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Agradecimentos
ii
Índice
iii
Visão geral 1
Benvindo a Ética Profissional ........................................................................................... 1
Objectivo do curso ............................................................................................................ 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................... 1
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade .......................................................................................................... 2
Acerca dos ícones .......................................................................................... 3
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 3
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 4
Avaliação .......................................................................................................................... 4
Unidade N0 01-A0019 6
Tema: Ética Profissional é Compromisso Social. ............................................................ 6
Introdução ................................................................................................................ 6
Sumário ............................................................................................................................. 6
Exercícios........................................................................................................................ 10
Unidade N0 02-A0019 10
Tema: Individualismo e Ética Profissional ..................................................................... 10
Introdução .............................................................................................................. 10
Sumário ........................................................................................................................... 11
Exercícios........................................................................................................................ 13
Unidade N0 03-A0019 13
Tema: Vocação para o Colectivo .................................................................................... 13
Introdução .............................................................................................................. 13
Sumário ........................................................................................................................... 14
Exercícios........................................................................................................................ 15
Unidade N0 04-A0019 15
Tema: Classes Profissionais............................................................................................ 15
Introdução .............................................................................................................. 15
Sumário ........................................................................................................................... 16
Exercícios........................................................................................................................ 16
Unidade N0 05-A0019 17
Tema: Virtudes Profissionais .......................................................................................... 17
Introdução .............................................................................................................. 17
iv
Sumário ........................................................................................................................... 17
Exercícios........................................................................................................................ 22
Unidade N0 06-A0019 22
Tema: Fundamentos Teóricos para uma Deontologia Profissional ................................ 22
Introdução .............................................................................................................. 22
Sumário ........................................................................................................................... 23
Exercícios........................................................................................................................ 24
Unidade N0 07-A0019 24
Tema: O Problema Moral ............................................................................................... 24
Introdução .............................................................................................................. 24
Sumário ........................................................................................................................... 25
Exercícios........................................................................................................................ 27
Unidade N0 08-A0019 28
Tema: O Problema Ético................................................................................................. 28
Introdução .............................................................................................................. 28
Sumário ........................................................................................................................... 29
Exercícios........................................................................................................................ 34
Unidade N0 09-A0019 35
Tema: Deontologia ou Ética Profissional: a excepção das profissões da educação. ...... 35
Introdução .............................................................................................................. 35
Sumário ........................................................................................................................... 35
Exercícios........................................................................................................................ 42
1
Visão geral
Benvindo a Ética Profissional
Muitos autores definem a ética profissional como sendo um conjunto de
normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de
qualquer profissão. Seria a acção "reguladora" da ética agindo no
desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu
semelhante quando no exercício da sua profissão.
Objectivo do curso
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
3
Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões
nomeadamente: o lado social, profissional e estudante, daí ser importante
planificar muito bem o seu tempo.
Procure reservar no mínimo 2(duas) horas de estudo por dia e use ao
máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-se que é
necessário elaborar um plano de estudo individual, que inclui, a data, o
dia, a hora, o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).
Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não produz
bons resultados, use métodos mais activos, procure desenvolver suas
competências mediante a resolução de problemas específicos, estudos de
caso, reflexão, etc.
O manual contém muita informação, algumas chaves, outras
complementares, daí ser importante saber filtrar e apresentar a
informação mais relevante. Use estas informações para a resolução das
exercícios, problemas e desenvolvimento de actividades. A tomada de
notas desempenha um papel muito importante.
Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um plano de
desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte sobre os seus pontos
fracos e fortes e perspectivas o seu desenvolvimento.
Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o
responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacte-o pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
4
Avaliação
Vocé será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por si desenvolvidos , durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os testes são realizados durante as sessões presenciais e concorrem para
os 75% do cálculo da média de frequência da cadeira.
5
dade N0 01-A0019
a: Ética Profissional é Compromisso Social.
ução
Nesta unidade vai se evidenciar três aspectos que são distintos e que no entanto tem entre si grandes
vínculos, ate mesmo sobreposição. Estamos nos referindo de conceitos da Ética, da Moral e do
Direito.
Objectivos
ário
Conceituação: O que é Ética Profissional?
Tanto a Moral como o Direito baseiam-se em regras que visam estabelecer uma certa
previsibilidade para as acções humanas. Ambas, porém, se diferenciam.
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma de garantir o seu bem-
viver. A Moral depende das fronteiras geográficas e garante uma identidade entre pessoas que
sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo referencial moral comum.
O Direito busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado.
As leis têm uma base territorial, elas valem apenas para aquela área geográfica onde uma
determinada população ou seus delegados vivem. Alguns autores afirmam que o Direito é um sub-
conjunto da Moral. Esta perspectiva pode gerar a conclusão de que toda a lei é moralmente
aceitável. Inúmeras situações demonstram a existência de conflitos entre a Moral e o Direito. A
desobediência civil ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate uma
7
determinada lei. Este é um exemplo de que a Moral e o Direito, apesar de referirem-se a uma
mesma sociedade, podem ter perspectivas discordantes.
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou
inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela
Moral e pelo Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta
reflexão sobre a ação humana é que caracteriza a Ética.
Esta reflexão sobre as acções realizadas no exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da
prática profissional.
A fase da escolha profissional, ainda durante a adolescência muitas vezes, já deve ser permeada por
esta reflexão. A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres
profissionais passa a ser obrigatório. Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem
conhecer o conjunto de deveres que está prestes ao assumir tornando-se parte daquela categoria que
escolheu.
Mas pode ser que você precise começar a trabalhar antes de estudar ou paralelamente aos estudos, e
inicia uma atividade profissional sem completar os estudos ou em área que nunca estudou,
aprendendo na prática. Isto não exime você da responsabilidade assumida ao iniciar esta atividade!
