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Aula 04

Literatura p/ ENEM 2017 (Com videoaulas)


Professor: Rafaela Freitas

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Literatura p/ ENEM 2017 Aula 04
Teoria e Questões Comentadas Profª Rafaela Freitas

AULA 04
REALISMO, NATURALISMO, SIMBOLISMO E PARNASIANISMO

Olá, galera! Hoje a aula de Literatura será sobre a Literatura finissecular,


que engloba o Realismo, Naturalismo, Simbolismo e Parnasianismo.
Estamos caminhando para a virada do século!! Estamos saindo do XIX e
chegando ao XX.
Na próxima aula vamos falar sobre os Pré-Modernos, início de um novo
século e de uma nova arte!! Aguardem!

SUMÁRIO
O REALISMO .................................................................................... 02
O NATURALISMO .............................................................................. 06
O PARNASIANISMO ........................................................................... 14
O SIMBOLISMO..................................................................................19
LISTA DE QUESTÕES.......................................................................... 28
QUESTÕES COMENTADAS................................................................... 46
GARARITO ....................................................................................... 59
O MEU ATÉ BREVE ............................................................................. 70

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Guarda estes versos que escrevi chorando,


Como um alívio a minha saudade,
Como um dever do meu amor; e quando
Houver em ti um eco de saudade,
Beija estes versos que escrevi chorando.

Machado de Assis

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Durante a aula, vou mostrar quatro momentos importantes da Literatura


Brasileira: o Realismo, o Naturalismo, o Simbolismo e o Parnasianismo. Esse
período compreende o final do século XIX e início do século XX. Com o fim do
Segundo Reinado, a abolição da escravatura e o mundo sendo industrializado,
as oligarquias agrárias sofrem um choque e sedem à pressão do
desenvolvimento. Essa sociedade em modificação se torna cenário e tema
para o Realismo e o Naturalismo. O Parnasianismo e o Simbolismo são
contemporâneos ao Realismo e ao Naturalismo, ou seja, ambas as escolas
acontecem na mesma época, mas o Parnasianismo acontece apenas na
poesia. A intencionalidade parnasiana era mais estética, enquanto os
realistas possuíam um cunho mais social.
Vamos aprofundar a análise de cada estética!

O REALISMO

O Realismo começou a florescer a partir de 1857, na França, com a


publicação de Madame Bovary, de Gustave Flaubert. Essa obra fala de
assuntos cotidianos e o amor é abordado de uma maneira objetiva, e não mais
idealizada, como no Romantismo.
Se o Romantismo fora delimitado por um sentimentalismo exacerbado,
o Realismo veio promover uma crítica a esse homem idealizado e movido pelos
sentimentos que afloravam, expondo e detalhando seu ambiente. Se no
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período anterior o amor era idealizado, agora há a exposição de suas feridas,


como o adultério, por exemplo.
Nessa época, a sociedade burguesa começava a se afirmar – 2ª
Revolução Industrial – e, com a propulsão do capitalismo, prevalece uma
maneira materialista e pragmática de pensar a realidade. Os assuntos são
abordados de maneira direta e antirromântica (sem idealização, mas de uma
maneira capaz de criar uma verossimilhança). Os realistas queriam criar
novos valores, criticando à sociedade e suas instituições, tal como a igreja. O

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procedimento do escritor realista é analisar cientificamente o tema para


desmascarar a burguesia hipócrita.
O Realismo encontra no Brasil uma sociedade em crise. Desde o
Romantismo, já observávamos um clima de crise e, de fato, com o fim do
império e da escravidão, agrava-se a decadência da economia açucareira;
uma massa urbana começa a surgir. O romance não era um entretenimento,
mas um local de construção de uma crítica social. Dessa forma, a linguagem
da narrativa não é pessoal, mas objetiva, a fim de criar uma impressão realista
através do detalhamento.
A partir de 1870 o tema da Abolição e da República se tornam
recorrentes entre os homens cultos do país, surgindo, assim, o Partido
Republicano, cada vez mais influenciado pela filosofia positivista. O espirito
realista e democrático que inspirava a sociedade refletiu-se também na
literatura.

Fatos históricos e culturais importantes da época do Realismo:

1871: uma série de conferências é realizada em Lisboa e escritores e


intelectuais portugueses criticam o Romantismo e sua falta de compromisso
com a representação crítica da sociedade; no Brasil, Lei do Ventre-livre.
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1875-78: publicam-se em Portugal dois marcos do Realismo, de Eça de


Queiroz, O crime do Padre Amaro e O primo Basílio.

1881: no Brasil, são publicados os livros O mulato, de Aluísio de Azevedo,


e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, os primeiros livros
do realismo brasileiro.

1882: “Escola de Recife”.

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1885: Lei do Sexagenário declara livres os escravos com mais de


sessenta e cinco anos.

1888: Lei Aurea declara extinta a escravidão no Brasil.

1889: proclamação da República no Brasil, assumindo, provisoriamente,


o Marechal Deodoro da Fonseca.

O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-


cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente.
Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia,
como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela
não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que
não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de
reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

ASSIS, Machado. “Dom Casmurro”. In: ___. Obra Completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1991.
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Nesse trecho de “Dom Casmurro”, Machado de Assim pretende mostrar


que os traços da personalidade de Capitu teriam se desenvolvido de modo a
cumprir uma natural inclinação. Os personagens possuem uma personalidade
complexa e subjetiva, capaz de fomentar – muitas vezes através da ironia –
uma crítica à sociedade burguesa.

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Machado de Assis (1839-1908)


Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no morro do
Livramento, Rio de Janeiro, sendo filho de um pintor e
uma lavadeira. Estudou em escola pública, trabalhou
como aprendiz de tipógrafo, revisor, funcionário público
e colaborou em algumas revistas da cidade. O autor não
deixou filhos de casamento com Carolina, mas uma
herança literária extraordinária.
É considerado o maior nome da Literatura Brasileira, pois além de um
escritor dedicado aos romances, contos, teatro, coletâneas de poemas e
algumas centenas de crônicas, também foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras e o seu primeiro presidente.
Estreou com "Ressurreição" (1872), um livro ainda com traços
Românticos, assim como Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). A segunda fase
de sua produção filia-se ao Realismo, e seus livros passam a abordar uma
análise mais realista e profunda do ser humano, revelando suas necessidades,
qualidades e defeitos. Os principais livros desse período foram: Memórias
Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro
(1900) e Memorial de Aires (1908).

Temas frequentes na Literatura Realista:


Objetivismo;
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Linguagem culta e direta;


Narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico;
Descrições e adjetivações objetivas, com a finalidade de captar a realidade
de maneira fidedigna;
Universalismo;
Sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais;
Herói problemático, cheio de fraquezas;
Não idealização da mulher.

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O TEATRO NO REALISMO

Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, ao lado do irmão Aluísio


Azevedo, estava entre os fundadores da Academia Brasileira de Letras
(criando a cadeira nº 29, que tem como patrono Martins Pena, não por acaso
um autor teatral). O teatro foi sempre a grande paixão de Artur. Desde
criança, Artur brincava de adaptar textos de Joaquim Manuel de Macedo. Nos
principais jornais do país Artur Azevedo escreveu mais de quatro mil textos
críticos, principalmente sobre teatro, usando vários pseudônimos.
Ao todo, escreveu uma centena de peças e mais de trinta
traduções/adaptações (encenadas no Brasil e em Portugal). Seus textos eram
guiados pela exploração da vida cotidiana no Rio de Janeiro, as relações de
amor, familiares, de amizade e tudo mais que se podia observar no espaço
urbano. A partir de uma ótima bem humorada, Artur Azevedo, construiu um
documentário da capital brasileira à época.

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O NATURALISMO

Na Europa, o Naturalismo se desenvolve ao encontro do Realismo,


pensando-se como um movimento de escritores que perceberam a literatura
como um instrumento de denúncia social e não de distração burguesa. Entre
os estudiosos desse fenômeno na literatura brasileira há quem diga que o
Naturalismo é apenas mais uma característica do Realismo, mas também há
quem diga que constituem estilos distintos. O Naturalismo e o Realismo
confundem-se facilmente, pois compartilham temas e características. Dessa

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forma, entendemos aqui que o problema é realmente intrincado, mas que o


Naturalismo reuniria características suficientes para se firmar como
autônomo.
Enquanto o Realismo ocupa-se em descrever socialmente o ser sem
idealiza-lo, a tendência do Naturalismo é ver esse ser como herdeiro de
aspectos biológicos, psicológicos e fisiológicos, ou seja, fruto de seu
meio. Enquanto o Realismo descreve um problema social e, a partir dessa
descrição, oferece valores morais e estéticos, o Naturalismo, sob o entusiasmo
do cientificismo, começa a desenvolver esse problema, através do terreno
explorado pelos realistas.
As obras naturalistas, normalmente, apresentam uma tese, que será
exposta no decorrer da obra. No geral, é enaltecido o lado Em geral, focalizam
os piores aspectos, como: traição, atentado ao pudor, exploração sexual etc.
Os nomes que mais marcaram o Naturalismo no Brasil foram Aluísio de
Azevedo, Inglês de Souza e Adolfo Caminha.

