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INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DR.

MATEUS ANDRÉ GARCIA – SAMBA CAJU


MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA

10ª CLASSE DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL

1. TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

1.1 Comunicação oral

O que é comunicação oral?

Comunicação oral é aquele estabelecido entre duas ou mais pessoas usando uma
linguagem ou código compartilhado por meio de transmissão física, que
tradicionalmente era o ar, embora hoje possamos adicionar o telefone ou a
videoconferência.

A comunicação oral permite-nos transmitir à pessoa com quem falamos informações,


ideias, sentimentos, emoções, crenças, opiniões, atitudes, etc.

Para realizar a comunicação oral, usamos a voz para reproduzir os sons da língua,


formam palavras e elaboram mensagens que contêm as informações que queremos
transmitir ao nosso interlocutor.

Para que a comunicação oral ocorra, deve haver pelo menos duas pessoas envolvidas
que desempenham alternadamente a função de transmissor  (aquele que entrega as
informações) e receptor  (aquele que o recebe).

A informação transmitida é conhecida como mensagem. Esta mensagem é elaborada de


acordo com um sistema de sons linguísticos correspondente a um código ou linguagem.

A transmissão da mensagem é realizada por meio de um ambiente físico, que pode ser
o ar, mas também pode ser algum dispositivo de telecomunicações, como um telefone
ou um computador.

O processo de comunicação oral, por sua vez, está enquadrado em um contexto que


pode influenciar o significado ou significado da mensagem: o lugar, a situação e as
circunstâncias em que ela é transmitida determinarão a forma como ela será recebida e
interpretada.

A comunicação oral caracteriza-se por ser espontânea, elaborada na hora, directa e


simples, por recorrer à linguagem corporal para reforçar ou enfatizar a mensagem
(gestos, atitudes, posturas), por ser dinâmica e imediata.

A comunicação oral é típica do ser humano e está estabelecida em todas as áreas em que
se relaciona e precisa se comunicar: do pessoal ao profissional, do político ao
económico ou comercial.
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Exemplos de comunicação oral Ocorrem no dia-a-dia: uma conversa, uma palestra,


um discurso, uma entrevista, um debate, são situações de comunicação oral bastante
comuns.

Tipos de comunicação oral

Comunicação oral espontânea

A comunicação oral espontânea é aquela que não atende a um plano, tema ou estrutura
previamente estabelecidos, mas se dá na forma de diálogo entre duas ou mais pessoas.
Um exemplo de comunicação oral espontânea é uma conversa informal.

Comunicação oral planejada

Como se sabe, a comunicação oral planejada obedece a um plano previamente traçado,


com directrizes, temas ou estruturas previamente traçadas. Este plano orientará o
processo de comunicação para que seja realizado dentro de certos limites definidos.

1.1.1. Expressão oral unidireccional: exposição; relato

Dentro da área de comunicação humana, não há dúvidas de que a expressão oral é e tem
sido de grande importância para os indivíduos. A sobrevivência desta forma de
comunicação sobre as outras demonstra que é uma das capacidades mais importantes e
úteis do homem para a convivência em sociedade.

Quando queremos definir a noção de expressão oral em termos descritivos, devemos


dizer que é a capacidade desenvolvida pelo homem para estabelecer conceitos, ideias e
termos com significados específicos.

Expressão oral Unidireccional

Falando de Expressão oral unidireccional é quando envolve apenas um palestrante


que se dirige a um público para expor extensivamente um tópico ou questão. Exemplos
de expressão unilateral são discursos, palestras ou master classes.

Expressão oral unidireccional é estabelecida  de um emissor para um receptor, sem


reciprocidade. Por exemplo, um professor, um professor durante uma aula expositiva,
um aparelho de televisão, um cartaz numa parede difundem mensagens sem receber
resposta.

Expressão oral unidireccional, expositiva.

A Exposição é uma técnica da comunicação oral que consiste na apresentação de


informações sobre um determinado tema.
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Para se elaborar uma boa exposição deve-se ter em conta os seguintes aspectos:
escolher o tema ; colher informação sobre o mesmo; seleccionar a informação;
organizar um guião que pode ser consultado durante a apresentação facilitando o
desenvolvimento da comunicação, e prever outros recursos, tais como imagens,
esquemas, que podem ser utilizados durante a exposição.

A exposição oral deve estar organizada em três momentos: primeiro, a introdução ,


em que se faz a apresentação do tema; segundo, o desenvolvimento , onde se
descrevem os factos obtidos e, por último, a conclusão , que deve sintetizar os factos
apresentados.

Expressão oral unidireccional, relato

O Relato é uma modalidade textual que apresenta uma narração sobre um facto ou
acontecimento marcante da vida de uma pessoa. Nesse tipo de texto, podemos sentir as
emoções e sentimentos expressos pelo narrador.

Tal qual uma narração o relato apresenta um tempo e espaços bem definidos donde o
narrador torna-se o protagonista da história.

Note que além de narrativo, o relato pode ser descritivo, com a descrição do local,
personagens e objectos.

Os relatos podem ser divulgados pelos meios de comunicação, por exemplo, jornal,
revista, livro, internet, redes sociais, dentre outros.

Características do relato

As principais características do relato são:

 Textos narrados em 1ª pessoa;


 Verbos no presente e em grande parte no pretérito (passado);
 Carácter subjectivo;
 Experiências pessoais;
 Presença de emissor e receptor.

1.1.2. Expressão oral bidireccional: apresentação pessoal ou de outrem

O que é uma expressão oral bidireccional?

A expressão oral bidireccional refere-se ao processo de troca de informações,


mensagens e outras formas de comunicação entre várias fontes. Nesse processo, o
destinatário e o remetente estão constantemente mudando de papéis, o que permite que
uma conversa aconteça.
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Comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alternam seus 


papéis. É o que acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há intercâmbio
de mensagens.

Apresentação pessoal ou de outrem

Uma apresentação pessoal é uma exposição que o indivíduo faz de si mesmo,


elencando suas principais características, habilidades e vivências.

Essa apresentação costuma ser requisitada em diversos momentos da vida, podendo


acontecer em contextos escolares, académicos e profissionais. 

A apresentação pessoal serve para dar aos outros uma noção de quem um indivíduo é e
de como ele se coloca diante do mundo. 

Uma apresentação pessoal pode ser feita de diversas formas. Abaixo, trazemos as
principais:

 Apresentação pessoal ao vivo

Esse é o tipo mais comum, é quando uma pessoa se apresenta frente a outra ou a um
público. Nesse caso, o indivíduo que está se apresentando deve atentar-se ao tom do
discurso, ao vocabulário utilizado, à clareza do que está sendo tipo e até ao vestuário. . 

 Apresentação pessoal escrita

Assim como o nome indica, esse tipo de apresentação é feito através da escrita. Nela, as
pessoas produzem um texto com suas principais características, habilidades e vivências.

Esse tipo de apresentação pessoal costuma acompanhar ou introduzir currículos e


também é utilizada como critério de selecção em muitas oportunidades académicas. 

