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Manual de Curso de licenciatura em Ensino de

Geografia

Técnicas e
Metodologias em
Geografia Humana
G0156

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais.

Universidade Católica de Moçambique


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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Félix Wilson, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na
elaboração deste manual:

Pelos arranjos técnicos, pesquisa dos materiais e Sr. Joe Henrique Andicene
fontes de ilustrações.
Inspecção da DPEC - Sofala

Pela maquetização e revisão final Heitor Simão Mafanela Simão

Elaborado Por: dr. Félix Wilson

Licenciado em Geografia
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo a Técnicas e Metodologias em Geografia Humana ....................................... 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 2
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 3
Acerca dos ícones .......................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 5
Avaliação .......................................................................................................................... 5

Unidade I 7
Geografia Humana ............................................................................................................ 7
Introdução ................................................................................................................ 7
Sumário ............................................................................................................................. 9
Exercícios.......................................................................................................................... 9

Unidade II 10
Conceitos chaves em geografia humana ......................................................................... 10
Introdução .............................................................................................................. 10
Sumário ........................................................................................................................... 18
Exercícios........................................................................................................................ 18

Unidade III 19
Campos de geografia humana ......................................................................................... 19
Introdução .............................................................................................................. 19
Sumário ........................................................................................................................... 21
Exercícios........................................................................................................................ 21

Unidade IV 22
Técnicas e métodos em geografia humana ..................................................................... 22
Introdução .............................................................................................................. 22
Sumário ........................................................................................................................... 23
Exercícios........................................................................................................................ 23

Unidade V 25
Percepção do Espaço ...................................................................................................... 25
Introdução .............................................................................................................. 25
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 ii

Sumário ........................................................................................................................... 28
Exercícios........................................................................................................................ 29

Unidade VI 31
Trabalho no Campo ........................................................................................................ 31
Introdução .............................................................................................................. 31
Sumário ........................................................................................................................... 35
Exercícios........................................................................................................................ 36

Unidade VII 37
Inquéritos ........................................................................................................................ 37
Introdução .............................................................................................................. 37
Sumário.......................................................................................................................... 41
Exercícios........................................................................................................................ 41

Unidade VIII 43
Sistemas de Informação .................................................................................................. 43
Introdução .............................................................................................................. 43
Sumário.......................................................................................................................... 46
Exercícios........................................................................................................................ 46
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 1

Visão geral
Bem-vindo a Técnicas e
Metodologias em Geografia
Humana
O presente módulo I de Técnicas e Metodologias em geografia
Humana tem por objectivo debater sobre aspectos metodológicos
inerentes a pesquisa e aprendizagem da Geografia Humana, que é
aquela que se preocupa com o espaço humanizado, ou seja, a
interacção entre a sociedade e o espaço.

Nele iremos debater sobre os conceitos chaves em Geografia


Humana, os seus campos, as técnicas e métodos por ela usados;
também iremos falar sobre o espaço, o trabalho de campo, o
inquérito, os sistemas de informação, a informática em geografia, e
a pertinência dos jogos e simulações, entre outros aspectos.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Técnicas e Metodologias em
Geografia Humana será capaz de:

 Explicar os conceitos de Técnicas e Metodologias em Geografia


Humana.

 Descrever a importância das Técnicas e Metodologias em


Objectivos
Geografia, no processo de ensino e aprendizagem da Geografia
Humana.

 Mencionar vantagens do uso das Técnicas e Metodologias em


ensino da Geografia.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 2

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que tenham tido
oportunidade de estudar a introdução á Metodologia de
Investigação Científica, cadeira que serve de base para se encontrar
as diferentes formas específicas de pesquisa científica da Geografia
Física.
Na actualidade usam se os conhecimentos que as novas tecnologias
nos proporcionam, mas sem descurar dos métodos clássicos de
investigação, razão pela qual, apresentamos neste módulo, tanto as
técnicas e métodos clássicos como os que são fruto dos avanços da
tecnologia científica.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 3

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 4

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 5

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)
palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
consulteos.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 7

Unidade I
Geografia Humana
Introdução
Esta unidade fará uma referência especial à Geografia Humana, em tanto
que uma ciência humana que se consagra ao estudo e a descrição da
interacção entre a sociedade e o espaço.

Ao completar esta unidade / lição, o estudante deverá ser capaz de:

 Conceituar a Geografia Humana.

 Identificar o objecto do estudo da Geografia Humana.


Objectivos
 Explicar a distribuição e as características dos povos - área de
estudo específica da geografia das populações.

 Mencionar várias características que se devem ter em conta no


estudo da distribuição das populações.

Geografia humana é uma ciência humana que se consagra ao estudo e a


descrição da interacção entre a sociedade e o espaço. Ela ajuda o homem
a entender o espaço em que vive. Pode-se compreender o objecto da
geografia humana como sendo a leitura crítica das percepções e
transformações humanas sobre o espaço que a compreende, no
transcorrer do tempo, assim como a incidência do espaço sobre a
sociedade bem como o estudo do homem em que vivemos no sentido da
relação do homem com o espaço, o homem espacializado.

Um dos problemas centrais da geografia humana é explicar a


distribuição e as características dos povos -- área de estudo específica da
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 8

geografia das populações. Essa distribuição, porém, somente pode ser


compreendida quando se presta atenção à forma como os povos
satisfazem suas necessidades e garantem sua subsistência; a seus valores
culturais e sociais, ferramentas e organização, que são os campos de
estudo da geografia cultural e social; à forma como se concentram em
cidades e áreas metropolitanas, objecto da geografia urbana; a sua
organização política, estudada pela geografia política; a sua saúde e às
doenças que os afectam, campo da geografia médica; e à evolução de
seus hábitos, matéria da geografia histórica.

