas
tectônicas, ou em falhas entre blocos rochosos. Quer dizer, os termos sismos ou terramoto são usados para
fazer referência a tremor de menor intensidade. Estes movimentos produzem-se pelo choque das placas
tectônicas (rochas). Esse choque (colisão) liberta energia que provoca os tremores.
Podemos dizer, então, que uma das principais causas dos sismos é a deformação das rochas contiguas e
uma falha activa que liberta a sua energia potencial acumulada e produzem grandes terramotos. Por outras
palavras, os sismos são causados por movimentos subterrâneos da actividade vulcânica explosiva.
Efeitos
443
Os efeitos dos sismos (terramotos) estão a vibração do solo, abertura de falhas, deslizamentos da terra,
tsunamis, mudacas de rotação da terra, mudanças do eixo terrestre. Também da ocorrência dos sismos
pode resultar a destruição das construções feitas pelo homem que resultam em perdas de vidas, ferimentos
e outros prejuízos financeiros e sociais (como a destruição de escolas, hospitais, etc).
Os sismos podem ser classificados de três formas: superficiais, intermédios e profundos. Os sismos
ocorrem de forma rápida bem como a propagação dos fogos. Na maior parte das vezes, as pessoas são
apanhadas de surpresa e, por isso, não há uma só forma correcta de agir.
Prevenção
Com este trabalho aprendemos várias coisas sobre os sismos, o que fazer, antes, durante e depois de
um sismo, para mais detalhes sobre os sismos e terramotos, podemos encontrar muita informação na
internet e nos livros de Português da 10ª classe da plural e da textos editores.
Sismos
Definição de terramotos
Neste texto vamos primeiro apresentar a definição dos sismos, seguida pelas causas da sua origem, as
suas principais consequências.
Os sismos são tremores produzidos na superfície terrestre e são o resultado dos movimentos das
placas tectônicas, isto é, é a movimentação das placas tectônicas que se manifestam na superfície da terra
através de tremores ou de deslocamentos no solo popularmente conhecidos por tremores. Também são
chamados de abalo sísmico ou tremor de terra ou ainda terramoto ou terremoto.
Os sismos são causados por movimentos subterrâneos de placas rochosas de actividade vulcânica ou
deslocamentos de gases no interior da terra. Esse movimento sísmico é resultado da libertação rápida de
quantidades de energia na crosta do planeta terra normalmente sobre a forma de ondas sísmicas;
444
Podemos resumir que os sismos são assim, causados pela fracturacao, deslizamento das rochas e pelo
movimento magma.
Os efeitos dos sismos são as ondas sísmicas que tem como resultado a: destruição da terra; destruição de
construções, como os prédios, pontes, edifícios de residências, escolas, hospitais, postes elétricos,
condutas de gás, etc. criando grandes prejuízos de acordo com a intensidade do sismos.
Sismos
Definição de terramotos
Neste texto vamos primeiro apresentar a definição dos sismos, seguida pelas causas da sua origem, as
suas principais consequências e terminamos com as melhores formas de prevenção das consequências
dos sismos.
Os sismos são tremores produzidos na superfície terrestre e são o resultado dos movimentos das
placas tectônicas, isto é, é a movimentação das placas tectônicas que se manifestam na superfície da terra
através de tremores ou de deslocamentos no solo popularmente conhecidos por tremores. Também são
chamados de abalo sísmico ou tremor de terra, ou ainda terramoto ou terremoto.
Os sismos são causados por movimentos subterrâneos de placas rochosas de actividade vulcânica ou
deslocamentos de gases no interior da terra. Esse movimento sísmico é resultado da libertação rápida de
quantidades de energia na crosta do planeta terra, normalmente, sobre a forma de ondas sísmicas;
Podemos resumir que os sismos são assim, causados pela fracturacao, deslizamento das rochas e pelo
movimento magma.
Os efeitos dos sismos são as ondas sísmicas que tem como resultado a: destruição da terra; destruição de
construções, como os prédios, pontes, edifícios de residências, escolas, hospitais, postes elétricos,
condutas de gás, etc. criando grandes prejuízos de acordo com a intensidade dos sismos. Por essa razão,
vamos prestar a atenção às melhores formas de evitarmos essas graves consequências, a seguir:
445
Sismos
Sismo é um terramoto ou abalo de terra que se produz por causas internas. Também é chamado por
tremor embora em algumas regiões geográficas, o termo sismos e usado para referir os tremores de terra
ou movimentos sismicos.
Os terramotos correm bruscamente durante um período de tempo restrito em determinado local; por
vezes estas vibrações ocorrem nos fundos oceânicos, nestes casos, produzem uma ondulação longa e
suave; mas quando acontece em águas pouco profundas (no oceano), transforma-se em autênticas colunas
de água, que podem atingir 30 ou mais metros de altura, o que pode provocar naufrágios. Estas ondas
gigantes são actualmente denominadas por tsunami ou maremoto.
Entre as consequências de um sismo (ou tremor de terra) estão a vibração do solo e a abertura de
falhas, deslizamento da terra, tsunamis, mudanças na rotação da terra, destruição de construções feitas
pelo homem.
Prevenção
É bom lembrar a todos vocês, que a sobrevivência não depende da sorte, mas possível! também é possível
reduzimos os seus prejuízos simplesmente por estar ciente dos ricos e tomando algumas cuidados básicos,
como a seguir apresentamos a lista:
Sismos
Sismo é um terramoto ou abalo de terra que se produz por causas internas (explicadas no paragrafo a
seguir), também nomeia-se de tremor de terra embora em algumas regiões geográficas, o termo sismos é
usado para referir os tremores de terra ou movimentos sísmicos.
