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Manual de Curso de licenciatura em Ensino

de GEOGRAFIA – 4o ano

Geografia do
Urbanismo
G0154

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Carlitos Conde Jofrice, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições
na elaboração deste manual:

Pela maquetização e revisão final Adalberto Paulino Falso Armindo

Elaborado Por: dr. Carlitos Conde Jofrice

Licenciado em Geografia
Geografia do Urbanismo G0154 i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a Geografia do Urbanismo ............................................................................. 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 2
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Habilidades de estudo .................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 6

Unidade I 9
Critérios de definição de cidades ................................................................................... 9
Introdução ............................................................................................................ 9
Sumário ....................................................................................................................... 12
Exercícios.................................................................................................................... 12

Unidade II 13
Factores de localização de cidades ............................................................................... 13
Introdução .......................................................................................................... 13
Sumário ....................................................................................................................... 16
Exercícios.................................................................................................................... 16

Unidade III 17
Cidades na antiguidade ................................................................................................ 17
Introdução .......................................................................................................... 17
Sumário ....................................................................................................................... 21
Exercícios.................................................................................................................... 22

Unidade IV 23
Cidade na Idade Média ................................................................................................ 23
Introdução .......................................................................................................... 23
Sumário ....................................................................................................................... 27
Exercícios.................................................................................................................... 28

Unidade V 29
A cidade na epoca do renascimento ............................................................................. 29
Introdução .......................................................................................................... 29
Geografia do Urbanismo G0154 ii

Sumário ....................................................................................................................... 32
Exercícios.................................................................................................................... 33

Unidade VI 34
As cidades e a revolução industrial .............................................................................. 34
Introdução .......................................................................................................... 34
Sumário ....................................................................................................................... 36
Exercícios.................................................................................................................... 37

Unidade VII 38
O crescimento urbano .................................................................................................. 38
Introdução .......................................................................................................... 38
Sumário ....................................................................................................................... 89
Exercícios.................................................................................................................... 89

Unidade VIII 43
As cidades do presente - A explosao urbana ................................................................ 43
Introdução .......................................................................................................... 43
Sumário ....................................................................................................................... 46
Exercícios.................................................................................................................... 46

Unidade IX 47
As cidades do mundo de hoje - o nascimento das grandes aglomerações...................... 47
Introdução .......................................................................................................... 47
Sumário ....................................................................................................................... 50
Exercícios.................................................................................................................... 50

Unidade X 51
Problemas da organização do espaço urbano................................................................ 51
Introdução .......................................................................................................... 51
Sumário ....................................................................................................................... 54
Exercícios.................................................................................................................... 55

Unidade XI 56
Morfologia urbana ....................................................................................................... 56
Introdução .......................................................................................................... 56
Sumário ....................................................................................................................... 59
Exercícios.................................................................................................................... 59

Unidade XII 61
As cidades europeias ................................................................................................... 61
Introdução .......................................................................................................... 61
Geografia do Urbanismo G0154 iii

Sumário ....................................................................................................................... 66
Exercícios.................................................................................................................... 66

Unidade XIII 67
Cidades norte - americanas .......................................................................................... 67
Introdução .......................................................................................................... 67
Sumário ....................................................................................................................... 69
Exercícios.................................................................................................................... 70

Unidade XIV 71
Cidades latino - americanas ......................................................................................... 71
Introdução .......................................................................................................... 71
Sumário ....................................................................................................................... 75
Exercícios.................................................................................................................... 75

Unidade XV 76
Cidades africanas......................................................................................................... 76
Introdução .......................................................................................................... 76
Sumário ....................................................................................................................... 80
Exercícios.................................................................................................................... 80

Unidade XVI 81
Funções urbanas .......................................................................................................... 81
Introdução .......................................................................................................... 81
Sumário ....................................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 85

Unidade XVII 86
A organização funcional do espaço urbano .................................................................. 86
Introdução .......................................................................................................... 86
Sumário ....................................................................................................................... 89
Exercícios.................................................................................................................... 89

Unidade XVIII 90
As áreas residenciais ................................................................................................... 90
Introdução .......................................................................................................... 90
Sumário ....................................................................................................................... 94
Exercícios.................................................................................................................... 94

Unidade XIX 96
Tipos de cidades .......................................................................................................... 96
Introdução .......................................................................................................... 96
Geografia do Urbanismo G0154 iv

Sumário ..................................................................................................................... 105


Exercícios.................................................................................................................. 106

Unidade XX 107
A planta funcional ..................................................................................................... 107
Introdução ........................................................................................................ 107
Sumário ..................................................................................................................... 110
Exercícios.................................................................................................................. 111

Unidade XXI 112


A cidade, foco organizador do espaço ........................................................................ 112
Introdução ........................................................................................................ 112
Sumário ..................................................................................................................... 115
Exercícios.................................................................................................................. 116

Unidade XXII 117


Problemas urbanos .................................................................................................... 117
Introdução ........................................................................................................ 117
Sumário ..................................................................................................................... 120
Exercícios.................................................................................................................. 120

Unidade XXIII 121


A legislação urbana ................................................................................................... 121
Introdução ........................................................................................................ 121
Sumário ..................................................................................................................... 124
Exercícios.................................................................................................................. 124

Unidade XXIV 125


Desenvolvimento urbano e os problemas ambientais ................................................. 125
Introdução ........................................................................................................ 125
Sumário ..................................................................................................................... 128
Exercícios.................................................................................................................. 128
Geografia do Urbanismo G0154 1

Visão geral
Benvindo a Geografia do
Urbanismo
A Geografia urbana estuda as áreas urbanas (podem ser cidades ou
vilas), e seus processos de produção do espaço urbano, ou seja,
enquanto fenómeno geográfico, a urbanização se apresenta como
um conjunto de processos coordenados pela acção humana e cuja
complexidade exige grande aprofundamento dos pesquisadores
com vista a compreender como a cidade se produz e reproduz,
como compreender um todo ao mesmo tempo homogéneo e
heterogéneo, como as pessoas se inserem e são inseridas neste
espaço.

O presente módulo contém vinte e quatro unidades à saber:


critérios de definição de cidades, factores de localização de
cidades, cidades na Antiguidade, a evolução das cidades a partir da
Revolução Industrial, o crescimento urbano, morfologia urbana,
cidades europeias, cidades norte americanas, cidades latino-
americanas, cidades africanas, funções urbanas, problemas urbanos,
legislação urbana, modelos urbano e desenvolvimento urbano e os
problemas ambientais.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Geografia do Urbanismo será capaz de:

 Definir o conceito cidade;

 Conhecer os critérios de definição de cidade;

 Conhecer a origem das cidades;


Objectivos
 Explicar a evolução das cidades;
Geografia do Urbanismo G0154 2

 Explicar funções urbanas;

 Explicar problemas urbanos.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de Geografia, no Centro de Ensino a Distancia -
UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos
sobre a Geografia do Urbanismo.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo


os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o
estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
Geografia do Urbanismo G0154 3

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma


lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
podem incluir livros, artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de


cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer


comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar
este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar
melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no
estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com
estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar.
Apresento algumas sugestões para que possa maximizar o tempo
dedicado aos estudos:
Geografia do Urbanismo G0154 4

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o


ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um
intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas
horas/sem interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar
que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas
partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações,
porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e
insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de
memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso
torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde
define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana;
Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem
o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a
estudar e pode escrever conclusões, exemplos, vantagens,
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a
melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar
o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;
Geografia do Urbanismo G0154 5

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
antes do período presencial.
Geografia do Urbanismo G0154 6

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor\docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos
autoriais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e
o período presencial (20%). A avaliação do estudante é
regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo


individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de
frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da
média de frequência, determinam a nota final com a qual o
estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um)


teste e 1 (exame).

Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.
Geografia do Urbanismo G0154 7

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito
pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulteos.
Geografia do Urbanismo G0154 9

Unidade I
Critérios de definição de cidades
Introdução
O progresso científico, industrial e tecnológico da humanidade foi
tão grande nos últimos anos que o homem terminou por criar dois
mundos acentuadamente diferentes: o mundo rural e o mundo
urbano.
O primeiro é aquele onde o homem se acha mais próximo da
natureza, cultivando a terra e levando uma vida mais simples. O
segundo é aquele onde o homem produziu maiores transformações,
é o mundo das indústrias, dos grandes edifícios, das ruas
movimentadas, dos laboratórios, grandes universidades e centros
tecnológicos. Enfim, é o mundo onde as transformações são mais
rápidas e a vida muito agitada, o mundo urbano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir cidade;
Objectivos
 Conhecer os critérios de definição de cidade;

 Diferenciar os critérios de definição de cidade.


Geografia do Urbanismo G0154 10

Cidade é uma área urbanizada, que se diferencia de vilas e outras


entidades urbanas através de vários critérios, os quais incluem
população, densidade populacional ou estatuto legal, embora sua
clara definição não seja precisa, sendo alvo de discussões diversas.

O termo “cidade” é geralmente utilizado para designar uma dada


entidade político-administrativa urbanizada.

A cidade é um centro de relações e de decisões, é um núcleo


aglutinador de população, onde se trocam produtos, onde se
difundem ideias e onde se reúnem actividades diferenciadas
(comércio, serviços, actividades industriais, etc.).

Sítio urbano é o local onde a cidade nasceu e se desenvolveu, o


“assoalho” da cidade.

A fisionomia da cidade, isto é, a sua forma ou traçado, decorre das


características do sítio.

Situação urbana é a posição que a cidade ocupa em relação aos


factos naturais da sua região que pode ser um rio, uma jazida
mineira, o mar, cruzamento de rotas terrestres, etc.

Critérios de definição de cidade

Embora seja difícil dar uma definição universal de cidade de modo


que seja aceite por todos, há critérios comuns que servem de base à
sua definição, apesar de variarem no seu conteúdo.

Os principais critérios a ter em conta na definição da cidade são:

1.Critério Numérico/Estatístico – refere-se ao número de


habitantes do aglomerado da população. Este critério não é
suficiente porque cada País dá o nome de cidade para aglomerada
com efectivos das populações diferentes. Ex. França 250hab,
Áustria 5.000hab, China 10.000hab, mas não é cidade.

2.Critério demográfico:

Têm em conta um determinado valor de habitantes ou de


densidade populacional.
Geografia do Urbanismo G0154 11

Não há dúvidas que para chamar “cidade” a um centro


populacional deve ai residir um número mínimo de habitantes. Este
número é tão variável de país para país, sendo impossível chegar a
um consenso. Assim, na Dinamarca basta 250 habitantes
concentrados para se obter o estatuto de cidade; EUA - 2500
habitantes; Áustria -5000 habitantes; Grécia – 1000 habitantes;
Japão – 30000 habitantes; Portugal – 10000 habitantes, a partir de
1960. As Nações Unidas, por exemplo, considera uma cidade
somente áreas urbanizadas que possuam mais de 20 mil habitantes

Assim, as cidades que crescem em altura apresentam uma


densidade populacional muito superior que as cidades que crescem
em superfície.

Ex; cidades como Nova Yorque, Moscovo, São Paulo, e outras,


apresentam uma densidade de 50000 habitantes/Km², outras não
ultrapassam os 10000 ou mesmo 1000 habitantes/Km².

Nos “países novos”, onde há espaço disponível, as cidades


estendem-se à vontade pelas superfícies, predominando vivendas
uni - familiares de um só piso.

3. Critérios funcional:

Têm por base o tipo de actividades (sector secundário e terciários)


e funções existentes na cidade.

O conceito população activa residente num aglomerado urbano


pode servir para definir cidade, mas este também não obtém um
consenso universal.

Nos países desenvolvidos, apenas os sectores secundários e


terciários devem prevalecer, enquanto o sector primário nunca deve
ultrapassar 25% da população activa residente. Se a percentagem
ultrapassar este valor deverá ser considerado um aglomerado rural.

Nos países em vias de desenvolvimento, com 80% ou mais de


activos no sector primário, as cidades albergam elevada
percentagem de efectivos agrícolas.
Geografia do Urbanismo G0154 12

4. Critérios morfológicos: têm em conta o tipo de edifícios, a


densidade de tráfego e vias de comunicação.

Sumário
Como se conclui, há uma grande dificuldade em uniformizar
critérios para a definição universal de cidade. Sendo assim, é
preferível aceitar a definição local e seguir os critérios adoptados
individualmente.

Em suma, cidade é uma aglomeração importante, organizada pela


vida colectiva e onde que certa percentagem da população não vive
de agricultura.
As cidades apresentam as seguintes características:
- As cidades constituem importantes aglomerados populacionais;
- Maiorias dos seus habitantes dedicam – se às actividades do
sector secundário e terciário;
- Dado a não produção de todos alimentos, o comércio torna – se
necessário e intenso nas cidades, etc.

Exercícios
1. Defina cidade.

2. O estudo das cidades e das populações são cada vez mais


importantes. Explique porquê.

3. Explica em que medida a actividade económica e o modo de


vida da população não só estão inter – relacionados como
também são aspectos importantes relacionados com a definição
de cidades.

4. Explica por que razão é difícil definir cidade através de uma


definição única e universal.

N.B Entregar todos os exercícios


Geografia do Urbanismo G0154 13

Unidade II
Factores de localização de
cidades
Introdução
As causas do aparecimento dos aglomerados urbanos desde o
período neolítico até às megalópolis de hoje são tão complexas que
é difícil, se não impossível, determinar ao certo os factores que
deram origem à actual cidade.
Que causas estiveram na efémera existência de cidades poderosas e
ricas de outrora, como Cartago, Babilónia, as cidades dos Maias e
dos Incas, que ficaram para a história?

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mencione os factores de localização das cidades;


Objectivos
 Explicar a influência dos factores na localização das
cidades;

 Diferenciar os factores de localização das cidades.

Desenvolvimento do tema

De entre vários factores que podem explicar a localização de


muitas cidades, podemos destacar os seguintes:

Vias de comunicação

No passado, pequenas aldeias surgiram ao longo da costa marítima,


de um rio, cruzamento de estradas, caminhos-de-ferro, com
facilidade de acesso e de trocas comerciais. Estas aldeias foram-se
Geografia do Urbanismo G0154 14

expandindo ao longo dos séculos XVI a XIX e hoje tornaram-se em


cidades importantes.
Ex: Londres, Roterdão, entre outras.

Comércio
Durante a Idade Média realizavam-se muitas feiras em locais
previamente determinados. A pouco e pouco muitas dessas feiras
foram adquirindo importância e conduziram à fixação de
populações até então flutuante e que ia aumentando até se criar um
centro urbano.
Ex: Frankfurt, Bruxelas, etc.

Indústria
As indústrias, pólos de atracção de mão-de-obra de outras
indústrias subsidiárias, de serviços diversificados (bancos, seguros,
comércio, transportes, etc.) dão origem a cidades importantes.
É o caso das modernas cidades da Europa Ocidental como
Manheim, Rhur, Novosibirisk (Ásia), etc. Muitas outras cidades se
devem à riqueza do subsolo em metais preciosos, como ouro e
diamante, caso das cidades do Canadá (Dawson), E.U.A, África do
Sul e Austrália, onde pequenas barracas que formavam pequenas
aldeias, evoluíram para grandes cidades com milhares de
habitantes.

Turismo, saúde, desporto e férias


Boas condições climáticas, águas minero-medicinais, boas praias,
locais propícios para a prática de desporto, podem estar na origem
de muitos centros urbanos.
Ex: Caldas da rainha, Figueira da Foz, Côte D´azun, Grenoble
(França), etc.
Geografia do Urbanismo G0154 15

Político
Muitas cidades surgem por simples vontade dos governantes, são
inteiramente planeadas e criadas para satisfazer um desejo, uma
necessidade, uma conveniência política.
Ex: a capital da Espanha, Madrid foi criada por Filipe II, a fim de
colocar a capital no centro geométrico da península. Leninegrado
(pretrogrado = S. Petersburgo) foi criada por Pedro o Grande, com
a finalidade de abrir uma “janela” para o Ocidente. Versalhes existe
por vontade de Luís XIV para ali passar as férias. Brasília, capital
do Brasil, inaugurada em 1960, ergueu-se no interior do país com o
propósito de descongestionar o litoral e desenvolver o interior.

Defesa
Durante todos os períodos da história os governantes tinham que se
defender dos invasores, construindo castelos ou muralhas, que
passavam a ser o refúgio das populações vizinhas quando do ataque
do inimigo.
Com o evoluir dos tempos estes refúgios localizados em pontos
estratégicos e de preferência pontos elevados, começaram a
desenvolver-se e hoje estão transformados em cidades.
Ex; Leiria, Guarda, Bragança (Portugal); Toledo (Espanha); Roma,
etc.

Cultural
Ao longo da Idade Média, pequenas aldeias e mesmo locais
despovoados recebiam convento, abadias ou instalação do ensino
universitário. Estes locais eram grandes focos de atracção cultural,
chamando a si grandes mestres, artífices e a consequente actividade
comercial que lentamente, com as populações que ai chegavam, se
foram expandindo e tornando cada vez mais importante.
Ex: Coimbra, Alcobaça, Salamanca, Oxford, Cambridge, entre
outras.
Geografia do Urbanismo G0154 16

Religioso
Um local com aparição, um mosteiro, uma catedral, um santuário,
atraem milhares de peregrinos que ali se deslocam para venerar o
seu santo ou implorar uma graça.
Começam a surgir as casas para o descanso dos peregrinos e o
comércio e, com a evolução, surge um aglomerado, mais tarde uma
cidade.
Ex: Lurdes, Santiago de Compostela, Jerusalém, Meca, Benares,
Fátima, etc.

Sumário
A actual localização dos centros urbanos é justificada por
determinados factores como vias de comunicação, comércio,
turismo, defesa, cultural e religioso.

Exercícios
1. Mencione os factores que influenciam a localização das
cidades.

2. Mencione 3 cidades que surgiram como resultado de vontade


política.
Geografia do Urbanismo G0154 17

Unidade III
Cidades na antiguidade
Introdução
A cidade, sendo um produto humano, reflecte a cultura do homem,
o seu passado e o seu presente, pois acompanha a sua evolução no
tempo e no espaço. A cidade é fruto da sedentarização e da vida em
comunidade. Por outro lado, ela nasce com a especialização e
divisão do trabalho.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar origem e difusão das cidades no mundo;


Objectivos
 Identificar e localizar onde surgiram as primeiras cidades

 Descrever as causas que justificam o surgimento da


primeira cidade;

 Identificar principais características que marcaram a cidade


na antiguidade.

As primeiras cidades
Segundo (Leite: 1989), a sociedade urbana começaram a aparecer
com a revolução agrícola do Neolítico, que garantiu a passagem do
nomadismo á sedentarismo. Onde aglomerações de chocas e
cabanas eram primeiros estabelecimentos permanentes, os
aglomerados transformaram – se rapidamente dado o excedente
agrícola. A aldeia torna – se mercado e foi crescendo e algumas
tornam – se cidade quando desenvolveram o artesanato.
Geografia do Urbanismo G0154 18

A cidade mais antiga do Mundo parece ser “Jericó”, na Palestina,


as casas eram feitas de tijolos confeccionados á mão e recobertos
de uma camada espessa.
A revolução urbana desenvolveu – se na Palestina, na Mesopotâmia
e no Vale do Rio Nilo, Região do Crescente Fértil. A partir desta
região a civilização urbana estendeu – se para Oeste e Leste até ao
Vale do Indo.