 Apresentação pessoal em vídeo e áudio

Com as novas tecnologias, outros formatos de apresentação pessoal também vêm sendo
requisitados. 

1.2.- Leitura

1.2.1 Tipos de textos: declaração, requerimento, contrato, regulamento, relatório,


carta oficial, textos informativos diversos.

A declaração é uma espécie de documento utilizado quando se deseja fazer alguma


afirmação ou comprovação de algo que não possui outro documento formal. Sendo
assim, a declaração assume um compromisso em afirmar-se uma verdade. Para
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legitimar a escrita, apresenta-se documentos pessoais e outros dados relevantes ao


assunto bem como assinatura de próprio punho.

O que é a declaração

A declaração é um género textual utilizado para servir de documento de


comprovação, prova escrita, depoimento ou explicação a respeito de algo. Nesse texto,
o autor exprime uma opinião, um conceito, uma declaração ou uma observação sobre
determinado assunto ou fato.

Tipos de declaração

A declaração pode ser utilizada em diversos contextos em que o cidadão necessita


comprovar a veracidade de algo e, para isso, utiliza o texto escrito. Assim, podemos
listar alguns tipos de declarações mais comuns em nossa sociedade:

 Declaração de imposto de renda: documento responsável por declarar os


impostos para a Receita Nacional.
 Declaração de residência: documento responsável por comprovar moradia em
determinado endereço residencial.
 Declaração de matrícula: documento responsável por comprovar efectivação
de matrícula.
 Declaração trabalho autónomo: documento responsável por comprovar
exercício profissional autónomo.
 Declaração quitação de débito: documento responsável por comprovar a
quitação de alguma dívida.
 Declaração de boletim de ocorrência: documento responsável por declarar
relatos criminosos sofridos pelo declarante.
 Declaração de testemunha: documento responsável por comprovar o
testemunho de algum evento ou fato.
 Declaração de posse de imóvel: documento responsável por declarar a posse de
determinado imóvel.

Requerimento

Requerimento é um documento utilizado para apresentar uma solicitação de um cidadão


a algum destinatário com poder de solucionar ou interferir no pedido.

"O requerimento é género textual utilizado para pedir, solicitar ou requerer algo,
judicialmente amparado, para alguém em cargo de poder. Essa comunicação é
estabelecida entre interlocutores com diferentes posições em determinada escala
hierárquica, de modo que o emissor do requerimento está em posição inferior e, por
isso, apresenta sua necessidade e pedido ao destinatário, que se encontra em posição
hierárquica superior.
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Os requerimentos podem apresentar uma estrutura simples, composta geralmente por


um único parágrafo, ou mais complexa, que pode acrescentar outros documentos em
anexo. A linguagem deve ser formal, impessoal e concisa, detendo-se unicamente ao
objectivo. Se necessário, pode-se acrescentar leis e normas que assegurem o pedido
requerido."

Tipos de requerimento

"Primordialmente, pode-se falar em dois tipos de requerimento (simples e complexo):"

Requerimento simples: utilizado quando o pedido não necessita de tantos documentos


ou detalhes, logo, pode ser feito de modo rápido e, comummente, apresenta apenas um
curto parágrafo como corpo do texto.

Requerimento complexo: exige um requerimento mais detalhado ou com maior


argumentação, logo, costuma apresentar maior tamanho de corpo de texto, adaptado às
necessidades da solicitação. Ainda, é possível que, com o requerimento complexo,
sigam outros documentos anexados.

Contrato

A palavra contrato vem do latim contractu, que significa tratar com. Nada mais é do que
a junção de interesses de pessoas sobre determinada coisa. Ou seja, é o acordo de
vontades visando criar, modificar ou extinguir um direito. Em outras palavras, o
contrato é mútuo consenso de duas ou mais pessoas sobre o mesmo objecto.
Actualmente, o contrato, independente de sua espécie, é caracterizado como negócio
jurídico com a finalidade de gerar obrigações entre as partes. Além disso, norteia três
princípios fundamentais: autonomia das vontades, supremacia da ordem pública e
obrigatoriedade.

Da mesma forma, para que o contrato se efective são necessários alguns requisitos
como: existência de duas ou mais pessoa; capacidade genérica para praticar os actos da
vida civil; aptidão específica para contratar; consentimento das partes contratantes;
licitude do objecto do contrato; possibilidade física ou jurídica do objecto do negócio
jurídico; determinação do objecto do contrato; e economicidade de seu objecto.

Regulamento

Considera-se regulamento um conjunto de regras ou de instruções destinadas a facilitar


a organização e funcionamento de instituições, entidades colectivas, corpos
associativos, concursos, entre outros.

No campo jurídico, o regulamento, ao ser constituído por um conjunto de normas


destinadas a facilitar a execução das leis, não deve conter direito novo, mas apenas
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encerrar disposições de carácter geral e permanente. Há leis que só são exequíveis com
a publicação do respectivo regulamento.

Nos regulamentos, incluem-se o estatuto, o regimento, a lei, o decreto, a norma,


o preceito, a prescrição, o guia... Note-se, no entanto, que qualquer destes conceitos
possui marcas específicas. O estatuto é uma norma fundamental e norteadora da
organização e do funcionamento de uma instituição, sociedade ou associação;

O regimento, ao traduzir um princípio de auto-organização e de auto-vinculação, surge


como um corpo de normas relativas à organização e ao funcionamento interno de órgãos
colegiais, certas instituições ou pessoas colectivas;

A lei é a norma jurídica, votada nos lugares onde se processa o poder legislativo, e
destina-se a um fim geral, exprimindo ou regendo determinado modo de ser ou agir;

O decreto é uma determinação escrita, emanada do poder executivo, a fim de prover


situações previstas na lei, para explicitar os diplomas legais e lhes dar execução;

A norma é uma regra ou modelo tomado como referência;

O preceito é uma disposição recomendada como norma, como doutrina ou como


ensinamento; considera-se prescrição a extinção de direito ou obrigação cujo
cumprimento não se exigiu em determinado tempo; o guia entende-se como um
instrumento director com instruções de procedimento...

Relatório

O relatório é um documento que visa a apresentar um resumo de actividades


realizadas bem como informar os dados e resultados colectados com elas. Sua estrutura
apresenta: título, introdução, referências, desenvolvimento, conclusão e, em alguns
casos, sugestões. A linguagem deve estar na variedade padrão e se comunicar de modo
objectivo e acessível, permitindo uma fácil e rápida compreensão dos pontos mais
importantes. Além disso, o relatório pode apresentar diferenças a depender do nível de
complexidade e da área de actuação: economia, ciência, administração etc.

O que é um relatório?

O relatório é um género textual utilizado para expor resultados de alguma actividade


realizada, apresentando os seus pontos principais e mais pertinentes ao contexto.

Ele pode ser utilizado, por exemplo, para apresentar as conclusões de uma pesquisa
científica ou os resultados de determinado período de trabalho. Independentemente da
actividade que for exercida, o relatório será um documento conclusivo.
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Características e estrutura do relatório

As principais características do relatório são:

 Tamanho necessário: não existe um número exacto de linhas adequadas ao relatório.


