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Prof. Dr. Alejandro Pimienta Betancur Prof. Dr. João Ricardo Viola dos Santos
Universidad de Antioquia (Colômbia) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Prof. Dr. Alexandre Pacheco Prof. Dr. José Messildo Viana Nunes
Universidade Federal de Rondônia(UNIR) Universidade Federal do Pará (UFPA)
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
Organizadora
Débora Mariz
Diagramação: Marcelo Alves
Capa: Gabrielle do Carmo
148p.
ISBN 978-65-85725-94-1
DOI 10.22350/9786585725941
CDU 37.01:1/.09-057.8
INTRODUÇÃO 7
Débora Mariz
1 15
PENSANDO SOBRE MÚSICA: UMA EXPERIÊNCIA DE ROTINA DO PENSAMENTO NO
PANORAMA DA MÚSICA DE CONCERTO
Júlia Campolina Araújo
2 33
O ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO ATRAVÉS DE OBRAS DE ARTE: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA COM UMA “ROTINA DE PENSAMENTO” SOBRE
INFERÊNCIAS
Débora Saraiva Dalmaso
3 49
EXPLORANDO O LIVRO-IMAGEM SOB O PRISMA DAS ROTINAS DE PENSAMENTO
Julia Maria Xavier Leite
Sarah Carvalho Saturno Miranda
4 67
RELATO DE UMA AULA DE BIOÉTICA A RESPEITO DA INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA
GRAVIDEZ COM ROTINA DE PENSAMENTO
Daniel Melo Soares
5 81
ARTE E PENSAMENTO NA ESCOLA PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE
“ROTINA DE PENSAMENTO” DO PROJECT ZERO EM ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO
MÉDIO DE BELO HORIZONTE
Luciana Telles Machado Da Silva
6 95
MASSINHA, PAPEL E TESOURA: DESENVOLVENDO HABILIDADES COM A
CONSTRUÇÃO DE MAQUETES
Tawan Luis da Silva
Viviane de Oliveira Costa Gomes
Vinícius Minelli Moreira
Fábio Silva Prates
Bárbara Ramos Azalim
Reinaldo de Freitas
7 115
ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: UM ESTUDO
COMPARATIVO
Lucca Moreira de Carvalho Gonzaga
8 129
ROTINAS DE PENSAMENTO: ARTE E PENSAMENTO CRÍTICO
Maria Eduarda Ferreira Ezequiel
Poliana Leles de Oliveira
Renata Guerreiro Freire
1
Professora Adjunta de Ensino de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Docente
Orientadora do Núcleo Filosofia do Programa Residência Pedagógica (Edital CAPES n° 24/2022) da
UFMG. Graduada em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FA-JE), Graduada em
Terapia Ocupacional, Especialista em Temas Filosóficos, Mestre e Doutora em Filosofia pela UFMG,
deboramariz@gmail.com
8• Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
ROTINAS DE PENSAMENTO
2
Essas rotinas estão disponíveis para download no site do Project Zero. Também estão disponíveis
traduções para o português de algumas rotinas no site Opcevê e no e-book elaborado pela Ativa
Educação.
Débora Mariz • 11
OBRAS DE ARTE
3
Disponível em: http://opceve.art.br/
14 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
4
Disponível em: https://www.nga.gov/learn/learningresources.html
5
Disponível em: https://www.edx.org/learn/critical-thinking-skills/the-smithsonian-institution-
teaching-critical-thinking-through-art-with-the-national-gallery-of-art
1
PENSANDO SOBRE MÚSICA: UMA EXPERIÊNCIA DE
ROTINA DO PENSAMENTO NO PANORAMA DA
MÚSICA DE CONCERTO
Júlia Campolina Araújo 1
1
Graduanda do Curso de Música - Licenciatura da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
juliacaraujo2@gmail.com
16 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
nem todas as salas de aula têm a mesma atmosfera cultural: algumas são
rígidas, outras abertas; algumas valorizam respostas, outras valorizam
perguntas. Mas todas as salas de aula têm alguma forma de cultura. Entre
outras coisas, é este sentido cultural da educação que faz da experiência da
escolaridade algo muito maior que a soma de suas partes (Tishman, Perkins,
Jay, 1999, p. 13).
