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SECRETARIA MUNICIAL DE

EDUCAÇÃO

EMEB: __________________________________________________________________________________

ALUNO(A): ______________________________________________________________________________

ATIVIDADE DOMICILIAR
DE PORTUGUÊS
Atividade Semana 02 (13/04 a 17/04)
Ano: 9° Ano
Área: Português

 Organize, com antecedência, o espaço e todo material que irá precisar para os estudos
 Para realizar as atividades você pode usar o celular, ou o computador, aquilo que for mais fácil para você e sua família
 Ao registrar por escrito utilize a matéria de seu caderno de português
 No início de cada atividade, lembre-se de colocar a data do dia que realizou a atividade
 Manter, diariamente, a rotina de estudos

ATIVIDADE 01

Leia o texto abaixo com atenção, para responder as questões.

Por um pé de feijão

Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom. Pode até haver anos melhores, mas jamais será a mesma coisa.
Parecia que a terra (á nossa terra, feinha, cheia de altos e baixos, esconsos, areia, pedregulho e massapê) estava explodindo
em beleza. E nós todos acordávamos cantando, muito antes do sol raiar, passávamos o dia trabalhando e cantando e logo
depois do pôr-do-sol desmaiávamos em qualquer canto e adormecíamos, contentes da vida.

Até me esqueci da escola, a coisa que mais gostava. Todos se esqueceram de tudo. Agora dava gosto trabalhar.

Os pés de milho cresciam desembestados, lançavam pendões e espigas imensas. Os pés de feijão explodiam as
vagens do nosso sustento, num abrir e fechar de olhos. Toda a plantação parecia nos compreender, parecia compartilhar de
um destino comum, uma festa comum, feito gente. O mundo era verde. Que mais podíamos desejar?

E assim foi até a hora de arrancar o feijão e empilhá-lo numa seva tão grande que nós, os meninos, pensávamos que
ia tocar nas nuvens. Nossos braços seriam bastantes para bater todo aquele feijão? Papai disse que só íamos ter trabalho daí
a uma semana e aí é que ia ser o grande pagode. Era quando a gente ia bater o feijão e iria medi-lo, para saber o resultado
exato de toda aquela bonança. Não faltou quem fizesse suas apostas: uns diziam que ia dar trinta sacos, outros achavam que
era cinqüenta, outros falavam em oitenta.

No dia seguinte voltei para a escola. Pelo caminho também fazia os meus cálculos. Para mim, todos estavam
enganados. Ia ser cem sacos. Daí para mais. Era só o que eu pensava, enquanto explicava à professora por que havia faltado
tanto tempo. Ela disse que assim eu ia perder o ano e eu lhe disse que foi assim que ganhei um ano. E quando deu meio-dia e
a professora disse que podíamos ir, saí correndo. Corri até ficar com as tripas saindo pela boca, a língua parecendo que ia se
arrastar pelo chão. Para quem vem da rua, há uma ladeira muito comprida e só no fim começa a cerca que separa o nosso
pasto da estrada. E foi logo ali, bem no comecinho da cerca, que eu vi a maior desgraça do mundo: o feijão havia
desaparecido. Em seu lugar, o que havia era uma nuvem preta, subindo do chão para o céu, como um arroto de Satanás na
cara de Deus. Dentro da fumaça, uma língua de fogo devorava todo o nosso feijão.

Durante uma eternidade, só se falou nisso: que Deus põe e o diabo dispõe.

E eu vi os olhos da minha mãe ficarem muito esquisitos, vi minha mãe arrancando os cabelos com a mesma força
com que antes havia arrancado os pés de feijão:
– Quem será que foi o desgraçado que fez uma coisa dessas? Que infeliz pode ter sido?
E vi os meninos conversarem só com os pensamentos e vi o sofrimento se enrugar na cara chamuscada do meu pai,
ele que não dizia nada e de vez em quando levantava o chapéu e coçava a cabeça. E vi a cara de boi capado dos
trabalhadores e minha mãe falando, falando, falando e eu achando que era melhor se ela calasse a boca.

À tardinha os meninos saíram para o terreiro e ficaram por ali mesmo, jogados, como uns pintos molhados. A voz da
minha mãe continuava balançando as telhas do avarandado. Sentado em seu banco de sempre, meu pai era um mudo. Isso
nos atormentava um bocado.

Fui o primeiro a ter coragem de ir até lá. Como a gente podia ver lá de cima, da porta da casa, não havia sobrado
nada. Um vento leve soprava as cinzas e era tudo. Quando voltei, papai estava falando.

– Ainda temos um feijãozinho-de-corda no quintal das bananeiras, não temos? Ainda temos o quintal das
bananeiras, não temos? Ainda temos o milho para quebrar, despalhar, bater e encher o paiol, não temos? Como se diz, Deus
tira os anéis, mas deixa os dedos.

