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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

RESUMO DO TEXTO E ANÁLISE DO LIVRO


A CHUVA PASMADA DE MIA COUTO

Generosa Afonso Buci: 41200430

Maxixe, junho, 2022


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

RESUMO DO TEXTO E ANÁLISE DO LIVRO

A CHUVA PASMADA DE MIA COUTO

Trabalho de Campo a ser


submetido na Coordenação do
Curso de Licenciatura em Ensino
de Português da UnISCED.

Tutor:

Generosa Afonso Buci: 41200430

Maxixe, junho, 2022

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Introdução
O presente trabalho tem como tema de estudo o resumo e análise de obra de Mia Couto
intitulado a Chuva Pasmada onde no primeiro capítulo realizara-se o resumo do texto de
Mia Couto com o título acima citado, conforme emanam as regras de resumo. No capítulo
2 daremos continuidade do trabalho, mas analisando o livro com o mesmo título no qual a chuva
é retratada que ficou presa entre céu e terra em uma pequena vila e retrata como a família
do narrador-criança lida com a circunstância. Não se sabe ao certo se o protagonista relata
o acontecido muito ou pouco tempo depois, como se pode notar na primeira frase do livro:
“Nesse dia, meu pai apareceu em casa todo molhado. Estaria chovendo?” (COUTO, 2004,
p. 6). O uso de “nesse dia” seria proposital, pois cria-se no leitor a dúvida se aquela era
uma conversa que já estava sendo estabelecida e foi retomada ou se havia sido iniciada
naquele momento, numa estratégia de não delimitar historicamente o facto.

Objectivo Geral:

❖ Estudar o texto/livro A Chuva Pasmada de Mia Couto.

Objectivos Específicos:

❖ Resumir o texto A Chuva Pasmada de Mia Couto;


❖ Analisar o livro A Chuva Pasmada de Mia Couto;
❖ Compreender o texto A Chuva Pasmada de Mia Couto.

Metodologia:

❖ Este trabalho de campo só foi possível devido a aplicação de diversos métodos


de pesquisa respectivamente no tange a consulta baseada em referências
bibliográficas, a consulta de manuais desta disciplina e por fim ao uso da
internet.

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Índice

Introdução…………………………………………………………………………………………………4

Objectivo Geral..…………………………………………………………………………………………4

Objectivos Específicos…………………………………………………………………………………4

Metodologia………………………………………………………………………………………………4

Resumo do texto A Chuva Pasmada de Mia Couto..……………………………………………5

Analise do Livro A Chuva Pasmada de Mia Couto.……………………………………………8

Considerações Finais …………………………………………………………………………………10

Referencias bibliográficas…………………………………………………………………………..11

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Resumo do Texto a Chuva Pasmada

Esse dia, meu pai apareceu em casa todo molhado.

A chuva, mesmo miudinha, soaria como agulhinhas

- Não, molhei-me foi por causa dessa chuva.

Espreitámos na janela: era uma chuvinha suspensa, flutuando entre céu e terra.

Até que o braço do avô se ergueu:

- Não riam alto, que a chuva está é dormindo.

Durante todo dia, o chuvilho se manteve como um cacimbo sonolento e espesso.

Visitas, os homens fecharam conversa nos pátios, as mulheres se enclausuraram.

Que houvesse um desfecho para aquela chuva: isso esperávamos com ansiedade.

Aguardo, eu me distraía olhando os milhares de arco-íris que luzinhavam a toda a volta.

Dizia minha mãe, a chuva é uma mulher, nos dias em que sai com o Sol.

A indecisão da chuva não era motivo para alegria. meus pais sempre me tinham
chamado de pasmado.

Diziam que eu era lento no fazer, eu não tinha vocação para fazer coisa alguma,mesmo
vocação para ser.

Pois ali estava a chuva, essa clamada e reclamada por todos e, afinal.

Por fim, eu tinha uma irmã, tão desajeitada que nem tombar sabia. E passou-se um dia
sem que a chuva descesse.

