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É o estudo das relações entre os verbos e os seus complementos, que podem ser de diferentes
categorias sintácticas ou introduzidos por diferentes preposições. Em Moçambique, a
regência verbal constitui uma das áreas do Português de Moçambique em que se regista um
conjunto variado de fenómenos de variação relativamente a outras variedades do Português.
Por exemplo, alguns verbos que no Português Europeu padrão (PE) são transitivos diretos, ou
seja, selecionam um complemento nominal sem preposição, no Português de Moçambique
(PM) podem selecionar um complemento preposicionado com a preposição.
Por exemplo, alguns verbos que no português europeu padrão são transitivos diretos, no
português de Moçambique podem ser transitivos indiretos, porque assim são nas línguas
africanas.
Por exemplo, alguns verbos que no português europeu padrão exigem a preposição a
antes do complemento, no português de Moçambique podem omitir essa preposição,
como no português brasileiro.
Por exemplo, o português passou a ser usado como língua oficial e de unidade nacional, o que
levou à sua expansão e diversificação entre os falantes moçambicanos.
● A variação interna do próprio português, que é uma língua viva e dinâmica, sujeita a
mudanças e inovações ao longo do tempo e do espaço.
Por exemplo, alguns verbos que no português europeu padrão selecionam um complemento
nominal sem preposição, no português de Moçambique podem selecionar um complemento
preposicionado com a preposição de, como resultado de um processo de reanálise sintática.
Os problemas de regência verbal em Moçambique estao directamente ligados ao estudo da
variação linguística do português. A regência verbal é a relação entre os verbos e os seus
complementos, que podem variar de acordo com a variedade do português. Em Moçambique,
existem muitos casos em que a regência verbal difere da norma padrão do português europeu,
que é a referência oficial no país.
De uma forma em geral, os falantes do PM tambem usam os verbos incluidos neste dicionario
de acordo com a norma padrao Europeia. Essas ocorrencias não foram a qui , uma vez que
apenas se pretende registar os casos em que a variedade Mocambicana se distingue dessa
norma.
Neste dicionário, estão incluídas as frases em que houve alterações na categoria sintáctica dos
complementos verbais ou na escolha da preposição que introduz complementos
preposicionados. Está no primeiro caso o exemplo abaixo (1a), em que o complemento
nominaldo verbo no PE padrão está realizado como um SP. Está no segundo caso o exemplo
(1b), em que é usada a preposição de, e não a preposição em, que é requerida pelo verbo no
padrão europeu.
(1) a. PM: vamos convidar [SP aos órgãos de comunicação social] (PE = [SN os órgãos de
comunicação social])
c. PM: não pode conversar [SN coisas íntimas] [SP connosco] (PE = não pode conversar [SP
sobre coisas íntimas] connosco)
As formas átonas dos pronomes pessoais, estão colocadas entre parênteses rectos, sem
etiqueta categorial.
(1c)’ não pode conversar [SN coisas íntimas] [SP connosco] ( PE = não pode conversar [SP
sobre coisas íntimas] connosco).