No estudo da distribuição da população, a geografia das populações leva


em conta várias características, como crescimento, quantidade,
densidade, idade, sexo, fertilidade, mortalidade, crescimento natural e
ocupação; divisão em grupos rurais e urbanos, étnicos, linguísticos ou
religiosos; e migrações. Em geral, os geógrafos não se contentam com
médias nacionais, que frequentemente encobrem fortes contrastes
regionais. Em lugar disso, tentam medir e descrever variações regionais
e locais. Em algumas regiões, por exemplo, a população aumenta,
enquanto em outras declina, e essas variações são quase sempre
acompanhadas de fluxos migratórios substanciais. (Jones Godinho Abril
2008)
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 9

Sumário
A Geografia Humana, o objecto do seu estudo, a distribuição e as
características dos povos – área de estudo específica da geografia das
populações e as características a ter em conta no estudo da distribuição
das populações.

Exercícios
1. Conceitue a Geografia Humana.

2. Identifique o objecto do estudo da Geografia Humana.

3. Explique a distribuição e as características dos povos - área de


estudo específica da geografia das populações .

4. Mencione várias características que se devem ter em conta no


estudo da distribuição das populações.

Entregar ao docente e nos prazos definidos, respostas das perguntas 1


e 4.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 10

Unidade II
Conceitos chaves em geografia
humana
Introdução
Nesta unidade vão ser passadas em revista várias questões
relacionadas com os conceitos chave em geografia humana, nos
seus diversos contextos, do ponto de vista da
interdisciplinaridade, tal como: o espaço-matemático, espaço-
físico, espaço-sideral, espaço-cultural, etc.

Ao completar esta unidade / lição, o estudante deverá ser capaz de:

 Identificar os principais conceitos chave em geografia


humana.

Objectivos  Mencionar as várias acepções da palavra espaço

 Explicar cada conceito chave de acordo com o seu


contexto situacional.

Espaço

A palavra espaço possui várias acepções. Entre elas encontram-se:

Espaço Geográfico

O espaço geográfico. O espaço é o objecto de interesse da geografia.


Assim como os fatos variam no tempo, o espaço se acumula a partir dos
acontecimentos (lógica filosófica). Diz-se que o espaço apresenta-se
estruturado, i.e., que é possível medir-se sua estrutura. Conforme o
tempo passa, uma rugosidade se acumula e essa acaba por lhe conferir
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 11

particularidades. Do ponto de vista geológico é o relevo que se torna


presente. Do ponto de vista urbanístico são as ruínas, de uma
arquitectura passada, hoje encontrada na forma de fragmentos, que
ajudam a tecer um espaço urbano ou rural...

Espaço matemático

Na matemática, o espaço é um conjunto, geralmente com alguma


estrutura adicional. O espaço também surge, na geometria, de um
volume tridimensional, que pode ser limitado e definido.

Na geometria euclidiana e na física clássica, o espaço euclideano é


definido como o conjunto de posições que possa ser descrito atribuindo-
se a cada posição três coordenadas, respeitadas duas condições: i) valha
o teorema de Pitágoras e ii) respeite a norma euclideana.

O Espaço vectorial é semelhante ao espaço euclidiano, ele é usado para


representar um vector que começa na origem com as coordenadas de um
ponto, indicando a sua norma e seu sentido.

Espaço físico

Curvatura do espaço-tempo (especulação teórica)

Na física, existem certas discordâncias a respeito da definição exacta


de espaço:

1. Uma estrutura definida por um conjunto de "relações espaciais"


entre objectos;
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 12

2. Um conteúdo limitado e definido por sistemas de coordenadas


onde um objecto pode ser localizado;
3. A entidade que separa os objectos e impede que eles entrem em
contacto directo
4. A condição dentro do domínio da existência que permite
quaisquer manifestações como o movimento e os fenómenos da
dinâmica.
5. Uma extensão indefinida onde se encontram todos os corpos do
universo.

Espaço_ É a região compreedida entre dois pontos consecutivos.

Espaço arquitectónico e espaço sideral

O espaço também é uma matéria da arquitectura. É configurado através


da forma arquitectónica através da construção; fruído quando a
construção é penetrada, seja por habitantes ou espectadores, mas sempre
como usuários da arquitectura. O espaço arquitectónico tem seus
próprios significados culturais, psicológicos e emocionais. Por exemplo,
podemos dizer que existem espaços arquitectónicos religiosos. Este
espaço produz uma sensação de reflexão, introspecção dedicados e
necessários à sua função. Portanto, um espaço arquitectónico pode
promover diversas sensações num indivíduo tais como religiosidade,
protecção, segurança, entre outros e a astronomia usa a palavra espaço
para se referir à porção vazia do universo (espaço sideral) onde existe
apenas o vácuo, para além das eventuais atmosferas dos planetas. (Usa-
se o termo "espaço externo" ou "espaço sideral" para distinguir-se do
espaço com ar e o espaço na Terra).

Espaço interplanetário. Designação usada sobretudo com relação aos


espaços existentes entre os planetas do nosso próprio Sistema Solar. Por
extensão, a distância entre os eventuais planetas de qualquer dado
sistema estelar.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 13

Espaço interestrelar - As porções de quasi-vácuo existentes entre as


estrelas. Diz-se sobretudo com relação aos espaços entre as estrelas da
nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Espaço intergalático - As desoladas vastidões entre as galáxias. Só da


Via Láctea à sua galáxia-satélite mais próxima, a Grande Nuvem de
Magalhães, são 152.000 anos-luz. Até sua galáxia irmã, a mais próxima
de forma e tamanho similares, Andrômeda, 2.200.000 anos-luz. E a
partir daí para distâncias imensamente

Espaço e Filosofia

Questões filosóficas envolvendo o espaço incluem: é o espaço absoluto ou


relativo? O espaço tem uma geometria correcta, ou a geometria espacial é
puramente convencional? Alguns teóricos se posicionaram a respeito dessas
questões: para Isaac Newton o espaço é absoluto, enquanto que para
Gottfried Leibniz o espaço é relativo; Henri Poincaré acredita que a
geometria espacial seja apenas uma convenção.

Espaço Computacional

Nos computadores o espaço de memória é definido como a quantidade de


células de memória disponíveis para registro de dados. Por fim, na tipografia e
na ortografia o espaço é uma área vazia que separa duas palavras.