A cidade é a consequência da especialização de actividades do


meio rural. E cada época histórica vai corresponder sempre uma
geração de cidades que vai dominar o espaço rural vizinho.
Lentamente, a vida urbana foi – se afirmando no Mediterrâneo
Oriental, a saber:
- No século VI, a.C. Babilónia era grande cidade com
aproximadamente 80.000 pessoas;
- As cidades litorais da Fenícia – Biblos, Sidon e Tiro,
desenvolveram – se pelos entrepostos comerciais e com a cidade de
Mesopotâmia;

- No vale do rio Indo (3000 anos a.C.) – cidade Mohenjo – Daro;


- No Mediterrâneo Oriental (3º milénio a.C.), cidade de Knossos
(em Creta), Troia (na Ásia Menor) e Micena (Grécia Continental);
- No séc. V a.C. cidade de Atenas com 100.000 – 150.000 pessoas.
E esta Cidade - Estado aparece com novos elementos como
edifícios públicos, comerciais, político – administrativo e
económico.

Com a decadência da Grécia, o Império Romano evoluiu com


construções de cidades de forma descontínuo e sem ordem. A
Europa sofreu a influência de Roma que impõe a vida urbana.
Fundaram – se as cidades da Gália, do Vale do Reno, da Inglaterra,
da península Ibérica e o comércio de produtos (artesanato e
agrícola) aumentaram.
Geografia do Urbanismo G0154 19

No período romano, a cidade de Roma atinge o seu máximo


desenvolvimento no séc. II d.C, albergando mais de 1milhão de
habitantes e é considerada como o primeiro exemplo de “caos
urbano”.

Mas a partir do séc.V a vida urbana entra em decadência com o


declínio do Império Romano.

A localização geográfica de várias cidades teve grande influência


no decorrer da história. Algumas cidades devem a sua existência
graças à sua proximidade com meios de transportes tais como
ferroviários, rodoviários, portos e/ou aeroportos.
O outro factor que se tomava em consideração no surgimento da
cidade era protecção de eventuais guerras. A grande maioria das
cidades antigas eram cercadas por muralhas e algumas
localizavam-se em zonas de difícil acesso.
Durante a pré-história, os homens eram primariamente nómadas,
movimentando-se de uma região para outra constantemente, em
busca de água e alimentos.

Entre 13 a 10 mil anos atrás, várias civilizações começaram a


dominar a técnica de agricultura e da pecuária, tendo passado a
estabelecer-se em regiões de forma permanente criando, assim as
primeiras vilas, regra geral em torno dos rios e lagos, dada a
necessidade de irrigação.

A grande maioria dos habitantes de vilas neolíticas trabalhava na


agricultura e na criação de animais.

A organização destas vilas neolíticas era simples, e não havia


líderes. A pequena população destas vilas, quase nunca acima de
mil pessoas, permitia aos habitantes tomar decisões em conjunto.
Geografia do Urbanismo G0154 20

Entre 8000 a.C e 3500 a. C, algumas destas neolíticas haviam


prosperado, tendo evoluído em pequenas áreas urbanas com alguns
milhares de habitantes.

Organização
A maioria das cidades da antiguidade não possuíam mais do que 10
mil habitantes e não tinha mais que 1 km². Porém, algumas delas
eram muito maiores em termos populacionais e territoriais. Ex;
Atenas, no seu apogeu, tinha uma população estimada entre 200 a
300 mil habitantes, espremidos em 10 km².
Roma, durante o apogeu do Império Romano, no séc. I e II, tinha
mais de 1 milhão de habitantes e é considerada por muitos como a
primeira e única cidade a superar os um milhão de habitantes até ao
início da Revolução Industrial.
O crescimento populacional nestas cidades começou a criar sérios
problemas, em relação ao saneamento básico. A colecta de lixo nas
ruas era inexistente na maior parte das cidades.
Como consequência, as doenças eram muito comuns na época, e a
taxa de mortalidade era alta. Este problema era agravado com
chuvas que inundavam as casas.
As cidades romanas, em especial, se destacaram por suas ruas
pavimentadas e seus avançados sistemas de saneamento que não
seriam ultrapassados em escala e tecnologia até séc. XIX.

Administração
À medida que antigas vilas rurais cresciam e tornavam-se cidades,
maior organização passou a ser necessária. Sistemas
governamentais foram criados.
Estes eram responsáveis pelo fornecimento de serviços tais como
tais como construção de estruturas como muralhas, templos,
centros de entretenimento populares, a organização do comércio,
criação de leis e da defesa da cidade contra ataques inimigos.
Geografia do Urbanismo G0154 21

Geralmente, as cidades eram governadas por cidadãos de elite.


Estes cidadãos actuavam em nome do imperador da qual a cidade
fazia parte. Os administradores das cidades passaram a cobrar
impostos.

Economia
Inicialmente, as vilas neolíticas e pequenas cidades dependiam
basicamente da agricultura. A medida que novos e melhores
métodos de cultivo e domesticação de animais surgiram, mais
pessoas deixara de trabalhar na agricultura e passaram a dedicar-se
a outras actividades como o artesanato e o comércio.

Sumário
A sociedade urbana começou a aparecer com a revolução agrícola
do Neolítico, que garantiu a passagem do nomadismo á
sedentarismo. Os aglomerados transformaram – se rapidamente
dado o excedente agrícola. A aldeia torna – se mercado e foi
crescendo e algumas tornam – se cidade quando desenvolveram o
artesanato.
A cidade mais antiga do Mundo parece ser “Jericó”, na Palestina.
A revolução urbana desenvolveu – se na Palestina, na Mesopotâmia
e no Vale do Rio Nilo, Região do Crescente Fértil. A partir desta
região a civilização urbana estendeu – se para Oeste e Leste até ao
Vale do Indo.

A cidade é a consequência da especialização de actividades do


meio rural. E cada época histórica vai corresponder sempre uma
geração de cidades que vai dominar o espaço rural vizinho.

.
Geografia do Urbanismo G0154 22

Exercícios
1. Onde teria surgido a primeira cidade do mundo?

2. Qual é a cidade mais antiga do mundo e onde se localiza?

3. Quais são os factores que deram origem o surgimento das


cidades na Antiguidade?

4. A cidade é uma consequência da especialização do meio rural.


Comente.

N.B. Entregar todos exercícios.


Geografia do Urbanismo G0154 23

Unidade IV
Cidade na Idade Média
Introdução
Ao longo da Idade Média, principalmente no séc. XI e XII, a
indústria artesanal, o comércio e os transportes, desenvolveram o
povoamento urbano europeu, tendo como núcleo o castelo feudal.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as cidades da Idade Média;


Objectivos
 Explicar como eram administradas as cidades;

 Mencionar principais actividades económicas desenvolvidas


na época;

Por volta do séc. X, com novo sistema social e económico, o


Feudalismo, voltaram – se a estabelecer relações de trocas e
construíram – se cidades. Só no séc.. XI e XII o povoamento
Europeu conhece um novo impulso.

Após o declínio ou ruína das cidades antigas, devido a guerras e/ou


invasões, assiste-se a um renascer da cidade no período medieval.
Para tal facto contribuíram especialmente, três factores:

 Expansão económica;

 Concentração do poder político;

 Necessidade de defesa.

As cidades europeias da Idade Média mudaram muito em relação


às cidades da Antiguidade.
Geografia do Urbanismo G0154 24

As cidades na Idade Média desenvolveram-se a partir de um


núcleo primitivo, muitas vezes um mosteiro, igreja ou castelo, que
frequentemente constituía o foco difusor do aglomerado.
A cidade vai-se desenvolver em volta desse núcleo primitivo,
segundo anéis concêntricos, acabando por aglutinar os burgos
situados fora das muralhas.
Este surto urbano, muito intenso no século XIII, é resultado de um
período de prosperidade económica com consequente aumento
demográfico.

Organização
As cidades europeias eram menores que as cidades romanas, não
possuíam mais que 1 Km². A população destas cidades também era
pequena.
A maior cidade do continente durante as primeiras décadas da
Idade Média foi Veneza, com seus 70 mil habitantes, que
cresceram para os 1000 em 1200. Entretanto, Londres tornaria a
maior cidade europeia no Renascimento.
Em outros continentes, existiam também cidades com maiores
dimensões, são os casos das cidades de Hangzhou e Shangzhou,
ambas na China com 320 a 250 mil habitantes respectivamente.
Já no continente americano, a cidade de Tenochtitlán, capital do
antigo império Asteca, tinha uma população estimada entre 60 a
130 mil habitantes.
Nas cidades da Europa Ocidental, a Igreja Católica Romana teve
grande influência na arquitectura e organização destas áreas
urbanas. As cidades dispunham de uma igreja, que era geralmente a
estrutura mais alta e cara da cidade, construída sob os padrões do
estilo gótico, no centro da cidade. Edifícios governamentais e as
casas da elite localizavam-se próximos à igreja, e a classe pobre,
próximo às muralhas.
Geografia do Urbanismo G0154 25

As muralhas da limitavam o espaço das cidades medievais. Prédios


de três a seis andarem passou a ser construído para resolver o
problema de falta espaço.
Quando a população da cidade crescia, a solução era a expansão
das muralhas via demolição e reconstrução ou simplesmente deixar
as muralhas e construir novas cidades nas proximidades.
As grandes cidades da Europa Ocidental como Veneza, Florença,
Paris e Londres, atraiam pessoas de várias etnias que se instalavam
em bairros. Muitos destes bairros eram cidades em miniatura, com
seus próprios mercados, reservatórios de água, igrejas ou
sinagogas. Isto limitou conflitos entre pessoas de diferentes etnias e
religiões, porém, também limitou a difusão cultural. Alguns
bairros, chamados de guetos eram usados para abrigar pessoas
consideradas indesejáveis, tais como judeus, por exemplo.

Cidades no domínio árabe


Os árabes fundaram grandes cidades, dado que a sua expansão se
processou por territórios já urbanizados como Damasco, Jerusalém,
Alexandria, etc.
Os árabes fundaram cidades que vieram a ser importantes,
especialmente entre os séculos VIII e IX (Bagdade, Samar-canda,
Cairo, Fez, Maraaqueche).
As cidades árabes têm a particularidade de serem homogéneas e
portanto muito semelhantes entre si. Cerca do ano 1100, existiam
na Espanha Muçulmana pelo menos oito cidades, como Córdova,
Granada, Toledo, Almeria, Maiorca, Saragoça, Málaga e Valência.
Todas as cidades islâmicas eram cercadas por muralhas com ruas
muito estreitas, tortuosas e labirínticas, acabando muitas vezes em
becos sem saída. No conjunto, constituem plantas extremamente
complexas e irregulares.
Geografia do Urbanismo G0154 26

A administração
Na Europa Ocidental, o feudalismo desenvolveu-se ao longo dos
primeiros séculos da Idade Média. Reinos continuaram a existir,
porém, estes estavam divididos em várias secções chamados
feudos.

As cidades continuaram a fazer parte de um dado país, mas o rei


deste reino tinha o controle apenas sob as áreas que eram de sua
propriedade. Isto diminuiu muito o poder destes reis. Uma dada
cidade era na realidade governada pelo dono, que podia ser um
senhor feudal ou um bispo, membro da igreja católica.

No séc. XI, com o crescimento da população e do comércio, a


burguesia em crescimento nestas cidades, começou a ressentir o
forte controle dos senhores feudais nas cidades.

Em várias cidades, a burguesia lutou contra os senhores feudais


pelo direito da administração da cidade. Em algumas, esta luta foi
bem-sucedida com a adopção do sistema de eleição de cônsules que
governavam as cidades.

Este sistema de eleição de cônsules criou maior grau de autonomia


e independência as cidades, onde os cidadãos criavam leis e
nomeavam seus oficiais.

Entre o séc. XIV e XV, os governos dos reinos da Europa


Ocidental passaram gradualmente a se solidificar e a defender
interesses da nova classe, a burguesa.

Economia
Na Europa medieval, o sistema económico baseava-se na posse de
terra, onde os vassalos trabalhavam em troca de protecção. Este
sistema entrou em declínio no séc. X.
Geografia do Urbanismo G0154 27

Os vassalos que antes trabalhavam para o senhor feudal, migraram


para as cidades onde se tornaram em artesãos, pequenos
mercadores, vendendo directamente os seus produtos nos mercados
das cidades.

Artesãos, auxiliados por avanços tecnológicos e pela invenção da


pólvora, barril e outros, conseguiram criar e vender cada vez mais
produtos em um dado espaço de tempo. Estes artesãos a pouco e
pouco foram-se tornando na classe média.

Sumário
As cidades na Idade Média desenvolveram-se, regra geral, em volta
das grandes muralhas. Os edifícios eram construídos sob padrões
do estilo gótico, resultado da grande influência da igreja católica na
época.

Na idade média desenvolveram – se antigas e criaram – se novas


cidades que eram de pequenas dimensões, havendo só 12 cidades
com população entre 50.000 e 150.000hab. As cidades mais
populosas eram Milão, París, Veneza, Florença, Gand e Bruges. E
pelo crescimento da actividade comercial e também porque
adquiriram personalidade legal que estava acima dos seus
membros. Era uma comuna de personalidade jurídica e
independente.

As remotas cidades foram transformadas na morfologia pela


abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem
alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano
geométricos, percurssores de novos bairros. Estas reformas
conduziram a uma planificação rádio concêntrica em París,
Londres, Moscovo e noutras capitais europeia. Mas é, no entanto,
nas cidades planeadas de novo que se afirma esta concepção do
traçado das ruas e avenidas.
Geografia do Urbanismo G0154 28

Exercícios
1. Caracteriza as cidades da Idade Média.

2. Porquê se afirma que as cidades da Idade Média eram


radio-concêntricas?

3. Indica os mais antigos focos de civilização urbana.

4. Refere as cidades mais importantes do Crescente Fértil

5. Indica e justifica que etapa considera ser mais responsável


pelo crescimento urbano da actualidade.

N.B. Entregar todos exercícios desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 29

Unidade V
Cidade na época do
renascimento

Introdução
Ao longo da Idade do renascimento, principalmente no séc. XVI,
foi um marco importante na história da expansão urbana. os
descobrimentos e a expansão para novas terras permitiram a
espanhóis, ingleses, franceses e sobretudo portugueses construíram
cidades na costa africana, no oriente e na América. Sempre a partir
do litoral as cidades difundiram – se para o interior dos continentes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar as cidades da Idade do renascimento;


Objectivos
 Explicar as características das cidades;

 Mencionar principais actividades económicas desenvolvidas


na época;

Época de Renascimento
O séc. XVI foi um marco fundamental na história da expansão
urbana. Os descobrimentos e expansão para novas terras
permitiram os europeus construir cidades na costa africana, no
Oriente e na americana. E do litoral difundiram – se para o interior
dos Continentes.
Geografia do Urbanismo G0154 30

Por toda a Europa novas ideias sobre arquitectura surgiram e


transformaram – se as cidades. As cidades do renascimento
apareceram com novos aspectos arquitécnicos, edifícios
monumentais, palácios e novos planos de urbanização. Foram os
arquitectos italianos que dão novas formas á arquitetura e ao
planeamento urbano em que ponham em evidência a arte, o fácil
acesso e o aperfeiçoamento das muralhas e fortificações que
rodeavam as cidades.

As cidades antigas foram transformadas na morfologia pela


abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem
alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano
geométricos, percursores de novos bairros.

Estas reformas conduziram a uma planificação rádio concêntrica


em Páris, Londres, Moscovo e noutras capitais europeias. Mas é, no
entanto, nas cidades planeadas de novo que se afirma esta
concepção do traçado das ruas e avenidas. É, por isso, que cidades
como Palma Nuova, nascidas no momento oportuno e como
consequência de uma necessidade militar, adquirem a nova
planificação.

Em 539, poe – se a 1ª pedra de Palma Nuova; a cidade é um


poligno de nove lados, tendo no centro uma praça hexagonal de
onde saem três ruas principais em direcção às três portas da cidade.
As outras ruas radiais não vão ter à praça central, mas sim ao
primeiro anel concêntrico: o esquema é completado por outros
anéis. Os árabes fundaram, também, cidades novas, puramente
islâmicas, como Bagdade, Samarcanda, Cairo, Fez, Marraqueche,
etc.
Geografia do Urbanismo G0154 31

Desde o Norte de África ate ao Golfo Pérsico e à India as cidades


muçulmanas apresentam características semelhantes e próprias que
não se parecem nada com as outras civilizações.
A maneira de ser dos árabes, os seus conceitos religiosos e o seu
espirito guerreiro marcaram profundamente todas as cidades sob o
seu domínio. As sucessivas destruições e reconstruções do espaço
urbano deram um aspecto uniforme às cidades conquistadas, e uma
característica idêntica às das cidades construídas e concebidas de
novo.

A cidade muçulmana com o seu casario compacto, os seus terraços,


os seus pátios (únicos espaços abertos), as suas ruelas tortuosas e
insignificantes, aparece como algo próprio e inconfundível – a
cidade tem um caracter privado e secreto. É uma cidade secreta,
porque não se vê, não se exibe, não procura a monumentalidade, as
grandes praças ou as grandes avenidas. A rua pequena e estrita
perde todo o seu valor estrutural, num emaranhado caótico e sem
plano. Os sucessivos becos e esquinas mostram o interesse pelo
individual e o culto do privado. Fechadas por uma ou mais voltadas
de muralha possuíam um núcleo interno, chamado Medina, onde
se encontrava a mesquita e as ruas comerciais. Vinham a seguir, os
bairros residenciais e por último, os bairros dos arrabaldes que se
encontravam fora do recinto da Medina e onde se agrupavam rua e
a população segundo os modos de vida e os ofícios; cada grupo
social possuía os bairros distinto.

Esta estrutura original das cidades muçulmanas conservou – se ate


época moderna nos seus núcleos antigos parece que o tempo parou.
E no entanto, a ambição da monumentalidade na construção das
cidades, que marca transformações renascentistas. Deste modo, a
arquitectura da Renascença realiza seu ideal de proporção e de
regularidade em alguns edifícios, praças isoladas, mas sim
transforma uma cidade inteira.
Geografia do Urbanismo G0154 32

As novas cidades de colonização seguem um modelo uniforme: um


tabuleiro de ruas rectelineas, que definem uma serie de quarteirões
iguais, quase sempre quadrados: no centro da cidade a praça
principal onde se situa a igreja, o paco municipal, as casa dos
mercadores e dos colonos mais ricos.
Os colonizadores europeus quando estabeleciam uma cidade nova
davam – lhe os aspectos particulares da sua própria cultura. Os
espanhóis no México e no Perú encontraram grandes cidades
indígenas, como Tenochtitlan (que se tornara cidade do México) e
Cuzco, que transformam segundo as suas necessidades. Destroem
os conjuntos habitacionais originais e obrigam as do planalto
espanhol.

São, no entanto, as cidades coloniais norte – americanas as


realizações urbanísticas mais importantes dos seculos XVII e
XVIII. O modelo em tabuleiro, idealizado pelos espanhóis foi
aplicado por franceses e ingleses. Por exemplo, aplicou – se à
construção de Washington a concepção da nova planta radio –
concêntrica: as ruas principais traçaram – se em forma de raios e
diagonais, tal como se fazia na europa, mas sobre um plano
ortogonal típico das cidades novas de colonização.

Sumário
Os descobrimentos e expansão para novas terras permitiram os
europeus construir cidades na costa africana, no Oriente e na
americana. E do litoral difundiram – se para o interior dos
Continentes.

As cidades antigas foram transformadas na morfologia pela


abertura de grandes avenidas em linha recta com as casas bem
Geografia do Urbanismo G0154 33

alinhadas, de fachadas regulares e loteamento 2º plano


geométricos, percursores de novos bairros. Estas reformas
conduziram a uma planificação rádio concêntrica em Páris,
Londres, Moscovo e noutras capitais europeias.