Entretanto, é importante considerar que ele é uma espécie de síntese da actividade
realizada. Desse modo, deve-se evitar descrições, informações e outros detalhes
irrelevantes ao propósito do relatório, bem como evitar a linguagem prolongada.

 Linguagem objectiva: dando seguimento ao tópico anterior, o relatório precisa


apresentar uma linguagem objectiva, direccionada em apresentar somente os
aspectos necessários, de modo directo e claro, garantindo compreensão e fluidez.

 Variedade padrão da língua: o relatório precisa apresentar formalidade, e, por isso,


deve utilizar a variedade padrão da língua, atentando-se a tópicos
como pontuação, acentuação, grafia correcta das palavras, precisão vocabular etc.

Além disso, em relação a sua estrutura, o relatório apresenta:

 Título: deve dar uma noção geral do documento de modo resumido.

 Introdução: deve explicar a actividade ou o problema que motivou o relatório,


apontando o objectivo do documento.

 Referências: indicam quais textos, dados, informações, trabalhos, pessoas e demais


fontes foram utilizados para a produção do texto.

 Desenvolvimento: é a exposição do relatório em si. É a parte na qual se apresentam


as sínteses de actividades, as observações e análises, os dados, números ou relatos
colectados e os possíveis comentários.

 Conclusão: fechamento da análise, resumo geral do que foi abordado, resultados e


conclusões finais.

 Sugestões: não são recorrentes em todos os relatórios, mas merecem ser conhecidas,
caso surja a necessidade. Esse espaço final serve para fazer apontamentos, medidas
interventivas, ou até indicar estudos pertinentes.

Carta Oficial

A carta é um género textual de correspondência, o qual visa a estabelecer uma


comunicação directa entre os interlocutores, para transmitir diferentes tipos de
mensagens. Por seu contexto de circulação, as cartas podem ser divididas em:
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 Carta pessoal;
 Carta comercial;
 Carta oficial.

A carta pessoal abarca uma estrutura e linguagem mais flexível. As cartas comerciais e
oficial apresentam textos concisos e impessoais e com linguagem padrão. De modo
geral, as cartas apresentam a estrutura: local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e
assinatura."

Tipos de carta

Existem diversos tipos de cartas que servem para diferentes propósitos sócio-
comunicativos. Analisando pelo grau de proximidade entre os interlocutores, a carta
pode ser pessoal, empresarial ou comercial, e oficial ou pública. Essa divisão determina
o tipo de linguagem que se estabelece entre remetente e destinatário.

Carta pessoal: estabelece comunicação entre pessoas próximas ou com vínculo


individual. Isso favorece o uso de uma linguagem coloquial, aplicação de expressões
populares e gírias, além de assuntos subjectivos e/ou íntimos. A estrutura da carta
pessoal também é aberta, tendo em vista que o autor pode escolher como deseja
organizar as informações compartilhadas.

Carta empresarial ou comercial: é aquela que veicula no ambiente profissional e


estabelece comunicação entre diferentes profissionais. Esse tipo de carta exige uma
linguagem mais formal e impessoal. A mensagem deve ser objectiva e concisa, e toda
relação pessoal deve ser evitada.

Carta oficial ou pública: é o documento utilizado nas instituições públicas. Esse tipo
também exige uma linguagem impessoal, formal e acessível. Muitas vezes a carta
oficial não tem um destinatário único, e por isso exige um distanciamento entre os
interlocutores."

O género carta, ainda, subdivide-se dentro dessas categorias. Diante dos diferentes
contextos de circulação e do grau de proximidade entre os interlocutores, as cartas
podem ser classificadas com base no conteúdo e na função que desempenham:

Carta de reclamação: utilizada para expor alguma insatisfação a um destinatário que


tenha posição de poder para realizar alguma interferência na questão.

Carta oficial: utilizada para expor e documentar alguma mensagem, formalizando o


que foi dito.

Carta de candidatura: utilizada para comunicar alguma autoridade sobre o desejo de 
candidatar-se a algum cargo e/ou função.

Carta de apresentação: utilizada para fazer uma apresentação de uma pessoa, uma
carreira ou um projecto, por exemplo, a algum destinatário de interesse.
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Carta de solicitação: utilizada para formalizar um pedido a algum destinatário de maior


valor hierárquico, expressando a necessidade e/ou direito de auxílio. 

Carta de amor: utilizada para expressar afectos pessoais do remetente ao destinatário.

Carta de desculpas: utilizada para expressar um pedido de perdão em relação a algum


fato desconfortável entre os interlocutores."

Apesar dessa multiplicidade, é possível elencar algumas características comuns à


maioria dos tipos de carta:

Cabeçalho: a parte inicial da carta pode variar a depender do subtipo utilizado.


Entretanto, o mais comum é que se identifique a cidade e a data em que a carta foi
escrita no canto superior do texto. Em casos de cartas impessoais, é comum também a
presença do nome do destinatário, do cargo ocupado e da instituição. É possível, ainda,
que haja algum elemento visual, como logótipo.

Corpo do texto: é onde a mensagem é transmitida de facto. No caso das cartas


pessoais, o tamanho e a organização dessa parte pode variar a depender de variáveis
individuais. Em cartas oficiais ou comerciais, o corpo do texto deve apresentar uma
mensagem clara e concisa, o que acarreta muitas cartas de curto tamanho.

Desfecho: é a parte final do texto, que pode estar acoplada ao corpo do texto ou
destacada abaixo dele. Nessa parte, o autor apresenta uma conclusão da sua mensagem,
expressa uma mensagem cordial e se despede.

Assinatura: as cartas são comummente assinadas ao final da página. A assinatura é


essencial principalmente nas cartas comerciais e oficiais. Sua localização pode ser em
um dos cantos ou centralizada."

Textos informativos diversos

Os textos informativos são veículos de informação tais como jornais, revistas e


entrevistas são os exemplos mais notórios de textos informativos. Além deles, os livros
didácticos, as enciclopédias e os verbetes de dicionários são outros exemplos.

O texto informativo é um texto em que o escritor expõe brevemente um tema, facto ou


circunstância ao leitor. Trata-se de uma produção textual objectiva, normalmente em
prosa, com linguagem clara e directa.

Tem como objectivo principal transmitir informação sobre algo, estando isento de
duplas interpretações. Ao contrário dos textos poéticos ou literários, que utilizam a
linguagem conotativa, o texto informativo utiliza linguagem denotativa.

Além de apresentar dados e referências, não há interferência de subjectividade, ou seja,


o texto é isento de sentimentos, sensações, apreciações do autor ou opiniões.
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Estrutura do texto informativo

Tal como outros Géneros Textuais, o texto informativo é constituído por:

 Introdução  (tese): momento de exposição das informações necessárias para informar


o tema que será explorado pelo emissor (autor).
 Desenvolvimento  (antítese): parte fundamental que contém as informações completas
sobre o tema, desde dados mais relevantes, ou melhor, todos os dados que se pode
reunir para apresentação do tema.
 Conclusão  (nova tese): encerramento do texto com exposição da ideia central.