Espaço Politico

Vias de passagens e acesso à informação e à expressão do pensamento,


exercida nos regimes democráticos pelas pessoas e instituições.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 14

Espaço Cultural

A totalidade dos assuntos inerentes à cultura. "O espaço cultural


moderno é mais permissivo que o da idade-média, como o ocidental é
mais permissivo que o oriental".

Num conceito moderno, designação para edificações que abrigam ou são


projectadas para abrigar actividades artístico-culturais variadas. "Espaço
Cultural Mário de Andrade".

Estado – nação

Chama-se Estado-nação ou nação-Estado quando um território


delimitado é composto por um governo e uma população de composição
étnico-cultural coesa, quase homogénea, sendo esse governo produto
dessa mesma composição. Isto ocorre quando as delimitações étnicas e
políticas coincidem. Nestes casos, normalmente, há pouca emigração e
imigração, poucos membros de minorias étnicas, e poucos membros da
etnia dominante a viver além fronteiras.

Fronteira

A fronteira é o limite entre duas partes distintas, por exemplo, dois


países, dois estados, dois municípios

Fronteiras e limites

O termo "fronteira" refere-se a uma região ou faixa, enquanto o termo


"limite" está ligado a uma concepção imaginária. A fronteira é uma faixa
do território situada em torno dos limites internacionais. Fronteira é
como 1 (uma) faixa divisória, limite entre países e etc. Os Estados têm
uma característica essencial: a soberania, ou seja, a faculdade de
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 15

implantar e exercer a sua autoridade da maneira que creiam seja mais


conveniente. Para que o exercício da soberania por parte dos Estados não
prejudique outras nações, criaram-se limites definidos em porções de
terra, água e ar. No ponto preciso e exacto em que estes limites chegam
ao seu fim é que se pode falar de fronteiras

Habitat

Habitat (do latim, ele habita) é um conceito usado em ecologia que


inclui o espaço físico e os factores abióticos que condicionam um
ecossistema e por essa via determinam a distribuição das populações de
determinada comunidade. O conceito de habitat é em geral usado em
referência a uma ou mais espécies no sentido de estabelecer os locais e
as condições ambientais onde o estabelecimento de populações desses
organismos é viável (por exemplo, o habitat da truta são os cursos de
água bem oxigenados e com baixa salinidade das zonas temperadas).

Lugar

Lugar ou local, de forma geral, é uma porção do espaço qualquer ou um


ponto imaginário numa coordenada espacial percebida e definida pelo
homem através de seus sentidos.

Lugar é uma parte do espaço geográfico onde vivemos e interagimos


com uma paisagem.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 16

Paisagem

Exemplo de paisagem natural

Considera-se a paisagem como sendo o resultado material de todos os


processos (naturais e sociais) que ocorrem em um determinado sítio. A
paisagem é portanto construída a partir da síntese de todos os elementos
presentes neste local e sua apreensão se dá pela imagem resultante dela
(uma definição tradicional da paisagem é a de um espaço territorial
abrangido pelo olhar). Uma paisagem é o mesmo que um espaço, é tudo
que posso ver ao meu redor, isto é, tudo o que posso ver numa extensão
ou espaço.

Numa outra definição, pode-se dizer que Paisagem, é um sistema


complexo e dinâmico, onde diferentes factores naturais e culturais
interagem e evoluem em conjunto. Determina e é determinada pela
ecologia, factores culturais, emotivo-sensoriais e sócio-econômicos.
Devido a isto, o termo é normalmente usado para se referir às visuais e
perspectivas existentes em cada ambiente, sendo inclusive uma categoria
da pintura.

Povo

Do ponto de vista do Direito Constitucional moderno (a partir do século


XVIII), o povo é o conjunto dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas
que estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a um estado.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 17

Um povo está normalmente associado a uma nação e pode ser


constituído por diferentes etnias.

Na linguagem vulgar, a palavra povo pode referir-se à população de uma


cidade ou região, a uma comunidade ou a uma família.

Região

Uma região pode ser qualquer área geográfica que forme uma unidade
distinta em virtude de determinadas características. Em termos gerais,
costumam, mas não necessariamente, ser menores que um país.

Território

A palavra território refere-se a uma área delimitada sob a posse de um


animal, de uma pessoa (ou grupo de pessoas), de uma organização ou de
uma instituição. O termo é empregado na política (referente ao Estado
Nação, por exemplo), na biologia (área de vivência de uma espécie
animal) e na psicologia (ações de animais ou indivíduos para a defesa de
um espaço, por exemplo). Há varios sentidos figurados para a palavra
território, mas todos compartilham da idéia de apropriação de uma
parcela geográfica por um indivíduo ou uma coletividade
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 18

Sumário
Conceitos chave em geografia humana. As várias acepções da palavra
espaço, de acordo com o seu contexto situacional. Ex: espaço
geográfico, espaço-matemático, espaço-físico, espaço e filosofia, espaço
computacional, estado-nação, fronteira, fronteira e limites, habitat, lugar,
paisagem, povo, região e território.

Exercícios
1. Identifique os principais conceitos chave em geografia humana.

2. Mencione as várias acepções da palavra espaço

3. Explique pelo menos 5 (cinco) das várias acepções da palavra


espaço.

Entregar ao docente e nos prazos definidos, respostas das perguntas 2


e 3.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 19

Unidade III
Campos de geografia humana
Introdução
A III unidade vai consistir de estudo de campos de geografia humana e
sua ligação às respectivas disciplinas ou áreas de estudo, ex: geografia
económica/economia; geografia cultural/antropologia; geografia
social/sociologia; urbanismo/arquitectura, etc.

Uma breve revista de alguns geógrafos importantes na geografia


humana.

Ao completar esta unidade / lição, o estudante deverá ser capaz de:

 Descrever os vários campos de geografia humana;

 Relacionar esses campos às respectivas disciplinas ou


Objectivos
áreas de estudo;

 Identificar alguns dos mais importantes geógrafos na


geografia humana.