O facto de uma pessoa trabalhar numa área que não escolheu livremente, o facto de “pegar o que
apareceu” como emprego por precisar trabalhar, o facto de exercer actividade remunerada onde não
pretende seguir carreira, não isenta da responsabilidade de pertencer, mesmo que temporariamente,
a uma classe, e há deveres a cumprir.
Um jovem que, por exemplo, exerce a actividade de auxiliar de almoxarifado durante o dia e, à
noite, faz curso de programador de computadores, certamente estará pensando sobre seu futuro em
outra profissão, mas deve sempre refletir sobre sua prática actual.
Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até ela tornar-se um hábito incorporado ao dia-a-dia.
Tomando-se o exemplo anterior, esta pessoa pode se perguntar sobre os deveres assumidos ao
aceitar o trabalho como auxiliar de almoxarifado, como está cumprindo suas responsabilidades, o
que esperam dela na actividade, o que ela deve fazer, e como deve fazer, mesmo quando não há
outra pessoa olhando ou conferindo.
Pode perguntar a si mesmo: Estou sendo bom profissional? Estou agindo adequadamente? Realizo
correctamente minha actividade?
É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos
códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as actividades que uma pessoa pode
exercer.
Uma postura pró-activa, ou seja, não ficar restrito apenas às tarefas que foram dadas a você, mas
contribuir para o engrandecimento do trabalho, mesmo que ele seja temporário.
Se sua tarefa é varrer ruas, você pode se contentar em varrer ruas e juntar o lixo, mas você pode
também tirar o lixo que você vê que está prestes a cair na rua, podendo futuramente entupir uma
saída de escoamento e causando uma acumulação de água quando chover. Você pode atender num
balcão de informações respondendo estritamente o que lhe foi perguntado, de forma fria, e estará
cumprindo seu dever, mas se você mostrar-se mais disponível, talvez sorrir, ser agradável, a maioria
das pessoas que você atende também serão assim com você, e seu dia será muito melhor.
Muitas oportunidades de trabalho surgem onde menos se espera, desde que você esteja aberto e
receptivo, e que você se preocupe em ser um pouco melhor a cada dia, seja qual for sua atividade
profissional. E, se não surgir, outro trabalho, certamente sua vida será mais feliz, gostando do que
você faz e sem perder, nunca, a dimensão de que é preciso sempre continuar melhorando,
aprendendo, experimentando novas soluções, criando novas formas de exercer as atividades, aberto
a mudanças, nem que seja mudar, às vezes, pequenos detalhes, mas que podem fazer uma grande
diferença na sua realização profissional e pessoal. Isto tudo pode acontecer com a reflexão
incorporada a seu viver.
E isto é parte do que se chama empregabilidade: a capacidade que você pode ter de ser um
profissional que qualquer patrão desejaria ter entre seus empregados, um colaborador. Isto é ser um
profissional eticamente bom.
O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva, o auxiliar de
almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos, o
médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia, a
atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro, o
contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa, o
engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo
de forma eticamente correta em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo
que, alguém descobrindo, não saberá quem fez, mas que estão preocupados, mais do que com os
deveres profissionais, com as PESSOAS.
As leis de cada profissão são elaboradas com o objectivo de proteger os profissionais, a categoria
como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há muitos aspectos não
previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento do profissional em ser eticamente
correto, aquele que, independente de receber elogios, faz A COISA CERTA.
Em realidade, Voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a prática Profissional não-
remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação de serviços em beneficência, por um período
determinado ou não.
Aqui, é fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na actividade
voluntária, com todo o comprometimento que teria no mesmo exercício profissional se este fosse
remunerado.
Seja esta actividade voluntária na mesma profissão da actividade remunerada ou em outra área. Por
exemplo: Um engenheiro que faz a actividade voluntária de dar aulas de matemática. Ele deve agir,
ao dar estas aulas, como se esta fosse sua actividade mais importante. É isto que aquelas crianças
cheias de dúvidas em matemática esperam dele!
Se a actividade é voluntária, foi sua opção realizá-la. Então, é eticamente adequado que você a
realize da mesma forma como faz tudo que é importante em sua vida.
É imprescindível estar sempre bem informado, acompanhando não apenas as mudanças nos
conhecimentos técnicos da sua área profissional, mas também nos aspectos legais e normativos. Vá
e busque o conhecimento. Muitos processos ético-disciplinares nos conselhos profissionais
acontecem por desconhecimento, negligência.
cícios
dade N0 02-A0019
a: Individualismo e Ética Profissional
ução
A Ética baseia-se em uma filosofia de valores compatíveis com a natureza e o fim de todo ser
humano, por isso, "o agir" da pessoa humana está condicionado a duas premissas consideradas
básicas pela Ética: "o que é" o homem e "para que vive", logo toda capacitação científica ou técnica
precisa estar em conexão com os princípios essenciais da Ética.
11
ário
Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido objecto de referências de muitos
estudiosos, a de defender, em primeiro lugar, seus interesses próprios e, quando esses interesses são
de natureza pouco recomendável, ocorrem seríssimos problemas.
O valor ético do esforço humano é variável em função de seu alcance em face da comunidade. Se o
trabalho executado é só para auferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro lado, nos
serviços realizados com amor, visando ao benefício de terceiros, dentro de vasto raio de acção, com
consciência do bem comum, passa a existir a expressão social do mesmo.
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, tende a ter menor consciência de grupo.
Fascinado pela preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocorre com a sua comunidade e
muito menos com a sociedade.
Para ilustrar essa questão, citaremos um caso, muito conhecido, porém de autor anônimo.
A este último, o sábio teria atribuído a qualidade de ser integral em face do trabalho, como
instrumento do bem comum.
Como o número dos que trabalham, todavia, visando primordialmente ao rendimento, é grande, as
classes procuram defender-se contra a dilapidação de seus conceitos, tutelando o trabalho e zelando
para que uma luta encarniçada não ocorra na disputa dos serviços. Isto porque ficam vulneráveis ao
individualismo.
