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Código: P0208
Módulo único
22 Unidades
Direitos de Autor
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à
Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou
reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer
meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de
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não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais.
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do presente
manual, dr. Lourenco A. Covane, agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e
instituições:
Índice
Visão geral 5
Bem-vindo às Literaturas Africanas em Língua Portuguesa I ......................................... 5
Objectivos da cadeira .................................................................................................... 5
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 5
Como está estruturado este módulo? .............................................................................. 6
Ícones de actividade ...................................................................................................... 6
Habilidades de estudo .................................................................................................... 7
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 7
Avaliação ...................................................................................................................... 7
Sumário ....................................................................................................................... 35
Exercícios.................................................................................................................... 36
Suplemento Cultural 46
Introdução 46
Sumário ....................................................................................................................... 48
Exercícios.................................................................................................................... 48
Sumário ....................................................................................................................... 68
Exercícios.................................................................................................................... 68
Sumário ....................................................................................................................... 88
Exercícios.................................................................................................................... 88
Visão geral
Objectivos da cadeira
Ícones de actividade
Habilidades de estudo
Precisa de apoio?
Caro estudante:
Os tutores têm por obrigação monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o
tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção. Em caso
de problemas específicos, ele deve ser o primeiro a ser contactado,
numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o
problema for da natureza geral, contacte a direcção do CED, pelo
número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar nos dias úteis e nas horas
normais de expediente.
Avaliação
Introdução
Nesta unidade introdutória pretendemos falar dos aspectos
fundamentais que singularizam Cabo Verde das restantes colónias
de expressão em língua portuguesa, sobretudo do que diz respeito
à temática dos textos.
Objectivos
Sumário
Exercícios
Introdução
Objectivos
Exercícios
Introdução
Nesta unidade pretendemos apresentamos um quadro
periodológico da literatura cabo-verdiana, partindo de pressuposto
de que é possível, através da análise das produções literárias
detectar os períodos marcantes no discurso linguístico cabo-
verdiano.
abrindo, aquele poeta, muito mais cedo do que nas outras colónias,
a frente literária do intimismo, do abstraccionismo e do
cosmopolitismo: aliás, só depois da independência, e passado
algum tempo, surgiu descomplexada e polémica, sobretudo em
Angola e Moçambique. Podemos datar de 1966, com a impressão
dos poemas, em Coimbra, de Exemplo geral, de João Vário (João
Manuel Varela), essa viragem, que, diga-se, pouco impacto veio
provocar.
Sumário
Exercícios
Introdução
Do ponto de vista literário, a Claridade veio não só revolucionar
de um modo exemplar toda a literatura cabo-verdiana como
também marcar o início de uma fase de contemporaneidade
estética e linguística, superando o conflito entre o Romantismo de
matriz portuguesa dominante durante o século XIX e o novo
Realismo. Nesta unidade, pretende-se fazer uma breve resenha
sobre o contributo desta revista literária.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Colaboradores da Claridade
Sumário
Exercícios
Introdução
Na presente unidade vamos falar da vida e obra de Jorge Barbosa.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Objectivos
Daí que toda a obra publicada (em livro ou dispersa) prepare esse
3.° período, o pós-claridoso ou da mudança, que se define pelo
discurso da agressividade e da intervenção, nunca perdendo,
porém, o lirismo de carácter afectivo, repassado de dor, em tom
magoado.
Sumário
Exercícios
POSSE
Introdução
A temática da insularidade estende-se em todos os escritores cabo-
verdianos, Manuel Lopes não escapa à regra. Nesta unidade
temática falaremos, particularmente, da Chuva Braba e um pouco
dos Flagelados do Veste Leste, obras que muito contribuiram para
a afirmação da cabo-verdaianidade.
Mas Manuel Lopes foi autor de outros títulos como Horas Vagas
(poesia, 1934), Poemas de Quem Ficou (poesia, 1949), Temas
Cabo-verdianos (ensaios, 1950), Crioulo e Outros Poemas (poesia,
1964), As Personagens de Ficção e os seus Modelos (ensaio,
1971) e Falucho Ancorado (antologia poética, 1997).
padrinho.