Meu avô, no assento de balanço, chefiava e ao lado, a cadeira sagrada de sua falecida
esposa, nossa avó Ntoweni.

Desde que ela morrera, o assento nunca mais fora ocupado por ninguém. Por fim, meu
avô ousou falar:

-Essa chuva traz água rio bico.

Foi de repente, meu pai se ergueu e anunciou o pensamento: havia que bater naquela.

Saímos todos com pás, vassouras e panos.

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Todos menos o avô que mal se erguia, mas a chuva não tombava, as gotas
viravolteavam no ar e depois, como aves tontas, voltavam a subir.

Ao fim de um tempo, meu pai se afastou de nós para não vermos uma sombra pousar

- Deve ser feitiço, sugeriu o avô.

- Não - disse a mãe.

São fumos que vêm da nova fábrica.

- São esses fumos que estão a atrapalhar a chuva.

A água fica pesada, já não acontecia à água o que poderia ensinar a chuva a retomar os
seus milenares carreirinhos?

No poente, vimos o avô, o meu pai e os meus tios se encaminharem para o pátio.

É por isso que existem os samvura.

São eles que falam com os espíritos para que estes libertem as águas.

O que sucedia era um jamais acontecido. Meu pai, por exemplo, temperava as
suspeitas:

- Diga, meu sogro, acha que é obra dos nossos inimigos?

Seus olhos rodaram como que lhe engordando o rosto.

Minha mãe era a mais

- Marido, você que é o mais senhor, vá à fábrica e fale com eles.

Sou pobre, quem vai escutar um ninguém como eu

- Pobre é estar sozinho.

- Mas tente falar, pelo menos com alguns.

- Eu sei com quem vou falar.

Com quem?

- Você vai é falar com ninguém, eu já lhe conheço muito bem.

- O que podemos é falar com o senhor Padre.

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- Esse também não é o caminho -, disse o avô. - Mas temos Deus que é de todos.

Meu velho tesourou a conversa, retirando-se para o pátio.

Até que ele espetou o braço bem

- Não tarda que acabe a água

- Disse o meu velho. que ele lançasse o isqueiro incandescente sobre o capirizal.

Do modo que tudo secara, lavados pelo fogo, agora que a água parecia nos

- Vai ser assim que o avô vai morrer.

Assim, como?

- Seu avô vai secar.

Emagrecera tanto que, quando saíamos para o campo, o amarrávamos à perna da


cadeira.

Era assim que o deixávamos, sentado, olhando o apenas a cadeira sagrada da avó
Ntoweni lhe fazia companhia.

A crença de que Ntoweni ainda ali se sentava, a escutar os sonhos do seu não-falecido
esposo.

Quando regressávamos, no final do dia, o avô ainda ali estava.

Antes ao Sol que mal-acompanhado!

- Essa é Ntoweni, minha falecida.

Para enxotar a solidão, o avô dera nome aos pés.

E a outra como se chama? aquele nome, só para ele.

- Minha saudade existe toda só para Ntoweni.

Venha cá, meu neto: você nunca chegou de conhecer essa sua avó legítima?

- Nunca, avô.

E como era ela?

- Ntoweni era tão bonita que nem precisava ser jovem, mas ela não gostava de ser bela.

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Era assim que ela falava era uma gaiola que o avô inventara para ela ser pássaro.

Análise do livro a Chuva Pasmada

O livro conta sobre a chuva que ficou presa entre céu e terra em uma pequena vila e retrata
como a família do narrador-criança lida com a circunstância. Não se sabe ao certo se o
protagonista relata o acontecido muito ou pouco tempo depois, como se pode notar na
primeira frase do livro: “Nesse dia, meu pai apareceu em casa todo molhado. Estaria
chovendo?” (COUTO, 2004, p. 6).

O uso de “nesse dia” seria proposital, pois cria-se no leitor a dúvida se aquela era uma
conversa que já estava sendo estabelecida e foi retomada ou se havia sido iniciada naquele
momento, numa estratégia de não delimitar historicamente o facto. Isso permitiria que o
acontecimento pudesse ter se dado há uma semana ou há vinte anos. A maioria dos verbos
no livro está empregada no pretérito, tanto perfeito como imperfeito, reforçando que são
lembranças do narrador e potencializando o universo mágico da trama.