Desde o Norte de África ate ao Golfo Pérsico e à India as cidades


muçulmanas apresentam características semelhantes e próprias que
não se parecem nada com as outras civilizações.

A maneira de ser dos árabes, os seus conceitos religiosos e o seu


espirito guerreiro marcaram profundamente todas as cidades sob o
seu domínio. As sucessivas destruições e reconstruções do espaço
urbano deram um aspecto uniforme às cidades conquistadas, e uma
característica idêntica às das cidades construídas e concebidas de
novo.

Exercícios
1. Caracterize as cidades na época do renascimento.
2. Refira as plantas que tiveram na origem das reformas nas
cidades europeias.
3. Fale das reformas ocorridas nas cidades muçulmanas.
4. Fale das reformas ocorridas nas cidades africanas.
N.B. Entregar todos os exercicios
Geografia do Urbanismo G0154 34

Unidade VI
As cidades e a Revolução
Industrial
Introdução
Com o Renascimento, as cidades europeias e a vida urbana, não
havia mudado muito. Foi no séc. XVIII, com a Revolução
Industrial, que a vida urbana mudou radicalmente na Europa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o impacto da Revolução Industrial do


Objectivos desenvolvimento das cidades;

 Caracterizar as cidades a partir do séc. XVIII;

 Identificar as fases de evolução das cidades modernas.

As cidades e a revolução industrial


As diversas modificações técnicas, tecnológica, sócio – económica
que teve base na revolução industrial impulsionaram profundas
mudanças na dimensão das cidades, na população que ai residia, no
ritmo de urbanização. Como consequência do aumento das
unidades de produção, o que exigiu a concentração de grandes
massas de trabalhadores, novas cidades industriais apareceram. A
acrescentar a este factor terá uma serie de causas que se relacionam
todas entre si; uma delas foi o progresso agrário ligado a passagem
de uma agricultura de substência para uma agricultura quase
exclusivamente comercial.

O desenvolvimento das cidades e dos campos ficou a dever – se ao


progresso das indústrias, do mercantilismo e dos transportes. Neste
sentido, o avanço mais significante produziu – se na Grã –
Geografia do Urbanismo G0154 35

Bretanha com a utilização dos canais, com vista a facilitar o trafico


de mercadorias e, ao mesmo tempo, assistiu – se, também, ao
desenvolvimento de estradas com vista a facilitar o transito de
pessoas e de produtos. Isto permitiu a indústria pesada se
concentrasse em cidades especializadas pois as novas fábricas
podiam servir um mercado mais amplo e as matérias – primas mais
volumosas e pesadas, poderiam vir de lugares cada vez mais
afastados.

A expansão urbana continuava, no entanto, submetida a certos


limites visto que o transporte de alimentos a grande distancia se
mantinha e a agricultura de subsistência continuou nos arredores
imediatos das grandes cidades. Mas a cidade continuava a crescer e
dai a subida dos salários e dos custos de produção o que entravava
o crescimento da cidade, obrigava a um percurso a pé o que
limitava a sua extensão.

Uma nova era surge com o desenvolvimento do caminho – de –


ferro, a navegação a vapor. A partir daqui intensifica – seno
caracter essencial da agricultura e com mais facilidade os produtos
industriais entram no campo. Como consequência, o artesanato
rural arruína – se e acelera – se o êxodo rural e a demanda da
cidade.

A melhoria dos transportes no interior das áreas urbanas eliminou


outro dos grandes obstáculos que se opunha à expansão da cidade,
pois veio a permitir a separação nítida entre local de residência e o
local de trabalho. O carril de ferro marcou um papel importante no
sistema de transporte urbano. Em londres, uma política activa, por
parte das grandes companhias ferroviárias, contribuiu
decisivamente, nos finais do século XIX, para a expansão da área
edificada da cidade e deu origem a um anel de construções
Geografia do Urbanismo G0154 36

continuas que dependiam do transporte por via-férrea, para as


deslocações diárias da população.

Estas mudanças técnicas contribuíram para o desaparecimento dos


vários impedimentos ao crescimento urbano e explicam em grande
parte o facto das cidades do mundo ocidental estarem a crescer. A
população urbana cresceu rapidamente. Em 1801, a Inglaterra tinha
perto de 9 milhões de habitantes e em 1901, 32,5 milhões, dos
quais mais de metade vivia em cidades de mais de 20.000 pessoas.
Em cada ano, uma média de 200.000 pessoas deviam ser
realojadas: surgem problemas de habitação, abastecimento,
estruturas sanitárias, estrutura de educação, segregação, vícios.

Em Londres, a Lei da Reforma Municipal, de 1835, transferiu uma


grande parte do poder de administração local dos antigos homens
de leis e proprietários para os comerciantes. Criaram – se
comissões de inquérito às condições de saneamento em que vivia a
população. Começaram a ser construídas casas sem qualquer
planeamento prévio, o que levou a alterações nas cidades que, só
nos finais do século XIX, conhecem um novo surto de urbanização.
Os bairros degradados são substituídos, novos arruamentos se
lançam, o trafego torna – se mais fácil, a utilização do solo é
melhor gerida. Como consequência, a cidade transforma – se.

Sumário
As diversas modificações técnicas, tecnológicas, sócio –
económicas que tiveram base na revolução industrial
impulsionaram profundas mudanças na dimensão das cidades, na
população. Como consequência do aumento das unidades de
produção, o que exigiu a concentração de grandes massas de
trabalhadores, novas cidades industriais apareceram.
Geografia do Urbanismo G0154 37

Estas mudanças técnicas contribuiram para o desenvolvimento dos


vários impedimentos ao crescimento urbano e explicam em grande
parte o facto das cidades do mundo ocidental estarem a crescer.

Exercícios
1. Qual foi a contribuição da Revolução Industrial no
desenvolvimento das cidades.
2. Explique o factor transportes no desenvolvimento das
cidades.
3. Explique como as mudanças técnicas contribuíram para o
desenvolvimento e crescimento urbano.
4. O progresso agrário ligado a passagem de uma agricultura
de subsistência para uma agricultura quase exclusivamente
comercial. Quando é que assistimos a esta mudança?
5. Em que consistiu a Lei da Reforma Municipal, de Londres
em 1835?
6. Qual foi o impacto do surgimento e o desenvolvimento do
caminho – de – ferro para as cidades?

N.B. Entregar todos exercícios


Geografia do Urbanismo G0154 38

Unidade VII
O crescimento Urbano
Introdução
A urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo.
Entretanto, cumpre observar que o fenómeno da urbanização não
teve o mesmo ritmo e não se deu por igual nos diversos países do
mundo.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar formas de crescimento urbano;


Objectivos
 Diferenciar formas de crescimento urbano;

 Identificar as regiões do mundo com elevado índice de


urbanização;
Geografia do Urbanismo G0154 39

O crescimento das cidades

O crescimento das cidades, tanto em quantidades como em


tamanho, é a grande característica do mundo moderno. A
urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo. Entretanto,
cumpre observar que o fenómeno da urbanização não teve o mesmo
ritmo e não se deu por igual nos diversos países e regiões do
mundo.

Com efeito, os mais elevados índices de urbanização são


encontrados nos países e regiões mais desenvolvidos do mundo,
como é o caso da Europa Ocidental, América do Norte e Japão. A
Inglaterra, pais mais urbanizado do mundo, possui mais de 80% de
sua população vivendo em cidades.

Por outro lado, os menores índices de urbanização são encontrados


nos países e regiões do mundo onde a industrialização é mais
recente e restrita. São países de economia agrícola com elevada
percentagem da população activa no sector primário. Compreende
a maior parte dos países da África, Ásia e da América latina. Vide
tabela 1.

Tabela. 1

Posição País População Data Urbanização Data


urbana avaliada
(em %) (%)
1 Singapura 100 2008 1,2 2005
2 Nauru 100 2008 0,3 2005
3 Mônaco 100 2008 0,3 2005
4 Vaticano 100 2008 0,1 2005
5 Kuwait 98 2008 2,5 2005
6 Bélgica 97 2008 0,3 2005
7 Qatar 96 2008 2,2 2005
8 San Marino 94 2008 0,9 2005
9 Malta 94 2008 0,6 2005
10 Venezuela 93 2008 2 2005
11 Uruguai 92 2008 0.4 2005
15 Reino Unido 90 2008 0,5 2005
Geografia do Urbanismo G0154 40

Posição País População Data Urbanização Data


urbana avaliada
(em %) (%)
17 Austrália 89 2008 1,2 2005
23 Dinamarca 87 2008 0,5 2005
24 Brasil 86 2008 1,8 2005
28 Estados Unidos 82 2008 1,3 2005
30 Países Baixos 82 2008 0,9 2005
31 Luxemburgo 82 2008 1 2005
33 Coreia do Sul 81 2008 0,6 2005
34 Canadá 80 2008 1 2005
36 Líbia 78 2008 2,2 2005
38 Espanha 77 2008 0,9 2005
41  HYPERLINK 77 2008 0,8 2005
45 Alemanha 74 2008 0,1 2005
72 Japão 66 2008 0,2 2005
81 África do Sul 61 2008 1,4 2005
100 Angola 57 2008 4,4 2005
144 Moçambique 37 2008 4,1 2005

Fonte: Autor, dados: CIA World Factbook

O crescimento das cidades pode resultar na formação de


aglomerado, tas como as conurbações, as metrópoles e as
megalópolis.

A conurbação resulta do crescimento contínuo de duas ou mais


cidades próximas formando um único aglomerado urbano. A região
do ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano), em São
Paulo, é um exemplo de conurbação.

Áreas Metropolitanas

As Metropolitanas correspondem a grandes espaços urbanizados e


integrados física e funcionalmente a uma metrópole dirigente. São
exemplos de áreas metropolitanas as cidades são: As cidades de
São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Yorque, Londres, París,
Tóquio, além de outras.

Megalópoles – são conjuntos de metrópoles interligadas e


abrangendo extensas áreas ou é uma forma de conubação, mas de
Geografia do Urbanismo G0154 41

enormes proporções. São verdadeiras regiões urbanas que resultam


do extraordinário crescimento das periferias de várias cidades.
Ex. A região que se estende desde Boston até Washington D.C.,
tendo como centro Nova Yorque, constitui uma Megalópoles.

Sumário
O crescimento das cidades, tanto em quantidades como em
tamanho, é a grande característica do mundo moderno. A
urbanização é geral e atinge todas as partes do mundo.

Os mais elevados índices de urbanização são encontrados nos


países mais desenvolvidos do mundo, como é o caso da Europa
Ocidental, América do Norte e Japão. A Inglaterra, pais mais
urbanizado do mundo, possui mais de 80% de sua população
vivendo em cidades.

Por outro lado, os menores índices de urbanização são encontrados


nos países em desenvolvimento.

O crescimento das cidades pode resultar na formação de


aglomerado, tas como as conurbações, as metrópoles e as
megalópolis.

Exercícios
1. Quais são as formas de crescimento urbano?
2. Refira os cinco países com maior e menor taxas de
urbanização no mundo?
3. Estabeleça a diferença entre as conurbações, as metrópoles
e as megalópolis.
Geografia do Urbanismo G0154 42

N.B. Entregar todos exercícios


Geografia do Urbanismo G0154 43

Unidade VIII
As cidades do presente – A
explosão urbana
Introdução
O grande desenvolvimento das cidades e das formas de vida urbana
é um fenómeno que caracteriza melhor a civilização
contemporânea. Como já vimos, a cidade não é um facto novo, mas
é na transformação iniciada ao longo do seculo passado e no tempo
que já decorreu do presente, que há qualquer coisa de novo e
consequentemente faz com que a população mundial,
predominantemente rural, se va convertendo noutra,
predominantemente urbana.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a explosão urbana;


Objectivos
 Descrever o fenómeno urbano;

 Identificar as formas de crescimento urbano ao nível dos


continentes;

As Cidades do Presente – A Explosão Urbana

O grande desenvolvimento das cidades e das formas de vida urbana


é um fenómeno que caracteriza melhor a civilização
contemporânea.

Na Europa, a taxa de urbanização não ia além dos 19% em 1800,


era de 28% em 1850, em 1900 de 44% e hoje aproxima – se
dos70%. Também em 1800 a população dos EUA era de 6.1%, no
Geografia do Urbanismo G0154 44

princípio do século XX, 39.7% e hoje ultrapassa os 70%. Nas áreas


colonizadas recentemente (Austrália e Nova Zelândia) a população
urbana actual é superior a 85%.

Os Países do terceiro Mundo registam um grande aumento da


população urbana, mas o aumento é recente e particularmente,
depois da 2ª Guerra Mundial. Os Países da Ásia e da África tinham,
em 1925, uma taxa de urbanização baixa, á volta de 8%, para
aumentarem para cerca de 15% em 1950 e actualmente registam
valores que rondam os 25 – 28%. Quanto á América Latina, a taxa
de urbanização era de 29.5% em 1925 e passou para 65% em 1980.

Também o Japão e a ex - URSS apresentavam elevada s taxas de


população urbana: 77% e 68%, respectivamente.
Pode, portanto, verifica – se que o ritmo de crescimento da
população urbana é muito variável. Na Europa Ocidental, o ritmo
abrandou, ao contrario da Europa Mediterrânea, onde continua
vigoroso, como resultado de um êxodo rural ainda importante. Na
ex - URSS e nos países do Leste, a expansão urbana foi brutal, mas
hoje, esta um pouco mais controlada. Na América do Norte,
Austrália e Nova Zelândia os ritmos de crescimento da população
urbana são dos mais lentos, actualmente. É contudo, nos países da
América Latina, da Africa e da Asia que o ritmo de crescimento é
explosivo; estima – se que nos finais do seculo XX, as cidades
destes países contem, talvez, com 20 milhões de pessoas. (vide
tabela 2)

Tabela 2. População urbana por regiões do mundo


Regiões População urbana % de população
em milhões total
1970 1985 2000 1970 1985 2000
Mundo 1352 2169 3329 37,2 43,8 51,1
Regiões 717 943 1174 65,7 73,9 80,7
Geografia do Urbanismo G0154 45

desenvolvidas
Regiões em via de 635 1226 2155 25,0 33,4 42,6
desenvolvimento
Asia Oriental 266 461 722 28,6 39,0 50,7
Asia do Sul 238 458 793 21,2 27,1 33,7
Africa 77 160 320 22,2 30,1 39,2
América Latina 158 291 495 55,9 66,9 75,9
Fonte: Autor, dados: LEITE (1989).

O Fenómeno Urbano
O prodigioso crescimento demográfico das cidades desencadeia
metamorfoses em muitas regiões do mundo. As cidades
transbordam de população e suas múltiplas actividades tornam –
nos centros importantes da organização do espaço.

O fenómeno urbano, acelerado entre as duas guerras, deu origem a


variadas paisagens urbanas e determinou os novos arranjos internos
e a expansão recente das cidades os subúrbios.

Nos países desenvolvidos a tendência actual aponta para um papel


cada vez menos activo da cidade, mas o mesmo não acontece nos
países subdesenvolvidos, como nova a sua urbanização galopante.
Este desenvolvimento global da população urbana, que desde 1900
aumento 10 vezes mais rapidamente que a população mundial,
corresponde a quatro tipos de concentração urbana:
- O Tipo Europeu, onde um movimento precose de expansão
urbana, tem hoje tendência a afrouxar;
- O Tipo Dos Países de Colonização Europeia, (EUA, Canadá,
Austrália e Nova Zelândia) onde o impulso foi grande e apesar de
ainda muito vigoroso tem tendência a diminuir;
- O Tipo dos Países do Leste Europeu e de Influência Soviética,
cuja expansão das cidades é medida de acordo com os planos de
desenvolvimento económico;
Geografia do Urbanismo G0154 46

- O Tipo dos Países do Terceiro Mundo, onde a população sofre


actualmente um crescimento vertiginoso, depois de uma longa
estagnação.

Sumário
O rápido desenvolvimento urbano é produto da revolução
Industrial. Com efeito, os mais elevados índices de urbanização
localizam-se no hemisfério norte, nos chamados países
desenvolvidos e os menores índices no hemisfério sul, nos
chamados países em via de desenvolvimento.

Exercícios
1. Mencione as principais formas de crescimento urbano?

2. Diferencie conurbação/metrópole/megalópolis.

N.B. Entregar o exercício nº 2 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 47

Unidade IX
As cidades do mundo de hoje – o
nascimento das grandes
aglomerações
Introdução
O que constitui o verdadeiro sintoma do nosso tempo é o explosivo
crescimento dos grandes centros urbanos, o que não se verificava
anteriormente porque o crescimento demográfico era muito mais
lento e não era absorvido desproporcionadamente pelas grandes
cidades. Estas, hoje crescem por si mesmas e por absorção da
população rural.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar o crescimento das grandes aglomerações;


Objectivos
 Descrever os problemas derivados do nascimento das novas
aglomerações;

 Identificar as causas do nascimento das grandes


aglomerações;

As Cidades no Mundo de Hoje – O Nascimento das Grandes


Aglomerações
Há uma transformação incongruente porque o ritmo de
crescimento é muito superior à capacidade e previsão definida
pelas autoridades. Vai – se acumulando na cidade uma população
composta de imigrantes, que se vão distribuindo ao acaso pelas
franjas mais miseráveis e abandonadas, invadindo propriedades
alheias ou zonas com condições.
Geografia do Urbanismo G0154 48

Isto deu lugar aos chamados BIDONVILLES das cidades


francesas ou argelinas, as CHABOLAS das cidades espanholas, às
FAVELAS brasileiras, as RANCHEROS venezuelanos, aos
MUCEQUES de Luanda, aos CANIÇOS do Maputo, aos
BAIRROS DE LATA de Lisboa.

Não há cidade em processo de crescimento agressivo que não sofra


destas manifestações patológicas. Estes bairros marginais serão
para alguns o lugar por onde se começa a subir, enquanto para
outros são o último escalão de uma subida dolorosa. São subúrbios
resultantes do crescimento incontrolado da cidade, assim como,
também, os bairros clandestinos que proliferam em áreas não
urbanizadas fora da alçada dos organismos públicos

Tudo isto levanta problemas de organização do espaço nas grandes


metrópoles, problemas estes que se têm vindo a agravar com o
tempo.
 A aglomeração urbana nascida deste tipo de crescimento
engloba a cidade antiga e os seus arredores; a cidade
expande – se, as suas casas justapõem – se às casas rurais,
absorvem – nas progressivamente e fazem – no desaparecer.
Durante um certo tempo houve luta, mas finalmente e aldeia
de ontem não é mais, hoje, que a continuação da grande
cidade. A maré estende – se, estravaza e nada faz recuar.
Num raio cada vez maior em torno de Lisboa, quase todas
as aldeias estão em transformação.
 A conurbação representa, enfim, uma forma de organização
complexa: é constituída por varias aglomeração por varias
aglomerações que tendem a juntar – se. Quando uma de
entre elas tem um grande peso económico, ela chega
rapidamente ate às outras; é assim a conurbação de Lille –
Roubaix – Tourcoina – Madeleine, em França, que forma
um único conjunto urbano, pois, os vazios entre os espaços
Geografia do Urbanismo G0154 49

construídos destas cidades são progressivamente


preenchidos.
 A Megalópolis é uma forma de conurbação, mas de
enormes proporções. São verdadeiras regiões urbanas que
resultaram do extraordinário crescimento das periferias de
varias cidades, ao longo dos eixos de circulação que as
unem. Ao longo de 700km, de Boston a Washington, vivem
mais de 50 milhões de pessoas num vasto conjunto urbano
que inclui, além daquelas cidades. Nova Yorque, Filadelfia,
Baltimore e outras mais pequenas. Do mesmo modo no
Japão, uma extensa área fortemente urbanizada estende – se
de Tóquio a Cobe e onde se englobam as grandes cidades
de Yokohama, Nagoia, Osaka e Kioto, além de outras.
 Um outro fenómeno urbano é a tendência actual para o
gigantismo, isto é, o crescimento desmesurado de algumas
cidades do mundo. Com efeito, um número muito grande de
cidades aumenta sem cessar: 16 cidades ultrapassavam 1
milhão de habitantes no princípio do seculo, mas hoje são
180.
As aglomerações gigantescas são cada vez mais numerosas e certas
cidades registam ritmos de crescimento espetaculares. É o caso da
cidade do cairo com 5 milhões de habitantes em 1970, 10 milhões
em 1980 e 12 milhões em 1984 e que deve esta explosão a uma
natalidade muito forte e `a chegada contínua de populações jovens.
Actualmente, são as cidades da América Latina aquelas onde se
observam os ritmos mais acelerados.