Aluísio de Azevedo (1855 – 1908)

Foi também caricaturista, jornalista e diplomata e


responsável pelo primeiro romance Naturalista
brasileiro, "O Mulato". É membro fundador da
Academia Brasileira de Letras.
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Aos 19 anos, saiu do Nordeste e foi para o


Rio de Janeiro com seu irmão, teatrólogo e
jornalista Artur Azevedo. Quando volta ao
Maranhão, em decorrência da morte do pai,
dedica-se a escrita e publica seu primeiro romance,
"Uma Lágrima de Mulher", em 1880 (ainda com cunho romântico). Em 1881,
publica "O Mulato", uma obra que denunciava o preconceito racial da
burguesia maranhense. Como não obteve sucesso entre o púbico, Azevedo

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volta ao Rio de Janeiro, onde trabalhou até 1895, quando ingressou na


carreira diplomática. A partir de então, não se dedicou mais à escrita literária.
Aluísio Azevedo abandonou as tendências românticas em que se
formara, para, influenciado por Eça de Queirós e Émile Zola, tornar-se o
precursor do Movimento Realista-Naturalista. No Rio de Janeiro, passou a
viver com a publicação de folhetins românticos a alguns relatos naturalistas.
Viveu durante 15 anos do que ganhava como escritor.
Em Azevedo há um destaque para os temas da realidade diária da
sociedade, tais como o preconceito racial, classe popular e o adultério. Em "O
Cortiço", o aumento populacional do Rio de Janeiro, devido a então recente
urbanização do país, faz surgir uma nova maneira de habitar – coletiva, em
que os trabalhadores e toda a sorte de gente se misturava em cortiços –, ou
seja, a nova construção social determinava uma novas maneiras de existir. O
cortiço é o elemento central da narrativa.

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos,


mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas
de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as
derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à
luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra
alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e
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punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão,


esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil,
mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas
secas.
Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono;
ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se
grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do
café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela
as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à
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noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros
abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se
formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam, sem se saber
onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns
quartos saiam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do
papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se
ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma
aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a
cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns
cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as
saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos
braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o
alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo,
ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força
as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As
portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante,
um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda
amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá
ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da
estalagem ou no recanto das hortas.
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído
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compacto que enchia todo o cortiço.Começavam a fazer compras na venda;


ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já
se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela
gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama
preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação
de respirar sobre a terra.

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martins, 1968. P. 43-44

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“(...) este texto está longe do idealismo romântico. Em vez de belas


paisagens, ambientes luxuosos e sofisticados, mulheres deslumbrantes,
temos em foco a população anônima e marginalizada da sociedade carioca do
final do século XIX. Promiscuidade, vida miserável, pobreza luta pela
sobrevivência – eis os novos aspectos da realidade social que começam a ter
lugar na literatura, dando origem ao movimento chamado Realismo(...)”

TUFANO, Douglas. Estudos de Literatura Brasileira. São Paulo: Moderna, 1983.

Adolfo Caminha (1867 – 1897)


Sua obra naturalista “Bom Criolo”, romance em que
falava sobre homossexualismo, retratando a convivência
dos marinheiros, foi censurada pelo ineditismo da obra.
Expulso da marinha porque quando foi transferido pra o
Ceará começou a viver com uma senhora que havia
deixado o marido por causa do escritor, Caminha se
dedica mais à escrita, colaborando também com jornais.
Chegou a usar o pseudônimo de Félix Guanabarino, um
republicano abolicionista.

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Raul Pompéia (1863 – 1895)


Seu temperamento lúcido e político fizeram-no criar
muitas inimizades, o que o levou ao suicídio, em 1895.
Quando começou o curso de Direito entrou em contato
com o ambiente literário e as ideias reformistas da
época. Sua biografia é marcada pela publicação de “O
Ateneu”, romance autobiográfico, narrado em primeira
pessoa, contando o drama de um menino que,
arrancado ao lar, é colocado num internato da época.
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Inglês de Souza (1853 – 1918)


Herculano Marcos Inglês de Sousa, nascido no Nordeste
brasileiro, foi professor, jornalista, contista e romancista,
além de muitas outras coisas, mas ficou conhecido por seu
romance "O Missionário" (1891). Souza descreve uma
pequena cidade do Pará, observando muitos aspectos
regionais; o livro possui uma tese de que a personagem
principal está envolta em situações que determinam seu desenlace, sem levar
em conta sua subjetividade.

Temas frequentes na Literatura Naturalista:


O mundo pode ser explicado através das forças da natureza;
O ser humano está condicionado às suas características biológicas
(hereditariedade) e ao meio social em que vive;
Forte influência do evolucionismo de Charles Darwin;
A realidade é mostrada através de uma forma científica (Positivismo);
Enfatizam cenas do mundo real em suas obras, pintando aquilo que
observavam (Artes Plásticas);
Descrições de ambientes e de pessoas (Literatura);
Ainda na literatura, a linguagem é coloquial;
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Os principais temas abordados nas obras literárias naturalistas são: desejos


humanos, instintos, loucura, violência, traição, miséria, exploração social, etc.

As principais diferenças entre a linguagem naturalista e realista


são: o determinismo, uma teoria filosófica que afirma que as escolhas e
ações humanas acontecem por relações de causalidade, e não em virtude do
livre-arbítrio, ou seja, não existe uma vontade do ser humano, pois tudo
estaria sujeito ao destino; o objetivismo científico e a impessoalidade na

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descrição das situações, bem como um texto científico; e a preferência por


temas sociais, pois o homem seria um animal, fruto da hereditariedade e do
meio ambiente (seu caráter seria formado pelos níveis de acesso a
determinados bens sociais, tais como educação, cultura, etc).

ENEM 2015

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa,
molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti.

Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido


reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o
estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes
que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde
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muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta
a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos
anúncios.

Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos,


do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de
propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a
pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões,
sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e

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esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais


caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de
toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o
nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos
esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que não
procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita,
espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca
para o pão do espírito.

POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela


um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela

A) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais.


B) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional.
C) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do
ensino.
D) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares.
E) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do
avanço social.

Comentário: o Naturalismo é um movimento literário da segunda metade


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do século XIX e uma de suas características é o romance de tese, por meio


do qual o escritor coloca-se como um observador da sociedade e a
analisa como um objeto científico. Em O Ateneu, Raul
Pompeia critica as instituições de ensino, mostrando-as como um negócio
financeiramente vantajoso.
GABARITO: A

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E, aí? Está muito difícil? Calma! Realmente, é muito complicado dividir o


Realismo e o Naturalismo, mas tente pensar que nenhum período é facilmente
localizável, pois, às vezes, as obras estão em um momento de transição e
possuem características que remetem a mais de um período da literatura. E
quando falamos em Realismo e Naturalismo fica mais difícil ainda, mas antes
de continuarmos, levanta e vá tomar um café!

O PARNASIANISMO

Até agora vimos a prosa brasileira realista/naturalista, mas e a poesia?


Opondo-se ao Romantismo, o Parnasianismo, movimento exclusivo da poesia,
surgiu no século XIX, na França, indo de encontro ao sentimentalismo
extremado e buscando uma maior qualidade textual (estética). O objeto
artístico era em si, sem outros maiores propósitos senão a beleza (“o belo
pelo belo”). Dessa forma, embora de um rebuscamento grandioso e
valorizando os clássicos, os textos tendem a ser objetivos. O nome do
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movimento deriva-se de "Parnasos", o local em que as musas da mitologia


grega viviam, assim como retomaram conceitos da Antiguidade Clássica, tais
como o racionalismo.
No Brasil, o Parnasianismo se faz presente da segunda metade do século
XIX até o movimento modernista (Semana de Arte Moderna de 1922). Com a
Proclamação da República, a abolição da Escravatura e, principalmente, a
ascensão do capitalismo promoveu uma divisão de classes definida,
sobretudo, pela diferença entre senhores e escravos, e a literatura manifesta
essas contendas.

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Características do Parnasianismo
 Preocupação formal e estética (perfeccionismo);
 Referências a elementos da mitologia grega e latina;
 Descrição;
 Mulher representada sensualmente (descrição do físico);
 Vocabulário culto e rebuscado (rimas ricas);
 Objetivismo e Impessoalidade;
 Universalismo;
 Uso de linguagem rebuscada e vocabulário culto;
 Preferência pelos sonetos;
 Valorização da metrificação;
 Apego à tradição clássica;

Profissão de Fé
Olavo Bilac

Invejo o ourives quando escrevo:


Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
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Torce, aprimora, alteia, lima


A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,


Dobrada ao jeito

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Do ourives, saia da oficina


Sem um defeito:

Porque o escrever – tanta perícia,


Tanta requer,
Que oficio tal… nem há notícia
De outro qualquer.

Assim procedo. Minha pena


Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma.