"Porto Novo não tem montanhas. Ali há vento à solta, mar raso
por aí fora franjado de carneirada. Há distância: um azul que
navega e naufraga num mundo sem limite. Lá adiante fica S.
Vicente, cinzento e roxo, roxo e cinzento, depois é só horizonte. O
mar, quando cai a calma sobre o canal, desliza ora para o sul ora
para o norte, consoante a direcção da corrente, como as águas
dum rio que ora descessem para a foz ora remontassem da foz
para a nascente.
Actividade 1
Actividade 2
Sumário
Exercícios
Introdução
Chiquinho é dos melhores romances da literatura cabo-verdiana.
Descrevendo Cabo Verde dos anos 30, o seu interesse resulta não
somente do facto de estar apoiado numa realidade que até esta
altura tinha sido deixada de lado pelos escritores do arquipélago,
mas sobretudo da demanda da personalidade cultural do povo de
Cabo Verde. A presente unidade pretende transmitir um
conhecimento sobre o romance de Baltasar Lopes.
Capítulo 1
Este capítulo centra-se a volta da infância vivida por
Chiquinho na sua terra natal; São Nicolau. Ele refere em
que condição foi construída a casa em Caleijão, com
também acontecimentos ocorridos no seio familiar (partida
do seu pai para América, responsabilidade da mãe na
criação dos filhos, a doença da avó e as aventuras dos
meninos na casa desaguada.
Capítulo 2
Ele refere principalmente a seca ocorrida em 1915,
realçando-se como motivo do embarque do pai para
América no intuito de procurar uma vida melhor para o
sustento da família, além disso a morte da irmã. Também
ele recorda com tristeza a partida do mesmo e a influência
deste no seio da comunidade de Caleijão, apesar de não
possuir qualquer formação académica.
Capítulo 3
Este capítulo baseia-se nas histórias contadas nos serões
pela contadeiras, com abordagem da figura ilustre desta
noites; Nha Rosa Calita uma velha com aspecto de Camões
por lhe faltar um olho. Contudo estas histórias continham
lições da vida moral, servidas de ensinamento para os
meninos.
Capítulo 4
Com base na leitura o quarto capítulo centra a sua atenção
em Pitra Marguida afilhado do pai de Chiquinho, era um
homem trabalhador, criador dos animais, sobretudo a sua
maneira de ser. Na ausência do padrinho era considerado o
homem da casa. Por outro lado a uma razão pela qual este
abandonou a casa do padrinho, quando Zepinha (animal)
engravidou, por esta razão houve uma zanga de Pitra e
Mamãe.
Centro de Ensino à Distância 40
Capítulo 5
Este capítulo traduz-se em três ideias chaves; a amizade de
Chiquinho com Nhô Chic´Ana, amigo da família, no qual a
sua avó e Nhô Chic´Ana faziam recordações dos tempos
antigos, assim como o arrependimento de Nhô Chic´Ana à
troca a vida de marinheiro para ser agricultor.
Capítulo 6
O auto neste capítulo fala de Toi Mulato, um rapaz
humilde e que cativava o gosto pela paz e harmonia entre
os amigos. Este amigo de Chiquinho era diferente dos
outros meninos, pois estava atento as histórias de Nhõ João
Joana, e o sonho deste em ter uma tatuagem no peito igual
ao de Nhõ João Joana.
Capítulo 7
Faz-se referência do surto de duas doenças, Ventona e
Cólera, que assolaram a ilha provocando muitos mortos e
fuga da população para outras regiões. Outro assunto é a
escravatura relatada neste capítulo, um período onde
muitos negros aportaram nesta ilha, e com a lei de alforria
muitos foram aqueles que prosperam com a sua liberdade,
por outro lado aqueles que morreram miseráveis.