1.3. Escrita

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1.4. Funcionamento da Língua


As Classes das Palavras
 
Existem dez classes de palavras:
 
 Nome
 Adjectivo
 Verbo
 Pronome
 Determinante
 Quantificador
 Advérbio
 Conjunção
 Preposição
 Interjeição
 
Classe fechada de palavras

Classe de palavras que é constituída por um número limitado de palavras. É


normalmente fácil enumerar todos os membros de uma classe fechada de palavras.
São classes fechadas de palavras, por exemplo, a classe das conjunções e a classe
das preposições.
 
Classe aberta de palavras

Classe de palavras que é constituída por um número potencialmente ilimitado de


palavras. É praticamente impossível enumerar todos os membros de uma classe aberta
de palavras.
São classes abertas de palavras a classe dos nomes e a classe dos verbos.
 
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Algumas palavras são variáveis, pois sofrem alterações na sua forma, e


outras invariáveis, porque não sofrem alterações. Vê o exemplo:
 
Casaco/casacos – flexão em número – palavra variável
Alto/alta – flexão em género – palavra variável
Andar - Ando/andas/anda/andamos/andais/andam – flexão verbal – palavra variável
 
De (não é possível flexionar) – palavra invariável
Aqui (não é possível flexionar) – palavra invariável
 
 
O Nome
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 
 Incluem-se na classe do nome as palavras com que designamos ou nomeamos
algo ou alguém, isto é, realidades directamente observáveis ou não.

 Os nomes pertencem a uma classe aberta de palavras e apresentam geralmente


variação em género (masculino/feminino), número (singular/plural) e em
alguns casos em grau (diminutivo e aumentativo). É o núcleo do grupo nominal.

 Os nomes dividem-se em nomes próprios (José, Braga, Tâmega...) e


nomes comuns (rapaz, cidade, amor…) que podem ainda subdividir-se em:

- animados (angolanas, cão, multidão) / não animados (Angola, poesia, porta)


- humanos (Ana, rapariga, multidão) / não humanos (Portugal, peixe, cardume)
 
Dentro da subclasse dos nomes comuns podemos ainda encontrar:

- concretos (livro, homem) /abstractos (amor, verdade)


- colectivos (bando, fauna)
- contáveis (livro, lápis) / não contáveis (amor, educação)
 
O Adjectivo
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 O adjectivo pertence a uma classe aberta de palavras e constitui o núcleo do
grupo adjectival;
 É uma palavra variável que acompanha o nome ao qual se refere e com o qual
concorda em género e em número;
 Apresentam as seguintes subclasses:

adjectivos qualificativos: bonito, grande, paciente…


adjectivos numerais: primeiro, sequndo, centésimo… (numerais ordinais)
 
Os adjectivos numerais não admitem variação em grau.
 
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Quanto à variação em género, podemos encontrar:


 
- adjectivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para
o feminino: um rapaz corajoso  / uma rapariga corajosa
 
- adjectivos uniformes: apresentam a mesma forma para os dois géneros: um
rapaz alegre I uma rapariga alegre
 
O Verbo
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 O verbo é o núcleo do grupo verbal e pertence a uma classe aberta de
palavras. Exprimem acções, estados, acontecimentos.
 É uma palavra variável: tem variação em pessoa, número, tempo, modo,
aspecto e voz.
 
Subclasses do verbo
 
Verbo transitivo directo Selecciona (exige) um complemento directo.
principal

Transitivo Selecciona um complemento indirecto, um complemento


indirecto preposicional ou um complemento adverbial.
Transitivo Selecciona dois complementos: um directo e um
directo e indirecto, preposicional ou adverbial.
indirecto
Intransitivo Não selecciona complementos.
Impessoal Nunca co-ocorre com um sujeito.
Verbo dos Verbos ter e haver: formam com o verbo principal
auxiliar tempos um tempo composto.
compostos
Da passiva Verbo ser ocorre em frases na forma passiva.
Temporal Verbos haver de e ir (seguidos de infinitivo): a
construção que resulta desta perífrase tem um valor de
futuro.
Aspectual Forma com o verbo principal um complexo verbal com
um valor aspectual:
- valor durativo: estar a, continuar a, ficar a, andar a,
ir a, vir a (seguidos de infinitivo);
-valor inceptivo: começar a (seguido de infinitivo);
- valor pontual: deixar de, acabar de (seguidos de
infinitivo).
Modal Forma com o verbo principal um complexo verbal
com um valor modal de:
- possibilidade: poder seguido de infinitivo);
- probabilidade, obrigatoriedade: dever (seguido de
infinitivo);
-obrigatoriedade: ter de (seguido de infinitivo).
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Estabelece uma relação predicativa entre um sujeito e


Verbo copulativo as propriedades que o caracterizam (predicativo do
sujeito). Principais verbos copulativos: ser, estar, ficar,
parecer (como em “parecer doente”), permanecer,
continuar (como em “continuar calado”).
 
 
O Pronome
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 Os pronomes constituem uma classe fechada de palavras que substituem ou
representam um grupo nominal;
 São geralmente palavras variáveis;
 Com o uso do pronome evitam-se repetições de elementos, assegurando coesão e
coerência do enunciado;
 Apresentam as seguintes subclasses:

 Pessoais (eu, nós, lhe, o…)


 Demonstrativos (este, aquilo, essa…)
 Possessivos (meu, tua, nosso…)
 Interrogativos (qual, quais, quanto…)
 Indefinidos (alguma, alguém, ninguém, alguns…)
 Relativos (o qual, a qual, que...)
 
O Determinante
 
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 Os determinantes pertencem a uma classe fechada de palavras;
 Acompanham um nome, precedendo-o na frase e com o qual concordam em
género e em número. Alguns determinantes podem contrair com preposições;
 Apresentam as seguintes subclasses:
 
o Artigos definidos (o, a, os, as)
o Artigos indefinidos (um, uma, uns, umas)
o Demonstrativos (este, essa, aquela…)
o Possessivos (meu, tua, nosso…)

Nota: Não confundas pronome e determinante. Lembra-te de que o pronome


está sempre em vez de um nome e o determinante antecede um nome.
 
O Quantificador

- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.


- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 
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 O quantificador é uma palavra que especifica o nome que o acompanha, dando


informações relativamente ao número, à quantidade ou à parte da entidade
referida;
 Apresenta as seguintes subclasses:
 
o Universais (todo, toda, nenhum, nenhuns…)
o Indefinidos (algum, certo, muito, pouca…)
o Relativos (quanto, cujo, cuja…)
o Interrogativos (quanto, quantos, qual…)
o Numerais (um, dois, três…)

O Advérbio
 
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 
 Palavra invariável em género e número, pertencente a uma classe com elementos
com características bastante heterogéneas do ponto de vista morfológico,
sintáctico e semântico.
 Tipicamente, os advérbios desempenham a função sintáctica de modificadores
de frase e do grupo verbal e a função sintáctica de complementos adverbiais.