- Sítio Urbano – é o local onde a cidade nasceu e se desenvolveu;


- Rede Urbana – um sistema integrado de cidades que vai das
pequenas ou locais às metrópoles ou cidades gigantesca.
Geografia do Urbanismo G0154 50

Sumário
Há uma transformação incongruente porque o ritmo de crescimento
é muito superior à capacidade e previsão definida pelas
autoridades. Vai – se acumulando na cidade uma população
composta de imigrantes, que se vão distribuindo ao acaso pelas
franjas mais miseráveis e abandonadas, invadindo propriedades
alheias ou zonas com condições.
Os subúrbios são chamados BIDONVILLES na Franca ou
argelinas, as CHABOLAS na Espanha, às FAVELAS no Brazil, as
RANCHEROS na Venezuela, aos MUCEQUES em Angola, aos
CANIÇOS em Moçambique, aos BAIRROS DE LATA em
Portugal.

Exercícios
1. Mencione os principais factores do nascimento das grandes
aglomerações do mundo?

2. Enumere os problemas de organização do espaço nas


grandes metrópoles.

3. Refira a origem dos subúrbios nas cidades.

4. Identifica o fenómeno urbano de tendência actual.

5. Em regiões do mundo se regista – se o ritmo mais acelerado


das cidades?

6. Estabeleça a diferença entre sítio urbano da rede urbana.

N.B. Entregar todos exercícios desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 51

Unidade X
Problemas da organização do
espaço urbano
Introdução
O crescimento desmesurado das cidades levanta problemas de
organização de espaço nas grandes metrópoles, que se tem vindo a
agravar com o tempo. É necessário relacionar espacialmente o
centro representativo e de negocio, os centros de produção, as
residências e os espaços livres para recreio e para expansão. É aqui,
que reside a primeira grande confusão no planeamento das cidades
modernas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mostrar a importância do planeamento urbano;


Objectivos
 Identificar os problemas da organização do espaço urbano;

 Diferenciar áreas residenciais, comerciais e das áreas


industriais.

Problemas da organização do espaço urbano

Os centros, por enquanto, não provocaram um grande desequilíbrio


pois, apesar dos seus defeitos, desenvolveram – se com maior
coerência beneficiando de saber histórico. De qualquer modo,
progressivamente tem – se produzido neles transformações a pouco
e pouco a função residencial, afasta – se para dar lugar a outras
funções terceiras.

O urbanismo em expansão levanta nos núcleos centrais das cidades


problemas relacionados com o congestionamento que são cada vez
Geografia do Urbanismo G0154 52

maiores à medida que crescem as áreas exteriores de residentes, em


virtude da consequente falta de acessos e de transportes.

A dimensão da cidade deve ser resolvida em termos de acesso: a


circulação deve ter em conta os caracteres dos vários meios de
transportes e as necessidades das outras funções, na sua ordem de
importância. O automóvel tem sido a alavanca de expansão e
tornou – se no elemento mais perturbador e incómodo da vida
urbana.

A cidade moderna submeteu – se à tirania do trafego, com


demasiada frequência enquanto para alguns o trafego esta acima de
tudo e tudo se deve submeter `a solução dos problemas de trânsito,
outros não pensam assim – o importante não é o trafego, o
importante e a maneira como as pessoas vivem. A cidade é: habitar,
trabalhar, cultivar o corpo e o espirito, circular.

Le Corbbusier e a sua cidade radiosa apontada, nos anos 20, como


uma ideia puritana e utópica, apresenta nas suas soluções ideias em
grande parte validas em que se preconiza a separação das funções,
se da enfase ao problema de transporte e ao alargamento das zonas
verdes.

A localização das indústrias pesadas é outro grande problema da


organização do espaço das grandes metrópoles.

Foi este motivo que desencadeou a primeira regulamentação da


utilização do solo urbano. Porem o grande desenvolvimento das
fontes de enregia e dos meios de transporte desencadeou a invasão
da cidade pela indústria. Esta, invadiu a cidade de modo caótico e
lamentável de tal maneira que gerou o alarme dos urbanistas e dos
governantes; provocou uma acumulação grande de trafego pesado,
de ruídos, maus cheiros, fumos, emanações, enfim uma poluição
que viciou a atmosfera e pós problemas graves para a saúde
pública. A cidade ainda não resolveu de maneira organizada os
problemas que a indústria levanta. Os interessados a presentam
algumas soluções desde aquelas que consideram necessárias, o tal
Geografia do Urbanismo G0154 53

isolamento dos complexos industriais como se tratasse de


verdadeiros “ghettos”, ate às que consideram que as áreas
industriais devem ser colocadas na vizinhança das habitações
operárias. Está provado que a grande cidade é mais conveniente
para a pequena indústria que para os grandes complexos. a
descentralização das industriais sobretudo das pesadas é qualquer
coisa a que toda a planificação de tipo económico devera
subordinar – se no futuro.

Brasília ilustra a moderna planificação de cidades. Para a sua


construção, a principal preocupação foi o trânsito automóvel. As
ruas principais não se cruzam nunca ao mesmo nível e, o trânsito
de peões é separado do de veículos. A cidade organiza – se
segundo um plano dum avião em que é fuselagem corresponde um
grande eixo que atravessa a cidade de uma ponta a outra e ao longo
do qual se levantam os monumentais edifícios do Parlamento, o
palácio presidencial, o tribunal, a catedral e os Ministérios. Sem
dúvida, que a arquitectura e o urbanismo de Brasília pertencem à
segunda metade do século XX, mas também é certo que
interpretam um tema muito mais antigo.

Para tentar limitar a grande expansão das cidades nos países


industrializados, as entidades governamentais regulamentam a
utilização do uso do solo urbano. Ordenar espaço urbano,
reconstruir e adaptar as áreas antigas, criar novos espaços e dirigir
o crescimento da cidade são os objectivos dos urbanistas,
encarregados de remodelar as cidades.

Em todo mundo, multiplicam – se diversos tipos de intervenção


que conduzem a diversos cenários de organização do espaço
urbano.

Um dos processos realizados na Inglaterra para travar o


crescimento das grandes cidades consistiu na criação de cidades
novas, as “new - towns”. Hoje existem 24 destas cidades rodeando
Londres num raio de 100 km e contando cada uma com uma
Geografia do Urbanismo G0154 54

população entre 8.000 e 40.000 pessoas.

Esta experiencia inglesa tem sido imitada um pouco por todo o


lado, especialmente nos países escandinavas e na ex - união
soviética onde o crescimento urbano obedece a uma planificação
previamente estabelecida.

Um conjunto de princípio director está na base da construção destas


cidades novas: equilíbrio entre local de trabalho e de residência,
desenvolvimento de equipamentos colectivos, qualidade e rapidez
de transportes.

Este processo tem tido mais sucesso do que as tentativas de


controlar o crescimento urbano com zonas puramente residenciais,
as cidades dormitórios constituíram, em geral. Um fracasso. As
áreas suburdanas desprovidas dos elementos atractivos (centros,
mercados, espetáculos, comércio, etc), acabam por degenerar e
declinar.

Sumário

O crescimento desmesurado das cidades levanta problemas de


organização de espaço nas grandes metrópoles, que se tem vindo a
agravar com o tempo. É necessário relacionar espacialmente o
centro representativo e de negocio, os centros de produção, as
residências e os espaços livres para recreio e para expansão. É aqui,
que reside a primeira grande confusão no planeamento das cidades
modernas.

O urbanismo em expansão levanta nos núcleos centrais das cidades


problemas relacionados com o congestionamento que são cada vez
maiores à medida que crescem as áreas exteriores de residentes, em
virtude da consequente falta de acessos e de transportes.
Geografia do Urbanismo G0154 55

Exercícios
1. Enumere os tipos de problemas derivados da
organização do espaço urbano.
2. Explique as causas dos problemas derivados da
organização do espaço urbano.
3. Refira algumas soluções para os problemas que a
indústria levanta.
4. Com que medida consideraria para travar a explosão
urbana?
5. Enuncie o processo realizado pela Inglaterra para travar
o crescimento urbano.
N.B. Entregar todos os exercícios desta unida
Geografia do Urbanismo G0154 56

Unidade XI
Morfologia urbana
Introdução
Observando qualquer planta de uma cidade, consegue-se distinguir,
não só a parte mais antiga, o chamado núcleo histórico, como
também algumas fases de crescimento da cidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mostrar a importância da planta funcional dentro de uma


Objectivos cidade;

 Identificar os diferentes tipos de plantas urbanas;

 Diferenciar áreas residenciais, comerciais e das áreas


industriais.

Modelos de estrutura urbana

Morfologia Urbana – é a forma como um centro urbano se


apresenta, no que respeita ao seu formato. Os modelos de estrutura
urbana estão relacionados com o seu traçado – as plantas.
Observando, um plano de cidade, em geral, dectectam – se três
espécies de linhas: a direita, a sinuosa e a circular, que traduzem
três tipos de plantas diferentes, a saber:

1. Planta radioconcêntrica - Planta característica de cidades


que tiveram função defensiva. Caracteriza-se por uma série
de ruas circulares e concêntricas, organizadas em torno de
um núcleo central e cortadas radialmente por outras ruas.
Vide figura 1.
Geografia do Urbanismo G0154 57

Figura 1. Planta radioconcêntrica

Fonte: autor, imagem: Internet

2. Planta irregular ou desordenada - Uma planta irregular ou


orgânica é uma planta sem qualquer característica de ordenação,
sobre um terreno muito acidentado, edificações extremamente
próximas umas das outras, ruas estreitas, tortuosas e muitas vezes
sem saída, retratando uma ausência de planeamento. Vide figura 2

Figura 2. Planta irregular ou desordenada

Fonte: autor, imagem: Internet


Geografia do Urbanismo G0154 58

3. Planta ortogonal/quadrículada/Regular - Uma Planta


Ortogonal é uma planta com características de ordenação de
espaços e ruas urbanas, dispostas em paralelo e com um traçado
geométrico muito regular e rectilíneo, cruzando-se
perpendicularmente em ângulo recto. Vide figura 3.

Figura 3. Planta ortogonal

Fonte: autor, imagem: Internet


Geografia do Urbanismo G0154 59

Sumário
Na observação actual da cidade, principalmente quando o seu
passado histórico engloba várias vicissitudes, é possível encontrar e
com muito mais frequência vários tipos de plantas, do que uma
única. Aparecem partes de traçado regular e outros de traçado
irregular. O traçado regular foi de uso constante enquanto o radio
concêntrico, foi sempre uma excepção. Regra geral, os traçados
regulares são mais recentes que os irregulares, a não ser que a
cidade tenha tido uma origem de influência romana.

Também, na observação da planta se pode deduzir a importância da


circulação e do desenvolvimento dos arredores, através da análise
das vias de acesso à cidade e da sua rede de ruas e avenidas.

A diversidade das civilizações marcou, no entanto, formas diversas,


mas os mesmos condicionalismos e as mesmas necessidades
conduzem sempre à reestruturação da sua morfologia.

Exercícios
1. O que entendes por morfologia urbana?

2. Mencione e caracteriza os diferentes tipos de plantas.

3. Refira que tipo de planta é mais usado na actualidade. Justifique

N.B. Entregar todos os exercícios desta unidade


Geografia do Urbanismo G0154 61

Unidade XII
Cidades europeias
Introdução
A urbanização é um fenómeno humano antigo, pelo que as cidades
europeias recentes são muito raras. As antigas cidades, na sua
maioria, evoluíram, como já vimos, com a Revolução Industrial.
No entanto, Cada cidade possui uma “personalidade” própria e
única. A sua implantação no meio físico, a sua arquitectura, o seu
passado histórico, a sua função, a vida dos habitantes, dá um cunho
característico que a distingue.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Mencionar os factores que explica a maior rede urbana


Objectivos nesta região;

 Descrever a estrutura urbana das cidades europeias;

 Diferenciar os elementos que fazem parte da estrutura


urbana.
Geografia do Urbanismo G0154 63

Existem alguns factores na Europa que tiveram e têm uma


influência decisiva para que esta região do mundo apresente uma
rede urbana bastante desenvolvida:

 Relevo pouco acentuado, com predomínio de planície;

 Clima temperado;

 Abundância de água;

 Solos favoráveis e férteis;

 Fáceis comunicações (inúmeros rios navegáveis);

 Numerosos e bons portos marítimos;

 População numerosa e activa;

 Riqueza do subsolo (carvão e ferro);

 A Revolução Industrial e a melhoria dos transportes


(caminho de ferro).

No entanto, é importante referir que todas as cidades sofreram ao


longo da sua evolução, mutações profundas, podendo distinguir-se
quatro fases de desenvolvimento na cidade actual:

 Núcleo antigo;

 Subúrbio do século XIX;

 Subúrbios industriais;

 Subúrbios residenciais.

Núcleo Antigo ou Sítio

É o local onde a cidade nasceu e se desenvolveu. A fisionomia da


cidade, isto é, a sua forma ou traçado, decorre das características do
núcleo ou sítio.
Geografia do Urbanismo G0154 64

Na Europa, o centro histórico da cidade rodeia a antiga catedral,


que dominou durante séculos, junto ao rio que servia de via de
comunicação com o exterior.

Os limites da cidade velha são grandes avenidas que vieram ocupar


as antigas muralhas. Casas antigas que serviam outrora para
albergar densas populações, constituindo hoje centros de comércio,
casas de pasto, pensões baratas, postos de polícia e onde habitam
ainda hoje as classes mais pobres.

Ruas estreitas e tortuosas, inadaptadas ao trânsito moderno, museus


e igrejas que datam da Idade Média, são outras características que
marcam a maior parte das cidades europeias.

Actualmente há uma tentativa de recuperar estes centros antigos


como atractivos turísticos, deslocando as populações ainda ai
residente para bairros da periferia.

Subúrbios do século XIX

Na periferia do núcleo central primitivo ou sítio localizam-se os


velhos quarteirões da era renascentistas e industrial, de plano
irregular e ruas estreitas, rodeando uma igreja ou uma praça com
um monumento. Foi durante longo tempo o coração da cidade.

Com a explosão urbana do último século, surgem edifícios de 8 a


12 andares que se sobrepõem aos velhos quarteirões demolidos,
abrindo-se largas avenidas, onde se vão instalar os bancos e as
sedes de negócios. É o centro das decisões económicas e da
aglomeração.

Na periferia levantam-se edifícios modernos de grande altura, que


se destinam a albergar serviços capazes de suportar os elevados
custos do terreno (seguros, bancos, comercio especializado,
consultórios médicos, embaixadas, etc).
Geografia do Urbanismo G0154 65

Subúrbios Industriais

Nos subúrbios e no interior da cidade do século XIX, separados por


avenidas, localizavam-se os quarteirões que albergavam os
operários das indústrias, no início da Revolução Industrial.

Com o recuo das indústrias, o terreno é ocupado por imóveis que se


destinam a albergar a classe média.

Subúrbios residenciais

A força de urbanização do século XX atira a cidade para velhas


aldeias, que, embora conservem o seu plano inicial com as ruas a
convergirem para uma praça central, perderam completamente a
sua função agrícola. Fazem parte agora da metrópole, assegurando
a residência de uma população flutuante que trabalha na cidade,
deslocando-se em pêndulo de manhã e à noite.

Os antigos subúrbios hortícolas foram conquistados para a


residência de tipo vivenda ou arranha-céu, muitas vezes
implantados de forma anárquica. Surgem assim as cidades-
dormitório, longe do centro da antiga cidade, mas servida por boas
vias de comunicação.

Planta da cidade europeia

Todas as cidades europeias que, na Idade Média e por questões


defensivas, foram cercadas por muralhas, apresentam hoje, com
maior ou menor pormenor, uma planta do tipo rádio-concêntrica.

Nelas encontramos um núcleo central rodeado por uma circular


correspondente a primeira muralha, entretanto destruída quando a
cidade precisou de ser alargada para o exterior.

Outra muralha foi então construída, para proteger a cidade, a qual


por sua vez, foi demolida dando lugar a nova rua circular e
concêntrica e assim sucessivamente. Por isso, a cidade apresenta
Geografia do Urbanismo G0154 66

hoje uma série de ruas circulares e concêntricas, cortadas


radialmente por outras ruas que saem do centro para a periferia.

Ex: Paris, Amsterdão, Milão, etc.

Sumário
Cada cidade possui uma “personalidade” própria e única. A
fisionomia da cidade, isto é, a sua forma ou traçado, decorre das
características do núcleo ou sítio.

Tendo em conta o contexto em que as cidades surgiram, elas


apresenta com maior ou menor pormenor, uma planta rádio-
concêntrica.

Exercícios
1. Mencione os factores que tiveram maior influência no
desenvolvimento da rede urbana.

2. Caracterize núcleo antigo.

3. Diferencie subúrbio do século XIX dos subúrbios


residenciais.

N.B. Entregar o exercício nº 3 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 67

Unidade XIII
Cidades Norte-americanas
Introdução
Apenas nos finais do século XIX e coincidindo com uma imigração
maciça proveniente da Europa, se assiste a um aumento
espectacular no ritmo de crescimento da população urbana nos
Estados Unidos da América.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar cidades norte-americanas;


Objectivos
 Caracterizar city.

 Diferenciar cidades americanas das cidades europeias;

A cidade americana caracteriza-se por um traçado ortogonal,


bastante regular, em que as avenidas e as ruas se cruzam
perpendicularmente, e ao longo das quais se localizam os grandes
imóveis: o C.B.D (Central Business District). Trata-se pois do
centro de negócio (comércio e serviços mais importantes da
cidade).

O elemento que define este sector é o gigantesco arranha-céu, com


varias dezenas de andares. O velho centro histórico ou núcleo
primitivo, próprio da velha cidade europeia, não existe aqui, pois as
construções primitivas dos primeiros colonos já desapareceram.

É no centro da cidade, a city, que funcionam as sedes sociais,


administrativa e económica das grandes empresas industriais,
Geografia do Urbanismo G0154 68

comerciais e bancárias. Há uma grande disputa concorrencial por


este espaço. Além das vantagens de localização central, tem um
valor próprio, que dignifica o nome da empresa que ai se localiza.
Ela será tanto mais importante quanto mais alto se localizarem os
seus escritórios.

Zona industrial
A cidade americana é um centro industrial, cujas instalações se
localizam imediatamente a seguir ao aglomerado central, servidas
por uma complexa rede de auto-estradas, vias férreas e aeroportos.

Na rede viária, salienta-se os viadutos sobrepostos e cruzados a


vários níveis, para escoarem facilmente o tráfego intenso.

Entre o C.B.D e a zona habitacional do centro há um grande


contraste. Os imóveis, pertencentes a uma 1ª geração, raramente
ultrapassam os 10 andares, e são asfixiados pelos enormes arranha-
céus do C.B.D, que se caracteriza por construções constantemente
renovadas e actualizadas.