METODOLOGIA
2
A classificação dos amores é referenciada por diversos autores e literaturas de diferentes épocas, como
Platão e C.S.Lewis. A referência escolhida pelo professor é de uma carta encíclica de 25 de dezembro de
2005, ‘Deus caritas est’, pelo Papa Bento XVI, disponível em: <https://www.vatican.va/content/benedict-
xvi/en/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est.html>
Júlia Campolina Araújo • 19
3
Aqui me refiro à tomada de consciência sobre sensações provocadas por algum estímulo (como a
música), e a construção de uma linguagem múltipla (que conta com elementos além das palavras, como
movimentações) que as descrevam.
4
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=_DLbGfENx-4&t=1113s>
20 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira coisa que me veio na cabeça foi um filme que eu relacionei com
a sonoridade da peça, se chama Atonement, Desejo e Reparação. O que eu
senti com a música foi uma tragédia, uma coisa muito grande, dramática,
que muda sua vida de maneira grandiosa. E aí eu senti que as cordas e o
piano faziam como se fosse uma dança em que o piano, essa coisa anterior
a esse drama, como se fosse o normal, digamos assim, que essa vida deveria
ser. E as cordas estão puxando, é o motor que faz a sua vida e traz esse
drama. O que eu perguntaria ao compositor eu acho que se teve algum
evento específico que inspirou ele (Renata)
Eu imaginei uma pessoa tocando um piano num palco com uma luz só nele.
E aí, enquanto as cordas apareciam era como se fossem pessoas vestidas de
preto, apareciam por um lado, a luz piscava e mostrava as pessoas atrás,
puxando ele. Aí, tipo assim, tem aquele momento em que as cordas falam, é
como se o desespero começasse a entrar nele também. (Jéssica)
5
A fim de preservar o anonimato dos estudantes foram utilizados pseudônimos em suas falas
Júlia Campolina Araújo • 23
6
Se estamos aqui estabelecendo uma distinção entre ouvir e escutar, proponho a figura do ‘escutante’
em contraponto ao ‘ouvinte’
Júlia Campolina Araújo • 25
O que não significa que seja uma atenção apenas mental, porque o
som não é compreendido apenas por palavras. Muitas vezes a atenção é
sobre os sentidos: sensações e emoções que se manifestam por meio do
corpo ou, ainda, quando o som é captado pelos poros em vez dos ouvidos.
Nesse sentido, a caminhada da escuta expande para a sensibilidade,
após a escolha e a atenção.
O próximo desafio é linguístico: como condensar tudo que foi
escutado, percebido e sentido em palavras? Este é mais um diferencial
do pensar sobre sons; ele é necessariamente metafórico e utiliza de
imagens fabricadas pela nossa mente para descrever um fenômeno
invisível que acontece no ar. Mas, claro, como todas as coisas, nada
escapa ao pensamento. Esta foi a proposta oferecida à turma de
estudantes do Panorama da Música de Concerto: pensar sobre uma
música.
Pode-se até pensar que estudantes de Música estejam habituados a
essa prática, mas quanto realmente se pensa sobre a construção desses
pensamentos? E, sobretudo, com que frequência os estudantes são
submetidos a essa experiência de estruturar o pensar sobre a música?
Acredito que todos os professores concordam que um dos objetivos
centrais de uma escola é estimular o pensamento, e até mesmo o
pensamento crítico, mas o que tem sido feito, de fato, para a formação
de sujeitos pensantes?
E o que eu perguntaria? Ah, eu não perguntaria nada. (Leonardo)
Schafer (2011) elabora que, no processo de criação dos sons “é dada
ao indivíduo a possibilidade de ter um gesto livre, depois é que vem a
disciplina para estabelecer conexões”. Para que o escutante, assumindo
sua posição de criador, esteja atento a essa possibilidade, é interessante
Júlia Campolina Araújo • 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS
uma preocupação sobre tais abordagens é que elas não são suficientemente
centradas nos estudantes - que lhes falta uma sensibilidade adequada aos
estágios de desenvolvimento dos alunos, e custam o esgotamento de suas
curiosidades, seus questionamentos e motivações naturais (Baehr, 2015,
p.31).
Júlia Campolina Araújo • 29
REFERÊNCIAS
BAEHR, Jason. Cultivating Good Minds: A Philosophical & Practical Guide to Educating
for Intellectual Virtues. 2015. Disponível em: intellectualvirtues.org. Acesso em: 20
de março de 2023.