Campos da Geografia Humana

Como a geografia humana estuda a própria sociedade através do espaço


(ou a espacialidade da vida social), as dimensões do estudo da geografia
humana são as dimensões básicas da sociedade, ou seja a dimensão
económica, a dimensão política, e a dimensão cultural da sociedade,
entre outras coisas; resultam a geografia económica, a geografia política,
e a geografia cultural, entre outros campos da geografia humana:
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 20

Campos da geografia humana Campos relacionados

Geografia económica Economia

Geografia cultural Antropologia

Geografia social Sociologia

Geografia histórica História

Geografia rural agronomia

Geografia ambiental Estudos meio-ambientais

Geografia médica Medicina e Saúde

Geografia política e Geopolítica Ciencia política

Geografia estratégica Geoestrategia

Urbanismo Arquitectura

Ecologia humana Geografia humana

Geógrafos importantes na Geografia Humana

 Carl Ritter (1779 – 1859);


 Paul Vidal de la Blache (1845 - 1918) - Fundador da Escola
Francesa de Geoploítica e possibilismo;
 Sir Halford John Mackinder (1861 – 1947);
 Carl O. Sauer (1889 – 1975) - Crítico do determinismo
ambiental;
 Walter Christaller (1893 – 1969);
 Richard Hartshorne (1899 – 1992);
 Torsten Hägerstrand (1916 - 2004);
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 21

 Waldo R. Tobler (*1930);


 David Harvey (*1935);
 Edward Soja (*1941);
 Doreen Massey (*1944);
 Nigel Thrift (*1949).

Sumário
Campos de geografia humana e sua relação com várias disciplinas ou
áreas geográficas humanas; bem como, o aprofundamento de geógrafos
mais importantes em geografia humana.

Exercícios
1) Descreva pelo menos 4 (quatro) dos vários campos de geografia humana
que estudou.

2) Relacione esses campos às respectivas disciplinas ou áreas de estudo;

3) Identifique alguns dos mais importantes geógrafos na geografia humana.

Entregar ao docente e nos prazos definidos, respostas das perguntas 1 e 2


Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 22

Unidade IV
Técnicas e métodos em geografia
humana
Introdução
Nesta unidade serão objecto de estudo as técnicas e métodos em
geografia humana.

Ao completar esta unidade / lição, o estudante deverá ser capaz de:

 Identificar as técnicas e métodos em geografia humana.

 Explicar a importância do estudo dessas técnicas e


Objectivos métodos na leccionação da geografia humana.

 Diferenciar técnicas dos métodos.

A Observação directa

A observação, nos seus diferentes níveis, é a técnica primordial em


geografia, que terá de ser corroborada pelas diferentes técnicas e
bibliografias disponíveis.

A observação directa continua a ser uma das técnicas mais importantes,


apesar de todo o apoio das técnicas visuais hoje existentes: filmes,
diapositivos, fotografias, fotografias aéreas, etc. Mas a excepção da
fotografia aérea, todos os outros meios são susceptíveis da parcialidade
involuntária dos seus autores.

Consoante a sensibilidade de cada um, o ponto de vista escolhido, o


tema preferencial, uma e única paisagem pode apresentar diferentes
aspectos marcantes. Mas que fique bem claro: desde que não seja
possível ir aos locais, mas que se mostre aos alunos o maior número de
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 23

possível de material visual, o que deverá, para além dos comentários


gravados, ser acompanhado por explicações rápidas e aditivas às
imagens. Este processo ainda é valorizado, de ser feita uma introdução
rápida e concisa sobre as regiões/problemas que vão ser apresentados.

Quando é possível proceder a observação directa, deve-se, antes de mais,


subir a um ponto alto (cimo de uma torre, torre de uma igreja, terraço de
um prédio elevado). A finalidade é poder abranger uma vasta área de
horizonte e nela pode englobar as várias parcelas da paisagem.

A observação directa é sempre um trabalho árduo, mas sempre também,


gratificante.

Quando a inexistência de informação é um facto, o seu nível de


desactualização é acentuado, ou ainda a desagregação estatística ou
espacial é inoperante, a única hipótese de concretização de um dado
projectado é a criação de informação a partir do trabalho de campo.
Estão neste caso a maioria dos estudos base para a elaboração dos
projectos locais, nomeadamente: o plano director municipal.

Sumário
Estudo de técnicas e métodos em geografia humana. A observação, nos
seus diferentes níveis, como técnica primordial em geografia, cujo
estudo se assegura com as diferentes técnicas e bibliografias disponíveis.
Dentro da observação, pode-se destacar a observação directa e indirecta.

Exercícios
1) Identifique as principais técnicas e métodos em geografia
humana.

2) Explique a importância do estudo dessas técnicas e métodos


na leccionação da geografia humana.

3) Diferencie técnicas dos métodos.

Entregar ao docente e nos prazos definidos, resposta da pergunta 2.


Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 25

Unidade V
Percepção do Espaço
Introdução
Nesta unidade temática, a abordagem sobre a percepção do espaço, será
o fluir das atenções do geógrafo, recorrendo igualmente como meio
auxiliar do ensino a imagem espacial, através de recurso de vários e
diferentes meios, dentre eles a destacar a máquina fotográfica, os meios
informáticos, máquinas de filmar, computadores, disco áudio e vídeo.

Ao completar esta unidade / lição, o estudante deverá ser capaz de:

 Identificar o espaço e os elementos que o compõem,


através das imagens obtidas/vistas pelo observador.
Objectivos
 Explicar a importância das imagens do espaço, tanto do
ponto de vista de compreensão deste espaço, como do
ponto de vista da relação do observador/espaço.

 Destacar o significado da percepção espacial no


conjunto de metodologias de interpretação e
representação do espaço vivido e percorrido, como é o
caso das cidades.

 Argumentar em que medida, a Geografia era


considerada ciência de encruzilhada.

 Explicar até que ponto a descoberta e o recurso da


percepção do espaço como um dos métodos e técnicas
do ensino em Geografia, alterou a concepção
“Geografia ciência de encruzilhada.”
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 26

Ciência de encruzilhada, a Geografia sempre foi; mas mais do que nunca


o feixe disciplinar convergente se adensa. Por um lado, as duas grandes
esferas do universo científico – ciências ditas exactas /ciências sociais –
tanto tempo separadas, ou de campos secantes, pouco interpenetrados
tende a coalescer (em consequência a hierarquização tradicional entres
ciências “nobres” e “plebeias” esbate-se e ir-se-á apagando), por outro,
neste universo novas “Unidades” estão constantemente a entrar, a
consolidar-se.