Os quarteirões residenciais permanecem imutáveis, mas parecendo


imóveis velhos e abandonados, ocupados pelas classes mais pobres,
marginais e população de cor ou das pequenas etnias. É o símbolo
da segregação social e étnica.

Os “subúrbios” residenciais
As franjas de função residencial estão a rodear o centro urbano e
dividem-se em duas categorias:
 Zona de transição - quarteirões com prédios até 10 andares,
de residências colectivas e fábricas;
 Zona residencial – símbolo da cidade norte-americana onde
existem vivendas unifamiliares ajardinadas e arborizadas,
Geografia do Urbanismo G0154 69

de arquitectura monótona, cobrem grandes espaços


verdejantes.

São os grandes espaços ocupados por cada vivenda e os espaços


vazios entre elas que leva a cidade norte-americana a espalhar-se
por largas dezenas ou mesmo centenas de quilómetros, originando
as frequentes conurbações e as consequentes megalópolis.

Planta da cidade americana


As cidades norte-americanas são recentes e obedeceram a um
planeamento prévio, isto é, onde nada existia, tudo foi pensado de
acordo com as técnicas de planeamento urbanístico da época.

Este planeamento conduziu a implantações ortogonais tendo em


vista vários objectivos, nomeadamente a acessibilidade ou fluidez
do tráfego rodoviário.
As plantas ortogonais são típicas das cidades novas, não só da
América do Norte como de outras regiões onde a urbanização é
recente.

Sumário

As cidades norte-americanas caracterizam-se por serem recentes e


planificadas. O tipo de planta predominante é ortogonal, dai
apresentar uma morfologia urbana típica onde o C.B.D. marcado
por enormes arranha-céus, contrasta com o velho centro histórico
ou núcleo primitivo.
Geografia do Urbanismo G0154 70

Exercícios
1. Mencione as principais características das cidades norte-
americanas.

2. Tomando como base o tipo de planta, diferencie cidades


norte-americanas das cidades europeias.

N.B. Entregar o exercício nº 1 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 71

Unidade XIV
Cidades latino-americanas
Introdução
O América Latina é, de longe, o conjunto mais urbanizado do
terceiro mundo. A sua taxa de urbanização passou de 30% em 1925
para 80% em 1981. Cerca de 2/3 dos seus habitantes vivem em
cidades, enquanto o continente africano e asiático apresentam
menos de 1/3 da população urbana.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar as regiões de maior concentração urbana na


Objectivos América Latina;

 Mencionar os factores que estiveram na origem da


urbanização desta região;

 Descrever o tipo de morfologia dominante nas cidades


latino-americanas.

As grandes concentrações urbanas na América Latina localizam-se


ao longo da cordilheira andina, nas montanhas do México (Serras
Madres) e no litoral junto de grandes portos marítimos.
As cidades de altitude na América Latina têm uma origem remota
(Inca, Asteca e Maia). Destas civilizações muito pouco resta, mas
no lugar das suas antigas cidades os colonos, depois do século XVI,
fundaram novas cidades, muitas vezes sacrificando as antigas,
como por exemplo, a cidade do México fundada pelos espanhóis
sobre as ruínas de Tenochitlan (capital do império Asteca).
Geografia do Urbanismo G0154 72

A maior parte das cidades da América Latina têm um porto na


medida que a sua fundação pelos colonizadores (na maioria
portugueses e espanhóis) correspondeu a necessidades comerciais.
Começaram por ser entrepostos comerciais para escoamento da
matérias-primas exploradas, não só proveniente do subsolo, mas
também da agricultura de plantação.

Se analisarmos a localização das cidades litorais na América Latina


verificamos que a costa atlântica apresenta um maior número de
cidades que são também as mais antigas, na medida em que a costa
oriental (atlântica) apresentava maior acessibilidade relativamente a
Europa, o que explica o sentido de penetração colonial de leste para
oeste, tal como na América do Norte.

A localização de cidades ao longo das cordilheiras deveu-se a


existência de minas nas suas proximidades e ao facto de a altitude
ser um factor moderador da temperatura nas regiões intertropicais.
São exemplos destas cidades: México, Quito (capital do Equador),
Bogotá (capital da Colómbia), Medellin (Colómbia), Cuzco (Peru),
Lá Paz (capital da Bolívia), entre outras.

A fachada do Pacífico, apresenta menor número de cidades e estas


são, de um modo geral, mais recentes que as da costa atlântica,
tendo ao longo do tempo menor dinamismo, embora o seu
crescimento actual seja considerável.
O interior deste continente é muito pouco desenvolvido, sendo
essencialmente rural.

Morfologia urbana
A morfologia urbana das cidades da América Latina é semelhante à
das cidades da América Anglo-Saxónica e data do período pós-
descobrimentos.
Geografia do Urbanismo G0154 73

A planta aplicada à implantação urbana no continente americano


teve inspiração na quadrícula ortogonal da Antiguidade, recriado
durante o Renascimento que fez <<renascer>> a ideia do
geometrismo urbano, resultado de uma perspectiva utilitária que se
adaptou muito bem à urbanização especulativa (aproveitamento
racional do terreno para o rentabilizar ao máximo).

A primeira cidade americana traçada com rigor e concepção


geométrica, foi S. Domingos (República Dominicana), fundada em
1496, segundo uma planta que lembra a das cidades construídas na
península Ibérica.

Este modelo recriado pelo Renascimento e posto em prática no


continente americano pelo sistema colonial, foi posteriormente
também aplicado ao continente africano.

“Este tipo de planta regular axadrezada ficará em lei em 1573 como


único modelo de cidade (...). Assim, numa das leis das Índias
(Ocidentais) ficou ordenado que se leve sempre já feita a planta do
lugar que irá ser fundado (...)”.

A cidade latino-americana apresenta, regra geral, zonas bem


demarcadas de que são exemplo S. Paulo, Buenos Aires, Lima, etc.

 Centro de negócios (C.B.D);

 Centros antigos (coloniais);

 Suburbios-luxo, habitação suburbana e bairros


degradados;

 “Bairros de lata” na cidade.

Centros de negócios (C.B.D)


Arranha-céus moderados em betão e vidro ocupam o lugar das
velhas mansões destruídas e albergam escritórios, bancos, sedes de
Geografia do Urbanismo G0154 74

multinacionais e hotéis, que dão para uma praça arborizada, para


onde convergem largas avenidas. Aqui e ali, uma nova construção
resultante da demolição de um velho edifício, completa esta zona.

Centros antigos (coloniais)


Os antigos centros são formados por bairros com algumas dezenas
de anos que abrigam as classes médias descendentes dos imigrantes
europeus do século XIX.
O “centro colonial” dos séculos XVI e XVII, apresentam um plano
ortogonal com a praça central, a catedral, o convento, o palácio do
governador e os edifícios administrativos. Alguns edifícios
encontram, por vezes, muito degradado, devido à falta de
conservação e ao rápido aumento da população urbana a que se
serve de refúgio. Um mercado tradicional, popular e permanente
anima estes bairros.

Subúrbios
Constituídos por vivendas luxuosas com piscinas, rodeadas de
verde e isoladas, são domínios de minorias privilegiadas, separadas
por uma estrada e uma cortina arborizada. O estádio (que nunca
falta na cidade sul-americana) e o jardim botânico, completam este
sector.
Depois surgem casas de madeira, semi-rural/semi-urbano, cujos
habitantes se dedicam, em parte, aos trabalhos agrícolas.

“Bairros de Lata” na cidade


A chocante presença de dezenas de bairros com milhares de
barracas feitas dos restos retirados das lixeiras (pneus, tábuas
velhas, telhas partidas, latas, etc.), são a característica dominante e
mais degradante das cidades do mundo subdesenvolvido em geral e
da América Latina em particular.
Geografia do Urbanismo G0154 75

As populações pobres e sem emprego vivem em promiscuidade


nestes bairros insalubres e sem as condições mínimas, ao longo das
encostas ravinadas pelas chuvas tropicais.
Devido ao deslizamento do terreno, por vezes tudo se desmorona
para o fundo, causando centenas de vítimas.
Seguem-se os bairros de traçado regular, com ruas perpendiculares,
que são outro tipo de favelas, alugadas a preços elevados àqueles
que trabalham nas fábricas vizinhas de produtos alimentares ou de
montagem de automóveis, regra geral, servidas pela via férrea,
expressamente construída para o efeito.

Sumário
Depois de 1950, as cidades da zona tropical, em particular na
América Latina, sofreram um crescimento extremamente rápido. O
rápido crescimento destas cidades tem a ver com a explosão
demográfica verificada depois da 2ª Guerra Mundial nos países não
industrializados, as poucas unidades industriais concentradas nas
cidades e a pobreza reinante nas zonas rurais que forçou a
população a emigrar para as cidades a procura de melhores
condições de vida.

Exercícios
1. Mencione as zonas de maior concentração urbana na América
Latina.

2. Quais são só factores que estiveram na origem do surgimento


das cidades na América Latina?

N.B. Entregar o exercício 1 e 2 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 76

Unidade XV
Cidades africanas
Introdução
A urbanização do continente africano encontra-se pouco
desenvolvida, mercê da colonização a que esteve sujeito durante
séculos. O continente Africano apresenta menos de 1/3 da
população urbana.
Calcula-se que a taxa no continente, não ultrapassa 25%, sendo a
África do Sul (50%) o país que apresenta maior percentagem
urbana, seguido dos países da África do Norte, Egipto, Argentina,
Tunísia e Marrocos, com 40 à 49%.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Diferenciar cidades muçulmanas das cidades da África


Objectivos Negra;

 Caracterizar as cidades muçulmanas;

 Caracterizar cidades da África negras.

No continente africano consideram-se dois tipos de cidades, tendo


em conta seguintes factores:

 Localização;

 Idade da sua implantação;

 Características dos povos que as habitam.


Geografia do Urbanismo G0154 77

A cidade Muçulmana/Árabe
Na África do norte, também conhecida por África branca, encontra-
se um tipo de cidade muito antiga, de planta irregular,
provavelmente fundada pelos romanos, fenícios ou gregos, e que na
sua maioria funcionou como cidade portuária de antigas feitorias.
Incluem-se neste tipo de cidades Rabat, Fez, Riade, Casablanca,
Argel, Tunes e muitas outras.
De uma maneira geral, podemos dividi-las em:

 Cidade antiga;

 “Bairros de lata”

 Bairros modernos;

 Bairros residenciais de tipo europeu.

Cidade Antiga
É a “medina”, que data de muito antes do período colonial. A
maioria vem da Idade Média e sua arquitectura original é típica da
civilização árabe.

A cidade rodeada de muralhas foi edificada com intenções de


defesa, pelo que é no seu interior que a cidade se localiza. As casas
são de forma cúbicas, sem telhado, com terraço e pátio interior,
caiadas de branco e muito juntas umas às outras a fim de fazerem
sombra (pois a insolação é elevada). As ruas são muito estreitas e
tortuosas, cheias de mercados, que terminam num beco sem saída
ou em pátios interiores, sempre apinhados de gente ruidosa que
exibe os seus produtos para vender.

“Bairros de lata”
É nestes bairros pobres de barracas que se alberga a população
mais desfavorecida. Como se situam geralmente nos ueds, sujeitos
Geografia do Urbanismo G0154 78

a fortes enchentes, característicos das regiões secas, é frequente


tudo ser arrastado pelas águas.
Apesar de ocupar um espaço restrito, albergam elevadas densidades
populacionais.

Bairros Modernos
São constituídos por vivendas individuais com piscinas e espaços
jardins que albergam as classes mais ricas. Umas de estilo europeu,
outras de estilo árabe, identificam os seus proprietários.

A seguir, erguessem edifícios colectivos de gentes menos


abastadas, e por fim, outros bairros de lata mais afastados, de
construção recente, já com algum ordenamento.

Bairros Residenciais Tipo Europeu


São bairros modernos, dominados por hotéis luxuosos voltados
para a velha cidade. Nas proximidades, localiza-se um mercado de
tapetes, tecidos e artesanato regional ao ar livre.

Uma praça central é rodeada por edifícios oficiais ou de empresas


privadas para onde convergem largas avenidas com imenso tráfego
automóvel, é onde se localizam os escritórios e as habitações das
classes abastadas.
Na periferia algumas instalações fabris e complexos de habitação
colectiva.

A cidade da África Negra


A sul do Sahara estende-se toda a África Negra, onde não há uma
tradição urbana. Aqui encontramos cidades do período colonial,
localizadas ao longo da costa e servindo de porto marítimo para a
exportação de produtos coloniais.
Geografia do Urbanismo G0154 79

Mais tarde surgiram cidades no interior servido por uma via-férrea


de penetração e ligadas a exploração de riquezas mineiras, ou
simplesmente cidades com função administrativa.
Mas a cidade característica da África negra é a cidade litoral
portuária. Nestas cidades, caminhando da periferia para o centro,
encontram-se sucessivamente as seguintes zonas:

 Bairros negros;

 Cidade nova;

 Bairros coloniais;

 O porto.

Bairros Negros
Antes da independência, na periferia das cidades albergavam-se os
habitantes de cor, em bairros planeados e cercados por sebes,
delimitados por ruas perpendiculares.

As casas assemelham-se às casas do interior, de barro e cobertas de


colmo, ou em tijolo caiado e cobertas de zinco. As árvores
primitivas são geralmente preservadas, constituindo zonas verdes.
Grandes edifícios exigentes em muito espaço, como hospitais,
centros desportivos, edifícios universitários aquartelamentos
militares de construção recente, localizam-se na sua periferia.

Depois da independência destes países, estes bairros começaram a


ser ocupados pelos habitantes que chegavam do interior e a antiga
zona verde começou a desaparecer devido a este grande fluxo da
população e, consequentemente, a paisagem deteriora-se.
Ex: muceques de Luanda ou bairros periféricos de Maputo.

Bairros Coloniais
Ao longo da costa ainda existem antigos edifícios de tipo europeu,
cobertos com telha que penetra um pouco para o interior. Próximo
Geografia do Urbanismo G0154 80

da marginal persistem velhos edifícios baixos, sobre o comprido,


que tinham a função de armazém.
O antigo mercado coberto de zinco, no meio de um largo, a velha
igreja ou mesquita, os depósitos elevados de água e as grandes
garagens dos autocarros, são sinais característicos.

Sumário
Em África, as antigas cidades coloniais estão em transformação,
mitos edifícios estão a ser demolidos e no seu lugar surgem novas
construções mais funcionais. A renovação iniciou-se junto ao porto,
onde já surgem edifícios mito importantes, que dão lugar a uma
nova zona, a cidade moderna.

Exercícios
1. Caracterize cidades muçulmanas/árabes.

2. Caracterize as cidades da África Negra.

N.B. Entregar exercícios 1 e 2 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 81

Unidade XVI
Funções Urbanas
Introdução
As características físicas são muito importantes para a implantação
e desenvolvimento das cidades. Contudo, com o passar do tempo
estas características podem perder a sua importância, passando a
função à assumir papel relevante.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer o conceito função urbana;


Objectivos
 Identificar os grupos e tipos de cidades consoante as suas
funções;

 Diferenciar as cidades de acordo com a sua função.

 Explicar a importância das funções urbanas

As funções urbanas

As funções modelaram, no tempo e no espaço, a variedade de


fisionomia, que é um dos traços de toda a expressão urbana,
imprimindo aos arruamentos e aos largos uma aparência original
que, saltando aos olhos do observados mais desprevenido, constitui
o ponto de partida para a divisão da cidade em bairros e subúrbios,
segundo o carácter dominante de cada um.
Geografia do Urbanismo G0154 82

Sabemos que as cidades, especialmente as grandes, possuem


diversas actividades. Entretanto, cada cidade apresenta uma
determinada actividade que lhe é característica, isto é, uma
actividade que constitui a sua base económica. A esta actividade
básica em função da qual vive a cidade, dá-se o nome de função
urbana.

Existem três grupos de funções urbanas, a saber:

1. As funções de direcção e comando;

2. As funções de produção e consumo, e

3. As funções que asseguram os serviços.

1.As funções de direcção e comando

1.1. Função Política ou Administrativas – expressa –se pelos


poderes do estado que muitas cidades têm, ela é simbolizada por
um numero muito elevado de actividades públicas . Ex.
Washington DC, com quase 3 milhões de habitantas, agrupa
600.000 funções relacionada com a sua função de capital política.
Além de outras como Brasília, Canberra (Austrália), Ottawa
(Canada), Maputo (Moçambique).

1.2. Função Directiva – confere as cidades pela multiplicação de


serviços onde os escritórios, dos bancos, as sedes administrativas
das grandes empresas industriais e comerciais onde se concentram
e situam – se em bairros específicos. Em algumas cidades estes
bairros formam hipercentros (C.B.D. City ou baixa), que dirigem a
vida económica de uma região ou de um País. Ex. ex- World Trade
Center, de Nova Yorque tinha 110 andadres, fornecia 50.000 posto
de trabalho e recebia 80.000 visitas por dia.
Geografia do Urbanismo G0154 83

1.3. Função financeira – juntamente com a função politica a mais


urbana de todas funções urbanas lugares de trocas e de comércio, as
cidades foram sempre centros de acumulação de riquezas. Desde a
idade média, que as cidades da Europa ocidentais congregam
capitais (dinheiro), foi esta longa herança que permitiu e explica o
desenvolvimento bancário e a importância das bolsas de valores
nas grandes cidades. Ex. Paris, Londres, Zurique, Nova Yorque,
Hong Kong, Tóquio, etc.

2.As funções de produção e consumo

2.1. Função industrial – é a principal função do moderno


desenvolvimento urbano. Hoje, na Austrália, Sibéria, Canada,
RSA, muitas cidades apareceram como consequência de uma
transformação dos recursos do subsolo, como anteriormente, a
extração do carvão e dos minerais, por outro lado, o aparecimento
de cidades minerais. Ex. Turim, Manchester, Pittsburg, Detroit,
Volta redonda, etc.

2.2. Função comercial – foi fundamental no crescimento e


desenvolvimento de muitas cidades antigas. O elemento essencial é
a acumulação de capitais produzidos pelas trocas. os processos são
diferentes pois a cidade pode ser um polo de construção e de
distribuição para produtos agrícolas e artesanais e um polo de
redistribuição para artigos que fabrica oi importa. Ex. Alexandria,
Londres, Campina Grande, Hong Kong, Hanover, Hamburgo,
Milão, Antuerpia, Nova Yorque, Tóquio, Amesterdão, Singapura,
Rosny, etc.

2.3. Função de consumo – as cidades fazem apelo à grandes


quantidades de produtos agrícolas, materiais de construção,
energia, etc. mas a cidade também tem associada a esta função
outra que se prende com os níveis de produção elevados, pois
eliminam quantidades impressionantes de agua usada raramente
tratada.
Geografia do Urbanismo G0154 84

3. As funções que asseguram os serviços

3.1. Função sanitária – cidades desempenham um papel essencial


na vida dos seus habitantes. A cidade exerce, assim, uma função de
responsabilidade em relação a uma colectividade mais ou menos
vasta, o número de estabelecimentos hospitalares é um bom
indicador da influência de uma cidade.

3.2. Função de ensino e de educação (Cultural) – a cidade pode


também exercer um papel cultural importante que deve o seu
grande desenvolvimento à função universitária. As grandes cidades
são sempre dotadas de um grande número de estabelecimento de
ensino superior. Ex. Coimbra (Portugal), Uppsala (Suécia),
Tubingen e Heidelberg (Alemanha), Perugia (Itália), Montpellier
(franca), Oxford e Cambrige (Reino Unido), Louvain (Bélgica), etc

Alem das seguintes funções:

 Função religiosa: Jerusalém, Vaticano, Meca, Fátima,


Aparecida, etc.