SCHAFER, Murray R. O ouvido pensante. 2. ed. São Paulo: Editora da Unesp, 2011.
TIBURI, M. Aprender a pensar é descobrir o olhar. Jornal do Margs, edição 103, set/out
2004.
TISHMAN, Shari; PALMER, Patricia. Works of Art are Good Things to Think About.
Conference proceedings Evaluating the Impact of Arts and Cultural Education,
Paris, p.89-101, 2007.
WATSON, Lani. Educating for Good Questioning: a tool for Intellectual Virtues
Education. Acta Analytica, vol. 33, p.353–370, 2018.
O ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO
2
ATRAVÉS DE OBRAS DE ARTE: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA COM UMA “ROTINA DE PENSAMENTO”
SOBRE INFERÊNCIAS
Débora Saraiva Dalmaso 1
1
Graduanda do curso de filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e bolsista do
Programa de Residência Pedagógica (CAPES), deboradalmaso@hotmail.com.
34 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
2
“Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos,
econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e
informações de natureza qualitativa e quantitativa (expressões artísticas, textos filosóficos e
sociológicos, documentos históricos, gráficos, mapas, tabelas etc.).” (Brasil, 2018, p. 560)
36 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
foca em observar e interpretar arte, mais do que fazer arte, e seu objetivo é
duplo: ajudar os professores a criar ricas conexões entre obras de arte e
tópicos que eles estejam ensinando; e usar o poder da arte como uma força
para desenvolver as disposições de pensamento dos estudantes (Tishman;
Palmer, 2007, p.2, tradução nossa). 3
3
“It focuses on looking at and interpreting art, rather than making art, and its goals are twofold: To help
teachers create rich connections between works of art and topics they are teaching; and to use the
power of art as a force for developing students’ thinking dispositions.”
Débora Saraiva Dalmaso • 37
4
Disponível em: <https://comciencia.br/imaginando-o-redondo/camille-flammarion/>. Acesso em 19
ago. 2023.
42 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RODRIGO, Lídia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio.
São Paulo: Autores Associados, 2021.
TISHMAN, Shari; PALMER, Patricia. Works of Art are Good Things to Think About.
Conference proceedings Evaluating the Impact of Arts and Cultural Education,
Paris, p.89-101, 2007.
VELASCO, Patrícia Del Nero. Sobre o lugar da argumentação na filosofia como disciplina.
Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 61, p. 517-538, jan./abr. 2017. Disponível
em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/32175. Acesso
em: 7 ago. 2023.
EXPLORANDO O LIVRO-IMAGEM SOB O
3
PRISMA DAS ROTINAS DE PENSAMENTO
Julia Maria Xavier Leite 1
Sarah Carvalho Saturno Miranda 2
1
Graduanda do Curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
juliamxavier02@ufmg.br;
2
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
ssaturno@ufmg.br;
50 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
METODOLOGIA
A escolha desse tipo de obra foi guiada por sua riqueza pedagógica,
um livro de imagens proporciona uma ampla experiência estética e
literária, possibilitando o diálogo entre múltiplas perspectivas. Deve-se
salientar que esta atividade, apesar de ter sido pensada a partir de um
livro escrito para o público infantil, não é uma proposta que se aplica
exclusivamente a crianças, como a princípio possamos entender, tanto
que foi aplicada em grupos compostos por adultos como base para o
presente relato. Dito isso, seguem as instruções para a realização da
rotina:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3
Disponível em: https://pz.harvard.edu/resources/slow-complexity-capture
4
Disponível em: https://pz.harvard.edu/resources/what-can-be
Julia Maria Xavier Leite; Sarah Carvalho Saturno Miranda • 57
5
Os participantes autorizaram o uso das imagens e não serão identificados neste relato.
58 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BOWN, Claire. How to use “Slow Complexity Capture”: thinking routine to slow down
and explore objects. Thinking Museum. Disponível em:
<https://thinkingmuseum.com/2021/01/07/how-to-use-slow-complexity-capture-
thinking-routine-to-slow-down-and-explore-objects/>. Acesso em: 27 jul. 2023.
RAMOS, Graça. A imagem nos livros infantis-caminhos para ler o texto visual.
Autêntica: Belo Horizonte, 2018.