12
A consciência de grupo tem surgido, então, quase sempre, mais por interesse de defesa do que por
altruísmo.
Tal luta quase sempre se processa através de aviltamento de preços, propaganda enganosa, calúnias,
difamações, tramas, tudo na ânsia de ganhar mercado e subtrair clientela e oportunidades do colega,
reduzindo a concorrência. Igualmente, para maiores lucros, pode estar o indivíduo tentado a práticas
viciosas, mas rentáveis.
Em nome dessas ambições, podem ser praticadas quebras de sigilo, ameaças de revelação de
segredos dos negócios, simulação de pagamentos de impostos não recolhidos, etc.
Para dar espaço a ambições de poder, podem ser armadas tramas contra instituições de classe, com
denúncias falsas pela imprensa para ganhar eleições, ataque a nomes de líderes impolutos para
ganhar prestígio, etc.
Os traidores e ambiciosos, quando deixados livres completamente livres, podem cometer muitos
desatinos, pois muitas são as variáveis que existem no caminho do prejuízo a terceiros.
A tutela do trabalho, pois, processa-se pelo caminho da exigência de uma ética, imposta através dos
conselhos profissionais e de agremiações classistas. As normas devem ser condizentes com as
diversas formas de prestar o serviço de organizar o profissional para esse fim.
Dentro de uma mesma classe, os indivíduos podem exercer suas atividades como empresários,
autônomos e associados. Podem também dedicar-se a partes menos ou mais refinadas do
conhecimento.
A conduta profissional, muitas vezes, pode tornar-se agressiva e inconveniente e esta é uma das
fortes razões pelas quais os códigos de ética quase sempre buscam maior abrangência.
Tão poderosos podem ser os escritórios, hospitais, firmas de engenharia, etc, que a ganância dos
mesmos pode chegar ao domínio das entidades de classe e até ao Congresso e ao Executivo das
nações.
Tais grupos podem, como vimos, inclusive, ser profissionais, pois, nestes encontramos também o
poder econômico acumulado, tão como conluios com outras poderosas organizações empresariais.
Portanto, quando nos referimos à classe, ao social, não nos reportamos apenas a situações isoladas,
a modelos particulares, mas a situações gerais.
O egoísmo desenfreado de poucos pode atingir um número expressivo de pessoas e até, através
delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta virtuosa de minorias
poderosas, preocupadas apenas com seus lucros.
13
Sabemos que a conduta do ser humano pode tender ao egoísmo, mas, para os interesses de uma
classe, de toda uma sociedade, é preciso que se acomode às normas, porque estas devem estar
apoiadas em princípios de virtude.
Como as atitudes virtuosas podem garantir o bem comum, a Ética tem sido o caminho justo,
adequado, para o benefício geral.
cícios
dade N0 03-A0019
a: Vocação para o Colectivo
ução
O progresso de uma vida inculta, desorganizada, baseada apenas em instintos, o homem, sobre a
Terra, foi-se organizando, na busca de maior estabilidade vital. Foi cedendo parcelas do referido
individualismo para se beneficiar da união, da divisão do trabalho, da protecção da vida em comum.
Objectivos
14
ário
A organização social foi um progresso, como continua a ser a evolução da mesma, na definição,
cada vez maior, das funções dos cidadãos e tal definição acentua, gradativamente, o limite de acção
das classes.
Sabemos que entre a sociedade de hoje e aquela primitiva não existem mais níveis de comparação,
quanto à complexidade; devemos reconhecer, porém, que, nos núcleos menores, o sentido de
solidariedade era bem mais acentuado, assim como os rigores éticos e poucas cidades de maior
dimensão possuem, na actualidade, o espírito comunitário; também, com dificuldades, enfrentam as
questões classistas. A vocação para o colectivo já não se encontra, nos dias actuais, com a mesma
pujança nos grandes centros.
Parece-me pouco entendido, por um número expressivo de pessoas, que existe um bem comum a
defender e do qual elas dependem para o bem-estar próprio e o de seus semelhantes, havendo uma
inequívoca interação que nem sempre é compreendida pelos que possuem espírito egoísta.
Quem lidera entidades de classe bem sabe a dificuldade para reunir colegas, para delegar tarefas de
utilidade geral.
Tal posicionamento termina, quase sempre, em uma oligarquia dos que se sacrificam, e o poder das
entidades tende sempre a permanecer em mãos desses grupos, por longo tempo.
O egoísmo parece ainda vigorar e sua reversão não nos parece fácil, diante da massificação que se
tem promovido, propositadamente, para a conservação dos grupos dominantes no poder.
Como o progresso do individualismo gera sempre o risco da transgressão ética, imperativa se faz a
necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas.
É sabido que uma disciplina de conduta protege todos, evitando o caos que pode imperar quando se
outorga ao indivíduo o direito de tudo fazer, ainda que prejudicando terceiros.
É preciso que cada um ceda alguma coisa para receber muitas outras e esse é um princípio que
sustenta e justifica a prática virtuosa perante a comunidade.
O homem não deve construir seu bem a custa de destruir o de outros, nem admitir que só existe a
sua vida em todo o universo.
Em geral, o egoísta é um ser de curta visão, pragmático quase sempre, isoladao em sua perseguição
de um bem que imagina ser só seu.
15
cícios
dade N0 04-A0019
a: Classes Profissionais
ução
Uma classe profissional caracteriza-se pela homogeneidade do trabalho executado, pela natureza do
conhecimento exigido preferencialmente para tal execução e pela identidade de habilitação para o
exercício da mesma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da sociedade, específico,
definido por sua especialidade de desempenho de tarefa.
ário
A questão, pois, dos grupamentos específicos, sem dúvida, decorre de uma especialização,
motivada por seleção natural ou habilidade própria, e hoje constitui-se em inequívoca força dentro
das sociedades.
A formação das classes profissionais decorreu de forma natural, há milênios, e se dividiram cada
vez mais.