Capítulo 8
O autor fala dos seu tio Joca quando vinha à Caleijão,
visitar os parentes nunca deixando de lado as suas
travessuras, o que deixava a mãe deste furiosa. Desta vez
ele trouxe consigo um rapaz para receber a bênção da avó,
mas esta ralava-se por seu filho ter muitos filhos. O
assunto importante neste capítulo foi a bebedeira do tio que
não parava, e família não querendo ver Joca nesta situação,
deitaram-lhe algo na bebida de modo que ele deixa-se esta
vida, mas ao aperceber desta situação pegou no filho e saiu
em direcção à Praia Branca apesar de deixar de lado a
bebida.
Actividade 1
1. Com base na síntese dos capítulos, encontre razões que
justificam o dilema de querer partir/ter ficar e querer
ficar/ ter de partir
2.
Centro de Ensino à Distância 41
Sumário
Exercícios
Introdução
Quase uma década depois do lançamento de Claridade, os ideais
da negritude se espalham pelo mundo, assim como as ideias
marxistas e o romance regionalista brasileiro da geração de 30.
Surge a revista Certeza (1944) e, a partir daí, os poetas bradam "o
ficar para resistir. Nesta unidade didáctica, vamos analisar
profundamente as características peculiares da revista Certeza. Na
presente unidade, vamos falar especificamente da crítica que pesa
sobre os claridosos como fruto da constante preocupação pela vida
social dos ilhéus.
Mas havia que dar voz a uma outra característica do povo cabo-
verdiano e que jamais esmoreceria, por pior que fosse a sua
situação: a religiosidade, uma fé desmedida e uma crença
incontornável num dia melhor. Agarrando essa fé incomensurável,
havia que fazer a apologia da terra, da terra-mãe, no chão cabo-
verdiano. Agarrar essa fé, vincar bem forte os pés na terra (na raiz)
e lutar, física e psicologicamente, contra as adversidades
existentes, de forma a consciencializar todo o povo, levando-os a
optar por ficar e não partir. Havia que mudar a tendência natural (e
até compreendida) da saída como única forma de corrida pela
sobrevivência, acusar de "perdidos" aqueles que optaram (e
optam) pela saída e apontar um novo caminho que mostrasse
outras possibilidades para além dessa saída: apostar, definitiva e
colectivamente, no esforço humano em prol de uma visível
melhoria.
Sumário
Exercícios
Introdução
No final dos anos 1950 é lançado o Suplemento Cultural (1958,
número único) que apresenta os poetas da Geração da Nova
Largada: Ovídio Martins, Gabriel Mariano, Aguinaldo Fonseca e
outros "negam o mito e se propõem a resgatar a história, incitando
à acção"
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Atirar-me-ei ao chão
e prenderei nas mãos convulsas
ervas e pedras de sangue
Gritarei
Berrarei
Matarei
Sumário
Exercícios
Introdução
Pão & fonema, escrito antes de 1975, ano este da independência
de Cabo Verde, apresenta um cartograma do Arquipélago, com
destaque para a ilha de São Vicente, terra natal do poeta, através
de uma proposição e três cantos. Nesta unidade pretende-se que o
aluno procure compreender a filosofia que está na base desta obra.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
mortas
vivas
nos fogões apagados
De sol a sol
abriste a boca
Secos os pulmões
neles cresce-me
a lenha do mato
De sol a sol
os meus ossos são verdes
os teus ossos são plantas
Como a fruta-pão o tambor e o chão
De sol a sol
gritei por Rimbaud ou Maiakovsky
deixem-me em paz
Há sempre
Pela artéria do meu sangue que g
o
t
e
j
a
De comarca em comarca
A árvore E o arbusto
Que arrastam
As vogais e os ditongos
para dentro das violas
Sumário
Exercícios
Introdução
A literatura cabo-verdiana na conturbada época da independência
manteve uma evolução sem grandes sobressaltos, prevalecendo
temas e estratégias textuais e estilística que vinham da claridade
ou Neo-realismo e da Resistência
Sumário
Exercícios
Introdução
racial".
Sumário
Exercícios
CORAÇÃO EM ÁFRICA
Caminhos trilhados na Europa
De coração em África.
