Você está na página 1de 13

ATIVIDADE DE RECUPERAÇÃO – ENSINO MÉDIO

Esta atividade de recuperação paralela, bem como as aulas expositivas e demais instrumentos de aprendizagem,
faz parte das estratégias utilizadas pela equipe de professores e visa a prover estudos de recuperação como
determinam a lei 9.394/96 e a Deliberação 155/2017 (Art. 18, inciso V).

Componente Curricular: Literatura Data: 25/05/2023


Professor (a): Nivaldo Série: 3ª série
Assunto(s): Modernismo brasileiro, Angústia

Modernismo brasileiro – 3ª fase


Angústia
TERCEIRA FASE DO MODENISMO BRASILEIRO, OU PÓS-MODERNISMO

Principais características da Poesia e da Prosa

Poesia

1. Maior apuro do verso;

2. Mais ênfase na palavra, no ritmo, na rima;


3. Tendência para uma arte mais racional, cerebral, às vezes até hermética;

4. Busca do regionalismo temático e do universalismo;

5. Caráter “engajado” da poesia.

Prosa

1. Investigação psicológica das personagens e seus conflitos íntimos;

2. A ação e o enredo perdem importância em favor das emoções, estados mentais e reações das personagens;

3. A sugestão, a associação e a expressão indireta passam a ser os meios de veicular a experiência;

4. A literatura torna-se cada vez mais subjetiva, interiorizada e abstrata, constituída de experiências mentais;

5. O princípio de seleção do material expande-se para incluir todos os motivos e assuntos;

6. Normalmente, o autor não faz o retrato da personagem: este vive e o leitor o conhece e julga.

Principais Autores

Poesia: João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Morais, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar.

Prosa: Clarice Lispector e Guimarães Rosa.

prosaísmo esconde a procura de uma expressão poética autêntica e autônoma e, ao se voltar para o cotidiano,
transcende o tempo e o espaço em busca do perene e universal.
Em Angústia, o protagonista Luís da Silva, funcionário público, com dificuldades financeiras e frustrado
intelectualmente assassina o rico Julião Tavares, pelo fato desse último ter conquistado a sua noiva Marina. Pelo
discurso do próprio narrador, inicialmente, a ação é tomada como heroica já que novos abortos não serão
praticados, bem como outras moças pobres não serão ludibriadas pelo capitalismo de Julião Tavares, mas a
sensação de arrependimento também se percebe com o início da compulsiva necessidade de ‘lavar as mãos’.

AGORA É A SUA VEZ!

T1. (UFS-SE)

um
movi
mento
compondo
além
da
nuvem
um
campo
de
combate

O poema acima representa a poesia concretista porque:


A) liga a palavra e o contexto extralinguístico, estabelecendo uma ponte entre o poeta e a vida social.
B) propõe uma arte mais comunicativa, voltada para os problemas reais.
C) elimina o retórico, compondo um discurso poético despojado.
D) se relaciona com as artes plásticas e com a música.
E) joga com as palavras, criando estruturas que se ligam visualmente.

Q2. Leia o fragmento textual abaixo do livro Angústia – de Graciliano Ramos.

Volto a ser criança, revejo a figura de meu avô, Trajano Pereira de Aquino Cavalcante e Silva, que alcancei
velhíssimo. Os negócios na fazenda andavam mal. E meu pai, reduzido a Camilo Pereira da Silva, ficava dias
inteiros manzanzando numa rede armada nos esteios do copiar, cortando palha de milho para cigarros, lendo o
Carlos Magno, sonhando com a vitória do partido que Padre Inácio chefiava. Dez ou dozes reses, arrepiadas no
carrapato e na varejeira, envergavam o espinhaço e comiam o mandacaru que Amaro vaqueiro cortava nos
cestos. (RAMOS, 1978, p. 11).

A) Considerando que o nome do protagonista da obra é Luís da Silva, o que se sugere em relação aos do avô e
o do pai, por meio de uma análise da situação econômica dos três?
Fica evidente uma gradação, ou seja, do nome do avô – Trajano – e a quantidade de sobrenomes,
passando pelo pai – Camilo – até chegar ao de Luís vem diminuindo a quantidade e, por conseguinte, o
poder econômico da família, que já estava em derrocada na época do avô.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

B) Quais sinônimos são possíveis aos termos destacados?