TISHMAN, Shari; PALMER, Patricia, Artful Thinking: Stronger thinking and learning
through the power of art, 2006.
4
RELATO DE UMA AULA DE BIOÉTICA A RESPEITO DA
INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ COM
ROTINA DE PENSAMENTO
Daniel Melo Soares 1
1
Graduando do Curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG,
danielmelo912@hotmail.com
2
PEC que libera venda de plasma humano é aprovada em comissão no Senado. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2023/10/04/plasma-humano-pec-do-
plasma-senado-ccj-iniciativa-privada-sangue-hemobras.htm>. Acesso em: 9 out. 2023.
3
“Dinamitar” Banco Central, venda de órgãos e fim da educação obrigatória: as propostas
radicais de Javier Milei. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/08/15/dinamitar-
banco-central-venda-de-orgaos-e-fim-da-educacao-obrigatoria-as-propostas-radicais-de-javier-
milei.ghtml>. Acesso em: 9 out. 2023.
4
Bolsonaro culpa 8 de Janeiro por ato esvaziado contra o aborto em BH. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/10/08/bolsonaro-culpa-8-de-
janeiro-por-ato-esvaziado-contra-o-aborto-em-bh.htm>. Acesso em: 9 out. 2023
5
FALCÃO, M. Rosa Weber vota para descriminalizar aborto até a 12a semana de gestação. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/22/rosa-weber-vota-para-descriminalizar-aborto-ate-
a-12a-semana-de-gestacao.ghtml>.
68 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
Fig. 1: Participantes da aula de bioética com rotina de pensamento (Arquivo Pessoal, 2023)
6
Perguntei aos alunos a melhor maneira de me referir a eles no relato e, visto o consenso ao redor da
utilização do primeiro nome e a autorização de todos, empreguei tais aqui e ao longo do texto. Os
termos de autorização dos participantes foram assinados e estão sob a guarda da organizadora do livro.
Daniel Melo Soares • 69
7
Para mais informações sobre ambas as rotinas, ver referências.
70 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
pessoa tem acerca do sistema e de sua posição nele? (c) Quais são os
valores, prioridades e motivações dessa pessoa em respeito ao sistema?
O que é importante para essa pessoa?
A modificação feita na rotina VPP, inspirada na rotina PSP, foi o
acréscimo de uma pergunta: como se sente a mulher ao centro do
quadro? ou quais emoções sentiram ao observar a pintura? Com essa
pergunta busquei fazer com que os alunos se sensibilizassem com a cena
retratada, com a mulher ao centro da pintura e toda sua vida orbitando
ao redor da cama de hospital onde, supostamente, ocorreu o aborto. A
versão modificada de VPP seguiu a seguinte ordem: (a) o que vocês estão
vendo? (b) como se sente a mulher ao centro do quadro? ou quais
emoções sentiram ao observar a pintura? (c) o que vocês
pensam/acreditam estar acontecendo? (d) se pudessem fazer uma
pergunta, ao quadro ou a artista, qual pergunta faria? o que desejam
saber?
A pintura em questão é a seguinte:
Daniel Melo Soares • 71
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Imagine, diz ela, que você acorda uma manhã e se encontra em uma cama
de hospital, de alguma forma conectado a um homem inconsciente em uma
cama adjacente. Disseram-lhe que este homem é um famoso violinista com
doença renal. A única maneira de ele sobreviver é conectar seu sistema
circulatório ao sistema de outra pessoa com o mesmo tipo sanguíneo, e você
será a única pessoa cujo sangue é adequado. Então, uma sociedade de
amantes da música sequestrou você, realizou a operação de conexão e aí
está você. Como você está agora em um hospital respeitável, você pode, se
quiser, pedir a um médico que o desconecte do violinista; mas o violinista
certamente morrerá. Por outro lado, se você permanecer conectado por
apenas (apenas?) nove meses, o violinista terá se recuperado e você poderá
ser desconectado sem colocá-lo em perigo (Singer, 2011, p.132)
RELATO DA APLICAÇÃO
Fig. 3: Print de tela da pesquisa do termo “gravidez” no Google. (Arquivo Pessoal, 2023)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
FALCÃO, M. Rosa Weber vota para descriminalizar aborto até a 12a semana de gestação.