Saudades longas de palmeiras vermelhas verdes amarelas
Tons fortes da paleta cubista
Que o sol sensual pintou na paisagem;
Saudade sentida de coração em África
Ao atravessar estes campos de trigo sem bocas
Das ruas sem alegria com casas cariadas
Pela metralha míope da Europa e da América
Centro de Ensino à Distância 62
Introdução
Tal como ficou dito, Francisco Jose Tenreiro foi, de parceria com
outro importante nome da literatura de Angola( Mário Pinto de
Andrade), o autor do célebre Caderno de Poesia Negra de
Expressão Portuguesa, por um lado e, quem pela primeira vez
exprimiu em língua portuguesa, vamos nesta unidade analisar o
seu projecto literario, tendo em atençao as influencias que este
teve da negritude.
Objectivos
Francisco José Tenreiro nasceu em São Tomé e Príncipe em 1921
e faleceu em 1963, numa altura em que se intensificava a Guerra
Colonial. Geógrafo por formação, usou a poesia para exprimir a
nova África, já não a dos postais ilustrados e dos povos, plantas e
animais exóticos, mas a de um novo tempo, marcado pela fusão de
culturas nativas.
Segue em frente
irmão!
Que a tua música
seja o ritmo de uma conquista!
E que o teu ritmo
seja a cadência de uma vida nova!
E os teus olhos...
E a ti,
Oh! mãe de negros e mestiços e avô de brancos!
ficou-te esse jeito
de te perderes na beira de algum caminho
e te sentares de cabeça pendida
cachimbando e cuspindo para os lados.
Sumário
Exercícios
E os teus olhos...
/...../
Centro de Ensino à Distância 69
Introdução
Sumário
Dimensionada numa matriz nacionalista, a escrita dos jovens
estudantes da Casa do Império denuncia uma assumida vinculação
à ideologia estética do Neo-realismo e configura dois grandes
núcleos temáticos: a afirmação cultural e de uma insularidade
africana, e a reivindicação do solo pátrio, realizando o discurso
anti-colonial de identidade, e a denúncia da precariedade social
das ilhas.
Exercícios
LÁ NO ÁGUA GRANDE
(1991)
In Primeiro Livro de Poesia
Centro de Ensino à Distância 72
Introdução
Alda, é uma das maiores poetas dos países africanos de língua
portuguesa. A sua poesia apresenta temáticas que vão mais além
da sua militância política, luta e contestação. É uma das poucas
mulheres que desempenhou um destacável papel na luta de
resistência anticolonial para a libertação de São Tomé e Príncipe.
Obra poética:
O Jogral das Ilhas, 1976, São Tomé, e. a.;
Em Torno da Minha Baía
Aqui, na areia,
Sentada a beira do caís da minha baía
do caís simbólico, dos fardos,
das malas e da chuva
caindo em torrente
sobra o caís desmantelado,
caindo em ruínas
eu queria ver à volta de mim,
nesta hora morna do entardecer
no mormaço tropical
desta terra de África
à beira a do caís a desfazer-se em ruínas,
abrigados por um toldo movediço
uma legião de cabecinhas pequenas,
à roda de mim,
num voo magistral em torno do mundo
desenhando na areia
a senda de todos os destinos
pintando na grande tela da vida
uma história bela
para os homens de todas as terras
ciciando em coro, canções melodiosas
numa toada universal
num cortejo gigante de humana poesia
na mais bela de todas as lições
HUMANIDADE
(1963)
Abraços de Roma
Enzo
Sumário
Exercícios
Introdução
Nesta unidade abordamos a situação da lírica são-tomense,
concretamente sobre a temática da infância e da mulher e da terra-
mãe.
Exercícios
Introdução
O Suicídio Cultural é a epopeia trágica de uma comunidade
africana condenada, paradoxalmente, ao desaparecimento
biológico, em virtude do vínculo cultural rebelde à sua história, o
que constituía um anátema à evolução.
Em 1992, Aíto Bonfim publica a sua primeira (e até agora única) obra de ficção,
O suicídio cultural, um romance que releva preocupações políticas do autor,
também ele o autor da berlização ou da partilha de África (1985) e o Golpe-
uma autópsia (>996) textos dramáticos que, tal como o seu livro de Poemas
(1990), denunciam a cumplicidade dos africanos no estado do continente.