Esse é um poema que engloba as principais características do


Parnasianismo, por se tratar de uma metalinguagem (metapoema) – um
poema que fala sobre o próprio poema –, em que o trabalho do ourives,
refinado, minucioso e detalhado, é comparado ao do poeta. E ambos moldam
peças perfeitas. A poesia assume o papel de um ser divinizado, enquanto o
poeta é o seu servo. Há um apuro técnico, ou seja, um cuidado com a
linguagem poética e a valorização do cuidado formal, do embelezamento do
verso.

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Olavo Bilac (1865 – 1918)


Bilac é o maior nome do Parnasianismo brasileiro, sendo
muito influenciado pelos franceses. Publicou crônicas e
comentários, que inicialmente foram publicados em
jornais e revistas, mas foi na sua poesia que encontramos
um apreço pela linguagem e um rigor formal. Não limitou-
se ao parnasianismo e é conhecido pela criatividade
comunicativa. É um dos fundadores da Academia

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Brasileira de Letras, na cadeira nº 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. É


também autor do Hino à Bandeira Nacional.

Raimundo Correia (1859 – 1911)


Primeiros sonhos (1879), seu primeiro livro, é filiado ao
Romantismo, mas em Sinfonias (1883), os traços
parnasianos já estão figurados. nota-se o feitio novo que
seria definitivo em sua obra o Parnasianismo. Sua poesia
era de uma subjetividade constante, com trejeitos
estéticos perfeitamente adequados aos parnasianos e,
lado de Alberto de Oliveira e Olavo Bilac, forma a famosa Trindade Parnasiana.
Escreveu também crítica, ensaio e crônicas.

Alberto de Oliveira (1859 – 1937)


Não fugiu à regra parnasiana dos versos Alexandrinos e
decassílabos, sendo apreciado como um exímio
sonetista. Em sua poesia destacam-se também o léxico,
ou seja, possui um preciosismo vocabular. Embora tenha
algumas características que o fariam romântico, Oliveira
foi, por essência, parnasiano.

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Francisca Júlia (1871 - 1920)


Não são muitas as mulheres representantes do
Parnasianismo, porém Francisca Júlia ganhou
notoriedade por seus poemas que pensavam a
linguagem, utilizando-se da mitologia. Possui uma
“segunda fase” de sua obra, em que se filia mais ao
Simbolismo, mas foi na sua fase parnasiana, muito
influenciada pelos franceses que, como diriam alguns

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críticos, se aproximou das características de sua época, sendo a melhor


representante desse período.

Você deve ter notado que muitos dos autores dos quais falamos
na aula de hoje estiveram presentes na fundação da Academia
Brasileira de Letras. Que tal ler um pouco sobre a sua fundação:

No fim do século XIX, Afonso Celso Júnior, ainda no Império, e Medeiros


e Albuquerque, já na República, manifestaram-se a favor da criação de uma
academia literária nacional, nos moldes da Academia Francesa. O êxito social
e cultural da Revista Brasileira, de José Veríssimo, daria coesão a um grupo
de escritores e, assim, possibilidade à ideia.
Lúcio de Mendonça teve, então, a iniciativa de propor uma Academia de
Letras, sob a égide do Estado, que, à última hora, se escusaria a tal aventura
de letrados. Constituiu-se então, como instituição privada independente, a
Academia Brasileira de Letras.
As primeiras notícias relativas à fundação da ABL foram divulgadas a 10
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de novembro de 1896, pela Gazeta de Notícias, e, no dia imediato, pelo Jornal


do Commercio. Teriam início as sessões preparatórias: na primeira, às três da
tarde de 15 de dezembro, na sala de redação da Revista Brasileira, na
Travessa do Ouvidor, nº 31, Machado de Assis foi desde logo aclamado
presidente.
A 28 de janeiro do ano seguinte, teria lugar a sétima e última sessão
preparatória, à qual compareceram, instituindo a Academia: Araripe Júnior,
Artur Azevedo, Graça Aranha, Guimarães Passos, Inglês de Sousa, Joaquim
Nabuco, José Veríssimo, Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Medeiros e

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Albuquerque, Olavo Bilac, Pedro Rabelo, Rodrigo Otávio, Silva Ramos, Teixeira
de Melo, Visconde de Taunay. Também Coelho Neto, Filinto de Almeida, José
do Patrocínio, Luís Murat e Valentim Magalhães, também presentes às sessões
anteriores, e ainda Afonso Celso Júnior, Alberto de Oliveira, Alcindo
Guanabara, Carlos de Laet, Garcia Redondo, Pereira da Silva, Rui Barbosa,
Sílvio Romero e Urbano Duarte, que aceitaram o convite e a honra.
Eram trinta membros. Havia mister completar os quarenta, como na
Academia Francesa. Assim fizeram os presentes, elegendo os dez seguintes:
Aluísio Azevedo, Barão de Loreto, Clóvis Beviláqua, Domício da Gama,
Eduardo Prado, Luís Guimarães Júnior, Magalhães de Azeredo, Oliveira Lima,
Raimundo Correia e Salvador de Mendonça. Os Estatutos foram assinados por
Machado de Assis, presidente; Joaquim Nabuco, secretário-geral; Rodrigo
Otávio, 1º secretário; Silva Ramos, 2º secretário; e Inglês de Sousa,
tesoureiro.
A 20 de julho de 1897, numa sala do museu Pedagogium, à Rua do Passeio,
realizou-se a sessão inaugural, com a presença de dezesseis acadêmicos. Fez
uma alocução preliminar o presidente Machado de Assis. Rodrigo Otávio, 1º
secretário, leu a memória histórica dos atos preparatórios, e o secretário-
geral, Joaquim Nabuco, pronunciou o discurso inaugural.

Texto sobre a fundação da Academia Brasileira de Letras. Disponível em:


http://www.academia.org.br/academia/fundacao.
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O SIMBOLISMO

O Simbolismo, assim como o Parnasianismo, ocorreu apenas na


poesia. Nasceu na França, no final do século XIX, a partir da publicação de
“Flores do Mal”, de Charles Baudelaire, como uma manifestação disposta a
colocar-se como uma antagonista do Realismo. Em Portugal foi a publicação
de “Oaristo”, de Eugênio de Castro, em 1890, que o deu notoriedade.

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Enquanto no Brasil ganhou destaque a partir da publicação de “Missal” e


“Broquéis”, de Cruz e Sousa, em 1893. O poeta, filho de escravos e criado
pelos ex-senhores, que não possuíam filhos, teve a oportunidade de estudar
Latim, Grego e Francês, o que o levou a leitura do simbolista Flores do Mal,
do francês Baudelaire.
Adeptos do onirismo, ou seja, dos sonhos como ferramenta para
compreender a existência, realizam grandes mudanças no campo da poesia
brasileira. Possuem um teor individualista muito forte, desprezando a razão e
a lógica.
Herdaram do parnasianismo o apreço pela estética e seu efeito. A poesia
era também entendida como “a arte pela arte”, assim como para seus
anteriores, entretanto buscavam uma transcendência de valores, almejando
um reconhecimento da poesia, a elevando ao mesmo estatuto que a filosofia
e a religião possuíam a época.
O símbolo, como categoria formadora do caráter humano, assume um
papel central na poesia Simbolista. As palavras deveriam realmente expressar
aquilo que propunham, ou seja, se fazer presente. Por isso, embora
subjetivistas como os românticos, os simbolistas possuem uma diferença no
que tange à linguagem, buscando ritmo e um trabalho mais bem elaborado.
Além de apresentarem vasto vocabulário religioso e litúrgico, o que amplia o
ar místico e espiritual do poema, fatos ausentes no Romantismo.

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Características do Simbolismo
 Irracionalidade;
 Desconsideração das questões sociais abordadas pelo Realismo e
Naturalismo;
 Subjetivismo e Intuição;
 Aliteração e Assonância;
 Musicalidade;
 Misticismo;

Os simbolistas utilizaram-se de recursos linguísticos para imprimir uma


maior expressividade ao texto. Esses recursos estavam ligados,
principalmente, a duas figuras de linguagem que se relacionam com o som,
já que a musicalidade do poema era um fator muito importante no
Simbolismo.

ALITERAÇÃO

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Como recurso estilístico o som aplica-se ainda a mais duas outras figuras
de linguagem, a onomatopeia e a assonância. Neste texto nos
aprofundaremos na aliteração e, mais a frente, na assonância.
A aliteração consiste na repetição, mas não na repetição de letras
e sim de fonemas consonantais (lembre-se, estamos falando de uma figura
de linguagem do som). E, também, na língua portuguesa nem sempre a
mesma letra vai representar o mesmo fonema. No poema ela é capaz de
manter um ritmo ou intensificar os versos.