 Função Turística: Miami, Las Vegas, Mónaco,


Guarujá, etc.

 Função Militar: Gilbratar, Cabo Kennedy, etc.

Sumário
A cidade possui diversas actividades dentro dela. Entretanto, cada
cidade apresenta uma determinada actividade que lhe é
característica, isto é, uma actividade que constitui a sua base
económica. A esta actividade básica em função da qual vive a
cidade, dá-se o nome de função urbana.
Geografia do Urbanismo G0154 85

Existem três grupos de funções urbanas, a saber: as funções de


direcção e comando; as funções de produção e consumo, e as
funções que asseguram os serviços

Exercícios
1. Diferencie cidades espontâneas das cidades planificadas.

2. O que é função urbana?

3. Qual é a função que desempenha a cidades de Maputo?

4. Diga a função desempenhada pela cidade da Matola.

5. Refira a função desempenhada pela Ilha de Moçambique.

6. Explique a importância da função urbana.

N.B. Entregar o exercício 3 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 86

Unidade XVII
A organização funcional do
espaço urbano
Introdução
A paisagem urbana é marcada pelo aspecto das suas casas, das suas
ruas, dos seus monumentos, das suas muralhas agrupadas num sítio
determinado e pela sua situação que lhe dá um especto próprio;
aspecto formal que reflecte as etapas do seu crescimento no espaco.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer aspecto funcional;


Objectivos
 Descrever as funções residencial, de trabalho e de lazer das
cidades;

 Caracterizar uma paisagem urbana;

 Explicar os movimentos e o crescimento da população.

A organização funcional do espaço urbano

Mas a cidade é também marcada por um aspecto funcional, as


funções de residências, de trabalho e de lazer, que explicam os
movimentos e o crescimento da sua população, a diferente
utilização do solo urbano e a sua acessibilidade. Esta perspectiva
funcional permite compreender o seu funcionamento e aprofundar
as razões do seu crescimento.

As funções urbanas caracterizam as diversas áreas da cidade, mas


os bairros comerciais, o centro de negócios e de administração, as
Geografia do Urbanismo G0154 87

áreas industriais e os bairros residenciais estão ligados entre eles


por diferentes fluxos utlizando os grandes equipamentos urbanos.

A diferenciação funcional da cidade em áreas e a maneira como


estas se dispõem na malha urbana são o resultado de uma evolução
por vezes longa e de circunstâncias históricas e geográficas
determinadas.

A Central Business District (C.B.D.) ou <Baixa>

“O centro, faz favor, pergunta uma das personagens do filme


<Muriel> de Alain Resnais no fim de uma longa caminhada pela
cidade, mas, o senhor esta no centro, responde – lhe um
transeunte…

Em geral, o centro das cidades é facilmente reconhecível. A


importância do comercio de luxo, dos edifícios públicos, dos
monumentos, dos locais de diversão individualizam – no muitas
vezes em relação aos outros bairros. Mas por vezes não é assim tao
simples…”

O centro é a área mais bem conhecida e estudada no interior da


cidade. Em termos geográfico a designação utilizada é de origem
anglo-saxónica e é conhecida pela sigla C.B.D (Central Business
District). Trata-se pois do centro de negócio (comércio e serviços
mais importantes da cidade).

O C.B.D, caracteriza-se por possuir:

 Forte acessibilidade, regra geral;

 Reduzida população residente;


Geografia do Urbanismo G0154 88

 Arquitectura específica, tipologia das construções que se


relaciona com a idade do núcleo primitivo da cidade;

 Escassa ou nula actividade industrial;

Actividades do sector terciário

Estas actividades, localizam – se no centro da cidade seja grande ou


pequena, antiga ou recente e é área mais conhecida pelo citadino e
por pessoas de fora. A tendência destas actividades é vertical pois
os terrenos são escassos e caros, dado a maior procura.
As áreas residenciais – podem-se diferenciar tendo em conta:

 A composição étnica e sócio-económica dos seus


habitantes;

 A situação geográfica (vista agradável, lugar panorâmico e


sossegado, com espaços verdes à volta, etc.);

 Acessibilidade ao centro e à cidade no seu conjunto;

 A qualidade e tipologia das construções.

c) As áreas comerciais – identificam-se pelo:

 Tipo de comércio (diversidade ou especialização);

 O nível do comércio (luxo ou vulgar);

 A localização relativamente ao C.B.D.

d) Áreas industriais e os subúrbios – regra geral onde se localizam


as indústrias, tendo em sua volta bairro de operários que trabalham
nestas fábricas.
Geografia do Urbanismo G0154 89

Sumário
A localização de funções específicas dentro da cidade é feita com
base na planta funcional. A morfologia urbana representa o tipo de
traçado que a cidade apresenta, que nos ajudam a perceber as
diferentes fases de evolução da mesma ao longo da sua história.

Exercícios
1. Caracteriza o C.B.D.

2. Diga á origem da sigla C.B.D.

3. Diferencie áreas residenciais.

4. Porque que os bairros operários, regra geral, localizam-se


próximo de áreas industriais?

N.B. Entregar o exercício nº 2 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 90

Unidade XVIII
As áreas residenciais
Introdução
A maior parte do espaco urbano é ocupada pela área residencial. Na
cidade podemos distinguir diferentes áreas de habitação com
características próprias e reflectindo cada uma o nível social e
económico dos seus habitantes. Um bairro residencial é assim uma
área com aspectos arquitetónicos semelhantes e que se
individualiza no espaço.

Os bairros degradados do centro, os bairros de operários, os bairros


dos subúrbios, mal servidos de transportes ocupados pelas classes
sociais mais pobres e os bairros dos subúrbios de prédios novos
construídos em áreas agradáveis, onde vive a classe média. A
diferenciação social permite assim distinguir os bairros das classes
pobres, dos bairros das classes médias ou ricas. Nos países de
imigrantes e nos países de colonização a esta diferenciação junta –
se a diferenciação racial ou étnica

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer o conceito função urbana;


Objectivos
 Caracterizar tipos de cidades;

 Diferenciar as cidades de acordo com a sua função.


Geografia do Urbanismo G0154 91

Nas cidades europeias

Nas cidades europeias podemos encontrar bairros de classes pobres


junto do centro, os bairros degradados, os bairros das classes
médias, das classes ricas e os bairros dos subúrbios.

 Os bairros degradados são normalmente os bairros mais


antigos da cidade que se situam próximo do CBD.
Constituídos por edifícios antigos e degradados, em más
condições e de rendas baixas, são os bairros onde vivem
pessoas de fracos recursos económicos ou de baixa
condição social. Os habitantes destes bairros são os
marginais, os pobres, os desalojados e os emigrantes que,
embora vivendo no bairro por causas diferentes procuram ai
uma habitante de acordo com os seus fracos recursos.

 Os bairros das classes médias ocupam a maior parte do


espaço urbano. Com diferentes tipos de construções podem
distinguir – se os bairros de operários, os bairros sociais e
os bairros de edifícios novos, normalmente construídos para
serem vendidos por andares. os bairros dos operários e os
sociais, mandados construir pelo Estado, Município, caixas
de Previdência, etc, são construídos por edifícios todos
iguais de aspecto simples e onde a coesão entre eles é
grande, de modo a permitir alojar grande numero de
famílias.

 Os bairros das classes ricas situam – se sempre nos


melhores locais da cidade, regra geral no lado oposto à área
industrial e afastado do centro. Casas individuais com
jardins ou pequenos prédios de luxo e a baixa densidade de
população caracterizam estas áreas residenciais. São bairros
calmos, de fraca circulação, elemento essencial para a sua
preservação, pois se o desenvolvimento da cidade perturbar
estes bairros eles são rapidamente abandonados.
Geografia do Urbanismo G0154 92

 Os bairros dos subúrbios situam se nos arredores das


cidade e resultam do aumento populacional e das
necessidades crescentes de habitação, situados ao longo dos
principais eixos de comunicação, que os ligam à cidade,
estes bairros têm características diferentes conforme o nível
social e económico dos seus moradores e facilidade de
acesso.

É possível dividir os subúrbios em secções em que as casas


construídas são iguais em cada sector: estas casas, todas do
mesmo preço, atraem pessoas de mesma classe social. As
casas ou andares mais caros vão ser ocupados pelas classes
mais favorecidas mas, por outro lado, os bairros de renda
económica são normalmente ocupados por pessoas que não
podem pagar rendas elevadas ou comprar os andares. e nos
subúrbio podem ainda encontrar – se bairros de classe
pobre: os bairros de lata e os bairros clandestinos.

Nas cidades norte - americanas

Nas cidades norte – americanas existem também grandes contrastes


nas áreas residências que marcam diferenças sociais e económicas
dos seus habitantes. Junto do C.B.D, os bairros degradados abrigam
uma população de imigrantes que permite a distribuição das suas
áreas conforme os grupos étnicos ou raciais dominantes: em Nova
Yorque estes <Guetos> são os bairros dos chineses (Chinatown),
dos negros (Harlen), dos Potorriquenhos, dos italianos, dos judeus,
etc. Ao longo dos grandes eixos de circulação e junto das áreas
industriais surgem bairros de lata de imigrantes os <Slums>.

Os bairros das classes médias são constituídos por pequenas casas


com jardim e relvados e de aspecto semelhante, estendendo – se
estes bairros por enormes extensões suburbanas que podem atngir,
60, 80 ou 100 km do centro, como em Los Angeles.
Geografia do Urbanismo G0154 93

As classes ricas habitam na cidade em apartamentos de luxo,


ocupados só durante os dias de trabalho e na periferia em enormes
mansões com grandes áreas ajardinadas.

Nas cidades dos países socialistas

Nas cidades dos países socialistas quer as novas quer as


reconstituídas depois da guerra aplicaram – se principais de
urbanismo originais. Cada bairro residencial e cada imóvel, agrupa
pessoas pertencentes a categorias profissionais muito variadas. Para
la do centro administrativo e comercial os bairros modernos de
blocos todos iguais que refletem o modelo de vida.

Mas esta disposição ideal esta longe de ser generalizada porque nos
arredores de Moscovo ou de outras grandes cidades soviéticas
existem ainda numerosas habitações individuais, dispostas de
forma anárquica.

Nas cidades do Terceiro Mundo

A cidade do terceiro mundo difere bastante entre elas na medida


em que diferem a civilização árabe, hindu, hispano – americanas ou
africanas. Mas mesmo assim é possível reconhecer como traço
comum dos bairros residenciais das suas cidades a grande
segregação social e racial. Os bairros das classes médias e ricas de
prédios ou casas individuais não se estendem por grandes áreas.
Muitas vezes passa – se sem transição para os miseráveis bairros de
lata que rodeiam estas cidades e se situam nos locais de difícil
construção da cidade.

Nas cidades coloniais da África negra o contraste entre os bairros é


também marcado pelas diferenças raciais. Os europeus ocupam as
áreas residenciais da cidade e nos bairros de lata que a envolvem
encontra – se a população indígena constituída por camponeses que
Geografia do Urbanismo G0154 94

procuram na cidade melhor nível de vida, daqui a distinção entre a


<cidade de brancos> e a <cidade de negros>.

Sumário

Nas cidades europeias podemos encontrar bairros de classes pobres


junto do centro, os bairros degradados, os bairros das classes
médias, das classes ricas e os bairros dos subúrbios.

Nas cidades norte – americanas existem também grandes contrastes nas


áreas residências que marcam diferenças sociais e económicas dos seus
habitantes.

Nas cidades dos países socialistas quer as novas quer as reconstituídas


depois da guerra aplicaram – se principais de urbanismo originais. Cada
bairro residencial e cada imóvel, agrupa pessoas pertencentes a categorias
profissionais muito variadas.

A cidade do terceiro mundo difere bastante entre elas na medida em que


diferem a civilização árabe, hindu, hispano – americanas ou africanas.
Mas mesmo assim é possível reconhecer como traço comum dos bairros
residenciais das suas cidades a grande segregação social e racial

Exercícios
1. Identifica as áreas residenciais das cidades europeias.

2. Caracteriza as áreas residenciais das cidades europeias

3. Porque que os bairros operários, regra geral, localizam-se


próximo de áreas industriais?

4. Diga a origem dos subúrbios nas cidades europeias e a sua


localização.
Geografia do Urbanismo G0154 95

5. Refira a divisão dos subúrbios e o que pode – se encontrar


dentro delas?

6. Estabeleça a diferença entre as áreas residenciais das


cidades europeias, norte americanas e do terceiro mundo.

N.B. Entregar dos exercícios desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 96

Unidade XIX
Tipos de cidades
Introdução
A implantação de cada cidade, nas suas origens, é tipicamente
combinado a um abrigo natural. A partir do seculo XIX as cidades
sofre transformações, onde marcaram abertura avenidas, novos
tipos de construções segundo os diferentes estratos sociais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os tipos de cidades;


Objectivos
 Caracterizar tipos de cidades por continentes;

 Diferenciar as cidades de acordo com a sua função.

A cidade Europeia

1. Os bairros residenciais dos arredores


Na periferia da cidade europeia associam – se antigas aldeias em
volta da sua igreja e imoveis colectivos de construção recente. O
desenvolvimento urbano do séc. XX provocou um crescimento da
cidade para a periferia. Estas aldeias que conservaram o seu lugar
de trabalho. Edificaram – se grandes conjuntos de habitações que
albergam centenas ou ate milhares de pessoas; estes edifícios
ocupam os terranos deixados livres pelas casas das antigas aldeias;
estendem – se sobre os espaços agrícolas e tomam a forma de
cidades, muito afastadas dos locais de trabalho: são as cidades –
dormitórios. As formas mais recentes de habitat dos arredores são
as casas individuais muito densas, situadas próximo dos serviços e
das vias de circulação.
Geografia do Urbanismo G0154 97

2. Os bairros industriais dos arredores


No séc. XIX os bairros industriais localizavam – se no interior da
cidade, mas também nos arredores. As residências dos operários
insinuavam – se entre as vias férreas, as oficinas e as fabricas que
datam do princípio da revolução industrial. Estas superfícies
Industriais são reservas fundiárias invejadas e quando as fábricas
deixam a aglomeração elas deixam os terrenos disponíveis para a
construção de grupos de imoveis albergando as classes médias.

3. Os quarteirões do século XIX


Para lá dos limites da cidade medieval construíram – se os
subúrbios da periferia do núcleo histórico. Estes subúrbios
conservam um plano irregular, com ruas estreitas e organizam – se
cada um à volta duma igreja ou duma parca que foi, durante muito
tempo, o coração de uma vida, dum bairro, hoje desparecida. As
construções maciças do seculo passado, apareceram com a
explosão urbana ligada ao capitalismo industrial e sobrepuseram –
se aos quarteirões antigos. Estes foram destruídos, porque foram
englobados no interior do novo tecido urbano feito de imoveis
alinhados; é onde se situam as habitações burguesas, os grandes
armazéns, os serviços; os bancos, os seguros, as companhias
comerciais, a administração e os ministérios – é o centro de decisão
económica. Na periferia aparecem os edifícios de construção
recente: o custo elevado dos terrenos como consequência da
especulação fundiária e da falta de espaço justificam a construção
em altura ou para função residencial ou para sede de empresas
poderosas. As grandes estacoes de caminho-de-ferro do século
passado marcaram o limite entre os bairros de negócios tradicionais
e as zonas industriais. Estes lugares estão, hoje, no centro das
aglomerações e asseguram a função essencial do trânsito de
pessoas entre os arredores e o centro.
Geografia do Urbanismo G0154 98

4.O núcleo central antigo


Na maior parte das cidades europeias, o centro histórico desenvolve
– se à volta da praça da catedral medieval que foi, durante seculos,
a única grande construção da cidade. Os limites da cidade anterior
ao século XIX são marcados por alamedas que substituem as
antigas muralhas. No interior destes limites, o habitat é antigo,
deteriorado e de grande densidade. Estes bairros históricos são
abandonados pelos negócios; as suas ruas estão inadaptadas ao
fluxo da circulação moderna e este velho núcleo esta entupido; por
isto, o centro foi pouco a pouco abandonado às classes populares.
Actualmente, uma renovação se está a fazer nestes núcleos visando
a restauração das casas antigas em benefício das classes
privilegiadas. Os antigos ocupantes são <canalizados> para os
arredores mais distantes e as funções de turismo e a de diversão
invadem o antigo centro.

A cidade Norte – Americana

1. A área industrial
É o grande centro da produção industrial. Os bairros industriais
localizam – se na proximidade imediata do centro, em áreas bem
servidas por redes de circulação, vias férreas, auto – estradas e
pistas de aviação. Metade do espaço é ocupada por vias de
circulação: viadutos e estradas sobrepostas asseguram a penetração
dos fluxos no interior da cidade. A utilização do espaço urbano
traduz o poder das indústrias e a preponderância da circulação, que
caracterizam a geografia económica dos países desenvolvidos.

3. O centro da cidade
Esta construído segundo um plano regular em quadricula, onde as
ruas e avenidas se cortam em ângulos recto e ao longo das quais se
alinham os imoveis em betão, de traçado uniforme.
Geografia do Urbanismo G0154 99

a) O centro de negócio – é o elemento mais espectacular da


paisagem urbana norte – americana com o domínio das construções
em altura. Não se encontra um núcleo antigo como nas cidades
europeias, mas gerações sucessivas de imoveis que se distinguem
uns dos outros pelo estilo e pelas matérias empregues. Estas
construções formam a city que alberga numa superfície reduzida,
administrações e sedes sociais de grandes empresas industriais,
comerciais e bancarias.
b) Os bairros residenciais – o contraste destes bairros com a city é
brutal. Os imoveis parecem escondidos pelos arranha – céus do
centro e tem poucos andares. A mudança no aspecto das
construções traduz a mudança de funções. Enquanto no centro se
opera uma renovação permanente com construções cada vez mais
avançadas, certos bairros residenciais do centro aparecem velhos e
abandonados, são ocupadas, hoje, por população mais pobres,
marginais e de cor – isto exprime uma segregação social.

4. Os arredores residenciais
Para fora do centro da cidade e na transição para os arredores mais
distantes aparecem bairros densamente construídos onde alternam
fábricas e habitações colectivas – é a única forma de habitat
colectivo da periferia. Cada sector de habitação organiza – se à
volta dum centro local de serviços quotidianos, o supermercado e o
seu parque de estacionamento. Certos sectores têm um plano em
quadrícula que prolonga o da cidade, enquanto outros respeitam
mais a topografia. Os loteamentos são feitos pelas empresas que
constroem os imoveis, as estradas e os principais equipamentos.

A cidade Latino – Americana

1. Os bairros de lata nos flancos das colinas


Habitados por populações pobres, sem emprego permanente e de
recursos insuficiente, são construídos com matérias de ocasião
Geografia do Urbanismo G0154 100

(latas, tabuas, cartões, pneus). São habitações sumarias, insalubres,


que formam bairros densamente povoados (favelas no Brasil,
barricadas no Perú, tugúrios na Colômbia, rancheiros na
Venezuela).

Os sítios onde se instalam não oferecem quaisquer condições de


construção para grande imoveis oi fabrica: são colinas de forte
pendor, cheias de abarrancamentos provocados pelas chuvas
tropicais; são as vertentes abruptas dos pães de açúcar, onde os
deslizamentos são frequentes.