Mais do que isso, é uma obra em que o autor pretende encenar o resultado das
religiões entre os africanos e os europeus, atribuindo aos primeiros a
«responsabilidade e a culpa» de terem desenvolvido um projecto político e
cultural conducente á perda da identidade africana. Os africanos e os seus
ideais, simbolicamente representados pela Kafra e pelo corredor (atleta) etíope,
vão perdendo a sua identidade histórica e cultural á medida que aceitam os
valores europeus e negam os seus.
Na sua cela de mofle, nos momentos derradeiros da sua vida, enquanto aguarda
a ehegada do fuzilamento, a personagem rememora até á exaustão, a trajectória
da sua vida e da sua comunidade desde a mais remota infância até ao corredor
da mofle, passando pela sua atribulada e revolucionária juventude.
Paralelamente, é apresentado o quadro de terror que vive na prisão.
Sumário
Exercícios
Introdução
Seja como for, também a literatura são-tomense passou por aquela fase eufórica
de panletizaçao e sloganizaçao da escrita por que passaram também as outras
literaturas africanas de expressao portuguesa, depois das independências
políticas. É a fase de poemas encomiásticos e celebrativos da revolução ,
reconstrução nacional “reconstrução nacional” figuras, datas e eventos, que
ficaram registados em duas antologias, ambas de 1977: Antologia poética
juvenil de S. Tomé e príncipe – resistência popular ao fascismo e colonialismo e
Antologia poética de S. Tomé e príncipe, esta última incluindo os poetas
consagrados e novos fazedores de poesia que o tempo e o gosto desapaixonado
do leitor se encarregaram de seleccionar. Surgiram, pois, e afirmaram-se alguns
escritores nos anos 70, e disso dá conta a mais recente antologia, o coro dos
poetas e prosadores de São- Tomé e Prícipe. De entre as novas vozes poéticas,
destacam-se Aíto Bonfim, Fernando de Macedo, Frederico Gustavo dos anjos,
Francisco Costa Alegre e Sacramento Neto.
Sumário
Centro de Ensino à Distância 83
Exercícios
Introdução
Destacamos nesta unidade o aparecimento e contributo da geração
jovem na literatura.
década de 1990.
Sumário
Exercícios
Introdução
O que pretendemos, nesta unidade, é proceder a uma tentativa de
análise histórico-cultural da Literatura Colonial Guineense, a sua
evolução diacrónica e sociológica, que desembocou nesta
cumplicidade cultural híbrida de que hoje se fala.
Quando, em 1979, Vasco Cabral publica, em Lisboa, dez poemas com datas
compreendidas entre 1955 e 1974, revelando-se como poeta, havia
considerado a Guiné literária como espaço vazio.
Russel Hamilton considera que “dizer que os poemas de Vasco Cabral
constituem as verdadeiras origens da poesia guineense talvez seja um
precipitado. E dizer que estas origens se aproximam das de Angola e
Moçambique é dar a impressão de que um caso isolado pode constituir,
respectivamente, o início de uma literatura. De facto, a existência de um
sistema literário pressupõe uma tradição. Vasco Cabral tem, efectivamente um
lugar especial na literatura guineense. Mas como pioneiro não nos parece, pois
mesmo antes dele, Amílcar Cabral publicara. Amílcar Cabral, cabo-verdiano e
guineense e que mais recentemente foi incluída na Antologia poética da
Guine- Bissau (1990), com prefácio de Manuel Ferreira.
Considerando que o aspectro de uma literatura não é monocolor, não se
esgotando, numa opção estética, e sem subestimar o papel demiúrgico de um
sistema nacional da poesia de Amílcar Cabral, António Baticã Ferreira, Vasco
Cabral, Hélder Proença e as Vozes das antologias, é preciso recuar às
primeiras manifestações literárias na Guiné-Bissau. E elas datam de década de
30 e com uma pujança singular – é a literatura colonial, única manifestação
sistemática com uma convergência temática no âmbito literário no período
colonial, produzida por metropolitanos cabo-verdianos.