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No poema Violões que choram, Cruz e Souza, utiliza o recurso, aliterando


o fonema /v/ para remeter ao som do violão. Na aliteração é a consoante que
se repete não a sílaba (e essa repetição deve acontecer, ao menos, duas); a
letra que se repete, geralmente, está no inicio ou meio da palavra, conforme
observamos nesta estrofe do poema:

“Vozes veladas, veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

ASSONÂNCIA

Agora chegou a hora de falarmos da outra figura de linguagem


relacionada ao som, a assonância. Lembre-se, nessa aula só vamos estudar
essas duas figuras de som, mas não deixe de pesquisar também sobre a
onomatopeia.
A assonância consiste também na repetição de sons, mas agora são os
sons vocálicos, especialmente nas sílabas tônicas. Essa figura marca uma
regularidade no verso ou salienta alguma palavra, criando rimas tonantes.
Associada à aliteração é capaz de criar paralelismo entre palavras,
criando as rimas, ou seja, uma complementa o efeito da outra. Criando
também, dessa forma, seu papel, assim como a aliteração, é criar uma
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melodia para os poemas.

Os principais autores do período são:

Cruz e Souza (1861 – 1898)

Esse poeta é um dos grandes nomes e precursores do Simbolismo no


Brasil, tendo sido apelidado de Dante Negro ou Cisne Negro. Filho de ex-
escravos foi educado pelo ex-senhor de seus pais, o marechal Guilherme
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Xavier de Sousa, (de quem adotou o sobrenome). Casou-se


e teve quatro filhos, mortos prematuramente em
decorrência da tuberculose. O fato alterou a sanidade do
poeta.
Trabalhou em jornais e como arquivista, mas foi a
publicação da prosa poética Missal e dos poemas de
Broquéis, em 1893, que ganhou notoriedade e se fixou como
o inaugurador do Simbolismo no Brasil. Influenciado por
Baudelaire e ideias espiritualistas, seus poemas são
marcados pela musicalidade, alcançada através da aliteração, e de algum
individualismo e desespero. Semanticamente observamos a presença da cor
branca e a translucidez, que não devem ser atribuídas ao argumento falacioso
de que Cruz e Souza renegava sua cor, mas como uma metáfora presente em
sua obra.
Um dos poucos autores negros da canônica literatura brasileira, Cruz e
Souza foi acusado de indiferença às causas abolicionistas. Entretanto,
metaforicamente falou dessa condição em alguns poemas, mas não
explicitamente, já que sua corrente literária não propunha esteticamente a
crítica à realidade social. E, pessoalmente, militou por essa causa.

LÉSBIA
Cruz e Souza
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Cróton selvagem, tinhorão lascivo,


Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.

Nesse lábio mordente e convulsivo,


Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passe, lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...
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Lésbia nervosa, fascinante e doente,


Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,


Fluem capros aromas e os letargos,
Os ópios de um luar tuberculoso...

Broquéis (1893)

Alphonsus de Guimaraens (1870 – 1921)

Alcunhado como "o solitário de Mariana", seus


poemas ficaram marcados pela mística e a
religiosidade. Primando pelos sonetos clássicos
(decassílabo), Afonso Henrique da Costa Guimarães,
seu pseudônimo, apresentam uma poética religiosa,
explorando a morte e seu sentido, amores platônicos
e o deslocamento no mundo. Além da aceitação, ou
aparente apatia, diante desse sofrimento. A mulher
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aparece em sua obra sempre com um tom angelical ou morta. Atuou também
na área de tradução, tendo traduzido nomes como Mallarmé e Haine.

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Gilka Machado (1893 – 1980)

Poucas foram as mulheres que conseguiram alguma


notoriedade na literatura, entretanto Gilka Machado
chama a atenção não só por esse fato, mas pela vastidão
de sua obra. Mesmo nascida, praticamente, no início do
Simbolismo ficou conhecida por estender as
características desse movimento (no ano em que ela
nasce Cruz e Souza publicava Missais e Broquéis). Desde criança ela era
poeta, tendo ganhado um concurso aos 13 anos. Seu primeiro livro, Cristais
Partidos, saiu em 1915, aos 22 anos. Rejeitou se eleger a Academia Brasileira
de Letras (teria sido a primeira representante mulher a ocupar uma cadeira).
Sua obra intimista e sensorial, repleta de desejos eróticos, é construída sob
pilares parnasianos e simbolistas. É conhecida também como neoparnasiana
ou “espiritualista”, não foi a única a resistir aos impactos modernistas.

Augusto dos Anjos (1884 – 1914)


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Outra curiosidade do simbolismo brasileiro é esse


poeta, que talvez seja o mais curioso dos casos da
literatura brasileira dessa época, pois Augusto dos Anjos
situa-se em um momento de transição, sendo citado
como poeta simbolista, mas, também, parnasiano. Alguns
dizem até que ele reunia características pré-modernas.
Todavia reuniu características expressionistas em sua pequena, porém densa,

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obra. Sua poética critica o excessivo idealismo egocentrista de sua época, um


grande aparato lexical cientificista e é influenciada pela filosofia de Arthur
Schopenhauer e a Bíblia. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu.
O choque que seus poemas causaram à época converteram-se,
atualmente, em constante reedições. Os modernistas, que estudaremos na
próxima aula, divulgaram muito a obra de Augusto dos Anjos.

ENEM/2014

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
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Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia


Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

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Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura


de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética
e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas
dessa literatura de transição, como

A) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas,


o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos
estéticos vigentes no Modernismo.
B) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta
em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “Influência
má dos signos do zodíaco”.
C) a seleção lexical emprestada do cientificismo, como se lê em “carbono
e amoníaco”, “epigênesis da infância”, “frialdade inorgânica”, que restitui a
visão naturalista do homem.
D) a manutenção de elementos formais vinculados à estética
do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na
expressividade poética e o desconcerto existencial.
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E) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao


mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais
tarde renovados pelos modernistas.

Comentário: Augusto dos Anjos é, como já está afirmado pelo


enunciado da questão, um poeta de transição. Sua obra caracteriza-se
pela influência dos movimentos literários anteriores. Do Parnasianismo,
o poema Psicologia de um vencido mantém a métrica rigorosa dos sonetos e
as rimas opostas (A-B-B-A); do Simbolismo, aproveita a espiritualidade

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expressa no trecho “A influência má dos signos do zodíaco”. Embora


a questão não considere a influência do Naturalismo, podemos
observar uma aproximação com esse período por meio do vocabulário
científico.
GABARITO: D

01. (ENEM/2001)
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica
sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez
a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa.
Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do
tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e
fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse
o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
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natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a


outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao


romantismo está transcrita na alternativa:

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A) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e


espinhas...
B) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...
C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, ...
D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
E) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

02. (ENEM/2011)
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos,
até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de
repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo,
romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os
primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente
despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas.
E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais
delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos
e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa
floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música
feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo
estalar de gozo.
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AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens


são observadas como elementos coletivos caracterizados por
condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem
transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela
prevalência do elemento brasileiro, pois

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A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens


portuguesas.
B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português
inexpressivo.
C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado
português.
D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos
portugueses.
E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos
musicais.

03. (ENEM/2013)

Mal secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora


N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora 33320407821

Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
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CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia.


Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e


racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia
reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em
sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

A) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a


agir de forma dissimulada.
B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando
compartilhado por um grupo social.
C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza
o sentimento de inveja.
D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se
do próximo.
E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao
convívio social.

04. (ENEM/2014)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que
ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele
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durante os anos que se seguiram ao inventário do meu pai. Reconheço que


era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que tinha razão; mas a
avareza é apenas a exageração de uma
virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que
o déficit. Como era muito seco de maneira, tinha inimigos que chegaram a
acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar
com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sengue;
mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo
longamente contrabandeado em escravos, habituar-se de certo modo ao trato
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um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de
relações sociais. A prova de que Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se
no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a
alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma
confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas,
o que não se coaduna muito com a reputação de avareza; verdade é que o
benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe
tirar o retrato a óleo.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de janeiro Aguilar,


1992.

Obra que inaugura o realismo na literatura brasileira, Memórias


póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que
caracterizaria o estilo machadiano a ironia. Descrevendo a moral de
seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a
percepção irônica ao
A) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se
injustiçado na divisão da herança paterna.
B) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que
Cotrim pretendia e torturava os escravos.
C) considerar os “sentimentos
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pios” demonstrados pelo


personagem quando da perda da filha Sara.
D) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e
membro remido de várias irmandades.
E) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico,
contemplado com o retrato a óleo.

05. (MACK-SP)
Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa naturalista:
A) As personagens expressam a dependência do homem às leis naturais.
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B) O estilo caracteriza-se por um descritivismo intenso, capaz de refletir


a visualização pictórica dos ambientes.
C) Os tipos são muito bem delimitados, física e moralmente, compondo
verdadeiras representações caricaturais.
D) Tem como objetivo maior aprofundar a dimensão psicológica das
personagens.
E) Comportamento das personagens e sua movimentação no espaço
determinam-lhe a condição narrativa.

06. PUC
Assinale a alternativa que contém a afirmação correta sobre o Naturalismo
no Brasil.
A) O Naturalismo, por seus princípios científicos, considerava as
narrativas literárias exemplos de demonstração de teses e ideias sobre a
sociedade e o homem.
B) O Naturalismo usou elementos da natureza selvagem do Brasil do
século XIX para defender teses sobre os defeitos da cultura primitiva.
C) A valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades se
prolonga na visão naturalista do século XIX, que toma a natureza decadente
dos cortiços para provar os malefícios da mestiçagem.
D) O Naturalismo no Brasil esteve sempre ligado à beleza das paisagens
das cidades e do interior do Brasil. 33320407821

E) O Naturalismo do século XIX no Brasil difundiu na literatura uma


linguagem científica e hermética, fazendo com que os textos literários
fossem lidos apenas por intelectuais.

