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O processo de formação da literatura de Moçambique não difere muito do dos demais países
africanos de língua portuguesa, tendo como suporte inicial os jornais. O jornal O Africano
foi fundado pelos irmãos José e João Albasini em 1909, com edição em português e ronga
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A Casa dos Estudantes do Império foi criada em 1944, essa casa tinha a função de
acolher os estudantes africanos que vinham continuar os estudos em Lisboa, Coimbra e
Porto: Por traz da função de acolhimento, o governo português tinha a intenção de controlar
e fortalecer a mentalidade “imperialista” entre a população africana. Ao invés, desde cedo,
despertou nos seus membros uma consciência crítica sobre a ditadura e o sistema colonial e
uma vontade de descobrir e valorizar as culturas dos povos colonizados também foi um
lugar de produção de algumas das literaturas de resistência, assim se tornou um espaço de
combate aos discursos do colonizador e de disseminação de sentimentos anticoloniais e
antissalazaristas.
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A Negritude foi um movimento reivindicador que surgiu entre africanos que estudavam na
França, no Quartier Latin (bairro central de Paris).
Entre seus precursores estão o senegalês Léopold Sedar Sénghor e o francês Aimée
Césaire, que, juntamente com outros estudantes, fundaram, em 1934, a revista L’Etudiant
Noir (O Estudante Negro). Trata-se de um movimento de intelectuais negros, que recusavam
a política colonial de assimilação.
Seus objetivos:
Uma das principais críticas da Negritude reside no fato de ela “veicular um essencialismo
negro, como se o fato de ter a pele negra pudesse deflagrar uma identidade comum; além
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disso, foi tachado de ser excessivamente intelectual e de ter um caráter burguês”. A despeito
disso, a Negritude permaneceu viva durante décadas na literatura; em Moçambique, seus
principais representantes são os poetas Noémia de Souza e José Craveirinha.
Fátima Mendonça
Mendonça reconhece três períodos formativos: de 1925 a 1945/1947, daí até 1964 e desse
ano até 1975.
Pires Laranjeira
a) Incipiência. Segundo o autor, esse período teria suas raízes no início da permanência
dos portugueses em Moçambique (lembramos que Vasco da Gama aportara em
Moçambique em 1497).
b) Prelúdio. O segundo período delineado por Pires Laranjeira denomina-se Prelúdio e
inicia-se com a publicação, em 1925, de O livro da dor, de João Albasini. Esse
período estende-se até o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), incluindo a
publicação dos poemas de Rui de Noronha26 no jornal O Brado Africano, depois
publicados postumamente em recolha “duvidosa”27 na obra Sonetos (1946).
c) Formação. O terceiro período por ele delineado, de Formação, vai de 1945/1948 (as
fontes divergem) até 1963.
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Como bem definiu o escritor moçambicano Mia Couto (2002), o português sozinho
não consegue transmitir a realidade africana, há que se usar as potencialidades da
língua portuguesa e trabalhá-la inserindo elementos que possam representar os
significados da África. Nessa perspectiva, nada mais próprio do que as oralidades,
essa “mutação” nada mais é de que uma maneira africana de contar coisas
africanas usando a língua portuguesa.