Mas, entre os escritores coloniais guineenses, destacam-se Fernanda de Castro
e Fausto Duarte. Fernanda de Castro é autora de uma obra, de que fazem parte
dois livros juvenis, Mariazinha em África (1925) e Aventuras de Mariazinha
em África (1929), além do romance, O veneno do sol (1928), em um longo
poema, já emblemático da colonialidade literária, África raiz (1966). Fernanda
de Castro pode considerar-se, então, pioneira de uma escrita de temática
guineense.
Centro de Ensino à Distância 88
Fausto Duarte, por seu turno, inaugura a sua actividade literária de temática
guineense em 1943, com Auá – novela negra, contendo um prefacio de
Aquilino Ribeiro e ganhando o 1.º os Prémio de literatura colonial: nove anos
depoi de Mariazinha em África e quatro anos depois de O Veneno do sol, três
anos depois de Afonso correia ter publicado Bacomé Sambú, uma história
passada no universo nalú, construída com signos mais esterotípicos de uma
primitiva colonialidade.
Auá é, por exemplo, uma novela reveladora de um determinado conhecimento
sócio-cultural e até linguístico, oscilando a narrativa entre a descrição do
espaço e arrastando-se para um clima de conflito cultural, embora seja um
tanto precipitado considerar, como Russel Hamilton, que a obra de fausto
Duarte apresente o africano e a sua cultura sob uma luz favorável. Talvez seja
também um tanto temerário a consideração de Benjamim Pinto Bull de Fausto
Duarte é um dos pioneiros no delinear de uma identidade cultural guineense,
ainda que o mesmo autor tenha salvaguardado o tom categórico, modalizando
a sua asserção com a tentativa tímida com um certo paternalismo no estudo
dos valores culturais guineenses porque havia o peso do silêncio do Portugal
colonizador para o que era cultura guineense.
Outrossim, a obra de Fausto Duarte de temática guineense, que encerra com a
Revolta (1945), passando por O negro sem alma (1935) e Foram estes os
Vencidos (1945, actualiza um discurso colonial de cuja estruturação emana a
significação de ultramarinidade, em que a disposição ideológica, não sendo
celebrativa, é apologética do fazer luso, colonizador, civilizador e
evangelizador na Guiné.
Por seu turno, o livro Poemas, de Carlos Semedo, parece ser um caso único na
literatura da Guiné-Bissau no período colonial. Datando de 1963, numa edição
do jornal Bolamense, Poemas insere-se numa corrente revivalista de que o
próprio Bolamense foi o protagonista e núcleo congregador do canto à velha
Bolama que perdera para Bissau as prerrogativas de cidade capital nos anos
30.
Sumário
Exercícios
Introdução
Os anos 70 conheceram três outros testemunhos de uma voz
colectiva, em que se revelaram jovens ainda estudantes do liceu.
São eles: Mantenhas para quem luta! – a nova poesia da Guiné-
Bissau (1977), em que se revelaram catorze jovens, tendo seis
(Armando Salvaterra, António Soares Lopes, Hélder Proença e,
outros) continuado na Antologia da revolução e a recordação do
passado recente (s/d. – 1979), esta publicada em Bolama. dentro
desses testemunhos, vamos nesta unidade, destacar a estética da
poesia que acompanha a antologia Mantenhas para quem luta!
Exercícios
Introdução
« A vida
nasce de gotas de Amor
- a morte
acontece no tempo
entre mim e a vida
paira um vácuo
- com sorriso
aguardo o destino[x].
FINALMENTE A PROSA!
Foi apenas em 1993 que a prosa aparece na literatura
contemporânea bissau-guineense. Foi Domingas Sami que
inaugurou este estilo com uma recolha de contos « A escola »
sobre a condição feminina na sociedade nacional.
Em 1994, surge o primeiro romance de Abdulai Silá, « Eterna
Paixão , que publicou outros dois romances: « A última tragédia »,
traduzido para francês e « Mistida » em 1997. Na sua obra Silá
põe em destaque a coabitação na sociedade colonial das duas
comunidades presentes, a colonizadora e a colonizada. A transição
para uma sociedade pós-colonial onde uma nova elite saída da luta
de libertação se instala no poder, fazendo contrastar o seu discurso
revolucionário com uma prática desastrosa na governação do país,
é visitada pela pluma atenta do escritor. O seu romance “Mistida”
publicado um ano antes do início da guerra civil de 1998/1999 é
considerada pelos críticos literários como uma obra profética.