07. (QUESTÃO)
O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi
Machado de Assis, teve como característica principal a retratação da realidade
tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da visão romanceada que vigorava

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até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o Realismo situou-


se, são corretas as proposições:

I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de


conformidade, configurando o contentamento da colônia com sua metrópole,
Portugal.
II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil foi
retratado com fidedignidade, reagindo às propostas românticas de idealização
do homem e da sociedade.
III- O país vivia o declínio da produção açucareira e o deslocamento do
eixo econômico para o Rio de Janeiro em razão do crescimento do comércio
cafeeiro.
IV- Teve grande influência das teorias positivistas originárias na França,
onde também havia um movimento de intensa observação da realidade e
descontentamento com os rumos políticos e sociais do país.
V- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam
as teorias de expansões territoriais que culminaram nas duas grandes
guerras. O Realismo teve como propósito denunciar esse panorama de
instabilidade mundial.

Estão corretas:

A) todas estão corretas. 33320407821

B) apenas I e II estão corretas.


C) I, II e III estão corretas.
D) II, III e IV estão corretas.
E) I e V estão corretas.

08. (QUESTÃO)
Leia as seguintes observações sobre a estética parnasiana:

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I - O poeta parnasiano pretende ser um artesão, um ourives que molda


friamente o seu verso. Tal atitude de objetividade levou-o a preferir temas
distantes no tempo. No aspecto formal, sua meta era a perfeição, tendo sido
o soneto a forma de composição predominante.
II - O Parnasianismo legou-nos, em sua produção em poesia e prosa,
obras cuja temática é sentimental e amorosa. A mulher surge como a Musa
inspiradora de versos ternos e afetivos, em meio à paisagem brasileira com
sua natureza típica e exuberante.
III – Algumas das características do Parnasianismo eram a atitude de
contenção emotiva do poeta e a busca obsessiva da perfeição na métrica e
nas rimas.

Assinale agora a alternativa CORRETA:

A) Apenas a afirmativa I é verdadeira.


B) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
C) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
D) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
E) Apenas a afirmativa III é verdadeira.

09. (UFT/2008)
Sabe-se que não há fronteiras nítidas entre movimentos literários. Quando
um movimento começa a entrar em decadência, ou se esvaziar, já um outro
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medra e se desenvolve, e, muitas vezes, as duas correntes estéticas convivem


por um bom tempo, não raro num mesmo autor tanto na prosa quanto na
poesia. Refletindo sobre isto, indique a alternativa que contempla aspectos
dos movimentos Realismo e Naturalismo:

A) Não há diferença alguma entre os dois movimentos literários, nem


quanto ao conteúdo, nem quanto à forma. Trata-se apenas de rotulações
gratuitas.

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B) O Naturalismo tem características do Realismo, acrescidas do


cientificismo.
C) Há diferença bem clara entre Realismo e Naturalismo quanto à poesia
e não quanto à prosa.
D) Na verdade, não há qualquer diferença entre os dois movimentos
literários, a realidade presente em cada um é que faz a diferença, embora os
dois levem em conta o passado.

10. (QUESTÃO)

Vila Rica
Olavo Bilac

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;


Sangram, em laivos de outro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre;
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.


O último ouro do sol morre na cerração.
E o, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
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Agora, para além do cerro, o céu parece


Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.

Como uma procissão espectral que se move…


Dobra o sino… Soluça um verso de Dirceu…
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Sobressai no poema:
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A) a descrição de um ambiente fictício;


B) a visão do homem infeliz;
C) um retrato valorizador da fé humana;
D) um aprofundamento do mistério humano;
E) O aspecto descritivo e a lembrança de um passado histórico.

11. (UEMG/2007)
Assinale a alternativa em que se identificou CORRETAMENTE elementos
estruturais do romance Dom Casmurro.

A) A obra apresenta um texto em terceira pessoa, em que o protagonista


central, Bentinho, é abandonado por Capitu, em virtude dos ciúmes
exagerados desta.
B) O narrador de primeira pessoa escreve o romance, buscando a ilusão
de resgatar o seu passado através de sensações revivenciadas no presente,
tentando explicar a sua “casmurrice” e, com ela, a sua própria vida.
C) O romance é narrado em primeira pessoa por D. Casmurro, que deseja
registrar, memorialisticamente, o seu passado glorioso e cheio de atos dignos
de serem revivenciados.
D) A narração do romance obedece ao único propósito de registrar os
momentos felizes de Bentinho, vivenciados ao lado de Capitu, o que explica,
em parte, a tendência do narrador pelas minúcias e pelo detalhismo.
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12. (UEMG/2007)
Com relação às técnicas e estratégias narrativas adotadas na obra “DOM
CASMURRO”, SÓ NÃO é CORRETO afirmar que:

A) o narrador estabelece diálogos com um suposto ‘leitor incluso’.


B) o texto apresenta relações intertextuais com a tradição filosófica,
artística e literária.

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C) a narrativa contém recursos metalinguísticos, sobretudo no diálogo


narrador / leitor.
D) o memorialismo da narrativa é comprometido com a fidelidade dos fatos
ocorridos.

13. (QUESTÃO)
Sobre o Realismo, é incorreto afirmar que:
A) Surge em um contexto econômico, social e político conturbado e de
grandes transformações.
B) Faz uma dura crítica ao Romantismo e à maneira idealizada com a qual
o homem era retratado pelos olhos dos escritores que se dedicaram a essa
escola literária.
C) Utiliza uma linguagem repleta de maneirismos, com predominância da
subjetividade, cuja estética contemplava a metalinguagem e o ideal da arte
pela arte.
D) Foi inaugurado por Machado de Assis, tendo no escritor seu maior
expoente, perpetuando a estética realista até os dias de hoje.
E) Influenciado pelos ideais positivistas, o Realismo negava a teoria
metafísica, buscando explicação nas coisas práticas e presentes na vida do
homem.

14. (USF-SP)
Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo
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que:
A) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de
renovação.
B)pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens
rústicos nas comunidades primitivas.
C)defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a
realidade social.
D) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral
religiosa.
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E) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos


e biológicos e a conduta das personagens.

15. (UFPR)
Eça de Queirós afirmava:
"O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que
nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos
se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa
sociedade."
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no
discurso realista? Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a
alternativa que os contém:
1. Preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate;
2. imaginação criadora;
3. personagens fruto da observação; tipos concretos e vivos;
4. linguagem natural, sem rebuscamentos;
5. preocupação com mensagem que revela concepção materialista do
homem;
6. senso de mistério;
7. retorno ao passado;
8. determinismo biológico ou social.

A) 1, 2, 3, 5, 7, 8. 33320407821

B) 1, 3, 4, 5, 8.
C) 2, 3, 4, 6, 7,
D) 3, 4, 5, 6, 8.
E) 2, 3, 4, 5, 8.

16. (CEFET-PR)
E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes
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(Olavo Bilac)
Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:

A) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.


B) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade
do eu-poético.
C) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa
a presentificar o movimento dos astros.
D) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
E) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta
sobre o objeto poetizado.

17. (FGV/2005)
Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:
A) A inspiração é mais importante que a técnica.
B) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às
rimas ricas ou raras.
C) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
D) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
E) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.

18. (QUESTÃO) 33320407821

Esta de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então, e, ora repleta ora esvazada,

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A taça amiga aos dedos seus tinia,


Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

OLIVEIRA, Alberto. “Vaso grego”. In: Sonetos e poemas, 1886.

O poema acima contém, predominantemente, as seguintes características


parnasianas:

A) revalorização das ideias iluministas e descrição do


passado;
B) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com
sentimentalismo amoroso;
C) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e
subjetivismo;
D) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema
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ligado à Grécia antiga;


E) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.

19. (QUESTÃO)

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim,
isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.
Suposto que o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações
me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
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propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa


foi outro berço; o segundo é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo.”

(“Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse


contexto, já dá para se ver o tipo de narrativa que será explorada. Assinale a
alternativa correta a esse respeito.

A) A narrativa decorre de forma cronologicamente correta, de acordo com a


passagem do tempo: infância, juventude, maturidade e velhice.
B) A linearidade das ações apresenta cenas de suspense, dado o
comportamento inusitado dos personagens.
C) Não há como prever o final da narrativa, já que seu enredo é,
propositadamente, complicado.
D) A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do mundo.
E) O autor usa o recurso do flashback devido a sua intenção de iniciar o
romance pelo “fim”.

20. (FUVEST/2015)
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos
enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das
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impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-
dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos
trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira
virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e
era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do
caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e
traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito
tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as
fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe
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cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota
daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca.

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martins, 1968.