TV Globo. Brasília, 22/09/2023. Disponível em: <https://g1.globo.com/politica/
noticia/2023/09/22/rosa-weber-vota-para-descriminalizar-aborto-ate-a-12a-
semana-de-gestacao.ghtml>.
FRIDA, Kahlo. Henry Ford Hospital. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Flórida:
Wikimedia Foundation, 2023. Disponível em: https://en.wikipedia.org/w/
index.php?title=Henry_Ford_Hospital_(painting)&oldid=1170976937. Acessado
em: 22 set. 2023.
JORNAL ESTADÃO. Bolsonaro culpa 8 de Janeiro por ato esvaziado contra o aborto em
BH. Jornal Estadão, São Paulo, 08/10/2023, Caderno Cotidiano. Disponível em:
<https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/10/08/
bolsonaro-culpa-8-de-janeiro-por-ato-esvaziado-contra-o-aborto-em-bh.htm>.
Acesso em: 9 out. 2023.
PROJECT ZERO. See, think, wonder. Trad. Julia P. Andrade, Paola Ricci e Carmen Sforza.
Disponível em: <https://pz.harvard.edu/resources/see-think-wonder>. Acesso em:
2 nov. 2023.
PROJECT ZERO. Pensar, sentir e preocupar-se. Trad. Patrícia Agustí e María Ximena
Barrera. Disponível em: <https://pz.harvard.edu/resources/>. Acesso em: 2 nov.
2023.
SINGER, P. Practical Ethics. 3. ed. New York: Cambridge University Press, 2011.
1
Graduanda do Curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e integrante
voluntária do Programa de Residência Pedagógica (CAPES), lutellesm@uol.com.br
82 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
Fig. 1: O Jardim das Delícias, 1500-05, óleo sobre madeira, painel central 220 x 195 cm,
painéis laterais 220 x 97 cm, Hieronymus Bosch, Museu do Prado, Madri.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_Garden_of_Earthly_Delights_by_
Bosch_High_Resolution.jpg
2
Os nomes dos alunos citados nesse relato são fictícios para preservar a identidade deles.
Luciana Telles Machado Da Silva • 87
Fig.2: Lousa na qual foram colocadas algumas das hipóteses apresentadas pelos alunos e
onde ficou apoiada uma das placas de papel-cartão com uma reprodução da obra de arte.
Fig. 3: Lousa na qual foram colocadas algumas das hipóteses apresentadas pelos alunos e as
contra-argumentações contra elas lançadas.
Fig. 4: Momento de observação da reprodução da obra por alunos para ilustrar como os
alunos saíram de suas carteiras para se aproximarem fisicamente da imagem (os alunos da
fotografia abaixo foram de uma turma diversa da escolhida para o presente relato de
experiência, pois, por lapso, perdi o momento de registrar, por fotografia, a observação dos
alunos da turma escolhida para este relato em razão de os estar acompanhando e
respondendo dúvidas sobre a atividade no exato momento desta observação)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIA
1
Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista do
Programa de Residência Pedagógica (PRP-CAPES, luistawan@gmail.com;
2
Graduanda do Curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista do PRP-
CAPES, vivianedeoliveira47@gmail.com;
3
Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista do PRP-
CAPES, viniciusminellimoreira@gmail.com;
4
Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista do PRP-
CAPES, fabiosilvaprates.fp@gmail.com;
5
Graduanda do Curso de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista do PRP-
CAPES, bramosazalim@gmail.com;
6
Doutorando em Geografia (UFMG), Mestre em Geografia (UFMG), Professor da Rede Municipal de
Educação de Belo Horizonte e preceptor do PRP-CAPES, reinaldofreitas@gmail.com.
96 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
7
O Project Zero é um projeto da Harvard Graduate School of Education, desenvolvido em 1967 pelo
filósofo Nelson Goodman, dedicado inicialmente a pesquisas sobre educação artística. Desde então, seu
campo de atuação se estendeu para investigar e desenvolver práticas educativas em outros campos do
conhecimento. Para maiores informações consultar a página no link: <https://pz.harvard.edu/who-we-
are>. Acesso em: 31 de julho de 2023.
98 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
PROJECT ZERO. O que te faz dizer isso? Harvard Graduate School of Education.
Disponível em: <https://pz.harvard.edu/resources/what-makes-you-say-that>.
Acesso em: 31 de julho de 2023.