A divisão do trabalho é antiga, ligada que está à vocação e cada um para determinadas tarefas e às
circunstâncias que obrigam, às vezes, a assumir esse ou aquele trabalho; ficou prático para o
homem, em comunidade, transferir tarefas e executar a sua.
A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha não só
regulada por lei, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe.
cícios
dade N0 05-A0019
a: Virtudes Profissionais
ução
Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em conta
as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua actuação profissional,
algumas delas facilitando o exercício da profissão.
Muitas destas qualidades poderão ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso
o mérito do profissional que, no decorrer de sua actividade profissional, consegue incorporá-las à
sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.
ário
Em artigo publicado na revista EXAME o consultor dinamarquês Clauss MOLLER (1996, p.103-
104) faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa como
fundamentais para a formação de recursos humanos. Segundo Clauss Moller o futuro de uma
carreira depende dessas virtudes. Vejamos:
18
As virtudes da responsabilidade e da lealdade são completadas por uma terceira, a iniciativa, capaz
de colocá-las em movimento.
Honestidade:
A honestidade está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a responsabilidade
perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos.
É muito fácil encontrar a falta de honestidade quanto existe a fascinação pelos lucros, privilégios e
benefícios fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam autoridade e que têm a
confiança coletiva de uma colectividade. Já ARISTÓTELES (1992, p.75) em sua "Ética a
Nicômanos" analisava a questão da honestidade.
Sigilo:
O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser desenvolvido na
formação de futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação sigilosa
é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.
20
Revelar detalhes ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalho, em geral, nada interessa a
terceiros e ainda existe o agravante de que planos e projetos de uma empresa ainda não colocados
em prática possam ser copiados e colocados no mercado pela concorrência antes que a empresa que
os concebeu tenha tido oportunidade de lançá-los.
Competência:
Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada tarefa, mas é
necessário que se tenha a postura ética de recusar serviços quando não se tem a devida capacitação
para executá-lo.
Pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência médica, causas que são perdidas pela
incompetência de advogados, prédios que desabam por erros de cálculo em engenharia, são apenas
alguns exemplos de quanto se deve investir na busca da competência.
Prudência:
A prudência, fazendo com que o profissional analise situações complexas e difíceis com mais
facilidade e de forma mais profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança, principalmente
das decisões a serem tomadas. a prudência é indispensável nos casos de decisões sérias e graves,
pois evita os julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis.
Coragem:
Todo profissional precisa ter coragem, pois "o homem que evita e teme a tudo, não enfrenta coisa
alguma, torna-se um covarde" (ARISTÓTELES, p.37). A coragem nos ajuda a reagir às críticas,
quando injustas, e a nos defender dignamente quando estamos cônscios de nosso dever. Nos ajuda a
não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente quando estas forem de real interesse
para outrem ou para o bem comum. Temos que ter coragem para tomar decisões, indispensáveis e
importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar em conta possíveis atitudes ou atos de
desagrado dos chefes ou colegas.
21
Perseverança:
Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está sujeito a
incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o profissional em
seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas. É louvável a perseverança dos profissionais
que precisam enfrentar os problemas do subdesenvolvimento.
Compreensão:
Qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos que dele dependem, em
termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no relacionamento
profissional.
É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que o profissional não se deixe levar
por opiniões ou atitudes, nem sempre, válidas para eficiência do seu trabalho, para que não se
percam os verdadeiros objetivos a serem alcançados pela profissão.
Vê-se que a compreensão precisa ser condicionada, muitas vezes, pela prudência. A compreensão
que se traduz, principalmente em calor humano pode realizar muito em benefício de uma atividade
profissional, dependendo de ser convenientemente dosada.
Humildade:
O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o dono da verdade e que o
bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de pessoas.
Representa a auto-análise que todo profissional deve praticar em função de sua atividade
profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando a colaboração de outros
profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a aprender coisas novas, numa busca
constante de aperfeiçoamento. Humildade é qualidade que carece de melhor interpretação, dada a
sua importância, pois muitos a confundem com subserviência, dependência ? quase sempre lhe é
atribuído um sentido depreciativo. Como exemplo, ouve-se freqüentemente, a respeito determinadas
pessoas, frases com estas: Fulano é muito humilde, coitado!
Muito simples! Humildade está significando nestas frases pessoa carente que aceita qualquer coisa,
dependente e até infeliz.
Conceito errôneo que precisa ser superado, para que a Humildade adquira definitivamente a sua
autenticidade.
Imparcialidade:
É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se destina a se
contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época dinheiro, técnica, sexo...), a
defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente uma posição justa nas
situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo a justiça depende muito
da imparcialidade.
Optimismo:
22
Em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser otimista, para
acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do desenvolvimento, enfrentando
o futuro com energia e bom-humor.
cícios
dade N0 06-A0019
a: Fundamentos Teóricos para uma Deontologia
sional
ução
Após uma análise de fonte teórica, boa quanto a Ética e Moral, mas muito reduzida quanto à
Deontologia, optamos por uma abordagem paralela de Moral, Ética e Deontologia, na hipótese e na
esperança de que uma exposição suscinta e clara das primeiras duas servisse de base e justificação
para a terceira, ou em outras palavras, partindo da fenomenologia do Mundo da Moral, quisemos
23
encontrar seus fundamentos e justificação – isso constitui – a Ética – para que ela, a Moral, por seu
turno, pudesse, se isso se mostrasse possível, fundamentar a Deontologia que, a uma primeira
análise, se nos apresenta como uma casa sem alicerces. Será que a Moral, (fundamentalmente pela
Ética), é, sozinha, suficiente para basear validamente a Deontologia? Ou teremos de pedir também a
ajuda de outras Ciências Sociais?
Ao completar esta unidade, você será capaz de:
ário
Cabe sempre, quando se fala em virtudes profissionais, mencionarmos a existência dos códigos de
ética profissional.
As relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos da conduta
humana podem ser reunidos em um instrumento regulador.
Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo e o todo social.
Tem como base as virtudes que devem ser exigíveis e respeitadas no exercício da profissão,
abrangendo o relacionamento com usuários, colegas de profissão, classe e sociedade.
O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto a ser de todos. O exercício de uma
virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional, como se uma lei fosse, mas com proveito
geral.
Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à
vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina da actividade é antiga, já encontrada
nas provas históricas mais remotas, e é uma tendência natural na vida das comunidades.
É inequívoco que o ser tenha sua individualidade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o
é que uma norma comportamental deva reger a prática profissional no que concerne a sua conduta,
em relação a seus semelhantes.
24
Toda comunidade possui elementos qualificados e alguns que transgridem a prática das virtudes;
seria utópico admitir uniformidade de conduta.
Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se macule
o bom nome e o conceito social de uma categoria.
Se muitos exercem a mesma profissão, é preciso que uma disciplina de conduta ocorra.
cícios
dade N0 07-A0019
a: O Problema Moral
ução
Em geral, as profissões apresentam a ética firmada em questões muito relevantes que ultrapassam o
campo profissional em si. Questões como o aborto, pena de morte, sequestros, eutanásia,
HIV/SIDA, por exemplo, são questões morais que se apresentam como problemas éticos - porque
pedem uma reflexão profunda - e, um profissional, ao se debruçar sobre elas, não o faz apenas como
tal, mas como um pensador, um "filósofo da ciência", ou seja, da profissão que exerce. Desta forma,
a reflexão ética entra na moralidade de qualquer actividade profissional humana.
ário
ACTOS MORAIS: As relações entre as pessoas, entre os grupos e entre as nações não são lineares.
Apresentam problemas, são complexas.
Por vezes não sabemos como agir. E sentimos necessidade de saber como agir. Vejamos alguns
exemplos da nossa realidade real ou da realidade fantástica tão insistente, maciça, brilhante,
subreptícia ou descaradamente veiculada por nossa maior pregadora de princípios "Morais", a TV
Globo, com suas novelas:
Ex:
NORMAS MORAIS: Ora a dúvida quanto a como devemos agir e o facto que julgamos e somos
julgados pressupõem que haja:
princípios
normas
regras
leis
26
– parâmetros de comportamento que nos dizem ou indicam o que se pode ou não pode, deve ou não
deve fazer e que, de certo modo, nos obrigam e em base aos quais nós julgamos, sem ser
considerados levianos, incompetentes ou intrometidos.
. Mas quais são ou devem ser essas normas?
. Quem as pode ou deve fazer e modificar?
. São mesmo obrigatórias ou deixam liberdade (moral!) de acção?
. São gerais (para todos) ou só para alguns?
Ex:
é uma forma de comportamento humano que compreende tanto um aspecto normativo (regras
de acção) quanto um aspecto factual (necessidade de adequação dos atos humanos às normas)
a Moral é um facto social: tende a ajudar os grupos e as sociedades a organizarem suas acções
em base a valores e fins e assim a solucionar suas necessidades.
é um facto individual, de cada pessoa, pois exige a interiorização, a adesão íntima, o
reconhecimento interior das normas estabelecidas pela comunidade ou descobertas
pessoalmente.
27
motivação
meios do normal
resultados
1. o acto moral, como acto consciente e voluntário, supõe uma participação livre do sujeito em
suas realizações; é portanto incompatível com a imposição forçada de normas.
cícios
dade N0 08-A0019
a: O Problema Ético
ução
Uma coisa porém é o Problema Moral outra coisa é o Problema Ético. Nós não só agimos
moralmente (acção, decisão, normas, juízos morais), mas também reflectimos sobre nosso
comportamento moral e o tomamos, portanto, como objecto de nossa reflexão, buscando os como,
porquê, para quê e demais relações dos actos morais. E assim, parando para aprofundar uma
reflexão sobre o mundo da Moral, sobre os actos humanos sob o aspecto de bem ou de mal, nos
estamos dando um passo importante: (a) saímos do campo da Moral e (b) entramos no campo da
Ética.
ário
1. DEFINIÇÕES E OBJECTO DA ÉTICA: Para começar, podemos definir Ética como:
ou
Destas definições se deduz, então, que o Mundo Moral é o campo ou o objecto da Ética. Não para
entrar em pormenores, estabelecer normas e códigos, dizer como deves ou não deves agir em tal ou
tal situação concreta, mas para refletir sobre os fundamentos, princípios, ideologias subjacentes,
valores, termos e conceitos usados pela Moral.
"A Ética, como muito bem diz Sanchez Vásquez, depara com uma experiência histórica-social no
terreno da Moral, ou seja, com uma série de práticas morais e, partindo delas, procura determinar:
a essência da Moral
sua origem
as condições objetivas e subjetivas do ato moral
as fontes de avaliação moral
a natureza e a função dos juízos morais
os critérios de justificação destes juízos
o princípio ou princípios que regem a mudança e a sucessão dos diferentes sistemas morais, nos
diversos tempos e nos diversos lugares".
No nosso entender a ÉTICA tem por função responder a dois diferentes problemas:
a. Qual a base, o fundamento e o valor dos códigos, princípios, normas e convicções morais
existentes por aí?
b. Quais os pressupostos essenciais à ação moral, para que um acto seja moral, aquilo sem o que
não se poderia falar de moralidade?
c. Quais os critérios supremos ou máximos ou básicos de moralidade ou imoralidade de um acto
humano?
2.1 – O PROBLEMA CRÍTICO: Olhando em volta de nós, vemos que por toda a parte há códigos,
normas, leis codificadas
Restringindo-nos aos códigos "éticos" ou melhor, morais, vemos que eles prescrevem deveres,
estabelecem leis, ditam normas que devem ser obedecidas por determinadas pessoas, grupos ou
nações. Deixando de lado as "tábuas da Lei" ou o alcorão que segundo o Judeu – Cristianismo e o
Islamismo foram ditados pela autoridade incontestável de Deus, Senhor Absoluto, todos os outros
códigos morais têm origem humana, lugar e data e autor certos ou presumíveis.