Manzanzando: não querer trabalhar; esteios: peças que, feitas em madeira, ferro, metal ou outro material,
servem para segurar ou escorar alguma coisa; reses: cabeças de gado; mandacaru: tipo de cactos.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

Q3. Leia o fragmento textual abaixo do livro Angústia – de Graciliano Ramos.

ENSINO MEDIO 2
A justiça e a religião não tomariam conhecimento do caso. E a família de Seu Ramalho continuaria como
estava, sem um escândalo para alimentar D. Rosália, sem peso novo no orçamento, uma criatura que seria
necessário vestir, calçar nutrir e mandar à escola. (RAMOS, 1978, p. 164).

A) O narrador alude à possibilidade de se evitar a socialização de um caso e simultaneamente evitar qual


escândalo? Por que ‘Seu Ramalho’ tem seu nome envolvido nesse episódio? Justifique sua resposta.
O relacionamento secreto entre Julião Tavares e Marina, já que esta era oficialmente noiva de Luís
Pereira da Silva, narrador e protagonista do romance. Seu Ramalho é pai de Marina, portanto, com a
difamação da filha, a sua honra também seria atingida.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

B) O que pretende esconder o narrador da “justiça” e da “religião” para que o caso insinuado não se torne um
escândalo? Justifique considerando a obra em sua íntegra.
Da justiça deve ser escondido o fato de Luís Pereira da Silva ser o assassino de Julião Tavares,
descontruindo-se, dessa forma, a ideia de que este último praticara suicídio. Da religião, o fato de que
Marina se entregou antes do casamento a um homem, engravidando do mesmo e ao abortar a criança
pelas mãos de D. Albertina.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

Q4. Leia o fragmento textual abaixo do livro Angústia – de Graciliano Ramos.

Agora Quitéria estava morta. E os filhos dela e os das outras pretas que, depois de 88, foram viver em
ranchos de palha, nas ribanceiras do Ipanema, começavam a desacatar os descendentes dos antigos senhores.
Muitos andavam nos grupos de salteadores que assolam o Nordeste, queimando propriedade, violando moças
brancas, enforcando os homens ricos nos ramos das árvores. (RAMOS, 1978, p. 136).

A) O fragmento alude ao início de um comportamento agressivo entre dois grupos. Quem são? E explique o
porquê da contenda
Os descendentes dos escravos e os descendentes dos antigos proprietários das terras em que os
escravos eram explorados. A bem da verdade, a contenda se mostra como uma espécie de vingança pelo
tratamento que os escravos tiveram anterior a lei 13 de maio, sabidamente pleno em humilhações,
agressões, estupros etc.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

B) Das agressões citadas como vingança praticada pelos descendestes dos escravos, uma delas foi atualizada
pelo protagonista. É possível concordar com tal afirmação? Justifique.
É plenamente possível concordar com tal afirmativa, já que o protagonista Luís da Silva enforca Julião
Tavares em uma árvore. Nesse sentido, o episódio passado parece servir como inspiração para Luís, até
mesmo porque a sua vítima também era rica, tal qual as vítimas ‘homens ricos’ que foram enforcadas nos
ramos das árvores.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

Q5. Leia o fragmento textual abaixo do livro Angústia – de Graciliano Ramos.

Retirei a corda do bolso e em alguns saltos, silenciosos como os das onças de José Baía, estava ao pé de
Julião Tavares. Tudo isto é absurdo, é incrível, mas realizou-se naturalmente. A corda enlaçou o pescoço do
homem, e as minhas mãos apertadas afastaram-se. Houve uma luta rápida, um gorgolejo, braços a debater-se.

ENSINO MÉDIO 3
Exatamente o que eu havia imaginado. O corpo de Julião Tavares ora tombava para a frente e ameaçava
arrastar-me, ora se inclinava para trás e queria cair em cima de mim. (RAMOS, 1978, p. 182).