Tawan Silva; Viviane Gomes; Vinícius Moreira; Fábio Prates; Bárbara Azalim; Reinaldo Freitas • 113
SILVA, A. C. Educação e tecnologia: entre o discurso e a prática. Ensaio: aval. pol. públ.
educ. vol.19, n.72, 2011, pp.527-554. Disponível em: <http://educa.fcc.org.br/scielo.
php?pid=S0104-40362011000300005&script=sci_abstract>. Acesso em: 10 de
setembro de 2023.
ESTRATÉGIAS DE ENSINO DE FILOSOFIA
7
NO ENSINO MÉDIO: UM ESTUDO COMPARATIVO
Lucca Moreira de Carvalho Gonzaga 1
1
Graduando do Curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e bolsista do
Programa de Residência Pedagógica (CAPES), luccamoreira.2009@gmail.com
116 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
2
Com essa afirmação, não pretendemos evocar nenhum tipo de discurso meritocrático a respeito da
aptidão de diferentes indivíduos para a educação, muito pelo contrário: reconhecendo essas diferenças,
conceder que todos tenham a liberdade para escolher se desejam se aprofundar na área acadêmica, ou
seguirem um caminho próprio dadas as possibilidades de empreendedorismo que a sociedade oferece.
3
Suas diferenças serão discutidas detalhadamente mais adiante, mas, em resumo, trata-se de duas
rotinas de pensamento, isto é, propostas de práticas pedagógicas muito semelhantes, que só se
distinguem no que tange ao objetivo específico do residente em sala de aula. Essa perspectiva também
envolve, naturalmente, a dimensão do conteúdo que está sendo lecionado, bem como a obra de arte
escolhida, questões as quais nos deteremos com profundidade neste texto.
4
Agradecemos ao apoio institucional e financeiro da CAPES, que tornou possível a realização dessas
atividades.
Lucca Moreira de Carvalho Gonzaga • 117
METODOLOGIA
5
Segundo Marcondes (2011, p.22) a filosofia pode ter pouca relevância do ponto de vista da utilidade,
contudo, nos oferece ferramentas valiosas do ponto de vista intelectual para pensarmos nossa própria
condição no mundo.
118 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
não, até mesmo nas exatas: basta que o residente escolha uma obra de
arte que seja interessante o suficiente para não apenas captar a atenção
dos estudantes, como também estabelecer uma boa e clara relação com
o conteúdo ministrado. Em um primeiro momento, poderia-se pensar
que a filosofia tem um lugar privilegiado no tratamento de questões
transdisciplinares, o que facilitaria a aplicação das rotinas, dado seu
caráter de universalidade. Todavia, pensamos esse aspecto não como
uma limitação de outras disciplinas em relação à filosofia, mas como
possibilidade de abertura a ela, o que nos suscita a questão sobre o modo
“tradicional” de se ensinar filosofia no Ensino Médio. Se nos
aprofundamos nessas perguntas, inevitavelmente retornaremos ao
velho problema já enunciado na introdução deste trabalho, qual seja, o
atraso das atuais metodologias pedagógicas diante de novos e antigos
problemas da educação brasileira. Portanto, continuemos nossa
rememoração sobre a experiência de ensino na Escola Pedro II e seus
resultados.
Na aula em questão, havíamos preparado uma exposição sobre o
tema “Positivismo e Surgimento das Ciências Humanas”, propondo a
contemplação da pintura “As Modistas” (1885) do pintor impressionista
francês Paul Signac. Pelo caráter essencialmente transdisciplinar do
conteúdo, que poderia ser facilmente ministrado, por exemplo, em uma
aula de sociologia, pensamos em como trazer uma abordagem filosófica
para o tema, mas sem recorrer ao modo em que normalmente se ensina
filosofia no Ensino Médio, ou seja, decorando datas, ideias principais,
palavras-chave, contextualização histórica, dentre outras estratégias.
Tendo isso em vista, a escolha da obra de Signac foi pautada
sobretudo em uma proposta de contemplação, em que os estudantes não
Lucca Moreira de Carvalho Gonzaga • 119
Fonte: https://www.freeart.com/gallery/s/signac/signac.html
Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rubens-_Der_sterbende_Seneca.jpg
REFERENCIAL TEÓRICO
6
É evidente que a posição de professor em uma sala de aula confere ao indivíduo certo poder,
autoridade e prestígio que podem ser usados tanto para o bem, como o controle da sala de aula, quanto
para o mal.