Em 1997, Carlos Lopes, autor de numerosas obras de caracter
histórico, sociológico e político, inaugura a sua incursão na
literatura nacional com a publicação de “Corte Geral”, uma
recolha de crónicas, na qual, com muito humor, descreve situações
reveladoras do surrealismo que caracteriza a sociedade guineense
de todos os tempos.
Um outro escritor se impõe em 1998 na cena literária : Filinto
Barros, com o seu primeiro romance “Kikia Matcho », que
mergulha o leitor no mundo mágico e místico africano, abordando
a vida decadente da capital nos anos 1990 e o sonho falhado que
representa a emigração.
Em 1999, Filomena Embaló publicou também o seu primeiro
romance, “Tiara”, que levanta o véu do delicado tema da
integração familiar e social no seio da própria sociedade africana.
Carlos Edmilson Vieira, em 2000, editou « Contos de N’Nori »,
uma recolha de contos que evocam lendas e costumes populares,
Centro de Ensino à Distância 96
Exercícios
Introdução
De entre os poetas revelados nas primeiras antologias referidas,
poucos prosseguiram o ofício, com poesia dispersa. Hélder
Proença é um deles, publicando, em 1982, Não posso adiar a
palavra, revelando-se, então com 26 anos, um poeta
«amadurecido» pelo tempo e pela visão desapaixonada do
momento.
Exercícios
Introdução
RECENSÃO CRÍTICA
A publicação desta colectânea dá seguimento a textos publicados
em 1977 em Mantenhas para Quem Luta! (A Nova Poesia da
Guiné-Bissau) e desenvolve os seus temas primaciais. A palavra-
chave é, naturalmente, o termo povo, cujo significado de
denotação abrange todas as vítimas da opressão estrangeira, mas
cuja carga conotativa é muito mais ampla. Nela se integram todos
os valores morais individuais: esperança irrecusável em “um
amanhecer diferente” certeza de promover uma pátria do humano,
modelo ideal de toda e qualquer comunidade humana: “Nós
avançamos no lamaçal quente da história / mas firmemente nos
nossos passos.” crença na positividade do ardor revolucionário:
“Nós somos / aqueles que dia e noite / fazem com suas mãos / os
alicerces da vida”; e isso permite “olhar com confiança / o
amanhã que hoje construímos”, em pugnacidade contra todas as
formas da exploração humana: “porque o povo jamais dormiu no
silêncio!”
Ante esta poesia, porém, situamo-nos nos antípodas duma visão
idealista e moralística do povo, como a que é perfilhada, por
exemplo, por Michelet. É evidente que, para o autor, a ideia de
povo se identifica, como em natural osmose, com o PAIGC. Um
poema é a este dirigido como homenagem e Amílcar Cabral é
lembrado como ponto de mira duma poesia cantada, duma poesia-
acção, destinada a alimentar o entusiasmo popular e a cobri-lo de
glória .O Partido é o indispensável catalisador que converte em
Centro de Ensino à Distância 100
Exercícios
Quando te propus
um amanhecer diferente
a terra ainda fervia em lavas
e os homens ainda eram bestas ferozes
Quando te propus
a conquista do futuro
vazias eram as mãos
Quando te propus
o acumular de forças
o sangue nómada e igual
coagulava em todos os cárceres
em toda a terra
e em todos os homens
Quando te propus
um amanhecer diferente, amor
a eternidade voraz das nossas dores
era igual a «Deus Pai todo poderoso criador dos céus e da
terra»
Centro de Ensino à Distância 102
Quando te propus
olhos secos, pés na terra, e convicção firme
surdos eram os céus e a terra
receptivos as balas e punhais
as amaldiçoavam cada existência nossa
Quando te propus
abraçar a história, amor
tantas foram as esperanças comidas
insondável a fé forjada
no extenso breu de canto e morte
Bibliografia Básica