5. Os centros antigos
São bairros edificados há já algumas dezenas de anos e que
albergam famílias de classes médias normalmente descendentes de
imigrantes europeus chegados às grandes cidades já no seculo XX
(Buenos Aires, São Paulo, Caracas). O centro colonial construído, a
maior parte das vezes, no século XVI e que foi organizado segundo
um plano em quadrícula à volta de uma grande praça central. À
volta desta praça construíram – se a catedral, os edifícios
administrativos, conventos, com palácio do governador. Este tipo
de planta foi introduzido pelos colonizadores espanhóis na América
espanhola e foi inspiradora noa Romanos. Os velhos quarteirões
colonias foram – se, entretanto, degradando e empobrecido pela
ausência de meios de conservação e aumento muito acelerado da
população urbana – a densidade é ai, muito elevada.
Edifícios como o do mercado permanente, onde as populações
pobres compram os seus produtos correntes, a central de
camionagem, a central de transporte s urbanos, estão ligados ao
centro antigo.

4. O centro de negócio
Desenvolve – se, actualmente, entre as avenidas largas e de grande
movimento automóvel. Instalou – se em espaços ate há pouco
Geografia do Urbanismo G0154 101

ocupados por bairros antigos que foram destruídos. Estes trabalhos


visam aumentar o numero de alojamentos necessários pelo
crescimento da população urbana, mas também alimentam
imobiliárias que nas empresas industriais; depois de ter destruído
um quarteirão degradado, o proprietário aguarda alguns anos e
espera que o terreno se valorize; o terreno permanece não
construído e, muitas vezes é alugado como parque para
estacionamento de automóvel. Os grandes imoveis modernos de
betão e vidro, de traçado vanguardista abrigam novas
administrações, grandes bancos, sedes de sociedades
multinacionais e grandes hotéis.

4. Os arredores ricos, os bairros da lata e os bairros


suburbanos
São fáceis de detectar pela população qua os habita. É fácil saber
quem vive nestes bairros verdes e arejados de grandes casas, pois
formam uma área verde, isolada e protegida. Mas, quanta vez
bastas atravessar a estrada e encontrarmos os bairros de lata
situados junto das lixeiras; populações muito pobres vivem ai. Nos
subúrbios mais afastados, aparecem novas casas em madeira ou de
argamassa pouco consistente que são construídas como as casas do
meio rural. É um sector ainda agrícola onde vivem populações que
trabalham, em parte na cidade, e , em parte no campo.

A cidade da África Negra


1. O porto
Junto do qual subsistem as construções mais antigas e onde se
encontram as mais velhas construções do período colonial. A sua
arquitectura data da época em que os europeus não possuíam ainda
verdadeiras colonias, em Africa, nas feitorias que asseguravam o
tráfico de escravos para as plantações do continente americano e
algum comércio com os povos africanos. A fortaleza que protegia a
cidade era sobranceira à parte comercial antiga. Hoje, o porto
Geografia do Urbanismo G0154 102

assegura a exportação de matérias do porto se dirige para o interior


– é uma via de penetração destinada, em primeiro lugar, a abastecer
o porto em bens de exportação. Para trás, uma fábrica foi
construída para tratar os troncos e preparar as madeiras. É uma
valorização simples do produto de exportação que testemunha uma
industrialização incompleta. Entre a fabrica e o porto encontram –
se palhotas que abrigam trabalhadores das docas.
O porto exprime uma fundição fundamental da cidade; é a partir
dele que os vários bairros se organizam.

2.A cidade moderna


Aparece perto do porto, mas separada das vias férreas por grandes
avenidas; este centro da cidade tem uma construção moderna.
Salvo alguns edifícios da época colonial e algumas casas antigas
inseridas nesta paisagem urbana, tudo revela condições idênticas às
dos bairros modernos das cidades europeias ou americanas. Antes
da independência, estes bairros eram conhecidos, no seu conjunto,
pela <cidade branca> pois era ai que residiam e, sobretudo, que
trabalhavam os funcionários europeus da administração colonial e
os empregados das firmas privadas de comercio e da banca. Depois
da independência, mantiveram o seu papel de residência abastada, a
burguesia africana e a sua função terciaria. A modernidade destes
bairros exprime a introdução da economia moderna no continente
africano.

3. Os velhos bairros coloniais


Formam uma auréola de casas mais antigas em volta da cidade
moderna. A maior parte das casas são de inspiração colonial com
cobertura de telhas vermelhas. São a parte não renovada da antiga
cidade branca e habitada por populações de categorias sociais
variadas. Ao mesmo tempo que subsistem as belas casas colonias,
aparecem outras degradadas e abrigando, hoje uma população de
recursos modestos. Estes bairros, exercem funções urbanas pouco
Geografia do Urbanismo G0154 103

prestigiadas. São ameaçados continuamente pelo alargamento dos


bairros modernos.

4. As pseudo – aldeias
São a parte de cidade completamente distinta. Um conjunto de vias
de tracado geométrico delimita estas ilhas fechadas por certas
baixas. No interior, destas ilhas há muitos tipos de casas; algumas
são construídas sob modelos rurais em madeira ou terra e cobertas
de colmo, outras, são feitas de matérias de ocasião e cobertas de
placas onduladas. Algumas destas construções fazem parte das
estruturas colectivas (escola e dispensário). Na época colonial, era
a cidade – negra, por oposição à cidade branca. Hoje, são bairros de
cidadãos pobres recentemente imigrados; formam a auréola
exterior da cidade. O seu aspecto traduz a maneira como foram
formados e como cresceram. As autoridades traçam um conjunto de
ruas num espaço livre; sobre estas ilhas assim definidas criam lotes
cedido aos novos habitantes que ai constroem as suas casas. Os
proprietários podem fazer lotes do mesmo género. Os novos
citadinos começam a construir como na sua aldeia de origem e
rodeiam a casa de um pequeno espaço de culturas. Mas, com o
tempo, outras casas são construídas para novos imigrantes
enquanto os mais antigos reconstroem as suas com novos materiais.
Isto faz reduzir os pequenos espaços cultivados e deteriora as
condições de habitação pois o equipamento colectivo, muito
sumaria, foi previsto para menos habitantes que os que os bairros
têm na realidade. Estes bairros evoluem pela densificação das áreas
já ocupadas, ocupação das áreas livres e delimitada.

A cidade da África do Norte

1.Os bairros modernos


São bairros ricos de casas individuais e de grandes imóveis; são as
classes sociais ricas que aqui habitam; são pouco numerosas, mas
Geografia do Urbanismo G0154 104

ocupam muito espaço. Algumas são de estilo europeu com telhados


vermelhos, outras lembram a tradição árabe, com forma cubica e
terminando em terraços. Para la destes bairros, há casas baixas em
terra, em zinco ou de tijolos mas servidos por vias de transporte
planeada, feitas para servir os bairros mais ricos que lhe estão
próximos.

2.Os bairros de lata


São os mais pobres da cidade e constituídos por um amontoado de
barracas. O sítio onde se instalam é mau ou porque se encontram
num vale ou porque se desenvolvem ao longo de vertentes com
riscos de deslizamentos. Mas, os habitantes destes bairros só
podem construir em sítios maus, pois não tem dinheiro para
terrenos melhores e sua ocupação não é legal. Uns constroem
abrigos debaixo de terra, outros, utilizam materiais recuperados
como bidons, de onde lhes vem o nome francês de bidonvilles.
Outros, podem comprar alguns materiais e constroem as suas
habitações menos precárias. Estes bairros ocupam áreas não muito
extensas mas densamente povoadas.

3. A cidade – velha
É a Medina, ou a cidade tradicional que existia antes da
colonização: ela data da idade Média. O seu urbanismo é
caracterizado da civilização do mundo árabe. A cidadela, chamada
casbah constitui o principal elemento; foi construída num sítio
defensivo pois a sua função era de defesa da cidade. Porque a
cidade era fechada, as suas portas tinham um papel importante nas
trocas com o exterior, como mostram os mercados.
Normalmente, no centro encontra – se a mesquita - é o centro
religioso e cultural da cidade muçulmana. Ainda hoje, ai se
encontra o mercado, como nas ruas vizinhas onde abundam as lojas
e os artesãos: são os <Souks> ou bazares.
Geografia do Urbanismo G0154 105

No conjunto da Medina, as ruas são estreitas e os becos muito


numerosos; as casas com terraços têm pátios interiores. Isto
corresponde à necessidade de protecção contra o sol e protecção da
vida privada. Mas, a Medina é também a área degradada da cidade;
os novos citadinos que chegam continuamente à cidade, ai se
instalam.
Os princípios do urbanismo que foram satisfatórios para uma
população limitada não se podem revelar eficazes para uma
população cujo efectivo é muito elevado. As populações organizam
as suas habitações e dividem o interior das antigas casas – produz –
se uma densificação e deterioração.

Sumário
Os tipos de cidades em diversos continentes são:
A cidade Europeia
- Os bairros residenciais dos arredores;
- Os bairros industriais dos arredores;
- Os quarteirões do século XIX ;
- O núcleo central antigo.

A cidade Norte – Americana


- A área industrial;
- O centro da cidade;
a) O centro de negócio;
b) Os bairros residenciais Os arredores residenciais.
A cidade Latino – Americana
- Os bairros de lata nos flancos das colinas;
- Os centros antigos;
- O centro de negócio.
- Os arredores ricos, os bairros da lata e os bairros suburbanos.
Geografia do Urbanismo G0154 106

A cidade da África Negra


- O porto;
- A cidade moderna;
- Os velhos bairros coloniais;
- As pseudo – aldeias.
A cidade da África do Norte
- Os bairros modernos;
- Os bairros de lata;
- A cidade – velha.

Exercícios
1. Refira as razões sobre elevado custo dos terrenos nos quarteirões
do seculo XIX, nas cidades europeias.

2.Estabeleça diferença entre tipos de cidades da América do norte e


Latino americana, quanto à Planta.

3. Que medida faz reduzir os pequenos espaços cultivados e


deteriora as condições de habitação nas pseudo – aldeias.

4. Na cidade velha como era caracterizado o urbanismo?

5. O que são Casbah e Souks nas cidades do norte de Africa?

N.B. Entregar todos os exercícios desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 107

Unidade XX
A planta funcional
Introdução
A localização das funções da cidade é normalmente expressa por
uma representação cartográfica, caracterizada simbolicamente: a
planta funcional.

A planta funcional dá – nos a imagem da localização das funções


da cidade ou de áreas da cidade. Os critérios para a sua elaboração
dependem da escala que se pretende cartografar e da importância
da área estudada.

Para se fazer a analise de uma rua, classificam – se as diferentes


categorias de habitat, de comercio, artesanato e industria a partir de
um inquérito sistemático: o número de alojamentos, o número de
lojas ou de actividades, a natureza dessas actividades, a qualidade
dos serviços, os equipamentos colectivos e os utentes desses
equipamentos. Com cores ou símbolos convencionais, podem
depois ser registados numa planta todos estes dados, de modo a
facilitar a comparação dos equipamentos e a sua localização.

A planta funcional permite simplificar a realidade e ajuda a


compreender a organização do espaço urbano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a planta funcional;


Objectivos
 Identificar os diferentes tipos de modelos;
Geografia do Urbanismo G0154 108

 Caracterizar os diferentes tipos de categorias de funções


numa planta funcional;

A escolha de tipos de cidades e a elaboração de modelos da sua


organização resulta da acumulação de factos que revelam o que
revelam o que os espaços urbanos têm de comum.

Tentando explicar a estrutura interna da cidade três teorias (dos


círculos concêntricos, dos sectores e dos centros múltiplos) estão na
base da construção de modelos esquemáticos da organização
funcional das diversas áreas da cidade. Estes modelos empíricos,
tem sido, porem, mais uteis do que as simples descrições das
cidades e abriram o caminho a novas pesquisas sobre a estrutura
interna urbana.

Teoria dos círculos concêntricos (Modelo de Burgess)

Em 1920, nos EUA, uma equipa de sociólogos sob a direcção de


Burgess, iniciou o estudo da estrutura residencial da cidade de
Chicago. Da descrição generalizada das áreas residenciais
estabeleceram as diferenças socio – económicas entre elas e
mostraram a importância dos princípios da ecologia vegetal,
invasão das plantas numa área dada, estabeleceram os argumentos
da sua ecologia urbana.

Esta fundamentação vai servir para a elaboração do modelo dos


círculos concêntricos. Assim, em Chicago distinguiam – se 1920,
cinco zonas concêntricas: o centro de negócio (CBD) área de
comércio e escritório (zona 1); a zona de transição (zona 2),
ocupada pelos novos imigrantes e pelas fábricas antigas, inválidas
na sua periferia interna por escritórios e pelo centro de negócio que
tem necessidades constantes de espaço na sua extensão; a zona de
residência dos operários (zona 3) que puderam, seguindo a
progressão na escala social, deixar a zona 2; a zona residencial das
Geografia do Urbanismo G0154 109

classes médias (zona 4), formada por casas individuais, onde se


instalaram no espaço deixado por outras pessoas que por ascensão
social deixaram aquela zona procurando áreas mais distantes da
cidade onde construíram grandes casas e jardins; quanto à zona 5 é
considerada a zona das cidades satélites, zona de extensão da
cidade em crescimento.

Este modelo descritivo assenta numa ideia importante: a ascensão


social dos citadinos, fundamental na ideologia americana e nos
critérios ecológicos de invasão e sucessão da sociedade urbana em
cada área. Há, assim, um deslizamento das áreas residenciais para o
exterior. Cada grupo social pretende instalar – se na zona seguinte
por que representa uma ascensão social.

O modelo de Burgess teve um enorme sucesso e aplica – se à maior


parte das cidades americanas, o que permitiu a sua verificação. No
entanto, estes círculos concêntricos não são rígidos quando se
observa a realidade. As novas vias de comunicação trouxeram
profundas modificações e o crescimento urbano processa – se
sobretudo, ao longo desses eixos e não tanto pela expansão de cada
área sobre a seguinte. Assim, as cidades mesmo que apresentem
uma estrutura concêntrica, esta é constantemente interrompida e
alterada pelos eixos de circulação que delas saem.

Teoria dos sectores – (Modelo de Hoyt)

Em 1930, um economista americano, Hoyt, ao pretender explicar a


distribuição da renda urbana, mostrou que o elemento motor da
dinâmica e sucessão das áreas residenciais resulta
fundamentalmente da modificação das preferências e escolha dos
locais de residência feita pelas classes ricas. As pessoas de nível
social elevado podem pagar rendas altas e por isso vão morar nos
sectores mais agradáveis da cidade à beira de um lago, colina e de
fácil acesso.
Geografia do Urbanismo G0154 110

Na teoria dos sectores cada tipo de actividade tem uma área bem
marcada na cidade, que esta em contacto directo com o CBD
através dos eixos de circulação que o ligam aquela zona. A
indústria tem um sector bem marcado na estrutura urbana, as áreas
residenciais formam também sectores separados. As classes pobres
da sociedade permanecem nos terrenos dos sectores pouco
atraentes, enquanto as classes médias procuram aproximar – se da
localização das classes mais favorecidas, como na teoria dos
círculos concêntricos. Deste modo as diferenças sociais e a
acessibilidade explicam as diferenças arquitetónicas e dão às
residências características diferentes.

Teoria dos centros Múltiplos (Modelo de Harris e Ullman)


Em 1945 dois geógrafos, Harris e Ullman argumentando contra as
teorias anteriores, provam que as cidades não têm so um centro mas
vários centros que resultaram da integração na malha urbana de
zonas comerciais secundarias ou de antigas aldeias assimiladas pelo
crescimento da cidade. Insistem portanto, que as cidades têm
centros múltiplos dai o seu carácter polinuclear.

A cidade tem uma estrutura celular, isto é, cada centro é


organizador das diferentes áreas da cidade. Esta teoria tem em
conta a evolução das cidades não excluindo a organização
concêntrica ou em sectores.

Sumário
Tentando explicar a estrutura interna da cidade três teorias (dos
círculos concêntricos, dos sectores e dos centros múltiplos) estão na
base da construção de modelos esquemáticos da organização
funcional das diversas áreas da cidade.

Em 1920, nos EUA, uma equipa de sociólogos sob a direcção de


Burgess, iniciou o estudo da estrutura residencial da cidade de
Geografia do Urbanismo G0154 111

Chicago. Da descrição generalizada das áreas residenciais


estabeleceram as diferenças socio – económicas entre elas e
mostraram a importância dos princípios da ecologia vegetal,
invasão das plantas numa área dada, estabeleceram os argumentos
da sua ecologia urbana.

Em 1930, um economista americano, Hoyt, ao pretender explicar a


distribuição da renda urbana, mostrou que o elemento motor da
dinâmica e sucessão das áreas residenciais resulta
fundamentalmente da modificação das preferências e escolha dos
locais de residência feita pelas classes ricas.

Em 1945 dois geógrafos, Harris e Ullman argumentando contra as


teorias anteriores, provam que as cidades não têm só um centro mas
vários centros que resultaram da integração na malha urbana de
zonas comerciais secundarias ou de antigas aldeias assimiladas pelo
crescimento da cidade. Insistem portanto, que as cidades têm
centros múltiplos dai o seu carácter polinuclear.

Exercícios
1. Fale da finalidade duma planta funcional.

2. Enumere os diferentes tipos de modelos duma planta


funcional.

3. Enuncie a teoria dos geógrafos Harris e Ullman.

N.B. entregar todos exercícios desta unidada


Geografia do Urbanismo G0154 112

Unidade XXI
A cidade, foco organizador do
espaço
Introdução
Uma cidade é, por excelência, um local de trocas; trocas materiais e
trocas espirituais. Trocas materiais, porque a sua localização e
importância tornam o local mais favorável à distribuição dos
produtos da terra, à produção e à distribuição dos produtos
manufacturados e industriais e, por fim, ao consumo de bens e de
serviços muito variados.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhece o foco organizador do espaço;


Objectivos
 Identificar os tipos de produtos de trocas comerciais;

 Descrever as relações entre a cidade e o campo.

A estas trocas materiais ligam – se as trocas espirituais: a cidade é,


por excelência, a sede do poder administrativo, este por sua vez
representativo do sistema económico, social e politico; e é,
igualmente, o local privilegiado da função educativa e de grande
número de fontes de lazer, espectáculos e representações que
implicam a presença de um público bastante numeroso.
Geografia do Urbanismo G0154 113

Relações de dependência entre a cidade e o campo

Um dos temas mais ricos da geografia moderna é, o ads relações


cidade – campo. Com efeito, apeasr da tendência tradicional nos
campos, para uma economia fechada e independente das cidades, é
contudo excepcional que se não tenham desenvolvido formas
especializadas de agricultura, em função dos mercados urbanos,
ainda quando as distâncias de transporte por estradas ou vias
fluvias se traduziam em tempos, muito mais longos dos actuais.
Também as cidades raramente formam <quistos> no meio campo,
pelo que não podem ser estudadas apenas como formas de
povoamento ou centro de produção, mas igualmente como centros
de convergência e de irradiação de fluxos de natureza diversa –
demográfica, económica, cultural. As suas verdadeiras funções
servem toda uma região, e a população fundamental de cada cidade
traduz o seu poder de organização do espaço. As relações cidade –
campo não são no entanto um problema novo, mas um problema
que se poe desde há seculos em termos de simbiose, antagonismo
ou simples justaposição e que ganhou uma importância
considerável com a revolução industrial e o crescimento urbano dos
últimos tempos, no entanto, ainda hoje, a morfologia, a estrutura e
o dinamismo de muitas cidades, são puro reflexo da vida rural da
região.

O geografo francês Max Derruau, esquematiza deste modo as


relações cidade – campo:

- No domínio da população, o campo fornece à cidade, sobretudo


nos momentos de grande crescimento desta, migrantes definitivos
(êxodo rural).