Exemplos:
A Joana faz anos hoje.
A Joana faz facilmente essa prova.

As locuções adverbiais são sequências de duas ou mais palavras invariáveis que


equivalem a advérbios. Formam-se da associação de uma preposição com um nome
(com certeza), um adjectivo (de novo) ou um advérbio (em cima).
 
A Conjunção
 
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 As conjunções são palavras invariáveis que pertencem a uma classe fechada de
palavras;
 Ligam elementos da frase e permitem a coordenação e a subordinação;
 Existem dois tipos de conjunções: conjunções
subordinativas e conjunções coordenativas.

As conjunções subordinativas introduzem orações subordinadas.


As conjunções coordenativas estabelecem a ligação entre dois ou mais elementos
coordenados (orações ou grupos nominais, adjectivais, verbais, preposicionais e
adverbiais).

As locuções conjuntivas/conjuncionais são sequências de duas ou mais palavras


invariáveis que equivalem a conjunções. As locuções conjuntivas podem ser locuções
conjuntivas de subordinação ou locuções conjuntivas de coordenação.
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A Preposição
 
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 A preposição é uma palavra invariável que pertence a uma classe fechada de
palavras e que pode introduzir frases, grupos nominais e advérbios;
 
Uma locução prepositiva é uma sequência de duas ou mais palavras que equivalem a
uma preposição. Normalmente, é formada por uma ou duas preposições simples e por
um advérbio, um nome ou um adjectivo, sendo a última palavra da sequência uma pre-
posição: depois de, em lugar de, para baixo de, além de, por entre, ao redor de...
 
 Preposições Simples: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
perante, por, sem, sob, sobre, trás.

Algumas preposições podem contrair com determinantes e/ou pronomes. Vê o exemplo:


 
De + a = da
Em + aquele = naquele
Por + o = pelo
A+ o = ao
 
A Interjeição
 
- O Filipe chegou hoje de viagem e trouxe-me duas prendas magníficas.
- Ena! Tiveste muita sorte.
 
 A interjeição é uma palavra invariável pertencente a uma classe fechada de
palavras;
 Não desempenha qualquer função sintáctica, tendo apenas uma função emotiva;
 Pode adquirir diferentes sentidos consoante o contexto;
 Geralmente classificam-se de acordo com o seu sentido: de alegria (ah! ohl,...);
de aplauso (bravo! viva!...); etc.
Uma locução interjectiva é uma sequência de duas ou mais palavras que têm o mesmo
comportamento da interjeição.

A Frase Complexa
Coordenação e Subordinação
 
A distinção entre FRASE SIMPLES e FRASE COMPLEXA é bem simples. A
primeira tem apenas uma forma verbal conjugada e a segunda apresenta duas ou mais
formas verbais conjugadas.
Frase 1 - O rapaz entrou em casa.
Frase 2 - O rapaz fechou rapidamente a porta.
Frase 3 - O rapaz entrou em casa e fechou rapidamente a porta.
 
Se pensaste que a resposta certa é a frase 3, tens toda a razão e estás apto/a a
assimilar mais alguma informação sobre o funcionamento da língua portuguesa.
 
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Então, presta atenção, pois há dois aspectos que deves ter sempre em conta
quando a tua professora te questionar acerca deste assunto:

 há uma classe de palavras importantíssima para a tranformação de frases simples


em complexas: a CONJUNÇÃO/LOCUÇÃO CONJUNCIONAL (estás a
pensar no "e" da frase 3, não é?);
 quanto ao tipo de articulação, as frases complexas podem ser formadas
por COORDENAÇÃO e SUBORDINAÇÃO.
 
Não te esqueças de que as ORAÇÕES COORDENADAS não têm entre si
uma relação de dependência e ligam-se através das conjunções/locuções coordenativas.
 De acordo com o sentido das conjunções ou locuções que as unem, as orações
coordenadas podem ser:

 COPULATIVAS: exprimem uma ideia de adição ( Ex. Nunca me diverti


tanto nem andei tão descontraída.);
 ADVERSATIVAS: exprimem uma ideia de oposição (Ex. Corri dois
quilómetros mas não estou cansado.);
 DISJUNTIVAS: apresentam uma alternativa (Ex. Ficas a estudar ou vens ao
cinema?);
 CONCLUSIVAS: exprimem uma conclusão (Ex. Passou o nevoeiro, portanto
vou à praia.).

1.4.1.Frase Simples e Frase Complexa

Consoante o número de predicados, as frases podem ser classificadas como:

Frases simples: se têm um só verbo ou complexo verbal (um predicado)


Frases complexas: se têm dois ou mais verbos ou complexos verbais (dois ou
mais predicados)

 O João está contente – frase simples (porque tem apenas um verbo)


 O Miguel foi pescar com o seu amigo Tozé ontem em Setúbal – frase simples
(porque tem um complexo verbal)
 Ele estudou e teve boa nota – frase complexa (porque tem dois verbos em ações
distintas).

No caso da frase complexa, é possível dividi-la em orações.


Ele estudou e teve boa nota 
1ª oração: Ele estudou
2ª oração: e teve boa nota.

Geralmente, a ligar as orações encontra-se uma conjunção. No exemplo


acima, a conjunção que faz a ligação entre as orações é a conjunção “e“.
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1.4.2. Elementos constituintes da frase


Sujeito
Sujeito: aquele que desempenha a acção.

Tipos de Sujeito:

Sujeito Simples - é expresso em um só núcleo


Exemplos:

 O meu gato gosta de brincar com as crianças.


 O Miguel passou de ano.
 Lisboa é banhada pelo rio Tejo.
 Aqueles meninos brincaram toda a tarde.
 Nós trabalhamos todos os dias.
 O relógio da torre próxima bateu as nove horas.

Sujeito composto - é expresso, pelo menos, por dois núcleos, separados


por vírgula ou pela copulativa “e”
Exemplos:

 O cão e o gato gostam de brincar com as crianças.


 O Pedro e a Isabel passaram de ano.
 Lisboa e Setúbal são banhadas por rios.
 Eu, tu e ele trabalhamos todos os dias.

Sujeito Subentendido - não é expresso (é inexpresso) porque se subentende


o agente da acção que aparece expresso em frase anterior ou posterior à frase em causa,
quando não se refere às primeiras pessoas gramaticais (Eu e Nós)
Exemplos:
 Os meus tios saíram à noite; foram ao cinema.

A primeira frase explicita o sujeito. Por isso, na segunda frase, é


desnecessário explicitá-lo novamente por ser o mesmo. Passa, assim, a estar
subentendido através da forma verbal que corresponde à mesma pessoa gramatical (3ª
pessoa do plural).

Sujeito Indeterminado- distingue-se do sujeito subentendido, porque não


vem expresso anterior ou posteriormente à frase em causa, visto o sujeito não interessar
tanto quanto a acção em causa. É ela (a acção) que se torna centro das atenções da frase:
 Exemplos:
 (...) Assaltaram hoje muitas lojas na baixa.
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Não só se desconhece o sujeito da acção, como aquilo que se pretende


realçar é o assalto às lojas, o acontecimento em si. 