O efeito expressivo do texto – bem como seu pertencimento ao


Naturalismo em literatura – baseia-se amplamente no procedimento de
explorar de modo intensivo aspectos biológicos da natureza. Entre esses
procedimentos empregados no texto, só NÃO se encontra a

A) representação do homem como ser vivo em interação constante com o


ambiente.
B) exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos (audição,
visão, olfação, gustação), bem como dos receptores mecânicos.
C) figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive
observados em sua interação.
D) ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana e à
metamorfose em animais.
E) focalização dos processos de seleção natural como principal força
direcionadora do processo evolutivo.
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21. (ENEM/2009)

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,


Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

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Tudo se veste de uma igual grandeza


Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas


Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,


que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação


Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto


cultural do Simbolismo encontrados no poema “Cárcere das almas”,
de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas


filosóficos. 33320407821

B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática


nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico
de temas universais.
D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social
expressa em imagens poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a
métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

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22. (ENEM/2014)

Vida obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro


ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro


a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,


magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!

SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961


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Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz


e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com
a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em

A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.


B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
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E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

01. (ENEM/2001)
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica
sutilmente um outro estilo de época: o romantismo.

“Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez
a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa.
Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do
tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e
fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse
o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da
natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a
outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

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ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas.


Rio de Janeiro: Jackson, 1957.

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao


romantismo está transcrita na alternativa:
A) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas...
B) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça...

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C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, ...
D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos...
E) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

Comentário: Embora sua obra se divida em romântica e realista, o livro


em questão faz uma notória crítica ao Romantismo, que idealiza as mulheres.
Machado mostra que Capitu é uma mulher real, detalhada e, no entanto, bela.
Essa é a única questão correta porque só ela compara, notoriamente,
Romantismo e Realismo. O narrador critica a idealização da realidade presente
no Romantismo, que se expressa, também, mas não só, pela idealização da
mulher, como uma dama inatingível. Assim, para o romântico, tudo na mulher
seria lindo, fazendo com que o narrador fechasse os olhos para a realidade,
onde nem tudo era beleza ou subjetividades. Pelo contrário, tendo o foco na
realidade objetiva, o realismo descreve as personagens e o próprio enredo
buscando a fidelidade na realidade.
Gabarito: A

02. (ENEM/2011)
Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam
todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas,
de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo,
romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os
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primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente
despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas.
E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais
delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos
e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa
floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música
feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo
estalar de gozo.

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AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens


são observadas como elementos coletivos caracterizados por
condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem
transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela
prevalência do elemento brasileiro, pois

A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de


personagens portuguesas.
B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do
português inexpressivo.
C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado
português.
D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos
portugueses.
E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos
musicais.

Comentário: O narrador faz uso de palavras que criam uma imagem


melancólica para descrever o fado português, utilizando também a escolha
lexical para dar o tom alegre e delinear a música brasileira. Dessa forma, a
alternativa “c” está correta, pois mostra a vivacidade da música brasileira
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sobre a portuguesa. Por ser uma obra do Naturalismo brasileiro não destaca
o sentimentalismo; descreve o ambiente através da música, mas não há uma
exaltação do cenário.
Gabarito: C

03. (ENEM/2013)

Mal secreto

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Se a cólera que espuma, a dor que mora


N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse, o espírito que chora,


Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo


Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e


racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia
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reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em


sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

A) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a


agir de forma dissimulada.
B) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando
compartilhado por um grupo social.
C) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza
o sentimento de inveja.
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D) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se


do próximo.
E) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao
convívio social.

Comentário: Ao contrário do que possa parecer, o Parnasianismo refletiu


também sobre uma proposta social, mas não realista, ou seja, através de uma
linguagem poética mais hermética Raimundo Correia traz à tona a
dissimulação da sociedade, já convencionada. O soneto fala sobre a
necessidade de ser aceito na sociedade e como, se pudéssemos realmente ver
o que as pessoas sentem, aqueles, que antes nos causavam inveja, agora nos
causariam piedade. Gente que ri, socialmente, mas que, no recôndito do seu
eu, sofrem. Assim, é um soneto que busca questionar essa dissimulação da
sociedade, que aparenta uma coisa que, verdadeiramente, não é. Isso se
deve, de acordo com a lógica parnasiana, ao julgamento que a sociedade faz
dos demais, levando a todos a viver sob essa máscara. O poema fala sobre a
persona, a máscara social que vestimos para nos adaptar às situações
cotidianas.
Gabarito: A

04. (ENEM/2014)
Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que
ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele
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durante os anos que se seguiram ao inventário do meu pai. Reconheço que


era um modelo. Arguiam-no de avareza, e cuido que tinha razão; mas a
avareza é apenas a exageração de uma
virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que
o déficit. Como era muito seco de maneira, tinha inimigos que chegaram a
acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar
com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sengue;
mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo
longamente contrabandeado em escravos, habituar-se de certo modo ao trato
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um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode
honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de
relações sociais. A prova de que Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se
no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a
alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma
confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas,
o que não se coaduna muito com a reputação de avareza; verdade é que o
benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe
tirar o retrato a óleo.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de janeiro


Aguilar, 1992.

Obra que inaugura o realismo na literatura brasileira, Memórias


póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que
caracterizaria o estilo machadiano a ironia. Descrevendo a moral de
seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a
percepção irônica ao

A) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na


divisão da herança paterna.
B) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim
pretendia e torturava os escravos. 33320407821

C) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem


quando da perda da filha Sara.
D) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro
remido de várias irmandades.
E) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico,
contemplado com o retrato a óleo.

Comentário: Além de ser um ótimo representante realista, Machado de


Assis é conhecido também por sua ironia. Percebemos que Cotrim trata muito
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mal aos seus escravos, mas ironicamente isso é apontado como um “efeito
das relações sociais”.
Gabarito: B

05. (MACK-SP)
Assinale a alternativa incorreta sobre a prosa naturalista:
A) As personagens expressam a dependência do homem às leis naturais.
B) O estilo caracteriza-se por um descritivismo intenso, capaz de refletir
a visualização pictórica dos ambientes.
C) Os tipos são muito bem delimitados, física e moralmente, compondo
verdadeiras representações caricaturais.
D) Tem como objetivo maior aprofundar a dimensão psicológica das
personagens.
E) Comportamento das personagens e sua movimentação no espaço
determinam-lhe a condição narrativa.

Comentário: Uma das características que diferencia Realismo e


Naturalismo é, justamente, o fato desse último não simplesmente descrever
os elementos que compõem o cenário e os aspectos sociais da época, mas
procura penetrar na dimensão psicológica dessas personagens. A condição
narrativa propicia e determina a análise determinista.
Gabarito: D
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06. PUC
Assinale a alternativa que contém a afirmação correta sobre o Naturalismo
no Brasil.
A) O Naturalismo, por seus princípios científicos, considerava as
narrativas literárias exemplos de demonstração de teses e ideias sobre a
sociedade e o homem.
B) O Naturalismo usou elementos da natureza selvagem do Brasil do
século XIX para defender teses sobre os defeitos da cultura primitiva.

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C) A valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades se


prolonga na visão naturalista do século XIX, que toma a natureza decadente
dos cortiços para provar os malefícios da mestiçagem.
D) O Naturalismo no Brasil esteve sempre ligado à beleza das paisagens
das cidades e do interior do Brasil.
E) O Naturalismo do século XIX no Brasil difundiu na literatura uma
linguagem científica e hermética, fazendo com que os textos literários
fossem lidos apenas por intelectuais.

Comentário: O Naturalismo corresponde à fase de cientifização da


literatura, pois observa o homem de panorama cientifico e impessoal. Sua
condição social e humana era explicada através desses conhecimentos
científicos, ou seja, sua dinâmica biológica condicionava o seu
comportamento. E se os romances realistas possuíam uma espécie de moral
os naturalistas criavam uma tese sobre a sociedade.
Gabarito: A

07. (QUESTÃO)
O Realismo, escola literária cujo principal representante brasileiro foi
Machado de Assis, teve como característica principal a retratação da realidade
tal qual ela é, fugindo dos estereótipos e da visão romanceada que vigorava
até aquele momento. Sobre o contexto histórico no qual o Realismo situou-
se, são corretas as proposições: 33320407821

I- O Brasil vivia tempos de calmaria política e social, havia um clima de


conformidade, configurando o contentamento da colônia com sua metrópole,
Portugal.
II- Em virtude das intensas transformações sociais e políticas, o Brasil foi
retratado com fidedignidade, reagindo às propostas românticas de idealização
do homem e da sociedade.

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III- O país vivia o declínio da produção açucareira e o deslocamento do


eixo econômico para o Rio de Janeiro em razão do crescimento do comércio
cafeeiro.
IV- Teve grande influência das teorias positivistas originárias na França,
onde também havia um movimento de intensa observação da realidade e
descontentamento com os rumos políticos e sociais do país.
V- Surgiu na segunda metade do século XX, quando no mundo eclodiam
as teorias de expansões territoriais que culminaram nas duas grandes
guerras. O Realismo teve como propósito denunciar esse panorama de
instabilidade mundial.

Estão corretas:

A) todas estão corretas.