A) Considerando o conteúdo da cena, é possível dizer que se confessa um assassinato?


Em partes, mas apenas no que tange à retirada da corda (arma do crime) do ‘bolso’, pois na continuidade
da narração prevalece o uso da personificação, enquanto recurso a obliterar o que se praticou –
assassinato – ou mesmo um tom fantástico a ser dividido com o leitor.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

B) O fragmento deve ser entendido como uma confissão de Luís da Silva ante o assassinato que praticara.
Nesse sentido, tal depoimento deslegitimaria um álibi?
Certamente, pois o próprio Luís Pereira, após assassinar Julião Tavares, coloca o corpo de sua vítima em
tal posição a sugerir um suicídio. Nesse sentido, para o sujeito que fosse testemunha ocular da cena,
veria um corpo atado a uma corda pelo pescoço, dependurado em uma árvore. Portanto, na sequência da
narrativa, o narrador relatará a adulteração da cena do crime, mas aqui já se pode perceber o que
realmente aconteceu durante os fatos.
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................

Q6. (Vunesp-SP) Em seu álbum póstumo, o cantor e compositor Cazuza diz, com sarcasmo:
"A burguesia fede!
A burguesia quer ficar rica!
A burguesia não tem charme nem é discreta com suas perucas de cabelo de boneca.
A burguesia quer ser sócia do Country.
Quer ir em Nova lorque fazer compras".

"Burguesia". Cazuza.

Compare os versos apresentados com o seguinte poema concreto:

Augusto de Campos. Viva vaia. São Paulo, Brasiliense, 1986.

Releia ambos os textos e, a seguir, comente:


A) O sentido de crítica social que os versos cantados por Cazuza e o poema de Augusto de Campos podem
conter:
Nos versos de Cazuza a crítica social é explícita. O autor ataca hábitos e valores atribuídos à burguesia:
O apego à riqueza material, à falta de fineza de trato, o gosto de ostentação, a falta de autenticidade e o
consumismo. Já, no poema de Augusto de Campos, a crítica social é “implícita”. Manifesta-se no uso
irônico dos tipos ornamentais que compõem a palavra "luxo", repetida exaustivamente em corpo
pequeno, até formar; em corpo maior, a palavra "lixo ".
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

ENSINO MEDIO 4
B) Que relação pode existir entre a simbologia gráfica do tipo de letra "decorativa" ou "ornamental" com que
Augusto de Campos escreve a palavra "luxo" e os versos "A burguesia não tem charme nem é discreta/Com
suas perucas de cabelo de boneca".
Os dois enunciados apresentam uma perspectiva crítica da sociedade, sobretudo pela focalização do
universo burguês. Na montagem de Augusto de Campos, essa crítica se realiza por contraste entre as
palavras lixo e luxo, tão parecidas no significante quanto opostas no significado. Assim, o luxo burguês
dissimula sua própria realidade que é o lixo moral da sociedade de classes, e a função das letras
"ornamentais" denunciaram-se a si mesmas como aparência e ideologia que esconde o lixo. Processo
semelhante aparece na canção "Burguesia", no qual a expressão "não tem charme" evoca imediatamente
o seu contrário, celebrado num filme de Buñnuel (O discreto charme da burguesia).
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

T7. (EFSM-RS) Leia os fragmentos abaixo, de autoria de Ferreira Gullar:

1
As peras, no prato,
apodrecem.
O relógio, sobre elas,
mede
a sua morte?
Paremos a pêndula. Deteríamos,
assim, a
morte das frutas?

2
Em usinas escuras,
Homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema

3
Só cabe no poema
O homem sem estômago
A mulher de nuvens
A fruta sem preço
O poema, senhores,
Não fede
Nem cheira

Considere as afirmações sobre os excertos apresentados:


I. O fragmento 1 insere-se na perspectiva modernista, pois se vale de objetos do cotidiano para fazer poesia.
II. O fragmento 2, por meio da oposição entre o homem e o objeto, tematiza a problemática social. III. O
fragmento 3 NÃO assinala a inquietação do poeta que está em busca de novas expressões poéticas.