Cada área do “cosmos” adquire, assim, complexidade acrescida que, no


entanto, paradoxalmente se revela simplificadora, considerando a
multiplicidade de “pontes” que entre as diferentes áreas do conhecimento
se estabelecem, onde são já perfeitamente evidentes transposições de
“linguagens”.

No acelerado ritmo que caracteriza o seu caminhar, as “verdades” são tão


só provisórias. O cientista de qualquer área, mesmo sem abdicar da
metodologia que lhe é específica, já não tem necessidade de vestir
“roupagem ritual” para percorrer a sua via investigacional. Mudou
também a sua postura e o hermetismo terminológico tem cada vez
menos razão de ser. Tanto são os raios do feixe disciplinar que na sua
área intercruzam, e tão grande é a necessidade de parcialmente os
explorar em complementaridade, que outra atitude lhe não resta, senão a
de adoptar em permanência uma atitude de “abertura no mundo”,
deixando que a “acresção” atinja limiares de saturação enriquecedores.

Na Era da Informatização, tão tardiamente difundida em nosso “espaço


vivido”, desfez-se também o espectro que a velava, sobrevalorizando o
desconhecido que a imaginação forjava, ao considerá-la acessível a
apenas aos “eleitos”, àqueles que detinham a “chave” descodificadora,
descobrindo na multivalência dos códigos, razões meramente “mercantis”
em jogos de regras competitivas, códigos porém, que uma vez dominados
deixam de dominar.

A informatização também penetrou no universo científico e, faz hoje,


parte integrante dele como mero auxiliar no tratamento de dados.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 27

Meio auxiliar particularmente útil aos estudos ligados à percepção


espacial em que o processo cumulativo de dados dificultava a fase de
análise que sem esta possibilidade se tornava extremamente arrastada.

Porque percepcionar é fazer emergir o “acontecimento factivo” do


âmbito da Fenomenologia, que o geógrafo espontaneamente pratica e faz
praticar aos inquiridos quando pretende “percepcionar o espaço” que
elegeu, terá de “somar” (“soma” que não pode ser quantitativamente
traduzida), todos os contactos dos inquiridos com o “mundo” que os
cerca. “Mundo” este que é apenas um fragmento espacial seleccionado
pelo geógrafo, mas de que as percepções são extremamente
diversificadas.

Ao recorrer-se a inquéritos, para além dos pré-codificados, de


alternativas extremamente limitadas, nunca se deverá esquecer os de tipo
descritivo, que deverão ser elaborados de tal modo, que deixem margem à
liberdade de expressão para que dos “registos” se possa retirar o maior
“leque” de ilações.

De qualquer modo, qualquer que seja o espaço escolhido, de si já ínfima


parcela, esse “mundo” “já lá está” antes do geógrafo e dos outros – os
inquiridos – e continuará a estar “depois”, donde a parcelaridade das
percepções (por maior que seja o número de inquiridos), pois no fluir dos
registos captados irão emergir apenas imagens reflectidas pelos seus
“espelhos” que do sensível traduzirão apenas o “visível”. Por mais que o
geógrafo pretenda fazer a justaposição ou sobreposição dos fragmentos
captados, a imagem resultante nunca será a restituição do concreto.

No fluir dos registos captados do circundante, haverá a emergência de


“diálogos” de complexidade crescente que atingem o paroxismo em
lugares impregnados de “sinais” de grande carga simbólica como o são os
centros históricos.

A Geografia tem, talvez mais do que qualquer outra unidade do universo


científico, condições favoráveis para a elaboração de sínteses, um dos
seus detalhes diferenciadores, tal como as restantes unidades do “cosmo”
possuem os seus, porque a tendência coalescente das duas “esferas” não
retira identidade às unidades componentes.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 28

Ao enveredar pela via da percepção espacial, o geógrafo terá de adoptar


então, o mais possível, uma atitude expectante e de permanente
abertura ao mundo.

Mais do que “dissertar” sobre percepção espacial, interessarão “pistas”


que permitam ir ao encontro desta via investigacional, muitas das quais (
se não a totalidade das enumeradas) serão conhecidas e, de que temos
como as mais conseguidas, no âmbito da percepção urbana “The image
of the City” de Kevin Lynch (1960), e “Poétique de la Ville” de Pierre
Sansot (1973).

Sumário
Percepção do Espaço. Geografia em tanto que Ciência de Encruzilhada,
de acordo com a visão ou atitude dos homens nos moldes da definição
tradicional desta disciplina. A Geografia vista como uma cadeira no
contexto da interdisciplinaridade, como uma disciplina englobalizante de
outras ciências geográficas. A Era da Informática que contribuiu de forma
significativa para a rápida e fácil compreensão da percepção espacial da
Geografia. A intervenção da imagem no estudo da percepção do espaço.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 29

Exercícios
1. Fale da percepção do espaço e dos seus possíveis
elementos.

2. Explique a importância das imagens do espaço, tanto


do ponto de vista de compreensão deste espaço, como
do ponto de vista da relação do observador/espaço.

3. Destaque o significado da percepção espacial no


conjunto de metodologias de interpretação e
representação do espaço vivido e percorrido, como é o
caso das cidades.

4. Argumente em que medida, a Geografia era


considerada ciência de encruzilhada.

Entregar ao docente e nos prazos definidos, respostas das perguntas 1 e


4
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 31

Unidade VI
Trabalho no Campo
Introdução
Nesta Unidade, sobre o trabalho de campo, iremos debater sobre as
diversas fases que contribuem para a efectivação com sucesso de um
trabalho de campo, deste os preliminares até a fase da concretização.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Organizar eficazmente acções de reconhecimento de


espaço tendentes a recolha de dados quantitativos e/ ou
Objectivos qualitativos.

 Explicar a importância de trabalho interdiciplinar e


activo.

 Promover análise integrada no meio.