B) apenas I e II estão corretas.
C) I, II e III estão corretas.
D) II, III e IV estão corretas.
E) I e V estão corretas.

Comentário: Todos estão corretas, com exceção da I e V, pois o Brasil não


vivia uma calmaria, mas sim uma agitação que vinha muito do contexto social,
com a Lei Aurea e o republicanismo; bem como o Realismo surgiu em meados
do século XIX, não possuindo relação com as grandes guerras do século XX..
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Gabarito: D

08. (QUESTÃO)
Leia as seguintes observações sobre a estética parnasiana:

I - O poeta parnasiano pretende ser um artesão, um ourives que molda


friamente o seu verso. Tal atitude de objetividade levou-o a preferir temas
distantes no tempo. No aspecto formal, sua meta era a perfeição, tendo sido
o soneto a forma de composição predominante.
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II - O Parnasianismo legou-nos, em sua produção em poesia e prosa,


obras cuja temática é sentimental e amorosa. A mulher surge como a Musa
inspiradora de versos ternos e afetivos, em meio à paisagem brasileira com
sua natureza típica e exuberante.
III – Algumas das características do Parnasianismo eram a atitude de
contenção emotiva do poeta e a busca obsessiva da perfeição na métrica e
nas rimas.

Assinale agora a alternativa CORRETA:

A) Apenas a afirmativa I é verdadeira.


B) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
C) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
D) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
E) Apenas a afirmativa III é verdadeira.

Comentário: Somente a número II está incorreta, pois o Parnasianismo


não se deu na prosa, mas apenas na poesia; não apresentava sentimentalismo
excessivo. O poeta parnasiano, como afirma a número I (e o poema de Olavo
Bilac que vimos nessa aula) o poeta é um ourives, que busca moldar seu
poema com o mesmo apreço de quem molda uma peça rara e, portanto,
necessita da forma, da linguagem.
Gabarito: C 33320407821

09. (UFT/2008)
Sabe-se que não há fronteiras nítidas entre movimentos literários. Quando
um movimento começa a entrar em decadência, ou se esvaziar, já um outro
medra e se desenvolve, e, muitas vezes, as duas correntes estéticas convivem
por um bom tempo, não raro num mesmo autor tanto na prosa quanto na
poesia. Refletindo sobre isto, indique a alternativa que contempla aspectos
dos movimentos Realismo e Naturalismo:

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A) Não há diferença alguma entre os dois movimentos literários, nem


quanto ao conteúdo, nem quanto à forma. Trata-se apenas de rotulações
gratuitas.
B) O Naturalismo tem características do Realismo, acrescidas do
cientificismo.
C) Há diferença bem clara entre Realismo e Naturalismo quanto à poesia
e não quanto à prosa.
D) Na verdade, não há qualquer diferença entre os dois movimentos
literários, a realidade presente em cada um é que faz a diferença, embora os
dois levem em conta o passado.

Comentário: O Realismo e Naturalismo são facilmente confundidos, pois,


em verdade, possuem poucas características distintas. Ambos se
preocupavam com o contexto social e o aplicavam à obra, mas o Naturalismo
possui o acréscimo do cientificismo, que transforma o homem em uma
experiência não só social, mas psicológica e biológica.
Gabarito: B

10. (QUESTÃO)

Vila Rica
Olavo Bilac
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O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;


Sangram, em laivos de outro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre;
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.


O último ouro do sol morre na cerração.
E o, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
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Agora, para além do cerro, o céu parece


Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece.

Como uma procissão espectral que se move…


Dobra o sino… Soluça um verso de Dirceu…
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Sobressai no poema:

A) a descrição de um ambiente fictício;


B) a visão do homem infeliz;
C) um retrato valorizador da fé humana;
D) um aprofundamento do mistério humano;
E) O aspecto descritivo e a lembrança de um passado histórico.

Comentário: Vila Rica, atual Ouro Preto (se lembram sobre a nossa aula
nº 03?), foi um polo de extração de ouro no Brasil. O poeta descreve o que
sucedeu, lembrando-se do passado, e finaliza falando sobre a consequência
dessa história.
Gabarito: E
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11. (UEMG/2007)
Assinale a alternativa em que se identificou CORRETAMENTE elementos
estruturais do romance Dom Casmurro.

A) A obra apresenta um texto em terceira pessoa, em que o protagonista


central, Bentinho, é abandonado por Capitu, em virtude dos ciúmes
exagerados desta.

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B) O narrador de primeira pessoa escreve o romance, buscando a ilusão


de resgatar o seu passado através de sensações revivenciadas no presente,
tentando explicar a sua “casmurrice” e, com ela, a sua própria vida.
C) O romance é narrado em primeira pessoa por D.Casmurro, que deseja
registrar, memorialisticamente, o seu passado glorioso e cheio de atos dignos
de serem revivenciados.
D) A narração do romance obedece ao único propósito de registrar os
momentos felizes de Bentinho, vivenciados ao lado de Capitu, o que explica,
em parte, a tendência do narrador pelas minúcias e pelo detalhismo.

Comentário: O narrado em primeira pessoa é Bentinho que, através da


relação da memória de seu passado com suas sensações do presente, constrói
o enredo, tendo como finalidade explicar a si – e, por conseguinte, ao leitor –
sua própria via. Assim, a letra A seria falsa porque a narrativa não está em
terceira pessoa. As letras C e D estão erradas pelo intuito que apontam, ao
Bentinho narrar a história. Não há, em Dom Casmurro, nem um tom de reviver
glórias, tampouco suas felicidades, ou pelo menos apenas suas felicidades, ao
lado de Capitu.
Gabarito: B

12. (UEMG/2007)
Com relação às técnicas e estratégias narrativas adotadas na obra “DOM
CASMURRO”, SÓ NÃO é CORRETO afirmar que: 33320407821

A) o narrador estabelece diálogos com um suposto ‘leitor incluso’.


B) o texto apresenta relações intertextuais com a tradição filosófica,
artística e literária.
C) a narrativa contém recursos metalingüísticos, sobretudo no diálogo
narrador / leitor.
D) o memorialismo da narrativa é comprometido com a fidelidade dos fatos
ocorridos.

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Comentário: Uma das grandes marcas da escrita de Machado de Assis é o


diálogo estabelecido entre o narrado e o leitor, ou seja, em diversos
momentos da narrativa, o narrador se dirige diretamente ao leitor. Com esse
recurso, pode-se pensar em uma narrativa também com um caráter
metalinguística, uma vez que coloca em questão tanto a instância do romance
com o status ficcional. Ainda, as reflexões próprias da memorialístca e a
própria narrativa apresentam relações com a tradição filosófica, artística e
literária. Logo, as letras A, B e C estão corretas. A letra B seria a única
incorreta, uma vez que não há esse compromisso com a fidelidade dos fatos,
pelo contrário, o leitor é levado pela memória do narrador, que é composta
por incertezas e parcialidades.
Gabarito: D

13. (QUESTÃO)
Sobre o Realismo, é incorreto afirmar que:
A) Surge em um contexto econômico, social e político conturbado e de
grandes transformações.
B) Faz uma dura crítica ao Romantismo e à maneira idealizada com a qual
o homem era retratado pelos olhos dos escritores que se dedicaram a essa
escola literária.
C) Utiliza uma linguagem repleta de maneirismos, com predominância da
subjetividade, cuja estética contemplava a metalinguagem e o ideal da arte
pela arte. 33320407821

D) Foi inaugurado por Machado de Assis, tendo no escritor seu maior


expoente, perpetuando a estética realista até os dias de hoje.
E) Influenciado pelos ideais positivistas, o Realismo negava a teoria
metafísica, buscando explicação nas coisas práticas e presentes na vida do
homem.

Comentário: O Realismo nasce a partir das duras críticas ao Romantismo,


pelo seu tom idealizado ao falar do homem e seu lugar no mundo. Pelo
contrário, o estilo irá buscar na própria realidade, calcada na materialidade, a
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substância de sua literatura. Assim, ao contrário da subjetividade, o que se


encontra é uma dura denúncia à realidade social. A literatura não se
entregaria, nesse período, aos maneirismos e à subjetividade, mas para
desvelar os grandes problemas sociais e a hipocrisia da sociedade burguesa.
Gabarito: C

14. (USF-SP)
Pode-se entender o Naturalismo como uma particularização do Realismo
que:
A) se volta para a Natureza a fim de analisar-lhe os processos cíclicos de
renovação.
B)pretende expressar com naturalidade a vida simples dos homens
rústicos nas comunidades primitivas.
C)defende a arte pela arte, isto é, desvinculada de compromissos com a
realidade social.
D) analisa as perversões sexuais, condenando-as em nome da moral
religiosa.
E) estabelece um nexo de causa e efeito entre alguns fatores sociológicos
e biológicos e a conduta das personagens.
Comentário: No Naturalismo, também se busca retrata a realidade, em
oposição ao tom idealizado e fugidio do Romantismo. Por isso, o Naturalismo
se coloca como uma particularização do Realismo. O que, então, o diferencia?
No Naturalismo, a forma de olhar para a sociedade se compara com o modo
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de análise da natureza, do natural, próprio das ciências naturais, biológicas.