124 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
RESULTADOS E DISCUSSÃO
7
São eles: o princípio da não-maleficência, que proíbe o médico de causar qualquer tipo de dano ao
paciente; o princípio da beneficência, que obriga com que o médico cuide de um paciente, bem como
proíbe a negligência do tratamento; o princípio da autonomia, que preza pela liberdade de escolha de
um paciente a menos que sua vida esteja em risco e; por fim, o princípio da justiça, que estabelece a
necessidade de toda uma população ter acesso à saúde.
Lucca Moreira de Carvalho Gonzaga • 125
lugar que cada elemento em uma sala de aula ocupa no que diz respeito
ao rendimento de uma aula.
A partir da comparação entre as duas dinâmicas, compreendemos
que a parte mais importante de uma aula é o planejamento de sua
estratégia, pois isso está diretamente ligado com a relação de
transferência e contratransferência que haverá entre estudantes e
residente. Pode-se dizer que a estratégia de aula é, portanto, a matéria-
prima da relação de ensino-aprendizado. É a partir dela que se
determinará desde aspectos mais gerais desta relação, como o ritmo de
aula, o envolvimento dos alunos, até aspectos mais sutis, como o tom de
voz e linguagem utilizados por ambas as partes, o sentimento de se estar
presente em sala de aula, a própria sensação de passagem do tempo,
dentre outros. Sabendo disso, é não apenas irracional, como também
injusto atribuir a apenas uma parte a responsabilidade por uma ação
que é construída de forma conjunta e colaborativa, não separada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MARCONDES, Danilo; FRANCO, Irley F. A Filosofia: O que é? Para que serve? Rio de
Janeiro: Jorge Zahar/ PUC-Rio, 2011.
ROTINAS DE PENSAMENTO:
8
ARTE E PENSAMENTO CRÍTICO
Maria Eduarda Ferreira Ezequiel 1
1
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
dudaezequiel99@gmail.com;
2
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, polileles@gmail.com;
3
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG,
renataguerreirofreire@gmail.com.
130 • Rotinas de Pensamento na Formação de Professores: relatos de experiência
REFERENCIAL TEÓRICO
Uma conexão profunda entre olhar para a arte e aprender a pensar é esta:
tanto por design quanto por padrão, a arte naturalmente convida a um
pensamento profundo e extenso. As obras de arte naturalmente nos
encorajam a pensar – sobre as próprias obras e sobre as ideias além delas.
Na medida em que abraçamos isso, outra coisa a procurar ao avaliar o
impacto da educação artística é a evidência de que os alunos estão vendo
mais oportunidades para pensar profundamente sobre as coisas – em obras
de arte e além. (Palmer, Tishman, 2007, p. 32)
METODOLOGIA
4
Link para acesso à rotina: https://pz.harvard.edu/resources/see-think-me-we
Maria Eduarda Ferreira Ezequiel; Poliana Leles de Oliveira; Renata Guerreiro Freire • 137
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAEHR, Jason. Cultivating Good Minds: A Philosophical & Practical Guide to Educating
for Intellectual Virtues. 2015. Disponível em: intellectualvirtues.org. Acesso em
10jan21.
RITCHHART, Ron; CHURCH, Mark; MORRISSON, Karin. Making Thinking Visible: How
to Promote Engagement, Understanding, and Independence for All Learners. San
Francisco, CA: Jossey-Bass, 2011.
TIBURI, M. Aprender a pensar é descobrir o olhar. Jornal do Margs, edição 103, set/out
2004.
Maria Eduarda Ferreira Ezequiel; Poliana Leles de Oliveira; Renata Guerreiro Freire • 143
TISHMAN, Shari. Slow Looking: The Art and Practice of Learning Through Observation.
New York and London: Routledge, Taylor and Francis Group, 2018.
TISHMAN, Shari; PALMER, Patricia. Works of Art are Good Things to Think About.
Conference proceedings Evaluating the Impact of Arts and Cultural Education,
Paris, p.89-101, 2007.
WATSON, Lani. Educating for Good Questioning: a tool for Intellectual Virtues
Education. Acta Analytica, vol. 33, p.353–370, 2018.
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