 Estimular o interesse dos participantes pelo contacto


com os problemas reais de espaço.

 Verificar a hipótese do trabalho face a realidade.

 Identificar vantagens do trabalho de campo na


aprendizagem da Geografia.

O trabalho de Campo, método indispensável em Geografia pode,


pelo seu dinamismo, incutir estímulo pela investigação, ao pôr o
Geógrafo (o/s aluno/s) em contacto directo com a realidade,
permitindo explorar uma das suas capacidades fundamentais – o
poder de observação.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 32

A observação deve ter sempre um ponto de partida, para o


desenvolvimento do raciocínio analítico que permite o processo de
investigação, o despertar do espírito crítico e aberto que em
contacto com a realidade a possa entender de modo a aproveitar toda
a informação que ela nos dá.

Na Escola Secundária, embora as limitações sejam enormes,


inviabilizando-o por vezes, o trabalho de campo deve ser
desenvolvido sempre que possível, mas respeitando as idades dos
alunos envolvidos e alguns princípios de Bailey:

 Identificar as viagens de acordo com as aulas teóricas de


modo que os alunos possam dominar e entender a informação
que retiraram da observação directa.

 Aproveitar o trabalho de campo para reforçar a


interdisciplinaridade da Geografia, não o restringindo apenas
ao “funcionamento” da disciplina.

 Tentar sempre fazer observações integradas da paisagem,


pois só assim se podem inter-relacionar os diferentes
elementos que a constituem, não caindo no erro de proceder a
análises demasiado sectoriais que podem tornar-se
exaustivas, dificultando a motivação dos alunos.

Para o correcto funcionamento da metodologia do trabalho de


campo, este precisa de ser cuidadosamente preparado, pois, só
assim, os seus objectivos serão atingidos. Caso contrário o malogro
será mais que evidente.

A organização do trabalho terá de ser sempre executada segundo


directrizes que tenham em conta os objectivos que se propõem
atingir. Segundo Marotz e Rundstrom, as observações executadas no
campo devem permitir:

 Elaborar questões básicas e hipóteses correctas, decorrentes


da percepção do espaço;
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 33

 Encorajar a autonomia dos alunos, tornando-os mais


responsáveis nos resultados a obter e pondo-os sempre como
agentes activos dos processos de decisão;

 Consciencializar os alunos da importância da avaliação


correcta dos objectivos do trabalho de campo e da qualidade
dos resultados;

 Pôr os alunos em contacto com técnicas e instrumentos


específicos do trabalho de campo e que são parte importante
na abordagem dos problemas;

 Desenvolver a importância do trabalho de grupo, e estimular


assim a discussão de diferentes pontos de vista, na
abordagem dos problemas constatados;

 Desenvolver a percepção para ambientes não familiares,


incentivando e criando uma nova maneira de “ler” o espaço;

 Demonstrar a importância que os dados primários possuem


na abordagem de um ponto concreto no terreno;

 Salientar a importância que a escala tem na abordagem dos


diferentes fenómenos;

 Desenvolver um raciocínio lógico dedutivo e crítico, onde a


intuição deve igualmente desempenhar um papel importante,
de forma a resolver os problemas que surjam durante o
trabalho de campo;

 Ser o impulsionador para a compreensão da existência de


subáreas dentro da disciplina;

 Ser o responsável pelo aumento da participação dos alunos,


motivando-os para serem agentes activos do processo de
aprendizagem em lugar do papel de passividade a que
geralmente estão condenados;

 Rentabilizar ao máximo, pela sua importância e riqueza, a


pesquisa no campo, ocupando, sempre que tal situação seja
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 34

possível, um lugar de destaque em relação ao trabalho


efectuado na sala de aula.

O trabalho de campo não pode e nem deve ser confundido com


passeios ou excursões, ele pode e deve atingir múltiplos objectivos
que podem e devem ser explorados conforme o tipo de pesquisa que
se pretende efectuar.

Segundo Fernando Silva e Diogo Lemos, o trabalho de campos


pode assumir duas formas distintas:

 Visitas de verificação.

Serão as que, realizadas após um módulo teórico irão permitir uma


consolidação dos conhecimentos entretanto adquiridos.

Terá de existir um itinerário elaborado a priori pelo professor ao


longo do qual os alunos poderão confirmar, por observação directa,
um determinado número de conhecimentos ministrados durante as
aulas. Este tipo de visitas, sendo já direccionado de uma forma
bastante rígida é o menos produtivo (embora o mais frequente).

Os alunos serão estimulados a confirmar uma informação já


adquirida, ma não irão estar motivados, ou passar-lhes-á
despercebida, a informação para a qual não estavam alertados.

 Visitas de observação/motivação.

São as que antecedem os módulos teóricos a dar nas aulas e


funcionam um pouco ao contrário das visitas anteriores. O seu
principal objectivo é pôr os alunos em contacto real com os
fenómenos que posteriormente serão apresentados teoricamente.
Para além de aumentar as capacidades de observação tem igualmente
em vista melhorar o conhecimento real do fenómeno em si, além de
constituir uma motivação para o trabalho. A riqueza destas visitas
é enorme, permitindo mesmo que os alunos proponham novas
formas de abordar os problemas.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 35

O resultado, em linhas gerais, de qualquer um dos tipos de visita é o


de levar o aluno a sentir a paisagem.

Pontos a ter em conta na organização de uma visita de estudo:

 Escolha do tema da visita e da unidade específica;

 Definição dos objectivos;

 Delineação de um percurso e estabelecimentos de horas de


partida;

 Escolha do meio de transporte a utilizar, tendo em conta o


percurso, as características da via e os efectivos a viajar;

 Fornecimento prévio aos alunos de informações


complementares que os ajudem a tirar o maior proveito
possível da visita (equipamento, alimentação, etc).

Algumas formas de rentabilizar a informação recolhida durante


a visita:

 Pequenos relatórios individuais sobre a visita, impressões


pessoais, factos mais salientes;

 Elaboração de trabalhos de grupo, base de suporte (esboços


de campo, fotografias e mapas);

 Reuniões de grupo, debater a subjectividade da percepção do


espaço, visando buscar ângulos diferentes de observação em
relação à mesma área e sua confrontação.