 Disse-se muita asneira naquela palestra.

A partícula “se” denominada “índice de indeterminação do sujeito” tem o


mesmo valor que a forma verbal na 3ª pessoa do plural na frase acima: o que interessa é
a acção – o ter-se dito asneiras e não quem as disse.

Sujeito Inexistente - existem verbos que não possuem sujeito; são eles
verbos que expressam os fenómenos da natureza.
Exemplos:
 Trovejou muito esta tarde.
 Ventou toda a noite.
 Está a chover muito

Predicado
 Predicado Nominal- É constituído por um verbo copulativo ou de significação
indefinida, isto é, que necessita de ser acompanhado de um nome, um
pronome ,um adjectivo, um advérbio, que referindo-se ao sujeito, completa a sua
significação.

Exemplos: 
 O leite é saboroso.
 O Manuel continua doente.
 A tua avó está bem.

NOTA: Verbos Coplulativos: Ser, estar, aparecer, continuar, ficar, parecer, permanecer,


etc

 Predicativo do Sujeito - É a função sintáctica desempenhada pela palavra ou


expressão que se junta aos verbos copulativos ou de significação indefinida.

Ex: O Manuel parece triste Predicado Verbal- É constituído por um verbo de que por si


só pode constituir predicado seguido ou não de complemento.

Exemplos:

 O aluno estuda.
 A Maria leu o livro.
 O João telefonou à namorada.
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É constituído por um verbo significativo, que podem


ser intransitivos ou transitivos. Verbos intransitivos — São aqueles que possuem
sentido completo, não carecendo, por isso, de qualquer complemento.

O meu sobrinho já nasceu. Verbos transitivos São aqueles que, possuindo


embora significação, se revelam insuficientes para exprimir integralmente a acção,
precisando, portanto, de ser completados.

Esse complemento pode ligar-se directamente ao verbo (complemento


directo) ou por intermédio de uma preposição (complemento indirecto). Em alguns
casos o verbo exige os dois tipos.

Os rapazes jogam futebol. (CD - "futebol") O presidente falou ao país. (CI -


"ao país") A Maria escreveu uma carta à tia. (CD - "uma carta", CI - "à tia")

 Complemento Directo- É a palavra ou palavras que designam o objecto sobre o


qual recai directamente a acção significada pelo verbo.

O quê?

 Construí uma casa.
 Os Portugueses difundiram a língua por toda a parte.  

Exemplos:

 Amo a honestidade.

 Predicativo do complemento directo- Alguns verbos pedem , além do


complemento directo, uma palavra ou expressão equivalente que, completando a
sua significação, qualifica aquele complemento.

Exemplos:

 Encontrei-o pensativo.
 Considerava-o como um filho.

Pedem predicativo do complemento directo os verbos transitivos (quando


estiverem na voz activa): Achar, chamar, considerar, nomear, declarar, denominar,
tornar,…

 Complemento Indirecto- É a palavra ou expressão que designa a pessoa ou


coisa sobre a qual indirectamente recai a acção expressa pelo verbo.
 A quem?
 Emprestei-lhe um livro.
 Dou aula aos alunos.
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Elementos acessórios da oração

- Complemento Circunstancial- designa uma circunstância ocasional da acção do


verbo.

o de modo : Lê com atenção.


o de lugar: Nasceu em Lisboa. Vou para Paris.
o de fim: Trabalha para viver.
o de tempo: Chegou a casa ontem.
o de companhia: Vive com a família.
o de meio: Viaja de comboio.
o de causa: Caiu de fraqueza.

- Atributo- É o adjectivo que se junta imediatamente ao nome para o qualificar.

Exemplos:

 Homem alto.
 Lemos um livro magnífico.
 A rapariga triste olhava o mar.
- Aposto - É o nome (ou expressão equivalente) que se junta a outro nome para lhe
acrescentar alguma informação.

Exemplo:

 O Luís, irmão da Ana, faltou à aula-

- Agente da Passiva- É o complemento que indica o responsável pela prática da acção


na forma passiva das frases. O nome que designa o agente vem, geralmente, regido da
preposição por.

Exemplos:

 O bolo foi feito pela Mónica.


 O automóvel é conduzido pelo pai.
- Complemento Determinativo- É o complemento introduzido pela preposição de, que
acrescenta alguma indicação ao nome que o precede.

Exemplo:

 O livro de Ciências tem imagens lindas.

- Vocativo- É o complemento que designa o nome da pessoa, animal ou coisa


personificada, a quem nos dirigimos.

Exemplos:

 Ó Catarina, chega aqui 


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 Tens razão, Mariana.
 Artur ! - chamou o pai

1.4.3. Pronomes pessoais e formas de tratamento nos texto previstos


Os pronomes pessoais referem-se às pessoas do discurso, ou seja, aos
agentes envolvidos no enunciado, podendo ser a 1ª, a 2ª ou a 3ª pessoa, do singular ou
do plural. São elas:

 1ª pessoa: eu (singular), nós (plural);


 2ª pessoa: tu (singular), vós (plural);
 3ª pessoa: ele, ela (singular), eles, elas (plural).

A 3ª pessoa também engloba tudo o que não é um ser vivo. No enunciado


“Aquela cadeira é vermelha.”, o verbo está conjugado na 3ª pessoa, ainda que
“cadeira” não seja um ser propriamente dito.

Tabela com os pronomes pessoais

Os pronomes pessoais podem ser do caso reto (quando funcionam como


sujeito do enunciado) ou do caso oblíquo (quando funcionam como complemento do
enunciado). Neste último caso, podem ser átonos (não precisando de preposição que os
acompanhe) ou tônicos (precisando de preposição que os acompanhe).

Observe, na tabela seguinte, quais são os diferentes pronomes:

Pronomes pessoais
Oblíquo
Reto
Átono (sem preposição) Tônico (com preposição)
1ª eu me mim, comigo
Singular 2ª tu te ti, contigo
3ª ele, ela lhe, o, a, se ele, ela, si, consigo
1ª nós nos nós, conosco
2ª vós vos vós, convosco
Plural
eles,
3ª lhes, os, as, se eles, elas, si, consigo
elas

Os pronomes de tratamento também configuram um caso de pronome


pessoal, distinguindo-se por serem formas de reverência.
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Pronomes do caso reto

Os pronomes pessoais do caso reto funcionam como sujeito do


enunciado em que estão inseridos, isto é, executam ou sofrem a ação do enunciado.
Lembrando-se dos pronomes do caso reto da tabela anterior, observe os seguintes
exemplos:

 Nós combinamos de ir ao parque.
(Sujeito + verbo + complemento)
 Eu estava muito empolgado.
(Sujeito + verbo + complemento)

Note que os sujeitos dos dois enunciados são pronomes pessoais, pois
referem-se às pessoas do discurso (nos dois casos, à 1ª pessoa), e são do caso reto, pois
exercem função de sujeito nos respectivos enunciados. Veja outros exemplos agora:

 As flores desabrocharam ontem.
(Sujeito + verbo + complemento)
 Meu irmão e a vizinha dele foram ao mercado juntos.
(Sujeito + verbo + complemento)

Dessa vez, os sujeitos dos dois enunciados não são pronomes pessoais do
caso reto, pois “flores”, “irmão” e “vizinha” são substantivos. No entanto, podemos
substituir esses substantivos pelos respectivos pronomes do caso reto:

 Elas desabrocharam ontem.
 Eles foram ao mercado juntos.