- Entre a cidade e o campo estabelecem – se migrações alternantes


como nos arrabaldes próximos e médios. Neste caso, o ritmo não é
Geografia do Urbanismo G0154 114

necessariamente diário, mas por exemplo semanal, pelo que o raio


da área de migração pode ser bastante grande.

- Sem uma periodicidade fixada de antemão, a cidade atrai pelas


suas funções um certo número de ruinas que ai se dirigem para
efectuarem negócios, efectuarem compras ou cumprirem
formalidades.

Inversamente, a cidade envia ao campo, representantes do


comércio, distribuidores e especialistas diversos. É muitas vezes a
cidade que, pelas suas universidades e suas escolas de agricultura,
faz progredir a técnica agrícola. Em contrapartida o campo e o
laboratório da escola urbana. Resumindo, cada cidade exerce a sua
influência numa área com um raio teórico determinado, ocupando
também teoricamente o seu centro. Dentro desse espaço, a cidade
exerce um papel fundamental como principal comprador dos
produtos da sua área e, também como principal fornecedor de bens
e serviços em funções que só tem viabilidade económica se
servirem grandes espaços; a cidade torna – se assim, o lugar mais
central da sua área de influencia urbana.

Como já se viu uma cidade exerce uma certa atracção à sua volta,
devido principalmente à existência de bens e serviços não
disponíveis nos outros locais. Diz – se então que numa determinada
localidade existem disponíveis bens centrais em funções centrais;
por tal acontecer essa localidade designa – se lugar central.

- Bem central – Artigo ou serviço que so é adquirível num


determinado lugar que é central em relação ao conjunto da
população que o procura.
- Função central – Actividade económica terciaria (comercio ou
serviço) que assegura o funcionamento de um bem central.
Geografia do Urbanismo G0154 115

- Função rara – Actividade económica terciaria que só se encontra


em lugares centrais de maior importância (ex. Hotel, Banco, etc).
- Função Vulgar - Actividade económica terciaria que se encontra
em geral em todos os lugares centrais e com diversos
estabelecimentos (ex. mercearia, padarias, taberna, etc.)
- Localização dos bens centrais – a menor ou maior abundancia
numa determinada área de uma função económica terciaria,
depende essencialmente das leis da oferta e da procura. Assim para
cada função existe uma área de atracção que é considerada como
mínima para que a actividade seja substituída.

Sumário
Uma cidade é, por excelência, um local de trocas; trocas materiais e
trocas espirituais. Trocas materiais, porque a sua localização e
importância tornam o local mais favorável à distribuição dos
produtos da terra, à produção e à distribuição dos produtos
manufacturados e industriais e, por fim, ao consumo de bens e de
serviços muito variados.

Relação campo - cidade


- No domínio da população, o êxodo rural.

- Entre a cidade e o campo estabelecem – se migrações alternantes


como nos arrabaldes próximos e médios.

- Sem uma periodicidade fixada de antemão, a cidade atrai pelas


suas funções um certo número de ruinas que ai se dirigem para
efectuarem negócios, efectuarem compras ou cumprirem
formalidades.

Cada cidade exerce a sua influência numa área com um raio teórico
determinado, ocupando também teoricamente o seu centro.
Geografia do Urbanismo G0154 116

Exercícios
4. Refira as razões porque é que as cidades são consideradas
foco organizador do espaço?

5. Estabelece relação entre campo - cidade.

6. Diga porque a cidade é considerada lugar central?

7. Refira as funções raras e vulgares duma cidade.

8. Estabeleça entre bem central e função central.

N.B. Entregar dos exercícios desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 117

Unidade XXII
Problemas Urbanos
Introdução
As cidades do mundo apresentam vários tipos de problemas.
Quanto mais antiga e maior for a cidade, mais diversificados e mais
complexos são os problemas que se reflectem de uma forma directa
ou indirecta nas populações urbanas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os principais problemas urbanos;


Objectivos
 Explicar as causas dos problemas urbanos;

 Descrever os efeitos dos problemas urbanos.

Os problemas urbanos são tão complexos e diversificados que é


impossível fazer uma abordagem, por mais simples que seja, de
todos eles.

Os problemas mais comuns e mais importantes para a maioria das


grandes cidades são: a saturação e “sares”, o trânsito, a
marginalidade, criminalidade, delinquência, abastecimento,
poluição, abastecimento, lixo e esgoto (saneamento do meio) e as
periferias urbanas.

Saturação e “stress” – são doenças comuns do homem urbano,


provocadas pela vida moderna e agitada, sempre regulada pelo
relógio.
Geografia do Urbanismo G0154 118

Trânsito – é um problema de difícil solução para a maioria das


cidades, principalmente nas áreas mais antigas onde as ruas são
estreitas e tortuosas que não escoam o trânsito, com particular
realce nas horas da ponta. Engarrafamentos, lentidão, nervosismo e
cansaço, são as consequências diárias do trânsito caótico que a
maioria das cidades atingiu.

Em alguns casos, tem se tomado algumas medidas que, entretanto,


não tem atingido objectivos que se pretende, como a criação de
corredores ou faixas, criação de parques de estacionamentos nas
entradas das cidades a fim de evitar a entrada das viaturas
particulares até ao local de trabalho.

Marginalidade, criminalidade e delinquência - características


típicas de bairros pobres, sem condições, onde o desemprego, a
carência de habitação, a promiscuidade, os assaltos, a droga, a
prostituição, a delinquência juvenil, o alcoolismo, a desagregação
familiar, são problemas diários da população. Eles serão tanto
maiores e mais frequentes quanto maior for a cidade.

Abastecimento – a cidade é um centro de consumo por excelência e


no seu interior pouco se produz, pelo que a maioria dos bens e
produtos tem de vir de fora e chegar aos centros distribuidores a
“tempo e hora”. Ex: produtos alimentares, energia, água potável,
são os principais produtos de que a cidade necessita no seu dia-a-
dia e, para chegar ao consumidor, exigem multiplicidade de
canseiras e problemas variados que é necessário ultrapassar.

Poluição – tanto a poluição atmosférica como a sonora são dois


terríveis problemas que a cidade do nosso tempo enfrenta. As
chaminés das fábricas, os escapes dos milhares de automóveis e
tantas outras fontes poluentes estão a tornar a atmosfera urbana
irrespirável.

A poluição sonora provocada por centenas de agentes, estão a


originar varias doenças, a ponto de levar os pacientes a saturação.
Geografia do Urbanismo G0154 119

Lixo e saneamento – os lixos urbanos apresentam um duplo


problema: retirá-los da via pública de modo a manter as vias as ruas
e praças limpas e dar destino as centenas de toneladas produzidas
diariamente.

A poluição dos solos e das águas, os riscos para a saúde pública,


são uma consequência, cada vez mais sentidas, do lixo urbano.

Periferias urbanas – muitas periferias caracterizam-se por se


espaços urbanos ou periurbanos pobremente infraestruturados e
mal equipados. Nestas áreas vivem populações mais modestas e
muito dependente do centro urbano quanto ao emprego, comércio,
escolas de níveis superior, etc. As periferias urbanas também
apresentam problemas de água, electricidade, saneamento,
transporte, etc.

As periferias urbanas, além dos seus problemas próprios, podem


constituir aspecto de preocupação por duas razões:

 Por afectarem o equilíbrio ecológico da região e atingirem


ecossistemas de especial valor;

 Por cercarem e congestionarem o centro urbano principal,


limitando a sua área central, as suas possibilidades futuras
de expansão ou ainda por criarem conjuntos urbanos
desequilibrados com funcionamento deficiente. Ex: a cidade
da Beira.

É importante considerar a dinâmica das periferias urbanas por


serem áreas do território urbano mais sujeitas a mudanças. Dai a
importância de acompanhar estas alterações e intervir sempre que
necessário através dos P.D.M (Plano Director Municipal) ou
mesmo P.G.U (Plano Geral de Urbanização).

Uma má ocupação do território da periferia, nas primeiras fases de


crescimento, pode tornar inviável uma solução optimizada do
espaço no futuro. Dai que o planeamento das periferias urbanas,
Geografia do Urbanismo G0154 120

deve ser o mais cuidado, sob pena da população ai residente sentir-


se marginaliza e constituir focos de tensão social.

Sumário
Dada a sua natureza e o número de população que ai habita, as
cidades apresentam vários tipos de problemas. Os problemas são
tão complexos e diversos quando maior e mais antiga for a cidade.

Exercícios
1. Quais são os principais problemas urbanos?

2. O saneamento do meio é um problema sério nos P.V.Ds e tem


consequências negativas na saúde pública. Diga quais são os
problemas de saúde pública que o fraco saneamento do meio
provoca.

3. Porque se diz que o não ordenamento territorial das periferias


urbanas pode constituir focos de tensão no futuro?

N.B. Entregar o exercício 2 e 3 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 121

Unidade XXIII
A legislação urbana
Introdução
A vida urbana é regulada por um conjunto de normas e princípios
que tem como propósito garantir o normal funcionamento das
instituições.
Nesta unidade procura-se dar a conhecer os aspectos legalmente
patológicos que interfere no crescimento urbano, os casos de desvio
da letra e de espírito das leis urbanas e as suas consequências.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer as leis e normas que regulam a vida urbana;


Objectivos
 Diferenciar leis das normas urbanas;

 Explicar o tipo de ilegalidades que se regista nas cidades.

A legislação urbana visa estabelecer regras para minimizar


conflitos entre vizinhos e interesses relativos ao património e
também dar orientações claras ao processo de administração do
território, evitando assim, a completa arbitrariedade da acção do
município a quem cabe a responsabilidade dessa administração.

Há regras gerais estabelecidas pela legislação nacional que limitam


as possibilidades construir e de aproveitar os terrenos em todo o
território urbano.

Por outro lado, há leis que estipulam a forma de fixar as regras


específicas dos locais e das regiões. Pode ser através do poder
discricionário dos municípios, através de posturas camarárias, ou
Geografia do Urbanismo G0154 122

através dos planos previamente aprovados nos termos da lei, como


é o caso da lei de uso e aproveitamento do solo.

Em termos de planos de urbanização há ainda as leis dos


loteamentos que permitem à iniciativa privada chamar a si
operações de urbanização, uma vez obtido alvará a conceder pelo
município. É esse alvará que permite o parcelamento do terreno em
lotes e a sua urbanização/infraestruturação para fins de utilização
urbana e industrial.

Também interessa referir as leis sobre competência das autarquias


locais e sobre as finanças locais que condicionam as formas de
administração e as suas limitações, face aos recursos financeiros.

Há ainda importantes leis sobre os aspectos ambientais e áreas


protegidas de valor natural e ecológica. A própria constituição
estabelece que todo o cidadão tem o direito de usufruir de um
ambiente saudável e tem também a obrigação de o defender.

Outro tipo de legislação com interesse é referente aos aspectos


sectoriais, como estradas, água, linhas de drenagem, áreas costeiras
e domínio público marítimo, implantação e protecção de edifícios
públicos, extracção de solos, património cultural, etc.

Entretanto, é importante referir que as normas urbanas,


diferentemente de outros dispositivos regulamentares e das leis em
geral, não podem ser idênticas em todos os lugares, por dois
motivos:

 Aplicam-se ao território e este é variado em si mesmo;

 Destinam-se a fazer cidade, espaço urbano, e este tem que


assumir formas diversificadas, próprias da complexidade
desse órgão destinado à instalação das comunidades
humanas.

Para além da sua especificidade, conforme o local, as normas


urbanísticas ou regulamentos dos planos, deverão ser estipulados
Geografia do Urbanismo G0154 123

pelos municípios e na sua aprovação, deve-se contar com a


participação das populações.

Quando plano urbanístico se mostrar insuficiente para a sua


finalidade, poderá ser completado com outras regras sob forma de
postura camarária, garantindo contudo, a sua compatibilidade com
a demais legislação vigente.

As ilegalidades urbanas

Uma grande parte das ilegalidades cometidas no domínio da


construção e da extensão urbana é provocada pelo desajuste entre o
articulado legal e a cultura (entendimento das populações).

Nota-se nas periferias urbanas e nas vilas distritais que cada um


constrói conforme lhe parece melhor, sem observância do
ordenamento territorial. Isto acontece porque muitos dos novos
residentes destes espaços ainda não atingiu a mentalidade urbana.
Por outro lado, uma grande parte da população que migrou do
campo para as cidades ou vilas, procurou construir habitações de
acordo com as suas possibilidades.

Esta situação levantou dois problemas: a ocupação desordenada do


solo urbano e vilas e a venda ilegal de parcelas urbanas infligindo
as leis e regulamentos vigentes.

Outros erros mais frequentes relacionam-se com a falta de áreas


para a construção de infra-estruturas sociais, traçados com má
drenagem de superfície ou mesmo com ocupação de leitos,
resultando num tecido urbano sem estrutura clara, de
funcionamento incómodo e com elevados custos sociais.

Outras ilegalidades comuns nas cidades actuais, relaciona-se com a


proliferação de construções ilegais sem licença e a má gestão de
solo urbano.

Em relação a construções ilegais, tem se tomado medidas que vão


desde a aplicação de multas a demolições.
Geografia do Urbanismo G0154 124

A desconfiança entre serviços municipais e o cidadão, os elevados


custos dos projectos e dos processos, a burocracia, são incentivos
que jogam a favor das ilegalidades, por vezes reforçados por um
ambiente de corrupção ao nível da fiscalização.

Sumário
A legislação urbana é extremamente importante no
desenvolvimento urbano porque estabelece equilíbrio entre
diversos actores no meio urbano, estabelece o sentido de justiça e
equidade.
A falta de observância da legislação urbana, estimulada muitas
vezes por elevados custos de projectos e dos processos, a
burocracia, gera ilegalidades urbanas que se manifesta pela
ocupação desordenada do solo urbano com as respectivas
consequências que dai advém.

Exercícios
1. Mencione as leis que regulam o funcionamento urbano.

2. O que estimula as ilegalidades urbanas?

N.B. Entregar exercício 1 e 2 desta unidade.


Geografia do Urbanismo G0154 125

Unidade XXIV
Desenvolvimento urbano e os
problemas ambientais
Introdução
Para os urbanistas, defensores de um planeamento a longo prazo, o
desenvolvimento sustentável é uma outra forma de expressar o
planeamento urbano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar os problemas ambientais que o desenvolvimento


Objectivos acelerado dos centros urbanos provoca;

 Identificar os objectivos propostos para garantir o


desenvolvimento urbano sustentável;

 Mencionar medidas a tomar para reduzir a poluição urbana.

Em termos correntes, os prazos de planeamento podem assim


classificar-se na prática urbanística em Imediato, quando for menor
de 5 anos; curto prazo, entre 5 a 10 anos; médio prazo de 10 a 20
anos; longo prazo, de 20 a 30 anos e muito longo prazo de 30 anos
em diante.

O planeamento das cidades e das regiões tem que contar com


grandes inércia no sistema e com a própria persistência de traçados.
Há ruas com centenas de anos e o seu traçado pode ainda coincidir,
na sua diretriz, com o que fora adaptada há mil ou dois mil anos.

A medida que se materializam as componentes de uma cidade é


muito difícil mudá-las de sítio e até de características. Ora o
Geografia do Urbanismo G0154 126

urbanista não pode mudar as ruas que traçou ou os lotes que


parcelou.

Assim, o novo conceito de planeamento para um desenvolvimento


sustentável acaba por equivaler ao antigo conceito de planeamento
a longo e muito longo prazo.

É nesse planear a longo prazo que se integra a noção de


sustentabilidade, ou seja, a política de garantir que os recursos que
hoje usamos não deverão pôr em causa as gerações futuras e a sua
possibilidade de também usufruírem desses recursos.

O espaço urbano visto em sentido restrito é, normalmente e em si


mesmo, insustentável, como eram as cidades muralhas sujeitas a
longos cercos. A degradação acentuada do espaço urbano, a
poluição urbana de todo o tipo, as chuvas ácidas, o efeito de estufa
e outros males, mostra os perigos crescentes que o
desenvolvimento urbano acelerado provoca.

A volta de cada centro urbano era corrente dispor-se de uma área


de que o centro dependia em termos de abastecimento. Nesse
conjunto simbiótico poderia organizar-se um sistema de
desenvolvimento sustentável.

Entretanto, novas ambições consumistas, o crescimento da


população e outros factores poderão tornar insustentável o
desenvolvimento nestes espaços restritos.

Assim, um planeamento urbanístico em que se consiga a redução


das áreas de expansão, pelo seu melhor aproveitamento, é um passo
positivo no sentido de sustentabilidade.

De igual modo se isso contribuir para a redução das necessidades


de consumo ou reaproveitamento de materiais já usados, através da
reciclagem, será positivo. Tudo que for feito no sentido de reduzir
Geografia do Urbanismo G0154 127

as deslocações obrigatórias no espaço urbano também será no


sentido de sustentabilidade.

Dado que a vida de uma cidade se pode definir como um processo


de assimilação de produtos (consumo) e desassimilação, é claro que
o desenvolvimento sustentável aponta para todas as medidas que
visem a melhor re-assimilação que voltará a integrar os circuitos da
venda em vez de amontoarem em depósitos de lixo e locais
poluídos.

Todo o processo de limpeza de esgotos e sua reutilização, e todo o


processo de recolha, selecção, reciclagem e tratamento final dos
resíduos sólidos, são exemplos de sectores onde se pode aplicar
políticas visando desenvolvimento sustentável.

A manutenção de espaços verdes, a redução da poluição urbana, a


melhoria das condições de saneamento urbano, o ordenamento
territorial dos bairros periféricos, são problemas que afectam o dia-
a-dia das nossas cidades que urge ultrapassar. Sabe-se porem que é
difícil cumprir estes objectivos.

Em muitas das grandes cidades um dos maiores problemas é o da


poluição provocada pela circulação de viaturas privadas,
justificando maiores investimentos no transporte público (“limpo”).

Neste objectivo de transporte limpo não se deve menosprezar uma


política de estímulo e apoio afectivo aos peões e ciclistas. Um
caminho bom, cómodo e até atraente pode levar muitas pessoas a
optar pelo transporte colectivo e este simples facto pode contribuir
para o equilíbrio do sistema.
Geografia do Urbanismo G0154 128

Há exemplos na Suíça, nomeadamente em Genéve, onde uma


política bem conduzida com esta intenção veio a mostrar-se muito
positiva no incentivo à deslocação a pé da estação para os locais de
trabalho. Também há um bom exemplo da política de uso de
bicicleta na Holanda.

Assim, surgiu toda uma metodologia chamada impacte ambiental,


por vezes mais abrangente, englobando aspectos económicos,
sociais, urbanísticos/tecnológicos aos indicadores ambientais e
desequilíbrios ecológicos.

Sumário
Na actualidade, para levar a cabo qualquer empreendimento
urbano, recomenda-se o Estudo de Impacto Ambiental por forma a
evitar problemas ambientais mais graves no futuro.
O Estudo do Impacto Ambiental deve significar a consulta as
populações. A adopção desses processos reduzem os malefícios das
operações e, nalguns casos, podem praticamente anulá-lo.

Exercícios
1. Mencione os problemas que o desenvolvimento urbano
acelerado provoca?

2. Mencione algumas estratégias a seguir para reduzir a poluição


urbana.
Geografia do Urbanismo G0154 129

Bibliografias Consultadas

LEITE, I. Geografia. Geral, Lisboa, Edições ASA, 1989.

NAKATA, Hirome e Coelho, Marcos Amorim, Geografia geral, S. Paulo, Editora Moderna,
1978.

VESENTINI, J. W. Sociedade & Espaço. São Paulo: Editora Afiliada. 2008.

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