Porque e em medida, então somos obrigados a obedecer a eles? Que valor têm? Podem ser
mudados? Por quem? Pelo governo? Pela sociedade? Pelos sábios?
Foram esses ou semelhantes perguntas que abriram caminho à reflexão moral e à crítica da moral
tradicional, para buscar princípios mais sólidos para a república ateniense. Assim nasceu a ÉTICA:
reflexão sobre a moral vivida, seus códigos, seu sentido, fraqueza ou solidez de suas bases.
Povo marítimo, guerreiro e comerciante, os gregos tiveram facilidade de conhecer outros povos,
línguas, costumes civis e morais diferentes dos seus.
Ou será que as normas morais não se baseiam na natureza humana, mas sim em contratos, em
convenções sociais, em acordos entre as pessoas ou grupos com a finalidade de possibilitar uma
melhor ou menos ruim convivência entre elas?
Como é de nosso conhecimento, houve na Grécia dois tipos de resposta para este problema:
a. a dos Sofistas: essas normas não se fundam na natureza humana, mas sim sobre determinadas
convenções sociais. Os Estados fixam para seus cidadãos as normas que julgam mais oportunas
a seu bem-estar individual e social.
b. a de Sócrates (o grande mestre e fundador da Ética ocidental) em que ele afirma: essas normas,
códigos e convenções morais baseiam-se na natureza das coisas e do homem. O problema, diz
ele, é que o homem é um grande ignorante. Não conhece nem a natureza nem, sobretudo, a si
mesmo. Daí Sócrates afirmar que todo o mal é e vem da ignorância e que o início da Sabedoria
e do bem moral é "conhece-te a ti mesmo".
2.2 – O PROBLEMA TEÓRICO: Quer responder, como vimos acima a dois tipos de perguntas:
Quais as condições e os pressupostos essenciais para que um ato humano seja moral.
Qual o critério supremo para diferenciar o bem do mal, o moral do imoral
31
a) Condições de moralidade
*) Liberdade – Sem liberdade não se pode falar de moralidade. Nisto todos os filósofos estão de
acordo. Entendemos por liberdade a possibilidade de escolha consciente, convicta, íntima e pessoal
de valores que, a seu juízo, servem para sua valorização ou para a valorização dos outros.
Tudo o que atrapalha, diminui ou elimina a liberdade (medo, paixão, opressão, violência, hábito)
diminui ou elimina também a responsabilidade moral.
*) Conhecimento – Só sou responsável se além de livre, eu sei o que estou fazendo. Meu ato só é
humano e, portanto, moral e responsável, se eu estou em pleno poder do meu juízo e plenamente
ciente do que se trate de ignorância culpável.
Se um louco que mata não é moralmente responsável por seu ato, um médico que deixa morrer por
imperícia é responsável moralmente por essa morte.
*) Norma – valor ou princípio que se impõe à vontade como obrigatório para ela atingir certo bem.
Eu livremente aceito e cumpro esta norma que conheço como boa para atingir meus fins morais e,
assim a minha (e a nossa) realização.
Sei que de certo modo sou limitado pela norma, pela lei, mas isso não me diminui, já que eu sei que
sou um ser relativo, não absoluto. Não sou o "ser", "o Homem", sou um ser, um Homem, como os
outros homens e em relação necessária, essencial com eles. Assumi o "sentido do limite", a
consciência de minha limitação essencial, como parte inata e integrante do meu ser.
Não quero, com isto dizer que eu sou limitação essencial. Eu sou também liberdade essencial,
criatividade, espontaneidade, tendência ao Tudo e ao Infinito.
Contradição? Não! Dialética. Aspectos diferentes de um mesmo ser que tem de procurar um bom
equilíbrio entre os diferentes aspectos para realizar no seu agir, o seu ser total, no tempo, no espaço
e demais circunstâncias da vida.
Eu tanto digo que aceito as normas que julgo justas e boas (só porém o mínimo indispensável!!)
como afirmo que odeio todas as normas não indispensáveis ou muito necessárias, pois minha
vocação maior é a liberdade, a autonomia para construir pessoalmente a minha história.
Normas, então, sim. São necessárias. Mas a quais normas eu devo sujeitar um de meus maiores
valores – a liberdade? Só se for a uma norma que garanta a minha maior realização, que seja
caminho seguro para meu ser-mais e para o BEM SUPREMO.
Qual seria então essa norma suprema ou o critério máximo de normalidade, o 1º princípio moral do
qual se podem deduzir logicamente todos os outros e que a eles dá força, ânimo e sentido?
*) Morais Teológicas – os que dizem que o critério supremo é o fim último (ou finalidade maior e
mais importante do Homem, para a qual ele tem de caminhar com seus atos morais). São bons os
atos que me aproximam desse fim último. São maus os atos que dele me afastam.
São: hedonismo, utilitarismo, eudemonismo e ética dos valores, para os quais o fim último é
respectivamente o prazer, o útil, a felicidade e os valores.
É bom aquilo que é dever ou que é mandado pela Lei ou pela autoridade ou pela Consciência.
– estoicismo
– o formalismo Kantiano
c) Morais situacionais e relativistas – são as que se recusam a construir a moral sobre um princípio
absoluto, seja ele o fim último ou o dever.
O homem tem sim deveres a cumprir, leis a observar, fins a realizar, mas estes não são estáveis.
Mudam conforme a época, o lugar, as circunstâncias. Daí naturalmente só se pode construir uma
moral relativista e situacionista.