Está(ão) correta(s):
A) apenas a afirmativa I.
B) apenas a afirmativa II.
C) apenas a afirmativa I e II.
D) apenas a afirmativa I e III.
E) apenas a afirmativa II e III.

T8. (UFRGS) Considere as seguintes afirmações sobre o Concretismo.

ENSINO MÉDIO 5
I. Buscou na visualidade um dos suportes para atingir rupturas radicais com a ordem discursiva da língua
portuguesa.
II. Teve como integrantes fundamentais Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.
III. Foi um projeto de renovação formal e estética da poesia brasileira, cuja importância fica restrita à década de
1950.
Quais estão corretas?

A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e II.
D) Apenas I e III.
E) Apenas III.

T9. (UFRGS) Leia o poema abaixo, de Décio Pignatari, e considere as afirmações que seguem.

I - Trata-se de um exemplo de poesia concreta, vanguarda do século XX que alterou radicalmente os recursos
materiais da construção poética, valendo-se, inclusive, de técnicas da publicidade.
II - No poema, o uso do imperativo e o jogo lúdico das aliterações contribuem para denunciar a forma persuasiva
e sedutora da mensagem publicitária que induz ao consumo.
III- O último verso é a síntese da intenção satírica do poema, que desqualifica o produto anunciado e, por
extensão, a sociedade de consumo que ele representa. Quais estão corretas?

A) Apenas I, II e III.
B) Apenas II.
C) Apenas III.
D) Apenas II e III.
E) Apenas I.

T10. (UnB – DF)

ENSINO MEDIO 6
O texto poético pode servir de base ao texto publicitário; porém, às vezes, é este que fundamenta aquele.
Relacionando essa observação ao texto anterior, julgue os itens que se seguem.

( ) O texto é uma paródia da embalagem original de um produto.


( ) O modo como foi desenhada a letra inicial "Clichetes" permite a leitura musical, financeira e política da
mensagem. 
( ) No texto, "MASCARAR" está para MASCAR assim como "MENTAL" está para MENTA.
( ) Esse é um texto característico da literatura que se propagou no Brasil a partir de 1922 como uma espécie de
crítica ao imperialismo norte-americano.
( ) O texto enfatiza o visual, em detrimento da função crítica, o que apresenta-se praticamente nula.

A sequência correta é:
A) F, V, V, V, V
B) F, V, V, F, V
C) V, F, F, F, V
D) V, V, V, V, F
E) F, F, F, F, V

Leia o texto "O açúcar", de Ferreira Gullar para responder as questões 11 a 15.

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café


nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça,
água na pele,
flor que se dissolve na boca.
Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina
e tampouco o fez o Oliveira,
dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

ENSINO MÉDIO 7
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há


hospital nem escola,
homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
que viria a ser o açúcar.

Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura


produziram este açúcar branco e puro
com que adoço meu café esta manha em Ipanema.

T11. Marque a alternativa em que a palavra amarga possui o mesmo significado do texto:
A) Aquela sobremesa estava amarga.
B) Vivia de mau humor; era uma pessoa muito amarga.
C) Ele era uma pessoa que só gostava de frutas amargas.
D) Fomos de norma amarga, atendê-lo na recepção.
E) Passamos por uma fase muito amarga, mas agora estamos bem.

T12. Marque a alternativa em que a palavra dura possui o mesmo significado do texto:
A) A rapadura está muito dura.
B) Realizamos uma dura tarefa.
C) O pão está fora da validade para consumo, por isso está duro.
D) O móvel era feito de madeira muito dura.
E ) O seu jeito duro afasta as pessoas.

Q13. Identifique a crítica social feita por Ferreira Gullar, no poema acima.
Crítica às condições de trabalho nos engenhos, à falta de acesso dos trabalhadores à educação e saúde.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

Q14. Descreva o retrospecto que é feito sobre o açúcar.


O autor cita o processo de industrialização do açúcar, desde a colheita da cana de açúcar; a produção na
usina de Pernambuco e a venda do produto na mercearia.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

Q15. Na última estrofe, o que se opõe à doçura do açúcar?


Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro Usinas
escuras; a vida amarga – açúcar branco e doce.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________

T16. (Puccamp)

- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem! Todos correram de novo à
cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem

ENSINO MEDIO 8
alegre nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe
e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. O pai afinal decidiu-se com
certa brusquidão: - Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida! - Eu
também! Jurou a menina com ardor. Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a
família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de
vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!". A galinha tornara-se a
rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas
duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

No excerto acima, do conto "Uma galinha", Clarice Lispector, a autora de LAÇOS DE FAMÍLIA,
A) utiliza a ave para projetar nela a condição da mulher enquanto fêmea reprodutora, dona de casa e ser
reflexivo.
B) alegoriza a condição da mulher moderna, emancipada das estritas funções domésticas, e no entanto saudosa
delas.
C) estabelece uma analogia entre a criação artística e o parto, mostrando o quanto há neles de sofrimento e o
nenhum reconhecimento que obtêm no mundo moderno.
D) afasta-se do tema que estrutura seu livro e pratica uma forma singular de humor, num conto ao mesmo tempo
cruel e anedótico.
E) vale-se da uma galinha para simbolizar nela a crise de uma família de classe média cujos laços afetivos há
muito se desataram.

T17. (Fatec)

Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos
ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida
mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa
paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de
espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não não
quero ser feliz. Prefiro a mediocridade.
(Clarice Lispector, UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES)

Considere as seguintes características de estilo:

I - exacerbação do momento interior, que a escritora explora de modo a produzir, pela intensa autoanálise da
personagem, uma nova e aguda consciência da vida.
II - transfiguração da realidade pela análise psicológica da reação da personagem, que se objetiva na descrição
exterior dos fatos narrados.
III - emprego de uma técnica própria de descrição intimista, que se alinha com um projeto de educação
existencial, traço marcante da obra de Clarice.

Identificam-se no texto as características apontadas em


A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) I, somente.
E) II, somente.

T18. (Uel) Em relação ao modo como Guimarães Rosa retrata o sertão mineiro, é correto afirmar que o autor:
A) se apoia em tipos humanos e paisagens reais, valendo-se, no entanto, de uma linguagem
absolutamente inventiva e pessoal.
B) se vale sobretudo dos diálogos, em que busca registrar com exatidão o modo de falar do sertanejo.
C) se socorre de lendas e mitos populares, o que dá à sua prosa o caráter de uma válida documentação
folclórica.
D) se vale da paisagem como cenário de histórias que, na verdade, poucas marcas trazem da cultura regional.
E) se filia à tradição do regionalismo naturalista, buscando demonstrar teses de caráter científico e determinista.

ENSINO MÉDIO 9
T19. (Ufsm) Considere as afirmativas:
I. Frequentemente, as personagens de contos de Clarice Lispector vivem perturbações psicológicas
desencadeadas por visões que lhes são reveladoras.
II. As situações focalizadas na ficção de Clarice Lispector contemplam uma ansiedade por profundas mudanças
sociopolíticas em torno das quais as personagens debatem-se com ardor. III. Os contos de Clarice Lispector
apresentam passagens em que as referências ao mundo nebuloso e abstrato se refletem na composição,
colocando em questão o sentido convencional da narrativa.

Está(ão) correta(s):
A) apenas I.
B) apenas I e II.
C) apenas I e III.
D) apenas II e III.
E) apenas III.

T20. (Enem) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:

"FALO SOMENTE COMO O QUE FALO: a linguagem enxuta, contato denso; FALO SOMENTE DO QUE FALO:
a vida seca, áspera e clara do sertão; FALO SOMENTE POR QUEM FALO: o homem sertanejo sobrevivendo na
adversidade e na míngua. FALO SOMENTE PARA QUEM FALO: para os que precisam ser alertados para a
situação da miséria no Nordeste."

Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,


A) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para
determinados leitores.
B) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja
lido.
C) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
D) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores.
E) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Essa vida por aqui


é coisa familiar;
mas diga-me retirante,
sabe benditos rezar?
sabe cantar excelências,
defuntos encomendar?
sabe tirar ladainhas,
sabe mortos enterrar?
(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida Severina)

T21. (Fuvest) Neste contexto, o verso "defuntos encomendar" significa:


A) ordenar a morte de alguém.
B) lavar e vestir o defunto.
C) matar alguém.
D) preparar a urna funerária.
E) orar pelo defunto.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A bola não é inimiga

ENSINO MEDIO 10
como o touro, numa corrida
e embora seja um utensílio
caseiro e que se usa sem risco,
não é o utensílio impessoal,
sempre manso, de gesto usual:
é um utensílio semivivo,
de reações próprias como bicho,
e que, como bicho, é mister
(mais que bicho, como mulher)
usar com malícia e atenção
dando aos pés astúcias de mão.
João Cabral de Melo Neto

T22. (Unirio) Sobre o poema, e sua inserção no universo poético do autor, é correto afirmar que a(o):
A) singularidade no tratamento da temática une-se à simplicidade vocabular.
B) complexidade temática afasta o poeta das proposições modernistas.
C) vocabulário e a sintaxe rebuscada traduzem preocupação metafísica.
D) predomínio do onírico é constante como traço surrealista da poesia de Cabral.
E) exagero de sentimentos manifesta-se na escolha lexical tipicamente parnasiana.

T23. (Ufrgs) Sobre Guimarães Rosa, considere as afirmações abaixo.


I- Situa sua obra na paisagem mineira, manifestando preocupações de ordem metafísica e valendo-se de uma
linguagem inventiva, rica em neologismos, formas da oralidade e liberdades linguísticas.
II- O sertão, na obra do autor, pode ser visto como a metáfora do mundo, pois nele têm lugar reflexões que,
poeticamente, transcendem a realidade regional e social.
III- É um regionalista que se atém à descrição da paisagem mineira e ao falar mineiro, tendo a sua obra a mesma
dimensão pitoresca daquelas realizadas pelos regionalistas anteriores.

Quais estão corretas?


A) Apenas I.
B) Apenas I e II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas III.
E) I, II, III.

T24. (Ita) O ENGENHEIRO

A Antonio B. Baltazar

A luz, o sol, o ar livre


envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;


o desenho, o projeto, o número;
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos


ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.)

A água, o vento, a claridade,

ENSINO MÉDIO 11
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
(João Cabral de Melo Neto. O ENGENHEIRO.)

NÃO se pode afirmar que o poema:


A) produz o sentido de objetividade e racionalidade.
B) apresenta uma certa precisão geométrica.
C) apresenta princípios prosaicos típicos da poesia do início do século.
D) apresenta forma equilibrada com o uso cuidadoso das palavras.
E) não apresenta descrições intimistas.

T25. (Ufpe)
"Pelo sertão não se tem como
não se viver sempre enlutado
Lá o luto não é no vestir
é de nascer com o luto nato"
(João Cabral de Melo Neto)

"Vou me embora pra Pasárgada


Lá sou amigo do Rei
Lá tenho a mulher que quero
na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada"
(Manuel Bandeira)

Quais das afirmações seguintes estão de acordo com as passagens acima?


1) O primeiro poema caracteriza-se pelo racionalismo, pela lógica e rigor formal, o que não impede a denúncia
social sem marcas pessoais. A forma é cuidada e contida.
2) No segundo poema, a evasão do real se dá em linguagem coloquial, aproximada da prosa. A presença da
subjetividade revela-se no uso da 1a pessoa gramatical.
3) Ambos os autores são pernambucanos. O primeiro é representante da Geração de 45, e o segundo, da
Primeira Fase do Modernismo, tendo colaborado na Semana de Arte Moderna com os versos satíricos "Os
Sapos".
Está(ão) correta(s):
A) 1, 2 e 3.
B) 1 apenas.
C) 2 apenas.
D) 3 apenas.
E) 1 e 2 apenas.

ENSINO MEDIO 12
ENSINO MÉDIO 13

Você também pode gostar