Os sismos são originados pela fraturação e deslocamento de rochas. Esse deslizamento é também
chamado de movimento magma e ocorre no interior da terra, consequentemente, provoca a colisão das
rochas em movimento que origina erupções vulcânicas explosivas e o abatimento de terrenos, o que é
considerado de tremores de terra.
Os terramotos correm bruscamente durante um período de tempo restrito em determinado local; por
vezes estas vibrações ocorrem nos fundos oceânicos, nestes casos, produzem uma ondulação longa e
suave; mas quando acontece em águas pouco profundas (no oceano), transforma-se em autênticas colunas
de água, que podem atingir 30 ou mais metros de altura, o que pode provocar naufrágios. Estas ondas
gigantes são actualmente denominadas por tsunami ou maremoto.
Entre as consequências de um sismo (ou tremor de terra) estão a vibração do solo e a abertura de
falhas, deslizamento da terra, tsunamis, mudanças na rotação da terra, destruição de construções feitas
pelo homem, como: edifícios, pontes, estradas, barragens, tubagens de gás, etc.
É bom lembrar a todos vocês, que a sobrevivência não depende da sorte, mas possível graças ao
cumprimento de algumas regras que nos dão maior possibilidade de sobrevivência e redução dos seus
prejuízos simplesmente por estar ciente dos ricos e tomando algumas cuidados básicos, como a seguir
apresentamos a lista:
Sismos
Sismos/terramoto é um tremor ou abalo de terra que se produz por causas internas. A expressão tremor de
terra, quer dizer, terramoto embora em algumas regiões geográficas, o conceito de sismos são usados para
fazer referência a tremores de menor intensidade relativamente a um terramoto.
447
Os sismos são causados pela fracturação e deslizamento das rochas, que provoca o movimento magma no
interior da terra e erupções vulcânicas explosivas, que tem como consequência o deslizamento de
terrenos.
É preciso apontar que o homem é um dos responsáveis pela origem dos sismos quando procura ou faz a
extração de minerais da terra. Essa atividade de exploração de recursos do subsolo é apontada como uma
das causas que dá originam dos sismos/terramotos, como as perfurações de grandes profundidades no
subsolo e no mar (como está a acontecer em Cabo Delegado) com a procura de minerais, como o gás, o
petróleo, o ouro, os diamantes e outras pedras preciosas, etc. aterra treme.
Para prevenir acidentes em caso de sismos é necessário fixar com muito cuidado os objetos na parede
para não caírem quando acontece um tremor de terra. É preciso também fazer o seguinte:
O caso de Moçambique
Os sismos no nosso país estão a se aproximar por causa da exploração mineral, que provoca terramoto e
maremoto (respiração do mar). Os sismos provocam muitas mortes, destroem casas, escolas, sectores
públicos - nos anos passados tivemos em outros países terramotos que destruiram casas, escolas e
hospitais, etc. A acção é uma das causas da destruição da terra, planeta onde vivemos. Por isso deve-se
explorar os minerais, mas sem destruir a terra.
Em 2009 apresentou-se o abalo de terra no nosso país que não causou nenhuma tragédia, em países como
Haiti o terramoto e maremoto matou tantas pessoas e destruiu edifícios. Este pais tornou-se muito pobre
448
até hoje por causa do abalo de terra, que deixa famílias tristes, ruinas, sem agua potável, sem alimentos,
por causa do tremor de terra.
Sismos
Sismos/terramoto é um tremor ou abalo de terra que se produz por causas internas. A expressão tremor de
terra, quer dizer, terramoto embora em algumas regiões geográficas, o conceito de sismos são usados para
fazer referência a tremores de menor intensidade relativamente a um terramoto.
Os sismos são causados pela fracturação e deslizamento das rochas, que provoca o movimento magma no
interior da terra e erupções vulcânicas explosivas, que tem como consequência o deslizamento de
terrenos.
É preciso apontar que o homem é um dos responsáveis pela origem dos sismos quando procura ou faz a
extração de minerais da terra. Essa atividade de exploração de recursos do subsolo é apontada como uma
das causas que dá originam dos sismos/terramotos, como as perfurações de grandes profundidades no
subsolo e no mar (como está a acontecer em Cabo Delegado) com a procura de minerais, como o gás, o
petróleo, o ouro, os diamantes e outras pedras preciosas, etc. aterra treme.
Para prevenir acidentes em caso de sismos é necessário fixar com muito cuidado os objetos na parede
para não caírem quando acontece um tremor de terra. É preciso também fazer o seguinte:
O caso de Moçambique
Os sismos no nosso país estão a se aproximar por causa da exploração mineral, que provoca terramoto e
maremoto (respiração do mar). Os sismos provocam muitas mortes, destroem casas, escolas, sectores
públicos - nos anos passados tivemos em outros países terramotos que destruiram casas, escolas e
hospitais, etc. A acção é uma das causas da destruição da terra, planeta onde vivemos. Por isso deve-se
explorar os minerais, mas sem destruir a terra.
Em 2009 apresentou-se o abalo de terra no nosso país que não causou nenhuma tragédia, em países como
Haiti o terramoto e maremoto matou tantas pessoas e destruiu edifícios. Este pais tornou-se muito pobre
até hoje por causa do abalo de terra, que deixa famílias tristes, ruinas, sem agua potável, sem alimentos,
por causa do tremor de terra.