3. O PROBLEMA DEONTOLÓGICO
o obrigatório
o justo
o adequado
A partir deste particípio e da palavra loghia, Jeremias Bentham cunhou o termo deontologia, em
1834. Como ciência de normas que são meios para alcançar certos fins.
Após Bentham tornou-se comum considerador a Deontologia não só como uma disciplina
normativa, mas também descritiva e empírica que tem como finalidade a determinação dos deveres
que devem ser cumpridos em determinadas circunstâncias sociais e de modo todo especial dentro de
uma determinada profissão.
33
A Deontologia é, então, a ciência que estabelece normas directoras das actividades profissionais sob
o signo de retidão moral ou honestidade estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício
da profissão.
Partindo do pressuposto de que a actividade profissional é, toda ela, sujeita à norma moral, a
Deontologia profissional elabora sistematicamente os ideais e as normas que devem orientar a
atividade profissional.
Deixando de lado os aspectos de cada profissão, uma boa Deontologia profissional deve ter o
seguinte esquema básico de conduta profissional:
Zelar, com sua competência e honestidade, pelo bom nome ou reputação da profissão. Sublinhamos
competência e honestidade pois a reputação da Profissão não deve ser procurada por si mesma ou a
qualquer preço, mas deve ser a conseqüência natural da competência e honestidade de seus
membros e do grupo como um todo, na busca honesta comprometida e inteligente do BEM
COMUM para a sociedade como um todo, como os meios que essa profissão proporciona.
3.1.2 – Na área da ordem profissional, ou seja, na relação com seus pares e colegas de profissão, a
norma fundamental será:
3.1.3 Na área da clientela profissional, os que os que são os usuários dos serviços profissionais
(verdadeiro coração da Deontologia Profissional), deverá haver três normas fundamentais:
a) execução íntegra do serviço conforme o combinado com o usuário. Sempre naturalmente que o
pedido seja moralmente lícito no plano objetivo e não vá contra o bem comum ou de terceiros ou do
próprio solicitante.
Se do ponto de vista técnico o pedido é menos seguro ou menos bom ou tem conseqüências não
previstas pelo solicitante, deve o profissional esclarecer o cliente mostrando as inconveniências
existentes e os procedimentos para melhor execução, após o que pode deixar o cliente decidir e
assumir toda a responsabilidade pelas conseqüências, exceto, se houver prejuízos ao bem comum ou
a terceiros.
b) a remuneração justa: nunca por motivo algum, deve ser excessiva. Nada impede que se prestem
serviços a menor preço ou mesmo gratuitamente, em casos de necessidade financeira do usuário.
Se há o dever da solidariedade com os colegas, porque não o deve ou pelo menos o pode haver com
os usuários? Dado o baixo nível de renda de nosso povo, há por aí muitos profissionais, baseados
em códigos de Ética Profissional, cobrando tarifas que o Povo em geral não pode de forma alguma
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pagar. Que será então mais moral: ficar fiel às tarifas ou emolumentos estabelecidos pela classe
(vide médicos, dentistas, advogados, cartórios, etc.) ou possibilitar ao Povo que usufrua dos
serviços de que precisa e a que tem direito?
E não vale o argumento de que a vida está cara, ou de que se trabalha muito, ou de que "se hoje
ganho é porque estudei e trabalhei para chegar onde estou". Isso tudo não passa de sofismas. A vida
está cara para todos e se pudeste estudar para chegar onde estás, estudastes à custa da nação, à qual
deves agora servir como um cidadão comum sem te autonomeares e autojustificares como um
privilegiado, um pequeno super-homem, indiferente ou superior ao bem Comum do Povo
Brasileiro.
c) o segredo profissional: o que se vem a conhecer de íntimo e pessoal no exercício da profissão faz
parte do que se domina de segredo natural ou segredo confiado e só se pode usar para melhor
prestação de serviço e não para outros fins, a não ser em casos de grave e urgente perigo para o
cliente, para si, para terceiros o para o bem comum.
cícios
dade N0 09-A0019
a: Deontologia ou Ética Profissional: a
pção das profissões da educação.
ução
A ética é indispensável ao profissional, porque na acção humana "o fazer" e "o agir" estão
interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para
exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que
deve assumir no desempenho de sua profissão.
ário
1. Situação paradoxal das profissões da educação
As profissões da educação são geralmente consideradas entre as mais importantes funções sociais,
mas o seu prestígio não é, de um modo geral, elevado. A função docente, designadamente, deixou
de ter o prestígio que já teve e de ser atraente como foi. Entre nós, pelo menos, porque noutros
países a situação é diferente. Por exemplo, nos EUA, segundo inquéritos à opinião pública (feitos
em 2006) sobre a percepção social de 23 ocupações e profissões, realizados anualmente pelo The
Harris Poll, (cf. www.harrispollonline.com):
- A única profissão que subiu em prestígio, desde o primeiro destes inquéritos (1977), foi a
dos professores, que passou de 29% para 52%.
- As seis ocupações ou profissões mais prestigiadas são os bombeiros (63%), os médicos
(58%), os cientistas (54%), os professores (52%) e os militares (51%).
36
Artigo 4
Direitos profissionais
Artigo 10
40
Deveres profissionais
Contudo, o Estatuto não utiliza o termo „deontologia‟, nem estabelece nenhum órgão para controlar
e sancionar a violação dos deveres. Note-se também que nunca menciona o direito à educação, ao
contrário do Estatuto e do Código Deontológico da Ordem dos Médicos, invocam o direito à saúde.
É o Estatuto de um corpo especial de funcionários públicos (como as profissões da saúde), cuja
função é reconhecidamente especial mas sem reconhecimento de um estatuto verdadeiramente
profissional, consagrando os referidos atributos da distinção de uma profissão.