Conclui-se que o trabalho do campo é um elemento de


dinamização na aprendizagem da Geografia.

Sumário
Trabalho de campo, seus objectivos e importância na aprendizagem
da Geografia Humana e mesmo para os seus restantes ramos.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 36

Exercícios
1. Explique a importância do trabalho de campo.

2. Identifique vantagens do trabalho de campo na aprendizagem da


Geografia.

3. Por que razão a observação deve ter um ponto de partida?

4. a) O que se deve ter em conta para o correcto funcionamento da


metodologia do trabalho do campo?

b) Justifique a sua resposta.

5. Segundo Fernando Silva e Diogo Lemos, o trabalho de campos


pode assumir determinadas formas:

a) Quantas e quais essas formas?

b) Defina cada uma delas.

6. Mencione os 5 (cinco) pontos ou aspectos a ter em conta na


organização de uma visita de estudo.

7. Quais as formas de rentabilização da informação recolhida durante


uma visita de estudo?

Entregar ao docente e nos prazos definidos, respostas das


perguntas 3, 4 e 5.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 37

Unidade VII
Inquéritos
Introdução
Uma das técnicas empregue no ensino ou aprendizagem da Geografia, é aquilo que
se chama de inquéritos. E vai ser precisamente em volta desta temática que vai
incidir o nosso estudo.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Desenvolver habilidades nas técnicas de inquéritos.

 Descrever os passos necessários tendentes à realização


Objectivos
óptima de um inquérito.

 Explicar a importância dos inquéritos no processo da


recolha de dados em ciências geográficas.

O termo inquérito pode ter vários significados ou sentido, dependendo do contexto


em que a mesma expressão esteja inserida. Ora vejamos com os exemplos a seguir:

Inquérito

 Acto ou efeito de inquerir;

 Medida de instrução que permite ao juiz receber declarações de terceiros de


forma a poder avaliar um caso;

 Pesquisa metódica baseada em questões e recolha de testemunhos;

 Investigação;

 Sondagem da opinião pública sobre uma questão política, social ou


económica;
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 38

 Indagação.

Os inquéritos podem ser:

 Inquéritos sectoriais;

 Recenseamentos,

 Informações objectivas;

 Inquéritos de opinião;

 Questionários fechados;

 Questionários abertos;

 Acção piloto;

 Amostragem, etc.

Um aspecto particular do trabalho do campo é o que se relaciona com inquéritos,


obrigatórios sempre que a informação a ser coligida se refere a factos humanos.
Mesmo informações relacionadas com os recursos naturais, é possível obter
resultados positivos por inquérito a observadores locais.

Pode dizer-se que os tipos de inquérito possíveis são praticamente infinitos, já que
cada caso requer uma aproximação diferente por parte do investigador, tanto pela
sua natureza como pelos objectivos, a que informação levantada pelo inquérito
deverá responder.

Apesar das vantagens óbvias desta individualização, a tendência no campo da


realização de inquérito, é cada vez mais, para uma certa normalização segundo
modelo testado em situação tipo.

Esta tendência justifica-se pela necessidade da adopção de tratamentos


estatísticos ou outros, rápidos ou eficazes ou seja, capazes de rentabilizar a
informação em tempo útil.

Para tanto, o uso de equipamento informático é hoje, obrigatório dependendo a


eficiência do processo duma certa normalização da análise das situações, ainda que
com alguma perca de individualidade e riqueza de conteúdo.

Para iniciar o trabalho de inquérito é necessário definir o objecto a inquerir.


Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 39

Temos, assim, inquéritos a que podemos chamar sectoriais, como os que referem,
entre os outros, a:

 População,

 Actividades económicas,

 Condições de habilidades dos alojamentos,

 Tráfego,

 Ensino,

 Saúde.

Um inquérito só deve ser realizado depois de um bom conhecimento geral, para


evitar perguntas desnecessárias no contexto em estudo. As perguntas têm de ser
formuladas em linguagens simples, adaptadas ao meio e à cultura dos inqueridos, e
não conterem questões, que possam ser susceptíveis de serem consideradas
indesejáveis.

Hoje, também, é norma o recurso ao inquérito Indirecto, através de questionários


escritos, mais ou menos complexos. Este método, contudo, não pode excluir uma
amostragem de inquérito directo. Em geral, as perguntas que envolvem proveitos
materiais não devem ser apresentadas por escrito, nem a todos inqueridos.

O inquiridor, depois de um certo conhecimento de meio deverá fazê-las


directamente a grupo de indivíduos representativos de cada classe e /actividade.

E isto porque:

 Por medo de fisco, as respostas podem ser adulteradas para menos;

 Por vaidade podem ser adulteradas para mais...

Tanto num caso como noutro, seriam obtidos resultados não verdadeiros que
comprometeriam a compreensão dos problemas em estudo, podendo levar em
extremo, à falsidade de conclusões.

Há uma quase infinidade de tipos de inquéritos, se quase todos têm alguns pontos
comuns, eles tem de ser “construído” especificamente para o estudo que vão
apoiar.
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 40

Etapas para a preparação de um inquérito:

 Definição do objectivo;

 Cálculo do total de indivíduos envolvidos

 Decisão sobre inquérito total ou inquérito por amostragem;

 Definição dos locais a amostrar;

 Cálculo dos custos de operação;

 Construção do questionário;

 Preparação dos inquiridores no sentido de ministrar o mínimo de


conhecimento sobre o tema, sobre o modo de inquirir e sobre a planificação
do trabalho na rua.

Itens obrigatórios de um questionário

1. Referências

 Nome da entidade organizadora;

 Data (dia, mês, ano);

 Local da acção do inquérito;

 Objecto do inquérito (actividades, indivíduos, etc.)