A utilização de dois tempos verbais (era, apareceu, estaria, guardava), aumenta a


indeterminação temporal da história, uma vez que o pretérito perfeito é quase sempre
utilizado para indicar uma ação já realizada, como em “apareceu”. Nesse caso, o leitor
pode entender que de facto aquela acção ocorreu, que de facto algo ou alguém apareceu.

Já a utilização do pretérito imperfeito e futuro do pretérito gera uma dubiedade, trazendo


para a narrativa um grau de indeterminação, vista em “era” e “estaria”, respectivamente.
O tempo verbal conferiria um tom mais mágico, recurso possivelmente empregado pelo
autor para designar a atmosfera imaginativa narrada. Para a actual análise, é pertinente
perceber como se delineia a perspectiva dos factos pela visão infantil.

Como o próprio título do livro indica, a água merece relevo no texto. O elemento realiza
na história um pano de fundo para a discussão de questões profundas, como o papel
desempenhado pela tradição. Outro ponto que o livro toca pela via da chuva/água/rio são
os problemas sociais e econômicos daquele povoado, pois a fábrica gerenciada pelos
brancos apenas gera pobreza na comunidade.

No livro de Mia Couto, quando o rio seca e faz com que parem as máquinas da fábrica
que produziam a fumaça, a chuva finalmente cai: “O rio se extinguira, a fábrica
desmaiara, os fumos desvaneciam. De súbito, deflagraram ventanias e cacimbos, gotas e

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poeiras, tudo se juntou num redemoinho imenso e subiu nos céus, em girações e vertigens,
até se forma rem nuvens espessas e cinzentas” (COUTO, 2004, p. 71). É também com a
morte do rio que a normalidade volta a ser estabelecida na comunidade de Sembora. O
embate da água com a fábrica merece atenção especial.

A chuva que não cai pode representar o poder colonial sobre Moçambique, que inverte a
lógica, trazendo desgraça e pobreza. Apesar de o rio estar extinto, a fábrica está apenas
“desmaiada”, o que poderia revelar que o poder exercido pela antiga metrópole
permanece, onde a dominação política é substituída pela dominação econômica, que
interfere em todos os campos, inclusive no ciclo da água que é rompido.

Segundo Césaire (2011), por onde a colonização europeia esteve, a introdução da


economia fundada no dinheiro gerou o enfraquecimento ou destruição dos laços
tradicionais. O que o trecho de Mia Couto parece salientar é que, estando apenas
“desmaiada”, a fábrica poderá acordar e voltar a funcionar a qualquer momento, o que
indicaria a necessidade daquela vila se preparar para assumir o controle da situação,
evitando assim o retorno dos tempos em que a fábrica ditava as ordens.

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Considerações Finais

Apos realizar este trabalho de campo que teve como foco principal o resumo e analise do
texto/livro a chuva pasmada conclui que a chuva ficou presa entre céu e terra em uma
pequena vila e retrata como a família do narrador-criança lida com a circunstância. Não
se sabe ao certo se o protagonista relata o acontecido muito ou pouco tempo depois, como
se pode notar na primeira frase do livro: “Nesse dia, meu pai apareceu em casa todo
molhado. Estaria chovendo?” (COUTO, 2004, p. 6). Noutro ponto vimos que como o
próprio título do livro indica, a água merece relevo no texto. O elemento realiza na história
um pano de fundo para a discussão de questões profundas, como o papel desempenhado
pela tradição.

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Referências bibliográficas
CHICUMULE, Fernando. (2022). Manual de Teoria da Análise da Narrativa – 3º Ano,
Beira: UnISCED.

COUTO, Mia. (2004). A Chuva Pasmada. Lisboa: Editorial Caminho.

ALVES, Tatiana. Seis estudos sobre Mia Couto. Rio de Janeiro: Cela canto, 2012.

BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São


Paulo: Martins Fontes, 2002.

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