E disse mais:

– Agora não se pensa mais nisso, não se fala mais nisso. Acabou. Então eu pensei: O velho está
certo.

Eu já sabia que quando as chuvas voltassem, lá estaria ele, plantando um novo pé de feijão.

Publicado originalmente em “Meninos, Eu Conto”, Editora Record – Rio/São Paulo, 1999,


o texto acima foi selecionado por Ítalo Moriconi e consta do livro “Os Cem Melhores
Contos Brasileiros do Século”, Editora.

Objetiva – Rio de Janeiro, 2000, pág. 586

1) Antes de ler o texto, você observou seu título e imaginou sobre o que ele trataria de fato, do que trata essa história?

2) Releia a primeira frase do texto: “Nunca mais haverá no mundo um ano tão bom”. A que se refere esse ano bom?

3) No início da história, tudo parece correr bem, mas algo altera o curso dos acontecimentos. Que fato provoca essa
mudança?

4) Para você, qual é o ponto mais alto da história, isto é, qual é o momento de maior tensão nessa narrativa?

5) Como a família da história acaba lidando com o problema?

6) Você gostou do desfecho, isto é, do modo como o conflito se resolve no final?

7) A linguagem usada no texto é formal ou informal? Encontre um trecho que comprove sua resposta.

8) Os personagens fazem uso de alguns ditados populares, relacionando-os à situações que estão vivendo. Encontre esses
ditados e explique seus significados dentro do contexto em que foram usados.

9) Essa história começou com uma situação tranquila, sem imprevistos. De repente, um fato surpreendente fez tudo mudar,
criando um conflito para os personagens. Na vida cotidiana isso também acontece? Você já viveu situação semelhante?
ATIVIDADE 02

Leia, a seguir, o conto “Uma esperança”, escrito por Clarice Lispector.

Uma esperança

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim
nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.

Houve um grito abafado de um de meus filhos:

– Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas
esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim,
sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais
magra e verde não poderia ser.

– Ela quase não tem corpo, queixei-me.

– Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele
falava das duas esperanças.

Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente
uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.

– Ela é burrinha, comentou o menino.

– Sei disso, respondi um pouco trágica.

– Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.

– Sei, é assim mesmo.

– Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.

– Sei, continuei mais infeliz ainda.

Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar
para que não se apagasse.

– Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.

Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem
sido sempre assim comigo.

Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me
parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós
também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa,
sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:

– É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte…

– Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.


– Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo
cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe
diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.

O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo
televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo. Mas como é bonito o inseto:
mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar
nas coisas, nunca tentei pegá-la.

Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada,
de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o
braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse
nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

Clarice Lispector, Felicidade Clandestina

1) Por que é importante que a narradora esclareça de imediato ( no primeiro parágrafo) de que esperança ela está falando?

2) Um trecho do terceiro parágrafo comprova que a própria narradora havia pensado no sentimento. Mencione-o explicando.

3) Ao observar a esperança, o menino faz constatações como: “Ela é burrinha”, “olhe coitada, como ela hesita”, “parece que
esperança não tem olhos”, “é guiada pelas antenas”, “ela se esqueceu de que pode voar”, “e pensa que só pode andar
devagar assim”. Explique a interpretação que a mãe intencionalmente dá a essas constatações do filho.

4) Apesar do esclarecimento inicial de que o episódio tinha a ver com o inseto, o sentimento da esperança foi longamente
abordado no conto. Explique o papel da mãe nisso.

ATIVIDADE 03

Leia a tira a seguir.


1) No primeiro quadrinho, como a imagem revela a irritação de Calvin?

2) Como a imagem dele no último quadrinho indica que a irritação continua?

3) No último quadrinho, que elemento gráfico na fala reforça a irritação dele?

4) Pela tira, Calvin parece manter suas roupas em ordem? Explique.

5) O que surpreende o leitor e causa o humor da tira?

6) O contexto da tira ajuda a explicar a fala da personagem? Por quê?

ATIVIDADE 04

Produção de texto – Relato de experiência

Pense uma experiência que lhe marcou profundamente. Para tal, siga estes passos:

1º: Em uma folha de rascunho, rememore os fatos e as emoções vivenciadas que tornaram a sua experiência inesquecível.

2º: Construa o texto, que deverá ter o mínimo de 15 linhas e o máximo de 30 linhas, procurando responder às seguintes
questões:
● O que aconteceu?
● Quando aconteceu?
● Onde?
● Com quem?
● De que forma?
● Por que a experiência foi tão marcante para você?
Vale destacar que as perguntas não precisam ser respondidas necessariamente na referida ordem. Seja criativo (a)! Conte
da forma que considerar mais interessante! Mas, não se esqueça de que o relato tem de ser coerente do princípio ao fim.

3º: Crie um título para o seu relato de experiência.

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