É verdade que as profissões da educação são diferentes de outras. O seu objecto é mais complexo,
não são exercidas de modo tão privado, autónomo e independente, e têm uma ressonância cultural,
moral, ideológica e política que explicam o seu forte enquadramento público. É por isso que a
profissão docente é frequentemente qualificada como “quase-profissão”, “semi-profissão” e se
realça a necessidade e importância da sua profissionalização. Ora o conceito de profissionalização
implica o de profissionalidade ou ideal profissional, cuja concepção compreende a determinação de
uma identidade e a identificação dos factores internos e externos da sua construção. Um desses
factores é a vinculação pública a uma Deontologia. No caso das profissões da educação, o
imperativo deontológico é ainda mais forte do que noutras, porque são as mais éticas das profissões,
principalmente no caso dos educandos mais jovens, por várias razões, a principal das quais é esta:
nelas não está apenas em causa a Ética do sujeito, isto é, o respeito da dignidade e direitos do
educando, mas está essencialmente em jogo o Sujeito ético, ou seja, a formação da consciência
moral e o desenvolvimento da capacidade de autonomia e responsabilidade das crianças,
adolescentes, jovens e eventualmente adultos. É por isso que a responsabilidade dos profissionais da
educação – a responsabilidade pedagógica – pode ser considerada como a maior responsabilidade
do mundo.
Uma Deontologia válida, na sua generalidade, para todas as profissões e profissionais da educação,
deve definir a sua responsabilidade profissional segundo os seus diferentes vectores, isto é, formular
os deveres profissionais na relação com os educandos, os colegas, outros trabalhadores e
profissionais, a instituição, as famílias e a comunidade, a profissão e na investigação. Embora
alguns dos seus princípios possam e devam ser enunciados no seu Estatuto, deve ser desenvolvida
em texto autónomo, à semelhança da Deontologia Médica.
Não é oportuno, aqui, propor formulações de normas deontológicas. É mais pertinente e útil
abordar uma questão prévia: Como elaborar uma Deontologia válida, na sua generalidade, para
todas as profissões e profissionais da educação, que seja vinculativa, representativa, reconhecida e
efectiva?
Sendo assim, a elaboração, adopção e aplicação de uma Deontologia das profissões da educação
requer a criação de um órgão profissional adequado. Não pode ser uma Ordem, de tipo europeu,
cuja natureza corporativa é inadequada à especificidade das profissões da educação. Deve ser um
órgão de novo tipo, de base maioritariamente profissional, mas de composição multilateral. A
iniciativa da sua criação deve partir do Estado, como órgão do Interesse Geral e da produção do
Direito escrito. Embora tendo como missão inaugural organizar o processo de gestação das normas
deontológicas, deve permanecer como órgão de controlo do seu respeito e com um mandato
alargado a outras funções.
Esta é a solução adoptada no mundo anglo-saxónico, desde há quatro décadas, com a criação dos
General Teaching Council. O primeiro a ser criado no Reino Unido, e um dos primeiros no mundo
foi o General Teaching Council for Scotland, criado em 1965 pelo Teaching Council Scotland Act
como órgão regulador da profissão docente. A sua finalidade principal é «contribuir para melhorar a
qualidade do ensino e da aprendizagem; e manter e elevar as normas de competência profissional
dos professores» (2A). É formado por cinquenta membros, trinta dos quais são professores eleitos
pela profissão. Os restantes são representantes de numerosas entidades e do Governo. Tem vários
Comités.
Um órgão semelhante foi proposto em Itália, em 2001, por uma Comissão criada pelo Ministério da
Educação, Universidade e Investigação, «para definir os critérios para um código deontológico das
profissões escolares, com vista a proteger a sua dignidade, tanto pessoal como profissional, e
aumentar a qualidade do sistema escolar» (DM nº 3146/MR of 2-11-2001). A Comissão
recomendou a criação de um Consiglio Superiore della Docenza, que poderia ser semelhante ao
Conselho Superior da Magistratura, considerando que o ensino tem dignidade constitucional, como
a administração da justiça.
Em Portugal, poderia ser um Conselho Superior das Profissões da Educação, com uma composição
maioritariamente representativa dos profissionais, mas incluindo representantes do interesse público
e de outros legítimos interesses sociais. Os representantes das profissões seriam propostos pelos
sindicatos e outras associações profissionais, tendo em conta a respectiva e comprovada
representatividade e procurando salvaguardar uma representação proporcional das diferentes
categorias profissionais. Os representantes dos sectores não profissionais poderiam ser também eles
próprios profissionais da educação, na medida do possível, reforçando assim a natureza profissional
do Conselho.
A missão de um Conselho Superior das Profissões da Educação seria proteger os destinatários dos
seus serviços e garantir a sua qualidade, no interesse dos educandos e no interesse público.
Compreenderia as seguintes competências:
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Para o desempenho destas funções poderiam ser criadas comissões especializadas, como:
cícios
EXERCÍCIOS A RESOLVER
Faça uma reflexão em cinco (5) páginas no mínimo sobre os seguintes temas:
Suponha que você trabalha numa congregação religiosa. Um dia uma senhora te conta que o marido
dela descobriu que ele está infectado com HIV. Ela está aflita e cheia de medo de também apanhar
o virus da morte.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FOUCAULT, M. Ética, sexualidade, política. Ditos e Escritos V. Rio de Janeiro,
Forense Universitária, 2004.
NARDI, Henrique C. e SILVA, Rosane Neves. Ética e subjetivação: as
técnicas de si e os jogos de verdade contemporâneos. IN: GUARESCHI,
Neuza e HÜNNING, Simone (orgs). Foucault e a Psicologia. Porto Alegre,
Abrapso Sul, 2005.
ROMARO, Rita. Ética na psicologia. Petrópolis, Vozes, 2006.
SOUZA, Ricardo Timm. Ética como fundamento: uma introdução à Ética
contemporânea. São Leopoldo, Nova Harmonia, 2004.
45
COSTA, Jurandir Freire. A Ética e o espelho da cultura. Rio de Janeiro, Rocco, 1994.
DEL NERO, Carlos. Problemas de ética profissional do psicólogo. Vetor Editora
Psicopedagógica, 1997.