Pronomes do caso oblíquo


Os pronomes do caso oblíquo funcionam como complemento do
enunciado. Em alguns casos, devem vir acompanhados de preposição para que o
enunciado tenha sentido. Nesses casos, são chamados de pronomes oblíquos tônicos.
Caso não precisem estar acompanhados de preposição, são chamados de pronomes
oblíquos átonos. Vamos observar os exemplos de cada um deles:
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Pronomes oblíquos tônicos


 Esse livro foi dedicado a vós.
(Sujeito + verbo + complemento)
 Os alunos vieram até mim.
(Sujeito + verbo + complemento)
 Elas falaram muito bem de nós.
(Sujeito + verbo + complemento)

Nesses casos, “vós”, “mim” e “nós” assumiram função de complemento e


vieram acompanhados de preposição (“a”, “até” e “de”, respectivamente), portanto, são
pronomes oblíquos tônicos.

 Ela foi comigo ao mercado.
(Sujeito + verbo + complemento)

No exemplo, temos dois pronomes pessoais: “Ela”, que é do caso reto por


tratar-se do sujeito do enunciado, e “mim” (com + mim = comigo), que é do caso
oblíquo por tratar-se do complemento. Como precisa da preposição “com”, é um
pronome oblíquo tônico.

Vale ressaltar que a preposição “com” sempre se junta aos pronomes,


formando uma palavra só:

 com + mim = comigo


 com + ti = contigo
 com + si = consigo (singular ou plural)
 com + nós = conosco
 com + vós = convosco

Pronomes oblíquos átonos


 A plateia me ouviu cantar.
(Sujeito + complemento + verbo)
 Muita gente veio nos prestigiar.
(Sujeito + verbo + complemento + verbo)
 Nós lhes damos boas-vindas.
(Sujeito + complemento + verbo + complemento)

Nesses casos, “me”, “nos” e “lhes” assumiram função de complemento,


porém não precisaram vir acompanhados de preposição. Por isso, são pronomes
oblíquos átonos.
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Vale lembrar que existem convenções a respeito da colocação do pronome


oblíquo átono: a próclise ocorre quando, antes do verbo, algumas palavras “atraem” o
pronome oblíquo; a ênclise ocorre quando o verbo inicia a oração ou está no gerúndio
ou no imperativo afirmativo; e a mesóclise costuma ocorrer quando o verbo está
conjugado no futuro (tanto do presente, quanto do pretérito), não havendo construção
que justifique o uso da próclise ou da ênclise.

Pronomes de tratamento

Os pronomes de tratamento são formas de reverência que consistem em


referirmo-nos às pessoas pelos seus atributos ou qualidades que ocupam. Por isso, eles
são também chamados formas substantivas de tratamento ou formas pronominais
de tratamento.

Assim, mesmo quando estamos falando com a pessoa (usando o discurso da


2ª pessoa), ao utilizarmos um pronome de tratamento, o verbo passa para a 3ª pessoa. O
pronome “você”, por exemplo, não é um pronome pessoal, e sim um pronome de
tratamento. Por isso, apesar de “você” referir-se à 2ª pessoa (“tu”, ou “vocês” para
“vós”), os verbos são conjugados na 3ª pessoa. Observe o exemplo:

 Tu já foste ao cinema ver esse filme?


 Você já foi ao cinema ver esse filme?

Os pronomes de tratamento podem ser usados tanto para dirigir-se à


pessoa quanto para referir-se a ela, mas os verbos sempre estarão conjugados na 3ª
pessoa. Observe:

 Vossa Excelência já preparou o discurso para a cerimônia de posse?


 Vossa Santidade, o papa, deixará o Vaticano para reunir-se com grandes líderes
hoje.

Veja a tabela seguinte com os principais pronomes de tratamento:

Pronome Abreviação Destinado


pessoas com quem há distanciamento
Senhor/Senhora Sr./Sr.ª
mais respeitoso
Você V. pessoas com quem há intimidade
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Em.ª cardeais
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presidente da República, ministros, altas


Vossa Excelência V. Ex.ª
patentes militares, bispos, arcebispos
Vossa Magnificência V. Mag.ª reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis, imperadores
Vossa Mercê V. M. cê
pessoas de tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência *não se abrevia Deus
Vossa Reverendíssima V. Rev. ma
sacerdotes
Vossa Santidade V. S. papas
oficiais até coronel, funcionários
Vossa Senhoria V. S.ª
graduados, pessoas de cerimônia

1.4.4. Colocação dos clíticos na frase


Existe três posições em que pode colocar os pronomes clíticos de
complemento direto na variedade de português

1 – Depois do verbo (ênclise)

Em português europeu, a posição sintática mais natural dos pronomes


clíticos é depois do verbo, ou seja, em posição enclítica. 

EXEMPLOS:
1. Ontem, escrevi a minha carta de motivação. > Ontem, escrevi-a.
2. Emprestei o telemóvel à Júlia. > Emprestei-o à Júlia.
3. Dei os bombons aos meninos. > Dei-os aos meninos.
4. Conheceste as filhas da Teresa? > Conheceste-as?

2– Antes do verbo (próclise)

Quando o verbo é precedido de advérbios, conjunções, pronomes


indefinidos e interrogativos, preposições e locuções prepositivas, o pronome clítico
deve ser também colocado antes do verbo.

EXEMPLOS:
1. Eu não faço o trabalho de casa. > Eu não o faço.
2. Quando é que a Ana come a sobremesa? > Quando é que a Ana a come?
3. Os copos partiram-se porque atirámos os copos ao chão. > Os copos partiram-
se porque os atirámos ao chão.
4. Ele nunca bebe duas cervejas ao almoço. > Ele nunca as bebe ao almoço.
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5. O Filipe estuda para melhorar os seus resultados. > O Filipe


estuda para os melhorar.

3 – No meio do verbo (mesóclise)

Com os verbos conjugados no futuro do indicativo e no condicional, os


pronomes clíticos de complemento direto deverão ser colocados entre o radical do
verbo e a terminação que indica o tempo verbal e a pessoa gramatical. O -r do radical
deverá ser eliminado e os pronomes clíticos de complemento direto de 3ª pessoa (-o, -
a, -os, -as) passam a -lo, -la, -los, -las. Retomemos os exemplos do grupo 1, com os
verbos conjugados no futuro do indicativo e no condicional.

EXEMPLOS:
1. Amanhã, escreverei uma carta de motivação. (futuro do indicativo)> Amanhã,
escrevê-la-ei.
2. Emprestaria o telemóvel à Júlia. (condicional) > Emprestá-lo-ia à Júlia.
3. Darei os bombons aos meninos. (futuro do indicativo) > Dá-los-ei aos meninos.
4. Conhecerias as filhas da Teresa? (condicional) > Conhecê-las-ias?