2. Caracterização da actividade (indústria, comércio).

 Área ocupada

 Ano de início da actividade

 Número de empregados

 Origem geográfica das matérias primas ou de abastecimento

 Destino geográfico dos produtos

 Consumos – água, electricidade

3. Caracterização dos indivíduos («recenseamento»)

 Idade

 Habilitações literárias
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 41

 Profissão

 Local de trabalho (ou estudo)

 Número de anos em que reside no local

 Residência anterior

 Número de filhos (se fôr adulto)

 Número de irmãos (se fôr criança)

Sumário
Inquéritos. Entendimento, ideia ou conceito que se pode ter em relação ao
termo ou expressão – Inquérito. Tipos ou formas de inquéritos. Etapas da
preparação de um inquérito. Os itens obrigatórios a obedecerem na construção
de questionário sobre inquéritos. Etapas para a preparação de um inquérito.
Itens obrigatórios de um questionário (Referências, Caracterização da
actividade e Caracterização dos indivíduos).

Exercícios
1. De que depende o entendimento do termo ou expressão inquérito?

2. Conceitue a palavra inquérito em função da cadeira em estudo.

3. Mencione os vários tipos de inquéritos que estudou.

4. Explique a importância do emprego da técnica ou método de inquérito no


ensino da Geografia.

Entregar ao docente e nos prazos definidos respostas das perguntas 1 e 3.


Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 43

Unidade VIII
Sistemas de Informação
Introdução
A geografia, enquanto ciência, que estuda os atributos espaciais da
actividade humana, bem como o quadro físico onde esta se
desenrola, encontra grande parte da sua dinâmica e vitalidade nos
diferentes métodos de análise usados para o reconhecimento dessa
realidade. Entre estes, estão as várias formas de sistematização de
dados e factos que permitem identificar as ligações do homem com
o território. Da evolução destes métodos resultam muitas das
condições que têm possibilitado a reafirmação da geografia como
ciência actual.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Sistematizar dados de modo a obter uma caracterização


estatística/espacial dum determinado território.
Objectivos
 Referência a informação ao espaço.

 Caracterizar aplicações informáticas para as diversas


técnicas geográficas.

Sistema de Informação Geográfica - Unidade Básica de


Informação (UBI); Unidade básica Especial (UBE), código de
referências; Base de dados
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 44

Num momento em que, mais do que nunca, se faz sentir a


consciência de que espaço é um recurso limitado e frágil, o
conhecimento dos sistemas espaciais e dos subsistemas que os
compõem são da maior importância para uma correcta gestão do
território. Só conhecendo se pode decidir, e da correcta
sistematização da informação depende da adequabilidade e o
sucesso das intervenções.

Desta forma, deve-se a essa necessidade de informação, actual e


sistematizada, o grande desenvolvimento no domínio de
recolha, armazenamento e tratamentos de dados, de modo a
possibilitar de forma organizada, distinguir e interpretar os
diferentes elementos que compõe o território.

É deste processo de “dissecação” dos sistemas espaciais que surge


a base de implementação de Sistema de Informação Geográfico
(SIG). O objectivo é, pois, de encontrar de um modo analítico
sofisticado as entidades elementares mais simples que compões as
unidades territoriais de modo a construir a caracterização que as
individualiza. Definir estas unidades, normalmente chamadas
Unidades de Informação é o primeiro passo para construir o
sistema de análise do território escolhido.

Convêm esclarecer que, quando se fala do SIG, não está


forçosamente a mencionar uma estrutura pesada, comportando
milhares de dados cuja análise e compartimento são inviáveis sem a
utilização de meios técnicos sofisticados. Se bem que é verdade
que a complexividade do mundo actual, aliada ao grau de pormenor
que é exigido neste tipo de estudos, implica normalmente o
recurso a meios informáticos, em qualquer dos casos, a lógica de
estruturação acaba por ser mesma

Um dos primeiros requisitos para o desenvolvimento do Sistema


de Informação é a identificação da necessidade dos utilizadores,
isto porque a constituição de SI deve ser segundo grupos
estratégicos de problemas (normalmente identificáveis com as
Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 45

unidades temáticas a tratar) que contribuam para responder as


questões iniciais. Ora, só a clara delimitação dos objectos permite
traçar grupos estratégicos, de forma a contemplar as perguntas
formuladas inicialmente.

Tratando-se de um SIG a referenciação espacial é imprescindível,


sendo os dados atributos de objectos ou factos medidos num ponto
determinado do tempo e do espaço. Assumindo que o espaço é um
factor de estrema importância para a compreensão do
comportamento dos territórios a dimensão espacial apresenta-se
ainda mais primordial num SI que pretende a recuperação de
informação, isto é a restituição dos vários elementos recolhidos e
tratados em imagens estatísticas e/ou gráficas, que representam o
território analisado.

OBJECTIVO RECOLHA TRATAMENTOS RESTITUIÇÃO


DE DADOS

Hipóteses Tranformação Análise Elaboração de


em descritiva Mapas
Questões
informação

Resultados
Tratamentos específicos em estatísticos
função do objectivo

Uma vez identificado o objectivo do SIG fica-se quase a iniciar o


processo de recolha de dados.

Na preparação deste trabalho, algumas fases devem ser respeitadas:


Técnicas e Metodologias em Geografia Humana G0156 46

 Delimitar precisamente a área sobre a qual se vai


trabalhar;

 Referenciar quais as formações já existentes e disponíveis,


sub que forma e onde, de modo a evitar a duplicação de
pesquisas, bem como o esquecimento de informações
existentes, impedindo a sua posterior integração no
conjunto de dados obtidos;

 Listar as variáveis necessárias para a abordagem do


problema equacionado;

 Estruturar a recolha de informação e o seu posterior


tratamento, tendo em conta os instrumentos, métodos e
fontes disponíveis. Esta fase é normalmente considerada
como a crucial para a implementação e
desenvolvimento do SIG, pois da correcta estruturação
dos dados recolhidos depende todos os resultados.

Sumário
O SIG tem por finalidade encontrar de um modo analítico
sofisticado as entidades elementares mais simples que compõem as
unidades territoriais de modo a construir a caracterização que as
individualiza. Definir estas unidades, normalmente chamadas
Unidades de Informação é o primeiro passo para construir o
sistema de análise do território escolhido.

Exercícios
1. Em que consistem os SIG?

2. Quais são as vantagens da utilização dos Sistemas de Informação


Geográfica?

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