Assim, a conduta social das personagens é equiparada aos fatores biológicos
que regem a vida. Essa também é uma forma de expor as contradições sociais,
tendo o intuito de imbuir o romance de um tom de denúncia social.
Gabarito: E

15. (UFPR)
Eça de Queirós afirmava:

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"O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que


nos pinta a nossos próprios olhos – para nos conhecermos, para que saibamos
se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau na nossa
sociedade."
Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no
discurso realista? Selecione-os na relação abaixo e depois assinale a
alternativa que os contém:
1. Preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate;
2. imaginação criadora;
3. personagens fruto da observação; tipos concretos e vivos;
4. linguagem natural, sem rebuscamentos;
5. preocupação com mensagem que revela concepção materialista do
homem;
6. senso de mistério;
7. retorno ao passado;
8. determinismo biológico ou social.

A) 1, 2, 3, 5, 7, 8.
B) 1, 3, 4, 5, 8.
C) 2, 3, 4, 6, 7,
D) 3, 4, 5, 6, 8.
E) 2, 3, 4, 5, 8.
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Comentário: O discurso realista se faz revolucionário ao passo que busca


romper com o idealismo presente no Romantismo, inaugurando o romance de
crítica e denúncia às contradições sociais, combatendo-as no plano simbólico.
Assim, as personagens são construídas através da observação, objetivando
uma descrição o mais próxima possível de um referencial prototípico existente
na sociedade, como é o caso da pequena burguesa Luísa, personagem de O
primo Basílio, de Eça de Queirós. Com essa busca a retratação da realidade,
a linguagem é próxima do descritivo, buscando isentar-se de rebuscamentos
e ornamentos desnecessários. O Realismo, também, revela uma concepção
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materialista da realidade, uma vez que não abre espaço, em suas narrativas,
para o plano da subjetividade e da especulação, tendo enfoque os eventos
factuais. Por fim, o que fundamenta essa realidade descrita pelo romance
realista é calcada em um determinismo social e, em especial no Naturalismo,
em um determinismo biológico.
Gabarito: B

16. (CEFET-PR)
E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes

(Olavo Bilac)
Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:

A) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.


B) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade
do eu-poético.
C) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa
a presentificar o movimento dos astros.
D) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
E) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta
sobre o objeto poetizado. 33320407821

Comentário: O Parnasianismo se define, também, pelo predomínio da


mensagem figurada e descritiva, onde há espaço para figuras de linguagem
como a metáfora e a personificação. No trecho acima, podemos perceber que
a Via Láctea recebe atribuições humanas, subjetivas, como silenciosa e triste.
Ainda, há a metáfora do jarro de lágrimas ardente visa representar o
movimento dos astros, como uma expressão do pranto da Via Láctea. Por
todos esses fatores, é equivocado dizer que a cena é descrita de forma

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objetiva, uma vez que a subjetividade do eu-poético está fortemente


presente.
Gabarito: B

17. (FGV/2005)
Assinale a alternativa correta a respeito do Parnasianismo:
A) A inspiração é mais importante que a técnica.
B) Culto da forma: rigor quanto às regras de versificação, ao ritmo, às
rimas ricas ou raras.
C) O nome do movimento vem de um poema de Raimundo Correia.
D) Sua poesia é marcada pelo sentimentalismo.
E) No Brasil, o Parnasianismo conviveu com o Barroco.

Comentário: Uma das principais características do Parnasianismo é a


preocupação formal e a metrificação dos sonetos, tendo as temáticas um lugar
secundário no movimento literário. Prova disso é a busca pelas rimas
apuradas, investindo na técnica e na formatação estilística. Essas
características seriam, depois, duramente criticadas pelos poetas
modernistas, que buscariam, no verso livre, a libertação desse rigor formal
imposto pelo Parnasianismo.
Gabarito: B

18. (QUESTÃO) 33320407821

Esta de áureos relevos, trabalhada


De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia


Então, e, ora repleta ora esvazada,

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A taça amiga aos dedos seus tinia,


Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mas o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.

OLIVEIRA, Alberto. “Vaso grego”. In: Sonetos e poemas, 1886.

O poema acima contém, predominantemente, as seguintes características


parnasianas:

A) revalorização das ideias iluministas e descrição do passado;


B) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com
sentimentalismo amoroso;
C) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e
subjetivismo;
D) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à
Grécia antiga; 33320407821

E) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.

Comentário: Oliveira é, notoriamente, um poeta parnasiano e,


consequentemente, sua poesia é influenciada pelos ideais cientificistas e
revolucionários do período; adota uma linguagem mais formal, buscando uma
perfeição estética. A mitologia é um tema comum entre os parnasianos.
Gabarito: D

19. (QUESTÃO)
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“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim,
isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.
Suposto que o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações
me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
foi outro berço; o segundo é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo.”

(“Memórias póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

Essa é a abertura do famoso romance de Machado de Assis. Dentro desse


contexto, já dá para se ver o tipo de narrativa que será explorada. Assinale a
alternativa correta a esse respeito.
A) A narrativa decorre de forma cronologicamente correta, de acordo
com a passagem do tempo: infância, juventude, maturidade e velhice.
B) A linearidade das ações apresenta cenas de suspense, dado o
comportamento inusitado dos personagens.
C) Não há como prever o final da narrativa, já que seu enredo é,
propositadamente, complicado.
D) A ação terá, como cenário, os diversos centros cosmopolitas do
mundo.
E) O autor usa o recurso do flashback devido a sua intenção de iniciar o
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romance pelo “fim”.

Comentário: Embora os textos realistas contenham uma descrição


bastante fiel, “Memórias póstumas de Brás Cubas” é narrada por alguém que
já morreu, Brás Cubas, que resolve escrever relatos de sua história. No trecho
apresentado, o narrador-personagem explica porque optou pela inversão
cronológica para escrever sobre sua história. A presença de um enredo não-
linear é muito comum nas obras machadianas.
Gabarito: E
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20. (FUVEST/2015)
E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos
enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das
impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-
dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos
trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira
virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e
era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do
caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e
traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito
tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as
fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe
cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota
daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar
numa fosforescência afrodisíaca.

AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Martins, 1968.

O efeito expressivo do texto – bem como seu pertencimento ao


Naturalismo em literatura – baseia-se amplamente no procedimento de
explorar de modo intensivo aspectos biológicos da natureza. Entre esses
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procedimentos empregados no texto, só NÃO se encontra a


A) representação do homem como ser vivo em interação constante com o
ambiente.
B) exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos (audição,
visão, olfação, gustação), bem como dos receptores mecânicos.
C) figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive
observados em sua interação.
D) ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana e à
metamorfose em animais.
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E) focalização dos processos de seleção natural como principal força


direcionadora do processo evolutivo.

Comentário: A seleção natural como principal força direcionadora do


processo evolutivo é apresentada em outros trechos do romance, mas não no
trecho supracitado. Aqui o homem interage com o ambiente, e seu lado mais
humano, seus sentidos, podem ser explorados; além da comparação com
animais, muito comum no Naturalismo (“ela era a cobra verde e traiçoeira, a
lagarta viscosa, a muriçoca doida”).
Gabarito: E

21. (ENEM/2009)

Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,


Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza


Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades 33320407821

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas


Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,


que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
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Literatura p/ ENEM 2017 Aula 04
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CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação


Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.

Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto


cultural do Simbolismo encontrados no poema “Cárcere das almas”,
de Cruz e Sousa, são

A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas


filosóficos.
B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática
nacionalista.
C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico
de temas universais.
D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social
expressa em imagens poéticas inovadoras.
E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a
métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.

Comentário: O Simbolismo tem como uma de suas características o Universalismo.


No poema de Cruz e Souza observamos a apresentação da temática através da
metafisica e não de aprimoramento da realidade social, além do refinamento estético do
soneto metrificado e rimado; bem como a utilização maiúscula no meio dos versos, na
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intenção de ressaltar determinada palavra.


GABARITO: C

22. (ENEM/2014)

Vida obscura

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro


ó ser humilde entre os humildes seres,
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embriagado, tonto de prazeres,


o mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste no silêncio escuro


a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém te viu o sofrimento inquieto,


magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,

Mas eu que sempre te segui os passos


sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!

SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz


e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com
a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em

A) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.


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B) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.


C) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
D) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
E) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

Comentário: A poética dos Simbolistas é dotada de subjetivismo e não


tem relação com a expressão da realidade. De outra forma, a poética expressa
algumas questões da época, entretanto é necessário depreender essas
questões através do lirismo metafisico dos simbolistas. O poeta faz referência
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a sua própria condição de negro, embora letrado e de situação financeira


estável. A escolha léxica aponta também para a alternativa correta.
GABARITO: A

1. A 9. B 17. B
2. C 10. E 18. D
3. A 11. B 19. E
4. B 12. D 20. E
5. D 13. C 21. C
6. A 14. E 22. A
7. D 15. B
8. C 16. B

Caros alunos, espero que tenham gostado! No caso de qualquer dúvida, já


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