1.4.5. Adequação discursiva: fórmulas iniciais, finais e de


desenvolvimento nos textos previstos
O conceito de adequação discursiva não foi alterado pela nova terminologia.

Assumindo que, de uma forma global e simplista, discurso é todo o


enunciado que um falante produz em situação de comunicação, ou seja, quando está a
falar com alguém ou a comunicar através de outro canal (carta, Internet, requerimento,
etc.), a adequação corresponde à escolha das palavras apropriadas face à situação
concreta que o falante está a viver, tendo em conta a relação social que existe entre ele e
o seu interlocutor, bem como o objectivo da comunicação.

Adequação discursiva é não dar os parabéns a um amigo que perdeu um


familiar. Adequação discursiva é não usar vocabulário característico de um grupo de
jovens («Tá bem, meu», etc.), quando se fala com um superior hierárquico, etc., etc.,
etc.

As formas de tratamento são expressões a que se recorre em situação de


comunicação, sempre como o objectivo de assinalar o tipo de relação que se estabelece
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entre os interlocutores: tu; o senhor, vossemecê (a cair em desuso), você (sentido por
muita gente como inadequado, em Portugal), etc. A par destas formas gerais, há outras
que incluem menção distintiva que pode ser honorífica («senhor Presidente»; «senhor
Ministro»); nobiliárquica («sua Majestade»; «sua Alteza»), eclesiástica («monsenhor»,
«sua eminência»), académica («Dr. Doutor», «Professor Doutor») etc.

1.4.5. Frases completivas dependentes de verbos, adjectivos, nomes e


adverbios
Segundo Mateus e outros, Gramática da Língua Portuguesa, «a
subordinação completiva é um dos grandes tipos de subordinação, caraterizável pelo
facto de a frase subordinada constituir um argumento de um dos núcleos lexicais da
frase superior (subordinante), tendo, por isso, uma distribuição aproximada da das
expressões nominais (sendo por esta razão que a tradição luso-brasileira a denomina
subordinação substantiva, com base na etiqueta que utiliza para a classe dos nomes:
substantivo)». Ainda de acordo com as citadas autoras, «a frase completiva é um
argumento obrigatório, (sendo que) a sua supressão determina a agramaticalidade da
frase superior, quando considerada isoladamente de um contexto discursivo. Deste
modo, podemos portanto dizer que as completivas «são uma unidade sintática da frase
superior. Assim, independentemente da função sintática que desempenham na frase
superior, podem ser substituídas por pronomes demonstrativos invariáveis como isto,
isso, aquilo.»

'Todas as orações subordinadas das frases apresentadas são completivas.

Na frase (1)

(1) «Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma.»

a oração destacada tem a função sintática de complemento do nome saúde e constitui


uma oração completiva não finita.

Na frase (2)

(2) «Por isso, num dia de calor/ Me sinto triste de gozá-lo tanto»

a oração destacada tem a função de complemento do adjetivo triste e constitui uma


oração completiva finita.
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Em (3)

(3) «Não gosto que me peguem no braço.»

a oração tem a função de complemento direto do verbo gosto e constitui uma oração
completiva finita. 

Outras orações sobordinadas

«Os críticos disseram [que o filme ganhou o festival]»

«Os críticos disseram [isso]»

«Os críticos disseram» (agramatical)

«O João prometeu [que telefonava logo à noite]»

«O João prometeu [isso]»

«O João prometeu» (agramatical)

«Todos lhe perguntaram [se ele afinal vinha à festa]»

«Todos lhe perguntaram [isso]»

«Todos lhe perguntaram»

Será importante referir que, de acordo com Cunha e Cintra (ob. cit., p. 597),
«depois de certos verbos que exprimem uma ordem, um desejo ou uma súplica, a língua
portuguesa permite a omissão da INTEGRANTE que:

Penso daria um sofrível monge, se não fossem estes nervos miseráveis. [...]

Queira Deus não voltes mais triste... [...]».

Das reflexões aqui tecidas, resulta claro que as completivas podem, por
outro lado, exercer diferentes funções sintáticas. Assim, elas podem desempenhar a
função sintática, por exemplo, de:

- sujeito (chamadas subjetivas, por Cunha e Cintra): 

«É possível [que o João não venha à festa]»


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«[Isso] é possível»

«É verdade [que o João é alérgico a morangos]»

«[Isso] é verdade»;

- de objeto direto (objetivas diretas, em Cunha e Cintra):

«O João sabe [que estamos à espera dele]»

«O João sabe [isso]/[-o]»

«O conselho lamentou [que não lhe tenha sido comunicada a decisão]»

«O conselho lamentou[-o]»

Nestes casos, como se pode verificar, as frases completivas com a relação


gramatical de Objecto Direto podem ser igualmente substituídas pelo pronome
demonstrativo átono invariável [-o];

- de oblíquo (objetivas indiretas, completivas nominais, em Cunha e Cintra):

«O João insistiu [em [que fôssemos à festa dele]]» 

«O João insistiu-o» (agramatical)

«Não me esqueço [de [que estavas doente quando ele nasceu]]»

«Não mo esqueço» (agramatical)

«Durante a Idade Média, os geógrafos não defendiam a ideia [de [que a Terra é
redonda]»

«Durante a Idade Média, os geógrafos não o defendiam a ideia» (agramatical)

Como se pode constatar, as completivas que desempenham relações


gramaticais oblíquas não podem ser substituídas pelo pronome demonstrativo átono
invariável [-o]).

Por outro lado, ainda, julgo que é importante termos em conta que as
orações completivas podem ser finitas ou não finitas (desenvolvidas ou reduzidas, na
tradição gramatical luso-brasileira). Todos os exemplos vistos até ao momento
INSTITUTO MÉDIO POLITÉCNICO DR. MATEUS ANDRÉ GARCIA – SAMBA CAJU
MATERIAL DE APOIO DE LÍNGUA PORTUGUESA

pertencem ao primeiro grupo elencado; as não finitas (ou reduzidas) são as que não se
iniciam por relativo nem por conjunção subordinativa, e que têm o verbo numa das
formas nominais — Infinitivo (flexionado ou não flexionado), Gerúndio ou Particípio.
Ex.:

«[O filme ter ganho o festival] foi surpreendente»

«[Isso] foi surpreendente»

«O João lamenta [os pedreiros não terem concluído a obra]»

«O João lamenta[-o]»

«Os pais disseram aos miúdos [para vir(em) para casa cedo]»

«Os pais disseram[-no] aos miúdos»

Finalmente, é de referir que, como se pode constatar, as orações completivas


podem ser selecionadas por verbos (ex.: afirmar, alegar, assegurar, prometer, propor,
sugerir, pedir, perguntar, detestar, gostar, lamentar, ...), por adjetivos (ex.: possível, ...),
ou por nomes (ex.: verdade, ...).

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